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DEPARTAMENTO DE DIREITO
Salvador
2020
FRANCIANE DA SILVA MOURA, GUSTAVO F. MATTOS CRUZ, LIDIANE
CAROLINA DOS SANTOS CARDOSO, RAÍZA DE AVEZEVEDO LISBOA,
RAPHAELLA CASTRO MELO CARVALHO CRUZ CORREA
Salvador
2020
SUMÁRIO
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Documentos históricos mostram que houve um grande crescimento
populacional e econômico da comunidade cigana baiana. Salvador, a primeira
capital colonial do Brasil, tornou-se a cidade mais importante para os ciganos no
Brasil. Da Bahia, muitos deles foram para Minas Gerais, causando desconforto às
autoridades da época, que procuravam de várias formas evitar sua presença na
região por serem considerados um povo desobediente e mimado.
Há informações que indicam a presença de ciganos em São Paulo, no ano
de 1726, quando foram solicitadas às autoridades medidas para sua expulsão, no
prazo de 24 horas, sob pena de prisão, por ser um povo acostumado a jogos. e
outros distúrbios. Em 1760, os vereadores de São Paulo decidiram expulsar um
bando de ciganos formado por homens, mulheres e crianças, devido às reclamações
dos cidadãos, também no prazo máximo de 24 horas (PEREIRA, 1986).
Existem ciganos por todo o território brasileiro. No século XIX, um grupo de
ciganos acompanhou D. Juan VI de Portugal na sua chegada ao Rio de Janeiro em
1808. Eram artistas teatrais que chegaram com a missão de distrair a Corte
portuguesa. Desde a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918, houve um grande
número de famílias ciganas que emigraram para o Brasil, principalmente de países
do Leste Europeu. Na chegada, eles se dedicavam ao comércio de burros, cavalos,
artesanato de cobre, atividades circenses, viviam em tendas e praticavam o
nomadismo. Hoje, poucos ciganos ainda são nômades no Brasil (NUNES, 1980).
Segundo dados do Censo IBGE 2010, existem cerca de 800 mil ciganos no
país. Pela primeira vez, os acampamentos ciganos do país foram oficialmente
registrados. A pesquisa do IBGE também encontrou assentamentos em 291 cidades
brasileiras, a maioria concentrada nas regiões litorâneas das regiões Sul, Sudeste e
Nordeste, especialmente o estado da Bahia, com maior número de grupos. Eles
vivem em tendas de lona, que geralmente são montadas em terrenos baldios
(TEIXEIRA, 2008).
No estado de São Paulo, há informações sobre os acampamentos em 25
municípios, entre eles São Paulo-capital, Campinas e Sorocaba. A maioria dos
ciganos vive do comércio e as mulheres se dedicam a ler a palma das mãos. Grande
parte dessa população vive em casas e não pratica mais o nomadismo. Não foram
encontrados acampamentos nos estados do Amapá, Roraima, Amazonas, Rondônia
e Acre. Em geral, há um alto índice de analfabetismo entre eles e não estão
incluídos nos programas governamentais de assistência social à saúde ou
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educação. Atualmente, existem dois grandes grupos de ciganos no Brasil
(TEIXEIRA, 2008).
O Calon, natural de Portugal, que fala a língua Caló, é tradicionalmente
nómada, ligado ao comércio de cavalos, carros, correntes e outros artefactos que
imitam o ouro. As mulheres praticam quiromancia em praças públicas, exibem
dentes de ouro e marcas (pintas) no rosto. Os Roma, principalmente da Europa de
Leste e que falam a língua românica (Romani) (PEREIRA, 1986) No Brasil, existem
os seguintes subgrupos de ciganos ciganos: Kalderash que se autodenominam
"puros", alguns ainda nômades, trabalham no mercado de automóveis e as mulheres
na quiromancia e leitura da sorte; Macwaia ou Matchuai, basicamente da Sérvia (ex-
Iugoslávia), vivendo uma vida sedentária nas grandes cidades, não se identificam
com as roupas ciganas e, na maioria das vezes, sobrevivem com atividades da arte
da adivinhação; Horahane, de origem turca ou árabe, com atividades semelhantes
aos Matchuaias. Eles moram principalmente no Rio de Janeiro, e poucos ainda são
nômades; Lovaria, um grupo de poucas pessoas que se dedica ao comércio e
criação de cavalos e é basicamente sedentária; e os Rudari, também em número
reduzido, se dedicam ao artesanato em ouro e madeira, são sedentários e também
moram geralmente no Rio de Janeiro (FRASER; COSTA, 1997).
No sertão da Paraíba, na área menos nobre de Sousa, município situado a
420 quilômetros de João Pessoa, existe uma comunidade do ramo cigano Calons
que, por razões de sobrevivência, abandonou o nomadismo e se erradicou no local
por mais mais de 25 anos. Apesar da falta de informações oficiais sobre o número
de habitantes, é composta por cerca de 200 famílias e é considerada a maior
comunidade cigana do Brasil. Moram em casas simples, de alvenaria ou alvenaria, e
vivem em condições muito precárias. Eles não têm acesso a serviços públicos
básicos e enfrentam problemas comuns às comunidades pobres, como desemprego
e alcoolismo. As primeiras discussões sobre a inclusão dos ciganos nos direitos
sociais só começaram no país a partir de 2002. Pela Constituição Federal do Brasil
de 1988, o cigano foi incluído na classificação das minorias étnicas (TEIXEIRA,
2008).
Atualmente, algumas ações governamentais foram implementadas a nível
nacional: a instituição do Dia Nacional do Cigano, celebrado a 24 de maio, em
homenagem à sua padroeira, Santa Sara Kali; a criação do Conselho Nacional de
Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) e a publicação de uma cartilha sobre os
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direitos da cidadania cigana. Existem também algumas ações específicas e
regionais, fruto da articulação com os demais setores da sociedade civil organizada
(TEIXEIRA, 2008).
Para o cigano, o sentimento de pertencer a um grupo, clã ou tribo e o
cumprimento do código étnico é muito importante. Suas variantes linguísticas
(Romani, Sinto, Caló, entre outras) são escritas, ou seja, não possuem escrita e
nomadismo, reconhecido como ponto de referência da identidade cigana, em muitos
casos, lhes foi imposto devido à constante perseguição, a preconceitos e
hostilidades de que foram e continuam a ser vítimas (FRASER; COSTA, 1997).
Ao mesmo tempo, os ciganos mantêm uma aura de liberdade e misticismo no
imaginário cultural brasileiro, que pode ser encontrada na literatura, nas novelas e
até na umbanda, ou seja, nas práticas religiosas afro-brasileiras.
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2 A ETNIA CIGANIA E A SUA CULTURA
Fonte: https://sites.google.com/site/culturaciganagorete/casamento
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Empós, igualmente pode-se destacar a tradição e o ritual envolvendo o
nascimento de uma criança. Na cultura cigana, a preferência é pelo nascimento de
um filho do sexo masculino com fins a dar continuidade ao nome da família, de
modo que logo após o parto a mulher cigana é considerada impura durante os 40
dias de resguardo. Ainda, após o nascimento, a família prepara um pão caseiro e um
vinho para oferecer às três fadas, que visitarão a criança no terceiro dia, para
designar a sua sorte. Já o ato do batismo pode ser realizado por qualquer membro
do grupo, independente de ser familiar, e consiste em benzer o recém-nascido com
agua, sal e um galho verde.
O luto, por sua vez, é outro ponto marcante na cultura desse povo, na medida
em que diversos rituais são seguidos em homenagem aos mortos, como por
exemplo, antigamente as mulheres precisavam cortar seus cabelos, andar
unicamente de longas roupas pretas, de modo a representar o “carregamento
eterno” do luto. Os homens, por sua vez, não podiam cortar a barba e precisavam
usar um chapéu preto. Hoje, pode-se dizer que muitas mudanças já ocorreram e a
tradição se flexibilizou, o que não impede o seguimento desse ritual ainda pelos
ciganos.
Figura 2 – o luto na cultura cigana
https://sites.google.com/site/culturaciganagorete/o-luto
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3 DO PRECONCEITO À PERSEGUIÇÃO
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da verdadeira história desse povo tão peculiar e entender um pouco mais desse
universo tão rico, misterioso e instigante.
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4 DA INVISIBILIDADE À CONQUISTA DE DIREITOS
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REFERÊNCIAS
PEREIRA, Cristina da Costa. Povo cigano. Rio de Janeiro: MEC Editora, 1986. 266 p.
TEIXEIRA, Rodrigo Corrêa. Ciganos no Brasil: uma breve história, f. 87. 2008. 174 p.
Ministério Público Federal. Ciganos: povo invisível. YouTube. 1 vídeo (20:51). Publicado
pelo Canal MPF. Disponível em: https://youtu.be/yOROSBwaIh4. Acesso em: 26 mai.2021
AZEVEDO, Ana Claudia. Etnias de Portugal: o caso dos ciganos. Disponível em:
<https://www.iscap.pt/cei/e-rei/n1/trabalhos-ei/Ana-Claudia_Etnias-de-Portugal-o-caso-dos-
ciganos.pdf> Acesso em: 26 mai. 2021
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RELATÓRIO DE PARTICIPAÇÃO
Dia 25 de maio de 2021: Envio por cada componente da sua linha de pesquisa e
definição da linha de produção final do trabalho acadêmico com a divisão dos
tópicos da parte escrita e slide para cada pessoa.
Dia 28 de maio de 2021: prazo máximo das entregas das pesquisas que todos
integrantes do grupo efetuaram para compilação.
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