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HISTÓRIA

DA AMÉRICA

Prof. Rafael Gaia Ribeiro


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ÍNDICE

Apresentação

1. América pré-colombiana
1.1. Chegada do homem ao continente americano
1.2. Sociedades ameríndias e suas características
1.2.1. Maias
1.2.2. Astecas
1.2.3. Incas
2. Expansão e Regime Colonial
2.1. Colonização da América Espanhola
2.2. Colonização da América Inglesa
2.3. Colonização da América Francesa
3. Processos de Independência
3.1. Independência da América Espanhola
3.2. Revolução Americana
3.3. Revolução do Haiti
4. América Contemporânea
4.1. Estados Unidos do século XIX
4.2. Revolução Mexicana
4.3. Crise Econômica de 1929
4.4. EUA Pós II Guerra Mundial
4.5. Revolução Cubana
4.6. Populismo na América
4.7. Operação Condor
4.8. América Atual

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Apresentação

Esta apostila tem como objetivo apresentar conteúdo sobre História da América. Nela o
aluno pode encontrar uma sequência de aulas, que vai auxiliar em seus estudos. É importante que
o aluno frequente as aulas e faça os exercícios para alcançar um resultado mais completo.

Como se trata de assuntos extensos e uma vasta quantidade de temas a ser trabalhados em
História da América, consequentemente essa apostila não vai conseguir abarcar todos os
conteúdos. Por outro lado cumpre com as exigências cobradas pelos principais vestibulares, ou
seja, é um material que se encontra hábil para as necessidades dos alunos.

Esses conhecimentos são indispensáveis às demandas dos vestibulares. Se você já presta


vestibular, que se encontra no final do ensino médio rumo a tentar uma vaga nas universidades,
ou se frequenta cursinhos pré-vestibulares, ou até mesmo é um autodidata, precisa estar por
dentro desses conteúdos tratados nessa apostila. Com esse conhecimento oferecido, o aluno ficará
preparado para ingressar nas faculdades brasileiras.

Todos os temas trabalhados sem exceção apresentam informações teóricas. É importante


que você saiba alguns conceitos básicos porque, assim, terá condições para melhor compreensão.

Nesta apostila, cada aula busca se iniciar com uma Introdução para que o aluno seja
estimulado a pensar e a se interessar pelo assunto abordado.

Ao realizar o estudo de todos os conteúdos presentes nessa apostila, o aluno terá


desenvolvido uma série de conhecimentos acerca da História da América, que o ajudarão a
compreender melhor os acontecimentos, ou melhor, os processos históricos desencadeados nesse
continente.

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1. América Pré-Colombiana

1.1. Chegada do homem a América

O povoamento da América começou muito antes da chegada dos europeus, em 1492.


A partir do século XIX, os pesquisadores se interessaram em estudar a questão.

Nós sabemos que o homem surgiu no continente africano na região da Etiópia sendo a
teoria mais considerada, pois, fóssil encontrado de 2.8 milhões de anos aproximadamente, assim
ele vai sair da África para povoar os demais continentes.

Ao falar sobre homem americano não podemos dizer que ele é autóctone (natural dessa
região em que habita ou são descendes de raças que ali sempre viveram). Com isso vamos
trabalhar as principais teorias acerca do povoamento na América: teoria do estreito de Bering e a
teoria Transoceânica.

Teoria de Bering: Consiste que os primeiros habitantes a povoar o continente americano


entre 14mil e 12mil anos atrás, vindo do extremo leste Asiático (região da Sibéria na Rússia)
atravessando para o extremo oeste Americano (região do Alasca no EUA) através do Estreito de
Bering (85 km), que se encontrava congelado em razão da última era glacial, formando então
uma ponte natural entre os dois pontos. Dali grupos nômades foram se espalhando por todo o
continente.

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Teoria Transoceânica: Houve uma leva de homens e mulheres que habitavam a região
da Oceania e que teria atravessado o Oceano Pacífico em direção à América do Sul (região do
Chile) em pequenos barcos, movendo através da remada e por meio das correntes marítimas que
os conduziam, iniciando assim o povoamento nessa região, entre 10mil e 4mil anos atrás.

Mas na região do Chile e Brasil foram encontrados fosseis de 14.500 anos (Luzia em
Lagoa Santa - MG), ou seja, vestígios da presença do homem mais antigos daqueles que foram
encontrados no Norte (região dos EUA), o que vai levar muitos historiadores a acreditarem na
segunda teoria.

Com isso os fosseis encontrados na América do Sul, pelo fato de serem mais antigos que
os encontrados na América do Norte, levaram historiadores a defender a teoria que, o
povoamento do Continente Americano tenha começado pelo Sul e não pelo Norte, ou começado
pelo Norte muito antes de 14mil anos que é a data que a historiografia da para a travessia do
estreito de Bering.

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O que vai dar autenticidade a essas diferentes teorias é que os fosseis encontrados no sítio
de Clovis, localizado no Novo México (EUA) seria de origem e características Mongoloides
(Mongólia), já da teoria Transoceânica tem características Negroides (África Subsaariana) ex:
Luzia.

Teoria de Niéde Guidon: Arqueóloga brasileira criou na década de 70 a teoria que o


homem chegou ao Continente Americano por volta de 50mil anos, devido às descobertas de
restos de fogueiras, que ela acredita ter sido feita por grupos humanos aqui no nosso território,
Boqueirão da Pedra Furada, em São Raimundo Nonato – Piauí, e que possuem idade entre 33mil
e 58mil anos, contrariando os adversários de sua teoria.

Porém essa teoria passa por pesquisas científicas e alguns historiadores acreditam que
essas fogueiras encontradas por Niéde Guidon teriam sido provocadas pela combustão
espontânea (autoincendio).

Conclui-se que chegada à América, possuem várias teorias, não existe verdade absoluta.

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1.2. Ameríndios e suas características

Ameríndios é o nome dado aos habitantes da América antes da chegada dos Europeus.
Quando Colombo chegou á América, em 1492, encontrou o continente abitado há muito tempo
por várias civilizações e povos. Os povos pré-colombianos apresentavam diferentes estágios de
desenvolvimento cultural e material, classificados em: Sociedades agrárias – em maior ou menor
grau, as sociedades ameríndias desenvolveram a agricultura, algumas criando técnicas de
irrigação e divisão de culturas; Sociedades guerreiras – a guerra era uma atividade regular para os
povos ameríndios. Contudo, utilizadas não apenas como maneira de expandir territórios, mas
possuíam um significado ritual específico (sacrifício humano e antropofagia com um significado
ritual ligado à guerra); Sociedades politeístas e teocráticas – as sociedades ameríndias possuíam
uma cosmologia com vários deuses, embora sempre houvesse um de maior importância entre os
demais. Essa devoção marcava as relações sociais e a política dessas populações.
Dentro desses perfis de sociedade, três culturas merecem maior destaque: os Maias e
Astecas, no México e América Central, e os Incas na Cordilheira dos Andes, na América do Sul.

MAIAS

Os Maias formaram uma das grandes sociedades que habitavam a América pré-
colombiana, a que tudo indica chegaram à América Central em 1500 a.C, vindo do norte, talvez
da Ásia, pelo estreito de Bering . Eles viviam na região que corresponde aos atuais territórios de
Belize, partes da Guatemala e Honduras e parte dos estados mexicanos de Chiapas e Tabasco
(toda essa região conhecida como Península de Yucatan). Vão dominar essa região entre os
séculos IV e X.

Os povos Maias eram organizados como sociedades de coletores/caçadores eram


nômades, praticavam a caça, a pesca e a coleta. A agricultura, quando presente, era rudimentar
(principalmente o milho); desconheciam a metalurgia e organizavam-se em tribos.

Primeiro fundaram aldeias, que foram crescendo e se transformando em cidades (estados),


isso já no ano 1.000 a.c.

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Já no século II d.C, é quando os Maias então realmente dominando aquelas Península,
subjugando outros povos e derrotando eles. E esses povos que vão ser dominados são os que ali
naquela região viviam antes do surgimento dos Maias, que eram: Olmecas, Zapotecas, Mixtecas e
Teotihuacanos.

Política: Não havia império. Organizava-se em cidades Estados que, juntamente com
aldeias, portanto formavam unidades políticas independentes (leis, exércitos – próprias
características), cada qual com um grau de desenvolvimento próprio. Em cada estado a
autoridade (nome: Halach Uinic – política interna e externa; Hunac Ceel – título religioso) e o
poder eram exercidos em nome de um deus. Principais cidades: Maiapan; Palenque; Tikal;
Chichen-Itza (pirâmide que conforme o sol reflete da impressão de cobra andando em torno).

Economia: A economia da civilização maia era basicamente agrícola. Cultivavam o


milho principal alimento e que era considerado sagrado, o feijão, o algodão, o cacau e o agave.
Por outro lado eles não conheciam a roda, o arado e o transporte de animais.

Completavam suas atividades econômicas com a caça, a pesca, artesanato e o comércio.


O modo de produção era coletivo, o solo não era propriedade privada, teoricamente o Estado era
o proprietário de todas as terras.

Enquanto membro da aldeia, todo camponês tinha o direito de usá-las e delas tirar o seu
sustento, com obrigação de pagar imposto coletivo, cobrado pelo Estado.

O Estado apropriava-se também da força de trabalho dos camponeses, obrigando-os


trabalhar gratuitamente na construção de palácios, templos e grandes obras de irrigação e
represas.

Sociedade/Cultura: A grandiosidade da sociedade maia foi construída com o trabalho de


uma população controlada e disciplinada. A organização social era rígida hierarquizada (grupos
mais privilegiados, grupos menos privilegiados). Existiam três camadas sociais:

A camada mais alta era a da família real, dos ocupantes dos principais postos do governo
e dos comerciantes. Na segunda camada estavam os servidores do Estado, como os cobradores

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de impostos, os responsáveis pela defesa e os dirigentes das cerimônias. Na última camada
estavam os trabalhadores braçais e os agricultores.

O grupo social mais poderoso, o dos sacerdotes, monopolizava a escrita e os


conhecimentos científicos, principalmente a astronomia e a matemática. Os Maias acreditavam
que o destino da humanidade era regido pelos deuses, por isso a religião esteve presente em todas
as atividades culturais do povo.

Os Maias desenvolveram um sistema próprio de escrita, até hoje quase indecifrável,


baseava-se na representação de objetos e ideias. Sabe-se que possuía alto grau de abstração.

Porém em um determinado momento os Maias vão passar por um momento de fusão com
os Toltecas (norte do México), e eles haviam conquistado o território onde eram dos Maias, com
isso vai surgir essa fusão. Com isso os historiadores vão chamar esse novo grupo de Império
Maia-Tolteca, com essa fusão a sede de império vai ser “Tula”, gerando também misturas de
elementos culturais entre os povos, ex: culto à serpente.

Religião: Os Maias acreditavam que o destino era regido pelos deuses. Itzamna, senhor do
céu, era o deus mais importante. Eram cultuados ainda os deuses da Lua, do Sol, da chuva, do
vento, da morte e da vida, além das divindades ligadas à agricultura e à caça.

Às divindades eram oferecidos diversos alimentos, sacrifício de animais e de humanos,


em cerimônias que incluíam danças e representações teatrais.

Declínio: A partir do século IX começou o declínio lento e contínuo da civilização Maia.


Várias são as hipóteses a respeito desse fato. Alguns estudiosos acreditam que pode ter sido:
devido a guerras, a lutas internas, a invasões ou a má administração em relação à exploração da
terra, epidemias ou chuvas prolongadas (possibilidades).

O esgotamento do solo teria tornado a produção insuficiente para às necessidades de


consumo e obrigado os Maias a abandonarem suas principais cidades.

Porém até hoje o fim dos Maias é um mistério. O que se afirma, com certeza, é que
quando os espanhóis chegaram à América, a civilização Maia não existia mais.

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Os arqueólogos vão avançar sobre a população Maia somente no século XIX, quando vão
descobrir muitas coisas acerca dessa sociedade.

ASTECAS

Os Astecas formaram uma das mais importantes civilizações que habitaram a América
pré-colombiana. Começaram a ocupar o planalto mexicano no final do século XII, vindos da
atual Califórnia, e sendo guiados pelo sacerdote “Tenoch” dominaram as outras tribos que viviam
na região e em pouco tempo construíram um grande império teocrático (Deus Huitzilopochtli).

Os astecas haviam construído um império com 500 cidades e 15 milhões de habitantes.


Dominavam uma área que se estendia desde o golfo do México até o Oceano
Pacífico. Tenochtitlán tornou-se o centro e a mais importante cidade do Império Asteca. Em
1450, contava entre 200 - 500 mil habitantes.

Os Astecas deixaram como fontes de estudos muitos materiais que possibilitaram estudos
como, cultura material: túmulos, templos e objetos de cerâmicas; fontes escritas: códices
(livros), escritos e desenhos; fontes visuais: imagens deixadas por nativos europeus que tiveram
na América no período.

Tenochtitlán: Nome em homenagem a Tenoch, sacerdote que guiaram os primeiro


povoadores Astecas quando saiu do norte da América rumo a região do México. Essa cidade
possuía de 200 – 500 mil habitantes (4 vezes maior que Londres, a mais capital Europeia da
época). Dezenas de canais, sistema hidráulico muito evoluído, templos, ruas amplas e retas,
mercado central, fundada em 1325, área de 13km².

Tenochtitlán era dividida em 4 partes (sub divisões administrativas): “Calpullis”


(subdivisão administrativa da capital Astecas), dirigido por um conselho de chefes das famílias;
Organizavam o tralho agrícola, arrecadavam impostos, culto religioso, educação e recrutamento
de guerreiros. De cada Calpulli saia um representante que vai trabalhar com o imperador, tendo
como função no alto escalão: cuidar das relações exteriores; guerra e paz e assuntos internos.

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Depois dos Calpullis tem uma estrutura burocrática hierárquica que faz parte administração do
Império Asteca: Imperador - funcionários públicos - Calpullis.

Política: Era um Império pelo fato de conquistar vários povos agregando ao seu povo,
portanto era um Império de caráter Militar. Sendo o chefe (HUEY TLATOANI – “Aquele que
fala”) escolhido pelo conselho de chefes das aldeias Astecas e esse chefe tinha como funções:
comandar o exército; decidir sobre questões judiciárias; assuntos religiosos.

Sociedade: Imperador (semi-divino), Nobres - sacerdotes, altos funcionários e militares,


Comerciantes, Artesãos - ourives, joalheiros, tecelões..., Agricultores e soldados, Escravos -
prisioneiro de guerra, condenados pela justiça, e os viciosos por jogos e bebidas.

Esporte Asteca – Vários jogos, entre eles o TLACHTLI (jogo de bola aonde só pode
acertar a bola com joelho e com o quadril tendo que acertar um alvo no alto).

Medicina – bastante avançado para época, usavam cerca de 1200 plantas e 52 remédios à
base de gordura animal, registradas pelo médico do Rei Espanhol Felipe II.

Economia: Agricultura – Chinampas (plataformas flutuantes nos lagos, cultivando flores


e alimentos gerando excedentes, ou seja, sistema de irrigação alto irrigável impressionante).
Artesanato – pedra do sol (calendário de 3 metros de altura, que fora enterrado e encontrado
somente no século XVIII), tesouro da arqueologia. Não fazia uso do animal. A maioria dos
objetos eram feitos de pedra. Comércio era outra base da economia Asteca.

Militar: Todo homem Asteca tinha que presta serviço militar, não tinha opção de escolha.
Tinham tropas as principais eram, guerreiros águias e guerreiros jaguar.

Religião: O principal Deus deles era o “Deus Sol”, ofereciam sacrifícios humanos,
fundamentais na sociedade Asteca (ritual de comunhão, para o Sol não falar jamais). Guerras
floridas (objetivo único de conseguir prisioneiros e depois sacrificá-los). Era uma honra para eles
serem sacrificá-los, depois de morto abria o peito tirava o coração e oferecia ao deus sol e o resto
do corpo era dado aos cidadãos Astecas para comerem.

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Declínio: O fim da sociedade Asteca vai ser em 1521 quando os espanhóis chegam e
Hernán Cortéz colonizador vai destruir tudo, pois, sabe da existência de muito ouro na região.
Prende o Imperador Montezuma II, vai pra cima dos Astecas com o exército de 500 espanhóis e
25mil inimigos dos Astecas, sendo assim eles foram derrotados e era uma vez o Império Asteca.

A cidade do México foi construída pelos espanhóis no mesmo lugar onde estava
localizada Tenochtitlán, em que guarda um dos principais patrimônios culturais referentes às
sociedades pré-colombianas.

INCAS

A sociedade inca desenvolveu-se nas encostas da cordilheira dos Andes, onde nos dias
atuais se encontram os territórios de Peru, Colômbia, Equador, o oeste da Bolívia, o norte do
Chile e o noroeste da Argentina (4mil km). Os incas, assim como os astecas e os maias,
formaram importantes civilizações na América antes do domínio espanhol.

No século XII, vai dar início a um vasto e poderoso império com a liderança de “Manco
Capac” na região de Cusco - Peru, e assim dominando várias outras nações indígenas. Um
processo que vai durar até o século XV, onde atinge sua maior extensão e consolidação desse
império com o imperador “Pachacuti Yupanqui”.

Para controlar esse território, abriram duas entradas, uma no litoral e outra nas montanhas,
que cortavam o território de norte a sul. Interligadas de leste a oeste. Ao longo desses caminhos,
havia guaritas com mensageiros especialmente treinados, tinha também uma comunicação
eficiente o que permitia saber todos os acontecimentos do império.

O desafio de estudar os Incas é a carência de fontes deixadas por essa civilização, à


maioria das fontes desse povo são as que foram produzidas pelos espanhóis, e a partir dai que foi
possível recuperar informações.

Política: Capital - Cusco 100mil habitantes. Império dividido em quatro províncias cada
qual com uma capital e um centro administrativo. Tendo cada capital um governador que reside

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na mesma. Dentro das províncias tem aldeias habitadas por grupos familiares. Esse império é
hierarquizado e militarizado.

Sociedade: Organizada em grupos sociais: Nobreza superior – imperador e seus


descendentes; aristocracia (sacerdotes, militares, políticos). Nobreza inferior – chefes regionais
dos “Ayllus” (Curacas); f uncionários. Massa do povo – camponeses e artesãos. Escravos –
prisioneiros de guerras.

“Ayllus” núcleos familiares que integram as aldeias, que faziam parte das províncias que
compõe os quatro cantos do império Inca. Ou seja, é o micro que está presente dentro deste
macro e que faz o império estar sempre em funcionamento. Os chefes desses Ayllus são os
“Curacas” que são responsáveis pela organização do trabalho dos membros desses Ayllus, seja na
terra, obras públicas, serviço militar etc.

O imperador Inca por sua vez é muito influente na vida de todos que vive nesse império,
ele tem o poder de decisão tão grande que ele decide qual idade as pessoas vão casar, se as
pessoas vão viajar ou não, se vai mudar de casa, ou seja, as mínimas decisões das vidas das
pessoas quem decide é o imperador Inca.

Economia: A principal atividade econômica era a agricultura, devido ao território


montanhoso, criaram o sistema irrigação e plantio: os terraços nas montanhas. Parte alta da
montanha - plantava batata e coca (alimentos esses que são resistentes ao frio), parte
intermediária – plantava feijão, milho, parte baixa – plantava pimenta, frutas. Buscava
aproveitar cada parte do território para o plantio, 20 espécies de milho, 40 tipos de batata, ou seja,
os incas eram muito bons nessa área. Para fazer o transporte da produção do alto da montanha ate
o solo, usavam as lhamas nesse processo, domesticando assim os animais (único povo da
América). Os Incas só não trabalhavam com metais preciosos como ouro e prata e não faziam
comércio com longa distância.

Religião: A religião marcava grande parte da vida e da cultura inca. Adoravam diversos
deuses, que em geral eram associados a elementos da natureza, como o sol, a lua, o rio, a chuva
etc. As divindades recebiam oferendas, inclusive sacrifício humano, e esperavam dos deuses um
retorno em forma de chuva, proteção, boa colheita, etc.

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Declínio: Com a chegada de 200 soldados espanhóis Francisco Pizarro se junta aos
inimigos dos Incas e os conquista em 1533 quando o imperador “Atahualpa” foi executado, após
sua morte os Incas se refugiaram nas montanhas, onde resistiram até a morte do último líder
“Tupac Amaru” em 1572.

*A cultura Inca está viva pelo incrível que pareça. No Peru, especialmente na cidade de
Cusco, é possível visitar vários lugares e conhecer muito da cultura Inca como: “Machu Picchu”-
situada no topo de uma montanha, a 2400 metros de altitude, ela não foi encontrada pelos
colonizadores, só foi descoberta em 1912, por um pesquisador norte-americano. Tratava-se,
provavelmente de um santuário religioso.

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2. Expansão e Regime Colonial

2.1. Colonização da América Espanhol

O processo de colonização das Américas se inicia em 1492, com a chegada da esquadra


do navegador italiano Cristóvão Colombo. Em busca de uma rota alternativa para as Índias,
Colombo desembarca no Caribe. Sendo assim, a chegada dos espanhóis ao continente americano
aconteceu durante o processo das grandes navegações, que ocorreram a partir do século XV em
virtude da necessidade de encontrar novas rotas comerciais para expandir o comércio europeu.
Aqueles que se arriscaram a cruzar o Atlântico nesse projeto de expansão procuravam a chance
de enriquecimento, principalmente com a obtenção de metais preciosos, como ouro e prata.

No século XV, enquanto Portugal dominava a circunavegação da África e o comércio


com as Índias, a Espanha dos reis católicos: Fernando de Aragão e Isabel de Castela decide
apoiar e financiar uma aventura temerosa de Cristóvão Colombo (1452-1516), navegador
genovês, acreditava que a Terra era redonda e que se seguissem a direção Oeste, chegariam à
Ásia, portanto a coroa o financia sua expedição (apenas 3 embarcações – Santa Maria, Pinta e
Ninã). Logo depois da “Reconquista da Península Ibérica”, conflito entre cristão e os
muçulmanos pela recuperação dos territórios perdidos para os conquistadores árabes, durante o
século VIII, quando os muçulmanos invadiram a península e estabeleceram um domínio que
durou de 711 a 1492. Com isso os espanhóis chegaram originalmente à ilha de Guanahani, nas
Bahamas, em 1492.

Muitos descrevem essa viagem como desapontadora para a coroa espanhola. Afinal, não
chegaram ao Oriente. Porém, todo o território “descoberto” e explorado pelos espanhóis podia
resultar em uma possível descoberta. Com isso os espanhóis foram em busca de regulamentar as
terras descobertas, para que evitasse uma investida portuguesa nas terras descobertas pelos
espanhóis. Sendo assim, Em 3 de maio de 1493, por intermédio do papa nascido em Valência,
Alexandre VI (1431-1503), foi redigida a Bula Inter Coetera, que estabelecia as fronteiras
imaginárias dos territórios americanos. Basicamente, a 100 léguas a oeste de Cabo Verde foi
traçada uma linha e Portugal possuiria as terras a leste e a Espanha a oeste.

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Os portugueses alegaram favorecimento aos espanhóis e não assinaram a bula.
Propuseram, portanto, uma nova linha. Esta estaria a 370 léguas de Cabo Verde, e continuariam
com as terras a leste (e a preciosa rota que contornava a África). Para a Espanha não haveria
muitas mudanças, já que os territórios descobertos por Colombo ainda lhe pertenceria. Então, em
7 de junho de 1494, foi assinado o Tratado de Tordesilhas.

A partir de 1494, em sua segunda visita Colombo inicia a ocupação da ilha de Hispaniola
(Haiti e a República Dominicana), os primeiro anos de ocupação ocorreram nas ilhas caribenhas.
Após a conquista, o próprio Colombo foi nomeado governador dos novos territórios, porém por
má gestão, terminou por ser destituído por volta de 1500.

Características da exploração econômica

 Fases da exploração

As primeiras atividades vão ser agricultura de subsistência (consumo próprio) e a


mineração de aluvião (leitos dos rios, onde possuem pequenas pedras de ouro).

Durante esse processo de colonização, a população nativa foi bastante dizimada pela ação
de doenças ex: varíola (nativos não possuíam resistência biológica diante as doenças espanholas)
e pela violência.

Portanto os espanhóis vão encontrar ouro logo de início, sendo assim vai se configurar o
processo de colonização. Esse período de exploração do ouro vai ser constituído como a
primeira fase desse processo colonizador. E assim vão passar as primeiras décadas explorando o
ouro, isso vai pendurar ate 1520-1530, assim como os nativos, durante explorados a ponto de
acontecer extermínios indígenas, em algumas ilhas os nativos simplesmente desapareceram.
Porém nessa fase de 1520-1530 o ouro começa a dar sinais de esgotamento, portanto vão ser
apenas em três décadas essa exploração intensa de ouro na América Central.

É nesse período que os espanhóis, vão fazer duas conquistas bastante significativa, 1521 o
império Asteca e em 1533 o império Inca. Com essas conquistas, vai acontecer a segunda etapa

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desse processo, os saques dos impérios, ou seja, os espanhóis vão exaurir toda riqueza desses
impérios (templos, palácios, estatuas, joias, ouro).

Já o terceiro momento vai ser a montagem do sistema de exploração, dando suporte


nesse período da América colonial espanhola e tudo que for feito. Sendo assim, vai ser formada
uma estrutura de trabalho e exploração dos nativos, criando dessa forma as relações de trabalho
que vão se constituir nessa América espanhola.

 Relações de trabalho

Para se compreender este processo é preciso estar atento à visão do colono sobre os
nativos. Para ele os índios eram tão somente uma raça vencida, primitiva, e cabia a ele civilizá-
los, mesmo que fosse através de métodos compulsórios.

Encomienda: Consistia no emprego da mão de obra de nativos para exploração de metais


preciosos e também no cultivo de pequenas lavouras. Tinham de respeitar as regras impostas
pelos colonos como a cobrança de tributos, em troca os colonos ofereciam educação religiosa
católica aos nativos.

Mita: Formas de trabalho imposta aos nativos eram capturados de suas comunidades e
distribuídos entre os colonizadores para trabalhar nas minas. Esta prática existia entre os povos
andinos.

Haciendas: É a tradução de fazenda, consistia em um sistema de lacouras de grande


porte, denominadas de plantations. Cujos donos eram classificados como latifundiários, era mais
comum o cultivo de uma única espécie, normalmente a cana-de-açucar (monocultura).

 Sociedade colonial espanhola

A sociedade colonial foi moldada através da violência e da mestiçagem. Como eram


poucas as mulheres nascidas na Espanha morando nas colônias, os homens uniram-se com
indígenas, muitos relatos de estupros. Por este motivo, houve a mistura do europeu ao índio e,
posteriormente, ao negro.

A sociedade da América Espanhola estava dividida basicamente em:

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Chapetones - era a elite colonial, controlavam a colônia e ocupavam os altos cargos
administrativos.

Criollos - vinham logo abaixo. Eram os filhos dos espanhóis nascidos na colônia e
integravam a nobreza, sendo, ainda, grandes latifundiários.

Negros e índios - estavam na base da pirâmide social.

 Estrutura administrativa colonial

Na América portuguesa foram feita as capitanias hereditárias, já na América espanhola


fora feita outra divisão. A metrópole controlava as colônias através da:

Casa de Contratação – que tinha a função em administrar as atividades comerciais


espanholas e o novo mundo, que tinha sua sede em Sevilha e, mais tarde, em Cádiz.

Conselho das Índias – fora o órgão mais importante da administração colonial espanhol,
a quem cabia à administração colonial e que era representado nas colônias pelos chapetones.

Cabildos - conselhos municipais. Esses conselhos representavam a metrópole e


controlavam o policiamento, o recolhimento de impostos e a Justiça.

Os chefes dos cabildos eram escolhidos pela própria coroa e, muitas vezes, eram
vitalícios. O povo não participava dos cabildos, mas eram chamados quando havia decisões
importantes a tomar.

Essa situação foi registrada quando Napoleão invadiu a Espanha em 1807 e o rei
Fernando VII foi preso pelas tropas francesas.

No século XVIII, a Espanha reorganiza administrativamente suas colônias na América.


Por isso, são criados o Vice-Reinado da Nova Espanha, Capitania-Geral da Guatemala,
Capitania-Geral de Cuba, Capitania-Geral da Venezuela, Capitania-Geral do Chile, Vice-Reinado
de Nova-Granada e Vice-Reinado do Rio da Prata.

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2.2. Colonização da América Inglesa

Antes de se lançar ao mar, no século XVI, a Inglaterra enfrentou a Guerra dos Cem Anos
e Guerra das Duas Rosas. As primeiras incursões marítimas seguiram a linha dos espanhóis e
franceses, que buscavam um caminho para a Índia através da América do Norte.

As navegações inglesas tornaram-se um lucrativo negócio quando a Grã-Bretanha


dominou o comércio de escravos africanos para o Continente Americano.

A colonização inglesa diferente da espanhola vai ser incentiva a partir da iniciativa


privada. Ou seja, através dos interesses de empresas, deixa claro um pouco o controle que a
Inglaterra vai ter diante suas colônias nesse período, possibilitando assim ver as diferenças das
colonizações espanhóis e portuguesas, sendo a principal delas era a presença da metrópole na
colônia não era tão forte.

Outro fator importante para esse distanciamento da metrópole, fora o contexto interno da
época, devido todas as turbulências que a Inglaterra enfrentava não permitiram que ela desse
prioridade a colonização nas 13 colônias. Sendo os seguintes acontecimentos:

Guerra dos cem anos (1337-1453): foi uma guerra entre França e Inglaterra, motivadas
por razões políticas e econômicas.

Guerra das rosas (1455-1487): fora uma disputa dinástica pelo trono inglês que
aconteceu na Inglaterra durante o século XV, entre as seguintes famílias: Lancaster, York e
Tudor.

Reformas religiosas: principalmente durante o reinado de Henrique VIII, que vai levar o
rompimento da Inglaterra com a igreja católica, e consequentemente a fundação da igreja
anglicana.

Guerra civil Inglesa (1642-1651): Vai ser uma guerra entre Carlos I e o parlamentarismo
britânico.

Dessa forma o governo Inglês vai fazer da colonização a oportunidade de enviar à colônia
todas as pessoas indesejadas da sociedade: camponeses endividados, trabalhadores urbanos

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desempregados, criminosos, órfãos, fugitivos de guerra e perseguição religiosa (puritanos,
seguiam as ideias religiosas de Calvino ou Lutero). Portanto foram enviados de maneira forçada.
Ex: Lei de terra (devido a expansão urbana e industrial do capitalismo, as terra as terras
começaram a ser privatizadas e aqueles donos de terras que fazia uso comum, ou seja, os
camponeses se endividaram, portanto o Estado tomava e fazia essas terras de pastos para ovelhas
na criação de algodão).

 Primeiras expedições da Inglaterra

John Cabot: Aconteceu no final do século XV, ele foi para região na onde hoje fica
o Canadá, mas acabou não encontrando nada de interessante.

Corsários: Atuação de corsários, que são basicamente piratas financiados por uma
coroa no caso a inglesa, que financiava esses corsários que atuavam no Oceano Atlântico e
atacava navios espanhóis que viam de suas colônias carregados de ouro e prata e os saqueavam.

Walter Raleigh: Já esse homem foi feliz em sua expedição e fundou duas colônias,
em um local onde era conhecido como ilha de Roanoke, que fica no litoral do atual estado da
Carolina do Norte – EUA. Essas colônias foram fundadas por volta de 1550, porém não deram
certo.

A colonização só foi retomada no início do século XVII com a concessão de direitos


de exploração a duas empresas privadas.

London Company: Ganhou o direito de exploração do Cabo Fear (Cabo do Medo) –


Carolina do Norte, até a região de Nova York.

Plymouth Company (calvinistas = puritanos): Explorando da Florida ate o Rio


Potomac – Washington.

A religião puritana contribuiu para a colonização inglesa, no sentido de que a


religião preconizava que através do trabalho se poderia alcançar a graça e a salvação divina. Os
preceitos religiosos serviram para consolidar uma ética do trabalho, contribuindo para a
prosperidade dos colonos e também conformando um rígido código de conduta social.

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Essa situação verificou-se mais na região norte das Treze Colônias, que ficou
conhecida como Nova Inglaterra. Faziam parte da Nova Inglaterra as colônias de
Massachusetts, Connecticut, Rhode Island e New Hampshire. Em virtude da maioria de puritanos
na região, a intolerância religiosa também marcou a forma de organização social da região.

Ao contrário dessa intolerância religiosa da Nova Inglaterra, as colônias centrais,


Nova Iorque, Delaware, Pensilvânia e Nova Jersey mostraram-se mais abertas à vinda de grupos
sociais de distintas crenças. Além disso, destacou-se na colonização dessas áreas a presença de
holandeses, suecos, escoceses e de outros povos europeus.

Os primeiros anos da colonização inglesa enfrentaram desafios como à falta de


alimentos e os ataques indígenas, assim como nas colônias das América Latina. A diferença do
Norte em relação ao Centro e ao Sul era a questão climática adversa que dificultava muito para os
colonizadores.

Servidão temporária: principal forma de trabalho que fora desenvolvido na colônia


no período inicial. O inglês que não tinha condição de pagar suas despesas de viagem contraia o
empréstimo e ao chegar à América do norte essa pessoa trabalharia durante sete anos para quitar
essa dívida. O mesmo acontecia com qualquer colono que adquirisse uma dívida e não tivesse a
condição de pagar.

Ao todo os ingleses fundaram na América do Norte treze colônias, que por sua vez
foram organizadas em dois grandes grupos:

 Colônias do norte

- clima temperado (semelhante à Inglaterra, estações bem definidas)


- agricultura baseada na policultura (diferentes itens agrícolas)
- mercado interno (treze colônias)
- Desenvolvimento manufatureiro (trabalho artesanal)
- comércio triangular (comprava melaço e cana das Antilhas – América Central, as
colônias produziam o Rum que era enviado à costa africana e trocado por escravos que eram
enviados para as Antilhas novamente e por fim trocados por mais melaço e cana).

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 Colônias do sul

- clima tropical (semelhante à América Central e Latina)


- plantation (monocultura)
- agricultura baseada na monocultura (tabaco ou algodão)
- mercado externo
- trabalho escravo
Porém, a partir do século XVIII, quando o desenvolvimento econômico capitalista e
a estabilidade política foram alcançados na Inglaterra, a monarquia parlamentar buscou delinear
uma nova política colonial de ampliação da restrição econômica e de aumento da tributação sobre
os colonos. Desencadeando assim motivos para as lutas de independência, que se iniciaram em
1776.

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2.3. Colonização da América Francesa

A expansão marítima iniciada no século XV incentivou os países ricos da Europa a


procurarem territórios com o objetivo de conquistá-los. Isso fez parte da política mercantilista
que priorizava o acúmulo de riquezas para os Estados controlados pelos monarcas. Nesse
momento, portugueses e espanhóis saíram à frente nessa corrida colonial, dominando regiões
localizadas na América do Sul e Central.
A França, por outro lado, encontrou mais dificuldades nessa conquista de novas terras. O
processo de colonização exercido pelos franceses só teve início a partir da metade do século XVI.
A primeira tentativa colonizadora dos franceses aconteceu em 1555, no Brasil, quando
eles ocuparam uma pequena região litorânea do Rio de Janeiro (Baía de Guanabara), que ficou
conhecida pelo nome de França Antártica. Entretanto, a força colonial portuguesa liderada
pelo governador-geral Mem de Sá, em 1567, derrotou os colonos franceses. A França também
tentou controlar a região do Maranhão, nesse local, entre 1612 e 1615, os franceses criaram à
França Equinocial, cujo principal legado é a cidade de São Luís do Maranhão, mas os
portugueses novamente impediram a conquista. Com isso se observa um atraso dos franceses no
processo de colonização nas Américas.

 América do Sul
Na América do Sul, os franceses teriam mais sorte na região das Guianas, onde até os dias
atuais há um território francês: a Guiana Francesa. Nela houve a produção de produtos tropicais
destinados à venda no mercado europeu.

 América Central (Antilhas)


Na América Central (Antilhas) teve sucesso também no território de Santo Domingo,
atual Haiti. Nessa região os franceses empreendeu um tipo de exploração voltado à produção
açucareira e a utilização de mão-de-obra escrava.
Inicialmente a exploração agrícola dessa região era de produtos como tabaco, café e cana-
de-açúcar, trabalhados pelos chamados “engagés” (engajados), criminosos e marginalizados na
metrópole que iam para a colônia em troca de trabalho e acesso a terra após três anos de serviços.
Mas com o aumento da produção, essa mão de obra foi substituída pelo trabalho de africanos

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escravizados. No século XVII, o ministro das Finanças de Luís XIV mudou a política colonial e
criou a Companhia das Índias Ocidentais, 1635, com objetivo de administrar as colônias.
O Haiti tornou-se a principal colônia francesa, onde era produzida a maior parte do açúcar
fabricado no mundo. Entretanto, com a eclosão da Revolução Francesa, os ideais revolucionários
influenciaram a luta dos escravos, que aboliram a escravidão em 1794 e conseguiram a
independência em 1804.

 América do Norte
Na América do Norte, os franceses ocuparam inicialmente territórios onde hoje se localiza
o Canadá. O ponto de partida foi a formação de Quebec no início do século XVII. A partir daí os
franceses passaram a ocupar a região dos Grandes Lagos, onde conheceram a foz do rio
Mississipi. O rio auxiliou ainda os franceses a ocuparem a região central do continente norte-
americano, em uma faixa territorial que ia desde os Grandes Lagos até o Golfo do México, ao sul
região que fundaram a cidade de Nova Orleans. A região ficou conhecida como Louisiana, nome
dado em homenagem ao rei Luís XIV.
Os territórios da América do Norte seriam perdidos após uma série de derrotas em guerras
travadas contra algumas potências europeias, principalmente a Inglaterra. A Guerra dos Sete
Anos (1756-1763) e os acordos do Tratado de Paris custaram aos franceses a região de Quebec e
todas as suas possessões no Canadá, além da Louisiana e de algumas ilhas das Antilhas.
Nos dias atuais, ainda se mantêm como departamentos franceses as Ilhas de Guadalupe,
São Martinho, São Bartolomeu e Martinica, nas Antilhas; e a Guiana Francesa, na América do
Sul.

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3. Processos de independência

3.1. Independência da América Espanhola

A emancipação das colônias da América Espanhola vai sendo desencadeada no inicio do


século XIX, a Espanha ainda dominava a maior parte de suas colônias americanas, mas, da
França chegavam novas ideias. Era a época das Luzes (iluminismo – os filósofos defendiam a
liberdade o uso da razão contra o antigo regime, portanto eles pregavam maior liberdade
econômica e política). Afinal, os iluministas valorizavam a Razão, dizendo que o Homem era
dono de seu próprio destino e devia pensar por conta própria.
Sem contar que pouco tempo antes ocorreu a independência dos EUA, sendo um espelho
para as colônias espanholas.
Com o passar das gerações os criollos passam a dominar os meios de produção nas
colônias, possuíam propriedades rurais explorando o trabalho dos mestiços e dos negros, tinham
dinheiro, estudaram na Europa, ou seja, tiveram contato com o iluminismo, e assim estavam se
tornando um grande perigo para a Espanha. Sabendo que na sociedade capitalista dinheiro é
sinônimo de poder, a coroa espanhola decide criar novas leis:

 Fatores internos:
a) - reformas dos reis Carlos III e Calor IV (concessão de monopólios de determinadas
áreas comerciais ex: fumo, bebida, pólvora e sal. Aumentando os monopólios e cobrando
impostos).
- aumenta e centralizam os impostos, século XVIII a Espanha centraliza no próprio
governo da coroa, consequentemente aumentando o rigor na cobrança (10milhões pesos ano).
- acaba com o sistema de porto único (que estava autorizado nesse comércio metrópole –
colônia que era o porto de Sevilla centralizando a cobrança de taxas alfandegárias). Portanto a
Espanha vai aumentar para 20 portos, com o aumento dessa circulação de mercadorias aumenta a
arrecadação de impostos, favorecendo assim a Espanha em seu aumento de recursos.
- o pacto colonial ficou mais severo (o pacto colonial era o acordo pelo qual as atividades
mercantis da colônia eram de domínio exclusivo de sua metrópole).
- Isso desagradou os Criollos – queria o livre comércio com todas as nações do mundo.

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- Desagradam também os comerciantes espanhóis, que desejavam a volta exclusivo
comercial, ou seja, que era quando se tinha com o porto único, agora outros portos também
estariam autorizados.
b) Desigualdades sociais
- Chapetones: espanhóis
- Criollos: filhos de espanhóis nascido na América não têm os mesmos privilégios que os
chapetones (alto cargos políticos), mas tinha dinheiro e estudo.
- Índios, mestiços e afrodescendentes: maioria vai continuar ferrada.

 Fatores externos
- Invasão da Espanha por Napoleão Bonaparte, e coloca seu irmão José Bonaparte no
trono. (agora eu sou o dono do morro)
- Espanhóis não aceitam ser governado por um estrangeiro, e assim cria um governo de
resistência na cidade de Cadiz convocando uma corte constituinte para elaborarem uma nova
constituição.

 Constituição de Cadiz
a) aboliu o tributo pago pelos índios da América e a mita (trabalho imposto, onde nativos
deveriam trabalhar para os espanhóis periodicamente).
b) limitou a autoridade do rei. Toda ordem do rei só seria cumprida com aprovação das
cortes.
c) ampliaram o direito de voto para todos os homens.
d) mantiveram a manutenção do exclusivo comércio metrópole – colônia.
Por mais que essas mudanças foram significativas, permaneciam as insatisfações da galera
aqui nas colônias espanholas. Porque quando ficam sabendo que na Espanha sem rei, estava uma
zona, eles vão dar início nos movimentos de independência para se libertar da metrópole.
Ao Napoleão ser derrotado as coisas volta ao normal na Espanha, o trono volta a ser de
Fernando VII (1814), e ao retornar ao trono ele passa a lutar para manter as colônias em seu
domínio. Ele envia 10 mil homens e 18 navios de guerra.

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Os Criollos tinham o exemplo dos EUA que haviam se libertado da Inglaterra. E, a
própria Inglaterra estava interessada em ajudar as colônias espanholas porque, estava em plena
Revolução Industrial. Isto quer dizer que, precisavam encontrar quem comprasse a produção de
suas fábricas e, também de encontrar quem lhe vendesse matéria prima para trabalhar. Assim, as
colônias espanholas receberam ajuda inglesa contra a Espanha.
A França também ajudou, porque Napoleão Bonaparte com seus exércitos invadiu a
Espanha e colocou como rei na Espanha, seu irmão José Bonaparte. Portanto, automaticamente,
sendo dependente de França, a Espanha passou a ser inimiga também da Inglaterra. Isso foi o
motivo que a Inglaterra queria para colocar seus navios no Oceano Atlântico e impedir que a
Espanha fizesse contato com suas colônias espanholas.
Os Criollos então, se aproveitaram da situação e depuseram os governantes das colônias e
passaram a governar, estabelecendo de imediato à liberdade de comércio.
Mesmo depois que o rei espanhol voltou ao poder, a luta pela independência continuou e a
Inglaterra seguiu ajudando financeiramente durante todo o período de independências das
colônias espanholas, porque sem liberdade não haveria comércio.

 Consequências
- Ascensão política dos criollos nas ex-colônias;
- Conquista da liberdade econômica, que favoreceu financeiramente e politicamente a
aristocracia;
- Criação de dependência econômica com relação à Inglaterra, maior potência mercantil
do século XIX;
- Infelizmente, a independência política não significou a diminuição das desigualdades e
injustiças sociais nas ex-colônias espanholas. A pobreza e miséria continuaram como realidade
para grande parte da população;
- Instalação do sistema republicano em que, através das eleições, as elites se perpetuavam
no poder.

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 Emancipação das colônias no continente americano

- Estados Unidos - 1776


- Canadá - 1867
- Haiti - 1804
- Argentina - 1810
- Paraguai - 1811
- Chile - 1818
- México - 1821
- Peru - 1821
- Brasil - 1822
- Bolívia - 1825
- Uruguai - 1828
- Equador - 1830
- Venezuela - 1830
- Nova Granada - 1831
- Costa Rica - 1838
- El Salvador - 1838
- Guatemala - 1838
- Honduras - 1838
- República Dominicana - 1844
- Colômbia - 1886
- Cuba - 1898
- Panamá – 1903

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3.2. Revolução Americana
A Independência dos Estados Unidos foi declarada no dia 4 de julho de 1776, quando
foram rompidos os laços coloniais com a Inglaterra.
De 1776 a 1787, os Estados Unidos ficaram sob o regime de Confederação, onde os
Estados gozavam de absoluta soberania. Em 1787, foi promulgada a Constituição, vigente até
hoje.
A revolução surgiu das insatisfações decorrentes do conflito de interesses entre metrópole
e colônia.
Além disso, fora influenciada pelos ideais iluministas e é considerada uma revolução
burguesa.

 Colonização dos Estados Unidos


Deu-se de forma diferente, havia um pacto colonial “brando”, ou seja, as treze colônias
tinha certa autonomia.
O processo de colonização inglesa na América do Norte começou a partir do século XVII.
Resultou na formação de treze colônias, que deram origem aos Estados Unidos.
- As colônias do Norte, junto com as quatro do centro, tiveram um desenvolvimento
muito diferente das do Sul. Nas primeiras, chamadas depois de colônias de povoamento,
imperava uma ocupação baseada em pequenas propriedades e colonos livres, inicialmente
formada, em grande parte, por refugiados políticos e religiosos.
- As colônias do Sul, chamadas depois de colônias de exploração, eram formadas por
grandes fazendas de produtos tropicais, cultivados por escravos de origem africana. Essas
diferenças explicam o fato de o Norte caracterizar-se mais tarde como centro industrial e
o Sul permanecer uma região agrícola.
 Fatores determinantes da Independência dos Estados Unidos
O crescimento do comércio colonial do Norte, que passou a concorrer com a metrópole,
levou a Inglaterra a mudar sua política econômica.
O Parlamento inglês decidiu aumentar as taxas e os direitos da Coroa na América, para
pagar as taxas dos custos da Guerra dos Sete Anos (1756-1763). Esse conflito ocorreu entre os

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ingleses/Prússia e Áustria/franceses pela posse das terras a oeste das treze colônias inglesas e as
índias.
Novas medidas foram tomadas. George Grenville, primeiro ministro inglês, colocou nas
colônias uma força militar de 10 mil homens, acarretando despesa de 350 mil dólares. Um terço
desse valor seria arrecadado com a aprovação de novas leis:
- Lei do açúcar (1764): criava um imposto sobre a venda do açúcar, melaço e ruim,
mecanismos para acabar com o comércio triangular.
- Lei do selo (1765): decretava que todos os documentos identidade, jornais... Deveriam
ter um selo da coroa que era pago.
- Lei townshend (1767): imposto sobre produtos diversos chumbo, tinta, açúcar, chá, etc.
- Lei do chá (1773): impunha o monopólio da venda do chá para as índias orientais.
Gerou muita revolta por ser um comércio muito lucrativo, deixa de ser um comércio da elite,
passando para as mãos das companhias das índias orientais.
Portanto essas leis tinham o objetivo impor e aumentar o controle da coroa/metrópole
sobre sua colônia.
- Massacre de Boston (1770): Episódio em que soldados do exército britânico a serviço
da coroa na cobrança de impostos, dispararam contra um grupo de civis, matando cinco homens.
- Festa do Chá de Boston (1773): Em dezembro de 1773, vários colonos invadiram os
navios da companhia das índias orientais e jogaram ao mar todo o carregamento de chá dos
navios da Companhia das Índias que estavam ancorados no porto de Boston. O episódio ficou
conhecido como “Festa do Chá de Boston”.
- Atos Intoleráveis (1774): Como insatisfação da coroa ocorrida em Boston na festa do
chá. O governo inglês decretou os Atos Intoleráveis, entre elas a interdição do porto de Boston
até ser paga a indenização pelo chá destruído.

 Guerra da Independência dos Estados Unidos


Indignados com as Leis Intoleráveis, representantes dos colonos reuniram-se no Primeiro
Congresso Continental de Filadélfia, realizado em setembro de 1774. Nele se reuniram
representantes de doze colônias, e escreveram um documento demonstrando suas insatisfações

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com toda a repressão que vinha sendo colocada pela Inglaterra, ou seja, era um pedido para que
fossem revogados os Atos Intoleráveis.
Porém a metrópole só aumentou o exército na colônia. Em 1775 os colonos voltaram a se
reunir no Segundo Congresso Continental de Filadélfia, reuniram representantes das treze
colônias e declararam guerra à Inglaterra.
George Washington foi nomeado comandante das forças americanas e Thomas
Jefferson ficou encarregado de redigir a Declaração de Independência. A Declaração
foi aprovada no dia 4 de julho de 1776.
Na sua luta em prol da Independência, os colonos contaram com a ajuda militar da
Espanha, Holanda e França.
O conflito armado só terminou em 1781, quando, a derrotada Inglaterra assinou o Tratado
de Paris(1783), pelo qual reconhecia a Independência das treze colônias.

 Modelo político e Constituição dos Estados Unidos


Republicanismo presidencialista: onde um presidente era eleito de quatro em quatro
anos.
Federalismo: que dava grande autonomia para cada colônia (estado) desenvolver leis de
acordo com seus próprios interesses.
Durante os anos de 1776 a 1787, os Estados Unidos ficaram sob um regime político
de Confederação, onde os Estados gozavam de absoluta soberania.
Em 1787 fora discutida e votada, a Constituição norte americana foi promulgada no
mesmo ano, e de l pra cá sofreu 27 emendas. Sendo as primeiras conhecidas como “Bill og
Rights”, que só foi aprovada em 1789 estimulando dez emendas com basicamente contendo os
direitos básicos que todo cidadão americano possuía. Ela estabeleceria os três poderes
independentes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

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3.3. Revolução do Haiti
A Revolução Haitiana foi uma grande rebelião de escravos e negros libertos que
aconteceu na colônia francesa de São Domingos a partir de 1791. Essa rebelião conduziu a
colônia francesa de São Domingos à independência e foi motivada pela grande exploração e
violência do sistema colonial escravista francês naquela região.

 Antecedentes
No final do século XVIII, a região que corresponde atualmente ao Haiti era colonizada
pelos franceses e conhecida como São Domingos. A presença francesa ocorreu de maneira
gradativa a partir do século XVI, quando a região – ainda conhecida como Hispaniola e sob
posse dos espanhóis – passou a ser ocupada por corsários franceses que usavam a ilha de Tortuga
como refúgio.
A posse da região foi transmitida para os franceses oficialmente a partir do século XVII,
quando Espanha e França assinaram o Tratado de Ryswick, que cedia de maneira oficial a parte
oeste de Hispaniola para os franceses. O sistema colonial imposto pelos franceses transformou
São Domingos em uma das colônias mais prósperas do mundo, sendo inclusive conhecida como
“pérola das Antilhas”.

 Revolução Haitiana
Após a eclosão da Revolução Francesa em 1789, diversos movimentos de independência
se inspiraram no ideal de igualdade, liberdade e fraternidade propagados pelos iluministas. Em
1791, apoiando-se na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão, o novo
governo francês decidiu dar cidadania francesa para todo homem que fosse livre e proprietário,
sem considerar a cor da pele. Esta atitude despertou revolta nos escravos, pois esperavam ganhar
a liberdade com a Revolução Francesa.
O continente americano passava por um processo de transformações políticas que iriam
culminar na hegemonia dos Estados Unidos como nação soberana, além da independência de
países outrora colonizados pela Europa.

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O Haiti foi o primeiro país latino-americano a se tornar independente da França, por meio
da Revolução Haitiana. Denominada de colônia Saint Domingue, o país era o maior produtor de
açúcar do mundo e o principal exportador de café para a Europa.
Sua população era constituída de cerca de 500 mil habitantes: 35 mil brancos, 30 mil
mulatos livres e mais de 430 mil escravos negros oriundos da África Ocidental.
Percebendo que estavam em maioria, os escravos negros formaram uma rebelião liderada
por Toussaint L’Overture e pelo líder religioso Dutty Boukman para se livrar do domínio da
França.
Em 1791, L’Overture instigou os escravos a dizimarem a população mandatária branca,
que cada vez mais restringia a liberdade de seus vassalos com políticas racistas. As tropas
francesas continuaram resistindo por um bom tempo, mas logo foram derrotadas pelos escravos,
que receberam apoio de exércitos ingleses e espanhóis. No decorrer dos acontecimentos no Haiti,
todo o ódio que havia sido represado durante anos pelos escravos e negros libertos levou os
escravos a cometerem atos de violência contra franceses. Foram comuns nesse período ataques de
escravos e negros libertos contra propriedades de franceses, em que os donos e sua família eram
mortos. Durante esse período de lutas, os haitianos foram liderados por ToussaintLouverture.
L’Overture chegou a assumir o governo de Saint Domingue em 1801, mas acabou sendo
aprisionado pelas tropas de Napoleão Bonaparte. As tropas franceses foram lideradas
por Charles Leclerc, que, além de ter retomado o controle sobre a situação em São Domingos,
também conseguiu aprisionar Toussaint Louverture. O líder haitiano foi enviado para a França
em 1802 e permaneceu em uma prisão até a sua morte em 1803. Toussaint Louverture foi vítima
de má nutrição e tuberculose morrendo em péssimas condições em Paris.
Com a prisão e morte de Toussaint Louverture, a liderança da Revolução Haitiana foi
ocupada por Jean-Jacques Dessalines, que reiniciou a luta contra os franceses e derrotou-os de
maneira definitiva em novembro de 1803. Pouco tempo depois, em 1º de janeiro de 1804, foi
declarada a independência de São Domingos. Após a declaração de independência, Jean-Jacques
Dessalines escolheu o nome de Haiti que significa “a terra das montanhas” para o novo país que
havia surgido. O nome foi escolhido em homenagem às populações indígenas que habitavam a
região antes da chegada dos europeus. O governo do Haiti foi ocupado pelo próprio Dessalines.

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Após a independência, o Haiti tornou-se o único país das Américas que conquistou sua
independência a partir de uma rebelião de escravos.

 Consequências
Apesar da longa batalha, as consequências da independência do Haiti foram muito
negativas. Livres da França, os países que mantinham relações comerciais com a ilha ficaram
com medo de que esse ato de rebelião se expandisse para as colônias americanas e acabaram
fechando todos os pactos comerciais selados.
Além de ter de pagar uma quantia grotesca de indenização para a França, o Haiti sofreu
uma grave crise econômica, principalmente após a morte de Dessalines, em 1806.
O país chegou a ser dividido em dois regimes, um monárquico e outro republicano.
Somente em 1820 os territórios foram reunificados por Jean Boyer, que adotou o sistema
republicano.

 Curiosidades
Dos 40.000 soldados franceses, somente 8.000 voltaram para casa.
Os Estados Unidos boicotou o açúcar haitiano durante décadas e só reconheceu a
independência da ilha em 1862.
Nos tempos da escravidão, os escravos não podiam usar camisas que lhes cobrissem o
peito, para que fossem identificados. Atualmente, é praticamente impossível encontrar um
haitiano sem camisa nas ruas do país.

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4. América Contemporânea

4.1. Estados Unidos do século XIX


Está aula tem como objetivo de apresentar quais foram os principais acontecimentos que
caracterizaram os Estados Unidos ao longo do século XIX.
Em 1776 depois de garantir a independência diante dos ingleses, após esse evento eles
travaram uma guerra ate o ano de 1781, já em 1783 foi assinado o Tratado de Paris, onde a
Inglaterra passa a reconhecer a independência das treze colônias, agora Estados Unidos da
América, se consolidando como nação vai garantir o funcionamento das instituições políticas e
também levar o desenvolvimento de um nacionalismo no país.
E essa consolidação dos EUA como nação vai se estabelecer a partir de uma serie de
eventos que vai acontecer no século XIX. Os principais eventos da história americana são:

- “Doutrina Monroe” defendia a união de todas as nações americanas sob a liderança dos
EUA, e assim juntas conseguissem barrar ou impedir qualquer tentativa de intervenção das
nações europeias no continente americano.

 Marcha para o Oeste


Processo de expansão territorial e conquista dos territórios a oeste, que ate então era
habitado por índigenas.
Essa expansão rumo ao Oeste vai levar os americanos ate a outra ponta do território,
chegando ao Oceano Pacífico. Esse processo vai se desencadear de duas maneiras.
Primeiro, a partir da diplomacia e com a compra de territórios.
- Luisiana – 1803: comprada pelos franceses, que aceitaram sem haver conflito, pois
precisavam de dinheiro para dar continuidade nas guerras napoleônicas.
- Flórida – 1819: era uma região ocupada pelos espanhóis e devido todas as turbulências
que estava acontecendo na Espanha por conta do período napoleônico a presença de espanhóis na
região da Flórida, acabou se enfraquecendo. Isso serviu então de argumento para os EUA
pressionar a Espanha para vender a região. Como a Espanha estava enfrentando turbulências na

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Europa e não queria entrar em guerra contra os EUA, eles acabaram cedendo por 5 milhões de
dólares.
- Alasca – 1867: era uma região ocupada pelos russos, eles temendo que a região fosse
invadida e pudessem vir a perder sem ganhar nada com isso, acabaram vendendo para os EUA
por 7 milhões e 200 mil dólares.

 Lei do povoamento (1862)


A ocupação desse vazio territorial que os EUA haviam adquirido durante esse processo,
se deu a partir da “Lei do povoamento”, pelo presidente americano Abraham Lincoln.
Basicamente essa lei incentivava que cidadãos americanos se mudassem para regiões pouco
povoadas e se estabelecessem lá. As terras no Oeste eram vendidas aos interessados por um valor
muito baixo, desde que a pessoa que tivesse comprando essa terra se comprometesse a habitar
pelo período mínimo de “cinco” anos e nesse período ele cultivasse o solo. Dessa forma o
governo vai atrair milhares de pessoas para essa região.

 Destino Manifesto (1845)


Outro fator que incentivou também a ida de pessoas para o Oeste foi a crença no “Destino
manifesto”, uma ideologia que surgiu onde afirmava que os EUA era uma nação predestinada
por Deus para ocupar essas regiões e levar a “civilização” para povos considerados “selvagens”.
Essa ideologia surge quando, um jornalista americano escreve um artigo sobre essa crença. E isso
de certa forma acabava justificando todas as violências que os americanos cometeram nesse
período.
Segundo, também vai acontecer a partir da guerra.

 Guerra Mexicano-Americana (1846-1848)


Foi o conflito entre EUA e o México, na primeira metade do século XIX. Onde
disputavam alguns territórios, portanto essa guerra seria o segundo momento da “Marcha para o
Oeste”.
Essa guerra vai acontecer, pelo interesse que os EUA demonstraram em ocupar o estado
da Califórnia que pertencia ao México assim como outros territórios.

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O México por sua vez não aceitou essa imposição americana e declara guerra aos EUA.
Essa rivalidade já vinha desde a Revolução Texana, quando os mexicanos deixaram com que
colonos americanos povoassem a região do Texas e se desenvolvessem, durante esse processo
ocorreram atritos entre o governo mexicano e os colonos americanos por conta que os colonos
não aceitaram muitas medidas que eram impostas pelo governo mexicano para região do Texas,
essa insatisfação leva a uma rebelião que fica conhecida com a “Revolução do Texas” (1836),
que vai levar colonos americanos vão se rebelar contra autoridades mexicanas e liderar essa
revolução que vai levar o Texas a declarar sua independência. Pouco tempo depois o Texas é
anexado ao EUA, quando isso acontece o México, corta relações diplomáticas com os EUA e os
dois não vão mais manter relações a partir de 1836.
Como as relações entre esses países eram muito tensas por conta da Revolução Texana o
México não vai aceitar com que os EUA manifestem interesse em outro território seu. E isso vai
levarão inicio da guerra em 1846-1848 e vai ser finalizado com contrato de “Guadalupe
Hidalgo”, o México reconhece sua derrota na guerra e vai ceder boa parte de seu território para
os EUA, historiadores afirmam que correspondia a 40% de todo território do México. Esse
território corresponde a uma série de estados dos EUA como: Texas, Arizona, Novo México,
Utah, Califórnia, Nevada, Colorado e Wyoming.
Os principais derrotados desse processo por outro lado, não vão ser nem os mexicanos e
sim os indígenas, todas as regiões do Oeste antes desse processo eram ocupadas por indígenas, e
ao longo do século XIX então por conta desse processo de expansão territorial os indígenas vão
sofrer a violência sistemática por conta dessa expansão do homem branco, que cada vez mais vai
agredir o indígena ao longo do século XIX, para que ele saísse dessas terras e o homem branco se
estabelecer e se desenvolver.
Durante todo esse processo de expulsão dos indígenas de suas terras para a fixação dos
americanos, o destaque vai para “lei de remoção dos índios” (1830) em alguns estados
americanos, essa lei ela basicamente decretava a obrigatoriedade da mudança dos indígenas de
uma região para outra, no caso dessa lei em específico ela estipulava que diversas nações
indígenas se mudassem para regiões que ficava a Oeste do rio Mississipi.
Além dessa lei, vai haver outro evento no qual ficou conhecido como “trilha das
lágrimas”, é quando grupos indígenas vão aceitar essa lei imposta e partir rumo ao Oeste, ou

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seja, territórios que fora designado para eles. Com isso eles tiveram que trilhar um caminho muito
longo a pé e durante essa marcha, milhares de indígenas morreram, por conta da fome e do
intenso frio. E as nações indígenas que foram obrigadas a se mudarem para Oeste foram as
nações: Cherokee, Choctaw, Creek e Seminole.

 Guerra de Secessão (1861-1865)


Podendo considerar o principal evento da história americana do século XIX. Conflito
entre os estados Norte x estados do Sul, que debatiam as questões relacionadas à expansão do
trabalho escravo para novos territórios do Oeste.
A guerra de secessão foi iniciada em 1861 quando os estados do Sul se separaram da
união declararam sua secessão (separação) dai o nome da guerra, e essa insatisfação dos estados
sulistas, foi intensificada com a eleição de Abraham Lincoln como presidente dos EUA. Naquela
época havia um debate entre os estados do Norte e os estados do Sul acerca da expansão do
trabalho escravo para os novos territórios que estavam sendo ocupados, os estados do Norte eram
contrários a expansão desse trabalho escravo para essas regiões, pois, isso enriqueceria os estados
sulistas e fortaleceria eles politicamente, já os estados do Sul queriam que os novos territórios
tivessem o uso da mão de obra escrava. Toda essa tensão se concentrou nas eleições de 1860, e
quando Abraham Lincoln é eleito presidente, os estados sulistas não vão aceitar sua vitória e
dessa forma vão declarar sua independência, ou seja, sua separação dos EUA, que vai levar a uma
guerra.
Essa guerra vai ser finalizada em 1865, com a derrota dos sulistas com um saldo de 600
mil mortos, ou seja, foi o conflito com mais número de mortos em toda a história dos EUA.
Dessa forma os estados sulistas derrotados, vão ser reintegrados a união e obrigados aceitar a
abolição da escravidão nos EUA, que foi ratificado a partir da 13º emenda na constitucional.
Durante todo essa processo de expansão territorial dos EUA para o Oeste e mesmo após ele, o
governo americano tratou de manter a influência dos EUA sobre as nações que compunha o
continente americano, essa postura e impulso imperialista sobre as nações vizinhas e o continente
Americano, levou a duas políticas muito conhecidas que são:

- “Política do Big Stick” foi formulada pelo presidente Theodore Roosevelt no início do século

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XX, essa política basicamente defendia o direito dos EUA em intervir nas nações americanas,
caso essas nações tomassem medidas que não fossem interessantes para os interesses americanos.
A política do Big Stick preconizava o uso da força e ela levou os EUA a intervir militarmente em
alguns países principalmente na América Central e nações do Caribe.

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4.2. Revolução Mexicana
A Revolução Mexicana (1910 - 1917) foi uma insurreição (oposição) armada ocorrida no
México e comandada pelas elites liberalistas dissidentes do governo, bem como por lideranças
militares surgidas entre as massas camponesas indígenas.
Este movimento reuniu diversas lideranças, na luta pela reforma agrária, contra a
nacionalização das multinacionais pelos norte americano e por reformas eleitorais. Em certa
medida, os objetivos da Revolução foram atingidos, apesar do evidente recuo revolucionário após
algumas conquistas.
Por outro lado, podemos definir esta como uma revolução de caráter populista, tendo em
vista que os grupos envolvidos disputavam a hegemonia pela liderança sobre as massas, com as
quais assumiam promessas reformistas e populares.

 Contexto Histórico
Em 1821 vai ocorrer a independência mexicana, esse processo de independência vai
resultar a partir de uma participação freada das camadas populares, e acordos foram construídos
principalmente com as elites mexicanas e a igreja católica que ate então era grande detentora de
terras no território, portanto direcionando sua política para uma linha menos popular e mais
conservadora. Sendo assim ao observar a situação social mexicana, a estrutura fundiária no geral
a questão agrária no México, se observa uma questão presente em toda América Latina, que é a
falta de inserção social de alguns grupos entre eles: camponeses, indígenas e negros (miséria
camponesa e indígena).
Essa miséria camponesa acarretou no México a construção de governos ditadores e
caudilhos (governos soberanos que usam do carisma para se manter no poder, tinham como
principal aliado os militares e fazendeiros), ambos conservadores. Portanto o século XIX vai ser
um momento de preparação e consolidação desse modelo de governo, ou seja, de latifundiários e
consequentemente chefes locais que tinham como principal objetivo inibir a reforma agrária.

 Governo Porfírio Diaz (1876-1911) – Porfiriato


Ao observar a duração do mandato de Porfírio Diaz, pode-se atentar para um mandato
bastante longo dando a sensação de falhas e abusos legislativos. Havia o voto aberto que levava

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esse governo fazer uso do voto de cabresto, o que levava Porfírio Diaz a se manter no poder e a
assegurar a manutenção dos interesses dos latifundiários, então essa manobra vai se preservar até
o início do século XX.
É durante seu mandato que haverá grandes concessões de benefícios às empresas norte-
americanas e inglesas (capital estrangeiro), seja com terra, mineradores ou campos petrolíferos.
Isso vai gerar, portanto, um processo de industrialização no México e posteriormente o
surgimento de um proletariado que vão se juntar a camponeses e indígenas no processo de
revolução.
No século XIX ainda existe terras coletivas indígenas - ejidos, que ainda não tinham sido
demarcadas pelo governo, Porfírio Diaz por sua vez vai fazer a expropriação dessas terras,
aumentando ainda mais as terras de latifundiários. Isso vai forçar esses povos sem terras a
trabalhar em qualquer setor da economia, gerando um êxodo rural muito grande e uma
concentração populacional em algumas cidades, um com exemplo é a cidade do México.
Esse acontecimento vai gerar a publicação de uma nova lei que vai o nome de “lei dos
Baldios” (transforma a terra em mercadoria – proibição da ocupação e doação de terras e tem a
obrigatoriedade da comercialização delas em dinheiro e avista), sendo assim não pode ver uma
terra sem uso e ocupa-la essa nova lei vai impedir que essa comunidades expulsas de suas terras
ocupem outras terras. A partir dai empresas estrangeiras vai passar a comprar muitas terras no
México durante esse período. Camponês e nativos são desapropriados, ou seja, desenraizado de
suas regiões de origem e passam a praticar imigrações inter-regionais para tentar sobreviver.

 Início de Movimentos Populares


Devido ao contexto em que se enfrentava, no início do século XX vai surgir um
sentimento de resistência por parte de populações camponesas que sofreram com políticas
conservadores, e a partir daí dois nomes vão surgir e começar a se unir para fazer a reforma
agrária na marra ou na bala: Emiliano Zapata e Francisco Pancho Villa.
Na cidade não vai ser diferente, vai surgir um líder Francisco Madero com objetivos
diferentes como consequência dos movimentos populares, que é um projeto de governo bastante
progressista chegando a se candidatar presidente. Ele vai defender com seu governo o voto
secreto, legislação trabalhista, logo indo de encontro com esses movimentos que vem surgindo no

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campo, dessa maneira estando dentro de um México que está se industrializando. Moral da
história, essa pressão popular vai levar a explosão da revolução mexicana em 1911.

 Processo Revolucionário
Devido esses acontecimentos Porfírio Diaz vai ser obrigado a renunciar seu cargo. Com o
apoio dos exércitos revolucionários de Emíliano Zapata e Pancho Villa, Madero é eleito
Presidente em outubro de 1911. Isso vai acontecer devido a um pacto realizado entre as três
partes aonde Madero viria a ser presidente, mas realizaria as almejadas transformações estruturais
tão sonhadas pelas classes inferiores, em especial a Reforma Agrária. Contudo, Madero não
cumpre a promessa de Reforma Agrária e vai dar continuidade as políticas conservadoras e
relações com os EUA, sendo assim Zapata rompe suas relações com Madero e inicia um
ofensiva.

 Plano de Ayala
Um manifesto que Emiliano Zapata clama que a revolução não havia acontecido, portanto
esse seu plano vai ter como objetivo a derrubada do governo de Madero e, um processo de
reforma agrária que propunha a distribuição de 1/3 das terras de todos os latifundiários para os
camponeses imediatamente e a reorganização do ejidos.
Observa-se, portanto que esse plano de Zapata viria a clamar por algo que envolvesse
práticas socialistas, que resulta em um cenário aparentemente semelhante que acontecia na Rússia
nesse período, ou seja, grande parte da população vive no campo e tem alguns centros urbanos
que estão se industrializando, tem lideranças influenciadas por pensamentos de esquerda
principalmente o socialismo, marxismo e anarquismo, que vão ter como meio de ação para
transformações a luta armada.
Devido a esse contexto histórico, dava a entender que algo de novo iria acontecer, ou seja,
o rumo as politicas de esquerda. Pancho Villa e Emiliano Zapata armando camponeses, os EUA
por sua vez só de olho. Moral da história, como Madero não conseguia controlar seus antigos
aliados (Pancho Villa e Zapata), os EUA aliasse a um bloco do exército Mexicano, com o
General Victoriano Huerta e tira o Madero.

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Mas Victoriano Huerta também não vai conseguir controlar os camponeses e muito menos
atingir os interesses norte-americanos que era pegar Pancho Villa e Zapata. Com isso vai haver
mais um golpe o segundo seguido.

 Governo Carranza (1917-1920)


Com isso, a ofensiva dos exércitos revolucionários, apoiada pelas forças legalistas do
Governador nortista Carranza e pelos fuzileiros navais dos Estados Unidos, que tomaram porto
de Vera Cruz, Huerta é derrotado e deposto em junho de 1914, quando Pancho Villa e Zapata
tomam o Palácio do Governo e elegeram Carranza, como novo Presidente, o qual irá promulgar
a nova Constituição alguns anos mais tarde, em 1917. Com isso essa revolução vai se desdobrar
em politicas nem de direita e nem de esquerdas e populistas.

 Causas da Revolução Mexicana


As principais causas da Revolução Mexicana estão ligadas à exploração capitalista e
às injustiças sociais que dela decorreram. Com efeito, a aristocracia rural detinha o controle da
produção agrícola (3% da população possuíam as melhores terras do México), enquanto o capital
estrangeiro explorava as minas, os portos e a extração de petróleo.
Por fim, vale ressaltar que Porfirio Díaz agravou ainda mais esta situação, ao intensificar a
exploração sobre a população menos favorecida e abrir o país para o capital estrangeiro,
provocando o descontentamento de parte das elites nacionais que o apoiavam.

 Consequências da Revolução Mexicana


A principal consequência da Revolução Mexicana foi à promulgação da Constituição de
1917, na qual esta prevista, dentre outros o direito de expropriação de terras pelo Estado, para
fins de Reforma Agrária; o reconhecimento do direito indígena sobre uso das terras ancestrais; a
criação do salário mínimo e da jornada de trabalho de oito horas diárias; e a separação definitiva
entre Estado e Igreja. Outra consequência indireta desse movimento foi o enfraquecimento do
caudilhismo.

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Apesar de todas as conquistas, muitos camponeses perderam suas terras após a
Revolução, uma vez que não eram capazes de concorrer com a produção feita na grande
propriedade, o que inviabilizou muitos pequenos produtores, forçando-os a vender suas terras.
Por fim, Zapata é assassinado em 1919, e Pancho Villa em 1923. Com a morte dos líderes
populares da Revolução, ocorre uma interrupção no processo revolucionário, o qual retorna às
mãos da burguesia mexicana.

 Emiliano Zapata e o Zapatismo


Emiliano Zapata Salaza (1879-1919) nasceu no vilarejo de San Miguel Anenecuilco e foi
o principal líder do Exército Libertador do Sul, com mais de trinta mil soldados.
Não obstante, Zapata, considerado o grande herói da Revolução, foi, de fato, uma das
figuras mais radicais do movimento revolucionário, dada sua inclinação claramente anarquista, a
qual o impediu de tomar o poder em 1914, mesmo quando o teve em suas mãos.

 Muralismo Mexicano
Muralismo é um movimento artístico que surgiu no México, no início do século XX,
criado por um grupo de intelectuais pintores mexicanos, após a Revolução Mexicana.
O Muralismo é um tipo de arte realizado em grandes paredes, muros ou painéis, portanto
se trata de obrar muito grandes. Esse tipo de arte tem a função de estar sempre vinculada a algum
tipo de crítica social ou temas históricos.
Um dos maiores representantes dessa arte se não o maior é Diego Rivera (1886-1957),
artista que promoveu a popularidade do Muralismo, Diego que foi companheiro de Frida Kahlo.

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Sonho de uma tarde dominical na Alameda, Diego Rivera (1947-48)

Do Porfirismo à Revolução, David Alfaro Siqueiros (1954)

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4.3. Crise econômica de 1929

 Contexto Histórico
Pós I Guerra Mundial 1918. Europa se encontrava toda devastada e as políticas
financeiras quebradas (fragmentação das nações). Portanto a economia andava muito mal,
completamente instável.
Nesse período os EUA, surgem como uma grande economia, pois vai auxiliar esses países
destruídos diante desse cenário e consequentemente ascendendo enquanto potência. Nesse
período os EUA já era uma nação exportadora, tanto de produtos agrícolas como de industriais,
ou seja, liberalista.
Devido ao contexto do pós-guerra surge a importância dos bancos norte americano,
juntamente com a Inglaterra. É nesse cenário que o dólar passa a ser uma referência mundial,
pois, com o fim da I Guerra Mundial, a primeira coisa que os EUA vai fazer é investir dinheiro na
Europa concedendo empréstimos para os países se reerguerem e consequentemente lucrar com
isso. Conclui-se então que caso houvesse algum tipo de crise nos EUA iria afetar o mundo todo.
E é exatamente o que vai acontecer.
Dessa forma temos um EUA presente na Europa com o papel de remediar conflitos
(problemas), mesmo sendo ele o causador do conflito, assim vai nascer a fama de criador da
doença para vender a cura. Ex: II Guerra Mundial, EUA joga duas bombas no Japão e logo em
seguida já começa em investir dinheiro para reconstruí-la e lucrar com isso.
Mas tem de ressaltar que essa ajuda dos EUA de fato foi importar para reerguer a Europa.
Com a estabilização no continente europeu, as demandas dos produtos americanos diminuíram,
porém a produção não vai diminuir nos EUA o que vai levar a “crise de superprodução”,
Devido à distribuição de renda desigual e o salário baixo, a demanda vai ser pequena.
Vale lembrar que nesse período não havia qualquer tipo de intervenção do Estado devido ao
liberalismo econômico, sendo assim esse vai ser o principal fator da crise de 1929.

 Principais Motivos da Crise de 1929


- Crise de superprodução (preço acima da demanda = queda de preço)
- Liberalismo (falta da intervenção do Estado)
- Concentração de renda

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- Recuperação da Economia da Europa
- Especulação na bolsa de valores

 Reflexos da Crise nos EUA


O grande estopim dessa crise vai acontecer na bolsa de valores. Existe uma facilidade de
crédito muito fácil nos EUA, isso acontece ate os dias atuais. Dessa forma a compra de ações na
década de 20 era muito comum ate mesmo pela classe média, e assim no dia 24 de Outubro de
1929 ocorre à quebra da Bolsa. Ao perceberem a crise de superprodução econômica, as pessoas já
começam a perceber esse déficit e com isso vão começar a tirar o dinheiro investido nas ações
tudo de uma vez (12 milhões de pessoas), com isso a valor das ações despencaram.
Após esse acontecimento as ações vão continuar baixas, instalando um medo nas pessoas
que vão tirar seu dinheiro dos bancos. Mas vale lembrar que os bancos também são grandes
investidores da bolsa, pegando dinheiro dos clientes e investindo em ações, com isso eles também
vão perder muito dinheiro levando vários bancos à falência. Portanto essa situação vai fazer
muita gente perder dinheiro gerando a “grande depressão” (muitas pessoas perdem tudo,
chegando ate a cometer o suicídio).
A falta de dinheiro e consequentemente sem pessoas para comprar vão levar empresas à
falência, isso vai gerar um desemprego de ¼ da população. Portanto essa situação vai se tratar de
um problema estrutural (semelhante ao dominó). Agricultores também vão sentir a crise abrindo
mão da produção pelo preço que passou a custar os alimentos, não era rentável. Desse modo tem
a falta de comida, uma verdadeira desgraça nos EUA.

 Reflexos da Crise no Exterior


Devido o fato dos EUA ser um grande investidor em todo mundo devido seu poder em
conceder empréstimos, a crise vai refletir em todo mundo, bancos europeus vão à falência,
desemprego, uma verdadeira crise mundial.
Essa crise vai afetar também o Brasil que era grande produtor e exportador de café, a
principal economia da época. A consequência, portanto vai ser a queda da demanda do café
atingindo os produtores, quase chegando a um colapso. Muitos cafeicultores perdem muito
dinheiro, outros vão à falência. Vale ressaltar que nesse período os EUA era o maior comprador

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de café do Brasil. Porém para sair dessa crise o governo brasileiro vai comprar o café para que
não houvesse desvalorização excessiva, isso vai resultar na queima de toneladas de café. Dessa
forma diminui a oferta conseguindo manter o preço do principal produto brasileiro, esse
acontecimento acabou sendo positivo, pois levou muitos cafeicultores a deixar de lado o café e
começar a investir na indústria, movimentando e alavancando assim esse setor no Brasil.

 Crise do Liberalismo e ascensão do extremismo


Esse contexto vai levar a uma crise intensa do Liberalismo, houve uma perca de confiança
nesse modelo. Isso vai abrir oportunidades para outras alas, como a extrema direita e extrema
esquerda, mais para extrema direita, pois havia muito medo do comunismo.
Os países mais afetados como é o caso da Alemanha e Itália, vão surgir com políticas de
extrema direita, pregando ideologias acerca do fim do desemprego, fome e miséria. As pessoas
ou continuavam com o Liberalismo (que se mostrou falho), ou a extrema esquerda (comunismo =
terrorismo), ou a extrema direita (nazismo e fascismo) muito popular nos anos 30.
Dessa forma pode-se concluir que essa crise vai se relacionar com a ascensão do Nazismo
e Fascismo e em alguns lugares do mundo o Comunismo.

 New Deal
Em 1933 Franklin Roosevelt, vai assumir a presidência dos EUA, ou seja, no ápice da
crise sem perspectiva nenhuma de melhora. Porém ele vai criar um plano chamado “New Deal”
(plano que vai tirar os EUA da crise).
Até então o políticos acreditavam que o mercado fosse corrigir sozinho, até porque o
Estado nada podia fazer, pois se tratava de um modelo econômico liberal (livre mercado). O New
Deal, portanto, vai propor a interferência do Estado na economia; controle de instituições
financeiras (propondo regras para os bancos e a bolsa de valores); perdões de dívidas de muitos
agricultores e em muitos casos pagavam para eles pararem de produzir e não aumentar a
superprodução; buscou regulamentar a produção e o preço das indústrias; deu atenção para os
direitos do trabalhador como o salário mínimo, a jornada de trabalho, e o seguro desemprego, ou
seja, beneficiou a classe; investiu em obras públicas para gerar empregos e investimento estatal
para o bem popular, isso vai resultar no aumento da qualidade de vida do cidadão americano.

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Dessa forma as coisas aos poucos voltam a se estabilizar e equilibrando o cenário
mundial, mas as coisas voltam ao normal somente no período da II Guerra Mundial, que é o
período em que os EUA vão investir na produção bélica gerando muito dinheiro para suas
indústrias e consequentemente para a economia interna do país.

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4.4. EUA Pós II Guerra Mundial
Para os EUA a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi a “boa guerra”. Isto porque foi
ela que acabou definitivamente os problemas decorrentes da crise de 1929. O New Dealdo
presidente Franklin D. Roosevelt “arrumou a casa”, organizou a economia e assistiu socialmente
os desempregados. Foram medidas tímidas, mas sem dúvida efetivas. A economia do esforço de
guerra, voltou todo o parque industrial para manter os custos das batalhas na Europa; os EUA não
sentiram em seu território – exceto na base naval de Pearl Harbour, no Hawaii – a destruição de
cidades e de seu parque industrial. Sendo assim, a guerra manteve em alta a produção industrial,
aumentando os lucros e empregando os desempregados, logo a guerra foi tão essencial para
recuperar a economia estadunidense.
A política interna dos EUA durante a guerra foi a de “guerra total”. A ideia de que os
EUA lutavam pela liberdade e pela democracia, contra o fascismo e o totalitarismo, despertaram
nos cidadãos o sentimento nacional. Essa, entretanto, era a visão oficial, a do governo. Sendo
assim, qualquer atividade, seja sindical ou até mesmo artística, que não fosse direcionada pelos
ideais oficiais seria tida como “antiamericana” e sujeita a penalização. Houve, nesse período,
uma onda de preconceito contra japoneses; pois o Japão atacou os EUA no Hawaii.
Com o fim da Segunda Grande Guerra, a Europa, continente mais poderoso até então, teve
grandes perdas, inclusive de seu status no mundo. Estados Unidos e União Soviética tornaram-se
os novos centros de decisões político-econômicas. Entretanto, ambos queriam alcançar o poder
máximo e rivalizavam em dois blocos. Enquanto os EUA, assim como as potências europeias,
queriam manter o capitalismo existente, a URSS pretendia expandir o socialismo pelo mundo. A
essa disputa entre as duas novas potências denominamos Guerra Fria.
Nos anos pós-guerra, a política interna se concentrou em criar uma imagem de guerra
contra o comunismo. O “marcarthismo” é a expressão da política interna dos EUA, que num
contexto global seria chamada de “Guerra Fria”, de combate e contenção ao comunismo. O
marcarthismo se caracterizava pela repressão a todo e qualquer cidadão que expressasse alguma
simpatia pelo socialismo, ou pela URSS; era a chamada “caça as bruxas”, entenda-se “bruxa”
como comunistas. O nome marcarthismo se deve ao senador Joseph McCarthy, famoso pelo seu
Comitê de Investigação de Atividades Antiamericanas. O governo manteve uma política de
“bem-estar social” (oriunda da época do New Deal), devido aos resultados “benéficos” para os

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EUA da guerra européia/mundial. Nos anos de 1950, o conservadorismo predominou na vida dos
estadunidenses. Os ideais de consumo e de prosperidade familiar foram retomados após a guerra
para dar um fim a Depressão.
No cenário externo, os EUA se apresentaram como os “salvadores do mundo”. A guerra
fora boa para sua economia e política. Mas era necessário a estabilidade para manter a economia
ativa, entretanto isso só teria bons resultados se tivesse um estado de guerra permanente. Essa
ambiguidade foi resolvida com a criação da Guerra Fria: uma guerra entre “capitalismo e
comunismo”, mas que é, na verdade, uma guerra entre países do Norte (ditos desenvolvidos e/ou
industrializados) contra os do Sul (em desenvolvimento e/ou em processo de industrialização). A
evolução da política externa estadunidense para a Guerra Fria pode ser entendida através da
mudança de paradigma: da Doutrina Roosevelt para a Doutrina Truman.
Ainda durante a guerra, algumas conferências entre os países aliados foram realizadas.
Uma delas, em Yalta (na URSS), contou com a presença do presidente Roosevelt; além de Stalin
e Churchill (primeiro-ministro inglês). Nesta conferência ficou “acordado” uma “divisão” do
mundo sob a hegemonia das três potências: EUA, URSS e Inglaterra. Roosevelt, ao contrário de
Churchill, defendia que a URSS deveria se inserir na “Nova Ordem Mundial” que estava se
desenhando com a derrota do fascismo. Mas Roosevelt não viveu até o fim da guerra, sua saúde
estava muito debilitada há anos. Em seu lugar assumiu o vice Harry Truman que divergia quanto
ao papel da URSS nesta “Nova Ordem Mundial”. Para Truman, a URSS deveria ser “contida”; a
influência comunista não poderia ultrapassar as fronteiras do seus territórios. Esta Doutrina
Truman foi responsável pela expressão “cortina de ferro” cunhada por Churchill, e,
posteriormente, pelo incentivo às Doutrinas de Segurança Nacional nos países da América
Latina, responsável pela articulação dos regimes ditatoriais dos anos 1960/1970 – que foram
estrategicamente apoiados pelos EUA.
Com o discurso de ameaça comunista, os EUA se tornaram os “xerifes do mundo”;
governantes e políticos conseguiram inculcar em alguns políticos e governantes do mundo
(através dos serviços de segurança e informações – como FBI e CIA) a ideia de que eles eram os
“guardiões” da liberdade e da democracia no mundo Ocidental. Para se manter nesta posição foi
essencial e estratégico o papel da ONU e da criação do Estado de Israel. A ONU deveria ser um
conselho onde cada país resolveria seus problemas através do diálogo e da negociação, sem ser

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necessário o uso da força. Os EUA, seus aliados na Europa e a URSS acabaram por ficar no
comando da ONU, sendo membros do mais alto órgão da instituição, o Conselho de Segurança.
O Estado de Israel também teve um papel importante para a consolidação da política externa dos
EUA. Isto porque, a criação de um Estado financiado pelos EUA no Oriente Médio seria a base
para que o governo estadunidense tomasse um “vácuo” deixado pela Inglaterra na região, e assim
ter contato direto com a principal região produtora de petróleo do mundo.
Outros pontos estratégicos da política internacional dos EUA neste período são o Plano
Marshall e a criação da OTAN. O Plano Marshall estadunidense serviu para a reestruturação
econômica da Europa Ocidental, arrasada na guerra. Para os EUA investirem seus capitais na
recomposição econômica era necessário que os países europeus se alinhassem às políticas e aos
ideais de liberdade e democracia dos EUA (Doutrina Truman). Assim, os países que quisessem se
beneficiar do plano de reestruturação dos EUA deveriam se alinhar às políticas de contenção ao
comunismo; em alguns casos até reprimindo partidos e movimentos de trabalhadores. O aspecto
militar desta integração dos países europeus com os EUA, sob a égide da contenção ao
comunismo, foi a criação da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em 1949.

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4.5. Revolução Cubana
A Revolução Cubana, ocorrida em 1959, foi um movimento guerrilheiro que derrubou o
governo ditatorial de Fulgêncio Batista.
A Revolução implantou em Cuba o regime socialista e vinculou a ilha caribenha política e
economicamente à União Soviética.

 Contexto Histórico
A Independência de Cuba foi obtida através de uma guerra em que teve auxílio dos
Estados Unidos contra a Espanha. Em 1898, com a derrota espanhola, os Estados Unidos passam
a exercer uma influência considerável na ilha.
Para consolidá-la, o Senado americano aprova o projeto do senador Oliver Platt e obriga
os cubanos a incorporarem à sua Constituição a "Emenda Platt" (1902). Esta dava aos americanos
o direito de intervir no país em caso de instabilidade política e econômica.
Assim, houve o início à tutela político-econômica e militar norte-americana sobre Cuba.
Esta incluía, em 1903, a concessão de um território de 117 km2 em Guantánamo, no sul da ilha.
Posteriormente, seria construída uma base naval e uma prisão na região.
A economia cubana baseava-se quase exclusivamente na produção de açúcar e 35% da
fabricação eram controlados por capitais norte-americanos. Além disso, os EUA vão patrocinar
governantes cubanos alinhados aos interesses políticos norte-americanos. Os EUA também
exerciam influência sobres as terras, o turismo, os cassinos e as indústrias leves (ex: alimentícia).
Cerca de 80% das importações de Cuba provinham dos Estados Unidos.
Devido essa exploração e dependência de Cuba aos EUA começa a surgir uma
insatisfação popular, pois nesse ambiente o povo vai ser deixado de lado.

 Causas da Revolução
Em 1952, o presidente Fulgêncio Batista (1901-1973), um ex-sargento que havia
governado a ilha anteriormente, assumiu o poder através de um golpe de Estado. Apoiado pelos
norte-americanos, Batista instalou um regime corrupto e violento.
Em julho de 1953, sob a liderança do advogado Fidel Castro e seu irmão Raúl Castro,
os setores democráticos, se uniram contra a influência dos Estados Unidos e do governo de

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Fulgêncio Batista. Com o intuito de derrotá-los, lançaram-se em um ataque suicida contra o
quartel de Moncada, em Santiago de Cuba.
Porém o plano não dá muito certo e tanto Fidel quanto Raúl são capturados e presos, de
onde sairia dois anos mais tarde e seriam exilados no México.

 Tomada do Poder em Havana


E é nesse contexto já em solo mexicano 1954 que os irmãos Castro vão conhecer Ernesto
Che Guevara. Eles vão organizar o “movimento guerrilheiro 26 de Julho – M26”, nome este que
se refere ao ataque feito no quartel de Moncada em Santiago de Cuba ano antes, a partir dai vão
atravessar o mar rumo a Cuba em 1956 e dar início a um plano de Revolução. Depois do primeiro
combate, com as tropas do governo, os sobreviventes se embrenharam nas selvas de Sierra
Mestra. Ali o grupo cresceu rapidamente, com o apoio dos camponeses.
As ideias de Fidel Castro, até então, eram as de um democrata nacionalista de formação
liberal. Somente mais tarde abraçaria o marxismo.
Em 1958, percebendo que a ditadura de Fulgêncio Batista estava para ruir, os Estados
Unidos suspenderam seu apoio militar ao governo cubano. Eles preferiam manipular a liderança
da revolução que estava crescendo.
No dia 1º de janeiro de 1959, após sucessivas vitórias militares e a ocupação de várias
cidades e povoados, Guevara e Camilo Cienfuegos (1932-1959) entram em Havana.
Fulgêncio Batista foge de avião para a República Dominicana. Fidel chega à capital, no
dia 8 de janeiro, sendo recebido com grande manifestação popular.

 Invasão da Baía dos Porcos


Num discurso proferido em 16 abril de 1961, Fidel Castro anuncia ao mundo que Cuba
passava a ser um país socialista.
No dia seguinte, a ilha é invadida pelo sul, mais precisamente na Baía dos Porcos, por
exilados cubanos que haviam sido treinados pela CIA, ou seja um contra golpe militar.
A ação tinha todo o apoio do recém-empossado presidente americano John F.
Kennedy (1917-1963), mas não contava com o apoio direto do Exército americano.

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Derrotados pelos cubanos, a maioria dos invasores se rendeu e seria presa e executada.
Contudo, Castro fechou um acordo com empresas americanas e em troca de investimentos, parte
deles pôde voltar aos Estados Unidos.

 Consequências
Uma das primeiras medidas do governo revolucionário foi expropriar bens de cidadãos
americanos e cubanos que deixaram a ilha por causa de Revolução.
Desta maneira, os Estados Unidos respondem com o embargo econômico em 1960
proibindo o comércio do seu país com Cuba.
Além disso, certas medidas foram tomadas ao longo dos anos 60 como:
 Em 1961, os Estados Unidos rompe relações diplomáticas com Cuba;
 Em 1962, em plena Guerra Fria, Cuba é expulsa da Organização dos Estados
Americanos (OEA), sob a acusação de disseminar a subversão pelo continente;
 Em 1965, Fidel Castro funda o Partido Comunista Cubano (PCC);
 Isolada, Cuba passa a receber ajuda financeira da URSS (ate 1991 com o seu fim,
é nesse período que Cuba deixa de ter uma estrutura econômica para se manter e só vai começar a
melhorar com a morte de Fidel e seu irmão passa a fazer algumas negociações com Barack
Obama).
A Revolução Cubana, e sua virada ao socialismo, incendiou o mundo na década de 60.
Com o sucesso da revolução, a esquerda latino-americana passou a acreditar que seria possível
chegar ao poder.
Para os Estados Unidos, a ilha seria uma fonte de problemas e o mais grave seria a Crise
dos Mísseis, em 1962 (URSS vai colocar alguns mísseis em torno de Cuba e depois vão retirar).
A fim de evitar que o exemplo revolucionário se propagasse os Estados Unidos vão apoiar uma
série de golpes militares no continente para preservar sua influência na América Latina.
Por sua parte, Che Guevara reorganiza o sistema econômico da ilha e, posteriormente,
pedirá a Fidel Castro que o deixe continuar a espalhar os ideais revolucionários pelo mundo.
Assim, Che Guevara se dirige a Bolívia onde é assassinado em 1967.
Posteriormente, Cuba ajudaria países africanos como Angola, Cabo Verde, Guiné, Guiné-
Bissau, Etiópia, Congo, Argélia e Benin a fazer a independência de suas metrópoles.

55
4.6. Populismo na América Latina
O termo populismo é utilizado para designar um conjunto de práticas políticas que
consiste no estabelecimento de uma relação direta entre as massas e o líder carismático para se
obter apoio popular, sem a intermediação de partidos políticos ou entidades de classe.
Assim, o "povo", como categoria abstrata, é colocado no centro da ação política,
independentemente dos canais próprios da democracia representativa.
O populismo se refere a um tipo de movimento social, que afirma que o poder está mais
nas pessoas comuns, buscando beneficiar os setores de classe média e popular, procurando limitar
o poder das elites políticas.
O populismo é uma expressão política que encontra representantes tanto na esquerda
quanto na direita.
A política populista tem como sua característica básica um contato direto entre as massas
urbanas, por meio do seu líder carismático. Esse líder populista procura estabelecer um vinculo
emocional (e não racional) com o “povo”. Isso implica em um sistema de políticas ou métodos
para o aliciamento das classes sociais de menor poder aquisitivo.

O populismo foi uma forma de poder muito comum, principalmente na América Latina
em países como Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México.

Política adotada por diversos governos latino-americanos a partir da década de 1930, com
base na constituição de um Estado Forte, promotor do desenvolvimento econômico e mediador
dos conflitos sociais, tendo à sua frente o líder carismático. O Populismo ocorreu entre as décadas
de 1930 e 1960, especificamente, nos países latino-americanos de industrialização recente,
momento em que houve a transição de uma economia industrial, como a formação de uma
sociedade urbana. Surgiu através da aliança entre o empresariado nacional, as classes médias e os
operários, ou seja, trabalhadores coligados também ao discurso nacionalista contra a inversão e
capital estrangeiro.

Atribui-se a origem desse fenômeno à rápida urbanização promovida pela industrialização


e modernização oriundas do nacionalismo industrial das décadas de 1930 e 1940, do século
passado.

56
Dos anos 40 aos 60, o Populismo teria duas faces absolutamente indissolúveis: a
econômica, trazida pelo processo de industrialização em curso, reconhecido como exitoso, no
país; e a política, mais complexa e ambígua em termos de diagnósticos, materializada pela
experiência de democracia.

Os governos populistas na América Latina estão marcados por diversas características em


comum dentre elas:

 Políticas econômicas voltas para o incentivo da industrialização e


substituição de importações;
 O desenvolvimento de ideologias nacionalistas que pregavam a união das
diferentes classes sociais sobre a tutela do estado, tendo o líder muitas vezes sido
confundido ou se fazendo confundir com o próprio estado e o antagonismo com aqueles
que fossem contrários aos governos populistas;
 Fenômeno urbano que se utiliza das massas para se apoiar;
 Criação de políticas trabalhistas e controle de sindicatos pelo poder público
possibilitava um maior controle sobre as massas trabalhadoras urbanas;
 Práticas anti-imperialistas, como nacionalização de “setores estratégicos”
para o país (petróleo, estradas de ferro...).

Lázaro Cárdenas no México e Perón na Argentina chegaram ao poder através de eleições.


Já Getúlio Vargas chegou ao poder através do golpe de Estado que deu fim ao período da História
Brasileira, conhecido como republica velha.

O Cardenismo (México) e Peronismo (Argentina), ambos denominados regimes


populistas, e para estudo de vários autores sobre o tema, discutindo também, se o populismo
apresenta características autoritárias ou democráticas.

Um conceito pode possuir significações variadas, quando apresentado em situações


históricas diferentes, visto que cada um dos processos tende a possuir características específicas e
particulares, e, mesmo diante daqueles semelhantes, isso não torna o termo homogêneo, já que os
fenômenos podem ocorrer em tempo e espaços determinados. Portanto, é importante a
verificação desses fenômenos a fim de utilizar o conceito com relevância.

57
 Governo de Perón

A partir de 1943, Juan Domingo Perón começa a se destacar na política, ele que ocupou o
cargo de Secretário do Trabalho e Previdência e de Ministro da Guerra com grande popularidade,
conquistando os trabalhadores e descamisados, as camadas inferiores da Igreja e das Forças
Armadas, e uma parte do empresariado.

Por este motivo, em 1946 foi eleito presidente da república da Argentina. Eva Duarte, ex-
artista de rádio, foi uma grande colaboradora para a campanha de Perón, ela que ficou conhecida
como a “mãe dos descamisados”, e futuramente tornou-se esposa de Perón.

Durante o seu mandato (1946-1951) a política da Argentina ficou marcada pelo


peronismo. A intervenção do Estado na economia monopolizou o comércio externo e a política
de nacionalização foi desenvolvida com a implantação de redes de ferrovias, comunicação e
transporte urbano.

O progresso da economia permitia a fixação de preços baixos e dos altos salários.

No ano de 1951 nas eleições para presidência Perón é reeleito, porém neste mandato o
peronismo viveria outra realidade. Os preços dos produtos agropecuários começaram a cair no
mercado internacional, e consequentemente houve a queda da exportação. A inflação arruinou a
economia do país, apertando as chances de crescimento, e aumentando o desemprego. A morte de
Evita Perón foi o fato culminante para a enervação do peronismo.

Assim começaram a surgir os opositores ao governo de Perón, que perdeu o apoio que
tinha da Igreja e das Forças Armadas, e em 1953 foi vítima de um golpe militar. Mas foi o golpe
de 1955 que definitivamente derrubou Perón.

 Governo Cárdenas

O governo presidencial de Lázaro Cárdenas, ocorrido no México entre 1934 e 1940,


inseriu-se dentro do que uma vasta gama de populismo, apesar de haver uma divergência sobre
essa caracterização.

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O principal objetivo do governo de Lázaro Cárdenas foi o de modernizar a economia e a
sociedade mexicana, medida expressa principalmente em seu Plano Sexenal, que consistia em
reformas agrárias para distribuir terras aos camponeses, sistemas de crédito e fundar cooperativas
aldeãs; no campo industrial nacionalizou indústrias na posse de estrangeiros, principalmente de
petróleo; também alargou o sistema educativo.

Cárdenas entrou na vida política ainda durante a Revolução Mexicana, quando em 1913
aderiu ao Exército revolucionário. Sua capacidade autodidata o favoreceu a galgar postos mais
altos na hierarquia militar. Em 1928, Cárdenas tornou-se governador do estado de Michoacán.
Em 1931, passou a ser o presidente do Partido Revolucionário Nacional (PRN), que se dizia
herdeiro da revolução de 1910.

Essa posição no PRN proporcionou a Cárdenas candidatar-se à presidência da República e


ser eleito em 1934. Seu mandato à frente do governo mexicano pautou-se pela tentativa de
estimular a modernização da sociedade mexicana e de atender algumas das reivindicações que
foram exigidas durante a revolução.

Uma das principais ações foi à realização de uma reforma agrária que distribuísse terras
aos camponeses mexicanos. Em muitas localidades, os “ejidos” (parcelas de terras distribuídas
pelo governo aos camponeses) distribuídos foram trabalhados de forma comunal, buscando
estreitar os laços entre os camponeses. Foram também distribuídas armas aos camponeses para
que estes pudessem se defender das forças conservadoras, principalmente as ligadas ao exército.
Esse armamento dos camponeses fortalecia as posições dos oficiais ligados a Cárdenas dentro do
Exército.

O apoio ao movimento operário com a liberação da realização de greves pretendia


também atender às demandas dessa classe social, ao mesmo tempo em que buscava seu apoio
contra os grandes capitalistas. Nesse sentido, Cárdenas incentivou a criação de sindicatos e
durante seu mandato formou-se a Confederação dos Trabalhadores Mexicanos (CTM), que
incorporou a Central Geral dos Operários e Camponeses Mexicanos e outras centrais sindicais.
Foram ainda garantidos direitos trabalhistas e outros direitos sociais aos trabalhadores.

A luta dos trabalhadores contra as condições salariais e de trabalho impostas pelas


companhias petrolíferas estadunidenses e britânicas serviu de motivo para que Cárdenas

59
nacionalizasse as riquezas do subsolo do México, passando o Estado a controlar a exploração do
Petróleo através da PEMEX (Petróleos Mexicanos). Essa medida também criou uma oposição
dos governos e dos capitalistas dos dois países anglo-saxões, mas que foi diminuída durante a II
Guerra Mundial em virtude da necessidade de suprimento dos derivados do petróleo aos exércitos
aliados.

Essas determinações de Lázaro Cárdenas visavam atribuir ao Estado um poder


centralizador de gestão do desenvolvimento capitalista no México. A transformação do PRN em
Partido Revolucionário Mexicano (PRM) pretendia também aproximar as massas dessa
instituição política e constituir as bases de um partido único no país.

No que se referia à política externa, o governo de Cárdenas foi ainda caracterizado pela
aceitação de diversos exilados políticos no país, notabilizando-se os casos dos combatentes
espanhóis da Guerra Civil Espanhola e do líder bolchevique Leon Trotsky.

Outro ponto a se destacar no governo de Cárdenas foi o incentivo dado à educação da


população trabalhadora e camponesa do México. Com o estímulo à educação socialista, buscava-
se retirar a influência religiosa católica do processo educacional, dando caráter mais laico à
educação e criando as condições de formação de uma consciência da população que
proporcionasse o desenvolvimento de uma Nova Nação. Essas medidas aproximavam-no mais de
um governo nacionalista que propriamente socialista.

Alguns historiadores não concordam com a definição de governo populista dada à forma
de governo executada por Cárdenas, pois, este não buscou colocar o Estado acima das classes,
com o intuito de harmonizar as relações sociais. Cárdenas afirmava a existência da luta de classes
e posicionava-se ao lado dos trabalhadores.

Mas, por outro lado, a forma de centralização do Estado e de gestão dos interesses sociais
por esta instituição aproximava o modelo de ação de Cárdenas do corporativismo, desenvolvido
inicialmente pelos governos fascistas europeus.

Tais medidas mostraram que houve uma similitude em várias ações estatais adotadas
pelos governos na década de 1930, como resposta à crise econômica ocorrida após a queda da
Bolsa de Valores de Nova Iorque. Essas medidas eram respostas à crise do modelo liberal de

60
administração econômica e social, passando o Estado a ser a principal instituição gestora da
sociedade capitalista.

 Conclusão

O Populismo foi o fenômeno de manipulação das camadas populares por meio de


promessas e eliminação dos intermediários no processo de contato com as massas. Sua base é o
poder carismático de líderes com capacidade de mobilizar e empolgar as massas em defesa das
ações típicas e exclusivas do poder político.

Os governos populistas tendiam a ser autoritários e paternalistas, pois, concediam direitos


aos trabalhadores e mantinham-nos sob controle através de sindicatos organizados pelo Estado. O
Populismo propôs ser uma política aliada aos trabalhadores. Teoricamente, nos discursos
populistas esteve presente a idéia de que a vontade do povo era soberana. Na prática, as políticas
populistas favoreceram mais as elites nacionais do que os setores médios da sociedade.

61
4.7. Operação Condor

A Operação Condor foi uma articulação político-militar internacional do governo Norte-


americano firmada entre países da América do Sul a partir da segunda metade da década de 1970.
Entre esses países, estavam Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia e Brasil, à época em
que neles prevaleciam regimes políticos comandados por militares. O objetivo da operação era
debelar estruturas de organizações político-revolucionárias de orientação comunista a partir do
compartilhamento de informações dos sistemas de inteligência e da ação conjunta das forças de
repressão desses países. A Operação Condor tornou-se tema de grandes discussões após o fim dos
regimes militares e o consequente processo de redemocratização dos países citados.

 Contexto
A Operação Condor foi fruto de um contexto conturbado da história da América Latina. A
sucessão de golpes militares que houve a partir da década de 1960, como aquele ocorrido no
Brasil, na passagem de março para abril de 1964, estava ligada à atmosfera de tensão ideológica
típica da época da Guerra Fria. Essa tensão tornou-se ainda maior após a Revolução Cubana,
ocorrida em 1959, e, principalmente, após a autodeclaração de associação ao comunismo por
parte dos comandantes dessa revolução, em 1961, e a formação da Organização de Solidariedade
Latino-Americana (OLAS), em 1962, encabeçada por Fidel Castro, que tinha por objetivo a
difusão das práticas revolucionárias na América Latina.
Muitos grupos revolucionários – alguns deles dissidências dos velhos partidos
comunistas, como a Ação Libertadora Nacional (ALN) e o Partido Comunista do Brasil (PC do
B) – nasceram na América Latina, no início dos anos 1960, com o objetivo de tomar o poder pela
via guerrilheira, a exemplo de Cuba e da China. Com a instalação dos regimes militares, vários
aparelhos contrarrevolucionários de repressão foram montados com vistas à perseguição e ao
desmantelamento desses grupos. A Operação Condor foi o resultado da junção desses aparelhos
repressores contrarrevolucionários.

 Desenvolvimento da operação
A sequência de golpes de Estado operados por militares na América Latina, na segunda
metade do século XX, ocorreu na seguinte ordem: em 1954, no Paraguai; em 1964, no Brasil; em

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1966, Argentina; em 1970, na Bolívia e, em 1973, no Chile e no Uruguai. Em alguns desses
casos, a central de inteligência dos EUA (CIA) forneceu apoio direto e indireto – o que foi
recorrente também em algumas missões da Operação Condor. Como alguns países, como o
Brasil, anteciparam-se na criação de aparelhos de repressão, os outros que vieram na sequência
da cadeia de instauração do militarismo acabaram por partilhar da experiência do vizinho. Foi
nessa ambiência que a Operação Condor foi montada.
Entre as ações da Operação Condor que se destacaram, podemos citar o assassinato do
diplomata chileno Orlando Letelier, que aconteceu em 21 de setembro de 1976, em Washington.
Essa ação foi orquestrada pela DINA, política secreta do Chile à época de Pinochet. Letelier
estava ligado ao presidente Salvador Allende, morto em 11 de setembro de 1973 durante o golpe
das Forças Armadas chilenas. O atentado contra o diplomata teve a anuência do então secretário
de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger, que, em 16 de setembro de 1976, emitiu ordem
à CIA para que não interferisse no plano dos agentes da DINA. Kissinger teria se envolvido em
outras colaborações com a Operação Condor, valendo-se de sua posição estratégica.
Outra ação bem conhecida da Operação Condor foi o sequestro do major Joaquim Pires
Cerveira, membro da Frente de Libertação Nacional (FLN) – organização que havia planejado e
sequestrado o embaixador da Alemanha Ocidental em 1970, no Rio de Janeiro – e de João Batista
Rita Pereda, também revolucionário partícipe da luta armada. O sequestro de ambos ocorreu em
Buenos Aires, em ação conjunta entre a polícia brasileira e a argentina. Ambos foram dados
como desaparecidos, e seus corpos nunca foram descobertos.
A Operação Condor, naturalmente, foi e continua sendo alvo de intensas discussões em
virtude dos meios empregados na repressão, o que incluía tortura, sequestro e morte. No entanto,
o que é ressaltado por quem reflete mais acuradamente sobre ela é o fato de a maioria dos alvos
da operação ter sido composta de agentes revolucionárias, que igualmente sequestraram,
torturaram e mataram para que seus projetos fossem levados a cabo. A Operação Condor,
portanto, foi um dos capítulos da guerra travada “nas sombras” entre grupos comunistas e os
aparelhos de repressão militar durante a Guerra Fria.

63
4.8. América Atual

Com o fim da Guerra Fria, evidenciado através das reformas soviéticas implementadas
pela Glasnost e pela Perestroika, o então presidente dos Estados Unidos, George Bush, anunciou
que uma nova ordem estava surgindo, acenando para um período de paz e desenvolvimento em
prol do bem da humanidade. Infelizmente, essa previsão não se concretizou, pois diversos
conflitos se desencadearam ao redor do planeta durante o processo de reconfiguração de poderes
entres as nações.

Diante da falência do sistema socialista soviético, alguns cientistas políticos afirmaram


que o mundo passaria a viver uma nova ordem unipolar, uma vez que os Estados Unidos se
tornaram a potência hegemônica e nenhuma outra nação poderia se equiparar ao seu poder
econômico e militar. Tal concepção, no entando, não foi uma unanimidade entre os
contemporâneos à consolidação da Nova Ordem Mundial, já que alguns perceberam a formação
de uma ordem multipolar. De acordo com esta linha de raciocínio, o fortalecimento dos blocos
geoeconômicos - como a União Europeia – faria com que novas forças mundiais fossem
configuradas e, assim, fizessem frente à suposta hegemonia estadunidense.

Passadas quase duas décadas do fim da URSS, essa ainda não é uma questão resolvida.
No entanto, independentemente de quantificar o número de potências que atualmente figuram as
relações internacionais, o importante é perceber a riqueza de detalhes que compuseram a
formação da Nova Ordem Mundial, assim como o seu caráter de constantes transformações, o
que nos permite interpretá-la de diferentes formas.

 Crises Recentes do Capitalismo Mundial


Mesmo com grande força e resistência entre todos os países, o capitalismo teve seus
momentos de fraqueza: Perdendo forças em alguns momentos, o sistema sofreu grandes crises
durante sua vigência, tendo suas estruturas largamente abaladas entre longos períodos de
desespero comercial.
Considerando as maiores crises do sistema nos últimos anos, podemos entender um pouco
mais sobre sua força e sobre seu impacto em escala global.

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 Crise da Bolha Imobiliária 2008-2009
A partir do ano de 2008, o cenário econômico mundial passou a viver em um período
sombrio, do tipo que não se via desde a Grande Depressão de 1929, quando o capitalismo
passou pela sua pior crise econômica. A grande diferença, no entanto, da recente ocasião que
afetou, sobretudo, os países desenvolvidos em relação às crises anteriores foi que essa se tratava
de uma crise financeira, ou seja, um colapso no sistema global de especulação econômica para a
obtenção de lucros.
Podemos dizer que a crise de 2008, tal como foi inicialmente chamada, teve o seu estopim
com o estouro da chamada bolha imobiliária nos Estados Unidos. Mas em termos econômicos, o
que é uma bolha?
Uma bolha econômica forma-se sempre que o valor de um produto ou mercado (no caso,
o valor dos imóveis) eleva-se além do seu “valor real” ou do valor que esse produto deveria ter.
Quando os preços caem, em face do esgotamento dessa supervalorização, a bolha estoura, muitos
ficam no prejuízo e a crise alastra-se.
O que aconteceu nos Estados Unidos foi mais ou menos isso. A grande questão é que
havia uma prática muito comum no país, a da hipoteca. Basicamente, uma hipoteca consiste na
obtenção de empréstimos tendo o imóvel como garantia. Como os juros nos Estados Unidos eram
muito baixos e o crédito abundante, as pessoas passaram a hipotecar suas casas para investirem
em... mais imóveis! Isso tornou o mercado imobiliário altamente atrativo, sendo um alvo de
empresas e investidores de todos os tipos.
O problema é que essas hipotecas funcionam da seguinte forma: ela são títulos, chamados
de “ativos financeiros”. As empresas credoras desses títulos, por sua vez, negociam essas dívidas
(até então, altamente valorizadas) com bancos, empresários e instituições financeiras,
movimentando o mercado. No entanto, se essa dívida torna-se um risco iminente de calote (que
os economistas chamam de “subprime”), o valor dela despenca e os seus especuladores ou
investidores ficam no prejuízo.
No caso dos Estados Unidos, o governo precisou aumentar o lucro e diminuir o crédito
para conter o crescimento da inflação que, então, passou também a ser uma ameaça em virtude
da aceleração da valorização do preço dos produtos. Com isso, o mercado esfriou e os imóveis
passaram a valer menos, o que contribuiu para que muitas pessoas deixassem de pagar suas

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hipotecas, que se tornaram “subprime”, difundindo a crise, que, por isso, também foi chamada
de crise do subprime.
Tal contexto resultou em uma maior desconfiança no mercado, com os bancos
dificultando empréstimos, limitando o crédito e, com isso, diminuindo a capacidade de
investimento das empresas. Por isso, menos empregos foram gerados e, logo depois, demissões
em massa aconteceram, o que provocou a queda no consumo, menos lucro nas empresas, novas
demissões e assim por diante. Com a quebra do banco Lehman Brothers, a crise encontrou o seu
ápice, pois novas dívidas e títulos perderam o seu valor, os investimentos caíram e as ações
despencaram.
Mesmo diante dos esforços do governo em conceder crédito, perdoar dívida, gerar
empregos e conter a crise financeira, ela espalhou-se e atingiu, dois anos depois, a Europa em
cheio, mais precisamente a União Europeia, culminando na crise do Euro. Para agravar a
situação, vários países europeus encontravam-se bastante endividados e com poucas reservas
disponíveis para combater a crise. Os casos mais notáveis foram os de Portugal, Espanha, Itália
e, principalmente, a Grécia.
Esses países tiveram de contrair empréstimos volumosos do FMI (Fundo Monetário
Internacional) e da própria União Europeia, que passaram a exigir medidas de cortes de gastos,
tais como a redução da folha com funcionários públicos, privatizações, contenção de direitos
trabalhistas, redução média dos salários, entre outros. Isso resultou em revoltas e protestos, que
foram mais duramente percebidos em 2012, também no território grego.
Os países subdesenvolvidos e, principalmente, os emergentes, tais como a China, a Rússia
e o Brasil, embora sentissem uma maior dificuldade de crescimento, foram menos atingidos pela
crise financeira mundial. Ao contrário dos países desenvolvidos, os emergentes não chegaram a
entrar em recessão, quando a economia e a produção de riquezas começam a regredir.
Apenas recentemente os efeitos da crise têm sido menores, resultando em uma ligeira
recuperação da confiança nos investimentos nos mercados de ações e dívidas. No entanto, o que
se nota é que ainda há dificuldades de crescimento econômico nos países, além do fato de que, se
esse sistema de especulação financeira não for devidamente regulado pelo poder público, novas
crises financeiras podem ocorrer no futuro, inclusive no Brasil, onde o preço dos imóveis está
valorizando-se acima do normal.

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 A Reação da Esquerda Latino-Americana
Passadas mais de duas décadas dos primórdios neoliberais chilenos, os principais
economistas da década de 1990 perceberam que aquela ideologia não havia provocado o
crescimento econômico esperado pelos países de Terceiro Mundo. Longe de representar a
salvação para os endividados, a abertura de mercado e o avanço do desenvolvimento tecnológico
haviam intensificado ainda mais a independência desses países em relação às potências
econômicas, como os Estados Unidos, além de aumentarem as desigualdades sociais dessas
regiões.
Diante dos problemas gerados pela intensificação da globalização econômica, dois fóruns
internacionais foram instituídos: um em Davos, na Suíça, e o outro em Porto Alegre, no Brasil. O
primeiro foi o Fórum Econômico Mundial, formado por empresários, ministros da Economia,
presidentes de Bancos Centrais, diretores do FMI, do BIRD e de outros organismos
internacionais. O objetivo era discutir tecnicamente as políticas econômicas adotadas no mundo,
para que os seus impactos pudessem ser menores em áreas como o meio ambiente e a saúde. Já a
reunião realizada em Porto Alegre deu origem ao Fórum Social Mundial, iniciado em janeiro de
2000. Esse fórum foi promovido por diversas entidades de esquerda, como sindicatos,
movimentos estudantis e ONGs, e teve como objetivo protestar contra a globalização e os
organismos financeiros internacionais.
É importante ressaltar que, apesar de terem disso instituídos para solucionar uma causa
imediata, os dois fóruns acabaram se tornando eventos periódicos, sendo realizados ainda hoje.
Mas, apesar da semelhança inicial, esses fóruns ganharam sentidos diferentes. Devido ao seu
caráter formal ganharam sentidos diferentes. Devido ao seu caráter formal, o Fórum Econômico
Mundial acabou sendo associado à direita e, por isso, tornou-se um sinônimo do capitalismo e das
políticas globalizantes e neoliberal. Já o Fórum Social Mundial, tradicionalmente marcado pelos
debates que se voltam à causa popular, passou a ser visto como uma grande manifestação da
esquerda.
Ainda nesse contexto conturbado das reformas neoliberais, uma grande camada de
excluídos que compunham a população dos países do Terceiro Mundo passou a clamar por
reformas que amenizassem, principalmente, a desigualdade social existente nos seus países. Esse
movimento for marcante na América Latina, onde, em diversos países, os partidos de esquerda,

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ou mesmo de centro-esquerda, se apropriaram das falhas do neoliberalismo para que pudessem
alavancar suas campanhas e, assim, eleger os novos presidentes da região.
As vitórias de Luiz Inácio Lula da Silva, no Brasil, do casal Kirchner, na Argentina, de
Rafael Correa, no Equador, de Evo Morales, na Bolívia, de Hugo Chávez, na Venezuela, e o
retorno de Daniel Ortega, na Nicarágua, podem ser relacionadas a este fenômeno da reação das
esquerdas latino-americanas. Mesmo que alguns desses nomes possam ser ligados a uma
esquerda moderada, estes souberam canalizar a insatisfação da população latino-americana para,
após eleitos, realizarem reformas de cunho social e, por vezes, nacionalistas.
Diante da ascensão da esquerda latino-americana, pode-se perceber que as reformas
neoliberais foram contidas, afinal, os novos líderes dessas nações passaram a adotar uma postura
muito menos favorável à submissão internacional. Assim, ao invés de considerarem a
proximidade dos Estados Unidos um fator positivo – como outrora valorizavam os neoliberais -,
os novos governos passaram a prezar pela manutenção da soberania nacional e, mesmo
respeitando as rivalidades entre si, pelo fortalecimento do Mercosul.

 Governo Barack Obama


No dia 5 de novembro de 2008, os jornais do mundo dedicaram sua primeira página para
um acontecimento visto como uma nova etapa da história dos Estados Unidos da América. Na
noite anterior, um anúncio oficial confirmava a vitória de Barack Hussein Obama, de 47 anos,
como o 44° presidente eleito da nação mais influente do mundo contemporâneo. Para muitos,
significou um impressionante leque de inflexões resumidos na palavra “mudança”.
Entre outras implicações, muitos desses jornais tiveram o interesse em destacar a vitória
do primeiro presidente negro dos EUA. Contudo, apesar da coerência de tal afirmação, não
podemos deixar de ver que outros sinais colaboraram para essa questão. A vitória de Obama
marcou um desejo por políticas que pudessem superar os problemas experimentados pela nação
norte-americana ao longo dos oito anos de predominância republicana.
O candidato norte-americano não teria condições de chegar ao poder de uma nação
múltipla ao representar apenas uma parcela de sua população. Não por acaso, entre todas as
oportunidades que teve para se definir como um candidato negro, Barack Obama fez questão de

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dizer publicamente que não era a favor de políticas raciais e, muito menos, definir a si próprio
como “presidente dos negros”.
Se pudermos observar uma virada de página com respeito à questão racial naquele país,
ela se resume a três diferentes momentos. O primeiro, da nação que construiu sua riqueza por
meio da exploração das rentáveis oportunidades abertas pela escravidão. O segundo, dos
governos que tentaram superar o racismo por meio de ações afirmativas que legitimavam a
segregação. E, por último, dos eleitores brancos, negros, latinos e mestiços que acreditaram na
promessa de uma nova forma de poder.
De fato, a eleição de Obama aponta para uma quebra de paradigmas responsável por uma
transformação das imagens que sacramentavam os EUA como uma nação hegemonicamente
racista. Mas isso tem uma importância muito maior para a imagem do país para com o mundo do
que para os problemas que circulam a própria sociedade que o elegeu. A crise econômica, os
gastos com a guerra no Iraque e as políticas de energia são pontos de maior relevância interna.
As velhas dicotomias que separavam a nação entre brancos e negros, republicanos e
democratas não mais suportam a emergência de um mundo que exige um grau de compreensão e
leitura muito mais complexo. Evidentemente, isso não aponta para o fim dos grupos e indivíduos
que ainda defendem esse tipo de ordenação das relações políticas e sociais. Para que pudéssemos
realmente concordar com a transformação histórica dos jornais, muita coisa ainda deveria
acontecer.
Ao fim de tantas especulações e variáveis, nos reservamos a adotar uma posição menos
afetada e mais cautelosa sobre o rumo a ser tomado por esse novo governo. Decretar o fim ou o
começo de certas coisas demanda o tempo necessário para o consumo e reflexão do fato
histórico. Se os jornais preferem adiantar a própria História, é porque também anseiam
sinceramente por transformações ou porque o velho interesse em se vender notícia ainda domina.

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