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Registros da História: UNIDADE

entendendo o passado
Professor, iniciar a unidade explorando os conhecimentos prévios dos alunos sobre o conteúdo por meio
de perguntas como: “O que são pinturas rupestres? Como vocês imaginam que viviam os primeiros grupos
2
Objetivos e
humanos da história?” É interessante registrar as ideias deles na lousa, por meio de mapa conceitual ou textos.
Observe estas imagens. O que elas representam? Escreva o que você sabe a habilidades
respeito do conteúdo a que elas se referem. (EF06HI03) Identificar
as hipóteses
científicas sobre
o surgimento da
tock
vector/Shutters

espécie humana e
sua historicidade
e analisar os
Fotos: Macro

significados dos mitos


de fundação.
(EF06HI04) Conhecer
as teorias sobre a
origem do homem
americano.
(EF06HI05) Descrever
modificações da
natureza e da
paisagem realizadas
por diferentes tipos
de sociedade, com
destaque para os
povos indígenas
originários e povos
africanos, e discutir
Como eram, viviam e de onde vieram os a natureza e a lógica
primeiros seres humanos? das transformações
ocorridas.
É possível que você já tenha ficado curioso a respeito da origem da vida na terra (EF06HI06) Identificar
e tenha refletido sobre questões como: “Qual a origem da humanidade? Quem fo- geograficamente as
ram os primeiros seres humanos que habitaram nosso planeta? Como eles viviam? rotas de povoamento
O que faziam para sobreviver?” no território
americano.
Para responder a todas essas questões e entender a nossa origem, vamos via-
jar no tempo, há milhões de anos no passado.

É verdade?
O ancestral dos seres humanos são os macacos. Assim afirmou o naturalista inglês Charles
Darwin no século XIX.
Verdade ou mito?

Verdade. No século XIX, Charles Darwin defendeu a teoria de que os seres humanos teriam um ancestral

comum com os macacos. Atualmente, a Paleoantropologia, ciência que estuda a evolução humana, em

parceria com estudiosos da Biologia, Antropologia, Arqueologia e Geologia, pesquisa essa relação. Sabe-se 459

que há elementos comuns entre o chimpanzé e o ser humano. Contudo, não há nada que comprove essa teoria.

História
Philippe Plailly/Eurelios/SPL/Latinstock

Os seres humanos, desde o surgimento até hoje, têm passado por transformações físicas e comportamentais. Atualmente, estamos
nos adaptando ao mundo da tecnologia digital, entre outras inovações.

Artefatos No mundo contemporâneo, não nos ocorre pensar que um dia o ser humano
Em Arqueologia, pudesse ter sido fisicamente diferente. Mas foi. E sua maneira de pensar e reagir
artefatos são também. Essas mudanças e adaptações acontecem há milhões de anos.
quaisquer objetos
modificados As características físicas e psíquicas atuais apresentadas pelo ser humano se
pelo homem desenvolveram após um processo de constante adaptação ao meio ambiente. Os
que forneçam primeiros seres humanos passaram por mudanças muito importantes. Entre elas
evidências sobre
atividades e a
estão o desenvolvimento da postura ereta (vertical, com a cabeça levantada) e o
vida de grupos andar bípede (a capacidade de se deslocar sobre os dois pés), o que lhes permitiu
humanos. andar com as mãos livres.
Pré-História Essas mudanças físicas sugerem que a espécie chamada de Homo sapiens ad-
Período da quiriu características muito parecidas com as do ser humano atual. Eles desen-
humanidade volveram a capacidade de fabricar objetos e ferramentas, isto é, criar objetos que
anterior ao não conseguiam encontrar na natureza. A principal evidência material disso são os
desenvolvimento
artefatos fossilizados, encontrados em diferentes partes do planeta e provenien-
da escrita.
tes da Pré-História, os quais permitem conhecer alguns hábitos dos primeiros
seres humanos.
Conectando
Nesse longo período de mudanças físicas que deram origem à nossa espé-
saberes
cie, simultaneamente aconteceram transformações geológicas e climáticas em
As chamadas
glaciações
nosso planeta.
consistem em
um longo período A Idade da Pedra Lascada ou Paleolítico
em que ocorreu
A Idade da Pedra Lascada ou Paleolítico vai de cerca de 2,5 milhões de anos até
uma queda de
temperatura global, cerca de 10 mil anos atrás. Durante esse intervalo de tempo, houve realizações e
o que originou a avanços tecnológicos importantes para a espécie humana.
expansão do gelo
polar. Você estudará
Nesse período, o frio era intenso, em razão do Período Glacial, também cha-
460 as eras geológicas mado de glaciações. O gelo cobria até um terço da superfície terrestre, trazendo
na disciplina de mudanças na vegetação e na fauna, o que exigiu adaptação dos grupos humanos
Geografia.
para sobreviver.
História
Nessas condições ambientais, o homem do Paleolítico aprendeu a controlar o
fogo. Essa prática tornou-se fundamental, pois possibilitou o cozimento de ali-
mentos, o aquecimento em dias de frio, a iluminação à noite e a proteção contra o
ataque de animais. Além disso, permitiu aos grupos humanos se reunirem em tor-
no das fogueiras para se aquecerem. Esses momentos ao redor do fogo tornaram-
-se importantes, pois começaram a ser reservados pelos humanos para se alimen-
tarem, tomarem decisões sobre as caçadas, realizarem suas cerimônias e registra-
rem os acontecimentos do dia a dia.
Subsistência
A população do Paleolítico era formada por caçadores e coletores nômades, ou
seja, que mudavam de lugar periodicamente em busca de caça, pesca e frutos silves- Conjunto de
fatores essenciais
tres para sua subsistência. Nesse período, o crescimento populacional era baixo.
para a manutenção
Andava-se em bando, geralmente em grupos de 25 a 40 pessoas. Vivia-se em abri- da vida.
gos rochosos, cavernas e usava-se peles de animais para se proteger do frio.
Acredita-se que as sociedades paleolíticas viam na natureza elementos sobre-
naturais. Essa hipótese é feita com base em pinturas rupestres que apresentam
registros desses seres míticos nas paredes das cavernas. Outros registros encon-
trados são de representações de caça, uma atividade importante para esses ho-
mens, uma vez que retiravam dela ali-
mento, peles e couros para suas roupas
Mundo digital

Granger/Bridgeman Images/Easypix
e ossos para fazer ferramentas.
Com os ossos obtidos das caças, es- Quer fazer uma
“viagem” ao
ses grupos humanos confeccionavam passado? Acesse
objetos de pedras cortantes – por isso, o passeio virtual
o Paleolítico é também conhecido como pelas cavernas de
Idade da Pedra Lascada. Esses instru- Lascaux, na França.
Em 1940, quatro
mentos eram utilizados para diversas
jovens descobriram
atividades cotidianas, como cortar, ras- a existência de
par, macerar, perfurar. Com eles, podiam Artefatos do período Paleolítico, preservados no arte rupestre nesta
construir machados e outros objetos. Museu de Arqueologia da Catalunha, Espanha. caverna francesa,
o que possibilitou
Australopithecus Homo habilis Homo erectus Homo sapiens o conhecimento
sobre a arte
pré-histórica e
da origem dos
primeiros seres
humanos.

461
Exemplos de transformações culturais ocorridas na Pré-História. Essas transformações referem-se ao
desenvolvimento de técnicas e à aquisição de conhecimento pelos seres humanos.

História
Saiba mais
De onde vieram os primeiros seres humanos?
Quando se iniciou o
Para essa pergunta há algumas teorias que sugerem respostas sobre a origem
deslocamento pelo dos primeiros grupos humanos e suas migrações. O povoamento dos continentes –
estreito de Bering, principalmente do americano, onde se localiza o Brasil – é um debate que ainda
a Terra estava no não tem uma resposta certa. Pesquisadores dessa temática ainda têm mais per-
final do Período
guntas que respostas referentes à evolução de nossa espécie, chamada por eles
Pleistoceno –
correspondente a de Homo sapiens sapiens.
uma era geológica. Uma das hipóteses levantadas por eles é de que os primeiros grupos humanos
Nesse período, surgiram na África entre, aproximadamente, 200 mil e 100 mil anos. Do continente
entre o Alasca
africano, teria se iniciado a dispersão territorial, ocupando outros continentes. Es-
e o estreito de
Bering formou-se ses grupos teriam se adaptado ao clima e aos recursos naturais das novas regiões.
um corredor de Um desses deslocamentos seguiu a direção que os levou ao estreito de
terra congelada Bering. Por onde passaram, os primeiros seres humanos deixaram vestígios
chamado Beríngia.
(como restos de fogueiras e ossos de animais consumidos na alimentação) e al-
Isso aconteceu em
consequência do guns grupos fixaram residência ao longo do caminho. É com esses vestígios que
rebaixamento do os estudiosos tentam montar o quebra-cabeça sobre a origem e as características
nível do mar, numa que tinham essas pessoas quando chegaram à América.
era glacial em que
Além do estreito de Bering, teriam os primeiros grupos humanos percorrido ou-
a água era retida
em grande volume tra rota? Se sim, quando isso aconteceu?
na forma de gelo. Essas perguntas fazem parte do debate sobre o surgimento do homem ameri-
cano. Afinal, quando ele teria chegado ao continente?
A teoria mais aceita pelos pesquisadores da Pré-História é o modelo conheci-
do como Clovis-primeiro (Clovis-first). Esse nome se deve a um sítio arqueológico
descoberto em 1939, na cidade de Clovis, no estado do Novo México, nos Estados
Unidos. Nesse local, foram encontrados artefatos de pedra lascada, datados de,
aproximadamente, 11,4 mil anos, com destaque para as pontas de flecha e de lança.
Segundo os defensores desse modelo de cultura, objetos como esses teriam dado
origem a todas as demais formas de fabricação de artefatos de pedra no continente.
Estudos afirmam que o modelo de cultura Clovis-primeiro era formado por ca-
çadores de grandes animais (megafauna), tais como mamutes e mastodontes, os
quais eram abatidos por pontas de pedra lascada bastante afiadas.

AuntSpray/Shutterstock
Representação de mamutes, animais
integrantes da megafauna pré-histórica.
Esses animais gigantes são da mesma família
dos elefantes. Viveram em regiões frias, por
isso tinham o corpo coberto por pelos. Estão
extintos há mais de 5 600 anos.

462

História
Depois desse modelo, novas descobertas arqueológicas aconteceram. Estas
demonstraram presença humana mais remota (antiga) em algumas regiões fora da
América do Norte, trazendo outros debates sobre a origem do homem em nosso
continente. Entre elas estão os vestígios arqueológicos encontrados no sítio Monte
Verde, no sul do Chile, nas décadas de 1970 e 1980, pelo arqueólogo Tom Dillehay,
os quais sugerem presença humana há 12 300 anos.
Na década de 1990, os estudos da pesquisadora Anna Roosevelt desenvolvi-
dos em Pedra Pintada – sítio localizado no Parque Estadual de Monte Alegre, no
Pará – indicaram a ocupação humana da Floresta Amazônica por volta de 11 300
anos atrás. Os resultados obtidos nesse local levaram a pesquisadora a apresentar
outro modelo teórico de explicação para a ocupação da América. Esse modelo, que
foi chamado de Clóvis em contexto, contraria a hipótese do modelo Clovis-primei-
ro; isto é, ele não teria sido a mais antiga ocupação no continente da qual derivam
todas as demais populações americanas.

Andre Dib/Pulsar Imagens


Pedra Furada, Parque
Atualmente, estudiosos brasileiros continuam questionando essas datações, Nacional Serra da
entre eles, a arqueóloga Niède Guidon. Eles sugerem que seja aceita a datação do Capivara, Piauí.
sítio arqueológico do Boqueirão da Pedra Furada, localizado no Parque Nacional
Serra da Capivara, no Piauí, como o local onde estão os vestígios mais antigos dei-
xados pelo homem nas Américas. Datações feitas com base em carvões originados
de fogueiras e pedras lascadas indicam que nessa área houve uma ocupação hu-
mana que remonta há cerca de 60 mil anos.

Biografia
Niède Guidon
Marcus Leoni/Folhapress

Niède Guidon (1933) é uma arqueóloga brasileira que se dedica


aos estudos da Pré-História brasileira. Desde 1973, pesquisa
a região de São Raimundo Nonato, no Piauí. Seus trabalhos de
preservação cultural e ambiental nessa localidade culminaram
na criação, em 1979, do Parque Nacional Serra da Capivara.
Niède defende a teoria de que os homens chegaram à América
há cerca de 100 mil anos, atravessando o Atlântico. Nessa épo-
ca, o nível do oceano estava 140 metros mais baixo, facilitando 463
a travessia pela existência de ilhas ao longo do trajeto.

História
Arqueologia em Minas Gerais
O antropólogo, físico e arqueólogo Walter Alves Neves
e sua equipe também apresentam modelos distintos de
ocupação da América, sugerindo a existência de duas on-
das migratórias ocorridas em períodos diferentes.
Walter Neves analisou a morfologia de um crânio
Ismar Ingber/Pulsar Imagens

encontrado em Lagoa Santa, Minas Gerais. Ele lhe deu o


nome de Luzia, pois se descobriu que o crânio era de uma
mulher. Luzia tem cerca de 12 mil anos! O crânio e outros
ossos do corpo dela, descobertos em 1975, ajudaram os
estudiosos da atualidade a propor novas teorias sobre a
ocupação humana no nosso continente.
A análise milimétrica O modelo dos dois componentes biológicos, defendido
da morfologia do crânio por Neves, compreende duas grandes migrações. A pri-
de Luzia possibilitou
a reconstituição meira, ocorrida há 14 mil anos, foi realizada por indivíduos
computadorizada com características negroides, morfologia parecida com a
de seu rosto. Pela de Luzia. Essas características são encontradas nos atuais
trajetória das migrações
para a América, os
povos africanos e nos aborígenes australianos. Por algu-
pesquisadores criaram ma razão, esses indivíduos foram extintos ou absorvidos
suposições sobre o por outras culturas.
cabelo crespo e a cor de
pele de Luzia.
A segunda migração, pouco mais recente, ocorrida há
11 mil anos, foi realizada por indivíduos com aparência asi-
ática, ou seja, morfologia do povo mongol. Esse grupo do-
minou o território brasileiro, originando os povos indígenas.

Morfologia Sítios arqueológicos em Minas Gerais

Morfo, em grego,
significa forma.
Então, morfologia
é o estudo
da forma, da
aparência externa.

Montes Claros

Teófilo
Otoni
Diamantina

Uberlândia
Governador Valadares

Lagoa Santa

Uberaba Belo Horizonte

Pains

Minas Gerais abriga


Juiz de Fora
inúmeros sítios
N
arqueológicos. Os vestígios Pouso Alegre

464 encontrados nessa região Bacia hidrográfica O L


Divisa municipal OCEANO
comprovam a ocupação há S
ATLÂNTICO
cerca de 12 mil anos. Sítio 0 90 km

História
Os atuais estudos de Walter Neves tiveram como base a análise de

Reprodução/Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, MG.


crânios encontrados por Peter Lund.
Na década de 1830, o naturalista dinamarquês iniciou os trabalhos em
Lagoa Santa e na Gruta da Lapinha, ambas em Minas Gerais. Sua coleção é
composta por cerca de 30 esqueletos humanos que estão preservados em
Copenhague, na Dinamarca. Mais de um século depois, Neves e seu com-
panheiro de pesquisas, o arqueólogo argentino Hector Pucciarelli, uniram
essas informações e o resultado foi a teoria do modelo dos dois compo-
nentes biológicos.
Por alguns anos, a região de Minas Gerais ficou esquecida pelos arqueó-
logos. Depois do trabalho de Peter Lund no século XIX, somente na década
de 1920 o engenheiro mineiro Cassio Lanari retomou as pesquisas no local.
Em seguida, estudiosos dos Estados Unidos e da França estiveram na re- Peter Lund.

gião entre as décadas de 1950 e 1970.


Nos arredores de Lagoa Santa e da Gruta da Lapinha, também foram encontra-
dos fósseis de animais da megafauna, como a preguiça-gigante. Esse animal viveu
há cerca de 10 mil anos. Isso significa que dividiu espaço com o povo de Luzia.

Marcos Amend/Pulsar Imagens

Lagoa Santa, Minas


Gerais, MG, Brasil.

Para que serve?

Como é feita a datação nos fósseis por cabono-14?


O carbono-14, C14 ou radiocarbono, é a técnica usada pelos arqueólogos
para determinar a antiguidade dos restos orgânicos. Carbono 14 é a substân-
cia presente em todos os organismos vivos, a qual começa a diminuir com a
morte. A partir de um dado predefinido sobre a velocidade da degeneração
com C14 encontrado no fóssil, os cientistas podem estabelecer quanto tempo
faz que um animal ou planta morreu. 465
SCHEEL-YBERT, Rita. Considerações sobre o método de datação pelo carbono-14 e alguns comentários sobre a
datação de sambaquis. In: Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. São Paulo, n. 9. 1999. p. 297-301.

História
Prováveis rotas 18 mil anos

migratórias para 15 mil anos


10 mil anos

a América
EUROPA
povos
Ha-Dene

Uma migração
ÁSIA
Uma única leva de humanos deixa a
Sibéria e entra no Alasca. Indivíduos ancestral comum
de tipos físicos distintos, alguns
mais africanos, outros mais asiáticos,
compõem o grupo.

ÁFRICA

120 mil anos atrás

Austrália
estreito de Bering
40 mil anos atrás

esquimós

Duas migrações
paleoíndios
Migrantes de feições africanas cruzam
Bering e lá se estabelecem. Mais tarde,
uma nova leva de grupos humanos, com
AMÉRICAS traços asiáticos, penetra nas Américas e
Entre 9 500 e se torna a etnia dominante.
9 000 anos atrás

Pelo Atlântico
O homem chega ao Nordeste brasileiro
12 mil anos vindo da África, navegando de ilha
em ilha em uma época em que o mar
estava mais baixo. A ideia é defendida
por Niède Guidon.

Descobertas feitas por Walter Neves revelaram que os indígenas americanos


apresentam semelhanças morfológicas (isto é, na forma e estrutura) com os mem-
bros das populações norte-asiáticas, como os atuais chineses. Após a descoberta
de Luzia, Neves desenvolveu a teoria de que a chegada do homem ao continente
466 americano teria se dado em dois momentos distintos. Esse estudioso chegou a
essa conclusão ao considerar que o desenvolvimento das características físicas

História
Época Espécie Instrumentos Utilidade

• Golpeia de
percutor
forma eficaz.

• Corta lenha.

• Quebra ossos.

• Serve como
arma.
Paleolítico Homo hábilis
Inferior

• Arranca tubér-
culos e despe-
daça animais.

ponta de flecha
Homo erectus

• Flecha: arma
eficaz para caçar.
ponta de
flecha • Raspador: cortar
Paleolítico
peles.
Médio
núcleo lâmina de • Perfurador:
perfurador
preparado de sílex
Homo sapiens costurar peles.
sílex
Neanderthal

• Arpão: instru-
arpão de osso
mento de pesca.

Paleolítico • Agulha: costura.


Superior • Propulsor: maior
ponta de agulha de
flecha de osso propulsor de madeira alcance de tiro
Homo sapiens sílex em caça.
sapiens

asiáticas são mais recentes que Luzia. Neves propõe que a entrada do primeiro
grupo não mongoloide, ou seja, com morfologia africana e aborígene australiana,
aconteceu há cerca de 14 mil anos, seguida das migrações asiáticas ocorridas há
11 mil anos.
As teorias dos pesquisadores brasileiros não são as únicas que tentam explicar a 467
chegada do homem à América. Elas são apenas as mais recentes e são tão importan-
tes como as explicações anteriores.
História
Jogo rápido
Observe o infográfico Prováveis rotas migratórias para a América e realize as seguin-
tes atividades.

1 Qual é a teoria mais aceita para o povoamento da América? Resposta: a.

a) O povoamento do continente africano.


b) A trajetória do Homo sapiens para a Europa.
c) A chegada dos humanos na América pelo estreito de Bering.
d) A ocupação da Ásia pelo Homo sapiens.
2 De acordo com o infográfico, qual é a teoria de colonização da América do Sul?
a) Teoria do estreito de Bering, em que o homem passa pela América do Norte e chega à
América do Sul.
b) Teoria Polinésia.
c) Teoria Australiana.
d) Teoria de Clóvis. Resposta: a.

Idade da Pedra Polida ou Neolítico


Na Idade da Pedra Polida ou Neolítico, o desenvolvimento de utensílios, como
machados e arados simples, e a aquisição de conhecimento, principalmente sobre
o meio ambiente, favoreceram as transformações culturais. O início do processo
de sedentarização dos grupos humanos também é uma característica importante
desse período. Nesse processo, os grupos nômades, que se deslocavam periodica-
mente, começaram a se fixar nas regiões.
Mas o que causou essas transformações? Uma causa pode ser apontada: a mu-
dança climática. A alteração do clima afeta diretamente a obtenção de alimento, di-
minuindo a quantidade de produtos coletados e de animais para caça. Alguns gru-
pos que habitavam as montanhas desceram para os vales em busca de alimentos.
A necessidade de se alimentar impulsionou vários grupos humanos do Neolítico a
transformar a natureza. Começaram as tentativas de produzir frutos, grãos e raízes
até então coletados. Era o início da agricultura. Outra atividade iniciada foi a domes-
ticação de pequenos animais animais, criados para se obterem leite, carne, lã e peles.
Será que essas transformações aconteceram de forma rápida e igual para todos
os grupos humanos? O processo de transformação da economia de subsistência
(isto é, apenas para o sustento) – feita com base na coleta e na caça – para uma
economia mais estável – por meio da criação de animais e do cultivo de alimentos
Excedentes
– levou milhares de anos. Por razões ambientais, o desenvolvimento da agricultura
O que sobra. No aconteceu de maneiras diferentes em cada continente.
caso da agricultura,
A agricultura gerou a produção de excedentes de alimentos. Esse aumento de
a produção de
alimentos era alimentos fez com que, ao longo do tempo, a população aumentasse, o que moti-
468 maior do que o vou a fixação de residência (sedentarismo). Assim, a população começou a se orga-
consumo pelos nizar em aldeias, construindo os primeiros assentamentos. Nelas, cada membro se
indivíduos.
especializava em um trabalho.
História
O homem do Neolítico descobriu que podia aproveitar melhor a matéria-prima e
aprimorou a confecção de ferramentas. Desenvolveu o lascamento em formato de
lâminas e a pedra polida, aumentando a variedade de instrumentos. A atividade de
polir pedras consiste em lascá-las até ganharem a forma de um objeto pontiagudo.
A partir daí, as pedras são lixadas com areia até chegar ao artefato final. Geralmen-
te, os utensílios confeccionados eram lâminas de machado, pilões e ferramentas
associadas ao consumo de alimentos vegetais. Todos levam tempo para ser cons-
truídos, porém sua durabilidade é maior.
Os grupos humanos do Neolítico se organizaram em aldeias, inventaram a roda,
o arado e produziram tecidos. Com o passar do tempo, essas aldeias aumentaram.
Esse fato favoreceu aos agricultores as trocas de sua produção agrícola excedente
por ferramentas, utensílios e outros produtos de interesse para o próprio uso – era
o início das atividades comerciais. Tal afirmação é feita com base em pesquisas ar-
queológicas atuais que apontam a possibilidade de um intercâmbio desses artefatos.
As fontes que proporcionaram o levantamento dessa hipótese são algumas dessas
criações que foram encontradas em lugares bem distantes dos locais de origem.
Além da produção de alimentos, a sedentarização impulsionou a produção ar-
tística e artesanal. As sociedades neolíticas fabricaram uma variedade de cerâmi-
cas, teares têxteis, ferramentas e ornamentos, que se destinavam tanto para o
consumo do grupo quanto para a troca com outras populações.

A produção de cerâmica na Pré-História consistia na confecção de artefatos


com argila fresca, moldada à mão. Depois, as peças eram colocadas para secar
dentro de um buraco sob o qual havia uma cavidade para a passagem do calor
do fogo, que era aceso em uma abertura inferior. Essa escavação era coberta
com folhas para que houvesse a queima e o endurecimento da argila, a fim de
evitar a quebra das peças. Havia um tipo de forno para a secagem dos objetos de
argila. Esses utensílios permitiram o aumento de consumo dos alimentos, uma
vez que eles eram preparados e armazenados após o cozimento.

No final do Neolítico, houve também outro avanço importante: o uso de instru-


mentos com materiais mais resistentes, como metais, ouro e cobre, que eram des-
469
tinados à confecção de ornamentos, facas, flechas e agulhas. Foi o momento de
transição da Idade da Pedra para a Idade dos Metais.
História
Você no Brasil
PIAUÍ - Conhecendo o Patrimônio
Arqueológico Brasileiro
Piauí
Unidade temática:
História: tempo, espaço e formas de registros.
dovla982/Shutterstock

Objeto do conhecimento:
Formas de registro da História e da produção do conhecimento histórico.
Habilidade:
Identificar a gênese da produção do saber histórico e analisar o significado das fontes
que originaram determinadas formas de registro em sociedades e épocas distintas.

A bandeira do Piauí
tem as mesmas Você já ouviu falar do Parque Nacional Serra da Capivara? Ele é considerado pa-
cores da bandeira trimônio mundial pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a
nacional para Ciência e a Cultura). Localiza-se na proximidade de São Raimundo Nonato, municí-
representar sua
pio do Piauí. Essa área da região Nordeste brasileira apresenta relevo formado por
integração ao
Estado brasileiro. chapadas e vales onde há sítios arqueológicos, exemplos de arte rupestre, além de
A estrela branca é outras evidências da presença dos seres humanos pré-históricos.
Antares, a mesma Tudo isso faz parte do nosso patrimônio, o qual é dividido em material e imate-
que representa o
rial. Entre os patrimônios materiais, estão os vestígios arqueológicos.
Piauí na bandeira
do Brasil. A área arqueológica da Serra da Capivara é estudada por uma equipe interdisci-
plinar de pesquisadores desde 1973. Ao longo desse tempo, foi coletada uma varie-
dade de vestígios arqueológicos, ampliando o acervo sobre a Pré-História brasileira.
Pode-se dizer que a área arqueológica do Parque Nacional Serra da Capivara con-
centra a maior quantidade de abrigos pintados sob rocha do continente americano.
É comum, principalmente no Brasil, a arte rupestre ser a única evidência da pre-
sença humana e da identificação dos sítios arqueológicos. Há registros rupestres em
locais sem condições de serem habitados. Também existem situações em que as
placas de pedras pintadas se desprenderam das paredes dos abrigos e caíram em
Marcos Amend/Shutterstock

camadas arqueológicas, permitindo afirmar que a prática da arte rupestre na região


semiárida brasileira existiu há aproximadamente 12 mil anos.

470

História
Além das pinturas, outros vestígios arqueológicos encontrados na região permitem conhecermos
como era o dia a dia dos primeiros grupos humanos brasileiros. A Fundação Museu do Homem Ame-
ricano (FUMDHAM) é a instituição responsável pela fiscalização, proteção, identificação, restauração e
preservação desses sítios.
Fabio Colombini/Acervo do fotógrafo

Haroldo Palo Jr/kino.com.br


Toca da mandioca. Exemplo de pintura rupestre.

A Arqueologia brasileira classifica seus sítios arqueológicos em pré-históricos – que contêm evi-
dências da presença humana antes da chegada dos portugueses ao Brasil em 1500 d.C., como grutas,
aldeias, oficinas líticas – e sítios históricos – que abrigam vestígios após o chamado processo de colo-
nização, como fortes, engenhos, quilombos, etc. Professor, no trabalho com conteúdos relacionados à Arqueologia pré-
-histórica, usar o conceito “antes de 1500” como ponto de referência
Trabalho em grupo para se contar os anos. Lembre-se de que essa datação é convenção para
explicar a ocupação indígena antes de 1500, ou seja, antes da chegada
Mural de pintura rupestre dos europeus. Aplicar o conceito de geração como medida de tempo e de
século como unidade de medida de tempo histórico.
Materiais Informar aos alunos que pinturas rupestres são um conjunto de
representações gráficas realizadas pelos homens do passado com
• Papel pardo (kraft) retangular (100 cm × 60 cm); pigmentos extraídos da natureza para registrar suas caçadas, seus
rituais religiosos, enfim, seu dia a dia. Se possível, conversar com o
• Tinta vermelha, preta, marrom, amarela e preta; professor de Artes sobre sugestões e dicas para os alunos fazerem
os pigmentos que serão utilizados nas pinturas rupestres para a
• Cotonete; confecção do mural.

• Borra de café usado ou saquinho de chá para envelhecer o papel.


1 Com a orientação do professor, siga estes procedimentos:
I. Reúnam-se em grupos.
II. Rasguem as bordas do papel pardo de forma desigual, para que pareça uma parede de caverna. Em
seguida, adicionem, com o cotonete, a borra de café ou chá para dar ao papel um efeito de enve-
lhecido.
III. Imaginem-se como homens que viveram na Pré-História e que desejam registrar um aconteci-
mento importante do dia, como suas caçadas, a localização dos alimentos, um ritual a seus deuses
e assim por diante. Usem a imaginação para esse registro e façam os desenhos rupestres na pare-
de da caverna que vocês construíram.
2 Apresente para a turma o que foi produzido. Discutam as semelhanças e diferenças entre os desenhos 471
de cada grupo. Que palavras poderiam ser usadas para descrever as ilustrações? Por que as ilustrações
foram feitas? Que mensagens poderiam transmitir?
História
Você aprendeu

Chegamos ao final da unidade e trabalhamos vários conteúdos sobre o período da Pré-História. Agora é
hora de relembrá-los. Para isso, leia os esquemas a seguir e verifique se você precisa rever algum deles.

PRÉ-HISTÓRIA
Período que faz parte da história da humanidade. Rece-
be essa denominação por corresponder ao período em
que não há documentação escrita.

Idade da Pedra Lascada ou Idade da Pedra Polida ou


Migrações
Paleolítico Neolítico

100 mil anos: o homem che- População: formada por ca- População: sedentários e
gou ao Nordeste brasileiro çadores e coletores nômades agrícolas começaram a se fi-
vindo da África. Vinha nave- que andavam em bando, ge- xar nas regiões.
gando de ilha em ilha numa ralmente em grupos de 25 a
época em que o mar estava 40 pessoas.
mais baixo. Essa ideia foi de- Moradia: a população co-
fendida por Niède Guidon. meçou a se organizar em al-
deias, construindo os primei-
Moradia: os humanos dessa
ros assentamentos.
época viviam em abrigos ro-
18 mil anos: uma única leva chosos, cavernas e usavam
de humanos deixou a Sibéria peles de animais para se pro-
Instrumentos: os utensílios
e entrou no Alasca. Indivídu- teger do frio.
confeccionados eram lâmi-
os de tipos físicos distintos,
nas de machados, pilões e
alguns mais africanos, outros
almoxarifes, ferramentas as-
mais asiáticos, compunham Instrumentos: com os os-
sociadas ao consumo de ali-
o grupo. sos obtidos das caças, esses
mentos vegetais que leva-
grupos humanos confeccio-
vam tempo para ser constru-
navam objetos de pedras
Entre 10 e 15 mil anos: mi- ídas, porém com durabilidade
cortantes. Esses instrumen-
grantes de feições africanas maior.
tos eram utilizados para di-
cruzaram o estreito de Bering versas atividades cotidianas,
e aqui se estabeleceram. Mais como cortar, raspar, macerar,
tarde, uma nova leva de colo- perfurar. Com eles, podiam
nizadores, com traços asiáti- construir machados e outros
cos, penetrou nas Américas e instrumentos.
se tornou a dominante.
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História

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