Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
ENSINO
MÉDIO
HISTÓRIA
Gislane Azevedo
Reinaldo Seriacopi
www.sesieducacao.com.br
CAPÍTULO
Objetivos: Os seres humanos encontram-se sobre a face da Terra há cerca de 200 mil anos. Mas, milhões
de anos antes de seu surgimento, diversos ancestrais da espécie humana já andaram sobre o planeta.
c Conceituar História e
Entre esses ancestrais podemos citar o Australopithecus afarensis, o Homo habilis e o Homo erectus.
Pré-História.
Cada um tem características físicas próprias, mas em comum está o fato de andarem sobre duas
c Conceituar hominídeo, pernas, como os seres humanos.
fóssil e primata. Em 2010, pesquisadores anunciaram a descoberta de uma nova espécie de australopiteco, o
Australopithecus sediba. Os fósseis desse hominídeo foram encontrados em 2008 em uma caverna
c Caracterizar as teorias
nas proximidades de Johannesburgo, na África do Sul. De acordo com os cientistas, o A. sediba viveu
sobre o povoamento da
cerca de 1,977 milhão de anos atrás. Apesar de possuir corpo pequeno – cerca de 1,3 metro de altu-
Terra pelo gênero Homo.
ra – e grandes braços – típico de outros australopitecos que viviam em árvores –, o A. sediba tinha
c Identificar a uma série de traços físicos semelhantes aos dos humanos, como o formato do cérebro, o tamanho
importância do dos dentes e a estrutura da pélvis e do fêmur. Em razão dessas semelhanças, muitos especialistas
domínio da agricultura consideram esse australopiteco um ancestral da espécie humana.
na história da Neste capítulo, estudaremos o que os cientistas já sabem a respeito das origens da humanidade.
humanidade.
Fóssil:
o termo tem origem no latim,
fossilis, que significa “tirado da terra”.
Os fósseis são vestígios petrificados
ou endurecidos de animais ou vege-
tais, anteriores à época atual, que se
conservaram sem perder suas formas
primitivas, permitindo que se deter-
mine seu período geológico e outras
características importantes para o es-
tudo da evolução das espécies.
GLOSSÁRIO
Hominídeos:
nome pelo qual são conhecidos
os membros da família Hominidae,
composta de mamíferos primatas. A
família Hominidae reúne as três espé-
cies do gênero Homo (Homo sapiens,
Homo erectus e Homo habilis) e as
duas espécies do gênero Australo-
pithecus (Australopithecus robustus e
A. africanus). Assim, tanto o ser huma-
no moderno como seus ancestrais fa-
zem parte do grupo conhecido como
hominídeos.
Crânio de Australopithecus sediba, encontrado na África do Sul, em 2008.
GLOSSÁRIO
DNA:
Tradicionalmente, segundo os historiadores, as origens da humanidade eram situadas em uma abreviatura, em inglês, de Ácido Deso-
época conhecida como Pré-História. Hoje, entretanto, essa expressão não é mais aceita por muitos xirribonucleico (Desoxyribo-Nucleic-Acid).
estudiosos. Por quê? Os cientistas já sabiam, havia cerca de
A Pré-História costumava ser definida como o período compreendido entre o aparecimento dos 50 anos, que as informações hereditá-
rias contidas nos genes eram constituí-
primeiros hominídeos e a invenção da escrita, ocorrida por volta do quarto milênio antes de Cristo,
das de ácido desoxirribonucleico. Mas
na Mesopotâmia (no atual Oriente Médio), e, logo depois, no Egito. Essa periodização começou a ser foi em abril de 1953 que os pesquisa-
utilizada durante o século XIX, na Europa. Nessa época, acreditava-se que só seria possível resgatar dores James Watson e Francis Crick
o passado de uma sociedade caso existissem registros escritos feitos por ela. elucidaram a estrutura da molécula,
Atualmente, essa visão é encarada com reservas. Outras fontes, como imagens, objetos e relatos comparando-a a uma dupla-hélice ou
uma escada em espiral. Essa descoberta
orais, passaram a ter a mesma importância que a escrita no processo de conhecimento histórico. possibilitou o desenvolvimento da bio-
Além disso, avanços científicos e tecnológicos colaboram na tarefa de resgatar o passado. É o caso logia molecular e vem permitindo que
da análise do DNA, de programas de computador e de métodos científicos que determinam a idade nossa herança genética seja desven-
de fósseis e de restos arqueológicos. dada. Como o DNA é responsável pela
transmissão de informações genéticas
A invenção da escrita como marco inicial da História também pode ser questionada pelo fato
de uma geração para outra, ele contém
de não ter ocorrido ao mesmo tempo em todo o planeta. Muitos povos só entraram em contato um registro da história humana. O DNA
com ela no final do século I a.C., durante a expansão de Roma. Ainda hoje, há grupos indígenas no pode mostrar, por exemplo, a diversi-
Brasil e aborígines na Austrália que não fazem uso de sinais gráficos para representar palavras. ficação do ser humano moderno nos
Se considerássemos o surgimento da escrita como o início da História, conquistas como o do- grupos étnicos que conhecemos hoje,
bem como a evolução dos hominídeos,
mínio do fogo, a invenção da roda e a prática da agricultura ficariam que começaram a caminhar sobre duas
de fora da História da humanidade, pois ocorreram muitos séculos pernas há mais de 4 milhões de anos.
antes da invenção dessa forma de comunicação.
Amparados nessas ressalvas, podemos dizer que o mais
indicado é considerar o período chamado de Pré-História
como uma etapa no processo histórico do ser humano.
GLOSSÁRIO
Do ponto de vista social, podemos entendê-lo como um Primatas:
período em que ainda não haviam surgido socieda- ordem de mamíferos que compreen-
des complexas e sedentárias e no qual as pessoas de cerca de 180 espécies, entre elas o
próprio ser humano, os gorilas e os vá-
se reuniam em pequenos grupos ou agrupamentos rios tipos de macacos. Caracterizam-se
nômades. por apresentar membros alongados,
mãos e pés com cinco dedos providos
de unhas e o polegar em oposição
EM BUSCA DE NOSSAS aos demais dedos, o que lhes permite
maior habilidade manual.
ORIGENS
JOHN READER/SCIENCE PHOTO LIBRARY/LATINSTOCK
que os cientistas sabem é que o surgimento da humanidade foi Com mais de 3 milhões de anos, o fóssil
resultado de um longo processo, que se estendeu por milhões do hominídeo da espécie Australopithecus
afarensis encontrado na África, em 1974,
de anos e envolveu não só alterações físicas, mas também cul- recebeu o nome de Lucy porque, além
turais, como o modo de viver e agir desses seres. de ter sido definido como uma fêmea,
seu descobridor escutava durante as
escavações a canção “Lucy in the sky with
diamonds”, dos Beatles.
Portal
SESI
Educação www.sesieducacao.com.br
MICHAEL NICHOLSON/CORBIS/LATINSTOCK
Pensamento Crítico
EQUINOX GRAPHICS/SPL/LATINSTOCK
HESS. LANDESMUSEUM/AKG-IMAGES/LATINSTOCK
HISTÓRIA
VITSTUDIO/SHUTTERSTOCK
da antropologia.
Moléculas
de DNA.
Pele negra, branca ou parda; olhos arredondados ou puxados. Cabelos lisos, crespos ou
encaracolados. As variações físicas entre os seres humanos são imensas, porém, a ciência já
comprovou: apesar das diferenças observadas entre os indivíduos, a espécie humana é única.
Isso significa que, ao contrário do que muitos afirmaram no passado, as pessoas não podem
ser separadas em raças.
A comprovação definitiva desse fato aconteceu em 2003, quando cientistas do Projeto
Genoma concluíram o sequenciamento genético de 94% do DNA humano. Ao analisarem
os genes formadores de nossas características físicas, os cientistas observaram que as dife-
renças das sequências genéticas entre dois indivíduos não chegam a 1%.
As variações encontradas – como a cor da pele ou dos olhos, por exemplo – são resul-
tado do processo evolutivo do ser humano diante da necessidade de se adaptar às condições
ambientais em que passou a viver.
Segundo os cientistas, o cabelo crespo, por exemplo, surgiu como uma forma de pro-
teger o couro cabeludo das pessoas que viviam em regiões de clima quente. Esse tipo de
cabelo forma uma camada de ar entre o couro cabeludo e o ambiente, protegendo a cabeça
GLOSSÁRIO
1 (UFPE – Adaptada) Alguns historiadores afirmam que a b) Elabore um novo conceito para denominar o período em
História iniciou quando a humanidade inventou a escrita. questão. Tenha em mente as características do período e
Nessa perspectiva, o período anterior à criação da escrita busque um conceito que aborde tais características. Em
é denominado Pré-História. Sobre esse assunto, assinale a seguida, justifique sua escolha.
alternativa correta. c Nessa atividade, o aluno precisa refletir sobre as características
a) A história e a Pré-História só podem se diferenciar pelo dos primeiros hominídeos e elaborar um novo conceito para
critério da escrita. Logo, aqueles historiadores que não denominar esse período. A resposta é pessoal, mas é importante
concordam com esse critério estão presos a uma visão
que a escolha esteja justificada com base naquilo que se
teológica da História.
conhece sobre os primeiros hominídeos, como a inexistência
b) Esta afirmação não encontra qualquer contestação dos
verdadeiros historiadores, pois ela é uma prova irrefutável de sociedades complexas e sedentárias e a organização de
de que todas as culturas evoluem para a escrita. pequenos agrupamentos nômades.
c) Os historiadores que defendem a escrita como único
critério que diferencia a História da Pré-História reafir-
mam uma visão tradicional da História, que ignora a uti-
lização de outras fontes históricas para o conhecimento
do passado.
d) A escrita não pode ser vista como critério para distinguir a
História da Pré-História, pois o aspecto econômico é con-
siderado um critério muito mais importante.
e) Os únicos historiadores que defendem a escrita como cri-
tério são os franceses, em razão da influência da filosofia 3 (Pasusp)
iluminista. Há três milhões de anos, os ancestrais dos seres hu-
manos ainda passavam grande parte de suas vidas nas ár-
2 O conceito de Pré-História representa, tradicionalmente, o vores. Mas, de acordo com um novo estudo, é possível que
período entre o aparecimento da humanidade e a invenção naquela época eles já caminhassem como bípedes. Há mais
da escrita. Porém, atualmente, esse conceito é visto com res- de 30 anos foi descoberto em Laetoli, na Tanzânia, um
salvas. Sobre isso, responda: rastro de pegadas fósseis depositadas há 3,6 milhões de
a) Por que esse conceito não é mais inteiramente aceito pe- anos e preservadas em cinzas vulcânicas. A importância
los historiadores? dessas pegadas para o estudo da evolução humana tem
O conceito deve ser visto com ressalvas porque hoje se sido intensamente debatida desde então. As pegadas, que
entende que outras fontes de informação, além do registro
mostravam clara evidência de bipedalismo – a habilidade
para caminhar na posição vertical –, haviam sido produzi-
escrito, podem ser úteis no processo de conhecimento
das, provavelmente, por indivíduos da única espécie bípe-
histórico. Imagens, objetos e relatos orais, por exemplo. de que vivia naquela área na época: os Australopithecus
Programas tecnológicos também ajudam a resgatar o passado. afarensis. Essa espécie inclui Lucy, um dos fósseis de ho-
minídeos mais antigos encontrados até hoje e cujo esque-
leto é o mais completo já conhecido.
Agência Fapesp, 22 mar. 2010. Disponível em: <www.agencia.fapesp.br/
boletim/22032010>. Acesso em: 1o jul. 2010. Adaptado.
De acordo com o texto: c
a) as pegadas fósseis encontradas na Tanzânia eram de indi-
víduos da espécie Homo sapiens.
b) o homem evoluiu a partir de macacos que viviam em
HISTÓRIA
árvores.
c) os Australopithecus afarensis caminhavam na posição
vertical.
d) Lucy é o mais antigo fóssil da espécie Homo sapiens já
encontrado.
e) Lucy e os da sua espécie não tinham habilidades para
caminhar na posição vertical.
Neanderthal Sapiens
Não há indícios de um sistema de troca entre eles. Comércio Trocavam alimentos e artefatos.
Os caçadores mais habilidosos iam atrás dos animais, os demais se dedicavam a outras
Não tinham. Divisão do trabalho
tarefas.
Rudimentar. Linguagem A fala articulada aumentou a capacidade de organização do grupo.
Não entendiam símbolos, por isso não faziam arte. Cultura O pensamento simbólico permitiu a evolução da linguagem e a comunicação.
As ferramentas evoluíram muito pouco. Evolução tecnológica A troca entre diferentes grupos acelerou o desenvolvimento tecnológico.
5 (UFRGS-RS) Recentemente, no estado americano de Arkansas, a teoria da evolução elaborada por Charles Darwin foi retirada dos
currículos e teve proibida a sua utilização. Não obstante, os estudos paleontológicos, antropológicos e arqueológicos vêm possi-
bilitando avanços na compreensão do período da Pré-História, confirmando a existência de um longo período em que ocorreu o
processo de hominização. Sobre esse processo, analise as afirmações abaixo.
I. As mais antigas formas de vida humana registradas pela Paleontologia denominam-se hominídeos, como comprovam os acha-
dos dos fósseis identificados como Australopithecus, Pithecantropus, Sinantropus, entre outros.
II. Os fósseis demonstram que, no curso evolutivo da Humanidade, mais de um milhão de anos antes de surgir o Homo Sapiens,
existiram várias espécies a caminho da humanização, e as mudanças físicas ocorridas ao longo de centenas de milhares de anos
propiciaram sua adaptação a qualquer ambiente.
III. As evidências arqueológicas indicam que a espécie humana não nasceu pronta nem física, nem culturalmente. Necessitou de
um enorme período de tempo para desenvolver um conjunto de habilidades técnicas e de conhecimentos que lhe permitisse
elaborar instrumentos de trabalho e utensílios.
O povoamento da América
Ainda hoje, a ciência não chegou a uma explicação única a respeito de quando os primeiros huma-
GLOSSÁRIO
nos atingiram o continente americano. A Teoria Clóvis, formulada na primeira metade do século XX, Era Glacial:
afirma que, há cerca de 15 mil anos, grupos de caçadores-coletores teriam saído do nordeste da Ásia, diz-se do período em que as tem-
peraturas do planeta chegaram a ní-
atravessado o estreito de Bering e chegado ao Alasca.
veis extremamente baixos e grandes
Isso só teria sido possível porque, naquela época, o planeta vivia sua última Era Glacial, durante porções da superfície terrestre foram
a qual as águas do mar baixaram drasticamente, deixando descoberto o fundo do estreito de Bering. cobertas por espessas camadas de
Do Alasca, essa população teria alcançado a América do Sul há 11 500 anos. gelo. Acredita-se que a Terra já te-
nha passado por pelo menos quatro
Entretanto, descobertas arqueológicas mais recentes recuam a chegada do ser humano à Amé- grandes períodos glaciais; o primeiro,
rica para muito antes dessa data. Para alguns pesquisadores, existiriam vestígios da presença humana e provavelmente o mais intenso, teria
no continente de até 50 mil anos, o que obrigaria os estudiosos a rever a Teoria Clóvis. As pesquisas ocorrido entre 800 e 600 milhões de
coordenadas pela arqueóloga brasileira Niède Guidon na região de São Raimundo Nonato (Piauí) anos atrás.
contribuíram decisivamente para esse debate.
Outra polêmica recente refere-se à ideia, defendida pelo pesquisador brasileiro Walter Neves,
de que houve mais de uma leva de migração pelo estreito de Bering. Para reforçar essa hipótese,
Neves baseia-se no crânio de uma mulher encontrado em 1975 em Lagoa Santa (MG) e à qual
se deu o nome de Luzia. Ela teria vivido há cerca de 11 500 anos e apresentaria características
morfológicas mais próximas dos aborígenes negroides da Austrália do que dos mongoloides
asiáticos.
MARCOS HERMES/
ARQUIVO DA EDITORA
OCEANO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer
OCEANO
PACÍFICO
Equador
0º
HISTÓRIA
OCEANO
OCEANO
ATLÂNTICO
ÍNDICO Reconstituição da cabeça de Luzia
Trópico de feita na Universidade de Manchester,
Capricórnio Inglaterra, com a ajuda de tomografias
Limites atuais computadorizadas. A reconstrução
N
revela uma face de traços africanos,
Grupos humanos não mongólicos
0 2 157 em contraste com a dos indígenas de
Grupos humanos mongólicos características mongoloides encontrados
km
por Cabral em 1500.
OS PRIMEIROS CULTIVOS
Com o fim da Era Glacial, o clima tornou-se mais ameno e o solo, mais fértil. Grupos nômades
começaram a construir cabanas junto a rios e lagos, onde pescavam, abasteciam-se de água, caçavam
e coletavam cereais silvestres.
Levados para os acampamentos, onde eram moídos e cozidos, muitos desses grãos de cereais
caíam acidentalmente no solo e é provável que as pessoas tenham percebido que, com o tempo, eles
germinavam. Segundo alguns estudiosos, foi dessa maneira que o ser humano aprendeu a cultivar a terra.
As evidências encontradas indicam que o domínio da agricultura ocorreu de forma indepen-
dente em diferentes lugares do mundo. Os primeiros cultivos parecem ter surgido na região de Jericó,
no Oriente Médio, há cerca de 10 mil anos. Nessa mesma época, na América, grupos humanos já
cultivavam abóboras na atual região do Equador.
Povos sedentários
O domínio da agricultura provocou uma grande transformação na vida dessas populações, a
ponto de ser chamado de Revolução Agrícola. Com a agricultura, as pessoas passaram a controlar
melhor seus estoques de alimentos. A tomada de consciência dessa nova capacidade resultou em
um aprimoramento das técnicas agrícolas e provocou inúmeras mudanças nos grupos humanos.
Com o desenvolvimento da agricultura, os seres humanos passaram a elaborar melhor seus
instrumentos e utensílios de pedra. Essa mudança, à qual se acrescentou mais tarde a utilização dos
metais como matéria-prima, levou os cientistas a dividir a chamada Pré-História em três períodos:
Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada: do surgimento dos primeiros seres humanos até 8000 a.C.
Caracterizado por instrumentos rústicos, não polidos.
Neolítico ou Nova Idade da Pedra: de 8000 a.C. a 5000 a.C. Principais características: instrumentos
de pedra polida, agricultura e sedentarização.
Idade dos Metais: de 5000 a.C. à invenção da escrita.
Durante o Neolítico, o maior estoque de alimentos permitiu que algumas comunidades cres-
cessem. Em certos lugares, os homens passaram a derrubar árvores e a preparar o terreno para o
plantio. Para isso, desenvolveram novas ferramentas de pedra, sílex ou madeira, como machados,
foices, enxadas e arados. As mulheres, por sua vez, se ocupavam da colheita.
Quase ao mesmo tempo que o domínio da agricultura, houve a domesticação de animais –
cabras, ovelhas, cães, porcos, cavalos e bois –, que passaram a ser utilizados como meio de transporte,
como fonte de leite, lã e esterco, além de carne para os períodos de fome.
Ugarit
Chipre (3000 a.C.) MESOPOTÂMIA
Mar
Rio
Rio
Tig
s
r
(5000 a.C.)
te
e
Jericó HEBREUS Nipur (4000 a.C.)
(10000 a.C.) Mar Uruk (4000 a.C.) Lagash (4000 a.C.)
Morto
Mênfis Ur (4000 a.C.) Eridu (4000 a.C.)
(3000 a.C.)
Nilo
Rio
Go
lfo
Pé
rs
DESERTO ico
Ma
DA
rV
N
EGITO ARÁBIA
erm
elh
0 225
o
km
Com o crescimento populacional, surgiram novos problemas. Sobreviver nos lugares de clima
árido, por exemplo, exigia um enorme esforço coletivo. A população dessas regiões precisava cons-
truir reservatórios para garantir água nos períodos de seca, erguer diques para controlar as cheias dos
rios e abrir canais para irrigar as plantações.
No entanto, isso só poderia ser feito se o grupo estivesse bem organizado e preparado para
enfrentar os problemas surgidos com a sedentarização, entre os quais doenças contagiosas, como
sarampo, gripe e catapora, resultantes do contato com animais domésticos, ou a disenteria, provo-
cada pelo acúmulo de dejetos.
Além disso, esses agrupamentos humanos sofriam com a ação de ladrões nômades e com as
tempestades de areia e inundações repentinas.
Tudo isso exigia uma melhor divisão de tarefas: enquanto algumas pessoas se responsabilizavam
por obras como a construção de diques e de canais de irrigação, outras cuidavam da agricultura
e da fabricação de ferramentas e de utensílios. O resultado desse esforço foi um gradual avanço
tecnológico, que culminou na invenção da roda, do arado de tração animal, do barco a vela e na
fundição de metais, atividade iniciada por volta de 5000 a.C. Com a metalurgia, tornou-se possível
GLOSSÁRIO
Estratificação social:
criar ferramentas, armas e outros utensílios do tamanho e do formato desejados.
divisão da sociedade em camadas
À medida que algumas atividades e profissões assumiram maior importância, começaram a se (ou estratos) superpostas. Essa divi-
afirmar os primeiros graus hierárquicos (pessoas que mandavam e pessoas que obedeciam) e formas são é estabelecida pelas diferenças
iniciais de estratificação social. existentes entre os grupos sociais,
Graças à autoridade moral, à capacidade de liderança ou à riqueza, alguns indivíduos passaram em termos de riqueza, prestígio ou
a ser consultados em relação a determinadas questões. Outros se destacaram como chefes guerreiros, poder, ou todas as formas combi- HISTÓRIA
nadas. O conceito de estratificação
ou seja, por sua capacidade de conduzir o grupo nos conflitos com grupos rivais. Em vários casos, social tem sido útil para a descrição
essas pessoas (e os grupos sociais a que estavam ligadas) adquiriram privilégios e poder sobre os das diversas sociedades. Entretanto,
demais, tornando-se governantes e reis. alguns pensadores, sobretudo os da
Com o crescimento das comunidades, aumentou a procura por alimentos e utensílios, inten- tradição marxista, preferem utilizar os
conceitos de classe social e de luta de
sificando o comércio com outros grupos. Um dos resultados desse processo foi o surgimento, há classes em suas análises da sociedade
cerca de 10 mil anos, dos primeiros núcleos urbanos, como Çatal Hüyük e Jericó (veja novamente o e da História.
mapa desta página).
6 Para a maioria dos especialistas, nossa espécie se originou na África e, posteriormente, ocupou outros continentes. Descreva de
que modo o gênero Homo povoou o planeta.
De acordo com os pesquisadores, grupos humanos da espécie Homo erectus seguiram o curso do rio Nilo, na África, e alcançaram a Ásia e a
Europa. Essa espécie, porém, desapareceu há cerca de 300 mil anos. A ocupação de todos os continentes (menos a Antártida) só foi concretizada
pelo Homo sapiens sapiens por volta de 12000 a.C.
7 (UTFPR) Tradicionalmente, podemos definir a Pré-História como o período anterior ao aparecimento da escrita. Portanto, esse
período é anterior a 4000 a.C., pois foi por volta desta época que os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme. Com base
nesse entendimento, qual a alternativa que apresenta características das atividades do homem na fase paleolítica? e
a) Os homens aprenderam a polir a pedra. A partir de então, conseguiram produzir instrumentos (lâminas de corte, machados,
serras com dentes de pedra) mais eficientes e mais bem-acabados.
b) Os homens descobriram uma forma nova de obter alimentos: a agricultura, que os obrigou a conservar e cozinhar os cereais.
c) Semeando a terra, criando gado, produzindo o próprio alimento, os homens não tinham mais por que mudar constantemente
de lugar e tornaram-se sedentários.
d) Os homens conheciam uma economia comercial e já praticavam os juros.
e) Os homens ainda não produziam seus alimentos, não plantavam e nem criavam animais. Em verdade, eles coletavam frutos,
grãos e raízes, pescavam e caçavam animais.
8 (UFPEL-RS) Analisando a linha do tempo, no período que vai do surgimento do homem ao desenvolvimento da agricultura, encon-
tra-se a fase: e
a.C. d.C.
Cerca de Cerca de Cerca de
Cerca de 4 milhões 6 mil anos a.C.
10 mil anos a.C. 4 mil anos a.C.
de anos a.C.
Desenvolvimento
da agricultura Invenção Revolução
Surgimento dos da escrita Queda do Francesa
primeiros hominídeos Império
Uso dos Romano do
Ocidente Tomada de
metais Constantinopla
Nascimento de
Cristo
Pré-História História
HISTÓRIA
3 A sobrevivência em ambientes de clima árido exigia um es- Representação livre da evolução humana. Habitualmente, essa
evolução é representada como uma “caminhada” de figuras do sexo
forço coletivo das diversas aglomerações humanas que ha- masculino. Aqui, o artista inovou, introduzindo figuras femininas
bitavam essas regiões. Como era organizado esse esforço? como representantes da cadeia evolutiva da humanidade.
Homo
Homo habilis Paranthropus
ergaster robustus Paranthropus
boisei 2 MAA
Kenyathropus
rudolfensis
Australopithecus
garhi Paranthropus
Australopithecus
aethiopicus
africanus 3 MAA
5 MAA
Ardipithecus
kadabba 6 MAA
Orrorin
tugenensis
Sahelanthropus
tchadensis
7 MILHÕES DE ANOS ATRÁS (MAA)
Árvore genealógica da espécie humana feita com base nos conhecimentos disponíveis em 2007. À direita está registrado, em milhões de
anos, o momento em que cada espécie apareceu.
3 (UFPEL-RS)
Texto 1
Em todo o mundo, a leste e a oeste, as populações começaram a trocar a dependência às hordas de grandes animais
“muitas das quais em rápido declínio” pela exploração de animais menores e de plantas. [...] Onde as condições fossem
particularmente adequadas [...], as peças do quebra-cabeça da domesticação se acomodaram e os coletores transformaram-se
em agricultores.
CROSBY, Alfred W. Imperialismo ecológico. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
Texto 2
HISTÓRIA
Os historiadores acostumaram-se a separar a coleta e a agricultura como se fossem duas etapas da evolução humana
bastante diferentes e a supor que a passagem de uma à outra tivesse sido uma mudança repentina e revolucionária. Hoje,
contudo, admite-se que essa transição aconteceu de maneira gradual e combinada. Da etapa em que o homem era inteira-
mente um caçador-coletor passou-se para outra em que começava a executar atividades de cultivo de plantas silvestres [...]
e de manipulação dos animais [...]. Mas tudo isso era feito como uma atividade complementar da coleta e da caça.
VICENTINO, Cláudio. História para o Ensino Médio: História geral
e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2005.
ANOTAÇÕES
2 Descobrindo um novo
continente
Objetivo: Estudos recentes ampliam ainda mais o debate a respeito de como se deu o processo de
c Caracterizar e povoamento do continente conhecido hoje como América. Pesquisadores encontraram na Co-
identificar as primeiras lômbia 74 crânios humanos com idades que variam de 3 mil a 11 mil anos. O que chamou a
culturas que se atenção dos cientistas é que muitos desses crânios apresentam semelhanças morfológicas com
desenvolveram no o crânio de Luzia.
território que hoje Como vimos anteriormente, Luzia é o fóssil humano mais antigo da América, com 11,5 mil anos.
corresponde ao Brasil. Encontrado em Minas Gerais, seus traços morfológicos são mais semelhantes aos dos aborígines
australianos e africanos atuais do que aos dos indígenas encontrados pelos europeus na América.
A descoberta dos crânios colombianos sugere que esse grupo tenha permanecido na América
por quase 8 mil anos, tendo convivido com as populações de mongoloides que teriam chegado depois.
Essas populações de mongoloides asiáticos são os ancestrais dos atuais povos indígenas bra-
sileiros. Neste capítulo, conheceremos um pouco mais sobre as primeiras culturas indígenas que
floresceram em regiões que integram hoje o território brasileiro.
ELVER LUIZ MAYER/LABORATÓRIO DE ESTUDOS
EVOLUTIVOS DO DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA DO
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DA USP, SÃO PAULO
OS PRIMEIROS OCUPANTES
Em 1825, o naturalista dinamarquês Peter Lund mudou-se para o Brasil, onde residiu até morrer,
em 1880. Entre 1834 e 1844, ele se estabeleceu na aldeia de Lagoa Santa, em Minas Gerais, e começou
a estudar as cavernas da região. Ali, encontrou mais de 12 mil fragmentos de ossos fossilizados de
VEJA O FILME animais, além de alguns fósseis humanos, conservados durante milhares de anos.
Homens pré-históricos: vivendo Ao analisar o material, Lund descobriu que muitos desses ossos pertenceram a espécies extintas,
entre as feras, Discovery Channel. como o megatério, um bicho-preguiça de até sete metros de comprimento. Constatou ainda que
HISTÓRIA
Estados Unidos, 2002. (100 min). os seres humanos conviveram com esses animais gigantescos e que a presença humana em nosso
Documentário sobre a vida do território era muito mais antiga do que se imaginava na época.
homem pré-histórico entre 12 Um século depois de Lund, os pesquisadores já identificaram cerca de 20 mil diferentes sítios
e 40 mil anos atrás, procurando arqueológicos pré-históricos no Brasil, nos quais foram encontrados objetos de pedra e cerâmica,
sobreviver entre animais como esculturas e restos de alimentos de milhares de anos. Esses vestígios ajudam a reconstituir hábitos e
tigres-dente-de-sabre, mamutes
e ursos gigantes.
costumes dos primeiros ocupantes de nosso território, chamados de paleoindígenas. Uma das mais
importantes fontes desses estudos são as pinturas rupestres.
Luta gravada na rocha Esses dois arcos não fazem parte da cena da luta.
As inscrições rupestres são um dos mais Os arqueólogos chamam isso de intrusão, pois,
em um mesmo espaço pictórico, outro autor, com
belos e importantes vestígios deixados pelos
características culturais diferentes, alterou uma
paleoindígenas que viveram no que hoje é pintura já existente. Repare que o desenho dos
o território brasileiro. Encontradas em su- arcos tem características diferentes do desenho dos
perfícies rochosas, como paredes de grutas, guerreiros: o traço é mais grosso e a cor, mais escura.
cavernas e lajeados, essas imagens muitas
vezes representam animais, cenas de caça,
de luta ou de dança. Muitos desses registros
são também grafismos (figuras geométricas
ou sinais), cujos significados nos são desco- Esse espaço não pintado pode ser dividido por
nhecidos. uma linha oblíqua imaginária. Ele separa os
adversários em dois grupos e dá ao espectador
Em geral, as inscrições rupestres eram
uma impressão de profundidade. O uso desse
feitas com base em três técnicas: a pintura, procedimento técnico permite supor que quem
caracterizada pela preparação de uma tin- fez o desenho tinha domínio da utilização do
ta líquida composta de pigmentos minerais espaço e das técnicas de composição cenográfica.
(como o óxido de ferro) misturados com
água e gorduras vegetais e animais e aplica-
da sobre a parede com os dedos e com ins-
trumentos finos de madeira ou espinhos; o
desenho, que consistia em aplicar pigmentos
brutos (como carvão, urucum e jenipapo)
diretamente sobre a rocha; e a gravura, ou
Guerreiros atingidos por lanças.
seja, desenhos em baixo-relevo feitos com o
auxílio de ferramentas.
No Brasil, as pinturas rupestres mais an-
tigas são as da Serra da Capivara, no Piauí,
produzidas há cerca de 23 mil anos, segun-
do estudiosos. A foto desta seção, tirada em
um lugar da região conhecido como Toca da
Extrema II, registra desenhos produzidos ao
longo de milhares de anos.
A imagem central mostra uma cena de Lança arremessada em direção
luta em um estilo que os arqueólogos cha- a um inimigo.
mam de Tradição Nordeste. Esse estilo vigo-
rou na região entre 12 mil e 6 mil anos atrás.
Nem todos os desenhos observados na foto,
porém, fazem parte dessa cena ou pertencem
à Tradição, indicando, dessa maneira, que fo-
ram produzidos em diferentes momentos e
por grupos étnicos distintos. Figura antropomórfica, com traços essenciais de
Fontes: Entrevista dos autores com Anne-Marie um ser humano, como cabeça, braços, pernas e
Pessis em 10 dez. 2008; PESSIS, Anne-Marie. pé. Esse desenho não tem relação com a cena
Imagens da Pré-História. Parque Nacional Serra da da luta. Representa certamente um espírito, uma
Capivara: Fumdham/Petrobras, 2003; PROUS,
divindade ou mesmo um animal que assumiu
André; RIBEIRO, Loredana; JORGE, Marcos. Brasil
rupestre: arte pré-histórica brasileira. Curitiba: aparência humana.
Zencrane Livros, 2007.
Guerreiros adversários em
confronto corpo a corpo.
HISTÓRIA
Lagoa Santa
A região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, é outro dos principais sítios arqueológicos do país.
Foi encontrado nesse local o crânio de Luzia, além de machados de pedra.
Também é antiga a presença humana no Vale do Peruaçu, no Alto São Francisco (MG). Pesqui-
sas indicam que esse local começou a ser ocupado há aproximadamente 11 mil anos.
Razão secreta
Os estudiosos têm mais dúvidas que certezas quando o assunto são sambaquis. A principal questão é, exatamente, saber
por que razão essa população praieira empenhava tanto tempo e esforço em construí-los. Para responder a ela, há várias hipó-
teses. Em primeiro lugar, é preciso levar em conta que essa forma de ocupação do espaço predominou no litoral brasileiro du-
rante cerca de 5 mil anos. Um mesmo sambaqui, o Jabuticabeira II, de 6 metros de altura, 400 metros de comprimento e
200 metros de largura, em Jaguaruna (SC), esteve ativo durante mil anos. Ou seja, morros desse tamanho não se construíam da
noite para o dia. Eram necessárias gerações e gerações, que iam formando milhares de camadas de sedimentos, em diferentes
períodos históricos.
Durante muito tempo, os arqueólogos imaginaram que os sambaquieiros viviam em cabanas instaladas em cima desses mor-
ros. Conchas, ossos de peixe, lascas, ferramentas, esqueletos e buracos de estaca, todos esses elementos misturados seriam indícios
de que eles não separavam os ambientes destinados a ações como comer, despejar o lixo, enterrar os mortos. Faziam tudo no
mesmo lugar. Recentemente, no entanto, os estudiosos fizeram novas pesquisas, reviram os estudos, mudaram de ideia e apontaram
outros cenários.
De acordo com um deles, os sambaquieiros poderiam viver em uma parte específica dos morros e depositar os restos de
comida (ossos e conchas) em outra. “Ninguém faz lascas para sentar em cima”, acredita Maria Cristina Tenório, arqueóloga
do Museu Nacional. Escavações feitas no sítio do Condomínio do Atalaia, em Arraial do Cabo (RJ), mostraram “uma nítida
divisão entre área de habitação e de descarte, descoberta que nos fez rever a afirmativa de que esses grupos tinham suas
casas sobre o próprio lixo, hipótese defendida por muitos arqueólogos”, escreveu ela, em seu artigo “Os fabricantes de ma-
chados da Ilha Grande”.
Há ainda outro estudo que contesta a tese do multiuso para os sambaquis. As escavações conduzidas por Madu Gaspar
em Jabuticabeira II sugerem que ele fosse usado apenas como cemitério. Calcula-se que estejam ali nada menos que 43 mil
corpos enterrados, equivalentes a uma média de cerca de 1500 sepultamentos por geração. Isso permite supor que, em alguns
casos, haveria uma separação de funções entre os sítios. “A ideia, agora, é desenvolver mais estudos para saber se o Jabutica- HISTÓRIA
beira-II é uma exceção ou se é um modelo para os outros sítios”, diz Madu.
As novas interpretações também afirmam que montanhas de conchas mais altas, despontando na paisagem, funcionariam
para representar status na hierarquia da comunidade. Deviam pertencer, numa hipótese, às famílias mais poderosas. Os ar-
queólogos arriscam imaginar que, em cada morro, a população estabelecida não deveria passar de algumas centenas de ha-
bitantes. Possivelmente de uma mesma família, embora não se possa dizer com certeza.
TORRES, Juan. Castelos de areia, conchas e mortos. Aventuras na História. n. 66. São Paulo: Abril, 1o jan. 2009.
Sul e Sudeste
Por volta de 3500 a.C., desenvolveu-se no Sul e no Su-
deste uma cultura de agricultores e ceramistas conhecida
como povo de Itararé. Esses paleoindígenas se instalaram
em planaltos a mais de 800 metros acima do nível do mar,
em regiões frias. Para se abrigar, eles construíam suas habi-
tações abaixo do solo.
Para isso, escavavam buracos de até 8 metros de pro-
fundidade e 20 metros de diâmetro. Depois, cobriam-nos
com um teto feito provavelmente de madeira, argila e gra-
míneas. As habitações se comunicavam entre si por meio de
túneis, onde também ficavam guardados alimentos e alguns
objetos, como vasos de cerâmica.
Cerâmica marajoara.
Foto de 2013.
A terra preta
A terra preta é um solo de coloração escura, extremamente fértil, que, em certos sítios arqueológicos, aparece misturada a restos
de material, como cerâmicas, carvão e artefatos líticos (ou seja, de pedra). Ela é encontrada na Amazônia, próxima às margens dos rios.
As áreas de terra preta costumam ter de dois a seis hectares, mas há casos em que chegam a até 280 hectares. Em geral, a camada de
terra preta colocada sobre o solo tem de 30 a 60 cm de profundidade. Em alguns lugares, porém, pode chegar a 2 m.
A população que vive às margens dos rios utiliza a terra preta para a agricultura. Uma das razões da alta fertilidade dessa terra é
que ela tem mais fósforo, cálcio, enxofre, carbono, magnésio e nitrogênio do que a maior parte dos solos das florestas tropicais. Esses
elementos são fundamentais para o crescimento das plantas.
Até a década de 1980, acreditava-se que a terra preta teria se formado naturalmente ao longo do tempo. Hoje, cada vez mais os
pesquisadores se convencem de que ela teria surgido como resultado do manejo do solo praticado pelas populações humanas que
viveram na região amazônica cerca de mil anos atrás.
Com esse manejo, os paleoindígenas da região pretendiam melhorar a qualidade da terra para cultivar seus alimentos, uma vez
HISTÓRIA
que o solo amazônico não é suficientemente rico em nutrientes para esse tipo de plantação. Entretanto, embora os cientistas estejam
estudando a terra preta há décadas, até hoje não se sabe como ela era produzida.
Fontes: PIVETA, Marcos. A luz que o homem branco apagou. Disponível em:
<www.revistapesquisa.fapesp.br/novo_site/extras/imprimir.php?id=2281&bid=1>.
Acesso em: 4 jul. 2014; Solos de terra preta podem ser solução para a agricultura na Amazônia.
Disponível em: <www.museu-goeldi.br/destaqueamazonia/tpa.htm>. Acesso em: 4 jul. 2014.
MUSEU DE LONDRES
ministrado pela Fundação Museu do Homem Americano
(Fumdham).
c) A arqueóloga Niède Guidon, personalidade mais conhe-
cida entre os profissionais que atuam junto ao acervo
arqueológico de São Raimundo Nonato, tem protagoni-
zado, ao longo dos anos, vários conflitos e polêmicas com
o governo do Piauí, com órgãos federais como o Ibama e Exemplares de foices de épocas pré-históricas.
até mesmo com nativos do município de São Raimundo De cima para baixo, a de pedra polida com
Nonato. cabo de madeira adicionado posteriormente,
é do período Neolítico. A segunda, de bronze
d) Os achados arqueológicos de São Raimundo Nonato, no com cabo moderno, e a terceira, de ferro,
Piauí, assim como aqueles encontrados na Bahia, impõem foram produzidas na Idade dos Metais.
uma revisão das teorias sobre o povoamento da América
e não deixam dúvidas quanto à natureza autóctone do a) Você concorda com a frase: “Quem inventa não pode ter
homem americano. medo de errar”? Por quê?
e) Hoje, apesar de ainda ser forte a tese de o povoamento b) De todas as invenções e descobertas do ser humano ao
da América ter-se dado através do estreito de Bering, os longo da História, aponte cinco que você considera as
estudiosos, a partir de acervos arqueológicos como os mais importantes e justifique sua escolha.
do Piauí, consideram seriamente a hipótese de múltiplas c) De que forma o conhecimento do passado pode ajudar a
correntes de povoamento. Quanto à data da chegada dos transformar a realidade em que vivemos? Por quê?
3 Povos da Mesopotâmia
Objetivos: Em 2007, pela primeira vez na história da humanidade, o número de habitantes das cidades
c Situar e caracterizar o igualou-se ao das áreas rurais. Antes, a porcentagem de pessoas que viviam no campo era maior: em
processo de ocupação 1950, apenas 29% da população mundial residia em cidades. Segundo previsões da Organização das
da Mesopotâmia. Nações Unidas (ONU), em 2030 essa proporção chegará a 60%.
Viver em cidades é algo que o ser humano faz há mais de 10 mil anos. As primeiras eram na
c Analisar o processo verdade pequenas aldeias que cresceram pouco a pouco. Foram erguidas na região do Mediterrâ-
que levou ao neo oriental e na Mesopotâmia, no Oriente Médio. Nessa região viveram diversos povos, como os
surgimento da escrita sumérios, os assírios e os hititas.
cuneiforme. Neste capítulo, conheceremos alguns desses povos e o rico legado deixado por eles, entre os
c Apresentar algumas quais a invenção da escrita.
características dos
principais povos que AS CIDADES-ESTADO
se estabeleceram em
A Mesopotâmia fazia parte de uma região onde hoje estão localizados o Iraque, o Kuwait, a Síria
diferentes períodos na
e o sul da Turquia, no Oriente Médio. No passado, ela formava com o Egito um arco semelhante à lua
Mesopotâmia.
em quarto crescente. Por causa disso, e também pela boa qualidade de suas terrras para a agricultura,
esse arco ficou conhecido como Crescente Fértil (veja o mapa abaixo).
Palavra de origem grega, Mesopotâmia significa "entre rios". A região foi assim denominada por se
localizar em um vale entre dois grandes cursos de água: os rios Tigre e Eufrates. Formada basicamente
por uma planície ora desértica, ora pantanosa, com temperaturas que podem chegar a 50 graus à
sombra. Foi nessa região que, há milhares de anos, povos como os sumérios, os acadianos, os hititas, os
babilônios, os assírios e os caldeus se fixaram em aldeias e passaram a viver da agricultura.
Algumas dessas aldeias cresceram ao longo do tempo e, por volta de 4000 a.C., haviam se transforma-
do em cidades autossuficientes e autogovernadas. Em muitas delas, os governantes controlavam, além do
poder político, também o religioso. A autoridade desses soberanos, contudo, ficava quase sempre restrita
a sua cidade. É por isso que os historiadores caracterizam tais centros urbanos como cidades-Estado.
A Mesopotâmia na Antiguidade
Mar
Cáspio
TURQUIA
Nínive
MEDOS
ASSÍRIOS
FONTE: Grand atlas historique. Paris: Larousse, 2006.
Ri
Rio Euf
o Tigr
ra
s
te
SÍRIA Assur
e
Chipre
LÍBANO IRÃ
IRAQUE
VEJA O FILME Mar Mediterrâneo BABILÔNIOS
Nippur PERSAS
ISRAEL Babilônia
HISTÓRIA
Uruk
Mesopotâmia: retorno ao Éden, SUMÉRIOS
CALDEUS
série Civilizações Perdidas, 1997. JORDÂNIA Eridu Ur
EGITO
(48 min). ARÁBIA KUWAIT
Rio Nilo
Golfo
Documentário sobre a cultura SAUDITA Pérsico
e as tradições das antigas civili- N
Ma
Limites atuais
zações da região do Crescente
rV
0 248
erm
km
o
Semita:
grupo étnico e linguístico originário
Enquanto os sumérios dominavam o sul, a região central da Mesopotâmia era ocupada por
da Ásia ocidental que compreende os povos de origem semita, como assírios e acadianos. A partir de 2350 a.C., o rei da cidade de Acad,
hebreus, os assírios, os aramaicos, os Sargão, unificou sob seu governo não só as cidades do centro, mas também as do sul. Nascia, assim,
fenícios e os árabes. É também usado o Primeiro Império Mesopotâmico. Por volta de 2100 a.C., enfraquecido por revoltas internas, esse
como sinônimo de judeu. Daí a ex-
império foi destruído por povos inimigos.
pressão “antissemita” para designar o
racismo contra os judeus.
Babilônia e seu império
Com o declínio do império fundado por Sargão, destacou-se na Mesopotâmia a cidade da
Babilônia, habitada pelos amoritas, povo originário do deserto da Arábia. A expansão da cidade teve
início por volta de 1800 a.C. Entre 1792 e 1750 a.C., um dos reis babilônicos, Hamurabi, unificou toda
a região. Dessa unificação surgiu o Primeiro Império Babilônico (1800-1600 a.C.), cujos domínios iam
da Assíria, no norte, à Caldeia, no sul.
Hamurabi passou a nomear governadores, unificou a língua e a religião e determinou que os
vários mitos populares fossem fundidos em um único poema – a Epopeia de Marduk –, que passou
/GRUPO KEYSTONE
a ser lido em todas as festas do reino. Além disso, reuniu as diversas leis e sentenças pronunciadas
no império e unificou-as no Código de Hamurabi, um dos mais antigos corpos de leis de todos
os tempos.
Hititas e assírios
A/THE BRIDGEMAN ART LIBRAY
Após a morte de Hamurabi, o Império Babilônico sofreu invasões até se desintegrar por completo,
em 1600 a.C. Nessa época, os hititas, povo originário da Anatólia (na atual Turquia), conquistaram a
supremacia territorial e política da Mesopotâmia.
Entre as inovações introduzidas por esse povo destacam-se a metalurgia do ferro na fabricação
de armas e a utilização de carros de guerra com rodas de aros que tornavam esses veículos mais fáceis
MUSEU DO LOUVRE PARIS FRANÇ
de manobrar. Por volta de 1200 a.C., os hititas foram dominados pelos assírios, povo que vivia no
norte da Mesopotâmia. Começava, assim, o Império Assírio (1200-612 a.C.).
Os assírios foram o primeiro povo a constituir um exército disciplinado. Seu império chegou ao
fim em 612 a.C., quando os babilônicos destruíram Nínive, sua capital.
Ruínas de um templo de pedra da antiga cidade de Caral, em foto de 2008. Fundada por volta de 2600 a.C., Caral ficava na região hoje conhecida como
Norte Chico, no Peru.
Na época em que os sumérios erguiam cidades como Ur e Uruk na Mesopotâmia, começava a se desenvolver no continente
hoje conhecido como América uma sociedade igualmente complexa. Ela se estabeleceu nos vales de Norte Chico, região do Peru
atual, a cerca de 200 kilometros de Lima, cidade construída 5 500 anos mais tarde e hoje capital peruana.
Nas proximidades de quatro rios existentes na região surgiram pelo menos 25 cidades, algumas no interior do continente,
outras nas proximidades do Oceano Pacífico. A mais antiga delas é Huaricanga, fundada por volta de 3500 a.C. e considerada o
primeiro centro urbano da América. Outras cidades de Norte Chico estão também entre as mais antigas do mundo: Caballete
HISTÓRIA
(fundada por volta de 3100 a.C.), Porvenir e Upaca (2700 a.C.) e Caral (2600 a.C.).
A população de Norte Chico contava com um sistema de irrigação usado para o cultivo de frutas e de legumes. Entre ou-
tros produtos cultivados estava o algodão, usado na fabricação de tecidos e de redes para atividades pesqueiras. Os moradores
de Norte Chico também fizeram grandes construções, como prédios de até 26 metros de altura, praças circulares e pirâmides. A
partir de 1800 a.C., essa civilização entrou em decadência.
5 (UFC-CE) Leia com atenção as afirmativas a seguir sobre as e pátios internos. Finalmente, deve perceber que um dos
condições sociais, políticas e econômicas da Mesopotâmia. edifícios se destaca entre os demais, no centro do desenho.
a) Descreva os elementos arquitetônicos que aparecem no justamente o centro do poder em uma sociedade antiga. Indique
Professor, é importante que o aluno faça uma descrição detalhada edifício, mais alto que os demais, parecido com uma pirâmide
do desenho para que possa perceber as singularidades de uma com vários andares. Esse edifício, conhecido como zigurate,
cidade antiga, levantar hipóteses e chegar a conclusões sobre era um templo comum a diversos povos da Mesopotâmia.
a organização política de uma sociedade antiga. Na descrição, O zigurate era uma edificação dedicada aos deuses, cuja
ele deve perceber a existência de um muro com torres que entrada era permitida exclusivamente aos sacerdotes.
circunda a cidade, a organização geométrica dos edifícios,
todos de grandes dimensões e definidos por áreas exteriores
Rio
te s T ig
re
comércio e, principalmente, servos vínculados às terras estatais
constituíam a base da pirâmide social. O poder despótico do
Go soberano, detentor das terras e senhor dos homens nela
lfo
Pé
DESERTO DA
rs
ico estabelecidos, caráter divino do era frequentemente justificado
EGITO ARÁBIA pelo governo (“teocracia”).
Trópico de C
âncer
Ma
r Ve
ilo
rme
oN
lho
0 390
Área do crescente fértil
km
PARAPARA PRATICAR
PRATICAR Se um homem acusou outro de assassinato mas
não puder comprovar, então o acusador será morto.
1 (Ufscar-SP) Entre as transformações havidas na passagem da Se um homem ajudou a apagar o incêndio da
Pré-História para o período propriamente histórico, destaca- casa de outro e aproveitou para pegar um objeto do
-se a formação de cidades em regiões de: dono da casa, este homem será lançado ao fogo.
a) solo fértil, atingido periodicamente pelas cheias dos rios, Se um homem cegou o olho de outro homem, o
permitindo grande produção de alimentos e crescimento seu próprio será cegado. Mas, se foi olho de um escra-
populacional. vo, pagará metade do valor desse escravo.
b) difícil acesso, cuja disposição do relevo levantava barreiras na- Se um escravo bateu na face de um homem livre,
turais às invasões de povos que viviam do saque de riquezas. cortarão a sua orelha.
c) entroncamento de rotas comerciais oriundas de países Se um médico tratou com faca de metal a ferida
e continentes distintos, local de confluência de produtos grave de um homem e lhe causou a morte ou lhe inu-
exóticos. tilizou o olho, as suas mãos serão cortadas. Se a vítima
d) riquezas minerais e de abundância de madeira, condições for um escravo, o médico dará um escravo por escravo.
necessárias para a edificação dos primeiros núcleos urbanos. Se uma mulher tomou aversão a seu marido e não
e) terra firme, distanciada de rios e de cursos d’água, com grau quiser mais dormir com ele, seu caso será examinado
de salubridade compatível com a concentração populacional. em seu distrito. Se ela se guarda e não tem falta e o seu
2 As primeiras cidades da Mesopotâmia formaram-se por volta marido sai com outras mulheres e despreza sua esposa,
de 4000 a.C. Por que os historiadores costumam chamá-las de ela tomará seu dote de volta e irá para a casa do seu pai.
“cidades-Estado”?
Assinale a alternativa correta:
3 (Uece) Os sumérios foram os primeiros habitantes da Meso- a) As leis aplicavam-se somente aos homens livres e que
potâmia. Eles se autodenominavam “as cabeças negras” e a possuíssem propriedades.
região na qual habitavam denominavam de “terra de Sumer”. b) Estabeleceu o princípio que todos eram iguais perante a
Sobre este povo, assinale o correto. lei e por isso um escravo teria os mesmos direitos que um
a) Eram nômades, voltados para a guerra e a conquista de homem livre.
novos territórios. Ao contrário de outros povos, repudia- c) O Código de Hamurabi representava os ideais democráti-
vam o comércio, não possuíam uma cultura definida ou cos do Império Babilônico.
uma religião organizada, com um panteão e seu ritos. d) O código tinha como princípio a “pena de talião” resumida
b) Oriundos de diversos grupos étnicos, vindos do deserto na expressão “olho por olho, dente por dente”.
da Síria, começaram a penetrar aos poucos nos territórios e) O Código considerava a mulher propriedade do homem e
da região mesopotâmica em busca de terras agricultáveis. sem direitos.
Eram conhecidos pela sua habilidade no comércio.
c) Eram sedentários. Agricultores, realizaram obras de irriga- PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
ção e canalização dos rios. Construíram as primeiras cida-
des fortificadas que funcionaram como cidades-Estado.
1 Os rios desempenharam papel fundamental no surgimento das
Utilizavam técnicas de metalurgia e a escrita.
primeiras civilizações. Além de úteis no transporte de pessoas e
d) Eram, sobretudo, comerciantes e artesãos. Sem nenhuma
mercadorias, eles asseguravam a sobrevivência da população ao
aquisição cultural significativa. Fundaram um império uni-
garantir o abastecimento de peixes e água potável. Nas cheias,
tário com um regime político único. Descendentes dos se-
mitas, foram os primeiros a buscar uma religião monoteísta. quando os rios transbordavam, as águas fertilizavam suas mar-
gens, proporcionando assim um solo ideal para agricultura.
4 Que tipo de organização política substituiu as cidades-Esta-
Passados muitos séculos, a água continua sendo elemento essen-
do na região mesopotâmica?
cial para a vida na Terra. Mas é um recurso natural finito. De toda
5 (PUC-PR – Adaptada) O Império Babilônico dominou dife- a água existente no mundo, somente 2,5% são de água doce, os
rentes povos como os sumérios, os acádios e os assírios. Para outros 97,5% são de água salgada, impróprias para o consumo.
governar povos tão diferentes, o rei Hamurabi organizou o Fatores como a poluição, a urbanização e a industrialização
primeiro código de leis escritas, o Código de Hamurabi. A se- descontroladas, o desperdício e a distribuição desigual trans-
guir, leia parte desse documento. formam a água em recurso escasso e não renovável. Reverter
DAVID TURNLEY/CORBIS/LATINSTOCK
cheias e desenvolveram uma pecuária semiextensiva, se-
DAVID TURNLEY/CORBIS/LATINSTOCK
melhante à da Campanha Gaúcha.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I. d) apenas III e IV.
b) apenas II. e) I, II, III e IV.
c) apenas I, II e III.
4 (UFSC)
Bagdá – O famoso tesouro de Nimrud, desaparecido
há dois meses em Bagdá, foi encontrado em boas condições
em um cofre no Banco Central do Iraque em Bagdá, sub-
merso em água de esgoto, segundo informaram autorida-
des do exército norte-americano. Cerca de 50 itens do
Até 1960, a grande extensão de areia que aparece na foto esteve Museu Nacional do Iraque estavam desaparecidos desde os
coberta pelas águas do mar (ou lago) de Aral, entre as repúblicas do saques que seguiram à invasão de Bagdá pelas forças da
Cazaquistão e do Uzbequistão, que faziam parte da ex-União Soviética. coalizão anglo-americana.
O mar de Aral era, por essa época, alimentado por dois rios que Os tesouros de Nimrud datam de aproximadamente
atravessam a região. A partir de 1960, o governo da ex-União Soviética
900 a.C. e foram descobertos por arqueólogos iraquianos
começou a desviar as águas desses rios para projetos de irrigação.
Passadas algumas décadas, o grande lago perdeu 80% de sua superfície nos anos 1980, em quatro túmulos reais na cidade de
e boa parte dele se transformou em um deserto, como mostra a foto. Nimrud, perto de Mosul, no norte do país. Os objetos de
ouro e pedras preciosas foram encontrados no cofre do
Faça uma pesquisa sobre a média de consumo de água em Banco Central, em Bagdá, dentro de um outro cofre, sub-
sua casa. Traga para a classe a última conta de água recebida e merso pela água da rede de esgoto.
calcule o consumo médio diário de sua família. Compare com Os tesouros, um dos achados arqueológicos mais sig-
o consumo de seus colegas e, juntos, produzam um gráfico nificativos do século 20, não eram expostos ao público des-
com os seguintes dados: média de consumo das famílias; re- de a década de 1990. Uma equipe de pesquisadores do
sidências que estão de acordo com a recomendação da ONU; Museu Britânico chegará na próxima semana a Bagdá para
economia (em porcentagem) que deve ser feita para que as estudar como proteger os objetos.
famílias consumam de acordo com as recomendações. O Estado de S. Paulo. Versão eletrônica.
São Paulo, 7 jun. 2003. Disponível em: <www.estadao.com.br>.
2 Reflita sobre os motivos que levaram as pessoas a viver em Assinale a(s) proposição(ões) correta(s) em relação às socie-
cidades na Antiguidade. Pense também sobre o que leva as dades que se desenvolveram naquela região na Antiguidade.
pessoas a viver em cidades atualmente. Em seu caderno, es- (01) A região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, onde
creva um texto sobre o assunto e apresente-o à classe. hoje se localizam os territórios do Iraque, do Kweite (Kwait)
e parte da Síria, era conhecida como Mesopotâmia.
3 (UFSM-RS) (02) Na Mesopotâmia viveram diversos povos, entre os quais
Bernardo conversa em rã como quem conversa em Ara- podemos destacar os sumérios, acádios, assírios e babilô-
maico. Pelos insetos que usa ele sabe o nome das chuvas. nios.
O guardador de águas, de Manoel de Barros. (04) A religião teve notável influência na vida dos povos da
Bernardo, a personagem de O guardador de águas, vive num Mesopotâmia. Entre eles surgiu a crença em uma única
território pantanoso (provavelmente no Mato Grosso do Sul), divindade (monoteísmo).
como a região entre os rios Tigre e Eufrates, berço da civiliza- (08) Os babilônios ergueram magníficas construções feitas
ção sumeriana. com blocos de pedra, das quais são exemplos as pirâmi-
Aproximando os dois ambientes naturais, analise as seguintes des de Gizé.
afirmações: (16) Os povos da Mesopotâmia, além da significativa con-
HISTÓRIA
I. Nesse espaço geográfico, as sociedades se organizam a tribuição no campo da Matemática, destacaram-se na
partir do ciclo das águas, e o tempo das cheias marca a Astronomia e entre eles surgiu um dos mais famosos
vida econômica. códigos de leis da Antiguidade, o de Hamurabi.
II. Na antiga Mesopotâmia, o controle das cheias foi funda- (32) Muitos dos povos da Mesopotâmia possuíram governos
mental para o desenvolvimento da agricultura e das cida- autocráticos. Entre os caldeus surgiu o sistema demo-
des-Estado. crático de governo.
4 A civilização egípcia
Objetivos: As pirâmides fazem parte da paisagem do Egito e são um símbolo do país. As mais famosas são
as chamadas pirâmides de Gizé, construídas há mais de 4 mil anos e localizadas nas proximidades
c Abordar aspectos do
da atual capital egípcia, Cairo. Porém, elas não são as únicas. Em todo o Egito são conhecidas mais
processo de formação
de 130 pirâmides e, graças aos avanços tecnológicos, os arqueólogos continuam descobrindo novas.
do Egito antigo.
Usando imagens de satélites com raios infravermelhos, uma equipe de arqueólogos da Univer-
c Identificar o papel do sidade de Alabama, nos Estados Unidos, encontrou em Saqqara, a cerca de 30 kilometros do Cairo,
faraó na sociedade dezessete pirâmides de mais de 3 mil anos soterradas sob areia e lama. A descoberta ocorreu em
egípcia. 2011, e, próximo das pirâmides, os arqueólogos encontraram mais de mil túmulos e cerca de 3 mil
habitações milenares também soterradas. As construções pertenciam à cidade de Tanis, fundada no
c Analisar aspectos da século XII a.C. e abandonada no século VI.
sociedade, da religião, As escavações na região podem trazer muitas informações sobre a antiga civilização egípcia, que
da cultura e do
teve início no norte da África há mais de 5 mil anos, e cujas realizações ainda hoje nos impressionam
conhecimento científico
e surpreendem.
do Egito antigo.
ÀS MARGENS DO NILO
Localizado no norte da África, o Egito tem seu território quase todo ocupado pelo deserto do
Saara. Por isso, a maior parte de sua população encontra-se nas margens e no delta do rio Nilo, que
atravessa o país de norte a sul. Essa ocupação é basicamente a mesma há quase 8 mil anos.
As águas do Nilo transbordam de seu leito todos os anos entre junho e outubro, em razão das
chuvas tropicais na nascente do rio. O húmus trazido pelas enchentes torna o solo da região excelente
para a agricultura. Durante milhares de anos, a população que vivia nessa região aprendeu a drenar terre-
nos, a construir diques e canais e a erguer suas habitações e celeiros em locais elevados, longe das águas.
Com o passar dos séculos, esse trabalho comunitário organizado propiciou excedentes agrícolas e
fez com que os pequenos núcleos populacionais evoluíssem para povoados e vilas com maior estrutu-
ra. Essas aldeias passaram a ser conhecidas como nomos, e o chefe de cada uma delas, como nomarca.
Grande parte da população dos nomos era formada por agricultores – os felás –, que com o linho
faziam roupas e velas de barco e com a cevada produziam cerveja. O rio era o principal sistema de co-
municação e de transporte. Para essas pessoas, somente a ação dos deuses explicava o privilégio de elas
morarem em uma terra de abundância rodeada por áreas de seca e de fome.
A unificação do Egito
Os nomarcas mais eficientes na tarefa de garantir a alimentação de suas comunidades passaram
a personificar os deuses protetores dos nomos. Assim, gradativamente, o poder político e adminis-
trativo dos nomos se fundiu ao poder religioso.
Ao mesmo tempo, os governantes mais destacados começaram a incorporar novos territórios
a seus nomos, transformando a região em uma área de diversos pequenos “reinos”. Por volta de
3500 a.C., os nomos foram unificados em apenas dois reinos: o do delta e o do Vale do Nilo – tam-
bém chamados de Baixo Egito e Alto Egito, respectivamente.
Aproximadamente trezentos anos depois, um rei do Vale do Nilo chamado Menés (também
conhecido como Narmer, Men ou Meni) conquistou a região do delta. Pela primeira vez alguém foi
coroado como faraó do Egito, ou seja, um misto de monarca e chefe religioso. O símbolo de seu
poder era uma coroa dupla nas cores branca e vermelha, que representava a união das duas regiões
em um único e centralizado império.
Rio
elh
ES
Rio
Eu
o
frat
es OP
ÁFRICA
Tig
Equador
FONTE: World history atlas: mapping the human journey. London: Dorling Kindersley, 2005. Adaptado.
re
OCEANO Chipre
O
OCEANO ÍNDICO FENÍCIA
TÂ
ATLÂNTICO
Biblos
M
o
Trópico de Capricórnio
IA
rdã
Sídon
Jo
Tiro
Rio
PALESTINA
(CANAÃ)
Jerusalém
DESERTO Saís Tânis Mar
DA LÍBIA Gaza Morto
Heliópolis Pirâmide escalonada de Saqqara, no Egito. Foto de 2009.
Mênfis
Gizé
Tínis N
Tebas 0 198
Vale das Rainhas
r V
km
erm
1ª- catarata
e
Baixo Egito
lho
Trópico de Câncer
Alto Egito
2ª- catarata Terras férteis
Kumma
Região conquistada
no Novo Império
NÚBIA
3ª- catarata Extensão máxima do
Novo Império (1580
a 525 a.C.)
4ª- catarata
Pirâmides
PARA CONSTRUIR
1 Tendo em vista o que você já estudou sobre a formação das pri- mero de dias, sendo que permanece baixo o inverno intei-
meiras aglomerações humanas, explique a seguinte afirmação: ro, até um novo verão.
“Com o passar dos séculos, o trabalho comunitário propiciou exce- Alguns gregos apresentam explicações para os fenô-
dentes agrícolas e transformou pequenos núcleos populacionais menos do rio Nilo. Eles afirmam que os ventos do noroes-
em povoados”. Essa frase se aplica também à sociedade egípcia? te provocam a subida do rio, ao impedir que suas águas
corram para o mar. Não obstante, com certa frequência,
No processo de passagem da vida nômade para a sedentária,
esses ventos deixam de soprar, sem que o rio pare de subir
a agricultura foi um fator decisivo na evolução das sociedades da forma habitual. Além disso, se os ventos do noroeste
humanas. Se antes o nomadismo exigia uma luta diária pela produzissem esse efeito, os outros rios que correm na di-
sobrevivência e dificultava a armazenagem de alimentos, ao se fixar, reção contrária aos ventos deveriam apresentar os mesmos
o ser humano assumiu um controle maior sobre as condições que
efeitos que o Nilo, mesmo porque eles todos são peque-
nos, de menor corrente.
ameaçavam seu abastecimento. No decorrer dos séculos, o trabalho
HERÓDOTO. História (trad.). Livro II, 19-23. 2. ed. Chicago:
comunitário e a especialização profissional permitiram aprimorar Encyclopaedia Britannica Inc., 1990. p. 52-53. Adaptado.
as técnicas e os instrumentos agrícolas. Como consequência, Nessa passagem, Heródoto critica a explicação de alguns
gregos para os fenômenos do rio Nilo. De acordo com o tex-
aumentaram as colheitas, gerando-se um excedente que contribuiu
to, julgue as afirmativas a seguir.
para a melhoria da qualidade de vida, o crescimento populacional
I. Para alguns gregos, as cheias do Nilo devem-se ao fato de
e a ampliação das trocas entre comunidades, com implementação que suas águas são impedidas de correr para o mar pela
do comércio. A soma desses fatores fez com que muitos dos força dos ventos do noroeste.
pequenos núcleos populacionais se transformassem em povoados. II. O argumento embasado na influência dos ventos do
noroeste nas cheias do Nilo sustenta-se no fato de que,
2 (Enem) Ao visitar o Egito do seu tempo, o historiador grego quando os ventos param, o rio Nilo não sobe.
Heródoto (484-420/30 a.C.) interessou-se por fenômenos III. A explicação de alguns gregos para as cheias do Nilo basea-
que lhe pareceram incomuns, como as cheias regulares do va-se no fato de que fenômeno igual ocorria com rios de
rio Nilo. A propósito do assunto, escreveu o seguinte: menor porte que seguiam na mesma direção dos ventos.
Eu queria saber por que o Nilo sobe no começo do É correto apenas o que se afirma em: a
verão e subindo continua durante cem dias; por que ele se a) I. c) I e II. e) II e III.
retrai e a sua corrente baixa, assim que termina esse nú- b) II. d) I e III.
A CRENÇA NA IMORTALIDADE
A religiosidade foi um dos aspectos mais marcantes da socie-
MUSEU EGÍPCIO DO CAIRO EGITO/THE BRIDGEMAN ART LIBRARY/GRUPO KEYSTONE
dade egípcia. Das diversas divindades, a mais importante era Amon
(ou Amon-Rá), rei dos deuses e criador de todas as coisas, que se
identificava com o Sol.
A crença na imortalidade fez com que os egípcios encarassem
a morte como um grande acontecimento. As tumbas dos faraós
continham pinturas que retratavam passagens de sua vida e de seu
governo, com a intenção de mostrar aos deuses como eles foram
bons para seu povo. Era comum um faraó ser enterrado com fa-
miliares e funcionários, que iriam acompanhá-lo e servi-lo na vida
eterna. No túmulo do faraó Uadji (Antigo Império), foram encon-
trados outros 335 corpos.
Para os egípcios, o conceito de “viver após a morte” implicava
a permanência física do corpo. Por essa razão, eles desenvolveram
e aperfeiçoaram a prática da mumificação.
As múmias
O processo de mumificação desenvolvido pelos egípcios incluía a desidratação do cadáver e a aplicação de betume,
substância destinada a conservar o corpo. Durante a Antiguidade, esse produto também era empregado em outras regiões
no tratamento de cortes e fraturas.
HISTÓRIA
Aliando esse possível poder de cura do betume com os mistérios e magias que envolviam as múmias, a partir da Idade
Média médicos europeus passaram a prescrever o uso de carne mumificada no tratamento de várias doenças. Como conse-
quência, muitas tumbas egípcias foram saqueadas e traficantes passaram a exportar pedaços de múmias secas ou em pó para
o Ocidente. Francisco I (1494-1547), rei da França, por exemplo, tinha sempre consigo um suprimento de carne mumifica-
da para o caso de se ferir nas caçadas.
JOHNSON, Paul. História ilustrada do Egito antigo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. p. 224-7, 360-361. Adaptado.
O SABER EGÍPCIO
Por sua prática na construção de diques e represas, os egípcios alcançaram grande desenvolvimento
em engenharia hidráulica. Seus tecelões eram hábeis na produção de tecidos e linhas. Na área de trans-
porte, construíam embarcações de variados tipos e tamanhos, tanto fluviais como marítimas. Como a
moeda só começou a ser utilizada a partir de 400 a.C., até essa data seu comércio era feito por meio da
troca direta de produtos.
Conhecedores da anatomia humana, os egípcios obtiveram avanços na Medicina, chegando
até mesmo a usar anestesia em cirurgias. Seus astrônomos criaram diferentes calendários, como o
que conferiu ao ano a duração de 365 dias e seis horas. Mais tarde, esse calendário foi adotado, com
modificações, pelo imperador romano Júlio César. Reformado pelo papa Gregório XIII, no século XVI,
constitui a base do calendário que utilizamos até hoje.
PARA CONSTRUIR
3 (Ceeteps-SP) Analise a charge e o texto a seguir. a inundação, nela achamos vantagem. Mas nenhum cam-
po lavrado cria-se por si mesmo”.
De fato, eram muitas e árduas as tarefas que os cam-
poneses tinham de realizar para criar os campos lavrados
e eram os movimentos do Nilo que regulavam suas ativi-
dades durante todo o ano.
AQUINO, Rubin; MOURA, Maria Bernadete; AIETA, Luiza. Fazendo a
História. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1993.
Entre os tesouros encontrados no túmulo de Tutankhamon considerada Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela
(faraó que reinou entre 1332 e 1322 a.C.), acha-se esse baixo- Unesco. Professor, para a segunda parte da atividade, solicite
-relevo em ouro representando uma cena da vida privada da aos alunos que pesquisem em bibliotecas, arquivos de jornal ou
família real: a esposa do faraó esfregando óleo perfumado no
revistas, entrevistem antigos moradores e procurem fotografias
corpo do marido. Dos artesãos e trabalhadores em geral que
antigas a fim de reconstituir a história da cidade em que eles vivem.
produziram o túmulo e suas riquezas, não se acharam vestí-
gios. Sobre essas figuras anônimas, pode-se afirmar:
reis, que a usava como forma de manter o povo submeti- da escrita hieroglífica, concluído somente vinte anos mais
do a sua autoridade. tarde pelo arqueólogo francês Jean-François Champollion.
d) o período conhecido como antigo Egito constitui o único Com a decodificação da antiga escrita, a cultura egíp-
em que a religião foi quase inteiramente esquecida, e o rei cia teve uma grande valorização intelectual e comercial.
como também o povo dedicaram-se muito mais a seguir Muito de seu patrimônio artístico foi levado de forma pre-
a tradição dos seus antepassados, considerados os únicos datória para museus e coleções particulares da Europa e
povos ateus da Antiguidade. dos Estados Unidos.
As peças egípcias levadas para museus da Europa e dos Esta- a) Que atividades de trabalho desses povos podem ser iden-
dos Unidos deveriam ser devolvidas ao Egito? Por quê? Escreva tificadas nas imagens e objetos retratados?
um argumento que considere mais relevante para defender b) Identifique e analise duas mudanças e duas permanências
sua opinião. Depois, apresente esse argumento oralmente para entre as atividades e técnicas do antigo Egito e as pratica-
a classe em um debate organizado pelo professor. das no Brasil contemporâneo.
5 As civilizações asiáticas:
China e Índia
Objetivos: Atualmente, a China e a Índia estão entre as maiores economias mundiais e também possuem
as maiores populações do mundo.
c Situar e caracterizar a
formação das dinastias
A China atravessa, ao longo das últimas décadas, um período de grande crescimento econômi-
chinesas. co, responsável por provocar uma rápida expansão industrial. Esse crescimento, aliado ao baixo custo
de produção, facilita a exportação dos produtos chineses para o mundo inteiro. Assim, é provável
c Identificar contribuições que você já tenha reparado na grande quantidade de artigos “made in China” encontrados em lojas
da cultura chinesa e supermercados do Brasil.
para a história da A Índia, por sua vez, com uma população de mais de 1,2 bilhão de pessoas, só perde em número
humanidade.
de habitantes para a China. É um país de grandes contrastes: por um lado, é considerado um dos
c Reconhecer as ideias principais polos tecnológicos do mundo; por outro, cerca de 40% dos pobres do planeta estão em
de Confúcio. seu território.
Neste capítulo, conheceremos um pouco mais desses países, suas culturas e tradições ricas em
c Situar e caracterizar o diversidade e contrastes. Berços de civilizações milenares, estudaremos o legado das tradições chine-
processo de formação sas e indianas para os demais povos da Ásia e para o restante da humanidade.
da Índia antiga.
c Caracterizar o CHINA
funcionamento da
sociedade de castas. A primeira dinastia chinesa
c Reconhecer aspectos Segundo pesquisadores, os primeiros grupos humanos a se fixar no atual território da China
religiosos e culturais da teriam chegado na região há cerca de 30 mil anos. Por volta de 7000 a.C. surgiram as primeiras aldeias
sociedade indiana. à margem dos rios. Nesses povoados, teve início a prática da agricultura, principalmente o plantio
de arroz.
Foi no vale do rio Amarelo, no norte da China, que a agricultura mais se desenvolveu. Isso levou
ao surgimento de muitas comunidades. Aos poucos, esses povoados se transformaram em pequenos
Estados governados por chefes cujo poder era transmitido por meio de laços familiares. Por volta
de 2200 a.C. um dos chefes, Yü, o Grande, unificou esses pequenos Estados e tornou-se rei. Com ele,
teve início a dinastia Xia, a primeira da história da China.
Os governantes Xia construíram muralhas ao redor das cidades e organizaram um exército
THE GRANGER COLLECTION NEW YORK/
THE GRANGER COLLECTION/GLOW IMAGES/
equipado com armas de bronze. Dominando uma área de aproximadamente 1 600 kilometros qua-
drados, os Xia reinaram até o século XVIII a.C., quando foram derrubados pelos Shang, que fundaram
uma nova dinastia.
à dinastia Zhou. Transcorreram, então, duzentos anos de tranquilidade. A partir do século IX a.C., os
grandes proprietários de terra e os pequenos Estados sob seu controle tornam-se mais poderosos,
enfraquecendo cada vez mais o poder real.
Os Reinos Combatentes
A partir do século V a.C. os reinos de Chu, Yan, Qi, Zhao, Han, Wei e Qin passaram a disputar a
hegemonia da China. Teve início, então, um período de lutas que se estendeu de 475 a 221 a.C. Foram
anos de violência que ficaram conhecidos como Período dos Reinos Combatentes.
Essa crise estrutural da sociedade chinesa provocou reflexões a respeito do papel do Estado,
das leis e dos governantes. Também estimulou o nascimento de teorias filosóficas, como o taoísmo
Sob a dinastia Shang, a China conheceu e o confucionismo.
uma fase de esplendor artístico, como
mostra a pequena peça da foto. Trata-se
de um vaso de bronze esculpido no A filosofia de Confúcio
formato de elefante, delicadamente
decorado com altos-relevos. Nascido em 551 a.C., Koung Fou Tseu – conhecido pelos ocidentais como Con-
fúcio – dedicou-se a pensar de que maneira o Estado, os governantes e os indivíduos
poderiam viver em uma sociedade mais harmônica e feliz.
Confúcio argumentava que uma sociedade amparada na ordem e na justiça só
seria possível por meio da capacidade de amar, ser bondoso, praticar o bem, ter res-
peito e interesse para com o próximo. Os conceitos de Confúcio foram mesclados a
diversas religiões e aspectos da vida dos chineses ao longo dos séculos.
Portal
Um dos mais conhecidos textos creditados a Confúcio no Ocidente encontra-se
SESI nos comentários ao I Ching: o livro das mutações, obra também composta de um orá-
Educação www.sesieducacao.com.br culo e um texto decifrativo. Outro aspecto relacionado ao confucionismo bastante
difundido nos dias de hoje é o feng shui, teoria que afirma existirem locais corretos
Acesse o portal e veja o infográfi- para se construírem e ocuparem estabelecimentos comerciais e residenciais, de forma
co animado Muralha da China:
a garantir saúde, harmonia, paz, prosperidade e felicidade a seus moradores.
a maior estrutura militar do
BOWKER, John. Para entender as religiões. São Paulo: Ática, 1997. p. 90-91. Adaptado.
mundo.
Em 221 a.C., depois de muitas batalhas, o reino de Qin anexou os territórios dos reinos adver-
sários e unificou a China. Seu rei, Ying Zheng, pertencente à dinastia Qin, proclamou-se imperador
(Shi Huangdi). Era o começo da fase imperial da história chinesa.
A China imperial
O primeiro imperador
Durante seu governo, Ying Zheng (221-210 a.C.) transformou a China em um império forte-
mente centralizado. Padronizou o sistema de pesos e medidas e os diferentes tipos de escrita, criou
um rígido conjunto de leis e construiu estradas.
Para defender o território chinês de invasões, determinou que as muralhas que protegiam as
VEJA O FILME cidades fossem interligadas. Mais de 1 milhão de trabalhadores foram mobilizados nessa tarefa, que
resultou na construção dos 4 200 kilometros da Grande Muralha, no norte da China.
Herói, de Zhang Yimou. China, Com a morte de Ying Zheng, o império entrou em crise. Em 206 a.C., Liu Bang subjugou seus
2002. (96 min). adversários e assumiu o governo, dando início à dinastia Han.
Trata da história do reino de Qin na
China antiga. O soberano é amea- Sob a dinastia Han
çado por assassinos, contratados Grande parte das medidas adotadas pela dinastia Han inspirava-se nas ideias de Confúcio, o
por seus adversários políticos. que levou a China a um notável desenvolvimento econômico e cultural. A produção agrícola, por
Certo dia, um dos magistrados do
exemplo, teve grande avanço por causa da introdução de arados puxados por bois, da utilização de
reino entra no palácio carregando
as armas dos assassinos, afirman- instrumentos de ferro e da construção de canais de irrigação.
do tê-los derrotado em combate O desenvolvimento agrícola e comercial permitiu que os chineses estabelecessem importantes
com a técnica da espada. laços comerciais com povos vizinhos e até mesmo com o Ocidente, por meio da Rota da Seda, como
mostra o boxe da página 50.
VEJA O FILME
Em busca da vida, de Jia Zhang-
-Ke. China, 2006. (108 min).
O minerador Han e a enfermeira
Shen Hong rumam à cidade de
Fengjie, na China. Ele tenta reen-
contrar a esposa e a filha que não
vê há muito tempo. Ela está atrás
do marido desaparecido. Quando
chegam lá, porém, percebem que
a cidade foi inundada para a cons-
trução de uma represa e não existe
mais. Um filme sobre a procura da
identidade e sobre a China con-
temporânea.
A Rota da Seda
EUROPA
FONTE: World history atlas: mapping the human journey. London: Dorling Kindersley, 2005. Adaptado.
Veneza GRANDE COREIA
MONGÓLIA MURALHA
ga Pequim
ol
Rio Da
Rio Ural
V
Roma
Ho a
nú
io
ESTE
o)
b
Lago
PE DESERTO DE GOBI
ng-
arel
S Balkhash Ningxia ho
(A m
Mar Dunhuang
Mar M
Ne Ri Chang’an
gro Mar de o GA NS U
Ja
Constantinopla
Mar
Aral l)
ed
(Azu
xa
rrâ Xinjiang
rte
ite
g
Cásp
ne
Ri
i an
o Kashgar
o
-k
Am
io
sé
u
g-t
ria
Da
CHINA
Rio
TAKLA MAKAN
Rio
Tigre
B Á C TR IA MONTES
r
E
ra PAMIR ce
uf
t utra ân
ahma
p eC
Rio
Akka HI
R io B r od
es
MA pic
Rio Indo
S LA on Tró
ek
EL P É RSIA IA g
ÊUCIA
Go
Ma
lf
r Ve
ilo
oP
rs
oN
ico
é
rme
Ri
lho
Golfo de
Bengala
Mar Arábico
OCEANO 0 606
Rotas da seda ÍNDICO
km
O Japão
ho
a n g- (
ang (Azul)
é -ki OCEANO
-ts
a ng PACÍFICO
Y
Rio
2006. Adaptado.
Trópico de Câncer N
0 510
Golfo de
2 (Enem) A linguagem utilizada pelos chineses há milhares de Bengala km
PACÍFICO
marelo)
China e o Ocidente?
a
Rio Ho
A Rota da Seda era um conjunto de estradas, que formava cerca de
Xian
7 mil kilometros, em que se podia comprar, vender ou trocar produtos
)
sé n g ( A zul
ng-t -kia como madeira, joias, canela, sal, pimenta, gengibre, óleos, além de
Ya OCEANO
servir para os mercadores orientais levarem seda ao Ocidente, onde
Rio
PACÍFICO
Se, para os padrões atuais, o território parece pouco expressivo, cidade de Barcelona (Espanha), está ligada ao conceito de “cidade
para os padrões antigos (cujos meios de comunicação e educadora”. Seu princípio é a ampliação das fronteiras da educação
transporte eram infinitamente mais lentos que os nossos), para além da instituição escolar, com base na ação conjunta dos
eram vastos domínios que exigiam um complexo sistema cidadãos para remodelar o uso do espaço público e a vida
administrativo. Pode-se observar ainda que a noção de império comunitária. Leia no Guia do Professor um trecho (adaptado) sobre o
não está relacionada essencialmente à vastidão territorial, mas assunto, retirado do livro A cidade como projeto educativo, organizado
sim ao domínio político sobre outros povos. pelos autores espanhóis Carmen Gómez-Granell e Ignacio Vila HISTÓRIA
(Tradução de Daisy Vaz de Moraes. Porto Alegre: Artmed, 2003).
CAMBOJA
FONTE: World history atlas: mapping the human journey. London: Dorling Kindersley, 2005. Adaptado.
GANDHARA
H
IM
A
Harapa LA
KURU IA
o MATSYA
nd
oI PANCHALA
Ri SURASENA MALLA VRIJI
Mohenjo-Daro Rio
Ga n
KOSALA ges
VATSA
Pautaliputra r
d e Cânce
KASI ANGA Trópico
CEDI MAGADHA
AVANTI
ASMAKA
0 287
Capital do Império
O Mahabharata, de Peter Brook. Mauria
km
França e Inglaterra, 1989. (325 min).
Representação cinematográfica do
épico homônimo de cerca de 120
mil versos, divididos em 19 livros,
A chegada dos arianos
sobre a civilização indiana e credi- As razões desse deslocamento são desconhecidas. Alguns estudiosos apontam como causa a
tado ao sábio Vyasa, personagem invasão do vale do Indo pelos arianos, povo nômade da Ásia central que subjugou os dravidianos e
mítico considerado o autor de passou a dominar a região.
outras escrituras sagradas do hin- Ariano é a forma genérica pela qual são chamadas as pessoas de pele clara, originárias de algu-
duísmo. O roteiro narra a guerra
mas das cerca de 50 tribos nômades que habitavam a região do Cáucaso – área que abrange partes
entre os grupos rivais Pandavas e
Kauravas, fazendo ligações com o das atuais Rússia, Geórgia, Azerbaijão e Armênia. Por volta do segundo milênio a.C., alguns desses
presente. grupos – também conhecidos como indo-europeus – saíram do planalto iraniano e se instalaram
no vale do rio Indo. Com o tempo, avançaram em direção ao vale do Ganges.
HISTÓRIA
Jovens indianos trabalham em call center (central de atendimento telefônico), Camponês indiano trabalha em plantação de arroz. Cerca de 72% da
em Mumbai, na Índia. A mão de obra excedente de uma das cidades mais população indiana vive no campo, onde as condições de vida são
superpopulosas do mundo acaba sendo escoada para postos de trabalho ainda muito precárias. Foto de 2014.
precarizados e mal remunerados. Foto de 2012.
Sul, os chavín começavam a abandonar seus hábitos nômades e a se instalaram na região onde
hoje é o Peru. Um dos primeiros povos a praticar uma agricultura sedentária na América
do Sul, eles desenvolveram uma variada produção artística. Suas esculturas re-
tratam guerreiros com suas vítimas decapitadas, cenas de sacrifícios ou, ainda,
animais ferozes. Seus artesãos também trabalhavam com couro e tecidos e
fabricavam joias e outros objetos de cobre, ouro e prata.
Seu centro religioso, Chavín de Huántar, possuía uma grande
praça e um templo. Entre 700 a.C. e o início da Era Cristã, os chavín
controlaram a costa central do atual Peru e as montanhas adjacentes,
dominando os diversos povos que ali viviam. Apesar de seu colapso,
HISTÓRIA
6 Leia o texto a seguir antes de responder à questão: Ao erguer-se, percebeu o homem que o olhava. Face
a face, os dois ficaram um momento sem falar. O menino
[...] O sistema que compartimenta a sociedade indiana não teve medo algum. Nem tentou fugir.
em quatro níveis principais e milhares de subníveis ultra- — Sabes escrever?
passa os milênios e tem origens nos povos que habitaram a — Não, disse o menino. Por quê? [...]
Índia e também na majoritária fé hinduísta. O hinduísmo é Parando de sorrir, ele disse ao menino:
uma religião politeísta com diversas manifestações locais. — Compus um grande poema. Está todo composto,
Em comum, porém, está a visão de que há uma disposição porém nada foi escrito. Preciso de alguém para escrever o
organizada no universo, que estabelece a natureza e o fun- que sei.
cionamento de todas as coisas, inclusive a posição dos ho- — Como te chamas?
mens na sociedade. Daí, decorre a visão de que há justiça — Vyasa.
no “carma” carregado por cada um, até mesmo daqueles que — De que fala o teu poema?
levam uma vida de terríveis sofrimentos. Um nascimento — Fala de ti. [...]
miserável, por exemplo, é um fato incontornável e justo, O menino admirou-se com o que o velho acabara de
segundo a religião. É o contrário do que pregaram as revo- dizer.
luções no Ocidente a partir do Iluminismo, culminando — Teu poema fala de mim?
com a Revolução Francesa. Para esses ideais, todos são Eis a resposta, incontestável, de Vyasa:
iguais ao nascer e têm o direito de definir seus destinos. — Sim. Ele conta a história da tua raça, como os teus
Uma nação dividida entre as crenças e castas. Veja on-line. Disponível em: antepassados nasceram e cresceram; como se desenrolou
<http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/conheca_pais/india/sociedade.html>.
Acesso em: 5 jul. 2014. uma guerra muita vasta. É o grande poema do mundo. [...]
A divisão social em castas foi um dos aspectos que nortearam Logo que o velho acabou de pronunciar essas palavras
a formação da Índia. Explique como funciona esse sistema. tão ambiciosas, ouviu-se uma música. O homem e o menino
voltaram-se e viram Ganesha, que se aproximava deles.
No sistema de castas, a divisão social se dava pelo critério da profissão.
Caminhava pesadamente porém com graça. Seu rosto
Assim, as atividades profissionais determinavam a composição de de elefante sorria por trás da tromba. Trazia um grosso li-
cada segmento. O sistema era marcado pela rigidez, que impedia vro sob o braço.
a mudança de uma casta para outra. As castas mais importantes
— Quem é? – perguntou o menino.
— É Ganesha – respondeu Vyasa.
eram formadas pelos árias. Os sacerdotes encontravam-se no
— O próprio Ganesha?
topo da hierarquia social, na casta dos brâmanes. Em seguida, vinham O deus com cabeça de elefante respondeu com uma
sucessivamente os xátrias – nobres, guerreiros e administradores –, voz sincera e doce:
— Em pessoa. Não me reconheces?
os vaixás – comerciantes – e os sudras – artesãos e trabalhadores
Impossível não reconhecê-lo. Era visto em toda parte,
manuais não arianos. Os últimos da escala social eram os párias, em todos os templos, em todos os lugares sagrados. Ganesha,
pessoas excluídas da sociedade, sem direito a estudar, ouvir os hinos criado por seus próprios meios por Parvati, esposa do deus
védicos e viver nas cidades. A importância do sistema de castas para Xiva, era, ao nascer, um soberbo menino. Sua mãe pediu-lhe
para tomar conta da porta de sua casa e não deixar entrar
a sociedade indiana revela-se, nos dias de hoje, pelo fato de ainda
ninguém, pois desejava tomar um banho, então Xiva chegou,
existirem na Índia mais de 3 mil castas e 27 mil subcastas. ignorando a presença do menino. Quis entrar em sua casa.
7 O Mahabharata (que significa “a grande história da humani- Ganesha barrou-lhe a passagem:
— Minha mãe disse para não deixar ninguém entrar,
dade”) é um dos maiores poemas épicos indianos. Suas pri-
ninguém entrará!
meiras histórias foram escritas nos séculos V e IV a.C. A obra
Furioso, Xiva convocou suas ferozes tropas ordenan-
contém mitos, narrativas, lendas e relatos que contam, na
do-lhes que desalojassem aquele menino obstinado. Porém
perspectiva indiana, a origem e os primórdios da humani-
Ganesha resistiu; e repeliu-as, dispersando-as, e as esma-
dade. O trecho a seguir narra o surgimento de um dos mais
gou. Possuía uma força sobrenatural. Mesmo as hordas de
importantes deuses do panteão hindu: Ganesha. Para os se-
demônios não conseguiram forçar a passagem, pois o me-
guidores do hinduísmo, Ganesha é o deus da sabedoria.
nino defendia sua mãe.
Após ler o excerto, responda ao que se pede. Xiva só conseguiu vencê-lo pela astúcia. Arrastou-se
Embora mais de quarenta séculos tenham decorrido por trás e, de repente, cortou-lhe a cabeça, que atirou longe.
desde estes acontecimentos, conta-se também que o ho- Então Parvati, encontrando o filho decapitado, ficou furiosa
mem havia encontrado antes um menino. Esse menino, e ameaçou destruir todas as forças do céu.
que seguia os pássaros na campina, debruçara-se à beira Xiva sabia que a sua cólera era tão grande e tão justa
de um lago para matar a sede. que lhe dava o poder de suprimir os deuses. Rápido, para
LUCA TETTONI/CORBIS/LATINSTOCK
partir do século XX, a narrativa mítica tem sido considerada uma
grande aliada para o conhecimento de vivências, temporalidades
e historicidades múltiplas. Assim, essas narrativas e cosmogonias
são consideradas importantes fontes históricas, pois ajudam a
revelar costumes, ações, crenças e práticas de diversos sujeitos,
períodos ou culturas.
2 Leia o texto a seguir: 4 A Índia mantém ainda hoje muitos costumes e tradições que
Crenças e castas dividem a Índia. Para entender isso, permaneceram vivos ao longo dos séculos. Com base nas in-
em primeiro lugar é preciso separar os 1,095 bilhão de formações deste capítulo e no seu conhecimento sobre a Ín-
habitantes por religião: atualmente, cerca de 80% seguem dia, aponte aspectos atuais da vida indiana que representem
o hinduísmo, pouco mais de 13% são muçulmanos e a a coexistência da tradição com a modernidade no país.
6 Os fenícios
Objetivos: O alfabeto você conhece bem: é composto de 26 letras que vão do A ao Z. Cada uma delas é
representada por um sinal próprio e corresponde a um som específico da fala. Assim, fazendo com-
c Situar a região
binações entre esse pequeno número de letras, somos capazes de escrever todas as palavras da língua
dominada pelos
portuguesa. Além disso, essas mesmas letras podem ser adaptadas a qualquer língua, permitindo
fenícios e identificar
escrever as palavras de qualquer outro idioma.
os países que hoje
Esse sistema de escrita, portanto, facilita, e muito, a comunicação escrita entre as pessoas. Não
ocupam esse local.
é à toa que ele é considerado por muitos uma das grandes invenções da humanidade. Mas como
c Caracterizar a ele surgiu? Como vimos, alguns dos primeiros sistemas de escrita – como a dos egípcios e a dos su-
organização política mérios – faziam uso de imagens para registrar suas ideias. Era um sistema muito difícil: havia milhares
e administrativa da de sinais e poucas pessoas o dominavam.
sociedade fenícia. Por volta de 1500 a.C., os fenícios, povo que vivia na região onde hoje é o Líbano, no Oriente
Médio, criaram um sistema de escrita bem mais simples, baseado em apenas 29 sinais, cada um re-
c Conhecer a
presentando um som específico da fala. Esse sistema se popularizou, sofreu algumas mudanças e se
importância da
transformou no alfabeto que conhecemos hoje. Neste capítulo, conheceremos mais sobre os fenícios
urbanização e do
e sobre seu legado à humanidade.
comércio para o
desenvolvimento dessa
sociedade e para a CIDADES PORTUÁRIAS
criação do alfabeto. O Líbano é um país do Oriente Médio situado entre a Síria, Israel e o mar Mediterrâneo. Com
uma área de 10 mil km2 seu território é formado por um pequeno e fértil planalto ao centro, cercado
por duas cadeias de montanhas.
Por volta de 3000 a.C., estabeleceram-se ali povos de origem semita que se autodenominavam
cananeus, uma vez que a região era conhecida pelo nome de Canaã. Os cananeus construíram seus
aldeamentos sobretudo às margens do Mediterrâneo. Com grande atividade comercial, esse povoa-
mento deu origem a diversas cidades portuárias, como Biblos, Ugarit e Tiro.
Embora as cidades tivessem idioma e
HAIDAR HAWILA /REUTERS/LATINSTOCK
FONTE: World history atlas: mapping the human journey. London: Dorling Kindersley, 2005. Adaptado.
âmbar
oE
Ri
lb
R
a
io Re
estanho
n
OCEANO
o
estanho
madeira Rio Pó
R io D
anú
chumbo bi o
Mar Negro
prata lã
cobre ouro
Is. Baleares
Alicante Tarros
Cádiz Málaga Ibiza
Sulci Calári cobre
El Argar
Tânger
HISTÓRIA
Lixsus mármore
Palermo Ugarit
Russadir Utica
ouro Cartago Chipre Árados
Territórios fenícios Biblos
Tapso Beritos
Área de comércio dos fenícios Sídon FENÍCIA
Mar Mediterrâneo
Rotas de navegação N
Sabrata Tiro
Oea
Cidades fenícias Lepsis Cirene
0 303
Principais colônias fenícias
km
GLOSSÁRIO
Mais tarde, os fenícios reduziram esse alfabeto para 22 símbolos correspondentes às consoantes; Fonemas:
como as vogais não eram escritas, cabia ao leitor completar as palavras de acordo com seu sentido. são sons vocálicos e consonantais
Assim, o nome da cidade de Ugarit era grafado simplesmente com as letras g, r e t. Posteriormente, que estabelecem distinção de sig-
para tornar a escrita ainda mais fácil, os fenícios deixaram de lado as barras de argila e passaram a nificado, mas que não têm significa-
ção própria. As palavras pula e lupa
registrar suas anotações em rolos de papiro. Graças a essas mudanças, saber ler e escrever deixou de apresentam os mesmos fonemas,
ser privilégio de um pequeno círculo, tornando-se uma habilidade ao alcance de um número cada agrupados de modo diferente. Não
vez maior de pessoas. se deve confundir fonema com letra
Além disso, o alfabeto fenício podia ser adaptado a qualquer idioma, já que seus caracteres (o fonema /s /, por exemplo, pode ser
representado pelas letras s, como em
representavam fonemas. No decorrer do século IX a.C., os gregos acrescentaram-lhe vogais. Com sapo; ss, em passo; ç, em paçoca; ou x,
as mudanças introduzidas mais tarde pelos romanos, esse alfabeto greco-fenício daria origem ao em próximo).
alfabeto latino, que sobrevive até hoje no mundo ocidental.
HISTÓRIA
Inscrição em alfabeto fenício encontrada em um sarcófago. Ela conta como o morto, Eshmunazar, e sua mãe, Amashtarte, construíram templos em homenagem aos
deuses da cidade de Sídon, na Fenícia, em data incerta entre 3000 e 1200 a.C. A inscrição, feita em pedra, encontra-se hoje no Museu do Louvre, em Paris, França.
2 Com apenas 10 400 km2, pouco maior que o dobro do Distrito Federal, o Líbano tem seu contorno atual devido a uma
decisão da França. Depois da Primeira Guerra Mundial, o país europeu tomou posse da Grande Síria, que pertencia ao Império
Turco-Otomano. Em 1920, Paris dividiu-a em dois: de um lado, Beirute, Sidon, Trípoli e o Monte Líbano; do outro, o que passou
a ser chamado de Síria.
Seus menos de 4 milhões de habitantes se dividem em um verdadeiro mosaico. São cristãos maronitas, ortodoxos gre-
gos e armênios, muçulmanos xiitas, sunitas e drusos – além de palestinos refugiados. Essa tensa divisão provocou duas
guerras civis só no século 20.
SOMMA, Isabelle. Líbano: que país é este? In: Aventuras na História. São Paulo: Abril.
Disponível em: <http://historia.abril.com.br/politica/libano-pais-este-434974.shtml>. Acesso em: 20 out. 2009.
Com base na leitura do capítulo, quais são as origens da ocupação humana do território ocupado pelo Líbano atualmente?
Por volta de 3000 a.C., os chamados cananeus, povos de origem semita, estabeleceram-se na região. Eles construíram seus aldeamentos às
margens do Mediterrâneo e assim deram origem a diversas cidades portuárias: Biblos, Ugarit e Tiro.
4 A imagem a seguir é uma obra feita em bronze que representa a cidade fenícia de Tiro, destacando inúmeros aspectos dessa so-
ciedade. Observe atentamente a imagem e, em seguida, descreva que elementos da sociedade fenícia podem ser conhecidos a
partir da análise desse documento. Justifique sua resposta.
Professor, a imagem mostra a cidade-Estado de Tiro, seu rei e sua rainha e uma série de embarcações partindo com muitas mercadorias.
A partir da observação da imagem, os alunos podem levantar algumas hipóteses sobre a organização dos fenícios. As embarcações e o
transporte de mercadorias ocupam grande parte da imagem, tanto é que os reis aparecem representados em uma posição de observador
dessas embarcações. A partir disso, é possível destacar o papel do comércio como principal atividade econômica entre os fenícios.
PARAPARA PRATICAR
PRATICAR PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
ANOTAÇÕES
HISTÓRIA
7 Os persas
Objetivos: O urânio é um metal encontrado na natureza em diversos minerais. Quando enriquecido, pro-
duz energia nuclear que pode servir tanto para gerar energia elétrica como para a fabricação da
c Situar, identificar e
bomba atômica. Apenas oito nações no mundo dominam a produção da bomba atômica: Estados
caracterizar a história
Unidos, Rússia, Inglaterra, França, China, Índia, Paquistão e Israel.
dos persas.
Em 2006, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou que seu país era capaz
c Identificar os fatores que de enriquecer urânio. Com a alegação de que o governo iraniano pretendia fabricar a bomba
explicam como o Império atômica, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) determinou que
Persa administrou a essas experiências fossem interrompidas. O governo do Irã, contudo, não acatou a exigência,
diversidade de povos argumentando que seu propósito era utilizar a energia nuclear apenas para fins pacíficos. O
conquistados. impasse continua.
No passado, a região onde hoje se localiza o Irã já foi sede de uma grande potência: o Império Persa,
c Reconhecer aspectos
que chegou a ocupar uma área de 8 milhões de kilometros quadrados – quase o tamanho do Brasil.
religiosos e culturais da
sociedade persa.
HISTÓRIA
As ranhuras paralelas
sugerem que o leque
é de vime.
Ri
Da
o
núbio
de império. Por causa dessas conquistas, Mar ÁSIA
MACEDÔNIA de Aral
Ciro ficou conhecido como “o Grande”. TRÁCIA
Mar Negro
MENOR
de recuperar domínios perdidos, Dario Creta
M
ES
Ri
expandiu o Império Persa, no qual pas-
do
o
O
Chipre Ri
Tig
PO
Rio In
o
Mar Mediterrâneo Eu
re
MÉDIA
TÂ
saram a viver cerca de 10 milhões de pes- Tiro
fra
tes
M
Damasco
IA
soas – de idiomas, costumes e religiões Jerusalém PLANALTO
Susa IRANIANO
diferentes. Mênfis
Babilônia
Persépolis
A existência do Império Persa fez com ÁFRICA EGITO
PÉRSIA
ÍNDIA
Go
fo
de origens, histórias e culturas diferentes Pé
l
rsic
o cer
Ma
convivessem no mesmo território. Nas d e Câ n
Trópico
rV
ilo
erm
campanhas militares, por exemplo, cavalei-
N
elh
o
o
hindus, de árabes cavalgando camelos e de
OCEANO
marinheiros fenícios e gregos. ÍNDICO
Para controlar toda essa população,
Dario estabeleceu um sistema unificado N Núcleo inicial da Pérsia (2000 a.C.)
de impostos, um código de leis, um sis- Extensão máxima do Império Persa (500 a.C.)
tema monetário único e uma excelente 0 386
Estrada Real
km
rede de estradas e correios que interliga-
vam as várias regiões do império.
Mas Dario também conheceu derrotas, principalmente a partir de 514 a.C., época em que re-
solveu direcionar suas conquistas para a Europa. Nessa empreitada, os persas foram vencidos pelas
cidades-Estado gregas nas Guerras Médicas, ou Greco-Pérsicas. Com a derrota persa, as cidades
gregas tornaram-se a principal força do Mediterrâneo oriental.
Em 331 a.C., o rei da Macedônia, Alexandre, o Grande, que já dominava a Grécia, derrotou Dario III
e conquistou o Império Persa, pondo fim à dinastia Aquemênida.
Em 642, a Pérsia foi conquistada pelos árabes e quase toda a sua população se converteu ao
islamismo. No século XI, a região foi invadida pelos turcos e, no século XIII, pelos mongóis. Posterior-
mente, voltou a ser governada por dinastias de origem persa. Em 1935, o país passou a se chamar Irã.
PARA CONSTRUIR
1 (Fatec-SP) Dario I, célebre imperador da Pérsia, tem seu nome capítulos anteriores, identifique pelo menos três povos já es-
ligado à: e tudados que sofreram a dominação do Império Persa.
a) Conquista do Reino da Média e à fundação do Império Entre os povos da Antiguidade já estudados, os persas dominaram
Persa. os babilônicos (em 539 a.C.), os egípcios (em 525 a.C.) e os
b) Elaboração da religião dualista persa, cujos fundamentos
fenícios (no século VI a.C.). Além disso, o Império Persa atingiu
se encontram do livro sagrado Zend-Avesta.
domínios territoriais na Índia, às margens do rio Indo. Vários
c) Vitória sobre os gregos nas Guerras Médicas.
d) Libertação dos hebreus do Cativeiro da Babilônia. outros povos foram dominados pelo Império Persa. O mapa
e) Organização político-administrativa do Império. permite dimensionar a extensão do império em seu apogeu.
2 (Ufam) Os persas foram, na Antiguidade, um dos povos mais 4 (PUC-PR) Os persas eram um povo indo-europeu que se insta-
importantes a ocupar a região da Mesopotâmia. Sobre sua lou no sul do Irã e que, a partir do século VI a.C., iniciou a con-
história e cultura é possível afirmar que: b quista de um dos maiores impérios da Antiguidade. A partir
a) A vitória de Dario I sobre os Gregos marcou o início da dessa premissa, leia as assertivas que se seguem:
ascensão Persa no Mediterrâneo, favorecendo a expansão I. Os reis persas desenvolveram um sistema eficiente de ad-
da escrita cuneiforme e dos cultos monoteístas. ministração, dividido em vinte províncias (satrapias), cada
b) Desenvolveram uma religião própria, o Zoroastrismo, e uma administrada por um sátrapa.
começaram sua expansão territorial após as conquistas II. Os reis persas respeitavam as tradições locais de suas pro-
lideradas por Ciro, o Grande. víncias e, em certa medida, lhes davam uma margem de
c) Famosos por suas obras arquitetônicas, os Persas construí- autonomia, desde que os súditos pagassem tributos.
ram na Babilônia as maiores pirâmides da Mesopotâmia, III. Como elementos unificadores da administração persa
tornando aquela cidade o centro de seu Império. podemos ressaltar a rede de estradas, um sistema postal
d) O declínio do Império Persa foi marcado pela derrota de eficiente e um sistema comum de pesos e medidas.
Xerxes para os Assírios na batalha de Susa. IV. O aparecimento de uma religião monoteísta representou
e) Adotando uma religião que opunha, de forma mani- o grande avanço dos persas.
queísta, o bem e o mal, os Persas dominaram o comércio Assinale a alternativa correta: d
mediterrâneo após conquistar o Egito, a Ásia Menor e a a) Apenas as assertivas I e II são verdadeiras.
Macedônia, sob a liderança de Nabucodonosor. b) Apenas a assertiva I é verdadeira.
c) Apenas a assertiva II é falsa.
3 Observe no mapa da página 69 a legenda sobre a extensão d) Apenas as assertivas I, II e III são verdadeiras.
máxima do Império Persa. Comparando com os mapas dos e) Todas as assertivas são verdadeiras
PARAPARA PRATICAR
PRATICAR 3 (UFRGS-RS) O soberano dividiu o seu império em províncias,
chamadas satrapias, sendo a terra considerada propriedade
real e trabalhada pelas comunidades.
1 Em seu caderno, estabeleça uma linha do tempo com os
principais acontecimentos políticos entre o século VII a.C., Essas características identificam o:
quando os medos dominaram os persas, e 331 a.C., época a) império dos persas durante o reinado de Dario.
em que o rei da Macedônia, Alexandre, o Grande, derrotou b) Império Babilônico durante o governo de Hamurabi.
Dario III. c) antigo Império Egípcio durante a dinastia de Quéops.
d) reino de Israel sob o comando de Davi.
2 O texto que você vai ler a seguir narra as conquistas do rei e) estado espartano durante a vigência das leis de Dracon.
persa Ciro, o Grande (c. 590-530 a.C.). Ele faz parte do livro Ci-
ropédia, escrito pelo grego Xenofonte (c. 430-355 a.C.), um sol-
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
dado e discípulo do filósofo grego Sócrates (c. 470-399 a.C.).
Após a leitura, responda às questões propostas.
1 (UFRGS-RS) Relacione a coluna II, que apresenta afirmações re-
Sabendo que na Ásia havia nações autônomas, Ciro lativas a povos da Antiguidade, com a coluna I, que identifica
pôs-se em marcha com um pequeno exército de persas, esses povos.
dominou os medos e hircanos, que espontaneamente re-
ceberam o jugo, venceu a Síria, a Assíria, a Arábia, a Capa-
Coluna I Coluna II
dócia, ambas as Frígias, a Lídia, a Cária, a Fenícia, a Babi-
lônia e outras regiões. ( ) Os sinais de sua escrita sagrada são conhecidos como
(1) Fenícios
Todas essas nações falavam línguas diferentes entre si, hieróglifos.
e diferentes da do conquistador; e, contudo penetrou Ciro ( ) Buscavam e levavam mercadorias por toda a bacia do
tanto além com suas armas, e com o terror de seu nome, (2) Hebreus
Mediterrâneo.
que a todos encheu de medo, nenhuma ousou sublevar-se.
E de tal maneira soube captar o amor dos povos, que todos (3) Babilônios ( ) Seu império era controlado pelo sistema de satrapias.
queriam viver sujeitos às suas leis. Finalmente, fez depen- (4) Egípcios ( ) Os invasores de seu território provocaram a diáspora.
dentes de seu império tão grande número de reinos, que é
( ) Hamurabi unificou o império, desde a Assíria até a
dificultoso percorrê-los, partindo da capital para qualquer (5) Persas
Caldeia.
dos pontos cardeais, para leste ou para oeste, para o norte
ou para o sul. A sequência numérica correta, de cima para baixo, na colu-
XENOFONTE. Ciropédia, a educação de Ciro.
São Paulo: Edições Cultura, [s.d.]. p. 24. na II, é:
a) 1 – 2 – 5 – 4 – 3. d) 4 – 2 – 5 – 1 – 3.
a) Segundo o relato de Xenofonte, quais foram as principais b) 1 – 4 – 3 – 2 – 5. e) 5 – 1 – 3 – 4 – 2.
ações atribuídas a Ciro? c) 4 – 1 – 5 – 2 – 3.
b) Ainda segundo o texto, quais foram as reações mais co-
muns dos povos submetidos ao domínio de Ciro? 2 A base da religião persa era o zoroastrismo, doutrina fundada
c) Por que podemos afirmar que o relato de Xenofonte é ex- por Zoroastro (628-551 a.C.) Quais eram as principais ideias
tremamente parcial e constrói uma imagem positiva de defendidas por essa doutrina filosófica? Qual foi sua influên-
Ciro? Cite trechos do relato que justifiquem sua resposta. cia sobre o cristianismo?
ANOTAÇÕES
HISTÓRIA
8 Os hebreus
Objetivos: Criado pela ONU em 1948, o Estado de Israel ocupa cerca de 20 mil km2, um território equivalente
ao de Sergipe, o menor estado brasileiro. Apesar de sua pequena dimensão, Israel é considerado a principal
c Conceituar o
potência do Oriente Médio. Em 2008, cerca de 75% de seus 7,3 milhões de habitantes professava o judaís-
monoteísmo e
mo, religião monoteísta nascida por volta de 1200 a.C. e que auxiliou a manter as tradições e a unidade dos
identificar sua
hebreus durante a dispersão pelo mundo a que foram submetidos por quase 2 mil anos. Neste capítulo,
ascensão.
estudaremos a história dos hebreus, dos quais os judeus são descendentes.
c Identificar e
caracterizar as etapas
O PAPEL DA RELIGIÃO
da história do povo
hebreu.
Segundo alguns pensadores, as religiões seriam uma tentativa de encontrar respostas para certas
indagações que a razão humana não conseguia explicar. Assim, os deuses teriam sido criados pela
c Identificar a Bíblia imaginação humana para explicar fenômenos como o nascer do Sol, o aparecimento de uma estrela
como uma das fontes cadente, a queda de um raio, as doenças, o nascimento e a morte, entre outros.
de estudo da história Entre essas divindades, uma teria se destacado entre as outras e passado a ser considerada uma
do povo hebreu. espécie de rei dos deuses, criador de todas as coisas. Esse processo teria levado a humanidade em direção
ao monoteísmo. No Egito, por exemplo, no século XIV a.C., o faraó Amenófis IV tentou implantar o culto
c Caracterizar o processo
a um único deus, Aton, mas fracassou. Após sua morte, os egípcios retornaram ao politeísmo.
de formação da
identidade do povo
Seja como for, a crença em um Deus único e universal só se concretizou de fato entre os hebreus,
hebreu.
povo nômade que, há milhares de anos, disputava com outras tribos do deserto poços de água e
terras de pastagem no Oriente Médio.
Monoteísmo:
doutrina ou sistema religioso que ad-
mite a crença em apenas um único
deus. As três grandes religiões mono-
teístas são o cristianismo, o islamismo
e o judaísmo.
Politeísmo:
doutrina ou sistema religioso que ad-
mite a adoração de vários deuses. Es-
ses deuses são, em geral, relacionados
a fenômenos da natureza, a elemen-
tos do Universo e a necessidades da
vida cotidiana de uma sociedade. Os
egípcios e os gregos são exemplos de
civilizações politeístas. Tinham deuses
do Sol, do Amor, da Guerra, entre ou-
tros. É também politeísta o hinduísmo
– nome dado a uma das religiões exis- O sacrifício de Isaac (1601-1602), tela de Caravaggio. A história bíblica diz que Deus ordena a Abraão,
tentes na Índia. com o intuito de provar sua fé, que sacrifique o filho Isaac. No último instante, um anjo é enviado
para impedir o sacrifício.
A Bíblia e a historiografia
Uma das principais fontes de estudo do povo hebreu e do monoteísmo religioso no
mundo é o Velho Testamento, um dos livros da Bíblia. Segundo a primeira parte desse texto,
os hebreus descendem de Abraão, patriarca que vivia na cidade de Ur, na Mesopotâmia – e
que teria recebido uma ordem de Deus para conduzir seu povo até a Terra Prometida, tam-
bém chamada de Canaã, ou Palestina, localizada onde hoje se encontra o Estado de Israel.
Mais tarde, no decorrer do século XX a.C., um longo período de seca e fome teria obri-
gado os hebreus a deixar Canaã para se fixarem no Egito, onde acabariam escravizados. Ainda
segundo o relato bíblico, no século XV a.C. eles teriam fugido de lá guiados por Moisés, pro-
feta escolhido por Deus para conduzir o povo hebreu de volta à Terra Prometida. Depois de
quarenta anos de travessia no deserto, os hebreus teriam chegado à Palestina. VEJA O FILME
Apesar das divergências de datas entre a historiografia e o Velho Testamento, a Bíblia Os dez mandamentos, de Cecil B.
pode ser usada como referência nos estudos de História. Juntamente com outras fontes, ela DeMille. Estados Unidos, 1956.
nos permite reconstruir a história dos hebreus e recuperar costumes de civilizações antigas, (220 min).
padrões de comportamento, mitos das regiões, etc. A história de Moisés, que, criado
Fontes: PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2001. p. 108-109; como irmão do faraó, é destina-
MAN, John. A história do alfabeto. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. p. 116-129; do a liderar os hebreus contra a
JOHNSON, Paul. História dos judeus. Rio de Janeiro: Imago, 1989. p. 17-25.
dominação egípcia.
2 (UFPI) Entre as principais características da civilização hebrai- 4 Grande parte das civilizações estudadas até o momento ti-
ca, merecem destaque especial: d veram seu processo de unificação – formação de um único
a) A religião politeísta em que as figuras mitológicas de Estado – amparado pelo uso da força. No caso dos hebreus,
Abraão, Isaac e Jacó formavam uma tríade divina. diferentemente, a centralização ocorreu com o auxílio do dis-
b) A criação de uma federação de cidades autônomas e in- curso religioso. Explique esse processo.
dependentes (cidades-Estado) controladas por uma elite A centralização dos hebreus foi liderada pelos juízes que, além de
mercantil.
serem chefes militares, detinham autoridade religiosa. Na tentativa
c) A criação de um alfabeto (aramaico) que seria incorpora-
do e aperfeiçoado pelos egípcios, tornando-se conhecido de unificar as tribos hebraicas, eles passaram a difundir entre a
como escrita hieroglífica. população a ideia de que os hebreus eram um povo único, escolhido
4. (cont.) por Deus em meio a tantos outros. Para criar esse sentimento de identidade, os
TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 Para aprimorar: 1
juízes afirmavam que os hebreus eram descendentes diretos do patriarca Abraão – aquele
que, segundo a Bíblia, teria conduzido os hebreus de Ur, na Mesopotâmia, à Terra Prometida, na Palestina. Eles também exortavam a população a abandonar
seus antigos hábitos politeístas, o que contribuiu para o nascimento do judaísmo, base da identidade religiosa dos judeus presente nos dias de hoje.
74 Das cavernas às primeiras civilizações
O REINO DE ISRAEL
RUDY MAREEL/SHUTTERSTOCK
Por volta de 1010 a.C., os hebreus unificaram
suas tribos e formaram o reino de Israel, do qual
o primeiro rei foi Saul. Coube a seu sucessor, Davi
(1006-966 a.C.), a tarefa de expulsar da Palestina
um dos povos rivais: os filisteus. Após escolher
Jerusalém – cidade que já existia – para capital
do reino, Davi dividiu Israel em doze províncias
(ou tribos).
Com Salomão (966-926 a.C.), filho de Davi,
o reino de Israel conheceu sua fase de esplen-
dor e de centralização religiosa. É dessa época
a construção do Templo de Jerusalém. Com a
morte de Salomão, o reino entrou em convul-
são e dividiu-se entre o reino de Israel (reunin-
do as dez tribos do norte) e o reino de Judá,
formado pelas duas tribos do sul (veja o mapa
abaixo).
Nos séculos que se seguiram, o território
dos hebreus foi invadido por diferentes povos, Segundo a tradição, o Muro das
como os assírios, os babilônios, os persas, entre Lamentações, em Jerusalém, é a única
parte que restou do Templo de Salomão,
outros. O reino de Israel existiu até 720 a.C.; já o de Judá durou até 586 a.C. Em 135 d.C., os roma- destruído por tropas do rei babilônico
nos expulsaram os hebreus de Jerusalém, que se dispersaram por outras regiões. Essa dispersão, Nabucodonosor em 587 a.C. A cidade de
conhecida como Diáspora, duraria cerca de 2 mil anos. Jerusalém é considerada sagrada por três
Mesmo vivendo separados uns dos outros, sem governo e sem território próprios até 1948, grandes religiões monoteístas: judaísmo,
cristianismo e islamismo.
quando a ONU criou o Estado de Israel, os judeus mantiveram vivo o sentimento de identidade
nacional e religiosa. Esse sentimento de pertencer a uma única nação só foi possível em razão
de sua forte crença religiosa e do fato de acreditarem que a Palestina estava destinada a eles por
vontade divina.
Ur e a Palestina
Mar Negro
Mar
FONTE: World history atlas: mapping the human journey. London: Dorling Kindersley, 2005.
Tiro Cáspio
Mar ÁSIA MENOR
A
CI
Mediterrâneo Ri
oT
NÍ
ig
FE
re
Rio
Eu ASSÍRIOS
Chipre fra MEDOS
Mar da te
Mar s
Galileia M ESOPOTÂ M IA
Mediterrâneo
PALESTINA BABILÔNIOS
Jericó PERSAS
Mar SUMÉRIOS CALDEUS
REINO DE ISRAEL Morto
Samaria EGITO Ur
Rio Jordão
Rio
Go
Siquém ilo
N
lfo
Pé
rsi
co
DESERTO
Jericó DA
Jerusalém ARÁBIA
A
EI
Belém
HISTÓRIA
ST
LI
FI
Hebron
Ma
r Ve
N N
0 35 ÁFRICA 0 415
km km
STONE
pelos assírios, o Egito também sofria invasões de vários povos.
ICO/TOPFOTO/KEY
Um deles vinha da Núbia, região rica em ouro situada ao sul
da primeira catarata do rio Nilo, onde atualmente se localiza o
Sudão. Em 750 a.C., um rei do povo kush dessa região invadiu
MUSEU BRITÂN
o Egito e derrubou o faraó. Seu filho Pianky tornou-se faraó,
fundando a 25a dinastia do Egito, que durou de 715 a.C. a 664
a.C. Foi a época dos faraós negros, cujo reinado é conhecido
como dinastia etíope, ou kushita.
PARA CONSTRUIR
5 Durante a dominação romana, os hebreus viveram a chamada a) Os hebreus são antepassados de que povo da atualidade?
Diáspora (a dispersão imposta pelos romanos em 135 d.C.), um Os hebreus são antepassados dos atuais judeus ou israelitas, e, ao
longo processo de dispersão para diversas partes do mundo. final do segundo milênio a.C, viviam perto de Ur, na Mesopotâmia.
Como explicar que, quase dois mil anos depois, os judeus se
b) O que foi o êxodo?
reorganizaram no Estado de Israel, fundado em 1948?
Uma das fontes de estudo desse povo é o Velho Testamento,
O fato de os judeus terem mantido sua identidade nacional e
um dos livros da Bíblia. De acordo com a narrativa, o patriarca
religiosa, mesmo permanecendo dispersos pelo mundo até
Abraão recebe de Deus a incumbência de deslocar seu povo para
1948 – ano da criação, pela ONU, do Estado de Israel –, nos Canaã, a Terra Prometida, depois denominada Palestina. Secas e
remete ao processo de unificação das tribos dos hebreus. Como conflitos com outros povos fazem com que os hebreus migrem
estudado no capítulo, foi naquele momento que se incutiu para o Egito por volta de 1800 a.C. Lá eles acabam escravizados,
nos hebreus o sentimento de pertencer a uma nação única, tendo de pagar pesados impostos. O “êxodo”, assim, representou
do judaísmo como religião e da crença de que a Palestina a fuga dos hebreus da terra dos faraós, em retorno a Canaã,
estava a eles destinada por vontade divina. Esse sentimento sob a liderança de Moisés, entre 1300 e 1250 a.C.
ções da Antiguidade, na região do Oriente Médio. Sobre a “Diáspora”, ocorrido por volta de 135 d.C. Com a fundação do
civilização hebraica, faça o que se pede. Estado de Israel em 1948, os judeus retornaram à Palestina.
1 A imagem abaixo mostra uma inscrição rupestre produzida por muda esse cenário para um amontoado de areia, pedras e
paleoindígenas que viveram no que é hoje o território brasilei- arbustos. O estudo, realizado pela Universidade da Pensilvâ-
ro. Ela se encontra na região conhecida como Toca da Extrema. nia, concluiu que o homem moderno surgiu numa região que
Sobre as inscrições rupestres, podemos dizer que: c hoje se situa na fronteira entre Angola e Namíbia, no sudoes-
a) permitem que pesquisadores te do continente africano. Nessa área vivem os 100 mil inte-
ADRIANO GAMBARINI
compreendam aspectos rele- grantes do povo san, ainda hoje formado por caçadores e
vantes do cotidiano das po- coletores. Nenhum povo africano tem uma variedade genéti-
pulações que a produziram, ca tão grande quanto os sans, e foi justamente isso que levou
porém o mesmo não pode ser os pesquisadores a concluir que seus antepassados deram
dito a respeito das técnicas de origem à humanidade. [...] A pesquisa conclui que os ante-
pintura e de expressão artís- passados dos sans se espalharam pela África. Também calcula
tica. Isso ocorre porque não o ponto exato em que um grupo deles – talvez um bando
observamos nenhum cuidado tribal com não mais que 150 integrantes – teria deixado a
técnico na composição da pin- África, há 50 mil anos, cruzando o mar Vermelho em direção
tura, resultando numa imagem
à Ásia – e daí ganhando o mundo. A descoberta reforça a tese,
rudimentar e pobre do ponto
consolidada nas últimas décadas pelas pesquisas genéticas, de
que a humanidade descende de um pequeno grupo de “Evas”
de vista estético.
b) os pesquisadores sabem que tais pinturas eram produzidas
e “Adãos”. [...] O estudo foi festejado como uma peça-chave
rapidamente e não recebiam intervenções posteriores. Isso para a compreensão da origem da humanidade, das migrações
pode ser afirmado por meio da observação das técnicas de que povoaram o planeta e das adaptações do homem ao meio.
BEGUOCI, Leandro. O berço da humanidade. Veja. São Paulo: Abril, v. 2 112,
pintura utilizadas, já que a pintura inteira dispõe das mesmas ano 42, n. 19, 13 maio 2009. p. 111. Adaptado.
e limitadas técnicas de representação pictórica. a) As descobertas realizadas entre o povo sans reforçam as teses
c) podem apresentar diferentes estilos e técnicas de representa- que apontam para uma profunda diferença genética entre
ção bastante particulares. Além disso, numa mesma inscrição,
os seres humanos de diferentes regiões do planeta. Assim, a
podemos encontrar técnicas diversas, já que não era incomum
teoria mais adequada sobre o surgimento dos seres huma-
o acréscimo de novas pinturas posteriormente à produção de
nos é aquela que aponta para a existência de grupos de ho-
uma dessas pinturas rupestres. Por essa razão, tais imagens
minídeos que apareceram em diferentes partes do globo em
apresentam grande interesse para o estudo da arte e das téc-
épocas distintas.
nicas de representação pictográficas dos paleoindígenas.
b) A pesquisa realizada a partir do povo sans, combinada com os
d) a presença de inúmeros elementos pictórios e intrusões pos-
resultados do mapeamento genético do ser humano, aponta
teriores numa mesma inscrição dificultam aos pesquisadores
a compreensão desse registro. Por essa razão, arqueólogos e definitivamente para a inexistência de diferenças raciais entre
historiadores preferem utilizar outros documentos para o es- os seres humanos.
tudo dos hábitos e dos costumes dos paleoindígenas, como c) Os dados obtidos na pesquisa indicam que a região onde vi-
evidências fósseis ou análise de material genético. vem os sans originou um dos berços da humanidade, porém
e) eram frequentes em apenas poucas regiões do Brasil, como esse não foi o único. Em outras regiões do globo encontra-
os sítios arqueológicos do Piauí. Nesse caso, um dos locais mos evidências de hominídeos que deram também origem
com as inscrições mais importantes era o sítio conhecido à espécie humana.
como a Toca da Extrema. d) O estudo do material genético dos primeiros hominídeos
não ajuda na compreensão das origens da humanidade, pois
2 Leia o texto a seguir e escolha a alternativa adequada: b as espécies animais sofreram tantas mutações genéticas ao
O berço da humanidade longo do tempo que isso impossibilitou o completo mapea-
O nascimento da humanidade em jardins verdejantes mento e a comparação com antepassados tão longínquos.
com árvores frutíferas faz parte da mitologia de muitas reli- e) As evidências indicam que os primeiros hominídeos não sur-
giões. [...]. A maior pesquisa já feita sobre a diversidade gené- giram na África, mas na Ásia e apenas posteriormente migra-
tica da África, berço da espécie humana há 200 mil anos, ram para o continente africano.
79
QUADRO DE IDEIAS Direção editorial: Renata Mascarenhas
Coordenação editorial: Tatiany Renó
Edição: Camila De Pieri Fernandes (coord.), Tatiane
Godoy; Colaboração: Eliete Bevilacqua
Coordenação de produção: Fabiana Manna, Daniela
Carvalho
Primeiros hominídeos Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni
(coord.), Danielle Modesto, Marília Lima, Marina Saraiva,
Tayra Alfonso, Vanessa Lucena
Edição de Arte: Kleber de Messas
Iconografia: Sílvio Kligin (supervisão), Ellen Colombo
Finta; Colaboração: Fábio Matsuura, Fernanda Siwiec,
Conceito de Pré-História Movimento migratório Os paleoindígenas Fernando Vivaldini
Licenças e autorizações: Patrícia Eiras
O surgimento dos dos hominídeos Ilustrações: Ideario Lab, Ilustra Cartoon
primeiros hominídeos Período Paleolítico Projeto gráfico de miolo: Daniela Amaral, Talita
Conquista da agricultura Guedes
Colaboraram para esta Edição do Material:
Período Neolítico Projeto Sistema SESI de Ensino
Gestão do Projeto: Thiago Brentano
Coordenação do Projeto: Cristiane Queiroz
Coordenação Editorial: Simone Savarego, Rosiane
As primeiras civilicações: Botelho e Valdete Reis
Egito e Mesopotâmia Revisão: Juliana Souza
Diagramação: lab 212
Capa: lab 212
Ilustração de capa: Macrovector/ Sentavio/ Golden
Sikorka/ Shutterstock
Consultores:
Coordenação: Dr. João Filocre
Mesopotâmia Egito História: Msc. Carlos Augusto Mitraud
SESI DN
O surgimento das cidades Unificação do Egito Superintendente: Rafael Esmeraldo Lucchesi
A invenção da escrita cuneiforme O poder do Faraó Ramacciotti
Centralização política e formação A escrita hieroglífica Diretor de Operações: Marcos Tadeu de Siqueira
Gerente Executivo de Educação: Sergio Gotti
do império Diferenças sociais no Egito
Gerente de Educação Básica: Renata Maria Braga
O pensamento dos egpícios dos Santos
Todos os direitos reservados por SOMOS Educação S.A.
Avenida das Nações Unidas, 7221
Pinheiros – São Paulo – SP
As civilizações da Ásia: CEP: 05425-902
China e Índia (0xx11) 4383-8000
© SOMOS Sistema de Ensino S.A.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Azevedo, Gislane
Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de 1
a 12 : história ; professor / Gislane Azevedo, Reinaldo
A civilização chinesa A civilização da Índia Seriacopi. -- 3. ed. -- São Paulo : Ática, 2017.
A formação da China O povoamento da Índia
Centralização e organização do A sociedade de castas 1. História (Ensino médio) I. Seriacopi, Reinaldo.
Império Chinês Os impérios indianos II. Título.
e os hebreus 2016
ISBN 978 85 08 18226 8 (AL)
ISBN 978 85 08 18229 9 (PR)
3ª edição
1ª impressão
Impressão e acabamento
Fenícios Persas Hebreus
Conceito de cidade-Estado A formação dos A invenção do monoteísmo
Uma publicação
O comércio fenício persas A identidade dos hebreus
O alfabeto fonético O Império Persa O reino de Israel
GISLANE AZEVEDO
Mestre em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. Professora universitária, pesquisadora e ex-professora
de História do Ensino Fundamental e Médio nas redes pública e
privada. Jabuti 2013 na categoria didáticos.
REINALDO SERIACOPI
Bacharel em Língua Portuguesa pela Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e em Jornalismo
pelo Instituto Metodista de Ensino Superior (IMS-SP). Editor especia-
lizado na área de História. Jabuti 2013 na categoria didáticos.
HISTÓRIA
MÓDULO
Das cavernas às primeiras civilizações
(18 aulas)
2 GUIA DO PROFESSOR
AULA 2 Páginas: 6 a 8 Etnocentrismo é a atitude de negação, desvalorização e/ou discri-
minação de uma cultura sobre outra, tendo como base a ideia de
Os primeiros hominídeos e o superioridade. Assim fizeram os europeus para justificar a domi-
Homo sapiens moderno nação dos povos nativos da América e da África.
e) Se não existem culturas superiores e inferiores, como a cultura
Objetivos deve ser entendida?
Promover a compreensão do conceito de hominídeo. Toda cultura é uma construção histórica que, antropologicamente,
Explicar as principais características do gênero Homo. não pode ser qualificada como superior ou inferior a outra. As
culturas são apenas diferentes. Como resultam da ação humana,
Estratégias são, portanto, limitadas e apresentam tanto aspectos positivos
Com a participação dos alunos, faça um esquema na lousa e re- quanto negativos.
gistre as designações que constam no texto sobre os hominídeos Ao longo do capítulo, vários hominídeos são citados. Sugerimos,
encontrados ao longo dos anos de pesquisas científicas. Trabalhe a porém, que não seja exigido dos alunos o domínio de todos os nomes
definição apresentando como enfoque a família biológica, da qual (Homo habilis, Homo erectus, Homo neanderthalensis e Homo sapiens são
fazem parte os seres humanos atuais e seus ancestrais. os principais). O importante é que eles percebam que não houve uma su-
Segundo a ciência, os primeiros primatas surgiram há cerca de cessão linear na evolução e que gêneros e espécies distintas coexistiram.
60 milhões de anos. Desse grupo, além do gorila, do chimpanzé e do Ressalte que, na evolução do gênero humano, é possível distinguir
orangotango, teriam se originado também os primeiros hominídeos. três etapas principais. Na primeira, certas espécies de antropoides
O hominídeo mais antigo encontrado até agora é o Ardiphitecus ka- adaptaram-se ao meio; na segunda, o Homo erectus produziu uten-
dabba, que habitou a África há cerca de 5,8 milhões de anos. Entre 4,2 sílios e ferramentas; na terceira, o Homo sapiens, por sua capacidade
milhões e 1 milhão de anos atrás, várias espécies de hominídeos do intelectual, dominou o habitat. Peça aos alunos que elaborem um
gênero Australopithecus coexistiam na África. Há cerca de 2 milhões de texto em que relacionem a evolução humana ao desenvolvimento
anos, uma dessas espécies originou um novo grupo, chamado Homo. anatômico das três espécies. Destaque que o ser humano atual, ape-
As diversas evoluções do gênero Homo teriam levado ao surgimento sar de suas limitações físicas (se comparado ao primitivo hominí-
da nossa espécie, o Homo sapiens sapiens, por volta de 195 mil anos deo), superou as dificuldades e as ameaças impostas pela natureza
atrás. Entretanto, no atual estágio de conhecimento científico há mui- por meio do uso da razão e inventou instrumentos para dominar o
tas dúvidas e suposições sobre a origem da humanidade. Não se sabe ambiente de distintas maneiras e diversificar suas condições de vida.
exatamente quando e por que essas mudanças ocorreram originando Oriente a leitura do texto do boxe “Somos todos iguais” (página 8)
à nossa espécie. Entretanto, sabe-se que foram necessários milhões de e proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
anos para que alterações na constituição física do corpo e nas práticas atividades 1 a 5 do “Para construir” (páginas 9 e 10).
culturais levassem à formação do Homo sapiens moderno.
Trabalhe com a turma as características peculiares da espécie hu- Tarefa para casa
mana e o conceito de cultura. Você pode problematizar esse conceito Solicite aos alunos que façam em casa as atividades 1 do “Para
por diferentes perspectivas. Por exemplo, questione: praticar” (página 16) e 1 e 2 do “Para aprimorar” (páginas 16 e 17).
a) Por que a cultura, ou o comportamento cultural, é algo especifi-
camente humano? AULA 3 Página: 11
Porque outros animais não criam cultura, apenas reproduzem hábi-
tos previstos pelos instintos e por códigos genéticos de sua espécie. Saindo da África
b) Como e por que os seres humanos desenvolveram a cultura?
A cultura é resultado do trabalho do ser humano, que se esforça para Objetivo
dar respostas distintas aos desafios e às necessidades que se apresentam Apresentar aos alunos as teorias sobre o povoamento da Terra pelo
em seu cotidiano. Um significado simples do termo afirma que “cultu- gênero Homo.
ra abrange todas as realizações materiais e os aspectos espirituais de
um povo. Ou seja, em outras palavras, cultura é tudo aquilo produzido Estratégias
pela humanidade, seja no plano concreto ou no plano imaterial, desde Com o auxílio de um mapa e com a classe, ilustre os caminhos do
artefatos e objetos até ideais e crenças. Cultura é todo complexo de co- Homo sapiens sapiens pelos continentes. Ao longo da exposição, proble-
nhecimentos e toda habilidade humana empregada socialmente. Além matize as condições de vida desses hominídeos, seus hábitos e costumes.
HISTÓRIA
disso, é também todo comportamento aprendido, de modo indepen- A esse respeito, informe aos alunos que os primeiros hominídeos não
dente da questão biológica.” (SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel dispunham de grandes habilidades físicas em comparação com outras
Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2006.). espécies do reino animal. Se dependessem apenas de sua constituição
c) A cultura é um mero reflexo de nossa inteligência? física e de sua capacidade natural para se adaptar às condições climá-
Não. Ela resulta, sobretudo, de nossa experiência social. ticas, proteger-se dos predadores e obter alimentos, os hominídeos es-
d) O que é etnocentrismo? Com base em episódios e processos his- tariam destinados ao desaparecimento. Foram as conquistas técnicas e
tóricos, dê exemplos de comportamentos etnocêntricos. culturais adquiridas nos primórdios da humanidade que permitiram a
4 GUIA DO PROFESSOR
respeito das fontes, um trabalho valioso pode ser realizado ao explo- União. Contudo, a criação da lei não foi suficiente para que os sam-
rar essa seção, observando detalhadamente a pintura e identificando baquis deixassem de ser depredados. Relacione a depredação secular
as informações nela contidas. dos sambaquis com o fabrico de cal.
Defina os conceitos de patrimônio cultural e ecossistema, mostran- Discuta com os alunos que, apesar da legislação protetora dos sí-
do que o equilíbrio entre os recursos naturais é um fator condicio- tios arqueológicos, a dilapidação desse patrimônio ainda continua.
nante na conservação dos recursos culturais. Faça referência, entre as causas desse fato, à ausência de uma política
nacional rigorosa e de uma consciência de preservação patrimonial,
De acordo com o Dicionário eletrônico Houaiss da língua por- à falta de verba de incentivo e de material, à insuficiência de mão de
tuguesa, ecossistema pode ser definido como o “sistema que obra qualificada para esse trabalho e às dificuldades de infraestrutura
inclui os seres vivos e o ambiente, com suas características físico- para locomoção e alojamento.
-químicas e as interrelações entre ambos”. Sobre o conceito de Proponha aos alunos a elaboração de um texto que problematize
patrimônio cultural, leia o Texto 1 da seção Textos Complemen-
a importância do trabalho arqueológico brasileiro. Com argumentos
tares deste Guia.
próprios e auxiliados por você, eles deverão produzir um texto de
opinião que poderá ser encaminhado a um jornal ou a outro meio
Chame a atenção dos alunos para as escavações, sondagens e co-
público de comunicação de sua cidade. Indique o número mínimo e
letas de superfície. Esse tipo de trabalho fornece muitos materiais,
máximo de linhas a ser escritas.
provenientes das atividades de populações que ocuparam a região
há pelo menos 50 mil anos. Atente para a coerência do documento e ressalte que um texto de
O mapa “Principais sítios arqueológicos do Brasil” (página 22) opinião, geralmente publicado em jornais, revistas e sites, discute ques-
contém informações que permitem inferir que a presença huma- tões polêmicas que envolvem um grande número de pessoas. Por essa
na no território brasileiro ocorre desde tempos muito remotos. razão, ele deve ser fundamentado em argumentações consistentes. Ex-
Com relação aos vestígios encontrados nesses sítios, vale ressaltar plique que produzir e divulgar um texto de opinião é uma das formas
os aspectos que caracterizam e diferenciam os diversos grupos, de se assumir como sujeito histórico, o que significa, entre outras coisas,
considerando costumes alimentares, moradias, práticas artesanais, participar das discussões e soluções dos problemas da comunidade.
localização, produção de objetos, entre outros. Utilize o mapa para Comente com os alunos que alguns povos da região amazônica, como
localizar o Sítio Arqueológico de Lagoa Santa, em Minas Gerais. a civilização marajoara que ocupou a ilha de Marajó há cerca de 3 500
Localize as regiões onde viviam os Umbu e os Humaitá. Compare anos, formaram organizações sociais hierarquizadas, dominavam técnicas
as diferenças e/ou semelhanças de costumes entre os dois povos. de artesanato altamente desenvolvidas e praticavam a agricultura. Os
Após a leitura e a discussão sobre o assunto, sistematize com a classe Marajoara também construíram elevações (os tesos) que impediam as
o conceito de sítio arqueológico e registre-o na lousa. Proponha um enchentes e controlavam melhor as cheias dos rios. Pesquisas recentes
debate sobre o ofício do arqueólogo. Aqui, o objetivo é levar os alunos mostram que a região do alto Xingu foi ocupada por uma sociedade de
a perceber a importância desses profissionais na reconstrução da his- estrutura complexa. Os indícios mostram que a região chegou a abrigar
tória da humanidade. Estimule-os a discutir o trabalho de mulheres e
dezenove aldeias de formato circular, protegidas por fossas e paliçadas,
homens que se dedicam à pesquisa em busca de nosso passado.
interligadas entre si por meio de estradas. As maiores aldeias abrigavam
uma população que variava de 2,5 mil a 5 mil habitantes.
AULA 6 Páginas: 23 a 25 É possível ressaltar que o conceito de “sociedade complexa” se
aplica aos agrupamentos humanos cuja organização social, políti-
Sambaquis, povos da Amazônia, do Sul e
ca e econômica conta com níveis acentuados de especialização,
Sudeste e do alto Xingu hierarquização e estratificação social. Em oposição, as chamadas
Objetivo sociedades simples são as que têm baixo nível de diferenciação so-
Apresentar aos alunos as primeiras culturas que se desenvolveram cial. Esses conceitos substituíram as noções antigas de “primitivo”
no território brasileiro. e “civilizado”, difundidas pela ciência eurocêntrica do século XIX.
Se houver tempo, elabore um quadro-síntese dos principais con-
Estratégias ceitos e tópicos estudados com a participação dos alunos, visando
Trabalhe a definição de sambaquis (samba = “concha”; qui = esclarecer eventuais dúvidas.
“monte”), considerando-os “montes de conchas que foram acumu- Proponha aos alunos que se organizem em grupos e criem palavras
ladas por muitos anos, não pela natureza, mas por antigos habitantes cruzadas sobre o conteúdo discutido. Após a conclusão dessa etapa
HISTÓRIA
do local; provavelmente grupos de nômades”. (Disponível em: <www. do trabalho, sugira a troca dos exercícios entre os grupos.
cidadao.sp.gov.br/noticia.php?id=217808>. Acesso em: 16 jul. 2014.) Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
Explique aos alunos que hoje há poucos vestígios de sambaquis no atividades 1 a 5 do “Para construir” (páginas 26 e 27).
Nordeste brasileiro. Eles foram destruídos, principalmente, por repre-
sentarem uma rica fonte de cal, utilizada na construção dos casarios Tarefa para casa
até a década de 1960. Refira-se à Lei Federal no 3.924/61, que proibiu Solicite aos alunos que façam em casa as atividades 1 a 5 do “Para
essa prática, caracterizando-a como crime contra o patrimônio da praticar” (páginas 27 e 28) e 1 e 2 do “Para aprimorar” (página 28).
AULA 7 Páginas: 29 e 30
Tarefa para casa
Solicite aos alunos que façam em casa as atividades 1 a 3 do “Para
As cidades-Estado e a civilização suméria praticar” (página 36) e 1 e 2 do “Para aprimorar” (páginas 36 e 37).
Sugira a elaboração de um texto dissertativo que relacione o se-
Objetivos dentarismo com a formação dos núcleos urbanos. Outra opção é
Apresentar aspectos do processo de ocupação e formação da Me- solicitar uma pesquisa sobre as cidades-Estado atuais, descrevendo
sopotâmia. suas principais características.
Analisar o processo que levou ao surgimento da escrita cuneiforme
e sua importância. AULA 8 Páginas: 32 e 33
Levar o aluno a identificar as contribuições dos sumérios para a
humanidade. O Primeiro Império Mesopotâmico
Estratégias Objetivos
Localize a região da Mesopotâmia com o auxílio de um mapa e Apresentar aspectos do processo de ocupação da Mesopotâmia.
ressalte que hoje essa região é ocupada pelo Iraque. Conceitue urba- Explicar o que significou o Código de Hamurabi.
nização e fale sobre as primeiras cidades da Mesopotâmia.
Estratégias
Destaque as ideias a seguir:
a) Mesopotâmia é uma palavra de origem grega que significa “terra Ao trabalhar o assunto da aula com a classe, ressalte os pontos a
entre rios”. Essa região estava localizada entre os rios Tigre e Eufra- seguir:
a) A importância dos babilônios na história da Mesopotâmia. Como
tes, no Oriente Médio. É considerada uma das regiões mais antigas
herdeiros dos sumérios, eles modificaram e transformaram sua he-
da história. Os povos da Antiguidade, em geral, buscavam regiões
rança para adequá-la à sua própria cultura, influenciando também
férteis, próximas a rios, para desenvolver suas comunidades.
os territórios vizinhos.
b) Vários povos habitaram a Mesopotâmia: sumérios, acadianos, as-
b) Sobre a metáfora bíblica da Torre de Babel: explique que o nome
sírios, babilônios, entre muitos outros. Cabe ressaltar, porém, que Babilônia, de origem grega, vem de Babel, cujo significado, entre
não houve necessariamente uma sucessão de domínios na região. outros, é “confusão”.
c) Os mesopotâmicos não se caracterizavam pela construção de uma c) O papel histórico do rei Hamurabi, que, com extrema habilidade
unidade política. Embora tenham ocorrido momentos de centra- e a política de alianças, promoveu a unidade territorial e a centra-
lização imperial, a Mesopotâmia era formada por cidades-Estado. lização política na região.
d) Na Mesopotâmia foram construídos complexos sistemas de con- d) A importância histórica do Código de Hamurabi como conjunto
trole da água dos rios, canais de irrigação, barragens e diques. de leis (282 artigos) escritas e seu princípio central fundamentado
e) Os sumérios eram grandes empreendedores comerciais e, por essa em direitos, responsabilidades e punições: “Olho por olho, dente
razão, estabeleceram relações comerciais com vários povos da cos- por dente”.
ta do Mediterrâneo e do Vale do Indo. (Utilize sempre um mapa Discuta com os alunos as principais características dos assírios: a
durante as aulas para que os alunos possam localizar essas regiões.) maneira como dominavam os inimigos por meio do terror; o milita-
Explique aos alunos o sistema cuneiforme de escrita. Comente rismo disciplinado e cruel, tornando-se o primeiro exército organiza-
que, inicialmente, eram representações, símbolos do mundo, que, do do mundo com recrutamento obrigatório.
por razões práticas, evoluíram e tornaram-se mais simples e abstratas. Leia o texto “Centros urbanos na América” do “Enquanto isso...”
Ao ler o boxe “Assim nasceu a escrita”, questione os alunos sobre o (página 33) e pergunte aos alunos: Por que algumas sociedades ten-
fato de, na Mesopotâmia, a escrita ser resultado da necessidade de deram a se organizar em torno de cidades e outras não? Quais foram
organização das cidades. Seria um caso restrito a essa região? Isso não as principais vantagens e desvantagens das sociedades urbanizadas?
ocorreu em outros lugares? Divida a turma em pequenos grupos e O objetivo dessas questões é levar o aluno a fazer uma reflexão
proponha a elaboração de um texto opinativo sobre a importância sobre o papel da cidade na formação das sociedades humanas, ten-
da escrita hoje e seu significado no futuro. do em vista uma comparação com as sociedades não urbanizadas.
6 GUIA DO PROFESSOR
Espera-se que o aluno compreenda que a existência de cidades não Comente com os alunos o significado político dos nomos como
significa necessariamente melhoria na qualidade de vida, nem avanço divisões territoriais independentes entre si, dirigidas por nomarcas
tecnológico em relação a outros grupos humanos. Trata-se de socie- que acumulavam as funções de rei, juiz e chefe militar. Explique que
dades com necessidades distintas e que solucionam seus desafios os nomos evoluíram para a constituição de dois reinos (delta: Baixo
também de modo distinto. Reflita com os alunos sobre os problemas Egito e Vale: Alto Egito), os quais, unidos, transformaram-se em um
urbanos e a desigualdade social tão comum nas grandes cidades bra- Império. Use o mapa “O antigo Egito” (página 39) para mostrar os
sileiras. Você pode também retomar o conteúdo do boxe para lem- dois reinos aos alunos. Caso eles confundam o sentido da corren-
brar os alunos que as cidades mantêm uma relação de interdepen- teza do Nilo, seria interessante explicar-lhes que esse rio corre das
dência com a vida rural, especialmente pela produção de alimentos. cataratas (no Alto Egito) para o delta (Baixo Egito), desaguando no
Reveja os principais conceitos estudados no capítulo e aproveite mar Mediterrâneo. Discuta o aspecto antropomórfico e politeísta da
para verificar se os alunos, de fato, assimilaram as informações. Sugira religião egípcia.
a elaboração de um texto crítico, organizado primeiramente em pe- Com a classe, analise as fotos da página 39 e depois leia o texto “O
quenos grupos, para posterior apresentação e discussão em sala de poder do faraó”. Proponha a elaboração de uma síntese em que os
aula. Você deverá mediar a discussão e anotar na lousa os principais alunos relacionem o poder do faraó com a arte das estátuas gigan-
conceitos discutidos por eles. tescas e as colunas do Templo de Abu Simbel.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as Leia o boxe “A escrita hieroglífica”. Problematize a importância da
atividades 5 a 8 do “Para construir” (páginas 34 e 35). escrita egípcia como instrumento cultural, econômico (vinculada ao
comércio e ao controle de impostos) e de poder (visto que apenas
Tarefa para casa uma elite tinha acesso a ela). Destaque e explicite o significado de
Solicite aos alunos que façam em casa as atividades 4 e 5 do “Para hieroglífica (gravação sagrada).
praticar” (página 36) e 3 e 4 do “Para aprimorar” (páginas 36 e 37). Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
atividades 1 e 2 do “Para construir” (página 40).
4. A CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA Tarefa para casa
Solicite aos alunos que façam em casa as atividades 1 e 2 do “Para
Objeto do conhecimento praticar” (página 45) e 1 do “Para aprimorar” (página 45).
Representação espacial. Os domínios naturais e a relação do ser Se houver tempo, proponha a elaboração de um texto com base
humano com o meio ambiente. na seguinte afirmação do historiador grego Heródoto de Halicarnasso:
“Não existe homem no mundo que obtenha o fruto da terra com tão
Objeto específico pouco esforço [...]. O rio cresce espontaneamente, rega os campos e,
Projeções cartográficas, leitura de mapas temáticos, físicos e depois de regar, retira-se outra vez. O Egito é um presente do Nilo”.
políticos. Relação ser humano-natureza e a apropriação dos
recursos naturais pela sociedade ao longo do tempo.
AULA 10 Páginas: 41 a 43
Impacto ambiental das atividades econômicas.
A vida social, a religiosidade e o saber
AULA 9 Páginas: 38 a 40 egípcio
Às margens do Nilo Objetivo
Apresentar aspectos culturais, religiosos e artísticos do Egito antigo.
Objetivos
Apresentar aspectos do processo de formação do Egito antigo. Estratégias
Explicar o papel do faraó na sociedade egípcia. Reproduza na lousa a pirâmide que ilustra a estratificação social
Caracterizar o Antigo, o Médio e o Novo Império. egípcia da página 41. Destaque a rigidez desse tipo de sociedade, di-
vidida entre dominados e dominantes. Problematize a questão dessa
Estratégias rígida estratificação social. Proponha a elaboração de um texto sobre
O Egito antigo é geralmente associado às pirâmides ou às múmias, os aspectos da vida cotidiana egípcia.
como se representassem a principal produção dessa sociedade. Entre- Tratar da religião no Egito antigo significa abranger outros aspectos
tanto, outros aspectos de sua história podem ser destacados: a longa que a ela se relacionam. A crença na vida após a morte, por exemplo,
duração dessa civilização; a rígida organização social; a forte religiosidade remete aos conhecimentos científicos desenvolvidos, à construção
HISTÓRIA
presente tanto na vida política (faraó-deus) quanto na produção artística; das grandes pirâmides, à técnica da mumificação, entre outros. A
os conhecimentos científicos desenvolvidos; entre muitos outros. leitura dos boxes “As múmias” e “Os cuidados com o corpo” podem
Para orientar o desenvolvimento dos conteúdos tratados no ca- contribuir para o desenvolvimento desses temas.
pítulo, verifique o que os alunos sabem previamente sobre o tema Enfatize o fato de que os egípcios tinham profundas crenças reli-
da aula. Com o auxílio de um mapa, localize o Egito e o deserto do giosas, o que foi um fator marcante na formação de sua civilização e
Saara. Destaque as margens e o delta do Nilo como as principais áreas organização social. Eles acreditavam na vida após a morte e por isso
ocupadas pelo ser humano. prestavam culto aos mortos em cerimônias fúnebres.
8 GUIA DO PROFESSOR
Estratégias fenícia, pode-se observar, no mapa “A expansão fenícia (séculos XII
Essa parte do capítulo trata das origens da complexa sociedade a.C. a VIII a.C.)” (página 61), a localização da região ocupada por eles.
indiana e de sua grande diversidade religiosa e cultural. Conhecer Além disso, deve-se considerar também a pequena extensão de seu
essas origens possibilita compreender alguns aspectos dessa so- território, o relevo montanhoso e os diversos artigos que produziam,
ciedade na atualidade, como a organização em castas. Sobre as como artefatos de vidro, armas, objetos de marfim e tecidos coloridos.
antigas tradições indianas, o boxe “Contradições indianas” traz A prática náutica, associada à atividade comercial, contribuiu
informações que ampliam o estudo dos conteúdos e propiciam para que os fenícios se organizassem em cidades-Estado e se es-
uma rica discussão com os alunos, como a análise de mudanças e tabelecessem fora da Ásia, criando muitas cidades. A principal
permanências na sociedade indiana e de seus contrastes. foi Cartago, no norte da África. A leitura do boxe “Cartago, rival
Com os alunos, localize em um mapa a região citada. de Roma” fornece informações que dão a dimensão dessa cidade
Leia o tópico “Os dravidianos” com a classe e explore o mapa “Ori- na Antiguidade.
gem e expansão da Índia”, destacando os locais mencionados. Inicie a aula com o auxílio de um mapa localizando o atual Líbano,
Ressalte que a Índia é uma das civilizações mais antigas do mundo. região ocupada pelos antigos fenícios e leia os textos da aula com os
Proponha aos alunos que localizem no texto elementos característicos alunos. Explique que o termo semita refere-se aos grupos étnicos
da urbanização entre os drávidas. Retome o conceito de sedentarismo. e linguísticos que consideram “Sem” (um filho de Noé) como seu
Mostre que o hinduísmo surgiu do encontro da religiosidade ariana ancestral comum. Os hebreus, os assírios, os aramaicos, os fenícios
com a pré-ariana (drávidas). e os árabes são povos ligados a essa família linguística. Em alguns
Depois, organize na lousa os fatos apresentados para que os alunos contextos, semita é entendido como sinônimo de judeu.
possam visualizar o sistema de castas com mais facilidade. Sugira a elabo- Retome o conceito de cidade-Estado e proponha uma discussão
ração de um texto de opinião em que os alunos discutam esse sistema. sobre o comércio fenício e sua importância na expansão marítima
desse povo, relacionando-o com a criação do alfabeto (o principal
Apesar de ilegal desde 1950, o sistema de castas ainda faz parte legado fenício para a humanidade) em contraponto à violência e às
da cultura indiana e está arraigado em suas relações sociais. O Tex- guerras dos hititas (vistos na aula 8). Peça aos alunos que elaborem
to 3 da seção Textos Complementares deste Guia aborda certos um texto-síntese do debate.
aspectos da vida dos párias, também chamados de intocáveis. Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
atividades 1 a 4 do “Para construir” (página 64).
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as Tarefa para casa
atividades 6 e 7 do “Para construir” (páginas 58 e 59).
Solicite aos alunos que façam as atividades 1 a 3 do “Para praticar”
Tarefa para casa (página 65) e 1 e 2 do “Para aprimorar” (página 65).
Solicite aos alunos que façam as atividades 2 e 3 do “Para praticar”
(página 59) e 2 a 4 do “Para aprimorar” (página 59). 7. OS PERSAS
10 GUIA DO PROFESSOR
AULA 18 Páginas: 75 e 76 TEXTOS COMPLEMENTARES
O reino de Israel Texto 1
Patrimônio cultural
Objetivos
O Decreto-lei no 25, de 30 de novembro de 1937, que entre
Apresentar algumas etapas da história do povo hebreu. outras medidas institui o instrumento do tombamento, define em
Discutir o significado do elemento religioso na cultura judaica. seu artigo 1o o conceito de Patrimônio Histórico e Artístico Na-
Analisar as disputas por territórios na Antiguidade. cional: Constitui o patrimônio histórico e artístico nacional o
conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no País e cuja
Estratégias conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a
As etapas iniciais da história dos hebreus podem ser trabalhadas obser- fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional
vando, nos mapas da página 75, o percurso realizado por eles desde Ur até valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico.
a Palestina (Terra Prometida). Utilizando esse recurso, é possível remontar Passados 51 anos, em que o País sofreu intensas e velozes mu-
danças, transformando-se de rural em majoritariamente urbano,
o processo de unificação dos hebreus e de construção de sua identidade.
a Constituição de 1988 relativiza a noção de excepcionalidade,
Uma das fontes de informação para isso é o Velho Testamento. substituída em parte pela de representatividade e reconhece a
Leia os textos da aula com os alunos e destaque a importância da dimensão imaterial. A denominação Patrimônio Histórico e Ar-
figura dos juízes como chefes militares e religiosos escolhidos pelas tístico é substituída por Patrimônio Cultural. O conceito é assim
tribos para liderá-las nas guerras, mantê-las unidas e preservar a cren- ampliado de maneira a incluir as contribuições dos diferentes
ça em um único deus. grupos formadores da sociedade brasileira. Essa mudança incor-
Discuta o conceito de identidade e a sua importância para a for- pora o conceito de referência cultural e significa uma ampliação
mação de uma nação. Destaque o papel de Davi na união das tribos importante dos bens passíveis de reconhecimento.
de Judá e Israel e a escolha de Jerusalém como capital do reino he- O artigo 216 da Constituição Federal assim conceitua patrimô-
breu. Para melhor identificação dos reinos, explore novamente com nio cultural:
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de
os alunos os mapas “Ur e a Palestina”.
natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em
Apresente o significado de diáspora na história hebreia. Comente conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memó-
sobre a criação do Estado de Israel, em 1948, pela Organização das Na- ria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos
ções Unidas (ONU). Relacione esse fato com o movimento sionista no quais se incluem:
contexto da criação de um Estado nacional judeu após o holocausto. I – as formas de expressão;
Analise com os alunos a foto do Muro das Lamentações (pági- II – os modos de criar, fazer e viver;
na 75), debatendo sobre sua importância e simbologia. Explique III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
que o Muro das Lamentações, também chamado de Muro Oci- IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espa-
dental, é uma área sagrada dedicada à oração. A parede construí- ços destinados às manifestações artístico-culturais;
da por Herodes, no primeiro século a.C., é considerada o lugar V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico
mais sagrado para os judeus. Comente que há websites especia-
[…].
lizados no envio de mensagens ao Muro. IPHAN. Patrimônio cultural. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/
Oriente os alunos na elaboração de um texto de opinião a ser en- portal/montarPaginaSecao.do?id=20&sigla=PatrimonioCultural&retorno=paginaI
caminhado à coluna “Espaço do leitor” de um jornal de circulação phan>. Acesso em: 16 set. 2014.
local, cujo foco seja o significado das religiões nos conflitos atuais. Texto 2
Ao trabalhar o “Enquanto isso…” (página 76), mostre como o Egito Os desafios da sociedade contemporânea exigem o envolvi-
e seus vizinhos se envolveram em intensas disputas pelas terras de- mento de toda a sociedade e a introdução de modificações em
sérticas do continente africano. Com o auxílio de um mapa, localize nossas cidades que reformulem comportamentos, hábitos e es-
com os alunos as regiões citadas no texto. paços de interação para favorecer a educação integral e cidadã,
Depois, se ainda houver tempo, proponha a criação de atividades para assumindo o importante papel de cidades educadoras [...]. O
conceito de comunidade educativa aparece em nossa sociedade
que os alunos possam retomar o conteúdo deste módulo. Eles deve-
atual como uma necessidade sentida pelas próprias instituições
rão utilizar a criatividade e explorar os recursos apresentados nos textos
escolares, que reconhecem a sua incapacidade para assumir so-
deste módulo e, se possível, em outras fontes. Peça que se organizem zinhas os atuais conceitos de educação integral. Os educadores
em pequenos grupos e elaborem um conjunto de atividades que serão constatam a inutilidade de seus esforços para transmitir alguns
redistribuídas entre os diferentes grupos para serem resolvidas. Sugira, valores e atitudes educativas que, se forem contraditórios com o
entre outras possibilidades, palavras cruzadas, caça-palavras, gincanas de
HISTÓRIA
contexto, nunca chegarão a fazer parte da vida de seus alunos.
perguntas e respostas, questões dissertativas, testes, etc. [...] Assim, não faz sentido manter em nossas salas de aula um
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as discurso bem-intencionado sobre a poluição e a reciclagem de
atividades 5 e 6 do “Para construir” (página 76). matérias-primas enquanto as crianças veem seus vizinhos joga-
rem lixo na rua. Nossa sociedade não pode encomendar dos edu-
Tarefa para casa cadores o trabalho, condenado ao fracasso, de pregar em suas
Solicite aos alunos que façam as atividades 2 do “Para praticar” aulas valores e atitudes que a comunidade não assume como
(página 77) e 2 do “Para aprimorar” (página 77). próprios. A conclusão é evidente: precisamos que nossas comu-
12 GUIA DO PROFESSOR
RESPOSTAS
CAPÍTULO 4 – A CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA 3. O Império Mauria se estendia do vale do rio Indo ao vale do Gan-
ges, cobrindo uma área de mais de 2 quilômetros quadrados.
PARA PRATICAR – página 45 Seu apogeu ocorreu com a administração de Ashoka, neto de
Chandragupta, entre 269 a.C. e 232 a.C. Nesse período, foram
1. e. 2. b. 3. a. construídos hospitais, clínicas veterinárias e estradas, além de
terem sido estabelecidas relações comercias com outras civiliza-
PARA APRIMORAR – páginas 45 e 46 ções. A arte e a tecnologia também floresceram.
1. a) A escrita era uma ferramenta importante para o controle e o
exercício do poder dos faraós. Por isso, durante o Antigo Im- PARA APRIMORAR – página 59
pério, o faraó criou a figura do escriba para supervisionar os 1. A resposta é pessoal, mas de acordo com o texto é possível citar
governos regionais que dividiam o território do Egito. Era tam- que entre os principais legados dos chineses para a história da
bém por meio da escrita que o faraó poderia ter maior contro- humanidade estão: a técnica de fabricacão da seda a partir dos
le sobre a cobrança de impostos, fiscalizar as obras públicas e casulos do bicho-da-seda; a filosofia de Confúcio; monumentos
organizar o estoque de alimentos. históricos como o mausoléu de Ying Zheng e a Grande Muralha;
b) O Estado tinha grande controle sobre as atividades econômi- instrumentos de medição da direção dos ventos; o sismógrafo;
cas no Império egípcio. Era o faraó que supervisionava a cria- conceitos matemáticos (como as quatro operações com núme-
ção das grandes obras, fiscalizava a produção de alimentos e ros fracionários e o cálculo com números positivos e negativos);
ordenava a cobrança de impostos. a bússola; os relógios de sol e de água; uma técnica de fabrica-
2. c. ção de papel; experiências médicas de dissecação de cadáveres
3. A resposta é pessoal, mas espera-se que, analisando os fatos, seja e de cirurgias com anestesia; o uso de ervas e a prática da acu-
possível concluir que o processo de transferência de peças egípcias puntura para o tratamento de doenças.
para museus europeus e norte-americanos constitui-se em um ato 2. O islamismo chegou à Índia com a conquista da região do
indevido, sendo considerado por alguns um verdadeiro saque. No Sind, no delta do Indo, pelos árabes, no século VIII. Essa nova
que diz respeito à questão ética, portanto, é completamente justa religião teve grande aceitação por parte dos indianos porque
a reivindicação egípcia da devolução do patrimônio cultural origi- muitos deles viam nela uma oportunidade de escapar do rí-
nário de seu país. Por outro lado, os responsáveis pelos museus que gido sistema de castas.
atualmente detêm a guarda dessas peças advogam, por exemplo,
3. O fato de uma considerável porcentagem de brasileiros não
que elas não encontrariam as condições de conservação ideais se
contar com saneamento básico reflete o problema habitacional
voltassem para o Egito. De qualquer forma, esta é uma problemá-
do país. Hoje, há um grande número de moradias construídas
tica que está longe de se resolver, pois extrapola interesses estri-
em condições precárias, muitas delas em situação irregular e
tamente culturais, envolvendo aspectos políticos e econômicos,
erguidas em áreas impróprias – geralmente invadidas e ocu-
como a detenção de fontes para o conhecimento, a construção
padas em loteamentos clandestinos –, sem aprovação ou con-
e o poder sobre o discurso histórico, a capacidade de atração de
trole do poder público. Essa situação tem raízes no processo
público para os museus, o poder de captação de recursos das insti-
tuições, o potencial turístico, etc. sofrido pela maioria das cidades médias e grandes do país nas
últimas décadas: o intenso fluxo migratório campo-cidade. Alia-
4. a) Podemos identificar as seguintes atividades: agricultura, arte- do a esse fator, mais recentemente observa-se um processo de
sanato e comércio. empobrecimento de parte da população da área urbana, que,
b) Mudanças: na agricultura egípcia, o uso da terra era baseado devido ao desemprego ou à perda de renda, abandona as re-
na servidão coletiva, enquanto no Brasil, em moldes capita- giões mais centrais das cidades, que em geral possuem maior
listas; no antigo Egito, o comércio era baseado nas trocas, infraestrutura, e desloca-se para zonas periféricas, em geral ain-
enquanto no Brasil atual o comércio possui base monetária. da carentes de obras de melhoria urbana. Quanto ao papel do
Permanências: o uso do arado com tração animal ainda sobre- poder público, a falta de planejamento e de políticas eficientes
14 GUIA DO PROFESSOR
que garantam os investimentos necessários constitui o principal Século XI – A região da antiga Pérsia é invadida pelos turcos.
fator que tem adiado a solução do problema. Século XIII – A região da antiga Pérsia é invadida pelos mon-
góis. Tempos depois, volta a ser governada por dinastias de
CAPÍTULO 6 – OS FENÍCIOS origem persa.
PARA PRATICAR – página 65 1935 – O país passa a se chamar Irã.
1. a. 2. a. 3. a. 2. a) De acordo com o texto, Ciro, com um pequeno exército de
persas, dominou diversos povos e venceu a Síria, a Arábia, a
PARA APRIMORAR – página 65 Fenícia, a Babilônia, etc.
1. b. b) Xenofonte relata no texto tanto a submissão pelo terror
como a aceitação pela admiração.
2. a) A existência de duas séries de remos e a amplitude da vela
içada sugerem que a embarcação era capaz de atingir uma ve- c) Podemos dizer que se trata de um relato positivo na medida
locidade bastante elevada para a época. Naturalmente, o uso em que o texto constrói a imagem de um líder bem-suce-
dos remos (da força física humana) não poderia se prolongar dido, que sabe usar tanto a força como a persuasão. Com-
por longos trajetos, mas servia para curtas distâncias. provam os trechos: “dominou os medos e hircanos, que es-
pontaneamente receberam o jugo”; “E de tal maneira soube
b) A preocupação notável com a velocidade, o espaço reduzido captar o amor dos povos, que todos queriam viver sujeitos
para armazenar produtos comerciais e a presença de uma às suas leis”; “fez dependentes de seu império tão grande nú-
saliência pontuda na proa (na frente) do navio sugerem que mero de reinos, que é dificultoso percorrê-los”.
se tratava de um navio com finalidades militares. Entre suas
principais atribuições estava a de defender as embarcações 3. a.
fenícias que transportavam mercadorias para serem comercia- PARA APRIMORAR – página 71
lizadas no mar Mediterrâneo.
1. c.
CAPÍTULO 7 – OS PERSAS 2. A religião persa denominada zoroastrismo tem seus fundamen-
tos registrados no Zend-Avesta, obra escrita por Zoroastro (628-
PARA PRATICAR – página 71 -551 a.C.), também conhecido como Zaratustra. Embora ofi-
1. Com base no estudo do capítulo, pode-se elaborar, entre outras, a cialmente apenas o grande deus Ahura-Mazdâ – simbolizado
seguinte linha do tempo: pela luz e pela pureza do fogo – fosse adorado, a população
cultuava divindades que personificavam as forças do bem em
2000 a.C. – Tribos nômades originárias da região da Ásia central constante luta contra o mal. Acreditava-se que quem comba-
e da Rússia atual instalam-se no planalto iraniano. Entre essas tesse as forças do mal alcançaria a felicidade e a vida eterna. A
tribos estão os medos e os persas. influência do zoroastrismo sobre o cristianismo está presente
nessa ideia de oposição entre o bem e o mal e nas ideias rela-
Século VII a.C. – Os medos são unificados por Déjoces, que se
cionadas ao juízo final e ao paraíso.
torna rei. Seu neto Ciaxares consolida o Império Medo e domi-
na os persas e outros povos.
CAPÍTULO 8 – OS HEBREUS
559 a.C. – Kurush (Ciro, em grego), bisneto de Ciaxares, unifica
as várias tribos persas. PARA PRATICAR – página 77
550 a.C. – Ciro é atacado pelo exército de seu avô, Astíages, 1. a) Segundo o texto, Moisés está oferecendo “as leis e os precei-
na região conhecida como Pasárgada. Ciro vence a batalha e tos” que o povo hebreu deveria seguir.
incorpora o reino dos medos ao território persa, dando início à b) Moisés afirma que esses mandamentos foram enviados por
Deus e que devem ser seguidos para que todos os outros
dinastia dos Aquemênida, nome do clã de seu pai. povos vejam a grandeza do povo hebreu e de seu Deus. As-
522 a.C. – Após a morte de Ciro e algumas disputas internas, sim, ao cumprirem leis tão justas, os hebreus seriam admira-
o líder Dario assume o poder e expande o Império Persa, do dos e respeitados.
qual passam a fazer parte cerca de 10 milhões de pessoas de c) Como visto no capítulo, a unidade do povo hebreu dependia
línguas, costumes e religiões diferentes. da crença em um único Deus e do respeito a um conjunto de
leis que dariam identidade e manteria a paz entre suas várias
514 a.C. – Dario, que já vinha sofrendo derrotas, perde ain- tribos. Além da finalidade religiosa, os textos bíblicos também
da mais força, especialmente quando decide direcionar suas traziam orientações de cunho moral e práticas sobre como
conquistas para a Europa. Nesse período, ocorrem as Guerras proceder nos assuntos cotidianos. Nesse trecho, Moisés argu-
Greco-Pérsicas, que culminaram com a derrota persa. menta que a grandeza e a sobrevivência cultural dos hebreus
dependia do respeito às leis divinas, entregues a ele por Deus.
331 a.C. – Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, que já do-
2. e.
minava a Grécia, derrota Dario III e conquista o Império Persa,
HISTÓRIA
pondo fim à dinastia Aquemênida. PARA APRIMORAR – página 77
642 d.C. – A Pérsia é conquistada pelos árabes e quase toda a 1. F – F – V – V – F
sua população se converte ao islamismo. 2. d.
16 GUIA DO PROFESSOR
PROFESSOR 601349