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2) A teoria da evolução
A partir do século XIX, as sociedades ocidentais passaram a usar a ciência como forma de explicar e
dominar a natureza e o universo. Todos os antigos mistérios passaram a ter explicações científicas. Entre
eles, o mistério da origem das espécies e da humanidade.
Em 1859, o cientista inglês Charles Darwin publicou o livro A origem das espécies. O que Darwin
demonstrou em seu livro?
O cientista provou que todas as espécies de seres vivos são passíveis de transformações ao longo do tempo.
Com isso, Darwin rompeu com uma antiga crença bíblica, a da imutabilidade das espécies. Após longas
viagens ao redor do mundo, coletando informações sobre centenas de espécies, o cientista concebeu e
provou que nenhuma delas surgiu tal como era naquele momento, todas elas se transformaram ao longo de
um tempo muito longo, por um processo conhecido como seleção natural.
O que é a seleção natural?
Em poucas palavras, a seleção natural significa a sobrevivência dos mais aptos. Mas o que isso quer dizer?
O que é ser mais apto? E o que acontece com os menos aptos?
Em primeiro lugar, vamos ter em mente que a seleção natural se refere apenas às espécies como um todo,
não a indivíduos específicos. Além disso, é um processo extremamente longo, que costuma levar milhões de
anos para acontecer.
Ser mais apto significa ser mais adaptado às condições do ambiente, ou seja, a espécie, cujas
características lhe dão as melhores chances para que cada indivíduo possa sobreviver, se reproduzir e passar
adiante às características gerais da espécie para uma nova geração, é considerada a mais apta. Por isso, cada
espécie é dependente das características do ambiente em que vive, qualquer mudança neste ambiente pode
resultar na espécie deixar de estar adaptada ao meio, deixando de ser apta a reproduzir-se e a sobreviver.
As espécies menos adaptadas ao ambiente em que vivem tendem a ter mais dificuldade para se reproduzir e
a passar suas características para as próximas gerações. Por isso, tendem a desaparecer, a se tornar extintas.
E como acontecem as mudanças nas espécies?
Ao longo do lento processo de seleção natural, alguns indivíduos em cada espécie, por acaso genético,
nascem com características levemente diferentes da maioria dos outros membros da espécie. É o que
chamamos de mutação genética. Essas mudanças podem resultar ou não em vantagens para a reprodução e
a sobrevivência da espécie. Se forem vantajosas, as mutações garantem que os indivíduos diferentes se
reproduzam mais, passem mais frequentemente suas características para a próxima geração e, depois de
milhões de anos, resultem em uma espécie diferente. Neste caso, vemos que a mutação tornou a espécie
mais apta, mais adaptada a sobreviver. Caso a mutação não seja assim vantajosa, a tendência é os indivíduos
diferentes morrerem sem se reproduzir, de modo que a nova característica tem menos chances de se
perpetuar. Não é uma mutação adaptada àquele ambiente.
Com o passar de milhões de anos, as espécies tendem a se diferenciar umas das outras, à medida que
somente os indivíduos mais adaptados a cada ambiente tendem a sobreviver e a se reproduzir.
Esse processo de mudança, adaptação e seleção naturais é o que chamamos de EVOLUÇÃO.
Lendo a imagem de baixo para cima, vemos que a nossa espécie humana derivou de uma linha que, milhões
de anos atrás, também se ramificou em outras espécies de animais, como símios e primatas.
Isso significa que nós viemos dos macacos?
NÃO! É incorreto dizer que os seres humanos são descendentes de macacos. A maneira correta de entender
a evolução é dizer que nós, membros da espécie Homo sapiens sapiens, temos ancestrais em comum com
algumas espécies de macacos. Ou seja, há mais de 25 milhões de anos atrás, existiu um tipo de animal, do
gênero Dryopithecus, cujos descendentes se transformaram em duas direções. Uma delas, originou uma
linha que foi parar nos atuais símios do Velho Mundo. Outra, após milhões de anos de transformações, e
com muitas outras espécies no meio-tempo, nos originou.
Vejamos com mais detalhes as espécies de hominídeos que nos antecederam:
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Lendo essa imagem de baixo para cima, vemos que, a partir de uma espécie hominídeo ancestral, foram se
diferenciando sucessivas espécies de animais mais e mais parecidos conosco. Vejamos como algumas
características muito importantes da nossa espécie evoluíram ao longo do tempo:
O crânio dos hominídeos mudou muito nos últimos 3 milhões de anos. Do Austrolopithecus até nós, Homo
sapiens sapiens, a capacidade craniana cresceu muito, acompanhando o crescimento do cérebro, o
achatamento do rosto, o retrocesso do queixo e a diminuição do tamanho dos dentes. O crescimento do
crânio e do cérebro foi ocorrendo à medida que as necessidades culturais dos hominídeos foram se tornando
mais e mais complexas, exigindo uma maior capacidade cerebral. Assim, a seleção natural agiu no sentido
de selecionar as espécies de hominídeos mais adaptadas a sobreviver formando culturas mais complicadas.
A evolução das mãos humanas resultou em aprimoramento de nossas habilidades de manipulação manual.
Os desenhos mostram as mãos de um gibão, de um chimpanzé e de um humano, mostrando na mão humana
atual o resultado de milhões de anos de evolução com uma enorme capacidade de segurar objetos com
precisão, permitindo a manipulação delicada de artefatos. O que é indispensável para nossa vida em
sociedade.
1) Homo habilis.
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Homo habilis ou o homem habilidoso.
Razão do nome: Foi o primeiro hominídeo a produzir instrumentos de pedra e madeira.
Quando e onde viveu: há aproximadamente 2 milhões de anos, no continente africano.
Outras informações: alimentava-se de carnes e vegetais.
2) Homo erectus.
Figura 6: Reconstrução facial de um espécime de Homo erectus, a partir de fósseis
cranianos.
3) Homo neanderthalensis.
Razão para o nome: “Sapiens” significa capacidade de saber, referindo-se à maior capacidade reflexiva desta
espécie, sendo capaz de pensar sobre seu próprio pensar e seu modo de agir.
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Quando e onde viveu: os fósseis mais antigos da espécie foram encontrados na África, datando de até 200
mil anos atrás. Dali, a espécie se espalhou por todo o planeta.
Outras informações: a nossa espécie desenvolveu enorme capacidade reflexiva, tornando-se capaz de formas
sofisticadas de linguagem falada e até mesmo escrita (um desenvolvimento recente), assim como a produção
de tecnologias avançadas e manifestações artísticas e religiosas. A partir de 12 mil anos atrás, desenvolveu a
agricultura, a criação de animais e a urbanização.
Os fósseis mais antigos de nossos ancestrais foram encontrados no continente africano, por isso, os sítios
arqueológicos (locais onde são encontrados vestígios materiais das atividades humanas) mais antigos do
mundo estão nesse continente. Dali, nossos ancestrais migraram, em ondas sucessivas, ao longo de milhares
de anos, para todos os outros continentes do mundo, chegando, por fim, às Américas e à Oceania. Vejamos o
mapa a seguir:
Podemos detalhar com maior precisão quais espécies ancestrais foram deixando a África e quando, em um
longo processo que resultou na presença do Homo sapiens em todos os continentes do planeta.
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Figura 10: Mapa e gráfico mostrando a evolução das espécies ancestrais do homem moderno e os percursos
que algumas delas fizeram saindo da África e povoando o resto do planeta.
O mapa nos mostra que ocorreram três grandes ondas migratórias saindo da África (o que chamamos de
diásporas), as quais aconteceram a partir de 2 milhões de anos atrás. Pelas cores do gráfico, vemos que
somente as espécies mais recentes da evolução humana, a partir do Homo habilis, participaram das
migrações, sendo que as migrações mais recentes (B e C) foram protagonizadas por grupos de Homo erectus,
Homo neanderthalensis e, principalmente, Homo sapiens. Estes últimos (nós mesmos) foram os únicos a
povoar as Américas, cruzando o Estreito de Bering no extremo nordeste da Ásia.
Para finalizar essa parte do nosso estudo, vamos acompanhar a linha do tempo seguinte sobre a fases da
evolução humana:
A linha do tempo (vertical) mostra, em milhões de anos, não só as várias espécies que nos antecederam no
planeta, como também quando, aproximadamente, algumas das características que nos caracteriza como
humanos foram se consolidando.
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Figura 11: Cronologia da evolução humana.