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Biologia

Evolução humana

Teoria

Os Primatas são um grupo de mamíferos do qual fazem parte animais como lêmures, macacos e humanos.
Os Antropoides, também conhecidos como Similiformes, são um grupo formado por humanos, bonobos,
orangotangos, chimpanzés, gorilas, entre outros primatas, e compartilham características que indicam
relações evolutivas, como bom desenvolvimento cerebral, olhos frontais, polegares opositores etc., assim
como também têm um ancestral em comum.

Cladograma mostrando as relações evolutivas de parentesco dentro da Ordem Primatas, com destaque para a família, tribo e gênero
dos humanos.
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Os primeiros hominídeos pertenciam ao Gênero Australopithecus e já apresentavam características tidas


como humanas, como a postura ereta e o andar bípede. A escápula se localiza na região das costas, os pés
são mais curvos, com mudanças nos ossos do quadril e joelhos, para melhor distribuição de peso. Estudos
mostram que essas características foram selecionadas a partir de mudanças do ambiente – os ancestrais
que viviam em florestas passaram a viver em regiões de campos abertos. Um exemplo famoso de
Australopithecus é o fóssil Lucy, com 3,2 milhões de anos, que, apesar das características de bipedalismo,
ainda apresentava crânio pouco desenvolvido.
Posteriormente ao Australopithecus, observaram-se ancestrais humanos pertencentes ao gênero Homo e ao
gênero Paranthropus. Os Paranthropus formam um grupo irmão do clado Homo e surgiu há aproximadamente
2,7 milhões de anos, chegando a conviver com o gênero Homo nas regiões africanas. Apresentavam
mandíbulas fortes e um nicho ecológico especializado, tendo dificuldades de sobreviver em ambientes com
grandes mudanças climáticas.

Lucy, um dos mais antigos hominídeos encontrados

Representação da evolução da família Hominidae, incluindo a linhagem dos chimpanzés (Chimpanzee) e dos humanos (Homo
sapiens)

Pesquisas indicam que os primeiros ancestrais do homem moderno, Homo sapiens, surgiram há cerca de 2,2
milhões de anos. O Homo habilis, há 2,4 milhões de anos, foi a primeira linhagem a se diferenciar e era capaz
de fabricar e manusear ferramentas rudimentares, por conta das mãos desenvolvidas, além de já apresentar
uma postura mais ereta e caixa craniana mais desenvolvida. O H. erectus foi a primeira linhagem a migrar
para fora da África, e surgiu há cerca de 1,3 milhões de anos. Era capaz de produzir ferramentas mais
complexas, fogo, e cobrir-se com peles de animais para evitar o frio.
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O Homo heidelbergensis migrou da África para Europa e, por ter menor tamanho corporal, foi selecionado
positivamente em ambientes frios, pois seu tamanho ajudava a evitar a perda de calor. O Homo
neanderthalensis também foi uma linhagem que migrou para Europa e já apresentava um cérebro bastante
desenvolvido, produzia suas próprias ferramentas, roupas e vilas, com grande desenvolvimento de
sociedades e culturas. Chegou a coexistir durante muito tempo com a nossa linhagem de H. sapiens. Embora
sejam espécies distintas, há evidências que apontam para o cruzamento entre H. neanderthalensis e H.
sapiens, explicando a presença de DNA compartilhado entre estas espécies.

Evolução da tribo Hominini, dentro da família Hominidae, mostrando representação da evolução do formato do crânio e relações
biogeográficas.

O Homo sapiens apresenta duas subespécies, o Homo sapiens idaltu (extinto) e o Homo sapiens sapiens.
Atualmente, H. sapiens sapiens é a única espécie de Hominini vivente, sendo a única vez na história evolutiva
que isso ocorre com esse gênero. Nosso tamanho cerebral é menor que o de H. neanderthalensis, porém ainda
é mais desenvolvido que o das outras linhagens de hominídeos.
Mais recentemente, novos fósseis têm sido descobertos, e novas relações evolutivas têm sido discutidas. Em
2015, foi identificado o Homo naledi, de uma região da África do Sul, com características primitivas, mas que
chegou a conviver com H. sapiens. O fóssil mais recentemente descrito da linhagem humana foi o H.
luzonensis, descoberto em 2019 nas Filipinas. Foram encontrados ossos do que provavelmente era uma
família, com semelhanças e diferenças entre outras espécies de Homo, sendo seu posicionamento evolutivo
ainda discutido.
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Hipóteses de dispersão e seleção de características


Diversos motivos levaram às migrações humanas, mas sabemos que uma consequência desse hábito
migratório foi a dispersão por todos os continentes e a seleção de diferentes características fenotípicas, além
do desenvolvimento de diferentes hábitos e culturas.
O início da dispersão do Homo sapiens ocorreu pelas diversas regiões da África, há cerca de 200 mil anos. Ao
chegar ao norte desse continente, há 100 mil anos, os humanos ancestrais chegaram na região Mediterrânea
e na Europa. Entre 80 e 40 mil anos atrás houve a migração para as diversas regiões da Ásia e Austrália, e a
migração para o continente americano aconteceu pelo estreito de Bering, durante uma era glacial, há cerca
de 40 a 12 mil anos. Os primeiros H. Sapiens chegaram ao Brasil há cerca de 13 mil anos.

Algumas características foram selecionadas durante esses processos migratórios. Elas estiveram presentes
durante tantas gerações nas diferentes populações humanas, que se tornaram bastante características das
diferentes regiões, e mesmo hoje em dia ainda podemos observar locais do planeta onde humanos as
possuem, mesmo que as condições que levaram à sua fixação não existam mais.

Veja a seguir algumas hipóteses de como essas características surgiram pela seleção natural:

• Pouco pelo: humanos têm uma menor quantidade de pelos corporais, comparados com outros primatas.
Uma das hipóteses é que a grande quantidade de pelos superaquecia o corpo – por conta de apresentar
hábitos diurnos para a busca de alimentos em áreas de savana, diferentes de outros primatas que
costumavam repousar em árvores durante os horários de sol alto. Outras hipóteses também incluem que
é mais fácil identificar um parasita para retirá-lo na pele de uma pessoa sem pelos, além de também
dificultar a fixação desses parasitas.

• Cabelo: Por conta do posicionamento bípede, o topo da cabeça era o local que mais recebia luz solar, logo
se manteve uma grande concentração de pelos (cabelo) nessa região, ao contrário do resto do corpo, para
proteger a pele.
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• Cor da pele escura: com uma menor quantidade de pelos no corpo, o organismo ficou mais exposto ao
sol. Por conta disso, pessoas que nasciam com mais melanina tinham mais chances de sobreviver e não
sofrer com a radiação solar. Vale lembrar que a humanidade surgiu na região africana, onde a incidência
solar é alta, e por isso os primeiros humanos apresentavam um tom de pele negra.

• Cor da pele clara: quando as populações humanas começaram a migrar, passaram a viver em locais com
condições ambientais diferentes das que estavam acostumados. Como a região do hemisfério norte
apresenta uma menor incidência solar, a síntese de vitamina D com a luz solar era mais difícil em
indivíduos com pele com muita melanina. Por conta disso, indivíduos que nasciam com menos melanina
tinham maior chance de sobreviver e ter filhos, o que manteve essa característica nas populações dessas
regiões.

• Cor dos olhos: olhos com cores mais escuras ajudam na proteção contra a luz solar intensa. A cor escura
aparece principalmente pela grande pigmentação de melanina. Porém, na região do Mediterrâneo, entre
6.000 e 10.000 anos atrás, ocorreu uma mutação que causa a inibição de deposição de melanina nos
olhos, fazendo com que surgissem os primeiros humanos com olhos azuis.

• Formato dos olhos: a hipótese mais aceita é que o formato dos olhos mais puxados, como encontrado em
diversas regiões asiáticas, foi selecionado como forma de proteção contra vento e contra o reflexo da
luminosidade em locais com geleiras. Pessoas com esse tipo de proteção nos olhos evitavam doenças
como cegueira, catarata e outras doenças na retina, e por isso tinham maior chance de sobrevivência,
reprodução e manter esta característica na população.

Ainda tem curiosidade sobre este assunto? Os vídeos abaixo explicam de maneira mais extensa a evolução
e dispersão dos Hominídeos, com diversas teorias e hipóteses que levaram ao desenvolvimento da espécie
humana, desde o surgimento do bipedalismo até as populações e etnias como vemos hoje.
• Evolução e dispersão dos HOMINÍDEOS (Parte 1: origem das espécies)
• Evolução e dispersão dos HOMINÍDEOS (Parte 2: basicamente humanos)

Não se preocupe com o aprofundamento do assunto abordado neles em relação ao vestibular – o conteúdo
é bem mais denso do que cai nas provas!
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Exercícios de vestibulares

1. (Ufal, 2011) À luz do conhecimento atual, observe a ilustração abaixo e aponte a alternativa que melhor
responde a pergunta: o homem é originário do macaco?

a) A espécie Homo sapiens se distingue de outros hominídeos e, portanto, não se originou dos
macacos, que são primatas.
b) Os gêneros Homo e Australopithecus representam o homem moderno e conviveram na mesma
época com os macacos; assim, não são seus descendentes.
c) Chimpanzés são bípedes e parecidos morfologicamente com o homem; portanto, os chimpanzés
deram origem ao homem.
d) Os seres humanos e chimpanzés possuíam um ancestral em comum e divergiram ao longo da
evolução.
e) Os seres humanos e chimpanzés convergiram ao longo da evolução desenvolvendo
características análogas.

2. (Uerj, 2009) O Homo sapiens deve ter surgido há cerca de 200 mil anos. Sua capacidade intelectual,
porém, parece ter evoluído pouco durante 130 mil anos. Há 70 mil anos, conforme propõem alguns
pesquisadores, uma catástrofe natural teria provocado grandes alterações climáticas, responsáveis
pela quase extinção da espécie. Registros fósseis de cerca de 50 mil anos sugerem um crescimento
do intelecto dos descendentes dos indivíduos que sobreviveram, manifestado por interesse artístico,
grande criatividade e capacidade de comunicação, que são características do homem moderno. Poder-
se-ia supor, assim, que o clima adverso teria favorecido o desenvolvimento da capacidade intelectual
do Homo sapiens.

Indique o mecanismo evolutivo descrito e explique a sua atuação.

3. (UFU) Estudar a evolução de um determinado grupo de organismos é algo complexo, difícil mesmo.
Como saber quais etapas evolutivas se sucederam na evolução? O que veio primeiro? Nesse sentido
os cientistas têm buscado na natureza provas da evolução. Essas provas aparecem principalmente de
duas maneiras básicas. Pergunta-se: quais são essas duas maneiras principais pelas quais os
cientistas têm estudado a evolução?
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4. (Unirio, 2004) Quando se fala em direitos humanos, um dos temas mais discutidos é a discriminação
que alguns grupos étnicos fazem em relação a outros. Do ponto de vista da Biologia, tal questão é
debatida sob um título equivocado que é a palavra racismo. Justifique por que é incorreto falar em
diferentes raças do homem atual.

5. (Unesp, 2011) Há cerca de 40.000 anos, duas espécies do gênero Homo conviveram na área que hoje
corresponde à Europa: H. sapiens e H. neanderthalensis. Há cerca de 30.000 anos, os neandertais se
extinguiram, e tornamo-nos a única espécie do gênero. No início de 2010, pesquisadores alemães
anunciaram que, a partir de DNA extraído de ossos fossilizados, foi possível sequenciar cerca de 60%
do genoma do neandertal. Ao comparar essas sequências com as sequências de populações
modernas do H. sapiens, os pesquisadores concluíram que de 1 a 4% do genoma dos europeus e
asiáticos é constituído por DNA de neandertais. Contudo, no genoma de populações africanas não há
traços de DNA neandertal. Isto significa que:
a) Os H. sapiens, que teriam migrado da Europa e Ásia para a África, lá chegando entrecruzaram com
os H. neanderthalensis.
b) Os H. sapiens, que teriam migrado da África para a Europa, lá chegando, cruzaram com os H.
neanderthalensis.
c) O H. sapiens e o H. neanderthalensis não têm um ancestral em comum.
d) A origem do H. sapiens foi na Europa, e não na África, como se pensava.
e) A espécie H. sapiens surgiu independentemente na África, na Ásia e na Europa.

6. (Uerj, 2012) Na figura abaixo, está representada a atual distribuição geográfica de uma determinada
família de plantas que têm a mesma origem evolutiva e estão presentes em todo o planeta há milhões
de anos. Em estudos filogenéticos recentes, observou-se que as espécies sul-americanas diferem das
africanas.

Aponte o fenômeno geológico responsável pela separação dos continentes e explique como esse
fenômeno acarretou as diferenças entre as espécies hoje encontradas na África e na América do Sul.
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7. (Mackenzie, 2009) Em abril de 2009, o Mackenzie homenageou o grande pesquisador Charles Darwin,
promovendo ciclo de debates e de reflexões a respeito das teorias da evolução. Segundo a teoria de
Darwin, considere as afirmações abaixo.
I. A espécie humana leva vantagem sobre as outras espécies, pois a medicina garante a
sobrevivência de indivíduos com características desvantajosas.
II. O homem descende diretamente do macaco, ou seja, um ancestral deu origem ao macaco e este
deu origem ao homem.
III. Darwin, na sua teoria original, não soube explicar que as diferenças entre os indivíduos ocorrem,
principalmente, por mutações genéticas.
IV. Todos os seres vivos, incluindo o homem, tinham um ancestral comum.

Estão corretas, apenas:


a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I e IV.
e) II e IV.
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8. (Ifsul-MG, 2016) Lucy, fóssil mais famoso do mundo, teria morrido após cair de árvore Lucy, o mais
conhecido e mais antigo fóssil de um ancestral próximo aos humanos, provavelmente morreu após cair
de uma árvore, segundo um estudo publicado em 29 de agosto de 2016, na revista Nature. Desde que
foi desenterrada na Etiópia em 1974, Lucy - que pertencia à espécie dos bípedes terrestres
Australopithecus afarensis - levanta discussões entre cientistas sobre se esses hominídeos viviam
integralmente no chão, ou se eram parcialmente arbóreos, isto é, se passavam parte do tempo em
árvores. O estudo verificou que as fraturas em algumas partes do esqueleto devem ter ocorrido de uma
queda de uma árvore. Assim, essa criatura era tanto terrestre quanto arborícola.

Fonte: Evolution of the Australopithecines, Paul Szpak

De acordo com o texto, a figura acima e seus conhecimentos sobre evolução, responda à alternativa
correta.
a) A descoberta é de fundamental importância para a filogenia, dado que essa confirmação
demonstra a evolução dos macacos terrestres (Adripithecus ramidus) até os humanos (Homo).
b) A evolução proposta por Lamarck parte do princípio da ancestralidade em comum, mas as
diferenças dos indivíduos são acentuadas com o passar do tempo e promovem a ramificação
entre eles.
c) Lucy - Australopithecus afarensis combinava traços humanos com características similares às do
chimpanzé e já caminhava ereta, por isso é considerado que há ancestralidade em comum aos
humanos.
d) O cladograma mostra que os Australopithecus afarensis são mais próximos filogeneticamente aos
humanos do que os Australopithecus garhi.
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Gabarito

1. D
Ao longo da evolução, o homem e o restante dos primatas se divergiram, porém ambos tiveram um
ancestral em comum.

2. O processo em questão é a seleção natural, que teria selecionado humanos capazes de lidar com
situações adversas e utilizar seu intelecto na busca de soluções aos problemas impostos pelo meio...

3. O estudo comparado de registros fósseis e a análise comparativa das sequências de bases nitrogenadas
do DNA de espécies distintas pode permitir a determinação do grau de parentesco evolutivo.

4. Porque toda população humana atual pertence à subespécie Homo sapiens sapiens, não havendo
distinção entre raças humanas, independente da aparência física, afinal essas diferenças são apenas
variações intraespecíficas.

5. B
Parte do material genético do homem é neandertal, o que significa que as duas espécies acabaram
entrecruzando na época em que conviveram.

6. Movimentação de placas tectônicas ou deriva continental; o isolamento geográfico e reprodutivo


promoveu a seleção de determinados indivíduos em cada nova área, que culminou em um processo de
especiação.

7. C
A afirmativa I está errada, pois Darwin nunca mencionou que a espécie humana teria vantagem sobre as
demais devido à medicina. A afirmativa II também está errada, pois o homem e o macaco tinham um
ancestral em comum, e um não é ancestral do outro.

8. C
O bipedalismo é uma importante característica que surgiu no ancestral em comum ao Australopitecus e
aos outros hominídeos, como os humanos. Isso é um indicativo de parentesco filogenético.

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