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História Geral
PRÉ-HISTÓRIA
1. Introdução
O termo Pré-História é utilizado para designar o
período que medeia entre o aparecimento dos primeiros
antepassados do homem e a invenção da escrita, por volta
de 3500 a.C. O estudo da Pré-História requer técnicas es-
pecíficas, pois depende da análise de documentos não
escritos (restos fósseis, moradias primitivas, sepulturas,
objetos de uso, esculturas, pinturas etc.). Seu objetivo é
reconstituir a evolução física e cultural do homem durante
a longa fase que antecedeu os tempos históricos.
Costuma-se periodizar a Pré-História tomando como
referência o material mais comum usado na confecção de
armas e utensílios. Todavia, essa classificação apresenta
uma deficiência grave: ela exclui os primeiros ancestrais
do homem atual, os quais possuíam características físicas
humanoides, mas — ao que se sabe — ainda não produ-
ziam instrumentos.
Os objetos mais antigos resultantes comprovadamen-
te da ação humana datam de 2,6 milhões de anos atrás,
mas as pesquisas mais recentes indicam que os primeiros
hominídeos surgiram há cerca de 3 milhões de anos. Esta
última datação constitui, portanto, o verdadeiro ponto de
partida dos estudos pré-históricos, embora a divisão
tradicional da Pré-História continue a ser a seguinte:
 Período Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada:
a) Paleolítico Inferior: de 2 600 000 a 40 000 a.C.
b) Paleolítico Superior: de 40 000 a 10 000 a.C.
 Período Neolítico ou Idade da Pedra Polida:
de 10 000 a 5 000 a.C.
 Idade dos Metais: a partir de 5 000 a.C.
As datas acima são aproximadas e não se aplicam a
todos os grupos humanos, pois eles não evoluíram de
forma simultânea. Assim, a datação que apresentamos
refere-se apenas à primeira vez em que ocorreram certas
transformações técnicas ou culturais. Por exemplo: foi
somente na Mesopotâmia que o Período Neolítico teve
1
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início por volta de 10.000 a.C. Aliás, até hoje, existem
comunidades que vivem no Paleolítico.
2. A evolução do homem
A cronologia da origem e evolução do homem não é
precisa. Existem numerosas classificações, frequentemen-
te conflitantes, pois muitas lacunas ainda não foram
preenchidas. De um modo geral, podemos dizer que um
tronco comum deu origem aos grandes macacos ou
antropoides (Pongidae) e aos humanos (Hominidae). Em
algum momento, essas duas famílias se formaram e
evoluíram em sentidos diferentes: os Pongidae assumiram
as formas do gorila, do chimpanzé, do orangotango e do
gibão atuais, enquanto os Hominidae passaram por várias
transformações, até chegarem ao Homo sapiens sapiens.
O Australopithecus
Os hominídeos ou homínidas são classificados em
dois gêneros. O primeiro é o Australopithecus (do latim
australis = meridional + do grego pithecos = macaco), que
apresentava características físicas ainda distantes do
homem atual. O segundo é o gênero Homo (do latim homo
= homem), ao qual pertencemos. Há dúvidas se o Homo
evoluiu do Australopithecus ou se ambos são gêneros
independentes, ligados a um ancestral comum. Mas tudo
indica que uns e outros viveram na África Sul-Oriental.
Crânio de um
Australopithecus
afarensis.
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Há cinco espécies conhecidas de Australopithecus,

das quais se destacam três. O Australopithecus
anamensis é o mais antigo, tendo vivido cerca de 4
milhões de anos atrás. Outras duas espécies, o A.
afarensis e o A. africanus, que existiram, respectiva-
mente, até 3 e 2 milhões de anos atrás, podem ter sido
ancestrais do gênero Homo. Os Australopithecus são
claramente diferenciados dos Pongidae porque, apesar
de sua pequena capacidade craniana (400 cm3 para o A.
afarensis e 500 cm3 para os outros), tinham postura Reconstituição de dois antepassados do Homo sapiens.
bípede e não possuíam as grandes presas (dentes Da esquerda para a direita: o Sinantropo e o Javantropo.
caninos) existentes nos antropoides.
Aproximadamente em 300 000 a.C., o Homo erectus
O Homo habilis começou a sofrer transformações, as quais resultaram na
espécie à qual pertencemos: o Homo sapiens.
Há cerca de 2,4 milhões de anos, surgiu a primeira
espécie do gênero Homo: o Homo habilis, assim O homem de Neanderthal
chamado por sua capacidade de utilizar, pela primeira
vez*, pedras cortantes ou aguçadas para quebrar Restos da subespécie mais antiga do Homo sapiens
invólucros de sementes, cavar a terra em busca de raízes foram descobertos pela primeira vez no vale (em alemão
ou esquartejar animais. Seu volume craniano variava = thal) do Rio Neander, na Alemanha; daí terem
entre 500 e 600 cm3 e sua postura era menos curvada recebido o nome científico de Homo sapiens
que a do Australopithecus, embora seus braços fossem neanderthalensis. Exemplares semelhantes seriam
bastante longos. depois encontrados na França, Iugoslávia, Palestina e
África do Norte.
*Estudos recentes demonstram que essas habilidades já existiam antes do A estatura do homem de Neanderthal era pouco
aparecimento do Homo habilis.
superior a 1,5 m. Seu crânio apresentava-se levemente
achatado no occipital, com a testa bastante inclinada
O Homo erectus
para trás, maxilares robustos e queixo pouco
Cerca de 1,8 milhão de anos atrás, o Homo habilis, pronunciado. A arca-da superciliar era menos saliente
até então restrito à África, deu origem a uma espécie do que nas espécies precedentes.
que se disseminaria pela Ásia e Europa: o Homo Os neandertalenses caçavam em grupo e abrigavam-
erectus, cuja capacidade craniana podia chegar a 1 000 se do frio em cavernas. Viveram entre 200 000 e 30 000
cm3. Além de demonstrar uma notável evolução no uso a.C. As razões de seu desaparecimento não são claras, mas
de utensílios de pedra (facas, machados, raspadores), o muitos devem ter-se miscigenado ou sido exterminados
Homo erectus deve ter iniciado a linguagem falada e, há pela segunda e mais evoluída subespécie do Homo
cerca de 500 000 anos, começado a abrigar-se em sapiens, denominada cientificamente como Homo sapiens
cavernas e a produzir fogo. No aspecto físico, a nova sapiens – ou seja, o homem atual.
espécie tinha a arcada superciliar saliente e uma
mandíbula maciça, desprovida de queixo. A cabeça
articulava-se com a coluna vertebral de modo a ficar
ligeiramente projetada para a frente.
Além dos muitos fósseis de Homo erectus encon-
trados na África, descobriram-se outros, ligeiramente
diferenciados, na Ásia e na Europa. São eles o Javan-
tropo, o Sinantropo e o Paleantropo (do grego anthro-
pos = homem), localizados respectivamente na Ilha de
Java (Indonésia), perto de Pequim (China) e em Heidel-
berg (Alemanha). Os três foram classificados como
subespécies do Homo erectus. A evolução do homem. Da esquerda para a direita: Australopithecus, Homo
habilis, Homo erectus, Homo sapienses neanderthalensis e Homo sapiens
sapiens.

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O Homo sapiens sapiens fério Norte. Elas começaram cerca de 600000 anos atrás e
se prolongaram, intercaladas com longos períodos mais
O Homo sapiens sapiens surgiu por volta de 40000 a.C.
cálidos, até perto de 10000 a.C. Durante as épocas glaciais,
Os primeiros espécimes estudados foram descobertos em
os ancestrais do homem atual abrigavam-se em cavernas
uma localidade do Sul da França; daí serem designados
e viviam basicamente da caça; às vezes, a escassez de
pelo nome de homem de Cro-Magnon. Eram mais altos
alimento os obrigava ao nomadismo. Para abater os
do que os neandertalenses e tinham traços fisionômicos
grandes mamíferos que viveram nessas fases de baixas
menos pesados, com o crânio alongado, a fronte ampla e
temperaturas (mamutes, rinocerontes lanudos, bisões e
o queixo arredondado.
alces), os homens começaram a organizar-se em grupos e
O Homo sapiens sapiens substituiu o homem de
a estabelecer laços de cooperação e solidariedade, pois
Neanderthal e, por volta de 25 000 a.C., espalhou-se pela
disso dependia a própria sobrevivência da espécie.
Terra. Coube a ele aperfeiçoar as técnicas de obtenção de
O maior passo dado pelo homem no Paleolítico In-
alimentos, ampliar as formas de organização social, estru-
ferior deveu-se ao Homo erectus. Trata-se da utilização
turar a religião e produzir manifestações artísticas. E, com
do fogo, que lhe permitiu aquecer-se, obter iluminação à
o passar do tempo, o Homo sapiens sapiens deu origem
noite, afastar animais ferozes e cozer alimentos. Inicial-
às raças humanas.
mente, os homens procuravam conservar o fogo resultante
Atualmente, muitos estudiosos evitam utilizar o termo
de causas naturais (queda de um raio sobre uma árvore ou
“raça” para designar um grupo humano com determinado
um incêndio florestal); depois, por volta de 500 000 a.C.,
fenótipo; em seu lugar, preferem a palavra “etnia”. O
passaram a desenvolver técnicas para produzir fogo.
motivo para essa rejeição é sobretudo ideológico, devido
Os primeiros utensílios de pedra eram muito simples
à conotação negativa de “raça” com “racismo” (atitude
(daí o nome de “Idade da Pedra Lascada”, dado ao
anticientífica baseada em uma pretensa superioridade
Período Paleolítico). Com o decorrer do tempo, esse
racial). Ora, como o conceito de etnia envolve também ca-
instrumental tornou-se mais elaborado, inclusive com a
racterísticas culturais, é difícil deixar de usar a palavra
adição de componentes de madeira. Os utensílios
“raça” quando se levam em conta as peculiaridades estri-
primitivos derivaram às armas de caça, surgindo então as
tamente físicas dos grupos humanos (cor da pele e dos
lanças, facas e machadinhas. E, como a expansão
olhos, estatura, formato do crânio e do rosto, tipos de nariz
territorial dos grupos humanos começou a gerar conflitos,
e de cabelo etc.).
os artefatos de caça foram adaptados para a guerra.
Acredita-se que os grupos raciais atuais tenham
No final do Paleolítico Inferior, os homens de Nean-
resultado da fixação de certos grupos em áreas especí-
derthal começaram a sepultar os mortos nas cavernas ou
ficas, a cujo meio se adaptaram. Nesse caso, como a
em suas proximidades. Alimentos e armas eram enter-
procriação se processou dentro de um universo restrito,
rados com os corpos, denotando algum tipo de crença
acentuaram-se determinados traços físicos, diferenciando
ligada ao sobrenatural.
um grupo de outro. É óbvio que tais diferenças não
implicam qualquer ideia de superioridade ou inferiorida-
Paleolítico Superior:
de entre esses grupos. de 40 000 a.C. a 10 000 a.C.

3. Período Paleolítico ou O Paleolítico Superior coincide aproximadamente com

Idade da Pedra Lascada
Paleolítico Inferior:
de 2 600 000 a.C. a 40 000 a.C.
O Paleolítico Inferior (do grego paleos = antigo +
lithos = pedra) é o período mais longo da Pré-História. Ele
abrange a fase das glaciações, quando prolongadas baixas
da temperatura provocaram a expansão da calota polar,
alterando profundamente o clima do Hemisfério Norte. A
América do Sul também sofreu glaciações, mas antes que
o homem nela se fixasse.
Os geólogos identificam quatro glaciações no Hemis-
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a última glaciação. O homem de Cro-Magnon (o primeiro
Homo sapiens sapiens que conhecemos), que surgiu por
volta de 40 000 a.C., é o representante característico do
período. Essa subespécie do Homo sapiens dividiu-se em
várias culturas locais, distribuídas pela Espanha, pelo Sul
da França e pela Europa Centro-Oriental.
Os Cro-Magnon ainda eram coletores, caçadores e
pescadores. Seus instrumentos, porém, passaram por
transformações. Como o gelo da glaciação dificultava a
obtenção de pedras, diversos utensílios começaram a ser
confeccionados com ossos e marfim; o arco e a flecha
surgiram nesse período, bem como arpões e agulhas.
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mesmo tempo, alguns animais foram domesticados, e o

Arte do homem das cavernas: bisão (Altamira, Espanha).
Em parte, devido ao longo tempo que passavam
dentro das cavernas, mas graças sobretudo ao
desenvolvimento da própria inteligência, os homens do
Paleolítico Superior deram início à produção artística,
pintando animais e cenas de caça nas paredes das grutas.
Essa arte rupestre (isto é, pintada ou gravada na rocha),
embora produzida de forma realista, possuía uma função
mágica, porque, ao executá-la, o homem acreditava estar
assegurando caça abundante a seu grupo.
Nessa mesma época, começaram a ser esculpidas
estatuetas femininas em marfim, com poucos centímetros
de altura, que os especialistas hoje chamam de Vênus (do
nome da deusa greco-romana do amor e da beleza feminina).
Essas figuras eram dotadas de seios fartos e quadris exa-
gerados, o que certamente as vinculava à ideia de fertilidade.
homem tornou-se criador de bois e de ovelhas. Esse
processo, que se iniciou na Mesopotâmia, é conhecido pelo
nome de Revolução Agrícola, visto que a importância da
agricultura sobrepujava largamente a do pastoreio.
A passagem da economia de coleta para a produção
de alimentos liberou parte das comunidades para ativi-
dades outras que não as diretamente ligadas à subsistência.
Essa população excedente criou os primeiros aglomerados
urbanos, protegidos por fossos e paliçadas contra ataques
de outros grupos.
As novas condições econômicas e sociais provocaram
mudanças tecnológicas. Para armazenar os cereais em reci-
pientes, o homem deu início à cerâmica. Ao mesmo tempo,
começou a tecer o linho e a lã, com a finalidade de substituir
as peles de animais até então utilizadas como vestuário.
A matéria-prima mais importante para a confecção
dos instrumentos ainda era a pedra, mas esta, depois de
lascada, passou a ser atritada contra outras pedras para se
tornar mais aguçada ou afiada. Eis por que esse período
recebeu a denominação de “Idade da Pedra Polida”.

4. Período Neolítico ou
Idade da Pedra Polida
(de 10 000 a.C. a 5000 a.C.)
A passagem do Paleolítico Superior para o Neolí- Pedras polidas usadas pelos homens do Neolítico. A maioria delas, para ser
utilizada, era presa a cabos de dimensões variadas, de acordo com sua finalidade.
tico foi marcada pelo término da última glaciação do
Hemisfério Norte. Com o recuo das geleiras, o nível dos
Em função da nova realidade, os homens se organi-
mares se elevou, as terras emersas diminuíram, e o
zaram em comunidades estáveis. Estas eram estruturadas
clima se modificou: enquanto a Europa Central e parte
principalmente a partir dos laços de sangue, formando
da Europa Setentrional se tornaram temperadas, o Norte
clãs. A posição do indivíduo dependia do grau de seu pa-
da África perdeu sua umidade, e a região do Saara
rentesco com o chefe do grupo. Como a terra era proprie-
transformou-se em deserto; o mesmo aconteceu, em
dade coletiva, e as técnicas de plantio, rudimentares,
menor escala, do Oriente Próximo à Ásia Central.
raramente havia excedentes de produção.
Diante disso, homens e animais tiveram de migrar para
Em alguns pontos da Europa, o início do Neolítico foi
os vales dos grandes rios.
marcado pelo surgimento de monumentos megalíticos, isto
Paralelamente, ocorreu um crescimento da população
é, formados por enormes blocos de pedra. Tais constru-
humana, o que tornou mais difícil sua subsistência apenas
ções certamente tinham conotação mística, combinada
com a caça, a pesca e a coleta de frutos e raízes. Esse fato
talvez com finalidades funerárias, pois a arte e a magia
fez com que os homens iniciassem sua sedentarização, co-
continuavam interligadas. Os monumentos megalíticos
meçando a plantar trigo selvagem, cevada e aveia,
compreendiam três tipos: menires – grandes pedras isola-
selecionando as melhores sementes para o replantio. Ao
das, posicionadas verticalmente –; dolmens – duas pedras
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verticais que sustentavam uma terceira, posicionada
horizontalmente –; e cromlechs – pedras agrupadas em
um ou mais círculos em torno de um dólmen.
5. A Idade dos Metais
(a partir de 5000 a.C.)
Por volta de 5000 a.C., alguns grupos humanos
descobriram como fundir metais; com isso, os ins-
trumentos de pedra foram gradualmente postos de lado.
O primeiro metal a ser fundido para uso prático foi o co-
bre, graças a seu ponto de fusão relativamente baixo. Surgiu
depois a técnica da fundição do estanho, cuja liga com o
cobre permitiu a obtenção do bronze. Por volta de 3000 a.C.,
o bronze começou a ser produzido na Mesopotâmia.
A metalurgia do ferro teve início por volta de 1500 a.C.
entre os hititas, na Ásia Menor (atual Turquia). Sua
difusão, porém, foi mais lenta do que a do bronze, devido
às dificuldades para a extração do minério e também
porque sua fusão exige uma temperatura muito elevada.
No entanto, a maior resistência do ferro contribuiu para a
supremacia militar dos povos que souberam utilizá-lo.
Algumas culturas pré-históricas chegaram a fundir
o ouro e a prata; estes, porém, são metais relativamente
maleáveis que só se prestam à confecção de objetos
ornamentais. Por essa razão, sua mera utilização não
é suficiente para incluir uma cultura na Idade dos Metais.
O crescimento das comunidades produziu a Revolução
Urbana, com o surgimento de verdadeiras cidades. Para
sustentar esses novos centros populacionais, a agricultura
primitiva foi substituída por técnicas mais evoluídas que
permitiam a produção de excedentes. Concomitantemente,
desenvolveram-se o artesanato e o comércio, impulsionados
pela invenção da roda. Os homens começaram a utilizar a
tração animal e a força do vento (esta última para a
navegação). A nova economia exigia padrões de medida,
processos de contagem e normas de administração, o que
levou ao aparecimento da escrita.
Ruínas de Jericó, na Cisjordânia, vendo-se ao fundo parte da cidade atual. Jericó,
juntamente com Biblos (no Líbano) e Damasco (na Síria), é um dos três núcleos
urbanos do Oriente Próximo habitados continuamente desde a Pré-História.
5
Os membros preeminentes das comunidades, valen-
do-se de sua maior importância dentro do clã, passaram a
apropriar-se dos excedentes agrícolas e, depois, das terras
produtivas, as quais perderam seu caráter de propriedade
coletiva. Isso deu origem às diferenciações econômicas e
sociais.
Para manter sua posição de domínio e o controle
sobre a propriedade, o grupo preponderante procurou
organizar o poder político em seu próprio benefício –
processo que culminaria com a formação do Estado.
6. Cultura e civilização
Cultura, no sentido antropológico, é o conjunto de
realizações materiais e intelectuais de uma coletividade.
Esse conjunto inclui técnicas, costumes, crenças e padrões
de comportamento. É importante observar que cada grupo
humano possui sua própria cultura, independentemente de
seu grau de desenvolvimento.
A cultura das comunidades humanas apresenta
graus variados de desenvolvimento e complexidade.
Sob este aspecto, é possível classificá-las em três pata-
mares evolutivos. Todavia, deve-se frisar que o conceito
de evolução, neste caso, tem sentido puramente técnico,
não implicando qualquer juízo de valor nem consi-
derações de ordem ética ou moral que possam sugerir
ideias de superioridade ou inferioridade entre os grupos
humanos.
Isso posto, podemos distinguir os seguintes estágios
na evolução das sociedades humanas:
 Selvageria. Economia de coleta, nomadismo,
organização clânica ou tribal e desconhecimento dos
metais.
 Barbárie. Produção de alimentos (agricultura e
pastoreio), sedentarização total ou parcial, crescimento
demográfico e uso dos metais.
 Civilização. Vida urbana, sociedade complexa,
Estado estruturado, religião institucionalizada e utilização
da escrita.
É importante insistir que, embora muitos tendam a
considerar a civilização como o estágio superior da vida
humana, usando as expressões “selvageria” e “barbárie”
pejorativamente, a evolução da humanidade não significa
um processo contínuo de aperfeiçoamento. Com efeito, é
comum as civilizações produzirem manifestações etica-
mente condenáveis e que não existiam nas sociedades
ditas “inferiores”. Por exemplo: os índios apaches (sel-
vagens) aprenderam a prática da tortura com os conquis-
tadores espanhóis (civilizados).
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Responda às questões 1, 2 e 3, utilizando o seguinte código:
a) Se apenas I e II estiverem corretas.
b) Se apenas I e III estiverem corretas.
c) Se apenas II e III estiverem corretas.
d) Se todas estiverem corretas.
e) Se todas estiverem incorretas.
1. I. A arte nasceu no Paleolítico Superior.
II. Nas paredes das cavernas onde viviam, os homens
pré-históricos representavam preferencialmente cenas de caça.
III. As pinturas nas cavernas tinham um significado mágico.
Resolução:
Todas as proposições estão corretas.
Resposta: D
2. I. Traços geométricos e esquematizados são frequentes na
pintura rupestre do Paleolítico Superior.
II. O mais célebre monumento megalítico é o de Stonehenge, na
Inglaterra.
III. Os monumentos megalíticos verticais e isolados são conhe-
cidos como menires; quando agrupados e dispostos em círculo,
denominam-se cromlechs.
Resolução:
A proposição I está incorreta, porque as pinturas rupestres do
Paleolítico Superior caracterizam-se pelo naturalismo. As figuras
humanas, quando ocorrem, são representadas de forma esquema-
tizada, mas não se encontram naquelas pinturas traços geomé-
tricos sem conotação figurativa.
Resposta: C
5. No Período Neolítico, a sociedade humana conheceu importantes
transformações, exceto:
a) O início do processo de sedentarização.
b) A passagem do estado de selvageria para o de barbárie.
c) O desenvolvimento da agricultura e do pastoreio.
d) A transição para uma economia coletora.
e) A utilização de animais como força complementar à do homem.
Resolução:
A economia coletora precedeu a agricultura e o pastoreio, sendo
característica das sociedades do Período Paleolítico.
Resposta: D
6. Estabeleça a relação entre as revoluções do Período Neolítico e o
surgimento do modo de produção asiático.
Resolução:
O modo de produção asiático, definido a partir da propriedade es-
tatal das terras e cultivo de seu por comunidades camponesas,
configurou-se nas antigas civilizações do Oriente como resultado
das Revoluções Agrícola e Urbana, ocorridas no Período Neolítico.
7. O assunto na aula de Biologia era a evolução do
Homem. Foi apresentada aos alunos uma árvore
filogenética, igual à mostrada na ilustração, que
relacionava primatas atuais e seus ancestrais.

3. I. A divisão da Pré-História não se fundamenta em eventos, mas

nos aperfeiçoamentos técnicos realizados pelos grupos
humanos.
II. As diversas culturas pré-históricas não se desenvolveram
simultaneamente nas várias regiões do mundo.
III. Os monumentos megalíticos estariam associados ao culto dos
mortos.
Resolução:
Todas as proposições estão corretas, devendo-se observar que a
proposição III tem uma formulação hipotética.
Resposta: D

4. “De um estado de barbárie homogêneo e mais ou menos

estático, vai nascer a complexidade de aspectos do Mundo
Antigo. Essa transformação, de consideráveis consequências, foi
extraordinariamente rápida e começou no IV milênio a.C. Longe
de ser geral, ela ocorreu em algumas regiões onde as condições
lhe eram favoráveis. Nessas regiões, a vida do homem modifi-
cou-se muito depressa, enquanto na maior parte do mundo o
modo de existência primitivo persistiu durante séculos, talvez
milênios.”
(J. Hawkes, Histoire de l’humanité, Ed. Unesco.)
O texto refere-se ao Período Neolítico, quando o homem desen-
volveu novas técnicas e conhecimentos. Identifique as transfor-
mações ocorridas nessa fase da Pré-História.
Resolução:
O surgimento da agricultura (Revolução Agrícola), tendo como
consequência a sedentarização dos grupos humanos e o
aparecimento dos primeiros núcleos urbanos.
6
Após observar o material fornecido pelo professor, os alunos
emitiram várias opiniões, a saber:
I. Os macacos antropoides (orangotango, gorila, chimpanzé e
gibão) surgiram na Terra mais ou menos contemporaneamente
ao homem.
II. Alguns homens primitivos, hoje extintos, descendem dos
macacos antropoides.
III. Na história evolutiva, os homens e os macacos antropoides
tiveram um ancestral comum.
IV. Não existe relação de parentesco genético entre macacos
antropoides e homens.
Analisando a árvore filogenética, você pode concluir que
a) todas as afirmativas estão corretas.
b) apenas as afirmativas I e III estão corretas.
c) apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
d) apenas a afirmativa II está correta.
e) apenas a afirmativa IV está correta.
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Resolução:
I. Correta. A árvore filogenética mostra que os macacos antropoi-
des e o homem surgiram na Terra mais ou menos contem-
poraneamente.
II. Incorreta. Homens primitivos não descendem dos macacos
antropoides.
III. Correta. Os homens e os macacos antropoides tiveram um
ancestral comum: o Dryopithecus.
IV. Incorreta. A existência de um ancestral comum revela a que há
um parentesco genético (DNA) entre os macacos antropoides
e o homem.
Resposta: B
8. (FUVEST – MODELO ENEM) – Sobre o surgimento da agricultura
– e seu uso intensivo pelo homem –, pode-se afirmar que
a) foi posterior, no tempo, ao aparecimento do Estado e da escrita.
9. (UFSCar) – “É, pois, nas sociedades orais que não apenas a função
da memória é mais desenvolvida, mas também a ligação entre
o homem e a palavra é mais forte. Lá onde não existe a escrita, o
homem está ligado à palavra que profere. Está comprometido por
ela. Ele é a palavra, e a palavra encerra um testemunho daquilo
que ele é. (...) Nas tradições africanas – pelo menos nas que
conheço e que dizem respeito a toda a região de savana ao Sul do
Saara –, a palavra falada se empossava, além de um valor moral
fundamental, de um caráter sagrado vinculado à sua origem divina
e às forças ocultas nela depositadas. Agente mágico por
excelência, grande vetor de ‘forças etéreas’, não era utilizada sem
prudência. Inúmeros fatores – religiosos, mágicos ou sociais –
concorrem, por conseguinte, para preservar a fidelidade da
transmissão oral (...).”
(A. Hampaté Bâ. “A tradição viva”. In: J. Ki-Zerbo (org.).
História geral da África, 1982.)
a) Escreva sobre a importância da criação da escrita na diferen-
ciação entre sociedades pré-históricas e históricas, que
esteve presente, durante muito tempo, no pensamento
europeu.
b) A partir da interpretação do texto apresentado, escreva por que
é possível escrever a história de sociedades orais.
10.
A partir da observação da estatueta
de calcário, conhecida como Vênus
de Willendorf, provavelmente pro-
duzida entre 24 000 e 22 000 a.C.,
relacione a imagem com o modo
de vida dos grupos humanos
desse período.
7
b) ocorreu no Oriente Próximo (Egito e Mesopotâmia) e daí se
difundiu para a Ásia (Índia e China), Europa e, a partir desta, para
a América.
c) como tantas outras invenções, teve origem na China, de onde
se difundiu até atingir a Europa e, por último, a América.
d) ocorreu, em tempos diferentes, no Oriente Próximo (Egito e
Mesopotâmia), na Ásia (Índia e China) e na América (México e
Peru).
e) de todas as invenções fundamentais, como a criação de
animais, a metalurgia e o comércio, foi a que menos contribuiu
para o ulterior progresso material do homem.
Resolução:
Várias civilizações se fixaram às margens de rios ou em regiões
que permitiam a produção de excedentes para garantir sua sobre-
vivência.
Resposta: D
11. (UFPB) – Acerca da divisão entre História e Pré-História, é correto
afirmar que se trata de um(a)
a) divisão natural, já que os homens primitivos são selvagens e
não merecem a qualificação de históricos por não terem
desenvolvido a civilização.
b) processo interno ao conhecimento histórico que, não podendo
compreender sociedades sem escrita, deixa a tarefa para outros
cientistas.
c) distinção social, indicando que as sociedades sem Estado e sem
escrita estão fora da História.
d) distinção científica que procura diferenciar as sociedades
estáticas e imutáveis das sociedades dinâmicas e transfor-
madoras.
e) divisão convencional que utiliza a escrita como critério
distintivo das sociedades humanas para efeito do estudo da
História.
12. (UFPB) – A historiografia costuma chamar as sociedades que se
desenvolveram antes da invenção da escrita como “pré-histó-
ricas”. Os homens dessas sociedades paulatinamente superaram
suas deficiências físicas e de raciocínio, bem como de adaptação
ao ambiente, no qual passaram a criar condições materiais para
sobreviver.
Sobre esse longo período em que viveram essas sociedades,
afirma-se:
I. O Paleolítico é caracterizado como o Período da Pedra
Lascada, em que a luta pela sobrevivência tinha por base a
caça, a pesca e a coleta. Os homens eram nômades e viviam
em bandos.
II. A principal conquista do Neolítico foi o domínio do fogo, que
possibilitou ao homem defender-se de animais, preparar
alimentos, proteger-se do frio e sedentarizar-se, organizando-se
em tribos e vivendo em aldeias agrícolas autossuficientes.
III. Duas características marcaram a Idade dos Metais: a revolução
urbana e o uso de instrumentos de metal na fabricação de
utensílios e armas. Esse período se distingue pela harmonia
entre os povos.
Considerando as afirmativas, está(ão) correta(s)
a) apenas I. b) apenas II.
c) apenas III. d) apenas I e II. e) todas.
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13. (UFPB) – “A Pré-História pode ser dividida em três períodos: o
Paleolítico [...]; o Neolítico [...]; e a Idade dos Metais. [...] Ao deixar à
margem da História a quase totalidade da experiência humana, essa
periodização assume uma conotação negativa. As sociedades
‘pré-históricas’ ou primitivas muitas vezes são caracterizadas de
maneira igualmente negativa, a partir do critério da falta: sociedades
sem Estado, sem escrita, sem história, sem tecnologia e, no plano
econômico, sociedades de economia de subsistência, sem produção
de excedentes e, portanto, sem mercado. [...] Trata-se de uma
análise preconceituosa, tendenciosa, feita de ‘fora para dentro’.”
(Myriam Becho Mota e Patrícia Ramos Braick. História: das
cavernas ao Terceiro Milênio. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2002. p.19.)
Com base no texto e nos conhecimentos mais recentes sobre a
chamada Pré-História, é correto afirmar que este período é
a) interpretado negativamente por certos historiadores, segundo
uma concepção eurocêntrica de História, para a qual as
sociedades europeias eram mais evoluídas e, portanto, supe-
riores às sociedades diferentes das suas.
b) incluído na História pelos estudiosos, apesar de não apresentar
quaisquer formas de organização social.
c) excluído da História, porque não há vestígios de nenhuma
forma de desenvolvimento técnico/tecnológico ocorrida nessa
etapa da experiência humana na Terra.
d) insignificante para a compreensão da experiência humana na
Terra por não dispor de registros escritos.
e) caracterizado negativamente pelos historiadores, na atualidade,
pois, apesar de constituir a parte mais longa da trajetória
humana, é impossível de ser conhecida, dadas as diferenças
entre as sociedades pré-históricas e a nossa sociedade.
9) a) As sociedades consideradas “históricas”, pela visão cor-
rente no Mundo Ocidental, seriam aquelas dotadas de um
sistema de escrita, pois este permitiria o registro dos
acontecimentos e a consequente perpetuação de sua
memória.
b) O autor considera que, nas sociedades desprovidas de
escrita, a palavra ganha um valor quase sagrado, o que
proporciona confiabilidade e credibilidade à transmissão
oral dos acontecimentos.
10) A pequena imagem, com aproximadamente 11 centímetros
de altura, reproduz uma figura feminina, sem pretensão
14. (FGV) – A transição do Paleolítico Superior para o Neolítico (entre
10000 a.C. e 7000 a.C.) foi acompanhada por algumas mudanças
básicas para a humanidade. Entre essas, poderíamos citar:
a) O aparecimento da linguagem falada.
b) A domesticação de animais e plantas, isto é, o aparecimento da
agricultura e do pastoreio.
c) O aparecimento da magia e da arte.
d) O povoamento de amplas áreas antes não povoadas, como a
Europa Central e a Ocidental.
e) O aparecimento de vários novos instrumentos, como a
agulha de osso, os arpões, os anzóis, a machadinha, a lança
e a faca.
15. (UFRS) – A expressão “Revolução Neolítica” designa
a) o processo de transformação da relação com os animais e as
plantas que proporcionou maior controle das fontes de
alimentação.
b) a transformação política resultante da ascensão dos grupos
guerreiros nas sociedades agrícolas do Crescente Fértil.
c) a transformação técnica ocorrida com o desenvolvimento de
artefatos de pedra polida.
d) as rebeliões camponesas desencadeadas pelo desenvolvimento
das sociedades de classe.
e) a transformação política que encerrou o período do chamado
“comunismo primitivo”.
realista, ressaltando de maneira exagerada os seios, nádegas
e quadris volumosos, além de marcar claramente o órgão
sexual feminino. Tais características permitem associar o
artefato com algum tipo de rito associado à fertilidade. No
Paleolítico, os pequenos grupos humanos dependiam da
caça, pesca e coleta, o que implicava deslocamentos cons-
tantes atrás das fontes de alimento. A reduzida dimensão da
Vênus permitiria facilmente o seu deslocamento com o
grupo.
11) E 12) A 13) A
14) B 15) A