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Biologia para

vestibular medicina
5ª edição • São Paulo
2019

C N
4
CIÊNCIAS DA NATUREZA
BIOLOGIA
e suas tecnologias
Joaquim Matheus Santiago Coelho e Larissa Beatriz Torres Ferreira
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019
Todos os direitos reservados

Autores
Joaquim Matheus Santiago Coelho
Larissa Beatriz Torres Ferreira
Diretor geral
Herlan Fellini
Coordenador geral
Raphael de Souza Motta
Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica
Hexag Sistema de Ensino
Diretor editorial
Pedro Tadeu Batista

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Bruno Alves Oliveira Cruz
Claudio Guilherme da Silva Souza
Eder Carlos Bastos de Lima
Fernando Cruz Botelho de Souza
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Foto da capa
pixabay (http://pixabay.com)

Impressão e acabamento
Meta Solutions

ISBN: 978-85-9542-168-4

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o
ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição
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as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
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2019
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CARO ALUNO

O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações
nos principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu
conteúdo enriquecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019.
Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores.
No total, são 105 livros e 6 cadernos de aula.

O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno

realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar.

Todo livro é iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais abordados
nos principais vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional.
O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma:
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões
propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam
as explicações dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de
informações para o estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos.
TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS)
Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses
compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais aces-
sível e de bom entendimento aos olhos do estudante.
Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula.
INTERATIVIDADE
Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar
o repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do
aluno. Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado
com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante.
INTERDISCIPLINARIDADE
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
de hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e
química, história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações
que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante
consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
APLICAÇÃO NO COTIDIANO
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando
o contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas”
de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção "Aplicação no Cotidiano". Como o próprio
nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm
contato em seu dia a dia.
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES
Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve
conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
dessas habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expo-
sitiva, descrevendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurá-las na sua prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade.
ESTRUTURA CONCEITUAL
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um
deles é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos
principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios.
A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para
o seu sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina.

Herlan Fellini
SUMÁRIO
BIOLOGIA
FUNGOS E BOTÂNICA
Aulas 27 e 28: Reino Fungi 7
Aulas 29 e 30: Briófitas e pteridófitas 21
Aulas 31 e 32: Gimnospermas 37
Aulas 33 e 34: Angiospermas I 53

EMBRIOLOGIA E SISTEMAS
Aulas 27 e 28: Embriologia humana I 69
Aulas 29 e 30: Embriologia humana II 81
Aulas 31 e 32: Sistema locomotor 95
Aulas 33 e 34: Sistema cardiovascular 109

BIOQUÍMICA E GENÉTICA
Aulas 27 e 28: Produção de energia em autótrofos: fotossíntese e quimiossíntese 127
Aulas 29 e 30: Genética: primeira lei de Mendel 143
Aulas 31 e 32: Expressão gênica e alelos múltiplos 155
Aulas 33 e 34: Sistema ABO 167
Abordagem de FUNGOS e de BOTÂNICA nos principais vestibulares.

FUVEST
Em botânica, a maior parte das questões envolve fisiologia vegetal e as relações evolutivas entre
diferentes grupos vegetais. Aqui, o grupo preferido foi o das gimnospermas. Em angiospermas, as
estruturas de frutos e tecidos vegetais foram cobrados, além de conceitos básicos, de maneira direta.

LD
ADE DE ME
D
UNESP
U

IC
FAC

INA

BO
1963
T U C AT U O assunto que dominou a área de botânica foi a fisiologia vegetal, com destaque para o trans-
porte de seiva, interações hídricas celulares e macrocelulares e hormônios. Dominar bem o as-
sunto pode te dar boas chances, caso isso volte a acontecer.

UNICAMP
Botânica ficou em segundo lugar. Aqui, é importante dominar bem anatomia, fisiologia e siste-
mática vegetal – assuntos que apareceram mais de uma vez nos últimos anos. Os grupos mais
cobrados foram gimnospermas e angiospermas; por isso, esteja por dentro das características
desses grupos vegetais.

UNIFESP
Botânica é um assunto que cai em todas as provas da Unifesp, sendo importante dar uma atenção
especial para fisiologia vegetal, que é um assunto mais recorrente. Anatomia vegetal também já apa-
receu nessa prova, em questões sobre fruto e sementes.

ENEM/UFMG/UFRJ
No Enem, são cobrados alguns conceitos básicos de botânica, mas sem muitas dificuldades e apro-
fundamentos, normalmente associados a fatores ecológicos. Na UFRJ, a botânica tem enfoque em
anatomia e fisiologia vegetal, principalmente.

UERJ
Botânica não é um dos principais assuntos que cai na prova de biologia da Uerj, mas dentro desse
tema é muito comum ser cobrado a atividade de cada hormônio e a reação das estruturas associadas
a cada um deles. É bom manter a parte de balanço hídrico no vegetal, pois o enfoque hormonal pode
relacionar os dois assuntos.
2 8
7 2 Reino Fungi

Competências Habilidades
3, 7 e 8 10, 12, 27, 29 e
30

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Classificação dos seres vivos DOMÍNIOS:
BACTERIA ARCHAEA EUKARYA
REINOS:
Animalia
Fungi
A invenção do microscópio possibilitou a desco-
berta de um mundo completamente novo, de criaturas Archaebacteria
Plantae
unicelulares, as quais não se encaixavam em nenhum
Protista
dos grupos existentes (animais e vegetais). Dessa for-
ma, criou-se um terceiro grupo de seres vivos, protista, Eubacteria

o qual comportava os seres unicelulares. A árvore filo-


genética de Haeckel (1866) possui considerações sobre
o processo evolutivo nas relações entre diferentes gru-
Ancestral comum
pos de seres vivos. De acordo com a visão clássica de Hipótese de Woese (1983)
Haeckel, foi formulado o modelo dos cinco reinos de

Classificação dos grandes


Whitaker (1969), esquema dominante até o ano 1980.
Abaixo a ilustração do modelo proposto por Whitaker:

PLANTAE FUNGI ANIMALIA grupos de criptógamas


O termo criptógamas (órgãos sexuais ocultos) é
Multicelular

usado de forma genérica juntando algas, fungos, brió-


Com membrana nuclear -
- complexidade crescente

fitas e pteridófitas. Esse termo não tem nenhum valor


taxonômico. Existe uma grande diversidade de organis-
mos estudados dentro de criptógamas, por exemplo, no
modelo de classificação proposto por Woese existem
representantes das criptógamas em dois grupos, euca-
Unicelular

PROTISTA riontes e eubactérias, ou, no sistema de Whittaker, onde


há representantes em quatro dos cinco reinos.
Sem membra-
na nuclear

MONERA

Sistema de Whitaker (1969) Caracterização, biologia e


Em 1983, Woese usou o sequenciamento do DNA importância dos fungos - introdução
para arquitetar uma árvore filogenética universal, qual
ainda hoje é amplamente aceita. Woese mostrou que os A micologia, área de estudo dos fungos, é re-
procariontes não são um grupo coeso, classificando-os lativamente recente (cerca de 250 anos) se compara-
da a outras áreas da biologia como a Botânica. Alguns
em dois grupos diferentes. Sendo assim, a árvore de Woe-
grupos de fungos foram descobertos apenas há 30-40
se separa os seres vivos em três grupos: Eucaria (os euca-
anos. A maioria das pessoas não tem consciência da im-
riontes), Bacteria (as eubacterias) e Archaea (as arqueo-
portância dos fungos em nosso cotidiano. Para exempli-
bactérias), onde os dois últimos são procariontes. Apesar
ficar alguns dos papéis dos fungos, basta lembrar-se das
de todo estudo de Woese, essa árvore universal ainda
aplicações dos conhecimentos sobre eles em disciplinas
não responde à principal questão: “quem é o ancestral de Medicina, Veterinária, Bioquímica, Agronomia, Ge-
comum dos seres vivos?”. Vários estudos filogenéticos nética, Citologia etc. Foram descritas cerca de 70.000
envolvem esses três domínios (Eucaria, Bacteria, Archae), espécies, apesar disso, estima-se que este número seja
os quais tenta verificar uma relação de parentesco entre de apenas 5% das espécies existentes. Isso mostra o
eles. O aumento do número de sequenciamento do DNA quanto o grupo dos fungos é pouco conhecido por nós,
para vários organismos pode ocasionar alteração no ce- possuindo um alto potencial para se tornar alvo de no-
nário dessas descobertas. vas pesquisas.

9
Origem os fungos podem ser usados como modelo experimen-
tal dentro da pesquisa em áreas como a Bioquímica, a
Há cerca de 1 bilhão de anos, os fungos verda- Biologia molecular e a Genética dos eucariontes.
deiros irradiaram como um grupo independente dos
animais. Apesar dos registros fósseis pobres sobre esse Caracterização
grupo, eles indicam presença de fungos no Proterozoico
Os fungos são organismos eucariontes, que
(900 - 570 milhões de anos), aumento da diversidade cumprem papel fundamental tanto nos ecossistemas
durante a Era Paleozoica, e a presença de todas as clas- terrestres quanto aquáticos. Alguns são exclusivamente
ses atuais na Época Pensilvânia (320 - 286 milhões de unicelulares, mas a maioria apresenta corpos pluricelulares,
anos). A origem da maioria dos grupos parece ser terres- haploides durante a maior parte de seu ciclo de vida. Eles
tre, embora todos os grupos tenham invadido as águas apresentam um modo de alimentação único, digerindo
continentais e marinhas. A ressalva é a classe Chytridio- o alimento fora do corpo e absorvendo os nutrientes
mycetes que possivelmente teve origem aquática. diretamente do ambiente externo.
O corpo dos fungos é composto basicamente de
A importância de estudar os fungos redes de filamentos finos denominados hifas. As hifas
são compostas por células unidas entre si por uma longa
Apesar do estudo dos fungos ser recente, este parede celular constituída, na maioria das espécies, de
grupo de seres vivos é conhecido pela humanidade há quitina. O conjunto de hifas forma uma massa enovelada
vários séculos, tanto por seus benefícios quanto pelos denominada micélio, cuja estrutura ajuda a maximizar
seus malefícios. Muitas doenças de metazoários e plan- a eficiência na alimentação do fungo. Os fungos podem
tas são causadas por fungos. Nos metazoários, incluindo realizar reprodução sexuada ou assexuada, através da
humanos, os fungos podem provocar alergias cutâneas produção de esporos.
e respiratórias, infecções em mucosas e outros tecidos O ciclo de vida dos fungos possui duas fases: uma
subcutâneos, e ainda infecções crônicas e letais em ór- somática, que envolve atividades alimentares, e outra
gãos inteiros. Com exceção dos dentes, tecidos e órgãos reprodutiva, que envolve o processo de reprodução
humanos podem ser afetados por esses seres vivos. (sexuada ou assexuada). As estruturas assexuadas e
Nós, seres humanos, e outros animais, depende- sexuadas são formadas isoladamente ou em grupos;
mos da agricultura para obter alimentos; assim, doen- quando formadas dessa última maneira, constituem
ças fúngicas que causem perdas significantes nas plan- o que chamamos de corpos de frutificação. Portanto,
os esporos podem ser desenvolvidos em ascomas
tações são importante para sociedade em geral e para
(onde são produzidos os ascos) ou basidiomas (onde
economia. Os fungos não atacam somente os campos
são produzidos os basídios), e os conídios podem ser
de produção, também acometem os estoques, levando
desenvolvidos em conidióforos isolados ou agrupados,
à destruição ou produzindo toxinas potentes (micotoxi-
compondo então os conidiomas.
nas) nos alimentos.
Os fungos são classificados em três grupos, de
Desde a antiguidade os fungos são usados pela acordo como tipo de reprodução realizada:
humanidade, como forma de alimento. Posteriormente, §§ Anamorfo − fungo que no ciclo de vida possui
também na indústria alimentícia, para a produção de apenas a reprodução assexuada.
cervejas, vinhos, pães e queijos. Mais tarde, descobri- §§ Teleomorfo − fungo que no ciclo de vida pos-
ram-se produtos produzidos pelos fungos, como a Pe- sui apenas a reprodução sexuada.
nicilina, e com o auxílio da biotecnologia, permitiu-se §§ Holomorfo − fungo que no ciclo de vida possui
produzir esses metabólitos em larga escala, em labora- ambas as reproduções, sexuada e assexuada.
tório. Atualmente, as substâncias fúngicas incluem áci-
dos orgânicos, alguns antibióticos (além da Penicilina),
etanol, pigmentos, vitaminas, entre outros. Além disso,

10
Ocorrência e distribuição Parede celular
Os fungos necessitam de água e matéria orgâni- O constituinte mais comum da parede celular de
ca para seu crescimento e desenvolvimento, em que a fungo é o polissacarídeo quitina, o qual está presente
temperatura ideal é em geral 20°C e 30°C e o pH próxi- na parede celular das leveduras (Classe Ascomycetes).
mo a 6, isto é, ligeiramente ácido. Com relação ao meta- Outras espécies, desta mesma classe, têm a parede ce-
bolismo enérgico os fungos podem ser classificados em lular formada de outro polissacarídeo, a celulose. Já a
aeróbios (utilizam o oxigênio para obtenção de ener- classe Myxomycetes e certas espécies de Chytridiomyce-
gia) e anaeróbios facultativos (na presença do oxigênio tes não possuem parede celular.
utiliza-o pra produção de energia, e na ausência, realiza
o processo de fermentação). A distribuição geográfica Substância de reserva
dos fungos é ampla, ocorrendo nos mais variados am-
bientes, como aquáticos (marinhos ou água doce), e O glicogênio é a principal substância de reser-
terrestres. Assim como ocorre com as demais espécies, a va dos fungos. O glicogênio, assim como a quitina e a
celulose, são polissacarídeos formados por vários mo-
diversidade da maioria dos grupos de fungos aumenta
nômeros de glicose; o que diferencia essas moléculas é
nas regiões tropicais e diminui em direção aos polos.
a estrutura química. O glicogênio apresenta uma cadeia

Morfologia muito ramificada em comparação aos demais.

Os fungos podem ser formados por uma única célula Reprodução


(unicelulares), formando pequenas colônias ou podem ser Os fungos, em sua maioria, se reproduzem atra-
formados por muitas células (indivíduos pluricelulares). Os vés da produção de um grande número de esporos, por
fungos pluricelulares são caracterizados por corpos sésseis via sexuada ou assexuada. Estes esporos podem ser
(talo), geralmente constituídos de hifas. As hifas, no geral, móveis, como os zoósporos dos quitridiomicetos, ou
podem ser classificadas em apocíticas (com septo) ou ceno- imóveis, como os conídios dos ascomicetos.
cíticas (sem septo). O conjunto de hifas que forma o talo dos Na fase sexuada do ciclo de vida, as hifas de
fungos é denominado de micélio, o qual é muito ramifica- dois micélios diferentes se estendem uma em direção à
do, compondo, às vezes, corpos macroscópicos complexos, outra e se fundem; primeiro, há a fusão do citoplasma
como, por exemplo, os cogumelos. De acordo com o arranjo (plasmogamia). Os núcleos de cada hifa não se fun-
dem no mesmo momento da plasmogamia, podendo
das hifas, o micélio pode ser separado em dois tipos: pro-
permanecer assim por horas, dias ou anos, e dizemos
sênquima (aparência distintamente filamentosa) e pseudo-
que o micélio, nesta configuração, é heterocariótico
parênquima (estrutura filamentosa não reconhecida).
(com dois núcleos separados), representado da forma
Hifas n+n. Em seguida, ocorre a cariogamia, quando os nú-
septadas
cleos haploides se fundem, gerando zigotos diploides.
Septos
Estes sofrem meiose, gerando esporos haploides que,
quando caem em um lugar suficientemente úmido onde
Hifas haja alimento, germinam, produzindo um novo micélio
Núcleos haploide. Diversos fungos, porém, realizam apenas a
fase sexuada do ciclo de vida. Nesta, os esporos são
Hifas
cenocíticas produzidos por mitose, como nos bolores, por exemplo.
Em várias espécies de fungos, as hifas produto-
Comparação entre hifas com e sem septo
ras de esporos estão agrupadas em estruturas especia-
lizadas denominadas corpos de frutificação, que são os
populares cogumelos.

11
fase heterocariótica
(n + n)
PLASMOGAMIA
(fusão de citoplasmas)

CARIOGAMIA
(fusão de núcleos)
esporângio

MITOSE núcleo diploide


REPRODUÇÃO
REPRODUÇÃO micélio SEXUADA
esporos
ASSEXUADA

fase haploide
fase diploide esporângio
GERMINAÇÃO GERMINAÇÃO
fase dicariótica
MEIOSE
esporos

Ciclo de vida genérico com fase sexuada e assexuada

Nutrição e metabolismo
Os fungos são considerados seres heterotróficos, não produzem o próprio alimento, necessitando de mate-
riais orgânicos já formados. Devido a parede celular, a nutrição é realizada por absorção de nutrientes resultantes
do processo de digestão extracorpórea. Esse processo envolve a liberação de enzimas digestivas no meio, as quais
digerem as partículas de alimentos e posteriormente os fungos absorveram os nutrientes provenientes desse pro-
cesso. Com relação à forma de nutrição os fungos podem ser subdivididos em:
§§ Saprófitas obrigatórios − Fungos que retiram seus nutrientes da matéria orgânica morta, e não são
parasitas.
§§ Parasitas facultativos ou saprófitas facultativos − Fungos que, dependendo das condições do meio,
podem atuar como saprófitos ou parasitas (causado doenças em plantas e animais).
§§ Parasitas obrigatórios − Fungos que dependem de outros seres para viver.
§§ Simbiontes − como as micorrizas (associação mutualística entre fungos e raízes de plantas) e liquens
(associação mutualística entre fungas e algas).

Classificação
O Reino Fungi apresenta grande diversidade e ainda há muitas dúvidas sobre sua origem e evolução. Sendo
assim, a classificação taxonômica desse grupo é difícil e sofreu diversas alterações nos últimos tempos.

Relação entre os grupos do Reino Fungi e seus representantes


12
Neste livro iremos abordar as cinco classes: Myxomycetes, Oomycetes, Zygomycetes, Ascomycetes e
Basydiomycetes. As duas primeiras já não são mais classificadas como fungos. Alguns autores ainda dividem os
Zygomycetes, separando o grupo considerado mais antigo: os Chytridiomycetes. Já as duas últimas passaram a
englobar espécies que antes pertenciam ao extinto grupo dos Deuteromycetes, como as espécies de Penicillium,
que hoje estão inclusos como Ascomycetes, o maior dentre os grupos do Reino Fungi.
Abaixo temos a representação de uma das relações filogenéticas aceita hoje entre os grupos de fungos:
Chytridiomycetes

Zygomycetes (bolores das frutas, do pão, etc. - Rhizopus, Mucor, Pilobolus etc.)

Basidiomycetes (cogumelos, orelha de pau, ferrugens, carvões etc.)

Ascomycetes (leveduras - Saccharomyces, bolores - Penicillium etc.)

Características básicas dos fungos verdadeiros


§§ Eucarióticos.
§§ Parede celular contendo quitina.
§§ Reserva na forma de glicogênio
§§ Nutrição por absorção (sem clorofila e heterotróficos).
§§ Sem tecidos verdadeiros.
§§ Reprodução por de esporos meióticos (sexual) e mitóticos (assexual).

Classes
CLASSE MYXOMYCETES
Características gerais
§§ Plasmodio é a estrutura vegetativa que apresenta movimentos ameboides e realiza fagocitose.
§§ Parede celular ausente
§§ Reprodção por esporos
São mais próximos evolutivamente de seres protistas ameboides, sendo assim não pertence aos fungos verdadeiros.
Formam esporos, característica compartilhada pelos fungos, algas e outras plantas, no entanto, têm característica ameboide
dos plasmódios e mixamebas, sem parede celular e seu modo de nutrição e através do processo de fagocitose (englobamen-
to de partículas grandes e sólidas). Grupo com aproximadamente 700 espécies e relativamente homogêneo com relação
aos organismos. Desenvolve-se em regiões sombreadas e úmidas, como, por exemplo, sobre folhas em decomposição, no
interior de matas e madeira. O plasmódio (parte vegetativa) é composto de uma massa multinucleada citoplasmática, que
está envolvida por membrana plasmática, porém sem parede celular. Não possui forma definida, tem uma aparência gelati-
nosa, podendo atingir até 10 cm de diâmetro. Apresenta pigmentos que podem resultar em cores variadas como o amarelo,
enegrecido e outras. Essa coloração é dependente do tipo de alimento ingerido e do pH.
O ciclo de vida é do tipo alternâncias de gerações ou haplodiplobionte. Quando ocorrem mudanças ambientais,
tornando o ambiente mais seco, os esporângios (corpos de frutificação) se diferenciam. Quando maturam, possuem
aparência dessecada, o que leva ao rompimento desta e à liberação dos esporos para o meio, dispersando-os no ar.
Os esporos possuem resistência ao dessecamento, e quando as condições estão favoráveis, os esporos podem ger-

13
minar, processo que libera células ameboides ou células nutrição dessa classe é variada, apresentam fungos sa-
flageladas (o tipo de célula liberada depende da umidade prófitos, parasitos facultativos ou obrigatórios.
do ambiente). O encontro de esporos pode levar à fusão
desses e à formação do zigoto 2n, o qual sofre divisões
mitóticas sucessivas, tornando-se novamente o plasmó-
dio. Lembrando que o processo de meiose acontece na
formação dos esporos.

CLASSE OOMYCETES

Características gerais Rhizopus stolonifer em uma laranja

§§ Septos, se presentes (separam os esporângios dos


gametângios), são completos (ausência de poros). CLASSE ASCOMYCETES
§§ Parede celular é de celulose e beta glucano (sem quitina).
§§ Micélio unicelular.
Características gerais
§§ Ciclo de vida haplodiplobionte.
§§ Reprodução espórica ocorre por zoosporos (en- §§ Septos centralmente perfurados, ou seja, poro
dósporos) biflagelados. simples.
§§ Reprodução gamética ocorre através do contato §§ Parede celular de quitina.
de gametângios (anterídios e oogônios). §§ Micélio filamentoso bem desenvolvido, pluricelu-
A classe não pertence mais aos fungos, seu lar e unicelular.
nome vem do fato de a oosfera se formar no interior §§ Em geral, ciclo de vida haplodiplobionte.
de oogônios. Possuem flagelos e são aquáticos. O micé- §§ O asco (estrutura em forma de saco) é a caracte-
lio vegetativo diploide é resultante da meiose gamética rística marcante dessa classe, a qual contém en-
(formação dos gametas). dósporos (ascósporos), resultantes do processo
de cariogamia seguida pela meiose.
§§ Reprodução gamética através da copulação de
CLASSE ZIGOMICETES gametângios, contato de gametângios, esper-
matização ou somatogamia.
Características gerais §§ Reprodução espórica através de exósporos (co-
nídios), formados nas extremidades dos conidi-
§§ Septos, se presentes (delimitam estruturas de re-
óforos.
produção), completos.
§§ Sem células flageladas.
§§ Parede celular de quitina.
§§ Micélio cenocítico.
§§ Ciclo de vida haplodiplobionte.
§§ Reprodução gamética através conjugação de ga-
metângios (cenogametas) e produção de zigós-
poros que dão nome à classe.
§§ Reprodução espórica abrange a formação de endósporos.
§§ Sem gametas ou esporos flagelados.
Aproxidamente 1.000 espécies são conhecidas
como, Rhizopus, Mucor, Absidia e Zygorhynchus, conhe- Trufas

cidos como bolores ou mofos. A maioria é de ambiente


terrestre e tem seus esporos dispersos através do ar. A

14
Saccharomyces cerevisiae é unicelular, que apresenta ciclo de vida haplodiplobionte, envolvendo a junção
de células gaméticas e os ascos são isolados. Já os ascomicetes filamentosos têm ciclo de vida mais complexo:
I. os gametângios (ascogônios e anterídios) são desenvolvidos em indivíduos diferentes (+) e (-) (micélio
heterotálico). Através do contato desses gametângios ocorre a fertilização.
II. A sequência da fertilização, produz-se hifas ascógenas (função: propagar o resultado da fertilização), pro-
vinientes do ascogônio que acendem e se ramificam, conservando os dois núcleos parentais (hifas dicarió-
ticas). Ou seja, acontece plasmogamia, mas não cariogamia.

Diferenciam-se três tipos de ascocarpos:


I. Cleistotécio: fechado.
II. Peritécio: em forma de urna.
III. Apotécio: em forma de taça.

CLASSE BASIDIOMYCETES

Características básicas
§§ Septos com o centro perfurado.
§§ Parede celular de quitina.
§§ Micélio filamentoso bem desenvolvido e pluricelular.
§§ Em geral ciclo de vida haplodiplobionte.
§§ A característica marcante da classe é o basídio, a qual forma os esporos exógenos (basidiósporos).
§§ Reprodução gamética por espermatização ou somatogamia.
§§ Apresenta uma fase dicariótica (dois tipos de núcleos, oriundos dos parentais).
§§ Reprodução espórica através de exósporos especializados (conídios), formados na extremidade de conidióforos.
§§ Sem células flageladas

Amanita muscarua: fungo venenoso

Orelha de pau

15
Os basidiomicetes apresentam muitas semelhanças com ascomicetes. As características das duas classes
estão comparadas na tabela a seguir.
Comparação entre Ascomicetos e Basidiomicetos
Características Ascomycetes Basidiomycetes
Parede celular quitina e β glucano quitina e β glucano
Talo Micélio com hifas bem desenvolvidas ramificadas e septadas
Septo poro simples Poro doliporo
Fase dicariótica curta; hifas ascógenas longas; micélio secundário
Reprodução gamética asco (endósporos) basídio (exósporos)
Corpo de frutificação ascocarpo basidiocarpo
brotamento, fissão, fragmentação,
Brotamento, fragmentação,
Reprodução vegetativa artrósporos, clamidósporos, conídios,
Artrósporos, conídios
artróspores, clamicósgoros e conídios
copulação de gametângos,
Dicariotização contato de gametângios, Espermatização, somatograma
espermatização e sematogamia

Importância dos fungos


Os fungos são de importância vital para a sobrevivência dos ecossistemas e do homem.
§§ Ecologia − São decompositores da matéria orgânica e, assim, fundamentais para o funcionamento dos
ecossistemas, desse modo, sendo responsáveis pela reciclagem de nutrientes. A decomposição da matéria
orgânica morta libera para o ambiente vários sais minerais, como, o nitrogênio, fósforo, enxofre, potássio,
magnésio, ferro, cálcio e outros. Se não ocorresse a decomposição da matéria todos esses sais minerais
ficariam retidos e indisponíveis para as plantas. No entanto, em algumas situações geram prejuízos para o
homem, pois são, muitas vezes, a causa do apodrecimento de alimentos e da madeira. Não se pode esque-
cer dos líquens, estes são associações entre algas e fungos. São sempre usados como exemplo de simbiose
mutualística, onde o fungo absorve nutrientes orgânicos oriundos das algas, e estas adquirem proteção
contra dessecamento e também luz.
§§ Agricultura − Através de uma associação simbionte mutualística entre fungos e raízes de plantas, chama-
das de micorrizas, as plantas se desenvolvem, já que se beneficiam de um ambiente úmido e rico em sais
minerais, criado pelos fungos. Estes, por sua vez, recebem substâncias orgânicas das plantas. No entanto,
outros fungos causam prejuízos em plantações porque são parasitas de plantas, como exemplo, as ferrugens
da cana-de-açúcar e do café.
§§ Pecuária e saúde pública − Podem parasitar animais levando a prejuízos na pecuária. Apenas a presen-
ça de esporos no ar pode produzir alergias em animais não humanos e em humanos. Alguns fungos liberam
metabolitos secundários contaminando cereais e, consequentemente, transmitindo essas toxinas para aves
e mamíferos domésticos através do consumo de ração contaminada e transmitindo isso para o homem.
§§ Alimentação do homem − Saccharomyces cerevisiae (levedura, fermento) é muito usado na indústria
alimentícia. Essa espécie realiza processos fermentativos, que estão envolvidos na produção da cerveja, do
álcool etílico, vinho, pão etc. Outros fungos participam da produção de glicerina, vitaminas, ácidos orgâni-
cos, enzimas e antibióticos (penicilina). Muitos fungos são consumidos diretamente como alimento.
§§ Medicina, ciências − Os fungos são de fundamental importância para o homem, pois fabricam os an-
tibióticos (Penicillium − penicilina). Vale ressaltar, que os antibióticos participam da seleção de linhagens
resistentes de bactérias através do seu uso pela sociedade. Em adicional, espécies como, Saccharomyces
cerevisiae, Neurospora crassa, entre outras, são usadas como organismos-modelo em várias áreas da ciência
como a genética, bioquímica e biologia molecular.

16
Micologia médica
A Micologia é uma área da Medicina tem como objetivo estudar as infecções por fungos e fornecer os
possíveis diagnósticos.

Classificação das micoses


§§ Micoses superficiais: são infecções provocadas por fungos que instalam-se em camadas superficiais do
organismo. Os sintomas são: nódulos ou manchas pigmentares na pele. A hifa é a forma invasiva do fungo.

1
2

Fonte:1.http://globale-dermatologie.com/as-dermatologie.com/as-infeccoes-de-pele-fungos-e-leveduras-
micoseportugues. html; 2. http://telmeds.org/atlas/micologia/leveduras/malassezia-furfur/
Pitiríase versicolor (pano branco), em humanos, causada pela Malassezia furfur.

§§ Micoses subcutâneas: o fungo nesse caso se instala através de um traumatismo e se dissemina, levando
à lesão supurada da pele ou do tecido subcutâneo.

a b c
Fonte: a.http://diggingri.wordpress.com/2010/02/08/weird-garden-diseases-part-i/
b.http://www.saber.ula.ve/tropical/contenido/capitulo6/capitulo42/figuras/42-0002-es.html
c.http://www.dac.uem.br/micologia/micoses_subcutaneas.php

Micose subsutânea: a. Esporotricose; b. Direto; c. Cultura (Sporothrix. schenckii);

Fontes: a. http://scielo.sld.cu/scielo.php?pid=S0375-07602005000300013&script=sci_arttext
b. http://anatpat.unicamp.br/lampele5.html c. http://www.mold.ph/fonsecaea.html

Micose subsutânea: a. Cromoblastomicose; b. Corpos fumagóides; c. Cultura (Fonsecaea pedrosoi).

17
§§ Micoses sistêmicas: são causadas por inalação de propágulos fúngicos, assim, a lesão primária é pulmo-
nar. Como o fungo pode se espalhar pelo organismo através do sangue, pode causar lesões extrapulmona-
res nos indivíduos.

Fontes: 1. http://www.ricardosgomez.com/paracoccidioidomicose
2. http://anatpat.unicamp.br/biinflparacoo1.html
3. http://www.dac.uem.br/micologia/micoses_sistemicas.php

Paracoccidiodomicose na cavidade oral (1); Direto: levedura (2); Cultura P. brasiliensis (3).

§§ Micoses oportunísticas: quando o organismo está imunossuprimido, esses fungos aproveitam para inva-
dir o corpo do individuo. Esses fungos possuem porta de entrada variável. Esses fungos podem instalar-se
em vários órgãos, gerando sintomas cutânea, subcutânea ou sistêmicamente.

1 2 3

4 5 6
Fontes: 1. http://www.ginorte.com.br/textos/candidiase.html
2 e 3. http://dermatlas.med.jhmi.edu/derm/indexDisplay.cmf?ImageID=.763630613
4. http://www.odontoblogia.com.br/estomatologia-2/queilite-angular-bloqueira
5. http://saude.culturamix.com/higiene/infeccao-de-unha
6. http:www.microbeword.org/index.php?option=com_jlibrary&view=article&id=1097
Tipos de candidíases: 1. Vulvovaginite; 2. Balanopostite; 3. Assaduras; 4. Boqueira; 5. Unhas candidosa; 6. Cultura
(pseudo-hifas, blastoconídios e clamidósporos).

18
Fungos fitopatogênicos
Entre as parasitoses vegetais, as mais frequentes são causadas por fungos, os quais chamamos de fungos
fitopatogênicos. Esses fungos, comumente, habitam o solo ou são transmitidos por vetores, como o vento ou a
chuva. As plantas doentes apresentam sintomas, como diminuição na produtividade, amarelecimento, manchas,
nanismo, morte da planta etc.

1) 2) 3)

4) 5)
Fonte: 1.http://www.jardins.com.br/cuidar/imagens/ferrugem.jpg;
2.http://4.bp.blogspot.com/_SO_JYKtl9A8/Rttqxb_Z6Zl/AAAAAAAABJ8/uX3aJcT1f_4/s320?Ustilago_
maydis_de_2.jpg; 3.http://www.portalsaofrancisco.com.br/imagem.php
4.http://www.ufv.br/dfp/bac/frsol.jpg
5.http://www.ufrgs.br/agrofitossan/galeria/tipos_detalhes.asp?id_registro=486&id_nomes=40
Doenças de plantas: 1. Ferrugem em gramíneas; 2. Carvão no milho; 3. Podridão no morango; 4. Mancha castanha do amendoim;
5. Murcha em tomateiro.

19
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo O Mundo Secreto dos Jardins - 08 - Fungos


Fonte: Youtube

20
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Fungos do gênero Penicillium foram os responsáveis pela descoberta acidental da penicilina, na década de
1920, por Alexandre Fleming. Considerada uma das mais importantes classes de antibióticos desde sua descoberta,
graças a ela diversas doenças bacterianas, antes inevitavelmente mortais, puderam ser tratadas. Outros antibióti-
cos, como a eritromicina, também têm como princípio ativo substâncias produzidas por fungos.
Estudos recentes também indicam a aplicação destes: na produção de álcool combustível, por meio do ba-
gaço de cana-de-açúcar, madeiras e papéis (Trichoderma reesei); na degradação do benzeno, naftaleno, fluoreno e
biossorção de metais pesados e radioativos; em estudos de genética, por crescerem e se reproduzirem com grande
rapidez; na produção de vitaminas; na fabricação de detergentes biodegradáveis; e diversos outros usos. Algumas
empresas ainda utilizam esses organismos para o controle de qualidade de seus produtos – da Johnson & Johnson
à indústria de equipamentos de navios e submarinos –, garantindo a durabilidade e resistência, à ação de fungos,
daquilo que produzem.

INTERDISCIPLINARIDADE

Biofilmes superficiais formados por fungos e outros micro-organismos, e associados a outros materiais
particulados, podem reduzir em até 10% a produção de energia de painéis fotovoltaicos, que transformam a
energia solar em elétrica. A descoberta, inédita no mundo, é resultado do estudo "e da avaliação da influência de
biofilmes" (fungos e fototróficos) na eficiência energética de módulos fotovoltaicos, realizado pela pesquisadora
Márcia Aiko Shirakawa, do Departamento de Engenharia de Construção Civil (DECC), da Escola Politécnica (Poli)
da USP. O projeto multidisciplinar teve por objetivo avaliar se o crescimento de micro-organismos, no caso fungos
e organismos fototróficos (como cianobactérias e microalgas), poderiam diminuir a aquisição da energia solar em
módulos fotovoltaicos expostos na cidade de São Paulo. [...]
Fonte: www5.usp.br/47464/estudo-da-usp-revela-que-microrganismos-
podem-reduzir-producao-de-energia-solar-em-paineis.

21
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 29 - Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando


implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas ou produtos
industriais.

Os alunos devem saber aplicar os conhecimentos adquiridos em sala às situações problemas


visando a melhoria da qualidade de vida, seja em situações relacionadas à saúde humana ou à
qualidade ambiental, possibilitando também o desenvolvimento sustentável das atividades an-
trópicas. É neste contexto que o Enem costuma abordar o Reino Fungi, uma vez que há certa
complexidade taxonômica e variado modo de vida. Os fungos são tratados nesse exame a partir
da sua importância ecológica, econômica e até mesmo medicinal.

Modelo
(Enem) Foram publicados recentemente trabalhos relatando o uso de fungos como controle bio-
lógico de mosquitos transmissores da malária. Observou-se o percentual de sobrevivência dos
mosquitos Anopheles sp. Após exposição ou não a superfícies cobertas com fungos sabidamente
pesticidas, ao longo de duas semanas. Os dados obtidos estão presentes no gráfico a seguir.

No grupo exposto aos fungos, o período em que houve 50% de sobrevivência ocorreu entre os dias:
a) 2 e 4.
b) 4 e 6.
c) 6 e 8.
d) 8 e 10.
e) 10 e 12.

22
Análise Expositiva

Habilidade 29
O Enem aborda a diversidade de fungos principalmente no que tange seu papel ecológico
no ecossistema, como também a sua utilidade empregada pelo homem, seja na indústria
alimentícia ou na área da saúde. A questão aborda um experimento no qual foi utilizado
um fungo como pesticida, afim de testá-lo como medida profilática da malária, em que ele
atuaria como controle biológico do mosquito transmissor. Para desenvolvê-la é importante a
análise cuidadosa do gráfico apresentado; nele é possível observar que mosquitos expostos ao
fungo apresentam queda na taxa de sobrevivência e, a partir do eixo vertical, é possível veri-
ficar que 50% de sobrevivência são encontrados, aproximadamente, no 9º dia de exposição.
Alternativa D

Estrutura Conceitual
REINO FUNGI

Eucariontes Mixomycetes
◊ Não são fungos verdadeiros
Heterotróficos por ◊ Parede celular ausente
absorção (digestão
extracorpórea) Oomycetes
Ciclo de vida ◊ Não são fungos verdadeiros
haplodiplobionte ◊ Parede celular: celulose

Ascomycetes
Unicelulares
Ex.: leveduras ◊ Parede celular: quitina
◊ Ex.: leveduras
(Saccharomycetes cerevisiae)
Pluricelulares
Ex: filamentosos -> hifas Basidiomycetes
◊ Parede celular: quitina
◊ Exs.: cogumelos, orelha-de-pau
Parede celular: quitina

Zigomycetes
Reserva energética: ◊ Parede celular: quitina
glicogênio ◊ Ex.: mofos

23
2 0
9 3 Briófitas e pteridófitas

Competências Habilidades
3, 4, 7 e 8 10, 12, 14, 27,
29 e 30

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Estima-se que as plantas terrestres tenham aparecido na Era Paleozoica, derivadas a partir de ancestrais aquáti-
cos. A origem e evolução das plantas terrestres estão relacionadas ao aparecimento de características adaptativas que
tornaram os vegetais gradualmente independentes do meio aquático. Tanto mudanças morfológicas, quanto bioquímica,
fisiológica e reprodutiva foram essenciais para essa evolução. Para sobreviver no ambiente terrestre é necessário possuir
estrutura para diminuir a perda de água por evaporação. Muitas adaptações podem ser observadas nas plantas com
essa função, como a epiderme com células justapostas e a camada de cera sobre a epiderme, chamada de cutícula,
que diminui ainda mais a perda de água através da evaporação. No entanto, ao impermeabilizar as superfícies vegetais
dificulta as trocas gasosas entre os vegetais e o meio, prejudicando os processos de respiração celular e fotossíntese.
Assim aparecem, os poros e câmaras aeríferas, estruturas que permitem as trocas de gases com um mínimo de perda de
água. Em outros grupos observa-se o surgimento de uma estrutura formada por células diferenciadas e especialmente da
epiderme: os estômatos (abertura e fechamento dessas estruturas permite e troca de gases).
Outra mudança necessária à conquista do ambiente terrestre envolve à absorção de água e nutrientes. O am-
biente aquático possibilita que todas as células que cobrem o vegetal estejam em contato com o meio, o que admite a
absorção diretamente da água e dos sais dissolvidos na água. Já no ambiente terrestre esses elementos são provenien-
tes, de forma geral, do substrato. Estruturas como rizoides e raízes permitem fixação e apoio no substrato, e também a
absorção de água e sais minerais.
No meio terrestre, o transporte de substâncias inorgânicas (água e sal mineral) e de substancias orgânicas fabri-
cadas pela planta, é realizado através de vasos. Diferente do que acontecia no meio aquático, onde a distribuição era
por difusão (célula a célula), o que limita o porte desses vegetais. Os vasos condutores, além de transportar substâncias,
participam da sustentação dos vegetais em meio terrestre, já que em ambiente aquático a própria água fazia esse papel.
Em adicional, além dos vasos condutores, a presença da substância lignina, depositada na parede celular de alguns vasos,
levando à morte dessas células (vaso condutor xilema), contribuem para a sustentação do corpo do vegetal. Em suma,
esses elementos comportaram um aumento gradual do tamanho dos vegetais terrestres.
No meio aquático existe uma dependência da água para reprodução, pois essa permite o transporte e dissemi-
nação de gametas e esporos, além do processo de fecundação. Apenas nas gimnospermas e nas angiospermas a inde-
pendência completa da água é garantida, pois ocorre a formação do tubo polínico durante a fecundação, e elementos
reprodutivos passam a ser protegidos por um envoltório de células vegetativas.
Comparação das características gerais dos grupos de plantas

Avascular Vasculares (Traqueófitas)


Briófitas Pteridófita Gimnosperma Angiosperma

Características

Tamanho Reduzido Variável


Vasos condutores Ausentes Presentes
Transporte de Lento, por difusão Rápido, por difusão de célula e por vasos.
substância de célula a célula.
Aquático ou meio Variável (aquático e terrestre)
Hábitat
terrestre úmido.
Dependência de água Só as primitivas (pteridófitas e algumas gimnosper-
Reprodução
para fecundação. mas) dependem da água para fecundação.

27
Divisão bryophyta Em estruturas específicas do esporófito (2n)
ocorre a produção por meiose, de esporos (n) os quais
A Divisão Bryophyta abrange vegetais terrestres germinam dando origem ao gametófito (n). Os gametó-
morfologicamente simples, denominados popularmente fitos são constituídos por rizoides, filídios e caulídios (te-
como “musgos” ou “hepáticas”. São indivíduos euca- cidos não verdadeiros, por isso recebem esses nomes).
riontes e pluricelulares (apenas as estruturas reproduti- Os gametófitos mais simples não possuem diferença
vas são unicelulares). entre filídio e caulídio e comumente são prostrados,
sendo chamados talosos, enquanto aqueles onde se di-
Características básicas ferenciam essas estruturas são denominados folhosos.
§§ Presença de pigmentos fotossintetizantes como No ápice dos gametófitos aparecem estruturas repro-
clorofila a e b. dutivas chamadas de arquegônios, onde se forma o ga-
§§ Apresentam parede celular de celulose. meta feminino (oosfera), e anterídios, onde formam o
§§ Presença de cutícula. gameta masculino (anterozoide). Quando as condições
§§ Substância de reserva: amido.
ambientais de umidade estão adequadas, o anterídeo
§§ Ciclo de vida haplodiplobionte (esporófito depen-
se rompe liberando os anterozoides haploides (peque-
dente parcial ou completamente do gametófito).
nos e biflagelados), que são atraídos para o arquegônio,
§§ Reprodução oogâmica.
§§ Esporófito não-ramificado (possui um único es- onde estão as oosferas haploides, ocorrendo a fecunda-
porângio terminal). ção. No caso das briófitas, o zigoto (2n) formado ger-
§§ Gametângios e esporângios englobados por ca- mina sobre a planta-mãe, resultando no esporófito (2n)
madas de células estéreis. dependente do gametófito (já que o esporófito perma-
nece ligado ao gametófito por toda vida). O esporófito é
Ocorrência formado basicamente por um pé (responsável pela ab-
O habitat mais comum das briófitas é o ambiente sorção de nutrientes e água), seta (estrutura de susten-
terrestre úmido. Contudo, algumas espécies possuem adap- tação) e cápsula (envoltório com esporos). O esporófito,
tações que comportam a ocupação de outros tipos de am- ainda que sempre dependente do gametófito, pode, em
bientes (ambientes com alta luminosidade e vulneráveis à algumas classes de Bryophyta, fazer fotossíntese, pelo
desidratação, e ambientes polares). São sempre dependen- menos durante o início de seu desenvolvimento.
tes da água, pelo menos com relação à condução do antero-
zoide flagelado até a oosfera. Sem representantes marinhos.
Reprodução
Ciclo de vida e morfologia Além da reprodução haplodiplobionte citada
acima, as briófitas podem apresentar formas de repro-
As briófitas possuem um ciclo de vida haplodiplo-
dução vegetativa:
bionte, exibindo alternância de gerações heteromórficas entre
gametófito verde fotossintetizante independente e esporófito 1. Fragmentação − fragmentos do talo geram
ESTRUTURA DE UM MUSGO (BRIÓFITA)

parcialmente ou completamente dependente do gametófito. outro indivíduo.


2. Gemas (ou propágulos) − estruturas de resis-
tência, as gemas são formadas dentro de estrutu-
ESPORÓFITOS
ras em formato de taça, chamadas conceptáculos.
3. Aposporia − formação do esporófito em ga-
Filoides
metófito sem que aconteça meiose. Pode gerar
GAMETÓFITOS organismos poliplóides.
Cauloide 4. Apogamia − formação do gametófito em espo-
rófito sem que ocorra fecundação. Pode aconte-
Rizoides
ANTÓCEROS MUSGOS cer a partir de gametas, de filídios ou do próprio
Estrutura de um musgo (Briófita) protonema.

28
Classificação
Atualmente, briófitas são classificadas pela maioria dos autores em três classes, Hepaticae, Anthocerotae e
Musci. Outros autores abordam essas três classes como divisões, seguindo tendências pautadas no conhecimento
da filogenia desses grupos.

Classe Hepaticae
Gametóforo
(n)

Gametóforos
femininos
(n)
Rizoides

Esquema de Marchantia mostra gametófitos femininos e gametóforos, onde se formam os gametas.


Esquema de Marchantia mostra gametófitos femininos e gametófonos, onde se formam os gametas.

Esquema de reprodução assexuada de hepáticas a partir de gemas.


Esquema de reprodução assexuada de hepáticas a partir de gemas.

A Classe Hepaticae é formada por aproximadamente 300 gêneros e 10.000 espécies, e suas principais
características são: corpo achatado e preso no substrato por rizoides unicelulares.
Na Classe Hepaticae estão todas as briófitas, que possuem o esporófito mais simples que se conhece. Re-
presentantes dessa classe podem possuir esporófitos talosos ou folhosos, aclorofilados, não sendo visível a olho
nu. Já os gametófitos são em forma de talo com aspecto lobado, séssil por rizoides, com células com cloroplastos,
e arquegônios e anterídios na superfície. A maturação dos esporos ocorre de maneira simultânea e sua liberação
através de uma abertura longitudinal, na cápsula, chamada de deiscência longitudinal.

Marchantia polymorpha

29
Classe Anthocerotae
A Classe Anthocerotae tem 4 gêneros e 300 espécies. Essa classe é formada por representantes talosos de
aspecto lobado, fixo ao substrato através dos rizoides unicelulares. As células do gametófito possuem apenas um
cloroplasto. O esporófito não apresenta seta e tem uma cápsula clorofilada e alongada.

Esporófito
(2n)

Gametófitos
(n)

Antóceros em crescimento, aderidos a Esquema de antócero


solos e rochas úmidos.

Classe Musci
A Classe Musci é a maior classe das briófitas, sendo representada por aproximadamente 700 gêneros e
14.000 espécies.
A Classe Musci é formada por representantes com gametófitos folhosos e fixos ao substrato através de
rizoides pluricelulares. O esporófito é clorofilado, visível e bastante diferenciado.

cápsula
esporófito

esporos
haste

filoide
gametófito

cauloide
rizoide
Musgo Esquema de musgo

Gametófito - Resumo das características diferenciais nas três classes de briófitas


Hepaticae Anthocerotae Musci
Estrutura Taloso ou folhosos Talosos Folhosos
Simetria Dorsiventral ou unicelular Dorsiventral Radial
Cloroplasto/célula Vários Um Vários
Protonema Reduzido Ausente Presente
Anterídios/arquegônios Superficiais Imersos Superficiais

30
Esporófito - Resumo das características diferenciais nas três classes de briófitas.
Hepaticae Anthocerotae Musci
Estrutura Pequeno, aclorofilado Grande, clorofilado Grande, clorofilado
Crescimento Definido Contínuo Definido
Seta Presente Ausente Presente
Diferenciada
Forma da cápsula Simples Alongada
(opérculo, peristômio)
Maturação dos esporos Simultânea Gradual Simultânea
Dispersão dos esporos Elatérios Pseudoelatérios Dentes do peristômio
Columela Ausente Presente Presente
Deiscência Longitudinal ou irregular Longitudinal Transversal
Estómatos Ausente Presente Presente

Turfa
Material de origem vegetal parcialmente decomposto, produzido há milhares de anos através da deposição de
restos de plantas como o Sphagnum (grupo de musgos). Em condições geológicas adequadas, comumente em áreas
pantanosas, transformam-se em carvão. Também são utilizadas como fertilizantes em vários produtos agrícolas..

Importância das briófitas


§§ Dentro da ecologia, as briófitas são importantes porque são espécies pioneiras na colonização, instituindo
condições para a disposição posterior de outros indivíduos. Por esse motivo, são plantadas em locais sujeitos
à erosão.
§§ O gênero Sphagnum possui uma grande capacidade de absorver e reter líquidos, por isso é muito utilizado
na horticultura.
§§ A turfa, usada como combustível é originária da deposição de Sphagnum em lagos de ascendência glacial
no hemisfério norte. A turfa também é usada na destilação do uísque escocês, o que fornece a essa bebida
seu aroma característico.

Introdução às plantas vasculares - Pteridófitas


As traqueófitas são plantas que possuem tecidos vasculares que realizam o transporte de água, sais minerais
e outras substâncias através do corpo do vegetal; estão nesse grupo as pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.
As pteridófitas são pluricelulares, eucariontes e fotossintetizantes, e são as primeiras plantas a apresentarem tecido
condutor e de sustentação. As características que diferenciam as pteridófitas das briófitas são:
§§ Presença de tecidos vasculares.
§§ Ciclo de vida haplodiplobionte, na qual a fase duradoura é o esporófito.
§§ Muitos estômatos em todas as partes fotossintetizantes do vegetal.
As briófitas e pteridófitas são plantas criptógamas, as quais possuem estruturas produtoras de gametas
pouco visíveis.
Alguns exemplos de pteridófitas são:
§§ Lycopodium e Selaginella: o gênero Lycopodium possui uma ampla distribuição desde regiões árticas
ate tropicais. Selaginella é típica de regiões tropicais
§§ Samambaias e avencas: comum de regiões tropicais.

31
Ciclo de vida e morfologia Divisão Psilophyta
O ciclo de vida das pteridófitas é alternância de Características básicas
gerações, possuindo uma fase haploide (n), denomina- §§ Caule vascularizado e fotossintetizante.
da gametófito e uma fase diploide (2n), chamada de es- §§ Ausência de folhas.
porófito, a qual é a fase duradoura do ciclo. O esporófito §§ Ausência de raízes (presença de rizoides unice-
é a parte mais desenvolvida e tem como constituintes, lulares).
raiz, caule (tipo rizoma) e folha. Não há flores e nem §§ Esporângios terminais reunidos em sinângios.
frutos nesse grupo. §§ Gametófito cilíndrico aclorofilado.
As pteridófitas possuem dois tipos de ciclo de
vida: a homosporia (gametófito monoico) e a hete- Divisão lycopodiophyta
rosporia (gametófito dioico). No ciclo homosporado é
produzido um esporo, o qual germina dando origem Características básicas
a gametófitos bissexuados. Já no ciclo heterosporado §§ Caule, raízes e folhas verdadeiras (vascularizadas).
são produzidos esporos distintos, chamados de micrós- §§ Esporângios reunidos em estróbilos.
poros e megásporos, que quando germinam originam §§ Homosporadas ou heterosporadas.
gametófitos de sexos separados, denominados de mi- §§ Gametófito cilíndrico clorofilado.
crogametófitos e de megagametófitos. A pteridófitas
são homosporadas, como a samambaia. Dessa forma,
descreveremos o ciclo reprodutivo desse grupo especi-
ficamente.
As samambaias possuem em suas folhas um
conjunto de esporângios chamados de soros, estruturas
especializadas que surgem como pequenos pontos
pretos na superfície da folha. As células do esporângio
(2n) sofrem o processo de meiose produzindo os
esporos (n). A liberação dos esporos ocorre em dias
quentes com baixa umidade. Quando os esporos caem Selagínella tamariscina
em uma região propícia podem germinar, produzindo,
por mitose, um gametófito bissexuado (n), verde e Classe arthrophyta
denominado e a prótalo. Esse prótalo possui rizoides, o
que garante a estabilidade do gametófito no substrato, Características básicas
e a absorção de nutrientes e água. §§ Caule, raizes e folhas verdadeiras (vascularizadas).
O gametófito possui o arquegônio (n), local de §§ Esporângios reunidos em esporangióforos.
produção da oosfera (n), e o anterídeo (n), região de §§ Homosporadas.
produção dos anterozoides (n). O anterozoide flagelado, §§ Esporos com elatérios.
na presença de água, nada até alcançar o arquegônio §§ Gametófito membranoso clorofilado.
e encontrar a oosfera. Dessa forma, ocorre a fusão da
oosfera e do anterozoide, o que designa o processo de Classe pteridopsida
fecundação, e a formação de um zigoto (2n). O zigoto
cresce por mitose, desenvolvendo-se em embrião, que
Características básicas
inicia seu desenvolvimento, o qual necessita do game- §§ Caule, raízes e folhas verdadeiras (vascularizadas).
tófito por um pequeno período tempo. O embrião rea- §§ Folhas macrófilas (com exceções).
liza sucessivas mitoses se transformando em esporófito §§ Vernação circinada e consequente presença de báculo.
(2n), o qual se fixa no solo e inicia um novo ciclo.

32
§§ Esporângios reunidos em soros, espigas, sinân-
gios ou esporocarpos.
Importância econômica das
§§ Homosporadas (heterosporadas em poucos grupos).
criptógamas vasculares
§§ Gametófito clorofilado.
Embora as pteridófitas atuais possuam uma
importância econômica relativamente pequena, seus
fósseis apresentam grande relevância, pois têm contri-
buição na produção de reservas de carvão vegetal usa-
das pelo homem. Na China, essas reservas estão sendo
usadas para o fornecimento de energia em usinas ter-
moelétricas.
Membros atuais desse grupo são usados na ali-
mentação, como no oriente, onde são consumidas fo-
Equistum arvense, popularmente conhecida como cavalinha. lhas jovens e partes do rizoma.
Na medicina popular são usadas, por exemplo,
no tratamento de verminoses, reumatismos ou úlceras.
Fósseis de criptógamas Algumas criptógamas vasculares são usadas
também para fins ornamentais.
vasculares Na agricultura, o gênero aquático Azolla está
associado a algas azuis (Anabaena azollae), as quais
As primeiras Pterophyta surgiram provavelmente fixam o nitrogênio, assim são usadas para enriquecer o
no Devoniano médio. Plantas com aparência semelhante solo em plantações.
às atuais, as quais se tornaram mais abundantes no Car- As pteridófitas podem ser usadas para controle
bonífero e Permiano. As divisões Psilophyta, Lycopodio- da erosão do solo.
phyta e Arthrophyta são as antigas linhagens de plantas
terrestres, e possuem poucos representantes atuais.
No período Devoniano (Era Paleozoica) foram
encontrados os primeiros fósseis de plantas vasculares.
Existem evidências de uma possível existência de plantas
terrestres no período Siluriano, período anterior (esporos
ou partes de xilema). Também no Período Devoniano, a
divisão Lycopodophyta originou-se, porém foi nos Perío-
dos Carbonífero e Permiano que teve seu maior desen-
volvimento. As plantas do período Carbonífero forma-
ram grandes florestas, que se transformaram em jazidas
de carvão mineral atuais. A Divisão Arthrophyta tem um
desenvolvimento paralelo a de Lycopodophyta.

33
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Ciclo Reprodutivo dos Musgos - Briófitas


Fonte: Youtube

Vídeo Ciclo Reprodutivo das Samambaias - Pteridófitas


Fonte: Youtube

34
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

§§ Briófitas: no ciclo de renovação de espécies vegetais, as briófitas são as primeiras a surgirem, preparando
o solo para o desenvolvimento dos vegetais superiores. A remoção das briófitas do solo das florestas ou
dos troncos das árvores interfere na germinação de sementes e no desenvolvimento saudável dos vegetais
em geral. Pesquisas também têm demonstrado a importância desses vegetais na fixação do nitrogênio, por
viverem em simbiose com cianofíceas, e do dióxido de carbono, no ciclo de nutrientes e na cadeia alimentar
dos mamíferos. As briófitas, por depositarem o calcário retirado da água, colaboram na formação de mine-
rais porosos que, pela facilidade de manuseio, são utilizados na decoração.
§§ Pteridófitas: você sabe de onde vem o xaxim? Sabia que ele está em extinção? Pois é! O xaxim é o nome
vulgar de uma grande samambaia (samambaia-açu – açu em tupi é "grande"), cujo nome científico é
Dicksonia sellowiana e que pode alcançar dez metros de altura, como uma palmeira; era abundante na serra
do Mar, do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul, habitando os locais bem úmidos. É um verdadeiro fóssil vivo
das florestas pré-históricas. Há outras grandes samambaias no Brasil e no mundo.

INTERDISCIPLINARIDADE

Espécies indicadoras de vários grupos distintos são utilizadas para indicar distúrbios ambientais em cursos
d’água. Um bom exemplo são as briófitas que, em ecossistemas aquáticos, possuem um alto potencial para a bio-
indicação, principalmente em casos de contaminação por metais pesados. As briófitas, especialmente os musgos
(devido a ausência de cutícula), apresentam uma alta capacidade de acumular estes compostos. A análise do teor
de metais pesados neste grupo tem baixo custo e, ao mesmo tempo, proporciona grande precisão nos resultados
e exige menos tempo do que uma análise direta da água.
Sob condições geológicas adequadas, a turfa pode transformar-se em carvão mineral, através de emanações
de metano vindo das profundezas e da preservação em ambiente anóxico – que sofre com a falta de oxigênio.
Sendo assim, é um carvão menos rico em carbono. Além disso, por ser inflamável, é utilizada como combustível
para aquecimento doméstico. A turfa também tem sido utilizada para recuperar ambientes degradados e como
absorvente de hidrocarbonetos, o que faz da substância um dos produtos mais utilizados em todo o mundo para
prevenir e combater vazamentos de derivados de petróleo. Na agricultura, a utilização de produtos à base de turfa
como um condicionador para melhorar as propriedades físicas do solo e aumentar a atividade microbiana vem se
tornando cada vez mais comum.

35
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

O Reino Vegetal é abordado no Enem com enfoque principalmente nos quatro grandes grupos e
sua interação com o ambiente, assim como suas relações evolutivas, sem se aprofundar muito nas
classificações taxonômicas. É primordial conhecer as novidades evolutivas que surgem em cada
grupo e as implicações dessas adaptações no ecossistema.

Modelo
(Enem) A imagem representa o processo de evolução das plantas e algumas de suas estruturas.
Para o sucesso desse processo, a partir de um ancestral simples, os diferentes grupos vegetais
desenvolveram estruturas adaptativas que lhes permitiram sobreviver em diferentes ambientes.

Qual das estruturas adaptativas apresentadas contribuiu para uma maior diversidade genética?
a) As sementes aladas, que favorecem a dispersão aérea.
b) Os arquegônios, que protegem o embrião multicelular.
c) Os grãos de pólen, que garantem a polinização cruzada.
d) Os frutos, que promovem uma maior eficiência reprodutiva.
e) Os vasos condutores, que possibilitam o transporte da seiva bruta.

36
Análise Expositiva

Habilidade 14
A questão já apresenta ao aluno as novidades evolutivas que surgiram em cada grupo; no en-
tanto, é necessário que o aluno avalie qual delas promove maior diversidade genética. A po-
linização cruzada é fonte de variabilidade genética, pois, com o surgimento do grão de pólen,
aumenta as possibilidades de cruzamento com diferentes e até mais distantes indivíduos,
já que além da dispersão pelo vento, a partir das angiospermas também há possibilidade de
polinização por animais.
Alternativa C

37
Estrutura Conceitual

◊ Pluricelular
◊ Fotossintetizante
R E I N O V E G E TA L ◊ Ciclo de vida haplodiplobionte
◊ Reserva energética: amido
◊ Parede celular: celulose

◊ Tamanho reduzido
◊ Ausência de vasos condutores
Avascular Briófitas ◊ Ambiente terrestre úmido
◊ Gametófito (n): fase dominante

Classes Hepáticas Marchantia polymorpha

Anthocerotae

Musci Musgos

Pteridófitas ◊ Presença de vasos condutores


Vascular
Ex: Samambaia, avenca, ◊ Esporófitos (2n): fase dominante
(Traqueófitas) ◊ Dependência da água para reprodução
cavalinha

Gimnospermas

Angiospermas

Ciclo de vida vegetal

M (R!)
Esporófito (2n)

(n) + (n) Esporo (n)


Gametas

Gametófito (n)
M (E!)

38
3 2
1 3 Gimnospermas

Competências Habilidades
3, 7 e 8 10, 12, 27, 29 e
30

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Fanerógamas: o termo refere-se aos vegetais que apresentam órgãos de reprodução nitidamente visíveis.
As fanerógamas também são chamadas de espermatófitas, porque produzem sementes. A semente é uma estru-
tura adaptativa muito eficiente para a disseminação do esporófito e está inativo no formato de embrião, o que é o
um dos maiores avanços evolutivos dos vegetais. O sucesso evolutivo dessas plantas se dá em razão de:
1. Enquanto as sementes possuem uma estrutura multicelular, os esporos são formados por uma única célula.
2. As sementes possuem um suprimento alimentar. Depois da germinação, o embrião é nutrido pelo alimento
armazenado na semente, até que consiga ser autossuficiente.
3. As sementes são envoltas por uma “casca de proteção” (tegumento), o qual é resistente e tem que ser
degradada para que aconteça a germinação.
As fanerógamas podem ser divididas em dois grandes grupos: as gimnospermas (pinheiros), e as angios-
permas (plantas fabricantes de frutos). As fanerógamas possuem tecidos vasculares, ou seja, são traqueófitas. O
vaso condutor xilema é responsável pelo transporte de água e sais minerais e o vaso condutor floema pelo trans-
porte de moléculas orgânicas, como a glicose. A reprodução ocorre através de alternância de gerações, o esporófito
é a fase duradoura e o gametófito é dependente do esporófito.

Pinhões - semente de gimnospermas

As gimnospermas produzem sementes, que não estão dentro dos frutos, pois esse grupo vegetal não produz
frutos, assim para a proteção das sementes, as folhas são modificadas, o que chamamos de escamas. A sobreposi-
ção das escamas ocorre na extremidade do ramo que as produzem, o que forma uma estrutura, comumente cônica
denominada estróbilo. Por isso, as gimnospermas são chamadas de “plantas com sementes nuas”. A eficiência
reprodutiva dessas plantas foi potencializada com a aquisição de sementes, facilitando a sua dispersão. Um pro-
cesso de disseminação mais eficiente gera a possibilidade do crescimento de suas populações, o que expandiu a
sua distribuição geográfica.

Morfologia
As gimnospermas possuem uma grande variedade, podem ser arbustivas, arbóreas ou trepadeiras, dioicas
ou monoicas. As folhas podem ser reduzidas em forma de agulha (aciculares), ou em formato de escamas (escami-
formes), ou ainda podem ser desenvolvidas com a lâmina flabelada (em formato de leque), ovalada ou elíptica. Os
ramos reprodutivos têm estróbilos. Os esporângios são as folhas modificadas e fabricantes de esporos. Usam-se
os prefixos “mega” para designar estruturas femininas e o prefixo “micro” para designar estruturas masculinas. Os
microsporângios são as estruturas masculinas fabricantes de esporos masculinos (micrósporos), que originarão
os grãos de pólen, os quais representam os gametófitos masculinos jovens ou microprótalos. As folhas que
suportam essas estruturas são denominadas de microsporófilos, cujo conjunto forma a pinha ou o cone mas-
culino, (microstróbilo). Os esporângios produtores de óvulos são chamados megaesporângios, as folhas que os
suportam, são denominadas de megasporófilos e o conjunto forma a pinha ou cone feminino (megastróbilo).

41
Ramo de Gimnospermas - detalhe de Estróbilos e folhas aciculares

Os estróbilos, cones ou pinhas presentes nas gimnospermas podem ser unissexuados, ou seja, possuem
uma parte masculina ou feminina (mas não as duas) e reúnem os esporófilos. As espécies deste grupo podem ser
monoicas e dioicas.

§§ Monoicas – na mesma planta existem estróbilos masculinos e femininos.


Ex.: Pinus sylvestris.

§§ Dioicas – estróbilos apenas de um sexo são encontrados em uma mesma planta.


Ex.: Araucaria angustifolia.

Observe os estróbilos masculinos e femininos.

microsporófilo
Microsporângios com
Células-mãe de micrósporos

Célula-mãe de micrósporo (2n)

MEIOSE

cone
masculino
micrósporos (n)

Diferenciação

grãos de pólen

núcleo reprodutivo (n) núcleo vegetativo (n)

Cone masculino com destaque para a formação dos micrósporos

42
Cone feminino

Megasporófilo

Meiose Células
Haploides

Célula-mãe de
megásporos (2n)
Tegumento Micrópila
Megásporo

3 células degenaram

1 célula forma o
Megásporo
Saco embrionário Arquegônio
ou megaprotalo
(gametófito feminino) Oosfera
Óvulo maduro
Cone feminino com destaque para a formação do óvulo, do megásporo e da oosfera

Na fase reprodutiva, a planta produz ramos férteis (ou reprodutivos), nos quais estão presentes os estróbilos
(podem ser microstróbilos - masculinos ou megastróbilos - femininos). As células-mãe de esporos sofrem meiose,
no interior do microstróbilo, e originam os micrósporos, que não são liberados para o meio, desenvolvendo inter-
namente no grão de pólen ou gametófitos masculinos jovens. O processo de germinação interna do micrósporo
denomina-se endosporia (uma diferença das fanerógamas para criptógamas). A abertura do microstróbilo para
o meio libera grande quantidade de grãos de pólen, que comumente são dispersos pelo vento (polinização do tipo
anemofilia). Quando a polinização é realizada por insetos denomina-se entomofilia. Após a polinização o grão de
pólen chegará à micrópila do óvulo, e nesse local começará a desenvolver o tubo polínico (gametófito masculino
adulto)
No interior do grão de pólen existem dois núcleos gaméticos haploides (gametas masculinos). No óvulo,
formam-se, por meiose, quatro megásporos, dos quais três degeneram e permanece apenas um, que originará uma
célula muito grande, denominada saco embrionário (gametófito feminino). Dentro dela encontra-se o gameta
feminino, a oosfera. Um dos núcleos gaméticos fecunda a oosfera, resultando no zigoto, e o outro núcleo gamé-
tico degenera. Depois de sucessivas divisões mitóticas o zigoto originará um embrião, imerso em tecido oriundo do
gametófito feminino haploide chamado de endosperma primário (n), cuja função é nutrir o embrião. O game-
tófito feminino depois que contém o embrião, originará a semente. Observe na figura a seguir:

43
Ciclo de vida de conífera
cone feminino corte
jovem longitudinal

germinação

cones
dispersão masculinos
pelo vento
corte
longitudinal
semente óvulo
alada contendo
embrião

megasporângio

zigoto
microsporângio
com células-mãe
de micrósporos

célula-mãe (2n)
de micrósporos
DIPLOIDE
(2n)

HAPLOIDE
(n)

micrósporos

megásporo
funcional (n)
no megasporângio

oosfera

grão de pólen
(gametófito
masculino
jovem)

núcleos
polinização
gaméticos megaprotalo
pelo vento

arquegônio contendo
a oosfera

oosfera

A semente, dessa maneira, abriga e protege o embrião contra o calor, o frio, a desidratação e a ação de
parasitas. Além de armazenar reservas nutritivas (endosperma), que nutrirão o embrião durante o desenvolvimento
e crescimento da plântula até que as suas primeiras folhas sejam formadas inteiramente.
As gimnospermas têm duas gerações: uma geração esporofítica duradoura (corresponde à planta propria-
mente dita) e uma geração gametofítica, a qual cresce dentro do esporófito (constituída pelo gametófito feminino,
o saco embrionário, gametófito masculino e o grão de pólen).

44
Diversidade e classificação
Atualmente existem quatro grupos com representantes vivos: Cycadophyta, Ginkgophyta, Conipherophyta
e Gnetophyta.

Divisão Cycadophyta
As Cycadophyta possuem 11 gêneros e aproximadamente 140 espécies, cuja área de distribuição geográfica
corresponde às regiões tropicais e subtropicais. Plantas arborescentes ou arbustivas, entomófilas e dioicas. Forma-
das por caule não-ramificado, folhas compostas pinadas, assemelhando-as a pequenas palmeiras.

© Peter Etchells/Shutterstock

Cycas revoluta

Divisão Ginkgophyta
São árvores dioicas, formadas por folhas simples, flabeladas (formato de leque), longopecioladas, com ner-
vação dicotômica. O único representante das Ginkgophyta é a espécie Ginkgo biloba L (fóssil vivo). No Brasil, é uma
espécie ornamental além de ter aplicação medicinal muito discutida.

Ginkgo biloba L., folhas flabeladas. Ginkgo biloba L., megastróbilos.

45
Divisão Pinophyta ou Conipherophyta
São arbóreas com caule ramificado e folhas simples e pequenas, monoicas ou dioicas. Plantas indepen-
dentes da água para a fecundação (Sifonogamia). Famílias: Pinaceae (Pinus), Cupressaceae (Cupressus, Juniperus,
Sequoia, Thuja), Araucariaceae (Araucaria, Agathis).

Pinus, microstróbilos. Pinus, megastróbilo.

© Shchipkova Elena/Shutterstock

Cupressus, megastróbilos. Ciprestes

Araucaria, aspecto da floresta. Araucaria, aspecto do megastróbilo e sementes.

46
Divisão Gnetophyta
São arbustivas, herbáceas, ou trepadeiras, com folhas simples, escamiformes ou laminares. Existem três
famílias: a Ephedraceae (Ephedra), Gnetaceae (Gnetum), Welwitschiaceae (Welwitschia).

Ephedra, aspecto da planta.

Welwitschia mirabilis Hook. f. com megastróbilos. Welwitschia mirabilis Hook. f., com microstróbilos.

Gnetum, aspecto da planta.

A interação fauna – planta


Seus representantes constituem a floresta de Araucária, distribuindo-se no Brasil (Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul, manchas esparsas, no sul de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro). A disseminação da
semente da araucária é realizada especialmente pela gralha-picaça, gralha-azul, e cutia.

47
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Ciclo Reprodutivo dos Pinheiros - Gimnospermas


Fonte: Youtube

48
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

O pinheiro-do-paraná tem uma madeira de excelente qualidade, mas também fornece uma fonte de ali-
mento muito importante: a sua semente, conhecida como pinhão, que garante a alimentação de muitas espécies
animais, principalmente roedores e pássaros, e também é item obrigatório no cardápio de outono e inverno em
milhares de residências do Paraná. O apetite humano por esse fruto pode, inclusive, funcionar como o principal
aval para a perpetuação da araucária, que, derrubada sem piedade para a extração de madeira, figura entre as
espécies mais ameaçadas da flora paranaense. A questão não é meramente preservacionista, mas prioritariamente
de ordem socioeconômica.

INTERDISCIPLINARIDADE

Ginkgoaceae é uma família de plantas gimnospermas, em sua maior parte extinta e que ocorreu principal-
mente na Era Mesozoica, dos quais o único representante existente é a Ginkgo biloba, que é considerada um fóssil
vivo. A Gingko biloba foi a primeira planta a brotar após a destruição provocada pela bomba atômica na cidade
de Hiroshima, no Japão, e é famosa por suas façanhas. O extrato obtido de suas folhas comprovadamente reduz
as tonturas, refresca a memória, alivia as dores nas pernas e nos braços e acaba com o zumbido no ouvido, e está
sendo alvo de estudos médicos para diferentes atuações como fármaco.

49
Estrutura Conceitual
R E I N O V E G E TA L

Avascular Briófitas

Vascular
Pteridófitas
(Traqueófitas)

Fanerógamas Órgão reprodutor visível

Espermatófitas Produzem semente

◊ “Sementes nuas”
◊ Estrutura de reprodução:
Gimnospermas estróbilos (cone)
◊ Formação de tubo polínico

◊ Assemelha-se a pequenas
Divisões Cycadophyta palmeiras
Ex.: Cycas revoluta
◊ Folhas flabeladas (leque)
Ginkgophyta ◊ Aplicação medicinal
Ex.: Ginkgo biloba
◊ Folhas simples e
Pinophyta pequenas
◊ Ex.: Pinus, araucária
◊ Arbustivos, herbáceas ou
Gnetophyta trepadeiras
Ex.: Ephedra sp.

Angiospermas

50
3 4
3 3 Angiospermas I

Competências Habilidades
3, 7 e 8 10, 12, 27, 29 e
30

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
As Angiospermas são fanerógamas, ou seja, têm estruturas reprodutivas evidentes (flores), na qual são pro-
duzidas as sementes envoltas pelos frutos. Este grupo foi o último grupo de plantas que se diferenciou na escala
evolutiva. São comumente terrestres, mas possuem representantes aquáticos. Podem ser arbóreas lenhosas, herbáceas
e arbustivas. Atualmente é o grupo com maior número de representantes (gênero, espécies e indivíduos), amplamente
distribuído pelo mundo e também mais utilizado pelo homem. A grande maioria das espécies são autótrofas fotos-
sintetizantes, no entanto há espécies totalmente parasitas (holoparasitismo), que é o caso do cipó-chumbo (espécie
aclorofilada e que não realiza fotossíntese). O cipó-chumbo retira da seiva elaborada do hospedeiro seu alimento. Exis-
tem também espécies que são parasitas parciais (hemiparasitas), como a erva-de-passarinho, a qual retira substâncias
da seiva bruta da planta hospedeira. Outras espécies são epífitas (orquídeas e bromélias), ou seja, vivem sobre ramos
de outros vegetais, com a finalidade de obter maior luminosidade. Nesse caso não é uma relação de parasitismo, pois
a planta que fornece suporte às epífitas não é prejudicada com essa interação. As angiospermas, no geral, dividem-
-se em duas classes: as Eudicotiledôneas (ou Magnoliopsida) e as Monocotiledôneas (ou Liliopsida). A angiosperma
apresenta um ciclo de alternância de gerações, com meiose espórica ou intermediária, onde a fase duradoura é o
esporófito. A planta observada na natureza é o esporófito (2n), a qual está organizada em raiz, caule e folha. Os ga-
metófitos (n) das angiospermas são dioicos (sexos separados), muito reduzidos, dependentes do esporófito e crescem
dentro da flor. Define-se por gametófito feminino o saco embrionário (megaprótalo) contido no óvulo, o qual não
forma arquegônio e tem uma única oosfera (gameta feminino). Já o gametófito masculino é o que chamamos de tubo
polínico (microprótalo), no qual se formam dois núcleos espermáticos (gametas masculinos). Assim como ocorria nas
gimnospermas não dependem de água para a fecundação.
Abaixo, as características que as distinguem da gimnosperma:
1. Possuem flores e frutos;
2. Sementes protegidas;
3. Dupla fecundação (endosperma triploide - 3n e zigoto – 2n).

Flor
É o órgão reprodutivo das angiospermas, resultante da alteração de um conjunto de folhas. Uma flor com-
pleta é constituída por pedúnculo floral, receptáculo floral, sépalas, pétalas, estames e carpelos. O conjunto de
sépalas, as quais são normalmente verdes, chama-se cálice (função: proteção), e o conjunto de pétalas, que
comumente são coloridas, chama-se corola (função: atração de polinizadores), e o cálice e a corola formam uma
estrutura denominada de perianto. Denomina-se perigônio, quando as estruturas do cálice são iguais às da
corola, com relação à forma e à cor. As estruturas florais do perigônio denominam-se tépalas. Estames e carpelos
são as estruturas florais férteis e compõem os verticilos reprodutivos. Os estames ou são compostos pela antera
e pelo filete, e o conjunto dessa estrutura forma o que chamamos de androceu (aparelho reprodutor masculino).
Carpelos ou pistilos são formados por 3 partes: estigma, estilete e ovário, e o conjunto de carpelos é denomi-
nado de gineceu (aparelho reprodutor feminino).
estigma

antera
estame filete
estilete carpelo
pétala

óvulo ovário

receptáculo floral
sépala

pedúnculo floral

© BlueRingMedia/Shutterstock

Representação esquemática de uma flor


53
Androceu
O aparelho reprodutor masculino é composto por um conjunto de estames, que são constituídos por três
partes: antera, filete e conectivo. Na antera (parte fértil) ocorre a formação de esporos, por meiose, que darão
origem aos grãos de pólen. Na antera estão presentes os sacos polínicos, que são a célula-mãe de micrósporo,
os quais dividem-se por meiose produzindo os micrósporos (células haploides). Em cada micrósporos, o núcleo se
divide por mitose, originando uma única célula com dois núcleos haploides, o que chamamos de grão de pólen
(gametófito masculino jovem). Esses dois núcleos haploides que compõem o grão de pólen são chamados de
vegetativo e outro de germinativo (ou reprodutor), que se divide por mitose e gera dois núcleos espermáticos. A
germinação do grão de pólen gera o tubo polínico (gametófito masculino adulto ou microprótalo).

meiose I meiose II

saco
polínico
célula-mãe de
micrósporos (2n)
ruptura de antera com 4 micrósporos (n)
liberação dos grãos de pólen

célula (n) geradora,


por mitose, de 2
núcleo gaméticos

núcleo (n), orientador


grão do pólen da formação do
(gametófito masculino jovem) tubo polínico

Formação de micrósporos e liberação de grãos de pólen

Gineceu
O gineceu é composto por folhas transformadas chamadas carpelos ou pistilos. O gineceu possui três
partes: estigma, estilete e ovário. A parte superior do carpelo, o estigma, é uma parte dilatada e com muitas
glândula produtoras de uma substância viscosa e pegajosa, a qual facilita a aderência do grão de pólen. É no
estigma que acontece a germinação do pólen e o desenvolvimento do tubo polínico. O estilete é um canal longo
por onde ocorre o crescimento do tubo polínico. O ovário é a região basal, oca e dilatada, na qual se encontram os
óvulos, em número diferente dependendo da espécie. O óvulo não é o gameta feminino; no caso das angiospermas
é uma estrutura dentro da qual será formada a oosfera (gameta feminino). No interior do ovulo, a célula-mãe dos
megásporos (2n) divide-se por meiose e forma quatro megásporos (n), 3 degeneram restando 1 megásporo
fértil. O megásporo germina ao mesmo que seu núcleo se divide por três mitoses consecutivas, levando à formação
de oito células, que organizam o saco embrionário (gametófito feminino). Este tem uma célula denominada oos-
fera, ao lado desta há duas células chamadas sinérgides. No lado oposto à oosfera, há três células denominadas
de antípodas e, no centro, dois núcleos denominados núcleos polares.

54
núcleo haploide

ovário óvulo

meiose
estas células
degeneram

oosfera (n) antípodas (n)


megásporo
funcional (n) secundina
núcleos célula-mãe de primina
polares isolados megásporo (2n)
gametófito feminino mitose
(saco embrionário)

mitose mitose

sinérgides micrópila

Formação do megásporo e do saco embrionário

Fecundação
O grão de pólen chega ao estigma de uma flor e ali desenvolve o tubo polínico, que cresce através do esti-
lete por quimiotropismo. O núcleo germinativo divide-se por mitose e produz dois núcleos espermáticos ou gamé-
ticos. O tubo polínico atinge o ovário, adentra no óvulo, ocorrendo uma dupla fecundação. A primeira fecundação
gera o zigoto (2n), o qual se dá a partir da fusão de um núcleo espermático e da oosfera. A segunda fecundação
gera um núcleo 3n, chamado de endosperma (ou albúmen, que nutrirá o embrião até que germine), a qual ocorre
entre um núcleo espermático e dos dois núcleos polares.

semente
(óvulo com embrião
e endosperma)

núcleo triploide endosperma (3n)

óvulo semente

zigoto embrião
(2n) (2n)

fruto (ovário)

Formação da semente (fecundação no óvulo) e do fruto (desenvolvimento do ovário)

55
Depois da fecundação, ocorre um murchamento e queda das sépalas, pétalas, e estames. O óvulo fecundado
desenvolve-se e produz a semente.

o
ent
olvim
env
des

germinação

2n
tegumento (casca)
embrião
endosperma (3n) ESPORÓFITO óvulo

semente secção

ovario
antera
semente

célula-mãe de
fruto micrósporos
(2n) pistilo

DIPLOIDE
(2n)
HAPLOIDE
(n)

tubo polinico

micrósporos
GAMETÓFITO (n)

saco
embrionário oosfera megasporo
núcleos
gaméticos funcional
(n)

56
Polinização
Polinização é o fenômeno de condução do grão de pólen desde a antera, local da sua produção, até o estigma
do gineceu, para fusão com o gameta feminino. A polinização pode ser direta (autopolinização) e indireta (cruzada).

Agentes Polinizadores nas Angiospermas

Tipos de polinização
Quando o grão de pólen chega no estigma da própria flor denomina-se autopolinização ou ainda poliniza-
ção direta, levando ao aparecimento de progênie homozigota. No entanto, os indivíduos mais aptos para sobreviver
são os heterozigotos, produzidos por fecundação cruzada. Dessa forma, as plantas desenvolvem muitos mecanis-
mos para evitar a autofecundação, como:
A. Dicogamia – é o amadurecimento dos órgãos reprodutores em épocas distintas, que pode ser subdividida em:
a. Protandria: quando os órgãos masculinos amadurecem antes dos femininos.
b. Protoginia: quando os órgãos femininos amadurecem antes dos masculinos.
B. Dioicia – é a presença de organismos com sexos separados (planta masculina e outra feminina).
C. Hercogamia – é a barreira física que separa o gineceu do androceu.
D. Heterostilia – são flores de estames com estiletes longos e filetes curtos.
E. Autoesterilidade – neste caso, a flor é estéril em relação ao pólen que ela mesmo produz.
Quando o grão de pólen é conduzido da antera de uma determinada flor até o estigma de outra flor, a qual
está ou não na mesma planta denomina-se polinização cruzada ou polinização indireta. A verdadeira polini-
zação cruzada ocorre quando a polinização é realizada em outra planta, ocorrendo, portanto, maior variabilidade
genética. A polinização cruzada acarreta na fecundação cruzada e, assim, possibilita a produção de descendência
heterozigota (híbrida).
B

A A A A

A - Autopolinização
B - Polinização cruzada

Esquema representando autopolinização e polinização cruzada

57
Os agentes polinizadores Flores polinizadas por insetos (entomofilia)
Os vegetais terrestres são fixos ao substrato e, Borboletas e mariposas são seduzidas por estímu-
assim, são inibidos de se locomover de um lugar para o los olfativos e visuais. Esses insetos têm a capacidade de
outro, seja para encontrar abrigo, alimento, ou parceiros ver cores primárias como o vermelho, o azul e o amarelo.
para a reprodução. As angiospermas têm uma série de Porém, a maioria das mariposas voa à noite, têm hábito
adaptações da flor, o que possibilitou sucesso reprodu- noturno e polinizam flores brancas, que se destacam no
tivo na procura do parceiro. As gimnospermas são poli- escuro e têm uma forte fragrância adocicada.
nizadas passivamente pela ação do vento. Besouros polinizam espécies de angiospermas
Quanto mais atraente é a planta para os insetos, a de flores grandes e solitárias ou então que são peque-
nas agregadas em inflorescências. O besouro possui o
frequência de visitas como essas aumenta, maior é assim
olfato mais apurado que a visão, assim, as flores bran-
a taxa de polinização. Dessa forma, qualquer mutação,
cas e opacas, porém com forte odor, são seus alvos.
que gere visitas mais eficientes e/ou frequentes, torna-
Abelhas, vespas e moscas formam o grupo fun-
-se uma vantagem reprodutiva, que é selecionada posi-
damental de visitantes florais. Ambos os sexos desses
tivamente pelo meio. Além da fonte comestível da flor e insetos se alimentam do néctar, e as fêmeas, além disso,
do pólen, as plantas também desenvolveram glândulas coletam pólen para alimentar suas larvas nos ninhos.
especializadas em suas flores, denominadas de nectários,
que secretam o néctar (solução açucarada e atrativa para
insetos). A atração dos insetos pelas flores pode ser um
beneficio ou um problema, dependendo do contexto. Pro-
blemas, pois ocorreu a necessidade de proteger o óvulo
de insetos predadores (evolução para o carpelo fechado).
Outra adaptação importante foi o surgimento da flor her- Entomofilia (abelha)
mafrodita (monoica), a presença de ambos os sistemas
reprodutores torna-se mais eficiente à visita do poliniza-
dor, pois o polinizador coleta o grão de pólen de uma flor
e poliniza outra. Isso desenvolveu, em muitas plantas, a
auto-incompatibilidade genética (incapacidade de
um indivíduo de se autofecundar). Ornitofilia (beija-flor)
Na Era Cenozoica, insetos, como abelhas, ves-
pas, borboletas e mariposas começaram a ter papel de
destaque neste contexto evolutivo. Entre os insetos e
as angiospermas ocorreu - e ocorre - um processo de
co-evolução, onde um ser vivo interfere na evolução
do outro. A maioria das flores pode ser visitada por
Quiropterofilia (morcego)
mais de um tipo de inseto, no entanto, há uma tendên-
cia na especialização de acordo com as características
Flores polinizadas por
destes polinizadores.
Muitas das mudanças pelas quais a flor primitiva
pássaros (ornitofilia)
passou foram efetivas para estimular a constante visita Várias espécies de pássaros polinizam flores e se
dos insetos. Estas transformações adaptativas abrange- alimentam do néctar, das partes florais, as quais são,
ram cores, formas altamente distintas, odores, o que sina- geralmente, inodoras. Os principais pássaros poliniza-
lizava a orientação de seus polinizadores e assim mudan- dores são os beija-flores, na América do Sul. Exemplos:
ças estruturais para excluir determinados polinizadores. eucalipto, o brinco-de-princesa e as musáceas.

58
Flores polinizadas por morcegos

© Chaikom/Shutterstock
(quiropterofilia)
As flores polinizadas por morcegos assemelham-
-se àquelas polinizadas por pássaros, possuindo grandes
quantidades de néctar. São comumente de cor não atra-
tiva e abrem-se à noite. Através do focinho, os morcegos
se alimentam do néctar, e possuem dentes frontais redu-
zidos, e são atraídos por fortes odores.

Flores polinizadas pelo vento (anemofilia) Na alporquia, o caule é envolto por terra úmida, protegida por plástico,
As flores anemófilas são comumente de cores até enraizar.

não atrativas, relativamente inodoras, sem néctar, com Na enxertia, é necessário possuir duas plantas:
pétalas pequenas ou ainda inexistentes. uma chamada de cavalo, que tem sistema radicular intac-
to, e outra chamada de cavaleiro, cuja propagação pre-
Reprodução assexuada tende-se fazer. É preciso que ambas as plantas tenham
Muitas angiospermas reproduzem-se assexua- características parecidas, isto é, sejam evolutivamente
damente, processo aproveitado pelo homem para pro- próximas. Dessa forma, esse processo consiste em intro-
pagar a espécie de interesse. Nesse processo as plantas duzir o cavaleiro no cavalo com a finalidade de que se
formadas filhas são geneticamente idênticas a planta- desenvolva como se fosse parte da planta original.
-mãe. Pode-se utilizar partes dos vegetais para propa-

© Smailhodzic/Shutterstock
gação vegetativa, como uma folha, a qual você enterra
no solo e pode germinar em um novo vegetal.
Os métodos de propagação vegetativa são: es-
taquia, mergulhia, alporquia e enxertia. Na estaquia,
partes do caule são retiradas da planta-mãe e depois
enterradas para a produção de nova planta.
Gemas

Estaca

Estaquia

A mergulhia é mais comumente realizada em


plantas com caules flexíveis, em que uma parte do cau-
le é enterrada. Posteriormente enraizado é retirado da
planta-mãe e transplantado para a região definitiva.

A enxertia

Mergulhia, método empregado para propagação de cajueiros.

59
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Ciclo Reprodutivo de Plantas com Flores - Angiospermas

Fonte: Youtube

60
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

As angiospermas incluem a maioria das espécies arbóreas utilizadas pelo homem. Todas as plantas são
hortícolas, frutíferas, as ervas produtoras de essências, especiarias e extratos medicinais, as flores, os cereais, as
árvores folhosas e uma grande quantidade de espécies, das quais são obtidos numerosos produtos de interesse
industrial. Por exemplo: raízes (cenoura, mandioca, batata-doce, nabo); caule (cana, batata-inglesa); folhas (couve,
alface, acelga); frutos (mamão, laranja, banana); e sementes (feijão, soja, ervilha).

INTERDISCIPLINARIDADE

A invenção de um menino de 13 anos pode modificar a forma como coletamos energia solar nos dias de hoje.
Aidan Dwyer, um rapazinho dos EUA, bolou uma maneira de organizar os painéis solares que garantem um melhor
aproveitamento da luz e, assim, uma maior produção de energia. Semelhante a uma pequena planta, o invento do
menino aumenta a eficiência do mecanismo entre 20% e 50%.
Instigado pelo mecanismo utilizado pelas árvores para absorver luz solar, Dwyer teve uma ideia que lhe
rendeu o prêmio de Jovem Naturalista, concedido pelo Museu Americano de História Natural. A atual maneira de
gerar energia através da luz do sol consiste em arranjar os painéis solares horizontalmente, ao contrário do sistema
bolado pela própria natureza. Após estudar durante algum tempo, o menino decidiu montar, em um suporte verti-
cal, pequenos painéis, de forma que estes ficassem organizados como folhas em galhos. E funcionou.
Os testes realizados com o experimento mostram que, comparado ao mecanismo original, a árvore-solar
de Dwyer é muito mais eficiente. Inclusive, em épocas de menor incidência solar, tais como o inverno, a novidade
leva a melhor. Além disso, o sistema, justamente por ser vertical, não é "enterrado" pela neve e também é menos
prejudicado pela chuva.
Fonte: www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2011/08/cientista-de-13-anos-
revoluciona-forma-de-captar-energia-solar.html.

61
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 30 - Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que


visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente.

Os alunos devem saber aplicar os conhecimentos desenvolvidos em sala às situações problemas


visando a melhoria da qualidade de vida, seja em situações relacionadas à saúde humana ou à
qualidade ambiental, possibilitando também o desenvolvimento sustentável das atividades antró-
picas. É de suma importância que o aluno também seja capaz de fazer previsões dos diferentes
impactos gerados pela intervenção humana em um ecossistema.

Modelo
(Enem) Caso os cientistas descobrissem alguma substância que impedisse a reprodução de todos
os insetos, certamente nos livraríamos de várias doenças em que esses animais são vetores. Em
compensação, teríamos grandes problemas como a diminuição drástica de plantas que dependem
dos insetos para polinização, que é o caso das:
a) algas.
b) briófitas, como os musgos.
c) pteridófitas, como as samambaias.
d) gimnospermas, como os pinheiros.
e) angiospermas, como as árvores frutíferas.

Análise Expositiva

Habilidade 30
Os insetos são um dos grupos mais diversos do reino animal e apesar dos danos causados pela
transmissão de doenças e até mesmo por se tornarem pragas agrícolas, também apresentam
grande importância ecológica. Dentre elas, está a polinização das plantas com flores, como
as angiospermas, que após esse processo desenvolvem seus frutos que envolvem e ajudam na
dispersão das sementes.
Alternativa E

62
Estrutura Conceitual
R E I N O V E G E TA L

Avascular Briófitas

Vascular
Pteridófitas
(Traqueófitas)

Fanerógamas Órgão reprodutor visível

Espermatófitas Produzem semente

Gimnospermas
◊ Estrutura reprodutiva: flor
◊ Semente envolvida por fruto
Angiospermas ◊ Dupla fecundação
◊ Endosperma (3n)
◊ Zigoto (2n)
Flor

estrutura ◊ Pedúnculo
vegetativa ◊ Receptáculo
◊ Sépalas -> cálice
◊ Pétalas -> corola
estrutura
reprodutiva ◊ Estames:
Androceu
◊ Antera (grão de pólen)
(masculino)
◊ Filete

◊ Carpelo:
Gineceu ◊ Estigma
(feminino) ◊ Estilete
◊ Ovário

Estrutura de uma flor

estigma

antera
estame filete
estilete carpelo
pétala

óvulo ovário

receptáculo floral
sépala

pedúnculo floral

© BlueRingMedia/Shutterstock

63
Biologia para
vestibular medicina
5ª edição • São Paulo
2019

C N
4
CIÊNCIAS DA NATUREZA
BIOLOGIA
e suas tecnologias
Joaquim Matheus Santiago Coelho e Larissa Beatriz Torres Ferreira
Abordagem de EMBRIOLOGIA e SISTEMAS nos principais vestibulares.

FUVEST
No sistema locomotor, a Fuvest tende a correlacionar os modos de locomoção e sustentabilidade
com processos fisiológicos e fazer analogias com os demais animais, sendo este também aplicado ao
sistema circulatório.

LD
ADE DE ME
D
UNESP
U

IC
FAC

INA

BO
1963
T U C AT U A Unesp cobra os conceitos de sistema locomotor e sanguíneo, de maneira mais aplicada a
situações do dia a dia e bem intuitivamente; contudo, esse tema não ocorre com frequência.

UNICAMP
Pouco cobrado em seu vestibular, a Unicamp realiza questões mais interativas, tentando correlacionar
fisiologia e ecologia nas questões de sistemas, fazendo o aluno pensar, e não só aplicar conceitos
decorados.

UNIFESP
O tema sistemas não tem caído com frequência nos últimos anos, mas, quando cobrado, é feito de
forma direta e sucinta, exigindo da resposta do aluno o conceito básico simplesmente.

ENEM/UFMG/UFRJ
Tanto o Enem quanto a UFRJ cobram pouco o tema de sistemas locomotor e cardíaco, mas, quando o
fazem, abordam questionamentos do cotidiano, de forma investigativa e pouco direta. Exige raciocínio
e dedução lógica do aluno.

UERJ
Quando cobrado com gráficos e figuras, a Uerj demanda de raciocínio lógico e investigativo para
responder às questões de sistema locomotor e sanguíneo. Fora isso, ela cobra a aplicação de conceitos
simples relacionados a esse tema.
2 8
7 2 Embriologia humana I

Competência Habilidades
4 13 e 14

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Embriologia animal
Você já se questionou como um zigoto, estrutura unicelular, pode forma uma estrutura multicelular especia-
lizada tão complexa como um indivíduo humano? Será exatamente esse processo que estudaremos a seguir. Para formar
tecidos e órgãos no embrião (organogênese), deve ocorrer os processos de multiplicação e diferenciação celular. Para a
formação do zigoto até seu desenvolvimento em sistemas especializados ocorrem as fases abaixo:
§§ gametogênese – inclui a espermatogênese (produção do gameta masculino) a ovogênese (produção do
gameta feminino);
§§ fecundação – fusão do gameta masculino ao feminino, o zigoto;
§§ clivagem – momento de divisões rápidas e sucessivas;
§§ gastrulação – surgem as camadas germinativas (endo, meso e ectoderme), das quais derivam os vários ór-
gãos do corpo animal;
§§ organogênese – pequenos grupos de células em cada folheto germinativo, destinados a originar órgãos
ou partes deles;
§§ crescimento e diferenciação de tecidos – grupos de células separados, tornam-se histologicamente
diferenciados, ou seja, desenvolvem as estruturas e as propriedades particulares específicas, que confere a
capacidade de exercer suas funções.

Zigoto

Mórula

Blástula

Gástrula

órgãos Nêurula tecidos


Desenvolvimento embrionário inicial

O embrião pode se desenvolver de distintos modos, variando com o nível de cuidado materno-fetal:
§§ ovíparos – a fêmea libera o ovo fecundado internamente, que se desenvolve fora do corpo da fêmea à custa
de suas reservas nutritivas. Exemplo: maioria dos répteis e das aves e muitos invertebrados.
§§ ovovíparos – o embrião desenvolve-se no interior do corpo da fêmea, à custa de suas reservas energéticas, até
o nascimento. Isso garante mais proteção ao embrião. Exemplo: alguns invertebrados e peixes e alguns répteis.
§§ vivíparos – o embrião adquire oxigênio e nutrientes diretamente do sangue materno, e elimina suas excretas
pela placenta. Exemplo: mamíferos.

69
Fertilização
Na fecundação ocorrem vários eventos no citoplasma do óvulo, incluindo a cariogamia, fusão do pró-núcleo
feminino e do pró-núcleo masculino, o que resulta na união dos cromossomos de origem materna e paterna,
formando o zigoto. Após a fusão dos núcleos, entram em atividade diversas substâncias e moléculas, as quais
acionam o processo de mitose no zigoto, dando origem à estrutura denominada blastômero. Assim, inicia-se o
desenvolvimento embrionário.

Fusão do óvulo e esperma


membranas plasmáticas

Reação acrossômica

Acrossomo
Núcleo do esperma

Conteúdo de
grânulos corticais
Membrana vitelina
Espaço perivitalino
Zona pelúcida Pró-núcleo feminino
Corona radiata
Grânulos corticais
Entrada do espermatozoide no óvulo e união dos pró-núcleos.

Ovócito
Devido a grande quantidade de citoplasma presente no ovócito, essa é a maior célula do corpo humano, já
que possui substâncias indispensáveis (vitelo) ao desenvolvimento dos blastômeros. As substâncias químicas que
fazem parte do vitelo podem variar a composição entre as espécies e também a quantidade de vitelo presente.
Assim, podem ser classificados em:
§§ Oligolécito ou isolécitos – contêm uma quantidade reduzida de vitelo, espalhado de maneira uniforme
pelo citoplasma. O grau de dependência do embrião pela mãe aumenta quanto menor for a quantidade de
reserva nutritiva presente no ovo. Nesse tipo de ovo a segmentação é holoblástica. Exemplos de organismos
que possuem esse tipo de ovo: mamíferos placentários, anfioxos e muitos invertebrados, como esponjas,
corais e equinodermos.
§§ Heterolécito ou mesolécito – Nesses ovos o vitelo preenche metade do volume citoplasmático distri-
buído de forma não-homogênea (polo vegetativo). A segmentação nesse tipo de ovo é total e desigual.
Exemplos: anelídeos, peixes, anfíbios e moluscos.
§§ Telolécito ou megalécito – o vitelo nesse ovo ocupa quase todo citoplasma, e a segmentação é me-
roblástica, isto é parcial e discoidal (somente no pólo animal). Exemplos: moluscos, peixes, répteis, aves,
mamíferos ovíparos (ornitorrinco e equidna).
§§ Centrolécito – o vitelo está na região central da célula. A segmentação é meroblástica e apenas parcial.
Exemplo: artrópodes.

70
Polo animal
Núcleo

Núcleo
Grãos
Grãos de vitelo
de vitelo
Polo vegetativo
Ovo oligolécito Ovo heterolécito

Disco Núcleo
germinativo

Núcleo
Vitelo
Grãos
de vitelo

Ovo megalécito Ovo centrolécito

Tipos de segmentação dos ovos.

Clivagem
Depois da formação do zigoto, esse sofre mitose, dando origem a duas células-filhas, cada uma das quais é
denominada de blastômero. As primeiras divisões celulares, no desenvolvimento embrionário, caracterizam uma
etapa chamada de segmentação ou clivagem.
No ovo oligolécito, a primeira clivagem acontece de polo a polo, dando origem aos dois primeiros blastô-
meros, que logo depois dão origem a quatro células também por segmentação de polo a polo. A segmentação
subsequente ocorre em plano transversal. Quando eleva o número de blastômeros, o conjunto celular adquire uma
forma esférica, compacta, cujo aspecto lembra uma amora, razão pela qual essa fase é denominada de mórula.
Nessa fase embrionária existem vários blastômeros e nenhuma cavidade interna.

71
Fertilização Zigoto
núcleo do óvulo e
Divisão celular
Ovócito secundário núcleo do espermatozoide do zigoto

Estágio de Estágio de Estágio de


2 células 4 células 8 células Mórula Blastocisto

Etapas da segmentação

Depois do estágio de mórula vem a fase de blástula, resultante do arranjo dos blastômeros em volta de
uma cavidade cheia de líquido, a blastocele. Nessa fase, ainda, o tamanho dessa estrutura celular é pequena, ape-
sar de, neste estágio de blástula, já existir uma quantidade maior de células (centenas).

blastocela
polo animal

blástula

polo vegetativo
Corte transversal da blástula

72
As famosas células-tronco!
As células-tronco são células indiferenciadas, ou seja, não especializadas, possuem grande potencial de
diferenciação e capacidade de realizar autorrenovação. A autorrenovação é a propriedade de autoduplicar geran-
do células idênticas à célula-mãe, ou seja, outras células-tronco. Já, o potencial de diferenciação é a capacidade
dessas células de gerar células especializadas, para desenvolver funções específicas. As nossas células-tronco
estão presentes na medula óssea vermelha e no sangue do cordão umbilical. As células-tronco são classificadas
de acordo com seu potencial de diferenciação: totipotentes, pluripotentes e multipotentes.
§§ Células-tronco totipotentes têm a capacidade de originar tecidos embrionários e extraembrionários, ou
seja, pode originar um organismo completo. Exemplos dessas células-tronco são o óvulo fecundado (zigo-
to) e as primeiras 16 células derivadas do zigoto (mórula inicial).
§§ As células-tronco pluripotentes têm a capacidade de desenvolver nas células dos três folhetos embrioná-
rios (endoderma, mesoderma e ectoderma), não geram tecidos extraembrionários. Dessa forma, a célula
pluripotente não pode originar um indivíduo como um todo. Encontramos esse tipo celular na massa
celular interna do blastocisto, e denominamo-las de células-tronco embrionárias.
§§ As células-tronco multipotentes possuem menor capacidade diferenciação quando comparada com as
demais células-tronco. Exemplos dessas células tronco são as células progenitoras da medula óssea que
podem originar as células sanguíneas (hemácias e leucócitos).

Blastocisto
Zigoto

Mórula

Células em
Massa Celular Interna
cultura

Hemáceas
Neurônios
Células Musculares

Células-tronco pluripotentes

Tipos de segmentação
O tipo de segmentação varia nos diferentes tipos de ovos. A clivagem é mais lenta quando a quantidade
de vitelo presente é maior. Assim, ovos com uma quantidade menor de vitelo têm uma segmentação mais ho-
mogênea, ao contrário dos ovos com maior quantidade de vitelo, onde a segmentação é heterogênea.

Holoblástica
Também chamada de segmentação total, ocorre em ovos oligolécitos, originando blastômeros com aproxi-
madamente o mesmo tamanho, assim, a segmentação é do tipo holoblástica igual. Mas também pode acontecer
em ovos heterolécitos, onde a segmentação origina células de tamanhos diferentes, o que chamamos de segmen-
tação holoblástica desigual. No polo animal, dos ovos heterolécitos, formam-se células pequenas (micrômeros) e
no polo vegetal formam-se células maiores (macrômeros).
73
Meroblástica
A segmentação meroblástica ocorre em ovos megalécitos. As segmentações acontecem excepcionalmente
no disco germinativo, no qual não têm acúmulo de vitelo. Deste modo, a segmentação é parcial discoidal e gera um
pequeno disco de células chamado de cicatrícula. Nos ovos centrolécitos, a segmentação também é parcial. Como
o vitelo fica armazenado no centro, a segmentação ocorre na periferia. Dessa maneira, o tipo de segmentação é
meroblástica superficial.

Quantidade Distribuição
Tipo de ovo Tipo de clivagem Animal
de vitelo do vitelo

equinodermos, anfioxo
Oligolécito pequena homogênea Total igual
e mamíferos

Mesolécito ou heterogênea (pólos


média Total desigual anfíbios
Heterolécito animal e vegetativo)

heterogênea (ocupa a
Megalécito ou Telolécito grande Parcial discoidal répteis e aves
maior parte do ovo)

heterogênea (no
Centrolécito grande Parcial superficial insetos
centro do ovo)

Ovo telolécito
completo CLIVAGEM MEROBLÁSTICA DISCIDAL Mórula

Na clivagem meroblástica discoidal o ovo divide-se


parcialmente na região do pólo animal (disco germinativo).
Ovo
centrolécito CLIVAGEM MEROBLÁSTICA SUPERFICIAL Mórula
Núcleos

Na clivagem meroblástica superficial o ovo divide-se


parcialmente na região superficial.

Tipos de ovos e segmentação

Mamíferos: desenvolvimento
Na maioria dos mamíferos, o desenvolvimento embrionário ocorre no interior do corpo da fêmea, especifi-
camente, no útero. Há mamíferos que geram ovos (ornitorrinco e equidna), o restante formam uma placenta, órgão
composto pela parede interna vascularizada do útero chamado endométrio. Através da placenta, os nutrientes,
oxigênio, anticorpos e hormônios atravessam do sangue materno para o embrionário, e o embrião transfere para
a mãe o gás carbônico as excretas. Na espécie humana, o ovo é oligolécito, e a segmentação é total e igual (fase
de mórula). O embrião na fase de mórula migra para o útero, onde inicia a fase de blástula, que, nos mamíferos, é
nomeada de blastocisto.

74
Clivagem
(30 horas)
Estágio de
Mórula 8 células
(72 horas) Estágio de
4 células
Blastocisto
(4 dias) Estágio de
2 células

Blastocisto implantado
(6 dias) Zigoto

Núcleo do óvulo
Núcleo do esperma

Fertilização

Ovócito secundário

Fases iniciais da embriologia humana, e o caminho percorrido até a fixação no útero

Dentro da cavidade blastocística tem um fluido, que aumenta na cavidade, e leva a separação dos blastô-
meros em dois tipos: o trofoblasto – camada de células externas e delgada, que tem como função a penetração
e aderência do embrião na parede do endométrio, e é responsável também pela organização da parte embrionária
da placenta; e o embrioblasto – massa celular interna que possui no centro um grupo de blastômeros, o qual
originará o embrião. No embrião do homem, o trofoblasto e a mesoderme extraembrionária desenvolvem em cório,
revestimento responsável pela organização das vilosidades coriônicas, as quais colonizam o endométrio uterino.
Ainda no endométrio, o blastocisto se aprofunda. À maneira que a fixação progride, pode ocorrer a corrosão de
vasos e glândulas do endométrio por enzimas embrionárias, fazendo com que o sangue materno jorre pelas lacu-
nas em formação. Vasos de sangue
Essas lacunas providenciam a nutrição inicial e o oxigenação do embrião (sem mistura de materno
sangue materna
e embrionário). Placenta

Sangue materno

Vilosidade coriônica
Cório
Líquido amniótico

Lúmen do útero Cordão umbilical Artéria


umbilical

Veia
umbilical

Detalhe esquemático dos vasos sanguíneos no cordão umbilical e nas vilosidades coriônicas

A placenta é composta de tecidos maternos e embrionários, e ela não envolve o embrião. Essa função é
desempenhada pelo âmnio (bolsa de água), e no seu interior o embrião fica imerso. O âmnio e os demais anexos
embrionários serão estudados no próximo capítulo.

75
Placenta Cordão umbilical

Membrana entre
cório e âmnio

Líquido amniótico

Lúmen do útero
Cólo do útero
Bexiga urinária

Vagina

O feto humano ocupa a cavidade uterina. A placenta também secreta hormônios que contribuem para a manutenção da gravidez.

Feto
(até o nascimento)

Embrião
(1-8 semanas)

Zigoto Mórula Blastocisto


(0-3 dias) (3-7 dias)

Desenvolvimento embrionário desde o zigoto até o feto.

76
O embrião ganha aspecto tipicamente humano no final da oitava semana, pois todos os órgãos já come-
çaram o desenvolvimento: olhos, nariz, boca, braços e pernas (o que denominamos de feto). Depois de mais ou
menos 40 semanas acontece o parto.

Imagem de ultrassom de um bebê

77
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Embriologia - Clivagem e Formação do Blastocisto


Fonte: Youtube

Vídeo Concepção - Fecundação, Zigoto, Mórula, Blastula, Nidação...

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Óvulos / Fecundação

www.sobiologia.com.br/conteudos/embriologia/reproducao5.php
www.sobiologia.com.br/conteudos/embriologia/reproducao6.php

78
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

Dentro da embriologia há diversas temáticas que podem ser abordadas tanto no contexto
reprodutivo como nos avanços da medicina ou até mesmo no estudo comparado que nos
permite avançar a respeito da evolução das espécies. Desse modo, é importante o aluno
compreender as etapas que ocorrem logo após a fecundação e as variações que ocorrem
em cada grupo animal, com enfoque nos mamíferos e no homem e suas aplicações na
saúde humana.

Modelo
(Enem) A utilização de células-tronco do próprio indivíduo (autotransplante) tem apresentado
sucesso como terapia medicinal para a regeneração de tecidos e órgãos cujas células perdidas não
têm capacidade de reprodução, principalmente em substituição aos transplantes, que causam mui-
tos problemas devido à rejeição pelos receptores.
O autotransplante pode causar menos problemas de rejeição quando comparado aos transplantes
tradicionais, realizados entre diferentes indivíduos. Isso porque as:
a) células-tronco se mantêm indiferenciadas após sua introdução no organismo do receptor.
b) células provenientes de transplantes entre diferentes indivíduos envelhecem e morrem rapidamente.
c) células-tronco, por serem doadas pelo próprio indivíduo receptor, apresentam material genético semelhante.
d) células transplantadas entre diferentes indivíduos se diferenciam em tecidos tumorais no receptor.
e) células provenientes de transplantes convencionais não se reproduzem dentro do corpo do receptor.

Análise Expositiva

Habilidade 14
A respeito das células-tronco é importante o aluno compreender que há as células-tronco em-
brionárias; no entanto, também é possível obter células-tronco adultas, encontradas princi-
palmente na medula óssea e no cordão umbilical. Há, ainda, células pluripotentes induzidas
que já foram obtidas em laboratório. Elas possuem importância médica pela possibilidade de
se diferenciarem em diversos tipos celulares. O autotransplante de células-tronco diminui
a possibilidade de rejeição, pois elas são semelhantes geneticamente às células do receptor,
diferente do que ocorre quando o órgão é originado de um doador.
Alternativa C

79
Estrutura Conceitual
EMBRIOLOGIA
HUMANA
Espermatogênese
Gametogênese tipos:
Ovogênese
◊ Oligalécito ou isolécito
◊ Heterolécito ou mesolécito
Ovócito ◊ Telolécito ou megalécito
◊ Centrolécito
Fecundação Zigoto

Clivagem Blastômeros Célula-tronco totipotente

Mórula

◊ Holoblástica
◊ Ovos oligolécitos
Exs.: equinodermos e mamíferos
◊ Holoblástica desigual
◊ Ovos heterolécitos
Ex.: anfíbios
segmentação: ◊ Meroblástica discoidal
◊ Ovos telolécitos
Exs.: peixes, répteis e aves
◊ Meroblástica superficial
◊ Ovos centrolécitos
Ex.: insetos

Blástula Cavidade: blastocele


Nidação
Blastocisto
em mamíferos
◊ Células externas: penetração
Trofoblasto e aderência do embrião no
endométrio

◊ Células internas:
Embrioblasto originará embrião

80
2 0
9 3 Embriologia humana II

Competência Habilidades
4 14 e 15

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Para exemplificar o desenvolvimento embrionário nos vertebrados usaremos como modelo o anfioxo,
pequeno animal marinho.

Intestino Músculos
Notocorda
Tubo nervoso
dorsal

Átrio Ânus
Boca Cauda
Atrióporo
Faringe com
fendas
branquiais
Tentáculos
Anatomia interna do anfioxo

Posteriormente ao encontro dos gametas, ocorre a geração da célula-ovo, que sofre sucessivas mitoses,
designando a fase de mórula e, em seguida, ocorre a fase blástula. A próxima fase é denominada de gástrula,
onde acontece a formação de três folhetos embrionários: ectoderme, mesoderme e endoderme, as quais
darão origem aos tecidos e órgãos do animal. Devido a diferença na velocidade de clivagem, formam-se macrô-
meros (células maiores) e micrômeros (células menores), e está ultima célula possui um intenso ritmo de divisão, e
assim o polo inferior da blástula é levado em direção ao polo superior. Esse processo acarretará em uma nova fase
embrionária,e é denominada de gastrulação. Dessa forma, ocorre uma mudança no formato do embrião de uma
esfera oca para uma hemisfera de parede dupla. Essas alterações causam a produção de uma nova cavidade deno-
minada de arquêntero (intestino primitivo). O arquêntero possui uma abertura que se comunica com o exterior, o
blastóporo. Existem classificações dos animais baseadas na embriologia. Veja abaixo:
1. Números de folhetos embrionários
§§ Diblásticos – Apenas dois folhetos embrionários estão presentes. Como é o caso dos cnidários que
apresentam apenas endoderme e ectoderme.

§§ Triblásticos – Apresentam os três folhetos embrionários (endoderme, mesoderme e ectoerme). Exem-


plo: anfioxo, maioria dos invertebrados, cordados.

83
2. Blastóporo
§§ Protostômios – O blastóporo origina primeiro a boca. Exemplo: maioria dos invertebrados, com exce-
ção dos equinodermos.
§§ Deuterostômios – O blastóporo origina primeiro o ânus. Exemplo: equinodermo e cordata.

Pólo animal

Pólo vegetativo
ZIGOTO
SEGMENTAÇÕES

MÓRULA
(vista externa)

Micrômeros
Blastocela

BLÁSTULA
(vista em corte)
Macrômeros

Blastocela

GASTRULAÇÃO

Arquêntero
Arquêntero
em formação

Arquêntero

Blastóporo
Ectoderma

GÁSTRULA
(corte longitudinal)
Mesentoderma
GÁSTRULA
(corte transversal)
Gastrulação no anfioxo

84
Nêurula
Nesta fase tem início o desenvolvimento dos órgãos (organogênese). Concluída a gastrulação, o embrião
já exibe formato ovoide, e na região dorsal acontece um achatamento nas células da ectoderme, produzindo o
desenvolvimento de uma placa chamada de placa neural. Gradualmente, a placa neural afunda e células da
ectoderme irão cobrir e esconder essa placa na região dorsal do embrião. Ao passar do tempo, as bordas da placa
neural juntam-se e ela passa a ser chamada de tubo neural, o qual originará o sistema nervoso.

A mesoderme e a notocorda
Ao mesmo tempo em que ocorrem essas alterações na placa neural, na mesoderme (teto do arquêntero)
inicia-se a separação de grupos celulares no embrião, resultando na sua diferenciação em somitos e notocorda.
A notocorda é um tubo celular cilíndrico, situado abaixo do tubo neural. Nos vertebrados, a notocorda será subs-
tituída, parcialmente ou totalmente, pela coluna vertebral, que tem como função a sustentação e formação do
eixo céfalo-caudal. Os somitos parecem bolsas esféricas, localizados em ambos os lados do eixo produzido pelo
tubo neural e pela notocorda. A cavidade de cada somito denomina-se celoma. As cavidades dos somitos crescem
e juntam-se em uma só. No individuo adulto, trata-se da cavidade interna totalmente revestida pela mesoderme,
o que é importante para a acomodação dos vários órgãos do animal. Os animais triblásticos são classificados de
acordo com o da presença ou da ausência de celoma:
§§ Acelomados: a cavidade interna não é revestida pela mesoderme. Representados pelos platelmintos;
§§ Pseudocelomados: a cavidade interna é revestida parcialmente pela mesoderme. Representados pelos
nematelmintos;
§§ Celomados: a cavidade interna é totalmente revestida pela mesoderme. Representantes: anelídeos, artró-
podes, moluscos, equinodermas e os cordados.

acelomados

Imagem mostrando o desenvolvimento dos somitos e notocorda


pseudocelomados

A partir dos folhetos embrionários desenvolvem-se todos os tecidos e órgãos componentes do animal adulto.

acelomados
celomados
acelomados

pseudocelomados
pseudocelomados

celomados
acelomados celomados

Esquema comparando os animais triblásticos, em corte transversal


pseudocelomados 85
Planos corporais

A forma do corpo interfere no modo de vida de um animal. A maioria dos animais possui simetria bilate-
ral: o corpo do indivíduo pode ser dividido em duas partes iguais, formando lado direito e esquerdo. Além disso,
essa simetria possibilita a denominação de uma região anterior (cefálica) e outra posterior (caudal); uma região
dorsal e outra ventral. A região cefálica está ligada à maior complexidade de movimentação, imprescindível para a
melhor conexão entre os sistemas muscular, nervoso e órgãos dos sentidos.

anterior dorsal

ventral posterior

Planos corporais de um animal de simetria bilateral

A simetria radial do corpo do animal pode ser dividida em várias partes iguais. Simetria é típica de cni-
dários e equinodermas. Essa simetria possibilita que os animais realizem rotação ao longo de seu eixo central sem
alterar sua aparência. Característica vantajosa para um animal fixo ou que apresenta pouca mobilidade (contato
com o ambiente em diversas direções).

Simetria
Bilateral Simetria
Oral Radial
Anterior (”cabeça”)
Dorsal

Ventral

Posterior (”cauda”) Aboral


Hidra (cnidário)

Planos corporais na simetria bilateral e radial

Animais com simetria radial possui a parte dorsal e ventral distinta, mas não as regiões cefálica e caudal, e
também os lados direito ou esquerdo.

86
Os anexos embrionários
Em animais ovíparos, o desenvolvimento embrionário acontece dentro de um ovo, que tem casca protetora
calcária porosa, o que possibilita trocas gasosas, e também protege o embrião de condições desfavoráveis do meio. Já
o desenvolvimento dos mamíferos placentários acontece dentro do corpo da mãe, no útero.
Na conquista do meio terrestre ocorreu a pressão para que a fecundação fosse interna, e também a pressão
seletiva para o desenvolvimento dos anexos embrionários (âmnio, o cório, o saco vitelínico e a alantoide). Apesar
de não fazer parte do corpo do embrião, são imprescindíveis para o desenvolvimento desse.

âmnio

embrião
Líquido amniótico

casca

coríon

alantóide

saco vitelino

A presença de Aâmnio
presença de âmnioos
caracteriza caracteriza os répteis
répteis como como vertebrados
vertebrados amniótasamniótas

Os anexos embrionários decorrem dos folhetos germinativos. O saco vitelino é um anexo embrionário,
que está ligado ao intestino do embrião. Para se desenvolver o embrião vai consumindo o vitelo, e assim, conse-
quentemente, o saco vitelínico vai diminuindo até desaparecer por completo. Esse anexo embrionário é bem de-
senvolvido em: peixes, répteis, aves e mamíferos ovíparos. Nos mamíferos vivíparos, ele é reduzido, porque, nesses
animais, a nutrição do embrião não é feita por essa reserva. Todos os répteis e aves, além do saco vitelínico, exibem
outros três anexos embrionários: a alantoide, o âmnio e o cório.
Alantoide tem como funções:
§§ armazenar a excreção do embrião (ácido úrico);
§§ passa para o embrião os sais de cálcio da casca;
§§ realizar trocas gasosas;
§§ passar para o embrião as proteínas da clara.
O âmnio é uma membrana que circunda o embrião, e forma uma cavidade (amniótica) com um líquido chamado
de líquido amniótico. O âmnio e a cavidade amniótica constituem a vesícula amniótica, que tem papel de amortecer os
choques, mobilidade do embrião, permitir a flutuação, evitar a desidratação.
O último anexo embrionário é o cório, membrana que está envolta do âmnio, da alantoide e do saco vitelínico, e
fica bem próxima à casca. Também participa do processo de trocas gasosas.

87
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Fases do desenvolvimento embrionário humano

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Anexos embrionários: Adaptação ao Meio Terrestre

www.sobiologia.com.br/conteudos/embriologia/reproducao14.php

88
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

Dentro da embriologia há diversas temáticas que podem ser abordadas tanto no contexto re-
produtivo como nos avanços da medicina ou até mesmo no estudo comparado que nos permite
avançar a respeito da evolução das espécies. Desse modo, é importante o aluno compreender as
etapas que ocorrem logo após a fecundação e as variações que ocorrem em cada grupo animal,
com enfoque nos mamíferos e no homem e suas aplicações na saúde humana.

Modelo
(Enem) Os gêmeos sempre exerceram um fascínio para a maioria das pessoas, principalmente os
monozigóticos ou idênticos. Parte desse interesse está relacionada ao fato de que esses indivíduos
representam a manifestação natural que mais se aproxima da clonagem na espécie humana.
O mecanismo que está associado com a formação dos indivíduos citados é a:
a) divisão do feto em gestação em dois indivíduos separados.
b) divisão do embrião em dois grupos celulares independentes.
c) fecundação de um óvulo por dois espermatozoides diferentes.
d) ocorrência de duas fecundações simultâneas no útero materno.
e) fertilização sucessiva de dois óvulos por apenas um espermatozoide.

Análise Expositiva

Habilidade 14
A formação dos gêmeos monozigóticos ou idênticos ocorre através da formação de um único
zigoto (um óvulo fecundado por apenas um espermatozoide) e envolve a divisão do embrião
em dois ou mais grupos celulares independentes. Esses grupos separados darão origem a in-
divíduos geneticamente idênticos e, consequentemente, serão sempre do mesmo sexo.
Alternativa B

89
Estrutura Conceitual
EMBRIOLOGIA
HUMANA

Mórula Blastômeros

Blástula Blastocisto (em mamíferos)

Gástrula ◊ Folhetos embrionários:


◊ Ectoderma
◊ Mesoderma
◊ Endoderma

◊ Cavidade: arquêntero
(intestino primitivo)
◊ Abertura externa: blastóporo
Blastóporo origina
Protostômio primeiro a boca
Blastóporo origina
Deuterostômios primeiro o ânus

Nêurula Organogênese Desenvolvimento dos órgãos

◊ Saco vitelínico: nutrição


Anexos ◊ Alantoide: armazena excretas, trocas gasosas
embrionários ◊ Âmnion: amortece e evita desidratação
◊ Cório: mais externa, trocas gasosas

90
1
3 23 Sistema locomotor

Competência Habilidades
4 14, 15 e 16

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Sistema locomotor
É responsável pelo movimento esquelético e composto por três sistemas: o sistema esquelético (alavancas
de movimento); o sistema muscular (realiza os movimentos através da contração muscular); e o sistema articular
(possibilita graus distintos de movimentos do esqueleto).

Sistema esquelético
O sistema esquelético é constituído por um conjunto de ossos (órgãos rígidos), que constituem o esqueleto
unidos uns aos outros através de juntas ou articulações. O esqueleto humano é composto por 206 ossos. O osso é
composto, principalmente, pelo tecido ósseo (tipo de tecido conjuntivo), que tem como característica uma matriz
extra celular fibrosa de colágeno e mineralizada (cálcio, fosfato e magnésio). No osso ocorre um contínuo processo
de remodelamento, através da ação do osteoblasto e do osteoclasto com formação e absorção de matriz óssea.
As funções do sistema esquelético são: proteção de estruturas vitais (como coração, pulmões, encéfalo e medula
espinal), sustentação do organismo, participar do movimento, armazenamento de sais minerais (cálcio e fosfato), e
possui a medula óssea, onde ocorre a hematopoiese (formação de células sanguíneas).

Divisão do esqueleto
Tradicionalmente, divide-se o esqueleto em duas partes:
§§ Esqueleto axial – composto pelos ossos da cabeça, pescoço e do tronco (coluna vertebral, costelas e
esterno).
§§ Esqueleto apendicular – composto pelos ossos dos membros superiores e inferiores. A união dos esque-
letos se dá através das cinturas escapular e pélvica.

primeira
costela

cartilagem
costal

esterno
costela
flutuante

parte esquelética do tórax

esqueleto axial Esqueleto axial

clávicula

escápula

fêmur

patela
ulna
rádio tibía

fíbula
carpo
metacarpo

dedos tarsos
metatarsos
artelhos

Cintura
Cintura escapularescapular e ossossuperiores
e ossos dos membros dos membros
em vista anterior VistaVista
anterioranterior da cintura
da cintura pélvica e ossospélvica e ossos
dos membros interiores.

superiores em vista anterior dos membros interiores

93
Osso plano (escápula)
Osso plano (escápula) Osso irregularOsso
(vértebra)
irregular (vértebra)

Classificação dos ossos Osso plano (escápula)


Osso alongadoOsso alongado

Osso irregular (vértebra)


CORPO CORPO

O critério usado é a sua forma geométrica.


Osso plano Osso
Osso plano (escápula) pneumática
(escápula) Osso(esfenóide)
pneumática (esfenóide) Osso irregular (vértebra)
Osso alongado Osso sesamóide
Osso irregular (vértebra) (patela)
Osso sesamóide (patela)

CORPO

Osso alongado Osso alongado

Osso pneumática (esfenóide) Osso sesamóide (patela)


CORPO CORPO

Osso pneumática (esfenóide)


Osso pneumática (esfenóide) Osso sesamóide (patela)
Osso sesamóide (patela)

Entre as vértebras há aberturas denominadas de forâmens, onde passam os nervos que conectam a me-
dula espinhal às muitas partes do corpo. Entre as vértebras adjacentes (com exceção a primeira e a segunda
cervicais) há discos intervertebrais(cartilaginosos) que agem como amortecedores de choques verticais e possi-
bilitam os movimentos da coluna vertebral. Na hérnia de disco, na região lombar, ocorre ruptura desse disco e
o núcleo pulposo vaza, passando os limites do anel fibroso, o que resulta na compressão da medula espinhal ou
dos nervos que dela saem.

(b)

(a)
corpo da
vértebra

canal
medular

forâmen
intervertebral

processo
espinhoso

(c)
(d)
corpo
vertebral
disco
intervertebral

(a) vértebra típica, com destaque do forâmen, por onde passa o cordão nervoso; (b) vista lateral da coluna vertebral;
(c) disco intervertebral em posição normal e (d) comprimido.

94
Estrutura dos ossos longos
A disposição do tecido ósseo esponjoso (interno e menos rígido) e compacto (duro e externo) em um osso
longo é o que confere sua resistência. Os ossos longos possuem regiões de crescimento e regiões de remodelação,
além de estruturas associadas às articulações. As partes de um osso longo são:
§§ Diáfise: constitui a haste longa do osso. Composta, especialmente, de tecido ósseo compacto, o que con-
fere considerável resistência ao osso.
§§ Epífise: são as extremidades dilatadas de um osso longo. Articula-se ou junta-se a um segundo osso, atra-
vés de uma articulação. Cada epífise é composta de uma fina camada de osso compacto que forra o osso
esponjoso e também está recoberto pela cartilagem.
§§ Metáfise: é a parte dilatada da diáfise mais próxima da epífise. As diferenças entre osso compacto, espon-
joso, ou reticular, é dependente da quantidade e tamanho dos espaços existentes e da quantidade relativa
de substâncias sólidas.
Normalmente, todo osso possui uma camada superficial de osso compacto em volta do osso esponjoso. A
disposição do osso esponjoso e compacto e modificada de acordo com a função.

Cartilagem articular
Epífise
proximal Linha epifisária

Metáfise
Osso esponjoso

Endósteo
Osso compacto
Periósteo
Cavidade medular
Diáfise
Artéria nutrícia em
forâmen nutrício

Metáfise

Epífise
distal
Cartilagem articular

Estrutura de um osso longo

O periósteo reveste a superfície externa da diáfise, e é uma membrana de tecido conjuntivo denso fibroso,
que fixa toda a superfície externa do osso, com exceção na cartilagem articular. Possui os vasos sanguíneos que
nutrem os ossos próximos, protege o osso, e serve como ponto de fixação para os músculos. O endósteo se localiza
no interior da cavidade medular do osso, coberto por tecido conjuntivo. Contém poucos espaços em seus compo-
nentes rígidos.

95
Sistema articular
Articulações ou juntas são os meios pelos quais os ossos se conectam entre si para compor o esqueleto. São
compostas por tecido conjuntivo denso e podem ser imóveis ou possibilitando movimentos. São separadas em três
grupos, de acordo com a natureza do material situada entre os ossos.

Articulação Sinovial
ARTICULAÇÕES DE ARTICULAÇÕES DE ARTICULAÇÕES
MOVIMENTO LIVRE MOVIMENTO PARCIAL IMÓVEIS

Membrana sinovial

Cartilagem articular

Capsula articular fibrosa

Cavidade articular
Também chamadas Permitem apenas Estas articulações estão com fluido sinovial
sinoviais, são muito movimentos restritos. É o presentes em vários ossos Ligamentos
flexíveis. Encontram-se em que ocorre, por exemplo, que são soldados entre si,
vários lugares do corpo com a coluna vertebral por exemplo, os do crânio

Estruturas das articulações sinoviais


§§ Ligamentos – os ligamentos são constituídos por tecido conjuntivo, principalmente, por fibras colágenas
arranjadas paralelamente ou em várias direções diferentes. São flexíveis e admitem liberdade de movimento,
porém apresenta resistência à tração e tensão, sendo inelásticos, isto é, não cedem à ação de forças. Quan-
do são rompidos, causam muita dor.
§§ Cápsula articular – é uma membrana conjuntiva que está envolta nas articulações sinoviais. Têm duas ca-
madas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna). A membrana fibrosa é mais resisten-
te e reforçada, em pontos, por feixes também fibrosos que compõem os ligamentos capsulares, designados
a aumentar sua resistência. A membrana sinovial forma um saco fechado designado de cavidade sinovial.
É fartamente vascularizada e inervada, e é encarregada da produção de líquido sinovial (sinóvia). Capsula
articular e os ligamentos têm por finalidade manter a união entre os ossos, bem como evitar o movimento
em planos indesejáveis e limitar a amplitude dos movimentos considerados normais.
§§ Discos e meniscos – estruturas fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intrarticulares servem para apri-
morar a adaptação das superfícies que se articulam ou podem agir como amortecedores. Meniscos, com sua
característica em forma de meia lua, são encontrados apenas na articulação do joelho.

Fisiologia da contração muscular


O músculo é um órgão com vasos sanguíneos, enervado e o tecido que forma é o tecido muscular, que pode
ser liso, estriado esquelético ou estriado cardíaco.
§§ Tecido muscular liso: tecido de contração involuntária, que está localizado nos órgãos internos: aparelho
reprodutor e grandes vasos sanguíneos. O sistema nervoso controla a contração muscular.
§§ Tecido muscular estriado esquelético: músculo associado aos ossos de contração voluntária.
§§ Tecido muscular estriado cardíaco: músculo estriado sob contração involuntária. Essa musculatura tem
a propriedade de autoestimulação, as próprias células do coração geram as contrações, o sistema nervoso
apenas controla o ritmo.

96
Fibras musculares esqueléticas Fibras musculares cardíacas Fibras musculares lisas

núcleo

núcleos estriações
discos
periféricos transversais
intercalares
Fibras musculares esqueléticas Fibras musculares cardíacas Fibras musculares lisas

A fibra muscular esquelética tem no citoplasma miofibrilas contráteis, formadas por filamentos de actina
(filamentos finos) e de miosina (filamentos grossos). Esses filamentos se organizam formando estrias transversais
claras e escuras. A repetição em períodos de actina e miosina nesse tecido forma o sarcômero, a unidade contrátil
das células musculares estriadas. A contração do músculo esquelético é voluntária e acontece pelo deslizamento dos
filamentos de actina sobre os de miosina. Na miosina, nas pontas dessa proteína, há pequenas projeções, capazes
de formar ligações com alguns sítios dos filamentos de actina, quando o músculo é estimulado. Essas projeções
presentes na miosina puxam os filamentos de actina, fazendo com que ocorra o deslizamento desse filamento
sobre os seus filamentos (processo que necessita de ATP e cálcio). Isso acarreta na sobreposição das miofibrilas e
à contração muscular. Na contração muscular, o sarcômero reduz seu comprimento, pois ocorre aproximação das
duas linhas Z, e a zona H chega a desaparecer.
Actina
Miosina

Sarcômero
relaxado Filamento Fino (actina) Linha Z

H
Linha Z
A I
Actina Miosina

‘Cabeças’ da miosina têm


atividade ATPásica
Sarcômero
contraído Filamento Grosso (miosina)

H
Linha Z
A I
Representação da contração dos sarcômeros; microfilarilas em detalhe.

Em volta do conjunto de miofibrilas de uma fibra muscular esquelética localiza-se o retículo sarcoplasmático
especializado em realizar o armazenamento de cálcio (retículo endoplasmático liso). Averiguou-se, por microscopia
eletrônica, que o sarcolema (membrana plasmática) da fibra muscular sofre invaginações, produzindo túbulos
anastomosados (ramificados) que envolvem cada conjunto de miofibrilas (sistema T). Esse sistema tem como
função a contração uniforme de cada fibra muscular estriada esquelética, não havendo nas fibras lisas e está
reduzido nas fibras cardíacas.

97
Organização da fibra muscular
Sarcolema Mitocôndria Miofilamentos

Linha Z Linha Z
Miofibrilas Banda A
Banda I Banda I

Retículo Linha Z Sarcômero Linha Z


Fibra Túbulos T Sarcoplasmático
Núcleo
Filamento grosso
Filamento fino

Troponina

Actina Tropomiosina Miosina


Organização da fibra muscular

tendão a b
corte transversal perimísio
do músculo

epimísio (tecido
conjuntivo denso que fascículo
músculo
reveste completamente (feixe de
esquelético fibras)
o músculo)

vasos fibra (célula)


tendão
sanguíneos muscular

endomísio (tecido conjuntivo


que envolve as fibras
musculares)

célula (fibra) estriada ou esquelética


núcleos periféricos

c
sarcoplasma (citoplasma)

miofibrila

miofilamentos

sarcolema (membrana
plasmática da célula
muscular estriada)

d detalhe da miofibrila

g
miofilamento grosso (miosina) sarcômero quando a
sarcômero
banda A célula muscular está contraída

linha M linha Z linha Z banda banda


H I
miofilamento fino (actina)

e miofilamento grosso (miosina) f miofilamento fino (actina)

Estrutura de um músculo esquelético (a-b) e detalhes de uma célula muscular estriada (c).
Detalhe do arranjo das moléculas de actina e miosina em uma miofibrila (d-g).

98
Através do impulso nervoso inicia-se a contração muscular, que chega à fibra muscular por meio de um
nervo motor. Pela membrana das fibras o impulso nervoso propaga-se até atingir o retículo sarcoplasmático, rea-
lizando a liberação do cálcio ali armazenado. O cálcio desbloqueia os sítios de ligação da actina, o que possibilita
que esta se ligue à miosina, iniciando a contração muscular. Quando o estímulo cessa, o cálcio é imediatamente
rebombeado para dentro do retículo sarcoplasmático, o que faz cessar a contração.

Na junção neuromuscular (porção terminal ao axônio + fenda sináptica + placa motora), o impulso nervoso
leva a ocorrência de contração muscular.

bainha de mielina

axôno motor

vesiculas contendo
moléculas transmissoras
mitocôndrias
(neurotransmissores)

placa
motora

fibra muscular esqueletica


Representação de uma junção neuromuscular

Para realizar o processo de contração muscular é necessário o consumo de energia (ATP), molécula produ-
zida na respiração celular. O ATP age tanto na ligação da miosina à actina (contração) quanto em sua separação
(relaxamento muscular). A ausência do ATP, faz a miosina conservar-se unida à actina, levando ao enrijecimento
muscular. No entanto, a quantidade de ATP presente na célula muscular é suficiente para suprir apenas alguns se-
gundos de intensa atividade muscular. Fosfato de creatina (fosfocreatina ou creatina-fosfato) é a principal reserva
de energia nas células musculares. Assim, a energia inicialmente dada pela respiração celular é guardada como
fosfocreatina (principalmente) e na forma de ATP. Quando o trabalho muscular é intenso, os estoques ATP e de
fosfocreatina têm ser repostos nas células musculares.

99
Eventos da contração:
1. O retículo sarcoplasmático e o sistema T liberam íons Ca2+ e Mg2+ para o citoplasma.
2. Na presença desses dois íons, a miosina adquire uma propriedade ATP-ásica, isto é, hidrolisa (quebra) o
ATP, liberando a energia de um radical fosfato.
3. A energia liberada provoca o deslizamento da actina entre os filamentos de miosina, caracterizando o
encurtamento das miofibrilas.

Tônus muscular
O músculo pode estar em estado de contração parcial, se algumas fibras estiverem contraídas e outras,
relaxadas. É o que se chama tônus muscular. Essa contração enrijece o músculo, mesmo que não haja fibras con-
traídas em número suficiente para a realização de movimento. O tônus é essencial na manutenção de postura. O
tônus da musculatura do pescoço, por exemplo, é responsável por manter a cabeça na posição anatômica normal,
sem deixar que ela caia sobre o peito, mas não exerce força suficiente para levá-la para frente ou para os lados.

Grupos de ação muscular


As fibras colágenas do tendão conectam-se com as do periósteo e as do osso propriamente dito, o que é
responsável pela junção entre os sistemas esquelético e muscular. A ação muscular está relacionada com mais de um
músculo de maneira antagônica e harmônica, isto é, a maioria dos movimentos é coordenada por vários músculos
esqueléticos que agem em grupos. O músculo responsável pela ação desejada é denominado de agonista. Assim,
se o grupo agonista contrai-se, o antagonista relaxa e leva ao movimento desejado.

e
d
b

a
c

Músculo esquelético ligado ao osso: (a) ventre; (b) tendão; (c) aponeurose (tendão); (d) periósteo; (e) osso.

100
Os principais músculos do corpo

Principais músculos Ação

Frontal Eleva as sobrancelhas; contraído, produz rugas horizontais na testa.

Orbiculares das pálpebras Permitem a abertura e o fechamento dos olhos.


Cabeça

Orbiculares dos lábios Fecham os lábios e contraem-se no assobio, na sucção.

Masseteres Movimentam a mandíbula.

Temporal Movimenta a mandíbula.


Pescoço

Esternocleidomastoideos Contraídos, produzem a rotação da cabeça.

Trapézio Eleva os ombros e movimenta a cabeça para trás.

Grandes dorsais Contraídos, levam os braços para trás.


Tórax

Grandes denteados Elevam as costelas para inspiração do ar.

Grandes peitorais Movimentam os braços para a frente.

Grandes retos do abdômen Dobram o tórax sobre o abdômen e auxiliam a inspiração forçada.
Abdômen

Auxilia a inspiração e separa internamente a


Diafragma
caixa torácica da cavidade abdominal.

Oblíquos Contraem o abdômen.

Deltoides Levantam os braços.


Membros superiores

Bíceps branquiais Aproximam os antebraços dos braços.

Tríceps Afastam os antebraços dos braços.

Flexores dos dedos Flexionam ou dobram os dedos.

Extensores dos dedos Provocam a extensão dos dedos.

Grandes glúteos Músculos extensores das coxas.


Membros inferiores

Gastrocnêmio Flexiona pernas e pés.

Costureiros Flexionam as pernas sobre as coxas.

Sóleo Flexiona os pés.

101
m. frontal
m. orbiculares das pálpebras

m. orbiculares dos lábios m. masséteres


m. esternoclidomastoideo
m. deltoide
m. biceps branquiais
m. grandes peitorais

m. grandes retos do abdômen

m. abdominais
oblíquos

m. costureiro

m. gastrocnêmio

m. sóleo

Ilustração dos principais músculos do corpo humano

102
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo A Contração Muscular (Parte 3 de 4)

Fonte: Youtube

Vídeo A Contração Muscular (Parte 2 de 4)

Fonte: Youtube

103
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

A diferença de sustentação e locomoção dos animais é diversa, e diversidade pode ser resultados de vários
fatores, como a ancoragem dos músculos, a posição das articulações, tipos de fibra muscular e meios de locomoção.
É claro que os peixes têm um padrão de locomoção completamente diferenciado de mamíferos terrestres, princi-
palmente pelo meio em que se locomovem; mas você já se perguntou por que os peixes ósseos e os mamíferos
aquáticos têm um padrão de cauda completamente diferente? Isso vem do histórico evolutivo de cada organismo.
Já que a baleia derivou de um organismo terrestre, o seu padrão de ancoragem de músculos e ossos é completa-
mente diferente do peixe ósseo, visto que seu ancestral tinha um padrão de corpo semelhante ao hipopótamo. Por
isso que a cauda de um mamífero aquático se movimenta verticalmente e a de um peixe lateralmente.

INTERDISCIPLINARIDADE

Em cada escada que você sobe está ocorrendo uma transformação de energia química muscular em energia
potencial gravitacional. Ou quando levanta um objeto, você está usando princípios de alavanca; cada contração
muscular pode ser lida como um processo de física para o deslocamento de pessoas (ou objetos) e, assim, podemos
calcular o trabalho realizado, a energia gasta ou a potência muscular envolvida em uma única contração muscular.
Para ficar mais fácil de visualizar, observe a figura que correlaciona o bíceps humano com uma alavanca:

104
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

Os diferentes sistemas são estudados de modo a compreender a interação que ocorre entre os
órgãos formados pelos quatro principais tipos de tecido. Desse modo, é possível compreender a
fisiologia do organismo animal e, principalmente, suas implicações na saúde humana. Para tanto, é
importante que o aluno conheça os mecanismos normais de funcionamento dos sistemas e consiga
prever o dano decorrente de alguma patologia ou fazer intervenções visando a promoção da saúde.

Modelo
(Enem) A toxina botulínica (produzida pelo bacilo Clostridium botulinum) pode ser encontrada
em alimentos malconservados, causando até a morte de consumidores. No entanto, essa toxina
modificada em laboratório está sendo usada cada vez mais para melhorar a qualidade de vida das
pessoas com problemas físicos e/ou estéticos, atenuando problemas como o blefaroespasmo, que
provoca contrações involuntárias das pálpebras.
Adaptado de: BACHUR, T.P.R; et al. Toxina botulínica: de veneno a tratamento.
Revista Eletrônica Pesquisa Médica, n. 1, jan.-mar. 2009.

O alívio dos sintomas do blefaroespasmo é consequência da ação da toxina modificada sobre o tecido:
a) glandular, uma vez que ela impede a produção de secreção de substâncias na pele.
b) muscular, uma vez que ela provoca a paralisia das fibras que formam esse tecido.
c) epitelial, uma vez que ela leva ao aumento da camada de queratina que protege a pele.
d) conjuntivo, uma vez que ela aumenta a quantidade de substância intercelular no tecido.
e) adiposo, uma vez que ela reduz a espessura da camada de células de gordura do tecido.

Análise Expositiva

Habilidade 14
O Clostridium botulinum possui importância médica tanto pelos danos causados pela intoxi-
ção alimentar quanto pela aplicação da toxina botulínica em procedimentos estéticos, uma
vez que atua sobre a musculatura estriada, inibindo a liberação de acetilcolina, e, consequen-
temente, promove relaxamento do músculo. Desse modo, pode ser utilizada como medica-
mento para tratar as contrações involuntárias decorrentes da blefaroespasmo.
Alternativa B

105
Estrutura Conceitual
SISTEMA
LOCOMOTOR
Axial: cabeça, pescoço e tórax
Esqueleto
Esquelético Apendicular: membros superiores e inferiores
Ossos longos
◊ Diáfase: haste longa, compacto
◊ Epífase: extremidade, esponjosa
◊ Periósteo: conjuntivo, denso e fibroso

Tecido muscular estriado esquelético


◊ Miofibrilas contráteis:
◊ Actina (filamentos finos)
◊ Miosina (filamentos grossos)

Muscular Unidade contrátil: sarcômero

◊ Retículo endoplasmático liso: sarcoplasmático


◊ Armazena cálcio (Ca2+)
◊ Membrana plasmática: sarcolema
◊ Sistema T: contração uniforme

Articular Conexão entre os ossos: tecido conjuntivo denso

Rico em fibras colágenas


Ligamentos Admitem movimento, mas são inelásticas

◊ Envolve articulação sinovial


◊ Dupla membrana conjuntiva:
Cápsula articular ◊ Fibrosa (externa)
◊ Sinovial (interna)

◊ Fibrocartilaginosos:
Discos e meniscos ◊ Aprimora a articulação
◊ Amortece

106
3 4
3 3 Sistema cardiovascular

Competências Habilidades
4e5 14, 15, 16 e 18

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
É composto por uma rede de vasos sanguíneos (veias, artérias e capilares), que comunicam todas as partes
do corpo. Nos vasos, está o sangue, que circula através das contrações rítmicas do coração. No homem, o coração
é formado por 4 cavidades. O sistema circulatório tem as seguintes funções:
§§ Transporte de gases – participam das trocas gasosas nos alvéolos.
§§ Transporte de nutrientes – após o processo de digestão, os nutrientes são absorvidos, caem na corrente
sanguínea, e são distribuídos para todo o corpo.
§§ Transporte de resíduos metabólicos – as células eliminam resíduos referentes ao seu metabolismo, os
quais devem ser eliminados do organismo. O sangue leva essas substâncias até os órgãos excretores.
§§ Transporte de hormônios – os hormônios são eliminados das células, porém são produtos que serão utili-
zados por outras células ao longo do corpo, o sistema circulatório leva-os para os locais-alvo.
§§ Transporte de calor – o sangue também é usado na distribuição homogênea de calor pelas várias partes
do corpo, contribuindo para a manutenção de uma temperatura adequada em todos os locais do organismo.
Assim, age na termorregulação do organismo.
§§ Distribuição de mecanismos de defesa – pelo sangue circulam leucócitos e anticorpos, membros da
defesa contra agentes patogênicos.
§§ Coagulação sanguínea – há plaquetas circulantes, que atuam diretamente na coagulação sanguínea. As-
sim, devido aos fatores de coagulação no sangue, o corpo é capaz de bloquear eventuais hemorragias causa-
das pelos rompimentos dos vasos.

Componentes do sistema cardiovascular


Coração
Órgão oco e muscular localizado no centro do peito, sob o osso esterno, levemente deslocado para a
esquerda. Em uma pessoa adulta, possui o tamanho aproximado de um punho fechado. O coração dos mamífe-
ros possuem 4 cavidades: duas superiores, chamadas de átrios (ou aurículas), e duas inferiores, chamadas de
ventrículos.

veia cava superior


artéria aorta

artéria pulmonar esquerda

artéria pulmonar
direita tronco pulmonar

átrio esquerdo

átrio direito

veias pulmonares esquerdas

veias pulmonares
direitas
veia cardíaca

artéria coronária

ventrículo esquerdo

veia cava inferior

ventrículo direito

Coração humano

109
O átrio direito através da veia cava superior e inferior recebe sangue venoso do corpo. A veia cava superior
traz sangue da parte superior do corpo e da cabeça; já a veia cava inferior traz sangue das partes inferiores do cor-
po (membros inferiores e abdômen). O sangue sai do átrio direito e vai para o ventrículo direito através da abertura
de uma válvula denominada tricúspide, que tem esse nome porque possui três cúspides.
O átrio esquerdo recebe o sangue já oxigenado (sangue arterial), através de quatro veias pulmonares. O
sangue vai do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo através da valva bicúspide ou mitral, que possui apenas
duas cúspides.
O ventrículo direito é a maior parte anterior do coração. Ligando o átrio direito ao ventrículo direito está
a valva tricúspide, que tem como função impedir que o sangue retorne do ventrículo para o átrio. O sangue sai do
ventrículo direito e vai para os pulmões.
O ventrículo esquerdo forma o ápice do coração. O sangue vai do átrio esquerdo para o ventrículo es-
querdo através da valva bicúspide (mitral). O sangue sai do ventrículo esquerdo e vai para o corpo através da artéria
aorta, maior artéria do corpo.
O sangue circula para as artérias coronárias, que são ramificações da aorta, nutrindo o coração; o restante
do sangue passa para o arco da aorta e vai para a aorta descendente, levando o sangue para o resto do corpo.
O pericárdio é a membrana que reveste e protege o coração, permitindo liberdade de movimentação para
contrações vigorosas e rápidas. Cavidades cardiacas
Coração aberto (corte frontal)

Válvula
aórtica
Válvula
mitral

Válvula
tricúspide

Coração aberto (corte frontal) Cavidades cardíacas

Ciclo cardíaco
Ele inclui todos os processos e eventos relacionados aos batimentos cardíacos. No ciclo cardíaco normal, en-
quanto os dois átrios se contraem, os dois ventrículos relaxam e vice-versa. A sístole do coração é fase de contração;
e, ao contrário dessa a fase de relaxamento, é denominada de diástole.
Relaxamento
isovolumétrico
Ejeção Rápido enchimento
Contração Diástase
isovolumétrica
Sistole atrial

120 Abertura Fechamento


da valva da valva aórtica
100
Pressão (mmHg)

aórtica Pressão na aorta


80

60
Fechamento
40 da valva A-V Abertura
da valva A-V
20 a c v Pressão atrial
0
Pressão ventricular
130
Volume (mL)

Volume ventricular
90

30

Contração Diástole Contração

Variação do volume e pressão no ciclo cardíaco

110
Valua
semilunar
Aorta

Veia cava Artéria


superior pulmonar
Veia
pulmonar
Átrio
Átrio esquerdo
direito
valva
atrioventricular

Ventrículo
esquerdo
Veia cava Ventrículo
posterior direito

Diástole Sístole
Diástole (relaxamento)
(relaxamento) Sístole (contração)
(contração)

As valvas e válvulas atuam para impedir retornos anormais de sangue,. Dessa forma, as valvas atrio-
ventriculares estão abertas durante passagem de sangue e a pulmonar e a aórtica permanece fechada. Na
sístole ventricular, as valvas atrioventriculares permanecem fechadas e as semilunares estão abertas para
que ocorra passagem de sangue. Na diástole ventricular, as valvas atrioventriculares estão abertas e as
semilunares estão fechadas.

Diástole Geral
As válvulas semilunares fecham-se
e as válvulas auriculoventriculares
continuam fechadas no início da
diástole. O sangue entra nas aurículas.

0,4 s

2º ruído
0,1 s Sístole auricular
As válvulas
0,3 s auriculoventriculares
estão abertas
1º ruído e as válvulas
semilunares
continuam
fechadas.
O sangue
passa pra
os ventrículos.

Sístole ventricular
As válvulas auriculoventriculares
fecham e as válvulas semilunares
abrem. O sangue passa para as
artérias.

Representação do ciclo cardíaco

111
Automatismo cardíaco
Os batimentos contínuos do coração são resultado de uma atividade elétrica, que intrínseca e rítmica,
originada em uma rede de fibras musculares do próprio coração denominadas de células autorrítmicas ou marca-
-passo cardíaco, sendo essas autoexcitáveis. O impulso elétrico começa no nodo sino-atrial (SA), localizado na
parede atrial direita, inferior à entrada da veia cava superior. Esse impulso propaga-se ao longo das fibras muscu-
lares atriais, até que o potencial de ação chegue no nodo atrioventricular (AV), localizado no septo interatrial,
à abertura do seio coronário. Do nodo AV, o potencial de ação segue ao feixe atrioventricular (feixe de His) - única
conexão elétrica entre os átrios e os ventrículos. Depois de ser transportado ao longo do feixe AV, o potencial de
ação chega aos ramos direito e esquerdo, que atravessam o septo interventricular, em direção ao ápice cardíaco.
Por fim, as miofibras condutoras ou fibras de Purkinje, transportam rapidamente o potencial de ação, primeira-
mente ao ápice do ventrículo e posteriormente para o restante do miocárdio ventricular. Deste modo, o estímulo
para que ocorra a contração do músculo cardíaco é independente da atuação do sistema nervoso, este só controla
o ritmo cardíaco.
As câmaras cardíacas contraem-se e dilatam-se alternadamente 70 vezes por minuto, em média.

Nó sinoatrial

Nó atrioventricular

Fibras de Purkinje

Coração humano evidenciando a presença do nódulo sino-atrial, nódulo átrio-ventricular e feixe de His.

Controle nervoso do batimento do coração


Embora o coração possa agir sem quaisquer estímulos nervosos para a contração, o ritmo cardíaco pode ser
alterado pelos impulsos oriundos do sistema nervoso central. O sistema nervoso é ligado ao coração através de dois
grupos distintos de nervos: o sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático. A inervação parassimpática
no coração:
1. reduz a velocidade de condução dos impulsos e aumenta o tempo de retardo entre a contração atrial e a
ventricular;
2. reduz a frequência dos batimentos cardíacos;
3. reduz o fluxo de sangue nos vasos coronários que mantêm a nutrição do próprio músculo cardíaco.
Resumidamente, a estimulação parassimpática diminui todas as atividades do coração. Comumente a
atividade cardíaca é reduzida pelo parassimpático em momentos de repouso, pois, talvez, essa diminuição ajude a
preservar os recursos do coração.

112
A estimulação dos nervos simpáticos proporciona efeitos opostos (antagônicos) àqueles observados pela
ação do sistema parassimpático sobre o coração:
1. eleva frequência cardíaca;
2. eleva força de contração;
3. eleva velocidade de condução dos impulsos, reduz o tempo de retardo entre a contração atrial e a ventricular;
4. eleva o fluxo sanguíneo através dos vasos coronários.
Resumidamente, a estimulação simpática eleva a atividade cardíaca como bomba. Esse efeito é imprescin-
dível quando um indivíduo está em uma situações de estresse, (exercício, doença).
Os neurônios pré e pós-ganglionares realizam a transmissão autônoma. No sistema nervoso simpático os
neurônios pré-ganglionares liberam nos gânglios (conjunto de corpos celulares de neurônios fora do sistema ner-
voso central) acetilcolina, a qual estimula o neurônio pós-ganglionar. O pós-ganglionar libera principalmente nora-
drenalina estimulando o órgão efetor. A estimulação simpática do cérebro também causa a liberação de adrena-
lina pelas glândulas adrenais, substância química responsável pela taquicardia (aumento do batimento cardíaco),
aumento da pressão arterial e da frequência respiratória, elevação da secreção do suor e de glicose sanguínea,
entre outros efeitos. No sistema nervoso parassimpático, os neurônios pré-ganglionares liberam acetilcolina no
gânglio, estimulando o neurônio pós-ganglionar, do mesmo modo como ocorria no sistema simpático. Porém, o
mediador químico liberado pelo neurônio pós-ganglionar, no órgão-alvo, é a acetilcolina. Assim, a estimulação
parassimpática do cérebro produz bradicardia (diminuição dos batimentos cardíacos), redução da pressão arterial e
da frequência respiratória, relaxamento da musculatura e outros efeitos opostos aos da adrenalina.

área de controle
da respiração

ponte medula oblonga


área de
quimiossensores

nervos

corpo
carotídeo
artéria aorta (sangue para todo o corpo)
catótida corpo aórtico

sangue para
sangue vindo os pulmões
da cabeça

sangue vindo do
restante do corpo

Controle nervoso da contração cardíaca

113
Vasos sanguíneos
Existem 3 tipos básicos de vasos sanguíneos: artérias, veias e capilares.
As artérias são vasos de parede densa que saem do coração carregando sangue para os órgãos e tecidos
do corpo. Possuem três camadas: uma interna, denominada de endotélio (tecido epitelial pavimentoso), a media-
na, composta por tecido muscular liso e a externa, que é constituída por tecido conjuntivo fibroso elástico. Quan-
do o sangue é bombeado pelos ventrículos e entram nas artérias, elas se dilatam e relaxam, levando à redução
da pressão sanguínea. Se artérias não relaxam o suficiente, a pressão sanguínea interior aumenta, produzindo um
risco à ruptura das paredes arteriais. Na diástole ventricular, a pressão sanguínea reduz. Acontece, assim, contração
das artérias, permitindo que o sangue circule até a próxima sístole.
As veias são vasos que retornam ao coração, carregando o sangue dos órgãos e tecidos. A parede das
veias tem três camadas, composição semelhante a das artérias. A diferença, no entanto, é que a camada muscular
e a conjuntiva são menos grossas do que nas artérias. Em adicional, diferente das artérias, as veias de maior calibre
têm válvulas para impedir o refluxo de sangue, garantindo que a circulação ocorra em um único sentido. Poste-
riormente a passagem do sangue pelas arteríolas e capilares, a pressão sanguínea reduz, alcançando valores muito
baixos no interior das veias. O retorno sanguíneo ao coração deve-se, principalmente, às contrações dos músculos
esqueléticos, os quais comprimem as veias, possibilitando que o sangue desloque-se em seu interior. Graças às
válvulas, o sangue tem um fluxo unidirecional no coração.

ARTÉRIA

Mais delgada Mais espessa nas artérias


que a túnica média
Túnica média Túnica íntima
(camada de músculo (endotélio)
Túnica externa (adventícia)
liso e tecido elástico)
(tecido conectivo)

(camada mais espessa) (mais delgada nas veias)

VEIA

Válvula semilunar

Os capilares sanguíneos são vasos de pequeno calibre que conectam as arteríolas às vênulas. As paredes
dos capilares são formadas por tecido epitelial simples pavimentoso, o que chamamos de endotélio nas artérias
e veias. As substâncias saem do capilar para o meio extracelular, levando nutrientes e oxigênio para as células.
No meio extracelular há metabólitos e gás carbônico, resultantes do metabolismo celular, chamado de líquido
tissular, o qual, boa parte, passa para o sangue. O restante desse líquido é reabsorvido pelo sistema linfático.

VEIA ARTÉRIA CAPILAR

As veias levam ao coração As artérias levam sangue Os capilares levam sangue


sangue vindo do corpo. do coração a todo o aos tecidos, para fornecer
Suas paredes são mais corpo. Suas paredes são oxigênio às células. Eles
finas que as das artérias. espessas e dilatáveis. ligam artérias a veias.

Comparação dos vasos sanguíneos


114
Pressão arterial é a pressão exercida pelo sangue contra a parede das artérias. Em um adulto com boa
saúde, a pressão nas artérias durante a sístole ventricular – pressão sistólica ou máxima – é da ordem de
120 mmHg (milímetros de mercúrio). Durante a diástole, a pressão diminui, ficando em torno de 80 mmHg. Essa
é a pressão diastólica ou mínima.

A evolução do coração em vertebrados


Nos peixes, o coração tem duas cavidades (um átrio e um ventrículo), e os anfíbios têm coração com três
cavidades (dois átrios e um ventrículo). No caso dos anfíbios, o ventrículo recebe sangue dos dois átrios, desse
modo, acaba acontecendo mistura de sangue. Uma importante novidade evolutiva que aparece e anfíbios é a pe-
quena circulação (entre coração e o pulmão). Nos répteis inicia-se a divisão ventricular com um septo incompleto;
apesar disso, ainda ocorre mistura de sangue. Nos crocodilianos, a separação ventricular é completa, no entanto,
acontece mistura de sangue fora do coração, no forame de Panizza, entre os vasos que emergem do coração. Nas
aves e nos mamíferos o coração atinge sua eficiência máxima, passando a ter quatro cavidades completamente se-
paradas (sem mistura sanguínea). A parte direita do coração carrega o sangue pobre em oxigênio (sangue venoso),
enquanto a parte esquerda recebe sangue rico oxigenado (sangue arterial), oriundo dos pulmões e enviado para o
corpo pela artéria aorta. A evolução do coração nas aves e mamíferos permitiu maior eficiência na oxigenação dos
tecidos e, assim, favoreceu a homeotermia. A diferença entre o coração de mamífero e de aves está na posição da
aorta: nas aves, a artéria aorta se curva para a direita e, em mamíferos, sua curvatura é para a esquerda.

Aurícula
Artéria pulmonar
Cone arterial
Veia pulmonar
Aorta

Veia pulmonar Aurícula direita


Aurícula esquerda
Ventrículo
Ventrículo
Veia pulmonar
Veia cava Artéria pulmonar Aurícula esquerda

Aurícula direita Aorta Aurícula direita Artéria pulmonar


Veia cava Ventrículo esquerdo
Ventrículo
Ventrículo direito
Cone arterial Aurícula esquerda Aorta
Circulação
pulmonar
Circulação branquial

Circulação

Circulação
pulmonar

pulmonar

Capilares
Capilares Capilares pulmonares
Capilares pulmonares pulmonares
branquiais
Circulação sistémica

Circulação sistémica

Circulação sistémica

Capilares Capilares Capilares


Capilares sistémicos
Circulação

sistémicos sistémicos
sistémica

sistémicos

Seio venoso
Peixe Anfíbio Réptil Ave/Mamífero

Sangue venoso Sangue arterial

Os diferentes tipos de coração em vertebrados

Quando há mistura de sangue arterial e venoso no coração chamamos essa circulação de incompleta. Esse
tipo de circulação é encontrada nos peixes, anfíbios e répteis. No entanto, quando não ocorre a mistura de sangue
venoso e arterial denomina-se circulação completa observada, nas aves e mamíferos.

115
Outra classificação do tipo de circulação é referente ao número de vezes que o sangue passa pelo coração.
Quando o sangue passa uma única vez pelo coração denominamos essa circulação de simples, observada nos
peixes. Os demais cordados possuem circulação dupla, o sangue passa 2 vezes no coração.

O sangue
O sangue é formado de plasma e elementos figurados. O plasma consiste em uma complexa mistura de substân-
cias químicas (ureia, glicose, anticorpos, hormônios, proteínas, triglicerídios) e água ( 55% do volume total do sangue).

Composição plasmática Funções plasmáticas

Água §§ Transporte de nutrientes às células

Sais (Na+, Cℓ–, HCO–3, Ca++) §§ Transporte de gases respiratórios

Glicose §§ Transporte de hormônios e de anticorpos

Aminoácidos §§ Distribuição de calor

Proteínas (fibrinogênio, protrombina, anticorpos, albumina) §§ Remoção de resíduos metabólicos das células

Lipoproteínas (LDL e HDL) §§ Coagulação

Triglicérides §§ Defesa

Hormônios

Ureia

Gases (O2 e CO2)

Os elementos figurados do sangue são glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos), glóbulos brancos
(leucócitos) e plaquetas (trombócitos), os quais são produzidos na medula óssea vermelha, que está, predominan-
temente no interior de ossos longos e chatos. Os glóbulos vermelhos carregam gases respiratórios, O2 e CO2; os
glóbulos brancos participam da defesa imunológica; as plaquetas atuam no processo de coagulação do sangue.
Existem cerca de 5,6 L de sangue no corpo de um homem de 70 kg, o que corresponde a cerca de 8% do
seu peso corporal. Algumas situações podem levar a modificação do número de células sanguíneas, por exemplo, a
produção de glóbulos vermelhos pode aumentar em resposta à redução da pressão parcial de oxigênio em regiões
de altas altitudes. O contrário também pode ocorrer: a diminuição no número de hemácias, o que chamamos de
anemia.

Os elementos do sangue

Tipos Quantidade média/mL Funções Variações

Diminuição: anemia (verminoses, hemorragias, defi-


Glóbulos
homem: 5,4 milhões ciências de vitamina B12).
vermelhos Transporte de O2 e CO2
mulher: 4,8 milhões Aumento: pessoas que vivem em regiões de grande
(hemácias)
altitude.

Diminuição: lesões na medula óssea e algumas in-


Glóbulos brancos Defesa fagocitária
4 mil a 11 mil fecções.
(leucócitos) e imunitária
Aumento: infecções e leucemia.

Plaquetas Diminuição e aumento provocados por certas


250 mil a 400 mil Coagulação do sangue
(trombócitos) doenças.

116
Coagulação sanguínea
Quando ocorre um ferimento, as plaquetas começam um processo de sanguíne, mediado por fatores de
coagulação. O coágulo segura uma eventual hemorragia.
Vaso sanguíneo normal

Plaquetas Vaso sanguíneo lesionado

Coágulo - sangramento estancado

Plaquetas ativadas Fibrina

Esquema de coagulaçao sanguínea

O processo de coagulação envolve uma cascata de eventos: no começo, as plaquetas liberam uma enzima
chamada de tromboplastina, a qual, na presença de íon cálcio e vitamina K, converte a proteína protrombina,
presente no plasma, em uma enzima denominada de trombina. Esta catalisa a reação química que transforma
o fibrinogênio, também presente no plasma, em fibrina, uma proteína insolúvel, formadora de uma rede fibrosa
(coágulo), que adere à região da ferida, estancando a perda de sangue.

Tecidos com Plaquetas


lesões aglomeradas

Tromboplastina

Fígado
Ca++ (Plasma)
Vitamina K
Protombina Trombina
(Plasma)
Fibrina Fibrinogênio
(Coágulo) (Plasma)
A protrombina é produzida no fígado com auxílio de vitamina K,
vitamina sintetizada por bactérias que vivem no nosso intestino.

117
A hemofilia

A hemofilia é uma anomalia genética, na qual o paciente tem problemas na cascata de coagulação sanguí-
nea. Geralmente, isso acontece devido a um problema no fator de coagulação VIII. Dessa forma, todo o processo
de coagulação é alterado e a fabricação de fibrina não acontece. Para tratar os pacientes, são usadas injeções
periódicas com o fator VIII. Através da engenharia genética busca-se produzir esses fatores através de síntese em
laboratório. Dessa forma, seriam evitados riscos de contaminação, já que o fator VIII é tirado de pessoas sadias
(doadores) e transferido para os pacientes (receptores).

Hemácia e transporte de gases


O gás oxigênio é transportado principalmente nas hemácias (glóbulo vermelho). A hemácia é composta de
hemoglobina, uma proteína que possui quatro cadeias polipeptídicas, associados a um átomo de ferro. O ferro é
quem confere a cor avermelhada ao sangue. Quando o O2 se liga a hemoglobina, é produzida a oxiemoglobina,
cuja ligação é revertida nos capilares, para que ocorra a troca dos gases.

Oxigênio Molécula de
hemoglobina
Grupo heme

Hemoglobina

Hemácias

Hemoglobina humana e sua ligação com o oxigênio.

A maior parte do gás carbônico (CO2) é transportada no plasma sanguíneo na forma de íons bicarbonato
(HCO-3), e uma pequena quantidade desse gás é carregada pelas hemácias, carboemoglobina ligação também
reversível.

Embolia gasosa em mergulhadores


O nitrogênio é um dos gases presentes em tanques de mergulhos, e este se dissolve no sangue de acordo
com sua pressão parcial. Quanto maior a profundidade, maior é a pressão, e maior é a pressão parcial de N2,
aumentando a dissolução desse gás no sangue. Na volta pra a superfície ocorre a descompressão, o N2 apresenta
tendência a formar bolhas por causa da redução da pressão. Assim, em mergulhos profundos é necessário que a
subida seja lenta, para dar tempo para que o gás nitrogênio seja removido do sangue e dos tecidos. Isso evita a
embolia gasosa, uma obstrução vascular causada, neste caso, pela descompressão do gás nitrogênio, o que leva
a formação de bolas nos vasos podendo obstrui-los.

118
Complicações no sistema vascular
O comprometimento dos vasos pode causar graves consequências, pois o sangue é importante para todos
os tecidos do corpo. Um infarto acontece quando um tecido deixa de receber oxigenação, devido a uma obstru-
ção vascular, que impede o fluxo sanguíneo, levando a morte do tecido afetado. Quando esse processo ocorre nas
artérias coronárias, que irrigam as células do coração, chama-se infarto do miocárdio.
Um acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame cerebral transcorre da obstrução de vasos sanguíneos
que irrigam o cérebro, resultando em danos ao tecido nervoso, onde a extensão da prejuízo depende do local afetado.
A obstrução de vasos pode ser causada por coágulos sanguíneos e também por placas, formadas a partir do
depósito de colesterol, caracterizando a aterosclerose.

ARTÉRIA COMIDA

FÍGADO

COLESTEROL VASO SANGUÍNEO SAUDÁVEL, VASO SANGUÍNEO PARCIALMENTE


SEM PLACA DE COLESTEROL OBSTRUÍDO POR UMA PLACA
Origens do colesterol DE COLESTEROL
Aterosclerose

As trocas entre sangue e tecidos


A constituição do líquido intersticial (extracelular) é semelhante ao do sangue, com exceção dos elementos
figurados. Grande parte do fluido que deixa os capilares tende a retornar a esses vasos. A movimentação desse
fluido é decorrente de diferentes pressões, que agem de modo diferente em cada trecho do mesmo vaso sanguíneo.
A pressão sanguínea impulsiona a saída de água e substâncias nela dissolvidas pelas paredes dos capilares, e a
pressão osmótica, quando alta, estimula o retorno de água. O intercâmbio de substâncias se dá pela relação entre a
pressão osmótica e a pressão sanguínea. Na extremidade do capilar situada próxima à artéria, a pressão sanguínea
é maior do que a pressão osmótica. Assim, água e moléculas pequenas passam na parede capilar, entrando nos
tecidos. A perda de água torna o sangue mais concentrado, logo, a pressão osmótica se torna maior que a pressão
sanguínea. Na extremidade próxima à veia, acontece o retorno da água, que traz consigo nutrientes e também
resíduos metabólicos.
O2 CO2

Artéria Veia
Capilar

Retorno do fluido
para o capilar

Líquido que permanece


no interstício

Pressão do sangue Pressão osmótica Fluxo de água


Ilustração das várias forças que interagem entre o fluxo capilar e o fluido que o envolve.

119
O sistema linfático
Através do sistema linfático, o resto de líquido intercelular proveniente dos capilares sanguíneos retorna à
circulação sanguínea. Qualquer proteína, dentre outras substâncias, que tenha deixado os capilares será devolvida
à circulação.
O sistema linfático possui vasos finos, chamados de capilares linfáticos, que possuem capacidade de
contração, e se reúnem formando vasos progressivamente maiores, que resultam na formação do ducto torácico.
O fluxo de linfa é unidirecional e é auxiliado por válvulas que impedem seu retorno. Para esse fluido retornar à
circulação venosa, a linfa coletada passa antes por linfonodos ou nódulos linfáticos (local de concentração
de linfócitos). Caso patógenos sejam fagocitados, são desencadeadas reações inflamatórias no linfonodos, o que
causa um inchaço, denominado íngua. Os edemas linfáticos são o excesso de líquido intersticial devido ao exces-
so de filtração ou ainda pela obstrução desses vasos. As tonsilas palatinas são constituídas por tecido linfoide,
onde também pode acontecer reação imunológica a microrganismos, o que resulta em amigdalite, o inchaço das
tonsilas.

Linfonodos cervicais
Tonsila palatina
Timo

Linfonodos axilares

Ducto linfático
direito
Baço

Cisterna do quilo Ducto toráxico

Linfonodos inguinais

Sistema linfático humano

Os órgãos linfoides incluem o timo (maturação de linfócito), os linfonodos e o baço.


Além das funções acima, o sistema linfático também é responsável pela absorção de lipídios, derivados da
digestão de gorduras, absorvidos no intestino.

120
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo O Funcionamento do Coração


Fonte: Youtube

Vídeo DISSECANDO UM CORAÇÃO! — Dose de Conhecimento | Medicina é

Fonte: Youtube

122
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Quando a luz incide sobre o sangue, todas as cores do espectro luminoso são absorvidas por esse líquido,
exceto o vermelho, o que faz com que ele tenha essa tonalidade a olho nu. A pele e a camada de gordura do corpo
possuem tonalidade amarelada. Localizadas entre nossos olhos e o sangue, elas funcionam como um filtro para o
vermelho sanguíneo, fazendo com que a cor remanescente do espectro seja o verde.

INTERDISCIPLINARIDADE

O eletrocardiógrafo é o aparelho que registra as alterações de potencial elétrico entre dois pontos do corpo. Es-
tes potenciais são gerados a partir da despolarização e repolarização das células cardíacas. Normalmente, a atividade
elétrica cardíaca se inicia no nodo sinusal (célula autorrítmica), que induz a despolarização dos átrios e dos ventrículos.
Esse registro mostra a variação do potencial elétrico no tempo, que gera uma imagem linear, em ondas.
Estas ondas seguem um padrão rítmico, tendo denominação particular.

123
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

Os diferentes sistemas são estudados de modo a compreender a interação que ocorre


entre os órgãos formados pelos quatro principais tipos de tecido. Desse modo, é possível com-
preender a fisiologia do organismo animal e, principalmente, suas implicações na saúde humana.
Para tanto, é importante que o aluno conheça os mecanismos normais de funcionamento dos
sistemas e consiga prever o dano decorrente de alguma patologia ou fazer intervenções visando
a promoção da saúde.

Modelo
(Enem) O eletrocardiograma, exame utilizado para avaliar o estado do coração de um paciente,
trata-se do registro da atividade elétrica do coração ao longo de um certo intervalo de tempo. A
figura representa o eletrocardiograma de um paciente adulto, descansado, não fumante, em um
ambiente com temperatura agradável.
Nessas condições, é considerado normal um ritmo cardíaco entre 60 e 100 batimentos por minuto.

Com base no eletrocardiograma apresentado, identifica-se que a frequência cardíaca do paciente é:


a) normal.
b) acima do valor ideal.
c) abaixo do valor ideal.
d) próxima do limite inferior.
e) próxima do limite superior.

124
Análise Expositiva

Habilidade 14
O Enem, assim como outros vestibulares, muitas vezes exige do aluno apenas a leitura ade-
quada de gráficos e tabelas, fornecendo os demais dados no próprio enunciado da questão.
Para julgar a frequência cardíaca do paciente em questão, é necessário o aluno observar que
em seis segundos (tempo total do eletrocardiograma apresentado) ocorreram três batimen-
tos; desse modo pode-se dizer que, em 60 segundos, irão ocorrer apenas 30 batimentos, valor
bem abaixo do ideal que a própria questão informa, que varia entre 60 e 100 batimentos por
minuto.
Alternativa C

125
Estrutura Conceitual

SISTEMA
CARDIOVASCULAR

◊ Transporte: Gases, nutrientes, resíduos, hormônios


e calor
Funções
◊ Defesa
◊ Coagulação sanguínea

◊ Átrios: recebem o sangue que chega ao coração


◊ Ventrículos: bombeiam o sangue para fora do coração
Coração ◊ Válvulas atrioventriculares:
◊ Tricúspide (direita)
◊ Mitral (esquerda)

Componentes

◊ Artérias:
Vasos ◊ Saem do coração
◊ Paredes mais espessas

◊ Veias:
◊ Levam sangue para o coração
◊ Válvulas: evitam refluxo sanguíneo

◊ Capilares:
◊ Realizam a troca de sustância com os tecidos
◊ Pequeno calibre

Peixes 2 cavidades: simples e completa

Anfíbios 3 cavidades: dupla e incompleta


Evolução do coração
em vertebrados 3 cavidades: dupla e incompleta
Répteis
*crocodilianos: 4 cavidades

Aves e mamíferos 4 cavidades: dupla e completa

126
Biologia para
vestibular medicina
5ª edição • São Paulo
2019

C N
4
CIÊNCIAS DA NATUREZA
BIOLOGIA
e suas tecnologias
Joaquim Matheus Santiago Coelho e Larissa Beatriz Torres Ferreira
Abordagem de BIOQUÍMICA e GENÉTICA nos principais vestibulares.

FUVEST
A bioquímica está entre os cinco assuntos mais cobrados na prova da Fuvest. Dê atenção especial a
essas aulas. Genética sempre aparece, porém nunca são cobrados todos os assuntos que trabalhamos.
Cerca de 7% da Biologia cobrada na prova é genética.

LD
ADE DE ME
D
UNESP
U

IC
FAC

INA

BO
1963
T U C AT U Na média, a bioquímica é o segundo assunto mais cobrado no vestibular da Unesp, porém com con-
ceitos mais básicos. A genética também é cobrada, mas em menor proporção, cerca de 5% da prova
de biologia.

UNICAMP
Na Unicamp, genética ocupa cerca de 12% da prova, sendo a segunda lei de Mendel um assunto
corriqueiro. Em bioquímica, a prova costuma expor o aluno a situações inusitadas, como estudos
científicos que fogem do padrão, para trabalhar conceitos vistos em sala de aula.

UNIFESP
Esses dois assuntos são bem divididos na prova de vestibular da Unifesp, pois ambos ocupam cerca de
8% da parte de biologia. Treine os cruzamentos genéticos e etapas químicas e suas consequências no
metabolismo do organismo das reações bioquímicas.

ENEM/UFMG/UFRJ
Sempre trabalham com textos que expõem o assunto que será trabalhado na questão. É necessário ter
conhecimento dos assuntos para fazer as questões desses vestibulares, mesmo com o fornecimento
de tais textos. No Enem, genética e bioquímica costumam ser o terceiro e o quarto assuntos mais
cobrados.

UERJ
O vestibular da Uerj cobra extensamente o assunto de bioquímica aliado à citologia. Aprofunde-se nos
conhecimentos dessa aula. Quanto às proporções, enquanto a bioquímica chega a ocupar até 45% da
prova, a genética fica com cerca de 7% da prova de biologia.
2 8
7 2 Produção de energia em
autótrofos: fotossíntese e
quimiossíntese
Competências Habilidades
3e7 8, 9 e 25

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Fotossíntese
Os seres autótrofos podem fazer fotossíntese ou quimiossintese para produzir matéria orgânica.
A fotossíntese ocorre em uma organela especifica chamada de cloroplasto. É um conjunto de reações quí-
micas, interdependentes, em que o gás carbônico, água e energia luminosa reagem gerando glicose (C6H12O6) e
oxigênio. A equação simplificada deste processo pode ser observada logo a baixo:
luz e clorofila
6 CO2 + 12 H2O      C6H12O6 + 6 O2 + 6 H2O
O conjunto de reações da fotossíntese pode ser dividido em duas fases: fase fotoquímica (fase clara) e fase
química (fase escura).

Membrana interna
do cloroplasto

Membrana externa
do cloroplasto

Energia
luminosa CO2
Pi + ADP

ATP
Ciclo de
H+ + NADP + Calvin

NADPH
2 e-
H2O
Compostos
orgânicos

2 H+ +1/2 O2

Tilacóides Estroma

Esquema do processo de fotossíntese

Primeiro vamos caracterizar os sistemas envolvidos nesse processo para auxiliar na compreensão dos eventos:
§§ Fotossistemas – uma estrutura que contém pigmentos fotossintetizantes como a clorofila, e carotenoides
associados a proteínas, nos tilacoides. Assim, um fotossistema está envolvido no processo de absorção da
luminosidade e na transformação dessa energia luminosa em energia química. Existem, basicamente, dois
fotossistemas, que foram nomeados de fotossistema I e II. O primeiro absorve luz no comprimento de onda
até 700 nm e transfere elétrons para o aceptor final NADP+. E o fotossistema II absorve luz no comprimento
de onda até 680 nm e está mais relacionado à fotólise da água (quebra da molécula de água).
§§ Citocromos – são aceptores de elétrons da cadeia transportadora. São moléculas coloridas.
§§ Ferrodoxina, quinona e plostocianina – são outros aceptores de elétrons.

131
Etapas da fotossíntese
Fase clara (fotoquímica)
Essa primeira fase depende da presença da luz. Resumidamente, através de reações químicas são produzi-
dos o NADPH (nicotinamida-adenina-dinucleotídeo fosfato- reduzido) e o ATP; e também ocorre a fotólise da água.
Nessa etapa a energia luminosa se transforma em energia química.

§§ Fotólise da água – é a quebra de molécula de água frente à luz, levando à produção de oxigênio (O2), de
prótons e de elétrons. É uma das primeiras reações que ocorrem na fotossíntese.
Luz
→ 2 + 4H+ + 4 e-
2H2O      O
clorofila

Muito importante nessa etapa é a formação do gás oxigênio, que, como está ilustrado na reação acima, vem
da quebra da molécula de água. O oxigênio aqui produzido é liberado para atmosfera, o que é essencial à
vida da maioria dos seres vivos.

§§ Transporte de elétrons – a energia luminosa absorvida pela clorofila excita-a, fazendo com que os elé-
trons se afastem do núcleo escapando da molécula clorofila. Esses elétrons são recolhidos por moléculas
aceptoras. Elas transferem os elétrons de uma para outra, formando cadeias transportadoras de elétrons,
parecido com o ocorria na respiração celular. Ao passar de um aceptor para outro, os elétrons liberam ener-
gia elétrica, que será utilizada para síntese de ATP. Como a energia que excita a clorofila e libera os elétrons,
que auxiliam no processo de ATP, vem da luz, denomina-se esse processo de fotofosforilação. Dependendo
do tipo de substâncias transportadoras, os elétrons podem fazer dois tipos de processos: a fotofosforilação
cíclica e a fotofosforilação acíclica.

§§ Fotofosforilação cíclica – elétrons perdidos pela clorofila do fotossistema I percorrem cadeia de trans-
portadores, porém voltam para a mesma clorofila de onde saíram. Durante esse trajeto é produzido o ATP,
a partir da energia liberada nesse percurso, porém não é produzido NADPH, pois não ocorre a fotólise da
água, e assim o oxigênio também não é produzido.

Cadeia de ATP
transporte
de elétrons
Elétrons
excitados Energia para
(2 e) produção
de ATP
Transportador de elétrons
Luz

CLOROFILA

Esquema de representação a fotofosforilação cíclica

§§ Fotofosforilação acíclica – tem a participação dos dois fotossistemas (P700 e P680), da molécula de H2O e
o do NADP, e assim, ocorre a produção de O2, NADPH e ATP. O fotossistema I recebe elétrons liberados da
clorofila do fotossistema II, que se oxida, porém retorna à forma reduzida ao capturar elétrons provenientes
da fotólise da água.

132
Os elétrons saem da clorofila do sistema (P700) para aceptores de elétrons e a última molécula é o NADP+
que, ao mesmo tempo, capta íons H+, resultantes da fotólise água, e assim, forma NADPH. Durante esse
transporte entre os aceptores de elétrons, esses liberam energia utilizada para a formação de ATP.
Aceptor primário
de elétrons

2e
Aceptor primário
Citocromo
de elétrons 2e
Citocromo
2e 2e 2e
Citocromo Citocromo
2e 2e
ADP Citocromo Citocromo
H2O 2e 2e 2H
Citocromo NADP NADPH
ATP 2e 2e
Citocromo Luz
Fotólise
P700

1 O 2e Luz
2H Fotossistema I
2 2
P680

Fotossistema II
Esquema representando a fotofosforilação acíclica com fotólise da água

Fase escura (química)


Essa fase não depende da luz. Usa-se o ATP e NADPH oriundos da fase fotoquímica. Aqui acontece a con-
versão do CO2 em um composto orgânico (glicídio), o que ocorre através de um ciclo de reações, chamado ciclo das
pentoses, ou ciclo de Calvin-Benson. Nesse ciclo existem etapas importantes catalisadas pela enzima rubisco. A
fase escura acontece no estroma do cloroplasto e no citosol de bactérias fotossintetizantes.

Esquema das etapas do Ciclo de Calvin

As moléculas de gliceraldeído-3-fosfato (PGAL) produzidas nesse ciclo são convertidas em glicídio, o principal
produto da fotossíntese. A glicose pode ser oxidada e utilizada como fonte de energia no processo de respiração celular,
ou ainda pode ser armazenada na forma de amido ou ser convertida em celulose, que vai constituir a parede celular.

133
Fatores que influenciam a fotossíntese
§§ Intensidade luminosa
A fotossíntese pode ser influenciada pela luz. A luz branca é uma mistura de vários comprimentos de onda
(várias “cores”). Ao iluminar a clorofila com luz branca ela irá refletir a cor verde e irá absorver as demais
cores. Devido a isso que as folhas são verdes. Se você ilumina essa mesma clorofila com apenas luz verde
a planta fará pouca fotossíntese, pois outros pigmentos podem absorvê-la. Uma planta no escuro consome
O2, pois o processo de respiração ocorre tanto de dia quanto de noite, porém ela não estará realizando
fotossíntese (1). À medida que a intensidade de luz aumenta, a planta começa a fotossíntese. Chama-se de
ponto de compensação fótica (2) o momento em que todo oxigênio produzido na fotossíntese é utilizado
na respiração. A partir desse ponto predomina a fotossíntese, que se eleva até certo ponto (3: ponto de
saturação luminosa).

Intensidade de
fotossíntese

Fotossíntese

Respiração
celular

1 2 3 Intensidade
luminosa
Variação da taxa fotossintética e respiratória com a intensidade luminosa

§§ Gás Carbônico
O gás carbônico é o substrato utilizado na etapa química como fonte do carbono, para ser incorporado
em moléculas orgânicas. As plantas possuem como fontes principais de CO2: o gás oriundo da atmosfera,
que entra nas folhas através de pequenas aberturas chamadas estômatos, e o gás carbônico liberado na
respiração celular. Fotossíntese é nula sem o CO2. Aumenta-se a concentração de CO2, a intensidade da
fotossíntese também aumenta, porém essa elevação não é um exponencial infinito. O sistema enzimático
envolvido na captura do carbono pode estar saturado, ou seja, toda enzima já tem um substrato ligado,
nesse caso, o aumento de gás carbônico não reflete no aumento da taxa fotossintética.

Taxa de fotossíntese

Concentração de CO2
Variação da taxa fotossintética em relação a concentração de CO2

134
§§ Temperatura
A maioria das reações é catalisada por enzimas, que têm sua atividade influenciada pela temperatura.
Normalmente, quando aumentada a temperatura, aumenta a taxa de fotossíntese. Porém, em temperaturas
muito altas, acontece o processo de desnaturação enzimática e a velocidade das reações irá declinar. Assim,
existe uma temperatura ótima, na qual a atividade fotossintetizante é máxima, pois a atividade da enzima
é máxima, mas isso varia entre os vegetais.

Intensidade de fotossíntese

T (ºC)
Influência da temperatura na fotossíntese

Quimiossíntese
É um processo em que a energia utilizada na formação de compostos orgânicos, a partir de gás carbônico
(CO2) e da água (H2O), provém da oxidação de substâncias inorgânicas. A quimiossíntese é realizada por algumas
bactérias e lhes conferem o nome de bactérias quimiossintetizantes. Elas podem viver em ambientes sem luz e O2.

Esquema do processo de quimiossíntese


§§ Primeira etapa
oxidação

substâncias inorgânicas      compostos Inorgânicos oxidados + energia química

§§ Segunda etapa

CO2 + H2O + energia química → substâncias orgânicas

Principais bactérias quimiossintetizantes


§§ ferrobactérias – usam a energia química oriunda da oxidação de compostos de ferro para a produção de
matéria orgânica.
§§ nitrobactérias – usam a energia química oriunda da oxidação de íons nitrito ou de íons amônio para a
produção de matéria orgânica. As bactérias nitrificantes estão livres no solo e possuem uma grande impor-
tância no ciclo do nitrogênio.
Nitrosomonas Nitrobacterias

NH4+    NO2
– →
    NO 3

amônio nitrito nitrato

As arqueas metanogênicas também podem realizar o processo de quimiossíntese. Elas podem obter energia
mediante a reação entre gás hidrogênio e gás carbônico que produz gás metano. Como vivem em ambientes pobres
em gás oxigênio (anaeróbicos) – lixões e tubos digestórios de animais –, o processo pode ser equacionado assim:
CO2 + 4 H2 → CH4 + 2H2O + energia

135
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Fotossíntese - animação


Fonte: Youtube

Vídeo Fotossíntese - Fase Clara (Fotoquímica) - Prof. Paulo Jubilut

Fonte: Youtube

Vídeo Fotossíntese - Fase Escura (Química) - Prof. Paulo Jubilut

Fonte: Youtube

Vídeo 1 Fotossíntese e quimiossíntese

Fonte: Youtube

136
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

A compreensão do processo de fotossíntese é fundamental para a conscientização da população acerca da


preservação ambiental. Manter as florestas, mares e seus vegetais vivos é essencial para a nossa existência.

INTERDISCIPLINARIDADE

Para que os processos de fotossíntese e quimiossíntese pudessem ser compreendidos, grande conhecimen-
to químico foi necessário. No complexo metabolismo de seres fotossintetizantes e quimiossintetizantes, ocorrem
diversas reações químicas, convertendo compostos inorgânicos em orgânicos – ou seu inverso, conhecendo-se
moléculas orgânicas grandes (glicose) –, tornando meios mais ácidos através da participação de íons, além dessas,
outras áreas da química são exploradas nessa aula.

137
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 8 - Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reci-


clagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando processos biológicos,
químicos ou físicos neles envolvidos.

Os mecanismos de produção de energia por autotróficos é de suma importância para o


desenvolvimento da vida, uma vez que, desse modo, ocorre a entrada de energia no ecossistema,
a partir da transformação de moléculas inorgânicas em orgânicas. Esse assunto, portanto, pode
ter diferentes abordagens no Enem, desde uma visão ecológica, como também mais puramente
da fisiologia vegetal ou ainda aplicado à biotecnologia e, consequentemente, de importância
econômica para o desenvolvimento da sociedade.

Modelo
(Enem 2017) Pesquisadores conseguiram estimular a absorção de energia luminosa em plantas
graças ao uso de nanotubos de carbono. Para isso, nanotubos de carbono “se inseriram” no in-
terior dos cloroplastos por uma montagem espontânea, através das membranas dos cloroplastos.
Pigmentos da planta absorvem as radiações luminosas, os elétrons são “excitados” e se deslocam
no interior de membranas dos cloroplastos, e a planta utiliza em seguida essa energia elétrica
para a fabricação de açúcares. Os nanotubos de carbono podem absorver comprimentos de onda
habitualmente não utilizados pelos cloroplastos, e os pesquisadores tiveram a ideia de utilizá-los
como “antenas”, estimulando a conversão de energia solar pelos cloroplastos, com o aumento do
transporte de elétrons.
Adaptado de: Nanotubos de carbono incrementam a fotossíntese de plantas.
Disponível em: http://lqes.iqm.unicamp.br. Acesso em: 14 nov. 2014.

O aumento da eficiência fotossintética ocorreu pelo fato de os nanotubos de carbono promoverem


diretamente a:
a) utilização de água.
b) absorção de fótons.
c) formação de gás oxigênio.
d) proliferação dos cloroplastos.
e) captação de dióxido de carbono.

138
Análise Expositiva

Habilidade 8
O texto de apoio evidencia que a utilização dos nanotubos de carbono permite a absorção
de comprimentos de onda habitualmente não utilizados pelos cloroplastos. Desse modo, é
possível inferir que esse experimento promoveu diretamente a maior absorção de fótons, e,
consequentemente, haverá aumento da eficiência fotossintética.
Alternativa B

139
Estrutura Conceitual

• Ocorre nos cloroplastos


Fotossíntese 6CO2 + 12H2O
luz
clorofila
C6H12O6 + 6O2 + 6H2O

• Depende da presença de luz:"fase clara".


Fase fotoquímica
• Ocorre nos tilacóides dos cloroplastos.

• Forma-se uma cadeia


transportadora de elétrons.
Fotofosforilação
• Produz ATP na presença
de luz.

• Fotossistema I
• Elétrons excitados pela luz
Cíclica retornam para clorofila.
• Produz ATP.
• Não produz NADPH, nem O2.

• Fotossistemas I e II
• Fotólise da água

Acíclica • Produz ATP,


• NADPH e O2 proveniente
da fotólise da H2O.

• Não depende de luz.


• Depende dos produtos (ATP, NADPH) da
Fase química fase fotoquímica.
• Ciclo de Calvin: conversão de CO2 em
140 glicose.
Síntese de compostos orgânicos a partir da energia
Quimiossíntese liberada da oxidação de substância inorgânicas
Exs.: ferrobactérias e nitrobactérias

Compostos
Substâncias Energia
Primeira etapa inorgânicas
inorgânicos +
química
oxidados

Energia Substâncias
Segunda etapa CO2 + H2O +
química orgânicas

141
2 0
9 3 Genética:
primeira lei de Mendel

Competência Habilidade
4 13

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Desde a Antiguidade, há relatos feitos pelo homem, sobre a passagem de características entre as gerações.
Os gregos tinham ideias bastante interessantes a respeito disso, acreditavam que o indivíduo já estaria totalmente
formado, apenas crescia durante a gestação. No entanto, surgem outros pensamentos, como o de Aristóteles (384
a. C. – 322 a. C.), que acreditava em um processo gradual, na qual o indivíduo não está formado, acreditando em
uma formação sequencial durante a gestação (teoria da pré-formação). Aristóteles também descreve a respeito da
mistura de características maternas e paternas, o que ficou conhecido como epigênese. Nesse momento surge na
historia da Ciência uma ferramenta importantíssima, o microscópio de duas lentes, criado pelos microbiologistas
Leeuwenhoek e Luiz Hamm, e esses observam um espermatozoide, o que descreveram como ser humano em min-
iatura (homúnculo). O pensamento aristotélico sobre a pré-formação prevaleceu até o século XVIII. A morte desse
pensamento ocorreu no século XIX com o surgimento da teoria celular, a qual mostra que todos os organismos são
formados por células. Posteriormente August Weisman mostra a distinção entre células somáticas e germinativas,
e assim iniciam-se as primeiras noções verdadeiras sobre hereditariedade. Muitos anos depois, Gregor Johann
Mendel começaria seus experimentos com ervilhas (século XX), causando uma revolução no mundo das ciências.

Genética - O Mendelismo
Gregor Mendel (1822-1884) era monge austríaco, e é considerado o pai da Genética. Realizou trabalhos
com plantas de ervilha (Pisun sativum), e nesses experimentos observou a transmissão de várias características he-
reditárias. Em 1865 publicou o artigo “Experiments with Plant Hybrids” que foi ignorado pela sociedade científica,
pois ainda não se tinha o conhecimento sobre genes, cromossomos e as propriedades do DNA, assim, achavam as
ideias de Mendel “insanas”. Só a partir de 1900, com o avanço da biologia molecular, suas teorias começaram a ser
aceitas e confirmadas por vários pesquisadores. As principais leis da Genética, aplicadas até hoje, foram elaboradas
por alguém que não tinha conhecimentos sobre a Biologia molecular básica, sendo assim é evidente o notável
potencial de Gregor Mendel como observador e estudioso.

A herança monoíbrida nos estudos de Mendel


Mendel começou seus experimentos de hibridização de plantas com as ervilhas de jardim (Pisum sativum),
uma vez que essa planta apresentava características interessantes como: variedade de formas e cores, auto-
polinização, polinização cruzada e curto tempo de geração, o que torna a experimentação viável. Após escolher o
modelo experimental, espécie a ser estudada, Mendel começou a desenvolver linhagens puras. Linhagens puras
podem ser definidas como linhagens que, quando autopolinizadas, darão origem sempre a descendentes iguais
à linhagem parietal (ancestral). Assim, Mendel produziu sete linhagens puras, cada uma com uma característica
observável. Essas características foram: cor das flores, textura das sementes (lisa ou rugosa), cor do interior da
semente (verde ou amarelo), cor das vagens (verdes ou amarelas), textura das vagens (lisas ou onduladas), tipos
de flores (axiais ou terminais) e tipos de caules (longos ou curtos). Para cada característica, havia dois fenótipos
observáveis. Posteriormente, Mendel começou seus experimentos realizando cruzamentos entre as linhagens puras.
Dessa forma, ele realizou polinização cruzada: plantas com sementes verdes com plantas de semente amarela, e
analisou nos descendentes como eram suas sementes. No exemplo acima, Mendel observou que todos os descen-
dentes exibiam um único fenótipo - sementes amarelas, apesar dos pais terem fenótipos diferentes. A primeira
geração de prole é denominada F1. Em seguida, Mendel fez um novo experimento utilizando-a linhagem F1, fa-
zendo o auto cruzamento. O resultado desse cruzamento mostra que a característica cor de semente verde, a qual
estava ausente na prole do cruzamento inicial, aparece nessa autofecundação de F1, na proporção de 3 sementes
amarelas para 1 semente verde nos indivíduos descendentes. Denomina F2 os descendentes da autofecundação da
geração F1. Mendel repetiu esse procedimento para as demais características:

145
Sementes
de F1 sobre
Planta F1
Semente Semente a planta P
lisa pura rugosa pura
As sementes Autopolinização
de F1 são
todas lisas

Polinização
cruzada
Semente
de F1
Pólen
Sementes
de F2 sobre
a planta F1:
3/4 lisas e
Planta Planta F1 1/4 rugosa
P

Caracterítica Fenótipo variante F1 F1


Cor da semente Amarela e verde 100% amarela 75% amerela e 25% verde
Froma de semente Lisa e Rugosa 100% Lisa 75% lisa e 25% rugosa
Cor da vagem Verde e Amarela 100% verde 75% lisa e 25% amarela
Forma da vagem Lisa e Ondulada 100% longos 75% verde e 25% ondulada
Caules Longos e curtos 100% longos 75% longo e 25% curtos
Flores Axial e terminal 100% Axial 75% axial e 25% terminal
Cor das flores Púrpura e branca 100% púrpura 75% púrpura e 25 branca

Mendel percebeu que algumas características sobressaíam sobre as outras. Como explicar tal fenômeno?
Para isso vamos introduzir alguns conceitos. O primeiro deles é que há um fator hereditário, conhecido hoje por
gene, que é uma região do DNA que pode ser transcrita e traduzida em proteína, e que codifica as características.
Como o gene faz parte do DNA, ele, consequentemente está presente no cromossomo (que é uma forma estrutural
do DNA, no qual se encontra condensado). Nas espécies, esses cromossomos podem estar aos pares, célula dip-
loide, que denominamos de homólogos (cromossomos do mesmo formato, do mesmo tamanho e que carregam as
mesmas características). As espécies de ervilha estudadas por Mendel eram diploides, assim, em um determinado
par de homólogos, cada cromossomo carrega a característica cor da semente, porém pode carregar uma variação
diferente para essa característica, pode carregar o gene para cor da semente verde ou o gene para a cor da semente
amarela. Assim, o verde e o amarelo é o que chamamos de alelo, que são as variações de um mesmo gene. Esses
alelos podem apresentar relações de dominância, que é o que se observa nos resultados de Mendel. A dominância
é quando a presença de um único alelo já é suficiente para determinar a característica fenotípica, e recessividade
quando são necessárias duas cópias idênticas do alelo para produzirmos a característica fenotípica. Assim, con-
sideremos a seguinte situação: o alelo A codifica a característica amarela à cor da semente e o alelo a codifica a
característica verde. Como a planta da ervilha é diploide, ele apresentará duas cópias, isto é, possui dois alelos para
a mesma característica, os quais podem ser iguais ou diferentes. Assim, se a planta possuir no seu genoma duas
cópias AA, esta exibirá a característica amarela em suas sementes, no entanto, se esta planta apresentar no seu
genoma duas cópias aa, esta exibirá a característica verde em suas sementes. Agora, se esta planta tem no seu
genoma uma cópia do alelo A e outra cópia do alelo a, esta exibirá a característica amarela em suas sementes, uma
vez que A é dominante sobre a. Dessa forma, a característica verde só vai ser expressa quando o alelo a estiver em
dose dupla, sendo, desta forma, recessiva.

146
Cruzamento realizado por Mendel para cor de semente.

Quando o indivíduo apresenta dois alelos idênticos, ele é denominado homozigoto, como no caso dos in-
divíduos AA e aa, e quando o indivíduo apresenta apenas uma cópia de cada alelo, é denominado heterozigoto.
No próximo experimento ocorrerá o cruzamento entre dois heterozigotos (Aa). Dessa forma, como cada genitor no
memento de formação dos gametas doará apenas um alelo, teremos a seguinte configuração possível: os genitores
apresentarão 1/2 de seus gametas A e ½ a, assim teremos as seguintes probabilidades: ½ A (primeiro genótipo) x
½ A (segundo genótipo) = ¼ AA amarelo (descendentes), ½ A (primeiro genótipo) x ½ a (segundo genótipo) = ¼
Aa (descendentes), ½ a (primeiro genótipo) x ½ A (segundo genótipo) = ¼ Aa (descendentes), e a última combi-
nação possível será ½ a (primeiro genótipo) x ½ a (segundo genótipo) = ¼ aa. Assim, na F2 podemos esperar ¼
de indivíduos AA, ¼ Aa + ¼ Aa= ½ de indivíduos Aa e ¼ de indivíduos aa, como ilustrado na figura.
Dessa maneira, Mendel formulou sua primeira lei, também chamada de Lei da segregação indepen-
dente dos alelos, assim ele mostrou que, na formação dos gametas, os alelos segregam de forma independente.

Modelo teórico dos resultados obtidos por Mendel A meiose e a primeira lei

Geração P A
Célula com dois
cromossomos
homólogos
RR LL L R

Gametas
R L B

Geração F1 Cromossomos
duplicados
(duas cromátides)
L L R R

LR

C
L R
Separação dos
homólogos
L L R R
L R

Separação das
L
cromátides
LL LR D

R
L L R R
LR RR

147
Monoibridismo com dominância

Genética - o Mendelismo e o vocabulário atual


Genética - o Mendelismo e o vocabulário atual
Genótipo
Genética
Gene: Unidade Hereditária- o Mendelismo e o vocabulário atual
Constituição gênica do organismo para um dado caráter. Genes Alelos

Gene: Unidade Hereditária


Genes Alelos
Lócus: local definido
ocupado pelo gene Ocupam o mesmo
no cromossomo lócus em cromossomos
Lócus: local definido homólogos
ocupado pelo gene Ocupam o mesmo
no cromossomo lócus em cromossomos
homólogos

A A A a a a

A A A a a a

Homozigoto
Homozigoto Heterizigoto
Heterozigoto Homozigoto
Homozigoto
A/A
AA A/a
Aa a/a
aa
Homozigoto Heterizigoto Homozigoto
Representação
A/A dos genótipos possíveisA/a
para um gene que possui os alelos “A“a/ae “a”.

Fenótipo
É a característica expressa no organismo, que é resultante da interação do genótipo e do ambiente
(FENÓTIPO = GENÓTIPO + AMBIENTE). O fenótipo pode ser:
§§ Dominante: O alelo dominante é aquele que se expressa mesmo na presença de outro alelo diferente. O
indivíduo pode apresentar genótipo heterozigoto e/ou homozigoto.
Observação: nem sempre o fenótipo dominante é o mais apto ao meio.
§§ Recessivo: o alelo que só se expressa em dose dupla, ou seja em homozigose. Dessa maneira, exibe um
único genótipo.

Genética - Cruzamento - Teste


É usado para descobrir se um indivíduo com fenótipo dominante é homozigoto ou heterozigoto. O cru-
zamento-teste é um cruzamento entre um individuo dominante, que se deseja saber o genótipo, e um indivíduo
recessivo. Através da análise da proporção da prole pode se determinar o genótipo.
A_ x aa

148
Obtendo-se 100% de indivíduos dominantes, o testado é, com certeza, homozigoto - AA.
Obtendo-se 50% de dominante e 50% de recessivos, então o testado é heterozigoto - Aa.
Quando é utilizado o genitor recessivo para o teste, o processo é chamado retrocruzamento ou back-cross.

Variações da primeira lei de mendel:


interações entre alelos – a dominância incompleta ou parcial
Mendel, em seus trabalhos, verificou um tipo muito simples de interação entre alelos, a dominância com-
pleta, na qual existe um alelo dominante e um recessivo. No entanto, existem outros tipos de interações, como a
dominância incompleta. Neste tipo de interação a característica codificada por um alelo não se sobrepõe à carac-
terística determinada por outro alelo. Assim, o que observamos é o surgimento de uma característica intermediária
na prole. Abaixo o exemplo é a Mirabilis jalapa, conhecido popularmente como maravilha:
P

Vermelha (VV) Branca (BB)

F1
Rosa (VB)

F2

Vermelha Rosa Rosa Branca


(VV) (VB) (VB) (BB)
{
1 : 2 : 1

Maravilha: caso de herança sem dominância

Neste cruzamento, um indivíduo com flores vermelhas (VV) cruzando com um indivíduo de flores brancas
(BB), ambos são homozigotos. A segregação segue às leis mendelianas, assim na geração F1 há apenas indivíduos
com genótipo heterozigótico (VB), porém esse genótipo codifica uma característica diferente daquela exibida nos
indivíduos parentais, nesse caso, os indivíduos apresentam a cor rosa.

Interações entre alelos – a codominância


Outro tipo de interação é a Codominância, é o caso de dominância completa, mas diferentemente dos
casos estudados por Mendel, existe mais de um alelo dominante. Assim, quando ambos os alelos estão presentes
em um mesmo indivíduo, esse, por sua vez, expressa as características de ambos os alelos. Principal exemplo de
codominância em humanos é o sistema sanguíneo ABO, em que os alelos A e B são dominantes e o alelo O é
recessivo.

Tipos sanguíneo Genótipo


Tipo A IAIA o Iai
Tipo B IBIB o IBi
Tipo AB IAIB
Tipo O ii

Quando o indivíduo apresenta tanto o alelo A quanto o alelo B, ambos se expressam, levando à produção
de glicoproteínas A e B na membrana da hemácia, o que confere fenótipo sanguíneo do tipo AB.

149
Interações entre alelos – a letalidade
Em algumas situações a combinação entre alelos pode gerar indivíduos inviáveis. Normalmente esta
condição é condicionada pela homozigose de um determinado alelo, assim denominamos esse de alelo letal. Em
uma espécie de roedor existem dois fenótipos possíveis para cor da pelagem: amarela (AA ou Aa) ou marrom (aa),
em que a amarela é dominante sobre a marrom. Indivíduos que possuem duas cópias do alelo A, ou seja, homozig-
oto para essa característica, são inviáveis e não sobrevivem.
Gene letal em camundongo
Gene letal em camundongo
Amarelo Aa Amarelo Aa

Embrião morto
AA Amarelo Aa Amarelo Aa Aguti aa

O gene letal só se expressa, ou seja “causa a morte”, em dose


dupla (homozigose), pode ser dominante ou recessivo e
sempre alterará as proporções mendelianas esperadas.

Analisando heredogramas
A análise de padrões de herança pode prever a probabilidade de uma característica se expressar em uma
geração futura observando o comportamento desta característica nos membros de uma família (construção de
heredogramas familiares). Os heredogramas são representações gráficas das relações familiares em que pode se
apontar o genótipo e fenótipo dos indivíduos portadores de uma ou mais características. Para representação de
heredograma usa-se uma simbologia, que pode ser observada na figura a seguir

150
Abaixo um padrão de herança autossômica dominante:

I
1 2

II
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

III ?
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Heredograma representado a herança de um caráter autossômico dominante
Heredograma representando a herança de um caráter autossômico dominante.
Para começar a análise deve-se identificar o genótipo da geração I. Como sabemos que esta característica
exibe um comportamento autossômico dominante, conclui-se de início que o pai (indivíduo 1) tem um genótipo
recessivo, já que não é portador do caráter avaliado, a mãe (indivíduo 2) é portadora do caráter, e se observamos a
geração II, podemos concluir que a mãe é heterozigota para este caráter, já que na geração II há indivíduos que não
são portadores, assim o pai está passando um alelo recessivo e a mãe outro, para isso ocorrer, a mãe tem que ser
heterozigota. Agora, pode-se partir para uma avaliação da geração II, e pode-se partir para uma avaliação da ger-
ação II. Como o pai na geração I é homozigoto recessivo, ele sempre contribuirá para a geração II com uma única
variedade alélica. A mãe sendo heterozigota, pode passar tanto o alelo recessivo quanto com o dominante (50% de
probabilidade para cada alelo). Assim, todos os indivíduos portadores da geração II serão heterozigotos, herdando
o caráter avaliado da mãe e todos os não-portadores serão homozigotos recessivos, tendo herdado tanto da mãe
quanto do pai o alelo recessivo. Para todos os cruzamentos representados este mesmo raciocínio poderá ser usado.
Podem-se destacar características específicas desse tipo de um heredograma: a característica avaliada aparece
tanto em homens quanto em mulheres com a mesma frequência, filhos de casais não afetados não serão afetados.
No próximo heredograma analisaremos uma característica homozigoto recessivo (só é expresso em ho-
mozigose).
Assim como ocorre no exemplo anterior, a primeira coisa que deve ser analisada é o genótipo de geração
I. Pode-se analisar que tanto o pai quanto a mãe são portadores da característica, porém não são afetados, isto
mostra que eles apresentam um alelo recessivo e um dominante, sendo ambos heterozigotos. Dessa forma, apesar
de não serem afetados, eles podem transmitir tal característica.

I
1 2

II
1 2 3 4 5

III
1 2

IV ?
1 2 3 4
Herefograma representado um caráter autossômico recessivo.
Heredograma representando um caráter autossômico recessivo.

Na geração II percebe-se que os indivíduos 1 e 3, que são filhos dos indivíduos da primeira geração, também
são portadores e dessa forma heterozigotos, pois receberam um alelo dominante e um recessivo de cada um dos
pais. O indivíduo 5, que também é filho da geração I, é afetado, possuindo assim o genótipo homozigoto reces-
sivo, herdando um alelo recessivo do pai e um outro da mãe. Os indivíduos 2 e 4 da geração II, são homozigotos

151
dominantes, não exibindo nenhum alelo recessivo, não sendo, assim, portadores. Os descendentes da geração II
são portadores e primos em primeiro grau. Na geração III acontece um casamento consanguíneo; deste casamento
temos 4 descendentes: o indivíduo de número 1 é portador, sendo assim heterozigoto, o indivíduo 2 não é portador
nem afetado, sendo assim homozigoto dominante, o indivíduo 3 é afetado, sendo, dessa forma, homozigoto reces-
sivo e o indivíduo 4 não sabemos o sexo, porém este não é afetado nem portador, sendo dessa forma homozigoto
dominante. Através da análise do heredograma, podemos conseguir algumas características deste tipo de herança:
a probabilidade de ocorrência é igual entre os sexos, e quando acontece casamento consanguíneo aumenta a
chance de o caráter se expressar.
Concluindo:

H. Autossômica Dominante H. Autossômica Recessiva

I I

II II

III III

Todo organismo afetado “Filho diferente de pais iguais


tem necessariamente um (com o mesmo fenótipo) é
dos pais afetados! necessariamente recessivo!”

Probabilidade
O estudo da genética permite calcular a probabilidade de ocorrência de eventos ns gerações futuras.
Suponha um casal com filho portador de uma determinada anomalia, que deseja saber se um segundo filho pode-
ria também expressar essa mesma anomalia
É possível determinar probabilidade (P) como sendo o resultado da divisão do número de vezes que um
evento esperado pode acontecer (r) pelo número total de resultados possíveis (n):
r
P=
n

No lançamento de uma moeda, qual a probabilidade de o resultado ser cara? Em um único lançamento de
uma moeda, o número de vezes que cara pode acontecer (r) é 1, e o número de resultados possíveis (n), cara ou
coroa, é 2, o que permite supor uma probabilidade de ocorrência de cara igual a 1/2.
Analise estes dois casos:
1. Um casal, heterozigoto para determinada característica, deseja saber qual a probabilidade de ter uma cri-
ança com genótipo homozigoto dominante.”

mulher homem
Aa X Aa

gametas: A a A a

152
Montado o quadro de cruzamento:

Gametas A a
A AA Aa

A Aa aa

Logo,
A
P(AA) =​ ______ 1
__
a,a,a,a ​ = ​ 4 ​ou 25%
2. Um casal deseja saber qual a probabilidade de ter uma criança do sexo masculino.”

P(♂) =    Sexo Masculino (♂)    __ 1 ​ou 50%


_______________________ 2
sexo masculino; sexo feminino (♀)

A primeira lei de Mendel e a genética humana


Algumas anomalias humanas são de natureza genética, como, por exemplo:
§§ fenilcetonúria (PKU) – indivíduos homozigotos recessivos não processam o aminoácido fenilananina, o
qual se acumula no indivíduo e transforma-se em ácido fenilpiruvico. Esse ácido interfere no desenvolvimen-
to harmonioso do cérebro, o que leva ao retardamento mental;
§§ albinismo – os indivíduos recessivos são acometidos por essa anomalia, os quais não produzem melanina,
pigmento que confere cor à pele humana e animal.
§§ acondroplasia – é determinada por um alelo dominante. Pessoas com essa anomalia têm uma diminuição
no crescimento ósseo, o que resulta em fenótipo anão;
§§ polidactilia – também devido a um gene dominante, os portadores têm um dedo extra (seis dedos),
um fenótipo raro;

Polidactilia

§§ braquidactilia – devido a um alelo dominante raro, consiste em dedos curtos;


§§ doença de huntington – também causada por um alelo dominante, leva a degeneração do sistema ner-
voso, o que leva a perda de memória e de controle dos movimentos do corpo, podendo ocasionar à morte.
Manifesta-se por volta dos 40 anos.

153
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Me Salva! GEN08 - Genética: Primeira Lei de Mendel

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Leis de Mendel

www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel3.php

154
154
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

O conhecimento da genética é largamente usado para detectar probabilidades de doenças hereditárias,


aumentando as chances de tratamentos prévios. A genética também é usada na seleção de gametas saudáveis ou
com determinadas características para a realização de inseminação artificial. Não para por aí... Este assunto tam-
bém está inserido na biotecnologia e engenharia genética, além de estar presente na nossa alimentação: clonagem
e produtos transgênicos.

INTERDISCIPLINARIDADE

A história da genética está intimamente ligada a Mendel. Gregor Mendel foi pioneiro em estudar a he-
reditariedade de características. Seus estudos iniciais foram feitos com ervilhas. A experiência buscava provas de
que a passagem de características de uma geração para outra seguia uma lógica, um cálculo, uma proporção. Seu
trabalho teve grande ajuda na construção da genética, especialmente depois de sua morte, e a prática da estatística
genética passou a ser usada.
Fonte: http://biologia-molecular.info/genetica.html.

155
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 13 - Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a


manifestação de características dos seres vivos.

Os conceitos de genética são abordados principalmente aplicados no contexto médico e,


frequentemente, é acompanhado de um heredograma que precisará ser cuidadosamente
analisado pelo aluno, ou ainda as informações podem ser dadas no enunciado, exigindo
que o aluno saiba montar seu próprio heredograma e aplicar os conceitos estudados.

Modelo
(Enem 2017) O heredograma mostra a incidência de uma anomalia genética em um grupo familiar.

O indivíduo representado pelo número 10, preocupado em transmitir o alelo para a anomalia
genética a seus filhos, calcula que a probabilidade de ele ser portador desse alelo é de:
a) 0%.
b) 25%.
c) 50%.
d) 67%.
e) 75%.

156
Análise Expositiva

Habilidade 13
Para responder a esse tipo de questão, é preciso primeiro analisar quais são os alelos envol-
vidos e o tipo de herança relacionada. Em seguida, muitas vezes é necessário encontrar os
genótipos dos familiares (progenitores), a partir das informações fenotípicas apresentadas
pelos parentes próximos. Desse modo, teremos:
Alelos: a (anomalia) e A (normalidade)

Pais 7 (Aa) e 8 (Aa). Esse cruzamento apresenta as probabilidades de filhos: ½ Aa, ¼ AA e


¼ aa.
Filho 10 (A_). Como o sujeito já nasceu e sabemos que seu fenótipo é normal (dominante),
exclui-se a possibilidade dele ter genótipo homozigoto recessivo (aa). Portanto, a probabili-
dade do indivíduo 10 ser (Aa) = __​2​≅ 67%.
3
Alternativa D

157
Estrutura Conceitual
GENÉTICA
Genótipo Constituição genética

Conceitos
Homozigoto: dois alelos idênticos
Exs.: AA ou aa

Heterozigoto: dois alelos diferentes


Ex.: Aa

Fenótipo Característica que é expressa

Dominante: o alelo dominante


se expressa mesmo na
presença de outro

Recessivo: o alelo só se
expressa em dose dupla

• Lei da segregação independente dos alelos

1ª lei de Mendel • Um gene com um par de alelos

25%
A

A A
25%
A
A a A Aa a
25%
a
a a

25%
a

Variações Dominância incompleta


Forma-se um fenótipo intermediário
Exs.: VV flor vermelha; BB flor branca
VB flor rosa

Codominância
Mais de um alelo dominante e ambos se expressam
Ex.: Sistema ABO (IAIB → sangue AB)
158
3 2
1 3 Expressão gênica
e alelos múltiplos

Competência Habilidade
4 13

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Na maioria dos indivíduos, todas as células do corpo humano têm o mesmo conjunto de cromossomos
(“manual de como construir o indivíduo”), que são responsáveis pelas características e funcionamento de todo o
organismo. Mas o que faz com que a célula do cabelo tenham suas características específicas e as células do olho,
as delas? A resposta é: expressão gênica diferencial. Apesar de todas as células terem o mesmo conjunto de genes,
esses não estão ativos o tempo todo e nem em toda célula.

Controle gênico
§§ Controle espacial – nos eucariotos o controle da expressão gênica começa na formação do zigoto e vai
até o fim da vida do indivíduo. No começo, todas as células são iguais e totipotentes (células indiferen-
ciadas), são também denominadas de células-tronco, devido à alta capacidade de diferenciação. Em um
determinado momento do desenvolvimento, a célula se especializa. Nesse momento ocorre o “liga” e “des-
liga” de genes. Em Drosophila melanogaster, estudos mostraram resultados significantes, em que diferentes
proteínas são expressas em locais específicos do embrião. Neste caso, o desenvolvimento de cada estrutura
nos adultos depende da posição das distintas células no embrião.
§§ Controle temporal – certos genes são acionados em tempos diferentes do desenvolvimento. Um exemplo
desse processo é a expressão da hemoglobina. O genoma humano possui um grande grupo de genes que
levam à produção das hemoglobinas, proteína que transporta o oxigênio no sangue. No desenvolvimento
humano, para formar três tipos de hemoglobina, nove genes de globinas se combinam. Cada hemoglobina
atua em distintos estágios da vida.
§§ Controle ambiental – os indivíduos necessitam agir rapidamente em relação a mudanças no ambiente. A
indução gênica acontece quando condições externas acionam genes. Respostas à luz e calor são dois tipos
de indução bem conhecidos.

Controle transcricional da expressão gênica


Um gene é formado basicamente por 3 regiões: região promotora, região codificante e região terminal. A
região promotora é a sequência que indica o início da transcrição, é local onde a RNA polimerase se liga para fazer
a produção do RNA mensageiro. A região codificante é aquela que será transcrita em RNA mensageiro. E a região
terminal é a sequência que indica o final da transcrição.
Gene

Região Região Região


promotora codificadora terminal
5’

3’
Região de ínicio Região terminal
da transcrição de transcrição
Representação das regiões de um gene

Durante o processo de transcrição em eucariotos, ocorre a maior parte do controle da expressão gênica. Para
que ocorra a transcrição, esse gene tem de estar ativo (ligado). Após a produção do RNA mensageiro, este vai para
o citoplasma para ser traduzido em proteínas no ribossomo. Sendo assim, a tradução é outro ponto de controle da
expressão gênica. O processo de transcrição é regulado por uma série de fatores, como: 1) acessibilidade do DNA,

161
2) regulação por outros genes e 3) sinais enviados aos genes por outras células, na forma de hormônios.
1. Acessibilidade do DNA – para ligar os genes é necessário um estimulo específico, já que normalmente
os genes estão desligados. Os genes podem estar desligados de duas maneiras:
A. O empacotamento: a molécula de DNA empacotada, espiralizada ou condensada não consegue ser
transcrita, já que os fatores de transcrição, como a RNApolimerase, não conseguem se ligar ao DNA
condensando para fazer a transcrição.

Cromatina não
condensada

Cromatina
condensada

Representação da cromatina com regiões condensadas e outras não

B. Repressores: proteínas podem se ligar ao sítio de ligação da RNA polimerase na região promotora,
impedindo que essa enzima se ligue e realize sua função, que é transcrever o DNA em RNA mensageiro.
Essas proteínas bloqueadoras denominam-se repressoras.

2. Regulação por outros genes – há genes que podem aumentar as taxas de transcrição ou podem dimi-
nuir essa taxa, assim podem regular a expressão dos genes.
3. Hormônios – são substâncias normalmente produzidas longe do seu local de ação, então são liberadas na
corrente sanguínea para atingir os alvos (podem afetar vários tecidos ao mesmo tempo). Os hormônios são
importantes na comunicação intracorpórea, e também podem participar do controle da expressão de genes.
Um exemplo são esteroides e proteínas receptoras, que podem formar um complexo que penetra no núcleo
celular para agir como um fator de transcrição, que aciona genes específicos.

Controle gênico posterior à transcrição


Depois da transcrição, quando já se formou o RNA mensageiro, essa molécula pode representar outro ponto
da regulação da expressão gênica.
A. Splicing do RNA – O RNA eucariota possui regiões codificantes, que serão traduzidas em proteínas,
chamadas de éxons, e possui regiões não-codificantes, que não serão traduzidas em proteínas, chama-
das de íntrons. Antes do RNA mensageiro entrar no ribossomo para ser lido é necessária a retirada desse
material não-codificante presente nessa molécula de RNA que, nesse caso, é o íntron. Um RNA mensa-
geiro pode conter vários íntrons. À retirada dos íntrons dá-se o nome de splicing ou maturação do RNA.

162
Além da retirada dos íntrons, esse processo também permite o rearranjo dos éxons, e assim, formação
de várias proteínas a partir do mesmo RNA. Esta flexibilidade genética explica como pode ser fabricada
uma quantidade tão grande de proteínas com tão poucos genes.

DNA

Transcrição

pre-mRNA
Splincing
Alternativo

mRNA

Translação

proteína

“Splicing” alternativo de um transcrito com quatro éxons e três íntrons

B. Silenciamento do mRNA – depois da transcrição, os genes podem ser regulados através do silencia-
mento (ou interferência) do mRNA, que consiste em impedir a sua tradução.
C. Data de validade dos mRNA – logo após que o mRNA é transcrito e tem seus íntrons removidos, é
levado para o citoplasma. A partir desse momento, pode iniciar-se a destruição do RNAm, pois as enzi-
mas presentes no citoplasma começam a atacá-lo assim que ele chega. Assim, os RNAm têm tempo de
vida relativamente curto.

Controle gênico na tradução


A. Local da tradução: alguns genes apresentam a tradução restrita em locais específicos do citoplasma.
Os embriões usam esta estratégia no desenvolvimento. Proteínas são produzidas em lados distintos do
ovo para criar, por exemplo, a região anterior e posterior do embrião.
B. Modificações que ocorrem durante a tradução: Apenas a chegada do RNA no citoplasma não
é suficiente para que ocorra a tradução. Certos genes são limitados por determinadas condições que
impedem que a tradução aconteça. Como, por exemplo, um óvulo não-fertilizado possui muitos RNAm
produzidos pela fêmea. A tradução acontece no óvulo não fecundado, mas é lenta e seletiva. Quando o
espermatozoide penetra no óvulo, ocorrem várias modificações originadas pela tradução do RNAm que
já estava no citoplasma.
Algumas células fabricam RNAm, mas retardam sua tradução até que certas condições estejam adequadas.
Por exemplo, proteínas que necessitam se ligar a íons de ferro só são traduzidas quando o ferro está disponível,
mesmo que o RNAm seja fabricado o tempo todo. Outro exemplo, a insulina, é um hormônio que controla os níveis
de glicemia sanguínea e também regula a tradução de alguns genes, que é impedida na ausência de insulina.

163
Alelos múltiplos
Ilustração Padrão Fenotípico Genótipo

Aguti - Colorido CC Ccch Cch Cc

Chinchila - Cinza prateado


(mistura de preto e branco) cchcch cchch cchc

Himalaio - Branco com


extremidades (orelha, focinho chch chc
e patas) pretas

Albino - Branco cc

Alelos múltiplos ou polialelia ocorre quando existem mais de 2 alelos para um mesmo gene (mesma caracte-
rística). São clássicos os exemplos de polialelia: da cor da pelagem em coelhos (exemplo a cima), além da já citada
determinação do sistema ABO em humanos.
Relembrando, genes alelos são aqueles que ocupam os mesmos locus gênicos nos cromossomos homólo-
gos, e que, portanto, codificam a mesma característica, representam apenas uma variação desta. A cor da pelagem
em coelhos, por exemplo.
Há quatro fenótipos possíveis na cor da pelagem em coelhos:
§§ agutí (ou selvagem): os pelos de cor castanho-acinzentada;
§§ chinchila: cor da pelagem é cinzenta;
§§ himalaia: em que o corpo é coberto de pelos brancos, à exceção das extremidades onde os pelos são pretos; e
§§ albino: cor da pelagem inteiramente branca.
Os quatro fenótipos devem-se a quatro alelos diferentes: C (aguti), cch (chinchila), ch (himalaia) ca (albino),
os quais apresentam uma relação de dominância entre si, representada a seguir: C > cch > ch > ca. A diferença
entre a cor na pelagem do coelho e a cor da semente das ervilhas se deve à ação de um número maior de alelos
(4) em relação aos dois alelos clássicos. Contudo, a primeira Lei de Mendel continua sendo observada, ou seja,
para a determinação da cor da pelagem, o coelho apresentará em seu genoma dois dos quatro genes. Nesse
padrão de herança uma característica marcante é que o número de genótipos e fenótipos é maior, se comparado
a um modelo clássico, como a cor das sementes de ervilha. Acredita-se que o surgimento de polialelia se deve a

164
ocorrência de mutações. A presença de alelos múltiplos é importante para a espécie, uma vez que existirá maior
variabilidade genética, o que acresce as possibilidades de sobrevivência no meio, dessa forma, as mutações teriam
sido positivamente selecionadas. Como exemplo, vamos propor um cruzamento com as respectivas proporções de
genótipos e fenótipos:

165
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Regulação da Expressão Gênica em Eucariotos

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Leis de Mendel

www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel10.php

166
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 13 - Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a


manifestação de características dos seres vivos.

Os conceitos de genética e expressão gênica são abordados principalmente aplicados no con-


texto médico e pode ser acompanhado de um heredograma que precisará ser cuidadosamente
analisado pelo aluno, ou ainda as informações podem ser apresentadas no enunciado, exigindo
que o aluno saiba montar as relações familiares e aplicar os conceitos estudados. Além disso, as
questões ainda podem exigir do aluno conhecimentos de citologia e gametogênese.

Modelo
(Enem) O formato das células de organismos pluricelulares é extremamente variado. Existem célu-
las discoides, como é o caso das hemácias, as que lembram uma estrela, como os neurônios, e ainda
algumas alongadas, como as musculares.
Em um mesmo organismo, a diferenciação dessas células ocorre por:
a) produzirem mutações específicas.
b) possuírem DNA mitocondrial diferentes.
c) apresentarem conjunto de genes distintos.
d) expressarem porções distintas do genoma.
e) terem um número distinto de cromossomos.

Análise Expositiva

Habilidade 13
Todas as células do organismo apresentam o mesmo conjunto de cromossomos; no entanto,
a cromatina pode apresentar diferentes regiões condensadas (inativas) ou descondensadas
(ativas), dependendo do tipo e função da célula. A expressão diferencial dos genes determi-
na as diferenças morfológicas e fisiológicas entre os diferentes tipos celulares de um mesmo
organismo.
Alternativa D

167
Estrutura Conceitual

CONTROLE DE EXPRESSÃO GÊNICA

Espacial Posição da célula no embrião

Temporal Fase do desenvolvimento do organismo

Ambiental Luminosidade, temperatura etc.

Empacotamento
Acessibilidade do DNA
Repressores

Transcricional Regulação por outros genes

Hormônios

Splicing do RNA

Pós-transcricional Silenciamento do RNAm

Tempo de vida do RNAm

Local da tradução no citoplasma


Traducional
Modificações que ocorrem durante a tradução

Alelos múltiplos

• Mais de dois alelos para o mesmo gene

• Forma-se um número maior de genótipos e fenótipos para o mesmo gene

• Maior variabilidade genética

168
3
33 4
Sistema ABO

Competência Habilidades
4 13 e 15

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Determinação dos grupos sanguíneos - sistema ABO
O sistema ABO é o caso mais conhecido de alelos múltiplos na espécie humana. Sem conhecimentos sobre
genética, no passado, vários casos de transfusão sanguínea geraram óbitos. Por quê? Porque transfusão sanguínea
entre indivíduos não-compatíveis geram reações imunológicas do tipo antígeno-anticorpo, que causam aglomera-
ção de células em vasos sanguíneos, obstruindo-os.
Depois de muitos estudos nessa área, foram identificados e classificados quatro tipos sanguíneos (fenóti-
pos): A, B, AB e O. Foram classificados de acordo com presença, ou ausência, de tipos de glicoproteínas nas mem-
branas das hemácias, chamadas aglutinogênios. Se a hemácia tem glicoproteína diferente entre o indivíduo doa-
dor e receptor, essas glicoproteínas funcionam como antígenos (moléculas que têm a capacidade de produzir uma
resposta imunológica). As aglutininas são anticorpos do sistema ABO, e estão presentes em condições normais,
sem necessidade de sensibilidade do sistema. Assim, indivíduos de fenótipo A têm nas hemácias aglutinogênio A
e no plasma aglutinina anti-B. Indivíduos de fenótipo B têm nas hemácias aglutinogênio B e no plasma aglutinina
anti-A. Indivíduos de fenótipo AB possuem os dois aglutinogênios, mas não possuem nenhuma das aglutininas.
E indivíduos de fenótipo do grupo O (originalmente “zero”) não apresentam aglutinogênio nas hemácias, mas
possuem as duas aglutininas no plasma.

Grupo A B AB O

Tipos de
hemácias

Aglutinogênios
Nenhum
presentes
Aglutinogênio A Aglutinogênio B Aglutinogênio A e B

Anticorpos Nenhum
presentes
Anti-B Anti-A Anti-A & Anti-B

Tipos sanguíneos do sistema ABO. Os aglutinogênios estão na membrana das hemácias.

A herança dos grupos sanguíneos no sistema ABO


Entre os alelos que determinam o tipo sanguíneo ocorrem dois tipos de relação: dominância e codomi-
nância. A produção de aglutinogênios A e B é determinada, respectivamente, pelos genes IA e IB, enquanto o alelo
i, condiciona a não-produção de aglutinogênios. Fica claro que se trata de um caso de alelos múltiplos. Entre os
genes IA e IB há codominância (IA = IB), mas cada um deles domina o gene i (IA > i e IB > i). Observe a tabela.

171
Possíveis fenótipos e genótipos do sistema ABO

Fenótipos Genótipos
A IAIA, IA i

B IBIB, IB i

AB IAIB

O ii

Para descobrir o tipo sanguíneo usa-se um método teste de amostras de sangue com aglutininas anti-A e
anti-B. Observe na ilustração:
Grupo O

Soro anti-B Soro anti-A

Grupo A

Soro anti-B Soro anti-A

Grupo B

Soro anti-B Soro anti-A

Grupo AB

Soro anti-B Soro anti-A

Em transfusões sanguíneas, é de suma importância observar as características particulares de cada tipo sanguíneo.

Uma pessoa do tipo sanguíneo A tem nas suas hemácias aglutinogênio A e no plasma aglutinina anti-B,
assim, se receber sangue B, ocorrerá uma reação imunológica entre a aglutina anti-B do plasma do receptor (In-
dividuo do tipo A) e o aglutinogênio B da hemácia do doador (Individuo do tipo B). Podemos usar essa lógica na
transfusão oposta, individuo do tipo A doa para individuo do tipo B. O tipo O como não apresenta aglutinogênio na
hemácia, pode doar para qualquer tipo sanguíneo que não ocorrerá nenhuma reação imunológica (não há “nada”
na membrana da hemácia para ser reconhecido como algo estranho). Por isso, que o tipo O é doador universal.
Pessoas do tipo AB, diferente do tipo O, não apresentam nenhuma aglutinina no plasma, podendo receber sangue
de qualquer grupo sanguíneo, por isso é receptor universal.

172
Teoria na prática
1. O marido de um casal é do tipo sanguíneo A, filho de pais AB; e a esposa é do tipo B, filha de pai AB e mãe
O. Qual a probabilidade de eles terem dois filhos, o primeiro do sexo masculino com tipo sanguíneo AB, e o
segundo do sexo feminino do grupo A?

Resolução:
A genealogia dessa família está representada abaixo. A determinação de tipos sanguíneos das duas crianças
são eventos independentes. A probabilidade obtida para o primeiro descendente AB do sexo masculino deve
ser multiplicada pela probabilidade obtida para o segundo descendente A do sexo feminino.

A probabilidade de o primeiro descendente ser do grupo AB é 1/2 e de ser do sexo masculino é igual a 1/2.
Logo, P ( e AB) = 1/2 × 1\2 = 1\4.

Seguindo o mesmo raciocínio, a probabilidade de que o segundo descendente seja do grupo A é 1/2 e de
ser do sexo feminino é 1/2. Assim, P( e A) = 1/4.

AB AB AB O
I AI B I AI B I AI B ii

A B
I AI A I Bi

1.a criança 2.a criança


,AB ,A

Para que os eventos ocorram nessa ordem, deve-se considerar a probabilidade do primeiro e a do segundo,
isto é:
P ( , AB) = __ ​ 1 ​ × __​  1 ​ = __ ​  1 ​
2 2 4
​ 1 ​ × __
P ( , A) = __ ​ 1 ​ = __ ​ 1 ​
2 2 4
P ( e AB) e P ( e A) = __ ​ 1 ​ × __ ​ 1 ​ = __
​  1  ​
4 4 16

Fenótipo Bombaim
As glicoproteínas A e B, que podem estar presentes na hemácia dos indivíduos, são produzidas com auxilio de
uma enzima que transforma uma substância precursora em antígeno H, e depois este virará antígeno A ou B. Indivíduos
com os genótipos HH ou Hh, produzem o antígeno H e, consequentemente, podem produzir os antígenos A e B. Já um
indivíduo hh não produz antígeno H e não pode produzir o antígeno A e nem o B.
§§ Genótipo do indivíduo: HH ou Hh e IAIA OU IAi (tipo A).
§§ Genótipo do indivíduo: hh e IAIA OU IAi (falso tipo O).
A relação a cima vale pra os demais tipos sanguíneos (B, AB e o próprio O).
Esse é o fenótipo Bombaim, descoberto na cidade de mesmo nome. Para descobrir o fenótipo do falso, basta
pingar uma gota de seu sangue em uma lâmina e colocar o anticorpo anti-H. Se ocorrer aglutinação, o indivíduo possui
o antígeno H e é um “sangue verdadeiro”. Se não ocorrer aglutinação, não existe o antígeno H; assim, o indivíduo é hh,
um falso O. O fenótipo Bombaim é extremamente raro, pois o gene h tem uma frequência muito baixa na população.

173
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo O QUE SÃO OS TIPOS SANGUÍNEOS? | Sistema ABO | ...

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Sistema ABO de grupos sanguíneos

www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel11.php

174
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 13 - Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a


manifestação de características dos seres vivos.

Os conceitos de genética são abordados principalmente aplicados no contexto médi-


co e podem ser acompanhados de um heredograma que precisará ser cuidadosamente
analisado pelo aluno, ou ainda as informações podem ser apresentadas no enunciado,
exigindo que o aluno saiba montar as relações familiares e aplicar os conceitos estuda-
dos. Além disso, as questões ainda podem exigir do aluno conhecimentos de citologia,
gametogênese e imunologia.

Modelo
(Enem 2017) Uma mulher deu à luz o seu primeiro filho e, após o parto, os médicos testaram o
sangue da criança para a determinação de seu grupo sanguíneo. O sangue da criança era do tipo O+.
Imediatamente, a equipe médica aplicou na mãe uma solução contendo anticorpos anti-Rh, uma
vez que ela tinha o tipo sanguíneo O–.
Qual é a função dessa solução de anticorpos?
a) Modificar o fator Rh do próximo filho.
b) Destruir as células sanguíneas do bebê.
c) Formar uma memória imunológica na mãe.
d) Neutralizar os anticorpos produzidos pela mãe.
e) Promover a alteração do tipo sanguíneo materno.

Análise Expositiva

Habilidade 13
A solução contendo anticorpos anti-Rh, aplicada na mãe após o parto de seu filho O+, tem a
finalidade de destruir as células sanguíneas do bebê que poderiam desencadear uma respos-
ta imunológica ativa na mãe e, consequentemente, a ocorrência da doença hemolítica nos
próximos filhos Rh+. Isso ocorre sempre que a mãe possui sangue do tipo Rh–, o pai, Rh+ e o
filho nasce com o fenótipo positivo.
Alternativa B

175
Estrutura Conceitual
SISTEMA ABO

Aglutinogênio: glicoproteína na membrana da hemácia


Conceitos
Aglutinina: anticorpos

Fenótipo A B AB O

Genótipo IAIA, IAi IBIB, IBi IAIB ii

Aglutinogênio A B AeB nenhum

anti-A
Aglutinina anti-B anti-A nenhum
anti-B

176

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