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Biologia para

vestibular medicina
5ª edição • São Paulo
2019

C N
5
CIÊNCIAS DA NATUREZA
BIOLOGIA
e suas tecnologias
Joaquim Matheus Santiago Coelho e Larissa Beatriz Torres Ferreira
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019
Todos os direitos reservados

Autores
Joaquim Matheus Santiago Coelho
Larissa Beatriz Torres Ferreira
Diretor geral
Herlan Fellini
Coordenador geral
Raphael de Souza Motta
Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica
Hexag Sistema de Ensino
Diretor editorial
Pedro Tadeu Batista

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Bruno Alves Oliveira Cruz
Eder Carlos Bastos de Lima
Iago Kaveckis
Letícia de Brito
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Foto da capa
pixabay (http://pixabay.com)

Impressão e acabamento
Meta Solutions

ISBN: 978-85-9542-XXX-X

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o
ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição
para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre
as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qual-
quer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

2019
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CARO ALUNO

O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações
nos principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu
conteúdo enriquecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019.
Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores.
No total, são 105 livros e 6 cadernos de aula.

O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno

realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar.

Todo livro é iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais abordados
nos principais vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional.
O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma:
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões
propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam
as explicações dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de
informações para o estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos.
TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS)
Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses
compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais aces-
sível e de bom entendimento aos olhos do estudante.
Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula.
INTERATIVIDADE
Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar
o repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do
aluno. Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado
com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante.
INTERDISCIPLINARIDADE
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
de hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e
química, história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações
que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante
consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
APLICAÇÃO NO COTIDIANO
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando
o contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas”
de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção "Aplicação no Cotidiano". Como o próprio
nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm
contato em seu dia a dia.
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES
Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve
conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
dessas habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expo-
sitiva, descrevendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurá-las na sua prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade.
ESTRUTURA CONCEITUAL
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um
deles é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos
principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios.
A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para
o seu sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina.

Herlan Fellini
SUMÁRIO
BIOLOGIA
MORFOLOGIA VEGETAL
Aulas 35 e 36: Angiospermas II 7
Aulas 37 e 38: Morfofisiologia vegetal I 21
Aulas 39 e 40: Morfofisiologia vegetal II 39
Aulas 41 e 42: Morfofisiologia vegetal III 53
Aulas 43 e 44: Morfofisiologia vegetal IV 67

SISTEMAS FISIOLÓGICOS
Aulas 35 e 36: Sistema respiratório 83
Aulas 37 e 38: Sistema digestório 97
Aulas 39 e 40: Sistema urinário 115
Aulas 41 e 42: Sistema nervoso 131
Aulas 43 e 44: Órgãos dos sentidos 153

IMUNOLOGIA E GENÉTICA
Aulas 35 e 36: Fator Rh e imunologia básica 171
Aulas 37 e 38: Segunda lei de Mendel 187
Aulas 39 e 40: Linkage e mapas cromossômicos 197
Aulas 41 e 42: Herança e sexo 207
Aulas 43 e 44: Interação gênica 221
Abordagem de MORFOLOGIA VEGETAL nos principais vestibulares.

FUVEST
Exige um bom domínio sobre os diferentes tecidos vegetais e suas funções, procurando correlacioná-
-las comparando os principais grupos vegetais e seus históricos evolutivos. Sempre procura fazer o
aluno pensar nos conceitos de cada tecido vegetal, sem muitas cobranças de nomes menos usuais.

LD
ADE DE ME
D
UNESP
U

IC
FAC

INA

BO
1963
T U C AT U Bem mais simples, a Unesp cobra os conceitos clássicos de morfologia vegetal. Ela foca em con-
teúdos mais simples e bem comuns dentro da matéria do ensino médio, perguntando nomes das
estruturas mais comuns e suas funções. Para tanto, o aluno precisa entender os principais concei-
tos e nomenclaturas; com isso, ele consegue dar uma resposta direta e sem perder muito tempo.

UNICAMP
Vai direto ao ponto, sempre aplicando os conhecimentos de botânica em situações do dia a
dia, procurando uma resposta investigativa do aluno. Mesmo não sabendo o nome exato da
estrutura, o aluno pode dar uma boa resposta na questão, pois a Unicamp procura um raciocínio
intuitivo nas suas perguntas, e não uma simples memorização de nomes e estruturas.

UNIFESP
Com uma complexidade mais elevada, a Unifesp cobra um domínio elevado dos assuntos de botânica,
sempre correlacionando com desenvolvimento e evolução. Perguntas menos intuitivas e que fazem
o estudante, mesmo que bem preparado, gastar um bom tempo pensando bastante. Além de saber
os nomes dos tecidos, o aluno precisa correlacionar a função e o desenvolvimento do mesmo, em
diferentes órgãos da planta.

ENEM/UFMG/UFRJ
Cobrado com menor frequência, mas com mais complexidade, a Ufrj utiliza diferentes recursos para
perguntar sobre morfologia vegetal, apresentando gráficos, desenhos e textos explicativos, com um
perfil bem científico de elaborar suas perguntas. Não é nada intuitivo, fazendo o aluno gastar tempo
pensando em uma resposta. Já o Enem não cobra muito esse assunto, pedindo conceitos bem básicos
e de fácil associação para quem estudou essa matéria.

UERJ
Como sempre, a Uerj cobra bastante em suas questões. Com enunciados bem elaborados e apresen-
tando uma situação-problema, ela quer que o aluno identifique o conceito central e que ele dê uma
resposta simples e direta, mas quase sempre cobrando pontos muito aprofundados sobre o tema.
3 6
5 3 Angiospermas II

Competências Habilidades
1, 4 e 8 3, 4, 13, 14, 16 e
29

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo de energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar altera-
H9
ções nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e (ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e (ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Fruto
A partir do desenvolvimento e crescimento do ovário , após a dupla fecundação que ocorre no óvulo, origi-
na-se o fruto. Os frutos verdadeiros são compostos por três partes: o epicarpo, o mesocarpo e o endocarpo.
Ao conjunto das três partes dá-se o nome de pericarpo.

Epicardo

Mesocarpo

Endocarpo

O pericarpo pode armazenar substâncias de reserva, os quais denominam-se de frutos carnosos. No entan-
to, há pericarpos que não possuem substâncias acumuladas. Estes são chamados de frutos secos.

Frutos carnosos
§§ Baga – Geralmente, possui várias sementes que são facilmente separáveis do fruto. Ex.: abóbora, goiaba,
mamão, pepino, pimentão, tomate, uva.

§§ Drupa – possui mesocarpo carnoso e endocarpo duro, compondo o caroço no interior do qual se localiza
uma semente. Ex.: ameixa, azeitona, manga, pêssego.
Epicarpo

Mesocarpo

Endocarpo
endurecido.

“Caroço” cortado. A “parede” do


caroço é o endocarpo endurecido.
A semente fica dentro do caroço.

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Frutos secos
Os frutos secos podem ser classificados em deiscentes (o pericarpo se rompe possibilitando a liberação
das sementes) e indeiscentes (o pericarpo não se rompe, deixando as sementes armazenadas no seu interior).

Folículo

Legume Cápsula Aquênio

Lomento

Fruto simples secos - Deiscentes

Cariopse

Aquênio Noz
Cápsula

Lomento
Sâmara

Frutos simples secos - Indeiscentes

Algumas das funções do fruto envolvem a proteção e disseminação das sementes. Assim, os frutos carnosos
mostram-se atraentes aos olhos dos dispersores, já que são recursos alimentares importantes a esses animais. Quando
maduros exibem cores chamativas, liberam odores atrativos, apresentam-se bastante suculentos e com a casca amo-
lecida.Os animais alimentam-se das reservas dos frutos, e assim espalham as sementes e garantem a dispersão das
espécies. Já os frutos secos, equipados de espinhos ou ganchos, aderem ao corpo dos animais, dessa forma dispersam
as sementes. Outros providos de expansões aladas e pelos são dispersos pelo vento.

Pseudofrutos
Simples

Representados por frutos comestíveis que se desenvolvem de outras partes da flor. Assim, temos:
§§ Caju – a parte comestível é o pedúnculo floral e o fruto verdadeiro (o ovário desenvolvido) é a castanha-
-de-caju (aquênio);
§§ Maçã, pera e marmelo – a parte suculenta é o receptáculo floral que está envolvendo o fruto verdadeiro.

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Múltiplo
§§ Morango – há um único receptáculo desenvolvido, o qual apresenta grande número de frutículos.

receptáculo

crescimento
Figo
receptáculo do receptáculo
Maçã
sépala restos de flores
haste da flor femininas

semente restos de flores


masculinas
receptáculo
receptáculo (parte
comestivel)
Morango fruto com ovário (fruto
uma semente sépalas fruto pseudofruto
verdadeiro)

Exemplos de pseudofrutos

Composto (infrutescência)
Origina-se do desenvolvimento de uma inflorescência, ou seja, várias flores reunidas, como é o caso do abacaxi,
da espiga de milho, do figo etc.

A dispersão dos frutos


As flores e os frutos podem ser classificados de acordo com os agentes polinizadores e agentes de disper-
são, respectivamente.
§§ Frutos anemocóricos: frutos ou sementes extremamente leves podem se dispersar através do vento. As
sementes da maioria das orquidáceas são dispersas pelo vento. Outros frutos têm abas, que atuam como
“asas”, normalmente formadas por partes de perianto. O dente-de-leão forma um conjunto de plumas que
auxilia a manter os frutos leves. Outras plantas têm a própria semente com abas ou pelos. Algumas plantas
lançam sementes para o alto, como é o caso do Impatiens (beijo-de-frade).

§§ Frutos hidrocóricos: sementes e frutos de plantas que se desenvolvem dentro ou próxima a água são
adaptadas para flutuação, devido aos tecidos lacunosos que armazenam ar. Nesse contexto, os agentes
dispersores podem ser a chuva e também as correntes marítimas, como é o caso do coco-da-baía.

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Semente
A semente é o óvulo maduro fecundado das fa-
nerógamas (gimnosperma e angiosperma), que é for-
mada por tegumento ou casca (constituído por duas
partes, a testa e o tegmen), o embrião e o endosperma.

envoltório

endosperma
(albúmen)
§§ Frutos zoocóricos: muitos vertebrados, como
aves e mamíferos, alimentam-se dos frutos carnosos embrião

e sementes, as quais são disseminadas no meio, já


que estas passam intactas pelo trato digestório des- Origem e estrutura da semente
ses animais.

Endosperma secundário ou albúmen


Lembrando que as mudanças nos frutos carnosos
ocorrem devido ao seu amadurecimento. Algumas dessas
mudanças são: o amolecimento geral do fruto, a elevação
O endosperma das angiospermas é chamado de
do conteúdo de açúcar e a modificação da cor. Quando
endosperma secundário, e é um tecido triploide (3n) de
imaturos, os frutos podem ter um gosto desagradável, o
reserva, usada no desenvolvimento inicial do embrião
que desencoraja os animais a comê-los. As transforma-
até que este seja capaz de realizar fotossíntese e sus-
ções que acompanham o amadurecimento do fruto são
tentar-se. O endosperma pode variar a localização, as-
um sinal de que está pronto para o consumo, e, conse- sim sementes maduras podem apresentar ou não essa
quentemente, as sementes estão maduras, prontas para estrutura. Assim, as gramíneas, como o arroz, o milho e
dispersão. Muitos frutos apresentam uma coloração aver- o trigo apresentam o endosperma, no entanto, as se-
melhada quando maduros, apesar dessa coloração não mentes de ervilha, feijão e soja não têm este tecido.
ser visível para muitos insetos, essa faixa de cor é muito Quando o endosperma está presente, essa reserva fica
evidente para vários pássaros e mamíferos. Em outras armazenada nos cotilédones, que são as folhas primor-
plantas, os frutos e sementes podem ser dispersos atra- diais do embrião.
vés da aderência nos pelos ou penas dos animais. Sendo
assim, essas sementes possuem estruturas de aderência, Embrião
como espinhos, ganchos, barbas, entre outras.
É composto por duas partes: radícula e caulí-
culo, que é subdividido em hipocótilo e epicótilo,
baseando-se na inserção dos cotilédones. No ápice
do caulículo, há uma gema apical denominada de gê-
mula ou plúmula. As monocotiledôneas, só possuem
um cotilédone, que age na digestão e absorção do en-
dosperma. As eudicotiledôneas possuem geralmente
dois cotilédones, ricos em substância de reserva. Nas
gramíneas, há o coleóptilo, um capuz que protege e re-
cobre o epicótilo, uma folha modificada para a proteção
do caulículo.

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monodotiledônea
endosperma primeiras
epicótilo
cotilédone tegumento coleóptilo folhas
coleóptilo
epicótilo
hipocótilo
radícula raiz
radícula hipocótilo
tegumento fusionado primeiras folhas
com a parede do ovário

epicótilo hipocótilo eudicotiledônea

tegumento hipocótilo
cotilédone
radícula

tegumento

cotilédone radícula raiz

A germinação da semente
A semente madura contém um embrião em estado de dormência, ou seja, metabolicamente inativo, capaz de
aguentar condições adversas do ambiente. A semente possui uma quantidade considerável de reserva, e essa quantida-
de é variável. As reservas das sementes são compostas por lipídios e fornecem grandes quantidades de energia para o
desenvolvimento do embrião. Além de lipídios, possuem carboidratos, proteínas, ácidos nucleicos, coenzimas, vitaminas,
enzimas e sais minerais. A quantidade dessas substâncias varia de semente para semente, apesar de o teor de água ser
sempre mais baixo (5% a 20% do peso fresco), o que contribui para o baixo metabolismo da semente.
A absorção de água é o primeiro fenômeno que ocorre durante a germinação (esse processo envolve o processo
de osmose). A entrada de água na célula promove a ativação da enzima que faz a hidrólise do amido (reservas insolúveis),
formando a molécula de glicose. Esse carboidrato é usado na respiração celular da plântula para fornecer energia para
o seu crescimento. Outras substâncias podem ser quebradas para serem usadas na respiração para produção de ATP
(energia). Após os tecidos de reservas (endosperma) serem gastos, esses desaparecem, como ocorre com os cotilédones
(secam e morrem). A temperatura e o teor de oxigênio do meio ambiente são fatores determinantes para a germinação
das sementes.

Classificação das angiospermas


A classificação das angiospermas baseia-se no número e cotilédones presentes no embrião. Cotilédone
consiste em uma folha primordial do embrião, a qual pode conter ou não reservas do endosperma da semente.
§§ Monocotiledôneas: são plantas que possuem embriões com apenas um cotilédone. Ex: arroz, centeio, trigo,
milho, cevada, cana-de-açúcar, entre outras.
§§ Eudicotiledôneas: são plantas que possuem embriões com dois cotilédones. Ex: ervilha, soja, feijão, amen-
doim, lentilha, entre outras.
Esses dois grupos se diferenciam com relação a essas características a seguir:
§§ Folhas – as monocotiledôneas possuem folhas com nervuras paralelas (paralelinérveas), enquanto nas
eudicotiledôneas, as nervuras das folhas são ramificadas (reticuladas).
§§ Flores – as monocotiledôneas apresentam flores trímeras, ou seja, suas pétalas são sempre três ou um nú-
mero múltiplo de três, e esta característica é valida para sépalas, estames, carpelos). Já nas eudicotiledôneas,

13
as flores são tetrâmeras e pêntameras com quatro, cinco ou múltiplos de quatro e cinco elementos florais.
§§ Raiz – nas monocotiledôneas, a raiz é do tipo fascículada e nas eudicotiledôneas a raiz é axial ou principal.
§§ Caule – nas monocotiledôneas, o caule possui vasos condutores que se dispõem espalhados irregularmente; e
nas eudicotiledôneas, o caule possui os vasos condutores dispostos de forma regular na periferia.

Monocotiledôneas
Raiz Flores Caule Folha Semente Exemplos

Arroz, orquídea,
palmeira,
coqueiro,
trigo, abaca-
Em geral, não xi, banana,
forma tronco cana-de-açúcar,
e não cresce milho, grama.
Fasciculada;
Apresenta estrutura, em espessura. Costuma ser estreita,
os ramos
isto é, os elementos Apresenta caules com nervuras para- Um cotilédone
radiculares são
florais são três ou herbáceos, colmos, lelas e bainha geral- reduzido, sem reserva.
equivalentes
múltiplos de três. bulbos e rizomas. mente desenvolvida.
em tamanho.
Os feixes vascula-
res são dispostos
irregularmente.

Eudicotiledôneas
Raiz Flores Caule Folha Semente Exemplos

Beterraba,
feijão, café,
soja, alface,
amendoim,
Têm estrutura Normalmente com eucalipto
tetrâmera ou pen- crescimento em
Geralmente é
Pivotante tâmera, isto é, os espessura. São comuns
larga, com ner-
ou axial. elementos florais caules lenhosos. Dois cotilédones
vuras reticuladas
Têm raiz em são em número Os feixes vasculares são com ou sem reserva
e bainha quase
eixo principal. de quatro ou cin- dispostos em círculo.
sempre reduzida.
co, ou múltiplos Em muitas espécies
desses números. formam-se troncos.

14
15
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Germinação e desenvolvimento das plantas


Fonte: Youtube

Vídeo Flor de pera para lapso de tempo de inchaço de frutas...

Fonte: Youtube

Vídeo Experimentoteca - Dissecação de flor de hibisco

Fonte: Youtube

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APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Frutos e sementes são de grande importância para a economia e a saúde, estando presentes no dia a dia
das pessoas, de maneiras variadas, como na forma natural: frutos (mamão, laranja, banana etc.) e sementes (feijão,
soja, ervilha etc.); além de inúmeras aplicações industriais: fabricação de bebidas (uva, cevada, laranja, abacaxi
etc.), na indústria têxtil (algodão) e também na fabricação de produtos farmacológicos, como os produtos estimu-
lantes (guaraná, café, noz-de-cola etc.).

INTERDISCIPLINARIDADE

Pau-brasil
Esta é a árvore da qual foi derivado o nome do país. Sua denominação vem do tronco vermelho, que era
utilizado para tingir roupas. Durante muitos anos, na época da colonização, foi a principal fonte de riquezas e pri-
meira atividade econômica significativa do Brasil. Atualmente, é muito difícil encontrá-lo em estado natural, a não
ser em parques de preservação. Em compensação, está sendo muito utilizado em arborização urbana. Tem o tronco,
galhos e até o fruto com acúleos (espinhos), e, em geral, só produz fruto quando plantada em grupos. Muitas vezes,
encontramos um exemplar isolado, ou até dois ou três juntos, que se cobrem de flores, mas não frutificam.

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CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 29 - Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando


implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas ou produtos
industriais.

Os alunos devem saber aplicar os conhecimentos adquiridos em sala às situações-pro-


blemas e interpretação de experimentos, inclusive lembrando das características e etapas
relacionadas ao método científico. No reino vegetal, o grupo das angiospermas, por ser
o que apresenta maior sucesso evolutivo, é, muitas vezes, utilizado como modelo, sendo,
portanto, o mais abordado na prova.

Modelo
(Enem 2017) Um pesquisador observou um pássaro alimentando-se dos frutos de uma espécie de
arbusto e perguntou-se qual seria o efeito na germinação das sementes do fruto após passarem
pelo trato digestório do pássaro. Para responder à pergunta, o pesquisador pensou em desenvolver
um experimento de germinação com sementes de diferentes origens.
Para realizar esse experimento, as sementes devem ser coletadas:
a) aleatoriamente do chão da mata.
b) de redes de coleta embaixo dos arbustos.
c) diretamente dos frutos de arbustos diferentes.
d) das fezes dos pássaros de lugares diferentes.
e) das fezes dos pássaros e dos frutos coletados dos arbustos.

Análise Expositiva

Habilidade 29

Ao desenvolver um experimento, é importante a formação de dois grupos: aquele que se


deseja observar de fato o resultado, como também um grupo controle para que se tenha um
parâmetro de comparação ao analisar os resultados obtidos. Desse modo, as sementes utili-
zadas no experimento devem ser coletadas das fezes dos pássaros, como também dos frutos
coletados dos arbustos, sem que tenha sido passado pelo trato digestório de pássaros.

Alternativa E

18
Estrutura Conceitual
◊ Epicarpo
Pericarpo ◊ Mesocarpo
FRUTO ◊ Endocarpo
Semente
Óvulo fecundado
embrião + endosperma
Verdadeiro Ovário desenvolvido

Pseudofruto A parte comestível se desenvolve


de outras partes da flor, como o
receptáculo floral.

◊ Baga: várias sementes


Carnoso
◊ Drupa: única semente (caroço)
Seco
◊ Decentes: se abrem para liberar
a semente
◊ Indecentes: não se abrem

◊ Anemocóricos
Dispersão ◊ Hidrocóricos
◊ Zoocóricos

ANGIOSPERMAS

Raiz Flores Nervuras Semente


Monocotiledôneas
fasciculada trimeras paralelas um cotilédone

Raiz Flores Nervuras Semente


Eudicotiledôneas pivotante tetrâmera ou reticuladas dois cotilédones
pentâmera

19
3 8
7 3 Morfofisiologia vegetal I

Competências Habilidades
3, 4 e 8 9, 14, 15, 28 e
29

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo de energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar altera-
H9
ções nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e (ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e (ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
As células vegetais apresentam organelas citoplasmáticas membranosas, seu núcleo é delimitado por uma
membrana (carioteca), devido a essas e outras características, são classificadas como células eucarióticas. Apresen-
tam mitocôndrias, complexo golgiense, retículo endoplasmático, plastídeos, vacúolos e parede celular celulósica.

Retículo
endoplasmático

{
Cromatina rugoso
Núcleo Nucléolo Retículo
Membrana nuclear endoplasmático
Centrossoma liso

Ribossomas

Vacúolo central
Complexo de Golgi Tonoplasto

Citoesqueleto
Filamentos
intermédios
Microtúbulos {
Mitocôndria
Peroxissoma
Membrana plasmática
Cloroplasto
Parede celular
Plasmodesmos
Parede da célula adjacente

Célula vegetal com as princiais organelas

A parede celular recobre a membrana plasmática e ambas são estruturas dinâmicas da célula, isto é, pas-
sam por modificações durante o crescimento e desenvolvimento celular. A parede celular é responsável pela rigidez
da célula, limitação da expansão do protoplasto, pela defesa contra bactérias e fungos e por impedir a ruptura da
membrana plasmática durante a entrada de grande volume de H2O para o interior da célula.
A parede celular é formada durante a última fase da mitose (telófase), quando os cromossomos iniciam os
processos de separação e migração para os polos da célula. Nesse momento, forma-se o fragmoplasto, um fuso
de consistência fibrosa entre os grupos de cromossomos. O fragmoplasto, na região equatorial da célula, inicia a
formação da placa celular, evidenciado que a formação da parede celular tem início como um disco suspenso no
fragmoplasto.

Citocinese Vegetal

I II III

Divisão celular. Formação da parede celular na região equatorial da célula vegetal

A placa celular é formada por vesículas liberadas pelos dictiossomos e retículo endoplasmático. O cresci-
mento da placa celular ocorre lateralmente até se fundir com a parede já contida na célula. Após o término desse
processo, a lamela média começa a ser formada por ação do protoplasma, que libera substâncias para a formação
dessa estrutura. A função da lamela média é unir células adjacentes, ou seja, células que estão lado a lado.
A parede celular pode ser classificada como primária ou secundária. As primeiras camadas formam a parede
primária e conforme a célula se desenvolve, novas camadas são depositadas internamente à parede primária, for-

23
mando a parede secundária. Assim, a parede secundária fica mais próxima à membrana plasmática e parede celular
primária foi “empurrada” para o lado mais externo.
As células que formam as paredes secundárias, geralmente, são mortas, graças ao depósito de lignina, o que
causa o aumento da resistência da parede celular. A lignina ocorre com frequência em tecidos como o xilema e o escle-
rênquima.
Entre as paredes primárias de duas células adjacentes, encontra-se a lamela média. Como mencionado no
início dessa aula, tem função de preencher espaços e fazer a adesão entre células vizinhas.
As células não são independentes entre si, é necessário a comunicação entre células vizinhas, assim como
a passagem de substâncias de uma para outra. Essa conexão entre células vizinhas é estabelecida através dos
plasmodesmos, estruturas formadas por pequenos canalículos e por projeções de retículo endoplasmático liso.
Observe que para que a intercomunicação celular seja estabelecida, é necessário que os plasmodesmos atravessem
a parede primária e a lamela média das células.

lamela mediana
composta

parede secundária
paredes
celulares parede mediana
Vacúolo composta

plasmodesmo
citoplasma
membrana
plasmática
lamela mediana
parede primária
parede secundária
1 µm

Parede celular primária e secundária e a presença dos plasmodesmos

Os plasmodesmos atravessam a parede primária e a lamela média de células adjacentes permitindo a in-
tercomunicação celular.
O vacúolo é uma estrutura característica da célula vegetal representando, muitas vezes, cerca de 90% do
espaço intracelular. É delimitado por uma membrana simples denominada tonoplasto. Contendo em seu interior
água e diversas substâncias orgânicas e inorgânicas, muitas das quais estão dissolvidas, constituindo o chamado
suco vacuolar. Devido à composição das substâncias existentes no interior do vacúolo (açúcares, ácidos orgâni-
cos, proteínas, sais e pigmentos) seu pH geralmente é ácido.
Osmoticamente ativo, o principal papel que o vacúolo desempenha é a osmorregulação. Participa da
manutenção do pH da célula, é responsável pela autofagia (digestão de outros componentes celulares) e também
pode ser compartimento de armazenagem dinâmico, no qual íons, proteínas e outros metabólitos são acumula-
dos e mobilizados posteriormente.
Plastídios – estudos filogenéticos acerca dos eucariontes apontam que as mitocôndrias e os plastídios
são remanescentes de organismos simbiontes com os ancestrais dos eucariontes atuais. Estes estudos também
apontam para a hipótese de que os plastídios são organelas derivadas de cianobactérias, com DNA próprio e
também possuem poder de autoduplicação. Os plastídios são classificados de acordo com o tipo de pigmento,
presença ou ausência de pigmento, ou ainda com o tipo de substância acumulada, sendo encontrados três grandes
grupos de plastídios: cloroplastos (armazenam pigmentos fotossintetizantes), cromoplastos (armazenam dife-
rentes tipos de pigmentos) e leucoplastos (plastos sem pigmentos, armazenam substâncias de reserva).

24
Proplastídeo

Estioplasto

Leucoplasto Cloroplasto Cromoplasto


(Estocagem) (Fotossíntese) (Pigmento)

Proplastídio e formação de plastídios.

Os cromoplastos são plastídios portadores de pigmentos carotenoides e geralmente não apresentam


clorofila ou outros componentes da fotossíntese, sendo encontrados em geral nas células das pétalas e em outras
partes coloridas de flores. Já os leucoplastos são tipos de plastídios que não possuem pigmentos e podem arma-
zenar várias substâncias. Os que armazenam amido são chamados de amiloplastos e são comuns em órgãos de
reserva com as raízes, caules e sementes. Um bom exemplo são os tubérculos de batata inglesa. O estioplasto é
um tipo de plastídio que se desenvolve no escuro e é considerado um cloroplasto em fase de diferenciação. Isso
porque na presença da luz se converte rapidamente em cloroplasto.
Os cloroplastos são organelas celulares que contêm como pigmento principal a clorofila, estando também
presentes os pigmentos carotenoides, ambos associados à fotossíntese. São encontrados em todas as partes verdes
da planta, sendo mais numerosos e diferenciados nas folhas.
No sistema de tilacoides do cloroplasto de plantas superiores distinguem-se pilhas de tilacoides em forma
de discos chamados de granum e os tilacoides de estroma, os quais conectam os granum (grana) entre si.

2 µm

CLOROPLASTO
FOLHA
estroma

epiderme superior
granum

membrana
epiderme inferior tilacóide
membrana membrana espaço
externa interna tilacóide
espaço intermembrana

25
Meristemas
As células meristemáticas podem sofrer mitoses sucessivas, fazendo o vegetal crescer, e após as multipli-
cações, se diferenciarem de acordo com o local e necessidade da estrutura ou órgão vegetal. Assim, pode-se dizer
que são responsáveis pela formação dos diferentes tipos celulares do corpo do vegetal.
As células meristemáticas apresentam capacidade de sofrer divisões sucessivas e por isso podem originar
um ou vários tecidos diferentes. O tecido meristemático é formado por células indiferenciadas e por isso, após se
dividirem, podem formam diversos tecidos do vegetal. O meristema pode ser classificado como meristema pri-
mário ou apical e meristema secundário ou lateral.
Os meristemas primários proporcionam o crescimento longitudinal, ou seja, em comprimento e são repre-
sentados pela protoderme, procâmbio e meristema fundamental.
Os meristemas secundários proporcionam o crescimento em espessura e são representados pelo felogênio
e câmbio.
protoderme câmbio
meristema suberofelogénico
fundamental procâmbio câmbio
vascular

pelos
radiculares

Raiz
Caule meristema
fundamental

câmbio vascular procâmbio

câmbio suberofelogénico coifa

Meristemas apicais da raiz e do caule

O crescimento da planta pode ser primário ou secundário. O primário é determinado pelos meristemas loca-
lizados nas pontas do caule e da raiz e o secundário pelos meristemas laterais: felogênio e câmbio.

Meristema apical

Meristemas primários:
Protoderma
Meristema fundamental
Procâmbio
Líber

Lenho
Epiderme
Parênquima

Feixe liberolenhoso
Câmbio
vascular }
Meristemas
Felogênio secundários

Caule Caule
estrutura
estrutura secundária
primária

Epiderme
A epiderme é o tecido que reveste o corpo primário dos vegetais, sendo, portanto, o tecido mais externo dos
órgãos vegetais em estrutura primária. Porém, com a análise de estruturas com crescimento secundário, nota-se que
no lugar da epiderme existe a periderme.

26
As células do meristema apical são responsáveis
pela formação da epiderme, mais precisamente a proto- Água
Oxigênio
derme. É comumente composta por uma única camada Célula-guarda
de células vivas e extremamente justapostas, ou seja, sem
Ostíolo
espaços intercelulares. Sua principal função é de reves- Núcleo

timento, mas também tem função de proteção contra


desidratação e choques mecânicos, além de funcionar Dióxido
de Cloroplasto
Epiderme
carbono
como barreira física contra a invasão de agentes patogê-
nicos. Outras funções menos especializadas são: trocas
Visão geral do estômato
gasosas através de seus estômatos, absorção de água e
As células-guarda estão acompanhadas pelas cé-
sais minerais, proteção contra a radiação solar graças à
lulas subsidiárias, que ajudam a controlar a abertura e
presença de cutícula muito espessa e tricomas.
fechamento estomático. As células-guarda, células sub-
A cutina é uma substância lipídica, presente na
parede celular das células epidérmicas das partes aéreas sidiárias e ostíolo, juntos, formam o aparelho estomático
do corpo da planta. Pode estar depositada na face exter- ou complexo estomático.
na da parede (cutícula) ou atrelada entre as fibrilas de Os estômatos são fundamentais para os vegetais,
celulose. A cutícula minimiza a transpiração e protege o pois são responsáveis por trocas gasosas de CO2 e O2,
vegetal contra a invasão de fungos e bactérias. mas também absorção e perda de água para o ambiente.
Como a epiderme reveste o vegetal, está direta- O tipo, número e posição dos estômatos (e demais estru-
mente em contato com agentes químicos, físicos e mi- turas) variam de acordo com a localização e condições
crorganismos externos, portanto deve proteger o vegetal ambientais onde o vegetal está posicionado. Quando o
contra agentes externos, como calor. Assim, é um tecido vegetal está localizado em ambientes quentes e de baixa
complexo, constituído por diferentes células e exercem umidade, possui características dos estômatos a fim de
muitas funções. A epiderme contém, por exemplo, estô- evitar a perda de água, como menor número de estô-
matos e suas células-guarda que os constituem, sendo as matos, em formato de cripta, entre outras. Vegetais de
únicas células clorofiladas da epiderme. ambientes sombreados possuem folhas verde escuras,
Os estômatos são constituídos por células epi- graças ao maior número de estômatos. Essas característi-
dérmicas especializadas denominadas células-guarda, cas também podem variar num mesmo vegetal.
que ficam ao redor de uma abertura denominada ostíolo. Os tricomas são projeções das células epidérmi-
A abertura e fechamento dos estômatos é determinada cas e são muito variados quanto à função. Especialmen-
pela conformação das células-guarda: quando túrgidas, te, evitam a perda de água, auxiliam na defesa contra
os estômatos estão abertos e quando plasmolisadas os insetos predadores (inclusive pela possível produção de
estômatos encontram-se fechados. substâncias urticantes), diminuem a incidência luminosa,
entre outras funções.

Epiderme

Estômato

Água
Oxigênio

Dióxido
de
carbono

Secção da folha evidenciando epiderme Tricomas

27
Pelos radiculares ou absorventes também são projeções das células que compõem a epiderme, estão con-
centrados principalmente na zona de absorção das raízes de plantas jovens. Os pelos apresentam paredes mais
delgadas do que os tricomas e são recobertos por cutícula. Como o próprio nome diz, os pelos absorventes têm
função de absorção de água do solo.

Solo

Pelos
radiculares

Epiderme

Raiz
250 µm

Súber ou cortiça
Súber ou cortiça é um tecido de revestimento formado por células mortas, caracterizadas pelo depósito
de várias camadas suberinas (gordura) em suas paredes celulares. Com frequência, o lúmen celular está cheio de
ar. As células são justapostas e o lúmen das células podem estar cheios de ar.
O súber é um tecido secundário e substitui a epiderme no caule e na raiz por exercer a função de proteção
contra ferimentos, desidratação e também funciona como um bom isolante térmico em condições de queimadas,
por exemplo. Estruturas denominadas lenticelas podem ser frequentemente encontradas no súber, rupturas do
súber que se abrem para o meio externo, e há trocas gasosas sem controle de abertura ou fechamento, pois o
vegetal não pode regular qualquer movimento das lenticelas.

As lenticelas realizam
Setor do caule
as trocas gasosas e a
transpiração.

lenticela
lenticelas
súber

felogênio casca

28
Parênquima, colênquima e esclerênquima
O parênquima, colênquima e o esclerênquima presentes no corpo primário do vegetal são tecidos simples
originados de células do meristema fundamental.
O parênquima é formado por células vivas presentes em quase todos os órgãos vegetais, que possuem
capacidade de se dividirem, por isso podem ser consideradas como células potencialmente meristemáticas. Dentre
suas principais características, é comum encontrar apenas paredes primárias que são delgadas que possuem grandes
vacúolos. O parênquima é especializado para várias funções de acordo com a necessidade e localização destas células
no vegetal, os parênquimas mais comuns são: clorofiliano, reserva, aquífero, aerênquima e fundamental.
§§ Clorofiliano: ocorre com maior frequência nos órgãos aéreos dos vegetais, com destaque para as folhas, ór-
gão de maior ocorrência da fotossíntese. Ainda na classificação de parênquima clorofiliano, podemos distinguir
suas células quanto à forma: parênquima clorofiliano paliçádico de células cilíndricas e perpendiculares à epi-
derme e o parênquima clorofiliano lacunoso de células com formato irregular, não se encaixam perfeitamente,
deixando espaços intercelulares. Observe a figura:
Cutícula
Epiderme
superior
Parênquima
paliçádico
Xilema Feixe
vascular
Floema
Parênquima
lacunoso
CO2 O2
Epiderme
inferior
Células-guarda Estômatos
Desenho esquemático de um corte transversal de uma folha
§§ Reserva: o parênquima de reserva pode guardar diversas substâncias, entre elas: amido, óleos, proteínas e
qualquer outro produto do metabolismo celular.
§§ Aerênquima: característico de plantas aquáticas, as células desse tipo de parênquima possuem grandes
espaços intercelulares, de forma que através do acúmulo de grande volume de ar, as plantas aquáticas
conseguem flutuar. Pode ser encontrado no pecíolo, mesófilo, caule e raízes dos vegetais.

aerénquima em
raíz

Aerênquima da região cortical da raiz

§§ Aquífero: plantas suculentas, cactáceas e bromélias devem acumular água para sobreviver ao ambien-
te onde habitam, por isso possuem células parenquimáticas especializadas em acumular água em seus
grandes vacúolos.

29
O colênquima, bem como o parênquima, é formado por células vivas. Tem parede primária com espes-
samento desigual, com pontuação. Possui função de sustentação do corpo, ou estruturas vegetais em regiões com
crescimento primário, ou sujeitas a movimentação constante.

Colênquima angular Colênquima lamelar

Colênquima lacunar. Espaço intercelular (setas) Colênquima anelar

O esclerênquima é um tecido de sustentação, normalmente constituído basicamente por células mortas


de parede celular secundária espessa, conferindo-lhe proteção e sustentação. Há dois tipos celulares predominan-
tes no esclerênquima: as fibras (sustentam partes do vegetal que param de crescer em longitudinalmente) e as
esclereides (células com paredes secundárias extremamente espessas, distribuídas por todo o vegetal).

Estruturas secretoras
As secreções dos vegetais são denominadas exsudato. Sua composição química varia de acordo com o me-
tabolismo local (água, mucilagem, óleo, goma, proteínas, látex, resinas e néctar). De acordo com a sua função, as
células devem carregar a maquinaria necessária para exercer sua determinada função, desse modo as células com
funções secretoras possuem desenvolvida maquinaria para síntese proteica, vacúolos diminutos, grande número de
mitocôndrias e suas paredes primárias são delgadas. Exemplos de estruturas secretoras: nectários, glândulas
digestivas, glândulas de sal, hidropódios, tricomas urticantes, laticíferos, hidatódios.
Lactífero
Pelos secretores

Bolsa secretora

Urtiga Rosa

Hidatódios

Drosera (Insetívora)

30
Os tricomas urticantes atuam na defesa das plantas contra a herbivoria, ou seja, protege o vegetal de
herbívoros. Quando a célula fina na porção apical é tocada, a ponta rompe-se e o líquido contido em seu interior
é injetado no corpo do predador.
Os nectários dos órgãos vegetativos (raiz, caule e folha) e reprodutivos (flor, fruto e semente) dos vegetais
apresentam diversas características para atrair polinizadores, dentre elas a produção de sacarose, glicose e frutose,
servindo de alimento e recompensa para os polinizadores.

Secreção

Tricoma
Tricoma secretor
urticante

Nectários florais e extraflorais

Sistema vascular
A aquisição de um sistema vascular eficiente no transporte de água e seiva foi fundamental para a conquista
do ambiente terrestre pelos vegetais.
Repor eficientemente a água perdida na transpiração, substâncias orgânicas e inorgânicas perdidos e/ou
gastos pelo metabolismo vegetal é uma adaptação de grande importância e pode restringir o porte da planta, bem
como o habitat ocupado. As pioneiras no sistema vascular foram as pteridófitas, contrastando com as pequenas
briófitas, as quais pela ausência de um eficiente sistema de transporte não poderiam se desenvolver em grandes
vegetais. O sistema condutor é originado da ação das células do câmbio (xilema e floema secundários) e procâmbio
(xilema e floema primários).
Xilema, lenho Floema, líber

Célula dos
tubos
crivados

Célula de
Traqueides

companhia

Placa crivada

Células dos
tubos crivados
ligadas entre si
Elementos de vasos
topo a topo

31
Xilema
O xilema é o tecido com principal função de transporte de água e solutos das raízes para a copa. Responsável,
também, pelo armazenamento de nutrientes contidos na seiva bruta, além de exercer suporte mecânico. Embora seja for-
mado por células mortas, é um tecido complexo, formado por fibras, elementos traqueais e células parenquimáticas.
Existem dois tipos básicos de células condutoras no xilema também chamadas de elementos traqueais:
traqueíde e elemento de vaso traqueário. Ambos são dotados de placas de perfuração e perdem seus protoplasmas
para otimizar o transporte de água e sais minerais. Esse grupo de células será funcional em condução quando
estiver diferenciada, lignificada após a perda de seu citoplasma e formação das placas de perfuração (presente
somente nos elementos de vaso, as traqueídes não possuem essas pontuações).
Traqueídes e elementos de vaso

areoladas

A B C D

Traqueídes (gimnospermas) Elementos de vaso (angiospermas)

Floema
O floema é o principal tecido responsável pela condução de materiais orgânicos, em solução, nas plantas
vascu-lares. Realiza o movimento entre os órgãos produtores (folhas) e os consumidores e de reserva. É formado por
elementos crivados, células parenquimáticas, células companheiras, fibras e esclereides.

Célula ou
elemento
do tubo
crivado

Célula
companheira

Placa crivada
Célula
companheira

Vaso do floema ou vaso


liberiano
fluxo da seiva nos vasos liberianos

Os elementos crivados são as células mais especializadas do floema. Essas células são vivas e
caracterizam-se, principalmente, pela presença das áreas crivadas, que são poros modificados, nas suas paredes e
pela ausência de núcleo nas células maduras. Os elementos crivados do floema podem ser de dois tipos: células
crivadas e elementos de tubo crivado.

32
Placa crivada Placas
contínua crivadas Placas
descontinuas crivadas
descontínuas

Áreas Células
crivadas anexas

Células
anexas

Áreas
crivadas

Célula crivada
Elementos de tubos crivados

Células condutoras do floema

As células crivadas, consideradas mais primitivas ou mais simples, estão presentes no floema das pteridófi-
tas e das gimnospermas. São células alongadas e apresentam áreas crivadas, com poros pouco desenvolvidos, nas
suas paredes laterais e terminais.
Os elementos de tubo crivado presentes no floema das angiospermas são células mais curtas e apresentam
um maior grau de especialização do que o observado nas células crivadas.
As células companheiras estão associadas ao elemento de tubo crivado por várias conexões citoplasmáticas
e mantêm-se vivas durante todo o período funcional do elemento de tubo crivado. Acredita-se que elas têm impor-
-tante papel na distribuição dos assimilados do elemento de tubo crivado, além de comandar as atividades destes
por meio da transferência de moléculas informais e ou outras substâncias. As células companheiras estão ligadas
diretamente à formação de calose em células de elementos de tubo crivado. A calose pode funcionar como defesa,
reparar danos causados por injúrias e evitar a perda de substâncias do floema.

33
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Germinação e desenvolvimento das plantas

Fonte: Youtube

Vídeo Microscopia da epiderme da planta "Setcreasia purpurea"

Fonte: Youtube

34
34
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

As células foram descobertas entre 1663 e 1665, pelo inglês Robert Hooke. Ao examinar em um microscópio
rudimentar uma fatia de cortiça, verificou-se que ela era constituída por cavidades poliédricas, às quais chamou de
células (do latim cella, pequena cavidade). Na realidade, Hooke observou blocos hexagonais que eram as paredes
de células vegetais mortas (súber).

INTERDISCIPLINARIDADE

A cortiça é um material de origem vegetal da casca (súber) dos sobreiros (Quercus suber), leve e com grande
poder isolante. A razão pela qual a cortiça possui essas características é a sua composição rica em suberina, uma
substância lipídica (gordurosa) que se acumula na parede celular. A presença desta substância numa primeira fase
impede a entrada de agentes patogênicos e de qualquer substância tóxica na célula; e numa fase posterior, a pas-
sagem de nutrientes para a célula, causando a sua morte.
A cortiça é utilizada comumente na confecção de rolhas, mas tem aplicações em ambientes decorativos em murais.
Além de dar conforto e acabamento para diversos tipos de ambientes, ela está presente no interior do protótipo
F700, da Mercedes. A Nasa também encontrou na casca do sobreiro uma utilidade, incorporando-a em seus escu-
dos térmicos e placas de revestimentos das naves espaciais.

35
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

O reino vegetal é abordado no Enem com enfoque principalmente nos quatro grandes
grupos e sua interação com o ambiente, assim como suas relações evolutivas. O grupo
das angiospermas, por ser o que apresenta maior sucesso evolutivo, é o mais cobrado.
Além disso, a citologia vegetal e suas características exclusivas é de grande importân-
cia e pode ser abordado de diferentes modos.

Modelo
(Enem) Um molusco, que vive no litoral oeste dos EUA, pode redefinir tudo o que se sabe sobre a
divisão entre animais e vegetais. Isso porque o molusco (Elysia chlorotica) é um híbrido de bicho
com planta. Cientistas americanos descobriram que o molusco conseguiu incorporar um gene das
algas e, por isso, desenvolveu a capacidade de fazer fotossíntese. É o primeiro animal a se “alimen-
tar” apenas de luz e CO2, como as plantas.
GARATONI, B. Superinteressante. n. 276, mar. 2010 (adaptado).

A capacidade de o molusco fazer fotossíntese deve estar associada ao fato de o gene incorporado
permitir que ele passe a sintetizar:
a) clorofila, que utiliza a energia do carbono para produzir glicose.
b) citocromo, que utiliza a energia da água para formar oxigênio.
c) clorofila, que doa elétrons para converter gás carbônico em oxigênio.
d) citocromo, que doa elétrons da energia luminosa para produzir glicose.
e) clorofila, que transfere a energia da luz para compostos orgânicos.

Análise Expositiva

Habilidade 14

Os organismos fotossintetizantes apresentam o pigmento clorofila, essencial no processo


fotossintético, que consiste na transformação da energia luminosa em energia química na
forma de compostos orgânicos.

Alternativa E

36
Estrutura Conceitual
MORFOFISIOLOGIA
V E G E TA L

◊ Parede celular de celulose


◊ Vacúolo
◊ Plastídeo
Célula vegetal Cloroplastos (fotossíntese)
Cromoplastos (pigmentos)
Leocoplastos (armazenagem)

Maristemas
◊ Células indiferenciadas
◊ Crescimento vegetal

Revestimento
◊ Epiderme
Tecidos vegetais ◊ Súber

Vascular
◊ Xilema
◊ Floema

Fundamental
◊ Esclerênquima
◊ Colênquima
◊ Parênquima

37
3 0
9 4 Morfofisiologia vegetal II

Competências Habilidades
3e8 9, 28 e 29

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo de energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar altera-
H9
ções nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e (ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e (ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
A raiz
As traqueófitas formam o grupo de vegetais possuidores de vasos condutores, e de órgãos vegetativos e
reprodutivos. São classificados como vegetativos os órgãos responsáveis pela fixação, crescimento, adapatação e
sobrevivência da planta, assim, podemos dizer que a raiz, o caule e a folha são órgãos vegetativos. O outro grupa-
mento é denominado como órgãos reprodutivos, e são ligados à dispersão e perpetuação da espécie do vegetal.
A raiz é responsável por fixar a planta no substrato, além de ter sua anatomia adaptada para absorver água
e sais minerais do solo, água ou ar, e também por armazenar substâncias orgânicas, como o amido.
Normalmente, a raiz tem origem a partir do desenvolvimento da radícula do embrião. Em raízes adventícias,
o desenvolvimento pode ocorrer através do caule e folhas.
Quanto ao tipo do sistema radicular, pode ocorrer em duas formas: o pivotante, dotado de uma raiz principal,
mais longa; e o fasciculado, com ramos radiculares que crescem por todas as direções, sendo mais homogêneos em
tamanho.

Raiz axial (pivotante) Raiz fasciculada (cabeleira)

41
Raízes típicas possuem regiões bem definidas, como indicadas na figura a seguir:

zona de ramos secundários


ou zona suberosa

zona
pilífera

zona de
alongamento celular
ou de distensão

região meristemática
ou zona de
multiplicação celular
coifa

§§ Coifa – capa protetora formada por células que revestem a zona meristemática ou de multiplicação celular, loca-
lizada na ponta da raiz. Nessa região, por mitose, são produzidas, continuamente, novas células por um tecido em-
brionário denominado meristema. A coifa protege a região meristemática e auxilia a penetração da raiz no solo;
§§ Região de alongamento celular (de distensão, lisa ou de crescimento) – as células formadas pelo meristema
alongam-se e permitem o crescimento primário ou em comprimento da raiz;
§§ Zona pilífera – formada por células dotadas de pelos, atua na absorção de água e nutrientes minerais;
§§ Região de ramos secundários (ou zona suberosa) – nessa parte da raiz, brotam raízes secundárias, que se
originam do meristema interno chamado felogênio.

Adaptações da raiz
As raízes podem apresentar-se modificadas, como resposta evolutiva à ocupação em diferentes ambientes. Há as
que não ficam em contato direto com o solo, como as raízes aéreas, comuns nas trepadeiras, bromélias e orquídeas; e
ainda há as raízes submersas, comuns em aguapés. A seguir, algumas modificações:

Raízes tuberosas
Presentes na cenoura, mandioca, batata-doce e beterraba, armazenam substâncias orgânicas, como o amido.

42
Raízes-suporte ou raízes-escoras
Auxiliam na sustentação da planta, normalmente de grande porte. Geralmente, se originam de determina-
dos pontos no caule. Um exemplo comum é a raiz tabular, cujo aspecto lembra o de uma tábua.

Raízes respiratórias ou pneumatóforos


São adaptações que permitem a captação de O2 em solos pobres ou alagados, como manguezais – em
ambientes alagados, a penetração de ar no solo é dificultada. Observe a seguir:

Pneumatóforos em plantas de manguezal

Raízes sugadoras ou haustórios


Adaptação de plantas parasitas ou hemiparas, as quais não conseguem obter nutrientes suficientes para sua
sobrevivência. Exemplo: cipó-chumbo, planta sem clorofila que não realiza fotossíntese. Os filamentos amarelados que
formam o corpo do vegetal, crescem aderidos a outra planta para sugar matéria orgânica no floema da hospedeira atra-
vés dos haustórios da sugadora. Um exemplo de planta hemiparasita é a erva-de-passarinho, clorofilada, desta forma,
não precisa de substâncias orgânicas como no exemplo anterior, seus haustórios atingem o xilema, em busca de água e
sais minerais que compõem a seiva bruta.

Cipó-chumbo (em amarelo) parasitando planta

Raízes estrangulantes
Crescem em direção ao solo e podem envolver o tronco da planta hospedeira, de tal modo que chegam a
“estrangulá-la”. Em razão disso, são conhecidas como raízes estrangulantes.

43
Raízes aéreas
Encontram-se fora do solo. As orquídeas possuem raízes desse tipo, que estão em contato direto com o ar,
por essa razão, são conhecidas como aéreas. Bromélias e orquídeas são plantas epífitas, que se apoiam em galhos
de árvores em busca de luz. Por não sugarem nutrientes de outra planta, não são parasitas.

Raízes estrangulantes sobre o tronco de árvore Raízes aéreas (velame) de orquídeas

Raiz tabular Raiz-escora

Anatomia interna
Ao estudar a anatomia de qualquer ser vivo, é necessário pensar no indivíduo como um todo, pois todos
os sistemas se integram e são assim, dependentes. Ao imaginar a absorção de água que a planta realiza no solo,
para obter as substâncias necessárias à fotossíntese que ocorrerá no interior das folhas, nota-se que são estruturas
muito diferentes e distantes com dependência direta para a realização da fotossíntese. Analise o esquema a seguir:
Transporte ativo
Saída de água de sacarose para
do xilema o floema

Entrada de água
no floema

Folha

Corrente de
Fluxo sob pressão
transpiração

Saída de sacarose
para órgãos de consumo
ou de reserva

Entrada de água
no xilema Raiz

Fluxo de água e nutrientes na planta

44
De um modo geral, observam-se nas raízes dois tipos de crescimento: um primário, resultado da atividade
dos meristemas apicais ou primários (protoderme, meristema fundamental e procâmbio), e outro secundário, resul-
tado da ação dos meristemas laterais ou secundários (felogênio e câmbio). O crescimento secundário é conhecido
de forma clara apenas nas eudicotiledôneas e ocorre no final do primeiro ano de vida da planta. Em estrutura
primária, a raiz apresenta os três sistemas de tecido: o dérmico, o fundamental e o vascular.
Em um corte transversal, é possível observar em raízes jovens a sua estrutura primária, uma vez que ainda
não cresceram em diâmetro, somente em comprimento.
A estrutura primária da raiz, esquematizada a seguir, é constituída por epiderme, córtex, endoderme e
um cilindro central formado pelo periciclo e pelos vasos de xilema e floema.

Estrutura primária da raiz

O xilema ou lenho transporta seiva inorgânica ou bruta da raiz às folhas; o floema (líber) conduz seiva or-
gânica ou elaborada da folha para os órgãos consumidores ou armazenadores de reserva. Na raiz, xilema e floema
se alternam e na organização do caule, o floema fica em uma região mais externa do que o xilema, rente à casca.
A epiderme é formada por uma camada de células, ou seja, uniestratificada, sem cutícula, e algumas células
formam grandes evaginações, chamadas pelos absorventes ou radiculares.
O córtex é constituído por um parênquima de preenchimento, que regularmente armazena reservas. A endoderme, formada
por uma camada de células, tem a importante função de selecionar e direcionar as substâncias que chegarão até os vasos xilemáticos.
O periciclo é formado por uma única camada de células, que rodeiam os vasos condutores, e por eudicoti-
ledôneas, que dão origem aos ramos secundários da raiz.
Os vasos floemáticos e xilemáticos alternam-se e, em muitas raízes de eudicotiledôneas, dispõem-se em formato
de estrela ou cruz, cujo centro há um grande vaso xilemático e raios formados por vasos progressivamente mais finos.
Os vasos de floema alternam-se com os de xilema e ficam entre os raios. Em monocotiledôneas, os vasos de xilema espa-
lham-se na periferia e os de floema alternam-se entre eles; o centro radicular é ocupado por uma medula parenquimática.

Disposição dos vasos condutores em uma raiz de eudicotiledôneas (a) e de (b) monocotiledôneas

45
A camada mais interna do córtex é a endoderme, formada por uma camada única de células com funções
de selecionar, “filtrar” e direcionar as substâncias que irão adentrar no xilema. As células que a compõem possuem
faixas suberina e lignina denominadas estrias de Caspary. As estrias auxiliam no controle de entrada de águas e
qualquer outra substância externa, pois formam um cinturão, unindo as células da endoderme, de forma que não
seja possível passar qualquer substância através dos espaços intercelulares, forçando a passagem via apoplasto.
Em alguns casos, pode haver estratificação da camada mais externa do córtex, formando a exoderme. Enquanto
na endoderme, não há passagem de substâncias pelos espaços intercelulares; no córtex da raiz, os espaços são
proeminentes, assim a entrada de água e nutrientes é facilitada.
Endoderme
A

B
Xilema primário Estria de Caspary
Periciclo 10 µ
Floema primário
Estrutura da endoderme

Em A, observa-se o corte transversal de parte de uma raiz, mostrando a posição da endoderme em relação ao
xilema e floema. Veja que a endoderme apresenta-se com paredes transversais, portanto, estrias de Caspary. Em B,
observa-se um esquema de três células da endoderme, orientadas do mesmo modo como estão em A. Note que as
estrias de Caspary ocorrem apenas nas paredes transversais e radiais, mas estão ausentes nas paredes tangenciais.
A estrutura secundária é representada pelo crescimento diametral ou em espessura do órgão. Nas eudi-
cotiledôneas, esse crescimento deve-se à ação dos meristemas secundários, o câmbio vascular e o felogênio.
O câmbio através de mitoses, forma novas células que irão compor os vasos do xilema e floema. O felogênio,
também sofre sucessivas mitoses, originando as células da casca de certos órgãos vegetais, como a própria raiz e
caule. Essas características não são válidas para as monocotiledôneas em geral, pois não têm crescimento secundário.
Na sequência das figuras abaixo, observe a ação do câmbio vascular influenciando o crescimento secun-
dário das raízes de eudicotiledôneas lenhosas, promovendo a formação progressiva de novas células do xilema,
interno ao câmbio, e de floema, externo ao câmbio
Estrutura primeira da raiz Início da estrutura secundária de raiz

Estrutura secundária de raiz

46
O que difere as estruturas primária e secundária das eudicotiledôneas é a ação do câmbio. O câmbio tem
origem nas células do procâmbio e do periciclo, que se dividem e se diferenciam formando um anel contínuo
composto por meristema secundário, o câmbio. Sua ação é formar xilema, internamente, e floema, externamente.
Assim, raízes que apresentavam em sua composição os feixes de xilema e floema alternados entre si, passam para
outra disposição: o xilema forma uma circunferência interna, e o floema, também em circunferência, mas externa a
ele. Com a ação do câmbio, o periciclo é proliferado em direção à periferia, onde formará muitas camadas de pa-
rênquima. A partir da camada externa do periciclo forma-se o felogênio, tecido que tomará o lugar da epiderme. O
felogênio origina o súber para fora, e o feloderme internamente. Se pudéssemos adentrar uma raiz, encontraríamos
a epiderme, o córtex e o cilindro vascular.

Extensão do sistema radicular


Quando fala-se em extensão do sistema radicular, trata-se da profundidade que esta raiz alcança no solo e
cresce lateralmente. Essas medidas são dependentes de vários fatores ambientais, como a umidade e composição do
solo. A extensão lateral das raízes é, geralmente, maior do que a sua copa. É importante lembrar que o sistema de raiz
axial tem maior capacidade de penetrar no solo do que no sistema de raiz fasciculado. Em regiões com problemas de
erosão, plantas com raízes fasciculadas podem prevenir este problema, pois se aderem firmemente às partículas do
solo, assim são bem adaptadas a este tipo de solo, e ainda podem prevenir a erosão. Geralmente, as raízes absorventes
se limitam ao primeiro metro de solo em profundidade, pois essa área costuma ser mais rica em matéria orgânica.

47
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Experimentoteca - Condução de água nas plantas

Fonte: Youtube

48
48
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

O esclerênquima pode ser observado ao se comer uma pera, na qual os pontos mais duros na polpa da
fruta são braquiesclereídes, ou seja, pontos de esclerênquima dando o aspecto de areia na polpa, sendo a polpa da
fruta um parênquima de reserva de carboidratos. Esse fruto está ligado ao caule da planta por um pedúnculo, que
é levemente maleável por conta do tecido colenquimático que dá a sustentação ao cabinho da fruta.

49
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 28 - Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou
com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em ambientes brasileiros.

As características morfofisiológicas dos vegetais muitas vezes são abordadas de maneira


aplicada, sendo associada aos ecossistemas dos biomas brasileiros. Desse modo, a prova
do Enem exige que o aluno saiba associar os diferentes conteúdos aprendidos em sala
para interpretação das questões de Biologia.

Modelo
(Enem Libras 2017) Os manguezais são considerados um ecossistema costeiro de transição, pois são
terrestres e estão localizados no encontro das águas dos rios com o mar. Estão sujeitos ao regime das
marés e são dominados por espécies vegetais típicas, que conseguem se desenvolver nesse ambiente
de elevada salinidade. Nos manguezais, é comum observar raízes suporte, que ajudam na sustentação
em função do solo lodoso, bem como raízes que crescem verticalmente do solo (geotropismo negativo).
Disponível em: http://vivimarc.sites.uol.com.br. Acesso em: 20 fev. 2012 (adaptado).

Essas últimas raízes citadas desenvolvem estruturas em sua porção aérea relacionadas à:
a) flutuação.
b) transpiração.
c) troca gasosa.
d) excreção de sal.
e) absorção de nutrientes.

Análise Expositiva

Habilidade 28

As adaptações na raiz (pneumatóforos), observadas em diversas espécies de plantas dos


manguezais, estão relacionadas à troca gasosa, uma vez que o solo encharcado desse ambien-
te é pobre em oxigênio, exigindo que as plantas que se desenvolvem no local apresentem
adaptações para sobreviver nas condições diferenciadas do mesmo.

Alternativa C

50
Estrutura Conceitual
Tuberosas
RAIZ
Armazenam substâncias

Sistemas radiculares Adaptações Escora

Auxiliam na sustentação
Pivotante
Apresenta raiz principal Respiratórias
e ramificações laterais
Possuem pneumatóforos
que emergem do solo para
Fasciculado captar O2
Do caule parte um feixe
de raizes finas Sugadoras
Plantas parasitas; sugam
seiva de um hospedeiro

Estrangulantes

Enroscam-se na hospedeira

Aéreas

Encontram-se fora do solo

51
1
4 24 Morfofisiologia vegetal III

Competências Habilidades
1e8 4, 28 e 29

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo de energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar altera-
H9
ções nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e (ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Caule
O caule é o órgão vegetal responsável por integrar as duas extremidades das plantas, agindo na passagem de
substâncias absorvidas e produtos do metabolismo entre as raízes, folhas e flores. Ele pode ser fotossintetizante quando
jovem e em vegetais sem folhas ou com folhas modificadas, como é o caso dos cactos. Os caules apresentam ge-
mas apicais e laterais (axilares), dotadas de tecido meristemático, responsáveis pelo crescimento em altura (gema
apical) e das ramificações (gemas laterais). O caule também é composto por nós e entrenós, os nós são regiões
caulinares onde se localizam as gemas axilares, enquanto os entrenós são regiões entre dois nós. Quando os cau-
les são ramificados, são chamados de simpodiais e quando não possuem ramificações são denominados caules
monopodiais.

Os caules apresentam morfologias, isto é, tamanhos e formas muito variadas e quanto à sua localização,
podem ser aéreos ou subterrâneos. Os caules aéreos estão representados a seguir:
§§ troncos (a) – cilíndricos, de grande porte e com ramificações chamadas galhos;
§§ estipes (b) – cilíndricos, de médio a grande porte, sem ramificações e característicos de palmeiras e co-
queiros;
§§ colmos (c) – cilíndricos, de médio porte, com nós e entrenós evidentes, sem ramificações; os entrenós mais
longos os diferem das estipes, típicos do bambu e da cana-de-açúcar;
§§ hastes (d) – de pequeno porte, ramificados e bastante delgados, como os das hortaliças.

(a) (b) (c) (d)

55
Dentre os caules subterrâneos, destacam-se as adaptações para acúmulo de nutrientes, justificando seu
grande volume e formato globoso. Podem ser classificados em rizoma, estolho, bulbo e tubérculo.
§§ Rizoma é um caule cilíndrico, que tem crescimento horizontal e se desenvolve paralelamente ao solo,
emitindo ao longo de sua extensão folhas para cima, que emergem do solo, e raízes adventícias para baixo.
Exemplos: caule da bananeira, espada-de-São-Jorge e algumas Gramineae.
§§ Estolho ou estolão é o caule que cresce de forma semelhante ao rizoma, mas seus entrenós são longos
e finos.
§§ Bulbo é um caule subterrâneo globoso, que possui uma base achatada e compacta, chamada prato, envol-
vida por folhas modificadas que armazenam nutrientes, chamadas catáfilos. Exemplos: cebola e alho.
§§ Tubérculo é um caule subterrâneo, que armazena principalmente amido. Exemplos: caule do inhame e da
batata-inglesa.
Nas imagens a seguir, respectivamente, estão representados caules subterrâneos do tipo tubérculos (a) e
bulbo (b) e (c). Observe: na cebola, a parte branca (c) é formada por folhas modificadas (catáfilos).

(a) (b) (c)

Modificações caulinares
Algumas plantas possuem ramos adaptados para suas diferentes funções. As modificações mais comuns são
gavinhas, espinhos, cladódios e filocládios.
§§ Gavinhas são ramos finos, que se enrolam em espiral com a função de fixação, encontrado em plantas
como a videira e o maracujazeiro.
§§ Espinhos são ramos curtos e pontiagudos com função protetora, encontrados em algumas plantas como
o juazeiro e a laranjeira.
§§ Cladódios são os caules suculentos, achatados e clorofilados dos cactos, que assumindo a função de folha,
realizam a fotossíntese.
§§ Filocládios são ramos curtos, laminares com aspecto de folhas.

Os caules podem ser de diversos tipos, variando conforme suas características externas e internas.

56
Os caules volúveis são finos e maleáveis; podem ser trepadores ou rastejantes (como o caule estolão dos
morangueiros). Os trepadores ocorrem em plantas que se apoiam em outro vegetal para atingir certa altura, em-
busca de luz. Os caules escandentes lenhosos são chamados popularmente de cipós, sendo que as plantas que os
produzem são as lianas. As plantas com caules volúveis são as trepadeiras volúveis. Enquanto que as plantas
que possuem estruturas de fixação, como as gavinhas, são denominadas trepadeiras sarmentosas. As plantas
que se desenvolvem em ambientes abertos dotados de muita luz, rastejam na superfície do solo e são conhecidas
por plantas rastejantes.

Volúvel trepador Volúvel rastejante

folha típica
cada “olho”
representa
nós com um nó
escamas
foliares

raízes
adventicias Tubérculo
Rizoma

Estolão
gavinha
caulinar

catáfilos

caule

Bulbo
Modificações caulinares

57
Classificação dos caules quanto ao hábitat
Classificação dos caules
Tronco - caule das árvores, lenhoso, robusto
Haste - caule das ervas, verde, flexível e fino
Eretos
Estipe - caule das palmeiras, cilíndrico sem meristemas secundárias
Aéreos Colmo - caule das gramíneas, dividido em “gomos”
Estolão - rastejante, que se alastra pelo solo
Rastejantes
Sarmentoso - rastejante com um ponto de fixação ao solo
Trepadores Que se enrola em um suporte
Rizoma - cresce horizontalmente ao solo. Ex: bananeiras e samambaias
Tubérculo - ramo de caule que intumesce para armazenar reservas. Ex: batata
Subterrâneos
Bulbo - “sistema caulinar” modificado. Ex: cebola e alho
Xilopódio - caule subterrâneo típico de plantas do cerrado
Aquáticos Com parênquimas aeríferos que servem para respiração e flutuação

A estrutura primária do caule


Chamamos de estrutura primária de um órgão a disposição e características de seus tecidos quando o vege-
tal é jovem ou quando a planta não crescerá em espessura. Podemos encontrar os vasos liberolenhosos que estão
sempre agrupados formando feixes na disposição do floema externo ao xilema. Nas eudicotiledôneas, os feixes
localizam-se alternadamente ao redor caule, circundando o centro chamado de medula parenquimática.

Disposição dos vasos condutores em caule de (a) eudicotiledônea e de (b) monocotiledônea.


Observe os detalhes dos feixes liberolenhosos.

Atente para os detalhes da disposição dos vasos liberolenhosos da imagem anterior, nas monocotiledôneas
os feixes são difusos no interior do parênquima caulinar, assim, não há distinção entre córtex nem medula.

58
A estrutura secundária do caule
A figura a seguir, mostra as fases de crescimento de uma planta eudicotiledônea. Nas regiões apicais e jovens, o
vegetal ainda possui estrutura primária; por outro lado, nas regiões basais e mais antigas, há maior espessura, ou seja, a
estrutura secundária já se desenvolveu.
O crescimento secundário ocorre por ação dos tecidos meristemáticos secundários (câmbio e felogênio), obser-
vado em gimnospermas e em grande parte das angiospermas. Durante o crescimento secundário, o câmbio vascular
produz células externas e internas às suas células. A produção de células externas ao feixe do câmbio, formarão o
floema secundário, enquanto aquelas células formadas internamente ao câmbio formarão o xilema secundário.
O felogênio também tem sua atividade através da produção de células externas e internas. Para fora, ocorre
a produção de súber e para dentro, o feloderma, constituído por uma camada delgada de células parenquimáticas.
Juntas, essas três camadas – feloderma, felogênio e súber – formam a casca, também chamada de periderme. Ao
crescer e amadurecer, os vegetais perdem a epiderme existente na fase jovem, que dá lugar ao súber, novo tecido de
revestimento. Observe a figura e acompanhe o que ocorre nos eventos.

(a) Ápice caulinar jovem em estrutura primária. (b) Início do crescimento secundário em espessura.
(c) Estrutura secundária com crescimento em espessura completo.

59
Revestimento primário e secundário do caule
O súber e a epiderme são os tecidos de revestimento, que protegem as traqueófitas. A ação e eficiência
desses tecidos é uma boa proteção da planta contra diversos agentes invasores e agressivos do meio.

Súber
Tecido de revestimento espesso, composto por muitas camadas de células mortas com ocorrência em tron-
cos e raízes de plantas arborescentes adultas. A intensa deposição de suberina neste tecido leva à morte celular.
Perdem seu citoplasma e, portanto, apresentam-se ocas e cheias de ar, melhorando a função de isolante térmico e
também age como proteção mecânica para o restante do vegetal. A seguir, detalhes do súber.

Lenticelas:
Poros no caule
que permitem
as trocas gasosas

Súber ou cortiça: tecido morto

Ritidoma:
pedaços de
casca que se
destacam

O crescimento em espessura de uma planta arbórea tem crescimento constante em seu tronco. Por esse
motivo, as células do súber acabam rachando e se destacando, podem levar consigo células de outros tecidos, por
isso novas células do súber são previamente produzidas.

A troca de gases entre a planta e o meio ocorre através dos revestimentos representados pela epiderme e
pelo súber. O súber é um tecido espesso, que dificulta a troca de gases respiratórios, e a epiderme tem estômatos
para essa função, ao passo que no súber são as lenticelas, pequenas aberturas que facilitam o ingresso e a saída
de gases nas raízes e nos caules suberificados.

Epiderme
A epiderme das plantas vasculares geralmente possui apenas uma camada de células e de formatos irregu-
lares, aclorofiladas e vivas. Caules jovens e mais velhos são revestidos por epiderme.

60
Estruturas de raiz e caule
Assim como ocorre na raiz, o caule possui os três grupos de tecidos: o dérmico, o fundamental e o vascular
e também ocorre crescimento primário e secundário. A diferença entre esses dois órgãos está na organização mais
complexa do caule, pois dele emergem vários apêndices laterais, são eles: ramos, folhas, flores, frutos e espinhos.
No córtex do caule em crescimento secundário, há parênquima, colênquima e esclerênquima, sendo que o pa-
rênquima também está presente na medula. A medula não é observada na maioria das raízes das diferentes espécies
vegetais. É comum esse tecido apresentar, no córtex e na medula, a função de armazenamento, além de cloroplastos
(em caules jovens) para realizar fotossíntese. No caso do colênquima e esclerênquima, a função é de sustentação.
Em sua estrutura primária, o caule possui feixes vasculares, de forma que o floema está para fora e o xilema
para dentro em relação ao câmbio fascicular. Aqui, notamos a diferença entre a disposição dos feixes vasculares da
raiz e do caule: na raiz, estes são alternos, enquanto no caule são fasciculares. Observe abaixo:

Estrutura 1ª de caule Estrutura 2ª de caule

Caule e folhas
O termo “sistema caulinar” muitas vezes é empregado para designar o conjunto do caule e folhas, já que
esses dois órgãos estão intimamente ligados. O caule e as folhas começam a ser formados no desenvolvimento
embrionário, quando são representados pela plúmula, estrutura esta considerada a primeira gema, consistindo do
meristema apical, epicótilo e primórdios foliares.
Quando a germinação da semente é iniciada, o crescimento do embrião volta a ocorrer. Para que ocorra
crescimento, o meristema apical retoma o desenvolvimento do primeiro caule, adiciona novas folhas e vai aumen-
tando o tamanho do caule, para mais tardiamente se diferenciar em nós e internós. Também podem aparecer eixos
ramificados em consequência da presença de gemas laterais.
As folhas nascem em estruturas denominadas nós. O caule é, geralmente, cilíndrico e com crescimento as-
cendente, mas pode variar, podendo ser horizontal ou subterrâneo. Além de sustentar partes aéreas do vegetal, o
caule abriga os vasos condutores de seiva, armazena reservas nutritivas e pode atuar na propagação vegetativa da
planta. O caule possui gemas ou botões vegetativos, que são responsáveis por se diferenciarem e formarem folhas,
ramificações e outros tecidos.
É importante que o caule sustente as folhas da planta para que esses órgãos fotossintéticos fiquem no
alto e consigam captar luz. O caule também é essencial no transporte dessas substâncias orgânicas produzidas na
fotossíntese das folhas em direção à raiz e o movimento contrário também ocorre: água e sais minerais absorvidos
no solo são carregados pelo xilema através do caule para a copa e folhas.

61
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo A Vida das Plantas - Documentário dublado

Fonte: Youtube

62
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

As plantas são muito utilizadas na medicina popular, tanto folhas, como raízes e caules. Um exemplo desse
uso é o chá do caule da cavalinha (Equisetum sp), o qual possui muitos benefícios para o organismo, como seu
efeito diurético, que permite eliminar líquidos indesejáveis, estimulando o funcionamento dos rins. No entanto,
assim como qualquer medicamento, deve ser usado com cuidado e sob orientação médica, pois além dos possíveis
efeitos colaterais, o excesso pode acarretar em alterações fisiológicas.

INTERDISCIPLINARIDADE

A água é absorvida pelas plantas através das raízes e é levada até outras partes. Para compreender o
transporte da água durante esse percurso, é necessário o estudo das forças químicas existentes entre as moléculas,
como coesão, adesão e capilaridade, e também a compreensão de diferença da pressão osmótica entre a raiz e o
meio.

63
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 28 - Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou
com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em ambientes brasileiros.

As características morfofisiológicas dos vegetais muitas vezes são abordadas de maneira


aplicada, sendo associada aos ecossistemas dos biomas brasileiros. Desse modo, a prova
do Enem exige que o aluno saiba associar os diferentes conteúdos aprendidos em sala
para interpretação das questões de Biologia.

Modelo
(Enem ) Em uma aula de biologia sobre formação vegetal brasileira, a professora destacou que, em
uma região, a flora convive com condições ambientais curiosas. As características dessas plantas
não estão relacionadas com a falta de água, mas com as condições do solo, que é pobre em sais
minerais, ácido e rico em alumínio. Além disso, essas plantas possuem adaptações ao fogo.
As características adaptativas das plantas que correspondem à região destacada pela professora
são:
a) raízes escoras e respiratórias.
b) raízes tabulares e folhas largas.
c) casca grossa e galhos retorcidos.
d) raízes aéreas e perpendiculares ao solo.
e) folhas reduzidas ou modificadas em espinhos.

Análise Expositiva

Habilidade 28

De acordo com as características mencionadas da região, sabe-se que o bioma é o cerrado,


pois sua vegetação está adaptada às constantes queimadas, além da falta de sais minerais
no solo, muito ácido e com grande quantidade de alumínio. Assim, a casa grossa tornou-se
uma proteção contra o fogo e o caule retorcido ocorre devido às queimadas, que destroem as
gemas laterais, induzindo o crescimento da planta em diferentes direções.

Alternativa C

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Estrutura Conceitual
CAULE Modificações

Gavinhas

Espinhos
Eretos
Cladódios
◊ Tronco
◊ Haste Filocládios
◊ Estipe
◊ Colmo

Aéreos Rastejantes
◊ Estolão
◊ Sarmentoso

Trepadores

Rizoma

Tubérculo
Subterrâneos
Bulbo

Xilopódio

Possuem parênquima
Aquáticos aerífero para flutuação

65
4 4
3 4 Morfofisiologia vegetal IV

Competências Habilidades
1, 3 e 8 4, 8, 9, 10, 28 e
29

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo de energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar altera-
H9
ções nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e (ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e (ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Folha
A folha é um órgão presente em quase todos os vegetais superiores, com exceções daquelas plantas que
sofreram adaptações e tiveram suas folhas modificadas, como é o caso das Cactáceas, quando se transformam
em espinhos. A folha é parte do sistema caulinar e sua estrutura, e principalmente função, é muito variável: realiza
fotossíntese, e devido ao seu formato laminar, consegue captar luz eficientemente; faz trocas gasosas através de
seus estômatos; conduz e distribui seiva. Observe, a seguir, o esquema:

O2
CO2
O2 CO2

FOTOSSÍNTESE
RESPIRAÇÃO H2O

TRANSPIRAÇÃO

As folhas têm origem nos caules e ramos. Formam-se a partir da gema apical, com a formação dos primór-
dios foliares, como mostra a figura abaixo:

Protoderme
Primórdio
foliar

Procâmbio

Meristema
fundamental

Uma das principais características da folha é o seu crescimento determinado, justificando a ocorrência do meriste-
ma apical apenas por um curto período de tempo. O tecido rapidamente se modifica, tornando-se permanente ou adulto.
As folhas diferem entre si no formato, textura, nível de cutinização, número de camadas de tecidos mecâ-
nicos presentes, o número de folhas presentes em um caule e no padrão de nervuras. Em relação à permanência
das folhas durante as estações, existem aqueles vegetais que são sempre verdes, os quais nunca perdem as folhas
completamente ou decíduas, aquelas plantas que perdem as folhas periodicamente.

Morfologia externa da folha


As estruturas padrões de uma folha são lâmina limbo, pecíolo, bainha, caule ou ramo. Complementar a
essas estruturas, a folha pode apresentar na ligação entre o pecíolo e o caule, um par de apêndices denominados
estípulas.

69
O limbo e sua morfologia são essenciais para o vegetal, pois seu formato de lâmina, é completamente adaptado
para uma ótima captação de luz do meio e trocas com o meio, necessários ao seu metabolismo autótrofo. O limbo pode
apresentar duas conformações básicas: folha simples (a) ou folha composta (b) caracterizada por vários folíolos, que são
as unidades separadas, como ilustrado na foto. Assim, a forma geral do limbo determina a forma da folha.

(a) (b)

O pecíolo é a extensão que sustenta a folha e se insere no caule. Tem forma subcilíndrica.
A bainha é a inserção da folha no caule. É resultado de um alargamento da base do pecíolo. A bainha é mais
desenvolvida e mais comum nas folhas de monocotiledôneas. Nas bananeiras, as bainhas são muito desenvolvidas,
uma sobre as outras e formam o pseudocaule desses vegetais.
As estípulas são apêndices laminares espinhosos ou lineares, em algumas folhas na base do pecíolo.

Morfologia interna da folha


A folha é constituída, basicamente, pelos mesmos tecidos que aqueles encontrados na raiz e no caule,
assim, possui epiderme, formando o sistema dérmico; parênquima e tecido de sustentação, formando o sistema
fundamental e feixes vasculares que formam o sistema vascular que se estende do caule através do pecíolo em
direção ao limbo foliar.
Plastideos Cutícula
São pequenas estruturas contidas nas A superfície da folha contém uma camada de
folhas que dão as cores às folhas. cera para evitar a perda de água.
Epiderme
chamados cloroplastos. É uma camada de células especializadas que
aparece em toda a superfície da planta

Parênquima paliçádico
Células ricas em cloroplastos.
primeiro lugar onde ocorre a fotossíntese.

As células são fotossintéticas e os


grandes espaços entre as células
permitem a difusão do dióxido de
carbono.

Estômatos
O xilema transporta água e minerais
Abertura nas folhas controlada
das r ransporta os
pelas células-guarda; e permitem a
produtos da fotossíntese para toda a
troca de gases com a atmosfera.
planta.

70
A estrutura interna das folhas pode variar muito em função dos diferentes ambientes ocupados e onde se
adaptaram. Geralmente, a folha não possui crescimento secundário, então a epiderme não precisa ser substituída,
dessa forma, compõe o sistema de revestimento ao longo de toda a vida do vegeta. Podemos observar, de forma
genérica, os seguintes tecidos na folha:
§§ Epiderme – as células são compactas, revestidas por cutícula, coberta por estômatos e tricomas;
§§ Mesófilo – parênquima localizado entre a epiderme que recobre as duas faces foliares, muitos espaços
intercelulares e caracterizado pelo grande número de cloroplastos, é verde e um órgão essencialmente fo-
tossintetizante. Na maior parte das plantas, o mesófilo se diferencia em parênquima paliçádico e lacunoso.
O parênquima paliçádico ricamente composto por cloroplastos em comparação ao parênquima lacunoso. As
céulas que compõem o parênquima lacunoso possuem diferentes formatos, o que contribui para o grande
número de espaços intercelulares, mesmo com a presença desses espaços, as células comunicam-se através
de projeções laterais. O termo “lacunoso” está ligado à presença de lacunas formadas pelos grandes espa-
ços intercelulares, que permitem a circulação de gases no mesófilo e as trocas gasosas entre o meio interno
e o ambiente externo. O parênquima paliçádico, geralmente ocorre em apenas uma das faces da folha, mas
em folhas adaptadas a ambientes muito quentes, como as xerófitas, este tecido aparece em ambas as faces;
§§ Outras estruturas especializadas são as glândulas, como os pactíferos que produzem e secretam látex, os
nectários, onde ocorre a produção de néctar, entre outras estruturas secretoras;
§§ A disposição de feixes vasculares nas folhas define o padrão das nervuras, assim a folha pode ser classifi-
cada como paralelinérveas, típicas de monocotiledôneas ou reticulinérveas, recorrente em eudicotiledôneas.

Consistência da folha
A folha também pode ser classificada quanto a sua consistência, podendo ser carnosa/ suculenta, quando
são espessas, devido ao acúmulo de água e outras substâncias ou coriácea que também é espessa, consistente,
rígida, mas flexível, lembrando couro. Um terceiro tipo é a membranácea, folha fina e resistente.

Anexos foliares
A epiderme foliar possui especializações para proteção da planta contra agentes externos e contra a desi-
dratação excessiva. A cutícula de natureza lipídica pode variar sua espessura e age como proteção contra a perda
excessiva de água.

Corte transversal de uma folha

Outra proteção existente são os acúleos, que são anexos para a defesa, pelos ou tricomas, que mantêm
a água no vegetal e diminuem a taxa de transpiração. Estão presentes também em outros órgãos, onde exercem
diversas funções, como absorção nas raízes e na proteção mecânica.
Os hidatódios são poros por onde saem o excesso de água, estão localizados na ponta dos vasos condutores
e nas bordas do limbo.

71
Os estômatos são os anexos que merecem maior atenção, pois estão relacionados com a troca gasosa
necessária à fotossíntese e respiração celular. Secundariamente, são responsáveis pela perda de água para o am-
biente, durante os processos de transpiração.

A ação dos estômatos na regulação hídrica


O formato de um estômato se assemelha a dois feijões frente a frente, formando um espaço no centro. Os
dois feijões seriam as células-guardas ou estomáticas e espaço seria o ostíolo ou fenda estomática, espaço inter-
comunicante com o parênquima lacunoso e foliar. Na face côncava da célula-guarda, a parede celulósica é mais
espessada. Ao lado de cada célula estomática, existem as células companheiras aclorofiladas.

Ostíolo Células-guarda Epiderme


na reforçada inferior da folha
célula estomática ou guarda
ostiolo
cloroplasto
célula anexa Vista
externa

Em
corte

Câmara subestomática Parênquima


clorofiliano
âmara
omatica
Esquema tridimensional de um estômato

Quanto à localização dos estômatos na epiderme, as folhas são divididas em anfiestomáticas, quando há
estômatos em ambas as faces foliares e em hipoestomáticas, quando existem estômatos apenas na face inferior
da folha. Uma terceira classificação são as folhas epiestomáticas, quando há estômatos somente na face superior.
A função primordial dos estômatos é realizar trocas gasosas com o meio, permitindo a entrada de gás car-
bônico e saída de gás oxigênio. A grande problemática do mecanismo de abertura e fechamento dos estômatos é
que ao abrir para captar gases, dependendo das condições ambientais, o vegetal pode perder vapor d’água, por
exemplo, quando o ambiente está seco. Água também pode ser perdida pela cutícula durante a transpiração cuti-
cular. Dessa forma, para calcular a transpiração total, deve-se levar em consideração a soma das duas transpirações.

72
Curva de transpiração foliar

Estômato
aberto

Taxa de Estômato
transpiração fechado

A B C
Tempo

Após o fechamento estomático (B) a transpiração pode continuar


ocorrendo através da cutícula.

A distribuição dos estômatos pode ser um indicativo do tipo de habitat ocupado por determinada planta.
Vegetais de ambientes mais secos costumam ter predominância de estômatos na superfície inferior das folhas.
Em plantas aquáticas ocorre o inverso, o predomínio costuma se dar na face superior das folhas. Isso acontece em
decorrência da disponibilidade de água.
As plantas xerófitas, adaptadas ao clima árido ou semiárido, apresentam numerosos estômatos que propi-
ciam a rápida troca gasosa. Assim, o vegetal pode aproveitar a maior umidade presente na curta estação chuvosa.
Elas também apresentam seus estômatos abrigados em cavidades, depressões ou criptas na epiderme. Ali, estão
protegidos por inúmeros pelos e desfrutando de um microambiente úmido.

A abertura e o fechamento dos estômatos


Os fatores luminosidade e umidade são os principais fatores ambientais influentes na abertura e fechamen-
to estomáticos.
Quando em ambiente com alta disponibilidade de água no solo, a planta está bem hidratada. Nessas condi-
ções, pelos vasos condutores que suprem o parênquima, as células-guarda recebem água, ficando túrgidas e levam à
abertura dos estômatos, permitindo trocas gasosas com o ambiente. No entanto, cenário contrário, se a quantidade de
vapor perdido for maior ao ganho, as células-guarda perdem água, ficam flácidas e o estômato adota a conformação
de célula murcha, fechando. Esse movimento é chamado de hidroativo, pois depende da concentração de água.
Além da umidade, também devemos pensar na luminosidade, na maioria das plantas, a luz estimula a abertura
dos estômatos. Este movimento também tem um nome específico e é denominado fotoativo – depende da luz.

Mecanismos de abertura e fechamento dos estômatos


O fato de as células-guarda estarem abertas ou fechadas são determinadas pela sua turgidez ou se encon-
trarem no estado de plasmólise, dependente de equilíbrio osmótico. Dois tipos de mecanismos são recorrentes nesse
equilíbrio, sendo que ambos dependem da participação da luz.
1. Na presença de luz, há consumo de CO2 pelas células-guarda através do processo de fotossíntese, assim, a
concentração do gás CO2 deve diminuir, tornando a solução vacuolar mais alcalina. Nesse pH, uma enzima
é ativada e hidrolisa o amido, juntamente com a água, desprendendo moléculas de glicose. Como conse-
quência, as células-guarda ficam hipertônicas, recebem água por osmose, o estômato adquire a forma de
feijão e o estômato se abre. No escuro, o acúmulo de CO2 torna a solução vacuolar ácida. Devido à ação de
certas enzimas, macromoléculas de amido são formadas a partir das moléculas de glicose. Aquelas grandes
moléculas são insolúveis e, como consequência, osmoticamente inativas. Por isso, as células-guarda ficam
hipotônicas, perdem água; as células estomáticas ficam murchas e o estômato se fecha.

73
Mecanismo de fechamento estomático a partir da variação da concentração de CO2.

2. Neste segundo mecanismo há envolvimento de fluxo de íons potássio. Sob a presença de luz, através de trans-
porte ativo, íons potássio são deslocados para as células-guarda. Quando hipertônicas, recebem água, adotando
a conformação de feijão, levando à abertura do estômato. Quando na ausência de luz, os íons potássio saem das
células estomáticas, tornando-as flácidas pela perda de água, ocorrendo o fechamento do complexo estomático.
Ambos os mecanismos ocorrem dependendo das condições fisiológicas do vegetal e ambientais. Condições am-
bientais e consequências no vegetal:
§§ Claro: fotossíntese → solução vacuolar básica (entra k+) → ganha água → estômatos abertos;
§§ Escuro: sem fotossíntese → solução vacuolar ácida (sai k+) → perde água → estômatos fechados.
Abertura e fechamento dos estômatos
Condições ambientais Comportamento do estômato
Alta Abre
Intensidade luminosa
Baixa Fecha
Concentração de CO2 Alta Fecha
(no interior da célula) Baixa Abre
Alto Abre
Suprimento de água
Baixo Fecha

Plantas C4 e CAM
Quanto à eficiência metabólica relacionada à fotossíntese e à respiração, é possível distinguir três tipos de
plantas: C3, C4 e CAM. Comparadas às plantas C3, vegetais em geral, as C4 utilizam o CO2 de maneira mais eficiente,
uma vez que possuem uma faixa ótima de fotossíntese superior e podem atingir a mesma taxa fotossintética que
as C3. Mas, com menor abertura de estômatos, consequentemente, a perda de água também é menor. São plantas
especialmente adaptadas a ambientes secos, com temperatura elevada e alta intensidade luminosa, representadas
pelo milho, cana-de-açúcar e sorgo, todas gramíneas. Ainda com relação aos mesmos aspectos, as plantas CAM, são
aquelas nas quais ocorre assimilação noturna do gás carbônico, quando os estômatos estão abertos, que é converti-
do em ácidos orgânicos e armazenado nos sucos vacuolares das células. Durante o dia, com os estômatos fechados,
os ácidos orgânicos são desfeitos e o gás carbônico liberado é utilizado na fotossíntese, mesmo com os estômatos
fechados. Esse fenômeno é comum às plantas da família das crassuláceas: espada-de-são-jorge (monocotiledônea),
algumas pteridófitas, abacaxi, entre outras. Em regiões desérticas, a seleção natural favorece plantas que abrem
estômatos à noite, quando a transpiração é menor.
O tipo de fotossíntese das plantas C4 resulta na formação de um composto de quatro carbonos e constitui
uma vantagem para as plantas que a possui, pois muito mais energia pode ser produzida e armazenada.
Para o homem, constitui uma vantagem à medida que plantas cultivadas que possuem esse mecanismo de
fotossíntese são extremamente produtivas, como é o caso da cana-de-açúcar e outras gramíneas cultivadas não só
para o consumo humano, mas também para o consumo animal.

74
Adaptações da folha aos diferentes ambientes
Angiospermas estão sujeitas a ambientes secos ou extremamente úmidos e por isso, assim como seus
demais órgãos, suas folhas possuem grande variedade ao analisar diferentes espécies vegetais. Com base na sua
necessidade de consumo hídrico e nas demais adaptações, as plantas são classificadas como xerófitas (adaptadas
a secos e com pequenos períodos de disponibilidade de água), mesófitas (muitos dependentes de água NO e na
atmosfera) ou hidrófitas (quando se desenvolvem totalmente e parcialmente na água). Dependendo do tipo de
vegetal, as folhas possuem características específicas.
§§ Caracteres xerofíticos – geralmente, são folhas miúdas e compactas, com notável aumento no espes-
samento das folhas, além de aumento na espessura das paredes celulares, especialmente a da cutícula;
também possui maior densidade nos estômatos e vasos de xilema e floema. As folhas são, frequentemente
coriáceas, dotadas de cutícula extremamente desenvolvida e abundante, além de alto número de tricomas.
O mesófilo é bastante diferenciado, podendo haver mais camadas de parênquima paliçádico do que o co-
mum, além disso, é comum encontrar o parênquima aquífero. As xerófitas possuem o sistema vascular bem
desenvolvido e, por vezes, com grande quantidade de esclerênquima.
§§ Caracteres hidrofíticos – geralmente, possuem tecidos vasculares e de sustentação menos desenvolvi-
dos, com destaque para o xilema, muito reduzido. O mesófilo é dotado de grandes espaços intercelulares.
Nas folhas submersas e outras superfícies de folhas flutuantes, a epiderme toma parte da absorção de nu-
trientes, pois apresenta paredes celulares e cutícula delgada. Na epiderme abaxial de alguns representantes,
ocorrem hidropódios na olhas, que são estruturas secretoras e também absortivas de sais. O mesofilo é
reduzido, possui poucas camadas de células; os estômatos podem ou não estar presentes e, geralmente, não
há especializações do parênquima em paliçádico e esponjoso. Em folhas que flutuam, os estômatos estão
presentes somente na face adaxial.
§§ Caracteres mesofíticos – caracterizam a folha que estudamos ao longo da aula, ou seja, são as folhas
mais comuns de serem encontradas no nosso país. Possuem parênquima clorofiliano diferenciado em parên-
quima paliçádico e também em parênquima esponjoso. Têm predominância de estômatos na fase abaxial.

75
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Tipos de Nervação de Plantas | Brasil Bioma

Fonte: Youtube

76
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

As folhas estão muito presentes em nosso cotidiano, seja na forma de ornamentos para ambientes e jardins,
como na forma de chás da medicina popular, e em pesquisas com alvos terapêuticos. Um exemplo é o chá de ayahuasca,
composto por folhas de duas plantas amazônicas, o qual tem sido usado em pesquisas pela USP e Unifesp. As pes-
quisas até o momento mostram que esse chá tem um potencial de uso terapêutico para o tratamento de depressão
e doença de Parkison.

INTERDISCIPLINARIDADE

A folha é uma região importante do vegetal, na qual ocorre a troca de gases entre a planta e o meio am-
biente, como oxigênio e gás carbônico . É necessária uma diferença de concentração dos gases para que ocorram
as trocas e possibilite a fisiologia adequada dos vegetais. Nesse processo de entrada e saída dos gases, faz-se
necessária a compreensão de conceitos químicos, como concentração de moléculas.

77
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 29 - Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando


implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas ou produtos
industriais.

Os alunos devem saber aplicar os conhecimentos adquiridos em sala à interpretação de


experimentos, inclusive lembrando das características e etapas relacionadas ao método
científico. No reino vegetal, o grupo das angiospermas, por ser o que apresenta maior
sucesso evolutivo, é, muitas vezes, utilizado como modelo, sendo, portanto, o mais
abordado na prova.

Modelo
(Enem 2006) Na transpiração, as plantas perdem água na forma de vapor através dos estômatos.
Quando os estômatos estão fechados, a transpiração torna-se desprezível. Por essa razão, a aber-
tura dos estômatos pode funcionar como indicador do tipo de ecossistema e da estação do ano em
que as plantas estão sendo observadas. A tabela a seguir mostra como se comportam os estômatos
de uma planta da caatinga em diferentes condições climáticas e horas do dia. Considerando a mes-
ma legenda dessa tabela, assinale a opção que melhor representa o comportamento dos estômatos
de uma planta típica da mata Atlântica.

Condição Horas do dia


climática 8h 10h 12h 14h 16h 17h

tempo chuvoso 2 2 2 0 2 2

seca 1 1 0 0 0 0

seca intensa 0 0 0 0 0 0

Legenda:
0 = estômatos completamente fechados;
1 = estômatos parcialmente abertos;
2 = estômatos completamente abertos.
a)

Condição Horas do dia


climática 8h 10h 12h 14h 16h 17h

tempo chuvoso 2 2 2 0 2 2

seca 1 1 0 0 1 1

seca intensa 1 1 0 0 0 0

78
b)

Condição Horas do dia


climática 8h 10h 12h 14h 16h 17h

tempo chuvoso 1 1 1 1 1 1

seca 1 1 0 0 1 1

seca intensa 0 0 0 0 0 0

c)

Condição Horas do dia


climática 8h 10h 12h 14h 16h 17h

tempo chuvoso 1 1 0 0 0 0

seca 1 1 0 0 0 0

d)

Condição Horas do dia


climática 8h 10h 12h 14h 16h 17h

seca 1 1 0 0 0 0

seca intensa 0 0 0 0 0 0

e)

Condição Horas do dia


climática 8h 10h 12h 14h 16h 17h

tempo chuvoso 2 2 2 0 2 2

seca 2 2 2 0 2 2

Análise Expositiva

Habilidade 29

O próprio enunciado auxiliou na interpretação do experimento, ao descrever a fisiologia do


funcionamento dos estômatos. Desse modo, basta ao aluno reconhecer que as plantas que
habitam a mata Atlântica quase sempre mantêm seus estômatos abertos, visto que a dispo-
nibilidade hídrica nesse ecossistema é grande.

Alternativa E

79
Estrutura Conceitual
FOLHA

Regulação
Morfologia
estomática

Controla trocas gasosas


Externa (CO2, O2 e H2Ovapor )

◊ Limbo
◊ Pecíolo ◊ Intensidade luminosa
◊ Bainha ◊ Concentração de CO2
◊ Suprimento de água
Interna

Epiderme
◊ Cutícula
◊ Estômato
◊ Hidatódio
◊ Tricoma

Mesófilo

◊ Parênquima clorofiliano
(cloroplasto)
◊ Feixe vascular

80
Abordagem de SISTEMAS FISIOLÓGICOS nos principais vestibulares.

FUVEST
Sistemas fisiológicos têm aparecido com bastante frequência nos últimos anos. é uma matéria com
grande diversidade de assuntos por tratar-se da fisiologia humana. Na Fuvest, a cobrança tem alterna-
do entre questões clássicas, sobre o funcionamento de sistemas, bem explorados em salas de aula. Re-
ferente ao sistema digestório, a Fuvest cobra bastante a memorização de enzimas e locais de atuação.

LD
ADE DE ME
D
UNESP
U

IC

Sempre buscando o desenvolvimento do raciocínio lógico a partir da interpretação de um texto,


FAC

INA

1963

gráfico ou figura. Cobra conceitos simples, mas de uma maneira criativa, em que o aluno que en-
BO
T U C AT U

tende a matéria consegue correlacionar o que foi sugerido pelo exercício sem muitos problemas.
Não aparentam grandes dificuldades nos conteúdos, mas é importante ter atenção ao interpretar
gráficos ou figuras, para não perder pontos.

UNICAMP
É um tema bastante explorado nos últimos vestibulares, normalmente correlacionado com outros
conteúdos, boa parte das vezes com questões estruturais das matérias, quando o assunto é di-
gestão. Outras vezes, associando as características evolutivas dos sistemas. Então, é importante
saber quais comparações podem ser feitas com outros grupos de animais.

UNIFESP
Como já é comum da Unifesp, apresenta questões muito elaboradas, cobrando mais de uma frente na
mesma questão e pedindo para o aluno explicar processos fisiológicos. Faz com que o aluno entenda
a função de cada estrutura e órgão nos sistemas, exigindo muito mais que uma simples memorização
do conteúdo.

ENEM/UFMG/UFRJ
O Enem cobra bastante interpretação de texto, exigindo um conceito mais específico sobre cada sis-
tema. suas alternativas quase sempre mostram duas parecidas, sendo só uma certa, e outras 3 sem
muita relação com a pergunta. A Ufrj tem cobrado pouco essa matéria nos últimos anos, mas ela vem
associada a gráficos e a uma situação-problema, em que o aluno tem que dominar a leitura do gráfico
e a matéria para conseguir responder às questões sem erros.

UERJ
Essa matéria aparece com bastante frequência na Uerj, cobrando conhecimento de diversas áreas.
Normalmente, as questões não são simples, exigindo do leitor um bom conhecimento da matéria
para correlacionar cada etapa dentro do sistema com a situação do problema. A maioria das questões
apresentam alguma figura ou gráfico para responder a uma situação cotidiana, que na grande maioria
das vezes é abordada na sala de aula.
3 6
5 3 Sistema respiratório

Competência Habilidades
4 14, 15 e 16

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
A função do sistema respiratório é permitir ao organismo a troca de gases com o ar atmosférico, garantindo
uma concentração de oxigênio no sangue, necessária para as reações metabólicas, e em contrapartida servindo
como via de eliminação de gases residuais e que resultam dessas reações, como o gás carbônico. A troca dos gases
faz-se ao nível dos alvéolos nos pulmões, mas, para atingi-los, o ar deve percorrer as vias aéreas representadas
pelo nariz, pela faringe, pela laringe, pela traqueia, pelos brônquios, bronquíolos e pelos pulmões.

Capilares
(a) (b)

Faringe Bronquiolo

Laringe Veia
Traqueia pulmonar Alvéolos

Arteria
pulmonar

Brônquios principais
Bronquiolos

Diafragma

Sistema respiratório humano (a) e detalhe de alvéolos (b).

Nariz
O ar é captado pelo trato respiratório através de dois canais do nariz, chamados de narinas. Em seguida, se
propaga pela cavidade nasal, que está revestida por mucosa respiratória. Nesse ponto, o ar é filtrado por pelos no
interior das fossas nasais, umedecido e aquecido antes de atingir a traqueia e, por isso, é desaconselhável respirar
pela boca. Além disso, a cavidade nasal possui células receptoras no epitélio olfativo, para o olfato em sua região
mais superior.

85
Faringe
A faringe é um canal de passagem de ar e alimento, uma vez que possui conexão com a laringe e também com o
esôfago.

Cavidade nasal
Seios paranasais

Cavidade oral

Nasofaringe

Orofaringe Faringe

Hipofaringe
Glândulas salivares

Laringe Esôfago

Traqueia

Faringe

Laringe
A laringe é um órgão curto, localizado na linha mediana do pescoço e que conecta a faringe com a traqueia.
Três funções podem lhe ser atribuídas: atua como uma via de fluxo do ar, durante a respiração; abriga as nossas
cordas ou pregas vocais (isto é, produz a vocalização) e impede que alimentos e objetos estranhos alcancem es-
truturas respiratórias, como a traqueia. A última função é possível devido a presença da epiglote, uma estrutura
cartilaginosa, localizada acima da glote – a entrada da laringe – que fecha a passagem do alimento para a laringe,
permitindo que o mesmo se dirija ao esôfago, e não às vias respiratórias.

Traqueia
A traqueia é um tubo de, aproximadamente, 10 cm de comprimento e 2,5 cm de diâmetro, que faz continu-
ação à laringe, penetra no tórax e termina se bifurcando em dois brônquios principais, o direito e o esquerdo. Sua
posição é mediana e anterior ao esôfago. A constituição de anéis cartilaginosos incompletos para trás, permite as
expansões do esôfago, que dilata com a passagem do bolo alimentar em deglutição. Internamente, a traqueia é
forrada por mucosa, com abundância de glândulas, e o epitélio é ciliado, facilitando a expulsão de mucosidades e
corpos estranhos inspirados.

86
Brônquios
Os brônquios principais partem da traqueia e ao chegarem nos respectivos pulmões, subdividem-se nos brôn-
quios lobares, que dividem-se respectivamente em tubos cada vez menores denominados bronquíolos. Os bronquí-
olos, por sua vez, se ramificam e dão origem a minúsculos túbulos denominados ductos alveolares, que terminam
em estruturas microscópicas, com forma de uva, chamados de alvéolos: sáculos de ar minúsculos que compõem a
porção terminal das vias respiratórias. Os alvéolos são envolvidos por capilares, e esta configuração permite o processo
de hematose, isso é, oxigenação do sangue por meio das trocas gasosas (de dióxido de carbono por oxigênio).

Pulmões
Os pulmões são órgãos situados no interior do tórax e essenciais na respiração, uma vez que é neles que
ocorre o encontro do ar atmosférico com o sangue circulante, isso é, as trocas gasosas (hematose). São duas vísce-
ras situadas lado a lado, contíguas às costelas, que se estendem do diafragma até a porção superior das clavículas.
São envoltos e protegidos por membranas serosas denominadas pleuras.

Ventilação pulmonar
A inspiração, processo de entrada do ar nos pulmões, ocorre devido a contração da musculatura do dia-
fragma e dos músculos intercostais. O diafragma abaixa e as costelas elevam-se, promovendo o aumento da caixa
torácica, com consequente diminuição da pressão interna, induzindo a entrada de ar nos pulmões.
A expiração, processo de saída do ar dos pulmões, ocorre pelo relaxamento da musculatura do diafragma
e dos músculos intercostais. O diafragma é elevado e as costelas abaixam, com diminuição do volume da caixa
torácica e aumento da pressão interna, tendo como consequência a saída de ar dos pulmões. Na expiração forçada,
os músculos abdominais são contraídos.
Inspiração Expiração

O diafragma contrai- O diafragma relaxa e


se e baixa; os se eleva; os
músculos músculos
intercostais intercostais relaxam
contraem e elevam Ar Ar e baixam as costelas;
as costelas; o volume inspirado expirado o volume da caixa
da caixa torácica torácica diminui.
aumenta.
Os pulmões
Os pulmões contraem-se.
distendem-se
A pressão dentro dos
A pressão dentro dos pulmões aumenta
pulmões diminui relativamente à
relativamente à Músculo pressão atmosférica.
pressão atmosférica. diafragma
O ar que se encontra
O ar atmosférico nos pulmões sai para
entra nas vias o exterior, passando
respiratórias e chega pelas vias
nos pulmões. respiratórias.

87
O transporte de gases respiratórios
O transporte do gás oxigênio para os tecidos é realizado pela hemoglobina, proteína presente nas
hemácias (eritrócitos). Cada molécula de hemoglobina se liga a quatro moléculas de gás oxigênio, formando a
oxiemoglobina. No entanto, a afinidade da hemoglobina pelo O2 é variável, ou seja, a hemoglobina pode ter
sua afinidade pelo O2 aumentada ou diminuída, dependendo das condições. É essa capacidade de alterar a sua
afinidade pelo O2 que torna a hemoglobina apta a realizar esse transporte, pois dessa forma, ela capta o O2 nos
capilares pulmonares e o libera nos tecidos metabolicamente ativos. Nos alvéolos pulmonares, o gás oxigênio do
ar difunde-se para as hemácias dos capilares sanguíneos, onde se liga a hemoglobina, enquanto o gás carbônico
(CO2) é eliminado para o ar atmosférico, processo denominado hematose. Já nos tecidos, um processo inverso
ocorre: o gás oxigênio dissocia-se da hemoglobina e difunde-se pelo líquido tissular (ou intersticial, que banha as
células dos tecidos), atingindo suas células. A maior parte do gás carbônico (cerca de 70%) liberado pelas células
no líquido tissular penetra nas hemácias e reage com a água, formando o ácido carbônico, que logo se dissocia
e dá origem a íons H+ e bicarbonato (HCO3),- difundindo-se para o plasma sanguíneo, ajudando a manter o pH
sanguíneo. Apenas 23% do gás carbônico liberado pelos tecidos associam-se à própria hemoglobina, formando
a carboemoglobina, o restante dissolve-se no plasma.
Hemoglobina O2 oxiemoglobina
Ligação instável

Hemoglobina CO2 carboemoglobina


Ligação instável

Hemoglobina CO carboxihemoglobina
Ligação ESTÁVEL

Efeito das pressões parciais na difusão dos gases


As trocas gasosas entre o ar e as superfícies respiratórias ocorrem por difusão, brevemente definida como
o deslocamento de partículas da região de maior concentração para outra de menor concentração. Quando essas
partículas são gases, a concentração pode ser expressa em termos de sua pressão parcial.
No ar que inspiramos, a pressão parcial de gás oxigênio (pO2) é maior que a pressão de gás carbônico. Po-
rém, no interior dos pulmões, o ar inspirado mistura-se ao ar residual ali presente; diminuindo proporcionalmente
as pressões parciais dos gases, mas a pressão de oxigênio ainda é maior que a do gás carbônico.
No sangue venoso, presente nos capilares sanguíneos pulmonares, a pCO2 é maior que a pO2.

Trocas Gasosas no Alvéolo

88
Considerando que a pO2 do interior dos pulmões é maior que a do sangue, nos capilares sanguíneos pul-
-monares, o gás oxigênio difunde do ar pulmonar para a corrente sanguínea. Em oposição, considerando que a
pCO2 do sangue dos capilares é superior a pCO2 do ar pulmonar, ocorre a difusão de gás carbônico do sangue para
o ar pulmonar. Finalizando, ao passar pelos capilares dos tecidos corporais, nos quais a pO2 é menor que aquela
presente no sangue recém-oxigenado, então o gás oxigênio se difunde para as células dos tecidos; enquanto o
oposto ocorre em relação ao gás carbônico, pois sua concentração é maior nos tecidos do que no sangue oxigena-
do nos pulmões. Assim ocorre, a nível celular, as trocas gasosas.

O monóxido de carbono (CO) é um poluente gasoso, produzido naturalmente ou pela ação humana. O CO
pode estar presente no ar ambiente em virtude da combustão incompleta do carbono ou matéria orgânica, decor-
rente por exemplo, de queimadas espontâneas em florestas, da queima de combustíveis derivados do petróleo;
além disso o fumo e a exposição ao trânsito das grandes cidades aumentam a exposição a esse gás.
É transportado ligado à hemoglobina, formando a carboxiemoglobina, um composto estável. Esse gás apre-
senta cerca de 200 vezes mais afinidade pela hemoglobina que o oxigênio, isso significa que reduz a quantidade
de oxigênio transportado por esse pigmento respiratório e, consequentemente, prejudica a oxigenação tecidual.
A gravidade da intoxicação por monóxido de carbono depende, dentre outros fatores, da duração da exposi-
ção. Os sintomas podem variar de cefaleia, tonturas, problemas respiratórios até o comprometimento do sistema
nervoso e morte, nos casos mais graves.

Controle da respiração
Em repouso, a frequência respiratória é da ordem de 10 a 15 movimentos por minuto. A respiração é con-
trolada, de modo automático, por um centro nervoso localizado no bulbo. A partir desse centro, partem os nervos
responsáveis por estimular a contração dos músculos respiratórios, o diafragma e os músculos intercostais, para os
quais os sinais nervosos da medula espinhal são transmitidos.
Em condições normais, o centro respiratório (CR) produz, em média a cada 5 segundos, um impulso nervoso
que estimula a contração da musculatura torácica e do diafragma, fazendo-nos inspirar. Esse centro de comando
possui quimiorreceptores altamente sensíveis ao aumento de CO2 no sangue e à diminuição do pH sanguíneo,
decorrente do acúmulo desse gás. Por isso o CR é capaz de aumentar e de diminuir tanto a frequência como a
amplitude dos movimentos respiratórios, permitindo que os tecidos recebam a quantidade de oxigênio que neces-
sitam, além de remover adequadamente o gás carbônico.
À medida que o sangue se torna mais ácido, por conta do aumento de gás carbônico, o centro respiratório
promove a aceleração dos movimentos associados à respiração. Assim, a frequência e a amplitude da respiração
aumentam por conta da estimulação do CR. Em uma condição oposta, a depressão do CR promove uma diminuição
de ambas frequência e amplitude respiratória.
A respiração é o principal mecanismo de controle do pH do sangue. Acompanhe a reação química abaixo,
que ilustra o processo que ocorre com o gás carbônico no interior das hemácias:

Quando ocorre o aumento na concentração de CO2, a reação é deslocada para direita, ao passo que a redu-
ção de CO2 desloca a reação para a esquerda. Dessa forma, o aumento da concentração de CO2 no sangue provoca
+
aumento de íons H e o plasma tende ao pH ácido. Se houver diminuição na concentração de CO2, o pH do plasma
sanguíneo aumenta e tende a ficar mais básico (alcalino). Se o pH está abaixo do normal, temos a acidose, então o
centro respiratório é excitado, aumentando a frequência e a amplitude dos movimentos respiratórios. O aumento da

89
ventilação pulmonar determina a eliminação de maior quantidade de CO2, o que eleva o pH do plasma ao seu valor
normal. Caso o pH do plasma esteja acima do normal, a alcalose, o centro respiratório é deprimido, diminuindo a
frequência e a amplitude dos movimentos respiratórios. Com a diminuição na ventilação pulmonar, há retenção de
+
CO2 e maior produção de íons H , o que determina queda no pH plasmático até seus valores normais.
A ansiedade e os estados ansiosos promovem liberação de adrenalina, e frequentemente levam também à
hiperventilação, de modo que o indivíduo torna seus líquidos orgânicos alcalinos (básicos), eliminando grande quan-
tidade de dióxido de carbono, precipitando, assim, contrações dos músculos de todo o corpo. Na condição em que a
concentração de gás carbônico diminuir muito, podem ocorrer consequências extremamente nocivas, como o desenvol-
vimento de um quadro de alcalose, potencialmente um fator de irritabilidade do sistema nervoso, resultando, algumas
vezes, em tetania, ou seja, contrações musculares involuntárias por todo o corpo ou mesmo convulsões epilépticas.
Em algumas condições, a concentração de oxigênio nos alvéolos pode diminuir de maneira considerável.
Isso ocorre, especialmente, em lugares muito altos, onde a concentração de oxigênio na atmosfera é muito baixa ou
quando uma pessoa contrai pneumonia ou alguma outra doença que reduza o oxigênio nos alvéolos. Sob tais condi-
ções, quimiorreceptores localizados nas artérias carótida, no pescoço, e aorta são estimulados e enviam sinais pelos
nervos vago e glossofaríngeo, estimulando os centros respiratórios no sentido de aumentar a ventilação pulmonar.

teor de CO2 no sangue teor de CO2 no sangue


diminui aumenta
acidez do eleva-se
sangue diminui a acidez sanguínea
aumenta o teor de O2 diminui o teor de O2
no sague. no sangue

5 1

receptores detectam
a frequência respiratória
bulbo as mudanças e enviam
aumenta
impulsos ao centro
(hiperventilação) cerebelo
respiratório bulbar
medula espinhal
4 2

o centro respiratório
localizado no bulbo
envia mensagens aos
músculos intercostais
e ao diafragma

90
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Sistema respiratório

Fonte: Youtube

Vídeo Como fazer um pulmão artificial caseiro

Fonte: Youtube

92
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

O soluço é resultado de uma contração involuntária do diafragma, um fino músculo que separa o tórax do
abdômen e que, juntamente com os músculos intercostais externos, é responsável pelo controle da respiração.
Seus movimentos de contração e relaxamento permitem que inspiremos e expiremos o ar e são controlados pelo
nervo frênico, situado logo acima do estômago. Os incômodos do soluço surgem a partir de uma irritação do nervo
frênico, cujas causas podem ser diversas (distensão gástrica pela ingestão de bebidas com gás, deglutição de ar ou
alimentação em grande volume; mudanças súbitas da temperatura de alimentos ingeridos; modificações da tempe-
ratura corporal, como sauna seguida de ducha gelada; ingestão de bebidas alcoólicas; ou até mesmo gargalhadas).
Quando ele fica sensibilizado, envia uma mensagem para o diafragma se contrair, o que dispara o soluço.
O característico barulhinho “hic, hic” surge quando ocorre o fechamento súbito da glote (abertura superior
da laringe, onde se localizam as cordas vocais), produzindo vibração nas cordas vocais.

INTERDISCIPLINARIDADE

A biofísica da hematose é algo muito comum de ser cobrada nos vestibulares, sendo a mais clássica a dife-
rença de pressão no interior da caixa torácica em relação à pressão atmosférica. Fora isso, a mistura de gases no
pulmão não é muito cobrada, mas pode ser interessante de ser analisada, visto que o ar entra e sai pela mesma via,
e que nunca conseguimos expulsar completamente o ar rico em gás carbônico do pulmão. O ar que entra logo após
a inalação se mistura com o ar aprisionado nos pulmões; sendo assim, a sua pressão parcial de oxigênio sempre
vai ser menor que a atmosférica. Além disso, podemos correlacionar as reações químicas que acontecem dentro do
sangue durante as trocas gasosas, uma vez que o gás carbônico se encontra dissolvido no plasma sanguíneo, logo
antes de deixar os alvéolos, em forma de ácido carbônico, que se dissocia em íons de hidrogênio e bicarbonato.

93
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

O estudo dos diferentes sistemas do organismo humano é de suma importância e fre-


quentemente abordado de forma aplicada junto a algum assunto de interesse ou abor-
dagem de uma situação familiar ao aluno. Assim, cabe ao aluno fazer associações dos
conteúdos estudados com questões da vida cotidiana.

Modelo
(Enem) A adaptação dos integrantes da seleção brasileira de futebol à altitude de La Paz foi muito
comentada em 1995, por ocasião de um torneio, como pode ser lido no texto abaixo.
"A seleção brasileira embarca hoje para La Paz, capital da Bolívia, situado a 3700 metros de alti-
tude, onde disputará o torneio Interamérica. A adaptação deverá ocorrer em um prazo de 10 dias,
aproximadamente. O organismo humano, em altitudes elevadas, necessita desse tempo para se
adaptar, evitando-se, assim, risco de um colapso circulatório."
(Adaptado da revista Placar, fev. 1995)

A adaptação da equipe foi necessária principalmente porque a atmosfera de La Paz, quando com-
parada à das cidades brasileiras, apresenta:
a) menor pressão e menor concentração de oxigênio.
b) maior pressão e maior quantidade de oxigênio.
c) maior pressão e maior concentração de gás carbônico.
d) menor pressão e maior temperatura.
e) maior pressão e menor temperatura.

Análise Expositiva

Habilidade 14

Em grandes altitudes, a pressão atmosférica é menor que ao nível do mar; além disso, o ar é
rarefeito. Esse fato dificulta a captação de oxigênio pelas moléculas de hemoglobina presen-
tes nas hemácias de atletas que atuam em ambientes aos quais não estão adaptados.

Alternativa A

94
Estrutura Conceitual
S I ST E M A R E S P I R ATÓ R I O

◊ Nariz
◊ Faringe
◊ Laringe
Componentes
◊ Traqueia
◊ Brônquios ◊ Bronquíolos
◊ Pulmões
◊ Alvéolos

◊ Contração do diafragma
e músculos intercostais
Inspiração
◊ ↓ Pressão interna
◊ Entrada do ar
Ventilação
pulmonar ◊ Relaxamento do diafragma
e músculos intercostais
Expiração
◊ ↑ Pressão interna
◊ Saída do ar

◊ Bulbo
Controle da
◊ ↑CO2 sanguíneo ⇒↓ pH
respiração
◊ Estimula a inspiração

95
3 8
7 3 Sistema digestório

Competências Habilidades
4e8 14, 15, 16, 28 e
29

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
O sistema digestório é composto por um longo tubo musculoso, associados aos órgãos que participam da
digestão, sendo eles a cavidade bucal, a faringe, o esôfago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e ânus.
Adicionalmente, as glândulas anexas, sendo elas as glândulas salivares, fígado, vesícula biliar e pâncreas também
participam da digestão.

Boca
Faringe
Glândula salivar

Esôfago

Fígado
Estômago
Vesícula bilear
Pâncreas

Colón

Intestino grosso
transverso
Intestino delgado

Colón
Duodeno ascendente
Jejuno Colón
Íleo descendente

Ceco
Reto
Apêndice
. vermiforme Ânus

Medido no cadáver, o comprimento do tubo digestório é de cerca de 9 m. Em um ser humano vivo, o tama-
nho é menor, uma vez que, ao longo das paredes dos órgãos do trato gastrintestinal, os músculos mantêm o tônus.
Há também os órgãos digestórios acessórios, que são os dentes, língua, glândulas salivares, fígado, pâncreas e a
vesícula biliar. Os dentes executam a fase mecânica da mastigação, com auxílio da língua, que também promove
a deglutição, sendo ambos os órgãos acessórios que possuem contato direto com os alimentos. De modo geral,
participam na produção ou armazenamento de secreções liberadas no trato gastrintestinal, e também no auxílio da
degradação química do alimento. São funções do sistema digestório:
1. Aproveitamento de substâncias alimentares, pelo organismo, assegurando a manutenção dos processos vitais.
2. Transformação – química e mecânica - das macromoléculas ingeridas (isto é, proteínas, carboidratos, lipíde-
os) em moléculas com forma e tamanho compatíveis com a absorção pelo intestino.
3. Transporte de água, sais mineiras e alimentos que foram digeridos, da luz do intestino até os capilares san-
guíneos da mucosa do mesmo.
4. Eliminação de resíduos de compostos que não foram digeridos, nem absorvidos, incluindo restos de células
descamadas do trato gastrointestinal e das substâncias secretadas na luz intestinal.

99
Cavidade oral
A cavidade oral é o local de ingestão e digestão parcial do alimento. Ao ser mastigado pelos dentes, sob ação
da saliva proveniente das glândulas salivares, ocorre a formação de um bolo alimentar. A deglutição – fase voluntária
do processo – empurra o bolo da cavidade da boca para a faringe, onde ocorre a fase involuntária da deglutição.

ESTRUTURAS ANEXAS
Na superfície da língua estão distribuídas dezenas de papilas gustativas, constituídas por células sen-
soriais promovem a percepção dos quatro sabores primários: azedo (ou ácido), amargo, salgado e doce, e dessa
combinação podem resultar centenas de sabores diferentes. Os quatro tipos de receptores gustativos na superfície
da língua possuem uma distribuição não homogênea, isto é, não há uma região da língua com especialização em
um determinado sabor.

dade bucal
Glândula
parótida
acessória

Glândula
parótida Conducto
epiglote parotídeo

glote

Glândula
sublingual

Glândula
Glândulasubmandibular
submandibular
medula
Ao ingerir, cheirar ou observar um alimento, as glândulas salivares são estimuladas a secretar saliva, que
possui a enzima amilase salivar ou ptialina, sais minerais e outras substâncias. A amilase salivar faz a digestão
do amido e de outros polissacarídeos (por exemplo, o glicogênio) em moléculas de maltose (dissacarídeo) mais sim-
ples. Os três pares de glândulas salivares – parótida, submandibular e sublingual – secretam enzimas na cavidade
bucal. Além disso, os sais da saliva neutralizam compostos ácidos e mantêm de um pH neutro (7,0) a levemente
ácido (6,7) na boca, ideal para a ação da ptialina.

100
Dentes
DENTES
Os dentes são estruturas usadas na mastigação, e também com papel na fala, que possuem estrutura cônica
e dura, fixados nos alvéolos da mandíbula e maxila. Normalmente, adultos possuem 32 dentes permanentes.

Esmalte

Coroa
Dentina

Gengiva

Colo

Cemento

Raiz
Polpa

Incisivo Canino Pré-molar Molar


Osso

Artéria, Veia e
nervo penetrando
no forame do
ápice do dente

Dentes

Língua
A língua é o principal órgão do paladar, sendo também um importante órgão para vocalização e para masti-
gação e deglutição dos alimentos. Na região anterior e dorsal se distribuem as papilas linguais, o que confere uma
LÍNGUA
aspereza característica a essa região. As papilas possuem os botões gustatórios, responsáveis pelo paladar e podem
ser circunvaladas, fungiformes, filiformes ou simples.

Epiglote
Valéculas
Prega glosso-
epiglótica

Tonsila palatina
(amígdala)
Tonsila lingual

Papilas circunvaladas

Papilas fungigormes

Sulco lingual

Ápice da língua

Língua

101
Faringe e esôfago

Parte nasal da faringe


Palato duro
Palato mole Bolo
Úvula palatina
Língua
Parte oral da faringe
Epiglote
Os músculos se
Parte laríngea da faringe
contraem
Laringe
Os músculos
relaxam
Esôfago
Bolo alimentar
Posição das estruturas antes da deglutição Durante a etapa faríngea da deglutição Alimento semidigerido
Esôfago
Túnica
muscular relaxada
Estrato circular
contrai-se

Estrato longitudinal
Bolo contrai-se
Túnica muscular relaxada

Estômago

Etapa esofagica da deglutição

Boca e esôfago. Deglutição e peristalismo

Estômago
O estômago está situado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o fígado e o baço. É o segmento
mais dilatado do tubo digestório – uma adaptação importante, em virtude dos alimentos permanecerem nele por
algum tempo.
O estômago pode ser dividido em 4 regiões principais: cárdia, fundo, corpo e piloro. O fundo, apesar do
nome, situa-se acima do ponto caracterizado pela junção entre o esôfago e estômago e o corpo ocupa cerca de 2/3
do volume total. Entre esses órgãos, se localiza a cárdia, uma válvula que impede o refluxo dos alimentos para o
esôfago, que se fecha quando o alimento chega ao estômago. De modo similar, o piloro (esfincter pilórico), situado
entre o estômago e o intestino, atua como uma válcula e mantém o alimento no estômago.
A função principal desse órgão é a digestão de compostos proteicos. Nele se encontra o suco gástrico,
líquido claro, transparente e altamente ácido (ácido clorídrico), que contém também muco, enzimas e sais. Essa
composição permite que o pH do interior do estômago seja mantido entre 0,9 e 2,0.
O pepsinogênio produzido pelas células do estômago é inativo (para não digeri-las), porém, sob ação do
ácido clorídrico do suco gástrico, transforma-se na enzima pepsina, importante enzima que catalisa a digestão
(hidrólise) de proteínas, rompendo suas ligações peptídicas, isto é, que unem os aminoácidos. No entanto, nem
todas as ligações peptídicas são acessíveis pela pepsina, nesse caso permanecem intactas. Assim, oligopeptídeos e
aminoácidos livres são o resultado da ação desta enzima.

102
ESTÔMAGO

Esfíncter cardíaco

Fundo
Esôfago

Abertura
Corpo
gastroesofageal
Camada de músculo
Esfíncter longitudinal
pilórico Camada do músculo
Piloro circular
Camada do músculo
oblíquo
Mucosa
Submucosa

Duodeno
Rugas
Estômago

A renina, é uma enzima produzida pela mucosa gástrica ao longo dos primeiros meses de vida, e atua flo-
culando a caseína, proteína do leite, e facilitando a atuação de outras enzimas proteolíticas. Além disso, a mucosa
gástrica produz o fator intrínseco, essencial para a absorção da vitamina B12. Uma camada de muco recobre a,
protegendo-a da agressão do suco gástrico corrosivo. As células da mucosa estomacal são continuamente lesadas
e mortas pela ação do suco gástrico, muito embora estejam protegidas pelo muco. Como consequência, a mucosa
Células mucosas
está sempre em regeneração e, quando há um desequilíbrio entre o ataque e a proteção, ocorre a inflamação
difusa da mucosa, denominada de gastrite. Em casos mais graves, podem surgir feridas dolorosas que sangram,
conhecidas como úlceras gástricas.
O quimo constitui uma massa semilíquida, ácida, resultante da ação do suco gástrico sobre o bolo alimen-
tar, que por sua vez pode ficar até 4 horas no estômago. Esse processo é auxiliado pelas contrações musculares do
estômago. Gradativamente, o quimo é liberado no intestino delgado, onde grande parte da digestão é realizada.

Intestino delgado
INTESTINO DELGADO
O intestino delgado é um órgão indispensável para digestão, pois é nele que ocorre a principal parte da
digestão, associada aos eventos de digestão. Sua estrutura é especializada para estas funções e sua extensão
fornece grande área de superfície de contato para a digestão e absorção, que ainda é potencializada pelas pregas
circulares, vilosidades e microvilosidades.

Vilosidades Microvilosidades
Intestino delgado

103
O intestino delgado tem cerca de 7 metros de comprimento, mas pode variar entre 5 e 8 metros (após a
morte, o comprimento de intestino delgado e grosso juntos é de 9 metros). O intestino delgado consiste em duode-
no – sua primeira porção – jejuno e íleo e se propaga do piloro até a junção ileocecal, onde o íleo se liga ao ceco,
a primeira porção do intestino grosso.
No duodeno desembocam dois importantes ductos, sendo o ducto colédoco – resultante da união dos
ductos da vesícula biliar e do fígado (lançam ali a bile) e o ducto pancreático, que provém do pâncreas (lança ali o
suco ou secreção pancreática).
Jejuno é a porção do intestino delgado que faz continuação ao duodeno, sendo cerca de 4 centrímetros
mais largo. Sua parede é mais espessa, mais vascularizada e de coloração mais intensa, em relação ao íleo.
O Íleo é a continuação do jenuno INTESTINO DELGADO
e representa a última porção do intestino delgado, sendo mais estreito.
Suas túnicas são menos vascularizadas e mais finas em relação ao jejuno. Distalmente, o íleo desemboca no intes-
tino grosso, por meio de um orifício denominado de óstio ileocecal.
Lúmen
Microvilosidades

Veia porta
hepática

Para o
fígado

Rede de Vilosidades
capilares
Vilosidades
Vaso
linfático

Intestino Vilosidades

Intestino delgado

A digestão do quimo ocorre majoritariamente no duodeno, e também nas primeiras partes do jejuno. No
intestino delgado, três sucos digestivos finalizam a digestão dos alimentos: suco pancreático, suco entérico (ou
intestinal) e bile.
O suco pancreático, produzido pelo pâncreas, contém diversas enzimas digestivas, água e grandes quan-
tidades de bicarbonato de sódio, que atuam no duodeno. Seu pH varia entre 8,5 e 9 e a secreção digestiva realiza
a hidrólise de grande parte das moléculas do alimento, como carboidratos, proteínas, lipídeos e ácidos nucleicos.
A amilase pancreática quebra carboidratos em moléculas de maltose; a lipase pancreática participa
na hidrólise de um tipo de gordura, resultando em glicerol e álcool; as nucleases atuam sobre os ácidos nucleicos,
separando seus nucleotídeos. O suco pancreático contém o tripsinogênio e o quimiotripsinogênio, formas
inativas – e que não digerem suas células produtoras – das enzimas proteolíticas tripsina e quimiotripsina.
A bile produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar também atua no duodeno. O pH da bile varia
entre 8,0 e 8,5, e os sais biliares possuem ação detergente, atuando como emulsificador das gorduras (isso é, de-
gradando suas gotas em milhares de microgotículas).
Na luz do duodeno, a enteroquinase, enzima secretada pelas células da mucosa intestinal, entra em con-
tato com o o tripsinogênio, e converte-o em tripsina, que por sua vez atua na conversão da forma inativa chamada
quimiotripsinogênio em quimiotripsina, enzima ativa. A tripsina e a quimiotripsina realizam a hidrólise de polipep-
tídios, rompendo ligações peptídicas específicas, transformando-os em oligopeptídeos.
O suco entérico (ou intestinal) é composto de enzimas e mucilagem que completam a digestão do alimen-
to e é produzido pelas células da parede do intestino delgado. Assim, seu pH é cerca de 7. Além da enteroquinase,
este suco também possui as seguintes enzimas:

104
§§ sacarase atua na digestão da sacarose que libera glicose e frutose;
§§ lactase atua na lactose (dissacarídeo presente no leite), que a desdobra em galactose e glicose;
§§ maltase atua nas moléculas de maltose formadas na digestão prévia do amido que libera moléculas de glicose; e
§§ peptidases atuam nos peptídeos que levam a liberação de aminoácidos.
No intestino, o quimo sofre ação da bile, enzimas e outras secreções, e passa a ser denominado de quilo.
A absorção dos nutrientes ocorre no jejuno e íleo, podendo ocorrer por mecanismos ativos ou passivos. A superície
interna (ou mucosa) dessas regiões possui vilosidades, caracterizadas por inúmeros dobramentos maiores e mi-
lhões de pequenas dobras (4 a 5 milhões) que aumentam a superfície e eficiência da absorção intestinal.
As membranas células do epitélio intestinal, por sua vez, possuem evaginações e invaginações microscópi-
cas, chamadas de microvilosidades. Além das substâncias citadas, o intestino delgado também absorve a água
ingerida, íons e vitaminas que, juntos, são transportados pelos vasos sanguíneos para o fígado, onde serão meta-
bolizados e distribuídos para outros tecidos.
Os produtos da digestão de gorduras (principalmente glicerol e ácidos graxos isolados) são reagrupados
e alterados nas células da mucosa intestinal, transportados para os vasos linfáticos e sanguíneos, e, finalmente,
armazenados pelos adipócitos (células gordurosas), não passando pelo fígado.

Intestino grosso
O intestino grosso tem calibre maior em relação ao intestino delgado, o que explica seu nome. Possui cerca
de 6,5 centímetros de diâmetro e 1,5 metros de comprimento e se estende do íleo até o ânus. Pelo fato de absorver
a água ingerida com bastante eficiência e velocidade, em cerca de 14 horas o material alimentar se assemelha ao
bolo fecal. O calibre vai, aos poucos, se tornando mais fino conforme se aproxima do canal anal. O intestino grosso
pode ser dividido em 4 partes principais.
O ceco é a primeira porção e tem o maior calibre, comunicando-se com o íleo. Assim, a válvula ileocecal
INTESTINO DELGADO E GROSSO
(junção do íleo com o ceco) atua para impedir o refluxo do material digerido do intestino delgado. Mais ao fundo
do ceco, está situado o apêndice vermiforme. A porção que se segue do intestino grosso é denominada cólon,
segmento que se extende até o reto.

Intestino Delgado
Cólon Transverso

Cólon
Ascendente

Cólon
Descendente

Glândulas mucosas

Duodeno
Ceco

Intestino Grosso:
Ceco;
Cólon Ascendente;
Cólon Transverso; Reto Cólon Sigmóide Jejuno
Cólon Descendente;
Cólon Sigmóide;
Reto.
Íleo
Intestino delgado e grosso

O intestino grosso é o principal segmento de absorção de água (ingerida ou das secreções) e não apresenta
vilosidades, tampouco secreta sucos digestivos. Uma pessoa bebe aproximadamente 1,5 litros de líquidos em um
dia, que se soma a cerca de 9 litros de água provenientes das secreções. As glândulas da mucosa do intestino gros-

105
so lubrificam as fezes, por meio da secreção de mucilagem, facilitando seu transporte e eliminação pelo ânus – a
saída do reto, que é controlado pelo esfíncter anal, músculo que o rodeia.
No intestino grosso, muitas bactérias vivem em mutualismo e sua função no mesmo consiste em dissolver
restos do alimento que não são assimiláveis, reforçar o movimento intestinal e proteger o organismo contra bac-
térias patogênicas e/ou estranhas. As fibras vegetais, em especial a celulose, não podem ser digeridas, tampouco
absorvidas, e por isso tem grande INTESTINO
contribuição para a massaEde
GROSSO fezes. Uma vez que as fibras retêm água, sua
APÊNDICE
ingestão promove fezes macias e fáceis de serem eliminadas.

Intestino
grosso
Ceco

Apêndice

Intestino grosso e apêndice

Peristaltismo
O bolo alimentar é impulsionado ao longo do tubo digestivo por movimentos peristálticos realizados pela
musculatura lisa desses orgãos, ou seja, são contrações involuntárias controladas pelo sistema nervoso autônomo.
O material fecal presente no ceco é transportado para o interior do cólon ascendente, transverso e descen-
dente por meio de ondas peristálticas intermitentes e bem espaçadas. A água é reabsorvida das fezes, de modo
contínuo, pelas paredes do intestino para os capilares sanguíneos, à medida que se desloca através do cólon. O
tempo que se excede ou que é muito breve das fezes no intestino grosso, pode levar à constipação (fezes perdem
excesso de água) ou diarreia (pouco tempo para reabsorção da água), respectivamente.
FÍGADO - PÂNCREAS
Glândulas anexas
Ligamento redondo Ligamento falciforme
Lobo hepático direito Lobo hepático esquerdo

Vesícula biliar
Ducto hepático comum
Ducto
cístico Artéria hepática

Veia porta Artéria esplênica


Ducto pancreático
Veia cava Ducto colédoco
inferior
Porção descendente
do duodeno

Papila maior
do duodeno

Cabeça do pâncreas
Porção horizontal
do duodeno

Fígado, pâncreas e duodeno

106
Fígado
O fígado é a maior glândula e mais volumosa víscera abdominal do organismo. Além de produzir a bile, que
é fundamental na digestão das gorduras, o fígado atua no armazenamento de glicose, na forma de glicogênio,
e, em escala menor, de cobre, ferro e vitaminas. A bile, uma secreção de cor verde amarelada é armazenada na
vesícula biliar, que a libera quando substâncias gordurosas atingem o duodeno. O fígado também está ligado ao
metabolismo dos carboidratos, dos lipídios e proteínas; ao processamento de fármacos – tendo papel na desin-
toxicação do organismo – e hormônios; degrada glóbulos vermelhos (hemácias) velhos ou anormais, transforma
a hemoglobina em bilirrubina, o pigmento castanho-esverdeado encontrado na bile, e da excreção da mesma;
participa da excreção de sais biliares; armazenagem; fagocitose e ativação da vitamina D.

Vesícula biliar

FÍGADO - PÂNCREAS
É um saco membranoso, muscular, que possui a forma de pêra, e se localiza na face inferior direita do fígado.
Este órgão acumula a bile entre as digestões e, quando estimulado, sua musculatura contrai, liberando a bile concen-
trada para o duodeno, por meio do ducto biliar,Vesícula
promovendo a emulsificação das gorduras. A quantidade excessiva
Biliar
de colesterol e cálcio na bile pode levar ao surgimento de cálculos, afecção mais comum deste órgão.
Parte espiral do ducto cístico

Ducto hepático direito


Ducto hepático esquerdo
Colo da vesícula biliar
Ducto hepático comum

Infundíbulo (bolsa de Hartmann)


da vesícula biliar

Corpo da vesícula biliar


Parte lisa do ducto cístico

Ducto colédoco
Fundo da vesícula biliar

Porção descendente (2º)


do duodeno
Óstios glandulares

Ducto pancreático

Papila principal do duodeno


(de Vater)

Ampola (de Vater)

Representação da vesícula biliar e dos ductos que desembocam no duodeno

Pâncreas
O pâncreas é uma glândula de forma triangular, com cerca de 15 cm de comprimento que se distribui de
maneira transversal sobre a parede posterior do abdome. Sendo uma glândula mista, é composta por uma porção
exócrina – os ácinos pancreáticos – e outra porção endócrina – as ilhotas de Langerhans. A porção exócrina secreta
enzimas digestivas no duodeno, participando diretamente da digestão, ao passo que a porção endócrina, produz e
libera hormônios – insulina e glucagon – na corrente sanguínea.

107
Controle da atividade digestiva Controle da gordura corporal
A observação, cheiro, ou até ingestão de ali- Os alimentos consumidos em excesso em um
mentos estimulam a produção e secreção de saliva e, determinado momento, isto é, em que o valor calórico
enquanto o alimento está na cavidade bucal, o siste- supera o total da energia consumida, são convertidos
ma nervoso estimula a mucosa gástrica do estômago a em gorduras do corpo. Essa conversão é mais eficien-
secretar gastrina, hormônio responsável pela produção te quando se ingere gorduras, mais do que proteínas e
de suco gástrico. Cerca de 30% da produção do suco carboidratos. Enquanto houver glicose disponível – que
gástrico é controlada pelo sistema nervoso, ao passo é armazenada na forma de glicogênio nos fígados e
que os 70% restantes estão associados ao estímulo da músculos – a mesma é utilizada, interrompendo o me-
gastrina. tabolismo das gorduras. O estoque de glicogênio dura
A secretina é produzida pela mucosa duode- em torno de 12 a 24 horas, em um adulto em jejum. Se
nal quando o alimento chega no duodeno, e estimula o jejum se prolongar, as reservas de gorduras são consu-
o pâncreas a produzir e secretar o suco pancreático e midas, e, posteriormente, as proteínas. Até que entrem
bicarbonato. Simultâneamente, a presença de gorduras em processo de morte celular, as células podem utilizar
no quimo estimula a mucosa duodenal a produzir co- cerca de 50% de suas proteínas como fonte de energia.
lecistocinina (ou CCK), provocando a secreção do suco
pancreático e contração da vesícula biliar, liberando a
bile no duodeno.
Adicionalmente, na presença de gordura, o duo-
deno secreta enterogastrona, que atua inibindo os
movimentos de esvaziamento do estômago e a produ-
ção de gastrina e, por extensão, de suco gástrico.

Hormônios reguladores da digestão

108
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Por que cocô é marrom e xixi é amarelo?

Fonte: Youtube

Vídeo Sistema digestório (Fantástico)

Fonte: Youtube

110
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Pesquisadores da Universidade Midwestern rastrearam a aparência, desaparecimento e ressurgência do


apêndice em várias linhagens de mamíferos nos últimos 11 milhões de anos, para descobrir quantas vezes ele foi
eliminado e colocado de volta devido às pressões evolutivas. “Assim, podemos rejeitar com confiança a hipótese de
que o apêndice é uma estrutura vestigial com pouco valor adaptativo ou função entre os mamíferos”.
Por anos a fio, os investigadores têm procurado uma função possível do apêndice humano, e a hipótese principal é que
é um refúgio para boas bactérias intestinais que nos ajudam a manter determinadas infecções controladas.
Uma das melhores evidências que nós tivemos para esta sugestão é um estudo de 2012, que descobriu que indiví-
duos sem um apêndice tiveram quatro vezes mais probabilidades de ter uma recorrência de colite por Clostridium
difficile – uma infecção bacteriana que provoca diarreia, febre, náuseas e dor abdominal. “Isso sugere que o apên-
dice provavelmente serve como uma finalidade adaptativa”.

111
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 29 - Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, ana-


lisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-
-primas ou produtos industriais.

O estudo dos diferentes sistemas do organismo humano é de suma importância e fre-


quentemente abordado de forma aplicada junto a algum assunto de interesse ou abor-
dagem de uma situação familiar ao aluno. Assim, cabe ao aluno fazer associações dos
conteúdos estudados para a adequada interpretação de experimentos.

Modelo
(Enem) Um pesquisador percebe que o rótulo de um dos vidros em que guarda um concentrado de
enzimas digestivas está ilegível. Ele não sabe qual enzima o vidro contém, mas desconfia de que
seja uma protease gástrica, que age no estômago digerindo proteínas. Sabendo que a digestão no
estômago é ácida e no intestino é básica, ele monta cinco tubos de ensaio com alimentos diferen-
tes, adiciona o concentrado de enzimas em soluções com pH determinado e aguarda para ver se a
enzima age em algum deles.
O tubo de ensaio em que a enzima deve agir para indicar que a hipótese do pesquisador está cor-
reta é aquele que contém:
a) cubo de batata em solução com pH = 9.
b) pedaço de carne em solução com pH = 5.
c) clara de ovo cozida em solução com pH = 9.
d) porção de macarrão em solução com pH = 5.
e) bolinha de manteiga em solução com pH = 9.

Análise Expositiva

Habilidade 29

A protease presente no suco gástrico acelera a hidrólise de proteínas em meio ácido. Dos alimen-
tos utilizados, a carne é fonte de proteína, enquanto a batata é uma reserva de amido (carboidra-
to), assim como o macarrão. Já a manteiga é um alimento da classe dos lipídeos. A hipótese do
pesquisador será confirmada, portanto, se a enzima digerir a carne em pH = 5.

Alternativa B

112
Estrutura Conceitual

SISTEMA DIGESTÓRIO

◊ Digestão mecânica (dentes)


Componentes Boca ◊ Digestão química (enzima: amilase salivar)
◊ pH entre 6,7 e 7,0

Faringe

Esôfago

◊ Digestão de proteínas
Estômago ◊ Suco gástrico: HC (pH entre 0,9 e 2,0)
◊ Pepsinogênio → pepsina

◊ Suco entérico
Duodeno ◊ Enzimas: sacarase
maltase
Intestino lactase
Jejuno
delgado peptidase

Íleo

Intestino grosso Absorção de água e sais

◊ Fígado: produz a bile


Glândulas ◊ Vesícula biliar: armazena a bile e secreta no duodeno
anexas ◊ Pâncreas: produz suco pancreático e o secreta no duodeno
(enzimas digestivas e bicarbonato)

Controle ◊ Gastrina
◊ Secretina
endócrino
◊ Colecistocinina

113
3 0
9 4 Sistema urinário

Competência Habilidades
4 14, 15 e 16

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Os seres vivos obtêm os nutrientes, por meio da alimentação, que fornecem a energia necessária às ativida-
des celulares. A digestão – que ocorre de maneiras distintas em uni e pluricelulares – e os processos metabólicos
(principalmente a respiração celular), promovem essa transformação de alimentos em energia. Entretanto, na forma
de resíduos, essas reações químicas produzem compostos como a amônia (NH3), o ácido úrico, ureia e o CO2, que
necessitam ser eliminados do organismo, uma vez que podem prejudicar a homeostase, caso se acumulem. Essa
eliminação é a excreção, o mecanismo pelo qual o organismo elimina excretas, isso é, resíduos do metabolismo.
No organismo humano, a excreção pode ocorrer na respiração, com a eliminação do gás carbônico, do suor
(em especial água, cloreto de sódio e ureia) e, principalmente, por meio do sistema urinário ou excretor, que produz
a urina e a elimina para o ambiente externo.

Mecanismos excretores
Os animais menos complexos – esponjas e cnidários – de ambiente aquático, realizam a excreção através
da superfície corpórea, por difusão simples. A partir desses grupos, surgem estruturas com maior especialização na
excreção. Nos platelmintos, grupo a que pertence as planárias, os protonefrídios são constituídos por células flage-
ladas conectadas a túbulos e poros excretores, chamadas de célula-flama, distribuídos longitudinalmente ao longo
do corpo, em ambos os lados. Nos anelídeos e moluscos, de modo geral, a excreção ocorre em um conjunto de
finos tubos ligados a capilares sanguíneos, chamados de metanefrídeos – que promovem a eliminação dos resíduos
nitrogenados. Dentre os artrópodes, muitas estruturas estão associadas à excreção nitrogenada. Nos crustáceos,
as glândulas verdes são as estruturas excretoras; nos aracnídeos, as glândulas coxais; e os túbulos de Malpighi são
encontrados nos insetos e também em aracnídeos. A seguir, detalhes da célula-flama e do metanefrídio.

Células-flama que compõem o sistema


excretor dos platelmintos.

Nefróstoma

Metanefrídio Capilares Nefridióporo


sanguíneos

Detalhes dos metanefrídeos.

Nos vertebrados, os rins são os principais órgãos excretores. Os rins realizam um processo de filtragem no
sangue, que contém diversos tipos de substância, selecionando o que será eliminado e devolvendo o que poderá
ser reutilizado ao sangue.

117
Excretas nitrogenadas
Nas células, o metabolismo de aminoácidos e proteínas resulta na formação de excretas nitrogenadas, que são
moléculas como a amônia, ureia e o ácido úrico. Em geral, os animais possuem predominância de uma dessas excretas
nitrogenadas, de acordo com o ambiente em que vivem e sua disponibilidade de água.
§§ Amônia – É uma molécula altamente tóxica e muito solúvel em água, e, por isso, é necessária grande quan-
tidade de água para eliminá-la. Justamente por isso, é a excreta predominante dos animais, principalmente
dos que vivem no meio aquático – invertebrados aquáticos, peixes ósseos e girinos – sendo denominados
amoniotélicos.
§§ Ureia – A partir da conquista do meio terrestre, que teve seu início com os anfíbios, muitas adaptações foram
essenciais para evitar a perda de água, uma vez que o meio terrestre possui menor disponibilidade de água,
em relação ao ambiente aquático. Essas adaptações incluíram a produção de resíduos nitrogenados como a
ureia, que são menos tóxicos e eliminados com menor perda de água. A ureia é produzida a partir da amônia
e representa a excreta predominante de mamíferos e condrictes, além dos anfíbios adultos denominados
ureotélicos. Embora também seja bastante solúvel em água, é uma substância menos prejudicial quando se
acumula, podendo ser retida por um período maior no organismo e ser eliminada sem grande custo de água.
§§ Ácido úrico – É a excreta mais eficiente em termos de economia de água. A eliminação desse tipo de excreta
acontece sem gasto de água, geralmente junto às fezes. Apresentam esse mecanismo os insetos, répteis e aves,
além de caracóis e lesmas (terrestres), que são denominados uricotélicos.
Proteínas Ácidos nucleicos

Aminoácidos Bases nitrogenadas

-NH2
Remoção do grupo amina

Maioria dos Mamíferos, muitos anfíbios, Aves, insetos, muitos


animais aquáticos tubarões e alguns peixes ósseos répteis, gastrópodes terrestres
O
NH2 C H
NH3 O C HN C N
NH2 C O
C C N
D N
H H

Amônia Ureia Ácido úrico


Animais amoniotélicos Animais ureotélicos Animais uricotélicos

A B Veia C

Lúmen do
Lobo tubulo
Glândula
secretor
Capilar

túbulo Artéria
secretor
Canal
Central

Na+
Cl-

Fluxo
sanguíneo

Conduta
central

Detalhes da glândula de sal de aves marinhas.

118
Aves marinhas possuem glândulas de sal que permitem com que a ave possa tomar água salgada sem
sofrer desidratação
Acompanhe, na tabela a seguir, aspectos gerais dos mecanismos excretores de diversos grupos animais.

Concentração Concentração
Produto de sanguínea em das excreções Órgãos
Animal Hábitat Osmorregulação
excreção relação em relação ao excretores
ao meio sangue

Protonefrídios
Não bebem
Platelmintes Água doce Amônia – Hipotônica com
água
células-flama

Água doce Não bebem


Anelídeos Amônia Hipertônica Hipotônica Metanefrídeos
ou terrestre água

Túbulos de
Insetos Terrestre Ácido úrico – Hipertônica Bebem água
Malpighi

Não bebem água;


Peixes Rins
Água salgada Ureia Isotônica Isotônica ureia ajuda a reter
cartilagíneos mesonefros
água
Rins
Bebem água e excre-
Água salgada Amônia Hipotônica Isotônica mesonefros e
tam sal
brânquias
Peixes ósseos
Rins Não bebem água e
Água doce Amônia Hipertônica Hipotônica
mesonefros absorvem sal

Água doce Amônia Rins Não bebem água e


Anfíbios Hipertônica Hipotônica
terrestre ou ureia mesonefros e pele absorvem sal

Amônia e ácido Bebem água e excre-


Água salgada Hipotônica Hipertônica Rins metanefros
Répteis úrico tam sal
e Aves
Terrestre Ácido úrico – Hipertônica Rins metanefros Bebem água

Água salgada Ureia Hipotônica Hipertônica Rins metanefros Não bebem água
Mamíferos
Terrestre Ureia – Hipertônica Rins metanefros Bebem água

A excreção humana
Como os demais mamíferos, os seres humanos são ureotélicos e excretam, principalmente, a ureia pro-
duzida a partir de amônia no fígado, através de uma série de reações químicas. Todo alimento ingerido e não
aproveitado é eliminado pelas fezes, e por isso sua coloração característica se explica pela presença de bilirrubina
(pigmento da bile), produzido pelo fígado.
Nos vertebrados, os principais órgãos excretores são os rins, o quais fazem parte do sistema urinário. Os
rins estão localizados na cavidade abdominal, ao lado da coluna vertebral. O hilo corresponde a região do rim por
onde passam os vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Um par de ureteres transportam a urina do rim para a
bexiga, onde a mesma fica armazenada. A uretra conduz a urina para o exterior do corpo.
Portanto, nos seres humanos, o sistema urinário é constituído por:
§§ Dois rins;
§§ Vias urinárias (formada pelas pelves renais, ureteres, bexiga urinária e uretra).

119
Observe, abaixo, os componentes do sistema urinário humano.

Veia
renal Artéria
renal
Rim
Hilo

Veia
cava inferior Aorta
Uréter

Bexiga
urinária

Uretra

Os rins
Localizados abaixo do diafragma, próximos à parede posterior do abdômen, os rins têm formato semelhante
ao de um grão de feijão. Em corte longitudinal, é possível distinguir duas regiões: o córtex renal, na porção perifé-
rica, e a medula renal, porção mais interna.

pirâmides renais

córtex

Pirâmide renal Córtex renal


medula

Cápsula renal
papila renal
Néfron
veia Glomérulo
renal
artéria
renal

pelve
renal
Medula renal

ureter

Tubo coletor

Morfologia interna do rim humano

Os rins são compostos de unidades funcionais denominadas néfrons, localizados no córtex renal. Cada
néfron é um tubo longo, com uma porção inicial similar a uma taça, a cápsula de Bowman; segue-se um longo
caminho tubular, que pode ser divido em túbulo contorcido proximal, seguido da alça de Henle (ou alça néfrica) e
do túbulo contorcido distal. No ducto coletor, desenbocam os túbulos distais dos néfrons.
Acompanhe no esquema a seguir:

120
c e
b
túbulo contorcido túbulo contorcido
cápsula de Bowman proximal distal

glomérulo
arteríola
eferente
córtex renal

arteríola
aferente

a
ramo da
artéria renal

vênula
medula renal

}
ramo da
veia renal
rede de
g capilares ducto
peritubulares coletor

f
alça de
Henle

para
a pelve
renal

Néfron de rim humano

A partir da figura anterior, a (a) artéria renal entra no rim humano e se modifica até formar glomérulos, que
serão envolvidos por (b) cápsulas de Bowman. De cada cápsula emerge um longo tubo formado por uma porção
(c) proximal, uma (d) alça de Henle e (e) uma porção distal, que desemboca no (f) ducto coletor. A veia renal (g)
transfere para o corpo o sangue filtrado.

Filtração do sangue
Ao transportarem o sangue não filtrado para o rim, as artérias renais passam por ramificações sucessivas.
Como resultado, são formadas arteríolas e capilares, vasos de menor calibre. A partir da arteríola aferente que
adentra na cápsula de Bowman, forma-se um emaranhado de capilares sanguíneos, decorrentes de ramificações,
denominados glomérulo renal ou glomérulo de Malpighi. É função do glomérulo realizar a filtração do sangue.
Após esse processo, o sangue continua a fluir pelo néfron, graças à arteríola eferente que abandona a cápsula. Um
conjunto de capilares, originados a partir da arteríola eferente, envolve os túbulos renais e a alça de Henle, pos-

121
sibilitando trocas entre a corrente sanguínea e o interior do túbulo néfrico. Por fim, esses capilares unirão-se para
formação de vênulas, que culminarão na veia renal, viabilizando o retorno do sangue para a circulação sistêmica.

Glomérulo renal em microscopia.

Formação da urina
A formação da urina pode ser dividida em três etapas: filtração glomerular; reabsorção tubular e secreção
tubular.
O processo de filtração que ocorre no glomérulo depende de alguns fatores: barreira de filtração, pressão
sanguínea nos capilares glomerulares e pressão osmótica. A barreira de filtração é constituída pelo endotélio
fenestrado do capilar glomerular, pela membrana basal do endotélio e pelos prolongamentos dos podócitos. Essa
barreira de filtração faz uma seleção por carga e peso molecular, de forma que substâncias de alto peso molecular
e/ou cargas negativas não consigam atravessar a barreira de filtração. A seguir, a figura da barreira de filtração.

Essas substâncias extravasadas para a cápsula de Bowman constituem o filtrado glomerular, que é isotônico
e semelhante em composição química ao plasma sanguíneo, com a diferença de que não possui proteínas, incapa-
zes de atravessar os capilares glomerulares devido ao seu elevado peso molecular.
O filtrado glomerular passa, em seguida, para o túbulo contorcido proximal, cuja parede é formada por cé-
lulas adaptadas ao transporte ativo. Nesse túbulo, ocorre reabsorção ativa de sódio. A saída desses íons provoca a
remoção de cloro, fazendo com que a concentração do líquido dentro desse tubo fique menor (hipotônico) do que
o plasma dos capilares que o envolvem. Com isso, quando o líquido percorre o ramo descendente da alça de Henle,
há passagem de água por osmose do líquido tubular (hipotônico) para os capilares sanguíneos (hipertônicos) – ao
que chamamos de reabsorção.

122
O ramo descendente passa por gradientes crescentes de concentração no rim. Consequentemente, ele perde
ainda mais água para os tecidos, de forma que, na curvatura da alça de Henle, a concentração do líquido tubular é
alta. Na sequência, esse líquido altamente concentrado, percorre o ramo ascendente da alça de Henle, constituído
por células impermeáveis à água e especializadas no transporte ativo de sais que, portanto, promovem a remoção
ativa do sódio, fazendo com que o líquido tubular se torne hipotônico. Ao passar pelo túbulo contorcido distal, que
é permeável à água sob ação do hormônio antidiurético (ADH), ocorre reabsorção por osmose para os capilares
sanguíneos.
Ao sair do néfron, a urina entra nos ductos coletores, onde ocorre a reabsorção final de água. Dessa forma,
estima-se que, em 24 horas, são filtrados cerca de 180 litros de fluido do plasma, porém, forma-se apenas 1 a 2 li-
tros de urina por dia, o que significa que, aproximadamente, 99% do filtrado glomerular são reabsorvidos. Assim, a
função renal envolve a regulação do volume de líquido corpóreo. Além dos processos descritos, ao longo dos túbu-
los renais, aminoácidos e glicose são ativamente reabsorvidos e não mais encontrados ao término do túbulo distal.
Contudo, a função renal contribui para a manutenção da homeostase, ao eliminar seletivamente apenas as
substâncias que não são úteis, ao mesmo tempo em que mantêm aquelas ainda necessárias. A glicose, por exem-
plo, comumente não aparece na composição urinária, à exceção de situações em que a concentração sanguínea
desta molécula esteja exacerbada, como após uma refeição rica em carboidratos. Isso acontece porque o limite
para reabsorção de glicose nos túbulos renais foi extrapolada, então o excesso é eliminado pela urina.

10% da água

capilar
peritubular

glomérulo tubo
cápsula tubo contorcido
de Bowman contorcido distal
proximal Ducto 9,3% da água
H2O
coletor
FILTRAÇÃO
H2O
REABSORÇÃO
SECREÇÃO
REABSORÇÃO
DE ÁGUA
65% da água Alça de
Henle

15% da água 0,7% da água


filtrada é
eliminada
Formação da urina

Na reabsorção tubular, substâncias são retiradas do filtrado glomerular e transportadas através do epitélio
do túbulo renal para o capilar peritubular. Sais e glicose são reabsorvidos por transporte ativo, ou seja, com gasto
de energia. A água passa também a ser reabsorvida devido a osmose. De cada 125 mL/min de filtrado glomeru-
-lar, somente 1 mL se constituirá em urina. O mecanismo de secreção tubular age em oposição à reabsorção. Isso
significa que as substâncias se movem dos capilares aos túbulos. Esse transporte pode ser ativo ou passivo e, de
modo geral, envolve íon hidrogênio, potássio, amônia e outras substâncias que resultam do metabolismo hepático.

123
A eliminação da urina
A urina produzida nos rins será levada através dos ureteres até a bexiga urinária, uma bolsa que armazena
a urina proveniente dos rins, constituída de parede elástica e musculatura lisa. A bexiga urinária cheia pode chegar
a mais de 250 ml de urina, volume que é eliminado periodicamente por um tubo denominado uretra. Nas mulheres,
a uretra parte da bexiga urinária e desemboca na região da vulva, nos homens, no ápice do pênis. A comunicação
da uretra com a bexiga urinária é mantida fechada pelos esfíncteres, que são anéis musculares. Quando a muscula-
-tura desses anéis relaxa-se e a musculatura da parede da bexiga contrai-se, urinamos. É importante salientar que,
depois que a urina deixa os rins, ela não é mais modificada, pois o epitélio que reveste os ureteres, bexiga urinária
e uretra é impermeável.

Cálculos renais
Também conhecidos como pedras nos rins, são decorrentes de acúmulo e da aglomeração de pequenos cristais
encontrados nos rins ou em outro órgão do trato urinário. A dor decorrente dessa condição costuma ser descrita
como bastante intensa e pode ser contínua ou descontínua. Vários fatores podem colaborar para o aparecimento
desses cálculos, como baixa ingestão de líquidos, alimentação rica em sais de cálcio e doenças que afetam o
metabolismo do cálcio no organismo. Caso pequenos, os cálculos podem ser eliminados com a urina; se grandes,
pode ser necessário procedimento cirúrgico para extraí-los.

Controle hormonal da excreção


O volume de urina é controlado pelo hormônio antidiurético (ADH), também chamado de vasopressina, que
é produzido pelo hipotálamo. Esse hormônio atua nos túbulos renais, aumentando a permeabilidade à agua de
suas paredes, promovendo a reabsorção.
Entretanto, fatores como alta ingestão de água, álcool e temperaturas baixas atuam como inibidores da
secreção deste hormônio pela hipófise, promovendo a diurese. Na condição de baixa ingestão de água, o inverso
ocorre, resultando em uma maior concentração osmótica do sangue, que estimula a liberação de ADH.
O hormônio aldosterona também possui papel na excreção, aumentando a reabsorção de sódio, e, por
extensão, da reabsorção de água por osmose.

A hemodiálise

É um procedimento artificial de filtração sanguínea, que emprega como método base a diálise. Trata-se de uma
opção de tratamento para pacientes portadores de insuficiência renal aguda ou crônica, que substitui a função
dos rins. São conhecidos também, como métodos de tratamento, o transplante renal e a diálise peritoneal.
Através da diálise, são retiradas da corrente sanguínea todas as substâncias tóxicas e prejudiciais ao
organismo, que se encontram em excesso, como a ureia, a creatinina, o sódio, o potássio, a água, entre outros,
resultantes da insuficiência renal crônica. O trabalho da hemodiálise é semelhante ao do rim humano, porém,
este órgão trabalha 24 horas por dia, enquanto que os pacientes de hemodiálise submetem-se a um período de
tempo determinado, geralmente três vezes por semana, por quatro horas, completando 12 horas. No entanto, a
quantidade de sessões necessárias a cada paciente será indicada pelo seu médico, de acordo com o estado físico,
sua alimentação, peso, altura, criança ou adulto, gestante etc. Na verdade, o objetivo é que o paciente sinta-se
bem, levando uma vida o mais saudável possível, com os níveis de metabólitos controlados, livre de inchaços,
febre, com sua pressão controlada etc.

124
O processo de hemodiálise

Para o processo em si, utiliza-se um equipamento chamado dialisador, que possui um conjunto de pe-
quenos tubos denominados “linhas”. Através desse aparelho, parte do sangue do paciente é retirado, passando
através da linha arterial do dialisador, onde, então, acontece a filtração sanguínea e o retorno ao organismo do
paciente pela linha venosa.
Faz-se necessário um rígido controle quanto à qualidade da água empregada em todo o processo, estando
sempre devidamente límpida, não havendo, assim, contaminação com bactérias ou outros compostos inorgânicos
que poderiam causar danos metabólicos.
Atualmente, porém, verifica-se um grande avanço em termos de segurança e eficácia das máquinas de
diálise, inclusive com dispositivos sonoros, indicando qualquer alteração que possa ocorrer no sistema, como
alteração de temperatura, fluxo sanguíneo, detectores de bolhas etc., trazendo, consequentemente, maior tran-
quilidade ao paciente nestes aspectos.

Como se dá o acesso vascular?

É realizado através de um tubo (cateter), posicionado em uma veia de grosso calibre, permitindo, assim,
a retirada e a devolução do sangue ao organismo. O tipo de acesso vascular mais utilizado é a fístula, que con-
siste em uma ligação entre uma artéria e uma veia através de uma microcirurgia. Alguns cuidados deverão ser
mantidos para uma boa permanência e manutenção da fístula, dos quais o paciente será orientado pela equipe
multidisciplinar que o atenderá.
Alguns medicamentos também poderão ser usados na hemodiálise, assim como ferro, vitaminas, carbo-
nato de cálcio, eritropoetina etc. Todos, porém, deverão ser utilizados apenas através de prescrição e orientação
médica.
Adaptado de: http://www.infoescola.com/medicina/hemodialise/. Acesso em: 06/08/2016.

125
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Anatomia dos rins

Fonte: Youtube

Vídeo Sistema urinário

Fonte: Youtube

126
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

A gota é causada pela presença de níveis mais altos que o normal de ácido úrico na corrente sanguínea. Isso
pode ocorrer se o corpo produzir ácido úrico em excesso ou se tiver dificuldade de eliminá-lo.
Quando essa substância se acumula no líquido ao redor das articulações (líquido sinovial), são formados
cristais de ácido úrico. Esses cristais causam inchaço e inflamação nas articulações. A causa exata da gota, no
entanto, é desconhecida.
Há registros dessa doença desde muitos séculos antes de Cristo, época em que era conhecida como “enfer-
midade dos patrícios”. Houve uma epidemia de gota na Roma antiga e na Inglaterra vitoriana, entre os séculos XVII
e XIX, que durou aproximadamente 200 anos. Acredita-se que a intoxicação pelo chumbo, presente nos alimentos
e no vinho, tenha sido a causa da epidemia de gota que se disseminou entre os habitantes. Isso se deve porque o
excesso de chumbo interfere na excreção de ácido úrico pelos rins.
Como na época a gota estava muito relacionada à alimentação farta e não havia medicamentos que redu-
zissem as quantidades de ácido úrico no organismo, há registros de gota em grandes nomes da história – como
Alexandre, o Grande, Henrique VIII, Carlos Magno, Voltaire, Leonardo Da Vinci, Charles Darwin e Isaac Newton.
Também por isso que a gota foi, durante muitos anos, associada ao pecado capital da gula.

127
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

Os diferentes sistemas são estudados de modo a compreender a interação que ocorre


entre os órgãos formados pelos quatro principais tipos de tecido. Desse modo, é possí-
vel compreender a fisiologia do organismo animal e, principalmente, suas implicações
na saúde humana. Para tanto, é importante que o aluno conheça os mecanismos nor-
mais de funcionamento dos sistemas e consiga prever o dano decorrente de alguma
patologia ou uma situação cotidiana extrema e, desse modo, fazer intervenções visan-
do a promoção da saúde.

Modelo
(Enem) Durante uma expedição, um grupo de estudantes perdeu-se de seu guia. Ao longo do dia
em que esse grupo estava perdido, sem água e debaixo de sol, os estudantes passaram a sentir cada
vez mais sede. Consequentemente, o sistema excretor desses indivíduos teve um acréscimo em um
dos seus processos funcionais.
Nessa situação o sistema excretor dos estudantes:
a) aumentou a filtração glomerular.
b) produziu maior volume de urina.
c) produziu urina com menos ureia.
d) produziu urina com maior concentração de sais.
e) reduziu a reabsorção de glicose e aminoácidos.

Análise Expositiva

Habilidade 14

Em situação de risco de desidratação, a ação do hormônio antidiurético (ADH) amplifica a re-


absorção de água nos túbulos renais. Consequentemente, os estudantes na situação descrita
eliminam urina com menor volume de água e maior concentração de sais minerais.

Alternativa D

128
Estrutura Conceitual

SISTEMA URINÁRIO

Amônia

Excretas
Ureia
nitrogenadas

Ácido úrico

◊ Rins → unidade funcional: néfrons


◊ Ureter
Componentes
◊ Bexiga
◊ Uretra
Excreção
humana
ADH
Controle hormonal
Aldosterona

129
4 2
1 4 Sistema nervoso

Competências Habilidades
4e8 14, 15, 16 e 29

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
O relacionamento do organismo com o ambiente e a coordenação do trabalho dos diversos órgãos internos
ficam, principalmente, a cargo de dois importantes sistemas: o nervoso e o hormonal. Respectivamente, o primeiro
conta com a coordenação nervosa, que envolve a participação das células nervosas, capazes de se comunicarem
por impulsos elétricos ou químicos, os neurônios; o segundo dispõe da coordenação hormonal, que conta com a
participação de hormônios, substâncias químicas transportadas pelo sangue, que agem coordenando o funciona-
mento de diversos órgãos.

Aumento da complexidade da coordenação nervosa


Ao longo do caminho evolutivo, a coordenação nervosa também tornou-se mais complexa. Notadamente,
a coordenação nervosa dos animais pluricelulares surge, pela primeira vez, nos cnidários, onde está organizada de
maneira simples: um tecido integrado formado por células nervosas, que se organizam como uma rede. Ao tocar
com uma pequena agulha em determinado ponto do corpo de uma hidra, o impulso nervoso gerado propaga-se
como uma onda. No entanto, não há nela um centro de comando do organismo.

gânglio cerebroide

glânglio
cerebroíde

cordões cordão
rede hidra nervosos nervoso
(cnidário) longitudinais minhoca
nervosa (anelídeo) ventral
difusa unidos por
nervos planária
transversais (platelminto)

gânglio cerebroide
tubo nervoso
dorsal

gafanhoto
cordão nervoso (artópode)
ganlionar coelho
ventral (vertebrado)

Evolução do sistema nervoso nos animais: culminados com o sistema nervoso altamente complexo (vertebrados)

Esses animais apresentam simetria radial. Com o aparecimento de animais com simetria bilateral, surgem
algumas novidades, dentre elas a cefalização – uma região para abrigar o centro de comando nervoso – acompa-
nhada da centralização do sistema nervoso. A cabeça passa a abrigar a porção mais desenvolvida desse sistema.
Esse processo começou a aparecer em platelmintos, como a planária, na qual esse controle centralizado dá-se a
partir de gânglios cerebroides. Como consequência, nota-se que as respostas a estímulos ambientais são mais
coordenadas e eficientes.
Em anelídeos e artrópodes, ainda ocorrem segmentos ganglionares, com localização ventral, permitindo
maior eficiência na interação com o meio e constituindo um sistema de coordenação do organismo mais eficiente,
ampliando a capacidade de resposta ante aos estímulos ambientais.
Nos moluscos, em geral, ainda é mantido um sistema ganglionar; além disso, nos mais complexos, como
os polvos e lulas, cefalópodes, há verdadeiros cérebros, resultando na realização de ações de alta complexidade.
Como todos os outros sistemas, nos vertebrados, o sistema nervoso se torna mais complexo, chegando a
atingir o máximo da complexidade no ser humano, com a formação de órgãos especializados e a divisão do tra-
balho entre eles.

133
Neurônios e a condução da “mensagem”
O neurônio, a célula comum a todo e qualquer sistema nervoso existente no reino Animalia, assemelha-se,
funcionalmente, a um fio condutor de eletricidade.

Representação do neurônio e das células da glia

É formado por: dendritos – captadores de estímulos; corpo celular – onde está a maioria das organelas,
dentre elas o núcleo; e o axônio – eixo condutor dos impulsos nervosos. No neurônio a passagem de um estímulo
é sempre unidirecional, ou seja, do dendrito para o corpo celular, e deste para o axônio.
É comum que alguns neurônios apresentem bainha de mielina, um revestimento lipídico externo que
funciona como material isolante elétrico, permitindo a condução saltatória do impulso nervoso; por isso que, nos
neurônios mielinizados, o impulso se propaga mais rapidamente em comparação aos neurônios não mielinizados.
No prolongamento do axônio envolto pela bainha de mielina, notam-se regiões não mielinizadas, os nódulos de
Ranvier.

O caminho do impulso nervoso


Quando em repouso, o neurônio apresenta-se polarizado – sua membrana plasmática está positivamente
carregada, do lado externo, e negativamente, do lado interno, graças à diferença de concentração de íons, sódio
e potássio, dentro e fora da célula, e do predomínio de íons negativos dentro dela. Essa diferença é denominada
diferença de potencial, cuja manutenção requer gasto de energia, pois o sódio é ativamente retirado do meio
intracelular, enquanto o potássio percorre o caminho inverso: é “puxado” para dentro dela. Durante esse período,
diz-se que a célula está em potencial de membrana ou em potencial de repouso.
Ao ser estimulado, o neurônio tem seu potencial modificado; assim, as concentrações de sódio e potássio
são alteradas: o primeiro, que estava em maior concentração no meio extracelular, começa a adentrar pela membra-
na, permutando-se com os íons K+, que, agora, fazem o caminho inverso, resultando numa inversão de polaridade.
Esse processo é denominado despolarização. O novo potencial recebe, agora, o nome de potencial de ação, e se
propaga como um impulso nervoso através da membrana do axônio.

134
Esquema das variações nas concentrações de íons durante a condução do impulso nervoso.

Assim, nesse momento, ocorre uma total mudança na disposição das cargas elétricas, tanto fora como den-
tro da membrana celular: o interior da membrana torna-se positivo e o exterior, negativo.
Note que a despolarização acontece aos poucos; o potencial de ação desloca-se pela membrana até alcan-
çar a terminação do axônio.

A onda de despolarização caminha pelo axônio.


O impulso nervoso propaga-se em um único sentido: do(s) dendrito(s) para o corpo celular e deste para
o axônio. Ao chegar às extremidades do axônio, são liberados neurotransmissores, substâncias que permitem ao
impulso nervoso ser transmitido para outro neurônio.

Na condução saltatória em neurônios, a condução acontece “aos pulos”, na região dos nódulos da Ranvier.

135
Períodos refratários
Após a passagem do impulso, o axônio deve recuperar, aos poucos, sua polaridade, o que ocorre depois de
certo intervalo de tempo, durante o qual o neurônio não é excitável, por maior que seja o estímulo. Durante esse
curto intervalo de tempo, o neurônio é refratário, ou seja, insensível a novo estímulo.

Potencial de ação

Gráfico mostrando as variações na condução do impulso nervoso

Lei do tudo ou nada


Nem todo estímulo que atinge o neurônio é capaz de gerar potenciais de ação, ou seja, nem todo estímulo
despolariza a membrana e dá origem a um impulso. Para que isso ocorra, é necessário que o estímulo alcance
certo valor, a partir do qual a despolarização seja alcançada. Esse valor é denominado limiar de excitação ou de
estimulação, e o estímulo leva o nome de estímulo limiar. Estímulos sublimiares não provocam resposta. Assim, ou
o estímulo não consegue alcançar o limiar de excitação e não gera impulso, ou é suficiente para alcançar esse limiar
e gerar impulso. Aumentos sucessivos da intensidade do estímulo não mudarão a magnitude ou a velocidade desse
impulso, nem a intensidade da resposta obtida. Esse fenômeno obedece à chamada lei do tudo ou nada.

Comunicação neuronal
A comunicação celular do axônio de um neurônio com o corpo celular ou com dendritos do outro, ou ainda
com a membrana de uma célula muscular, ocorre através de uma região conhecida como sinapse. A mensagem
do axônio – proveniente do neurônio pré-sináptico – é liberada na forma de mediadores químicos, os neurotrans-
missores, substâncias químicas que entram em contato com receptores localizados nas membranas pós-sinápticas,
e desencadeiam uma alteração fisiológica do segundo neurônio ou célula muscular. São muitos os neurotrans-
missores conhecidos, e cada um tem uma atuação específica. Como exemplos, podemos citar a acetilcolina e a
adrenalina ou epinefrina.

136
neurônio vesícula impulso nervoso
pós-sináptico pré-sináptica
molécula de
neurotransmissor axônio

receptores de membrana

membrana pós-sináptica membrana


pré-sináptica

Sinapse: os botões terminais de um axônio comunicam-se diretamente com os dendritos de outro

Arco-reflexo
Um arco-reflexo ou ato-reflexo acontece quando o encéfalo não participa do caminho entre a percepção da
sensação e a efetiva resposta a ela. Desse processo, de integrante do SNC, apenas participa a medula espinhal, e
ele se caracteriza como uma rápida resposta a um estímulo, como retirar a mão quando acidentalmente se encosta
em uma superfície muito quente.
Para transmissão de informação, os neurônios estão conectados e cada tipo desempenha funções especí-
ficas. Temos os neurônios sensoriais, que transmitem impulsos dos receptores sensoriais (como os presentes nos
órgãos dos sentidos), os neurônios associativos, que, embora não estejam sempre presentes, agem como recep-
tores e encaminhadores da “mensagem” proveniente dos neurônios sensoriais, e neurônios motores ou efetores,
responsáveis por estimular os “alvos” da resposta, como células musculares ou glandulares, cuja resposta pode se
dar através de contração ou secreção, respectivamente.
Por exemplo, imagine que uma pessoa leve uma pancada no joelho, logo abaixo da rótula ou patela (osso
que fica na frente do joelho); assim acontecerá a geração de estímulos:
§§ a pancada estimula um receptor localizado no interior do músculo da coxa (o quadríceps). Esse receptor
está ligado aos dendritos de um neurônio sensorial – aferente –, também chamado de neurônio sensitivo. O
axônio do neurônio sensorial, por sua vez, estabelece uma sinapse com um neurônio motor – eferente (um

137
neurônio de resposta). O axônio do neurônio motor é conectado ao músculo quadríceps e a ele encaminha
um estímulo. De imediato, esse músculo contrai-se e o sujeito movimenta a perna. Perceba que o ato de
mexer a perna para a frente compreende o trabalho de apenas dois neurônios: o sensorial e o motor. No
entanto, para que isso possa acontecer, é preciso que o músculo posterior da coxa permaneça relaxado –
antagonismo. Ao mesmo tempo, o axônio do neurônio sensorial dessa região estabelece uma sinapse com
um interneurônio (neurônio de associação), que, por sua vez, faz uma conexão com um segundo neurônio
motor. O axônio desse neurônio motor dirige-se para o músculo posterior da coxa, inibindo sua contração.

Esquema de arco-reflexo, do qual participam receptores, neurônio sensorial, interneurônio e neurônio motor

A organização do sistema nervoso


O sistema nervoso apresenta três funções básicas. Primeira, ele sente as alterações (estímulos) do corpo hu-
mano e no ambiente externo. Esta é a sua função sensitiva. Segunda, ele analisa a informação sensitiva, armazena
uma parte dela e toma decisões sobre os comportamentos apropriados; esta é sua função integradora. Terceira,
ele responde aos estímulos, iniciando a ação em forma de contrações musculares ou secreções glandulares; esta é
sua função motora.
Acompanhe a divisão do sistema nervoso, com base em critérios anatômicos e funcionais:

O sistema nervoso central é aquele localizado dentro do esqueleto axial (cavidade craniana e canal verte-
bral); o sistema nervoso periférico é aquele que se localiza fora deste esqueleto. O encéfalo é a parte do sistema
nervoso central situado dentro do crânio e a medula é localizada dentro do canal vertebral. O encéfalo e a medula
constituem o neuro-eixo. No encéfalo temos cérebro, cerebelo e tronco encefálico. Pode-se dividir o sistema nervo-
so em sistema nervoso da vida de relação, ou somático, e sistema nervoso da vida vegetativa, ou visceral. O sistema
nervoso da vida de relação é aquele que se relaciona o organismo com o meio ambiente. Apresenta um componen-

138
te aferente e outro eferente. O componente aferente conduz aos centros nervosos impulsos originados em recep-
tores periféricos, informando-os sobre o que passa no meio ambiente. O componente eferente leva aos músculos
estriados esqueléticos o comando dos centros nervosos resultando em movimentos voluntários. O sistema nervoso
visceral é aquele que se relaciona com a inervação e com o controle das vísceras. O componente aferente conduz
os impulsos nervosos originados em receptores das vísceras a áreas específicas do sistema nervoso. O componente
eferente leva os impulsos originados em centros nervosos até as vísceras. Este componente eferente é também
denominado sistema nervoso autônomo e pode ser dividido em sistema nervoso simpático e parassimpático.

Tecido nervoso
O tecido nervoso compreende, basicamente, dois tipos celulares: os neurônios e as células gliais. Neurônio: é
a unidade estrutural e funcional do sistema nervoso que é especializada para a comunicação rápida. Tem a função
básica de receber, processar e enviar informações. Células gliais: compreende as células que ocupam os espaços
entre os neurônios e tem como função sustentação, revestimento ou isolamento e modulação da atividade neural.

A medula
Medula significa miolo e indica o que está dentro. Assim, temos a medula espinhal dentro dos ossos, mais
precisamente dentro do canal vertebral. A medula espinhal é uma massa cilindroide de tecido nervoso e situada
dentro do canal vertebral sem, entretanto, ocupá-lo completamente. No homem adulto, ela mede aproximadamen-
te 45 cm, sendo um pouco menor na mulher. Cranialmente, a medula limita-se com o bulbo.

Base do crânio 1º nervo cervical (C1) sai


acima da vértebra C1

8º nervo cervical sai abaixo da vértebra


C7 (existem 8 nervos cervicais, mas
somente 7 vértebras cervicais)

Nervos cervicais
Nervos torácicos
Nervos lombares
Nervos sacrais e coccígeos
Cone medular
(extremidade da
medula espinal)

Cauda equina
Filamento terminal interno da pia-máter

Sacro
Terminação do saco dural

Filamento terminal externo da dura-máter

Nervo coccígeo

Cóccix

Em duas regiões dilatadas da medula ocorre a conexão com as grossas raízes nervosas que formam o plexo
braquial e lombossacral, destinados à inervação dos membros superiores e inferiores, respectivamente.
Na medula, a substância cinzenta localiza-se por dentro da branca e apresenta a forma de uma borboleta,
ou de um H. No centro da substância cinzenta localiza-se o canal central da medula. A substância branca é formada
por fibras nervosas, a maioria delas mielínicas.

139
Existem 31 pares de nervos espinhais, aos quais correspondem 31 segmentos medulares assim distribuídos:
8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo.

Tronco encefálico
O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se ventralmente ao cerebelo, ou
seja, conecta a medula espinhal com as estruturas encefálicas localizadas superiormente, que se divide em: bulbo,
situado caudalmente; mesencéfalo, cranialmente; e a ponte, situada entre ambos.
Telencéfalo

Diencéfalo

Mesencéfalo
Ponte
Bulbo Cerebelo

Bulbo
O bulbo ou medula oblonga tem forma de um cone e não tem uma linha demarcando a separação com a
medula. No bulbo localiza-se o centro respiratório, muito importante para a regulação do ritmo respiratório. Loca-
lizam-se também o centro vasomotor e o centro do vômito. A presença dos centros respiratórios e vasomotor no
bulbo torna as lesões neste órgão particularmente perigosas. Em razão de sua importância com relação às funções
vitais, o bulbo é muitas vezes chamado de centro vital. Pelo fato de essas estruturas serem fundamentais para o
organismo, fica fácil compreender a seriedade de uma fratura na base do crânio. O bulbo é também extremamente
sensível a certas drogas, especialmente os narcóticos. Uma dose excessiva de narcótico causa depressão do bulbo
e morte porque a pessoa para de respirar.

140
Ponte
Ponte é a parte do tronco encefálico interposta entre o bulbo e o mesencéfalo.

Mesencéfalo
Interpõe-se entre a ponte e o cerebelo, e está conectado diretamente ao cérebro.

Cerebelo
O cerebelo fica situado dorsalmente ao bulbo e à ponte. Do ponto de vista fisiológico, o cerebelo difere
fundamentalmente do cérebro porque funciona sempre em nível involuntário e inconsciente, sendo sua função
exclusivamente motora (equilíbrio e coordenação). O cerebelo tem importante participação no equilíbrio do corpo,
no tônus da musculatura esquelética e no controle dos movimentos refinados, como os que ocorrem na mão e
necessários à escrita, à pintura, à cirurgia e aos demais movimentos finos.

Diencéfalo
O diencéfalo e o telencéfalo formam o cérebro, que é a parte mais desenvolvida do encéfalo e ocupa cerca
de 80% da cavidade craniana. Ao diencéfalo compreendem, principalmente, tálamo e hipotálamo.

Das principais estruturas do sistema nervoso central, a hipófise é um glândula que pertence ao sistema hormonal.

a. Tálamo – Serve como uma estação intermediária para a maioria das fibras que vão da porção inferior
do encéfalo e medula espinhal para as áreas sensitivas do cérebro. O tálamo classifica a informação,
dando-nos uma ideia da sensação que estamos experimentando e as direciona para as áreas específicas
do cérebro, para que haja uma interpretação mais precisa. Funções do tálamo:
§§ Sensibilidade;
§§ Motricidade;
§§ Comportamento emocional;
§§ Ativação do córtex;
§§ Desempenha algum papel no mecanismo de vigília, ou estado de alerta.

141
b. Hipotálamo – É uma área relativamente pequena do diencéfalo, situada abaixo do tálamo, com fun-
ções importantes, principalmente relacionadas à atividade visceral. Compreende o principal intermedi-
ário entre o sistema nervoso e o hormonal, em função do qual se comunica com a glândula hipófise,
conhecida como mestra, devido ao seu papel mediador em relação a outras glândulas. Funções do
hipotálamo:
§§ Controle do sistema nervoso autônomo;
§§ Regulação da temperatura corporal;
§§ Regulação do comportamento emocional;
§§ Regulação do sono e da vigília;
§§ Regulação da ingestão de alimentos;
§§ Regulação da ingestão de água;
§§ Regulação da diurese;
§§ Regulação do sistema endócrino;
§§ Geração e regulação de ritmos circadianos.

Telencéfalo
O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo. Durante o desenvolvimento
embrionário, quando o tamanho do encéfalo aumenta rapidamente, a substância cinzenta do córtex aumenta com
maior rapidez que a substância branca subjacente. Como resultado, a região cortical se enrola e se dobra sobre si
mesma. Portanto, a superfície do cérebro do homem e de vários animais apresenta depressões denominadas sulcos,
que delimitam os giros ou circunvoluções cerebrais. A existência dos sulcos permite considerável aumento do volu-
me cerebral e sabe-se que cerca de dois terços da área ocupada pelo córtex cerebral estão “escondidos” nos sulcos.

fissura longitudinal
fissura longitudinal

sulco central

sulco central

sulco lateral

sulco lateral

Os lobos cerebrais recebem o nome de acordo com a sua localização em relação aos ossos do crânio. Por-
tanto, temos cinco lobos: frontal, temporal, parietal, occipital e o lobo da ínsula, que é o único que não se relaciona
com nenhum osso do crânio, pois está situado profundamente no sulco lateral. A divisão dos lobos não corresponde
muito a uma divisão funcional, exceto pelo lobo occipital que parece estar relacionado somente com a visão.

142
§§ Lobo frontal – Neste lobo se localiza a área motora principal do cérebro (córtex motor) e o centro da
palavra falada.
§§ Lobo temporal – Neste lobo se localiza o centro cortical da audição. Está relacionado com o comporta-
mento emocional e o controle do sistema nervoso autônomo.
§§ Lobo parietal – Neste lobo se localiza o centro cortical da compreensão da fala e da escrita.
§§ Lobo occipital – Neste lobo está o centro cortical da visão.

Córtex cerebral
A superfície cerebral é denominada córtex cerebral, e consiste de várias camadas de corpos celulares de mi-
lhões de neurônios, dando a essa região uma coloração acinzentada; por isso, a denominação substância cinzenta
do cérebro. Os axônios dos neurônios que saem e chegam ao córtex cerebral estão localizados mais internamente
e constituem a substância branca do cérebro, em função da existência de mielina.

SUBSTÂNCIA SUBSTÂNCIA
CINZENTA BRANCA

CÓRTEX

CÓRTEX

SUBSTÂNCIA
BRANCA
No córtex cerebral, onde se concentram corpos celulares dos neurônios forma-se a substância cinzenta;
a branca é formada pelas fibras (prolongamentos) dos neurônios.

Meninges e líquor
O tecido do SNC é muito delicado. Por esse motivo, apresenta um elaborado sistema de proteção que inclui:
crânio, meninges e líquido cerebrospinal (líquor).
§§ Meninges – A medula espinhal e o encéfalo estão envoltos por membranas conjuntivas denominadas me-
ninges. Dura-máter: é a meninge mais superficial, espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito
rico em fibras colágenas, contendo nervos e vasos. A dura-máter é ricamente inervada. Como o encéfalo não
possui terminações nervosas sensitivas, toda ou qualquer sensibilidade intracraniana se localiza na dura-
-máter, que é responsável pela maioria das dores de cabeça.
Aracnoide-máter: é uma membrana muito delgada, justaposta à dura-máter. Pia-máter: é a mais interna
das meninges, aderindo intimamente à superfície do encéfalo, cujos relevos e depressões acompanham
até o fundo dos sulcos cerebrais. A pia-máter dá resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é
de consistência muito mole. Ela acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso a partir do espaço
subaracnoideo, formando a parede externa dos espaços perivasculares.
§§ Líquor – O líquido cefalorraquidiano (LCR), fluido cerebrospinal, ou líquor, é um fluido corporal estéril e de
aparência clara que ocupa o espaço subaracnoideo no cérebro (espaço entre o crânio e o córtex cerebral,
mais especificamente, entre as membranas aracnoide-máter e pia-máter). É uma solução salina muito pura,
pobre em proteínas e células, e age como um amortecedor para o córtex cerebral e a medula espinhal. O
líquor que banha todo o cérebro e a medula espinhal pode refletir determinados processos anormais ou

143
doenças que acometem o sistema nervoso central. A análise do líquido é usada, por exemplo, no diagnóstico
da meningite e outras doenças do sistema nervoso. O líquor possui em sua composição pequenas quanti-
dades de proteínas cerebrais.

Medula espinhal: note as meninges e as raízes dorsal e ventral dos nervos medulares

Sistema nervoso periférico


O sistema nervoso periférico é constituído pelos nervos que são representantes dos axônios (fibras motoras)
ou dos dendritos (fibras sensitivas). São as fibras nervosas dos nervos que fazem a ligação dos diversos tecidos do
organismo com o sistema nervoso central. É composto pelos nervos espinhais e cranianos. Os nervos espinhais se
originam na medula e os cranianos, no encéfalo. Para a percepção da sensibilidade, na extremidade de cada fibra
sensitiva há um dispositivo captador, que é denominado receptor, e uma expansão que a coloca em relação com o
elemento que reage ao impulso motor; este elemento, na grande maioria dos casos, é uma fibra muscular podendo
ser também uma célula glandular. A estes elementos dá-se o nome de efetor. Portanto, o sistema nervoso periférico
é constituído por fibras que ligam o sistema nervoso central ao receptor, no caso da transmissão de impulsos sen-
sitivos; ou ao efetor, quando o impulso é motor.
§§ Nervos cranianos – Fazem conexão com o encéfalo. Os 12 pares de nervos cranianos recebem uma no-
menclatura específica, sendo numerados em algarismos romanos, de acordo com a sua origem aparente,
no sentido craniocaudal. Os nervos cranianos sensitivos ou aferentes originam-se dos neurônios situados
fora do encéfalo, agrupados para formar gânglios, ou situados em periféricos órgãos dos sentidos. De
acordo com o componente funcional, os nervos cranianos podem ser classificados em motores, sensitivos e
mistos. Os motores (puros) são os que movimentam o olho, a língua e, acessoriamente, os músculos látero-
-posteriores do pescoço. São eles:
III – Nervo oculomotor
IV – Nervo troclear
VI – Nervo abducente
XI – Nervo acessório
XII – Nervo hipoglosso
Os sensitivos (puros) destinam-se aos órgãos dos sentidos e, por isso, são chamados sensoriais e não apenas
sensitivos, que não se referem à sensibilidade geral (dor, temperatura e tato). Os sensoriais são:
I – Nervo olfatório
II – Nervo óptico
VIII – Nervo vestibulococlear
Os mistos (motores e sensitivos) são em número de quatro:

144
V – Trigêmeo
VII – Nervo facial
IX – Nervo glossofaríngeo
X – Nervo vago
§§ Nervos espinhais – São aqueles que fazem conexão com a medula espinhal e responsáveis pela inervação
do tronco, dos membros superiores e partes da cabeça. São 8 pares de nervos cervicais, 12 torácicos, 5
lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo. Cada nervo espinhal é formado pela união das raízes dorsal (sensitiva) e
ventral (motora). As raízes ventral e dorsal unem-se imediatamente além do gânglio espinhal para formar
o nervo espinal, que então emerge através do forame intervertebral. O nervo espinhal separa-se em duas
divisões primárias, dorsal e ventral, imediatamente após a junção das duas raízes.

Ilustração simplificada do sistema nervoso (central e periférico). Em azul-claro, estão representados todos os nervos.

Sistema nervoso somático


A porção do sistema nervoso periférico que regula o contato com o meio externo e a movimentação da mus-
culatura esquelética de todo o corpo (juntamente com o encéfalo e a medula) constitui o sistema nervoso somático,
também conhecido como sistema nervoso voluntário.
É a porção do sistema nervoso que nos põe em contato com o mundo, com a realidade das coisas. Costuma-
-se dizer que essa porção do nosso sistema nervoso regula as ações sob o controle da nossa vontade, ou seja, as
ações voluntárias.

145
Sistema nervoso autônomo
Essa porção do sistema nervoso periférico regula a função de glândulas e órgãos de todos os sistemas (di-
gestivo, circulatório, respiratório e excretor). Logo, o sistema nervoso autônomo regula as ações que não estão sob
controle da nossa vontade, ou seja, as ações involuntárias.
O sistema nervoso autônomo divide-se em dois ramos: simpático e parassimpático. Ambos são formados por
nervos, dos quais os simpáticos liberam noradrenalina como mediador químico nas sinapses e os nervos parassimpáticos,
geralmente, liberam acetilcolina. Seus efeitos são opostos. Por exemplo: o efeito da estimulação simpática acelera o ritmo
do músculo cardíaco, enquanto que a estimulação do parassimpático provoca uma diminuição do ritmo cardíaco.
Os centros de controle do simpático situam-se na medula e, do parassimpático, nas partes do encéfalo mais
próximas da medula e na porção sacral da própria medula. Esses dois estão presentes inervando a maioria dos
principais órgãos internos do corpo.
Observe na tabela as principais funções do sistema nervoso autônomo e repare que nem sempre os nervos
simpáticos são estimuladores e os parassimpáticos, inibidores. É o caso do peristaltismo, em que o simpático pro-
voca diminuição e o parassimpático, aumento do processo. Em situações de emergência e de estresse, predominam
os efeitos do simpático.

Local de atuação Parassimpático Simpático


Olhos Contrai pupila Dilata pupila
Glândulas salivares Estimula salivação Inibe salivação
Coração Retarda os batimentos Acelera os batimentos
Brônquios Contrai Inibe a contração
Estômago e pâncreas Estimula Inibe
Fígado Inibição da quebra de glicogênio Aumento da quebra de glicogênio
Estimula intensa constrição dos
Rins – vasos sanguíneos renais, dimi-
nuindo a produção de urina
Bexiga urinária Contrai Relaxa
Órgãos genitais Estimula ereção Promove contrações vaginais e a ejaculação

146
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo O computador ou o cérebro, quem é o mais potente?

Fonte: Youtube

Vídeo Neurotransmissores

Fonte: Youtube

148
148
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

O reconhecimento da importância do sono e seus efeitos no organismo humano tem crescido especialmente
nas últimas duas décadas, a partir do estabelecimento dos primeiros centros para estudo dos distúrbios do sono.
O expressivo trabalho científico desenvolvido nessa área tem nos permitido conhecer um pouco mais sobre esse
estado neurológico, no qual passamos um terço de nossa vida. O sono REM já pode ser identificado no feto por
volta de 28 semanas de idade gestacional e tem Vparticipação fundamental no processo maturativo do cérebro do
feto e do recém-nascido. A arquitetura do sono sofre modificações graduais ao longo da infância e atinge a sua
forma final na adolescência. Do ponto de vista ventilatório, significativas modificações são observadas, ocorrendo
uma melhora da ventilação no lactente após o sexto mês de vida, quando a complacência da caixa torácica e o
percentual de sono REM reduzem significativamente.

149
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 29 - Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando


implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas ou produtos
industriais.

O estudo dos diferentes sistemas do organismo humano é de suma importância e fre-


quentemente abordado de forma aplicada junto a algum assunto de interesse ou abor-
dagem de uma situação familiar ao aluno. Assim, cabe ao aluno fazer associações dos
conteúdos estudados para a adequada interpretação de experimentos.

Modelo
(Enem PPL) O estudo do comportamento dos neurônios ao longo de nossa vida pode aumentar
a possibilidade de cura do autismo, uma doença genética. A ilustração do experimento mostra a
criação de neurônios normais a partir de células da pele de pacientes com autismo.

150
Analisando-se o experimento, a diferenciação de células-tronco em neurônios ocorre estimulada
pela:
a) extração e utilização de células da pele de um indivíduo portador da doença.
b) regressão das células epiteliais a células-tronco em um meio de cultura apropriado.
c) atividade genética natural do neurônio autista num meio de cultura semelhante ao cérebro.
d) aplicação de um fator de crescimento (hormônio IGF1) e do antibiótico Gentamicina no meio de cul-
tura.
e) criação de um meio de cultura de células que imita o cérebro pela utilização de vitaminas e sais mine-
rais.

Análise Expositiva

Habilidade 29

Ao analisar as diferentes etapas do experimento, é possível observar que, na terceira etapa,


onde há formação das redes neurais, ocorre a diferenciação das células-tronco em neurônios,
estimulada em um meio de cultura que imita o cérebro, por conter vitaminas e sais minerais
característicos desse órgão.

Alternativa E

151
Estrutura Conceitual
SISTEMA NERVOSO

◊ Cérebro
Encéfalo ◊ Tronco encefálico
◊ Cerebelo
Central
Medula

Nervos

Periférico Gânglios

Teminações nervosas

Somático Ações voluntárias

Ações involuntárias

Simpático
Autônomo
Parassimpático

152
4 4
3 4 Órgãos dos sentidos

Competências Habilidades
4e8 14, 15, 16 e 28

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
É através do impulso nervoso que as “informações” são transmitidas pelos “órgãos dos sentidos”, que
detectam um evento no meio ambiente, absorvendo energia. Esta energia é convertida em energia elétrica, por um
receptor apropriado, que leva ao desencadeamento de um potencial de ação, que transmitirá informações ao SNC.
Os órgãos dos sentidos respondem de modo diferente frente a tipos particulares de energia; possuem receptores
específicos e adaptados para cada estímulo. As “sensações” dependem da transmissão de uma mensagem ou
“código”. Os sentidos no homem se resumem a: tato, olfato, gustação, visão, audição e equilíbrio, e os receptores
podem ser classificados quanto:
Localização
a. Exteroceptores
b. Interoceptores
c. Proprioceptores

Tipo
a. Mecanorreceptores:
I. Tato – localizados na pele
II. Proprioceptores – localizados no músculo
III. Pressão – localizados nos vasos
IV. Equilíbrio – labirinto, localizado no ouvido
V. Auditivos – cóclea, localizado no ouvido
b. Quimiorreceptores
I. Gustativos – localizados na língua (nos humanos)
II. Olfativos – localizados no epitélio nasal

c. Termorreceptores
I. Temperatura – localizado na pele

d. Eletrorreceptores
I. Corrente elétrica – localizados na pele dos peixes elétricos

e. Fotorreceptores
I. Compostos que absorvem luz – localizados no olho

f. Dor
I. Terminações nervosas livres – localizadas por todo o corpo

Tato
Os corpúsculos sensitivos responsáveis pelo tato estão espalhados largamente na pele, nas mucosas e nas es-
truturas de muitas vísceras. Esses corpúsculos respondem pela percepção da forma, da temperatura e da consistência
dos corpos, assim como acusam a dor ou o simples contato de qualquer objeto. Os corpúsculos sensitivos localizados
na pele são classificados em: corpúsculos de Meissner, de Pacini, de Krause e de Ruffini.
§§ Os corpúsculos de Meissner são superficiais, medem cerca de 0,1 mm e atuam como receptores das im-
pressões de contato. Estes corpúsculos não estão distribuídos uniformemente, sendo mais numerosos nas
superfícies palmares, nos dedos, nos lábios, nas margens das pálpebras, nos mamilos e na genitália externa.
§§ Os corpúsculos de Pacini localizam-se profundamente na pele, medem menos de 4 mm, são ovoides e
percebem os estímulos de pressão. Estão distribuídos em regiões do tecido subcutâneo, no tecido conjun-
tivo próximo a tendões e articulações, nas membranas interósseas do antebraço e da perna, no perimísio
de músculos, no pâncreas e seu mesentério, em diversas serosas, sob membranas mucosas, nas glândulas
mamárias e na genitália de ambos os sexos.

155
§§ Os corpúsculos de Krause medem aproximadamente 0,03 mm e transmitem sensação térmica de frio. Estes
corpúsculos são mais numerosos na derme da conjuntiva, na mucosa da língua e na genitália externa.
§§ Os corpúsculos de Ruffini medem aproximadamente 0,03 mm e transmitem sensação térmica de calor. Es-
tão localizados no tecido subcutâneo e encontram-se por toda a parte, mas são mais numerosos no tecido
conjuntivo subcutâneo profundo da superfície da planta do pé.
§§ Os corpúsculos de Merkel são corpúsculos de Meissner rudimentares encontrados nas margens da língua e,
provavelmente, em outros epitélios sensíveis. Esses corpúsculos são formados por discos dilatados ao nível
dos ramos terminais das fibras nervosas que penetram no epitélio pavimentoso estratificado e são ligados
a uma célula epitelial modificada.

a) Terminações nervosas Pelo Discos de


livres (dor) Corpúsculo de Merkel
Plexo nervoso Meissner
Corpúsculo de do folículo
Ruffini (calor)
Epiderme

b)
Derme
Subcutâneo
Tecido

Corpúsculo de
Pacini
Folículo Células (pressão profunda)
piloso adiposas

a) Localização dos corpúsculos sensitivos na pele. b) Detalhe dos receptores que ocorrem na pele.

Visão
Praticamente todos os animais detêm mecanismos para reconhecer luz. Nem todos, porém, têm olhos. Na
base de qualquer estrutura receptora de estímulos luminosos, entretanto, há pigmentos fotossensíveis que, atingi-
dos por radiações de determinados comprimentos de onda, sofrem modificações energéticas e transmitem-nas às
células sensitivas. Nos cnidários medusoides, há grupos de células dotadas de pigmentos que simplesmente reco-
nhecem a existência de luz. A partir deles, na escala evolutiva, observam-se estruturas cada vez mais complexas,
como o olho humano:
Músculo reto superior
Humor vítreo
Iris
Coróide
Câmara anterior
Nervo óptico (como humor aquoso)
Córnea

Pupila

Cristalino
Macula

Fóvea Corpo ciliar


e músculo
Retina Músculo reto inferior
Secção transversal de olho humano

156
Na região anterior do olho está a córnea, mem- de altas intensidades luminosas, são responsáveis pela
brana epitelial protetora e transparente. Em seguida, percepção de cores e detalhes. Diz-se que são células
a íris, dotada de fibras musculares lisas dispostas em utilizadas quando há claridade. Os bastonetes, por sua
círculo, radialmente. O orifício central é a pupila, cujo vez, existem em maior quantidade na periferia da retina
diâmetro é regulado pela ação conjunta daqueles mús- e são estimulados com luz em baixa intensidade. É fre-
culos e de acordo com a luminosidade do ambiente. quente dizer que são usados para visão no escuro, mas
O cristalino ou lente está ligado a músculos (cilia- não registram cores.
res), que regulam sua curvatura, relevante para o meca- A fóvea é uma região da retina em que há gran-
nismo de focalização de objetos, uma vez que concentra de concentração de cones.
a luz na retina. Junto com a córnea e com líquidos que Quando os pigmentos são estimulados, eles
existem no olho – humor aquoso, preenchendo o espa- traduzem estímulos luminosos em impulsos nervosos,
ço entre a córnea e a íris, responsável pela nutrição da que são então transmitidos ao sistema nervoso central
córnea e do cristalino, e regular a pressão interna do (responsável por interpretar as informações e reconhe-
olho; e o humor vítreo, que preenche a cavidade ocular cer imagens), geram modificações energéticas que são
entre o cristalino e a retina – essa lente constitui o meio transmitidas às células sensitivas, cujos prolongamentos
a ser atravessado pela luz, no caminho em direção à reúnem-se formando o nervo óptico. Observe que, no
retina. Nela se concentram as células pigmentadas, que ponto em que o nervo óptico sai em direção ao cérebro,
contêm pigmentos em seu interior: os cones e os bas- não há bastonetes ou cones; assim, nesse local, não há
tonetes. Os cones, por sua vez, ocorrem principalmen- formação de imagens, sendo chamado de ponto cego.
te na região central da retina e seu estímulo depende

fibras nervosas

Retina

cones
bastonetes

Esquema de cones e bastonetes

Ao visualizar um objeto, de fato trata-se da captação da luz por fotorreceptores na retina. Essa luz é “trans-
formada” em impulsos nervosos, enviados para o cérebro. Veja o modelo a seguir.

157
Esclerótica

Camada da
coroide pigmentada

Epitélio pigmentado

Bastonete
Células
receptoras
Cone contendo
rodopsina

Célula horizontal
Retina

Neurônio bipolar

Célula ganglionar

Impulsos para o Fibras nervosas


nervo óptico
Humor vítreo

Raios luminosos

Deformações do globo ocular


Um globo ocular com curvatura muito acentuada, pouco acentuada ou irregular faz com que a imagem não
caia corretamente sobre a retina; por isso, a necessidade de lentes adequadas para corrigir essas anormalidades
que podem se agravar progressivamente, se não forem tratadas.

Luz
incidente

Ar

Surperfície Surperfície
convexa Vidro côncava

Lente convergente Lente divergente

a) Uma lente com uma superfícieLente convergente


convexa causa a convergência dos raios de luz; b) umaLente divergente
lente com superfície côncava causa a divergência deles.

158
§§ Miopia: se o globo ocular é alongado e a córnea é muito curva, a imagem se forma antes da retina. Olhan-
do o objeto bem de perto, o míope enxerga, porque, neste caso, a imagem se forma quase sobre a retina.
Esquema ilustrado abaixo.

Usando uma lente divergente que afasta os raios luminosos que vêm do objeto, o míope enxerga
normalmente, porque a imagem passa a se formar sobre a retina.

§§ Hipermetropia: se o globo ocular é pouco alongado e a córnea é pouco curva, a imagem se forma depois
da retina, se vista de perto. A tendência do indivíduo é afastar os objetos dos olhos para que possa observá-
-los melhor. Esquema ilustrado abaixo.

Usando uma lente convergente que aproxima os raios luminosos que vêm do objeto, o hipermetrope
enxerga normalmente, porque a imagem passa a se formar sobre a retina.

§§ Astigmatismo: no astigmatismo, a curvatura do cristalino se apresenta irregular. A imagem se apresenta


duplicada e sobreposta. Uma lente especial mais curva num trecho e menos curva em outro faz a compensa-
ção, e a imagem, que antes era borrada, fica nítida. Esquema ilustrado abaixo.

§§ Presbiopia: com a idade, o cristalino fica menos flexível, os músculos ciliares já não funcionam bem e a
acomodação da vista se torna problemática. Óculos com lentes convergentes facilitam a leitura e a visão
de objetos próximos.

159
Gustação tipos celulares: células receptoras – neurônios; células
de suporte – auxiliam na produção de muco (contém
Sentido que tem como órgão principal a língua, anticorpos); e células basais – originárias de novos re-
ceptores. Uma parte (dendrito) do neurônio receptor está
dotada de receptores formados por células espalhadas
em contato com o epitélio nasal, outra parte (axônio)
ou localizadas, que detectam determinados estímulos,
encontra-se com outros axônios ligados pelo bulbo olfa-
como específicos de pressão, térmicos e químicos, e os
tório. O conjunto de axônios caracteriza o nervo olfativo,
encaminham ao SNC. Os quimiorreceptores são os res- responsável por encaminhar ao SNC as informações rela-
ponsáveis pela percepção de sabor. São quatro os sabo- cionadas a esse sentido.
res básicos: salgado, azedo (ácido), doce e amargo. Atu- Na sua parte mais anterior, a mucosa olfativa ou
almente, passou-se a considerar um outro tipo de sabor, pituitária é vermelha e rica em vasos sanguíneos, sendo
o umami, definido pelo gosto do aminoácido glutamato. denominada pituitária respiratória, destinada ao aqueci-
Na língua, há grupos de células organizadas em papilas mento do ar inspirado. A porção mais profunda ou pos-
gustativas, cada uma das quais tem centenas de botões terior da mucosa pituitária tem cor amarela e é formada
gustativos, que, por sua vez, são dotados de 50 a 150 por células nervosas situadas em meio a células epiteliais.
células receptoras gustativas. Por seus neurônios estarem sobre a superfície, quando
Pelo fato da língua possuir um grande número de papilas, uma membrana mucosa é lesada por um processo pato-
lógico ou por um traumatismo, os corpos das células ner-
as mesmas foram divididas em dois grupos fundamen-
vosas que forem destruídas não podem ser regenerados.
tais: as papilas tácteis e as papilas gustativas. As primei-
Cerca de 1% das fibras no nervo olfativo são perdidas a
ras contêm filetes nervosos, são filamentosas e longas
cada ano de vida devido a infecções na membrana olfa-
(papilas filiformes) e percebem sutilmente o tato. As papi- tiva. Os corpos dos neurônios presentes no epitélio da
las gustativas podem ser de três tipos: papilas e circunva- membrana mucosa são altamente suscetíveis de serem
ladas (dispostas na região posterior da lingua, formam o seletivamente estimulados por odores de diversos tipos;
V lingual), papilas fungiformes e foliáceas. por eles através de moléculas provenientes do meio exte-
rior ocorre o estímulo dos botões terminais dos dendritos
das células nervosas que transmitem ao nervo olfativo
um impulso, que é levado ao cérebro. O modo pelo qual
um indivíduo é capaz de apreciar diferentes odores, e sua
relativa intensidade, é assunto ainda não bem compreen-
dido. Há tanta variedade de odores, que é impossível ha-
ver receptores especiais para cada tipo de odor. Estudos
indicam que há células olfativas especializadas somente
para certos odores básicos e que a razão da capacidade
do homem em distinguir tal variedade de odores pode ser
devida a várias combinações dos receptores dos odores
básicos, quando estimulados por odores complexos. Exis-
tem sete odores fundamentais: cânfora, almíscar, floral,
menta, éter, penetrante e putrefato. Em síntese:
Botões gustativos com as células quimiorreceptoras a) as células olfativas seriam de diferentes tipos, es-
pecializadas para serem facilmente estimuladas
por certos odores básicos;
Olfato b) os receptores para os tipos básicos de odores não
estariam dispostos uniformemente através de
toda a área olfativa, mas sim agregados;
O epitélio olfativo, localizado nas fossas nasais da c) a capacidade humana para distinguir um tal nú-
maioria dos vertebrados, é dotado de células especiali- mero de odores se deve a esses diferentes odores
zadas na captação de odores de vários tipos, mesmo em estimularem diferentes combinações dos recepto-
concentrações muito pequenas. res para os odores básicos;
O epitélio olfativo é uma fina camada localizada d) a intensidade de um odor está relacionada com o
no alto da cavidade nasal. É composto de três diferentes número de receptores estimulados por ele.

160
Foco do epitélio olfatório

Audição
A principal característica da audição humana é a possibilidade de detectar ondas sonoras, distinguir e ana-
lisar diferentes frequências (tons) e determinar a direção de onde o som é proveniente.
Nem todos os vertebrados possuem ossículos auditivos. Os anfíbios, répteis e aves têm apenas um único
osso. À exceção de aves e mamíferos, a maioria dos vertebrados tem a cóclea pouco desenvolvida. Quase todos
têm membrana timpânica.

Esquema de ouvido (ou orelha) humano: membrana timpânica, ossículos do ouvido médio e componentes do
ouvido interno (cóclea e canais semicirculares).

O ouvido externo é formado pelo pavilhão e pelo canal auditivo, que termina no tímpano, que é uma
membrana recoberta externamente por uma delgada camada de pele e internamente por epitélio cúbico simples.
Entre as duas camadas epiteliais, encontramos duas camadas de fibras colágenas, fibroblastos e fibras elásticas,
que entram em vibração quando recebem as ondas sonoras. Esta vibração tem função amplificadora do som. O
pavilhão externo capta o som e pode ser fixo ou móvel (dependendo da classe animal; no homem, em geral é fixo).
O canal auditivo ou meato acústico externo é revestido internamente por pele rica em pelos e glândulas sebáceas
e ceruminosas, cuja função é a proteção do tímpano.
O ouvido médio vai do tímpano até as janelas redonda e oval (membranas entre o ouvido médio e o ouvido
interno). Contêm três minúsculos ossos que transmitem a vibração do tímpano até a janela oval. São eles o martelo,
a bigorna e o estribo. Um canal chamado trompa de Eustáquio comunica o ouvido médio com a faringe. Este tubo
serve para que as pressões do ar de um lado e do outro do tímpano fiquem equilibradas.

161
No ouvido interno, a janela oval transmite as de uma região dos canais semicirculares, os filetes ner-
vibrações ao ouvido interno, que é formado pela có- vosos em contato com os cílios conduzem o impulso
clea (percepção dos sons) e pelos canais semicirculares nervoso através do nervo vestibular. O nervo vestibular
(relacionados com o equilíbrio). Na cóclea, onde o som conduz o impulso ao cerebelo e este interpreta a posi-
é amplificado, encontram-se as terminações do nervo ção em que o indivíduo se encontra. O equilíbrio é um
auditivo. importante sentido de propriocepção.
O mecanismo da audição é bastante complexo; po- Labirinto
rém, resumidamente, temos: ósseo
Labirinto
membranoso Ducto coclear
As células do órgão de Corti (transformam as vi- Perilinfa
Utrículo Cóclea
Canais
brações em impulsos elétricos) estimulam os dendritos semicirculares Sáculo

do nervo coclear (na base de cada célula sensitiva, há Endolinfa


uma fibra nervosa).
Nos ouvidos (ou orelhas) humanos, as ondas so-
noras atingem a membrana timpânica (ou tímpano) e Escala
Ampola vestibular
fazem-na vibrar (imagem). Essa vibração é transmitida Janela
redonda
Vestíbulo Escala
timpânica
Ducto
coclear

por meio de três ossículos existentes no ouvido médio


(ou orelha média) – o martelo, a bigorna e o estribo
Se estivermos com a cabeça na vertical, o líqui-
– e é encaminhada à cóclea (um dos componentes do
do encosta-se a determinadas células sensitivas. Se in-
ouvido interno ou orelha interna), assim chamada por- clinarmos a cabeça ou o corpo todo, outras células é
que é parecida com a concha de um caracol. No interior que são estimuladas, e o cerebelo é informado da nova
da cóclea, as vibrações são transformadas em impulsos posição, acionando os músculos da perna e tronco en-
elétricos. Da cóclea, a mensagem é conduzida pelo ner- direitando o corpo. Por isso, uma infecção nos canais
vo auditivo para o lobo temporal do cérebro. Esta área semicirculares, chamada labirintite, atrapalha essa sen-
do cérebro interpreta os impulsos recebidos e a pessoa sibilidade e o indivíduo fica “com sensação de tontura
ouve. e desequilíbrio”.
As diversas fibras nervosas formam o nervo au- Nos invertebrados, existem estruturas precárias,
ditivo, que conduz os impulsos nervosos até a área ce- chamadas estatocistos, que são pequenas vesículas
rebral responsável pela audição. Esta área do cérebro contendo grãos de carbonato de cálcio, as quais atritam
interpreta os impulsos recebidos e a pessoa ouve. células ciliadas, dando-lhes também a noção de posição
Por ser um órgão sensível, diversas são as causas do corpo.
que podem levar à surdez. Tímpano perfurado, endure- Insetos, apresentam um músculo que exerce a
cimento ou inflamação são as mais comuns. Calcifica- função do tímpano, cuja vibração é captada por células
ção e destruição dos ossinhos do ouvido médio também sensoriais, fazendo com que consigam perceber alguns
são causas frequentes, mas podem ser corrigidas atra- sons.
vés de cirurgias. Porém, se a causa for no nervo auditivo, O ouvido desenvolvido aparece nos vertebra-
a surdez é praticamente incurável. dos. Peixes possuem labirinto com canais semicirculares
e a lagena (similar à cóclea). Através de uma estrutura
O ouvido e o equilíbrio sensitiva, conhecida como “linha lateral”, conseguem
captar as vibrações da água. Répteis apresentam labi-
No interior do vestíbulo (que contém três canais rinto, canais semicirculares e cóclea. Aves já apresentam
semicirculares), há um líquido que preenche estas ca- pavilhão auricular, porém ainda precário.
vidades. Os canais semicirculares se abrem no utrículo.
Os canais e o utrículo são recobertos por um epitélio
ciliado. Os cílios desta camada epitelial estão em íntimo
contato com filetes nervosos. No líquido que “banha”
estes cílios também “flutuam” cristais de carbonato de
cálcio, que são chamados de otólitos. Os otólitos, con-
forme a posição da cabeça do indivíduo, roçam os cílios

162
Termorreceptores e
eletrorreceptores
Terminações nervosas localizadas na pele e na
língua de mamíferos, detectam mudanças de tempe-
ratura. Além delas, receptores de temperatura localiza-
dos no hipotálamo detectam variações de temperatura
corporal, integrando-se aos receptores de temperatura
localizados na superfície externa do organismo. Esse re-
conhecimento é fundamental para a geração de meca-
nismos de regulação térmica em animais homeotermos,
como o homem.
A atividade de caça noturna de muitas cobras
peçonhentas compreende uma adaptação que facilita
o encontro de presas: a fosseta loreal. Situada próxima
à narina e ao olho, a fosseta loreal é dotada de recep-
tores de calor e pode detectar à distância, por exemplo,
a presença de um roedor – sua presa. Os pernilongos e
outros insetos também possuem mecanismos de per-
cepção de calor irradiado por suas vítimas.
Em muitos peixes, há órgãos receptores de cor-
rentes elétricas emanadas do meio ambiente, recepto-
res esses ligados aos neurônios que correm pela linha
lateral e auxiliam a percepção de corrente elétrica em
meios que a olfação e a visão ficam prejudicadas pela
turvação da água. As enguias (peixes) têm verdadeiros
órgãos geradores de corrente elétrica, úteis na preda-
ção e na defesa.

163
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Drauzio Varela - 5 Sentidos

Fonte: Youtube

164
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Cada espécie possui um órgão do sentido mais aguçado que os demais, tornando-a mais apta em um deter-
minado meio. No caso dos cães, o olfato é muito apurado e desenvolvido, com cerca de 300 milhões de receptores,
possibilitando a identificação de odores que outros animais não conseguem sentir.

165
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

Os diferentes sistemas são estudados de modo a compreender a interação que ocorre


entre os órgãos. Desse modo, é possível compreender a fisiologia do organismo animal
e, principalmente, suas implicações na saúde humana. Para tanto, é importante que o
aluno conheça os mecanismos normais de funcionamento dos sistemas e consiga prever
o dano decorrente de alguma patologia ou fazer intervenções visando a promoção da
saúde.

Modelo
(Enem 2017) A retina é um tecido sensível à luz, localizado na parte posterior do olho, onde ocorre
o processo de formação de imagem. Nesse tecido, encontram-se vários tipos celulares específicos.
Um desses tipos celulares são os cones, os quais convertem os diferentes comprimentos de onda da
luz visível em sinais elétricos, que são transmitidos pelo nervo óptico até o cérebro.
Disponível em: www.portaldaretina.com.br. Acesso em: 13 jun. 2012 (adaptado).

Em relação à visão, a degeneração desse tipo celular irá:


a) comprometer a capacidade de visão em cores.
b) impedir a projeção dos raios luminosos na retina.
c) provocar a formação de imagens invertidas na retina.
d) causar dificuldade de visualização de objetos próximos.
e) acarretar a perda da capacidade de alterar o diâmetro da pupila.

Análise Expositiva

Habilidade 14

A questão exige que o aluno conheça a estrutura do olho e os componentes responsáveis


pela visão. Lembrando que as principais células da retina relacionadas à visão são os cones
e bastonetes, a degeneração dos primeiros irá comprometer a capacidade de visão em cores.

Alternativa A

166
Estrutura Conceitual
ORGÃOS DOS SENTIDOS

Corpúsculos sensitivos espalhados pela pele

Tato
Percebem forma, temperatura, consistência

◊ Retina possui células com pigmentos fotossensíveis:


Olhos
cones e bastonetes

Visão
◊ Miopia
Deformidades ◊ Hipermetropia
do globo ocular ◊ Astigmatismo
◊ Presbiopia

◊ Possui receptores que detectam pressão


Língua
temperatura e sabor (químicos)
Gustação
Tácteis ◊ Salgado
Papilas ◊ Azedo
Gustativas ◊ Doce
◊ Amargo
◊ Umami

Olfato Fossas nasais ◊ Células olfativas

◊ Membrana timpânica
Audição Ouvido ◊ Ossículos do ouvido médio
◊ Ouvido interno

◊ Cóclea
◊ Canais semicirculares

167
3
4 44 Interação gênica

Competências Habilidades
4e8 13, 14, 15 e 17

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Em todos os casos de heranças analisados, dentre eles os alelos múltiplos, verificou-se que cada par de
genes está envolvido com a determinação de uma certa característica. Uma vez que ocupam o mesmo locus no
par de cromossomos homólogos, os dois alelos atuam no mesmo caráter. Há muitos casos, porém, em que vários
genes, situados em cromossomos diferentes, somam seus efeitos na determinação de uma mesma característica
fenotípica, em uma verdadeira interação gênica.

Interação gênica
Os pesquisadores Bateson e Punnet constataram que em galinhas há interação gênica para a expressão das
quatro formas de crista: noz, rosa, ervilha e simples. Cruzando galos de crista rosa com galinhas de crista ervilha,
eles verificaram que todos os descendentes de F1 apresentavam crista noz. Do cruzamento entre indivíduos de F1,
foram obtidos em F2 quatro fenótipos distribuídos nas seguintes proporções:

(
​  9  ​ noz:​ ___
9:3:3:1 ​ ___
16
3  ​ rosa:​ ___
16
3  ​ ervilha:​ ___
16 )
1  ​ simples ​
16

Posteriormente, os pesquisadores realizaram um cruzamento-teste entre indivíduos com crista noz da ge-
ração F1 e indivíduos com crista simples, supostos duplo-recessivos. O resultado foi muito próximo do esperado:
1:1:1:1. Com base nesses resultados, pode-se deduzir que os indivíduos de crista noz da geração F1 eram duplo-
-heterozigotos e que houve uma segregação independente entre os genes alelos durante a formação dos gametas.
Concluíram, Bateson e Punnet, que a forma noz da crista em aves poderia ser atribuída à ação de dois genes do-
minantes, simbolizados por R e E. Portanto, um gene complementa a ação do outro. A presença de apenas um dos
dominantes, R ou E, condiciona, respectivamente, as formas rosa e ervilha. A ausência dos dois genes dominantes
determina a forma da crista simples.

Genótipos R_E_ R_ee rrE_ rree


Fenótipos da crista noz (ambos dominantes) rosa (um dominante) ervilha (um dominante) simples (sem dominantes)

Genótipos e fenótipos envolvidos na forma da crista de galinha

Teoria na prática
1. Uma ave de crista simples foi cruzada com outra de crista ervilha, heterozigota. Qual será o resultado feno-
típico esperado nos descendentes?

Resolução:

O genótipo da ave com crista simples é rree. Quanto à ave de crista ervilha, é preciso notar que, embora o
enunciado diga tratar-se de heterozigota, seu genótipo não pode ser RrEe – crista noz. Portanto, seu genóti-
po é rrEe, do qual o par rr interage com o par Ee (de fato, é ele que corresponde à situação de heterozigose).
O cruzamento referido na questão pode ser assim esquematizado:

223
P: crista simples crista ervilha
rree rrEe
X

gametas: re rE re
F1: rrEe rree
crista ervilha crista simples
proporções: 1 (50%) 1 (50%)
2 2

Portanto, as proporções fenotípicas esperadas nos descendentes são 1/2 com crista ervilha e 1/2 com crista
simples.

Forma dos frutos de abóbora


Outro exemplo de interação gênica é o que determina a forma dos frutos da abóbora, que podem ser encon-
trados em três formas diferentes: esférica, discoide e alongada. Nesse caso, também estão envolvidos dois pares de
genes que, ao interagirem, determinarão esse caráter. A forma discoide é condicionada por dois genes dominantes
A e B. A forma esférica deve-se à presença de um dos dois dominantes, seja ele A ou B, enquanto a forma alongada
é determinada pela interação dos genes recessivos, a e b. Observe:

Fenótipos discoide esférica alongada


Genótipos A­_B_ A_bb aaB_ aabb

Genótipos e fenótipos envolvidos na forma da abóbora

Do cruzamento de duas plantas produtoras de abóboras esféricas de origens diferentes, obtiveram-se em F1


somente abóboras discoides.

planta produtora planta produtora


de abóbora esférica de abóbora esférica
P: AAbb X aaBB

F 1: AaBb
abóbora discoide

Se cruzados indivíduos de F1, resultarão gametas com diferentes combinações, com os quais pode ser mon-
tar este quadro de cruzamentos determinando os respectivos fenótipos:

AaBb X
AaBb

gametas: AB Ab aB ab AB Ab aB ab

224
As plantas da geração F1, intercruzadas, produziram em F2 a proporção de 9/16 abóboras discoides: 6/16
abóboras esféricas: 1/16 abóboras alongadas.

A cor da flor nas ervilhas-de-cheiro


Outro caso de interação gênica foi analisado por Bateson e Punnet: a herança da cor da flor em plantas
de ervilha-de-cheiro, flores essas que podem ter coloração branca ou púrpura. Cruzando duas plantas de flores
brancas de origens diferentes, obtiveram em F1 tão somente plantas produtoras de flores púrpuras. Intercruzados
esses indivíduos de F1, produziram em F2 dois tipos de fenótipos, na proporção de:
9/16 : 7/16
plantas produtoras plantas produtoras
de flores púrpuras de flores brancas

Nesse caso, também houve interação de dois pares de genes na determinação de um caráter (cor da flor). A
cor púrpura é condicionada pela interação dos dois genes dominantes A e B (A_B_). Há autores que se referem a
esse tipo de herança como ação complementar, pois um gene complementa a ação do outro. Há duas possibilida-
des para que ocorram flores de cor branca:
§§ presença de apenas um tipo dos genes dominantes, A ou B, em homozigose ou heterozigose (A_bb ou aaB_);
ou
§§ ausência dos dois genes dominantes (aabb).

Genótipos Fenótipos
A_B_ púrpura

A_bb branca

aaB_ branca

aabb branca

225
Detalhados os cruzamentos com flores brancas de origens diferentes, obtém-se:

aaBB

Do cruzamento de indivíduos de F1, podem-se determinar os gametas e montar o quadro de cruzamentos


com suas proporções fenotípicas:
AaBb X
AaBb

gametas: AB Ab aB ab AB Ab aB ab

Teoria na prática
1. Na espécie humana, os genes A e B, localizados em cromossomos não homólogos, são responsáveis pela
audição normal. Os genes recessivos a e b determinam surdez congênita. Se um indivíduo for homozigoto
aa e/ou bb, será surdo-mudo. Pergunta-se:
a) Trata-se de um caso típico de segunda lei de Mendel?
Resolução:
Não, trata-se de ação gênica complementar, pois os alelos dominantes atuam para o indivíduo ter au-
dição normal. Também, devido a ação inibitória do aa sobre B, assim como bb sobre A, se trata de um
caso de epistasia recessiva.

226
b) Quais são os possíveis genótipos de um indivíduo com surdez congênita e de outro normal?
Resolução:

Indivíduo normal: A_B_


Surdez congênita: aaB_, A_bb ou aabb

c) Qual a probabilidade de um casal AaBb x Aabb ter uma criança do sexo masculino com audição normal?
Resolução:

AaBb x Aabb
gametas AB, Ab, aB, ab Ab, ab
AB Ab aB ab
Ab normal surdez normal surdez

ab normal surdez surdez surdez

Porção fenotípica: 5/8 surdez:3/8 normal


A probabilidade de ter uma criança do sexo masculino é 1/2; portanto, criança do sexo masculino e
normal

1/2 x 3/8 = 3/16

2. Na ervilha-de-cheiro, a cor púrpura da corola deve-se à presença de dois alelos dominantes: C e P. A falta
de qualquer um deles ou de ambos produz flor branca. Quais são as proporções fenotípicas para estes cru-
zamentos?
a) CcPp x ccpp
Resolução:

C­_P_ = púrpura
C_pp / ccP_ / ccpp = branca
CcPp  x  ccpp
gametas: CP, Cp, cP, cp cp

CP Cp cP cp
cp púrpura branca branca branca

Proporção fenotípica: 3/4 branca e 1/4 púrpura

b) CcPP x CCpp
Resolução:
CcPP  x  CCpp
gametas: CP, cP   Cp

CP cP
Cp púrpura púrpura

Proporção fenotípica: 100% púrpura

227
c) CcPP x ccpp

Resolução:

CcPP  x  ccpp
gametas: CP, cP    cp

CP cP
cp púrpura branca

Proporção fenotípica: 1/2 púrpura:1/2 branca

d) CcPp x ccPc

Resolução:

CcPp  x  ccPp
gametas: CP, Cp, cP,cp   cP, cp

CP Cp cP cp
cP púrpura púrpura branca branca

cp púrpura branca branca branca

Proporção fenotípica: 5/8 branca:3/8 púrpura

Epistasia
Trata-se de um caso especial de interação gênica, segundo a qual um par de genes bloqueia a ação do outro
par, inibindo a manifestação dele. O par que exerce a inibição é chamado epistático; o par inibido, hipostático. Há
dois tipos de epistasia:
§§ a dominante, em que é necessário apenas um gene dominante no par epistático; e
§§ a recessiva, em que o par epistático deve estar em dose dupla.

Epistasia dominante 12:3:1


Em cães, o gene I (dominante), que determina pelagem branca, é epistático e inibe os genes B e b (hipos-
táticos). Na ausência do gene epistático I, o B e b manifestam-se, determinando, respectivamente, pelagem preta
e marrom.

Genótipo Fenótipo
B_I_ branca

bbI_ branca

B_ii preta

228
bbii marrom

Genótipos e fenótipos envolvidos na cor da pelagem de cães

Do cruzamento de dois cães de pelagem branca, di-híbridos, obtém-se:

BbIi X
BbIi

gametas: BI Bi bI bi BI Bi bI bi

branca

A proporção fenotípica corresponde a 12/16 cães de pelagem branca; 3/16 cães de pelagem preta; e 1/16
cães de pelagem marrom.

Epistasia recessiva 9:3:4


Em ratos, os genes A e a são hipostáticos e determinam, respectivamente, a pelagem aguti e preta. No en-
tanto, na presença do alelo epistático recessivo (cc), esses genes não se manifestam, o que dá origem a ratos com
pelagem branca. Nesse caso, a epistasia é recessiva: o gene C não inibe o gene A, nem o gene a.

Genótipos Fenótipos
A_C_ aguti

aaC_ preto

A_cc albino

aacc albino

Genótipos e fenótipos envolvidos na coloração de pelagem de ratos

229
aguti aguti
AaCc AaCc
BbIi
X

gametas: AC Ac aC ac AC Ac aC ac

O cruzamento entre dois indivíduos di-híbridos (AaCc x AaCc) resultará na seguinte proporção fenotípi-
​  9  ​ agutis: ___
ca: ___ ​  3  ​ pretos: ___
​  4  ​ albinos.
16 16 16

Na epistasia, os genes não alelos também se encontram em cromossomos diferentes, caracterizando uma
segregação independente, porém, de novo não é um caso de segunda lei de Mendel, uma vez que está em questão
apenas uma única característica. Além disso, a epistasia requer um par gênico inibidor.

230
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Nós, seres humanos, possuímos o hábito de criar animais domésticos para nos fazer companhia ou para a proteção
da casa. Cães e gatos são os animais domésticos mais comuns. Esses animais possuem uma grande variedade
fenotípica, a qual é gerada através da interação de vários genes, chamado de interação poligênica.

231
Estrutura Conceitual
INTERAÇÃO GÊNICA

Ocorre quando dois pares de genes,


localizados em pares de cromossomos
diferentes, interagem para determinar
uma característica.

Epistasia

É um tipo de interação na qual um


gene inibe a expressão de outro.

Epistasia dominante
O alelo dominante do gene epistático
que inibe a expressão do outro gene

Epistasia recessiva
O alelo recessivo do gene epistático
que inibe a expressão do outro gene,
portanto, a inibição ocorre quando
ele está em homozigose recessiva.

232
Abordagem de IMUNOLOGIA E GENÉTICA nos principais vestibulares.

FUVEST
Assunto cobrado com bastante frequência, exigindo do aluno uma boa interpretação de texto, do-
mínio dos padrões dos heredogramas e dos conceitos genéticos. A Fuvest dificulta os exercícios adi-
cionando cálculos de probabilidades mais complexos que os habituais para esses tipos de questão.

LD
ADE DE ME
D
UNESP
U

IC
FAC

INA

BO
1963
T U C AT U Assunto cobrado com bastante frequência, exigindo uma boa interpretação de texto e domínio
dos termos de genética e imunologia, assim como um bom desenvolvimento dos cálculos de pro-
babilidades associadas a eles. Já não utilizam a figura do heredograma em seus exercícios, sendo
necessária a criação de um esboço por parte do aluno, a partir da interpretação do enunciado.

UNICAMP
Aparece com frequência cobrando os nomes e os conceitos que cada um deles carrega, e a apli-
cação dos termos que envolvem a matéria de genética em uma situação investigativa observada
no cotidiano. Usa pouco auxílio do heredograma em seus enunciados.

UNIFESP
Assunto que ocorre com pouca frequência nos últimos anos, cobrando os conceitos teóricos básicos

e pedindo para o aluno explicar a aplicação desses conceitos em um texto. Sendo assim, é necessária

uma boa interpretação de texto para realizar esses exercícios.

ENEM/UFMG/UFRJ
O Enem cobra conceitos básicos sobre o assunto e suas questões giram em torno de conceitos mais
clássicos dentro de cada frente, sendo associada apenas uma ideia para cada questão. Na Ufrj, esse
assunto foi pouco cobrado nos últimos anos, sendo exigido um bom domínio do heredograma e
noções básicas da teoria.

UERJ
Assunto com pouca frequência nos últimos anos, mas, quando é cobrado, a Uerj exige um grande
domínio de conceitos e interpretação de heredograma; já probabilidade não aparenta ter grandes
complicações.
3 6
5 3 Fator Rh e
imunologia básica

Competências Habilidades
1, 4, 5 e 8 2, 3, 13, 14, 15,
17 e 29

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
O sistema Rh de grupos sanguíneos
Em 1940, durante a realização de experimentos com o sangue de macacos do gênero Rhesus, os médicos
Karl Landsteiner e Alex Wiener, com o auxílio de colaboradores, descobriram um grupo sanguíneo além do sistema
ABO, chamado de grupo Rh. Eles perceberam que, ao injetar sangue destes animais em cobaias, estas passavam
a produzir em seu organismo anticorpos contra as hemácias recebidas; assim, concluíram que nas hemácias dos
macacos havia um antígeno denominado fator Rh, que desencadeava a produção de anticorpos denominados
anti-Rh.
A partir da análise do sangue de vários seres humanos, estimou-se que cerca de 85% da população mundial
apresenta o fator Rh nas hemácias (e reage com o anticorpo anti-Rh); estas pessoas receberam a classificação de
Rh positivo (Rh+). Os outros 15% não apresentam o fator Rh, e são classificados como Rh negativo (Rh-).
Os anticorpos anti-Rh não se apresentam naturalmente no plasma sanguíneo; a sua produção depende
de uma sensibilização, como, por exemplo, uma pessoa do grupo Rh- receber por transfusão sangue Rh+. Nesta
primeira transfusão, haverá a sensibilização e sinalização para produção de anticorpos. No caso de uma segunda
transfusão, as hemácias do sangue doado poderão ser destruídas pelo organismo receptor.

A herança do sistema Rh
A herança do fator Rh envolve um par de genes, em um caso de dominância simples. O gene R, dominante,
codifica a produção do fator Rh, enquanto o gene recessivo r codifica sua ausência. Na seguinte tabela encontram-
-se os genótipos possíveis e seu fenótipos correspondentes:

Genótipos Fenótipos
RR, Rr Rh+

rr Rh–

Eritroblastose fetal
A eritroblastose fetal, ou doença hemolítica do recém-nascido (DHRN), ocorre em crianças do grupo Rh+
filhas de mães do grupo Rh–.

Eritroblastose fetal

173
Caso a doença ocorra, é possível ter certeza de que a criança é heterozigota (Rr), com o gene r herdado da
mãe (rr) e o R do pai (RR ou Rr).
Há, durante a gravidez, passagem de diversas substâncias entre mãe e feto, através de trocas sanguíneas,
como anticorpos, oxigênio e nutrientes. Ao fim da gravidez, há rupturas na placenta, fazendo com que haja a passa-
gem de hemácias e outras células sanguíneas do feto para a mãe. No caso do filho ser Rh+, essa ação sensibilizará
o organismo materno, induzindo-o a produzir anticorpos. Se após isso houver uma segunda gravidez com filho
também Rh+, anticorpos anti-Rh serão produzidos pela mãe, passarão pela placenta e entrarão no tecido sanguíneo
fetal, causando a destruição em massa de suas hemácias (hemólise). Consequentemente, pode haver liberação
de pigmentos prejudiciais (devido à destruição da hemoglobina) a órgãos do feto, como o cérebro, danificando-o.
De modo a desviar-se do risco de desenvolver eritroblastose fetal, a mãe, após o primeiro parto, tem um soro
com anticorpos anti-Rh inoculado no organismo, destruindo as hemácias com o fator Rh que possam ter passado
do feto para seu sangue. Isso evita a sensibilização e, portanto, o risco de doença para os próximos filhos. Caso uma
criança nasça com eritroblastose, é possível realizar uma transfusão de sangue substituindo seu sangue por um do
grupo Rh-, cujas hemácias não serão alvo de anticorpos.

Fenótipos Fator Rh nas hemácias Anti-Rh


Rh+ Sim Não
Rh–
Não após sensibilização

O sistema MN de grupos sanguíneos


Há, além dos sistemas ABO e Rh, outro, que engloba dois antígenos encontrados na superfície de hemácias
de seres humanos, chamados M e N. Dois genes condicionam a produção desses antígenos, LM e LN. Este é um caso
de herança simples com codominância; os genótipos homozigotos LNLM e LNLN codificam a produção, respectiva-
mente, dos antígenos M e N, enquanto os indivíduos heterozigotos produzem ambos. A tabela a seguir relaciona
os genótipos possíveis e seus fenótipos:

Fenótipos Genótipos
M LMLM
N LNLN
MN LMLN

Não há relação entre a herança dos sistemas ABO, Rh e MN, de forma que um indivíduo apresenta os três
sistemas, segregados independentemente. Isso significa que uma mesma pessoa pertence ao mesmo tempo aos
grupos sanguíneos A, Rh+ e MN, por exemplo.

Transfusões no sistema MN
Similarmente ao sistema Rh, a produção de anticorpos anti-M e anti-N é sinalizada após sensibilização, o
que significa que estes anticorpos não se encontram no plasma naturalmente. A transfusão entre pessoas de gru-
pos diferentes, portanto, ocorrerá sem incompatibilidade caso não tenha havido sensibilização prévia.

174
A defesa do organismo
Os antígenos estranhos
Antígenos podem ser definidos como substâncias ou agentes externos capazes de serem reconhecidos pelo
sistema imune. Incluem-se neste grupo bactérias, vírus, parasitas, fungos e substâncias infecciosas; tais antígenos
devem ser inativados e eliminados pelo sistema imune, impedindo o desenvolvimento de doenças e infecções.
Os antígenos recebem várias classificações, sendo a mais básica relacionada à sua natureza. Dividem-se
assim em biológicos (micro-organismos e tecidos ou órgãos transplantados não compatíveis) e não biológicos (me-
tais, cosméticos). Entre os biológicos, há a divisão quanto à sua natureza química: proteicos, sacarídicos, lipídicos
e nucleicos. Os seres vivos (bactérias, vírus, protozoários) podem ser reconhecidos a partir de antígenos específicos
produzidos por eles, como proteínas e carboidratos; tecidos e órgãos transplantados não compatíveis podem ser
reconhecidos pelo sistema imune levando à rejeição e/ou morte do transplantado.

A resposta imune
Os mecanismos de defesa imunológicos podem ser classificados em:
§§ Inespecífico: age independentemente do antígeno. Inclui a primeira linha de defesa, formada pela pele e
mucosas dos sistemas digestório, respiratório e urogenital. Se o agente infeccioso passar por essas barreiras,
entrará em contato com a segunda linha de defesa, as barreiras internas inespecíficas, caracterizadas por
um conjunto de células e substâncias químicas.
§§ Específico: respostas imunológicas determinadas para cada agente infeccioso. Envolve a participação dos
órgãos linfoides (baço, timo, linfonodos e tonsilas).
As respostas de defesa podem ser classificadas em inatas (primeira e segunda linha de defesa) e adaptativas
(terceira linha de defesa, relacionada com os órgãos linfoides). Os mecanismos inatos apresentam baixa especi-
ficidade com relação aos antígenos, mesma intensidade, e não possuem memória, ou seja, não há diferença na
resposta ao estímulo ao longo do tempo. Em contrapartida, os mecanismos adaptativos são capazes de diferenciar
antígenos detalhadamente, possibilitando que construam estratégias de resposta específicas e sofisticadas. Além
disso, as respostas adaptativas apresentam memória imunológica, o que propicia soluções mais rápidas e precisas
para eliminação dos antígenos. Os vertebrados em geral apresentam barreiras externas de defesa que podem ser
classificadas de acordo com a sua natureza: física, química e biológica.
§§ Barreiras físicas – Pele, mucosas, pelos e unhas. São barreiras que impedem mecanicamente a entrada de
micro-organismos, impondo um bloqueio entre os meios externo e interno do organismo. A pele é um órgão
impenetrável para a esmagadora maioria dos micro-organismos, atuando com o auxílio e proteção de pelos
e unhas. Há reações fisiológicas associadas a estas estruturas que representam mecanismos de defesa,
como o espirro (eliminação de substâncias estranhas das vias áereas) e a diarreia (aumento na intensidade
e velocidade do peristaltismo, acelerando a eliminação de bactérias e vírus do trato intestinal).
§§ Barreiras químicas – Incluem substâncias que agem impedindo a proliferação de infecções ou seres vivos,
como ácidos graxos e enzimas. Os ácidos graxos, por exemplo, reduzem a reprodução de bactérias e fungos;
o ácido clorídrico do estômago evita que praticamente qualquer micro-organismo se desenvolva no órgão. A
lisozima, enzima da lágrima, age na prevenção de infecções oculares quebrando a parede celular bacteriana.
§§ Barreiras biológicas – Conjunto de micro-organismos não patogênicos que habitam a superfície da pele
e o trato digestório, em uma relação harmônica de protocooperação, competindo com microorganismos
patogênicos por espaço e alimento, reduzindo sua reprodução e estabelecimento no organismo.

175
Órgão e células do sistema imune
Barreiras internas de defesa
As barreiras internas de defesa apresentam-se como o conjunto de órgãos e substâncias produzidas com a função
de combater agentes e substâncias estranhos. Estes órgãos, chamados linfoides, são classificados entre primários (gerado-
res) ou secundários (periféricos), com relação à produção ou maturação de células do sistema imune. Os órgãos primários,
a medula óssea e o timo, devem produzir e/ou maturar linfócitos, enquanto os secundários (linfonodos, baço e tecidos
linfoides) armazenam os linfócitos e os direcionam à região ameaçada, promovendo seu encontro com os antígenos.
Folículos primários e
Paracótex secundários

Veia
Medula
Artéria
Polpa
branca
Polpa
Córtex vermelha
Cápsula
Vaso linfático
aferente

Órgãos linfoides secundários. Observamos da esquerda para a direita um linfonodo, o baço localizado no quadrante superior esquerdo da cavidade ab-
dominal e detalhes da histologia deste órgão à direita. O baço é delimitado por uma cápsula e dividido em duas regiões: a polpa vermelha e a branca.
Esta última é considerada o órgão linfoide propriamente dito.

Hematopoiese
A medula óssea vermelha é o órgão responsável pela produção de células sanguíneas, ou hematopoese. Esta se inicia a
partir da ativação de uma célula-tronco chamada pluripotente, que se diferencia em duas linhagens, mieloide e linfoide; a mie-
loide resultará em hemácias, plaquetas e fagócitos (macrófagos, monócitos, eosinófilos, neutrófilos), enquanto a linfoide dará
origem aos linfócitos B, linfócitos T e células matadoras naturais, ou natural killer (NK). Os fagócitos são células fundamentais
no combate direto aos antígenos na resposta imune; os linfócitos, por sua vez, exercem funções como produção de anticorpos.
Célula-tronco
autorrenovável

Progenitor
Progenitor
linfoide
mieloide

Célula-tronco
pluriponte

Timo

Célula natural
killer (NK)
Linfócitos B Linfócitos T

UFC Eritroide Megacariócito UFC do Basófilo UFC do Eosinófilo UFC do Granulócito-monócito

Célula dendrítica

Eritrócitos Plaquetas Basófilos Eosinófilos Neutrófilos Monócitos Macrófago


Hematopoiese. Destacam-se os leucócitos: neutrófilo, basófilo, eosinófilo, além do macrófago e os linfócitos B e T.
Os eritrócitos e plaquetas não apresentam função de defesa.

176
A fagocitose depende do reconhecimento do antígeno estranho pelo fagócito via receptores de membrana
com afinidades por estruturas moleculares presentes nas membranas de bactérias, fungos e alguns vírus. Este processo
pode ocorrer na corrente sanguínea quando neutrófilos e monócitos principalmente reconhecem antígeno estranho
solúvel ou pode ocorrer nos tecidos quando macrófagos residentes de tecido reconhecem e englobam tais partículas.

A resposta inflamatória
O início da resposta inflamatória é marcado por uma lesão, como um trauma ou uma ferida em um tecido,
ativando as células endoteliais das paredes dos vasos sanguíneos. Esta ativação faz com que estas células iniciem a
produção de moléculas pró-inflamatórias, o que causa aumento da permeabilidade do vaso, vasodilatação, edema
e dor; este conjunto de sintomas é denominado inflamação. A superfície interna do endotélio, ao mesmo tempo,
passa a realizar um processo de migração de leucócitos através da parede dos vasos, com o objetivo de combater
eventuais microorganismos ou substâncias estranhas presentes na região. A resposta inflamatória é muito eficaz no
combate à infecção; porém, caso ela não seja suficiente, o sistema imune recorre à resposta adaptativa.

A resposta imune adaptativa ou adquirida


é mais complexa e eficaz
A resposta imune adaptativa é capaz de diferenciar cada micro-organismo com especificidade adquirida ao
longo da vida, à medida em que o indivíduo entra em contato com agentes infecciosos; as células responsáveis por
ela são os linfócitos, que reconhecem diferenças entre antígenos e programam respostas direcionadas. Os linfócitos
são divididos em três grandes grupos: linfócitos B (LB), lintócitos T (LT) e células natural killer (NK); estas últimas
participam da resposta inata. Os LB são os únicos produtores de imunoglobulinas (Ig) ou anticorpos, enquanto os LT
podem tanto ativar os LB (são os linfócitos T auxiliares ou T CD4) quanto eliminar diretamente agentes infecciosos,
como vírus e bactérias (chamados linfócitos citotóxicos ou T CD8).

As propriedades da resposta adaptativa


1. Especificidade: as respostas adaptativas apresentam alta especificidade com relação ao antígeno comba-
tido, diferenciando estruturas moleculares de vírus, bactérias, protozoários etc. Essa discriminação possibili-
ta que os linfócitos realizem estratégias de combate diferentes para duas bactérias do mesmo gênero, como
Salmonela, por exemplo.
2. Memória: o sistema imune adaptativo possui a característica de guardar memória das estruturas de cada
um dos antígenos aos quais o organismo foi previamente exposto. As células responsáveis por essa proprie-
dade, e as únicas capazes disso, são os linfócitos. Essa “memória” apresenta duração variada de acordo com
o tipo de antígeno, durando de meses a até mesmo o resto da vida do indivíduo; enquanto ela permanecer,
confere maior rapidez e intensidade na resposta imune ao antígeno conhecido. Veja no gráfico:

Quantidade de
anticorpos Resposta imune
secundária

Resposta
imune primária

Dias
Antígeno 7 14 Segunda dose 7 14
injetado do antígeno
Gráfico mostrando a diferença de tempo entre as respostas primária e secundária

177
O segundo pico de número de anticorpos corresponde à resposta após o organismo ter entrado em contato
com o antígeno e guardar memória dele, ou seja, é uma resposta imune adquirida. As vacinas se utilizam
desse mecanismo, agindo para promover a resposta imune primária, inoculando micro-organismos mortos
ou enfraquecidos no organismo, de forma que este desenvolva células de memória. Quando houver um
novo contato com o microorganismo, a resposta imune será muito mais rápida e forte. Já o soro contém
anticorpos prontos para o combate ao patógeno, de forma que não cria células de memória.
3. Auto limitação: a resposta adaptativa dura apenas enquanto o antígeno estiver presente no corpo; assim que
for eliminado, o sistema imune entra em estado de repouso e para de produzir anticorpos. Assim, o risco de ocorrer
uma doença autoimune, ou seja, do sistema imune atacar tecidos e órgãos do próprio organismo, é reduzido.
4. Diversidade: propriedade relacionada à capacidade de produzir numerosos clones de linfócitos específicos
para cada antígeno; assim a resposta adaptativa apresenta diversidade e capacidade de eliminar pratica-
mente qualquer agente infeccioso que invada o organismo.
Ag

APC

Linfócito
ativado

Clones
Ag-específicos

5. Não reatividade ao próprio organismo: isso evita que a resposta adquirida ataque antígenos próprios,
diferenciando-os dos estranhos. Caso não houvesse essa propriedade, os organismos dos vertebrados de-
senvolveriam a todo tempo doenças autoimunes.

Fases da resposta imune adaptativa


Durante a resposta adaptativa, podemos identificar a atuação de macrófagos e linfócitos.
§§ Macrófagos – células especializadas em fagocitar antígenos estranhos, além de remover do organismo
restos celulares e células mortas ou velhas. Podem atuar, também, ativando linfócitos T para que combatam
uma invasão; neste caso, podemos chamá-los de células apresentadoras de antígenos.

178
Fagocitose da célula inimiga (antígeno)

Fusão do lisossomo e fagossomo

Enzimas começam a
degradar a célula inimiga

Célula inimiga é reduzida a


pequenos fragmentos

Fragmentos do antígeno
apresentados na superfície
do macrófogo
Fragmentos restantes são
expulsos por exocitose

Etapas da resposta imune mediada por macrófagos (células apresentadoras de antígeno).


Note que na etapa 5 são dispostos na superfície celular fragmentos de antígenos.
São esses fragmentos que serão reconhecidos pelos linfócitos T.

§§ Linfócitos T – o linfócito T auxiliar, ou CD4, age ativando linfócitos B, após o reconhecimento dos antí-
genos apresentados pelos macrófagos, enquanto o linfócito T citotóxico, ou CD8, destruindo as células já
invadidas pelo agente estranho.
§§ Linfócitos B – após a ativação pelo linfócito T auxiliar, os linfócitos B se multiplicam rapidamente, realizam
diferenciação em plasmócitos e desenvolvem a capacidade de produzir anticorpos. Os anticorpos ou imu-
noglobulinas (Ig) são produzidos de forma particular para cada agente estranho; daí a necessidade de uma
sensibilização. Sua relação com o antígeno é similar ao mecanismo de chave-fechadura de enzimas e subs-
tratos, ligando-se pelas suas extremidades e inativando o invasor. A proliferação de linfócitos B passa a ser
estimulada por substâncias liberadas por eles próprios, de forma que a resposta imune continuará enquanto
houver antígenos, e diminuirá quando estes diminuírem; porém, o número de linfócitos nunca chegará a
zero, pois mesmo quando não houver mais antígenos no corpo ainda restarão as células de memória.

As classes de imunoglobulinas
Podemos identificar cinco classes de imunoglobulinas produzidas pelos mamíferos:

IgG IgE IgD

IgM IgA

Classes de imunoglobulinas

A IgG é produzida durante infecções crônicas, e age no combate a bactérias e fungos. Ela também está
presente no leite materno, e consegue atravessar a barreira placentária, de forma que confere ao feto imunidade
adquirida pela mãe. A detecção de IgG pode revelar infecções que uma pessoa sofreu no passado.
A IgM, por outro lado, aparece durante a fase aguda de infecções, e, similarmente à IgG, age na neutraliza-

179
ção de antígenos estranhos, além de quebrar bactérias e fungos. Pode-se utilizar a identificação de IgM no soro de
um paciente para diagnosticar doenças como hepatite.
A IgA está presente em maior quantidade nas mucosas e no leite materno, conferindo imunidade ao recém-nascido.
A IgD atua na ativação dos linfócitos B.
A IgE tem papel destacado em alergias e no combate a infecções por helmintos.

O papel do timo na maturação do linfócito T


O timo é uma glândula localizada na região do mediastino, uma das cavidades torácicas. A atividade do
timo é bastante elevada após o nascimento até o final da puberdade, período em que há grande proliferação e
maturação de LT; na fase adulta seu tamanho é bastante reduzido.

NK: células citotóxicas da reposta inata


As células NK são linfócitos que não diferenciam antígenos, de forma que fazem parte da resposta imune
inata. Elas possuem a capacidade de destruir e eliminar células infectadas ou tumorais.

As doenças do sistema imunológico


As doenças do sistema imune chamadas reações de hipersensibilidade são aquelas caracterizadas por uma
reação exagerada do sistema imune contra antígenos próprios (doenças autoimunes) ou estranhos.
§§ Imunodeficiências – para garantir o combate eficiente a substâncias e microorganismos que possam
trazer doenças ao corpo, o sistema imune deve estar em pleno funcionamento. Em casos de deficiência
de algum componente da resposta imune, o organismo se torna mais sujeito a infecções; esta condição é
denominada imunodeficiência. As imunodeficiências podem ser congênitas, ou primárias, no caso de terem
uma origem genética, mostrando sintomas durante as primeiras fases da vida, ou secundárias ou adquiridas
quando são provocadas por patógenos ou outras condições, como câncer e medicamentos imunossupres-
sores. É o caso da AIDS, causada pelo vírus HIV. Este vírus se liga à membrana de sua principal célula alvo,
o linfócito T CD4, e consegue entrar nela e se multiplicar. Assim, a resposta imune fica comprometida, pois
perde uma de suas principais células, e o organismo fica suscetível a uma maior quantidade de doenças; a
partir deste momento, dizemos que o indivíduo tem AIDS (síndrome da imunodeficiência adquirida), que é
tratada com medicamentos antirretrovirais, para evitar a reprodução dos vírus.

Os linfócitos T CD4+, são os principais alvos do HIV, vírus causador da AIDS. O HIV liga-se a um componente
da membrana dessa célula, o CD4, penetrando no seu interior para se multiplicar. Em decorrência disso, o sistema
imune perde gradativamente a capacidade de responder adequadamente, logo, o organismo se torna mais vul-
nerável ao desenvolvimento de patógenos. A partir de então o indivíduo começa a ficar doente mais facilmente,
então diz-se que tem AIDS – sigla em inglês para Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Geralmente, a partir
desse momento é iniciado o tratamento com medicamentos antirretrovirais, que combatem a reprodução do vírus.

180
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Determinação do Grupo Sanguíneo e Fator "Rh"...

Fonte: Youtube

Vídeo Nossas batalhas

Fonte: Youtube

182
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

A alergia é uma resposta imune, partindo de um organismo estranho ao corpo, mas que não precisa ser
patógeno. Normalmente, esse corpo estranho não carrega nenhum problema ao funcionamento do organismo
como um todo, mas as células de defesa do organismo reconhecem as proteínas de partículas (comidas, insetos,
pólen, ácaros etc.) como nocivas e estranhas ao corpo e promovem uma reação metabólica, boa parte das vezes
descontrolada, dando as características comuns de uma reação inflamatória potencializada. Assim, observa-se o
avermelhamento da região, inchaço, calor, dor e perda da função do tecido, trazendo problemas ao desempenho
de função do órgão afetado.

INTERDISCIPLINARIDADE

A imunidade teve desenvolvimento de acordo com o comportamento dos organismos. Organismos simples,
como invertebrados e plantas, apresentam peptídeos antibacterianos como mecanismo básico de defesa, sendo essa
uma característica de imunidade inata. A partir da complexidade de interações com o meio, os organismos apresentam
uma maior complexidade de resposta imunológica e memória para combater organismos invasores. O aparecimento
da mandíbula foi um fator que influenciou seleção de características imunológicas mais complexas, pois a maior inte-
ração com o alimento (proporcionado pela mandíbula) fez com que os animais estivessem mais suscetíveis ao contato
com patógenos. Os condrictes são organismos que apresentam uma memória imunológica semelhante à nossa, e os
sistemas de imunidade inata evoluíram para que os patógenos marcados fossem fagocitados com mais eficiência.

183
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 29 - Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando


implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas ou produtos
industriais.

O estudo dos diferentes sistemas do organismo humano é de suma importância e fre-


quentemente abordado, de forma aplicada junto a algum assunto de interesse ou abor-
dagem de uma situação familiar ao aluno. Assim, cabe fazer associações dos conteúdos
estudados com questões da vida cotidiana, inclusive interpretando adequadamente os
experimentos e situações-problemas apresentados.

Modelo
(Enem PPL 2017) Uma mulher deu à luz o seu primeiro filho e, após o parto, os médicos testaram
o sangue da criança para a determinação de seu grupo sanguíneo. O sangue da criança era do tipo
O+. Imediatamente, a equipe médica aplicou na mãe uma solução contendo anticorpos anti-Rh,
uma vez que ela tinha o tipo sanguíneo O–.

Qual é a função dessa solução de anticorpos?


a) Modificar o fator Rh do próximo filho.
b) Destruir as células sanguíneas do bebê.
c) Formar uma memória imunológica na mãe.
d) Neutralizar os anticorpos produzidos pela mãe.
e) Promover a alteração do tipo sanguíneo materno.

Análise Expositiva

Habilidade 29

A solução contendo anticorpos anti-Rh aplicada na mãe após o parto de seu filho O+ tem a
finalidade de destruir as células sanguíneas do bebê, que poderiam desencadear uma res-
posta imunológica ativa na mãe e, consequentemente, a ocorrência da doença hemolítica nos
próximos filhos Rh+.

Alternativa B

184
Estrutura Conceitual

FATO R R h Eritroblastose fetal

Positivo (Rh+) Mãe (Rh–)


RR, Rr rr

Negativo (Rh–) Pai (Rh+)


rr R_

Filho (Rh+)
R_

IMUNOLOGIA Resposta imune adquirida


◊ Alta especificidade
◊ Células de memória (anticorpos)
◊ Autolimitação
◊ Grande diversidade
Órgãos linfoides Células de defesa

◊ Medula óssea e timo Fagócitos


◊ Linfonodo e baço ◊ Macrófago
◊ Monócito
◊ Eosinófilo
◊ Neutrófilo

Linfoides
◊ Linfócito B
◊ Linfócito T
◊ Natural killer (NK)

185
7
3 83 Segunda lei de Mendel

Competências Habilidades
4e5 13, 14, 15 e 17

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
188
Os experimentos de Mendel sobre di-hibridismo
A segunda lei de Mendel, ou lei da segregação independente, diz respeito à herança de duas ou mais carac-
terísticas. Ela determina que, na formação dos gametas, os alelos localizados em cromossomos diferentes possuam
separação independente. Para iniciar, analisaremos uma experiência relacionada à herança de dois caracteres.
Mendel analisou, em uma de suas experiências, duas características de ervilhas: a cor e a textura da semen-
te. Cada característica apresentava duas variações: a cor poderia ser verde ou amarela, e a textura poderia ser lisa
ou rugosa. No experimento ele cruzou uma planta produtora de sementes amarelas e lisas, homozigota para as
duas características, com outra produtora de sementes verdes e rugosas, também homozigota para as duas carac-
terísticas. Na geração F1 surgiram plantas di-híbridas, ou duplo-heterozigotas, que produziam sementes amarelas
e lisas, características determinadas por alelos dominantes. Ao realizar a autofecundação dessas plantas, ele obteve
uma geração F2 que apresentou quatro diferentes fenótipos, na proporção aproximada de 9:3:3:1.

Resultado obtido por Mendel nos cruzamentos entre duas classes fenotípicas.

Tipos fenótipos
Quantidade Proporção aproximada
(para cor e forma das sementes)

Amarelas lisas (dominante/dominante) 315 9

Amarelas rugosas (dominante/recessivo) 101 3

Verdes lisas (recessivo/dominante) 108 3

Verdes rugosas (recessivo/recessivo) 32 1

Após a análise dos indivíduos obtidos em F2, Mendel notou que o total de indivíduos amarelos e verdes era
próximo da proporção de 3:1, mesma proporção entre as sementes com textura lisa e rugosa. Essas duas propor-
ções independentes foram combinadas de todas as formas possíveis no segundo cruzamento:

[(3 amarelas: 1 verde) (3 lisas: 1 rugosa) = 9 amarelas li-


sas : 3 amarelas rugosas : 3 verdes lisas : 1 verde rugosa

A partir destes dados, Mendel concluiu que não existia relação de dependência entre a herança das duas caracte-
rísticas (cor e forma da semente), ou seja, suas transmissões se davam de modo independente. Isso pode ser comprovado
pelo surgimento de ervilhas amarelas lisas e também amarelas rugosas. Mendel, então, formulou a hipótese de que há um
par de fatores, hoje denominados genes alelos, que determinam a cor da semente, e outro par independente que determi-
na a forma da semente. A relação entre os fatores pode ser assim esquematizada:

V determina a cor amarela da semente;

v determina a cor verde da semente;

R determina a forma lisa da semente; e

r determina a forma rugosa da semente.


Durante a formação dos gametas, estes fatores se separam (segregam) independentemente. Dessa forma,
a probabilidade de o fator V acompanhar o R na formação de um gameta é a mesma que ocorre em relação aos
fatores v e r; a combinação desses alelos durante a formação dos gametas ocorre ao acaso.

189
Esquema do cruzamento parental

Esquema dos tipos de gametas produzidos pelos indivíduo VvRr

Quadro de cruzamentos da autofecundação de plantas F1


VR Vr vR vr

VVRR VVRr VvRR VvRr
Amarela/lisa Amarela/lisa Amarela/lisa Amarela/lisa
VR

VVRr VVrr VvRr Vvrr


Amarela/lisa Amarela/rugosa Amarela/lisa Amarela/rugosa
Vr

VvRR VvRr vvRR vvRr


Amarela/lisa Amarela/lisa Verde/lisa Verde/lisa
vR

VvRr Vvrr vvRr vvrr


Amarela/lisa Amarela/rugosa Verde/lisa Verde/rugosa
vr

A partir deste cruzamento, surgem 9 possibilidades de fenótipo amarela/lisa; 3, com fenótipo amarela/rugo-
sa; 3, com o fenótipo verde/lisa; e apenas um que caracteriza o fenótipo verde/rugosa. Isso confirma a proporção
9:3:3:1 obtida anteriormente.

190
Como obter a proporção 9 : 3 : 3 : 1 sem utilizar o quadro de cruzamento?
Para calcular a possibilidade de eventos independentes ocorrerem, utilizamos a regra do “E”. Na resolução
sobre a segunda lei de Mendel há uma aplicação direta dessa regra, uma vez que ela permite a obtenção dos
resultados sem a necessidade do quadro de cruzamentos.

Teoria na prática
1. (Uel) Numa ave doméstica, o gene C condiciona plumagem branca e o seu alelo recessivo, plumagem colorida;
o gene P determina patas com plumas e o seu alelo recessivo, patas sem plumas. Esses pares de genes são
autossômicos e segregam-se independentemente. Uma ave branca com patas com plumas, homozigota para
os dois pares de genes, foi cruzada com uma colorida com patas sem plumas. Se os descendentes obtidos
forem cruzados entre si, espera-se que a proporção de aves homozigotas para os dois pares de genes seja de.
a) 9/16.
b) 6/16.
c) 4/16.
d) 3/16.
e) 1/16.
Resolução:
A sequência de cruzamentos é:
Ave branca Ave colorida
patas com plumas patas sem plumas
geração P CCPP x ccpp

gametas CP cp

F1 CcPp

A questão pede a proporção esperada de aves homozigotas para os dois pares de genes, do cruzamento
entre indivíduos da F1:
CcPp x CcPp
Considerando:
C = plumagem branca;
c = plumagem colorida;
P = patas com plumas; e
p = patas sem plumas.
A resolução pode ser fracionada em duas partes, ou seja, podemos usar o quadro de Punnett para analisar
as proporções de cada caráter.

Cc x Cc Pp x Pp
2/4 homozigotos CC e cc 2/4 homozigotos PP e pp
2/4 heterozigotos Cc 2/4 heterozigotos Pp

Agora que temos os resultados dos cruzamentos, o próximo passo é analisar a probabilidade de ocorrerem
simultaneamente, então utilizaremos a regra do “E”.

191
CC/cc E PP/pp
2/4 x 2/4 = 4/16

Portanto a alternativa correta é a C. A proporção de aves homozigotas para os dois pares de genes é 4/16.

2. Os tomateiros altos são produzidos pela ação do alelo dominante A e as plantas anãs, por seu alelo re-
cessivo a. Os caules peludos são produzidos pelo gene dominante N e os caules sem pelos, por seu alelo
recessivo n.
Os genes que determinam essas duas características segregam-se independentemente.
a) Qual a proporção fenotípica esperada do cruzamento entre di-híbridos, em que nasceram 256 indivíduos?
b) Qual a proporção genotípica esperada de indivíduos di-híbridos entre os 256 descendentes?

Resolução:

a) Trata-se de um caso envolvendo a segunda lei de Mendel, uma vez que os genes citados segregam-se
independentemente. Ora, no cruzamento entre AaNn x AaNn, a proporção fenotípica esperada na des-
cendência é de 9 : 3 : 3 :1. Logo, a proporção esperada de indivíduos é:

9/16 altos com pelos – 144 indivíduos


3/16 anãs com pelos – 48 indivíduos
3/16 altos sem pelos – 48 indivíduos
1/16 anãs sem pelos – 16 indivíduos

b) Para responder a esse item, não é necessário montar o quadro de cruzamentos, pois se aplica a regra do
“E”, uma vez que se pretende determinar a ocorrência simultânea de dois eventos independentes:
AaNn × AaNn

Aa × Aa       Nn × Nn
Qual a proporção de AaNn (di-híbridos)?

↓     ↓
__1 __1 __1 1 1 ​ 1 ​ nn
aa   ​  ​ NN; ​   ​ Nn; __
​   ​ AA; ​   ​ Aa; ​   ​ __ __
4 2 4 4 2 4
Logo, a probabilidade de obter indivíduos Aa e Nn é:
​ 1 ​ × __
__ ​ 1 ​ = __
​ 1 ​
2 2 4

Segregação independente e poli-hibridismo


Mendel também analisou a possibilidade de ocorrência simultânea de 3 características nos cruzamentos du-
rante seus experimentos. Verificou, após isso, que a proporção entre os fenótipos em F2 era de 27:9:9:9:3:3:3:1, o que
corroborou sua segunda lei também para mais de dois pares de alelos. Contudo, seria possível saber quantos tipos
de gametas seriam formados se fossem considerados vários pares de alelos? A partir de uma constituição genética
de indivíduos hipotéticos, é possível recorrer à fórmula 2n, da qual n representa o número de pares de heterozigotos
existentes no genótipo, para ter uma ideia deste número. De acordo com a fórmula, em cada exemplo, obtemos:

Indivíduos Constituição genética 2n no de tipos


1 aabbcc 20 1
2 AABBCC 20 1

3 Aabbcc 21 2
4 AaBbcc 22
4
5 AaBbCc 23
8

192
A meiose na segunda lei de Mendel
Existe claramente uma correlação entre a meiose e o princípio da segregação independente de fatores esta-
belecido por Mendel. Essa relação também se aplica à primeira lei de Mendel, pois ambas se baseiam na separação
de cromossomos durante a formação de gametas, ou seja, durante a meiose. Na figura estão descritas as etapas
para a formação de gametas em um indivíduo duplo-heterozigoto.

É importante lembrar que antes de iniciar a meiose, os cromossomos passam por duplicação.
Durante a metáfase da meiose I, os homólogos se alinham na região equatorial da célula, e ao final dela
eles se separam ao acaso. Para essa dissociação há duas possibilidades, que apresentam iguais probabilidades de
ocorrência. E, quando do fim da meiose II, as cromátides-irmãs componentes de cada homólogo se separam. Ao
final do processo, percebe-se que a segregação independente dos homólogos e, consequentemente, dos alelos que
carregam, resulta nos genótipos VR, Vr, vR e vr na mesma proporção e frequência.

193
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

A segregação independente é algo observado ao nosso redor diariamente, como grande parte da diver-
sidade das características fenotípicas das pessoas, animais e vegetais. Desde a pelagem de nossos animais de
estimação até a coloração do nosso almoço pode ser fruto de uma seleção, de uma característica promovida pela
segregação independente. A combinação de diferentes fatores ambientais pode se somar às características gené-
ticas para aumentar a variabilidade de fenótipos. Isso é o que tentamos fazer ao nos bronzearmos ao sol ou ao
tingir os cabelos.

INTERDISCIPLINARIDADE

A herança mendeliana tem um comportamento matemático previsto por Newton e sua expressão gênica
na população respeita padrões estatísticos predeterminados por constantes matemáticas. As mais clássicas são os
binômios de Newton e o triângulo de Pascal, fazendo uma relação dos fenótipos observados com as proporções
genotípicas dentro de cada característica. Numa análise populacional, é possível observar distribuições estatísticas
dos fenótipos que estão correlacionadas ao triângulo de Pascal, sendo a mais comum a distribuição normal.

194
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a


manifestação de características dos seres vivos.

Os conceitos de genética são abordados principalmente quando aplicados no contexto médico


ou experimental e frequentemente são acompanhados de um heredograma, que precisará ser
cuidadosamente analisado pelo aluno; ou ainda as informações podem ser dadas no enunciado,
exigindo que o aluno saiba montar seu próprio heredograma e aplicar os conceitos estudados.

Modelo
(Enem PPL) A mosca Drosophila, conhecida como mosca-das-frutas, é bastante estudada no meio
acadêmico pelos geneticistas. Dois caracteres estão entre os mais estudados: tamanho da asa e
cor do corpo, cada um condicionado por gene autossômico. Em se tratando do tamanho da asa, a
característica asa vestigial é recessiva e a característica asa longa, dominante. Em relação à cor do
indivíduo, a coloração cinza é recessiva e a cor preta, dominante.
Em um experimento, foi realizado um cruzamento entre indivíduos heterozigotos para os dois
caracteres, do qual foram geradas 288 moscas. Dessas, qual é a quantidade esperada de moscas que
apresentam o mesmo fenótipo dos indivíduos parentais?
a) 288
b) 162
c) 108
d) 72
e) 54

Análise Expositiva
Habilidade 14

A questão analisa os genes de duas características distintas (tipo e cor de asa) que se segregam independen-
temente. Desse modo, deve-se aplicar os conceitos relativos à segunda lei de Mendel, conforme detalhado
abaixo:
Alelos: V (asa normal) e v (asa vestigial)

P (preta) e p (cinza)

Pais: ♂VvPp × ♀VvPp

Filhos: ​___ ​3 ​V_pp : ___


9 ​V_P_ : ___ ​3 ​vvP_ : ___
​1 ​ppvv
16 16 16 16
9 ​× 288 = 162
P (filhos V_P_ ) ​___
16
Alternativa B

195
Estrutura Conceitual
SEGUNDA LEI
DE MENDEL

Lei da segregação independente

◊ Herança de duas ou mais


características
◊ Genes em cromossomos diferentes

A A a a B B b b

◊ Formam-se gametas dos tipos AB, aB, Ab e ab


em igual proporção.

Di-hibridismo
Dois genes, com um par de alelos cada
Exemplo: AaBb (cor e textura)

Poli-hibridismo

Mais de duas características


Exemplo: AaBbCc (cor, textura e formato)

196
3 0
9 4 Linkage e mapas
cromossômicos

Competências Habilidades
4e5 13, 14, 15 e 17

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
O embasamento da segunda lei de Mendel foi o aparecimento de genes para distintos caracteres estarem
localizados em diferentes cromossomos. No entanto, com o avanço dos estudos nessa área, notou-se que, caso
essa hipótese de fato fosse correspondente à realidade, seria necessária a existência de um cromossomo para
cada gene, algo que acarretaria uma quantidade absurda de cromossomos e que seria completamente inviável em
aspectos de eficiência e solução.
Assim, chegou-se à conclusão de que em cada cromossomo, na verdade, há muitos genes que atuam na
expressão de diferentes características. A essa condição deu-se o nome de linkage, ou genes ligados. Sabe-
-se que os genes ligados ao mesmo cromossomo são encaminhados juntos ao mesmo gameta. No entanto, isso
nem sempre se observa devido à ocorrência de crossing-over. Por isso, pode ser feita uma distinção em relação ao
acontecimento desse evento em genes ligados. Durante a formação de gametas por meiose, a permutação pode
se dar em algumas células, caracterizando o linkage parcial ou incompleto. Nesse caso, além de gametas com
genótipo parental, serão produzidos também gametas de recombinação, ou seja, com genótipo diferente da célula
precursora. Quando o crossing-over não ocorre, são formados apenas gametas com genótipo parental, determi-
nando o linkage total ou completo. Dessa forma, linkage é um evento genético que ocorre quando genes estão
localizados no mesmo cromossomo, transmitindo-se em conjunto, com exceção se houver a ocorrência de crossing-
-over na meiose. Supondo um indivíduo duplo heterozigoto (representado AB/ab), com suas células germinativas
em meiose, caso haja permutação, serão formados quatro tipos de gametas: AB, Ab, aB e ab. Porém, isso não sig-
nifica que ocorrerão nas mesmas proporções. Em contrapartida, se não ocorrer permutação naquelas células, serão
formados apenas dois tipos de gametas: AB e ab, na mesma proporção.

Taxa de permutação
Consideremos dois pares de genes alelos em linkage dispostos no cromossomo, de forma permita a ocor-
rência de permutação em 40% das meioses. Acompanhe na imagem a seguir a representação geral da meiose em
um indivíduo di-híbrido.
A B
A B 10%
A b
10% Taxa de
A B crossing:
40% com
crossing a b a B 20%
10%
a b a b
A B 10%

A B A B
A B 15%
a b A B
A B 15%
a b

60% sem
crossing a b
Célula com cromossomos
a b 15%
duplicados a b
a b 15%
Genótipo dos
gametas

Note que as proporções dos quatro tipos de gametas formados diferem do esperado pela segunda lei de
Mendel: AB = 40% (10% + 30%); ab = 40% (10% + 30%); Ab = 10%; e aB = 10%. Somente na hipótese de que
o crossing-over ocorresse em 100% das meioses, as proporções seriam idênticas (1:1:1:1).

199
Linkage
Os experimentos realizados por T. H. Morgan e colaboradores, utilizando moscas (Drosophila melanogaster),
são reconhecidos como de grande importância para o entendimento de como se expressam e interagem os genes
ligados. Nesses experimentos, foram realizados cruzamentos e analisados dois ou mais pares desse tipo de genes.
Em um de seus experimentos, Morgan cruzou moscas selvagens de corpo cinza e asas longas com mutantes de
corpo preto e asas curtas ou vestigiais. Todos os descendentes de F1 apresentavam corpo cinza e asas longas,
atestando que o gene que condiciona corpo cinza (P) domina sobre o que determina corpo preto (p), assim como
o gene para asas longas (V) é dominante sobre o que condiciona asas vestigiais (v).

P: mosca de corpo cinza mosca de corpo preto


e asas longas
X e asas vestigiais
PPVV ppvv

F1: 100% moscas de corpo cinza


e asas longas
PpVv

Os genes que condicionam corpo cinza e asas longas são dominantes em drosófilas.

Para descobrir se os genes estavam mesmo em linkage, posteriormente foi realizado um cruzamento-teste
entre descendentes de F1 e duplo-recessivos.

PpVv X ppvv

Cruzamento-teste realizado por Morgan

Resultado fenotípico desse cruzamento, a F2:


§§ 41,5% = moscas de corpo cinza e asas longas;
§§ 41,5% = moscas de corpo preto e asas vestigiais;
§§ 8,5% = moscas de corpo preto e asas longas; e
§§ 8,5%, moscas de corpo cinza e asas vestigiais.

A análise desses resultados permitiu concluir que os genes P e V localizavam-se no mesmo cromossomo, pois
a proporção esperada para um cruzamento de genes localizados em distintos cromossomos seria diferente: 1:1:1:1.
Porém, ainda era preciso elucidar a ocorrência dos fenótipos corpo cinza/asas vestigiais e corpo preto/asas longas.
Para tal, foi necessário recorrer aos conhecimentos a respeito da meiose, como a ocorrência de pareamento entre os
cromossomos homólogos e de crossing-over. Em conclusão, entendeu-se que os fenótipos menos frequentes – corpo
cinza/asas vestigiais e corpo preto/asas longas – eram decorrentes de recombinação gênica ou permutação. Relembre
o processo meiótico e note a permuta entre cromátides não irmãs.

200
Relembre o processo meiótico e note a permuta entre cromátides não irmãs.

P p

V v

P Pp p

V V v v

quisma

P P p p
1ª divisão meiótica

V v V v

P P 2ª divisão p p
meiótica

Gametas:
V v V v

parental parental
recombinates

Foi demonstrado que os genes P e V estavam ligados e que a ocorrência de permutas, em heterozigotos,
proporciona o aparecimento dos recombinantes – que, uma vez decorrentes de crossing-over (evento não frequen-
te), aparecem em menor proporção.

A permutação entre três genes


Até o momento, estudamos a ocorrência de linkage com permutação entre dois genes. No entanto, quando
se tratam de três genes, há mais tipos de gametas que podem ser formados.
Considerando exclusivamente as cromátides, nas quais ocorrem crossing-over, de um indivíduo tri-híbrido
(ABC/abc), este evento pode acontecer das seguintes formas:
§§ Com permutação apenas entre os genes A e B;

A a A

Meiose c

b B
a

B
c C C

201
§§ Com permutação apenas entre os genes B e C; aBc. Num cruzamento-teste (tri-híbrido x triplo recessivo),
de acordo com a proporção de cada genótipo na prole é
A a A
possível determinar entre quais genes ocorreu permutação
B e também inferir a posição deles no cromossomo. Em geral,
c os genótipos que aparecem em maior número apresentam
Meiose
B b constituição genética parental; além disso, por não terem
passado por permutação, destaca-se o genótipo do indi-
a
víduo tri-híbrido: ABC/abc. Em oposição, os genótipos re-
b presentantes do evento mais raro (dupla permutação) são
c C C identificados por aparecem com a menor quantidade.

§§ Com permutação dupla (mais raro) entre os ge-


nes A e B e também entre B e C. Como repre-
Disposição dos genes
sentado na imagem abaixo, não há efeito desse
evento em relação aos genes muito distantes (A
nos cromossomos
e C), mas há diferença apenas quanto ao gene B.
Uma das hipóteses para explicar os resultados
A dos cruzamentos realizados por Morgan e colabora-
a A
dores é que a ocorrência de permuta entre os genes
b
ligados é influenciada pela distância entre eles. Por
Meiose C exemplo: o gene que determina cor preta do corpo em
B b drosófila e o gene que condiciona cor púrpura dos olhos
a ficam tão próximos, que, em um cruzamento entre o
duplo-heterozigoto e o duplo-recessivo, apareceriam
B
nos descendentes apenas dois tipos de fenótipos, cor-
c C c
respondentes aos tipos parentais. O arranjo cromossô-
mico de um duplo-heterozigoto pode se dar de duas
Na meiose, após a duplicação de cromossomos, maneiras, denominadas cis e trans. Na primeira, em um
ainda há aquelas cromátides que não passam pela per-
dos cromossomos estariam os dois genes não alelos do-
muta. Além disso, em relação à produção de gametas,
minantes e, no seu homólogo, os dois recessivos, repre-
há células em que sequer ocorre esse evento. Nesse
sentados por AB/ab; na segunda, um gene dominante
caso, a constituição genética desses gametas seria ABC
estaria junto a um recessivo em um cromossomo, ao
ou abc.
passo que, no homólogo, ficariam os respectivos alelos
A recessivo e dominante, representados por Ab/aB.

B
A a
A a A a
Meiose C

B b
a
C c
b

c
B b b B

Contudo, um indivíduo tri‑híbrido pode produzir


oito tipos de gametas: ABC, abc, Abc, aBC, ABc, abC, AbC e Genes em posição cis nos cromossomos. Genes em posição trans nos cromossomos.

202
Mapas gênicos A unidade do mapa gênico
Sturtevant deduzia a distância entre os genes a
Um dos mais jovens discípulos de Morgan, A.
partir das frequências percentuais relativas de crossing-
Sturtevant, de posse dos resultados dos cruzamentos
-over obtidas nos cruzamentos. Como unidade padrão,
efetuados entre duplo-heterozigoto e duplo-recessivo convencionou-se que uma unidade de recombinação
para diversas características, elaborou várias conclu- (u.r. ou unidade de Morgan, também chamada morga-
sões: nídeo) corresponderia a um intervalo, no qual ocorre
§§ os genes devem estar dispostos linearmente no 1% de crossing-over na formulação do mapa gênico.
Por exemplo: se entre os descendentes de um cruza-
cromossomo, lembrando as pérolas de um co-
mento houver 10% de recombinantes, a distância entre
lar; consequentemente, o crossing-over deveria
os dois genes envolvidos será de 10 u.r. Aplicados esses
ocorrer com igual probabilidade, em qualquer conhecimentos ao cruzamento-teste entre moscas de
parte do cromossomo; corpo cinza/asas longas e moscas de corpo preto/asas
§§ a frequência do crossing-over deveria refletir, de vestigiais, estudadas anteriormente, é possível elaborar
alguma forma, a distância entre os genes; e um mapa gênico:
8,5% Moscas de corpo preto/asas longas
§§ se a porcentagem de crossing-over for baixa, 17% com crossing- over
8,5% Mosca de corpo cinza/asas vestigiais
os genes devem estar próximos um do outro, o
Como a distância entre os genes é dada pela
que torna menos provável a quebra e a troca de
frequência percentual relativa de crossing-over, pode-se
pedaços entre os homólogos. No entanto, se a
dizer que a distância entre genes que determinam a cor
porcentagem de indivíduos com fenótipo recom- do corpo (P e p) e o tamanho das asas (V e v) é de 17
binante for alta, os genes devem estar mais afas- unidades de recombinação, pois soma-se as frequên-
tados um do outro, o que favorece a ocorrência cias dos tipos recombinantes para se ter a taxa total de
de crossing-over entre eles. recombinação e, portanto, a distância entre os genes.

A partir dessas conclusões, Sturtevant teve con- p 17 u.r. v

dições de “localizar” os genes nos cromossomos, ou


gene para cor do corpo
gene para cor do corpo
gene para tamanho da asa
gene para tamanha da asa

seja, de construir o chamado mapa gênico.


Distância entre os genes para cor do corpo e para tamanho da asa.

baixa
frequência
de crossing
Teoria na prática
1. (PUC-SP 2013) O cruzamento entre um hetero-
alta frequência de crossing

zigoto e um AaBb homozigoto recessivo produ-


ziu uma aabb descendência com as seguintes
taxas:

AaBb - 2,5%
Aabb - 47,5%
aaBb - 47,5%
aabb - 2,5%

Em relação ao resultado obtido, foram feitas cin-


co afirmações. Assinale a única INCORRETA.
Segundo Sturtevant, a distância dos genes no cromossomo influi na
a) O resultado não está de acordo com a segun-
frequência de crossing-over.
da lei de Mendel.
b) No caso de herança mendeliana, o resultado

203
esperado seria de 25% para cada classe de
descendente.
c) Os genes em questão localizam-se no mes-
mo cromossomo, a uma distância de 5 uni-
dades de recombinação.
d) O heterozigoto utilizado no cruzamento pro-
duziu gametas Ab e aB por permutação ou
crossing-over.
e) O heterozigoto utilizado no cruzamento
apresenta constituição TRANS.

Resolução:

Olhando as proporções, fica evidente que se trata


de um caso de linkage. Se os genes envolvidos se
segregassem independentemente as proporções
seriam diferentes, como afirmam as alternativas
a e b. Pois os diferentes genótipos decorrem dos
quatro tipos de gametas formados pelo duplo-he-
terozigoto, na mesma proporção: AB, aB, Ab, ab.
A distância entre os genes é dada pela taxa de
recombinação, soma das proporções dos recom-
binantes, no cruzamento: 2,5 + 2,5. Portanto, 5
unidades de recombinação. Conforme a alter-
nativa c.
Observando as maiores proporções (parentais)
podemos descobrir o arranjo cromossômico do
indivíduo diíbrido. Apenas ele é portador de ale-
los dominantes (A e B). Logo, pelos genótipos
Aabb/ aaBb, percebe-se que os alelos dominan-
tes estão acompanhados pelos recessivos. En-
tende-se que eles caminham juntos no diíbrido:
Ab/aB, que têm em suas células o arranjo Trans.
Portanto, os gametas produzidos através de per-
mutação são AB e ab.

Alternativa D

204
INTERDISCIPLINARIDADE

As taxas de recombinação nos ajudam a mapear nossos genes. Sendo assim, podemos estimar, matemati-
camente, qual a distância entre um gene e outro, a partir da frequência de crossing-over, ou taxa de permutação.
Dessa forma, um número fenotípico em uma prole pode nos falar a distância genética entre dois genes, sem ter a
necessidade de uma análise do genótipo dos indivíduos envolvidos.

205
Estrutura Conceitual
Genes ligados: se localizam no
LINKAGE mesmo par de cromossomos

A A a a Nesse caso, formam-se apenas


gametas AB ou ab (parentais),
caso não ocorra crossing-over na
B B b b meiose.

Taxa de permutação
Caso ocorra crossing-over, serão formados
(em menor proporção) outros dois tipos de
gametas Ab e aB (recombinantes).

Mapa gênico
Genes muito próximos no mesmo
cromossomo têm menor probabilidade
de serem separados no crossing-over
(baixa taxa de permutação).

A distância entre genes (u.r.) equivale à


frequência percentual de crossing-over.
Exemplo:
17% de crossing-over = 17 unidades de
recombinação (u.r.)

206
4 2
1 4 Herança e sexo

Competências Habilidades
4e8 13, 14, 15 e 29

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Geralmente os organismos vivos apresentam dois tipos de cromossomos: os autossomos – partilhados por
ambos os sexos – e os heterossomos – que diferem entre os sexos. Nos seres humanos, as células diploides contêm
23 pares de cromossomos homólogos, 2n = 46, dos quais 44 são autossomos, e dois são os cromossomos sexuais ou
heterossomos.

ou

Cariótipo humano (diploide) com par de cromossomos sexuais masculinos (XY) e par de cromossomos femininos (XX).

Nos mamíferos, insetos, peixes e répteis, a formação de órgãos somáticos – não sexuais –, como coração e
pulmões, deve-se a genes dos autossomos, uma vez que esses órgãos são presentes em ambos os sexos. Por outro
lado, a formação de ovários e testículos – bem como a expressão dos caracteres sexuais secundários –, específicos
de cada sexo, está ligada a genes presentes nos cromossomos sexuais: X e Y, na espécie humana.
O cromossomo X existe na mulher em dose dupla e no homem, em dose simples, acompanhado do cromos-
somo Y, que é exclusivo do sexo masculino.

homem mulher
Representação dos cromossomos da espécie humana

§§ Cromossomos sexuais
O cromossomo Y, menor cromossomo humano, é mais curto e possui menos genes que o cromosso-
mo X. Além disso, apresenta uma porção encurvada, onde há genes exclusivos do sexo masculino. Há um
segmento do cromossomo X, que não possui alelos em Y, ou seja, entre os dois cromossomos há uma região
não homóloga.

209
Quanto a esses cromossomos, na espécie
humana, o sexo feminino é homogamético –
só produz um tipo único de gameta –, enquanto
o masculino é heterogamético – produz dois
tipos de gametas, como representado na ima-
gem abaixo.

Sistema X0
Em alguns grupos, principalmente em insetos, o
macho não tem o cromossomo Y, mas somente o X, en-
quanto a fêmea apresenta o par cromossômico sexual
XX. Em razão da ausência do cromossomo sexual Y, cha-
ma-se esse sistema de X0. As fêmeas são representadas
por A + XX (homogaméticas) e os machos, por A + X0
§§ Mecanismo de compensação de dose
(heterogaméticos), uma vez que um de seus gametas terá
Em 1949, o pesquisador inglês Murray Barr des-
um cromossomo a menos.
cobriu a existência de uma diferença entre os
núcleos interfásicos das células masculinas e fe-
mininas: na periferia dos núcleos das células fe-
mininas dos mamíferos, pode ocorrer uma massa Sistema ZW
de cromatina espiralizada que normalmente não
Em muitas aves, borboletas e alguns peixes, a
ocorre nas células masculinas. Essa cromatina
composição cromossômica do sexo se dá da seguin-
chama-se sexual ou corpúsculo de Barr e
te maneira: o sexo homogamético é o masculino e as
permite identificar o sexo celular dos indivíduos
fêmeas são heterogaméticas. Para não gerar confusão
pelo simples exame dos núcleos interfásicos.
com o sistema XY, a simbologia utilizada nesses casos
A partir da década de 1960, a pesquisadora
é diferente: os machos têm cromossomos sexuais repre-
inglesa Mary Lyon levantou a hipótese de que
sentados por ZZ e os cromossomos sexuais das fêmeas,
cada corpúsculo de Barr seria um cromossomo por ZW. Portanto, neste sistema é a fêmea quem deter-
X, que, na célula em intérfase, espirala-se e tor- mina o sexo da prole.
na-se inativo. Em razão disso, esse corpúsculo
cora-se mais intensamente que todos os demais
cromossomos ativos, e que estão na forma de-
Sistema ZO
sespiralada de fios de cromatina. Em alguns répteis e aves, ocorre o sistema ZO,
Segundo a hipótese de Lyon, a inativação pode onde a fêmea é heterogamética (ZO) e o macho é homo-
atingir ao acaso qualquer um dos dois cromos- gamético (ZZ).
somos X da mulher, seja o proveniente do es-
permatozoide, seja o do óvulo dos progenitores.
Admite-se que a inativação de um cromossomo
Abelhas e partenogênese
X na mulher seria uma forma de igualar a ex- Nas abelhas, a determinação sexual se dá quanto
pressão de genes ligados a esse cromossomo à ploidia. Os machos (zangões) são sempre haploides –
nos dois sexos – mecanismo de compensação devido à partenogênese, em que não é necessária a fe-
de dose. cundação do óvulo para originar um novo indivíduo – e as

210
fêmeas são diploides.
Daltonismo
A rainha é a única fêmea fértil da colmeia e pro-
duz óvulos que, se fecundados, originam zigotos, que No daltonismo, o indivíduo é incapaz de distin-
se desenvolvem em fêmeas. Se, na fase larval, essas fê- guir – ou tem uma visão alterada – uma ou algumas
meas recebem alimentação especial (geleia real), vão cores primárias (vermelho, azul e verde).
se transformar em novas rainhas. Se a alimentação for Existem dois tipos de daltonismo: o absoluto, em
mel, no entanto, vão se desenvolver em operárias, que
que a pessoa percebe duas cores primárias, em geral
são estéreis.
com dificuldades para distinguir o verde ou o vermelho;
e o relativo, em que o indivíduo é sensível às três cores
Portanto, dentre os animais, existem dois grupos de fundamentais, com alguma dificuldade de distingui-las.
mecanismos que podem determinar o sexo:
É uma anomalia determinada por gene recessivo ligado
Grupo que envolve cromossomos sexuais: XY,
XO, ZW, ZO; ao cromossomo X, representado por Xd. O alelo domi-
Grupo que não envolve cromossomos sexuais: nante, XD, condiciona visão normal para cores. A mulher
nesse contexto, os fatores ambientais, como só é daltônica se for homozigota recessiva (Xd Xd); bas-
a temperatura, podem influenciar na termi-
ta, no entanto, que o alelo seja Xd, para que o homem
nação do sexo.
§§ Haploidia e diploidia (abelhas e formigas):
seja daltônico. Por isso, em se tratando de herança liga-
Macho (haploide) e fêmeas (diploide); da ao sexo, diz-se que os homens são hemizigotos, visto
§§ Fatores ambientais (muitos quelônios e que possuem apenas um cromossomo X.
todos crocodilianos). Exemplo: a tempera-
tura pode levar à expressão diferencial de Genótipos Fenótipos
alguns genes, e assim determinar o sexo do XDXD mulher normal
indivíduo. XDXd mulher normal portadora
XdXd mulher daltônica
XDY homem normal
X dY homem daltônico

Heranças ligadas ao sexo Teoria na prática


1. A genealogia abaixo representa uma família
com alguns indivíduos daltônicos, os quais estão
assinalados em preto. Determine os genótipos
herança de todos os indivíduos envolvidos.
ligada
ao sexo
herança
restrita
ao sexo

herança Resolução:
parcialmente
ligada ao sexo Genótipo dos homens normais (1 e 8 a 14) é XDY.
Genótipo dos homens daltônicos (3 e 7) é XdY.
3 e 7 herdaram, obrigatoriamente, o Xd de suas
Representação dos cromossomos XY e tipos de herança relacionados mães (2 e 4), as quais, uma vez normais, devem
aos cromossomos sexuais, de acordo com o segmento onde o gene se ser portadoras (XDXd).
encontra.
A mulher 5, normal, teve seis filhos normais e com
bastante probabilidade de que seu genótipo seja
XDXD.

211
A mulher 6, normal, é portadora de gene para o daltonismo (XDXd), já que seu pai, 3, é daltônico.
Observe a mesma genealogia com os genótipos:

2. Analise cuidadosamente o heredograma. Que tipo de transmissão para o fenótipo determinado pelo símbo-
lo escuro está ocorrendo? Justifique sua resposta.

Resolução:

Inicialmente, conclui-se que o fenótipo designado pelo símbolo escuro é determinado por um gene domi-
nante, pois o casal II-3 x II-4 originou indivíduos marcados com símbolo branco (III-14 e III-15); portanto,
eles devem ser heterozigotos.
Ao analisar a geração III, chama a atenção que nasceram 7 filhas e 3 filhos, e que todas as filhas têm o
mesmo fenótipo dos pais. Entre os filhos, 2 são marcados com símbolos brancos e 1, escuro. Caso fosse
uma herança autossômica, a probabilidade de nascerem crianças com fenótipo designado pelos símbolos
escuro e claro seria a mesma, independentemente do sexo. Logo, deveria ter nascido pelo menos uma filha
designada pelo símbolo claro, o que não aconteceu. Trata-se, portanto, de uma característica ligada ao sexo.
Portanto:

Observe que II-3 é XAXa e II-4 é XAY. Logo, todas as suas filhas receberam o XA do pai, razão pela qual todas
são marcadas pelo símbolo escuro. A mãe II-3 cedeu o XA para o filho III-16 e Xa para os filhos III-14 e III-15.
É claro que o Y desses três filhos veio do pai (II-4).
Para confirmar essa hipótese, observe que a filha II-5 é XaXa, dos quais um Xa veio da mãe I-3 (XAXa) e o
outro veio do pai I-4 (XaY). A mãe I-3 cedeu Xa para o filho II-6 (XaY) e o XA para o II-4 (XAY).
Conclusão: o símbolo escuro representa uma característica determinada por um gene dominante ligado ao
cromossomo X, porque, se fosse ligado ao Y, todos os filhos de homens afetados seriam afetados também,
o que não se observa em III-14 e III-15.

212
Hemofilia
A hemofilia é condicionada por gene recessivo
representado por h, localizado no cromossomo X, no
segmento não homólogo ao Y. É uma alteração gené-
tica em que o sangue apresenta grandes dificuldades Qual a probabilidade de o casal I-1 x I-2 vir a ter
de coagulação, decorrente da falta de produção ou fun- outro filho hemofílico?
cionamento anormal de um ou mais fatores que atuam Inicialmente, deve-se descobrir o genótipo do
na coagulação sanguínea. Ela pode ocasionar a mor- casal. O pai (I-2), normal, só pode ser XHY. A mãe
te do indivíduo por hemorragia incontrolável, mesmo (I-1), também normal, só pode ser XHXh, uma vez
em ferimentos leves. Atualmente, há tratamento que que ela transmitiu o Xh para seu filho hemofílico
permite ao portador viver normalmente, o que não foi (II-2), XhY. Logo:
possível até pouco tempo, quando os portadores difi-
cilmente atingiam a idade adulta. É pouco frequente o
nascimento de mulheres hemofílicas, uma vez que, para
apresentar a doença, ela deve ser descendente de um
homem doente (XhY) e de uma mulher portadora (XHXh)
ou hemofílica (XhXh). Como esse tipo de cruzamento é
raríssimo, a frequência de mulheres hemofílicas é muito
pequena. No entanto, já foram relatados casos de he-
mofilia em mulheres, contrariando, assim, a noção po-
Distrofia muscular de Duchenne
pular de que essas mulheres morreriam por hemorragia,
Disfunção de origem genética caracterizada por
após a primeira menstruação. Lembre-se que a mens-
degeneração branda a severa dos músculos estriados
truação não é uma hemorragia e que a interrupção do
(tanto os dos movimentos voluntários como o do cora-
fluxo menstrual deve-se à contração dos vasos sanguí-
ção), que leva a uma progressiva incapacidade motora.
neos do endométrio, e não à coagulação do sangue.
Condicionada por um gene recessivo ligado ao cromos-
Genótipos Fenótipos somo X, afeta todos os homens portadores desse gene
XHXH mulher normal recessivo. Nas mulheres heterozigotas para esse caráter,
a doença pode se apresentar de forma branda ou nem
XHXh mulher portadora
se manifestar; nas homozigotas, no entanto, a enfermi-
XhXh mulher hemofílica
dade apresenta-se de forma severa.
XHY homem normal

XhY
Herança parcialmente
homem hemofílico

Teoria na prática ligada ao sexo


1. Analise, cuidadosamente, o heredograma abai-
xo. O homem marcado com símbolo escuro é O cromossomo Y possui uma porção homóloga
hemofílico (gene recessivo Xh ligado ao sexo) e ao cromossomo X. Nela, compartilham vários genes
os indivíduos marcados com símbolos claros são alelos entre os dois cromossomos, genes esses que se-
normais para este caráter. guem o padrão da herança autossômica e caracterizam
a herança parcialmente ligada ao sexo ou influenciada
pelo sexo.

213
Herança influenciada Herança limitada ao sexo
pelo sexo A manifestação de alguns genes autossômicos,
portanto, não localizados nos cromossomos sexuais, é
Certos casos de herança autossômica são in- determinada em apenas um sexo, muitas vezes em razão
fluenciados por hormônios sexuais. Na espécie humana, da presença de alguns hormônios. O homem, por exem-
a calvície e o comprimento do dedo indicador são dois plo, pode ter o gene para seios fartos recebido de sua
exemplos. O gene que condiciona calvície, C, é domi- mãe e transmiti-lo às suas filhas; nele, porém, essa carac-
nante no homem. Na mulher, a calvície só se manifesta terística não se manifesta.
se o alelo dominante C estiver em homozigose. Por isso,
o genótipo heterozigoto resultará em fenótipos diferen-
tes influenciados pelo sexo do portador.

Fenótipos
Genótipo No homem Na mulher
CC calvo calva

Cc calvo não calva

cc não calvo não calva

No caso do comprimento do dedo indicador, mais


longo que o anular, é dominante nas mulheres e recessivo
nos homens. Dedo indicador mais curto que o anular é
dominante nos homens e recessivo nas mulheres.

Herança restrita ao sexo


Na porção encurvada do cromossomo Y, que não
é homóloga a X, há genes exclusivos a ele, genes esses
também conhecidos como holândricos, que caracteri-
zam a chamada herança restrita ao sexo.
Não há dúvida de que a masculinização está liga-
da ao cromossomo Y. Nesse fato, há um gene, cujo papel
é bastante importante: o TDF (testis-determining fac-
tor), também chamado SRY (sex-determining region of Y
chromossome). Ele codifica o fator determinante de tes-
tículos. O gene TDF já foi identificado e está localizado
na região do cromossomo Y não homóloga ao X.
Tradicionalmente, a hipertricose, ou seja, presen-
ça de pelos no pavilhão e no canal auditivo dos homens,
era vista como herança restrita ao sexo. No entanto, a
evidência de que a hipertricose deve-se a uma herança
ligada ao Y está sendo considerada inconclusiva, uma
vez que, em algumas famílias estudadas, os pais com
hipertricose tiveram filhos homens com e sem pelos nas
bordas das orelhas.

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Fonte: Youtube

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APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Algumas condições podem ter um padrão de distribuição diferente nos humanos de sexos opostos – um bem
comum no dia a dia é a perda de cabelo, conhecida como calvície, que mesmo tendo uma relação recessiva com o cro-
mossomo X, é mais frequente em homens. Porém, é uma condição influenciada por fatores hormonais e ambientais.
“Trata-se de um processo de afinamento e queda de cabelo causado por genes e hormônios. Atinge quase
50% dos homens e apenas 5% das mulheres”, diz Valcinir Bedin, médico dermatologista formado pela Universi-
dade de São Paulo (USP).
Assim como o daltonismo, que pode ser causado por uma herança sexual, ou autossômica, tendo padrões
diferentes em cada perfil da doença. O daltonismo sexual é o mais clássico e está associado ao cromossomo X.

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CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 13 - Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a


manifestação de características dos seres vivos.

Os conceitos de genética são abordados principalmente quando aplicados no contex-


to médico e podem ser acompanhados de um heredograma, que precisará ser cuida-
dosamente analisado pelo aluno, ou ainda as informações podem ser apresentadas
no enunciado, exigindo que o aluno saiba montar as relações familiares e aplicar os
conceitos estudados. Além disso, as questões ainda podem exigir conhecimentos de
citologia, gametogênese e imunologia.

Modelo
(Enem 2017) A distrofia muscular Duchenne (DMD) é uma doença causada por uma mutação em
um gene localizado no cromossomo X. Pesquisadores estudaram uma família na qual gêmeas mo-
nozigóticas eram portadoras de um alelo mutante recessivo para esse gene (heterozigóticas). O
interessante é que uma das gêmeas apresentava o fenótipo relacionado ao alelo mutante, isto é,
DMD, enquanto a sua irmã apresentava fenótipo normal.
RICHARDS. C.S. et al. The American Journal of Human Genetics, n. 4, 1990 (adaptado).

A diferença na manifestação da DMD entre as gêmeas pode ser explicada pela:


a) dominância incompleta do alelo mutante em relação ao alelo normal.
b) falha na separação dos cromossomos X no momento da separação dos dois embriões.
c) recombinação cromossômica em uma divisão celular embrionária anterior à separação dos dois embriões.
d) inativação aleatória de um dos cromossomos X em fase posterior à divisão que resulta nos dois embriões.
e) origem paterna do cromossomo portador do alelo mutante em uma das gêmeas e origem materna na outra.

Análise Expositiva

Habilidade 13

Em se tratando do cromossomo sexual X, é importante lembrar que nas mulheres apenas um


deles se expressa, enquanto o outro se encontra inativo (corpúsculo de Barr). Isso ocorre de-
vido a um processo denominado mecanismo de compensação da dose. Desse modo, a diferen-
ça fenotípica observada entre as gêmeas monozigóticas pode ser explicada pela inativação
aleatória de um cromossomo X em fase posterior à divisão que resultou nos dois embriões.

Alternativa D

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Estrutura Conceitual

HERANÇA E SEXO

Herança parcialmente
Humanos
ligada ao sexo
2n = 46
O gene se localiza na porção homóloga 22 pares autossômicos e 1 par sexual
dos cromossomos sexuais e segue o
padrão de herança autossômica. Mulheres são homogaméticas: XX
Homens são heterogaméticos: XY
Herança influenciada
pelo sexo Sistema X0
Influenciada por hormônios sexuais Ausência do cromossomo Y
(o gene se encontra em cromossomos nos machos
autossômicos). Ocorre em insetos
Exemplo: calvície Exemplo: machos X0 e fêmeas XX

Sistema ZW
Herança restrita ao sexo
Inverso do sistema XY: nesse caso,
O gene se localiza no cromossomo Y, na os machos é que são homogaméticos.
região não homóloga ao cromossomo X. Ocorre em aves, borboletas e
alguns peixes
Exemplo: machos ZZ e fêmeas ZW
Herança ligada ao sexo

O gene se localiza no cromossomo X.


Exemplos: daltonismo e hemofilia

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