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ENTRE LETRAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS

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e suas tecnologias

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LiNGUAGENS, CÓDiGOS E SUAS TECNOLOGiAS


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Gramática e Literatura
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Lucas Limberti, Murilo de Almeida Gonçalves, Pércio Luis Pereira e Rodrigo Martins
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Caro aluno

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Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva
metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material

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didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos
livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e trans-

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versal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar

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a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

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INCIDÊNCIA DO TEMA VIVENCIANDO

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NAS PRINCIPAIS PROVAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol-

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distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos

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principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras.
o território nacional. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol-

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vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há
uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações

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entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato

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em seu dia a dia.

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TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção

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tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-

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tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-

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pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua-
APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
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dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
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que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila-
dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co-
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mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí-


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cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento


aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever,
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a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula.


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MULTiMÍDiA
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No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado-


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sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper-


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tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen-


são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. ÁREAS DE
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CONHECiMENTO DO ENEM
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Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro-


fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
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imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
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estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
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critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
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apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva


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e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.


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Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a


apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol-
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vê-las com tranquilidade.


CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS
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Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
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de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não


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exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos


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conteúdos de cada área, de cada disciplina. DiAGRAMA DE iDEiAS


3

Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-


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Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão,
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em
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como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate-


suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles
mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com
que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de
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essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do


esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros,
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Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da


sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue
aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi-
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entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz
pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos
parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
estudos e até a resolução dos exercícios.
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HERLAN FELLiNi
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© Hexag Sistema de Ensino, 2018

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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.

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Autores
Lucas Limberti

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Murilo Almeida Gonçalves

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Pércio Luis Ferreira
Rodrigo Martins

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Diretor-geral

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Herlan Fellini

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Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista
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Coordenador-geral
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Raphael de Souza Motta


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Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


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Hexag Sistema de Ensino


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Editoração eletrônica
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Felipe Lopes Santos


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Leticia de Brito Ferreira


Matheus Franco da Silveira
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Projeto gráfico e capa


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Raphael de Souza Motta


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Imagens
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Freepik (https://www.freepik.com)
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Shutterstock (https://www.shutterstock.com)
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ISBN: 978-65-88825-50-1
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Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis-
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lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para
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o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e


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localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição


para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
30

O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para


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fins didáticos, não representando qualquer tipo de recomendação de produtos ou


empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.
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2021
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Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.


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Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP


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CEP: 04043-300
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Telefone: (11) 3259-5005


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www.hexag.com.br
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contato@hexag.com.br
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SUMÁRIO

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ENTRE LETRAS

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GRAMÁTICA
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Aulas 17 e 18: Numerais, preposições e interjeições 6
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Aulas 19 e 20: Conjunções 10


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Aulas 21 e 22: Período simples: termos essenciais 16


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Aulas 23 e 24: Período simples: termos integrantes 20


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Aulas 25 e 26: Período simples: termos acessórios 24


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ENTRE TEXTOS: INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS


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Aula 9: Semântica: elementos de análise I 32


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Aula 10: Semântica: elementos de análise II 33


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Aula 11: Semântica: recursos para interpretação 35


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Aula 12: Semântica: Intertextualidades 40


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Aula 13: Textos em prosa: tipos de discurso 42


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LITERATURA
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Aulas 17 e 18: Estética Realista e Realismo em Portugal 46


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Aulas 19 e 20: Realismo no Brasil: Machado de Assis 55


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Aulas 21 e 22: Estética Naturalista 59


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Aulas 23 e 24: Parnasianismo e Simbolismo 62


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Aulas 25 e 26: Pré-modernismo 71


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INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

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Dentre os temas abordados neste caderno, Exige-se a compreensão de classes como elementos
o de maior incidência no Enem é o uso de constitutivos de um sentido textual. Assim, compre-

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tempos verbais. Os demais temas são de ender como as classes gramaticais, trabalhadas nos

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aplicação bastante esporádica. tópicos iniciais, relacionam-se dentro de um amplo
painel sintático será fundamental.

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Aborda o uso das classes gramaticais apresentadas A prova da Unifesp apresenta exigências a respeito do Funções sintáticas dentro de orações e
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neste caderno, sempre considerando o seu ambiente uso correto das classes adverbiais e pronominais, além períodos ocorrem com frequência. Este
de enunciação. De tal modo, é comum que a prova de seus valores sintáticos no ambiente textual. caderno aborda os elementos que constituem
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trabalhe com a relação entre os níveis gramaticais e o o período e algumas classes gramaticais.
ambiente de produção de um determinado texto.
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É relevante saber reconhecer como a aplicação de As classes gramaticais e suas especificidades são Aborda os vários sentidos das classes gramaticais. As questões sobre as classes gramaticais e suas
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uma conjunção pode modificar termos presentes uma constante nesse vestibular. Portanto, convém É importante diferenciar os numerais dos artigos, os corretas utilizações são bastante diretas. Por isso,
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no texto, e como as preposições podem interagir saber reconhecer em quais situações elas se diferentes sentidos de uma preposição e as situações exige-se reconhecer os diferentes sentidos de uma
com outros elementos textuais, de modo coeso aplicam e qual o significado delas para o contexto de uso de uma interjeição. Também a análise sintática mesma preposição e compreender a situação de
e organizado. Saber analisar sintaticamente os em que se encontram. de períodos simples pode ser proposta. uso de uma interjeição. Análises sintáticas também
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períodos é um diferencial. aparecem.


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UFMG
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Apresenta textos configurados por linguagens verbal A relação entre linguagens verbal e não verbal é É comum abordar questões que se atentem aos
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e não verbal. Pode apresentar questões que exigem uma constante nesse vestibular. Propagandas e elementos sintáticos de que um texto se vale para
identificar os referentes não verbais de uma preposi- charges acabam sendo fontes para questões. a sua composição. Portanto, convém estar seguro
4A

ção, bem como os recursos estilísticos destinados ao sobre o uso correto dos termos que compõem os
tratamento de uma interjeição. períodos simples.
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Numerais e preposições podem aparecer em questões so- A abordagem se ampara na atenção aos diferentes Apresenta muitas questões de classes grama-
bre os termos aos quais eles se referem em determinado usos das conjunções e preposições. Por isso, o reco- ticais. Então, é importante ter domínio sobre
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contexto. Quanto aos termos que compõem as orações, nhecimento das características de um determinado as condições gramaticais em que elas devem
segue-se o mesmo raciocínio. termo ou das funções coesivas e semânticas de uma ser utilizadas obrigatória ou facultativamente.
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conjunção no cerne de um texto são relevantes. Relacionar, também, as conjunções como


modalizadores sintáticos é um
diferencial.
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GRAMÁTICA

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Exemplos:
AULAS 17 E 18

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Verifique o segundo contato da agenda.

NA
Neil Armstrong foi o primeiro homem a pisar

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na Lua.

30
§ Multiplicativos: indicam a multiplicação de seres ou

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NUMERAIS, coisas, ou seja, quantas vezes a quantidade foi aumen-

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tada proporcionalmente.
PREPOSIÇÕES E

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03
INTERJEIÇÕES Exemplos:

JO
Apareceu o triplo de convidados na festa.

AU
Quando eu era criança, ele tinha o dobro da

AR
COMPETÊNCIAS: 1, 6 e 8 minha altura.

S
§ Fracionários: indicam divisão, ou seja, a diminuição

PE
1, 2, 3, 18 e 27 proporcional da quantidade de seres ou coisas.

LO
HABILIDADES:

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Exemplos:

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PA
Dois terços dos alunos foram aprovados na pri-
1. Numerais meira fase da prova.
NA
4A

Eles venderam a metade do estoque.


Os numerais formam uma classe de palavras que se rela-
30

ciona diretamente com o substantivo. Os numerais indicam


1.1.1. Emprego de “ambos” e “ambos os”
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quantidades de pessoas ou coisas, ou assinalam o lugar


35

que elas ocupam em determinada sequência, mantendo “Ambos/ambas” e “ambos os/ambas as” são conside-
53

com os substantivos vínculos morfossintáticos. rados numerais e significam “um e outro” e “os dois”
03

(ou “uma e outra” e “as duas”). São palavras empre-


Exemplo:
O

gadas para se referir a pares de pessoas ou coisas. Se


UJ

Os cinco ingressos devem ser distribuídos aos ambos/ambas forem empregados em função adjetiva,
A

ou se antecederem um substantivo, virão seguidos de


AR

vencedores. (cinco é um atributo numérico do


substantivo ingressos) artigo (o, a, os, as). Entretanto, em função substantiva,
S

dispensa-se o artigo.
PE

Observação: Algumas palavras são consideradas numerais


LO

se denotam ideia de quantidade, proporção ou ordenação: Exemplos:


LA

Passou-se uma década até alcançarmos a de- Os dois estudantes, ambos repetentes, tinham
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mocracia. grandes dificuldades de aprendizado.


PA

Comprei meia dúzia de ovos para o bolo.


NA

Ambos os jogadores participaram da partida.


4A

1.1. Classificação dos numerais 1.1.2. Emprego de “meio/meia”


30

§ Cardinais: são os números básicos; indicam a quanti- como numeral adjetivo


0
57

dade em si mesma ou uma quantidade exata de seres Meio(s) e meia(s) são numerais adjetivos que acompa-
3
53

ou coisas. nham substantivos. Por esse motivo, obedecem às regras


03

de concordância nominal (concordam em gênero e número


Exemplos: com esses substantivos).
JO

O prédio tem trinta metros de altura.


AU

Exemplos:
AR

Três e três são seis.


Agora é meio-dia e meia. (metade da hora)
S

§ Ordinais: indicam a ordem que seres ou coisas ocu-


PE

pam numa dada série. Meia taça de vinho já me deixa bêbado.


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1.1.3. Empregos especiais dos numerais

UL
§ Substantivo: “Bloco de cimento”.

PA
Quando há a necessidade de se atribuir numeração a figu- § Adjetivo: “Contente com o desempenho”.

NA
ras importantes, como papas, reis, imperadores, séculos ou § Advérbio: “Preciso imediatamente de um curativo”.
partes de uma obra, empregam-se os ordinais até o déci-

4A
mo elemento. Daí em diante, devem ser empregados os car- § Pronome: “Quem de vocês fez isso?”.

30
dinais, desde que o numeral apareça depois do substantivo. § Verbo: “Gostar de matemática”.

70
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Ordinais > cardinais
2.1. Classificação das preposições

53
João Paulo II (segundo)

03
Tomo XVI (dezesseis) § Essenciais – palavras que atuam exclusivamente

JO
como preposição. São elas: a, ante, após, até, com,
D. Pedro II (segundo)

AU
contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem,
Capítulo XX (vinte) sob, sobre, trás.

AR
Século VIII (oitavo) § Acidentais – palavras de outras classes gramaticais

S
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que atuam como preposições. São elas: como, confor-
Século XX (vinte)

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me, consoante, durante, exceto, mediante, segundo,
Exceção: para designar leis, decretos e portarias, empre- senão, visto, etc.

A
ga-se o ordinal até o nono, e o cardinal a partir de dez.

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2.2. Categorização das preposições
PA
Artigo 1.º (primeiro) NA
Artigo 9.º (nono) No que diz respeito às categorias, as preposições são
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Artigo 10 (dez) divididas em dois grupos: as relacionais e as nocionais.


30

2.2.1. Preposições relacionais


70

2. Preposições
35

São aquelas exigidas por algum termo antecedente (verbo,


53

As preposições são palavras que estabelecem relações substantivo, adjetivo ou advérbio), e que, por esse motivo,
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de sentido entre dois ou mais termos de uma oração. Tra- não acrescentam qualquer valor semântico à sentença. As
ta-se de um processo de conexão entre os elementos que
O

preposições relacionais introduzem o objeto indireto ou o


UJ

foram ligados pela preposição. complemento nominal.


A
AR

Exemplo: Exemplos:
S
PE

Comprou os bilhetes da rifa com o troco do lan- Eu necessito de ferramentas. (de ferramentas
che. (da: contração da preposição “de” com o ar-
LO

= objeto indireto / não há sentido expresso


tigo “a” / com: preposição isolada / do: contração pela preposição)
LA

da preposição “de” com o artigo “o”)


U

Ele é essencial para a empresa. (para a em-


PA

As preposições são invariáveis, isto é, não se flexionam presa = complemento nominal / não há sen-
em gênero, número ou grau. Não obstante, elas se con-
NA

tido expresso pela preposição)


traem com outras palavras, como foi possível observar no
4A

exemplo anterior. Ao se juntarem ao artigo, elas passam a 2.2.2. Preposições nocionais


30

estabelecer concordância em gênero e número. É impor-


0

tante lembrar que não se trata de uma variação própria da São aquelas que acrescentam valor semântico à sentença.
57

preposição, mas da palavra com a qual ela se funde. As preposições nocionais introduzem o adjunto adnominal
3
53

e o adjunto adverbial.
A relação estabelecida pelas preposições pressupõe um
03

primeiro elemento – denominado antecedente – e um se- Exemplos:


JO

gundo elemento – denominado consequente. O primeiro


AU

é o que exige a preposicão, tambem chamado de termo Essas terras são de grandes fazendeiros (a pre-
posição “de” transmite ideia de posse)
AR

regente; o segundo é o termo regido por essa mesma


preposição, conhecido como termo regido. Os rapazes viajaram para Pernambuco (a preposi-
S
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O antecedente ou termo regente de preposição pode ser: ção “para” transmite ideia de destino ou direção)
LO
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2.2.3. Preposições nocionais mais recorrentes

UL
Ele viajou para a França. (destino)

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2.2.3.1. Preposicão A 2.2.3.6. Preposição POR

NA
A persistirem os sintomas, o médico deve ser Comprei o livro no sebo por apenas vinte reais.

4A
consultado. (condição) (preço)

30
Nas férias passadas, viajamos a Brasília. (destino) A reunião acontecerá por Skype. (meio)

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As provas devem ser feitas a lápis. (instrumento) Viajamos por muitas cidades. (lugar)

53
Ele faz isso por medo de ser demitido. (causa)

03
2.2.3.2. Preposição COM
Ficarei aqui por uns três meses. (tempo)

JO
Os moradores estão preocupados com as fortes

AU
chuvas. (causa)
2.3. Locuções prepositivas

AR
Amanhã sairei com meu tio. (companhia)
São duas ou mais palavras empregadas com a fun-

S
Amanhã será o jogo do Palmeiras com o Corin- ção de uma única preposição. Nelas, a última pala-

PE
thians. (oposição) vra do conjunto é sempre uma preposição essencial:

LO
Ele me agrediu com uma bacia. (instrumento) acerca de, apesar de, a respeito de, de acordo com, graças

A
a, para com, por causa de, abaixo de, por baixo de, embai-

UL
Ele estava atrasado; caminhava com pressa. (modo)
xo de, adiante de, diante de, além de, antes de, acima de,

PA
Iremos a sua formatura com certeza. (afirmação) em cima de, por cima de, ao lado de, dentro de, em frente
NA
Só poderemos continuar o projeto com os devi- a, a par de, em lugar de, em vez de, em redor de, perto de,
4A

dos investimentos. (condição) por trás de, junto a, junto de, por entre, etc.
30

2.2.3.3. Preposição DE 2.4. Contração de preposições


70
35

Saímos de casa cedo. (origem) No português, não ocorre a contração de preposição com ar-
53

Falaram bastante de você na festa. (assunto) tigo quando o substantivo que aparece depois da preposição
03

estiver funcionando como sujeito de algum verbo posterior.


Ele veio de avião, pois achou que fosse mais rá-
O

Exemplo (contração autorizada): Temos que


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pido. (meio)
entender as razões do rapaz. (O substantivo “ra-
A

Ele desmaiou de cansaço. (causa)


AR

paz” não é sujeito).


O jogador se moveu de costas para acertar a
S

Exemplo (contração vetada): Temos que en-


PE

bola. (modo)
tender as razões de o rapaz desistir do curso. (O
LO

Eles voltaram de noite. (tempo) substantivo “rapaz” é sujeito do verbo “desistir”).


LA

Comprei uma mesa de madeira. (matéria)


3. Interjeições
U

Aquele livro é de Marcelo. (posse)


PA

Devemos ingerir vários copos de água durante Interjeições são formas invariáveis que manifestam sen-
NA

o dia. (conteúdo) sações, emoções, sentimentos, ordens, chamamentos, esta-


4A

dos de espírito, etc. Elas expressam reações emotivas.


30

2.2.3.4. Preposição EM
0
57

Ligue à noite, pois já estarei em casa. (lugar)


3
53

O relógio é feito em ouro. (matéria)


03

Temos que discutir todo o tema em vinte minu-


JO

tos. (tempo)
AU

Formou-se em Sociologia. (especialidade)


AR

2.2.3.5. Preposição PARA


S
PE

Ele foi convidado para dar uma palestra. (finalidade)


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3.1. Classificação

UL
PA
§ Admiração ou surpresa: Puxa! Vixe! Caramba!

NA
Nossa! Céus! Eita!

4A
§ Alegria: Viva! Oba! Que beleza! Eba!

30
§ Aplauso: Viva! Bravo! Parabéns!

70
§ Chamamento: Alô! Ei! Oi! Psiu! Socorro!
multimídia: livro

35
53
§ Concordância: Claro! Certo! Ok!

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Interjeição: um fator de identidade cultural do
§ Dor: Ai! Ui! Ah! Oh! brasileiro – Adriana Leite do Prado Rebello

JO
§ Lamento: Que pena! Ai coitado! Esse livro demonstra como as interjeições devem ser

AU
§ Saudação: Olá! Oi! Adeus! descritas e utilizadas pedagogicamente no trabalho

AR
com o português como língua não materna, a fim de
§ Silêncio: Silêncio! Basta! Chega! proporcionar ao aluno estrangeiro uma aprendizagem

S
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que vise à sua competência comunicativa.

LO
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DIAGRAMA DE IDEIAS
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GRAMÁTICA
NORMATIVA
LO
U LA

FORMAÇÃO DE
PA

PALAVRAS
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CLASSES DE
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PALAVRAS
0
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ADVÉRBIO PREPOSIÇÃO INTERJEIÇÃO NUMERAL


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CLASSES CLASSE
AR

INVARIÁVEIS VARIÁVEL
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LA

9
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Ela não só foi à feira como também passou
AULAS 19 E 20 na farmácia.

PA
§ Adversativas – estabelecem uma relação de contras-

NA
te, de oposição entre os termos: mas, porém, contudo,

4A
todavia, entretanto, no entanto, não obstante, etc.

30
Tentou vender os livros usados, mas não conseguiu.

70
CONJUNÇÕES

35
Precisava chegar cedo, no entanto não consegui.

53
§ Alternativas – estabelecem uma relação de alternân-

03
cia, de escolha ou de exclusão entre os termos: ou, ou...

JO
ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez...
talvez, etc.:

AU
AR
Ou você chega logo, ou vou embora para casa.
COMPETÊNCIAS: 1, 6 e 8

S
Ora ri, ora chora.

PE
1, 2, 3, 18 e 27 § Conclusivas – estabelecem uma relação de conclu-

LO
HABILIDADES:
são a respeito de um fato dado: logo, portanto, por

A
conseguinte, por isso, assim, pois (depois do verbo e

UL
entre vírgulas), etc.

PA
Estava muito irritado, portanto, preferiu conver-
1. Introdução
NA
sar mais tarde.
4A

A conjunção é um vocábulo gramatical invariável que serve Ela estudou muito, por conseguinte estava
30

para conectar dois elementos da mesma natureza (subs- calma.


70

tantivo + substantivo ou adjetivo + adjetivo, por exemplo)


§ Explicativas – estabelecem uma relação de explica-
35

ou orações (construções feitas com verbos)


ção sobre um fato que ainda não ocorreu: que, porque,
53

Além das conjunções, podemos ter as locuções conjun- porquanto, pois (antes do verbo), etc.
03

tivas, que são junções de palavras que funcionam como


Não fique irritado, porque a conversa pode to-
O

conjunções (por exemplo, as construções "a fim de que"


UJ

mar outros rumos.


ou "logo que").
A

Não demore, que o filme já vai começar.


AR

De acordo com a natureza de relação apresentada


nas orações, as conjunções podem ser classificadas
S

3. Conjunções subordinativas
PE

como coordenativas ou subordinativas, cujas dife-


LO

renças veremos a seguir.


As conjunções e locuções subordinativas ligam ora-
LA

ções que dependem de outras para serem entendidas, ou


2. Conjunções coordenativas
U

seja, ligam uma oração principal a uma oração que lhe é


PA

subordinada. Podem ser Adverbiais e Integrantes.


As conjunções e locuções conjuntivas coordena-
NA

tivas juntam orações sem estabelecer uma relação de


3.1. Adverbiais
4A

dependência entre elas (uma função sintática). É impor-


30

tante ressaltar que essas conjunções não se alteram com Introduzem uma oração subordinada que exerce a função
0

a mudança de construção em uma frase, exatamente por de adjunto adverbial da oração principal. São elas:
357

ligarem elementos independentes. Elas são classificadas § Causais – introduzem a oração que é causa, motivo
53

de acordo com a relação que estabelecem entre os ter- da ocorrência da oração principal: porque, que, pois
03

mos que são ligados por elas: que, visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde
JO

§ Aditivas – estabelecem uma relação de soma, de que, como (no início da frase).
AU

adição entre os termos: e, nem, não só... mas tam- Ele não fez as compras porque não havia trazi-
AR

bém, não só... como também, bem como, não só... do a carteira.
mas ainda, etc.
S

Visto que todos concordaram, resolveu encerrar


PE

Ele saiu cedo e levou a carteira. a reunião.


LO
LA

10
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
§ Concessivas – introduzem a oração que expressa que, logo que, todas as vezes que, desde que, sempre
ideia contrária à da principal: embora, ainda que, ape- que, assim que, agora que, mal (assim que)

PA
sar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, pos- Ele nos atendeu assim que começamos a reclamar.

NA
to que, conquanto.
Saiu de casa desde que começou a trabalhar.

4A
Embora fosse arriscado, investimos em ações.
§ Comparativas – introduzem orações que expressam

30
Vou viajar mesmo que tentem me impedir. ideia de comparação em relação à oração principal:

70
como, assim como, tal como, como se, (tão)... como,

35
§ Condicionais – introduzem uma oração que indica a
tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal

53
hipótese ou a condição para a ocorrência da principal:
qual, que nem, que (combinado com menos ou mais).

03
se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde
que, a menos que, sem que. A seleção fez mais gols hoje que no jogo anterior.

JO
AU
Caso precise de um empréstimo, procure um banco. Hoje ele está atarefado como ontem.

AR
Não irei trabalhar hoje, a não ser que haja algo § Consecutivas – introduzem orações que expressam
urgente. consequência em relação à principal: de sorte que, de

S
PE
modo que, sem que (que não), de forma que, de jeito
§ Conformativas – introduzem uma oração que expri-

LO
que, que (cujo antecedente na oração principal seja tal,
me a conformidade de um fato com outro: conforme,
tão, cada, tanto, tamanho).

A
como (conforme), segundo, consoante.

UL
Dormiu tanto que ficou com dores no pescoço.
As coisas nem sempre ocorrem como queremos.

PA
Ele ficou tão surpreso que esqueceu o que ia falar.
Organize tudo conforme o combinado.
NA
§ Finais – introduzem uma oração que expressa a fina- 3.2. Integrantes
4A

lidade da principal: para que, a fim de que, que, porque


30

(para que), que. Introduzem as orações subordinadas substantivas. Ocor-


70

rem com os termos “que” e “se”.


35

Mande o e-mail para que todos compareçam


Espero que você volte (espero sua volta).
53

no horário correto.
03

Vou sair a fim de que eu possa me distrair. Não sei se ele voltará (não sei da sua volta).
O

§ Proporcionais – introduzem uma oração que expres-


UJ

Dica
sa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência
A
AR

da principal: à medida que, à proporção que, ao passo Para confirmar se uma conjunção é do tipo integrante, de-
que – e as combinações: quanto mais... (mais), quanto ve-se substituir os termos “que”, “se” ou “como” (além
S
PE

menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me- do restante da oração que se segue) pelo pronome “isso”.
LO

nos... (menos). É necessário que mudemos nossas perspectivas.


LA

Os problemas saem do controle à medida que


não são resolvidos. ISSO
U
PA

Todos estavam atentos enquanto o professor falava. conjunção integrante


NA

§ Temporais – introduzem orações que acrescentam A seguir veremos uma tabela que apresenta alguns usos
4A

uma circunstância de tempo ao fato expresso na ora- mais amplos e variados para algumas conjunções até aqui
30

ção principal: quando, enquanto, antes que, depois estudadas:


0
357
53

CONECTIVOS
03

FUNÇÃO CONECTIVOS APLICAÇÃO


JO

A redação do Enem difere das provas de outros


AU

Por exemplo, exemplificando, isto é, tal como, vestibulares porque cobra explicitamente uma “in-
AR

EXEMPLIFICAÇÃO em outras palavras, em particular, ou melhor, tervenção”. Em outras palavras, os examinadores


S

aliás, ou antes, vale dizer, etc. querem que o participante apresente uma solução
PE

inovadora ao problema apresentado.


LO
LA

11
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
A criminalidade é enorme e o Brasil foi considerado

PA
o décimo primeiro país mais inseguro do mundo,
CONTRASTE/ Mas, entretanto, porém, contudo, no entan-
segundo a ONG norte-americana Social Progress

NA
to, pelo contrário, por outro lado, ao invés
OPOSIÇÃO Alternative (dados de 2014). Contudo, a violência
de, todavia, etc.

4A
não ocorre apenas da parte dos bandidos, mas igual-
mente por parte da polícia.

30
70
Da mesma maneira, da mesma forma, como, Correspondentemente ao que ocorre nas línguas lati-

35
COMPARAÇÃO correspondentemente, do mesmo modo, as- nas, as línguas de origem saxônica também apresen-

53
sim como, igualmente, etc. tam linearidade.

03
O período de desigualdade regulada propiciou

JO
mobilidade social sem precedentes, universali-

AU
zando o acesso à educação básica e média e, em
E, também, além de, além do mais, além certa medida, também a superior, para as famílias

AR
ADIÇÃO DE IDEIAS disso, ademais, não só... mas também, não dos estratos inferiores em relação à distribuição

S
apenas... como também, etc. de renda. Ademais, a situação de fortalecimen-

PE
to da organização coletiva possibilitou o acesso

LO
desse segmento social ao Estado e à definição de
suas políticas.

A
UL
Assim, coloca-se então a questão motivadora

PA
desta pesquisa: a possibilidade de lidar com o
humanismo de forma não empática, não ilusó-
NA
Primeiro, primeiramente, em primeiro lugar,
ria – mas dramática, num possível diálogo com
segundo, em segundo lugar, para começar,
4A

ENUMERAÇÃO os aspectos teóricos defendidos por Brecht. De


em seguida, primeiro de tudo, depois, an-
30

saída, já é possível adiantar que o diálogo, aqui


tes de tudo, de saída, a princípio, etc.
70

proposto, lança mão de pressupostos brechtia-


nos tais como: conflito e tensão, movimento e
35

alterações de rota.
53
03

Então, assim, consequentemente, como re-


Um jogador de futsal tomou dois copos d’água
sultado, por esta razão, por conta disso, em
O

após o primeiro tempo de jogo. Em decorrência


UJ

CAUSA & CONSEQUÊNCIA decorrência disso, por consequência, por


disso, 50 ml de suco gástrico (pH = 1)diluíram-se
A

isso, por causa de, em virtude de, assim, de


nos 450 ml da água ingerida.
AR

fato, com efeito, etc.


S
PE

Realmente, de fato, certamente, principal- Subitamente, me ocorreu uma questão: que livros
LO

mente, decerto, por certo, inquestionavel- eram aqueles folheados pelo casal de policiais?
ÊNFASE
mente, sem dúvida, inegavelmente, com Decerto, a população ordeira e a imprensa (e os es-
LA

toda a certeza, etc. critores pacificados) não saberiam responder …”.


U
PA

Assim, em suma, portanto, para concluir, Em síntese, é possível afirmar que a pesquisa te-
NA

SUMÁRIO/ em uma palavra, enfim, logo, assim sendo, órica não requer coleta de dados e pesquisa de
dessa forma, em síntese, em resumo, dessa campo. Ela busca, em geral, compreender ou pro-
4A

ENCERRAMENTO maneira, por isso, por consequência, desse porcionar um espaço para discussão de um tema
30

modo, etc. ou uma questão intrigante da realidade.


0
57

Não há problema em pegar o dinheiro do Banco


Se, desde que, salvo se, exceto se, contanto
3

Mundial, contanto que o governo esteja ajustan-


CCONDIÇÃO que, caso, a não ser que, a menos que, sem
53

do as contas para não precisar mais de paliativos


que, desde que, eventualmente, etc.
03

no futuro.
JO

Logo depois, imediatamente, logo após, a


princípio, pouco antes, pouco depois, an- Não raro vê-se em anúncios de prédios residenciais
AU

teriormente, posteriormente, em seguida, de alto padrão que um dos itens mais valorizados
AR

TEMPO
frequentemente, constantemente, eventual- no empreendimento é o número de vagas para
mente, por vezes, ocasionalmente, não raro, guardar os carros.
S
PE

ao mesmo tempo, simultaneamente, etc.


LO
LA

12
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
Embora, apesar de que, ainda que, por mais

PA
que, se bem que, mesmo que, por menos O Japão poupa mais do que investe porque já tem
CONCESSÃO que, a menos que, a não ser que, em contra- infraestrutura pronta, ao passo que o Brasil ainda

NA
partida, enquanto, ao passo que, por outro precisa de muita coisa.

4A
lado, etc.

30
Com o intuito de facilitar o acesso à justiça, a Cons-
PROPÓSITO, INTENÇÃO, Com o fim de, a fim de, com o propósito

70
tituição Federal de 1988 conferiu ao segurado a fa-
de, para que, a fim de que, com o intuito

35
FINALIDADE culdade de propor a ação contra o Instituto Nacional
de, com o objetivo de, para, etc.
do Seguro Social no foro do seu domicílio.

53
03
JO
AU
AR
S
PE
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

LO
A
UL
PA
NA
4A

HABILIDADE 27
30
70

Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
35
53

A referida habilidade exige que o candidato seja capaz de desenvolver os conhecimentos que já detém a res-
03

peito da gramática normativa, estendendo-os para outras relações semânticas. Em termos mais práticos, não
O

basta conhecer o sentido básico/tradicional de uma conjunção, é necessário também ser capaz de identificar
UJ

outras dimensões de sentido que determinada conjunção pode apresentar em outro contexto.
A
AR

O exercício em destaque foi construído justamente a partir dessa definição: a conjunção “mas” opera, em primeiro
plano, uma oposição. No entanto, dependendo do contexto, ela pode também alcançar outras dimensões de sentido.
S
PE
LO

MODELO 1
LA

(Enem 2014)
U
PA

TAREFA
Morder o fruto amargo e não cuspir
NA

Mas avisar aos outros quanto é amargo


4A

Cumprir o trato injusto e não falhar


Mas avisar aos outros quanto é injusto
30

Sofrer o esquema falso e não ceder


0
57

Mas avisar aos outros quanto é falso


3

Dizer também que são coisas mutáveis…


53

E quando em muitos a não pulsar


03

— do amargo e injusto e falso por mudar —


então confiar à gente exausta o plano
JO

de um mundo novo e muito mais humano.


AU

CAMPOS, G. Tarefa. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.


AR

Na organização do poema, os empregos da conjunção “mas” articulam, para além de sua função sintática:
S
PE
LO
LA

13
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
PA
a) a ligação entre verbos semanticamente semelhantes.
b) a oposição entre ações aparentemente inconciliáveis.

NA
c) a introdução do argumento mais forte de uma sequência.

4A
d) o reforço da causa apresentada no enunciado introdutório.

30
e) a intensidade dos problemas sociais presentes no mundo.

70
35
ANÁLISE EXPOSITIVA

53
A questão apresenta um poema cujos versos, em certos momentos, são iniciados pela conjunção “mas”. É

03
importante notar que a referida conjunção não serve aí apenas para demarcar oposição entre os períodos

JO
mas também para introduzir um argumento que, sendo contrário, torna-se mais forte que o argumento ante-

AU
riormente apresentado. Apenas para exemplificar, pegando os dois primeiros versos: primeiramente o eu lírico

AR
afirma que se deve “Morder o fruto amargo e não cuspir”, no entanto, existe um argumento oposto mais
forte, que vem logo na sequência: “Mas avisar aos outros quanto é amargo”. Em suma, não basta morder o

S
fruto amargo, mais importante do que isso é avisar aos outros.

PE
LO
A
RESPOSTA Alternativa C

UL
PA
NA
4A
30
70
35
53
03
O
A UJ
AR
S
PE
LO
U LA
PA
NA
4A
030
357
53
03
JO
AU
AR
S
PE
LO
LA

14
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
PA
DIAGRAMA DE IDEIAS

NA
4A
30
70
35
53
GRAMÁTICA NORMATIVA

03
JO
AU
FORMAÇÃO DE

AR
PALAVRAS

S
PE
LO
CLASSES DE

A
UL
PALAVRAS

PA
NA
4A

COORDENATIVA CONJUNÇÃO SUBORDINATIVA


30
70

• ADITIVA • CAUSAL
35

• ADVERSATIVA • COMPARATIVA
53

• ALTERNATIVA • CONCESSIVA
03

• CONCLUSIVA • CONDICIONAL
• EXPLICATIVA • CONFORMATIVA
O
UJ

• CONSECUTIVA
A

• FINAL
AR

• PROPORCIONAL
• TEMPORAL
S
PE
LO
LA
U
PA
NA
4A
30
0
357
53
03
JO
AU
AR
S
PE
LO
LA

15
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
tanto, deve-se observar que o termo constante em toda
AULAS 21 E 22 oração é o verbo.

PA
NA
Exemplos:

4A
Choveu o dia todo.

30
(Verbo que indica um fenômeno natural)

70
PERÍODO SIMPLES: Chorou.

35
TERMOS ESSENCIAIS (Verbo que indica uma ação e permite a possível

53
03
identificação do sujeito através da desinência)

JO
1.1. Classificação do sujeito

AU
O sujeito pode ser determinado, indeterminado ou inexistente.

AR
COMPETÊNCIAS: 1, 6 e 8
1. Sujeito determinado: é aquele que pode ser identifi-

S
PE
cado com precisão. Ele pode ser:
1, 3, 4, 18, 25 e 27

LO
HABILIDADES:
a) Simples, se apresentar apenas um núcleo (a palavra

A
principal do sujeito, que encerra essencialmente a signifi-

UL
cação) ligado diretamente ao verbo, estabelecendo uma

PA
relação de concordância com ele.
1. Termos essenciais da
NA
Exemplo:
4A

oração: sujeito e predicado


30

As pessoas saíram pelas ruas em protesto.


Sujeito é o ser de quem se afirma algo. Do ponto de vista
70

da gramática normativa, o verbo sempre concordará com o Observação: O sujeito é simples, se o verbo da oração re-
35

núcleo do sujeito em número e pessoa. ferir-se a apenas um elemento, seja ele um substantivo (sin-
53

gular ou plural), um pronome ou um numeral. Não confundir


03

Em grande número de casos, o sujeito da oração é tam- sujeito simples com a noção de singular.
bém o agente da ação expressa pelo verbo, mas essa não
O
UJ

deve ser a base de definição conceitual, uma vez que há Exemplos:


A

orações para as quais não se pode atribuir ao sujeito essa


AR

função de agente. O segundo andar possui sala de reunião.


S

Todos correram em direção ao ônibus.


PE

Exemplos:
b) Composto, se apresentar dois ou mais núcleos ligados
LO

Ele viajou para o interior de São Paulo. diretamente ao verbo, estabelecendo uma relação de con-
LA

(Viajou está no singular para concordar com cordância com ele.


U

ele. O conteúdo do verbo expressa uma ação)


PA

Eles viajaram para o interior de São Paulo. Exemplo:


NA

(Viajaram está no plural para concordar com Brigadeiro e caipirinha são especialidades ti-
4A

eles. O conteúdo do verbo expressa uma ação) picamente brasileiras.


30

Ele está no interior de São Paulo. c) Desinencial ou oculto, se omitir o sujeito da senten-
0

(Está está no singular para concordar com ele;


57

ça, mas, ainda assim, for possível localizá-lo por meio das
3

no entanto, o conteúdo do verbo não expressa desinências verbais.


53

uma ação)
03

Eles vivem no interior de São Paulo. Exemplo:


JO

(Vivem está no plural para concordar com eles;


Ficamos chocados com a situação.
AU

no entanto, o conteúdo do verbo não expressa


AR

uma ação) desinência verbal nos permite


saber que o sujeito da oração é o
S

Observação: As gramáticas normativas determinam


PE

o sujeito e o predicado como termos essenciais; no en- pronome pessoal “nós”


LO
LA

16
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
2. Sujeito indeterminado: é aquele que, embora exis- Nevou muito este ano em Santa Catarina.
tindo, não é possível determiná-lo nem pelo contexto, nem

PA
É possível constatar que essas orações não têm sujeito.
pela terminação do verbo. Há três maneiras diferentes de
Constituem a enunciação pura e absoluta de um fato me-

NA
indeterminar o sujeito de uma oração:
diante o predicado apenas. O conteúdo verbal não é atri-

4A
a) com verbo na terceira pessoa do plural, sem que buído a nenhum ser: a mensagem centra-se no processo

30
ele se refira a nenhum termo identificado anteriormente verbal. Os casos mais comuns de orações sem sujeito da

70
(nem em outra oração). língua portuguesa ocorrem com:

35
a) verbos que exprimem fenômenos da natureza:

53
Exemplos:
nevar, chover, ventar, gear, trovejar, relampejar, amanhecer,

03
Proibiram a entrada de menores. anoitecer, etc.

JO
Estão transferindo as crianças de lugar.

AU
Exemplos:
b) com verbo na voz ativa e na terceira pessoa do

AR
singular seguido do pronome se, pronome esse que atua Ventou muito no inverno passado.

S
como índice de indeterminação do sujeito. Essa cons- Amanheceu antes do horário previsto.

PE
trução ocorre com verbos que não apresentam complemento

LO
direto (verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação). Observação: Se usados na forma figurada, esses verbos
O verbo obrigatoriamente fica na terceira pessoa do singular. podem apresentar sujeito determinado.

A
UL
Exemplos: Exemplos:
PA
Choviam canivetes quando eles brigavam.
NA
Vive-se melhor após o avanço da tecnologia.
(verbo intransitivo) (canivetes é o sujeito)
4A

Precisa-se de vendedores com prática. Já amanheci cansado. (“eu”


30

(verbo transitivo indireto) é um sujeito desinencial).


70
35

No dia da prova, sempre se fica nervoso. b) verbos ser, estar, fazer e haver, se usados para
53

(verbo de ligação) indicar uma ideia de tempo ou fenômenos mete-


03

orológicos:
c) com o verbo no infinitivo impessoal:
O

Ser
UJ

Exemplos:
A

Exemplos:
AR

Era penoso estudar Direito e Economia, simul-


taneamente. É de noite. (período do dia)
S
PE

É bom assistir a filmes antigos. Eram duas horas da manhã. (hora)


LO

Importante: Se o verbo estiver na terceira pessoa do Observação: Ao indicar tempo, o verbo ser varia de acor-
LA

plural e fizer referência a elementos explícitos em orações do com a expressão numérica que o acompanha.
U

anteriores ou posteriores, o sujeito é determinado.


PA

Exemplos:
Exemplo:
NA

É uma hora.
4A

Ana e Gustavo foram a Miami. Compraram


muitas roupas. (Nesse caso, o sujeito de compra- São nove horas.
30

ram é Ana e Gustavo. Ocorre sujeito oculto na Ao indicar data, o verbo ser pode ficar no singular, suben-
0
57

segunda oração). tendendo-se a palavra dia, ou pode ficar no plural, concor-


3

dando com o número de dias.


53

3. Sujeito inexistente: as orações sem sujeito são for-


03

madas apenas pelo predicado e articulam-se a partir de um Exemplo: Hoje é, ou são, 15 de março. (data)
verbo impessoal (trata-se de um verbo que não admite
JO

Estar
a posição estrutural de pessoa/sujeito). Por isso se diz que
AU

o sujeito é inexistente. Vejamos dois exemplos iniciais:


Exemplos:
AR

Exemplos: Está tarde. (tempo)


S
PE

Havia borboletas no jardim. Está muito quente. (temperatura)


LO
LA

17
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
Fazer mostram um aumento no número de ci-
clovias. O verbo é o núcleo do predicado por in-

PA
Exemplos: dicar o conteúdo da predicação sobre o sujeito.)

NA
Faz dois anos que não o vejo. (tempo decorrido) Os dados foram coletados no início do ano. (su-

4A
Fez 40 °C ontem. (temperatura) jeito: os dados) – (predicado: foram coletados

30
no início do ano. O núcleo é coletados, pala-
Haver

70
vra que guarda a significação do predicado sobre

35
Exemplos: o que está informado acerca do sujeito.)

53
Não a vejo há anos. (tempo decorrido) O instituto considerou irregular a coleta dos

03
Havia muitos alunos naquela aula. (haver com dados. (sujeito: o instituto) – (predicado: consi-

JO
significado de existir) derou irregular a coleta dos dados.

AU
Há dois núcleos nesse predicado, uma vez que considerou

AR
ATENÇÃO! predica sobre o sujeito, mas irregular predica sobre a coleta
dos dados. Portanto, há uma ação direcionada ao sujeito,

S
Os verbos impessoais devem ser usados sem-

PE
pre na terceira pessoa do singular. Cuidado mas também há uma informação sobre o que é alvo da
ação. Vamos detalhar como essa estrutura funciona. Nesse

LO
com os verbos fazer e haver usados impessoalmen-
te: não se deve empregá-los no plural. predicado há um núcleo verbal e um núcleo nominal.)

A
UL
Exemplos: 1.2.1. Tipos de predicado
Faz muitos anos que nos conhecemos. PA
A partir de estruturas que se assemelham às dos exemplos an-
NA
Deve fazer dias quentes na Bahia. teriores, podem-se classificar os predicados em três categorias:
4A

Há muitas pessoas interessadas na vaga. 1. Predicado verbal: tem, como núcleo, uma forma verbal.
30

Houve muitas mudanças no local. a) A estudante gosta de viajar nas férias.


70
35

Observação: O verbo existir é pessoal, portanto, Predicado: gosta de viajar nas férias
53

admite sujeito que concorda com ele. Núcleo: gosta


03

b) Todo domingo à tarde ele vai ao cinema.


Exemplos:
O
UJ

Predicado: vai ao cinema


Existiram grandes mestres da Arquitetura.
Núcleo: vai
A
AR

Existe uma biodiversidade muito rica na Amazônia.


2. Predicado nominal: tem, como núcleo, uma forma
S

Grandes mestres da Arquitetura é o sujeito da nominal (adjetivo ou locução adjetiva).


PE

primeira oração e uma biodiversidade muito Os verbos que ocorrem nos predicados nominais são sem-
LO

rica na Amazônia é sujeito da segunda, ambos do pre de ligação.


tipo determinado e simples.
LA

Importante: Os termos que constituem o núcleo dos pre-


U

dicados nominais denominam-se predicativos do sujeito.


PA

1.2. Predicado
NA

É o termo da oração que faz uma afirmação sobre o sujei- Exemplo:


4A

to; diz-se, portanto, que se trata de uma predicação sobre


O filme foi emocionante.
o sujeito. No caso das orações sem sujeito, a predicação
30

é genérica. Tudo o que constitui as orações, à exceção do Predicado: foi emocionante


0
57

sujeito e do vocativo, faz parte do predicado. Núcleo: emocionante (adjetivo que dá informação sobre
3

o substantivo sujeito. Sintaticamente, esse adjetivo recebe


53

Os predicados devem conter necessariamente um


a função de predicativo do sujeito).
03

verbo, mas o núcleo do predicado (termo que detém o


sentido propriamente) pode ser um verbo, um nome ou a
JO

junção dos dois. Exemplo:


AU

Ficaram animados com a programação para o


AR

Exemplos: final de semana.


S

Os dados mostram um aumento no número Predicado: ficaram animados com a programação para o
PE

de ciclovias. (sujeito: os dados) – (predicado: final de semana.


LO
LA

18
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
Núcleo: animados (adjetivo que dá informação sobre o constitui o núcleo de um predicado nominal ou o núcleo de
sujeito oculto. Sintaticamente, esse adjetivo recebe a fun- um predicado verbo-nominal. O predicativo pode se referir

PA
ção de predicativo do sujeito). ao sujeito da oração – predicativo do sujeito –, no caso dos

NA
predicados nominais, ou ao objeto da oração – predicativo
3. Predicado verbo-nominal tem dois núcleos: um

4A
núcleo constituído de uma forma verbal e um núcleo cons- do objeto –, no caso dos predicados verbo-nominais.

30
tituído de uma forma nominal.

70
Exemplos:

35
Exemplo: Ana saiu enfurecida.

53
03
Os alunos chegaram cansados. Predicado: saiu enfurecida
Predicado: chegaram cansados Núcleo: enfurecida (predicativo do sujeito)

JO
Núcleo verbal: chegaram Eles julgaram o criminoso culpado.

AU
Núcleo nominal: cansados

AR
Predicado: julgaram o criminoso culpado
Núcleo verbal: julgaram

S
Exemplo: Núcleo nominal: culpado (predicativo do objeto)

PE
Eles o julgaram responsável.

LO
Predicado: o julgaram responsável

A
UL
Núcleo verbal: julgaram

PA
Núcleo nominal: responsável NA
1.3. Predicativo do sujeito e
4A

predicativo do objeto multimídia: site


30
70

É importante sistematizar a definição de predicativo, fun-


35

ção sintática relacionada à ocorrência, nas orações, de


Pensando nos critérios de identificação e conceituação
53

predicados nominais ou verbo-nominais. Denomina-se


da categoria gramatical de sujeito – Clerber Ataíde
03

predicativo a palavra ou locução de natureza nominal que


O
A UJ
AR
S
PE

DIAGRAMA DE IDEIAS
LO
U LA
PA
NA

SINTAXE
4A
30
0
57

PERÍODO SIMPLES
3
53
03
JO

TERMOS TERMOS TERMOS


IGUALDADE
AU

ESSENCIAIS INTEGRANTES ACESSÓRIOS


AR

• SUJEITO
S

• PREDICATO
PE
LO
LA

19
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
Exemplo
AULAS 23 E 24

PA
Os animais de estimação precisam de cuida-
dos diários.

NA
4A
(Verbo precisar necessita do complemento “cuidados di-
ários” e também de uma preposição (“de”) para que se

30
construa uma frase com sentido pleno).

70
PERÍODO SIMPLES:

35
c) Dá-se o nome de verbos bitransitivos ou verbos
TERMOS INTEGRANTES

53
transitivos diretos e indiretos aos verbos que neces-

03
sitam de dois complementos: um sem preposição, outro
com preposição (não existe ordem obrigatória).

JO
AU
Exemplo

AR
COMPETÊNCIAS: 1, 6 e 8 Os ministros informaram a nova política econô-

S
mica aos trabalhadores.

PE
1, 3, 4, 18, 25 e 27 (Verbo informar necessita de dois complementos para

LO
HABILIDADES:
que se construa uma frase com sentido pleno: o primeiro é

A
“a nova política econômica” e o segundo, com preposição

UL
“a”, é “os trabalhadores”.

1. Termos integrantes da oração PA


d) Dá-se o nome de verbos intransitivos aos verbos que
NA
apresentam sentido completo em si mesmos (não precisa-
4A

Alguns verbos ou nomes presentes numa oração não têm rão de complementos).
30

sentido completo em si mesmos. Sua significação só se


70

completa com a presença de outros termos. A esses com- Exemplo


35

plementos, damos o nome de termos integrantes. São eles:


A criança finalmente dormiu.
53

§ complementos verbais (objeto direto e objeto indireto)


03

(Verbo dormir não necessita de complemento, pois enun-


§ complemento nominal cia um sentido pleno em si mesmo, compreensível por
O

qualquer falante fluente de português).


UJ

§ agente da passiva
A

e) Dá-se o nome de complemento nominal aos comple-


AR

Antes de iniciar a conceituação sobre cada um deles, é


mentos de elementos que não são verbos. Veremos apenas
im­portante compreender a noção de transitividade.
S

um exemplo inicial a seguir. No tópico correspondente ao


Alguns verbos e alguns elementos nominais têm a neces-
PE

tema, daremos maiores detalhamentos.


sidade de se fazerem acompanhar de um complemento
LO

(direto ou indireto para verbos, ou nominal para elemen-


Exemplo
LA

tos não verbais), que preencherá o sentido de sua pre-


U

dicação. Caso não ofereçamos tal complemento, a sen- Ele tinha pavor de aranhas.
PA

tença se torna incompreensível. Vejamos suas definições (O substantivo pavor necessita do complemento “ara-
NA

básicas e funcionamentos iniciais.. nhas”, além da preposição “de” para que se construa uma
4A

a) Dá-se o nome de verbos transitivos diretos (VTD) frase com sentido pleno.
30

aos verbos que necessitam de complementos sem a pre- 1.1. Complementos verbais completam o sentido de
0

sença de preposição. verbos transitivos diretos e transitivos indiretos.


357

a) Objeto direto é o termo que completa o sentido do


53

Exemplo
verbo transitivo direto (VTD), ligando-se a ele sem o auxílio
03

O diretor anunciou o fim da reunião. da preposição.


JO

(Verbo anunciar precisa do complemento “o fim da reu-


AU

nião” para que se construa uma frase com sentido pleno).


Os professores fizeram a resolução da prova.
AR

b) Dá-se o nome de verbos transitivos indiretos (VTI)


S

aos verbos que necessitam de complementos com a pre-


PE

sença de preposição. VTD objeto direto


LO
LA

20
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
O objeto direto pode ser constituído:
Observação1

PA
I. por um substantivo ou expressão substantivada.

NA
Assim como ocorre com os objetos diretos, os indire-
Exemplos: tos também podem ser substituídos por substantivos,

4A
expressões substantivadas e pronomes oblíquos.

30
70
O agricultor cultiva a terra. Observação2

35
O pronome oblíquo “-lhe” e sua forma plural (“lhes”)

53
03
são usados para substituir complementos verbais ou
VTD objeto direto
nominais que apresentem preposição. No exemplo a

JO
seguir, temos o verbo “obedecer”, que é transitivo indi-

AU
reto e rege preposição “a”. Seu complemento de terceira
Unimos o útil ao agradável.

AR
pessoa, portanto, deverá ser o pronome oblíquo “-lhe”

S
PE
VTD objeto direto
Os alunos costumavam lhe obedecer.

LO
II. por pronomes oblíquos.

A
UL
objeto indireto VTI
Exemplos:
PA
NA
c) Objeto pleonástico é um fenômeno em que notamos
4A

Espero-o na minha formatura.


a reinserção na sentença de um mesmo objeto que já ha-
30

via aparecido em outro ponto da estrutura. Em geral, esse


70

fenômeno apresentará um objeto em sua forma mais tradi-


VTD objeto direto
35

cional (um substantivo), sendo repetido depois em forma


53

de pronome oblíquo. Vejamos:


03

Ela me ama.
Exemplo
O
A UJ

objeto direto VTD


AR

Aqueles livros, eu os adquiri no sebo da esquina.


S
PE

Observação:
LO

objeto direto objeto VTD


direto
LA

Os pronomes oblíquos “-o”, “-a”, “-lo”, “-la”, “-no”,


“-na” e suas formas plurais são exclusivos para subs- pleonástico
U
PA

tituição de objetos diretos. No exemplo apresentado, vemos que o verbo “adquirir” é


NA

um transitivo direto que solicita como complemento verbal


4A

o objeto direto “aqueles livros” (em que o núcleo é o subs-


b) Objeto indireto é o termo que completa o sentido de tantivo “livros”). Também, na mesma sentença, surge o
30

um verbo transitivo indireto (VTI). Vincula-se indiretamente


objeto direto em forma de pronome oblíquo “-os”, que se
0

aos verbos mediante uma preposição.


57

refere também aos mesmos livros. Desse modo, quando o


3

mesmo objeto é replicado duas vezes em uma mesma es-


53

Exemplo trutura (como substantivo e como pronome oblíquo),


03

temos o fenômeno do objeto direto pleonástico.


JO

Esse conteúdo interessa aos alunos. d) Objeto direto preposicionado é um fenômeno em


AU

que um verbo transitivo direto (VTD), que normalmente


AR

solicitaria um complemento sem preposição, passa a apre-


S

VTI objeto indireto sentar uma preposição, que adentra a estrutura pelos se-
PE

guintes motivos:
LO
LA

21
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
I. Realçar algum substantivo próprio que remeta a alguma 1.2. Complemento nominal completa o sentido de ele-
figura importante mentos que não são verbos. Pode ocorrer com substantivos,

PA
adjetivos ou advérbios. Trata-se de um complemento que

NA
Exemplo sempre será preposicionado

4A
Exemplos

30
70
Os evangélicos amam a Deus.

35
53
Ela tem orgulho da filha.

03
VTD objeto direto
preposicionado

JO
substantivo complemento nominal

AU
II. Complementar a estrutura de expressão de alguns pro-
nomes oblíquos

AR
Ana estava consciente da sua escolha.

S
Exemplo

PE
LO
adjetivo complemento nominal

A
Eles ofenderam a mim com essa atitude.

UL
PA
O juiz decidiu favoravelmente ao acusado.
NA
VTD objeto direto preposicionado
4A

III. Realçar, estilisticamente, alguns pronomes demonstrati-


advérbio complemento
30

vos ou indefinidos
nominal
70
35

Exemplo
53
03

Atenção
O diretor elogiou a todos.
O

Como informado mais acima, para substituir comple-


UJ

mentos preposicionados em terceira pessoa, deve-se


A

utilizar o pronome oblíquo “-lhe”.


AR

VTD objeto direto preposicionado


S
PE

IV. Criar sentido partitivo em algumas sentenças


Nós lhe temos muita consideração.
LO

Exemplo
LA

complemento nominal substantivo


U
PA

Não se preocupe, ele já comeu do bolo.


NA

1.3. Agente da passiva é o termo da oração que pratica


4A

a ação expressa pelo verbo na voz passiva analítica. Trata-


VTD objeto direto
30

-se de um termo preposicionado e, por seu posicionamen-


preposicionado
0

to na sentença, parece funcionar como complemento da


57

V. Para evitar ambiguidades em sentenças indiretas construção verbal que o antecede.


3
53
03

Exemplo Exemplo
JO
AU

Venceu aos inimigos, o conhecido guerreiro. A vencedora foi escolhida pelos jurados.
AR
S
PE

VTD objeto direto preposicionado verbo ser + particípio agente da passiva


LO
LA

22
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
Observação1

PA
NA
O agente da passiva pode ser expresso por substantivos, como no exemplo acima, ou por pronomes oblíquos.

4A
Exemplo

30
70
35
Este livro foi escrito por mim.

53
03
verbo ser + particípio agente da passiva

JO
AU
Observação2

AR
Embora o agente da passiva seja considerado um termo integrante, pode, muitas vezes, ser omitido se já houver sido

S
feita uma referência a ele em momento anterior.

PE
LO
Exemplo:

A
UL
- Os anfitriões estão na casa?

PA
- Sim, mas as pessoas ainda não foram atendidas. / (pelos anfitriões).
NA
4A

verbo ser + particípio


30
70
35
53
03
O

DIAGRAMA DE IDEIAS
AUJ
AR
S
PE
LO

IGUALDADE
SINTAXE
U LA
PA
NA

PERÍODO SIMPLES
4A
030
357

TERMOS TERMOS TERMOS


53

ESSENCIAIS INTEGRANTES ACESSÓRIOS


03

• COMPLEMENTO VERBAL
JO

OBJETO DIRETO
AU

OBJETO INDIRETO
AR

• COMPLEMENTO NOMINAL
• AGENTE DA PASSIVA
S
PE
LO
LA

23
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
verbal: o modo como amanheceu (rapidamente) e o lugar
AULAS 25 E 26 onde amanheceu (no campo). A esses termos acessórios

PA
que indicam circunstâncias relativas ao processo ver-

NA
bal, damos o nome de adjuntos adverbiais.

4A
Observe o que ocorre ao se expandir um pouco mais essa

30
mesma oração.

70
PERÍODO SIMPLES:

35
Exemplo:
TERMOS ACESSÓRIOS

53
Rapidamente amanheceu na pacata cidade do campo.

03
Há termos que se referem ao substantivo cidade, que o ca-

JO
racterizam, que lhe delimitam o sentido. Trata-se de termos

AU
acessórios que se ligam a um nome, determinando-lhe o

AR
COMPETÊNCIAS: 1, 6 e 8 sentido. São chamados adjuntos adnominais.

S
Por fim, analise esta frase:

PE
1, 3, 4, 18, 25 e 27

LO
HABILIDADES:
O mar estava calmo.

A
Nessa oração, o sujeito é determinado e simples: o mar. Há

UL
também um predicativo do sujeito (calmo), relacionado ao

PA
sujeito pelo verbo de ligação (estava). Trata-se, portanto,
1. Termos acessórios da oração
NA
de uma oração com predicado nominal. Note que a frase é
capaz de comunicar eficientemente uma informação. Nada
4A

Existem termos que, apesar de dispensáveis na estrutura bási-


impede, no entanto, de acrescentar mais um pouco de con-
30

ca da oração, são importantes para a compreensão do enun-


teúdo informativo:
70

ciado. Ao acrescentarem informações novas, esses termos:


35

§ caracterizam o ser; Exemplo:


53
03

§ determinam os substantivos; e O mar, azul e frio, estava calmo.


§ exprimem circunstância.
O

Além do núcleo do sujeito (o mar) há um termo que ex-


UJ

São os termos acessórios da oração que, além de contribu- plica, que enfatiza esse núcleo: azul e frio. Esse termo é
A

chamado de aposto.
AR

írem para a construção do significado, modificam ou espe-


cificam outros termos:
S

1.1. Adjunto adverbial


PE

§ o adjunto adverbial
LO

§ o adjunto adnominal Como o próprio nome indica, trata-se de um advérbio ou


uma locução adverbial que, em campo sintático, irá se asso-
LA

§ o aposto ciar a verbos, adjetivos ou a outros advérbios, acrescentando


U
PA

§ o vocativo circunstâncias específicas (no caso de verbos) ou intensifi-


cando seu sentido no contexto (para adjetivos e advérbios).
NA

Vejamos a seguinte oração:


4A

Amanheceu. Exemplo:
30

Nessa oração, há predicado verbal formado por um verbo


0
57

impessoal. Trata-se de uma oração sem sujeito. O verbo


Ele pegou o suco na geladeira.
3

amanheceu é suficiente para transmitir a mensagem enun-


53

ciada. Seria possível, no entanto, ampliar as informações


03

contidas nessa frase: verbo adjunto adverbial (lugar)


JO

Exemplo: Basicamente, o adjunto adverbial é um termo que faz


AU

parte da sentença, mas não é exigido pelo verbo (não é um


AR

Rapidamente amanheceu no campo. complemento verbal). Por esse motivo, nós o chamamos de
S

A ideia central continua contida no verbo da oração com “termo acessório”, termo que entra na sentença para ampliar
PE

duas noções acessórias, circunstanciais, ligadas ao processo o sentido de outros termos já presentes. No exemplo acima,
LO
LA

24
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
a sentença original (de sentido completo) seria “Ele pegou o k) Meio ou instrumento (com que?): Abri o pacote
suco”. Ou seja, as informações apresentadas já são suficiente- com uma faca.

PA
mente compreensíveis pelo leitor / ouvinte. A locução “na ge-
l) Assunto (sobre o que?): O professor falou sobre

NA
ladeira” não é exigida pelo verbo, portanto, não é necessária
Machado.

4A
ao entendimento mais básico da sentença. Por esse motivo,
adjuntos adverbiais são considerados termos acessórios.

30
1.2. Adjunto adnominal

70
Exemplo

35
É o termo que determina, especifica ou explica um subs-

53
tantivo. O adjunto adnominal tem função adjetiva na ora-

03
Ele certamente virá à reunião na próxima terça. ção, a qual pode ser desempenhada por adjetivos, locuções
adjetivas, artigos, pronomes adjetivos e numerais adjetivos.

JO
AU
adj. adverbial (afirmação) adjunto adverbial (tempo) Exemplos

AR
Podemos ter em uma mesma sentença diversos adjun-

S
tos adverbiais atribuindo relações de sentido variadas a Esse médico prescreveu dois remédios ao paciente

PE
um mesmo verbo. No exemplo acima, a sentença origi-

LO
nal (de sentido completo) seria “Ele virá à reunião”. Ou
seja, as informações apresentadas já são suficientemente adj.adnominal adj.adnominal adj.adnominal

A
UL
compreensíveis pelo leitor / ouvinte. Os elementos “certa-

PA
mente” e “na próxima terça” não são exigidos pelo ver-
bo, portanto, não são necessários ao entendimento mais Os políticos corruptos só andam com ternos de grife.
NA
básico da sentença.
4A

adj.adnominal adj.adnominal adj.adnominal


30

Atenção
70

Como informado na definição desse tópico, os advér- Nas sentenças apresentadas, temos vários elementos mor-
35

bios e locuções adverbiais, em sintaxe, serão consi-


fológicos que podem funcionar, na sintaxe, como adjunto
53

adnominal. No primeiro exemplo, o pronome “esse”, o


03

derados adjuntos adverbiais. Além desses itens, as


numeral “dois” e o artigo “o” se conectam a substantivos
orações adverbiais, que serão estudadas na próxima
O

a fim de especificá-los. São, portanto, adjuntos adnominais.


apostila, também tem valor de adjunto adverbial.
UJ

No segundo exemplo, o artigo “os”, o adjetivo “corruptos”


A

e a locução adjetiva “de grife” também acompanham subs-


AR

1.1.1. Classificação do adjunto adverbial tantivos para especificá-los e qualifica-los. Também são, em
S

sintaxe, adjuntos adnominais.


PE

Veja a seguir algumas das circunstâncias mais frequente-


LO

mente expressas pelos adjuntos adverbiais em orações:


Atenção
LA

a) Tempo (quando?): Eles reprisaram o programa no


Para todos os efeitos, os adjuntos adnominais, assim
U

domingo.
PA

como os adjuntos adverbiais, também são termos


b) Lugar (onde?): Estive na empresa ontem à tarde. acessórios. Isso significa que eles não são exigidos por
NA

c) Modo (como?): Ele viajou de carro para o Rio de nenhum outro elemento que componha a sentença.
4A

Janeiro.
30

No primeiro exemplo apresentado, a sentença seria compre-


d) Negação: Eles não aprovaram a reforma.
0

ensível se fosse apenas “médico prescreveu remédios a pa-


57

e) Afirmação: Mudarei, sim, os móveis de lugar. ciente”. Vemos então que os adjuntos adnominais não são
3
53

f) Intensidade: Os serviços dele foram bastante úteis. parte integrante (termos integrantes) da sentença, mas ele-
03

mentos acessórios que ampliam as relações de significação.


g) Dúvida: A nova emenda talvez seja aprovada amanhã.
JO

1.2.1. Elementos morfológicos que podem


AU

h) Causa (por que?): Ele morreu de inanição.


funcionar como Adjunto adnominal
AR

i) Finalidade (para que?): Eu dormi para descansar


um pouco. a) adjetivos: crianças tagarelas, políticos corruptos;
S
PE

j) Companhia (com quem?): Ele veio com vários amigos. b) locuções adjetivas: anéis de ouro, livro de histórias;
LO
LA

25
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
c) artigos definidos e indefinidos: o papel, os papéis,
um papel, uns papéis;

PA
d) pronomes possessivos: meu carro; A obra de Drummond é símbolo do movimento modernista.

NA
4A
e) pronomes demonstrativos: este carro;
adjunto adnominal

30
f) pronomes indefinidos: algum carro;

70
g) pronomes Interrogativos: qual chave?; Nessa oração, o termo em destaque é uma locução adje-

35
tiva (tem a função de adjetivo, similar à “obra drummon-
h) pronomes relativos “cujo”: na biblioteca cujos li-

53
diana”). É, portanto, um adjunto adnominal. Os apostos
vros estão em mau estado;

03
especificadores são mobilizados por substantivos pró-
i) numerais adjetivos: trezentos e cinquenta soldados.

JO
prios com capacidades de nomeação.

AU
1.3. Aposto

AR
É um termo que – acrescentado a outro termo da oração 1.4. Vocativo

S
PE
– tem a função de ampliar, resumir, explicar ou desenvolver É um termo que não tem relação sintática com outro ter-
mais o conteúdo do termo ao qual se refere.

LO
mo da oração. Não pertence, portanto, nem ao sujeito nem
ao predicado. Serve para chamar, invocar ou interpelar um

A
Exemplo

UL
ouvinte real ou hipotético. Em razão de seu caráter, geral-
mente se relaciona à segunda pessoa do discurso.

PA
NA
Machado, o maior romancista brasileiro, também atuou Exemplos
4A

como cronista. Não se esqueça de marcar todas as respostas no gaba-


30

rito, pessoal!
aposto explicativo
70
35

Vemos, no exemplo apresentado, que a construção “o


vocativo
53

maior romancista brasileiro” faz referência direta ao subs-


03

tantivo próprio “Machado”, explicando algo sobre ele. A vida, minha filha, é feita de escolhas.
O

1.3.1. Classificação do aposto


UJ

vocativo
A

De acordo com a relação que estabelece com o termo a


AR

Nessas orações, os termos destacados são vocativos: indicam


que se refere, o aposto pode ser classificado em:
e nomeiam o interlocutor a quem se está dirigindo a palavra.
S
PE

a) explicativo: A Linguística, ciência da linguagem,


Observação: O vocativo pode vir antecedido por interjei-
LO

fornece subsídios importantes para o conhecimento da


ções de apelo, tais como ó, olá, eh! etc.
língua materna.
LA

Ó, mar salgado! Quanto do teu sal são lágri-


b) enumerativo: A vida se compõe de muitas coisas:
U

mas de Portugal.
PA

amor, trabalho e dinheiro.


Olá, prezado cliente! Entramos em contato
NA

c) resumidor ou recapitulativo: Vida digna, cidadania


para apresentar novos produtos.
plena, igualdade de oportunidades, tudo isso está na
4A

base de um país melhor.


1.5. Contrastes entre certas
030

d) comparativo: Seus olhos, misteriosos oceanos, fa-


relações sintáticas
57

zem-me acreditar na vida.


3

Algumas relações sintáticas – de todas que foram vistas nas


53

e) aposto especificador: O poeta Carlos Drummond


últimas aulas – podem criar confusões entre certas análises.
03

de Andrade possui uma extensa obra.


Vamos observar as mais comuns e aprender a diferenciá-las.
JO
AU

Atenção 1.5.1. Adjunto adnominal x Complemento nominal


AR

Para não confundir o aposto especificador com o As confusões entre adjunto adnominal e complemento
S

adjunto adnominal, observe o exemplo: nominal ocorrem em casos pontuais, quando o adjunto é
PE

formado por “locução adjetiva” (elemento que apresenta


LO
LA

26
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
preposição) e se confunde com a preposição exigida pelos § É um termo que compõem o sintagma que forma o
complementos nominais. Vejamos como diferenciar: objeto, portanto, ao substituir esse objeto por um pro-

PA
Adjunto adnominal nome oblíquo, o adjunto também será substituído.

NA
Predicativo do objeto

4A
§ Serão locuções adjetivas que poderão acompanhar
substantivos concretos ou abstratos. § Surge em sentenças com verbos atributivos (julgar, con-

30
siderar, achar, nomear, declarar, entre outros).

70
§ É um termo acessório, não necessário para compreen-

35
são do substantivo. § Não é um termo que compõe o sintagma que forma

53
§ Apresenta comportamento ativo na sentença. o objeto, não ficando junto dele nas substituições por

03
pronomes oblíquos.
§ Pode apresentar valor possessivo.

JO
Complemento nominal Exemplos

AU
§ Complementa, com preposição, o sentido de substan-

AR
tivos abstratos.
Naquele dia, os alunos fizeram uma atividade tranquila.

S
PE
§ É um termo integrante, necessário para complementar
alguns substantivos.

LO
adjunto adnominal
§ Apresenta comportamento passivo na sentença.

A
UL
§ Não apresenta valor possesivo.

PA
Naquele dia, os alunos consideraram a atividade tranquila.
Exemplos
NA
4A

verbo atributivo predicativo do


30

A leitura da obra foi inspiradora. objeto (direto)


70

Como diferenciar?
35

complemento nominal Substitua os complementos (objetos) por pronomes oblíquos.


53
03

Naquele dia, os alunos a fizeram.


O

A leitura do crítico foi certeira


A UJ

“uma atividade tranquila” (tranquila é parte do sin-


AR

adjunto adnominal tagma, portanto, adjunto adnominal).


S

Como diferenciar?
PE

Naquele dia, os alunos a consideraram tranquila.


Observar comportamento passivo x ativo:
LO

Em “A leitura da obra”, a “obra” foi lida, sofre a ação, por-


LA

tanto, complemento nominal. a “atividade” fica separada do adjetivo tranquila (tranqui-


U

la não é parte do sintagma, portanto, predicativo do sujeito).


PA

Em “A leitura do crítico”, o “crítico” leu, ele pratica a ação,


NA

portanto, adjunto adnominal.


4A

1.5.2. Adjunto adnominal x


30

Predicativo do objeto
0
57

As confusões entre adjunto adnominal e predicativo


3
53

do sujeito ocorrem pelo fato de essas duas categorias


03

sintáticas poderem partir de um adjetivo que qualifica um


substantivo que é núcleo de objeto direto. Vejamos as di-
JO

ferenças essenciais:
AU
AR

Adjunto adnominal
S

§ Surge em sentenças que possuem verbos que não são


PE

atributivos (ver os atributivos abaixo).


LO
LA

27
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
PA
DIAGRAMA DE IDEIAS

NA
4A
30
70
35
53
IGUALDADE
SINTAXE

03
JO
AU
AR
PERÍODO SIMPLES

S
PE
LO
A
TERMOS TERMOS TERMOS

UL
ESSENCIAIS INTEGRANTES ACESSÓRIOS

PA • ADJUNTO ADVERBIAL
NA
• ADJUNTO ADNOMINAL
4A

• APOSTO
30

• VOCATIVO
70
35
53
03
O
AUJ
AR
S
PE
LO
LA
U
PA
NA
4A
30
0
357
53
03
JO
AU
AR
S
PE
LO
LA

28
U
PA
A
AN
AN
A
PA
ULA
LO
PE
S
AR
AU
JO
03
53
357
030
4A
NA
PA
ULA
LO
PE
S
AR
AUJ
O
03
53
35
70
30
4A
NA
PA
UL
A
LO
PE
S
AR
AU
JO
03
53
35
70
30
4A
NA
PA
UL
A
LO
PE
S
AR
A
A
AR
S
PE
LO
A
UL
PA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

NA
4A
30
70
35
53
03
JO
AU
AR
O exame do Enem é conhecido por ser essen- No vestibular Fuvest, a interpretação de texto
cialmente interpretativo. Assim, a compreensão acontece de forma mais prática. Muitas vezes liga-

S
semântica é essencial para a leitura de textos da aos textos literários ou críticos, a compreensão

PE
literários e não literários. As aulas presentes neste dos conceitos que balizam a semântica, como a
caderno servirão, portanto, como conhecimento coesão e as intertextualidades, pode ser a chave

LO
crucial às resoluções das questões. para resolver uma questão.

A
UL
PA
NA
Um vestibular crítico. Textos críticos e literários serão Boa parte das questões da frente de linguagem da A prova da Unesp trabalha a interpretação
4A

colocados em discussão, bem como textos comuns Unifesp diz respeito à interpretação. Uma vez que a de texto em paralelo aos textos literários. É
ao cotidiano do estudante. Ter em mente que a interpretação não ocorre isolada, é preciso que o aluno importante estar atento as possíveis intertex-
30

compreensão semântica e a intertextualidade são associe os recursos linguísticos, compreendendo bem tualidades para que o exercício de leitura não
essenciais para uma boa leitura poderá fazer a as variações semânticas e as possíveis intertextualida- seja prejudicado.
70

diferença. des, aos textos que serão apresentados.


35
53
03
O
UJ

Apenas ler não bastará na prova do Einstein. No vestibular em questão, a interpretação É uma prova conceitual. A interpretação de textos De forma geral, o vestibular da Santa Casa equilibra
A

Haja vista que a ideia de aplicar o conheci- de texto pode ser a chave para um bom ocorre de maneira direcionada, focada, sobretudo, bem as frentes da área de Português, de modo que
AR

mento é chave nessa prova, o aluno terá que resultado. Os recursos linguísticos ligados nos recursos linguísticos. Trabalhar de forma atenta, as questões de interpretação se tornam bastante
trabalhar os sentidos de palavras e textos para à produção de textos, como as figuras de lembrando e aplicando os conceitos aprendidos em direcionadas. Não por menos, co conhecimento de
S

a resolução das questões. linguagem, não devem ser esquecidos no aula será fundamental. textos típicos poderá ser um recurso valioso na
PE

momento da leitura. compreensão intertextual da prova.


LO

UFMG
U LA
PA

A prova da UEL alinha a interpretação de texto Foco e atenção. Além de conhecer os recursos O exame CMMG é objetivo. Exige do candidato
NA

às obras literárias que costuma exigir na sua lista linguísticos, sobretudo os recursos basilares, como uma capacidade leitora fundamental, exigindo
obrigatória de leitura. Assim, conhecer de forma as figuras de linguagem, é importante lembrar que dele aptidão em reconhecer os efeitos de sentido
4A

ampla os textos é ampliar o potencial de leitura uma leitura atenta às possíveis intertextualidades e seus modos de operação dentro dos textos.
e compreensão intertextual que o aluno levará pode fazer a diferença.
30

à prova.
0
3 57
53
03
JO

Além do senso crítico apurado, o vestibular da Exame majoritariamente interpretativo, exigirá A interpretação de texto é a chave para resolução
UERJ demandará do candidato conhecimento do aluno conhecimento sobre os recursos da grande maioria das questões. Desse modo, uma
AU

sobre os conceitos fundamentais da interpre- linguísticos fundamentais. Compreender bem leitura atenta e crítica, aliada aos conhecimentos
tação. Saber reconhecer intertextualidades, os sentidos do texto auxiliará o aluno na que serão trabalhados neste caderno, a semântica e
AR

dentro de uma leitura naturalmente crítica e resolução de questões que envolvem textos o intertexto, renderá ao aluno melhores resultados.
avaliativa, poderá ser um grande em variados gêneros, literários
diferencial. ou não.
S
PE
LO
LA
U
PA
A
AN
AN
A
PA
ULA
LO
PE
S
AR
AU
JO
03
53
357
030
4A
NA
PA
ULA
LO
PE
S
AR
AUJ
O
03
53
35
70
30
4A
NA
PA
UL
A
LO
PE
S
AR
AU
JO
03
53
35
70
30
4A
DE TEXTOS
INTERPRETAÇÃO

NA
PA
UL
A
LO

31
PE
S
AR
A
A
AR
S
PE
LO
A
1.3. Paronímia

UL
AULA 9

PA
Paronímia é a relação entre palavras que apresentam for-

NA
mas semelhantes e sentidos diferentes.

4A
§ comprimento (largura) e cumprimento (saudação)

30
§ discriminar (separar) e descriminar (descriminalizar,

70
SEMÂNTICA: ELEMENTOS inocentar)

35
DE ANÁLISE I

53
1.4. Hiperonímia e hiponímia

03
São fenômenos que operam relações de abrangência entre

JO
palavras (palavras que englobam outras ou que são englo-

AU
badas). As palavras que englobam são conhecidas como

AR
hiperônimos; as englobadas, como hipônimos.
COMPETÊNCIAS: 1, 6 e 8

S
PE
1, 2, 3, 4, 18, 19, 20, 21, Exemplos:

LO
HABILIDADES:
22, 23, 24, 25, 26 e 27 Comprei um bacalhau para preparar na semana

A
santa. Esse peixe é bastante salgado. (“Peixe” é

UL
uma palavra mais abrangente, que dá conta de

PA
“bacalhau” e de outros diversos peixes; portan-
1. Semântica – elementos
NA
to, afirma-se que “peixe” é hiperônimo de “ba-
calhau” e que “bacalhau” é hipônimo de peixe).
4A

de análise I Houve um aumento da gasolina. Esse fato deixou


30

A semântica é parte fundamental dos processos interpretati-


70

os brasileiros irritados. (“Fato” é uma palavra que


vos. Trata-se do campo de estudos linguísticos que cuida dos
35

dá conta de aumento da gasolina; portanto, afirma-


significados das palavras e dos textos. A semântica está pre-
53

-se que “fato” é hiperônimo do trecho sublinhado).


sente em praticamente todos os outros campos gramaticais
03

(com exceção dos estudos básicos de fonética e fonologia,


O

ligados à ortografia e à acentuação). Além de sua presença


UJ

em vários segmentos da gramática, a semântica possui seus


A

próprios elementos de análise, que serão estudados a seguir.


AR
S

1.1. Sinonímia
PE
LO

Sinonímia é um fenômeno linguístico que ocorre quando multimídia: livro


duas palavras ou mais apresentam significados idênticos
LA

ou semelhantes.
U

Semântica – Rodolfo Ilari e João Wanderley Geraldi


PA

§ cão = cachorro
Este livro possibilita a alunos e professores entrar em
NA

§ jerimum = abóbora contato com o problema do significado, enfocando di-


4A

A sinonímia tem forte relação com a paráfrase (possi- versas correntes da semântica. O autor parte dos fatos
30

bilidade de se reconstruir uma frase ou texto com outras da língua para analisar frases e expressões do ponto de
0

palavras similares) e auxilia nos processos de coesão vista de sua significação, dentro de correções sintáticas.
57

textual (por meio de sinônimos, evita-se a repetição de


3
53

termos em um texto).
03

1.2. Antonímia
JO
AU

Antonímia ocorre quando as palavras apresentam signifi-


AR

cados opostos.
§ bonito ≠ feio
S
PE

§ alto ≠ baixo
LO
LA

32
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
banco (local onde se senta) e banco (instituição
AULA 10 financeira)

PA
NA
3. Denotação e conotação

4A
30
No campo da semântica temos também os processos de

70
denotação e conotação, fenômenos linguísticos que nos
SEMÂNTICA: ELEMENTOS

35
mostram a amplitude de significação existente em nossa
DE ANÁLISE II

53
língua. O estudo desses processos nos permite perceber

03
o quanto os significados podem variar de acordo com o
interesse dos interlocutores, ganhar novos sentidos, figu-

JO
rados, carregados de valores afetivos ou sociais. Vejamos

AU
alguns exemplos:

AR
COMPETÊNCIAS: 1, 6 e 8 Filho, você tem que comer todo o seu jantar, ou

S
PE
não terá sobremesa.
1, 2, 3, 4, 18, 19, 20, 21,

LO
HABILIDADES:
22, 23, 24, 25, 26 e 27 O piloto fez o adversário comer poeira.

A
Nas frases apresentadas, o verbo comer foi usado com dois

UL
sentidos diferentes. Na primeira, temos comer sendo usado

PA
na sua acepção mais comum, que é “alimentar-se”. Já na
1. Homonímia
NA
segunda, foi empregado para “figurar” a ideia de alguém
4A

A homonímia ocorre quando duas ou mais palavras apre- comendo poeira, ou seja, para transmitir a ideia de que o pi-
loto passou tão rápido pelo adversário que levantou poeira,
30

sentam identidade de sons ou de forma, mas diferentes


e o adversário, que ficou para trás, teria “comido”.
70

significados. As palavras homônimas podem ser:


35

1. Homônimas homófonas heterógrafas: iguais na No primeiro caso, a palavra comer foi usada em seu sentido
53

pronúncia, mas com grafias diferentes. dito literal, próprio, real (sentido padrão da palavra). Quando
03

isso ocorre, temos uma palavra em sentido denotativo. No


Exemplo: segundo exemplo, foi usada em sentido figurado, simbólico,
O
UJ

tentando representar uma situação (alguém comendo poei-


acento (marca gráfica de tonalidade) e assento
A

ra). Nesse caso, temos a palavra em sentido conotativo.


(local para se sentar)
AR

2. Homônimas homógrafas heterófonas: iguais na


3.1. Sentido denotativo
S
PE

escrita, mas com pronúncias diferentes.


Como vimos anteriormente, entende-se por sentido deno-
LO

Exemplo: tativo o sentido primeiro de uma palavra, seu sentido bási-


LA

co, de dicionário. Entender bem o funcionamento do sen-


jogo (substantivo) e jogo (verbo)
U

tido denotativo nos ajudará, mais adiante, a compreender


PA

3. Homônimas homófonas homógrafas (homônimas como são operados alguns processos de interpretação em
NA

perfeitas): iguais na pronúncia e na escrita. gêneros textuais do português, como os textos científicos,
4A

os jornalísticos, que têm como objetivo transmitir informa-


Exemplo: ções exatas e precisas ao leitor. A linguagem denotativa
30

requer objetividade e clareza no que se refere ao discurso,


0

rio (substantivo) e (eu) rio (verbo)


57

portanto é isenta de múltiplas interpretações.


3
53

2. Polissemia 3.2. Sentido conotativo


03

A polissemia é a propriedade de uma palavra apresentar O sentido conotativo explora os múltiplos significados que
JO

vários sentidos que só se explicam dentro de um contexto. uma palavra pode ter. Em um texto conotativo, não importa
AU

muito o sentido primeiro da palavra, e sim a sua capacidade


AR

Exemplos: de “sugerir” interpretações variadas. Os gêneros que habi-


S

natureza (meio ambiente) e natureza (essência tualmente usam a linguagem conotativa são os literários
PE

de algo) (prosa, poesia, crônica, entre outros) e as canções. Podemos


LO
LA

33
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
também encontrar essa linguagem em outros tipos de gêne- Exemplos:
ro, dependendo das intenções do autor. Normalmente são

PA
O pai falou com o filho caído no chão. (Quem
textos de natureza mais complexa, que exigem um trabalho
está caído no chão? Pode ser o pai ou o filho.)

NA
de leitura mais profundo, para que se possa apreender o que

4A
o autor quis expressar nas entrelinhas da mensagem. É ne- Eu li a notícia sobre a greve na faculdade. (A gre-
cessário um conhecimento amplo de vocabulário. ve é na faculdade ou fora dela?)

30
70
O Papa abençoou os fiéis da janela. (Não é pos-

35
4. Ambiguidade sível determinar a posição do Papa; ele pode es-

53
tar na janela mandando bênçãos para os fiéis,

03
O problema da ambiguidade interfere diretamente nas ou pode estar na rua mandando bênçãos para
possibilidades de interpretação de textos. Isso porque a aqueles que estão na janela.)

JO
ambiguidade faz com que uma palavra ou frase possua

AU
mais de um direcionamento de sentido, provocando equí-

AR
vocos na interpretação. Temos dois tipos de ambiguidade:
a lexical e a sintática.

S
PE
LO
4.1. Ambiguidade lexical

A
A ambiguidade lexical ocorre em alguma composição

UL
linguística quando uma palavra aponta para mais de um

PA
sentido diferente. É um tipo de ambiguidade que estabe- NA
lece relações diretas com o fenômeno da polissemia e da
4A

homonímia. Vejamos o exemplo a seguir, retirado de uma


canção de Chico Buarque:
30
70

“O homem sério que contava dinheiro, parou,


35

O faroleiro que contava vantagem, parou,


53
03

A namorada que contava as estrelas, parou


Para ver, ouvir e dar passagem.”
O
UJ

(Chico Buarque. A Banda)


A
AR

Nessa canção percebemos que o compositor brinca com as


acepções de sentido existentes na palavra “contar”, cujo
S
PE

significado pode ser o ato de enumerar (contar dinheiro e


contar estrelas) e também o de “narrar” (contar vantagem).
LO

Nesse caso, há duplo entendimento de um mesmo termo


LA

que vem colocado sequencialmente nos versos da canção.


U

De qualquer modo, não é dos fenômenos mais complexos


PA

que temos na língua portuguesa. Havendo domínio razoável


NA

do léxico, é possível identificar ambiguidades de cunho lexi-


cal, que podem ser desfeitas com uma simples substituição
4A

da palavra problemática.
030
57

4.2. Ambiguidade sintática (ou estrutural)


3
53

A ambiguidade sintática existe quando uma construção


03

frasal apresenta dois caminhos interpretativos diferentes.


Ocorre mesmo quando a frase apresenta as corretas co-
JO

locações de seus elementos constitutivos (sujeito, verbo,


AU

complementos e adjuntos). Em alguns casos é de comple-


AR

xa identificação, exigindo bom conhecimento semântico e


S

algumas estratégias interpretativas. Pode ser desfeita por


PE

meio da reorganização das estruturas sintáticas.


LO
LA

34
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
solta serpentina). Os dois estímulos juntos contribuem
AULA 11 para a compreensão global do anúncio. É interessante no-

PA
tar que, em se tratando de pessoas que residam no Brasil,

NA
um anúncio como o apresentado poderia até dispensar

4A
explicações a respeito do feriado abordado na propaganda
(uma vez que o chuveiro é associado à serpentina, e costu-

30
mamos associar serpentinas ao carnaval).

70
SEMÂNTICA: RECURSOS

35
PARA INTERPRETAÇÃO 1.1.1. As afirmações (e negações) nos textos

53
03
Um dos segredos para uma interpretação de textos bem-

JO
-sucedida consiste em estar atento àquilo que se afirma (ou

AU
não se afirma) dentro de um texto. Uma vez que se afirma
um dado, ele deve ser notado e anotado pelo leitor como

AR
COMPETÊNCIAS: 1, 6 e 8 base de argumentação até o fim do texto (ou até que o autor

S
do texto, por acaso, em outro momento, negue ou reveja a

PE
1, 2, 3, 4, 18, 19, 20, 21, afirmação anteriormente realizada).

LO
HABILIDADES:
22, 23, 24, 25, 26 e 27
Outro ponto importante é ser capaz de perceber que em um

A
UL
texto nem tudo são certezas (positivas ou negativas). Um
texto pode mobilizar dúvidas, incertezas ou incompletudes.

PA
Desse modo, o aluno deve saber diferenciar articulações lin-
1. Conceitos básicos para
NA
guísticas que denotem afirmações/negações (certezas) de
4A

interpretação de textos outros que não o façam. Vejamos algumas dicas importantes:
30

Algumas estruturas usadas para denotar fatos certos:


70

1.1. Linguagens verbal e não verbal § Verbos no presente simples do indicativo (fato que
35

está ocorrendo no momento em que se fala);


53

Entende-se por linguagem verbal aquela que explora o


03

uso da escrita ou da fala na comunicação (pensando em § Verbos no pretérito perfeito do indicativo (fato pas-
vestibulares, haverá proeminência da escrita); já a lingua- sado concluído);
O
UJ

gem não verbal é aquela que explora o uso de elemen- § Verbos no pretérito mais-que-perfeito do indicativo
A

tos imagéticos (figuras, fotografias, símbolos, pinturas, es- (podem, em alguns casos, indicar fato passado concluí-
AR

culturas), sonoros (tom de voz, ruídos, música) ou gestuais do sobre outro fato passado tam­bém concluído);
(posturas corporais, mímicas).
S
PE

§ Verbos no futuro simples do indicativo (fato poste-


As linguagens verbal e não verbal podem ser utilizadas rior certo);
LO

separadamente ou, como dizem alguns linguistas, de ma-


§ Algumas estruturas de predicativo do sujeito (é cer-
LA

neira mista (um estímulo que se valha tanto da linguagem


to; é evidente; não é adequado; está equivocado; não
U

verbal, quanto da não verbal). Vejamos um exemplo:


PA

está sendo bem executado).


NA

Algumas estruturas usadas para denotar fatos incertos, du-


4A

vidosos ou hipotéticos:
30

§ Verbos no modo subjuntivo, como um todo (presente,


0

passado ou futuro hipotéticos);


357

§ Verbos no pretérito imperfeito do indicativo (fato pas-


53

sado não concluído que também pode indicar suspen-


03

são ou alteração de um evento);


JO

§ Verbos no futuro do pretérito do indicativo (pode ser usa-


AU

do para demarcar incertezas, dúvidas ou fatos hipotéticos);


AR

O anúncio publicitário apresentado acima mobiliza a lin- § Termos ou expressões partitivas (elementos como “apro-
S

guagem verbal (explorando principalmente o termo “pro- ximadamente”, “cerca de”, “perto de”, “mais ou me-
PE

longado”) e a não verbal (apresentando um chuveiro que nos”, entre outros, podem demarcar incertezas).
LO
LA

35
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
Exemplo 1

PA
Brasil: o país que menos valoriza o professor

NA
Segundo a pesquisa da instituição beneficente de ensino global Varkey Foundation,

4A
divulgada nesta quarta-feira (07), o Brasil é o país que mais desvaloriza o pro-

30
Estrutura de predicativo:
fessor entre as 35 nações avaliadas. informação afirmativa

70
O Índice Global de Status de Professores teve sua estreia em 2013 e também mos-

35
trava uma posição desconfortável do Brasil: penúltimo lugar. Desta vez, está

53
Verbo no pretérito
em último.

03
imperfeito: suspensão
de um evento
As informações são baseadas em análises de opinião realizadas pelo Insti-

JO
tuto Nacional de Pesquisa Econômica e Social da Inglaterra (National Insti-

AU
Estrutura de predicativo:
tute of Economic and Social Research) com mais de 35 mil adultos na faixa etária dos informação afirmativa

AR
16 aos 64 anos e mais de 5.500 professores ativos em 35 países.

S
A pesquisa mostra que 9 em cada 10 brasileiros acreditam que não há

PE
Verbo no presente:
respeito por parte dos alunos aos seus professores. É o menor número entre evento em andamento

LO
os 35 países pesquisados. Outro tema apresentado foi a carga horária semanal

A
dos profissionais em sala de aula, onde a pesquisa aponta o desconhecimen- Verbo no pretérito

UL
to do público em relação ao tempo gasto pelos mestres. De acordo com o índice, os perfeito: evento já encerrado

PA
professores brasileiros têm uma carga horária semanal muito maior do que se pen- NA
sa – 47,7 horas semanais, enquanto o brasileiro julga ser 39,2 horas no período.
4A

Fonte: <https://veja.abril.com.br/educacao/brasil-o-pais-que-menos-valoriza-o-professor/>.
30

Exemplo 2
70
35

Bem-sucedido, acordo ortográfico completa 10 anos e espera por ajustes


53
03

É uma história de encontros e desencontros que tem Brasil e Portugal


como protagonistas. Estrutura de predicativo:
O

informação afirmativa
UJ

O país europeu e as nações lusófonas da África seguiam o acordo ortográfico


A

de 1945. Por aqui, porém, valia o sistema estabelecido em 1943.


AR

Verbos no pretérito
imperfeito: suspensão
Não existiam diferenças muito expressivas entre uma e outra orto-
S

de um evento
PE

grafia, mas as distinções emperravam a difusão internacional do idioma, entre


LO

outros obstáculos.
LA

As discussões para a unificação começaram efetivamente em meados dos Verbo no pretérito


U

anos 1960, mas só resultaram em consenso depois de mais de duas décadas. perfeito: evento já encerrado
PA

Em 1990, os países lusófonos se reuniram em Lisboa para, enfim, aprovar o novo


NA

acordo ortográfico.
4A

Fonte: <www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/01/bem-sucedido-acordo-
ortografico-completa-10-anos-e-espera-por-ajustes.shtml>.
0 30

Exemplo 3
57
3
53

Dois jogadores da seleção no álbum da Copa não foram chamados por Tite
03

Dos 18 jogadores que aparecem nas páginas da seleção brasileira no álbum oficial da
JO

Copa do Mundo, dois não apareceram na convocação final de Tite, anunciada


AU

Verbo no pretérito
nesta segunda: Daniel Alves e Giuliano.
perfeito: evento já encerrado
AR

O lateral-direito do Paris Saint-Germain sofreu uma lesão no joelho na final da Copa


S

da França, na terça-feira passada, e foi cortado do Mundial logo após exames


PE

do médico da seleção, Rodrigo Lasmar. Se estivesse saúdavel, Daniel Alves era


LO
LA

36
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
nome certo na convocação, seria titular da equipe de Tite e era cotado como Verbo no futuro do
um dos candidatos a carregar a braçadeira de capitão.

PA
pretérito: evento hipotético

Já Giuliano disputava posição no meio campo e acabou sendo preterido. Ele já

NA
jogou 14 vezes pela seleção e chegou a ser titular em um amistoso no ano passado, Verbo no pretérito

4A
mas acabou perdendo espaço. imperfeito: suspensão

30
de um evento
Fonte: <https://oglobo.globo.com/esportes/dois-jogadores-da-selecao-no-

70
album-da-copa-nao-foram-chamados-por-tite-22681498>.

35
53
03
1.1.2. Atenção aos títulos, Exemplo:

JO
datações e fontes em textos

AU
AR
Outros fatores a que se deve estar atento no momento de
interpretar os textos são os seguintes:

S
PE
Título

LO
É a palavra, expressão ou enunciado que irá iniciar o tex-

A
UL
to. Por esse motivo comporta as bases semânticas que

PA
irão conduzir suas ideias mais gerais. Em alguns casos, a
compreensão do título também só será completa com a
NA
leitura do texto.
4A
30

Exemplo:
70

O yuan cai – na nossa cabeça


35

Tiradentes esquartejado. Pedro Américo. Óleo sobre tela (1893)


53

Assim que a China anunciou, no dia 11 [11.08.2015],


Reparem que o quadro foi feito no ano de 1893, final do
03

que permitira uma queda de 1,9% no valor de sua moe-


século XIX. No entanto, o evento por ele abordado refe-
da, o yuan, Bolsas e moedas de outros países desabaram.
O

re-se ao episódio histórico da Inconfidência Mineira, que


UJ

Foi a maior desvalorização cambial na China desde 1994.


ocorreu pouco mais de 100 anos antes (1789), no final do
Ao baratear sua moeda e, como consequência, seus sa-
A

século XVIII. Desse modo é preciso estar atento ao que se


AR

lários e seus produtos, os chineses impulsionaram suas


pede no enunciado da questão: se for uma avaliação da es-
exportações. Mas dificultam a vida da concorrência e a
S

tética do quadro, nos apegaremos à data de sua produção;


PE

recuperação econômica em outros países. Entre esses so-


se for uma referência a fato histórico, devemos retomar os
LO

fredores, está o Brasil.


conhecimentos sobre o episódio da Inconfidência.
LA

O Brasil já vinha sentindo um baque duplo: a China em desa-


U

celeração consome menos de nossa soja e de nosso minério Fontes


PA

de ferro, e os preços desses produtos no mercado interna-


As fontes bibliográficas de textos (que costumam aparecer
NA

cional estão em baixa. O Brasil normalmente vende para a


logo abaixo dos fragmentos) nos dão importantes direcio-
China mais do que compra.
4A

namentos a respeito dos assuntos ali tratados.


(Época, 17.08.2015)
30

Exemplo:
0

É possível notar que o título do texto nos transmite uma


57

ideia dupla de que a moeda chinesa, o yuan, cai enquanto Nós cantaremos as grandes multidões movimentadas pelo
3
53

desvalorização financeira, mas também cai sobre a “cabe- trabalho, pelo prazer ou pela revolta; as marés multicolori-
03

ça” de outros países, uma vez que a referida desvalorização das e polifônicas das revoluções nas capitais modernas; a
prejudica aqueles com quem a China estabelece relações. vibração noturna dos arsenais e dos estaleiros sob suas luas
JO

elétricas; as estações glutonas comedoras de serpentes que


AU

Datações fumam; as usinas suspensas nas nuvens pelos barbantes de


AR

As datas de publicações de textos ou de obras artísti- suas fumaças; os navios aventureiros farejando o horizonte;
S

cas ajudam a direcionar adequadamente os processos as locomotivas de grande peito, que escoucinham os trilhos,
PE

interpretativos. como enormes cavalos de aço freados por longos tubos, e o


LO
LA

37
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
voo deslizante dos aeroplanos, cuja hélice tem os estalos da (algo que depende muito mais da forma como uma pessoa
bandeira e os aplausos da multidão entusiasta. em particular entende aquele texto). No entanto, conforme

PA
Fonte: (Apud Gilberto Mendonça Teles. Vanguarda europeia estudamos a interpretação de textos de modo mais detido,

NA
e modernismo brasileiro, 1992. Adaptado.)
vemos que ela opera de modo mais objetivo do que costu-

4A
Tendo em vista que o livro de onde o fragmento foi retirado mamos crer. Existem algumas instâncias para nos apegar-

30
se chama Vanguarda europeia e modernismo brasileiro, é mos no momento em que realizamos a leitura dos textos.

70
possível deduzirmos que o fragmento é parte de algum texto Vejamos quais são:

35
vanguardista, possivelmente um manifesto. Outros conheci-

53
mentos acumulados nos permitirão fazer outras inferências I. As teorias de comunicação

03
(há no texto várias referências e elogios à modernidade, o
que pode permitir a um aluno com mais repertório inferir que As teorias de comunicação são uma série de estudos sobre

JO
se trata de um trecho do manifesto futurista, por exemplo). a Comunicação Social, podendo englobar estudos linguís-

AU
ticos, filosofia, sociologia e psicologia, dependendo do tipo

AR
1.1.3. Repertório e conhecimento de mundo de abordagem e da área que está sendo estudada.

S
Os processos interpretativos muitas vezes dependem de

PE
II. Os gêneros textuais
que o leitor possua determinados conhecimentos prévios

LO
(de sua vivência no mundo) para que consiga fazer as de- Gênero textual é o nome dado a diferentes formas de lin-

A
vidas inferências sobre o texto. guagem que são empregadas nos textos. O estudo envolve

UL
tipos de texto formais ou informais. No decorrer de nosso
O aumento de repertório é algo que depende de muitos fa-

PA
tores, como acúmulo de informações em aulas, acúmulo de curso, conheceremos os gêneros que mais frequentemente
NA
leituras variadas, entre outras informações adquiridas em aparecem em vestibulares (por exemplo, os textos publici-
tários, os textos de divulgação científica, os textos jornalís-
4A

nossa vivência desde a infância. Observe a tirinha a seguir:


ticos, os quadrinhos, as fotografias, entre outros).
30
70

III. Os gêneros literários


35
53

Gênero literário é o nome dado a diferentes formas de lin-


03

guagem que são empregadas especificamente em textos


(Hagar, o horrível – Dik Browne) literários. No decorrer de nosso curso, conheceremos deta-
O
UJ

Na tirinha de Hagar, o efeito de humor só se concretiza se o lhes sobre particularidades de textos em prosa (romance,
A

leitor possuir a referência a respeito da antiga prática de se conto, novela), textos em verso (poesia, poemas em prosa,
AR

“contar carneirinhos” mentalmente, quando não se con- epopeias) e textos mistos (crônicas).
S

segue dormir. Essa referência não é explicada na tirinha. O


PE

leitor deve possuir esse conhecimento em seu repertório. IV. Comandos (verbais) de interpretação
LO

Muitos vestibulares utilizam comandos verbais para indicar


LA

ao leitor o caminho interpretativo a ser seguido em de-


U

terminado exercício. A seguir, conheceremos quais são os


PA

mais utilizados nos principais vestibulares do país, como


NA

Enem, Unicamp, Fuvest, Unesp e Uerj. Mais adiante, nas


4A

(Níquel Náusea – Fernando Gonsales) aulas de semântica, estudaremos esses processos de modo
30

mais detalhado.
Na tirinha apresentada, o efeito de humor também depende de
0
57

conhecimentos prévios a respeito da clássica fábula do escritor Comandos


3

grego Esopo (posteriormente recontada pelo francês Jean de


53

La Fontaine) A cigarra e a formiga. Essa fábula nos dá referên- Analisar Associar


03

cias não apenas sobre o embate entre os seres como também Relacionar/dialogar Substituir
JO

ao fato de a cigarra ser uma grande cantora/musicista. Citar Identificar


AU

Inferir Explicitar
1.2. Os comandos de interpretação
AR

Comparar Reconhecer
S

É muito comum que as pessoas acreditem que os processos Explicar Contextualizar


PE

de análise interpretativa sejam algo meramente subjetivo


LO
LA

38
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
§ Analisar: é o ato de averiguar, estudar ou explorar Informação
alguma coisa de maneira minuciosa, com riqueza de

PA
Pressupostos
detalhes: só aceitará a proposta depois de analisar

NA
as possibilidades. Comentar criticamente; subjugar ou Argumentos
Localização

4A
criticar. Fazer uma apreciação ou julgamento de algo, Causas

30
alguém ou de si mesmo: antes de falar do outro, você Consequências

70
precisa se analisar. Referenciais

35
§ Relacionar/dialogar/comparar: é necessário co-

53
nectar informa­ções de matrizes distintas dentro de § Informação: recuperar informações pontuais do texto.

03
um texto, ou mes­mo verificar como as informações § Pressupostos: recuperar informações subentendidas

JO
de um texto “conver­sam” com informações contidas no texto.

AU
em alternativas.
§ Argumentos: localizar pontos de vista defendidos

AR
§ Citar: é o ato de reportar-se a um texto ou às palavras pelo produtor do texto.
de alguém com o intuito de fundamentar aquilo que

S
§ Causas: localizar argumentos causais (porquês) que

PE
se diz, ou mesmo para informar ou notificar alguém a
levam a certas consequências.

LO
respeito de algo.
§ Consequências: localizar fatos no texto que desenca-

A
§ Inferir: é o ato de deduzir fatos ou raciocínios partindo

UL
de indícios previamente apresentados. deiam outros efeitos.

PA
§ Explicar: é o ato de fazer com que algo fique claro e § Referenciais: localizar informações cuja referencia
NA
compreensível; descomplicar uma ambiguidade. parte de recursos pronominais.
4A

§ Associar: é o ato de aproximar coisas, uni-las, juntá-las, Sinonímia/antonímia


30

reunir, ou mesmo determinar combinações entre elas. Contextos


Significação
70

§ Substituir: é o ato de usar uma coisa no lugar de ou-


Valores sociais, culturais
35

tra, ou mesmo trocar/colocar algo ou alguém no lugar e políticos


53

de outra coisa ou pessoa. Referenciais


03

§ Identificar: é o ato de distinguir ou ter a capaci- § Sinonímia e antonímia: mobilizar repertório com pa-
O
UJ

dade de reconhecer (alguém, alguma coisa ou um lavras de significação igual ou oposta.


A

argumento), sendo capaz de expressar ou evidenciar


§ Contexto: compreender a manipulação de espaços ou
AR

suas particularidades.
situações em um texto.
S

§ Explicitar: é o ato de retirar a ambiguidade, retirar


PE

§ Valores sociais, culturais e políticos: compreender


o duplo sentido, de fazer com que algo se torne ex-
LO

a manipulação de parâmetros ideológicos em textos.


plícito e claro.
LA

§ Referenciais: compreender a significação de certas in-


§ Reconhecer: é o ato de observar um elemento verbal
U

formações em locais determinados do texto.


PA

ou não verbal a fim de distinguir algum detalhe através


de certos caracteres. Ideias
NA

§ Contextualizar: é o ato de mostrar as circunstân-


Argumentos
Relação
4A

cias que estão ao redor de um fato, acontecimen- Fatos


30

to, situação. Entender ou interpretar algo tendo em Informações


0
57

conta as circunstâncias que o rodeiam, colocando


§ Ideias: encontrar um significado geral para a combina-
3

num contexto.
53

ção de ideias presentes em um texto.


03

V. Outros comandos de interpretação § Argumentos: encontrar um significado geral para a


JO

defesa de pontos de vista presentes em um texto.


(que não partem de verbos)
AU

A seguir, veremos outros comandos para interpretação § Fatos: encontrar um significado geral para a combi-
AR

frequentemente utilizados em questões (também serão nação de acontecimentos presentes em um texto.


S

comandos que trabalharemos com mais detalhes nas au- § Informações: encontrar um significado geral para os
PE

las de semântica). dados presentes em um texto.


LO
LA

39
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
3. Constituição de repertório: lidar com intertextuali-
AULA 12 dade depende de um acúmulo de informações a respeito

PA
de diversos gêneros textuais existentes. Textos publicitários,

NA
jornalísticos, em prosa, em verso, crônicas, quadrinhos, car-

4A
tuns; todos esses são exemplos de gêneros que habitual-
mente são conjugados (trabalhados juntos) em questões

30
de vestibular. Quanto mais conhecemos as particularidades

70
SEMÂNTICA:

35
desses textos, melhor saberemos lidar com eles em proces-
INTERTEXTUALIDADES

53
sos que exigem comparações.

03
4. Aprender a relacionar dados: a intertextualidade

JO
vem sendo trabalhada de maneira cada vez mais frequente
nos vestibulares, por meio da comparação/relacionamento

AU
entre tipos e códigos linguísticos; além disso, há a exigência

AR
COMPETÊNCIAS: 1, 6 e 8 de que os candidatos saibam conectar informações condi-

S
zentes a autores/escolas literárias com dados históricos.

PE
1, 2, 3, 4, 18, 19, 20, 21,

LO
HABILIDADES:
22, 23, 24, 25, 26 e 27 1.1. Tipos de intertextualidade

A
UL
Há alguns eventos linguísticos que são oriundos do proces-

PA
so de intertextualidade. Vejamos quais são:

1. Intertextualidade a) Alusão ou referência: a alusão consiste no não apon-


NA
tamento direto do fato em questão. Este é apenas sugerido
4A

A definição de texto é bastante complexa. Até mesmo


por meio de referências simples ou de características se-
30

aqueles que lidam constantemente com esse objeto têm


cundárias/metafóricas.
70

dificuldades em elaborar uma boa definição. Grosso modo,


b) Citação: trata-se de uma transcrição de texto alheio,
35

podemos dizer que um texto consiste em qualquer mani-


que marcamos com aspas e geralmente com o nome do
53

festação da capacidade textual de um ser humano, como


autor desse. A citação é um fragmento transcrito perten-
03

romances, poemas, crônicas, notícias, manuais; engloban-


do aí, também, músicas, esculturas, pinturas, filmes, pois cente a outro autor.
O

estes últimos são entendidos como manifestações comuni-


UJ

c) Epígrafe: trata-se de um pequeno trecho retirado de


cativas realizadas através de signos linguísticos.
A

qualquer parte de outra obra, o qual é utilizado como “mar-


AR

A partir dessa ideia, temos também a possibilidade de traba- ca introdutória” de outra obra, guardando com ela alguma
S

lhar com variedades de “encontros” textuais. A esse proces- relação mais ou menos oculta.
PE

so damos o nome de intertextualidade.


d) Paráfrase: consiste num processo em que o autor re-
LO

De maneira mais abrangente, podemos dizer que a intertex- cria, com seus próprios recursos, um texto já existente, reme-
LA

tualidade trabalha com superposições de textos sobre outros, morando a mensagem original.
U

na qual há relações de influência realizada por um texto e,


PA

e) Paródia: trata-se de uma forma de apropriação que, ao


consequentemente, sua atualização pela nova composição.
invés de ratificar o modelo retomado, rompe com ele, sutil
NA

A identificação da intertextualidade pressupõe um repertório


textual, ou um “conhecimento de mundo”. ou abertamente. A paródia, na maioria dos casos, perverte o
4A

texto anterior, tendo como objetivo a sátira ou crítica irônica.


Os objetivos principais do trabalho com a intertextualidade
30

consistem em: f) Pastiche: trata-se de uma obra literária ou artística, na


0
57

qual se imita abertamente o estilo de outros escritores, pin-


1. Compreensão de elementos estruturais: o trabalho
3

tores, músicos, etc.


53

seguro com a intertextualidade depende da compreensão


03

do funcionamento de certos elementos estruturais do texto,


como sua organização temática (a ordem em que estão dis- 1.2. Caracterização da intertextualidade
JO

postos os acontecimentos) e linguística (as estruturas linguís-


AU

ticas usadas; se há, por exemplo, alguma recorrente). 1.2.1. Intertextualidade temática
AR

2. Compreensão de elementos ideológicos: é necessá- É aquela em que o trabalho intertextual recai sobre o tema
S

rio também que se identifiquem no texto elementos ideológi- das obras com a intenção básica de retomar algumas ideias
PE

cos relacionados à cultura, à sociedade e também à história. do texto citado, ou rivalizar com ele. Vejamos um exemplo:
LO
LA

40
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
Quadrilha murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma
criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.

PA
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili Macunaíma (Mário de Andrade)

NA
que não amava ninguém.
§ O parágrafo introdutório de Macunaíma, de Mário de An-

4A
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, drade, retoma elementos estruturais e referenciais de Irace-

30
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes ma, de José de Alencar, como às referências ao nascimento

70
que não tinha entrado na história da personagem principal em lugar longínquo ou mesmo as

35
(Carlos Drummond de Andrade) retomadas das ideias de mata e virgindade.

53
03
Flor da idade
A gente faz hora, faz fila na vila do meio dia

JO
Pra ver Maria

AU
A gente almoça e só se coça e se roça e só se vicia

AR
A porta dela não tem tramela
A janela é sem gelosia

S
Nem desconfia

PE
Ai, a primeira festa, a primeira fresta, o primeiro amor

LO
Na hora certa, a casa aberta, o pijama aberto, a família

A
A armadilha

UL
A mesa posta de peixe, deixe um cheirinho da sua filha

PA
Ela vive parada no sucesso do rádio de pilha
Que maravilha
NA
Ai, o primeiro copo, o primeiro corpo, o primeiro amor
4A

Vê passar ela, como dança, balança, avança e recua


30

A gente sua
A roupa suja da cuja se lava no meio da rua
70

Despudorada, dada, à danada agrada andar seminua


35

E continua
53

Ai, a primeira dama, o primeiro drama, o primeiro amor


03

Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que
O

amava Paulo que amava Juca que amava Dora que amava
UJ

Carlos amava Dora que amava Rita que amava Dito que
A

amava Rita que amava Dito que amava Rita que amava
AR

Carlos amava Dora que amava Pedro que amava tanto que
amava a filha que amava Carlos que amava Dora que ama-
S
PE

va toda a quadrilha
LO

(Chico Buarque)
LA

1.2.2. Intertextualidade estrutural


U
PA

É o jogo intertextual que ocorre no interior das estruturas


NA

de um texto, podendo atingir a forma de um poema ou a


4A

organização de tipos textuais. Vejamos um exemplo:


30

Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizon-


0

te, nasceu Iracema.


57

Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos


3
53

mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe
03

de palmeira.
JO

O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha
recendia no bosque como seu hálito perfumado.
AU

Iracema (José de Alencar)


AR

No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nos-


S

sa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve


PE

um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o


LO
LA

41
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
b) Indireto – No discurso indireto, o narrador em 3ª pes-
AULA 13 soa (externo à história) reproduz as falas de todos os per-

PA
sonagens com as suas próprias pala¬vras, colocando-se na

NA
condição de intermediário frente à ocorrência.

4A
Exemplos

30
70
TEXTOS EM PROSA: O estudante afirmara que precisava dedicar mais

35
tempo àquele tema.
TIPOS DE DISCURSO

53
O gerente tinha gritado que ninguém ali seria

03
promovido.

JO
Podemos notar que nos exemplos apresentados os nossos

AU
personagens “estudante” e “gerente”, que haviam falado

AR
diretamente nos exemplos de discurso direto, agora tive-
COMPETÊNCIAS: 1, 6 e 8

S
ram suas falas “monopolizadas” e colocadas em cena pelo

PE
1, 2, 3, 4, 18, 19, 20, 21, narrador em 3ª pessoa (falas não foram colocadas direta-

LO
HABILIDADES:
22, 23, 24, 25, 26 e 27 mente, mas de modo indireto). Na estrutura de discurso

A
indireto, percebemos algumas estruturas frequentes como

UL
conjunções integrantes (nos exemplos, vemos a conjunção

PA
integrante “que” que é substituível pelo pronome “isso”)
1. Discursos também surgem os verbos de elocução.
NA
4A

O tópico de Discursos é um dos mais frequentemente cobra- c) Indireto-livre – No discurso indireto-livre, as formas
direta e indireta se fundem por meio de um processo em
30

dos hoje em provas de vestibular. Trata-se de uma avaliação


as falas ou os pensamentos do personagem (1ª pessoa)
70

que é feita, em geral, sobre textos narrativos e consiste na


são inseridas entre as falas do narrador de 3ª pessoa. Não
35

verificação das estruturas textuais e sintáticas usadas por um


existe nenhum tipo de “aviso prévio” dado pelo narrador
53

escritor no momento em que ele opta por utilizar algum dos


03

três tipos de discurso mais tradicionais, que são os seguintes: a respeito das entradas de fala ou pensamento das per-
sonagens. Em geral, é possível distinguir os discursos por
O

a) Direto – No discurso direto, os diálogos são retratados


conta de alguns sinais de pontuação que acompanham as
UJ

sem a interferência do narrador; trata¬-se de uma trans-


colocações em 1ª pessoa.
A

crição fiel da fala dos personagens (em 1ªpessoa) e, para


AR

introduzi-las, o narrador utiliza alguns sinais de pontuação,


Exemplos
S

aliados ao emprego de alguns verbos de elocução (dizer,


PE

perguntar, responder, indagar, exclamar, ordenar etc.). Ve- Afinal para que serviam os soldados ama-
LO

jamos alguns exemplos: relos? Deu um pontapé na parede, gritou enfure-


LA

cido. Para que serviam os soldados amare-


los? Os outros presos remexeram-se, o carcereiro
U

Exemplos
PA

chegou à grade, e Fabiano acalmou-se...


O estudante afirmou:
NA

(Graciliano Ramos, Vidas secas).


- Preciso dedicar mais tempo a esse tema.
4A

Era possível; trezentos mesmo não havia que ad-


O gerente gritou: “Ninguém aqui será promovido!” mirar. Trezentos contos! Trezentos! E o Rubião
30

tinha ímpetos de dançar na rua. Depois aquietava-


0

Podemos notar que nos exemplos apresentados existe


57

uma espécie de “autorização prévia” por parte do narra- -se; duzentos que fossem, ou cem, era um sonho
3

que Deus Nosso Senhor lhe dava, mas um sonho


53

dor para que a fala de uma personagem seja reproduzida


comprido, para não acabar mais.
03

diretamente no texto (daí, discurso direto). Nesse tipo de


estrutura, serão comuns sinais de pontuação que possam (Machado de Assis, Quincas Borba).
JO

indicar a transição discursiva e a fala da personagem (dois- Podemos notar que nos exemplos acima, temos narrativas
AU

-pontos, travessões ou aspas), além dos verbos dicendi conduzidas por um narrador em 3ª pessoa (podemos notar
AR

(também conhecidos como verbos de elocução), que são pelas desinências verbais em 3ª pessoa do singular, que in-
S

verbos que autorizam entradas enunciativas (falar, dizer, dicam que o narrador trata o personagem como um “ele”).
PE

afirmar, exclamar, perguntar, responder, gritar etc.) No entanto, há certos momentos (destacados acima, em
LO
LA

42
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
negrito) em que adentram, sem aviso prévio as falas ou Pretérito perfeito do indicativo no discurso direto
pensamentos das personagens. É possível notar que elas passa para pretérito mais-que-perfeito do indica-

PA
são acompanhadas de sinais de pontuação (exclamações tivo no discurso indireto.

NA
e interrogações).
Futuro do presente do indicativo no discurso direto

4A
passa para futuro do pretérito do indicativo no discur-

30
2. Regras para passagem so indireto.

70
do discurso direto para Presente do subjuntivo no discurso direto passa para

35
pretérito imperfeito do subjuntivo no discurso indireto.

53
discurso indireto

03
Futuro do subjuntivo no discurso direto passa para pre-
térito imperfeito do subjuntivo no discurso indireto.

JO
2.1. Mudança das pessoas do discurso:

AU
AR
Os pronomes eu, me, mim, comigo no discurso direto
passa para ele, ela, se, si, consigo, o, a, lhe no dis-

S
PE
curso indireto.

LO
Os pronomes meu, meus, minha, minhas, nosso, nos-
sos, nossa, nossas no discurso direto passam para seu,

A
UL
seus, sua e suas no discurso indireto.

PA
Os pronomes nós, nos, conosco no discurso direto pas- NA
sam para eles, elas, os, as, lhes no discurso indireto.
4A

A 1.ª pessoa no discurso direto passa para a 3.ª pessoa


30

no discurso indireto.
70
35

2.2. Mudança na pontuação das frases:


53

Frases interrogativas, exclamativas e imperativas


03

no discurso direto passam para frases declarativas no


O

discurso indireto.
AUJ

2.3. Mudança dos advérbios


AR

e adjuntos adverbiais:
S
PE

Este, esta e isto no discurso direto passam para aquele,


LO

aquela, aquilo no discurso indireto.


LA

Amanhã no discurso direto passa para no dia seguinte


U
PA

no discurso indireto.
NA

Ontem no discurso direto passa para no dia anterior no


discurso indireto.
4A

Hoje e agora no discurso direto passam para naquele


30

dia e naquele momento no discurso indireto.


0
57

Aqui, aí, cá no discurso direto passam para ali e lá no


3
53

discurso indireto.
03

2.4. Mudança de tempos verbais:


JO
AU

Imperativo no discurso direto passa para pretérito im-


AR

perfeito do subjuntivo no discurso indireto.


S

Presente do indicativo no discurso direto passa para


PE

pretérito imperfeito do indicativo no discurso indireto.


LO
LA

43
U
PA
A
AN
A
AR
S
PE
LO
A
UL
PA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

NA
4A
30
70
35
53
03
JO
AU
AR
A prova do ENEM exige que o aluno tenha A maior parte das questões de literatura dessa
conhecimento a respeito das escolas literárias e de prova se refere às obras de leitura obrigatória.

S
seus principais representantes. Neste caderno, você Neste livro, encontram-se alguns exercícios sobre

PE
encontra algumas questões sobre Realismo, Naturalis- Machado de Assis, autor de uma das obras
mo, Parnasianismo, Simbolismo e Pré-modernismo, exigidas por esse exame: Quincas Borba.

LO
sendo os dois primeiros movimentos
bastante frequentes nesse
exame.

A
UL
PA
NA
A maioria das questões de literatura da Unicamp A Unifesp não contém uma lista obrigatória de Como a Unesp não possui uma lista obrigatória de
4A

refere-se às obras de leitura obrigatória. Neste livro, livros, desse modo, as questões contemplam o livros, as questões contemplam o conhecimento
encontram-se alguns exercícios sobre Realismo, conhecimento das escolas literárias, bem como de acerca das escolas literárias, bem como de seus
30

movimento do qual fazem parte duas obras cuja seus principais representantes. Neste livro, estão principais representantes. Neste livro, estão pre-
leitura é exigida por esse exame: A Falência de presentes questões sobre as estéticas realista, sentes questões sobre movimentos literários que
70

Júlia Lopes de Almeida e Bons Dias! naturalista, simbolista, parnasiana e aparecem com bastante frequência
35

de Machado de Assis. pré-modernista. nessa prova: Realismo e


Naturalismo.
53
03
O
UJ

Parte das questões de literatura dessa prova se baseia nas A maior parte das questões de literatura dessa prova se Como a PUC-Camp não possui uma lista A prova da Santa Casa exige seus conhecimentos
A

obras de leitura obrigatória da FUVEST. Neste livro, encontram- refere às obras de leitura obrigatória. Entretanto, para obrigatória de livros, as questões contemplam acerca dos movimentos literários no Brasil e em
AR

-se alguns exercícios sobre o Realismo brasileiro, movimento melhor compreender essas obras, é importante que o aluno o conhecimento acerca dos diferentes gêneros Portugal. Neste livro, estão presentes questões
do qual faz parte um dos livros cuja leitura é exigida: Quincas conheça os movimentos literários, bem como seus principais literários e das escolas literárias. Este livro sobre as estéticas realista, naturalista, parnasiana,
Borba de Machado deAssis, bem como questões a respeito representantes. Neste livro, estão presentes questões sobre contém exercícios sobre as estéticas realista, simbolista e pré-modernista, sendo as duas
S

de Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Sim- naturalista, parnasiana, simbolis- primeiras muito frequentes nessa
PE

e Pré-modernismo. bolismo e Pré-modernismo. ta e pré-modernista. avaliação.


LO

UFMG
U LA
PA

A maior parte das questões de literatura da UEL se A maioria das questões de literatura da UFPR cobram A maior parte das questões de literatura se refere às obras
NA

refere às obras de leitura obrigatória. Neste livro, as obras de leitura obrigatória. Neste livro, estão presen- de leitura obrigatória. No entanto, também são comuns
estão presentes questões sobre o Naturalismo e tes questões sobre o Naturalismo brasileiro, movimento exercícios que cobrem o conhecimento do aluno acerca dos
4A

Pré-modernismo, movimentos a que pertencem, do qual faz parte a obra Casa de Pensão de Aluísio de movimentos literários em geral, bem como de seus principais
respectivamente, Aluísio Azevedo e Lima Barreto, Azevedo, e exercícios a respeito do Pré-Modernismo, representantes. Neste livro, estão presentes questões sobre
30

autores cuja obra é cobrada por esse movimento do qual faz parte Clara dos as estéticas realista, naturalista, parnasiana,
exame. Anjos de Lima Barreto. simbolista e pré-modernista.
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Como a UERJ não possui uma lista obrigatória de livros, Como a Ungranrio não possui uma lista obrigatória de li- A Souza Marques avalia seus conhecimentos
as questões contemplam o conhecimento acerca dos vros, as questões contemplam o conhecimento acerca dos acerca dos gêneros literários e dos movimentos
AU

diferentes gêneros literários e das escolas literárias, bem diferentes gêneros literários e das escolas literárias, bem literários brasileiros. Neste livro, estão presentes
como de seus principais representantes. Nesse caderno, como de seus principais representantes. Este livro contém questões sobre as estéticas naturalista, parna-
AR

você encontra algumas questões sobre Realismo, exercícios a respeito de movimentos literários que siana, simbolista e pré-modernista, sendo as
Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo frequentemente são cobrados por essa duas primeiras bastante recorrentes
e Pré-modernismo. prova, como o Realismo e o nessa prova.
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Naturalismo.
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LITERATURA

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2. Realismo: projeto crítico

UL
AULAS 17 E 18

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O mundo cada vez menor, as máquinas e as teorias sociais.

NA
Tudo isso caminhava em uma direção oposta à idealização

4A
proposta pela visão de mundo romântica. Assim, com novos
parâmetros de compreensão do mundo, o objetivismo rea-

30
lista suplantou o subjetivismo romântico. Dramas individuais

70
ESTÉTICA REALISTA foram substituídos pelos comportamentos sociais e coletivos.

35
E REALISMO EM

53
O Realismo, assim, busca observar e analisar a nova con-

03
figuração social que se apresenta sob uma ótica do método
PORTUGAL científico, detectando causas, denunciando consequências

JO
e expondo juízos críticos sobre a sociedade.

AU
Na Europa, a primeira narrativa realista foi Madame Bovary

AR
COMPETÊNCIA: 5 (1856), do escritor francês Gustave Flaubert. Um romance

S
focado na personagem Emma Bovary, uma jovem criada

PE
15, 16 e 17 e educada aos moldes dos ideais burgueses românticos.

LO
HABILIDADES:
Assim, no tédio do casamento, que se realiza de maneira

A
lamentável, bastante diferente do que a moça havia lido

UL
e aprendido ser, ela cai no papo do primeiro conquistador

PA
que aparece. Seu destino é a morte, mas não a morte ide-
1. Realismo: contexto
NA
alizada por amor, mas a descrição objetiva de um cenário
4A

de produção medíocre e vulgar que é a vida burguesa. A obra, assim,


denuncia a hipocrisia da burguesia e confere ao artista fun-
30

O realismo é a anatomia do caráter. [...] É a crítica do ção educadora na sociedade.


70

homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos –


35

para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.


3. Realismo: aspectos gerais
53

Eça de Queirós.
03

O realismo passa a figurar na estética literária europeia no § Representação do real como denúncia de aspectos ne-
O

século XIX. A Revolução Industrial provoca mudanças pro- gativos da sociedade;


UJ

fundas na organização social. A multiplicidade das máqui-


A

§ Olhar racional, objeto e crítico;


AR

nas, o crescimento do comércio e o arranjo urbano passa-


vam a configurar um clima otimista para as reformas sociais § Temática de interesse coletivo: adultério, corrupção etc.
S
PE

e para o desenvolvimento técnico-científico. § Linguagem descritiva.


LO

Contudo, como se sabe, a realidade efetuou-se de ma-


4. Realismo: Portugal
LA

neira distinta do esperado: acentuando a desigual-


U

dade entre a burguesia e a classe trabalhadora. O


PA

expansionismo urbano gerou alguns problemas sociais, Durante o século XIX, mais especificamente na sua segun-
da metade, Portugal se mostrou um país relativamente
NA

pois mesmo os grandes centros urbanos não possuíam


infraestrutura para dar conta do crescimento populacio- atrasado em relação ao restante da Europa. Enquanto Paris
4A

nal. O número de pessoas em situação de rua e de pros- avançava com a industrialização, em Portugal, o processo
30

tituição cresceu em paralelo com a pobreza e o acúmulo de implementação da industrialização não se configurara,
0
57

de capital das minorias. devido às fortes raízes rurais da sociedade.


3

Liberais e conservadores alternavam-se no poder, o que di-


53

No campo do pensamento sobre as ciências humanas,


03

diferentes doutrinas sociais passam a entrar em cho- ficultava ainda mais o progresso industrial do país. Vive-se
que na tentativa de explicar e entender a organização o período de Regeneração e o único sinal de modernidade
JO

capitalista. Adam Smith (1723-1790), Thomas Malthus são as estradas de ferro, elaboradas em acordo com os in-
AU

(1766-1834), Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels gleses. Há um nítido contraste entre a vida no campo e a
AR

(1820-1895) são alguns dos nomes lidos durante o sé- vida na cidade.
S

culo XIX e que ajudaram a moldar o pensamento dos De tal modo, o início do Realismo em Portugal foi mar-
PE

grupos sociais. cado por muitas polêmicas. Na universidade de Coimbra,


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a juventude, encorajada pelas informações que vinham
dos grandes centros europeus, reunia-se para discussões.

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O escritor quer o espírito livre de jogos, o pensamento
É nesse meio que vai nascer a chamada Geração de 70. livre de preconceitos e respeitos inúteis, o coração li-

NA
Nascidos em meio a uma visão conservadora de uma so- vre de vaidades, incorruptível e intemerato.

4A
ciedade atrasada e excessivamente religiosa, essa juven-
Só assim serão grandes e fecundas as suas obras; só
tude mostrou-se bastante idealista em relação à ideia de

30
assim merecerá o lugar de censor entre os homens,
que uma revolução cultural pudesse transformar social-

70
porque o terá alcançado, não pelo favor das turbas, in-

35
mente o país. Essa geração foi bastante influenciada pela
conscientes e injustas, mas elevando-se naturalmente

53
leitura de outros escritores europeus.
sobre todos pela ciência, pelo paciente estudo de si e

03
dos outros, pela limpeza interior duma alma que só vê
4.1. A Questão Coimbrã

JO
e busca o bem, o belo, o verdadeiro.

AU
Trata-se de um embate dentro da Universidade de Coim- (Bom-senso e bom gosto. In: ABDALA Jr, B.;
PASCHOALIN, M. A. História social da Literatura
bra, envolvendo os artistas modernos – que buscavam

AR
Portuguesa. São Paulo: Ática, 1987).
dialogar com a estética realista – e os conservadores –

S
que mantinham o discurso romântico em pauta. No ano

PE
de 1864, Teófilo Braga lançou seus poemas Visões dos
4.2. Cassino Lisbonense

LO
tempos e Tempestades sonoras, eram poemas realista que

A
chamaram atenção da classe artística e acadêmica. Antero As conferências da primavera de 1871 marcaram Lisboa e

UL
de Quental, outro poeta moderno, apresentou no ano se- o cenário do realismo em Portugal. As conferências, cha-

PA
guinte suas Odes Modernas. madas de Conferências Democráticas, foram pensadas
NA
Contudo, as obras dos jovens poetas não agradou a todos, pela juventude anti-romântica que almejava tirar Portugal
4A

em especial, Antônio Feliciano de Castilho, famoso nome da situação de atraso em que se encontrava.
30

na Universidade e conhecido por ser um poeta românti- Dentre os participantes das conferências destacavam-se:
70

co português. Castilho criticou duramente a nova poesia Antero de Quental, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão e
35

portuguesa. Em um posfácio de um livro de Pinheiro Cha- Teófilo Braga. Antero era o líder do grupo. Realizadas em
53

gas (um de seus discípulos românticos), falou muito mal casarões de Lisboa, a localidade dos encontros originou o
03

da nova poesia, criticando a "falta de bom-senso e bom nome: Cassino Lisbonense.


gosto" na escolha dos temas – vale lembrar que os temas
O

As reuniões, contudo, foram interrompidas pelo Marquês


UJ

realistas colocavam a burguesia em contato com a sua


D'Ávila, que alegou que as falas ofendiam o código monár-
própria hipocrisia, ao abordar temas como o adultério, a
A

quico e atacavam o Estado e as demais instituições. Ainda


AR

corrupção e a opressão.
assim, o espírito reformista da geração de 70 tocou as pes-
S

Assim, Antero de Quental, inconformado, resolveu respon- soas e instalou o Realismo em Portugal.
PE

der ao professor, escrevendo um texto chamado "Bom-


LO

-senso e bom gosto". Nele, Antero defendeu o realismo


5. Principais autores realistas
LA

e associou à postura conservadora de Castilho o atraso de


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Portugal, que parecia sempre apostar no passado.


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5.1. Antero de Quental


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Líder do Realismo e seu principal ativista aos 23 anos, An-


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tero Tarquínio de Quental (1842-1891) publicou as Odes


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Caricatura de Antero de Quental.


Rui Rodrigues de Sousa. modernas, que fugiam aos padrões românticos.
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metafísica, passando por diferentes fases: apostolado so-
Transcendentalismo cial, desejo de evasão e de morte e pensamento teológico.

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(Ao Sr. J. P. Oliveira Martins)
Já sossega, depois de tanta luta,

4A
Mais luz!
Já me descansa em paz o coração.

30
Cai na conta, enfim, de quanto é vão Amem a noite os magos crapulosos,

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O bem que ao Mundo e à Sorte se disputa. E os que sonham com virgens impossíveis,

35
Penetrando, com fronte não enxuta, E os que se inclinam, mudos e impassíveis,

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No sacrário do templo da Ilusão, À borda dos abismos silenciosos...

03
Só encontrei, com dor e confusão,
Tu, Lua, com teus raios vaporosos,
Trevas e pó, uma matéria bruta...

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Não é no vasto mundo — por imenso Cobre-os, tapa-os e torna-os insensíveis,

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Que ele pareça à nossa mocidade — Tanto aos vícios cruéis e inextinguíveis,

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Que a alma sacia o seu desejo intenso... Como aos longos cuidados dolorosos!
Na esfera do invisível, do intangível,

S
Eu amarei a santa madrugada,

PE
Sobre desertos, vácuo, soledade, E o meio-dia, em vida refervendo,

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Voa e paira o espírito impassível! E a tarde rumorosa e repousada.
Antero de Quental

A
In Sonetos, 1861, Edição de 1886 (Org. J. P. Oliveira Martins) Viva e trabalhe em plena luz: depois,

UL
Seja-me dado ainda ver, morrendo,

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NOTAS: 1. soneto do período: 1880-1884 /2. grafia atualizada
O claro Sol, amigo dos heróis!
NA
(QUENTAL, Antero de Poesia e prosa.
4A

Findada a polêmica da Questão Coimbrã, Antero mudou- Magos crapulosos: sacerdotes libertinos
30

-se para Paris, aderiu ao socialismo e pôs em prática uma


70

filosofia humanitária de auxílio ao próximo, com a qual


5.2. Eça de Queirós
35

logo se desiludiu. Percebeu que a prática deveria emanar


53

de uma ação coletiva, não individual. Antero mudou-se


José Maria Eça de Queirós (1845-1900) estudou Direito na
03

para Nova Iorque, onde não se adaptou ao modo de vida


Universidade de Coimbra, onde conheceu a geração que
norte-americano. De volta a Portugal em 1868, filiou-se ao
O

revolucionou a literatura.
UJ

grupo de debates Cenáculo.


A

Em 1871, filiado ao Partido Socialista e em contato com or-


AR

ganizações do movimento proletário internacional, organi-


S

zou as Conferências Democráticas no afã de propagar


PE

as ideias que defendia e fazer com que Portugal caminhas-


LO

se no mesmo passo rápido da Europa. Visado pela repres-


LA

são, foi perseguido junto com todos os demais integrantes


U

do movimento democrático.
PA

Com a morte do pai em 1873, Antero de Quental foi obri-


NA

gado a retirar-se da cena política.


4A

Os livros de poemas Raios de extinta luz e Primaveras


30

românticas são obras anteriores à Questão Coimbrã. Re-


0

velam uma poesia ainda influenciada por um romantismo


3 57

ora religioso ora amoroso. Sua primeira obra marcante e


53

revolucionária foi Odes modernas.


03

“Achei-me sem direção, estado terrível de espírito, partilha-


JO

do mais ou menos por quase todos os de minha geração”,


AU

confessaria o poeta em carta a um amigo, datada de 1887.


AR

Com cento e nove composições, Sonetos é uma obra sín-


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tese de Antero de Quental; compreende vários períodos de


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sua vida: do ciclo inicial, “amor-paixão”, ao último, reflexão


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Aos 21 anos participou ativamente das Conferências do
Casino Lisbonense.

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Ingressou na vida diplomática e atuou como cônsul em

NA
Cuba e na Grã-Bretanha, onde escreveu O crime do padre

4A
Amaro e O primo Basílio, romances de mais repercussão

30
em sua carreira literária.

70
Mesmo com tempo gasto com a diplomacia, Eça de Queirós multimídia: livro

35
não deixou de escrever para jornais portugueses e brasileiros.

53
03
Em 1883, foi eleito sócio-correspondente da Academia Real História da Literatura Portuguesa – Joaquim Ferreira
de Ciências. Conheceu o escritor Émile Zola, em Paris, para Obra de grande interesse para o estudo da literatura

JO
onde foi transferido. portuguesa, compreende desde a época medieval até a

AU
Depois de escrever e publicar A relíquia e Os Maias, em época contemporânea.

AR
1888, Eça já não era mais o combativo jovem das Confe-

S
rências do Casino. Tampouco o eram seus companheiros.
5.2.2. Obras

PE
Em Paris, escreveu A ilustre casa de Ramires e A cidade

LO
e as serras. Sua última visita a Portugal foi em 1900, ano
em que faleceu. O crime do padre Amaro (1875)

A
UL
O primeiro romance do Realismo português tem o en-

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5.2.1. As três fases de Eça de Queirós redo ambientado em Leiria, cidade interiorana do norte
NA
A obra de Eça de Queirós pode ser organizada em três fases: de Portugal, onde o ingênuo padre Amaro Vieira vai as-
sumir sua paróquia. Hospedado inicialmente na casa da
4A

§ Primeira fase – de 1865 a 1871 – é considerada a Senhora Joaneira, acaba por se envolver amorosamente
30

fase de aprendizado, com a produção dos folhetins com sua filha Amélia. Seus colegas padres não estra-
70

de gosto popular, reunida mais tarde sob o título de


nham tal relação, o que leva o jovem pároco a perceber
35

Prosas bárbaras. Neles revela influência de Victor Hugo


que agiam cinicamente.
53

e Mechelet, uma vez inclinado para os temas históricos.


03

Também em folhetins nasceu seu primeiro romance – Amélia engravida e acaba por morrer no parto, e Amaro en-
O mistério da estrada de Sintra (1871) –, escrito em trega a criança a uma “tecedeira de anjos”. Depois da morte
O

parceria com Ramalho Ortigão. O método epistolar da da criança, Amaro prossegue em sua carreira sacerdotal.
UJ

escrita – troca de cartas entre os autores – despertou o


A

Trecho do capítulo VI de O crime do padre Amaro, de Eça


AR

interesse do público. Nas cartas, os escritores contam a


de Queirós:
história de um sequestro. Na época, os leitores acredi-
S
PE

tavam tratar-se de fato verídico.


LO

§ Segunda fase – de 1871 a 1888 –, chamada Rea- [...]


lismo Agudo, deu-se após a publicação de O crime
LA

do padre Amaro e Os Maias. Seu objetivo foi assim ex- Pelo meio do dia ordinariamente Amaro subia à sala
U
PA

presso por Eça de Queirós em carta ao amigo Teófilo de jantar, onde a S. Joaneira e Amélia costuravam. “Es-
Braga: [...] “pintar a sociedade portuguesa e mostrar- tava aborrecido embaixo, vinha um bocado para o ca-
NA

-lhe, como num espelho, que triste país eles formam. vaco”, dizia. A S. Joaneira, numa cadeira pequena, ao
4A

[...] destruir as falsas interpretações e falsas realizações pé da janela, com o gato aninhado na roda do vestido
30

que lhe dá uma sociedade podre”. de merino, cosia de luneta na ponta do nariz. Amélia,
0

junto da mesa, trabalhava com o cesto da costura ao


57

§ Terceira fase – de 1888 a 1900 –, considerada a


lado; a cabeça inclinada sobre o trabalho mostrava a
3

fase de “nacionalismo nostálgico” ou “realismo


53

fantasista”, em que suas obras focam o tradiciona- sua risca fina, nítida, um pouco afogada na abundância
03

lismo das origens de Portugal e uma tentativa de fazer do cabelo; os seus grandes brincos de ouro, em forma
de pingos de cera, oscilavam, faziam tremer e crescer
JO

as pazes com o país que tanto criticou. É o caso de A


ilustre casa de Ramires. O protagonista Ramires procu- sobre a finura do pescoço uma pequenina sombra; as
AU

ra colocar-se à altura de seus antepassados medievais olheiras leves cor de bistre esbatiam-se delicadamente
AR

e recompor a própria história. Essa fase compreende sobre a pele de um trigueiro mimoso, que um sangue
S

também A correspondência de Fradique Mendes e o forte aviventava; e o seu peito cheio respirava devagar.
PE

romance A cidade e as serras.


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Às vezes, cravando a agulha na fazenda, espreguiçava-se seu quarto, enfiadas numa cana. Nunca estivera assim

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devagarinho, sorria, cansada. Então Amaro gracejava: na intimidade duma mulher. Quando percebia a por-

NA
ta do quarto dela entreaberta, ia resvalar para dentro
– Ah preguiçosa, preguiçosa! Olha que mulher de casa!

4A
olhares gulosos, como para perspectivas dum paraíso:
[...] um saiote pendurado, uma meia estendida, uma liga

30
70
Depois, animando-se, bulia-lhe no cesto da costura. Um que ficara sobre o baú, eram como revelações da sua

35
dia encontrara uma carta; perguntou-lhe pelo derriço; nudez, que lhe faziam cerrar os dentes, todo pálido. E

53
ela respondeu, picando vivamente o pesponto: não se saciava de a ver falar, rir, andar com as saias

03
muito engomadas que batiam as ombreiras das portas
– Ai! a mim ninguém me quer, senhor pároco... estreitas. Ao pé dela, muito fraco, muito langoroso, não

JO
– Não é tanto assim, acudiu ele. Mas suspendeu-se, lhe lembrava que era padre; o Sacerdócio, Deus, a Sé, o

AU
muito vermelho, afetando tossir. Pecado ficavam embaixo, longe, via-os muito esbatidos

AR
do alto do seu enlevo, como de um monte se veem as
Amélia às vezes fazia-se muito familiar; um dia mes-
casas desaparecer no nevoeiro dos vales; e só pensava

S
mo, pediu-lhe para sustentar nas mãos uma meadi-

PE
então na doçura infinita de lhe dar um beijo na brancu-
nha de retrós que ela ia dobar.

LO
ra do pescoço, ou mordicar-lhe a orelhinha.
– Deixe falar, senhor pároco! exclamou a S. Joaneira.

A
Às vezes revoltava-se contra estes desfalecimentos,

UL
Ora a tolice! Isto, em se lhe dando confiança!...
batia o pé:

PA
Mas Amaro prontificou-se, rindo, todo contente: – ele
– Que diabo, é necessário ter juízo! É necessário
estava ali para o que quisessem! Era mandarem, era
NA
ser homem!
mandarem!... E as duas mulheres riam, dum riso cá-
4A

lido, enlevadas naquelas maneiras do senhor pároco, Descia, ia folhear o seu Breviário; mas a voz de Amélia
30

“que até tocavam o coração”! Às vezes Amélia pou- falava em cima, o tique-tique das suas botinas batia o
70

sava a costura e tomava o gato no colo; Amaro che- soalho... Adeus! a devoção caía como uma vela a que
35

gava-se, corria a mão pela espinha do maltês que se falta o vento; as boas resoluções fugiam, e lá volta-
53

arredondava, fazendo um ronrom de gozo. vam as tentações em bando a apoderar-se do seu cé-
03

rebro, frementes, arrulhando, roçando-se umas pelas


– Gostas? dizia ela ao gato, um pouco corada, com os
outras como um bando de pombas que recolhem ao
O

olhos muito ternos.


UJ

pombal. Ficava todo subjugado, sofria. E lamentava


A

E a voz de Amaro murmurava, perturbada: então a sua liberdade perdida: como desejaria não a
AR

ver, estar longe de Leiria, numa aldeia solitária, entre


– Bichaninho gato! bichaninho gato!
S

gente pacífica, com uma criada velha cheia de provér-


PE

Depois a S. Joaneira erguia-se para dar o remédio à bios e de economia, e passear pela sua horta quando
LO

idiota ou ir palrar à cozinha. Eles ficavam sós; não fa- as alfaces verdejam e os galos cacarejam ao sol! Mas
lavam, mas os seus olhos tinham um longo diálogo Amélia, de cima, chamava-o – e o encanto recomeça-
LA

mudo, que os ia penetrando da mesma languidez dor- va, mais penetrante.


U
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mente. Então Amélia cantarolava baixo o Adeus ou o


[...]
Descrente: Amaro acendia o seu cigarro, e escutava,
NA

bamboleando a perna.
4A

– É tão bonito isso! dizia. No cinema


30

Amélia cantava mais acentuadamente, cosendo de-


0

O jovem padre Amaro (Gael García Bernal) acaba de ser


57

pressa; e a espaços, erguendo o busto, mirava o ali- ordenado e em breve irá para Roma continuar seus estu-
3
53

nhavado ou o pesponto, passando-lhe por cima, para dos, graças à boa relação que mantém com o bispo. Antes,
03

o assentar, a sua unha polida e larga. contudo, deve trabalhar em uma paróquia. É enviado para
Los Reyes para atuar sob as ordens do padre Benito (Sancho
JO

Amaro achava aquelas unhas admiráveis, porque tudo


que era ela ou vinha dela lhe parecia perfeito: gostava Gracia), o vigário que aparentemente vive uma existência
AU

da cor dos seus vestidos, do seu andar, do modo de pas- corrupta e contraditória. Lá Amaro conhece a linda e devota
AR

sar os dedos pelos cabelos, e olhava até com ternura Amélia (Ana Claudia Talancón), filha de Sanjuanera (Angéli-
S

para as saias brancas que ela punha a secar à janela do ca Aragón), dona do restaurante mais importante da cidade
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e amante do padre Benito. Diante do mundo real, Amaro


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é confrontado com a hipocrisia da Igreja, que condena as
guerrilhas, mas convive com chefes do tráfico de drogas.

PA
(1h42, 2002. Disponível em: <adorocinema.com/filmes/

NA
filme-49421/>. Acesso em: 14 mar. 2015).

4A
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O Primo Basílio (1878)

A
Jorge e Luísa são um casal da burguesia lisboeta. Convi-

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vem num círculo de amizades formado, entre outros, pelo

PA
Conselheiro Acácio, homem apegado a convenções sociais; NA
Dona Felicidade, que nutre uma paixão por ele; e Sebas-
tião, o melhor amigo de Jorge.
4A

Jorge apercebe-se do que acredita ser desprezo de Juliana


30

Jorge sai em uma viagem de trabalho, e, durante sua au-


pelo trabalho e resolve demiti-la. Juliana exige o dinheiro
70

sência, Luísa recebe a visita de Basílio, seu primo e anti-


da chantagem e Luísa apela então para Sebastião. Ele es-
35

go namorado, residente em Paris. Admirado com a beleza


cuta toda a história do adultério e fica horrorizado, mas
53

da moça, Basílio envolve Luísa em um jogo de sedução,


resolve ajudar a amiga. Vai até a casa de Jorge em um
03

que faz com que ela se imagine vivendo uma das aventu-
ras amorosas de suas leituras românticas. Eles se tornam momento em que Juliana está só e, com ameaças de pri-
O

amantes, passando a trocar cartas de amor. Luísa encontra são, obtém as cartas. Vendo escapar-lhe o sonho de enri-
UJ

estímulo na amiga Leopoldina, mulher casada, coleciona- quecimento, Juliana tem uma síncope e morre. Sebastião
A
AR

dora de casos extraconjugais. Toda a movimentação da entrega as cartas a Luísa.


casa é observada pela governanta Juliana, sempre às vol-
S

Luísa adoece. Jorge apanha, em meio à correspondência,


PE

tas com planos de enriquecimento rápido. uma carta de Basílio. Imaginando que a causa da doença
LO

Para escapar das desconfianças dos vizinhos, o casal de da esposa seja algum problema familiar de cujo conhe-
cimento ela o poupa, Jorge abre a carta. Nela, Basílio re-
LA

amantes passa a se encontrar em um quarto alugado nos


lembra os bons momentos passados no Paraíso. Quando
U

subúrbios de Lisboa. A despeito da decrepitude decadente


PA

do lugar, chamam-no de Paraíso. Ali vivem tórridas cenas a esposa melhora, Jorge lhe mostra a carta de Basílio.
de amor. Com o tempo, Luísa percebe um esfriamento na Luísa sofre um choque e, alguns dias depois, morre.
NA

paixão de Basílio, que passa a tratá-la com certo desprezo. (Disponível em: <educacao.globo.com>. Acesso em: 14 marco. 2015).
4A

Juliana apodera-se de algumas cartas trocadas entre os Trechos do segundo e terceiro capítulos do romance O pri-
30

amantes e passa a chantagear a patroa. Luísa expõe um mo Basílio.


0
57

plano de fuga a Basílio, mas ele se recusa a segui-lo e


3

retorna a Paris.
53
03

Jorge chega da viagem e Luísa continua a sofrer o assédio Capítulo II


de Juliana, que exige uma grande quantia em dinheiro para Aos domingos à noite havia em casa de Jorge uma
JO

lhe devolver as cartas. Para conter seus ímpetos, Luísa vê-se pequena reunião, uma cavaqueira, na sala, em redor
AU

obrigada a conceder à empregada uma série de privilégios: do velho candeeiro de porcelana cor-de-rosa. Vinham
AR

presenteia-lhe com seus vestidos, deixa seu quarto mais apenas os íntimos. O “Engenheiro”, como se dizia na
S

confortável e chega até mesmo a substituí-la em alguns rua, vivia muito ao seu canto, sem visitas. Tomava-se
PE

serviços domésticos, sempre às escondidas do marido.


LO
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51
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chá, palrava-se. Era um pouco à estudante. Luísa fazia Sempre tivera o gosto perverso de certas mulheres

PA
crochê, Jorge cachimbava. pela calva dos homens, e aquele apetite insatisfeito

NA
inflamara-se com a idade. [...]
O primeiro a chegar era Julião Zuzarte, um parente

4A
muito afastado de Jorge e seu antigo condiscípulo nos Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço

30
primeiros anos da Politécnica. Era um homem seco e entalado num colarinho direito. O rosto aguçado no

70
nervoso, com lunetas azuis, os cabelos compridos caí- queixo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um

35
dos sobre a gola. Tinha o curso de cirurgião da Escola. pouco amolgada no alto; tingia os cabelos que de uma

53
Muito inteligente, estudava desesperadamente, mas, orelha à outra lhe faziam colar por trás da nuca – e

03
como ele dizia, era um tumba. Aos trinta anos, pobre, aquele preto lustroso dava, pelo contraste, mais brilho

JO
com dívidas, sem clientela, começava a estar farto do à calva; mas não tingia o bigode: tinha-o grisalho, farto,
caído aos cantos da boca. Era muito pálido; nunca tira-

AU
seu quarto andar na Baixa, dos seus jantares de doze
vinténs, do seu paletó coçado de alamares; e entalado va as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e

AR
na sua vida mesquinha, via os outros, os medíocres, os as orelhas grandes muito despegadas do crânio.

S
superficiais, furar, subir, instalar-se à larga na prosperi-

PE
[...]
dade! “Falta de chance”, dizia. [...]

LO
Houve um silêncio comovido, e à porta uma voz
Como vinha mais cedo ia à sala de jantar, tomava a fina, disse:

A
UL
sua chávena de café; e tinha sempre um olhar de lado
– Dão licença?

PA
para as pratas do aparador e para as toaletes frescas
de Luísa. [...] – Oh, Ernestinho!... – exclamou Jorge.
NA
Às nove horas, ordinariamente, entrava D. Felicidade Com um passo miudinho e rápido, Ernestinho veio
4A

de Noronha. Vinha logo da porta com os braços es- abraçá-lo pela cintura:
30

tendidos, o seu bom sorriso dilatado. Tinha cinquenta – Eu soube que tu partias, primo Jorge... Como está,
70

anos, era muito nutrida, e, como sofria de dispepsia e prima Luísa?


35

de gases, àquela hora não se podia espartilhar e as suas


53

formas transbordavam. Já se viam alguns fios brancos Era primo de Jorge. Pequenino, linfático, os seus mem-
03

bros franzinos, ainda quase tenros, davam-lhe um as-


nos seus cabelos levemente anelados, mas a cara era
pecto débil de colegial; o buço, delgado, empastado
O

lisa e redonda, cheia, de uma alvura baça e mole de


UJ

em cera mostache, arrebitava-se aos cantos em pon-


freira; nos olhos papudos, com a pele já engelhada em
A

tas afiadas como agulhas; e na sua cara chupada, os


redor, luzia uma pupila negra e úmida, muito móbil; e
AR

olhos repolhudos amorteciam-se com um quebrado


aos cantos da boca uns pelos de buço pareciam traços
S

langoroso. Trazia sapatos de verniz com grandes laços


leves e circunflexos de uma pena muito fina. Fora a ínti-
PE

de fita; sobre o colete branco, a cadeia do relógio sus-


ma amiga da mãe de Luísa, e tomara aquele hábito de
LO

tentava um medalhão enorme, de ouro, com frutos e


vir ver a pequena aos domingos. Era fidalga, dos No-
flores esmaltados em relevo. [...]
LA

ronhas de Redondela, bastante aparentada em Lisboa,


U

um pouco devota, muito da Encarnação. Luísa bordava, calada; a luz do candeeiro, abatida
PA

pelo abajur, dava aos seus cabelos tons de um louro


Mal entrava, ao pôr um beijo muito cantado na face
NA

quente, resvalava sobre a sua testa branca como so-


de Luísa, perguntava-lhe baixo, com inquietação:
4A

bre um marfim muito polido. [...]


– Vem?
30

Capítulo III
0

– O Conselheiro? Vem.
57

[...]
3

[...]
Nascera em Lisboa. O seu nome era Juliana Couceiro
53
03

Havia cinco anos que D. Felicidade o amava. Em casa Tavira. Sua mãe fora engomadeira. [...]
de Jorge riam-se um pouco com aquela chama. Luísa
Servia, havia vinte anos. Como ela dizia, mudava de
JO

dizia: “Ora! E uma caturrice dela!” [...]


amos, mas não mudava de sorte. Vinte anos a dor-
AU

O Conselheiro era a sua ambição e o seu vício! Havia mir em cacifos, a levantar-se de madrugada, a comer
AR

sobretudo nele uma beleza, cuja contemplação demo- os restos, a vestir trapos velhos, a sofrer os repelões
S

rada a estonteava como um vinho forte: era a calva. das crianças e as más palavras das senhoras, a fazer
PE
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despejos, a ir para o hospital quando vinha a doença,

PA
a esfalfar-se quando voltava a saúde!... Era demais!

NA
Tinha agora dias em que só de ver o balde das águas

4A
sujas e o ferro de engomar se lhe embrulhava o estô-
mago. Nunca se acostumara a servir. Desde rapariga a

30
sua ambição fora ter um negociozito, uma tabacaria,

70
uma loja de capelista ou de quinquilharias, dispor, go-
multimídia: livro

35
vernar, ser patroa; mas, apesar de economias mesqui-

53
nhas e de cálculos sôfregos, o mais que conseguira

03
Antologia de textos da Questão Coimbrã –
juntar foram sete moedas ao fim de anos; tinha então Alberto Ferreira Maria José Marinho

JO
adoecido; com o horror do hospital fora tratar-se para Livro de apoio aos estudos de História e Literatura Portugue-

AU
casa de uma parenta; e o dinheiro, ai! derretera-se! sa. As notas, os textos escolhidos e a bibliografia formam

AR
No dia em que se trocou a última libra, chorou horas
um conjunto extremamente valioso de manuseamento e
com a cabeça debaixo da roupa.
compreensão fáceis, instrumento imprescindível de trabalho.

S
PE
Apesar de seu dia a dia abrutalhado, Juliana sonhava

LO
com um futuro de grande dama. Curiosidade

A
Ficou sempre adoentada desde então; perdeu toda a O romance O primo Basílio também foi adaptado para a

UL
esperança de se estabelecer. Teria de servir até ser ve- fotonovela em uma livre versão de Mário Miguel.

PA
lha, sempre, de amo em amo! Essa certeza dava-lhe NA
uma desconsolação constante.
4A

Começou a azedar-se.
30

[...]
70

Lentamente, começou a tornar-se desconfiada, cor-


35

tante como um nordeste; tinha respostadas, ques-


53

tões com as companheiras; não se havia de deixar


03

pôr o pé no pescoço!
O

As antipatias que a cercavam faziam-na assanha-


UJ

da, como um círculo de espingardas enraivece um


A
AR

lobo. Fez-se má; beliscava crianças até lhes enodoar


a pele; e se lhe ralhavam, a sua cólera rompia em
S
PE

rajadas. Começou a ser despedida. Num só ano es-


LO

teve em três casas. Saía com escândalo, aos gritos,


atirando as portas, deixando as amas todas pálidas,
LA

todas nervosas...
U
PA

[...]
NA

(QUEIRÓS, Eça de. O primo Basílio. São Paulo: Ática, 1979.)


4A
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3
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DIAGRAMA DE IDEIAS

NA
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35
53
REALISMO NA EUROPA

03
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AU
SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX;

AR
FIM DA ESTÉTICA ROMÂNTICA;

S
CRÍTICA AOS VALORES BURGUESES.

PE
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EUROPA
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PROJEITO REALISTA
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QUESTÃO COIMBRÃ
03
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CONFERÊNCIAS DEMOCRÁTICAS
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EÇA DE QUEIRÓS ANTERO DE QUENTAL


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PROSA POESIA
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1840 dificilmente poderia fazer de alguém um grande
AULAS 19 E 20 nome da literatura brasileira.

PA
Machado perdeu a mãe muito jovem e, à custa de mui-

NA
to esforço próprio, acumulou uma excelente formação na

4A
área das humanidades e da cultura. É de 1855 uma das

30
primeiras publicações de Machado, um poema chamado

70
REALISMO NO BRASIL: "Ela", no jornal Marmota Fluminense. A partir daí, Macha-

35
do quase nunca parou de publicar.
MACHADO DE ASSIS

53
03
Acadêmia Brasileira de Letras – ABL

JO
AU
Machado de Assis foi um dos fundadores da ABL, em
1896. Ocupou a cadeira número 23 e se tornou, em

AR
COMPETÊNCIA: 5 1897, o primeiro presidente da Acadêmica. Cargo que

S
ocuparia até a sua morte.

PE
15, 16 e 17

LO
HABILIDADES:

A
UL
1. Realismo: contexto PA
NA
4A

de produção
30

“Parece claro que a situação de ‘defunto autor’, diferen-


70

te de ‘autor defunto’ (...) que não desmancha a verossi-


35

milhança realista. A todo momento, Brás exibe o figurino https://www.academia.org.br/a-historia-da-


53

do gentleman moderno, para desmerecêlo em seguida, e abl/a-lideranca-de-machado-de-assis


03

voltar a adotá-lo, configurando uma inconsequência que


o curso do romancevai normalizar”
O

Machado casou-se com Carolina aos 29 anos, esposa mui-


UJ

Roberto Schwarz
to amada e revisora da obra de Machado. Carolina seria
A

O Brasil da segunda metade do século XIX é um Brasil em


AR

imortalizada nos versos do poema "À Carolina", feito na


cenário de transformações. O tráfico negreiro acaba em
ocasião de sua morte, em 1904, como homenagem:
S

1850, o que incentiva ainda mais a chegada da moderni-


PE

dade em função da decadência da economia açucareira e À Carolina


LO

do fim do regime escravocrata. "Querida, ao pé do leito derradeiro


LA

A abolição é um tema cuja discussão não afeta somente os Em que descansas dessa longa vida,
U

Aqui venho e virei, pobre querida,


latifundiários, mas também as instituições políticas. Nessa
PA

Trazer-te o coração do companheiro.


direção, os progressistas avançam e uma crise no governo
NA

imperial torna-se iminente. Propagandas republicanas co- Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
Que, a despeito de toda a humana lida,
4A

meçam a aparecer e as bases que sustentavam a ideologia Fez a nossa existência apetecida
e a sociedade romântica começam a ruir.
30

E num recanto pôs o mundo inteiro.


0

Nessa direção, a realidade brasileira altera-se profunda- Trago-te flores, - restos arrancados
57

mente e é Machado de Assis quem passará a desenvolver Da terre que nos viu passar unidos
3
53

um olhar mais cético e real para analisar a sociedade do E ora mortos nos deixa e separados.
03

Segundo Império de forma ácida e fiel. Que eu, se tenho nos olhos malferidos
Pensamentos de vida formulados,
JO

São pensamentos idos e vividos."


2. Machado de Assis
AU

Machado falece quatro anos após Carolina, no Rio de


AR

Nascido em 1839, Joaquim Maria Machado de Assis teve Janeiro. Sua morte impacta a sociedade e seu funeral é
S

uma infância difícil. Era pobre, negro, gago e epilético, um feito em grande estilo, algo digno das grandes persona-
PE

conjunto de características que no Rio de Janeiro dos anos lidades da época.


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55
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2.1. Primeira fase

UL
perfeição no dia em que nos disser o número exato dos
fios de que se compõe um lenço de cambraia ou um

PA
Comumente, divide-se a carreira de Machado de Assis em esfregão de cozinha. Quanto à ação em si, e os episódios

NA
duas fases, haja vista que é uma de suas obras que irá mar- que a esmaltam, foram um dos atrativos d’ O Crime do
car o início do Realismo no Brasil. A primeira delas envolve Padre Amaro, e o maior deles; tinham o mérito do pomo

4A
defeso. E tudo isso, saindo das mãos de um homem de
alguns contos, poemas e romances, marcados, ainda, por

30
talento, produziu o sucesso da obra.
algumas características românticas, embora, mesmo neles,

70
Disponível em: <http://machado.mec.gov.br/
já despontassem alguns traços de genialidade.

35
index.php>. Acesso em: Mar. 2021.

53
Obras como Ressurreição (1872), A mão e a luva (1874), Assim, emerge a famosa ironia machadiana, a partir da

03
Helena (1876) e Iaiá Garcia (1878) apresentam, assim, ideia de que para descrever a realidade era preciso fazer
elementos marcantes dos romances de Machado, como com que a linguagem simulasse-a. De tal modo, a partir

JO
a preocupação com a relação entre a ascensão social e de personagens pertencentes à própria aristocracia que

AU
o casamento burguês. Nessas obras, notamos histórias de Machado fazia questão de criticar, o autor contava tramas

AR
amor envolvendo uma estrutura narrativa romântica, isto cujo paralelo entre texto e realidade configurava intensa
é, com começo, meio e fim bem delimitados, mas já com

S
ironia na expressão das opiniões éticas do criador da obra.

PE
críticas ao dinheiro e a família. Pode-se falar assim, de uma
É importante destacar assim que a ironia de Machado,

LO
espécie de intenção moralizante, no que tange ao tema,
mas ainda preso à forma imposta pelos folhetins. portanto, não está em uma fala debochada ou sarcástica

A
de determinada personagem, mas no contraste do ridículo

UL
entre a fala e o contexto real no qual ela se insere.
2.2. Segunda fase: o realismo machadiano
PA
NA
É com Memórias Póstumas de Brás Cubas, de 1881, que 2.2.2. Aspectos Gerais da obra Machadiana
4A

tem início a fase realista de Machado. Não apenas, a obra


§ O olhar para além das máscaras sociais;
marca, também, o início do Realismo no Brasil. Um realis-
30

mo diferente do que foi elaborado por Flaubert, distinto § A ironia;


70

em relação ao que Eça de Queirós escreveu, um realismo


35

§ Mulheres-símbolo;
bastante brasileiro, "que pode ter lavores de igual escola,
53

mas leva outro vinho". § Denúncia da hipocrisia;


03

Cinco obras integram os romances realistas de Machado de § Pessimismo;


O
UJ

Assis Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom Cas- § Digressões;
murro, Esaú e Jacó (1904) e Memorial de Aires (1908). Em
A
AR

todos eles, as tramas desenvolvem-se no Rio de Janeiro, ca- § Diálogo com o leitor.
pital do Segundo Império. São obras que narram a hipocrisia
S

2.2.3. Brás-Cubas: o "defunto autor"


PE

burguesa, marcada pela falsidade e pela traição. O debru-


LO

çamento sobre esses temas faz com que Machado perce- A narrativa de Brás Cubas marca o Realismo no Brasil. Uma
ba que as relações humanas na sociedade se estruturam a
LA

obra que apresenta uma ruptura abrupta com os modos


partir de interesses, acentuando um tom pessimista nos seus
U

românticos de se narrar.
textos, vide o final de Brás Cubas: não tive filhos não transmi-
PA

ti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria. A trama compreende a autobiografia de Brás Cubas e, logo
NA

de início, se explica o título das Memórias Póstumas: nosso


4A

2.2.1. O estilo e a linguagem Machadiana narrador protagonistas está contando as suas experiências
após a sua morte. Brás Cubas não teve uma vida excep-
30

O que Machado de Assis entende desde o seu primeiro cional, porém, foi apenas um playboy, membro da elite
0
57

romance realista é a impossibilidade de a linguagem dar


burguesa carioca.
3

conta de toda uma realidade. Tal concepção, inclusive, mo-


53

tivou algumas das críticas machadianas a Eça de Queirós,


03

em especial, ao romance Primo Basílio. Para Machado, a


Capítulo I – Óbito do autor
JO

linguagem possui uma força de emulação e reside nela


o caráter realista da obra literária, e não na observação e [...] expirei às duas horas da tarde de uma sexta-fei-
AU

descrição minuciosa e exaustiva das cenas. ra do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara
AR

de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos


Pois que havia de fazer a maioria, senão admirar a fide-
S

lidade de um autor, que não esquece nada, e não ocul- e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos
PE

ta nada? Porque a nova poética é isto, e só chegará à


LO
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contos e fui acompanhado ao cemitério por onze ami- Crê que era tão sincero então como agora; a morte

PA
gos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas não me tornou rabugento, nem injusto.

NA
nem anúncios. Acresce que chovia – peneirava – uma
– Mas, dirás tu, se você não guardou na retina da

4A
chuvinha miúda, triste e constante tão constante e
memória a imagem do que fui, como é que podes
tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora

30
assim discernir a verdade daquele tempo, e exprimi-

70
a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que
-la depois de tanto anos?

35
proferiu à beira de minha cova: – “Vós, que o conhe-
Ah! Indiscreta! Ah! Ignorantona! Mas é isso mesmo que

53
cestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que
nos faz senhores da terra, é esse poder de restaurar o

03
a natureza parece estar chorando a perda irreparável
de um dos mais belos caracteres que cobrem o azul passado, para tocar a instabilidade das nossas impres-

JO
como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má sões e a vaidade dos nossos afetos. Deixa lá dizer o Pascal

AU
que lhe foi à natureza as mais íntimas entranhas; tudo que o homem é um caniço pensante. Não; é uma errata

AR
isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado”. pensante, isso sim. Cada estação da vida é uma edição,
que corrige a anterior, e que será corrigida também, até

S
[...]

PE
a edição definitiva, que o editor dá de graça aos vermes.

LO
Brás Cubas viveu uma típica vida burguesa e, o que se re- Assim, a narrativa Machadiana não apenas introduz o re-

A
UL
vela na sua narrativa, é que a típica vida burguesa é, em alismo no Brasil, mas também o particulariza a uma re-
fato, uma vida pautada em máscaras sociais, interesses

PA
alidade moldada por contradições. Mostra-se como um
próprios e motivada pelo dinheiro e ascensão social. Assim, realismo que não caminha em direção à crítica direta, mas
NA
ao contar sua vida, diferentemente do esperado quando há o mergulho na composição psicológica do ser humano, ao
4A

um narrador protagonista nos romances tradicionais, que apresentar personagens de modo fidedigno e longe de
30

valoriza as suas qualidades, o que se revela são os pio- retoques, fazendo com que o leitor reconheça e encare o
70

res traços da sua personalidade, haja vista que não haverá outro e também a si naquelas páginas.
35

consequências morais diante do que já foi feito.


53

2.2.4. Dom Casmurro: não confiável?


03

Capítulo XXVIII – Virgília? A história de Dom Casmurro é bastante simples: um homem


O

atormentado pelo seu ciúme. Também fugindo dos moldes


UJ

Virgília? Mas então era a mesma senhora que alguns realistas, Machado apresenta uma segunda narrativa com
A

anos depois...? A mesma; era justamente a senhora, narrador-personagem, mas, dessa vez, explorando profunda-
AR

que em 1869 devia assistir aos meus últimos dias, e mente o quão confiável pode ser o narrador de uma obra.
S

que antes, muito antes, teve larga parte nas minhas


PE

mais íntimas sensações. Naquele tempo contava Bento Santiago, o Dom Casmurro, é quem decide o que é e o
que não é contado ao leitor, de modo que não podemos saber
LO

apenas uns voluntários. Não digo já lhe coubesse


a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo,
se o que acontece entre Capitu e Escobar é real ou fruto da
LA

imaginação do narrador. Assim, Machado destrincha a amar-


porque isto não é romance, e, que lhe maculasse o
U

gura humana e mostra que as palavras não se fazem confiá-


PA

rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita,


veis e que uma obra literária jamais poderá ser vista a partir de
fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele fei-
NA

uma perspectiva do método objetivo e real, pois sempre ha-


tiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro
4A

verá algo que escapa ou que é, prontamente, deixado de fora.


indivíduo, para os fins secretos da criação. Era isto
30

Virgília, e era clara, muito clara, financeira, ignoran-


0

te, pueril, cheia de uns ímpetos misteriosos; muita


57

preguiça e alguma devoção, – devoção ou talvez


3
53

medo; creio que medo. Aí tem o leitor, em poucas


03

linhas, retrato físico e moral da pessoa que devia in-


fluir mais tarde na minha vida; era aquilo com dezes-
JO

seis anos. Tu que me lês, se ainda fores viva, quando


AU

estas páginas vieram à luz, – tu que me lês, Virgília multimídia: vídeo


AR

amada, não reparas na diferença entre a linguagem Fonte: Youtube


S

de hoje e a que primeiro empreguei quando te vi?


Minissérie: Capitu.
PE
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Na mesma medida, revela o quão pouco reais são as rela-
ções burguesas, que apenas seguem uma norma de con- – Você jura?

PA
duta social pautada pela hipocrisia. – Juro! Deixe ver os olhos, Capitu.

NA
Não interessa, portanto, saber se Capitu traiu ou não traiu

4A
Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera
Bentinho, mas sim compreender como Machado retrata ex- deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Eu

30
traordinariamente o comportamento do homem destroçado não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e

70
pelo ciúme e como, ao deixar a decisão para o leitor, sua queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se

35
literatura invade a realidade: provando-se realista, de fato. fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nun-

53
ca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a do-

03
çura eram minhas conhecidas. A demora da contem-

JO
Capítulo XXXII – Olhos de ressaca
plação creio que lhe deu outra ideia do meu intento;

AU
Tudo era matéria às curiosidades de Capitu. Caso imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de

AR
houve, porém, no qual não sei se aprendeu ou en- perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados
sinou, ou se fez ambas as coisas, como eu. É o que neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos,

S
contarei no outro capítulo. Neste direi somente que,

PE
crescidos e sombrios, com tal expressão que...
passados alguns dias do ajuste com o agregado, fui

LO
[...]
ver a minha amiga; eram dez horas da manhã. D. For-

A
tunata, que estava no quintal, nem esperou que eu

UL
lhe perguntasse pela filha.

PA
2.2.5. Contos: o criticismo no texto breve
– Está na sala penteando o cabelo, disse-me; vá deva-
NA
garzinho para lhe pregar um susto. Machado de Assis não se aventurou somente nos romances,
4A

mas também na prosa curta, isto é, os contos – e também


Fui devagar, mas ou o pé ou o espelho traiu-me. Este as pequenas crônicas, publicadas sobretudo em jornais.
30

pode ser que não fosse; era um espelhinho de pataca Seus contos são considerados grandes dentro da literatura
70

(perdoai a barateza), comprado a um mascate italia-


brasileira. Destacam-se quatro coletâneas principais: Papéis
35

no, moldura tosca, argolinha de latão, pendente da


Avulsos (1882) – dentro da qual se encontram as obras "O
53

parede, entre as duas janelas. Se não foi ele, foi o pé.


espelho" e "O alienista", Histórias sem data (1884), Várias
03

Um ou outro, a verdade é que, apenas entrei na sala,


histórias (1896) e Relíquias de casa velha (1906).
pente, cabelos, toda ela voou pelos ares, e só lhe ouvi
O
UJ

esta pergunta: A narrativa de O alienista, por exemplo, traz críticas fortes


A

em relação ao cientificismo do final do século XIX.


AR

– Há alguma coisa?
– Não há nada, respondi; vim ver você antes que o Pa-
S
PE

dre Cabral chegue para a lição. Como passou a noite?


LO

– Eu bem. José Dias ainda não falou?


LA

– Parece que não.


U
PA

– Mas então quando fala?


NA

– Disse-me que hoje ou amanhã pretende tocar no as-


sunto; não vai logo de pancada, falará assim por alto
4A

e por longe, um toque. Depois, entrará em matéria.


30

Quer primeiro ver se mamãe tem a resolução feita...


0
57

– Que tem, tem, interrompeu Capitu. E se não fosse


3
53

preciso alguém para vencer já, e de todo, não se lhe


03

falaria. Eu já nem sei se José Dias poderá influir tan-


to; acho que fará tudo, se sentir que você realmente
JO

não quer ser padre, mas poderá alcançar?... Ele é


AU

atendido; se, porém... É um inferno isto. Você teime


AR

com ele, Bentinho.


S

– Teimo; hoje mesmo ele há de falar.


PE
LO
LA

58
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PE
LO
A
UL
§ Determinismo: conceito utilizado por Taine, crítico
AULAS 21 E 22 literário, na intenção de explicar que o indivíduo era

PA
socialmente condicionado por três fatores, sendo eles,

NA
a raça, o meio e o momento.

4A
30
2. Naturalismo:

70
ESTÉTICA NATURALISTA projeto literário

35
53
No caminho do que foi exposto, inspirados pelas tendências

03
evolucionistas, os naturalistas passaram a ressaltar a falta de

JO
autonomia humana, também coligados às leis da natureza.

AU
Assim, a personagem naturalista age em função da pulsão

AR
sexual que, quase sempre, sobrepõe-se à capacidade de ra-
COMPETÊNCIA: 5 ciocínio (pulsão lógica). Estão aliadas literatura e ciência.

S
PE
Os escritores naturalistas, portanto, exploraram uma ten-
15, 16 e 17

LO
HABILIDADES:
dência que corroborou com a visão cientificista. Buscavam

A
olhar para a realidade por meio da lente das teorias deter-

UL
ministas e evolucionistas. O grande nome do Naturalismo

PA
na Europa será Émile Zola.
1. Naturalismo: um
NA
Zola irá definir o Naturalismo literário como a aplicação da
4A

começo biológico metodologia da observação e experimentação, configuran-


do, assim, o romance experimental (ou de tese). O
30

O projeto literário do Naturalismo surge em paralelo ao do objetivo desses romances se faz na exaltação do modelo
70

Realismo, haja vista que são duas escolas que se configu- cientificista. Zola, contudo, vai um pouco além, pois pensa
35

ram na segunda metade do século XIX. Diferentemente que na compreensão dos seres humanos, a partir de suas
53

do Realismo, porém, o Naturalismo acentua sua vertente pulsões, pode-se alcançar o melhor dos mundos.
03

cientificista e, para entender o motivo dessa guinada ao


O Naturalismo, assim, abandona a análise psicológica – fun-
O

método, é importante compreender alguns eventos que


UJ

impactaram o período em questão. damental no realismo, sobretudo o machadiano. O individual


A

não se sobrepõe aos fenômenos coletivos. Assim, voltam seu


AR

Para além da já referida Revolução Industrial e dos avanços


olhar para aqueles que até então não haviam ganho a aten-
modernos, um outro avanço científico importante aconteceu:
S

ção dos escritores: o proletariado. As obras naturalistas, de


PE

a publicação de A origem das espécies (1859), pelo biólogo


tal modo, buscam enxergar a ciência dos cenários mais pa-
inglês Charles Darwin. O livro causou revolta, uma vez que ao
LO

tológicos: minas de carvão, pedreiras, marinheiros e cortiços.


dissertar sobre a teoria da evolução e adaptação das espécies,
LA

Darwin afirmou que o ser humano e os primatas tinham um


U

ancestral comum, distanciando-se da concepção criacionista. 3. Aspectos gerais


PA

As teorias de Darwin são, até hoje, consideradas um gran-


do Naturalismo
NA

de golpe no modo de pensar de toda a humanidade, até


4A

aquele momento, fundamentalmente religiosa. Assim, dos § Literatura subjuga-se à ciência;


30

princípios Darwinista que irão influenciar o Naturalismo (e


§ Personagens são vistas com olhar científico;
0

outras correntes de pensamento) destacam-se:


57

§ A percepção do ser humano como um animal como § Racionalismo e objetivismo;


3
53

qualquer outro; § Preferência por temas patológicos.


03

§ e a crença de que a natureza promove uma seleção


JO

natural no qual os mais fracos são eliminados.


4. Linguagem: animalização
AU

Aos estudos de Darwin somam-se ainda as publicações de


e descritivismo objetivo
AR

Auguste Comte e Hippolyte Taine.


S

§ Positivismo: Comte propôs a filosofia positivista, nela, Dada a percepção de que o ser humano não é nada mais do
PE

o saber científico seria um saber superior aos demais. que mais um animal preso às leis da natureza, o romance
LO
LA

59
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PE
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A
UL
naturalista passa a buscar uma forma revelar como as pesso- Azevedo foi um escritor que, antes do lançamento de O
as, ao serem submetidas a condições precárias, perdem a hu- mulato, publicou uma notícia em um jornal anunciando a

PA
manidade e passam a adotar comportamentos animalescos. chegada de um advogado na cidade. O advogado era um

NA
“Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das personagem de um romance que ele iria publicar. O suces-

4A
impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz so da campanha publicitária fez com que Azevedo tivesse
sucesso com o público, garantindo que ele pudesse sobre-

30
ardente do meio-dia; (...) ela era a cobra verde e traiço-
eira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava viver como escritor profissional. Azevedo foi consagrado

70
havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhan-

35
como um "romancista das massas".
do-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras embambeci-

53
das pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para Contudo, é a partir de O cortiço e com Casa de Pensão que

03
lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor a crítica literária olha para Azevedo. No primeiro, Aluísio
setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos

JO
de Azevedo constrói um romance de tese com a intenção
de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que
de provar o determinismo do meio. Assim, conta a história

AU
zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo
de um cortiço, cujo dono é João Romão, também dono de

AR
ar numa fosforescência afrodisíaca.”
pedreira e de uma taverna. Com ele, mora Bertoleza, uma
AZEVEDO, A. O Cortiço. São Paulo: Ática, 1983 (fragmento).

S
negra supostamente alforriada.

PE
Ainda no alinhamento com a ciência, é importante destacar
Próximo ao cortiço, há um sobrado, onde mora Miranda

LO
que uma grande característica naturalista era a presença
e sua família, o comendador. É o sobrado o símbolo de
do fogo narrativo em terceira pessoa. A fim de evitar sub-

A
ascensão que Romão almeja. O que Aluísio de Azevedo irá

UL
jetivações, o olhar objetivo se dá a partir de uma espécie
nos mostrar, assim, é o que acontece quando um homem

PA
de narrador cientista, que tudo vê com olhar fotográfico,
honesto é inserido dentro do cortiço: visto como um am-
a compor um espaço que se forma pela sobreposição de
NA
biente de degradação.
várias imagens, um quadro final de múltiplas perspectivas
4A

que fazem a precisão. O homem é Jerônimo, um português que muda-se para o


30

cortiço com sua esposa Piedade e a filha. Influenciado pelo


70

ambiente, deixa-se seduzir por Rita Baiana. O indivíduo,


5. Naturalismo no Brasil
35

assim, vai sendo corrompido, nesse romance cujo persona-


53

gem principal é o próprio espaço.  


03
O
A UJ
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4A
030
357
53
03

O grande representante do Naturalismo no Brasil é o escri-


JO

tor Aluísio de Azevedo, em especial com as obras: O mulato


AU

(1881) – texto que inaugura o movimento no país, Casa


AR

de Pensão (1890) e O cortiço (1890). Nomes como Júlio


S

Ribeiro e Adolfo Caminho também aparecem, embora com


PE

menos peso do que Azevedo.


LO
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DIAGRAMA DE IDEIAS

NA
4A
30
70
35
53
NATURALISMO

03
JO
AU
CIENTIFICISMO;

AR
TEORIA EVOLUCIONISTA;

S
DETERMINISMO E POSITIVISMO.

PE
LO
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PROJETO NATURALISTA

PA
NA
4A

ÉMILE ZOLA
30
70
35

ROMANCE DE TESE
53
03
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AUJ

BRASIL
AR
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ALUÍSIO DE AZEVEDO
LA
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CORTIÇO E CASA
PA

DE PENSÃO
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abandono em relação a certos parâmetros formais em fun-
AULAS 23 E 24 ção da subjetividade.

PA
Assim, poetas passaram a lançar mão de um movimento

NA
antirromântico. Na França, em 1886, Théophile Gautier e

4A
Leconte de Lisle corroboram o lançamento de uma anto-

30
logia chamada O Parnaso contemporâneo. A antologia de-

70
PARNASIANISMO fendia o fim das lamentações românticas e a necessidade

35
de tratar a poesia de uma forma mais objetiva e ligada à
E SIMBOLISMO

53
arte, isto é, a arte pela arte.

03
JO
O PARNASO

AU
O nome Parnaso faz referência a uma montanha gre-

AR
COMPETÊNCIA: 5 ga homônima. De acordo com a mitologia grega, o

S
monte seria a morada do deus Apolo e das musas ins-

PE
15, 16 e 17 piradoras dos artistas. O aceno para a tradição grega,

LO
HABILIDADES:
assim, demonstra que os poetas buscavam o resgate

A
de uma visão de arte cujo objetivo é a perfeição e a

UL
beleza formal, adquiridas por intermédio do trato cui-

PA
dadoso e detalhista (técnica).
Nenhum dos poetas da nova geração quer fazer do
NA
verso um instrumento sem vida; nenhum deles quer
4A

transformar a Musa num belo cadáver. O que eles não No alicerce da edificação parnasiana, portanto, estava a
querem é que a Vênus grega seja coxa e desajeitada e
30

ideia de que a função da arte era a produção do belo. De


faça caretas em vez de sorrir.
70

acordo com Gautier, nome precursor do movimento, a arte


Olavo Bilac
35

não existe para outra coisa que não ela mesma, tais ideias
53

dialogam com o lema da arte pela arte.


1. Parnasianismo:
03

2. Parnasianismo no Brasil
O

projeto literário
A UJ

No Brasil, a publicação de poemas era feita também em


AR

jornais, como os romances, contudo, devido à extensão


S

menor do conteúdo, a memória dos leitores também aju-


PE

dava muito na divulgação. Nesse contexto, o Parnasianis-


LO

mo difundiu-se bastante no país, uma vez que acabava por


representar os ideais da sociedade para a qual se produzia.
LA

O brasileior médio, como vai falar o crítico Nestor Vitor, lia


U
PA

livros rápidos, leves, crônicas, "deitando-se tarde, levantan-


do-se tarde igualmente". Em outras palavras, entende-se
NA

que a elite brasileira não buscava textos profundos ou críti-


4A

cos, mas exatamente aquilo que encontrava nos parnasos:


30

uma construção de belo, de palavras bonitas, cadência rít-


0

mica e apatia às ideias de subversão.


57

Parnaso. 1497. Andrea Mantegna.


3

O Parnasianismo, assim, projeta-se com alguns princípios


53

A segunda metade do século XIX é marcada por transforma-


e características que, por definição, deveriam ser seguidos:
03

ções no contexto social e econômico. Mudanças na produ-


ção literária trazem à tona os romances realistas e naturalis- § poesia mais descritiva: imagens de fenômenos naturais,
JO

tas, que buscam novas lentes para observar a realidade. Na fatos históricos, entre outros elementos que evocam
AU

poesia, as transformações acontecem de forma mais intensa. uma construção imparcial.


AR

Para entender bem como isso se dá, é preciso relembrar que § formalismo: preocupação com a técnica, o metro, o
S

por séculos a poesia foi campo de expressão de sentimentos ritmo, a rima, tudo deveria ser elaborado de forma har-
PE

e estados de alma. No romantismo, sobretudo, houve um mônica, em busca da perfeição formal.


LO
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PE
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UL
§ contenção lírica: sem exasperados sentimentos român- Olavo foi um dos poetas mais populares do Brasil, é dele,
ticos diante de objetos poéticos. por exemplo, a autoria do Hino à Bandeira. Olavo foi consi-

PA
derado um mestre dos sonetos em especial pela ampla lei-
§ resgate dos temas clássicos: referências mitológicas e

NA
tura de Bocage e de Camões. Trouxe o culto ao formalismo
históricas.

4A
como uma devoção poética e registrou o desejo poético
§ preciosismo: busca pela palavra exata. como a tarefa de um ourives, ao implementar às palavras o

30
rebuscamento e a beleza.

70
§ arte pela arte: a função essencial da arte é ela mesma.

35
No Brasil, o parnasianismo surgiu a partir de polêmicas, Em muitos de seus poemas, notava-se o preciosismo vo-

53
como "A batalha do Parnaso", em que houve o debate cabular, a busca por rimas raras e a forma perfeita. Olavo

03
sobre a possibilidade de uma poética filosófico-científica Bilac, assim, encarava o objeto poético como uma espécie

JO
para a época. A polêmica mobilizou o cenário cultural, já de jóia na grande maioria de suas produções. Contudo, o
autor também explorou poemas ufanistas sobre a terra

AU
que o público, até aquele momento, estava apegado aos
arrebatamentos românticos. brasileira e, até mesmo, um lirismo erótico (romantismo

AR
erotizado) em parte de sua carreira.
O marco literário, contudo, foi a publicação do livro Fan-

S
PE
farras, de Teófilo Dias, em 1882 – obra que incorporou os Seus poemas mais conhecidos e mais cantados, porém, fo-
ram aqueles em que dentro da beleza e do rebuscamento

LO
princípios do projeto parnaso. Apesar de Teófilo ter iniciado
o movimento, os nomes de maior destaque dentro do Par- parnaso, foi capaz de encontrar um lirismo um pouco mais

A
sentimental, por meio do qual Bilac parecia demonstrar

UL
nasianismo brasileiro foram: Olavo Bilac (cuja história diz
que de tão famoso, as pessoas, ao cruzarem com ele na que o Parnasianismo não deveria deixar de explorar em

PA
rua, começam a recitar os seus versos mais belos), Raimun- totalidade a passibilidade.
NA
do Correia, Alberto Oliveira e Vicente Carvalho. Sendo que XIII
4A

desses, os três primeiros também costumam ser agrupados


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
dentro do que se chama "Tríade Parnasa".
30

Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,


70

Que, para ouvi-las, muita vez desperto


35

3. Aspectos Gerais do E abro as janelas, pálido de espanto…


53

E conversamos toda a noite, enquanto


Parnasianismo
03

A via-láctea, como um pálio aberto,


Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
O

§ Arte pela arte


UJ

Inda as procuro pelo céu deserto.


A

§ Perfeição formal Direis agora: "Tresloucado amigo!


AR

Que conversas com elas? Que sentido


§ Olhar objetivo e impessoal para o objeto poético
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
S
PE

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!


3.1. Olavo Bilac: o príncipe parnaso
LO

Pois só quem ama pode ter ouvido


Capaz de ouvir e de entender estrelas".
LA

BILAC, Olavo. Via Láctea. Disponível em: <http://dominiopublico.


U

gov.br/download/texto/ua000252.pdf>. Acesso em: Mar. 2021.


PA

Profissão de Fé
NA
4A

Le poète est ciseleur,


Le ciseleur est poète.
30

Victor Hugo
0
57

Não quero o Zeus Capitolino


3

Hercúleo e belo,
53

Talhar no mármore divino


03

Com o camartelo.
JO

Que outro – não eu! – a pedra corte


AU

Para, brutal,
Erguer de Atene o altivo porte
AR

Descomunal.
S

Mais que esse vulto extraordinário,


PE

Que assombra a vista,


LO
LA

63
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Seduz-me um leve relicário No azul da adolescência as asas soltam,
De fino artista. Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,

PA
E eles aos corações não voltam mais...
Invejo o ourives quando escrevo:

NA
Imito o amor CORREIA, Raimundo. Poesias. Rio de Janeiro: Agir, 1976.

4A
Com que ele, em ouro, o alto relevo
O poema de Correia mostra o voar das aves como uma
Faz de uma flor.

30
cena em que se faz o amanhecer. Os versos de Raimundo,
Imito-o. E, pois, nem de Carrara

70
assim, se mostram conectados a uma pintura da natureza,
A pedra firo:

35
a partir de imagens com grande força poética.
O alvo cristal, a pedra rara,

53
O ônix prefiro

03
[...] 3.3. Alberto de Oliveira:
o segundo príncipe

JO
BILAC, Olavo. Profissão de fé. Disponível em: <http://dominiopublico.
gov.br/download/texto/bi000179.pdf>. Acesso em: Mar. 2021.

AU
AR
3.2. Raimundo Correia: o

S
poeta das pombas

PE
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4A
30
70
35
53
03
O
UJ

Reconhecido por Bilac, o "chefe" dos parnasos brasileiros,


A

Alberto de Oliveira foi um poeta que muito cultuou a forma


AR

parnasa. Dentre os três principais nomes do parnasianismo, é


S

ele quem melhor desenvolve a descrição e a impassibilidade


PE

para o objeto poético, criando quadros e retratos por meio de


LO

sua poesia. Seu poema mais famoso está expresso a seguir.


Raimundo Correia é um paranasiano muito conhecido pelo
LA

seu soneto "As pombas". Assim como Bilac, Raimundo Vaso chinês
U
PA

também explora certo lirismo em seus poemas, por exem- Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
plo, trazendo imagens sugestivas, que variam entre a des- Casualmente, uma vez, de um perfumado
NA

crição e a reflexão por meio de sugestões. Contador sobre o mármore luzidio,


4A

Entre um leque e o começo de um bordado.


As pombas
30

Fino artista chinês, enamorado,


Nele pusera o coração doentio
0

Vai-se a primeira pomba despertada ...


57

Vai-se outra mais ... mais outra ... enfim dezenas Em rubras flores de um sutil lavrado,
3

De pombas vão-se dos pombais, apenas Na tinta ardente, de um calor sombrio.


53

Raia sanguínea e fresca a madrugada ...


03

Mas, talvez por contraste à desventura,


E à tarde, quando a rígida nortada Quem o sabe? – de um velho mandarim
JO

Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, Também lá estava a singular figura.
AU

Ruflando as asas, sacudindo as penas, Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a,
Voltam todas em bando e em revoada... Sentia um não sei quê com aquele chim
AR

Também dos corações onde abotoam, De olhos cortados à feição de amêndoa.


S

Os sonhos, um por um, céleres voam, OLIVEIRA, Alberto. Vaso chinês. Disponível em: <https://academia.org.br/
PE

Como voam as pombas dos pombais; academicos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos>. Acesso em: Mar. 2021.
LO
LA

64
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A
4. Simbolismo: projeto literário

UL
1944) envolveu-se com a publicação de duas revistas aca-
dêmicas: Os insubmissos e Boêmia nova, ambas defenso-

PA
A arte simbolista reflete o lado mais sensível das transfor- ras do Simbolismo francês.

NA
mações que marcam o final do século XIX, em especial os
Com a publicação da obra Oaristos (1890) definiu algumas

4A
sentimentos de incerteza e pessimismo, capazes de expor
características da nova escola, como o uso de rimas novas e
um olhar questionador para a realidade e a busca pelas

30
raras, novas métricas, aliterações, sinestesias e vocabulário
representações mais abstratas.

70
musical. Essa técnica tem inspiração em Paul Verlaine: busca

35
A fim de investigar o desconhecido incerto, os autores des- intensa de musicalidade, como neste poema Um sonho.

53
se período irão apostar na experiência dos símbolos e das

03
sensações, e quais analogias podem ser extraídas dele em
relação ao mundo visível. Esses símbolos, partirão de um

JO
mergulho na subjetividade e, ao contrário do parnasianis-

AU
mo, os poetas irão de encontro à produção poética sem o

AR
auxílio da razão.

S
No campo das artes visuais, o Impressionismo e o Expres-

PE
sionismo ajudam a sintetizar as características da tendên-

LO
cia artística do período.

A
UL
O simbolismo também tem origem na França, a partir das

PA
produções de poetas como Baudelaire, Verlaine e Mallar-
mé. O termo aparece pela primeira vez em 1886, por meio
NA
do escritor francês Jean Moréas, que vai dizer que a arte
4A

simbolista não revela ideias, mas as sugere a partir das ex- Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...
30

periências sensoriais que ela evoca no público. O sol, o celestial girassol, esmorece...
70

E as cantilenas de serenos sons amenos


35

Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos...


5. Aspectos Gerais
53

As estrelas em seus halos


do Simbolismo
03

Brilham com brilhos sinistros...


Cornamusas e crotalos,
O

§ Ideal da arte absoluta Cítolas, cítaras, sistros,


UJ

Soam suaves, sonolentos,


A

§ Valorização dos sentidos e das sensações Sonolentos e suaves,


AR

§ Correspondências entre o mundo ideal e o mundo visível Em suaves,


S

Suaves, lentos lamentos


PE

§ Conhecimento intuitivo da realidade De acentos


LO

Graves,
§ Concepção mística do mundo Suaves.
LA

§ Expressões sinestésicas Flor! enquanto na messe estremece a quermesse


U

E o sol, o celestial girassol esmorece,


PA

Deixemos estes sons tão serenos e amenos,


6. Simbolismo em Portugal
NA

Fujamos, Flor! à flor destes floridos fenos...


Soam vesperais as Vésperas...
4A

O marco inicial do Simbolismo em Portugal foi Oaristos, de Uns com brilhos de alabastros,
30

Eugênio de Castro, em 1890. O prefácio traz um verdadeiro Outros louros como nêsperas,
0

programa de estética simbolista, com base nas ideias do No céu pardo ardem os astros...
57

poeta francês Jean Moréas. [...]


3
53

O término do Simbolismo português deu-se em 1915, Messe: colheita


03

Esmorece: desmaia
quando Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro lançaram
Cantinela: cantiga suave, monótona
JO

a revista Orpheu, que deu início ao movimento modernista. Halo: auréola


AU

Cornamusas: gaita de foles


6.1. Eugênio de Castro Crotalos: instrumento musical semelhante a castanholas
AR

Cítolas: instrumento egípcio de percussão


S

Formado em Letras pela Faculdade de Coimbra, por volta Cítaras: alaúdes


PE

de 1889, o português Eugênio de Castro e Almeida (1869- Sistros: o mesmo que liras
LO
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65
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6.2. Camilo Pessanha

UL
De posse dessa metáfora para intitular sua obra, Camilo Pes-
sanha chama a atenção para o tempo que flui e para o tema

PA
Camilo Almeida Pessanha (1867-1926) é considerado o da obra: a perda, a efemeridade de tudo quanto passa, a

NA
melhor, mais autêntico e inovador poeta simbolista por- inutilidade da vida, a dor, o medo, a realidade ambígua. Pre-
tuguês cujo trabalho influenciou modernistas posteriores,

4A
dominante na obra é a ideia de que o ser humano só atinge
como Fernando Pessoa. as aparências, nunca a essência das coisas.

30
70
Distante da tendência neorromântica dos escritores do seu Chorai arcadas

35
tempo, incorporou procedimentos muito semelhantes aos Do violoncelo!

53
do francês Verlaine, ao aproximar a poesia da música. Sua Convulsionadas,
Pontes aladas

03
visão de mundo é pessimista, a partir da óptica da ilusão
De pesadelo...
e da dor. Sente-se um verdadeiro exilado no mundo, sob

JO
a impressão de uma verdadeira desintegração de seu ser. De que esvoaçam,

AU
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,

AR
Se despedaçam,

S
No rio, os barcos.

PE
Fundas, soluçam

LO
Caudais de choro...

A
Que ruínas, (ouçam)!

UL
Se se debruçam,

PA
Que sorvedouro!...
Trêmulos astros,
NA
Soidões lacustres...
– Lemes e mastros...
4A

E os alabastros
30

Dos balaústres!
70

Urnas quebradas!
35

Blocos de gelo...
53

– Chorai arcadas,
03

Despedaçadas,
Do violoncelo.
O
UJ

(Camilo Pessanha. Clepsidra. Lisboa: Ática, 1945.)


A

Sua obra mais importante, Clepsidra – relógio de água –, Caminho


AR

tem poemas que se destacam pela musicalidade e pelo ca- Tenho sonhos cruéis: n’alma doente
S

ráter dramático dos temas.


PE

Sinto um vago receio prematuro.


Vou a medo na aresta do futuro,
LO

Embebido em saudades do presente...


LA

Saudades desta dor que em vão procuro


Do peito afugentar bem rudemente,
U
PA

Devendo, ao desmaiar sobre o poente,


Cobrir-me o coração dum véu escuro!...
NA

Porque a dor, esta falta d’harmonia,


4A

Toda a luz desgrenhada que alumia


As almas doidamente, o céu d’agora,
30

Sem ela o coração é quase nada:


0
57

– Um sol onde expirasse a madrugada,


Porque é só madrugada quando chora.
3
53

(Massaud Moisés. A literatura portuguesa através


03

dos textos. São Paulo: Cultrix, V 1971.)


JO

Publicado postumamente, em 1920, o título desse livro re-


7. Simbolismo no Brasil
AU

fere-se a um instrumento semelhante à ampulheta, dois


AR

cones interligados, usado para medição de tempo. O tem- O Simbolismo brasileiro desenvolveu-se paralelamente ao
S

po é medido com base na velocidade de escoamento da Parnasianismo, portanto no mesmo contexto histórico-cul-
PE

água do cone superior para o inferior. tural. Todavia, desenvolveu-se fora do Rio de Janeiro, com
LO
LA

66
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UL
a publicação de duas obras do poeta catarinense Cruz e eminentemente branca, padeceu diversas formas de pres-
Sousa: Missal e Broquéis, ambas de 1893, e terminou com são social e preconceitos.

PA
a publicação de Canaã, de Graça Aranha, em 1902.
Fixou-se no Rio de Janeiro em 1886, onde viveu bastante

NA
Como o Parnasianismo, o movimento simbolista também pobre e discriminado pela origem étnica. Ficou conhecido

4A
se projetou no século XX, sendo que sua influência esten- como “Cisne negro” e “Dante Negro”. Teve seu valor reco-

30
deu-se pelo Pré-Modernismo e Modernismo, considerando nhecido somente após a morte.

70
que houve modernistas neossimbolistas.

35
O decadentismo do final do século XIX reflete-se no Sim-

53
bolismo do Brasil, se forem consideradas estas três orienta-

03
ções que o nortearam:

JO
§ Orientação humanístico-social, adotada por Cruz

AU
e Sousa e continuada mais tarde por Augusto dos An-

AR
jos: preocupação com os problemas transcendentais do
ser humano.

S
PE
§ Orientação místico-religiosa, adotada por Alphon-

LO
sus de Guimaraens: temas religiosos distantes do eso-

A
terismo europeu.

UL
§ Orientação intimista-crepuscular, adotada por pré-

PA
-modernistas e modernistas, como Olegário Mariano, NA
Guilherme de Almeida, Ribeiro Couto, Manuel Bandeira Missal e Broquéis, marcos iniciais do Simbolismo no Brasil,
4A

e Cecília Meireles: temas relacionados com o cotidiano, foram publicados em 1893. Sua obra poética conta ainda
sentimentos melancólicos e gosto pela penumbra.
30

com Faróis, Últimos sonetos e Evocações (poesia em prosa).


70

A produção em prosa não vingou no Simbolismo brasileiro, A temática de sua poesia é caracterizada pela busca do
35

mesmo com a poesia em prosa de Cruz e Sousa, por exem- transcendente, ao lado do sentimento trágico da existên-
53

plo. Ficou voltado para a poesia em um momento históri-


cia. Além das inovações métricas, sua obra introduz uma
03

co em que o país estava marcado por frustrações, falta de


combinação de vocábulos que resultam em curiosas asso-
perspectivas, angústias.
O

ciações de concreto e abstrato, cujo efeito sugere analogias


UJ

e correspondência importantes, bem como recursos sono-


7.1. Cruz e Sousa
A

ros, sinestesias e repetições de efeito melódico.


AR
S

Missal
PE
LO

Escritos em prosa, os poemas de Missal ainda não alcan-


çam a qualidade musical, a plasticidade, a sugestão, a
LA

sublimidade e a alquimia verbal de suas realizações pos-


U
PA

teriores. Vale mais como registro do que como referência


do Simbolismo no Brasil. Obra influenciada pela poesia em
multimídia: vídeo
NA

prosa de Charles Baudelaire.


4A

Fonte: Youtube
30

Cruz e Sousa – o poeta do Desterro


0

Drama biográfico sobre o poeta João da Cruz e Sousa,


57

simbolista brasileiro. Descendente de escravos, Cruz e


3
53

Sousa, depois de receber a melhor educação possível,


03

decide se mudar para o Rio de Janeiro em busca do re-


conhecimento de sua obra.
JO
AU

Embora nascido escravo, João da Cruz e Sousa (1861-


AR

1898) teve educação refinada, aprendeu francês, latim e


S

grego no Ateneu Provincial, em Santa Catarina, graças à


PE

proteção de uma família aristocrática. Numa sociedade


LO
LA

67
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S
PE
LO
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UL
Que o pólen de ouro dos mais finos astros
Fecunde e inflame a rima clara e ardente...

PA
Que brilhe a correção dos alabastros

NA
Sonoramente, luminosamente.
[...]

4A
(Cruz e Sousa. Poesias completas. Rio de Janeiro: Ouro, 1957.)

30
Antífona: pequeno verso que se canta antes e depois de um salmo

70
multimídia: livro Turíbulos: vasos para queimar incenso

35
Aras: altares

53
Réquiem: ritual para mortos

03
Cruz e Sousa – Tasso da Silveira Diafaneidades: transparências
Esse livro reúne as mais belas poesias do maior poeta Fuljam: brilhem

JO
simbolista brasileiro: Cruz e Souza. Alabastros: rochas muito brancas, translúcidas

AU
AR
7.2. Alphonsus de Guimaraens
Broquéis

S
PE
São 54 sonetos – forma poética preferida pelo autor nesse

LO
livro. O branco está presente em diversos jogos e matrizes,

A
a luminosidade do luar e da neblina; a neve, as imagens

UL
vaporosas, os cristais, criando um universo delicado. Sines-

PA
tesias, assonâncias e aliterações qualificam os poemas. NA
4A
30
70
35
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03
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Antífona
PA

Ó Formas alvas, brancas, Formas claras O “Solitário de Mariana”, como era conhecido, Afonso
NA

De luares, de neves, de neblinas! Henriques da Costa Guimarães (1870-1921) viveu gran-


4A

Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... de parte de sua vida em Minas Gerais, onde exerceu a
Incensos dos turíbulos das aras...
30

magistratura. Marcado pela morte de sua noiva, Cons-


[...]
0

tança, quando ambos tinham dezoito anos, Alphonsus


57

Indefiníveis músicas supremas, de Guimaraens jamais a esqueceu, embora tenha se ca-


3

Harmonias da Cor e do Perfume...


53

sado e sido pai de catorze filhos. A morte da noiva des-


Horas do Ocaso, trêmulas, extremas,
03

Réquiem do Sol que a Dor da Luz resume... pertou nele um sentimento religioso que o acompanha-
ria na poesia, a começar pelos títulos das obras: Kyriale,
JO

[...]
Setenário das dores de Nossa Senhora, Dona Mística,
AU

Do Sonho as mais azuis diafaneidades


Pauvre Lyre, Pastoral aos crentes do amor e da morte...
AR

Que fuljam, que na Estrofe se levantem


E as emoções, todas as castidades Além da religião, seus poemas exploram os temas da
S

Da alma do Verso, pelos versos cantem. natureza e da arte, que de alguma forma se relacionam
PE

[...] com o da morte.


LO
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Obras

PE
LO
A catedral § Setenário das dores de Nossa Senhora (1899);
Entre brumas, ao longe, surge a aurora,

A
§ Dona mística (1899);

UL
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol. § Câmara ardente (1899);

PA
A catedral ebúrnea do meu sonho
§ Kiriale (1902);
NA
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca de sol.
4A

§ Mendigos (1920);
E o sino canta em lúgubres responsos:
30

“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!” § Pauvre Lyre (1921);


70

O astro glorioso segue a eterna estrada. § Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923);
35

Uma áurea seta lhe cintila em cada


53

§ Poesias (Nova Primavera, Escada de Jacó, Pulvis, 1938).


Refulgente raio de luz.
03

A catedral ebúrnea do meu sonho,


Onde os meus olhos tão cansados ponho,
O
UJ

Recebe a benção de Jesus.


A

E o sino clama em lúgubres responsos:


AR

“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”


S

Por entre lírios e lilases desce


PE

A tarde esquiva: amargurada prece


LO

Põe-se a luz a rezar.


A catedral ebúrnea do meu sonho
LA

Aparece na paz do céu tristonho


U

Toda branca de luar.


PA

E o sino chora em lúgubres responsos:


NA

“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”


4A

O céu e todo trevas: o vento uiva.


30

Do relâmpago a cabeleira ruiva


0

Vem acoitar o rosto meu.


57

A catedral ebúrnea do meu sonho


3

Afunda-se no caos do céu medonho


53

Como um astro que já morreu.


03

E o sino chora em lúgubres responsos:


JO

“Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!”


AU

(Alphonsus de Gimaraens. Os melhores


poemas. São Paulo: Global, 1985.)
AR

Hialino: semelhante ao vidro


S

Arrebol: o nascer do sol


PE

Ebúrnea: marfim
LO
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PA
DIAGRAMA DE IDEIAS

NA
4A
30
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53
PARNASIANISMO E SIMBOLISMO

03
JO
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LITERATURA DO FINAL DO SÉCULO XIX

AR
S
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RAZÃO EMOÇÃO

A
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NA
PARNASIANISMO SIMBOLISMO
4A
30
70

TORRE DE MARFIM MUNDO ONÍRICO


35
53
03

BUSCA PELA PERFEIÇÃO SINESTESIAS


O
A UJ

ARTE PELA ARTE CORRESPONDÊNCIA


AR

ENTRE O MUNDO
DAS IDEIAS E O
S
PE

MUNDO VISÍVEL
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A
2. Euclides da Cunha

UL
AULAS 25 E 26

PA
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4A
30
70
PRÉ-MODERNISMO

35
53
03
JO
AU
AR
COMPETÊNCIA: 5

S
Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha (1866-1909) termi-

PE
15, 16 e 17 nou o curso de Engenharia Militar na Escola Superior de

LO
HABILIDADES:
Guerra, em 1892. Trabalhou na construção da Estrada de

A
Ferro Central do Brasil e, mais tarde, atuou na cidade de

UL
São Carlos do Pinhal (SP) como engenheiro-assistente, na

PA
O termo Pré-modernismo foi criado em 1939 por Tris- Superintendência de Obras. Ao mesmo tempo colaborava
NA
tão de Athayde (pseudônimo de Alceu Amoroso Lima, com artigos para o jornal O Estado de S. Paulo, que o con-
4A

1893-1983) para denominar o “momento de alvoroço vidou para ser correspondente em Canudos – cidade do
intelectual, marcado pelo fim da grande guerra [1914- interior da Bahia – durante o conflito entre o líder Antonio
30

1918] e, entre nós, por toda uma ansiedade de renova- Conselheiro e as forças governistas. Permaneceu no ser-
70

ção intelectual, que alguns anos mais tarde redundaria


35

no movimento modernista” tão baiano de agosto a outubro de 1897 e testemunhou o


53

massacre de Canudos.
– Jean Marcel Oliveira Araujo
03

Ao regressar, em 1899, foi transferido para o município de


O

São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo, onde de-


1. O pré-modernismo
UJ

veria construir uma ponte sobre o rio Pardo. Lá escreveu Os


A

O pré-modernismo compreende um período histórico. sertões, obra que publicaria em 1902 e que o consagraria
AR

Por isso, é importante compreendê-lo como um mo- no panorama cultural brasileiro.


S

mento de transição, em vez de uma escola literária, de


PE

fato. Há de se perceber, assim, dois fatores que podem


LO

provocar unidade no conjunto selecionado e estudado


LA

comumente: a recusa aos modelos passados, o realis-


U

mo, o romantismo, entre outros, seja ela em partes ou


PA

total, o que resulta em uma inventividade e uma plu-


NA

ralidade ideológica nunca antes vista, e, também, na


multimídia: livro
4A

proclamação do Modernismo com a semana de vinte e


dois, a recusa ao modernismo, em si, como é o caso do
30

polêmico Monteiro Lobato.


0
57

Perfil de Euclides e outros perfis – Gilberto Freyre


Assim, é comum que o aluno encontre características bas-
3

Gilberto Freyre foi um dos maiores intérpretes da realida-


53

tante "modernistas", nas obras de Lima Barreto ou de Eucli-


de brasileira e, nesse livro, revela um lado seu bastante
03

des da Cunha, mas uma vez que os movimentos históricos perspicaz: o de grande observador do gênero humano.
marcaram o início do Modernismo no Brasil com grandes
JO

Em Perfil de Euclides e outros perfis, Freyre nos brinda


pompas em uma semana de arte, não cabe a classificação.
AU

com textos instigantes sobre personalidades importan-


De forma geral, compreenderemos como pré-modernistas tes da história e da literatura brasileiras, como Euclides
AR

algumas das obras publicadas entre 1902, ano de publica- da Cunha, Augusto dos Anjos, D. Pedro II, Oliveira Lima,
S

ção de Os Sertões, de Euclides da Cunha, e 1922, ano da Manuel Bandeira, Nina Rodrigues e outros.
PE

Semana de Arte Moderna e de falecimento de Lima Barreto.


LO
LA

71
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2.1. Os sertões

UL
PA
NA
4A
30
70
35
As forças governistas acabaram por aniquilar
o primitivo exército de jagunços.

53
03
Na terceira parte, finalmente, desenrola-se a luta, organi-
zada em seis episódios: Preliminares, Travessia do comboio,

JO
Expedição Moreira César, Quarta expedição, Nova fase da

AU
luta e Últimos dias.

AR
Trecho da segunda parte, O homem, de Os sertões.

S
PE
LO
A
UL
Os sertões situa-se entre a literatura, a sociologia e a ci-

PA
ência. Trata-se de uma análise sociocultural que revelou
ao brasileiro um mundo desconhecido, de miséria abso-
NA
luta. O rigor científico de Euclides da Cunha – de linha
4A

cientificista do final do século XIX, que analisa o ser hu-


30

mano em razão de seu ambiente –, aliado à linguagem


70

vibrante e pomposa, faz do livro uma fonte preciosa de


35

informação e de expressão. Xilogravura de Gabriel Arcanjo


53

Serviram de roteiro as reportagens que Euclides da Cunha,


03

como correspondente especial, escrevera no dia a dia da 2.1.1. Capítulo III


O

Guerra de Canudos. O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitis-


UJ

mo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.


A

Armado de cultura técnico-científica, o engenheiro trouxe


AR

para Os sertões o vocabulário preciso de seu ofício e or- A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista,
ganizou o livro em três partes – a terra, o homem e a luta
S

revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desem-


PE

–, com o intuito de trazer ao leitor uma visão completa do peno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.
LO

que se passava em Canudos.


É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo,
LA

Na primeira parte, o narrador descreve a terra, palco reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem
U

onde foi representada a trágica peleja entre brasileiros-ir- firmeza, sem aprumo, quase gigante e sinuoso, aparenta a
PA

mãos que se desconheciam e que o destino colocou no translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura
NA

papel de antagonistas. normalmente abatida, num manifestar de displicência que


lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando
4A

Na segunda parte, retrata o homem brasileiro que se de-


parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou
fronta naquele palco: de um lado, o sertanejo resistente; de
30

parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para tro-


outro, o militar incumbido de domá-lo. Emerge nessa parte
0

car duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos


57

a figura do chefe da revolta, Antônio Conselheiro, o ser-


estribos, descansado sobre a espenda da sela. Caminhan-
3
53

tanejo que representava todos os combatentes/lutadores,


do, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e
03

ponto de agregação para o qual convergiam as caracterís-


firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de
ticas da sociedade sertaneja.
JO

quem parece ser o traço geométrico os meados das trilhas


Nessa parte, alguns personagens secundários do sertão sertanejas. E se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar,
AU

são trazidos à cena: Volta-Grande, Pajeú, Pedrão, João para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira
AR

Abade, Trança-Pés, Boca-Torta, Chico-Ema, bem como os conversa com um amigo, cai logo – cai é o termo – de có-
S

coronéis Moreira César e Tamarindo, o general Machado coras, atravessando largo tempo num posição de equilíbrio
PE

Bitencourt e muitos militares. instável, em que todo seu corpo fica suspenso pelos dedos
LO
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grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma
simplicidade a um tempo ridícula e adorável.

PA
É o homem permanentemente fatigado.

NA
4A
Reflete a preguiça invencível, a atonia muscular perene, em
tudo: na palavra remorada, no gesto contrafeito, no andar

30
desaprumado, na cadência langorosa das modinhas, na

70
tendência constante à imobilidade e à quietude. multimídia: vídeo

35
Fonte: Youtube

53
Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude.

03
Guerra de Canudos
Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de
Em 1893, Antônio Conselheiro (José Wilker) e seus se-

JO
improviso. Naquela organização combalida operam-se, em
segundos, transmutações completas. Basta o aparecimen- guidores começam a tornar um simples movimento em

AU
to de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das algo grande demais para a República, que acabara de

AR
energias adormidas. O homem transfigura-se. [...] ser proclamada e decidira por enviar vários destacamen-
tos militares para destruí-los. Os seguidores de Antônio

S
PE
Conselheiro apenas defendiam seus lares, mas a nova

LO
ordem não podia aceitar que humildes moradores do
sertão da Bahia desafiassem a República.

A
UL
PA
É natural que estas camadas profundas da nossa estratifi-
cação étnica se sublevassem numa anticlinal extraordinária
NA
– Antônio Conselheiro...
multimídia: vídeo
4A

A imagem é corretíssima.
30

Fonte: Youtube
70

Deus e o Diabo na terra do sol Da mesma forma que o geólogo interpretando a inclinação
35

e a orientação dos estratos truncados de antigas forma-


Manuel (Geraldo Del Rey) é um vaqueiro que se revolta
53

ções esboça o perfil de uma montanha extinta, o historia-


contra a exploração imposta pelo coronel Moraes (Míl-
03

dor só pode avaliar a altitude daquele homem, que si nada


ton Rosa) e acaba matando-o numa briga. Ele passa a
valeu, considerando a psicologia da sociedade que o criou.
O

ser perseguido por jagunços, o que faz com que fuja


UJ

Isolado, ele se perde na turba dos neuróticos vulgares.


com sua esposa Rosa (Yoná Magalhães). O casal se jun-
Pode ser incluído numa modernidade qualquer de psicose
A

ta aos seguidores do beato Sebastião (Lídio Silva), que


AR

progressiva. Mas posto em função do meio, assombra. É


promete o fim do sofrimento através do retorno a um
uma diátese, e é uma síntese. [...]
S

catolicismo místico e ritual. Porém, ao presenciar a mor-


PE

te de uma criança, Rosa mata o beato. Simultaneamen- É difícil traçar no fenômeno a linha divisória entre as tendên-
LO

te, Antônio das Mortes (Maurício do Valle), um matador cias pessoais e as tendências coletivas; a vida resumida do
LA

de aluguel a serviço da Igreja católica e dos latifundiá- homem é um capítulo instantâneo da vida de sua sociedade.
U

rios da região, extermina os seguidores do beato. Acompanhar a primeira é seguir paralelamente e com mais
PA

rapidez a segunda, acompanhá-las juntas é observar a


NA

2.1.2. Capítulo IV mais completa mutualidade de influxos.


4A

3. Lima Barreto
30
0
57

Lima Barreto foi um importantíssimo escritor brasileiro, “o


3
53

romancista da primeira república''. Sua obra antecede o


03

movimento modernista, caracterizando-se, assim, como


uma pré-modernista. No entanto, isso não quer dizer que
JO

seus textos não se alinhem com as implicações políticas


AU

típicas dos grupos modernistas e nem que não obtivessem


AR

êxito em realização estética e formal da literatura moderna.


S

Filho de um tipógrafo e de uma professora, ambos pobres


PE

Os Sertões – Carlos Ferreira e Rodrigo Rosa. e, à época, designados como mestiços, Lima Barreto sofre
LO
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73
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preconceito durante toda sua vida. Seja pela cor de pele, seguinte, tornou-se escriturário do Ministério da Guerra.
seja pela questão financeira. Temas que o autor irá abordar Permanece na função até se aposentar. Em 1905, adentra a

PA
de maneira intrínseca em sua obra. Sua mãe morre quando área do jornalismo com algumas reportagens escritas para o

NA
o autor tem apena sete anos. Por ser afilhado do Visconde Correio da Manhã. Funda a revista "Floreal", em 1907, que

4A
de Ouro Preto, pode ter acesso a uma educação de quali- lança apenas quatro números.

30
dade, estudando no Colégio Pedro II e, seguidamente, na Sua estréia literária é marcada pelo romance Recordações

70
Politécnica do Rio de Janeiro. do Escrivão Isaías Caminha (1909). O texto conta a história

35
de um jovem afrodescendente que vem do interior para a

53
cidade e sofre sérios preconceitos raciais. Há alto tom auto-

03
biográfico bem como uma bela satira do jornalismo carioca.

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multimídia: vídeo

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Fonte: Youtube
Policarpo Quaresma, herói do Brasil
NA
O major Policarpo Quaresma é um sonhador. Um visio-
4A

nário que ama o seu país e deseja vê-lo tão grandioso


30

Afonso Henriques de Lima Barreto (Laranjeiras,


RJ 1881 - Rio de Janeiro, RJ 1922). quanto, acredita, o Brasil pode ser. A sua luta se inicia no
70

Congresso. Policarpo quer que o tupi-guarani seja adota-


35

do como idioma nacional. Ele tem o apoio de sua afilha-


53

da Olga, por quem nutre um afeto especial, e de Ricardo


03

Coração dos Outros, trovador e compositor de modinhas


O

que contam a história do nosso herói do Brasil.


A UJ
AR

Triste fim de Policarpo Quaresma é lançado em 1915. É con-


multimídia: livro siderada a obra-prima do autor. Destaca-se, também, em sua
S
PE

carreira, a publicação de Clara dos Anjos (1922), exímio con-


to em que destrincha a problemática do colorismo no Brasil,
LO

Lima Barreto: triste visionário – Lilia Schwarcz associando a temática à questão de classe.
LA

Durante mais de dez anos, Lilia Moritz Schwarcz mergu- Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia
U

lhou na obra de Afonso Henriques de Lima Barreto, com


PA

e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que


seu afiado olhar de antropóloga e historiadora, para lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fos-
NA

realizar um perfil biográfico que abrangesse o corpo, a sem... Em que lhe contribuía para a felicidade saber o
4A

alma e os livros do escritor de Todos os Santos. Essa, nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante
é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das
que é a mais completa biografia de Lima Barreto des-
30

coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrí-


de o trabalho pioneiro de Francisco de Assis Barbosa,
0

colas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfa-


57

lançado em 1952, resulta da apaixonada intimidade de ção? Nenhuma! Nenhuma!


3

Schwarcz com o criador de Policarpo Quaresma, e de


53

O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o


um olhar aguçado que busca compreender a trajetória
03

escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricul-


do biografado a partir da questão racial, ainda pouco tura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil
JO

discutida nos trabalhos sobre sua vida. como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu
AU

patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decep-


AR

ções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele a viu


Durante o terceiro ano do curso de Engenharia, em 1903, combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros,
S

Lima Barreto se viu obrigado a largar o curso. Seu pai ha- inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção,
PE

via enlouquecido e cabia a ele sustentar os irmãos. No ano uma série, melhor, um encadeamento de decepções.
LO
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A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma cria- documentalmente que o autor era filiado a um grupo
do por ele no silêncio de seu gabinete. paulista de eugenia. A revisão necessária, contudo, não

PA
BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível anula o fato de que por anos o autor foi estudado dentro

NA
em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011.
do pré-modernismo brasileiro, seja como autor, seja como

4A
ponto polêmico, seja como conservador, seja como um in-
4. Monteiro Lobato centivador da literatura infantil.

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5. Augusto dos Anjos

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Monteiro Lobato é José Bento Renato Monteiro Lobato, filho


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de fazendeiros e nascido em Taubaté, no interior paulista.


35

Desde criança se apaixonou pela literatura, pois, além de ter


53

sido alfabetizado cedo, coisa rara no país até então, tinha


03

acesso irrestrito à biblioteca de seu avô. Esse fator, talvez o


O

tenha incentivado à produção de uma obra precursora da Caricatura de Augusto dos Anjos
UJ

literatura infantil no país: O Sítio do Pica-Pau-Amarelo.


Augusto dos Anjos (1884-1914) cursou Direito, em Reci-
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A literatura de Lobato não para por aí, porém. Dono de fe. No contato com o ambiente acadêmico, familiarizou-se
editora, foi autor de obras que tratavam o regionalismo no com a ciência e absorveu de tal maneira termos científicos
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país, como Urupês (1918), conto em que se encontra o fa- que passou a usá-los cotidianamente, até mesmo em seus
LO

moso personagem Jeca Tatu: poemas. Sempre voltado para a literatura, publicou em edi-
[…] a verdade nua manda dizer que entre as raças va- ção particular o livro de poemas Eu, que causou enorme
LA

riadas do matiz, formadoras da nacionalidade e metidas polêmica, pois o público, acostumado com a linguagem
U

entre o estrangeiro recente e o aborígene de tabuinha


PA

parnasiana, julgou a obra, à primeira vista, de mau gosto.


no beiço, uma existe a vegetar de cócoras, incapaz de
NA

evolução, impenetrável ao progresso. Feia e sorna, nada A poética de Augusto dos Anjos nasceu de uma situação
a põe de pé. […] Jeca Tatu é um piraquara do Paraíba, histórica híbrida. Influenciado pelas ciências da época, o
4A

maravilhoso epitome de carne onde se resumem todas poeta parecia encantado com o uso de termos científicos.
30

as características da espécie. […] De pé ou sentado, as Seria uma forma de inovar a poesia. Embora empregasse
0

ideias se lhe entramam, a língua emperra e não há de


57

dizer coisa com coisa. De noite, na choça de palha, aco-


conceitos de origem científica, traduziu para o leitor verda-
3

cora-se em frente ao fogo para “aquentá-lo, imitado da deiras essências misteriosas, despertando-lhe um fascínio
53

mulher e da prole. […] Pobre Jeca Tatu! Como és bonito por aquilo que ele não conhecia.
03

no romance e feio na realidade!


Pode-se considerar Augusto dos Anjos como um poeta de tran-
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(LOBATO, 2004. p. 166-168.) sição entre o Simbolismo decadente e a modernidade, muito


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Hoje, a literatura de Lobato parece estar sendo revista, identificado sempre com os sofrimentos da população do cam-
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uma vez que se percebe a reprodução de certos preconcei- po e da cidade marginalizada pelo progresso capitalista.
S

tos (étnicos e regionais) dentro de suas obras. Além disso, A doença, a dor e a desilusão de viver estão muito presentes
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os mais atentos às polêmicas sabem que foi confirmado em seus poemas.


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Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

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Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

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O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

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A mão que afaga é a mesma que apedreja.

30
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,

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multimídia: livro Escarra nessa boca que te beija.

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53
(Augusto dos Anjos) Euclides da Cunha

03
Antologia poética de Augusto dos
Anjos – Ivan Cavalcanti Proença

JO
Augusto dos Anjos é um poeta estranho, perturbador, in-

AU
quietante e, como não poderia deixar de ser, capaz de

AR
grande sedução. O vocabulário pouco comum, a multipli-
cidade de influências literárias que recebe e recria, tornan-

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do-se inclassificável, e principalmente, o desespero radical

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com que tematiza o fim de todas as ilusões românticas
são alguns motivos de sua rejeição e paradoxal aceitação.

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5.1. Eu PA
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Obra composta de 58 poemas, quase todos com rima e em


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verso decassílabo, Eu é o único livro que Augusto dos Anjos


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publicou em vida, em 1912, escandalizando o público


U

leitor da época pela insistência na temática da podridão,


PA

da morte, do sofrimento e do terror.


NA

Nele, predomina a linguagem científica e extravagante,


4A

aliada à temática da morte e da degradação em seus es-


tágios mais avançados: a putrefação, a decomposição da
30

matéria. Seus versos refletem a descrença e o pessimismo


0
57

frente ao ser e à sociedade. Trata-se, portanto, de uma


3

poesia de negação.
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03

Versos íntimos
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Vês! Ninguém assistiu ao formidável


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Enterro de tua última quimera.


Somente a Ingratidão – esta pantera –
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Foi tua companheira inseparável!


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Acostuma-te à lama que te espera!


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O Homem, que, nesta terra miserável,


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DIAGRAMA DE IDEIAS

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PRÉ-MODERNISMO

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UM PERÍODO DE TRANSIÇÃO

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ESCRITORES DE CARÁTER MODERNISTA

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1902 1912 1915
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TRISTE FIM DE
OS SERTÕES EU POLICARPO
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QUARESMA
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EUCLIDES DA CUNHA AUGUSTO DOS ANJOS


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LIMA BARRETO
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1922 1918
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SEMANA DE
URUPÊS
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ARTE MODERNA
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LIMA BARRETO CONCLUI MONTEIRO LOBATO


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"CLARA DOS ANJOS";


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FALECE POUCO DEPOIS


CRITICOU O
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MODERNISMO
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Competência 1 – Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para

NA
sua vida.

4A
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.

30
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.

70
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.

35
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.

53
Competência 2 – Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) (LEM) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas

03
e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.

JO
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.

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H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.

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H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
Competência 3 – Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da iden-

S
PE
tidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.

LO
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.

A
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para

UL
H11
diferentes indivíduos.

PA
Competência 4 – Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da
própria identidade.
NA
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
4A

H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
30

H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos.
70

Competência 5 – Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a
35

natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
53

H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
03

H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
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Competência 6 – Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da reali-
dade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
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H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
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H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional
LO

Competência 7 – Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
LA

H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.


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PA

H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção,
NA

H24
chantagem, entre outras.
4A

Competência 8 – Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização
do mundo e da própria identidade.
30

H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
0
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H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.


3

H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
53

Competência 9 – Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida
03

pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte,
às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
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H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
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H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.


AR

H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem
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ENTRE LETRAS
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LINGUAGENS, CÓDIGOS

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e suas tecnologias

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LiNGUAGENS, CÓDiGOS E SUAS TECNOLOGiAS


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Gramática e Literatura
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ENTRE LETRAS
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Lucas Limberti, Murilo de Almeida Gonçalves, Pércio Luis Pereira e Rodrigo Martins
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