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Biologia para

vestibular medicina
5ª edição • São Paulo
2019

C N
3
CIÊNCIAS DA NATUREZA
BIOLOGIA
e suas tecnologias
Joaquim Matheus Santiago Coelho e Larissa Beatriz Torres Ferreira
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019
Todos os direitos reservados

Autores
Joaquim Matheus Santiago Coelho
Larissa Beatriz Torres Ferreira
Diretor geral
Herlan Fellini
Coordenador geral
Raphael de Souza Motta
Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica
Hexag Sistema de Ensino
Diretor editorial
Pedro Tadeu Batista

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Bruno Alves Oliveira Cruz
Claudio Guilherme da Silva Souza
Eder Carlos Bastos de Lima
Fernando Cruz Botelho de Souza
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Foto da capa
pixabay (http://pixabay.com)

Impressão e acabamento
Meta Solutions

ISBN: 978-85-9542-093-9

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o
ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição
para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre
as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
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2019
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CARO ALUNO

O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações
nos principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu
conteúdo enriquecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019.
Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores.
No total, são 103 livros, 24 cadernos de Estudo Orientado e 6 cadernos de aula.
O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno
realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo comple-
mentar. Todo livro é iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais
abordados nos principais vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional.
O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma:
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões
propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam
as explicações dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de
informações para o estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos.
TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS)
Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses
compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais aces-
sível e de bom entendimento aos olhos do estudante.
Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula.
INTERATIVIDADE
Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar
o repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do
aluno. Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado
com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante.
INTERDISCIPLINARIDADE
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
de hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e
química, história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações
que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante
consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
APLICAÇÃO NO COTIDIANO
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando
o contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas”
de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção “Aplicação no Cotidiano”. Como o próprio
nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm
contato em seu dia a dia.
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES
Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve
conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
dessas habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expo-
sitiva, descrevendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurá-las na sua prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade.
ESTRUTURA CONCEITUAL
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um
deles é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos
principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios.
A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para
o seu sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina.

Herlan Fellini
SUMÁRIO
BIOLOGIA
ECOLOGIA
Aulas 19 e 20: Biomas aquáticos 7
Aulas 21 e 22: Ciclos biogeoquímicos 17
Aulas 23 e 24: Problemas ambientais 31
Aulas 25 e 26: Tipos de reprodução e ciclos de vida 63

DIVERSIDADE DA VIDA
Aulas 19 e 20: Anelídeos 85
Aulas 21 e 22: Artrópodes e equinodermos 97
Aulas 23 e 24: Cordados I 121
Aulas 25 e 26: Cordados II 135

CITOLOGIA
Aulas 19 e 20: Gametogênese 161
Aulas 21 e 22: Histologia I 175
Aulas 23 e 24: Histologia II 205
Aulas 25 e 26: Produção de energia em heterótrofos: respiração e fermentação 219
Abordagem de ECOLOGIA nos principais vestibulares.

FUVEST
Ação antrópica e suas consequências têm sempre uma alta frequência nessa prova. Problemas am-
bientais quase sempre são abordados por meio de situações da atualidade, como a despoluição da
baía de Guanabara, trazida pela Fuvest, em 2017. Sendo assim, o aluno deve manter-se atualizado
sobre os principais acontecimentos cotidianos.

LD
ADE DE ME
D
UNESP
U

IC
FAC

INA

BO
1963
T U C AT U Desastres naturais atuais são sempre abordados nessa prova, como, a despoluição da baía de
Guanabara, em 2017, e o rompimento da barragem de uma mineradora em Mariana, em 2016.
Compreender ciclos biogeoquímicos e como eles interagem com problemas ambientais é de
fundamental importância para resolver essa prova.

UNICAMP
Ciclos biogeoquímicos e problemas ambientais, por apresentarem uma ligação, são comumente
abordados de forma conjunta, principalmente o ciclo do carbono e o efeito estufa (o aluno deve
ficar atento a esse assunto). Gráficos e fluxogramas quase sempre estão presentes trazendo consigo
informações valiosas que podem ser, até mesmo, a resposta de outras questões.

UNIFESP
O ciclo biogeoquímico do carbono é frequentemente abordado nessa prova, relacionado aos
problemas ambientais, como desmatamento e eutrofização. O ciclo do nitrogênio também é outro
que aparece com certa frequência, podendo ser abordado com outras áreas da biologia, como reino
Monera e fisiologia vegetal.

ENEM/UFMG/UFRJ
Os problemas ambientais e os ciclos do carbono e do nitrogênio são temas muito abordados, os quais
aparecem relacionados com outras partes da biologia, como bioquímica e zoologia.

UERJ
Os ciclos biogeoquímicos, como o do nitrogênio e do carbono, são destaques dentro do conteúdo
deste livro em relação às questões dessa prova. Eles são abordados dentro de textos que exigem a
interpretação por parte do leitor, ou seja, não basta ter conhecimento do conteúdo, é necessário ter,
também, uma boa capacidade interpretativa.
1 0
9 2 Biomas aquáticos

Competências Habilidades
3, 5, 7 e 8 10, 12, 18, 27,
28, 29 e 30

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas ligadas à saúde humana, relacionando conheci-
mentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da Física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da Química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da Biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
AMBIENTES AQUÁTICOS
Biociclo marinho ou talassociclo
É o maior de todos os biociclos. Trata-se de um grande ambiente contínuo e bastante homogêneo, em fun-
ção de sua extensão. Assim o conceito de bioma não deve ser aplicado a estes ambientes. Os quais ocupam 3/4
da biosfera. Nos mares e oceanos, os fatores abióticos mais importantes são a pressão hidrostática, a iluminação,
a salinidade e a temperatura. A pressão hidrostática aumenta 1 atmosfera a cada 10 m de profundidade. A luz
vai sendo absorvida pelos seres autótrofos, as algas, à medida que penetra na água; assim, as radiações que mais
penetram são azul e violeta. Costumam-se distinguir no mar três regiões em função da presença da luz:
§ eufótica – recebe luz diretamente e, geralmente, chega até 100 m.
§ disfótica – recebe luz difusa e pode chegar a 300 m.
§ afótica – é a região geralmente abaixo de 300 m, que não recebe luz.
A temperatura varia muito, conforme a profundidade dos oceanos. A camada mais aquecida é a superficial
e, também, é a que fica mais sujeita às variações dependentes das estações do ano. A salinidade fica em torno de
35 partes por mil e ocorre uma variação muito grande de sais dissolvidos, predominando o cloreto de sódio (NaCℓ).

Comunidades aquáticas – classificação dos organismos


§ Plâncton – comunidade biológica constituída por enorme biodiversidade de espécies que vivem na super-
fície da água, geralmente transportados passivamente pelo movimento das águas, sejam ondas ou marés.
O plâncton pode ser dividido em: fitoplâncton, constituído por algas representadas, principalmente, pelas
diatomáceas e pelos dinoflagelados (pirrófitos); e o zooplâncton, constituído por inúmeros grupos animais
pertencentes aos protozoários, filos menores, larvas de crustáceos e de peixes, entre outros representantes
do reino metazoa.
§ Bentos – comunidade correspondente àqueles seres que vivem no fundo do mar, fixos ou movendo-se no
fundo. Os indivíduos fixos são chamados sésseis e são representados, principalmente, por muitos tipos de
algas vermelhas, pardas e verdes e muitos animais, como espongiários, corais, certos grupos de anelídeos,
de moluscos e de equinodermos. Os animais que se movem no fundo são frequentemente representados
por equinodermos (estrelas-do-mar) e moluscos.
§ Nécton – comunidade formada pelos animais livre-natantes, representados por peixes, polvos, mamíferos
marinhos e tartarugas, entre outros.

Comunidade biológica

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O biociclo marinho pode ser dividido em: Águas lênticas ou estacionárias
§ Águas costeiras – dividida em duas áreas dis-
tintas, beira-mar e zona litorânea, essa região São os ambientes constituídos por águas para-
é também conhecida como plataforma conti- das que, na verdade, estão sendo sempre renovadas. As
nental e abrange uma área com largura apro- águas lênticas correspondem desde a uma poça-d’água
ximada de 50 km da costa, podendo atingir até formada pelas chuvas até as lagoas e grandes lagos, co-
200 m de profundidade. Os produtores dessa mos o lago Superior e o mar Cáspio (maior lago salgado
região são as algas e algumas raras espécies do mundo). Vamos tomar como exemplo uma lagoa: os
de angiospermas. O fundo da zona litorânea produtores das lagoas são principalmente representa-
pode ser arenoso, lodoso ou rochoso. Ocorrem dos por algas microscópicas que formam o fitoplâncton
os corais, geralmente encontrados em águas (diatomáceas, cianofíceas, dinoflagelados etc.). De me-
claras, limpas e com temperatura acima de nor importância são os vegetais superiores (geralmente
20 °C. Estão frequentemente associados com angiospermas) que vivem fixos no fundo ou são flutuan-
algas vermelhas. tes. Os consumidores são representados pelo zooplânc-
§ Mar aberto – é a região dependente das marés e, ton, caracterizado pelos protozoários, pequenos crus-
portanto, de difícil adaptação para os seres vivos. É táceos e outros animais. Citando exemplos de outros
a zona que ora fica coberta pelas águas, ora desco- animais não pertencentes ao plâncton, temos larvas de
berta. Trata-se da zona “entre-marés”. É mais po- peixes, moluscos, peixes adultos, aves, como garças, que
bre do que a região costeira. Os produtores estão se alimentam dos peixes, e mamíferos, como ariranhas e
lontras, que dependem do ecossistema aquático. Quan-
representados pelo fitoplâncton (diatomáceas e di-
do os seres vivos morrem, acumulam-se no fundo da la-
noflagelados). Os consumidores são representados
goa e são transformados por ação dos de compositores
pelos mais diferentes animais nectônicos, desde o
(bactérias e fungos). A seguir, a comunidade biológica
plâncton até tubarões, baleias etc.
de um ecossistema lêntico.
§ Regiões abissais – as grandes profundida-
des apresentam condições difíceis para a
vida, tais como grandes pressões, ausência
de luz, frio, pouco alimento. Mesmo assim,
muitos organismos adaptam-se a essas con-
dições especiais. Uma das características
desses seres é a bioluminescência, isto é, a
capacidade de emissão de luz, utilizada para
atração sexual, atração de presas etc. Têm
visão muito sensível, capaz de responder a
pequenos estímulos luminosos, formas bi-
zarras, boca e dentes grandes para facilitar
a captura das presas.

Biociclo dulcícola
ou limnociclo Comunidade biológica de um ecossistema lêntico

As águas continentais possuem pequeno volu- Águas lóticas ou correntes


me, cerca de 190 mil km3, têm pequena profundidade,
raramente ultrapassando 400 m, e sofrem variações de Estas águas compreendem os riachos, córregos
temperatura mais intensas do que o mar, sendo, portan- e rios. Nelas podemos encontrar três regiões distintas:
to, menos estáveis. Existem dois tipos de ambientes de nascente, curso médio e curso baixo (foz). O curso
água doce: superior (ou nascente) é pobre em seres vivos devido

10
à violência das águas, não ocorre plâncton, podendo
ocorrer algas fixas ao fundo, larvas de insetos etc. O cur-
so médio dos rios é o mais importante, pois é mais lento
e apresenta maior diversificação de vida. O fitoplâncton
é representado por algas verdes, diatomáceas, cianofí-
ceas etc. Plantas flutuantes, como o aguapé e outros
vegetais, são encontradas nas margens. O zooplâncton
é representado por microcrustáceos, larvas de insetos e
outros. Observa-se, ainda, riqueza em peixes. Por todos
esses aspectos, o curso médio apresenta intenso inter-
câmbio com animais terrestres.
O curso inferior ou foz (estuário) apresenta gran-
de variação de salinidade (água salobra) e constitui
uma zona de transição com o mar. O homem interfe-
re decisivamente nas águas continentais, promovendo
drenagens, construção de açudes, usinas hidrelétricas
e, principalmente, provocando a poluição das águas.
Assim, o lançamento de esgotos ricos em nutrientes or-
gânicos provoca uma intensa ação dos decompositores,
diminuindo o suprimento de O2 e, consequentemente,
eliminando os seres aeróbios. Muitas vezes, os organis-
mos aquáticos são eliminados por ação de agrotóxicos,
carregados pelas enxurradas durante o período chuvoso
para lagos, lagoas e rios.
§ De acordo com os nutrientes, podem ser
classificados em: eutróficos (alta produtivida-
de, águas ricas em nutrientes); mesotróficos
(ecossistemas que possuem valores intermedi-
ários entre um ecossistema eutófrico e oligo-
trófico); e o oligotrófico (baixa produtividade,
águas pobres em nutrientes).
§ De acordo com a temperatura, podem ser
classificados em: epilímnio (águas superficiais,
mais quentes e circulantes, alto teor de oxigê-
nio); termoclino (águas intermediárias, ocorre
variação na taxa de oxigênio e temperatura com
a profundidade); e hipolímnio (águas inferiores,
águas não circulantes, pobres em oxigênio).

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INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo O Leito Marinho [Dublado] - Documentário


Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Ecossistemas aquáticos

www.infoescola.com/biologia/ecossistemas-aquaticos/

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12
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

O controle da pesca de certos peixes é fundamental para o equilíbrio de seus ciclos de vida. O estudo de
biomas aquáticos auxilia na compreensão do nicho ecológico desses animais, o que contribui para minimização de
interferências e impactos sobre os ciclos ecológicos do ecossistema.

INTERDISCIPLINARIDADE

Processos físico-químicos, como a ação da água, transformam rochas em grãos. Esse constante trabalho
sobre o litoral transforma os relevos em planícies. Processos termodinâmicos, como calor e frio, são responsáveis
pelo surgimento das ondas, correntes e marés, o que pode aumentar o processo de erosão. Essa alteração no relevo
pode acarretar em mudanças da fauna e flora local e, assim, modificar o ecossistema aquático.

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CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 10 - Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e/ou desti-


no dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.

Os impactos ambientais, devido às ações antrópicas, são constantemente abordados no Enem,


porque podem ter consequências tanto para a vida selvagem como para o homem e suas ativi-
dades, trazendo prejuízos econômicos e sociais. Cabe ao aluno analisar o contexto apresentado
para compreender as causas, como também poder apresentar medidas paliativas ou corretivas
para situação.

Habilidade 28 - Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou
com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em ambientes brasileiros.

O modo de vida dos organismos abrange diferentes características que determinam o nicho eco-
lógico de cada espécie. Reconhecer os fatores bióticos e abióticos que influenciam a sobrevivên-
cia das espécies, assim como analisar adequadamente gráficos e tabelas fornecidos na prova, é
importante para avaliar os impactos que poderão ocorrer devido às atividades humanas, como
também possibilitar a remediação dos mesmos.

MODELO 1
(Enem) Usada para dar estabilidade aos navios, a água de lastro acarreta grave problema am-
biental: ela introduz indevidamente, no país, espécies indesejáveis do ponto de vista ecológico
e sanitário, a exemplo do mexilhão-dourado, molusco originário da China. Trazido para o Brasil
pelos navios mercantes, o mexilhão-dourado foi encontrado na bacia Paraná-Paraguai, em 1991.
A disseminação desse molusco e a ausência de predadores para conter o crescimento da população
de moluscos causaram vários problemas, como o que ocorreu na hidrelétrica de Itaipu, onde o
mexilhão alterou a rotina de manutenção das turbinas, acarretando prejuízo de US$ 1 milhão por
dia, devido à paralisação do sistema. Uma das estratégias utilizadas para diminuir o problema é
acrescentar gás cloro à água, o que reduz em cerca de 50% a taxa de reprodução da espécie.
Adaptado de: GTÁGUAS, MPF, 4.ª CCR, ano 1, n.º 2, maio/2007.

14
De acordo com as informações dadas, o despejo da água de lastro:
a) é ambientalmente benéfico por contribuir para a seleção natural das espécies e, consequentemente,
para a evolução delas.
b) trouxe da China um molusco, que passou a compor a flora aquática nativa do lago da hidrelétrica de
Itaipu.
c) causou, na usina de Itaipu, por meio do microrganismo invasor, uma redução do suprimento de água
para as turbinas.
d) introduziu uma espécie exógena na bacia Paraná-Paraguai, que se disseminou até ser controlada por
seus predadores naturais.
e) motivou a utilização de um agente químico na água como uma das estratégias para diminuir a repro-
dução do mexilhão-dourado.

ANÁLISE EXPOSITIVA 1

Habilidade 10
A questão aborda a introdução de espécie exótica a partir da água de lastro dos navios, que é
recolhida no local de origem, sendo armazenada em tanques no interior do navio e despejada
no local de destino, transportando, assim, espécies de um local para outro. Uma vez que pode
não encontrar predadores naturais no novo local, a espécie exótica aumentará rapidamente
o tamanho de sua população, tornando-se invasora e causando desequilíbrio ecológico ao
competir fortemente com as espécies nativas, podendo até causar a extinção dessas. Ainda
como apresentado no texto, a bioinvasão pode causar danos às atividades humanas, sendo
necessários maiores investimentos para adotar medidas para seu controle.
Alternativa E

MODELO 2
(Enem) Um estudo caracterizou cinco ambientes aquáticos, nomeados de A a E, em uma região,
medindo parâmetros físico-químicos de cada um deles, incluindo o pH nos ambientes. O gráfico I
representa os valores de pH dos cinco ambientes. Utilizando o gráfico II, que representa a distri-
buição estatística de espécies em diferentes faixas de pH, pode-se esperar um maior número de
espécies no ambiente:

a) A.
b) B.
c) C.
d) D.
e) E.

15
ANÁLISE EXPOSITIVA 2

Habilidade 28
A poluição ambiental pode alterar o pH do meio, tornando-o mais ácido ou mais básico, e
influenciar diretamente na sobrevivência de espécies nativas. Portanto, a análise desse fator
abiótico é de grande importância para a conservação da biodiversidade. Essa questão, no en-
tanto, exige do aluno, principalmente, a correta leitura e associação dos dados apresentados
em cada um dos gráficos. No gráfico II, vemos que a sobrevida das espécies aquáticas é maior
entre pH 7 e 8, ou seja, próximo do neutro. No gráfico I, vemos que o ambiente aquático D é
o único que atende a essa condição, sendo, portanto, o ambiente onde haverá maior número
de espécies, os demais, por sua vez, são mais ácidos (B, C e E) ou mais alcalino (A).
Alternativa D

ESTRUTURA CONCEITUAL
Ambientes Aquáticos

Comunidade aquática Regiões fóticas

- Plâncton: fitoplâncton + zooplâncton - Eufótica


- Nécton - Disfótica
- Bentos: fitobentos + zoobentos - Afótica

Biociclos

Marinho Dulcícola
(talassociclo) (limnociclo)

∙ Sofre grande
variação dos Águas Águas
fatores abióticos: lênticas lóticas
- Luminosidade
- Pressão - Lagos - Riachos, rios
- Temperatura e lagoas e córregos
- Salinidade - Três regiões
distintas: nascente,
médio curso e foz

16
21 22
Ciclos biogeoquímicos

Competências Habilidades
3, 5, 7 e 8 9, 12, 19, 27
e 30

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo de energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alter-
H9
ações nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e (ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científ-
ico-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científ-
ico-tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e à implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
A MATÉRIA NOS ECOSSISTEMAS A introdução de produtos químicos artificiais
no mercado, como fertilizantes, remédios e aditivos
para manufatura e alimentos, ampliou enormemente o
Todo ser vivo reage com seu ambiente e pro-
número de poluentes, que já chega atualmente a várias
duz resíduos. A menos que o ambiente possa dispô-los
centenas. Entre os mais perigosos e disseminados (al-
convenientemente por autodepuração, eles poderão
guns ainda em uso, principalmente em países em desen-
interferir no ciclo vital. Na autodepuração, que é con-
volvimento) estão: lixo industrial lançado em cursos de
sequência, por exemplo, da biodegradação da matéria
água; DDT (pesticida); asbesto (amianto), utilizado em
orgânica pelos decompositores, a poluição e seus
construções à prova de fogo; radiação nuclear liberada
efeitos diminuem ao longo do rio.
pela operação normal de usinas atômicas, na manufa-
Vivendo em comunidades, o ser humano tem
tura de armas e em acidentes nucleares. Outras formas
desenvolvido processos que produzem grandes quanti-
de poluição são: esgotos sem tratamento e lixo tóxico
dades de subprodutos ou resíduos em forma de matéria
lançados no mar; radiação eletromagnética de equipa-
ou energia. Estes processos têm profundo significado
mentos eletrônicos e cabos de tensão, em escritórios e
econômico, político, social e sanitário; afetam a saúde
no lar; poluição sonora e luminosa.
do próprio homem, seu conforto e segurança, sua rique- As empresas industriais procuram apresentar
za e seu poder. Interferir nestes processos é, na verdade, dados científicos que comprovam que a poluição vem
interferir na civilização, mas ignorar seus subprodutos é caindo a níveis aceitáveis, mas não há consenso sobre o
ignorar uma ameaça a sobrevivência. limite entre o aceitável e o nocivo (além disso, à medida
que novas pesquisas são realizadas, descobre-se que

POLUIÇÃO níveis anteriormente tidos como aceitáveis podem na


realidade representar riscos).
É a presença ou introdução, no meio ambiente, Para os governos, o controle da poluição envolve
de matéria ou energia que altere as suas características a necessidade de escolher entre prioridades divergen-
físicas, químicas e biológicas. Pode ser entendida tam- tes, como a saúde, a indústria e o comércio. Em que
bém como a presença de substâncias nocivas à saúde o desenvolvimento industrial é objeto de incentivo es-
pecial, como nos países em desenvolvimento ou nos
humana, a outros animais e às plantas, ou que preju-
antigos países socialistas europeus, níveis de poluição
dicam o equilíbrio ecológico.
demasiadamente elevados, principalmente em áreas ur-
banas, são mais tolerados.
A atividade humana e A poluição ambiental pode ser considerada
a poluição ambiental como a degradação do ambiente, resultante de ativi-
dades que direta ou indiretamente:
Estima-se que os países industrializados (cuja § prejudiquem a saúde, segurança e o bem-estar
população é minoria no Planeta) são responsáveis por das populações;
80% a 90% da poluição mundial. O processo de indus- § criem condições adversas às atividades sociais e
trialização levou ao aumento de “doenças industriais” econômicas;
nos locais de trabalho e fez proliferarem gases como § afetem desfavoravelmente a biota;
CO2 − dióxido de carbono e SO2 − dióxido de enxofre, § afetem as condições sanitárias do meio ambi-
que formam verdadeiras capas ou cortinas de fumaça ente; e
sobre as cidades industriais. Apesar da legislação sobre § lancem matéria ou energia em desacordo com
o controle de emissão, a poluição do ar continua sendo os padrões de qualidade ambiental estabeleci-
um problema, particularmente devido ao aumento dos dos pelos órgãos de controle ambiental.
gases emitidos por veículos. A chuva ácida, o efeito es- A poluição ambiental é devido à presença, lança-
tufa e a diminuição da camada de ozônio são algumas mento ou liberação nas águas, no ar ou no solo de toda
consequências da poluição atmosférica. e qualquer forma de matéria ou energia com intensidade,

19
quantidade, concentração ou características em desacor-
Os ciclos biogeoquímicos
do com os padrões de qualidade ambiental estabelecidos
por legislação, ocasionando, assim, interferência prejudi- As relações entre espécies e ambiente físico car-
cial aos usos preponderantes das águas, ar e solo. acterizam-se por uma constante permuta de elementos,
Em função do tipo de poluentes, podem ser dis- em uma atividade cíclica, a qual, por compreender as-
tinguidas diversas formas de poluição: poluição física, pectos de etapas biológicas, físicas e químicas alterna-
química, físico-química, bioquímica, biológica e radia- das, recebe a denominação geral de ciclo biogeoquími-
co.
tiva. As diversas formas de poluição se interligam de
Na verdade, o fenômeno é estritamente cíclico,
modo que o controle da poluição deverá ser feito em
apenas em relação ao aspecto químico, no sentido de
conjunto; em outras palavras, o controle da poluição do
que os mesmos compostos químicos alterados se recon-
solo, por exemplo, pode criar problemas para a quali- stituem ao final do ciclo, enquanto que o aspecto físico
dade das águas superficiais ou subterrâneas, caso cer- das rochas não se regenera, necessariamente.
tas medidas não sejam tomadas. Assim, há uma espécie de intercâmbio contínuo
Apesar de sua atual posição de dominância na entre o meio físico, denominado abiótico (relativo à par-
Terra, o ser humano depende de outros organismos vi- te sem vida do meio físico) e o biótico (conjunto de seres
vos para sua sobrevivência. Ao se segregar nas grandes vivos), sendo esse intercâmbio de tal forma equilibrado,
cidades, o homem civilizado pode pensar que se tornou em relação à troca de elementos nos dois sentidos, que
independente da natureza, mas, se atentar para seu al- os dois meios se mantêm praticamente constantes.
Embora a fonte primária de energia seja ines-
imento, para o ar que respira e para a água que usa,
gotável, o material necessário à síntese orgânica e suces-
irá verificar que, como todos os outros animais, ele é sivas transformações energéticas existem em quantidade
fundamentalmente dependente das relações existentes limitada no meio, devendo, portanto, ser recirculado, o que
entre os sistemas vivos e seu ambiente físico. torna obrigatória a troca recíproca e contínua de elemen-
No sentido lato, o ambiente do homem é a biosfera tos químicos entre os seres vivos e o meio físico. O inter-
(parte da esfera terrestre onde se desenvolve a vida), a qual câmbio de elementos químicos é acompanhado de gan-
hos e perdas de energia, gerando um ciclo entre o meio
apresenta, basicamente, três características principais: rece-
biológico e o meio geofísico, dito ciclo biogeoquímico.
be amplo suprimento de energia; dispõe de água líquida em
A existência desses ciclos confere à biosfera um
quantidade substancial e, finalmente, apresenta interfaces poder considerável de autorregulação, o qual assegu-
entre os estados sólido, líquido e gasoso da matéria, sendo ra perenidade dos ecossistemas e se traduz em uma
que os elementos químicos essenciais tendem a circular do notável constância de proporção dos diversos elementos
ambiente para os organismos e vice-versa. em cada meio. O ecossistema, por sua vez, pode ser con-
ceituado como uma unidade que inclui todos os organis-

O CICLO DA MATÉRIA E O mos de uma determinada área, interagindo com o meio


físico, de forma a originar um fluxo de matéria e energia.
As trocas de materiais nos ciclos se dão segun-
FLUXO DE ENERGIA do vias mais ou menos circulares. Em cada um desses
ciclos, existe um compartimento que funciona como
Nossa biosfera é alvo de um fluxo contínuo de
reservatório do nutriente, constituindo um componente
energia, em consequência da qual ocorre uma circu-
bastante grande em relação aos demais, de modo a ga-
lação intermitente dos materiais constituintes da super- rantir o escoamento lento e regularizado do elemento
fície terrestre. A fonte preponderante dessa energia é a em questão.
radiação solar. O movimento dos elementos e compos- Em um estudo global da biosfera, pode-se recon-
tos essenciais à vida pode ser designado como ciclo hecer dois tipos de ciclos biogeoquímicos: os ciclos
biogeoquímico. gasosos e os ciclos sedimentares. No primeiro

20
caso, o reservatório está situado na atmosfera, enquanto que o segundo localiza-se na crosta terrestre.
Existe um número importante de ciclos que necessitam ser mencionados, destacando-se o ciclo da água
como sendo, provavelmente, o mais óbvio e importante. Além desse, existem ciclos essenciais, como o do oxigênio,
do nitrogênio, do fósforo, do carbono e do enxofre.
Existem basicamente 4 compartimentos na Terra onde podemos encontrar determinado átomo: os corpos
de água, os solos e as rochas, a atmosfera e os seres vivos. Esse átomo pode fazer parte de moléculas orgânicas
e inorgânicas, e sua transferência de um compartimento para outro se dará por processos físicos, químicos ou
biológicos.
As etapas desses ciclos podem ocorrer em um intervalo de tempo compatível com o tempo de vida dos
seres vivos, ou mesmo levar milhares de anos. As atividades humanas dos últimos 100 anos acabaram catalisando
algumas dessas etapas e alterando o equilíbrio de outras.
Quando pensamos nos seres vivos, existem alguns elementos e substâncias especialmente importantes,
como o caso da água, do carbono, do hidrogênio, do oxigênio, do nitrogênio, do fósforo e do enxofre.

O ciclo da água e os seus desdobramentos


A substância mais abundante na biosfera é a água. Os oceanos, as calotas polares, as aglomerações de
neve, os lagos, os rios, o solo e a atmosfera contêm cerca de 1,4 milhão de quilômetros cúbicos de água, sendo que
97,2% desse total se encontram nos oceanos. Dos 2,8% restantes, três quartos estão na forma de gelo.
Mais conhecido como ciclo hidrológico, ele representa o percurso da água desde a atmosfera, passando
por várias fases, até retornar de novo à atmosfera. Essas fases englobam, basicamente, a precipitação, escoamento
superficial, infiltração, escoamento subterrâneo e a evaporação. A precipitação se origina da água evaporada dos
mares, lagos, pântanos, rios, vegetais e animais, e forma as nuvens. Essas, ao alcançarem regiões mais frias, se
condensam e caem na forma de chuva.
A parcela de água precipitada sobre a superfície sólida pode ter três vias distintas: a infiltração, a evapo-
transpiração e o escoramento superficial. É através da infiltração que se realiza o recarregamento das reservas
freáticas e a reidratação dos solos, ou seja, dos depósitos de água disponível para a vegetação terrestre e para as
atividades biológicas que se desenvolvem nas camadas superficiais dos continentes. Essa água, acumulada por
efeito de infiltração, é restituída à atmosfera por meio da evapotranspiração.
O escoamento superficial é responsável (ao lado da ressurgência de águas infiltradas) pela formação de cór-
regos, rios e lagos. A maior ou menor proporção do escoamento superficial em relação à infiltração é influenciada
fortemente pela presença ou ausência da cobertura vegetal. Na figura a seguir, os processos do ciclo hidrológico:

21
Fenômenos como a evaporação podem ser in- etal − fotossíntese –, deverá ser devolvido ao meio,
tensificados com o aumento da temperatura local, e as novamente na forma de gás carbônico, ao final de um
precipitações podem aumentar com os índices de polu- ciclo vital, sob pena de diminuírem progressivamente,
ição. Logo, fica claro que no modelo de desenvolvimen- na natureza, as fontes primárias do elemento carbono.
to e crescimento escolhido pelas sociedades atuais − as Assim sendo, a matéria orgânica, que foi sintetizada
cidades interferem diretamente no ciclo hidrológico, pelo vegetal verde, será comida por um animal, o qual,
uma vez que as temperaturas e os índices de poluição por sua vez, poderá servir de alimento a outros tipos de
são maiores do que nas zonas rurais ou preservadas. animais.
Um outro agravante é a impermeabilização dos Finalmente, o cadáver do último elemento vivo
solos com asfalto ou concreto, que não permite infil- dessa série deverá, de alguma forma, restituir o carbo-
tração nem escoamento lento, estimulando grandes no ao meio, e isso se realiza graças à participação de
vazões por ocasião das chuvas, que associam-se a bactérias e outros seres microscópicos, responsáveis
enchentes em áreas mais baixas, criando prejuízos e pela decomposição do corpo morto. A mesma coisa
exigindo medidas construtivas, como canalizações e sucederá, através de um ciclo muito mais abreviado, se
piscinões. A construção de reservatórios ou represas o próprio vegetal verde morrer antes de ser devorado
aumenta em demasia a umidade relativa local e, por por um animal. Ele apodrecerá, ou seja, será digerido
consequência, os índices pluviométricos regionais. por seres microscópicos ou será queimado e, por con-
A falta de coleta e tratamento de esgotos as- seguinte, transformado também em gás carbônico. At-
ualmente, o maior reservatório de carbono é constituído
sociada à herança de jogar lixo em córregos e rios traz
pelos carbonatos existentes nas águas e no solo. Basi-
mais um problema sério, que é a poluição hídrica, que
camente, os processos de fotossíntese e respiração
acaba “engolindo” receitas públicas enormes em pro-
celular seriam suficientes para manter as concen-
jetos de saneamento e limpeza, a fim de tornar nova-
trações dos compostos de carbono na biosfera, porém,
mente a água potável. As cidades apresentam solo con-
não é bem assim que acontece.
struído e bastante impermeabilizado; em virtude disso,
As atividades da sociedade humana moderna
as águas pluviais infiltram pouco e escorrem muito rapi- exigem cada vez mais a queima de combustíveis fós-
damente para níveis mais baixos, que acabam por sofrer seis, o que causa uma diminuição intensa de carbono
enchentes. A enchente cria problemas de saúde pública, fixado em seres vivos vegetais e no solo, representados
pois permitem contato com resíduos sólidos (lixo), veto- por madeira e por carvão e petróleo, respectivamente.
res (ratos) e substâncias perigosas (efluentes domésti- Posteriormente, devemos lembrar que a combustão
cos e industriais) e contaminadas por bactérias e outros desses compostos orgânicos libera gás carbônico para
patógenos. Algumas das soluções para esse problema: a atmosfera, cujas altas concentrações estão associadas
aumentar áreas verdes, construir piscinões (que retar- ao aumento do efeito estufa, que pode vir a ser re-
dam o escoamento aos rios), evitar retificação dos rios sponsável pelo aquecimento da Terra.
(diminuindo suas vazões), evitar lixo nas vias públicas, As combustões geram fuligem (carvão) e monóx-
não construir e nem ocupar as áreas de várzeas dos rios. ido de carbono (CO), além do gás carbônico, e estão as-
sociadas diretamente com o estado de saúde de milhares

O ciclo do carbono e os de pessoas. O CO é tóxico e letal, enquanto a fuligem é


um dos principais componentes da poluição atmosférica.
seus desdobramentos O processo de decomposição é fundamental,
uma vez que remineraliza o solo ou a água, para os
O carbono é o elemento essencial na com- autótrofos. Porém, a poluição orgânica pode gerar uma
posição da matéria orgânica, sendo, pois, fundamental intensa mortandade de peixes, pois, primeiramente, en-
a sua recirculação na natureza. Encontra-se disponível, troniza a água, seguida de decomposição aeróbica, que
principalmente, no ar atmosférico, na forma de gás car- consome o oxigênio velozmente, o que leva à morte de
bônico. Esse carbono, que é utilizado diretamente pelas seres aeróbios. A seguir, o esquema simplificado do ciclo
plantas verdes na construção de matéria orgânica veg- do carbono.

22
O ciclo do nitrogênio e os seus desdobramentos
Muito embora o nitrogênio seja o gás mais abundante na atmosfera, ele é não reativo e, dessa forma,
não pode ser usado diretamente por muitos organismos. O nitrogênio proveniente das células dos seres vivos é
decomposto no solo ou nos rios, passando de orgânico a inorgânico sob a ação das bactérias decompositoras
ou através do sistema de excreção dos próprios seres superiores. O nitrogênio na forma de nitrato é mais utilizável
como nutriente pelas plantas verdes, ainda que as outras formas de nitrogênio possam ser usadas por diferentes
organismos, completando o ciclo. O ar está constantemente recebendo nitrogênio devido à ação de bactérias
desnitrificantes, sendo daí continuamente retirado pelas ações das bactérias fixadoras de nitrogênio, além de
algas cianofíceas e reações provocadas pelas descargas elétricas atmosféricas. No ar, devido à atividade industrial
e às descargas de veículos automotores, produzindo óxidos de nitrogênio – nitritos e nitratos –, o ciclo tem sido
alterado. Esses gases, na realidade, constituem fases transitórias do ciclo e, em geral, são encontrados em pequena
concentração no ambiente. Em termos de energia necessária ao funcionamento do ciclo, pode-se dizer que dois
processos são fundamentais. No primeiro, partindo-se das proteínas, há formação de nitratos, aqui a energia é for-
necida aos organismos pela próprio processo de decomposição. No outro, acontece ao contrário, a energia provém
da luz solar ou de outras fontes. O principal depósito de nitrogênio é a atmosfera, de onde é fixado biologicamente
por intermédio de bactérias fixadoras em raízes de leguminosas e algas azuis, fisicamente por intermédio
de descargas elétricas naturais potentes, como raios e relâmpagos. Em terra, a partir da fixação, tem início o me-
tabolismo vegetal de proteínas e compostos nitrogenados.
Uma vez que a planta morra, esses compostos seriam decompostos por bactérias amonificantes ou
decompositoras, produzindo amônia, que é substrato para a oxidação de duas populações de bactérias, chamadas
genericamente de nitrificantes, que inicialmente a transformaria em nitrito (bactérias nitrosantes) para, a partir
deste, ser transformado em nitrato por outra população de bactérias (bactérias nitratantes). As bactérias nitrifi-
cantes, de modo geral, atuam sobre a amônia de qualquer origem: animal ou vegetal. Finalmente, as bactérias
desnitrificantes devolvem o nitrogênio à atmosfera a partir de nitrato, principalmente. Observe o ciclo:

23
O ciclo do fósforo e os seus desdobramentos
O fósforo é liberado pela decomposição de compostos orgânicos até a forma de fosfatos, passível de ser
aproveitado pelos vegetais. Ao contrário do nitrogênio, o grande reservatório de fósforo não é o ar, mas sim as
rochas, formadas em remotas eras geológicas.
A decomposição por fenômenos de erosão gradativamente libera os fosfatos, que entram nos ecossistemas
onde são reciclados. Porém, grande parte desse fósforo vai chegar aos mares e oceanos, onde se perde nos sedi-
mentos mais profundos. Acredita-se que essa parcela sedimentada nos mares volte ao ciclo muito lentamente, não
acompanhando a velocidade das perdas de fósforo, que são muito mais intensas.
Tanto os movimentos de acomodação da crosta e as elevações dos sedimentos, como também a atividade
animal, principalmente de aves e peixes, parecem não serem suficientes para compensar as perdas. A atividade
humana tem contribuído para acelerar as perdas de fósforo, tornando a reciclagem ‘acíclica’. Calcula-se que ape-
nas 60 mil toneladas de fósforo elementar são anualmente restituídas ao mar, embora a retirada desse elemento,
através da pesca de peixes marinhos, seja proporcionalmente muito maior.
Paralelamente, grande parte do fósforo retirado dos milhões de toneladas de rochas fosfatadas que são
processadas é perdido ou arrastado pela água para os sedimentos profundos.
Atualmente, o homem se preocupa mais com o fosfato dissolvido nas águas interiores, em função de sua
importância em termos de qualidade. Nesse aspecto, o fósforo tem papel relevante na produtividade aquática
− eutrofização, podendo, como consequência, causar prejuízo à água para fins de abastecimento público.
Como principais fontes de fósforo podem ser mencionadas: as rochas sedimentares, os fertilizantes, os despe-
jos líquidos domésticos, os detergentes, as águas da chuva, os aditivos anticorrosivos e os aditivos usados no
controle de incrustações.

24
O ciclo do enxofre os seus desdobramentos
A principal fonte de enxofre para os seres vivos é constituída pelos sulfatos; absorvidos pelas plantas, são
incorporados nas proteínas, portanto, na própria estrutura da matéria viva. Em geral, a água potável não deve ultra-
passar um teor de 250 ppm em SO2-4. Teores superiores poderiam causar diarreia nas crianças. Os resíduos orgâni-
cos são decompostos por bactérias heterotróficas, que libertam H2S utilizando os sulfatos como fonte de energia.
Inversamente, outras bactérias reoxidam o H2S em SO2-4 , tornando o enxofre disponível para outros seres vivos.

O ciclo do oxigênio e os seus desdobramentos


Este ciclo representa a quantidade de oxigênio produzido anualmente pela fotossíntese e o consumo
no processo de oxidação do carbono (respiração), através das plantas e dos animais. A oxidação provoca a
formação de gás carbônico, o qual é utilizado no processo de fotossíntese. A fotossíntese consiste na utilização da
luz pelos organismos dotados de clorofila, como fonte de energia, para sintetizar compostos orgânicos, produzindo
oxigênio como subproduto.
§ Fotossíntese
luz
6CO2 + 6H2O C6H12O6 + 6O2
clorofila
§ Respiração celular
C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + ENERGIA

Estima-se que 98% do oxigênio presente na atmosfera seja proveniente dos fitoplânctons, seres fotossin-
tetizantes que vivem na coluna-d’água. Seres que realizam respiração aeróbica utilizam o oxigênio na respiração
celular. Um dos produtos desse processo é o gás carbônico, usado na fotossíntese.
Além dos ciclos biológicos, o oxigênio também participa do processo de combustão, liberando luz e calor.
Esse gás também compõe a camada de ozônio, que influencia a radiação dos raios ultravioletas (UV) na biosfera.
Lembrando que essa camada é alterada pela presença de substâncias como o clorofluorcarbono, decorrentes da
industrialização.

25
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo O ciclo do nitrogênio - Trabalho

Fonte: Youtube

Vídeo Ciclo do carbono

Fonte: Youtube

Vídeo O ciclo das águas ou ciclo hidrológico


Fonte: Youtube

26
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

A compreensão dos ciclos biológicos, a exemplo o ciclo do carbono, o qual envolve processos como a respi-
ração celular a fotossíntese, pode contribuir para elucidar mecanismos que podem diminuir as consequências do
efeito estufa e maneiras para controlá-lo.

INTERDISCIPLINARIDADE

O aquecimento global contribui para a acidez dos oceanos, o que pode levar à morte de corais, já que o gás
carbônico, principal gás do efeito estufa, reage com o esqueleto calcário desses cnidários. Lembrando que esse gás
faz parte do ciclo do carbono. Para compreender essas reações, são necessários conceitos de química. A queima de
combustível fóssil libera CO2 para atmosfera, que pode entrar em contato com a água e formar o ácido carbônico.
Esse ácido carbônico pode se ionizar na água liberando íons H+ e bicarbonato. A saturação desses íons pode resul-
tar em problemas para a flora e a fauna marinha.

27
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 30 - Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que


visam à preservação e à implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente.

Os alunos devem saber aplicar os conhecimentos desenvolvidos em sala às situações-problemas


visando à melhoria da qualidade de vida, seja em situações relacionadas à saúde humana ou à qual-
idade ambiental, possibilitando também o desenvolvimento sustentável das atividades antrópicas.

MODELO
(Enem) A modernização da agricultura, também conhecida como Revolução Verde, ficou marcada pela
expansão da agricultura nacional. No entanto, trouxe consequências como o empobrecimento do solo,
o aumento da erosão e dos custos de produção, entre outras. Atualmente, a preocupação com a agricul-
tura sustentável tem suscitado práticas como a adubação verde, que consiste na incorporação ao solo de
fitomassa de espécies vegetais distintas, sendo as mais difundidas as leguminosas.
Adaptado de: ANUNCIAÇÃO, G.C.F. Disponível em: www.muz.ifsuldeminas.edu.br. Acesso em: 20 dez. 2012.

A utilização de leguminosas nessa prática de cultivo visa reduzir a:


a) utilização de agrotóxicos.
b) atividade biológica do solo.
c) necessidade do uso de fertilizantes.
d) decomposição da matéria orgânica.
e) capacidade de armazenamento de água no solo.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Habilidade 30
As espécies vegetais necessitam não somente de sol e água para realização da fotossíntese,
como também absorvem do solo nutrientes importantes para seu desenvolvimento. Em um
ambiente natural, os ciclos biogeoquímicos se mantêm em equilíbrio; no entanto, as áreas cul-
tivadas tendem a interferir na microbiota do solo, como também retiram a cobertura vegetal
(serapilheira) que alimentam os ciclos dos nutrientes. Desse modo, para aumentar a produtivi-
dade das plantações, deve-se recobrir o solo a fim de protegê-lo da erosão, além de aumentar a
decomposição e, assim, disponibilizar naturalmente mais nutrientes, reduzindo a necessidade
de fertilizantes. A utilização de espécies da família das leguminosas (feijão, lentilha, ervilha,
soja etc.) garantem ainda aumento da fixação de nitrogênio, uma vez que, nas raízes dessas
espécies vegetais, se encontram bactérias (Rhizobium) que convertem o nitrogênio gasoso em
moléculas nitrogenadas inorgânicas, que serão aproveitadas pelas plantas.
Alternativa C

28
ESTRUTURA CONCEITUAL
Ciclos Biogeoquímicos

Oxigênio

Carbono CO2 O2
Vegetais Animais
Fotossíntese Combustão
Decompositores
Respiração
aeróbia
Nitrogênio N2
Animais Bactérias atuantes no
ciclo do nitrogênio
Decompositores
• Fixação:
- Rhizobium (leguminosas)
Vegetais
• Nitrificação:
NH3 - Nitrossomonas
- - - Nitrobacter
NO2 NO3 • Desnitrificação:
- Pseudomonas
Água H2O

Solo/ Mar
Vegetação

Subsolo

Fósforo e Enxofre

Vegetais
Animais

3- 2-
PO4 ; SO4 (aq.) Decompositores

(Rocha, solos e
cursos d’água)

29
23 24
Problemas ambientais

Competência Habilidades
3 8e9

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
A AÇÃO DO HOMEM SOBRE O AMBIENTE
O ser humano tem variado as atitudes e reações ao ambiente através do tempo, variando em função de
sua tecnologia, cultura, religião e desenvolvimento social e econômico. Ainda hoje, as relações do ser humano com
o ambiente são alteradas em função dessas variáveis ou em nome de um progresso tecnológico e econômico, ou
mesmo o abandono de toda tecnologia em uma “volta à natureza” mais humana e menos mercadológica.
A tradição cultural desempenha importante papel no processo de decisão que define o comportamento dos
grupos sociais humanos em relação ao ambiente, determinando, desta forma, o papel modelador da paisagem do
fator humano. Assim sendo, pode-se dizer que as diferentes posturas humanas de relação com o ambiente são
tão diversas quanto as tradições culturais observadas no Planeta, tendo que considerar, ainda, a diversidade de
estratos ou castas sociais, conforme for o caso, o que determina uma diversidade de posturas mesmo dentro de
uma cultura homogênea.
Quando considera-se a arquitetura da paisagem em dado momento, deve-se levar em conta que o processo
de modificação desta arquitetura é resultante da interação de fatores ambientais, humanos e tecnológicos, que
mudam sucessivamente os diferentes usos da paisagem, alterando os fatores ambientais e retroalimentando o
próprio processo de modificação.
Quando o homem provoca uma alteração em seu ambiente, visa normalmente a fim imediato e óbvio.
No entanto, geralmente, as modificações introduzidas são em grande parte involuntárias e, aparentemente, tão
reduzidas que se diriam insignificantes. A soma destas pequenas e insignificantes ações, por outro lado, podem ter
implicações globais devido ao alto grau de interdependência dos fenômenos planetários, ou seja, o Planeta é um
grande sistema, no qual todos os seus componentes interagem. Essa interação permite a autorregulação, a recu-
peração, ou mesmo a degradação, ambiental. Na figura a seguir, é apresentada da distribuição global de impactos

Questões Ambientais Globais


ambientais causados pelo homem.

Questões ambientais globais

33
As interferências humanas desordenadas sobre o ambiente podem originar impactos de diversas naturezas.
Observe, nas figuras a seguir,da
Ecologia Paisagem
exemplos - Degradação Ambiental
de impactos socioambientais.

Miséria e Pobreza
Degradação ambiental e exclusão
Ecologia da paisagem − degradação ambiental

Miséria e pobreza − degradação ambiental e exclusão

IMPACTO DA ATIVIDADE HUMANA SOBRE OS SOLOS


Os solos se encontram em equilíbrio dinâmico com os fatores que determinam as suas características: o
clima, os materiais de origem, a topografia, a biota e o tempo.
Qualquer mudança em uma dessas variantes afetará o solo; a reação à determinada mudança ambiental,
porém, varia de solo para solo em função da sua sensibilidade a cada tipo de tensão, resultante de suas caracte-
rística físicas e químicas de origem.

34
A ação do homem tem de ser acrescentada à Com a drenagem, estes compostos chegam até
lista de fatores que determinam o caráter do solo, visto os corpos de água, como lagos, lagoas, riachos, córre-
que ela assume, pelo menos ao nível local, maior signifi- gos e rios. Essa introdução de fertilizantes ou matéria
cado que todos os demais fatores naturais em conjunto. orgânica em águas caracteriza o processo chamado
A textura dificilmente muda, mas a parte química e a de eutrofização, que basicamente inicia-se com de-
biológica variam com muito mais facilidade, o que trará composição bacteriana − no caso de lançamento de
efeitos tanto para a estrutura quanto para a drenagem.
matéria orgânica, ou absorção dos nutrientes pelas
A parte superior do solo é a mais alterada. Devi-
plantas aquáticas e algas − no caso dos fertilizantes.
do a pressão econômica sobre os agricultores, os mes-
Em ambos os casos, a principal consequência é o au-
mos tem que semear cada vez mais cedo o solo. Isto
mento exagerado do número desses organismos (bac-
levou a industrialização agrícola e consequentemente a
térias, plantas ou algas), que diminuem intensamente a
mecanização da lavoura. Permitindo assim, que a terra
fosse lavrada e gradeada em épocas do ano em que o concentração de oxigênio nas águas, levando peixes à
solo encontra-se muito úmido e pesado para trabalhar, morte. Esse aumento de vegetais aquáticos ou de algas
o que acarreta na deterioração da estrutura do solo, que é conhecido por floração das águas.
muda e impede, ao mesmo tempo a drenagem, o desen- Outro processo de alteração química do solo é
volvimento de raízes e, portanto, a produtividade. a correção do pH do solo através da calagem, man-
A remoção da cobertura vegetal original tendo-o ótimo para a cultura desejada. Essa atuação
acelera o processo erosivo, alterando os proces- é bastante comum nos solos tropicais, que são ácidos.
sos geomorfológicos. A remoção da cobertura vegetal, A região Centro-Oeste, domínio original dos cerrados,
independente da ocupação posterior, promove a perda apresenta esse problema. As grandes monoculturas de
de até 50% de solo por erosão. Com a intensificação cana-de-açúcar e soja só são possíveis graças à corre-
destes processos, podemos falar em desertificação. ção do solo.
É possível alterar a composição química do solo, A excessiva irrigação, por outro lado, pode pro-
conhecendo-se sua composição e corrigindo-a para vocar a salinização de certos tipos de solos, como os do
melhor atender às necessidades da cultura vegetal de semiárido, tornando-os impróprios para cultivos de in-
interesse. teresse econômico, assim como para o desenvolvimento
Trata-se do processo denominado fertilização ou de uma vegetação natural. Nesses solos, a drenagem
adubação do solo. A aplicação continuada e intensiva é muito rápida e praticamente nenhuma água é total-
de fertilizantes altera a química do solo, concentrando mente desprovida de sais, levando a uma concentração
vastos estoques de NPK, o que vai alterar significati- salina comprometedora à agricultura tradicional. Isso
vamente o ciclo do nitrogênio e as taxas de decompo- impõe desafios criativos de natureza tecnológica para
sição no solo. Tudo isso exige grandes implementos e a região.
mecanização especializada para tornar o solo produtivo Ainda em relação ao tipo de ocupação humana,
novamente, o que nem sempre é viável, financeiramen- temos como consequência da atividade agrícola a apli-
te, para pequenos e médios agricultores. Lembre-se que cação de nutrientes e defensivos agrícolas no solo e a
os solos tropicais não são, via de regra, férteis e que remoção sazonal da cobertura vegetal.
a biodiversidade que eles sustentam está associada a Do ponto de vista do solo, o principal dano de-
altas e rápidas taxas de decomposição de matéria or- corrente da sua utilização é a suscetibilidade à erosão,
gânica pelos seres decompositores e pela absorção causada pela ação das águas e do vento e consequente
e incorporação vegetal desses nutrientes. Por isso que remoção das partículas do solo. Esta remoção além de
o desmatamento de áreas florestais como Amazônia causar alterações de relevo, riscos às obras civis, remo-
e Mata Atlântica não sustentam culturas agrícolas por ção da camada superficial e fértil do solo, provoca o
muito mais do que 4 ou 5 anos, quando ocorre o esgo- assoreamento dos rios. Como consequência indireta,
tamento dos nutrientes do solo de origem microbiana − ocorrem as inundações e alterações dos cursos d’água.
bactérias e fungos, associados à vegetação original. A erosão do solo está principalmente associada a fato-
res como clima, tipos de solo e declividade do terreno.

35
As práticas recomendas para se evitar a erosão estão ligadas à manutenção da cobertura vegetal, utilização
de árvores como quebra-ventos, cobertura do solo com serragem e técnicas de caráter mecânico, como aração,
plantio e construção em curvas de nível - execução de canaletas para desvio das águas pluviais e execução de
muros de arrimo.
A disposição indiscriminada de resíduos sólidos − lixo – e efluentes líquidos − esgoto – no solo é outro uso
do solo que tem se mostrado inadequado, uma vez que ocorre, ao longo do tempo, a infiltração dos líquidos gera-
dos na decomposição dos resíduos − chorume –, aos quais se soma a fração das águas pluviais que se infiltram no
solo e que nessa passagem lixiviam esses resíduos, carreando substâncias para as camadas mais profundas e para
os aquíferos subterrâneos, causando contaminação desses importantes mananciais de águas. Os efeitos desses
sistemas de disposição de resíduos no solo tendem a ser de natureza localizada. Ocorre, nos locais de disposição
de resíduos orgânicos, a aeração de gás, constituído, basicamente, de metano e gás carbônico, o qual limita o su-
primento de oxigênio para as camadas superficiais do aterro, causando a morte da vegetação. Destacam-se entre
as fontes de poluição do solo derivadas da atividade humana:
§ resíduos sólidos domésticos, hospitalares e industriais;
§ resíduos líquidos sanitários e industriais;
§ urbanização e ocupação do solo;
§ agropecuária extensiva e a acidentes no transporte de cargas.
Os resíduos gerados pela atividade humana são dispostos diretamente sobre o solo, seja na forma de ater-
P o l u i ç ã o d o S o l o - De s e r t i f i c a ç ã o
ros, seja por infiltração, ou pelo simples acúmulo sobre o solo.

Poluição do solo − desertificação

IMPACTO DA ATIVIDADE HUMANA SOBRE A COMUNIDADE BIOLÓGICA


A grande mudança na relação entre o homem e os demais seres vivos ocorreu com a transição da sociedade
mesolítica, na qual o homem era essencialmente caçador e coletor, caracteristicamente nômade, para a economia
neolítica, na qual o homem passou a ser agricultor e domesticador-criador de diversas espécies animais, fixando-se
a um determinado lugar.

36
P o l u i ç ã o d o S o l o - De s e r t i f i c a ç ã o

Poluição do solo − desertificação

O homem se tornou uma “espécie natural” extremamente importante no processo evolutivo dos seres vivos no
Planeta, substituindo a seleção natural pela humana, destacando-se como força natural controladora de outros organismos.
As alterações nos padrões da vegetação e dos animais obedeceram a uma série de razões, sempre levando em
conta os interesses humanos de eliminação de doenças e manutenção de animais e vegetais de seu consumo, através
da eliminação de seus predadores e parasitas. Porém, a influência do homem sobre a biosfera não foi uniforme.
A modificação dos padrões da vegetação para fins agrícolas ou florestais, com a consequente mudança no
microclima, levou, inevitavelmente, à modificação das propriedades do solo, em face da estreita relação causal dos
três aspectos: clima, solo e vegetação.
As relações idealizadas entre solos, vegetação e clima, expressas como tipos clímax de vegetação, na ver-
dade revelam a distribuição das grandes formas vegetacionais que dominavam o Planeta, anteriormente à grande
devastação humana: florestas equatoriais (floresta Amazônica), tropicais (Mata Atlântica), temperadas (taiga), for-
mações campestres abertas (pampas, campos rupestres, caatingas, cerrados, savanas, pradarias e estepes), deser-
tos (Kalahari, Saara e Atacama) e outras formações (Pantanal, alagados e manguezais).
A tendência geral tem sido no sentido de degradar o estado da vegetação, reduzindo a diversidade das
espécies e a biomassa. O objetivo é destinar essas áreas à agricultura, urbanização, industrialização, projetos de
assentamento (colonização), projetos de desenvolvimento (estradas, hidroelétricas, usinas nucleares e mineração),
extrativismo vegetal, exportação de madeira, produção de carvão, entre outros, que destroem ou simplificam inten-
samente os habitats, comprometendo diretamente a sustentabilidade da fauna.
Mais do que com a vegetação, a interferência humana nas populações animais redundou em efeitos mais
abrangentes e imprevisíveis, alterando sua densidade e levando várias espécies à extinção, assim como ameaçando
tantas outras, atualmente.
A erradicação de certas espécies e a introdução de outras fizeram aumentar a quantidade de animais
herbívoros, à custa dos carnívoros caçados, em virtude de, potencialmente, representarem prejuízos à atividade
econômica desenvolvida.
As reduções e eliminações verificadas por destruição do habitat, frequentemente uma consequência
indesejada da falta de planejamento e do mau uso da terra, são, atualmente, as de maior impacto sobre a fauna
e as mais difíceis de conter, devido à expansão urbano-industrial. A fauna com pequena população natural e
habitat muito restrito é particularmente propensa à extinção, como resultado da atividade humana. Isso pode
acelerar um processo natural ou reverter uma tendência natural − colonização.
Por exemplo, a extinção acidental de um inseto não é nada em comparação com as explosões populacionais provo-
cadas pelo homem ao retirar algum freio à expansão dentro do ecossistema, pelo menos do ponto de vista da saúde pública.

37
Como a vegetação intacta representa a respos-
Expansão de Mudanças
ta biológica à totalidade dos fatores ambientais – solo, área agrícola
Madeireiras climáticas globais
relevo e clima –, também a sua correlação com esses
Aumento
outros subsistemas globais é muito sensível. As conse- de atividade
Precipitação reduzida
sobre a floresta e aumento
quências das modificações na distribuição de animais, Evapotranspiração econômica
da seca extrema
reduzida
normalmente, apresentam alcance igual, embora sejam
Redução da Seca na floresta e
mais sutis e difíceis de descobrir. biodiversidade morte de árvores
No princípio, o interesse do homem pelo mundo
Aumento de
biológico derivava da necessidade de comer e de com- Aumento do runoff em es-
Aumento do risco
de queimadas
aerossóis

petir com os predadores, objetivos atualmente promovi- cala local (runoff = excesso
de água que escoa pela
Redução do
runoff em escala
dos pelo controle genético de plantas e animais e pelos superfície, já que o solo Danos na infraestrutura e regional
está com sua capacidade redução de incentivos e
esforços para controlar os insetos transmissores de do- de infiltração máxima) investimentos

enças ou os próprios micro-organismos.


Aumento de
No entanto, lado a lado com esta abordagem Enchentes Redução da produtividade
agrícola e econômica doenças
Redução da
disponibilidade de
“racional” e empírica do mundo natural, tem havido respiratórias;
interrupção do
água para uso humano,
navegação em rios e
relativa inconstância a outras formas de vida, o que só tráfego aéreo geração de energia
hidroelétrica
agora começa a mudar, com o homem aceitando sua Consequências do desmatamento
integração no mundo da natureza. Observe, a seguir,
IMPACTO DA ATIVIDADE HUMANA
Perda de Biodiversidade - Queimadas
nas ilustrações, aspectos da perda da biodiversidade as-
sociada às interferências humanas.
SOBRE A ATMOSFERA
O homem alterou pela primeira vez a ação local
da atmosfera e, portanto, o clima, há 7 ou 9 mil anos,
ao mudar a face da Terra com a derrubada de flores-
tas, a semeadura e a irrigação. Desde então, o controle
das forças atmosféricas é quase inteiramente defensivo,
Perda de Biodiversidade - Tráfico
procurando-se evitar as piores consequências do intem-
Perda de biodiversidade − queimadas
perismo climático.
O controle positivo do clima é extremamente li-
mitado em área e intensidade; no entanto, é provável
que no decurso deste século o homem tenha começado
inadvertidamente a acelerar o ritmo de mudança do cli-
ma do globo.
Supõe-se que a tendência natural para o resfria-
Perda de Biodiversidade - Desmatamento mento no clima mundial desde a década de 1950 já
Perda de biodiversidade − tráfico
foi detida, esperando-se um aquecimento perceptível lá
pelos anos 2000; por volta de 2050, talvez tenhamos o
clima mais quente dos últimos mil anos.
Se o gelo derreter em proporções consideráveis,
isso provocaria outras grandes e talvez irreversíveis
distorções na circulação atmosférica, e nos padrões
do equilíbrio térmico. Tais alterações são consideradas
como sendo prováveis consequências diretas da modi-
ficação da composição atmosférica especialmente do
teor de poeira e gás carbônico − decorrentes das altas
Perda de biodiversidade − desmatamento taxas de urbanização e poluição.

38
Uma vez que a atmosfera é um sistema contínuo
Poluição atmosférica
e único, pode-se concluir que as mudanças são trans-
missíveis em toda sua extensão; assim, uma alteração A atmosfera recebe, anualmente, milhões de tone-
em pequena escala pode ter consequências globais. ladas de gases tóxicos, como monóxido de carbono, dióxi-
O determinante fundamental do clima é a entra- do de enxofre, óxido de nitrogênio e hidrocarbonetos, além
da de radiação solar que impulsiona os mecanismos da de partículas que ficam em suspensão. As principais fontes
atmosfera; assim, os elementos do clima, temperatura, geradoras de poluição atmosférica são os motores dos au-
pressão, vento e precipitação, podem ser considerados tomóveis, as indústrias (siderúrgicas, fábricas de cimento e
efeitos secundários da diferença de aquecimento da at-
papel, refinarias etc.), a incineração de lixo doméstico e as
mosfera e da superfície da Terra.
queimadas de florestas para expansão da lavoura.
Mudanças na refletividade da superfície da Terra
O monóxido de carbono (CO) é um gás incolor,
− albedo, alteram o aquecimento da atmosfera inferior,
inodoro, um pouco mais leve do que o ar e muito vene-
e elas estão relacionadas a uma alteração no uso da
noso. Ele é produzido durante a queima incompleta de
terra. O aumento da concentração de gás carbônico, de-
moléculas orgânicas, e sua maior fonte emissora são os
vido à queima de combustíveis fósseis e desmatamento,
motores a combustão dos automóveis. O monóxido de
é considerado o responsável pela tendência mundial do
carbono tem a propriedade de se combinar irreversivel-
aquecimento climático.
mente com a hemoglobina do sangue, inutilizando-a para
Por conseguinte, o gás carbônico está associado
o transporte de oxigênio. O indivíduo afetado por esse gás
ao aumento do efeito estufa, e não a sua origem,
tem sintomas de asfixia, com aumento dos ritmos respi-
pois efeito estufa é uma propriedade que certos corpos
ratório e cardíaco. A exposição prolongada ao monóxido
têm de ser em permeáveis à luminosidade e impermeá-
de carbono pode levar à perda de consciência e à morte.
veis ao infravermelho (ondas de calor), como o plástico,
o vidro e a atmosfera. POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA (VEÍCULOS/INDÚSTRIAS)
Essa propriedade atmosférica é fundamental Concentração Sintomas em
para que o Planeta não resfrie muito durante a noite de CO (ppm) seres humanos
e aqueça demais durante o dia, o que comprometeria 10 Nenhum
15 Diminuição da capacidade visual
a vida, pois faria com que a água congelasse ou va-
60 Dores de cabeça
porizasse, impedindo o seu papel biológico, junto aos
100 Tonturas, fraqueza muscular
seres vivos. Logo, o efeito estufa é fundamental. O que
270 Inconsciência
pode ser polêmico está associado ao seu aumento e às 800 Morte
possíveis consequências. Concentração de CO (ppm)
Qualidade do ar
A influência humana sobre o clima é muito difícil (média de 8 h)
de avaliar. Pode-se supor e evidenciar as alterações pro- Inadequada 15 a 30
Péssima 30 a 40
vocadas em escala microclimática, por exemplo, à cons-
Crítica Acima de 40
trução de um reservatório de água, e mesoclimática, por
exemplo, a presença de uma grande cidade e a cons- O dióxido de enxofre (SO2) é um gás vene-
tatação de que ela é uma ilha de calor. No entanto, noso, proveniente da queima industrial de combustí-
alterações macroclimáticas podem estar associadas a veis como o carvão mineral e o óleo diesel, que tem
processos planetários globais. Não vamos esquecer que enxofre como impureza. O dióxido de enxofre, junta-
o Planeta tem cerca de 4,5 bilhões de anos e já esfriou mente com o óxido de nitrogênio, também liberado
e esquentou várias vezes, mesmo antes de o homem – pela atividade industrial, provoca bronquite, asma e
Homo sapiens, andar por aqui. enfisema pulmonar. Além disso, reagindo com vapor
A mudança do clima provocará mudanças em cas- d’água na atmosfera, esses óxidos podem formar áci-
cata nos processos geomorfológicos do solo e da vegeta- dos sulfúrico e nítrico, que se precipitam com a umi-
ção, o que, por sua vez, trará novas alterações climáticas. dade e formam as chuvas ácidas. Em certos países

39
europeus, onde a produção de energia é baseada na queima de carvão e óleo diesel, as chuvas ácidas têm sido
responsáveis por grandes danos à vegetação, além de corroerem construções e monumentos. Na Alemanha e
na Holanda , por exemplo, estima-se que 50% das florestas naturais já foram destruídas pelas chuvas ácidas.
Observe, na figura a seguir, detalhes da formação da chuva ácida a partir de lançamento de NO2 e SO2 de origem
antrópica na atmosfera.

Poluição atmosférica − chuva ácida

Nas cidades modernas, há grande quantidade de partículas em suspensão no ar, produzidas princi-
palmente pelo desgaste de pneus e freios de automóveis. Pastilhas de freio, por exemplo, liberam partículas de
amianto, que podem causar doenças pulmonares.
Grandes responsáveis pela produção de matéria particulada no ar são as siderúrgicas e as fábricas de
cimento, estas últimas responsáveis pela liberação de partículas de sílica. A sílica, como o amianto, quando particu-
lada no ar, é a causa comprovada de diversas doenças pulmonares, tais como fibroses e enfisemas.

Inversão térmica
Em condições normais, a temperatura da atmosfera diminui gradativamente com a altitude, o que facilita a
dispersão dos poluentes para as camadas mais altas da atmosfera.
Em certas épocas do ano, principalmente no inverno, pode ocorrer o fenômeno atmosférico denominado in-
versão térmica, causado pela interposição de uma camada de ar quente entre camadas de ar frio em certa altitude.
A camada quente impede a dispersão de poluentes, que ficam aprisionados junto à superfície. Nessas ocasiões, ocorre
grande aumento de casos de irritação das mucosas e problemas respiratórios. As inversões térmicas, importantes em
termos de poluição do ar, são as de radiação e as de subsidiência. A por radiação acontece frequentemente quando
o solo se esfria por radiação durante a noite. A presença dessas inversões noturnas por radiação impede a dispersão
das emissões de poluentes na cidade à noite. A de subsidiência é aquela que ocorre quando há um processo de afun-
damento e compressão da massa de ar. Quanto maior for a convergência de massa em altitude, maior o movimento
descendente (afundamento), havendo, consequentemente, maior grau de compressão da atmosfera ocasionando,
maior aumento de temperatura. Os movimentos físicos a que a atmosfera está submetida não são uniformes. Algumas
vezes, uma camada da atmosfera fica mais comprimida entre as outras. Essa compressão diferenciada aumenta a
temperatura em uma determinada camada em relação às outras. Isto se chama inversão de subsidiência.
Dessa forma, quando a temperatura começa a aumentar, ao invés de diminuir com a altitude, ocorre a
chamada inversão térmica. Geralmente, a camada de inversão detém a subida natural dos poluentes, que quase
sempre saem das fontes com uma temperatura maior que a ambiente, subindo por diferença de densidade, até
haver uma igualdade de temperatura.

40
Existindo a camada de inversão à baixa altitude, a concentração de poluentes junto ao solo aumenta muito,
já que nesse período de inversão não há ventos e geralmente, há baixa velocidade ou calmaria total. Na cidade de
São Paulo, as inversões formam-se, na maioria das vezes de madrugada, ocorrendo a sua destruição nas primeiras
horas de insolação. Veja o esquema a seguir:

Efeito estufa
Propriedade que certos corpos, materiais e substâncias apresentam em ser permeáveis à luminosidade e
impermeáveis ao infravermelho (calor), ou seja, mantém alta a temperatura interna por reter calor. A atmosfera apre-
senta efeito estufa, graças a certos gases que a compõe: CO2, CH4, CFC, N2O e vapor de H2O. Essa característica da
atmosfera é importante, pois a temperatura do Planeta pode ser considerada estável, visto que as máximas e mínimas
não são extremas, o que permite que a maior parte da água esteja no estado líquido − indispensável à vida. Todos
esses gases absorvem calor (ondas de infravermelho) e podem ser responsáveis pelo possível aumento de tempera-
tura do Planeta − aumento do efeito estufa. Porém, o principal “vilão” é sem dúvida nenhuma o CO2, uma vez
que nos últimos 50 anos a sua concentração atmosférica aumentou 30%, devido à intensa queima de combustíveis
fósseis pelas indústrias e carros de todo o globo, principalmente do Hemisfério Norte (EUA). Na ECO-92, foi assinada
por inúmeros países um protocolo de redução da emissão atmosférica de CO2 (EUA não assinaram).
O efeito estufa atmosférico é um pouco diferente do que se passa na estufa de plantas. A maior parte da
radiação solar que atinge o solo é reirradiada na forma de radiação infravermelha. O vapor d’água, o gás carbônico,
o metano e outros gases atmosféricos absorvem essas radiações e reirradiam infravermelho em todas as direções,
inclusive de volta para a superfície terrestre, que se aquece. Enquanto na estufa de plantas o aquecimento se deve
ao aprisionamento de ar quente, no efeito estufa atmosférico é a energia radiante do infravermelho que é “aprisio-
nada” ao ser refletida por determinados gases atmosféricos. Observe o esquema:

desses

41
EFEITO ESTUFA
Gases Contribuição (%)
dióxido de carbono 61
metano 15
óxido de nitrogênio 4
clorofluorcarboneto 11
outros, inclusive vapor-d’água 9
Poluição Atmosférica - Efeito Estufa

POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA − EFEITO ESTUFA


EMISSÕES MUNDIAIS
milhões de % do total ton. de
País
ton. de CO2 mundial CO2/hab
EUA 5 777,77 22,27 19,9
China 4 497,1 17,34 3,5
União Europeia 4 003,2 15,43 8,8
Rússia 1 581,0 6,10 10,9
Japão 1 258,2 4,85 9,9
Índia 1 148,3 4,43 1,1
Alemanha 865,1 3,34 10,5
Reino Unido 552,6 2,13 9,3
Canadá 543,5 2,10 17,2
Coreia do Sul 489,0 1,89 10,2
Fonte: World Resources Institute − Indicadores de Análises Climáticas.

A quantidade de gás carbônico, um dos principais causadores do efeito estufa, vem aumentando significativa-
mente na atmosfera desde a Revolução Industrial, quando o homem começou a empregar a queima de combustíveis
(carvão e petróleo) em larga escala, a fim de produzir energia. Com isso, a concentração de gás carbônico no ar se
elevou nesses últimos 100 anos, de 0,029% para quase 0,04% da composição atmosférica, o que corresponde a
um aumento da ordem de 38%. Embora sem estimativas precisas, sabe-se que a quantidade de metano presente na
atmosfera também vem crescendo. Esse gás resulta da decomposição da matéria orgânica, e sua concentração na
atmosfera aumenta proporcionalmente ao crescimento da população. Isso se deve à maior produção de lixo e esgotos
e ao aumento das áreas de terrenos alagados, onde se cultiva arroz e há grande decomposição de matéria orgânica.

Possíveis consequências do efeito estufa


O efeito estufa vem despertando polêmicas na Europa, nos Estados Unidos e no Japão. As pessoas demons-
tram preocupação quanto ao inverno, que já não parece ser tão frio como antigamente. As imagens de impacto
mostram desertos se expandindo, cidades costeiras inundadas e grandes alterações climáticas.

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Alguns cientistas acreditam que, se os gases que provocam o efeito estufa continuarem a se acumular na
atmosfera, devemos esperar uma elevação de até 4 °C na temperatura média mundial, nos próximos 50 anos.
Um aumento dessa ordem provocaria grandes mudanças no clima da Terra. Nas regiões tropicais ocorreriam
tempestades torrenciais. Nas regiões temperadas, o clima poderia se tornar mais quente e seco. As regiões polares
poderiam ter grande parte do gelo derretida, com elevação do nível dos mares e inundação de cidades litorâneas
e planícies. Uma inundação da Amazônia, com submersão da floresta, levaria à formação de uma imensa bacia de
decomposição, o que produziria mais metano, acentuando ainda mais o efeito estufa.
A camada de ozônio, também chamada de ozonosfera, trata-se de uma das camadas de nossa atmosfera,
que está localizada a cerca de 50 km da superfície do Planeta. É constituída, basicamente, de ozônio (O3), formado
na seguinte reação: O2 + 1/2O2 + ultravioleta → O3; isto quer dizer que na formação do ozônio, as radiações
ultravioleta A e B ( UVA / UVB ) são consumidas, não atingindo a superfície terrestre, portanto.

Logo, podemos dizer que o ozônio funciona como um “filtro” dessas radiações, um fator de extrema impor-
tância, visto que são radiações mutagênicas e, portanto, cancerígenas, sobretudo para a pele humana.
Nos últimos 10 anos, os cientistas notaram o aparecimento de dois grandes “buracos”, isto é, regiões sem
ozônio, na atmosfera. O buraco maior se localiza sobre o Polo Sul, e chega a atingir uma área de 21 milhões de
km2, mais do que o dobro da área do Brasil. O outro buraco, menor, localiza-se sobre o Polo Norte. A destruição
da camada de ozônio é consequência da liberação de gases denominados clorofluorcarbonos (CFC) para a
atmosfera. O CFC é inerte, bastante estável, usado para refrigeração em geladeiras e bebedouros e como prope-
lente, na indústria de isopores, espumas e plásticos. Por ser muito barato, vem sendo utilizado desde 1930. Por
ser extremamente leve, após um vazamento ou quando lançado na atmosfera, ascende devagar, mas vai para as
altas camadas da atmosfera, onde permanece cerca de 50 anos. Ao chegar na ozonosfera, cataliza a degradação
do ozônio. O CFC libera átomos de cloro na presença de UV. O uso do CFC já é proibido nos países do Hemisfério
Norte e vem sendo substituído por água e pelo HFC (Hidrogênio Flúor Carbono); o mesmo vem acontecendo nos
países do Hemisfério Sul.

Medições recentes, feitas na Antártica, indicam um grande aumento da mortalidade das algas marinhas do
plâncton, principalmente entre os meses de setembro e dezembro, quando o buraco de ozônio atinge sua extensão
máxima. Além do prejuízo para as cadeias alimentares marinhas, a morte das algas planctônicas também pode
afetar o clima, uma vez que elas liberam dimetil-sulfeto, que auxiliam a formação de nuvens, pois servem como
núcleos de condensação.

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IMPACTO DA ATIVIDADE HUMANA -o a partir da atmosfera e produzindo 75% do oxigênio
atmosférico, além de poder estar diretamente ligado à for-
mação de nuvens pela liberação de gases que funcionariam
SOBRE A ÁGUA DOCE E OCEANOS
como núcleos higroscópicos ou de condensação, represen-
tando, portanto, importante componente na determinação
O homem intervem nos processos pluviométri-
do clima global, quanto aos níveis de precipitação.
cos, de drenagem e de reservatórios subterrâneos, o que
Os oceanos são cada vez mais impactados devido
altera as proporções de estoques de água em seus três
a sua utilização como via de transporte ou fonte de ma-
estados físicos, acarretando alterações climáticas glo-
térias-primas, além de ser considerado um excelente
bais.
depósito de efluentes e resíduos sólidos devido
No entanto, o homem prefere intervir no sistema
a sua grande capacidade de autodepuração, mas
hidrológico nos pontos em que a relação custo/benefí-
que é limitada como em qualquer ambiente.
cio seja a melhor, empregando a tecnologia disponível.
Como impacto direto da extratividade realizada pe-
Os principais pontos de interferência humana no ci-
las indústrias geradoras de matérias-primas, podemos citar:
clo hidrológico se dão quanto à modificação dos índices de
perfurações petrolíferas; extração de enxofre, de areia, de
precipitação e até mesmo por captação das águas pluviais.
pedregulho, de magnetita, de diamantes, de ouro, de cro-
A umidade do solo é alterada em função de sua
mita, de fosfato, de tungstênio e de nódulos de manganês.
ocupação e uso, indisponibilizando-a para a vegetação, por
Já, quanto à indústria pesqueira, atividade eco-
exemplo, e fazendo o solo mais suscetível à ação erosiva.
nômica bastante importante para muitas culturas e paí-
O escoamento superficial é modificado pela alteração dos
ses, observamos que normalmente não se respeitam di-
sistemas de drenagem promovidos pela ocupação.
versos pontos das legislações nacional e internacional:
A água na atmosfera pode ser liberada em maior
espécies permitidas, períodos de reprodução, quantida-
quantidade devido aos desmatamentos, levando a uma
des máximas permitidas, sobrepesca e atuação em
alteração da evapotranspiração. A alteração do fluxo
águas costeiras.
fluvial altera profundamente a distribuição dos recursos
Atividade não evidente no Brasil, apesar da imensa
hídricos para a fauna e flora, assim como para o homem.
costa − cerca de 8.500 km − observa-se pouca produtivi-
A extensão e a intensidade das alterações demons-
dade em tonelagens para os principais grupos de peixes
tram a relativa facilidade com que o homem pode mani-
no mercado e muitas perdas; enfim, a pesca é tradicional-
pular a água doce e a necessidade de assim proceder para
mente artesanal e ligada às culturas caiçaras − em extin-
sua sobrevivência. Os fatores econômicos e sociais consti-
ção. Outros pontos importantes são o baixo nível tecno-
tuem as limitações mais frequentes da alteração da água.
lógico dos equipamentos e barcos. Nossas águas quentes
A indústria extrativista exerce efeitos sobre a qua-
são reduto de alta biodiversidade, mas baixa densidade
lidade da água, se estiver localizada perto da corrente. A
populacional, ou seja, cardumes reduzidos.
mineração a céu aberto poderá provocar contaminação se-
dimentológica e química. A extração subterrânea de carvão
muitas vezes faz com que a drenagem ácida das minas che- Poluição das águas
gue aos rios. Os oceanos são fundamentais no processo de
controle dos fluxos globais de energia e, consequentemen- É a contaminação dos recursos hídricos. O cresci-
te, no ambiente geral do Planeta, principalmente devido ao mento populacional e os padrões de vida mais elevados
“alto calor específico” da água que retém calor, represen- exigem maior demanda de recursos hídricos, exigência
tando, assim, papel fundamental, nos processo climáticos que não pode ser atendida pelo ciclo natural hidrológico.
globais, como pode ser exemplificado pelos fenômenos El Consequentemente, a qualidade da água super-
niño e La niña, que resultam provavelmente do aquecimen- ficial e subterrânea, tanto dos mares quanto de rios e la-
to diferenciado de massa de águas oceânicas. goas, é progressivamente prejudicada. Uma certa quan-
Por outro lado, o papel do fitoplâncton oceânico é tidade de poluentes pode ser assimilada por diluição ou
fundamental no controle atmosférico do carbono fixando- pela atuação de organismos na cadeia alimentar que se

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ajustam às mudanças na qualidade da água. Além des-
Captação e abastecimento de água
ses limites, porém, a poluição representa uma ameaça
real à qualidade da água, à saúde e ao meio ambiente.
A água é armazenada e aerada antes de entrar
A poluição térmica produzida pela água utilizada
neste sistema. A aeração reduz o cheiro e o gosto. A
no sistema de refrigeração das usinas de energia também
coagulação e a sedimentação reduzem as bactérias da
reduz a solubilidade do oxigênio em rios e lagos, e a di-
versidade das espécies é ainda mais ameaçada quando as água. A filtragem remove fisicamente as partículas resi-
correntes são obstruídas por sólidos inertes que resultam, duais e alguns materiais orgânicos dissolvidos por ação
por exemplo, de drenagem, escavação ou detritos urbanos. biológica. A desinfecção pela cloração elimina todos os
Produtos químicos tóxicos, tais como os metais pe- elementos patogênicos, antes que a água entre no sis-
sados cádmio e mercúrio, produzidos em algumas operações tema de abastecimento.
industriais e de mineração, e despejados nos rios, lagos ou A água é fornecida por uma rede de tubulações,
águas costeiras, podem matar os organismos vivos e se acu- cuja capacidade deve estar à altura das necessidades
mular nos tecidos dos peixes e crustáceos, que fazem parte domésticas, industriais e agrícolas, e ao mesmo tempo
da cadeia alimentar humana, podendo provocar graves da- levar em conta perdas devido aos vazamentos. O con-
nos à saúde. Observe, a seguir, um esquema simplificado
sumo médio de água pode variar de cerca de 740 litros
de uso de água para resfriar o reator de uma usina nuclear.
diários per capita, em cidades dos EUA, até 1 litro diário
per capita em partes da Etiópia ou da Somália. O pico
de consumo pode alcançar até 350% da média anual. A
água é fornecida por fontes superficiais e subterrâneas.

Outros poluentes metálicos possivelmente nocivos


são o alumínio, utilizado no tratamento de águas, que já
foi relacionado ao mal de Alzheimer, e o chumbo, utilizado
nos encanamentos de algumas casas antigas e identifica- O primeiro estágio do tratamento de águas é ar-
do como causa de danos cerebrais em algumas crianças. mazenar a água não tratada em um reservatório, onde
Os poluentes orgânicos da água doce e salgada, a ação combinada da sedimentação (precipitação por
tais como resíduos animais, podem ameaçar a sobrevi- gravidade de substâncias em suspensão) e da luz ultra-
vência de peixes pela redução da quantidade de oxigê- violeta e visível elimina substancialmente as bactérias.
nio dissolvido disponível, enquanto o uso excessivo de Entretanto, em áreas de temperatura alta, podem sur-
fertilizantes agrícolas e a liberação de nitrogênio podem gir algas em águas ricas em nutrientes. Para combater
provocar a disseminação de algas venenosas. isto, a filtragem lenta com areia tem sido usada desde o
Os nitratos e pesticidas utilizados na agricultura início do século XIX; isto depende de uma combinação
foram associados ao desenvolvimento de diversos tipos de filtragem direta e da ação bacteriana no interior das
de câncer nos seres humanos. camadas superiores do leito de areia. Filtros modernos
Em países nos quais não há tratamento adequado de mais rápidos empregam tratamentos químicos, particu-
água e esgoto, a poluição da água utilizada pela população larmente com sulfato de alumínio, para coagular sólidos
pode contribuir para a disseminação do cólera, do tifo e da em suspensão antes que estes sejam removidos par um
malária, assim como ser responsável por doenças parasíticas clorificador. A água é comumente desinfetada com clo-
aquáticas como a esquistossomose, que afeta aproximada- ro, embora isto possa provocar um gosto desagradável
mente 200 milhões de pessoas em todo o mundo. quando certas substâncias orgânicas estão presentes.

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Depois do tratamento, a água é armazenada em um reservatório de serviço, que pode ser uma cisterna
fechada subterrânea, nas regiões elevadas, ou, em regiões planas, uma caixa-d’água. Isto garante alguns dias de
suprimento e, devido a sua altura, exerce a pressão necessária para a distribuição local.
Os reservatórios localizados em terras altas distantes das cidades exigem aquedutos de grandes comprimentos;
entradas para a água dos rios e lagos usualmente têm um reservatório local para fornecer o suprimento adequado quan-
do os níveis de água são baixos e permitem o seu fechamento para impedir poluição temporária. As aquíferas (rochas
que contêm água) profundas são aproveitadas por meio de poços e, muitas vezes, fornecem água de melhor qualidade.

Tratamento e rede de esgoto


Uma rede de esgoto é um sistema de tubulações (esgotos) através do qual as águas servidas são levadas
para uma estação de tratamento. Os esgotos são planejados para que sejam auto limpantes e façam com que as
águas servidas fluam por gravidade, embora o bombeamento, algumas vezes, seja necessária.
O acesso à rede é dado por postigos de inspeção e manutenção. Em um sistema que combina o escoamento de
águas servidas com o seu tratamento, ambas as águas, servidas e pluviais, são escoadas para a estação de tratamento;
em sistemas separados, águas pluviais não tratadas são escoadas diretamente para a curso de água mais próximo.

Tipos de processo de tratamento


As características de uma água residuária, as exigências legais, a área disponível e os custos de implantação
e operação são os fatores básicos na definição do sistema de tratamento mais adequado de um efluente líquido.
Veja o esquema a seguir:

Os sistemas de tratamento de águas residuárias, englobando um ou mais processos descritos, são classifi-
cados em função do tipo de material a ser removido e da eficiência de sua remoção em:
§ Tratamento preliminar − tem a finalidade de remover sólidos grosseiros e é aplicado normalmente a qual-
quer tipo de água residuária. Consiste de grade, peneiras, caixas de areia, caixas de retenção de óleos e graxas.
§ Tratamento primário − recebe essa denominação nos sistemas de tratamento de águas residuárias de natu-
reza orgânica, muito embora seja utilizado para qualquer tipo de despejo. Tem a finalidade de remover resíduos
finos dos efluentes. Consiste de tanques de flotação, decantadores, fossas sépticas, floculação/decantação.
§ Tratamento secundário − é utilizado para a depuração de águas residuárias através de processo biológi-
co e tem a finalidade de reduzir o teor de matéria orgânica solúvel nos despejos. Consiste de lodos ativados
e suas variações, filtros biológicos, lagoas aeradas, lagoas de estabilização, digestor anaeróbico e fluxo
ascendente e sistemas de disposição no solo.

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§ Tratamento terciário − é um estágio avançado síduos líquidos de atividades de origem humana, sobre-
de tratamento de águas residuárias e visa à remo- tudo domésticos e industriais.
ção de substâncias não eliminadas a níveis dese- Podem, muitas vezes, causar danos sérios ao
jados nos tratamentos anteriores, como nutrientes, meio ambiente, em virtude de serem lançados em gran-
micro-organismos patogênicos, substâncias que des quantidade em corpos de água – rios, além do que,
causam cor nas águas etc. Consiste em lagoas e por vezes, são tóxicos ou se tornam tóxicos após algum
maturação, cloração, ozonização, filtros de carvão tempo em solução.
ativo, precipitação química em alguns casos. A partir do lançamento de efluentes orgânicos,
§ Tratamento de lodos − utilizado para todos basicamente ocorrerá decomposição aeróbica (pre-
os tipos de lodos, visa à sua desidratação ou sença de O2), que diminuirá a concentração de O2 e
adequação para disposição final. Consiste de lei- aumentará a quantidade de nutrientes (nitratos e fosfa-
tos de secagem, centrífugas, filtros-prensa, filtros tos), que permitiria o crescimento acelerado de algas e
a vácuo, digestão aeróbia ou anaeróbia, incine- plantas aquáticas – floração das águas.
ração, disposição no solo. Esse crescimento de algas consome mais O2 da
§ Tratamento físico-químico − basicamente utili- água, matando grande parte dos peixes. Essa mortan-
zado para as águas residuárias de natureza inorgâ- dade de peixes aumenta ainda mais a matéria orgânica.
nica, visa à remoção de sólidos em todas as formas Portanto, segue-se a decomposição, porém anaeróbi-
e à alteração das características físico-químicas das ca desta vez, que libera novamente nutrientes, acele-
águas residuárias. Também utilizado para a remo- rando o crescimento de algas, dando cor, sabor e odor
ção de sólidos em suspensão de efluentes de natu- desagradáveis à água, tornando difícil o tratamento
reza orgânica. Consiste em coagulação/floculação, para a potabilização.
precipitação química, oxidação, neutralização. O aumento de DBO (demanda bioquímica de
oxigênio) é sempre seguido de eutrofização, porém o
Saneamento básico processo pode não ir até o final, dependendo da quan-
tidade de matéria orgânica despejada. A DBO é um in-
O saneamento básico é um dos objetivos da área
dicador de qualidade de águas e está associado à quan-
da saúde pública que lida com o controle ambiental, com
tidade de matéria orgânica presente.
a prevenção e o combate a doenças infecto contagiosas. As
O valor de 5 mg/ø significa que para degradar to-
atividades sanitárias incluem o processamento e a distri-
talmente a matéria orgânica presente em 1 litro dessa
buição de alimentos, no intuito de prevenir a contaminação
água são necessárias 5 miligramas de oxigênio, ou seja,
dos produtos alimentícios durante os diversos estágios de
a água é boa. Quanto mais alto o valor da DBO, maior
manipulação. O sanitarismo supervisiona igualmente o tra-
é a quantidade de matéria orgânica presente e, portan-
tamento de água potável e de esgotos, visando ao comba-
to, mais poluída está a água. Aumentam a DBO de um
te a bactérias, vírus etc., e procurando reduzir os despejos
corpo de água: sangue, cadáveres, esgoto doméstico, de-
de dejetos sólidos e produtos químicos nos rios, lagos e
tergentes, fertilizantes, esgotos industriais orgânicos etc.
outros recursos hídricos (de que se serve a população).
Os coliformes fecais são semelhantes em forma com a
As autoridades sanitárias são responsáveis ainda
bactéria Eschirichia coli, que vive nos intestinos humanos,
pelo controle ou erradicação de agentes transmissores
compondo sua flora, e podem estar presentes em efluen-
de doenças, como insetos e roedores, bem como o es-
tes indicando que foram contaminados por fezes huma-
clarecimento da população sobre a adoção de medidas
nas. Ecologicamente, são importantes por representarem
sanitárias básicas.
indicadores ambientais de qualidade, uma vez que
Eutrofização se forem encontradas na água de abastecimento, mostra-
-nos que houve contaminação dessa água por esgotos
Quando um corpo de água recebe uma grande “in natura”. De modo geral, altos índices de DBO indi-
quantidade de efluentes com matéria orgânica, dizemos cam também grandes quantidades de coliformes fecais,
que ele foi eutrofizado − alimentado. Efluentes são re- caracterizando a água como imprópria para o consumo.

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Maré vermelha Os resíduos industriais e agrícolas
Fenômeno semelhante à eutrofização. Suas conse- O lançamento de resíduos industriais nas águas
quências podem ser bastante parecidas, porém as causas e nos solos constitui um sério problema ecológico. Subs-
são diferentes. Ocorre alteração da cor da água (tons de tâncias poluentes, como detergentes, ácido sulfúrico e
vermelho) em virtude de presença de toxinas liberadas no amônia envenenam os rios onde são lançados, causan-
grande crescimento populacional de algas pirrofíceas, do a morte de muitas espécies da comunidade aquática.
em condições específicas. Causa uma grande mortanda-
de de peixes e crustáceos por envenenamento. Lembre-se Poluição por mercúrio
de que pirrofíceas não são algas vermelhas.
Um problema que vem atingindo proporções
Concentração de inseticidas nas cadeias preocupantes em certas regiões brasileiras, particu-
alimentares – efeito cumulativo larmente na Amazônia, é o da poluição dos rios pelo
Desde a década de 1940, alguns inseticidas do mercúrio. Esse metal é utilizado pelos garimpeiros para
grupo dos organoclorados, principalmente os usados a separação de ouro do minério bruto. Grandes quan-
extensivamente nas lavouras devido à sua alta eficiên- tidades de mercúrio, lançadas nas águas dos rios que
cia contra diversos insetos. Absorvido pela pele ou nos servem para a lavagem do minério, envenenam e ma-
alimentos, o acúmulo de DDT no organismo humano tam diversas formas de vida. Peixes envenenados pelo
está relacionado com doenças do fígado, como a cirro- metal, se consumidos pelo homem, podem causar sérios
se e o câncer. O uso indiscriminado e descontrolado do danos ao sistema nervoso humano.
DDT fez com que o leite humano, em algumas regiões
dos EUA, chegasse a apresentar mais inseticida do que Poluição por fertilizantes e agrotóxicos
o permitido por lei no leite de vaca. O DDT, além de
O desenvolvimento da agricultura também tem
outros inseticidas e poluentes, possui a capacidade de
contribuído para a poluição do solo e das águas. Fertili-
se concentrar em organismos.
Ostras, por exemplo, que obtêm alimento por fil- zantes sintéticos e agrotóxicos (inseticidas, fungicidas e
tração da água, podem acumular quantidades enormes herbicidas), usados em quantidades abusivas nas lavou-
de inseticida em seus corpos, concentrando-o até cerca ras, poluem o solo e as águas dos rios, onde intoxicam e
de 70 mil vezes. Se forem consumidas por animais ou matam diversos seres vivos dos ecossistemas.
pelo homem, podem causar intoxicação e morte. Em
determinados ecossistemas, o DDT é absorvido pelos
produtores e consumidores primários, passando para IMPACTO DA ATIVIDADE HUMANA
os consumidores secundários, e assim por diante. Como
cada organismo de um nível trófico superior geralmente
SOBRE AS CIDADES
come diversos organismos do nível inferior, o DDT tende
A população da Terra vem apresentando um
a se concentrar nos níveis superiores.
crescimento intenso e, desde a Revolução Industrial na
Reaproveitamento dos esgotos Inglaterra, França e Alemanha, nos séculos XVIII e XIX,
passou a se concentrar em cidades ou ambientes urba-
A melhor solução para o problema dos esgotos é
seu reaproveitamento. Eles devem ser tratados de modo no-industriais. Os processos de urbano-industrialização
que os micro-organismos sejam mortos e as impurezas são hoje universais e geram preocupações em todos os
eliminadas. A água proveniente de esgotos, uma vez re- setores da sociedade moderna, sobretudo ambientais. O
movidas as impurezas, pode ser reaproveitada. Os resí- processo de urbano-industrialização consome grandes
duos semissólidos, resultantes do tratamento dos esgo- quantidades de áreas, tamponando-as, o que gera in-
tos, podem ser utilizados como fertilizantes, enquanto tensiva simplificação dos ambientes naturais com perda
o gás metano, produzido pela putrefação da matéria de biodiversidade, de solos férteis e permeáveis e alte-
orgânica, pode ser utilizado como combustível. rações microclimáticas.

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As áreas urbano-industriais representam a dreiras, da mineração a céu aberto, dos movimentos
mais profunda modificação humana da superfície da de terra, do abandono de edifícios ou, indiretamente,
Terra, da atmosfera e do ecossistema terrestre. Os efei- por subsidência da terra.
tos são altamente intensivos e localizados, os fluxos de Nas zonas de concentração da indústria pesada, o
energia e de matéria estão concentrados, sendo a maior impacto ecológico costuma se estender até muito longe
parte da energia e matéria importada: a cidade é um da fonte, como a chuva ácida, mais ainda se conside-
ecossistema heterótrofo. rarmos que as grandes rodovias constituem extensões
Com o emprego da energia e matéria, há uma lineares do complexo urbano-industrial. As emissões dos
produção intensa de calor e resíduos. Todos os aspectos escapamentos e os despejos nas beiradas acumulam ma-
do ambiente são alterados pela urbanização e a indus- teriais tóxicos no solo, em níveis que vão de 5 a 50 vezes
trialização, inclusive o relevo, o uso da terra, a vegeta- o normal, principalmente cádmio, zinco e níquel.
ção, a fauna, a hidrologia e o clima. A intensidade da A primeira característica das áreas urbanas −
mudança está ligada à densidade da área edificada e à alta intensidade de mudança − também é evidente a
extensão da industrialização, principalmente da indús- respeito dos ecossistemas. A cidade constitui um com-
tria extrativista ou pesada, e não se restringe à área plexo ecossistema humano, mas, longe de ser um deser-
urbana, atingindo periferias e zonas rurais.
to para outras formas de vida, ela cria, deliberadamente
No ambiente urbano, as mudanças climáticas são
ou não, uma variedade de ambientes que são coloniza-
mensuráveis e nítidas. Sobre as cidades paira uma “abó-
dos por criaturas vivas. Alguns deles são variantes de
bada ou domo climático” típico, dentro da qual as pro-
condições naturais (parques e jardins), outros não. As
priedades de conteúdo, temperatura, umidade e vento
populações de espécies que possuem as adaptações
atmosféricos distinguem-se claramente do clima regional
necessárias proliferam em detrimento daquelas que
dominante, caracterizando-as como ilhas de calor.
não as possuem.
Em grandes cidades, com um milhão de habitan-
Outra distorção dos ecossistemas naturais é a
tes ou mais, o clima alterado paira de 50 a 300 metros
vantagem conferida aos seres vivos que logram sobre-
acima do solo e se estende dezenas de quilômetros a bar-
viver sob um esforço ambiental bem severo, ou seja,
lavento − direção que o vento segue depois que passa
aqueles que apresentam nicho ecológico bastante
pela cidade. Acredita-se que as alterações atmosféricas
amplo. Por exemplo, os rios, nas áreas urbano-industriais,
são responsáveis por mudanças na forma da radiação so-
geralmente possuem baixo teor de oxigênio em solução,
lar que alcança o solo e talvez pelo aumento dos índices
estando fortemente poluídos com sedimentos e materiais
pluviométricos das regiões urbanas. A enorme frota de
em suspensão. Muitas vezes, são eutróficos, somente um
veículos produz a poluição fotoquímica, derivada da
emissão de óxidos de nitrogênio. As inversões térmicas e reduzido espectro de vida consegue tolerar esse ambien-
baixas velocidades de vento contribuem para o aumento te: várias populações de bactérias anaeróbias. A seleção
deste tipo de poluição, concentrando-a. A chuva ácida, natural pode ser acelerada no ambiente urbano-industrial
de origem antrópica, é um dos resultados secundários da em relação à alteração ambiental produzida pelo homem.
poluição fotoquímica; assim, além dos óxidos de nitro- A dispersão na atmosfera de um poluente depen-
gênio, o anidrido sulfuroso e o gás carbônico acidificam de, em primeiro lugar, das condições meteorológicas e,
as chuvas, e como resultado, o impacto da chuva ácida depois, dos parâmetros e condições em que se produz
acelera o intemperismo químico (decomposição), princi- essa emissão na fonte (chaminé ou escape de veículos),
palmente de edifícios, além de agravos à saúde. ou seja, velocidade e temperatura dos gases, vazão etc.
Tanto a urbanização como a indústria extrativis- O vento é o primeiro mecanismo atmosférico de trans-
ta acarretam alteração do relevo, mas a indústria, em porte. Os ventos na Terra são resultados das diferenças
particular, é responsável pela criação da terra largada de pressão, devido ao aquecimento ou resfriamento da
ao “deus dará”, como resultado da exploração de pe atmosfera através do Sol.

49
MODIFICAÇÃO DO CLIMA REGIONAL DE UMA
ÁREA URBANA INDUSTRIALIZADA
Composição núcleos de condensação aumenta em 1 000%
atmosférica emissão de gases aumenta em 1 500%
radiação solar diminui em 10%
Temperatura temperatura média anual aumenta em 1 oC
temperatura mínima invernal aumenta em 1,5 oC
anual aumenta em 5%
Precipitação
dias de chuva mínima aumenta em 10%
velocidade média diminui em 20%
Vento
dias calmos aumenta em 10%
radiação ultravioleta (inverno) diminui em 30%
Outros
umidade relativa (verão) diminui em 10%
parâmetros
neblina (inverno) aumenta em 100%

Indicadores de qualidade
INFLUÊNCIAS DE ÁREAS URBANA E RURAL NO CLIMA
CLIMA CIDADE CAMPO MOTIVO
Temperatura maior menor Perda mais lenta de energia para a atmosfera
Umidade menor maior Temperatura−vegetação
Chuva mais menos Mais núcleos
Vento mais fraco mais forte Mais obstáculos
Nebulosidade maior menor Mais núcleos
Radiação menor maior Mais nuvens na cidade

A variedade de substâncias que podem estar presentes na atmosfera é muito grande, o que torna difícil a tarefa
de estabelecer uma classificação. Entretanto, podemos iniciar este processo dividindo os poluentes em duas categorias:
1. Poluentes primários (aqueles emitidos diretamente pelas fontes de emissão).
2. Poluentes secundários (aqueles formados na atmosfera através da reação química entre poluentes primários e
constituintes naturais da atmosfera).
§ Material particulado: entre 10 (inalável) e 100 micra (inspiração/irritação).
§ Fumaça: teor de fuligem da atmosfera.
§ Dióxido de enxofre: é altamente solúvel nas passagens úmidas do aparelho respiratório superior, con-
duzindo a um aumento da resistência à passagem do ar e ao aumento da produção de muco. Exposições
prolongadas a baixas concentrações de dióxido de enxofre têm sido associadas ao aumento de morbidade
cardiovascular em pessoas idosas.
§ Monóxido de carbono: associado à capacidade de transporte de oxigênio na combinação com a hemoglo-
bina do sangue, uma vez que a afinidade da hemoglobina pelo monóxido de carbono é cerca de 210 vezes
maior que pelo oxigênio.
Quando uma molécula de hemoglobina recebe uma molécula de monóxido de carbono, forma-se a car-
boxi-hemoglobina, que diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Os níveis de monóxido
de carbono em locais com altos índices de acidentes de tráfego têm sido apontados como possível causa
adicional dos acidentes.
§ Oxidantes fotoquímicos: é a denominação que se dá à mistura de poluentes secundários formados
pela reação dos hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio na presença de luz solar. O principal ingrediente
desta mistura é o gás ozônio e, por isso mesmo, ele tem sido utilizado como parâmetro indicador da
presença dos oxidantes fotoquímicos − PAN, o formaldeido e a acroleina, que tem em sua composição

50
também quantidades pequenas de compostos oxigenados derivados dos hidrocarbonetos (metano, vapor
de combustíveis etc.). Os efeitos mais relatados: a irritação dos olhos, a redução da capacidade pulmonar, o
agravamento de doenças respiratórias − como asma, envelhecimento precoce, provoca danos na estrutura
pulmonar e diminui a capacidade de resistir às infecções respiratórias.
§ Óxidos de nitrogênio: somente o nitrito é motivo de preocupação, pois devido à sua baixa solubilidade,
é capaz de penetrar profundamente no sistema respiratório, podendo dar origem às nitrosaminas, algumas
das quais podem ser carcinogênicas. O dióxido de nitrogênio é também um poderoso irritante, podendo
conduzir a sintomas que lembram aqueles do enfisema.

Poluição sonora
O som é parte tão comum da vida diária que, raramente, apreciamos todos os seus usos. Como exemplo,
nos permite a comunicação através da fala, nos alerta ou previne em muitas circunstâncias e até nos possibilita
fazer avaliações de qualidade e diagnósticos. Contudo, com muita frequência na sociedade moderna, o som nos
incomoda. Dessa forma, o som desagradável ou indesejável é chamado de ruído. O homem moderno vem sendo
submetido, cada vez mais, à condições sonoras agressivas no ambiente em que vive, sendo prejudicado até mesmo
nas chamadas horas de lazer. O som, vencendo qualquer tentativa de privacidade, transformou-se num invasor
comunitário em todas as camadas sociais. Os sons que afetam a audição também têm outros efeitos no corpo dos
indivíduos; com relação à saúde e bem-estar do homem, podem ser considerados como:
§ redutor da capacidade auditiva;
§ resposta vegetativa, quer seja ela involuntária ou inconsciente (palpitação cardíaca, vasoconstrição perifé-
rica etc.);
§ cardiovascular (hipertensão arterial);
§ incômodo no ambiente comunitário; no sono (alterações fisiológicas, alterações vegetativas, mudança na
disposição, mudança na performance, aumento no risco de acidentes etc.).
§ irritação geral; perturbação na comunicação e prejuízo na concentração; associação de medo e ansiedade;
estresse e mudança na conduta social.

A GESTÃO DE RESÍDUOS NAS CIDADES


Fatores importantes interferem na produção de lixo: densidade populacional, poder aquisitivo e, principal-
mente, hábitos de consumo. Esse quadro se agrava com a constatação de uma evidente tendência de crescimento
da geração de lixo, não apenas em termos absolutos (tonelada/dia), mas também em termos relativos (quilograma/
habitante/dia). Além do crescimento populacional, a “evolução” dos padrões de produção e consumo também tem
contribuído significativamente.

PRODUÇÃO DE LIXO PER CAPITA EM FUNÇÃO DA POPULAÇÃO (Fonte: Cetesb)


População (habitantes) Produção de lixo per capita (kg/hab/dia)
até 100 mil até 0,4
100 mil a 200 mil a partir de 0,5
200 mil a 500 mil a partir de 0,7
maior que 500 mil pelo menos 1,0

Quando o lixo não é coletado, tratado e disposto de forma adequada, pode causar a contaminação do solo
e da água, gerar odores, ou ainda atrair e propiciar a proliferação de patógenos e vetores. Dessa forma, a questão
do lixo envolve aspectos sanitários, ambientais e de Saúde Pública. Essa situação tem sido agravada com a pre-
sença constante de catadores em lixões, e que com muita frequência tem sido desconsiderados ou relegados a um
segundo plano pelos administradores públicos e privados.

51
Com relação ao aspecto ambiental, a destinação inadequada de resíduos em lixões traz como consequência
a degradação do meio ambiente, com a contaminação de recursos naturais, como o ar, o solo e as águas super-
ficiais e subterrâneas. O tratamento e a destinação final dos resíduos ainda se resumem na adoção de soluções
imediatistas, quase sempre fundamentadas no simples descarte, predominando os depósitos a céu aberto que
contribuem para a deterioração ambiental. No Estado de São Paulo, a grande quantidade de resíduos gerados re-
clamam por soluções técnicas e institucionais adequadas, calcadas nas realidades regionais e cuja implementação
não pode mais ser protelada.
A RESPONSABILIDADE DE CADA UM PARA CADA TIPO DE LIXO
Tipo Responsável Destinação usual
domiciliar prefeitura reciclagem / compostagem / aterros
comercial prefeitura reciclagem / compostagem / aterros
público prefeitura reciclagem / compostagem / aterros
serviços de saúde gerador (hospitais etc.) incineração
industrial gerador (indústrias) aterros industriais
portos, aeroportos e terminais gerador (portos etc.) reciclagem / compostagem / aterros
agrícola gerador (agricultor) compostagem / aterros
entulho gerador aterros industriais

As formas de disposição final para estes resíduos devem ser aquelas que por si só ou associadas a um determi-
nado tratamento prévio impeçam a disseminação de agentes patogênicos ou de qualquer outra forma de contaminação.
A composição dos resíduos sólidos domiciliares e comerciais é influenciada por uma série de fatores que
envolvem condições sociais do gerador, condições climáticas do local de geração, hábitos e costumes, entre outros.
Desta forma, pode variar substancialmente no tempo, de país para país ou mesmo de região para região.
§ Aterro sanitário − essa é uma obra de engenharia que tem como objetivo acomodar, no solo, resíduos,
no menor espaço possível, sem causar danos ao meio ambiente ou à saúde pública. Essa técnica consiste
basicamente na compactação dos resíduos no solo, na forma de camadas que são periodicamente cobertas
com terra ou outro material inerte. Apesar de ser o método sanitário mais simples de destinação final de
resíduos sólidos, o aterro sanitário exige cuidados especiais e técnicas específicas a serem seguidas, desde
a seleção e preparo da área até sua operação e monitoramento.
§ Incineração − é o processo de combustão controlada que pode ser resumidamente descrito como a
queima de materiais em alta temperatura (acima de 900 ºC), com uma mistura balanceada de componen-
tes e quantidades apropriadas de ar por um tempo predeterminado. É a forma mais segura, do ponto de
vista sanitário, para se eliminar resíduos sólidos de serviços de saúde, de portos, aeroportos e terminais
rodoviários e ferroviários, aeronaves e navios internacionais, de alimentos deteriorados e de outros restos
nocivos; destrói mercadorias apreendidas por irregularidade fiscal ou por não atender às especificações
técnicas, produtos tóxicos ou impróprios ao consumo; dispensa a utilização de grandes áreas, necessárias
à implantação dos outros processos; reduz o resíduo sólido a, aproximadamente, 20% em peso e a 5%
em volume, do original; torna biologicamente inofensivo o resultado sólido do processo, escória e cinza, o
qual poderá ser aproveitado como material inerte para cobertura em aterros sanitários.
§ Compostagem − é um processo biológico de decomposição da matéria orgânica presente em restos
de origem animal ou vegetal. Deste processo, origina-se um produto − o composto − que pode ser
aplicado ao solo para melhorar suas características, sem causar riscos ao meio ambiente. Para a aplica-
ção da compostagem é necessária a instalação de uma usina de triagem e compostagem. A instalação
deste tipo de usina acarreta numa redução de 70%, em média, da tonelagem de lixo destinada ao
aterro, com a consequente redução dos custos de aterramento por quantidade coletada e aumento da
vida útil da área destinada à sua disposição.
§ Reutilização e reciclagem − o objetivo básico é evitar a passagem descontrolada de materiais e obje-
tos usados – os resíduos – para o meio ambiente. A reutilização difere da reciclagem como conceito, pois

52
trata do aproveitamento do resíduo gerado sem do acesso ao saneamento básico, segundo Organização
que o mesmo sofra qualquer tipo de alteração Mundial da Saúde (OMS). 800 milhões, entre eles, 150
ou processo, excetuando-se a limpeza, como milhões de crianças, são desnutridos. 80% da riqueza
garrafas retornáveis de refrigerantes e cervejas. mundial está nas mãos de 15% dos habitantes dos pa-
Já a reciclagem refere-se ao aproveitamento íses mais ricos.
dos resíduos para, após uma série de processa- De acordo com o relatório anual sobre a fome
mentos, retornar ao processo produtivo, como no Planeta, divulgado pela Organização para Agricul-
matéria-prima, daí gerando produtos novos. São tura e Alimentação (FAO), entidade ligada à Organiza-
exemplos as garrafas não retornáveis de cervejas ção das Nações Unidas (ONU), cerca de 826 milhões
e outras bebidas, que podem ser separadas do de pessoas são vítimas da fome em seu estágio mais
lixo e encaminhadas à indústria de fabricação de avançado (a fome crônica), representando quase 1/6 da
vidro, onde são utilizadas como matéria-prima população mundial. O objetivo era de reduzir o número
no processo, gerando novos produtos de vidro. de vítimas da fome pela metade até 2015. No entanto,
segundo últimos estudos e levantamentos realizados
A triagem é, no entanto, apenas uma das etapas pela FAO, esta meta é inatingível. Conforme a FAO, a
do processo de reciclagem, sendo que o resíduo triado fome no mundo diminuiu 14% nos últimos anos, mas
deve ainda passar pelas etapas de beneficiamento (se- a produção de alimentos aumentou 32%. O problema
leção, lavagem, classificação, moagem etc.) e reúso, a maior está na má distribuição desses alimentos, ou seja,
fim de completar o ciclo de aproveitamento. enquanto nos países subdesenvolvidos ocorre a carên-
As vantagens da reciclagem são: cia de alimentos para a população, nos países ricos as
1. diminuição do volume de lixo a ser disposto no pessoas consomem mais calorias diárias do que neces-
ambiente, requerendo para isso áreas menores sitam. Foi provado cientificamente que a fome crônica
de disposição; reduz a capacidade de aprendizado das crianças, dimi-
2. redução do consumo de energia, economizando nuindo o rendimento na escola. No adulto gera mal-
recursos naturais, quase sempre não renováveis; -estar, e sua capacidade física fica muito reduzida, além
3. redução dos custos de matérias-primas industriais; disso, as mulheres acabam gerando filhos prematuros.
4. incentivo às atividades envolvidas com a recicla- A solução para este problema estaria na implan-
gem, incluindo a implantação de microempresas tação de um sistema mais justo, e os governos deveriam
recicladoras, com consequente aumento do nível dar ênfase aos projetos sociais, para a geração do bem
da mão de obra economicamente ativa; comum. Deveriam ser investidos recursos na agricultura
5. economia de certas matérias-primas provenien- familiar; desapropriação de terras improdutivas, onde os
tes de recursos naturais não renováveis; assentados passariam a produzir seus próprios alimen-
6. promoção do desenvolvimento de uma consci- tos e fornecê-los à cidade; investimentos em programas
ência ambiental nas populações. de combate à fome e à miséria, bem como abasteci-
mento de água potável e saneamento básico para toda
PRINCIPAIS QUESTÕES população. A educação e a saúde também deveriam ser

AMBIENTAIS DA TERRA
prioridades dos órgãos competentes.
Segundo a FAO, os países com maior número de
famélicos no mundo são os que apresentam as maiores
Pobreza e desigualdade dívidas externas. Por isso, a FAO defende o perdão da
dívida desses países mais pobres.
A população mundial, em 1950, era de 2,5 bi- No Brasil, a fome e a miséria se localizam prin-
lhões de habitantes. Hoje, é de 6 bilhões, e chegará a 8 cipalmente nas regiões Nordeste e Sudeste, no entanto,
bilhões em 2025. Cerca de 2,8 bilhões de pessoas vivem no Norte, Sul e Centro-Oeste existam casos apavorantes
com menos de US$ 2 por dia. 2,4 bilhões não vivem de miséria. Dos aproximadamente 170 milhões de brasi-
em condições sanitárias decentes e adequadas, incluin- leiros, 57 milhões de pessoas passam fome, vivendo com

53
menos da metade de um salário mínimo. Dados da ONU da concentração de gases de efeito estufa na atmosfe-
revelam que 55 milhões de brasileiros são pobres (35% ra, causado por atividades humanas. Para evitar que o
da população) e 21 milhões vivem abaixo da linha da Planeta fique cada vez mais quente, durante a Rio-92,
pobreza. O deficit diário dos famélicos é de 250 calorias. um grupo de países assinou a “Convenção Quadro das
Os países que mais sofrem com a fome são: 1º Nações Unidas sobre Mudança do Clima” (UNFCCC)
Somália, 2º Afeganistão e 3º Haiti. Para se ter uma ideia e, em 1997, no Japão, foi adotado o Protocolo de
da gravidade nesses países, a ausência de mais de Kyoto, um tratado com compromissos mais rígidos
100 calorias diárias por pessoa é considerada para a redução da emissão dos gases que provocam o
fome crônica. Nesses países, o deficit é de mais de efeito estufa. Apesar dos compromissos assumidos na
400 calorias diárias pelas pessoas atingidas pela fome. Rio-92, as convenções de Biodiversidade e de Mudança
Para chegar a esses dados, a entidade comparou o con- Climática ainda não viraram realidade.
sumo de calorias mínimas, estabelecido com o consumo Os Estados Unidos são um dos principais obs-
de alimentos em cada nação. O continente mais atingi- táculos para o fechamento dos acordos internacionais.
do por essa praga continua sendo a África, seguido pela Dez anos depois, as duas convenções – de Biodiversi-
Ásia e América. dade e de Mudança Climática – e o pacto – a Agenda
O Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, 21 – ainda não estão implementados.
calculado pelo Programa das Nações Unidas para o De- Dos três documentos, o que está mais longe
senvolvimento (PNUD), verifica o nível de desenvolvimen- de ser posto em prática é o relativo ao clima. A Or-
to ou de subdesenvolvimento de um país com base na ganização das Nações Unidas (ONU) já promoveu
consideração de três níveis sociais básicos: sete encontros mundiais, depois da Rio-92, para
§ nível de instrução da população (levando tentar implementar as ações de controle do efeito
em conta, por exemplo, a taxa de analfabetismo estufa, que provoca o aquecimento da Terra.
e os anos de escolaridade); O Protocolo de Kyoto, elaborado no Japão durante
§ nível de saúde (abrangendo, por exemplo, a ex- a terceira reunião internacional para discutir a convenção,
pectativa de vida e a taxa de mortalidade infantil); e em 1997, estabelece que, até o período de 2008 a 2012,
§ nível de renda (considerando a capacidade de a redução deve ser de 5% em relação a 1990. No lugar de
compra em cada país). diminuir, os níveis de emissão dos gases causadores do fe-
Com relação à escala usada na construção do ín- nômeno, chamados de gases estufa, estão aumentando.
dice, observa-se que ele varia de 0 a 1, situando-se mais O Protocolo de Kyoto consiste num engenho-
próximo de 1 os países de melhor nível social e de 0, os so esquema destinado a reduzir, em escala global, a
países de pior nível social. Os três países que apresentaram emissão de gases, o principal dos quais é o dióxido de
melhor IDH nos últimos índices foram Canadá (0,932), Su- carbono (CO2). Consiste em permitir a negociabilidade
íça (0,931) e Japão (0,929). O Brasil foi 79º em 1999, das reduções de emissão de CO2 entre companhias de
74º em 2000 e 73º lugar em 2001. O Brasil, com esse diferentes países, mas isso é só na teoria, pois na prática
resultado, ficou fora dos 10 primeiros colocados na Améri- o mercado de CO2, inevitavelmente, surge com transa-
ca latina, o que evidencia profundas desigualdades. ções e muito dinheiro em jogo. O Protocolo, assinado
no Japão em 1997, já foi ratificado por 71 paí-
Mudanças climáticas ses, inclusive pela União Europeia. As adesões,
entretanto, somam apenas 35,8% das emissões
Epidemias de doenças tropicais, mares engo- mundiais de gás carbônico – abaixo do limite mí-
lindo cidades litorâneas, furacões e enchentes levando nimo de 55%, para que o tratado tenha efeito. Os
tudo pela frente, escassez de água potável e espécies Estados Unidos, maiores poluidores do mundo, são con-
em extinção: tudo isto parece enredo de filme-catástro- tra o acordo e, o Canadá, outra grande nação industrial,
fe, mas não é. São as possíveis consequências do aque- dificilmente vai aderir. A Austrália disse não recentemen-
cimento global, que infelizmente já vem acontecendo. A te ao Protocolo de Kyoto. A posição da Austrália, maior
mudança climática do Planeta é resultado do aumento exportador mundial de carvão, assim como a posição do

54
EUA e do Canadá, compromete seriamente a aplicação à água potável. Um estudo mostra que 75% da popu-
do protocolo, pois isso significaria redução do consumo lação de alguns países da África não possui acesso à
de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão. água potável. Na África, dos 53 países do continente,
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), 13 já sofrem com a escassez de água. A metade dos
um dos principais instrumentos do Protocolo de Kyoto, rios do mundo está num nível muito baixo do normal
permite que empresas e países industrializados que não ou poluído. Na China, o lixo e o esgoto produzidos são
conseguirem reduzir suas emissões aos limites exigidos simplesmente abandonados a céu aberto ou despejados
patrocinem projetos de plantio de árvores ou adoção de em cursos d’água, deste modo, 80% dos rios do país es-
energias não poluentes em países em desenvolvimento. tão de tal forma poluídos que os peixes desapareceram.
Em troca, o patrocinador recebe créditos que podem ser A queda do nível dos lençóis freáticos se tornou
comercializados em bolsas de valores. O MDL é um ins- um sério problema em algumas regiões.
trumento muito criativo de transferência de recursos do O Brasil é campeão em águas superficiais, com
Norte para o Sul, capaz de beneficiar a todos. Um ins- 12% das reservas do globo, e o terceiro maior país do
trumento que, segundo os mais otimistas, poderia inun- mundo em reservas aquíferas, e o primeiro em águas
dar o Terceiro Mundo com US$ 30 bilhões nos próximos correntes com 8% das reservas de água do mundo, boa
anos. A combustão do petróleo, gás e carvão provoca parte delas presente no subsolo; no entanto, o país tra-
emissão de dióxido de carbono (CO2) e outros gases de ta mal suas reservas aquíferas e mananciais, e somente
efeito estufa que contribuem para o aquecimento do cerca de 20% a 25% da população no Brasil possui
Planeta. Os Estados Unidos são responsáveis por 25% acesso à água potável. Esse imenso patrimônio nacio-
das emissões de poluentes lançados. É o maior emissor nal enfrenta problemas de contaminação e exploração
das descargas de gases do Planeta (o Brasil apresenta desordenada. Não há regulamentação para a explora-
níveis de emissão de 4% do total dos EUA). ção das águas subterrâneas, vítimas de todo o tipo de
poluição e descaso. Outra forma de poluição é a con-
O desaparecimento das florestas taminação dos lixões, aterros sanitários e resíduos de
As florestas cobrem 30% das terras emersas. matéria orgânica (no Brasil, 90% dos resíduos são des-
81% das florestas virgens ou preservadas do planeta tinados a aterros e lixões a céu aberto, e apenas 20%
Terra se concentram em apenas 15 países. Sua superfí- recebem algum tipo de tratamento), que penetram no
cie total vem diminuindo sob a pressão da indústria ma- solo e contaminam os lençóis freáticos. O mau uso dos
deireira, da atividade extrativista e do aumento da área aquíferos subterrâneos diminui a recarga de base dos
urbana. O Brasil tem avançado no seu compromisso de rios, ou seja, se eles diminuírem de tamanho, rios que
transformar pelo menos 10% do território amazônico ficam perenes mesmo na estiagem podem secar defini-
em unidades de conservação. tivamente, como exemplo, o rio São Francisco, que está
No Brasil, a área oficialmente protegida mais do com vazão inferior a mil metros cúbicos, quando nos
que dobrou na última década. No Planeta, o crescimen- últimos anos chegava a 2.200 metros cúbicos.
to teve ritmo semelhante. Segundo a Comissão Mundial
de Áreas Protegidas, elas passaram de 7,35 milhões de Espécies ameaçadas
quilômetros quadrados, em 1990, para 13,2 milhões,
distribuídos entre 30 mil parques e reservas. Entretanto, Cerca de 11 mil espécies animais estão ameaça-
das de extinção nas próximas décadas, principalmente
as queimadas na Amazônia atingem o equivalente a um
pela destruição do seu habitat, o que representa 24%
Estado de Sergipe todo ano.
das espécies de mamíferos, 12% dos pássaros, 25%

Acesso à água dos répteis, 20% dos anfíbios e 30% dos peixes. O pro-
cesso atual de extinção em massa de espécies é com-
Mesmo sabendo que 2/3 da água potável do pla- parável apenas com o que ocorreu há 65 milhões de
neta Terra estão concentradas no continente Antártico, anos, quando de 70% a 85% de todos os seres vivos
1 em cada 5 habitantes no mundo não possui acesso existentes na época desapareceram do Planeta.

55
A diferença é que, na transição do período Cre- 70% das espécies vegetais e animais do Planeta. São mais
táceo para o Terciário, a extinção foi causada por pro- de 56 mil espécies de plantas superiores conhecidas, 3 mil
cessos naturais e aconteceu durante milhões de anos. de peixes de água doce, 517 de anfíbios, 1.677 de aves,
Enquanto no passado foram variações climáticas resul- 518 de mamíferos e até 10 milhões de insetos.
tantes do choque de um meteorito contra a Terra que
dizimaram as espécies, agora a principal causa é a expan-
são descontrolada das atividades humanas. A extinção é PRINCIPAIS PROBLEMAS
um processo natural e sempre ocorreu na natureza, mas
em taxas anuais proporcionalmente muito baixas. Atual-
AMBIENTAIS BRASILEIROS
mente, a estimativa é a de que de 17.500 a 27.000 espé-
No Fórum Nacional de Secretários Estaduais de
cies desapareçam do Planeta anualmente. Cientificamen-
Meio Ambiente, realizado na cidade de Belo Horizonte,
te, uma espécie é considerada extinta quando não é vista
em 20 de outubro de 1999, a Abema – Associação Bra-
na natureza por mais de 50 anos. No Brasil, são 1.599 as
sileira de Entidades de Meio Ambiente, definiu os princi-
espécies de plantas ameaçadas de extinção. A lista oficial
pais problemas ambientais brasileiros, que fazem parte
das plantas ameaçadas no Brasil, editada em 1992 pelo
de suas prioridades de ação. São eles:
Ibama, relaciona 107 espécies. Esse número, no entanto,
é pelo menos 15 vezes maior. Para chegar às 1.599 es- 1. escassez de água pelo mau uso, pela contamina-
pécies ameaçadas de extinção, foi feita uma revisão das ção e por mau gerenciamento das bacias hidro-
listas já publicadas. O levantamento inclui todos os ecos- gráficas;
sistemas brasileiros: Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, 2. contaminação de corpos hídricos por esgotos sa-
Cerrado, Pantanal e Pampas. Mas é na Mata Atlântica nitários e por outros resíduos;
onde está a maior quantidade de plantas ameaçadas de 3. degradação dos solos pelo mau uso;
extinção: 43%. A diversidade vegetal desse ecossistema 4. perda de biodiversidade devido ao desmatamen-
é a que corre mais perigo porque a colonização do Brasil to e às queimadas;
começou pela região litorânea. As indústrias, fazendas e 5. degradação da faixa litorânea por ocupação de-
cidades, no entanto, continuam avançando, lembra o ar- sordenada;
tigo, e atualmente 60% da Caatinga e 80% do Cerrado 6. poluição do ar nos grandes centros urbanos.
estão impactados.
Os EUA não assinaram a Convenção sobre Di-
versidade Biológica (CDB), nem sequer o Protocolo
de Cartágena. A CDB, lançada na Rio-92, regulamenta
o uso da biodiversidade e biossegurança de organismos
geneticamente modificados entre os países. A coleta de
assinaturas e ratificações começou em janeiro de 2000
e, até hoje, 15 países ratificaram e 94 assinaram. Para
entrar em vigor, o protocolo precisa ser ratificado por pelo
menos 50 países. Em junho de 2002, em Haia, na Ho-
landa, houve um acordo mundial para impedir a posse
de conhecimentos sobre plantas medicinais de países em
desenvolvimento e posterior patenteamento de produtos
fabricados com esses conhecimentos.
Para o Brasil, um dos chamados países me-
gadiversos, o acordo deverá proporcionar com-
pensação na forma de treinamento, royalties e
transferência de tecnologia, além da participação
nos lucros da comercialização dos produtos. Segun-
do a Conservation International, o País reúne pelo menos

56
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo A degradação da camada de ozônio e seus riscos...


Fonte: Youtube

Vídeo MAG - 2/14 - Efeito Estufa


Fonte: Youtube

ACESSAR

Os problemas ambientais urbanos

www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/os-problemas-ambientais-urbanos

58
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Os problemas ambientais acompanham nosso cotidiano. Poluição do ar, degradação do solo, desmatamento
e superpopulação representam enormes ameaças que devem ser sanadas para que o Planeta continue sendo um
ambiente para todas as espécies. Compreendendo os conceitos que permeiam os problemas ambientais, podemos
criar soluções possíveis para essas situações.

INTERDISCIPLINARIDADE

Para entender melhor como acontece o efeito estufa, é preciso, antes, compreender o que são radiações
eletromagnéticas. Essas ondas têm alguns parâmetros que as definem, como a distância entre duas ondas e o com-
primento de onda. Assim, conceitos de Física facilitam a compreensão de como as ondas são refletidas e absorvidas
pela atmosfera terrestre, levando ao efeito estufa e ao aquecimento global.

59
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 9 - Compreender o significado e a importância da água e de seu ciclo para a ma-


nutenção da vida, em sua relação com condições socioambientais, sabendo quantificar variações
de temperatura e mudanças de fase em processos naturais e de intervenção humana.

A água é de suma importância para vida, servindo como meio para realização das reações metabó-
licas de todos os organismos, como também atua como habitat de diferentes espécies, seja quando
está em estado líquido ou sólido. Sendo assim, a cobrança desse assunto nas provas do Enem pode
apresentar diferentes abordagens, exigindo que o aluno saiba fazer uma análise crítica do ciclo
hidrológico e os impactos causados devido a sua alteração.

MODELO
(Enem) Nos últimos 50 anos, as temperaturas de inverno na península Antártica subiram quase
6 °C. Ao contrário do esperado, o aquecimento tem aumentado a precipitação de neve. Isso ocorre
porque o gelo marinho, que forma um manto impermeável sobre o oceano, está derretendo devido
à elevação de temperatura, o que permite que mais umidade escape para a atmosfera. Essa umi-
dade cai na forma de neve.
Logo depois de chegar a essa região, certa espécie de pinguins precisa de solos nus para construir
seus ninhos de pedregulhos. Se a neve não derrete a tempo, eles põem seus ovos sobre ela. Quando
a neve finalmente derrete, os ovos se encharcam de água e goram.
Adaptado de: Scientific American Brasil, ano 2, n. 21, 2004, p. 80.

A partir do texto, analise as seguintes afirmativas:


I. O aumento da temperatura global interfere no ciclo da água na península Antártica.
II. O aquecimento global pode interferir no ciclo de vida de espécies típicas de região de clima
polar.
III.A existência de água em estado sólido constitui fator crucial para a manutenção da vida em
alguns biomas.
É correto o que se afirma:
a) apenas em I.
b) apenas em II.
c) apenas em I e II.
d) apenas em II e III.
e) em I, II e III.

60
ANÁLISE EXPOSITIVA

Habilidade 9

O aquecimento global é um dos problemas ambientais mais em pauta atualmente, devido a sua am-
plitude geográfica e diversidade de impactos em ambientes naturais ou diretamente nas atividades
humanas. O aumento da temperatura no planeta impacta diretamente o ciclo da água, que, em am-
bientes polares, causará a redução de habitats com o derretimento das calotas e outras consequências
indiretas que afetarão o ciclo de vida dos animais nesses ambientes, dificultando a alimentação e
reprodução, como no caso descrito no texto de apoio.
Alternativa E

61
ESTRUTURA CONCEITUAL

Problemas Ambientais

Poluição da atmosfera

Aumento do efeito estufa (CO2, CH4)

Chuva ácida (óxidos de nitrogênio e/ou enxofre)

Buraco na camada de ozônio (CFC)

Poluição das águas

Eutrofização (lançamento de esgotos e/ou fertilizantes)

Magnificação trófica (acumulação de metais pesados e agrotóxicos)

Desmatamento

Perda da biodiversidade

Assoreamento de rios

Desertificação
Preliminar

Primário
• Tratamento de esgoto
Secundário

Terciário

Aterro sanitário

Incineração
• Gestão de resíduos
Compostagem

Reciclagem

62
25 26
Tipos de reprodução e
ciclos de vida

Competências Habilidades
4e8 13, 14 e 28

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
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econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
A reprodução é uma característica fundamental dos seres vivos. Permitindo a formação de novos indivíduos,
assegura a perpetuação das espécies e, consequentemente, a continuidade da vida no nosso planeta. É através da
reprodução que o material genético é transmitido de geração em geração, por vezes mantendo as características,
outras produzindo algumas alterações.
A reprodução pode ser definida como uma extensão da matéria viva no tempo e no espaço, assim sua impor-
tância fundamental e a autoperpetuação. A formação de novas unidades vivas permite a substituição ou adição em
qualquer nível de organização. Temos, assim, a reprodução a nível molecular, celular e do organismo. Associado ao
último, está o sexo e o histórico de vida.

REPRODUÇÃO MOLECULAR
A reprodução molecular pode ocorrer através da síntese e acúmulo ou duplicação de substâncias (água,
enzimas, DNA, RNA etc.). Implica no aumento do tamanho da célula e pode ser seguida pela reprodução (divisão)
celular que, nos eucariotos, consiste de duas etapas consecutivas, a divisão do núcleo (cariocinese) e do citoplasma
(citocinese).

REPRODUÇÃO CELULAR
(DIVISÃO CELULAR)
Nos eucariontes, distinguem-se, basicamente, dois tipos de divisão celular, a mitose e a meiose. O termo
mitose (do grego, mitos = filamento) esta associado à espiralização dos cromossomos durante a divisão celular,
enquanto o termo meiose (do grego, meios = menos), associado à redução do numero de cromossomos.
A mitose é precedida pela duplicação dos cromossomos. Assim, a célula-mãe duplica seus cromossomos,
após a cariocinese, e a citocinese dá origem a duas células-filhas geneticamente idênticas. A célula-mãe pode ser
diploide (2n cromossomos) ou haploide (n cromossomos), sendo que as células-filhas terão a mesma ploidia origi-
nal. O resultado final da mitose, portanto, é a formação de células filhas geneticamente idênticas. Nos organismos
unicelulares, após a mitose, as duas células separam-se, sendo que o processo equivale à reprodução do organismo
como um todo. Em outros casos, as células-filhas permanecem unidas, formando, assim, colônias ou organismos
multicelulares. Nos organismos pluricelulares, a mitose adiciona células que levam ao crescimento dos tecidos. Nos
organismos unicelulares, a mitose é classificada de acordo com os tipos de células que origina:
1. Divisão binária
a) Simples: Divisão de uma célula em duas células filhas com tamanho aproximadamente semelhante.
Ocorre na maioria dos casos.
b) Brotamento: Divisão de uma célula, resultando em duas células de tamanho muito distinto. Ocorre
principalmente nas leveduras (fermentos).
2. Divisão múltipla: Divisão de uma célula, simultaneamente, em varias células-filhas. Geralmente, essas cé-
lulas separam-se, porém, quando isso não ocorre, há a formação de colônia. Ocorre em alguns Protoctistas.
A meiose é responsável pela redução do número de cromossomos. Nesse caso, uma célula-mãe diploide sofre
duas divisões sucessivas, originando quatro células filhas haploides. A formação de gametas, em última análise, é
dependente desse processo.

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REPRODUÇÃO DO ORGANISMO sexualidade, embora em muitos casos eles sejam
praticamente simultâneos. Parte do processo se-
xual, que envolve a fusão de duas células, e até
A reprodução do organismo como um todo
mesmo contrário à reprodução.
consiste na separação e desenvolvimento de unidades
II. Reprodução espórica: Envolve células espe-
reprodutivas derivadas do organismo parental. Distin-
cializadas, esporos, que, ao serem liberadas, têm
guem-se três tipos:
a capacidade de se desenvolver diretamente
I. vegetativa;
em um novo indivíduo. Os esporos se originam
II. espórica;
de estruturas especiais denominadas esporân-
III. gamética.
gios, os quais podem ser unicelulares (monos-
I. Reprodução vegetativa: Nesse tipo de repro-
porângios) ou multicelulares (ex. bisporângios,
dução, todo o organismo ou uma parte do mes-
tetrasporângios ou polisporângios). Os esporos
mo torna-se uma unidade reprodutiva. Assim,
derivados são denominados, respectivamente,
nos organismos unicelulares, a divisão celular é
monosporos, bisporos, tetrasporos ou polisporos.
acompanhada pela separação das células-filhas,
Os esporos podem apresentar flagelos (zoospo-
resultando na sua reprodução. Os processos de
divisão celular binária e múltipla, descritos ante- ros) ou não (aplanosporos), podendo ser classifi-
riormente, incluem-se neste caso. cados ainda de muitas outras maneiras, de acor-
Nos organismos pluricelulares, uma porção mul- do com sua morfologia, número de núcleos, de
ticelular separa-se constituindo uma unidade re- flagelos etc. Em alguns casos podem, inclusive,
produtiva. Essas unidades podem ser formadas ser pluricelulares.
por fragmentos pouco diferenciados do restante III. Reprodução gamética: Envolve células se-
do corpo (talo) das plantas, sendo o processo xuais especializadas, os gametas, que não se
conhecido como reprodução por fragmentação. desenvolvem diretamente, mas precisam fundir-
Esse processo é muito próximo à reprodução -se a outras compatíveis para originar um novo
regenerativa, em que as unidades reprodutivas organismo. O processo de fusão e a fertilização,
originam-se como resultado da injúria da planta cujo produto é o zigoto. O zigoto pode sofrer
mãe por ação de agentes externos. Por exem- divisões mitóticas resultando em um embrião e,
plo, a maioria das plantas pode ser cortada em posteriormente, em um organismo adulto.
muitos pedaços, cada qual podendo originar
novas plantas inteiras. Esse potencial de rege-
neração é largamente empregado pelo homem. GAMETAS E SEXO
Propágulos, por outro lado, são unidades repro-
dutivas com morfologia definida e diferenciada Machos e fêmeas não se distinguem apenas por
do restante do talo. A reprodução vegetativa en- caracteres fenotípicos, mas no tamanho e mobilidade dos
volve somente divisões celulares do tipo mitose gametas que produzem. A fêmea é o organismo que exer-
e, portanto, não ocorrem alterações na ploidia ce o maior provisionamento para a prole (ou seja, o ovo).
das células. Os organismos resultantes são ge- Todos os outros “sexos” são, por definição, machos. O óvu-
neticamente idênticos aos parentais (clones). lo, produzido pela fêmea, é grande em virtude do acúmulo
Desse modo, a reprodução vegetativa é muitas de nutrientes armazenados para manter o desenvolvimen-
vezes citada como reprodução assexuada, em to inicial, é imóvel e produzido em pequena quantidade. Os
oposição à reprodução sexuada. Esses conceitos, espermatozoides, produzidos pelo macho, são pequenos,
entretanto, não têm muito significado porque a móveis e produzidos em grandes quantidades.
reprodução, nominalmente, formação de unida- As gônadas (ovários e testículos) são os órgãos
des reprodutivas, e sempre “assexual”. Deve-se, sexuais primários dos animais. A maioria dos organis-
assim, distinguir os processos de reprodução e mos sexuados ainda apresenta os órgãos sexuais aces-

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sórios (pênis, vagina, tubos uterinos e útero) que trans- mas vasculares) a oosfera é protegida por células estéreis,
ferem e recebem as células germinativas (gametas). Em e este conjunto recebe o nome e arquegônio. Também
algumas espécies, os caracteres sexuais secundários (ta- nestes grupos, células estéreis envolvem os anterozoides.
manho do corpo, coloração, aparência etc.) são o alvo
principal da seleção sexual.
Com a anisogamia, um gameta só pode se fusionar COMPARAÇÃO ENTRE OS TRÊS TIPOS
com outro tipo de forma diferente, e o organismo deve di-
vidir seus recursos entre as funções de macho e fêmea (alo- DE REPRODUÇÃO DO ORGANISMO
cação sexual) (Krebs & Davies, 1996). Os gametas podem
Cada um dos três tipos de reprodução vistos an-
apresentar mobilidade própria através de flagelos (plano-
teriormente apresenta vantagens adaptativas próprias.
gametas) ou não (aplanogametas). Podem ser morfologica-
A vantagem da reprodução vegetativa está ligada a sua
mente idênticos ou distintos em tamanho e forma. Quando grande velocidade de propagação. Nos organismos unice-
se distinguem, pelo menos em suas dimensões, os maiores lulares ocorre simplesmente pela divisão celular, que pode
são os gametas femininos e os menores os masculinos. ocorrer em pequenos intervalos (horas). Nos multicelulares
Quando são morfologicamente idênticos podem di- a reprodução vegetativa é mais lenta, mas requer relativa-
ferir em seu grau de mobilidade e compatibilidade, isto é, mente pouca especialização de tecidos ou células. Assim, a
são sexualmente distintos, compatíveis somente com o sexo reprodução vegetativa é muito eficiente, persistindo como
oposto. Neste caso, são arbitrariamente classificados com os um método de propagação praticamente universal entre as
símbolos positivo (+) e negativo (-). A reprodução gamética algas, outras plantas e fungos. A reprodução por esporos re-
é classificada em dois tipos básicos quanto a morfologia dos presenta um mecanismo eficiente de dispersão à longa dis-
gametas envolvidos: isogamia e heterogamia. tância. As plantas são caracteristicamente sésseis, portanto,
§ Isogamia – quando os dois gametas são idênti- sua dispersão é dependente de unidades reprodutivas. Os
cos morfologicamente. Essa classe envolve, geral- esporos são produzidos em grande número, sendo unidades
mente, gametas móveis. independentes, isto é, germinam diretamente, sem necessi-
§ Heterogamia – quando os dois gametas são dade de fertilização. Na água podem ter mobilidade através
distintos morfologicamente. Existem dois tipos de de flagelos e no ar podem apresentar paredes celulares com
heterogamia: envoltórios que protegem contra o dessecamento. Podem ser
a) Anisogamia – quando um dos gametas é leves e resistentes, sendo dispersos pelo vento, pela água de
maior que o outro, não diferindo na forma e chuva ou por animais. Muitas briófitas, pteridófitas e fungos
presença de flagelos. apresentam adaptações morfofisiológicas responsáveis por
b) Oogamia – quando os gametas diferem na mecanismos hidroscópicos dependentes da umidade relativa
forma, sendo um muito pequeno (flagelado do ar que auxiliam na disseminação dos esporos. Assim, a
ou não) em relação ao outro, que é sempre reprodução por esporos também é amplamente distribuída
imóvel. O gameta feminino, maior e imóvel, é nas algas, outras plantas e fungos. A reprodução gamética
denominado oosfera, enquanto o masculino, também pode representar um mecanismo de dispersão, mas
menor, é denominado anterozoide, se flagela- menos eficiente que os anteriores. O encontro dos game-
do, ou espermácio, se não apresenta flagelo. tas masculinos e femininos implica em mecanismos mais
A isogamia, anisogamia e oogamia são, muitas complexos, envolvendo o transporte de pelo menos um dos
vezes, interpretadas como uma série evolutiva. Note que gametas. A reprodução gamética sempre requer um meio
a oogamia é um caso extremo de anisogamia. É possí- aquático, pois os gametas não possuem resistência ao des-
vel encontrar os três tipos de reprodução em um mesmo secamento. As desvantagens desse tipo de reprodução, en-
gênero (ex. Chlamydomonas). Os gametas se originam tretanto, são pequenas se comparadas a uma vantagem vital
a partir de estruturas denominadas gametângios, sendo oferecida pelos gametas: o sexo.
os mais especializados os oogônios (originam oosferas) e
anterídios (originam anterozoide ou permácios). Nas bri-
ófitas (ex. musgos e hepáticas) e pteridófitas (= criptoga-

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Sexualidade Só excepcionalmente podem surgir diferenças, quando
por acaso ocorre uma alteração genética (mutação).
Durante o histórico de vida de um organismo, o A monotonia que se verifica na descendência é
processo de sexualidade envolve, necessariamente, três consequência do processo de divisão celular que está
etapas: PLASMOGAMIA → CARIOGAMIA → MEIOSE. na base da reprodução assexuada — a mitose. Este
Plasmogamia é a fusão dos citoplasmas, en- processo celular permite a formação de duas células-
quanto que a cariogamia, a fusão dos núcleos. Durante -filhas, com uma carga hereditária exatamente igual à
a meiose podem ocorrer recombinações gênicas. Assim, da célula-mãe. Nos seres unicelulares, a mitose cor-
a função primordial da sexualidade é introduzir mudan-
responde à própria reprodução: quando a célula se divi-
ças genéticas nos organismos resultantes.
de em duas, cada célula-filha será um novo indivíduo.
É importante notar que o processo sexual nem
Muitos dos organismos que se reproduzem as-
sempre está associado ao aumento do número de in-
sexuadamente também o podem fazer sexuadamente,
divíduos. É distinto da reprodução (multiplicação),
sempre que as condições do meio forem desfavoráveis.
mas muitas vezes os dois processos ocorrem simulta-
neamente. Multiplicação é um processo conservativo, Esta capacidade permite-lhes ultrapassar o risco de ex-
enquanto o sexo introduz mudanças genéticas. Sexo tinção, uma vez que a reprodução sexuada conduz à va-
é um processo de adaptação e não de reprodução (= riabilidade genética e, consequentemente, a uma maior
aumento do número de indivíduos).A perpetuação das capacidade para ultrapassar a adversidade do meio
espécies depende da sua adaptação ao meio ambien- ambiente. Os seres vivos em que os dois tipos de repro-
te. Quando essa adaptação é adequada, a reprodução dução alternam periodicamente possuem alternância
deverá manter e perpetuar essas características. Porém, de gerações no seu ciclo de vida. É ainda de referir
se, por alteração do meio, as condições deixarem de ser que a mitose desempenha um papel de grande impor-
favoráveis, a sobrevivência da espécie estará dependen- tância biológica no crescimento e desenvolvimento de
te da sua capacidade de adaptação ao novo ambiente. seres pluricelulares, bem como na renovação tecidual.
Para ultrapassar as incertezas do meio e assegu- Nesta última, destaca-se a regeneração de tecidos que,
rar a produção de novas gerações, a Natureza adotou em alguns organismos mais simples, pode significar a
numerosas estratégias de reprodução, que globalmente reconstrução de uma parte de um organismo ou mes-
podem-se agrupar em dois processos básicos: repro- mo o seu todo e, noutros organismos mais complexos,
dução assexuada e reprodução sexuada. se expressa na cicatrização. Deste modo, a regeneração
implica a ocorrência de divisão celular, crescimento e

REPRODUÇÃO ASSEXUADA diferenciação.

A reprodução assexuada permite a formação de Vantagens da reprodução assexuada


novos indivíduos a partir de um só progenitor, sem que
haja a intervenção de células sexuais — os gametas. § Possibilita que organismos isolados originem
Deste modo, não há fecundação e, consequentemente, descendência, sem necessidade de parceiro;
não ocorre formação do zigoto. Neste tipo de re- § Origina uma descendência numerosa, num
produção, os descendentes desenvolvem-se a partir de curto espaço de tempo, o que permite a co-
uma célula ou de um conjunto de células do progenitor. lonização rápida de um habitat;
Logo, todos os indivíduos são geneticamente iguais. § Perpetua, de forma precisa, organismos bem
Assim, a partir de um só indivíduo podem for- adaptados a ambientes favoráveis e estáveis;
mar-se numerosos indivíduos geneticamente idênticos, § Vantagens econômicas, do ponto de vista
designando-se este conjunto por clones. da produção vegetal, permitindo selecionar va-
A produção destes indivíduos designa-se por riedades de plantas e reproduzi-las em grande
clonagem. Todos os membros de um clone são gene- número, de modo rápido e conservando as ca-
ticamente iguais e provêm de um só progenitor. racterísticas selecionadas.

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Desvantagens da reprodução assexuada
Reprodução assexuada
§ A reprodução assexuada nãoProcessos mais
assegura a variabilidade genética,comuns
o que pode ser perigosa para a sobrevivên-
cia da espécie.
Reprodução assexuada
Processos mais comuns
Reprodução assexuada

Processos
mais comuns

Divisão Multiplicação
Bipartição Gemulação Múltipla vegetativa Partenogénese Esporulação Fragmentação

Bipartição
Este tipo de reprodução ocorre em seres vivos unicelulares, como os protozoários, e também em muitos
invertebrados, como as anêmonas. A bipartição, também denominada cissiparidade, divisão simples ou divi-
são binária, consiste na separação de um organismo em dois indivíduos de tamanho semelhante, que crescem e
atingem as dimensões do progenitor. As figuras 1 e 2 mostram como este processo ocorre numa bactéria e em um
paramécio, respectivamente.

Figura 1 Figura 2

Divisão múltipla
Este tipo de reprodução assexuada também se denomina de pluripartição ou esquizogonia. Na divisão
múltipla, o núcleo da célula-mãe divide-se em vários núcleos. Depois, cada núcleo rodeia-se de uma porção de
citoplasma e de uma membrana, dando origem às células-filhas, que são libertadas quando a membrana da célula-
-mãe se rompe, como mostram as figuras a seguir.

Esquizogonia em hemácias parasitadas pelo Plasmodium e em uma Amoeba sp

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Fragmentação Partenogênese
A fragmentação é um tipo de reprodução asse- Neste tipo de reprodução assexuada dá-se o
xuada em que se obtêm vários indivíduos a partir da desenvolvimento de um indivíduo a partir de um óvu-
regeneração de fragmentos de um indivíduo progenitor. lo não fecundado. Este tipo de reprodução assexuada
ocorre nas abelhas, pulgões, em alguns peixes, anfíbios,
No fundo, consiste na divisão do corpo do organismo
répteis e na dáfnia (pulga d’água).
progenitor em várias partes e cada uma dessas partes
é capaz de regenerar as partes em falta. Este tipo de
reprodução ocorre em animais como esponjas, estrelas-
-do-mar, anêmonas, minhocas e planárias.

B - Planária

A - Estrela-do-mar

B - Planária Partenogênese em Dáfnia e em Abelhas

Multiplicação vegetativa
Fragmentação em estrelas-do-mar e planárias

Este tipo de reprodução assexuada é exclusivo


Gemulação das plantas. Existem vários processos de multiplicação
vegetativa, podendo este agrupar-se em dois grandes
Neste tipo de reprodução assexuada, há a for- grupos.
mação de expansões, chamadas gomos ou gemas, na 1. Multiplicação vegetativa natural - A planta-
superfície da célula ou do indivíduo que, ao separarem- -mãe pode originar novas plantas a partir das
-se, dão origem aos novos indivíduos, geralmente de várias parte que a constituem como as folhas, os
menor tamanho que o progenitor. Também se pode caules aéreos (estolhos), ou os caules subterrâneos
chamar este tipo de reprodução assexuada de gemi- (rizomas, tubérculos e bolbos).
paridade. Ocorre em seres unicelulares, como as leve- § Folhas: certas plantas desenvolvem peque-
nas plântulas nas margens das folhas. Estas,
duras (tipo de fungo), e em seres pluricelulares, como a
ao cair no solo, desenvolvem-se e dão ori-
esponja e a hidra.
gem a uma planta adulta.

Gemulação ou Brotamento em Fungos e Celenterados

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§ Estolhos: certas plantas, como o moran- § Bulbos: são caules subterrâneos arredon-
gueiro, produzem plantas novas a partir de dados, com um gomo terminal rodeado por
caules prostrados chamados estolhos. Cada camadas de folhas carnudas, ricas em subs-
estolho parte do caule principal e origina tâncias de reserva. Quando as condições do
várias plantas novas, o caule principal morre meio são favoráveis, formam-se gomos late-
assim que as novas plântulas desenvolvem rais, que se rodeiam de novas folhas carnudas
as suas próprias raízes e folhas. e originam novas plantas. Alguns dos bulbos
§ Rizomas: os lírios, o bambu e os fetos pos- mais conhecidos são a cebola e a tulipa.
suem caules subterrâneos alongados e com
substâncias de reserva, denominados rizo-
mas. Estes, além de permitirem à planta so-
breviver em condições desfavoráveis, podem
alongar-se, originando gemas que se vão di-
ferenciar em novas plantas.

2. Multiplicação vegetativa artificial - Este


tipo de reprodução assexuada tem sido larga-
mente utilizado no setor agroflorestal para a
multiplicação vegetativa de plantas. Os mais co-
muns são a estaca, a mergulhia e a enxertia.
§ Estaca: este tipo de multiplicação vegetativa
consiste na introdução de ramos da planta-mãe
no solo, fazendo, a partir destes, surgir raízes
§ Tubérculos: Os tubérculos são caules sub- e gomos que vão originar uma nova planta. A
terrâneos volumosos e ricos em substâncias videira e a roseira reproduzem-se deste modo.
de reserva, sendo a batata um dos mais co-
nhecidos. Os tubérculos possuem gomos com
capacidade germinativa e que originam no-
vas plantas.

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§ Mergulhia: este tipo de multiplicação vege- de união e a parte da planta doadora que se
tativa consiste em dobrar um ramo da plan- encontra abaixo da mesma zona. A nova planta
ta-mãe até o enterrar no solo. A parte en- é constituída pelo sistema radicular e tronco da
terrada irá ganhar raízes e, enraizada, pode planta receptora do enxerto e pelo ramo, ou ra-
separar-se da planta-mãe, obtendo-se, assim, mos, da planta doadora do enxerto.
uma planta independente.

§ Enxertia: consiste na junção das superfícies Na enxertia por borbulha, efetua-se um corte em
cortadas de duas partes de plantas diferen- forma de T na casca do caule da planta receptora
tes. As plantas utilizadas são da mesma es- do enxerto. Depois, levanta-se a casca e intro-
pécie, ou de espécies muito semelhantes. A duz-se no local da fenda o enxerto, constituído
parte que recebe o enxerto chama-se cavalo por um pedaço de casca contendo um gomo da
e a parte doadora chama-se garfo. Existem planta doadora. Seguidamente, a zona de união
vários tipos de enxertia: a enxertia por gar- é atada, para facilitar a cicatrização.
fo, a enxertia por encosto e a enxertia por
borbulhia. Na enxertia por garfo, o cavalo
é cortado transversalmente. Seguidamente
faz-se uma fenda transversal nesse cavalo e
introduz-se nele o garfo. A zona de união é
envolvida em terra úmida para ajudar à cica-
trização da união entre as duas plantas.

Enxerto
garfo

Ráfia § Esporulação: a esporulação consiste na forma-


ção de células especiais denominadas esporos,
que originam novos seres vivos da mesma espé-
Porta-enxerto
cie. Nas plantas, os esporos são formados em es-
Na enxertia por encosto, vão juntar-se os ramos truturas especiais, os esporângios, e possuem uma
de duas plantas, que foram previamente descas- camada protetora muito espessa, pelos muito
cados na zona de contato, e amarram-se para resistentes, mesmo em ambientes desfavoráveis.
facilitar a união. Após a cicatrização, corta-se a A esporulação é um processo de reprodução co-
parte do cavalo que se encontra acima da zona mum em fetos (figura A) e fungos (figura B).

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Esporos

Esporângio

Hifas
Micélio

Figura A Figura B
Figura A Figura B

REPRODUÇÃO SEXUADA
Biologicamente, pensar em sexo é pensar em meiose. Sexo é a recombinação de material genético de dois
ou mais indivíduos. Alguns organismos fazem sexo sem reprodução (em conjugação, ou seja, por transmissão de
material genético de uma célula doadora para uma célula receptora - Margulis & Schwartz, 2001). Reprodução é
a produção de descendentes.
Outros organismos se reproduzem sem sexo e a mitose é o evento-chave na reprodução de organismos
unicelulares. Características essenciais dos processos sexuais incluem uma divisão reducional do número de cro-
mossomos à metade, desenvolvimento de células sexuais (gametas) ou pelo menos gaméticos e, geralmente, uma
fusão dos núcleos gaméticos (Hickman et al., 2004).

.Uma das mais fascinantes questões da Biologia evolutiva envolve as razões da manutenção da repro-
dução sexuada entre os seres vivos. Esse processo está associado a um elevado dispêndio energético (dispu-
tas territoriais e acasalamentos) e expõe os indivíduos a uma série de riscos, como predação, parasitismo e
ferimentos causados em disputas por fêmeas.
A reprodução é o mecanismo que garante a transmissão das características genéticas de um indivíduo
para a sua prole. Os organismos mais adaptados ao ambiente têm maior sucesso reprodutivo e, com o passar
do tempo, os genes que conferem essa vantagem evolutiva aos seus portadores tornam-se mais representa-
dos na população.
As fêmeas fazem “seleção sexual” dos machos mais aptos para se reproduzirem. Como não é possível
avaliar diretamente os genes desses indivíduos, a seleção baseia se em características como plumagem,
coloração e uma série de comportamentos exibidos pelos machos durante o período de acasalamento. Essas
características, contudo, tornam esses indivíduos mais vulneráveis a predadores. Esse risco também é elevado
durante o período em que as fêmeas ou o casal têm de cuidar da sua prole.
Portanto, se existem tantos riscos e gastos energéticos envolvidos com a reprodução sexuada,
por que motivo os seres vivos não passam a reproduzirem-se assexuadamente como as bactérias
e outros organismos primitivos?
Os processos de formação de gametas e a fecundação, que ocorrem na reprodução sexuada, promovem a
variabilidade genética das populações, justificando a opção por este tipo de estratégia. A presença de popula-
ções geneticamente heterogêneas é um fator chave para a sobrevivência a longo prazo das espécies do nosso
planeta. Quanto mais cópias diferentes dos seus genes uma espécie possuir, mais apta estará para enfrentar
mudanças ambientais e novas pressões seletivas, evitando, por mais tempo, a sua extinção. A meiose, conjugada
com a fecundação, permite a manutenção do número de cromossomas característico de cada espécie.

73
Por que a reprodução sexuada depende do número de cromossomos? Quando os gametas se fundem, o
número de cromossomos da célula resultante é o dobro do presente em cada um dos gametas. A reprodução sexu-
ada implica a alternância regular de dois eventos críticos: meiose e fecundação. Os tipos de ciclos de vida sexuados
podem ser organizados da seguinte forma:

DIPLOBIONTE HAPLOBIONTE HAPLOIDIPLOBIONTE


Fecundação Zigoto Fecundação Fecundação Zigoto
+ Zigoto +
+
2n
2n
2n

2n
2n

Meiose Meiose Meiose


ORGANISMO DIPLONTE ORGANISMO HAPLONTE ORGANISMO HAPLODIPLONTE

1. Na meiose gamética, os gametas haploides são formados por meiose que ocorre em um indivíduo diploi-
de. Esses gametas fundem-se para formar um zigoto diploide que se divide para produzir outro indivíduo
diploide. Esse tipo de ciclo de vida é típico da maioria dos animais e de alguns protoctistas, assim como de
algumas algas verdes e pardas.
2. Na meiose zigótica, o zigoto divide-se por meiose imediata depois do acasalamento para formar quatro
células haploides. Cada uma dessas células divide-se por mitose para produzir mais células haplóides ou
então um organismo multicelular haploide que eventualmente produz gametas por diferenciação. Esse tipo
de ciclo de vida é típico dos fungos e encontrado também em certas algas.
3. Na meiose espórica, o esporófito, ou indivíduo diploide produz esporos haploides como resultado da meio-
se. Esses esporos não funcionam como gametas, mas sofrem divisão mitótica. Isso origina indivíduos mul-
ticelulares haploides (gametófitos) os quais eventualmente produzem gametas que se fundem para formar
zigotos diploides. Esses zigotos, por sua vez, diferenciam-se em indivíduos diploides. Esse tipo de ciclo de
vida, conhecido como alternância de gerações, é característico de todas as plantas e muitas algas.
A reprodução sexuada envolve a união de duas células especializadas – os gametas – que são formados
através de um tipo de divisão celular chamado meiose. Durante a fecundação ocorre a cariogamia com a fusão
dos núcleos dos gametas. Desta união resulta o ovo ou zigoto que por mitoses sucessivas originará o indivíduo
adulto, com características resultantes da combinação dos genes dos dois progenitores.
Os gametas são células haploides, ou seja, com metade do número de cromossomos característico da
espécie. O número haploide de cromossomos abrevia-se por n. A fecundação estabelece o número de cromossomos
da espécie ao misturar os cromossomos dos dois gametas. O zigoto é uma célula diploide, 2n, assim como todas
as células que dele resultem por mitose.

74
MEIOSE E FECUNDAÇÃO
A meiose é um tipo de divisão celular que reduz para metade o número de cromossomas das células. É
através da meiose que uma célula diploide origina células haploides.
Os gametas formam-se por meiose.

Par de cromossomas
homólogos (2n)

Par de cromossomas
homólogos - cada
cromossoma com dois
cromatidios-irmãos (2n)

Um cromossoma de cada
par de homólogos - cada
cromossoma com dois
cromatidios-irmãos (n)

Um cromossoma de cada
par de homólogos (n)

A meiose, tal como a mitose, é precedida pela replicação do DNA dos cromossomos.
A esta replicação seguem-se duas divisões: a Divisão I ou divisão reducional e a Divisão II ou di-
visão equacional. Estas divisões originam a formação de quatro células diferentes entre si, cada uma delas com
metade do número de cromossomos da célula inicial.
Na divisão reducional um núcleo 2n origina dois núcleos n, com cromossomos constituídos por dois croma-
tídeos, havendo uma redução do número de cromossomos. Na divisão equacional, ocorre a separação dos croma-
tídeos, obtendo-se quatro núcleos haploides, cujos cromossomos são constituídos por um cromatídeo.

MEIOSE

DIVISÃO I

DIVISÃO II

Divisões da meiose
Divisões da meiose

75
REPRODUÇÃO SEXUADA E VARIABILIDADE
A principal vantagem da reprodução sexuada em relação à assexuada, é o aumento da variabilidade gené-
tica da descendência. Os mecanismos que contribuem para essa variabilidade são:
1. Segregação independente dos cromossomas homólogos – na meiose I, a migração dos cromos-
somos homólogos para os polos da célula é aleatória. O número de combinações possíveis é de 2n. Assim,
nas células formadas, os cromossomas estão combinados aleatoriamente e há uma enorme variedade de
combinações possíveis.
2. Crossing-over – durante o Crossing-over, na Prófase I, os cromossomas homólogos trocam segmentos. Os
dois cromatídeos de um mesmo cromossoma deixam de ser idênticos e vão ser, posteriormente, separados
de forma aleatória na Anáfase II.
3. Fecundação – a junção aleatória de um gameta feminino e de um gameta masculino aumenta a variabili-
dade genética.
4. Mutações – criam novos genes (mutação gênica) ou novos cromossomas (mutação cromossômica).
Estas últimas podem ser numéricas ou estruturais.
A variabilidade genética dos indivíduos de uma população contribui para o seu sucesso evolutivo, uma
vez que, num ambiente em mudança, pelo menos alguns dos membros da população estarão aptos a sobreviver.

76
77
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Reprodução SEXUADA e ASSEXUADA


Fonte: Youtube

ACESSAR

Tipos de reprodução

www.sobiologia.com.br/conteudos/embriologia/reproducao2.php
www.sobiologia.com.br/conteudos/embriologia/reproducao.php

78
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

As bactérias podem se reproduzir tanto sexuada (conjugação, transdução, transformação) quanto assexu-
adamente (bipartição), e, assim, passar os genes de resistência para próximas gerações. Com a compreensão da
reprodução bacteriana foi possível entender melhor a resistência bacteriana, bem como os possíveis mecanismos
para o controle desse parasita.

INTERDISCIPLINARIDADE

Para calcular o número de indivíduos de populações, que têm uma taxa de reprodução alta, podem-se utili-
zar fórmulas matemáticas para prever o tamanho dessa população ao longo do tempo. Acompanhar o crescimento
de uma população é importante para monitorar espécies que estão em processos de extinção.

79
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

A reprodução é um processo essencial para a manutenção das espécies e, portanto, é importante


que o aluno conheça os modos distintos de proliferação das populações dos diferentes organis-
mos e as vantagens e desvantagens que cada um desses processos podem apresentar. A partir
disso, é possível, por exemplo, compreender o desenvolvimento de diferentes doenças e propor
medidas preventivas e corretivas para as mesmas.

MODELO
(Enem) O uso prolongado de lentes de contato, sobretudo durante a noite, aliado a condições pre-
cárias de higiene representam fatores de risco para o aparecimento de uma infecção denominada
ceratite microbiana, que causa ulceração inflamatória da córnea. Para interromper o processo da
doença, é necessário tratamento antibiótico.
De modo geral, os fatores de risco provocam a diminuição da oxigenação corneana e determinam
mudanças no seu metabolismo, de um estado aeróbico para anaeróbico.
Como decorrência, observa-se a diminuição no número e na velocidade de mitoses do epitélio, o
que predispõe ao aparecimento de defeitos epiteliais e à invasão bacteriana.
Adaptado de: CRESTA. F. Lente de contato e infecção ocular. Revista
Sinopse de Oftalmologia. São Paulo: Moreira Jr., n. 04. 2002.

A instalação das bactérias e o avanço do processo infeccioso na córnea estão relacionados a algu-
mas características gerais desses microrganismos, tais como:
a) a grande capacidade de adaptação, considerando as constantes mudanças no ambiente em que se
reproduzem, e o processo aeróbico como a melhor opção desses microrganismos para a obtenção de
energia.
b) a grande capacidade de sofrer mutações, aumentando a probabilidade do aparecimento de formas re-
sistentes, e o processo anaeróbico da fermentação como a principal via de obtenção de energia.
c) a diversidade morfológica entre as bactérias, aumentando a variedade de tipos de agente infeccioso, e
a nutrição heterotrófica como forma de esses microrganismos obterem matéria-prima e energia.
d) o alto poder de reprodução, aumentando a variabilidade genética dos milhares de indivíduos, e a nu-
trição heterotrófica como única forma de obtenção de matéria-prima e energia desses microrganismos.
e) o alto poder de reprodução, originando milhares de descendentes geneticamente idênticos entre si, e
a diversidade metabólica, considerando processos aeróbicos e anaeróbicos para a obtenção de energia.

80
ANÁLISE EXPOSITIVA

Habilidade 14
A utilização inadequada de lentes de contato reduz as trocas gasosas no local, danificando as
funções normais do epitélio ocular, já que suas células necessitam de um ambiente aeróbico
para se manterem íntegras. Desse modo, se favorece também o desenvolvimento bacteriano
no local. As bactérias são microrganismos unicelulares, cujo metabolismo pode ser aeróbico
ou anaeróbico, e realizam reprodução assexuada por bipartição. Este processo tem como van-
tagem permitir a rápida proliferação da população, ainda que como consequência os descen-
dentes sejam geneticamente idênticos entre si, podendo ser uma característica desvantajosa
em caso de alteração ambiental.
Alternativa E

81
ESTRUTURA CONCEITUAL
Tipos de reprodução
e ciclos de vida

Vantagens Desvantagem

Reprodução
• Não depende de assexuada Não gera
parceiro variabilidade
• Rápido crescimento genética
populacional TIPOS

Bipartição Gemulação Fragmentação Multiplicação


vegetativa

Divisão Esporulação Partenogênese


múltipla

Vantagem Desvantagem

Reprodução
sexuada Elevado
• Variabilidade
genética gasto
(meiose) energético
Ciclos
de vida

Diplobionte Haplobionte Haplodiplobionte


(meiose gamética) (meiose zigótica) (meiose espórica)
Ex.: animais Ex.: fungos Ex.: plantas

82
Abordagem de DIVERSIDADE DA VIDA nos principais vestibulares.

FUVEST
O grupo dos artrópodes é um dos grupos de metazoários que mais aparecem nessa prova; sendo
assim, é de fundamental importância compreender suas características e classificações. Os cordados
são vistos de forma comparativa, relacionando características fisiológicas e embriológicas dos grupos
em questão.

LD
ADE DE ME
D
UNESP
U

IC
FAC

INA

BO
1963
T U C AT U Artrópodes é um assunto abordado, muitas vezes, com doenças transmitida por insetos; outros
metazoários, como cobras e aranhas, podem aparecer em questões que envolvem tratamento
com soro e vacina, área imunológica da biologia. Cordados e demais metazoários aparecem em
questões de classificação e características de grupos.

UNICAMP
Por si só, o vestibular da Unicamp já consiste em uma prova comparativa e com muitos gráficos; sendo
assim, com os assuntos abordados neste livro não será diferente. Por exemplo, em 2017, a prova
exigia que o candidato soubesse algumas diferenças entre os grupos dentro da classe dos mamíferos.

UNIFESP
Assuntos como classificação de cordados, características específicas dos grupos e novidades evolutivas
que permitiram a vida no ambiente terrestre são comumente pedidas nessa prova.

ENEM/UFMG/UFRJ
Aqui aparecem questões envolvendo habitat e nicho dos cordados e artrópodes, assim como o desen-
volvimento e crescimento de insetos e crustáceos.

UERJ
Dentro de cordados, um dos temas mais abordados é o grupo peixes, incluindo regulação osmótica de
peixes ósseo e cartilaginoso. Características anatômica dos artrópodes e anelídeos aparecem também
como questões dessa prova.
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
1 0
9 2 Anelídeos

Competências Habilidades
4e8 13, 14, 16 e 28

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
INTRODUÇÃO A minhoca é o exemplar mais citado. Esses
animais vivem sobre o solo úmido, perfurando-o. Ali-
mentam-se de detritos orgânicos e eliminam partículas
Os anelídeos (do latim: annulatus = anel + eidos,
menores, facilitando a ação de bactérias e fungos, na
do grego = forma) são animais vermiformes, de simetria
decomposição. Outra característica é o fato de serem
bilateral, caracterizados pela segmentação ou meta-
hermafroditas (monoicas), mas a fecundação é cruzada.
merização (metameria). O corpo é segmentado, ou
Os casulos com os ovos originam minhocas de forma
seja, formado por uma sucessão de anéis, denominados
direta, ou seja, sem fase larval, característica do desen-
segmentos ou metâmeros. São organismos que vivem em
volvimento dos poliquetos, por exemplo.
ambiente terrestre, marinho e dulcícola. Possuem o corpo
alongado, cilíndrico e metamerizado, cuja divisão ocorre Os poliquetos têm hábitos diversos. Há espécies
tanto externa como internamente. Cada anel abriga diver- que vivem errantes, em busca de alimento, outros for-
sos órgãos individualizados como nervos, estruturas mus- mam tubos e praticamente não saem mais, capturando
culares e excretoras. Compreendem três classes: oli- partículas. Eles apresentam expansões do corpo, conhe-
goquetos (minhocas), poliquetos (vermes marinhos) cidas como parapódios, de onde partem inúmeras cer-
e hirudíneos (sanguessugas). Utiliza-se como critério a das que auxiliam na tração do animal, permitindo cami-
presença ou quantidade de cerdas ao longo do corpo: nhar em um substrato. As sanguessugas vivem em água
§ Oligoquetos (poucas cerdas) – (Lumbricus ter- doce e, com suas ventosas, fixam-se em um hospedeiro,
restris), minhoca-louca (Pherentima hawaiana) e dele retirando sangue. São ectoparasitas (parasitas ex-
a minhocoçu (Glossoscolex giganteus).
ternos) de vertebrados.
§ Poliquetos (várias cerdas) – Eunice viridis e Ne-
reis sp.
§ Aquetos (sem cerdas) ou hirudíneos – (Hirudo
medicinalis).

SANGUESSUGA

minhoca

clitelo

poliqueto
Tentáculos

Parapódios
com cerdas

87
POLIQUETOS Boca
Prostômio
Peristômio

Poro

Vermes marinhos de corpo nitidamente segmen- Poro


Boca
tado, no qual se destaca uma cabeça com olhos, palpos
Cerdas
e tentáculos. Em cada segmento, possuem um par de ventrais
parapódios, expansões laterais não articuladas. Como
Clitelo
primitivas estruturas de locomoção, aparecem numerosas Clitelo
cerdas, eixos quitinosos implantados nos parapódios. O
Cerdas laterais
nereis, um predador de hábito noturno, atinge 45 cm de
comprimento. Observe-o na ilustração a seguir. O Euni- Ânus
ce gigantea chega a ter 3 metros de comprimento. Os A capacidade de regeneração é elevada quando
chamados tubícolas vivem no interior de tubos que eles o animal é, acidental ou experimentalmente, seccionado
constroem, aglutinando grãos de areia em torno do cor- em fragmentos. As minhocas são animais subterrâneos,
po. Outros vivem em buracos que cavam na areia das vivendo em solos úmidos e ricos em húmus, sendo pou-
praias ou em zonas profundas dos ambientes marinhos. co encontrados em solos ácidos, secos e arenosos. Vi-
Os tubícolas são animais filtradores, isto é, fazem a água vem no interior de galerias que escavam, perfurando o
solo e ingerindo terra. O conteúdo intestinal apresenta
passar por eles e retêm as partículas alimentares.
terra úmida com matéria orgânica e resíduos vegetais,
Tentáculos peristomiais usados na alimentação. Esses animais exercem impor-
Olhos
tante papel na agricultura, arejando o solo, através das
Tentáculos prostomiais
Parapódio galerias escavadas e distribuindo fragmentos vegetais
Palpos
Boca que apodrecem e fertilizam o solo.
Cabeça em vista lateral Comercialmente, as minhocas são muito utiliza-
Tentáculos Parapódio das como “arados naturais”, pelo seu hábito de construir
prostomiais
galerias subterrâneas, revolvendo o solo, aumentando a
Olhos
aeração e a drenagem da água. Colaboram também com
Tentáculos
peristomiais
Cabeça em a adubação orgânica produzindo húmus, além de serem
vista dorsal
incluídas em rações animais como fonte de proteínas.
Cirros

HIRUDÍNEOS – AS SANGUESSUGAS
OLIGOQUETOS – AS MINHOCAS Os hirudíneos, vulgarmente chamados de san-
guessugas, apresentam cerdas em pequenas quanti-
É a classe em que encontramos as minhocas, dades ou ausentes, também não possuem tentáculos e
animais de corpo segmentado, sem cabeça e parapó- parapódios. O corpo é dorsoventralmente achatado com
duas ventosas, uma em cada extremidade. A ventosa
dios, além de poucas cerdas; o tamanho médio é de
anterior envolve a boca, que apresenta três mandíbulas
15 cm. O minhocuçu é uma espécie gigante que atinge
em forma de serra semicircular. Locomovem-se de forma
até 3 metros de comprimento. Nos animais sexualmente
peculiar: fixando-se pela ventosa posterior, o animal dis-
adultos, encontramos, na região anterior, o clitelo, um tende o corpo ao máximo, prendendo a ventosa anterior
espessamento mucoso que serve para unir dois animais e destacando a posterior, aproximando-a e fixando-a
em cópula e formar o casulo protetor dos ovos. A seguir, logo atrás da anterior. O processo vai se repetindo e
aspectos de um oligoqueto típico, a minhoca. o animal vai progredindo como uma lagarta-mede-

88
-palmos. Vivem no mar, na água doce e em ambientes em sentido postero-anterior, e outro ventral, no qual
terrestres úmidos. São ectoparasitas hematófagos de o sangue flui em sentido inverso. Em cada segmento,
diversos tipos de animais. os vasos dorsais são interligados por outros transver-
sais que rodeiam o tubo digestivo e formam redes

CARACTERIZAÇÃO GERAL capilares. O sangue é impulsionado por contrações


do vaso dorsal, ou por vasos laterais e anteriores de
maior calibre, também chamados de “corações”.
O tubo musculodermático Apresentam uma estrutura mais complexa, com um sis-
tema de vasos por onde percorre o sangue com hemo-
A parede corpórea dos anelídeos é formada por globina dissolvida no plasma. O sangue passa a ser um
um tubo musculodermático, constituído por epiderme importante transportador de nutrientes para as células
e musculatura. Formando a epiderme, encontramos um e de gases, seja pela epiderme, no caso da minhoca,
epitélio simples e cilíndrico, contendo células glandu- ou de brânquias, no caso de poliquetos. O sangue é
lares e sensoriais. Recobrindo a epiderme, destaca-se bombeado por 5 pares de vasos pulsáteis, ou corações
uma cutícula delgada, permeável e não quitinosa. Logo laterais, na região anterior, e a difusão dos nutrientes e
abaixo da epiderme aparecem duas camadas muscula- gases ocorre no nível dos capilares. A presença de capi-
res: uma externa circular e outra interna longitudinal. A lares sugere um sistema circulatório fechado.
parede do corpo possui musculatura bem desenvolvida,
Corações
que, associada à cerdas quitinosas, por contração e Esôfago Vaso dorsal
expansão, permite o movimento do animal.

A digestão
O tubo digestivo é completo e retilíneo, compre-
endendo: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino
Parte anterior Vaso ventral
e ânus. Nas minhocas, logo após o esôfago, aparecem
lateralmente aberta
duas dilatações: o papo e a moela. O alimento, formado
por partículas de terra e resíduos vegetais, é armazena-
do no papo e triturado na moela, que apresenta forte
A respiração
parede muscular. Nas minhocas, o intestino tem uma Possuem o corpo revestido por um tecido epitelial
prega por dobra longitudinal dorsal – tiflossoles, cuja simples, que secreta uma cutícula delicada, cuja função
função indica uma ampla superfície de absorção. Esque- é proteger o organismo contra a desidratação. A maioria
ma de tubo digestivo, destacando papo e moela: dos anelídeos tem respiração cutânea, isto é, as trocas
Quarenta
Faringe Moela metâmeros omitidos gasosas são efetuadas através da pele. Entre os represen-
tantes aquáticos existem as brânquias, que retiram o
O2 dissolvido na água por difusão. A respiração cutânea
é encontrada, principalmente, em anelídeos terrestres e
Boca Ânus
Papo Intestino que vivem em locais úmidos. Ocorre através da intensa
Ceco
intestinal vascularização que existe abaixo da epiderme. Já as brân-
quias são típicas de representantes aquáticos, como os
A circulação poliquetos. As mais primitivas são representadas pelos
parapódios, expansões laterais do corpo, intensamen-
O sistema circulatório é do tipo fechado. Na te vascularizadas. Brânquias ramificadas e arborescentes
sua organização mais típica, consta de dois vasos são comuns em anelídeos marinhos que vivem em tubos
longitudinais: um dorsal, no qual o sangue circula (tubícolas). Veja a figura a seguir:

89
capilar sanguíneo músculos longitudinais
músculos circulares

epiderme

Gânglios intrafaringeos Gânglios


segmentar
CO2 O2 Organização do sistema nervoso.

cutícula brânquias
A reprodução
Quanto à reprodução, os poliquetos são dioicos,
com fecundação externa e desenvolvimento indireto a
partir da larva trocófora. Oligoquetos e hirudíneos são
A excreção monoicos, com fecundação externa e cruzada e desen-
volvimento direto. A capacidade de regeneração é geral-
O sistema excretor é constituído por unidades ex- mente elevada. Muitas espécies de anelídeos possuem
cretoras denominadas metanefrídeos. A cada metâmero clitelo. Esta estrutura produz um casulo do qual são
corresponde um par de metanefrídeos. Os nefrídeos são
eliminados os óvulos maduros. O casulo então desliga-
estruturas tubulares e enoveladas que estabelecem con-
-se do clitelo e desloca-se para a extremidade da mi-
tato com os vasos sanguíneos, onde as secreções são reti-
nhoca, onde recebe o espermatozoide de outra e ocorre
radas. Esta estrutura possui duas extremidades: nefrósto-
a fecundação. Após a fecundação, o casulo se separa do
ma, que se abre no líquido do celoma, e nefridioporo ou
corpo e, em seu interior, os óvulos são fecundados e de-
poro excretor, que se abre na superfície corporal.
senvolvem-se originando minhocas jovens sem estágio
Funil ciliado Parede Septo entre larval. Observe o esquema de reprodução de minhoca:
Intestino (nefróstoma) do corpo metâmeros
Reprodução em minhocas
Receptáculos seminais Clitelo

Clitelo troca de
espermatozóides 3 2 1

Cavidade Nefrídio Poros excretores


celômica (nefridióporos)
um dos vermes
já separado
fecundação saída de óvulos casulo mucoso
Repetição de estruturas excretoras nos metâmeros

O sistema nervoso saída do casulo


com os ovos

Os anelídeos são portadores de um sistema ner-


voso do tipo ganglionar ventral. Existem dois gânglios
cerebroides ou suprafaríngeos ligados, através de anéis
perifaríngeos, a dois gânglios infrafaríngeos dos quais
parte a cadeia ganglionar ventral, com um par de gân-
glios em cada segmento. Como elementos sensoriais
aparecem papilas e tentáculos, com funções tácteis e
gustativas, além de olhos para percepção luminosa. Ob-
serve a figura a seguir:

90
ASPECTOS EMBRIOLÓGICOS
São organismos triblásticos, celomados (são os únicos vermes com esta característica) e possuem sime-
tria bilateral. A cavidade celômica possui um líquido que transporta nutrientes, gases e resíduos do metabolismo
entre o sistema circulatório e as células do organismo. A seguir, um corte transversal dos anelídeos:

poro dorsal
cutícula músc. circular
epiderme músc. longitudinal
peritónio
cerdas vaso dorsal
laterais
celoma intestino

tiflossolis

cerdas ventrais
células
cels. cloragógenas cordão
vaso ventral
nervoso
Corte transversal de um anelídeo

FORMAÇÃO DA METAMERIA
§ Importância da metameria – Metameria é a divisão do corpo de animais em uma série longitudinal
de unidades similares repetidas, que, em cordados, anelídeos, artrópodes e possivelmente nos moluscos e
pseudocelomados que também a apresentam, está ligada à eficiência locomotora. Em alguns anelídeos, a
metameria é próxima do modelo ideal, ou seja, replicação por segmento de apêndices, músculos, nervos,
vasos sanguíneos, celoma, sistema excretor e sistema reprodutor, mas em artrópodos se especializam e
fusionam em regiões distintas (tagmas); em cordados, é aparente apenas no esqueleto axial, músculos e
nervos, embora primitivamente outros órgãos sejam metamerizados.
A metameria tem uma forma com cavidade preenchida por um líquido que auxilia a locomoção peristáltica,
pois ela impede que a pressão exercida pelos músculos seja dissipada pelo corpo todo. Os efeitos locais da
musculatura em formas metamerizadas são mais vigorosos e, assim, mais eficientes, pois cada metâmero
torna-se uma unidade de função especializada, notadamente para cavar, como os anelídeos.
§ Importância do celoma – O celoma fornece uma área para a ampliação da superfície dos órgãos internos.
Sendo um espaço cheio de líquido, entre a parede do corpo e os órgãos internos, pode servir a várias funções:
esqueleto hidrostático, meio circulatório, local temporário para maturação dos óvulos e espermatozoides, acú-
mulo de excesso de líquido e produtos de excreção. Em celomados típicos, o celoma abre-se para fora por meio
de metanefrídio (órgão que tem forma de funil aberto e ciliado) e gonoduto, vias de eliminação de excretas e
gametas. A parede do corpo possui feixes de músculos longitudinais e circulares que podem funcionar anta-
gonicamente; à medida que os músculos são contraídos ou relaxados, a força aplicada ao fluido celomático
facilita uma variedade de tipos de movimentos corporais, funcionando, assim, como esqueleto hidrostático.

91
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Anelídeo: minhocas, sanguessugas, poliquetas...


Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Anelídeos

www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos2/anelideos.php

92
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Espécies parasitas de anelídeos produzem uma substância chamada hirudina, que é anestésica e anticoa-
gulante secretada juntamente à saliva na região de fixação no hospedeiro. Essa substância é usada pela indústria
farmacêutica para produção de medicamentos anticoagulantes. Além disso, desde a antiguidade, as sanguessugas
são usadas na Medicina. Anos atrás, era comum usar esses animais para realizar sangrias; atualmente os sangue-
sugas ainda são utilizadas para sugar o sangue coagulado de ferimentos.

INTERDISCIPLINARIDADE

A substância hirudina é considerada um anticoagulante e é liberada por indivíduos da classe Hirudínea, os


quais são ectoparasitas. São necessários conceitos de fisiologia do tecido sanguíneo para compreender a ação des-
sa substância no organismo. Conceitos químicos também podem ser aplicados aqui, podendo indicar a estrutura
da molécula de hirudina e seus grupos químicos presentes.

93
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

O conhecimento da biodiversidade é de suma importância para sua preservação, como também


permite ao homem desenvolver suas atividades econômicas utilizando técnicas que usufruam de
características naturais dos diferentes organismos, agredindo menos o ambiente e se desenvol-
vendo de forma sustentável. Desse modo, as questões do Enem tendem a fazer uma abordagem
mais ecológica sobre as espécies, geralmente sem cobrar de forma seca e direta as características
que definem cada grupo.

MODELO
(Enem)

Na charge, a arrogância do gato com relação ao comportamento alimentar da minhoca, do ponto


de vista biológico:
a) não se justifica, porque ambos, como consumidores, devem “cavar” diariamente o seu próprio alimento.
b) é justificável, visto que o felino possui função superior a da minhoca numa teia alimentar.
c) não se justifica, porque ambos são consumidores primários em uma teia alimentar.
d) é justificável, porque as minhocas, por se alimentarem de detritos, não participam das cadeias alimentares.
e) é justificável, porque os vertebrados ocupam o topo das teias alimentares.

94
ANÁLISE EXPOSITIVA

Habilidade 14
As minhocas pertencem ao grupo dos anelídeos e são animais detritívoros que se alimentam
de restos de matéria orgânica no solo, auxiliando na reciclagem dos nutrientes. Elas são, por-
tanto, classificadas como consumidores na cadeia trófica (heterotróficos), assim como todos
os organismos dentro do Reino Animal, no qual também se encontram os gatos, que, apesar
de não serem detritívoros, também devem explorar os recursos alimentares do ambiente. A
arrogância apresentada na charge ocorre devido ao personagem Garfield ser um gato domés-
tico, o qual é alimentado pelo seu dono e apresenta hábitos preguiçosos, ao contrário do que
se espera de um felino selvagem; no entanto, encontra-se no nível trófico dos consumidores.
Alternativa A

ESTRUTURA CONCEITUAL
Anelídeos
Classes

Características
Poliquetas
gerais

Ex.: Nereis sp.


• Triblásticos, celomados com
- Cabeça diferenciada com
simetria bilateral
palpos e tentáculos
• Metameria (corpo segmentado) - Um par de parapódio por
• Ambiente → terrestre úmido, segmentos
marinho ou dulcícola - Desenvolvimento indireto
• Sistema digestivo → completo (larva trocófora)
• Sistema circulatório →fechado
(hemoglobina no plasma sanguíneo) Oligoquetas
• Respiração → cutânea (terrestres)
ou branquial (aquáticos) Exs.: minhoca e minhocuçu
• Excreção → metanefrídeos - Poucas cerdas
• Sistema nervoso → ganglionar - Hermafroditas
ventral - Clitelo
• Dupla camada muscular - Desenvolvimento direto
- externa: circular
- interna: longitudinal Hirudíneos

Ex.: sanguessuga
- Ausência de cerdas
- Ventosa nas extremidades
- Podem ser ectoparasitas
hematófagos

95
2 2
1 2 Artrópodes
e equinodermos

Competências Habilidades
4e8 13, 14, 16 e 28

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
CARACTERIZAÇÃO CARACTERES MORFOLÓGICOS
Dentro do Filo dos Artrópodes, as classes dos A principal característica dos artrópodes é a pre-
diplópodes e quilópodes, juntamente com os Onicófo- sença de apêndices formados por diversas partes, deno-
ros têm importância evolutiva porque estes organismos minadas artículos, com juntas móveis, ou seja, articuladas.
apresentam características intermediárias entre anelíde- Com forma variada, esses apêndices constituem patas,
os e artrópodos. Todos os artrópodes têm em comum o antenas, palpos, apêndices bucais etc. Veja a seguir.
fato de terem pares de apêndices articulados (pa-
tas, antenas, quelíceras, palpos etc.), corpo segmen- Coxa
tado e um esqueleto externo rígido, revestido por qui-
Trocanter
tina (exoesqueleto quitinoso). Com a presença de
exoesqueleto, a dificuldade do crescimento foi resolvida Fêmur
com a presença de mudas ou ecdises. Assim, os artrópo-
des, na ocasião da muda, aumentam rapidamente o vo- Tibia
lume de seu corpo, rompendo a camada fina de quitina
que não foi reabsorvida. Logo, começa a reestruturação Tarso
dessa proteção.
Os artrópodes (artro = articulação; podes = pa-
tas) representam, sem dúvida, o grupo de maior sucesso
na face da Terra. Afirma-se isso, pelo fato de que mais
de 75% das espécies existentes são de artrópodes. Eles
SEGMENTAÇÃO
colonizaram todos os ambientes. Apresentam ciclo de
Nos anelídeos, a segmentação é homônoma,
vida rápido, geram milhares de descendentes, têm uma
ou seja, os segmentos são iguais. Nos artrópodes, a
variada adaptação para a alimentação. São organismos
segmentação é heterônoma, porque os segmentos são
triblásticos, protostômios, celomados e de si-
diferentes, muitas vezes fusionados, permitindo a divi-
metria bilateral. São animais com patas articuladas
são do corpo em partes distintas. Nos insetos o corpo
e corpo segmentado, revestido por um exoesqueleto
é dividido em três partes: cabeça, tórax e abdômen. Em
quitinoso.
crustáceos e aracnídeos ocorre a fusão da cabeça com o
Existem cerca de 900.000 espécies adaptadas
para a vida no ar, na terra, no solo, em água doce e tórax, formando o cefalotórax. Observe, a seguir.
Mandíbula
salgada. Podemos citar como principais representantes Cabeça Olho pedunculado Abdômen
Antena
deste filo as classes: Cefalotórax

§ Crustáceos – camarão, lagosta, siri, caranguejo, Tórax


Antena

tatuzinho-de-jardim, microcrustáceos (dáfnia, co-


pépodes etc.). Pata
Nadadeiras
Peças bucais
Leque
§ Aracnídeos – aranha, escorpião, ácaro, carra- Patas caudal
pato, opilião Abdômen Camarão (crustáceo)
Formiga (inseto)
§ Insetos – traça-de-livro, tesourinha, barata, ga-
fanhoto, louva-a-deus, cigarra, libélula, formiga,
cupim, abelha, besouro, borboleta, mariposa,
pulga, piolho, mosca, mosquito.
§ Diplópodes – piolho-de-cobra (embuá)
EXOESQUELETO
§ Quilópodes – lacraia
O corpo dos artrópodes é revestido por um exo-
esqueleto, constituído por uma cutícula quitinosa, se-
cretada pela epiderme. O esqueleto quitinoso não se

99
apresenta uniformemente espessado e endurecido; nos
limites entre os vários segmentos e entre os diversos ar-
A DIGESTÃO
tículos dos apêndices, ele se mostra delgado, formando
O sistema digestivo é completo e compreende:
as articulações. A cutícula adquire grande resistência,
boca, faringe e esôfago, dos quais são diferenciações
especialmente nos crustáceos, nos quais ela é impreg-
nada por carbonato de cálcio. A couraça quitinosa pro- o papo e a moela ou estômago mastigador. Segue-se o
tege o animal, mas impede o crescimento. Daí a ocor- estômago glandular, o intestino e o ânus. A digestão é
rência da muda ou ecdise, fenômeno que consiste na extracelular, sendo comum a ocorrência de um aparelho
renovação do exoesqueleto. O antigo esqueleto separa- bucal adaptado para mastigação, sucção etc. Existem
-se da epiderme e é eliminado, constituindo uma exúvia. espécies herbívoras, carnívoras e parasitas.
O corpo do animal aparece agora com um esqueleto
bem mais delgado e flexível, podendo então crescer e
posteriormente reforçar a cutícula. Além de proteger e
A RESPIRAÇÃO
sustentar o corpo, o exoesqueleto serve como base para
Na maioria dos artrópodes a respiração é bran-
a inserção da musculatura e impede a desidratação nas
quial e traqueal. As brânquias aparecem nos crustáceos;
formas terrestres.
traqueias ocorrem em insetos, diplópodes e quilópodes.
Nos aracnídeos as traqueias situam-se no interior de di-
Cutícula Músculo
latações saculiformes denominadas pulmões foliáceos.
rígida

Cutícula flexível
Apêndice articulado A CIRCULAÇÃO
A principal consequência do exoesqueleto nos O sistema circulatório é do tipo lacunar, constituí-
Artrópodes é o crescimento descontínuo, que pode ser do por coração, artérias e hemóceles. O coração, arredon-
observado e entendido no gráfico a seguir. dado ou tubuloso, situa-se dorsalmente em relação ao
Crescimento descontínuo em artrópodos tubo digestivo. Dele saem artérias que conduzem sangue
para diferentes órgãos. Numerosas cavidades, denomina-
das hemoceles, substituem capilares e veias, transportan-
do o sangue para o coração. Em crustáceos e aracnídeos,
o sangue apresenta corpúsculos ameboides e, dissolvida
no plasma, a hemocianina, um pigmento que transporta
o oxigênio para as células. Nos insetos, quilópodes e di-
plópodes o sangue não apresenta hemocianina, servindo
apenas para o transporte de nutrientes, já que as tra-
O TEGUMENTO E A MUSCULATURA queias conduzem diretamente o oxigênio para os tecidos.

O tegumento é constituído por uma epiderme, for-


mada por epitélio simples e prismático. Entre as células A EXCREÇÃO
epidérmicas, aparecem células sensoriais que atravessam
a cutícula e entram em contato com cerdas e células sen- Em crustáceos e aracnídeos encontramos como
soriais. A musculatura dos artrópodes não forma o tubo órgãos excretores especializados: as glândulas verdes
musculodérmico dos vermes. É constituída por feixes de (crustáceos) e coxais (aracnídeos). Insetos, diplópodes
fibras estriadas inseridas sobre diversos elementos esque- e quilópodes excretam através dos tubos de Malpighi.
léticos e, por meio da contração, funciona como alavanca.
Fibras musculares lisas encarregam-se da motilidade das
paredes intestinais e outras vísceras.

100
OS SISTEMAS NERVOSO E SENSORIAL A REPRODUÇÃO
A reprodução dos artrópodes é sexuada. Geral-
Os artrópodes apresentam um sistema nervo-
mente, os artrópodes são unissexuados; as cracas são
so ganglionar e ventral, semelhante ao dos anelídeos.
crustáceos hermafroditas. É comum o dimorfismo se-
Assim, encontramos dois complexos ganglionares, um xual, sendo as fêmeas maiores do que os machos. Na
cerebroide ou supraesofágico e outro infraesofágico, maioria, a fecundação é interna; apêndices modificados
ligados por conectivos periesofágicos; completando funcionam como órgãos copuladores. A evolução é di-
aparece a cadeia ganglionar ventral, com um par de reta e indireta. Formas partenogenéticas ocorrem entre
gânglios para cada segmento. No tegumento, como crustáceos (cladóceros) e insetos (abelhas).
já vimos, aparecem células sensoriais ligadas a termi-
nações nervosas. Órgãos tácteis, olfatórios e térmicos
distribuem-se em várias partes do corpo, especialmente
nas antenas e nos palpos. Como elementos visuais apa-
recem olhos simples e compostos.

CLASSIFICAÇÃO
A variedade desses animais é subdividida em cinco principais grupos. Os critérios principais para a classificação
dos artrópodes deve-se ao tipo de segmentação do corpo, o número de antenas e o número de patas. Assim, temos:
§ CRUSTÁCEOS – apresentam corpo segmentado em cefalotórax e abdômen, cinco ou mais pares de patas
e dois pares de antenas. Os apêndices são bifurcados.
Crustáceos

Tatuí, um crustáceo
Cyclops, um cocépodo Daphnia, a pulga-d’água das praias. Lígia, a barata-de-praia
(pequeno crustáceo do zooplâncton).

Apêndice bifurcado

Há sobre o corpo, além do exoesqueleto quitinoso, uma camada de carbonato de cálcio. A maioria é mari-
nha, mas há representantes de água doce e terrestres.
São animais tipicamente aquáticos e predominantemente marinhos. São raras as formas adaptadas à vida
terrestre, como é o caso do “tatuzinho-de-jardim”, que, quando molestado, se enrola, formando uma pe-
quena bola. Nas espécies maiores, o esqueleto forma uma casca ou crosta muito resistente, que aparece na
lagosta, no camarão, no siri e no caranguejo.

101
Como exemplo típico, estudaremos o camarão, que aparece em grande quantidade no litoral brasileiro, al-
cançando até 15 centímetros de comprimento, tendo o corpo revestido por uma couraça quitinosa espessa
e resistente, exceto nas articulações, onde se apresenta delgada e flexível. O corpo é dividido em cefalotórax
e abdômen. O cefalotórax é recoberto por carapaça quitinosa rígida e apresenta: quatro antenas, dois olhos
pedunculados, apêndices bucais, usados na apreensão e ingestão, além de cinco pares de patas (decápodes)
locomotoras, chamadas de pereiópodes.

Olho Cefalotórax

Antena Abdômen

Antênula

Pereiópodes
Pleiópodes Telson
Urópodes

O abdômen é nitidamente segmentado, apresentando no último anel uma expansão pontiaguda chamada
telson. Os apêndices abdominais são natatórios e podem ser divididos em pleiópodes (curtos) e urópodes
(largos, formando as nadadeiras caudais).
§ Sistema Digestório – completo: estômago com dentes para triturar o alimento (molinete gástrico),
glândulas anexas (hepatopâncreas).
§ Sistema Circulatório – aberto ou lacunar, plasma provido de hemocianina para transporte de gases.
§ Sistema Respiratório – branquial.
§ Sistema Excretor – glândula verde, localizada abaixo das antenas retira excretas do celoma e lançam
para o meio externo.
§ Sistema Reprodutor – dioicos, fecundação interna, desenvolvimento direto ou indireto com sucessi-
vos estágios larvais: naupilus, zoea, mysis.

Cracas Tatuzinho de Jardim Lagosta

Anatomia interna de um crustáceo


figado ovário artérias
estômago
coração intestino abdominal dorsal
cérebro
extensor
flexor

XV XVI
XIV XVII
glândula verde XVIII
XIII
esôfago boca IX cordão nervoso ventral ânus
X XI XII
XIX
oviduto

telso

102
§ ARACNÍDEOS – apresentam corpo dividido em cefalotórax e abdômen, quatro pares de patas, que saem
do cefalotórax e não apresentam antenas. No entanto, encontramos apêndices próximos à boca, chamados
de palpos e as quelíceras, que, nas aranhas, contêm uma glândula de veneno. No abdômen das aranhas
encontramos fiandeiras, que secretam um fio ou teia. Nos escorpiões, a glândula de veneno está localizada
no último segmento do abdômen (télson). As garras de um escorpião correspondem a palpos modificados.
Na margem anterior do cefalotórax existem, geralmente, oito olhos rudimentares, e, como apêndices: um
par de quelíceras, dois pares de pedipalpos e quatro pares de patas locomotoras. As quelíceras, terminadas
em garras, servem para a inoculação do veneno. Os pedipalpos são longos e usados na apreensão e masti-
gação; no macho, o pedipalpo funciona como órgão copulador, servindo para a introdução de espermato-
zoides na fêmea.
As aranhas são octópodes, isto é, apresentam quatro pares de patas locomotoras. O abdômen é desprovido
de apêndices, tendo, na extremidade posterior, dois a três pares de fiandeiras usadas na fiação das teias.
Nos escorpiões, os pedipalpos são muito desenvolvidos e, como acontece com as quelíceras, terminam em
pinça ou quela. O abdômen, dividido em duas partes (pré-abdômen, com quatro pares de patas, e pós-
-abdômen, vulgarmente chamado cauda), é cilíndrico e termina no telson, um aguilhão para inoculação do
veneno. Os ácaros ou carrapatos constituem um vasto grupo de aracnídeos, em que o cefalotórax e o abdô-
men aparecem fusionados sem segmentação nítida. As quelíceras e os pedipalpos constituem um aparelho
picador-sugador.

Pós-abdômen
Telson

Pré-abdômen
Cefalotórax
Olhos
Patas Pedipalpos

Queliceras

Cefalotórax Olhos

Abdômen Quelíceras

Patas Pedipalpo
Quelíceras
VISTA DORSAL Quelíceras

Lâmina Pedipalpo
mastigadora
Patas
Pedipalpo
Lábio
Quelíceras Bulbo
Abertura genital
genital Cefalotórax

Ânus Espiráculos
Fiandeiras Pedipalpo
VISTA VENTRAL do macho

§ Sistema Digestivo – completo, com digestão extracelular e extraintestinal. Os sucos gástricos são
injetados no corpo da presa e quando estiver digerido será aspirado e absorvido pelo intestino.
§ Sistema Circulatório – aberto, coração dorsal, com hemocianina para transporte dos gases.
§ Sistema Respiratório – composto por um pulmão e traqueias que distribuem os gases para a hemo-
linfa, sistema filotraqueal.

103
§ Sistema Excretor – através de glândulas coxais que se abrem na base das patas e também por túbulos
de Malpighi.
§ Sistema Reprodutor – dioicos, fecundação interna e desenvolvimento direto.

§ a sarna é causada pelo Sarcoptes scabei;


§ os cravos causados pelo Demodex folliculorum, que infecciona os folículos e glândulas sebáceas da pele humana;
§ espécies como Dermatophagoides farinae, que se nutrem de detritos orgânicos encontrados no ambiente, causam
alérgia;
§ carrapato (Amblyomma cafennense), hematófagos que sugam o sangue de animais selvagens e do homem po-
dendo causar prejuízos em criações de boi, cavalos, porcos cachorros etc.
Anatomia interna de um aracnídeo.
Cefalotórax Abdômen

Coração Tubo digestivo


Intestino
Ovário
Cérebro Tubo digestivo Aorta
Túbulo de Malpighi
Olhos
Ampola retal
Glândula de veneno

Canal de veneno

Esôfago Ânus

Glândula coxal Pulmão Oviduto


Presa Ceco Depósito Glândulas Fiandeiras
de esperma sericígenas

§ INSETOS – representam a maior variedade de espécies na face da Terra. Aprentam um corpo dividido em
três partes: cabeça, tórax e abdômen. Na cabeça, além de olhos, na base destes, encontram-se um par de
antenas. No tórax, saem três pares de patas e podem desenvolver dois pares de asas. Nas moscas e mosqui-
tos aparecem apenas um par de asas e por isso são chamados de dípteros (di = dois; pteri = asa).
A cabeça é constituída pela fusão de seis segmentos e apresenta: um par de olhos compostos, vários oce-
los, um par de antenas e um aparelho bucal. Existem quatro tipos básicos de aparelho bucal: mastigador
(gafanhoto), lambedor (abelhas), sugador (borboletas) e picador-sugador (mosquitos). O tórax é o centro
locomotor dos insetos, composto por três segmentos: anterior, médio e posterior. Cada anel ou segmento
torácico apresenta um par de patas em todos os insetos e um par de asas no segmento mediano e outro
no posterior, na maioria das espécies. O abdômen é a mais volumosa das partes em que se divide o corpo
dos insetos, constituindo o centro da nutrição e da reprodução. Os últimos segmentos abdominais formam
a armadura genital ou genitália, que nas fêmeas apresenta o ovipositor. Com o maior número de espécies
do que qualquer outro grupo, os insetos ocorrem nos mais variados ambientes; somente os oceanos são
quase completamente desprovidos de insetos.

104
Só para exemplificar, citaremos algumas ordens: ortópteros (grilos e gafanhotos), isópteros (cupins),
anopluros (piolhos), hemípteros (percevejos), lepidópteros (borboletas), dípteros (moscas e mosqui-
tos), coleópteros (besouros) e himenópteros (abelhas, vespas e formigas).

§ Sistema Digestivo – completo com glândulas anexas (salivares e cecos gástricos).


§ Sistema Circulatório – aberto ou lacunar, dorsal, ausência de pigmentos respiratórios.
§ Sistema Respiratório – tipo traqueal , tubos que comunicam um orifício externo chamado espiráculo
diretamente com os tecidos.
§ Sistema Excretor – túbulos de Malpighi, que removem excretas do sangue e lançam no tubo digestivo.
§ Sistema Reprodutor – dioicos, fecundação interna, desenvolvimento direto ou indireto.
Anatomia interna de um inseto

A grande adaptação dos insetos, além da reprodução rápida e enorme número de descendentes, são, jus-
tamente, as asas. Outra particularidade é o tipo de desenvolvimento do ovo até chegar ao adulto. Veja os
tipos a seguir:
§ Ametábolos – sem metamorfose. O ovo eclode e libera o indivíduo jovem com forma semelhante ao
adulto. Ex.: traça.
OVO → FORMA JOVEM → IMAGO
(semelhante ao adulto) (adulto)

§ Hemimetábolo – com metamorfose incompleta: o ovo eclode e libera uma ninfa (forma jovem diferente
do adulto), sem asas e sem órgão sexuais. Esta ninfa sofre ecdises sucessivas, adquirindo características
adultas. Exs.: gafanhoto, barata, louva-a-deus, cigarra, libélula.
OVO → eclosão → NINFA → mudas → IMAGO
(forma jovem ) (forma adulta)

105
§ Holometábolo – com metamorfose completa. O ovo eclode, liberando, uma larva que libera grande quanti-
dade de alimento e realiza mudas originando a pupa (casulo ou crisálida), o qual sofre grande transformações
para a fase adulta.
Exs.: formiga, cupim, abelha, besouro, borboleta, mariposa, pulga, piolho, mosca, mosquito.

Ovo

Eclosão do LARVA
sofre
OVO ECDISES Adulto Larva

Mudanças
na
Imago
PUPA
Pupa

§ DIPLÓPODES – como o embuá ou piolho-de-cobra, apresentam um corpo com uma cabeça, contendo um
par de olhos e de antenas. Destaca-se um tronco longo, cilíndrico e segmentado, com patas articuladas que
partem do ventre do animal. Na maioria desses segmentos há dois pares de patas. Esses animais caminham
lentamente e têm hábito detritívoro. Veja, a seguir, a ilustração e a anatomia interna de um diplópode.

Ocelos Tórax Abdômen

Cabeça

Patas
Mandíbula (2 pares)
Antena Poro genital
(curta)

§ QUILÓPODES – como as lacraias ou centopeias, também apresentam corpo dividido em cabeça e tronco,
mas há apenas um par de patas por segmento. O tronco é mais achatado dorso-ventralmente e as patas
partem, praticamente, da lateral do corpo. São animais que caminham rápido, são predadores que possuem
um par de apêndices, as forcípulas, que injetam veneno. Veja, a seguir, a ilustração e a anatomia interna de
um quilópode.
Antenas
(longas) Olho composto

Patas
Maxilas (1 par)
Maxilípede (injetor de veneno)

106
EQUINODERMOS - O SISTEMA AMBULACRAL E A DEUTEROSTOMIA
Os equinodermos correspondem a um grupo de animais que só habitam os mares. Apresentam como caracte-
rísticas básicas um corpo revestido por espinhos, com um esqueleto interno (endoesqueleto) calcário. Apresentam uma
simetria radial quando adultos, mas as larvas têm simetria bilateral. São animais triblásticos, celomados e deuterostômios.

REPRESENTANTES DAS CLASSES DOS EQUINODERMOS

Asteroidea - Estrela-do-mar Equinoidea - Ouriço-do-mar e a Bolacha-do-mar

Vista das faces ORAL e ABORAL dos Equinoidea


Boca Orifício genital
Ânus Petaloides
(áreas por onde
saem pés
ambulacrários
modificados,
lamelares, com
função respiratória.)
Vista oral Vista aboral

Ouriço do mar
Gonóporo
Ânus
Espinho móvel
1 Canal madrepórico Pés ambulacrários 5
(pétreo)
Intestinos Ampolas 4

2 Canal circular

Gônada (sexos
separados,
fec. externa,
desenv. indireto)
Anel nervoso Boca Canal radial 3
Pedicelária
Pápula Dente
Brânquia (Lanterna de Aristóteles)
1 + 2 + 3 + 4 + 5 = Sistema ambulacrário

Crinoidea - Lírio-do-mar

107
Holoturoidea – Pepino-do-mar

Ofiuroidea - Serpente-do-mar ou Ofiúro

SISTEMA AMBULACRÁRIO
As estrelas, os ouriços e as holotúrias locomovem-se através de pequenos pés tubulosos, conhecidos como
pés ambulacrais. A particularidade desse sistema é o fato de que a musculatura se move em função da água,
pois os pés tubulosos estão ligados a um sistema de canais cheios de água. A água penetra pelo madreporito,
distribuindo-se pelos canais radiais.

PES ambulacrais
ampola
pé ambulacrário

madreporito ventosa
canal pétreo

canal circular
canal lateral
vesícula canal radial
de poli

REGENERAÇÃO
As estrelas apresentam grande capacidade de regeneração, e por muito tempo, causaram prejuízos à comer-
cialização de pérolas, pois, sendo predadoras de ostras perolíferas, os pescadores, ao encontrarem esses animais
na criação desses bivalves, quebravam a estrela em algumas partes e as jogavam de volta ao mar agravando o
problema, pois surgiam mais e mais estrelas.

108
ASPECTOS EMBRIOLÓGICOS
Você já viu que os equinodermos apresentam esqueleto interno, mas a outra característica marcante está
no desenvolvimento embrionário (transformações do ovo, a formação do embrião, até as primeiras formas de vida
livre). Tanto nos cordados como nos equinodermos, o ânus surge de uma estrutura (o blastóporo), que nos demais
grupos forma a boca. Grosso modo, podemos dizer que, na maioria dos animais, a boca surge antes (na verdade,
deriva do blastóporo), enquanto que em equinodermos e cordados o ânus é que surge antes (deriva do blastóporo).
Essa característica aproxima os dois grupos, equinodermos e cordados em termos evolutivos.

Evolução dos cordados a partir de um ancestral de equinodermo

Vertebrado primitivo filtrador


Anfioxo

Cordado evoluído; desaparecimento


do estágio adulto séssil Tunicados

Tunicado ancestral com Balanoglossos


larva livre-natante

Passagem da alimentação com o auxílio


dos braços para
filtração branquial

Equinodermos
Pterobrânquios primitivos

Animal primitivo séssil que se alimentava com o auxílio de braços

CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
Os equinodermas são animais exclusivamente marinhos, de simetria tipicamente radiada, evoluindo a partir
de larvas com simetria bilateral. No estado adulto, os equinodermas apresentam uma simetria pentarradiada com
cinco antímeros, isto é, unidades morfológicas que se repetem em torno de um eixo heteropolar. Outra caracte-
rística notável é a existência de um esqueleto interno calcário, geralmente com numerosos espinhos; daí o nome
equinodermas (do grego echinos = espinhos + dermis = pele). O filo dos equinodermas é dividido em cinco classes:
crinoides, asteroides, ofiuroides, equinoides e holoturoides.

109
Classificação dosdos
Classificação equinodermos
equinodermos

Crinoideos

Holothuroideos

Asteroideos

Ophiuroideos

Echinoideos

Os crinoides
Os crinoides, vulgarmente conhecidos por lírios-do-mar, são equinodermas tipicamente fixados ao substrato.
O corpo é constituído por uma parte central, o cálice, do qual partem cinco braços ramificados e um pedúnculo
segmentado.

Píndulas

Braço
Cálice

Pendúculo

Cirros

110
Os asteroides
Os asteroides compreendem as estrelas-do-mar, que devem seu nome à forma do corpo, constituído por
um disco central do qual partem cinco braços radialmente dispostos. A superfície do corpo é densamente revestida
por pequenos espinhos, irregularmente distribuídos. Na face dorsal distinguem-se o ânus e a placa madrepórica.
Em vista ventral, os braços apresentam os sulcos ambulacrários com duas a quatro fileiras de pés ambulacrários,
usados na locomoção. As estrelas-do-mar notabilizam-se pela elevada capacidade de regeneração, podendo um
fragmento de braço produzir um indivíduo completo.

Placa Sulco
madropórica ambulacrário

Pés
Ambulacrários

Ânus Boca
Vista dorsal Vista ventral

Estômago
Pilórico Canal Radial
Estômago
Cardíaco Ampolas
placa
pé ambulacrário
calcária
gônada
Ânus (glândula reprodutora)
canal lateral

Canal
Circular glândula
digestiva
Espinha

Os ofiuroides
Os ofiuroides são vulgarmente conhecidos por serpentes-do-mar; apresentam o corpo formado por um
disco central bem diferenciado dos braços. Os braços, em número de 5, são cilíndricos, delgados, simples ou rami-
ficados, com movimentos serpenteantes, vindo daí o nome da classe.

111
Os equinoides
Os equinoides são os ouriços-do-mar, que apresentam um corpo hemisférico, rígido, desprovido de braços
e recoberto por espinhos. A face superior é abaulada, enquanto a ventral é achatada, apresentando na parte central
uma área membranosa contendo a boca, fechada por cinco dentes.

intestino ânus
gônada

estômago

pés boca
ampola esôfago cordão
nervoso radial carapaça
canal radial

Os holoturoides
Os holoturoides, vulgarmente conhecidos por pepinos-do-mar, são animais de simetria bilateral, corpo
cilíndrico e achatado. A boca, situada na extremidade anterior, é circundada por tentáculos, simples ou ramificados.

112
TEGUMENTO E ESQUELETO
O corpo apresenta-se recoberto por uma delicada epiderme (epitélio simples) envolvendo um esqueleto
constituído por placas calcárias fixas (equinoides) ou móveis (crinoides, ofiuroides e asteroides); lâminas microscó-
picas formam o esqueleto dos holoturoides. Fazem ainda parte do esqueleto os espinhos que, nos equinoides, são
longos e móveis, acionados por músculos. Sobre o corpo dos asteroides e equinoides aparecem as pedicelárias,
formações terminadas por duas ou três mandíbulas, movimentadas por musculatura; servem para limpeza da su-
perfície corpórea e apreensão de pequenos animais.

SISTEMA AMBULACRÁRIO OU HIDROVASCULAR


Trata-se de uma exclusividade dos equinodermas. Começa pela placa madrepórica, uma placa excêntrica,
dorsal e porosa. Dela parte o canal pétreo, que atinge o canal circular, situado em torno do esôfago.

Placa madrepórica

Canal
pétreo Ampola

Canal circular Pés


Canal radial ambulacrários

Ânus
Placa madrepórica
Estômago

Canal
circular Glândulas
Canal
difestivas
radial
Ampola
Boca

ambulacral

Canal Ampola
Músculo
radial
Superfície
do corpo


ambulacral
Válvula
Válvula Substrato
Ventosa Músculo cerrada
longitudinal

O canal circular envia para o interior de cada braço um canal radial, provido de numerosos canalículos
transversais que sustentam, de ambos os lados, os pés ambulacrários, tubos que apresentam no lado superior

113
uma dilatação, a ampola. Pela contração da ampola, a água nela contida é enviada ao pezinho oco, que então se
distende, alargando a extremidade em forma de ventosa, com a qual ele se fixa no substrato. Dilatando-se a am-
pola a água volta, os pezinhos murcham e soltam-se do substrato. O animal se locomove fixando e desprendendo,
alternadamente, os pés ambulacrários.

A DIGESTÃO
O sistema digestivo é completo e dividido em boca, esôfago, estômago, intestino e ânus. Nos crinoides, o
tubo digestivo curva-se em U, de maneira que boca e ânus se encontram, lado a lado, no polo superior. Nos ofiuroi-
des e em alguns equinoides falta o ânus. Nos equinoides a boca é provida de um complicado aparelho mastigador,
a chamada lanterna de aristóteles. Geralmente, os equinodermas são predadores carnívoros.

A RESPIRAÇÃO
Nos equinodermas as trocas respiratórias são realizadas pelo sistema ambulacrário. Brânquias pequenas e
dérmicas ocorrem nos asteroides e equinoides.

A CIRCULAÇÃO
Não existe sistema circulatório. Um reduzido conjunto de canais pseudo-hemais é preenchido por um líqui-
do contendo amebócitos.

A EXCREÇÃO
Não existem órgãos excretores. Os catabólitos são absorvidos por amebócitos e eliminados em diversas
regiões do corpo.

OS SISTEMAS NERVOSO E SENSORIAL


Não existem gânglios. Na região oral aparece um anel nervoso, do qual partem nervos radiais. Células sen-
soriais aparecem dispersas na epiderme.

A REPRODUÇÃO
Os equinodermas são animais unissexuados sem dimorfismo sexual. A fecundação é externa e o desenvol-
vimento indireto. As larvas apresentam simetria bilateral, existindo um tipo de larva para cada classe. Asteroides e
holoturoides são dotados de uma elevada capacidade de regeneração.

114
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Melhor documentário sobre insetos, invertebrados...


Fonte: Youtube

Vídeo Ciclo do carbono

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Artrópodes e equinodermos

www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/Artropodes.php
www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/Equinodermos.php

116
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Insetos são constantemente usados para controle biológicos de pragas em lavouras. O controle biológico
consiste na utilização de conhecimentos sobre as cadeias e teias ecológicas, e, assim, identifica-se o predador de
uma determinada praga e passa-se a usá-lo para controlar sua população. Veja um exemplo desse controle na
reportagem a baixo:

INTERDISCIPLINARIDADE

O voo dos insetos tem uma grande estabilidade, dinâmica e agilidade. A biofísica pode explicar essas caracte-
rísticas. Através do uso de conceitos, como fisiologia do tecido muscular, aerodinâmica desses animais e mecânica das
forças, os cientistas biomecânicos conseguiram desvendar como é possível certos insetos voarem com alta eficiência.

117
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

Para que possamos preservar a biodiversidade no planeta, é necessário que haja estudos para
conhecermos suas características não só anatômicas, como também ecológicas. Isso permite tam-
bém que o homem desenvolva suas atividades econômicas utilizando técnicas que usufruam e
respeitem as características naturais dos diferentes organismos, agredindo menos o ambiente e
se desenvolvendo de forma sustentável. Desse modo, as questões do Enem tendem a fazer uma
abordagem mais ecológica sobre as espécies, fornecendo alguns dados e esperando que o aluno
consiga relacionar os conteúdos, levantando hipóteses coerentes e chegando a conclusões ade-
quadas sobre o assunto.

MODELO
(Enem) A atividade pesqueira é, antes de tudo, extrativista, o que causa impactos ambientais.
Muitas espécies já apresentam sério comprometimento em seus estoques e, para diminuir esse im-
pacto, várias espécies vêm sendo cultivadas. No Brasil, o cultivo de algas, mexilhões, ostras, peixes
e camarões vem sendo realizado há alguns anos, com grande sucesso, graças ao estudo minucioso
da biologia dessas espécies.

Os crustáceos decápodes, por exemplo, apresentam durante seu desenvolvimento larvário, várias
etapas com mudança radical de sua forma. Não só a sua forma muda, mas também a sua alimenta-
ção e habitat. Isso faz com que os criadores estejam atentos a essas mudanças, porque a alimenta-
ção ministrada tem de mudar a cada fase.
Se para o criador, essas mudanças são um problema para a espécie em questão, essa metamorfose
apresenta uma vantagem importante para sua sobrevivência, pois:
a) aumenta a predação entre os indivíduos.
b) aumenta o ritmo de crescimento.
c) diminui a competição entre os indivíduos da mesma espécie.
d) diminui a quantidade de nichos ecológicos ocupados pela espécie.
e) mantém a uniformidade da espécie.

118
ANÁLISE EXPOSITIVA

Habilidade 14
Os crustáceos compõem uma classe do filo dos Artrópodes e, como esses, além de realizar mu-
das do exoesqueleto (ecdises) para que ocorra crescimento corporal, o ciclo de vida também
pode apresentar metamorfose até chegar à fase adulta. Portanto, para a criação de crustáce-
os, é importante conhecer essas diferentes formas de desenvolvimento, que pode ser direto
(sem metamorfose) ou indireto com diferentes formas larvárias que ocuparão diferentes
nichos ecológicos. Esse processo reduz o ritmo de crescimento; no entanto, irá também redu-
zir a competição entre indivíduos da mesma espécie pelos recursos ambientais onde vivem.
Alternativa C

119
ESTRUTURA CONCEITUAL
Artrópodes Classes

Aracnídeos
Características
gerais Exs.: aranha, escorpião,
ácaro, carrapato
- Quelíceras
• Corpo segmentado
- 4 pares de patas
• Pares de apêndices articulados
• Exoesqueleto de quitina Insetos
→ Ecdíase (mudas)
Exs.: formiga, barata, abelha,
• Circulação → aberta cupim, borboleta, traça, pulga
• Respiração → pulmão foliáceo, traqueal piolho, mosca
ou branqueal - 1 par de antenas
• Desenvolvimento direto ou indireto - 2 pares de asas (maioria)
- 3 pares de patas

Crustáceos

Exs.: caranguejo, camarão,


siri, lagosta
- 2 pares de antenas
- 5 ou mais pares de patas

Diplópodes

Equinodermos Ex.: piolho-de-cobra


- 2 pares de patas por segmento

Quilópodes
Características
gerais Ex.: lacraia
- 1 par de patas por segmento
•Simetria radial secundária
•Corpo com espinhos e Crinoides → lírio-do-mar (fixos)
endoesqueleto calcário
•Ambiente marinho Asteroides → estrela-do-mar
•Sistema Ambulacrário → locomoção,
Ofiuroides →serpente-do-mar
circulação, respiração e excreção.
•Fecundação externa e desenvolvi-
Equinoides → ouriço-do-mar
mento indireto (larva com simetria
bilateral) Holoturoides → pepino-do-mar
•Capacidade de regeneração

120
23 24
Cordados I

Competências Habilidades
4e8 13, 14, 16 e 28

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
CARACTERIZAÇÃO GERAL E CLASSIFICAÇÃO
Em termos de classificação biológica, os vertebrados correspondem a um sub-grupo do Filo dos Cordados.
Esses animais fazem parte do Reino dos metazoários (animais), filo dos cordados e sub-filo dos vertebrados. Quan-
do nos referimos a peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos, estamos falando de classes.
Então, poderia-se afirmar que um chimpanzé pertence ao Reino dos Metazoários, Filo dos Cordados, Sub-
-filo dos Vertebrados e Classe dos Mamíferos.
O Filo dos Cordados compreende animais que apresentam, pelo menos durante uma fase da vida, uma
estrutura chamada de notocorda. Outras duas caraterísticas são: a presença de um tubo nervoso na região
dorsal, fendas branquiais na faringe e causa pós anal.
Por exemplo, o anfioxo, animal aquático, com 5 cm de comprimento, vive no fundo de mares, filtrando
partículas alimentares. Esse animal apresenta durante a vida toda a notocorda. O anfioxo é classificado como per-
tencente ao sub-filo dos cefalocordados.
Anfioxo
Intestino Músculos
Notocorda
Tubo nervoso
dorsal

Átrio Ânus
Boca Cauda
Atrióporo
Faringe com
fendas
branquiais
Tentáculos

As ascídias apresentam notocorda apenas na fase larval móvel e, quando adultos, são fixas, com dois sifões
por onde a água é bombeada e filtrada. A ascídia é classificada no sub-filo dos urocordados.

Sifão
Olho exalante
Tubo nervoso
Boca
Cauda
Ascídia (estágio larval)
Tubo
digestivo
Notocorda
Coração Sifão inalante
Ventosas
Sifão
exalante
Músculos
Glânglio
Fendas nervoso
branquiais Glândula
neural
Túnica
Ânus
Manto
Poro
Cavidade genital
atrial Cesta branquial
em corte
Gônada
Estômago
Coração Ascídia adulta
Base fixada ao substrato

123
Características gerais dos Cordados
Fendas Branquiais CORTE TRANSVERSAL

Somito
(músculo)
Epiderme

CORTE Tubo Nervoso


LONGITUDINAL
Notocorda
Tubo Digestivo Celoma

Cauda
Ânus

Os vertebrados apresentam, quando embrião, a notocorda, que no decorrer do desenvolvimento desaparece.

OS VERTEBRADOS
Os animais considerados vertebrados são aqueles que apresentam um esqueleto interno formando uma
coluna vertebral. Ao longo da coluna, parte do esqueleto é formado pelas vértebras. Na região da cabeça dos
animais destaca-se a caixa craniana ligada, também, à coluna vertebral. Essa caixa craniana protege o encéfalo e
apresenta, na maioria dos casos, mandíbulas com dentes. A coluna vertebral protege a medula espinhal, ligada ao
encéfalo. Muitas partes desse esqueleto, seja ósseo ou cartilaginoso, são articuladas, permitindo grande mobilida-
de. Há grupos de vertebrados com membros que favorecem o deslocamento em ambientes terrestres, possibilitam
voo ou são transformados em nadadeiras.
Crânio Cintura
escapular Coluna vertebral
Cintura
pélvica

Mandíbula Cauda
(maxilar inferior) Sustentação
da laringe Costelas
(esqueleto visceral) (caixa torácica)

Membros
Membros posteriores
anteriores

Fazem parte desse grupo, animais denominados de ciclóstomos, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.

124
VERTEBRADOS SEM MANDÍBULA (AGNATOS): OS CICLÓSTOMOS
Os ciclóstomos (ciclo = circular; estoma = boca) são animais alongados, sem mandíbula (amandibulados)
ou nadadeiras pares. Só existem representantes aquáticos. Esses animais são próximos, evolutivamente, aos verte-
brados mais primitivos. Os representantes mais comuns são as lampreias e as feiticeiras. A maioria desses animais
sobrevive como parasitas externos de outros vertebrados, especialmente peixes.
As feiticeiras são todas marinhas, que vivem em águas profundas e se alimentam frequentemente de
poliquetos (anelídeos), rastejando e perfurando o substrato lodoso. A boca circular é circundada por tentáculos e
apresenta dentículos que se expandem ou se afastam, lateralmente, funcionando como uma pinça, quando saem
e entram na boca. As feiticeiras são atraídas, especialmente, por peixes doentes e moribundos e os atacam na
região das brânquias e ânus. Esses animais formam ovos, que eclodem já em fase adulta, ou seja, não passam por
qualquer estágio larval (desenvolvimento direto) e chegam a atingir 1 m de comprimento.
A seguir, da esquerda para a direita, um peixe parasitado por ciclóstomos, um ciclóstomo esquematizado e
a boca em detalhe.

nadadeira

boca
fendas
branquiais

As lampreias também apresentam boca circular, com dentículos, mas sem tentáculos em torno dela. As
lampreias são parasitas e fixam-se no corpo de outros vertebrados por sucção, fazendo uma ferida rasa, na super-
fície do corpo do hospedeiro. Na reprodução, formam-se ovos que, ao eclodirem, originam larvas conhecidas como
amocetes. A maioria desses animais migra, quando adulto, da água do mar para a água doce. As espécies menores
têm um comprimento de 25 cm, mas podem alcançar até um metro. As lampreias parasitam brânquias de peixes.

125
ASPECTOS EVOLUTIVOS DOS VERTEBRADOS COM MANDÍBULA
(GNATOSTOMADOS)
A descoberta e estudo dos fósseis, somados aos conhecimentos sobre as camadas do solo e atmosfera ter-
restre, evidenciaram que muitos animais foram extintos ao longo dos milhões de anos, dentro dos aproximados 5
bilhões de anos da existência da Terra. Muitos desses fósseis mostram uma semelhança com os animais existentes
hoje, o que sugere um grau de parentesco entre todos os vertebrados. Outros estudos reforçam essas ideias, pois
mostram que os sistemas internos dos vertebrados são muito parecidos; o desenvolvimento de embriões de forma
comparada também mostra grande similaridade até certo estágio. Observe o esquema a seguir.

Relações filogenéticas dos vertebrados atuais

126
OS PRIMEIROS VERTEBRADOS COM MANDÍBULA: OS PEIXES
As evidências fósseis indicam que os primeiros peixes apresentavam uma carapaça óssea e a maioria apre-
sentava pequeno porte. Esses eram chamados de ostracodermos. A partir deles surgiram os peixes cartilaginosos
(condrictes) e os peixes ósseos (osteíctes).
Ostracodermos

OS PEIXES CARTILAGINOSOS (CONDRICTES)


Esses peixes, também conhecidos como elasmobrânquios ou condricties, apresentam um esqueleto
interno formado de cartilagem, mais leve que esqueleto ósseo. Como exemplos típicos temos os tubarões, as raias
e as quimeras. Esses animais são os atuais representantes mais próximos dos primeiros vertebrados, com mandí-
bula. Esses peixes respiram por brânquias, que retiram o oxigênio da água. A boca localiza-se na região ventral e
apresenta inúmeros dentes. Em cada lado do corpo observam-se fendas branquiais (5 ou mais). A pele é revestida
por escamas microscópicas, obtendo um aspecto áspero. Alguns desses peixes cartilaginosos nascem a partir de
ovos depositados pelas fêmeas, enquanto que em outras espécies, os ovos eclodem dentro da mãe e terminam o
seu desenvolvimento ainda dentro dela.
Os tubarões, apesar da fama de violência e crueldade, são carnívoros fundamentais para o equilíbrio de
populações de outros peixes, nos mares.
As quimeras não são comuns no litoral brasileiro, mas surgem em abundância em outros mares do hemis-
fério norte, principalmente.

Exemplo de quimera Exemplo de raia

Exemplo de tubarão

127
OS PEIXES ÓSSEOS (TELEÓSTEOS OU OSTEÍCTES)
Esses peixes apresentam um esqueleto interno ósseo, com algumas cartilagens e o corpo pode ser revestido
por escamas ou por couro. Entre esses animais encontramos uma enorme variedade, como: sardinha, salmão, dou-
rado, tilápia, carpa, traíra, pintado, linguado, baicau, pirarucu, jáu, bagre, pacu, namorado, piranha, acará-bandeira,
paulistinha, neón, anchova, atum, lambari, cavalo-marinho etc. São peixes que colonizaram ambientes marinhos e
de água doce, entretanto, alguns são capazes de migrar do mar aos rios para se reproduzirem, os filhotes fazem o
caminho inverso.
Os peixes ósseos respiram também por brânquias, mas apresentam uma membrana óssea (opérculo) que
as protege. A boca está posiciona na região anterior e há uma variedade de adaptações, seja para raspar, morder,
capturar alimento no fundo ou na superfície. Na reprodução, geram inúmeros ovos e o ciclo de vida é rápido. Apesar
de muitos filhotes, a maioria morre nos primeiros anos de vida.

Artéria
Lamela
brânquial
Veia

brânquias

Opérculo Água

Arco
brânquial

Os osteíctes apresentam uma vesícula gasosa interna, que ao se encher de gases, vindos do sangue, torna o
peixe mais leve. Isso permite que ele controle o movimento vertical na água, podendo parar facilmente.
Pneumoduto (fisóstomos)
ausente = fisoclistos

Bexiga

Ânus
Opérculo
Tubo digestivo
A bexiga natatória (osteictios) com pneumoduto

Muitos desses peixes vivem em cardumes e conseguem se manter equilibrados pela presença de uma linha
lateral, de cada lado, que permite captar as vibrações na água.

128
A linha lateral (estrutura sensorial) vista em corte

Poro
Epiderme

Escama

Canal longitudinal

Cromatóforo
Neuromasto
Derme

Nervo longitudinal

Alguns peixes de água doce apresentam incrível adaptação a períodos de seca. Os peixes “pulmonados”,
como a piramboia, conseguem sobreviver sob o lodo, quando o rio abaixa o seu nível. Isso é possível, devido ao fato
de a vesícula gasosa, presente nesses animais, ter a capacidade de realizar a respiração como se fosse um pulmão.
Alguns cientistas acreditam que os primeiros anfíbios tenham derivado de peixes com essa adaptação.

Peixe pulmonado (dipnoico)

O INÍCIO DA COLONIZAÇÃO DOS AMBIENTES TERRESTRES


PELOS VERTEBRADOS

Os anfíbios
Os estudos indicam que os primeiros vertebrados a ocuparem o ambiente terrestre foram os anfíbios, na
verdade os ancestrais dos atuais, os primeiros tetrápodes. Parte desse sucesso deve-se ao esqueleto com duas
cinturas de ossos (escapular e pélvica) de onde se ligam membros (patas).

Esqueleto salamandra

Esses animais só são encontrados em ambientes de água doce ou terrestre úmido. Os anfíbios como os
sapos, as pererecas, as salamandras, entre outros, quando jovens, vivem na água e podem, quando adultos, ocupar
o ambiente terrestre, embora muito úmido. Os sapos e pererecas são chamados de anuros (sem cauda); as sala-
mandras, urodelos (com cauda) e as cobra-cegas, ápodes (sem patas).

129
O que restringe os anfíbios a tais ambientes?

Em primeiro lugar, os ovos sem casca desses animais, quando eclodem, formam uma fase larval (desenvol-
vimento indireto), por exemplo, o girino (larva dos sapos). O girino é aquático e respira por brânquias, alimenta-se
de larvas de insetos e de outros micro-organismos nos rios, lagos, lagoas e pântanos. À medida que cresce, o girino
sofre uma metamorfose, reduzindo a cauda e desenvolvendo membros para locomoção no ambiente terrestre.
Quando atinge a fase adulta, o sapo respira por pulmões, mas, principalmente, através da pele delgada (fina), úmi-
da e altamente vascularizada. Um sapo, por exemplo, depende da sua pele sempre úmida para que possa retirar
oxigênio da atmosfera e eliminar o gás carbônico.

130
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Evolução dos cordados


Fonte: Youtube

Vídeo Aventura visual documentários - Os peixes , características...

Fonte: Youtube

Vídeo Documentário: anfíbios


Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Reinos

www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/bioanfibios.php
www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/Peixes.php

131
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Certas substâncias isoladas de anfíbios podem ser úteis dentro da Medicina experimental e clínica, como é
o caso do peptídeo bombesina. Esse peptídeo foi isolado da pele de um sapo nativo da Europa, Bombina bombina.
Através de estudos com antissoro contra bombesina, descobriu-se seu análogo em mamíferos. Vários trabalhos
com experimentação animal utilizam a bombesina para manipular a formação da memória emocional, mostrando
que esse peptídeo pode ser um alvo terapêutico para possíveis desordens do sistema nervoso central, como a
Doença de Alzheimer, estresse pós-traumático e outros.

INTERDISCIPLINARIDADE

“O coaxo dos anfíbios anuros, em termos científicos, é chamado de vocalização. Na grande maioria das ve-
zes, é o macho quem vocaliza e esta é uma forma de defender territórios e atrair fêmeas e, principalmente, quanto
à primeira, é também uma forma de economizar energia.”
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/biologia/comunicacao-anfibios-anuros-sapos-ras-pererecas.htm

Pesquisadores que estudam esse tipo de comunicação entre os anfíbios precisam entender conceitos físicos
das características do som, como altura, intensidade, duração, frequência, tamanho da onda, amplitude da onda
e timbre.

132
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

O conhecimento da biodiversidade é de suma importância para sua preservação, como também


permite ao homem desenvolver suas atividades econômicas utilizando técnicas que usufruam de
características naturais dos diferentes organismos, agredindo menos o ambiente e se desenvol-
vendo de forma sustentável. Desse modo, as questões do Enem tendem a fazer uma abordagem
mais ecológica sobre as espécies, desejando que o aluno consiga relacionar os impactos das ati-
vidades antrópicas no modo de vida dos animais e as consequências que isso irá acarretar.

MODELO
(Enem 2017) O fenômeno da piracema (subida do rio) é um importante mecanismo que influencia a
reprodução de algumas espécies de peixes, pois induz o processo que estimula a queima de gordura
e ativa mecanismos hormonais complexos, preparando-os para a reprodução. Intervenções antrópicas
nos ambientes aquáticos, como a construção de barragens, interferem na reprodução desses animais.
Adaptado de: MALTA, P. Impacto ambiental das barragens hidrelétricas. Disponível
em: http://futurambiental.com. Acesso em: 10 maio 2013.

Essa intervenção antrópica prejudica a piracema porque reduz o(a):


a) percurso da migração.
b) longevidade dos indivíduos.
c) disponibilidade de alimentos.
d) período de migração da espécie.
e) número de espécies de peixes no local.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Habilidade 14
A piracema é o nome dado para a migração rio acima realizada por certos peixes e é essencial
para seu ciclo de vida, uma vez que durante o trajeto ocorre a queima de gordura nesses ani-
mais que induz a liberação de hormônios que influenciam na sua reprodução. Desse modo, é
possível concluir que a construção de barragens irá afetar o percurso de migração e, consequen-
temente, interrompe o complexo mecanismo necessário ao processo reprodutivo desses peixes.
Alternativa A

133
ESTRUTURA CONCEITUAL
Características Notocorda
gerais Tubo nervoso dorsal
Cordados
Fendas branquiais faríngeas
Cauda pós-anal

Sem mandíbulas
Agnatos Corpo alongado e boca circular
Exs.: lampreia e feiticeira
Verterbados

Gnatostomados Com mandíbulas

Cartilaginosos: condrictes

→ Esqueleto cartilaginoso
→ Boca ventral
→ Flutuação: grande fígado com óleos menos
Peixes densos que a água
→ Excreção: ureia
Exs.: tubarão, raia e quimera

Ósseos: osteíctes

→ Esqueleto ósseo
→ Boca anterior; opérculo; bexiga natatória;
e linha lateral evidente
→ Excreção: amônia
Exs.: salmão, tilápia e lambari

Anfíbios Primeiros tetrápodes

→ Ambiente terrestre úmido e água doce


→ Respiração cutânea e pulmonar (adultos)
→ Fecundação externa e ovos sem casca
→ Desenvolvimento indireto: larva aquática
Exs.: sapo, perereca, salamandra e cobra-cega

Répteis

Aves

Mamíferos

134
25 26
Cordados II

Competências Habilidades
4e8 13, 14, 16 e 28

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
A OCUPAÇÃO DOS AMBIENTES TERRESTRES PELOS RÉPTEIS
Os animais que estão dentro da classe dos répteis são independentes da água e, consequentemente, con-
quistaram o ambiente terrestre com sucesso. O que permitiu este grande passo foram itens como ovo com casca
calcária, protegendo o embrião de desidratação, mesmo quando em ambientes sem água, a presença da pele
mais resistente e seca, que tem a vantagem de impedir a perda de água por transpiração, como ocorre com os
anfíbios, e a fecundação interna. Assim, estes animais perderam a capacidade de realizar trocas gasosas pela
pele, mas, apresentam em compensação, pulmões eficazes.
Os répteis são divididos em ordens:
1. Quelônios ou Testudines: tartarugas (aquáticas), os cágados (terrestres) e jabutis (água doce), com uma
carapaça rígida (plastrão);

2. Crocodilianos: jacarés e crocodilos;

3. Squamatas: lagartos, serpentes e o grupo Amphisbaenia (cobra-cega ou cobra-de-duas-cabeças);

4. Rincocéfalos: tuataras

137
PRINCIPAIS ADAPTAÇÕES DOS RÉPTEIS
Ovo com adaptações
Ovos com casca calcária são vantajosos para animais terrestres, já que esse material é capaz de proteger
os embriões contra a desidratação, pois são impermeáveis, além da maior proteção contra choques mecânicos.
Na formação do embrião, surgem anexos embrionários que permitem o desenvolvimento do animal com menor
perturbação no ambiente.
Veja o esquema com os anexos embrionários e as respectivas funções em um ovo amniótico:

Bolsa amniótica
Cório
Cheia de líquido, essa bolsa
Anexo que protege o embrião e protege o embrião quanto a
todos os demais anexos. Na choques mecânicos (tremores)
região ligada ao alantoide, e contra a desidratação.
permite a passagem de ar.

Alantoide

Anexo que armazena as excretas


geradas pelo embrião até a eclosão
Âmnio do ovo. Por ele ainda ocorre a troca
gasosa, isto é, permite a passagem
de ar para o embrião, vindo de fora.

Al

EMBRIÃO

Saco vitelino

Anexo que armazena nutrientes


até o desenvolvimento completo
do embrião até (eclosão do
ovo).
Ovo amniótico e anexos embrionários

A importância da pele modificada


As glândulas mucosas não estão presentes na pele e a epiderme é seca e cornificada. Também há a
presença da queratina no epitélio dos répteis, o que foi essencial para seu maior sucesso fora d’água com menor
taxa de transpiração. Além disso, essa estrutura rígida proteica conferiu maior resistência à pele dos animais que
a possuem.

138
Além das modificações no epitélio, os répteis possuem algumas adaptações extras:
§ Escamados (Squamata), ou seja, cobras e lagartos possuem escamas;
§ Crodilianos possuem placas córneas;
§ Testudines possuem o casco formado por placas ósseas.

Ectotermia
Embora os répteis sejam ectotérmicos – dependem da temperatura ambiental para manter a corpórea –,
pequenos répteis mantêm uma temperatura constante alta e regular em um ambiente quente e ensolarado, princi-
palmente através de mudanças no seu comportamento, embora a maioria deles não tenha condições de manter a
temperatura do corpo quando o sol se põe. Por isso, os répteis têm que ser criaturas diurnas, com maior atividade
durante o dia para se abrigarem a noite. Os lagartos espinhosos dos desertos mantêm sua temperatura corporal em
aproximadamente 34 °C durante a maior parte do dia. Se a temperatura corporal cai abaixo do limiar da atividade
normal, o lagarto fica em ângulo reto com os raios solares, expondo assim a maior parte da superfície do corpo
ao sol; mas se a temperatura do corpo aumenta muito, o lagarto procura um abrigo ou fica paralelo aos raios so-
lares. É claro que os répteis maiores não podem sempre encontrar sombra necessária, mas o seu grande tamanho
corporal provê alguma estabilidade térmica porque um tempo considerável é necessário para aquecer ou resfriar
sua grande massa corporal. Este pode ter sido o principal mecanismo de regulação térmica dos dinossauros. Além
da regulação comportamental, os répteis também podem dissipar ou reduzir a perda de calor corporal necessária
através do controle da quantidade de sangue que flui através da pele.

Classe Reptilia – características gerais


As tartarugas, jacarés, tuataras, anfisbenídeos, lagartos e serpentes, todos bem conhecidos, juntamente
com os dinossauros e outras espécies extintas, são répteis (do latim repto, rastejar). Foram descritas mais de 9.000
espécies de répteis.
São capazes de viver em ambientes mais secos que os anfíbios e muitos podem ser encontrados em de-
sertos. Embora alguns tenham se readaptado à vida aquática, depositam seus ovos na terra, a menos que sejam
vivíparos, como as serpentes marinhas. Até as tartarugas-marinhas deixam a água para depositar seus ovos nas
praias (curiosamente, na mesma praia onde nasceram!).
A distribuição geográfica dos répteis é limitada, principalmente pela sua incapacidade de manter a tem-
peratura corporal mais elevada do que a do ambiente (ectotermia). Eles não são tão ativos no tempo frio e
não são encontrados em regiões subárticas e árticas.

Serpente se aquecendo sob a luz do Sol

139
Reprodução
Os répteis reproduzem-se por reprodução sexuada, como em outros cordados. As fêmeas defendem
seus ovos com violência até os filhotes nascerem. A maioria dos répteis é ovípara, isto significa que colocam ovos.

Sistema circulatório

sistema circulatório dos répteis crocodilianos

O coração tem três câmaras (dois átrios e um ventrículo), e existem os dois circuitos: circulação pulmonar
e circulação sistêmica. Entretanto, o ventrículo único dos répteis é parcialmente dividido pelo septo de Sabatier,
o que torna a mistura de sangue arterial e venoso apenas parcial, por isso a circulação é dupla e incompleta.
A exceção é a circulação dos répteis crocodilianos. O ventrículo desses animais é completamente dividido,
e o coração perfaz quatro câmaras: dois átrios e dois ventrículos. Entretanto, na emergência das artérias pulmonar
e aorta, há uma comunicação, o forame de Panizza, pelo qual ainda ocorre mistura de sangue arterial e venoso.

140
Sistema excretor Tartarugas
Enquanto peixes e anfíbios apresentam rins me-
sonefros (torácicos), de répteis em diante os rins serão
metanefros (abdominais), melhorando muito a ca-
pacidade filtradora do sangue.

Evolução dos répteis


Cágado
Cágado Ja

Tendo “resolvido” os problemas essenciais da


vida terrestre, numa época em que havia poucos com-
petidores terrestres, os répteis multiplicaram-se rapida-
mente, espalharam-se por muitos ambientes e especia-
lizaram-se. A maior parte da sua diversidade adaptativa
envolveu diferentes métodos de locomoção, reprodução
e alimentação. Diferentes padrões alimentares (maioria
caçadores – carnívoros) impuseram,Cágado
entre outras coisas, Jabuti
Jabuti
uma modificação nos músculos da mandíbula, e isto, por
sua vez, afetou a estrutura da região temporal do crânio.

Tartaruga
Tartaruga
Crânio com duas aberturas temporais – Crânio Diapsida
Acredita-se que os Testudines (do latim testudo,
Apenas uma pequena parte do crânio dos tetrá-
tartaruga) sejam descendentes diretos dos cotilossauros.
podes primitivos realmente envolve o cérebro. Um grande
A maioria reteve o crânio anapsídeo, ou seja,
espaço lateral à caixa do cérebro e posterior aos olhos é sem aberturas temporais, adquirindo muitas caracte-
amplamente preenchido por músculos mandibulares, que rísticas especializadas. Os dentes foram perdidos e as
se estendem até a mandíbula inferior. Nos répteis ances- mandíbulas são cobertas por placas córneas capazes
trais um assoalho sólido do osso dérmico (crânio Anapsí- de arrancar pedaços de alimentos. Seu corpo é envolto
deo – sem abertura temporal) cobre estes músculos dor- por placas ósseas protetoras que se depositam sobre
sal e lateralmente. Como consequência de certo aumento as escamas córneas. As placas ósseas ossificaram-se
do cérebro e dos músculos mandibulares, vários tipos de na derme da pele, mas fusionaram-se com as costelas,
aberturas desenvolveram-se no assoalho da têmpora na pulmões e algumas partes mais internas do esqueleto,
maioria dos grupos mais recentes de répteis, podendo ser como as pernas traseiras.
Anapsida (sem abertura temporal), Synapsida (uma aber- As tartarugas ancestrais eram seres com pesco-
tura temporal) ou Diapsida (duas aberturas temporais). ço rígido, incapazes de retrair a cabeça, mas as espécies
atuais conseguem recolher a cabeça para dentro da ca-
Os músculos da mandíbula partem da caixa craniana e da
rapaça e, assim, se proteger contra possíveis predadores.
periferia da janela temporal, podendo passar através das
Apesar da aparência desajeitada, as tartarugas
aberturas quando contraem-se.
são um grupo ancestral muito bem-sucedido, cuja an-
cestralidade pode ser traçada do período Triássico. Elas
passaram por uma extensa diversidade adaptativa e são
representadas por cerca de 323 espécies.

141
Crocodilianos carés (ordem Crocodilia, do latim crocodilus, crocodilo).
Os crocodilos readquiriram uma postura quadrúpede
(embora suas patas posteriores sejam muito mais lon-
gas que as anteriores) e um modo de vida semelhante
ao dos anfíbios. A cauda desses animais é achatada la-
teralmente, sendo, por isso, um órgão natatório muito
eficiente. Os olhos, ouvidos e aberturas nasais situam-se
em elevações no topo da cabeça, de forma a manter-se
acima da água quando o animal está submerso.
Vinte e três espécies são conhecidas, mas ape-
Crocodilo
Jacaré nas seis ocorrem no Brasil.

Squamata

Jacaré
Crocodilo

Gaviais
Gaviais
Durante a Era Mesozoica, a Terra era dominada
pelos arcossauros – répteis que tinham características
como a presença de crânio diapsídeo e uma tendência
a desenvolver postura bípede, além de apêndices peito-
rais reduzidos, apêndices pélvicos aumentados e uma
cauda forte que podia auxiliar a equilibrar o tronco.
No final do período Cretáceo, as temperaturas
ambientais tornaram-se um pouco mais frias e a inca-
pacidade dos grandes dinossauros de esconder-se em
abrigos ou de hibernarem pode tê-los tornado vulnerá-
veis. As mudanças na vegetação que acompanharam as
alterações climáticas também podem ter sido um fator
para extinções. A incapacidade dos herbívoros, com há-
bitos alimentares restritos, de se adaptarem às mudan- Os conhecidos lagartos, as cobras e os anfisbe-
ças na vegetação, pode tê-los levado à morte. nídeos, embora superficialmente diferentes, têm uma
Apenas um grupo de arcossauros sobreviveu a estrutura básica semelhante o suficiente para serem co-
este grande período de extinção – os crocodilos e ja- locados na mesma ordem Squamata, como a presença

142
de hemipênis e a bifurcação na ponta da língua (órgão relacionado ao tato e ao odor). A alimentação é muito di-
versificada, existem espécies carnívora, herbívoras, insetívoras e onívoras. Os escamados estão presentes em todas
as regiões do planeta, com exceção à Antártica, o que explica a grande diversidade de espécies – cerca de 8.170.
§ Cobras: o aparelho mandibular dos Squamatas é mais flexível, especialmente nas cobras, por isso, a boca
pode abrir-se muito, possibilitando a captura e deglutição de presas grandes. As cobras têm cinco articu-
lações mandibulares: (1) a normal entre a mandíbula quadrada e a inferior, (2) uma entre o quadrado e o
escamoso, (3) uma entre o escamoso e a caixa craniana, (4) uma mais ou menos na metade do comprimento
da mandíbula inferior e (5) uma no queixo, pois as duas mandíbulas inferiores não são unidas neste ponto.
Cada lado da mandíbula inferior pode ser movido independentemente quando a presa entra na boca. A
ausência da cintura peitoral está necessariamente relacionada à deglutição de animais maiores do que o
diâmetro do corpo. A língua bifurcada é extremamente importante, pois as partículas aderem a ela, a língua
retrai-se para dentro da boca e a extremidade é projetada para uma parte especializada da cavidade nasal
(órgão de Jacobson), onde o odor da partícula pode ser detectado. As cobras são carnívoras; aquelas cujas
presas são animais muito ativos, tais como aves e mamíferos capazes de ferir seriamente as cobras com
seus bicos ou dentes, desenvolveram métodos de imobilização das presas (estrangulamento e/ou veneno).
§ Lagartos: são os membros mais antigos e primitivos da ordem, os primeiros fósseis são do Cretáceo. A
maioria é quadrúpede e variam de tamanho desde alguns centímetros a metros, como o dragão de Komodo
§ Anfisbênias: o nome deste grupo (do grego amphi, ambos + baino, ir) refere-se à sua capacidade de
mover-se facilmente tanto para a frente quanto para trás, dentro dos seus buracos. Seus olhos rudimentares
são escondidos abaixo da pele, mas o rastro das presas é seguido principalmente pela audição.

Rincocéfalos
Os répteis conhecidos como tuataras pertencem ao gênero Sphenodon, endêmicos da Nova Zelândia. A tua-
tara é o membro mais primitivo do grupo dos Squamatas e a única espécie sobrevivente da ordem Rhynchocepha-
lia. Rincocefalianos são semelhantes aos camaleões na aparência geral, mas têm um nariz semelhante a um bico
e um crânio diapsídeo com duas aberturas temporais. Durante uma época, o grupo expandiu-se, mas atualmente
está limitado a poucas ilhas das costas da Nova Zelândia.
Diz-se que as tuataras são sobreviventes “fósseis”, pois não sofreram muitas modificações desde a espécie
que viveu, 150 milhões de anos atrás.

Tuatara

A EXTENSÃO DOS DOMÍNIOS TERRESTRES PELAS AVES E MAMÍFEROS


Observando a distribuição de aves e mamíferos, percebe-se que eles ocupam regiões em que os répteis não
aparecem. As aves e os mamíferos apresentam pelo menos duas características em comum, que permitem esses
animais a sobreviverem em regiões mais frias: uma camada adiposa (de gordura), sob a pele e o controle interno da
temperatura do corpo (homeotermia). As aves e os mamíferos são considerados animais de “sangue quente” ou,

143
mais apropriadamente, endotermos ou homeotermos. Essa característica deve-se ao fato de que esses animais con-
seguem acelerar o metabolismo do corpo (reações químicas nas células), gerando mais calor, principalmente, em tem-
peraturas mais baixas.O calor é gerado nas células, que se difunde para o sangue, sendo distribuído ao longo de todo
o corpo. A camada de tecido adiposo (reserva de gordura) retém mais o calor, pois funciona como um isolante térmico.
Há inúmeras diferenças, mas destacamos algumas que são suficientes para caracterizar bem tais animais
em grupos distintos.
O gráfico a seguir mostra a variação da temperatura corpórea do gato (mamífero) e da cobra (réptil) em
função da temperatura ambiental. Note que a temperatura do mamífero se mantém constante e independente da
temperatura ambiental, ou seja, um caso de endotermia. Já a do réptil varia em função da temperatura do ambien-
te, um exemplo de ectotermia.

AS AVES

A classe aves é o maior grupo de vertebrados terrestres, compreendendo cerca de 8.700 espécies. Elas
adaptaram-se ao voo logo no início de sua evolução e, em sua maioria, são excelentes voadoras. Até mesmo as
poucas espécies que retornaram completamente à vida terrestre mostram características anatômicas e fisiológicas
que indicam sua evolução a partir de ancestrais voadores.
A adaptação ao voo impôs uma certa uniformidade na estrutura básica e na fisiologia de todas as aves. Além
das penas e asas, ou vestígios de asas em certas espécies terrestres, o voo requer um alto dispêndio de energia. Todas
as aves são endotérimicas, tendo desenvolvido meios para conseguirem isto num corpo de pouco peso. Quando não
estão no ar, as aves vivem sobre o solo ou na água, ou em ambos, estando bem adaptadas a estes habitats.

144
A endotermia e o poder de voo das aves possibilita-lhes penetrar e adaptar-se a uma variedade maior de
locais do que qualquer grupo de vertebrados. Elas são encontradas desde as regiões polares até o equador, e vivem
nas montanhas, desertos, florestas e matas. Algumas passam a maior parte de sua vida nos oceanos e só retomam
à terra para reproduzir-se e construir seus ninhos.

Princípios do voo

É importante compreender os mecanismos e princípios do voo, visto ser o principal aspecto da evolução
das aves.
As asas são apêndices peitorais modificados e as superfícies de voo são compostas por penas.

Pulmão e sacos aéreos


Anatomia das asas As aves possuem um pulmão rígido, associado a
A anatomia das asas permite o voo uma série de sacos aéreos que se estendem para o
porque consegue reduzir a resistência tórax. Esta estrutura permite que esse órgão seja
do ar. Na parte de baixo, o ar passa mais continuamente ventilado por ar fresco, tanto na
rapidamente e provoca uma força para inspiração quanto na expiração.
cima que mantêm a ava suspensa.

Traqueia

Sacos aéreos

Redução da cauda, fusão das


vertebras cervicais e torácicas, Pulmão
fusões de dedos e perda de dentes
Ossos pneumáticos
Ausência de bexiga Os ossos das aves são leves e
Os pássaros não têm bexiga e não entremeados por cavidades
acumulam líquido. A excreção aéreas.
é consituída de cristais de ácido
úrico, um material sólido.

A asa tem um formato de aerofólio, espessa na frente e afilada para trás e, em geral, é arqueada, o que faz
com que sua superfície inferior seja levemente côncava e a superior convexa. Uma corrente de ar passando pela
asa move-se mais rapidamente pela sua superfície superior, maior, do que pela superfície inferior, menor. Segundo
a lei de Bernoulli, numa corrente de um gás, a pressão é menor quando a velocidade é maior. A diferença de velo-
cidade do ar diminui a pressão sobre a asa em relação à face inferior. Isso produz uma força de elevação, que atua
perpendicularmente ao plano de movimento da asa, e uma força de atrito, paralela a este plano.
Para a ave voar, a força de elevação tem de ser igual à força de gravidade na ave e a força propulsora deve
superar a força de atrito. A forma da asa permite um voo plano no ar e minimiza a turbulência. Algumas correntes
de ar, entretanto, fazem voltas, redemoinhos, que se espalham pelo ápice e margem posterior das asas, como um
par de redemoinhos alinhados. Isto pode ser visto frequentemente num avião de voo alto, como dois rastos de
vapor, devido à rápida rotação do ar e, consequentemente, baixa de pressão no núcleo do alinhamento de rede-
moinho, causando condensação.

145
Regulação térmica as fezes, a urina e os gametas, portanto constitui o final
de vários aparelhos e sistemas. Como glândulas anexas
As aves permaneceram com as escamas córneas ao sistema digestivo, existe o fígado e o pâncreas.
dos répteis em algumas áreas de suas pernas, nos seus pés Esófago
e, de maneira modificada, como uma cobertura de seus Proventrículo
bicos. No entanto, as escamas que cobrem o resto do corpo Fígado
Intestino Papo
do réptil transformaram-se em penas no grupo das aves. As Delgado

penas são um componente importante do sistema termor-


regulador, que mantêm o equilíbrio entre a produção de Moela
calor, por processos metabólicos, e a sua perda. Oríficio Pancrêas
As penas envolvem e retém ar entre elas, o que Cloacal

reduz a perda de calor corpóreo, porque impede a pas-


sagem das correntes de convecção de ar através da su-
perfície corporal, que poderiam retirar o calor. O ar reti-
Sistema respiratório
do é um mau condutor de calor. A água, um excelente
A respiração é pulmonar. Os pulmões são do
condutor de calor, não consegue penetrar por entre as
tipo parenquimatoso, com vários canais de arejamento,
penas devido à existência de uma secreção oleosa pro-
ligados a cinco pares de sacos aéreos, ligados às ca-
duzida pela glândula uropígea localizada perto da
vidades dos ossos pneumáticos. Dentro dos pulmões,
base da cauda. As aves não têm glândulas sudoríparas. os condutos aéreos não terminam em vesículas pulmo-
nares, continuando por um sistema capilar contínuo.
Quando uma ave está pousada, a respiração faz-se pelo
arfar do peito. Mas durante o voo, automaticamente, de-
vido aos movimentos das asas, produz-se a expansão
e a contração da cavidade torácica, estabelecendo-se a
conveniente passagem de ar nos pulmões necessária à
respiração.
Partem dos pulmões expansões membranosas
denominadas sacos aéreos, os quais aumentam a su-
Animal recoberto por plumas e penas perfície de contato para absorção do oxigênio. Além dis-
so, os sacos aéreos expandem-se pelo interior de muitos
Nutrição ossos, tornando o animal mais leve.
Não há verdadeiro diafragma, mas somente uma
O sistema digestório é do tipo completo. As aves membrana (diafragma ornítico) que separa da cavidade
possuem bico e língua córneos; não há dentes. As aves abdominal a que contém os pulmões, ou pleura.
granívoras (que se alimentam de grãos) apresentam
moela e papo, que são pouco desenvolvidos ou mesmo Tráquea
Sacos aéreos
ausentes nas aves carnívoras e frugívoras (aquelas que
se alimentam de carnes e frutas). No papo o alimento é
amolecido. Daí o alimento vai para o proventrículo (es- Tráquea

tômago químico), passando a seguir para a moela (es-


tômago mecânico), que é muito musculosa e substitui a
Pulmão
falta de dentes nas aves. Após a trituração, o alimento
Sacos aéreos
dirige-se para o intestino delgado, onde ocorre a absor-
ção dos produtos úteis, sendo o restante eliminado atra-
vés da cloaca. A cloaca é uma bolsa onde são lançadas

146
Sistema circulatório
A circulação é fechada, dupla e completa; o
sangue venoso não se mistura com o sangue arterial. As
hemácias são nucleadas e ovais. O coração tem quatro
cavidades, que são conhecidos como os dois átrios ou
aurículas e os dois ventrículos. O arco aórtico, em contras-
te com o dos mamíferos, é o voltado para o lado direito. Golfinho
Morcego Golfinho

Embora os mamíferos não sejam uma classe gran-


Capílares de – existem apenas cerca de 4.100 espécies –, constituem
pulmonares
um grupo muito diversificado. Esta classe inclui o ornitor-
rinco, animal que coloca ovos e tem o bico semelhante ao
do pato, o gambá, o canguru e outros marsupiais providos
Aurícula
Aurícula
de bolsa abdominal, além da grande variedade de mamífe-
Ventrículo Ventrículo ros placentários verdadeiros, que variam de tamanho, des-
Sistema de o pequeno musaranho, que pesa poucos gramas, até
circulatório
FECHADO as baleias gigantes, cujo peso ultrapassa 100 toneladas.
Os mamíferos são vertebrados muito ativos e ágeis, com
Circulação
COMPLETA alto nível metabólico. Eles têm poucos filhos, mas investem
tempo e energia consideráveis na proteção dos mesmos.
Circulação
DUPLA Capílares
Um aumento de atividade e um maior cuidado com os jo-
sistérmicos
vens representam aspectos fundamentais na evolução dos
mamíferos, aspectos aos quais a maior parte das outras
características está relacionada.
Sistema excretor
Os rins são metanefros, com dois ureteres que Principais adaptações dos mamíferos
desembocam na cloaca, pois não possuem bexiga uri-
A característica que dá nome a esse grupo é a
nária e a sua excreção é rica em ácido úrico.
presença de mamas. O fato de possuírem placenta,
que permite uma grande interação entre mãe e filho
OS MAMÍFEROS até o fim da gestação, é continuado pela presença das
mamas, característica que aproxima ainda mais as mães
Entre todos os grupos de vertebrados, os mamí- de suas crias para alimentá-las até que possam procurar
feros (classe Mammalia, do latim mamma, mama) são seu próprio alimento. Mais características embriológi-
de particular interesse para nós, pois somos mamíferos, cas serão vistas na próxima aula, assim como sistemas,
como o digestivo e o circulatório, que serão voltados
assim como nossos animais domésticos que nos auxi-
aos mamíferos.
liam em nossos trabalhos e nos fornecem lã, couro e
grande parte da nossa alimentação.
Regulação da temperatura
Os mamíferos, assim como as aves, podem pro-
duzir calor internamente, mantendo uma temperatura
corporal relativamente alta e constante, tanto durante
o dia quanto durante a noite. Eles são endotérmicos.
Muitas espécies de mamíferos são noturnas; muitas vi-
vem em regiões frias do mundo, onde nenhum réptil
Morcego conseguiria sobreviver.
Morcego Golfinho
147
Mecanismos de regulação pelagem de muitos mamíferos inclui pelos de proteção
mais longos e grossos.
Os mecanismos de regulação de temperatura nos Nervos e outros órgãos presentes na parte distal
mamíferos contemporâneos são bem conhecidos. O calor dos membros são adaptados para funcionar em tem-
é produzido internamente, através do alto nível meta- peraturas mais baixas. Alguns mamíferos de regiões
bólico. A sua perda é reduzida, devido a uma camada árticas e temperadas, notavelmente muitos insetívoros,
subcutânea de gordura e a pelos que fornecem uma ca- morcegos e roedores, adaptam-se ao inverno, entrando
mada de isolamento de ar próximo à pele. O calor pode num período de letargia conhecido como hibernação.
ser perdido por um aumento na quantidade de sangue, Durante este período, eles perdem o controle conside-
que flui através da pele, e por um resfriamento, devido à rável sobre os mecanismos termorreguladores corporais
evaporação do suor produzido pelas glândulas sudorí- (o termostato no hipotálamo reduz sua atividade para
paras ou pela respiração ofegante, que é a evaporação conservar energia) e a temperatura do corpo aproxima-
da água através das vias respiratórias. -se da ambiental. Durante a hibernação, o metabolismo
Por meio destes mecanismos, os mamíferos po- é muito baixo, apenas o suficiente para manter a vida e
dem manter a temperatura corporal mais alta do que a evitar que o corpo se congele.
temperatura ambiental sem qualquer consumo adicional Alguns outros mamíferos evitam o problema das
de oxigênio. Isto é conhecido como zona térmica neu- baixas temperaturas procurando climas mais quentes.
tra - é a faixa de temperaturas ambientais dentro da qual
a taxa metabólica de um animal endotérmico situa-se em Adaptações para resistir ao calor
seu nível basal e a termorregulação é conseguida pela
mudança na taxa de perda de calor. Passando dessa tem- Os animais tiveram que encontrar caminhos para
peratura crítica, a temperatura corporal pode, no entanto, abaixar a temperatura corpórea evitando a perda de
ser mantida apenas através de um gasto metabólico sig- água. Veremos alguns casos a seguir.
nificativamente maior. O aumento do consumo de oxigê- § Pequenos ratos do deserto são noturnos e cavam
nio abaixo da temperatura crítica inferior reflete-se numa tocas, vivendo, assim, num micro-habitat fresco
produção de calor além da necessária para a manutenção e úmido e alimentam-se de nutrientes ricos em
da temperatura corporal. O calafrio, uma atividade invo- gordura cuja oxidação produz uma quantidade
luntária dos músculos superficiais, é um mecanismo de considerável de água metabólica.
aumento de produção de calor, mas também ocorre um § Os elefantes têm uma grande superfície corporal
aumento geral na atividade metabólica em muitas partes que fornece alguma estabilidade térmica e têm
do corpo. O aumento do consumo de oxigênio acima da poucos pelos e orelhas grandes, que atuam como
temperatura crítica superior reflete-se num trabalho me- eficientes radiadores, ajudando a dissipar calor.
tabólico adicional, necessário para dissipar o calor. Nessa § Os camelos desenvolveram diversas maneiras de
situação as frequências cardíaca e circulatória através da conservar água. Sob condições muito secas, um
pele são aumentadas. muco seco e detritos celulares nas vias nasais
O principal centro de controle no hipotálamo res- exerce um efeito higroscópico e absorve umida-
ponde a pequenas mudanças na temperatura do sangue de do ar, que é evaporada. Como consequência,
e inicia as trocas necessárias ao ajuste da perda de calor a perda de água respiratória é menor do que em
e à produção para o contexto ambiental. outros animais. Os camelos também conseguem
tolerar uma temperatura corporal de 41 ºC duran-
Adaptações para resistência ao frio te o dia, razão pela qual não precisam perder mui-
ta água na tentativa de manterem a temperatura
Mamíferos que vivem em áreas onde as condi- corporal mais baixa. O corpo resfria-se durante a
ções ambientais são rigorosas desenvolveram adapta- noite, quando a temperatura ambiental cai.
ções que complementam a regulação térmica. No início Muitos mamíferos de grande porte, que vivem
do outono, ocorrem muitas mudas. Eles perdem os pe- em habitats quentes e abertos, conseguem aumentar
los gradualmente, uma vez que um revestimento muito a temperatura corporal, pois são capazes de manter a
mais denso desenvolve-se para o inverno. Uma segunda temperatura cerebral crítica mais baixa, através de um
muda ocorre na primavera. Além deste revestimento, a mecanismo de contracorrente.

148
Locomoção e coordenação
As mudanças em todos os sistemas de órgãos estão intimamente relacionadas ao aumento de atividade,
que se torna possível com a endotermia. Os ossos dos mamíferos sofreram profundas modificações. A inclinação
posterior das apófises das vértebras torácicas e a inclinação anterior das apófises das vértebras lombares são típi-
cas dos mamíferos quadrúpedes e estão relacionadas ao abandono das ondulações laterais do tronco durante a lo-
comoção. O cotovelo e o joelho moveram-se para mais perto do tronco, de forma que as patas estenderam-se para
baixo, para uma região mais ou menos inferior do corpo. Esta disposição fornece melhor sustentação mecânica, um
potencial maior para um balanço mais longo dos apêndices, um aumento no tamanho do passo e maior velocidade.
Primitivamente, os mamíferos andavam sobre as plantas dos pés, numa postura denominada plantígrada.
A maioria dos mamíferos tem três vértebras sacrais, fortalecendo a articulação entre a cintura pélvica e a co-
luna vertebral. As espécies arborícolas utilizam a cauda para balançar-se e, nos mamíferos aquáticos, como a baleia,
ela tem importante papel na propulsão do corpo, mas na maioria dos mamíferos ela perdeu a sua função locomo-
tora primitiva e costuma ser de tamanho reduzido, ou está ausente. Muitos padrões especializados de locomoção
se desenvolveram durante a radiação e adaptação dos mamíferos, de acordo com os diferentes modos de vida.
Padrões mais complexos de locomoção e, provavelmente, o comportamento mais explorador e ágil reque-
rem uma musculatura mais complexa e sistemas sensitivo e nervoso. Acredita-se que o olfato e a audição eram
muito aguçados nos mamíferos primitivos.
O cérebro é extraordinariamente bem desenvolvido. Ele é muito grande e o córtex cinza contém centros
associados ao receptor sensorial dos órgãos dos sentidos e a importantes centros motores. O cerebelo também é
mais desenvolvido, pois a coordenação motora é mais complexa.

Sistema de dentição
A dentição dos mamíferos é mais bem adaptada do que a dos répteis, para o processamento de muitos
tipos diferentes de alimentos. Os répteis utilizam os dentes para apanhar, segurar e, algumas vezes, dilacerar o ali-
mento. Os espaços entre os dentes são de pouca importância e novos dentes permanentes surgem para substituir
os que foram perdidos. Os mamíferos utilizam os dentes de diferentes maneiras e eles são mais especializados, ou
heterodontes, que nos répteis.
TIPOS DE DENTIÇÃO DOS MAMÍFEROS
Carnívoros Insectívoros
Incisivos Dentição Completa; Dentição Completa;

Dentes incisivos Caninos Dentes pontiagudos


pequenos, caninos fortes e para poderem
desenvolvidos e molares perfurar o
com saliências aguçadas e revestimento de
cortantes. Incisivos Molares quitina dos insectos.
Molares
Caninos
Herbívoros Omnívoros
Dentição Incompleta: não
têm dentes caninos e quando
os têm são poucos
desenvolvidos. Dentição Completa;
Caninos
Barra
Incisivos cortantes,
Os incisivos são longos, caninos fortes e molares
arqueados, cortantes e com largos e arredondados.
crescimento contínuo. Incisivos

Molares
Incisivos Molares Entre os incisivos e os
molares existe um espaço
chamado barra ou diastema.

149
A liberação de excretas
Excretas são produtos residuais derivados do metabolismo celular, o que é diferente de secreção. A secreção
é uma substância eliminada pela célula, que pode ter um fim específico no organismo.
Há várias estratégias para eliminação das excretas.
Pelos pulmões, eliminamos o gás carbônico advindo do metabolismo celular, especialmente da degradação
aeróbica da glicose (respiração aeróbica). O gás carbônico em determinadas concentrações pode alterar o grau de
acidez da célula, afetando várias reações químicas. Resumindo, a troca gasosa é uma maneira eficaz de obtermos
o oxigênio e eliminarmos esse resíduo. No entanto, atualmente não mais se afirma que o gás carbônico seja uma
excreta, portanto trataremos especialmente dos excretas nitrogenados (amônia, ureia e ácido úrico) e dos sistemas
ditos excretores ou urinários.
A amônia é um produto da metabolização dos carboidratos que os mamíferos ingerem. De uma maneira
geral, podemos seguir o seguinte raciocínio: animais que possuem água disponível em abundância, excretam
produtos mais tóxicos, pois podem diluir tais substâncias. Assim, as aves que não podem nem armazenar grandes
quantidades de água, pois devem ficar leve, eliminam ácido úrico, que não precisa ser diluído, já que não é tóxico
em alta concentração.
§ Osmorregulação − Apesar de enfatizarmos um sistema excretor, tais estruturas apresentam uma outra
função tão importante quanto a liberação de excretas: o controle hidrossalino ou osmorregulação. Desde os
unicelulares mais simples aos pluricelulares mais complexos, o equilíbrio entre as concentrações dos fluidos
extracelulares é de suma importância. Podemos dizer que as células de nosso organismo estão banhadas
por um fluido intercelular, que deve estar em equilíbrio osmótico com o hialoplasma e com o sangue. Como
já visto nos níveis de organização da vida, o organismo apresenta propriedades mais complexas do que os
sistemas que o compõem, isto é, o organismo apresenta mecanismos de controle da concentração de água
e sais no sangue, detectados pelo sistema nervoso, que aciona os diversos sistemas permitindo o reequilíbro
orgânico. Em última análise, tal reequilíbrio permite a manutenção do meio que banha as nossas células.

Medula Pelve renal Glomérulo


Túbulo contorcido
Cápsula proximal
de
Córtex Bowman
Artéria
renal

Alça de
Henle
Veia
renal Túbulo
contorcido
distal
Ureter
Rim Néfron

A autorregulação (homeostase) envolve a integração dos demais sistemas como o nervoso e os


sentidos, o endócrino com seus hormônios e o muscular. Nos vertebrados, os rins são os principais órgãos
filtradores. Nos mamíferos as unidades de filtração são túbulos conhecidos como néfrons.

150
DIVERSIDADE DOS MAMÍFEROS
Os prototérios (ou monotremados)
Os animais deste grupo são os mamíferos que põem ovos ou monotremados, que não possuem lábios nem
dentes. Os filhotes alimentam-se da secreção de um tipo de leite que a mãe produz na sua superfície ventral. Na fase
adulta consomem invertebrados de água doce, portanto são aquáticos. A fêmea constrói seus ninhos numa espécie de
galeria e na primavera põe de três a quatro ovos. Os representantes mais conhecidos pertencem a fauna australiana.

Ornitorrinco

Équidna

Os metatérios (ou marsupiais)


Conhecidos também como marsupiais ou mamíferos com bolsa. Durante o primeiro período de seu desen-
volvimento, o embrião permanece no interior da mãe; depois de pouco tempo o filhote sai ao exterior e se refugia
dentro da bolsa da fêmea, conhecida também como marsúpio ou bolsa ventral, onde estão as mamas. Lá permane-
ce o recém-nascido, alimentando-se até que se desenvolva totalmente. Então vai para o exterior, e, às vezes, retorna
à bolsa materna para mamar ou refugiar-se. O marsupial mais conhecido é o canguru australiano, assim como as
diversas espécies de gambás e cuícas, que vivem em nossas matas.

Os eutérios (ou placentários)


A principal característica deste grupo é que as fêmeas formam placentas, e, por causa disso, o embrião e,
depois o feto, desenvolve-se plenamente no interior da mãe. Para facilitar o estudo, existem várias ordens dentro
do grupo dos eutérios.

Perissodáctilos
Anta, cavalo, zebra, rinoceronte. Esse grupo se caracteriza pela redução do número de dedos de cinco para
três, e o cavalo para apenas um. Muitos são excelentes corredores, pois apresentam pernas longas, com uma arti-
culação extra, com alongamento dos ossos da palma e da sola. São incluídos nos grupos de ungulados, isto é, as
garras deram lugar aos cascos. Quanto a alimentação são herbívoros. Foram bem-sucedidos no princípio da idade
dos mamíferos, porém, hoje são reduzidos.

151
Artiodáctilos Lagomorfos
Javali, porco, veado, camelo, dromedário, girafa, Coelho, lebre. Os exemplos mais característicos
bovídeos. Esse grupo se caracteriza pelo número par de deste grupo são os coelhos e a lebre. Estão sempre ro-
dedos e também são considerados ungulados e aptos endo ou mastigando, e seus incisivos compensam esse
a corridas. A redução dos dedos chega até o ponto de desgaste constante, crescendo continuamente. Donos de
apresentarem um “casco fendido”. De forma contrária uma rapidez reprodutora impressionante, calcula-se que
aos perissodáctilos, aumentaram sua população e distri- uma coelha pode ter até 50 filhotes num só ano. Se todos
buição no mundo. Os suínos apresentam hábito onívo- estes descendentes conseguirem sobreviver e, por sua
ro, mas o hipopótamo é herbívoro. Os mais bem-sucedi- vez, tivessem filhotes, a família inteira somaria um milhão
dos artiodáctilos foram os herbívoros, com molares com
de indivíduos, num período de apenas quatro anos.
cúspides características em meia lua e aperfeiçoaram o
estômago com várias câmaras, associado à ruminação.
Probóscideos
Ruminantes
Elefante. Recebem esse nome devido a tromba
Este grupo se caracteriza pela dieta composta de característica, atualmente representados pelos elefantes.
vegetais, sendo, portanto, herbívoros, um exemplo típi- Anteriormente, existiram os mastodontes, que apresen-
co é o boi. A homogeneidade maior quanto a dentição tavam incisivos em bisel e molares apropriados para a
é uma identidade importante. trituração. Posteriormente, os mastodontes aumentam o
seu tamanho e desenvolvem maxilares longos com presas
Edentados curtas em cima e embaixo. Nos elefantes houve uma redu-
ção dos maxilares e aumento das presas. Os mastodontes
Preguiça, tamanduá, tatu. São considerados for- na Idade do Gelo se distribuíam por todos os continentes,
mas aberrantes em diversos sentidos. Sua história pare- exceto América do Sul e Austrália.
ce restrita à América do Sul. Há evidência de que pregui-
ças gigantes, que viviam no chão invadiram a América
do Norte. Eles apresentam articulações adicionais nas
Primatas
vértebras que levou a serem também chamados de Xe-
Chimpanzé, homem, orangotango, sagui, gorila, gi-
nartros. As preguiças alimentam-se de folhas de árvores,
bão etc. Os primatas mais conhecidos, além dos humanos,
os tatus que são onívros e apresentam uma carapaça
dorsal rígida e os tamanduás se caracterizam pelo fo- são os chimpanzés ou macaco antropomorfo, ou seja,
cinho longo apto a invadir cupinzeiros e formigueiros. que tem forma semelhante a do ser humano. Seu habitat é
Os oricteropos e os pangolins eram classificados nes- a floresta equatorial da África: Guiné, Congo. Tem a cabeça
se grupo, mas atualmente são considerados distintos pequena e achatada; apesar de ser facilmente domesticá-
e classificam-se como Tubulidentados. O primeiro é vel, tem aspecto feroz, por causa dos seus grandes olhos.
encontrado na África, apresentam um focinho afilado, Cada uma das quatro extremidades que possui tem cinco
o corpo é recoberto por escamas córneas superpostas, dedos e o posicionamento do polegar oponível permite que
que lhe dão um aspecto de uma pinha de conífera. use a mão como se fosse uma pinça, para pegar objetos
e comida com agilidade. A alimentação é variada: frutos,
sementes, pássaros etc. É bem adaptado à vida arborícola
e raramente caminha a pé. O orangotango de Sumatra e
Bornéu, que chega a medir até 135 cm de altura; o gibão da
Índia, de 90 cm de altura, que pula de uma árvore para outra
com facilidade e rapidez, mas é um pouco lento quando está
Ele tem o hábito de invadir cupinzeiros, com as no chão, e quando está de pé os braços continuam tocan-
garras. Os pangolins, na América do Sul, alimentam-se do o chão; o gorila, vive nas florestas da África Ocidental e
de formigas, perderam seus dentes, enquanto que os Centro-Oriental. Os machos medem até 1,70 m de altura e
oricteropos conservam alguns molares pesam 200 kg. Vivem em família e no chão. A pele e o pelo

152
são pretos e não costumam atacar o ser humano, apesar de Roedores
possuírem uma força imensa. No Brasil, o número de espécies
de macacos pequenos e médios é grande e entre eles temos Capivara, rato, esquilo, paca, preá, ouriço-cacheiro.
o macaco-prego, os micos-leões, o macaco-aranha, o Os ratos e ratazanas também são roedores. Têm hábitos
bugio e os saguis. Todos eles estão em perigo de extinção subterrâneos e são importantes para a Saúde Pública, por
pela destruição maciça de seus habitats florestais. poderem transmitir ao homem patógenos como pulga,
bactérias e fungos, além de poderem contaminar depósi-
Carnívoros tos de alimentos e causar prejuízos financeiros.

Canídeos (lobo, cão, raposa), felídeos (gato, leo- Cetáceos


pardo, leão, onça, lince), lontra, urso, quati, foca e leão-
-marinho. Apresentam uma heterodontia - ligada direta- Baleia, golfinho, boto e orca. São mamíferos adap-
tados à vida aquática. Possuem respiração pulmonar como
mente ao hábito carnívoro e generalista, e estrutura óssea
todos os mamíferos e precisam subir a superfície de vez
típicas. Os dentes estão preparados para triturar, perfurar
em quando para respirar. O maior de todos é a baleia, que
e macerar. São representantes o cachorro, o gato, a rapo-
tem forma hidrodinâmica, como a dos peixes, mas peso
sa, o lobo-guará, o quati, a jaguatirica, a onça-pintada,
e tamanho bem diferentes. Costumam medir até uns 30
o lince, o leopardo africano, o leão, o tigre e a pantera
metros de comprimento e pesar mais de 150 toneladas.
asiáticos. Também pertencem a este grupo: o arminho, a
Na parte superior da cabeça estão as fossas nasais, que
ariranha, a irara e a hiena.
é por onde ela expele aquele esguicho de água. Não têm
dentes, e sim, uma série de lâminas que funcionam como
Quirópteros um filtro na hora de capturar seu alimento: peixes e crus-
táceos. Vive na zonas árticas (polos) e possui uma camada
Morcego. São os únicos mamíferos voadores e,
de gordura grossa - hipoderme, que protege o corpo
caracteristicamente, alimentam-se de insetos, frutos e
do frio exterior. Atualmente, a baleia está em perigo de
sementes. Associado às extremidades de seus esqueletos
extinção devido à intensa caça predatória pelo homem;
e à cauda, visualiza-se uma grande membrana chamada
a indústria pesqueira japonesa é a principal responsável
patágio, que lhes confere uma “asa”. Possuem a visão
pela diminuição das populações de baleias, na busca
atrofiada, um olfato desenvolvido e uma audição que é
de matérias-primas como o óleo, âmbar gris, carne e
capaz de captar os próprios ultrassons produzidos, como ossos. Por isso existem sociedades ecológicas que ten-
se fosse um radar, para se orientar espacialmente durante tam proteger essa espécie e evitar que continuem com
seus voos noturnos. No inverno vive em estado de letar- a exploração, de finalidade comercial e industrial. Ao
gia, pendurado permanentemente de cabeça para baixo, longo do litoral brasileiro, existem alguns pontos que
nas cavernas e vãos escuros. Há morcegos hematófagos, beneficiavam o óleo de baleia, principalmente na época
que se alimentam de sangue, mas a grande maioria é ex- colonial. Também pertencem a este grupo os golfinhos
tremamente importante na conservação das matas tropi- e cachalotes. A foca e o lobo-marinho formam um gru-
cais por dispersarem as sementes de inúmeras espécies de po à parte: os pinípedes, que se caracterizam por terem
árvores, ao se alimentarem de seus frutos. barbatanas no lugar das extremidades.

Sirênios Insetívoros
Peixe-boi, manati. Animais ‘pastadores’ de águas Toupeira, mussaranho, ouriço. Esse grupo de peque-
rasas do Atlântico tropical e do Oceano Índico. Apresen- nos mamíferos representa aqueles que mais se aproximam
tam os membros anteriores transformados em remos, dos ancestrais remotos dos mamíferos. Os mussaranhos-
os posteriores reduzidos a vestígios e a cauda formando -arborícolas-do-oriente são os que menos sofreram altera-
uma nadadeira horizontal. Após grande proliferação no ções em relação aos seus ancestrais. A toupeira é conheci-
Período Terciário, reduziram drasticamente e hoje são da pelas fortes patas usadas para cavar e perseguem larvas
raros. A origem desses animais parece estar associada a de insetos e minhocas no subsolo. As evidências mostram
algum ungulado. que os morcegos derivaram desse grupo.

153
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Cordados - Somos Todos Família


Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Répteis

www.sobiologia.com.br/conteudos/Reinos3/Repteis.php

154
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

“O veneno das serpentes também tem grande importância na indústria farmacêutica, possuindo elevado
valor comercial. Certas substâncias chegam a custar US$ 3 mil o grama, no mercado farmacêutico internacional.
Composto por misturas biológicas complexas de toxinas, enzimas e outras substâncias ativas, o veneno tem
componentes com funções essenciais na coagulação sanguínea, pressão arterial, agregação plaquetária, trans-
missão do impulso nervoso, funções analgésicas e anticancerígenas, dentre outras, ainda em estudo ou por serem
descobertas. O veneno de cascavel, por exemplo, é utilizado em uma eficaz cola cirúrgica.”
http://www.cpt.com.br/cursos-animais-silvestres/artigos/veneno-obtido-criacao-cobras-arma-industria-farmaceutica

INTERDISCIPLINARIDADE

“Movimento ondulatório horizontal ou movimento serpentino"

É o tipo de movimento mais comum, em forma de "S". A serpente ondula o corpo alternadamente para um
lado e para o outro, deslocando-se para frente em sentido horizontal. Usado em fuga, é o deslocamento típico de
serpentes rápidas.”
http://www.zoopets.com.br/serpentes/locomocaoserpentes-comprarserpentes-zoopets-jiboiaocidentalis-boa-teiu-red-zoopets.htm

Para compreender esse tipo de movimento, conceitos físicos, como mecânica, são utilizados.

155
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 14 - Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como


manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade, entre outros.

O conhecimento da biodiversidade é de suma importância para sua preservação; para tanto,


deve-se realizar estudos das suas características ecológicas e distribuição biogeográfica. Desse
modo, as questões do Enem tendem a fazer uma abordagem mais ecológica sobre as espécies,
desejando que o aluno correlacione informações apresentadas em gráficos e tabelas com seus
conhecimentos sobre os diferentes grupos.

MODELO
(Enem) O Puma concolor (suçuarana, puma, leão da montanha) é o maior felino das Américas, com
uma distribuição biogeográfica que se estende da Patagônia ao Canadá.

O padrão de distribuição mostrado na figura está associado a possíveis características desse felino.
I. É muito resistente a doenças.
II. É facilmente domesticável e criado em cativeiro.
III.É tolerante a condições climáticas diversas.
IV. Ocupa diversos tipos de formações vegetais.
Características desse felino compatíveis com sua distribuição biogeográfica estão evidenciadas
apenas em:
a) I e II.
b) I e IV.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

156
ANÁLISE EXPOSITIVA

Habilidade 14
A questão exige do aluno não apenas conhecimentos da espécie indicada, como também co-
nhecimento sobre biomas, possibilitando inferir sobre a localização das diferentes formações
vegetais e climas encontrados nas Américas. Pela análise do mapa, é possível observar que
há uma ampla distribuição geográfica do Puma concolor, ocupando, assim, diferentes forma-
ções vegetais e condições climáticas diversas. Essa distribuição se refere ao animal em seu
ambiente natural, não em cativeiro, como também é sabido que esse felino não é facilmente
domesticável. Por fim, como qualquer espécie, eles são sensíveis a doenças às quais ainda não
desenvolveu resistência.
Alternativa C

157
ESTRUTURA CONCEITUAL

Cordados
Ambiente terrestre
Peixes → ovos amnióticos
→ pele muito queratinizada
Verterbados
Anfíbios Ectotérmicos
Circulação dupla e
Características incompleta
Répteis → septo de Sabatier

Testudines
→ Possuem casco formado por placas ósseas
Exs.: tartaruga, cágado e jabuti

Squamata
→Revestidos por escamas
Exs.: cobra e lagarto

Crocodilianos
→ Revestidos por placas córneas
→ Coração tretacavitário (forame de Panizza)
Exs.: jacaré e crocodilo
Adaptação ao voo
Aves → asas e penas
→ ossos pneumáticos;
Características pulmões; e sacos aéreos
Glândula uropiagiana
Endotérmicos
Mamas, pelos e placenta
Mamíferos Dentes especializados
(heterodontes)
Características Endotérmicos

Prototérios: monotremata
→ Botam ovos e não possuem dentes
Ex.: ornitorrinco

Metatérios: marsupiais
→Desenvolvimento no útero e, posteriormente,
no marsúpio; placenta rudimentar
Exs.: gambá e canguru

Eutérios: placentários
→ Placenta desenvolvida
Exs.: rato, baleia, morcego, peixe-boi, ser humano

158
Abordagem de CITOLOGIA nos principais vestibulares.

FUVEST
Essa prova aborda a gametogênese com questões, principalmente, de ploidia celular. A respiração
celular não é pedida de forma específica, como ocorre em algumas provas. É essencial compreender
o funcionamento geral desse processo. Com relação à histologia, não é um assunto muito abordado
nessa prova, porém, os tecidos sanguíneo e nervoso merecem destaque.

LD
ADE DE ME
D
UNESP
U

IC
FAC

INA

BO
1963
T U C AT U Essa prova quase nunca deixa de pedir metabolismo energético; sendo assim, o candidato deve
ficar atento a esse assunto. A gametogênese é abordada de forma semelhante à Fuvest, pois
também envolve questões de ploidia celular. Já na histologia, o tecido de destaque é o muscular
e suas características.

UNICAMP
Dentro de histologia, os tecidos mais pedidos são o adiposo, o qual foi abordado em 2017, o san-
guíneo e o muscular. Em relação ao tecido muscular, pode vincular-se à respiração celular, conteúdo
pedido de forma generalista.

UNIFESP
Neste livro, o assunto mais abordado por essa prova é a respiração celular, que é pedida de forma
generalista. Em seguida, temos a gametogênese e a fecundação.

ENEM/UFMG/UFRJ
A respiração celular é um conteúdo abordado de forma mais geral, sem entrar em detalhes de bio-
química celular. A histologia dessa prova envolve questões de tecido conjuntivo, principalmente tecido
sanguíneo.

UERJ
Essa prova exige conhecimentos mais específicos de metabolismo energético, pois aborda assuntos de
bioquímica, de forma mais complexa. Apesar da histologia não ser assunto de destaque, o candidato
deve dar maior atenção para os tecidos nervoso e muscular.
1 0
9 2 Gametogênese

Competência Habilidades
4 13 e 14

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
SISTEMA GENITAL MASCULINO
Ao longo da adolescência, ocorrem algumas modificações visíveis, como os testículo que crescem dentro do
saco escrotal e, em seguida, o pênis. Durante a puberdade, os pelos aparecem em diversas regiões, como no rosto,
nas axilas, no peito e nas áreas próximas aos testículos. A voz também sofre mudanças.
Esse conjunto de alterações que ocorre na puberdade é nomeado de características sexuais secundárias, e
é consequência da ação hormonal. Porém, não obedecem a padrões inflexíveis. Adolescentes com a mesma idade
podem apresentar significativas diferenças em relação à altura, tamanho do pênis, timbre de voz, quantidade de
pelos, entre outras. Múltiplos fatores podem influenciar essas características, podendo ser responsáveis por essas
variações. Esses fatores podem ser a herança genética, o grupo étnico a que pertence o indivíduo, os hábitos ali-
mentares e também problemas de saúde.
Como as mulheres apresentam uma pequena quantidade de hormônios sexuais masculinos e os homens, pe-
quena quantidade de hormônios sexuais femininos, um desequilíbrio pequeno na quantidade liberada desses hormônios
pode acarretar em alterações como: leve crescimento das mamas em meninos ou pelos em excesso nas meninas, que nor-
malmente desaparecem depois de um certo tempo, mas, caso persista, é aconselhável procurar orientação de um médico.

Anatomia

Na região genital estão o pênis e o saco escrotal.


§ Pênis – O pênis é um órgão constituído principalmente por tecido erétil (com capacidade de se erguer)
e de formato cilíndrico. Durante a excitação sexual, esse tecido recebe uma maior quantidade de sangue,
que o torna ereto e rígido. O pênis é formado pela glande (“cabeça do pênis”), que pode apresentar-se
coberta pelo prepúcio – um pedaço de pele que cobre essa área. A uretra, que é um canal que possui
ligação com os sistemas urinário e reprodutor, tem seu orifício na glande. A variação entre o tamanho
do pênis não tem relação com fertilidade ou com potência sexual. Durante um estímulo em uma relação
sexual, o homem lança o esperma para fora do corpo sob a forma de jatos, o que se denomina ejaculação
(normalmente em uma ejaculação são expelidos de 2 a 5 mililitros de esperma, mais ou menos, 350 mi-
lhões de espermatozoides). A ejaculação ocorre pela uretra, e por esse canal também é eliminada a urina.
§ Saco escrotal – Nos testículos são produzidos os gametas masculinos, os espermatozoides. Os testículos
estão localizados no saco escrotal, que possui uma aparência um pouco enrugada e flácida. Os espermatozoi-
des são produzidos em uma temperatura menor do que o restante do corpo, sendo assim, é de fundamental
importância o saco escrotal estar localizado fora do abdome. O uso de cueca muito apertada pode levar ao
aquecimento excessivo nos testículos, que resulta em infertilidade temporária.

163
§ Testículos – São glândulas sexuais masculinas, que são formadas por tubos enovelados e finos, chama-
dos de túbulos seminíferos. Ao contrário do que acontece com as meninas, pois nascem com os “gametas
prontos”, é durante a puberdade, sob a influência dos hormônios sexuais, que a produção de gametas se
inicia no corpo do homem. Por volta dos 12 e 13 anos de idade, a produção de espermatozoides começa e
se prolonga até o fim da vida. Nos testículos também ocorre a produção do hormônio sexual masculino, a
testosterona. Essa, por sua vez, estimula o aparecimento das características sexuais secundárias masculinas.
§ Epidídimos – Os espermatozoides, depois de formados, são armazenados no epidídimo, que é constituído
por tubos enovelados, situado junto ao testículo. Os espermatozoides ficam armazenados até o final da
maturação nessa estrutura, o que aumenta sua mobilidade. Ao sair do epidídimo, os espermatozoides vão
para o ducto deferente, um tubo com parede muscular, que é parte de cada epidídimo. Cada ducto deferen-
te conecta-se a um canal da glândula seminal, compondo um tubo único, denominado duto ejaculatório.
O duto ejaculatório lança os espermatozoides dentro do canal da uretra, esse canal passa pelo interior do
pênis e irá se abrir pra meio externo.
§ Glândulas seminais e próstata – Essas estruturas produzem uma secreção viscosa que nutre os ga-
metas masculinos e também aumenta sua mobilidade. A glândula prostática produz um líquido leitoso,
que tem como função neutralizar a acidez de resíduos de urina, e também neutralizar acidez vaginal na
relação sexual. Durante o percurso até a uretra, os espermatozoides ganham os líquidos sintetizados pelas
glândulas seminais e pela próstata. Quando passam pela uretra, eles ganham um líquido lubrificante sinte-
tizado pelas glândulas bulbouretrais, que colabora para limpeza da uretra. Os espermatozoides e os líquidos
produzidos pelas glândulas bulbouretrais, glândulas seminais e próstata se denominam sêmen ou esperma.

SISTEMA GENITAL FEMININO


Na passagem da adolescência para a mulher adulta, ocorre o aparecimento de pelos pubianos e axilares e
o aumento dos seios, que são algumas características sexuais secundárias femininas.

Anatomia
Primeiro, vamos elucidar a parte externa da anatomia do sistema reprodutor feminino:

§ Monte de vênus ou púbis – É a região triangular logo acima da vulva, onde surgem pelos na puberdade.

164
§ Pudendo feminino – Antes chamado vulva, é nessa área que estão presentes os pequenos e grandes lá-
bios, que são dobras de pele sensíveis. Entre os pequenos lábios está localizado o clitóris, estrutura pequena,
que se estimulado, geralmente, resulta em sensações de prazer.
§ Abertura da vagina – A abertura da vagina leva aos órgãos sexuais internos. Na maioria das mulheres
virgens, essa abertura está parcialmente bloqueada pelo hímen, uma fina membrana, que pode ser rompida
na primeira relação sexual, se houver penetração do pênis.
§ Uretra – O orifício da uretra é o canal por onde sai a urina, e este não leva a qualquer órgão sexual interno.
§ Ânus – O ânus é a saída do tubo digestório, por onde são ejetadas as fezes. Sem ligação com órgãos sexuais internos.
§ Períneo – Localiza-se entre o ânus e a vulva. Já no homem, o períneo está localizado entre o saco escrotal
e o ânus.
Alila Medical Media

Ovário
Tuba uterina

Útero

Bexiga Cérvix
Recto
Uretra

Vagina Ânus

§ Vagina – O útero e o pudendo feminino estão ligados por um canal chamado vagina.
§ Útero – É um órgão constituído de tecido muscular e oco, com certa elasticidade, assemelha-se a uma pera
em forma e tamanho. Se ocorrer fecundação dos gametas e, posteriormente, o desenvolvimento de uma
gravidez, o útero está preparado para abrigar o embrião até o seu nascimento.

Útero
BlueRingMedia

Trompa de Falópio

Ovário Ovário

Cérvix

Vagina

165
§ Ovários – As glândulas sexuais femininas são Espermatogênese

}
Espermatogênese
os ovários. Durante o desenvolvimento embrio-
nário da mulher, os ovários já têm armazenados Célula germinativa 2n
mais ou menos 500 mil gametas femininos, no
entanto, mais da metade deles degeneram antes

geminativo
Mitose

Período
da puberdade. As células sexuais femininas são Espermatogônias 2n 2n

denominadas de óvulos, que são células haploi- Mitose


des contento metade do número de cromossomos 2n 2n 2n 2n
Espermatogônias
de uma célula somática. Assim, quando se fun-

}
Crescimento
dem com o gameta masculino espermatozoide,

crescimento
sem divisão

Período de
celular
também haploide, geram um zigoto diploide. Os
Espermatócito I 2n

}
óvulos se encontram imaturos nos ovários, assim,
Meiose I
necessitam da ação dos hormônios sexuais para a
maturação e para liberação desses na tuba uteri- Espermatócito II n

Período de
maturação
n
na, fenômeno chamado de ovulação, que precede
Meiose II
a menstruação.
§ Tubas uterinas – Os ovários são ligados ao n n n n
Espermátides

}
útero por dois tubos delgados, as tubas ute-

diferenciação
Período de
rinas (antigamente chamadas de trompas de n n n n
Espermatozoides
falópios). Esses tubos são revestidos interna-
mente por células ciliadas que facilitam o des- Ovogênese
locamento do gameta feminino (óvulo) até a Ovogênese

}
cavidade uterina.
Célula germinativa 2n

GAMETOGÊNESE Mitose

Ovogônias 2n 2n geminativo
Gametogênese é o fenômeno de produção dos
Período

gametas. Nos animais, esse processo ocorre nas gônadas, Mitose


órgãos que também sintetizam os hormônios sexuais e
originam o desenvolvimento de características sexuais se- Ovogônias 2n 2n 2n 2n

}
cundários, que diferenciam os machos das fêmeas. Crescimento
sem divisão
O processo principal da gametogênese é a meio-
crescimento

celular
Período de

se, que reduz à metade o número de cromossomos


Ovócito I 2n
das células, produzindo células haploides (gametas). A

}
fusão de dois gametas haploides recompõe o número
Meiose I Glóbulo polar
diploide característico de cada espécie, processo conhe-
cido como fecundação. n
Ovócito II n
Período de
maturação

A gametogênese feminina (ovulogênese ou ovo-


Meiose II
gênese) e a gametogênese masculina (ou espermato-
gênese) possuem etapas semelhantes. Os gametas são Óvulo n n n n
oriundos de células germinativas ou gônias, situadas nas Glóbulos polares
gônadas. O conjunto das células germinativas constitui a
linhagem germinativa (ou ainda germe). A seguir, a ima-
gem dos dois processos, espermatogênese e ovogênese.

166
ESPERMATOGÊNESE
A produção dos espermatozoides é dividida em quatro etapas: período germinativo, período de crescimento, período
de maturação e período de espermiogênese.
§ Período Germinativo – Espermatogônias, as células germinativas masculinas diploides, dividem-se ativamente por
mitose, originando outras espermatogônias também diploides. Nos machos de mamíferos, esse período pode aconte-
cer durante toda a vida do indivíduo.
§ Período de Crescimento – Nesse período não ocorre mitose, param as divisões celulares, ocorre o crescimento em
volume da espermatogônia (2n), que passa a ser chamada de espermatócito I (2n), ou espermatócito primário ou de
primeira ordem.
§ Período de Maturação – Cada espermatócito I (2n) agora sofre divisão meiótica. Após a meiose I, as duas células
resultantes dessa divisão celular denominam-se espermatócitos II (n) ou ou espermatócito secundário ou de segunda
ordem. Cada espermatócito II, após o processo de meiose II, dá origem a 2 células chamadas Espermátides (n).
§ Período de Espermiogênese – As espermátide (n) são transformadas em espermatozoide, através do processo de
diferenciação.

Esquema do testículo

OVOGÊNESE
O processo de formação do óvulo é dividido em 3 etapas: período germinativo, período de crescimento e
período de maturação.
§ Período Germinativo – Ovogônias (2n), as células germinativas, dividem-se por mitose originando outras
ovogônias(2n). Esse processo termina logo após o, nascimento nas fêmeas de mamíferos.
§ Período de Crescimento – Nesse período não ocorre mitose, param as divisões celulares, ocorre aqui o
crescimento em volume da ovogônia (2n), que passa a ser chamada de ovócitos I, ou ovócitos primários ou
de primeira ordem.
§ Período de Maturação – Cada ovócito I (2n) agora sofre divisão meiótica. A meiose I resulta em duas
células de tamanhos diferentes, uma maior chamada de ovócito II (n), ou ovócito secundário ou de segunda
ordem, a qual tem praticamente com todo o citoplasma do ovócito I, e outra muito pequena chamada de

167
primeiro corpúsculo polar ou globular polar (n). Na meiose II, o ovócito II dá origem a uma célula maior, o
óvulo (n), e outra célula menor, o segundo glóbulo ou corpúsculo polar (n). O primeiro glóbulo polar pode-se
dividir, resultando em dois corpúsculos polares.

Esquema do ovário

Processo de gametogênese animal detalhado.

Principais diferenças entre espermatogênese e ovogênese


1. O período germinativo é mais longo na espermatogênese do que na ovogênese.
2. O período de crescimento é mais demorado na ovogênese.
3. A quantidade de gametas finais produzidos é diferente. No período de maturação, cada espermatócito I dá
origem a quatro espermatozoides, enquanto cada ovócito I produz apenas um óvulo.
4. Na ovogênese, não existe o período de espermiogênese.

168
CONSIDERAÇÕES SOBRE A GAMETOGÊNESE HUMANA
A produção dos espermatozoides inicia-se na puberdade, mais ou menos aos 12 anos, e continua durante
toda a vida do homem e decresce com a idade.
Na mulher, o período de multiplicação começa na fase fetal e termina na 15ª semana da vida intrauterina.
O período de formação dos ovócitos I, conhecido como período de crescimento, dura até o sétimo mês da
embriogênese. Após esse período, os ovócitos I começam a divisão I da meiose, produzindo os ovócitos II. A segun-
da divisão da meiose só ocorre quando o ovócito II é fecundado pelo espermatozoide.

Fecundação

FECUNDAÇÃO
Para a formação de um novo indivíduo, os gametas fundem-se aos pares, um masculino e outro feminino,
cujos papéis são diferentes na formação do descendente. Essa fusão é a fecundação ou fertilização.
Ambos trazem a mesma quantidade haploide de cromossomos, mas apenas os gametas femininos armaze-
nam nutrientes que alimentam o embrião durante o desenvolvimento. Apenas os gametas masculinos, por sua vez,
são móveis, responsáveis pelo encontro que pode ocorrer no meio externo (fecundação externa) ou no interior do
corpo da fêmea (fecundação interna). Excetuando-se muitos dos artrópodes, os répteis, as aves e os mamíferos, a
fecundação de todos os outros animais é externa e só acontece em meio aquático.

Fertilização

Útero Ovário Tuba uterina

Implantação

Óvulo

169
Processo detalhado
Dos 300 milhões de espermatozoides eliminados na ejaculação, apenas cerca de 200 chegam até a tuba
uterina e só um deles consegue fecundar o ovócito II.

Fases da fecundação

o
o

Durante a fecundação, o espermatozoide atravessa a corona radiata e alcança a zona pelúcida, que sofre
modificações levando ao desenvolvimento da membrana de fecundação, que evita a penetração de outros esperma-
tozoides. Ao mesmo tempo, ocorre o término da meiose, que origina o óvulo e forma o segundo corpúsculo polar.

Reação
Acrossômica

Membrana
de fecundação

“Corona
Radiata”

Zona
pelúcida

Grânulos
corticais

Na fecundação, o espermatozoide passa para o zigoto o núcleo, com os cromossomos, e o centríolo. As


mitocôndrias do zigoto são sempre de origem materna, pois as mitocôndrias do espermatozoide degeneram no
citoplasma do óvulo.

Após a formação do zigoto, que é a primeira célula de um novo ser, inicia-se o desenvolvimento embrionário.

Fecundação

170
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Concepção - Sistema reprodutivo 3D HD

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Gametogênese e espermatogênese

www.sobiologia.com.br/conteudos/Citologia2/nucleo15.php

171 171
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

A gametogênese é uma área da biologia que estuda a formação dos gametas, células e hormônios envolvi-
dos. A compreensão desse tema é de fundamental importância para clínicas de reprodução humana, que aplicam
esses conceitos para auxiliar na descoberta de problemas na fertilidade de homens e mulheres, auxiliando casais
que querem ter filhos através de inseminação artificial.

INTERDISCIPLINARIDADE

O processo de formação dos gametas é a meiose, um tipo de divisão celular, que a partir de uma célula
diploide forma quatro células haploides. Dessa forma, para medir a produção de gametas de um indivíduo, pode-se
utilizar fórmulas matemáticas. Além de prever quantos gametas são formadas a partir de células progenitoras nas
gônadas, pode-se verificar problemas de fertilidade, como número menor de espermatozoides nos homens.

172
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 13 - Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a


manifestação de características dos seres vivos.

Os conhecimentos acerca da transmissão das informações genéticas trouxeram grande avanço


na área médica, pois possibilitou a identificação de doenças genéticas, como também influenciou
em questões relativas à medicina reprodutiva e forense, já que a análise do DNA permite realizar
a identificação de paternidade, de corpos em desastres e de suspeitos de um crime. Desse modo,
conhecer as diferenças que ocorrem entre a gametogênese feminina e a masculina se torna
essencial na resolução de questões referentes ao assunto.

MODELO
(Enem) Para a identificação de um rapaz vítima de acidente, fragmentos de tecidos foram retira-
dos e submetidos à extração de DNA nuclear, para comparação com o DNA disponível dos possíveis
familiares (pai, avô materno, avó materna, filho e filha). Como o teste com o DNA nuclear não foi
conclusivo, os peritos optaram por usar também DNA mitocondrial, para dirimir dúvidas.
Para identificar o corpo, os peritos devem verificar se há homologia entre o DNA mitocondrial do
rapaz e o DNA mitocondrial do(a):
a) pai.
b) filho.
c) filha.
d) avó materna.
e) avô materno.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Habilidade 13
A gametogênese masculina e a feminina ocorrem com algumas diferenças que resultarão em
gametas com características bem distintas. Nos machos, há alta produção de pequenos gametas
móveis (espermatozoides), que precisam de muitas mitocôndrias para movimentação do flagelo;
no entanto, essas organelas não penetrarão no gameta feminino (óvulo). Esse, por sua vez, é uma
célula que preserva seu citoplasma e as demais organelas, fornecendo-as para o zigoto que será
formado com a fecundação. Desse modo, é possível concluir que o DNA mitocondrial é sempre de
linhagem materna e, portanto, na situação apresentada deverá ser analisada a molécula referen-
te a sua avó materna.
Alternativa D

173
ESTRUTURA CONCEITUAL

Gametogênese

Linhagem germinativa

Período germinativo
2n

espermatogênese ovogênese
(testículos) 2n (ovário)

mitoses

espermatogônias ovogônias

diferenciação crescimento
2n 2n

Período de
meiose
espermatócito I 2n ovócito I
2n

espermatócito II ovócito II n
n n n

Período de
espermátides óvulo
n n n n n
(espermiogênese)

glóbulos
diferenciação
Período de

polares

Espermatozoide

! Na ovulação, é liberado o ovócito II,


e a meiose só se completa na fecundação.

174
21 22
Histologia I

Competência Habilidades
4 15 e 16

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
HISTOLOGIA
As células, como visto, são unidades de vida. Como elas interagem e que trabalho realizam em conjunto? É
o que vamos estudar nesta unidade.
A histologia é a ciência que estuda os tecidos biológicos: origem, característica, tipo de célula e funcionamento.

Tecido
O corpo de um organismo multicelular é composto por distintos tipos de células, especializadas em funções
diferentes. Células especializadas podem se organizam em grupos, formando o que chamamos de tecidos. Existem
tecidos formados por células com a mesma forma e função, e outros constituídos por células com diferentes formas
e funções, que juntos contribuem para a concretização de uma função maior.
Os tecidos são compostos por células e matriz extracelular, na qual há diversos tipos de moléculas. Esses
dois componentes atuam em conjunto, para atender às necessidades do organismo.

epitélio estratificado tecido ósseo


tecido conjuntivo
tecido
nervoso

tecido
germinativo tecido
(testículo) sanguíneo

músculo estriado músculo cardíaco

epitélio prismático
músculo liso

A diferenciação dos tecidos e a conquista do ambiente terrestre

Existem várias adaptações que auxiliaram a conquista no ambiente terrestre, entre eles está um adequado sistema
esquelético de suporte, um eficiente revestimento corporal impermeabilizado, e uma apta estrutura que permite
a movimentação do organismo pelo meio ambiente. No ser humano, essas três tarefas são exercidas, pelo tecido
conjuntivo de ossos do sistema esquelético, pela pele e pelos numerosos músculos membros do sistema muscular.

177
Fonte: http://www.m3c.ufscar.br/pt-br/difusao/matriz-extracelular Matriz extra-
celular conferindo suporte às células formadoras das fibras

Tipos de tecido
Os animais vertebrados possuem 4 tipos básicos de tecidos: muscular, nervoso, conjuntivo (ósseo, cartilaginoso
e sanguíneo) e o epitelial. Esses tecidos se organizam em conjunto para formar os órgãos e os sistemas. Nos animais
invertebrados, esses tipos de tecido são basicamente os mesmos, mas as organizações são menos complexas.

Tecido epitelial Tecido muscular Tecido nervoso consiste


que recobre a é feito de fibras de células com projeção que
superfície do corpo que contraem transmitem sinais elétricos

Fibras
protéicas
Matriz
Extracelular

Células

Tecido conjuntivo Tecido Ósseo Tecido Tecido


frouxo serve como Carilaginoso saguíneo
assoalho para o epitelio
e outros tecidos
Tipos de tecido que compõem o corpo

178
Função dos tecidos básicos
§ Epitélio – é o revestimento superficial externo do corpo (faz parte da pele), dos órgãos e das cavidades
corporais internas. Também possui o papel secretor.
§ Conjuntivo – composto por vários tipos células e por farta matriz extracelular, secretada pelas próprias
células desse tecido. A função do tecido é sustentar, preencher e transportar as substâncias.
§ Muscular – as células desse tecido são multinucleadas, alongadas e com características contráteis.
§ Nervoso – as células desse tecido exibem longos prolongamentos citoplasmáticos e realizam a função de
receber, gerar, codificar e transmitir impulsos nervosos.

Tecido epitelial
Reveste a superfície externa e as cavidades internas corporais dos animais. Realiza distintas funções no organismo:
libera substâncias úteis (glândulas), absorve íons e moléculas (epitélio intestinal), proteção e percepção de estímulos (pele).
As células dos tecidos epiteliais ou epitélios são impecavelmente justapostas e conectadas por pequena quan-
tidade de substância extracelular. As células possuem uma grande aderência entre si, devido às junções intracelulares.
Os epitélios não vascularizados, portanto, não sangram se feridos. A nutrição das células ocorre por difusão
a partir dos capilares sanguíneos presentes no tecido conjuntivo frouxo, que se encontra logo abaixo da epiderme.
Devido a esse fato, geralmente os epitélios estão apoiados sobre tecido conjuntivo. A área da célula voltada para o
tecido conjuntivo é nomeada polo basal ou porção basal; enquanto a área celular oposta, geralmente voltada para
uma cavidade, é nomeada polo apical ou porção apical. Entre o tecido conjuntivo e as células epiteliais há a lâmina
basal, uma fina lâmina de moléculas que também está presente em outros tecidos, quando existe contato com o
tecido conjuntivo. Essas moléculas desempenham várias funções, como: filtrar moléculas, gerar a conexão entre
células epiteliais e o tecido conjuntivo, organizar proteínas de membranas celulares de células próximas e auxiliar
no suporte para movimentação de células e outras.

Especialização das células epiteliais


O que mantém a união das células dos tecidos epiteliais são junções celulares, que são especializações de
membrana. Existem muitos tipos de junções, que realizam diversas funções como adesão celular, isolantes e canais
de comunicação entre outras funções.

Junções celulares típicas do tecido epitelial

179
As junções podem ser classificadas de acordo com a função que realizam:
§ junções impermeáveis – zonas de oclusão;
§ junções de adesão – zonas de adesão, como desmossomos e hemidesmossomos;
§ junções de comunicação – junções comunicantes ou junções gap.

§ Zona de oclusão
Encontrada na lateral da célula, tem função de adesão celular, assim as células vizinhas mantêm-se intima-
mente unidas, o que impedem a passagem de moléculas naquela área. Dessa forma, substâncias e molécu-
las que estão presentes em uma cavidade revestida por tecido epitelial não conseguem penetrar no corpo,
a não ser que passem diretamente pelas células.

§ Zonas de adesão
Situada próxima à zona de oclusão, onde as células adjacentes estão separadas por um espaço pequeno,
colaborando para a aderência entre essas células.

§ Desmossomos
Semelhante a um botão adesivo, uma metade está ligada à membrana de uma célula e a outra metade está
ligada à célula vizinha.

§ Hemidesmossomos
Com função de aderência, liga as células epiteliais à membrana basal. A diferença com relação aos desmos-
somos é que em vez de conectarem as membranas de células vizinhas, conectam as células à membrana
basal.

§ Junções gap ou comunicantes


São canais cilíndricos de origem proteica que permitem o contato entre células, podendo haver troca de
substâncias e moléculas entre elas

Canal de junção Conexão


comunicantes

NH3+

Citosol

Citosol
Subunidades COO
Lacuna intercelular
de conexina

§ Interdigitações: aumento da superfície de contato


São prolongamentos citoplasmáticos celulares que interagem, como se fossem dedos das mãos uns entre
os outros (pregueamentos). Eles aumentam a superfície de contato entre as células e auxiliam a passagem
de substâncias de uma para a outra.

180
Classificação de epitélios

Simples pavimentoso Simples cúbico


Simples colunar

Epitélio de
Estratificado transição
Estratificado Pseudoestratificado
cúbico
pavimentoso colunar
Diferentes morfologias das células epiteliais

Os epitélios podem ser classificados em relação ao número de camadas celulares e formato das células.

Classificação dos epitélios quanto ao número de camadas celulares


§ Epitélios simples ou uniestratificados (do latim uni, um; e stratum, camada) – formado por uma única
camada de células.
§ Epitélios estratificados – formados por duas ou mais camadas de células.
§ Epitélios pseudoestratificados – formando por uma única camada de células, no entanto, têm células
com forma irregular e os núcleos se localizam em diferentes alturas, passando a impressão de ser um epi-
télio estratificado.

Classificação dos epitélios quanto à forma


§ Pavimentoso – Células achatadas como ladrilhos;
§ Cúbico – Células com forma de cubo;
§ Prismático – células alongadas com forma de coluna.

É fundamental frisar que a classificação com relação à forma dos epitélios se refere apenas às células mais
superficiais. Quando o epitélio abordado tem várias camadas celulares, geralmente estão presentes células com
distintos formatos, sendo assim, para classificá-lo, analisa-se apenas as células da superfície.

Tipo de epitélio Localização


Pavimentoso simples Participa do revestimento interior de vasos sanguíneos
Pavimentoso estratificado Encontrado na pele
Cúbico simples Encontrado em túbulos renais
Cúbico estratificado Encontrado em glândulas sudoríparas
Prismático simples Encontrado no intestino delgado
Prismático estratificado Encontrado na membrana conjuntiva do olho
Prismático pseudoestratificado Encontrado revestindo a traqueia e os brônquios

Observação: O epitélio que reveste a bexiga é constituído de células com superfície convexa. Se forem
submetidas ao estiramento ocasionado pela dilatação do órgão, elas se tornam achatadas. Assim, esse epitélio
pode ser denominado epitélio estratificado de transição, pois as células mudam de formato dependendo do estado
do órgão (dilatada ou não).

181
Classificação dos epitélios quanto à função
Os epitélios podem ser classificados em epitélios de revestimento e epitélios glandulares.

Epitélios de revestimento
Formam um tipo de membrana que isola o indivíduo ou parte dele do meio externo. As funções desse epité-
lio englobam proteger e revestir as superfícies externas e internas, secretar diversos produtos, absorver substâncias,
remover impurezas e pode apresentar receptores sensoriais.

Pele: órgão de contato


Nos vertebrados, a pele é o órgão que medeia a interação do organismo com o meio ambiente, isolando-o
e protegendo-o. O tato, a visão, a olfação, a gustação e a audição são ferramentas imprescindíveis na interação do
animal com o ambiente.
Na pele há diferentes tipos de sensores, uma vez que esse órgão é o responsável pelas sensações táteis.
Informam ao ser vivo sobre as variações de temperatura (calor e frio) e de pressão (quaisquer deformações mecâni-
cas, como toques, pancadas e outras). A pele constitui a primeira barreira à entrada de agentes patogênicos, assim,
ela é um importante órgão de defesa do organismo.

Tecido epitelial de revestimento pluriestratificado pavimentoso queratinizado.


Microscopia óptica. (e) epiderme, (d) derme, (sc) células queratinizadas e cera.

Histologia da pele
A pele é um órgão composto de epiderme e derme nos mamíferos. A epiderme é um tecido epitelial plu-
riestratificado. Como a superfície desse tecido está sujeita à desgaste diário, ocorre reposição constante de células
perdidas. À medida que novas células são formadas, elas são encaminhadas em direção a superfície para formar
as demais camadas.
No envelhecimento, as células epidérmicas tornam-se achatadas e começam a produzir e a armazenar
dentro de si uma proteína resistente: a queratina. Como consequência desse evento, o epitélio da pele passa a ser
denominado estratificado pavimentoso queratinizado.

182
O excesso de queratina mata as células superficiais, os quais formam um revestimento resistente ao atrito e
impermeável à perda de água, que chamamos de estrato córneo. Esse estrato é a camada mais externa da epider-
me, que descama com o passar do tempo.

EPIDERME

DERME

HIPODERME

Estrutura das camadas que compõem a pele e seus anexos

Outras células da epiderme são os melanócitos, que produzem melanina (pigmento marrom-escuro) que
protege a pele contra a ação dos raios ultravioletas. Logo abaixo da epiderme está a derme e é formada por células
de formato cúbico (tecido conjuntivo do tipo denso), onde a atividade de divisão celular mitótica é intensa. Possui
células como os fibroblastos e os macrófagos. Tecido com função de manutenção e de apoio, onde se encontram
terminações nervosas, corpúsculos sensoriais e uma extensa rede de capilares sanguíneos. Os nutrientes presentes
nos vasos sanguíneos da derme difundem-se para as células da epiderme, as quais fazem parte do tecido epitelial
e, consequentemente, não possui vasos sanguíneos para nutri-las.

Sensor Sensor de frio Terminal livre


de toque Detecta baixas Detecta dor
Detecta temperaturas
toque leve

Sensor de
calor Sensor de
Detecta altas pressão
temperaturas Detecta pressão
intensa
Nervo de raiz Fibras
de pelo nervosas
Detecta Levam impulsos
movimentos nervosos ao
do pelo cérebro

Como nos mamíferos há a presença de pelos, na derme existem finas faixas de células musculares, os mús-
culos eretores dos pelos, que possuem contração involuntária. Através da piloereção (ereção dos pelos), abaixo dos
pelos se forma uma camada de ar, que contribui para o isolamento térmico. De modo semelhante, ocorre com as
penas das aves.

183
Abaixo da derme está a hipoderme (tecido celular subcutâneo), uma camada de tecido conjuntivo frouxo. A
hipoderme não faz parte da pele, apenas permite a ligação da pele com as estruturas próximas. Há áreas do corpo
em que a hipoderme tem um número variável de camadas formadas por células adiposas, que se nomeia de panícu-
lo adiposo. Esse panículo é importante como isolante térmico, reserva de energia e facilitador da flutuação na água.

Sensores da pele
Diferentes tipos de estruturas sensoriais conferem à pele a função de relacionamento com o meio ambiente.
Distribuídas por toda a pele há terminações nervosas livres, responsáveis pela captação de estímulos ambientais.

Anexos da pele
Existem três estruturas da pele, originadas na epiderme, imprescindíveis à adaptação dos mamíferos ao
ambiente terrestre: pelos, que participam do isolamento térmico; glândulas sebáceas, que lubrificam a pele, e glân-
dulas sudoríparas, que regulam a temperatura corpórea.

Unhas
Estruturas achatadas, constituídas por queratina altamente compactada, localizam-se nas pontas dos dedos
dos mamíferos. Auxiliam a apreensão e a manipulação de objetos entre outras funções. As unhas crescem, porque
se dividem intensamente, graças a uma dobra epidérmica próxima à ponta dos dedos. Ao se compactarem, as
células queratinizadas morrem formando a unha.

§ Epitélio de revestimento intestinal


O intestino delgado é revestido internamente por um epitélio especializado em absorver nutrientes, per-
mitindo que eles passem da cavidade intestinal para o sangue. Essa capacidade de absorção do epitélio
intestinal se deve à borda livre de suas células (voltada para a cavidade intestinal) e às muitas projeções
finas e alongadas, chamadas microvilosidades.

184
O conjunto de especializações que aumentam a superfície de contato no intestino, como pregas, vilosidades
e microvilosidades, aumentam cerca de seiscentas vezes a superfície intestinal, resultando em uma área de apro-
ximadamente 200 m2.

A renovação das células epiteliais


As células epiteliais, de vida curta e constantemente renovadas, passam por mitose com frequência, veloci-
dade essa que varia de epitélio para epitélio. As células do epitélio intestinal renovam-se mais rapidamente, e no
período de uma semana é totalmente renovado. As do pâncreas e do fígado renovam-se mais lentamente.

Tecido epitelial glandular


As células do tecido epitelial glandular são produtoras de substâncias, que podem ser usadas por outras
partes do organismo (secreção) ou eliminadas (excreção). Essas substâncias podem ser:
§ mucosas, se espessas e com muitos mucopolissacarídeos. As células caliciformes do intestino delgado libe-
ram esse tipo de substâncias;
§ serosas, se fluidas e com muitas proteínas. As glândulas secretoras de enzimas digestivas do estômago
liberam esse tipo de substância;
§ mistas, se libera substâncias mucosas e serosas juntas. Esse é o caso das glândulas submandibulares.
As glândulas podem ser unicelulares (glândula caliciforme) ou multicelulares (a maioria das glândulas).

Glândulas caliciformes do intestino (amarelo) Parte secretora de glândulas multicelulares exócrina e endócrina (verde)

As glândulas multicelulares são formadas sempre por mitose das células dos epitélios de revestimento em
direção ao interior do tecido conjuntivo, e depois se diferenciam.
De acordo com a forma de secretar substâncias, as glândulas de origem epitelial podem ser classificadas em
exócrinas, endócrinas ou mistas.
§ glândulas exócrinas – lançam seus produtos através de duto para uma cavidade interna. Ex.: lacrimais,
sudoríparas, glândulas salivares, mamárias e sebáceas.
§ glândulas endócrinas – lançam seus produtos diretamente na corrente sanguínea. Exs.: glândulas da
tireoide, hipófise e adrenais.
§ glândulas mistas – possuem regiões endócrinas e exócrinas. Ex.: pâncreas (a porção exócrina secreta
enzimas digestivas no intestino e a porção endócrina secreta os hormônios insulina e glucagon no sangue).
As glândulas também podem ser classificadas com relação à forma na que eliminam suas secreções:
§ Holócrinas: liberam o produto de secreção e todo citoplasma celular durante o processo, portanto a célula
morre. Ex.: glândulas sebáceas.
§ Merócrinas: eliminam apenas a substância de secreção durante o processo. Ex.: glândulas salivares e sudoríparas.
§ Apócrinas: perdem parte do citoplasma no momento da secreção. Ex.: glândula mamária.

185
Proliferação das células
Epitélio e sua penetração no tecido
conjuntivo subjacente

Lâmina basal
Tecido conjuntivo

Formação de uma Cordões de células formando


glândula exócrina uma glândula endócrina

Ducto Desaparecimento
das células do
ducto

Capilares

Porção
secretora
Porção
secretora

TECIDO CONJUNTIVO
Formado pelos diferentes tipos de células imersas em material extracelular (substância amorfa ou matriz),
que é produzida pelas próprias células do tecido. Essa matriz, de aspecto transparente e gelatinoso, é formada
principalmente por água, glicoproteínas e fibras proteicas.

Principais células conjuntivas


Célula Função

Fibroblasto
Metabolicamente ativa, essa célula contém longos e finos prolon-
gamentos citoplasmáticos, que sintetizam fibras e substâncias da
matriz (intercelular).

Macrófago
Célula ovoide, que apresenta lisossomos e a capacidade de emitir
prolongamentos citoplasmáticos. É responsável pela fagocitose de
partículas estranhas ou não ao organismo. Remove restos celulares
e promove o primeiro combate aos microrganismos invasores do
organismo.

186
Célula Função

Mastócito
Grande célula globosa sem prolongamentos e repleta de grânulos
que, em grande quantidade, dificultam a visualização do núcleo.
Nos grânulos há heparina – substância anticoagulante – e histami-
na – substância envolvida nos processos de alergia – , essa subs-
tância é liberada quando desencadeada a reação alérgica.

Plasmócito
Célula ovoide, rica em retículo endoplasmático rugoso. Pouco nu-
merosa no organismo em geral, mas abundante onde potencial-
mente haja penetração de bactérias: intestino, pele, infecções crô-
nicas. Produz todos os anticorpos no combate a microrganismos.
Tem origem no tecido conjuntivo na diferenciação de linfócitos B
– células de defesa.

Largamente difundido pelo corpo, os distintos tipos de tecido conjuntivo preenchem espaços entre órgãos,
exercem função de sustentação, de nutrição e de defesa. De acordo com o tipo celular e a proporção relativa entre
os componentes da matriz extracelular, os tecidos conjuntivos podem ser classificados em:
§ tecido conjuntivo propriamente dito: frouxo, denso modelado e denso não modelado;
§ tecido conjuntivo com propriedades especiais: adiposo e hematopoiético;
§ tecido conjuntivo de consistência rígida: cartilaginoso e ósseo.

Tecido conjuntivo frouxo


O tecido com maior extensão de distribuição no corpo humano é o tecido conjuntivo frouxo. Ele pre-
enche espaços vazios (ou seja, não ocupados por outros tecidos), envolve nervos, músculos, vasos sanguíneos e
linfáticos, além de servir de suporte e nutrição para as células epiteliais. É um componente da estrutura de vários
órgãos e desempenha um papel fundamental na cicatrização. Também age, de certo modo, como barreira contra a
entrada de elementos estranhos nos tecidos. É constituído por vários tipos celulares, uma matriz extracelular e três
tipos de fibras. O tecido conjuntivo frouxo possui maior quantidade de células quando comparado às fibras.

Microscopia
Microscopia eletrônica
eletrônica

Microscopia
óptica
Lâmina
basal Membrana
Fibras basal
reticulares

Fibras
Colágenas

187
Tipos de fibra
Colágenas, elásticas e reticulares são os tipos de fibra que fazem parte do tecido conjuntivo frouxo.

Constituídas de colágeno, talvez as fibras colágenas sejam a proteína mais abun-


dante no corpo humano. São grossas e resistentes e distendem pouco se tensio-
nadas. Distribuídas na derme, dão resistência à pele, evitando que ela
se rasgue, se esticada.

As fibras elásticas são constituídas de longos fios de uma proteína chamada


elastina. Conferem elasticidade ao tecido, completando a resistência das fibras
colágenas. Ao puxar e soltar a pele de cima da mão, graças às fibras elásticas
essa mesma pele rapidamente volta à sua forma original. Com o envelhecimento,
no entanto, há perda da elasticidade da pele, graças à união das fibras colágenas
umas às outras, o que torna o tecido conjuntivo mais rígido.

Também formadas por colágeno, as fibras reticulares são ramificadas e formam


um “caminho” firme, conectando o tecido conjuntivo aos tecidos vizinhos.

Tipos de célula
O tecido conjuntivo frouxo é composto por dois fundamentais tipos de célula: macrófagos e fibroblastos. Os
fibroblastos têm formato de estrela e um grande núcleo, e produzem e secretam as proteínas que constituem as
fibras e a substância amorfa.
Os macrófagos são células ameboides e grandes. Têm função principalmente de fagocitar patógenos im-
purezas e “sujeiras” do tecido. Além de fagocitar agentes estranhos fazendo parte da imunidade inata, também
participam da imunidade adquirida, pois avisam ao sistema imune adquirido quando ocorre invasão do organismo
por um patógeno.

fibra elástica
fibra colágena

célula adiposa
fibroblasto

plasmócito
fibra reticular
macrófago

188
As células mesenquimatosas e os plasmócitos são células também presentes nesse tecido. As células mesen-
quimatosas são indiferenciadas, ou seja, não possuem função específica, podendo se transformar em tipos celula-
res diferentes, sendo assim, possuem capacidade de regenerar o tecido conjuntivo. Os plasmácitos são células de
defesa do sistema imune adquirido, assim, como o próprio sistema imunológico, detalharemos mais nos próximos
capítulos.

TECIDO CONJUNTO DENSO


Nesse tecido predominam os fibroblastos e as fibras colágenas.
Não-modelado

fibras

modelado

células

Esse tecido tem em sua maioria fibras colágenas, quando comparado com a quantidade de células presen-
tes. Ele pode ser classificado com relação à organização dessas fibras em:
§ Não modelado – as fibras estão em feixes posicionados em direções diferentes, o que o confere resistên-
cia à tração em várias direções, além também de grande elasticidade. Ele constitui as cápsulas envoltórias
dos rins e do fígado, compondo, também, a derme, tecido conjuntivo da pele;

§ Modelado – as fibras estão em feixes posicionados na mesma direção; aqui o movimento de rotação é
limitado, porém existe uma grande resistência à tensão em uma certa direção. Ele forma os ligamentos, que
conectam os ossos entre si, e os tendões, que conectam os músculos aos ossos.

189
TECIDO CONJUNTIVO ADIPOSO
No tecido adiposo a substância intracelular está em menor quantidade, e as células estão cheias de lipídios,
as quais são chamadas de adipócitos. É um tecido subcutâneo, ou seja, abaixo da pele com função de envolver os
rins e o coração, reserva de energia, isolamento térmico e proteção contra choques mecânicos.
Reservatório de gordura
Mitocôndria

Membrana plasmática

Núcleo
Citoplasma
Complexo de Golgi

As células adiposas possuem um vacúolo grande e central de gordura, que altera o volume conforme o
metabolismo. Em situações onde a pessoa se alimenta com quantidade menor de alimento do que o necessário ou
gasta muita energia, a gordura presente nas células adiposas pode diminuir. Em contexto oposto, com alta ingestão
de alimento e pouco gasto energético, a gordura se acumula nessas células.
Existem 2 tipos de tecido adiposo:
§ Tecido adiposo unilocular (gordura amarela): células com várias gotas lipídicas (triglicerídeos) se
unem em uma gota maior na maior parte da célula, cuja função é reserva energética.
§ Tecido adiposo multilocular (gordura marrom): células com várias gotículas de lipídeos espalhadas
no citoplasma, além de possuírem grande quantidade de mitocôndria. Esse tecido tem como função a pro-
dução de calor. Encontrado principalmente em recém-nascidos ou animais hibernantes.

TECIDO CONJUNTIVO CARTILAGINOSO (CARTILAGEM)


Tecido cartilaginoso não tem consistência rígida como o tecido ósseo, mas é um tecido firme. Algumas de suas
funções são revestir superfícies articulares para facilitar movimentos, sustentação e é imprescindível para o crescimen-
to dos ossos longos. As cartilagens são avasculares e não possuem nervos. Assim, a nutrição desse tecido é feita pelos
vasos sanguíneos do tecido conjuntivo próximo. As cartilagens estão localizadas em grande parte no sistema respira-
tório (nariz, traqueia, brônquios, epiglote etc.), algumas partes da laringe, na orelha externa e nos discos cartilaginosos
entre as vértebras, que abrandam o choque dos movimentos sobre a coluna vertebral.
O feto é rico em tecido cartilaginoso, pois a gênese do esqueleto começa com esse tecido e, à medida que
vai crescendo e se desenvolvendo, se modifica em tecido ósseo.
Nos peixes cartilaginosos (cações, tubarões e raias), o esqueleto é formado por tecido cartilaginoso.
Nas cartilagens existem dois tipos celulares: os condroblastos, que secretam as fibras colágenas e a matriz, e os
condrócitos, que estão alojados em lacunas da cartilagem e possuem uma atividade baixa (são condroblastos “velhos”).
As fibras colágenas e reticulares compõem esse tecido.

190
1. Condroblasto; 2. Condrócito; 3. Grupo isógeno; 4. Matriz cartilaginosa

Tipos de cartilagem
Com relação ao tipo e à quantidade de fibras da cartilagem, ela pode ser classificada em hialina, fibrosa e
elástica.

Cartilagem hialina
Constituída de moderada quantidade de fibras de colágeno, compõe o primeiro esqueleto do embrião,
substituído, em seguida, pelo tecido ósseo. Porém, nas regiões de crescimento dos ossos, continua essa cartilagem,
e também em regiões do sistema respiratório (traqueia, brônquios) e em áreas dos ossos longos.

Cartilagem fibrosa
Formada grande quantidade de fibras colágenas, situada em algumas articulações e em discos intervertebrais.

Cartilagem elástica
Formada pouca quantidade de fibras de colágeno e grande quantidade de fibras elásticas, estão presentes
nas abas do nariz e no pavilhão auditivo.

191
TECIDO CONJUNTIVO SANGUÍNEO
Tecido altamente especializado, originado pelo tecido hematopoiético. É formado por células (parte figura-
da), imersas num meio líquido, o plasma (parte amorfa). Os membros celulares são glóbulos vermelhos (hemácias
ou eritrócitos) e glóbulos brancos (leucócitos). Também são constituintes do sangue as plaquetas (fragmentos
celulares). Faz parte do plasma, água e várias substâncias dissolvidas, que serão transportadas pelo sangue. As
células sanguíneas têm origem nas células indiferenciadas pluripotentes (células-tronco), instaladas na medula
óssea vermelha.

Diferenciação dos eritrócitos, leucócitos e precursores de plaquetas a partir de célula-tronco hematopoiética


(JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004, p. 93).

Plaquetas
As plaquetas ou trombócitos são produzidas por fragmentação dos megacariócitos, células grandes da
medula óssea. Possuem substâncias ativas do processo de coagulação do sangue, que inibe a ocorrência de he-
morragias.

Glóbulos vermelhos
Chamados de hemácias ou eritrócitos. Células sem núcleo, que parecem um disco bicôncavo. Possuem uma
grande quantidade de hemoglobina (proteína transportadora de oxigênio).

Glóbulos brancos
Denominados de leucócitos, são células do sangue relacionadas com a defesa do organismo. Com relação à
presença ou ausência de grânulos específicos no citoplasma dos leucócitos, eles são classificados em granulócitos,
(presença de grânulos) e agranulócitos (sem granulações).

192
Glóbulos brancos Características Função
Neutrófilo

BruceBlaus
Célula cujo núcleo é pouco Atuam na fagocitose de microrganismos
volumoso, DE 2 a 5 lóbulos, invasores graças à emissão de
e corresponde a maioria pseudópodes. Constituem a primeira
dos glóbulos brancos. linha de defesa do sangue.

G
Eosinófilo
R
BruceBlaus
A
N
U
Abundantes na defesa contra diversos
L Célula cujo núcleo
parasitas. Atuam particularmente
Ó contém 2 lóbulos.
em doenças alérgicas.
C
I
T
O
S
Basófilo
BruceBlaus

Célula cujo núcleo volumoso


Participam de reação inflamatória.
tem forma de S.

Linfócito
BruceBlaus

Dois tipos básicos, B e T, têm nú São responsáveis pela defesa


cleo esférico e representam imunitária do organismo. Os linfócitos
A grande parte do total B diferenciam-se em plasmócitos,
G de leucócitos. células produtoras de anticorpos.
R
A
N
U
L Monócito
Ó
BruceBlaus

C
I
T Atravessam as paredes dos capilares
O Célula cujo núcleo tem sanguíneos. Nos tecidos diferenciam-se
S forma de ferradura. em macrófagos ou osteoclastos, que são
células especializadas em fagocitose.

193
Tecido conjuntivo ósseo
Função de sustentação e compõe os ossos do esqueleto dos vertebrados. É um tecido rígido devido à ma-
triz rica em sais de cálcio, fósforo, magnésio, além de fibras de colágeno, que aferem certa flexibilidade ao osso.
Possuem vasos sanguíneos e são formados por tecidos adiposo, nervoso e cartilaginoso. Detém alto metabolismo,
sensibilidade e capacidade de regeneração. O osso é formado por duas regiões com relação à visão macroscópica:
osso compacto (sem cavidade) e osso esponjoso (muitas cavidades comunicantes). Do ponto de vista da visão mi-
croscópica dos ossos, é formado por inúmeras unidades chamadas sistemas de Havers. Cada um deles possui uma
matriz mineralizada depositada em camadas concêntricas ao redor de um canal central, no qual há nervos e vasos
sanguíneos. Através de canais transversais, os canais de Havers comunicam-se com a cavidade medular e com a
superfície externa do osso, denominados canais perfurantes (canais de Volkmann).
Cartilagem articular

OpenStax College
Epífise proximal

Metáfise Tecido ósseo esponjoso


Disco epifisários
Medula vermelha

Cavidade ou canal medular


Diáfise Medula amarela
Perióstio

Arteria nutricia

Metáfise

Epífise distal
Cartilagem articular

Medula óssea amarela, que é constituída por tecido adiposo e medula óssea vermelha, a qual forma as
células do sangue que preenchem o interior dos ossos.
Com exceção das superfícies articulares, o resto da superfície externa óssea é revestida pelo periósteo (ca-
mada de tecido conjuntivo).

osso esponjoso

osteócitos canal de Havers


perióstio
osso compacto

194
Tipos de células do osso
As células ósseas encontram-se em pequenas cavidades nas camadas concêntricas de matriz mineralizada.
Osteoblastos são células jovens, que possuem longas projeções citoplasmáticas que atingem os osteoblas-
tos vizinhos. Quando secretam a matriz intercelular ao seu redor, os osteoblastos permanecem retidos dentro de
pequenas lacunas das quais saem canais com as projeções citoplasmáticas. Quando o osteoblasto torna-se madu-
ro, transforma-se em osteócito, perdendo os prolongamentos citoplasmáticos, e passa a ocupar o centro da lacuna.
Formam-se canalículos onde estavam os prolongamentos citoplasmáticos, e estes permitem a comunicação entre
as lacunas, possibilitando a chegada às células ósseas do gás oxigênio e de substâncias nutritivas provenientes do
sangue. Há ainda outro tipo celular nesse tecido o osteoclasto, que são células principalmente ativas na destruição
das áreas envelhecidas e das áreas lesadas do osso (permitem a regeneração do tecido pelos osteoblastos). Os
ossos estão sempre em constante remodelação devido à atividade de destruição e de reconstrução exercidas, res-
pectivamente, pelos osteoclastos e osteoblastos.

Canal de Lamelas Osteócitos


Mavers

Osteócito
Canalículo(processo
Canalículo (Processocelular)
celular)
Osso compacto e esponjoso
Lacuna contendo osteócitos
Lamela
Canalículo Trabéculas

Sistema de Canal de Havers


Havers

Periósteo

Canal de Volkmann

Osso compacto e esponjoso

195
§ Formação do tecido ósseo (ou ossificação)
Existem 2 tipos de ossificação: intramenbranosa e endocondral. Na ossificação intramembranosa, o tecido
ósseo desenvolve-se a partir de uma membrana de natureza conjuntiva, não cartilaginosa. Na endocondral,
um pedaço de cartilagem, com forma de osso, é usado como molde para a formação de tecido ósseo. Assim,
a cartilagem é gradualmente removida e substituída por tecido ósseo.
Molde Cartilaginoso do osso

A B
Cartilagem hialina
não calcificada
Célula
mesenquimatosa
Cartilagem hialina
Pericôndrio calcificada
Centro de
ossificação
Condrocito
Cendroblasto
Área
ampliada
Periósteo
Capilar do
periósteo
Matriz da
cartilagem
Osso subperiósteo

Ossificação endocondral
Artéria
epifisária

C D E

Centro de ossificação
da epífase Disco cartilagionoso
epifisário
Artéria Artéria
epifisária nutridora

Epífase

Cavidade medular
do osso longo

Diáfise Cavidade medular


do osso longo

Epífase

Centro de ossificação
da epífase

Cartilagem Cartilagem Osso Artéria


calcificada

§ Crescimento nos ossos longos


Na formação de ossos longos (das pernas e dos braços) ocorre a ossificação do tipo endocondral. Tanto a
diáfise (o cilindro longo) quanto as epífises (as extremidades dilatadas) sofrerão a ossificação. Entre a epífise
de cada extremidade e a diáfise tem uma região de cartilagem (cartilagem de crescimento). Essa possibilita
o contínuo evento de ossificação endocondral. Os osteoclastos reabsorvem continuamente o tecido ósseo,
e formam novo tecido. A atuação conjunta de reabsorção do osso preexistente e da deposição de novo
tecido ósseo consiste no processo de crescimento de um osso. Quando a cartilagem de crescimento sofre
ossificação, cessa o crescimento do osso em comprimento.

196
A remodelação é o processo pelo qual o tecido ósseo antigo dá lugar ao tecido novo, e acontece em dife-
rentes velocidades em muitas partes do corpo. Tecidos gastos ou lesionados podem ser trocados por tecidos
sadios e novos.
A remodelação pode envolver a necessidade de cálcio pelo organismo. Como o tecido ósseo é rico nesse
sal mineral, caso o organismo precise de cálcio, o osteoclasto entra em ação para destruir a matriz óssea e
liberar o cálcio para o uso do organismo.
A remodelação e o crescimento normais dependem de:
§ Fabricação dos hormônios responsáveis pela atividade do tecido ósseo.
§ Quantidades adequadas de cálcio e fósforo na dieta alimentar.
§ Quantidade adequada de vitaminas, como vitamina D, que auxilia na deposição de cálcio e fósforo na
matriz óssea.

Remodelação óssea
Procurador do Osteoblasto
Osteoclasto Novo osso
osteoblasto maduro

Remodelação normal do osso

Alcançados tamanho e forma adultos, o tecido ósseo antigo é constantemente destruído para dar lugar
a um novo tecido, processo esse conhecido como remodelação. Esta ocorre em diferentes velocidades nas várias
partes do corpo, permitindo que os tecidos gastos ou lesionados sejam trocados por tecidos novos e sadios e que
o osso sirva de reserva de cálcio para o organismo.
Em um adulto saudável, mantém-se uma delicada homeóstase (equilíbrio) entre a remoção de cálcio pelos
osteoclastos e a deposição de cálcio pelos osteoblastos. Se for depositado muito cálcio, podem formar-se calos ós-
seos ou esporas, que prejudicam os movimentos. Se for retirado muito cálcio, os ossos enfraquecem-se e sujeitam-
-se à fraturas.

Periósteo

Cartilagem

Osso novo

2. proliferação
do periósteo
Calo
interno

Fragmentos
ósseos Calo
externo
3. ossificação
Hematoma do tecido regenerado
da fratura

Osso morto
4. formação de calo
1. remoção de células mortas,
ósseo com tecido
e de restos de matriz óssea,
ósseo primário
por fagocitose.

197
O crescimento e a remodelação normais dependem de:
§ Suficiente quantidade de cálcio e fósforo na dieta alimentar.
§ Suficiente quantidade de vitaminas, principalmente da vitamina D.
§ Produção dos hormônios responsáveis pela atividade do tecido ósseo.
Com o envelhecimento, o sistema esquelético sofre perda de cálcio, fenômeno conhecido como osteoporo-
se. A redução da síntese de proteínas também ocorre com o envelhecimento; quando a produção da parte orgânica
da matriz óssea diminui. Consequência: acúmulo de parte inorgânica da matriz com a fragilização dos ossos, que
se tornam mais suscetíveis à fraturas.
O uso de aparelhos ortodônticos remodelam os ossos, resultando na remodelação da arcada dentária. Esses
aparelhos exercem forças diferentes das que os dentes estão naturalmente submetidos. Nos pontos em que há
pressão ocorre reabsorção óssea, ao passo que na posição oposta há deposição de matriz. Os dentes movimentam-
-se pelos ossos da arcada dentária e passam a ocupar a posição desejada.

198
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Dentro da medicina existe uma área especializada no órgão pele, a qual é composta pelo tecido conjuntivo e
tecido epitelial. Essa área é a dermatologia.
“Dermatologia é uma especialização médica, cuja área de conhecimento se concentra no diagnóstico, pre-
venção e tratamento de doenças e afecções relacionadas à pele, pelos, mucosas, cabelo e unhas.”
http://www.sbd.org.br/dermatologia/sobre-a-dermatologia/o-que-e-dermatologia/

INTERDISCIPLINARIDADE

“Sua porcentagem de gordura corporal é a quantidade dela no seu corpo comparada com todo o resto (realmen-
te, todo o resto – músculos, ossos, órgãos, tendões, água... tudo). É algo complicado de calcular...”
http://pt.wikihow.com/Calcular-com-Precis%C3%A3o-a-Porcentagem-de-Gordura-Corporal

Gordura corpórea seria nosso tecido adiposo, que é uma especialização do tecido conjuntivo. A porcentagem
desse tecido no nosso organismo pode ser calculada por fórmulas matemáticas através de variáveis.

200
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 15 - Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos


biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.

Associar o conteúdo sobre os componentes do corpo humano (células, tecidos, metabolismo e


sua regulação) com os distúrbios decorrentes do seu mal funcionamento é essencial para que
possamos desenvolver soluções para seu tratamento, promovendo melhor qualidade de vida para
os portadores de doenças. É nesse contexto que o Enem costuma abordar os conteúdos de his-
tologia humana.

MODELO
(Enem 2017) Pesquisadores criaram um tipo de plaqueta artificial, feita com um polímero gelatinoso
coberto de anticorpos, que promete agilizar o processo de coagulação quando injetada no corpo. Se
houver sangramento, esses anticorpos fazem com que a plaqueta mude sua forma e se transforme em
uma espécie de rede que gruda nas lesões dos vasos sanguíneos e da pele.
Adaptado de: MOUTINHO, S. Coagulação acelerada. Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br. Acesso em: 19 fev. 2013.

Qual é a doença cujos pacientes teriam melhora de seu estado de saúde com o uso desse material?
a) Filariose
b) Hemofilia
c) Aterosclerose
d) Doença de Chagas
e) Síndrome da imunodeficiência adquirida

ANÁLISE EXPOSITIVA

Habilidade 15
A cascata de coagulação é um processo imprescindível para estancar sangramentos e evitar he-
morragias. Devido à importância desse processo, que também não pode ocorrer de forma exage-
rada, além das plaquetas há também diversas moléculas e fatores de coagulações envolvidos na
formação do coágulo, que é desencadeada quando ocorre lesão do epitélio vascular. A hemofilia é
uma doença relacionada à ausência de um desses fatores de coagulação, que impede que ocorra
coagulação adequada quando há um sangramento. Desse modo, o desenvolvimento de uma alter-
nativa artificial para coagulação do sangue traria melhoria na qualidade de vida dos hemofílicos.
Alternativa B

202
ESTRUTURA CONCEITUAL
Histologia

Células fortemente unidas


Epitelial
(junções celulares)

Revestimento
Queratina
→ Pele: epiderme
Melanina
→ Cavidades internas
Exs.: tubos digestório e respiratório, bexiga, vasos

Glandular: produz e secreta substâncias


→Glândulas Exócrinas →Substâncias Mucosa
Endócrinas Serosa
Mista Mista

Presença de muita matriz extracelular


Conjuntivo
Fibras: colágena, elástica e fibrosa

Frouxo
Propriamente dito Denso modelado
Denso não modelado

Adiposo Armazena lipídeos


Parte figurada: células e
Hematopoiético plaquetas
Parte amorfa: plasma

Ósseo Sustentação:
matriz inorgânica (cálcio, fósforo)

Cartilaginoso Reveste articulações, sustentação

Muscular

Nervoso

203
23 24
Histologia II

Competência Habilidades
4 15 e 16

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
TECIDO MUSCULAR
Fundamental na locomoção, na contração do coração e das artérias (vasos sanguíneos), dos órgãos do tubo
digestório e outros. Fibras musculares são as células dos tecidos musculares, que são alongadas e têm o nome
de miócitos. Citoplasma rico em filamento proteico de actina de miosina, que são responsáveis pela contração e
distensão dessas células. Para um músculo ser estimulado a ser contraído, é necessário que os filamentos de actina
deslizem entre os filamentos de miosina, o que leva à diminuição de tamanho da célula, caracterizando a contração.

Tipos de tecido muscular


Existem três tipos de tecido muscular: estriado esquelético, estriado cardíaco e liso.
Algumas estruturas celulares ganham nomes especiais: a membrana plasmática é chamada sarcolema; o
retículo endoplasmático liso é nomeado de retículo sarcoplasmático; e o citosol, de sarcoplasma.

Tipos de músculo Atividade


Músculo esquelético Cortes transversais
Contração forte,
rápida,
descontínua e
voluntária

Núcleo
Músculo cardíaco
Contração forte,
rápida,
contínua e
involuntária

Músculo liso Discos intercalares


Contração fraca,
lenta e
involuntária

§ Tecido muscular estriado esquelético


Maior parte da musculatura do corpo dos vertebrados é constituída pelo tecido muscular estriado esquelé-
tico. Recobre completamente o esqueleto e está conectado aos ossos, motivo pelo qual é chamado esque-
lético. É um tecido com contração voluntária (depende da vontade do organismo). Um músculo esquelético
é uma junção de longas fibras; cada fibra é uma célula com vários núcleos periféricos, que pode medir
centímetros de comprimento. No citoplasma encontram-se as fibras contráteis dispostas longitudinalmente,
as miofibrilas, constituídas de 2 tipo de fibras proteicas, miosina (grosso) e actina (fina). Essas proteínas são
organizadas de modo que originam as bandas transversais (claras e escuras), particularidades das células
musculares estriadas esqueléticas e cardíacas.

207
Tecido muscular estriado

Tecido muscular estriado visto no microscópio óptico.

As bandas escuras são os miofilamentos de miosina (as anisotrópicas) (banda A). As bandas claras são
filamentos de actina (as isotrópicas) (banda I).
A linha mais escura Z no centro de cada banda I.
Miômetro ou sarcômero é o intervalo entre duas linhas Z consecutivas, que corresponde à unidade contrátil
da célula muscular.
A banda H é uma faixa mais clara no centro de cada banda A.

Sarcolema Mitocôndria Miofilamentos

Linha Z Linha Z
Miofibrilas Banda A
Banda I Banda I

Sarcômero
Linha Z Linha Z
Retículo
Fibra Túbulos T Sarcoplasmático
Núcleo
Filamento grosso

Filamento delgado

Troponina

Actina Tropomiosina

Organização da fibra muscular

Durante a contração muscular, os miofilamentos conservam o tamanho, enquanto os sarcômeros reduzem.


Toda a célula muscular se contrai, devido ao deslizamento dos filamentos de actinas sobre os de miosina.
Sarcômero estirado
Músculo
estirado

ATP + Ca2+ + Mg2+ Actina


Miosina
Músculo
contraído

Sarcômero contraído

208
Tipos de fibras musculares estriadas esqueléticas
§ Lentas ou vermelhas (tipo 1): têm mioglobina (proteína que conduz e estoca oxigênio para os tecidos
musculares) e mitocôndrias. Altamente resistente à fadiga, assim, estão adaptadas a movimentos duradouros
e lentos. Para sua atividade, utilizam a energia proveniente do processo de respiração celular normalmente.
§ Rápidas ou brancas (tipo 2): são fibras mais claras, pois possuem pouca mioglobina e mitocôndrias.
Estão adaptadas a movimentos rápidos e potentes. A energia para a atividade dessa fibra vem de processos
anaeróbios, como a fermentação, normalmente.
Os músculos peitorais de aves que voam pouco (galinhas e perus) são formados, principalmente, por fibras
brancas (movimentos de curta duração). Já os músculos da perna são compostos principalmente de fibras verme-
lhas, pois são usados constantemente. Em aves migratórias, que viajam amplas distâncias, acontece o oposto.

Exercícios e o aumento da musculatura esquelética

A atividade física estimula a produção de novas miofibrilas pelas células musculares esqueléticas já existen-
tes, aumentando o volume da célula e, assim, do músculo. As células da musculatura esquelética não sofrem mi-
tose no indivíduo adulto. Porém, há células especiais denominadas satélites que são pequenas e mononucleadas,
localizadas no tecido conjuntivo que envolve as células musculares. Em algumas situações, se o músculo for sub-
metido a intensos exercícios, as células satélites podem se multiplicar, o que também colabora para o aumento do
músculo. Em caso de lesões, as células satélites agem nos processos de regeneração da musculatura esquelética.

As células satélites atuam nos processos de regeneração da musculatura esquelética em caso de lesões.
§ Tecido muscular estriado cardíaco
Apresenta células musculares estriadas com núcleos centrais. Esse tecido é encontrado apenas no coração,
possui uma contração potente, rítmica e involuntária (independentemente da vontade do indivíduo). Esses
miócitos são menores, ramificadas e intimamente aderidos um aos outros por discos intercalares (estruturas
típicas da musculatura cardíaca), que são responsáveis pela conexão elétrica entre as células do coração.
Quando uma célula recebe um estímulo satisfatoriamente forte, ele é impresso a todas as demais células, e,
assim, o músculo cardíaco contrai-se como um todo. Essa transmissão se alastra pelos canais de passagem
de água e íons entre as células, que promovendo a difusão do sinal iônico entre as células e originando a
contração rítmica delas. Os discos intercalares contêm estruturas de aderência entre células que as conser-
vam unidas, mesmo durante o potente processo de contração da musculatura cardíaca.
Tecido muscular cardíaco

Discos
Intercalares

Tecido muscular cardíaco visto no microscópio óptico

209
Discos Intercalares

Célula muscular cardíaca


junção gap

membrana celular de
células adjacentes

O processo de autoestimulação é realizado pelas células musculares cardíacas (isso ocorre independente de
um estímulo do sistema nervoso). As contrações rítmicas do coração são causadas e dirigidas por uma rede
de células musculares cardíacas especializadas, encontradas logo abaixo do endocárdio, tecido que recobre
internamente o coração. Há abundantes terminações nervosas no coração. Compete ao sistema nervoso,
portanto, controlar o ritmo cardíaco de acordo com as exigências do organismo.

§ Tecido muscular liso ou não estriado


As células musculares lisas não possuem estriação transversal, atributo das células musculares cardíacas
e esqueléticas. Ao longo do comprimento da célula, os filamentos de actina e de miosina não se alinham.
Tecido muscular liso

Tecido muscular liso

Os miócitos são fusiformes, uninucleados, alongados e com as extremidades afiladas, de contração lenta e
involuntária. Esse tipo de tecido é encontrado em grande parte do sistema digestório (esôfago, estômago e
intestinos), que é responsável pelo peristaltismo nesse sistema.

Célula
Célularelaxada músculoliso
relaxada do músculo liso

Célula
Célulacontraída
contraída do músculo liso
músculo liso

210
TECIDO NERVOSO
Os seres vivos interagem com o meio e reagem aos estímulos ambientais. Assim, mudanças ambientais,
como calor e frio, sons, choques, são percebidas pelo indivíduo. O tecido nervoso é o responsável pela recepção
do estímulo e pela escolha da resposta adequada muscular. No tecido nervoso praticamente não existe substância
intercelular. Seus fundamentais constituintes celulares são os neurônios e as células da glia.
§ Neurônios
São células nervosas que recebem, codificam e transmitem estímulos nervosos, permitindo ao indivíduo
responder. Às mudanças do meio. São longas, podendo atingir até cerca de um metro de comprimento. São
células compostas por um corpo celular, de onde saem dois tipos de prolongamento: axônio e dendritos.
Dendritos são especializados na recepção de estímulos, e possuem ramificações citoplasmáticas. O impulso
nervoso é sempre transmitido no mesmo sentido: dendrito, depois corpo celular e axônio.

Mariana Ruiz LadyofHats


Sinapse
Neurofibrilas
Vesículas sinápticas
Neurotransmissor Sinapse
(axoaxônica)

Fenda sináptica
RER
(corpo de Nissl)
Terminal axônico

Polirribossomas Nó de Ranvier
Ribossomas Sinapse
Aparelho de Golgi (axossomática)

Baínha de mielina
(Célula de Schwann)
Axônio
Núcleo
Nucléolo Núcleo
Membrana (Célula de Schwann)

Microtúbulo

Mitocôndria

REL
Microfilamento
Microtúbulo
Sinapse Axônio
(axodendrítica)

Axônio é também uma projeção citoplasmática, alongada e com diâmetro constante, que se ramificam na
porção final, o que auxilia na transmissão de impulso.

§ Células da glia
Neuroglia ou glia são muitos tipos celulares relacionados à função de nutrição e sustentação dos neurônios,
e também à produção de mielina e à fagocitose.
Os tipos de glia diferem na forma e função, assim cada tipo tem um papel diferente no organismo.
§ Os astrócitos alimentam a rede de circuitos nervosos e fornecem suporte mecânico.
§ Os oligodendrócitos fazem função semelhante às células de Schwann: sintetizam bainhas protetoras
sobre os neurônios.
§ A micróglia é um tipo especializado de macrófago, fagocita detritos e restos celulares do sistema nervoso.

§ Células de Schwann
São células especiais que envolvem certos tipos de neurônios. Enrolam-se dezenas de vezes em torno do
axônio e formam uma capa membranosa chamada bainha de mielina.
A bainha de mielina age como isolante elétrico, o que causa aumento na velocidade de propagação do
impulso nervoso.

211
Transmissão do impulso nervoso
Os estímulos nervosos se propagam sempre no mesmo sentido: são recebidos pelos dendritos, continuam
pelo corpo celular, passam pelo axônio, o qual os transmitem à célula seguinte e assim por diante.
Na membrana celular de um neurônio em repouso, há uma diferença iônica do lado externo e do lado
interno, sendo assim, o neurônio é eletricamente negativo, dizemos que nesse caso o neurônio está polarizado.
A diferença de cargas elétricas é conservada devido à bomba de sódio e potássio. A diferença do gradiente ele-
troquímico forma uma energia elétrica potencial pela da membrana, o que chamamos de potencial de membrana
ou potencial de repouso. Se um estímulo chegar até o neurônio, pode acontecer mudança na permeabilidade da
membrana, o que vai levar a entrada de sódio na célula e pequena saída de potássio. Isso inverte as cargas ao redor
dessa membrana, tornando-a despolarizada e provoca um potencial de ação. A despolarização se propaga pelo
neurônio, o que seria o impulso nervoso. Logo após a passagem do impulso, a membrana repolariza-se, e readquire
seu estado de repouso, o que leva à interrupção da transmissão do impulso.

O estímulo causador do impulso nervoso necessita ser suficientemente forte, acima de um certo valor, que
discrepa entre os tipos de neurônios, para levar à despolarização que modifica o potencial de repouso em potencial
de ação. Esse estímulo chamamos de estímulo limiar. Inferiormente a esse valor, o estímulo não desencadeia o im-
pulso nervoso. Um estímulo superior ao limiar gera o mesmo potencial de ação, conduzido ao longo do neurônio.
Dessa maneira, não há variação de intensidade de um impulso nervoso devido ao aumento do estímulo; esse pro-
cesso obedece à regra do “tudo ou nada”. Assim, número de neurônios despolarizados e a frequência de impulsos
reflete na intensidade das sensações depende.
Neurotransmissor
Receptor

Mitocôndria

Vesícula

Fenda sináptica
Axônio

Dentritos

212
A transmissão do impulso nervoso propaga-se através de uma região denominada sinapse. A Sinapse é o
sítio de comunicação entre neurônios ou entre o neurônio e a célula efetora. Pode ser química ou elétrica.é a mais
comum, na qual não há contato entre as membranas das duas células, que ficam distantes devido a um espaço
chamado fenda sináptica. Os mediadores químicos, chamados neurotransmissores, são liberados na porção termi-
nal do axônio, através de vesículas secretoras. Ao cair na fenda sináptica, esses neurotransmissores geram os
impulsos nervosos na célula subsequente. Depois, os neurotransmissores, já na fenda sináptica, são destruídos por
enzimas específicas, inibindo seus efeitos.

Células de
Schwann

Nódulos de
Ranvier

Axônio

Potencial de ação

No sistema nervoso, existem neurônios dispostos de formas distintas, o que resulta em regiões com co-
loração própria que podem ser observadas macroscopicamente: na substância cinzenta (corpos celulares) e na
substância branca (os axônios).

Regeneração das células nervosas


Há alguns anos, não se acreditava na formação de novos neurônios. Porém, hoje, o processo de neorogênese,
produção de novos neurônios, é amplamente aceito pela comunidade cientifica. A produção de novas células ner-
vosas não ocorre através do processo de mitose, mas sim através de células indiferenciadas, presentes no cérebro,
que passam a ser células com função específica, os neurônios. Esse processo ocorre em áreas, como a região hipo-
campal, local relacionado com a formação de novas memórias.

213
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Mecanismo de contração muscular


Fonte: Youtube

Vídeo Mecanismo de contração muscular

Fonte: Youtube

Vídeo Neurônios Neurotransmissores Sistema Nervoso...


Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Tecidos e tecido nervoso

www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/epitelio3.php
www.sobiologia.com.br/conteudos/Corpo/Organizacao3.php
www.sobiologia.com.br/conteudos/Histologia/epitelio27.php

214
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Uma das grandes lacunas da ciência se dá com relação ao funcionamento do nosso cérebro. O tecido nervo-
so, em muitos aspectos, ainda é algo nebuloso para os pesquisadores, porém alguns fatos já são conhecidos sobre
esse tecido, e esse conhecimento auxilia médicos e pesquisadores a descobrirem causas e possíveis tratamentos
para distúrbios neurológicos, aumentando a qualidade de vida dos pacientes.

INTERDISCIPLINARIDADE

A neurotransmissão envolve o que chamamos de potenciação de ação. Esse processo consiste em impulsos
elétricos através das células nervosas, os neurônios, que passam a informação para a próxima célula nervosa, fa-
zendo a comunicação entre todo o organismo e promovendo a interação do indivíduo com o meio. Conceitos de
física elétrica auxiliam essa área da Biologia, dando embasamento para muitas teorias e processos.

215
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 15 - Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos


biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.

Compreender a composição e metabolismo dos componentes do corpo humano (células e tecidos)


e os distúrbios decorrentes do seu mal funcionamento é essencial para que possamos desenvolver
soluções para seu tratamento, promovendo melhor qualidade de vida para os portadores dessas
doenças. É nesse contexto que o Enem costuma abordar os conteúdos de histologia humana.

MODELO
(Enem) A água é um dos componentes mais importantes das células. A tabela a seguir mostra como a
quantidade de água varia em seres humanos, dependendo do tipo de célula. Em média, a água corres-
ponde a 70% da composição química de um indivíduo normal.

tipos de célula quantidade de água


tecido nervoso – substância cinzenta 85%
tecido nervoso – substância branca 70%
medula óssea 75%
tecido conjuntivo 60%
tecido adiposo 15%
hemácias 65%
ossos sem medula 20%

Durante uma biópsia, foi isolada uma amostra de tecido para análise em um laboratório. Enquan-
to intacta, essa amostra pesava 200 mg. Após secagem em estufa, quando se retirou toda a água
do tecido, a amostra passou a pesar 80 mg. Baseado na tabela, pode-se afirmar que essa é uma
amostra de:
a) tecido nervoso – substância cinzenta.
b) tecido nervoso – substância branca.
c) hemácias.
d) tecido conjuntivo.
e) tecido adiposo.

216
ANÁLISE EXPOSITIVA

Habilidade 15
Os diferentes tecidos apresentam um teor de água ligado as suas características morfológicas e
à intensidade de seu metabolismo. Para desenvolver a questão, é necessário utilizar os dados
fornecidos para identificar a porcentagem de água no tecido amostrado e, em seguida, utilizar
os valores de referência apresentados na tabela. Desse modo, após a secagem, verifica-se que a
amostra de tecido passou de 200 mg para 80 mg, revelando que o teor hídrico do tecido analisado
era de 120 mg, correspondentes a 60% de água. Logo, a amostra é de tecido conjuntivo.
Alternativa D

ESTRUTURA CONCEITUAL
Histologia II Epitelial

Conjuntivo

Fibras contráteis
Muscular
(actina e miosina)

Voluntário
Esquelético Fibras vermelhas: lentas
Estriado Fibras brancas: rápidas

Involuntário
Cardíaco
Ritmado

Liso Involuntário; discos intercalares


Presente nos órgãos

Recebe e transmite
Nervoso
estímulos nervosos

Neurônios
Células de Schwann (bainha de mielina)
da Glia

Unidirecional:
Transmissão do
dentrito → corpo celular → axônio
impulso nervoso
Sinapse química:
neurotransmissores
217
25 26
Produção de energia em
heterótrofos: respiração e
fermentação
Competência Habilidade
5 18

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
No livro 1 tratamos dos componentes orgânicos que constituem os organismos vivos, como os carboidratos
e lipídeos. Foram atribuídas a eles diferentes funções, entre elas a energética – geração de energia para o corpo
vivo. Vamos elucidar agora como acontece esse processo.
Primeiramente, é preciso esclarecer que, de modo geral, as reações metabólicas ocorridas em um organismo
têm início na célula, ou seja, para que o todo funcione é necessária a atividade das células que o compõem.
A energia obtida pelas células para fazer suas funções não deriva diretamente dos compostos orgânicos,
as moléculas “intermediárias” são geradas com a energia obtida da “quebra” dessas substâncias orgânicas. A
molécula chamada de adenosina-trifosfato (ATP) é composta por adenina (base nitrogenada), açúcar (ribose) e
três fosfatos. O agrupamento adenina + ribose produz a adenosina, que, ligada a um fosfato, vira a adenosina-
-monofosfato (AMP). Com a adição de outro fosfato, transforma-se em adenosina-difosfato (ADP), e, finalmente,
acrescentado o último fosfato, produz a adenosina trifosfato (ATP), o qual tem energia armazenada em suas liga-
ções-fosfato. Para a energia ser liberada, é necessário a quebra de uma ligação fosfato: ATP ADP + Pi + energia.

Adenosina monofosfato
(AMP)

Adenosina difosfato
(ADP)

Adenosina trifosfato
(ADP)

Adenosina monofosfato cíclico


(cAMP)

O ATP armazena energia em duas de suas ligações-fosfato, que se desprende assim que uma delas se rom-
pe. Geralmente, só ocorre a quebra de uma ligação fosfato se resultar desta equação:
ATP ADP + Pi + energia

Adenina
Grupos fosfato

Adenosina trifosfato (ATP) Ribose

Energia

íon fosfato

Adenina
grupos fosfato

Difosfato de adenosina (ADP) Ribose

Pi = fosfato inorgânico

221
O processo inverso ocorre quando há produção rado e oxigênio absorvido. Para retirar efetivamente dos
de ATP e se denomina fosforilação (adição de um gru- nutrientes a energia imprescindível à atividade celular,
pamento fosfato). A vantagem de reserva em forma de são necessários três mecanismos: a glicólise (ocorre no
ATP é que se trata de um composto do qual a célula citosol, não precisa de oxigênio - processo anaeróbio),
pode rapidamente sacar energia. A molécula de ATP o ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa (ocorrem nas
possui boa quantidade de enzimas responsáveis por mitocôndrias e no caso da última usa oxigênio).
sua “quebra”, as nomeadas ATPases. O processo para ATP sintase

fabricação de energia é denominado respiração celular,


DNA mitocondrial
e gasta O2 e produz CO2.

C6H12O6 + 602 → 6CO2 + 6H2O + energia (calor)

Membrana exterior
Transportadores de elétrons
Espaço entre membranas

NAD , NADP e FAD são moléculas complexas


+

que capturam elétrons e átomos de hidrogênio despren- Ribossomo


Membrana interior

didos de reações químicas no interior das células, onde Matriz


Componentes da mitocôndria
acontecem a produção e a degradação de substâncias
orgânicas. Assim são nomeadas transportadoras de hi- Glicólise
drogênios e aceptoras de elétrons. Suas formas oxidadas
estão representadas pelo NAD+, NADP+ e FAD. O NAD+ Por ser um processo anaeróbio, podemos cha-
e o FAD são nucleotídeos unificados, respectivamente, mar também de fermentação. Basicamente é a modifi-
às vitaminas nicotinamida e riboflavina. Por isso, NAD+ cação gradual da molécula de glicose realizada por um
é a sigla de Nicotinamida-Adenina-Dinucleotídeos, e conjunto de enzimas, que ao final resulta na produção
FAD, a sigla das moléculas Flavina-Adenina-Dinucleotí- de duas moléculas de um “subproduto”, o ácido pirúvi-
deo. O NADP compreende um grupo fosfato (P). co (C3H4O3), e na liberação de energia armazenada em
Ao receberem elétrons e hidrogênios, NAD+, duas moléculas de ATP. Essa síntese é possível graças ao
NADP+ e FAD ficam reduzidos. ADP e ao fosfato inorgânico presentes no citosol. Como
na primeira etapa do processo – modificação da glico-
NAD+ (forma oxidada) NADH (forma reduzida) se – são utilizadas duas moléculas de ATP – uma vez
NADP+(forma oxidada) NADPH (forma reduzida) que as enzimas necessitam de energia para realizar sua
função – e ao todo são produzidas quatro moléculas de
FAD (forma oxidada) FADH2 (forma reduzida)
ATP, conforme detalhado na imagem, o saldo da glicóli-
NAD+ e NADP+ são substâncias parecidas, po- se é 2 ATP a cada molécula de glicose.
rém operam em processos distintos: o NAD+ atua em
processos de quebra de moléculas (catabólicos), como é
o caso da respiração e da fermentação; e o NADP+ atua
em processos de síntese (anabólicos), como é o caso da
fotossíntese e da quimiossíntese.

RESPIRAÇÃO CELULAR
A respiração celular é basicamente um processo
de extração de energia química armazenada em molé-
culas de substâncias orgânicas. A intensidade da res-
piração tem relação com a necessidade metabólica de
cada célula e pode ser medida pelo gás carbônico libe-

222
Como na primeira etapa do processo – modificação da glicose –, são utilizadas duas moléculas de ATP
– uma vez que as enzimas necessitam de energia para realizar sua função –, e ao todo são produzidas quatro
moléculas de ATP, o saldo da glicólise é 2 ATP a cada molécula de glicose.

Ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico


O ácido pirúvico que resulta da glicólise penetra a mitocôndria, onde tem início a fase aeróbia da respiração.
Depois de passar por reações enzimáticas, o ácido pirúvico perde CO2 e hidrogênio – respectivamente, por descar-
boxilação e desidrogenação –, que são utilizados para redução do NAD+ à NADH. Em seguida, esse ácido liga-se à
coenzima A formando a acetil-coenzima A, ou Acetil-CoA. Ela, por sua vez, combina-se com o ácido oxalacético e
dá origem a uma molécula com seis átomos de carbono, o ácido cítrico. Ele também passa por uma série de trans-
formações – descarboxilações e desidrogenações – até originar o ácido oxalacético, que reinicia o ciclo. De maneira
geral, o ciclo de Krebs consiste em uma série de reações enzimáticas e cíclicas – repetitivas –, que gradativamente
produzem prótons e elétrons. Captados por aceptores (NAD+ e FAD) e por citocromos, esses agem como transpor-
tadores de elétrons em um processo de oxidorredução. Além deles, também são liberados, na matriz mitocondrial,
átomos de hidrogênio na forma de prótons H+.

223
Durante esse ciclo, são produzidas três moléculas de NADH, uma de FADH2, duas moléculas de CO2 e uma de
GTP (guanosina trifosfato), responsáveis por armazenar parte da energia que logo será transferida para a molécula
de ATP.
Apesar de o ciclo de Krebs ser exemplificado a partir de um produto originado do processamento (glicólise) de
um carboidrato, também podem participar desse ciclo lipídios e proteínas, bem como, para sua síntese, podem utilizar-
-se de produtos originados no ciclo de Krebs.

Cadeia respiratória
Acontece nas cristas mitocondriais. Na glicólise e no ciclo de Krebs são liberados hidrogênios como resulta-
do da progressiva degradação de glicose. Os hidrogênios foram aceptados por substâncias especiais, o NAD+ e o
FAD, e reduzidas a NADH, e a FADH2. NADH e FADH2 devem ligar-se ao oxigênio para que, com a transferência dos
hidrogênios, forme-se água. A ligação dos aceptores com oxigênio não é direta, os hidrogênios em vez de serem
entregues diretamente ao oxigênio são transferidos de uma substância para outra, para compor uma cadeia que
possibilita a liberação gradativa de energia, usada para a produção de ATP, a partir de ADP e fosfato. Depois que
a energia foi utilizada para produção de ATP, decorrente de sucessivas oxidações, diz-se que ocorreu fosforilação
oxidativa.
§ aceptores de hidrogênio → NAD+ e FAD
§ transportadores de elétrons → citocromos
A cadeia pode ser iniciada pelo NADH2 ou FADH2. Quando começa pelo NADH2, ele transfere dois prótons
de hidrogênio para o FAD, que se reduz a FADH2. Se iniciada pelo FADH2, ao oxidar-se a FAD, ele libera dois prótons
hidrogênios H+. Em consequência passa a dispor de dois elétrons dos hidrogênios, que são transferidos para os
citocromos. Os citocromos possuem ferro. Se receberem elétrons, o Fe3+ reduz-se a Fe2+. Se perderem elétrons, o
Fe2+ oxida-se para Fe3+. Desse modo, os elétrons são passados de um citocromo para outro.
Esses transportadores não são gastos no processo, eles apenas sofrem reação de oxirredução. O último
transportador da cadeia transportadora oxida-se ao passar os elétrons para o oxigênio. Porque ele recebe esses
elétrons e os íons H+ da solução, formando água, trata-se do último a sofrer redução. Dessa forma, o oxigênio é o
aceptor final de elétrons na respiração aeróbia e, por isso, é importante que a célula tenha continuo suprimento de
oxigênio; caso contrário, o processo é interrompido, uma vez que os transportadores permaneceriam reduzidos e,
consequentemente, impossibilitados de receber outros elétrons.

GLICOSE CO2 + H2O

e-

NAD

NADH2 ADP + Pi ATP


e-
e -
FAD

citocromo
b
e- e-

citocromo citocromo
c a
ADP + Pi ATP
e-
ADP + Pi ATP
citocromo
a3 O2
H + e-
H2 O

Esquema da cadeia respiratória

224
Destaca-se que:
§ o ADP sai do citosol e entra na mitocôndria, onde é utilizado para síntese de ATP, que, por sua vez, vai para
o citosol, onde age como “combustível’ para alimentar as reações químicas;
§ na fosforilação oxidativa são produzidos cerca de 32 mol de ATP, o que constitui a etapa de maior rendi-
mento energético da respiração aeróbia; no entanto, como a mitocôndria precisa utilizar energia, o saldo
de ATP é cerca de 30;
§ por isso a respiração aeróbia é definida como a oxidação total da glicose em presença de oxigênio;
§ parte da energia liberada dos nutrientes é dissipada em forma de calor, utilizado para aquecer o corpo.
O balanço energético da respiração aeróbia pode ser assim representado:

Etapas da respiração NADH FADH2 ATP gasto ATP produzido Saldo de ATP
Glicólise 2 — 2 4 2

Formação de acetil-coa 2 — — — —

Ciclo de Krebs 6 2 — 2 2

Fosforilação oxidativa 2 a 2,5 ATP 1 a 1,5 ATP — 22 a 28 22 a 28

Total 10 2 2 28 a 34 26 a 32

Observe: 1NADH = 2 a 2,5 ATP e 1 FADH2 = 1 a 1,5 ATP.

ATP sintase
Um gradiente de prótons entra na matriz mitocondrial. Os prótons acumulados tendem a voltar para a matriz e
fazem-no cruzando a enzima ATP sintase, localizada na membrana interna mitocondrial, onde também se encontram
as enzimas e proteínas que fazem parte da cadeia transportadora de elétrons.

Espaço entre membranas

Bomba de próton Membrana


Talo mitocondrial
Subunidade F1

interior

ATP sintase

Matriz mitocondrial
ATP sintase

225
Durante a entrada de prótons com auxílio da ATP sintase, usa-se a energia para produzir ATP. Essa teoria
que tende explicar a produção de ATP a partir de energia do gradiente de prótons é conhecida como hipótese
quimiosmótica.

FERMENTAÇÃO
É oxidação incompleta da glicose sem necessidade de oxigênio feita por alguns seres vivos. Nesse processo
denominado de fermentação, a quebra da glicose (glicólise) termina com a fabricação de apenas dois ATPs. A
fermentação é um processo efetivado por micro-organismos: fungos, bactérias, as vezes pelo nosso próprio corpo.
Praticamente, todos os ser vivos podem usar a glicose para sintetizar a energia necessária aos seus processos me-
tabólicos. A glicose e outros açúcares são transformados em outras substâncias que liberam energia. Dependendo
do tipo de microrganismos e do meio em que vivem, determina-se o tipo substâncias que será produzida. Existem
vários tipos de fermentação, como: lática, alcoólica, acética e butírica.

Fermentação lática
É a oxidação anaeróbica parcial de hidratos de carbono que leva a produção final de ácido lático e de ou-
tras substâncias orgânicas. É um processo microbiano muito importante usado na fabricação de laticínios, picles e
chucrute e na conservação de forragens. É também responsável pela deterioração de diversos produtos agrícolas.

Etapas da fermentação lática


§ Glicólise
Processo parecido ao sucedido na respiração aeróbia. A equação global final para a glicólise é:

Glicose + 2NAD+ + 2ADP + 2Pi → 2 Piruvato + 2 NADH + 2H+ + 2ATP + 2H2O

226
§ Fermentação lática
Sucedida a glicólise, a redução do piruvato é catalisada pela enzima lactato-desidrogenase. O equilíbrio global
dessa reação favorece significativamente a formação de lactato. Micro-organismos fermentadores regeneram
continuamente o NAD+ ao transferirem os elétrons do NADH que formam um produto final reduzido, como no
caso o lactato.

O rendimento em ATP da glicólise sob condições anaeróbicas – 2 ATP por molécula de glicose – é muito
menor que o obtido na oxidação completa da glicose sob condições aeróbicas.
Portanto, para produzir a mesma quantidade de ATP, é necessário consumir cerca de 18 vezes mais glicose
do que em condições aeróbicas. Sob o ponto de vista energético, a glicólise libera apenas uma pequena
fração de energia total disponível na molécula da glicose.

Aplicações da fermentação lática

Alguns alimentos podem ser estragados pelo crescimento e atuação de bactérias ácido-láticas. Mas a im-
portância desses microrganismos consiste no seu significativo emprego na indústria alimentar. Queijos maturados,
conservas, chucrute e linguiças fermentadas são alimentos que podem ser conservados durante tempo admira-
velmente maior que a matéria-prima da qual eles foram feitos. Além de mais estáveis, os alimentos fermentados
contêm aroma e sabor característicos que procede direta ou indiretamente dos organismos fermentadores. Há
casos em que o conteúdo de vitaminas dos alimentos cresce juntamente com o acréscimo da digestibilidade da
sua matéria-prima.

§ Fermentação lática no músculo


Durante o esforço muscular intenso, a quantidade de oxigênio que chega nos músculos não é suficiente para
abastecer toda a energia imprescindível para a atividade desenvolvida. Células musculares passam então a rea-
lizar fermentação lática, cujo ácido lático acumula-se no interior das fibras produzindo dores, cansaço e cãibras.
Em seguida, uma parte desse ácido é conduzida pela corrente sanguínea para o fígado, onde é convertido em
ácido pirúvico. Em repouso, a célula muscular produz um excesso de ATP, que transmite sua energia para outro
composto, a creatina fosfato. Ela é mais estável e permanece por mais tempo armazenada na célula. Em caso de
contração muscular, esse composto cede energia para produção de ATP.

Fermentação alcoólica
As leveduras usadas em cervejarias, em padarias, pela realização de fermentação alcoólica, fermentam
a glicose em etanol e CO2. Regularmente, os fungos (leveduras) empregados na produção de vinho e pães são
anaeróbicos facultativos, isto é, se, em ambiente oxigenado, realizam respiração aeróbica, em ambiente sem
oxigênio, realizam fermentação.

227
Etapas da fermentação alcoólica
O processo de glicólise comum às fermentações produz ácido pirúvico, que se encontra no meio celular io-
nizado na forma de piruvato; e reduzido, o NADH. Considerando que a quantidade de NADH é limitada e que ele é
necessário na sua forma oxidada (NAD+) na glicólise, consequentemente, na continuação do processo de produção de
energia, o NADH tem de ser oxidado. A forma como ele será oxidado caracteriza o tipo de fermentação; regularmente
se utiliza outro subproduto da glicólise: o piruvato ou seus derivados. Na fermentação alcoólica, o piruvato sofre des-
carboxilação graças à ação da enzima piruvato descarboxilase, que dá origem ao aldeído acético. Esse aldeído sofre
redução, oxida o NADH para NAD+ e forma o etanol, processos intermediados pela enzima álcool desidrogenase.

Fermentação alcoólica

Outros tipos de fermentação


Fermentação cítrica
Largamente utilizado nas indústrias de alimento, refrigerantes, medicamentos, tintas e outras, o ácido cítrico
era anteriormente extraído de frutos cítricos. Hoje é obtido por oxidação parcial anaeróbica de hidratos de carbono
– sacarose, notadamente – por ação de certos fungos, dentre eles Aspergillus níger, A. wentii e Mucor spp.

Fermentação butírica
Trata-se de uma reação química realizada por bactérias anaeróbias, mediante a qual se forma o ácido butí-
rico, processo descoberto por Louis Pasteur, em 1861. É produzido a partir da lactose ou do ácido lático, formando
ácido butírico e gás. É característica das bactérias do gênero Clostridium, que exalam odores pútridos e desagradá-
veis. A fermentação butírica ocorre por ação de bactérias da espécie Clostridium butyrium em ambiente sem oxigênio.

Fermentação acética
Consiste na oxidação parcial, anaeróbica, do álcool etílico, que produz ácido acético. É um processo utilizado na
produção de vinagre comum e do ácido acético industrial. Desenvolve-se também na deterioração de certos alimen-
tos e de bebidas de baixo teor alcoólico. É realizada por bactérias denominadas acetobactérias. Conferindo o gosto
característico de vinagre e CO2, as bactérias acéticas constituem um dos grupos de microrganismos de maior interesse
econômico. De um lado, pela função que exercem na produção do vinagre; de outro, pelas alterações que provocam
nos alimentos e bebidas. Essas bactérias acéticas necessitam do oxigênio do ar para realizarem a acetificação. Em ra-
zão disso multiplicam-se mais na parte superior do vinho que está sendo transformado em vinagre, formando um véu
conhecido como “mãe do vinagre”, véu esse que pode ser mais ou menos espesso de acordo com o tipo de bactéria.

228
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

O processo de fermentação possui aplicação na indústria alimentícia

“Alguns alimentos podem se deteriorar pelo crescimento e ação de bactérias ácido-láticas. No entanto,
a importância deste grupo de microrganismos consiste em sua grande utilização na indústria alimentar. Muitos
alimentos devem sua produção e suas características às atividades fermentativas dos microrganismos em questão.
Queijos maturados, conservas, chucrute e linguiças fermentadas são alimentos que possuem uma vida de prateleira
consideravelmente maior que a matéria-prima da qual eles foram feitos. Além de serem mais estáveis, todos os
alimentos fermentados possuem aroma e sabor característicos que resultam direta ou indiretamente dos organis-
mos fermentadores. Em alguns casos, o conteúdo de vitaminas dos alimentos cresce juntamente com o aumento
da digestibilidade da sua matéria-prima. Nenhum outro grupo ou categoria de alimentos é tão importante ou tem
sido tão relacionado ao bem-estar nutricional em todo o mundo quanto os produtos fermentados.”
(https://pt.wikipedia.org/wiki/Fermenta%C3%A7%C3%A3o_l%C3%A1ctica#Aplica.
C3.A7.C3.A3o_industrial_da_fermenta.C3.A7.C3.A3o_l.C3.A1ctica)

INTERDISCIPLINARIDADE

A fermentação e a respiração são processos bioquímicos que necessitam do embasamento de conceitos


químicos, como reagentes e produtos, e das enzimas envolvidas nessas reações químicas. A estrutura das moléculas
que participam desses processos também auxilia na compreensão desse metabolismo energético.

230
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Biologia - Respiração celular


Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Fermentação e respiração

www.sobiologia.com.br/conteudos/bioquimica/bioquimica3.php
www.infoescola.com/citologia/respiracao-celular/

231
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 18 - Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas


ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.

O conhecimento dos processos metabólicos na produção de energia é importante tanto para o es-
tudo relacionado a nossa saúde e bem-estar como também são muito explorados na indústria ali-
mentícia, devido aos diferentes metabolismos energéticos encontrados em microrganismos. Desse
modo, apesar da complexidade das reações químicas relacionadas a esse assunto, as questões
do Enem geralmente cobram que o aluno consiga compreender a visão geral desses processos e
suas consequências, principalmente quando aplicados à indústria alimentícia.

MODELO
(Enem) Há milhares de anos, o homem faz uso da biotecnologia para a produção de alimentos
como pães, cervejas e vinhos. Na fabricação de pães, por exemplo, são usados fungos unicelulares,
chamados de leveduras, que são comercializados como fermento biológico. Eles são usados para
promover o crescimento da massa, deixando-a leve e macia.
O crescimento da massa do pão pelo processo citado é resultante da:
a) liberação de gás carbônico.
b) formação de ácido lático.
c) formação de água.
d) produção de ATP.
e) liberação de calor.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Habilidade 18
Na fabricação de pães se utiliza leveduras para promover o crescimento da massa. Esses organis-
mos realizam fermentação alcoólica (tipo de metabolismo anaeróbico pelo qual os fungos pro-
duzem energia através do consumo de açúcares provenientes da massa e como produto se obtém
álcool, que, neste caso, irá evaporar no forno) e liberam gás carbônico (responsável pelo cresci-
mento da massa, já que criam bolhas que ficam retidas, deixando o pão aerado no seu interior).
Alternativa A

232
ESTRUTURA CONCEITUAL
Respiração celular C6H12O6 + 6O2 6CO2 + 6H2O + 32ATP

Etapas
Glicólise: glicose (6C) 2 piruvato (3C) + 2NADH + 2ATP
→ Ocorre no citoplasma
2ATP
Ciclo de Krebs 1FADH2 2x 3CO2
4NADH
→ Matriz mitocondrial
10NADH × 2,5 = 25ATP
Cadeia transportadora
2FADH2 × 1,5 = 3ATP
de elétrons
4ATP 4ATP
Saldo
→ Cristas mitocondriais aproximado: 32 ATP
→ Oxigênio: aceptor final
de elétrons

2ATP + Produto
Fermentação Glicose piruvato final

2NADH 2NAD+
Etapas
Glicólise: glicose (6C) 2 piruvato (3C) + 2NADH + 2ATP

Redução do piruvato Lática: ácido lático


e oxigenação do NADH Alcoólica: etanol + 2CO2

Cítrica
Outros tipos Acética
Butírica

233

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