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AVALIAÇÃO DE METODOLOGIAS PARA A


ESTIMATIVA DA DISPONIBILIDADE DE FORRAGEM EM
PASTAGEM DE CAPIM-ELEFANTE

ANTÔNIO CARLOS CÓSER 1


CARLOS EUGÊNIO MARTINS1
CARLOS AUGUSTO BRANDÃO DE CARVALHO2
ODAIR JOSÉ GERÔNIMO3
VICENTE DE PAULA FREITAS4
JOSÉ AUGUSTO SALVATI4

RESUMO – Foram avaliadas metodologias para a esti- 1998, usando-se três observadores. As estimativas mé-
mativa da matéria seca disponível em pastagem de ca- dias de produção de matéria seca obtidas pelos diferen-
pim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.), em área tes métodos foram comparadas pelo teste de Newmann-
pertencente à Embrapa Gado de Leite, em Coronel Pache- Keuls a 1% de probabilidade. Na primeira avaliação, o
co, MG, com o objetivo de compará-las quanto à eficiên- MRVC proporcionou os melhores resultados, com valo-
cia e confiabilidade. Foram usados seis métodos: altura res de R2 próximos a 0,80, cujos resultados foram confir-
da planta e cobertura do solo (Alt + Cob e Alt x Cob), mados na segunda amostragem. O MRVC, com a inclu-
rendimento visual comparativo - MRVC (escores 0 a 3 e são do padrão área descoberta, mostrou-se o mais efici-
1 a 3), método direto e método real. Foram realizadas du- ente e confiável dos métodos para a avaliação da dispo-
as amostragens, em dezemb ro de 1997 e fevereiro de nibilidade de forragem em pastagem de capim-elefante.
TERMOS PARA INDEXAÇÃO: Forragem disponível, métodos de avaliação, Pennisetum purpureum.

EVALUATION OF DIFFERENT METHODOLOGIES TO ESTIMATE


AVAILABLE FORAGE IN ELEPHANTGRASS PASTURE

ABSTRACT – Methods for estimating dry matter another in February, 1999, respectively, using three
availability in elephantgrass (Pennisetum purpureum observers. The estimates of dry matter production (DM)
Schum.) pasture were used in an area belonging to obtained by different methods were compared by using
Embrapa National Dairy Cattle Research Center, in Newmann-Keuls test, with a probability level of 1%. In
Coronel Pacheco, Minas Gerais State, in order to test the first evaluation, while all methods superestimated
their efficiency and reliability. Six methods were used: dry matter yield, VCYM allowed the best responses, with
plant height and ground cover (Alt + Cob and Alt x R2 values near 0.80. These results were confirmed in the
Cob), visual comparative yield method - VCYM scores (0 second sampling. VCYM, including bare ground as
to 3 and 1 to 3), cutting and actual yield methods. Two standard, was the most efficient and reliable to estimate
samplings were done, one in December, 1998 and DM availability in elephantgrass pasture.
INDEX TERMS: Available forage, evaluation methods, Pennisetum purpureum.

1. Pesquisador Embrapa Gado de Leite, Rua Eugênio do Nascimento, 610, 36038-330, Dom Bosco - Juiz de Fo-
ra, MG.
2. Engenheiro Agrônomo, Estudante de Mestrado em Forragicultura – ESALQ/USP, Av. Pádua Dias, 11, 13418-
900 - Piracicaba, SP.
3. Engenheiro Agrônomo, Bolsista de Aperfeiçoamento do CNPq.

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4. Técnico de Nível Superior, Embrapa Gado de Leite, Rodovia MG 133, km 42, 36155-000 - Coronel Pacheco, MG.
INTRODUÇÃO Nesse sentido, Cóser et al. (1998) relataram que a
altura da pastagem ou a cobertura do solo, usados is o-
O capim-elefante (Pennisetum purpureum S-
ladamente, são metodologias que não devem ser reco-
chum.) é uma forrageira muito utilizada na alimentação de
mendadas para estimar a produção de matéria seca de
bovinos, seja sob a forma de capineira, pastejo ou sila-
capim-elefante. Esses autores verificaram, ainda, que o
gem. Isso se deve principalmente ao seu grande poten-
rendimento da pastagem pode ser mais bem determinado
cial de produção e bom valor nutritivo em determinada
pela associação entre a altura da planta e a cobertura do
fase do desenvolvimento da planta. Essa forrageira pos-
solo, ou pelo seu índice.
sui elevada capacidade de suporte e boa adaptação ao
Já a utilização de métodos não destrutivos pelas
clima tropical e subtropical, apresentando altas taxas fo-
estimativas visuais apresentam alta variabilidade entre
tossintéticas em regiões que possuem essas condições
as amostras, além de pouca precisão. Gardner (1986) in-
climáticas.
forma que isso pode parecer impreciso, mas, com treina-
No entanto, pouco se conhece acerca da quanti-
mento, podem ser obtidos resultados bastante confiá-
dade de forragem na pastagem de capim-elefante, sendo
veis. Haydock e Shaw (1975) afirmam que para compen-
essa determinação de fundamental importância tanto pa-
sar a alta variabilidade, maior número de amo stras deve
ra a pesquisa científica como para a utilização em siste-
ser estimado, de modo que aumente a precisão do traba-
mas racionais de exploração pecuária.
lho.
Estimativas da disponibilidade de forragem em
Assim, Haydock & Shaw (1975) desenvolveram o
áreas de pastagem são as mais difíceis e as menos preci-
método do rendimento visual comparativo para estimati-
sas, principalmente com forrageiras de crescimento ere-
va da matéria seca de pastagens exclusivas de gramí-
to, como é o capim-elefante. Técnicas convencionais de
neas. Nesse caso, as produções dos quadrados são ava-
amostragem direta por meio de corte da forragem são
liadas baseando-se em alocação de quadrados de refe-
normalmente destrutivas, trabalhosas, apresentam gran-
rência pré-selecionados e que constituem uma escala de
des erros de amostragem, além de complicação pela pre-
rendimentos. É um método bastante preciso, com técni-
sença do animal em pastejo. Muito embora seja uma me-
cas não-destrutivas, possibilitando maior número de es-
dida que apresenta muita acurácia (Haydock & Shaw,
timativas de rendimento e sua precisão é função da cali-
1975), o corte de quadrados torna a avaliação uma ope-
bração dos quadrados de referência. A diferença entre o
ração trabalhosa, principalmente em extensas áreas de
método de Morley et al. (1964) e o de Haydock & Shaw
pastagens (T’Mannetje, 1978), por aumentar muito o ta-
(1975) é que os primeiros autores estimaram a produção
manho da amostra. Trata-se do método mais utilizado na
diretamente no quadrado, ao passo que os s egundos re-
estimativa da disponibilidade de forragem, sendo o refe-
lacionaram a produção de um quadrado com a calibração
rencial para comparação com outros métodos de avalia-
dos quadrados de referência. Esse método é baseado na
ção.
premissa de que é mais fácil estimar o rendimento de uma
O emprego de medidas, como a altura da planta e
amostra por meio de uma escala de números do que pelo
a área de solo coberta pela forrageira, bem como de mé-
seu peso real. Para Lopes (1998), esse é o método mais
todos de estimativas visuais, podem permitir melhor ava-
apropriado para avaliar pastagem de capim-elefante,
liação da produção de forragem em áreas sob pastejo,
mesmo superestimando a produção de forragem. Dessa
reduzindo custos, tempo gasto e trabalho para avaliação
maneira, objetivou-se com essa pesquisa comparar dife-
dessas pas tagens. Nesse sentido, pesquisadores têm
rentes metodologias na estimativa da disponibilidade de
desenvolvido técnicas de amo stragem visando a melho-
forragem e selecionar uma metodologia de amostragem
rar a eficiência dessas avaliações. Assim, Abramides et
em pastagem de capim-elefante que fosse mais simples,
al. (1982) verificaram que a altura média da vegetação é
rápida e aplicável a grandes áreas de pastagens.
uma técnica viável para a estimativa da quantidade de
forragem, principalmente em gramíneas que exibem hábi-
MATERIAL E MÉTODOS
to de crescimento prostrado. Por outro lado, Abramides
& Franzini (1981) observaram que, além de medidas de As estimativas da disponibilidade de forragem
altura, a cobertura do solo pelas plantas torna-se impor- foram conduzidas em uma área de pastagem de capim-
tante para a confiabilidade na estimativa da forragem elefante cv. Napier de 3.120 m2, pertencente à Embrapa
disponível em gramíneas de hábito de crescimento ces- Gado de Leite, em Coronel Pacheco-MG, usando-se seis
pitoso. métodos de avaliação: 1. Método do Rendimento Visual
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Comparativo (MRVC, 0 - 3), utilizando-se um quadrado caule e planta inteira. Essas subamostras foram secas em
com área de 1m2, determinando-se os padrões com maior estufa, sendo em seguida determinada a produção de
e menor quantidade de forragem disponível dentro do matéria seca dos componentes; 6. Método Teste, reali-
“stand” experimental por meio de avaliações visuais (al- zado em uma superfície de 400 m2 (400 vezes o tamanho
tura e densidade), seguido por corte e pesagem das da amostra experimental) demarcada dentro da área exp e-
mesmas para verificação dos respectivos padrões, se- rimental, e toda forragem contida nessa área foi cortada e
guindo-se um treinamento para sua melhor fixação. O pesada para determinação da massa verde produzida.
padrão 0 foi localizado em área com ausência total de for- Vinte subamostras de forragem foram coletadas para
ragem. Após definidos os padrões extremos e intermedi- posterior determinação da matéria seca. Para todos os
ários, foram realizadas as avaliações visuais por cada um métodos, foi usado um quadrado de 1 m2, sendo a forra-
dos três avaliadores em cada uma das 25 amostras que gem cortada rente ao solo, a cada três metros, usando-se
foram cortadas e pesadas. De cada uma dessas, foi reti- amostragem sistemática, procedendo-se, em seguida, à
rada uma subamostra, encaminhada ao laboratório para separação das subamostras em planta inteira, caule e fo-
posterior determinação da matéria seca. Depois dessa lha e determinação da matéria seca da planta inteira, cau-
etapa, cada observador realizava 30 novas avaliações vi- le e folhas. Em todos os métodos, as amostras foram pe-
suais em diferentes pontos da pastagem, as quais foram sadas e secas em estufa a 105ºC, por 24-36 horas. Logo
convertidas em estimativas de matéria seca, a partir das após o corte para realização das avaliações, foi feito pas-
equações de regressão da produção de matéria seca em tejo da área, mantendo-se um resíduo em torno de 100
função dos padrões estimados; 2. Método do Rendimen- cm e aproximadamente 15% de folhas remanescentes.
to Visual Comparativo (MRVC, 1 - 3), cuja metodologia As médias de produção de forragem dos diferen-
de trabalho foi semelhante à descrita para o método ante- tes métodos foram comparadas pelo teste de Newmann-
rior, sendo, nesse caso, adotados apenas três padrões; Keuls, (P<0,01).
3 e 4. Métodos da Altura da Planta + Cobertura do Solo As premissas básicas para a aceitação do método
(Alt + Cob) e Altura da Planta x Cobertura do Solo (Alt x de avaliação seriam a obtenção de um coeficiente de
Cob) : foi medida a altura da planta, em metros, em 25 determinação de, no mínimo, 0,80 e a obtenção de menor
pontos onde o quadrado era colocado dentro da pasta- superestimativa em relação ao método-teste, o que signi-
gem com base na altura da forragem existente no mesmo, fica maior rigor na avaliação.
utilizando-se uma régua graduada (com escala de 5 cm),
de fácil visualização. Concomitantemente, era estimada a RESULTADOS E DISCUSSÃO
cobertura do solo (%), em que 0 e 100 correspondiam à
No Quadro 1, encontram-se as equações de re-
mínima e à máxima cobertura vegetal do solo, respecti-
gressão da produção de matéria seca da planta inteira em
vamente, usando um intervalo de cinco unidades. Essas
função dos escores estabelecidos na pastagem, obtidas
amostras foram cortadas, pesadas e secas, para obten-
para cada observador dentro de cada método com seus
ção das medidas de peso. Juntamente com as estimati-
respectivos coeficientes de determinação (R2).
vas de altura e cobertura, foram estimadas equações de
Observou-se que os métodos de Rendimento Vi-
regressão do peso seco (Y), em função das variáveis em
sual Comparativo (MRVC 0 - 3 e 1 - 3) sempre apresenta-
conjunto (Alt + Cob), ou pelo seu índice (Alt x Cob).
ram os maiores coeficientes de determinação em comp a-
Antes de cada avaliação era realizado treinamento pelos
ração aos demais métodos, ao passo que os métodos
observadores, com os objetivos de assimilar a metodo-
baseados na altura da planta e na cobertura do solo a-
logia e de obter maior conhecimento da vegetação exis-
presentaram valores mais baixos. Esses resultados estão
tente na área. Nesse caso, as análises de regressão da
de acordo com os encontrados por Lopes (1998).
produção de matéria seca foram realizadas apenas em
As análises de regressão entre os escores regis-
função da Altura + Cobertura (Alt + Cob) e do índice Al- trados pelos avaliadores e a produção de matéria seca
tura x Cobertura (Alt x Cob), gerando duas metodologias (Quadro 1) mostraram altos coeficientes de determinação
de avaliação. Os passos seguintes para execução desse para o método MRVC (0-3). Houve diferenças entre os
método foram similares aos descritos no primeiro méto- avaliadores quanto às estimativas individuais, fato que já
do; 5. Método Direto, realizado por meio de corte e pe- era esperado, principalmente por causa da maior experi-
sagem de 25 amostras, utilizando um quadrado de um ência prática de alguns avaliadores em relação a outros.
metro de lado, com coleta de subamostras das mesmas, Os observadores 1 e 2 obtiveram R2 mais elevados, justi-
sendo feita separação manual dos componentes folha,

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ficando a maior experiência anterior dos mesmos em ava- direto e também a produção obtida pelo Método-teste.
liações de forrageiras prostradas. Observa-se que houve uma tendência de superestimati-
O método MRVC 1-3 apresentou coeficientes de va da produção de matéria seca pelos avaliadores quan-
determinação muito próximos aos do primeiro método, do se utilizaram métodos indiretos. Esse fato provavel-
para as mesmas variáveis; porém observou-se uma falha mente ocorreu devido à dificuldade na visualização das
nesse método, pois quando o quadrado era colocado em áreas nuas (sem forragem) dentro da pastagem no mo-
uma área que possuía pouca ou n enhuma forragem (área mento da determinação dos padrões. No momento da
vazia), o escore usado para essa não poderia ser zero, já
padronização da pastagem, antes do início das avalia-
que o valor mínimo atribuído a essa área seria 1. Essa si-
ções, geralmente não se conseguia detectar qual era a
tuação levava a uma superestimava da disponibilidade
de forragem contida na amostra e conseqüentemente na área com menor quantidade de forragem dentro da pas-
pastagem. tagem.
As equações de regressão para estimativa da As produções de matéria seca estimadas pelos
produção de matéria seca, em função do índice Altura x métodos Alt + Cob, Alt x Cob, MRVC (0-3 e 1-3) e o Dire-
Cobertura (Alt x Cob), revelaram maiores coeficientes de to foram maiores que as obtidas pelo Método-teste. As
determinação, sendo mais eficiente do que as mesmas maiores diferenças foram encontradas nos métodos de
variáveis (altura da planta e cobertura do solo) usadas Rendimento Visual Comparativo, enquanto a menor dife-
isoladamente (Cóser et al., 1998). Isso ocorre porque o rença observada foi para o método direto de estimativas
índice Alt x Cob permite melhor noção da densidade de por meio de cortes.
forragem existente na área amostrada, por serem a altura Quanto às equações e aos coeficientes de deter-
da planta e a cobertura do solo variáveis que se com- minação para produção de matéria seca de caule (Quadro
plementam. 3), observa-se que os R 2 foram semelhantes aos da maté-
No Quadro 2, encontram-se os valores de dispo- ria seca da planta inteira, em todos os métodos. Ressal-
nibilidade de forragem estimados pelos métodos indire- ta-se, também, que os métodos de Rendimento Visual
tos, por observador, bem como os obtidos pelo método Comparativo proporcionaram os maiores valores de R2.

QUADRO 1 – Equações de regressão1 e coeficientes de determinação (R2) da produção de matéria seca da planta in-
teira de capim-elefante (Y, em kg/m2), em função de X (escore, metro, porcentagem), utilizando-se diferentes métodos
e três observadores.

Método Avaliador Equação R2

1 Y = 0,1120 + 0,6175X + 0,0908X2 0,89


2
MRVC (0 - 3) 2 Y = 0,1891 + 0,2144X + 0,3690X 0,82
2
3 Y = 0,0816 + 0,7851X + 0,0100X 0,74
1 Y = - 0,7959 + 1,5004X - 0,1827X2 0,87
2
MRVC (1 - 3) 2 Y = - 0,6643 + 1,3711X - 0,1329X 0,81
2
3 Y = - 0,7550 + 1,4774X - 0,1496X 0,86
2
1 Y = 0,1708 + 0,0206X + 0,00002X 0,62
2
ALT + COB 2 Y = 0,2922 + 0,0043X + 0,0003X 0,60
2
3 Y = 0,3927 - 0,0002X + 0,0003X 0,62
1 Y = 0,2154 + 0,9070X + 0,2614X2 0,76
2
ALT x COB 2 Y = 0,2397 + 0,5389X + 0,7255X 0,78
2
3 Y = 0,3284 + 0,4336X + 0,5694X 0,76
1 São apresentadas apenas as equações em que os valores de β foram significativos pelo teste F, a 1% de probabili-
dade.

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QUADRO 2 – Estimativas da produção de matéria seca da planta inteira de capim-elefante, por observador, usando-
se seis métodos de amostragem, na primeira época de avaliação (Dezembro/97).

Método Avaliador MS - kg/ha

1 8.395 (940)
MRVC (0 - 3) 2 9.622 (1.270)
3 11.198 (1.702)
1 10.402 (2.876)
MRVC (1 - 3) 2 10.045 (2.421)
3 11.613 (3.368)
1 9.684 (2.130)
ALT + COB 2 5.809 (1.057)
3 9.681 (2.033)
1 7.007 (1.191)
ALT x COB 2 6.094 (908)
3 9.194 (1.563)
Método Direto 6.925 (1.939)
Método-Teste 4.950

Na produção de matéria seca de caule (Quadro 4), As equações de regressão e os respectivos coe-
os valores de matéria seca disponível estimados, em to- ficientes de determinação e de variação para os diferen-
dos os métodos, também mostraram-se superestimados tes métodos para a primeira época de amostragem en-
em relação ao do Método-teste. Nota-se que a maior di- contram-se no Quadro 7. Observa-se que os métodos do
ferença encontrada em produção de forragem foi para os rendimento visual comparativo, nas duas versões (0-3 e
métodos que usam o Rendimento Visual Comparativo 1-3), apresentaram os maiores valores de R2, próximos de
quando comparados aos resultados obtidos pelo Méto- 0,80, significando que cerca de 80% da produção de ma-
do-teste, contrariando a tendência verificada pelos coe- téria seca são devidos aos padrões de rendimento esta-
ficientes de determinação para o mesmo. belecidos. Pelos altos valores de R2, aliados aos mais
Nas equações obtidas para estimar a produção de baixos coeficientes de variação (CV), esses métodos
matéria seca de folhas (Quadro 5), os valores de R2 foram proporcionaram as melhores estimativas da MS disponí-
também semelhantes aos da produção de caule. Os mé- vel em pastagem de capim-elefante. Resposta semelhan-
todos que usam Visuais Comparativos novamente apre- te foi observada na segunda amostragem (Quadro 8),
sentaram os maiores coeficientes de determinação, mo s- sendo verificados valores ainda mais altos de R2, de 0,87
trando que a maior parte da matéria seca produzida nes- e 0,84, para os métodos MRVC 0-3 e 1-3, respectivamen-
ses casos foi função dos escores registrados. te, cujos CV foram bastante reduzidos em relação à pri
As estimativas da produção de matéria seca de
folhas (Quadro 6) apresentaram maiores valores que as
de caule, em virtude de as folhas possuírem maior por- meira época de amostragem. Entre esses dois métodos,
centagem de matéria seca que os caules das plantas na destaca-se o (MRVC 0-3), com a inclusão do padrão área
idade em que as mesmas foram amostradas. descoberta como o método mais eficiente e confiável,
Todos os métodos superestimaram a produção de para a avaliação da produção de MS dessa espécie. To-
matéria seca em relação aos métodos visuais comparati- dos os métodos testados apresentaram valores altos de
vos (MRVC 0-3 e 1-3). R2 e mais baixos CV, na segunda amostragem. Deve-se
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salientar que o Método Direto, grandemente utilizado na MRVC 0-3 foi o que mais se aproximou dele, superesti-
avaliação de pastagens, mo strou os mais altos valores mando a forragem disponível em apenas 15,26 e 10,83%,
de CV, sendo os métodos que envolvem altura da planta na primeira e segunda amostragem, respectivamente,
e cobertura do solo intermediários. Pelo Quadro 9, nota- mostrando-se o método mais eficiente e confiável em es-
se que todos os métodos superestimaram a produção de tudos de disponibilidade de MS em pastagem de capim-
forragem, em comp aração ao método-teste; no entanto, o elefante, podendo ser indicado para essas avaliações.

QUADRO 3 – Equações de regressão1 e coeficientes de determinação (R2) da produção de matéria seca de caule de
capim-elefante (Y, em kg/m2), em função de X (escore, metro, porcentagem), utilizando-se diferentes métodos e três
observadores.

Método Avaliador Equação R2


1 Y = 0,0693 + 0,2300X +0,0685X2 Y= 0,88
MRVC (0 - 3) 2 0,1040 + 0,0359X + 0,2074X2 0,82
3 Y = 0,0471 + 0,3260X + 0,0248X2 0,72
2
1 Y = - 0,4265 + 0,7660X - 0,0947X 0,85
MRVC (1 - 3) 2 Y = - 0,2692 + 0,5846X - 0,0370X2 0,78
2
3 Y = - 0,4219 + 0,7796X - 0,0867X 0,84
1 Y = 0,1168 + 0,0050X + 0,0001X2 0,61
2
ALT + COB 2 Y = 0,2008 - 0,0055X + 0,0003X 0,59
3 Y = 0,2404 - 0,0067X + 0,0003X2 0,63
2
1 Y = 0,1378 + 0,1663X + 0,4944X 0,79
ALT x COB 2 Y = 0,1636 - 0,877X + 0,8145X2 0,79
3 Y = 0,1932 - 0, 0438X + 0,6039X2 0,78
1 São apresentadas apenas as equações em que os valores de β foram significativos pelo teste F, a 1% de probabili-
dade.

QUADRO 4 – Estimativas de produção de matéria seca de caule de capim-elefante, para cada observador, utilizando-
se seis métodos de amostragem, na primeira época de avaliação (Dezembro/97).

Método Avaliador MS - kg/ha


1 3.862 (453)
MRVC (0 - 3) 2 4.558 (642)
3 5.252 (864)
1 5.071 (1.395)
MRVC (1 - 3) 2 4.889 (1.246)
3 5.671 (1.751)
ALT + COB 1 4.952 (1.114)
2 2.793 (517)
3 5.764 (1.498)
1 3.643 (549)
ALT x COB 2 2.850 (385)
3 5.679 (877)
Método Direto - 2.656 (740)
Método-Teste - 1.875

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QUADRO 5 – Equações de regressão1 e coeficientes de determinação (R2) da produção de matéria seca de folhas de
capim-elefante (Y, em kg/m2), em função de X (escore, metro, porcentagem), utilizando-se diferentes métodos e três
observadores.

Métodos Avaliador Equação R2


1 Y = 0,0427 + 0,3875X + 0,0223X2 0,88
2
MRVC (0 - 3) 2 Y = 0,0851 + 0,1785X + 0,1616X 0,80
2
3 Y = 0,0345 + 0,4591X - 0,0148X 0,74
2
1 Y = 0,3698 + 0,7347X - 0,0881X 0,81
2
MRVC (1 - 3) 2 Y = - 0,3955 + 0,7871X - 0,0961X 0,78
2
3 Y = - 0,3336 + 0,6984X - 0,0630X 0,82
2
1 Y = 0,0539 + 0,0156X - 0,0001X 0,62
2
ALT + COB 2 Y = 0,0913 + 0,0099X - 0,00001X 0,60
2
3 Y = 0,1523 + 0,0066X - 0,00002X 0,58
2
1 Y = 0,0775 + 0,7410X - 0,2331X 0,70
2
ALT x COB 2 Y = 0,0760 + 0,6267X - 0,0889X 0,73
2
3 Y = 0,1351 + 0,4775X - 0,0345X 0,68
1
São apresentadas apenas as equações em que os valores de β foram significativos pelo teste F, a 1% de probabili-
dade.

QUADRO 6 – Estimativas de produção de matéria seca de folhas de capim-elefante, para cada observador, usando-
se seis métodos de amostragem, na primeira época de avaliação (Dezembro/97).

Método Avaliador MS - kg/ha


1 4.533 (495)
MRVC (0 - 3) 2 5.083 (612)
3 5.946 (900)
1 5.329 (1.458)
MRVC (1 - 3) 2 5.156 (1.219)
3 5.943 (1.632)
1 4.342 (998)
ALT + COB 2 3.073 (584)
3 3.565 (728)
1 3.365 (588)
ALT x COB 2 2.959 (514)
3 4.328 (788)
Método Direto - 4.270 (791)

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Método-Teste - 3.075
QUADRO 7 – Equações de regressão1, coeficientes de determinação (R2) e de variação (CV) da produção de matéria
seca da planta inteira de capim-elefante (Y, em kg/m2), em função de X (escore, metro, %), x1 (metro) e x2 (%), na amo s-
tragem realizada em dezembro de 1997, usando-se seis métodos de avaliação.

Método Equação de Regressão R2 CV

MRVC (0 - 3) Y = - 0,3319 + 0,8997X 0,78 29,15

MRVC (1 - 3) Y = - 0,2757 + 0,5993X 0,77 34,77

ALT + COB Y = - 0,2996 + 0,1553X1 + 1,3487X2 0,52 35,09

ALT x COB Y = - 0,1951 + 0,7941X 0,57 36,33

Método Direto - - 33,69

Método Teste - - -

1
São apresentadas apenas as equações em que os valores de β foram significativos pelo teste F, a 1% de probabili-
dade.

QUADRO 8 – Equações de regressão1, coeficientes de determinação (R2) e de variação (CV) da produção de matéria
seca da planta inteira de capim-elefante (Y, em kg/m2), em função de X (escore, metro, %), X1 (metro) e X2 (%), na a-
mostragem realizada em fevereiro de 1998, usando-se seis métodos de avaliação.

Método Equação de Regressão R2 CV

MRVC (0 - 3) Y = - 0,5109 + 0,8997X 0,87 19,95

MRVC (1 - 3) Y = - 0,4702 + 0,8771X 0,84 22,47

ALT + COB Y = - 0,3645 + 0,1215X1 + 1,4329X2 0,64 23,39

ALT x COB Y = - 0,1240 + 0,9999X 0,70 22,31

Método Direto - - 24,69

Método Teste - - -

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1
São apresentadas apenas as equações em que os valores de β foram significativos pelo teste F, a 1% de probabili-
dade.

QUADRO 9 – Estimativas da produção de matéria seca da planta inteira (MS - kg/ha) de capim-elefante usando-se
seis métodos de amostragem e superestimativas (%) em relação ao Método-teste, em duas épocas de avaliação (De-
zembro/97 e Fevereiro/98).

Produção de matéria seca (kg/ha)1 Estimativa em relação ao Método Tes-


Método te (%)
Dezembro/97 Fevereiro/98 Dezembro/97 Fevereiro/98
MRVC (0 - 3) 6.283 b 8.235 b 15,26 10,83
MRVC (1 - 3) 7.635 a 8.881 a 40,07 19,53
ALT + COB 6.855 b 8.550 ab 25,76 15,07
ALT x COB 6.496 b 8.644 ab 19,17 16,34
Método Direto 7.544 a 8.997 a 38,40 21,09
Método Teste 5.451 c 7.430 c - -
1
Médias, em cada coluna, seguidas por letras diferentes diferem (P<0,01) pelo teste de Newmann-Keuls.

CONCLUSÃO pastagem de capim-elefante. Revista Brasileira de


Zootecnia, Viçosa, v. 27, n. 4, p. 676-680, jul./ago. 1998.
O método do rendimento visual comparativo,
com a inclusão do padrão área descoberta, foi o mais efi-
GARDNER, A. L. Técnicas de pesquisa em pastagem e
ciente e confiável dos métodos, devendo ser indicado
para avaliações de disponibilidade de forragem em pas- aplicabilidade de resultados em sistemas de produção.
tagem de capim-elefante. Brasília: IICA/EMBRAPA-CNPGL, 1986. 197 p.

HAYDOCK, K. P.; SHAW, N. H. The comparative yield


method for estimating dry matter yield of pasture.
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Estimativa da quantidade de forragem em pastagens de
LOPES, R. S. Avaliação de métodos para a estimação da
capins prostrados tropicais, através da medida da altura
média da vegetação. Zootecnia, Nova Odessa, v. 20, n. disponibilidade de forragem em pastagem de capim-
1, p. 17-41, jan./mar. 1982. elefante. 1998. 60 p. Dissertação (Mestrado em
Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.
ABRAMIDES, P. L. G.; FRANZINI, W. Utilização de
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