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ISSN: 1983-0777 131

IONÓFOROS NA ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS*

Mayara Fabiane Gonçalves1, Julyana Machado da Silva Martins1, Maiana Visoná Oliveira1,
Carolina Caires Magalhães Carvalho1, Marcella Machado Antunes1, Isabel Cristina Ferreira2,
Cristiane de Fátima Pereira1, Luis Claúdio Olivalves 1

RESUMO cento na conversão alimentar e,


consequentemente, aumento da receita
Objetivou-se abordar os mecanismos de líquida por hectare.
ação de ionóforos e seus efeitos na
fermentação ruminal, no consumo e
digestibilidade de nutrientes, nas Palavras-chave: Ácidos graxos voláteis.
características de carcaça e desempenho Aditivos. Lasalocida. Metano. Monensina.
de bovinos, bem como, aspectos Salinomicina.
econômicos e restrições de utilização dos
mesmos. Ionóforos são antimicrobianos 1 INTRODUÇÃO
que deprimem ou inibem seletivamente o
crescimento de microrganismos do rúmen, Com a intensificação da produção
e, atualmente, os mais utilizados são a pecuária, o uso de dietas ricas em grãos
monensina, a lasalocida e a salinomicina. destinada aos ruminantes tem afetado
Em geral, estes antibióticos alteram o negativamente o funcionamento do rúmen
fluxo de íons monovalentes pela prejudicando o desempenho animal. Estes
membrana das bactérias gram-positivas efeitos deletérios podem ser revertidos
causando sua lise, e consequentemente, através da manipulação da fermentação
proporcionando alteração da fermentação ruminal, incrementando a degradação de
e dos produtos da digestão microbiana. fibras e também com a redução ou
Estudos mostram que o uso de ionóforos eliminação da produção de metano e
reduz o consumo em dietas com alto teor excesso de lactato, auxiliando na
de concentrado e também em dietas com estabilidade do pH intraruminal.
diferentes teores de proteína, A manipulação da fermentação
independente do nível proteico utilizado. ruminal pode ser feita com inclusão de
Além disso, ionóforos são responsáveis substâncias na dieta como ionóforos,
por prevenir distúrbios metabólicos e por enzimas fibrolíticas, leveduras, lipídeos,
melhorar o desempenho animal, contudo, tampões e extratos naturais de planta. Os
estudos mostram que, de forma geral, ionóforos fazem parte de um grupo de
animais que receberam ionóforos não aditivos que possui seu uso comprovado
apresentaram diferenças no rendimento como eficaz e seguro na nutrição animal.
de carcaça, espessura de gordura e área Atuam positivamente na qualidade ou
de olho de lombo. Quadros de intoxicação quantidade de nutrientes disponíveis para
de animais pelo uso de ionóforos são absorção pelo trato gastrintestinal.
relatados e podem ocorrer devido à má Ionóforos são antibióticos que
homogeneização da substância no alteram o padrão de fermentação dos
alimento e pela ausência de adequada alimentos pela seleção de bactérias
adaptação dos animais.Contudo, de forma produtoras de ácido succínico e
geral, independente dos efeitos de ganho propiônico e pela inibição das produtoras
de peso ou no consumo de matéria seca, de ácido acético, lático, butírico, fórmico e
a utilização de ionóforos proporciona um H2 (MORAIS; BERCHIELLI; REIS, 2006).
incremento de aproximadamente, sete por

______________
*Artigo recebido em: 09/04/2013 Aceito para publicação em: 12/08/2013
1
Alunos do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal de Uberlândia
(UFU). Endereço para correspondência: Rua Ceará, s/n, bloco 2T, sala 111, Umuarama, Uberlândia-MG. Email:
mayzoo1@hotmail.com
2
Professora adjunta da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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Os produtos, então, gerados permitidos para ruminantes (ZANINE;


durante o metabolismo das bactérias OLIVEIRA; SANTOS, 2006), pois os
beneficiadas proporcionam vantagens demais apresentam alta toxicidade
nutricionais, metabólicas e no (OLIVEIRA; ZANINE; SANTOS, 2005).
desempenho do animal (OLIVEIRA et al., Os ionóforos são ácidos orgânicos
2005). com pKa entre 6,4 a 6,6; pouco solúveis
Devido à importância da em soluções aquosas, cujo exterior da
manipulação ruminal frente aos desafios molécula é hidrófoba, entretanto, são
da produção animal, este trabalho solúveis em solventes orgânicos e são
objetivou abordar os mecanismos de ação altamente lipofílicos, com peso molecular
de ionóforos e seus efeitos na variando de 500 a 2000 daltons (RANGEL
fermentação ruminal, no consumo e et al., 2008). São moléculas que se ligam
digestibilidade de nutrientes, nas aos íons metálicos, favorecem o
características de carcaça e desempenho transporte dos mesmos através da
de bovinos, bem como, aspectos membrana celular (PRESSMAN, 1976) e
econômicos e restrições de utilização dos diferem entre si na afinidade e
mesmos. seletividade de ligação com cátions.
A monensina tem forte preferência
2 DESENVOLVIMENTO por sódio e não se liga a íons bivalentes
em certa extensão, enquanto que a
2.1 Ionóforos salinomicina tem maior afinidade por
potássio, mas tem pouca afinidade por
Ionóforos são antimicrobianos que, íons bivalentes (SALMAN; PAZIANI;
inicialmente, eram utilizados como SOARES, 2006). A lasalocida tem
coccidiostáticos para aves, e que, a partir afinidade por cátions bivalentes em adição
da década de 1970 passaram a ser aos cátions monovalentes, sódio e
incluídos na dieta de ruminantes potássio.
(NICODEMO, 2002), pois são úteis no A lasalocida, ao ser comparada
controle da acidose ruminal, deprimindo com a monensina, apresenta como
ou inibindo os microrganismos gram- vantagens a maior palatabilidade e menor
positivos que são produtores primários de toxidez, além de resultar em queda
ácido láctico (NAGARAJA et al., 1997), pequena ou nula na ingestão de alimentos
aumentam a formação de ácido em dietas com alta energia, e conferir
propiônico, diminuem a de metano maior ganho de peso (RODRIGUES;
(responsável pela perda de 2% a 12% da LUCCI; MELOTTI, 2000).
energia do alimento) e reduzem a
proteólise e desaminação da proteína 2.1.1 Mecanismo de ação
dietética no rúmen.
Substâncias de baixo peso Os agentes responsáveis pela
molecular, os ionóforos são produtos fermentação ruminal são microrganismos
finais da fermentação de várias espécies unicelulares representados por bactérias,
de actinomicetos (Streptomyces sp.). protozoários e fungos. Em termos
Existem mais de 120 descritos, mas, quantitativos, 60-90% da massa
somente a monensina, lasalocida, microbiana ruminal é composta por
salinomicina e laidomicina propionato são bactérias, 10-40% por protozoários
aprovados para uso em dietas de ciliados e o restante (5-10%) por fungos
ruminantes (NAGARAJA et al., 1997), (VAN SOEST, 1994).
sendo que, atualmente, os mais usados As bactérias ruminais são divididas
na produção animal são a monensina em função do substrato que fermentam e
sódica, a lasalocida sódica e a podem ser classificadas em
salinomicina (RANGEL et al., 2008). fermentadoras de carboidratos fibrosos,
Segundo McGuffey, Richardson e de carboidratos não fibrosos, proteolíticas,
Wilkinson (2001), a utilização de ionóforos metanogênicas, lácticas e lipolíticas. Os
é permitida no Canadá, Austrália, Nova protozoários auxiliam na fermentação por
Zelândia e México (BUTAYE; DEVRIESE; ingerirem partículas insolúveis e solúveis
HAESEBROUCK, 2003). No Brasil, (grânulos de amido) no fluido ruminal,
somente monensina e lasalocida são porém o processo digestivo é mais lento
GONÇALVES, M. F.; MARTINS, J. M. S.; OLIVEIRA, M. V.; CARVALHO, C. C. M.; ANTUNES, M. M.;
FERREIRA, I. C.; PEREIRA, C. F.; OLIVALVES, L. C.
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que o das bactérias. Os protozoários solubiliza na bicamada lipídica das


possuem ainda atividade hemicelulolítica membranas celulares. Uma vez
e celulolítica enquanto os fungos digerem solubilizada na membrana celular, o
fibras presentes no rúmen com produção complexo cátion é trocado por um próton.
de grandes quantidades de celulases e Gradientes catiônicos e as relações de
xilanases de alta atividade (KOZLOSKI, afinidade entre ionóforo e cátion levam
2002). A ação dos fungos sobre a aos resultados primários e mudanças
digestão da fibra se dá por ação das iônicas secundárias.
enzimas como também por ação física de Os ionóforos são geralmente
ruptura da parede, o que facilita a entrada bacteriostáticos e não bactericidas
de bactérias na célula para degradação. (NAGARAJA; TAYLOR, 1987) e seus
Todas as bactérias existentes, mecanismos de ação são sua habilidade
incluindo as ruminais, são classificadas em alterar o fluxo de cátions através da
em dois grandes grupos: gram-positivas e membrana. A monensina, por exemplo,
gram-negativas. De acordo com Russel e faz o antiporte de sódio/potássio,
Strobel (1989), a diferença no modo de decrescendo a concentração de potássio
ação dos ionóforos entre os celular e o influxo de prótons, resultando
microrganismos se deve à diferença entre no abaixamento do pH intracelular. Uma
os envoltórios celulares das bactérias dos vez que o pH intracelular fica baixo, a
dois grupos. As gram-negativas possuem monensina cataliza um fluxo de prótons
uma parede celular e uma membrana em mudança com o sódio (RUSSEL,
externa de proteção com canais (orifícios 1987; CHEN; RUSSEL, 1989).
que ligam o meio intracelular ao O mecanismo de ação dos
extracelular) com aproximadamente 600 ionóforos sobre bactérias ruminais está
daltons. Já as bactérias gram-positivas relacionado com fatores de resistência
apresentam apenas uma membrana presentes na estrutura da parede celular,
porosa, não seletiva, sendo, assim e esta é responsável por regular o balanço
sensíveis à ação dos ionóforos. Nagaraja químico entre o meio interno e externo da
e outros (1997) explicam que bactérias célula, sendo este equilíbrio mantido por
gram-negativas possuem uma camada um mecanismo chamado de bomba
lipídica externa que contém porinas iônica. O ionóforo, ao se ligar ao cátion de
(canais de proteínas) com tamanho limite maior afinidade, transporta-o através da
de aproximadamente 600 daltons, e, pelo membrana celular para dentro da bactéria.
maior tamanho, a maioria dos ionóforos E esta, por meio do mecanismo da bomba
não passa pelas das porinas. As bactérias iônica, na tentativa de manter sua
gram-positivas não possuem essa osmolaridade, utiliza sua energia, de
camada externa e o ionóforo pode forma excessiva, até deprimir suas
penetrar livremente na membrana celular. reservas, o que afeta o crescimento das
Entretanto, a presença de membrana bactérias gram-positivas e favorece o das
externa não é critério para resistência, já gram-negativas (RANGEL et al., 2008). A
que, algumas bactérias gram-negativas troca entre o cátion e o próton (H+),
são susceptíveis a altas concentrações de mediada pelo ionóforo, é descrita por
ionóforos (NAGARAJA; TAYLOR, 1987). Bergen e Bates (1984), onde o ciclo de
Os diferentes ionóforos têm modo transporte se inicia quando a forma
de ação comum, com pequenas aniônica do ionóforo liga-se à superfície
diferenças, como a especificidade por de contato da membrana, onde é
cátions e a capacidade de atingir estabilizado pela característica do
determinadas concentrações ruminais ambiente polar da mesma. Como um
(PRESSMAN, 1976). McGuffey, ânion, o ionóforo é capaz de ligar-se a um
Richardson e Wilkinson (2001) afirmam íon, um metal catiônico; ambos com
que cada ionóforo é capaz de se ligar terminação de ácido carboxílico. Esta
conforme seu tamanho com um cátion ligação inicia a formação de um ciclo
apropriado. A ligação formada, ionóforo- complexo lipofílico cátion-ionóforo,
cátion se une à bactéria e então se
que pode se difundir para o interior da O modelo desenvolvido por Russel
célula (RUSSEL; STROBEL, 1989). (1987) visa explicar os efeitos da
utilização da monensina sódica sobre o

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desenvolvimento do Streptococcus bovis, responde à queda no pH com uma


uma bactéria ruminal gram-positiva. A segunda reação, exportando H+ para o
movimentação através das membranas meio exterior e permitindo a entrada de
biológicas é modificada por serem sódio (Na+) para o interior da célula, cátion
compostas de dupla camada de lipídeos, de maior afinidade pela monensina
sendo a monensina sódica solúvel em (RUSSEL, 1987). O H+ é exportado por
lipídeos, protegerá e deslocará os íons meio das bombas Na+/K+ ATPase e/ou
carregados por facilitar o movimento dos próton ATPase, utilizando energia neste
mesmos através da membrana. O cátion processo (BAGG, 1997). Grande parte da
sódio (Na+) está em maior concentração energia produzida pela célula é utilizada
no meio extracelular em relação ao pelas bombas de Na+/K+ e próton ATPase,
potássio (K+), de cerca de quatro a cinco na tentativa de manter o pH e o balanço
vezes, e que, em nível intracelular, o K+ é iônico celular, de forma que com o passar
o cátion predominante. do tempo, a célula se torne incapaz de
Quando a monensina liga-se à manter seu metabolismo energético,
membrana celular, a primeira reação que diminuindo sua capacidade de
ocorre é a rápida saída de K+ e entrada de crescimento e reprodução, e acabe
hidrogênio (H+) na célula, devido à morrendo ou assumindo um nicho
diferença de gradiente de concentração microbiano sem expressão ruminal
de K+. O H+ acumulado no interior da (Figura 1).
célula ocasiona redução do pH, e, a célula

Figura 1 - Efeito da monensina sódica sobre a bactéria.

Fonte: Russel (1987).


possuem relação K+/Na+ equilibrada para
Para a máxima ação da monensina máximo efeito da monensina (SALMAN;
é necessário que os níveis de K+ no meio PAZIANI; SOARES, 2006).
externo sejam baixos para que não haja a Nagaraja e outros (1981) avaliando
troca iônica apenas entre Na+ e K+ (bomba a sensibilidade das bactérias gram-
de sódio e potássio para carreamento de positivas, produtoras de lactato no rúmen
nutrientes para o interior da célula). (Butyvibrio fibrisolvens, Eubacterium
Quando os níveis de Na+ no meio externo cellulosolvens, E. ruminantium,
são altos, as trocas iônicas promovidas Lachnospira multiparus, Lactobacillus
pela monensina ocorrem entre Na+ e H+ e ruminis, L. vitulinus, Ruminococcus albus,
caracterizam a máxima ação do ionóforo. R. flavefaciens e Streptoccocus bovis) e
Dietas à base de alfafa possuem relação das gram-negativas, fermentadoras de
K+/Na+ no fluído ruminal em torno de 0,8 e lactato (Anaerovibrio, Megasphaera,
dietas à base de capins e milho possuem Selenomonas) aos ionóforos monensina e
esta relação abaixo de 0,2. Isto mostra lasalocida encontraram que a maioria das
que dietas de animais em terminação bactérias produtoras de lactato foi inibida
GONÇALVES, M. F.; MARTINS, J. M. S.; OLIVEIRA, M. V.; CARVALHO, C. C. M.; ANTUNES, M. M.;
FERREIRA, I. C.; PEREIRA, C. F.; OLIVALVES, L. C.
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por ambos ionóforos, ao contrário das energia metabolizável do alimento


utilizadoras de lactato, que não foram (BERGEN; BATES, 1984). Através do
sensíveis. Contudo, além das bactérias, aumento da produção de propionato
outros microrganismos como fungos ruminal os ionóforos disponibilizam mais
(ELLIOTT et al., 1987) e protozoários ácido oxaloacético para o ciclo de Krebs
(HABIB; LENG, 1986) também são na célula hepática, o que pode resultar em
afetados pelos ionóforos. menor mobilização de ácido graxo ou
O mecanismo de ação dos funcionar como intermediário, girando o
ionóforos, então, se dá primeiramente ciclo, não permitindo assim, o acúmulo de
pela alteração na microbiota ruminal que, corpos cetônicos, com a vantagem de
consequentemente, leva a um segundo aumentar, também a disponibilidade de
mecanismo de ação, definido como ATP (RANGEL et al., 2008).
sistêmico, que afeta a resposta animal Além do aumento da eficiência
(LEITE, 2007), incluindo melhora do energética, também se atribui à utilização
metabolismo energético e proteico. O de ionóforos melhoria da utilização de
incremento da participação de bactérias proteína pelo ruminante. Basicamente, tal
gram-negativas no rúmen altera os benefício deve-se ao fato de as bactérias
produtos finais da fermentação, pelo proteolíticas e fermentadoras de
aumento da proporção de propionato e aminoácidos serem sensíveis aos
pela redução das proporções de acetato e ionóforos o que diminui a concentração de
butirato (McGUFFEY; RICHARDSON; N-amoniacal no fluído ruminal (GOMES,
WILKINSON, 2001). 2009). Segundo McGuffey; Richardson;
Segundo Bergen e Bates (1984), Wilkinson (2001) o acúmulo de alfa-
os benefícios da ação biológica dos amino-nitrogênio e peptídeos sugere que
ionóforos aos bovinos incluem aumento a monensina gera maior inibição da
da eficiência do metabolismo energético e desaminação do que da proteólise
proteico das bactérias ruminais e do propriamente dita.
animal e diminuição de desordens O aumento da disponibilidade de
digestivas resultantes da fermentação proteína de origem alimentar no intestino
ruminal anormal. delgado implica em redução do custo
energético com ureia no fígado (NRC,
2001). Tem sido demonstrado que
ionóforos afetam negativamente três
espécies de bactérias produtoras de
2.1.2 Efeitos dos ionóforos no amônia, Clostridium sticklandii,
metabolismo energético e proteico Peptostreptococcus anaerobicus e
Clostridium aminophilum (RUSSEL, 1987).
Quanto aos efeitos sobre o A utilização do nitrogênio não protéico
metabolismo energético ruminal estudos (NNP) pelas bactérias do rúmen está na
mostram que a produção total de ácidos dependência da dieta em relação à
graxos voláteis (AGVs) não foi afetada, degradabilidade das frações de proteínas
mas que houve diminuição da relação e carboidratos (SNIFFEN et al., 1992).
acetato:proprionato, uma vez que Nesse caso, o fluxo máximo de todo
bactérias produtoras de propionato e nitrogênio da dieta que chega ao intestino
utilizadoras de lactato são favorecidas, e delgado é a soma do que foi incorporado
as produtoras de acetato, butirato, lactato à massa microbiana adicionada à fração
e amônia são desfavorecidas (RUSSELL; de nitrogênio que não sofre degradação
STROBEL, 1989; HRISTOV et al., 2001; no rúmen.
GUAN et al., 2006). Outro aspecto a ser considerado
O propionato é um AGV que pode com a utilização de ionóforos é o aumento
ser utilizado para gliconeogênese no de aminoácidos glicogênicos na corrente
fígado ou ser diretamente oxidado no ciclo sanguínea oriundos do intestino delgado
de Krebs, e é reconhecido como mais (SCHELLING, 1984). Pois eles afetam o
eficiente fonte energética para o desenvolvimento de algumas bactérias
ruminante. Assim, como anteriormente que promovem proteólise e desaminação
descrito, o ionóforo aumenta a produção em nível de rúmen, e reduzem a
de propionato, disponibilizando mais degradação das proteínas nesse

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compartimento, permitindo a sua digestão anaeróbico e a oxidação dos substratos


pós-ruminal. Este benefício alivia a deve estar acoplada às reações de
mobilização de tecidos corporais, redução. Com a diminuição da
principalmente para vacas no início da metanogênese, há um aumento da
lactação, que tem alta demanda por proporção de propionato em relação ao
glicose, uma vez que esta é a precursora acetato. Como o propionato tem maior
da lactose do leite e, geralmente essas entalpia com o acetato e pode ser oxidado
fêmeas encontram-se em balanço pelo animal, mais energia do alimento
negativo de energia está disponível para propósitos
Os ionóforos também provocam produtivos.
diminuição na catálise de peptídeos no Os protozoários ciliados também
rúmen, aumentando o escape destes para estão envolvidos na produção de metano,
o intestino delgado (GOES, 2004) com pois apresentam grande potencial para
redução do N amoniacal (OSCAR; produção de hidrogênio, e a produção de
SPEARS; SHIH, 1987). Esta resultante metano é modulada principalmente pela
implica em vantagens no aporte de presença de dióxido de carbono e
aminoácidos pelo animal podendo hidrogênio livres no ambiente ruminal
contribuir para o seu desempenho. (GOMES, 2009). Os microrganismos
metanogênicos podem ser encontrados
2.1.3 Efeitos dos ionóforos na tanto aderidos aos protozoários quanto na
metanogênese fase intracelular desses (CHAGAN;
USHIDA, 2004), indicando possível
Ionóforos indiretamente reduzem a relação simbiótica em que eles, ao
produção de metano no rúmen por utilizarem o hidrogênio produzido pelos
inibirem o crescimento de bactérias gram- protozoários, favorecem a manutenção de
positivas, que têm como produtos finais um ambiente ruminal adequado.
hidrogênio e formato, intermediários na Habib e Leng (1986) realizaram
formação do metano no ambiente ruminal experimentos in vitro e in vivo em que se
(RANGEL et al., 2008). Assim, o aumento observou que protozoários eram sensíveis
na produção de propionato é à monensina e à lasalocida. Porém, Guan
acompanhado pela redução na e outros (2006), demonstraram que essa
quantidade de metano produzida pela sensibilidade existe, mas não persiste em
diminuição de seus precursores. longo prazo. Nesse experimento foram
Algumas variáveis influenciam a avaliados os efeitos a curto e longo prazo
produção de metano em ruminantes. dos ionóforos na emissão entérica de
Dentre elas, fatores nutricionais, que metano, durante 16 semanas, para
estão relacionados com a quantidade e bovinos alimentados com dietas com alto
tipo de carboidratos na dieta, nível de e baixo teor de concentrado, com a adição
ingestão de alimento, presença de lipídios; de monensina durante todo o período
fatores metabólicos, como a taxa de experimental, ou a alternância de
passagem da digesta; fatores ambientais; monensina e lasalocida durante o período
manejo dos animais; além de experimental. Tanto a monensina como a
estado fisiológico; tamanho corporal e alternância de monensina e lasalocisa
principalmente a população de diminuíram a população de protozoários
microrganismos ruminais ciliados inicialmente, porém a população
como protozoários e bactérias original foi restabelecida após a quarta e
(PRIMAVESI et al., 2004). Sendo assim, o sexta semana (para alto e baixo
uso de maiores quantidades de alimentos concentrado, respectivamente), assim
volumosos ou de alimentos concentrados, como a emissão de metano. Porém, a
levando em conta a qualidade destes, diminuição da relação acetato:propionato,
pode apresentar impacto sobre a assim como a concentração de N-
produção de metano pelos bovinos. Como amoniacal persistiu, tanto para as dietas
este gás é eliminado pela eructação, a de alto como para as de baixo
produção de metano pode representar concentrado. Segundo os autores, tais
perda de 12% da energia do alimento. resultados sugerem que os efeitos dos
Ionóforos podem diminuir a produção de ionóforos estão relacionados com
metano em 30%, já que, o rúmen é populações de protozoários ciliados, e que
GONÇALVES, M. F.; MARTINS, J. M. S.; OLIVEIRA, M. V.; CARVALHO, C. C. M.; ANTUNES, M. M.;
FERREIRA, I. C.; PEREIRA, C. F.; OLIVALVES, L. C.
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tais populações podem se adaptar à monensina, constataram que o


presença dos ionóforos. fornecimento desse ionóforo,
independentemente do teor proteico das
2.1.4 Efeitos dos ionóforos no consumo dietas, promoveu diminuição no consumo
e digestibilidade de nutrientes de matéria seca.
Dependendo das condições
Os mecanismos pelo quais alguns experimentais, os ionóforos podem
ionóforos promovem diminuição da promover melhora na digestibilidade dos
ingestão de alimentos ainda não estão alimentos, podendo sofrer interferências
elucidados completamente. Todavia, de fatores como consumo de alimentos,
menor consumo está relacionado ao maior enchimento ruminal, taxa de passagem,
aproveitamento da energia dietética, entre outros (RODRIGUES, 2000).
sendo este fato, vinculado à mudança na Dos nutrientes que suprem
concentração dos principais ácidos graxos energia, a fibra pode explicar variações
voláteis (acético, propiônico e butírico) nas respostas de energia digestível ao se
produzidos no rúmen-retículo e à maior fornecer ionóforos. O efeito dos ionóforos
disponibilidade intestinal de peptídeos de na digestibilidade da fibra parece
origem alimentar (LEITE, 2007). depender da composição da dieta e da
Para Rogers e Davis (1982) a fonte de fibra. Em ruminantes alimentados
diminuição no consumo deve-se ao com dietas ricas em concentrados, a
aumento do tempo de retenção dos digestibilidade da fibra frequentemente
alimentos no rúmen. Russell e Strobel tem sido aumentada pela monensina
(1989) verificaram, em experimentos in (HORTON, 1980) e lasalocida (SALMAN;
vitro, que quando a monensina era PAZIANI; SOARES, 2006).
adicionada a uma mistura microbiana, O aumento na digestibilidade da
havia uma diminuição da digestão da fibra observado em ruminantes que
celulose. Entretando, estudos in vivo recebem ionóforos pode ser resultado do
demonstram que a digestibilidade da fibra maior tempo de retenção da fibra no
permanece inalterada, o que rúmen que favorece sua digestão
possivelmente ocorre pela influência dos microbiana. A monensina pode reduzir a
ionóforos no consumo de alimentos, já taxa de passagem no rúmen em 44% de
que estes reduzem a ingestão e, por animais alimentados com gramínea de
consequência, diminuem a taxa de baixa qualidade e reduzir a taxa de
passagem de material sólido do rúmen passagem no trato como um todo em 10%
para o intestino. Dessa maneira, a em bovinos em pastejo (LEMENAGER et
partícula fibrosa permanece um maior al., 1978).
tempo no ambiente ruminal, prolongando- Resultados semelhantes foram
se, assim, o tempo de fermentação. Já encontrados por Kobayashi, Wakita e
para Van Soest (1994) a redução no Hoshino (1986) que relataram que a
consumo é consequência da maior salinomicina reduziu a taxa de passagem
produção de ácido propiônico, que por sua de sólidos em 24% no rúmen e em 25%
vez aumenta níveis plasmáticos de no intestino grosso. Uma taxa mais lenta
glicose, estimulando os centros de de digestão de fibra no rúmen pode
saciedade. explicar a taxa de passagem mais lenta no
Reduções no consumo de matéria rúmen. Segundo Shelling (1984) isso é
seca, acarretadas pela inclusão de devido os ionóforos melhorarem a
monensina, foram relatadas por Restle e digestibilidade da fibra. E, isso ocorreria,
outros (2001), em novilhas e vacas de pela influência negativa sobre o consumo
corte mantidas em regime de de alimentos, já que este reduz a
confinamento, e por Maas e outros (2001) ingestão, e por consequência afeta a taxa
em carneiros alimentados com capim de passagem do material sólido do rúmen
fresco. para os outros compartimentos gástricos.
Oliveira e outros (2005) utilizando Desse modo, a partícula fibrosa
novilhos holandeses fistulados no rúmen, permanece um maior tempo no ambiente
alimentados quatro vezes ao dia, com ruminal, prolongando-se assim o tempo de
dietas contendo diferentes teores de fermentação. Outra contribuição indireta
proteína (11,4 e 16,5%), com e sem do ionóforo sobre a digestibilidade da

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fibra, é que esse, diminui a concentração Salles e Lucci (2000) encontraram


de lactato no rúmen, limitando assim, a aumento linear significativo do pH no
queda do pH nesse ambiente, propiciando material ruminal de bezerros, com a
desse modo, melhores condições para o adição de monensina na dieta. Resultados
desenvolvimento de bactérias celulolíticas semelhantes também foram encontrados
(RUSSEL e STROBEL, 1989). por Schelling (1984) na prevenção da
Para Salman, Paziani e Soares acidose lática em bovinos.
(2006), a digestão de amido no trato Oliveira, Flório e Pedroso (2001)
gastrointestinal, geralmente não tem sido fornecendo cápsulas de monensina
afetada pelos ionóforos. Entretanto, preventivamente a bovinos em pastagem
lasalocida e monensina reduzem a de trevo branco durante as fases
porcentagem de amido digerido no rúmen vegetativa e reprodutiva, não verificaram
e aumentam a quantidade de amido óbitos, nem mesmo sintomas de
digerido no intestino. A mudança no local timpanismo nos animais. Segundo Goes
de digestão deve proporcionar mais (2004), a contribuição dos ionóforos para
energia sendo absorvida como glicose no a prevenção deste distúrbio metabólico
intestino do que como AGV no rúmen, está ligada à sua ação contra bactérias
assim, pode permitir o uso mais eficiente metanogênicas que produzem
da energia. A monensina também pode mucopolissacarídeos, substâncias
aumentar a capacidade enzimática para a responsáveis por dar estabilidade à
digestão do amido no intestino delgado. espuma do líquido ruminal.
A adição de ionóforos na dieta de
2.1.5 Efeitos dos ionóforos na vacas recém-paridas também tem sido
prevenção de distúrbios metabólicos relacionada à prevenção da cetose. Esta
enfermidade acomete principalmente
Os ionóforos são úteis no controle vacas com duas a seis semanas pós-parto
da acidose ruminal, pois deprimem ou e é caracterizada pelo aumento de
inibem os microrganismos gram-positivos acetona, acetoacetato e β-hidroxibutirato
que são produtores primários de ácido no sangue, causado pelo balanço
láctico (NAGARAJA; TAYLOR, 1987). A energético negativo (NANTES; SANTOS,
acidose ruminal é causada pela ingestão 2008). Balanço energético negativo esse
abrupta, sem prévia adaptação, de causado pela demanda metabólica
alimentos ricos em carboidratos, os quais, associada à alta produção de leite resulta
fermentados no rúmen, produzem grandes em, caracterizado por redução na
quantidades de ácido lático, provocando concentração sanguínea de glicose,
inicialmente acidose e atonia ruminal, insulina, IGF-1, aumento de ácidos graxos
seguida de acidose sistêmica, não esterificados (AGNE) no plasma e
desidratação, prostração, coma e, acúmulo de triglicerídeos no fígado
frequentemente, morte (ORTOLANI, (DRACKLEY; OVERTON; DOUGLAS,
1979). 2001).Os ionóforos atuam na prevenção
Associado a fatores que impedem da cetose devido ao aumento na produção
eliminação de gases produzidos durante a de ácido propiônico, principal precursor da
fermentação ruminal, o timpanismo, em gliconeogênese, diminuindo, assim, a
geral, é caracterizado pela distensão concentração sérica dos corpos cetônicos
acentuada do rúmen e retículo, (WEISS; AMIET, 1990; McGUFFEY,
acarretando dificuldade respiratória e RICHARDSON; WILKINSON, 2001).
circulatória, com asfixia e morte do animal
(PAGANI, 2008). De acordo com Coutinho 2.1.6 Desempenho de bovinos
e outros (2009), o timpanismo espumoso suplementados com ionóforos
pode se desenvolver em animais a pasto,
em que componentes presentes nas Apesar de haver controvérsias na
forragens, como trevo e alfafa, literatura, melhorias no desempenho
aparentemente são responsáveis pela animal associadas à ionóforos na
formação da espuma, e também em alimentação de ruminantes têm sido
animais submetidos a dietas ricas em atribuídas, na maioria das vezes, à
grãos (acima de 50% da dieta). adaptação em longo prazo no ambiente
ruminal, envolvendo mudanças nas
GONÇALVES, M. F.; MARTINS, J. M. S.; OLIVEIRA, M. V.; CARVALHO, C. C. M.; ANTUNES, M. M.;
FERREIRA, I. C.; PEREIRA, C. F.; OLIVALVES, L. C.
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populações microbianas e às alterações 2.2.7 Efeitos dos ionóforos em


no metabolismo microbiano ruminal características de carcaça
(SALMAN; PAZIANI; SOARES, 2006).
Em experimento utilizando novilhos Os efeitos da suplementação de
não-castrados em confinamento monensina no desempenho e
recebendo dietas sem ou com monensina características de carcaça e da carne
sódica (200mg/animal/ dia ) e/ou foram analisados em bezerros holandeses
probiótico (Saccharomyces cerevisiae; inteiros por Salles e Lucci (2000)
23,7 x 108UFC animal/dia ), foi verificado utilizando tratamentos de 0; 0,4; 0,8; e 1,2
que não houve melhora no desempenho mg de monensina/kg PV (peso vivo).
dos animais quando comparados ao grupo Foram encontrados pelos autores
controle (KUSS et al., 2009). resultados significativos (P<0,05) com
Andrade, Cordeiro e Ferreira aumento dos níveis de monensina para
(1996) utilizando monensina na ganho de peso em kg (1,064; 1,312;
terminação de novilhos leiteiros, em três 1,372; e 1,252), ingestão de matéria seca
tratamentos (T1 - controle, T2 - 300 mg de em kg (4,158; 4,774; 5,028; e 4,752) e
monensina/ cabeça/dia adicionada ao ganhos em perímetro torácico em cm
suplemento mineral e T3 - 300 mg de (32,60; 37,00; 39,80; e 36,60), sendo os
monensina/ cabeça/dia adicionada ao valores mais elevados obtidos com dose
suplemento mineral mais 300 mg de de 0,8 mg de monensina/kg de PV. A
levedura de cana de açúcar), não conversão alimentar não diferiu entre
contataram diferença nos ganhos de peso tratamentos (P>0,05). Nos rendimentos de
entre os animais que recebiam o T1 e o carcaça quente, não foram verificados
T2. Entretanto Boling, Bradley e Campbell resultados vantajosos com a aplicação da
(1977) e Parrott e outros (1990) monensina, não apresentando alterações
observaram elevação do ganho de peso em sua composição.
com adição de monensina na dieta de Morais e outros (1993a) não
animais alimentados com altas proporções encontraram diferenças (P>0,05) no
de volumosos. rendimento de carcaça fria 55,65 e
Morais e outros (1993b) realizaram 55,08%, espessura de gordura 3,03 e
estudo avaliando ganho de peso, 2,75 mm e área de olho de lombo 66,04 e
consumo de alimentos e conversão 65,45 cm2, para tratamento controle e
alimentar de bovinos confinados, tratamento com 200g de monensina,
castrados e não castrados. Foi fornecido respectivamente.
como alimento 58% de silagem de capim Morais e outros (1993c) citaram
Napier, 6,7% de farelo de algodão, 33,7% que vários autores observaram não haver
de milho moído, 0,8% de ureia e 0,8% de interferência da monensina na
mistura mineral (base seca). Nesse composição química das carcaças, ou
experimento aumentou-se o fornecimento seja, não ocorre alteração nos teores de
de concentrado gradativamente a partir do proteína, gordura e água. Pode haver uma
início do confinamento. O fornecimento de tendência de diminuição de gordura em
monensina também foi aumentado animais que consomem monensina,
gradativamente, inicialmente devido ao fato deste ionóforo promover
100mg/animal/dia e 200mg/animal/dia alterações na atividade microbiana
após 10 dias. Os resultados não diferiram ruminal sobre os lipídeos da dieta.
estatisticamente e foram, para ganho Estudos in vitro têm demonstrado que as
(Kg/dia) de 0,86 e 0,92, consumo (Kg taxas de hidrólise dos triglicerídeos e de
MS/dia) 8,51 e 8,25, e conversão (Kg biohidrogenação dos ácidos graxos são
MS/Kg GPV) 9,85 e 9,14 sem a utilização reduzidas na presença de monensina
da monensina e com a utilização de 200g (FELLNER et al., 1997; VAN NEVEL;
deste ionóforo, respectivamente. DEMEYER, 1995). Entretanto, Morais et
Resultados no desempenho de al., (1993c) demonstraram não haver
bovinos recebendo dietas com adição de diferenças significativas, sem uso da
ionóforos ainda são controversos, e monensina ou com 200g de monesina,
variam com a inclusão de alimentos respectivamente, nas proporções de
fibrosos e concentrados. músculo (59,31 e 58,31%), gordura (26,60
e 28,10%) e ossos (14,09 e 13,59%),

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assim como na relação carne/ossos (4,25 tem apresentado grandes variações


e 4,32). (OLIVEIRA; ZANINE; SANTOS, 2005).
Goodrich e outros (1984) também Salles e Lucci (2000) em avaliação
não encontraram diferenças significativas do custo parcial do uso da monensina em
nas características de carcaça bovina bezerros, sobre ganho de peso, consumo,
comparando o fornecimento ou não de desempenho e qualidade de carcaça,
monensina. verificaram que ocorrem respostas viáveis
com utilização deste ionóforo, com maior
2.1.8 Toxicidade pela utilização de receita. Os benefícios relatados foram de
ionóforos R$6,64; R$1,84; e R$8,77, pela adição,
respectivamente, de 0,4; 0,8; e 1,2 mg de
Existe possibilidade de intoxicação monensina/kg de peso vivo para cada
com o uso de ionóforos, no entanto, sua animal, em comparação com o tratamento
toxicidade não está associada ao uso de controle. Estes dados viabilizam
doses excessivas ou inadequadas, e sim economicamente a utilização de
ao fornecimento errôneo, com má monensina, para bezerros holandeses que
homogeneização e com fornecimento sem receberam este ionóforo duas vezes ao
período de adaptação (SALMAN; dia misturado em fubá e leite em pó como
PAZIANI; SOARES, 2006). palatabilizante, mostrando que o
Potter, Van Duyn e Cooley (1984) tratamento de 1,2 mg de monensina/kg de
realizaram estudo para verificar níveis de PV apresentou maior benefício e retorno
tolerância à monensina e verificaram que que os demais tratamentos. Roso e Restle
bovinos tratados com 2000 e 4000 mg (2001) testando lasalocida sódica
mostraram sinais progressivos de suplementada via sal para fêmeas bovinas
anorexia, diarreia, depressão e morte. de corte mantidas em pastagens
Ainda nesse estudo os autores relatam cultivadas com gramíneas anuais,
que animais que receberam doses até obtiveram incremento na receita
1000 mg foram a óbito. líquida/ha, causado pelo aumento
O início dos sinais clínicos na numérico da carga animal e o ganho de
intoxicação por antibióticos ionóforos pode peso/ha. Deve-se ressaltar que estes
ser agudo ou protraído. Geralmente, altas trabalhos não correspondem totalmente
concentrações de ionóforos causam às respostas de desempenho dos animais
intoxicação aguda com início dos sinais submetidos a pastagens permanentes.
clínicos em 6-24 horas (SAFRAN;
AIZENBERG; BARK, 1993), entretanto, 2.1.10 Adaptação dos microrganismos
em menores concentrações, a ruminais aos ionóforos ao longo do
manifestação clínica pode ocorrer em 2 tempo
semanas ou mais (NOVILLA, 1992). Por
serem lipossolúveis, e a intensidade dos
sintomas ser dose-dependente, é provável Possíveis adaptações dos
que exista longa fase de eliminação dos microrganismos ruminais aos ionóforos
ionóforos pelos compartimentos teciduais podem surgir por meio do uso
ou um longo período de reparação generalizado em aplicações de longo
tecidual nos animais mais severamente
prazo. Condições para surgimento de
afetados (PETERSON; TALCOTT, 2006).
cepas resistentes das bactérias alvo se
2.1.9 Aspectos econômicos no uso de desenvolvam, podem ser criadas e
ionóforos diminuir a resposta ao ionóforo
(SOUZA,2002).
Pesquisas realizadas sobre o uso
de ionóforos ao longo dos anos, Em estudo, vacas recebendo dieta
independente dos efeitos dos ganhos de baseada em forragem (65% da matéria
peso ou no consumo de matéria seca, seca) onde a adição de lasalocida (340
apontam que há melhoria de mg/dia) houve aumento da eficiência de
aproximadamente, sete por cento na utilização da energia em 20% nas duas
conversão alimentar e esses dados não semanas iniciais do experimento,
decrescendo progressivamente e
GONÇALVES, M. F.; MARTINS, J. M. S.; OLIVEIRA, M. V.; CARVALHO, C. C. M.; ANTUNES, M. M.;
FERREIRA, I. C.; PEREIRA, C. F.; OLIVALVES, L. C.
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tornando-se insignificante aos 28 dias propiônico. Reduzem o consumo de


(Weiss & Amiet, 1990). Tal fato pode estar matéria seca pelos animais e a
relacionado com o estabelecimento de digestibilidade de FDN e FDA. Não há
linhagens resistentes. Também Rumpler evidencias que o uso de ionóforos altere
et al. (1986) observaram a queda inicial na características de carcaça. Resultados de
produção de metano com o consumo de desempenho de bovinos com utilização de
monensina ou lasalocida (226 mg/dia), ionóforos ainda são controversos, e
entretanto doze dias após o início da podem estar associados a mudanças na
suplementação equiparou-se ao grupo população microbiana e melhor
controle. aproveitamento da fibra. A intoxicação por
ionóforos é pouco comum e está
associada à falta de adaptação dos
2.1.10 Restrição na utilização dos animais e à má homogeneização deste ao
ionóforos alimento. Restrições na utilização de
ionóforos tem sido adotadas em alguns
Por questões relacionadas à países, porém no Brasil é permitido seu
segurança alimentar a utilização de uso, havendo restrição eventual para
ionóforos vem sendo restringida, como atender demanda de países importadores.
exemplo a União Europeia que, por A utilização de ionóforos proporciona
precaução, proibiu a utilização de melhoria na conversão alimentar e,
antibióticos como promotores de aumento da receita líquida por hectare.
crescimento para bovinos.
A restrição no uso de ionóforos
está relacionada principalmente à
segurança alimentar, entretanto segundo IONOPHORES IN CATTLE
Donoho (1984) e Tedeschi et al. (2003) FEED
estudos realizados utilizando monensina
em animais de laboratório e de produção,
para determinar as concentrações nos ABSTRACT: The aim was to address
tecidos, rotas de eliminação, metabolismo mechanisms of action of ionophores and
e farmacocinética, apontaram que a their effects on rumen fermentation,
monensina administrada via oral é consumption and nutrient digestibility,
absorvida, extensamente metabolizada, carcass characteristics and performance
excreta na bile e eliminada nas fezes of cattle, as well as economic aspects and
pelas diferentes espécies avaliadas. restrictions of their use. Ionophores are
Estudos como estes, permitiram a antibiotics that selectively depress or
aprovação dos ionóforos em diversos inhibit the growth of microorganisms in
lugares do mundo, sem que fosse exigido rumen, and currently the most used ones
respeitar período de carência tanto para are monensin, salinomycin and lasalocid.
abate como para comercialização do leite In general, these antibiotics alter the flow
de animais que o consumiram. of monovalent ions through membrane of
No Brasil, a monensina e a gram-positive bacteria causing their lysis,
salinomicina são os dois ionóforos changes in fermentation and in products of
aprovados para uso em bovinos (SPISSO, microbial digestion. Studies show that the
2010), as restrições na utilização podem use of ionophores reduces consumption in
ocorrer a fim de atender eventuais high concentrate diets and also in diets
exigências de importadores da carne with different protein levels, independent
bovina brasileira. of protein level used. In addition,
ionophores are responsible for preventing
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS metabolic disorders and for improving
animal performance, however, studies
Ionóforos alteram a população show that, in general, animals that
microbiana ruminal, com consequente received ionophores presented no
alteração da fermentação e dos produtos differences in dressing percent, fat
da digestão microbiana, diminuindo a thickness and loin eye area. The poisoning
produção de metano, de ácidos acético e of animals by ionophores can also occur
butírico e aumentando a de ácido due to poor homogenization of the

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