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Física para

vestibular medicina
5ª edição • São Paulo
2019

C N
1
CIÊNCIAS DA NATUREZA
FÍSICA
e suas tecnologias
Caco Basileus, Herlan Fellini, Felipe Filatte e Kevork Soghomonian
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2019
Todos os direitos reservados.

Autores
Caco Basileus
Herlan Fellini
Felipe Filatte
Kevork Soghomonian
Diretor geral
Herlan Fellini
Coordenador geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino
Diretor editorial
Pedro Tadeu Batista

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Claudio Guilherme da Silva Souza
Eder Carlos Bastos de Lima
Fernando Cruz Botelho de Souza
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Foto da capa
pixabay (http://pixabay.com)

Impressão e acabamento
Meta Solutions

ISBN: 978-85-9542-136-3

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o
ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição
para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre
as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não representando qual-
quer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

2019
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CARO ALUNO

O Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Desde 2010, são centenas de aprovações
nos principais vestibulares de Medicina no Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e em todo Brasil. O material didático foi, mais uma vez, aperfeiçoado e seu
conteúdo enriquecido, inclusive com questões recentes dos relevantes vestibulares de 2019.
Esteticamente, houve uma melhora em seu layout, na definição das imagens, criação de novas seções e também na utilização de cores.
No total, são 103 livros, 24 cadernos de Estudo Orientado e 6 cadernos de aula.
O conteúdo dos livros foi organizado por aulas. Cada assunto contém uma rica teoria, que contempla de forma objetiva e clara o que o aluno
realmente necessita assimilar para o seu êxito nos principais vestibulares do Brasil e Enem, dispensando qualquer tipo de material alternativo comple-
mentar. Todo livro é iniciado por um infográfico. Esta seção, de forma simples, resumida e dinâmica, foi desenvolvida para indicação dos assuntos mais
abordados nos principais vestibulares, voltados para o curso de medicina em todo território nacional.
O conteúdo das aulas está dividido da seguinte forma:
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos, de cada coleção, tem como principal objetivo apoiar o estudante na resolução de questões
propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam
as explicações dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados, e compõem um conjunto abrangente de
informações para o estudante, que vai dedicar-se à rotina intensa de estudos.
TEORIA NA PRÁTICA (EXEMPLOS)
Desenvolvida pensando nas disciplinas que fazem parte das Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Matemática e suas Tecnologias. Nesses
compilados nos deparamos com modelos de exercícios resolvidos e comentados, aquilo que parece abstrato e de difícil compreensão torna-se mais aces-
sível e de bom entendimento aos olhos do estudante.
Através dessas resoluções é possível rever a qualquer momento as explicações dadas em sala de aula.
INTERATIVIDADE
Trata-se do complemento às aulas abordadas. É desenvolvida uma seção que oferece uma cuidadosa seleção de conteúdos para complementar
o repertório do estudante. É dividido em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas e livros para o aprendizado do
aluno. Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos temas estudados. Há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, sendo conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica. Tudo é selecionado
com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso estudante.
INTERDISCIPLINARIDADE
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula, a seção interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
de hoje não exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos conteúdos de cada área, de cada matéria.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como biologia e
química, história e geografia, biologia e matemática, entre outros. Neste espaço, o estudante inicia o contato com essa realidade por meio de explicações
que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o estudante
consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas sim, fazendo parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
APLICAÇÃO NO COTIDIANO
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana no desenvolver do dia a dia, dificultando
o contato daqueles que tentam apreender determinados conceitos e aprofundamento dos assuntos, para além da superficial memorização ou “decorebas”
de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios de aprendizagem com os conteúdos, foi desenvolvida a seção "Aplicação no Cotidiano". Como o próprio
nome já aponta, há uma preocupação em levar aos nossos estudantes a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo que eles têm
contato em seu dia a dia.
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES
Elaborada pensando no Enem, e sabendo que a prova tem o objetivo de avaliar o desempenho ao fim da escolaridade básica, o estudante deve
conhecer as diversas habilidades e competências abordadas nas provas. Os livros da “Coleção vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
dessas habilidades. No compilado “Construção de Habilidades”, há o modelo de exercício que não é apenas resolvido, mas sim feito uma análise expo-
sitiva, descrevendo passo a passo e analisado à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurá-las na sua prática, identificá-las na prova e resolver cada questão com tranquilidade.
ESTRUTURA CONCEITUAL
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Geramos aos estudantes o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um
deles é a estrutura conceitual, para aqueles que aprendem visualmente a entender os conteúdos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos
principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita sua organização de estudos e até a resolução dos exercícios.
A edição 2019 foi elaborada com muito empenho e dedicação, oferecendo ao aluno um material moderno e completo, um grande aliado para
o seu sucesso nos vestibulares mais concorridos de Medicina.

Herlan Fellini
SUMÁRIO
FÍSICA
CINEMÁTICA
Aulas 1 e 2: Vetores 7
Aulas 3 e 4: Introdução ao estudo dos movimentos 25
Aulas 5 e 6: Movimento retilíneo uniforme 41
Aulas 7 e 8: Gráficos do MRU 57
Aulas 9 e 10: Movimento retilíneo uniformemente variado 71

GRANDEZAS ESCALARES E CALORIMETRIA


Aulas 1 e 2: Grandezas físicas 91
Aulas 3 e 4: Calor sensível 103
Aulas 5 e 6: Mudanças de estado 119
Aulas 7 e 8: Transmissão de calor 141
Aulas 9 e 10: Expansão térmica de sólidos e líquidos 157

ELETROSTÁTICA
Aulas 1 e 2: Princípios da eletrostática 175
Aulas 3 e 4: Lei de Coulomb 193
Aulas 5 e 6: Campo elétrico 203
Aulas 7 e 8: Força elétrica e campo elétrico 217
Aulas 9 e 10: Potencial elétrico 227
Abordagem de CINEMÁTICA nos principais vestibulares.

FUVEST
A cinemática sempre está presente nas provas da Fuvest, com enunciados curtos, bem elabora-
dos e objetivos, quase sempre havendo manipulação matemática das equações do MRU e MRUV.

LD
ADE DE ME
D
UNESP
U

IC
FAC

INA

BO
1963
T U C AT U A cinemática quase sempre está presente nas provas da Unesp, com questões bem elaboradas e
com bom nível de dificuldade em manipulação das equações matemáticas, além de também ser
frequente a leitura de gráficos.

UNICAMP
Com questões curtas e objetivas as provas da Unicamp quase sempre relacionam cinemática com
dinâmica em suas questões dissertativas.

UNIFESP
Com questões mais bem elaboradas, as questões de MRU e MRUV presentes na prova da Uni-
fesp sempre pedem uma análise que utilize
conhecimentos de matemática geométrica.

ENEM/UFMG/UFRJ
A cinemática possui grande incidência nas provas do ENEM, sempre relacionando com o cotidia-
no e em praticamente em todas as questões, e quase sempre possuem análise gráfica.

UERJ
Nas provas da UERJ, cinemática é um assunto constante, com enunciados bem elaborados e
objetivos, quase sempre havendo manipulação
matemática das equações do MRU e MRUV.
0 2
1 0 Vetores

Competência Habilidade
5 17
© Foto011/Shutterstock

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Grandezas vetoriais
Existem dois tipos de grandezas físicas: as escalares e as vetoriais. Uma grandeza escalar é caracterizada
apenas pela sua intensidade, ou seja, o valor numérico, acompanhado de sua unidade de medida. O tempo, a mas-
sa e a temperatura de um corpo são exemplos de grandezas escalares. Já as grandezas vetoriais necessitam, além
da intensidade, da informação quanto à sua direção e seu sentido. Ao dizer, por exemplo, que um carro se move a
40 km/h, a informação sobre sua velocidade está incompleta. A velocidade é uma grandeza vetorial e, portanto,
é necessário informar a direção e o sentido de deslocamento do carro. Neste caso, poderia ser dito que o carro
trafega na Avenida Paulista (direção) em sentido à Rua da Consolação (sentido).
A tabela a seguir apresenta algumas grandezas vetoriais e algumas grandezas escalares:
Grandezas escalares Grandezas vetoriais
tempo velocidade
massa aceleração
temperatura deslocamento
trabalho posição
energia força elétrica
pressão campo elétrico
potência força magnética
potencial campo magnético
diferença de potencial força gravitacional
quantidade de mol campo gravitacional
carga elétrica força peso
intensidade da corrente elétrica força de reação normal
resistência elétrica força elástica
capacidade térmica força tensora
calor específico sensível força centrípeta
calor latente empuxo
fluxo magnético quantidade de movimento
vazão momento
capacitância impulso

Vetor
Vetor é um ente matemático representado por um segmento de reta orientado (flecha). A notação de um
vetor é dada por uma letra (maiúscula ou minúscula) com uma pequena flecha para a direita acima da mesma.
Representam-se algumas grandezas físicas (grandezas vetoriais) por meio de vetores.
N
NO NE Resumo:
O L
SO SE
§§ módulo ou intensidade: é dado pelo compri-
S mento do segmento orientado (nº + unidade).
r (reta suporte)
§§ direção: é dada pelo ângulo formado entre o

v ou v vetor e o eixo horizontal.
B (final ou extremidade: sentido)
“para onde” §§ sentido: é dado pela orientação do segmento.

v (vetor v)
θ (direção) linha
horizontal
A (origem)

9
§§ Vetores paralelos: diz-se que dois ou mais
Características de um vetor
vetores são paralelos entre si, quando suas dire-
Como vimos um vetor pode ser representado por ções (inclinações) forem idênticas, não importan-
uma letra e um segmento orientado (flecha) sobre a le- do os sentidos dos mesmos.
tra, conforme a figura.
​___›
a ​​   
_​__›
b ​​   
Lembrando que as três características de um ve- §§ Vetores iguais: dois vetores são iguais se, e
tor são: módulo (ou intensidade), direção e sentido. somente se, tiverem o mesmo módulo, a mesma
A direção de dois vetores são iguais, caso eles direção e o mesmo sentido.
estejam sobre retas paralelas ou sobre a mesma reta §§ Vetores simétricos ou opostos: quando dois
(denominada reta suporte). Como exemplo, suponha que vetores possuem o mesmo módulo, a mesma
as retas r e s, na figura a seguir, sejam paralelas. Desse direção, porém sentidos opostos, diz-se que os
​___› _​__› ​_›_
modo, os vetores a ​ ​ _​  ,__ ​b ​   e ​c ​   possuem a mesma direção, mesmos são simétricos ou opostos entre si.
​_›_ ›
mas os vetores c ​ ​   e d ​ ​   têm direções diferentes.
Os sentidos de dois vetores são iguais quando
possuem a mesma direção e estiverem _​__› orientados para Teoria na prática
​___›
o mesmo lado. Os vetores ​a ​   e ​b ​ ,  na figura a seguir, 1. (UFB adaptado) Observe a figura a seguir e de-
estão orientados termine quais os vetores que:
_​__› ​__ em sentidos opostos, assim _​__› ​__como
› ›
os vetores ​b ​   e ​c ​ .  Entretanto, os vetores ​a ​   e ​c ​   têm
sentidos iguais.

a) têm a mesma direção.


b) têm o mesmo sentido.
c) são iguais.

Resolução:

a) Podemos
___ perceber pelo desenho que os ve-
​ › ___ ​› __
​›
tores ​E ​  , ___​A ​   e ___​F ​   estão na direção vertical, os
​› ​›
vetores ​C ​   e ​D ​   estão em uma direção oblí-
Observações ​ › ___
___ ​›
§§ Vetor nulo: denomina-se vetor nulo a todo ve- qua (inclinada) e os vetores ​B ​   e ​G ​   estão na
tor cujo representante é um segmento de reta horizontal. ___
​ › __ ​›
orientado, nulo, isto é, o início e o fim deste seg- b) No desenho, os vetores ___ A ​  ___
​ e ​F ​  estão no senti-
​› ​›
mento de reta coincidem. A representação do do norte e os vetores ​C ​  e ​D ​  estão no sentido
vetor nulo é um ponto ( . ). Também pode ser nordeste.
representado pelo ​_número zero com uma flecha c) Para que um vetor seja igual ao outro, as três
__›
acima do mesmo ( 0 ​ ) . características (módulo, direção e sentido) de-
vem ser iguais.

10
​___› ​__› ​___›
Pelo desenho, vemos que os vetores ​A ​   e ​F ​    O vetor ​d ​   representa o deslocamento vetorial
são iguais, pois compartilham de um mó- realizado pela partícula.
dulo 2u,___direção vertical e sentido norte. Os Esse vetor une o ponto inicial P (chamado origem
​› ​___›
vetores C ​
​    e D ​
​    também são iguais por te- do vetor) ao ponto final Q (chamado extremidade do vetor).
__
rem módulo 2 ​√2 ​u,   uma direção oblíqua e
sentido nordeste. Teoria na prática
1. (UEM) O desenho abaixo ilustra um trabalhador
A intensidade, módulo ou norma de uma gran-
deza vetorial, é o módulo do valor numérico do vetor. puxando por uma corda um carrinho que se des-
O módulo de um vetor, graficamente, é proporcional loca em linha reta.
ao seu comprimento. Suponha, por exemplo, que um O puxão da corda efetuado pelo trabalhador
automóvel esteja se deslocando com velocidade esca- pode ser descrito como uma força que:
lar de 80 km/h em sentido norte. Na figura, a flecha a) possui somente magnitude.
(apontando para o norte) representa o vetor velo- b) possui somente direção.
​__›
cidade
_​_
v ​
​   do automóvel; o módulo desse vetor será c) possui direção e magnitude.
​ v ​ ​›  ​= 80 km/h. É importante destacar que todo vetor d) não possui nem direção nem magnitude.
que possuir mesma direção, mesmo sentido e mesma e) realiza um torque.
intensidade, representando, portanto, a mesma grande-
za, representa uma classe de equipotência. Resolução:
_​›_ O puxão da corda é caracterizado como um ve-
v ​​    N
tor força, assim ele tem um módulo (magnitude),
O L uma direção e um sentido. Nesse caso, o módulo
S não é citado, porém a direção é oblíqua (inclina-
_​›_
|​v ​ |  = 80 km/h da) e o sentido é nordeste.
Uma grandeza pode ter valor numérico igual a
zero. Se um objeto estiver em repouso, por exemplo,
sua velocidade
_​__› será nula. Desse modo, o vetor nulo, de-
notado por ​0 ​ ,  pode ser utilizado para representar essa
grandeza. A direção e o sentido não são definidos para
o vetor nulo.
O deslocamento vetorial é o exemplo mais ele-
mentar de grandeza vetorial. Alternativa C
Na figura abaixo, suponha que uma partícula
desloca-se do ponto P até o ponto Q, seguindo a traje-
tória descrita pela figura. Surgimento do vetor
Q Foram os trabalhos de alguns matemáticos e
físicos que estudavam os números complexos que
originou o conceito formal de vetores, entre eles
podemos destacar Willian Rowan Hamilton (1805-
1865), Josian Willard Gibbs (1839-1903) e Carl
Friedrich Gauss (1777-1855). Porém, conceitos mais
P
intuitivos remontam a Aristóteles (385-322 a.C.) e a
Q Herão de Alexandria (século I).

​___›
d ​​   

P
11
_​__› ​___› _​›_
Adição de vetores A soma de ​a ​   e ​b ​ ,  o vetor
_​__›
origem de ​a ​  à extremidade de b ​
​___›
​  . 
​s ​ ,  é obtida ligando a

As grandezas vetoriais podem ser somadas (ou


adicionadas), porém, essa operação é realizada de modo ​___›
a ​​   
diferente da soma de grandezas escalares. Por exemplo,
ao efetuar a soma de 1 kg de tomates com mais 2 kg _​__›
b ​​   
de tomates, o resultado sempre será 3 kg de tomates.
No entanto, outra abordagem é necessária para
somarmos vetores. Na figura abaixo, uma partícula efe-
​___›
tua um deslocamento ​a ​   do​___ponto M ao ponto N e, em

seguida, um deslocamento ​b ​  do ponto N ao ponto P. ​___›
​___›
a ​​   
b ​​   

M
___
​›
​___›
b ​ ​  
a ​ ​  
N _​__› _​__›
a ​​   
b ​​   

​_›_
___​›
P s ​​   
s ​ ​  
M
___
​›
b ​ ​   ​_›_ ​___› _​__›
​___›
a ​ ​   s ​
​   = a ​
​   + b ​
​   
N Outro modo é fazer o seguinte: desenhamos ​___›
um
​___›
vetor igual a a ​
​  ,  a partir da extremidade de b ​ ​  . 
​_›_
Para obter o vetor​___›
s ​
​   , que é a soma dos vetores,
O deslocamento final da partícula, que se mo- ​___›
ligamos a origem de b ​ ​   à extremidade de a ​ ​   .
veu do ponto M ao ponto P, é indicada na figura pelo
​_›_
vetor ​s ​  . Desse modo, os dois deslocamentos anteriores
​___›
podem ser substituídos por um deslocamento único,​___o a ​​   
​_›_ ​___› ›
vetor s ​​   . Esse vetor é a soma (ou resultante) de a ​
​    e b ​
​  , 
​___›
e indicamos: b ​​   
_​›_ ​___› _​__›
​s ​  = ​a ​  + ​b ​   

Regra do polígono
​___› ​___›
Dois vetores quaisquer (não nulos), ​a ​   e ​b ​ ,  são
somados, de modo geral, de acordo com os seguintes ​___›

passos: b ​​    ​___›


a ​​   
Como
​___›
ilustra a figura, desenhamos um vetor
igual a ​b ​   (mesmo módulo, mesma direção e mesmo
​___›
sentido) a partir da extremidade do vetor a ​​   .

12
_​›_
x ​​   
_​›_ _​›_
s ​​    _​›_ y ​​   
s ​​   
3
​___› ​___›
b ​​    a ​​   
4
​_ _ ›
​ ​s ​   ​2 = 32 +__ 42 = ___
9 + 16 _=_ 25
Logo, a adição de vetores apresenta a proprie- ​_›_ ​› ​
​ s ​ ​   ​ = 25 ä ​ s ​ ​   ​= √​ 25 ​ ä ​ s ​ ​›  ​= 5 unidades
2

dade comutativa:
_​__› ​___› ​___› _​__› Esse processo realizado para obter a soma de
​a ​  + ​b ​  = ​b ​  + ​a ​   dois vetores também pode ser aplicado para fazer a
soma de três ou mais vetores.
Caso um dos vetores seja nulo, temos:
Na figura a seguir, estão representados os veto-
​___› _​__› _​__› ​___› ​___› ​___› ​___› ​_›_
​a ​  + ​0 ​  = ​0 ​  + ​a ​  = ​a ​   res ​a ​  , ​b ​  e ​c ​ .  Para obter a soma dos três vetores, isto é,
​_›_
o vetor s ​ ​   , tal que:
No caso ilustrado, note que:
_​›_ ​___› ​_ __› _​›_
​_ _ ​___ ​_ __›
​ ​s ​ ›  ​< ​ ​a ​ ›  ​+ ​ ​b ​   ​ ​s ​  = ​a ​  + ​b ​  + ​c ​   
_​›_ _​__›
Ou seja, o_​__módulo de s ​
​   é menor que a soma dos Desenhamos um vetor igual ao vetor ​b ​ ​    a _​partir
​___› › __›
​___›
módulos de ​a ​  e b ​
​  .  da extremidade de ​a​,   e a partir da extremidade de ​​​b ​   de-
_​›_
​_›_
Assim, o módulo de s ​
​ ​_  __será necessariamente igual senhamos um vetor igual a ​​​c ​ ,  como na figura. Unindo
​___› ›
​___› ​_›_ ​_›_
à soma dos módulos
​___
de a ​
​   e b ​
​  ,  somente no caso em que a origem de a ​
​​​    à extremidade de c ​
​​​  ,  obtemos o vetor s ​​​​  . 
_​__› ›
os vetores ​a ​  e b ​
​   tenham direção e sentido iguais.

Teoria na prática
1. Na figura abaixo, vamos determinar o módulo da
_​_› _​›_
resultante dos vetores ​x ​   e ​y ​ .  Cada quadradinho
mede uma unidade.

_​›_
x ​​   
_​›_
y ​​   

Resolução:
_​_› _​›_
A soma de ​x ​  e ​y ​  está efetuada na figura a seguir: A regra do polígono pode ser aplicada para qual-
_​›_
O módulo de ​s ​   é obtido aplicando o teorema quer quantidade de vetores, basta adicionar a origem
de Pitágoras ao triângulo retângulo sombreado de um vetor à extremidade do vetor anterior e, por fim,
na figura: traçar o vetor resultante.

13
Regra do paralelogramo
_​_› _​›_
Para exemplificar a regra do paralelogramo, considere os vetores x ​
​   e y ​
​   representados na figura.

_​›_ _​›_
x ​​    y ​​   

Faremos, então, o seguinte:


​_›_ ​_›_
Desenhamos vetores iguais a x ​ ​   e y ​
​   a partir de uma mesma origem P.
_​_›
Desenhamos o segmento ​MQ​ paralelo a ​XPN​
X XX XX a partir da extremidade de ​x ​   (ponto M), e o segmento ​XNQ​
XX 
paralelo a XPM​
​ XX 
, de modo a obter o paralelogramo PMQN.
_​›_ _​_› _​›_
Obtemos o vetor s ​ ​   , que é a soma de x ​ ​   e y ​
​  ,  unindo P a Q:

_​›_
M _​›_
M M
_​›_
x ​​    x ​​    x ​​    ​_›_
P P Q P s ​​    Q
_​›_ _​›_
y ​​    y ​​   
N N N

A seguinte relação pode ser usada para calcular o módulo da soma de dois vetores quaisquer.

​___› ​___›
a ​​    a ​​   
​_›_
θ θ s ​​   

​___› ​___›
b ​​    b ​​   

​_ _ ​___ _​__› ​___ _​__›


​ ​s ​   ​² = ​ ​a ​   ​² + ​ ​b ​   ​² + 2 · ​ ​a ​   ​· ​ ​b ​   ​· cos u
› › ›

A soma de vetores utilizando a regra do paralelogramo é uma prática comum, cujo autor é desconhecido.

Teoria na prática ___ ​_____›


​›
1. (Unesp adaptado) A figura mostra, em escala, duas forças ​a ​  e b ​
​  , atuando num mesmo ponto material P.

b
1N
1N

14
​___›
a) Represente na figura reproduzida
_____ a força ​R ​ ,  Resolução:
_____
​› ​›
resultante das forças ​a ​  e ​b ​ ,  e determine o Devemos lembrar que o ângulo de 120° está no
valor de seu módulo, em newtons. segundo quadrante, no qual o cosseno é negati-
​___›
b) Determine
___ o cosa formado entre os vetores a ​​    vo. O valor de cos(120°) é –0,5.
​›
e ​b ​ .  Aplicando a regra do paralelogramo, temos
Resolução: (Fr)² = (3)² + (5)² + 2 · 3 · 5 · cos(120°) ⇔
⇔ (Fr)² = 9 + 25 + 30(–0,5) ⇔
a) Pela regra do paralelogramo, temos que ___
___
​› ⇔ (Fr)² = 34 –15 ⇔ (Fr)² = 19 ⇔ Fr = √ ​ 19 ​ N.
|​R ​ |  = 3 N.
Alternativa A

Oposto de um vetor
​___›
Seja um vetor ​a ​  não nulo. Um vetor com a mes-
​___›
ma direção e o mesmo módulo de a ​
​  ,  mas com sentido
_​__›
contrário, é denominado oposto de ​a ​  .
​___› ​___›
O vetor oposto de ​a ​  é indicado por –​a ​ . 
b) Os módulos dos vetores são: s
___
​›
módulo de ​___a ​  : a = 2 N r
​› _​__›
módulo de ​b ​  : b² = 2² + 3² ⇔ a ​​   
___
⇔ b² = 13 ⇔ b = √
​ 13 ​ N
Aplicando a regra do paralelogramo, temos: ​___›
–​a ​  
R² = a² + b² + 2 · a · b · cosa ⇔
___ ___
⇔ 3² = 2² + (​√13 ​ )² + 2 · 2 · (​√13 ​)  cosa ⇔
___
⇔ 9 = 4 + 13 + 4(​√13 ​)  cosa ⇔
___
⇔ cosa = (9 – 4 – 13)/4 (​√13 ​)  ⇔ Subtração de vetores
–2
⇔ cosa = ​ ____
___  ​ 
​___› ​___›
​√13 ​  A diferença de dois vetores ​a ​   e b ​
​    é obtida de
modo semelhante ao que se faz com os números reais:
2. (UEM) Um corpo está sendo arrastado em uma
​___› ​_ __› ​___› ​_ __›
superfície lisa (atrito desprezível), tracionado ​a ​  – ​b ​  = ​a ​  + (–​b ​ ) 
​___› ​___›
por duas cordas, conforme o diagrama de for-
Isto é, o vetor a ​
​   – b ​
​   é___obtido efetuando a adição
ças abaixo. Qual a intensidade da força resul- ​___› ​›
do vetor ​a ​  com o oposto de b ​
​  . 
tante Fr?

Exemplo _​__›
​___›
§§ Dados os vetores
___ ​a ​   e ​b ​
_ __  da figura,
___ determinare-
​› ​› _​__› ​›
mos o vetor d ​
​    tal que d ​
​    = a ​
​    – b ​
​  .  Utilizando a
relação apresentada acima, temos:
___
a) Fr = ​√__19 ​  N
b) Fr = ​√___
8 ​  N
​_ __› ​___› ​_ __› ​___› ​_ __›
c) Fr = √
​ ___
34 ​  N
​d ​  = ​a ​  – ​b ​  = ​a ​  + (–​b ​ ) 
d) Fr = √
​ 49 ​  N
__
e) Fr = ​√2 ​  N

15
___
​› ​_____›
Então, fazemos a adição de a ​
​   com –b ​
​  :  Resolução:

Através da regra do polígono, podemos montar


o seguinte diagrama vetorial:

Tomando como partida qualquer um desses ve-


tores, temos que o ponto inicial sempre coincide
com o ponto final, tornando a resultante nula.
O módulo da diferença de dois vetores quaisquer
Alternativa A
pode ser calculado usando a seguinte relação:
​_ __ ​_ __ ​_ __
​ ​d ​ ›  ​² = ​ ​_​a ​ __›  ​² + ​ ​b ​ ›  ​² – 2 · ​ ​_​a ​ __›  ​· ​ ​b ​ ›  ​ cosu 2. Dados os vetores representados na figura, obte-
​___› ​___› ​___›
nha D ​
​   = X ​
​   –  ​ 
Y​  .
_​__›
​___›
Onde u é o ângulo formado entre os vetores ​a ​   
e b ​
​  ,  quando ambos estão partindo da mesma origem.

Teoria na prática
1. (UFPI) Os vetores mostrados na figura a seguir
representam quatro forças, todas de mesmo mó-
dulo F. Marque a alternativa que representa uma Resolução:
força resultante nula.
Para fazer a subtração vetorial, devemos somar o
___
​› ___
​›
vetor X ​
​   com o oposto do vetor Y ​
​  . 
​___› ​___› ​___› ​___› ​___› ​___›
​D ​  = X ​ ​   ⇔ D ​
​   – Y ​ ​   = X ​
​   + (–1) Y ​
​   
___
​›
Invertemos o sentido do vetor ​Y ​   e aplicamos a
​___›
regra da poligonal para encontrar o vetor D ​
​  . 

​_____› ​_____› ​_____›


a) ​

F_____1  ​+_____  F​   ​+    ​F​  
​› ​› 4 ​_____› 2
b) ​
 F ​_____ 1–   F ​​_____ 4+   F​_____3  ​
​› ​› ​›

c) ​ F ​_____ 1+   F ​​_____ 2+    ​F​ _____ 3
​› ​› ​›
d) ​
  F ​_____ 1 –   F_____​ 4  ​+_____  
F​   ​
​› ​› ​ ›2

e) ​ F ​  1 –   F ​​  2+ F​ 3 ​ 

16
Multiplicação e divisão de Teoria na prática _​›_
1. Determine a resultante da soma dos vetores ​x ​   
um vetor por um número ​_›_
e ​y ​   nos casos a seguir, admitindo-se que cada
​___› quadradinho tenha lados iguais a uma unidade.
​    um vetor não nulo e k um número real
Seja a ​
_​__›
​   pelo número k,
não nulo. Podemos multiplicar o vetor a ​ a)
_​__› _​›_
obtendo o vetor b ​
​  :  x ​​   

​_ __› ​___› _​›_


​b ​  = k · ​a ​    y ​​   

_​__›
As características de ​b ​  são: b)
​___› _​__› _​›_
§§ b​ ​   ​= ​ k ​· ​ a ​ 
​   ​   ​ x ​​   
___
​› ​___›
§§ ​b ​ tem a mesma direção de a ​
​  . 
​___›
​___› _​›_
§§ Se k > 0, ​b ​  tem o mesmo sentido de a ​
​   , caso seja y ​​   
_​__› ​___›
k < 0, ​b ​  tem sentido oposto ao de a ​
​  . 
Como exemplos na Física, temos:
​_____› ​___› Resolução:
a) ​F ​ = m?​a   (m escalar positivo)
_____
​› _____
​›
b) ​F ​ = |q|?​E  (q > 0 ou q < 0) a) Neste caso, temos:
_​›_ _​›_
x ​​    y ​​   
Exemplo ​_›_
​___› ​___›
§§ Na figura, representamos os vetores a ​
​  ,  2​a ​   e s ​​   
​___› ​___› ​___› ​_ _ ​_ _ ​_ _
–2​a ​  . Note que tanto 2​a ​  como –2​a ​  têm módulos ​ ​s ​ ›  ​= ​ ​x ​ ›  ​+ ​ ​y ​ ›  ​= 3 + 2 = 5 unidades
​___› ​___›
iguais ao dobro do módulo de ​a ​  . O vetor 2​a ​  tem _​›_ _​_› _​›_
_​__› _​__› b) O vetor ​s ​  é a soma de x ​
​   e y ​
​  ,  isto é:
o mesmo sentido do vetor a ​​    e o vetor –2​a ​   tem
​___›
sentido oposto ao do vetor a ​​  .  _​›_
x ​​   
​___› ​_›_ _​›_
​___› 2​a ​   ​___› s ​​    y ​​   
a ​​    –2​a ​   _​›_ ​_ ›_ _​›_
​s ​  = ​x ​  + ​y ​  
No entanto, neste caso, temos:
_​__›
Podemos também dividir o vetor ​a ​  por k, obten- ​_ _ _​_ _​_
​ ​s ​   ​= ​ ​x ​   ​– ​ ​y ​   ​= 5 – 3 = 2 unidades
› › ›
​_›_
do o vetor ​c ​ : 
_​›_ ​​a ​ ___›
__
​c ​  = ​   ​   
k

Sendo:
___
​›
_​›_ |​ 
a ​| 
​ ​c ​   ​ = __
​   ​ 
k
__​›
Quanto à direção e ao sentido de c ​
​  ,  valem as
mesmas considerações feitas para a multiplicação.
​___›

Se k = 0, não podemos calcular ​ a ​ ​   .
__
k
17
Observação
§§ Versor é um vetor unitário que possui a mesma direção e mesmo sentido do eixo que o contém.
y
y →


→ 1 j
i
1 j →
→ j =1u →
0 1 x j =1u →

i

i k =1u x
0 1
i =1u 0 1 x →
1
→ → i =1u
i =1u k
z
u ... unidade de medida

Componentes de um vetor ou projeções ortogonais


de um vetor ou decomposição de um vetor
___› ​___›
Toda representação vetorial, como vimos, está Sendo i    e j    os vetores unitários nas direções
pautada em um sistema de referências. O plano carte- indicadas pelos eixos (x) e (y) respectivamente, desta
siano é o sistema de referenciais que auxilia adequada- forma o vetor também pode ser representando por:
​___›
mente essa representação. Seja um vetor a ​  , conforme a ___› ​___› ​___›
representação abaixo: a   = 3 
i  + 3j   

Devemos lembrar que os módulos dos compo-


y
nentes também podem ser representados por relações
_​›_ trigonométricas:
 ​ a​   ay
θ senθ = __
​ a ​  → ay = a · senθ

a
x cosθ = __
​ ax ​  → ax = a · cosθ
​___›
A projeção desse vetor a,   no eixo (x) pode ser Os vetores unitários, quando indicarem sentido
​___›
representada pelo vetor a ​ x , bem como a projeção do oposto aos eixos considerados, serão representados por:
​___› ​___›
vetor a ​  no eixo (y) pode ser representado pelo vetor a ​ y . ___› ​___›
– i   e – j   

O vetor analisado pode ser representado como


uma soma vetorial, ou seja:
___› ​___› ___›
a   = ax  + ay  
Neste caso:
___› _​__›
ax   = 3i  
___› _​__›
ay   = 3j   

18
Teoria na prática ​__› ​__› ​__› ​__› ​__› ​__›
1. Num ponto material P, estão aplicadas seis forças coplanares F ​
​  1  , F ​
​  2  , F ​
​  3  ,​F ​ 4  , F ​
​  5  e F ​
​  6  , representadas conforme
figura a seguir, cujas intensidades são, respectivamente, 12 N, 8,0 N, 15 N, 6,0 N, 8,0 N e 7,0 N.

A resultante desse sistema de forças tem intensidade:


a) 10 N.
b) 8,0 N.
c) zero.
d) 12 N.
e) 16 N.

Resolução:
​__› ​__› ​__› ​__›
Primeiramente, vamos decompor os vetores F ​
​  2  e F ​
​  5  nos eixos i  ​
​  e j​  ​  :
__
​› __
​› __
​› __
​› __
​› __
​› __
​› __
​› __
​›
O vetor F ​
​    será: __F ​
__ ​    = (|​F ​  2|__cos x) i  ​ ​  __
+ (|​F ​  2| senx) __ ​  ⇔ __F 
j  ​  ​    = (8cosx)
__ i  ​
​  + (8senx)
__ j  ​
​  (N) __
​›2 ​›2 ​› ​› ​› ​ ›​2 ​› ​› ​›
O vetor __F ​
​   5 será: __F ​
​   5=(–1)(|​
__ F ​  5| cosx)
__ __ i  ​
​  +(–1)(|​
__   ​​  ⇔ F ​
F ​  5| senx) j  ​   5 =(–8cosx) i  ​
​  + (–8senx) j  ​
​  (N)
​› ​› ​› ​ › ​› ​›
O vetor __F ​
​    será: F ​ i  ​​  ⇔ F ​
​    = |​__F ​  1|   ​    = 12 i    ​__
​  (N)
​›1 __
​›1 ​› __ ​› __
​›1 ​›
O vetor F ​
​    será: __F ​
__ ​    = |​F ​  3|   j  ​​ __ ⇔__F ​ ​    = 15 j  ​​  (N)__
​›3 ​› 3 ​› ​ › 3 __ ​› ​›
O vetor F ​
​   4 será: F ​
__ ​__  4 = (–1) |​F ​ __ i​__ ⇔ __F ​
  4|   ​  ​   4= –6 __i    ​​  (N)
​› ​› ​› ​ › ​› ​›
O vetor F ​
​   6 será: F ​
​   6 = (–1) |​F ​  6|   ​  j​  ⇔ F ​​   6= –7 j    ​​  (N)
A resultante das forças é a soma vetorial de todas elas; assim, temos:
__
​› __
​› __
​› __
​› __
​› __
​› __
​›
​F ​  r =__ F ​
​   1 + F ​
​ ___
  2 + F ​
​   3 + F ​
​   4 +
__ F ​
​   ​   6 ⇔__
 5 + F ​
__ __ __ __ __
​› ​› ​› ​› ​› ​› ​› ​› ​›
⇔ __F ​ ​  r  = 12 i​  ​  + (8cosx) i  ​ ​  + (8senx)__j  ​​  + 15 j  ​
​  + (– 6) i  ​
​  + (– 8cosx)__ i  ​
​  + (– 8senx) j  ​   ​​  ⇔
​  + (– 7) j 
​› ​› ​›
⇔ F ​
​  r  = (12__– 6 + 8cosx
__ __ – 8cosx) i  ​ j  ​​  ⇔
​  + ( 15 – 7 + 8senx – 8senx )  
​› ​› ​›
⇔ F ​
​   r = (6) i  ​
​  + (8) j  ​
​  (N).
​__›
Assim, o módulo do __vetor F ​​  r  será: (Fr )²= (6)² + (8)² ⇔ (Fr )² = 36 + 64 ⇔
​› ____ ​__›
​ 100 ​ N ⇔ |​F ​ r  | = 10 N.
⇔ (Fr )² = 100 ⇔ |​F ​  r| = √
Alternativa A

19
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Cursos Unicamp: Física Geral I - Aula 4


Fonte: Youtube

Vídeo Física - Introdução a vetores e escalares - parte 1 (Khan Academy)

Fonte: Youtube

Vídeo Módulo do vetor soma

Fonte: Youtube

Vídeo Física I – Aula 5 – Grandezas escalares e vetoriais

Fonte: Youtube

20
ACESSAR

Sites Resumo sobre vetores

www.respondeai.com.br /resumos/1/capitulos/1
pt.khanacademy.org/math/precalculus/vectors-precalc

LER

tt
Livros
Leonard Mlodinow - A janela de Euclides
Livro que aborda de maneira simples, divertida e curiosa a evolução
de conceitos-chave de geometria e o modo com que o Homem
compreende o espaço.

21
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Apesar de algumas pessoas pensarem que a utilização de conceitos vetoriais está restrita aos campos da
Física e da Matemática, elas o fazem sem perceber. Atualmente, muitas pessoas utilizam GPS para se localizar ou
localizar um destino. Só no fato de localizar um ponto em relação a um referencial já temos um vetor, mas quando
localizamos um destino e seguimos os passos designados pelo GPS, cada passo trata-se de um vetor, e, a cada
instrução realizada, estamos compondo uma soma vetorial pela regra do polígono.
Se nos dias atuais pequenos deslocamentos nas cidades se dão através da utilização de aplicativos de locali-
zação como o WAZE, é possível imaginar a necessidade e a importância da localização em mapas cartográficos,
cartas de navegação e a revolução que foi a organização utilizando latitude e longitude.

INTERDISCIPLINARIDADE

Para a aplicação da noção de vetores, algumas ideias matemáticas são necessárias, utilizamos praticamen-
te conceitos de geometria espacial e geometria analítica. Noções de ponto, reta, espaço, segmento orientado e
as operações entre os vetores são conceitos puramente matemáticos. É sempre importante lembrar que existe
diferença nas operações entre grandezas escalares e operações entre grandezas vetoriais.
Da matemática de Euclides ficaram definidos os conceitos de ponto, reta, plano e segmento de reta. O
ponto, “o que não tem partes”, sendo um elemento desprovido de tamanho, sem dimensões, sem forma. A reta é
definida como um ente geométrico de apenas uma dimensão, de maneira simplista podemos dizer que uma reta é
formada por infinitos pontos “alinhados”; duas retas podem ser classificadas como paralelas, concorrentes,
perpendiculares, coincidentes ou ainda como reta tangente ou reta secante.

22
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 17 – Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e


representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos,
tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A matemática entra como ferramenta fundamental para a interpretação e/ou cons-


trução de fenômenos no contexto da física, dessa forma se faz necessário saber o ma-
nuseio, aplicabilidade além da capacidade interpretativa dessa linguagem simbólica. Tal
qual o terceiro eixo cognitivo da matriz de referência do ensino médio diz: “selecionar,
organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas,
para tomar decisões e enfrentar situações-problema.”
A utilização de vetores é inerente à física, dada a grande quantidade de grandezas
vetoriais, sendo vital para a compreensão a fixação deste assunto, mais básico e, como
dito anteriormente uma ferramenta, fundamental para a física.

Modelo
(Enem) Um foguete foi lançado do marco zero de uma estação e após alguns segundos atingiu a
posição (6, 6, 7) no espaço, conforme mostra a figura. As distâncias são medidas em quilômetros.

Considerando que o foguete continuou sua trajetória, mas se deslocou 2 km para frente na direção
do eixo-x, 3 km para trás na direção do eixo-y, e 11 km para frente, na direção do eixo-z, então o
foguete atingiu a posição:

a) (17, 3, 9).
b) (8, 3, 18).
c) (6, 18, 3).
d) (4, 9, –4).
e) (3, 8, 18).

23
Análise Expositiva

Habilidade 17
No ensino médio o contato inicial que se tem em física com vetores é em cinemática. A ideia
de representar a posição de um objeto no espaço é o exemplo mais clássico da utilização de
vetores, além de ser um dos motivadores de sua criação.
Adotando como referência “para trás” como sendo no sentido negativo e “para frente” como
um deslocamento no sentido positivo de cada eixo, devemos somar o número inteiro corres-
pondente ao deslocamento em cada coordenada, sendo assim temos que:
(6 + 2,6 – 3,7 + 11) = (8, 3, 18).

Alternativa B

Estrutura Conceitual
Processo
Módulo geométrico

Direção
Vetor

Processo
Sentido analítico

24
0 4
3 0 Introdução ao estudo
dos movimentos

Competências Habilidades
1e6 2 e 20

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
O ramo da mecânica que descreve os movimentos é a cinemática, que tem por objeto o estudo do movi-
mento dos corpos sem levar em conta os agentes que o produzem. Os conceitos de posição, velocidade e acelera-
ção ao longo do tempo são tópicos estudados por esse ramo. Os corpos serão considerados pontos materiais, isto
é, as dimensões dos corpos não interferem no estudo de determinado fenômeno.

Posição numa trajetória


O principal objetivo da cinemática é determinar a posição de um corpo em cada instante. O conceito de po-
sição pode ser exemplificado pelas marcações quilométricas de uma rodovia, ou seja, posição é o lugar geométrico
que o corpo está no instante da observação. Esses marcos podem ser utilizados para localizar os veículos que nela
trafegam. Na figura abaixo, a posição do carro é determinada pelo marco km 80 (figura à esquerda).
Ao longo do tempo, um corpo pode ter diferentes posições. Chamamos de trajetória o conjunto dessas di-
ferentes posições ocupadas pelo corpo. O deslocamento é a variação da posição apresentada pelo corpo durante
um intervalo de tempo. Como exemplo, um carro que ocupava a posição do marco de km 60 em um instante, e num
instante posterior, a posição do marco km 80, dizemos que o carro percorreu a distância de 20 km.
Ainda na figura abaixo (à direita), existem dois carros, um na posição km 80 e outro na posição km 60, mas
se deslocando em sentidos contrários. Não é possível determinar o sentido do movimento analisando
apenas o marco quilométrico.

© Rafael Schaffer Gimenes/Schäffer Editorial

O marco quilométrico km 80 localiza o carro Representação esquemática de


nessa estrada e fornece sua posição. posições numa rodovia

Note que o marco zero, chamado origem dos espaços, foi escolhido arbitrariamente. A partir dessa posi-
ção, são medidos os comprimentos que indicam a posição do corpo. O marco zero é o referencial.

O corpo A encontra-se a 10 km do marco zero, e o corpo B, a 20 km.

27
Deslocamento (grandeza vetorial) e
distância percorrida (grandeza escalar)

§§ Deslocamento escalar é a diferença entre as posições final e inicial ocupadas numa determinada trajetória.
+ ∆S = S - S0
0 S0 S
S0 .... posição inicial
S0 ∆S S ...... posição final
∆S ... variação de posição
S
ou deslocamento escalar

§§ Distância percorrida é o total de movimento realizado por um móvel.


Observação: o deslocamento escalar nem sempre é igual à distância percorrida. Isso só é verdade quando
o movimento é sempre no mesmo sentido e a favor da trajetória.

Teoria na prática
1. Um indivíduo parte de um ponto X de uma trajetória e caminha até uma posição Y e, em seguida, retorna
para o ponto Z. Verifique a figura dada e responda:
t0 t2 t1

-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 S (m)

(X) (Z) (Y)

a) qual a distância percorrida de X até Y?


b) qual o deslocamento efetuado pelo indivíduo de X até Y?
c) qual a distância percorrida pelo indivíduo do instante t0 até t2?
d) qual o deslocamento total percorrido pelo indivíduo do instante t0 até o instante t2?
Resolução:
a) A distância percorrida corresponde efetivamente ao que o indivíduo percorreu, ou seja, 120 m, pois ele se
desloca da posição –30 m e vai até a posição 90 m. Perceba que, como é um movimento no mesmo sentido
e com a mesma direção da trajetória, a distância percorrida pode ser calculada através da expressão:
d = DS = S – S0 ⇔ d = 90 – (–30) ⇔ d = 120 m
b) DS = S – S0 ⇔ DS = 90 – (–30) ⇔ DS = 120 m
c) Desde o instante t0 até t2, o indivíduo se desloca de X para Y e de Y para Z; logo, a distância percorrida
é a soma dos segmentos
— —
d = XY + YZ ⇔ d = 120 + 40 ⇔ d = 160 m
d) O deslocamento é calculado pela expressão:
DS = S – S0 ⇔ ∆S = 50 – (–30) ⇔ DS = 80 m
Observe que, quando o deslocamento se dá em um só sentido, a distância percorrida é numericamente
igual ao deslocamento (vide itens a e b).

28
2. Uma pessoa, partindo de X, efetua voltas em torno de uma praça retangular, como mostra a figura a seguir.
Calcule o deslocamento e a distância percorrida, desde o instante da partida, nas seguintes situações:

X 400
40
00 m Y

300
000 m

Z W

a) a distância percorrida por ela até chegar em W;


b) o deslocamento até W;
c) a distância percorrida e o deslocamento em uma volta completa.

Resolução:

a) De X até Y, a pessoa percorreu 400 m; de Y até W, percorreu 300 m; então:


— —
d = XY + YW ⇔
⇔ d = 400 + 300
⇔ d = 700 m
b) O deslocamento de X até W é o valor da hipotenusa, que pelo teorema de Pitágoras é:
— — —
(XW)2 = (XY )2 + (YW)2 ⇔
⇔ DS2 = (400)2 + (300)2 ⇔
⇔ DS2 = 160.000 + 90.000 ⇔
⇔ DS2 = 250.000
⇔ DS = 500 m
c) A distância percorrida em uma volta completa é:
— — — —
d = XY + YW + WZ + ZX ⇔
⇔ d = 400 + 300 + 400 + 300
⇔ d = 1.400 m
e o deslocamento é ∆S = 0, pois a posição inicial e final são o mesmo lugar (X).

Referencial
Um corpo está em movimento se a sua posição é alterada ao longo do tempo em relação a um referencial.
Pode-se analisar o movimento de um corpo comparando sua posição em relação a outro corpo, que, nesse caso,
será o referencial. Assim, o estado de movimento ou repouso de um corpo depende do referencial escolhido. Um
mesmo corpo pode estar em repouso em relação a um referencial e em movimento em relação a outro. A trajetória
do corpo também é dependente do referencial. Os corpos, por sua vez, também possuem uma classificação. Se a
dimensão do corpo, comparada com a dimensão da trajetória for desprezível, esse será chamado de ponto material;
se ele não puder ser desprezado, será chamado de corpo extenso. Existem muitos casos em que o tamanho do
corpo deverá ser considerado. Veremos alguns casos em exercícios posteriores.

29
Definição de movimento e repouso
Um ponto material é considerado em movimento quando sua posição em relação a um referencial é alterada
durante o intervalo de tempo considerado.

O passageiro dentro do ônibus está em movimento em relação à pessoa em pé no ponto (observador).

Um ponto material é considerado em repouso quando sua posição em relação a um


referencial não é alterada durante o intervalo de tempo considerado.

Dentro do ônibus, o passageiro está em repouso em relação ao motorista.

A forma da trajetória de um ponto material depende do referencial adotado.

A trajetória descrita por um móvel também depende do referencial adotado.


A imagem abaixo exemplifica as trajetórias diferentes de uma lâmpada em queda livre, em relação a dois
referenciais.

A lâmpada descreve uma trajetória retilínea vertical em relação ao observador (T).


Em relação ao observador (S), a trajetória da lâmpada é parabólica.

É importante lembrar que a escolha do referencial é totalmente arbitrária. A escolha é feita de modo a
facilitar a resolução dos exercícios.

30
I. Cascão encontra-se em movimento em rela-
Teoria na prática ção ao skate e também em relação ao amigo
1. Um ônibus escolar está parado no ponto de ôni-
bus e um aluno está sentado em uma das pol- Cebolinha.
tronas. Quando o ônibus entra em movimento, II. Cascão encontra-se em repouso em relação
sua posição no espaço se altera, afastando-se do ao skate, mas em movimento em relação ao
ponto de ônibus. Nessa situação, podemos afir- amigo Cebolinha.
mar que a conclusão errada é que: III. Em relação a um referencial fixo fora da Ter-
a) o aluno sentado na poltrona acompanha ra, Cascão jamais pode estar em repouso.
o ônibus e, portanto, também se afasta do Estão corretas:
ponto de ônibus. a) apenas I.
b) podemos dizer que um corpo está em movimen- b) I e II.
to em relação a um referencial quando a sua po- c) I e III.
sição muda em relação a esse referencial. d) II e III.
c) o aluno está parado em relação ao ônibus e e) I, II e III.
em movimento em relação ao ponto de ôni-
bus, se o referencial for o próprio ônibus. Resolução:
d) se o referencial for o ponto de ônibus, o alu-
I. Incorreta, pois Cascão está em repouso em
no está em movimento em relação ao ônibus.
relação ao skate, mas em relação ao Ceboli-
e) para dizer se um corpo está parado ou em mo-
nha ele está em movimento.
vimento, precisamos relacioná-lo a um ponto
II. Correta.
ou a um conjunto de pontos de referência.
III. Correta, pois a Terra gira constantemente
Resolução: em torno de seu eixo e em torno do Sol; em
Observamos que o aluno está em movimento se relação a um referencial fixo fora da Terra,
o referencial adotado for o ponto de ônibus ou Cascão jamais poderia estar em repouso.
a rua; pois, como vimos, a escolha do referen-
Alternativa D
cial é arbitrária e é necessário escolher apenas
um único ponto como referencial. Porém, caso o
referencial escolhido seja o próprio ônibus, ou o
motorista do ônibus, a posição do aluno não irá
Velocidade escalar média
se alterar em relação ao motorista ou ao ônibus.
A velocidade escalar de um corpo determina
Alternativa D o quão rápido é o seu deslocamento. A velocidade
escalar média é definida como a razão entre a varia-
2. (PUC-SP) Leia com atenção a tira da Turma da
ção da posição do corpo e o intervalo de tempo decor-
Mônica mostrada a seguir e analise as afirma-
tivas que se seguem, considerando os princípios rido durante essa variação na posição.
da Mecânica Clássica. Na figura abaixo, um ponto material P descreve
uma certa trajetória em relação a um determinado refe-
rencial. No instante t1 sua posição é S1 e no instante pos-
terior t2 sua posição é S2. Durante o intervalo de tempo
Dt = t2 – t1, a variação espacial do ponto material é
DS = S2 – S1. A velocidade escalar média vm no inter-
valo de tempo Dt é expressa pela relação:

S –S
___ ​ = _____
vm = ​ DS ​  2 1 ​  
Dt t2 – t1

31
A unidade de velocidade escalar (média ou ins- Resolução:
tantânea) é expressa em unidade de comprimento por
De acordo com as informações fornecidas pelo
unidade de tempo: km/h (quilômetros por hora), m/s
enunciado, o deslocamento do elevador foi de
(metros por segundo), mi/h (milhas por hora), cm/s (cen-
DS = 380 m e o intervalo de tempo de Dt = 40 s.
tímetros por segundo) etc.
As unidades de velocidades podem ser conver- Assim, a velocidade média do elevador é calcula-
tidas umas nas outras, por exemplo, de km/h para m/s da da seguinte forma:
e vice-versa. vm = ​ ___ 380 ​ ä v = 9,5 m/s
DS ​ = ​ ___
Dt 40 m
1 km = 1.000 m
Sabemos que: 1 h = 60 min e 1 min = 60 s Alternativa C
1 h = 60 · 60 s = 3.600 s
2. (Cefet) Num shopping, há uma escada rolante
Então: 1 ​ ___ 1.000 m ​ 
km ​ = ​ _______ ​  1 m  ​ 
= ____
h 3.600 s 3,6 s de 6 m de altura e 8 m de base que transporta
km ​ = ​ ___
1   ​ __ uma pessoa entre dois andares consecutivos num
Portanto: 1 ​ ___ ​  m ​ e 1 m/s = 3,6 km/h
h 3,6 s intervalo de tempo de 20 s. A velocidade média
× 3,6 desta pessoa, em m/s, é:
km ​  
​ ___ : 3,6 m ​ 
 ​ __
h s a) 0,2.
b) 0,5.
Sendo assim, para converter km/h em m/s, divi- c) 0,9.
de-se o valor da velocidade por 3,6; para converter m/s d) 0,8.
em km/h, multiplica-se o valor da velocidade por 3,6. e) 1,5.

Resolução:
Teoria na prática Fazendo um desenho ilustrativo do problema,
1. O edifício Taipei 101 é um ícone de Taiwan e
temos:
combina tradição e modernidade.
Suas características de segurança permitem-lhe
suportar tufões e terremotos, que são frequen-
tes nessa região. O edifício possui 61 elevadores,
sendo dois de ultravelocidade.
Divulgação

O espaço percorrido por uma pessoa na escada


rolante é a hipotenusa do triângulo pitagórico.
Aplicando o teorema de Pitágoras, temos:
DS2 = 62 + 82 ⇔ DS2 = 100 ⇔
____
Sabendo que um desses elevadores de ultravelo- ⇔ DS = √
​ 100 ​ ⇔ DS = 10 m
cidade sobe, do térreo até o 89º andar, percor- Assim, a velocidade média da escada rolante
rendo 380 metros em 40 segundos, conclui-se será:
que a sua velocidade média vale, em m/s:
a) 4,7. vm= ___ ​ 10 ​ ⇔ vm = 0,5 m/s
​  DS  ​ ⇔ vm= ___
Dt 20
b) 7,2.
c) 9,5. Alternativa B
d) 12,2.
e) 15,5.

32
3. (UFJF) O motorista de um caminhão pretende fazer uma viagem de Juiz de Fora a Belo Horizonte, passando
por Barbacena (cidade situada a 100 km de Juiz de Fora e a 180 km de Belo Horizonte). A velocidade má-
xima no trecho que vai de Juiz de Fora a Barbacena é de 80 km/h e de Barbacena a Belo Horizonte é de 90
km/h. Determine qual o tempo mínimo, em horas, de viagem de Juiz de Fora a Belo Horizonte, respeitando-
-se os limites de velocidades.
a) 4,25 h
b) 3,25 h
c) 2,25 h
d) 3,50 h
e) 4,50 h
Resolução:
Fazendo um desenho ilustrativo do exercício, temos:

O intervalo de tempo do primeiro trecho será:


ΔS (S – S0) (100 – 0)
v1= ​  ___1 ​ ⇔ v1= ______
​  1  ​   ⇔ 80 = _______
​   ​  ​ 100 ​ ⇔ Δt1 = 1,25 h.
 ⇔ Δt1 = ___
Δt1 Δt1 Δt1 80

O intervalo de tempo do segundo trecho será:


ΔS (S – S1) (280 – 100)
v2= ​  ___2  ​⇔ v2= ______
​  2  ​  ⇔ 90 = _________
  ​   ​   ​ 180 ​ ⇔ Δt1 = 2 h
  Δt2 = ___

Δt2 Δt2 t2 90

Assim, o intervalo de tempo total será: Δttotal = Δt1 + Δt2 ⇔ Δttotal = 1,25 + 2

⇔ Δttotal = 3,25 horas


Alternativa B

Movimentos progressivo e retrógrado


O movimento de um ponto material é progressivo quando sua posição varia no sentido da orientação positiva
da trajetória. Desse modo, os valores da sua posição aumentam ao longo do tempo e sua velocidade escalar é positiva.
O movimento é retrógrado quando o ponto material se move no sentido oposto à orientação positiva
da trajetória. Assim, os valores da sua posição decrescem ao longo do tempo e sua velocidade escalar é negativa.

v>0 v<0
© Rafael Schaffer Gimenes/Schäffer Editorial

0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5

Observe que o sinal atribuído à velocidade escalar indica o sentido do movimento.


33
mar que as unidades são as do SI. Nesse caso, a unida-
Teoria na prática
de da velocidade v será m/s. Se S estiver em quilômetros
1. Um móvel realiza um movimento uniforme e seu
(km) e t em horas (h), a unidade de v será km/h.
espaço varia com o tempo segundo a tabela:

t(s) 0 1 2 3 4 5
S(m) 20 17 14 11 8 5 Teoria na prática
1. A posição de uma partícula em função do tem-
a) Classifique o movimento dizendo se é pro-
po é mostrada no gráfico abaixo. A partícula se
gressivo ou retrógrado. desloca ao longo do eixo x. Calcule a velocidade
b) Calcule e velocidade escalar do móvel. média da partícula no intervalo entre t = 2 s e
c) Qual é o espaço inicial do móvel? t = 8 s, em m/s.
Resolução:

a) Podemos perceber pela tabela que o móvel


se locomove no sentido contrário à trajetó-
ria, pois o espaço ao longo do tempo dimi-
nui. Logo, temos um movimento retrógrado
(v < 0).

b) Vamos utilizar o tempo t = 0 s e o tempo


t = 4 s. No primeiro, temos a posição de 20 Resolução:
metros e, no segundo, de 8 metros. Assim, a Observando o gráfico, o corpo encontrava-se na
velocidade escalar será: posição –40 m no instante de tempo t = 2 s e
(S – S ) (8 –20)
v = ​ ΔS
__  ​ ⇔ v = _______
​  f o  ​  ⇔ v = ​ _____ ​ ⇔ estava na posição +20 m no instante de tempo
Δt (tf – to) (4–0)
t = 8 s. Desse modo, a velocidade média é calcu-
⇔ v = ​ –12
___ ​ ⇔ v = –3 m/s lada da seguinte maneira:
4
x – x0 ________
20 – (–40)
vm = ​ ___
Dx ​ = ​ _____
 ​ 
 = ​   ​   = 10 m/s
Resposta: –3 m/s Dt Dt 6
Observação: em um movimento uniforme
retrógrado, a velocidade só pode ser negati-
va, o que confirmamos na letra b.

c) A posição inicial será localizada no início do


movimento (t = 0 s). Temos que para t = 0 s
a posição é de 20 metros.

Função horária
Função horária da posição é a função que re-
laciona o espaço S com os instantes de tempo t corres-
pondentes, e é representada genericamente por S = f(t).
Essa expressão é lida: S é uma função de t.
Ao fornecer uma função horária, deve-se indicar
as unidades do espaço e do tempo: caso S esteja em
metros (m) e t em segundos (s), podemos apenas infor-

34
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Física - Velocidade Média (Khan Academy)


Fonte: Youtube

Vídeo Frames of Reference (1960)

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Deslocamento e velocidade média

pt.khanacademy.org/science/physics/one-dimensional-motion/displacement-velocity-time/a/
what-is-displacement
www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/06/1288476-sao-paulo-tera-radar-que-multa-pela-
velocidade-media-do-veiculo.shtml
efisica.if.usp.br/mecanica/basico/referenciais/intro/
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/velocidade-escalar-media.htm
www.estudopratico.com.br/referencial-movimento-espaco-e-repouso/

35
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

O conceito de velocidade média tem importantes aplicações cotidianas, entre elas podemos citar o custo
no transporte de mercadorias, aplicações no cálculo da vazão de reservatórios, o cálculo do custo da energia elé-
trica no sistema metroviário. Na indústria, seu conceito é utilizado na produção. Atualmente, com a introdução da
matemática e estatística nos esportes, o conceito de velocidade média é amplamente utilizado na estratégia dos
esportistas, seja desde um maratonista, nadador ou mesmo um jogador de futebol (é possível analisar a velocidade
média do jogador durante uma partida, a distância efetivamente percorrida por ele, sua aceleração média e muito
mais). No filme ”Moneyball”, que foi baseado em fatos reais, Billy Beane emprega conceitos estatísticos para a
elaboração do seu time.

INTERDISCIPLINARIDADE

”Nada me produz tanta perplexidade como o tempo e o espaço. E, entretanto, nada me preocupa menos que o
tempo e o espaço, já que nunca penso neles.”
Charles Lamb

Muitos filósofos já discutiram sobre o tempo e para alguns é um conceito indefinível em palavras. Zenão de Eleia
(490-430 a.C.) foi um filósofo que se opôs à ideia de movimento, para ele o movimento era uma ideia que não poderia
existir: “Um móvel que está no ponto A e tenta atingir o ponto B. Isso é impossível, pois antes de atingir o ponto B, o
móvel tem que atingir o meio do caminho entre A e B, isto é, um ponto C. Mas para atingir C, terá que primeiro atingir
o meio do caminho entre A e C, isto é, um ponto D. E assim, infinitamente”.
Ou seja, antes de atingir o destino final, o móvel teria que passar por sucessivos pontos intermediários infinita-
mente, jamais chegando ao seu destino. Seu paradoxo mais famoso trata de Aquiles, o velocista, e a tartaruga: “Imagine
uma corrida entre Aquiles e uma tartaruga. Por questões de justiça, é dada para a tartaruga uma vantagem inicial, já
que ela é mais lenta, a tartaruga irá começar a disputa na metade do caminho. Aquiles jamais a alcançará, porque
quando ele chegar ao ponto de onde a tartaruga partiu, ela já terá percorrido uma nova distância; e quando ele atingir
essa nova distância, a tartaruga já terá percorrido uma outra nova distância, e assim, infinitamente.”
Desse modo, a ideia de encontro entre dois móveis é impossível.
Platão (427-348 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.) disseram que o tempo tem origem cosmológica. Devido a
inúmeros eventos periódicos na Natureza, a ideia de tempo cíclico foi sendo desenvolvida pela Humanidade (gregos,
egípcios, maias etc. tinham a ideia de ciclos). A cultura ocidental-cristã incorporou a ideia de tempo linear, sendo esse
uma grandeza absoluta. Para o filósofo Santo Agostinho (345-430), não seria correto definir o tempo em termos do
movimento periódico dos astros, pois na hipótese da ausência de movimento dos astros, automaticamente o tempo
desapareceria, o que seria um absurdo. Para filósofos mais modernos, como Immanuel Kant (1724-1804), o tempo é
uma criação da mente humana, assim como para Baruch Spinoza (1632-1677).

36
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 2 – Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro,


com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.

A compreensão do mundo visto de forma racional, mecânica e cartesiana se faz neces-


sária no universo acadêmico-científico, sendo cada vez mais importante no mundo atual
aonde novas tecnologias são desenvolvidas em altíssima velocidade.
Dentro dos eixos-cognitivos a habilidade 2 impõe ao aluno a compreensão, dentro das
várias áreas do conhecimento, de fenômenos físicos com a intenção de conceber os fe-
nômenos naturais implicando na produção tecnológica. A compreensão do mundo ao
nosso redor é cada vez mais vital para a sobrevivência dentro uma sociedade altamente
desenvolvida e competitiva.
Pertence também a outro eixo cognitivo, enfrentando situações-problemas aonde o aluno
deve saber organizar, relacionar e interpretar as informações. Problemas relacionados ao
transporte, ou mesmo saúde, para e dentro do desenvolvimento científico é objeto de
estudo das ciências naturais. Além é claro de cobrar do aluno a construção de argumen-
tação ao relacionar diferentes informações.

Habilidade 20 – Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias,


objetos ou corpos celestes.

O estudo do movimento é objeto essencial da física e das ciências naturais, pertence ao


cerne da construção do pensamento físico e filosófico. Fator importante no desenvolvi-
mento da física e do pensamento científico.
Para caracterizar a causa ou efeitos do movimento é necessário que o aluno domine a
linguagem matemática e científica, primeiro eixo cognitivo para que ele possa enfrentar
situações-problemas, terceiro eixo cognitivo, construindo argumentação baseada na ra-
zão, no pensamento lógico e dedutivo, quarto eixo cognitivo.
Compreender as causas e efeitos dos movimentos dos corpos pertencentes ao Universo
é importante não só dentro do mundo acadêmico-científico quanto no cotidiano das
pessoas, afinal não só estamos em constante movimento, como cercados de objetos em
movimento. Saber compreender, prever ou antecipar o movimento dos diferentes objetos
é fundamental na produção técnico-científica.

37
Modelo 1
(Enem) Um pesquisador avaliou o efeito da temperatura do motor (em velocidade constante) e da
velocidade média de um veículo (com temperatura do motor constante) sobre a emissão de monó-
xido de carbono (CO) em dois tipos de percurso, aclive e declive, com iguais distâncias percorridas
em linha reta. Os resultados são apresentados nas duas figuras.

A partir dos resultados, a situação em que ocorre maior emissão de poluentes é aquela na qual o
percurso é feito com o motor:

a) aquecido, em menores velocidades médias e em pista em declive.


b) aquecido, em maiores velocidades médias e em pista em aclive.
c) frio, em menores velocidades médias e em pista em declive.
d) frio, em menores velocidades médias e em pista em aclive.
e) frio, em maiores velocidades médias e em pista em aclive.

Análise Expositiva 1

Habilidade 2
Este é um excelente exercício pertencente ao modelo Enem, exemplo típico do que é exigido
neste exame. Além de solicitar que o aluno faça a leitura e compreensão correta dos gráficos
individualmente, permite ao aluno analisar dois diferentes gráficos da mesma situação-
-problema. Desse modo requer que o aluno saiba ligar problemas cotidianos, relacionados ao
transporte e saúde, ao mundo técnico-científico relacionado ao movimento do móvel.
A primeira figura nos permite concluir que para menores temperaturas (motor frio) e em
pista em aclive a emissão de CO é maior ao compararmos o gráfico de aclive (mais escuro)
com o gráfico de declive (claro e tracejado). Desse modo é interessante perceber que a emis-
são é maior para a temperatura mais baixa nos dois casos do movimento do veículo, dimi-
nuindo conforme aumenta a temperatura (funcionamento) do motor.
A segunda figura mostra que a emissão de CO é maior para baixas velocidades médias e em
pista em aclive. A análise acontece do mesmo modo que no primeiro gráfico, sendo que é
interessante notar que o veículo emite menos CO quanto maior é a velocidade média, fato
interessante nas grandes cidades aonde o congestionamento de veículos nas grandes vias, e
consequentemente a baixa velocidade média, aumenta a emissão de poluentes.

Alternativa D

38
Modelo 2
(Enem) Uma empresa de transportes precisa efetuar a entrega de uma encomenda o mais breve
possível. Para tanto, a equipe de logística analisa o trajeto desde a empresa até o local da entrega.
Ela verifica que o trajeto apresenta dois trechos de distâncias diferentes e velocidades máximas
permitidas diferentes. No primeiro trecho, a velocidade máxima permitida é de 80 km/h e a dis-
tância a ser percorrida é de 80 km. No segundo trecho, cujo comprimento vale 60 km, a velocidade
máxima permitida é 120 km/h.

Supondo que as condições de trânsito sejam favoráveis para que o veículo da empresa ande con-
tinuamente na velocidade máxima permitida, qual será o tempo necessário, em horas, para a
realização da entrega?
a) 0,7
b) 1,4
c) 1,5
d) 2,0
e) 3,0

Análise Expositiva 2

Habilidade 20
Atualmente, as provas do Enem cobram cada vez mais dos alunos, este é um claro exemplo,
no qual o aluno deve saber de antemão conceitos básicos de movimento e além de dominar a
manipulação matemática em equações e fórmulas.
Apesar dessa cobrança maior, esse exercício ainda produz uma situação-problema pertencen-
te ao cotidiano do aluno.
Primeiramente, temos os seguintes dados, o primeiro deslocamento ∆S1 = 80 km com a se-
guinte velocidade v1 = 80 km/h, já o segundo deslocamento é de ∆S2 = 60 km com a seguinte
velocidade média v1 = 120 km/h.
Lembrando a velocidade média é dada pela razão entre o deslocamento do móvel pelo inter-
valo de tempo correspondente.
​ ∆S ​ 
v = ___
∆t
Uma vez que o tempo total é a soma dos dois tempos parciais, temos que:
∆S1 ____ ∆S2 ___
∆ = ∆t1 + ∆t2 ⇒ ∆t = ____
​  v  ​

 + ​  v  ​
  ​ 60   
 = ​ 80  ​+ ____ ​= 1 + 0,5 ⇒ ∆t = 1,5 h.
1 2 80 120
Alternativa C

39
Estrutura Conceitual

Espaço
A
B
Posição Deslocamento
inicial Posição km/h
final

Velocidade
min max
média
Tempo Rapidez

Intervalo
de tempo

40
0 6
5 0 Movimento retilíneo
uniforme

Competências Habilidades
1e6 3 e 20
© supergenijalac/Shutterstockk

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Movimento retilíneo uniforme (MRU)
O conceito de velocidade média é muito importante, porém, é pouco preciso. Por isso, a partir de agora,
iremos estudar alguns casos específicos de movimento.
Movimentos retilíneos uniformes são todos os movimentos nos quais o vetor velocidade não se altera,
ou seja, direção, sentido e intensidade não são alterados. Dessa forma, em um estudo unidimensional, o módulo
da velocidade é constante, assim, em quaisquer instantes considerados a velocidade instantânea será equivalente
à velocidade escalar média:

​ DS ​ = constante i 0
v = vm = ___ 
Dt

Sendo assim, no movimento uniforme, o corpo percorre distâncias iguais em intervalos de tempo iguais.

Função horária
Como visto anteriormente, a função horária de um movimento é a expressão matemática que fornece a
posição para um determinado instante de tempo t. A velocidade escalar instantânea, no movimento uniforme, é
constante e coincide com a velocidade escalar média, qualquer que seja o intervalo de tempo. Portanto:

​ DS ​  ​  DS ​ 
vm = ___ ä v = ___
Dt Dt

Fazendo DS = S – S0 e Dt = t – 0 = t, vem:
S – S0
v = ​ ___
DS ​ ä v = ​ _____
 ​
  
Dt t
ä v · t = S – S0

S = S0 + v · t
Função horária do movimento uniforme

Sistema
Internacional
S0 → posição inicial
metro (m)
S → posição final

v → velocidade escalar metro por


(constante e não nula) segundo (m/s)

t → tempo segundo (s)

Desse modo, o espaço S é composto por duas parcelas: o espaço inicial S0 e o espaço percorrido após o
início da contagem do tempo, cujo valor é v · t. Adotamos, neste estudo, o instante inicial (t0 = 0) para que a função
horária evidencie o comportamento do corpo como se o estudo do movimento se desse a partir daquele instante.
Na expressão da função horária, S0 e v são constantes ao longo do tempo; a velocidade escalar do
movimento é v; se o movimento é progressivo, v > 0, e se o movimento é retrógrado, v < 0, ou seja, quando
v > 0, o movimento é a favor da orientação da trajetória, e quando v < 0, o movimento é contra a orientação
da trajetória.

43
A tabela ilustra alguns exemplos, sendo S em metros e t em segundos:

S = S0 + vt S0 v progressivo/retrógrado
S = 50 + 20 t S0 = 50 m v = + 20 m/s v > 0, progressivo

S = 60 – 9 t S0 = 60 m v = –9 m/s v < 0, retrógrado

S = –40 t S0 = 0 v = –40 m/s v < 0, retrógrado

S = 18 t S0 = 0 v = 18 m/s v > 0, progressivo

Resumindo os conceitos de movimento uniforme:

​ DS ​  
S = S0 + v · t, onde v = constante i 0   v = vm = ___ 
Dt

Para qualquer tipo de trajetória, o MRU é definido por essas funções.

Teoria na prática
1. (UC-GO) A figura mostra a posição de um móvel, em movimento uniforme, no instante t = 0.

Sendo 5 m/s o módulo de sua velocidade escalar, pede-se:


a) a função horária dos espaços;
b) o instante em que o móvel passa pela origem dos espaços.

Resolução:

a) A figura nos mostra que o móvel tem uma posição inicial de 30 m e movimenta-se no sentido contrário
da trajetória, logo, a sua velocidade constante é –5 m/s (movimento retrógrado).
Assim, a função horária do movimento será:
S = S0 + v · t ⇔ S = 30 + (–5)t ⇔ S = 30 – 5t
Resposta: A função horária é S = 30 – 5t.

b) Para encontrar o instante em que o móvel passa pela origem dos espaços, basta igualar a posição final
a 0. Assim, temos:
S = 30 – 5t ⇔ 0 = 30 – 5t ⇔ 5t = 30 ⇔ t = ___​ 30 ​ ⇔ t = 6 s.
5
Resposta: O tempo será de 6 segundos.

2. O espaço inicial de uma bicicleta que descreve um movimento retilíneo e uniforme é –5 m. Nesse movimen-
to, a bicicleta percorre a cada intervalo de tempo de 10 s uma distância de 50 m. Determine a função horária
do espaço para esse movimento, e considere-o progressivo.

Resolução:

A bicicleta percorre 50 metros em 10 segundos, logo, a velocidade dela será:


v = ​ ΔS ​ 50  ​ ⇔ v = 5 m/s
__ ​ ⇔ v = ___
Δt 10
A posição inicial da bicicleta é –5 m e sua velocidade constante é de 5 m/s, logo, a função horária do mo-
vimento será:
S = S0 + v · t ⇔ S = –5 + 5t.

44
3. (Ufgrs) Um caminhoneiro parte de São Paulo com velocidade escalar constante de módulo igual a 74
km/h. No mesmo instante, parte outro de Camaquã, no Rio Grande do Sul, com velocidade escalar constan-
te de 56 km/h.

Em que cidade eles vão se encontrar?


a) Camboriú
b) Garopaba
c) Laguna
d) Araranguá
e) Torres

Resolução:

O caminhão A tem posição inicial igual a 0 km, velocidade constante de 74 km/h e o sentido é o mesmo da
trajetória. A função horária do movimento do caminhão A será:
SA = S0, A + vA t ⇔ SA = 0 + 74 t ⇔ SA = 74 t

O caminhão B tem posição inicial de 1.300 km e movimenta-se contra a trajetória, logo sua velocidade será
de –56 km/h. A função horária do movimento do caminhão B será:
SB = S0,B + vBt ⇔ SB = 1300 + (–56)t ⇔ SB = 1300 – 56 t.

No ponto de encontro, temos que as posições finais dos caminhões são iguais, logo:
SA = SB ⇔ 74 t = 1300 – 56 t ⇔ 74 t + 56 t = 1300 ⇔ 130 t = 1300 ⇔ t = ____ ​ 1300 ​ ⇔ t = 10 h
130
Agora, basta aplicar o tempo igual a 10 horas em uma das duas funções horárias para encontrar a posição final.
SA = 74 t ⇔ SA = 74(10) ⇔ SA = 740 km
Os caminhões vão se encontrar na cidade de Garopaba.
Alternativa B

Galileu Galilei (1564-1642) foi um dos fundadores do pensamento científico moderno baseado na experi-
mentação, fazendo a transição da filosofia natural da antiguidade para a
ciência moderna. Empregando a matemática às suas observações experi-
mentais, Galileu deu importantes contribuições ao estudo do movimento
uniforme, percebendo ser impossível distinguir entre dois objetos isola-
dos, qual está parado ou qual está em movimento, formulou o princípio
da relatividade galineana.
Encontro – o encontro entre móveis significa que os mesmos
passam pela mesma posição na trajetória ao mesmo tempo.
Considere 2 móveis (1 e 2) em MRU com funções horárias de
posição S1 = S01 + v1 t e S2 = S02 + v2 t de modo que eles se encontrem
e, se você quiser descobrir o tempo de encontro é só igualar as duas fun-
ções e isolar o tempo. Se desejar encontrar a posição do encontro basta
substituir esse tempo numa das funções.

45
Determine:
Teoria na prática
a) o instante do encontro;
1. Dois móveis, 1 e 2, movem-se com movimento
b) a posição do encontro.
uniforme e no mesmo sentido num certo trecho
retilíneo. Suas velocidades escalares possuem Resolução:
intensidades respectivamente iguais a 20 m/s e
15 m/s. No tempo inicial zero, os móveis encon- A resolução deste exercício é similar ao anterior.
tram-se nas posições indicadas abaixo. a) Escreva as funções horárias da posição de A e B.

SA = S0A + vA t e SB = S0B + vB t

(m)
SA = 0 + 22 t e SB = 200 – 18 t
0 100
Nesse exercício a velocidade de B é –18 por-
Determine: que o veículo move-se no sentido oposto ao
a) o instante do encontro; da orientação da trajetória. Igualando as fun-
b) a posição do encontro. ções, temos:
0 + 22 t = 200 – 18 t ⇔
Resolução:
⇔ 22 t + 18 t = 200 ⇔
a) Antes de iniciarmos a resolução, vamos es- ⇔ 40 t = 200 ⇔
crever as funções horárias da posição de ⇔t=5s
cada móvel. Assim:
b) Para determinarmos a posição em que ocorre
S1 = S01 + v1 t e S2 = S02 + v2 t o encontro, basta substituir o valor do tempo
S1 = 0 + 20 t e S2 = 100 + 15 t em uma das funções. Assim:
Encontradas as funções horárias da posição, SA = 0 + 22 · 5 ⇔
devemos igualar as mesmas para determinar ⇔ SA = 110 m
o instante que 1 encontra 2. Temos que a posição do encontro é 110 m
da origem.
S1 = S 2 ⇔
0 + 20 t = 100 + 15 t ⇔
⇔ 20 t – 15 t = 100 ⇔
⇔ 5 t = 100 ⇔ Velocidade relativa
⇔ t = 20 s
Sejam duas partículas realizando movimentos
b) Para encontrarmos a posição do encontro, uniformes, em relação a um referencial qualquer, em
basta substituir o valor do tempo encontrado uma mesma trajetória ou em trajetórias paralelas. A ve-
no item anterior em qualquer uma das fun- locidade relativa das duas partículas pode ser calculada
ções horárias. Assim:
escolhendo uma das partículas como um novo referen-
S1 = 0 + 20 · 20 ⇔
cial. Como os módulos de suas velocidades são cons-
⇔ S1 = 400 m
tantes em função do tempo, o módulo da velocidade
Portanto, a posição do encontro fica a
relativa é dado por:
400 m da origem.

2. Dois veículos movem-se em MRU, um de encontro DS


vREL = ____
​  REL ​  

ao outro. Suas velocidades escalares têm módulos Dt
22 m/s e 18 m/s, respectivamente. No instante
t = 0 os veículos ocupam as posições sinalizadas Onde:
na figura que se segue. vREL é a velocidade relativa de um corpo em re-
lação a outro;
Dt é ointervalo de tempo; e
(m)
0 200 DSREL é a distância relativa entre os corpos.

46
Dado que o movimento das partículas é realiza- Resolução:
do na mesma trajetória ou em trajetórias paralelas, as
a) O móvel A está na mesma direção e senti-
partículas podem se mover no mesmo sentido ou em
do que o corpo B, logo a velocidade relati-
sentidos opostos, como ilustrado na figura abaixo.
va será:
vAB = |vA| – |vB| ⇔ vAB = |5| – |8| ⇔

VA VA ⇔ vAB = –3 m/s.
Temos que o móvel A nunca irá encontrar o
VB VB móvel B, pois a sua velocidade relativa é de
afastamento (vAB < 0).

Vrelativa = | VB | – | VA | ; VB > VA Vrelativa = | VB | + | VA | b) O móvel B está na mesma direção porém em


um sentido contrário do corpo C, logo a veloci-
dade relativa será:
As velocidades têm a mesma vBC = |vB| + |vC| ⇔ vBC = |8| + |–4| ⇔
direção e mesmo sentido ⇔ vBC = 8 + 4 ⇔ vBC = 12 m/s.
Temos que o móvel B irá encontrar o corpo C,
Em casos de aproximação, como de afasta-
pois a sua velocidade relativa é de aproxima-
mento, o módulo da velocidade relativa entre as par- ção (vBC > 0).
tículas é dada pela diferença entre os módulos das
suas velocidades. c) O móvel C está na mesma direção, porém em
um sentido contrário do móvel A, logo, a ve-
vREL = |vMAIOR| – |vMENOR| locidade relativa será:
vCA = |vC| + |vA| ⇔ vCA =|–4| + |5| ⇔
As velocidades têm a mesma ⇔ vCA = 4 + 5 ⇔ vCA = 9 m/s.
direção e sentidos contrários Temos que o móvel C irá encontrar o móvel
A, pois a sua velocidade relativa é de aproxi-
Em casos de aproximação, como de afastamen- mação (vCA > 0).
to, o módulo da velocidade relativa entre as partículas
é dada pela soma dos módulos das suas velocidades. 2. Duas cidades, A e B, distam entre si 400 km. Da
vREL = |vMAIOR| + |vMENOR| cidade A parte um móvel P dirigindo-se à cidade
B; no mesmo instante, parte do B outro móvel Q
dirigindo-se a A. Os móveis P e Q executam mo-
Teoria na prática vimentos uniformes e suas velocidades escalares
1. Três móveis, A, B e C, encontram-se numa tra- são de 30 km/h e 50 km/h, respectivamente. A
distância da cidade A ao ponto de encontro dos
jetória retilínea descrevendo movimentos unifor-
móveis P e Q, em km, vale:
mes, de acordo com a figura a seguir:
a) 120.
b) 150.
c) 200.
d) 240.
Determine: e) 250.
a) a velocidade de A em relação a B;
b) a velocidade de B em relação a C;
c) a velocidade de C em relação a A.

47
Resolução: mento de arrastamento e o movimento resultante.
A composição de movimento de um barco se
movimentando em um rio é um problema clássico. Abai-
xo, está sua descrição, onde:
§§ vRES é velocidade resultante (velocidade do bar-
co em relação à margem);
Temos que o móvel P está a favor do movimen- §§ vREL é velocidade relativa (velocidade do barco
to e o móvel Q está contrário. A velocidade de P em relação à água);
será +30 km/h e a de Q será –50 km/h. Como os §§ vARR é velocidade de arrastamento (velocidade
móveis estão em sentidos opostos, a velocidade da água em relação à margem).
relativa entre eles será:
1. Barco se move no mesmo sentido que as águas
vPQ = |vP| + |vQ| ⇔ vPQ = |30| + |–50| ⇔
do rio (θ = 0º).
⇔ vPQ = 80 km/h.

O intervalo de tempo relativo será:

ΔS
​ 400 ​ ⇔ Δt = ___
vPQ = ​ ___R ​  ⇔ 80 = ___ ​ 400 ​ ⇔
Δt Δt 80
⇔ Δt = 5 h.

Agora, para definir a posição de encontro, basta vRES = vREL + vARR


aplicar o tempo na função horária de um dos
dois móveis. 2. Barco se move no sentido oposto que as águas
SA= S0, A + vA t ⇔ SA = 0 + 30(5) ⇔ SA= 150 km do rio (θ = 180º).

Alternativa B

Composição de movimentos
O movimento de uma partícula é definido ape- vRES = vREL – vARR
nas se for conhecida, ao longo do tempo, a variação da
sua posição e em relação a um determinado referencial.
De modo geral, o referencial não é especificado quando 3. Barco atravessa o rio, mantendo a proa perpen-
se fala em velocidade. Nesse caso, adota-se, implicita- dicular à margem (θ = 90º).
mente, que o referencial é a Terra.

Princípio de Galileu ou princípio da


independência dos movimentos

Em um corpo que está sob ação de vários mo-


vimentos simultâneos, cada movimento é realizado
como se os outros não existissem. v2RES = v2REL + v2ARR

Galileu propôs que esses três movimentos ocor-


rem ao mesmo tempo: o movimento relativo, o movi-

48
4. Barco atravessando o rio, sendo que a trajetória resultante é perpendicular à margem.

v2RES = v2REL – v2ARR

Teoria na prática
1. (Unesp) Entre duas cidades X e Y, sopra um vento de 50 km/h na direção indicada na figura. Um avião, que
desenvolve 250 km/h em relação ao ar, faz em linha reta a trajetória XY. Qual das retas abaixo melhor indica
(no plano horizontal de voo), a inclinação do avião em relação à trajetória XY?

a) b) c) d) e)

Resolução:
O avião segue na direção vertical e, para que isso ocorra, ele deve estar com sua velocidade aplicada para
a direita, pois o vento aplica uma velocidade no avião. Segue o diagrama vetorial:

​  50  ​ = 0,2 ⇔ b = 11,5°


senb = ___
250
Alternativa D

49
2. (PUC) Um barco sai de um ponto P para atravessar um rio de 4,0 km de largura. A velocidade da correnteza,
em relação às margens do rio, é de 6,0 km/h. A travessia é feita segundo a menor distância PQ, como mostra
o esquema representado a seguir, e dura 30 minutos.

A velocidade do barco em relação à correnteza, em km/h, é de:


a) 4,0.
b) 6,0.
c) 8,0.
d) 10.
e) 12.
Resolução:


O tempo é de 30 minutos (0,5 hora) e a distância percorrida pelo barco é a largura do rio; logo, a velocidade
resultante será:
vresultante = ​ Δs
__  ​ ⇔ v ​  4   ​ ⇔ vresultante = 8 km/h
= ___
Δt resultante 0,5
Aplicando o teorema de Pitágoras nas velocidades, temos:
(vbarco)² = (vcorrenteza)² + (vresultante)² ⇔ (vbarco)² = 62 + 82 ⇔ (vbarco)2 = 100 ⇔ vbarco = 10 km/h

Alternativa D

3. (UFBA) Um pássaro parte em voo retilíneo e horizontal do seu ninho para uma árvore distante 75 m e volta,
sem interromper o voo, sobre a mesma trajetória.

50
Sabendo-se que sopra um vento de 5 m/s na direção e sentido da árvore para o ninho e que o pássaro
mantém, em relação à massa de ar, uma velocidade constante de 10 m/s, determine, em segundos, o tempo
gasto na trajetória de ida e volta.

Resolução:

Na ida, temos velocidades em mesma direção, porém em sentidos contrários; logo, a velocidade rela-
tiva será:
vrel = |vpassaro| – |vvento| ⇔ vrel = 10 – 5 ⇔ vrel = 5 m/s.

Assim, o tempo de ida será:


vrel = ​ ΔS ​ 75  ​ ⇔ Δt1 = ___
___   ​ ⇔ 5 = ___ ​ 75 ​ ⇔ Δt1 = 15 s.
Δt1 Δt1 5

Na volta, temos velocidades em mesma direção e sentido; logo, a velocidade relativa será:
vrel = |vpássaro| + |vvento| ⇔ vrel = 10 + 5 ⇔ vrel = 15 m/s.

Assim, o tempo de volta será:


vrel = ​ ΔS ​ 75  ​ ⇔ Δt2 = ___
___   ​ ⇔ 15 = ___ ​ 75  ​ ⇔ Δt2 = 5 s.
Δt2 Δt2 15

O tempo total será: Δttotal = Δt1 + Δt2 ⇔ Δttotal = 15 + 5 ⇔ Δttotal = 20 s.

Resposta: O tempo total será 20 segundos.

51
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Aceleração de Super Carros


Fonte: Youtube

Vídeo MRU - Esquema - Função - Tabelas - Gráficos


Fonte: Youtube

Vídeo MRU (Movimento Retilíneo Uniforme) - Mundo Física - ENEM


Fonte: Youtube

Vídeo Física - Cinemática: MRU


Fonte: Youtube

52
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Assim como o conceito de velocidade média, a velocidade escalar média instantânea é aplicada em diversos
casos, afinal quando queremos uma maior precisão ao descrever o movimento de um móvel a função velocidade
instantânea é muito mais reveladora. Um dos casos mais clássicos, de muito interesse, pois é aplicado em diversas
situações, é aquele em que a velocidade é constante.
A velocidade pode ser considerada constante em inúmeras situações, tal como a esteira de produção nas
indústrias, um carro que viaja numa estrada por um longo período de tempo sem mudar sua velocidade etc.

INTERDISCIPLINARIDADE

A função polinomial do primeiro grau com apenas uma variável independente e uma dependente chama-se
função afim, definida como f de  em  dada por uma lei da forma f(x) = ax + b, onde a e b são números reais dados e
a ≠ 0. Na função f(x) = ax + b, o número a é chamado de coeficiente de x e o número b é chamado termo constante.
Nesse caso, a função posição é dada em termo dos coeficientes a, que será a velocidade do móvel, e b, que
será a posição inicial. Assim, teremos a posição S em função do tempo t.

53
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 3 – Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso


comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.

Não é raro encontrarmos verdades ditas com tanta certeza, frases feitas muito populares,
textos publicados em veículos de comunicações ou em mídias sociais que veiculam fatos,
fenômenos, explicações cientificamente inverídicas. Além disso, não é raro quando o sen-
so comum acaba levando a uma conclusão equivocada.
Neste contexto exercícios de cinemática levam o estudante ao confronto entre interpre-
tações baseadas no senso comum, em situações-problema contextualizadas, com a inter-
pretação técnica-científica. Problemas que envolvam referencial, movimento, velocidade
relativa são ótimos nesse quesito.

Habilidade 20 - Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias,


objetos ou corpos celestes.

Tal como já foi dito anteriormente o movimento é objeto essencial da física e das ciên-
cias naturais, pertence ao cerne da construção do pensamento físico e filosófico. Fator
importante no desenvolvimento da física e do pensamento científico. Após o domínio dos
conceitos básicos como tempo, espaço, deslocamento, intervalo de tempo e velocidade
partimos para uma nova empreitada: a classificação dos diferentes tipos de movimento.
O primeiro e mais básico é aquele em que o móvel possui velocidade constante durante
todo o movimento numa trajetória retilínea, situação essa que é explorada em inúmeras
situações-problema em diferentes contextos dentro das ciências naturais: desde um au-
tomóvel, um trem, um avião que se deslocam com a mesma velocidade numa trajetória
retilínea ou mesmo o movimento de uma onda sonora, uma onda luminosa que também
trafegam com velocidade constante.
Deste modo sua aplicabilidade percorre todos os eixos cognitivos, desde compreender fe-
nômenos naturais como enfrentar situações-problema relevantes ao cotidiano, sendo co-
brado do estudante a capacidade de construir argumentação consistente com a realidade
das informações apresentadas como elaborar propostas através do conhecimento obtido.

54
Modelo 1
(Enem) Em apresentações musicais realizadas em espaços onde o público fica longe do palco, é ne-
cessária a instalação de alto-falantes adicionais a grandes distâncias, além daqueles localizados no
palco. Como a velocidade com que o som se propaga no ar (vsom = 3,4 × 102 m/s) é muito menor do
que a velocidade com que o sinal elétrico se propaga nos cabos (vsinal = 2,6 × 108 m/s), é necessário
atrasar o sinal elétrico de modo que este chegue pelo cabo ao alto-falante no mesmo instante em que
o som vindo do palco chega pelo ar. Para tentar contornar esse problema, um técnico de som pensou
em simplesmente instalar um cabo elétrico com comprimento suficiente para o sinal elétrico chegar
ao mesmo tempo que o som, em um alto-falante que está a uma distância de 680 metros do palco.
A solução é inviável, pois seria necessário um cabo elétrico de comprimento mais próximo de:
a) 1,1 × 103 km.
b) 8,9 × 104 km.
c) 1,3 × 105 km.
d) 5,2 × 105 km.
e) 6,0 × 1013 km.

Análise Expositiva 1

Habilidade 20
Outro exercício onde há o contraste entre o senso comum e aplicação da física. Mesmo sem
calcular a resposta, analisando somente as alternativas já é possível notar que o comprimen-
to do fio seria quilométrico. Sabendo que as contas se propagam com velocidade constante é
possível facilmente calcular o comprimento do fio para que o som chegue no mesmo instante.
O intuito é que o aluno perceba quão absurda seria a ideia proposta.
Primeiramente, deve-se perceber que o intervalo de tempo deverá ser o mesmo, tanto para o
sinal via cabo quanto para o som. Assim sendo, basta igualar as equações:
L Lcabo
∆tsinal = ∆tsom ⇒ ____
​ v cabo  ​ vd   ​ ⇒ _________
 ​ = ____ ​  ​  680 ​ ⇒ Lcabo = (2,6 3 108) ⇒ Lcabo = 5,2 3 108 m =
= ____
   ​ 
sinal som 2,6 3 108 340
5,2 3 10 km.
5

Alternativa D

Modelo 2
(Enem) Conta-se que um curioso incidente aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial. Quando
voava a uma altitude de dois mil metros, um piloto francês viu o que acreditava ser uma mosca
parada perto de sua face. Apanhando-a rapidamente, ficou surpreso ao verificar que se tratava de
um projétil alemão.
PERELMAN, J. Aprenda física brincando. São Paulo: Hemus, 1970.

O piloto consegue apanhar o projétil, pois:


a) ele foi disparado em direção ao avião francês, freado pelo ar e parou justamente na frente do piloto.
b) o avião se movia no mesmo sentido que o dele, com velocidade visivelmente superior.
c) ele foi disparado para cima com velocidade constante, no instante em que o avião francês passou.
d) o avião se movia no sentido oposto ao dele, com velocidade de mesmo valor.
e) o avião se movia no mesmo sentido que o dele, com velocidade de mesmo valor.
55
Análise Expositiva 2

Habilidade 3
Excelente aplicação da habilidade 3, colocando em xeque o senso comum que em muitas
vezes nos leva a respostas incorretas. Apesar de conceitualmente simples, a adoção de um
referencial traz conclusões corretas mais facilmente. Ao perceber que o projétil estava para-
do em relação ao piloto, o estudante compreende que o movimento depende do referencial
adotado, pois se estava parado em relação ao piloto, estava em movimento em relação ao
solo, por exemplo.
Uma vez que o projétil se encontra com velocidade nula em relação ao piloto, temos que o
projétil se encontra parado em relação ao mesmo. Logo, concluímos que ambos possuíam a
mesma velocidade, com o mesmo módulo, mesma direção e mesmo sentido.
Alternativa E

Estrutura Conceitual

80 km/h
km/h

Referencial Movimento
Posição Velocidade
inicial Função horária
constante
da posição

80
km/h

Referencial
Posição Movimentos
inicial Movimento
simultâneos
relativo

56
0 8
7 0 Gráficos do MRU

Competências Habilidades
5e6 17, 19 e 20
© Konstantin Tronin/Shutterstock

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Gráfico horário do movimento retilíneo uniforme
O gráfico da função horária de um movimento em um sistema de coordenadas cartesianas é denominado
gráfico horário do movimento. No momento retilíneo uniforme (MRU), S (eixo das ordenadas) é uma função
do 1º grau em t (eixo das abscissas) e, por isso, o gráfico é uma reta não paralela ao eixo t.
Lembrando que:

S = S0 + v ∙ t
v≠0

S0 → posição inicial
S → posição final
v → velocidade constante e não nula
t → tempo
Como vimos anteriormente, em MRU, temos dois tipos de movimento:
§§ Progressivo (v > 0): se o movimento é progressivo, a velocidade é positiva (reta crescente) e a partícula
movimenta-se a favor da trajetória.

§§ Retrógrado (v < 0): se o movimento é retrógrado, a velocidade é negativa (reta decrescente) e a partícula
movimenta-se no sentido contrário da trajetória.

V<0

Gráfico da velocidade do movimento retilíneo uniforme


v = constante

O gráfico da velocidade (eixo das ordenadas) em função do tempo (eixo das abscissas) será sempre uma
reta paralela ao eixo t.
Como no MRU a velocidade é constante ao longo do tempo, a ordenada terá o mesmo valor para todos os
pontos (instantes de tempo).
59
Se o movimento é progressivo, a velocidade é Assim, pela definição de tangente, temos:
positiva e está acima do eixo. Já em um movimento re-
cateto oposto
trógrado, a velocidade é negativa e está abaixo do eixo. ​    ​ ⇔ tgα = ​ ∆S
tgα = ________________
   __ ​ ⇔
cateto adjacente ∆t
Progressivo Retrógrado
⇔ tgα = v.

Portanto, no gráfico S × t, a tangente do ângulo


que a função horária forma com o eixo 0 t é numerica-
mente igual à velocidade escalar da partícula. Trata-se
v> 0
de uma grandeza numérica, pois a velocidade é uma
grandeza vetorial dimensional e a tgα é adimensional.
Outra propriedade é que, quando o gráfico cruza
o eixo 0S, obteremos a posição inicial (S0).
v< 0
Observação: quando o movimento é pro-
essivo Retrógrado gressivo (v > 0), o ângulo α formado será agudo
(0º < α < 90º). Já em movimento retrógrado, o ângulo
será obtuso (90º < α < 180º).

Exemplo de gráficos horário e de velocidade


>0
para movimento progressivo

v< 0

Propriedade do gráfico horário


Considere novamente o gráfico horário do mo-
vimento S × t.

Corpo B Corpo A
t(s) S(m) t(s) S(m)
0 0 0 4
2 8 2 8
5 20 5 14

Podemos inferir que a velocidade do corpo B é


maior que a velocidade do corpo A. Isso pode ser dito,
pois a tangente de ângulos agudos aumenta à medida
que o ângulo aumenta.
Comprovando o que foi dito anteriormente,
temos:
∆S S –S
Pontos t S vA  =​ N​ tgα ⇔ vA = ___ ​  A ​ ⇔ vA = ______
​  A 0A ​ ⇔
∆t tA – t0
P1 t1 S1
⇔ vA = _____ ​ 14 – 4 ​ 
⇔ vA = 2 m/s
P2 t2 S2 5 – 0

60
∆S S –S
vB  =​ N​ tgβ ⇔ vB = ___
​  B ​ ⇔ vB = ______
​  B 0B ​ ⇔ Assim, o gráfico da velocidade do corpo A e B em
∆t tB – t0
função do tempo será:
​ 20 – 8 
⇔ vB = ______  ​  ⇔ vB= 4 m/s
5–2

Assim, o gráfico da velocidade do corpo A e B em


função do tempo será:
VA

VB

Teoria na prática
1. (UFSC) Dois trens partem, em horários diferen-
tes, de duas cidades situadas nas extremidades
Exemplo de gráficos horário e de velocidade de uma ferrovia, deslocando-se em sentidos
para movimento retrógrado contrários. O trem azul parte da cidade A com
destino à cidade B, e o trem vermelho da cidade
B com destino à cidade A. O gráfico representa
as posições dos dois trens em função do horário,
tendo como origem a cidade A (d = 0).

Corpo A Corpo B
t(s) S(m) t(s) S(m)
0 12 0 6 Considerando a situação descrita e as informa-
4 0 1 0 ções do gráfico, assinale a(s) proposição(ões)
5 -3 2 -6 correta(s) e sua soma:
01) O tempo de percurso do trem vermelho é de
Podemos inferir que a velocidade do corpo B é
18 horas.
maior em módulo que a velocidade do corpo A. Isso
02) Os dois trens gastam o mesmo tempo no
pode ser dito, pois a tangente de ângulo obtuso dimi-
percurso: 12 horas.
nui, em módulo, à medida que o ângulo aumenta.
04) O módulo da velocidade média dos trens é
∆S S –S de 60 km/h.
vA  =​ N​ tgα ⇔ vA = ___
​  A ​ ⇔ vA = ______
​  A 0A ​ ⇔
∆tA tA – t0A 08) O trem azul partiu às 4 horas da cidade A.
⇔ vA = _____ ​ 0 –  ​
12 
 – 0 ⇔ vA = –3 m/s 16) A distância entre as duas cidades é de 720 km.
4
32) Os dois trens se encontram às 11 horas.
∆S S –S
vB  =​ N​ tgb ⇔ vB = ___​  B ​ ⇔ vB = ______
​  B 0B ​ ⇔
∆tB tB – t0B
(-6) – 0
⇔ vB = ______
​  ⇔ vB= –6 m/s
 ​ 
2–1

61
Resolução: c) A aceleração da partícula vale 20 m/s2.
d) A velocidade da partícula é nula no instante
01) Incorreto. O trem vermelho parte às 6 horas
10 s.
da cidade B e chega a cidade A às 18 horas;
e) A velocidade da partícula é constante e vale
logo, o intervalo de tempo será:
20 m/s.
∆tvermelho = tf – t0 ⇔ ∆tvermelho = 18 – 6 ⇔
Resolução:
⇔ ∆tvermelho = 12 h.

02) Correto. O trem azul parte às 4 horas da


cidade A e chega à cidade B às 16 horas,
tendo um intervalo de tempo igual ao do
trem vermelho.
Δtazul = tf – t0 ⇔ Δtazul = 16 – 4 ⇔
⇔ Δtazul = 12 h
No gráfico de espaço em função do tempo de
04) Correto. O módulo da velocidade média dos
MRU, temos sempre uma reta e, quando ela é
trens será.
crescente, a velocidade será constante e positiva.
​ ∆S ​ ⇔ |vm| = ___
|vm| = ___ ​ 720 ​ ⇔ |vm| = 60 km/h.
∆t 12 A velocidade da partícula será:
(200 – 0)
∆S  ​ ⇔ v = ​ _______
08) Correto. Vemos pelo gráfico que o trem azul v = tgx ⇔ v = ​ ___ ​ 200 ​  
 ​ ⇔ v = ___

∆t (20 – 10) 10
parte da cidade azul às 4 horas. ⇔ v = 20 m/s.
16) Correto. Vemos pelo gráfico que o trem azul
Alternativa E
parte da origem (0 km) e chega aos 720 km,
e o contrário acontece com o trem vermelho.
32) Correto. No ponto de encontro, as posições Propriedade do gráfico v × t
dos trens são iguais; assim, temos:
A representação gráfica das funções horárias nos
SA = SV ⇔ S0, A + vA(tf – t0) = S0,V + vV(tf – t0)
trazem muitas informações para o estudo do movimen-
⇔ 0 + 60(t – 4) = 720 – 60(t – 6) ⇔
to de um corpo. Se considerarmos a função horária das
⇔ 60 t – 240 = 720 – 60 t + 360 ⇔
1320 ​ ⇔ t = 11 h velocidades, no MRU teremos, graficamente, um retân-
⇔ 120 t = 1320 ⇔ t = ​ ____
120 gulo composto pelo valor da velocidade e pelo intervalo
Resposta: A soma das corretas é 62. de tempo considerado para o estudo. A área sob a curva
2. (PUC-PR) O gráfico mostra a variação da posição será numericamente igual ao deslocamento do móvel.
de uma partícula em função do tempo. Considere um ponto material em movimento re-
tilíneo uniforme, com velocidade v. O espaço percorrido
até o instante de tempo t1 é S1, e o espaço percorrido
até o instante de tempo t2 é S2.
Tem-se:
S2 = S0 + v(t2 – t0)
S1 = S0 + v(t1 – t0)

Para calcular o deslocamento S2 – S1, subtrai-se


Analisando o gráfico, é correto afirmar:
a segunda equação da primeira, obtendo:
a) É nulo o deslocamento da partícula de 0 a 15 s.
b) A velocidade da partícula é negativa entre 0 S2 – S1 = v t2 – v t1 ou S2 – S1 = v(t2 – t1)
e 10 segundos.

62
É possível demonstrar que o deslocamento
DS = S2 – S1 pode ser representado pela área de um
retângulo, definido pelo gráfico da velocidade em
função do tempo. Considere o seguinte gráfico da
velocidade do movimento.

O produto da base AB pela altura BC resulta na


área do retângulo ABCD. No entanto, a base AB repre-
senta o intervalo de tempo Dt = t2 – t1 e a altura BC do
retângulo representa a velocidade v.
Teoria na prática
Portanto:
1. (Fatec) Um objeto se desloca em uma trajetória
A ABCD = AB ∙ BC = v ∙ Dt ∴ A ABCD = ​ N ​ DS = S2 – S1
retilínea. O gráfico a seguir descreve as posições
Admita-se aqui, sem demonstração, que quando do objeto em função do tempo.
o diagrama de velocidade não é uma reta paralela ao
eixo dos tempos, o movimento não é uniforme.
Para qualquer movimento, é válida essa proprie-
dade do gráfico da função horária da velocidade no
tempo. Sua aplicação é geral e, em diversos casos, muito
útil. Como é possível apresentar nos exemplos abaixo:

Analise as seguintes afirmações a respeito desse


movimento:
I. Entre t = 0 s e t = 4 s, o objeto executou
um movimento retilíneo uniformemente
acelerado.
II. Entre t = 4 s e t = 6 s, o objeto se deslocou
50 m.
III. Entre t = 4 s e t = 9 s, o objeto se deslocou
com uma velocidade média de 2 m/s.
Deve-se afirmar que apenas:
a) I é correta.
Observação: é importante lembrar que o des- b) II é correta.
locamento será positivo quando a área calculada estiver c) III é correta.
acima do eixo x, e será negativo quando a área estiver d) I e II são corretas.
abaixo do eixo x. e) II e III são corretas.

63
Resolução: d) Tinha acabado de sair de casa quando o
pneu furou. Desci do carro, troquei o pneu e
I. Incorreta, pois o objeto se desloca em uma
finalmente pude ir para o trabalho.
reta indicando um movimento retilíneo e uni-
e) Saí de casa sem destino – estava apenas com
forme, onde a aceleração é nula.
II. Incorreta, pois o objeto entre os instantes vontade de andar. Após ter dado umas dez
t = 4 s e t = 6 s fica todo o tempo na posição voltas na quadra, cansei e resolvi entrar no-
de 50 metros. vamente em casa.
III. Correta. A velocidade média do objeto entre
Resolução:
os instantes 4 s e 9 s será:
(60 – 50) Pelo gráfico de posição em função do tempo,
vm = ​ ΔS
__ ​ ⇔ v = _______
​  ​ 10 ​ ⇔
⇔ vm = ___
 ​ 

Δt m
(9 – 4) 5 temos que encontrar uma história na qual a pes-
⇔ vm = 2 m/s. soa saia de casa rapidamente por uma distância
considerável, pare por um tempo, volte, pare de
Alternativa C novo e vá diretamente ao seu destino sem parar.

2. (UFPR) Assinale a alternativa que apresenta a Alternativa B


história que melhor se adapta ao gráfico.
3. (UFSCar) O gráfico da figura representa a dis-
tância percorrida por um homem em função
do tempo. Qual é o valor da velocidade do ho-
mem quando:

s(m)

40
a) Assim que saí de casa, lembrei que deveria 30
20
ter enviado um documento para um cliente 10 x t(s)
por e-mail. Resolvi voltar e cumprir essa tare- 10 20 30
fa. Aproveitei para responder a mais algumas
mensagens e, quando me dei conta, já havia a) t = 5 s;
passado mais de uma hora. Saí apressada e b) t = 20 s.
tomei um táxi para o escritório.
b) Saí de casa e quando vi o ônibus parado no Resolução:
ponto corri para pegá-lo. Infelizmente, o mo- a) Entre os instantes t = 0 s, e t = 10 s o ho-
torista não me viu e partiu. Após esperar al- mem está em um MRU progressivo. Logo,
gum tempo no ponto, resolvi voltar para casa a velocidade será calculada pela tangente
e chamar um táxi. Passado algum tempo, o do gráfico.
táxi me pegou na porta de casa e deixou-me (40 – 0)
v = tgx ⇔ v= ​ ΔS
__ ​ ⇔ v = ______
​    ​
no escritório. Δt (10 – 0)
c) Eu tinha acabado de sair de casa, quando to- 40 ​ ⇔ v = 4 m/s
⇔ V = ​ ___
10
cou o celular e parei para atendê-lo. Era meu
chefe, dizendo que eu estava atrasado para Resposta: a velocidade será 4 m/s.
uma reunião. Minha sorte é que, nesse mo-
b) Como o homem do instante t = 10 s em
mento, estava passando um táxi. Acenei para
diante não sai da posição de 40 metros; logo,
ele e poucos minutos depois, eu já estava no
sua velocidade no instante t = 20 s é 0 m/s.
escritório.

64
4. (Unesp) Considere o gráfico de velocidade em 5. (CFT-MG) Ana (A), Beatriz (B) e Carla (C) com-
função do tempo de um objeto que se move em binam um encontro em uma praça próxima às
trajetória retilínea. suas casas. O gráfico, a seguir, representa a posi-
ção (x) em função do tempo (t), para cada uma,
no intervalo de 0 a 200 s. Considere que a con-
tagem do tempo se inicia no momento em que
elas saem de casa.

No intervalo entre 0 a 4 h, o objeto percorre efe-


tivamente qual distância, em relação ao ponto Referindo-se às informações, é correto afirmar
inicial? que, durante o percurso:
a) 0 km a) a distância percorrida por Beatriz é maior do
b) 1 km que a percorrida por Ana.
c) 2 km b) o módulo da velocidade de Beatriz é cinco
d) 4 km vezes menor do que o de Ana.
c) o módulo da velocidade de Carla é duas ve-
e) 8 km
zes maior do que o de Beatriz.
Resolução: d) a distância percorrida por Carla é maior do
que a percorrida por suas amigas.
O deslocamento de um objeto em um gráfico de
velocidade em função do tempo será calculado Resolução:
pela área sob a curva. Áreas acima do eixo do
A variação de espaço de Ana será:
tempo serão positivas e áreas abaixo do eixo se-
∆SA = 500 – 0 ⇔ ∆SA = 500 m.
rão negativas.
A variação de espaço de Beatriz será:
Entre os instantes t = 1 h e t = 2 h, temos:
∆SB = 500 – 400 ⇔ ∆SB = 100 m.
∆S1 = A1 ⇔ ∆S1 = 1 ∙ 4 ⇔ ∆S1 = 4 km.
A variação de espaço de Carla será:
Entre os instantes t = 2 h e t = 3 h temos: ∆SC = 500 – 450 ⇔ ∆SC = 50 m.
∆S2 = A2 ⇔ ∆S2 = 1(–6) ⇔ ∆S2 = –6 km.
A velocidade de Ana será:
Entre os instantes t = 3 h e t = 4 h, temos: ∆S
​  500  ​ ⇔ vA= 2,5 m/s.
vA = ​ ___A ​ ⇔ vA= ___
∆S3 = A3 ⇔ ∆S3 = 6 ∙ 1 ⇔ ∆S3 = 6 km. ∆t 200
A velocidade de Beatriz será:
Assim, o espaço total será: ∆SB
vB = ​  ___ ​  100  ​ ⇔ vB= 0,5 m/s.
 ​ ⇔ vB= ___
∆Stotal = ∆S1 + ∆S2 + ∆S3 ⇔ ∆t 200
⇔ ∆Stotal = 4 + (–6) + 6 ⇔ ∆Stotal = 4 km. A velocidade de Carla será:
∆S
​  50  ​ ⇔ vC = 0,25 m/s.
vC = ​  ___C ​ ⇔ vC = ___
Alternativa D ∆t 200
Alternativa B

65
6. O gráfico abaixo representa a velocidade do veículo numa viagem em função do tempo. Determine:

a) o deslocamento do veículo na viagem;


b) a velocidade média do veículo em km/h.

Resolução:
a)

Pelo gráfico, vemos que o veículo percorreu as primeiras três horas com velocidade constante de 90 km/h
e as duas últimas com velocidade de 60 km/h.
O primeiro deslocamento será numericamente igual à área 1.
∆S1 = A1 ⇔ ∆S1 = 90(3 – 0) ⇔ ∆S1 = 90 · 3 ⇔ ∆S1 = 270 km

O segundo deslocamento será numericamente igual à área 2.


∆S2 = A2 ⇔ ∆S2 = 60(5 – 3) ⇔ ∆S2 = 60 · 2 ⇔ ∆S2 = 120 km

Assim, o deslocamento total será:


∆Stotal = ∆S1 + ∆S2 ⇔ ∆Stotal = 270 + 120 ⇔
⇔ ∆Stotal = 390 km.

Resposta: O deslocamento será de 390 km.

b) A velocidade média do veículo será:

vm = ​ ∆S ​  390  ​ 
__ ​ ⇔ v = ______ ​ 390 ​  ⇔
⇔ vm = ___
∆t m
(5 – 0) 5
⇔ vm = 78 km/h.

Resposta: A velocidade média será de 78 km/h.

66
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

A interpretação de gráficos é de suma importância no nosso cotidiano, seja em notícias jornalísticas ou em


apresentações empresariais.
De maneira rápida e eficaz, podemos sintetizar inúmeras informações e apresentá-las na forma gráfica,
saber reconhecer quais são os principais pontos nos vestibulares ou no Enem.
Saber compreender gráficos é uma poderosa habilidade para sintetizar o movimento dos corpos. De maneira
rápida e visual, todas as informações ficam disponíveis ao leitor.

INTERDISCIPLINARIDADE

Uma dada função do primeiro grau pode ser representada por um gráfico, sendo este uma reta. Existem
duas possibilidades para este gráfico: crescente (o valor da variável dependente cresce com os valores da variável
independente) ou decrescente (os valores da variável dependente diminuem quando os valores da variável inde-
pendente cresce). De maneira fácil, relacionamos a função crescente ao sinal positivo do coeficiente da variável e
a função decrescente ao sinal negativo do coeficiente da variável.

67
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 17 – Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e


representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos,
tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A habilidade 17 sempre será recorrente nas ciências da natureza, pois a matemática é


a linguagem com a qual o Homem interpreta a Natureza. Para sintetizar uma série de
informações será recorrente a apresentação dos dados em forma de gráficos ou tabelas.
Se na aula anterior vimos que a posição é uma função do tempo, agora podemos traçar
o gráfico que representa o movimento. Isso sintetiza muito a informação e aumenta a
capacidade de análise.

Habilidade 19 – Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que con-
tribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental.

A habilidade 19 avalia a capacidade do estudante de avaliar métodos em solucionar proble-


mas. Tal qual diz o quarto eixo cognitivo “relacionar informações representadas em diferen-
tes formas e conhecimentos disponíveis em situações concretas para construir argumenta-
ção consistente”. Aqui, essa capacidade pode ser explorada fazendo que o estudante tenha
que confrontar dados gráficos ou tabelas a fim de tomar uma decisão a respeito.

Modelo 1
(Enem) Um sistema de radar é programado para registrar automaticamente a velocidade de todos
os veículos trafegando por uma avenida, onde passam em média 300 veículos por hora, sendo 55
km/h a máxima velocidade permitida. Um levantamento estatístico dos registros do radar permi-
tiu a elaboração da distribuição percentual de veículos de acordo com sua velocidade aproximada.

68
A velocidade média dos veículos que trafegam nessa avenida é de:

a) 35 km/h.
b) 44 km/h.
c) 55 km/h.
d) 76 km/h.
e) 85 km/h.

Análise Expositiva 1

Habilidade 17
Neste exercício, o aluno deve ser capaz de relacionar o conceito de velocidade média na
interpretação estatística do gráfico fornecido, sendo necessário no final afirmar qual é a
velocidade média dos carros que trafegam na avenida cuja velocidade média é de 55 km/h.
Típico exercício do Enem, contextualizado com os problemas sociais, necessita de muita in-
terpretação da tabela e noções de estatística.
Como o gráfico fornece a quantidade de carros que trafegam para cada velocidade média,
e calculá-la, basta calcular a média ponderada das velocidades, onde a quantidade de cada
carro corresponde ao peso. Assim, temos:
20 ∙ 5 + 30 ∙ 15 + 40 ∙ 30 + 50 ∙ 40 + 60 ∙ 6 + 70 ∙ 3 + 80 ∙ 1​
Vm = ________________________________________________________
​            
100
vm = 44 km/h

Alternativa B

Modelo 2
(Enem) O gráfico a seguir modela a distância percorrida, em km, por uma pessoa em certo período
de tempo. A escala de tempo a ser adotada para o eixo das abscissas depende da maneira como essa
pessoa se desloca.

Qual é a opção que apresenta a melhor associação entre meio ou forma de locomoção e unidade de
tempo, quando são percorridos 10 km?
a) carroça – semana
b) carro – dia
c) caminhada – hora
d) bicicleta – minuto
e) avião – segundo

69
Análise Expositiva 2

Habilidade 19
Neste exercício, o estudante deve interpretar e analisar o gráfico em questão, sendo neces-
sário que ele relacione qual forma de locomoção foi utilizada para percorrer o intervalo de
tempo para qual a unidade de tempo faria sentido. Além de interpretação, cobra-se do estu-
dante poder dedutivo analítico.
Uma carroça pode se locomover como uma pessoa andando, 3 km/h ou 4 km/h. Neste caso,
10 km são percorridos em menos de 4 horas, e não em uma semana.
Um carro pode se locomover a 60 km/h ou mais. A 60 km/h, a distância de 10 km é realizada
em 10 minutos, e não em um dia.
Uma caminhada a 4 km/h precisa de 2 horas e meia para 10 km. E, desta forma, o diagrama
é compatível com essa situação.
Para uma bicicleta realizar 10 km em 2,5 minutos sua velocidade deveria ser de 4 km/min =
240 km/h. Fórmula 1 tudo bem, bicicleta não.
10 km em 2,5 segundos corresponde a 4 km/s = 14400 km/h. Um avião comercial viaja pró-
ximo de 1000 km/h.

Alternativa C

Estrutura Conceitual

Espaço

v min max
Relações
S matemáticas
Velocidade
Gráfico

Descrição do
movimento

Tempo

70
0 0
9 1 Movimento retilíneo
uniformemente variado

Competências Habilidades
5e6 19 e 20
© HodagMedia/Shutterstock

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Conceito de aceleração
Analisamos, inicialmente, que a velocidade é a rapidez com que um corpo muda sua posição ao longo do
tempo, e, em seguida, estudamos um caso especial em que a velocidade permanecia constante ao longo do tempo.
No nosso cotidiano, no entanto, percebemos que nós e os objetos que nos cercam não estão sempre necessaria-
mente com velocidade constante, pelo contrário, vemos que os objetos possuem uma determinada velocidade em
um instante e, em um instante posterior, possuem outra velocidade. Esse é o caso, por exemplo, de um carro ini-
cialmente em repouso que adquire velocidade, mas, ao se aproximar de um semáforo com o sinal vermelho, reduz
sua velocidade até o repouso.
Precisamos então definir uma nova grandeza que esteja relacionada com essa variação da velocidade. A
aceleração é definida como sendo a rapidez com que um corpo varia sua velocidade.

A ideia de aceleração está sempre ligada à variação da velocidade.

Aceleração escalar média

Suponhamos que a velocidade escalar de uma partícula, em um instante t1 seja v1, e em um instante poste-
rior, t2, a velocidade escalar seja v2. A aceleração escalar média (am) da partícula entre esses dois instantes de
tempo é definida como sendo a variação da velocidade dividida pelo tempo transcorrido:

v –v
am = ​ Dv
___ ​ = _____
​  2 1 ​  
Dt t2 – t1

Nessa definição, a unidade de aceleração é igual à razão entre a unidade de velocidade e a unidade de
tempo. No SI, temos:

m ​ 
​ __
​  m/s
___
s ​  = ​  __ s  ​ = __
m __ 1 __ m
s​    ​ ​  s ​ ⋅ ​  s ​ = ​  s2 ​ = m ⋅ s
–2
__
1

Como o intervalo de tempo ∆t é sempre positivo, o sinal da aceleração escalar média é igual ao sinal da
variação de velocidade ∆v.
§§ Se vf > vi, temos (vf – vi) > 0 e a > 0.
§§ Se vf < vi, temos (vf – vi) < 0 e a < 0.
Observe que no caso de movimento retilíneo uniforme, vf = vi, e, portanto (vf – vi) = 0, ou seja, a = 0. Desse
modo, a aceleração é nula no movimento retilíneo uniforme.

73
Unidades de aceleração
A unidade de aceleração é a razão entre uma unidade de velocidade e uma unidade de tempo, por exemplo:
km/h
1​ ____
s ​ 

Contudo, essa unidade não pertence ao SI. O seguinte exemplo ilustra a unidade de aceleração no SI e seu
significado: uma pedra cai de uma determinada altura e sua velocidade é de vi = 5 m/s; logo, após iniciar a queda.
Após um intervalo de tempo ∆t = 2 s, sua velocidade é de vf = 25 m/s. A aceleração da pedra é:
v f – vi
a = ​ _____ ​
  ​ 25 m/s –  ​
   5 m/s 
  = ____________ ​  20 m/s
= ______  ​  ​ 10 sm/s
 ou a = ______ ​  

Dt 2 s 2 s
Esse resultado mostra que a velocidade de pedra aumenta em 10 m/s a cada 1 s. Então, no SI, a unidade de
aceleração é 1 (m/s)/s, que se costuma escrever da seguinte maneira:
m/s ​  = 1​ __
1​ ___ m ​  ∙ __
1 m
___
s s ​  s ​ = 1 ​ s2 ​ 
Em geral, o resultado anterior é apresentado da forma a = 10 m/s2. Destacamos, então:

No SI, a unidade de aceleração é 1 m/s2. A velocidade varia de 1 m/s a cada 1 s.

Movimentos acelerado e retardado


Vimos que o movimento pode ser classificado como progressivo ou como retrógrado, agora podemos ca-
racterizar ainda mais o movimento. Dizemos que o movimento é acelerado quando, em módulo, a velocidade
aumenta com o tempo e que um movimento é retardado (freado) quando o módulo da velocidade diminui com o
tempo. Matematicamente, percebe-se que o sinal da aceleração e o sinal da velocidade no movimento acelerado
são idênticos e no movimento retardado os sinais são opostos.

§§ a > 0 e v > 0 ou a < 0 e v < 0 o movimento é acelerado (a e v têm o mesmo sinal).


§§ a > 0 e v < 0 ou a < 0 e v > 0 o movimento é retardado (a e v têm sinais diferentes).

Por exemplo, se um carro tem velocidade v1 = 10 m/s em t1 e num instante posterior t2 sua velocidade é de
v2 = 30 m/s, dizemos que o movimento é acelerado. O mesmo ocorre se v1 = –10 m/s em t1 e num instante posterior
t2 sua velocidade é de v2 = –30 m/s. Porém, se em t1 sua velocidade é de v1 = 30 m e num instante seguinte t2 ela
diminui para v2 = 20 m/s, seu movimento é dito retardado.
§§ O movimento é acelerado, se o módulo da velocidade aumenta:
movimento acelerado ⇒ |v| aumenta

74
§§ O movimento é retardado, se o módulo da velocidade diminui:
movimento retardado ⇒ |v| diminui
Agora, podemos classificar o movimento como sendo progressivo acelerado, progressivo retardado, retró-
grado acelerado ou retrógrado retardado. Note ainda que o fato do movimento ser progressivo ou retrógrado é
devido a uma escolha da orientação, mas o movimento ser acelerado ou retardado não tem relação alguma com
a escolha da orientação.

Teoria na prática
1. Um automóvel se desloca por uma estrada, e sua velocidade aumenta ao longo do tempo. Em um determi-
nado instante, o automóvel tem velocidade escalar de 54 km/h e, após 2,0 segundos, sua velocidade passa
a ser 72 km/h. Vamos determinar a aceleração escalar média do automóvel nesse intervalo de tempo.
Resolução:
O intervalo de tempo é Dt = 2,0 s.
A variação de velocidade escalar nesse intervalo de tempo foi:
Dv = (72 km/h) – (54 km/h) ⇒ Dv = 18 km/h
Como o intervalo de tempo foi dado em segundos, façamos a transformação da unidade de velocidade:
​ 18  ​ m/s = 5 m/s
Dv = 18 km/h = ___
3,6
Então, calculamos a aceleração:
5,0 m/s
am = ​ Dv
___ ​ = ______
​  = 2,5 m/s2
 ​ 

Dt 2,0 s
Esse resultado mostra que, em média, a velocidade aumentou 2,5 m/s a cada segundo.

2. Um carro de corrida é acelerado de forma que sua velocidade em função do tempo é dada conforme a tabela:
t(s) 3 6 9
v(m/s) 20 30 60

Determine o valor da aceleração média desse carro entre t1 = 3 s e t2 = 9 s.


Resolução:
Fazendo um desenho ilustrativo do problema, temos:

A variação de tempo e de velocidade entre os instantes t = 3 s e t = 9 s serão:


Δt = 9 – 3 = 6 s
Δv = v3 – v1 = 60 – 20 = 40 m/s
Assim, a aceleração média será:
am = ​ Δv ​  40 ​ = 6,67 m/s2
___  ​ = ___
Δt 6
Resposta: A aceleração será de 6,67 m/s2.

Observação: vimos que a velocidade é a variação do espaço no tempo, também vimos que a aceleração
é a variação da velocidade no tempo. Não há nenhuma grandeza associada à variação da aceleração no tempo,
todos os exercícios de cinemática são resolvidos em função da posição, velocidade, aceleração e tempo.
75
Movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV)
Além da aceleração escalar média (am), define-
-se também a aceleração escalar instantânea (a), que é
a aceleração escalar em um instante de tempo bastante
curto. Vamos considerar o caso em que a aceleração es- v

calar instantânea é constante. Nesse caso, em qualquer


intervalo de tempo, a aceleração escalar média tem o
Temos que pela definição da aceleração:
mesmo valor e é igual ao valor da aceleração escalar
v – v0
instantânea. a = ​ Dv
___ ​ = ​ _____ ​  
Dt t – t0
Rearranjando a equação:
aceleração constante ⇒ a = am = ​  Dv
___ ​ 
Dt
v – v0 = a ∙ t
Assim:
Como exemplo, a tabela abaixo mostra as ve-
locidades escalares de uma partícula em intervalos de
v = v0 + a ∙ t
1 segundo. A velocidade varia de modo regular, isto é,
a cada 1 segundo, o aumento da velocidade é 2 m/s. Função horária da velocidade escalar.
Portanto, a aceleração escalar é constante e dada por:
É possível demonstrar que a velocidade média no
a = 2 m/s por segundo = 2 m/s2 movimento retilíneo uniformemente variado é dada por:

v + v0
t (s) v (m/s) vm = _____
​   ​   
2
0 5
E a partir da definição de velocidade média:
1 7
S – S0
vm = ​ DS
___ ​ = ​ _____  ​ 
2 9 Dt t – t0
3 11 Podemos combinar ambas as equações de modo
4 13 que para t0 igual a zero, temos:
(v + v) (t – 0) ______
(v + v)t
DS = ___________
​  0  ​  = ​  0  ​
    
No caso em que a aceleração é constante e não 2 2
nula, temos um movimento uniforme. Utilizando a função horária da velocidade esca-
lar v = v0 + a ⋅ t e Ds = s – s0, obtemos:
se a = 0 → v é constante → o movimento é uniforme
(v0 + v0 + at)t 2v t + at2 at2 ​ 
S – S0 = ​ ___________
 ​  = ​  ________
  0
 ​   = v0t + ​ ___
2 2 2
Funções horárias Assim:

Considere uma partícula realizando um movi- ​ 1 ​ ∙ a ∙ t2


S = S0 + v0 ∙ t + __
2
mento uniformemente variado em uma linha, como na
Função horária da posição.
figura abaixo. No instante inicial (t = 0), a partícula pas-
sa pelo ponto de posição S0, com velocidade escalar v0. Observação: para t0 diferente de zero, temos
Depois de algum tempo, em um instante qualquer t, a as equações:
partícula passa pelo ponto de posição S, com velocida- v = v0 + a ∙ (t – t0)
de escalar v. Sendo a aceleração escalar constante ao ​ 1 ​ · a · (t – t0)2
S = S0 + v0 ∙ (t – t0) + __
2
longo de toda trajetória

76
horária do movimento retilíneo uniformemente
Teoria na prática
1. (Ufal) A velocidade de um móvel aumenta, de acelerado, temos:
maneira uniforme, 2,4 m/s a cada 3,0 s. Em certo
​ at ​ 
2
S = S0 + v0t + ___
instante, a velocidade do móvel é de 12 m/s. A 2
(8)²
partir desse instante, nos próximos 5,0 s a distân- 220 = 0 + 0 ∙ 8 + a ∙ ___
​   ​  
2
cia percorrida pelo móvel, em metros, é igual a:
64a
220 = ​ ___ ​  
a) 10. 2
b) 30. 220 ​ = 6,875 m/s2
a = ​ ___
c) 60. 32
d) 70.
Nos mesmos 8 segundos, aplicaremos a função
e) 90.
horária da velocidade escalar para obter a velo-
Resolução: cidade final do corpo:
O enunciado nos diz que a velocidade aumenta
v = v0 + at = 0 + 6,875 ∙ 8 = 55 m/s
a uma taxa de 2,4 m/s em 3 s, assim a acelera-
ção do móvel será: No enunciado temos que esta velocidade per-
2,4 manece constante e ainda faltam 2780 metros
a = ​ Δv
___  ​ = ___
​   ​ = +0,8 m/s2
Δt 3 para o corpo percorrer. Assim, o segundo inter-
Admitindo o início da trajetória o móvel com ve- valo de tempo será:
locidade de 12 m/s, após 5 s aplicaremos a fun-
∆S ​ 
v = ​ __
ção horária da posição em MRUV para encontrar ∆t
a distância percorrida. 2780 ​
55 = ​ ____  
∆t
​ at ​ 
2
S = S0 + v0t + ___
2 ​ 556 ​ s
∆t = ___
0,8(5)2 11
S – S0 = 12 ∙ (5) + ______
​   ​   = 60 + 0,4 ∙ (25) =
2
O tempo total será:
= 60 + 10 = 70 m
​ 556 ​ = 58,54 ≈ 58 s.
ttotal = 8 + ___
Altenativa D 11

Altenativa D
2. (UFBA) Um corpo que parte do repouso deve
percorrer uma distância de 3000 m. Os primei- 3. A figura abaixo ilustra uma partícula com movi-
ros 220 m ele os percorre em 8 s, sendo que o mento uniformemente variado, com aceleração
movimento é uniformemente acelerado. O res-
a = 6 m/s2. A partícula passa pelo ponto de posi-
tante é percorrido a velocidade constante igual
ção 10 m e velocidade escalar 4 m/s no instante
à atingida quando ele alcançou aqueles 220 m.
t0 = 0.
O tempo total aproximado para realizar todo o
percurso será de:
a) 20 s.
b) 30 s. s
c) 50 s.
d) 58 s.
a) No instante t = 5 s, qual é a posição e a ve-
Resolução:
locidade escalar da partícula?
Nos primeiros 8 segundos, o corpo percorre b) Determine a velocidade escalar média da
220 m partindo do repouso. Aplicando a função partícula entre os instantes t0 = 0 e t = 5 s.

77
Resolução:

a) Sabendo que a partícula está em MUV, e sendo a = 6 m/s2, v0 = 4 m/s e S0 = 10 m, temos:

a ⋅  ​
t2 
S = S0 + v0 ⋅ t + ​ ____  
2
e para t = 5 s:
6 ⋅ (5)2
S = 10 + 4 ⋅ (5) + ______
​   ​   ⇒ S = 105 m
2
v = v0 + a ⋅ t

e para t = 5 s:

v = 4 + 6 ⋅ (5) ⇒ v = 34 m/s

b) Vimos que a velocidade média no MUV pode ser calculada como:

Vf + V0
vm = ​ ______
 ​ 

2
Logo, a velocidade média é:

34 + ​ 4 
vm = ​ ______ ​ 38 ​ ⇒
 = ___
2 2
vm = 19 m/s

4. Em uma autoestrada, um guarda (em uma motocicleta) persegue um automóvel, cujo motorista cometeu
uma infração e que se move com velocidade escalar constante de 20 m/s. A figura a seguir ilustra a situação
em um determinado instante.

Nesse instante o guarda tem velocidade escalar 8,0 m/s. Admitindo que ele se move com aceleração escalar
constante de 2,0 m/s2 e desprezando os comprimentos dos veículos:
a) a partir do instante representado na figura, quanto tempo o guarda levará para alcançar o automóvel?
b) qual a velocidade do guarda ao alcançar o automóvel?
c) determine a distância percorrida pelo guarda desde o instante representado na figura até o instante de
encontro.

Resolução:

a) Adotemos a posição inicial do guarda como a origem do eixo de coordenadas dos espaços (S0G = 0) e
64 m como a posição inicial do automóvel (S0A = 64 m).

8,0 m/s 20 m/s

64 s (m)

78
O movimento do guarda é uniformemen-
te variado com S0 = 0, v0 = 8,0 m/s e a
Equação de Torricelli
2,0 m/s2, e o automóvel se movimenta uni-
Os problemas de MRUV podem ser resolvidos
formemente com S0 = 64 m e v = 20 m/s.
com as funções horárias da velocidade e da posição.
Assim, as funções horárias das posições para No entanto, vamos mostrar abaixo uma equação que
o guarda e para o automóvel são: relaciona a velocidade e a posição, sem envolver o tem-
po. Essa equação será útil na solução de problemas que
guarda (MUV) automóvel (MU)
não envolvam a variável tempo no enunciado.
​ a  ​t2
S = S0 + v0t + __ S = S0 + vt Para obter essa equação, isolamos tempo na
2
2,0 função horária da velocidade:
SG = 0 + 8,0 t + ___
​   ​t 2 SA = 64 + 20 t v – v0
2
v = v0 + at ⇒ at = v – v0 ⇒ t = ​ _____
a ​  

SG = 8,0 t + t 2

E substituímos esse valor de t na equação horá-


Para determinar o instante de encontro, igua- ria da posição, então:
lamos as posições do guarda e do automóvel
dadas pelas equações acima, então: 2 0
2
0 a ( 
v – v0 __a _____
at2 ​ ⇒ S = S + v ​ ​ _____
S = S0 + v0t + ​ ___  ​ 
   + )
2 (  v–v
)
​ ​    ​ ⋅ ​ ​  a ​ 0 
 ​

SG = SA
Efetuando os cálculos, obtemos uma equação
8,0 t + t² = 64 + 20 t
denominada de equação de Torricelli:
t² – 12t – 64 = 0
Resolvendo esta equação (de 2º grau), ob-
v² = v0² + 2a(S – S0)
temos:
t = 16 ou t = –4
 esprezando a resposta negativa, obtemos
D Teoria na prática
t = 16 s, ou seja, após 16 segundos do ins- 1. Em uma rodovia, um automóvel viaja com velo-
tante representado na figura, o guarda alcan- cidade escalar constante de 30 m/s. Em deter-
ça o automóvel. minado instante, o motorista pisa no freio provo-
cando uma desaceleração constante de 3,0 m/s2
b) Como o movimento do guarda é unifor-
até o automóvel parar. Vamos calcular a distância
memente variado, substituindo t = 16 s na
percorrida durante a frenagem.
função horária de sua velocidade escalar,
obtemos: Resolução:

v = v0 + at ⇒ v = 8,0 + 2,0 t A figura a seguir ilustra a situação:


t = 16 s ⇒ v = 8,0 + (2,0)(16) ⇒ v = 40 m/s
A velocidade do guarda no instante de en-
contro é de 40 m/s.

c) Substituindo t = 16 s na equação horária da


posição do guarda, resulta: Considerando a velocidade escalar positiva
(mesmo sentido que a orientação da trajetória)
SG = 8,0 t + t² e sendo o movimento retardado, a aceleração es-
t = 16 s ⇒ SG = 8,0(16) + (16)² ⇒ SG = 384 m calar é negativa, a = –3,0 m/s2.
Isto é, o guarda se moveu da posição inicial A velocidade inicial é v0 = 30 m/s, e a velocida-
S0G = 0 até a posição SG = 384 m, e, portanto, de final é nula (v = 0). Pelas informações forne-
cidas e a falta de informação sobre o intervalo
percorreu a distância de 384 metros.
de tempo, suspeitamos que, provavelmente, a

79
melhor equação a ser usada é a equação de b) Calcule a menor aceleração constante que o
Torricelli, então: carro deve ter para passar pelo cruzamento
v² = v0² + 2a (S – S0) sem ser multado. Aproxime (1,7)² ≈ 3,0.
0 = (30)² + 2(–3) ⋅ DS Resolução:

Daí, tiramos: a) O tempo de reação do motorista é 0,5 s e sua


DS = 150 m velocidade constante é de 12 m/s. Assim, o
deslocamento do motorista em MRUV será:
2. (PUC) Ao iniciar a travessia de um túnel retilíneo
DS ​ 
v = ​ ___
de 200 metros de comprimento, um automóvel Dt
de dimensões desprezíveis movimenta-se com DS  ​ 
12 = ​ ___
0,5
velocidade de 25 m/s. Durante a travessia, desa- ∆S = 6 m.
celera uniformemente, saindo do túnel com ve-
A distância quando o semáforo muda de verde
locidade de 5 m/s. O módulo de sua aceleração
para amarelo é 30 m e a distância na reação é
escalar, nesse percurso, foi de:
6 m, logo, a distância em MRUV é 24 m. Apli-
a) 0,5 m/s².
b) 1,0 m/s². cando a equação de Torricelli, temos:
c) 1,5 m/s². v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ DS
d) 2,0 m/s². (0)2 = (12)2 + 2 ∙ a ∙ 24
e) 2,5 m/s². a = –3 m/s2
Resolução: Resposta: A mínima desaceleração é de
A velocidade inicial é 25 m/s e a final é 5 m/s. A 3 m/s2.
variação de espaço é de 200 m. Aplicaremos a
b) O tempo total é 2,2 s e o tempo de reação é
equação de Torricelli para encontrar a desacele-
ração do corpo. 0,5 s, assim, o tempo do carro em MRUV será:
v² = v0² + 2aDS ttotal = treação + tMRUV
(5)² = (25)² + 2 ∙ a ∙ 200 2,2 = 0,5 + tMRUV
a = –1,5 m/s². tMRUV = 1,7 s.
Assim, o módulo da aceleração é 1,5 m/s2.
Aplicando a função horária da posição em
Alternativa C MRUV, acharemos a aceleração do carro.
​ at ​ 
2
3. (Unicamp) Um automóvel trafega com veloci- S = S0 + v0 t + ___
2
dade constante de 12 m/s por uma avenida e (1,7)2
24 = 0 + 12 ∙ (1,7) + a ∙ ​  _____
 ​ 

se aproxima de um cruzamento onde há um 2
a = 2,4 m/s2.
semáforo com fiscalização eletrônica. Quando o
automóvel se encontra a uma distância de 30 Resposta: A aceleração será de 2,4 m/s2.
m do cruzamento, o sinal muda de verde para
amarelo. O motorista deve decidir entre parar o 4. (UEL) Um motorista está dirigindo um automóvel
a uma velocidade de 54 km/h. Ao ver o sinal ver-
carro antes de chegar ao cruzamento ou acele-
melho, pisa no freio. A aceleração máxima para
rar o carro e passar pelo cruzamento antes do
que o automóvel não derrape tem módulo igual
sinal mudar para vermelho. Este sinal permanece
5 m/s2. Qual a menor distância que o automóvel
amarelo por 2,2 s. O tempo de reação do moto-
irá percorrer, sem derrapar e até parar, a partir do
rista (tempo decorrido entre o momento em que
instante em que o motorista aciona o freio?
o motorista vê a mudança de sinal e o momento
a) 3,0 m
em que realiza alguma ação) é 0,5 s.
b) 10,8 m
a) Determine a mínima aceleração constante
c) 291,6 m
que o carro deve ter para parar antes de atin- d) 22,5 m
gir o cruzamento e não ser multado.
e) 5,4 m

80
Resolução:
Aplicando a análise dimensional na velocidade inicial, temos:
​ 1000 m
v0 = 54 km/h ∙ ______ ​  1 h   ​ 
. ______
 ​ 
  = 15 m/s
1 km 3600 s
Fazendo um desenho ilustrativo do problema, temos:

O vetor aceleração é contra a trajetória; logo, temos uma desaceleração. Aplicando a equação de Torricelli, temos:
v² = v0² + 2aDS
0² = (15)² + 2 ∙ (–5) ∙ DS
0 = 225 – 10 DS
225 ​ = 22,5 m
DS = ​ ___
10
Alternativa D

Evangelista Torricelli (1608-1647) serviu como copista de Galileu nos últimos três meses de vida do mesmo.
A partir das equações de Galileu para o MUV, Torricelli deduziu a equação que carrega seu nome. Inventou o barô-
metro, instrumento que serve para medir a pressão atmosférica local.

Identificando as variáveis
Dada uma função horária de posição qualquer, é
possível por análise descobrir as variáveis de interesse v(t) = v0 + a · t
S0, v0 e a, afim de construir a função horária da posição.
E, assim, temos que:
Como sabemos, todo movimento uniformemente varia-
do tem a função da posição do seguinte modo: v(t) = –3 + 6 ∙ t
Do mesmo modo, podemos inferir a velocidade
a ⋅  ​
t 2 
S(t) = S0 + v0 ⋅ t + ​ ____  
2 inicial e aceleração a partir da função da velocidade. Na
função da velocidade, o coeficiente independente trata-
A posição inicial sempre será o coeficiente in-
-se da velocidade inicial e o coeficiente que acompa-
dependente, isto é, aquele que não multiplica nenhu-
nha a variável t é a aceleração. Seja uma dada função
ma potência da variável t, caso não exista teremos que
da velocidade v(t) = 5 + 8 ∙ t, temos que v0 = 5 m/s e
S0 = 0. A velocidade inicial será o coeficiente que acom-
panha a potência de t que tem o expoente 1. Por fim, a = 8 m/s2. Porém não conseguimos escrever a função
a aceleração será o dobro do coeficiente que acompa- da posição, pois ainda falta a posição inicial, neste caso
nha a potência de t que está ao quadrado. Caso falte o enunciado irá fornecer a informação, por exemplo
alguma potência de t, isto deve-se ao fato de que o S0 = –3 m . Assim, poderemos substituir na função ge-
coeficiente é nulo. nérica da posição:
Se, por exemplo, for fornecido uma função ​ a ⋅  ​
S(t) = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2 

S(t) = 5 – 3 ∙ t + 3 ∙ t2, podemos comparar com a função 2
da posição genérica e identificar S0 = 5 m, v0 = –3 m/s e Assim, teremos que:
a = 6 m/s2. Assim, podemos escrever a função horária
S(t) = –3 + 5 · t + 4 ∙ t2
da velocidade, que de maneira genérica é dado por:

81
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Física - Aceleração (Khan Academy)


Fonte: Youtube

Vídeo Física Total - Aula 05 - Movimento Uniformemente Variado - MUV

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites O que é aceleração e Cinemática

pt.khanacademy.org/science/physics/one-dimensional-motion/acceleration-tutorial/a/
acceleration-article
www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20042/Luciano/cinematica.html

82
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Mudanças na velocidade são comuns no nosso dia a dia: um carro que trafega numa avenida e desacelera,
parando devido a um semáforo vermelho, ou o mesmo um carro que acelera, quando o semáforo está verde; tam-
bém na queda dos corpos, que veremos nas próximas aulas.
No geral, os móveis alteram entre diversos movimentos, o que tornaria o estudo completo algo mais difícil,
por isso “quebramos” o movimento em partes, das quais conseguimos estudar com facilidade, MU e MUV, saber
distinguir entre esses dois tipos de movimento, conhecer suas funções horárias, é fundamental para a resolução
de problemas.

INTERDISCIPLINARIDADE

Uma função polinomial do segundo grau em uma variável é do tipo f de  em , onde f(x) = a ∙ x² + b ∙ x + c,
com a, b e c números reais e a ≠ 0.
Para determinar a solução de equação do segundo grau 0 = a ∙ x² + b ∙ x + c, utilizamos um algoritmo
desenvolvido por Bháskara, em que temos duas raízes dadas por:
∆ ​ ​  
​dXX
x = ​ –b ± ​ ___
2a
sendo:
∆ = b2 – 4ac

Onde se ∆ > 0 haverá duas soluções distintas, se ∆ = 0 haverá duas soluções idênticas e se ∆ < 0 não haverá
raiz real.
Para um corpo em MRUV, a função horária da posição é uma função polinomial do 2º grau, em uma variável.

83
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 19 – Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que con-
tribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental.

A habilidade 19 avalia a capacidade do estudante de avaliar métodos em solucionar pro-


blemas cotidianos, relacionados também ao movimento de corpos acelerados. O exemplo
mais comum disto são os exercícios que envolvem veículos de transporte (carros, motos,
caminhões) que constantemente mudam sua velocidade ao trafegar pelas vias públicas.
Avaliar qual é a distância que um móvel percorre até frear em um semáforo, por exemplo, é
frequente nas avaliações do Enem, sendo esta uma situação-problema clássica.

Habilidade 20 – Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias,


objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 mais uma vez aparece, já que mais um passo é acrescentado ao estudo
do movimento dos corpos: agora os corpos podem possuir aceleração não nula. No coti-
diano mundano das pessoas, os móveis estão em constante alteração do seu movimen-
to, o exemplo mais clássico disto é um automóvel que após estar estacionado adquire
movimento, sendo freado posteriormente em algum semáforo e acelerado novamente
inúmeras vezes até chegar em seu destino. A mudança da velocidade é algo normal e se
faz presente em inúmeras situações-problema que o estudante irá encontrar.

Modelo 1
(Enem) O trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), que circula diariamente
entre a cidade de Cariacica, na Grande Vitória, e a capital mineira Belo Horizonte, está utilizando
uma nova tecnologia de frenagem eletrônica. Com a tecnologia anterior, era preciso iniciar a fre-
nagem cerca de 400 metros antes da estação. Atualmente, essa distância caiu para 250 metros, o
que proporciona redução no tempo de viagem.
Considerando uma velocidade de 72 km/h, qual o módulo da diferença entre as acelerações de
frenagem depois e antes da adoção dessa tecnologia?
a) 0,08 m/s2
b) 0,30 m/s2
c) 1,10 m/s2
d) 1,60 m/s2
e) 3,90 m/s2

84
Análise Expositiva 1

Habilidade 19

Neste exercício o aluno se depara na mesma situação com duas possibilidades de sistema de
frenagem e deve calcular o módulo da diferença entre elas, fazendo-se necessária a aplicação
e manipulação das fórmulas que regem o MRUV, o estudante deve repetir o mesmo procedi-
mento em ambas as situações.
Supondo essas acelerações constantes, aplicando a equação de Torricelli para o movimento
uniformemente retardado, vem:

v2 = vO2 – 2 a ∆S ⇒ O2 = v02 – 2 a ∆S ⇒

( ​  20   ​ 
)
2
v 2 a1 = _______ ⇒ a1 = 0,5 m
a = ​ _____
0
  ​     
    2 · 400
⇒ ​  ​ _____________________________  ​  ​ ⇒ |a1 - a2| = |0,5 - 0,8| ⇒ |a1 - a2| = 0,3 m/s3.
2 ∆S a2 = ​  20
_______2
⇒ a1 = 0,8 m/s
  ​  2
2 · 250

Alternativa B

Modelo 2
(Enem) Um motorista que atende a uma chamada de celular é levado à desatenção, aumentando a
possibilidade de acidentes ocorrerem em razão do aumento de seu tempo de reação. Considere dois
motoristas, o primeiro atento e o segundo utilizando o celular enquanto dirige. Eles aceleram seus
carros inicialmente a 1,00 m/s2. Em resposta a uma emergência, freiam com uma desaceleração
igual a 5,00 m/s2. O motorista atento aciona o freio à velocidade de 14,0 m/s enquanto o desaten-
to, em situação análoga, leva 1,00 segundo a mais para iniciar a frenagem.
Que distância o motorista desatento percorre a mais do que o motorista atento, até a parada total
dos carros?
a) 2,90 m
b) 14,0 m
c) 14,5 m
d) 15,0 m
e) 17,4 m

85
Análise Expositiva 2

Habilidade 20
Excelente exercício, traz para a realidade do estudante a aplicação direta das funções ho-
rárias do movimento uniformemente acelerado em uma situação-problema comum nos dias
atuais: motoristas imprudentes que utilizam celulares enquanto dirigem. Aplicando as fun-
ções e manipulando as equações o estudante será capaz de perceber qual a real diferença
entre dirigir com atenção e dirigir enquanto se manipula um celular.
Para o motorista atento, temos:
Tempo e distância percorrida até atingir 14 m/s a partir do repouso:
v = v0 + at
14 = 0 + 1 · t1 ⇒ t1 = 14 s
v2 = v02 + 2a∆S
142 = 02 + 2 · 1 · d1 ⇒ d1 = 98 m
Distância percorrida até parar:
02 = 142 + 2 · (–5) · d1' ⇒ d1' = 19,6 m
Distância total percorrida:
∆S1 = d1 + d1' = 98 + 19,6 ⇒ ∆S1 = 117,6 m
Para o motorista que utiliza o celular, temos:
t2 = t1 + 1 ⇒ t2 = 15 s
Velocidade atingida e distância percorrida em 15 s a partir do repouso:
v2 = 0 + 1 · 15 ⇒ v2 = 15 m/s
152 = 02 + 2 · 1 · d2 ⇒ d2 = 112,5 m
Distância percorrida até parar:
02 = 152 + 2 · (–5) . d2' ⇒ d2' = 22,5 m
Distância total percorrida:
∆S2 = d2 + d2' = 112,5 + 22,5 ⇒ ∆S2 = 135 m
Portanto, a distância percorrida a mais pelo motorista desatento é de:
∆S = ∆S2 – ∆S1 = 135 – 117,6
∴∆S = 17,4 m
Alternativa E

86
Estrutura Conceitual

80
km/h

Referencial Movimento
Velocidade
inicial
Alteração da
velocidade

Velocidade
final

Aceleração

Funções Condições
horárias iniciais

87
Abordagem de GRANDEZAS ESCALARES e de CALORIMETRIA
nos principais vestibulares.

FUVEST
Com questões mais aprofundadas, as resoluções necessitam de grande manipulação das equa-
ções matemáticas.

LD
ADE DE ME
D
UNESP
U

IC
FAC

INA

BO
1963
T U C AT U Distribuição entre questões teóricas e questões numéricas de calorimetria.

UNICAMP
Questões que relacionam diferentes assuntos e amplo domínio das equações de calorimetria.

UNIFESP
Questões bem elaboradas que necessitam domínio das equações de calorimetria.

ENEM/UFMG/UFRJ
Questões práticas tanto teóricas quanto com manipulação matemática.

UERJ
Questões curtas e voltadas principalmente à manipulação das equações de calorimetria.
0 2
1 0 Grandezas físicas

Competência Habilidade
5 17
© nobeastsofierce/Shutterstock

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Grandezas físicas fundamentais e derivadas
As três grandezas mecânicas – comprimento, massa e tempo – são grandezas físicas que independem
de outras grandezas e são denominadas grandezas fundamentais (ou primitivas).
Os símbolos dimensionais L, M e T serão atribuídos, respectivamente, ao comprimento, à massa e ao tempo.
A temperatura é a grandeza térmica fundamental – símbolo u –, e a grandeza elétrica fundamental é a
intensidade de corrente elétrica – símbolo dimensional I. Por conveniência, adotou-se a intensidade de corrente
elétrica como grandeza fundamental da eletricidade, em vez da escolha mais natural, que seria a carga elétrica.
As grandezas físicas, cujas definições dependem da relação entre outras grandezas, são denominadas
grandezas derivadas. Por exemplo, a velocidade e a aceleração dependem dos conceitos de comprimento e
de tempo.

Grandeza fundamental Símbolo fundamental


comprimento L

tempo T

massa M

temperatura u
intensidade de corrente elétrica I

quantidade de matéria N

intensidade luminosa J

Equações dimensionais
Utilizando o produto de potências de bases M, L, T, u, N, J e I, pode-se representar qualquer outra grandeza
física. A potência de cada uma dessas bases diferencia as grandezas físicas relacionadas.
A equação dimensional é a denominação dada ao produto de potências para determinada grandeza física.
As fórmulas dimensionais para grandezas mecânicas (A), térmicas (B) e elétricas (C) são expressas, generi-
camente, da seguinte forma:

[A] = Ma Lb Tc
[B] = Md Le Tf ug
[C] = Mh Li Tl Ik

No estudo da Mecânica, as grandezas estão associadas às grandezas massa (M), comprimentos (L) e inter-
valos e/ou instantes de tempo (T). Logo, as dimensões de temperatura e intensidade de corrente elétrica não estão
relacionadas. De modo análogo, para a grandeza térmica (B), na fórmula dimensional, não aparece a potência de
base (I).
Dado que uma potência de zero é sempre igual a 1, se uma grandeza qualquer for independente da
massa, por exemplo, a potência M0 não precisará ser incluída na fórmula, uma vez que 1 (M0 = 1) é o elemento
neutro da multiplicação.

93
Para obtermos a fórmula dimensional de uma g) Impulso (I = FDt)
grandeza, partimos de sua fórmula física e expressamos Como [F] = MLT–2 e [Dt] = T,
todos os fatores que dela participam em função das temos [I] = MLT–2T ä [I] = MLT–1.
grandezas fundamentais. h) Quantidade de movimento (Q = mv)
A seguir, são apresentados alguns exemplos de Como [m] = M e [v] = LT–1,
fórmulas dimensionais: temos [Q] = MLT–1.

( 
a) Velocidade ​ v = ___
​ DS ​  ​
Dt ) Nota
Como [DS] = L e [Dt] =T, §§ Quantidade de movimento e impulso tam-
bém têm a mesma equação dimensional e
temos [v] = _​ L  ​ ä [v] = LT–1.
T são, portanto, grandezas medidas nas mes-
( 
b) Aceleração ​ a = ___ ​ Dv ​  ​
Dt ) mas unidades.

Como [v] = LT–1 e [Dt] = T,

​ LT1 ​ ä [a] = LT–2.


temos [a] = ___
-1
i) Densidade ​ m = __( 
​ m ​   ​
V )
T Como [m] = M e [V] = L³,
c) Força (F = ma) ​ M ​ ä [m] = ML–3.
temos [m] = __

( 
Como [m] = M e [a] = LT–2,
j) Pressão ​ p = __
A )
​ F  ​   ​
temos [F] = MLT . –2
Como [F] = MLT–2 e [A] = L²,
​ MLT2 ​ 
–2
d) Trabalho (t = Fdcosw) temos [p] = _____  ä [p] = ML–1T–2.
L

( 
Como [F] = MLT–2 [d] = L e cosw é adimen-
sional (não tem dimensão física),
Q
k) Calor específico ​ c = ____
mDθ
 ​  ​
​     
)
temos [t] = MLT L = ML T .
–2 2 –2
Como [Q] = ML T , [m] = M e [Du] = u,
2 –2

ML2T –2 
temos c = ​ _____​ ä [c] = L2T–2u–1.
e) Energia cinética ​ Ec = __
2 ( 
​ 1 ​ mv2  ​ ) Mu

Como [m] = M, [v] = LT–1 e 2 é adimensional,


Q
l) Capacidade térmica ​ C = ___
​    ​  ​
Du (  )
temos [Ec] = M(LT–1)2 ä [Ec] = ML2T–2. Como [Q] = ML2T–2 e [Du] = u,
​ ML T   
2 –2
temos [C] = _____ ​ ä [C] = ML2T–2u–1.
u

( 
Notas
§§ Foi obtida a equação dimensional da energia
Q
m) Carga elétrica ​ i = ___
​    ​ ä Q = iDt  ​
Dt )
cinética, mas essa fórmula também se aplica Como [i] = I e [Dt] = T, temos [Q] = IT.

( 
a qualquer outra grandeza de energia, por E
exemplo, o calor (Q): [Q] = ML–2T–2. n) Potencial elétrico ​ V = __
​ qP ​ ​ )
§§ Energia e trabalho têm a mesma fórmula di-
Como [Ep] = ML2T–2 e [q] = IT,
mensional, consequentemente são grandezas
​ ML T ​ 
2 –2
medidas nas mesmas unidades. temos [V] = _____  ä [V] = ML2T–3I–1.
IT
Se, para determinada grandeza, a sua fórmula
( 
f) Potência ​ Pot = ___
​  t  ​   ​
Dt ) dimensional for conhecida, pode-se obter diretamente
Como [t] = ML2T–2 e [Dt] = T, sua unidade de medida em termos das unidades de ou-
tras grandezas fundamentais.
​ ML T ​ 
2 –2
temos [Pot] = _____  ä [Pot] = ML2T–3.
T

94
No SI, a unidade de tempo é segundo (s), a de A homogeneidade dimensional exige que as fór-
temperatura é kelvin (K) e a de intensidade de corrente mulas dimensionais sejam:
é ampère (A). Como exemplos: Em I: [A] = [B] = [C]
§§ Para a pressão: Em II: [D] = [E] · [F]
[p] = ML1T–2 · unidade · SI (p): Como exemplo, seja uma equação física do tipo
kg · m · s = pascal (Pa)
1 –2 p = mAh, na qual p representa pressão, m represen-
ta densidade e h representa altura. Se a equação é
§§ Para a capacidade térmica:
dimensionalmente homogênea, qual é a unidade da
[C] = ML2T–2u–1 · unidade · SI (C): grandeza A?
kg · m2 · s–2 · K–1 As fórmulas dimensionais da pressão, densidade
§§ Para a resistência elétrica: e altura são:
[R] = ML2T–3I–2 · unidade · SI (R):
[p] = ML–1T–2, [m] = ML–3 e [h] = L
kg · m2 · s–3 · A–2 = ohm (V)

Tem-se, então:
Teoria na prática
1. Faça a análise dimensional para a grandeza mo- [p] = [m] · [A] · [h] ä ML–1T–2 = ML–3 [A]L
mento angular, cuja fórmula é dada por:

momento angular = r ⋅ p ⋅ senθ Ou seja, é necessário que:

Onde:
[A] = LT–2
§§ r é a distância;
§§ p é o momento linear (ou quantidade de mo-
Pela fórmula dimensional obtida para A, pode-se
vimento); e
concluir que essa grandeza é uma aceleração.
§§ θ é o ângulo entre a distância e o momento
linear.

Resolução: Sistema Internacional de Unidades


Para determinar a dimensão de L, basta conhe-
cer a dimensão das variáveis envolvidas, uma Antigamente, eram difíceis as trocas de mer-
vez que: cadorias, pois em localidades distintas utilizavam-se
§§ [momento angular] = [r] ⋅ [p] ⋅ [senθ] unidades padrões distintas. Normalmente, utilizava-se
§§ [momento angular] = (L) ⋅ (MLT–1) ⋅ (1) medidas do corpo humano como padrão (especialmen-
te dos líderes), mas como pessoas diferentes possuem
§§ [momento angular] = M ⋅ L2 ⋅ T–1
tamanhos diferentes não era um método muito confi-
ável. Foi só em 1789 que a Academia de Ciências da
Homogeneidade dimensional França pensou em criar um sistema de unidades padrão.
Assim, surgiu o metro (m) sendo a décima milionésima
As equações físicas devem ser dimensional- parte da quarta parte do meridiano terrestre; o litro (L)
mente homogêneas. Isso significa que ambos os como equivalente a um decímetro cúbico; e o quilogra-
lados da equação devem satisfazer a mesma fórmula ma (kg) como a massa de 1 L de água a 4,44 °C. Em
dimensional. 1875, o Brasil aderiu, assim como outros 17 países, a
Nas equações I e II abaixo, A, B, C, D, E e F são esta proposta.
grandezas físicas e [A], [B], [C], [D], [E] e [F] são, respec- Em 1960, o sistema recebeu o nome de Siste-
tivamente, suas fórmulas dimensionais: ma Internacional de Unidades (SI). Desde 1962, o Brasil
Equação I: A = B + C adotou o SI, sendo que em 1988 o Conmetro ratificou
Equação II: D = E · F esta adoção.

95
Existem sete unidades fundamentais no Sis- Acrescenta-se, simplesmente, a letra s para se
tema Internacional de Unidades (SI), e cada uma delas obter o plural das unidades, mesmo no caso de violar
corresponde a uma grandeza: as regras gramaticais. Consequentemente, escrevem-se
metros, ampères, pascals, decibéis. Algumas exceções
Unidade Símbolo Grandeza existem para as unidades que terminam por s, x e z.
metro m comprimento Essa unidades não variam no plural (siemens, lux, hertz).
quilograma kg massa Caso as unidades sejam palavras compostas por
multiplicação de elementos independentes, ambos são
segundo s tempo
flexionados: quilowatts-horas, newtons-metros, ohms-
ampère A intensidade da corrente elétrica
-metros etc. A flexão também ocorre quando as pala-
kelvin K quantidade de termodinâmica vras compostas não são ligadas por hífen: metros qua-
mol mol quantidade de matéria drados, milhas marítimas etc.
candela cd intensidade luminosa Nas unidades compostas por divisão, o deno-
minador não recebe a letra s: quilômetros por hora;
A medida de ângulos é feita por duas unidades newtons por metro quadrado etc. Em palavras compos-
suplementares: o radiano (rad), para ângulos planos, e tas, nas quais os elementos complementares de nomes
o esterradiano (sr), para ângulos sólidos. de unidades são ligados por hífen ou preposição, tam-
A partir das unidades fundamentais, pode-se re- bém não se acrescenta a letra s: anos-luz, quilogramas-
duzir ou derivar, direta ou indiretamente, as unidades -força, elétrons-volt, unidades de massa atômica etc.
derivadas. Por se tratar de um número bastante grande, Os símbolos nunca flexionam no plural. Então,
essas variáveis não serão reproduzidas aqui. 50 metros devem ser escritos 50 m e não 50 ms. Múlti-
Oficialmente, a norma estabelecida para a gra- plos e submúltiplos, que são obtidos pela adição de um
fia de todas as unidades, fundamentais ou derivadas, prefixo anteposto à unidade, são admitidos em todas as
quando escritas por extenso, é que se iniciem por letra unidades, derivadas ou fundamentais.
minúscula, incluindo o caso de unidades que recebem A unidade fundamental de massa, por razões
nomes de pessoas. Devem ser escritos, portanto, me- histórias, é o quilograma, obtida pelo acréscimo de pre-
tro, ampère, newton, coulomb, quilômetro, pascal etc. fixo “quilo” à unidade grama. Por conta disso, as unida-
A unidade de temperatura da escala Celsius é a única des de massa múltiplas e submúltiplas são obtidas pelo
exceção (escreve-se grau Celsius, símbolo °C). Quando acréscimo do prefixo ao grama, e não ao quilograma.
a frase é iniciada pelo nome da unidade, inicia-se tam-
bém com letra maiúscula. Prefixo Símbolo Base de 10
Os símbolos são grafados, usualmente, com le- yotta Y 1024

tras minúsculas, exceto quando se tratar de nomes de zetta Z 1021

pessoas. Apesar de usar-se inicial minúscula, quando exa E 1018

escrito por extenso, nesse caso, o símbolo é grafado peta P 1015

com maiúscula. Por exemplo, usa-se A para ampère, N tera T 1012


para newton, W para watt, Pa para pascal etc. giga G 109
Se a unidade for composta, os símbolos devem mega M 106
ser colocados um em seguida ao outro, e podem ou não quilo k 103
ser separados por um ponto, exemplos: quilowatt-hora: hecto h 102
kWh ou kW · h; newton-metro: Nm ou N ∙ m etc. deca da 101
Os símbolos e as unidades por extenso não de- deci d 10–1
vem ser misturadas. Desse modo, é incorreto escrever
centi c 10–2
quilômetro/h ou km/hora. A forma correta da grafia é
mili m 10–3
quilômetro por hora ou km/h.
micro µ 10–6
Quando o símbolo de uma unidade contém di-
visão, pode-se utilizar qualquer uma das três maneiras nano n 10–9

exemplificadas a seguir: pico p 10–12


femto f 10–15
​ N · m
2
N · m2/kg2 = N · m2 · kg–2 = _____  ​
  
kg2

96
Operações com algarismos Teoria na prática
1. Calcule a soma a seguir e dê a resposta levando
significativos em conta o número de casas decimais.
O resultado de uma multiplicação ou uma di- A = 1,23 + 23,2
visão deve ser apresentado com um número de al-
Resolução:
garismos significativos igual ao do fator que possui
o menor número de algarismos significativos. Como se pede:
Por exemplo, ao realizar o produto 2,31 · 1,4, encon-
A = 1,23 + 23,2 = 24,43.
tramos 3,234. O primeiro fator tem três algarismos
significativos (2,31) e o segundo tem dois (1,4). Desse Porém, como a primeira parcela possui duas ca-
modo, o resultado é apresentado com dois algarismos sas decimais e a segunda parcela possui apenas
significativos, ou seja, 3,2. O arredondamento é feito uma casa decimal, devemos dar a solução com o
como se segue: após abandonar o primeiro algarismo menor número de casas decimais logo, a solução
(4), sendo menor do que 5, o valor do último algarismo deve apresentar uma casa decimal.
significativo (2) será mantido, se o segundo algarismo A = 24,4
a ser abandonado for menor do que 5, como neste
exemplo, que o valor é 3; se esse valor for maior ou 2. Um estudante está calculando a área superficial
igual a 5, acrescentamos uma unidade ao último al- de uma folha de papel. Ele mede o comprimento
garismo significativo. Portanto, no exemplo, o primeiro como sendo b = 27,9 cm e a largura como sendo
algarismo abandonado é o 4. Como o próximo algaris- h = 21,6 cm. O estudante deve expressar a área
mo tem valor 3, que é menor do que 5, mantém-se o do papel como:
número 2, que é o último algarismo significativo. a) 602,64 cm².
Seja o produto 2,33 ∙ 1,4. O resultado da ope- b) 602 cm².
ração é 3,262. Novamente, o resultado deve apre- c) 602,6 cm².
sentar dois algarismos significativos. Desse modo, o d) 603 cm².
resultado fica 3,3. Abandona-se o primeiro algarismo,
2, e, sendo o segundo algarismo, 6, maior do que 5, Resolução:
acrescentamos uma unidade ao número 2, que é o úl-
Para o cálculo da área, basta conhecermos a fór-
timo algarismo significativo.
mula da área do retângulo:
O resultado da adição e da subtração deve
A = comprimento ⋅ largura
conter um número de casas decimais igual ao da par-
A=b⋅h
cela com menos casas decimais. Por exemplo, a adi-
A = (27,9 cm) ⋅ (21,6 cm) = 602,64 cm2
ção 3,32 + 3,1. O resultado é 6,42. A primeira parcela
tem duas casas decimais (3,32) e a segunda somente Como o enunciado pede a solução com o nú-
uma (3,1), e, portanto, apresentamos o resultado com mero correto de algarismos significativos, temos
apenas uma casa decimal. Desse modo, o resultado é então que em 27,9 cm e 21,6 tem 3 algarismos
6,4. Já na operação 3,37 + 3,1 = 6,47, o resultado significativos. Como se trata de uma multiplica-
ção, devemos dar a resposta com o menor nú-
deve apresentar uma casa decimal. Levando em conta
mero de algarismos significativos que algum dos
a regra do arredondamento, obtemos como resultado
fatores possuir. Ou seja, daremos a resposta com
o valor 6,5.
3 algarismos significativos:
A = 603 cm2
Alternativa D

97
___
3. Uma estudante está calculando a espessura de se N for menor que ​√10 ​ , usa-se a mesma potência da
uma folha de papel. Ela mede a espessura de notação científica, isto é, 10n.
uma pilha de 80 folhas de papel com um pa- Resumidamente:
químetro e descobre que a espessura é l = 1,27
___
cm. Ao calcular a espessura de uma folha, ela irá ​ 10 ​ ä ordem de grandeza: 10n + 1
N≥√
___
encontrar? Dê a resposta com o número correto ​ 10 ​ ä ordem de grandeza: 10n
N<√
de algarismos significativos.
Resolução: Exemplo: o raio da Terra é igual a 6,37 · 106 m e
Uma vez que as 80 folhas possuem juntas uma a distância da Terra ao Sol é igual a 1,49 · 1011 m. Qual
espessura de 1,27 cm, temos que, para encontrar a ordem de grandeza desses valores?
___
a espessura de cada uma, basta dividir a espes- No primeiro caso, N = 6,37 > √ ​ 10 ​ , e, portan-
sura total pela quantidade de folhas. to, a ordem de grandeza do raio da Terra é dada por:
___
1,27 106 + 1 m =107 m. No segundo caso, N = 1,49 < ​√10 ​  ,
x = ​ ____ ​ cm = 0,015875 cm
80 e, consequentemente, a distância da Terra ao Sol tem
Como o enunciado pede a solução com o nú- ordem de grandeza de 1011 m.
mero correto de algarismos significativos, temos
que em 1,27 há 3 algarismos significativos; já
em 80, temos 2 algarismos significativos. Logo, Teoria na prática
a resposta final deve possuir apenas 2 alga- 1. (Cesgranrio) Um recipiente cúbico tem 3,000 m
rismos significativos, respeitando as regras de de aresta, n é o número máximo de cubos, de
aproximação. 3,01 mm de aresta, que cabem no recipiente. A
ordem de grandeza de n é:
x = 0,016 cm a) 109.
b) 102.
c) 104.
Notação científica d) 101.
e) 1010.
A notação científica é utilizada para apre-
Resolução:
sentar um número na forma N · 10n, na qual n é um
expoente inteiro e N é tal que 1 ≤ N < 10. Em notação Para encontrar o valor de n, basta dividir o volume
científica, o número N deve ser formado por todos os do recipiente pelo volume de cada cubo menor. Des-
algarismos significativos de uma grandeza. sa forma, temos:
Sejam os algarismos significativos das medidas
( 3000 mm ​  
n = ​ ​ _______ )
3
​ = 990 ⋅ 106 cubos =
a seguir expressas corretamente: 360 s e 0,0035 m. Le- 3,01 mm
vando em conta o número de algarismos significativos, = 9,90 ⋅ 10 cubos
8

a notação científica para essas medidas será, respecti- ___


Como 9,90 é maior que ​√10 ​ ≈ 3,16 , devemos
vamente: 3,60 · 102 s e 3,5 · 10–3 m.
somar +1 no expoente da base dez para deter-
minar a ordem de grandeza. A ordem de grande-
Ordem de grandeza za de n é 108+1 = 109
Alternativa A
A ordem de grandeza de uma medida é a po-
tência de 10 mais próxima da potência dada para o va-
lor encontrado para a grandeza. Mas como estabelecer
essa potência de 10 mais próxima?
Determina-se essa potência do seguinte modo:
___
se o número N é maior ou igual a ​√10 ​ , utiliza-se a po-
tência de 10 de expoente um grau maior, isto é, 10n + 1;

98
2. (UFU) A ordem de grandeza, em segundos, em um período correspondente a um mês, é:
a) 10.
b) 103.
c) 106.
d) 109.
e) 1012.

Resolução:

Para determinar a quantidade x de segundo que há em 1 mês, temos:


hora ​ · 60 ____ segundos
x = 30 dias ⋅ 24 ​ ____ ​ min  ​ · 60 ___
​   ​  
= 2.592.000 segundos = 2,592 · 106 segundos
dia hora min
___
Como 2,592 é menor que √ ​ 10 ​ ≈ 3,16, devemos manter a potência de 10, ela será a ordem de grandeza.
Sendo assim, a ordem de grandeza é de 106.
Alternativa C

3. (Unirio)
”Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento.”
(Manuel Bandeira)

A ordem de grandeza do número de batidas que o coração humano dá em um minuto de alumbramento


como este é:
a) 101.
b) 102.
c) 100.
d) 103.
e) 104.

Resolução:

Sabendo que a frequência cardíaca normal de uma pessoa saudável entre 15 e 20 anos pertence ao inter-
valo de 60 a 90 vezes por minuto, fica evidente que a ordem de grandeza é de 102.
Alternativa A

99
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Interpretação de unidades em fórmulas ...


Fonte: Youtube

Vídeo Lucie conta a História das Ciências – Pesos e Medidas

Fonte: Youtube

Vídeo Inmetro – O tempo todo com você

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites

100
ACESSAR

Sites Instrumentação / medidas / grandezas

pt.khanacademy.org/math/algebra/units-in-modeling/intro-to-dimensional-analysis/e/
working-with-units
macbeth.if.usp.br/~gusev/unidades.pdf
educacao.globo.com/matematica/assunto/matematica-basica/sistemas-de-unidades-de-
medidas.html

LER

tt
Livros
Introdução à Física – Aspectos históricos,
unidades de medidas e vetores

Esta obra aborda os principais conceitos e aspectos históricos da


Física. Ao longo de seis capítulos, o leitor conhecerá as principais
unidades de tempo, massa e comprimento, bem como as ferramen-
tas e técnicas necessárias para a realização de operações. Além
disso, aprenderá a distinguir as grandezas escalares e vetoriais.

101
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

No dia a dia, referimo-nos de maneira equivocada a algumas unidades. Por exemplo, é muito comum uma
pessoa ir à padaria e pedir “meio quilo de queijo” e receber meio quilograma de queijo, mas quando pedimos meio
quilo de queijo, estamos pedindo 500 pedaços de queijo, e não a massa de 500 gramas. Outra situação que pode-
ria acontecer na mesma padaria seria a pessoa pedir “duzentas gramas de queijo” e acabar recebendo duzentos
gramas de queijo; a grama é uma planta e a unidade de massa pertence ao gênero masculino.
De maneira geral, sempre estamos nos referindo a diversas unidades, nem sempre tomando todos os cuidados
necessários. Saber converter diferentes unidades é uma tarefa importante, ainda mais quando visitamos outro país.

INTERDISCIPLINARIDADE

Como vimos, existem diversas unidades de medidas para a mesma grandeza física, sendo de suma impor-
tância conhecer as regras de conversão entre as diferentes unidades. Para tal, basta conhecer a razão de propor-
cionalidade entre as grandezas e realizar uma regra de três simples.
No caso das unidades de medidas, as grandezas serão diretamente proporcionais, isto é, aumentando uma
das duas, a segunda também aumentará.
O procedimento para a resolução de uma regra de três simples diretamente proporcional é simples.
Primeiramente, montamos uma tabela de duas colunas, em que na primeira coluna colocamos valores numa
unidade e o valor corresponde em outra unidade na segunda coluna. Após isso, basta igualar a razão obtida com
os valores na primeira coluna com a razão dos elementos da segunda coluna.
Exemplo:

Tempo em horas Tempo em segundos


1h 3600 s
5h x

​  ___ ​ 3600
1h  ​= _______
x ​
s 

5h
X = 18000 s

102
Disponível em <https://esportenamochila.files.wordpress.com>

FÍSICA
C N
3
0 40

6
Competência
Calor sensível

21
Habilidade
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Introdução
O estudo da termologia envolve muitos conceitos novos. A noção de equilíbrio, por exemplo, serve para
as mais diversas áreas do conhecimento humano, no entanto, nesta grande área que envolve as transferências de
calor, suas causas e consequências, definir adequadamente conceitos tornará a compreensão física dos fenômenos
algo mais sólido e duradouro. O próprio conceito de temperatura, que está associado às energias cinéticas médias
das moléculas que compõem o corpo, dá-nos a correta noção de que o calor é transferido do corpo de maior tem-
peratura para o corpo de menor temperatura, até que possam juntos atingir aquilo que conceituaremos como equi-
líbrio térmico. O termo energia cinética das moléculas refere-se à energia cinética de translação das moléculas.
Quando for necessário fazer referência à energia cinética de rotação das moléculas, será utilizado diretamente o
termo energia de rotação das moléculas. A grandeza termodinâmica relacionada à energia cinética média de
translação das moléculas é a temperatura.
Sendo assim, quando a temperatura de um corpo aumenta, a energia cinética de suas partículas também
aumenta. Quando a temperatura do corpo diminui, a energia cinética de suas partículas também diminui. Não nos
esqueçamos de que a energia de um sistema termodinâmico também é composta pela energia potencial das
moléculas, cujo somatório representa a energia necessária para desagregar as moléculas.
A estrutura física que caracteriza os sólidos indica que as moléculas que os compõem possuem uma organi-
zação tal que seu nível de agitação, e, portanto, sua energia cinética média, seja menor que a organização de um
gás em mesmas condições termodinâmicas. Assim, são percebidas as transferências de energias para as partículas
mais próximas. Chamamos de calor a energia térmica em trânsito.
Já os gases possuem moléculas com maior grau de energia cinética. As moléculas portadoras de maiores
energias cinéticas realizam colisões com outras moléculas menos energéticas. Nessas colisões, em geral, são per-
cebidas transferências energéticas de tal forma que, após um intervalo de tempo, em média, o grupo de moléculas
possuirá uma energia cinética média; nesta condição, podemos dizer que os corpos estarão em equilíbrio térmico,
ou seja, em mesma temperatura.
A transferência de energia, espontaneamente, de um corpo para outro devido à existência de diferença de
temperatura entre eles, recebe o nome de transferência de energia térmica. A energia térmica transferida nesse
processo é o calor.
Quando o equilíbrio térmico é atingido, ou seja, quando os corpos estão na mesma temperatura, a trans-
ferência de calor é cessada.

Observação
Por se tratar de um processo, a transferência de energia térmica, ou seja, calor, só é possível se entre os corpos
estudados houver diferença de temperatura. Justamente por se tratar de um processo, um corpo não pode estar,
ou possuir, calor, mas sim transferi-lo.

Escalas termométricas
A verificação do grau de agitação das partículas que compõem um corpo é feita de maneira indireta.
A temperatura de um corpo pode ser estimada pelo equilíbrio térmico entre dois ou mais corpos. Dessa forma,
existem estados termodinâmicos, nos quais os corpos se encontram, que servem como referência para a cons-
trução daquilo que chamaremos de escala termométrica. Todos os corpos possuem características térmicas; são
exatamente essas características termossensíveis que permitem a construção de aparelhos de medição, como os
termômetros de mercúrio.

105
A definição da escala está pautada na escolha adequada de pontos de referência. O ponto de gelo, condi-
ção em que se apresentam em equilíbrio térmico gelo e água em pressão normal, assim como o ponto de vapor,
condição em que se apresentam em equilíbrio água e vapor de água em condições normais de pressão, podem
ser escolhidos. Existe uma equação de conversão entre as escalas termométricas que pode ser utilizada para as
mais diversas conversões. Por exemplo, quando queremos converter um valor genérico de temperatura θc, medido
em grau Celsius, em seu respectivo valor θf , medido em grau Fahrenheit. Para tanto, comparando a razão entre os
segmentos a e b da figura a seguir, esta relação não depende das unidades de medida.
Dessa forma:

u – 0 _______
u – 32 u u – 32
​  a  ​ = ______
__ ​  c   ​  = ​  f   ä ___
 ​   ​  c  ​ = ______
​  f  ​   
b 100 – 0 212 – 32 100 180

u uf – 32
Simplificando: ​ __c ​  = ______
​   ​
  
5 9

Essa é a equação de conversão entre graus Celsius e graus Fahrenheit. Da mesma forma, podemos converter
utilizando a unidade kelvin, onde T representa a temperatura em kelvin, obtendo:
u uf – 32 ______
__
​  c ​  = ______
​   = ​ T – 273
 ​   ​  

5 9 5

William Thomson (1824-1907), lorde Kelvin, estabeleceu, em 1848, a escala absoluta, que leva o seu nome.
Ele determinou a menor temperatura possível, cujo valor é 0 K (zero kelvin).
Caso seja necessário converter variações de temperatura, podemos trabalhar com as equações apresenta-
das anteriormente e chegarmos às seguintes equações de conversão para a variação de temperaturas:

Du DuF
___
​   ​c  = ​ ___ ​
  
5 9

Duc = DT

Anders Celsius (1701-1744) foi um físico que propôs, em 1742, a escala de temperatura que leva o seu
nome, mas que originalmente era conhecido como sistema centígrado. Daniel Gabriel Fahrenheit (1686-1736) foi,
além de físico e engenheiro, um vendedor de termômetros. Criou o termômetro de mercúrio, além, é claro, da escala
de temperatura que leva o seu nome e que é ainda muito utilizada em países anglo-saxões.

106
3. (ITA) O verão de 1994 foi particularmente quen-
Teoria na prática
te nos Estados Unidos da América. A diferença
1. O álcool, ou etanol, possui ponto de fusão igual
entre a máxima temperatura do verão e a míni-
a –114 °C e ponto de ebulição igual a +78,5 °C. ma do inverno anterior foi de 60 °C. Qual o valor
É por isso que, em temperatura ambiente (cerca dessa diferença na escala Fahrenheit?
de 20 °C), o álcool é um líquido. Passando para a) 108 °F
a escala kelvin, o ponto de fusão e o ponto de b) 60 °F
ebulição do etanol são, respectivamente, iguais a: c) 140 °F
a) –387 e –194,65. d) 33 °F
b) +159 e +351,5. e) 92 °F
c) +387,25 e +194,65. Resolução:
d) –159 e –351,5.
Primeiramente, devemos identificar que o exercí-
e) +159 e –351,5. cio não pede a transformação de uma dada tem-
Resolução: peratura de uma escala em outra, mas a trans-
formação de uma variação de temperatura numa
Sabemos que para transformar a temperatura de
escala em outra. Sabemos que a relação entre as
graus Celsius para kelvin basta somar 273:
escalas Fahrenheit e Celsius é:
TK = θC + 273
∆θC ___
____ ∆θ
Assim sendo, basta substituir cada temperatura  ​​ = ​​   ​​ F
5 9
desejada para o ponto de fusão:
Substituindo o valor fornecido, temos:
TK = –114 + 273 = 159 K
∆θ
Para o ponto de ebulição, temos: ​​ 60 ​​ = ___
__ ​​   ​​ F
5 9
TK = 78,5 + 273 = 351,5 K θF = 108 ºF
Alternativa B Alternativa A

2. Qual é a temperatura na escala Fahrenheit que


corresponde a 40 °C? Efeitos macroscópicos
a) 313
b) 4,444
da variação da energia
c) 39,2 interna devido ao calor
d) 2,25
e) 104 As relações de transferências de calor, tanto para
o corpo que recebe quanto para o corpo que cede, po-
Resolução:
dem evidenciar relações de causa e consequência, nas
Sabendo que a relação entre as escalas quais, basicamente, isolamos três efeitos:
Fahrenheit e Celsius é: § variação de temperatura;
θ θF - 32 § mudança de estado físico; e
​​  __C  ​ = ​ ______
  ​​ § dilatação térmica.
5 9
Para as duas primeiras consequências caracteriza-
Basta substituir θC = 40 ºC e encontrar o corres- remos as quantidades de calores transferidos para subs-
pondente em Fahrenheit. tâncias puras, como: caso um corpo, ao ganhar energia,
θF - 32 aumente a energia potencial de ligação das moléculas,
​​ 40  ​​ ​= ​ ______
__   ​​
5 9 pode ocorrer a desagregação das moléculas e o estado
θF = 104 ºF físico pode mudar. Este tipo de energia é denominado
calor latente.
Alternativa E
1. Se houver variação de temperatura: calor sensível;
2. Se houver mudança de estado físico: calor latente.

107
Diagrama de aquecimento de água
Se observarmos o fornecimento de calor a um bloco de gelo, inicialmente a –20 °C, verificaremos que ele:
§§ Inicialmente, aumenta de temperatura até atingir 0 °C (ponto de fusão), indicando que a entrada de calor
está aumentando a energia cinética das moléculas.
§§ A partir daí, permanece com a temperatura constante, apesar de receber calor, e passa a mudar de estado
físico. Isso ocorre porque as moléculas estão aumentando sua energia potencial, e não a cinética.
§§ Terminada a fusão, teremos apenas água a 0 °C, que, à medida que recebe mais calor, aumenta a tempera-
tura até 100 °C (ponto de ebulição).
§§ Durante a vaporização, a temperatura permanece constante mais uma vez, apesar do recebimento de calor,
porque as moléculas, à medida que se desagregam, aumentam a energia potencial, permanecendo a ener-
gia cinética constante.
§§ Finalmente, após a vaporização completa da água, o vapor, ao receber mais calor, volta a aumentar a ener-
gia cinética de suas moléculas, aumentando a temperatura.

Teoria na prática
1. (PUC) Uma forma de gelo com água a 25 ºC é colocada num freezer de uma geladeira para formar gelo. O
freezer está no nível de congelamento mínimo, cuja temperatura corresponde a –18 ºC.
As etapas do processo de trocas de calor e de mudança de estado da substância água podem ser identifi-
cadas num gráfico da temperatura x quantidade de calor cedida.
Qual dos gráficos a seguir mostra, corretamente (sem considerar a escala), as etapas de mudança de fase
da água e de seu resfriamento para uma atmosfera?
a) b) Temperatura
Temperatura
25 ºC 25 ºC

Quantidade de calor Quantidade de calor


0 ºC 0 ºC

-18 ºC -18 ºC

108
c)
Estudo do calor sensível
Temperatura
25 ºC

0 ºC
Quantidade de calor Quando fornecemos a mesma quantidade de
calor a um balde com água e a um copo com água, ve-
-18 ºC
rificamos que, no primeiro, perceberemos uma pequena
variação de temperatura, ao passo que a variação da
d) temperatura do segundo é bem maior.
Temperatura
Isso acontece porque o balde com água tem
25 ºC
inércia térmica maior que o copo com água. Lembra-
Quantidade de calor
mos que inércia mecânica representa a resistência que
0 ºC
todos os corpos materiais têm à modificação do seu
estado de movimento. Assim, a inércia térmica é a re-
-18 ºC
sistência que todos os corpos materiais têm à modifi-
e) cação de sua temperatura.
Temperatura
Contudo, por tradição, faremos uso do termo ca-
25 ºC
pacidade térmica em vez de inércia térmica.
Quantidade de calor
0 ºC

Capacidade térmica de um corpo (C)


-18 ºC

Por definição, capacidade térmica é a relação


Resolução: entre a quantidade de calor recebido ou cedido por um
corpo e a correspondente variação de temperatura Du.
Para esta questão, vale lembrar que existem dois A capacidade térmica representa a quantidade
tipos de calor: sensível e latente. O calor sensível de calor necessária para variar a temperatura do corpo
é aquele fornecido a algum material de forma a em uma unidade.
variar a sua temperatura. Já o calor latente é o Assim, podemos fazer uma analogia com a me-
calor fornecido a um material para que ocorra a cânica, associando capacidade térmica à inércia tér-
mudança de estado físico do material. Durante mica, medindo a dificuldade de se variar a temperatura
esta etapa de mudança de estado, não há varia- de um corpo. Ou seja, quanto maior a capacidade térmi-
ção de temperatura. ca de um corpo, maior a quantidade de calor necessária
Diante disto, fica fácil observar que a resposta para aumentar sua temperatura. Matematicamente:
correta é o gráfico mostrado na alternativa A.
No primeiro momento, a água é resfriada até Q
C = ___
​     ​ [ Q = C · Du
uma temperatura de 0 °C. Após isto, passa pela Du
etapa de solidificação, na qual a temperatura
permanece constante. Por fim, o gelo continua a A unidade usual da capacidade térmica é
resfriar até que atinja o equilíbrio térmico com a cal/°C; no SI é J/K. Por simplicidade, consideraremos
temperatura do freezer em –18 °C. que a capacidade térmica dos corpos é constante du-
Alternativa A rante os experimentos. Contudo, é importante saber
que, na prática, a capacidade térmica pode variar com
a temperatura. Mas o estudo disso fica para um curso
de nível superior.

109
No copo, com um número menor de molécu-
Teoria na prática
las (uma vez que a massa é menor), a energia é trans-
1. Ao fornecer 300 calorias de calor para um corpo,
ferida para um número menor de moléculas e, portanto,
verifica-se como consequência uma variação de
a evidência do aumento da energia de uma mo-
temperatura igual a 50 °C. Determine a capaci-
lécula é maior, tornando mais perceptível o aumento
dade térmica desse corpo.
da temperatura.
Resolução: A capacidade térmica é proporcional à massa
do corpo. Contudo, também depende do material de
Como por definição a capacidade térmica é dada
que é feito o corpo. Desse modo, pode-se relacionar a
pela razão entre o calor e a variação de tempe-
capacidade térmica, a quantidade de água e um fator
ratura, temos:
referente ao material:
Q 300 cal cal  ​​
C = ​​  ___  ​​ = ​ ​______ ​​ = 6 ​​ ___
  
∆θ 50 ºC °C C=m·c

Calor específico de uma De acordo com essa expressão, a capacidade


térmica (C) é proporcional à massa (m).
substância (c) O fator c, calor específico sensível, repre-
senta a inércia térmica de uma unidade de massa do
No exemplo anterior, fizemos uma comparação material de que é feito o corpo. No caso da água, o
entre um balde com água e um copo com água. A dife- ​ cal  ​ .
valor é 1 ___
g°C
rença básica entre ambos é a quantidade de água.
Para aquecer 1 g de água a 1 °C é necessário 1
Pode-se argumentar que a capacidade térmica
caloria; para aquecer 1 g de rocha a 1 °C é necessário
do corpo de água contido no balde com água é maior apenas 0,21 caloria. Assim, é “mais fácil” aquecer 1 g
do que a capacidade térmica do corpo de água contido de rocha do que aquecer 1 g de água.
no copo, porque o primeiro apresenta maior massa. Por isso, quando o Sol surge ao amanhecer, a
areia da praia (rocha) se aquece mais do que a água,
pois quanto menor é o calor específico sensível maior é
a variação de temperatura.
Lembrando que:

Q = C · Du

Podemos escrever a seguinte relação:


No balde, com um número maior de molécu-
las (uma vez que há mais massa), a energia é transfe-
Q = m · c · Du
rida para um número maior de moléculas e, portanto, o
acréscimo da energia de uma molécula é menor, Observações importantes a respeito da capaci-
assim a evidência do aumento de temperatura se mos- dade térmica e do calor específico sensível:
tra menos perceptível. §§ A capacidade térmica de um sistema composto
é equivalente à soma das capacidades térmicas
individuais dos componentes do sistema.
§§ O calor específico de uma substância depende
do estado físico em que ela se encontra.
§§ A capacidade térmica é uma característica de um
corpo, enquanto que o calor específico sensível é
uma característica de uma substância.

110
Convenção de sinais 2. (Mackenzie) Em uma manhã de céu azul, um ba-
nhista na praia observa que a areia está muito
De acordo com as equações anteriores, podemos quente e a água do mar está muito fria. À noi-
inferir que: te, esse mesmo banhista observa que a areia da
§§ Se um corpo recebe calor (entrada de calor no praia está fria e a água do mar está morna. O
corpo), Q terá valor positivo e a variação de tem- fenômeno observado deve-se ao fato de que:
peratura será positiva. a) a densidade da água do mar é menor que a
§§ Se um corpo perde calor (saída de calor do cor- da areia.
po), Q terá valor negativo e a variação de tempe- b) o calor específico da areia é menor que o ca-
ratura será negativa. lor específico da água.
O nome da unidade caloria vem de uma teoria
c) o coeficiente de dilatação térmica da água é
abandonada. A teoria calórica propunha que existia o
maior que o coeficiente de dilatação térmica
fluido calórico que escorria de um corpo para outro, di-
da areia.
minuindo a temperatura do primeiro e aumentando a
d) o calor contido na areia, à noite, propaga-se
do segundo.
Historicamente, uma caloria é a energia necessá- para a água do mar.
ria para elevar de 14,5 °C, para 15,5 °C a temperatura e) a agitação da água do mar retarda seu res-
de 1 g de água. Desde 1948, por definição 1 caloria friamento.
equivale a 4,1868 joules. Resolução:

Teoria na prática O calor específico sensível da água é muito maior


que o da areia. Enquanto que cágua = 1 cal/g°C e o
1. (UFPR) Para aquecer 500 g de certa substância
careia = 0,12 cal/g°C. Isso significa que, para quan-
de 20 °C para 70 °C, foram necessárias 4000 ca-
tidades de massas iguais que receberam a mesma
lorias. A capacidade térmica e o calor específico
quantidade de calor, a variação de temperatura é
valem, respectivamente:
maior no caso da areia. Dito isso, vamos ao pro-
a) 8 cal/°C e 0,08 cal/g ∙ °C.
blema: devido ao calor específico sensível da água
b) 80 cal/°C e 0,16 cal/g ∙ °C.
ser maior, durante o dia a temperatura da água
c) 90 cal/°C e 0,09 cal/g ∙ °C.
varia menos; dessa forma, a temperatura final da
d) 95 cal/°C e 0,15 cal/g ∙ °C.
água será menor que a da areia, que, devido ao
e) 120 cal/°C e 0,12 cal/g ∙ °C.
menor calor específico sensível, teve uma maior
Resolução: variação de temperatura, acarretando uma maior
temperatura final. Por isso, durante o dia, a água
Primeiramente, vamos identificar os valores
está fria e a areia quente.
fornecidos:
À noite, acontece o resfriamento tanto da areia
Q = 4000 cal
quanto da água, porém, devido ao menor calor es-
∆θ = 70 °C – 20 °C = 50 °C
pecífico sensível, a areia sofre uma maior variação
m = 500 g
de temperatura e, assim, sua temperatura final será
Sabemos que a capacidade térmica é dada pela menor que a da água, que, por ter o calor especí-
razão entre o calor recebido e a variação de tem- fico sensível maior, possui uma menor variação de
peratura:
temperatura; logo, sua temperatura final será maior.
Q 4000 cal cal ​​ 
C = ​​ ___   ​​ = ______
​​  = 80 ​​ ___
 ​​ 
  Dessa forma, fica explicado porque, à noite, a água
∆θ 50 ºC °C
está morna enquanto a areia está fria.
Também sabemos que o calor específico sensível
é dado pela razão entre a capacidade térmica e Alternativa B
a massa:
cal ​ 
80 ​ ___
C
c = ​​  m  ​​ = ​​  ºC  
__ _____ ​​  cal  ​​ 
 ​​ = 0,16 ___
500 g gºC

Alternativa B
111
3. Um amolador de facas, ao operar um esmeril, é Além do termômetro, temos um agitador e um
atingido por fagulhas incandescentes, mas não aquecedor, caso queiramos interferir mecânica ou ter-
se queima. Isso acontece porque as fagulhas: micamente com o conteúdo no recipiente.
a) têm calor específico muito grande. Quando colocamos corpos no calorímetro, eles tro-
b) têm temperatura muito baixa. cam calor apenas entre si. Pelo princípio da conservação da
c) têm capacidade térmica muito pequena. energia, todo calor cedido por um dos corpos será absorvi-
d) estão em mudança de estado.
do por outro dentro do calorímetro. Dessa forma, a equa-
e) não transportam energia.
ção de transferência de calor para os corpos no interior
Resolução: no calorímetro é dada por uma soma das quantidades de
Apesar de as fagulhas possuírem altas tem- calor igualada à zero, uma vez que toda a transferência de
peraturas, devido a sua pequena constituição, calor só ocorre entre os corpos em seu interior.
possuem pouca massa e, consequente, uma
capacidade térmica muito pequena. Como o
calor é proporcional à capacidade térmica, o
calor trocado entre o amolador e as fagulhas
é muito pequeno.

Alternativa C
Matematicamente:
Qrecebido = –Qcedido
Sistema termicamente isolado
Qrecebido + Qcedido = 0

Teoria na prática
1. Dentro de um calorímetro, cuja capacidade térmi-
ca é desprezível, colocou-se um bloco de chumbo
com 4 kg, a uma temperatura de 80 °C. O ca-
lorímetro contém 8 kg de água a uma tempe-
ratura de 30 °C. Considerando cchumbo = 0,0306
cal/g.°C e cágua =1 cal/g°C, determinar a tempe-
ratura final do sistema.
Resolução:
Para sistemas de trocas de calor, temos que:
Dizemos que um sistema está termicamente iso-
Qágua + Qchumbo = 0
lado, quando as partes do sistema (os corpos) trocam
mágua cágua ∆θágua + mchumbo cchumbo∆θchumbo = 0
calor apenas entre si, mas não com o exterior do sis-
tema. Para conseguir esse cenário, é necessário o uso 1 cal
8000 g · ​​  ____ ​​ · (θ – 30 ºC) +
de um recipiente que isole seu conteúdo termicamente gºC
0,0306 cal
do meio externo. Esse recipiente tem paredes isolantes + 4000 g ​​  ________      
​​ (θ – 80 ºC) = 0
gºC
térmicas, chamadas de paredes adiabáticas.
Para monitorar a temperatura do interior, faz-se θ ≈ 30,7 ºC
uso de um termômetro. Desse modo, construímos um Dessa forma, a temperatura final do sistema é de
equipamento que recebe o nome de calorímetro. aproximadamente 30,7 °C.

112
Calorímetro real Teoria na prática
1. (Epcar – AFA) Deseja-se aquecer 1,0 L de água
Um calorímetro real consegue impedir com que se encontra inicialmente à temperatura de
eficácia apenas a troca de calor entre os corpos em 10 ºC até atingir 100 ºC sob pressão normal,
seu interior e o meio externo, no entanto, participará em 10 minutos, usando a queima de carvão.
das trocas tendo como referência a própria capaci- Sabendo-se que o calor de combustão do car-
dade térmica. vão é 6000 cal/g e que 80% do calor liberado
Nesses casos, temos de considerar o calor troca- na sua queima é perdido para o ambiente, a
massa mínima de carvão consumida no proces-
do entre os corpos e o calorímetro.
so, em gramas, e a potência média emitida pelo
Se o problema fornecer a capacidade térmica do
braseiro, em watts, são:
calorímetro, use:
a) 15 e 600.
Qcalorímetro = Ccalorímetro · Du b) 75 e 600.
c) 15 e 3000.
Certos problemas também podem fornecer o d) 75 e 3000.
equivalente em água do calorímetro. Equivalente
em água corresponde à massa de água, cuja capa- Resolução:
cidade térmica é a mesma do calorímetro. Em outras O calor necessário Qnec para aquecer a água será
palavras, com o valor do equivalente em água (E), con- dado pelo calor sensível:
seguimos obter a capacidade térmica do calorímetro Qnec = m ⋅ c ⋅ Δθ =
da seguinte maneira: 1000 g ⋅ 1 cal/g °C ⋅ (100 – 10) °C = 9 ⋅ 104 cal

Ccalorímetro = E · cágua Como somente 20% do calor fornecido pela


combustão do carvão Qforn representa o Qnec:
Por exemplo, se o equivalente em água de Q
um calorímetro é 25 g e o calor específico da água é Qforn = ___
​​  nec ​​ = 4,5 ⋅ 105 cal
0,2
4 J/g °C, então: Logo, a massa de carvão será dada pela razão
Ccalorímetro = E · cágua = 25 · 4 = 100 J/°C entre a quantidade total de calor emitida pela
combustão e o calor de combustão por grama
de carvão.
4,5 ⋅ 105 cal
Potência m = ​​​ ​​ _________ ​​ ​​​ 
= 75 g
6000 cal/g
Para o cálculo da potência, devemos transformar
A definição de potência é dada pela razão entre
as unidades para o sistema internacional:
a quantidade de calor transferido da fonte para o corpo
Qforn ________________
4,5 ∙ 105 cal ∙ 4 J/cal
ou de um corpo para outro, pelo intervalo de tempo P = ​​ ____ ​​ =   
​​      ​​ = 3000 W
Δt 10 min ∙ 60 s/min
decorrido nesse processo. A relação matemática pode
Alternativa D
ser escrita como:

Q
P = ___
​    ​ 
Dt

É comum utilizarmos como unidade da potên-


cia caloria por segundo, cal/s. No SI, a unidade da
potência é J/s, que chamamos de watt, representado
pelo símbolo W.

113
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Calor específico da água


Fonte: Youtube

Vídeo O universo. Temperatura = movimento - calor = transferência

Fonte: Youtube

Vídeo Temperatura: História do termômetro

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites

114
ACESSAR

Sites Instrumentação / medidas / grandezas

www.sensacaotermica.com.br/
pt.khanacademy.org/science/chemistry/thermodynamics-chemistry/internal-energy-sal/a/heat
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/equacao-fundamental-calorimetria.htm
educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/calorimetria-o-estudo-dos-fenomenos-de-
transferencia-de-calor.htm
pt.khanacademy.org/science/biology/water-acids-and-bases/water-as-a-solid-liquid-and-
gas/a/specific-heat-heat-of-vaporization-and-freezing-of-water

115
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

No dia a dia, é comum as pessoas observarem as tabelas nutricionais que existem nos alimentos. Elas con-
têm o equivalente mecânico em calorias e em joules que o alimento fornecerá àquele que o consumir.

Também é comum ouvirmos, principalmente em dias frios e em uma aula de física, que o frio não existe, que
ele é apenas uma questão psicológica. Quente ou frio são comparações que fazemos, entre a temperatura de um
determinado objeto e a nossa temperatura corporal, diferentemente de calor, que é a energia térmica em trânsito.
Por isso, deve-se tomar cuidado com o vocabulário, diferenciar o termo técnico, presente em um livro, do usual.

116
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 21 - Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou
tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e (ou) do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da física, sua importância


histórica e saber aplicá-los no cotidiano, tal qual diz o segundo eixo cognitivo “construir e aplicar
conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de proces-
sos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.”

Modelo 1
(Enem) Aquecedores solares usados em residências têm o objetivo de elevar a temperatura da água
até 70 °C. No entanto, a temperatura ideal da água para um banho é de 30 °C. Por isso, deve-se
misturar a água aquecida com a água à temperatura ambiente de um outro reservatório, que se
encontra a 25 °C.
Qual a razão entre a massa de água quente e a massa de água fria na mistura para um banho à
temperatura ideal?
a) 0,111
b) 0,125
c) 0,357
d) 0,428
e) 0,833

Análise Expositiva 1

Habilidade 21
O Enem tem cobrado temas típicos dos principais vestibulares do país, entre eles a troca de
calor entre dois corpos. Nesse exercício, o estudante precisa dominar os conceitos básicos de
calorimetria e saber utilizar a fórmula.
Q1 + Q2 = 0 ⇒ mQ ∙ c ∙ (30 – 70) + mF ∙ c ∙ (30 – 25) = 0
___ m 50
​​  mQ ​​ = ___
​​   ​​ = 0,125
F 40
Alternativa B

117
Modelo 2
(Enem) As altas temperaturas de combustão e o atrito entre suas peças móveis são alguns dos fatores
que provocam o aquecimento dos motores à combustão interna. Para evitar o superaquecimento e
consequentes danos a esses motores, foram desenvolvidos os atuais sistemas de refrigeração, em que
um fluido arrefecedor com propriedades especiais circula pelo interior do motor, absorvendo o calor
que, ao passar pelo radiador, é transferido para a atmosfera.
Qual propriedade o fluido arrefecedor deve possuir para cumprir seu objetivo com maior eficiência?
a) Alto calor específico
b) Alto calor latente de fusão
c) Baixa condutividade térmica
d) Baixa temperatura de ebulição
e) Alto coeficiente de dilatação térmica

Análise Expositiva 2

Habilidade 21
Esse é um exercício típico do que é exigido pelo Enem. Nessa questão, é necessário que o
aluno saiba interpretar o problema e, principalmente, entender a propriedade do fluido que
está relacionada a este problema.
Da expressão do calor específico sensível: Q = –m ∙ c ∙ DU
O fluido arrefecedor deve receber calor e não sofrer sobreaquecimento. Para tal, de acordo
com a expressão acima, o fluido deve ter alto calor específico.
Alternativa A

Estrutura Conceitual
TERMÔMETRO

Não altera
Potência
o estado físico

TEMPERATURA
CALOR
VARIAÇÃO DE SENSÍVEL
TEMPERATURA
Escalas
Termométricas
Calor Massa
específico

Kelvin Celsius Fahrenheit

Capacidade
térmica
Zero
absoluto

118
0 6
5 0 Mudanças de estado

Competências Habilidades
5e6 17 e 21
© Denis Burdin/Shutterstock

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Estado físico da matéria
Em física básica são três os estados físicos da matéria: sólido, líquido e gasoso. O estado sólido é aquele
onde as moléculas estão mais fortemente ligadas e mais próximas, dando ao corpo uma forma fixa. Já no estado
líquido as moléculas estão relativamente próximas e com uma força de atração mediana, o corpo já não possui
uma forma fixa; a substância no estado líquido acaba por se adaptar ao formato do recipiente que a contém. Por
último, no estado gasoso a substância além de não ter forma fixa, acaba tendo uma grande variação em sua forma
e volume. A força de atração entre as moléculas é a menor entre os três casos citados.
Observação: em física avançada existem mais outros dois estados da matéria – o plasma e o condensado
de Bose-Einstein.
Cada processo de alteração de um estado físico para outro recebe um nome que o identifica. Ao passar do
estado sólido para o líquido acontece a fusão, do líquido para o gasoso acontece a vaporização. Já o oposto, passar
do gasoso para o líquido é chamado de condensação ou liquefação e passar do estado líquido para o sólido é
chamado de solidificação. Quando ocorre de a substância passar do estado sólido para o gasoso, sem passar para
o estado líquido, ou o oposto, passar do estado gasoso para o sólido é chamado de sublimação. Todo processo
endotérmico é aquele em que a substância recebe calor, já no exotérmico ela cede calor.

Calor latente de mudança de fase


O fornecimento de calor para um corpo pode evidenciar muitas consequências, uma delas é a mudança de
estado físico, o calor fornecido é utilizado para alterar a organização microscópica, ou seja, o estado de agregação
das moléculas, modificando apenas o valor da energia potencial, mas não a energia cinética das moléculas.
A fusão dos sólidos de estrutura cristalina e a ebulição dos líquidos em geral obedecem a três leis básicas:
1. Para uma determinada pressão, cada substância possui uma temperatura de fusão e outra de ebulição.
2. Para uma mesma substância, as temperaturas de fusão e de ebulição variam com a pressão.
3. Se, durante a fusão ou a ebulição de uma substância, a pressão permanecer constante, sua temperatura
também permanecerá constante.
A quantidade de calor Q por unidade de massa m necessária para efetuar a transição de fase de uma subs-
tância é denominada de calor latente L.

121
Assim, o calor necessário para efetuar a mudança de fase de um corpo é diretamente proporcional à sua
massa. Logo, matematicamente:

Q = mtransformada · L

§§ Unidades de L:
Usual: cal/g
S.I.: J/kg

O sinal de L está relacionado à absorção ou à liberação de calor pelo corpo:


L > 0, quando ocorre absorção de calor.
L < 0, quando ocorre liberação de calor.
Para a água, na pressão de 1 atm, os valores são:
Lfusão 80 cal/g
Lsolidificação –80 cal/g
Lvaporização 540 cal/g
Lliquefação –540 cal/g

Diagrama de aquecimento da água

Diagrama de resfriamento da água

122
Resolução:
Teoria na prática
1. (PUC) Podemos estimar quanto é o dano de Ao ser submetida ao aquecimento de uma subs-
uma queimadura por vapor da seguinte maneira: tância pura que esteja no estado sólido, teremos
considere que 0,60 g de vapor condense sobre a dois pontos em que a temperatura permanece
pele de uma pessoa. Suponha que todo o calor constante à pressão constante. Primeiramente,
latente é absorvido por uma massa de 5,0 g de há o aquecimento do sólido até o momento em
pele. Considere que o calor específico da pele é que alcançado o ponto de fusão, no qual encon-
igual ao da água. Considere o calor latente de tramos duas fases distintas (sólido e líquido) sem
vaporização da água como Lv = (1000/3) cal/g. que haja alteração da temperatura (região II do
Calcule o aumento de temperatura da pele devi- gráfico). Ao derreter todo o sólido, resta apenas
do à absorção do calor, em ºC. o líquido, que ao absorver mais calor, aumenta
a) 0,60 sua temperatura até que a pressão de vapor
b) 20 atinja a pressão atmosférica (região III), neste
c) 40 ponto estamos diante de mais uma mudança de
d) 80 fase (líquido para vapor) e a temperatura perma-
e) 333 nece constante até que todo o líquido vaporize
(região IV). No gráfico, temos líquido quando co-
Resolução:
meça a fusão até o término da vaporização, ou
A quantidade de calor trocada pelo vapor para seja, corresponde aos pontos II, III e IV.
condensar é igual ao calor sensível responsável
por aumentar a temperatura da pele. Alternativa C
Qlatente = Qsensível
mv ∙ Lv = mp ∙ c . ∆θ 3. (G1 – Ifsul) Sendo:

Isolando a variação de temperatura e substituin- §§ o calor específico da água líquida igual a


do os valores fornecidos no enunciado: 1 cal/g °C;
∆θ = [0,6 g ∙ (1000/3) cal/g]/(5 g ∙ 1 cal/g °C) §§ o calor específico do gelo igual a 0,5 cal/g °C;
∆θ = 40 °C §§ o calor específico do vapor de água igual a
0,5 cal/g °C;
Alternativa C §§ o calor latente de fusão do gelo igual a
2. (UEG) A mudança do estado físico de determi- 80 cal/g;
nada substância pode ser avaliada em função da §§ o calor latente de solidificação da água igual
variação da temperatura em relação ao tempo, a –80 cal/g;
conforme o gráfico a seguir. Considere que o §§ o calor latente de vaporização da água igual
composto encontra-se no estado sólido. a 540 cal/g; e
§§ o calor latente de condensação do vapor de
água igual a –540 cal/g.

Usando os dados acima, a fase e a tempera-


tura de 100 g de vapor de água, inicialmente
a 130 °C quando cede 75000 cal serão, res-
pectivamente:
a) sólida e –30 ºC.
b) líquida e 30 ºC.
c) sólida e –67 ºC.
No gráfico, encontra-se a substância no estado
d) líquida e 67 ºC.
líquido nos pontos:
a) I, II e IV.
b) III, IV e V.
c) II, III e IV.
d) I, III e V.
123
Resolução:
Calculemos a quantidade de calor cedida em cada uma das etapas. O sinal (–) significa calor cedido.
§§ Resfriamento do vapor de 130 °C a 100 °C
Q1 = m ⋅ cv ⋅ ∆θ = 100 ⋅ 0,5 ⋅ (100 – 130) = –1500 cal
§§ Condensação do vapor
Q2 = m ⋅ LC = 100 (–540) = –54000 cal
§§ Resfriamento da água de 100 °C a 0 °C
Q3 = m ⋅ c ⋅ ∆θ = 100 ⋅ 1 ⋅ (0 – 100) = –10000 cal
§§ Congelamento da água
Q4 = m ⋅ Ls = 100 ⋅ (–80) = –8000 cal
A quantidade de calor cedida até essa última etapa é:
Q = Q1 + Q2 + Q3 + Q4 = –73500 cal
O restante da quantidade de calor cedida é para resfriar o gelo até a temperatura:
Q5 = –75000 – (–73500) = –1500 cal
Q5 = m ⋅ cg ∆θ → –1500 = 100 ⋅ 0,5 ⋅ (θ – 0) → θ = –30 ºC
Portanto, o gelo (fase sólida) estará à temperatura final de –30 ºC.
Alternativa A
4. (UFF) Uma bola de ferro e uma bola de madeira, ambas com a mesma massa e a mesma temperatura, são
retiradas de um forno quente e colocadas sobre blocos de gelo.

Marque a opção que descreve o que acontece a seguir.


a) A bola de metal esfria mais rápido e derrete mais gelo.
b) A bola de madeira esfria mais rápido e derrete menos gelo.
c) A bola de metal esfria mais rápido e derrete menos gelo.
d) A bola de metal esfria mais rápido e ambas derretem a mesma quantidade de gelo.
e) Ambas levam o mesmo tempo para esfriar e derretem a mesma quantidade de gelo.
Resolução:
As quantidades de calor sensível liberadas por cada uma das bolas são transferidas para os blocos de gelos.
Como o ferro tem maior condutividade térmica que a madeira, ele transfere calor mais rapidamente, sofren-
do um resfriamento mais rápido.
A quantidade de calor sensível de cada esfera é igual, em módulo, à quantidade de calor latente absorvida
por cada bloco de gelo.
|Qbola|= |Qgelo|
m ∙ c ∙ |∆θ| = mgelo ∙ Lgelo
mgelo = ( m ∙ c ∙ |∆θ|) / Lgelo

Como as massas das bolas são iguais e as variações de temperatura também, a massa de gelo fundida em cada
caso é diretamente proporcional ao calor específico do material que constitui a bola. Assim, analisando a expres-
são, vemos que funde menor quantidade de gelo a bola de material de menor calor específico, no caso, a de metal.

Alternativa C
124
5. (PUC) Um cubo de gelo de massa 100 g e temperatura inicial –10 °C é colocado no interior de um micro-
-ondas. Após 5 minutos de funcionamento, restava apenas vapor de água. Considerando que toda a energia
foi totalmente absorvida pela massa de gelo (desconsidere qualquer tipo de perda) e que o fornecimento de
energia foi constante, determine a potência utilizada, em W.
Pressão local = 1 atm
Calor específico do gelo = 0,5 cal∙g–1 ∙ ºC–1
Calor específico da água líquida = 1,0 cal ∙ g–1 ∙ ºC–1
Calor latente de fusão da água = 80 cal ∙ g–1
Calor de vaporização da água = 540 cal ∙ g–1
1 cal = 4,2 J
a) 1008
b) 896
c) 1015
d) 903
e) 1512

Resolução:
A quantidade de calor total é igual ao calor sensível do gelo de –10 °C até 0 °C, mais o calor latente de
fusão do gelo, mais o calor sensível da água de 0 °C a 100 °C e mais o calor de vaporização da água.

Equacionando:
Q = Qgelo + Qfusão + Qágua + Qvaporização ⇒
⇒ Q = m cgelo ∆θgelo + m Lfusão + m cágua ∆θágua + m Lvap ⇒
Q = 100 (0,5) [0 – (–10)] + 100 (80) + 100 (1) (100 – 0) + 100 (540) ⇒
Q = 500 + 8000 + 10000 + 54000 = 72500 cal

Transformando em joules:
Q = 72 ∙ 500 (4,2) = 304 ∙ 500 J

Calculando a potência:
Q
P = ___ ​ ​304500
​ ​  ​​  = _______
300
​​ = 1015 W
   
∆t

Alternativa C

6. (PUC) Dona Salina, moradora de uma cidade litorânea paulista, resolve testar o funcionamento de seu
recém-adquirido aparelho de micro-ondas. Decide, então, vaporizar totalmente 1 litro de água inicialmente
a 20 °C. Para tanto, o líquido é colocado em uma caneca de vidro, de pequena espessura, e o aparelho é
ligado por minutos. Considerando que D. Salina obteve o resultado desejado e sabendo que o valor do kWh
é igual a R$ 0,28. Calcule o custo aproximado, em reais, devido a esse procedimento. Despreze qualquer
tipo de perda e considere que toda a potência fornecida pelo micro-ondas, supostamente constante, foi
inteiramente transferida para a água durante seu funcionamento.
a) 0,50
b) 0,40
c) 0,30
d) 0,20
e) 0,10

125
Resolução:

Q = Q1 + Q2
Q = m · c · ∆θ + m · L
Q = 1000 · 1 · (100 – 20) + 1000 · 540
Q = 620000 cal = 2604 kJ
Como 1 kWh = 3,6 ∙ 106 J
Temos que Q = 0,72 kWh, dessa forma o custo C será de:
C = 0,28 ∙ 0,72 = R$ 0,20 aproximadamente.

Alternativa D

Sobrefusão ou superfusão
Durante o resfriamento de um líquido, eventualmente podem ser atingidas temperaturas abaixo da que
corresponde à de solidificação da substância, e ainda assim a substância se mantém líquida.

Na sobrefusão (ou superfusão), uma substância encontra-se no estado


líquido com temperatura abaixo da sua temperatura de solidificação.

126
O estado de equilíbrio da sobrefusão é me-
Evaporação
taestável, ou seja, existe equilíbrio, aparentemente,
porém, ocorre a mudança muito lenta do estado fí-
sico da substância. A introdução de uma pequena
porção sólida ou uma agitação perturba o fenômeno
e provoca uma brusca solidificação, parcial ou total,
do líquido. A temperatura aumenta e atinge o ponto
de solidificação. Esse aumento de temperatura ocorre
porque a queda de energia potencial (característica da
solidificação) é compensada pelo aumento da energia
cinética das moléculas.
Vulgarmente, a perda de “calor erroneamente
sensível” torna-se perda de calor “latente”.
O processo de evaporação ocorre na superfície
O estado de superaquecimento, isto é, quan-
livre do líquido, onde as moléculas têm diferentes ener-
do a substância atinge temperaturas superiores à tem-
gias: algumas estão mais agitadas e outras menos. Ao
peratura de ebulição sem que ocorra a ebulição, pode
colidirem umas com as outras, as partículas mais agi-
ocorrer ao se aquecer uma substância no forno micro-
tadas perdem parte de sua energia para as partículas
-ondas. Se o aquecimento é feito por uma chama, exis-
menos agitadas. Desse modo, a energia cinética das
tem correntes de convecção no sistema e essas pertur-
moléculas da superfície aumenta e, então, acabam por
bam suficientemente o sistema, fervendo a substância
se libertar da superfície do líquido: evaporam.
quando a temperatura de ebulição for atingida.
As moléculas que conseguiram se vaporizar
O superaquecimento também é um estado me-
obtiveram energia cinética das demais moléculas do
taestável. Desse modo, qualquer perturbação no siste-
líquido. Assim, as moléculas restantes no líquido ficam
ma diminui seu estado de energia potencial.
com energia cinética menor, e assim, a temperatura do
líquido diminui.
Vaporização Portanto, o processo de evaporação resfria o lí-
quido remanescente.
A passagem do estado líquido para o estado Os fatores listados a seguir influenciam na velo-
gasoso de uma substância é denominada vaporiza- cidade de evaporação:
ção, e pode ocorrer de três modos: ebulição, evapo- §§ Quanto maior a pressão atmosférica, menor
ração e calefação. será a velocidade.
A ebulição é o processo de vaporização que §§ A atmosfera, pressionando a superfície do líqui-
acontece quando a substância atinge uma determinada do, dificulta a vaporização.
temperatura. Esse processo é turbulento. §§ Quanto mais o líquido for volátil, maior será a
A evaporação acontece em qualquer tempera- velocidade.
tura nos líquidos, no entanto, especificamente na sua §§ Como a área livre é maior, mais moléculas estão
superfície livre. A água líquida, por exemplo, quando nessa superfície, o que aumenta a probabilidade
colocada em um prato, desaparece após determinado de haver moléculas “escapando” da superfície
tempo, ou seja, a água é vaporizada (transforma-se em do líquido.
vapor) e misturada aos outros gases da atmosfera. §§ Quanto maior for a temperatura do líquido,
A calefação é um processo rápido de vaporiza- maior a velocidade.
ção e ocorre quando o aumento de temperatura é brus- §§ As moléculas, com temperatura maior, e, portan-
co. Esse processo acontece, por exemplo, ao colocarmos to, mais agitadas, têm maior velocidade e, con-
pequenas quantidades de água em uma frigideira bem sequentemente, maior facilidade de “escapar”.
quente. A vaporização da água, nesse caso, é bastante §§ Quanto mais úmido estiver o ar (maior a pres-
rápida, quase instantânea. são parcial do vapor), menor será a velocidade.

127
Com o ar mais úmido, poderá ocorrer de as mo-
Pressão e estado físico
léculas de vapor presentes no ar aderirem à superfície
do líquido, condensando-se. Para determinada pressão, a temperatura dos só-
lidos é menor do que dos líquidos, e a temperatura des-
mevaporação A · (F – f)
vevaporação = _______
​   ​   = K _______
​  p  ​    ses, por sua vez, é menor do que a dos gases. Isso ocorre
Dt e
devido ao aumento da agitação das moléculas (aumento
da energia cinética de translação). O movimento é tal
Onde: que a interação entre as moléculas impede que se man-
§§ K representa a volatilidade do líquido. tenham agregadas.
§§ A representa área da superfície livre do líquido. Por outro lado, o estado de agregação das mo-
§§ pe representa a pressão externa a que o líquido léculas pode ser modificado alterando-se a pressão que
está submetido. é exercida pela vizinhança (geralmente a atmosfera) so-
§§ F representa a pressão máxima de vapor (que bre a substância. Comprimindo uma massa gasosa, por
depende da temperatura). exemplo, é possível aproximar as moléculas o suficiente
§§ f representa a pressão parcial de vapor na at- para que elas se agreguem, mudando de fase para o
mosfera (que caracteriza o grau de umidade). estado líquido (e até ao sólido).

Mais energéticas: evaporação


Moléculas de vapor com pouca energia: voltam ao líquido.
Moléculas com pouca energia permanecem no líquido.

Diagrama de fase
Vapor

A fase ou estado físico de uma substância repre-


senta o estado de agregação de suas moléculas.
No estado sólido, as moléculas encontram-se tão
agregadas que não têm a possibilidade se de moverem
umas pelas outras.
No estado líquido, existe alguma mobilidade das
moléculas, o que faz com que uma substância nesse
estado não tenha um forma definida. Entretanto, a in-
Líquido
teração é suficiente para que as moléculas ocupem um
volume bem definido, sendo, como nos sólidos, difícil
comprimi-las.
No estado gasoso, as substâncias não têm nem
forma nem volume definido, ou seja, é relativamente fá-
cil comprimir um gás.

128
Substâncias mais comuns
O comportamento normal do volume em função do estado físico está resumido na figura abaixo.

Como observamos na figura anterior, para a maior parte das substâncias, na passagem do estado ga-
soso para o líquido e do líquido para o sólido, ocorre a redução do volume. Observe, portanto, que é possível fazer
essa transição de fase reduzindo a temperatura ou aumentando a pressão exercida sobre a substância.
Conclui-se, assim, que o estado físico de uma substância não é determinado apenas pela temperatura, mas
também pela pressão.

O diagrama de fase é um gráfico que relaciona as


Reprodução

fases da substância com a pressão e temperatura. Cada ponto


no gráfico corresponde a uma combinação de pressão e tem-
peratura bem definida, determinando a fase da substância.
As linhas no diagrama de fase dividem as fases
e indicam valores de pressão e temperatura, nas quais
diferentes fases podem coexistir.
Para a maioria das substâncias, as linhas de fusão,
vaporização e sublimação têm inclinação positiva e a tem-
peratura de mudança de estado aumenta com o aumento
da pressão.

129
Observe, a seguir, o diagrama de fases do dióxido de carbono:

Observando o diagrama de fases, podemos concluir que:


§§ aumentando a pressão, o ponto de fusão aumenta (a curva de fusão é crescente).
§§ aumentando a pressão, o ponto de ebulição aumenta (a curva de ebulição é crescente).

Comportamento da água e do bismuto


A água e o bismuto, ao passarem do estado líquido para o estado sólido, ao contrário das demais substân-
cias, aumentam de volume.

130
Esse comportamento da água ocorre porque, ao se solidificar, as ligações entre as moléculas, que são pontes
de hidrogênio, formam cristais, cuja geometria afasta as moléculas. A figura, a seguir, ilustra a estrutura da água
no estado líquido e no estado sólido.
H2O líquida H2O sólida

Observando o diagrama de fases da água, é possível perceber que a curva de fusão é decrescente. Assim,
a temperatura de fusão diminui com o aumento da pressão. Logo, é possível derreter o gelo em uma temperatura
menor, caso ele esteja em uma pressão maior.

Observando o diagrama de fases acima, concluímos que:


§§ aumentando a pressão, o ponto de fusão diminui (a curva de fusão é decrescente).
§§ aumentando a pressão, o ponto de ebulição aumenta (a curva de ebulição é crescente).

131
Com base nisto, pode-se concluir que:
Teoria na prática
1. Para que a água na xícara não seja vapori-
1. (Esc. Naval) Observe o gráfico a seguir.
zada na produção do café, a temperatura TA
deve ser de 100 °C, pois após a redução de
pressão, esta estaria no limite da vaporização
da água na pressão de 1 atm.
2. Para que o líquido já saia da caldeira B como
um gás, TB = 180 °C, ou seja, a caldeira B terá
seu ponto de operação de 1 atm e 180 °C em
cima da curva de vaporização do líquido.
Dessa forma, pode concluir-se que a diferença
de temperatura entre TA e TB é de 80 °C. Como
a variação de temperatura em graus Celsius é
igual à variação de temperatura em kelvin, logo
Uma máquina de café expresso possui duas pe- a variação em kelvin é também igual a 80 K.
quenas caldeiras mantidas sob uma pressão de
Alternativa C
1,0 MPa. Duas resistências elétricas aquecem
separadamente a água no interior das caldeiras 2. (Ifsul) A panela de pressão permite que o cozi-
até as temperaturas TA ºC, na caldeira com água mento dos alimentos ocorra mais rapidamente
para o café, e TB ºC, na caldeira destinada a pro- que em panelas comuns.
duzir vapor d’água para aquecer leite. Assuma Se, depois de iniciada a saída de vapor pela vál-
que a temperatura do café na xícara, TC ºC, não vula, baixarmos o fogo, para economizar gás, o
deve ultrapassar o ponto de ebulição da água tempo gasto no cozimento:
e que não há perdas térmicas, ou seja, TC = TA. a) aumenta, pois a temperatura diminui dentro
Considerando o diagrama de fases no gráfico da panela.
acima, quanto vale, aproximadamente, o menor
b) diminui, pois a temperatura aumenta dentro
valor, em kelvins, da diferença TB – TA?
da panela.
Dado: 1,0 atm = 0,1 MPa
c) aumenta, pois diminui a formação de vapor
a) 180
dentro da panela.
b) 130 d) não varia, pois a temperatura dentro da pa-
c) 80 nela permanece constante.
d) 30
e) Zero Resolução:

Resolução: Durante a mudança de fase de uma substância


pura e cristalina, a temperatura permanece cons-
Do enunciado, sabe-se que existem duas cal-
tante e depende somente da pressão. O aumen-
deiras, com temperaturas TA e TB e que ambas se
to de pressão aumenta a temperatura do ponto
encontram à pressão constante de 1 MPa. Ainda
de ebulição da água. Atingida a ebulição, basta
do enunciado, a caldeira A é destinada para a
mantê-la que a temperatura não se altera, não
água do café e a B para o vapor d’água para
variando o tempo de cozimento. Em fogo alto
aquecer o leite.
a fervura é mais violenta, mas a temperatura é
A temperatura do café na xícara é TC e TC = TA.
a mesma.
No processo de fazer o café ou do vapor, quando
a caldeira liberar o líquido contido nelas, a pres- Alternativa D
são sofrerá uma redução brusca para o valor de
1 atm (0,1 Mpa).

132
Regelo da água
O volume da água aumenta quando se solidifica, devido à geometria de seus cristais. Desse modo, o au-
mento de pressão sobre o gelo (água sólida) “quebra” os cristais, tornando-a líquida. O efeito contrário, ou seja, a
redução da pressão, pode reverter o processo, e provocar o regelo.

© Pressmaster/Shutterstock
Do mesmo modo, um patinador ao usar patins aumenta a pressão
sobre a superfície do gelo, tornando o deslizar mais fácil.

A figura anterior exemplifica o experimento de Tyndall que demonstra o derretimento do gelo devido à
pressão aplicada sobre ele por um arame preso a dois pesos. O regelo da água ocorre acima do arame assim que
esse desce. Dessa forma, o arame atravessa o bloco inteiro e este permanece inteiro.

Teoria na prática
1. (G1 – Ifsul) Quando um patinador desliza sobre o gelo, o seu movimento é facilitado porque, enquanto ele
anda, o gelo transforma-se em água líquida, o que faz com que diminua o atrito entre os patins e o gelo.
Se o gelo encontra-se a uma temperatura inferior a 0°, por que a água líquida é formada pela passagem
do patinador?
a) A temperatura do gelo aumenta devido ao movimento relativo entre os patins e o gelo.
b) O aumento da pressão sobre o gelo imposta pela lâmina dos patins diminui o ponto de fusão do gelo.
c) O aumento da pressão sobre o gelo imposta pela lâmina dos patins aumenta o ponto de fusão do gelo.
d) A temperatura do gelo não varia devido ao movimento relativo entre os patins e o gelo.

Resolução:

A temperatura de mudança de fase de uma substância depende da pressão. Para a água, o aumento de
pressão diminui o ponto de fusão. No caso, o aumento de pressão devido aos patins diminui a temperatura
de fusão do gelo, ocorrendo o derretimento.

Alternativa B

133
Estado gasoso e temperatura crítica
O estado gasoso pode ser subdividido em dois tipos: vapor e gás. Toda substância possui uma temperatura
denominada temperatura crítica. Acima dessa temperatura, as moléculas estão tão agitadas que, por maior
que seja o aumento da pressão, não é possível forçar as moléculas a se agregarem, isto é, não é possível mudar o
estado físico da substância.

Abaixo da temperatura crítica, o estado gasoso é denominado vapor, e acima dessa temperatura, é deno-
minado gás.
O “gás” de cozinha é, na verdade, "vapor" de cozinha, pois coexiste com o estado líquido.

Sublimação
A sublimação de uma substância ocorre quando existe a mudança direta do estado sólido para o estado
gasoso. Esse processo ocorre em temperaturas e pressões abaixo dos valores do ponto triplo. A região no diagrama
de fases onde ocorre sublimação é ilustrada na figura a seguir.

134
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Calor específico e calor latente de fusão ...


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Vídeo IES: Fusão do gelo no ar e na água

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136
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Sites Instrumentação / medidas / grandezas

educacao.globo.com/fisica/assunto/termica/mudancas-de-estado.html
www.estudopratico.com.br/mudancas-de-estado-fisico-da-materia/
brasilescola.uol.com.br/quimica/graficos-mudanca-estado-fisico.htm
pt.khanacademy.org/science/chemistry/states-of-matter-and-intermolecular-forces

137
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

Uma substância que constantemente tem seu estado físico alterado e é de suma importância para a manu-
tenção da vida no Planeta é a água. O ciclo da água é fundamental para o reabastecimento de água em rios, lagos,
nascentes e influencia o clima em todas as partes do globo.

O processo tem por início a vaporização da água dos oceanos, rios, mares etc. Sobe através da atmosfera até
alturas onde a temperatura é menor, sofrendo assim condensação, precipitando em outras regiões, pois as nuvens
que são formadas são carregadas pela atmosfera. Caso a temperatura seja ainda menor, a água pode solidificar e
precipitar na forma de granizo ou neve.

138
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 17 – Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e


representação usada nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos,
tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A Física, Química e Biologia têm como finalidade entender e descrever a natureza e seus fenô-
menos. Uma ferramenta essencial para a Física é a matemática. Por muito tempo, a física serviu
como fonte de inspiração para a matemática. Com ela, foi possível explicar de maneira gráfica os
fenômenos e até mesmo quantifica-los.

Modelo
(Enem) A Terra é cercada pelo vácuo espacial e, assim, ela só perde energia ao irradiá-la para o
espaço. O aquecimento global que se verifica hoje decorre de pequeno desequilíbrio energético,
de cerca de 0,3%, entre a energia que a Terra recebe do Sol e a energia irradiada a cada segundo,
algo em torno de 1 W/m2. Isso significa que a Terra acumula, anualmente, cerca de 1,6 × 1022 J.
Considere que a energia necessária para transformar 1 kg de gelo a 0 °C em água líquida seja igual
a 3,2 × 105 J. Se toda a energia acumulada anualmente fosse usada para derreter o gelo nos polos
(a 0 °C), a quantidade de gelo derretida anualmente, em trilhões de toneladas, estaria entre:
a) 20 e 40.
b) 40 e 60.
c) 60 e 80.
d) 80 e 100.
e) 100 e 120.

Análise Expositiva

Habilidade 17
O aluno precisa saber interpretar o problema e identificar as informações relevantes ao pro-
blema. Além disso, é necessário um conhecimento da fórmula de quantidade de calor latente
e de transformação de unidade.
Q = m ∙ L ⇒ 1,6 ∙ 1022 = m ∙ 3,2∙105 ⇒ m = 5 ∙ 1016 kg
m = 50 trilhões de toneladas
Alternativa B

139
Estrutura Conceitual
TEMPERATURA
CONSTANTE

CALOR
SÓLIDO
LATENTE
Estados da LÍQUIDO - Evaporação
matéria
- Ebulição
GASOSO - Calefação

Mudança de Processo - Fusão


estado endotérmico - Vaporização
- Sublimação

AQUECIMENTO Processo
exotérmico - Solidificação
- Condensação
- Sublimação
DIAGRAMAS

RESFRIAMENTO

140
0 8
7 0 Transmissão de calor

Competências Habilidades
1e6 3 e 21
© vuttichai chaiya/Shutterstock

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Vimos anteriormente que a energia térmica flui espontaneamente das regiões de maior temperatura para as
regiões de menor temperatura. Agora, vamos estudar como são as formas de propagação de calor.

Condução térmica
Experimente fazer brigadeiro utilizando uma colher completamente de inox (sem a proteção de madeira ou
de plástico). Com o tempo, não será possível segurar a colher devido à temperatura alta que terá atingido. O calor
é transferido para a colher pela extremidade em contato com o brigadeiro e é transferido para toda a colher. Isso
ocorre porque as moléculas do brigadeiro, aquecidas, colidem com as moléculas da extremidade da colher que
estão em contato com o brigadeiro.
A agitação das moléculas da extremidade é “transmitida” às moléculas vizinhas através da interação
(força) que existe entre elas e através das múltiplas colisões que ocorrem entre os elétrons ligados “mais fraca-
mente” aos átomos.

Por esse motivo, os materiais que apresentam elé-


trons externos (da última camada) ligados mais fracamen-
te aos átomos, são melhores condutores de calor: é o caso
dos metais.
A madeira é um bom isolante térmico (ou um péssimo
condutor). Por isso, é utilizada para revestir os cabos dos talhe-
res e panelas. É interessante notar que a madeira é um mau
condutor mesmo quando está em alta temperatura (cor aver-
melhada). Devido a isso, é comum ver shows de pessoas que
caminham descalças sobre brasa sem queimar os pés.

143
Embora a temperatura da madeira seja suficien- c)
temente alta, o pouco tempo de contato faz com que
haja pouco calor transferido da madeira para o pé, sen-
do insuficiente para queimá-lo.
d)

e)

Outro exemplo de mau condutor é o gelo. Os es-


quimós constroem suas casas de gelo, os iglus, por esse Resolução:
motivo. O gelo, por ser mau condutor, permite pouco a O jornal (papel) é um mau condutor térmico, ou
transferência de calor de seu interior para o exterior do seja, um bom isolante térmico. Diante disto, para
iglu, mesmo estando à temperaturas baixas. Assim, o evitar a troca de calor entre o ambiente externo e o
calor irradiado por uma fogueira ou pelas reações do sistema proposto, o ideal é montar o sistema com
corpo humano terá um maior intervalo de tempo para o jornal no topo, funcionando como uma tampa.
a sua absorção, evidenciando uma temperatura mais Como o ar frio é mais denso do que o ar quente
agradável do que a temperatura externa. e, consequentemente, ficará concentrado no fundo
A maior parte dos líquidos e dos gases são maus do isopor, o gelo deve ficar por cima do refrigerante.
condutores de calor. O ar, sendo um péssimo condutor Alternativa E
de calor, faz com que os materiais porosos também se-
jam maus condutores de calor. Esse é o caso dos co- 2. (PUC) Ainda nos dias atuais, povos que vivem no
bertores de lã (a lã possui uma camada de ar entre os deserto usam roupas de lã branca como parte de
pelos) e do isopor. seu vestuário para se protegerem do intenso ca-
lor, já que a temperatura ambiente pode chegar a
Teoria na prática 50 ºC durante o dia. Para nós, brasileiros, que uti-
1. (Cefet) Estudantes de uma escola participaram de lizamos a lã principalmente no inverno, a atitude
uma gincana e uma das tarefas consistia em res- dos povos do deserto pode parecer estranha ou
equivocada, contudo ela pode ser explicada pelo
friar garrafas de refrigerante. O grupo vencedor foi
fato de que:
o que conseguiu a temperatura mais baixa. Para
a) a lã é um excelente isolante térmico, impedin-
tal objetivo, as equipes receberam caixas idênti-
do que o calor externo chegue aos corpos das
cas de isopor sem tampa e iguais quantidades de
pessoas e a cor branca absorve toda a luz evi-
jornal, gelo em cubos e garrafas de refrigerante.
tando que ela aqueça ainda mais as pessoas.
Baseando-se nas formas de transferência de calor,
b) a lã é naturalmente quente e, num ambiente a
indique a montagem que venceu a tarefa. 50 ºC, ela contribui para resfriar um pouco os
a) corpos das pessoas.
c) a lã é um excelente isolante térmico, impedin-
do que o calor externo chegue aos corpos das
pessoas e a cor branca reflete toda a luz, dimi-
nuindo assim o aquecimento da própria lã.
b)
d) a lã é naturalmente quente, e o branco é
uma “cor fria.” Esses fatos combinados con-
tribuem para o resfriamento dos corpos da-
quelas pessoas.

144
Resolução: Observação: para uma parede, a lei é igual-
mente válida. Sendo e a espessura da parede e A a área
Nós, brasileiros, usamos lã, que é um isolante tér-
da secção transversal da parede, o fluxo de calor através
mico, para impedir que o calor se propague do
da parede é:
nosso corpo (mais quente) para o meio ambien-
k · A ∙ (θ1 – θ2)
te (mais frio). No caso dos povos do deserto, eles f = ____________
  
​​   ​​ 
L
usam lã para impedir a passagem do calor do meio
ambiente (mais quente) para os próprios corpos
(mais frios). A cor branca apresenta maior índice de
refletividade de luz, diminuindo a absorção e, con-
sequentemente, o aquecimento do tecido.

Alternativa C
L

Fluxo de calor na condução Teoria na prática


térmica (lei de Fourier) 1. (IFSC) A lei de Fourier, ou lei da condução térmi-
ca, serve para analisar e quantificar o fluxo de
calor através de um sólido. Ele relaciona esse flu-
xo de calor com o material, com a geometria do
corpo em questão e à diferença de temperatura
na qual está submetido.
Para aumentar o fluxo de calor de um corpo, sem
alterar o material e a diferença de temperatura,
deve-se:
a) manter a área da secção transversal e au-
mentar a espessura (comprimento) do corpo.
b) aumentar a área da secção transversal e a
espessura (comprimento) do corpo.
c) diminuir a área da secção transversal e a es-
pessura (comprimento) do corpo.
d) diminuir a área da secção transversal e au-
mentar a espessura (comprimento) do corpo.
e) aumentar a área da secção transversal e di-
Q
f = ___
​    ​  minuir a espessura (comprimento) do corpo.
Dt
Resolução:

O fluxo de calor (f) que atravessa a barra é dire- De acordo com a lei de Fourier, o fluxo de calor
tamente proporcional à diferença de temperatura entre (f) através de um sólido de comprimento L, de
os extremos (θ1 – θ2), à área de secção reta (A) e inver- secção transversal A, sendo ∆θ a diferença de
samente proporcional ao comprimento (L). temperatura entre suas extremidades, é dado
pela expressão:

A ∙ (θ1 – θ2) k · A ·  ∆θ 


f = ​​  ________ ​​ 
f = k · _________
​​   ​​     L
L
Assim, para aumentar o fluxo, podemos aumentar
A constante k é a constante de condutivida- a área da secção transversal, aumentar a diferen-
de térmica, medida em cal · s–1 · m–1 °C–1, e depende ça de temperatura ou diminuir o comprimento.
do material. Alternativa E

145
Já um aparelho de ar-condicionado é instalado
Convecção na parte superior de um ambiente, pois seu funciona-
mento é o oposto do aquecedor. Ao retirar calor de uma
Convecção é o processo de transferência de calor camada superior, essa tem sua temperatura diminuída,
por meio do deslocamento de matéria do fluido de um lo- e, por convecção, tenderá a ocupar camadas inferiores.
cal para outro. Uma nova camada de ar acaba tomando o lugar mais
Essa movimentação da matéria é causada pela alto da antiga, porém, como o ar-condicionado continua
diferença de densidade criada pelo desequilíbrio térmi- em funcionamento, esta nova camada de ar também irá
co do sistema. ser resfriada e acabar descendo, e assim sucessivamen-
Em geral, as partes em maior temperatura são te resfriando todo o ar de um ambiente.
menos densas e tendem a subir, enquanto as partes em A convecção, juntamente com a diferença de
menor temperatura são mais densas e tendem a descer. calor específico entre areia e água, também explica o
Por causa desse comportamento da convecção,
sentido das brisas nas proximidades da praia:
os processos de aquecimento por condução devem ser
feitos de baixo para cima. É por isso que as panelas são
colocadas sobre o fogo e não abaixo dele.

No mesmo sentido, se o objetivo for resfriar atra-


vés do processo de convecção, o processo deve ser feito
de cima para baixo, como é o caso da geladeira. O con-
gelador situa-se na parte superior para receber o calor
oriundo dos alimentos através da convecção. O ar em
baixa temperatura, depois de resfriado pelo congelador,
fica mais denso e desce para trocar calor com os alimen-
tos. A geladeira é feita de prateleiras vazadas (grandes)
para não impedir que a convecção ocorra e por isso não
Durante o dia, o ar acima da areia está mais
devem ser recobertas com panos ou plásticos.
Outra aplicação são os aquecedores, que ficam quente que o ar acima da água, pois a areia encontra-se
na parte inferior de um ambiente. Devido à convecção em uma temperatura maior e acaba aquecendo mais o
o ar quente tende a ocupar regiões mais altas. Sendo ar que se encontra acima da mesma. Como o ar quente
assim, o aquecedor aquece uma camada mais baixa tende a subir, ele acaba criando um vácuo que deve ser
do ar contido numa sala, adquirindo uma temperatura preenchido, e assim o ar que estava acima da água ocu-
maior que o ar contido numa camada mais superior, por pa o seu lugar. A essa ocorrência chamamos de brisa
convecção esse ar sobe e o ar que estava acima des- marítima. O oposto ocorre à noite, quando a água está
ce. Como o aquecedor continua em funcionamento, ele a uma temperatura maior e consequentemente o ar que
aquece a nova camada inferior de ar, que, por convec- está acima dela acaba sendo aquecido. Mais uma vez,
ção, mais uma vez, tenderá a ocupar regiões mais altas. por convecção, o ar quente sobe criando uma região de
Devido a esse processo, todo o ar do ambiente passa a vácuo, que é ocupada pelo ar que se encontrava acima
ter uma temperatura mais alta. da areia. Essa ocorrência é a brisa terrestre.

146
Teoria na prática
1. (Ifsul) Em certos dias de inverno, é comum acontecer o fenômeno físico chamado inversão térmica, que
faz aumentar a concentração de poluentes no ar que a população respira, causando doenças respiratórias,
principalmente, em crianças e idosos.
Isso ocorre porque a:
a) densidade das camadas superiores do ar atmosférico é maior que a densidade das camadas inferiores.
b) temperatura das camadas inferiores do ar atmosférico é igual à temperatura das camadas superiores.
c) temperatura das camadas superiores do ar atmosférico é maior que a temperatura das camadas inferiores.
d) a temperatura das camadas superiores do ar atmosférico é menor que a temperatura das camadas inferiores.

Resolução:
A concentração de poluentes no ar aumenta porque a temperatura das camadas superiores do ar atmosférico
é maior que a temperatura das camadas inferiores, dificultando o fenômeno da convecção.
Alternativa C

Irradiação ou radiação
Sabemos que a condução ocorre preferencialmente em sólidos e que a convecção só pode ocorrer em flui-
dos (líquidos ou gases). Então, como a energia térmica do Sol chega à Terra?
A energia térmica do Sol é transmitida para a Terra através de ondas eletromagnéticas. Essa transmissão é de-
nominada radiação. Essa transferência é possível porque os campos elétricos e magnéticos podem existir em regiões
onde não há matéria (vácuo), ou seja, a energia radiante pode se propagar sem a necessidade de um meio material.
As ondas eletromagnéticas propagam-se no vácuo com velocidade de c = 3 · 108 m/s e são classificadas
de acordo com suas frequências ou comprimentos de onda.
Além das ondas de calor infravermelho, as ondas de rádio, as micro-ondas, a luz visível, a radiação ultravio-
leta, os raios X e os raios gama também são ondas eletromagnéticas.

147
turas bem menores, de modo que a energia radiante
Teoria na prática emitida está a frequências mais baixas que a luz visível:
1. (Uece) O uso de fontes alternativas de energia
radiações infravermelhas.
tem sido bastante difundido. Em 2012, o Brasil
As radiações infravermelhas, quando atingem
deu um importante passo ao aprovar legislação
nossa pele, causam-nos a sensação de calor, por isso,
específica para micro e mini, geração de energia
recebem o nome de radiação térmica.
elétrica a partir da energia solar. Nessa moda-
lidade de geração, a energia obtida a partir de
painéis solares fotovoltaicos vem da conversão Absorção de radiação
da energia de fótons em energia elétrica, sendo
esses fótons primariamente oriundos da luz so- Todo bom emissor de radiação também é um bom
lar. Assim, é correto afirmar que essa energia é absorvedor. Além disso, os corpos com cores mais escuras
transportada do Sol à Terra por: emitem e absorvem mais rapidamente a radiação.
a) convecção. Assim, os corpos escuros, quando expostos ao sol,
b) condução. aquecem-se mais rapidamente, e quando anoitece, res-
c) indução. friam-se também mais rapidamente.
d) irradiação. O comportamento oposto ocorre com os objetos de
superfícies claras.
Resolução: Superfícies espelhadas praticamente não absorvem
Irradiação é o processo de transmissão de calor a energia que as atinge, refletindo a maior parte dela.
através do espaço, por meio de ondas eletro- A regra seguinte é válida para todos os corpos: a
magnéticas. Esse é o único processo de trans- temperatura aumenta quando o corpo está absorvendo
missão de calor que ocorre no vácuo, ou seja, mais radiação do que está emitindo; e a temperatura dimi-
que não há necessidade de um meio material. nui quando o corpo emite mais radiação do que absorve.

Alternativa D

Emissão de radiação
Foi constatado experimentalmente que todas as
substâncias, a qualquer temperatura acima do zero ab-
soluto, emitem radiação e que a frequência de ondas
mais emitidas é proporcional à temperatura absoluta T: No fogão elétrico:

Baixa temperatura

Média

Alta temperatura

A superfície do Sol, por estar a altas temperatu-


ras (comparadas às da superfície terrestre) emite ondas
em alta frequência, grande parte na faixa do espectro
visível. Por outro lado, o planeta Terra está a tempera-

148
cujas superfícies interna e externa são espe-
Teoria na prática
lhadas para impedir a propagação do calor por
1. (Unicamp) Um isolamento térmico eficiente é
________. As paredes de vidro são más con-
um constante desafio a ser superado para que
dutoras de calor evitando-se a ________ tér-
o homem possa viver em condições extremas
mica. O vácuo entre as paredes da ampola difi-
de temperatura. Para isso, o entendimento
culta a propagação do calor por _________ e
completo dos mecanismos de troca de calor é
__________.
imprescindível.
Em cada uma das situações descritas a seguir, Marque a alternativa que completa o texto cor-
você deve reconhecer o processo de troca de ca- retamente:
lor envolvido. a) reflexão – transmissão – condução – irradiação
I. As prateleiras de uma geladeira doméstica são b) condução – irradiação – irradiação – convecção
grades vazadas, para facilitar fluxo de energia c) irradiação – condução – convecção – condução
térmica até o congelador por __________. d) convecção – convecção – condução – irradiação
II. O único processo de troca de calor que pode e) reflexão – irradiação – convecção – condução
ocorrer no vácuo é por __________.
Resolução:
III. Em uma garrafa térmica, é mantido vácuo en-
As paredes espelhadas refletem ondas eletro-
tre as paredes duplas de vidro para evitar que
magnéticas evitando propagação por radiação,
o calor saia ou entre por __________.
as paredes são más condutoras de calor para
Na ordem, os processos de troca de calor utiliza- evitar a propagação por condução e, finalmente,
dos para preencher as lacunas corretamente são: o vácuo entre as paredes impede a propagação
a) condução, convecção e radiação. por convecção e condução.
b) condução, radiação e convecção.
Alternativa C
c) convecção, condução e radiação.
d) convecção, radiação e condução.
3. (UFSM) As plantas e os animais que vivem num
Resolução: ecossistema dependem uns dos outros, do solo,
I. Convecção. Nas antigas geladeiras, as pra- da água e das trocas de energia para sobrevive-
teleiras são grades vazadas para que o ar frio rem. Um processo importante de troca de ener-
(mais denso), desça, enquanto o ar quente gia é chamado de calor.
(menos denso) suba. Nas modernas geladei- Analise, então, as afirmativas:
ras, existe o dispositivo que injeta ar frio em I. Ondas eletromagnéticas na região do infraver-
cada compartimento, não mais necessitando melho são chamadas de calor por radiação.
de grades vazadas. II. Ocorre calor por convecção, quando se esta-
II. Radiação. Esse processo se dá através da belecem, num fluido, correntes causadas por
propagação de ondas eletromagnéticas, não diferenças de temperatura.
havendo movimento de massa, ocorrendo,
III. Calor por condução pode ocorrer em sólidos,
portanto, também no vácuo.
líquidos, gases e, também, no vácuo.
III. Condução. Na verdade, condução e con-
Está(ão) correta(s):
vecção que são os processos que movimen-
a) apenas I.
tam massa.
b) apenas II.
Alternativa D c) apenas III.
2. (UTF-PR) A garrafa térmica tem como função d) apenas I e II.
manter seu conteúdo em temperatura pratica- e) apenas II e III.
mente constante durante um longo intervalo de
tempo. É constituída por uma ampola de vidro

149
Resolução:
I. Incorreta. Ondas eletromagnéticas quan-
do absorvidas transformam-se em energia
térmica.
II. Correta. Correntes convectivas formam-se
em fluidos, quando há diferenças de tempe-
raturas causando movimento de massas por
diferenças de densidades.
III. Incorreta. A condução dá-se molécula a Os gases de estufa dióxido de carbono (CO2),
molécula, não ocorrendo, portanto, no vácuo. metano (CH4), óxido nitroso (N2O), CFC (CFxCøx)
Alternativa B absorvem parte da radiação infravermelha emitida
pela superfície da Terra e irradiam novamente parte da

Efeito estufa
energia absorvida para a superfície do planeta. A super-
fície recebe maior quantidade de energia da atmosfera
do que a energia que recebe do Sol. A superfície fica,
O planeta Terra e sua atmosfera absorvem a então, com temperatura em cerca de 30 ºC mais quente
energia irradiada pelo Sol. Essa energia é composta por do que estaria sem a presença dos gases estufa.
ondas de frequências altas (luz visível, ultravioleta) por O metano, cerca de 20 vezes mais potente que
causa de sua temperatura alta. A atmosfera é transpa- o dióxido de carbono, é um dos piores gases. Esse gás
rente em relação à maior parte dessa radiação, princi- é produzido pela flatulência dos ovinos e bovinos.
palmente à luz visível, que atinge e é absorvida pela A pecuária representa 16% da poluição mundial. Um
superfície do nosso planeta. remédio está sendo desenvolvido para tentar resolver
O Sol emite ondas curtas, enquanto a Terra, em esse problema. Por exemplo, na Nova Zelândia, pensou-
baixa temperatura, emite ondas longas, a radiação ter- -se em adotar a cobrança de taxas para compensar o
restre. O vapor d’água, dióxido de carbono, e outros efeito dos gases emitidos pelas vacas.
“gases estufa” presentes na atmosfera refletem e/ou
absorvem as ondas longas que, de outra forma, seria
irradiado da Terra para o espaço exterior. Garrafa térmica
A superfície da Terra “reirradia” essas ondas, em
Uma garrafa térmica pode ser feita utilizando
frequências infravermelhas, por estar em uma tempera-
uma jarra envolvida por um material isolante, como o
tura menor. Para esse tipo de radiação, a atmosfera é
isopor (poliestireno). Por ser um condutor ruim de calor,
opaca, ou seja, os gases atmosféricos absorvem e ree-
o plástico da espuma dificulta a transferência de calor.
mitem essas radiações de volta para a Terra, mantendo
Além disso, o ar aprisionado nas cavidades da espuma
a superfície do planeta aquecida.
reduz a convecção, e, por ser também um condutor ruim
Isso é ótimo! Se não fosse o efeito estufa, a
temperatura média da superfície da Terra seria algo em de calor, diminui ainda mais a transferência de calor.
torno de –18 ºC. Por essa razão, a transferência de calor desse material
Contudo, os gases como o dióxido de carbono é bem pequena.
(emitido na combustão) intensificam esse efeito, cau-
sando um problema ambiental, aumentando demasia-
damente as temperaturas da superfície terrestre e cau-
sando o aquecimento global.
O efeito tem esse nome por ser semelhante ao
que ocorre nas estufas de flores, que usam vidros como
cobertura. O vidro é transparente à luz visível, mas opa-
ca às ondas de calor. Além disso, impede a subida do ar
quente por convecção, mantendo a temperatura interna
acima do convencional.

150
O vácuo, no entanto, é o isolante mais poderoso. O vácuo é a ausência de átomos, sendo que em um vácuo
perfeito, não haveria nenhum átomo. Porém, é impossível criar um vácuo perfeito. No entanto, pode-se atingir um estado
bem próximo da perfeição. A condução e a convecção são eliminados completamente sem a presença dos átomos.
Em uma garrafa térmica, o elemento principal é a ampola de vidro de parede dupla, que tem um espaço
entre as paredes evacuado. Essa ampola é frágil, e é, em geral, protegida por um invólucro externo de plástico ou
metal. Essa ampola pode ser desatarraxada e removida na maioria das garrafas,.
É comum que o vidro da ampola seja prateado. Dessa forma, por atuar como um espelho, reduz a radiação
infravermelha. Essa combinação, do vácuo e do prateamento, reduz significativamente a transferência de calor por
convecção, conduz e radiação.
Mas, mesmo na garrafa térmica, os líquidos quentes se resfriam. Por quê? A resposta é simples: não existem
isolantes perfeitos. Através da tampa, por exemplo, existe perda de calor, mesmo que seja feita de um bom isolante
térmico. Também ocorre perda de calor devido à condução de calor da ampola e ao revestimento externo, onde
ambos se encontram. Embora esfrie, o líquido quente colocado dentro da garrafa se resfria muito lentamente.
Existe alguma diferença se o líquido colocado na garrafa está quente ou frio?
Não. A garrafa apenas impede a transferência de calor através das paredes, evitando que a temperatura do
líquido no interior se altere.
Marshall Brain. HowStuffWorks – Como funcionam as garrafas térmicas.
Publicado em: 01 abr. 2000 (Atualizado em: 25 abr. 2007).
Disponível em: <www.casa.hsw.uol.com.br/garrafas-termicas2.htm>. Acesso em: 08 ago. 2010. Adaptado.

151
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Dilatação Superficial (Dilatação Térmica)


Fonte: Youtube

Vídeo Tema 04 - Propriedades Térmicas de Materiais ...

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Instrumentação / medidas / grandezas

educacao.globo.com/fisica/assunto/termica/propagacao-do-calor.html
parquedaciencia.blogspot.com.br/2013/08/dilatacao-termica-o-que-e-o-que-causa.html
www.if.ufrgs.br/~leila/dilata.htm
educacao.globo.com/fisica/assunto/termica/dilatacao-termica.html
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/a-dilatacao-termica-no-cotidiano.htm
www.if.ufrj.br/~carlos/inic/luizfernando/monografiaLuizFernando.pdf

152
ACESSAR

Sites Entenda a propagação da energia térmica

educacao.globo.com/fisica/assunto/termica/propagacao-do-calor.html
www.if.ufrgs.br/~leila/propaga.htm
midia.atp.usp.br/ensino_novo/termodinamica/ebooks/propagacao_calor.pdf
www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u10688.shtml
www.usp.br/qambiental/tefeitoestufa.htm
noticias.terra.com.br/ciencia/sustentabilidade/meio-ambiente/-
quantidade-de-gases-do-efeito-estufa-na-atmosfera-bate-recorde-em-2015,8f51bca5
316de77e7c000ab9420cb66cg3lil8gl.html

LER

tt
Livros
Aquecimento Global – Frias contendas científicas
Apresenta um ensaio relacionando o aquecimento global à ação
humana, conforme constatações feitas pelo IPCC – Intergovernamen-
tal Panel on Climate Change; um segundo texto associando o aqueci-
mento global a um ciclo geológico do planeta (opinião defendida
pelos cientistas chamados 'céticos'); e, por fim, um terceiro ensaio
que procura conciliar argumentos das duas linhas de pensamento.

Emissão de gases de efeito estufa


Este livro apresenta estimativas de emissão de gases de efeito estufa
(CH4, CO, N2O e NOX) originados da queima de resíduos agrícolas no
Brasil, compreendendo as culturas de cana-de-açucar e de algodão.
Essas estimativas integram o inventário de emissão de gases prove-
nientes de atividades humanas, como parte do acordo celebrado por
países membros da Convenção Quadro de Mudanças Globais, inicia-
da durante a Eco 92, no Rio de Janeiro.

OUVIR
Músicas
Aquecimento Global – Mercado Negro
153
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

No dia a dia, temos inúmeras aplicações práticas de condução, convecção e irradiação. Desde a escolha correta
de materiais que favoreçam a condução térmica, como em panelas (o metal é um bom condutor), quanto em materiais
que sejam isolantes térmicos para construir casas em regiões que possuem temperaturas mais baixas ou na escolha de
plástico ou madeira para o cabo da panela. Nas roupas que utilizamos, em um beduíno que anda pelo deserto total-
mente coberto por roupas de lã (lembrando que a lã é um bom isolante térmico devido aos bolsões de ar que se formam
entre o tecido) ou nas plumagens das aves, que assim como a lã, retêm bolsões de ar, servindo de isolante térmico.
A convecção está presente nas geladeiras ou na escolha correta da posição do ar-condicionado (na parte su-
perior de uma sala) ou do aquecedor (na parte inferior de uma sala) a fim de otimizar o processo, na brisa marítima
e na terrestre. Infelizmente na inversão térmica, que ocorre quando o ar carregado de poluentes acaba ocupando
regiões mais baixas da atmosfera, causando prejuízos à saúde da população de uma cidade.
Aplicamos a irradiação térmica na construção de estufas para fins agrícolas. Coletamos energia solar e
transformamos em energia elétrica, que pode abastecer nossas casas e nossos eletrodomésticos. Na cozinha,
utilizamos micro-ondas para aquecer alimentos, embrulhamos um assado em papel alumínio, a fim de conservar o
calor, além, é claro, da garrafa térmica.

INTERDISCIPLINARIDADE

Propagação de calor está intimamente relacionada com o clima e suas mudanças. O clima é influenciado
pela latitude, longitude, relevo, maritimidade e massas de ar, todos esses fatores sofrem ação direta da radiação
solar ou da convecção térmica. A movimentação das massas atmosféricas e dos oceanos, que se dão através da
convecção, comanda principalmente o clima no globo; relevo, latitude e longitude influenciam pela quantidade de
radiação solar recebida em cada região.
A vegetação também tem um importante papel na determinação do clima em cada localidade, porém a
urbanização e outras ações do Homem vêm ganhando cada vez mais força. A comunidade científica internacional
admite que a principal causa do aquecimento global observado, evidenciado no aumento da temperatura nas
últimas décadas, se deve por influência humana. Os gases de efeito estufa, dióxido de carbono (CO2), o metano
(CH4), o óxido nitroso (N2O), perfluorcarbonetos (PFC) e também o vapor de água contribuíram para o aquecimento
entre 0,5 e 1,3 graus Celsius (ºC) no período entre 1951 e 2010.
Uma consequência direta da urbanização no clima das grandes cidades é a inversão térmica que ocorre
em grandes centros urbanos industrializados, quando o ar frio e mais denso é impedido de circular por uma camada
de ar quente e menos densa; como nessas localidades as camadas mais baixas de ar estão repletas de gases
poluentes, oriundos de carros e indústrias, a dispersão destes é prejudicada, o que agrava problemas respiratórios.

154
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 3 – Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso


comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.

O senso comum costuma transformar palavras e termos de um assunto como tendo o


mesmo significado até mesmo para tentar simplificá-las. O problema é que geralmente
esses termos científicos possuem significado bem diferentes e a utilização equivocada
delas dificulta o entendimento do contexto científico.

Habilidade 21 – Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tec-
nológicos inseridos no contexto da termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da física, sua


importância histórica e saber aplicá-los no cotidiano, tal qual diz o segundo eixo cognitivo
“construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de
fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das
manifestações artísticas.”

Modelo
(Enem) Uma garrafa de vidro e uma lata de alumínio, cada uma contendo 330 mL de refrigerante,
são mantidas em um refrigerador pelo mesmo longo período de tempo. Ao retirá-las do refrige-
rador com as mãos desprotegidas, tem-se a sensação de que a lata está mais fria que a garrafa. É
correto afirmar que:
a) a lata está realmente mais fria, pois a capacidade calorífica da garrafa é maior que a da lata.
b) a lata está de fato menos fria que a garrafa, pois o vidro possui condutividade menor que o alumínio.
c) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, possuem a mesma condutividade térmica, e a sensação
deve-se à diferença nos calores específicos.
d) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e a sensação é devida ao fato de a condutividade térmica
do alumínio ser maior que a do vidro.
e) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e a sensação é devida ao fato de a condutividade térmica
do vidro ser maior que a do alumínio.

155
Análise Expositiva

Habilidades 3 e 21

Essa é uma questão que exige do aluno saber diferenciar conceitos que se misturam no co-
tidiano. Era necessário ao candidato, saber diferenciar temperatura de sensação térmica e
saber qual propriedade física é responsável pela situação apresentada na questão.
A condutividade térmica do alumínio é maior que a do vidro, logo o calor será transferido
mais rapidamente pelo alumínio.

Alternativa B

Estrutura Conceitual
Lei de Coeficiente de
condutividade
Condução Fourier
térmica
Sólido

Meio de
propagação Vácuo Irradiação

Fluido

GARRAFA
Convecção TÉRMICA

PROPAGAÇÃO
DE CALOR

156
0 0
9 1 Expansão térmica de
sólidos e líquidos

Competência Habilidade
6 21
Pimnana_01/Shutterstock

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
A temperatura de um corpo está diretamente relacionada à energia cinética das moléculas, isto é, com a agita-
ção das moléculas que formam o corpo. O aumento da agitação molecular causa o aumento de temperatura do corpo.
Em geral, esse processo provoca um aumento na distância média entre as moléculas, o que faz com que o
corpo sofra uma expansão (ou dilatação).
O efeito oposto também ocorre, ou seja, a diminuição da agitação das moléculas é acompanhada por uma
redução de temperatura e diminuição de volume (contração) do corpo.
Nosso estudo estará limitado ao comportamento dos sólidos isotrópicos, isto é, sólidos cujas propriedades
físicas não dependem de uma direção privilegiada.

Dilatação linear dos sólidos


Inicialmente, vamos estudar a expansão térmica (dilatação) dos corpos. A dilatação linear de um corpo é a
variação de seu comprimento em apenas uma direção. Por exemplo, a variação do comprimento dos trilhos do trem,
a dilatação do raio de uma esfera, variações no comprimento de fios metálicos, ou da aresta de um cubo. Esses
casos são estudados através da análise da dilatação linear dos corpos.
Na figura abaixo, uma barra tem comprimento inicial L0 e temperatura inicial u0. Após o aumento de tem-
peratura, seu comprimento passa a ser L a sua temperatura u.
Chamando a variação de comprimento DL e a variação de temperatura Dq:

DL = L – L0
Dq = q – q0
A experiência mostra que a variação de comprimento DL e a variação de temperatura Dq são relacionadas por:

DL = aL0 ⋅ Dq

em que a é uma constante de proporcionalidade chamada de coeficiente de dilatação linear cujo valor
é dependente do material.
Da equação apresentada anteriormente, isolando o coeficiente de dilatação linear, obtemos:
a = ​ DL 1    ​
___ ​ ⋅ ​ ___
L0 Dq
Como DL e L0 têm a mesma unidade, concluímos que:
   1 
unidade de a = ​ ___________  ​= (unidade de Dq) –1
unidade de Dq
Em geral, adotamos o ºC–1 como unidade de a, mas poderia ser K–1 ou ºF–1.
Substituindo DL por L – L0, obtemos a seguinte equação do comprimento final do corpo após a variação de
temperatura:
L – L0 = a ⋅ L0 ⋅ Dq ⇒ L = L0 + a ⋅ L0 ⋅ Dq ⇒

L = L0(1 + a ⋅ Dq)

159
A figura abaixo mostra o efeito da dilatação nos L(θ) = L0[1 + α ∙ (θ – θ0)]
trilhos. Devido ao aumento em seu comprimento, os tri-
lhos acabaram por se curvar.

Como L em função de θ é uma função do primei-


ro grau, temos uma reta com uma certa inclinação, em
relação à horizontal formando um ângulo v. Temos que:

Observação: chamamos de dilatação relati- tg v = ___


​  DL  ​ = aL0
Du
va a porcentagem da dilatação comparada ao tamanho
inicial do objeto. Isto é: Teoria na prática
dilatação relativa = ​ ___
DL ​  1.
L0
Observe que:

​ ___
DL ​ = α ∙ Dθ
L0
A tabela a seguir apresenta alguns materiais e
seus respectivos coeficiente de dilatação linear α. Per-
ceba que diferentes materiais possuem coeficiente Uma barra de aço tem comprimento de 5,000 m
de dilatação bem discrepantes, por exemplo o chumbo a 10 ºC. Qual será o comprimento da barra se
αchumbo = 27 ∙ 10–6 °C–1 e a porcelana αporcelana= 3 ∙ 10–6 °C–1, ela for aquecida até atingir a temperatura de
quase dez vezes maior. A escolha do material em situa- 60 ºC, sabendo-se que o coeficiente de dilata-
ções em que ocorram variações de temperatura é essen- ção linear do aço é a = 12 · 10–6 °C–1?
cial na construção civil, por exemplo. Resolução:
Material Coeficiente de dilatação linear em °C–1 As temperaturas inicial e final da barra são
Chumbo 27 ∙ 10 –6
q0 = 10 °C e q = 60 °C, respectivamente. Assim,
Zinco 26 ∙ 10–6 a variação de temperatura é:
Alumínio 22 ∙ 10–6 Dq = q – q0 ⇒ 60 °C – 10 °C = 50 °C
Prata 19 ∙ 10–6
Sendo o comprimento inicial L0 = 5,000 m,
Ouro 15 ∙ 10–6
calculamos a variação de comprimento:
Concreto 12 ∙ 10–6
DL = aL0 ⋅ Dq ⇒ (12 ∙ 10 –6) ∙ (5,000) ∙ (50) ⇒
Vidro comum 9 ∙ 10–6
⇒ 3,0 ∙ 10 –3
Granito 8 ∙ 10–6
DL = 3,0 ∙ 10 –3 m = 0,003 m = 3 mm
Vidro pirex 13,2 ∙ 10–6
Porcelana 3 ∙ 10–6 Portanto, o comprimento final é igual a:
L = L0 + DL ⇒
⇒ 5,000 m + 0,003 m = 5,003 m ⇒ 
Gráfico da dilatação linear ⇒ L = 5,003 m
Observe a equação deduzida anteriormente,
L = L0[1 + α ∙ (θ – θ0)], podemos representar grafica-
mente o comprimento final L em função da temperatura
θ, isto é, uma função de L = L(θ).

160
2. (Cesgranrio) O comprimento ℓ de uma barra de latão varia, em função da temperatura é, segundo o gráfico a seguir.

Assim, o coeficiente de dilatação linear do latão, no intervalo de 0 °C a 100 °C, vale:


a) 2,0 ∙ 10–5 °C–1.
b) 5,0 ∙ 10–5 °C–1.
c) 1,0 ∙ 10–4 °C–1.
d) 2,0 ∙ 10–4 °C–1.
e) 5,0 ∙ 10–4 °C–1.
Resolução:
Para sabermos qual é o coeficiente, devemos utilizar a fórmula da dilatação linear:
DL = aL0 ⋅ Dq
Retirando do gráfico, temos:
50,1 – 50,0 = α ∙ 50,0 ∙ 100
0,1
α = _____
​     ​ 
= 2 ∙ 10–5 °C–1
5 ∙ 103
Alternativa A
3. (ITA) Você é convidado a projetar uma ponte metálica, cujo comprimento será de 2,0 km. Considerando os
efeitos de contração e expansão térmica para temperaturas no intervalo de –40 °F a 110 °F e que o coefi-
ciente de dilatação linear do metal é de 12 ∙ 10–6 °C–1, qual a máxima variação esperada no comprimento
da ponte? (O coeficiente de dilatação linear é constante no intervalo de temperatura considerado.)
a) 9,3 m
b) 2,0 m
c) 3,0 m
d) 0,93 m
e) 6,5 m
Resolução:
A principal diferença deste exercício em relação aos demais é que a variação de temperatura à que o mate-
rial foi submetido é fornecida na escala Fahrenheit. Para que possamos calcular a variação de comprimento,
devemos transformação a variação de temperatura para a Celsius.
DθF = 150
DθC ___ DθF
​ ____
 ​  = ​   ​   
5 9
DθC = ___ ​ 250 ​
  
3
Aplicando a fórmula da dilatação, temos:
DL = aL0 ⋅ Dq
​ 250 ​  = 2 m
DL = 12 ∙ 10 –6 ∙ 2 ∙ 103 ∙ ___
3
Alternativa B

161
Lâmina bimetálica

INVAR

ALUMÍNIO

θ = 0 ºC θ < 0 ºC θ > 0 ºC

invar (Ni + Fe) → αINVAR = 1,5 .10– 6 ºC– 1


alumínio → αALUMÍNIO = 22 .10– 6 ºC– 1
'

A lâmina bimetálica é um dispositivo em que duas lâminas de materiais diferentes são soldadas e unidas
fortemente e são utilizadas, por exemplo, como chaveamento elétrico (abertura e fechamento de circuitos elétricos),
pois, quando atravessadas por uma corrente elétrica, têm sua temperatura aumentada, sofrendo assim, o conjunto,
uma dilatação térmica. Como são constituídas de materiais diferentes, dilatam diferentemente, forçando uma curva
na direção daquela que tem menor coeficiente de dilatação, desligando assim o chaveamento, interrompendo a
passagem da corrente elétrica. Contudo, se diminuirmos a temperatura, o conjunto também se curvará na direção
do material que possuir o maior coeficiente de dilatação linear.
Este equipamento é muito usado em ferros de passar roupa, torradeiras elétricas, estufas elétricas, termos-
tatos e etc. como chave de segurança.

LÂMINA BIMETÁLICA

Dilatação superficial
Agora abordaremos o caso em que a dilatação ocorre em duas dimensões. Esta situação ocorre em chapas
ou folhas de metal, na superfície de uma estrutura (uma ponte), na superfície da calçada ou na parede com azule-
jos. Do mesmo modo que para a dilatação linear, imagine um corpo cuja área inicial A0, em uma temperatura θ0 ,
sofra uma alteração de temperatura para θ. Experimentalmente temos que a variação da área DA é proporcional
à área inicial, à variação de temperatura e a um coeficiente que depende do material.

DA = A – A0

DA = b ∙ A0 ⋅ Dq

162
Dessa forma, temos que b = ______
​  DA     ​, cuja unidade é definida por:
A0 ∙ Dq

   1 
(unidade de b) = ​ _____________ ​= (unidade de Dq)–1
unidade de Dq
b é chamado coeficiente de dilatação superficial, é uma característica que depende do material e relaciona-
-se matematicamente com o coeficiente de dilatação linear pela seguinte expressão:

b=2∙α

Combinando ambas as expressões para a dilatação superficial podemos escrever:

A = A0[1 + b ∙ (θ – θ0)]

Observação: quando há um orifício em uma superfície de uma certa substância, e esta passa por um processo de
expansão, o orifício também aumenta, esse aumento ocorre na mesma proporção que a superfície, por isso podemos calcular o
aumento do orifício calculando como seria o aumento de uma superfície da mesma substância de mesmo tamanho deste orifício.

Gráfico da dilatação superficial


Observe a equação deduzida anteriormente, A = A0 [1 + b ∙ (θ – θ0)], podemos representar graficamente a
área final A em função da temperatura θ, isto é, uma função de A = A (θ).
A(θ) = A0 [1 + b ∙ (θ – θ0)]
cujo gráfico também é uma função do primeiro grau.

Como A em função de θ é uma função do primeiro grau, temos uma reta com uma certa inclinação, em
relação à horizontal formando um ângulo v. Temos que :
∆A  ​= b ∙ A
tgv = ​ ___
∆θ 0

Um claro exemplo da dilatação superficial é a necessidade de juntas de dilatação em estruturas de concreto,


pontes, por exemplo, suportando as forças de tensão que se originam da expansão superficial da ponte.

163
Gráfico da dilatação volumétrica
Dilatação volumétrica
Observe a equação deduzida anteriormente,
Por fim, temos o caso em que a dilatação ocorre
V = V0[1 + g ∙ (θ – θ0)]: podemos representar grafica-
em três direções: a dilatação volumétrica. Sendo rigoro-
mente o volume final V em função da temperatura θ,
so, todo corpo possui três dimensões, portanto, sempre
isto é, uma função de V = V (θ).
ocorre dilatação volumétrica. Os dois casos anteriores,
a dilatação linear e a dilatação superficial, são casos V (θ) = V0[1 + g ∙ (θ – θ0)]
particulares, ou aproximações, quando a dilatação ocor-
re preferencialmente em apenas uma ou duas direções. Cujo gráfico também é uma função do primei-
Iremos utilizar a dilatação volumétrica quando os cor- ro grau.
pos estudados sejam, por exemplo, sólidos geométricos
ou líquidos (estes apresentam unicamente dilatação
volumétrica em todos os casos). Imagine um corpo cujo
volume inicial V0, em uma temperatura q0, sofra uma
alteração de temperatura para q. Experimentalmente,
temos que a variação do volume DV é proporcional ao
volume inicial, à variação de temperatura e a um coefi-
ciente que depende do material. 0

DV = V – V0 Como V em função de θ é uma função do primei-


ro grau, temos uma reta com uma certa inclinação, em
DV = g ∙ V0 ⋅ Dq
relação à horizontal formando um ângulo θ. Temos que:

Dessa forma, temos que g = ______


​  DV     ​, cuja uni- ​  ∆V  ​= g ∙ V0
tg v = ___
V0 ∙ Dq ∆θ
dade é definida por:

1 
(unidade de g) = _____________
​     ​= (unidade de Dq)–1 Teoria na prática
unidade de Dq
1. (Mackenzie) Uma chapa de alumínio
Coeficiente g é chamado coeficiente de dilata- (α = 2,2 · 10–5 °C–1), inicialmente a 20 °C, é
ção volumétrica, é uma característica que depende do utilizada numa tarefa doméstica no interior de
material e relaciona-se matematicamente com o coefi- um forno aquecido a 270 °C. Após o equilíbrio
ciente de dilatação linear pela seguinte expressão: térmico, sua dilatação superficial, em relação à
área inicial, foi de:
g=3∙α a) 0,55%.
b) 1,1%.
c) 1,65%.
Combinando ambas as expressões para a dilata-
d) 2,2%.
ção volumétrica, podemos escrever:
e) 4,4%.
V = V0[1 + g ∙ (θ – θ0)]
Resolução:
Observação: quando há um espaço vazio em
um volume de uma certa substância, e este passa por Para calcularmos a dilatação superficial, precisa-
um processo de expansão, o espaço vazio também au- mos, antes de tudo, saber qual é o coeficiente de
menta, esse aumento ocorre na mesma proporção que dilatação superficial.
o volume, por isso podemos calcular o aumento do es-
Lembrando que:
paço vazio calculando como seria o aumento de um vo-
b=2∙a
lume com o mesmo volume deste espaço vazio.

164
Logo: Note que os valores dos coeficientes dados pela
b = 4,4 ∙ 10–5 ºC–1 tabela são válidos a 20 ºC. Na prática, os coeficientes a,
b e g dependem da faixa de temperatura que a variação
Aplicando na fórmula de dilatação superficial,
ocorre, por exemplo, se a temperatura varia de 10 °C
temos:
DA = b ∙ A0 ∙ Du a 100 °C, ou se varia de 2000 °C a 3000 °C. Porém,
essa variação é pequena, e, portanto, na resolução dos
Substituindo os valores temos: exercícios ela será desprezada.
DA = 4,4 ∙ 10–5 ∙ A0 ∙ (270 – 20) Normalmente, o coeficiente de dilatação vo-
Queremos uma relação de porcentagem entre o lumétrica dos líquidos é muito superior ao coeficiente
aumento e o tamanho inicial, isso matematica- de dilatação dos sólidos, isso implica que quando um
mente é: recipiente contém um líquido e ambos são aquecidos,
___ a dilatação do líquido será maior que a dilatação do
​  DA ​ = 0,011
A0 recipiente. A tabela anterior apresenta o coeficiente de
dilatação volumétrica de algumas substâncias no esta-
Portanto:
do líquido.
___
​  DA ​ = 1,1%
A0 Imagine a situação como da figura a seguir. Te-
mos um líquido dentro de um recipiente, ambos a uma
Alternativa B temperatura u0, aquecidos até uma temperatura final.
O líquido preenche totalmente o recipiente até a altura
onde se encontra o “ladrão”, uma abertura por onde o
Dilatação dos líquidos líquido pode escorrer.

Durante a variação de temperatura dos líquidos,


apenas a dilatação volumétrica ocorre. Isso ocorre, pois
os líquidos assumem a forma dos recipientes onde es-
tão contidos, ou seja, não existe uma direção específica
no qual a dilatação ocorre. No entanto, é preciso cui- Quando o conjunto é aquecido por uma fonte de
dado ao estudar a dilatação volumétrica dos líquidos, calor, ambos, o líquido e o recipiente, dilatam. Porém,
pois também é necessário levar em conta a dilatação devido ao maior coeficiente de dilatação volumétrica,
do recipiente onde são colocados. Desse modo, tanto o líquido expande mais. Assim, parte do líquido escapa
a dilatação do líquido como a do recipiente devem ser pelo “ladrão” e é recolhido em outro frasco.
consideradas.
Os coeficientes de dilatação volumétrica de al-
guns líquidos, a 20 ºC, estão representados na tabela.
Os valores do coeficiente desses líquidos são da ordem
de 10–3, enquanto os dos sólidos são da ordem de 10–5.
Observamos, então, que os coeficientes de dilatação
dos líquidos são muito maiores que os dos sólidos.

Coeficientes de dilatação volumétrica Erroneamente, algumas pessoas pensam que o


de alguns líquidos a 20 ºC líquido que extravasou é a variação do mesmo. Na ver-
Líquido g (ºC–1) dade, é uma parte da dilatação do líquido, pois o frasco
álcool etílico 1,2 ∙ 10–3 também expandiu, dessa forma foi capaz de comportar
gasolina 0,95 ∙ 10–3 mais líquido. Chamaremos o líquido recolhido de dilata-
glicerina 0,5 ∙ 10–3 ção aparente do líquido. Matematicamente, temos:
mercúrio 18,2 ∙ 10–3 DVlíquido = DVaparente + DVrecipiente

165
Aplicando a expressão para a dilatação do recipiente e do líquido, temos:
DVlíquido = glíquido ∙ V0 líquido ∙ Du
e
DVrecipiente = grecipiente ∙ V0 recipiente ∙ Du

Sendo o volume inicial do recipiente igual ao volume inicial do líquido podemos dizer que a dilatação apa-
rente é dada por:
DVaparente = (glíquido – g recipiente) ∙ V0 ∙ Du

Onde podemos chamar a diferença dos coeficientes de coeficiente de dilatação aparente:

gaparente = g líquido – g recipiente

Dilatação anômala da água


A água tem um comportamento diferente que a maioria das substâncias. Em geral, quando a temperatura
de uma substância aumenta seu volume também aumenta. Porém, não é isso que ocorre para a água.
Sob pressão normal, a experiência mostra que o volume da água diminui com o aumento de temperatura
entre 0 ºC e 4 ºC. E a partir de 4 ºC, o comportamento é semelhante ao das outras substâncias, isto é, o volume
aumenta com o aumento da temperatura.

Como a densidade é calculada por d = __ ​ m ​  , o menor volume V ocupado pela massa de água m fornece a
V
maior densidade possível da água. Desse modo, a água tem densidade máxima (1 g/cm3) a 4 ºC (sob pressão de 1 atm).

V (cm3) d (g/cm3)
1,0000

0,0099
V0 0,0098
Vmin
0,0097
0,0096
0 4 θ (ºC) 0 2 4 6 8 10 θ (ºC)

Teoria na prática
1. (PUC) O tanque de gasolina de um automóvel, de capacidade 60 litros, possui um reservatório auxiliar de
retorno com volume de 0,48 litros, que permanece vazio quando o tanque está completamente cheio. Um
motorista enche o tanque quando a temperatura era de 20 °C e deixa o automóvel exposto ao Sol. A tempe-
ratura máxima que o combustível pode alcançar, desprezando-se a dilatação do tanque, é igual a:
Dados: gasolina = 2,0 · 10–4 °C–1
a) 60 °C.
b) 70 °C.
c) 80 °C.
d) 90 °C.
e) 100 °C.
166
Resolução: a)
Para descobrirmos a temperatura máxima, deve-
mos aplicar a fórmula de dilatação volumétrica:
DV = g V0 Du
Substituindo pelos valores dados, temos:
0,48 = 2 ∙ 10–4 ∙ 60 ∙ (u -20)
Isolando a temperatura final e realizando os cál-
b)
culos, obtemos:
u = 60 ºC
Alternativa A

2. (FGV) O dono de um posto de gasolina recebeu


4000 L de combustível por volta das 12 horas,
quando a temperatura era de 35 °C. Ao cair da
c)
tarde, uma massa polar vinda do Sul baixou a
temperatura para 15 °C e permaneceu até que
toda a gasolina fosse totalmente vendida. Qual
foi o prejuízo, em litros de combustível, que o
dono do posto sofreu?
Dados: coeficiente de dilatação do combustível
é de 1,0 · 10–3 °C–1. d)
a) 4 L
b) 80 L
c) 40 L
d) 140 L
e) 60 L
Resolução:
Para descobrirmos o prejuízo do dono do posto, de- e)
vemos aplicar a fórmula para dilatação volumétrica:
DV = g ∙ V0 ∙ Du = 1 ∙ 10–3 ∙ 4000 ∙ (35 – 15)
= 80 litros
Alternativa B

3. Diz um ditado popular: “A natureza é sábia“. De


Resolução:
fato! Ao observarmos os diversos fenômenos da
natureza, ficamos encantados com muitos porme- O comportamento anômalo advém do fato de
nores, sem os quais não poderíamos ter vida na que a água líquida contrai-se ao ser aquecida de
face da Terra, conforme a conhecemos. Um desses 0 ºC a 4 ºC e dilata-se quando aquecida a partir
pormenores, de extrema importância, é o compor- de 4 ºC. Assim, a 4 ºC o volume de dada massa
tamento anômalo da água, no estado líquido, du- de água é mínimo e a densidade é máxima.
rante seu aquecimento ou resfriamento sob pres- Alternativa A
são normal. Se não existisse tal comportamento, a
vida subaquática nos lagos e rios, principalmente
das regiões mais frias de nosso planeta, não seria
possível. Dos gráficos abaixo, o que melhor repre-
senta esse comportamento anômalo é:

167
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Dilatação Superficial (Dilatação Térmica)


Fonte: Youtube

Vídeo Tema 04 - Propriedades Térmicas de Materiais ...

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Instrumentação / medidas / grandezas

parquedaciencia.blogspot.com.br/2013/08/dilatacao-termica-o-que-e-o-que-causa.html
www.if.ufrgs.br/~leila/dilata.htm
educacao.globo.com
mundoeducacao.bol.uol.com.br
www.if.ufrj.br

168
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

É comum observarmos juntas de dilatação ao passarmos numa ponte. Ao longo do dia, o concreto é banha-
do pelo calor proveniente do Sol, podendo, assim, expandir o seu tamanho. Sem levar este fator em conta, obras
de engenharia civil acabariam rachando e desmoronando.

Na imagem, vemos uma junta de dilatação, ela possibilita essa movimentação da estrutura, reduzindo a
ocorrência de fissuras na obra.
Pelo mesmo motivo, há uma separação entre os azulejos de uma cozinha, e/ou deixamos pequenos vãos nas
calçadas de cimento, caso contrário, devido à dilatação, elas rachariam.
Você sabia que a Torre Eiffel cresce todo verão? Isso mesmo, a torre feita de metal cresce 15 cm todo verão,
mas isto ocorre porque o metal dilata ao receber calor. Devido ao acréscimo de temperatura no verão, a Torre Eiffel,
símbolo da França, acaba aumentando de tamanho.
Até é possível notar que a torre se curva devido à dilatação.

169
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 21 – Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tec-
nológicos inseridos no contexto da termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da física, sua


importância histórica e saber aplicá-los no cotidiano, tal qual diz o segundo eixo cognitivo
“construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de
fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das
manifestações artísticas”.

Modelo
(Enem) Durante uma ação de fiscalização em postos de combustíveis, foi encontrado um meca-
nismo inusitado para enganar o consumidor. Durante o inverno, o responsável por um posto de
combustível compra álcool por R$ 0,50/litro, a uma temperatura de 5 °C. Para revender o líquido
aos motoristas, instalou um mecanismo na bomba de combustível para aquecê-lo, para que atinja
a temperatura de 35 °C, sendo o litro de álcool revendido a R$ 1,60. Diariamente o posto compra
20 mil litros de álcool a 5 ºC e os revende.
Com relação à situação hipotética descrita no texto e dado que o coeficiente de dilatação volu-
métrica do álcool é de 1 × 10–3 ºC–1, desprezando-se o custo da energia gasta no aquecimento do
combustível, o ganho financeiro que o dono do posto teria obtido devido ao aquecimento do álcool
após uma semana de vendas estaria entre:
a) R$ 500,00 e R$ 1.000,00.
b) R$ 1.050,00 e R$ 1.250,00.
c) R$ 4.000,00 e R$ 5.000,00.
d) R$ 6.000,00 e R$ 6.900,00.
e) R$ 7.000,00 e R$ 7.950,00.

170
Análise expositiva

Habilidade 21
Neste exercício, o estudante é colocado para interpretar a situação proposta sendo necessário
que relacione a variação do volume do combustível com o lucro obtido pelo dono do posto.
O principal problema era interpretar se o volume dilatado foi ou não comprado pelo dono.
V0 = 20 ∙ 103 L; Dθ = 30 ºC, g = 10–3 ºC–1
DV = V0 ∙ g ∙ Dθ ⇒ DV = 20 ∙ 103 ∙ 10-3 ∙ 30 ⇒ DV = 600 L
$ = 600 ∙ 1,60 ∙ 7
$ = 6720,00
Alternativa D

Estrutura Conceitual
Dilatação Mudança do
linear comprimento

Dilatação Mudança da
SÓLIDOS superficial área

GRÁFICO
DILATAÇÂO
TÉRMICA Dilatação Mudança no
volumétrica volume
LÍQUIDOS
Dilatação
aparente

Dilatação
anômala da água

171
Abordagem de ELETROSTÁTICA nos principais vestibulares.

FUVEST
Diversificados assuntos dentro da eletrostática e com intensa manipulação matemática.

LD
ADE DE ME
D
UNESP
U

IC
FAC

INA

BO
1963
T U C AT U Questões com análise de gráficos ou situações teóricas.

UNICAMP
Variando dentro do conteúdo com questões mais objetivas do que teóricas.

UNIFESP
Questões com análise de gráficos ou situações teóricas.

ENEM/UFMG/UFRJ
Analisando gráficos e conceitos teóricos na prática.

UERJ
Questões curtas e diretas com necessidade de manipulação das fórmulas matemáticas.
0 2
1 0 Princípios da eletrostática

Competências Habilidades
1e5 3 e 17
© Roman Sigaev/Shutterstock

C N
BIOLOGIA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
A eletrostática é o ramo da Física que estuda as propriedades das cargas elétricas em repouso e suas
interações.
Vejamos os princípios que fundamentam a eletrostática.

Cargas elétricas
A observação e descrição dos fenômenos elétricos consta na história da humanidade há mais de dois mil
anos. O filósofo Tales de Mileto (640-548 a.C.) constatou que, após atritar âmbar com lã, os materiais se atraíam.
Da palavra âmbar originou-se a palavra elétron e eletricidade. Ao longo da história, inúmeros cientistas contribuí-
ram para o desenvolvimento da teoria da eletricidade, porém, para que houvesse uma profunda compreensão do
assunto, foi necessário o desenvolvimento do modelo atômico, sendo o átomo o bloco básico de toda matéria.
Atualmente, o modelo atômico mais difundido é modelo planetário.

Nesse modelo, o átomo é constituído de prótons, elétrons e nêutrons. O átomo pode ser divido em duas
partes: a primeira, o núcleo (composto de prótons e nêutrons); a segunda, a eletrosfera (composta de elétrons).
A atração elétrica descrita por Tales e por tantos outros físicos é justificada pela existência da carga elétrica. A
carga elétrica é uma propriedade intrínseca da matéria e existem dois tipos: as positivas e as negativas.
No modelo atômico, a carga elétrica dos prótons foi denominada de carga positiva e a carga elétrica dos
elétrons de carga negativa, e o nêutron, como o próprio nome sugere, não possui carga elétrica. As denomina-
ções de cargas positivas e negativas e sua associação com os prótons e elétrons são devidas a razões históricas.
A constatação do módulo e das características das cargas elétricas que prótons e elétrons portam só se mos-
trou possível empiricamente. A carga elétrica que cada umas dessas partículas porta é chamada carga elétrica
elementar, e este é o menor valor percebido livremente na natureza, assim, podemos dizer que a carga elétrica é
quantizada e seu valor em módulo é dado por: |e| = 1,6 · 10–19 C.

carga elétrica do próton: e+ = + 1,6 · 10–19 C


carga elétrica do elétron: e– = – 1,6 · 10–19 C

No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade de carga elétrica é o coulomb, cujo símbolo é C, em
homenagem a Charles Coulomb.

177
Um corpo é dito neutro quando possui a mesma quantidade de prótons e elétrons. Por sua vez, um corpo
será chamado de corpo eletrizado se o número de cargas elétricas positivas for diferente do número de cargas
elétricas negativas. Sabemos que, em módulo, um próton possui a mesma quantidade de carga elétrica que um
elétron, desta forma, o excesso de carga elétrica que um corpo tem só pode ser múltiplo natural da carga elétrica
elementar, ou seja:

Q = n · |e|

na qual, a carga Q é positiva, se houver prótons em excesso, ou negativa, se houver elétrons em excesso. A
quantidade de elétrons ou prótons em excesso é dada por n.

Teoria na prática
1. Um corpo condutor inicialmente neutro perde 5 · 1013 elétrons. Considerando a carga elementar e = 1,6 · 10–19 C,
qual será a carga elétrica no corpo após essa perda de elétrons?
Resolução:
Sendo a carga do corpo igual a Q, temos que:
Q = n · |e|
Sendo n o número de elétrons ou prótons em excesso, nesse caso, prótons, portanto:
Q = 5 · 1013 · |1,6 · 10–19|
Terminando os cálculos, temos:
Q = 8 · 10–6 C
Isto é:
Q = 8 µC
Lembrando que Q > 0, pois o corpo tem prótons em excesso.

Princípio da atração e repulsão


A percepção das interações elétricas entre portadores de excessos de cargas elétricas são dadas por forças
que podem ser atrativas ou repulsivas. Em uma situação em que existem corpos eletrizados com o mesmo tipo de
cargas elétricas, por exemplo, cargas elétricas positivas, perceberemos repulsão. Essa força surge, por exemplo, ao
se aproximarem dois bastões de vidro eletrizados positivamente, ou dois panos de lã eletrizados negativamente.

178
Porém, caso um dos bastões de vidro seja carregado positivamente e um dos panos de lã seja carregado
negativamente, haverá atração entre os corpos. Desse modo:

Cargas elétricas de sinais opostos se atraem e cargas elétricas do mesmo tipo se repelem.

Princípio da conservação das cargas elétricas


O princípio da conservação das cargas elétricas estabelece que:

Em um sistema isolado eletricamente (ou seja, não há transferências de cargas elétricas com o ambiente
externo), a quantidade de carga elétrica, em excesso, de que um sistema isolado se mostra portador, é constante.

Por exemplo, sejam o corpo A carregado com carga Q1 e B carregado com carga e Q2.
Suponha que, após haver troca de carga entre os corpos, as novas quantidades de carga sejam Q’1, para o
corpo A, e Q’2, para o corpo B.

Os corpos A e B estão eletrizados com quantidades de cargas Q1 e Q2.


Após a troca de cargas entre os corpos, A e B estão eletrizados com quantidades de cargas Q’1 e Q’2.

Pelo princípio da conservação das cargas elétricas, a quantidade de carga elétrica total é igual antes e de-
pois da troca, ou seja:

Q1 + Q2 = Q’1 + Q’2 = constante

Essa expressão é válida somente se o sistema for eletricamente isolado.

179
Esses elétrons ocupam as posições mais afas-
Condutores e isolantes tadas do núcleo do átomo, e, por isso, estão ligados
fracamente a ele. Consequentemente, esses elétrons
Um bastão de vidro e um pano de lã, ao serem abandonam mais facilmente o átomo. Nos materiais
atritados um com o outro, evidenciam, em cada um dos isolantes, a forma como são distribuídos e como se dão
corpos, um excesso de cargas elétricas nas regiões atrita- as interações fazem com que esses elétrons não pos-
das. Isso ocorre porque o vidro é um material isolante suam os mesmos graus de liberdades que existem nos
ou dielétrico. As cargas elétricas, nesses materiais, se elétrons presentes em superfícies metálicas; os elétrons
conservam no local onde houve o processo de eletrização. estão fortemente ligados.
A denominação de materiais condutores ou iso-
lantes é apenas prática, pois não existem condutores e
isolamentos perfeitos. A melhor forma para a classifica-
ção é dada por bons condutores elétricos e maus
condutores elétricos.
Dessa forma, todos os corpos são condutores
elétricos, bons ou maus. Se o experimento anterior fosse
repetido sem o isolamento devido, ao segurar o bastão
diretamente com a mão, o corpo se comportaria como
um bom condutor, e não seriam percebidos quaisquer
excessos de cargas elétricas. Desse modo, o bastão não
se eletriza, pois suas dimensões são muito reduzidas em
relação às dimensões da Terra.

Um condutor eletrizado é neutralizado quan-


do em contato com a Terra.
Se essa experiência for repetida com um bastão
metálico, no entanto, sendo segurado por um cabo de
Quando um condutor isolado, carregado positiva-
vidro conectado ao bastão, a eletrização também ocorre,
mente, é conectado à Terra, sua carga é neutralizada por
mas o excesso de elétrons se espalha por toda a sua su-
cargas elétricas negativas que são transferidas da Terra
perfície. As cargas em excesso se distribuem pela superfície
para o condutor. Se o condutor estiver carregado negati-
externa dos materiais metálicos devido ao fato de existi-
vamente, a transferência de cargas ocorre de modo con-
rem, em sua superfície, elétrons conhecidos por elétrons
trário: as cargas negativas são transferidas do condutor
livres. Assim, esse tipo de material é denominado condutor.
para a Terra.

Condutor positivamente eletrizado ligado à Terra,


neutralizado devido a elétrons provenientes da Terra.

Condutor negativamente eletrizado ligado à Terra,


neutralizado devido ao escoamento de elétrons para a Terra.

180
1. pele humana seca 11. alumínio 21. prata
Eletrização por atrito 2. couro 12. papel 22. ouro
3. pele de coelho 13. algodão 23. platina
Ao atritarmos dois corpos compostos por dife-
4. vidro 14. aço 24. poliéster
rentes materiais, podemos perceber, em ambos, aquilo
5. cabelo humano 15. madeira 25. isopor
que chamaremos de desequilíbrio eletrostático, ou seja,
corpos com excesso de um determinado tipo de car- 6. nylon 16. âmbar 26. filmes PVC
ga elétrica. Isso ocorre porque um dos dois materiais 7. lã 17. borracha dura 27. vinil
possui uma tendência maior em portar o excesso de 8. chumbo 18. níquel 28. silicone
elétrons. Da mesma forma, em relação ao primeiro, o 9. pele de gato 19. cobre 29. teflon
segundo corpo possui uma maior tendência em ceder 10. seda 20. latão
os elétrons de camadas mais externas, ficando com ex-
cesso de cargas elétricas positivas. Por exemplo, se atritarmos seda e isopor, a
Como exemplo, ao se atritar um pedaço de seda seda, que antecede o isopor na ordem da lista, fica-
e um bastão de vidro, inicialmente neutros, uma certa rá carregada positivamente, enquanto o isopor ficará
quantidade de elétrons do vidro é transferida para o pe- carregado negativamente. Já se atritarmos seda e lã,
daço de seda. Então, a seda adquire eletrização nega- como a seda sucede a lã na ordem da lista, esta fica-
tiva (excesso de elétrons) e o vidro adquire eletrização rá carregada negativamente, enquanto que a lã ficará
positiva (excesso de prótons). É importante destacar carregada positivamente.
que, ao final do processo de eletrização, devido à con-
servação da quantidade de cargas elétricas que com-
põem o sistema de corpos, a quantidade de carga que Teoria na prática
um dos dois corpos envolvidos terá em excesso será, em 1. Um aluno realiza um experimento que consiste
módulo, idêntica a do outro corpo. em atritar lã num bastão de vidro, fazendo, as-
sim, a lã ganhar elétrons e, por consequência,
fazendo o vidro perder elétrons. Após o experi-
mento, quando estes dois corpos forem aproxi-
mados, haverá atração ou repulsão?
Resolução:
Haverá atração, pois os corpos possuem cargas de
sinais opostos, isto é, a lã está com carga nega-
tiva, enquanto o vidro apresenta carga positiva.

2. Com base no exercício anterior, se a lã ganhou uma


carga no valor –12 µC, de qual foi a carga que o
vidro ficou?
Resolução:
Sabemos, pelo princípio da conservação das car-
gas elétricas, que as cargas se conservam, isto é:
No processo de eletrização por atrito, os cor- Q1 + Q2 = Q'1 + Q'2
pos eletrizados apresentam, ao final do processo,
Sabemos que, inicialmente, tanto a lã quanto o
cargas elétricas de sinais opostos.
bastão de vidro estavam descarregados, assim,
temos que: Q1 = Q2 = 0. Logo:
A chamada série triboelétrica é uma lista de
diferentes materiais postos em ordem de tal forma, que 0 + 0 = –12 µC + Q'2
quando atritados dois materiais, aquele que está numa Terminando os cálculos, temos:
posição acima na lista fica carregado positivamente e Q'2 = + 12 µC
aquele que está mais abaixo na lista fica carregado ne-
Assim, temos que o vidro está com um carga de
gativamente.
+12 µC.
181
3. Um pedaço de papel higiênico e uma régua de plástico estão eletricamente neutros. A régua de plástico é,
então, friccionada no papel higiênico. Após o atrito, deve-se esperar que:
a) somente a régua fique eletrizada.
b) somente o papel fique eletrizado.
c) ambos fiquem eletrizados com cargas de mesmo sinal e mesmo valor absoluto.
d) ambos fiquem eletrizados com cargas de sinais contrários e mesmo valor absoluto.
e) nenhum deles ficará eletrizado.

Resolução:

A eletrização por atrito faz com que o corpos atritados adquiram cargas de sinais contrários, pois um dos
corpos irá retirar elétrons do outro, isto é, um corpo ficará com excesso de elétrons e o outro com excesso de
prótons, ficando, respectivamente, negativo e positivo. Além disso, pelo princípio da conservação das cargas
elétricas, ambos terão o mesmo valor absoluto de carga.
Alternativa D

Eletrização por contato


O processo de eletrização associado ao contato entre um corpo eletrizado e outro que pode ou não estar
eletrizado é chamado de eletrização por contato. É importante destacar que, nesse processo, assim como em
qualquer outro, a quantidade de carga do sistema é conservada; no entanto, ao final do processo, os corpos ficam
com o mesmo tipo de carga elétrica. Ao colocar em contato um condutor A, eletrizado positivamente, com um con-
dutor B, inicialmente neutro, o condutor B adquire eletrização positiva. Essa eletrização ocorre, pois o condutor A
retira parte dos elétrons livres de B. No entanto, A continua eletrizado positivamente, mas com menor quantidade
de carga, uma vez que a quantidade de prótons em excesso diminuiu. O condutor B, por sua vez, fica com uma
menor quantidade de elétrons após o contato, e, portanto, eletriza-se positivamente.

A positivo e B neutro estão isolados e afastados; colocados em contato, durante breve intervalo de tempo,
elétrons livres vão de B para A; após o processo, A e B apresentam-se eletrizados positivamente.

Entretanto, se A estivesse carregado negativamente, parte de seus elétrons em excesso seriam transferidos
para o condutor B. Assim, o condutor A continuaria negativo (apesar de ficar com um menor número de elétrons
em excesso), e o condutor B, por adquirir mais elétrons, seria eletrizado negativamente.

182
A negativo e B neutro estão isolados e afastados: colocados em contato, durante breve intervalo de tempo,
elétrons vão de A para B; após o processo, A e B apresentam-se eletrizados negativamente.

Se os condutores A e B forem iguais, por exemplo, a duas esferas condutoras de mesmo material e dimen-
são, as cargas em quantidade e sinais serão idênticas para os dois corpos.

Eletrização por contato entre esferas condutoras de mesmo raio.

Nesse caso de condutores idênticos, a carga final para cada condutor pode ser calculada pela média arit-
mética das cargas:

​ Q1 + Q2 + ​
   ...+Qn  
Q' = _____________
n

No processo de eletrização por contato, os corpos eletrizados, ao final do processo, ficam eletrizados com
cargas elétricas de mesmo sinal.

Teoria na prática
1. Um garoto que estava com os pés descalços, antes de sair do banheiro de sua casa, toca no interruptor
instalado incorretamente, com o objetivo de apagar a lâmpada, mas recebe um choque elétrico. O menino
então chama o seu pai, que averigua a situação e toca também no interruptor, mas, calçado com um par de
chinelos de borracha, não recebe choque. Explique conceitualmente por que o pai do garoto não recebeu o
choque elétrico.
Resolução:
A borracha é um material isolante, isto é, um mau condutor elétrico, por isso dificulta a transmissão e/ou
corrente de elétrons. Quando o pai usa o calçado de borracha, impede o contato elétrico entre o interruptor
e o solo, por isso não recebe o choque. Já o menino tinha seus pés como ligação entre o solo e o interruptor,
sabe-se que o corpo humano é um bom condutor de eletricidade, por isso recebeu o choque.

183
2. Um corpo eletrizado com carga Qa = –5 ∙ 10–9 C é colocado em contato com outro corpo com carga
Qb = 7 ∙ 10–9 C. Qual é a carga dos dois objetos após ter sido atingido o equilíbrio eletrostático?
Resolução:
Para sabermos qual é a situação final de equilíbrio, devemos aplicar a fórmula:
Q + Qb
Q' = __
​  a   ​
  
2
Substituindo os valores, temos:
​ –5 · 10 + 7 · 10
-9  -9
Q' = __
    ​  
2
Finalizando a conta, temos:
Q' = 1 · 10–9 C
Isto é:
Q' = 1 nC

Eletrização por indução


Ao aproximarmos um condutor A, carregado positivamente, de um condutor B, neutro, sem tocar, alguns
elétrons livres de B serão atraídos por A e serão acumulados na região de B mais próxima de A. Isso faz com que a
região de B mais afastada de A fique com uma quantidade menor de elétrons e, portanto, com excesso de cargas
positivas. Esse processo de separação de cargas em um condutor pela presença de outro corpo eletrizado é chama-
do de indução eletrostática. O condutor A é chamado de indutor e B, de induzido.

Se o indutor for afastado, o induzido voltará à sua condição inicial, na qual as cargas elétricas não estavam
separadas. Pode-se realizar o seguinte procedimento para que o induzido se mantenha eletrizado:
1. Aproxima-se o indutor do induzido;
2. Conecta-se ao induzido um outro condutor, e este à Terra (fio Terra);
3. Retira-se o fio Terra;
4. Somente após os procedimentos acima, afasta-se o indutor.

No condutor induzido, os elétrons em excesso se espalham pela superfície do condutor. Caso o indutor
esteja carregado negativamente, os elétrons livres do induzido irão escoar para a Terra, quando a conexão do fio
Terra for feita. Desse modo, no final do processo, o induzido ficará carregado positivamente.

184
Condutor B, neutro e isolado; aproximando A de B, ocorre indução eletrostática; ligando B à Terra, elétrons de B
escoam para a Terra; a ligação de B com a Terra é desfeita; o indutor A é afastado e B está positivamente.

Na eletrização por indução, o induzido ficará eletrizado com cargas elétricas de sinais opostos às cargas
elétricas apresentadas pelo indutor. A carga do indutor não se altera.

Podemos explicar porque ocorre atração dos corpos ao aproximarmos um corpo eletrizado de um condutor
neutro, a partir do fenômeno da indução eletrostática.
Considere um condutor metálico B, neutro, suspenso por um fio isolante. Quando aproximamos de B um
corpo A com carga positiva, o condutor B é induzido e uma parcela de suas cargas elétricas negativas serão atraídas
pelo corpo A, e suas cargas positivas serão repelidas. As forças de atração e repulsão dependem das distâncias
entre as cargas e, nesse caso, como as cargas negativas do induzido estão mais próximas das cargas positivas do
indutor, a intensidade da força de atração é maior que a de repulsão, de modo que a força resultante é de atração.

Se um corpo eletrizado A atrair um condutor B, poderá B estar eletrizado com carga de sinal oposto ao de
A ou estar neutro.

Atenção: quando analisamos atração ou repulsão elétrica entre partículas, só existe um dos dois quando
se trata de partículas elétricas, isto é, prótons ou elétrons; não havendo força elétrica, trata-se de uma partícula
neutra, um nêutron por exemplo. Diferentemente, quando analisamos corpos extensos, onde um corpo neutro será
atraído por um corpo carregado, poderá haver atração ou repulsão se estiverem carregados.

185
um globo metálico não conseguiria manter eletricidade

Reprodução
no seu interior. Ainda Franklin relacionou o relâmpago
com descargas elétricas iguais às produzidas por uma
garrafa de Leiden. Foram os franceses Charles Augustin
Coulomb (1736-1806) e Charles Fraçois de Cisternay du
Fay (1698-1739) que perceberam que existiam apenas
dois tipos de fluidos elétricos, sendo que a designação
de positivo e negativo foi dada por Benjamin Franklin.

Teoria na prática
1. A figura abaixo representa um condutor A, eletri-
camente neutro, ligado à Terra. Aproxima-se de
Uma pequena esfera neutra de isopor é atraída quando aproximada da A um corpo B carregado positivamente. Pode-se
esfera metálica eletrizada de um gerador eletrostático.
afirmar que:
Reprodução

a) os elétrons da Terra são atraídos para A.


b) os elétrons de A escoam para a Terra.
c) os prótons de A escoam para a Terra.
d) os prótons da Terra são atraídos para A.
e) há troca de prótons e elétrons entre A e B.

Resolução:
O filete de água desvia-se da vertical ao ser atraído por um bastão A Terra possui elétrons e prótons em abundância.
plástico previamente eletrizado por atrito com um pedaço de flanela.
Isso causa como consequência o fato de que todo
Como dito anteriormente, pertence a Tales de corpo carregado, quando conectado à Terra, fica
Mileto o primeiro registro de observações de fenômenos descarregado. Quando o corpo B, positivamente
carregado, é aproximado do corpo A, temos, pelo
elétricos. O estudo científico só foi ocorrer muito tempo
princípio da atração e repulsão, a tendência para
depois com William Gilbert (1544-1603). Em seus es-
atrair elétrons, logo, os elétrons da Terra serão
tudos sobre eletricidade estática, utilizou âmbar, que,
atraídos e irão migrar para a esfera A.
em grego, é chamado elektron, dando origem à pala-
vra eletricidade, cunhando, assim, entre outros termos, Alternativa A
a força elétrica. Inúmeros cientistas contribuíram para
o desenvolvimento da teoria da Eletricidade, entre eles
podemos citar Benjamin Franklin (1706-1790), inven-
Eletroscópios
tor do para-raios, que imaginou o fluido elétrico como Os eletroscópios são aparelhos utilizados para
sendo apenas um tipo de espécie, onde um corpo po- verificar a eletrização de um corpo. O pêndulo elétrico
deria ficar eletrizado positivamente ou negativamente. é um desses aparelhos e é constituído por uma esfera
Quando atritado, um corpo ganharia e outro perderia de material leve (isopor ou cortiça), recoberta por uma
a mesma quantidade do fluido, mantendo a soma líqui- camada metálica fina e suspensa por um fio isolante
da total das cargas constante. Percebeu, também, que (seda ou náilon) em uma haste-suporte.

186
Pode-se determinar a eletrização de um corpo A aproximando-o da esfera do pêndulo elétrico. Se a esfera
não se mover, o corpo A não está eletrizado. No entanto, se a esfera for atraída, o corpo A está eletrizado.

Teoria na prática
1. Uma esfera metálica, positivamente carregada, é aproximada, sem encostar, da esfera do eletroscópio. Em
qual das seguintes alternativas melhor se representa a configuração das folhas do eletroscópio, e suas car-
gas, enquanto a esfera positiva estiver perto de sua esfera?

Resolução:
Ao aproximarmos uma carga positiva, pelo princípio da atração e repulsão, atrairemos elétrons de todo o
eletroscópio a ficarem fixos na esfera, inclusive das folhas, ou seja, os elétrons das folhas irão migrar e se
concentrar na esfera. Com essa migração, as folhas ficarão com excesso de prótons e, assim, ficarão positi-
vas. Ficando ambas positivas, elas irão se repelir, logo, irão abrir.
Alternativa C

Gerador de Van de Graaff Hoje em dia, é muito comum a utilização de um


gerador de Van de Graaff em shows de física.

O gerador Van de Graaff é uma máquina utili-


zada para acumular carga elétrica, produzindo, assim,
altas tensões elétricas em uma esfera de metal. Baseia-
-se no princípio de eletrização por atrito, no qual uma
correia é atritada com a roldana de plástico. Seu criador
foi Robert Van de Graaff (1901-1967).

187
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Aprenda a fazer uma máquina de choques caseira


Fonte: Youtube

Vídeo Processos de eletrização

Fonte: Youtube

Vídeo Eletrostática História e teoria 15

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites

Vídeo FIBRA - GERADOR DE VAN DER GRAAF (18/03/15)

Fonte: Youtube

ACESSAR

188
ACESSAR

Sites Instrumentação / medidas / grandezas

educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/eletrizacao-eletrizacao-por-atrito-contato-e-inducao.htm
www.efeitojoule.com/2008/04/eletrizacao-condutores-e-isolantes.html
educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagnetismo/carga-eletrica-e-eletrizacao.html
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/processos-eletrizacao.htma
www.newtoncbraga.com.br/index.php/meio-ambiente-e-saude/415-ionizacao-ambiente-a-
eletricidade-ambiente-pode-melhorar-a-sua-saude
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/condutores-isolantes-eletricos.htm

189
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

No dia a dia moderno e tecnológico, a eletricidade está presente em todos os lu-


gares. Fugindo um pouco do óbvio e a título de curiosidade, vejamos algumas aplicações
cotidianas dela. Em caminhões que carregam combustíveis, existe uma corrente metálica
que é arrastada pelo chão a fim de descarregar para a Terra um possível excesso de carga
elétrica, que se deve ao atrito do caminhão com o ar, e que poderia originar uma faísca
e provocar uma explosão. Ao caminhar sobre carpetes com os pés descalços, é possível,
através do atrito entre eles, que a pessoa possua um excesso de cargas, e, ao encostar
em um objeto ou em outra pessoa, pode-se gerar um pequeno choque devido à descarga elétrica. Em dias secos,
é mais fácil eletrizar por atrito, por exemplo, ao escovarmos os cabelos; a repulsão elétrica entre os fios de cabelo
será maior ou atrair pequenos objetos com a escova será mais fácil. Já em dias úmidos, o efeito é menor. Isso se
deve ao fato de que as moléculas de água presentes no ar acabam roubando os elétrons e dificultando a eletriza-
ção por atrito.

INTERDISCIPLINARIDADE
Desde a antiguidade, o Homem se pergunta do que Após experiências, Ernest Rutherford percebeu que
é feita a matéria. Demócrito de Abdera foi um dos primei- na verdade o átomo era composto por um núcleo maciço
ros pensadores a postular a existência de um componente composto pelas cargas positivas, sendo orbitado pelas car-
básico para todas as coisas: o átomo. Muito tempo depois, gas negativas.
foi na química que a ideia atômica ressurgiu. Primeiramen- Por fim, o modelo atômico foi corrigido por Niels
te, com John Dalton, que no começo do século XIX rein- Henrick David Bohr, utilizando a mecânica quântica. Ele
ventou a ideia, postulando a existência de esferas maciças postulou que:
e indivisíveis, extremamente pequenas, onde cada elemen- I. Os elétrons descrevem ao redor do núcleo órbitas
circulares, chamadas de camadas eletrônicas, com
to químico distinto era composto de um átomo diferente,
energia constante e determinada. Cada órbita per-
com propriedades iguais ao elemento, mas diferente entre
mitida para os elétrons possui energia diferente.
os diferentes átomos; por fim, as reações químicas seriam
II. Os elétrons, ao se movimentarem numa cama-
apenas a união ou separação de diferentes arranjos atô-
da, não absorvem nem emitem energia espon-
micos. Seu átomo ficou conhecido como bolas de bilhar.
taneamente.
Após Dalton, Joseph John Thomson sugeriu outro
III. Ao receber energia, o elétron pode saltar para
modelo atômico, um que incluísse propriedades elétricas, outra órbita mais energética.
afinal a eletricidade já era conhecida e estudada. Seu Dessa forma, o átomo fica
modelo ficou conhecido como pudim de passas, pois o instável, pois o elétron tende
átomo seria constituído de um pudim, representando car- a voltar à sua órbita original.
ga elétrica positiva, e pequenas passas espalhadas, que Quando o átomo volta à sua
representariam a carga negativa, uniformemente distribu- órbita original, ele devolve a
ídas pelo pudim. energia que foi recebida em
forma de luz ou calor.

190
Estrutura Conceitual
Carga positiva CARGA FUNDAMENTAL

Dois tipos Carga negativa

CARGA
ELÉTRICA
Atrito

Eletrização Indução

Contato

191
0 4
3 0 Lei de Coulomb

Competências Habilidades
5e6 17 e 20
© Ralwel/Shutterstock

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Charles Augustin Coulomb (1736-1806) aplicou o método científico
sistematicamente em seus problemas, desmistificando a eletricidade. Para
a determinação da força elétrica, Coulomb utilizou da fórmula newtoniana
para atração gravitacional entre dois corpos, era de conhecimento geral a lei
m1· m2
da gravitação de Newton Fg a ​ __  ​  , isto é, que a atração era proporcional
d2
ao produto das massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância
que as separava. Coulomb percebendo semelhanças entre essas forças, pois,
em ambas, atuavam a distância (ação fantasmagórica à distância), então aca-
bou utilizando-se dessa fórmula para supor a sua fórmula para força elétrica.
Para pôr à prova sua teoria, Coulomb utilizou da balança de torção, utilizada
por Henry Cavendish, fazendo algumas melhorias.

Forças entre cargas elétricas puntiformes: lei de Coulomb


As interações eletrostáticas podem ser evidenciadas pela força percebida entre portadores de cargas elé-
tricas. Essas interações podem ser atrativas ou repulsivas, sendo atrativas entre portadores de cargas elétricas de
sinais opostos e repulsivas entre portadores de cargas elétricas de mesmo sinal. De acordo com a terceira lei de
Newton, para cada ação existe uma reação, de mesma direção, mesma intensidade, sentidos opostos e que atuam
em corpos diferentes. Assim, caracterizaremos as forças de interações elétricas.

O físico francês Charles Coulomb determinou a relação que exprime o módulo da interação existente entre
dois portadores de cargas elétricas, conhecida como lei de Coulomb.

A intensidade da força de interação entre duas cargas elétricas puntiformes é diretamente proporcional ao
produto dos módulos das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre as cargas.

onde k é uma constante eletrostática que depende do meio físico em que estão inseridas as cargas elétricas
que compõem o sistema estudado. Para o vácuo, essa constante é denotada por k0 e é chamada de constante
eletrostática do vácuo, ou simplesmente constante eletrostática, e seu valor, determinado experimentalmente, é:

Observação: a constante eletrostática k é definida a partir de outra constante, a chamada constante de


permissividade elétrica «, que, no vácuo, assume o valor «0 = 8,854187 · 10–12 F · m–1. Desse modo, a constante
eletrostática no vácuo é:

​  1   ​ 
k0 = ____
4π«0

195
Logo:
Teoria na prática
1. Duas partículas de cargas elétricas Q1 = 4 · 10–16 C k0 · |Q1| · |Q2| = 9 · 10–2
e Q2 = 6 · 10–16 C estão separadas no vá-
cuo por uma distância de 3,0 · 10–9 m. Sendo
Achamos o valor do produto dos valores cons-
k0 = 9 · 109 N · m2/C2, a intensidade da força de
tantes; agora podemos achar o valor da força:
interação entre elas, em newtons, é de:
Resolução: k  · |Q1| · |Q2|
F = __
​  0  ​  
. 
Para calcularmos a força entre as partículas, de- d2
9 · 0,12
vemos aplicar a fórmula da lei de Coulomb: F = ​ __   ​. 
(5 · 10-1)2
k0 · |Q1| · |Q2|
F = ​ __  ​​.    Finalizando, temos:
d2
Substituindo os valores do exercício, obtemos: F = 0,36 N

​ 9 · 10  · 4 · 10 · 6 · 10


9 -16  -16
F = _____________________
     
(3 · 10 )
-9 2
 ​ .
Força elétrica de várias
Finalizando os cálculos, temos:
cargas puntiformes fixas
F = 2,4 · 10–4 N
Sejam cargas puntiformes fixas Q1, Q2, Q3. A
2. Duas cargas elétricas puntiformes encontram-se
cada par de cargas, temos uma força_____ elétrica, _____ _____seja_____ de
num determinado meio e interagem mutuamen- ​› ​› ​› ​› ​
te através de uma força eletrostática, cuja a in- atração
_____ _____ ou de repulsão, logo, temos ​  F ​  1,2, ​ 
F ​  1,3, ​ 
F ​  2,3, ​ 
F ​  2,1,​
› ​›
tensidade F varia com a distância d entre elas de  
F ​  3,1 e  
F ​​  3,2. A força resultante elétrica que atua em cada
acordo com o diagrama da figura. Determine a partícula será a soma vetorial de todas as forças que as
intensidade da força de interação eletrostática outras cargas exercem sobre ela, isto é:
entre estas cargas, quando a distância entre elas
for de 0,5 m.

Resolução:
_____
​› _____
​› _____
​›
Para calcular, vamos retirar alguns valores do Na carga Q1:  
F ​​   =   F ​_____​  2,1 +  F_____ ​​  3,1
_____
​›e1 ​› ​›
gráfico, como para d = 0,1 m, temos F = 9 N, Na carga Q2:  F ​​  e2 =   F ​_____​  1,2 +  F_____ ​​  3,2
_____
​› ​› ​›
logo: Na carga Q3:   F ​​  e3 =   F ​​  1,3 +   F ​​  2,3
k  · |Q1| · |Q2|
F = __
​  o  ​    Quanto maior for a quantidade de cargas elé-
d2
k  · |Q1| · |Q2| tricas envolvidas, mais complicado será calcular a força
9 = __
​  o  ​    elétrica resultante. Por isso será importante detalhar
0,12
Por consequência, temos: cada força envolvida, representar geometricamente seu
vetor, prestando atenção se a força é de atração ou de
9 · 0,12 = k0 · |Q1| · |Q2| repulsão, para o cálculo vetorial da força resultante.

196
Considerações importantes o mesmo sinal de carga. Aplicando a lei de
Coulomb, a resultante será:
§§ Massa do elétron: 9,1 · 10–31 kg
* *
k  · |Q1| · |Q3| __ k  · |Q2| · |Q3|
§§ Massa do próton: 1,67 · 10–27 kg Fr = ​  __
​  0  ​  – ​  0
   ​    
​.
d2
d2
1 C é, em Eletrostática, uma carga enorme. Em
virtude disso, são muito utilizados os submúltiplos do Substituindo os valores, temos:
Coulomb:
§§ 1 milicoulomb = 1 mC = 10–3 C *
Fr = ​ __9 · 109 · 2 · 10 ​
​   
9
-6 
· 4 · 10-6   9 · 109 · 2 · 10
– ​ __
  
9
-6
 ​  *
 · 4 · 10-6 

§§ 1 microcoulomb = 1 mC = 10–6 C
§§ 1 nanocoulomb = 1 nC = 10–9 C Observa-se que os valores das forças são os
§§ 1 picocoulomb = 1 pC = 10–12 C mesmos; logo, temos:

A carga de um elétron ou de próton é a menor Fr = 0 N


carga elétrica livre encontrada na natureza. Essas car-
gas são iguais em valores absolutos, constituindo a cha- 2. Considere duas cargas elétricas pontuais, sendo
mada carga elementar (e): uma delas Q1, localizada na origem de um eixo
x, e a outra Q2, localizada em x = L. Uma terceira
carga pontual, Q3, é colocada em x = 0,4 L. Con-
siderando apenas a interação entre as três car-
Sendo n o número de elétrons em excesso de um
gas pontuais e sabendo que todas elas possuem
corpo eletrizado negativamente, sua carga elétrica, em
Q
módulo, vale: o mesmo sinal, qual é a razão __​  2 ​   para que fique
Q1
submetida a uma força resultante nula?

Resolução:
Essa expressão é usada para calcular a carga
elétrica de um corpo carregado positivamente, e, nesse Segue a representação do caso; temos, então:
caso, n é o número de prótons em excesso ou o núme-
ro de elétrons em falta no corpo. O excesso de cargas
elétricas que um corpo porta, em excesso, é múltiplo
natural da carga elétrica elementar.
Devemos lembrar que força é uma grandeza
vetorial, desta forma suas operações, causas e conse- __
​› ​__›
quências devem respeitar os métodos e procedimentos ​* F ​
​  1   *​= *​ F ​
​  2   *​
inerentes aos estudos vetoriais.
Usando a lei de Coulomb, temos:

Teoria na prática k  · |Q1| · |Q3|


__ k0 · |Q2| · |Q3|
​  0  ​  = ​ __
   ​   
1. Três cargas elétricas encontram-se alinhadas d2
d2
no vácuo. Sendo Q1 = 2 µC, que está a 3 m de
Logo, temos:
Q3 = 4 µC, e Q2 = 2 µC, que está a 3 m de Q3;
determine a força resultante sobre Q3. __ |Q | |Q |
= __
​  1  2 ​  ​  2  2 ​ 
(0,4L) (0,6L)

Por consequência, temos:

__ (0,6L)2 __ Q
​   ​ = ​  2  ​
Resolução: (0,4L)2 Q1

__Q
Se elas estão alinhadas, então teremos duas for- ​  2  ​= 2,25
Q1
ças aplicada em Q3, na mesma direção, contu-
do, em sentidos opostos, pois Q1 e Q2 possuem

197
3. Duas cargas elétricas puntiformes idênticas Q1 e Q2, cada uma com 1 · 10–7 C, encontram-se fixas sobre um
plano horizontal, conforme a figura abaixo. Uma terceira carga q, de massa 10 g, encontra-se em equilíbrio
no ponto P, formando, assim, um triângulo isósceles vertical. Sabendo que as únicas forças que agem em q
são as de interação eletrostática com Q1 e Q2 e seu próprio peso, o valor desta terceira carga é:

Adote: k0 = 9 · 109 N · m2/C2; g = 10 m/s2

Resolução:

Para que o corpo de carga q fique em equilíbrio, é necessário que a força resultante seja nula, isto é, a soma
das forças elétricas com a força peso deve ser zero.
Sabendo que Q1 e Q2 são positivas, é fácil concluir que q deve ser positiva também, para que ocorra força
de repulsão, caso contrário, q nunca iria ficar em equilíbrio.
Logo, temos duas forças de repulsão aplicadas em q com direções diferentes, mas de mesmo módulo, F,
que vale:

k0 · |Q1| · |q|
F = ​ __  ​   
d2
9 · 109 · 1 · 10-7 · q 
F = _____________________
  
​   ​  
9 · 10-4

Simplificando, temos:

F = 1 · 106 · q

Agora que conhecemos o módulo da força, é interessante saber a direção e sentido; para somá-las vetorial-
mente, temos então:

Como sabemos que as forças têm mesmo módulo, é fácil concluir que na horizontal a soma das componen-
tes é nula, enquanto na vertical a soma das componentes será o dobro.
Retirando, por geometria, temos:

FQ1Y = F · sen(30º)

198
Logo, teremos como FER, a força elétrica resultante, de módulo:

FER = 2 · F · sen(30º)

Logo:

FER = 2 · 1 · 106 · q · 0,5

Terminando os cálculos, obtemos:

FER = 1 · 106 · q

Por fim, sabe-se que a deve anular a própria força peso do corpo q, logo:

FER = P

Substituindo:

1 · 106 · q = 10 · 10–3 · 10

Finalizando:

q = 1 · 10–7 C

Medição da carga elementar


Sabemos que a carga elementar, cujo valor corresponde em módulo a 1,6021176462 ∙ 10–19 C, possui uma
incerteza apenas no dois últimos algarismos, mas deve-se a Robert Andrews Millikan (1858-1953) a primeira medida.
Em um atomizador, Millikan eletrizou gotículas de óleo; quando era atingido o equilíbrio dinâmico, Millikan igualou a
força peso com a força elétrica, percebendo que todos os valores de carga elétrica em excesso para cada gotícula de
óleo era múltiplo de um certo valor. Ele deduziu que o valor de cada carga elementar era de 1,64 ∙ 10–19 C.

199
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Lei de Coulomb


Fonte: Youtube

Vídeo Força Elétrica - Lei de Coulomb

Fonte: Youtube

Vídeo Cabo de guerra elétrico - experiência de Física

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites

ACESSAR

Sites Partículas elétricas e suas interações

pt.khanacademy.org/science/physics/electric-charge-electric-force-and-voltage#charge- electricforce
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/forca-eletrica.htm
www.if.ufrgs.br/fis/EMVirtual/cap1/cargas.htm
educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/medindo-forca-eletrica-repulsao.htm

200
APLICAÇÃO NO COTIDIANO

A força elétrica é uma das quatro forças fundamentais da Natureza, logo, está presente no dia a dia de
todos. Graças à força elétrica, há união entre os diferentes átomos, moléculas etc., proporcionando condições para
que a vida exista. A atração e a repulsão elétrica estão presentes quando um pente é capaz de atrair pequenos
corpos depois de ser atritado com o cabelo de uma pessoa. Também ocorre nos processos em que gotículas de
água são ionizadas a fim de atrair pequenas partículas de poeira ou sujeira, processo esse que ocorre nas chaminés
industriais ou em climatizadores.

201
Estrutura Conceitual

Depende do inverso
da distância ao quadrado

Naturezas
iguais Repulsão
CARGA
FORÇA ELÉTRICA
ELÉTRICA
Naturezas Atração
opostas

Grandeza Ação a
vetorial distância

202
0 6
5 0 Campo elétrico

Competências Habilidades
5e6 17 e 21
© sakkmesterke/Shutterstock

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Conceito de campo elétrico
Em Física, é muito comum criarmos modelos que possam tornar nossa compreensão da natureza mais ade-
quada às nossas observações e aos dados coletados. Exatamente aqui se enquadra o conceito de campo elétrico.
Como vimos anteriormente, as interações entre portadores de cargas elétricas podem ser analisadas do ponto de
vista das forças existentes entre esses portadores. Uma carga elétrica puntiforme Q, ou uma distribuição de cargas,
origina um campo elétrico no _espaço ao seu redor. Ao colocamos uma carga de prova q, puntiforme, em um
​_›
ponto P dessa região, uma força F ​​  e , de origem elétrica, age sobre a carga q.

De modo equivalente, a carga elétrica de prova q também produz um campo elétrico, a força de origem
elétrica também age sobre Q ou sobre as cargas da distribuição.
Michael Faraday (1791-1867) introduziu um novo conceito na física, as linhas de força, que, mais tarde,
originariam a ideia de campo. James Clerk Maxwell (1831-1879), aluno de Faraday, apoiou-se principalmente nos
trabalhos de seu professor e de Ampère para a formulação da sua teoria eletromagnética, descrevendo desde os
campos eletromagnéticos até a sua propagação em seu trabalho Treatise on Eletricity and Magnetism. Nesse tra-
balho, Maxwell consegue unificar as leis de Coulomb, Oersted, Ampère, Biot e Savart, Faraday e Lenz expressando
todas essas leis em apenas quatro equações.

Intensidade de campo elétrico


​___› ​__›
O campo elétrico ​E ​   foi definido a partir da força elétrica ​F ​  , sendo a razão entre a força eletrostática e o
módulo da carga de prova q.

A unidade de campo elétrico é definida por:

No Sistema Internacional de Unidades (SI), temos:


newton 
1 unidade de E = 1 ​ _______ N ​ 
= 1​ __
 ​ 
coulomb C
No Sistema Internacional de Unidades (SI), é utilizado o volt por metro (V/m) e esse é equivalente ao newton
por coulomb (N/C).

205
Teoria na prática Teoria na prática
1. Um corpo esférico carregado com uma carga 1. Calcule o valor do campo elétrico produzido por
Q = 5 C positiva provocou em uma carga de pro- uma carga Q = 5 µC, num ponto que dista 5 cm
va q = 2 C uma força de repulsão de 20 N de dessa carga.
intensidade. Calcule qual foi o valor do campo Adote: k0 = 9 · 109 N · m2/C2
gerado pelo corpo.
Resolução:
Resolução:
Aplicando a fórmula do campo elétrico, temos:
Pela definição de campo elétrico, temos:
k0 · |Q|
E = ​ __qF  ​ E = ​ __  ​ . 
d2

Sendo F a força elétrica provocada e q a carga de Substituindo os valores, obtemos:


prova, cujo valor, neste caso, é 2 C.
9 · 109 · 5 · 10
E = ​ __
    ​
-6

.
Logo, substituindo na fórmula, temos: 5 · 10
2  -4

​ 20 ​ 
E = __ Realizando os cálculos, obtemos:
2
E = 1,8 · 107 N/C
Terminando os cálculos, temos:

E = 10 N/C Direção:
​__›
A direção do campo é a mesma da força F ​
​  e .

Campo elétrico de uma carga Sentido:

puntiforme Q fixa
§§ 1° caso: a carga Q é positiva (Q > 0)
Se em P for colocada a carga pontual q > 0,
as cargas se repelem (pois Q > 0 e q > 0).
​___› ​__›
A seguir, são apresentadas
___
as características do
​› Então E ​​   , em P, tem o mesmo sentido de F ​
​  e ,
vetor campo elétrico ​E ​   em um ponto P, devido a uma
isto é, de Q para P.
carga puntiforme Q, fixa no ponto O.

Intensidade:
Igualando as equações Fe = |q| · E (definida aci-
|Q| . |q|
ma) e a lei de Coulomb, Fe = k0 · ______
​   ​,   tem-se:

|Q| · |q|
|q| · E = k0 · ______
​   ​   

|Q|
E = k0 · ___
​   ​  

O gráfico de E em função de d, mantendo a car-


ga Q fixa, é mostrado na figura abaixo. Se em P for colocada a carga pontual
q < 0, as cargas se atraem. Como q <__0, en-
​___› ​›
tão E ​​​​    , em P, tem sentido oposto ao de ​F ​ e , isto
é, de Q para P. Observando as duas situações,
vemos que, Q > 0, o sentido do vetor campo
​___›
elétrico ​E ​   em P é de Q para P, qualquer que
Gráfico de E versus d seja o sinal da carga de prova.

206
​___› _​__›
O campo elétrico E ​
​   produzido por uma carga O campo elétrico E ​
​   produzido por carga ne-
positiva fixa é de afastamento (divergente), em
gativa fixa é de aproximação (convergente), em
qualquer ponto.
qualquer ponto.

Vetores campo elétrico produzido por Q > 0 fixa Vetores campo elétrico produzido por Q < 0 fixa

§§ 2° caso: a carga Q é negativa (Q < 0)


Se em P for colocada a carga de prova q > 0,
as cargas se atraem. Como q > 0, segue-se
Campo elétrico de várias
​___› ​__›
que ​E ​  em P tem o mesmo sentido de ​F ​ e , isto cargas puntiformes fixas
é, de P para Q.
Considere as cargas puntiformes fixas Q1, Q2...,
Qn. Se a carga _Q__ 1 estivesse sozinha, originaria em P o
​›
campo elétrico ​E ​ 1  . Se a carga Q2___estivesse sozinha, ori-
​›
​  2  , e assim por diante,
ginaria em P o campo elétrico E ​ ___ ​›
até Qn que, sozinha, originaria em P o campo elétrico E ​
​  n .

Se em P for colocada a carga q < 0, as_​__cargas



se repelem. Como q < 0, ​_segue-se
_› que ​E ​   em P
tem sentido oposto ao de ​F ​ e , isto é, de P para Q.
Observe agora que, sendo
​___›
Q < 0, o sentido do
vetor campo elétrico E ​
​   em P é de P para Q.

207
_​__› Lembrando que, para cargas positivas, o cam-
O campo elétrico resultante E ​ ​ R   em P, devido po tem sentido divergente à carga; para cargas
a várias cargas
___ Q1, _Q__ 2, ..., Qn, é dado pela soma ve- negativas, o campo tem sentido convergente à
​ › ​___› ​›
torial de ​ 
E ​  1, E ​
​ 2  , ..., E ​
​ n  , na qual cada campo elétrico
carga, isto é:
parcial é determinado como se a carga correspon-
dente estivesse sozinha:
​___› ​___› ​___› ​___›
E ​
​ R   = E ​ ​
​   1 + E ​
​ 2   + ... + E ​
​ n  

Esse é o princípio da superposição dos cam-


pos elétricos.

Teoria na prática
1. Represente abaixo, separadamente, os vetores
campo elétrico produzidos por duas cargas
QA = 12 C e QB = –20 C, no ponto P, situado a
2 m de distância de ambos as cargas.
2. Sabendo-se que o vetor campo elétrico no ponto
A é nulo, a relação entre d1 e d2 é:
q

d
a) ​ __1 ​ = 4.
d2
Resolução: d__1
b) ​   ​ = 2.
d2
Calculando o valor do campo elétrico produzido d
c) ​ __1 ​ = 1.
pela carga A: d2
k  · |Q| d 1
E = __
​  0 2 ​   d) ​ __1 ​ = __
​   ​ .
d d2 2
Substituindo os valores, temos: d 1
e) ​ __1 ​ = __ ​   ​ .
​ 9 · 102  · 12
E = __
9
 ​    d2 4
2
Resolução:
Logo:
Para acharmos as distâncias, devemos analisar
E = 2,7 · 1010 N/C
os campos elétricos no ponto A gerado por cada
Calculando o valor do campo elétrico produzido carga. Se o campo no ponto A é nulo, isso signi-
pela carga B: fica que os campos de A e B possuem o mesmo
módulo e direção, porém, sentidos opostos.
​ 9 · 102  · 20
9
E = __  ​   
2 Sendo Ed1 e Ed2, os campos produzidos pela car-
Logo: ga +4q e +q, respectivamente, temos:

E = 4,5 · 1010 N/C Ed1 = Ed2

208
Substituindo:

k · |+4q| ________
________ k · |+q|
​  0  2 ​   = ​  0  2 ​  

d​ ​1​  ​ d​ ​2​  ​

Simplificando:

+4q +q
________
​  2 ​ = ​ ________2 ​ 
d​ ​1​  ​ d​ ​2​  ​

Logo:

__ d​ ​ 2​  ​
​  12 ​ = 4
d​ ​2​  ​
d
​ __1 ​ = 2
d2

Alternativa B

3. Duas cargas puntiformes no vácuo, de mesmo valor Q = 125 µC e de sinais opostos, geram campos elétricos
no ponto P (vide figura). Qual o módulo do campo elétrico resultante, em P, em unidades de 107 N/C?

Resolução:

Para calcularmos o valor do campo elétrico resultante no ponto P, devemos somar, vetorialmente, os campos
produzidos por –Q e +Q .
Esquematizando os vetores, temos:

Sendo E-q o campo produzido pela carga –Q, e Eq o campo produzido pela carga +Q.
Se decompormos os campos, teremos:

209
Lembrando que: Um campo elétrico também pode ser representa-

|E–q| = |Eq| do utilizando linhas de força.

As linhas de força são linhas tangentes, em


Calculando o módulo de Eq:
cada ponto, ao vetor campo elétrico naquele ponto. O
k · 125 · 10-6 sentido de orientação é o mesmo do campo elétrico.
Eq = ​  0 ________  ​ 

d​ ​ 2​  ​

Por Pitágoras, conseguimos descobrir que

d = 5 cm, temos então:


9 · 109 · 125 · 10
Eq = __
​   
-6
 ​  
(5 · 10 )
-2 2 

Terminando os cálculos, temos:

Eq = 45 · 107 N/C
As linhas de força em uma determinada região
Calculando as componentes temos:
representam,
___
aproximadamente, a direção e sentido do
​›
Eqy = E–qy = Eq · sen(a) e Eqx = E–qx = Eq · cos(a)
vetor ​E ​  nessa região.
Analisando os sentidos, temos que as compo- As figuras a seguir mostram linhas de força de
nentes horizontais se anulam, enquanto as verti- alguns campos elétricos particulares:
cais são somadas, logo:
ER = 2 · Eqy

Substituindo:
ER = 2 · Eq · sen(a)

Sabendo que o sen(a) = 3/5, temos:


ER = 2 · 45 · 107 · ​ __ ( )
​  3 ​  ​
5
Concluindo, temos:
ER = 54 · 107 N/C Carga puntiforme Q > 0.
As linhas de forças partem das cargas positivas.

Linhas de força
A cada
_​__› ponto de um campo elétrico associa-se
um vetor E ​
​  . 
Esse campo elétrico pode ser representado
​___›
desenhando-se um número conveniente de vetores ​E ​  ,
conforme indicado na figura.

Carga puntiforme Q < 0.


As linhas de forças chegam às cargas negativas.

O número de linhas de força é maior quanto


maior for o módulo da carga que origina o campo elé-
trico. Na figura a seguir, o módulo da carga positiva é
maior que o da carga negativa. Nas regiões em que as
linhas estão mais próximas, a concentração de linhas

210
de forças é maior e o campo elétrico é mais intenso. O
Teoria na prática
campo elétrico é mais intenso em A do que em B, por 1. Observe o desenho das linhas de força do campo
exemplo. No ponto N, o campo elétrico é nulo. eletrostático gerado pelas pequenas esferas car-
regadas com cargas elétricas e.

Duas cargas puntiformes de sinais opostos e módulos diferentes a) Qual é o sinal do produto QA · QB?
b) Em que ponto, C ou D, o vetor campo elétrico
resultante é mais intenso?
Resolução:
a) Observando a figura, é possível notar que as
linhas de campo saem de QA e entram em QB.
Logo, a carga QA é positiva e QB é negativa.
Portanto, o produto entre suas cargas resul-
tará num valor negativo. Assim, QA · QB < 0.
b) No ponto C, o vetor campo elétrico é mais
Duas cargas puntiformes de mesmo módulo e positivas.
Em N, o vetor campo elétrico é nulo. intenso, pois ele se encontra numa região em
que as linhas de campo são mais próximas
umas das outras.

Duas cargas puntiformes de mesmo módulo e de sinais opostos

O número de linhas de força por unidade de


área é proporcional à quantidade de carga elétrica
do corpo ou partícula.

211
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Física Geral III - Aula 2 - Campo Elétrico - Parte 1


Fonte: Youtube

Vídeo Campo elétrico

Fonte: Youtube

Vídeo Linhas de campo elétrico - Cargas iguais e anel

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites

212
212
ACESSAR

Sites Campo elétrico

guiadoestudante.abril.com.br/estudo/resumo-de-fisica-campo-eletrico/
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/campo-eletrico.htm
www.todamateria.com.br/campo-eletrico/
www.efeitojoule.com/2009/01/campo-eletrico-e-conceito-campo.html
www.rc.unesp.br/showdefisica/99_Explor_Eletrizacao/paginas%20htmls/Campo%20
el%C3%A9trico.htm

213
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 21 – Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tec-
nológicos inseridos no contexto da termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

Fenômenos eletromagnéticos são presentes no mundo moderno, no cotidiano das pesso-


as. Desde a Segunda Revolução Industrial, a eletricidade tomou conta da vida das pesso-
as. Contudo ainda trata-se de uma área mais abstrata da física, uma vez que o objeto de
estudo é pequeno demais aos olhos. A habilidade 21 cobra justamente que o estudante
seja capaz de perceber, relacionar e interpretar os fenômenos eletromagnéticos cotidia-
nos e trazer à luz a verdade através de respostas científicas.

Modelo 1
(Enem) Em museus de ciências, é comum encontrarem-se máquinas que eletrizam materiais e ge-
ram intensas descargas elétricas. O gerador de Van de Graaff (Figura 1) é um exemplo, como ates-
tam as faíscas (Figura 2) que ele produz. O experimento fica mais interessante quando se apro-
xima do gerador em funcionamento, com a mão, uma lâmpada fluorescente (Figura 3). Quando a
descarga atinge a lâmpada, mesmo desconectada da rede elétrica, ela brilha por breves instantes.
Muitas pessoas pensam que é o fato de a descarga atingir a lâmpada que a faz brilhar. Contudo,
se a lâmpada for aproximada dos corpos da situação (Figura 2), no momento em que a descarga
ocorrer entre eles, a lâmpada também brilhará, apesar de não receber nenhuma descarga elétrica.

A grandeza física associada ao brilho instantâneo da lâmpada fluorescente, por estar próxima a
uma descarga elétrica, é o(a):
a) carga elétrica.
b) campo elétrico.
c) corrente elétrica.
d) capacitância elétrica.
e) condutividade elétrica.

214
Análise Expositiva 1

Habilidade 21
Talvez pelo fato de ser um assunto mais abstrato em comparação a outros da Física, o ele-
tromagnetismo quando cobrado possui um viés mais teórico que outros assuntos abordados.
Esta questão no caso, é de rápida resolução e cobra do aluno a capacidade de identificar o
fenômeno físico corretamente.
O campo elétrico gerado pelos corpos eletrizados faz com que partículas existentes no inte-
rior das lâmpadas movam-se, chocando-se umas com as outras, emitindo luz.

Alternativa B

Modelo 2
(Enem) Durante a formação de uma tempestade, são observadas várias descargas elétricas, os
raios, que podem ocorrer: das nuvens para o solo (descarga descendente), do solo para as nuvens
(descarga ascendente) ou entre uma nuvem e outra. As descargas ascendentes e descendentes
podem ocorrer por causa do acúmulo de cargas elétricas positivas ou negativas, que induz uma
polarização oposta no solo.
Essas descargas elétricas ocorrem devido ao aumento da intensidade do(a):
a) campo magnético da Terra.
b) corrente elétrica gerada dentro das nuvens.
c) resistividade elétrica do ar entre as nuvens e o solo.
d) campo elétrico entre as nuvens e a superfície da Terra.
e) força eletromotriz induzida nas cargas acumuladas no solo.

Análise Expositiva 2

Habilidade 21
Excelente questão, cobra do aluno a explicação de um fenômeno natural, muito comum, diga-
-se de passagem, que é a ocorrência de relâmpagos. O estudante deve ser capaz de explicar
cientificamente o fato, utilizando-se dos seus conhecimentos em eletricidade.
O aumento do campo elétrico entre as nuvens e o solo favorece o deslocamento de partículas
carregadas (íons) que acarretam nas descargas elétricas.

Alternativa D

215
Estrutura Conceitual
Depende do inverso
da distância ao quadrado

Carga positiva Campo divergente


CARGA
CAMPO ELÉTRICO
ELÉTRICA
Carga negativa Campo convergente

Grandeza
vetorial

216
0 8
7 0 Força elétrica e
campo elétrico

Competências Habilidades
5e6 17 e 20
© worradirek/Shutterstock

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Força elétrica e campo elétrico
Como vimos nas aulas anteriores, se houver uma distribuição de partículas, a força resultante que atua
sobre uma partícula é a soma vetorial de todas as forças individuais que atuam sobre a partícula. Assim como se
houver uma distribuição de partículas, o campo resultante é a soma vetorial dos campos individuais.
O módulo da força elétrica entre duas partículas é dado por:

E o módulo do campo criado por uma partícula é dado pela expressão:

O campo elétrico existe independentemente da carga de prova, ele só depende da carga Q que origina o
campo, porém só podemos perceber a existência dele quando colocamos uma carga de prova q e constatamos a
existência da força elétrica.
Porém, a relação entre força e campo elétrico tende a facilitar o processo. Se for conhecido o campo
resultante num determinado ponto, o cálculo para se conhecer a força resultante nesse ponto se torna muito
mais simples.

O campo elétrico é uma grandeza vetorial, assim como a força elétrica. Os dois sempre terão a mesma
direção, mas o sentido depende do sinal da carga de prova q.

​__› ​___› ​__› ​___›


Observe que F ​
​  e  e E ​
​   são grandezas físicas diferentes, ainda que sejam grandezas vetoriais: F ​
​  e  é força e E ​
​   é
vetor campo elétrico.

219
Pode-se criar um campo uniforme com duas
Teoria na prática placas eletrizadas com cargas elétricas de sinais opos-
1. Uma partícula carregada com uma carga de 5 C
tos. Para que isso ocorra, a distância entre as placas
está imersa num campo elétrico de 10 N/C. Qual
deve ser muito pequena, quando comparada com suas
é o módulo da força que irá atuar na partícula?
dimensões.
Resolução:
Para calcularmos a força, basta usarmos a fórmula
de relação entre força elétrica e campo elétrico:
F=q·E
Substituindo, agora, pelos valores do exercício,
temos:
F = 5 · 10 Campo elétrico uniforme entre duas placas eletrizadas

Logo:
F = 50 N
Teoria na prática ​___›
2. Uma carga elétrica puntiforme com carga de 1. Considere o campo elétrico uniforme, ​E ​ ,  repre-
4,0 C é colocada em um ponto P do vácuo e sentado pelo conjunto de linhas de força na figura
fica sujeita a uma força elétrica de intensidade a seguir. Sobre o campo elétrico nos pontos A, B e
1,2 N. O campo elétrico nesse ponto P tem in- C, marcados com o sinal, é correto afirmar que:
tensidade de:
Resolução:
Para calcularmos o campo, basta usarmos a fórmu-
la de relação entre força elétrica e campo elétrico:
F=q·E
Substituindo pelos valores do exercício, temos:
1,2 = 4 · E
Logo: a) é mesmo em todos os pontos.
F = 0,3 N/C b) o campo elétrico do ponto A é igual ao do
ponto B.
Campo elétrico uniforme (CEU) c) o campo elétrico do ponto A é igual ao do
ponto C.
Campo elétrico uniforme é aquele em que o ve- d) o campo elétrico do ponto B é maior que o
​___›
tor ​E ​   é o mesmo em todos ​___›
os pontos. Assim, em cada do ponto C.
ponto do campo, o vetor E ​ ​   tem a mesma intensidade, a e) o campo elétrico do ponto A é menor que o
mesma direção e o mesmo sentido. do ponto B.
As linhas de força de um campo elétrico unifor-
me são retas paralelas igualmente espaçadas e todas Resolução:
com o mesmo sentido. Por definição, um campo elétrico uniforme é um
E E E campo que tem a mesma intensidade em todos
E E E
os pontos.

E E Alternativa A

Linhas de força de um campo uniforme

220
Movimento de uma carga 2º caso: a carga é lançada
elétrica puntiforme num CEU perpendicularmente às linhas de força

1º caso: a carga é lançada paralelamente às →


E

E

linhas de força ou abandonada do repouso →


V0

E
q + →
F
→ →
q E E
+ → +

m v0 v
→ →
A V0 B V0

q + → → − q
F F
Seja uma partícula de massa m, eletrizada com
Neste caso a carga executará um lançamento
carga elétrica q, a partir do repouso ou lançada com
horizontal.
velocidade v0 do ponto A, como mostra a figura. Sobre
a carga atuará uma força F de intensidade F = IqI ∙ E.
3º caso: a carga é lançada
Pela segunda lei de Newton, FR = m ∙ a.
Então, IqI ∙ E = m ∙ a ⇒ a = ±IqI ∙ __E  ​ 
​ m obliquamente às linhas de força
Analisando a fórmula acima, percebemos que a y

aceleração é constante e que a partícula executará um hmáx → →


E g
MRUV. +

Observações: V0 →
P
1. v = v0 + a ∙ t; →
F
​  t  ​ ; e
2
S = S0 + v0 ∙ t + a ∙ __
2 q α
v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ ∆S +
0 A x
2. Análise do sinal da aceleração.
Neste caso a carga executará um lançamento
Consideremos o eixo referencial do movimento,
oblíquo.
orientado no sentido do campo elétrico.
A aceleração será positiva para cargas elétricas
Teoria na prática
positivas que se deslocam no sentido positivo do eixo, 1. Uma carga elétrica puntiforme q = 4 μC e cuja
ou para cargas elétricas negativas que se deslocam no massa é m = 2 ∙ 10– 6 kg é abandonada, a partir
sentido negativo do eixo. do repouso, num ponto P de um campo elétrico
A aceleração será negativa para cargas elétricas uniforme de módulo E = 2 ∙ 105 N/C, conforme
positivas que se deslocam no sentido negativo do eixo, a figura. Determine:
ou para cargas elétricas negativas que se deslocam no a) o módulo da força elétrica que age na carga
elétrica;
sentido positivo do eixo.
b) a aceleração do movimento da carga elétrica q;
c) a velocidade da carga elétrica q ao passar
por Q, distante 20 cm de P.
221
Despreze as ações gravitacionais. Primeiramente, vamos indicar cada força que
→ atua em cada corpo. A força peso é dada pela fórmula
E
k |Q | · |Q2|
q, m, v0 = 0
P = m · g e a força elétrica é dada por Fe = _________
​  0 1 2 ​.   
d
P Q

Resolução:
T T
a) Sendo a carga elétrica positiva, implica que
Fe Fe
a força elétrica tem o mesmo sentido que o A B
campo elétrico. O módulo da força elétrica A P P
B
que atua na carga elétrica q é dado por:
F = IqI ∙ E ⇒ F = 4 ∙ 10– 6 ∙ 2 ∙ 105 ⇒ Dessa forma, no equilíbrio temos que a soma
⇒ F = 8 ∙ 10–1 N ⇒ F = 0,8 N
das forças será nula e podemos dizer que o módulo da
b) Pelo Princípio Fundamental da Dinâmica, força tensora é igual ao módulo da soma vetorial da
FR = m ∙ a. Sendo a força elétrica a força re- força elétrica e da força peso.
sultante que atua na carga elétrica, temos:
E 105 ______
a = ± IqI ∙ ​ __ –6 ___
m  ​ ⇒ a = 4 ∙ 10 ∙ 2 ∙ ​ 2  ​ ∙ 10
6
T=√
​ P2 + Fe2 ​ 
⇒ a = 4 ∙ 105 m/s2
c) Sendo o movimento da carga elétrica um No equilíbrio, o fio e a horizontal formam um ân-
MRUV, podemos aplicar a equação de gulo fixo θ. Utilizando as relações métricas no triângulo
Torricelli: retângulo, podemos escrever que:
vQ2 = vP2 + 2 ∙ a ∙ DS ⇒
⇒ vQ2 = 0 + 2 ∙ 4 ∙ 105 ∙ 0,2 ⇒ F
tgθ = __
​  e ​ 
P
⇒ vQ = 4 ∙ 102 m/s

Pêndulo eletrostático θ θ

P T
Vimos que dois corpos carregados com cargas
T
opostas se atraem. Imagine a situação em que dois
Fe
corpos esféricos idênticos (de mesma massa m) A e B, A
Fe
presos por fios ideais e isolantes carregados com cargas
A P
de mesmo módulo, mas de sinais opostos. Quando pró-
ximos a eles, passa a atuar em cada um uma força elé-
Esta relação trigonométrica entre a força elétri-
trica. Porém, já atuavam, e continuam atuando, a força
peso, uma vez que o corpo possui massa e está imerso ca e o peso é uma poderosa informação, simplifica em
no campo gravitacional terrestre, e a força tensora no muito a resolução dos exercícios. Um raciocínio análo-
fio, pois o fio está tencionado. go poderíamos fazer caso as cargas fossem de sinais
iguais e houvesse repulsão ou se fosse informado o
campo elétrico.

A B
A B

222
2. Duas bolinhas iguais, de material dielétrico, de
Teoria na prática
massa m, estão suspensas por fios isolantes de
1. Um pêndulo simples, cuja extremidade inferior é
comprimento L, presos no ponto P (ver a figura
composta por um corpo de massa “m“ e carga
a seguir).
elétrica positiva “q“, está imerso em um campo
elétrico uniforme de intensidade “E“, conforme
a ilustração a seguir. Considere como “g“ o mó-
dulo da aceleração da gravidade local.

a) Represente, em uma figura, todas as forças


As bolinhas são carregadas com cargas “q”,
que atuam sobre o corpo de massa “m“.
iguais em módulo e sinal, permanecendo na po-
b) Expresse, em termos das grandezas “m“,
sição indicada. Calcule o ângulo θ em função de
“q“, “E“ e “g“, se o ângulo é corresponden-
“m”, “g”, “q”, “d” e «0 (permissividade elétrica
te à situação de equilíbrio acima.
do ar).
Resolução:
Resolução:
a) Seguem as forças que estão sendo aplicadas
De modo análogo à solução anterior, temos:
no corpo:
(  )
E·q
θ = arctan ​ ​ ____
m · g ​  ​

Além disso, sabemos que:


k · |q|
E = _____
​  0 2 ​  

d
​  1   ​ 
k0 = _______
4 · π · «0

Substituindo a segunda e a terceira equações na

b) Temos que a soma da força P com a força primeira, teremos:


elétrica, que resultará em uma força que irá
igualar a força T em módulo. Por geometria,
não é difícil visualizar que:
(
θ = arctan ​ ​ ____
  
q2

4 · π. «0 · m · g · d2 )

​  ​

F
tan(θ) = __
​  el ​ 
P
Logo:
E·q
tan(θ) = ​ ____
m · g  ​ 

Concluímos, então:

(  )
E·q
θ = arctan ​ ​ ____
m · g ​  ​

223
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Força Elétrica


Fonte: Youtube

Vídeo A Lei de Coulomb (atração e repulsão) entre duas cargas ...

Fonte: Youtube

Vídeo Péndulo eletrostático

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites

224
ACESSAR

Sites Eletrização, força elétrica e campos elétricos

educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/eletrizacao-eletrizacao-por-atrito-contato-e-inducao.htm
www.efeitojoule.com/2008/04/eletrizacao-condutores-e-isolantes.html
educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagnetismo/carga-eletrica-e-eletrizacao.html
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/processos-eletrizacao.htma
www.newtoncbraga.com.br/index.php/meio-ambiente-e-saude/415-
-ionizacao-ambiente-a-eletricidade-ambiente-pode-melhorar-a-sua-saude
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/condutores-isolantes-eletricos.htm
educacao.globo.com/fisica/assunto/eletromagnetismo/forca-eletrica-e-campo-eletrico.html
pt.khanacademy.org/science/physics/electric-charge-electricforce-and-voltage/electric-
field/v/electric-field-directionm

225
Estrutura Conceitual
Dependem do inverso
do quadrado da distância

CARGAS Na presença de outra carga:


CAMPOS ELÉTRICOS
ELÉTRICAS força elétrica

Grandeza
vetorial

226
0 0
9 1 Potencial elétrico

Competências Habilidades
5e6 17 e 20
© sakkmesterke/Shutterstock

C N
FÍSICA
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnoló-
H11
gicos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Energia potencial elétrica
A seguir, estudaremos duas grandezas associadas a um campo vetorial conservativo: energia potencial
elétrica e potencial elétrico. Em um campo elétrico conservativo, o trabalho realizado ao se mover uma carga
de prova, independe da trajetória realizada pela carga, depende apenas da posição inicial e final da carga.
Considere um sistema formado por uma carga elétrica pontual Q (carga fonte) e uma carga de prova q,
separadas pelas distancia d.
A energia potencial elétrica para esse sistema formado pelo par de cargas é:
§§ proporcional ao produto das duas cargas, Q e q;
§§ inversamente proporcional à distância d entre as cargas.
Considerando que a energia potencial é zero no infinito, no referencial adotado, a energia potencial vale:

Q
Epot = k0 ∙ __
​   ​ q
d

Informação
Recordemos da Mecânica que a unidade de energia no Sl é o joule (J).

Nesse sistema composto por apenas uma carga fonte (Q), a equação acima relaciona a energia potencial da
carga de prova q em relação à carga Q.

Teoria na prática
1. No vácuo, uma carga de prova q = +3,0 nC está a uma distância de 2,0 cm de uma carga fonte Q = +4,0 mC.
Determine a energia potencial da carga de prova. (k0 = 9,0 ∙ 109 unidades SI)
Resolução:
Para aplicar a equação, devemos ter todas as unidades no SI:
q = +3,0 nC = 3,0 ∙ 10–9 C   Q = +4,0 mC = +4,0 ∙ 10–6 C   d = 2,0 cm = 2,0 ∙ 10–2 m
k0 ⋅ Q ⋅ q 4,0 ∙ 10 –6 ⋅ 3,0 ∙ 10 –9
Epot = ​ _______
 ​   = (9,0 ∙ 109) ​ _________________
       ​ = 5,4 ∙ 10 –3 J.
d 2,0 ∙ 10 –2
A carga de prova tem energia potencial de 5,4 ∙ 10–3 J. Pode-se dizer também que a energia potencial elé-
trica associada ao par de cargas q e Q vale 5,4 ∙ 10–3 J.

Potencial elétrico
Uma carga elétrica isolada Q (chamada de carga fonte) gera à sua volta um campo elétrico. Seja um ponto P,
fixo próximo à carga fonte, como na figura abaixo. Considere que uma carga de prova q seja trazida do infinito até
o ponto P.

229
Como vimos, a energia potencial da carga de Essa equação representa o potencial elétrico ge-
prova é Epot. O potencial elétrico V associado ao pon- rado pela carga fonte no ponto P, distante d da carga
to P é a grandeza escalar dada por: fonte. Observe que a carga de prova q foi cancelada e
não aparece na equação. Assim, o potencial elétrico no
Epot ponto P não depende da carga de prova. Se o ponto
V = ___
​  q ​ 
P estiver no infinito, a distância d é infinita e então o
potencial no infinito é nulo.
A unidade de potencial elétrico, no SI, é o volt Devemos ressaltar que:
(homenagem a Alessandro Volta). §§ o potencial elétrico é definido para um ponto P
Desse modo, as unidades volt, joule e coulomb próximo a uma carga elétrica (carga fonte Q).
estão relacionadas por: §§ o potencial elétrico é uma grandeza escalar e
1 joule pode ser positivo ou negativo, conforme o sinal
1 volt = ________
​    ​ 
1 coulomb da carga fonte Q.
Em geral, a grandeza física potencial é simboli-
Q>0⇔V>0
zada pela letra V. Fique atento para não confundir com Q<0⇔V<0
a respectiva unidade, o volt, também simbolizado por V.

Teoria na prática
Potencial elétrico gerado por 1. Considere uma carga elétrica Q = +8,0 µC no
uma carga elétrica pontual vácuo. Determine o potencial elétrico no ponto P
distante 4,0 cm da carga fonte.
Considere novamente o sistema de cargas for- Resolução:
mado por uma carga fonte Q e uma carga de prova q
Inicialmente, devemos deixar todas as unidades
separadas por uma distância d, como na figura. A car-
no SI:
ga de prova q possui energia potencial elétrica dada
Q = +8,0 µC = +8,0 ∙ 10–6 C
pela equação:
d = 4,0 cm = 4,0 ∙ 10–2 m
Substituindo na equação do potencial elétrico,
teremos:
Q +8,0 · 10-6
Vp = k0 __
​   ​ = (9,0 ∙ 109) ​ _________  ​ 
= +18 ∙ 105
Q⋅q d 4,0 · 10-2
Epot = k0 ____
​   ​   V ⇒ Vp = +1,8 ∙ 106 V
d
O potencial elétrico é uma grandeza escalar e,
O potencial elétrico no ponto P, pela definição,
portanto, basta dizer que no ponto P ele vale
é dado por:
1,8 ∙ 106 V. Não há direção e nem sentido para
Epot
V = ​ ___
q ​ ⇒
serem especificados. O potencial elétrico repre-
senta um nível de energia no ponto P.
Epot = q ⋅ V
2. (UEG) Uma carga Q está fixa no espaço; a uma
distância d dela existe um ponto P, no qual é co-
Igualando o termo da energia potencial das duas
locada uma carga de prova q0. Considerando-se
equações, obtemos:
esses dados, verifica-se que no ponto P:
q⋅Q
q ⋅ V = k0 ____
​   ​  ⇒ a) o potencial elétrico devido a Q diminui com
d
inverso de d.
Q
V = k0 __
​   ​  b) a força elétrica tem direção radial e aproxi-
d
mando de Q.

230
c) o campo elétrico depende apenas do módulo §§ O potencial elétrico depende do sinal da carga ge-
da carga Q. radora (pode ser positivo ou negativo), mas o cam-
d) a energia potencial elétrica das cargas de- po elétrico só depende do módulo dessa carga.
pende com o inverso de d2. §§ O potencial elétrico varia com o inverso da dis-
(  )
​  1 ​   ​, e o módulo do campo elétrico varia
tância ​__
(  )
Resolução: d
com o inverso do quadrado da distância ​ __ ​  12  ​   .​
Com as expressões de força elétrica, campo elé- d
§§ O campo elétrico está relacionado com a força
trico, potencial elétrico e energia potencial elétri- elétrica, enquanto o potencial elétrico está rela-
ca abaixo podemos tecer algumas considerações cionado com a energia potencial elétrica.
sobre as alternativas expostas.
O potencial elétrico de uma carga puntiforme é
Teoria na prática
dado pelo produto do campo elétrico pela dis- 1. Uma partícula eletrizada com carga elétrica
Q
tância à carga geradora V = E ∙ d = k0 ​ __2  ​ ∙ d ⇒ Q = 8,0 pC está em um meio onde é feito vá-
d
__Q cuo. Adotando-se k0 = 9,0 ∙ 109 unidade SI,
V = k0 ​   ​ .
d determine:
A força elétrica, dada pela lei de Coulomb a) O potencial elétrico no ponto P distante
Q ∙ q0 2 mm da carga elétrica Q.
Fe = k0_____
​  2 ​   tem a direção da reta que une os
d b) A energia potencial adquirida por uma se-
centros das duas cargas, podendo ter o sentido gunda partícula dotada de carga elétrica
de afastamento se as cargas forem de mesmo q = 5,0 ∙ 10–12 C colocada no ponto P.
sinal (repulsão) ou de aproximação (atração), se
Resolução:
as cargas forem de sinais contrários. Alternativa
a) Devemos ajustar as unidades:
[B] incorreta.
Q = 8,0 pC = 8,0 ∙ 10–12 C;
O campo elétrico é a razão entre a força e a car-
d = 2,0 mm = 2,0 ∙ 10–3 m.
Q
Fe ​  = k ​ __
ga de prova E = ​ __
q0   ​,  logo não depende
0 2
d Assim, pela equação do potencial, calcula-
apenas da carga Q e também da distância entre mos V:
as cargas. Alternativa [C] incorreta. Q 8,0 ∙ 10 –12
V = k0 __
​   ​ = 9,0 ∙ 109 ∙ _________
​  ⇒
 ​  
d 2,0 ∙ 10 –3
A energia potencial elétrica é dada pelo produto
​ 72 ∙ 10  ​  
–3
do potencial elétrico e a carga de prova, então ⇒ V = ________ ⇒ V = 36 V

k ∙ Qq0 2,0 ∙ 10 –3
Q
Ep = q0 ∙ V = q0 ∙ k0 __
​   ​ ⇒ Ep = ______
​  0  ​   . A alterna- b) A energia potencial é dada por:
d d
tiva [D] está incorreta, pois a dependência é com Epot = q ⋅ V.
o inverso de d.
Sendo q = 5,0 ∙ 10–12 C, obtemos:
Alternativa A Epot = 5,0 ∙ 10 –12 ∙ 36 = 180 ∙ 10 –12 ⇒
⇒ Epot = 1,8 ∙ 10 –10 J

Comparações entre o campo elétrico


e o potencial elétrico Potencial elétrico de
diversas cargas elétricas
§§ Ambos são gerados por uma carga fonte Q e apli-
cam-se a um ponto P, distante d da carga fonte. Vimos como calcular o potencial elétrico de uma
§§ O potencial elétrico em P é uma grandeza esca- carga. Considere, agora, que, em uma certa região do
lar, enquanto o campo elétrico é vetorial, ou seja, espaço, estão um conjunto de n partículas eletrizadas
tem módulo, direção e sentido. com cargas elétricas Q1, Q2,..., Qn. Juntas, essas cargas

231
geram um campo elétrico nessa região. Considere tam- a) o potencial elétrico no ponto M gerado por
bém um ponto P fixo próximo a essas partículas. Vamos cada uma das cargas;
calcular o potencial elétrico resultante nesse ponto P, e b) o potencial elétrico resultante no ponto M.
para isso faremos o seguinte procedimento:
Resolução:

a) O potencial de cada uma das cargas em M é


Q
calculando usando a equação V = k0 __
​   ​  , em
d
que d = 2,0 cm = 2,0 ∙ 10–2 m.
Para a carga Q1 = +4,0 ∙ 10–7 C, temos:
+4,0 ∙ 10-7
V1 = 9,0 ∙ 109 ∙ __________
​  = +18 ∙ 104 ⇒
 ​ 

25 ∙ 10 –2
⇒ V1 = +1,8 ∙ 10 V

Para a carga Q2 = –2,0 ∙ 10–7 C, temos:

​ –2 ∙ 10 ​  
–7
V2 = 9,0 ∙ 109 ∙ _________ = –9 ∙ 104 ⇒
2 ∙ 10 –2
1. Calculamos o potencial que cada uma das car-
⇒ V2 = –9,0 ∙ 104 V
gas elétricas gera em P, isoladamente. Esse po-
tencial é dado pela equação do potencial vista
b) O potencial elétrico resultante no ponto M é
anteriormente:
dado pela soma dos dois valores anteriores:
Q VM = V1 + V2 (levando-se em conta os sinais).
V = k0 __
​   ​  
d Para facilitar a conta, expressamos os dois
valores na mesma potência 104:
A distância d é variável e corresponde à distân-
VM = (+18 ∙ 104) + (–9,0 ∙ 104) ⇒
cia de cada uma das cargas até o ponto P.
⇒ VM = +9,0 ∙ 104 V
2. Por ser uma grandeza escalar, o potencial re-
sultante no ponto P é “cumulativo”, ou seja, é
dado pela soma dos potenciais de cada uma das
cargas que o geram. Assim, somando todos os
Equipotenciais
potenciais obtidos pelo cálculo anterior, obtemos
As linhas ou superfícies imaginárias, cujos
o potencial resultante Vres:
pontos possuem o mesmo potencial, são denomina-
das de equipotenciais. Em geral, as representações
Vres = V1 + V2 + V3 + ... + Vn de campo elétrico são feitas por um conjunto de su-
perfícies equipotenciais.

Teoria na prática
1. Duas partículas eletrizadas com cargas elétricas
Q1 = 4,0 ∙ 10–7 C e Q2 = –2,0 ∙ 10–7 C estão fixas
nos extremos do segmento AB, cujo ponto médio
é M.

Conjunto de superfícies equipotenciais


Usando k0 = 9,0 ∙ 10+9 Vm/C, determine:

232
Uma superfície equipotencial, em geral, é uma
superfície complicada. Para facilitar a visualização, de-
senharemos apenas sua intersecção dessa superfície
com o plano da folha, obtendo as linhas equipotenciais.
Para um carga puntiforme, as equipotenciais
são superfícies esféricas concêntricas. Desse modo, a
intersecção com o plano da folha resulta em círculos Campo elétrico de duas cargas elétricas opostas
concêntricos. Na figura a seguir, estão representadas as
equipotenciais em torno de uma carga elétrica pontual
Q. Os pontos A, B e C estão na mesma equipotencial, e,
portanto, seus potenciais são iguais:
VA = VB = VC = +10 V

Campo elétrico de duas cargas elétricas positivas

Teoria na prática
1. (UFSC) O ato de eletrizar um corpo consiste em
Linhas de equipotenciais de uma carga pontual Q positiva
gerar uma desigualdade entre o número de car-
gas positivas e negativas, ou seja, em gerar uma
Quando as linhas de força aparecem juntamente
carga resultante diferente de zero. Em relação
com as linhas equipotenciais, ambas devem formar um
aos processos de eletrização e às características
ângulo reto em cada cruzamento, pois são sempre per-
elétricas de um objeto eletrizado, é correto afir-
pendiculares.
mar que:
As linhas de força de um campo elétrico unifor-
01) em qualquer corpo eletrizado, as cargas se
me são retas paralelas. As linhas equipotenciais são,
distribuem uniformemente por toda a sua
portanto, perpendiculares a cada uma delas. Nesse superfície;
caso, as equipotenciais são paralelas entre si. 02) no processo de eletrização por atrito, as car-
gas positivas são transferidas de um corpo
para outro;
04) em dias úmidos, o fenômeno da eletrização é
potencializado, ou seja, os objetos ficam facil-
mente eletrizados;
08) dois objetos eletrizados por contato são
Campo elétrico uniforme. As linhas de força estão representadas
afastados um do outro por uma distância D.
por linhas cheias e as linhas equipotenciais por linhas tracejadas
Nesta situação, podemos afirmar que existe
Nas figuras abaixo, dois casos particulares estão um ponto entre eles onde o vetor campo elé-
representados. O campo elétrico é gerado por duas car- trico resultante é zero;
gas elétricas do mesmo módulo. 16) o meio em que os corpos eletrizados estão
Em ambas as figuras, convencionamos que: imersos tem influência direta no valor do
§§ linhas cheias são linhas de força; potencial elétrico e do campo elétrico criado
§§ linhas tracejadas são linhas equipotenciais. por eles.

233
Resolução:
01) Falsa. As cargas somente se distribuem Gráfico do potencial elétrico
uniformemente pela superfície de um corpo
Dada a expressão para o potencial elétrico de
eletrizado se ele for de material condutor
carga puntiforme, seja o potencial uma função da dis-
perfeitamente esférico e estiver em equilíbrio
tância, V = V (d), temos que:
eletrostático.
02) Falsa. São as cargas negativas, ou seja, os k ∙Q
V(d) = _____
​  0  ​  

elétrons são transferidos de um corpo para d
outro através da eletrização por atrito.
04) Falsa. Pelo contrário, dias úmidos prejudi- Para uma carga positiva (Q > 0), temos que o
cam a eletrização dos corpos, devido ao ex- gráfico do potencial em função da distância à partícula
cesso de umidade do ar, que funciona como é da seguinte forma:
se fosse um fio terra, descarregando os cor-
pos mais rapidamente através das moléculas
polares da água na fase vapor.
08) Verdadeira. Quando se faz eletrização por
contato, temos as cargas depois de separa-
das com o mesmo sinal de carga elétrica;
com isso, o vetor campo elétrico se anula em
um ponto entre os dois corpos eletrizados.
16) Verdadeira. Tanto o potencial elétrico como
o campo elétrico são influenciados pelo meio
(Q > 0)
em que estão imersos, basta verificar a pre-
sença da constante eletrostática do meio (k) Analisando este gráfico, percebemos que quan-
nas equações de ambas. to mais próximo à carga positiva maior é o potencial
elétrico e quanto mais distante da carga, menor é o
Q Q
V = k __
​   ​ e E = k __
​  2  ​  potencial elétrico.
d d
Para uma carga negativa (Q < 0), todos os va-
2. (Udesc) Ao longo de um processo de aproxima-
lores do potencial elétrico serão negativos, temos que
ção de duas partículas de mesma carga elétrica, o gráfico da função do potencial elétrico em função da
a energia potencial elétrica do sistema: distância à partícula é da seguinte forma:
a) diminui.
b) aumenta.
c) aumenta inicialmente e, em seguida, diminui.
d) permanece constante.
e) diminui inicialmente e, em seguida, aumenta.
Resolução:

Sabendo que a energia potencial elétrica é dada


k∙Q∙q
por Ep = ​ ______
 ​ 

, se a distância entre as partí-
d
culas diminui, a energia potencial Ep aumenta.
(Q < 0)
Alternativa B
Analisando o gráfico, vemos que quanto mais
próximo à carga negativa menor é o potencial elétrico,
enquanto que mais distante à carga elétrica negativa
maior é o potencial elétrico.

234
Linhas de força e potencial elétrico
Seja uma carga elétrica Q positiva (Q > 0), vimos que quanto mais próximo a ela maior é o valor do po-
tencial elétrico, enquanto que mais longe a carga menor o potencial elétrico. Logo, VA > VB > VC. Sabemos que no
campo elétrico a carga positiva puntiforme é divergente, isto é, o campo é de afastamento. Dessa forma, o sentido
da linha de força também é de afastamento, coincidentemente no mesmo sentido que o potencial diminui.

Carga Q > 0

Seja uma carga elétrica Q negativa (Q < 0), vimos que quanto mais próximo a ela menor é o valor do
potencial elétrico, enquanto que mais longe a carga maior o potencial elétrico. Logo, VA < VB < VC. Sabemos que
no campo elétrico a carga puntiforme negativa é convergente, isto é, o campo é de aproximação. Dessa forma, o
sentido da linha de força também é de aproximação, coincidentemente no mesmo sentido que o potencial diminui.

-
Carga Q < 0

De maneira geral, podemos dizer que:

O potencial elétrico diminui no mesmo sentido da linha de força.

Por exemplo, analisando a figura a seguir:

Percebemos que o potencial elétrico é maior no ponto C do que no ponto B.

235
INTERATIVI
A DADE

ASSISTIR

Vídeo Energia potencial elétrica


Fonte: Youtube

Vídeo Mapeamento de equipotenciais de terminais lineares

Fonte: Youtube

ACESSAR

Sites Instrumentação / medidas / grandezas

pt.khanacademy.org/science/physics/electric-charge-electric-force-and-voltage
www.estudopratico.com.br/potencial-eletrico-historia-definicao-e-superficie-equipotencial/
www.tecnogerageradores.com.br/blog/saiba-o-que-e-diferenca-de-potencial-eletrico-e-
como-calcular/

236
CONSTRUÇÃO DE HABILIDADES

Habilidade 17 – Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e


representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos,
tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A habilidade 17 é quase onipresente nos exercícios da prova de ciências da natureza, uma vez
que ela cobra do aluno a capacidade de relacionar os fenômenos naturais com diferentes formas
de linguagem, fórmulas matemáticas e a capacidade de interpretação gráfica.

Habilidade 21 – Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tec-
nológicos inseridos no contexto da termodinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 cobra do aluno a capacidade de interpretar os processos naturais ou tec-


nológicos relacionados ao eletromagnetismo e termodinâmica. De forma abrangente esta
habilidade cobra do aluno conhecimento em duas grandes áreas. Por isso, talvez questões
relacionadas ao eletromagnetismo tenham aparecido um pouco menos em provas anterio-
res, salvo é claro a prova de 2017, na qual esteve muito mais presente.

Modelo
(Enem) As células possuem potencial de membrana, que pode ser classificado em repouso ou ação,
e é uma estratégia eletrofisiológica interessante e simples do ponto de vista físico. Essa caracterís-
tica eletrofisiológica está presente na figura a seguir, que mostra um potencial de ação disparado
por uma célula que compõe as fibras de Purkinje, responsáveis por conduzir os impulsos elétricos
para o tecido cardíaco, possibilitando assim a contração cardíaca. Observa-se que existem quatro
fases envolvidas nesse potencial de ação, sendo denominadas fases 0, 1, 2 e 3.

237
O potencial de repouso dessa célula é –100 mV e quando ocorre influxo de íons Na+ e Ca2+ a po-
laridade celular pode atingir valores de até +10 mV o que se denomina despolarização celular. A
modificação no potencial de repouso pode disparar um potencial de ação quando a voltagem da
membrana atinge o limiar de disparo que está representado na figura pela linha pontilhada. Con-
tudo, a célula não pode se manter despolarizada, pois isso acarretaria a morte celular. Assim, ocor-
re a repolarização celular, mecanismo que reverte a despolarização e retorna a célula ao potencial
de repouso. Para tanto, há o efluxo celular de íons K+
Qual das fases, presentes na figura, indica o processo de despolarização e repolarização celular,
respectivamente?
a) Fases 0 e 2.
b) Fases 0 e 3.
c) Fases 1 e 2.
d) Fases 2 e 0.
e) Fases 3 e 1.

Análise Expositiva

Habilidades 17 e 21
Essa é uma excelente questão, onde o estudante é cobrado tanto na parte interdisciplinar,
quanto na interpretação gráfica do potencial de membrana em relação ao tempo. O estudante
deve relacionar conceitos, fenômenos com as fases destacadas no gráfico.
A despolarização ocorre na fase em que o potencial sobe, que é a fase 0. A repolarização
ocorre quando o potencial está voltando ao potencial de repouso, como acontece na fase 3.
Alternativa B

Estrutura Conceitual
Depende do inverso
da distância

CARGA Na presença de outra carga:


POTENCIAL ELÉTRICO
ELÉTRICA energia potencial elétrica

Grandeza
escalar

238
Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe-
ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos
de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto
contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de
material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A
seguir, apresentamos cada seção:

incidência do tema nas principais provas vivenciando

De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas
o território nacional. para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para
evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida
a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma
preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre
aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em
teoria seu dia a dia.

Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção


tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas aplicação do conteúdo
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua-
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados,
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta-
dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com-
preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos
do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer
momento, as explicações dadas em sala de aula.
multimídia
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa
seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório
do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com áreas de conhecimento do Enem
indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en-
contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
o conhecimento do nosso aluno. Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-
conexão entre disciplinas -las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos diagrama de ideias
conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los
conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio-
em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque-
logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre
les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio
outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade
de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas
de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan- Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos
cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza-
grande engrenagem no mundo em que ele vive. ção dos estudos e até a resolução dos exercícios.

Herlan Fellini

1
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.

Autores
Caco Basileus
Herlan Fellini
Felipe Filatte
Kevork Soghomonian

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor-editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Imagens
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Shutterstock (https://www.shutterstock.com)

ISBN: 978-65-88825-06-8

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo
o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos
direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
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sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

2020
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2
SUMÁRIO
FÍSICA
CINEMÁTICA
Aulas 9 e 10: Movimento retilíneo uniformemente variado 6
Aulas 11 e 12: Gráficos do MRUV 17
Aulas 13 e 14: Queda livre e lançamento vertical 29
Aulas 15 e 16: Lançamento oblíquo 38

TERMODINÂMICA
Aulas 9 e 10: Lei geral dos gases 50
Aulas 11 e 12: Primeira lei da termodinâmica 57
Aulas 13 e 14: Segunda lei da termodinâmica 67
Aulas 15 e 16: Introdução à óptica geométrica 77

ELETROSTÁTICA
Aulas 9 e 10: Potencial elétrico 88
Aulas 11 e 12: Trabalho no campo elétrico 96
Aulas 13 e 14: Potencial elétrico no CEU e equilíbrio eletrostático 102
Aulas 15 e 16: Corrente elétrica 110

3
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.

4
CINEMÁTICA: Incidência do tema
nas principais provas

Um dos temas recorrentes na prova da Fuvest


A cinemática possui grande incidência nas é a relação entre lançamento oblíquo de uma
provas do Enem, sempre relacionando o partícula em um campo elétrico. O aluno deve
tema com o cotidiano. Muitas questões saber os dois movimentos que compõe o movi-
costumam exigir a habilidade de análise mento oblíquo. Há também uma importância
gráfica. na interpretação de gráficos, em
especial velocidade x
tempo.

Dentre os temas abordados neste caderno, o Dentre os temas abordados neste caderno, Um dos temas deste livro muito cobrado na
de maior incidência no vestibular da Unicamp o de maior incidência no vestibular da prova da Unesp é o de lançamento obliquo. O
é o estudo do MRUV e a interpretação de Unifesp é o estudo da cinemática escalar, aluno deve saber interpretar imagens e coletar
gráficos (MRUV). com questões de MRUV, nas quais se exige informações, dedicando atenção às equações
do candidato a interpretação de gráficos. dos dois movimentos, vertical e horizontal.

Dentre os temas abordados neste caderno, A prova da FMABC tem uma grande variação A prova da Puc de Campinas tem uma grande A prova da Santa Casa tem uma grande
o de maior incidência no vestibular Albert de temas. No entanto, o tema cinemática es- variação de temas. No entanto, o tema cine- variação de temas. No entanto, o tema cine-
Einstein é o estudo da cinemática escalar, calar (MRUV) aparece com alguma frequência. mática escalar (MRUV) aparece com alguma mática escalar (MRUV) aparece com alguma
com questões de movimento uniformemente frequência, exigindo cuidado nas equações frequência, exigindo cuidado nas equações
acelerado (MRUV), exigindo do aluno conhe- horárias de movimento de lançamentos horárias de movimento acelerado.
cimento das equações. oblíquos.

UFMG

O tema cinemática sempre está presente na O tema cinemática sempre está presente A prova da CMMG tem uma grande variação
prova da UEL em questões que exigem um na prova da UFPR. As questões abordadas de temas. No entanto, o tema cinemática es-
alto nível de manipulações em equações exigem análise dos movimentos por meio de calar (MRUV) aparece com alguma frequência,
horárias de movimento. gráficos de velocidade por tempo e posição exigindo cuidado nas equações horárias de
por tempo. movimento de lançamentos oblíquos.

O tema cinemática sempre está presente na A prova da UNIGRANRIO tem uma grande O tema cinemática sempre está presente na
prova da UERJ. As questões abordadas exigem variação de temas. No entanto, o tema cine- prova da FTESM com questões que exigem
análise dos movimentos por meio de gráficos mática escalar (MRUV) aparece com alguma interpretações de gráficos e análise de
de velocidade por tempo e posição por tempo. frequência, exigindo cuidado nas equações figuras (MRUV e lançamento oblíquo) com
horárias de movimento acelerado em um manipulações em equações horárias de
plano inclinado. movimento.

5
AULAS Movimento retilíneo
9 e 10 uniformemente variado
Competências: 5e6 Habilidades: 19 e 20

1. Conceito de aceleração Considere que a velocidade escalar de uma partícula, em


um instante t1 seja v1, e em um instante posterior, t2, a ve-
Inicialmente, foi analisado que a velocidade é a rapidez locidade escalar seja v2. A aceleração escalar média
com que um corpo muda sua posição ao longo do tem- (am) da partícula entre esses dois instantes de tempo é
po. Em seguida, foi estudado um caso especial em que a definida como sendo a variação da velocidade dividida
velocidade permanecia constante ao longo do tempo. Con- pelo tempo transcorrido:
tudo, no dia a dia é possível perceber que as pessoas e os
v –v
objetos não estão sempre com velocidade constante; pelo am = ​ Dv
___ ​ = _____
​  2 1 ​ 
Dt t2 – t1
contrário, nota-se que os objetos possuem uma determina-
da velocidade em um instante e, em um instante posterior, Nessa definição, a unidade de aceleração é igual à razão
possuem outra velocidade. Esse é o caso, por exemplo, de entre a unidade de velocidade e a unidade de tempo. No
um carro inicialmente em repouso que adquire velocidade, SI, tem-se:
mas, ao se aproximar de um semáforo com o sinal vermel-
ho, reduz sua velocidade até o repouso. m ​ 
​ __
m/s
​  s ​  = ​  ss  ​ = __
___ __ ​  m ​ ⋅ __
​ 1 ​ = __
​ m2 ​ = m ⋅ s–2
Assim, é preciso definir uma nova grandeza que esteja rela- ​ __  ​ s s s
cionada com essa variação da velocidade. A rapidez com que 1
um corpo varia sua velocidade é denominada aceleração. Como o intervalo de tempo ∆t é sempre positivo, o sinal
da aceleração escalar média é igual ao sinal da variação
A ideia de aceleração está sempre ligada à variação de velocidade ∆v.
da velocidade.
§ Se vf > vi, temos (vf – vi) > 0 e a > 0.
§ Se vf < vi, temos (vf – vi) < 0 e a < 0.
Note que, no caso de movimento retilíneo uniforme, vf = vi,
e, portanto, (vf – vi) = 0, ou seja, a = 0. Assim, a aceler-
ação é nula no movimento retilíneo uniforme.

3. Unidades de aceleração
A razão entre uma unidade de velocidade e uma unidade de
tempo é denominada unidade de aceleração. Por exemplo:
km/h
1​ ____
multimídia: vídeo s ​  
Entretanto, essa unidade não pertence ao SI. O exemplo
Fonte: Youtube
seguinte ilustra a unidade de aceleração no SI e seu sig-
Física - Aceleração (Khan Academy)
nificado: uma pedra cai de uma determinada altura e sua
velocidade é de vi = 5 m/s logo depois de iniciar a queda.
2. Aceleração escalar média Após um intervalo de tempo ∆t = 2 s, sua velocidade é de
vf = 25 m/s. A aceleração da pedra é:
v – vi
a = _____
​  f  ​  ​ 25 m/s –  ​
  = ____________
   5 m/s  ​ 20 m/s
= ______  ​
  
Dt 2 s 2 s
ou
​ 10 sm/s
a = ______  ​  

6
Esse resultado demonstra que a velocidade de pedra au- Em geral, o resultado anterior é apresentado da forma a =
menta em 10 m/s a cada 1 s. Assim, no SI, a unidade de 10 m/s2. Dessa forma:
aceleração é 1 (m/s)/s, que se convencionou escrever da
seguinte maneira: No SI, a unidade de aceleração é 1 m/s2. A velocidade
m/s ​  = 1​ __
1​ ___ m ​  ∙ __
1 m
___ varia de 1 m/s a cada 1 s.
s s ​  s ​ = 1 ​ s2 ​ 

VIVENCIANDO

Mudanças na velocidade são comuns no nosso dia a dia: um carro que trafega numa avenida e desacelera, parando
devido a um semáforo vermelho, ou o mesmo um carro que acelera, quando o semáforo está verde; também na
queda dos corpos, que veremos nas próximas aulas.
No geral, os móveis alteram entre diversos movimentos, o que tornaria o estudo completo algo mais difícil, por isso
“quebramos” o movimento em partes, das quais conseguimos estudar com facilidade, MU e MUV, saber distinguir
entre esses dois tipos de movimento, conhecer suas funções horárias, é fundamental para a resolução de problemas.

4. Movimentos acelerado ade é de v2 = –30 m/s. Contudo, se em t1 sua velocidade é


de v1 = 30 m e, num instante seguinte t2, ela diminui para v2
e retardado = 20 m/s, seu movimento é denominado retardado.
§ O movimento é acelerado se o módulo da velocidade
O movimento pode ser classificado como progressivo ou
aumenta:
como retrógrado. Ainda assim, é possível caracterizar ainda
mais o movimento. Afirma-se que o movimento é acelerado movimento acelerado ⇒ |v| aumenta
quando, em módulo, a velocidade aumenta com o tempo, e § O movimento é retardado se o módulo da velocidade
que um movimento é retardado (freado) quando o módulo diminui:
da velocidade diminui com o tempo. Matematicamente,
nota-se que o sinal da aceleração e o sinal da velocidade movimento retardado ⇒ |v| diminui
no movimento acelerado são idênticos, e no movimento Agora, é possível classificar o movimento como sendo
retardado os sinais são opostos. progressivo acelerado, progressivo retardado, retrógrado
acelerado ou retrógrado retardado. Observe ainda que
§ a > 0 e v > 0 ou a < 0 e v < 0 o movimento é o fato de o movimento ser progressivo ou retrógrado se
acelerado (a e v têm o mesmo sinal). deve a uma escolha da orientação; entretanto, o movi-
§ a > 0 e v < 0 ou a < 0 e v > 0 o movimento é mento ser acelerado ou retardado não tem relação algu-
retardado (a e v têm sinais diferentes). ma com a escolha da orientação.

v>0 v>0
Aplicação do conteúdo
a>0 a>0

1. Um automóvel se desloca por uma estrada, e sua ve-


S S
locidade aumenta ao longo do tempo. Em um determi-
a>0
a>0 v>0 v>0 nado instante, o automóvel tem velocidade escalar de
S S
54 km/h e, após 2,0 segundos, sua velocidade passa a
ser 72 km/h. Determine a aceleração escalar média do
Por exemplo, se um carro tem velocidade v1 = 10 m/s em t1 automóvel nesse intervalo de tempo.
e, num instante posterior, t2 sua velocidade é de v2 = 30 m/s,
afirma-se que o movimento é acelerado. O mesmo ocorre se Resolução:
v1 = –10 m/s em t1 e, num instante posterior t2, sua velocid- O intervalo de tempo é Dt = 2,0 s.

7
A variação de velocidade escalar nesse intervalo de tempo foi:
aceleração constante ⇒ a = am = ​  Dv
___ ​ 
Dv = (72 km/h) – (54 km/h) ⇒ Dv = 18 km/h Dt

Como o intervalo de tempo foi dado em segundos, faça a


transformação da unidade de velocidade:
18  ​ m/s = 5 m/s
Dv = 18 km/h = ​ ___
3,6
Assim, calcule a aceleração:
5,0 m/s
am = ​ Dv
___ ​ = ______
​   ​ 
 = 2,5 m/s2
Dt 2,0 s
Esse resultado mostra que, em média, a velocidade aumentou
2,5 m/s a cada segundo.
2. Um carro de corrida é acelerado de forma que sua ve- multimídia: vídeo
locidade em função do tempo é dada conforme a tabela:
Fonte: Youtube
t(s) 3 6 9 Física Total - Aula 05 - Movimento Uniformemente
v(m/s) 20 30 60 Variado - MUV

Determine o valor da aceleração média desse carro entre A tabela abaixo mostra as velocidades escalares de uma
t1 = 3 s e t2 = 9 s. partícula em intervalos de 1 segundo. A velocidade varia
Resolução: de modo regular, ou seja, a cada 1 segundo, o aumento da
velocidade é 2 m/s. Assim, a aceleração escalar é constante
Fazendo um desenho ilustrativo do problema, tem-se:
e dada por:
a = 2 m/s por segundo = 2 m/s2
t (s) v (m/s)
0 5
A variação de tempo e de velocidade entre os instantes t = 1 7
3 s e t = 9 s será: 2 9
Δt = 9 – 3 = 6 s 3 11
4 13
Δv = v3 – v1 = 60 – 20 = 40 m/s
Dessa forma, a aceleração média será: No caso em que a aceleração é constante e não nula, tem-
se um movimento uniforme.
​ 40 ​ = 6,67 m/s2
Δv ​ = ___
am = ​ ___
Δt 6 se a = 0 → v é constante → o movimento é uniforme
Resposta: A aceleração será de 6,67 m/s2.
Nota: Foi visto que a velocidade é a variação do espaço no
tempo; também foi vito que a aceleração é a variação da
velocidade no tempo. Não há nenhuma grandeza associa-
da à variação da aceleração no tempo. Todos os exercícios
de cinemática são resolvidos em função da posição, da ve-
locidade, da aceleração e do tempo.

5. Movimento retilíneo
uniformemente variado (MRUV) multimídia: sites
Além da aceleração escalar média (am), define-se também a pt.khanacademy.org/science/physics/one-
aceleração escalar instantânea (a), que é a aceleração esca- -dimensional-motion/acceleration-tutorial/a/
lar em um instante de tempo muito curto. Considere o caso acceleration-article
em que a aceleração escalar instantânea é constante. Assim, www.if.ufrgs.br/tex/fis01043/20042/Luciano/
em qualquer intervalo de tempo, a aceleração escalar média cinematica.html
possui o mesmo valor da aceleração escalar instantânea.

8
5.1. Funções horárias É possível demonstrar que a velocidade média no movi-
mento retilíneo uniformemente variado é dada por:
Considere uma partícula realizando um movimento uni-
v + v0
formemente variado em uma linha, como na figura se- vm = _____
​   ​   
guinte. No instante inicial (t = 0), a partícula passa pelo 2
ponto de posição S0 com velocidade escalar v0. Depois de A partir da definição de velocidade média:
algum tempo, em um instante qualquer t, a partícula pas-
S – S0
sa pelo ponto de posição S com velocidade escalar v. A vm = ​ DS
___ ​ = _____
​   ​ 
aceleração escalar é constante ao longo de toda trajetória Dt t – t0
É possível combinar ambas as equações de modo que, para
t0 igual a zero, tem-se:
(v0 + v) (t – 0) ______
(v + v)t
DS = ​ ___________
 ​   = ​  0  ​   
v 2 2
Utilizando a função horária da velocidade escalar v = v0 +
a ⋅ t e Ds = s – s0, obtém-se:
Pela definição da aceleração:
(v + v + at)t ________2v t + at2
​ at ​ 
2
v – v0 S – S0 = ___________
​  0 0  ​   = ​  0  ​   = v0t + ___
a = ​ Dv
___ ​ = _____
​   ​   2 2 2
Dt t – t0
Assim:
Rearranjando a equação:
​ 1 ​ ∙ a ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __
v – v0 = a ∙ t 2
Função horária da posição.
Assim:
Nota: Para t0 diferente de zero, temos as equações:
v = v0 + a ∙ t v = v0 + a ∙ (t – t0)

Função horária da velocidade escalar.


​ 1 ​ · a · (t – t0)2
S = S0 + v0 ∙ (t – t0) + __
2

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Uma função polinomial do segundo grau em uma variável é do tipo f de  em , onde f(x) = a ∙ x² + b ∙ x + c,
com a, b e c números reais e a ≠ 0.
Para determinar a solução de equação do segundo grau 0 = a ∙ x² + b ∙ x + c, utilizamos um algoritmo desenvolvi-
do por Bháskara, em que temos duas raízes dadas por:

​ ​ ∆ ​ ​  
dXX
x = ​ –b ± ___
2a

sendo:

∆ = b2 – 4ac

Onde se ∆ > 0 haverá duas soluções distintas, se ∆ = 0 haverá duas soluções idênticas e se ∆ < 0 não haverá raiz real.
Para um corpo em MRUV, a função horária da posição é uma função polinomial do 2º grau, em uma variável.

9
Nos mesmos 8 segundos, aplica-se a função horária da ve-
Aplicação do conteúdo locidade escalar para se obter a velocidade final do corpo:
1. (Ufal) A velocidade de um móvel aumenta, de ma- v = v0 + at = 0 + 6,875 ∙ 8 = 55 m/s
neira uniforme, 2,4 m/s a cada 3,0 s. Em certo instante,
a velocidade do móvel é de 12 m/s. A partir desse ins-
O enunciado afirma que essa velocidade permanece cons-
tante, nos próximos 5,0 s a distância percorrida pelo
móvel, em metros, é igual a: tante e ainda faltam 2.780 metros para o corpo percorrer.
Assim, o segundo intervalo de tempo será:
a) 10
v = __​ ∆S ​  
b) 30 ∆t
c) 60 55 = ​ 2780 ​
____   
∆t
d) 70
e) 90 ​ 556 ​   s
∆t = ___
11
Resolução: O tempo total será:
O enunciado afirma que a velocidade aumenta a uma taxa ​ 556 ​  = 58,54 ≈ 58 s.
ttotal = 8 + ___
11
de 2,4 m/s em 3 s. Assim, a aceleração do móvel será:
Altenativa D
2,4
Δv ​ = ___
a = ​ ___ ​   ​  = +0,8 m/s2
Δt 3 3. A figura abaixo ilustra uma partícula com mo-
vimento uniformemente variado, com aceleração
Admitindo o início da trajetória o móvel com velocidade de
a = 6 m/s2. A partícula passa pelo ponto de posição 10 m
12 m/s, após 5 s aplica-se a função horária da posição em e velocidade escalar 4 m/s no instante t0 = 0.
MRUV para encontrar a distância percorrida.
​ at ​ 
2
S = S0 + v0t + ___
2
0,8(5)2 s
S – S0 = 12 ∙ (5) + ______
​   ​   = 60 + 0,4 ∙ (25) =
2
= 60 + 10 = 70 m a) No instante t = 5 s, qual é a posição e a velocidade
escalar da partícula?
Altenativa D b) Determine a velocidade escalar média da partícula
entre os instantes t0 = 0 e t = 5 s.
2. (UFBA) Um corpo que parte do repouso deve percor-
rer uma distância de 3.000 m. Os primeiros 220 m ele Resolução:
os percorre em 8 s, sendo que o movimento é uniforme- a) Sabendo que a partícula está em MUV, e sendo
mente acelerado. O restante é percorrido a velocidade a = 6 m/s2, v0 = 4 m/s e S0 = 10 m, tem-se:
constante igual à atingida quando ele alcançou aqueles
220 m. O tempo total aproximado para realizar todo o ​ a ⋅  ​
S = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2 

percurso será de: 2
E para t = 5 s:
a) 20 s
6 ⋅ (5)2
b) 30 s S = 10 + 4 ⋅ (5) + ______
​   ​   ⇒ S = 105 m
2
c) 50 s
v = v0 + a ⋅ t
d) 58 s
E para t = 5 s:
Resolução:
v = 4 + 6 ⋅ (5) ⇒ v = 34 m/s
Nos primeiros 8 segundos, o corpo percorre 220 m partin- b) Foi visto que a velocidade média no MUV pode ser
do do repouso. Aplicando a função horária do movimento calculada como:
retilíneo uniformemente acelerado, tem-se:
V + V0
​ at ​ 
S = S0 + v0t + ___
2
vm = ______
​  f  ​
  
2 2
(8)²
220 = 0 + 0 ∙ 8 + a ∙ ___ ​   ​   Assim, a velocidade média é:
2
64a
___
220 = ​   ​  
2 ​ 34 + ​
vm = ______ 4  ​ 38 ​ ⇒
 = ___
2 2
220
___
a = ​   ​  = 6,875 m/s2
32 vm = 19 m/s

10
4. Em uma autoestrada, um guarda (em uma motoci- Desprezando a resposta negativa, tem-se t = 16 s, ou seja,
cleta) persegue um automóvel cujo motorista cometeu depois de 16 segundos do instante representado na figura,
uma infração e que se move com velocidade escalar
o guarda alcança o automóvel.
constante de 20 m/s. A figura a seguir ilustra a situação
em um determinado instante. b) Como o movimento do guarda é uniforme-
mente variado, substituindo t = 16 s na função
8,0 m/s 20 m/s
horária de sua velocidade escalar, obtém-se:

v = v0 + at ⇒ v = 8,0 + 2,0 t
64 m
t = 16 s ⇒ v = 8,0 + (2,0)(16) ⇒ v = 40 m/s
 esse instante, o guarda tem velocidade escalar 8,0
N
m/s. Admitindo que ele se move com aceleração escalar A velocidade do guarda no instante do encontro é de 40 m/s.
constante de 2,0 m/s2 e desprezando os comprimentos
c) Substituindo t = 16 s na equação
dos veículos:
horária da posição do guarda, resulta:
a) A partir do instante representado
na figura, quanto tempo o guarda le- SG = 8,0 t + t²
vará para alcançar o automóvel? t = 16 s ⇒ SG = 8,0(16) + (16)² ⇒ SG = 384 m
b) Qual a velocidade do guar-
da ao alcançar o automóvel? Isto é, o guarda se moveu da posição inicial S0G = 0 até a
c) Determine a distância percorrida pelo
posição SG = 384 m, e, portanto, percorreu a distância de
guarda desde o instante representado na
figura até o instante de encontro. 384 metros.

Resolução:
5.2. Equação de Torricelli
a) Adotemos a posição inicial do guarda como a ori-
gem do eixo de coordenadas dos espaços (S0G = 0), e Os problemas de MRUV podem ser resolvidos com as fun-
64 m como a posição inicial do automóvel (S0A = 64 m). ções horárias da velocidade e da posição. Entretanto, será
G A mostrada a seguir uma equação que relaciona a velocida-
8,0 m/s 20 m/s de e a posição sem envolver o tempo. Essa equação será
0 64 s (m) útil na solução de problemas que não envolvam a variável
tempo no enunciado.
O movimento do guarda é uniformemente variado com S0
= 0, v0 = 8,0 m/s e a 2,0 m/s2, e o automóvel se movimen- Para obter essa equação, o tempo é isolado na função ho-
ta uniformemente com S0 = 64 m e v = 20 m/s. Assim, rária da velocidade:
as funções horárias das posições para o guarda e para o v – v0
automóvel são: v = v0 + at ⇒ at = v – v0 ⇒ t = _____
​  a ​  

guarda (MUV) automóvel (MU) Esse valor de t é substituído na equação horária da posição.
Assim:
​ a  ​t2
S = S0 + v0t + __ S = S0 + vt
2
2,0
SG = 0 + 8,0 t + ​ ___ ​t 2 SA = 64 + 20 t
S = S0 + v0t + ___
2
v–v
​ at ​ ⇒ S = S0 + v0 ​ _____
2
( 
​  a ​0  ​ __
   + )2 (  v – v0 2
​  a  ​ ⋅ ​ ​ _____ )
a ​  
 ​
2 Efetuando os cálculos, obtém-se uma equação denomina-
SG = 8,0 t + t 2
da equação de Torricelli:

Para determinar o instante de encontro, devem ser igua-


ladas as posições do guarda e do automóvel dadas pelas v² = v0² + 2a(S – S0)
equações acima. Assim:

SG = SA
8,0 t + t² = 64 + 20 t Evangelista Torricelli (1608-1647) serviu como copista de
Galileu durante os últimos três meses de vida do mestre
t² – 12t – 64 = 0 renomado. A partir das equações de Galileu para o MUV,
Torricelli deduziu a equação que carrega seu nome. Além
Resolvendo esta equação (de 2.º grau), obtém-se:
disso, Torricelli Inventou o barômetro, instrumento que ser-
t = 16 ou t = –4 ve para medir a pressão atmosférica local.

11
3. (Unicamp) Um automóvel trafega com velocidade
Aplicação do conteúdo constante de 12 m/s por uma avenida e se aproxima de
um cruzamento onde há um semáforo com fiscalização
1. Em uma rodovia, um automóvel viaja com velocidade eletrônica. Quando o automóvel se encontra a uma dis-
escalar constante de 30 m/s. Em determinado instante, tância de 30 m do cruzamento, o sinal muda de verde
o motorista pisa no freio provocando uma desacelera- para amarelo. O motorista deve decidir entre parar o
ção constante de 3,0 m/s2 até o automóvel parar. Cal- carro antes de chegar ao cruzamento ou acelerar o car-
cule a distância percorrida durante a frenagem. ro e passar pelo cruzamento antes do sinal mudar para
vermelho. Esse sinal permanece amarelo por 2,2 s. O
Resolução: tempo de reação do motorista (tempo decorrido entre
o momento em que o motorista vê a mudança de sinal e
A figura a seguir ilustra a situação: o momento em que realiza alguma ação) é 0,5 s.
a) Determine a mínima aceleração constante que o
carro deve ter para parar antes de atingir o cruzamen-
to e não ser multado.
b) Calcule a menor aceleração constante que o carro
deve ter para passar pelo cruzamento sem ser multa-
Considerando a velocidade escalar positiva (mesmo sen- do. Aproxime (1,7)² ≈ 3,0.
tido que a orientação da trajetória) e sendo o movimento Resolução:
retardado, a aceleração escalar é negativa: a = –3,0 m/s2. a) O tempo de reação do motorista é 0,5 s e sua veloci-
dade constante é de 12 m/s. Assim, o deslocamento do
A velocidade inicial é v0 = 30 m/s, e a velocidade final é
motorista em MRUV será:
nula (v = 0). Pelas informações fornecidas e devido à falta
de informação sobre o intervalo de tempo, é possível sus- ​ DS ​  
v = ___
Dt
peitar que, provavelmente, a melhor equação a ser usada é
a equação de Torricelli. Assim: ​ DS ​ 
12 = ___
0,5
v² = v0² + 2a (S – S0) ∆S = 6 m.
0 = (30)² + 2(–3) ⋅ DS A distância quando o semáforo muda de verde para amarelo
é 30 m, e a distância na reação é 6 m. Assim, a distância em
Dessa forma:
MRUV é 24 m. Aplicando a equação de Torricelli, tem-se:
DS = 150 m
v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ DS
2. (PUC) Ao iniciar a travessia de um túnel retilíneo de
200 metros de comprimento, um automóvel de dimen- (0)2 = (12)2 + 2 ∙ a ∙ 24
sões desprezíveis movimenta-se com velocidade de 25 a = –3 m/s2
m/s. Durante a travessia, desacelera uniformemente,
saindo do túnel com velocidade de 5 m/s. O módulo de Resposta: A mínima desaceleração é de 3 m/s2.
sua aceleração escalar, nesse percurso, foi de:
b) O tempo total é 2,2 s, e o tempo de reação é
a) 0,5 m/s². 0,5 s. Assim, o tempo do carro em MRUV será:
b) 1,0 m/s².
c) 1,5 m/s². ttotal = treação + tMRUV
d) 2,0 m/s². 2,2 = 0,5 + tMRUV
e) 2,5 m/s².
tMRUV = 1,7 s.
Resolução:
Aplicando a função horária da posição em MRUV, desco-
A velocidade inicial é 25 m/s e a final é 5 m/s. A variação de bre-se a aceleração do carro.
​ at ​ 
2
espaço é de 200 m. Aplica-se a equação de Torricelli para S = S0 + v0 t + ___
2
encontrar a desaceleração do corpo. (1,7)2
24 = 0 + 12 ∙ (1,7) + a ∙ ​ _____ ​  
2
v² = v0² + 2aDS
a = 2,4 m/s2.
(5)² = (25)² + 2 ∙ a ∙ 200 Resposta: A aceleração será de 2,4 m/s2.
a = –1,5 m/s². 4. (UEL) Um motorista está dirigindo um automóvel a
Assim, o módulo da aceleração é 1,5 m/s . 2 uma velocidade de 54 km/h. Ao ver o sinal vermelho,
pisa no freio. A aceleração máxima para que o automó-
Alternativa C vel não derrape tem módulo igual 5 m/s2. Qual a menor

12
distância que o automóvel irá percorrer, sem derrapar e é possível escrever a função horária da velocidade, que de
até parar, a partir do instante em que o motorista acio- maneira genérica é dada por:
na o freio?
a) 3,0 m v(t) = v0 + a · t
b) 10,8 m
c) 291,6 m
d) 22,5 m E, assim, temos que:
e) 5,4 m v(t) = –3 + 6 ∙ t
Resolução:
Do mesmo modo, pode-se inferir a velocidade inicial e
Aplicando a análise dimensional na velocidade inicial, tem-se: aceleração a partir da função da velocidade. Na fun-
ção da velocidade, o coeficiente independente trata-se
​ 1000  ​
v0 = 54 km/h ∙ ______ m  ​  1 h  ​ 
. ______
  = 15 m/s
1 km 3600 s da velocidade inicial e o coeficiente que acompanha
Fazendo um desenho ilustrativo do problema: a variável t é a aceleração. Seja uma dada função da
velocidade v(t) = 5 + 8 ∙ t, temos que v0 = 5 m/s e
a = 8 m/s2. Porém não conseguimos escrever a função
da posição, pois ainda falta a posição inicial, neste caso
o enunciado irá fornecer a informação, por exemplo
S0 = –3 m . Assim, poderemos substituir na função gené-
rica da posição:
O vetor aceleração é contra a trajetória; dessa forma, tem-
-se uma desaceleração. Aplicando a equação de Torricelli, ​ a ⋅ ​
S(t) = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2  
2
obtém-se:
Assim, teremos que:
v² = v0² + 2aDS
S(t) = –3 + 5 · t + 4 ∙ t2
0² = (15)² + 2 ∙ (–5) ∙ DS
0 = 225 – 10 DS
225 ​  = 22,5 m
DS = ​ ___
10
Alternativa D

5.3. Identificando as variáveis


Dada uma função horária de posição qualquer, é possível
descobrir por análise as variáveis de interesse S0, v0 e a afim
de construir a função horária da posição. Como é sabido,
todo movimento uniformemente variado tem a função da
posição do seguinte modo:

​ a ⋅  ​
S(t) = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2 

2

A posição inicial sempre será o coeficiente independente,


ou seja, aquele que não multiplica nenhuma potência da
variável t. Caso não exista, resulta que S0 = 0. A velocidade
inicial será o coeficiente que acompanha a potência de t
que tem o expoente 1. Por fim, a aceleração será o dobro
do coeficiente que acompanha a potência de t que está ao
quadrado. Caso falte alguma potência de t, isso se deve ao
fato de que o coeficiente é nulo.
Se, por exemplo, for fornecida uma função S(t)=5 – 3 ∙t + 3 ∙ t2,
é possível comparar com a função da posição genérica e
identificar S0 = 5 m, v0 = –3 m/s e a = 6 m/s2. Dessa forma,

13
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar
19 problemas de ordem social, econômica ou ambiental.

A habilidade 19 avalia a capacidade do estudante de avaliar métodos em solucionar problemas cotidianos, rela-
cionados também ao movimento de corpos acelerados. O exemplo mais comum disto são os exercícios que en-
volvem veículos de transporte (carros, motos, caminhões) que constantemente mudam sua velocidade ao trafegar
pelas vias públicas. Avaliar qual é a distância que um móvel percorre até frear em um semáforo, por exemplo, é
frequente nas avaliações do Enem, sendo esta uma situação-problema clássica.

Modelo 1
(Enem) O trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), que circula diariamente entre a cidade de
Cariacica, na Grande Vitória, e a capital mineira Belo Horizonte, está utilizando uma nova tecnologia de frenagem
eletrônica. Com a tecnologia anterior, era preciso iniciar a frenagem cerca de 400 metros antes da estação. Atual-
mente, essa distância caiu para 250 metros, o que proporciona redução no tempo de viagem.
Considerando uma velocidade de 72 km/h, qual o módulo da diferença entre as acelerações de frenagem depois e
antes da adoção dessa tecnologia?
a) 0,08 m/s2
b) 0,30 m/s2
c) 1,10 m/s2
d) 1,60 m/s2
e) 3,90 m/s2

Análise expositiva 1 - Habilidade 19: Neste exercício o aluno se depara na mesma situação com duas possibilida-
B des de sistema de frenagem e deve calcular o módulo da diferença entre elas, fazendo-se necessária a aplicação e ma-
nipulação das fórmulas que regem o MRUV, o estudante deve repetir o mesmo procedimento em ambas as situações.
Supondo essas acelerações constantes, aplicando a equação de Torricelli para o movimento uniformemente retardado, vem:

v2 = vO2 – 2 a ∆S ⇒ O2 = v02 – 2 a ∆S ⇒

( ​  20   ​  
)
2
v 2 a1 = _______ ⇒ a1 = 0,5 m /s2
a =  0  ​ ⇒         2 · 400
​ ​  ____________________________  ​  ​ ⇒ |a1 – a2| = |0,5 - 0,8| ⇒ |a1 – a2| = 0,3 m/s2.
2∆S a2 = ​  20 2
_______ ⇒ a1 = 0,8 m/s
  ​   2
2 · 250

Alternativa B

14
Habilidade
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 mais uma vez aparece, já que mais um passo é acrescentado ao estudo do movimento dos corpos: agora
os corpos podem possuir aceleração não nula. No cotidiano mundano das pessoas, os móveis estão em constante alter-
ação do seu movimento, o exemplo mais clássico disto é um automóvel que após estar estacionado adquire movimento,
sendo freado posteriormente em algum semáforo e acelerado novamente inúmeras vezes até chegar em seu destino. A
mudança da velocidade é algo normal e se faz presente em inúmeras situações-problema que o estudante irá encontrar.

Modelo 2
(Enem) Um motorista que atende a uma chamada de celular é levado à desatenção, aumentando a possibilidade de
acidentes ocorrerem em razão do aumento de seu tempo de reação. Considere dois motoristas, o primeiro atento e o
segundo utilizando o celular enquanto dirige. Eles aceleram seus carros inicialmente a 1,00 m/s2. Em resposta a uma
emergência, freiam com uma desaceleração igual a 5,00 m/s2. O motorista atento aciona o freio à velocidade de 14,0
m/s enquanto o desatento, em situação análoga, leva 1,00 segundo a mais para iniciar a frenagem.
Que distância o motorista desatento percorre a mais do que o motorista atento, até a parada total dos carros?
a) 2,90 m
b) 14,0 m
c) 14,5 m
d) 15,0 m
e) 17,4 m
Análise expositiva 2 - Habilidade 20: Excelente exercício, traz para a realidade do estudante a aplicação direta das
E funções horárias do movimento uniformemente acelerado em uma situação-problema comum nos dias atuais: moto-
ristas imprudentes que utilizam celulares enquanto dirigem. Aplicando as funções e manipulando as equações o estu-
dante será capaz de perceber qual a real diferença entre dirigir com atenção e dirigir enquanto se manipula um celular.
Para o motorista atento, temos:
Tempo e distância percorrida até atingir 14 m/s a partir do repouso:
v = v0 + at
14 = 0 + 1 · t1 ⇒ t1 = 14 s
v2 = v02 + 2a∆S
142 = 02 + 2 · 1 · d1 ⇒ d1 = 98 m
Distância percorrida até parar:
02 = 142 + 2 · (–5) · d1’ ⇒ d1’ = 19,6 m
Distância total percorrida:
∆S1 = d1 + d1’ = 98 + 19,6 ⇒ ∆S1 = 117,6 m
Para o motorista que utiliza o celular, temos:
t2 = t1 + 1 ⇒ t2 = 15 s
Velocidade atingida e distância percorrida em 15 s a partir do repouso:
v2 = 0 + 1 · 15 ⇒ v2 = 15 m/s
152 = 02 + 2 · 1 · d2 ⇒ d2 = 112,5 m
Distância percorrida até parar:
02 = 152 + 2 · (–5) . d2’ ⇒ d2’ = 22,5 m
Distância total percorrida:
∆S2 = d2 + d2’ = 112,5 + 22,5 ⇒ ∆S2 = 135 m
Portanto, a distância percorrida a mais pelo motorista desatento é de:
∆S = ∆S2 – ∆S1 = 135 – 117,6
∴∆S = 17,4 m
Alternativa E

15
DIAGRAMA DE IDEIAS

MOVIMENTO

VELOCIDADE ALTERAÇÃO DA
REFERENCIAL
INICIAL VELOCIDADE

VELOCIDADE
FINAL

FUNÇÕES CONDIÇÕES
HORÁRIAS INICIAIS
ACELERAÇÃO

16
AULAS Gráficos do MRUV
11 e 12
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 20

1. Gráfico da aceleração
escalar em função do tempo
No Movimento Retilíneo Uniformemente Variado(M.R.U.V.),
a aceleração escalar a é uma constante e não nula. Em
consequência, o gráfico a x t, da aceleração (no eixo das
ordenadas) em função do tempo (no eixo das abscissas), é
uma reta paralela ao eixo dos tempos.
Existem duas possibilidades para o gráfico da aceleração.
Caso a aceleração seja favorável à orientação adotada, o
gráfico será uma reta paralela ao eixo horizontal e acima
dele. Entretanto, se a aceleração for contrária à orientação
adotada, o gráfico será uma reta paralela ao eixo horizon-
tal e abaixo do mesmo.
Nos gráficos acima foram assinalados dois triângulos
retângulos em que o cateto vertical corresponde à variação
da velocidade escalar (Dv), e o cateto horizontal representa
a variação do tempo (Dt). A aceleração escalar pode ser
obtida com base no gráfico. Calculando:

a = tg α = ​ Dv
___ ​ 
Dt

Observe que, se a função for crescente, o resultado será


uma aceleração positiva; se a função for decrescente, o re-
sultado será uma aceleração negativa.

Gráficos da velocidade
escalar em função do tempo
A função horária da velocidade escalar v é uma função
do 1.° grau (v = v0 + at). Assim, o gráfico v × t, da velo-
cidade escalar em função do tempo, é uma reta incli-
nada. Quando a aceleração escalar for positiva (a > 0), a multimídia: vídeo
inclinação da reta será positiva, ou seja, o gráfico será
Fonte: Youtube
crescente; quando a aceleração escalar for negativa G1 - Saiba como interpretar gráficos de
(a < 0), a inclinação da reta será negativa, ou seja, o gráfico movimento
será decrescente. Observe as figuras a seguir.

17
Aplicação do conteúdo
1. Na figura a, está representado o gráfico da velocida-
de escalar em função do tempo de uma partícula. Como
o gráfico é retilíneo, o movimento é uniformemente va-
riado (MUV). A aceleração escalar do movimento, como
foi visto acima, pode ser calculada a partir de um triân-
gulo retângulo qualquer, cuja hipotenusa esteja sobre o Resolução:
gráfico, e os catetos horizontal e vertical, como o triân-
gulo retângulo sombreado na figura b. Para o cateto vertical desse triângulo, tem-se:
|Dv| = 27 – 9 = 18
Entretanto, é possível observar no gráfico que a velocidade
escalar diminui ao longo do tempo. Desse modo, a variação
da velocidade é negativa ∆v < 0, então:
Dv = –18 m/s
Calculando a aceleração:
a = ​ Dv ​  –18 m/s
___ ​ = ______  ​  = –3 m/s2
Dt 6 s
Ou seja, a aceleração escalar é negativa.
Do gráfico, obtém-se a velocidade inicial v0 = 27 m/s, e a
função horária da velocidade escalar é:
v = v0 + at ⇒ v = 27 – 3t

Observe a seguir o gráfico a × t para esse movimento:


Resolução:
Dos valores dos catetos do triângulo, calcula-se:

a = ​ Dv ​  20 m/s
___ ​ = ______  ​ 
 = 5 m/s2
Dt 4 s
Observando ainda a figura, no instante t = 0 a velocidade é
10 m/s, ou seja, a velocidade inicial é v0 = 10 m/s.
Assim, encontra-se a função horária da velocidade escalar:
1.1. Propriedade do gráfico a × t
v = v0 + at ⇒ v = 10 + 5t No gráfico da aceleração pelo tempo a = a(t), tem-se uma
propriedade de grande importância. A área compreendida
O gráfico da aceleração escalar em função do tempo para
entre a função e o eixo das abscissas é numericamente
esse movimento é representado na figura abaixo:
equivalente à variação da velocidade.

2. Na figura a, está representado um gráfico v × t. Nova-


mente o gráfico é uma reta e, portanto, representa um
MUV. Para calcular a aceleração, considere o triângulo
retângulo sombreado na figura b.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Gráficos do MRUV

18
Caso a função v(t) seja decrescente (a aceleração é negativa),
nos instantes em que a velocidade for negativa tem-se mov-
imento retrógrado acelerado, e nos instantes que a veloci-
dade for positiva tem-se movimento progressivo retardado.

Em ambos os casos, t’ é o instante em que ocorre a in-


versão do movimento, ou seja, quando o móvel para e
passa a deslocar-se em sentido contrário ao anterior.
No caso do movimento uniforme (MU), a área da figura
entre o gráfico da velocidade escalar e o eixo do tempo é
numericamente igual à variação de posição. Essa proprie-
dade também é válida para o movimento uniformemente
variável (MUV).
Por convenção, se a área estiver acima do eixo das ab-
scissas, a variação da velocidade será positiva. Se a área
estiver abaixo, a variação da velocidade será negativa.

1.2. Propriedade do gráfico v × t


Como foi visto anteriormente, a função da velocidade pelo
tempo é uma função do primeiro grau v = v(t) = v0 + a . t;
nesse sentido, existem dois pontos de extremo interesse. O
primeiro é o ponto no qual a função corta o eixo vertical.
Esse ponto é a velocidade inicial v0. O segundo é o ponto
no qual a função corta o eixo horizontal. Esse ponto marca
o instante em que a velocidade é nula e pode indicar o ins-
tante em que ocorreu a inversão do sentido de movimento.
A partir do gráfico v × t também é possível carac-
terizar o movimento. Se a função v(t) for crescente
(a aceleração é positiva), nos instantes em que a velocid-
ade for negativa tem-se movimento retrógrado retardado,
e nos instantes em que a velocidade for positiva tem-se
movimento progressivo acelerado.

Como é possível observar nos gráficos acima, as áreas dos


trapézios sombreados são numericamente iguais aos mód-
v<0 v>0 ulos das variações de posição (DS) entre os instantes t1 e
a>0 a>0 t2. Vale lembrar que, se a área está acima do eixo das ab-
movimento movimento scissas, o deslocamento é positivo; e se a área se encontra
retardado acelerado
abaixo do eixo, o deslocamento é negativo.

19
VIVENCIANDO

As funções parabólicas são aplicadas de diversas maneiras na engenharia, como no uso para construção de antenas
parabólicas e faróis de carro. A construção dos gráficos possibilita a criação de modelos que ajudam a entender e a
prever os desenvolvimentos dos movimentos a serem estudados. Apesar de o universo possuir muitas dimensões,
é possível se deparar com movimentos unidimensionais ou que podem ser aproximados para esse modelo. A porta
automática que abre quando você avança ou o correr de uma cortina são exemplos disso.
O modelo matemático proporcionado pelos gráficos criados permite a compreensão de diversos movimentos acele-
rados, como um carro de Fórmula 1 acelerando em direção à linha de chegada na reta final de um Grand Prix.

Aplicação do conteúdo
1. Um automóvel se move com velocidade constante
de 20 m/s. Então o motorista pisa no freio de modo que
o automóvel adquire movimento uniformemente retar-
dado e para 4 segundos depois. Calcule a distância per-
corrida pelo automóvel durante a frenagem.

Resolução:

É possível resolver o problema calculando a aceleração do


movimento usando a função horária da velocidade e subs-
tituindo o valor da aceleração na função horária da posição
(ou na equação de Torricelli). Entretanto, vamos calcular Considerando que o corpo parte da posição S0 = 10 m no
graficamente (trata-se um método mais rápido): esboce o instante t0 = 0 s, é CORRETO afirmar que o diagrama que
gráfico v × t, embora o problema não o tenha pedido. representa esse movimento é:
Na figura a seguir está representado o esboço do gráfico a) b)
a m/s2 a m/s2
v × t. A área do triângulo sombreado, como foi visto, é
numericamente igual a variação de posição:

c) d)

(4,0)(20)
DS =_______
​   ​   ⇒ Ds = 40 m
2
Dessa forma, o automóvel percorreu 40 m durante a frenagem.
Resolução:
2. (UFLA) O diagrama abaixo, velocidade versus tempo,
representa o movimento de um corpo ao longo de uma Em um gráfico de velocidade em função do tempo no MRUV,
trajetória retilínea. a aceleração constante é o coeficiente angular (tg x).

20
Resolução:
Afirmativa I – Incorreta.
A distância percorrida pelo piloto nos primeiros 8 segundos
será:

(v – v ) ________
(–20 – (+ 20)
​ ∆v ​ = ______
a = tg x = ___ ​  f 0 ​   
= ​   ​ =
  – 20 m/s².
∆t (tf – t0) (2 – 0)
A velocidade inicial é 20 m/s, e a posição inicial é 10 m;
assim, a função horária do espaço será:
(80) ∙ (8)
DS0-8 = A1 =______
​   ​   = 320 m
​ at ​ 
2
S(t)= S(0) + v(0) t + ___ 2
2
Afirmativa II – Correta.
S(t) = 10 + 20t –10t2
(80) ∙ (8)
Substituindo o tempo por 2 segundos, tem-se: DS0-9 =______
​   ​   + (80) ∙ (9 – 8) =
2
S(2) = 10 + 20 ∙ (2) – 10(2)² = 10 + 40 – 40 = 10 m. = 320 + 80 = 400 m.
A única resposta possível é a alternativa A. Afirmativa III – Correta.
Alternativa A A distância percorrida pelo piloto nos 14 segundos será:
2. (Unesp) No gráfico a seguir são apresentados os va- (80) ∙ (8)
lores da velocidade v, em m/s, alcançada por um dos DS0-14 = A1 + A2 + A3 + A4 = ______
​   ​   +
2
pilotos em uma corrida em um circuito horizontal e fe- (80 + 20) ∙ (12 – 10)
chado, nos primeiros 14 segundos do seu movimento 80(10 – 8) + ​ _____________
    ​  +
2
(20) ∙ (13 – 12)
_________
​ 
    ​ 
2
DS0-14 = 320 + 160 + 100 + 10
DS0,14 = 590 m.
Afirmativa IV – Incorreta, pois, como é possível observar no
gráfico, entre os instantes 8 e 10 s o movimento é uniforme,
e nos instantes 10 e 13 s o movimento é retardado (a < 0).
Alternativa A.

1.3. Propriedade da velocidade média


Sabe-se que de 8 a 10 segundos a trajetória era retilínea. O gráfico v × t pode ser utilizado para calcular a variação de
Considere g = 10 m/s2 e que para completar uma volta o posição e a velocidade escalar média entre os instantes t1 e t2:
piloto deve percorrer uma distância igual a 400 m.
A partir da análise do gráfico, são feitas as afirmações:
I. O piloto completou uma volta nos primeiros 8 segundos
de movimento.
II. O piloto demorou 9 segundos para completar uma volta.
III. A distância percorrida nos 14 segundos é menor que
600 metros.
IV. Em todo tempo o movimento é acelerado. A área sombreada representa o deslocamento entre os in-
São verdadeiras apenas as afirmações: stantes t1 e t2. Se a área estiver acima do eixo horizontal,
a velocidade média é positiva; se a área estiver abaixo do
a) II e III. d) I, III e IV.
eixo horizontal, a velocidade média é negativa. Para o cál-
b) II e IV. e) II, III e IV. culo da velocidade média, é preciso calcular a razão entre
c) III e IV. a área e a diferença entre intervalos de tempo.

21
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Matemática e Física estão fundamentalmente relacionadas. O desenvolvimento das duas disciplinas tem diversas
conexões, e o uso de gráficos em experimentos científicos é um passo importante da construção do conhecimento
na Física, além de uma das formas de criar uma interpretação para os eventos e experimentos científicos. Gráficos
são uma técnica gráfica para representar um conjunto de dados, geralmente relacionando duas ou três variáveis.
A parábola, curva gráfica característica de funções polinomiais de equações do 2.º grau, aparece aqui como uma
forma de modelar matematicamente a relação entre espaço × tempo de um móvel em MRUV.

f(x) f(x)

x x

Dessa forma, a velocidade escalar média é:


Aplicação do conteúdo
Dv ​ = ____
vm = ​ ___ ​ 75 m
 ​  = 25 m/s
1. Determine a velocidade escalar média entre os ins- Dt 3 s
tantes t = 3 s e t = 6 s para o movimento representado
no gráfico abaixo.

2. Gráfico da posição
em função do tempo
A função horária da posição do movimento retilíneo
uniformemente variado (M.R.U.V.) é uma equação do
segundo grau em t.

​ a ⋅  ​
S = S0 + v0 ⋅ t + ____ t2  
Resolução: 2

 partir da área sombreada na figura abaixo, é possível cal-


A Assim, o gráfico da posição em função do tempo (s × t)
cular a variação de posição DS. Por ser um trapézio, tem-se: deve ser um arco de parábola. Ele pode ocorrer de dois
modos: a concavidade pode ser para cima ou para baixo.
Como na função do segundo grau, a concavidade é deter-
minada pelo sinal que acompanha o coeficiente da variável
de grau dois; no caso da função da posição, a concavidade
é determinada pela aceleração. É importante ressaltar que
o gráfico da posição pelo tempo não informa necessaria-
mente a trajetória descrita pelo móvel.

a > 0 ⇒ concavidade para cima


(20 + 30)(3) a < 0 ⇒ concavidade para baixo
DS =__________
​   ​   ⇒ DS = 75 m
2

22
Observe que, à esquerda do ponto A, a posição aumenta
com o tempo, fator que indica uma velocidade positiva (v
> 0); como a aceleração é negativa (a < 0), tem-se um
movimento progressivo retardado. No ponto A, o móvel
tem velocidade nula e nele ocorre a inversão do sentido
do movimento. Por fim, à direita do ponto A, a posição
diminui com o tempo, fator que indica uma velocidade
negativa (v < 0); como a aceleração é negativa (a < 0),
tem-se um movimento retrógrado acelerado.

Aplicação do conteúdo
1. (UFB) O espaço (posição) de um móvel varia com o
tempo conforme o gráfico abaixo.

Nem sempre o gráfico apresentará o aspecto dos gráficos


descritos acima; como não foram considerados os tempos
negativos, foi considerado apenas o trecho de linha con-
tínua da parábola, à direita do eixo vertical.
O ponto A assinalado em cada figura é o vértice da parábo-
la e corresponde ao instante em que a velocidade se anula,
isto é, v = 0 no instante t’. Será nesse instante que poderá Pede-se determinar:
ocorrer mudança no sentido do movimento. a) O espaço (posição) inicial S0, o instante ti em que
o móvel inverte o sentido de seu movimento e o(s)
O gráfico da posição pelo tempo também é útil para caracteri- instante(s) em que passa pela origem dos espaços
zar o movimento. No caso de a aceleração ser positiva, tem-se: (posições, marco zero).
b) O intervalo de tempo em que o movimento é pro-
gressivo e o intervalo de tempo em que o movimento
é retrógrado.
c) O intervalo de tempo em que o movimento é acele-
rado e em que é retardado.
S’
d) A função horária do espaço.
e) A função horária da velocidade e sua represen-
tação gráfica.
f) A função horária da aceleração e sua representação
Observe que, à esquerda do ponto A, a posição diminui
gráfica.
com o tempo, fator que indica uma velocidade negativa
(v < 0); como a aceleração é positiva (a > 0), tem-se um Resolução:
movimento retrógrado retardado. No ponto A, o móvel a) De acordo com o gráfico, a posição inicial é 8 metros,
tem velocidade nula e nele ocorre a inversão do sentido do o instante que o móvel inverte o sentido do seu movi-
movimento. Por fim, à direita do ponto A, a posição aumen- mento é 3 segundos, e os instantes em que o móvel
passa pela origem (S(t) = 0 m) são 2 e 4 segundos.
ta com o tempo, fator que indica uma velocidade positiva
b) O movimento é progressivo quando o móvel se des-
(v > 0); como a aceleração é positiva (a > 0), tem-se um
loca no sentido dos marcos crescentes (v > 0), o que
movimento progressivo acelerado. ocorre após t = 3 s, e retrógrado quando o móvel se
No caso de a aceleração ser negativa, tem-se: desloca no sentido dos marcos decrescentes (v < 0), o
que ocorre entre 0 e 3 s.
S’ c) O movimento é acelerado após 3 s, uma vez que
a aceleração e a velocidade têm mesmo sinal (a é
positiva, ou seja, “a concavidade da parábola é para
cima”, e v é positiva, isto é, “se desloca no sentido
dos marcos crescentes”). O movimento é retardado
entre 0 e 3 s, pois a aceleração é positiva e a veloci-
dade é negativa.
d) Sendo a função do espaço S(t) = a + bt + ct², bas-
ta substituir os pontos conhecidos para encontrar as
incógnitas da função.

23
S(0) = 8 t v(t)
a + b(0) + c(0)² = 8 0 –6
a=8 3 0
S(2) = 0 f) A aceleração é uma constante durante todo o
a + b(2) +c(2)² = 0 tempo. Assim a sua função e o seu gráfico serão:
8 + 2b + 4c = 0 a(t) = 2 m/s²
b + 2c = –4 (equação 1)
S(3) = –1
a + b(3) + c(3)² = –1
8 +3b + 9c = –1
–b – 3c = +3 (equação 2)
Ao realizar a soma das equações 1 e 2, tem-se:
(b + 2c) + (–b –3c) = –4 + 3
b + 2c – b – 3c = –1
c=1
É preciso voltar à equação 1 para encontrar b.
b + 2c = –4
b = –6
Dessa forma, a função horária do móvel será:
S(t) = 8 + (–6)t + (1)t²
S(t) = 8 – 6t + 1t²
multimídia: sites
e) Comparando a função horária do móvel com brasilescola.uol.com.br/fisica/graficos-
a função horária da posição em MRUV, tem-se:
movimento-uniformemente-variado.htm
S(t) = 8 – 6t + 1t²
efisica.if.usp.br/mecanica/basico/mruv/
​ at² ​  
S(t) = S0 +v0t + ___
2 intro/physics.tutorvista.com/motion/
Assim, segue: S0 = 8 m; v0 = –6 m/s; a = 2 m/s2. motion-graphs.html
Aplicando a velocidade inicial e a aceleração na função ho-
rária da velocidade em MRUV, tem-se: 3. (Unifesp)
v(t) = v0 + at
v(t) = (–6) + (2) ∙ t = –6 +2t .
v(t) = 0
–6 + 2t = 0
t=3s
O gráfico da velocidade é uma reta crescente, pois a ace-
leração é positiva.

24
Em um teste, um automóvel é colocado em movimento Calcule, em cm/s, a velocidade do corpo imediatamente
retilíneo uniformemente acelerado a partir do repouso até após esses 16 s.
atingir a velocidade máxima. Um técnico constrói o gráfico
Resolução:
em que se registra a posição x do veículo em função de sua
velocidade v. Através desse gráfico, pode-se afirmar que a As acelerações são: a1 = 4 cm/s² ; a2 = –3 cm/s² ; a3 = 4 cm/s² ;
aceleração do veículo é:
a) 1,5 m/s2. Aplicando a função horária da velocidade acharemos a ve-
b) 2,0 m/s2. locidade final no instante t = 6 s.
c) 2,5 m/s2. v6 = v0 + a1t = 2 + 4(6 – 0) = 26 cm/s.
d) 3,0 m/s2.
e) 3,5 m/s2. Aplicando a função horária da velocidade acharemos a ve-
locidade final no instante t = 10 s.
Resolução:
v10 = v6 + a2t = 26 + (–3) ∙ (10 – 6) = 14 cm/s.

É preciso encontrar dois pontos no gráfico e aplicar a Equa- Aplicando a função horária da velocidade acharemos a ve-
ção de Torricelli para encontrar a aceleração. locidade final no instante t = 10 s.
v16 = v10 + a3t = 14 + (4) ∙ (16 – 10) = 38 cm/s.
v S(t)
0 0
Resposta: A velocidade final será 38 cm/s.
6 9 De maneira mais rápida poderíamos fazer:
v² = v0 + 2 ∙ a ∙ (Sf – S0) ∆v = v – vi
(6)² = (0)² + 2 ∙ a ∙ (9 – 0) onde ∆v é dado pelas áreas A1, A2 e A3:
a = 2 m/s²
∆v = (6 · 4) + (–3 · 4) + (6 · 4) = 36 cm/s
Alternativa B
Logo: v = ∆v + vi
4. (UERJ) Um trem de brinquedo, com velocidade inicial v = 36 + 2 = 38 cm/s
de 2 cm/s, é acelerado durante 16 s.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Telecurso 2000 - Aulas 04/50 - Física - MRUV

O comportamento da aceleração nesse intervalo de tempo


é mostrado no gráfico a seguir:

25
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A habilidade 17 é constantemente acionada nas ciências exatas, e o aluno deverá ser capaz de interpretar fórmulas,
gráficos, tabelas e relações matemáticas traduzindo, interpretando ou colhendo informações conceituais de situações
contextualizadas.

Modelo 1
(Enem 2017) Em uma colisão frontal entre dois automóveis, a força que o cinto de segurança exerce sobre o tórax e
abdômen do motorista pode causar lesões graves nos órgãos internos. Pensando na segurança do seu produto, um
fabricante de automóveis realizou testes em cinco modelos diferentes de cinto. Os testes simularam uma colisão de
0,30 segundo de duração, e os bonecos que representavam os ocupantes foram equipados com acelerômetros. Esse
equipamento registra o módulo da desaceleração do boneco em função do tempo. Os parâmetros como massa dos
bonecos, dimensões dos cintos e velocidade imediatamente antes e após o impacto foram os mesmos para todos os
testes. O resultado final obtido está no gráfico de aceleração por tempo.

Qual modelo de cinto oferece menor risco de lesão interna ao motorista?


a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
Análise expositiva 1: O aluno deve ser capaz de ler o gráfico e, a partir dele, retirar as informações necessárias.
B De acordo com o gráfico, o cinto que apresenta o menor valor de amplitude para a aceleração é o 2, sendo, portanto,
o mais seguro.
Alternativa B

20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

26
A habilidade 20 cobra do estudante que ele saiba compreender fenômenos mecânicos relacionados ao movimento
dos corpos: posição, velocidade e aceleração são conceitos fundamentais para essa compreensão.

Modelo 2
(Enem) Para melhorar a mobilidade urbana na rede metroviária é necessário minimizar o tempo entre estações. Para
isso a administração do metrô de uma grande cidade adotou o seguinte procedimento entre duas estações: a locomo-
tiva parte do repouso em aceleração constante por um terço do tempo de percurso, mantém a velocidade constante
por outro terço e reduz sua velocidade com desaceleração constante no trecho final, até parar.

Qual é o gráfico de posição (eixo vertical) em função do tempo (eixo horizontal) que representa o movimento desse trem?

a) d)

b) e)

c)

Análise expositiva: Em muitos casos, esse tipo de exercício é rápido e de fácil resolução. Apesar de cobrar concei-
C tos, a simplicidade do conteúdo facilita a interpretação da informação.

1.º trecho: movimento acelerado (a > 0)→o gráfico da posição em função do tempo é uma curva de concavidade
para cima.

2.º trecho: movimento uniforme (a = 0)→o gráfico da posição em função do tempo é um segmento de reta
crescente.

3.º trecho: movimento desacelerado (a < 0)→o gráfico da posição em função do tempo é uma curva de concavida-
de para baixo.
Alternativa C

27
DIAGRAMA DE IDEIAS

ACELERAÇÃO
GRÁFICOS MRUV
CONSTANTE

GRÁFICOS

POSIÇÃO VELOCIDADE

CONCAVIDADE CONCAVIDADE RETA RETA


PARA CIMA PARA BAIXO CRESCENTE DECRESCENTE

a>0 a<0 a>0 a<0

28
AULAS Queda livre e lançamento vertical
13 e 14
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 20

1. De Aristóteles a Galileu zando a experiência de queda de uma folha e uma pedra,


constatou-se que os dois objetos atingiam a extremidade
Aristóteles, um dos grandes filósofos gregos, viveu por vol- inferior do tubo ao mesmo tempo, ou seja, o tempo gasto
ta de 300 a.C. Ele afirmou que, caso duas pedras, uma com na queda era o mesmo para os dois objetos. Galileu es-
massa menor e outra com massa maior, fossem abandona- tava certo ao afirmar que todos os objetos caem simulta-
das da mesma altura e ao mesmo tempo, a pedra de maior neamente quando a queda ocorre no vácuo ou quando a
massa cairia mais rapidamente e atingiria o solo antes da resistência do ar sobre os objetos pode ser desprezada por
pedra com menos massa. Durante muitos séculos, essa ser muito menor do que seus pesos (como a resistência do
afirmação foi aceita como verdadeira, e, ao que parece, ar sobre as pedras lançadas do alto da torre). Nessas duas
Aristóteles e seus seguidores não se preocuparam em veri- condições, os objetos estão em queda livre.
ficar, por meio de experiência, se isso realmente acontecia.
Galileu Galilei, famoso físico italiano do século XVII, acredi-
tava que deveriam ser realizadas experiências cuidadosas
para comprovar as afirmativas acerca do comportamento
da Natureza. Por esse motivo, ele é considerado um dos
introdutores do método experimental na Física. Conta-se
a seguinte lenda de um experimento realizado por Galileu
para testar as ideias de Aristóteles: do alto de uma tor-
re, Galileu teria abandonado simultaneamente algumas
esferas de massas diferentes. Ele verificou que todas elas
atingiam o solo ao mesmo tempo. Essa experiência contra-
dizia as ideias de Aristóteles. Contudo, muitos seguidores
do pensamento aristotélico não se deixaram convencer, e
Galileu chegou a ser alvo de perseguições por defender
ideias consideradas revolucionárias.
Ainda hoje é comum as pessoas serem guiadas pelo senso Ar Vácuo
comum e afirmarem que um corpo mais massivo atinge o
solo mais rapidamente. A seguir, essa questão será estuda-
da mais detalhadamente.

2. Queda livre
Ao serem soltas simultaneamente de uma mesma altura,
uma pedra e uma folha não atingem o solo ao mesmo
tempo: a pedra cairá com mais rapidez e atingirá o solo
primeiro. Galileu elaborou a hipótese de que o ar talvez
exercesse uma ação retardadora maior sobre a folha. Caso
isso acontecesse, a folha gastaria mais tempo do que a
pedra para cair.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Tempos depois, foi possível comprovar experimentalmente
que a hipótese de Galileu estava correta: retirando o ar de Experimento: queda livre
um tubo fechado, isto é, fazendo vácuo nesse tubo, e reali-

29
Galileu conseguiu observar que a queda livre é um movi- _____
mento uniformemente acelerado, isto é, a velocidade
de um objeto qualquer em queda livre aumenta sempre
√​ 2∙DS
tqueda = ​ ____
g ​ ​   

em quantidades iguais a cada intervalo de tempo de 1


s. Para chegar a essa conclusão, Galileu estudou o mo- Nessa situação, é adotada a orientação com sentido para
vimento de pequenos corpos que partiam do repouso baixo, e é importante ressaltar que os valores da posição
e desciam um plano inclinado. Assim, ele verificou que aumentam de cima para baixo.
o tempo de movimento não se alterava, assim como as
posições assumidas em instantes idênticos, desde que Aplicação do conteúdo
o ângulo do plano inclinado não fosse alterado. Com
1. (PUC) Dois corpos de pesos diferentes são abandona-
efeito, ele percebeu que o movimento de queda dos no mesmo instante de uma mesma altura.
dos corpos não dependia da massa dos corpos
envolvidos. Como todos os corpos partiam do repouso Desconsiderando-se a resistência do ar, é CORRETO
e ganhavam velocidade, Galileu supôs que se tratava de afirmar:
um movimento uniformemente acelerado, ou seja, que a a) Os dois corpos terão a mesma velocidade a
velocidade aumentava sempre nas mesmas proporções. cada instante, mas com acelerações diferentes.
b) Os corpos cairão com a mesma aceleração e suas
Ao alterar o ângulo do plano inclinado, Galileu observou que velocidades serão iguais entre si a cada instante.
havia alteração no tempo de movimento e nas posições as- c) O corpo de menor volume che-
sumidas em instantes idênticos, quando comparados a outro gará primeiro ao solo.
plano inclinado com ângulo distinto. Quanto maior fosse o d) O corpo de maior peso chegará primeiro ao solo.
ângulo do plano inclinado, menos tempo o móvel levava no Resolução:
seu movimento. Assim, Galileu afirmou que, se o ângulo do
plano inclinado fosse de 90°, em uma queda livre, a acelera- Como a resistência do ar é desprezada, eles caem com a
ção sofrida pelo mesmo seria igual a 9,8 m/s a cada 1 s. Essa mesma aceleração, que é a da gravidade. Em consequên-
aceleração é denominada aceleração da gravidade e repre- cia, suas velocidades, em cada instante, serão sempre as
sentada por g. Neste curso, sera adotado para a aceleração mesmas, independentemente de seus pesos.
da gravidade terrestre um valor aproximado: |g| = 10 m/s2. Alternativa B
Sempre será possível adotar esse valor para a aceleração da
gravidade, a não ser que o exercício forneça outro. 2. (FEI) Um atleta, na Vila Olímpica, deixa seu tênis
cair pela janela. Ao passar pela janela do 3.º andar,
Adotando a orientação dos espaços como sendo positiva verifica-se que a velocidade do tênis é de aproxima-
“para baixo”, uma vez que durante a queda livre os objetos damente v = 11 m/s. Sabendo-se que cada andar pos-
se movimentam em sentido ao solo, a aceleração é positiva sui, aproximadamente, altura h = 3 m, e consideran-
do o movimento do tênis uma queda livre, determine
(a = +|g|). Sendo a posição inicial S0 e a velocidade inicial
(considere g = 10 m/s²):
é v0, são escritas as seguintes equações para a queda livre:
a) a velocidade do tênis ao passar por uma janela
do térreo;
v = v0 + |g| ⋅ t
b) de que andar o tênis caiu.

|g| ⋅ t² Resolução:
S = S0 + v0 ⋅ t + ​  ____
 ​   a) Fazendo um desenho ilustrativo do problema, tem-se:
2

v² = v0² + 2 ⋅ |g| ⋅ DS SS00== 00 3.º ANDAR Vv33 == 11


11m/s
m/s

Sendo o deslocamento DS do móvel do ponto inicial até o


chão e lembrando que, como o móvel foi abandonado, v0
= 0, o tempo de queda pode ser calculado por: g = 1010m/s
m/s

v=g·t
SS==99 m
m TÉRREO Vt = ?
|g| ∙ t
2
DS = ​  _____    ​
2
(+)

30
Aplicando a Equação de Torricelli do terceiro andar até o
térreo, tem-se: 3. Lançamento vertical
v² = v3² + 2 ∙ g ∙ DS O módulo da velocidade de um objeto com velocidade
vt² = (11)² +2 ∙ 10 ∙ 9 inicial v0, ao ser lançado para cima, diminui (movimento
_____ retardado) à medida que o objeto sobe. Ao atingir o ponto
Vt = √
​ 301 ​ = 17,3 m/s
mais alto de sua trajetória, sua velocidade é nula. Em se-
Resposta: A velocidade no térreo será aproximadamente guida, o objeto começa a cair e o módulo de sua velocida-
de 17,3 m/s. de aumenta (movimento acelerado). Entretanto, os sinais
b) Aplicando a Equação de Torricelli do andar inicial da velocidade e da aceleração dependem da orientação
até o térreo, tem-se: do sistema de coordenadas. Serão adotadas orientações
vt² = vx² + 2 ∙ g ∙ DS diferentes para ambas as situações.
(17,3)² = (0)² + 2 ∙ g ∙ (3x) 1.º caso – o objjeto é lançado para cima com velocidade
​ 301 ​  ≈ 5,0167
x = ___ inicial v0.
60
Resposta: O tênis caiu do 5.º andar da Vila Olímpica.
3. (PUC-RJ) Uma pedra, deixada cair de um edifício, leva
4 s para atingir o solo. Desprezando a resistência do ar
e considerando g = 10 m/s², escolha a opção que indica redução do
a altura do edifício em metros. módulo da
velocidade
a) 20.
b) 40.
c) 80.
d) 120.
e) 160.
Resolução: Nesse caso, será adotada orientação para cima, ou seja, os
A velocidade inicial é 0 m/s, a aceleração é a da gravidade valores de posição aumentam de baixo para cima. Assim, a
(g = 10 m/s²) e o tempo de queda é 4 segundos. Assim, a velocidade inicial será positiva (v0 > 0), e a aceleração será
altura do prédio será: negativa (a = –|g|). Tem-se um movimento progressivo re-
tardado. Adotando |g| = 10 m/s², tem-se:
​ at² ​  
S= S0 + v0t + ___ v = v0 – |g| ∙ t
2
H = 5t² = 5 · (4)² = 80 m. ​ 1 ​ ∙ |g| ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t – __
2
Alternativa C v2 = v02 – 2 ∙ |g| ∙ DS

VIVENCIANDO

Bungee jumping e saltos com paraquedas não podem ser considerados movimentos de queda livre, nem mesmo
antes de o elástico começar a puxar a pessoa ou o paraquedas se abrir. Isso porque existe a influência causada pelo
ar, que não pode ser ignorada. Devido à tensão causada pelo tamanho da corda, a pessoa em busca de adrenalina
cai, durante a primeira etapa do bungee jumping, com uma aceleração maior que g.
Os eventos de queda livre só ocorrem se o movimento dos objetos acontece quando a resistência do ar pode ser
desconsiderada, como nos experimentos realizados na Space Power Facility, a maior câmara de vácuo do mundo,
construída em Ohio para testar espaçonaves e para resistir à pressão atmosférica. Ela possui 37 metros de altura e
30 metros de diâmetro. São necessárias 3 horas para bombear o ar todo para fora e formar o vácuo.

31
Quando o objeto atinge sua altura máxima, a sua velocida- Nesse caso, será adotada orientação para baixo, ou seja, os
de instantânea é nula valores de posição aumentam de baixo para cima. Assim,
a velocidade inicial será positiva (v0 > 0), e a aceleração
será positiva (a = +|g|). Tem-se um movimento progressi-
vo acelerado. Adotando |g| = 10 m/s², segue:
v = v0 + |g| ∙ t
​ 1 ​ ∙ |g| ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __
2
v2 = v02 + 2 ∙ |g| ∙ DS
Tanto no primeiro caso quanto no segundo caso, a escolha
da orientação é arbitrária; contudo, deve-se tomar cuida-
do com o sinal das variáveis envolvidas, evitando possíveis
confusões. Sempre teremos as equações do M.R.U.V. em
sua forma genérica:
v = v0 + a ∙ t
​ 1 ​ ∙ a ∙ t2
S = S0 + v0 ∙ t + __
Para encontrar o instante em que isso ocorre, é preciso 2
substituir v = 0 na equação da velocidade. Assim, tem-se: v2 = v02 + 2 ∙ a ∙ DS
v Se a orientação for para cima: a = – |g|
tsubida = __
​  0  ​  
|g| Se a orientação for para baixo: a = +|g|
É importante notar que, devido ao fato de a aceleração ser
constante, o tempo de subida e de descida são idênticos.

tsubida = tdescida

Conhecido o instante tsubida, é possível encontrar a altura má-


xima alcançada pelo móvel Hmáxima substituindo o tempo na
equação da posição. Uma maneira alternativa e mais simples
é substituir o valor da velocidade na Equação de Torricelli:
v2 = v02 – 2 ∙ |g| ∙ DS
0 = v02 – 2 ∙ |g| ∙ Hmáxima multimídia: sites
v2 www.juliantrubin.com/bigten/galileofallingbodies.
Hmáxima = _____
​  0   ​  
2 ∙ |g| html
2.º caso – o objeto é lançado para baixo com velocidade
inicial v0.
Aplicação do conteúdo
1. Considere que uma bolinha seja lançada verticalmen-
te para cima, a partir do solo (ver figuras abaixo), com
velocidade inicial v0, cujo módulo é 30 m/s. Adote uma
trajetória orientada para cima. Isso significa que, na su-
aumento do bida, o movimento será progressivo e terá velocidade
módulo da escalar positiva; na descida, porém, o movimento será
velocidade retrógrado e terá velocidade escalar negativa. Como a
velocidade varia entre t = 0 s até t = 6 s?

s (m) s (m) s (m)

v>0
v<0
2
1 1 1
0 0 0

Figura
Figura a
a Figura
Figura b
b Figura
Figura c
c

32
Resolução: Observe que, ao se analisar um problema de queda livre ou
lançamento vertical para cima (livre da resistência do ar),
Como o módulo da aceleração da gravidade é |g| = 10
são utilizadas as equações do MUV fazendo a = + g ou a
m/s², conclui-se que, na subida, o módulo da velocidade
= – g, dependendo da orientação adotada para trajetória.
diminui 10 m/s a cada segundo, e, na descida, o módulo
Se a trajetória for orientada para baixo, tem-se a = + g,
da velocidade aumenta 10 m/s a cada segundo. Assim, é
e, se a trajetória for orientada para cima, tem-se a = – g.
possível construir a seguinte tabela da velocidade escalar
da bolinha em função do tempo.

t (s) v (m/s)
0 30

1 20

2 10

3 0

4 –10

5 –20

6 –30
multimídia: vídeo
Note que, algebricamente, a velocidade diminui 10 m/s a Fonte: Youtube
cada segundo, ou seja, tanto na subida quanto na descida Hammer X Feather - Física na Lua
a aceleração é a = g = –10 m/s².

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Queda livre no espaço


Contrariando as ideias aristotélicas, Galileu Galilei foi o primeiro cientista a observar que o tempo de queda dos
corpos não é influenciado pela massa, isto é, que corpos com massas diferentes, ao serem abandonados de uma
mesma altura, atingem o solo ao mesmo tempo. Isso ocorre se a força de resistência do ar não for significativa em
qualquer um dos corpos.
Estudando a queda de corpos em um plano inclinado, Galileu concluiu que, quando os corpos caem na vertical, todos
ficam sujeitos à mesma aceleração de 9,8 m/s2. Robert Boyle (1627-1691) realizou experimentos dentro de uma
câmara de vácuo e comprovou as ideias de Galileu.
Em 1971, o astronauta David Scott, pertencente à missão Apollo 15, realizou na superfície lunar o seguinte experimento:
deixou cair no vácuo um martelo e uma pluma. Assim como Galileu afirmara séculos antes, os dois objetos (livres de
qualquer força de resistência) tocaram o solo simultaneamente. Na internet, é possível encontrar vídeos do ocorrido.

Fonte: <http://spaceflight.nasa.gov/gallery/images/apollo/apollo15/html/s71-43788.html>

33
2. (PUC-MG) Um helicóptero está descendo vertical- v² = v0² + 2a(S – S0)
mente e, quando está a 100 m de altura, um pequeno
objeto se solta dele e cai em direção ao solo, levando 4 0 = (40)² + 2(–10)(S – 0)
s para atingi-lo. Assim:
Considerando-se g = 10 m/s², a velocidade de descida do S = 80 m
helicóptero, no momento em que o objeto se soltou, vale c) No instante em que o corpo retorna ao solo, sua
em km/h: posição é nula, ou seja, S = 0:
a) 25.
b) 144. s = 40t – (5,0)t²
c) 108.
0 = 40t – (5,0)t²
d) 18.
R esolvendo essa última equação, obtém-se dois valores
Resolução:
para t: t = 0 ou t = 8,0 s. O valor t = 0 corresponde ao ins-
A altura do objeto é 100 m, a sua aceleração é a gravidade
tante inicial (quando S = 0), e o valor t = 8,0 s, ao segundo
(g = 10 m/s²) e o seu tempo é 4 s. Assim, a velocidade
instante em que S = 0 novamente.
inicial será:
​ at² ​  
S = S0 + v0t + ___ Assim, o intervalo de tempo total de subida e descida é
2
gt² 8,0 segundos. Como o tempo de subida foi 4,0 segundos,
H = v0t + ___
​   ​   conclui-se que o tempo de descida é de 4,0 segundos, isto
2 (4)²
100 = v0 (4) + 10∙​ ___ ​   é, o tempo de subida foi igual ao tempo de descida.
2
100 = 4v0 + 80 É importante ressaltar que não se trata de uma coincidência.
v0= 5 m/s = 18 km/h. Em um lançamento vertical para cima, desprezada a resis-
Alternativa D tência do ar, o tempo de subida é sempre igual ao tempo que
3. Um corpo é lançado para cima a partir do solo, com a o corpo gasta na descida até atingir o ponto de lançamento.
velocidade de módulo 40 m/s. A resistência do ar pode d) Como foi visto acima, a equação horária da velo-
ser desprezada e o módulo da aceleração da gravidade cidade escalar é:
é |g| = 10 m/s². v = 40 – 10t
a) Qual o tempo gasto pelo corpo para atingir a altura
É sabido que o corpo retorna ao solo no instante t = 8,0 s.
máxima?
b) Qual o valor da altura máxima? Dessa forma, substituindo esse valor na equação, obtém-se:
c) Quanto tempo é gasto na descida, até o corpo v = 40 – 10(8,0)
atingir o solo?
v = –40 m/s
d) Qual a velocidade do corpo ao atingir o solo?
 velocidade é negativa em decorrência da orientação da
A
Resolução:
a) Adotando uma trajetória orientada para cima com trajetória escolhida. Contudo, ao retornar ao ponto de lan-
origem no solo, tem-se: S0 = 0 e a = –|g| = –10 m/s². çamento, a velocidade do corpo, em módulo, é a mesma
A velocidade inicial tem o mesmo sentido da trajetó- que ele tinha ao ser lançado.
ria e, portanto, é positiva: v0 = 40 m/s.
4. (CFT) Da janela de um apartamento, uma pedra é lan-
A equação horária da velocidade escalar é:
çada verticalmente para cima, com velocidade de 20 m/s.
v = v0 + at
v = 40 – 10 ⋅ t
No ponto mais alto, a velocidade escalar é nula. Assim:
v=0
0 = 40 – 10t → t = 4,0 s
b) A equação horária da posição é:
S = s0 + v0t + __ ​ a ​ t²
2
​ 10 ​ t² = 40t – (5,0)t²
S = 0 + 40t – ___
2
Como calculado no item (a), a altura máxima ocorre quan-
do t = 4,0 s. Substituindo esse valor na equação acima: Após a ascensão máxima, a pedra cai até a rua, sem resis-
t = 4,0 s → S = 40(4,0) – (5,0)(4,0)² → S = 80 m tência do ar. A relação entre o tempo de subida e o tempo
Essa altura máxima também pode ser calculada pela Equa- ​ 2 ​.  Qual a altura dessa janela, em metros, em
de descida é __
3
ção de Torricelli: relação à rua? (g = 10 m/s2)

34
Resolução: Utilizando a razão entre os tempos de subida e descida,
Fazendo um desenho ilustrativo do problema, tem-se: temos:
t
Smáx = ? Vmáx = 0 m/s ____ ​  2 ​ 
​  subida ​ = __ tdescida = 3 s.
tdescida 3
V0
Assim o tempo total será:
S0 = 0 m V0 = 20 m/s

ttotal = tsubida + tdescida = 5 s.


g = 10 m/s2
Aplicando o tempo total na função horária do espaço em
Ssolo = H(m) SOLO Vsolo = ?
M.R.U.V., temos:
gt2
(+) Ssolo = S0 + v0t + ___
​   ​ 
2
(5)²
O vetor v0 é contrário à trajetória, assim o seu valor será H = 0 + (–20) ∙ (5) + (10) ∙ ___
​   ​  = 25 m.
–20 m/s. Aplicando a função horária da velocidade entre a 2
janela do apartamento e a ascensão máxima, temos: Reposta: A altura do prédio é 25 metros.

vmáxima = v0 + gtsubida

0 = –20 + (10)tsubida
tsubida = 2s.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

É comum nas ciências exatas a aplicação da matemática como ferramenta básica para a tradução dos fenômenos
físicos. Por esse motivo ela está presente em inúmeras questões, sempre exigindo do aluno a compreensão de grá-
ficos, tabelas, fórmulas, etc.

Modelo 1
(Enem) Para medir o tempo de reação de uma pessoa, pode-se realizar a seguinte experiência:
I. Mantenha uma régua (com cerca de 30 cm) suspensa verticalmente, segurando-a pela extremidade superior, de modo
que o zero da régua esteja situado na extremidade inferior.
II. A pessoa deve colocar os dedos de sua mão, em forma de pinça, próximos do zero da régua, sem tocá-la.
III. Sem aviso prévio, a pessoa que estiver segurando a régua deve soltá-la. A outra pessoa deve procurar segurá-la o
mais rapidamente possível e observar a posição onde conseguiu segurar a régua, isto é, a distância que ela percorre
durante a queda.
O quadro seguinte mostra a posição em que três pessoas conseguiram segurar a régua e os respectivos tempos de reação.

Distância percorrida pela régua durante a queda (metro) Tempo de reação (segundo)
0,30 0,24
0,15 0,17
0,10 0,14

Disponível em: <http://br.geocities.com>. Acesso em: 1 fev. 2009.

35
A distância percorrida pela régua aumenta mais rapidamente que o tempo de reação porque a:
a) energia mecânica da régua aumenta, o que a faz cair mais rápido;
b) resistência do ar aumenta, o que faz a régua cair com menor velocidade;
c) aceleração de queda da régua varia, o que provoca um movimento acelerado;
d) força peso da régua tem valor constante, o que gera um movimento acelerado;
e) velocidade da régua é constante, o que provoca uma passagem linear de tempo.

Análise expositiva 1 - Habilidades 17 e 20: Trata-se de um exercício de fácil compreensão para o aluno que
D estudou o conteúdo.
Desprezando a resistência do ar, ocorre uma queda livre, que é um movimento uniformemente acelerado,
com aceleração de módulo a = g.
A distância percorrida na queda (h) varia com o tempo conforme a expressão h = 1/2gt2.
Dessa expressão, conclui-se que a distância percorrida é diretamente proporcional ao quadrado do tempo
de queda, por isso ela aumenta mais rapidamente que o tempo de reação.
Alternativa D

Habilidade
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 compreende o estudo dos movimentos dos corpos e abrange da cinemática à astronomia.

Modelo 2
(Enem) O Super-homem e as leis do movimento

Uma das razões para pensar sobre física dos super-heróis é, acima de tudo, uma forma divertida de explorar muitos
fenômenos físicos interessantes, desde fenômenos corriqueiros até eventos considerados fantásticos. A figura se-
guinte mostra o Super-homem lançando-se no espaço para chegar ao topo de um prédio de altura H. Seria possível
admitir que com seus superpoderes ele estaria voando com propulsão própria, mas considere que ele tenha dado um
forte salto. Nesse caso, sua velocidade final no ponto mais alto do salto deve ser zero, caso contrário, ele continuaria
subindo. Sendo g a aceleração da gravidade, a relação entre a velocidade inicial do Super-homem e a altura atingida
é dada por: v2 = 2gH.

A altura que o Super-homem alcança em seu salto depende do quadrado de sua velocidade inicial porque:
a) a altura do seu pulo é proporcional à sua velocidade média multiplicada pelo tempo que ele permanece no ar
ao quadrado;
b) o tempo que ele permanece no ar é diretamente proporcional à aceleração da gravidade e essa é diretamente propor-
cional à velocidade;
c) o tempo que ele permanece no ar é inversamente proporcional à aceleração da gravidade e essa é inversamente pro-
porcional à velocidade média;
d) a aceleração do movimento deve ser elevada ao quadrado, pois existem duas acelerações envolvidas: a aceleração da
gravidade e a aceleração do salto;
e) a altura do seu pulo é proporcional à sua velocidade média multiplicada pelo tempo que ele permanece no ar, e esse
tempo também depende da sua velocidade inicial.

36
Análise expositiva 2 - Habilidades 17 e 20: Trata-se de um exercício que cobra do aluno conceitos mais fun-
E damentais em um nível de exigência maior.
Desprezando os efeitos do ar e orientando a trajetória para cima, a aceleração do Super-homem é a = –g.
O gráfico da velocidade em função do tempo até o ponto mais alto está dado a seguir.

A área acinzentada é numericamente igual ao espaço percorrido pelo Super-homem, no caso, a altura H. Assim:
H = área = v/2t
Mas v/2 é a velocidade média vm.
Então, H = vmt.
A equação da velocidade na subida é: v’ = v – gt.
Como no ponto mais alto a velocidade se anula, tem-se:
0 = v – gt ⇒ t = v/g
Assim:
H = vm t ⇒ H = vm (v/g)
Ou seja, a altura atingida é proporcional à sua velocidade média multiplicada pelo tempo que ele permanece no ar, e
esse tempo também depende da sua velocidade inicial.
Finalizando:
H = (v/2) (v/g) ⇒ v2 = 2gH
Alternativa E

DIAGRAMA DE IDEIAS

QUEDA LIVRE E LANÇAMENTO VERTICAL

ACELERAÇÃO DA MOVIMENTO
V0 0
GRAVIDADE VERTICAL

INDEPENDE LANÇAMENTO
V0 = 0
DA MASSA VERTICAL

VERTICAL
QUEDA LIVRE
PARA BAIXO

37
AULAS Lançamento oblíquo
15 e 16
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 20

Até o momento foram estudados os movimentos de corpos bolas estão sempre na mesma altura. Nota-se também que
que se deslocavam em apenas uma direção; agora serão a bola amarela se move para a direita com velocidade cons-
estudados os movimentos de corpos que variam em duas tante, como se esse movimento horizontal fosse indepen-
direções ao mesmo tempo. dente do movimento vertical.
Para simplificar a situação do lançamento horizontal, serão
utilizados os conteúdos vistos até aqui: em primeiro lugar,
é possível estudar separadamente o movimento em cada
direção, como Galileu observou; em segundo lugar, o mov-
imento na vertical se caracteriza como uma queda livre,
movimento que foi estudado anteriormente.

1. Lançamento horizontal

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Velocidade horizontal

Anteriormente foi estudado o lançamento vertical. Nele o


objeto se desloca em apenas uma direção. Agora será ana-
lisado o movimento de lançamento horizontal. A figura a O corpo possui velocidade constante na direção hori-
seguir mostra ambas as situações. A bola vermelha é aban- zontal, realizando um movimento uniforme (M.U.).
donada e cai em queda livre, e a bola amarela é lançada Sx = S0x + vx ∙ t
horizontalmente, ou seja, sua velocidade inicial só possui
componente horizontal. Observando a foto de exposição Na direção vertical, o corpo possui aceleração constante
múltipla, é possível notar que a posição vertical das duas (igual a aceleração da gravidade), realizando, dessa forma,
bolas é sempre a mesma: a cada instante de tempo as duas um movimento uniformemente variado (M.U.V.).

38
Nessa situação, adota-se a orientação com sentido para
baixo. É importante ressaltar que os valores da posição au-
mentam de cima para baixo.

vy = |g| ∙ t

​ 1 ​ ∙ |g| ∙ t2
Sy = S0y + __
2

vy2 = 2|g| ∆Sy

Também é importante lembrar que o tempo de queda é


dado por:
______

√​ 
2 ∙ DSy
tqueda = ​ ______
|g|
 ​ ​ 
  

A combinação desses dois movimentos cria uma trajetória


com o formato de um arco de parábola.

O sistema de coordenadas adotado, eixo Ox e eixo Oy, está


ilustrado na figura a seguir. Como Oy está orientado para
baixo, a aceleração escalar é positiva: a = + g = 10 m/s2.

À medida que o corpo cai, ele desloca-se


______ na horizontal;


2 ∙ DSy
sendo o tempo de queda tqueda = ​ ______
​   ​ ​,  pode-se
|g|
a distância horizontal percorrida pelo móvel.
  calcular

Sx = S0x + vx ∙ t
______


​ 
2 ∙ DSy
DSx = vx ∙ ​ ______
|g|
 ​ ​ 
  

A velocidade em cada instante é dada pela soma vetorial Como foi visto, o movimento é uniforme (M.U.) na direção
da componente horizontal e vertical. horizontal. Dessa forma, tem-se:
S = S0 + vt → x = v0t → x = 8t
v2 = vx2 + vy2
Na direção vertical, o movimento é uniformemente variado
(M.U.V.). A velocidade vertical inicial é nula, uma vez que no
Exemplo instante inicial a velocidade não é nula somente na horizontal.
Na situação da figura a seguir, uma pedra é lançada hori- S = S0 + v0t + __ ​ a  ​t2

zontalmente do topo de um edifício com velocidade inicial​ 2
___› 10
___
v0 ​.  Desprezando
___ a resistência do ar, adotando g = 10 m/s2 y = 0 + 0 ⋅ t + ​   ​t  ⇒ y = 5t2
2
​› 2
e supondo |​v0 ​|  = 8 m/s, é possível analisar o movimento da
vy = v0y + at
pedra. A distância A, do ponto P ao ponto Q, é denominada
alcance horizontal. vy = 0 + 10t ⇒ vy = 10 t

39
Quando a pedra atinge o solo, sua posição é y = 45 m. É preciso encontrar uma equação que descreva a trajetória
Substituindo na equação horária da posição, tem-se: do movimento. Para isso, elimina-se o tempo na equação
anterior da posição horizontal e se faz a substituição na
45 = 5t² ⇒ t² = 9 ⇒ t = 3 s
equação da posição vertical:
Assim, a pedra demora 3 segundos para atingir o solo. x = 8t ⇒ t = ​ __x  ​
Usando esse intervalo de tempo na equação do movimen- 8
to horizontal, obtém-se o alcance A:
Substituindo:
x=8t
y = 5t² = 5​ ​ __x  ​  ²​ ⇒ y = ___
() ​  5  ​ x²
A = (8)(3) ⇒ A = 24 m 8 64
As aulas de Matemática ensinam que uma equação desse
A velocidade horizontal se mantém constante e igual a
tipo corresponde a uma parábola. Dessa forma, entre os pon-
8,0 m/s durante todo o trajeto, mas a velocidade vertical
tos O e Q, a trajetória da pedra é um arco de parábola.
vy aumenta. Substituindo os valores de t nos instantes da-
dos por t = 1 s, t = 2 s e t = 3 s, nas equações anteriores,
determinam-se os valores de x, y e vy: Aplicação do conteúdo
1. (FEI) Em uma competição de tiro, o atirador posiciona
t(s) x(m) y(m) vy(m/s) seu rifle na horizontal e faz mira exatamente no centro
do alvo. Se a distância entre o alvo e a saída do cano é d
1 8 5 10 = 30 m, a velocidade de disparo do rifle é 600 m/s, qual
a distância do centro do alvo que o projétil atingirá?
2 16 20 20
Considere g = 10 m/s² e despreze a resistência do ar.
3 24 45 30 a) 0,25 cm.
b) 0,5 cm.
c) 0,75 cm.
d) 1,00 cm.
e) 1,25 cm.

Resolução:

Na horizontal, tem-se um MRU, e, na vertical, tem-se um


MRUV acelerado. A distância horizontal é 30 m e sua ve-
locidade v é 600 m/s. Assim, o tempo que o projétil atinge
o alvo será:
ΔS
​ 30 ​ ⇒ Δt = ___
vx = ​ ___x ​ ⇒ 600 = ___ ​  30  ​  ⇒
Δt Δt 600
⇒ Δt = 0,05 s

Na vertical, a velocidade inicial é zero e a aceleração é a


Para calcular a velocidade (total) no instante t = 2 s, por exem- favor de sua trajetória. Assim, aplicando o tempo na função
plo, considera-se a soma vetorial, como na figura abaixo: horária do MRUV vertical, tem-se:

gt²
ΔSy = Voy · t + ___
​   ​  ⇒
2
(10)(0,05)²
⇒ ΔSy = (0) · (0,05) +_________________
​   ​  ⇒

2
⇒ ΔSy = 0 + 0,0125 ⇒ ΔSy = 0,0125 m.

Aplicando análise dimensional na distância vertical, tem-se:

ΔSy = 0,0125 m · (​ 100 cm


______
 ​) 
 ⇒ ΔSy = 1,25 cm.
1 m
v² = (8)² + (20)² = 64 + 400 = 464
____
v=√ ​ 464 ​ v ≅ 21,5 m/s Alternativa E

40
2. (Unesp) Uma pequena esfera, lançada com velocida- Resolução:
de horizontal vo do parapeito de uma janela a 5,0 me-
tros do solo, cai num ponto a 10 metros da parede. Con- Na vertical, tem-se um M.R.U.V., e, na horizontal, tem-se
siderando g = 10 m/s² e desprezando a resistência do ar, um M.R.U.
podemos afirmar que a velocidade vo, em m/s, é igual a:
A velocidade inicial vertical é zero e a aceleração é a favor da
​  5  ​ .
a) ___ trajetória. Aplicando a função horária do MRUV na vertical,
10
tem-se:
b) ​ 10 ​. 
___
5 gt² (10)t²
c) 5.
ΔSy = voy · t + ___
​   ​  ⇒ H = (0) · t + _________
​   ​   ⇒
2 __ __2
d) 10. ⇒ H = 5t² ⇒ t = ​ __
5 √
​ H ​ ​  ⇒ t = ​ __
5 √
​ D ​ ​ . 
e) 15. A velocidade constante na horizontal é 10m/s. Assim, a
distância D será:
Resolução:
ΔS
​ D  ​  ⇒
vx= ​ ___ ​x ⇒ 10.t = D ⇒ t = ___
A altura vertical é 5 m, sua velocidade inicial é zero e Δt 10
__
a aceleração é a favor da trajetória. Aplicando a função

​ D ​ ​  = ___ (  )
​ D ​ = ​​ 10
​  D  ​  ⇒ __
2

horária do M.R.U.V. vertical, tem-se: ⇒ ​ __ D     ​​ ⇒


5 10 5
gt²
ΔSy = voy · t + ___
(10)t²
​   ​  ⇒ 5 = (0)t + _________
​   ​   ⇒
__ ​  D²  ​  ⇒ 100D = 5D2 ⇒ 20D = D² ⇒
​  D ​ = ___
2 2 5 100
__
​  ​1  ⇒ t = 1 s.
⇒ 5 = 5t² ⇒ t² = 1 ⇒ t = √ ⇒ D² – 20D = 0 ⇒
A distância horizontal é 10 e o tempo é 1 s. Assim, sua
velocidade constante será: (D – 0) · (D – 20) = 0

ΔS Assim, tem-se:
​ 10 ​ ⇒ v0 = 10 m/s
v0= ​ ___ ​x ⇒ v0= ___
Δt 1 D = 0 m ou D = 20 m
Alternativa D
Como D = 0 m não convém, a distância horizontal será
3. (Fuvest) Um motociclista de MotoCross move-se com 20 metros.
velocidade v = 10 m/s, sobre uma superfície plana, até
atingir uma rampa (em A), inclinada de 45º com a hori- Alternativa A
zontal, como indicado na figura.
2. Lançamento oblíquo

A trajetória do motociclista deverá atingir novamente a


rampa a uma distância horizontal D (D = H), do ponto A, multimídia: vídeo
aproximadamente igual a: Fonte: Youtube
(g = 10 m/s²) Lançamento oblíquo em um plano inclinado
a) 20 m.
b) 15 m. No lançamento
___ oblíquo, o objeto lançado tem velocidade
​›
c) 10 m. inicial v​0 ​  , inclinada em relação à horizontal e à vertical,
d) 7,5 m. formando ângulo θ com a horizontal, como mostra a figura
e) 5 m. a seguir.

41
todo o movimento (até___a bola atingir o solo). Entretanto,
V0 ​›
a componente vertical   v​y ​  da velocidade varia sob a ação
da aceleração da gravidade (como___no lançamento vertical):
P ​›
θ durante a subida, o módulo de   v​y ​  diminui até se anular
no ponto mais alto M (denominado vértice). Nesse____ ponto,
​ ›
somente a componente horizontal da velocidade v​0x ​  não
é nula. Em ___
seguida, a bola começa a cair, de modo que o
​›
módulo de  v​ y ​ aumenta.

Para estudar esse tipo de movimento, é preciso utilizar um


procedimento denominado decomposição vetorial; o in-
tuito é obter uma componente horizontal da velocidade,
​____›
vetor horizontal v​ 0x ​ ____
, e uma componente ___ vertical da veloci-
​ › ​›
dade, vetor vertical v​ 0y ​,  de modo que v​  ​ possa ser consider-
​____› 0 ​____›
ado como a resultante dos vetores v​ 0x ​ e v​ 0y ​.  A figura a seguir
demonstra que a velocidade inicial é dada pela soma vetorial Assim como no lançamento horizontal, o estudo do lan-
das componentes vertical e horizontal da velocidade. çamento oblíquo parte da independência do movimento;
observe como separar o movimento horizontal e o movi-
mento vertical.
Na direção horizontal, o corpo possui velocidade cons-
tante e, assim, realiza um movimento uniforme (M.U.).

Sx = S0x + v0x ∙ t
onde v0x = v0 ∙ cos θ

___
​› Na direção vertical, o corpo possui aceleração constan-
Diz-se, então,____
que v​ 0 ​ foi decomposto nas componentes per-
​ › ____ ​ › te (igual a aceleração da gravidade), realizando um mo-
pendiculares v​ 0x ​ e v​ 0y ​.  Considerando o triângulo retângulo
vimento uniformemente variado (M.U.V.). Adotando
sombreado na imagem anterior, tem-se da Trigonometria:
orientação vertical para cima (durante todo o movimento),
cateto oposto __ v0y tem-se que a = –|g|:
sen q = ___________
​  = ​  v  ​ ⇒ v0y = v0 ⋅ sen q
 ​ 

hipotenusa 0
cateto adjacente v0x vy = v0y – |g| ∙ t
cos q = _____________
  
​   ​  = ​ __
v0 ​ ⇒ v0x = v0 ⋅ cos q
hipotenusa
​ 1 ​ ∙ |g| ∙ t2
Sy = S0y + v0y ∙ t – __
2
Assim, é possível fazer uma comparação: o movimento se-
ria o mesmo
____ se a bola fosse lançada para cima com veloci-
​ ›
dade v​ 0y ​ dentro de um vagão de trem que se desloca para vy2 = v20y – 2 ∙ |g| ∙ DSy
​____›
a direita com velocidade v​ 0x ​.  onde v0y = v0 ∙ sen θ

Normalmente será adotado |g| = 10 m/s².


Assim como no lançamento vertical, tem-se que na altura
máxima vy = 0 e:
v0y
tsubida = tdescida = __
​   ​  
|g|
Sendo o tempo dado por:

2 · v · senθ
2 · voy _________
A trajetória curva da bola____é mostrada na figura a seguir. A ttotal = tsubida + tdescida = ​ ______ ​ = ​  0    
    ​ 
​ › |g| |g|
componente horizontal v​0x ​ se mantém constante durante

42
A velocidade em cada instante é dada pela soma vetorial v 2 ∙ sen(2θ)
da componente horizontal e vertical. A = _________
​  0  ​   
|g|
v2 = vx2 + vy2
Analisando a expressão do alcance horizontal, segue que
A será máximo quando θ = 45º. Nessa situação, tem-se a
Para se calcular a altura máxima atingida pelo móvel, po- seguinte relação:
de-se substituir o tempo total na equação da posição. No
entanto, substituindo vy = 0 na Equação de Torricelli, ob-
tém-se a altura máxima Hmáxima de maneira mais simples. A = 4 ∙ Hmáxima

vy2 = v0y2 – 2 ∙ |g| ∙ DSy


É importante ressaltar que, para a mesma velocidade ini-
v20y cial, o alcance A será o mesmo para ângulos complemen-
Hmáxima = _____
​    ​  
2 ∙ |g| tares, ou seja, tanto para 30° quanto para 60° o alcance
será o mesmo.
Para o cálculo da distância horizontal A percorrida, basta
substituir o tempo na equação do movimento horizontal:

Sx = S0x + vx ∙ t
2 ∙ v0y
Para o tempo total t = ttotal = _____
​   ​,  tem-se
|g|
DSx = vx ∙ t

( 2 ∙ v0 ∙ senθ
A = (v0 ∙ cosθ)∙ ​  ​ _________
|g| )
 ​    

VIVENCIANDO

O lançamento oblíquo é facilmente encontrado nos esportes. Nos saques de uma partida de tênis ou nos arremessos
para a cesta num jogo de basquete, estão presentes as trajetórias parabólicas, em que a altura máxima atingida
pela bola é o vértice da parábola, e a distância que separa o início e o final da jornada da bola é o alcance máximo.
Quando o jogador de futebol cobra uma falta próxima da grande área, é possível observar claramente a trajetória
parabólica da bola, caso a barreira ou o goleiro não atrapalhem o percurso até o gol. A trajetória parabólica também
pode ser identificada no salto em distância, como mostra a figura a seguir.

Fonte: <http://jornal.usp.br/ciencias/cientistas-desvendam-a-fisica-por-tras-da-performance-dos-atletas>

43
O ponto mais alto é atingindo no instante em que vy = 0:
vy = 0 ⇒ 60 – 10t = 0 ⇒ t = 6,0 s

Substituindo esse intervalo de tempo na equação da posi-


ção vertical, obtém-se a altura máxima H:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Física Total - Aula 10 - Lançamento
oblíquo no vácuo... t = 6,0 s ⇒ y = 60(6,0) – (5,0) ∙ (6,0)2

Exemplo y = 360 – 180 ⇒ y = 180 m

A figura ilustra uma bolinha lançada do ponto O, no solo, Portanto, a altura máxima é H = 180 m.
___
​›
com velocidade inicial v​0 ​ , formando um ângulo θ com a Neste caso, como a bolinha foi lançada a partir do solo, o
horizontal. A bolinha atinge novamente o solo no ponto tempo de subida é igual ao tempo de descida, e, assim, a
P. Desprezando a resistência do ar e adotando o sistema bolinha atinge o ponto P no instante t = 12 s. Substituindo
de coordenadas mostrado na figura, serão determinados o esse valor na equação da posição horizontal, obtém-se o
alcance horizontal A e a altura máxima atingida pela bo- alcance máximo:
linha, supondo g = 10 m/s2, v0 = 100 m/s, sen θ = 0,60 e
cos θ = 0,80. t = 12 s ⇒ x = 80 (12) ⇒ x = 960 m ⇒A = 960 m

É importante destacar que a altura máxima também pode


ser calculada das seguintes maneiras:
§ Usando a Equação de Torricelli, na direção vertical, fa-
zendo vy = 0:
v2 = v​  
0y​  + 2a(S – S0)
2

Como o eixo está orientado para cima, na vertical, a acele- v2y = v20y – 2(10) ∙ (H – 0)
ração escalar é a = – |g| = –10 m/s2.
0 = 602 – 2(10) ∙ (H – 0)
Inicialmente,
___ realiza-se a decomposição da velocidade ini-
​›
cial v​ 0 ​,  como mostrado na figura. Resolvendo essa equação, obtém-se H = 180 m.
§ A partir do gráfico da velocidade em função do tem-
po até o instante t = 6 s, que é o instante em que
a bolinha atinge a altura máxima. A área sombreada
na figura é numericamente igual à variação de posição
vertical entre t = 0 e t = 6,0 s, ou seja, à altura máxima:

Assim, obtém-se v0x = 80 m/s e v0y = 60 m/s. (6, 0)(60)


H = ​ _______
 ​   ⇒ H = 180 m
2
Escrevem-se, então, as principais equações do movimento
horizontal e do movimento vertical:

Horizontal Vertical
S = S0 + vt ​ a t​2,  vy = v0y + at
S = S0 + v0t + __
2
g
x = 0 + v0x ∙ t y = 0 + v0y t – __​   ​t2,  vy = v0y – gt
2
x = 80t y = 60t – 5,0t2,   vy = 60 – 10 t

44
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

As guerras moldaram o mundo atual e foram decididas pelo poderio bélico. As primeiras catapultas apareceram na
Grécia, entre 400 e 300 a.C., e foram utilizadas por Alexandre, o Grande, em seus cercos e batalhas. Os romanos
aperfeiçoaram as catapultas, inventando o trabuco, que, em vez de usar energia elástica, utilizava energia potencial
gravitacional para lançar seus projéteis.
A utilização de canhões foi comum em guerras e, em certos momentos, foi fator decisivo. Durante a Segunda Guerra
Mundial, os obuseiros – canhões melhorados capazes de alcançar distâncias entre 11 km e 23 km – foram utilizados
em larga escala por ambos os lados. O obuseiro M-10,1, criado para a Segunda Guerra Mundial, foi utilizado pelos
norte-americanos contra os japoneses e por brasileiros contra os italianos.

O conhecimento a respeito do movimento balístico foi fundamental para a correta utilização de tal peça de artilha-
ria. Depois de ser fixado, é necessário ajustar a sua mira. Por meio de manivelas, o tubo pode ser movido tanto na
horizontal quanto na vertical. A posição correta é calculada a partir da distância do alvo.

Durante a Primeira Guerra Mundial, e principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, os aviões foram utilizados
para o lançamento de projéteis. Os pilotos lançavam seus projéteis sem a utilização dos modernos computadores,
que fazem todos os cálculos necessários para acertar o alvo. Nesse caso, tem-se um lançamento horizontal, e o
piloto deveria saber que não deveria abandonar o projétil quando estivesse exatamente acima do alvo, pois, se o
fizesse, o projétil não acertaria o alvo quando atingisse o solo.

45
04) Correto. O alcance (A) de um corpo será:
Aplicação do conteúdo
ΔSx = vx · Δttotal ⇒ A = v0 ∙ cosB ∙ t
1. (UEPG-PR) Um projétil quando é lançado obliqua-
mente, no vácuo, descreve uma trajetória parabólica. 08) Correto. Aplicam-se a função horária da velocidade
Essa trajetória é resultante de uma composição de dois
entre os instantes iniciais e o ponto de máximo para en-
movimentos independentes. Analisando a figura abai-
xo, que representa o movimento de um projétil lançado contrar o tempo de subida.
obliquamente, assinale o que for correto.
vy = v0 · senB – gtsubida ⇒

⇒ 0 = V0 ∙ senB – gtsubida ⇒

​​ senB
⇒ tsubida = v0 ∙ _____g ​​.  
Sendo o tempo de subida igual ao tempo de descida, o
tempo total será:

01) As componentes da velocidade do projétil, em ttotal = tsubida + tdescida ⇒ ttotal = 2 ∙ (tsubida) ⇔


qualquer instante nas direções x e y, são respectiva- (2v ∙ senB)
ttotal =_________
​​  0 g ​​.   
mente dadas por:
vx = v0 ∙ cosB e vy = v0 ∙ senB – gt. 16) Correto.
02) As componentes do vetor posição do projétil, em 2. (PUC-RJ) Um superatleta de salto em distância realiza
qualquer instante, são dadas por: o seu salto procurando atingir o maior alcance possível.
gt² Se ele se lança ao ar com uma velocidade cujo módulo
x = v0 ∙ cosB ∙ t e y = v0 ∙ senB – ___
​   ​  é 10 m/s, e fazendo um ângulo de 45º em relação a ho-
2
04) O alcance do projétil na direção horizontal de- rizontal, é correto afirmar que o alcance atingido pelo
pende da velocidade e do ângulo de lançamento. atleta no salto é de: (Considere g = 10 m/s²).

08) O tempo que o projétil permanece no ar é a) 2 m.


(2v0 ∙ senB) b) 4 m.
t = ​ _________
g  ​   
c) 6 m.
16) O projétil executa simultaneamente um movi- d) 8 m.
mento variado na direção vertical e um movimento
uniforme na direção horizontal. e) 10 m.

Resolução: Resolução:

01) Correto. Na horizontal, tem-se um MRU, e, na verti-


cal, um MRUV com a aceleração gravitacional contrária à
trajetória. Assim, as componentes da velocidade em função
do tempo serão:
vx = v0 ∙ cosB

vy = vo,y + (–g)t ⇒ vy = v0 ∙ senB – gt .


Assim as componentes da velocidade inicial serão:
02) Incorreto. Aplicam-se a função horária do MRU na __
__

horizontal e a função horária do MRUV na vertical. ​ ​  ​2  ​  ⇒ vx= 5 ∙ √
vx= v0 ∙ cos(45º) ⇒ vx = 10 ∙ ___ ​ 2 ​ m/s ;
2
__
Sx = S0 + vx · t ⇒ x = 0 + v0 vo,y = v0 ∙ sen(45º) ⇒ voy = 5 ∙ √
​ 2 ​ m/s;
∙ cosB ∙ t ⇒ x = v0 ∙ cosB ∙ t Aplicaremos a função horária da velocidade para encontrar
(–g)t² o tempo de subida.
Sy = S0,y + v0,y · t + ​ ____
 ​  ⇒
2 __
gt² vy = vo,y – gtsubida ⇒ 0 = 5 ∙ √
​ 2 ​ – 10tsubida ⇒
⇒ y = 0 + v0 ∙ senBt – ___ ​   ​  ⇒
2 __ __
√ √
⇒ y = v0 ∙ senBt – ___
gt²
​   ​   ​ ​ 2 ​ ​   ⇒ tsubida = ___
⇒ tsubida = 5 ∙ ___ ​ ​ 2 ​ ​   s.
2 10 2

46
Sendo o tempo de subida igual ao tempo de descida, o
tempo total será:

ttotal = tsubida + tdescida ⇒ ttotal = 2 ∙ (tsubida) ⇒


__

(  ) √ __
​ ​ 2 ​ ​    ​ ⇒ ttotal = √
⇒ ttotal = ​ 2 ∙ ___ ​ 2 ​ s.
2
Aplicando o tempo total na velocidade horizontal, temos:

ΔS __ ΔS
vx = ​ ____x  ​  ⇒ 5 ∙ √
​ 2 ​ = ​ ___
__x ​  ⇒ ΔS = 5 ∙ 2 ⇒
Δttotal √
​ 2 ​  x

⇒ ΔSx = 10 m. multimídia: sites


brasilescola.uol.com.br/fisica/lancamento-
Alternativa E
obliquo.htm
physics.tutorvista.com/motion/projectile-
motion.html
www.efeitojoule.com/2011/04/lancamento-
obliquo-lancamento-obliquo.html

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 concentra um tema fundamental no ramo das ciências exatas: saber descrever o movimento dos corpos. O
aluno deve ser capaz de descrever qualitativamente o movimento do móvel: saber sua posição, sua velocidade e sua aceleração.
Nesse quesito, o estudo de lançamento horizontal e oblíquo necessita da junção de conceitos estudados anterior-
mente, pois se trata de um assunto mais complexo e que exige mais do estudante.

Modelo 1
(Enem 2.ª aplicação) Para um salto no Grand Canyon usando motos, dois paraquedistas vão utilizar uma moto cada,
sendo que uma delas possui massa três vezes maior. Foram construídas duas pistas idênticas até a beira do precipício,
de forma que no momento do salto as motos deixem a pista horizontalmente e ao mesmo tempo. No instante em que
saltam, os paraquedistas abandonam suas motos e elas caem praticamente sem resistência do ar.
As motos atingem o solo simultaneamente porque:
a) possuem a mesma inércia;
b) estão sujeitas à mesma força resultante;
c) têm a mesma quantidade de movimento inicial;
d) adquirem a mesma aceleração durante a queda;
e) são lançadas com a mesma velocidade horizontal.
Análise expositiva 1 - Habilidade 20: Sendo desprezível a resistência do ar, durante a queda as duas motos
D adquirem a mesma aceleração, que é a aceleração da gravidade.
Alternativa D

47
Modelo 2
(Enem PPL) Na Antiguidade, algumas pessoas acreditavam que, no lançamento oblíquo de um objeto, a resultante das
forças que atuavam sobre ele tinha o mesmo sentido da velocidade em todos os instantes do movimento. Isso não
está de acordo com as interpretações científicas atualmente utilizadas para explicar esse fenômeno.
Desprezando a resistência do ar, qual é a direção e o sentido do vetor força resultante que atua sobre o objeto no
ponto mais alto da trajetória?
a) Indefinido, pois ele é nulo, assim como a velocidade vertical nesse ponto.
b) Vertical para baixo, pois somente o peso está presente durante o movimento.
c) Horizontal no sentido do movimento, pois devido à inércia o objeto mantém seu movimento.
d) Inclinado na direção do lançamento, pois a força inicial que atua sobre o objeto é constante.
e) Inclinado para baixo e no sentido do movimento, pois aponta para o ponto onde o objeto cairá.
Análise expositiva 2 - Habilidade 20: No ponto mais alto da trajetória, a força resultante sobre o objeto é seu
B próprio peso, de direção vertical e sentido para baixo.
Alternativa B

DIAGRAMA DE IDEIAS

LANÇAMENTO
OBLÍQUO

LANÇAMENTOS

MOVIMENTOS
SIMULTÂNEOS

VERTICAL M.R.U.V. HORIZONTAL M.R.U.

LANÇAMENTO
V0Y = 0 HORIZONTAL

LANÇAMENTO
V0Y ≠ 0
OBLÍQUO

EM HMÁX ;
VY = 0

48
TERMODINÂMICA: Incidência do tema
nas principais provas

Os temas deste livro – lei geral dos gases e as


As questões de termodinâmica do leis da termodinâmica – aparecem com fre-
Enem são contextualizadas a partir de quência na prova da Fuvest. São questões que
ilustrações. exigem interpretações gráficas e manipulações
em equações.

Os principais temas deste livro mais frequentes Dentre os temas abordados neste caderno, Os temas deste livro – lei geral dos gases e a
nas provas da Unicamp são o estudo da lei o de maior incidência no vestibular da 1.ª lei da termodinâmica – aparecem com fre-
geral dos gases e as leis da termodinâmica. Unifesp é a termodinâmica. quência na prova da Unesp. São questões que
São questões que exigem interpretações de exigem interpretações gráficas e manipulações
imagens e gráficos. em equações.

Dentre os temas abordados neste caderno, A prova da FMABC tem uma grande variação A prova da da Puc de Campinas tem uma A prova da Santa Casa tem uma grande
o de maior incidência no vestibular Albert de temas. No entanto, podem aparecer os te- grande variação de temas. Eventualmente variação de temas. No entanto, podem
Einstein é a óptica, relacionada com espelhos mas óptica (relacionando lentes ou espelhos) podem aparecer o tema óptica (relacio- aparecer os temas óptica (relacionando lentes
planos. e lei geral dos gases. nando lentes ou espelhos) e o estudo da ou espelhos) e a termodinâmica, exigindo
termodinâmica. interpretação de gráficos.

UFMG

A prova da UEL tem uma grande variação A prova da UFPR tem uma grande variação A prova da CMMG tem uma grande variação
de temas. Eventualmente podem aparecer de temas. Eventualmente pode aparecer o de temas. Eventualmente podem aparecer o
o estudo dos gases e da termodinâmica tema lei dos gases, exigindo manipulações tema óptica (relacionando lentes ou espelhos)
com questões que exigem um alto nível de das equações. e o estudo da 1.ª lei da termodinâmica.
manipulações matemáticas.

O tema dos gases sempre está presente na A prova da UNIGRANRIO tem uma grande A prova da FTESM tem uma grande varia-
prova da UERJ, apresentando questões mais variação de temas. Eventualmente pode ção de temas. Eventualmente pode aparecer
objetivas. aparecer o tema óptica (relacionando lentes o tema lei dos gases, exigindo manipulações
ou espelhos). das equações e interpretação de gráficos.

49
AULAS Lei geral dos gases
9 e 10
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 18 e 21

1. Introdução Em 1834, o físico francês Émile Clapeyron (1799-1864), de-


pois de estudar diversos gases com quantidades de massa
Nas aulas anteriores, foi estudado o comportamento de diferentes, descobriu que a constante da equação acima não
expansão dos sólidos e dos líquidos; agora será abordado é proporcional à massa do gás, mas depende do número de
o comportamento dos gases. Estudos sobre esse tema re- moléculas do gás. Assim, a equação é escrita como:
montam aos séculos XVII, XVIII e XIX, com apresentações de ___pV
​​   ​​ = R ⋅ n
balões para a nobreza e o surgimento da máquina a vapor. T
ou
Em primeiro lugar, o estudo analisará a definição de gás pV = nRT
ideal. Gás ideal ou perfeito é um gás hipotético composto
por partículas com interações elétricas que devem ser de- Em que o número de mols de moléculas do gás é dado por n,
e a constante R é denominada constante universal dos
sprezadas. As colisões entre as partículas são elásticas, e
gases ideais, por seu valor ser o mesmo para todos os ga-
não ocorre perda de energia na forma de calor. Na prática,
ses. Essa equação é chamada de Equação de Clapeyron.
apenas gases que se encontram em baixa pressão e altas
temperaturas se aproximam de tal comportamento. Isolando a constante R na equação, obtém-se:
pV
Algumas variáveis são importantes para o estudo do com- R = ​​ ___ ​​ 
nT
portamento dos gases: pressão p; volume V; massa m e Assim:
temperatura T. Por certas razões, em vez do uso da massa, (unidade de pressão) ⋅ (unidade de volume)
______________________________________
unidade de R =    
    
​​   ​​
foi adotado o número de mols n, Sendo que o número de (unidade de molaridade) ⋅ (unidade de temperatura)
mols é dado pela razão entre a massa do gás e a massa
molar da composição do gás. O valor de R, determinado experimentalmente, vale:
​​ atm ⋅ L 
R = 0,082 ______ ​​  Pa ⋅ m³ ​​ 
= 8,31 ______
 ​​ 
​​  m   ​​  
n = _____ mol ⋅ K mol ⋅ K
Mmolar
Adiante, será visto que o produto Pa ⋅ m3 é equivalente ao
joule (J). Assim, pode-se reescrever o valor de R como:
Nota: O número de mols também pode ser calculado pela
razão entre o número de partículas que compõe o gás N e ​​  J   ​​ 
R = 8,31 ______ ​​  cal   ​​ 
≅ 2,0 ______
mol ⋅ K mol ⋅ K
o número de Avogadro NA = 6,023 ∙ 1023 mol-1

​​  N  ​​  
n = __
NA

2. Lei geral dos gases –


equação de Clapeyron
A Lei Geral dos Gases estabelece a seguinte relação, válida
para uma quantidade de gás que tem massa constante: multimídia: vídeo
pV
​​ ___ ​​ = constante Fonte: Youtube
T
Física - Lei dos Gases Ideais: a Equação
Em que p é a pressão exercida pelo gás, V é o volume ocu- de Clapeyron
pado pelo gás e T é a temperatura do gás em kelvin.

50
2.1. Estado normal de um gás 3.1. Transformação isotérmica
Quando um gás se encontra nas condições normais de Durante a transformação do gás de um estado para outro,
temperatura e pressão (CNTP), afirma-se que ele está em caso a temperatura permaneça constante, a transformação
estado normal: será denominada isotérmica. Nesse caso, a Lei Geral dos
p = 1 atm = 760 mmHg e T = 273 K (0°C) Gases fica:

Nota: VOLUME MOLAR é o volume ocupado por um mol pV = constante


de gás, independentemente da natureza do gás. “Nas
CNTP o volume molar de qualquer gás perfeito é igual a
p1V1 ou
= p2V2
22,4 litros”.

Aplicação do conteúdo O gráfico de p em função de V, em uma transformação iso-


1. Determine o volume de um recipiente que contém térmica, é uma hipérbole equilátera chamada de isoterma.
4,0 mols de moléculas de um gás ideal à pressão de
Quanto maior a temperatura do gás, maior será o produto
2,0 atm e à temperatura de 27 °C. Dados: 1 atm ≅ 105 Pa
do pV, e a isoterma ficará mais afastada dos eixos (lembre-
e R = 8,3 J/mol ⋅ K.
-se de que a quantidade de gás é constante).
Resolução:

 omo o valor de R foi dado em unidades do SI, deve-se


C
transformar unidade de pressão para pascal e unidade de T1
T2 > T1

temperatura para kelvin:

p = 2,0 atm @ 2,0 × 105 Pa


A transformação isotérmica também é conhecida como Lei
T = 27 °C = 300 K de Boyle-Mariotte e foi desenvolvida separadamente por
n = 4,0 mols ambos os cientistas. Robert Boyle (1627-1691) publicou
sua descoberta em 1660. Edme Mariotte (1620-1684)
publicou sua descoberta em 1676, mas cedeu todos os
Pela Equação de Clapeyron, isola-se V e se calcula: créditos a Boyle.
pV = nRT ⇒ V = ___​​ nRT
 ​​  
P
(4,0 mols) ∙ (8,3 J/mol ∙ k) ∙ (300 k) 
3.2. Transformação isobárica
V = ______________________
   
​​      ​​
2,0 · 105 Pa Durante a transformação do gás de um estado para outro,
V = 4,98 · 10 m
–2 3 caso a pressão permaneça constante, a transformação será
denominada isobárica. Nesse caso, a Lei Geral dos Gases fica:
Na utilização da equação de Clapeyron, é importante observar
que a temperatura sempre deve estar na unidade kelvin. ​​ V ​​ = constante
__
T

3. Transformações particulares ou

Considerando o número de mols de um gás constante, isto __ V V


​​  1 ​​ = ​​ __2 ​​ 
é, um sistema isolado, a transformação do gás de um esta- T1 T2
do A para um estado B é relacionada pela equação:

p ⋅ V _____
_____ p ⋅V
​​  A  ​​A 
 = ​​  B  ​​B 

TA TB

Se uma das variáveis da equação acima permanecer cons-


tante, somente as outras duas podem variar, e, nesse caso,
existem algumas transformações particulares que serão
abordadas a seguir.

51
3.3. Transformação isocórica
Durante a transformação do gás de um estado para outro, multimídia: vídeo
caso o volume permaneça constante, a transformação será Fonte: Youtube
denominada isocórica, isométrica ou isovolumétrica. Nesse Por que desodorante spray gela as coisas?
caso, a Lei Geral dos Gases fica:

__ p
​​   ​​ = constante
3.4. Transformação adiabática
T A transformação de um gás pode acontecer muito rapid-
ou amente, e, nesse caso, a expansão ou compressão de um
gás pode ocorrer sem trocas de calor com o meio externo
__ p p (devido à rapidez da transformação).
​​  1 ​​ = ​​ __2 ​​ 
T1 T2 Essa transformação é denominada transformação adiabáti-
ca. A relação que satisfaz essa transformação é dada por:

p ⋅ Vg = constante

ou

p1v1g = p2v2g

Em que g é a razão entre as capacidades caloríficas mo-


lares à pressão constante (Cp) e o volume constante (Cv);
trata-se do chamado coeficiente de Poisson. Para um gás
ideal monoatômico g = __​​ 5 ​​  e para um gás ideal diatômico
3
​​ 7 ​​. 
g = __
5

Tanto a transformação isobárica, que também recebe o


nome de Lei de Charles e Gay-Lussac, quanto a transfor-
mação isocórica, que também é conhecida como Lei de
Charles, recebem os nomes de seus autores, que desen-
volveram suas ideias separadamente: Jacques Alexandre
César Charles (1746-1823) fez sua descoberta da relação
Em relação à temperatura, pode-se escrever:
para a transformação isobárica em 1787, e Louis Joseph
Gay-Lussac (1778-1850) fez sua descoberta em 1802. T1 · v1γ = T2 · v2γ

52
VIVENCIANDO

Apesar de ser útil na caracterização do estado de um gás, a lei geral dos gases pressupõe o comportamento ideal de
um gás, que é impossível de ser obtido na prática; contudo, pode ser considerada prática na maioria das situações.
Os fundamentos da lei geral são utilizados na produção de diversos produtos que presentes no cotidiano, como o
ar-condicionado, o spray aerossol e a geladeira.
O aerossol é constituído por um reservatório de metal e por uma válvula que se conecta a uma mistura entre o pro-
duto (desodorante, repelente, inseticida) e um gás propelente. O produto e o gás se encontram através de um tubo.
Quando a válvula é acionada, a mistura que estava pressurizada dentro da embalagem acaba entrando em contato
com a pressão atmosférica do ambiente, que é diferente da encontrada dentro da lata. A pressão interna do gás,
inicialmente alta, sofre uma diminuição. A diminuição brusca da pressão causa o aumento do volume da mistura, que
acaba sendo espalhada em forma gasosa pelo ambiente.

4. O Mol Lorenzo Romano Amedeo Carlo Avogadro (1776-1856) foi


um químico italiano que elaborou pela primeira vez a ideia de
Nas aulas de química é ensinado que a contagem do nú- que uma amostra de um elemento, com massa em gramas
mero de átomos e moléculas é realizada usando-se o mol: numericamente igual à sua massa atômica, apresenta sem-
pre o mesmo número de átomos. Entretanto, ele não foi ca-
paz de determinar o valor da constante que leva o seu nome.
1 mol = 6,023 · 1023 partículas
Aplicação do conteúdo
Desse modo, tem-se: 1. Uma amostra de CO2 tem massa m = 88 gramas. De-
termine o número de mols de moléculas da amostra,
§ 1 mol de átomos = 6,023 · 1023 átomos sabendo que:
§ 2 mols de átomos = 2(6,023 · 1023) átomos = 12,046
· 1023 átomos Massa molar do carbono: MC = 12 gramas/mol

A quantidade 6,023 · 1023 é denominada número de Massa molar do oxigênio: MO = 16 gramas/mol


Avogadro e comumente representada por NA: Resolução:

Como há dois átomos de oxigênio na molécula, a massa


NA = 6,023 · 1023 partículas/mol = 6,023 · 1023 mol–1
molar de CO2 é:

Note que o plural de mol é mols. M = MC + 2MO = (12 g/mol) + 2(16 g/mol) = 44 g/mol

A massa molar (M) de um elemento é definida como a Assim, calcula-se o número de mols (n) da amostra:
massa de 1 mol de átomos desse elemento. De modo se-
88 g
melhante, para uma substância, a massa molar é a massa ​​  m  ​​ = _______
n = __ ​​    ​​ 
= 2 mols
M 44 g/mol
de 1 mol de moléculas dessa substância. Assim, é possível
calcular o número n de mols de átomos de um elemento de P ortanto, essa amostra é composta por 2 mols de moléculas
massa m, a partir da seguinte relação: de CO2, ou seja, existem 2(6,023 × 1023) moléculas de CO2.
2. (G1) Um gás perfeito está sob pressão de 20
​​  m  ​​
n = __ atm, na temperatura de 200 K e apresenta um
M volume de 40 litros. Se o referido gás tiver sua
pressão alterada para 40 atm, na mesma tempera-
Note que essa relação também é válida para determinar o tura, isto é, transformação isotérmica, qual será o
número de mols de moléculas de uma substância de massa m. novo volume?

53
Resolução: Resolução:

Como a transformação é isotérmica, pode-se aplicar a fór- Como a transformação é isovolumétrica, ou seja, isocórica,
mula específica para esse tipo de transformação: segue que o volume é constante; assim:
__ p p2
p1 ⋅ V1 = p2 ⋅ V2 ​​  1 ​​ = __
​​   ​​  
T1 T2
Substituindo os valores na fórmula, obtém-se: Lembrando que, nessa fórmula, a temperatura deve ser
mantida em kelvin. Substituindo os valores na fórmula,
20 ⋅ 40 = 40 ⋅ V2
obtém-se:
Finalizando os cálculos: ________
​​  2   ​​   = __ ​​ 4  ​​
20 + 273 T2
V2 = 20L
Finalizando os cálculos:
Assim, 20 litros será o novo volume. T2 = 586 K
3. (Unesp) Um gás ideal, inicialmente à temperatura de
Alternativa D
320 K e ocupando um volume de 22,4 L, sofre expansão
em uma transformação isobárica. Considerando que a 5. (UFRGS) Um gás monoatômico sofre uma transfor-
massa do gás permaneceu inalterada e a temperatura mação adiabática durante a qual sua pressão absoluta
final foi de 480 K, calcule a variação do volume do gás. passa de P para 4P. Sendo o volume inicial igual a 1 litro,
podemos afirmar que o volume final será o valor de?
Resolução:
Resolução:
Como a transformação é isobárica, segue que a pressão é
Como a transformação é adiabática, segue que não há tro-
constante; assim:
ca de calor com o meio externo; assim:
__ V V2
​​  1 ​​ = __
​​   ​​   p1 ⋅ ​​V1​ g​  ​​ = p2 ⋅ ​​V2​ g​  ​​
T1 T2
Para um gás monoatômico, segue que a constante de
Substituindo os valores na fórmula, obtém-se:
​​ 5 ​​: 
transformação vale __
3
____22,4 V2
​​   ​​  = ___
​​    ​​   P ⋅ 15/3 = 4P ⋅ V25/3
320 480
Finalizando os cálculos: Finalizando os cálculos, obtém-se:

V2 = 33,6 L V2 5/3 = 0,25

Assim, a variação de volume foi: Logo:


V2 ≅ 0,43 L
V2 - V1 = 11,2 L
Portanto, tem-se uma variação de volume de 11,2 litros.

4. (Unirio) Com base no gráfico a seguir, que represen-


ta uma transformação isovolumétrica de um gás ideal,
podemos afirmar que, no estado B, a temperatura é de:

multimídia: sites
www.efeitojoule.com/2009/09/equacao-
de-clapeyron-equacao-clapeyron.html
www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/transf_
termodinamicas.htm
a) 273 K quantumfreak.com/derivation-of-pvnrt-
b) 293 K the-equation-of-ideal-gas/
c) 313 K mundoestranho.abril.com.br/saude/como-
d) 586 K se-forma-o-pum/
e) 595 K

54
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A lei geral dos gases é objeto de estudo de pesquisadores


da Química e da meteorologia, uma vez que as modificações
gasosas que ocorrem com o aumento de temperatura são im-
portantes para determinar fatores que influenciam o clima e a
dinâmica atmosférica. A compreensã dos fenômenos atmos-
féricos e do funcionamento dos processos gasosos encontra-
dos na atmosfera contribui para uma visão completa dos pro-
cedimentos que envolvem diversas áreas, como saúde, política
e ecologia.
Outro exemplo de pesquisas interdisciplinares com os gases são
os estudos sobre combustíveis alternativos, como o nitrogênio
líquido e o ar comprimido, que são utilizados com base nos
fenômenos de compressão e expansão dos gases para se criar
motores utilizados em carros e outros tipos de transporte.

5. Mistura de gases perfeitos Lei das Pressões Parciais - Lei de Dalton


A pressão final P da mistura é dada pela soma das pressões
Sejam misturados n1 e n2 mols de gás ideal, a quantidade
parciais dos componentes da mistura se cada gás ocupasse
final de mols é dada pela soma das quantidades individuais.
sozinho todo o volume final V, na mesma temperatura T que
n = n1 + n2 a mistura final. Matematicamente, temos que, para a mistura,
Sejam p, V, n e T as variáveis termodinâmicas da mistura, p⋅V
pela equação de Clapeyron temos que: n = ____
​​   ​​  
R⋅T
p⋅V
n = ____
​​   ​​   para os gases individuais, teríamos:
R⋅T
p’ ⋅ V
Sendo p1, V1, n1 e T1 as variáveis termodinâmicas do primei- n’ = ____
​​   ​​  
ro gás antes da mistura, e p2, V2, n2 e T2 as variáveis termo- R⋅T
dinâmicas do segundo gás antes da mistura, pela equação e
de Clapeyron, temos que:
p” ⋅ V
n” = ____
​​   ​​  

p ⋅V R⋅T
n1 = ____
​​  1 1 ​​ 
  Como o número de mols da mistura é a soma das quanti-
R ⋅ T1
dades individuais dos gases, temos:
e
n = n’ + n”
p ⋅V
n2 = ____
​​  2 2 ​​ 
  p
____ ⋅ V p’ ⋅ V ____
= ____
​​    ​​   ​​    ​​  
p” ⋅ V
+ ​​    ​​  
R ⋅ T2 T T T
Finalmente,
Finalmente podemos dizer que:
p = p' + p"
p ⋅ V ____
____ p ⋅ V ____ p ⋅V
= ​​  1   1​​ 
​​    ​​   + ​​  2   2​​  
   
T T1 T2

55
DIAGRAMA DE IDEIAS

LEI GERAL
DOS GASES

EQUAÇÃO DE ESTA- EXPANSIBILIDADE E


GÁS IDEAL
DO DE CLAPEYRON COMPRESSIBILIDADE

VARIÁVEIS
TRANSFORMAÇÕES
DE ESTADO

• ISOTÉRMICA • PRESSÃO
• ISOBÁRICA • VOLUME
• ISOVOLUMÉTRICA • TEMPERATURA
• ADIABÁTICA

56
AULAS Primeira lei da termodinâmica
11 e 12
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 18 e 21

1. Máquinas térmicas
Durante a chamada Revolução Industrial, entre o final
do século XVIII e meados do século XIX, a economia
europeia foi alterada devido a uma série de transforma-
ções tecnológicas.
Um elemento fundamental para essa revolução foi a má- A força exercida pelo gás sobre o êmbolo e o deslocamen-
quina a vapor. Utilizando a força do vapor resultante da to têm o mesmo sentido; assim, o trabalho é dado por:
ebulição da água para produzir movimento, a máquina a τG = FG ⋅ d
vapor era utilizada inicialmente para retirar água do fundo
das minas; aos poucos, porém, passou a ser utilizada nas Chamando de pG a pressão exercida pelo gás sobre o
indústrias e nos transportes. êmbolo, temos:
FG = pG ⋅ A
As máquinas a vapor transformam calor em trabalho
(ou energia mecânica), e por isso são denominadas Substituindo na equação do trabalho, obtém-se:
máquinas térmicas. τG = FG ⋅ d = pG ⋅ A ⋅ d ⇒

1.1. O motor de combustão interna τG = pG ⋅ DV


No fim do século XIX, outro tipo de máquina térmica foi cria-
do: o motor de combustão interna. Nesse motor, uma Se, em vez de uma expansão, o gás sofrer​____uma compressão
› ​___›
mistura de ar e vapor de combustível, como gasolina, álcool isobárica, o trabalho será negativo, pois F​ G ​  e d ​
​   terão senti-
ou óleo diesel, é usada em vez do vapor de água. Essa mis- dos opostos, do mesmo modo que DV será negativo, pois:
tura é introduzida em um cilindro, e um dispositivo, chamado DV = (volume final) – (volume inicial)
vela de ignição, emite uma faísca elétrica, provocando a
combustão da mistura e uma rápida expansão (explosão) do No caso de uma compressão:
gás, movimentando o pistão dentro do cilindro. Esse tipo de volume final < volume inicial
motor é usado, por exemplo, nos automóveis.
Assim, a equação acima do trabalho realizado pelo gás é
Devido a essa característica da explosão da mistura den- válida tanto na expansão isobárica quanto na compressão
tro do cilindro, o motor de combustão interna é conhecido isobárica do gás. Por se tratar de processos isobáricos, a
também como motor a explosão. pressão é constante, e o gráfico de pG em função do volu-
De forma resumida, nas máquinas térmicas, um gás recebe me é uma reta paralela ao eixo das abcissas (eixo do volu-
me). A área sob a curva, limitada pela variação de volume,
calor e realiza trabalho.
como mostrado na figura a seguir, é numericamente igual
ao trabalho realizado pelo gás.
2. Trabalho realizado por um gás pG

Na figura a seguir, um gás ideal está contido em um cilin- pG


dro munido de um embolo (região mais escura). A seção
reta do cilindro tem área A. A força
​____› exercida pelo gás sobre
o êmbolo é representada por F​ G ​  . Considere que o êmbolo
se desloque de d depois de uma expansão isobárica (pres-
são constante) do gás.

57
É possível demonstrar que, mesmo quando a pressão não é Assim como o calor, o trabalho também está relacionado
constante, o trabalho ainda é numericamente igual à área com a transferência de energia. Entretanto, distingue-se pelo
sob o gráfico. A figura a seguir ilustra esse caso. fato de não causar a alteração de temperatura do corpo.
pG Resumidamente, é possível afirmar que, quando o gás rea-
liza trabalho (trabalho interno), seu valor é positivo; quan-
do o trabalho é realizado sobre o gás (trabalho externo),
seu valor é negativo. De modo geral, o módulo do trabalho
é numericamente igual à área abaixo da curva p x V que
caracteriza os estados termodinâmicos do gás. Na transfor-
mação isobárica, a relação é dada por:

τ = p ⋅ DV
Aplicação do conteúdo
1. O gráfico a seguir mostra a mudança de um gás
ideal do estado A para o estado B. Sabendo que
1 atm @ 105 Pa, determine o trabalho realizado pelo gás
na transformação.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Energia interna, calor, trabalho e sua relação...

3. Energia interna
A soma das energias de todas as moléculas de um corpo
determina sua energia interna (U). As energias cinéti-
Resolução: cas dos átomos e das moléculas, assim como as energias
potenciais correspondentes às forças elétricas existentes
 gráfico representa a variação de pressão em função do
O entre os átomos ou moléculas, somam-se para compor a
volume do gás. Como foi visto, o trabalho realizado pelo gás, energia interna. No caso de um gás ideal, a energia interna
em módulo, é numericamente igual à área da figura sombre- é proporcional à temperatura absoluta (T) do gás. Assim:
ada no gráfico. Calculando a área do trapézio, segue:
§ Se T aumenta, U aumenta;
(2, 0 atm + 4, 0 atm) (8, 0 L)
|τG| = ______________________
  
​     ​= 24 atm ⋅ L § Se T é constante, U é constante;
2
Como 1 atm = 105 Pa e 1L = 10–3 m3, tem-se: § Se T diminui, U diminui.
No caso de um gás ideal constituído por apenas um átomo
|τG| = 24 ⋅ (105 Pa) ⋅ (10–3 m3) = 2,4 ∙ 103 Pa ⋅ m3 (gás monoatômico), a energia interna é dada por:

As unidades Pa e m3 são as unidades padrões do SI e, por-


tanto, o trabalho é expresso em joules: ​ 3 ​ nRT
U = __
2
|τG| = 2,4 ∙ 103 J
Em que n é o número de mols de moléculas, e R é a cons-
Pelo gráfico, verifica-se que o volume diminuiu (∆V < 0); tante universal dos gases. É importante salientar que essa
assim, o trabalho é negativo: equação é válida somente para gases monoatômicos e não
é válida se as moléculas que formam o gás forem compostas
τG = –2,4 ∙ 103 J por mais de um átomo.

58
Lembrando da equação de Clapeyron, pV = nRT, a energia in- § se Q < 0, o sistema perde calor;
terna de um gás ideal pode ser reescrita da seguinte maneira:
§ se τ > 0, o sistema se expande, e o gás realiza trabalho;

​ 3 ​ pV
U = __ § se τ < 0, o sistema se contrai, e o trabalho é realizado
2 sobre o gás.
Sendo U0 a energia interna inicial do sistema, e Uf a energia
interna final, tem-se:
DU = Uf – U0

Assim:
DU > 0 ⇔ Uf > U0
DU < 0 ⇔ Uf < U0

Aplicação do conteúdo
multimídia: vídeo
1. Um gás é comprimido por um agente externo e, ao
Fonte: Youtube mesmo tempo, recebe 400 J de calor de uma chama.
Primeira Lei da Termodinâmica - Energia Sabendo-se que o trabalho do agente externo foi 700 J,
Interna determine a variação de energia interna do gás.

Resolução

4. Primeira lei da termodinâmica Como o gás recebeu calor, Q > 0:


No início do século XVIII, quando as primeiras máquinas a Q = + 400 J
vapor foram construídas, ainda não se tinha certeza sobre
a natureza do calor. Entretanto, em meados do século XIX,  agente externo realizou trabalho positivo. Contudo,
O
a observação do funcionamento dessas máquinas, juntam- como esse trabalho foi realizado sobre o gás (seu volume
ente com as tentativas de aperfeiçoá-las, e depois de diver- diminuiu), τ < 0:
sos experimentos, os físicos chegaram a duas conclusões: t = –700 J
§ o calor é uma forma de energia; Substituindo na equação da Primeira Lei da Termodinâmica:
§ a energia total do Universo se conserva (é constan- DU = Q – t = 400 J – (–700 J) = 400 J + 700 J ⇒ ⇒ DU
te), mas uma forma de energia pode se transformar = 1.100 J
em outra.
A segunda sentença constitui o Princípio da Conser- A variação de energia interna ∆U é positiva. Isso significa
vação da Energia, e foi enunciada, à época, como a Pri- que a energia interna aumentou uma quantidade igual a
meira Lei da Termodinâmica. 1.100 J.

Considere um sistema (conjunto de corpos) qualquer que


receba uma quantidade de calor Q. Parte desse calor pode
ser utilizada pelo sistema para realizar trabalho (τ). O
5. Transformações particulares
restante do calor ficará armazenado no sistema, contribu- A seguir, será aplicada a Primeira Lei da Termodinâmica nos
indo para o aumento de sua energia interna U. Sendo ∆U casos de transformações isotérmica, isocórica, isobárica e
a variação da energia interna, o calor e o trabalho se rela- adiabática de um gás ideal.
cionam da seguinte maneira:
5.1. Transformação isotérmica
Em uma transformação isotérmica, devido à temperatura
ser constante, a energia interna também não se altera, ou
A equação acima traduz a Primeira Lei da Termodinâmica e seja, ∆U = 0. Assim:
foi convencionado que: Q = τ + DU
⇒Q=τ
§ se Q > 0, o sistema recebe calor; DU = 0

59
VIVENCIANDO

As ciências que estudam as propriedades físicas e químicas de diversos elementos e materiais estão relacionadas
com a termodinâmica. Os processos de fabricação de novos componentes exige um conhecimento extenso de como
ocorre a transferência de calor nesses materiais e como eles são usados como matéria-prima para a elaboração de
novas ferramentas, como roupas mais confortáveis e aparelhos eletrônicos mais eficientes.
O desenho e a construção de habitações devem sempre considerar os aspectos de troca de energia, tema central da
termodinâmica. Os projetos residenciais e urbanos levam em conta os limites de conforto do organismo humano, que
acontecem numa pequena faixa de temperatura em torno dos 20 ºC. Assim, é necessário pensar como os materiais
se comportam com as situações climáticas da região. Um exemplo disso é o uso da energia solar em regiões onde se
encontra uma alta incidência de radiação solar para substituir aquecedores de água que funcionam com energia elétrica.

5.1. Transformação isocórica § No caso de expansão isobárica, DV > 0 e


DU > 0, isto é:
Em uma transformação isocórica (ou isométrica ou isovolu-
métrica), devido ao volume ser constante, o gás não realiza Q–t>0  ou  Q > t
trabalho. Assim:
Q = τ + DU § No caso de compressão isobárica, DV < 0 e DU < 0,
⇒ Q = DU
τ=0 isto é:
Quando o gás passa por uma transformação isócorica, o
Q – t < 0  ou  Q < t
calor Q pode ser calculado utilizando a capacidade o calor
específico a um volume constante CV.
Quando o gás passa por uma transformação isobárica, o
Qv = m · CV · Δu
calor Q pode ser calculado utilizando o calor específico à
Ou ainda a capacidade o calor molar à pressão constante CV. pressão constante cp.
QV = n · CV · Δu QP = m · cP · Δu

5.2. Transformação isobárica Ou ainda a capacidade molar à pressão constante CP.


QP = n · CP · Δu
Em uma transformação isobárica, a pressão permanece
constante e, pela Lei Geral dos Gases, o volume e a tem- Para um dado gás, a diferença entre a capacidade molar, a
peratura estão relacionados por: pressão constante e o volume constante.

​  V ​  = constante
__
R = CP – CV
T
Assim:
§ V aumenta ⇒ T aumenta ⇒ U aumenta ⇒ 5.3. Transformação adiabática
⇒ DU > 0 Foi visto que uma transformação adiabática ocorre
§ V diminui ⇒ T diminui ⇒ U diminui ⇒ quando, durante a transformação, o sistema não recebe
e nem cede calor ao meio ambiente (não existe troca de
⇒ DU < 0
calor com o meio).
Por outro lado:
Processos desse tipo ocorrem se o gás está contido em um
Q = τ + DU ⇒ DU = Q – τ recipiente de paredes feitas de um material isolante térmi-
Com isso, o calor e o trabalho se relacionam da seguinte co, ou em um processo em que o gás sofra uma compres-
maneira: são ou expansão muito rápida de modo que não receba ou

60
forneça calor ao meio no curto intervalo de tempo durante
a variação de seu volume. Aplicando a Primeira Lei da Ter- Aplicação do conteúdo
modinâmica a esse caso, tem-se: 1. Qual a energia interna de 3 m³ de gás ideal
Q = t + DU monoatômico sob pressão de 0,5 atm?
⇒ DU = –t
Q=0 Resolução:
Assim:
Para calcular a energia interna do gás, deve-se aplicar a fórmula:
§ Se o gás sofrer uma compressão adiabática:
DU = –t ​ 3 ​ · p · V
U = __
⇒ DU > 0 2
t<0
Substituindo os valores, obtém-se:
Ou seja, a energia interna aumenta e, portanto, sua tempe- ​ 3 ​ · 0,5 · 105 · 3
U = __
ratura também aumenta. 2
Finalizando os cálculos:
§ Se o gás sofrer uma expansão adiabática:
DU = – t U = 2250 J
⇒ DU < 0
t>0
2. (Unirio) Qual é a variação de energia interna de um
Ou seja, a energia interna do gás diminui e, em consequên- gás ideal sobre o qual é realizado um trabalho de 80J
cia, sua temperatura também diminui. durante uma compressão isotérmica?
a) 80 J
Em um gráfico de pressão pelo volume (p x V), uma trans-
b) 40 J
formação adiabática é uma curva denominada curva c) Zero
adiabática. A forma dessa curva é semelhante à de uma d) – 40 J
isoterma, mas com inclinação diferente, como mostrado na e) – 80 J
figura a seguir.
Resolução

Durante uma compressão isotérmica, sabe-se que a varia-


ção da energia interna é nula; assim:
∆U = 0

Alternativa C

3. (Uece) Uma garrafa hermeticamente fechada contém


1 litro de ar. Ao ser colocada na geladeira, onde a tem-
peratura é de 3 °C, o ar interno cedeu 10 calorias até
entrar em equilíbrio com o interior da geladeira. Des-
prezando-se a variação de volume da garrafa, a varia-
ção da energia interna desse gás foi:
a) – 13 cal
b) 13 cal
c) – 10 cal
d) 10 cal
Resolução:

É possível saber pelo enunciado que a transformação


em questão é isocórica, pois o volume da garrafa não
varia; assim:
multimídia: vídeo Q = τ + ∆U
Fonte: Youtube
Nas transformações isocóricas, ocorre que o trabalho reali-
Construa um motor movido a vela (motor
zado pelo gás é nulo; assim:
stirling)
Q = ∆U

61
Sabe-se também que o calor foi fornecido para o ambiente; Substituindo os valores, obtém-se:
conclui-se que Q = – 10 cal, logo:
τ = 3p ⋅ (3V – V)
∆U = –10 cal Finalizando os cálculos:
Alternativa C
τ = 6 ⋅ p ⋅V
4. Um gás ideal, inicialmente no estado A, sofre uma Voltando à equação inicial, tem-se:
transformação termodinâmica:
Q = 6 ⋅ p ⋅ V + ∆U
A → B: expansão isobárica;
Assim:
O gráfico da pressão em função do volume mostra a trans-
∆U = Q – 6 ⋅ p ⋅ V
formação A → B desse gás:

Sabendo que o gás em questão recebeu uma quantidade


de calor Q do ambiente, calcule em função de p, V e Q a
variação da energia interna do gás. multimídia: sites
Resolução: www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/primeira_
Para calcular a variação da energia interna, deve-se apli-
lei.htm
car a fórmula da Primeira Lei da Termodinâmica: web.mit.edu/16.unified/www/FALL/
thermodynamics/notes/node11.html
Q = τ + ∆U
A priori, é necessário calcular o trabalho realizado pelo gás:
τ = p ⋅ ∆V

62
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Revolução Industrial e a máquina a vapor


A primeira máquina a vapor de que se tem notícia foi criada por Herão de Alexandria
(10-80 d.C.); chamada de olípila ou máquina de Herão, consistia numa esfera com tubos
curvos por onde o vapor de água era expelido, fazendo com que o aparelho girasse. A
imagem a seguir representa a máquina criada por Herão.
O britânico Thomas Newcomen (1663-1729) foi o inventor da primeira máquina a vapor
capaz de bombear água em profundidade. A princípio, a máquina era utilizada para a extração de água em minas
de carvão. Newcomen recebeu permissão para melhorar a máquina de Thomas Savery (1650-1712), que, em 1698,
patenteou uma máquina a vapor que usava a condensação de vapor para criação de vácuo e, assim, puxar a água.
Entretanto, a máquina só era capaz de bombear água no máximo a 15 metros
de profundidade. Newcomen, junto com John Cally, melhorou a máquina a
vapor adicionando um êmbolo num cilindro para uma alavanca que descia até
a mina, sendo capaz de bombear água a mais de 50 metros de profundidade.
No ano de 1763, o britânico James Watt (1736-1819) foi convidado a mel-
horar o modelo da máquina de Newcomen. Watt percebeu que, se a câmara
de condensação fosse separada do cilindro, evitaria perdas de energia. Em
1765, Watt inventou uma máquina a vapor que, além de perder menos
calor, era capaz de gerar movimento circular. Devido aos seus trabalhos, a
unidade de potência no SI – a relação entre joule e segundo – recebeu o
nome de watt.
Em 1804, a locomotiva de Richard Trevithick fez seu primeiro percurso. No Brasil, em 1854, uma locomotiva
inaugurou a Estrada de Ferro Petrópolis, graças ao empreendedorismo do brasileiro Irineu Evangelista de Sousa,
o barão de Mauá; sua inauguração contou com a presença do imperador Dom Pedro II.
O estudo das máquinas térmicas foi fundamental para o desenvolvi-
mento tecnológico do homem durante a Primeira Revolução In-
dustrial. Durante o final do século XVIII e início do século XIX, surgi-
ram a máquina a vapor moderna e a locomotiva, ambas invenções que
transformavam a energia térmica, proveniente da queima do carvão,
em energia mecânica. A utilização da máquina a vapor dinamizou o
setor industrial, como a industrial têxtil, que até aquele momento ain-
da se desenvolvia de maneira artesanal.

63
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da ter-
21 modinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da Física, sua importância histórica e saber
aplicá-los no cotidiano. Como diz o segundo eixo cognitivo: “Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhe-
cimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e
das manifestações artísticas”.

Modelo 1
(Enem) O ar atmosférico pode ser utilizado para armazenar o excedente de energia gerada no sistema elétrico, diminu-
indo seu desperdício, por meio do seguinte processo: água e gás carbônico são inicialmente removidos do ar atmos-
férico e a massa de ar restante é resfriada até –198 ºC. Presente na proporção de 78% dessa massa de ar, o nitrogênio
gasoso é liquefeito, ocupando um volume 700 vezes menor. A energia excedente do sistema elétrico é utilizada nesse
processo, sendo parcialmente recuperada quando o nitrogênio líquido, exposto à temperatura ambiente, entra em
ebulição e se expande, fazendo girar turbinas que convertem energia mecânica em energia elétrica.
MACHADO, R. Disponível em: <www.correiobraziliense.com.br>. Acesso em: 09 set. 2013 (adaptado).

No processo descrito, o excedente de energia elétrica é armazenado pela:


a) expansão do nitrogênio durante a ebulição;
b) absorção de calor pelo nitrogênio durante a ebulição;
c) realização de trabalho sobre o nitrogênio durante a liquefação;
d) retirada de água e gás carbônico da atmosfera antes do resfriamento;
e) liberação de calor do nitrogênio para a vizinhança durante a liquefação.

Análise expositiva 1: O aluno precisa entender as formas de possíveis transformações de energia, como
C calor e trabalho. É necessário Identificar quando o sistema se resfria por essas transformações e identificar
as informações que são relevantes no enunciado.
Alternativa C

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A Matemática é uma ferramenta fundamental para a interpretação e/ou construção de fenômenos no contexto da
Física. Assim, faz-se necessário conhecer o manuseio e a aplicabilidade, além da capacidade interpretativa, dessa
linguagem simbólica. Como afirma o terceiro eixo cognitivo da matriz de referência do ensino médio: “Selecionar,
organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e
enfrentar situações-problema”.

64
Modelo 2
(Enem) Um sistema de pistão contendo um gás é mostrado na figura. Sobre a extremidade superior do êmbolo, que
pode movimentar-se livremente sem atrito, encontra-se um objeto. Através de uma chapa de aquecimento é possível
fornecer calor ao gás e, com auxílio de um manômetro, medir sua pressão. A partir de diferentes valores de calor for-
necido, considerando o sistema como hermético, o objeto elevou-se em valores ∆h como mostrado no gráfico. Foram
estudadas, separadamente, quantidades equimolares de dois diferentes gases, denominados M e V.

A diferença no comportamento dos gases no experimento decorre do fato de o gás M, em relação ao V, apresentar:
a) maior pressão de vapor;
b) menor massa molecular;
c) maior compressibilidade;
d) menor energia de ativação;
e) menor capacidade calorífica.

Análise expositiva 2: Para resolver o problema, o aluno precisa saber interpretar gráficos e retirar informações do
E enunciado para aplicar os seus conhecimentos de termodinâmica.
Alternativa E

65
DIAGRAMA DE IDEIAS

TERMODINÂMICA

CONSERVAÇÃO PRIMEIRA LEI DA


DA ENERGIA TERMODINÂMICA

TRANSFORMAÇÕES

ΔU = 0 ISOTÉRMICA

= P • ΔV ISOBÁRICA

=0 ISOVOLUMÉTRICA

Q=0 ADIABÁTICA

66
AULAS Segunda lei da termodinâmica
13 e 14
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 18 e 21

1. Transformação cíclica
Em um ciclo: DUciclo = 0

O estado final e o estado inicial do sistema são iguais em


uma transformação cíclica. Considere que um gás sofra as Lembrando da Primeira Lei da Termodinâmica:
transformações representadas no diagrama p × V abaixo. Qciclo = τciclo + DUciclo ⇒ Qciclo = tciclo + 0
Como é possível observar no gráfico, as transformações
sofridas pelo gás formam um caminho fechado. Esse pro- Conclui-se:
cesso é denominado ciclo. (É importante estudar os ciclos,
pois as máquinas térmicas funcionam executando ciclos Em um ciclo: Q = t
consecutivos).
No gráfico acima, o ciclo realizado pelo gás tem sentido
horário. Entretanto, as transformações também podem
ocorrer no sentido anti-horário. Nos dois casos, porém, a
área da região interna do gráfico (em um diagrama p × V)
é numericamente igual ao módulo do trabalho realizado
pelo gás, valendo:
Ciclo horário: tciclo > 0
Considerando o ponto A como estado inicial do gás, após
sofrer as transformações AB, BC, CD e DA, o gás volta ao Ciclo anti-horário: tciclo < 0
estado A e completa um ciclo. Devido ao estado final (A) p p
coincidir com o estado inicial (A), a temperatura final é a
τ>0
mesma que a temperatura inicial; assim, não existe varia-
ção da energia interna U no ciclo completo. |τ|
O trabalho do ciclo será dado pela soma do trabalho de
cada passagem individual:
O V O
tciclo = tABCDA = tAB + tBC + tCD + tDA
Sentido horário
Assim como a quantidade de calor do ciclo será igual à
soma de cada passagempindividual: p
Qciclo = QABCDA = QAB + QBC + QCD + QDA τ<0
τ>0
Ou como a variação da energia interna:|τ| |τ|
DUciclo = DUABCDA = DUAB + DUBC + DUCD + DUDA = 0

Lembrando que a Primeira


O Lei da Termodinâmica é válida O V
V
tanto para cada passagem individual quanto para o ciclo
completo: Sentido anti-horário

DUciclo = Qciclo – tciclo


Como em cada ciclo Qciclo = tciclo, resulta que:
DUAB = QAB – tAB DUBC = QBC – tBC Em um ciclo realizado no senti-
DUCD = QCD – tCD DUDA = QDA – tDA do horário: tciclo > 0 e Qciclo > 0

67
A quantidade de calor recebida pelos gás é totalmente
transformada em trabalho realizado pelo gás, isto é, todo o 2. Segunda lei da termodinâmica
calor é convertido em trabalho. A segunda Lei da Termodinâmica foi enunciada de maneiras
Em ciclo realizado no sentido anti-horário: diferentes, embora equivalentes. Uma delas é a seguinte:
tciclo < 0 e Qciclo < 0
“O calor não pode fluir espontaneamente de um cor-
O gás fornece calor devido a um trabalho realizado pelo po de temperatura menor para um outro corpo de
meio exterior sobre o gás, ou seja, o trabalho é convertido temperatura mais alta”.
em calor cedido pelo gás.

Aplicação do conteúdo A primeira formulação da Lei, realizada em 1850 pelo ale-


mão Rudolf Emmanuel Clausius (1822-1888), foi:
1. (Unirio) Um gás sofre a transformação cíclica ABCA, in-
dicada no gráfico a seguir. A variação da energia interna
e o trabalho realizado pelo gás, valem, respectivamente: “O calor flui espontaneamente de um corpo quente
para um corpo frio. O inverso só ocorre com a realiza-
ção de trabalho”.

Outra formulação, de Lorde Kelvin e do físico alemão Max


Planck (1858-1947), é:

“É impossível, para uma máquina térmica que opera


em ciclos, converter integralmente calor em trabalho”.

Considere as trocas de energia em uma máquina térmica


representadas na figura a seguir. A fonte quente, à tempe-
a) DU = 0 J e t = 0 J ratura T1, fornece uma quantidade de calor Q1 à máquina
b) DU = 0 J e t = 8,0 ∙ 102 J térmica (no caso de uma locomotiva a vapor, por exemplo,
c) DU = 0,5 ∙ 102 J e t = 1,5 ∙ 103 J a fonte quente é a fornalha onde é queimado o combustí-
d) DU = 8,0 ∙ 102 J e t = 0 J vel). Do calor Q1, uma parte é convertida em trabalho (τ), e
e) DU = 8,5 ∙ 102 J e t = 8,0 ∙ 102 J o restante |Q2| é fornecido a uma segunda fonte à tempe-
Resolução: ratura T2, menor que T1 (T2 < T1) (no caso da locomotiva a
vapor, a fonte fria é o ambiente externo).
Para calculars os dados pedidos, deve-se lembrar que a
área de um gráfico de P x V FONTE QUENTE T1

apresenta o trabalho exercido pelo gás; assim:


Q1

​ b ∙ ​
t = ____ h  
2
MÁQUINA τ
Substituindo os valores:
(5 – 1) ∙ (600 – 200)
t = ________________
  
​   ​  
2 Q2

Finalizando os cálculos, resulta: T2


FONTE FRIA

t = 800 ou 8 ∙ 10 J 2
Esquema de uma máquina térmica
Além disso, numa transformação cíclica, a energia interna
Assim:
do gás não varia, ou seja, a variação da energia interna é
nula; assim: Q1 = τ + |Q2|
DU = 0 Ou:
Alternativa B τ = Q1 – |Q2|

68
Essa relação demonstra que a diferença entre o calor da
fonte quente e a fonte fria é igual ao trabalho realizado Aplicação do conteúdo
em cada ciclo. 1. Uma máquina térmica recebe, a cada ciclo, uma quan-
tidade de calor Q1 = 500 J da fonte quente, e fornece
O rendimento de uma máquina térmica h (lê-se “eta”) uma quantidade de calor Q2 = 400 J para a fonte fria.
define-se por: Cada ciclo é executado em um intervalo de tempo
Dt = 0,25 s. Determine:
t
h = ​ __   ​  a) o trabalho realizado pela máquina em cada ciclo;
Q1
b) o rendimento da máquina;
c) a potência útil da máquina.
Substituindo τ = Q1 – |Q2|, obtém-se:
Resolução:
t Q1 – | Q2 | |Q2|
h = ​ __   ​ = ________
​   ⇒ h = 1 – __
 ​  ​   ​  a) t = Q1 – Q2 = 500 J – 400 J ⇒ t = 100 J
Q1 Q1 Q1
b) η = ​ __
t  ​ = _____
​ 100 J 
 ​ ⇒ η = 0,20 = 20%
Q1 500 J
Nessa expressão, nota-se que o rendimento seria de
100% caso todo o calor fosse convertido em traba- ​  t   ​ = _____
c) Pu = ___ ​  100 J 
 ​ = 400 J/s ⇒ Pu = 400 W
Dt 0,25 s
lho, nesse caso, Q2 = 0. Contudo, sempre há uma
quantidade de calor Q2 transferido à fonte fria e, por-
tanto, sempre t < Q1 e Q2 > 0. Por esse motivo, o
rendimento de uma máquina térmica é sempre me-
3. O ciclo de Carnot
Depois de as primeiras máquinas térmicas terem sido cons-
nor do que 100%. No caso das máquinas a vapor,
truídas no início do século XVIII, a primeira análise teórica
o rendimento é aproximadamente 0,15 (ou 15%).
dessas máquinas surgiu em 1824, em uma obra do físico
O rendimento de uma máquina térmica também é de-
francês Nicolas Leonard Sadi Carnot (1796-1832).
nominado eficiência.
Carnot nasceu em Paris e, apesar de ter morrido com ape-
A potência útil (Pu) de uma maquina térmica é a razão en-
nas 36 anos, foi de vital importância para o desenvolvimen-
tre o trabalho τ realizado por ela e o intervalo de tempo Dt
to da termodinâmica. Ele estudou as máquinas térmicas,
gasto para realizá-lo.
além de ter enunciado a Segunda Lei da Termodinâmica da
seguinte maneira: “Para haver conversão contínua de calor
​  t  ​  
Pu = __
Dt em trabalho, um sistema deve realizar ciclos entre fontes
No SI sua unidade é o watt (W), que representa a razão quentes e frias, continuamente. Em cada ciclo, é retirada
uma certa quantidade de calor da fonte quente (energia
entre joule e o segundo.
útil), que é parcialmente convertida em trabalho, sendo o
restante rejeitado para a fonte fria (energia dissipada)”.
Em seu trabalho de 1824, Carnot mostrou que uma máqui-
na térmica, operando com uma fonte quente à temperatu-
ra T1, e uma fonte fria à temperatura T2, tem rendimento
máximo quando executa um ciclo especial, denominado
ciclo de Carnot, representado na figura a seguir. Esse ci-
clo é formado pelas seguintes transformações (duas isotér-
micas e duas adiabáticas), na seguinte ordem:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Mauá - O Imperador e o Rei
O filme mostra o enriquecimento e a falência
de Irineu Evangelista de Sousa, mais conhecido
como barão de Mauá, considerado o primeiro
grande empresário brasileiro.

69
T
1. O gás recebe calor Q1 da fonte quente e sofre uma hmáx = 1 – __ ​ 300 K 
​  2 ​  = 1 – _____  ​= 1 – 0,60 ⇒
expansão isotérmica AB à temperatura T1. T1 500 K
⇒ hmáx = 0,40 = 40%
2. Expansão adiabática BC; o gás atinge a temperatura T2.

4. Máquinas frigoríficas
3. O gás fornece o calor Q2 à fonte fria e sofre uma com-
pressão isotérmica CD à temperatura T2.

4. Compressão adiabática DA; o gás volta ao seu estado Diferentemente das máquinas térmicas, as máquinas frigo-
inicial à temperatura T1. ríficas retiram o calor de uma fonte fria e o fornecem para
uma fonte quente. Obviamente, esse processo não ocorre
A seguinte relação é válida para esse ciclo: espontaneamente, pois, de acordo com a Segunda Lei da
Termodinâmica, a tendência natural do calor é fluir de um
__|Q | T2
​  2 ​ = __
​   ​  corpo quente para um corpo frio. Assim, é necessário rea-
Q1 T1
lizar trabalho (por exemplo, por meio de um motor) que
faça com que o calor siga um percurso não natural. Essa
Já foi visto que o rendimento (ou eficiência) de uma máqui- é a base de funcionamento de aparelhos como o ar-condi-
na térmica qualquer é dado por: cionado e o refrigerador doméstico.
t   ​ = ​  Q
h = ​ __
1
– |Q2|
______ ​ 
|Q2|
 ⇒ h = 1 – ​ __ ​ 
FONTE QUENTE T2

Q1 Q1 Q1
Q2
O rendimento de uma máquina realizando o ciclo de Car-
not pode ser calculado a partir das temperaturas das fontes
τ
quente e fria. Substituindo as variáveis Q1 e |Q2| pelos valo- MÁQUINA

res de temperatura T1 e T2:

T T1 – T2 Q1
h = 1 – __
​  2 ​ = _____
​   ​


T1 T1
FONTE FRIA T1

O rendimento do ciclo de Carnot é independente do gás


utilizado pela máquina e é um ciclo ideal. Na prática, O esquema de funcionamento de uma máquina frigorífica
entretanto, as máquinas que funcionam usando o ciclo está representado na figura anterior. O trabalho τ executa-
de Carnot têm um rendimento inferior ao previsto. Isso do por um motor faz com que o calor Q1, retirado da fonte
acontece devido às transformações adiabáticas não ocor- fria, à temperatura T1, seja enviado para a fonte quente, à
rerem perfeitamente, e também devido às perdas de ca- temperatura T2 (sendo T2 > T1), que recebe uma quantidade
lor por atrito e isolamento térmico imperfeito. Máquinas de calor |Q2|. Assim, a cada ciclo executado:
térmicas reais atingem de 60% a 80% do rendimento
previsto por Carnot. Q1 + |τ| = |Q2|
Nota: Observe que nem mesmo o ciclo de Carnot pode
alcançar um rendimento de 100%.

Aplicação do conteúdo
1. Uma máquina térmica funciona entre duas fontes
às temperaturas de 227 ºC e 27 ºC. Qual o rendimento
máximo possível para essa máquina?

Resolução:
Tem-se:
T1 = 227 °C = 500 K
T2 = 27 °C = 300 K multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
O maior rendimento possível é obtido usando um ciclo de Noções de entropia
Carnot:

70
Nas máquinas frigoríficas é usado um fluido que, durante Q
parte do ciclo, é gás e, no restante do ciclo, permanece na e = __
​  1 ​  
|t|
forma líquida.
Dessa forma, a máquina térmica transforma calor em tra- Em que Q1 é o calor retirado da fonte fria, e τ é o trabalho
balho, fazendo com que o fluido (vapor) execute um ciclo realizado pelo motor. Considerando o calor Q2 enviado à
no sentido horário: fonte quente, reescreve-se a equação do ciclo, isolando
o trabalho:
Q1 + |t| = |Q2| ou |t| = |Q2| – Q1

Substituindo na equação anterior, obtém-se a seguinte


expressão:
Q1
e = ______
​     ​  
|Q2| – Q1
A máquina frigorífica transforma trabalho em calor, fazen-
do com que o fluido (gás refrigerante) execute um ciclo no
Em geral, refrigeradores domésticos têm eficiência e = 5,
sentido anti-horário.
isto é, a cada ciclo, a quantidade de calor retirada de den-
tro do refrigerador é cinco vezes maior do que o trabalho
executado pelo compressor.

Assim, o trabalho do gás refrigerante é negativo em uma


máquina frigorífica. Isso significa que o gás é comprimido
pela ação do motor, que, por esse motivo, é denominado
motor compressor.

5. Eficiência de uma multimídia: vídeo


Máquina Frigorífica Fonte: Youtube
A eficiência ou coeficiente de desempenho de uma máqui- Ciclos termodinâmicos e máquinas térmicas
na frigorífica é número e definido por:

VIVENCIANDO

Como foi visto ao longo das aulas sobre termodinâmica, o estudo dos gases foi fundamental na história da humani-
dade, não só pela construção de dirigíveis, mas principalmente como ferramenta para as revoluções industriais. As
máquinas térmicas, por sua vez, permitiram a construção de bombas de água, tornando possível a extração de carvão
a grandes profundidades, a criação de máquinas que aumentaram a produtividade nas indústrias (por exemplo, na
produção têxtil), o advento do motor a combustão, que está presente nos automóveis utilizados cotidianamente, e a
criação da geladeira, onde são guardados e conservados os alimentos.

71
rário. Nesse caso ele é denominado refrigerador de Carnot.
Aplicação do conteúdo Para o refrigerador de Carnot também vale a equação:
1. Tem-se uma máquina térmica frigorífica que realiza, Q |Q2|
durante um ciclo completo, um trabalho de 4 ∙ 104 J e ​ __1 ​ = __
​   ​ 
cede, à fonte fria, 12 ∙ 104 J. Com essas informações, T1 T2
calcule a eficiência da máquina frigorífica. Assim, pode-se expressar o rendimento em função das
temperaturas das fontes fria e quente:
Resolução:
Q1 T
A eficiência de uma máquina frigorífica é dada pela eCarnot = ______
​     ​  = _____
​  1   ​ 
|Q2| – Q1 T2 – T1
seguinte equação:
Q
e = __
​  1 ​
|τ|
Substituindo pelos valores, obtém-se:
​ 12 ∙ 104 ​ 
4
e = ______
4 ∙ 10
Logo:
e=3

2. (PUC- Camp) A turbina de um avião tem rendimento


de 80% do rendimento de uma máquina ideal de Car-
not operando às mesmas temperaturas.
multimídia: vídeo
Em voo de cruzeiro, a turbina retira calor da fonte quente a
Fonte: Youtube
127 °C e ejeta gases para a atmosfera que está a –33 °C.
Ciclos termodinâmicos e máquinas térmicas
O rendimento dessa turbina é de
a) 80 %
b) 64 %
7. Terceira lei da termodinâmica
c) 50 % A Terceira Lei da Termodinâmica resultou dos trabalhos de
d) 40 % Walther Nernst (1864-1941) e Max Planck (1858-1947).
e) 32 % As transformações naturais ocorrem em um certo sentido e
Resolução: nem sempre são reversíveis, isto é, apesar de ocorrer a con-
servação da energia total, à medida que o tempo passa, me-
Aplicando a fórmula de rendimento, tem-se:
T – T2 nor é a possibilidade de se obter energia útil em um sistema.
η = _____
​  1  ​   A evolução dos sistemas naturais tende para um estado de
T1
Substituindo os valores: maior desordem. Essa medida de desordem de um sistema
(127 + 273) – (–33 + 273) é denominada entropia. Assim, quando a desordem de um
η = ____________________
  
​      ​ sistema aumenta, ocorre um aumento de entropia.
(127 + 273)
Finalizando os cálculos, obtém-se: Considere uma xícara de chá que cai e se parte ao atingir
η = 0,4 o chão. Se todos os cacos da xícara fossem recolhidos e
Para calcular a eficiência da asa, deve-se achar 80% de a xícara caísse novamente, do mesmo modo que a xícara
0,4, ou seja: intacta, os cacos recolhidos da xícara não se reorganizam,
e é mais provável que se partam em pedaços ainda meno-
easa = 0,4 ∙ 0,8
res. Esse exemplo ilustra o fato de que a desordem tende
Assim: a aumentar conforme o tempo passa, sendo mais provável
easa = 0,32 atingir um estado de maior desordem do que um estado
Alternativa E bem ordenado. Assim, a Terceira Lei da Termodinâmica
pode ser enunciada da seguinte maneira:

6. Refrigerador de Carnot As transformações naturais sempre resultam em um


Da mesma forma que a máquina térmica, um refrigerador aumento da entropia do Universo.
pode executar o ciclo de Carnot, mas no sentido anti-ho-

72
Desse modo, pode-se definir processos irreversíveis como
aqueles processos que, por meios naturais, ocorrem apenas
7.1. Motor a combustão
em um sentido. Dessa forma, quando ocorre um processo De modo geral, o motor a combustão é uma máquina tér-
irreversível, a entropia do sistema sempre aumenta. Já os mica que transforma a energia da queima de certos gases
processos reversíveis são aqueles em que, depois de ocorrer em trabalho. Um motor padrão é composto por quatro fases.
uma pequena mudança, é possível reverter essa mudança, Na primeira, o gás preenche um cilindro à medida que um
de forma que o sistema volte às suas condições iniciais. pistão abre espaço, mantendo uma pressão constante. Na
Tecnicamente, processos reversíveis são uma idealização, fase 2, o pistão comprime a mistura gasosa numa transfor-
uma vez que na natureza todos os processos envolvem mação adiabática, de tal forma que, no final do processo, a
turbulência ou atrito, ou ainda algum outro aspecto que os temperatura e a pressão do gás estão com valores elevados.
torna irreversíveis. Na terceira fase, uma faísca faz com que o gás entre em
combustão devido a reações químicas entre o gás e o ar.
A definição de entropia para um sistema em que ocorre
Novas substâncias são produzidas, causando uma rápida ex-
uma transformação isotérmica é a razão entre a quantidade
de calor que o sistema troca pela temperatura do sistema pansão do gás e outra transformação adiabática. Por fim, na
última fase, os gases decorrentes da queima são expulsos do
durante a transformação reversível:
cilindro por meio de uma transformação isobárica.
Q
DS = __
​   ​ 
T
A unidade de entropia S no SI é o joule por kelvin J/K.
Para o cálculo da entropia de uma transformação irreversí-
vel, devido ao fato de a entropia ser uma variável de esta-
do, basta escolher um processo reversível que interligue os
mesmos dois estados do processo irreversível. A entropia
calculada será equivalente à do processo irreversível.
Agora, é possível reescrever a Terceira Lei da Termodinâmi- 7.2. Ciclo de Otto
ca em termos da entropia:
Idealizado por Beau de Rochas (1815-1893), mas colocado
Quando ocorrem mudanças em um sistema fechado, sua en- em prática, em 1875, pelo engenheiro Nikolaus Otto (1832-
tropia nunca diminui; ela pode crescer para processos irrever- 1891), é o motor que se encontra na maioria dos automó-
síveis ou permanecer constante para processos reversíveis: veis atualmente. É composto dos seguintes processos:
DS ≥ 0 1. Admissão isobárica (0-1).
Nota: No ciclo de Carnot todas as transformações
2. Compressão adiabática (1-2).
são reversíveis.
3. Combustão isocórica (2-3).

4. Expansão adiabática (3-4).

5. Abertura de válvula (4-5).

6. Exaustão isobárica (5-0).

multimídia: sites
cienciaetecnologias.com/demonio-de-
maxwell/
www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/ciclo_
carnot.htm
coral.ufsm.br/gef/Calor/calor28.pdf

73
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A Revolução Industrial, que ocorreu na Europa entre os séculos XVIII e XIX, foi um conjunto de mudanças estruturais
no modo de produção, quando o trabalho artesanal foi substituído pelo trabalho assalariado e pelo uso das máquinas.
Até o final do século XVIII, a maioria da população europeia vivia no campo e produzia o que consumia. Nesse sentido,
um artesão conhecia todo o processo produtivo de seu produto. Com o passar do tempo, começaram a surgir grandes
oficinas, em que diversos artesãos, realizando manualmente todo o processo, fabricavam os produtos, mas eram subor-
dinados ao proprietário da manufatura.
Devido à sua localização, ao fato de possuir uma rica burguesia em expansão e ter sofrido um êxodo rural, a Inglaterra
possuía as características que fizeram com que estivesse na vanguarda da Revolução Industrial entre 1760 e 1860.
Com o desenvolvimento tecnológico, as oficinas se transformaram em pequenas fábricas; nas indústrias de tecidos
de algodão surgiu o tear mecânico. Nessa época, o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a contin-
uação da revolução, tanto para o transporte da mercadoria quanto para a produção. A Inglaterra possuía reservas
de minas de carvão mineral, mas máquinas de bombear água eram necessárias para a exploração das minas – com
a máquina a vapor foi possível explorar minas a grandes profundidades. O carvão era utilizado para movimentar a
locomotiva a vapor, aquecer os fornos das indústrias ou alimentar algumas máquinas a vapor.
No início da Revolução Industrial, as fábricas não eram um bom local de trabalho: condições de trabalho precárias,
longas jornadas de trabalho, baixo salário, péssima iluminação, falta de ventilação, muita sujeira e até mesmo cas-
tigos físicos por parte dos patrões forçaram revoltas e greves dos trabalhadores, que passaram a se organizar por
meio de sindicatos, exigindo melhores condições de trabalho, melhores salários e direitos trabalhistas.

7.3. Ciclo de Diesel O ciclo de Diesel é utilizado em automóveis, caminhões,


barcos, compressores, navios e em geradores diesel-elétri-
Diferentemente do ciclo de Otto, o motor de Diesel faz a ig- cos industriais.
nição do combustível pelo aumento da temperatura devido
à compressão do ar. Foi inventado em 1893 pelo engenheiro
Rudolf Diesel (1858-1913). Ainda hoje se destaca devido à
economia de combustível. O ciclo de Diesel é composto por
quatro processos:
1. Uma compressão isentrópica, ou seja, sem o aumento
da entropia do sistema (1-2).
2. Fornecimento de calor à pressão constante (isobárico)
(2-3).
3. Expansão isentrópica, sem o aumento da entropia do
sistema (3-4).
multimídia: livros
4. Por fim, uma transformação isovolumétrica, enquan-
Germinal - Zola, Émile
to o calor é cedido. (4-1).
Cultuado por muito tempo como o romance
por excelência das relações humanas no
universo da organização dos trabalhadores,
‘Germinal’ retrata os primórdios da Interna-
cional Socialista, constituindo simultanea-
mente um painel revelador da lógica patronal
no início do capitalismo industrial.

74
Para achar o trabalho necessário, deve-se aplicar outra fórmula:
Aplicação do conteúdo Q
1. Quanto trabalho deve ser realizado por um refrigera- |t| = e____
​  1  ​  
carnot
dor Carnot para transferir 1,0 J sob a forma de calor de Substituindo, tem-se:
um reservatório a 7,0 ºC para um a 27 ºC?
​  1  ​ 
|t| = ___
Resolução: 14
Assim:
Para calcular o valor do trabalho necessário, deve-se, ini-
cialmente, calcular a eficiência da máquina: |t| = 0,071 J
T
ecarnot = _____
​  1   ​   2. O que é entropia?
T2 – T1
Substituindo os valores, tem-se:
Resolução:
(7 + 273)
_________________
ecarnot =   
  
​   ​
(27 + 273)–(7 + 273) Quantidade termodinâmica de um sistema físico associada
Finalizando os cálculos, tem-se: ao grau de desordem desse sistema. Quanto mais desorde-
nado o sistema, maior sua entropia.
ecarnot = 14

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da ter-
21 modinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos da Física, sua importância histórica e saber
aplicá-los no cotidiano. Como diz o segundo eixo cognitivo: “Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhe-
cimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e
das manifestações artísticas”.

Modelo
(Enem) Aumentar a eficiência na queima de combustível dos motores a combustão e reduzir suas emissões de poluen-
tes são a meta de qualquer fabricante de motores. É também o foco de uma pesquisa brasileira que envolve expe-
rimentos com plasma, o quarto estado da matéria e que está presente no processo de ignição. A interação da faísca
emitida pela vela de ignição com as moléculas de combustível gera o plasma que provoca a explosão liberadora de
energia que, por sua vez, faz o motor funcionar.
Disponível em: <www.inovacaotecnologica.com.br>. Acesso em: 22 jul. 2010 (adaptado).
No entanto, a busca da eficiência referenciada no texto apresenta como fator limitante:
a) O tipo de combustível, fóssil, que utilizam. Sendo um insumo não renovável, em algum momento estará esgotado.
b) Um dos princípios da termodinâmica, segundo o qual o rendimento de uma máquina térmica nunca atinge o ideal.
c) O funcionamento cíclico de todo os motores. A repetição contínua dos movimentos exige que parte da energia seja
transferida ao próximo ciclo.
d) As forças de atrito inevitável entre as peças. Tais forças provocam desgastes contínuos que com o tempo levam qualquer
material à fadiga e ruptura.
e) A temperatura em que eles trabalham. Para atingir o plasma, é necessária uma temperatura maior que a de fusão do
aço com que se fazem os motores.

75
Análise expositiva - Habilidade 21: Nessa questão, o aluno precisa se lembrar do enunciado da Segunda Lei
B da Termodinâmica e relacioná-la com o rendimento para a máquina de Carnot.
Alternativa B

DIAGRAMA DE IDEIAS

TERMODINÂMICA

MÁQUINA IDEAL CICLOS 2ª LEI DA


DE CARNOT TERMODINÂMICOS TERMODINÂMICA

DEGRADAÇÃO
DE ENERGIA

RENDIMENTO
ENTROPIA
MÁXIMO

ANTI-HORÁRIO HORÁRIO

MÁQUINA MÁQUINA
FRIGORÍFICA TÉRMICA

76
AULAS Introdução à óptica geométrica
15 e 16
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 22

1. Óptica geométrica 2. Classificação dos


Será iniciado o estudo da Óptica (do grego optiké, que raios luminosos
significa “visão”), que trata do estudo da luz.
Os feixes de raios luminosos são classificados em três tipos:
A propagação da luz será analisada nos tópicos de On- paralelos, divergentes e convergentes.
dulatória. Agora, porém, será estudada de modo relativa-
mente simples a propagação da luz usando leis empíricas Um feixe é denominado paralelo quando todos os raios
e construções geométricas que representam o percurso da luminosos que o constituem são paralelos.
luz por linhas denominadas raios de luz. Esse estudo re-
cebe o nome de Óptica Geométrica.
O que torna possível um objeto ser visualizado é o fato de
ele conseguir enviar luz para os olhos do observador. Feixe paralelo

Os corpos luminosos são capazes de produzir e emitir Um feixe é divergente quando todos os raios que o consti-
luz própria, como o Sol, a chama de uma vela ou o fil- tuem são oriundos de um mesmo ponto.
amento de uma lâmpada incandescente acesa. Os cor-
pos iluminados, por sua vez, não produzem luz própria,
mas refletem a luz que incide sobre eles. Assim, apesar de
emitirem luz, a origem da luz não é o corpo, ela apenas foi
absorvida e reemitida pelo objeto. Feixe divergente

O exemplo da figura a seguir ilustra esses dois tipos de Por fim, um feixe é chamado de convergente quando todos
corpos. O Sol emite luz própria, e parte dessa luz atinge os raios se cruzam num determinado ponto.
a árvore que, por sua vez, reflete uma parte dessa luz em
direção aos olhos do observador, o que torna possível
enxergar a árvore. Os corpos luminosos são denominados
fontes primárias de luz, e os corpos iluminados são de-
Feixe convergente
nominados fontes secundárias de luz.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Faça um holograma para celular (muito
fácil!)

77
3. Classificação dos meios A figura a seguir apresenta o comportamento dos raios de
luz em meios transparente, translúcido e opaco.
A luz não se propaga somente no vácuo, mas também em
diferentes tipos de meios materiais.
Quando é possível observar claramente os objetos através
de um meio, como o vidro polido, o meio é denominado
transparente.

No entanto, alguns objetos são vistos sem nitidez através


de alguns meios materiais. Isso acontece porque, apesar de
o objeto permitir a passagem de parte da luz, a passagem
não é regular e ocorre de modo difuso. Nesse caso, a ima-
gem vista através do material não é perfeita. Esse tipo de
meio é denominado translúcido.

4. Princípios da óptica geométrica

Alguns meios não permitem a propagação da luz. Nesse


caso, não é possível observar os materiais através do meio,
que é denominado opaco. A madeira e o tijolo são exem-
plos de meios opacos.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Princípios da óptica geométrica
Quando as propriedades de um material, como composi-
ção química, densidade, entre outras, são iguais, o meio
Conheça a seguir os princípios básicos da óptica geométrica:
é denominado homogêneo. O meio não homogêneo é
chamado de heterogêneo. § Lei da Propagação Retilínea da Luz
Quando as propriedades do meio são independentes da di- A luz se propaga em linha reta nos meios homogêneos e
reção, o meio é denominado isotrópico. No entanto, se as transparentes.
propriedades dependerem da direção, o meio é anisotrópi-
§ Reversibilidade dos Raios Luminosos
co. Por exemplo, a velocidade da luz atravessando um cristal
pode depender da direção em que a luz incide no cristal; as- A trajetória seguida pelo raio de luz em um sentido será
sim, esse meio é anisotrópico em relação à velocidade da luz. igual se o sentido do raio de luz for invertido.

78
§ Lei da Independência dos Raios Luminosos
A trajetória de um raio luminoso não é afetada por outro
que cruza essa trajetória. Os raios de luz seguem trajetórias
independentes, ainda que se cruzem.

Aplicação do conteúdo
1. Entre os princípios da Óptica Geométrica, talvez o
mais importante, seja o princípio da Propagação Retilí-
nea da Luz. Explique de forma sucinta esse princípio.

Resolução: Se a fonte de luz não for pontual (ou puntiforme), a fon-


te será denominada extensa (por exemplo, o filamento de
O princípio da Propagação Retilínea da Luz garante que a uma lâmpada fluorescente). Na figura a seguir, a fonte F foi
luz se propague em linha reta nos meios homogêneos e trocada por uma lâmpada e, nesse caso, além da sombra,
transparentes. uma outra região recebe apenas parte da luz emitida pela
fonte. Essa região é denominada penumbra.
2. Explique o que ocorre quando dois raios de luz se
encontram ortogonalmente.

Resolução:
O Princípio da Independência dos Raios Iluminosos garante
que os raios que se cruzam ortogonalmente não alteram
suas trajetórias, isto é, cada raio segue sua trajetória nor-
malmente como se nada tivesse acontecido.

5. Propagação retilínea da luz


A luz se propaga em linha reta nos meios transparentes, As ocorrências de eclipses são decorrentes desse princípio:
homogêneos e isotrópicos.
Eclipse solar
Considere o exemplo da figura abaixo. Uma lâmpada é
acesa e emite luz em todas as direções. Os anteparos P1 e
P2 são meios opacos com orifícios O1 e O2 alinhados. Um
observador atrás do anteparo P2 somente poderá observar
a lâmpada se olhar pelo orifício O2. Nesse caso, a luz per-
corre um trajeto linear da lâmpada, passando pelos orifí-
cios até os olhos do observador.

O Sol é totalmente bloqueado pela Lua, no cone de som-


bra, e nessa região ocorre o eclipse total. Contudo, nas
regiões do cone de penumbra ocorre o eclipse parcial,
pois o Sol é parcialmente bloqueado.

5.1. Sombra e penumbra Eclipse lunar

A propagação retilínea da luz também é observada pela


formação de sombras. Na figura a seguir, uma fonte de luz
puntiforme F (ou seja, de tamanho desprezível) ilumina
uma esfera opaca e uma placa opaca P. Devido ao fato de a
luz não desenvolver uma trajetória curva, uma região atrás
da esfera não recebe luz. Essa região é a sombra causada
pela esfera e projetada no anteparo.

79
O eclipse lunar ocorre quando a Lua não recebe ne- Em que:
nhuma luz proveniente do Sol devido ao bloqueio da luz
o é o tamanho do objeto.
pela Terra, que é muito maior do que a Lua. Nesse eclipse,
não é possível observar a Lua. i é o tamanho da imagem.
p é a distância do objeto ao orifício.
Aplicação do conteúdo p' é a distância da imagem ao orifício.
1. Quando ocorre um eclipse solar parcial?

Resolução:
Aplicação do conteúdo
1. (FEI) Um dos métodos para medir o diâmetro do Sol
O eclipse solar parcial ocorre quando a Lua se encontra
consiste em determinar o diâmetro de sua imagem
entre o Sol e a Terra, de modo que a Lua impeça total ou nítida, produzida sobre um anteparo, por um orifício
parcialmente que a luz solar atinja determinadas regiões pequeno feito em um cartão paralelo a esse anteparo,
da Terra. A Lua projeta na Terra uma região de sombra, na conforme ilustra a figura. Em um experimento realizado
qual o eclipse solar é total, e uma região de penumbra, na por esse método, foram obtidos os seguintes dados:
qual o eclipse solar é parcial. I. diâmetro da imagem = 9,0 mm
II. distância do orifício até a imagem = 1,0 m
2. O que é o eclipse lunar?
III. distância do Sol à Terra = 1,5 · 1011 m
Resolução: Qual é, aproximadamente, o diâmetro do Sol medido
O eclipse lunar ocorre quando a Terra se encontra entre o Sol por esse método?
e a Lua, de modo que a Lua não receba luz proveniente do
Sol, pois ela fica na região de sombra provocada pela Terra.
Uma vez que a Lua não recebe luz, não é possível vê-la.

6. Câmara escura de orifício


A câmara escura de orifício também evidencia a pro-
pagação retilínea da luz. Como é possível observar na fi-
gura a seguir, a câmara é uma caixa opaca com apenas
a) 1,5 ∙ 108 m
um orifício que permite a entrada da luz. Quando um ob- b) 1,35 ∙ 108 m
jeto luminoso de dimensões AB é colocado em frente ao c) 2,7 ∙ 108 m
orifício, os raios de luz do objeto incidem sobre a câmara d) 1,35 ∙ 109 m
e penetram apenas pelo orifício. Na figura, o ponto A da e) 1,5 ∙ 109 m
vela segue a trajetória retilínea incidindo na parte inferior
da câmara, e o ponto B incide de modo horizontal. Como Resolução:
pode ser visto, os pontos de incidência A’B’ formam uma O exercício tem o intuito de descobrir o diâmetro do Sol;
imagem invertida do objeto. É possível visualizar a forma- para isso, deve-se usar a fórmula já simplificada para exer-
ção da imagem se a luz incidir em um anteparo translúcido, cícios de câmara de orifício.
como o papel vegetal.
_​  y ​ = __y'
​   ​ 
A x x'
0
Utilizando os dados pelo exercício, tem-se:
B’
B
i x = 1,5 ⋅ 1011

A’ x'= 1

p y' = 9 ⋅10-3
p’
Substituindo na fórmula, obtém-se:
y
Através da semelhança de triângulos, é válida a seguinte ​ 9 ⋅ 10
-3
________
​  = ______
  11 ​    ​  
relação: 1,5 ⋅ 10 1
p' i Resolvendo a expressão, tem-se:
__
​  p ​ = __
​ o  ​ 
y = 9 ⋅ 10-3 1,5 ⋅ 1011

80
Terminando os cálculos, resulta:
y = 13,5 ⋅ 108 = 1,35 ⋅ 109 m
Alternativa D

7. Reflexão e refração da luz


Considere o exemplo ilustrado na figura a seguir, em que
um raio de luz propagando-se no meio A encontra o meio
B. Nesse caso, três fenômenos podem ocorrer:
§ uma parte da luz é refletida e volta para o meio A;
§ uma parte da luz é transmitida e propaga-se no meio B;
§ uma parte da luz é absorvida e transforma-se em ou-
tras formas de energia (por exemplo, em calor).
Se os meios são transparentes, isotrópicos e homogêneos,
ocorre a refração regular; nos meios translúcidos, ocorre a
refração difusa.

Dependendo da natureza dos meios e da cor da luz, es-


ses três fenômenos podem ou não ocorrer. A madeira, por
exemplo, por ser opaca, não transmite a luz.
A reflexão regular ocorre quando raios incidentes pa-
ralelos são refletidos mantendo-se paralelos. Um objeto multimídia: vídeo
metálico bem polido é capaz de produzir reflexão regular.
Fonte: Youtube
Qual é a cor? What is the color - Colm
Kelleher

Em geral, o espectro do arco-íris é separado em 7 cores,


que, quando unidas, produzem luz branca. São elas: verme-
lho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta.

Se a superfície S entre os meios é áspera, os raios refle-


tidos se espalham em todas as direções e deixam de ser
paralelos. Nesse caso, a reflexão é difusa, e essa proprie-
dade é que torna possível os objetos serem observados.
No caso da transmissão (ou refração) da luz, como na
reflexão, duas situações são possíveis: a refração regular Um feixe de luz é denominado monocromático quando
e a refração difusa. é composto por apenas um tipo de cor. É claro que um feixe

81
monocromático não existe na realidade, uma vez que não Quando se trata de feixes de luz, tem-se as seguintes co-
é possível criar um feixe com uma única frequência, mas res primárias: azul, vermelho e verde. Suas combinações
uma faixa de frequência. Um feixe é chamado de policro- produzem as cores secundárias: ciano, magenta e amarelo.
mático quando é composto por diferentes cores.
luz vermelha + luz verde = sensação visual de amarelo
Para que o olho humano tenha a sensação de branco, não
luz vermelha + luz azul = sensação visual de magenta
é necessário que todas as cores do arco-íris o atinjam. Um
cruzamento de um feixe de luz vermelha, um feixe de luz luz verde + luz azul = sensação visual de ciano.
azul e um feixe de luz verde atuando simultaneamente nos
olhos do observador é o suficiente para causar a sensação
visual de luz branca.
Aplicação do conteúdo
1. O que é refração da luz?

Resolução:
Magenta Refração da luz é o nome dado ao fenômeno da passa-
gem da luz para um meio diferente do meio proveniente.
Existem dois tipos: a refração regular e a difusa. Nos meios
transparentes, ocorre a refração regular; e nos meios trans-
lúcidos, ocorre a refração difusa.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O triângulo foi inventado ou foi descoberto pela Matemática? Na verdade, esse objeto matemático, amplamente utili-
zado no estudo dos fenômenos da propagação retilínea da luz, foi definido matematicamente. Definir é atribuir forma
e nome a um determinado objeto que apresenta determinadas características. Assim, a definição é arbitrária. O nome
triângulo foi atribuído à forma dos objetos que ocupam o espaço interno limitado por três segmentos de reta que con-
correm, dois a dois, em três pontos diferentes, formando três lados e três ângulos internos que somam 180°.
Na geometria plana, considera-se que dois triângulos são semelhantes quando guardam uma proporção entre eles,
de forma que seus ângulos sejam iguais, e os lados do primeiro triângulo sejam proporcionais aos lados do segundo.
Os triângulos semelhantes são usados em diversas áreas, como na arquitetura, para a estabilização de pontes, e na
fotografia, para determinação de amplas distâncias.

82
7.1. A cor de um corpo proveniente da fonte sem refletir nenhuma; assim, o corpo
apresentará a cor preta.
Como foi visto, os fenômenos de reflexão, transmissão e
Alternativa C
absorção da luz dependem das características do meio e
da cor da luz.
Por exemplo, se a luz branca incidir sobre um material que
reflete todas as cores, o objeto terá cor branca; caso o ma-
terial não reflita nenhuma cor, sua cor será preta. Entre-
tanto, pode acontecer de o meio refletir apenas uma cor.
Observe o exemplo a seguir:

multimídia: sites
brasilescola.uol.com.br/fisica/conceitos-
basicos-otica-geometrica.htm
fep.if.usp.br/~profis/arquivos/GREF/
optica08-1.pdf
spie.org/Documents/Publications/00%20
STEP%20Module%2003.pdf
O abacate absorve todas as cores da luz branca que inci-
de sobre ele, com exceção da luz verde, que é refletida de
modo difuso; dessa forma, a fruta é vista na cor verde. A
maçã absorve todas as cores, com exceção da luz verme-
lha, que é refletida de modo difuso; assim, a maçã é vista
na cor vermelha.
A cor de um corpo diante do olho humano depende da
luz que ele reflete. Contudo, por convenção, considera-se
a cor “principal” do corpo aquela que ele apresenta ao ser
iluminado por luz branca.

Aplicação do conteúdo
1. (Ufes) Um objeto amarelo, quando observado em
uma sala iluminada com luz monocromática azul, será
visto:
a) amarelo;
b) azul;
c) preto;
d) violeta;
e) vermelho.
Resolução:
Tem-se, nesse caso, um objeto amarelo. Isso significa que,
quando esse corpo é exposto à luz branca, constituída de
várias cores, ele absorve todas as outras cores e reflete a
cor amarela.
Se esse corpo for levado para uma sala que projeta uma
luz monocromática azul, o objeto absorverá a única cor

83
VIVENCIANDO

Os conceitos básicos de óptica geométrica são utilizados para iluminação em ambientes, em espetáculos de teatro
ou shows de música, em que a combinação de feixes de luzes distintos produz efeitos espetaculares de luz, cor e
sombra. A correta iluminação em estúdios de fotografia e cinema elimina sombras e penumbras que atrapalhariam
a imagem fotografada.
No cotidiano, a absorção da luz pode ser percebida nas vestimentas das pessoas. Em um dia claro e quente, não é
aconselhável a utilização de roupas escuras, uma vez que esse tipo de cor absorve mais radiação e, em consequência,
a roupa fica mais quente. Num dia quente e iluminado, é recomendável a utilização de roupas de cores claras. Em dias
frios, por outro lado, o oposto se torna verdade, e é recomendável a utilização de cores escuras, pois absorvem mais calor.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Habilidade 22 – Compreender fenômenos decorrentes da interação entre radiação e a matéria em suas manifesta-
22 ções em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.

A habilidade 22 avalia a capacidade do estudante de entender conceitos de radiação, que são importantes para o
entendimento de óptica geométrica.

Modelo
(Enem) É comum aos fotógrafos tirar fotos coloridas em ambientes iluminados por lâmpadas fluorescentes, que
contêm uma forte composição de luz verde. A consequência desse fato na fotografia é que todos os objetos claros,
principalmente os brancos, aparecerão esverdeados. Para equilibrar as cores, deve-se usar um filtro adequado para
diminuir a intensidade da luz verde que chega aos sensores da câmera fotográfica. Na escolha desse filtro, utiliza-se
o conhecimento da composição das cores-luz primárias: vermelho, verde e azul; e das cores-luz secundárias: amarelo
= vermelho + verde, ciano = verde + azul e magenta = vermelho + azul.
Disponível em: <http://nautilus.fis.uc.pt>. Acesso em: 20 de maio 2014 (adaptado).

Na situação descrita, qual deve ser o filtro utilizado para que a fotografia apresente as cores naturais dos objetos?
a) Ciano.
b) Verde.
c) Amarelo.
d) Magenta.
e) Vermelho.

84
Análise expositiva - Habilidade 22: Para resolver a questão, o aluno precisa ter domínio sobre introdução geomé-
D trica, em especial a parte que envolve os conhecimentos sobre cor de um corpo.
Alternativa D

DIAGRAMA DE IDEIAS

ÓPTICA GEOMÉTRICA

LUZ

PROPAGAÇÃO
INDEPENDÊNCIA REVERSIBILIDADE
RETILÍNEA

FORMAÇÃO
ECLIPSE CÂMARA ESCURA
DE SOMBRA

FENÔMENOS REFLEXÃO REFRAÇÃO

85
ELETROESTÁTICA: Incidência do tema
nas principais provas

Exige análise de gráficos e aplicação Os temas deste livro mais cobrados são corren-
prática de conceitos teóricos. te elétrica (exigindo atenção em cargas elétricas
relacionadas com outros temas da eletricidade)
e potencial elétrico.

Os temas deste livro mais cobrados são Dentre os temas abordados neste Um dos temas deste livro mais cobrado é o de
corrente elétrica (exigindo atenção em cargas caderno, corrente elétrica é o assunto mais corrente elétrica, com atenção aos conceitos
elétricas relacionadas com outros temas da frequente, ligando-se com outros temas da fundamentais de cargas elétricas relacionados
eletricidade) e potencial elétrico. eletricidade. com outros temas da eletricidade.

Dentre os temas abordados neste caderno, Dentre os temas abordados neste caderno, Dentre os temas abordados neste caderno, Dentre os temas abordados neste caderno,
corrente elétrica é o assunto mais frequente, corrente elétrica é o assunto mais frequente, corrente elétrica é o assunto mais frequente corrente elétrica é o assunto mais frequente
ligando-se com outros temas da eletricidade, ligando-se com outros temas da eletricidade, na prova da Puc de Campinas, ligando-se com na prova da Santa Casa, ligando-se com
como potência elétrica e campo magnético. como potência elétrica e circuitos elétricos. outros temas da eletricidade, como potência outros temas da eletricidade, como potência
elétrica e potencial elétrico. elétrica e circuitos elétricos.

UFMG

A prova da UEL tem uma grande variação A prova da UFPR tem uma grande variação de A prova da CMMG tem uma grande variação
de temas. Eventualmente pode aparecer o temas. Eventualmente podem aparecer os te- de temas. Eventualmente pode aparecer o
tema corrente elétrica relacionado com outros mas corrente elétrica e potencial elétrico, com tema corrente elétrica (com especial cuidado
assuntos da eletricidade em questões mais questões que exigem interpretação gráfica. na definição de corrente elétrica), com ques-
objetivas e que exigem um alto nível de tões mais objetivas.
manipulações matemáticas.

O tema corrente elétrica está presente na pro- Dentre os temas abordados neste caderno, Não há uma cobrança grande do tema
va da UERJ. Eventualmente aparece o assunto corrente elétrica é o assunto mais frequente eletrostática; eventualmente, porém,
trabalho do campo elétrico, com questões na prova da UNIGRANRIO, ligando-se com aparecem questões que exigem análise de
mais objetivas. outros temas da eletricidade, como potência figuras e manipulação matemática do tema
elétrica e circuitos elétricos. corrente elétrica relacionado com circuitos
elétricos.

87
AULAS Potencial elétrico
9 e 10
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 20

1. Energia potencial elétrica q = +3,0 nC = 3,0 ∙ 10–9 C  

A seguir, serão estudadas duas grandezas associadas a um Q = +4,0 mC = +4,0 ∙ 10–6 C  
campo vetorial conservativo: energia potencial elétrica
d = 2,0 cm = 2,0 ∙ 10–2 m
e potencial elétrico. Em um campo elétrico conservativo,
o trabalho realizado ao se mover uma carga de prova in- k ⋅Q⋅q 4,0 ∙ 10–6 ⋅ 3,0 ∙ 10–9
Epot =_______
​  0  ​  = (9,0 ∙ 109)_________________
  
​      ​ =
depende da trajetória realizada pela carga; com efeito, ele d 2,0 ∙ 10–2
depende apenas da posição inicial e final da carga. 5,4 ∙ 10–3 J.
Considere um sistema formado por uma carga elétrica A carga de prova possui energia potencial de 5,4 ∙ 10–3 J.
pontual Q (carga fonte) e uma carga de prova q, separadas É possível dizer também que a energia potencial elétrica
pelas distancia d. associada ao par de cargas q e Q vale 5,4 ∙ 10–3 J.
A energia potencial elétrica para esse sistema formado
pelo par de cargas é: 2. Potencial elétrico
§ proporcional ao produto das duas cargas, Q e q; Uma carga elétrica isolada Q (chamada de carga fonte)
§ inversamente proporcional à distância d entre as cargas. gera à sua volta um campo elétrico. Considere um ponto P,
fixo próximo à carga fonte, como na figura a seguir. Con-
Considerando que a energia potencial é zero no infinito, no
referencial adotado, a energia potencial vale: sidere também que uma carga de prova q seja trazida do
infinito até o ponto P.
Q
Epot = k0 ∙ __
​   ​ q
d

Como ensina a Mecãnica, a unidade de energia no Sl


é o joule (J). Como foi visto, a energia potencial da carga de prova é
Epot. O potencial elétrico V associado ao ponto P é a
Nesse sistema composto por somente uma carga fonte (Q), grandeza escalar dada por:
a equação acima relaciona a energia potencial da carga de Epot
prova q em relação à carga Q. V = ___
​  q ​ 

Aplicação do conteúdo
A unidade de potencial elétrico no SI é o volt, homenagem
1. No vácuo, uma carga de prova q = +3,0 nC está a uma ao pesquisador italiano Alessandro Volta (1745-1827).
distância de 2,0 cm de uma carga fonte Q = +4,0 mC.
Determine a energia potencial da carga de prova. (k0 = Assim, as unidades volt, joule e coulomb estão relaciona-
9,0 ∙ 109 unidades SI). das por:
Resolução: 1 joule
1 volt = ​ ________   ​ 
Para aplicar a equação, é preciso ter todas as unidades 1 coulomb
no SI:

88
Em geral, a grandeza física potencial é simbolizada pela equação. Dessa forma, o potencial elétrico no ponto P não
letra V. Atente-se para não confundir com a respectiva uni- depende da carga de prova. Se o ponto P estiver no infinito,
dade, o volt, também simbolizado por V. a distância d é infinita e o potencial no infinito é nulo.
É importante ressaltar que:
§ O potencial elétrico é definido para um ponto P próxi-
mo a uma carga elétrica (carga fonte Q).
§ O potencial elétrico é uma grandeza escalar e pode ser
positivo ou negativo, conforme o sinal da carga fonte Q.

Q>0⇔V>0
Q<0⇔V<0

multimídia: vídeo Aplicação do conteúdo


Fonte: Youtube 1. Considere uma carga elétrica Q = +8,0 µC no vácuo.
Energia potencial elétrica Determine o potencial elétrico no ponto P distante 4,0
cm da carga fonte.

Resolução:
2.1. Potencial elétrico gerado Inicialmente, é necessário deixar todas as unidades no SI:
por uma carga elétrica pontual Q = +8,0 µC = +8,0 ∙ 10–6 C
Considere novamente o sistema de cargas formado por
d = 4,0 cm = 4,0 ∙ 10–2 m
uma carga fonte Q e uma carga de prova q, separadas por
uma distância d, como na figura a seguir. A carga de prova Substituindo na equação do potencial elétrico, tem-se:
q possui energia potencial elétrica dada pela equação: Q +8,0 · 10-6
Vp = k0 __
​   ​ = (9,0 ∙ 109) _________
​  = +18 ∙ 105 V ⇒
 ​ 
d 4,0 · 10-2
Vp = +1,8 ∙ 106 V

O potencial elétrico é uma grandeza escalar, e, portanto,


Q⋅q basta dizer que no ponto P ele vale 1,8 ∙ 106 V. Não há di-
Epot = k0 ____
​   ​   reção e nem sentido para serem especificados. O potencial
d
elétrico representa um nível de energia no ponto P.
2. (UEG) Uma carga Q está fixa no espaço; a uma distân-
O potencial elétrico no ponto P, pela definição, é dado por:
cia d dela existe um ponto P, no qual é colocada uma
Epot carga de prova q0. Considerando-se esses dados, verifi-
V = ​ ___
q ​ ⇒ ca-se que no ponto P:
a) O potencial elétrico devido a Q diminui com in-
Epot = q ⋅ V verso de d.
b) A força elétrica tem direção radial e aproximando
de Q.
Igualando o termo da energia potencial das duas equa- c) O campo elétrico depende apenas do módulo da
ções, obtém-se: carga Q.
q⋅Q d) A energia potencial elétrica das cargas depende
q ⋅ V = k0 ____
​   ​  ⇒ com o inverso de d2.
d
Q Resolução:
V = k0 __
​   ​ 
d Com as expressões de força elétrica, campo elétrico, poten-
cial elétrico e energia potencial elétrica abaixo, é possível
Essa equação representa o potencial elétrico gerado pela tecer algumas considerações sobre as alternativas expostas.
carga fonte no ponto P, distante d da carga fonte. Note O potencial elétrico de uma carga puntiforme é dado pelo
que a carga de prova q foi cancelada e não aparece na produto do campo elétrico pela distância à carga geradora

89
Q Q
V = E ∙ d = k0 __
​  2  ​∙ d ⇒ V = k0 __
​   ​.  Q = 8,0 pC = 8,0 ∙ 10–12 C;
d d
Q ∙ q d = 2,0 mm = 2,0 ∙ 10–3 m.
A força elétrica, dada pela lei de Coulomb Fe = k0_____
​  2 ​,0  
d Então, pela equação do potencial, calcula-se V:
tem a direção da reta que une os centros das duas cargas,
podendo ter o sentido de afastamento, caso as cargas se- Q 8,0 ∙ 10–12
V = k0 __
​   ​ = 9,0 ∙ 109 ∙ _________
​  ⇒
 ​  
jam de mesmo sinal (repulsão), ou de aproximação (atra- d 2,0 ∙ 10–3
ção), caso as cargas sejam de sinais contrários. Alternativa
​ 72 ∙ 10  ​  
–3
⇒ V = ________ ⇒ V = 36 V

[B] incorreta. 2,0 ∙ 10–3
O campo elétrico é a razão entre a força e a carga de prova b) A energia potencial é dada por:
Fe Q Epot = q ⋅ V.
E = __ __
q​  0 ​ = k0 d​  2  ​. Assim, ele não depende apenas da carga Q,
mas também da distância entre as cargas. Alternativa [C] Sendo q = 5,0 ∙ 10–12 C, tem-se:
incorreta.
Epot = 5,0 ∙ 10–12 ∙ 36 = 180 ∙ 10–12 ⇒
A energia potencial elétrica é dada pelo produto do po-
⇒ Epot = 1,8 ∙ 10–10 J
tencial elétrico e a carga de prova, então Ep = q0 ∙ V = q0 ∙
Q k ∙ Qq
k0 __
​   ​ ⇒ Ep = ______
​  0  ​.0  A alternativa [D] está incorreta, pois
d d 2.2. Potencial elétrico de
a dependência é com o inverso de d.
diversas cargas elétricas
Alternativa A
Foi visto como calcular o potencial elétrico de uma carga.
Agora, considere que, em uma certa região do espaço, esté
2. 1. 1. Comparações entre o campo um conjunto de n partículas eletrizadas com cargas elétricas
elétrico e o potencial elétrico Q1, Q2,..., Qn. Juntas, essas cargas geram um campo elétrico
§ Ambos são gerados por uma carga fonte Q e aplicam- nessa região. Considere também um ponto P fixo próximo a
-se a um ponto P, distante d da carga fonte. essas partículas. Calcule o potencial elétrico resultante nesse
ponto P. Para isso, siga o seguinte procedimento:
§ O potencial elétrico em P é uma grandeza escalar, en-
quanto o campo elétrico é vetorial, isto é, tem módulo,
direção e sentido.
§ O potencial elétrico depende do sinal da carga gera-
dora (pode ser positivo ou negativo); o campo elétrico,
porém, só depende do módulo dessa carga.

§ O potencial elétrico varia com o inverso da distância ​__


d (  )
​ 1 ​  ​,
e o módulo do campo elétrico varia com o inverso do
quadrado da distância ​__ (  )
​  1  ​   .​
d2
§ O campo elétrico está relacionado com a força elétrica,
enquanto o potencial elétrico está relacionado com a 1. Calcule o potencial que cada uma das cargas elétricas
energia potencial elétrica. gera em P isoladamente. Esse potencial é dado pela equa-
ção do potencial vista anteriormente:
Aplicação do conteúdo
Q
1. Uma partícula eletrizada com carga elétrica V = k0 __
​   ​  
Q = 8,0 pC está em um meio onde é criado vácuo. Ado- d
tando-se k0 = 9,0 ∙ 109 unidade SI, determine:
A distância d é variável e corresponde à distância de cada
a) O potencial elétrico no ponto P distante 2 mm da
carga elétrica Q. uma das cargas até o ponto P.
b) A energia potencial adquirida por uma segunda 2. Por ser uma grandeza escalar, o potencial resultante no
partícula dotada de carga elétrica q = 5,0 ∙ 10–12 C ponto P é “cumulativo”, ou seja, é dado pela soma dos
colocada no ponto P.
potenciais de cada uma das cargas que o geram. Dessa
Resolução: forma, somando todos os potenciais obtidos pelo cálculo
a) É preciso ajustar as unidades: anterior, obtém-se o potencial resultante Vres:

90
Vres = V1 + V2 + V3 + ... + Vn

Aplicação do conteúdo
multimídia: vídeo
1. Duas partículas eletrizadas com cargas elétricas Q1 =
4,0 ∙ 10–7 C e Q2 = –2,0 ∙ 10–7 C estão fixas nos extremos Fonte: Youtube
do segmento AB, cujo ponto médio é M. Mapeamento de equipotenciais de terminais
Conjunto de superfícies equipotenciais
lineares

Geralmente, uma superfície equipotencial é uma superfície


Usando k0 = 9,0 ∙ 10+9 Vm/C, determine: complicada. Para facilitar a visualização, será apresentada
a) o potencial elétrico no ponto M gerado por cada apenas a intersecção dessa superfície com o plano da fo-
uma das cargas; lha, obtendo as linhas equipotenciais.
b) o potencial elétrico resultante no ponto M.
Para um carga puntiforme, as equipotenciais são superfícies
Resolução: esféricas concêntricas. Assim, a intersecção com o plano da
a) O potencial de cada uma das cargas em M é cal-
Q folha resulta em círculos concêntricos. Na figura a seguir, es-
culado usando a equação V = k0 __
​   ​  , em que d = 2,0
cm = 2,0 ∙ 10–2 m. d tão representadas as equipotenciais em torno de uma carga
elétrica pontual Q. Os pontos A, B e C estão na mesma equi-
Para a carga Q1 = +4,0 ∙ 10–7 C, tem-se: potencial, e, portanto, seus potenciais são iguais:
+4,0 ∙ 10-7
V1 = 9,0 ∙ 109 ∙ __________
​  = +18 ∙ 104 ⇒ ⇒ V1 =
 ​ 
  VA = VB = VC = +10 V
2 ∙ 10–2
+1,8 ∙ 105 V

Para a carga Q2 = –2,0 ∙ 10–7 C, tem-se:

​ –2 ∙ 10 ​  
–7
V2 = 9,0 ∙ 109 ∙ _________ = –9 ∙ 104 ⇒
2 ∙ 10–2
⇒ V2 = –9,0 ∙ 104 V
b) O potencial elétrico resultante no ponto M é dado
pela soma dos dois valores anteriores: VM = V1 + V2
(levando-se em conta os sinais).
Para facilitar a conta, são expressados os dois valores na
mesma potência 104:
VM = (+18 ∙ 104) + (–9,0 ∙ 104) ⇒
Linhas de equipotenciais de uma carga pontual Q positiva
⇒ VM = +9,0 ∙ 104 V
Quando as linhas de força aparecem juntamente com as
linhas equipotenciais, ambas devem formar um ângulo
3. Equipotenciais reto em cada cruzamento, uma vez que são sempre per-
pendiculares.
São denominadas de equipotenciais as linhas ou superfí-
cies imaginárias cujos pontos possuem o mesmo potencial. As linhas de força de um campo elétrico uniforme são retas
Em geral, as representações de campo elétrico são feitas paralelas. As linhas equipotenciais são, assim, perpendicu-
por um conjunto de superfícies equipotenciais. lares a cada uma delas. Nesse caso, as equipotenciais são
paralelas entre si.

91
08) dois objetos eletrizados por contato são afasta-
dos um do outro por uma distância D. Nesta situa-
ção, podemos afirmar que existe um ponto entre eles
onde o vetor campo elétrico resultante é zero;
16) o meio em que os corpos eletrizados estão imer-
sos tem influência direta no valor do potencial elétri-
co e do campo elétrico criado por eles.
Campo elétrico uniforme. As linhas de força estão representadas Resolução:
por linhas cheias, e as linhas equipotenciais por linhas tracejadas
01) Falsa. As cargas somente se distribuem unifor-
Nas figuras abaixo, é possível identificar dois casos particu- memente pela superfície de um corpo eletrizado se
lares. O campo elétrico é gerado por duas cargas elétricas ele for de material condutor perfeitamente esférico e
do mesmo módulo. estiver em equilíbrio eletrostático.
02) Falsa. São as cargas negativas, isto é, os elétrons
Em ambas as figuras, convenciona-se que: são transferidos de um corpo para outro por meio da
§ linhas cheias são linhas de força; eletrização por atrito.
04) Falsa. Pelo contrário, dias úmidos prejudicam a
§ linhas tracejadas são linhas equipotenciais. eletrização dos corpos devido ao excesso de umidade
do ar, que funciona como se fosse um fio terra, des-
carregando os corpos mais rapidamente através das
moléculas polares da água na fase vapor.
08) Verdadeira. Quando se faz eletrização por conta-
to, depois de separadas as cargas assumem o mesmo
sinal de carga elétrica; com isso, o vetor campo elétrico
se anula em um ponto entre os dois corpos eletrizados.
16) Verdadeira. Tanto o potencial elétrico como o
campo elétrico são influenciados pelo meio em que
Campo elétrico de duas cargas elétricas opostas estão imersos, basta verificar a presença da constante
eletrostática do meio (k) nas equações de ambas.
Q Q
V = k __
​   ​ e E = k __
​  2  ​ 
d d
2. (Udesc) Ao longo de um processo de aproximação de
duas partículas de mesma carga elétrica, a energia po-
tencial elétrica do sistema:
a) diminui;
b) aumenta;
c) aumenta inicialmente e, em seguida, diminui.
d) permanece constante;
e) diminui inicialmente e, em seguida, aumenta.
Resolução:
Campo elétrico de duas cargas elétricas positivas
Sabendo que a energia potencial elétrica é dada por Ep
k∙Q∙q
= ​  ______
 ​,  
se a distância entre as partículas diminui, a
Aplicação do conteúdo d
energia potencial Ep aumenta.
1. (UFSC) O ato de eletrizar um corpo consiste em gerar
uma desigualdade entre o número de cargas positivas e Alternativa B
negativas, ou seja, em gerar uma carga resultante dife-
rente de zero. Em relação aos processos de eletrização
e às características elétricas de um objeto eletrizado, é 4. Gráfico do potencial elétrico
correto afirmar que:
Dada a expressão para o potencial elétrico de carga pun-
01) em qualquer corpo eletrizado, as cargas se distri- tiforme, sendo o potencial uma função da distância, V = V
buem uniformemente por toda a sua superfície; (d), tem-se:
02) no processo de eletrização por atrito, as cargas
positivas são transferidas de um corpo para outro; k ∙Q
04) em dias úmidos, o fenômeno da eletrização é poten- V(d) = _____
​  0  ​  

d
cializado, ou seja, os objetos ficam facilmente eletrizados;

92
Analisando o gráfico, é possível observar que, quanto mais
próximo à carga negativa, menor é o potencial elétrico; por
outro lado, quanto mais distante à carga elétrica negativa,
maior é o potencial elétrico.

4. 1. Linhas de força e potencial elétrico


Considere uma carga elétrica Q positiva (Q > 0). Considere
também que, quanto mais próximo a ela, maior é o valor
do potencial elétrico; por outro lado, enquanto mais dis-
multimídia: sites tante da carga, menor é o potencial elétrico. Assim, VA >
VB > VC. É sabido que, no campo elétrico, a carga positiva
puntiforme é divergente, ou seja, o campo é de afastamen-
pt.khanacademy.org/science/physics/electric- to. Dessa forma, o sentido da linha de força também é de
charge-electric-force-and-voltage afastamento, coincidentemente na mesma direção em que
www.estudopratico.com.br/potencial-eletrico- o potencial diminui.
historia-definicao-e-superficie-equipotencial/
www.tecnogerageradores.com.br/blog/saiba-
o-que-e-diferenca-de-potencial-eletrico-e- +
como-calcular/ Carga Q > 0

Para uma carga positiva (Q > 0), o gráfico do potencial em Sendo uma carga elétrica Q negativa (Q < 0), foi visto que,
função da distância à partícula é da seguinte forma: quanto mais próximo a ela, menor será o valor do poten-
cial elétrico; e, quanto mais distante da carga, maior será
o potencial elétrico. Assim, VA < VB < VC. É sabido que, no
campo elétrico, a carga puntiforme negativa é convergente,
ou seja, o campo é de aproximação. Dessa forma, o sentido
da linha de força também é de aproximação, coincidente-
mente na mesma direção em que o potencial diminui.

Carga Q < 0
(Q > 0)
De maneira geral, podemos dizer que:
Analisando o gráfico, é possível perceber que, quanto mais
próximo à carga positiva, maior é o potencial elétrico; e, O potencial elétrico diminui no mesmo sentido da li-
quanto mais distante da carga, menor é o potencial elétrico. nha de força.
Para uma carga negativa (Q < 0), todos os valores do po-
tencial elétrico serão negativos; Assim, o gráfico da função Por exemplo, analisando a figura a seguir:
do potencial elétrico em função da distância à partícula é
da seguinte forma:

Percebemos que o potencial elétrico é maior no ponto C do


(Q < 0) que no ponto B.

93
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A habilidade 17 é quase onipresente nos exercícios da prova de ciências da natureza, uma vez que ela cobra do aluno a
capacidade de relacionar os fenômenos naturais com diferentes formas de linguagem, fórmulas matemáticas e a capaci-
dade de interpretação gráfica.

Habilidade
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da ter-
21 modinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 cobra do aluno a capacidade de interpretar os processos naturais ou tecnológicos relacionados ao eletro-
magnetismo e termodinâmica. De forma abrangente esta habilidade cobra do aluno conhecimento em duas grandes
áreas. Por isso, talvez questões relacionadas ao eletromagnetismo tenham aparecido um pouco menos em provas anteri-
ores, salvo é claro a prova de 2017, na qual esteve muito mais presente.

Modelo
(Enem) As células possuem potencial de membrana, que pode ser classificado em repouso ou ação, e é uma estratégia
eletrofisiológica interessante e simples do ponto de vista físico. Essa característica eletrofisiológica está presente
na figura a seguir, que mostra um potencial de ação disparado por uma célula que compõe as fibras de Purkinje,
responsáveis por conduzir os impulsos elétricos para o tecido cardíaco, possibilitando assim a contração cardíaca.
Observa-se que existem quatro fases envolvidas nesse potencial de ação, sendo denominadas fases 0, 1, 2 e 3.

O potencial de repouso dessa célula é –100 mV e quando ocorre influxo de íons Na+ e Ca2+ a polaridade celular pode
atingir valores de até +10 mV o que se denomina despolarização celular. A modificação no potencial de repouso pode
disparar um potencial de ação quando a voltagem da membrana atinge o limiar de disparo que está representado
na figura pela linha pontilhada. Contudo, a célula não pode se manter despolarizada, pois isso acarretaria a morte

94
celular. Assim, ocorre a repolarização celular, mecanismo que reverte a despolarização e retorna a célula ao potencial
de repouso. Para tanto, há o efluxo celular de íons K+

Qual das fases, presentes na figura, indica o processo de despolarização e repolarização celular, respectivamente?
a) Fases 0 e 2.
b) Fases 0 e 3.
c) Fases 1 e 2.
d) Fases 2 e 0.
e) Fases 3 e 1.

Análise expositiva - Habilidade 17 e 21: Essa é uma excelente questão, onde o estudante é cobrado tanto na parte
B interdisciplinar, quanto na interpretação gráfica do potencial de membrana em relação ao tempo. o estudante deve
relacionar conceitos, fenômenos com as fases destacadas no gráfico.
A despolarização ocorre na fase em que o potencial sobe, que é a fase 0. A repolarização ocorre quando o potencial
está voltando ao potencial de repouso, como acontece na fase 3.
Alternativa B

DIAGRAMA DE IDEIAS

CARGA
ELÉTRICA

GRANDEZA DEPENDE DO INVERSO


POTENCIAL ELÉTRICO
ESCALAR DA DISTÂNCIA

NA PRESENÇA DE OUTRA CARGA:


ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA

95
AULAS Trabalho no campo elétrico
11 e 12
Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 21

1. Introdução Sendo tAB o trabalho total realizado pelas forças que atuam
na partícula entre os pontos A e B, pode-se demonstrar que:
O trabalho da energia elétrica será abordado a partir do
mv 2 mvA2
potencial e da energia potencial elétrica. Antes, porém, é τAB = ____
​   ​B   - ____
​   ​  
2 2
necessário definir alguns conceitos, como trabalho, energia
cinética e energia mecânica. Tais conceitos vão ser revistos Note que, na equação acima, vB é o módulo da velocidade
mais detalhadamente em outra oportunidade. no fim do percurso, e vA é o módulo da velocidade no início
do percurso.
1.1. Trabalho de uma força Como será visto, a equação acima tem bastante utilidade,
Considere um corpo que se move _____ em trajetória
_____ retilínea, e, por esse motivo, os físicos decidiram definir a energia
​› ​›
efetuando um deslocamento d ​ ​ .  Sendo F ​ ​   uma das forças cinética (Ec) de uma partícula de massa m e velocidade v
que atuam sobre corpo, suponha que essa força seja constan- do seguinte modo:
te (em módulo, direção e sentido) e forme​_____› um ângulo u com
​ ​  mv ​
2
​_____› Ec = ____   
o deslocamento d ​
​ .  O trabalho da força F ​
​   é definido por: 2

3. Princípio da
conservação da energia
Todo movimento ou atividade ocorre por meio da transfor-
t = F · d · cos u
mação de um tipo de energia em outra forma de energia.
No SI, a unidade de trabalho é o joule, cujo símbolo é J.

1.2. O trabalho total “Energia não se cria, energia não se perde, en-
ergia apenas se transforma de um tipo em outro, em
Suponha que um corpo esteja sob a ação de várias forças. quantidades iguais”
O trabalho total ao longo de um deslocamento é definido
como a soma dos trabalhos de cada força:
ttotal = tF1 + tF2 + tF3 + tF4 + ... A soma de energia cinética com todas as energias poten-
​___›
ciais de um corpo é denominada energia mecânica (EM):
das forças for F​ r ​,   é possível demonstrar que
Se a resultante___
​› EM = EC + EP
o trabalho de F​ r ​  é igual ao trabalho total:
Assim: Ec é a energia cinética do corpo; e Ep é a energia
tFr = ttotal
potencial desse corpo (incluindo-se todas as energias po-
tenciais)
2. Teorema da energia cinética É possível demonstrar que:
Considere que uma partícula de massa m passe por um
ponto A com velocidade A e, em seguida, passe por um A energia mecânica do corpo será constante se, dentre
ponto B com velocidade B, movendo-se ao longo de uma todas as forças que atuarem sobre ele, as únicas que
trajetória qualquer. realizarem trabalho não nulo forem conservativas.

Esse enunciado é denominado Princípio da Conservação


VB
da Energia Mecânica.

96
4. Trabalho da força elétrica Essa maneira de calcular o trabalho pode ser aplicada
apenas para campos ditos conservativos. Como o campo
elétrico é um campo conservativo, é possível utilizar esse
método para obter o trabalho.

Aplicação do conteúdo
1. Em uma região onde há campo elétrico, uma carga
elétrica negativa q = –4,0 nC é deslocada de um pon-
to A, de potencial +5,0 V, até um ponto B, de potencial
–5,0 V. Determine o trabalho da força elétrica.

multimídia: vídeo
Resolução:
Fonte: Youtube
TRABALHO FORÇA ELÉTRICA HD Calcule o trabalho usando a equação:
τAB = q(VA – VB).
Para determinar o trabalho da força elétrica sobre uma car-
ga de prova, considere a situação da figura a seguir. Uma Substituindo os valores dados, tem-se:
carga de prova q é movida do ponto A para o ponto B, em
τAB = –4,0 · 10–9 [(+5,0) – (–5,0)] = –4,0 · 10–9 · 10
uma região onde existe um campo elétrico. A carga elétrica
⇒ ⇒ τAB = –4,0 · 10–8 J
fonte que dá origem ao campo elétrico foi omitida por sim-
plificação. O movimento da carga de prova pode ocorrer
espontaneamente por ação de um agente externo (oper-  sinal negativo do trabalho indica que ocorre uma re-
O
ador). Devido ao fato de estar em uma região de campo sistência ao movimento, isto é, na situação considerada, a
elétrico, uma força elétrica F atua sobre a partícula. força elétrica opõe-se ao deslocamento da carga.

2. A figura a seguir representa um campo elétrico uni-


forme e suas linhas de forças e equipotenciais. Uma
partícula de carga q = 2,0 pC foi deslocada do ponto A
para o ponto B.

Deslocamento da carga de prova entre A e B

Como será visto em Mecânica, o trabalho da força elétri-


ca não é obtido pela aplicação da definição de trabalho,
uma vez que a força elétrica pode não se manter constante
durante o deslocamento. Entretanto, o trabalho pode ser
obtido por meio da variação da energia potencial da carga.
Quando a carga está no ponto A, sua energia potencial é
proporcional ao potencial VA. Do mesmo modo, no ponto Determine o trabalho da força elétrica.
B, a carga tem energia potencial proporcional ao potencial Resolução:
VB. Assim:
Da figura são obtidos os potenciais de A e B:
Epot = q ⋅ VA   e   EpotB = q ⋅ VB
A
VA = +20 V e VB = +5,0 V
O trabalho da força elétrica é dado pela diferença entre
a energia potencial no ponto A (ponto inicial) e a energia
Como o trabalho da força elétrica não depende da traje-
potencial no ponto B (ponto final):
tória, apenas dos potenciais em A e B, calcule:
τAB = Epot – Epot ⇒ τAB = q ⋅ V – q ⋅ V
A B A B
τAB = q (VA – VB) ⇒
⇒ τAB = 2,0 · 10–12 · (20 – 5,0) = 2,0 · 10–12 · 15
τAB = q(VA – VB)
= 30 · 10–12

97
Então: Uma carga puntiforme q > 0 abandonada livremente no
τAB = 3,0 · 10 –11
J ponto A sofrerá a ação exclusiva da força elétrica F e se
deslocará ao longo da linha de força que liga o ponto A e o
É importante saber: o trabalho da força elétrica é es-
ponto B. Nesse deslocamento, o trabalho será:
pontâneo. Uma carga livre deixada em um local onde há
campo elétrico vai se deslocar naturalmente e, por conse- ——
τAB = F ⋅ AB​
​  ⇒ τAB = F ⋅ d
quência, haverá trabalho da força elétrica. As cargas posi-
tivas se deslocam naturalmente no sentido decrescente do
potencial elétrico, enquanto as cargas negativas se deslo- Considerando que F = q ⋅ E, obtém-se:
cam no sentido crescente do potencial elétrico. Resumindo:
τAB = q ⋅ E ⋅ d

Carga positiva procura menor potencial.


Caso fosse abandonada uma carga elétrica negativa em
Carga negativa procura maior potencial.
B, o sentido da força elétrica atuante seria inverso e o des-
locamento da carga ocorreria do ponto B para o ponto A.
Nesse deslocamento, o trabalho realizado seria:
5. Trabalho da força elétrica ——
τBA = F ⋅ AB​
​  ⇒ τBA = F ⋅ d
em um campo elétrico uniforme Considerando que F = |–q| ⋅ E, obtém-se:
τBA = |–q| ⋅ E ⋅ d

Ou seja, em ambos os casos o trabalho realizado pela força


elétrica é o mesmo.
É preciso cuidado quando o deslocamento de uma partícu-
la em um campo elétrico uniforme não ocorre sobre uma
mesma linha de força, como mostra a figura a seguir. Nes-
ses casos, o deslocamento da partícula é sempre calculado
paralelamente às linhas de forças.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Campo elétrico | Carga elétrica, energia
elétrica e voltagem

O campo elétrico uniforme é um caso muito particular de


campo elétrico. As linhas de forças desse campo são re-
tas paralelas, e o módulo da força elétrica é constante em
qualquer local do campo. Em consequência, o trabalho re-
alizado pela força elétrica nesse campo pode ser calculado
usando-se as simples equações da Mecânica.
Em um campo elétrico uniforme, representado na figura a
seguir, os pontos A e B possuem potenciais elétricos iguais
a VA e VB, respectivamente.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Potencial elétrico, trabalho no campo elétrico
Carga puntiforme deslocada de A para B sob a ação - Fisica
de uma força elétrica

98
6. Diferença de potencial (d.d.p.) a) a velocidade dos elétrons ao atingirem a placa cole-
tora é a mesma dos elétrons no fio externo à ampola;
b) se quisermos saber a velocidade dos elétrons é
É chamada de d.d.p. entre dois pontos de um campo elétrico
necessário conhecermos a distância entre as placas;
a razão entre o trabalho realizado pela força elétrica para
c) a energia fornecida pela fonte aos elétrons coletados
deslocar uma carga entre esses pontos e o valor da carga: é proporcional ao quadrado da diferença de potencial.
τ
VA – VB = UAB = U = ___
​  AB ​  d) a velocidade dos elétrons ao atingirem a placa co-
|q| letora é de aproximadamente 1,0 × 107 m/s;
Notas: e) depois de algum tempo a corrente vai se tornando
§ no SI, a d.d.p. é expressa em J/C = V(volt); nula, pois a placa coletora vai ficando cada vez mais
negativa pela absorção dos elétrons que nela chegam.
§ se q é + ⇒ VA – VB > 0 ⇒ VA > VB;
Resolução:
se q é – ⇒ VA – VB < 0 ⇒ VA < VB.
U = 250 V qe = – 1,6 ∙ 10-19 C
Aplicação do conteúdo i = 5 mA me = 9,11 ∙ 10-31C
1. Na figura a seguir, o campo elétrico tem intensidade
E = 4,5 N/C. No ponto A, é abandonada uma partícula Pelo teorema da energia cinética:
eletrizada de carga elétrica q = 4,0 pC. Despreze a ação
da força gravitacional. A partícula desloca-se espontan- DEc = DFR
eamente no sentido da linha de força. Determine o tra- mv02
​ m ∙ ​
v   
2
_____ – ____
​   ​   = |q| U
balho da força elétrica no deslocamento AB. 2 2
9,11 · 10 ∙ v
____________
-31 2
  
​   ​  = 1,6 ∙ 10-19 ∙ 250
2
v2 ≈ 87,82 ∙ 10-2

v ≈ 9,3 ∙ 106 m/s


v ≈ 1 ∙ 107 m/s

Resolução: Alternativa D
Tem-se:
q = 4,0 pC = 4,0 · 10–12 C
E = 4,5 N/C
d = AB = 20 cm = 20 · 10–2 m

O trabalho no deslocamento AB é dado por:


τAB = q ⋅ E ⋅ d = 4,0 × 10–12 · 4,5 · 20 · 10–2
= 360 · 10–4 ⇒ τAB = 3,6 · 10–12 J

2. (Ita) Um feixe de elétrons é formado com a aplicação


de uma diferença de potencial de 250 V entre duas
placas metálicas, uma emissora e outra coletora, colo-
cadas em uma ampola na qual se fez vácuo. A corrente multimídia: sites
medida em um amperímetro devidamente ligado é de
5,0 mA. Se os elétrons podem ser considerados como
emitidos com velocidade nula, então: osfundamentosdafisica.blogspot.com.
br/2013/04/cursos-do-blog-eletricidade_10.
html
hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/electric/
elewor.html
www.physicsclassroom.com/class/circuits/
Lesson-1/Electric-Field-and-the-Movement-
of-Charge

99
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da ter-
21 modinâmica e/ou do eletromagnetismo.

Nesse caso, a habilidade 21 exige que o aluno domine conceitos eletromagnéticos, especificamente a definição de po-
tencial elétrico, de polarização e despolarização. Como se trata de uma área mais abstrata, os exercícios são altamente
contextualizados com o intuito de mostrar ao aluno que, apesar de abstrato, o tema está presente no cotidiano.

Modelo
(Enem) As células possuem potencial de membrana, que pode ser classificado em repouso ou ação, e é uma estratégia
eletrofisiológica interessante e simples do ponto de vista físico. Essa característica eletrofisiológica está presente
na figura a seguir, que mostra um potencial de ação disparado por uma célula que compõe as fibras de Purkinje,
responsáveis por conduzir os impulsos elétricos para o tecido cardíaco, possibilitando assim a contração cardíaca.
Observa-se que existem quatro fases envolvidas nesse potencial de ação, sendo denominadas fases 0, 1, 2 e 3.

O potencial de repouso dessa célula é –100 mV, e quando ocorre influxo de íons Na+ e Ca2+, a polaridade celular pode
atingir valores de até +10 mV, o que se denomina despolarização celular. A modificação no potencial de repouso pode
disparar um potencial de ação quando a voltagem da membrana atinge o limiar de disparo que está representado
na figura pela linha pontilhada. Contudo, a célula não pode se manter despolarizada, pois isso acarretaria a morte
celular. Assim, ocorre a repolarização celular, mecanismo que reverte a despolarização e retorna a célula ao potencial
de repouso. Para tanto, há o efluxo celular de íons K+.

Qual das fases, presentes na figura, indica o processo de despolarização e repolarização celular, respectivamente?
a) Fases 0 e 2
b) Fases 0 e 3
c) Fases 1 e 2
d) Fases 2 e 0
e) Fases 3 e 1

Análise expositiva - Habilidade 21: Mesmo apresentando um texto acompanhado de um gráfico, o exercício possui
B rápida resolução. Cabe ao aluno saber reconhecer aquilo que é pedido e extrair a resposta do gráfico fornecido.
A despolarização ocorre na fase em que o potencial sobe, que é a fase 0. A repolarização ocorre quando o
potencial está voltando ao potencial de repouso, o que ocorre na fase 3.
Alternativa B

100
DIAGRAMA DE IDEIAS

TRABALHO NO CAMPO ELÉTRICO

TRABALHO DE
FORÇA ELÉTRICA

VARIAÇÃO DE
ENERGIA CINÉTICA

ΔEC > 0 ΔEC < 0

TRABALHO TRABALHO
MOTOR RESISTENTE

CARGA POSITIVA CARGA NEGATIVA

MAIOR PARA MENOR PARA


MENOR POTENCIAL MAIOR POTENCIAL

101
AULAS Potencial elétrico no CEU
13 e 14 e equilíbrio eletrostático

Competências: 5e6 Habilidades: 17 e 21

1. Potencial elétrico no Essa equação será demonstrada a seguir. Para isso,


suponha que uma partícula de prova com carga elétrica
campo elétrico uniforme positiva q é abandonada no ponto A. Despreze a ação da
aceleração gravitacional. Assim, a partícula se desloca e
Apesar de a intensidade de um campo elétrico uniforme pontaneamente de A para B, e o trabalho do campo nesse
ser constante em qualquer ponto do campo, o valor do deslocamento AB é calculado pela equação:
potencial elétrico não é constante. O campo elétrico varia
uniformemente ao longo de uma linha de força. Para uma τAB = E ⋅ d · q
carga positiva, percorrendo uma linha de força, no mesmo
sentido do campo, o potencial decrescerá uniformemente, Entretanto, o trabalho também é dado pela diferença entre
como é possível observar no gráfico a seguir. os potenciais em A e B:

τAB = q(VA – VB) = q ⋅ U

Juntando ambas as equações:


q⋅E⋅d=q⋅U

Variação da intensidade do campo elétrico E e variação do potencial


elétrico V em função da abcissa x tomando em uma linha de força, E⋅d=U
e no mesmo sentido desta, para uma carga geradora positiva.

A unidade oficial de campo elétrico vem da equação anterior:


1.1. Relação entre o potencial e a
intensidade do campo elétrico ​ U ​ 
E = __
d
Considere os pontos A e B em uma mesma linha de força
de um campo elétrico uniforme de intensidade E. Os po- Então:
tenciais elétricos nesses pontos são, respectivamente, VA
e VB. ​  volt  ​ = V/m
unidade (E) = _____
metro

No SI, a unidade oficial de campo elétrico é V/m. A unidade


N/C é equivalente, ou seja:

V ___
1​ __ 1N
m  ​ = ​  C ​ 
Assim:

§ U = VA – VB (diferença de potencial (d.d.p.)) entre 1.2. O elétron-volt


os pontos A e B;
A unidade de energia igual à energia adquirida por um
§ d = distância entre os pontos A e B. elétron acelerado a partir do repouso, entre dois pontos de
ddp 1,0 V, sob um campo elétrico uniforme, é o elétron-
A diferença de potencial U é dada por:
volt (eV).
A energia cinética de 1 eV, atingida pelo elétron, é equiva-
E⋅d=U
lente a 1,6 · 10–19 J.

102
02) A diferença de potencial elétrico, na atmosfera,
entre um ponto A e um ponto B, situando 2 m abaixo
de A, é de 200 V.
04) Cátions existentes na atmosfera tendem a mov-
er-se para cima, enquanto que ânions tendem a mov-
er-se para a superfície terrestre.
08) O trabalho realizado pela força elétrica para des-
locar uma carga elétrica de 1 μC entre dois pontos, A
e C, distantes 2 m entre si e situados a uma mesma
altitude, é 200 μJ.
16) Este campo elétrico induzirá cargas elétricas em
uma nuvem, fazendo com que a parte inferior desta,
multimídia: vídeo voltada para a Terra, seja carregada positivamente.
Fonte: Youtube Resolução:
O elétron-volt 01) Verdadeira. A Terra é geralmente negativa.
02) Verdadeira. U = Ed ⇒ U = 100 ∙ 2 = 200 V
04) Falsa. O campo elétrico está orientado para baixo. As-
Aplicação do conteúdo sim, as cargas positivas tendem a se mover para baixo.
08) Falsa. Eles estão numa mesma superfície de
1. Dois planos equipotenciais, p1 e p2, são represen- equipotencial.
tados na figura abaixo. Os potenciais elétricos nesse
16) Verdadeira. Igual ao item 4.
planos são V1 = 40 V e V2 = 5,0 V, respectivamente. Sa-
bendo que a intensidade do campo elétrico é constan- 01 + 02 + 16 = 19
te e igual a 5 V/m , determine a distância (d) entre os
dois planos equipotenciais. 3. (Unirio)

Resolução:
Uma superfície plana e infinita, positivamente carregada, ori-
Aplica-se a equação da diferença de potencial em um campo gina um campo elétrico de módulo 6,0 · 107 N/C. Considere
elétrico uniforme: que os pontos B e C da figura são equidistantes da superfície
carregada e, além disso, considere também que a distância
​ U ​ 
E ⋅ d = U ⇒ d = __ entre os pontos A e B é de 3,0 m, e entre os pontos B e C é de
E
Mas: 4,0 m. Com isso, os valores encontrados para a diferença
de potencial elétrico entre os pontos A, B e C, ou seja: UAB,
U = V1 – V2 UBC e UAC são, respectivamente, iguais a:
a) Zero; 3,0 · 108 V; 1,8 · 108 V.
Substituindo os valores dos potenciais, obtém-se: b) 1,8 · 108 V; zero; 3,0 · 108 V.
V1 – V2 _______
40 – 5,0 ___ c) 1,8 · 108 V; 1,8 · 108 V; 3,0 · 108 V.
d = ​ ______
 ​ 
 = ​   = ​  35  ​ m ⇒ d = 7,0 m
 ​  d) 1,8 · 108 V; 3,0 · 108 V; zero.
E 5,0 5,0
e) 1,8 · 108 V; zero; 1,8 · 108 V.
2. (UFPR) Um físico realiza experimentos na atmosfera
Resolução:
terrestre e conclui que há um campo elétrico vertical e
orientado para a superfície da Terra, com módulo E = UAB = E ∙ dAB = 6 ∙ 107 ∙ 3 = 1,8 · 108 V
100 N/C. Considerando que para uma pequena região
da superfície terrestre o campo elétrico é uniforme, é UBC = 0 V, pois estão numa mesma superfície de equipotencial
correto afirmar:
UAC = UAB = 1,8 ∙ 108 V
01) A Terra é um corpo eletrizado, com carga elétrica
negativa em excesso. Alternativa E

103
2. O equilíbrio eletrostático No interior de um condutor eletrizado em equilíbrio
As cargas elétricas em um condutor se movimentam à eletrostático, o potencial não é nulo e tem o mesmo
procura de uma posição de equilíbrio. Quando as cargas valor em todos os pontos.
atingem essa posição, e não há mais movimento, afirma-se
que o condutor atingiu o seu equilíbrio eletrostático. Caso houvesse dois pontos, A e B, no interior do condutor
Depois de atingir o equilíbrio eletrostático, o condutor adquire tal que VA > VB, existiria trabalho da força elétrica que mov-
certas propriedades físicas que serão abordadas a seguir. imentaria espontaneamente os elétrons livres de B para
A, o que perturbaria o equilíbrio eletrostático do condutor.
Em um condutor eletrizado em equilíbrio eletrostá-
Dessa maneira, o potencial deve ser o mesmo em todos os
tico, as cargas elétricas em excesso se localizam na
pontos do interior do condutor.
sua superfície. O pesquisador inglês Michael Faraday (1791-1867)
elaborou um experimento interessante. Em um dia de
tempestades elétricas, permaneceu dentro de uma grande
As cargas em excesso possuem o mesmo sinal, isto é, ou são gaiola construída de arame metálico. Apesar de a gaiola ter
positivas ou são negativas. Por se repelirem mutuamente e sido atingida por raios (descargas elétricas), conta-se que
por não se movimentarem no condutor, ficam na superfície. Faraday, ao sair dela, relatou não ter sentido nenhum choque
No caso de um condutor esférico, a distribuição de cargas elétrico. Essa gaiola foi denominada Gaiola de Faraday.
é simétrica e uniforme, como é possível observar na figura.
O uso da Gaiola de Faraday se tornou consagrado, e, atu-
almente, uma malha de ferro, que não aparece externa-
mente, é construída em torno de grandes edifícios para
proteger as pessoas que estejam em seu interior contra
descargas elétricas provocadas por tempestades.

Esfera eletrizada com Esfera eletrizada com


Nos carros, aviões ou ônibus, o conceito da Gaiola de Fa-
cargas positivas cargas negativas raday também é aplicado. Os veículos metálicos estão blin-
Se a forma do condutor não for esférica, as cargas não se dados eletricamente, o que torna seguro permanecer em
espalham uniformemente, e a maior densidade de carga seu interior.
elétrica fica localizada nas extremidades.

Fórmula da densidade

A Gaiola de Faraday

Condutor alongado com cargas elétricas Adiante, será estudado o que ocorre com uma esfera eletri-
aglomeradas nas suas extremidades zada isolada de outras cargas. A partir daqui, será admitido
que a esfera sempre está em equilíbrio eletrostático. Con-
Nos pontos internos de um condutor eletrizado em forme foi visto anteriormente, em uma esfera, as cargas
equilíbrio eletrostático, o campo elétrico é sempre elétricas em excesso distribuem-se uniformemente pela
nulo, independentemente de sua forma geométrica. sua superfície, como mostra a figura a seguir.

Lembre-se de que, no interior do condutor, os elétrons não


se movimentam, pois, por definição, essa é uma das prem-
issas do equilíbrio eletrostático. Caso houvesse no interior
do condutor um campo elétrico não nulo, o campo atuaria
sobre os elétrons livres e os aceleraria, o que pertubaria o
equilíbrio eletrostático do condutor. Assim, o campo elétri-
co interno do condutor em equilíbrio eletrostático é nulo. Superfície esférica uniformemente eletrizada

104
Convém recordar duas propriedades importantes: Para qualquer ponto no interior da esfera, foi visto que o po-
tencial é constante e igual ao potencial na superfície. Assim:
§ Em todos os pontos internos o campo elétrico é nulo.
§ Em todos os pontos (internos ou da superfície da esfera) Q
Vint = Vsup = k0 __
​    ​
o potencial elétrico é constante, ou seja, todos os pontos R 
têm o mesmo valor de potencial elétrico, não nulo.
A seguir, será demonstrado como determinar o valor do po- 4. Cálculo do campo elétrico
tencial elétrico e a intensidade do campo elétrico e do po- Foi visto que, nos pontos internos da esfera, o campo elé-
tencial elétrico para os pontos externos e próximos da esfera. trico é nulo. Será determinado agora o campo elétrico nos
pontos externos. Nas figuras a seguir, foi representado o
campo elétrico em um ponto P, através do seu vetor E.
Lembre-se de que as cargas positivas geram um campo de
afastamento, e as negativas, um campo de aproximação.

Campo de uma esfera Campo de uma esfera


com carga positiva com carga negativa

multimídia: vídeo A intensidade do campo elétrico no ponto P também é cal-


culada com a mesma equação vista anteriormente, de uma
Fonte: Youtube carga puntiforme:
A terrível gaiola de celular (ex-
periência de Física) |Q|
Ep = k0 ___
​  2 ​ 
d

3. Cálculo do potencial elétrico Note que essa equação não é válida para calcular o campo
elétrico em pontos na superfície da esfera.
Inicialmente, será calculado o potencial elétrico em um pon-
to P fora da esfera. Existe uma simetria na distribuição de
Aplicação do conteúdo
cargas na esfera, além da uniformidade na distribuição em
sua superfície. Assim, podemos admitir que toda a carga Q 1. Uma esfera metálica de raio R = 4,0 cm, no vácuo,
esteja concentrada no centro (ponto O) da esfera. Sendo d a tem a sua superfície uniformemente carregada com
uma carga elétrica de 12 nC. Adotando k0 = 9,0 · 109
distância do centro O ao ponto P, o potencial pode ser obtido
unidades do SI, determine:
pela seguinte equação, vista em aulas anteriores:
a) O potencial elétrico em um ponto da superfície da esfera.
b) O potencial elétrico em um ponto P distante 12 cm
do centro da esfera.
c) A intensidade do campo elétrico no ponto P do
item anterior.
Resolução:
a) Cálculo potencial elétrico é igual para qualquer
ponto da superfície da esfera:
Dessa forma, ajustando as unidades:

Q R = 4,0 cm = 4,0 · 10–2 m


Vext = k0 __
​   ​  Q = 12 nC = 12 · 10–9 C
d
​ Nm² ​ 
k0 = 9 · 109 ____

Essa equação também é válida para a superfície da esfera,
onde d = R: Calculando o potencial elétrico na superfície da esfera:
Q
​  12 · 10 –2 
–9
Vsup = k0 __
​   ​ = 9 · 109 · ________ = 27 · 102 ⇒
 ​ 
Q R 4,0 · 10
Vsup = k0 __
​    ​
R  ⇒ Vsup = 2,7 · 103 V

105
b) Como a esfera tem raio de 4,0 cm, e o ponto P está
a 12 cm do centro, o ponto P é externo à esfera.
4.1. Gráfico do Potencial Elétrico
Assim: d = 12 cm = 12 · 10–2 m
de um Condutor Carregado
Considere o potencial elétrico uma função da distância,
Então:
isto é, V = V (d). Seu gráfico é do tipo:
Q
​ 12 · 10–2 
–9
Vext = k0 __
​   ​ ⇒ VP = 9 · 109 · _______  ​
d 12 · 10
= 9,0 · 102 ⇒ VP = 9,0 · 102 V

c) Cálculo da intensidade do campo elétrico no ponto P:


Q
​ 12 · 10–2 
–9
EP = k0 __
​    ​ = 9 · 109 · _______  ​= 0,75 · 104 ⇒
d² 12 · 10
⇒ EP = 7,5 · 103 N/C
Para uma distribuição positiva (Q > 0)
2. (Ufrgs) A figura a seguir representa uma esfera
metálica oca, de raio R e espessura desprezível. A es-
fera é mantida eletricamente isolada e muito distante
de quaisquer outros objetos, num ambiente onde se
fez vácuo.

Para uma distribuição negativa (Q < 0)

Analisando ambos os gráficos, é possível perceber que


Em certo instante, uma quantidade de carga elétrica nega- o potencial é constante enquanto d ≤ R, e a partir de
tiva, de módulo Q, é depositada no ponto P da superfície d > R uma hipérbole equilátera (da mesma forma que uma
da esfera. Considerando nulo o potencial elétrico em pon- partícula puntiforme centrada na origem).
tos infinitamente afastados da esfera e designando por k a
“constante eletrostática”, podemos afirmar que, após terem 4.2. Gráfico do Campo Elétrico
decorrido alguns segundos, o potencial elétrico no ponto S,
situado à distância 2R da superfície da esfera, é dado por
de um Condutor Carregado
–kQ Sendo o campo elétrico uma função da distância, ou seja,
a) ​  ___ ​ . E = E (d), para um condutor carregado, o gráfico será da
2R
–kQ seguinte forma:
b) ​  ___ ​ .
3R
+kQ
c) ____
​   ​. 
3R
–kQ
d) ​  ____ ​.  
9R2
+kQ
e) ​ ____
 ​. 
9R2
Resolução:
O cálculo do potencial num ponto externo é dado por:
k∙q
V = ____
​   ​   
d Analisando o gráfico é possível perceber que, se
k(–Q) d < R, tem-se E = 0, isto é, o campo interno do condutor
V = ​ ____ ​  
3R carregado é nulo. Quando d = R, o campo elétrico é dado
kQ k |Q|
V = – ___
​   ​  por E (R) = _____
​  0 2 ​  . Já para pontos mais distantes d > R,
3R 2R
tem-se que o gráfico é idêntico ao de uma carga puntifor-
Alternativa B me centrada na origem.

106
VIVENCIANDO

Os para-raios
De que maneira as indústrias fabricantes de para-raios costumam testar seus produtos antes de colocá-los à venda?
Um dos testes consiste em submeter o produto a descargas elétricas semelhantes aos raios. Para simular um raio
causado por uma nuvem eletrizada, uma esfera de cobre de aproximadamente 1 metro de diâmetro é suspensa, a
mais ou menos 10 metros do chão, e ligada a um gerador de cargas elétricas para ser eletrizada. Abaixo da esfera
é colocado o para-raios que será testado. A esfera, eletrizada, atinge potenciais de alguns milhões de volts e produz
uma descarga elétrica que salta e atinge o para-raios. Um engenheiro elétrico de operações verifica pessoalmente, a
poucos metros do local, o funcionamento correto do para-raios. Entretanto, o engenheiro se protege dentro de uma
Gaiola de Faraday contra as descargas elétricas que circulam no ambiente.
O efeito de blindagem eletrostática, conhecido como Gaiola de Faraday, é amplamente utilizado para proteger equi-
pamentos que não podem ser submetidos a influências elétricas externas, ou na proteção de passageiros de aviões
ou carros. Os veículos, ao serem atingidos por relâmpagos, protegem seus tripulantes, uma vez que as cargas elétricas
serão distribuídas pelas estruturas metálicas.
O forno de micro-ondas e a ressonância magnética são outras duas aplicações cotidianas da blindagem eletrostática.
No micro-ondas, a blindagem eletrostática não permite que escapem as ondas eletromagnéticas que esquentam
os alimentos, pois a casca metálica que reveste o interior do equipamento e
a malha metálica que cobre o visor de vidro funcionam como uma Gaiola de
Faraday. Para o exame de ressonância magnética, são necessárias salas de
exames equipadas com uma cabine de radiofrequência. Essa cabine consiste
numa caixa de alumínio ou outro material similar e serve para proteger o fun-
cionamento do equipamento, que pode sofrer alteração de ondas de radiof-
requência externas que causariam interferências nos resultados dos exames.

5. Equilíbrio eletrostático § As cargas das duas esferas passam a ser Q’1 e Q’2, res-
pectivamente, e por conservação da carga elétrica:
entre duas esferas interligadas
Na figura a seguir, duas esferas condutoras, 1 e 2, inicial- Q’1 + Q’2 = Q1 + Q2
mente isoladas uma da outra, foram carregadas com car-
gas elétricas Q1 e Q2, respectivamente. As esferas foram
interligadas por um fio condutor, mas foram mantidas  u seja, a soma das cargas das duas esferas permanece
O
constante, uma vez que nenhuma carga foi inserida ou
afastadas a fim de evitar a indução eletrostática. Depois de
retirada do sistema.
serem conectadas, ocorreu uma troca de cargas elétricas
devido à diferença de potencial elétrico entre ambas. § Devido ao equilíbrio, os potenciais se igualam, V1 = V2,
assim:
Q’ Q’ Q’ Q’2
k0 ___
​  1 ​ = k0 ___
​  2 ​ ⇒ ___
​  1 ​ = ___
​   ​ 
R1 R2 R1 R2

Essa equação mostra que, após as esferas atingirem o


Depois de um período de tempo, os potenciais das duas esfe- equilíbrio eletrostático, as novas cargas elétricas de cada
ras se equilibram e a troca de cargas termina. Após o equilíbrio: esfera são proporcionais ao raio de cada uma.

107
Aplicação do conteúdo
1. Uma esfera de raio R1 = 2,0 cm e carregada com carga
Q1 = 6,0 pC e uma esfera de raio R2 = 6,0 cm carrega-
da com carga Q2 = –2,0 pC são conectadas por um fio e
mantidas afastadas uma da outra. Depois de atingirem o
equilíbrio eletrostático, qual é a carga de cada uma delas?

Resolução:

Devido à conservação da carga e à relação de proporciona-


lidade da carga e do raio da esfera: multimídia: sites
Q’1 + Q’2 = Q1 + Q2 ⇒ Q’1 + Q’2 www.sabereletrica.com.br/gaiola-de-faraday
= 6,0 pC + (-2,0) pC ⇒ Q’1 + Q’2
www.differencebetween.net/science/difference-
= + 4,0 pC
between-electric-field-and-electric-potential/
Q’ Q’2 ___
___ Q’ Q’
​  1 ​ = ___
​   ​ ⇒ ​  1  ​ = ___
​  2  ​ ⇒ 3Q’1 = Q’2 physics.bu.edu/~duffy/PY106/Potential.html
R1 R2 2,0 6,0

Resolvendo o sistema para Q’1, obtém-se:


Q’1 + 3Q’1 = 4,0 ⇒ 4Q’1 = 4,0 pC ⇒
⇒ Q’1 = 1,0 pC

Voltando à equação anterior, obtém-se Q’2:


Q’2 = 3,0 pC

108
DIAGRAMA DE IDEIAS

POTENCIAL ELÉTRICO NO CEU E


EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO

CAMPO UNIFORME Ed = U

GAIOLA DE
FARADAY

CARGA NA DENSIDADE
EQ. ELETROSTÁTICO
SUPERFÍCIE SUPERFICIAL

CAMPO
INTERIOR NULO
POTENCIAIS
IGUAIS

109
AULAS Corrente elétrica
15 e 16
Competências: 2, 5 e 6 Habilidades: 5, 17 e 21

1. Introdução a outro e, durante o movimento, forma-se uma “nuvem


eletrônica” no interior do metal.
O fluxo de elétrons que atravessa um condutor é deno- Os meios materiais denominados isolantes elétricos são, em
minado corrente elétrica. Uma lâmpada, por exemplo,
geral, os não metais, como vidro, mica, ebonite, etc. A quanti-
emite luz quando o fluxo de elétrons atravessa o filamento
dade de elétrons livres nesses materiais é bastante pequena
dentro de seu bulbo, e o chuveiro elétrico esquenta a água
e, por isso, eles não conduzem bem a corrente elétrica.
devido ao fluxo de elétrons que passa pelo seu resistor.

3. Sentido da corrente elétrica


Em geral, o fluxo de partículas eletrizadas em movimento
é ordenado.
A natureza da corrente elétrica depende do meio em que Ao se estabelecer uma diferença de potencial nas extremi-
o fluxo de cargas ocorre. Nos metais, o fluxo é constituí- dades de um condutor metálico, pode-se ordenar o movi-
do exclusivamente por elétrons; contudo, os elétrons não mento dos elétrons em seu interior. Um modo de fazer isso
compõem a corrente elétrica nos líquidos, onde o fluxo é é ligando-o entre os polos de um gerador elétrico (pilha,
formado por cátions (+) e ânions (–). bateria, etc.). Mais adiante será demonstrado que a pilha
“empurra” os elétrons, ordenando o movimento.
Na figura a seguir, um fio condutor metálico está ligado
aos polos de uma bateria elétrica. Como é possível obser-
var, o movimento dos elétrons livres no fio tem sentido an-
ti-horário: do polo negativo para o polo positivo.
Nos metais, os elétrons constituem a corrente elétrica

ELETRÓNS

3.1. O sentido convencional


Na solução água + sal, a corrente elétrica é formada de cátions
da corrente elétrica
(Na+) e ânions (CI-) que caminham em sentidos opostos O sentido real do movimentos dos elétrons não é o mes-
mo que o sentido convencional da corrente elétrica.
2. Condutores e isolantes SENTIDO CONVENCIONAL
DA CORRENTE
Um meio material capaz de conduzir corrente elétrica é i

denominado condutor elétrico. Nesse tipo de material, as


partículas eletrizadas conseguem se movimentar com fac-
ilidade. Nos metais em geral, as partículas eletrizadas que SENTIDO REAL DO
MOVIMENTO DOS ELÉTRONS
constituem a corrente elétrica são os elétrons, dado que os
metais possuem um grande número de elétrons livres, que Por motivos históricos, o sentido convencional da corrente
são os elétrons mais fracamente ligados ao núcleo atômi- elétrica foi estabelecido considerando-se que as cargas em
co. Assim, esses elétrons podem se mover de um átomo movimento fossem positivas.

110
Essa convenção não foi alterada, pois, sob o ponto de vista No SI, a unidade da intensidade de corrente elétrica é o
do eletromagnetismo, o movimento de cargas negativas ampère, de símbolo A, em homenagem ao físico francês
em determinada direção é equivalente ao movimento de André-Marie Ampère (1775-1836).
cargas positivas na direção oposta.
A unidade de carga elétrica, o Coulomb (C), é definida a
O sentido da corrente elétrica é indicado, também por con- partir da equação anterior: Q = i ⋅ Dt. Em unidades:
venção, por uma flecha com a letra i.
ampère · segundo = coulomb

4. Intensidade da corrente elétrica 4.1. Propriedade gráfica


Como na figura a seguir, um fio metálico é ligado nos polos
de um gerador. Nesse circuito, o movimento convencional Quando é plotado o gráfico da corrente pelo tempo,
da corrente elétrica é do polo positivo para o polo negati- decorre que a área que a função faz com a horizontal é
vo. Entretanto, o movimento dos elétrons livres ocorre no equivalente à quantidade de carga elétrica que passou en-
sentido oposto. tre os intervalos de tempo.
ELÉTRONS

i i

BATERIA

Durante o intervalo de tempo ∆t, uma quantidade n de


elétrons atravessa uma seção transversal S do fio.
A carga elétrica do elétron foi denominada de carga elétri-
ca elementar, e seu valor absoluto é representado pelo
símbolo e:
e = 1,6 · 10–19 C

multimídia: vídeo
Assim, o valor absoluto da quantidade de carga elétrica Q
Fonte: Youtube
que atravessou a seção S é:
Física Total - Aula 61 - eletrod-
|Q| = n ⋅ |e| inâmica - corrente elétrica

Nesse condutor, a intensidade média da corrente elétrica, no


intervalo de tempo ∆t, é definida como sendo a grandeza:
|Q|
5. Efeitos da corrente elétrica
im = ___
​   ​  § Efeito Fisiológico – quando uma corrente elétrica
Dt
atravessa um organismo vivo, ela produz contrações
musculares conhecidas como choque elétrico. O ser
Quando a corrente elétrica fornecida pelo gerador tem in-
humano, ao ser atravessado por uma corrente de in-
tensidade constante, resulta que im = i, e a equação anteri-
tensidade de 10 mA ou mais, pode sofrer efeitos fatais.
or poderá ser escrita como:
§ Efeito Químico – quando uma corrente elétrica at-
|Q|
i = ___
​   ​ ⇔ |Q| = i ⋅ ∆t ravessa uma solução iônica, ocorre a eletrólise, oca-
Dt sionando o movimento de íons negativos e positivos

111
para o ânodo e o cátodo, respectivamente. Esse efeito 2. Durante um intervalo de tempo ∆t = 16 s, uma quanti-
é aplicado na galvanização de metais (cromeação, dade de 2,0 · 1022 elétrons atravessou a seção transversal
de um condutor. Sendo e = 1,6 · 10–19 C o valor de carga
prateação, niquelação, etc.).
elétrica elementar, determine:
§ Efeito Magnético – quando um condutor é percorri- a) a carga elétrica que atravessa o condutor;
do por uma corrente elétrica e produz nas suas proxim- b) a intensidade média da corrente elétrica.
idades um campo magnético. Esse efeito é facilmente Resolução:
comprovado pela deflexão da agulha imantada de uma
a) Sendo |Q| = n ∙ e, obtém-se a carga elétrica:
bússola colocada próxima do condutor.
|Q| = (2,0 · 1022) ⋅ (1,6 · 10–19 C) ∴
§ Efeito Luminoso – quando a corrente elétrica Q = 3,2 · 103 C
atravessa um gás, sob baixa pressão, ocorre emissão de
b) A intensidade média (im) da corrente vale:
luz. Esse efeito é aplicado nas lâmpadas fluorescentes,
lâmpadas de vapor de sódio, etc. |Q| 3,2 · 10³ C _________
im = ___
​   ​ = _________
​   ​  = ​ 32 · 10² ​
  C 
=

Dt 16 s 16 s
§ Efeito Térmico ou Efeito Joule – quando os elétrons
livres colidem com os átomos, ocorre o aquecimento do ​ Cs ​ 
= 2,0 · 10² __
condutor. Esse efeito é aplicado em aparelhos que pro- = 2,0 · 10² A
duzem calor (aquecedores elétricos: chuveiros, tornei-
ras, ferros elétricos, etc.).

7. O gerador elétrico
6. O amperímetro Para se produzir uma corrente elétrica é necessário um gera-
dor elétrico. Os geradores elétricos mais comuns e conheci-
A intensidade da corrente elétrica que passa por um fio é dos são: pilha comum, bateria de automóvel, bateria de celu-
medida por um aparelho chamado amperímetro. lar, os grandes e potentes geradores das hidroelétricas, etc.
A figura a seguir mostra um amperímetro ligado a um cir-
cuito. No mostrador do aparelho é indicada a intensidade
da corrente elétrica que o atravessa.

Turbinas do gerador elétrico de uma usina de energia


hidroelétrica em Itatinga, São Paulo.

O gerador elétrico é um aparelho capaz de mover os


Circuito com um amperímetro. Há amperímetros analógicos e digitais. elétrons. É o gerador que “empurra” os elétrons em um
circuito, sendo, assim, o seu principal elemento.
Aplicação do conteúdo Neste curso, os geradores serão eletroquímicos, como as pil-
1. Uma corrente elétrica de intensidade constante ig- has e baterias, que produzem uma corrente elétrica contínua
ual a 4,0 A atravessa um condutor de eletricidade. De- e constante. Esses geradores são compostos por um polo
termine a carga elétrica transportada pelos elétrons positivo, de maior nível de energia, e um polo negativo, com
durante um intervalo de tempo de 2,0 minutos. energia menor, de modo que o potencial elétrico no polo
Resolução: positivo seja maior do que o potencial no polo negativo.

A unidade do intervalo de tempo deve ser transformada


para segundos: ∆t = 2,0 min = 120 s. Utilizando a defini-
ção de intensidade de corrente elétrica, tem-se:

|Q|
i = ___
​    ​ ⇔ |Q| = i ⋅ ∆t = 4,0 A ⋅ 120 s ⇒
Dt
⇒ |Q| = 480 C

112
É através do polo positivo que o gerador fornece corrente é uma relação entre energia elétrica e carga elétrica. Assim,
elétrica ao circuito. Depois de atravessar o circuito, a cor- a origem do termo, pensando-se que se tratava de uma
rente retorna ao gerador pelo polo negativo. Na figura aci- força aplicada às cargas elétricas, é equivocada.
ma é possível observar um circuito composto por uma ba-
As pilhas e baterias comuns indicam o valor de sua f.e.m.
teria e uma lâmpada. O sentido convencional da corrente
elétrica está indicado pelas setas.
Os polos de um gerador são, comumente, chamados de
ativos passivos. Isso significa que, mesmo em um circuito
desligado, existe potencial nos polos do gerador.

 Pilha de 1,5 V       Bateria de 12 V


Resumindo
O gerador elétrico possui dois polos ativos, um positivo, O italiano Alessandro Volta, nascido em 1745, foi o in-
de maior potencial elétrico, e um negativo, de menor ventor da pilha elétrica (em 1800) que leva o seu nome,
potencial elétrico. O gerador produz corrente elétrica a chamada pilha de Volta. Volta percebeu que discos de
em um circuito e mantém uma diferença de potencial zinco e cobre, separados por pedaços de tecido embe-
elétrico entre seus dois polos. bidos em ácido sulfúrico, eram capazes de produzir cor-
rente elétrica se um fio fosse conectado às suas extremi-
dades. Nesse caso, a produção de corrente elétrica se dá
8. Força eletromotriz (f.e.m.) em função de reações químicas.

Diferentes geradores fornecem quantidades diferentes de 8.1. A f.e.m. e a tensão elétrica


energia. Em função disso, foi definida uma grandeza car-
acterística de cada gerador, denominada força eletromotriz Ocorre perda de energia elétrica durante o funcionamen-
(f.e.m.), que se relaciona com essa quantidade de energia to de um gerador no transporte de carga elétrica de um
e com a carga elétrica. polo a outro. Inicialmente, porém, essa perda de energia
elétrica será desconsiderada e os geradores serão consid-
Os exemplos a seguir ilustram essa ideia de força eletromotriz. erados ideais. Nesse caso, a força eletromotriz do gerador
corresponde à diferença de potencial entre o polo positivo
Exemplos e o polo negativo. Essa diferença também é denominada
Uma pilha forneceu uma quantidade de energia elétrica de tensão elétrica (U).
1,5 J a um grupo de partículas que transportou uma carga
Assim, nos geradores ideais:
unitária de eletricidade de 1,0 C. Asssim, diz-se que essa
pilha tem uma força eletromotriz de 1,5 J/C ou de 1,5 volt.
f.e.m. = tensão entre os polos ⇒ U = f.e.m.
Uma bateria de carro forneceu uma quantidade de energia
elétrica Eelétr = 24 J a um grupo de partículas que trans-
portou uma quantidade de eletricidade Q = 2,0 C. Assim,
cada coulomb recebeu uma quantidade de energia elétrica
8.2. Símbolo do gerador ideal
de 12 joules, e a força eletromotriz dessa bateria é 12 J/C Nos circuitos elétricos, os geradores ideais de corrente con-
ou 12 volts. tínua (pilhas, baterias, etc.) são representados pelo símbolo
da figura a seguir.
Sintetizando: A força eletromotriz é o quociente da
quantidade de energia elétrica fornecida por um gerador
a um grupo de partículas eletrizadas transportando uma
carga elétrica Q. Por definição:

energia elétrica Eelétr


f.e.m. = ​ ____________
   ​  ⇒ f.e.m. = ___
​   ​ 
carga elétrica |Q|

No SI, a unidade de f.e.m. é o volt (V), definida pela razão


O polo positivo do gerador é indicado pelo traço maior, e
joule/coulomb.
o polo negativo pelo traço menor. O sentido convencional
Embora o termo força eletromotriz (f.e.m.) se refira a uma da corrente elétrica é indicado por uma seta ao lado do
força, não se trata de uma grandeza física de força. A f.e.m símbolo, com sentido do polo negativo para o positivo.

113
9. O Voltímetro
O aparelho utilizado para medir a diferença de poten-
cial (d.d.p.) entre os polos de um gerador é denomina-
do voltímetro. O voltímetro é comumente chamado
de medidor de voltagem.
a) Quais são os pontos de mesmo potencial elétrico?
b) Qual é a d.d.p. em cada lâmpada?
c) Quanto indicaria um voltímetro se fosse conectado
às extremidades dos fios 1 e 2?

Resolução:
a) Os pontos de um mesmo fio têm o mesmo potencial.

VA = VC = V1 e VB = VD = V2

Voltímetro
No entanto: V1 > V2
Para medir a d.d.p. de uma pilha, deve-se ligar o voltímetro
b) A ddp (tensão elétrica U) em cada lâmpada é a
em paralelo com a pilha, como ilustra a figura a seguir.
mesma, pois:

§ em L1 ⇒ U1 = VA – VB= U ∴ U1 = 6,0 V

§ em L2 ⇒ U2 = VC – VD = U ∴ U2 = 6,0 V
1,5V 1,5 volt c) O voltímetro indicaria a d.d.p. entre fios, ou seja:
d.d.p. = 6,0 V

10. Efeito Joule


Nos circuitos elétricos, o voltímetro é representado pelo Um condutor elétrico sólido esquenta ao ser percorrido por
símbolo da figura abaixo: uma corrente elétrica. Esse aumento de temperatura do
condutor devido à passagem da corrente elétrica é denom-
inado efeito Joule. Esse fenômeno ocorre pois as partícu-
las eletrizadas da corrente elétrica colidem com átomos e
Além de medir a d.d.p. dos geradores, o voltímetro pode moléculas do material condutor, transformando parte da
ser usado para medir a diferença de potencial entre dois corrente elétrica em energia térmica.
pontos quaisquer de um circuito elétrico.

Aplicação do conteúdo
1. Um gerador elétrico fornece às partículas elétricas
que o atravessam 6,0 J para cada 4,0 C de carga elétrica.
Quanto vale sua f.e.m.?

Resolução:

Eelétrica _____6,0 J
f.e.m. = ​ _____
 ​  = ​    ​ = 1,5 J/C ⇒
Q 4,0 C
⇒ f.e.m. = 1,5 V multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
2. No circuito da figura a seguir, duas lâmpadas, L1 e L2, Novo Telecurso - Ensino Médio - Física -
estão ligadas a um gerador por meio de fios ideais. O Aula 41 (1 de 2)
gerador é ideal e sua f.e.m. é de 6,0 V.

114
11. Resistor e resistência No SI, a unidade de resistência elétrica é ohm, simboliza-
do por W (letra grega ômega), em homenagem ao físico
O resistor é um elemento cuja função exclusiva em um cir- George Simon Ohm.
cuito elétrico é transformar energia elétrica em energia tér- Assim, um resistor que, submetido à d.d.p. de 1 V, deixa-se
mica. Em geral, os resistores são condutores feitos de aço, atravessar por uma corrente elétrica de intensidade 1 A,
tungstênio ou carvão. Diversos aparelhos eletrodomésticos tem resistência elétrica de 1 W.
que requerem um aquecimento elétrico possuem resis-
unidade d.d.p.
tores, como o ferro elétrico de passar roupa, o chuveiro Unidade de resistência = _____________
​    ​ = ______
   ​  volt   ​  ​  V  ​
= __
unidade corrente ampère A
elétrico, a torneira de água quente, o secador de cabelos, =Ω
os aquecedores elétricos de ambiente, as lâmpadas incan-
descentes, etc.
Aplicação do conteúdo
Embora conduza corrente elétrica, o resistor é feito de um
material que dificulta a passagem dos elétrons. A medida 1. Um resistor de resistência elétrica R = 6,0 Ω foi sub-
metido a uma d.d.p. 24,0 V. Determine a intensidade de
dessa dificuldade é denominada resistência elétrica.
corrente elétrica que atravessa o resistor.
Nos circuitos elétricos, o resistor será representado por uma
linha em ziguezague, como na figura a seguir. Resolução:

Sendo U = 24,0 V e R = 6,0 Ω,tem-se:


Nota: O resistor variável que suporta a passagem de cor- U=R⋅i
rentes intensas é denominado reostato.
24,0 V
24,0 = 6,0 ⋅ i ⇒ i = _____
​   ​ ⋅ i = 4,0 A
6,0 W

12.1. Resistor ôhmico e não ôhmico

12. Primeira lei de OHM Os resistores que obedecem à Lei de Ohm são denomina-
dos resistores ôhmicos. Entretanto, nem todos os resistores
O físico alemão George Simon Ohm (1787-1854) descobriu, são ôhmicos, e os que escapam à Lei de Ohm são denomi-
em seus experimentos de eletricidade, que a intensidade da nados resistores não ôhmicos.
corrente elétrica em um condutor estava relacionada com a
d.d.p. em seus extremos. Ele percebeu que, ao variar a d.d.p., Os resistores fabricados com metais ou carbono são exem-
a intensidade da corrente elétrica também variava. plos de resistores ôhmicos. O gráfico da d.d.p. pela corrente
elétrica em um resistor ôhmico é uma reta. A tabela e o gráfi-
Usando um resistor metálico e mantendo-o a uma tem-
co a seguir ilustram o comportamento de um resistor ôhmico.
peratura constante, verificou que a razão entre a d.d.p. e a
corrente elétrica se mantinha constante:
Comportamento de um resistor ôhmico
d.d.p.
__________________
​    ​= constante ⇒ __
   ​ U ​ = constante Diferença de Intensidade Resistência
intensidade de corrente i potencial d.d.p., de corrente do resistor
U (em V) i (em A) R (em Ω)
Essa constante é a resistência do resistor, indicada por R. 1,0 0,5 2,0
Assim, a relação entre corrente elétrica, d.d.p. e resistência 2,0 1,0 2,0
em um condutor é: 3,0 1,5 2,0
4,0 2,0 2,0
​ U ​ = R
__
5,0 2,5 2,0
i
A propriedade acima é válida para diversos tipos de metais. 12.2. Curva característica de um resistor ôhmico
Essa é a Primeira Lei de Ohm:
Considerando um resistor ôhmico, ou seja, que obedeça
a relação de Ohm R = __ ​ U ​ , em que R é constante, pode-se
Para determinados resistores, mantidos a uma tempe- i
ratura constante, a intensidade de corrente i e a d.d.p.
escrever a d.d.p. em função da corrente. Plotando o gráfico,
são diretamente proporcionais: é possível notar que se trata de uma função linear com in-
clinação crescente, afinal a resistência sempre é um núme-
U=R∙i
ro constante e positivo.

115
U(i) = R ⋅ i A resistência elétrica do filamento da lâmpada é de 100 W.
Esse valor é bastante elevado; no entanto, se a temperatu-
ra do filamento aumentar ainda mais, o filamento pode se
fundir e a lâmpada deixa de funcionar.
Popularmente se diz que a lâmpada queimou.

2. Um resistor é submetido à tensão elétrica U = 60 V,


Seja u o ângulo que o gráfico faz com a horizontal, tem-se: e a intensidade de corrente que o atravessa é de 6,0 A.
​ U ​ = R
tan u = __ a) Qual é o valor de sua resistência elétrica?
i
b) Se o mesmo resistor for submetido a uma nova
tensão elétrica U’ = 30 V, qual será a intensidade da
corrente que o atravessará? Considere que a tempera-
tura se mantém constante.

Resolução:
​ U ​ = _____
a) R = __ ​  60 V  ​ = 10 ohms ⇒ R = 10 Ω
i 6,0 A
b) Como a resistência elétrica se mantém constante:
R = 10 Ω
Aplicação do conteúdo
1. Uma lâmpada incandescente é um exemplo de resis-
tor presente no nosso cotidiano. O filamento aquecido
dessas lâmpadas atinge uma temperatura aproximada
de 1.300ºC. Submetido à tensão elétrica de 110 V, a cor-
rente elétrica no filamento tem intensidade de 1,1 A.
Determine a resistência elétrica desse filamento.

Resolução:

Pela Lei de Ohm: U = R ⋅ i


​ U’ ​ = ____
U’ = R ⋅ i’ = i = __ ​ 30 V  ​= 3,0 ampères ⇒
R 10 
Substituindo U = 110 V e i = 1,1 A, obtém-se: ⇒ i’ = 3,0 A

​ 110 V ​ ⇒ R = 100 Ω


110 = R ⋅ 1,1 ⇒ R = _____
1,1 A

VIVENCIANDO

A corrente elétrica é um fenômeno que permite o uso da energia elétrica, a principal fonte de energia
do mundo moderno. A utilização em larga escala da eletricidade se deve à multiplicidade de efeitos pro-
duzidos pela corrente. Não é possível visualizar diretamente o fluxo de elétrons; no entanto, seus efeitos
são percebidos facilmente, como ao ligar o interruptor de uma lâmpada, o computador ou o smartphone.
No Brasil, a energia elétrica é gerada em sua maior parte por hidrelétricas, mas também é gerada por
meio de termelétricas e usinas nucleares. Obtida a partir da conversão de outros tipos de energia, a
eletricidade é transportada através de um sistema composto de quatro etapas: geração, transmissão, dis-
tribuição e consumo. A eletricidade é fundamental para tornar funcional os aparelhos criados para serem
utilizados no dia a dia. Celulares, televisores, computadores, máquinas de lavar roupa e muitos objetos
comuns nos lares brasileiros são movidos à base de energia elétrica.

116
3. O gráfico a seguir foi obtido para um resistor subme- Em que:
tido a diversas tensões elétricas.
R: é a resistência elétrica do resistor;
r (lê-se “rô”): é a resistividade do material;
A: é a área da secção transversal do material;
ø: é o comprimento do material.
Essa relação expressa o fato de que, quanto maior é o con-
dutor, maior é a dificuldade que as cargas elétricas têm
para atravessá-lo. A dificuldade de circulação das cargas
a) Calcule a resistência elétrica considerando os va- é menor à medida que for maior a área da secção trans-
lores do ponto 1. versal do material. Cada tipo de material também oferece
b) Calcule novamente a resistência elétrica consid- uma dificuldade diferente à circulação das cargas, que é
erando agora os valores do ponto 2. chamada de resistividade. Dessa forma, a resistência do
c) O resistor é ôhmico? resistor é diretamente proporcional ao comprimento (ø) e
inversamente proporcional à área (A).
Resolução:
A característica de resistividade (r) de cada material no SI
​ U ​ 
a) Sendo U = R ⋅ i ⇒ R = __ tem unidade V · m.
i
No ponto 1, tem-se U1 = 10 V e i1 = 2,5 A.
Georg Simon Ohm candidatou-se a uma vaga para
​ 10 V  ​ = 4,0 ohms ⇒ R1 = 4,0 Ω
R1 = _____ professor em uma universidade; contudo, para tal, era
2,5 A necessária a produção de um trabalho de pesquisa inédi-
b) No ponto 2, tem-se U2 = 20 V e i2 = 5,0 A to. Realizando experiências com eletricidade, Ohm per-
cebeu experimentalmente relações matemáticas entre as
​ 20 V ​ A = 4,0 ohms ⇒ R2 = 4,0 Ω
R2 = ____ dimensões dos fios e as grandezas elétricas. Nascia então
5,0
seu conceito sobre resistência elétrica.
c) O resistor é ôhmico, pois R1 = R2. Esse resultado já
era esperado, uma vez que a curva características dos Em 1827, Ohm apresentou um trabalho defendendo que a
resistores ôhmicos é sempre uma reta oblíqua passando intensidade da corrente elétrica era diretamente proporcio-
pela origem. nal à diferença de potencial e inversamente proporcional a
essa nova grandeza física, a resistência elétrica. Somente
13. Segunda lei de OHM em 1849, cinco anos antes de falecer, Ohm conseguiu al-
cançar o seu tão sonhado cargo de professor universitário.

Resistor em forma de fio cilíndrico, de comprimento


L e área de secção transversal

multimídia: vídeo A resistividade do material pode variar com a temperatura.


Nessas condições, a resistividade do material é dada por:
Fonte: Youtube
Segunda Lei de Ohm r = r0 ∙ [1 + a(u – u0)]
Em que r0 é a resistividade do material à temperatura de
A segunda Lei de Ohm expressa a relação entre a resistên- u0, e o coeficiente a depende do material.
cia elétrica do resistor e suas características. Observe essa Assim, pode-se reescrever a resistência em função
relação a seguir: da temperatura.

r∙ø R = R0 ∙ [1 + a (u – u0)]
R = ____
​   ​
  
A
Em que R0 é a resistência a uma temperatura u0.

117
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Térmico, químico, magnético e fisiológico são alguns efeitos


da corrente elétrica. Em primeiro lugar, a passagem da cor-
rente elétrica transforma energia elétrica em energia térmica
por meio do chamado efeito Joule. Isso é perceptível quan-
do aparelhos elétricos em funcionamento aumentam de
temperatura. O efeito químico, por sua vez, pode ser notado
quando uma corrente atravessa soluções eletrolíticas (hi-
drólise, por exemplo), e é comum sua utilização para o reco-
brimento de metais (galvanização). A passagem de corrente
elétrica também é capaz de gerar um campo magnético. Por
fim, a passagem de corrente elétrica pode produzir um choque elétrico. Quando uma corrente elétrica age no sistema
nervoso, ela pode contrair os músculos. Correntes menores que 1 mA não são percebidas pelo corpo humano; entre
1 mA e 10 mA, pequenos choques podem ser observados; já correntes maiores que 10 mA podem ser fatais.

Entre 0,6 s e 1,0 s, a área do fio 1 é maior; assim, a quanti-


Aplicação do conteúdo dade de carga foi maior no fio 1 nesse intervalo de tempo.
1. (Ufrgs) Selecione a alternativa que preenche correta- Entre 0 s e 1,0 calcularemos as áreas:
mente as lacunas do texto a seguir, na ordem em que
elas aparecem. (A)
Fio1
As correntes elétricas em dois fios condutores variam em 0,8
função do tempo de acordo com o gráfico mostrado a seguir, Fio2
onde os fios estão identificados pelos algarismos 1 e 2.
0,3

0
0,6 1 t(s)
Área do Fio 2 > Área do Fio 1
No intervalo de tempo entre zero e 0,6 s, a quantidade
de carga elétrica que atravessa uma seção transversal do Q2 > Q1
fio é maior para o fio ...... do que para o outro fio; no
intervalo entre 0,6 s e 1,0 s, ela é maior para o fio ...... do Desse modo, nesse intervalo de tempo, passou mais carga
que para o outro fio; e no intervalo entre zero e 1,0 s, ela pelo fio 2.
é maior para o fio ...... do que para o outro fio.
a) 1 – 1 – 2 Alternativa D
b) 1 – 2 – 1 2. (Acafe) A insegurança das pessoas quanto a assaltos
c) 2 – 1 – 1 em suas residências faz com que invistam em acessóri-
d) 2 – 1 – 2 os de proteção mais eficientes. A cerca elétrica é um
e) 2 – 2 – 1 adicional de proteção residencial muito utilizado hoje
em dia, pois tem como um de seus objetivos afugentar
Resolução: o invasor dando-lhe um choque de aproximadamente
10 mil volts de forma pulsante, com 60 pulsos por se-
Entre 0 s e 0,6 s, é possível observar que a área do gráfico gundo. Dessa forma, um ladrão, com perfeita condição
do fio 2 é maior; assim, a quantidade de carga no fio 2 foi de saúde, recebe o choque e vai embora, pois não che-
maior nesse intervalo. ga a ser um choque mortal.

118
Distância do quadro
Bitola 127V 220V
2,5 mm2 até 29 m até 70 m
4,0 mm2 30 a 48 71 a 116m
6,0 mm2 49 a 70 m -
10, 0 mm2 71 a 116 m -

Baseando-se nas informações da tabela, considere o fio de


cobre de resistividade r = 1,70 ⋅ Vm de bitola 2,5 mm2 a
Considere o exposto e seus conhecimentos de eletricidade distância da tomada até o quadro de distribuição geral L =
e assinale a alternativa correta.
25 m e a rede elétrica de U = 127V para calcular o valor da
a) A corrente elétrica recebida pelo ladrão na des-
carga é alta, porém, como é pulsante, não causará
resistência elétrica desse condutor para esse comprimento.
perigo de morte. Resolução:
b) Para não causar morte, a corrente elétrica recebida
pelo ladrão por meio do choque é muito baixa, provo- Pela Segunda Lei de Ohm, tem-se que um condutor depen-
cando apenas queimaduras.
de da resistividade do material, do seu comprimento e da
c) Se o ladrão estiver calçando sapatos com solado de
borracha, não receberá o choque, pois a borracha é
sua área. Então:
um isolante elétrico. ​  L  ​
R = r ⋅ __
d) Mesmo que fosse possível o ladrão tocar em ape- A
nas um único condutor da cerca sem que seu corpo Como o condutor possui secção circular, sua área é igual a
tocasse em qualquer outro lugar, não deixaria de gan- área de um círculo:
har o choque, pois a tensão é muito alta.
​  L  ​ ⇒ R = 1,7 · 25-6 = 1,7 · 25-7 = 1,7 · 107
R = r ⋅ __
A 2,5 · 10 2,5 · 10
Resolução:
⇒ R = 17 · 106 Ω → R = 17M Ω
a) INCORRETA. O que é responsável pela morte de
uma pessoa relacionado à energia elétrica é a corrente
elétrica. Para que a descarga recebida pelo ladrão ao
tocar na cerca elétrica não seja mortal (como mencio-
nado no enunciado), ela deve ser de valor muito baixo.
b) CORRETA. Como mencionado no item [A], a cor-
rente elétrica muito baixa evita que o choque elétrico
sofrido cause a morte. Vale salientar que, devido à alta
tensão (10 mil volts), o ladrão vai sofrer queimaduras.
c) INCORRETA. O termo isolante elétrico só está rela-
cionado ao fato de ser mais difícil que esse elemento
conduza corrente elétrica; no entanto, dependendo do
estímulo (tensão elétrica aplicada ao mesmo), ele pode
conduzir corrente elétrica. Se uma pessoa calçando um
sapato de borracha encostar na cerca, e o calçado não multimídia: sites
suportar a tensão de 10 mil volts, a pessoa vai levar um
choque. educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/cor-
d) INCORRETA. Se fosse possível o ladrão tocar apenas rente-eletrica-o-movimento-ordenado-de-
um condutor da cerca sem que seu corpo tocasse em -eletrons-em-condutores.htm
qualquer outro lugar, não haveria uma diferença de po-
tencial aplicada a ele, tampouco um caminho fechado www.feiradeciencias.com.br/sala12/12_T06.
para a corrente elétrica circular. Assim, o ladrão não le- asp
varia choque. Segue o mesmo princípio de manutenção
www.audioacustica.com.br/exemplos/Lei_
de linhas de transmissão de extra-alta tensão.
de_Ohm/Lei_de_Ohm.html
Alternativa B

3. (UEMA) Em um manual de instalação de uma máqui-


na de lavar roupa de determinado fabricante, há as se-
guintes informações:

Os diâmetros dos fios da rede elétrica devem estar de acor-


do com a tabela ao lado:

119
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
A habilidade 5, dentre todos os conteúdos abordados em Física 3, é a de maior frequência nas provas do Enem. Possui um
caráter muito mais concreto, pois faz com que o aluno saiba dimensionar circuitos elétricos, que naturalmente são muito mais
presentes no cotidiano da vida moderna. Saber calcular corrente, potência e resistência são os exemplos mais comuns dos
assuntos mais abordados. A leitura de tabelas, de gráficos e dos esquemas é naturalmente presente nesse tipo de exercício.

Modelo 1
(Enem) A resistência elétrica de um fio é determinada pela suas dimensões e pelas propriedades estruturais do
material. A condutividade (σ) caracteriza a estrutura do material, de tal forma que a resistência de um fio pode ser
determinada conhecendo-se L, o comprimento do fio e A, a área de seção reta. A tabela relaciona o material à sua
respectiva resistividade em temperatura ambiente.

Tabela de condutividade
Material Condutividade (S·m/mm2)
alumínio 34,2
cobre 61,7
ferro 10,2
prata 62,5
tungstênio 18,8
Mantendo-se as mesmas dimensões geométricas, o fio que apresenta menor resistência elétrica é aquele feito de:
a) tungstênio;
b) alumínio;
c) ferro;
d) cobre.
e) prata.

Análise expositiva - Habilidade 5: Além de saber diferenciar conceitualmente condutividade e resistividade


E elétrica, esse exercício cobra que aluno saiba ler os valores fornecidos na tabela e que ele faça uma escolha
de qual dos materiais mais se encaixava na situação descrita.
O fio que apresenta menor resistência é aquele que apresenta maior condutividade. Pela tabela, é possível
notrar que é o fio feito de prata.
Alternativa E

Modelo 2
Enem 2017) Dispositivos eletrônicos que utilizam materiais de baixo custo, como polímeros semicondutores, têm
sido desenvolvidos para monitorar a concentração de amônia (gás tóxico e incolor) em granjas avícolas. A polianilina
é um polímero semicondutor que tem o valor de sua resistência elétrica nominal quadruplicado quando exposta a
altas concentrações de amônia. Na ausência de amônia, a polianilina se comporta como um resistor ôhmico e a sua
resposta elétrica é mostrada no gráfico.

120
O valor da resistência elétrica da polianilina na presença de altas concentrações de amônia, em ohm, é igual a:
a) 0,5 × 100.
b) 0,2 × 100.
c) 2,5 × 105.
d) 5,0 × 105.
e) 2,0 × 106.
Análise expositiva - Habilidade 5: Trata-se de um exercício que possui uma rápida resolução e exige que o aluno
E saiba ler e interpretar o gráfico fornecido, além, é claro, de domínio do assunto.
Escolhendo o ponto (1, 2) do gráfico, tem-se:
U
r = __ ​  1  ​  
​  ​ = ______ ⇒ r = 0,5 · 106 Ω
i 2·10-6
Como a resistência quadruplica nas condições dadas, obtém-se:
R = 4r = 4 · 0,5 · 106
∴ R = 2 · 106 Ω
Alternativa E

121
DIAGRAMA DE IDEIAS

CORRENTE ELÉTRICA

CONDUTOR E
LEIS DE 0hm CORRENTE ELÉTRICA
ISOLANTE

MOVIMENTO DE
DDP
CARGAS ELÉTRICAS

RESISTOR E
TENSÃO
RESISTÊNCIA

122
Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe-
ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos
de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto
contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de
material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A
seguir, apresentamos cada seção:

incidência do tema nas principais provas vivenciando

De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas
o território nacional. para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para
evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida
a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma
preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre
aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em
teoria seu dia a dia.

Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção


tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas aplicação do conteúdo
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua-
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados,
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta-
dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com-
preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos
do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer
momento, as explicações dadas em sala de aula.
multimídia
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa
seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório
do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com áreas de conhecimento do Enem
indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en-
contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
o conhecimento do nosso aluno. Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-
conexão entre disciplinas -las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos diagrama de ideias
conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los
conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio-
em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque-
logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre
les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio
outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade
de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas
de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan- Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos
cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza-
grande engrenagem no mundo em que ele vive. ção dos estudos e até a resolução dos exercícios.

Herlan Fellini

1
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.

Autores
Caco Basileus
Herlan Fellini
Felipe Filatte
Kevork Soghomonian

Diretor-geral
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Diretor editorial
Pedro Tadeu Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


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Editoração eletrônica
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Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
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Projeto gráfico e capa


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Imagens
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ISBN: 978-65-88825-06-8

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o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
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2
SUMÁRIO
FÍSICA
CINEMÁTICA E DINÂMICA
Aulas 17 e 18: Cinemática vetorial 6
Aulas 19 e 20: Movimento circular 12
Aulas 21 e 22: Transmissão de movimento circular 21
Aulas 23 e 24: Introdução às leis de Newton 28
Aulas 25 e 26: Forças peso, normal e de tração e sistema de corpos 38

ÓPTICA GEOMÉTRICA
Aulas 17 e 18: Espelhos planos 52
Aulas 19 e 20: Espelhos esféricos: estudo geométrico 62
Aulas 21 e 22: Espelhos esféricos: estudo analítico 72
Aulas 23 e 24: Refração da luz 78
Aulas 25 e 26: Refração da luz em prismas 87

ELETRODINÂMICA
Aulas 17 e 18: Associação de resistores em série 98
Aulas 19 e 20: Associação de resistores em paralelo 105
Aulas 21 e 22: Potência dissipada por efeito Joule 115
Aulas 23 e 24: Amperímetro, voltímetro e ponte de Wheatstone 125
Aulas 25 e 26: Estudo do gerador 136

3
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.

4
CINEMÁTICA E DINÂMICA: Incidência do tema nas
principais provas

O movimento circular é abordado nas transmis- A prova exige a aplicação da segunda lei
sões de movimento em engrenagens e polias. de Newton, relacionando, às vezes, com
Questões conceituais de dinâmica também cargas elétricas em um campo elétrico.
estão presentes.

Um dos temas mais cobrado é o movimento circular, Os temas mais cobrados são movimento Os temas mais cobrados são transmissão de
que exige a interpretação de imagens e coleta de in- circular e aplicação das leis de Newton, movimento circular e aplicação das leis de
formações, com atenção às equações do movimento exigindo interpretação de imagens e Newton, exigindo interpretação de imagens e
circular e leis de Newton. coleta de informações, tendo atenção às coleta de informações
equações do movimento circular e inter-
pretação dos tipos de força
envolvidas.

A prova diferencia os tipos de força em um A prova tem uma grande variação de temas, A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas,
corpo, associando-as, às vezes, na transmissão porém, movimento circular aparece com temas, porém, movimento circular e porém, movimento circular e segunda lei de
de movimento, exigindo interpretação de ima- alguma frequência. segunda lei de Newton podem aparecer Newton aparecem com alguma frequência,
gens e coleta de informações, tendo atenção com alguma frequência. tendo atenção à manipulação das equações.
às leis de Newton.

UFMG

A prova tem uma grande variação de temas, A prova traz questões conceituais e A prova é bem objetiva e não há predomi-
porém, movimento circular e leis de Newton práticas, que exigem as leis de Newton nância de temas, porém, movimento circular e
aparecem com alguma frequência, com diferenciando os tipos de força envolvidas. segunda lei de Newton podem aparecer com
questões teóricas e que exigem um alto nível alguma frequência.
de manipulação nas equações.

A prova traz questões conceituais e práticas, A prova tem uma grande variação de temas, A interpretação das forças aplicadas em um
que exigem leis de Newton diferenciando os porém, segunda lei de Newton aparece com corpo e o estudo do movimento circular sem-
tipos de força envolvidas. alguma frequência, cobrando os tipos de força pre estão presentes na prova, com questões
envolvidas. que exigem interpretação de imagens.

5
AULAS CINEMÁTICA VETORIAL
17 E 18
COMPETÊNCIAS: 5e6 HABILIDADES: 17 e 20

1. VELOCIDADE VETORIAL
___
MÉDIA

Uma partícula tem velocidade vetorial constante se o módulo,
a direção e o sentido do vetor velocidade forem constantes.
O deslocamento vetorial d entre dois pontos ___› ___›quaisquer
(S1 e S2) é dado pela diferença dos vetores r1 e r2 :
___› ___› ___›
d = r2 – r1 Se uma partícula estiver realizando um movimento retilí-
neo uniforme variado e acelerado, apesar de a direção e o
sentido do vetor velocidade serem constantes, o módulo da
velocidade aumenta.

Assim, a velocidade vetorial é variável:


__› __› __›
v1 Þ v2 Þ v3

Considere___› que uma partícula realiza um deslocamento Exemplo:


vetorial d em um intervalo de tempo 't. Então, a veloci-
Considere o movimento de um automóvel em uma trajetó-
dade vetorial média da partícula, no intervalo de tempo
ria circular, como na figura a seguir, realizado com velocida-
Dt , é:
___› de escalar constante. Nesse caso, diz-se que o automóvel
____› d tem movimento circular e uniforme. Entretanto, o vetor
vm = ___
Dt velocidade do automóvel é variável. No esquema da figura
está representada
__› __› __›
a velocidade vetorial em três pontos da
Pelo fato de o__ valor de Dt ser sempre positivo, a___›direção e trajetória: v 1, v 2 e v 3.

o sentido de v m são iguais ao do deslocamento d (para ___› os
deslocamentos que não sejam nulos, isto é, para d difer-
ente de zero).

2. VELOCIDADE VETORIAL
INSTANTÂNEA
__›
A velocidade vetorial instantânea v é um vetor de
módulo igual à velocidade escalar instantânea, com dire-
ção tangente à trajetória no instante considerado. A figura
a seguir representa o deslocamento de uma partícula entre
os pontos A e B.__Na __posição X e Y, a velocidade vetorial
› ›
instantânea vale v x e v y, respectivamente.

6
O módulo da velocidade vetorial não se altera, isto é, a
velocidade escalar é constante: 4. ACELERAÇÃO VETORIAL MÉDIA
__ __ __
u v›1 u = u v›2 u = u v›3 u Considere
__› uma partícula que, no instante t1, tenha veloci-
__›
dade v 1, e, no instante t2, tenha velocidade vetorial v 2. A
A direção e o sentido da velocidade vetorial são__dife- aceleração vetorial ___média dessa partícula entre os instan-
› __› ›
rentes
__› ao longo do tempo e, portanto, os vetores v 1, v 2 tes t1 e t2 é o vetor a m, dado por:
e v 3 são diferentes: __› __›
__› __› __› ___› › __
v1 Þ v2 Þ v3 v2 – v1
Dv = ______
a m = ___
Dt t2 – t1

3. ACELERAÇÃO VETORIAL Aplicação do conteúdo


Sempre que existir uma aceleração vetorial, a velocidade
vetorial de um corpo vai variar. É o que ocorre, por exem- 1. Uma partícula percorre um trajeto circular com ve-
plo, no caso do movimento circular e uniforme. Foi visto locidade escalar constante de 6 m/s. A velocidade veto-
rial da partícula, nos instantes t1 e t2, está indicada na
que, embora a velocidade escalar se mantenha constante, figura a seguir. Calcule o módulo da aceleração vetorial
o mesmo não ocorre com a direção da velocidade veto- média entre os instantes t1 e t2.
rial. Na figura a seguir, supondo que a partícula tenha
movimento circular e uniforme:

__ __ Resolução:
uv›1 u = u v›2 u
A velocidade escalar é constante, então, o módulo da velo-
Assim, a aceleração escalar é nula, mas: cidade vetorial é constante:
__› __› __ __
(direção de v 1) Þ (direção de v 2) u v›1 u = u v›2 u = 6 m/s
Assim: __›
__› __› A variação de velocidade Dv é dada pela soma vetorial:
v1 Þ v2 __› __› __› __› __›
Dv = v 2 – v 1 = v 2 + (–v 1)
Portanto, no movimento circular e uniforme a aceleração
vetorial não é nula.

O módulo da variação pode ser obtido pelo teorema


de Pitágoras:
__ __ __
u Dv› u2 = u v›2 u2 + u- v›1u2 = (6)2 + (–6)2 = 2 · 36 Ÿ
__›
Ÿ u Dv u = 6dXX 2 m/s

Assim, o módulo da aceleração vetorial média é calculado


usando a seguinte relação:
multimídia: vídeo __›
u a› u = u Dvu ___
___
FONTE: YOUTUBE m Dt
Física Total - Aula 07 - vetor - Vetores considerando o intervalo de tempo:
e operações vetoriais
Dt = (7 s) – (4 s) = 3 s

7
__› ___›
Como Dt > 0, a direção e o sentido dos vetores Dv e a m aceleração centrípeta (acp). Como foi visto, o módulo
são iguais, como ilustrado pela figura a seguir: da velocidade não se altera, mas a aceleração centrípeta
modifica a direção e o sentido do vetor velocidade.
A direção da aceleração centrípeta é perpendicular ao vetor
velocidade e com sentido para o centro da circunferência.
O módulo da aceleração centrípeta é dado por:
__
ua m u = u D___
v u = ____
__› ›
6dXX
2 = 2dXX 2
2 m/s2 v ou a = v2R
acp = __
Dt 3 R cp

5. ACELERAÇÃO VETORIAL
TANGENCIAL E CENTRÍPETA
Há dois tipos de aceleração vetorial responsáveis por alter-
ar o vetor velocidade. A aceleração vetorial tangen-
cial altera o módulo e o sentido da velocidade vetorial. A
aceleração vetorial tangencial é sempre tangente ao vetor
velocidade. A outra aceleração vetorial altera a direção do __›
vetor velocidade e é denominada aceleração vetorial A velocidade v do ponto material é sempre tangente à tra-
centrípeta (ou normal). A aceleração vetorial centrípeta jetória descrita.
é sempre perpendicular (normal) ao vetor velocidade. Embora tenha módulo constante, varia em direção.
___›
total a é dado pela soma vetorial
Assim, o vetor aceleração ____ _____›

da aceleração tangencial at e a aceleração centrípeta acp :
___› ___› _____›
a = at + acp

Devido ao fato de as duas componentes serem ortogonais,


isto é, são perpendiculares entre si, o módulo da aceleração
total pode ser calculado pelo teorema de Pitágoras:

a2 = at2 + acp2

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
t
Prova visual da fórmula da aceleração centrípeta

Aplicação do conteúdo
1. Em determinado instante, o módulo da aceleração
vetorial de um corpo é de 25 m/s². Se, nesse instante, o
6. A ACELERAÇÃO CENTRÍPETA módulo da aceleração tangencial é de 20 m/s², calcule:
a) A aceleração centrípeta.
No movimento circular uniforme, o módulo da velocidade b) O módulo da velocidade nesse instante,
linear de uma partícula é sempre o mesmo. Desse modo, sabendo que o raio da curva é de 60 m.
o deslocamento angular (arco) percorrido pela partícula é
Resolução:
sempre o mesmo para intervalos de tempo iguais. Contudo, a) Usando a equação da aceleração total:
por se tratar de uma grandeza vetorial, a velocidade não é
constante, pois sentido e direção variam ao longo do tempo. a2 = at2 + acp2
Devido à varição do vetor velocidade de uma partícula, (25)2 = (20)2 + acp2
existe uma aceleração agindo sobre ele. No movimento acp2 = 225
circunferencial uniforme, essa aceleração é denominada acp = 15 m/s2

8
b) Lembrando a relação entre a aceleração centrípeta uma circunferência de raio 5,00 m. Considerando S = 3,14
e o módulo da velocidade: a distância percorrida e o módulo do vetor deslocamento
v2
acp = __ são, respectivamente, iguais a:
R
2
a) 15,70 m e 10,00 m. c) 15,70 m e 15,70 m.
v
15 = ___ b) 31,40 m e 10,00 m. d) 10,00 m e 15,70 m.
60
v = 30 m/s Resolução:

2. A velocidade, em m/s, A distância percorrida corresponde ao comprimento de meia volta.


__› de uma__› partícula
__› puntiforme
__› no
instante t é dada por v 0 = 1,0 i – 2,0j __+ 5,0k . Após
› __› dois
__› d = SR = 3,14 · 5 Ÿ d = 15,70 m.
segundos,
__› sua velocidade é dada por v 2 = 4,0i – 2,0j + __›
1,0k . No intervalo de tempo considerado, o módulo da O módulo do vetor deslocamento (|r |) corresponde ao
aceleração média, em m/s2, é: comprimento da seta ligando os pontos inicial e final, ou
a) 25,0. c) 1,0. seja, o próprio diâmetro.
__› __›
b) 5,0. d) 2,5. |r | = D = 2R = 2 · 5 Ÿ |r | = 10,00 m
Resolução: Alternativa A
Deve-se obter a variação da velocidade e calcular a velo-
cidade média: ___› ___›
____› v f – v0
vm = _____
Dt
__› __› __› __› __› __›
____› (4,0i – 2,0j + 1,0k ) – (1,0i – 2,0j + 5,0k )
vm = ________________________________
2s
__› __›
____›(3,0i – 4,0k )
vm = __________
2s
Assim, calcula-se o módulo da velocidade vetorial média:
____ (32 + 42)
u vm› u2 = _______
2
Obtendo:
multimídia: sites
____
u vm› u = __52 = 2,5 m/s www.colegioweb.com.br/cinematica-
vetorial/o-que-e-cinematica-vetorial.html
Então, a alternativa correta é a letra D. www.grupoescolar.com/pesquisa/
cinematica-vetorial.html
Alternativa D
efisica.if.usp.br/mecanica/universitario/
3. (G1 – IFSul) Uma partícula de certa massa movimen- cinematica_v/
ta-se sobre um plano horizontal, realizando meia volta em

VIVENCIANDO

A cinemática vetorial sintetiza a descrição de fenômenos cinéticos através de um espaço bidimensional. Velocidade e
aceleração são entidades geométricas, assim como qualquer grandeza vetorial. Sempre será possível criar um diagrama
vetorial para descrever adequadamente um evento cinemático. Os eventos cinemáticos estão presentes numa infinidade
de formas no cotidiano.
Centrípeto, do latim centripetus, é aquilo que atrai para o centro ou que se move em sua direção. A aceleração cen-
trípeta é a grandeza vetorial associada à mudança de direção da velocidade de um corpo que executa percurso de
tipo curvilíneo, seja ele uniforme ou não. Na máquina de lavar, na montanha-russa ou num brinquedo no parque de
diversão que executa um looping, a aceleração centrípeta está presente e pode ser descrita.

9
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Vetor era o nome dado pelos romanos para quem carregava algo. Trata-se da junção de duas palavras: veho (levar)
+ or (aquele que faz). Historicamente, o vetor sempre carrega algo, e nas ciências o vetor carrega informação. Entre-
tanto, os vetores que informam direção, sentido e valor de uma grandeza só surgiram no século XIX. Na forma visual
utilizada na Física, eles apareceram pela primeira vez no livro The Barycentric Calculus, escrito pelo matemático ale-
mão August Ferdinand Möbius (1790-1868), no qual são apresentados diretamente segmentos de reta, denotados
por letras do alfabeto.
Muitos matemáticos se dedicaram à tarefa de conceber números complexos como pontos no plano bidimensional,
ou seja, como vetores bidimensionais. Entre eles está Carl Friedrich Gauss (1777-1855), conhecido como “príncipe
da matemática”, que fez um uso crucial de números complexos representados como vetores para provar o teorema
fundamental da álgebra (1799).

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

Finalizando o estudo do movimento dos móveis e sendo requisitada novamente a habilidade 20, o aluno terá que
descrever o movimento dos móveis compreendendo o caráter vetorial. Assim, a compreensão do estudo do movi-
mento é dada em sua forma plena, e o aluno deverá utilizar todo o conhecimento acumulado até então.

Modelo
(Enem PPL 2017) Um longo trecho retilíneo de um rio tem um afluente perpendicular em sua margem esquerda, con-
forme mostra a figura. Observando de cima, um barco trafega com velocidade constante pelo afluente para entrar no
rio. Sabe-se que a velocidade da correnteza desse rio varia uniformemente, sendo muito pequena junto à margem e
máxima no meio. O barco entra no rio e é arrastado lateralmente pela correnteza, mas o navegador procura mantê-lo
sempre na direção perpendicular à correnteza do rio e o motor acionado com a mesma potência.

Pelas condições descritas, a trajetória que representa o movimento seguido pelo barco é:

10
c) e)
a)

b) d)

Análise expositiva - Habilidades 20: A componente vertical da trajetória do barco se mantém com velocidade
D constante, enquanto a componente horizontal vai perdendo intensidade a uma taxa constante ao longo do caminho.
Alternativa D

DIAGRAMA DE IDEIAS

CINEMÁTICA VETORIAL

VETORES DECOMPOSIÇÃO

ACELERAÇÃO VELOCIDADE POSIÇÃO

PERPENDICULAR MESMA DIREÇÃO VELOCIDADE DESLOCAMENTO


À VELOCIDADE DA VELOCIDADE LINEAR VETORIAL

ACELERAÇÃO ACELERAÇÃO VELOCIDADE DESLOCAMENTO


CENTRÍPEDA TANGENCIAL ANGULAR ESCALAR

11
AULAS MOVIMENTO CIRCULAR
19 E 20
COMPETÊNCIAS: 1, 2, 5 e 6 HABILIDADES: 1, 6,17 e 20

1. MEDIDAS DE ÂNGULOS igual a S. Se as medidas de S e R forem iguais, tem-se


u = 1 rad.
Durante uma corrida de automóveis em um autódromo, Assim, sendo u um ângulo expresso em radianos, vale a
a vibração toma conta dos espectadores ao observarem o relação: S = uR
carro de seu piloto preferido surgir no início da reta. Depois
de atravessar a reta, o carro desaparece e, momentos de- A partir da medida do arco de uma circunferência completa
pois, surge outra vez no início da reta. (S = 2pR), obtém-se a conversão de grau para radiano e
vice-versa:
Obviamente, os carros só reaparecem no início da reta
2pR = 2p rad, que equivale a 360°
u = ____
porque realizam algumas curvas durante seu trajeto. Des- R
sa maneira são conduzidos novamente para aquele ponto,
completando mais uma volta e iniciando a volta seguinte. Desse modo: 2p rad ; 360° e p rad ; 180°

2. DESLOCAMENTO ANGULAR E
VELOCIDADE ANGULAR NO M.C.U.
Uma partícula semove sobre uma circunferência de raio R
e , durante o intervalo de tempo 't, percorre o arco PQ ,
p

do ponto P ao ponto Q, de comprimento DS. O ângulo Du


é o deslocamento angular da partícula no intervalo de
tempo Dt.
ΔS
CORRIDA DA NASCAR, NA CALIFÓRNIA, EUA, 2010.

No estudo desses tipos de movimento, chamado de curvi-


líneo, as grandezas lineares não são suficientes. É necessá-
rio o tratamento matemático com grandezas angulares.
Para isso, será relembrada a relação entre arco e ângulo
medido em radianos (rad).

Assim, para Du expresso em radianos, o comprimento DS


S
e o deslocamento angular Du da partícula se relacionam
com o raio R da circunferência pela equação:

DS = Du · R

p
arco AB = __S
T = ______ Aplicação do conteúdo
Raio R p
1. Uma partícula percorre um arco PQ , que corresponde
Na figura anterior, as distâncias OA e OB possuem a mes- a um ângulo central Du = 60°, sobre uma circunferência
p
ma medida R, e o arco que liga os pontos A e B tem valor de raio R = 30 cm. Calcule o comprimento do arco PQ .

12
A velocidade angular média (Zm) da partícula é calcu-
lada de modo similar. Contudo, em vez de usar a distância
'S percorrida, o cálculo é realizado com a distância an-
gular Du. Assim, a velocidade angular média da partícula
durante o intervalo de tempo Dt é:
Du
vm = ___
Dt

2. Durante o intervalo de tempo Dt = 2 segundos, uma


partícula se desloca sobre uma circunferência, per-
p
correndo o arco PQ correspondente ao ângulo central
Du = 120°. Calcule a velocidade angular média da par-
Resolução: tícula nesse intervalo de tempo.

É preciso recordar a relação da geometria plana vista an-


teriormente:
180° ; p radianos ; p rad

Assim, calcula-se o deslocamento angular fazendo a se-


guinte regra de três:
180° p rad
60° x rad
p rad, isto é:
Ou seja: x = __
3 Resolução:
p rad
Du = 60º = __
3 Deve-se obter o valor do deslocamento angular em radianos:
Portanto, com 'T dado em radianos, calcula-se o compri-
180° p rad 2p rad
mento do arco: Ÿ x = ___
120° x rad 3
p (30 cm) = 10p cm
DS = (Du) · R = __
3 ( ) Assim:
Usando a aproximação p > 3,14, tem-se: 2p rad e Dt = 2 s
Du = ___
DS > 10(3,14) cm Ÿ DS > 31,4 cm 3
Portanto, a velocidade angular média é:
Na figura a seguir, uma partícula percorre o arco de circun-
p 2p rad
___
ferência PQ , de comprimento DS, no intervalo de tempo Du p rad/s
Dt. A velocidade escalar média da partícula é dada vm = ___ = 3
______ Ÿ vm = __
Dt 2s 3
pela razão entre o espaço percorrido e o intevalo de tempo:
Considerando Du dado em radianos, a velocidade média
linear e a velocidade média angular podem ser relaciona-
das por:
Ds = ______ = Du · R
(Du) · R ___
DS = (Du) · R Ÿ ___
Dt Dt ( )
Dt
Ou seja:
vm = v m · R

Da mesma forma que para a velocidade escalar média se


define a velocidade escalar instantânea, para a velocidade
angular média se define uma velocidade angular ins-
'S
vm = ___ tantânea (v). Em geral, as velocidades angulares média
't e instantânea são diferentes. Entretanto, no caso de movi-

13
mento uniforme, ou seja, com a velocidade angular instan-
tânea constante, tem-se Zm = Z. Para os valores instantâ- 4. PERÍODO E FREQUÊNCIA
neos, vale uma equação semelhante à equação anterior: A seguir, serão estudados dois conceitos bastante impor-
tantes na Física e que estão relacionados a fenômenos que
v=v·R
se repetem com a mesma regularidade. Os exemplos a
seguir ilustram alguns desses fenômenos:
3. Um disco gira em torno de um eixo que passa por seu ƒ a alternância entre o dia e a noite devido à rotação da
centro O, com velocidade angular v = 1,5 rad/s. A figura
Terra em torno do seu eixo;
indica a posição dos pontos A e B sobre o disco.
ƒ a alternância das estações do ano decorrentes do mo-
vimento de translação da Terra em torno do Sol;
ƒ a alternância das fases da Lua durante as semanas.
Em todas essas situações, e também em outras, ocorre uma
alternância regular de eventos. O intervalo de tempo gasto
para que o evento volte a se repetir é o período T.
Observe:

Sendo a = 4,0 cm, a distância do ponto O ao ponto A e b =


2,0 cm, a distância do ponto O ao ponto B, calcule:
a) A velocidade linear do ponto A.
b) A velocidade linear do ponto B.

Resolução:
a) O raio de trajetória do ponto A é a = 4,0 cm ILUSTRAÇÃO PRODUZIDA COM BASE EM ENCICLOPÉDIA DO ESTUDANTE:
CIÊNCIAS DA TERRA E DO UNIVERSO –
Assim: DA GEOLOGIA À EXPLORAÇÃO DO ESPAÇO. SÃO
PAULO: MODERNA, 2008. P. 241.
vA = v · R = v · a = (1,5 rad/s) (4,0 cm)
vA = 6,0 cm/s
b) O raio da trajetória do ponto B é b = 2,0 cm.

vB = v · R = v · b = (1,5 rad/s) (2,0 cm)


vB = 3,0 cm/s

A velocidade linear v também é denominada velocidade


escalar ou velocidade tangencial.

3. ACELERAÇÃO ANGULAR (Jm)


O quociente entre a variação da velocidade angular e o
intervalo de tempo gasto é a aceleração angular média. multimídia: sites
Jm = DZ
___(rad/s2) brasilescola.uol.com.br/fisica/movimento-
Dt
circular-uniforme-mcu.htm
Relação entre a e J: www.physicsclassroom.com/class/circles/
Dv = DZ.R (dividindo ambos os membros por Dt) Ÿ Lesson-1/Mathematics-of-Circular-
Motion
Ÿ Dv DZ· R Ÿ
___ = _____
Dt Dt a = J∙ R

14
ƒ O período de rotação da Terra em torno do seu próprio
eixo é de 23,93 h. 5. MOVIMENTO
ƒ O período de translação da Terra ao redor do Sol é de CIRCULAR UNIFORME
365,25 dias.
Por motivos de segurança, o movimento de uma roda-gi-
ƒ O período de revolução da Lua é de 27,32 dias. gante ocorre sem trancos e sem solavancos. A roda-gi-
Uma segunda grandeza, intimamente relacionada com o gante gira de modo uniforme, sem aumentar ou diminuir
período, é a frequência f. A frequência é definida como a velocidade da rotação, com exceção do início e do final
o número n de vezes que um evento se repete em um in- do movimento.
tervalo de tempo (por exemplo, um segundo, um minuto,
uma semana, etc):
n
f = __
't

Da definição de período, durante o intervalo corresponden-


te a um período, Dt = T, o evento se repete uma vez, isto é,
n = 1. Dessa forma, a frequência e o período são inversa-
mente proporcionais:
1 ou T = __
f = __ 1
T f

Qualquer unidade de tempo pode ser usada para o perío-


do. No SI, a unidade de tempo é o segundo. As unidades Esse movimento de giro constante também ocorre em di-
mais usuais de frequência são: rotações por segundo (rps), versas situações do cotidiado, como o movimento das pás
rotações por minuto (rpm) e rotações por hora (rph). No SI, de um ventilador, de um liquidificador ou de uma máquina
é usada a rps, que é denominada hertz (Hz). de lavar roupas.

VIVENCIANDO

Muitos objetos comuns no dia a dia executam


movimentos circulares uniformes. Na famosa vitro-
la ou toca-discos, os vinis giram com velocidades
constantes (33 ou 45 rotações por minuto), en-
quanto são tocados por uma agulha que percorre
as trilhas gravadas nos discos. O relógio de pon-
teiro também possui dois ponteiros que executam
movimentos com velocidades diferentes. Outros
diversos aparelhos realizam movimentos circulares
uniformes, como a máquina de lavar roupa e os
ventiladores. Os astros celestes e os satélites artifi-
ciais são outros exemplos, uma vez que percorrem
o espaço executando movimentos circulares.

15
Depois de iniciarem seu funcionamento, os dispositivos Considerando o instante inicial como t0 = 0, a partir da
mencionados executam um movimento circunferen- fórmula da velocidade angular, segue que:
cial uniforme (M.C.U.). O estudo desse tipo de movi- Du Ÿ
v = ___
mento é importante, pois é necessário nos projetos de di- Dt
versos equipamentos. Du = v · Dt Ÿ
Uma partícula realiza movimento circunferencial unifor- u – u0 = v · (t – t0) Ÿ
me se sua trajetória for uma circunferência e o movimen-
u = u0 + v · t
to for realizado com velocidade angular constante. Os
movimentos dos ponteiros de um relógio exemplificam Dessa forma, a posição angular u pode ser calculada para
perfeitamente esse tipo de movimento. A velocidade an- o instante de tempo t. Essa função horária angular do
gular do ponteiro dos minutos, por exemplo, pode ser cal- M.C.U. pode ser obtida a partir da função horária do MRU,
culada a partir do comprimento percorrido em uma volta dividindo-se todos os termos pelo raio R da circunferência:
completa igual a 2S radianos e o período T.
S = S0 + vt
S0 vt
__S = __ + __
R R R
u = u0 + v · t

6. ACELERAÇÃO DO M.C.U.
Como o movimento é circular e uniforme e possui velocida-
de tangencial constante (aT = 0), a aceleração resultante é
dada somente pela componente centrípeta.
v2 mas v = Z·R então a = a = Z2·R
a = aC = __
R C

O movimento dos ponteiros é periódico. O ponteiro dos


minutos passará novamente pela mesma indicação no re-
lógio depois de 60 minutos.
Du = 2p Du Ÿ v = ___
2p
v = ___
Dt = T Dt T

Sendo T = _1f Ÿ v = 2pf

A velocidade linear da extremidade do ponteiro pode ser cal-


culada se o valor do raio da trajetória circular for conhecido.
Sendo v = vR, tem-se: multimídia: vídeo
2pR ou v = 2pRf FONTE: YOUTUBE
v = ____
T Física - Relação entre a velocidade
angular e velocidade...
5.1. Função horária angular
A seguir, será determinada a função horária do movimento
circunferencial uniforme.
7. MOVIMENTO CIRCULAR
UNIFORMEMENTE VARIADO
Anteriormente foi analisado o caso em que um móvel des-
creve uma trajetória circular com velocidade angular cons-
tante. Entretanto, para o caso em que a velocidade varia
uniformemente, tem-se que:
v–v
Dv ______0
g = __Dt
=
t – t0

16
Em que g representa a aceleração angular. 3p = pt Ÿ t = 1,5 s
___
2
Fazendo t0 = 0
v = v0 + g · t 2. (Unicamp) Anemômetros são instrumentos usados
para medir a velocidade do vento. A sua construção
v + v0
Du = ______
Sendo vm = ___ , pode-se dizer que: mais conhecida é a proposta por Robinson em 1846,
Dt 2 que consiste em um rotor com quatro conchas hemisfé-
u = u0 + v0 · t + __1 · g · t2 ricas presas por hastes, conforme figura abaixo. Em um
2 anemômetro de Robinson ideal, a velocidade do vento
Assim como: é dada pela velocidade linear das conchas. Um anemô-
metro em que a distância entre as conchas e o centro
v2 = v02 + 2 · g · Du de rotação é r = 25 cm em um dia cuja velocidade do
vento é v = 18 km/h teria uma frequência de rotação de:
Aplicação do conteúdo
1. Uma moto percorre meia volta por segundo, em uma
trajetória circular com raio de 3 m. Sabendo que no
início da contagem dos tempos a moto se encontra na
origem dos arcos, determine:
a) a frequência e o período;
b) a velocidade angular do movimento;
c) a velocidade escalar linear;
d) o módulo da aceleração centrípeta;
e) as funções horárias do movimento sob as formas
linear e angular;
3p rad.
f) o tempo decorrido para descrever um ângulo de ___
2
Resolução:
a) Pela definição de frequência e período, tem-se:
1 volta
__
n
___
f= Ÿf= 2
______ 1 Hz
Ÿ f = __
Dt 1s 2 THE ROSINSON ANENOMETER

1 Ÿ T = __
1ŸT=2s Se necessário, considere S|3.
T = __
f 1
__ a) 3 rpm.
2 b) 200 rpm.
b) A velocidade angular é dada por:
c) 720 rpm.
1 Ÿ v = p rad/s
v = 2pf Ÿ v = 2p · __ d) 1200 rpm.
2
c) A velocidade linear é: Resolução:
v = vR = p · 3 = 3p Ÿ v = 3p m/s
Dados: v = 18 km/h = 5 m/s; r = 25 cm; S = 3
d) O módulo da aceleração centrípeta é dado por:
5
v = __________
v = 2 Srf Ÿ f = ____ 5
= ___
(3p)2 ___
v2 = _____
acp = __
2
= 9p = 3p2 Ÿ acp = 3p2 m/s2 2 Sr 2 ∙ 3 ∙ 0,25 1,5
R 3 3
5 ∙ 60 rmp Ÿf = 200 rpm
Hz = ___
e) 1,5
Forma linear: Forma angular:
Alternativa B
s = s0 + vt, u = u0 + Zt
como s0 = 0 e v como u0 = 0 rad e v = 3. (Uece) O ano de 2015 tem um segundo a mais. No
= 3S m/s = p rad/s dia 30 de junho de 2015, um segundo foi acrescido à
contagem de tempo de 2015. Isso ocorre porque a ve-
Substituindo-se: Substituindo-se:
locidade de rotação da Terra tem variações em relação
s = 0 + 3pt Ÿ u = 0 + pt Ÿ u = pt aos relógios atômicos que geram e mantêm a hora le-
s = 3pt gal. Assim, no dia 30 de junho, o relógio oficial registrou
a sequência: 23h 59min 59s - 23h 59min 60s para so-
3p rad
f) O tempo para descrever o ângulo Du = ___ mente então passar a 1º de julho. Como essa correção
2
será obtido pela função horária angular 'T = Z . t é feita no horário de Greenwich, no Brasil a correção

17
ocorreu às 21h, horário de Brasília. Isso significa que, centadas informações para algumas latitudes, sobre a
em média, a velocidade angular do planeta menor distância entre o eixo da Terra e um ponto P na
a) cresceu; superfície da Terra ao nível do mar, ou seja, R cos ) Con-
b) manteve-se constante e positiva; siderando que a Terra gira com uma velocidade angular
c) decresceu; ZT = S/12(rad/h), qual é, aproximadamente, a latitude de P
d) é sempre nula. quando a velocidade de P em relação ao centro da Terra se
aproxima numericamente da velocidade do som?
Resolução:
Dados: vsom = 340 m/s; S = 3.
Sabendo que as 24h contadas no relógio correspondem ao
tempo em que a terra completa uma volta em relação ao a) 0º.
sol e sabendo que: b) 20º.

Du c) 40º.
vm = ___
Dt d) 60º.
e) 80º.
Se foi acrescido 1 segundo no tempo total e o deslocamen-
to angular é o mesmo, logo a velocidade angular média Resolução:
decresceu. S rad/h. Para poder
Foi dado no enunciado que vT = ___
12
Alternativa C utilizar esse dado, é necessário fazer a conversão para uni-
dades do SI.
4. (Uece) Durante uma hora o ponteiro dos minutos de S rad/s
um relógio de parede executa um determinado deslo- vT = ________
12 · 3600
camento angular. Nesse intervalo de tempo, sua veloci-
dade angular, em graus/min é dada por: Para saber em qual latitude a Terra terá uma velocidade
igual a velocidade do som,
a) 360.
b) 36. v=v·R
340
v ________
R = __
Z=________
c) 6.
S
d) 1. 12 · 3600
Resolução:
R = 4896 km
Para uma volta completa, tem-se um deslocamento angu- Comparando com a ilustração fornecida no exercício, che-
lar de 2S radianos ou 360º. ga-se à conclusão de que esse fato será observado na La-
titude de 40º.
O tempo necessário para o ponteiro dar uma volta comple-
ta é de 60 minutos. Alternativa C
Assim:
Du = ___
v = ___ 360º
Dt 60 min

v = 6 graus/minuto.

Alternativa C
5. (Esc. Naval) Observe o gráfico a seguir.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Física Total - Aula 11 -
O gráfico da figura acima mostra a variação do raio da Introdução à cinemática angular
Terra (R) com a latitude () .Observe que foram acres-

18
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O movimento circular é qualquer deslocamento que se desenvolve numa trajetória que não se configure como uma
reta, uma vez que, de forma abstrata, qualquer curva pode ser aproximada para um trecho de uma circunferência.
Em geral, os movimentos circulares são descritos em circunferências, que são o conjunto de pontos situados em
um plano e equidistantes de um ponto fixo, denominado centro da circunferência. A razão entre o perímetro de um
círculo e o seu diâmetro produz o número π (pi).
No caso do π, a principal curiosidade é a obtenção de um valor constante, não importando o tamanho do círculo analisa-
do. As civilizações antigas exigiam valores calculados precisos para π, por razões práticas de construções de veículos e es-
truturas arquitetônicas. Os chineses conseguiram descobrir 7 dígitos do π no século 5 a.C. A primeira fórmula exata para π,
baseada em séries infinitas, foi desenvolvida muito tempo depois, no século XVII, por meio da série de Madhava-Leibniz:

π = __4 – __4 + __4 – __4 + __4 – ___


4 + ___
4 – ...
1 3 5 7 9 11 13

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A Habilidade 20 se faz presente na caracterização do movimento circular ou circunferencial. Relacionando com as gran-
dezas já definidas, como velocidade linear e aceleração tangencial, são apresentadas as grandezas velocidade angular e
aceleração centrípeta. O aluno passa a estudar os movimentos não retilíneos, sempre aplicados em situações cotidianas.

Modelo
(Enem) Um professor utiliza essa história em quadrinhos para discutir com os estudantes o movimento de satélites.
Nesse sentido, pede a eles que analisem o movimento do coelhinho, considerando o módulo da velocidade constante.

19
Desprezando a existência de forças dissipativas, o vetor aceleração tangencial do coelhinho, no terceiro quadrinho, é:
a) nulo.
b) paralelo a sua velocidade linear e no mesmo sentido.
c) paralelo a sua velocidade linear e no sentido oposto.
d) perpendicular a sua velocidade linear e dirigido para o centro da Terra.
e) perpendicular a sua velocidade linear e dirigido para fora da superfície da Terra.

Análise expositiva - Habilidades 20: Conceitualmente, o exercício possui alto nível de dificuldade. Apesar de
A trazer uma história em quadrinhos, o aluno deve conhecer e saber diferenciar as diferentes velocidades e
acelerações que o móvel possui.
Como o módulo da velocidade é constante, o movimento do coelhinho é circular uniforme, sendo nulo o
módulo da componente tangencial da aceleração no terceiro quadrinho.
Alternativa A

DIAGRAMA DE IDEIAS

DESLOCAMENTO
ANGULAR

VELOCIDADE
ANGULAR

CONSTANTE PERÍODO

VARIÁVEL

MCU FREQUÊNCIA

MCUV

20
AULAS TRANSMISSÃO DE MOVIMENTO CIRCULAR
21 E 22
COMPETÊNCIAS: 1, 2, 5 e 6 HABILIDADES: 1, 6,17 e 20

1. TRANSMISSÃO DE MOVIMENTO
CIRCULAR UNIFORME
Em geral, os motores possuem uma frequência de rotação
fixa. Entretanto, diversos sistemas girantes acionados por
esses motores precisam de frequências de rotação dife-
rentes daquela do motor. Dessa forma, para modificar as
frequências de rotação, são utilizadas diversas polias co-
nectadas por correias ou engrenagens.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Transmissão de Movimento Circular -
Questão ENEM 2013

Nos dois tipos de ligações, se não houver escorregamento


das polias ou engrenagens, a velocidade escalar de qual-
quer um dos pontos externos (periféricos) será igual à velo-
cidade escalar da correia, ou seja:
Por meio de uma ligação com uma correia, ou através do
contato direto, o movimento circular de uma polia ou en- vA = vB
grenagem pode ser transmitido para outra.
Assim, a partir da relação entre as velocidades linear e an-
gular (v = vR) e da relação entre a velocidade angular e a
frequência (v = 2pf), pode-se escrever:
vA = vB Ÿ
vAR A = vBRB Ÿ
2pfAR A = 2pfBRB Ÿ
CONTATO ENTRE RODAS OU ENGRENAGENS. NESSE CASO,
HÁ INVERSÃO DO SENTIDO DO MOVIMENTO. fAR A = fBRB

Essa relação mostra que a frequência e o raio são inversa-


mente proporcionais. Dessa forma, em um sistema acopla-
do, a roda de maior raio tem frequência menor.
Nota: A engrenagem é um elemento mecânico que serve
para imprimir torque e rotação. A engrenagem é uma roda
dentada (polia + dentes). Para as engrenagem, tem-se as
seguintes relações:
N N
LIGAÇÃO POR CORREIA. POLIAS E CORREIA SE MOVIMENTAM NO MESMO SENTIDO.
fA·NA = fB·NB ou __A = __B onde (N ... número de dentes)
RA RB

21
vãos Contudo, se as polias ou as engrenagens estiverem conecta-
dentes
das pelo mesmo eixo (polias coaxiais), ou seja, girarem fixa-
das em um mesmo eixo, a velocidade angular Z será igual.

POLIAS COAXIAIS.

ZA = ZB
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE Assim, a relação entre as frequências de rotação é:
Engrenagem, correia e eixo ZA = ZB Ÿ
(Vídeo 8.4 - Volume 1)
___ 2p Ÿ __
2p = ___ 1 = __

TA TB TA TB

Aplicação do conteúdo fA = fB

1. Duas polias são ligadas por uma corrente. A menor 2. Duas polias são conectadas por um mesmo eixo. Uma
tem raio de 10 cm e a maior tem raio de 15 cm, girando das polias tem raio de 10 cm, a outra tem raio de 15 cm
com frequência de 30 rpm. e gira com frequência de 30 rpm.
a) Qual é a frequência da polia menor? a) Qual é a frequência da polia menor?
b) Qual é a velocidade linear da polia maior? E da b) Qual é a velocidade linear da polia maior? E da
polia menor? polia menor?
Resolução: Resolução:
a) Pela fórmula da relação entre raio e a) Ambas as polias estão conectadas por um mesmo
frequência apresentada, tem-se: eixo e, portanto, ambas possuem a mesma velocidade
angular e também a mesma frequência. Assim, a po-
R A · fA = RB · fB Ÿ lia menor tem velocidade angular de 30 rpm.
10 · fA = 15 · 30 Ÿ b) Para a polia menor segue que:
fA = 45 rpm
vA = 2p · fA · R A Ÿ
b) Ambas as polias estão conectadas por uma vA = 2p · 0,5 Hz · 0,10 m Ÿ
corrente, portanto, ambas possuem a mesma
velocidade linear (igual a velocidade da corren-
VA = 0,1p m/s
te). Desse modo, a velocidade pode ser calculada
usando qualquer uma das polias. Assim, usando Para a polia maior:
os dados da polia menor e lembrando-se de
vB = 2p · fB · RB Ÿ
converter a frequência para o S.I., segue que:
vB = 2p · 0,5 Hz · 0,15 m Ÿ
vA = 2p · fA · R A Ÿ vB = 0,15p m/s
vA = 2p · 0,75 Hz · 0,10 m Ÿ
vA = 0,15p m/s 3. A figura abaixo mostra um sistema de polias. Os raios das
polias estão relacionados de modo que Rw = Ry = Rz = 1 __ R ,
e 2 x
e a polia W gira com frequência de 2 Hz. Qual é a frequ-
vB = 0,15p m/s ência de rotação da polia Z?

22
Resolução: vyRy = vzRz
2pfyRy = 2pfzRz
Da figura, tem-se:
fy = fz = 1 Hz
Assim, a frequência da polia Z é fz = 1 Hz.

4. (Unesp) Um pequeno motor a pilha é utilizado para


movimentar um carrinho de brinquedo. Um sistema
de engrenagens transforma a velocidade de rotação
desse motor na velocidade de rotação adequada às
rodas do carrinho. Esse sistema é formado por quatro
engrenagens, A,B, C e D, sendo que A está presa ao
eixo do motor, B e C estão presas a um segundo eixo e
a um terceiro eixo, no qual também estão presas duas
das quatro rodas do carrinho.

vw = vx Ÿ vw Rw = vxRx
vx = vy (polias com o mesmo eixo) Nessas condições, quando o motor girar com frequência
2pfwRw = 2pfxRx fM as duas rodas do carrinho girarão com frequência fR.
Sabendo que as engrenagens A e C possuem 8 dentes,
2pfx = 2pfy
que as engrenagens B e D possuem 24 dentes, que não
2 · __1 Rx = fxRx há escorregamento entre elas e que fM = 13,5 Hz, é correto
2
fx = fy afirmar que fR em Hz é igual a
a) 1,5.
fx = 1 Hz b) 3,0.
se fx = 1 Hz Ÿ fy = 1 Hz c) 2,0.
d) 1,0.
Como vy = vz e Ry = Rz, tem-se: e) 2,5.

VIVENCIANDO

A aplicação mais importante de transmissão de movimento no cotidiano está nas en-


grenagens e polias presente nos sistemas mecânicos, desde um simples relógio até mo-
tores e rotores de automóveis. As engrenagens operam aos pares, os dentes de uma se
intercalando com os espaços entre os dentes de outra. Caso o arranjo dos dentes não
seja circular, aparecerá uma variação entre as velocidades das engrenagens. A maioria
das engrenagens possui formato circular, o que permite o funcionamento preciso dos
mecanismos utilizados no dia a dia.
.

23
Resolução: 5. (Uece) Em uma obra de construção civil, uma carga
de tijolos é elevada com uso de uma corda que passa
Os raios das engrenagens (R) e os números de dentes (n) com velocidade constante de 13,5 m/s e sem deslizar
por duas polias de raios 27 cm e 54 cm. A razão entre a
são diretamente proporcionais. velocidade angular da polia grande e da polia menor é:
Assim: a) 3. c) 2/3.
b) 2. d) 1/2.
R n 8 __1
RA __
__ = C = n___A= ___ = Resolução:
RB RD B 24 3
A velocidade linear é a mesma para as duas polias.
A e B estão acopladas tangencialmente: ZG __ R 27 ZG __1
vG = vM Ÿ ZGRG = ZMRM Ÿ Z ___ = M = ___ Ÿ ŸZ ___ =
M R 54 M 2
vA = vB Ÿ 2 SfARA = 2 SfBRB Ÿ fARA = fBRB G

Alternativa D
R f
Mas: fA = fM Ÿ fMRA= fBRB Ÿ FB = fM __A = fM __1 Ÿ fB = __M
RB 3 3

B e C estão acopladas coaxialmente:

f
fC = fB = __M
3

C e D estão acopladas tangencialmente:

vC = vD Ÿ 2SfCRC = 2SfDRD Ÿ fCRC = fDRD

R f multimídia: sites
Mas: fD = fR Ÿ fCRC = fRRD Ÿ FR = fC __C = fR __M __1 Ÿ
RD 33
www.newtoncbraga.com.br/index.php/
f 110-mecatronica/robotica/12092-polias-e-
Ÿ fR = __M Ÿ
9 -engrenagens-mec189
osfundamentosdafisica.blogspot.com.
13,5
fR = ____ Ÿ fR = 1,5 Hz br/2013/06/cursos-do-blog-mecanica_24.html
9
pt.wikihow.com/Mudar-a-Marcha-de-uma-
Alternativa A -Bicicleta

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Parte importante de qualquer mecanismo que transfira movimento circular, a roda é uma das maiores invenções da
humanidade. A região de Ur, na Mesopotâmia, em 3500 a.C., é o local no tempo-espaço mais aceito como a primeira
representação de uma roda, que aparece como um artefato feito de madeira numa carroça. Com base em artefatos
encontrados por arqueólogos, aceita-se que os chineses teriam começado a usá-la em torno de 2000 a.C. Muitos sé-
culos depois, já na Idade Moderna, inovações no uso de materiais fizeram a invenção da roda adquirir novas funções
e ganhar eficiência, tornando-se um transporte mais acessível e veloz, contribuindo para transformar as primeiras
aglomerações humanas em cidades maiores, além de dinamizar as formas de geração de energia.

24
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos
1 em diferentes contextos.

A Habilidade 1 é trabalhada nessa aula, pois os movimentos são periódicos; grandezas como período e frequência
são fundamentais na caracterização da transmissão do movimento circular. Assim, é importante que o aluno saiba
como se dá a transmissão do movimento circular, quais são suas grandezas e como elas se relacionam.

Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos ou sistemas tecnológi-
6 cos de uso comum.

A Habilidade 6 se faz presente pois trata da leitura de manuais de instrução, fato necessário, por exemplo, para o
estudante relacionar as diferentes engrenagens numa bicicleta. O aluno deve ser capaz de identificar as informações
técnicas, a fim de compreender a situação-problema.

Modelo 1
(Enem) A invenção e o acoplamento entre engrenagens revolucionaram a ciência na época e propiciaram a invenção
de várias tecnologias, como os relógios. Ao construir um pequeno cronômetro, um relojoeiro usa o sistema de engre-
nagens mostrado. De acordo com a figura, um motor é ligado ao eixo e movimenta as engrenagens fazendo o pon-
teiro girar. A frequência do motor é de 18 rpm, e o número de dentes das engrenagens está apresentado no quadro.

engrenagem dentes
A 24
B 72
C 36
D 108

A frequência de giro do ponteiro, em rpm é:


a) 1.
b) 2.
c) 4.
d) 81.
e) 162.

25
Análise expositiva 1 - Habilidades 1: Excelente exercício do Enem, muito bem contextualizado. Cabe ao
B aluno interpretar a situação-problema e identificar as passagens matemáticas que o levarão à resposta
rapidamente.
No acoplamento coaxial, as frequências são iguais. No acoplamento tangencial, as frequências (f) são
inversamente proporcionais aos números (N) de dentes.
Assim:

A frequência do ponteiro é igual à da engrenagem D, ou seja, f = 2 rpm.


Alternativa B

Modelo 2
(Enem) Para serrar ossos e carnes congeladas, um açougueiro utiliza uma serra de fita que possui três polias e um
motor. O equipamento pode ser montado de duas formas diferentes, P e Q. Por questão de segurança, é necessário
que a serra possua menor velocidade linear.

Por qual montagem o açougueiro deve optar e qual a justificativa desta opção?
a) Q, pois as polias 1 e 3 giram com velocidades lineares iguais em pontos periféricos e a que tiver maior raio terá menor frequência.
b) Q, pois as polias 1 e 3 giram com frequências iguais e a que tiver maior raio terá menor velocidade linear em um ponto periférico.
c) P, pois as polias 2 e 3 giram com frequências diferentes e a que tiver maior raio terá menor velocidade linear em um
ponto periférico.
d) P, pois as polias 1 e 2 giram com diferentes velocidades lineares em pontos periféricos e a que tiver menor raio terá
maior frequência.
e) Q, pois as polias 2 e 3 giram com diferentes velocidades lineares em pontos periféricos e a que tiver maior raio terá
menor frequência.

Análise expositiva 2 - Habilidades 6: Desde a restruturação da prova do Enem, ano após ano a prova tem
N sido mais carregada conceitualmente e até mais carregada nas operações matemáticas. Esse exercício
exemplifica muito bem isso.
Para resolvê-lo, é preciso identificar que a velocidade linear da serra é igual à velocidade linear (v) de um
ponto periférico da polia à qual ela está acoplada.
No acoplamento tangencial, os pontos periféricos das polias têm mesma velocidade linear; já no acoplamento
coaxial (mesmo eixo), são iguais as velocidades angulares (Y), as frequências (f) e os períodos (T) de todos os
pontos das duas polias. Nesse caso, a velocidade linear é diretamente proporcional ao raio (v = Y R).

Na montagem P:
– Velocidade da polia do motor: v1.
– Velocidade linear da serra: v3P.

26
Alternativa A

DIAGRAMA DE IDEIAS

TRANSMISSÃO
DE MCU

EIXO CORREIA CONTATO

VELOCIDADE INVERSÃO DO
MESMO SENTIDO
ANGULARES IGUAIS MOVIMENTO

FREQUÊNCIAS
VELOCIDADES
IGUAIS
LINEARES DE
MESMO MÓDULO

27
AULAS INTRODUÇÃO ÀS LEIS DE NEWTON
23 E 24
COMPETÊNCIAS: 5e6 HABILIDADES: 17 e 20

1. AS LEIS DE NEWTON
Os estudos de dinâmica e de mecânica clássica se desen-
volveram baseados principalmente nos trabalhos de Isaac
Newton. Em 1687, foi publicada a obra Princípios Mate-
máticos da Filosofia Natural, que resume toda a descrição
da natureza do movimento em três leis que hoje são co-
nhecidas como as Leis de Newton.
É importante destacar que a construção da Física se
deve à contribuição de diversos cientistas e não de tra-
balhos individuais específicos. As Leis de Newton serão multimídia: vídeo
discutidas a seguir, contextualizadas em situações que
ocorrem no cotidiano. FONTE: YOUTUBE

Física - Primeira Lei de Newton (Khan Academy)

2. CONCEITOS PRELIMINARES
Inércia – Resistência que todo corpo material oferece à
modificação da sua velocidade. A inércia se manifesta pela
necessidade da ação de uma força para que a velocidade
se modifique em relação a um referencial, ou seja, para que
o móvel tenha uma aceleração diferente de zero.

Força – Grandeza física que se manifesta pela modifi-


cação que provoca na velocidade de um corpo ou causa
de formação. Quando o corpo não está sujeito a nenhu-
ma força, o seu movimento, num referencial determinado,
é uniforme (velocidade constante, nula ou não). Quando
uma força atua sobre o corpo, a sua velocidade é variável e
a sua aceleração é diferente de zero.

3. LEI DA INÉRCIA
ISAAC NEWTON (1643-1727) A primeira Lei de Newton no movimento foi enunciada da
seguinte maneira:
Até aqui foi estudado o movimento de um móvel, mas sem
que fosse enfatizada a causa do movimento (ou de sua
alteração). Desde o início do curso, tem sido estudado o Todo corpo em estado de repouso ou de movimento
ramo da mecânica denominado cinemática. Agora, será retilíneo uniforme permanece nesse estado até que
analisado o motivo de um móvel estar em movimento (ou seja forçado a mudar seu estado por forças que atu-
de alterá-lo). As leis de Newton pertencem ao ramo da me- am sobre ele.
cânica que denominado dinâmica.

28
Assim, um corpo que esteja inicialmente em repouso entra- Caso o ônibus estivesse inicialmente em repouso, ocorreria
rá em movimento caso atue sobre ele uma força não nula. um efeito semelhante. Se o ônibus arrancasse e saísse em
Entretanto, caso sejam retiradas repentinamente todas as movimento acelerado, a sensação dos passageiros seria
forças que atuam em um corpo em movimento, o corpo a de serem “jogados” para trás, assim como na imagem
entrará em movimento retilíneo e uniforme até que alguma anterior (direita). Novamente, pela inércia dos corpos, os
força volte a atuar sobre ele. A ideia de que um corpo per- passageiros “tentariam” se manter em repouso em relação
ao solo, opondo-se à mudança de estado.
manecerá eternamente em movimento retilíneo uniforme é
estranha, pois essa situação não é observada no cotidiano,
uma vez que os eventos estão sujeitos às forças de resis- 3.2. Exemplo 2
tência ao movimento. Por outro lado, isso é válido para cor- Quando um automóvel inicia uma curva, os passageiros
pos em movimento na imensidão do espaço, em locais onde têm a sensação de serem forçados para fora do carro, o
não há influência gravitacional de outros corpos. que de fato aconteceria, caso a porta estivesse aberta e os
A inércia foi definida por Newton como “um poder de passageiros sem a proteção do cinto de segurança. Entre-
resistir, através do qual todo corpo, estando em um deter- tanto, não existe nenhuma força empurrando os passagei-
minado estado, manterá esse estado, seja ele de repouso ros para fora. Os corpos resistem durante a curva porque,
ou de movimento retilíneo uniforme”. A inércia de um cor- segundo a Lei da Inércia, tendem a continuar em movi-
po será maior quanto mais difícil for alterar seu estado de mento retilíneo uniforme.
movimento. A afirmativa acima, chamada de Primeira Lei
de Newton, também é conhecida como Lei da Inércia.

3.1. Exemplo 1
Considere um ônibus em movimento com velocidade cons-
tante e em linha reta. Apesar de estarem em repouso em
relação ao onibus, os passageiros estão em movimento re-
tilíneo uniforme em relação ao solo. Ao freiar bruscamen-
te, os passageiros se sentem “empurrados” para a frente, Uma situação no qual um corpo seja completamen-
como na figura a seguir (esquerda). Esse empurrão ocorre te livre da ação de forças é praticamente impossível.
por causa da tendência dos corpos de continuarem no Contudo, existem situações em que os efeitos de forças
mesmo estado de movimento, isto é, por causa da inércia atuantes sobre um corpo são cancelados mutuamente.
dos corpos.

4. SEGUNDA LEI DE NEWTON


OU PRINCÍPIO FUNDAMENTAL
DA DINÂMICA
Verificou-se experimentalmente que a aceleração causada
por uma mesma força atuando sobre corpos com massas
diferentes não é igual. Por exemplo, uma mesma força pro-
voca uma aceleração maior em uma bicicleta do que em
um automóvel. Dessa forma, quanto maior for a massa de
um corpo, mais força seránecessária para produzir determi-
nada aceleração.

29
A situação será anlisada a partir das seguintes experiências: O produto da massa pela aceleração é igual a valor cons-
__› __› __›
tante igual ao módulo da força aplicada.
Na figura acima, as forças resultantes F 1, F 2, ..., F n atuam
sobre o___mesmo corpo
___› e produzem, respectivamente, acele- Em consequência, o valor da constante k é a medida da
› ___›
rações a 1, a 2, ..., a n. resistência do corpo ao ser acelerado, ou seja, uma medida
de sua inércia. A constante k é denominada massa iner-
Calculando a razão entre a intensidade de cada força e a
cial do corpo (k = m).
respectiva aceleração, obtém-se:
F1 __
__ F2 Fn
__ __F Essas duas experiências estabelecem a Segunda Lei de
=
a1 a2 = ... = an = k Ÿ a = k Ÿ ka = F Newton: o Princípio Fundamental da Dinâmica:
Assim, a aceleração do corpo duplica quando o módulo da
força resultante é duplicado. Se o módulo da força resul- A aceleração de um corpo é diretamente proporcional
tante for triplicado, a aceleração também será duplicada.
à força resultante que atua sobre ele, inversamente
Portanto, se a massa de um corpo é constante, a acelera- proporcional à sua massa e tem a mesma direção e o
ção e o módulo da força resultante são diretamente pro- mesmo sentido da força resultante.
porcionais e têm a mesma direção e sentido.
__› Na figura a seguir, a força resultan-
te F atua em corpos com massas diferentes.
A Segunda Lei de Newton é expressa pela relação:
__› ___›
FR = m · a

a
m FR
Nesse caso, a aceleração do corpo cai pela metade ao du-
plicar a massa m do corpo. Se a massa for três vezes maior,
a aceleração será de um terço (1/3) da aceleração obtida
pela massa m. Considerando apenas os módulos:
Assim, se o módulo da força resultante é constante, a mas-
sa e a aceleração do corpo são inversamente proporcio- FR = m · a
nais, ou seja, a aceleração é menor quanto maior é a massa
do corpo: Em que:

m1a1 = m2a2 = ... = mnan = F ƒ FR: módulo da força resultante que atua sobre o corpo;
ƒ m: massa do corpo;
ƒ a: módulo da aceleração do corpo.
A unidade de força no SI é o Newton (N). O valor de 1 N
corresponde à força necessária para acelerar uma massa
de 1 kg a 1 m/s2.

F = ma Ÿ 1 N = 1 kg · 1 m/s2

4.1. Exemplo 3
multimídia: vídeo Paulo e Francisco aplicam forças de 3 N e 4 N sobre uma
caixa de 50 kg em repouso sobre um chão liso. O que ocor-
FONTE: YOUTUBE re com a caixa?
Física - Segunda Lei de Newton
(Khan Academy) A resposta depende da direção e do sentido das forças so-
bre a caixa.

30
VIVENCIANDO

As leis da física newtoniana estão presentes no dia a dia. Automóveis e outros transportes motorizados são ótimos
exemplos das aplicações da física newtoniana, nos ganhos e perdas de velocidade, com a utilização de acelerador
e/ou freios. Quando um passageiro é jogado para trás no momento em que o ônibus acelera, é possível observar a
inércia atuando.

Da mesmo modo, numa prova típica, um dos cavalos se recusa a pular


um dos obstáculos. Considerando a inércia, o cavaleiro será arremessado
para frente. Outras demonstrações da aplicabilidade da física newtoniana
são encontradas no espaço, onde os satélites orbitam ao redor da Terra
sem o auxílio de propulsores, deslocando-se por inércia. A construção
civil também aplica os conceitos da física newtoniana, possibilitando, por
exemplo, a construção de enormes edifícios.

Se as forças tiveram a mesma direção e o mesmo sentido, FR = ma Ÿ 1 = 50a Ÿ a = 0,02 m/s2


o módulo da força resultante será:
Nesse caso, o resultado seria o mesmo se houvesse apenas
FR = 4 + 3 Ÿ FR = 7 N uma força de 1 N atuando sobre a caixa na direção hori-
zontal, da esquerda para a direita. A aceleração, novamen-
te, tem mesma direção e sentido, nesse caso, horizontal e
da esquerda para a direita.
Entretanto, se os sentidos das forças forem invertidos, man-
tendo a direção horizontal, o módulo da força resultante
Pela Segunda Lei de Newton é possível obter a aceleração passa a ser de – 1 N. Nesse caso, o módulo da aceleração
do corpo: ainda tem o mesmo valor, 0,02 m/s2, mas o sentido passa a
ser da direita para esquerda (igual ao da força resultante).
FR = ma Ÿ 7 = 50a Ÿ a = 0,14 m/s2

Esse resultado seria o mesmo caso houvesse apenas uma


força de 7 N atuando sobre a caixa, na direção horizontal,
da esquerda para a direita. A direção e o sentido da acele-
ração são iguais aos da força resultante.
Se as forças forem aplicadas sobre a caixa na mesma di-
reção, mas em sentidos opostos, o módulo da resultante
será:

multimídia: vídeo
FR = 4 – 3 Ÿ FR = 1 N FONTE: YOUTUBE
Telecurso 2000 - Aula 08/50 - Física -
Novamente, pela Segunda Lei de Newton, obtém-se a Leis de Newton
aceleração:

31
Aplicação do conteúdo
1. Em uma superfície lisa e horizontal, um corpo de
massa 4 kg move-se com velocidade de 12 m/s. Em
Caso as direções das forças aplicadas formem um ângulo determinado momento, uma força constante de 2 N
atua sobre o corpo, em sentido contrário à velocidade,
de 30°, por exemplo, o módulo da força resultante deverá retardando o movimento. Quanto tempo o corpo leva
ser obtido usando-se a lei dos cossenos modificada. para parar?

A partir da 2.ª Lei de Newton, obtém-se a aceleração do corpo:

F = ma Ÿ – 2 = 4 · a Ÿ a = – 0,5 m/s2

Para obter o tempo que o corpo leva para parar, é utilizada


a equação horária da velocidade, sabendo que a velocida-
de final é nula:

v = v0 + at Ÿ 0 = 12 – 0,5 t Ÿ t = 24 s

Assim, o corpo leva 24 s para parar.


2. Um barco de 100 kg, conduzido por um velejador
com massa de 60 kg, partindo do repouso, se desloca
__________________
FR = √ F21 + F22 + 2F1F2 · cos 30º Ÿ sob a ação do vento em movimento uniformemente
acelerado, até atingir a velocidade de 18 km/h. A par-
___________________________ tir desse instante, a velocidade permanece constan-
FR = √42 + 32 + 2 · 4 · 3 · 0,87 Ÿ te. Se o barco percorreu 25 m em movimento unifor-
memente acelerado, qual é o valor da força aplicada
FR > 6,77 N sobre o barco? Despreze resistências ao movimento
sobre o barco.
Pela 2.ª Lei de Newton, tem-se:

FR = ma Ÿ 6,77 = 50a Ÿ a > 0,135 m/s2

Do enunciado, sabe-se que a velocidade inicial v0 do barco


é nula, e, após percorrer 25 m (DS = 25 m), a velocidade é
de 18 km/h (v = 18 km/h = 5 m/s). Assim, pode-se obter a
aceleração pela equação de Torricelli:

Assim, a resultante das forças que agem sobre um corpo é v2 = v20 + 2 · a · DS Ÿ 52 = 02 + 2 · a · 25 Ÿ 25 = 50 · a


a soma vetorial de todas as forças aplicadas sobre o corpo. Ÿ a = 0,5 m/s2
Apesar de serem, em geral, diferentes, o efeito de todas as
forças é o mesmo que o da força resultante. Pela 2.ª Lei de Newton, calcula-se o valor da força
__›
Então, a força resultante F R ou simplesmente resultan- aplicada ao barco, considerando a massa total do
te é expressa por: conjunto (massa do barco e do velejador) igual a 160
__› __› __› __› kg (100 kg + 60 kg):
F R = F 1 + F 2 + ... F n
FR = ma Ÿ FR = 160 · 0,5 Ÿ FR = 80 N

32
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Galileu Galilei, considerado o primeiro físico no sentido moderno, foi um dos primeiros cientistas a reconhecer a
matemática como ferramenta principal para descrição dos fenômenos naturais. No entanto, foi Newton que sinteti-
zou em sua famosa obra, Princípios matemáticos da filosofia natural (1687), as duas grandes correntes metodológi-
cas da ciência moderna: a matematização e a experimentação. Newton acreditava que a natureza agia de modo a
simplificar ao máximo as suas ações. Nesse sentido, as consequências naturais teriam o mínimo de causas possíveis
e o Universo seria como uma máquina que está constantemente em funcionamento. Esse foi um importante passo
para a filosofia, por fundamentar a ciência que iria influenciar os pensadores iluministas.

5. A TERCEIRA LEI DE NEWTON Em determinado instante,__›o menino A começa a puxar a


corda e aplica uma força F 1 no menino B, mas os dois se
Observe a situação ilustrada nas figuras a seguir: aproximam.__› Isso significa que A está sofrendo a ação de
uma força F 2 aplicada pelo menino B. Como __› no__› exemplo
anterior, o módulo dessas forças é igual: u F 1 u = u F 2 u.

5.1. Resumindo __›


Se um__›corpo A exerce uma força F 1 sobre um corpo B, uma
força F 2 será exercida de B sobre A, de modo que:

A princípio (figura da esquerda), um menino está em re- __› __›


pouso sobre um carrinho. Considere que o carrinho pode ƒ F 1 e F 2 têm a mesma direção;
__› __›
se mover sem ação da resistência do solo. Ao lançar a bola ƒ F 1 e F 2 têm sentidos opostos;
que segura nas mãos (figura da direita), o carrinho e o me- __› __› __› __›
ƒ F 1 e F 2 têm o mesmo módulo: u F 1 u = u F 2 u.
nino adquirem um movimento oposto ao sentido da bola
que foi lançada. Portanto, vetorialmente:
__› __› __›
Assim, uma força F 1 foi aplicada sobre
__› a bola pelo menino, F1 = – F2
e, ao mesmo tempo, uma força F 2 em sentido oposto foi
aplicada pela bola ao menino. Essa é a Terceira Lei de Newton, que ficou conhecida como
Lei da
__› Ação
__› e Reação. Contudo, qualquer uma das for-
As duas forças têm o mesmo módulo:
__› __› __› __› ças (F 1 ou F 2) pode ser chamada de ação ou de reação, pois
uF1 u = uF2u e F1 = – F2 as duas forças atuam ao mesmo tempo.
A definição dada por Newton para a Lei da Ação e Reação
Observe agora o exemplo da figura a seguir. Considere no-
foi a seguinte:
vamente que não existe resistência do chão ao movimento
do carrinho.
Para toda ação existe uma reação igual e oposta, ou
as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são
iguais e dirigidas a partes opostas.

Afirma-se que um corpo está em equilíbrio dinâmico quan-


do sua aceleração é e continuará nula, implicando que a

33
força resultante, ou seja, o somatório de todas as forças dos no Brasil. Utilizando os conceitos da Primeira Lei de
que atuam sobre um corpo, seja nula. Newton, de impulso de uma força e variação da quanti-
dade de movimento, analise as proposições.
É possível classificar as forças em dois tipos: força de con-
I. O airbag aumenta o impulso da força média atuante
tato e força de ação à distância. sobre o ocupante do carro na colisão com o painel, au-
Forças de contato são aquelas em que, vistas de modo ma- mentando a quantidade de movimento do ocupante.
II. O airbag aumenta o tempo da colisão do ocupante
croscópico, os corpos estão literalmente em contato. Por
do carro com o painel, diminuindo assim a força mé-
exemplo, um garoto que chuta uma bola faz com que a dia atuante sobre ele mesmo na colisão.
bola altere seu estado de movimento aplicando-lhe uma III. O cinto de segurança impede que o ocupante do
força não nula. Existe contato entre as superfícies, isto é, carro, em uma colisão, continue se deslocando com
entre o garoto e a bola. um movimento retilíneo uniforme.
IV. O cinto de segurança desacelera o ocupante do
Forças de ação à distância, como o próprio nome sugere, carro em uma colisão, aumentando a quantidade de
atuam sem que haja contato entre as superfícies dos cor- movimento do ocupante.
pos. As forças desse tipo estão relacionadas à existência de
Assinale a alternativa correta.
campos de força. A força elétrica de atração ou repulsão
a) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
entre cargas elétricas é um exemplo desse grupo de forças.
b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
Outro modo de classificação das forças em relação a um c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
sistema consiste em verificar se a força é externa ou inter- d) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
na. Se externa, a força é motivada pela ação de um corpo e) Todas as afirmativas são verdadeiras.
externo ao sistema; se interna, é motivada por interações Resolução:
entre corpos que compõem o sistema.
I. Falsa. O airbag reduz a força média sobre o corpo
do ocupante do carro durante a colisão com o painel,
Aplicação do conteúdo pois aumenta o tempo de contato entre o sistema
corpo-airbag. O impulso permanece o mesmo, que
1. (Uece) Um trem, durante os primeiros minutos de sua equivale à diferença de quantidade de movimento.
partida, tem o módulo de sua velocidade dado por v =
II. Verdadeira.
2t, em que t é o tempo em segundos e v a velocidade
em m/s. Considerando que um dos vagões tenha massa III. Verdadeira.
3 · 103 kg, qual o módulo da força resultante sobre esse IV. Falsa. O cinto de segurança prende o passageiro
vagão, em newtons? ao banco evitando que o movimento do seu corpo
continue por inércia após o choque. A aceleração e a
a) 3.000. variação da quantidade de movimento dos ocupantes
b) 6.000. que utilizam o cinto de segurança serão as mesmas
c) 1.500. sofridas pelo automóvel no momento do acidente.
d) 30.000.
Alternativa B
Resolução:
3. (PUC-RJ) Duas forças perpendiculares entre si e de mó-
Sabendo que a massa do vagão a ser analisado é de 3.000 dulo 3,0 N e 4,0 N atuam sobre um objeto de massa 10 kg.
kg e que a velocidade é dada como uma função em relação Qual é o módulo da aceleração resultante no objeto, em m/s2?
ao tempo, v = 2t, existem duas soluções possíveis.
a) 0,13. d) 2,0.
Por comparação com a Função Horária da Velocidade: b) 0,36. e) 5,6.
v = v0 + a · t c) 0,50.
v=2·t
Resolução:
Disso, pode-se concluir que:
v0 = 0 m/s e a = 2 m/s2
Assim:
F = m · a = 3.000 · 2
F = 6.000 N
Alternativa B De acordo com o Teorema de Pitágoras, obtém-se a força
resultante sobre o corpo:
2. (Udesc) O airbag e o cinto de segurança são itens de ______ ___
segurança presentes em todos os carros novos fabrica- FR = √32 + 42 = √25 = 5 N

34
E com a força resultante e a massa, usando a 2.ª Lei de Resolução:
Newton, obtém-se a aceleração:
A 3.ª Lei de Newton é também chamada de Lei da Ação e
FR
FR = m · a Ÿa = __
m
Reação. Ela relaciona as forças de contato, tração em cordas
e demais forças de reação que surgem de uma ação, de igual
5 N = 0,50 m/s2
a = _____
10 kg intensidade e direção da ação, mas de sentido contrário, for-
Alternativa C ças sempre aplicadas em corpos diferentes e que, portanto,
não se anulam quando analisadas nos corpos isolados.
4. (Udesc) Com relação às Leis de Newton, analise as
proposições. Alternativa E
I. Quando um corpo exerce força sobre o outro, este Texto para a próxima questão:
reage sobre o primeiro com uma força de mesma in-
tensidade, mesma direção e mesmo sentido. Estudando-se o movimento de um objeto de massa 2 kg,
II. A resultante das forças que atuam em um corpo de obteve-se o gráfico velocidade x tempo a seguir. A veloci-
massa é proporcional à aceleração que este corpo adquire. dade está em m/s e o tempo, em segundo.
III. Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou
de movimento retilíneo uniforme, a menos que uma for-
ça resultante, agindo sobre ele, altere a sua velocidade.
IV. A intensidade, a direção e o sentido da força resultan-
te agindo em um corpo são iguais à intensidade, à dire-
ção e ao sentido da aceleração que este corpo adquire.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
6. (PUC-MG) Entre os instantes t = 0,4 s e t = 0,8 s o
d) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
módulo da força resultante sobre o objeto foi aproxi-
e) Todas afirmativas são verdadeiras. madamente de:
Resolução: a) 2,0 N. c) 0,2 N.
b) 1,5 N. d) 0,8 N.
Analisando as alternativas, segue que: Resolução:
I. INCORRETA. Princípio da ação e reação (3.ª Lei de
Newton). O sentido da força de reação é oposto ao 'v = 2 · ________
F = m · a = m ___
(0,4 – 0,8)
= –2 N
sentido da força de ação. 't (0,8 – 0,4)
II. CORRETA. Pela 2.ª Lei de Newton, tem-se que a força re-
Alternativa A
sultante é proporcional à aceleração do corpo de massa m.
III. CORRETA. 1.ª Lei de Newton (Princípio da Inércia).
Um corpo que está em repouso ou em MRU tende a
permanecer nessa situação até que uma força resul-
tante não nula atue sobre o corpo.
IV. INCORRETA. A força resultante tem mesma dire-
ção e sentido da aceleração, não necessariamente o
mesmo módulo.

Alternativa D
5. (Unisc) Qual dessas expressões melhor define uma
das leis de Newton?
a) Todo corpo mergulhado num líquido desloca um multimídia: sites
volume igual ao seu peso.
b) A força gravitacional é definida como a força que educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/dina-
atua num corpo de massa. mica-as-leis-de-newton.htm
c) O somatório das forças que atuam num corpo é luznafisica.wikidot.com/leis-de-newton-for-
sempre igual ao peso do corpo. ca-e-movimento
d) A força de atrito é igual ao produto da massa de mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/forca-
um corpo pela sua aceleração. -movimento.htm
e) A toda ação existe uma reação.

35
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A partir dessa aula, o aluno, além de caracterizar o movimento, passará a descrevê-lo e a definir suas causas. Nesse
sentido, o conceito de força é peça fundamental, pois é ela a causadora da mudança do estado de movimento,
estando o corpo parado inicialmente ou em movimento retilíneo uniforme. As leis de Newton são peças essenciais
para a compreensão plena das causa da alteração do estado de movimento de um corpo. Nesse contexto, é aplicada
a Habilidade 20, caracterizando a causa do movimento dos corpos terrestres ou celestes.

Modelo 1
(Enem) No dia 27 de junho de 2011, o asteroide 2011-MD, com cerca de 10 m de diâmetro, passou a 12 mil quilômet-
ros do planeta Terra, uma distância menor do que a órbita de um satélite. A trajetória do asteroide é apresentada:

A explicação física para a trajetória descrita é o fato de o asteroide:


a) deslocar-se em um local onde a resistência do ar é nula;
b) deslocar-se em um ambiente onde não há interação gravitacional;
c) sofrer a ação de uma força resultante no mesmo sentido de sua velocidade;
d) sofrer a ação de uma força gravitacional resultante no sentido contrário ao de sua velocidade;
e) estar sob a ação de uma força resultante, cuja direção é diferente da direção de sua velocidade.

Análise expositiva 1 - Habilidade 20: Exercício de rápida resolução para o aluno que possui conhecimentos
E mínimos em dinâmica. Ao analisar a trajetória do asteroide, o estudante deve perceber qual é a causa que
explica o movimento do mesmo.
Quando a força resultante tem a mesma direção da velocidade, o movimento é retilíneo, podendo ser ace-
lerado ou retardado, de acordo com os sentidos de ambas as grandezas.
No trecho em que o movimento é curvilíneo, há a componente centrípeta, não tendo a força resultante a
mesma direção da velocidade.
Alternativa E

36
Modelo 2
(Enem) Em 1543, Nicolau Copérnico publicou um livro revolucionário em que propunha a Terra girando em torno
do seu próprio eixo e rodando em torno do Sol. Isso contraria a concepção aristotélica, que acredita que a Terra é
o centro do universo. Para os aristotélicos, se a Terra gira do oeste para o leste, coisas como nuvens e pássaros, que
não estão presas à Terra, pareceriam estar sempre se movendo do leste para o oeste, justamente como o Sol. Mas
foi Galileu Galilei que, em 1632, baseando-se em experiências, rebateu a crítica aristotélica, confirmando assim o
sistema de Copérnico. Seu argumento, adaptado para a nossa época, é se uma pessoa, dentro de um vagão de trem
em repouso, solta uma bola, ela cai junto a seus pés. Mas se o vagão estiver se movendo com velocidade constante, a
bola também cai junto a seus pés. Isto porque a bola, enquanto cai, continua a compartilhar do movimento do vagão.

O princípio físico usado por Galileu para rebater o argumento aristotélico foi:
a) a lei da inércia;
b) de ação e reação;
c) a segunda lei de Newton;
d) a conservação da energia;
e) o princípio da equivalência.

Análise expositiva 2 - Habilidade 20: Exercício de baixa dificuldade, mas que requer do estudante conhecimento
A do assunto em questão, não sendo possível inferir somente da interpretação do texto base a resposta correta.
A Lei de Inércia afirma que um corpo tende sempre a manter seu estado de movimento ou de repouso (man-
terá se a resultante das forças sobre ele for nula). No caso da bola solta dentro do vagão, a resultante das
forças horizontais é nula, então, por inércia, ela mantém a componente horizontal de sua velocidade, caindo
junto aos pés da pessoa.
Alternativa A

DIAGRAMA DE IDEIAS

LEIS DE NEWTON

PRÍNCIPIO DA PRINCÍPIO PRINCÍPIO


AÇÃO E REAÇÃO FUNDAMENTAL DA INÉRCIA

EQUILÍBRIO ESTÁTICO
F1 = -F2 FR = m ∙ a
OU DINÂMICO

37
AULAS FORÇAS PESO, NORMAL E DE
25 E 26 TRAÇÃO E SISTEMA DE CORPOS

COMPETÊNCIAS: 5e6 HABILIDADES: 17 e 20

1. PESO DE UM CORPO
De acordo com a segunda Lei de Newton, um corpo em g
aceleração sofre ação de uma força. Um objeto abando-
nado próximo à Terra cai com movimento acelerado, o que P
indica que uma força age sobre o corpo. Essa força de atra- Solo
ção causada pela Terra sobre o corpo ___› é denominada peso
do corpo e é representada por P . A direção da força-peso A aceleração do corpo durante a queda e a aceleração da
é a reta que passa pelo centro da Terra e pelo centro do gravidade, cujo módulo é g, são aproximadamente cons-
corpo,___› com sentido para o centro
___› da Terra. Na figura a se- tantes; aplicando a segunda Lei de Newton:
guir, P A é o peso do corpo A, e P B é o peso do corpo B. ___› ___›
F = m ˜ a___
___
A › ›
P =m˜g
Observe que, na equação anterior, foi considerada a acele-
B
PA ração da gravidade vetorialmente. Em módulo:

P=m.g
PB

O valor de g depende da altitude e da localização na Terra.


O conceito de peso também é estendido para outros pla-
netas e para a Lua. O valor de g, próximo da superfície de
cada planeta ou da Lua, não é o mesmo.
Terra

___› ___› É comum as palavras “peso” e “massa” serem usa-


Como é possível observar na figura, P A e P B têm direções das como sinônimos. Por exemplo, quando alguém
diferentes. Entretanto, em uma região relativamente pe- diz: “O meu peso é de 80 quilos”. No entanto, “quilo”
quena na superfície do planeta, a direção do peso dos cor- não é uma unidade de medida, mas apenas um pre-
pos é aproximadamente a mesma, como ilustra a figura a fixo que significa 103. Também é dito comumente: “O
seguir. meu peso é de 80 quilogramas”. Do ponto de vista
da Física, a expressão é incorreta. Peso é uma força
A
e não uma medida da massa, devendo ser dado em
B
unidades de força.

PA PB
Aplicação do conteúdo
Solo
1. Dado um corpo de massa m = 10 kg. Sabe-se que, próxi-
mo à superfície da Terra, a aceleração da gravidade vale
Considere um corpo de massa m solto a uma determinada gT = 9,8 m/s2 (aproximadamente) e, próximo à superfície
altura do solo. Desconsidere a ação da resistência do ar da Lua, a aceleração da gravidade vale gL = 1,6 m/s2
sobre o corpo. Nessa situação, a atração da ___Terra é a única (aproximadamente). Calcule o peso do corpo:

força que age sobre o corpo, ou seja, o peso P é a resultante a) Próximo da superfície da Terra.
das forças sobre o corpo. b) Próximo da superfície da Lua.

38
Resolução:

a) Para a superfície da Terra, gT = 9,8 m/s2. Sendo PT o


peso do corpo, tem-se:
PT = m ˜ gT = (10 kg) (9,8 m/s2) Ÿ PT = 98 N
b) Para a superfície da Lua, gL = 1,6 m/s2. Sendo PL o
peso do corpo, tem-se:
PL = m ˜ gL = (10 kg) (1,6 m/s2) Ÿ PL = 16 N
Observe que o módulo do peso do mesmo corpo de
massa 10 kg é diferente na superfície da Terra e da Lua. 1.2. O quilograma-força
No SI, a unidade de força é o newton (N). Contudo, às
vezes é usada uma outra unidade que não pertence ao SI:
o quilograma-força, cujo símbolo é kgf.
O quilograma-força é a intensidade de uma força igual
à intensidade do peso de um corpo de massa 1 kg,
considerando o valor da aceleração da gravidade igual a:
gN = 9,80665 m/s2

Então:
multimídia: vídeo
P= m ˜ g
FONTE: YOUTUBE p p p
Esclarecimento sobre os conceitos  kgf = (1 kg) · (9,80665 m/s2)
de massa e peso ... 1 kgf = 9,80665 N ou 1 kgf #9,81 N

1.1. A força-peso e o O valor gN é conhecido como valor normal da aceleração


lançamento de projéteis da gravidade.

No estudo de lançamento de projéteis, o movimento é divi-


dido em duas componentes: uma horizontal e uma vertical.

Desprezando a resistência do ar, a resultante___›das forças


que agem sobre o objeto lançado é o peso P . Supondo
que a distância alcançada no lançamento é pequena em
multimídia: vídeo
relação ao tamanho do planeta, a direção do peso tem FONTE: YOUTUBE
a mesma direção da vertical, como ilustrado na figura a
Força normal e força de contato
seguir. Desse modo, o peso é a força que age resultando
na aceleração do corpo nesse componente do movimento.
Como na direção horizontal não há forças, a velocidade
__›
( v ox ) nessa direção é constante.
1.3. A força de reação normal
A figura a seguir mostra, esquematicamente, uma mesa
sobre a superfície da Terra e um corpo A apoiado sobre a
mesa.___›Como foi visto, a Terra aplica sobre o corpo A uma
força P , chamada de peso do corpo. Pela Lei da Ação e Re-
ação, o corpo
___› A aplica na Terra uma força igual e de sentido
oposto: -P .

39
FN Por estar em repouso, a resultante das forças sobre o corpo
deve ser nula, e as forças atuantes devem se cancelar:

A FR = 0 o FN – P = 0
FN = P = 90 N
P Nesse caso, a intensidade do peso e da força normal é
- FN a mesma.
Considere, agora, que uma força vertical F de intensidade
-P
F = 40 N, dirigida para cima, seja aplicada sobre o corpo.
Terra Como F < P, essa força não é capaz de levantar o corpo, e,
desse modo, o corpo permanece em repouso. Novamente,
as forças devem se cancelar. A nova força normal sobre o
corpo é:

Entretanto,
___› o corpo exerce uma força de compressão sobre
a mesa -F N, e, do mesmo modo,___› pela Lei de Ação e Reação,
___› ___›
a mesa aplica uma força F N sobre o corpo. As forças P e -P
formam
___› um ___› par de forças de ação e reação, assim como o
par F N e -F N. FR = 0 o FN + F – P = 0
___›
A força F N é uma força de compressão chamada, em mui-
FN = 50 N
tos casos, de força normal, pois sua direção é perpendi-
cular à superfície de contato (ou “normal” à superfície). Em Conclui-se, portanto, que a força normal e o peso não têm,
geral, apenas as forças que atuam sobre o corpo A serão necessariamente, a mesma intensidade.
importantes, de modo que será adotado o esquema sim-
plificado de forças conforme a imagem anterior, em quel 2. A figura a seguir ilustra um corpo de massa m = 2,0 kg,
inicialmente em repouso, sobre uma superfície plana,
aparecem apenas a força-peso e a força normal aplicada
horizontal
___› e perfeitamente___› lisa, sob ação apenas de seu
pela mesa sobre o corpo. peso P e da força normal ___› F N. A partir de certo instante,
uma força horizontal F de intensidade F = 16 N é apli-
Aplicação do conteúdo cada sobre o corpo.

1. Um corpo está em repouso sobre uma superfície pla-


na e horizontal, como ilustrado na figura a seguir. As
únicas forças que atuam no corpo estão indicadas na
figura: a força-peso P e a força normal FN. Sendo a mas-
sa do corpo m = 9,0 kg, e a aceleração da gravidade
g = 10 m/s2, tem-se:

P = mg = (9,0 kg) (10 m/s2) Ÿ P = 90 N

40
Determine a aceleração adquirida pelo corpo. T1 – T2 = 0

Resolução: ou
T1 = T2
Como
___› ___› não existe movimento na direção vertical, as forças
P e F N devem se cancelar,
___› ou seja, FN = P. Assim, a força Portanto, fazendo T1 = T2 = T, deve-se refazer o esquema inicial:
resultante é a força F .
F=m˜a
16 = (2,0) ˜ a Ÿ a = 8,0 m/s2.
Na prática, o fio não é representado, e o esquema sim-
plificado mostra apenas as forças que atuam nos blocos:
1.4. Sistema de corpos
Nos exemplos estudados, as Leis de Newton foram apli-
cadas a um único corpo. Entretanto, é possível aplicá-las
em um conjunto de dois ou mais corpos. Em geral, esse
conjunto é denominado sistema de corpos.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
1.5. Força de tração ou Força de Tração (Bloquinhos) -
tensão em um fio Mãozinha em Física 004
Quando um fio é esticados por uma força, existe uma tensão
sobre o fio. Afirma-se que ocorre no fio uma força de tração.
Na figura a seguir, as forças que atuam no sistema de cor- Aplicação do conteúdo
pos foram separadas. 1. Como ilustrado na figura a seguir, dois blocos, A e B,
de massa mA = 5,0 kg e mB = 7,0 kg, estão sobre uma
superfície plana e horizontal sem atrito, ligados por um
fio ideal, isto é, que não estica e com massa desprezível.

___›
Quando o bloco B é puxado pela força F , o fio sofre uma
___›
força de tração de intensidade T1. Pela ação e reação, o fio
Sobre o bloco B é aplicada uma força horizontal F de inten-
aplica sobre o bloco B uma força de intensidade igual a T1.
sidade igual a 36 N. Determine a intensidade da aceleração
O fio também exerce sobre o bloco A uma força de inten-
do sistema e da força exercida pelo fio sobre o bloco A.
sidade T2, e o bloco A, pela ação e reação, exerce sobre o
fio uma força de intensidade igual a T2. Considerando que Resolução:
o fio tenha massa mf , pela segunda Lei de Newton, tem-se:
___›
T1 – T2 = mf ˜ |a |
Entretanto, como o fio é ideal, sua massa é desprezível, ou
seja, mf = 0 (é comum desprezar a massa do fio). Assim, a Aplicando a segunda Lei de Newton separadamentepara
equação se simplifica: cada bloco:

41
bloco A: T = mA ˜ a T = (5,0) ˜ a
Ÿ Aplicação do conteúdo
bloco B: F – T = mB ˜ a 36 – T = (7,0) ˜ a
1. Considere a situação da figura a seguir, em que o bloco
Somando membro a membro das equações, a tração T é A, de massa mA = 3,0 kg, e o bloco B, de massa mB = 7,0 kg,
cancelada, e obtém-se: estão ligados por um fio ideal, através de uma polia
ideal e fixada pelo eixo. Considerando g = 10 m/s2,
36 = 12 ˜ a Ÿ a = 3,0 m/s2 e que o sistema foi abandonado a partir do repouso,
Substituindo o valor da aceleração na equação original do calcule:
bloco A (por exemplo), obtém-se:
T = (5,0) (3,0) Ÿ T = 15 N
A aceleração do conjunto de blocos (ou seja, a aceleração
do sistema) pode ser obtida considerando os dois corpos
como um único corpo, e aplicando a segunda Lei de New-
ton diretamente:

a) A aceleração adquirida por cada bloco.


b) A intensidade da tração no fio.
c) A força exercida pela polia em seu eixo.

Resolução:
F = (mA + mB) ˜ a
36 = (5,0 + 7,0) ˜ a Ÿ a = 3,0 m/s2 a) Em primeiro lugar, deve-se determinar os módulos
dos pesos dos blocos:

1.6. Polias Bloco A: PA = mA . g = (3,0 kg) (10 m/s2) = 30 N


Uma polia ou roldana é uma peça mecânica utilizada, Bloco B: PB = mB . g = (7,0 kg) (10 m/s2) = 70 N
muitas vezes, para alterar a direção e o sentido de forças. Em cada bloco, também atuará a força de tração do fio, no
Na figura a seguir, os blocos A e B, de massas iguais, res- sentido oposto ao peso, como na figura a seguir.
pectivamente, a mA e mB, estão ligados por um fio ideal
que passa por uma polia (ou roldana) de massa desprezível
(denominada, por esse motivo, polia ideal), a qual pode
girar em torno de um eixo fixo sem atrito.

Como PB > PA, o bloco B deverá descer e o bloco A deverá


subir. Entretanto, a aceleração de ambos os blocos, de mó-
dulo a, é igual. Assim, tem-se:
Máquina de Atwood
T > PA e PB > T
A partir da situação da figura, se os blocos A e B forem Aplicando a segunda Lei de Newton para cada um dos
abandonados em repouso, o sistema permanecerá em re- blocos:
pouso apenas se as massas dos dois blocos forem iguais, ou bloco A: T – PA = mA ˜ a T – 30= (3,0) ˜ a
seja, mA = mB. Caso umas das massas seja diferente, o bloco Ÿ
bloco B: PB – T = mB ˜ a 70 – T = (7,0) ˜ a
de massa maior descerá e o de massa menor subirá. Nesse
caso, o módulo da velocidade e da aceleração dos blocos Somando membro a membro as equações, obtém-se:
será o mesmo. Contudo, se o fio que une os blocos sofrer
70 – 30 = 10 · a
deformação, ou seja, se não for um fio ideal, essa relação
entre a velocidade e a aceleração não será verdadeira. a = 4,0 m/s2.

42
b) Para calcular o valor da força de tração T, deve-se além de girarem em torno do seu eixo, podem se mo-
substituir o valor do módulo da aceleração em qual- vimentar livremente.
quer uma das equações dos blocos. Aplicando para
o bloco A: A figura a seguir apresenta uma situação com duas polias,
uma fixa e uma móvel. No eixo da polia móvel, é preso um
T – 30 = (3,0) (4,0) bloco com peso, em módulo, igual a P. Na extremidade A
do fio, é aplicada uma força de módulo F. A função da polia
T – 30 = 12 Ÿ T = 42 N. fixa é transferir a tração causada pela força sobre o fio para
c) Se o fio exerce força nos blocos, pela Lei da Ação a outra extremidade do fio. Observe que a tração também é
e Reação, os blocos exercem no fio forças de mesma transferida para a outra extremidade do fio, que está preso
intensidade e sentido oposto, como ilustrado na figu- ao teto. Desse modo, a força total (em módulo, para cima) na
ra a seguir. Portanto, a força total exercida pelos fios polia móvel é igual a 2F. Assim, se o peso do objeto for igual
sobre a polia é: a P = 2F, o sistema permanecerá em repouso.

2T = 2(42 N) = 84 N.

Essa força é transferida e aplicada no eixo da polia, que


também a transfere para o teto:

Na figura a seguir, uma polia móvel foi adicionada ao sis-


tema, totalizando três polias. Do mesmo modo, aplicando
uma força de intensidade F na extremidade B do fio, é
possível equilibrar um objeto de peso, em módulo, igual
1.7. Uso das polias a P = 4F.

Os guindastes são muito utilizados em construções. Nos


guindastes, um motor aplica na extremidade de um cabo
de aço uma força menor do que o peso do objeto que
vai levantar. O guindaste consegue levantar o objeto com
essa força menor por meio do uso de polias.

Existem dois tipos de polias: as fixas e as móveis. As


polias fixas são presas em alguma estrutura fixa e gi-
ram apenas em torno do seu eixo. As polias móveis,

43
Pode-se observar que, quanto maior o número de polias Resolução:
móveis, maior é o peso do objeto que é possível manter em
equilíbrio, ou, de modo equivalente, menor é a força neces- A pessoa comprime o piso do elevador com força – FN. Pela
sária para manter em equilíbrio um objeto de determinado Lei de Ação e Reação, o piso aplica a força FN (força normal)
peso P. A relação entre a força e o peso, nesse sistema de na pessoa. Assim, as forças que estão aplicadas na pessoa
ligação de polias, é dada por: são o seu peso e a força normal, sendo o módulo do peso:
P = 2n ˜ F
Em que n é o número de polias móveis. Observe que para n = 1
e n = 2, são obtidos os casos estudados anteriormente.
As polias fixas não podem ser utilizadas para alterar a in-
tensidade da força que atua sobre os objetos presos ao fio.
Esse tipo de polia é utilizado apenas para alterar a direção
e o sentido da força aplicada no fio.

1.8. Elevadores em movimento


(peso aparente)
O movimento de um elevador apresenta três fases distin- P = m ˜ g = (75 kg) (10 m/s2) Ÿ P = 750 N
tas: movimento acelerado, movimento uniforme e movi-
mento retardado. Por exemplo, ao subir até determinado a) Em repouso, a resultante das forças na pessoa deve
andar, o elevador acelera até atingir certa velocidade, que ser nula. Assim:
permanece constante. Ao chegar próximo ao andar de des-
tino, o elevador desacelera até parar completamente. As FN = P ou FN = 750 N
três fases ocorrem tanto nas subidas quanto nas descidas.
Os passageiros sentem diferentes sensações em relação ao b) Quando o elevador sobe com a aceleração de
peso nessas três fases. A seguir, será calculado o que acon- módulo a, o indivíduo também sobe com o mesmo
movimento acelerado, de modo que a intensidade da
tece com a força normal nessas situações.
força resultante sobre o indivíduo é FN – P. Assim, pela
segunda Lei de Newton:

FN – P = m ˜ a
FN – 750 = (75) (4,0) Ÿ FN = 1050 N
Nas situações envolvendo elevadores em movimento, é útil
fazer um esquema desenhando a pessoa fora do elevador,
como feito no exemplo anterior.
Aplicação do conteúdo
1. Uma pessoa de massa m = 75 kg está em um elevador. 1.9. Ação a distância e
Considere g = 10 m/s2 e calcule a força exercida pelo piso
do elevador sobre a pessoa nos seguintes casos: ação por contato

a) O elevador está parado.


b) O elevador sobe em movimento acelerado, com
aceleração de módulo a = 4,0 m/s2.

44
Foram estudados diversos casos em que existiam forças acordo com a ação e reação, o corpo B exercerá em A
aplicadas sobre os objetos. Contudo, existem diferenças uma força de mesmo módulo, mesma direção e sentido
com relação às forças e seus efeitos. Por exemplo, os imãs oposto FBA.
aplicam uma força a distância sobre objetos metálicos. É
Lembre-se de que FAB = FBA.
possível sentir essa força ao prender um imã na geladeira.
Quando uma pessoa salta, ela sempre retorna para o solo. 1.11. Efeitos de uma força
Essa pessoa pode ter a impressão de estar presa a algo. Um efeito da atuação de forças sobre um objeto, estudado
Entretanto, ela está sujeita à ação do campo gravitacional anteriormente, é a modificação do estado de movimento
terrestre, como tudo o que está sobre sua superfície. A for- do objeto, como define a segunda Lei de Newton. A ação
ça gravitacional é exercida a distância, de modo semelhan- da força causa uma aceleração do objeto.
te à força do imã. Esse tipo de força é denominado força
de campo. Entretanto, um possível efeito também causado por uma
força é a deformação do objeto. Se a força for muito in-
Nos exemplos anteriores, foram estudadas forças que
tensa, o limite de resistência do objeto será superado, de-
agiam sobre fios presos aos objetos. Todavia, existem for-
formando o objeto. Um exemplo disso ocorre quando uma
ças que atuam quando os objetos estão em contato entre
latinha de alumínio é amassada. Quando a força é aplicada
si, sendo puxados ou empurrados. As forças que existem
sobre a latinha, sua estrutura não resiste e se deforma. Pelo
nesse caso, quando os objetos se tocam, são denominadas
mesmo motivo, os carros se deformam quando colidem, .
forças de contato. Nos exercícios envolvendo esse tipo
de força, o tratamento é semelhante aos casos envolvendo Alguns objetos são especialmente projetados para sofre-
objetos ligados por fios. A diferença é apenas o tipo de rem a ação de forças muito intensas. É o caso dos amor-
força. Em vez da força de tração no fio, existirá uma força tecedores dos automóveis. Os amortecedores devem
de contato entre os objetos. suportar as forças causadas pelo solavanco, quando os
automóveis passam por buracos, ou mesmo a força exer-
1.10. Força de contato cida durante uma curva com velocidade alta. É importante
ressaltar que até mesmo esses equipamentos sofrem des-
Na situação em que dois corpos em contato são colocados
gastes e podem se deformar. Por essa razão, é importante
em aceleração, haverá um par ação-reação denominado
a manutenção do automóvel.
força de contato de um corpo em relação ao outro. Con-
sidere a seguinte situação: um corpo A e outro B estão
sujeitos a uma força F, horizontal e para a esquerda, que
atua somente no corpo A.

OS OBJETOS SÃO CONSTRUÍDOS PARA SUPORTAR CERTA


INTENSIDADE DE FORÇAS APLICADAS SOBRE ELES.

QUANDO ESSE LIMITE É EXCEDIDO, OS OBJETOS SE DEFORMAM OU SE QUEBRAM.

Equilíbrio
Observe a figura a seguir. Você deve ter a impressão de que
o equilibrista está prestes a se movimentar ou de que, se
uma das cadeiras se movimentar, o equilibrista vai cair. Tra-
Para efeito de representação, foram separados os corpos
ta-se de um conceito bastante comum sobre equilíbrio.
A e B da imagem acima e representadas todas as forças
envolvidas. A força F atuante no corpo A impõe um movi- Entretanto, em Física, o conceito de equilíbrio é mais am-
mento acelerado para a direita, que por sua vez empurra plo. Em geral, são identificados dois tipos de equilíbrio: es-
o corpo B. Afirma-se que o corpo A exerce uma força no tático e dinâmico. O caso do equilibrista da imagem é
corpo B, força que será chamada de FAB. Por sua vez, de um típico exemplo de equilíbrio estático.

45
tempo, ou seja, quando o ponto material está em movi-
mento retilíneo uniforme (MRU). A velocidade vetorial
é constante em módulo, direção e sentido.
__› ___›
v = constante z 0 Ÿequilíbrio dinâmico (MRU)

Quando um carro se movimenta com velocidade constan-


te, seu equilíbrio é dinâmico, pois sua velocidade vetorial é
constante e não nula.

ƒ 1.° tipo: equilíbrio estático


O equilíbrio estático de um ponto material ocorre quando
sua velocidade vetorial é nula no decorrer do tempo, ou
seja, o ponto material está em repouso em relação a certo
referencial.
__› ___›
v = 0 Ÿ equilíbrio estático (repouso) multimídia: sites
pt.khanacademy.org/science/physics/forces-
Um livro deixado sobre uma mesa, por exemplo, está em -newtons-laws/normal-contact-force/a/what-
equilíbrio estático, pois sua velocidade é nula ao passar do -is-normal-force
tempo.
hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/hbase/mass.html
ƒ 2.° tipo: equilíbrio dinâmico
pt.wikihow.com/Calcular-Tens%C3%A3o-
O equilíbrio dinâmico de um ponto material ocorre quando -em-F%C3%ADsica
a velocidade vetorial é constante e não nula no decorrer do

VIVENCIANDO

A forças estudadas nessa aula podem ser observadas em diversas situações do cotidiano. Uma brincadeira no ba-
lanço no parque só é possível graças à atuação da força-peso e da força de tração. Os elevadores e guindastes, com
um esquema de polia e contrapesos controlados eletronicamente, utilizam os conceitos compreendidos por essas
forças para funcionar. No elevador, os cabos de tração, feitos geralmente de aço, conectam a cabine ao contrapeso,
passando por uma polia que evita o desgaste do material. Em geral, são entre seis e oito cabos, para garantir a
segurança dos passageiros.
O movimento das marés resulta da força gravitacional do Sol e da Lua sobre a Terra. A massa da Lua atrai a massa
de água da Terra. Como a água é fluida, uma protuberância se forma e praticamente acompanha a trajetória da Lua
devido à força gravitacional. Quando a Lua desaparece, a maré desce.

46
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A Habilidade 20 trata das causas do movimento. NesSa aula, o aluno passou a compreender algumas forças mais
famosas, como a força-peso, a força normal e a força tensora em um fio, e passou a estudar como se comporta um
sistema de corpos quando sujeito à ação de uma ou mais forças. Cabe sempre ao aluno compreender a situação-
-problema e relacioná-la com o conteúdo estudado.

Modelo 1
(Enem) O ônibus espacial Atlantis foi lançado ao espaço com cinco astronautas a bordo e uma câmera nova, que iria
substituir uma outra danificada por um curto-circuito no telescópio Hubble. Depois de entrarem em órbita a 560 km
de altura, os astronautas se aproximaram do Hubble. Dois astronautas saíram da Atlantis e se dirigiram ao telescópio.

Ao abrir a porta de acesso, um deles exclamou: “Esse telescópio tem a massa grande, mas o peso é pequeno”.

47
Considerando o texto e as leis de Kepler, pode-se afirmar que a frase dita pelo astronauta:
a) se justifica, porque o tamanho do telescópio determina a sua massa, enquanto seu pequeno peso decorre da falta de
ação da aceleração da gravidade;
b) se justifica, ao verificar que a inércia do telescópio é grande comparada a dele próprio, e que o peso do telescópio é
pequeno porque a atração gravitacional criada por sua massa era pequena;
c) não se justifica, porque a avaliação da massa e do peso de objetos em órbita tem por base as leis de Kepler, que não
se aplicam a satélites artificiais;
d) não se justifica, porque a força-peso é a força exercida pela gravidade terrestre, nesse caso, sobre o telescópio e é a
responsável por manter o próprio telescópio em órbita;
e) não se justifica, pois a ação da força-peso implica a ação de uma força de reação contrária, que não existe naquele
ambiente. A massa do telescópio poderia ser avaliada simplesmente pelo seu volume.

Análise expositiva 1 - Habilidade 20: De fato, as leis de Kepler não justificam a afirmação do astronauta por-
D que elas versam sobre forma da órbita, período da órbita e área varrida na órbita. Essa afirmação explica-se
pelo princípio fundamental da dinâmica, pois o que está em questão são a massa e o peso do telescópio.
Como o astronauta e o telescópio estão em órbita, eles tão sujeitos apenas à força-peso e, consequente-
mente, à mesma aceleração (centrípeta), que é a da gravidade local, tendo peso aparente nulo.
R = P Ÿ m∙a = m∙g Ÿ a = g
É pelo mesmo motivo que os objetos flutuam dentro de uma nave. Em Física, diz-se nesse caso que os
corpos estão em estado de imponderabilidade.
Apenas para complementar, considerando R = 6400 km o raio da Terra, à altura h = 540 km, o raio da órbita do
telescópio é r = R + h = 6400 + 540 = 6940 km. De acordo com a lei de Newton da gravitação, a intensidade do
( )
2
( )
6400 2 = 8,5 m/s2.
campo gravitacional num ponto da órbita é g = g0 __Rr , sendo g0 = 10 m/s2. Assim, g = 10 ______
6940
Ou seja, o peso real do telescópio na órbita é 85% do seu peso na superfície terrestre.
Alternativa D

Modelo 2
(Enem) Durante uma faxina, a mãe pediu que o filho a ajudasse, deslocando um móvel para mudá-lo de lugar. Para
escapar da tarefa, o filho disse ter aprendido na escola que não poderia puxar o móvel, pois a terceira Lei de Newton
define que se puxar o móvel, o móvel o puxará igualmente de volta, e assim não conseguirá exercer uma força que
possa colocá-lo em movimento.
Qual argumento a mãe utilizará para apontar o erro de interpretação do garoto?
a) A força de ação é aquela exercida pelo garoto.
b) A força resultante sobre o móvel é sempre nula.
c) As forças que o chão exerce sobre o garoto se anulam.
d) A força de ação é um pouco maior que a força de reação.
e) O par de forças de ação e reação não atua em um mesmo corpo.

Análise expositiva 2 - Habilidade 20: Ótimo exercício para comparar conceitos científicos com o senso co-
E mum, habilidade muito cobrada pelo Enem.
Para a resolução do exercício, é preciso ter em mente que ação e reação são forças de mesma intensidade,
mesma direção e sentidos opostos, porém, não se equilibram, pois não atuam no mesmo corpo.
Alternativa E

48
DIAGRAMA DE IDEIAS

FORÇAS

PESO NORMAL TRAÇÃO

PERPENDICULAR
VERTICAL P/ BAIXO SENTIDO DE PUXAR
À SUPERFÍCIE

DEPENDE DA REAÇÃO AO EM FIOS OU


MASSA APOIO CORDAS

CONTATO FAB = -FBA

49
ÓPTICA GEOMÉTRICA: Incidência do tema nas
principais provas

A óptica é abordada com enfoque mais conceitual. A prova exige a aplicação da segunda lei
de Newton, relacionando, às vezes, com
cargas elétricas em um campo elétrico.

Um dos temas mais cobrado é o movimento circular, Os temas mais cobrados são movimento Os temas mais cobrados são transmissão de
que exige a interpretação de imagens e coleta de in- circular e aplicação das leis de Newton, movimento circular e aplicação das leis de
formações, com atenção às equações do movimento exigindo interpretação de imagens e Newton, exigindo interpretação de imagens e
circular e leis de Newton. coleta de informações, tendo atenção às coleta de informações
equações do movimento circular e inter-
pretação dos tipos de força
envolvidas.

A prova diferencia os tipos de força em um A prova tem uma grande variação de temas, A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas,
corpo, associando-as, às vezes, na transmissão porém, movimento circular aparece com temas, porém, movimento circular e porém, movimento circular e segunda lei de
de movimento, exigindo interpretação de ima- alguma frequência. segunda lei de Newton podem aparecer Newton aparecem com alguma frequência,
gens e coleta de informações, tendo atenção com alguma frequência. tendo atenção à manipulação das equações.
às leis de Newton.

UFMG

A prova tem uma grande variação de temas, A prova traz questões conceituais e A prova é bem objetiva e não há predomi-
porém, movimento circular e leis de Newton práticas, que exigem as leis de Newton nância de temas, porém, movimento circular e
aparecem com alguma frequência, com diferenciando os tipos de força envolvidas. segunda lei de Newton podem aparecer com
questões teóricas e que exigem um alto nível alguma frequência.
de manipulação nas equações.

A prova traz questões conceituais e práticas, A prova tem uma grande variação de temas, A interpretação das forças aplicadas em um
que exigem leis de Newton diferenciando os porém, segunda lei de Newton aparece com corpo e o estudo do movimento circular sem-
tipos de força envolvidas. alguma frequência, cobrando os tipos de força pre estão presentes na prova, com questões
envolvidas. que exigem interpretação de imagens.

51
AULAS ESPELHOS PLANOS
17 E 18
COMPETÊNCIAS: 5e6 HABILIDADES: 17 e 22

1. SISTEMA ÓPTICO 1.2. Ponto imagem


É denominado ponto imagem, com relação a um sistema
Um sistema óptico é constituído por um conjunto de len- óptico, todo ponto de encontro de raios emergentes de
tes e espelhos esféricos, cujos centros se encontram sobre um mesmo feixe luminoso.
um mesmo eixo. Um sistema óptico também pode de-
signar qualquer conjunto de componentes ópticos, como PII
PIR
lentes, espelhos, prismas simples ou compostos, utiliza- PIV
dos no estudo da óptica ou em estudos que utilizem os
seus princípios.
Classificação do ponto imagem:
Sistema ótico
Real – quando as partes reais dos raios luminosos emer-
gentes se interceptam. O ponto imagem real pode ser pro-
Ponto objeto jetado sobre um anteparo.
Ponto imagem Virtual – quando as partes virtuais dos raios luminosos
emergentes se interceptam. O ponto imagem virtual não
pode ser projetado sobre um anteparo.
Impróprio – quando os raios luminosos emergentes são
paralelos.

“Ao conjunto de superfícies refletoras (ou refratoras) dis- Nota: os pontos objeto e imagem, com relação a um mes-
postas de maneira a serem sucessivamente atingidas por mo sistema óptico, são denominados pontos conjugados.
um mesmo raio luminoso, denominamos sistema óptico”.
2. ESPELHOS PLANOS
1.1. Ponto objeto
É denominado ponto objeto, com relação a um sistema óp- O funcionamento dos espelhos pode ser compreendido por
tico, todo ponto de encontro de raios incidentes de um meio do estudo geométrico da luz. Serão estudados as leis
mesmo feixe luminoso. da reflexão da luz e os espelhos planos. Posteriormente,
são estudados os espelhos esféricos.
POR POV

POI

Classificação do ponto objeto:


Real – quando as partes reais dos raios luminosos inci-
dentes se interceptam.
Virtual – quando as partes virtuais dos raios luminosos
incidentes se interceptam.
Impróprio – quando os raios luminosos incidentes
são paralelos.

52
A reflexão é difusa quando a luz refletida não obedece à
2.1. Reflexão lei de Snell, sendo transmitida em várias direções. É devido
Reflexão é o fenômeno que ocorre quando uma onda atin- à difusão da luz que é possível enxergar os objetos, sob os
ge a interface que separa dois meios diferentes e retorna, mais diversos ângulos, pois sempre existirá um raio lumino-
parcial ou totalmente, para o meio inicial. so refletido que atingirá a vista.
O fenômeno ocorre com ondas de qualquer natureza, ele-
tromagnéticas (luz), elásticas, acústicas, e é consequência
da diferença de velocidade da onda nos dois meios. Superfície com rugosidade
Reflexão difusa (ou espalhamento)

2.1.1. Leis da reflexão


2.2. Espelhos
Na figura a seguir, um feixe de luz (denominado raio inci- Um espelho é um objeto que reflete de modo regular a
dente RI) se reflete (denominado raio refletido RR) depois maior parte da luz incidente. As superfícies metálicas poli-
de incidir no ponto P de uma superfície plana S que separa das constituem ótimos espelhos. No cotidiano, são utiliza-
dois meios. dos espelhos obtidos com uma fina camada de prata sobre
Considere a reta n, normal à superfície, e que passa pelo uma lâmina de vidro transparente.
ponto P. Verifica-se, experimentalmente, as seguintes leis Na figura a seguir, são ilustradas as representações mais
da reflexão: comuns de espelho plano. A parte de trás dos espelhos é
ƒ O raio incidente, o raio refletido e a normal são copla- indicada pelos traços ou pela parte sombreada.
nares, ou seja, estão no mesmo plano a.
ƒ O ângulo de incidência i é igual ao ângulo de reflexão r:
i=r

Os ângulos i e r são medidos a partir da reta normal n e os


raio incidente e refletido.

A incidência é normal quando o raio incidente é perpen-


dicular à superfície S. Assim, o raio incidente e o refletido multimídia: vídeo
estão sobre a reta normal n, e os ângulos de incidência e
reflexão são nulos. FONTE: YOUTUBE
Porque espelhos refletem as
imagens horizontalmente...

Aplicação do conteúdo
1. A figura a seguir ilustra um espelho plano, sobre o
qual, no ponto P, um raio de luz incide, formando um
ângulo de 25º com a superfície do espelho. Determine
A reflexão da luz se diz especular ou regular quando os ângulos de incidência e reflexão.
um raio incidente é refletido de acordo com as leis de Snell.
É o que ocorre nas superfícies polidas.

Resolução:
Superfície polida
Reflexão especulas É necessário traçar a reta n normal à superfície do espelho
e que passa pelo ponto P. O ângulo de incidência i é o

53
ângulo formado entre o raio incidente e a normal. Como n
é perpendicular ao espelho, deve-se ter:
i + 25° = 90° Ÿ i = 65°

O ângulo de reflexão r é igual ao ângulo de incidência:


r = 65º

FM = XXX
XXX F’M = d

Devido à distância dos pontos F e F’ ao espelho serem


2. A figura a seguir representa um raio de luz que é iguais, diz-se que F e F’ são simétricos em relação ao plano
refletido por um espelho plano. Determine o valor da do espelho.
altura x.

Resolução:

Deve-se notar que os dois triângulos na figura possuem multimídia: vídeo


dois ângulos iguais, a e 90º, e, portanto, são semelhantes.
FONTE: YOUTUBE
Assim, pode-se obter a altura x:
Formação de imagens nos espelhos planos...
12 cm = _____
_____ x Ÿ x = 18 cm
20 cm 30 cm
Nesse exemplo, foi considerado um ponto arbritário A de in-
cidência do raio de luz. Devido ao fato de a visão humana
funcionar de modo que os objetos são vistos na direção que
atingem os olhos, tem-se a impressão de que existe um obje-
to no ponto F’. F’ é a imagem do ponto objeto F.

2.2.1. Imagem formada por espelho plano


Na figura a seguir, é possível observar um exemplo de
como a imagem de um objeto é formada em um espelho.
Uma fonte de luz puntiforme F (primária ou secundária) é
colocada em frente à distância d de um espelho plano E.
Considere a reta auxiliar n, normal ao espelho e que passa
pelo ponto F. Considere, ainda, um raio de luz RI, arbritário,
da fonte F que incide no ponto A do espelho. O prolonga- ƒ O ponto F é um POR (Ponto Objeto Real), pois os raios
mento de RR intercepta a reta n no ponto F’. de luz são emitidos pela fonte em F.
Geometricamente, os triângulos FMA e F’MA são con- ƒ O ponto F’ é um PIV (Ponto Imagem Virtual), pois é ape-
gruentes; assim: nas uma imagem e não existe nada atrás do espelho.

54
ƒ O ponto F também pode ser fotografado. encontra do espelho. Além disso, a imagem de um espelho
plano é enantiomorfa, nome dado à característica do es-
Na figura a seguir, o tamanho do espelho plano é AB. Todos
pelho de formar uma imagem que não sobrepõe o objeto.
os raios refletidos estão indicados pela região sombreada.
Apenas nessa região sombreada é possível ver a imagem Alternativa B
F’. Nesse caso, apenas o observador O1 consegue observar
a imagem F’. O observador O2 está fora da região sombrea- 2. Um raio de luz reflete-se em uma superfície plana e
polida (S), conforme mostra a figura a seguir. O ângulo
da e, portanto, não pode observar a imagem F’. Essa região entre os raios incidentes (AO) e refletido (OB) mede 90°.
sombreada é denominada campo visual.
Os seguintes passos sintetizam os procedimentos para de-
terminar se um observador pode ou não observar as ima-
gens refletidas por um espelho:
1. Determina-se a imagem F’ do objeto F.

2. A partir da imagem F’, traçam-se duas retas que pas-


sem pelas extremidades do espelho (extremidades A e B). O ângulo de incidência do raio de luz, mede:
a) 30°. b) 45°. c) 60°. d) 90°. e)180°.
3. Os observadores na região entre essas duas retas po-
derão ver a imagem F’. Resolução:
No exercício, nota-se um raio de luz que está refletindo numa
superfície plana; por isso, é possível concluir que o ângulo de
incidência e o de reflexão são iguais. Além disso, sabe-se que
a soma dos ângulos deve resultar em 90º, logo:
2 ˜ a = 90º
Finalizando os cálculos, obtém-se:
a = 45º
Assim, o valor do ângulo é de 45º.

Alternativa B.
3. (Unesp) A figura a seguir representa um espelho pla-
no, um objeto, O, sua imagem, I, e cinco observadores
em posições distintas, A, B, C, D e E.
Aplicação do conteúdo
1. (Cesgranrio) A imagem da figura a seguir obtida por
reflexão no espelho plano E é melhor representada por:

Entre as posições indicadas, a única da qual o observador


poderá ver a imagem I é a posição:
a) b) c) d) e) a) A.
b) B.
c) C.
d) D.
e) E.

Resolução: Resolução:

A imagem formada por um espelho plano tem como carac- Foi dada no exercício a posição da imagem do objeto; em
terística sempre estar a mesma distância que o objeto se seguida, basta determinar a região do espaço na qual o

55
observador deve estar localizado para identificar em seu O observador verá as imagens de A e B superpondo-se
campo visual a imagem I. Desenhando, tem-se: uma à outra quando se colocar na posição:
a) 1.
b) 2.
c) 3.
d) 4.
e) 5.

Resolução:

A resolução dessa questão deve ser feita de modo análogo


ao exercício resolvido anteriormente. Entretanto, o exer-
Assim, a única posição válida para o observador é a B. cício não desenhou de imediato a posição das imagens.
Alternativa B Assim, é necessário fazer isso. Lembrando que as imagens,
em relação ao espelho, devem ficar a mesma distância que
4. (Unesp) Dois objetos, A e B, encontram-se em frente os objetos estão do espelho; assim:
um espelho plano E, como mostra a figura. Um observa-
dor tenta ver as imagens desses objetos formadas pelo
espelho, colocando-se em diferentes posições, 1, 2, 3, 4
e 5, como mostrado na figura.

No desenho, foram representadas as imagens e traçada


uma reta que atravessa as imagens A’ e B’, para ficar mais
clara a localização do observador que verá uma imagem
sobreposta, no caso, o observador na posição 5.

Alternativa E

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A invenção do espelho data de antes de 6000 a.C.. Os espelhos mais antigos foram encontrados na região onde
se encontra atualmente a Turquia. Feitos na Mesopotâmia e no Egito, eram produzidos a partir de cobre polido,
enquanto na China eram produzidos a partir do bronze. No Renascimento, alguns artesãos europeus aperfeiçoaram
um método que consistia em cobrir uma das faces de um vidro com um amálgama de mercúrio fino. No século XVI,
os espelhos já eram populares e excessivamente caros.
A criação de um espelho com um revestimento de prata é atribuída ao químico alemão Justus von Liebig (1803-
1873), no ano de 1835. Os métodos utilizados atualmente na fabricação de espelhos não sofreram muitas variantes
desde então, sendo os espelhos produzidos pela sobreposição de camadas finas de alumínio (ou prata) sobre o cristal
de vidro, tendo o seu preço diminuído significativamente, tornando-se mais acessível.

56
Aplicação do conteúdo
multimídia: vídeo 1. Um rapaz de altura H está de pé em frente a um es-
FONTE: YOUTUBE pelho vertical e regular. A distância do solo até o olho
Óptica - Espelho plano do rapaz é x. Qual é a menor altura h do espelho e a
distância y entre o espelho e o solo que permite que o
rapaz enxergue toda a sua imagem?
2.2.2. Imagem de um objeto extenso
Do mesmo modo como feito para uma fonte puntiforme,
pode-se obter a imagem de um objeto extenso. Como é
possível observar na figura a seguir, cada ponto do obje-
to tem uma imagem simétrica; desse modo, a imagem do
objeto extenso também é simétrica em relação ao espelho.

Resolução:,
Na figura a seguir, os pontos T, O e P são o topo da cabeça,
o olho e o pé do rapaz, respectivamente. A distância h foi
determinada ao serem traçados os raios que saem da cabe-
ça e dos pés e vão para o olho do rapaz. Essa é a distância
suficiente para que o rapaz enxergue toda a sua imagem.
Os triângulos OXY e OT’P’ são semelhantes, portanto:

Assim:
ƒ As distâncias do objeto ao espelho e da imagem ao
espelho são iguais.
ƒ O tamanho da imagem é igual ao tamanho do objeto.
Na câmara escura de orifício, as imagens produzidas no
anteparo dentro da câmara são imagens invertidas, ou
seja, de cabeça para baixo. Essa inversão não ocorre nos XXX
___ XX
XY = ___ d ou h = __
h = ___
PZ ou __ H
espelhos planos, que produzem imagens direitas. XXX PP’ H 2d
T’P’ XXX 2

Na figura a seguir, repare na imagem da menina no es- H


h = __
pelho. A imagem mostra que a menina passa o batom na 2
boca com a mão esquerda, apesar de a menina passar
com a mão direita. O objeto e a imagem são chamados de Assim, a metade da altura do observador é o tamanho do
enantiomorfos (palavra derivada do grego que significa espelho plano necessário para que um observador possa se
“formas opostas”). ver completamente.

57
A distância y, do ponto Y do espelho ao solo, é obtida pela Pode-se concluir que, quando o espelho se afasta com uma
semelhança dos triângulos OPP’ e YZP’. velocidade v, a imagem conjugada se afasta com uma ve-
locidade de 2v em relação ao objeto. De forma semelhante,
Portanto: __
XXX é possível afirmar que, quando o espelho se aproxima com
OP = ___
___ 2d ou y = __x
PP’ ou _x = ___
___
XX
YZ ZP’ y d 2 uma velocidade v, a imagem se aproxima com uma veloci-
dade de 2v em relação ao objeto.
2.2.3. Translação de um espelho plano
2.2.4. Associação de dois espelhos planos
Como foi visto, em um espelho plano, a distância entre o Na figura a seguir, uma caneta foi colocada entre dois espe-
objeto e o espelho é igual à distância entre a imagem e o lhos planos, que formam um determinado ângulo entre si.
espelho, sendo que objeto e imagens possuem o mesmo
tamanho. Seja P o ponto em que se encontra o objeto e
P’ o ponto em que se encontra a imagem, vamos chamar
a distância de P ao espelho E, e a distância de P’ ao es-
pelho, de d.
Para um referencial fixo no ponto P, o espelho é afastado
de uma distância x. A nova distância entre o ponto P e o
espelho E será igual à (d + x), assim como a distância entre
o espelho E e a nova posição P’’ da imagem conjugada. Sendo u o ângulo entre os espelhos, considerando que a
Observe a figura a seguir: 360º é um número inteiro, essa associação de espelhos
razão ____
u
produz uma quantidade de n imagens, dada pela relação:

360º – 1
n = ____
u

Entretanto, duas condições são importantes:


360º for um número par, a expressão acima é válida
ƒ Se ____
u
para qualquer posição do objeto entre os espelhos.
360º for um número ímpar, apenas se o objeto P
ƒ Se ____
u
estiver no plano que divide o ângulo T em dois ângulos
iguais (plano bissetor), ilustrado na figura a seguir, a
expressão é confiável.
Inicialmente, tem-se que a distância entre o objeto e a ima-
gem é de 2d. Depois de transladado o espelho de uma
distância x, tem-se que a nova distância entre o objeto e a
imagem é de (2d + 2x).

PP’=2d
PP”= 2(d+x) = 2d+2x

O deslocamento sofrido pela imagem do ponto P é:


D = PP” – PP’
D = 2d + 2x – 2d
D = 2x

Assim, é possível concluir que, se um objeto estiver fixo dian-


te de um espelho que translada retilineamente de uma dis-
tância d, a correspondente imagem transladada, no mesmo
sentido que o espelho, representará uma distância 2d.

58
sição 1, fazendo um ângulo a com a N1. Quando o espelho
Aplicação do conteúdo vai para a posição 2, o raio incidente atinge o espelho no
1. No exemplo a seguir, determinaremos as imagens de ponto I2, fazendo com a N2 um ângulo b.
um objeto puntiforme P colocado entre dois espelhos
que formam ângulo u = 90º entre si.

Resolução:

Em relação ao espelho E1, a imagem de P é I1, e em relação


ao espelho E2 , a imagem do ponto P é I2. Em relação ao
espelho E1, também existe a imagem I3. Desse forma, três
imagens foram formadas. Calculando a quantidade pela O prolongamento do raio refletido 1 (quando o espelho está
relação acima: na posição 1) e o raio refletido 2 (quando o espelho está na
posição 2) formam um ângulo que chamaremos de D.
360º = ____
____ 360º = 4 o inteiro par
a 90º I1 é o ponto onde o raio luminoso incide no espelho, na
360º = 4 – 1 = 3, ou seja, três imagens.
360º – 1 = ____ posição 1;
Então, n = ____
a 90º I2 é o ponto onde o raio luminoso incide no espelho, exata-
mente na posição 2;
a é o ângulo de rotação do espelho plano, na posição fixa;
D é o ângulo de rotação dos raios refletidos, isto é, é o
ângulo entre Rr1 e Rr2.
Como a soma dos ângulos internos de um triângulo é igual
a 180º, temos:
D + 2a = 2b
D = 2b – 2a
D = 2(b – a)
2.2.5. Espelhos paralelos Porém temos que a = b – a, dessa forma temos:
Ao se colocar um objeto entre dois espelhos paralelos D=2a
ocorre um efeito curioso. A imagem de um objeto em cada
espelho atua como objeto para o outro espelho, e, desse Sendo assim, podemos definir que o ângulo de rotação dos
maneira, forma-se um número infinito de imagens. raios refletidos é o dobro do ângulo de rotação do espelho.

multimídia: sites
www.super.abril.com.br/ciencia/o-que-faz-o-
2.2.6. Rotação de um espelho plano -espelho-refletir-imagens/
www.mundoestranho.abril.com.br/ciencia/
Considere o caso de um espelho plano rotacionado de um como-e-feito-o-espelho/
ângulo a. Inicialmente o espelho encontra-se na posição 1, www.educacao.globo.com/fisica/assunto/
e, depois da rotação, vai para a posição 2. O raio incidente ondas-e-luz/espelhos-e-reflexao-da-luz.html
atinge a posição I1 quando o espelho se encontrava na po-

59
VIVENCIANDO

No dia a dia, um indivíduo tem sua imagem refletida inúmeras vezes por múltiplos espelhos planos. A reflexão fornecida
pelos espelhos planos é útil para usos estéticos, pois a imagem fornecida é um reflexo exato da imagem apresentada.
Os espelhos também são amplamente utilizados na decoração, como em prédios espelhados ou na decoração de
interiores. Colocar um espelho que ocupe a parede toda é uma tática eficaz para criar a ideia de que o ambiente é
mais amplo. O uso em corredores, por exemplo, proporciona um efeito de profundidade.

60
DIAGRAMA DE IDEIAS

ESPELHOS
PLANOS

LEIS DA
IMAGEM
REFLEXÃO

RR E RI SÃO PROLONGAMENTO
SIMÉTRICA
COPLANARES DOS RAIOS
REFLETIDOS

IMAGEM
i=r VIRTUAL
ENANTIMORFA

61
AULAS ESPELHOS ESFÉRICOS:
19 E 20 ESTUDO GEOMÉTRICO
COMPETÊNCIAS: 5e6 HABILIDADES: 17, 18 e 22

1. INTRODUÇÃO
A seguir serão estudados os espelhos curvos. Um caso
particular de espelho curvo é o espelho esférico. Os
espelhos esféricos são calotas esféricas polidas. A super-
fície refletora pode ser interna à calota, caracterizando um
espelho côncavo, ou externa à calota, caracterizando um
espelho convexo. Observe as figuras a seguir.
ESPELHO CÔNCAVO: PARA UM OBJETO PRÓXIMO, A
IMAGEM VIRTUAL É DIREITA E AUMENTADA.

ESPELHO ESFÉRICO ESPELHO ESFÉRICO


CÔNCAVO CONVEXO

ESPELHO CÔNCAVO: PARA UM OBJETO DISTANTE, A IMAGEM VIRTUAL É INVERTIDA.

A figura a seguir apresenta as características de um espe-


lho esférico. Essa representação é um plano que passa pelo
centro (C) da esfera que deu origem ao espelho.

OS ESPELHOS RETROVISORES EM AUTOMÓVEIS, ENTRADAS DE


ELEVADORES E GARAGENS SÃO ESPELHOS CONVEXOS.

O campo visual constitui uma diferença entre espelhos


esféricos e espelhos planos. Nos espelhos esféricos, a re-
gião visível é maior. Usando um espelho convexo, é possível
enxergar uma região “mais ampla”. Entretanto, a imagem
nesse tipo de espelho é sempre menor do que o objeto. SEÇÃO MERIDIONAL DE UM ESPELHO ESFÉRICO

As características da imagem no espelho côncavo depen-


dem da posição do objeto em relação ao espelho. A ima- Podem ser definidos:
gem do objeto aparecerá direita e maior que o objeto se ƒ Centro de curvatura (C): é o centro da esfera que
ele for colocado bem próximo ao espelho côncavo. Desse originou o espelho.
modo, esse tipo de espelho pode ser usado para ampliar o
rosto, permitindo uma observação cuidadosa da pele. Con- ƒ Vértice do espelho (V): é o polo da calota esférica.
tudo, se o objeto for colocado distante do espelho côncavo, ƒ Eixo principal: é a reta que passa pelo centro de cur-
a imagem aparecerá invertida, isto é, de cabeça para baixo. vatura C e pelo vértice do espelho.

62
ƒ Eixo secundário: qualquer reta que passe por C e 1.2. Condições de Gauss para
intercepte o espelho em um ponto diferente de V, como
espelhos esféricos
as retas r e s na figura a seguir.
ƒ O raio de luz incidente deve ter uma pequena in-
clinação em relação ao eixo horizontal.
ƒ Os raios incidentes devem incidir no espelho numa
região próxima ao espelho.
Em geral, os espelhos esféricos serão analisados com base
nas condições de Gauss.
AS RESTAS R E S SÃO EIXOS SECUNDÁRIOS.

ƒ Raio de curvatura: é o raio R da superfície que deu 2. REFLEXÃO EM


origem ao espelho.
ESPELHOS ESFÉRICOS
ƒ Abertura do espelho: é o ângulo a entre os extrem-
os do espelho, medido no centro de curvatura. Observe as figuras a seguir. Nelas ocorre a reflexão de um
raio incidente (RI) em espelhos côncavo e convexo. Como
Observe na figura a seguir as representações mais usuais
nos espelhos planos, o ângulo de reflexão é igual ao ângu-
dos espelhos côncavos e convexos:
lo de incidência. A reta auxiliar tracejada é a reta que passa
pelo centro de curvatura (C) e pelo ponto de incidência.
Essa reta é normal ao espelho nesse ponto de incidência.

REPRESENTAÇÃO DE UM REPRESENTAÇÃO DE UM
ESPELHO CÔNCAVO ESPELHO CONVEXO

Os risquinhos nos extremos indicam a parte de trás dos


espelhos, ou seja, o lado que não é espelhado. Portanto, LUZ INCIDENTE E LUZ REFLETIDA NO
o lado espelhado, nos casos acima, é o lado esquerdo ESPELHO ESFÉRICO CONVEXO
dos espelhos.
Na prática, um espelho esférico é astigmático, isto é, os
raios refletidos de um feixe divergente não se cruzam exa-
tamente no mesmo ponto; no entanto, para certas condi-
ções, é possível tornar estigmático um espelho esférico, ou
seja, um ponto objeto conjugar apenas um ponto imagem.

LUZ INCIDENTE E LUZ REFLETIDA


EM UM ESPELHO CÔNCAVO

Caso o raio incidente (ou o prolongamento do raio) passe


pelo centro de curvatura do espelho, o raio refletido coinci-
dirá com o raio incidente.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Espelhos esféricos e imagens reais
O PONTO P’ É IMAGEM DO PONTO P.

63
Nos tópicos a seguir serão estudadas algumas caracterís- longamento do raio) passa pelo foco do espelho se o raio
ticas da reflexão nos espelhos côncavos e convexos que incide paralelamente ao eixo principal. Pela propriedade de
auxiliam na determinação das imagens. É importante ob- reversibilidade, caso o raio incida em direção ao foco, o raio
servar que, para objetos extensos, os raios refletidos não será refletido paralelamente ao eixo principal.
se cruzam exatamente no mesmo ponto. Desse modo, eles
definem uma região em que se cruzam, isto é, um pequeno
“borrão”. Assim, a imagem fica distorcida. É possível ten-
tar observar esse efeito usando uma colher de sopa como
espelho curvo.
As lentes também produzem imagens levemente distorci- ESPELHO CÔNCAVO ESPELHO CONVEXO
das. Os sistemas ópticos que produzem imagens distorci-
das são denominados astigmáticos. Quando a imagem O foco (F) dos espelhos esféricos é o ponto médio entre o
não apresenta distorção, como no caso do espelho plano, centro de curvatura do espelho (C) e o vértice (V).
o sistema é denominado estigmático. Se os espelhos
eféricos têm o ângulo de abertura pequeno, a imagem é
produzida com pouca distorção.

Aplicação do conteúdo
1. O que é um sistema óptico astigmático e qual a dif-
erença dele para um sistema óptico estigmático?

Resolução:

Sistema óptico astigmático é o sistema que produz ima-


gens distorcidas de um objeto analisado. O sistema óptico
estigmático, por sua vez, é o sistema que não produz dis- A distância focal (f) é medida entre o foco (F) do espelho
torção na imagem em relação ao objeto analisado. e o vértice; portanto:

f = __R
3. FOCOS DE UM ESPELHO 2

ESFÉRICO E RAIOS NOTÁVEIS


Considere um feixe de luz paralelo ao eixo principal que
incide sobre espelhos esféricos de pequena abertura, como
na figura a seguir. No caso do espelho côncavo, os raios
refletidos se interceptam perto do foco do espelho, isto é,
no ponto F. O foco do espelho côncavo é real. No caso do
espelho convexo, são os prolongamentos dos raios refleti-
dos que interceptam o foco do espelho no ponto F. O foco
de um espelho convexo é virtual.

multimídia: sites
www.estudopratico.com.br/espelhos-
esfericos/
www.ebah.com.br/content/ABAAAfi_
ESPELHO CÔNCAVO: FOCO REAL ESPELHO CONVEXO: FOCO VIRTUAL
wAA/espelhos-esfericos
Propriedade da reversibilidade da luz: o trajeto de um www.sofisica.com.br/conteudos/Otica/
raio de luz no sentido inverso é o mesmo daquele feito no Reflexaodaluz/espelhoesferico.php
sentido normal. Como foi visto, o raio refletido (ou o pro-

64
Os raios de luz que incidem em direção ao centro de curva- ao ângulo entre o eixo principal e o raio incidente.
tura são refletidos nessa mesma direção:

ESPELHO CÔNCAVO
ESPELHO CÔNCAVO

ESPELHO CONVEXO
ESPELHO CONVEXO
Se um raio incidir sobre o vértice (V) de um espelho esféri-
co, o ângulo entre o eixo principal e o raio refletido é igual

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Os espelhos esféricos também são estudados pelos artistas plásticos. O artista holandês Maurits Cornelis Escher,
famoso por suas representações de espaços impossíveis e transformações geométricas, tem entre suas obras mais
famosas autorretratos usando espelhos convexos. Já o artista britânico Anish Kapoor, um dos grandes escultores con-
temporâneos, é famoso pela grandiosidade de suas obras e pela exploração de dicotomias, como vazio/cheio, corpo/
espírito, céu/terra. Com a intenção de questionar a visão do público que circula pelos espaços, Kapoor tem diversas
obras usando espelhos esféricos espalhadas pelo mundo.

CLOUD GATE – OBRA DE ANISH KAPOOR SITUADA EM CHICAGO.

65
raio refletido tem a mesma direção e também passa pelo
Aplicação do conteúdo centro de curvatura.
1. Um espelho esférico côncavo possui um raio de Os prolongamentos dos dois raios refletidos traçados se
curvatura de 20 cm. Qual é, então, a distância focal interceptam em um ponto entre o vértice e o foco do espe-
desse espelho?
lho, no ponto B’. Esse ponto B’ é a imagem de B. A imagem
Resolução: do ponto A é o ponto A’, abaixo do ponto B’. Assim, a ima-
gem é direita, virtual e menor do que o objeto.
A relação entre distância focal e o raio de curvatura é dada
pela expressão:
f = __R
2
Substituindo o valor do raio de curvatura dado pelo exer-
cício, obtém-se na expressão:
20
f = ___
2
Finalizando os cálculos, resulta:
f = 10cm
2. Um espelho esférico convexo possui distância focal
de 25 cm. Qual é, então, o valor do raio de curvatura ESPELHO CONVEXO: IMAGEM DIREITA, VIRTUAL E MENOR DO QUE O OBJETO.
desse espelho?

Resolução: 4.2. Espelho côncavo


A relação entre a distância focal e o raio de curvatura é No caso do espelho côncavo, é utilizado o mesmo mét-
dada pela expressão: odo para determinar a imagem. Primeiro, deve-se traçar
um raio que incida paralelamente no espelho; em seguida,
f = __R
2 deve-se traçar um raio que incida na direção do centro de
Substituindo o valor da distância focal dado pelo exercício, curvatura. Entretanto, existem cinco possibilidades para
obtém-se na expressão: posicionar o objeto em frente ao espelho. .
25 = __R
2
Finalizando os cálculos, tem-se: 4.2.1. Caso I: Objeto antes
do centro de curvatura
R = 50cm
Nesse caso, pelas propriedades de reflexão dos raios que
incidem paralelamente e em direção ao centro de curvatu-
4. IMAGENS EM UM ra, é possível observar que os raios refletidos se intercep-
tam em um ponto entre o centro de curvatura e o foco.
ESPELHO ESFÉRICO Assim, a imagem é real, podendo ser projetada em um
Nos próximos tópicos serão determinadas as imagens anteparo. Observa-se, também, que a imagem é invertida e
obtidas por espelhos côncavos e convexos, de pequena menor do que o objeto.
abertura, de um objeto pequeno, linear, fixado perpendicu-
larmente sobre o eixo principal dos espelhos.

4.1. Espelho convexo


Na figura a seguir, o objeto o, de extremos A e B, é fixado
em frente a um espelho esférico convexo. A princípio, para
determinar a imagem desse objeto, deve-se traçar um raio
de luz do extremo B e que incida papalelamente no espel-
ho. Como foi visto, o prolongamento do raio refletido passa
pelo foco do espelho. Em seguida, deve-se traçar um raio
de luz, também do extremo B, mas que incida na direção ESPELHO CÔNCAVO COM OBJETO ANTES DO CENTRO DE CURVATURA:
do centro de curvatura do espelho. O prolongamento do IMAGEM REAL, INVERTIDA E MENOR DO QUE O OBJETO.

66
4.2.4. Caso IV: Objeto entre
o foco e o vértice
Traçando os raios refletidos nesse caso, é possível observar
que eles se interceptam “atrás” do espelho. Assim, a ima-
gem é virtual, direita e maior do que o objeto.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Espelhos Esféricos - Experimento ESPELHO CÔNCAVO COM OBJETO ENTRE O FOCO E O VÉRTICE:
IMAGEM VIRTUAL, DIREITA E MAIOR DO QUE O OBJETO.

4.2.2. Caso II: Objeto sobre


o centro de curvatura
Nesse caso, a imagem também está sobre o centro de
curvatura, sendo invertida e real. O tamanho da imagem
também é igual ao do objeto.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Espelhos Esféricos - Experimento

ESPELHO CÔNCAVO COM OBJETO SOBRE O CENTRO DE CURVATURA: 4.2.5. Caso V: objeto sobre o foco
IMAGEM REAL, INVERTIDA E DE MESMO TAMANHO QUE O OBJETO.
Quando o objeto está sobre o foco, os raios refletidos são
paralelos e não se encontram. A imagem é denominada
4.2.3. Caso III: Objeto entre o imagem imprópria e forma-se no infinito.
centro de curvatura e o foco
Nesse caso, a imagem do objeto é real e se forma antes do
centro de curvatura. A imagem é invertida e maior do que
o objeto. Repare que esse caso é o mesmo do caso I, mas
trocando a imagem pelo objeto. Isso ocorre por causa da
reversibilidade dos raios de luz.
ESPELHO CÔNCAVO COM OBJETO SOBRE O FOCO: IMAGEM IMPRÓPRIA.

Algumas observações importantes:


ƒ Quando o objeto e a imagem possuem naturezas
opostas, uma real e outra virtual, a imagem é direita.
ƒ Quando o objeto e a imagem possuem a mesma na-
tureza, real ou virtual, a imagem é invertida.

ESPELHO CÔNCAVO COM OBJETO ENTRE O CENTRO DE CURVATURA E ƒ Toda imagem real pode ser projetada num anteparo. Nun-
O FOCO: IMAGEM REAL, INVERTIDA E MAIOR DO QUE O OBJETO. ca uma imagem virtual pode ser projetada num anteparo.

67
Resolução:

O espelho esférico convexo forma sempre um único


tipo de imagem: virtual, direita e menor.Toda imagem
projetável é necessariamente real, não sendo possível
projetar imagens virtuais. Além disso, qualquer espelho
esférico forma imagens distorcidas do objeto, diferente
do espelho plano, que produz imagens sem distorções,
porém enantiomorfas.
Alternativa A
multimídia: vídeo 4. (Fatec) Um sistema óptico, composto de um elemento
reflexivo, gera de um objeto real uma imagem direita e
FONTE: YOUTUBE
aumentada.
Retrovisor – Fagner
O elemento reflexivo:
a) é um espelho esférico convexo, pois a imagem é virtual;
Aplicação do conteúdo b) é um espelho esférico convexo, com o objeto colo-
cado nas proximidades de seu vértice;
1. Um espelho projeta em uma tela a imagem de um c) é um espelho esférico côncavo, com o objeto colo-
objeto. O espelho é côncavo ou convexo? cado entre o ponto focal e o vértice do espelho;
d) é um espelho plano, pois a imagem é direta;
Resolução:
e) forma uma imagem virtual, pois imagens virtuais
Toda imagem projetável ou projetada é uma imagem real. são sempre aumentadas.
Assim, pode-se concluir que o espelho em questão é cônca- Resolução:
vo, pois espelhos convexos formam apenas imagens virtuais.
De acordo com o exercício, a imagem é formada por um
2. (Cesgranrio) Um objeto colocado muito além de C, sistema reflexivo. Assim, conclui-se que o sistema óptico
centro de curvatura de um espelho esférico côncavo, é
em questão é baseado em espelhos. Além disso, a imagem
aproximado vagarosamente do espelho. Estando o ob-
jeto colocado perpendicularmente ao eixo principal, a é direita e aumentada. Existe apenas uma situação possível
imagem do objeto conjugada por este espelho, antes para essas características: quando há um espelho esférico
de o objeto atingir o foco, é: côncavo numa situação em que o objeto foi posicionado
a) real, invertida e se aproxima do espelho; entre o foco e o vértice do espelho. Nesse caso, a imagem
b) virtual, direita e se afasta do espelho; é também virtual.
c) real, invertida e se afasta do espelho;
Alternativa C
d) virtual, invertida e se afasta do espelho;
e) real, invertida, fixa num ponto qualquer.
5. (UFRRJ) Um objeto está a uma distância P do vértice
Resolução: de um espelho esférico de Gauss. A imagem formada é
Nos casos em que o objeto está antes do foco de um es- virtual e menor. Nesse caso, pode-se afirmar que:
pelho esférico côncavo, sempre ocorrerá imagem real e a) o espelho é convexo;
invertida. Além disso, à medida que o objeto se aproxima b) a imagem é invertida;
do foco, a imagem aumenta de tamanho, e isso acontece c) a imagem se forma no centro de curvatura do espelho;
simultaneamente ao afastamento da imagem do espelho. d) o foco do espelho é positivo, segundo o referencial
de Gauss;
Alternativa C e) a imagem é formada entre o foco e o centro de curvatura.

3. (Faap) A respeito de um espelho convexo, sendo o Resolução:


objeto real, pode-se afirmar que:
Este tipo de imagem só é formada por espelhos esféricos
a) forma imagens direitas e diminuídas; convexos. Na única situação em que um espelho esférico
b) não forma imagens diminuídas; côncavo forma imagem virtual, ela também será maior. As-
c) suas imagens podem ser projetadas sobre anteparos; sim, a imagem descrita é provocada por um espelho con-
d) forma imagens reais; vexo; logo, é virtual, direita e menor.
e) suas imagens são mais nítidas que as dadas pelo
espelho plano. Alternativa A

68
VIVENCIANDO

Os espelhos esféricos são muito utilizados no cotidiano. Os espelhos convexos aumentam o campo de visão, per-
mitindo a visualização de ângulos que seriam inacessíveis pelos espelhos planos. Geralmente, esse tipo de espelho é
encontrado em corredores de supermercados, farmácias, saídas de estacionamentos e retrovisores de veículos – nos
ônibus nota-se que os espelhos situados acima das portas de saída são sempre espelhos convexos, possibilitando
que o motorista veja os passageiros que estão desembarcando.

Nos espelhos côncavos, as imagens formadas variam de acordo com a posição do objeto. Isso faz com que o seu
uso seja restrito. Os espelhos côncavos podem ser utilizados em alguns tipos de telescópios, projetores e também
em ferramentas nos consultórios odontológicos. Quando o objeto se situa bem próximo do espelho, entre o vértice
e o foco, a imagem resultante é virtual, direta e ampliada, o que resulta em uma melhor ampliação dos detalhes do
objeto refletido.

ESPELHOS CÔNCAVOS USADOS EM GERAÇÃO DE ELETRICIDADE ATRAVÉS DA ENERGIA SOLAR.

69
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Relacionar propriedades físicas, químicas e biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às fina-
18 lidades a que se destinam.

A Habilidade 18 avalia a capacidade do aluno de relacionar os seus conhecimentos na área de ciências da natureza
com a situação-problema apresentada na questão. Na óptica, é importante que o aluno conheça as características
das imagens formadas pelos diversos espelhos e suas aplicações.

Modelo
(Enem) Os espelhos retrovisores, que deveriam auxiliar os motoristas na hora de estacionar ou mudar de pista, muitas
vezes causam problemas. É que o espelho retrovisor do lado direito, em alguns modelos, distorce a imagem, dando a
impressão de que o veículo está a uma distância maior do que a real.

Este tipo de espelho, chamado convexo, é utilizado com o objetivo de ampliar o campo visual do motorista, já que no
Brasil se adota a direção do lado esquerdo e, assim, o espelho da direita fica muito mais distante dos olhos do condutor.
ADAPTADO DE: HTTP://NOTICIAS.VRUM.COM.BR. ACESSO EM: 3 NOV. 2010.

Sabe-se que, em um espelho convexo, a imagem formada está mais próxima do espelho que este está do objeto, o
que parece estar em conflito com a informação apresentada na reportagem. Essa aparente contradição é explicada
pelo fato de:
a) a imagem projetada na retina do motorista ser menor que o objeto;
b) a velocidade do automóvel afetar a percepção da distância;
c) o cérebro humano interpretar como distante uma imagem pequena;
d) o espelho convexo ser capaz de aumentar o campo visual do motorista;
e) o motorista perceber a luz vinda do espelho com a parte lateral do olho.

Análise expositiva - Habilidades 18: O espelho convexo forma uma imagem menor que causa no motorista
C a sensação de que a distância é menor do que realmente é.
Nossos olhos estão acostumados com imagens em espelhos planos, nos quais imagens de objetos mais
distantes nos parecem cada vez menores.
Esse condicionamento é levado para o espelho convexo: o fato de a imagem ser menor que o objeto é
interpretado pelo cérebro como se o objeto estivesse mais distante do que realmente está.
Essa falsa impressão é desfeita, por exemplo, quando o motorista está dando marcha a ré em uma garagem
e observando a imagem da parede pelo espelho convexo. Ele para o carro quando percebe pela imagem do
espelho convexo que está quase batendo na parede. Ao olhar para trás, por visão direta, ele percebe que
não estava tão próximo assim da parede.
Alternativa C

70
DIAGRAMA DE IDEIAS

ESPELHOS
ESFÉRICOS

CALOTAS
ESPELHADAS

ESPELHO ESPELHO
CÔNCAVO CONVEXO

CONVERGENTE DIVERGENTE

PONTOS
NOTÁVEIS

RAIOS NOTÁVEIS

CONSTRUÇÃO
DE IMAGENS

PROLONGAMENTO DOS INTERSECÇÃO EFETIVA


RAIOS REFLETIDOS DOS RAIOS REFLETIDOS

VIRTUAL REAL

71
AULAS ESPELHOS ESFÉRICOS: ESTUDO ANALÍTICO
21 E 22
COMPETÊNCIAS: 5e6 HABILIDADES: 17 e 22

1. EQUAÇÕES DOS i = altura da imagem;


f = distância focal = posição do foco no eixo das abscissas.
ESPELHOS ESFÉRICOS Essas definições também seguem as seguintes proprieda-
É possível calcular as posições e os tamanhos dos objetos e des:
das imagens produzidas pelos espelhos esféricos. Para isso,
ƒ As grandezas reais são positivas.
utiliza-se um sistema de coordenadas cartesianas, como
indicado nas figuras a seguir. ƒ As grandezas virtuais são negativas.
ƒ Se i < 0, a imagem é invertida.
Essas grandezas se relacionam pelas seguintes equações:

1 = __
1 + __
1 e –p'
i ___
__ A = __
o= p
f p p’

A grandeza A é o aumento linear transversal. O valor de A


também pode ser obtido usando a relação:

COORDENAS DO OBJETO E DA IMAGEM


EM UM ESPELHO CÔNCAVO.
f
A = __oi o A = ____
f–p

Se o e i tiverem o mesmo sinal, a imagem será direita. Se os


sinais forem invertidos, a imagem será invertida.
Algumas informações importantes:
ƒ Quando p’ > 0, a imagem será real e passível de ser
projetada.
ƒ Quando A > 0, a imagem será direita.

COORDENADAS DO OBJETO E DA
ƒ Quando A < 0, a imagem será invertida.
IMAGEM EM UM ESPELHO CONVEXO.
ƒ Se |A| < 1, a imagem será menor que o objeto.

O vértice do espelho é a origem do sistema de coordena- ƒ Se |A| = 1, a imagem será do mesmo tamanho que o
das. O eixo das abscissas (x) coincide com o eixo principal objeto.
do espelho, e o sentido positivo é oposto ao sentido de ƒ Se |A| > 1, a imagem será maior que o objeto.
incidência dos raios de luz. O eixo das ordenadas (y) é per-
pendicular ao eixo principal e orientado para cima.
Assim, define-se:
Aplicação do conteúdo
1. Um objeto real, medindo 6 cm, é colocado perpendi-
p = posição do objeto no eixo das abscissas; cularmente sobre o eixo principal de um espelho esféri-
p’ = posição da imagem no eixo das abscissas; co convexo, a 36 cm do vértice do espelho. Sabendo que
o raio de curvatura do espelho mede 24 cm, determine
o = altura do objeto; as características da imagem.

72
Resolução: 2. Como mostra a figura a seguir, um objeto é colocado
a 60 cm da superfície refletora de um espelho esférico
Do enunciado, são obtidos os seguintes dados: o = 6 cm, côncavo, cujo raio de curvatura é de 30 cm.
p = 36 cm, R = 24 cm.
O módulo da distância focal é metade do raio:

24 cm o u f u = 12 cm
R = _____
u f u = __
2 2

Entretanto, o espelho é convexo, então o foco é virtual e a


distância focal é negativa: f = –12 cm.
Calculando p’:
A imagem se forma a uma distância da superfície que vale,
1 = __
__ 1 + __
1 o ____
1 = ___
1 + __
1 o __
1 = ___
–1 – ___
1 o em cm,
f p p’ -12 36 p’ p’ 12 36 a) 15.
__ -3 – 1 o __
1 =_____ 1 = –4
___ o p’ = –9 cm b) 20.
p’ 36 p’ 36 c) 30.
d) 45.
Como p’ < 0, a imagem é virtual. e) 60.
Calculando o tamanho da imagem:
Resolução:
-p __i
__i = ___ (–9)
____
o p o 6 = – 36 o i = 1,5 cm Em primeiro lugar, calcula-se a distância focal: como R =
30 cm, então f = 15 cm. Assim, pode-se calcular p’:
A imagem é direita, pois o e i têm o mesmo sinal.
__ 1 + __
1 = __ 1 o ___
1 = ___ 1 o p’ = 20 cm
1 + __
A figura a seguir mostra a construção geométrica da imagem. f p p’ 15 60 p’

Alternativa B

3. Um objeto, colocado a 20 cm de um espelho côncavo,


forma uma imagem real, invertida e de tamanho igual
ao do objeto. Se o objeto for colocado a 10 cm do es-
pelho, a distância da nova imagem que irá se formar
será igual a:
a) 10 cm.
b) 15 cm.
c) 20 cm.
d) 30 cm.
e) Infinita.

Resolução:

Na situação inicial do problema, i = –o, portanto, A = –1.


Do enunciado, obtém-se também p = 20 cm. Com esses
dados, pode-se calcular o foco do espelho:
f o –1 = _____
A = ____ f o 20 – f = f o 2f =
f–p f – 20
20 o f = 10 cm
multimídia: vídeo
Na segunda situação, p = 10 cm, que é igual ao valor do
FONTE: YOUTUBE foco do espelho, f = 10 cm. Foi visto que, nessa situação, a
Professor faz estudo analítico dos espelhos imagem forma-se no infinito. Calculando:
esféricos - Fórmulas __ 1 + __
1 = __ 1 o ___
1 = ___
1 + __
1 o __
1 =0
f p p’ 10 10 p’ p’

73
Isso significa que o valor de p’ deve ser infinito para a razão 5. (Mackenzie) Um objeto real é colocado sobre o eixo
1/p’ ser igual a zero. principal de um espelho esférico côncavo a 4 cm de seu
vértice. A imagem conjugada desse objeto é real e está
Alternativa E situada a 12 cm do vértice do espelho, cujo raio de cur-
vatura é:
4. A figura a seguir representa um espelho esférico côn- a) 2 cm.
cavo, de distância focal 60 cm e um objeto AB de largu- b) 3 cm.
ra desprezível e comprimento 30 cm, que está deitado c) 4 cm.
sobre o eixo principal do espelho. A distância do ponto
d) 5 cm.
B ao vértice do espelho (V) é de 80 cm.
e) 6 cm.

Resolução:

Retirando do enunciado os dados e informações necessá-


rias, segue que:
P = 4cm
P’ = 12 cm
Para encontrar o Raio de Curvatura, é necessário calcular
o valor da distância focal utilizando a fórmula da Equação
de Gauss. Assim:
Desse objeto se formará uma imagem cujo tamanho é, em cm:
a) 30. __1 = __1 + __
1
f P P’
b) 60.
Substituindo pelos valores dados, tem-se:
c) 108.
d) 180. __1 = __1 + __
1
f 4 12
e) 240.
Simplificando a Expressão, obtém-se:
Resolução: __1 = __ 3 + __ 4 => __1 + __1
1 => __1 + __
f 12 12 f 12 f 3
Do enunciado do problema, obtém-se diretamente f = 60 Terminando os cálculos, tem-se:
cm e que B está a 80 cm do vértice V. Como AB é igual a f = 3cm
30cm, o ponto A está a 110 cm (80 cm + 30 cm) de V. Utilizando a relação entre a distância focal e Raio de Cur-
Para determinar o tamanho da imagem A’B’, é necessário vatura, tem-se:
determinar a distância da imagem de A e da imagem de B.
f = __R => 3 = __R => R = 6cm
Para o ponto A, tem-se: f = 60 cm, p = 110 cm. Calculando: 2 2
1 + __
1 = __ 1 o ___
1 = ___
1 + __
1 Alternativa E
__
f p p’ 60 110 p’
Assim, obtém-se a posição A’ da imagem de A:
p’ = 132 cm

Para o ponto B, tem-se: f = 60 cm, p = 80 cm. Calculando:


__ 1 + __
1 = __ 1 o ___ 1 + __
1 = ___ 1
f p p’ 60 80 p’
Do mesmo modo, obtém-se a posiçao B’ da imagem de B:
p’ = 240 cm

Por fim, o tamanho da imagem A’B’ é a diferença entre B’ multimídia: vídeo


e A’: FONTE: YOUTUBE
A’B’ = 240 – 132 = 108 cm Derivação da equação espelho |
Óptica geométrica | Física ...
Alternativa C

74
6. (PUC-MG) Uma pessoa, a 1,0m de distância de um Resolução:
espelho, vê a sua imagem direita menor e distante 1,2m
dela. Assinale a opção que apresenta corretamente o Retirando do enunciado os dados e informações necessá-
tipo de espelho e a sua distância focal:
rias, segue que:
a) côncavo; f = 15 cm;
b) côncavo; f = 17 cm; 0 = 2 cm.
c) convexo; f = 25 cm; P = 20 cm.
d) convexo; f = 54 cm;
e) convexo; f = 20 cm. i = 0,4 cm.
É possível notar que a imagem é menor. Além disso, o exer-
Resolução:
cício indica que a imagem é virtual. Assim, se a imagem
Retirando do enunciado os dados e informações necessá- é virtual e menor, então o espelho em questão é convexo,
rias, segue que: com a imagem direita; portanto, i é positivo.
P = 1m Utilizando a Equação do Aumento, tem-se:
(-P)
Lembrando que a distância entre a pessoa e sua imagem A = i/o = ___
P
vale 1,2 m, então:
Substituindo pelos valores, obtém-se:
P + P’ = 1,2m
(–P)
0,4 ____
___
Assim: = => P’ = 0,2 ˜ 20
2 20
P’ = -0,2m Utilizando a fórmula da Equação de Gauss, segue que:

Sabe-se que a imagem é direita e menor; assim, é pos- __1 = __1 + __


1
f P P’
sível concluir que o espelho em questão é convexo, pois
um espelho côncavo, quando forma imagem direita, forma Substituindo pelos valores obtidos, tem-se:
obrigatoriamente também uma imagem maior. 0,2 ___ (-0,8) (-0,8) 0,2
__1 = ___ - 1 => __1 = ____ => __1 = ____ => f = - ___
Sabendo que o espelho em questão é convexo, é possível f 0,2 0,2 f 0,2 f 0,2 0,8
concluir que a imagem é virtual, por isso o sinal de corre- Finalizando os cálculos, obtém-se:
ção em P’.
f = – 5 cm.
Utilizando a fórmula da Equação de Gauss, tem-se:
__1 = __1 + __
1 O sinal indica que o espelho em questão é convexo.
f P P’
Alternativa D
Substituindo pelos valores dados, tem-se:
__1 = __1 + __
1
f 1 (-0,2)
Realizando as operações necessárias, obtém-se:
0,2 ___
__1 = ___ (-0,8) (-0,8) 0,2
- 1 => __1 = ____ => __1 = ____ => f = - ___
f 0,2 0,2 f 0,2 f 0,2 0,8
Finalizando os cálculos, tem-se:
f = 0,25 m = 25 cm
O sinal indica que o espelho em questão é convexo.

Alternativa C
7. (PUC) Um objeto, de 2,0 cm de altura, é colocado a 20
multimídia: sites
cm de um espelho esférico. A imagem que se obtém é
virtual e possui 4,0 mm de altura. O espelho utilizando é: www.fisicaevestibular.com.br/novo/
optica/optica-geometrica/estudo-
a) côncavo, de raio de curvatura igual a 10 cm;
b) côncavo e a imagem se forma a 4,0 cm de espelho;
analitico-dos-espelhos-esfericos/
c) convexo e a imagem obtida é invertida; www.coladaweb.com/fisica/
d) convexo, de distância focal igual a 5,0 cm; optica/equacao-de-gauss
e) convexo e a imagem se forma a 30 cm do objeto.

75
VIVENCIANDO

Em 2013, o inglês Martin Lindsay, depois de um dia cansativo de trabalho, foi buscar o seu Jaguar XJ preto, que
estava estacionado no distrito financeiro de Londres, quando percebeu que diversas partes do seu carro estavam der-
retidas. “Não é possível”, pensou Lindsay ao ver seu carro danificado. O estrago não foi causado por um flanelinha
enfurecido com a mesquinhez de Lindsay, mas pelo arranha-céu conhecido Walkie Talkie.
O design arquitetônico exótico de Walkie Talkie foi o responsável pelo derretimento do carro. O físico Chris Shepherd,
do Instituto de Física de Londres, diz: “É uma questão de reflexo. Se um prédio é curvilíneo e tem várias janelas
planas, que funcionam como espelhos, os reflexos se convergem em um ponto, focando e concentrando a luz”. A
cor do carro também contribuiu para a absorção do calor e, consequentemente, para o derretimento. A
administração do prédio pagou o conserto do veículo, que custou 946 libras (R$ 3.738).

EDIFÍCIO CONHECIDO COMO WAKIE TALKIE


Uma aplicação interessante de espelhos esféricos acontece nos faróis dos carros. Colocando uma fonte pontual de
luz no foco de um espelho esférico, todos os raios que incidirem no espelho serão refletidos paralelos em relação ao
eixo óptico. Assim, é possível direcionar o feixe de luz.

As antenas parabólicas funcionam seguindo o princípio inverso. Coloca-se a antena no foco, assim todos os raios que
incidirem paralelamente ao eixo serão refletidos passando pelo foco.

76
DIAGRAMA DE IDEIAS

REFERENCIAL DE GAUSS

OBJETO REAL p>0

OBJETO VIRTUAL p<0

IMAGEM REAL p’ > 0

A<0

INVERTIDA i<0

IMAGEM VIRTUAL p’ < 0

A>0

DIREITA i>0

CÔNCAVO f>0

ESPELHO

CONVEXO f<0

77
AULAS REFRAÇÃO DA LUZ
23 E 24
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 3, 17 e 22

1. INTRODUÇÃO A refração da luz ocorre quando a luz é transmitida


Anteriormente, foi estudada a propagação da luz em um entre meios com diferentes velocidades de propa-
determinado meio e foi visto o que acontecia quando a gação do feixe luminoso.
luz incidia em uma superfície e sofria reflexão na mes-
ma. Agora, será analisado o que ocorre quando um feixe
de luz atinge uma superfície e passa a se propagar em
um meio diferente. Nesse caso, a luz é transmitida de um
1.1. Índice de refração
meio A para um meio B. Ao atravessar a interface que A velocidade de propagação da luz no vácuo é de
separa esses dois meios, a luz sofre um fenômeno deno- c = 3,00 ˜ 108 m/s, independentemente da frequência.
minado refração. Entretanto, em diferentes meios, como no ar, na água ou em
um vidro, a velocidade de propagação da luz é menor do que
o valor c, dependendo também da frequência.
O índice de refração é um número que compara a velo-
cidade de propagação da luz em diferentes meios. Para um
determinado meio A e uma frequência específica da luz, o
índice de refração é o número nA, adimensional, definido por:
c
nA = __
v
EXEMPLO DE REFRAÇÃO DOS RAIOS LUMINOSOS A
QUE PASSAM PELO AR, VIDRO E ÁGUA.

Se o raio de luz incidir perpendicularmente na superfície de Em que vA é a velocidade de propagação da luz no meio A.
separação entre os meios, o raio transmitido também terá A partir da relação entre a frequência e o comprimento de
direção perpendicular à superfície. Entretanto, se o raio de onda da luz, vA = fA ˜ OA, é possível reescrever a expressão
luz incidir obliquamente na superfície, ou seja, com uma para o índice de refração como:
inclinação em relação à superfície, a direção do raio trans-
c
nA = _____
mitido será diferente da direção do raio incidente. Dessa fA ˜ OA
forma, um observador terá a impressão de que o raio se
quebrou ao atravessar a superfície de separação. Com Observe que sempre vA < c e, portanto, nA é maior do que 1.
efeito, a palavra refração deriva do latim refractus, que
significa “quebrar”. Aplicação do conteúdo
1. A velocidade de propagação da luz monocromática
violeta e da luz monocromática vermelha em certo tipo
de vidro é 1,96 ˜ 108 m/s e 1,98 ˜ 108 m/s, respectivamen-
te. Calcule o índice de refração desses dois raios de luz
nesse meio.

Resolução:

No entanto, foi constatado que o desvio do raio de luz era A luz violeta se propaga nesse vidro com velocidade v =
devido à mudança de velocidade de propagação da luz nos 1,96 ˜ 108 m/s. Assim, o índice de refração do vidro para
diferentes meios. Essa constatação, e também o fato de a luz violeta é:
que nem sempre os raios se “quebram”, levou à definição 3,0 ˜ 108 m/s
n = _vc = ___________ Ÿ n = 1,53
moderna de refração: 1,96 ˜ 108 m/s

78
Lembre-se de que o índice de refração é adimensional, v
pois é o quociente de duas grandezas de mesma unidade. nAB = v__B
A

A luz vermelha se propaga no vidro com velocidade 1,98 .


108 m/s. Portanto, o índice de refração do vidro para a luz
Considerando dois meios, A e B, de índices de refração nA
vermelha é:
e nB, afirma-se que A é mais refringente que B, se nA > nB.
3,0 ˜ 108 m/s
n = _vc = ___________ Ÿ n = 1,51
1,98 ˜ 108 m/s

No vácuo, o índice de refração é 1 (n = c/c). Como v < c,


o índice de refração de um meio qualquer é:

nt1

No ar, apesar de a velocidade de propagação da luz ser


menor do que c, o índice de refração é bem próximo de 1,
independentemente da frequência, ou cor, da luz. Conside-
rando as cores do arco-íris, determinou-se, experimental-
mente, a seguinte relação entre as velocidades de propa- multimídia: vídeo
gação das diferentes cores, para qualquer meio material:
FONTE: YOUTUBE
v vermelho > vlaranja > vamarelo > v verde > vazul > v violeta Física - Refração e Lei de Snell (Khan Academy)

Lembrando que n = _vc, os índices de refração se relacionam


de modo inverso, ou seja: 2. LEIS DA REFRAÇÃO
Considere o caso como ilustrado na figura a seguir, em
nvermelho < nlaranja < namarelo < nverde < nazul < nvioleta
que um feixe estreito de luz monocromático se propaga
inicialmente no meio A, sofre refração na interface entre os
Como o índice de refração do vermelho é o menor, seu
meios A e B e continua se propagando no meio B. O raio
desvio também é o menor, da mesma maneira que o índi-
de luz que se propaga no meio A é denominado raio inci-
ce de refração do violeta é o maior, e seu desvio também
dente (i), e o raio de luz que se propaga no meio B, depois
é o maior.
de sofrer refração, é denominado raio refratado (r).

Meio A
S
Meio B

Desvio

Frequência
violeta

amarelo

verm
anil

azul
verde

laranja

e
lho
do

O índice de refração entre dois meios, isto é, entre um A primeira lei da refração afirma que:
meio A em relação a um meio B, é indicado por nAB e
definido por: O raio incidente, o raio refratado e a normal, no
nA
nAB = __
nB
ponto de incidência, estão no mesmo plano.

Substituindo a expressão equivalente para cada um dos A normal é uma reta perpendicular à superfície de separa-
índices de refração, nAB também é dado por: ção entre os meios A e B, no ponto de incidência, TA é de-

79
nominado ângulo de incidência e TB é denominado ângulo Resolução:
de refração, como indicados na figura anterior.
A segunda lei da refração afirma: O índice de refração do vidro é maior que o da água, e,
portanto, o ângulo de refração é maior que o ângulo de
nA · sen TA = nB · sen TB incidência, como mostra a figura. Ao passar do vidro para
a água, o raio afasta-se da normal. Pela segunda lei de
refração (lei de Snell-Descartes), tem-se:
Em que nA é o índice de refração do meio A, e nB é o índice
de refração do meio B.
c e n = __
Sendo nA = v__ c
A
B vB, a expressão pode ser reescrita
como:

c
__ c
__ sen TA _____
_____ sen TB
vA · sen TA = vB · senTB Ÿ vA = vB

Quando o raio de luz está em incidência normal, os ângulos nv · sen Tv = nA · sen TA


são TA = TB = 0° e não ocorre nenhum desvio. Assim, sen TA (1,62) sen 30º = (1,33) (sen TA)
= sen TB = 0, e a segunda lei também é válida nesse caso.
sen TA > 0,609

O ângulo TA,para o qual o seno vale aproximadamente


0,609, é:
TA > 37,5º

Lembre-se de que, quando um raio de luz é refratado para


um meio menos refringente, o ângulo de refração é maior
que o ângulo de incidência, e o raio se afasta da normal.
Se o raio se refrata para um meio mais refringente, ocorre
A segunda lei da refração é conhecida como Lei de Snell- o oposto, e o raio se aproxima da normal.
-Descartes, apesar de, muitas vezes, ser referida apenas

3. FORMAÇÃO DE IMAGENS
como de Lei de Snell.
René Descartes (1596-1650) foi um filósofo, matemático
e físico francês e um grande estudioso dos fenômenos da Observe a seguir a imagem de um garoto observando uma
luz. É famoso pela criação da geometria analítica e autor moeda dentro de um aquário. Sabe-se que o raio de luz
do método cartesiano, além ter participado da revolução sofre um desvio quando o meio em que ele se propaga é
científica. alterado. Nesse caso, o raio de luz da moeda, ao deixar de
se propagar na água e passar a se propagar no ar, sofre
Aplicação do conteúdo um desvio, afastando-se da normal no ponto de refração.
Entretanto, a visão não compreende essa mudança de
1. Um raio de luz monocromático i propagando-se em
um vidro incide na água com ângulo Tv = 30º, como percurso do raio e entende como se o raio sempre tivesse
mostra a figura. Sabendo que para essa luz os ín- percorrido um trajeto retilíneo. Assim, é como se a moeda
dices de refração do vidro e da água são nv = 1,62 e estivesse na posição M’, indicada na figura, que é a conti-
nA = 1,33, respectivamente, determine o ângulo forma- nuação do raio refratado para dentro da superfície.
do entre a normal e o raio refratado.

Esse mesmo efeito ocorre para o caso da colher mergulha-


da parcialmente em um copo com água. Os raios de luz

80
da parte inferior da colher, que está submersa, sofrem um Agora, será determinada uma relação entre a posição real
desvio ao passarem da água para o vidro e depois do vidro e a posição aparente da imagem que é vista em um siste-
para o ar. Contudo, os raios da parte da colher que não está ma de dioptro plano.
submersa sofrem desvios apenas ao passar do ar para o
Considere um sistema ar–água, como um aquário, repre-
vidro e do vidro para o ar, e, desse modo, o observador tem
sentado na figura a seguir. Será analisada a situação de
a impressão de que esses raios vêm de diferentes posições
um objeto na água, um peixe, por exemplo, e um obser-
e de que a colher parece estar quebrada.
vador no ar. Anteriormente, foi constatado que a imagem
É importante lembrar o princípio da reversibilidade da luz. aparente do peixe forma-se em uma posição mais próxima
Na situação da figura a seguir, o raio de luz que sai do pei- da superfície da água do que a posição real do peixe.
xe (P) e atinge o olho do menino (M) percorre o caminho
XYZ. O menino tem a impressão de que o peixe está na
posição P’. Pelo princípio da reversibilidade da luz, o raio de
luz que vai do olho do menino para o peixe também per-
corre o mesmo trajeto, no sentido inverso, ZYX. Contudo,
para o peixe, o menino está na posição M’.

Quando o objeto é observado de modo que o ângulo de


incidência seja praticamente perpendicular, a seguinte
equação é válida:

n______
observador p’
__
Assim, faz sentido o fato de que os índios mirem a flecha nobjeto = p
ou a lança em uma posição diferente da posição onde apa-
rentemente eles veem os peixes. A posição onde devem
mirar é um ponto um pouco mais abaixo da posição apa- Em que:
rente do peixe. Esse conhecimento foi adquirido de forma p: distância do objeto à superfície (distância real do ob-
empírica ao longo do tempo, isto é, na tentativa e no erro. jeto);
p’: distância da imagem à superfície (distância aparente
do objeto);
A indicação do significado de p e p’ é ilustrada na figura
a seguir:

OBSERVE QUE A IMAGEM APARENTE DO PEIXE A’ É

4. DIOPTRO PLANO VIRTUAL E MAIS PRÓXIMA DA SUPERFÍCIE S.

Um sistema formado por dois meios transparentes de re- Dessa forma, se o observador estiver no meio menos re-
fringências diferentes (índices de refração diferentes) sepa- fringente, a imagem do objeto estará próxima da interface
rados por uma superfície plana é um dioptro plano. Os de separação dos meios. Se o observador estiver no meio
exemplos vistos anteriormente eram constituídos de diop- mais refringente, ocorrerrá o oposto, e a imagem estará
tros planos. mais distante.

81
de luz é absorvida, parte é refletida e parte é refratada. A
seguir, será analisado um caso particular muito interessan-
te: a reflexão total.
Um raio de luz é refratado, afastando-se da normal, ao
atravessar a interface de um meio mais refringente para
outro meio menos refringente. Como exemplo, considere o
caso da figura a seguir, em que um raio de luz atravessa a
interface entre a água (meio A) e o ar (meio B).

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
À medida que o ângulo de incidência aumenta, o ângulo
Como entortar raios de luz com açúcar de refração também aumenta, e mais o raio refratado se
afasta da normal. Para um determinado ângulo de incidên-
cia L, o ângulo de refração é de 90º. Esse valor, L, é deno-
minado ângulo limite de incidência.
Aplicação do conteúdo
A partir da Lei de Snell-Descartes:
1. Um tanque tem 6,0 m de profundidade e está cheio
de um líquido de índice de refração igual a 1,5. Uma nA · sen i = nB . sen r Ÿ
pessoa observa o tanque em uma direção obliqua à su-
nA . sen L = nB . sen 90º
perfície do líquido. Determine a elevação aparente da
profundidade do tanque que a pessoa observa.
Como sen 90º = 1, tem-se:
Resolução:
nB n____
Substituindo os dados fornecidos pelo enunciado do pro- senL = __
n =n
menor

A maior
blema na equação anterior:
n1 __p‘ p‘ Se o ângulo de incidência for superior ao ângulo limite, não
__ 1 ___
___
n2 = p Ÿ 1,5 = 6,0 Ÿ p‘ = 4m haverá refração, e a luz incidente será totalmente refletida.
Esse fenômeno é denominado reflexão total.
Observe que as seguintes condições devem ser satisfeitas
para que ocorra reflexão total:
ƒ A propagação da luz deve ocorrer do meio mais refrin-
gente para o meio menos refringente.
ƒ O ângulo de incidência deve ser maior que o ângulo
limite, isto é, i > L.

Assim, a elevação é: x = p – p’ = 6 – 4 = 2,0 m.

5. ÂNGULO LIMITE –
REFLEXÃO TOTAL
Três fenômenos podem ocorrer quando um feixe de luz
atinge uma superfície: reflexão, refração e absorção.
A reflexão faz com que o raio não atravesse a superfície e
permaneça no mesmo meio em que estava se propagando. multimídia: vídeo
A refração permite que a luz atravesse a interface e conti-
nue se propagando no outro meio. A absorção impede que FONTE: YOUTUBE
a luz continue se propagando. Em geral, os três fenômenos Refração da luz - Revisão FUVEST #04
ocorrem em quantidades diferentes, ou seja, parte do feixe

82
Resolução:
Aplicação do conteúdo
1. A fibra óptica é construída em uma estrutura cilíndri- Somente um feixe cônico de abertura angular 2L consegue
ca de vidro, composta basicamente por dois materiais passar para o ar, ou seja, os feixes cujo ângulo de incidên-
diferentes, sendo um interno, o núcleo, e outro externo, cia são menores do que o ângulo limite. Assim, a região
a casca. A figura mostra, esquematicamente, a estrutura circular luminosa tem raio 2r. No limite dessa região (con-
de uma fibra óptica. torno), os raios incidem com ângulo igual ao ângulo limite.
Os raios que incidem com um ângulo maior do que o limite
sofrem reflexão total.

O mecanismo de funcionamento da fibra óptica é basea-


do na propriedade de reflexão total da luz que ocorre na
interface núcleo–casca. Assim, os feixes de luz podem ser
“guiados” dentro da fibra óptica. Designando por nnúcleo e
ncasca os índices de refração do núcleo e da casca, respecti- Calculando o valor do ângulo limite:
vamente, analise as afirmações a seguir sobre as condições n2 · sen L = n1 · sen 90º
necessárias para ocorrer a reflexão interna total da luz.
I. nnúcleo > ncasca. 2 · sen L = 1 · 1
II. Existe um ângulo L, de incidência na interface nú- 1 Ÿ L = 30º
ncasca sen L = __
cleo-casca, tal que sen L = ____
nnúcleo . 2
III. Raios de luz com ângulos de incidência i > L so-
O valor de r pode ser obtido pelo triângulo 'ABF. Assim:
frerão reflexo interno total, ficando presos dentro do
__ __
núcleo da fibra. √ 3 __r √3
tg 30º = __r Ÿ___ = Ÿ r = ___ m
Quais afirmações são verdadeiras? 1 3 1 3

Resolução:

A reflexão total da luz no interior da fibra óptica necessita


de duas condições:
ƒ A luz deve se propagar do meio mais refringente para
o meio menos refringente (nnúcleo > ncasca).
ƒ O ângulo de incidência da luz deve ser superior ao ân-
gulo limite de incidência para o dioptro núcleo-casca
(i > L).
O ângulo limite de incidência, para o dioptro núcleo-cas-
ca, é dado por: multimídia: sites
nmenor ncasca
sen L = ____
n Ÿ sen L = ____
n www.explicatorium.com/cfq-8/refracao-da-
maior núcleo
-luz.html
Assim, as afirmações I, II e III estão corretas.
www.efisica.if.usp.br/otica/basico/
2. No fundo de um tanque de profundidade igual a 1 m, refracao/
contendo um líquido de índice de refração 2, existe um www.passeiweb.com/estudos/sala_de_
ponto luminoso. A luz emitida por esse ponto luminoso aula/fisica/otica_refracao_da_luz
forma uma região circular luminosa na superfície do lí-
quido. Determine o raio dessa região circular luminosa.

83
VIVENCIANDO

Quando um canudo é colocado num copo de vidro com água, o canudo parece estar “quebrado”, certo? O fenôme-
no físico responsável por essa ilusão de óptica é a refração. A refração ocorre com a luz quando ela muda de meio
de propagação, como do ar para a água.

Por meio do fenômeno de refração, é possível explorar um fenômeno muito útil denominado reflexão total, atual-
mente usado por 90% das comunicações digitais, como telefonia móvel e fixa, internet banda larga e transferência
de dados em geral. A fibra óptica baseia-se no fenômeno de reflexão interna total, que ocorre quando a luz viaja num
meio mais refringente envolto em um meio menos refringente, sem que a luz consiga mudar de meio de propagação,
propagando-se por meio da reflexão na parte interna da fibra ótica.
A fibra óptica é um material feito de vidro ou de plástico (polímeros) e é capaz de transportar luz em seu interior
por meio da reflexão total da luz. Atualmente, na medicina, as fibras ópticas são utilizadas nos equipamentos en-
doscópios e em cirurgias. Por exemplo, o médico pode ter a visualização dos órgãos internos de um paciente através
do uso de um equipamento de endoscopia que faz uso de fibra óptica, e, assim, podem ser detectadas anormalidades
nos órgãos. Nas telecomunicações, a fibra óptica é utilizada para transmitir sinais por meio de pulsos eletromagnéti-
cos, ou seja, luz, radiação infravermelha ou qualquer outro tipo de radiação eletromagnética. A vantagem em relação
aos cabos de cobre é que a transmissão de dados é mais eficiente e econômica. O grande desafio tecnológico é
descobrir ou criar novos materiais para a confecção de fibras ópticas mais eficientes. No cotidiano, a fibra óptica
é pouco utilizada, mas pode ser encontrada em alguns artigos de decoração, em certos tipos de brinquedos e em
aparelhos de home theater.
ADAPTADO DE: HTTP://WWW.MUNDOEDUCACAO.COM/FISICA/A-UTILIZACAO-FIBRA-OPTICA.HTM

84
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre radiação e matéria em suas manifestações em processos
22 naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, ecônomicas ou ambientais.

É necessário que o aluno saiba utilizar seus conhecimentos de Física para interpretar e resolver situações-problema
apresentadas na questão.

Modelo 1
(Enem) Alguns povos indígenas ainda preservam suas tradições realizando a pesca com lanças, demonstrando uma
notável habilidade. Para fisgar um peixe em um lago com águas tranquilas, o índio deve mirar abaixo da posição em
que enxerga o peixe.
Ele deve proceder dessa forma porque os raios de luz:
a) refletidos pelo peixe não descrevem uma trajetória retilínea no interior da água;
b) emitidos pelos olhos do índio desviam sua trajetória quando passam do ar para a água;
c) espalhados pelo peixe são refletidos pela superfície da água;
d) emitidos pelos olhos do índio são espalhados pela superfície da água;
e) refletidos pelo peixe desviam sua trajetória quando passam da água para o ar.

Análise expositiva - Habilidade 22: No exercício proposto, é necessário lembrar-se de que, no dioptro plano,
E a imagem e o objeto não coincidem na mesma posição.

A figura mostra um raio refletido pelo peixe que atinge o olho do observador. Ao refratar-se da água para o
ar, ele sofre desvio em sua trajetória. O observador vê a imagem do peixe acima de sua posição real.
Alternativa E

85
DIAGRAMA DE IDEIAS

REFRAÇÃO MUDANÇA DE MEIO

RAIOS DIFERENTES VELOCIDA-


LEIS DE REFRAÇÃO
COPLANARES DES DE PROPAGAÇÃO

LEI DE SNELL DESCARTES ÍNDICE DE REFRAÇÃO

DO - PARA O +
RAIO SE APROXIMA DE N
REFRINGENTE

DO + PARA O -
RAIO SE AFASTA DE N
REFRINGENTE

i>L REFLEXÃO TOTAL

86
AULAS REFRAÇÃO DA LUZ EM PRISMAS
25 E 26
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 1, 2, 17, 20 e 22

1. LÂMINA DE FACES PARALELAS


Nos casos estudados anteriormente de refração da luz, a
interface de separação entre os meios possuía espessura
desprezível, ou seja, não era considerada. Será estudado a
seguir o comportamento da luz ao percorrer uma lâmina
delgada e de material diferente. Não é importante que o
meio em volta da lâmina seja o mesmo; no entanto, em
geral, esse será o caso. Além disso, na maior parte das situ-
ações, o material em torno da lâmina será o ar.

Aplicando a segunda lei de refração às faces F1 e F2, tem-se:


C face F1: nar · sen D = n · sen T
face F2: n · sen T = nar · sen E
A D
B C O termo n sen u aparece em ambas as equações; assim,
pode-se concluir:
A D nar · sen D = nar · sen E Ÿ sen D sen E Ÿ D = E
O ângulo do raio que sai da lâmina, em F2, é igual ao ân-
gulo de incidência em F1. Dessa forma, o raio emergente
Seção reta (ou transversal) de uma lâmina com espessura
CD é paralelo ao raio incidente AB, como ilustra a figura
não desprezível.
anterior. Contudo, houve um deslocamento lateral do raio
de luz ao atravessar a lâmina (também indicado na figura).
Esse deslocamento é que causa a impressão de “quebra”
do lápis, como é possível observar na figura a seguir:

O VIDRO USADO EM UMA JANELA É UM EXEMPLO DE LÂMINA DE FACES PARALELAS.

Na figura a seguir, um raio de luz se propaga no ar até


atingir obliquamente uma lâmina de faces paralelas. O ín-
dice de refração da lâmina é n, e as faces da lâmina serão NOTE QUE APENAS A PARTE DO LÁPIS ATRÁS DA LÂMINA PARECE
chamadas de F1 e F2. ESTAR DESLOCADA EM RELAÇÃO AO RESTO DO LÁPIS.

87
Utilizando a tabela trigonométrica ou uma calculadora,
obtém-se: a > 27º.
O deslocamento d pode ser obtido do triângulo ACD. No
entanto, deve-se conhecer o valor de q. Assim:
50º = D + T o 50º > 27º + T o T > 23º
d
Pelo triângulo retângulo ACD, tem-se: sen T = ___
AC
e
Pelo triângulo retângulo ABC, tem-se: cos D = ___
AC
Dividindo membro a membro as equações, tem-se:
multimídia: vídeo sen u __d
____ sen 23º ___
______ d
cos a = e ou cos 27º > 6,0
FONTE: YOUTUBE
Os valores do seno e do cosseno na expressão acima são:
Refração da luz no prisma - parte 1
sen 23º > 0,39 e cos 27º > 0,89

Substituindo, encontra-se o valor do deslocamento:


Aplicação do conteúdo 0,39 ___
____ > d Ÿ d > 2,6 cm
1. Considere a figura a seguir, na qual um raio de luz, 0,89 60
propagando-se pelo ar, incide sobre uma lâmina de vi-
dro com espessura e = 6 cm. Supondo que o índice de A expressão acima pode ser generalizada. O desvio d é
refração do vidro seja m = 5 __ , qual o deslocamento late- dado por:
3
ral sofrido pelo raio de luz ao sair da lâmina?
sen (i – r)
d = ________
cos r · e

Em que:
i: ângulo de incidência na primeira face;
r: ângulo de refração na primeira face;
Resolução: e: espessura da lâmina.
Aplicando a segunda lei da refração na face de incidência:
nar · sen 50º = nvidro · sen D 2. PRISMA ÓPTICO
Como nar = 1, Mvidro= __5 e sen 50º > 0,766 (usando uma Os prismas ópticos são utilizados, por exemplo, em
3 binóculos potentes e em periscópios de submarinos para
calculadora ou uma tabela trigonométrica), a equação fica:
desviar intencionalmente os raios de luz.
5 · sen D
1 · (0,766) = __
3 Um prisma óptico é um material homogêneo, transparente
e formado por duas superfícies planas não paralelas. Os
Assim:
prismas são utilizados para desviar os raios de luz, e o
sen D > 0,46 modo como esse desvio deve ocorrer depende da aplica-
ção para a qual o prisma foi projetado.

88
A figura a seguir resume os ângulos característicos de cada
prisma óptico:
i: ângulo de incidência na 1.ª face (S1);
r: ângulo de refração na 1.ª face (S1);
r’: ângulo de incidência na 2.ª face (S2);
i’: ângulo de refração na 2.ª face (S1) ou ângulo de emer-
gência;
D1: desvio angular na 1.ª face o D1 = i – r;
D2: desvio angular na 2.ª face o D2 = i’ – r’;
D: desvio angular total; é o ângulo formado pelas direções Aplicação do conteúdo
__
de incidência e de emergência da luz no prisma; 1. Um prisma de vidro tem índice de refração √2 e ân-
A: ângulo de abertura ou ângulo de refringência. gulo de abertura 75º. Um raio de luz monocromática
propagando-se no ar índice com ângulo de 45º sobre a
normal de uma das faces do prisma. Calcule:
__
√2
Dados: sen 30º = __1, sen 45º = ___
2 2
a) o ângulo de refração na 1.ª face;
b) o desvio angular na 1.ª face;
c) o ângulo de incidência na 2.ª face;
d) o ângulo de refração na 2.ª face;
e) o desvio angular na 2.ª face;
f) o desvio angular total.
Resolução:
__
Dados: A = 75º; n2 = √2 ; nar = 1; i= 45º

a) nar· sen i = n2· sen r Ÿ nar· sen 45º = n2· sen r


2.1. Equações do Prisma √2
__
__
1, então r = 30º
___ = √2 · sen r Ÿ sen r = __
2 2
2.1.1. Abertura A b) D1 = i – r Ÿ D1 = 45º – 30º Ÿ D1 = 15º
c) A = r + r’ Ÿ 75º = 30º + r’, então r’ = 45º
O ângulo formado pelas normais às superfícies S1 e S2 tam-
bém é igual a A. Como o ângulo externo é igual à soma
dos internos não adjacentes, segue que:
A = r + r’

2.1.2. Desvio angular total D


A partir da mesma relação do ângulo externo:
D = D1 + D2

Substituindo:
d) n2· sen r’ = nar· sen i’ Ÿ
D1 = (i – r)
Ÿn2· sen 45º = nar· sen i’ Ÿ
__
D2 = (i’ – r’) __
√2
Ÿ √ 2 · ___ = 1 · sen i’
2
O desvio angular total é: sen i’ = 1 , então i’ = 90º
D = i + i’ – (r + r’) e) D2 = i’ – r’ Ÿ D2 = 90º – 45º Ÿ D2 = 45º
f) D = i + i’ – A Ÿ D = 45º + 90º – 75º,
D = i + i’ – A então D = 60º

89
2. O desvio angular de um prisma é mínimo quando um gulo limite e ocorre reflexão total. Assim, os raios refletidos
raio de luz incide, com ângulo de 45º normal, em uma emergem perpendicularmente na outra face. O desvio so-
das faces. Sabendo que a refringência do prisma é de
60º, determine:
frido pela luz entre a incidência e a emergência é de 90º.

Dado: sen 30º = __1


2
a) o índice de refração do prisma;
b) o desvio mínimo.
Resolução:
O desvio mínimo ocorre quando o raio (dentro do pris-
ma) é paralelo à base do prisma. Observe a figura:
OS RAIOS INCIDENTES SOFREM DESVIO DE 90º.

3.2. Prismas de Porro


Ocorrem duas reflexões totais no interior de um Prisma de
Porro. Os raios emergem na mesma direção que os raios in-
cidentes, mas com sentidos opostos. O desvio da luz nesse
prisma é de 180º.
Nesse caso, os ângulos r e r’ são iguais e, assim, o ângu-
lo de refringência é A = 2r.

Uma consequência de ocorrer o desvio mínimo é que, se


r = r’, necessariamente i = i’. Assim, o desvio mínimo Dm
é dado por Dm = 2i – A.
Dados: A = 60º; i = 45º
a) A = 2r Ÿ
60º = 2r Ÿ r = 30º
Assim:
__ i = n2 · r Ÿ
nar · sen
√2
___ 1Ÿ
1· = n2 · __ OS RAIOS INCIDENTES SOFREM DESVIO DE 180º.
2 __ 2
n2 = √2
Aplicação do conteúdo
b) Dm = 2i – A F Dm = 2 · 45º – 60º Ÿ
ŸDm = 30º 1. A figura a seguir ilustra um prisma retangular, cujos
ângulos da base são iguais a 45º, um objeto AB e o olho

3. PRISMAS DE REFLEXÃO TOTAL


de um observador. Devido à reflexão total, os raios de
luz do objeto são refletidos na base do prisma e são vis-
tos pelo observador. A base do prisma funciona como
Os prismas de reflexão total alteram a direção de propaga- um espelho plano.
ção da luz a partir de uma ou mais reflexões totais da luz
dentro do prisma. Um tipo comum de prisma de reflexão Obtenha a imagem A’B’ do objeto AB, vista pelo observador.
total tem a seção reta de um triângulo retângulo isósceles,
feito de vidro, de índice de refração 1,5 e ângulo-limite,
quando imerso no ar, igual a 42º.

3.1. Prismas de Amici


Em um Prisma de Amici, os raios incidem perpendicular-
mente sobre uma das faces. No interior do prisma, o ân-
gulo de incidência na face oblíqua é maior do que o ân-

90
Resolução:
4. DISPERSÃO DA LUZ
A decomposição da luz branca nas cores presentes no ar-
co-íris é denominada dispersão da luz. A luz branca (luz do
Sol), depois de atingir uma das faces de um prisma óptico
(ou, por exemplo, um dos cantos de um aquário), emerge
na face oposta do prisma como um pincel de luz colorido.
Essa faixa luminosa colorida foi nomeada por Isaac New-
ton de espectro visível.
Foi constatado experimentalmente que, de todas as cores, a luz
Observe que a orientação da imagem é diferente da vermelha sofre o menor desvio e a luz violeta, o maior desvio.
orientação do objeto. Essa diferença de desvios deve-se às diferentes velocidades de
propagação da luz de cada cor nos meios materiais transpa-
2. A figura ilustra uma reflexão total em um prisma. De- rentes. Assim, a luz vermelha sofre o menor desvio devido ao
termine, para o raio incidente esquematizado, o valor
fato de sua velocidade de propagação dentro do prisma ser
do índice de refração do prisma. A visão transversal do
prisma é um triângulo retângulo isósceles. maior que a da luz violeta. Lembrando que o índice de refração
n de um meio material transparente é inversamente proporcio-
nal à velocidade de propagação v da luz desse meio, conclui-se
que o índice de refração do material é maior para a luz violeta
do que para a luz vermelha, ou seja, o índice de refração de
um material depende da cor da luz incidente.
LUZ BRANCA

vermelho
laranja
vermelho
amarelo
verde
laranja
azul
anil violeta
amarelo
verde
azul
anil violeta
__
√2
Dados: sen 45º = ___
PRISMA
,n =1
2 ar
DISPERSÃO DA LUZ EM UM PRISMA
Resolução:
O ângulo de incidência na face oblíqua do prisma (hipote- v vermelha > v violeta Ÿ nvermelha < nvioleta
nusa do triângulo) é de 45º. Como ocorre reflexão total da
O arco-íris é um fenômeno natural produzido pela disper-
luz, segue que 45º > Ÿ sen 45º > sen L. Então:
__ são da luz. Ao penetrar em uma gota de água, parte da
nar √ 2 __
sen 45º > n Ÿ > n1 , pois sen L = __
__ ___ 1
np. luz é refratada para o interior da gota, emergindo de novo
p 2 p
__ para a atmosfera depois de sofrer outra refração na interfa-
Assim: np > √2 ce da gota com o ar. Do modo como ocorre em um prisma,
a primeira refração dispersa a luz nas suas componentes
(espectro visível), e a segunda refração acentua a dispersão
ocorrida na primeira superfície da gota.
No arco-íris, é possível observar a cor vermelha no anel
mais externo e a luz violeta no anel mais interno. As outras
aparecem nos anéis intermediários.

LUZ BRANCA

GOTAS DE CORES DO ARCO-ÍRIS


CHUVA
multimídia: vídeo Ao atravessar as gotas
de chuva, a luz solar
se segmenta em uma
faixa de cores.
FONTE: YOUTUBE
Dispersão
NO ARCO-ÍRIS, MILHÕES DE GOTAS PRODUZEM O ESPECTRO VISÍVEL DA LUZ SOLAR.

91
As miragens possuem uma origem semelhante. O desvio
Isaac Newton foi um estudioso da luz e de seus da luz ocorre devido às camadas de ar com diferentes den-
fenômenos. Entre os anos de 1670 e 1672, ele demon- sidades. A diferença de densidade é causada pela diferença
strou, utilizando prismas, que a luz branca era forma- de temperatura do ar. Um caso comum é a observação apa-
da por todas as cores do arco-íris. rente da existência de água próxima ao solo muito quente.
Uma miragem é uma expressão genérica que designa
ilusões ópticas provocadas principalmente por efeitos at-
mosféricos. Em dias quentes, as camadas de ar nas pro-
ximidades do solo são mais quentes do que as camadas
superiores. Consequentemente, os raios de luz que vão em
direção ao solo atravessam camadas de ar do índice de
refração cada vez menores, afastando-se das normais.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
O Que São Miragens? | Ep. 38
DESERTO NO EGITO, ONDE SE OBSERVA AO FUNDO UMA MIRAGEM
DE SOLO MOLHADO.

5. REFRAÇÃO DA LUZ
NA ATMOSFERA
Em um determinado meio podem ocorrer diferenças de den-
sidade. Essas diferenças afetam a propagação da luz nesse
meio. Por exemplo, na atmosfera, as camadas de ar possuem
densidades diferentes entre si. Nesse caso, devido à variação
de densidade, a velocidade de propagação da luz se altera, e
o índice de refração do meio também se modifica.
Em relação ao aumento de altitude, o índice de refração Na figura anterior, o raio de luz do objeto P sofre inúmeras
das camadas de ar diminui. Assim, um raio de luz prove- reflexões totais. Um observador, ao olhar atenciosamente
niente do espaço, ao atravessar a atmosfera, segue uma para os raios refratados, tem a impressão de ver a imagem
trajetória curvilínea e, ao ser observado da Terra, é visto em invertida de P, o ponto P’. Devido ao fato de o observador
uma posição aparente – produzida pela refração da luz na ver o objeto e sua imagem ao mesmo tempo, ocorre a ilu-
atmosfera – diferente da sua posição real. são de que existe água no solo para refletir a luz do objeto.
Observe a ilustração desse processo na imagem a seguir. A Esse fenômeno também explica o porquê, em dias quentes,
situação é semelhante à observação de um objeto mergu- tem-se a impressão de que as estradas estão molhadas.
lhado na água.

A APARÊNCIA MOLHADA DA PISTA SE DEVE À


REFRAÇÃO TOTAL DA LUZ VINDA DO CÉU AO
Devido a esse efeito causado pela refração, o Sol pode ser
ATRAVESSAR AS CAMADAS DE AR COM
visto no poente mesmo depois de ter ultrapassado a linha DIFERENTES TEMPERATURAS E, PORTANTO,
do horizonte. DIFERENTES ÍNDICES DE REFRAÇÃO.

92
Em 2015, chineses ficaram assustados ao ver uma ci-
multimídia: vídeo dade no céu. Tratava-se apenas de uma ocorrência de
Fata Morgana.
FONTE: YOUTUBE
Explicando o Efeito Fatamorgana - arquivo de
pesquisa...

6. FATA MORGANA
Fata Morgana é um efeito de ilusão óptica, uma miragem
que se deve a uma inversão térmica. Objetos que se encon-
tram no horizonte, como ilhas, falésias, barcos ou icebergs,
adquirem uma aparência alargada e elevada, similar aos
“castelos de contos de fadas”. Com tempo calmo, a se-
paração regular entre o ar quente e o ar frio (mais denso)
perto da superfície terrestre pode produzir uma imagem
invertida, sobre a qual a imagem distante parece flutuar.

multimídia: sites
www.super.abril.com.br/ciencia/por-que-o-
-ceu-e-azul/
www.alunosonline.uol.com.br/fisica/
dispersao-luz.html
Os efeitos Fata Morgana costumam ser visíveis de manhã, www.axpfep1.if.usp.br/~otaviano/
depois de uma noite fria. Comum nos mares árticos, com miragens.html
o mar muito calmo, é também habitual nas superfícies ge-
ladas da Antártica.

93
VIVENCIANDO

Os fenômenos de dispersão da luz estão presentes em diversos momentos do cotidiano. Algumas pessoas acreditam
que o mar é azul devido a uma reflexão do céu; no entanto, o mar não fica completamente acinzentado num dia
nublado. O mar só reflete a cor azul porque a absorção da luz é seletiva, e quando a luz penetra na água ela absorve
o espectro eletromagnético das radiações que correspondem à luz vermelha. O azul é a cor complementar à vermel-
ha; assim, a que consegue atravessar é o azul. Dessa forma, apesar da água no seu copo ser transparente, se você
fizer uma piscina branca, a água vai aparentar ser levemente azulada. Em resumo, quanto maior a quantidade de
água, mais azul ela vai parecer.

EXEMPLO DE COMO A ÁGUA VAI FICANDO AZULADA DE ACORDO COM A QUANTIDADE

O céu é azul por outra explicação. Foi visto que a luz branca é formada por todas as cores do espectro visível e
que sofre refração ao ser transmitida de um meio para outro. Além disso, o ângulo de refração depende da cor da
luz. Na atmosfera, as cores são separadas devido à refração, e o céu é azul justamente devido à refração da luz
azul, que se espalha mais em comparação ao vermelho e laranja. Esse fenômeno é chamado de espalhamento
rayleigh, que explica a dispersão de ondas eletromagnéticas por átomos ou partículas menores que o comprimen-
to de onda das radiações. No caso do céu, o espalhamento da luz ocorre pelas moléculas das substâncias que
compõem a atmosfera.

94
ss DIAGRAMA DE IDEIAS

REFRAÇÃO

LÂMINA DE FACES
REFRAÇÃO TOTAL PRISMA ÓPTICO
PARALELAS

RAIO EMERGENTE
DISPERSÃO DE LUZ
PARALELO AO
RAIO INCIDENTE

DESLOCAMENTO ABERTURA
LATERAL DO
RAIO DE LUZ

DESVIO ANGULAR

REFRAÇÃO AMICI REFRAÇÃO PORRO

95
ELETRODINÂMICA: Incidência do tema nas princi-
pais provas

A cinemática possui grande incidência nas A prova exige compreender a associação


provas do ENEM, sempre relacionada ao coti- de resistores e a função dos dispositivos
diano. Quase sempre, essas questões possuem dos circuitos, tendo atenção aos conceitos
análise gráfica. fundamentais de potência elétrica
dissipada, relacionando com outros temas
da Física.

A prova exige interpretar os circuitos elétricos, A prova exige interpretar os circuitos A prova exige interpretação dos circuitos elétri-
compreendendo a associação de resistores e sua elétricos, compreendendo a associação de cos, compreensão da associação de resistores
função, tendo atenção aos conceitos fundamentais resistores, tendo atenção aos conceitos e sua função, tendo atenção aos conceitos
de potência elétrica dissipada e interpretações de fundamentais de potência elétrica dissi- fundamentais de potência elétrica dissipada,
gráficos. pada e relacionando com outros temas relacionando com outros temas da Física.
da Física.

A prova exige atenção aos conceitos funda- Dentre os temas abordados, potência elétrica A prova tem uma grande variação de Dentre os temas abordados, associação de re-
mentais de potência elétrica dissipada em um é o assunto mais frequente, exigindo a aplica- temas, porém, pode aparecer potência elé- sistores é o assunto mais frequente, associado
circuito, relacionando, às vezes, com outros ção das equações. trica dissipada em questões bem objetivas. à potência elétrica dissipada.
temas da Física.

UFMG

A prova tem uma grande variação de temas, A prova traz questões conceituais e práti- A prova é bem objetiva e não há predominân-
porém, potência elétrica aparece com alguma cas, que exigem conceitos fundamentais de cia de temas, porém, pode aparecer potência
frequência, com questões teóricas e que circuitos elétricos e potência dissipada. elétrica.
exigem um alto nível de manipulações nas
equações.

A prova traz questões conceituais e práticas, A prova tem uma grande variação de temas, Há uma grande incidência de associação de
que exigem conceitos fundamentais de porém, pode aparecer potência elétrica resistores relacionada à potência elétrica, com
circuitos elétricos e potência dissipada. associada a outros temas da Física. questões objetivas.

97
AULAS ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM SÉRIE
17 E 18
COMPETÊNCIAS: 2, 5 e 6 HABILIDADES: 5, 17 e 21

1. RESISTÊNCIA EQUIVALENTE DOIS RESISTORES EM SÉRIE TRÊS RESISTORES EM SÉRIE


Anteriormente, foi estudado um circuito elétrico composto
Observe que, na figura da esquerda, a ligação entre o re-
por um gerador ligado a um resistor; também foi analisado
sistor R1 e o resistor R2 é feita unindo apenas um dos ter-
como calcular a corrente elétrica que passa por esse resis-
minais de cada resistor. Na associação em série, a corrente
tor. Entretanto, os circuitos frequentemente são compostos
elétrica que passa por um resistor é igual à corrente elétrica
por mais de um resistor, como é possível observar na figura
que passa pelos outros resistores.
a seguir. Nesse caso específico, a pilha é o gerador do cir-
cuito e fornece corrente elétrica para quatro resistores.

Nesta aula, será demonstrado como determinar a resistên-


cia elétrica equivalente do circuito. Essa resistência é deter- multimídia: vídeo
minada por todos os resistores do circuito e, por definição,
é dada por: FONTE: YOUTUBE
#2 Circuitos Elétricos em Série - IFÍSICA
tensão do gerador UŸ
Req = __________________ = __ U = Req · i
intensidade da corrente i
2.1. Propriedades da associação
Sendo que Req é a resistência equivalente, U é a tensão do
gerador (pilha) e i é a intensidade da corrente elétrica for-
de resistores em série
necida pela fonte. O fato de existir uma resistência equiva-
lente para o circuito elétrico indica que todos os resistores Em uma associação em série, a soma das tensões par-
do circuito podem ser substituídos por um único resistor de ciais de cada resistor é igual à tensão total U forneci-
resistência elétrica Req, de forma que a corrente elétrica no da pelo gerador.
circuito permanece a mesma.
Na figura a seguir, o circuito em série é composto por
A associação dos resistores no circuito pode ser realizada em
dois resistores e um gerador. O gerador fornece a corrente
série ou paralela; pode ocorrer também uma combinação
elétrica i que passa pelos dois resistores, dado que a cor-
desses dois modos, denominada associação mista.
rente elétrica é constante em um circuito em série.

2. ASSOCIAÇÃO DE
RESISTORES EM SÉRIE
Na associação em série, os resistores são ligados em sequ-
ência por apenas um de seus terminais. A figura a seguir
apresenta o caso da associação de dois e três resistores em
série, respectivamente.

98
A tensão em cada resistor, denominada tensão parcial, é
dada por:
U1 = R1 · i e U2 = R2 · 1

Pelo Princípio da Conservação da Energia, a tensão total


no circuito deve ser:
U = U1 + U2

Nesse caso, o circuito era composto por apenas dois resis-


tores. Contudo, para uma quantidade n de resistores, vale a
relação de que a tensão total é a soma das tensões parciais: multimídia: vídeo
U = U1 + U2 + U3 + ... + Un FONTE: YOUTUBE
Física - Circuitos - parte 2 (Khan Academy)

A soma das resistências associadas em série


em um circuito é igual à resistência equivalente
desse circuito. Aplicação do conteúdo
1. Na figura a seguir, um circuito elétrico é formado por
No caso do circuito de dois resistores da figura acima, a quatro resistores ligados em série.
tensão total é dada pela soma das tensões parciais, como
foi demonstrado. Assim, substituindo o valor de cada
tensão pelo produto da resistência elétrica de cada resistor
pela corrente elétrica, obtém-se:
a) Calcule a resistência equivalente entre os extremos
U = U1 + U2 = R1 · i + R2 · i A e B do circuito elétrico.
b) Se uma tensão U = 44 V for fornecida ao circuito
No entanto, pela definição de resistência equivalente, a elétrico através dos extremos A e B, qual será a inten-
tensão é dada por U = Req · i sidade da corrente elétrica nos resistores?
Comparando as equações, obtém-se a resistência equiva- Resolução:
lente do circuito: a) Pela expressão determinada acima, a resistência
equivalente é:
Req · i = R1 · i + R2 · i Req = R1 + R2 + R3 + R4
Req = 2,0 + 1,0 + 5,0 + 3,0 Ÿ Req = 11 :
Simplificando a expressão:
b) Como foi visto, a corrente elétrica no circuito elétri-
Req = R1 + R2 co acima é a igual à corrente elétrica em um circuito
formado por um único resistor de resistência elétrica
igual à resistência equivalente.
Da mesma maneira, vale para um número de n resistores
associados em série. Assim: Ou seja:

Req = R1 + R2 + R3 + ... + Rn

A expressão acima adquire uma forma simplificada quan- U = _____


44 V = 4,0 ampères Ÿ
do os resistores do circuito possuem o mesmo valor de re- U = Req · i Ÿ ___
Req 11 V
sistência elétrica, ou seja, R1 = R2 = ... = Rn = R. Assim, a
Ÿi = 4,0 A
resistência do circuito é:
2. Na figura a seguir, um circuito elétrico é formado por um
Req = n · R gerador ideal de tensão U = 60 V e dois resistores. Calcule:

Nota: Na associação de resistores em série, a resistência


equivalente sempre terá um valor maior do que qualquer
resistência individual que participe da associação.

99
U o i = ___
b) iT = ___ 120 = 12 A
a) a resistência equivalente do circuito; Req T
10
b) a intensidade da corrente no circuito;
c) a d.d.p. entre os extremos de cada resistor.
Resolução:
a) A resistência equivalente do circuito (Req) é dada por:

Req = R1 + R2 = (2,0 V) + (3,0 V) = 5,0 V Ÿ


Ÿ Req = 5,0 V

Dessa forma, o circuito de dois resistores é equivalente ao


circuito representado na figura a seguir, formado por um
resistor de resistência Req.
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
O que é resistor ou resistência elétrica - Lei de Ohm

2.2. Método para identificar


b) A corrente elétrica no circuto é determinada utilizando a
resistência equivalente do circuito (como na figura anterior):
a associação em série
Considere uma associação qualquer, como na figura a seguir:
U = Req · i Ÿ 60 = (5,0) · i [ i = 12 A
c) A sigla d.d.p. (diferença de potencial) é a
tensão (U) em cada resistor (tensão parcial).
Para calcular a tensão em cada resistor, aplica-se a Lei de
Ohm em cada resistor:

É possível identificar a associação em série de duas ma-


neiras: analisando a corrente elétrica ou os potenciais.
Em primeiro lugar, imagine uma corrente i que, saindo da
U1 = R1 · i = (2,0 V)(12 A) = 24 V Ÿ U1 = 24 V fonte U, não terá outro caminho a não ser passar pelos
U2 = R2 · i = (3,0 V)(12 A) = 36 V Ÿ U2 = 36 V resistores R1, R2, R3 e R4. Como a mesma corrente passa
pelos resistores, pode-se dizer que eles estão associados
Verificando a tensão total no circuito: em série.
U1 + U2 = U U = 60 V (confere com o valor inicial)
24 V + 36 V = 60V

3. Dois resistores de resistências R1 = 3 V e R2 = 7 V são


ligados em série a uma bateria de 120 V. Calcule:
a) a resistência equivalente;
b) a corrente total do circuito.

Resolução:
a) Req = R1 + R2 o Req = 3 + 7 = 10 V

100
Outro método é analisando os potenciais. O gerador é Quando submetidos a uma diferença de potencial U (nos
a fonte de tensão (d.d.p.) que, ao longo do circuito, será terminais da associação), a corrente elétrica em cada re-
“consumida” pelos resistores; assim, cada resistor produz sistor será:
uma queda de tensão entre seus terminais. Considerando o
mesmo circuito anterior, proceda da seguinte maneira: an- U
a) _________
(mR1 + nR2)
tes e depois de cada resistor, insira uma letra representado
o potencial naquele ponto. Um
b) ________
n(R1 +R2))
U(m + n)
c) _______
(R1 + R2)

mnU
d) _______
(R1 + R2)
nU(R1 + R2)
e) _________
m
Resolução:
Em uma associação em série, a resistência equivalente será
a soma de todos os resistores envolvidos. Tem-se m resisto-
res R1 e n R2; assim, a resistência equivalente será:

Req = m · R1 + n · R2
Numa associação em série, as letras não se repetem. Aplicando a 1.ª lei de Ohm, a corrente elétrica será:
U œ i = __________
i = ___ U
Aplicação do conteúdo Req (mR1 + nR2)

1. (UE-MT) A diferença de potencial entre os extremos de Alternativa A


uma associação em série de dois resistores de resistên-
cias 10 V e 100 V é 220V. Qual é a diferença de potencial 3. (UFCE) Entre os pontos 1 e 2 do circuito representado
entre os extremos do resistor de 10 V, nessas condições? na figura, é mantida uma diferença de potencial de 110
V. A intensidade de corrente, através da lâmpada L, é
0,5 A, e o cursor K do reostato está no ponto médio
entre seus terminais 3 e 4.

Resolução:
A resistência elétrica da lâmpada é:
R1 = 10 V ; R2 = 100 V; a) 200 Ω
Assim a resistência equivalente será: b) 150 Ω
c) 120 Ω
Req = R1 +R2 œ Req = 10 + 100 œ Req = 110 V
d) 80 Ω
Aplicando a 1.ª Lei do Ohm, tem-se: e) 140 Ω
Utotal = Req ∙ i œ 220 = 110 ∙ i œ i = 2 A Resolução:
Tem-se uma associação em série; portanto,
a corrente é comum para os dois resistores. Para achar a resistência do reostato, aplica-se a 2.ª Lei de Ohm.
r.ø
Assim a d.d.p. do resistor de 10 Ω será: R = ____
A
U10 = R10 · i œ U10 = 10 · 2 œ U10 = 20 V. Assim, quando metade do comprimento do reostato é “cor-
Resposta: 20 V. tada”, resta somente metade da sua resistência total.

2. (FATEC-SP) Associam-se em série m resistores de re- Rreostato = 100 Ω


sistência elétrica R1 e n resistores de resistência elétrica R2. A parte do reostato que funciona e a lâmpada estão asso-
ciados em série; dessa forma, a resistência equivalente será:
Req = Rreostato + Rlampada œ Req = 100 + R .

101
Aplicando a 1.ª Lei de Ohm, tem-se: a) 6R b) 8R c) 9R d) 11R e) 12R
U œ 100 + R = ___
Req = __ 110 œ
Resolução:
i 0,5
œ100 + R = 220 œ R = 120 Ω A relação da d.d.p. do aparelho é:
Alternativa C Utotal
U aparelho = ____ .
10
4. (UFPB) Dois resistores idênticos são associados em série.
Assim, a d.d.p. da resistência x será:
Se, ao serem percorridos por uma corrente de 2 A, produzem
no total uma queda de potencial de 252 V, qual o valor, em U +U œ
Utotal = Uaparelho + Ux œ U = ___
Ohms, da resistência de cada um desses resistores? 10 x

œ Ux = U – ___ U œ U = ___ 9U.


Resolução: 10 x 10
A resistência será chamada de R; assim, a resistência equi- Sendo a associação em série, as correntes serão iguais e
valente será: assim a resistência X será:
Uaparelho U 0,1U 0,9U
Req = R + R œ Req = 2R iaparelho = ix œ _____ = __x œ ____ = ____ œRx = 9R.
R Rx R Rx
Sendo a corrente da associação em série 2 A e a d.d.p. total
Alternativa C
252 V, a resistência de cada um será:
U œ2R = ___
Req = __ 126 œ R = 63 V
252 œR = ___
i 2 2
Resposta: A resistência de cada um será 63 V.
5. (Unesp) Um estudante adquiriu um aparelho cuja espe-
cificação para o potencial de funcionamento é pouco usu-
al. Assim, para ligar o aparelho, ele foi obrigado a cons-
truir e utilizar o circuito constituído de dois resistores,
com resistências X e R, conforme apresentado na figura.

multimídia: sites
pt.wikihow.com/Calcular-Resist%C3%AAn-
Considere que a corrente que passa pelo aparelho seja cias-em-S%C3%A9rie-e-em-Paralelo
muito pequena e possa ser descartada na solução do pro- www.physicsclassroom.com/class/circuits/
blema. Se a tensão especificada no aparelho é a décima Lesson-4/Series-Circuits
parte da tensão da rede, então a resistência X deve ser: www.allaboutcircuits.com/textbook/direct-
-current/chpt-5/simple-series-circuits/

VIVENCIANDO

A associação em série é utilizada com o intuito de diminuir a corrente


em determinado trecho do circuito; uma vez que a associação em série
produz uma resistência equivalente maior, a corrente produzida pela
fonte será menor.
Um exemplo de associação em série é o pisca-pisca de Natal.
Como a associação é feita em série, caso uma lâmpada queime, o
circuito ficará aberto e todas as restantes se apagarão.

102
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
5 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.

A habilidade 5 exige do aluno conhecimento técnico em montagem de circuitos elétricos. O aluno deve ser capaz
de decidir qual circuito possui determinadas características, isto é, além da contextualização, o exercício pode exigir
que o aluno escolha qual circuito cabe para cada situação.

Modelo
(Enem) Para ligar ou desligar uma mesma lâmpada a partir de dois interruptores, conectam-se os interruptores para
que a mudança de posição de um deles faça ligar ou desligar a lâmpada, não importando qual a posição do outro.
Essa ligação é conhecida como interruptores paralelos. Esse interruptor é uma chave de duas posições constituída por
um polo e dois terminais, conforme mostrado nas figuras de um mesmo interruptor. Na posição I, a chave conecta o
polo ao terminal superior e, na posição II, a chave o conecta ao terminal inferior.

O circuito que cumpre a finalidade de funcionamento descrita no texto é:

a) b)

c) d)

e)

Análise expositiva - Habilidades 5: Rápido e prático, o exercício cobra do aluno rapidez na hora de tomar uma
E decisão. O único circuito que fecha tanto para a posição I como para a posição II é o circuito da alternativa E.
Alternativa E

103
DIAGRAMA DE IDEIAS

ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES

SÉRIE

TENSÃO TOTAL DIVIDIDA


MESMA CORRENTE
ENTRE OS RESISTORES

104
AULAS ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM PARALELO
19 E 20
COMPETÊNCIAS: 2e5 HABILIDADES: 5, 6 e 17

1. ASSOCIAÇÃO DE A soma das intensidades da corrente elétrica em cada

RESISTORES EM PARALELO resistor de uma associação em paralelo é igual à in-


tensidade da corrente elétrica total no extremo da li-
Na associação de resistores em paralelo, os terminais de gação dos resistores.
um dos lados de cada resistor são ligados entre si, e a
mesma ligação é realizada com os terminais do outro lado
Essa propriedade decorre do fato de que, pela conservação
do componente. Na figura a seguir, observe dois circuitos
de carga elétrica, toda corrente elétrica que atinge os resi-
elétricos formados por um gerador e, respectivamente, dois
stores deve ser a mesma ao sair dos resistores. Observe a
e três resistores ligados em paralelo.
fórmula para o caso da ligação de três resistores em paralelo:
i = i1 + i2 + i3
Entretanto, essa propriedade é válida para uma quantidade
n de resistores associados em paralelo.

A tensão elétrica nos extremos de resistores associa-


dos em paralelo é a mesma para todos os resistores
da associação.
No ponto A de cada figura, todos os resistores estão liga-
dos por um dos seus terminais. O mesmo ocorre no pon- Na ligação da figura anterior, os terminais dos resistores
to B. Assim, toda a corrente elétrica que atinge o ponto A estão ligados ao gerador por meio dos fios conectados aos
se divide entre os resistores até atingir o ponto B, onde é pontos A e B. Dessa maneira, a tensão do gerador é a mes-
restabelecida. ma entre os pontos A e B e, consequentemente, a mesma
Esses mesmos circuitos elétricos podem ser representados para cada resistor da associação em paralelo.
como na figura a seguir: No caso da ligação de três resistores da figura, sendo U a
d.d.p. do gerador, e sendo U1, U2 e U3 a d.d.p. nos resistores
R1, R2 e R3, respectivamente, segue que:
U1 = U2 = U3 = U
Assim, pode-se determinar a intensidade parcial de cor-
rente elétrica em cada resistor:
U;
i1 = __ U;
i2 = __ U
i3 = __
R1 R2 R3
Como no circuito em série, é possível encontrar a corrente

2. PROPRIEDADES DA ASSOCIAÇÃO elétrica no circuito usando uma resistência equivalente


U.
para o circuito: i = ___
Req
DE RESISTORES EM PARALELO Substituindo o valor das correntes elétricas parciais e a cor-
A ligação de resistores em paralelo possui características rente elétrica dada por uma resistência equivalente, tem-se:
próprias, como a associação em série. Essas característi- i = i1 + i2 + i3
cas serão analisadas usando como referência os circuitos U = __
___ U + __
U + __
U
mostrado nas figuras anteriores. Req R1 R2 R3

105
Dividindo todos os numeradores da equação pela d.d.p. U, 1 + __
1 = __
___ 1 + __
1 + __
1
Req R1 R2 R3 R4
obtém-se:
Substituindo os valores de cada resistência:
___ 1 + __
1 = __ 1 + __
1
Req R1 R2 R3 ___ 1 + __
1 = __ 1 + __
1 + __
1 Ÿ ___
1 = __
1 + __ 6 + __
2 + __ 3 = ___
12
Req 6 3 1 2 Req 6 6 6 6 6
A soma do inverso das resistências de resistores as- Note que a soma foi feita depois de encontrado o m.m.c. O re-
sociados em paralelo é igual ao inverso da resistência sultado da soma é o inverso da resistência equivalente; assim,
equivalente dessa ligação em paralelo. para encontrar o valor correto, deve-se inverter o resultado:
1 = ___
___ 12 [ R = 0,5 V
Req 6 eq
Observe que:
2. (Uece)
ƒ A expressão para o cálculo da resistência equivalente
é válida para n resistores associados em paralelo.
ƒ No cálculo da resistência equivalente, deve-se encon-
trar o m.m.c. dos denominadores e realizar uma soma
de frações; o inverso do resultado obtido é a resistência
equivalente.
Note que, numa associação em paralelo, a resistência A resistência equivalente R, entre os pontos P e Q, em
equivalente sempre terá um valor menor do que qualquer ohms, da combinação de resistores mostrada na figura é:
resistência individual que componha a associação. a) 0,15.
b) 6,67.
c) 9,33.
d) 15,00.
e) 22,5.

Resolução:

A resistência equivalente será:


1 = ___
___ 1 + ___
1 œ ___
1 = ___
1 + ___
1 ___
1 = 0,1 + 0,05
Req R1 R2 Req 10 20Req
œ 1 = 0,15Req œ
multimídia: vídeo
20 œ R ≈ 6,67 :
œReq = ___
FONTE: YOUTUBE 3 eq

Resistores - Associação em Paralelo - Alternativa B


Eletrodinâmica - Física

Aplicação do conteúdo
1. Determine a resistência equivalente do circuito for-
mado pela associação em paralelo de quatro resistores,
ilustrados na figura a seguir.


multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Resolução: Vídeo 27 Experiência com Física Leis de OHM
e Resistores Parte 2 2
A resistência equivalente é dada pela equação:

106
3. CASOS PARTICULARES Aplicação do conteúdo
ƒ Quando o circuito for formado por apenas dois resis- 1. Considere o circuito elétrico da figura, formado por
tores associados em paralelo, a expressão para calcular um gerador e dois resistores em paralelo.
a resistência equivalente poderá ser simplificada: a) Determine a resistência equiva-
lente entre os pontos A e B.
b) Calcule a intensidade da corren-
te em cada resistor e a intensidade total
da corrente fornecida pelo gerador.

1 = __
___ 1 + __ R2
1 = _____ R1 R2 + R1
1 = ______
+ _____ = ___
Req R1 R2 R1 · R2 R1 · R2 Req R1 · R2

R1 · R2
Req = ______
R1 + R2
Resolução:
produto a) Aplicando a equação para calcular a resistência
Req = ______
soma equivalente, tem-se:
1 = __
___ 1 + __
1 = ___
1 + ___
1 =
É importante destacar que essa regra é válida apenas para Req R1 R2 3,0 6,0
dois resistores em paralelo. Essa regra não é valida para 2,0 + 1,0 3,0 1
uma quantidade maior de resistores. = ________ = ___ = ___ ŸReq = 2,0 V
6,0 6,0 2,0
ƒ Quando o circuito for formado por n resistores idênti- Nesse caso, existem apenas dois resistores em paralelo, o
cos, isto é, de mesma resistência R, então a resistência que permite o uso da regra prática:
equivalente será dada por: produto ______R1 . R2 __________
(3,0) . (6,0)
Req = ______
soma = = =
R R1 + R2 (3,0) + (6,0)
Req = __
n 18 = 2,0 Ÿ Req = 2,0 V
= ___
9,0
As figuras a seguir ilustram circuitos de resistores idênticos b) Para cada um dos resistores, a d.d.p. é
associados em paralelo: igual a 12 V, igual à f.e.m. do gerador; assim,
a corrente elétrica em cada resistor vale:
12 [
U = R1 · i1 Ÿ 12 = 3,0 · i1 Ÿ i1 = ___
3,0
i1 = 4,0 A
12 [ i = 2,0 A
U = R2 · i2 Ÿ 12 = 6,0 · i2 Ÿ i2 = ___
6,0 2
A intensidade total i da corrente fornecida pelo
1 = __1 + __1 = __2 [ R = __R
___
Req R R R eq 2 gerador é igual à soma das correntes elétricas
DOIS RESISTORES IDÊNTICOS EM PARALELO em cada resistor. Dessa forma:

i = i1 + i2 Ÿ i = 4,0 + 2,0 [ i = 6,0 A

2. O circuito elétrico abaixo é formado por dois resistores


em paralelo. Calcule as intensidades da corrente i1 e i2.

1 = __1 + __1 + __1 = __3 [ R = __R


___
Req R R R R eq 3
TRÊS RESISTORES IDÊNTICOS EM PARALELO Resolução:
Nesse caso, a corrente elétrica será dividida igualmente Em primeiro lugar, é preciso determinar a resistência equi-
entre os resistores. valente entre os pontos A e B.

107
R1 · R2 __________
(3,0) · (6,0) ___
Req = ______ = = 18
R1 + R2 (3,0) + (6,0) 9,0
[ Req = 2,0 V b)

Assim, é utilizada a definição de resistência equivalente


para encontrar a d.d.p. entre os terminais A e B: c)

UAB = Req · i = 2,0 · 9,0 Ÿ UAB = 18 V d)

Essa tensão é igual para cada um dos resistores. Assim, a e)


corrente elétrica em cada um deles vale: Resolução:
UAB = R1 · i1 Ÿ R
a) Req = __
5
18 [ i = 6,0 A
Ÿ 18 = 3,0 · i1 = ___ b) Tem-se uma associação em paralelo com 3 resis-
3,0 1
tores idênticos; assim, a resistência equivalente será:
UAB = R2 · i2 Ÿ
R
Req = __ __R
18 [ i = 3,0 A n œ Req = 3
Ÿ 18 = 6,0 · i2 Ÿ i2 = ___
6,0 2 c) Tem-se uma associação em série com 4 resistores
Observe que: idênticos; assim, a resistência equivalente será:

i1 + i2 = 6,0 A + 3,0 A [ i = 9,0 A Req = R + R + R + œ Req = 4R


Como esperado, esse valor é igual à corrente elétrica antes d) Tem-se uma associação em série com 3 resistores
de atingir os resistores. idênticos; assim, a resistência equivalente será:

3. (UFRJ) A menor resistência equivalente dos circuitos a Req = R + R + R + œ Req = 3R


seguir é (considere que as resistências são todas iguais): e) Req = R

a) Alternativa A

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O resistor, da forma encontrada hoje nos circuitos e processadores, foi patenteado pelo engenheiro e inventor amer-
icano Otis Bobby Boykin em 16 de junho de 1959. Os resistores inventados por Boykin, mais baratos e duráveis do
que os que existiam até então, foram inicialmente usados na fabricação de televisores e rádios. A criação de Otis foi
amplamente utilizada pelo exército dos Estados Unidos para o controle de mísseis guiados. Mais tarde, a patente foi
comprada pela empresa IBM, que usou os resistores para criar os processadores utilizados em seus computadores.
Otis também é famoso por outras invenções, como uma unidade de controle para marca-passos.

O INVENTOR E ENGENHEIRO OTIS BOYKIN

108
4. MÉTODO PARA IDENTIFICAR Numa associação em série, as letras se repetem. Na ima-
gem anterior, R1, R2 e R3 estão em associados em paralelo.
A ASSOCIAÇÃO EM PARALELO
Considere a associação da figura a seguir.

multimídia: vídeo
É posssível identificar a associação em paralelo de duas
maneiras: analisando a corrente elétrica ou analisando FONTE: YOUTUBE
os potenciais. Associação de Resistores - Agora eu aprendo!
Imagine uma corrente i que, saindo da fonte U, encontra
uma bifurcação onde se divide. Isso ocorre porque, natu-
ralmente, a resistência equivalente num circuito é sempre o 5. ASSOCIAÇÃO MISTA
menor valor possível. Assim, pode-se dizer que os resistores
Até aqui foram estudados dois casos distintos de ligação de
que são percorridos por correntes oriundas dessa divisão
resistores: em série e em paralelo. De um modo geral, porém,
estão associados em paralelo.
os circuitos elétricos são compostos por ambos os modos de
ligação de resistores. Esse tipo de associação é denominado
associação mista. Observe na figura a seguir um exemplo
simples de associação mista, em que dois resistores em para-
lelo são associados em série com outro resistor.

EXEMPLO DE ASSOCIAÇÃO MISTA DE RESISTORES.


Outro método é analisando os potenciais. O gerador é
a fonte de tensão (d.d.p.) que, ao longo do circuito, será Para analisar esse tipo de circuito, são divididas as partes
“consumida” pelos resistores. Assim, cada resistor produz em série e em paralelo do circuito, cada uma sendo resolvi-
uma queda de potencial entre seus terminais. Utilizando o da individualmente. Esse processo deve ser repetido até
mesmo circuito anterior, é possível proceder da seguinte que seja determinada a resistência equivalente do circuito.
maneira: antes e depois de cada resistor, colocar uma letra Nos exemplos a seguir, a resistência equivalente para parte
representado o potencial naquele ponto. Quando resis- do circuito em paralelo será denominada de RP,e a resistên-
tores possuem os mesmos potenciais em seus terminais, cia equivalente da parte em série será denominada RS.
eles estão associados em paralelo.
Aplicação do conteúdo
1. Sejam os resistores R1 = 2 V e R2 = R3 = R4 = 12 V
associados como na figura a seguir. Calcule a resistência
equivalente entre os pontos A e B.

109
Resolução: Observe que foram considerados “dois” resistores,
mas, na verdade, um deles é fictício, pois se trata da
Em primeiro lugar, deve ser identificada a associação em resistência equivalente RS. Por fim, pode-se calcular a
paralelo dos resistores R2, R3 e R4. Como esses resistores resistência equivalente de toda a associação. O equi-
possuem o mesmo valor de resistência, a resistência equi- valente em paralelo, RP, está associado em série ao
valente é dada por: resistor de 5 V.
12 = 4 V
RP = ___
3 Req = RP + 5 = 5 + 10 V
Assim, os três resistores do circuito são substituídos por um
único resistor de resistência RP: Assim, a resistência equivalente dessa associação mista é
de 10 V.

3. (ITA-SP) No circuito elétrico da figura, os vários ele-


mentos têm resistências R1, R2 e R3 conforme indicado.

O circuito resultante é uma associação em série entre os


resistores R1 e RP. Novamente, determina-se a resistência
equivalente do circuito, considerando agora a associação
em série:

Req = R1 + RP = 2 + 4 = 6 V

Assim, a resistência equivalente do circuito é de 6 ohm. Sabendo que R3 = R1/2, para que a resistência equivalente
entre os pontos A e B da associação da figura seja igual a
2. Calcule a resistência equivalente do circuito a seguir: 2R2, a razão r = R2/R1 deve ser:
a) 3/8.
b) 8/3.
c) 5/8.
d) 8/5.
e) 1.

Resolução:

Resolução:
Na parte mais superior do paralelo, há 2 resistores R3 em
série; assim, a resistência equivalente deles será:
O circuito é uma associação mista de resistores. Os resisto-
res de 4 V e de 6 V estão conectados em série, e ambos Req1 = R3 + R3 œ Req1 = 2R3 œ
estão associados em paralelo ao resistor de 10 V. Por fim,
essa associação em paralelo está associada em série com œReq1 = 2(R1/2) œ Req1 = R1.
o resistor de 5 V.
Essa resistência equivalente 1 está em paralelo com uma
Para encontrar a resistência equivalente da parte paralela
resistência R1.
do circuito, é preciso encontrar a resistência equivalente da
associação em série dos resistores 4 V e 6 V: 1/ Req2 = 1/ Req1 + 1/R1 œ
œ1/ Req2 = 1/R1 + 1/R1 œReq2 = R1/2 .
RS = 4 + 6 = 10 V
Essa resistência equivalente 2 está em série com uma re-
Dessa maneira, pode-se determinar a resistência equivalen- sistência R1.
te da associação em paralelo entre RS e o resistor de 10 V. Req3 = Req2 + R1 œ
Como a resistência dos dois resistores têm o mesmo valor: œReq3 = R1/2 + R1 œ Req3 = 3R1/2.
10 = 5 V Essa resistência equivalente 3 está em paralelo com outras
RP = ___
2 duas resistências R1,

110
1/ Req4 = 1/ Req14+ 1/R1 + 1/R1 œ 1/ Req4

= 1/(3R1/2) + 2/R1 œ 1/ Req4 = (2/3R1) + 2/R1

œ 1/ Req4 = (2 + 6)/3R1 œ Req4 = 3R1/8.

A resistência equivalente total é 2R2; assim, tem-se:

Reqtotal = 3R1/8 + R2 œ
multimídia: sites
œ 2R2 = 3R1/8 + R2 œ R2 = 3R1/8 .
www.educacao.globo.com/fisica/assunto/
A razão r será: eletromagnetismo/associacao-de-resistores.html
www.efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/
r = R2/R1 œ r = (3R1/8)/R1 œ r = 3/8 . gerador/assoc_geradores/
Alternativa A www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/
fisica/associacao-resistores-paralelo.htm

VIVENCIANDO

Equipamentos eletrônicos são utilizados em diferentes aplicações, como comunicação, transporte, entretenimento,
etc. Os conversores analógico-digital (ADC) e os conversores digital-analógico (DAC) são componentes que utilizam
as associações de resistores em paralelo e mistas para gerar uma representação digital a partir de uma grandeza
analógica ou vice-versa. Esse sinal digital é representado por um nível de tensão ou intensidade de corrente elétrica.

EXEMPLO DE UM CONVERSOR ADC DE 8 CANAIS.

Os conversores ADC e DAC são amplamente utilizados em dispositivos de medição, controle e digitalização de áu-
dio e vídeo. Como a maioria dos sinais captados, como temperatura ou som, é analógica, essas duas interfaces de
conversão são necessárias para permitir que equipamentos eletrônicos digitais processem os sinais analógicos. Nos
laboratórios e indústrias, esses conversores são utilizados para passar as indicações de um termômetro para a forma
digital; isso possibilita que o computador processe os dados e execute as ações necessárias.

111
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.

A Habilidade 5 exige do aluno a capacidade de dimensionar circuitos elétricos ou o uso cotidiano de dispositivos
elétricos. No caso específico dos temas tratados, o aluno será capaz de analisar a associação em paralelo e a asso-
ciação mista a fim de identificar, partindo de suas propriedades, quando cada uma deve ser utilizada.

Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a
7 defesa do consumidor, a saúde do trabalhador ou a qualidade de vida.

A Habilidade 7 requer do estudante a capacidade de selecionar parâmetros, a partir de testes de controle, e fazer a
comparação entre materiais. No caso específico dos temas tratados, a comparação se faz necessária para a escolha
correta do tipo de associação entre os resistores.

Modelo
(Enem) Fusível é um dispositivo de proteção contra sobrecorrente em circuitos. Quando a corrente que passa por esse
componente elétrico é maior que sua máxima corrente nominal, o fusível queima. Dessa forma, evita que a corrente
elevada danifique os aparelhos do circuito. Suponha que o circuito elétrico mostrado seja alimentado por uma fonte
de tensão U e que o fusível suporte uma corrente nominal de 500 mA.

Qual é o máximo valor da tensão U para que o fusível não queime?


a) 20 V
b) 40 V
c) 60 V
d) 120 V
e) 185 V

112
Análise expositiva - Habilidades 5 e 7: Para resolver a questão, o estudante deve saber reconhecer cada
D componente do circuito e como eles se relacionam. Apesar de serem realizados pequenos cálculos, sua
complexidade do exercício se dá pela sequência de procedimentos necessários.
Para a resolução, é preciso começar redesenhando o circuito:
60  60 

30 

i F = 0,5 A
120  40 
A C
F
60 
i = 1,5 A

i’ = 1 A

Como uma corrente de 0,5 A deve passar pelo fusível, a corrente i’, que deve passar pelo resistor de 60 W em paralelo
com ele, deve ser de:
120 · 0,5 = 60 · i’ Ÿ i’ = 1 A
Assim, por BC deve passar uma corrente de:
i = iF = i’ = 0,5 + 1 Ÿ i = 1,5 A
Resistência equivalente no ramo AC:
120 · 60 + Ÿ 40 R = 80 :
RAC = ________
120 + 60 AC

Como os ramos estão em paralelo, pode-se calcular U como:


U = RAC · i = 80 · 1,5
? U = 120 V
Alternativa D

113
DIAGRAMA DE IDEIAS

ASSOCIAÇÃO DE
RESISTORES

RESISTOR
PARALELO
EQUIVALENTE

RESISTORES MESMA
DOIS RESISTORES TENSÃO
IGUAIS

R Req= PRODUTO CORRENTE


Req= n SOMA TOTAL

SOMATÓRIA DAS
CORRENTES

114
AULAS POTÊNCIA DISSIPADA POR EFEITO JOULE
21 E 22
COMPETÊNCIAS: 2e5 HABILIDADES: 5, 6 e 17

1. REOSTATO 2. CURTO-CIRCUITO
O reostato é um dispositivo que permite controlar o val- A figura a seguir representa um circuito formado por uma
or da resistência de um resistor, isto é, são resistores cuja lâmpada ligada a uma pilha. No caso da figura da esquer-
resistência é variável. Observe no diagrama a seguir a rep- da, a ligação está correta e o circuito funciona, acendendo
resentação do funcionamento de um reostato. A corrente a lâmpada. No caso da figura da direita, uma ligação extra
elétrica percorre o circuito e atinge o resistor no ponto C foi feita, por meio dos pontos A e B. Nesse caso, a lâmpada
(ponto médio do resistor ligado entre A e B). Se o ponto C, deixa de acender. Mas atenção! Não realize esse experi-
chamado de cursor, for colocado próximo do ponto B, prati- mento na prática, pois os fios e a pilha se aquecerão, e a
camente não haverá nenhuma resistência; por outro lado, pilha poderá explodir, causando um acidente. Nesse caso,
se o cursor for colocado próximo do ponto A, a corrente o motivo para a lâmpada não acender é a ligação extra
elétrica percorrerá todo o resistor. entre A e B, permitindo que a corrente elétrica circule pelo
circuito através desse caminho (praticamente sem resistên-
cia), deixando de percorrer o caminho da lâmpada.

Por meio desse mecanismo, é possível controlar a tem-


peratura da água em um chuveiro elétrico, por exemplo.
Quanto menor a resistência elétrica do chuveiro, maior a
potência dissipada, e, consequentemente, maior a tem-
Observe que o circuito elétrico da direita percorrido pela
peratura da água.
corrente elétrica é mais curto; por isso, afirma-se que houve
O esquema a seguir representa o reostato e a chave (Ch) um curto-circuito.
de um chuveiro. Entretanto, em vez de ser constituída por
Usando a lei de Ohm no condutor, tem-se:
um único resistor e um cursor, a resistência do chuveiro
é formada por uma ligação de resistores em série. Nesse VA – VB = Ri Ÿ VA – VB = 0 Ÿ VA = VB
caso, o chuveiro tem apenas dois resistores. Quando a
chave Ch do chuveiro se encontra na posição A, o chuveiro Como os pontos A e B possuem o mesmo potencial, é
está desligado; na posição B, apenas uma resistência é possível tomá-los como eletricamente coincidentes em
ligada, e o chuveiro se encontra na posição inverno (menor um novo esquema do circuito; por esse motivo, a lâmpada
resistência). Na posição C, duas resistências são ligadas, e (resistor) pode ser removida do circuito, pois não haverá
o chuveiro está na posição verão. corrente elétrica através da lâmpada. O diagrama a seguir
ilustra o circuito inicial, a ligação feita entre a A e B, e o
Como a tensão (d.d.p.) nos terminais do chuveiro é con-
curto-circuito final.
stante (por exemplo, 220 V), a variação da potência obtida
U2 .
pela variação da resistência é P = __
R

Às vezes ocorrem curtos-circuitos nos eletrodomésticos. Em


geral, eles ocorrem devido ao desgaste dos fios, que prej-

115
udica seu isolamento. Quando os fios entram em contato Um fusível é um dispositivo utilizado para a proteção,
entre si, ocorre o curto-circuito. evitando que uma corrente maior do que a suportada pelo
circuito danifique-o. Um fusível é formado por um filamen-
to de uma liga metálica com baixo ponto de fusão. Quan-
do a corrente ultrapassa um determinado valor, devido ao
efeito Joule, o filamento acaba fundindo, e o circuito abre.
Em geral, num esquema de um circuito, um fusível é repre-
sentado por um dos seguintes símbolos:

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Experiência do curto circuito
O disjuntor é outro aparelho utilizado para a proteção de
circuitos elétricos. A sua principal diferença em relação ao
fusível é sua capacidade manual de desligamento do cir-
Aplicação do conteúdo cuito. Além disso, depois do desligamento do circuito dev-
ido a uma corrente alta, o disjuntor é passível de rearma-
1. (Uespi) A resistência equivalente entre os terminais A
e B da bateria ideal no circuito elétrico a seguir é igual a: mento, pois ele não é danificado no processo.

a) R d) 4R
b) 2R e) 5R
c) 3R
Resolução:
multimídia: vídeo
As resistências mais externas da figura aos pontos A e B
entram em curto-circuito devido ao fio elétrico que une os FONTE: YOUTUBE
nós do circuito. Assim, a única resistência que funcionará O que é potência elétrica?
é a de 2R.

4. POTÊNCIA ELÉTRICA
No diagrama a seguir, um resistor, de resistência R, é sub-
Alternativa B metido a uma d.d.p. U. A corrente elétrica nesse circuito é
i. Durante um intervalo de tempo Dt, uma quantidade de
carga igual a DQ passa pelo circuito.
3. FUSÍVEL

Nesse intervalo de tempo, as cargas elétricas se movimen-


taram pelo circuito impulsionadas por uma força elétrica,

116
isto é, o deslocamento das cargas entre os pontos A e B bateria de 12 V, será preciso colocar uma resistência elétri-
ocorreu devido à ação de uma força sobre as cargas. En- ca, em série, de aproximadamente:
tretanto, quando uma força age causando deslocamento, a) 0,5 Ω
existe a realização de trabalho, e, como já foi visto em b) 4,5 Ω
eletrostática, esse trabalho é dado por: c) 9,0 Ω
d) 12 Ω
t = DQ · U e) 15 Ω

A potência P é o trabalho realizado para movimentar as Resolução:


cargas durante um intervalo de tempo. Dessa forma, para A corrente elétrica que passará pela lâmpada será:
o intervalo 't do deslocamento das cargas DQ entre os
pontos A e B do diagrama acima: P = U ∙ i œ 2,25 = 4,5 i œ i = 0,5 A
A associação esta em série, logo a corrente da resistência será
DQ
t = ___
___ ·U de 0,5A. É possível também encontrar a ddp da resistência.
Dt Dt
DQ
t equivale à potência P, e a razão ___ Utotal = Uresis + Ulampada œ 12 = Uresis + 4,5 œ
A razão ___ é igual à
Dt Dt œ Uresis = 7,5V.
intensidade de corrente i no circuito, então:
Utilizando a 1.ª Lei de Ohm, tem-se:
P = Ui R = Uresis/i œ R = 7,5/0,5 œ R = 15Ω.

Assim, obtém-se a potência do resistor, que é o produto da cor- Alternativa E


rente que o atravessa e a d.d.p. a que está submetido. 2. (PUC-MG) Uma lâmpada incandescente tem as se-
No caso do diagrama anterior, foi utilizado um resistor no guintes especificações: 100W e 120V.
circuito; contudo, esse componente poderia ser uma lâm-
pada incandescente, um ferro de passar roupa, uma tor-
radeira, etc. A fórmula acima permite calcular a potência
elétrica consumida (ou dissipada) por qualquer um desses
componentes.
Pela 1.ª lei de Ohm, é possível substituir U = Ri ou i = U/R
na expressão acima da potência e obter duas expressões
equivalentes para calcular a potência: Para que essa lâmpada tenha o mesmo desempenho quan-
do for ligada em 240V, é necessário usá-la associada em
2
U
P = Ri2 e P = __ série com um resistor. Considerando-se essa montagem, a
R
potência dissipada nesse resistor adicional será de:
a) 50W
No S.I., a unidade de potência é o watt (W). b) 100W
c) 120W
Aplicação do conteúdo d) 127W
e) 200W
1. (Fuvest) Uma estudante quer utilizar uma lâmpada
(dessas de lanterna de pilhas) e dispõe de uma bateria Resolução:
de 12 V.
A corrente elétrica da lâmpada e do resistor será:
i = P/U œ i = 100/120 œ i = 5/6A.

A ddp do resistor associado em série será:


Utotal = Ulampada + Uresis œ 240 = 120 + Uresis œ

œUresis = 120 V.
Utilizando a equação da potência, tem-se:
A especificação da lâmpada indica que a tensão de opera-
P = Uresis ∙ i œ P = 120 ∙ (5/6) œ P= 100W.
ção é 4,5 V e a potência elétrica utilizada durante a ope-
ração é de 2,25 W. Para que a lâmpada possa ser ligada à Alternativa B

117
3. (UFMA) A figura abaixo representa um circuito elétri-
E = P · Dt
co formado por associação de resistores, alimentados
através de uma bateria de 12 V. Determine a potência
dissipada pelo resistor de 9Ω. Observe que E é energia, P é potência e Dt é o tempo.
Substituindo a potência, pode-se então calcular a energia
dissipada por efeito Joule:
E = R · i2 · Dt
2
U · ∆t
E = R · i2 · ∆t ou E = i · U · ∆t ou E = __
R

Obs.: E = Q (calor sensível ou calor latente)


Q = m · c · ∆T

Resolução: Em que:

A resistência equivalente do paralelo será: Q.....quantidade de calor sensível ou calor sensível

Req1 = (18.9)/(18+9) œ Req = 6 Ω. m.......massa do corpo

A resistência equivalente total será: ∆T......variação de temperatura (∆T= T – T0)

Req,total = 1,9 + 6 + 2 + 0,1 œ Req,total = 10Ω. c........calor específico (é uma característica do material que
constitui o corpo)
Utilizando a 1.ª Lei de Ohm, tem-se:
Q=m.L
itotal = Utotal/Req,total œ i = 12/10 œ i = 1,2A.
Em que:
A ddp do paralelo será:
Uparalelo = itotal . Req1 œ Uparalelo = 1,2 ∙ 6 œ Q.....quantidade de calor latente ou calor latente

œ Uparalelo = 7,2V m.......massa do corpo


L........calor latente específico
Assim a potência do resistor de 9Ω será:
Essa energia térmica dissipada por efeito Joule é a finalida-
P = U²/R œ P = (7,2)²/9 œ P = 5,76W.
de de alguns aparelhos, como o ferro de passar roupas e o
Resposta: A potência será de 5,76W. chuveiro elétrico. No entanto, em outros aparelhos, como
um computador, esse efeito não é desejado.
5. ENERGIA DISSIPADA No Sistema Internacional, a unidade de medida para ener-
POR EFEITO JOULE gia é Joule, porém é muito comum o uso de kWh.

Ao utilizar algum equipamento elétrico, é possível perceber A energia de 1kWh equivale à energia dissipada por um
um aquecimento do aparelho depois de certo tempo de aparelho de mil watts de potência ligado durante uma
uso (no ferro de passar roupas o aquecimento é bastante hora, ou seja, equivale a 3,6 . 106 J.
rápido). Esse aquecimento é causado por um efeito que
ocorre nos resistores do circuito elétrico do equipamento. Aplicação do conteúdo
Quando uma corrente elétrica atravessa um resistor, parte
da energia elétrica é transferida para os átomos do resistor; 1. Um ferro elétrico consome uma potência de 1.100 W
em consequência, esses átomos ficam com uma energia quando ligado em 110 V. Calcule:
maior de oscilação (comumente afirma-se que esses áto- Dados: P = 1100 W; U = 110 V;
mos ficam “mais agitados”), e essa agitação aumenta a
energia térmica. Dessa forma, ao passar por um resistor, Dt = __1 h = 1 800 s.
2
a energia elétrica é transformada em energia térmica, e o a) a intensidade da corrente utilizada pelo ferro elétrico;
resultado é o aumento de temperatura. Esse efeito é deno- b) a resistência elétrica do ferro;
minado efeito Joule. c) a energia elétrica consumida pelo ferro elétrico em
0,5 hora de uso, em quilowatts-hora, e o gasto em
Como a potência é dada pela razão entre energia e tempo, reais sabendo que o preço do quilowatt-hora é de
pode-se escrever, de forma equivalente: R$ 0,40.

118
Resolução: 3. (Fuvest) Um chuveiro elétrico, ligado em média uma
hora por dia, gasta R$ 10,80 de energia elétrica por mês.
a) Utilizando a fórmula da potência, tem-se: Se a tarifa cobrada é de R$ 0,12 por quilowatt-hora, en-
tão a potência desse aparelho elétrico é:
P = Ui Ÿ 1 100 = 110 Ÿ i = 10 A
a) 90W d) 3000W
b) Pela 1.ª lei de Ohm, obtém-se a resistência elétrica:
b) 360W e) 10.800W
U = Ri Ÿ 110 = R · 10 Ÿ R = 11 V c) 700W
c) A energia elétrica consumida é medida pelo tra- Resolução:
balho realizado. Assim:
1 · 3 600 Ÿ A energia gasta por mês desse chuveiro será:
W = P Dt Ÿ W = 1 100 · __
2 1kWh ∙ R$10,80 œ E = 90 kWh
E = ____
Ÿ W = 1,98 · 10 J 6 R$0,12
Em um dia, o chuveiro é ligado por uma hora; então, con-
Em kWh: siderando um mês com 30 dias, tem-se 30 horas de gasto
de energia. Aplicando a equação da potência, segue que:
1 kWh 3,6 . 106 J 90 œ P = 3 kW œ P = 3000 W
E œ P = ___
P = ___
x 1,98 . 106 J Ÿ x = 0,55 kWh Dt 30
Alternativa D
Portanto, o gasto é de 0,55 · 0,40 = 0,22 reais. 4. (Fuvest) Um fogão elétrico, contendo três resistências
iguais associadas em paralelo, ferve uma certa quanti-
2. Uma resistência de imersão de 4 V, colocada dentro dade de água em 5 minutos. Qual o tempo que levaria
de um recipiente com água, foi ligada a uma fonte de se as resistências fossem associadas em série?
tensão de 110 V. Considerando que o recipiente tenha a) 3 min d) 30 min
80 kg de água, qual o tempo necessário para aumentar
b) 5 min e) 45 min
a temperatura da água de 20º C para 70º C? (Use: calor
específico da água = 1 cal/gº C; 1 cal = 4,2 J.) c) 15 min
Resolução:
Dados: R = 4 V; U = 110 V; m = 80 kg = 80 000 g;
c = 1 cal/gºC; uf = 70 ºC; Ti = 20º C. Em primeiro lugar, é preciso calcular as resistências equiva-
lentes em série e em paralelo, e, depois, as suas respectivas
Resolução:
potências.
É preciso saber quanto de energia será necessária para au- Req,s = R + R + R œ Req,s = 3R.
mentar a temperatura da água. Assim, calcula-se a quan- Req,p = R/n œ Req,s = R/3.
tidade de calor:
Ps=U²/Req,s œ Ps = U²/3R.
Q = mc (uf – ui) Ÿ Q = 80 000 . 1 (70 – 20) Ÿ
Pp=U²/Req,p œ Pp=U²/(R/3) œ Pp=3U²/R.
Ÿ Q = 4 · 106 cal
Outra noção muito importante é a de que nos dois aqueci-
Transformando para Joule: mentos a mesma energia é gasta; assim, tem-se:
Q = 4 · 106 · 4,2 = 16,8 · 106 J Esérie = Eparalelo œ Ps · Dts = Pp ∙ Dtp œ
Assim, a resistência deve fornecer essa mesma quantidade œ (U²/3R) ∙ Dts
de calor (considerando que toda energia elétrica consumi- = (3U²/R) ∙ 5 œ Dts /3 =15
da pelo resistor é transformada em calor):
œ Dts = 45 min.
(110)2
U2 · Dt = Q Ÿ_____
Q Ÿ PDt = Q Ÿ __ · Dt = 16,8 · 106 Ÿ
R 4 Alternativa E
Ÿ Dt ù 5,55 · 103 s ou Dt ù 1h32min

6. LÂMPADA INCANDESCENTE
Thomas Edison (1847-1931) foi um dos inventores mais
famosos de todos os tempos. Ele registrou “apenas” 2.332
patentes em seu nome. Entre elas é possível citar: estra-
das de ferro eletromagnéticas (todas as grandes cidades

119
utilizam trem e metrô para a mobilidade urbana), câmera
cinematográfica, bateria de carro elétrico, fonógrafo, em- Aplicação do conteúdo
balagem à vácuo, máquina para voto eletrônico, rodas de 1. A seguir está ilustrado um chuveiro elétrico, com suas
borracha e aquela pela qual ele é famoso mundialmente, a especificações impressas e o esquema do circuito elétri-
lâmpada incandescente com filamento de carbono (atual- co da parte interna, destacando-se o resistor, a chave e
mente utiliza-se filamento de tungstênio), que foi inventa- os pontos onde ela se conecta para regular a tempera-
da em 1879. tura desejada da água, ou seja, inverno (água quente) e
verão (água morna).
A lâmpada incandescente é formada por um fio de tungstê-
nio em forma de espiral, denominado filamento, colocado
dentro de um bulbo de vidro para evitar a oxidação. O bul-
bo é preenchido por um gás inerte, como o nitrogênio ou
argônio, para evitar a sublimação do filamento. Ao ser per-
corrido por uma corrente elétrica, o filamento se aquece,
tornando-se incandescente e emitindo luz.

Qual é o valor da resistência:


a) Na posição “verão”?
b) Na posição “inverno”?

Resolução:
a) Na posição verão, o chuveiro opera com menor
potência (4.400 W), pois não se deseja água muito
quente.
A menor potência é obtida com uma maior resistência do
chuveiro (sendo que a tensão tem valor constante). Assim, a
chave deve ser conectada em B, e o valor da resistência será:
2 2
U Ÿ 4 400 = ____
P = __ 220 Ÿ R = 11 V.
R R
b) No inverno, o chuveiro opera com maior potência
(6.600 W), pois se deseja água muito quente.
A maior potência é obtida com uma resistência menor.
Desse modo, a chave deve ser conectada em A, e o valor
da resistência será:
2 2
U Ÿ 6 600 = ____
P = __ 220 Ÿ R = 7,3 V
R R

2. Considere duas lâmpadas, A e B, idênticas, a não ser


pelo fato de que o filamento de B é mais grosso que
o filamento de A. Quando ligadas a uma d.d.p. de 110
multimídia: vídeo volts, qual das lâmpadas será mais brilhante?

FONTE: YOUTUBE Resolução:


Como fazer uma lâmpada caseira
(experiência de elétrica) A lâmpada mais brilhante será a que produzir maior po-
tência para essa d.d.p. A partir da potência em função da

120
tensão e da resistência, deve-se substituir o valor da resis-
tência em função da área da seção transversal do filamen-
to (A), do comprimento (ℓ) e da resistividade (r):
2 2
U = _____
P = __ U ·A
R r·ℓ
Como r e ℓ são iguais para as duas lâmpadas A e B, a po-
tência será diferente devido à área A da seção transversal
dos filamentos. Devido ao filamento de B ser mais grosso,
a lâmpada B brilhará mais do que a lâmpada A.

multimídia: sites
www.efeitojoule.com/2008/04/efeito-joule.html
www.sofisica.com.br/conteudos/Eletromag-
netismo/Eletrodinamica/potencia.php
www.mundoestranho.abril.com.br/tecnolo-
gia/como-funciona-o-chuveiro-eletrico/

VIVENCIANDO

Hoje em dia, a energia dissipada por efeito Joule é facilmente identificável. Estamos cercados por aparelhos eletrôni-
cos: smartphones, televisores, computadores, liquidificadores, geladeiras, lâmpadas, fogões elétricos, batedeiras,
chuveiros, etc. Todos acabam se aquecendo durante o funcionamento. Às vezes o seu aquecimento é utilizado de
maneira proveitosa: o chuveiro esquenta a água para o banho. Outro exemplo cotidiano da ação do efeito Joule é a
torradeira, esquematizada na imagem a seguir:

121
Entretanto, nem sempre esse aquecimento é benéfico, como no caso de smartphones e computadores. O supera-
quecimento pode fazer o computador começar a funcionar de uma forma não esperada. Com exceção da placa de
vídeo, os componentes de um computador ou smartphone devem funcionar a temperaturas menores que 55 ºC. Por
isso, é necessário estar atendo ao efeito Joule nos equipamentos.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.

Em relação à Habilidade 5, caberá ao aluno dimensionar a potência elétrica nos diferentes circuitos elétricos ana-
lisando as diferentes associações e suas implicações com a potência empregada em cada resistor, assim como a
potência total fornecida.

Relacionar informações para compreender manuais de instalação, utilização de aparelhos ou sistemas tecnológicos
6 de uso comum.

É muito frequente a leitura de informações técnicas de manuais elétricos a respeito da potência elétrica, e a Habili-
dade 6 cobra justamente isso, a capacidade de interpretação de manuais de instalação de aparelhos de uso comum.

Modelo 1
(Enem) As células fotovoltaicas transformam luz em energia elétrica. Um modelo simples dessas células apresenta
uma eficiência de 10%. Uma placa fotovoltaica quadrada com 5 cm de lado, quando exposta ao sol do meio-dia, faz
funcionar uma pequena lâmpada, produzindo uma tensão de 5,0 V e uma corrente de 100 mA. Essa placa encontra-se
na horizontal em uma região onde os raios solares, ao meio dia, incidem perpendicularmente à superfície da Terra,
durante certo período do ano.
A intensidade da luz solar, em W/m2, ao meio-dia, nessa região é igual a:
a) 1 u 102.
b) 2 u 102.
c) 2 u 103.
d) 1 u 106.
e) 2 u 106.

Análise expositiva 1 - Habilidades 5 e 6: No Enem não basta apenas interpretar o exercício. Apesar de mais
C carregado em passagens matemáticas, faz-se necessário um profundo conhecimento do assunto.
Para a sua resolução, separando o que é fornecido, tem-se:
Dados: U = 5 V; i = 100 mA = 0,1 A; L = 5 cm; K = 10% = 0,1.

122
A potência elétrica (útil) para acender a lâmpada é:
PU = Ui = 5 u 0,1 Ÿ PU = 0,5 W.
Essa potência é 10% da potência (total) incidente na placa fotovoltaica.
P PU ___
0,5
K = ___U Ÿ PT = ___
K = 0,1 Ÿ PT = 5 W
PT
A área de captação de energia da placa é:
A = L2 = 5 u 5 = 25 cm2 Ÿ A = 25 u 10-4 m2.
A intensidade da radiação incidente é:
P 5 = 0,2 u 104 W/m2 Ÿ I = 2 u 103 W/m2.
I = __T = ________
A 25 u 10-4
Alternativa C

Modelo 2
(Enem) O manual de utilização de um computador portátil informa que a fonte de alimentação utilizada para carregar
a bateria do aparelho apresenta as seguintes características:

Qual é a quantidade de energia fornecida por unidade de carga, em J/C, disponibilizada à bateria?
a) 6
b) 19
c) 60
d) 100
e) 240

Análise expositiva 2 - Habilidades 5 e 6: Apesar de ser um exercício de rápida resolução matemática, cobra-
B -se que o estudante saiba ler e reconhecer o manual de um aparelho (uma fonte de alimentação, no caso),
fato muito comum em questões do Enem, sempre bem contextualizadas.
Para resolver, é preciso utilizar duas expressões para a potência:

W = U___
Ÿ ___
q
Ÿ = U Ÿ = 19 J/C
∆t ∆t

Alternativa B

123
DIAGRAMA DE IDEIAS

POTÊNCIA

POTÊNCIA
REOSTATO ENERGIA RENDIMENTO
ELÉTRICA

U2 PU
P= E = P ∙ ∆t ‫=ؠ‬
R PT

U2
P=U∙i P= P = R ∙ i2
R

124
AULAS AMPERÍMETRO, VOLTÍMETRO
23 E 24 E PONTE DE WHEATSTONE

COMPETÊNCIAS: 2e5 HABILIDADES: 5, 6 e 17

1. INTRODUÇÃO deve ser ligado em série com esse elemento. Idealmente,


o amperímetro não deveria alterar a resistência elétrica do
Dois equipamentos de medida são fundamentais nos la- trecho do circuito ao qual é conectado, de modo a não
boratórios de eletricidade: o amperímetro e o voltímetro. alterar a corrente elétrica nesse trecho. Entretanto, isso se
O amperímetro é o medidor da intensidade de corrente limita à teoria, pois sempre haverá uma pequena resistên-
elétrica (em ampères), e o voltímetro faz a medida da ten- cia elétrica dos componentes eletrônicos do amperímetro.
são elétrica (voltagem ou d.d.p.) entre dois pontos de um Então, define-se:
circuito elétrico.
É comum o uso do multímetro, como o da imagem a Amperímetro ideal é um medidor de intensidade de
seguir, que têm as funções desses dois medidores em um corrente cuja resistência elétrica é nula (RA = 0).
único equipamento.

Tratando-se de um amperímetro ideal, a d.d.p. entre seus


terminais é nula, e sua ligação em série com qualquer ou-
tro elemento do circuito pode ser feita sem alterar a corren-
te elétrica do circuito.
Na figura da esquerda, a seguir, uma corrente i atravessava
os dois resitores do circuito. Na figura da direita, um ampe-
rímetro ideal foi ligado em série entre os dois resistores e,
por ser ideal, não modificou a corrente elétrica do circuito.

(ESQUERDA) RESISTORES EM SÉRIE ANTES DE SE INSERIR O AMPERÍMETRO.


MULTÍMETRO
(DIREITA) DEPOIS DA INSERÇÃO DO AMPERÍMETRO, A
INTENSIDADE DA CORRENTE ELÉTRICA NÃO FOI ALTERADA.
Quando um amperímetro ou um voltímetro é colocado em
circuito elétrico, sua representação será feita a partir dos

3. VOLTÍMETRO IDEAL
símbolos representados a seguir.

O voltímetro é um aparelho capaz de medir a d.d.p. entre


os dois terminais de um dos elementos do circuito elétrico.
Assim, sua ligação deve ser em paralelo com esse elemento.
SÍMBOLOS DO AMPERÍMETRO
De modo semelhante ao amperímetro, o voltímetro não
deve alterar a d.d.p. do componente que está medindo a
tensão. Dessa forma, o voltímetro não pode permitir que a
SÍMBOLOS DO VOLTÍMETRO
corrente elétrica desse elemento seja parcialmente desvia-
da e, portanto, deve possuir uma resistência elétrica muito
2. AMPERÍMETRO IDEAL maior que a daquele elemento. Não obstante, isso acon-
tece apenas na teoria, pois, devido aos seus componentes
O amperímetro é um aparelho capaz de medir a corrente metálicos, sempre haverá uma pequena fuga de corrente
elétrica por meio de um componente do circuito. Assim, para o voltímetro.

125
Então, define-se: Símbolos:

Voltímetro ideal é um medidor de tensão com re-


G G
sistência elétrica infinitamente grande (RV o `).
Nota: o galvanômetro interfere no funcionamento de um
circuito elétrico. Como um aparelho de medida não deve
Não há circulação de corrente elétrica em um voltímetro afetar o circuito, corrige-se o inconveniente associando ao
ideal, e então o voltímetro pode ser ligado em paralelo com galvanômetro um resistor apropriado para funcionar como
qualquer elemento do circuito. voltímetro ou como amperímetro.
Observe, na figura da esquerda, que uma corrente elétrica
i percorre o circuito de três resistores. A d.d.p. em cada
um deles é obtida pela Lei de Ohm (U = R · i). Na figura
da direita, um voltímetro ideal foi corretamente ligado em
paralelo com o resistor R2, e nada se modificou: mesma
intensidade de corrente nos resistores e a mesma d.d.p. em
cada um. O voltímetro ideal não modificou a corrente elé-
trica do resistor R2. Nesse caso, o voltímetro mede apenas
a d.d.p. entre os terminais de R2: U = R2 · i.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE

Voltímetros e amperímetros

Aplicação do conteúdo
1. A figura a seguir mostra um trecho de um circuito
(ESQUERDA) RESISTORES EM SÉRIE ANTES DE SE INSERIR O VOLTÍMETRO. elétrico composto por três resistores em série. Uma am-
(DIREITA) DEPOIS DA LIGAÇÃO EM PARALELO DO VOLTÍMETRO COM perímetro ideal foi ligado em série entre os resistores
R2, NÃO HÁ ALTERAÇÃO DA D.D.P. E DA CORRENTE ELÉTRICA. R1 e R2, e um voltímetro ideal foi ligado em paralelo
com o resistor R2. Os valores das resistências elétricas
Galvanômetro – Trata-se de um componente básico do são: R1 = 2,0 V, R2= 2,5 V e R3 = 3,0 V. Sabendo que a
circuito de amperímetros e voltímetros capaz de detectar leitura no amperímetro foi de 4,0 A, determine a leitura
correntes elétricas por meio de dispositivos mecânicos que no voltímetro.
se movem pela ação da força eletromagnética produzida
pela corrente. É composto por uma agulha fixa a uma bo-
bina móvel entre os polos de um imã, estando a bobina
acoplada a uma mola espiralada. Quando uma corrente
atravessa a bobina, é estabelecido um torque que a faz
girar. A posição da agulha numa escala graduada, segundo
uma calibração, fornece a medição. Resolução:

Como o voltímetro é ideal, a corrente elétrica em R2 não é


alterada e, portanto, a intensidade de corrente elétrica que
passa pelos três resistores, e também no amperímetro, é a
mesma, isto é, igual 4,0 A (leitura do amperímetro).
O voltímetro lê a d.d.p. nos terminais de R2 que se calcula por:
U = R2 · i = 2,5 · 4,0 Ÿ U = 10,0 V

Assim, o voltímetro lê o valor de 10 V.

126
2. Considere o mesmo trecho do circuito anterior. A fi- não existissem. Como os resistores estão em paralelo, em
gura a seguir mostra a nova posição dos medidores no ambos os resistores a d.d.p. vale 12,0 v. A corrente elétrica
circuito. O voltímetro foi conectado em paralelo com é dada por:
os resistores R1 e R2, e o amperímetro foi colocado em
série com R3. Sabendo que amperímetro acusou uma U
U = R · i Ÿ i = __
corrente elétrica de intensidade 4,0 A, determine: R
Em R1, tem-se:
12 v = 6,0 A
i1 = _____
2,0 V
Em R2, tem-se:
12 v = 4,8 A
i2 = _____
2,5 V

a) A leitura no voltímetro.
A intensidade de corrente será i, dada por:
b) A resistência equivalente entre os pontos A e B. i = i1 + i2 Ÿ i = 6,0 + 4,8 Ÿ i = 10,8 A
Resolução:
No circuito elétrico dado na figura:
a) A intensidade de corrente que passa nos
três resistores é a mesma e é igual ao valor ƒ O amperímetro 1 indica a intensidade total da corrente
dado pelo amperímetro, valendo 4,0 A. elétrica: 10,8 A;
Como o voltímetro está ligado entre os pontos M e N, sua ƒ O amperímetro 2 indica apenas a intensidade da cor-
medida é a soma das tensões elétricas de R1 com R2. Sendo rente elétrica que passa por R2, ou seja, 4,8 A.
Uv essa soma de tensões:
4. (Fuvest) Considere a montagem abaixo, composta por
Uv = U1 + U2 Ÿ Uv = R1 · i + R2 · i quatro resistores iguais R, uma fonte de tensão F, um
medidor de corrente A, um medidor de tensão V e fios
de ligação. O medidor de corrente indica 8,0 A e o de
Uv = 2,0 · 4,0 + 2,5 · 4,0 Ÿ Uv = 18,0 V tensão 2,0 V. Pode-se afirmar que a potência total dissi-
b) O amperímetro é ideal e sua resistência elétrica é pada nos quatro resistores é, aproximadamente, de:
nula (RA = 0). Assim, o voltímetro não altera a resistên-
cia entre os extremos A e B. Assim, pode-se escrever:

Req = R1 + R2 + R3 Ÿ Req = 2,0 + 2,5 + 3,0 Ÿ R

Ÿ Req = 7,5 V R R
R

3. No circuito da figura, dois resistores estão ligados em


a) 8W
paralelo. Um voltímetro ideal está indicando uma d.d.p.
de 12,0 V. As duas resistências têm valores R1 = 2,0 V e b) 16W
R2 = 2,5 V. Determine a leitura nos amperímetros ideais c) 32W
1 e 2 inseridos no circuito. d) 48W
e) 64W
Resolução:

Tem-se uma associação mista com um paralelo de resis-


tência R e a outra parte com 3 resistências R em série. Na
segunda parte, o voltímetro indica 2V, portanto, os outros
resistores também têm uma ddp de 2V. Logo, a ddp da
bateria será 6V.
Resolução: A resistência equivalente será:
Em primeiro lugar, devem ser calculadas as intensidades 1/Req = (R ∙ 3R)/(R + 3R) œ Req = 3R²/4R œ
das correntes elétricas que passam por R1 e por R2 usan- œ Req = 3R/4.
do a Lei de Ohm. Como os amperímetros são ideais (RA
Aplicando a 1.ª Lei de Ohm, tem-se:
= 0), a d.d.p. de cada resistor não é afetada. Para efeito
de cálculo, é como se esses aparelhos de medida, ideais, Req = Utotal/itotal œ 3R/4 = 6/8 œ R = 1Ω.

127
A potência total será: ligado um amperímetro muito sensível, capaz de detectar
a passagem de corrente elétrica de baixíssima intensidade;
P = U²/Req œ P = U²/(3R/4) œ P = 36/(3/4) œ
em série com ele é ligado ainda uma resistência r. Nos vér-
œP = (36 ∙ 4)/3 œ P= 48W
tices A e D é ligado um gerador elétrico, responsável pela
Alternativa D corrente elétrica no circuito.
5. (Mackenzie) No laboratório de Física, monta-se o cir-
cuito elétrico a seguir, com um gerador ideal e os inter-
ruptores (chaves) K1, K2 e K3.

História
Estando somente o interruptor K1 fechado, o amperímetro
O circuito descrito foi inventado em 1833 pelo físico
ideal acusa a passagem de corrente elétrica de intensidade
inglês Samuel Hunter Chritie (1784-1865), com a fi-
5 A. Fechando todos os interruptores, a potência gerada
nalidade de medir resistências elétricas. Contudo, foi
pelo gerador é
sir Charles Wheatstone (1802-1875) que ficou famoso
a) 300 W
com o invento, pois foi o responsável por sua divulga-
b) 350 W
ção, 10 anos mais tarde. Por esse motivo, o circuito
c) 400 W
leva hoje o nome de ponte de Wheatstone.
d) 450 W
e) 500 W

Resolução:

Na condição inicial, somente a chave K1 está fechada; as-


sim, somente o resistor de 6Ω irá funcionar. Aplicando a 1.ª
Lei de Ohm, tem-se:
U = R · i œ U = 6.5 œ U = 30V.
Depois de fechar todas as chaves, os 3 resistores funciona-
rão em paralelo. A resistência equivalente será:
1/Req = 1/6 + 1/4 + 1/12 œ 1/Req = (2 + 3 + 1)/12
œ 6Req = 12 œ Req =2Ω. multimídia: vídeo
Assim, a indicação do amperímetro na condição final será:
FONTE: YOUTUBE
i = U/R œ i = 30/2 œ i = 15A.
Ponte de wheatstone -
A potência gerada será: Medidor elétrico ohmímetro
P = U · i œ P = 30 · 15 œ P= 450W.

Alternativa D
5. EQUILÍBRIO DA PONTE
4. PONTE DE WHEATSTONE DE WHEATSTONE
A ponte de Wheatstone é um circuito elétrico bastan- Um caso particularmente interessante da ponte de Whe-
te específico, formado por resistores. O diagrama a seguir atstone é aquele em que o amperímetro não acusa passa-
ilustra o circuito elétrico da ponte de Wheatstone. Quatro gem de corrente elétrica. Nesse caso, o circuito se encontra
resistores são ligados como um losango. Na diagonal BC é em equilíbrio ou balanceado.

128
Essa expressão indica que, quando a ponte de Wheatstone
5.1. Propriedades da ponte de está em equilíbrio, o produto das resistências dos resistores
Wheatstone em equilíbrio opostos é constante. Esse produto é denominado produto
ƒ A intensidade de corrente elétrica em R1 é igual à de cruzado entre as resistências.
R4, e a intensidade de corrente elétrica em R2 é igual A ponte de Wheatstone pode ser utilizada para medir o
à de R3: valor de uma resistência elétrica, pois, conhecendo os va-
i4 = i1 e i3 = i2 lores de R1, R2 e R3, é possível calcular o valor da quarta
resistência R4.
ƒ Por não haver corrente elétrica entre B e C, a d.d.p. nos De modo equivalente, se o produto cruzado dos resisto-
terminais do resistor r é nula, isto é, a d.d.p. entre B e res R1, R2, R3 e R4 de uma ponte de Wheatstone é igual,
C é nula. Assim, o potencial elétrico em B e C é igual: pode-se afirmar que a ponte está em equilíbrio. Em conse-
VB = VC quência, a corrente elétrica é nula no elemento ligado na
diagonal BC. Esse elemento poderá ser um amperímetro,
um resistor, uma lâmpada, etc.

NA PONTE DE WHEATSTONE EM EQUILÍBRIO, O NA PONTE EM EQUILÍBRIO NÃO PASSA


AMPERÍMETRO NÃO ACUSA CORRENTE ELÉTRICA. CORRENTE ELÉTRICA PELO RESISTOR
CENTRAL, NA DIAGONAL BC.
Por causa dessa segunda propriedade, a d.d.p. entre os
pontos A e B e A e C é igual, ou seja:
VA – VB = VA – VC Ÿ UAB = UAC

Do mesmo modo, conclui-se que:

(VB – VD) = (VC – VD) Ÿ UBD = UCD

Por causa das propriedades anteriores e da Lei de Ohm,


encontra-se a relação entre as resistências para que ocorra
o equilíbrio: NA PONTE EM EQUILÍBRIO, A LÂMPADA
NÃO ACENDE, POIS A D.D.P. ENTRE B
UAB = UAC Ÿ R1 · i1 = R2 · i2 E C É NULA. NÃO HÁ CORRENTE.

UBD = UCD Ÿ R4 · i4 = R3 · i3
Nota: Na prática, a ponte de Wheatstone é conhecida
Sendo i4 = i1 e ainda i3 = i2, resulta: como ponte de fio, em que os resistores de resistências
elétricas R3 e R4 são substituídos por um fio homogêneo de
R1 · i1 = R2 · i2 seção transversal constante.
R4 · i1 = R3 · i2 O cursor, que está ligado ao galvanômetro, desliza sobre
o fio homogêneo até encontrar uma posição de equilíbrio
Dividindo-se as duas expressões acima membro a membro, da ponte.
obtém-se:
R1 __
__ R
= 2
R4 R3

R1 · R3= R2 · R4
R1 · L3 = R2 · L4

129
3. (Unicamp) No circuito a seguir a corrente na resistên-
Aplicação do conteúdo cia de 5Ω é nula.

1. Na ponte de Wheatstone da figura, os terminais A e


D são ligados ao gerador, e a lâmpada L não se acende.
São conhecidas as resistências: R1 = 3,0 V; R2 = 6,0 V;
R3 = 5,0 V.

a) Determine o valor da resistência X.


b) Qual a corrente fornecida pela bateria?
a) Determine o valor de R4.
b) Se os três resistores anteriores forem trocados por Resolução:
três resistores idênticos de resistência R, qual será
a) A corrente no resistor de 5Ω é nula, caracte-
o valor de R4 para que a lâmpada não se acenda?
rizando uma Ponte de Wheatstone. Aplicando
Resolução: a equação do produto cruzado das resistên-
cias em uma ponte equilibrada, tem-se:
a) A ponte de Wheatstone está em equilíbrio,
pois a lâmpada não se acendeu (não há corrente 1 · x = 3 · 2 œ x = 6Ω.
elétrica entre B e C). Vale, portanto, o produto
b) Como não há passagem de corrente no resistor
cruzado entre as resistências dos quatro re-
de 5Ω, pode-se simplesmente “tirá-lo” do circui-
sistores. Assim, determina-se o valor de R4:
to e fazer a resistência equivalente do mesmo.
R1 · R3 = R2 · R4 Ÿ 3,0 · 5,0 = 6,0 · R4 Ÿ
1/Req = 1/(1+3) + 1/(2+6) œ 1/Req= 1/4 + 1/8
œ 1/Req= (2+1)/8 œ Req= 8/3 Ω.
Ÿ R4 = 2,5 V
b) Do mesmo modo, aplica-se a re-
gra do produto cruzado: 8/3Ω

R1 · R3 = R2 · R4 Ÿ R · R = R · R4 Ÿ R4 = R

2. Na figura a seguir está representada uma ponte de


Wheatstone um pouco diferente. O formato geométrico Assim a corrente total será:
não é um losango, mas um retângulo. Determine o valor
i = U/Req œ i = 12/(8/3) œ i = 36/8 œ i = 4,5A .
de R para que a lâmpada (L) não se acenda. São dados:
R1 = 9,0 V; R2 = 16,0 V. 4. (Mackenzie) No circuito abaixo, para que ambos os
amperímetros ideais, A1 e A2, indiquem zero, é necessá-
rio que as resistências R1 e R2 valham, respectivamente,
em ohms:

Resolução:

Para que a lâmpada não se acenda, a ponte deve estar


em equilíbrio. Assim, pelo produto cruzado, a resistência
R deve valer: a) 10 e 120
b) 40 e 90
R1 · R2 = R · R Ÿ R2 = R1 · R2 Ÿ R2 = 9,0 · 16,0 c) 90 e 40
d) 40 e 10
9,0 · 16,0 = 3,0 · 4,0 Ÿ R = 12,0 V
R = dXXXXXXXX e) 10 e 40

130
Resolução: Resolução:
No circuito, as correntes dos amperímetros ideais são nu-
Se o galvanômetro indica zero nas duas ocasiões, a relação
las; assim, tem-se duas pontes de Wheatstone.
cruzada das resistências na ponte de Wheatstone continua
Aplicando a equação do produto cruzado das resistências válida independente da tensão. Assim, tem-se:
na ponte equilibrada do amperímetro A1, tem-se:
(10 + 5) · 15 = 5 · (20 + R) œ 20 + R = 225/5 œ
10 · R1 = 20 · 20 œ R1 = 40Ω.
Agora, deve-se fazer a resistência equivalente da ponte do R = 45 – 20 œ R = 25Ω.
amperímetro A1.
1/Req = 1/(10+20) + 1/(20+40) œ 1/Req Alternativa A
= 1/30 + 1/60 œ 1/Req = (2+1)/60
œ Req = 20Ω.
Aplicando a equação do produto cruzado das resistências
na ponte equilibrada do amperímetro A2, tem-se:
20 · R2 = 30 · 60 œ R2 = 90Ω.
Alternativa B
5. (Mackenzie) No circuito a seguir, a d.d.p. entre os ter-
minais A e B é de 60V e o galvanômetro G acusa uma
intensidade de corrente elétrica zero. Se a d.d.p. entre
os terminais A e B for duplicada e o galvanômetro con-
tinuar acusando zero, poderemos afirmar que:
multimídia: sites
www.educacao.globo.com/fisica/assunto/ele-
tromagnetismo/medidores-em-circuitos.html
www.fisicaevestibular.com.br/novo/eletrici-
dade/eletrodinamica/aparelhos-de-medicao-
-eletrica-amperimetros-e-voltimetros/
a) a resistência R permanecerá constante e igual a 25 Ω;
b) a resistência R permanecerá constante e igual a 15 Ω; www.newtoncbraga.com.br/index.php/co-
c) a resistência R permanecerá constante e igual a 10 Ω; mo-funciona/8858-como-funciona-a-ponte-
d) a resistência R, que era de 25 Ω, será alterada para 50 Ω; -de-wheatstone-ins529
e) a resistência R, que era de 50 Ω, será alterada para 12,5 Ω.

131
VIVENCIANDO

Os amperímetros possuem diversos usos na indústria. Amperímetros com zero central, ou analógicos, são mais
utilizados, pois possuem alta durabilidade e medições precisas. Eles são usados em quadro de distribuição de baixa
tensão, monitorando toda a instalação elétrica. Um tipo especial de amperímetro analógico, que é utilizado para
medir altas correntes em carros e caminhões, possui um ímã de barra articulada que move o ponteiro e um ímã.

PONTE DE WHEATSTONE USADA EM UM SENSOR DE LUZ

A capacidade de fornecer medições extremamente precisas é o principal benefício de uma ponte de Wheatstone.
Variações nas configurações da ponte de Wheatstone podem ser usadas para medir capacitância, indutância, im-
pedância e outras características físicas, como a quantidade de gases combustíveis em uma amostra. Existem algumas
variações famosas, como as chamadas ponte de Kelvin e ponte Carey Foster, desenvolvidas para medir resistências
muito baixas. Em muitos casos, o significado de medir a resistência desconhecida está relacionado com a avaliação
do impacto de algum fenômeno físico (como força, temperatura, pressão, etc.), o que permite a utilização da ponte
de Wheatstone na medição indireta desses fenômenos.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.

Nessa aula, o aluno deverá empregar a Habilidade 5 a fim de saber dimensionar os circuitos e dispositivos elétricos,
utilizando os aparelhos de medidas, como amperímetro, voltímetro, galvanômetro ou multímetro.

132
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a
7 defesa do consumidor, a saúde do trabalhador ou a qualidade de vida.

Caberá ao aluno a capacidade de saber escolher qual tipo de associação é necessária para realizar as medições que
se fazem necessárias. Além disso, partindo das medidas, caberá ao aluno a tomada de decisão de qual circuito é
ideal para a utilização.

Modelo 1
(Enem) Um eletricista analisa o diagrama de uma instalação elétrica residencial para planejar medições de tensão e
corrente em uma cozinha. Nesse ambiente, existem uma geladeira (G), uma tomada (T) e uma lâmpada (L), conforme
a figura. O eletricista deseja medir a tensão elétrica aplicada à geladeira, a corrente total e a corrente na lâmpada.
Para isso, ele dispõe de um voltímetro (V) e dois amperímetros (A).

Para realizar essas medidas, o esquema da ligação desses instrumentos está representado em:
a) d)

b) e)

c)

Análise expositiva 1 - Habilidades 5 e 7: Para a resolução desse exercício, o estudante deve saber como
E funciona os instrumentos de medidas, tanto o amperímetro quanto o voltímetro, e saber que tipo de asso-
ciação deve ser feita a fim de se ter a medição desejada.
Desse modo, o voltímetro deve ser ligado em paralelo com o trecho de circuito onde se quer medir a tensão
elétrica, isto é, entre os terminais fase e neutro.
Para medir a corrente total, o amperímetro deve ser instalado no terminal fase ou no terminal neutro.
Para medir a corrente na lâmpada, o outro amperímetro deve ser ligado em série com ela.
Alternativa E

133
Modelo 2
(Enem) Um eletricista precisa medir a resistência elétrica de uma lâmpada. Ele dispõe de uma pilha, de uma lâmpada
(L), de alguns fios e de dois aparelhos: um voltímetro (V), para medir a diferença de potencial entre dois pontos, e um
amperímetro (A), para medir a corrente elétrica.

O circuito elétrico montado pelo eletricista para medir essa resistência é:


a) d)

b) e)

c)

Análise expositiva 2 - Habilidade 5 e 7: Trata-se de um exercício de rápida resolução, mas que necessita de
C conhecimento técnico prévio do assunto, característica das questões do Enem desde 2009.

Nesse exercício, é importante saber que o amperímetro deve ser ligado em série com a lâmpada, e o voltí-
metro, em paralelo.
Alternativa C

134
DIAGRAMA DE IDEIAS

MEDIDORES

PONTE DE
VOLTÍMETRO AMPERÍMETRO
WHEATSTONE

LIGADO EM ASSOCIAÇÃO
EQUILÍBRIO
PARALELO EM SÉRIE

IA = 0 RV = ∞ RA = 0

135
AULAS ESTUDO DO GERADOR
25 E 26
COMPETÊNCIAS: 2e5 HABILIDADES: 5, 6 e 17

1. INTRODUÇÃO ƒ Em uma usina termoelétrica, uma turbina também é


acionada para produzir energia mecânica em um ge-
O equipamento capaz de converter alguma forma de ener- rador. Entretanto, o movimento de rotação da turbina
gia em energia elétrica é denominado gerador elétrico. é causado pela passagem de vapor de água. Para a
Apesar de o nome passar a impressão de que a energia é produção do vapor de água, um reservatório de água
gerada, o que ocorre é apenas a transformação de uma é aquecido, provocando a ebulição da água. Dessa for-
forma de energia em outra. ma, a energia térmica é convertida em energia elétrica.
A imagem a seguir mostra um esquema simplificado de
A seguir estão listados alguns exemplos de geradores elétricos:
uma usina termoelétrica:
ƒ A pilha é um gerador eletroquímico. Nesse tipo de ge-
rador, a energia química armazenada na pilha é con-
vertida em energia elétrica. A figura a seguir ilustra
esquematicamente o interior de uma pilha:
contato metálico +
ligado ao bastão
de carbono

isolante
bastão de
carbono Esses três exemplos ilustram a conversão de diferentes ti-
pasta pos de energia em energia elétrica. O gerador elétrico é
capa de zinco
utilizado basicamente para produzir a corrente elétrica em
um circuito elétrico.
isolante
proteção externa

contato metálico
com a capa -
2. GERADOR IDEAL
de zinco Um gerador é ideal quando é capaz de transferir para
as cargas elétricas toda a energia elétrica produzida. A
ƒ Em uma usina hidroelétrica, o movimento da água cau- tensão elétrica medida entre os polos de um gerador
sa a rotação de uma turbina. O movimento mecânico recebe o nome de força eletromotriz (f.e.m.) e é repre-
de rotação é transferido para um gerador, que transfor- sentada pelo símbolo H.
ma a energia mecânica em energia elétrica. A figura a
seguir ilustra esquematicamente os principais compo- A principal característica de um gerador ideal é manter
nentes em uma usina hidroelétrica: constante a d.d.p. (U) fornecida ao circuito, independente-
mente da intensidade da corrente.
gerador

turbina

GERADOR IDEAL (U = E)

136
(
No S.I., a unidade de medida de f.e.m. é volt lembre-se de
)
que V = __J .
C
Diferentemente dos geradores ideais, ocorre perda de
energia elétrica nos geradores reais. Essa perda deve-se
à resistência interna do gerador. Geradores elétricos reais
são representados pelo símbolo a seguir:

multimídia: vídeo
O simbolo r representa a resistência interna do gerador.
FONTE: YOUTUBE

Como fazer um gerador de energia com imã A figura a seguir é o gráfico da variação do potencial das
em casa cargas em um gerador real, desde o polo negativo até o
polo positivo. A diferença de potencial VB para VA corres-
ponde à f.e.m. « do gerador, levando em conta a queda de

3. CARACTERÍSTICAS potencial ri devido à resistência interna. A d.d.p. útil do ge-


rador, isto é, a d.d.p. que pode ser utilizada por um circuito
DOS GERADORES externo, é VA – VB = U.

3.1. Força eletromotriz (f.e.m.)


A força eletromotriz do gerador (f.e.m.), represen-
tada por « (épsilon), é responsável pela d.d.p. fornecida
pelo gerador. Por exemplo, existem pilhas com diferentes
tensões, como 1,5 V e 12 V. Essa diferença está relacionada
ao trabalho da força elétrica no interior da pilha para mo-
ver as cargas do terminal negativo ao positivo (do menor
potencial para o maior). Por definição, a f.e.m. e o trabalho
estão relacionados por:

t
« = ___
DQ

Em que t é o trabalho realizado e DQ é a quantidade de


A d.d.p. U, disponível ao circuito externo, é igual à diferen-
carga levada do polo negativo ao positivo.
ça entre a f.e.m. e a queda de potencial interna correspon-
Observe que o termo f.e.m., apesar de ser referido como dente ao produto ri. Matematicamente, esses termos se
uma força, não é precisamente uma força, ou seja, trata-se relacionam pela expressão:
de um nome inadequado. A f.e.m. representa a quantidade
de energia total transferida à unidade de carga dentro U = « – ri
do gerador durante o processo de transformação de deter-
minada energia em energia elétrica. Os valores de « e r são constantes.
Sempre ocorrem “perdas” energéticas nos processos fí-
sicos, ou seja, os dispositivos não transferem totalmente
a energia para os sistemas que alimentam. Essas perdas Nota
ocorrem devido à transformação de parte da energia em Essa equação representa um gerador elétrico real.
energia térmica (calor). Para um gerador ideal, não ocorre dissipação interna
A f.e.m correspondente à d.d.p. seria o caso ideal se entre de energia, e, portanto, r = 0. Para o gerador ideal, a
os polos de um gerador não ocorresse perda de energia d.d.p. e a f.e.m. são iguais ( U = «).
elétrica. A d.d.p. é constante para cada gerador.

137
gia elétrica dissipada, maior será o rendimento do gerador.
Em geral, o rendimento é representado pela letra grega h
(eta). Assim, o rendimento h de um gerador elétrico real
é dado pelo quociente:

P U
h = __u = __
Pt «

Considere o seguinte exemplo de uma aplicação da ener-


gia potencial elétrica em um farol de automóvel (lâmpada)
multimídia: vídeo ligado a uma bateria.

FONTE: YOUTUBE

Geradores e receptores de energia elétrica

4. POTÊNCIA NO
GERADOR ELÉTRICO A BATERIA É A FONTE DE F.E.M. «, E R É SUA RESISTÊNCIA INTERNA.
O FAROL FAZ PARTE DO CIRCUITO EXTERNO (RESISTÊNCIA R).
Foi visto anteriormente que a potência elétrica em um tre-
cho de circuito é o produto da d.d.p. (U) entre as extremi-
dades desse trecho pela intensidade de corrente no mesmo Quando as cargas elétricas passam pelo farol, a energia po-
trecho do circuito. Assim, a potência de um gerador elétrico tencial das cargas é transformada em energia térmica (ca-
é obtida multiplicando-se a d.d.p. do gerador pela corrente lor), fazendo o filamento do farol se aquecer e emitir luz. A
elétrica no gerador: bateria fornece energia potencial às cargas no polo negati-
vo (menor potencial), enviando-as para o terminal positivo
U = « – ri Ÿ Ui = ei – ri2 (potencial maior). Esse ciclo é repetido enquanto a bateria
conseguir transformar energia química em energia elétrica,
O primeiro termo, Ui, é a potência que o gerador fornece isto é, enquanto houver energia química disponível.
ao circuito externo, ou seja, a potência útil Pu. Essa é a
potência disponível para um circuito elétrico externo. Observe que a corrente elétrica no circuito é constante. Mes-
mo se os fios que ligam o farol à bateria fossem trocados
Pu = Ui por fios mais espessos, o funcionamento do circuito seria o
mesmo e a corrente se manteria constante. Isso ocorre por
No segundo termo da equação, o valor Hi corresponde à causa da conservação das cargas elétricas. Não pode haver
potência total do gerador Pt: acúmulo de cargas nos dispositivos do circuito. Se houvesse
acúmulo, a diferença de potencial seria variável com o tempo.
Pt = «i
Aplicação do conteúdo
Essa potência é o valor que seria fornecido ao circuito ex- 1. O gerador representado na figura a seguir é percorri-
terno caso não houvesse perda de energia elétrica. do por uma corrente de intensidade 1 A. Calcule:
O valor ri2 é a potência dissipada internamente Pd,
ou seja, é a perda de energia elétrica que ocorre e que não
pode ser utilizada pelo circuito externo:

Pd = ri2 Dados: « = 3 V; r = 0,5 V; i = 1 A; Dt = 20 s.


a) A d.d.p. entre os terminais A e B.
Essa potência é dissipada pelo gerador em forma de calor. b) A potência dissipada no gerador.
c) O rendimento do gerador.
O rendimento do gerador é a relação entre a potência útil d) A energia disponível ao circuito externo se o
e a potência total. Quanto menor for a parcela de ener-

138
gerador permanecer ligado por 20 s. UAB = « – ri e UAB = Ri
Resolução: Igualando as equações, segue que:
a) Pela equação do gerador, tem-se:
« – ri = Ri

U = « – ri Ÿ U = 3 – 0,5 · 1 Ÿ U = 2,5 V Assim, o valor de « é dado por:


b) A potência dissipada é: « = (R + r)i
Pd = ri2 Ÿ Pd = 0,5 W
Essa expressão ficou conhecida como Lei de Pouillet.
c) O rendimento é:
2,5
U Ÿ h = ___
h = __ Ÿ
Aplicação do conteúdo
« 3
1. A f.e.m. e a resistência interna de um gerador são,
Ÿ h = 0,83 ou n = 83% respectivamente, 20 V e 1 V. Esse gerador é ligado dire-
tamente a um resistor de 4 V, como na figura. Calcule a
d) A energia útil (Eútil) entregue ao circuito externo é: intensidade da corrente elétrica no circuito.
Eútil = Pu · 't Ÿ Eútil = U i Dt Ÿ
Ÿ Eútil = 2,5 · 1 · 20 Ÿ Eútil = 50 J

2. A d.d.p. entre os terminais de uma bateria, em um cir-


cuito aberto, é de 12 V. Se houver uma corrente elétrica
de 2 A no gerador, a potência fornecida a um circuito Resolução:
externo será de 20 W. Calcule a f.e.m. e a resistência in-
terna da bateria. Sendo « = 20 V, r = 1 V, Req = 4 V, pode-se aplicar a Lei
de Pouillet:
Resolução:
« = (Req + r) i
Em circuito aberto, não existe corrente elétrica na bateria: 20 = (4 + 1) i
i = 0 Ÿ U = « Ÿ « = 12 V
i=4A
A potência fornecida ao circuito externo é a potência útil:
Pu = Ui Ÿ 20 = U · 2 Ÿ U = 10 V 2. A figura ilustra um circuito formado por um gerador
elétrico que pode ser ligado a um ou dois resistores
Pela equação do gerador, tem-se: dependendo da ligação de uma chave Ch. Se a chave
Ch estiver aberta, a corrente elétrica terá intensidade
U = « – ri Ÿ 10 = 12 – r · 2 Ÿ r = 1 V de 10 A; se a chave Ch estiver fechada, a intensidade
da corrente elétrica será de 16 A. Calcule a resistência

5. LEI DE POUILLET interna r e a f.e.m. « do gerador.

Considere novamente o circuito que representava de ma-


neira simples o circuito elétrico do farol de um automóvel.
Nesse circuito, a bateria é o gerador elétrico, e o farol é um
resistor externo de resistência elétrica R.

Resolução:

Para a situação da chave aberta, obtém-se o seguinte circuito.

O físico francês Claude Pouillet (1790-1868) verificou que


a diferença de potencial entre os polos do gerador é a mes-
ma que nos terminais do resistor. Portanto:

139
Aplicando a Lei de Pouillet, tem-se: Substituindo r = 1 V na primeira equação, determina-se
o valor de «:
« = (3 + r) · 10
« = (3 + 1) · 10 Ÿ « = 40 V
Para a situação com a chave fechada, deve-se determinar
a resistência equivalente das duas resistências do circuito:
3 Ÿ R = 1,5 V
Req = __
2 eq

Aplicando a Lei de Pouillet para o circuito com essa resis-


tência equivalente, tem-se:
multimídia: sites
« = (1,5 + r) · 16
www.coladaweb.com/fisica/eletricidade/
O valor de « é o mesmo para ambas as equações. Assim, geradores-eletricos
igualando as equações, determina-se a resistência interna www.efisica.if.usp.br/eletricidade/basico/gerador/
do gerador: forca_eletromotriz_gerador/
(3 + r) · 10 = (1,5 + r) · 16 Ÿ r = 1 V

VIVENCIANDO

Os exemplos de geradores no cotidiano são diversos. Os geradores são a forma majoritária de proporcionar energia
elétrica para as redes urbanas. A Usina Hidrelétrica de Itaipu, localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai, teve a sua
maior produção anual estabelecida em 2016, com a geração de 103.068.366 MWh de energia.
Os geradores tambem são utilizados em automóveis e
em outras formas de transporte. Geradores de pequena
escala também fornecem um bom suporte para as
necessidades emergenciais de energia em hospitais,
prédios residenciais, estádios de futebol, shopping cen-
ters e pavilhões de exposições.
Na construção civil, principalmente em obras de grande
magnitude, a falta de energia elétrica causa a paral-
isações das obras, o que gera atrasos e prejuízos finan-
ceiros. Nesses casos, os geradores elétricos se apresentam
USINA DE ITAIPU, LOCALIZADA NO RIO PARANÁ
como uma solução para obtenção de energia temporária.
Em diversas indústrias são comuns as “paradas programadas”, que acontecem para que ocorra a manutenção da
rede elétrica. Assim, o suprimento de energia no decorrer desses processos acontece por meio de geradores elétricos.

140
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
Nessa aula, o aluno empregará a Habilidade 5 na montagem de circuitos com geradores, desde a utilização de um
gerador ideal até um gerador real, aprendendo a identificar suas diferenças e implicações.

Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológi-
6 cos de uso comum.

Faz-se necessária a interpretação correta de manuais de instalação de aparelhos elétricos. Além disso, o aludo deve
saber reconhecer a força eletromotriz fornecida e a resistência interna do gerador.

Modelo
(Enem) Em algumas residências, cercas eletrificadas são utilizadas com o objetivo de afastar possíveis invasores. Uma
cerca eletrificada funciona com uma diferença de potencial elétrico de aproximadamente 10.000 V. Para que não seja
letal, a corrente que pode ser transmitida através de uma pessoa não deve ser maior do que 0,01 A. Já a resistência
elétrica corporal entre as mãos e os pés de uma pessoa é da ordem de 1.000 :.
Para que a corrente não seja letal a uma pessoa que toca a cerca eletrificada, o gerador de tensão deve possuir uma
resistência interna que, em relação a do corpo humano, é:
a) praticamente nula;
b) aproximadamente igual;
c) milhares de vezes maior;
d) da ordem de 10 vezes maior;
e) da ordem de 10 vezes menor.
Análise expositiva - Habilidades 5 e 6: Ótimo exercício que apresenta características de interdisciplinaridade,
C condizente com a prova de Ciências da Natureza, mostrando que Física, Química e Biologia se relacionam
normalmente. Além do excelente diálogo com diferentes ramos da ciência, o conhecimento matemático e
físico do problema é de alto nível, exigindo do aluno o conhecimento da estrutura de um gerador elétrico.
Sendo r o valor da resistência interna do gerador, pela primeira Lei de Ohm segue que:
V = (r + R)i
10000 = (r + 1000)0,01
r = 99900 : ≈ 106 :
Em relação à resistência elétrica do corpo humano:
106 = 103
__r = ___
R 103

Ou seja, o valor da resistência deve ser cerca de 1.000 vezes maior.


Alternativa C

141
DIAGRAMA DE IDEIAS

GERADOR

NÃO IDEAL FONTE DE TENSÃO

r≠0 IDEAL

LEI DE POUILLET r=0

U=
POTÊNCIA POTÊNCIA
TOTAL ÚTIL

POTÊNCIA
DISSIPADA

142
Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe-
ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos
de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto
contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de
material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A
seguir, apresentamos cada seção:

incidência do tema nas principais provas vivenciando

De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas
o território nacional. para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para
evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida
a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma
preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre
aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em
teoria seu dia a dia.

Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção


tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas aplicação do conteúdo
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua-
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados,
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta-
dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com-
preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos
do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer
momento, as explicações dadas em sala de aula.
multimídia
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa
seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório
do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com áreas de conhecimento do Enem
indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en-
contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
o conhecimento do nosso aluno. Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-
conexão entre disciplinas -las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos diagrama de ideias
conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los
conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio-
em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque-
logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre
les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio
outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade
de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas
de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan- Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos
cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza-
grande engrenagem no mundo em que ele vive. ção dos estudos e até a resolução dos exercícios.

Herlan Fellini

1
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Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.

Autores
Caco Basileus
Herlan Fellini
Felipe Filatte
Kevork Soghomonian

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
Pedro Tadeu 7BEFSBatista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
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Projeto gráfico e capa


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ISBN: 978-65-88825-06-8

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posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos
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2
SUMÁRIO
FÍSICA
DINÂMICA
Aulas 27 e 28: Decomposição de forças e plano inclinado 6
Aulas 29 e 30: Forças de atrito 11
Aulas 31 e 32: Força elástica 21
Aulas 33 e 34: Dinâmica no movimento circular uniforme 29

ÓPTICA
Aulas 27 e 28: Lentes esféricas: estudo geométrico 40
Aulas 29 e 30: Lentes esféricas: estudo analítico 49
Aulas 31 e 32: Óptica da visão 55
Aulas 33 e 34: Instrumentos ópticos 63

ELETRODINÂMICA
Aulas 27 e 28: Estudo e associação de geradores 72
Aulas 29 e 30: Receptores 80
Aulas 31 e 32: Capacitores 85
Aulas 33 e 34: Associação de capacitores 93

3
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.

4
DINÂMICA: Incidência do tema nas principais provas

A prova apresenta questões práticas e numé- A prova apresenta questões práticas e


ricas, tendo com maior frequência a dinâmica numéricas, tendo com maior frequência a
do movimento circular e força de atrito, sempre dinâmica do movimento circular (rotação
envolvendo outros assuntos, como cinemática de planetas), sempre envolvendo outros
e energia. assuntos, como cinemática e energia.

A prova possui grande incidência de dinâmica do Podem aparecer questões sobre força de A prova apresenta questões práticas e numé-
movimento circular, apresentando questões numéri- atrito e elástica, exigindo interpretação ricas, tendo com maior frequência a dinâmica
cas e que envolvam diferentes ramos da mecânica. de imagens e coleta de informações, do movimento circular e força de atrito, sempre
com atenção às equações do movimento envolvendo outros assuntos, como cinemática
circular. e energia.

Dentre os temas deste livro, plano inclinado e A prova tem uma grande variação de temas, A prova tem uma grande variação de te- A prova tem uma grande variação de temas,
força de atrito podem aparecer na prova. porém, dinâmica circular e força elástica mas, porém, força de atrito pode aparecer porém, dinâmica circular e força elástica
aparecem com alguma frequência. com alguma frequência. podem aparecer mais facilmente.

UFMG

A prova tem uma grande variação de temas, A prova apresenta questões conceituais e A prova é bem objetiva e não há predominân-
porém, dinâmica circular e as leis de Newton práticas que abordam as leis de Newton, cia de temas. Porém, movimento na dinâmica
aparecem com alguma frequência, em diferenciando os tipos de forças envolvi- circular pode aparecer com alguma frequência.
questões teóricas e que exigem manipulações das, como força elástica e atrito.
de equações.

A prova apresenta questões conceituais e A prova tem uma grande variação de temas, A prova aborda a interpretação das
práticas, que abordam as leis de Newton, porém, dinâmica circular aparece com alguma forças aplicadas em um corpo e o estudo da
diferenciando os tipos de forças envolvidas, frequência, cobrando os tipos de forças dinâmica circular, em questões que exigem
como força elástica e atrito. envolvidas. interpretação de imagens.

5
AULAS DECOMPOSIÇÃO DE FORÇAS
27 E 28 E PLANO INCLINADO
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 2, 17, 19 e 20

___›

1. INTRODUÇÃO ___› do eixo x (horizontal), e a com-


denominada F x, ao longo
ponente denominada F y, ao longo do eixo y (vertical), satis-
Quando a resultante das forças sobre um corpo é deter- fazem essas condições.
___› ___›
minada, encontra-se somente uma força que atua sobre Os módulos de F x e F y podem ser obtidos a partir de rela-
esse corpo e que causa o mesmo efeito das demais forças. ções trigonométricas aplicadas ao triângulo retângulo colori-
A seguir, será estudado o processo inverso, denominado do da figura anterior, conhecendo o valor do ângulo T.
decomposição de forças. Serão determinadas as com-
ponentes, ou seja, os pares de forças que são perpendicu- cateto oposto Fy
lares, mas que juntas possuem o mesmo efeito da força senT= _________________ = __ Ÿ Fy = F ˜ senT
hipotenusa F
decomposta.
cateto adjacente F
cosT= ___________________ = __x Ÿ Fx = F ˜ cosT
1.1. Componentes hipotenusa F
perpendiculares de uma força ___›
Note que o ângulo T é formado por F e o eixo horizontal.
Observe na___›figura a seguir o processo de composição de
uma força F . Aplicação do conteúdo
1. Sobre uma superfície horizontal plana, perfeitamente
F lisa, é apoiado um bloco de massa m =___8,0 kg. A partir

de certo instante, uma força constante F , de intensida-
de F = 130 N, é aplicada sobre o bloco, de tal forma que
a direção da força forma um ângulo q com a horizontal,
como ilustra a figura. Considere g = 10 m/s2.

y
F
Fy

θ
x
Fx

Fy 5 e cosT = ___
Sabendo que senT = ___ 12, calcule:
13 13
a) o módulo da força normal exercida pela
superfície horizontal sobre o bloco;
b) o módulo da aceleração do bloco.
Fx
Resolução: ___› ___›
a) Sobre___o bloco atuam o peso P , a força normal N e
É preciso encontrar
___› duas forças perpendiculares, cuja soma ›
a força F (figura a seguir). O módulo do peso vale:
resulte na força F . Assim, um sistema de eixos
___› perpendicu-
lares é posicionado na origem do vetor F . A componente P = m ˜g = (8,0 kg) ˜(10 m/s2) Ÿ P = 80 N

6
2. No sistema em equilíbrio representado a seguir, o
bloco A, de massa m = 4,0 kg, está ligado a três fios
ideais. Sabendo que senT = 0,80 e cosT = 0,60, calcule
as intensidades das trações nos três fios.
Considere g = 10 m/s2.

___›
A força___›F deve ser decomposta em uma
___› componente hori-
zontal F x e uma componente vertical F y. Assim, o esquema
de forças é refeito como na figura a seguir:

Resolução:

Na figura, todas as forças do sistema foram identificadas,


observando que nas extremidades de um mesmo fio as
trações devem ter a mesma intensidade. Como o ponto B
está em equilíbrio, a resultante das forças sobre esse ponto
é nula.

___› ___›
Os mólulos de F x e F y são obtidos a partir do triângulo sombreado:

Fy = F senT = (130) ___


13 ( )
5 = 50 N Ÿ

Ÿ Fy = 50 N
Fx = F cosT = (130) ___
13 ( )
12 = 120 N Ÿ

Ÿ Fx = 120 N
___›
Como P = 80 N e Fy = 50 N,ou seja,Fy < P,F y não tem intensida-
de suficiente para levantar o bloco, movimentando-se ape-
nas
___› na direção horizontal, sendo puxado pela componente O peso do corpo é:
F x. Assim, as forças devem se cancelar na direção vertical:
N + FY = P P = mg = (4,0 kg)(10 m/s2) = 40 N

N + 50 = 80 Ÿ N = 30 N Como o corpo está em equilíbrio, a tração T1 deve ser igual


b) Como as forças na direção vertical se cance- ao peso, ou seja:
laram, a resultante
___› das forças sobre o bloco é
a componente Fx, e a aceleração do bloco é: T1 = P Ÿ T1 = 40 N
___› ___› ___›
Fx = m ˜ a
A tração T 3 é decomposta nas componentes T 3x e T 3y. Do
120 = (8,0) ˜ a Ÿ a = 15 m/s2 triângulo retângulo sombreado, tem-se:

7
aceleração adquirida por objetos em planos inclinados
perfeitamente lisos, isto é, desconsiderando o atrito cau-
sado pelo plano inclinado.

Considere um bloco de massa m abandonado sobre um


plano inclinado, como na figura a seguir. O plano
___› inclinado
tem ___
um ângulo T com a horizontal. O peso P e a força nor-
T3x = T3 ˜ cosT = T3 ˜ (0,60) ›
mal N (perpendicular à superfície de contato) são as únicas
T3y = T3 ˜ senT = T3 ˜ (0,80) forças que atuam no bloco (isso não seria verdade se exis-
tisse atrito do bloco com o plano). Considerando o eixo x
ao longo da direção do movimento (paralelo à superfície
Assim, é possível refazer o esquema de forças que atuam
no plano), é preciso decompor o peso em relação à direção
sobre o ponto B. O equilíbrio na direção vertical fornece o
do movimento. Observe que a força normal é perpendicu-
valor de T3:
lar à direção do movimento, e, por isso, não tem influência.
___› ___›
O peso tem as componentes P x e P y, chamadas respecti-
vamente de componente tangencial e componente nor-
mal ao movimento.

T3y = T1
T3 ˜ (0,80) = 40 Ÿ T3 = 50 N
De modo equivalente, o equilíbrio na direção horizontal
fornece o valor de T2:
T2 = T3x
T2 = T3 ˜ (0,60)
T2 = (50 N)(0,60) Ÿ T2 = 30 N

1.2. Plano inclinado


O escorregador é um brinquedo quase sempre presente
nos parques para crianças. Trata-se de um exemplo de
plano inclinado, ou seja, uma superfície inclinada em re- Depois da decomposição, o esquema inicial de forças é
lação à direção horizontal. A seguir, será determinada a substituído pelo esquema da última figura.

8
Do triângulo retângulo colorido da figura central, obtém-se É importante observar que a aceleração no bloco no plano
as componentes do peso: inclinado não depende da massa do bloco, ela depende
Px = P ˜ senT apenas da aceleração gravitacional e da inclinação do pla-
no em relação à horizontal.
Py = P ˜ cosT
Entretanto9, lembre-se de que o atrito foi desprezado e
Na direção y, as forças se cancelam, pois não há movi- que as únicas forças que agiam sobre o bloco eram o peso
mento: e a força normal. A aceleração terá outro valor, caso exis-
N = Py tam outras forças atuando sobre o bloco.

A resultante das forças


___› que atuam sobre o bloco é a com-
ponente tangencial P x:
Px = m ˜ a
P ˜ senT = m ˜ a
mg ˜ senT = m ˜ a Ÿ a = g ˜ senT

VIVENCIANDO

No livro The nature of light and color in the open air, o astrônomo holandês Marcel Minnaert apresenta a explicação
para diversos fenômenos ópticos interessantes, como o arco-íris, as sombras coloridas e as miragens. Uma das
questões abordadas por Minnaert é a de que as pessoas têm a tendência de superestimar inclinações. Às vezes,
quando uma pessoa está subindo uma grande ladeira, acredita que a pirambeira tem uma inclinação de 40º ou 50º
ou até mais. Mas isso é uma ilusão. Ao contrário dos exercícios propostos no Estudo Orientado, as inclinações da
grande maioria das ruas não ultrapassam 15º. As declividades máximas recomendadas pelo Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes (DNIT) são de 9% (cerca de 5º), isso para vias com baixo volume de tráfego.

BALDWIN STREET

A Baldwin Street, localizada em Dunedin, na Nova Zelândia, é considerada a rua mais inclinada do mundo. Seu
comprimento é de 350 metros e ela possui uma inclinação de 19° nos trechos mais íngremes. A rua é pavimentada
com um concreto especialmente desenhado para garantir que os carros não deslizem.

9
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O plano inclinado está muito presente no cotidiano. Isso ocorre porque, para subir um plano com velocidade constan-
te, basta a aplicação de uma força de módulo igual ao peso, multiplicado pelo seno do ângulo do plano inclinado
(lembre-se de que, nesse caso, o ângulo é um número compreendido entre 0 e 1). Dessa forma, a força terá módulo
menor que o peso do próprio corpo; assim, é mais vantajoso elevar um móvel por meio de um plano inclinado do
que elevá-lo verticalmente. Devido a esse fato, é muito comum na construção civil a fabricação de rampas para o
deslocamento de materiais. Esse conhecimento já era utilizado na construção das pirâmides para o deslocamento dos
massivos blocos (que chegam a ter toneladas de massa).

DIAGRAMA DE IDEIAS

DECOMPOSIÇÃO
DE FORÇAS

FORÇA PLANO
INCLINADA INCLINADO

ÂNGULO ENTRE ÂNGULO ENTRE


FORÇA E HORIZONTAL PLANO E HORIZONTAL

FX = F ∙ COS‫ڧ‬ FY = F ∙ SEN‫ڧ‬ PX = P ∙ SEN‫ڧ‬ PY = P ∙ COS‫ڧ‬

10
AULAS FORÇAS DE ATRITO
29 E 30
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 2, 17, 19 e 20

1. FORÇA DE ATRITO CINÉTICO Coeficientes de atrito cinético para alguns pares de materiais

material μC
Considere um bloco deslizando
___› sobre uma superfície áspe-
madeira sobre madeira 0,2
ra. Uma força de atrito F A , exercida pela superfície, agirá
sobre o bloco em sentido oposto ao sentido de movimento aço sobre aço 0,6
do bloco. A força de atrito existe devido às imperfeições gelo sobre gelo 0,03
ou irregularidades da superfície. Às vezes, essas irregulari-
borracha sobre concreto seco 0,8
dades não podem ser vistas a olho nu, mas elas existem e
podem ser observadas através de uma lente de aumento
Observe que o coeficiente de atrito é um número adimen-
ou de um microscópio (instrumento que amplia a imagem
sional, ou seja, não tem unidade de medida. O coeficiente
de objetos).
de atrito é uma relação entre duas forças.
Da equação FA = PC ˜ N, pode-se obter o coeficiente de
atrito fazendo:

F
Pc = __A
N

Aplicação do conteúdo
___› 1. Um bloco de massa m = 4,0 kg está em repouso sobre
No exemplo da figura, a força de atrito (F A) é denominada uma superfície plana e horizontal.
___› A partir de certo ins-
___›
força de atrito cinético ou força de atrito dinâmico. tante, uma força vertical F 1 e uma força horizontal F 2
O módulo dessa força, determinado experimentalmente, é (como indica a figura), tais que F1 = 25 N e F2 = 20 N,
dado por: são aplicadas sobre o bloco. Sabendo que o coeficiente
8
de atrito cinético entre o bloco e a superfície é Pc = ___
2 15
e considerando g = 10 m/s , calcule o módulo:
FA = PC ˜ N

Em que PC é um coeficiente denominado coeficien-


te de atrito cinético (ou dinâmico) e N é a inten-
sidade da força normal exercida sobre o corpo pela
superfície.
O coeficiente de atrito é um parâmetro que depende dos
tipos de materiais que estão em contato e das característi-
cas das superfícies, como o grau de polimento. Entretanto,
o coeficiente de atrito não depende da velocidade do corpo
e da área de contato entre o corpo e a superfície.
Na tabela a seguir, são fornecidos os valores aproximados a) da força normal exercida pela superfície sobre o bloco;
dos coeficientes de atrito cinético para alguns pares de ma- b) da força de atrito exercida pela superfície sobre o bloco;
teriais. Essa tabela serve apenas como exemplo, e os seus c) da aceleração adquirida pelo bloco;
valores não devem ser memorizados. d) da força exercida pela superfície sobre o bloco.

11
Resolução: 2. Um bloco de massa m é lançado sobre uma ___› superfície
plana e horizontal com velocidade inicial v 0. Depois de
a) Admite-se que ___ o bloco se movimenta para a direita, no percorrer a distância x, o bloco para devido a ação da

sentido da força F 2. No esquema a seguir, todas as for- força de atrito entre a superfície e o bloco.
ças ___que atuam
___› sobre o bloco foram
___› identificadas: além

de F 1 e F 2 , existem
___› o peso P , a força normal N e a
força de atrito F A , com sentido oposto ao do movimento.

___›
Sabendo que |v 0| = 12 m/s, g = 10 m/s2 e que o coeficiente de
atrito cinético entre o bloco e a superfície é PC = 0,40, calcule:
a) o módulo da aceleração do bloco durante o movimento;
b) a distância x percorrida pelo bloco.

Resolução:

a) Durante o movimento do bloco, depois do lança- ___›


O peso é dado por:
mento, as forças que atuam no bloco ___› são o peso P , a
P = m ˜ g = (4,0 kg) ˜ (10 m/s2) = 40 N
força normal N e a força de atrito F A (sentido oposto
F1 = 25 N, F1 < P, o bloco, portanto, permanece
___› sobre a su- ao movimento). Como o bloco não se movimenta na di-
perfície, ou seja, não é erguido pela força F 1. Como o movi- reção vertical, as forças nessa direção devem se anular.
___›
mento fica restrito à direção horizontal, as forças na direção N
vertical devem se anular, e, assim, obtém-se a força normal:
N + F1 = P
N + 25 = 40 Ÿ N___›= 15 N
b) O módulo da força de atrito F A é dado por:
FA = PC ˜ N

( )
8 ˜ (15 N) Ÿ F = 8 N
FA = ___
15 A

c) A força resultante é a soma das forças na direção N=P


horizontal. O módulo da resultante é F2 – FA. Pela se-
gunda Lei de Newton, tem-se:
Como P = m . g, a força normal pode ser calculada:

F2 – FA = m ˜ a N=m˜g
___›
20 – 8 = (4,0) ˜ a Ÿ a = 3,0 m/s2 O módulo de F A é dado por:
d) Observe que a questão pede a força exercida pela FA = PC ˜ N = PC ˜ m ˜ g
superfície sobre o bloco, sem especificar se trata-se
Depois
___› do lançamento do bloco, apenas a força de atrito
da força de atrito ou da força normal. Nesse caso,
F A age sobre o bloco e, portanto, é a força resultante. Pela
deve-se considerar a resultante de todas ___as forças
___›
› segunda Lei de Newton, calcula-se a aceleração:
exercidas pela superfície, isto é, a soma de F A e N . ___›
___› FA = m ˜ |a |
N
Então:
___›
m ˜ |a | = PC ˜ m ˜ g
___›
|a | = PC ˜ g
Lembre-se de que o módulo da aceleração não depende
da massa. Substituindo PC = 0,40 e g = 10 m/s2, obtém-se:
___›
Aplicando o teorema de Pitágoras, tem-se: |a | = (0,40)(10 m/s2) = 4,0 m/s2
F2 = FA2 + N2 Considerando a velocidade escalar inicial (v0 = 12 m/s) positiva,
F2 = (8)2 + (15)2 a aceleração escalar a será negativa (movimento retardado):
____
F2 = 289 Ÿ F = √289 N Ÿ F = 17 N a = – 4,0 m/s2

12
b) Usando a equação de Torricelli, pode-se calcular a co permaneça ___em›
repouso. Desse modo, deve ___› existir uma
distância x. Então: força de atrito F
___› A1 , de sentido oposto ao de F , que anule
1

v2 = v02 + 2a's o efeito de F 1, ou seja:

0 = (12)2 + 2(–4,0)x FA1 = F1


___›
Daí obtém-se a distância percorrida: Se a intensidade da força aumentar e existir uma força F 2
agindo sobre o bloco, de modo que o bloco ainda continue em
x = 18 m repouso, então a força de atrito deve ter igualmente aumentado:
FA2 = F2
Assim, deve haver força de atrito mesmo sem haver desli-
zamento, ou seja, mesmo sem o movimento do bloco sobre
a superfície. Essa força de atrito é denominada força de
atrito estático. Como exemplificado anteriormente, essa
força de atrito estático tem intensidade variável e depende
da força externa aplicada.
Entretanto, haverá movimento para uma determinada in-
tensidade da força aplicada sobre o bloco. Então, a for-
ça de atrito estático tem uma intensidade máxima. Será
multimídia: vídeo indicada por FA máx a intensidade máxima que a força de
FONTE: YOUTUBE atrito estático pode atingir. Quando esse valor é atingido,
Força de atrito (cinético / dinâmico) afirma-se que o bloco está na iminência ___de

movimen-
- Mãozinha em Física 008 to. Qualquer aumento na intensidade de F fará com que
o bloco se movimente, e a força de atrito passará a ser o
atrito cinemático.
2. FORÇA DE ATRITO ESTÁTICO Experimentalmente, observou-se que a força de atrito má-
ximo é dada por:
Quando uma força é aplicada em um objeto, pela segunda
Lei de Newton deve ocorrer uma aceleração. Em algumas FA máx = Pe ˜ N
situações, porém, um objeto pode permanecer em repouso
mesmo depois da aplicação de uma força. Como não existe
movimento, a força aplicada deve ser anulada por uma força N é a intensidade da força normal sobre o bloco, e Pe é uma
de intensidade igual e sentido oposto, de modo que a resul- constante adimensional, denominada coeficiente de atri-
tante das forças sobre o objeto seja nula. Para objetos sobre to estático. Do mesmo modo que o coeficiente de atrito
superfícies, essa força de resistência existe e ocorre devido ao cinético, esse coeficiente depende dos tipos de materiais do
atrito estático que existe entre a superfície e o objeto. bloco e da superfície e também do estado de polimento das
superfícies em contato. O coeficiente de atrito estático tam-
Anteriormente, fo estudado o atrito cinético, ou seja, o
bém é independente da área de contato entre as superfícies.
atrito que existe enquanto um objeto desliza sobre uma
A tabela a seguir indica os valores de atrito estático e cine-
superfície. O atrito estático, por sua vez, é uma força que
mático para algumas combinações de materiais.
existe antes de o objeto deslizar pela superfície.
___› ___› ___›
Valores aproximados dos coeficientes de atrito
N N N
estático e cinético para alguns pares de materiais
material μe μC
madeira sobre madeira 0,4 0,2
aço sobre aço 0,7 0,6
v = 0 =>FA = F1 v = 0 =>FA = F2
1 2

gelo sobre gelo 0,1 0,03


Com a ajuda da figura, será detalhado o que ocorre antes borracha sobre
1,0 0,8
de o bloco sobre a superfície entrar em movimento.
___› Supo- concreto seco
nha que, depois de uma força horizontal F 1 ser aplicada
teflon sobre teflon 0,04 0,04
sobre o bloco, ainda não exista movimento, ou seja, o blo-

13
Em geral, Pe > PC. Contudo, há casos em que Pe = PC, Sabendo a intensidade da força normal, pode-se determi-
como o caso de teflon sobre teflon. nar a força de atrito estático máxima:
Quando o valor do coeficiente de atrito for fornecido sem FA máx = Pe ˜ N = (0,40) ˜(200N) Ÿ FA máx = 80 N
especificar se o valor se refere ao estático ou ao cinético,
A força de intensidade F = 40 não é suficiente para tirar o
admite-se que Pe = PC.
bloco do repouso, pois F < FA máx. Assim, tem-se:
FA = F = 40 N

b) A força de intensidade de F = 60 N também é menor


do que a força de atrito estático máxima suportada.
Assim, tem-se:
FA = F = 60 N

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Telecurso – Ensino Médio – Física – Aula 10 c) Sendo F = 80 N, tem-se:
F = FA máx = 80 N

Aplicação do conteúdo
1. Considere um bloco de massa m = 20 kg em repouso
sobre uma superfície plana e horizontal, sob a ação Nessa situação, o bloco ainda permanece em repouso, embo-
exclusiva__› do peso e da força normal. Uma força ho- ra esteja na iminência
___› de movimento; qualquer aumento na
rizontal F é aplicada sobre o bloco a partir de deter- intensidade de F fará com que o bloco entre em movimento.
minado instante. Os coeficientes de atrito estático e
cinemático entre o bloco e a superfície são Pe = 0,40 e d) Sendo F = 100 N e FA máx = 80 N, F > FA máx, o bloco
PC = 0,30, respectivamente, e g = 10 m/s2. entrará em movimento. Entretanto, a força de atrito
___› ___› deve ser calculada usando o coeficiente de atrito
N N cinético, uma vez que o bloco está em movimento:
FA = PC ˜ FN = (0,30)(200 N) = 60 N

O gráfico da intensidade da força de atrito (FA) em função


___› ___› da intensidade da força aplicada (F) é mostrado a seguir:
Determine a força de atrito F A considerando que F tenha
intensidade: FA (N)
a) F = 40 N. 80
b) F = 60 N.
c) F = 80 N. 60
d) F = 100 N. 40
Resolução:
20
a) O peso do bloco é dado por:
P = m ˜ g = (20 kg) ˜(10 m/s2) Ÿ P = 200 N F(N)

Não há movimento na direção vertical, então as forças se É importante observar que a força de atrito, depois que o
anulam nessa direção: bloco está em movimento, é constante (não depende da
N = P = 200 N força aplicada); a intensidade da força de atrito é menor

14
que a força de atrito estático máxima. O que acontece se, vez que a força de atrito cinético tem sentido oposto ao do
durante o movimento, a força aplicada sobre o bloco tem movimento. Entretanto, a afirmação pode não ser válida no
intensidade, por exemplo, de 70 N? Essa força não é capaz caso de atrito estático.
de retirar o bloco do repouso. Entretanto, com o bloco em
A figura a seguir ilustra uma pessoa que se movimenta
movimento, essa intensidade é superior à força de atrito
para a direita. Ao caminhar,
___› o chão é empurrado para a
cinético, sendo capaz de manter o bloco em movimento.
esquerda com a força – F 1. Pela lei de ação e___›reação, o
chão aplica sobre o pé da pessoa uma força F 1 , de in-
Nota: tensidade igual e sentido oposto. Essa força é responsável
pelo movimento da ___pessoa

e tem o mesmo sentido que o
Em geral, a intensidade máxima da força de atrito
movimento. A força F 1 é uma força de atrito estático (desde
estático máxima é maior do que a intensidade da
que o pé da pessoa não deslize).
força de atrito dinâmico. Essa diferença é causada
por algumas ligações entre as moléculas do bloco e
as moléculas da superfície de apoio, enquanto o bloco
permanece em repouso. Essas ligações devem ser des-
feitas para que se inicie o movimento, fenômeno que
exige uma força maior.

3. FORÇA DE ATRITO E MOVIMENTO Caso o atrito entre o pé da pessoa e o solo fosse muito peque-
É comum afirmarem o seguinte: “A força de atrito é sempre no, poderia haver deslizamento do pé da pessoa para a es-
contrária ao movimento”. querda. Dessa maneira, a afirmação inicial pode ser corrigida:
Quando se trata do movimento de deslizamento de um
A força de atrito estático se opõe à tendência de deslizamento.
corpo sobre uma superfície, essa afirmação é válida, uma

VIVENCIANDO

Diversos movimentos observados no cotidiano são possíveis graças à força de atrito. Quando alguém passeia pelo
bairro com seus queridos animais de estimação, os pés da pessoa e as patas dos animais comprimem o chão,
forçando o solo ligeiramente para trás. Como a força de atrito é contrária ao movimento (na direção contrária ao
movimento), ela surge nas patas e nos pés, impulsionando-os para frente.
A função dos pneus é tirar o máximo proveito possível da força de atrito. É por isso que as equipes de Fórmula 1 tro-
cam os pneus com frequência, para que o desgaste dos pneus não atrapalhe a aderência do carro ao solo, causando
diminuição da velocidade. O atrito também é responsável por frear um corpo, desde gotas de chuva em queda livre
até um ônibus espacial na reentrada na atmosfera.

3.1. Força de resistência dos fluidos semelhante,___›ao se movimentar, o peixe sofre uma força de
resistência F 2 , causada pela água.
Líquidos e gases são chamados genericamente de fluidos.
Ao se movimentar por um fluido, o objeto sofre a ação de
uma força de resistência ao movimento denominada força
F1
de resistência do fluido.
Na figura
___› a seguir, o automóvel sofre a força de resistência
do ar (F 1), de sentido oposto ao seu movimento. De modo

15
O valor de vL é:
R=P
k vL2 = mg
mg mg
F2

k dXXX
vL2 = ___ Ÿ vL = ___
k
Supondo que a massa do paraquedista e do paraquedas
juntos seja m = 90 kg, g = 10 m/s2 e k = 25 unidades no
É impossível calcular precisamente a força de resistência SI, a velocidade limite vale:
exercida pelos fluidos. Entretanto, existem fórmulas aproxi- ______

madas. Quando a velocidade (v) do corpo é baixa, a força


de resistência (R) é dada por:
√90 (10) XXXX
VL = _____ = ___
25 d 900 = d36
25
XXX = 6 Ÿ v = 6 m/s
L

FR = k ˜ v
Nota:
Em que k é uma constante. Para velocidades mais altas, a O coeficiente k aparece no denominador da fração.
expressão é: Assim, quanto menor o seu valor, maior será o valor vL.

FR = k ˜ v2 Se o homem saltasse sem o paraquedas, também


existiria uma velocidade limite, e o paraquedista ad-
quiriria velocidade constante; no entanto, sem o para-
Não é preciso saber o significado de velocidade alta ou
quedas, o valor de k é menor, e a velocidade limite
velocidade baixa. Sempre será fornecida a expressão a ser
seria maior.
utilizada em cada caso. A constante k depende de três fa-
tores: a natureza do fluido, a forma do corpo e a área da Lembre-se de que k depende da área da maior seção reta
maior seção reta do corpo perpendicular ao movimento. do corpo perpendicular ao movimento, e a seção reta do
Por se tratar de um cálculo mais complicado, esse valor corpo do homem é menor do que a do paraquedas.
também será fornecido. A força resultante (na vertical) sobre o homem, en-
quanto a velocidade limite não é atingida, tem inten-
Aplicação do conteúdo sidade F dada por:
1. Ao saltar de um avião, a força que age sobre o pa- F=P–R
raquedista,
___› juntamente com o paraquedas aberto, é o
peso P . À medida que a velocidade vertical (v) de que- Pela segunda Lei de Newton, o módulo da aceleração
da do conjunto aumenta, a força de resistência do ar vertical do conjunto é:
também aumenta. Nesse caso, a força de resistência é F=m˜a
dada por: P–R=m˜a
P – kv2
P – kv2 = m ˜ a Ÿ a = ______
FR = k ˜ v2 m
A aceleração não é constante, pois depende da ve-
locidade da queda. Antes de atingir a velocidade
limite, o movimento não é uniformemente variado,
e, assim, o gráfico da velocidade escalar em função
do tempo não é retilíneo.
Para esse exemplo, o gráfico da velocidade em
função do tempo é apresentado a seguir.

No instante em que a força de resistência se iguala ao


peso, a resultante das forças no conjunto é nula e a velo-
cidade passa a ser constante. Essa velocidade constante é
denominada velocidade limite (vL).

16
Devido ao fato de resultar em aceleração que varia
com o tempo, a resistência do ar é desprezada em
problemas como esse.
Uma força vertical, chamada de empuxo, também
atua quando existe em problemas envolvendo flui-
dos. Entretanto, essa força é mais significativa no caso
de líquidos. Em geral, essa força pode ser desprezada
para o ar.

multimídia: sites
www.infoescola.com/mecanica/forcas-de-atrito/

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O estudo das forças de atrito e de suas aplicações está entre os assuntos pesquisados pela tribologia (do grego
tribo, que significa “esfregar“, “atritar“, “friccionar“; e logos, que significa “estudo“). Em 1966, o termo foi usado
oficialmente pela primeira vez, quando o engenheiro mecânico H. Peter Jost escreveu um relatório para o comitê do
departamento inglês de educação e ciência. No relatório, a tribologia foi definida como a “ciência e tecnologia de
superfícies interativas em movimento relativo e dos assuntos e práticas relacionados”.
Leonardo da Vinci (1452-1519), considerado o pai da tribologia moderna, contribuiu significativamente para o de-
senvolvimento da descrição dos fenômenos de atrito e desgaste. Por meio de seus estudos, e utilizando planos
inclinados, da Vinci demonstrou que as forças de atrito são dependentes da força normal ao deslizamento dos
corpos e independentes da área de contato aparente. Ele propôs uma distinção entre atrito de escorregamento e de
rolamento, além de introduzir o coeficiente de atrito como sendo proporcional à força normal.

TRIBÔMETROS ESQUEMATIZADOS POR LEONARDO DA VINCI

17
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas,
17 químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A Habilidade 17 exige do aluno a manipulação correta de fórmulas matemáticas e o domínio da leitura de gráficos,
tabelas, etc. Quase sempre, é figura obrigatória nos exercícios, visto que a matemática é a linguagem pela qual o
homem consegue compreender o Universo.

20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A Habilidade 20 exige que o estudante compreenda não só como é o movimento, mas as suas causas; nesse
contexto, é necessário compreender como se dá a força de atrito entre os corpos (em movimento ou não). O atrito
está presente no dia a dia; sem ele não seria possível sair do lugar. Assim, estudar e compreender a força de atrito é
fundamental para um entendimento pleno do movimento de corpos.

Modelo 1
(Enem) Num sistema de freio convencional, as rodas do carro travam e os pneus derrapam no solo, caso a força exer-
cida sobre o pedal seja muito intensa. O sistema ABS evita o travamento das rodas, mantendo a força de atrito no seu
valor estático máximo, sem derrapagem. O coeficiente de atrito estático da borracha em contato com o concreto vale
μe = 1,0 e o coeficiente de atrito cinético para o mesmo par de materiais é μC = 0,75. Dois carros, com velocidades
iniciais iguais a 108 km/h, iniciam a frenagem numa estrada perfeitamente horizontal de concreto no mesmo ponto.
O carro 1 tem sistema ABS e utiliza a força de atrito estática máxima para a frenagem; já o carro 2 trava as rodas, de
maneira que a força de atrito efetiva é a cinética. Considere g = 10 m/s2.
As distâncias, medidas a partir do ponto em que iniciam a frenagem, que os carros 1 (d1) e 2 (d2) percorrem até parar
são, respectivamente:
a) d1 = 45 m e d2 = 60 m;
b) d1 = 60 m e d2 = 45 m;
c) d1 = 90 m e d2 = 120 m;
d) d1 = 5,8 u 102 m e d2 = 7,8 u 102 m;
e) d1 = 7,8 u 102 m e d2 = 5,8 u 102 m.

Análise expositiva 1 - Habilidades 17 e 20: Esse exercício corresponde à nova temática do Enem, mais conteudista,
A cobrando do aluno não apenas a interpretação da questão, mas também a aplicação de fórmulas diversas.
Desconsiderando a resistência do ar, a resultante das forças resistivas sobre cada carro é a própria força
de atrito.
R = Fat Ÿm|a| = μ N
Como a pista é horizontal, a força-peso e a força normal têm mesma intensidade:
N = P = mg

18
Combinando as expressões obtidas:
m|a| = μ N Ÿ m |a| = μ m g Ÿ |a| = μ g

Como o coeficiente de atrito é constante, cada movimento é uniformemente retardado (MUV), com velocidade final nula.
Aplicando a equação de Torricelli:
V02 - O2 v02
v2 = v02 – 2|a| d Ÿ d = _______ Ÿ d = ______
2|a| 2 μg
Dados para as duas situações propostas:
v0 = 108 km/h = 30 m/s; μe = 1; μC = 0,75; g = 10 m/s2.

Assim:

Alternativa A

Modelo 2
(Enem) Os freios ABS são uma importante medida de segurança no trânsito, os quais funcionam para impedir o tra-
vamento das rodas do carro quando o sistema de freios é acionado, liberando as rodas quando estão no limiar do
deslizamento. Quando as rodas travam, a força de frenagem é governada pelo atrito cinético.
As representações esquemáticas da força de atrito Fat entre os pneus e a pista, em função da pressão p aplicada no
pedal de freio, para carros sem ABS e com ABS, respectivamente, são:
a)

b)

c)

d)

e)

19
Análise expositiva 1 - Habilidades 17 e 20: Quando o carro não é provido de freios ABS, até um determi-
A nado valor de pressão no pedal, a força de atrito é crescente, até atingir o valor máximo (fat máx); a partir
desse valor de pressão, as rodas travam, e a força de atrito passa a ser cinética (fat cin), constante. Como o
coeficiente de atrito cinético é menor que o estático, a força de atrito cinética é menor que a força de atrito
estático máxima.
Para o carro com freios ABS, no limite de travar, quando a força de atrito atinge o valor máximo (fat máx),
as rodas são liberadas, diminuindo ligeiramente o valor da força de atrito, que novamente aumenta até o
limite de travar e, assim, sucessivamente, mesmo que aumente a pressão nos pedais.
Alternativa A

DIAGRAMA DE IDEIAS

FORÇA DE ATRITO

ATRITO CINÉTICO ATRITO ESTÁTICO

CORPO EM
CORPO ESTÁTICO
MOVIMENTO

COEFICIENTE DE INTENSIDADE
ATRITO CINÉTICO VARIÁVEL

DEPENDE DA COEFICIENTE DE
FORÇA NORMAL ATRITO ESTÁTICO

CONTRÁRIO AO FORÇA MÁXIMA


MOVIMENTO DE ATRITO

20
AULAS FORÇA ELÁSTICA
31 E 32
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 2, 17, 19 e 20

1. LEI DE HOOKE Portanto, no SI:


newton= __
unidade de k = ______ N
A Lei de Hooke expressa a deformação de um corpo quan- metro m
do submetido a uma força. Considere o exemplo da defor- No exemplo anterior, a força que age sobre a mola causa
mação de uma mola: a princípio, uma mola está suspensa, sua deformação de modo a esticá-la, ou seja, aumentar
presa pela extremidade superior e sem nenhuma ação de seu comprimento. Contudo, a Lei de Hooke também é vá-
qualquer força. Nesse caso, o comprimento da mola é L0. lida para o caso oposto, quando uma força comprime a
Esse comprimento é denominado __comprimento

natural da mola, como ilustra a figura a seguir:
mola. Quando uma força vertical F é aplicada a outra ex-
tremidade da mola, ocorre deformação, e seu comprimento
passa a ser L. A diferença (x) entre L e L0 é denominada
deformação da mola.

x = L0 – L

A Lei de Hooke é uma equação do 1.º grau. Assim, de acor-


do com o conteúdo das aulas de Matemática, o gráfico de
F em função de x é uma reta, como indica a figura.

T
Foi determinado experimentalmente que, se a deformação
x for pequena em comparação__› com o comprimento natural
da mola L0, a intensidade de F será linearmente proporcio- Nos exemplos a seguir, por simplificação, a mola será con-
nal a x, ou seja: siderada ideal. Isso quer dizer que a mola tem massa nula
e sua deformação obedece à Lei de Hooke.
F=k˜x Observe que, se for calculada a tangente do gráfico da força
elástica, será obtida a constante da mola.
Em que k é uma constante de proporcionalidade chamada
k ∙ x= k
tgT = _xF = ____
de constante elástica da mola. O valor de k é específico x
para cada mola. A expressão acima é denominada Lei de
Hooke. É importante registrar que a força elástica é uma força res-
Rearranjando a equação acima e isolando a constante tauradora, ou seja, caso a mola seja deformada de modo
elástica, obtém-se: que seja esticada, a força elástica fará com que a mola
retorne ao seu estado natural; desse modo, sua orientação
k = _xF será para dentro da mola, conforme a figura a seguir:

21
a) o valor de L;
b) a intensidade da força que a mola exerce no teto
do aposento.
Resolução:
Fel Fel
a) Para calcular o valor de L, deve-se obter a força agin-
do na extremidade inferior da mola.
___›
A Terra atrai o bloco com uma força P , que é o peso do
Caso a mola seja comprimida, a força elástica, devido ao
bloco. O bloco, por sua vez, puxa a mola, e, pela lei de ação
seu carater restaurador, será orientada para fora da mola,
e reação, a mola também puxa o bloco. Assim, entre o
conforme a figura a seguir:
bloco e a mola existe um par de forças de mesma intensi-
dade F, como ilustra a figura. Sendo a massa do corpo m
= 0,40 kg e g = 10 m/s2, tem-se:
Fel Fel

P = m · g = (0,40 kg)(10 m/s2) Ÿ P = 4,0 N


Como o sistema está em equilíbrio, deve-se ter:
F = P = 4,0 N
multimídia: vídeo
Sabendo o valor de F, é possível calcular a deformação da
FONTE: YOUTUBE mola e obter o valor de L. Sendo a constante elástica da
Física - Introdução às molas e à Lei de Hooke mola k = 20 N/m, a deformação x sofrida pela mola é cal-
(Khan Academy) culada pela Lei de Hooke:
4,0 N
F = k · x Ÿ x = _F = ______ = 0,20 m
k 20 N/m
Aplicação do conteúdo Assim, o comprimento L da mola é:
1. Uma mola ideal, de comprimento natural L0 = 1,40 m, é L = L0 + x = (1,40 m) + (0,20 m) Ÿ L = 1,60 m
presa por uma de suas extremidades ao teto de um apo-
sento. A seguir, um bloco de massa m = 0,40 kg é pre- b) Foi visto que, na extremidade inferior, a mola sofre
so na extremidade inferior da mola e abandonado, de a ação de uma força de intensidade F. Entre a mola
modo que, após um certo intervalo de tempo, o sistema e o teto, também existe um par de forças de mesma
atinge o equilíbrio. Considerando a constante elástica intensidade T (lei da ação e reação). Como a mola está
da mola k = 20 N/m e g = 10 m/s2, calcule: em equilíbrio, a resultante sobre a mola é nula e então:

T=F

22
Assim, pode-se adotar o esquema simplificado na figura, Considerando o referencial de energia na situação da mola
onde estão assinaladas as intensidades das forças, todas relaxada, determine o módulo da aceleração do rapaz nes-
iguais a F. A força que a mola exerce no teto, portanto, sa situação, quando a mola está distendida de 20 cm.
tem a mesma intensidade F da força que o corpo exerce
Dados:
na mola:
m = 50 kg; k = 25 N/m; x = 20 cm = 2 ∙ 10-1 m.
F = 4,0 N
Resolução:
A intensidade da força elástica que a mola exerce no carri-
nho é dada pela Lei de Hooke:
Fel = kx = 25 ∙ 2 ∙ 10-1 Ÿ Fel = 5 N
Como o carrinho está em repouso, a força elástica exercida
pela mola para a direita tem a mesma intensidade da força
aplicada pelos pés do rapaz para a esquerda.
É importante observar que: Assim:
ƒ Caso o sistema não estivesse em equilíbrio, devido a Frap = Fel = 5 N
mola ser ideal (massa nula), as forças nas suas duas Pelo princípio da ação e reação, o rapaz recebe do carrinho
extremidades não deveriam ter a mesma intensidade. uma força de mesma intensidade para a direita, possibili-
Repare que: tando que ele acelere.
T – F = (massa da mola) · (aceleração) Pelo princípio fundamental da dinâmica:
e se a massa é nula, segue que: Frap = ma Ÿ 5 = 50a Ÿ a = 0,1 m/s2
T – F = 0 ou T = F
3. (Unicamp) Sensores de dimensões muito pequenas
ƒ As forças devem agir nas duas extremidades (forças de têm sido acoplados a circuitos microeletrônicos. Um
intensidades F e T na figura) para que a mola sofra exemplo é um medidor de aceleração, que consiste
deformação (esticar ou encolher). Se houver força em de uma massa m presa a uma micromola de constan-
te elástica ___k. Quando o conjunto é submetido a uma
apenas uma extremidade, a mola não se deformará. ›
aceleração
__› a , a micromola se deforma, aplicando uma
Portanto, na Lei de Hooke, F é a intensidade das duas força F el na massa (ver diagrama a seguir). O gráfico a
forças que atuam nas extremidades da mola ideal. seguir do diagrama mostra o módulo da força aplicada
versus a deformação de uma micromola utilizada num
2. (Unesp - Adaptado) Um rapaz de 50 kg está inicial-
medidor de aceleração.
mente parado sobre a extremidade esquerda da plata-
forma plana de um carrinho em repouso, em relação ao
solo plano e horizontal. A extremidade direita da pla-
taforma do carrinho está ligada a uma parede rígida,
por meio de uma mola ideal, de massa desprezível e de
constante elástica 25 N/m, inicialmente relaxada.
O rapaz começa a caminhar para a direita, no sentido da
parede, e o carrinho move-se para a esquerda, disten-
dendo a mola. Para manter a mola distendida de 20 cm e
o carrinho em repouso, sem deslizar sobre o solo, o rapaz
mantém-se em movimento uniformemente acelerado.

23
a) Qual é a constante elástica k da micromola? Se o dinamômetro assinalar, por exemplo, 7 N, significa que
b) O medidor de aceleração foi dimensionado de for- uma força de 7 N é exercida em cada extremidade da mola.
ma que essa micromola sofra uma deformação de
0,50 μm, quando a massa tem uma aceleração de O dinamômetro descrito considera que a força aplicada
módulo igual a 25 vezes o da aceleração da gravida- atua esticando a mola. Entretanto, também existem me-
de. Qual é o valor da massa m ligada à micromola? didores que atuam quando a força comprime a mola. Um
Resolução: exemplo familiar são as balanças comuns.
a) Pela Lei de Hooke e utilizando os valo-
res fornecidos pelo gráfico, segue que:
μN
___
F = k ∙ x Ÿ 0,8 = k ∙ 0,8 Ÿ k = 1,0 μm = 1,0 N/m
b) Pela segunda Lei de Newton:
FR = ma = k ∙ x Ÿm ∙ 25 ∙ 10 = 1,0 ∙ 0,5 ∙ 10-6 Ÿ
m = 2,0 ∙ 10-9 kg

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Telecurso – Ensino Médio – Física – Aula 06

2.1. A balança e a massa


As balanças usadas para medir o “peso” das pessoas são
multimídia: vídeo variações do dinamômetro.
FONTE: YOUTUBE Uma balança funciona a partir da deformação de molas e,
Aprenda a fazer uma potente metralhadora portanto, mede a intensidade da força exercida sobre ela.
de elásticos A escala (mostrador) da balança é graduada em quilogra-
mas, ou seja, indica a massa. Para transformar a unidade
de força (newton) em unidade de massa (quilograma),
lembre-se de que P = mg e isole a massa; assim:
2. O DINAMÔMETRO m = __P
g
O dinamômetro é um aparelho que mede a intensidade
de forças. O princípio de funcionamento do dinamômetro O valor medido da intensidade da força é dividido pelo va-
está relacionado à Lei de Hooke. Considere uma mola
__› com
lor da aceleração da gravidade local, e o resultado é dado
uma das extremidades fixas. Ao aplicar uma força F na ou- no mostrador em quilogramas.
tra extremidade, a mola se deforma até atingir o equilíbrio
em um novo comprimento. O dinamômetro utiliza um pon-
teiro fixo à mola sobre uma escala graduada, de modo que,
quando a mola se deforma, o ponteiro indica a intensidade
da força aplicada. Observe a figura a seguir:

3. ASSOCIAÇÃO DE MOLAS
Considere duas molas (1 e 2) com constantes elásticas k1 e k2.
Elas podem ser associadas de duas maneiras: em série ou em

24
paralelo. Em cada uma dessas associações, é possível subs-
tituir as duas molas por uma única que produza o mesmo
3.2. Associação em série
efeito. Trata-se da mola equivalente de constante elástica keq. Nesse caso, as molas 1 e 2 estão sujeitas à mesma força F
e sofrem deformações diferentes x1 e x2.
3.1. Associação em paralelo
Observe que, nesse caso, a deformação x sofrida por cada
uma das molas é a mesma.
K1 K2
K2
1 2
1 2
___› ___›
FF11 F22
F

A associação em série é tal que, quando as duas molas origi-


F
nais são substituídas por uma mola equivalente à associação,
Quando deformadas de x, a mola 1 fica sujeita a uma força a soma das deformações das molas 1 e 2 é igual à deformação
F1 = k1 ∙ x, e a mola 2, a uma força F2 = k2 ∙ x, de tal forma da mola equivalente. Além disso, a força elástica, que é igual
que a resultante das forças é dada pela soma das mesmas: nas molas 1 e 2, também será a mesma na mola equivalente.
F = F1 + F2. Tem-se:
Substituindo essa associação por uma única mola, a força xeq = x1 + x2
elástica será a mesma, assim como a deformação; quando F = __
___ F + __
F
submetida à mesma força F, sofre a mesma deformação x, keq k1 k2
de modo que F = keq ∙ x. 1 = __
___ 1 + __
1
keq k1 k2
Tem-se:
1 = __
Se você tiver n molas, ___ 1 + __
1 + __
1 + …. + __
1_.
F = F1 + F2 keq k1 k2 k3 kn
keq ∙ x = k1 ∙ x + k2 ∙ x
Observe que, caso a intenção seja diminuir a rigidez da
keq = k1 + k2 mola, a associação em paralelo será a escolhida.

Se você tiver n molas, keq = k1 + k2 + k3 + …. + kn.


Observe que, caso a intenção seja aumentar a rigidez da
mola, as molas serão associadas em paralelo.

VIVENCIANDO

Sempre que um corpo é sujeito a uma deformação e tende a restaurar o formato original, aparece a força elástica.
Caso o corpo não apresente a tendência de retornar ao estado original, ele apresenta uma característica de plastici-
dade. De maneira prática, a força elástica está presente no sistema de suspensão de um carro ou na corda esticada
de um arco, ou mesmo numa bola quando bate contra um obstáculo.
As teorias da força elástica são amplamente usadas nos projetos de estruturas na construção civil para calcular as
dimensões de vigas, colunas e lajes. É necessário considerar o peso que esses elementos vão suportar, além de seu
peso próprio, e dos materiais utilizados (concreto ou aço); as tensões sofridas pelas estruturas não podem ultrapassar
o limite que o objeto aguenta esticar sem se romper.

25
multimídia: sites
www.todamateria.com.br/lei-de-hooke/
www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/
Dinamica/fe.php
www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/
lei-hooke.htm

Aplicação do conteúdo
1. (Acafe) Um sistema com molas é montado como na
figura abaixo, onde a constante elástica de cada uma
delas é, alternadamente, 10 N/m e 20 N/m.

O valor da constante elástica equivalente do sistema,


em N/m, é:

Assim, a constante elástica equivalente ke é de 20 N/m.

Alternativa D
2. (Acafe) Em um brinquedo infantil, um garoto está
suspenso por duas molas 1 e 2 verticais paralelas, onde
atuam as forças de módulos 100 N e 200 N, respecti-
vamente, como mostra a figura (a). O mesmo garoto é
suspenso agora com as mesmas molas 1 e 2 associadas
em série, como na figura (b).
a) 110.
b) 10.
c) 30.
d) 20.
Resolução:
Para associação de molas em série, a constante elástica
equivalente ke é calculada com a expressão:
1 = __
__ 1 + __
1
ke k1 k2
E para associação de molas em paralelo, a constante elás-
tica equivalente ke é dada por:
ke = k1 + k2
Então, simplificando a associação passo a passo, de acordo
com o esquema a seguir:

26
Em relação à segunda situação (figura b), analise as afir- Feq = F1 + F2 = 100 + 200
mações a seguir:
Feq = 300 N
I. O módulo da força aplicada na mola 2 é 200 N.
II. O módulo da força resultante na figura b é 300 N. Na segunda situação, as molas estão em série, e, devido a
lll. As molas possuem a mesma constante elástica k. isso, a força em cada uma das molas é igual à força equi-
lV. A mola 1 aplica uma força de módulo 300 N. valente do sistema de molas. Como o garoto é o mesmo,
Todas as afirmações corretas estão em: então a força equivalente é a mesma. Assim:

a) III - IV. F1 = F2 = 300 N


b) I - II - III. Agora, analisando as afirmações, segue que:
c) I - II - III - IV. I. INCORRETA. O módulo da força na mola 2 é 300 N.
d) II - IV. II. CORRETA.
Resolução: III. INCORRETA. As molas possuem constante elástica
diferente, comprovado pela primeira situação (molas
Do enunciado: F1 = 100N em paralelo), em que as forças são diferentes.
IV. CORRETA.
F2 = 200N
Na primeira situação, as molas estão em paralelo. Devido a Alternativa D
isso, a força equivalente que sustenta o garoto é:

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O físico inglês Robert Hooke (1635-1703), o cientista que postulou a lei física de deformação causada em um corpo,
ficou amplamente conhecido também por seu temperamento irascível e suas brigas com diversos cientistas ingleses.
Entre eles, Isaac Newton, com quem Hooke travou uma batalha intelectual que durou anos. A briga aconteceu por
causa de divergências entre os cientistas sobre a natureza da luz e os trabalhos de Newton sobre a gravidade.
Ambos eram membros da Royal Society, uma prestigiosa instituição inglesa destinada à promoção do conhecimento
proporcionado pelas ciências naturais. Quando Newton se tornou presidente da organização, ele não poupou es-
forços para obscurecer o trabalho de Hooke, que só foi redescoberto muito anos depois. Inclusive, nenhum retrato
autêntico de Hooke é conhecido atualmente. Diz a lenda que Newton mandou queimar todos assim que assumiu a
presidência da Royal Society.

RETRATO MODERNO DE HOOKE CRIADO PELA ARTISTA RITA GREER (2004)

27
DIAGRAMA DE IDEIAS

FORÇA ELÁSTICA

LEI DE HOOKE

DEFORMAÇÃO
DA MOLA

ASSOCIAÇÃO CONSTANTE
DINAMÔMETRO DE MOLAS ELÁSTICA

PARALELO SÉRIE

28
AULAS DINÂMICA NO MOVIMENTO
33 E 34 CIRCULAR UNIFORME
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 2, 17, 19 e 20

1. INTRODUÇÃO V3

V2
Até aqui, a segunda Lei de Newton foi aplicada aos movi-
mentos retilíneos. Por sua vez, a análise do movimento é F3
relativamente mais complexa quando a trajetória do mo-
V1 F2
vimento é curva.
© LIUSHENGFILM/Shutterstock

F1

Existe também um argumento mais formal. Ainda que os


vetores velocidade indicados na figura tenham o mesmo
módulo, existe diferença na direção e no sentido. Assim,
ocorre variação da velocidade e, consequentemente, existe
aceleração. De acordo com a segunda Lei de Newton, se
existe aceleração, deve existir força.

Considere, por exemplo, o caso representado na figura a


seguir. A partícula se movimenta em uma trajetória curva,
e os vetores velocidade (sempre tangentes à trajetória) são
mostrados em três posições distintas.

V3

V2
trajetória
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Física Total - Aula 12 - Cinemática angular -
movimento...
V1

2. MOVIMENTO CIRCULAR
UNIFORME (M.C.U.)
Pela Lei da Inércia, a trajetória de um corpo livre da ação
Na figura a seguir, é possível observar o movimento de uma
de forças é retilínea. Dessa forma, em um movimento cur- partícula de massa m em uma trajetória circular de raio R.
vilíneo (trajetória curva), deve existir uma força para modi- A resultante das forças que agem sobre a partícula, a partir
ficar a direção da partícula. Essa força deve apontar para da segunda Lei de Newton e das regras de cálculo vetorial,
“dentro” da curva, como ilustra a figura a seguir (não é é uma força cuja direção passa pelo centro do círculo e
necessário se precocupar, por enquanto, com a direção com sentido também para o centro. Essa resultante é de-
exata da força). nominada resultante centrípeta.

29
Em cada posição do movimento da partícula, no sentido V1
horário, estão representados a força resultante e o vetor
velocidade instantânea (tangente à trajetória). Como o a1
movimento é uniforme, embora sua direção varie, o módu- a2
lo da velocidade é constante. F1
V2
__› __› __› __›
|v 1 | = |v 2 | = |v 3 | = |v 4 | = v F2

V1

F1

R
F2
V2 Sabendo que a velocidade angular v é relacionada com a
velocidade escalar e que o raio da trajetória por v = vR, a
F4 aceleração centrípeta pode ser expressa em função de v.
F3 v2 = (vR)2
v2R2 = v2R
V4 ac = __ _____ = ____
R R R

V3
Aplicação do conteúdo
O módulo da força resultante (resultante centrípeta) tam- 1. A figura mostra um garoto brincando com um skate
bém é constante: dentro de um tubo cilíndrico de raio R = 1,5 m.
__› __› __› __› __›
|F 1 | = |F 2 | = |F 3 | = |F 4 | = F C Supondo que a massa do conjunto garoto + skate seja
m = 45 kg e que, ao passar pela posição mais baixa do
E é dado por: tubo, a velocidade do conjunto seja v = 2,0 m/s, calcule a
força normal exercida pelo tubo sobre o conjunto garoto
2 + skate nesse ponto. Considere g = 10 m/s2.
v
Fc = m · __
R
Disponível em <http://variedadesrap.blogspot.com.br>

__› ___›
Comparando a segunda Lei de Newton (F = m · a ) com a
v2 é o módulo de uma acele-
resultante centrípeta, o termo __
R ___›
ração denominada aceleração centrípeta (a c).

2
v
ac = __
R

De acordo
__› com a segunda Lei de Newton,___› a resultante cen-
trípeta F c e a aceleração centrípeta a c devem ter a mesma
direção e sentido:
__› ___›
Fc = m · ac Resolução:
___›
A resultante centrípeta e a aceleração centrípeta, em duas Na figura
___› a seguir, foram assinalados a força normal N e
posições distintas, para a partícula da figura são: o peso P que atuam no conjunto garoto + skate no ponto
2
mais baixo do tubo. Por ser um movimento curvilíneo (cir-
v
|a1 | = |a2 | = |ac | = __ cular), a resultante deve apontar para o cento C da__› traje-
__› __›
R
tória. Além disso, FN > P, e a resultante centrípeta F C tem
|F 1 | = |F 2 | = Fc = m · __v2
R módulo dado por:

30
Resolução:
A força resultante (centrípeta) e as forças verticais (normal
e peso) que atuam no automóvel, no ponto mais alto da
R trajetória, estão representados na figura a seguir:
C

N
FN
FC

C
P

FC = N – P
Assim:
2 2
v ou N – P = m · __
Fc = m · __ V
R R
Substituindo P = mg:
N
FN

v2
N – mg = m · __
R
(2,0)2
N – 45(10) = 45 · _____ P
1,5
N – 450 = 120 Ÿ N = 570 N
C

R
C
__›
Como a resultante centrípeta F c deve apontar para o centro
__›
C da circunferência, deve-se ter P > N, e módulo de F c é
N
FC dado por:

FC = P – N
2. Na figura a seguir, o automóvel passa com veloci- Assim:
dade v = 15 m/s por um trecho em lombada de uma
2
estrada. Considerando que a lombada seja circular v
FC = m · __
com raio R = 150 m e que a massa do automóvel seja R
m = 1000 kg, calcule a intensidade da força normal v2
P – N = m · __
exercida pela estrada sobre o automóvel no ponto mais R
alto da trajetória. Considere g = 10 m/s2.
Substituindo P = mg:
2
v
mg – N = m · __
R
2
15 Ÿ
(1000)(10) – N = 1000 · ___
150
Ÿ N = 8500 N Ÿ N = 8,5 · 103 N

3. O globo da morte é uma atração apresentada em al-


guns circos. O globo é uma superfície esférica feita de
uma tela de metal e dentro do qual alguns motociclitas
se apresentam. Suponha um globo, cujo raio seja R = 3,6
m, e que a massa do conjunto moto + motociclista seja
m = 160 kg. Adotando g = 10 m/s2, calcule:

31
Então:
2
FC = m · __ v
___› R
P + N = m · __ v2
___› R
mg + N = m · __ v2
R
___› (9,0)2
(160)(10) + N = 160 · _____ Ÿ
3,6
___› ___›
Ÿ N = 2000 N Ÿ N = 2,0 . 103 N

b) Do item anterior, foi visto que cada vez que o mo-


tociclista passa pelo ponto mais alto, vale a equação:
a) A intensidade da força normal exercida pelo glo- ___›
mv2
N + P = ___
bo sobre a moto, no ponto mais alto da trajetória, R
supondo que a velocidade da moto nesse ponto seja
v = 9,0 m/s. Se a velocidade
___› do motociclista nesse ponto diminuir, a for-
b) A velocidade mínima que a moto deve ter no ponto ça normal N deve diminuir, pois P, m e R são constantes. Con-
mais alto da trajetória para não perder o contato com sequentemente, o globo não exerce força sobre a moto quando
___

o globo. N = 0. Substituindo essa condição na equação acima:
2 2
Resolução: mv ou mg = ___
P = ___ mv
R R
a) A figura
___› representa
___› a resultante centrípeta e as forças 2 __
v
__
g = Ÿ v = √ Rg
normal N e peso P , no ponto mais alta da trajetória. R
O valor de v encontrado é o valor mínimo da velocidade
para que a moto não perca o contato com o globo no pon-
to mais alto da trajetória. Repare que esse valor mínimo
FC não depende da massa do conjunto moto + motociclista.
Substituindo os valores dados, encontra-se:
__ _______
C vmin = √ Rg = √ (3,6)(10) Ÿ vmin = 6,0 m/s

4. Um automóvel percorre um trecho circular de uma


estrada plana e horizontal, com velocidade de módulo
constante.
__› A força centrípeta é, nesse caso, a força de
atrito F A, que impede o automóvel de seguir em linha
reta. Deve-se notar ainda que, se os pneus rolam sem
escorregar, o atrito é estático. Considerando que o raio
da curva seja R = 160 m e que o coeficiente de atrito
estático entre os pneus e a estrada seja me = 0,81, de-
P termine a velocidade máxima que o automóvel pode
FN alcançar sem derrapar. Considere g = 10 m/s2.

Nesse caso, no ponto mais alto da trajetória,


___› o globo em-
pura a moto para “cima”, de modo que N tem sentido __›
para baixo. Assim, o módulo da resultante centrípeta F c é
dado por:
___›
FC = N + P

32
Resolução: um carro completava uma curva. Agora, será analisado um
caso em que um carro não depende somente da força de
A figura___a seguir indica as ___forças que atuam no automóvel:
__›
› › atrito para completar uma curva. Essa situação acontece
o peso P , a força normal N e a força de atrito F A.
quando a pista é sobrelevada (inclinada) e é frequente em
N pistas de corridas ovais.

Como o automóvel não tem movimento na direção verti-


cal, as forças nessa direção se cancelam:
FN = P Nesse caso, tem-se o movimento de um carro em uma pis-
__›
Desse modo, a resultante centrípeta é a força de atrito F A: ta curva e inclinada. A força resultante atuante no móvel
mv2 durante uma curva será uma força resultante centrípeta, ou
FA = FC = ___ seja, necessariamente apontará para o centro da curva. É
R
Como a força de atrito é estática, seu valor máximo (FA máx) possível verificar na figura a seguir o esquema do diagrama
é dado por: de forças.
FA máx = me · FN
Entretanto, não é necessário que FA tenha atingido seu va-
lor máximo para que o automóvel possa realizar a curva,
de modo que:
FA ≤ FA máx ou FA ≤ me · FN
Ou ainda, utilizando a igualdade FN = P:
FA ≤ me · P
Substituindo a força de atrito pela resultante centrípeta:
mv2 ≤ m · P
___
e
R
mv2 ≤ m · mg
___
e
R _______
v2 ≤ me · R · g Ÿ v ≤ √ me · R · g Em um movimento curvilíneo sobre uma pista inclinada, in-
Essa expressão fornece a condição (valores de velocidade) dependentemente do atrito, não é necessário que o moto-
para que o automóvel realize a curva sem derrapar. Portan- rista gire o volante para alterar a direção do movimento se
to, a velocidade máxima que o automóvel pode alcançar ele mantiver a mesma velocidade. Conforme a composição
sem derrapar é: das forças que atuam no carro da figura anterior, tem-se:
F
_______ tg u = __c
vmáx = √ me · R · g P
m ∙ v2
_____
R
tg u = _____
Substituindo os valores dados: m∙g
___________
vmáx = √ (0,81)(160)(10) Ÿ vmáx = 36 m/s v2 = R ∙ g ∙ tg u
No problema anterior, foi visto que a força de atrito estava _______
v = √ R ∙ g ∙ tgu
relacionada com a força centrípeta quando, por exemplo,

33
Em que R é o raio da curva. De maneira semelhante, se o carro reduzir a velocidade,
tenderá a cair para o centro da curva, porém, para com-
Em uma pista sobrelevada, para um carro que deseja re-
pensar essa queda rumo ao centro da curva, basta girar o
alizar a ultrapassagem sobre outro veículo pelo lado de
volante para fora da curva.
fora da curva, basta apenas acelerar o veículo, sem girar
o volante, com isso o raio aumenta e o carro “sobe” na Outro exemplo é o que acontece quando uma bolinha
pista inclinada. Entretanto, se o carro quiser aumentar a de gude é colocada dentro de um funil que passa a girar.
velocidade e permanecer no mesmo nível horizontal, basta Nesse caso, pode-se perceber que a bolinha descreve uma
que, simultaneamente, aumente a velocidade do veículo e curva horizontal. Caso a velocidade da bolinha de gude
gire o volante do carro para dentro da curva. Agindo dessa aumente, a bolinha “subirá” para a lateral do funil. Caso
maneira, o uso da força de atrito impedirá que o carro se a velocidade da bolinha diminua, ela “cairá” para o centro
dirija para fora da curva. do funil.

VIVENCIANDO

Em geral, forças centrípetas ocorrem sempre que um móvel descreve uma trajetória circular. A atração gravitacional
entre o Sol e a Terra ou a atração elétrica entre o próton e o elétron são exemplos clássicos. No dia a dia, a força
centrípeta está presente quando um automóvel passa por uma lombada. Lembre-se de que haverá uma velocidade
limite para que o carro não perca contato com o solo. O mesmo ocorre quando um automóvel percorre uma curva:
haverá uma velocidade máxima para que o carro não deslize para fora da curva e aconteça um acidente.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Miniglobo da morte: a porca que grita!
Desprezando a resistência do ar e a massa do assento,
considerando g = 10 m/s2 e as informações contidas na
Aplicação do conteúdo figura, a maior velocidade, em m/s, com a qual a garota
pode passar pelo ponto A sem que o saco de areia perca
1. (Unesp) Uma garota de 50 kg está brincando em um
contato com o solo é igual a:
balanço constituído de um assento e de uma corda ideal
que tem uma de suas extremidades presa nesse assento a) 2.
e a outra, em um saco de areia de 66 kg, que está apoia-
do, em repouso, sobre o piso horizontal. A corda passa b) 5.
por duas roldanas ideais fixas no teto e, enquanto oscila, c) 3.
a garota percorre uma trajetória circular contida em um
d) 4.
plano vertical de modo que, ao passar pelo ponto A, a
corda fica instantaneamente vertical. e) 1.

34
Resolução: Resolução:
A maior velocidade é aquela para a qual a força normal No movimento circular uniforme, a velocidade tem o mó-
que o apoio exerce no saco de areia é nula, ou seja, a tra- dulo constante, mas direção e sentido estão mudando de-
ção na corda tem intensidade igual a do peso. vido à existência de força resultante centrípeta perpendicu-
lar ao vetor velocidade e ao vetor deslocamento. Assim, o
trabalho da força resultante será nulo, pois, quando a força
é perpendicular ao deslocamento, essa força não realiza
trabalho.

Alternativa B
3. (UPE-SSA 1) Em um filme de ficção científica, uma nave
espacial possui um sistema de cabines girantes que per-
mite ao astronauta dentro de uma cabine ter percepção
de uma aceleração similar à gravidade terrestre. Uma re-
presentação esquemática desse sistema de gravidade ar-
tificial é mostrada na figura a seguir. Se, no espaço vazio,
o sistema de cabines gira com uma velocidade angular Z
Dados: e o astronauta dentro de uma delas tem massa m, deter-
mine o valor da força normal exercida sobre o astronauta
R = L = 5 m; ms = 66 kg; mG = 50 kg; g = 10 m/s2 quando a distância do eixo de rotação vale R. Considere
que R é muito maior que a altura do astronauta e que
No saco: T = PSŸT = 660 N existe atrito entre o solo e seus pés.
mGv2
Na garota: T – PG = Fcent Ÿ660 – 500 = ____
R
50v2 = 160 Ÿ v2 = 16 Ÿ v = 4 m/s
____
5
Alternativa D

2. (UFRGS) Considere, na figura a seguir, a representação


de um automóvel, com velocidade de módulo constan-
te, fazendo uma curva circular em uma pista horizontal.

a) mRv2
b) 2mRv2
c) mRv2/2
d) mRv2/R
e) 8 mRv2

Resolução:
A figura a seguir ilustra a força normal gerada na situação
de gravidade artificial.

Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacu-


nas do enunciado abaixo, na ordem em que aparecem.
A força resultante sobre o automóvel é __________ e,
portanto, o trabalho por ela realizado é __________.
a) nula – nulo
b) perpendicular ao vetor velocidade – nulo N
c) paralela ao vetor velocidade – nulo
d) perpendicular ao vetor velocidade – positivo
e) paralela ao vetor velocidade – positivo

35
Nesse caso, tem-se que essa força é a resultante das forças A força centrípeta que atua sobre o corpo é:
no movimento circular uniforme. a) 10,0 N. d) 40,0 N.
v 2 b) 20,0 N. e) 50,0 N.
N = FC = m ∙ __ c) 30,0 N.
R
Pode-se representar a velocidade tangencial em função da Resolução:
velocidade angular dada com a expressão: Observando o diagrama de corpo livre do corpo e decom-
v=v∙R pondo a tração na corda nas suas componentes ortogo-
nais, tem-se:
Substituindo na equação anterior, obtém-se uma relação
entre a força normal, o raio e a velocidade angular:
(v ∙ R)2
FN = m ∙ ______ [ FN = m ∙ v2 ∙ R
R
Alternativa A

Observa-se que:
m∙g
TY = P Ÿ T ∙ cosu = m ∙ g Ÿ T = ____
cosu
A resultante centrípeta FC é a componente horizontal da
tração Tx:
multimídia: sites Tx = T ∙ senu = FC
mg
www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/ Tx = Tsenu Ÿ Fc = ____ ∙ senu Ÿ
cosu
Dinamica/fc.php
ŸFC = 4 ∙
_____10 ∙ 0,6 = Fc = 30N
www.educacao.globo.com/fisica/assunto/me- 0,8
canica/forcas-em-movimentos-circulares.html
Alternativa C
www.megacurioso.com.br/fisica-e-quimica/
42644-por-que-os-loops-das-montanhas-
-russas-nao-sao-exatamente-circulares-.htm

4. (Mackenzie) O pêndulo cônico da figura a seguir é


constituído por um fio ideal de comprimento L e um
corpo de massa m = 4,00 kg preso em uma de suas ex-
tremidades, e a outra é fixada no ponto P descrevendo
uma trajetória circular de raio R no plano horizontal. O
fio forma um ângulo u em relação à vertical.
Considere: g = 10,0 m/s2; senu = 0,600;
cosu = 0,800.

36
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A citocinese é a fase final dos processos de divisão celular das células eucarióticas, em que existe a efetiva sepa-
ração das duas células depois da formação completa dos dois novos núcleos. A citocinese pode ocorrer de duas
formas: centrípeta, realizada pelos animais, em que a célula “se estrangula” de fora para dentro, e a resultante da
força aponta para o centro da célula; e centrífuga, realizada pelos vegetais, em que a resultante da força aponta
para fora, e a separação das células acontece por uma força que afasta os dois núcleos.

DIAGRAMA DE IDEIAS

RESULTANTE CENTRÍPETA

ACELERAÇÃO MESMA DIREÇÃO


CENTRÍPETA E SENTIDO

ALTERA DIREÇÃO CENTRO DA


DA VELOCIDADE TRAJETÓRIA

37
ÓPTICA: Incidência do tema nas principais provas

Podem aparecer com alguma frequência ques- Podem aparecer questões que envolvam
tões que envolvam lentes esféricas, exigindo lentes esféricas, exigindo interpretações de
interpretações de imagens. imagens e estudo analítico das lentes.

Dentre os temas abordados neste livro, lentes Dentre os temas abordados neste livro, Podem aparecer com alguma frequência ques-
esféricas possui mais incidência na prova, exigindo lentes esféricas possui mais incidência na tões que envolvam lentes esféricas, exigindo
interpretação de geometria e domínio da equação prova, exigindo interpretação da geometria interpretações de imagens.
de Gauss. e domínio da equação de Gauss.

Dentre os temas deste livro, lentes esféricas A prova tem uma grande variação de temas, A prova tem uma grande variação de te- A prova tem uma grande variação de temas,
relacionadas a espelhos têm mais incidência porém, lentes esféricas podem aparecer mais mas, mas, eventualmente, podem aparecer porém, lentes esféricas podem aparecer mais
na prova. facilmente. lentes esféricas e espelhos em questões facilmente.
bem objetivas.

UFMG

A prova tem uma grande variação de temas, Não há predominância de temas deste A prova é bem objetiva e não há predominân-
porém, lentes esféricas aparecem com alguma livro, porém, lentes esféricas relacionadas cia de temas. Eventualmente, podem aparecer
frequência, em questões teóricas e que exigem com espelhos podem aparecer na prova. lentes esféricas e espelhos.
manipulações de equações.

Não há predominância de temas deste livro. A prova tem uma grande variação de temas, Lentes esféricas e espelhos esféricos têm gran-
Eventualmente, podem aparecer questões mas, eventualmente, pode aparecer óptica em de incidência na prova em questões objetivas.
sobre lentes esféricas. lentes esféricas.

39
AULAS LENTES ESFÉRICAS: ESTUDO GEOMÉTRICO
27 E 28
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 1, 2, 17, 20 e 22

1. INTRODUÇÃO côncava ou convexa. Quando uma lente for citada, deve-se


informar, primeiramente, a face de maior raio de curvatura.
A direção dos raios de luz é modificada por uma lente A figura a seguir ilustra diferentes tipos de lentes.
esférica. Uma lente é construída com um material ho-
mogêneo e transparente. Em geral, o material que “en-
volve” a lente é o mesmo. Nos casos que serão estudados
a seguir, esse material é o ar.
As lentes são muito usadas para minimizar deficiências da
visão, como miopia, hipermetropia e astigmatismo. Com
efeito, o olho humano funciona de modo semelhante a
uma lente. Nesta aula, serão estudados os tipos diferentes
de lentes e a formação das imagens dessas lentes.

As seis lentes da figura são divididas em dois grupos: lentes


de bordas finas (biconvexa, plano-convexa e côncavo-con-
vexa) e lentes de bordas espessas (bicôncava, plano-cônca-
va e convexo-côncava).
Em relação ao comportamento óptico, as lentes também
são classificadas em dois grupos: convergentes e diver-
gentes. Um feixe de luz, ao incidir paralelamente em uma
EXEMPLOS DO USO DE LENTES NO COTIDIANO: LENTE DE CONTATO, UM lente, pode ser desviado de dois modos distintos:
CONJUNTO DE LENTES DE UMA MÁQUINA FOTOGRÁFICA E UMA LUPA.

ƒ 1.º caso: o feixe de luz é desviado para um ponto ao emer-


A luz atravessa as duas interfaces da lente: uma vez ao
gir da lente. Esse tipo de lente é chamado de convergente.
incidir sobre a lente e outra ao emergir da lente. Assim,
ocorrem duas refrações. Essas refrações podem produzir ƒ 2.º caso: o feixe de luz é desviado para direções dife-
imagens ampliadas ou reduzidas e sem grandes deforma- rentes ao emergir da lente. Esse tipo de lente é chama-
ções das imagens. do de divergente.
Para simplificar as situações, o ar será considerado como o Entretanto, é importante observar que o comportamento
meio externo às lentes. É importante destacar que as lentes desses dois tipos de lente depende da relação entre os ín-
são normalmente constituídas de vidro, acrílico ou cristal. dices de refração do meio e da lente. Assim, uma lente de
bordas finas será convergente se o índice de refração da

2. CLASSIFICAÇÃO DAS LENTES lente for maior que o índice de refração do meio. Nesse
caso, as lentes de bordas espessas serão divergentes. Con-
Com relação à espessura, as lentes podem ter bordas finas tudo, se a relação dos índices de refração for invertida, ou
ou espessas. Cada uma das faces da lente pode ser plana, seja, se as lentes tiverem índices de refração menores que

40
os do meio, então as lentes de bordas finas serão divergen-
tes e as de bordas espessas serão convergentes.

LENTE CONVERGENTE LENTE DIVERGENTE

O eixo óptico é representado pela reta horizontal, e a lente


é representada pela reta vertical. Nos extremos da reta ver-
tical, o sentido das setas indicam se a lente é convergente
ou divergente. As setas apontando “para fora” da lente
indicam uma lente convergente. As setas apontando “para
dentro” da lente indicam uma lente divergente.

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FONTE: YOUTUBE

FEIXE DE RAIOS PARALELOS INCIDINDO EM UMA LENTE BICÔNCAVA (DIVERGENTE).


Lentes Esféricas - Aula #1

3. FOCOS PRINCIPAIS DE
UMA LENTE ESFÉRICA
Existem dois focos principais nas lentes: o foco principal
objetivo Fo e o foco principal imagem Fi. Os dois fo-
cos são simétricos em relação ao centro óptico, mesmo nas
lentes com raios de curvatura diferentes nas duas faces.
FEIXE DE RAIOS PARALELOS INCIDINDO EM UMA Considere os seguintes esquemas:
LENTE BICONVEXA (CONVERGENTE).

A nitidez e a deformação das imagens formadas pelas


lentes dependem de certas condições. Essas condições são
denominadas condições de nitidez de Gauss:
ƒ a espessura das lentes deve ser desprezível em relação
ao raio de curvatura das faces;
ƒ os raios de luz devem incidir próximo ao eixo principal
e com baixa inclinação.
As figuras a seguir indicam a representação esquemática
das lentes delgadas.

41
i

Definem-se:
ƒ Foco principal objeto Fo: ponto do eixo principal cuja
imagem é imprópria. Ao sairem desse foco e atravessa-
rem a lente convergente, os raios de luz emergem pa- ƒ O raio de luz que incide em uma direção que passa
ralelos ao eixo principal. Fo é real na lente convergente pelo foco principal objeto Fo emerge da lente paralela-
e virtual na lente divergente. mente ao eixo principal.

ƒ Foco principal imagem Fi: ponto do eixo principal onde


se forma a imagem de um objeto impróprio. Os raios
que incidem paralelos ao eixo principal, tanto nas len-
tes convergentes como nas divergentes, concentram-se
(efetivamente ou em prolongamento) em Fi sobre o
eixo principal. O foco é real para as lentes convergentes
e virtual para as divergentes.
ƒ A distância de FO até o centro óptico da lente é a dis-
tância focal objeto f.
ƒ A distância de Fi até o centro óptico da lente é a distân-
cia focal imagem f’.
ƒ O pontos Ao e Ai, denominados antiprincipais, são pon-
tos simétricos entre si, sobre o eixo principal, distantes
do dobro das distâncias focais da lente. Ao é o ponto
antiprincipal objeto, e Ai é o ponto antiprincipal ima-
gem.

4. RAIOS LUMINOSOS
PARTICULARES
De maneira semelhante ao estudo dos espelhos esféricos,
será representado o comportamento de raios particulares ƒ O raio de luz que incide em uma direção que passa
que atravessam uma lente esférica delgada. pelo centro óptico da lente não sofre desvio ao atra-
ƒ O raio de luz que incide paralelamente ao eixo principal vessar a lente.
emerge da lente em uma direção que passa pelo foco
principal imagem Fi.

42
5.1. Primeiro caso: lentes
convergentes
I. Um objeto extenso (vela) é posicionado em uma distân-
cia maior que o ponto antiprincipal objeto (A0).
Propriedades da imagem i:
ƒ real
ƒ invertida
ƒ Todo raio de luz que incide numa direção que passaria
pelo antiprincipal objeto A0 emerge da lente numa di- ƒ menor
reção que passaria pelo antiprincipal imagem Ai

II. Um objeto extenso (vela) é posicionado sobre o ponto


antiprincipal objeto (A0).
Propriedades da imagem i:
ƒ real
ƒ invertida
ƒ tamanho igual

5. CONSTRUÇÃO
GEOMÉTRICA DE IMAGENS
Os aspectos da imagem conjugada por uma lente esféri-
ca dependem da posição do objeto em relação à lente. A
construção (ou determinação) das imagens é realizada a
partir das propriedades dos raios particulares. III. Um objeto extenso (vela) é posicionado entre o ponto
antiprincipal objeto (A0) e o foco principal objeto (F0).
Propriedades da imagem i:
ƒ real
ƒ invertida
ƒ maior

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Lentes convergentes

43
IV. Um objeto extenso (vela) é posicionado sobre o foco Propriedades da imagem i:
principal objeto (F0). ƒ virtual
Propriedades da imagem i: ƒ direita
ƒ Imprópria ƒ menor

V. Um objeto extenso (vela) é posicionado entre o foco


Aplicação do conteúdo
principal objeto (F0) e o centro óptico (O).
1. Na figura, o é um objeto real e i é a imagem corres-
Propriedades da imagem i: pondente formada por uma lente esférica delgada de
ƒ virtual eixo principal xx’.

ƒ direita
ƒ maior

a) Determine, graficamente, o centro óptico e os focos


dessa lente.
b) A lente é convergente ou divergente? Justifique.
Resolução:
a) Ligando a extremidade do objeto com a extre-
midade da imagem, determina-se no eixo principal
o centro óptico O (pois o raio que passa por O não
sofre desvio).

Um raio que parte do objeto e incide na lente paralelamen-


multimídia: vídeo te ao eixo principal emerge da lente passando pelo foco
até a imagem. O foco Fo é simétrico a Fi em relação à lente.
FONTE: YOUTUBE
Lentes divergentes

5.2. Segundo caso: lentes divergentes


Para as lentes divergentes, a imagem de um objeto real
(vela) é independente da posição do objeto. A imagem
sempre é virtual, direita e menor do que o objeto; além
disso, é sempre formada entre o foco principal imagem (Fi)
e o centro óptico (O).

44
b) A lente é convergente porque a imagem é inverti- b)
da. Além disso, o segundo raio traçado aproxima-se
do eixo principal.

2. (UFRGS) Na figura a seguir, O representa um objeto real


e I sua imagem virtual formada por uma lente esférica.

c)

Assinale a alternativa que preenche as lacunas do enun-


ciado abaixo, na ordem em que aparecem.
d)
Com base nessa figura, é correto afirmar que a lente é
__________ e está posicionada __________.
a) convergente – à direita de I
b) convergente – entre O e I
c) divergente – à direita de I
d) divergente – entre O e I e)
e) divergente – à esquerda de O
Resolução:

A lente é divergente e está posicionada à direita da ima-


gem, com mostra a figura.

Resolução:

De acordo com a imagem real para dois pontos na lente


convexa, tem-se a seguinte construção de imagens:

Alternativa C
3. (UPE-SSA) Fotógrafos amadores e profissionais estão
utilizando cada vez mais seus smartphones para tirar
suas fotografias. A melhora na qualidade das lentes e
dos sensores ópticos desses aparelhos está populari-
zando rapidamente a prática da fotografia, e o número
de acessórios e lentes, que se acoplam aos aparelhos,
só cresce. Um experimento foi conduzido a fim de pro-
duzir um acessório que consiste de uma lente convexa. É possível observar que, à medida que se aumenta a dis-
A distância d da imagem real formada por um objeto tância do objeto D, a distância da imagem d fica menor,
posicionado sobre o eixo da lente, a uma distância D sendo as duas inversamente proporcionais.
até ela, foi anotada em um gráfico.
Assim, o gráfico correto entre essas duas distâncias apre-
A figura que representa, de forma CORRETA, o resultado senta uma curva chamada hipérbole e está representado
do gráfico desse experimento é na alternativa [E].
a)
Alternativa E
4. (Ifsul) No laboratório de Física de uma escola, um aluno
observa um objeto real através de uma lente divergente.

A imagem vista por ele é


a) virtual, direita e menor;

45
b) real, direita e menor; (Apenas a metade inferior da vela é vista, e com a mes-
c) virtual, invertida e maior; ma intensidade luminosa que a da imagem formada na
d) real, invertida e maior. montagem 1).
d)
Resolução:
Uma lente divergente, qualquer que seja a posição do ob-
jeto em relação à lente, produzirá imagens com as mes-
mas características, ou seja, a imagem será virtual, direita
e menor.
Alternativa A (Toda a vela é vista, e com a mesma intensidade luminosa
5. (PUC-RS) Analise a situação em que diferentes raios que a da imagem formada na montagem 1).
luminosos emanam de um mesmo ponto de uma vela e e)
sofrem refração ao passarem por uma lente.

Montagem 1: A vela encontra-se posicionada entre o foco e


o dobro da distância focal (ponto antiprincipal) de uma lente
convergente. A imagem da vela está projetada no anteparo.

(Toda a vela é vista, e com uma intensidade luminosa me-


nor que a da imagem formada na montagem 1).

Resolução:
Montagem 2: A metade inferior da lente foi obstruída por
uma placa opaca. A figura mostras dois raios, (a) e (b), saindo da chama da
vela e outros dois, (c) e (d), saindo da base da vela. Apenas
os raios refratados (a’) e (c’) atingem o anteparo. Vê-se,
assim, que forma-se a imagem da vela inteira, porém ela
fica mais tênue, pois os raios que são barrados pela placa
deixam de contribuir com sua luminosidade.

Na montagem 2, a imagem projetada no anteparo será:


a)

(Apenas a metade superior da vela é vista, e com uma


intensidade luminosa menor que a da imagem formada
na montagem 1).
b)

(Apenas a metade superior da vela é vista, e com a mes-


ma intensidade luminosa que a da imagem formada na
montagem 1).
multimídia: sites
c)
www.infoescola.com/optica/lentes-esfericas/

46
VIVENCIANDO

O estudo das lentes esféricas é um dos grandes avanços proporcionados pela óptica geométrica, que propõe o trata-
mento da luz como um conjunto de raios que cumprem o princípio de Fermat, utilizando-se no estudo da transmissão
da luz por meios homogêneos (lentes, espelhos), a reflexão e a refração. Os estudos da óptica geométrica permitiram
a invenção de equipamentos que proporcionaram avanços tecnológicos importantes para diversas áreas do conhec-
imento, como os microscópios e os telescópios.
As lentes esféricas estão presentes no cotidiano, muito em função da sua utilização para a correção de problemas de
visão, mas também devido ao seu uso em projetores, máquinas fotográficas, lupas, etc.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em proces-
22 sos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.

Dentro do contexto da óptica geométrica, a luz, que é uma forma de radiação eletromagnética, pode ser refratada
por lentes esféricas de forma conveniente para uma dada situação. É o caso das lentes esféricas utilizadas em óculos
para correção de ametropias ou na utilização de telescópios, projetores, binóculos, etc.
Diante disso, a Habilidade 22 pode cobrar que o aluno saiba identificar como ocorre a interação da luz com a lente
e perceber se existe uma convergência ou uma divergência dos raios solares. Para tanto, é fundamental conhecer
quais são os tipos de lentes.

Modelo
(Enem) Um experimento bastante interessante no ensino de ciências da natureza constitui em escrever palavras em
tamanho bem pequeno, quase ilegíveis a olho nu, em um pedaço de papel e cobri-lo com uma régua de material
transparente. Em seguida, pinga-se uma gota d’água sobre a régua na região da palavra, conforme mostrado na
figura, que apresenta o resultado do experimento. A gota adquire o formato de uma lente e permite ler a palavra de
modo mais fácil em razão do efeito de ampliação.

47
Qual é o tipo de lente formada pela gota d’água no experimento descrito?
a) Biconvexa. c) Plano-convexa.
b) Bicôncava. d) Plano-côncava.

Análise expositiva - Habilidade 22: Esse exercício cobra que o aluno saiba reconhecer os diferentes tipos de lentes
C e relacionar aquela formada pela gota d’água. É fundamental que o aluno conheça os nomes e os tipos de lentes.
A figura mostra uma vista frontal da gota sobre a régua. Nota-se que a gota forma uma lente plano-convexa.

Alternativa C

DIAGRAMA DE IDEIAS

LENTES ESFÉRICAS

BORDAS FINAS BORDAS GROSSAS

NO AR NO AR
CONVERGENTE DIVERGENTE

FOCO REAL FOCO VIRTUAL

RAIOS NOTÁVEIS

CONSTRUÇÃO
IMAGEM REAL IMAGEM VIRTUAL
DE IMAGENS

PARA UMA ÚNICA PARA UMA ÚNICA


LENTE: INVERTIDA LENTE: DIREITA

48
AULAS LENTES ESFÉRICAS: ESTUDO ANALÍTICO
29 E 30
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 1, 2, 17, 20 e 22

1. ESTUDO ANALÍTICO DAS LENTES ESFÉRICAS


O estudo anterior abordou os aspectos geométricos do estudo das lentes esféricas; a seguir, será aprofundado o aspecto
analítico do estudo das lentes esféricas.

1.1. Convenção de sinais


O referencial para o estudo das lentes é o referencial de Gauss. Esse referencial tem origem no centro óptico da lente e
consiste de dois eixos perpendiculares que se interceptam nesse ponto. A figura a seguir ilustra o referencial. O ponto O é o
centro óptico.

luz incidente luz emergente

objeto real objeto virtual


p>0 p<0

eixo dos objetos 0 eixo das imagens

imagem virtual imagem real


p’ < 0 p’ > 0

O eixo das abscissas (eixo horizontal) é o eixo principal, e Por convenção, têm-se as seguintes relações:
a orientação é diferente em relação aos objetos e imagens. Em relação à lente:
ƒ Eixo dos objetos: orientação contrária ao sentido da luz ƒ lente convergente: f > 0;
incidente.
ƒ lente divergente: f < 0.
ƒ Eixo das imagens: orientação no mesmo sentido da luz
emergente. Em relação ao objeto e imagem:
O eixo das ordenadas (eixo vertical), perpendicular ao eixo ƒ i e o têm o mesmo sinal Ÿ imagem direita em relação
principal, é orientado com sentido positivo para cima. ao objeto,
ƒ i e o têm sinais contrários Ÿ imagem invertida em
A imagem real de um objeto fica do lado oposto ao relação ao objeto.
objeto, enquanto a imagem virtual fica do mesmo
lado que o objeto. Em relação à posição do objeto e da imagem:
ƒ objeto real: p > 0;

Em relação às variáveis relacionadas aos objetos e ima- ƒ objeto virtual: p < 0;


gens, serão denominados: ƒ imagem real: p’ > 0;
ƒ p: distância do centro óptico (O) ao objeto; ƒ imagem virtual: p’ < 0.
ƒ o: tamanho do objeto;
1.2. Equações das lentes esféricas
ƒ p’: distância do centro óptico (O) à imagem;
As mesmas equações dos espelhos esféricos são válidas
ƒ i: tamanho da imagem. para as lentes esféricas.

49
1 = __
__ 1 + __
f p p'
1 (equação de Gauss) 2. VERGÊNCIA DAS
LENTES ESFÉRICAS
p' ____ A convergência ou vergência (C) de uma lente é o in-
A = __oi = – __ f
p =f-p verso da distância focal:

Observe que: 1
C = __
f
ƒ se A > 0, oeitêm mesmo sinal, então a imagem é direita;
ƒ se A < 0, o e i têm sinais opostos, então a imagem Quanto maior o valor da vergência, mais potente é a lente,
é invertida; isto é, o desvio da luz incidente é maior.
Como a unidade de medida de f, no SI, é o metro (m), a
unidade de vergência é o inverso do metro (m-1), denomi-
nado de dioptria (di). A palavra “grau” é frequentemente
usada em Medicina em vez de “dioptria”.

Lente convergente (f > 0) Ÿ C > 0


Lente divergente (f < 0) Ÿ C < 0

multimídia: vídeo
Aplicação do contéudo
FONTE: YOUTUBE
Lente olho de peixe caseira para celular 1. Uma lente possui vergência igual a –4 di. Determine:
a) o tipo de lente;
b) a distância focal da lente.

Aplicação do conteúdo Resolução:


1. Em uma lente convergente de distância focal f = 6 cm, a) A vergência e a distância focal têm o mesmo sinal. Nesse
um objeto real, de 30 cm de altura, é colocado a uma caso, a vergência da lente é negativa, então a distância fo-
distância de 24 cm da lente. cal também é negativa. Logo, a lente é divergente.
b) A vergência de uma lente é dada por C = __ 1. Então:
a) Qual é a posição da imagem?
f
b) Qual é a altura da imagem? 1 Ÿ f = – __
1 m Ÿ f = –25 cm
–4 di = __
c) Qual o aumento linear transversal? f 4
Resolução:
a) Dados: p = 24 cm, o = 30 cm e f = 6 cm.
Como p = 24 cm (p > f), o objeto está à esquerda de Ao.
1 = __
__ 1 + __
1 Ÿ __
1 = ___
1 + __
1 Ÿ p’ = 8 cm
f p p’ 6 24 p’

O
A0 F O F A

multimídia: vídeo
p’ ___ 8 FONTE: YOUTUBE
b) __oi = – __ i ___
p Ÿ 30 = – 24 Ÿ i = –10 cm Ÿ |i| = 10 cm Fantástico: a água encantada
p’ _____
10 cm que troca palavras
c) A = __oi = – __ 1
__
p = 30 cm Ÿ A = – 3

50
3. ELEMENTOS GEOMÉTRICOS Assim, a equação dos fabricantes é simplificada (apenas
um termo para a face curva):

DAS LENTES ESFÉRICAS n2 n2

A figura a seguir ilustra os elementos geométricos definidos


1 = __
__
f n1 ( )( 1 + __
– 1 ˜ __ 1 Ÿ __
R1 R2
1 = __
f n1 ) 1
– 1 ˜ __
R1 ( )
adiante para as lentes esféricas. A lente é biconvexa, com A curvatura das faces são identificadas em relação aos
índice de refração n2, imersa no ar, de índice de refração n1. sinais de R1 e R2. Adota-se a seguinte convenção:
ƒ C1 e C2: centros de curvatura de cada uma das faces; ƒ face côncava: R < 0 (raio de curvatura negativo);

ƒ R1 e R2: raios de curvatura de cada uma das faces; ƒ face convexa: R > 0 (raio de curvatura positivo).

ƒ O eixo principal é definido pela reta C1C2;


n1 n2 n1
ƒ V1 e V2: vértices de cada uma das faces;
R2
ƒ e: espessura da lente (distância entre V1 a V2);
C1
ƒ O: centro óptico da lente.
R1 C2
e

C1 V2 O V1 C2
R1 Aplicação do conteúdo
R2
1. Uma lente côncavo-convexa tem raios de 40 cm e 20 cm,
n1 respectivamente, e índice da refração igual a 2. Se a lente
estiver imersa no ar, determine:
a) a distância focal;
4. FÓRMULA DOS b) a convergência (em dioptrias);
c) a posição da imagem de um objeto colocado a 30
FABRICANTES DE LENTES cm da lente.

A equação de Edmond Halley relaciona os elementos geo- Resolução:


a) A lente é côncavo-convexa (Rcôncava > Rconvexa).
métricos de uma lente esférica de acordo com as conven-
ções de sinais estabelecidos anteriormente. Essa equação Dados: R1 = – 40 cm (côncava), R2 = 20 cm (convexa),
é utilizada pelos fabricantes de lentes para determinar a n2 = 2, n1 = 1
distância focal das lentes (equação dos fabricantes). n2
1 = __
__
f n1 ( )( 1 + __
– 1 ˜ __ 1 Ÿ
R1 R2 )
n2
1 = __
__
f ( )( 1 __
__
1
1
n1 – 1 ˜ R + R
2 ) Ÿ __1 = __
f ( )(
2 – 1 ˜ – ___
1
1 + ___
40 20
1
)
1 = – ___
Ÿ __ 1 + ___
1 Ÿ f = 40 cm
f 40 20
Na equação, tem-se: b) Colocando a distância focal em metros:
f = 40 cm = 0,4 m.
ƒ f: distância focal da lente;
Então:
ƒ n1: índice de refração do meio exterior;
1 Ÿ C = ___
C = __ 1 Ÿ C = 2,5 di
ƒ n2: índice de refração da lente; f 0,4
c) A distância do objeto é 30 cm, então,
ƒ R1 e R2: raios de curvatura das faces.
p = 30 cm. Assim:
No caso de uma das faces da lente ser plana, o valor de R 1 = __
__ 1 + __
1 Ÿ ___
1 = ___
1 + __
1 Ÿ ___
1 – ___
1 Ÿ
é muito grande (R tende ao infinito), ou seja: f p p’ 40 30 p’ 40 30
1 =0
R2 o f Ÿ__ Ÿ __ 3 – 4 Ÿ p’ = –120 cm
1 = ____
R2 p’ 120

51
uma lente equivalente dada pela equação:

Ceq = C1 + C2
Em que a vergência da lente equivalente é dada pela soma
das vergências individuais.

Aplicação do conteúdo
1. Duas lentes, I e II, de distâncias focais 10 cm e 15 cm,
respectivamente, e eixos ópticos coincidentes, separa-
multimídia: vídeo das de 60 cm, formam um sistema óptico. Determine a
localização da imagem final de um objeto AB colocado
FONTE: YOUTUBE a 20 cm da lente I.
Ótica14 - vergência, associação de lentes

5. ASSOCIAÇÃO DE
LENTES ESFÉRICAS
Nos sistemas ópticos, a luz emergente de uma lente incide
sobre outra lente. Dessa forma, o sistema é uma associação
de duas lentes. Essas associações de lentes são utilizadas Resolução:
em microscópios ópticos, telescópios e outros aparelhos Inicialmente, determina-se a posição da imagem formada
destinados a aumentar a capacidade visual. pela lente I.
Observe na figura a seguir que, em ambos os casos, a ima-
gem A’B’ produzida pela lente L1, do objeto AB, comporta-
-se como um objeto para a lente L2. Assim, dependendo do
tipo de lentes associadas, a imagem final A”B” é maior ou
menor do que o objeto inicial.

1 = __
__ 1 + __
1 Ÿ ___
1 = ___
1 + __
1 Ÿ
f p1 p’1 10 20 p’1
1 = ___
Ÿ __ 1 Ÿ __
1 – ___ 1 = ____
2 – 1 Ÿ p’ = 20 cm
p’1 10 20 p’1 20 1

A distância entre as lentes é de 60 cm, então, a distância d


1.º CASO: ASSOCIAÇÃO CONVERGENTE-CONVERGENTE da imagem i1 à lente II é:
d = 60 – 20 = 40 cm

A imagem i1 se comporta como um objeto para a lente II,


então, p2 = 40 cm.
Assim, calcula-se a distância da imagem final:
__ 1 + __
1 = __ 1 Ÿ ___
1 = ___ 1 Ÿ __
1 + __ 8–3Ÿ
1 = ____
f2 p2 p’2 15 40 p’2 p’2 120
2.º CASO: ASSOCIAÇÃO CONVERGENTE-DIVERGENTE
p’2 = 24 cm
É possível demonstrar que a associação de lentes esféricas
delgadas, ou lentes justapostas, pode ser substituída por Portanto, a imagem final está a 24 cm da lente II.

52
2. (UFPR) Sabe-se que o objeto fotografado por uma 4. (CEFET-MG) Um boneco é colocado em frente a uma
câmera fotográfica digital tem 20 vezes o tamanho da lente delgada convergente, de distância focal igual a
imagem nítida formada no sensor dessa câmera. A dis- 2,0 m.
tância focal da câmera é de 30 mm. Para a resolução
desse problema, considere as seguintes equações:
A = – p’/p = i/o e 1/f = 1/p + 1/p’.
Assinale a alternativa que apresenta a distância do ob-
jeto até a câmera.
a) 630 mm
b) 600 mm
c) 570 mm
d) 31,5 mm
e) 28, 5mm
Resolução:
O sensor da câmera capta uma imagem real. Assim, o aumento
-1
linear transversal é A = ___
20
Das equações dadas:
A = __f Ÿ –__ 30 Ÿ p = 630 mm
-1 = __
f–p 20 30 – p A posição da imagem sobre o eixo óptico e o fator de am-
pliação da imagem do boneco valem, respectivamente:
Alternativa A
a) 2,0 m à direita da lente e –2.
3. (UFRGS) Um objeto real está situado a 12 cm de uma b) 2,0 m à esquerda da lente e –1.
lente. Sua imagem, formada pela lente, é real e tem uma c) 4,0 m à direita da lente e –1.
altura igual à metade da altura do objeto. Tendo em vista d) 6,0 m à esquerda da lente e –1.
essas condições, considere as afirmações a seguir. e) 6,0 m à direita da lente e –2.
I. A lente é convergente.
Resolução:
II. A distância focal da lente é 6 cm.
III. A distância da imagem à lente é 12 cm. Para resolução da questão, foi dado que:

Quais delas estão corretas? f = 2,0 m


a) Apenas I. p = 3,0 m
b) Apenas I e II.
c) Apenas I e III. Observe que o foco é um valor positivo, pois a lente é
d) Apenas II e III. convergente.
e) I, II e III. Utilizando a equação de Gauss, pode ser encontrada a
posição da imagem em relação à lente.
Resolução:
__1 = __1 + __
1
Dados: p = 12 cm; A < 0 e p´ > 0 (imagem real); f p p’
i = – o/2 (imagem invertida).
1 = __1 – __1
__
I. Verdadeira. Somente uma lente convergente pos-
p’ 2 3
sui uma imagem real.
II. Falsa. Tem-se que o aumento pode ser dado por: __ 3–2
1 = ____
p’ 6
A = i/o = f/(f – p)
– 1/2 = f/ (f – 12) p’ = 6,0 m
– f + 12 = 2f Ou seja, a imagem encontra-se 6 metros à direita da lente.
3f = 12
Para a ampliação da imagem, tem-se que:
f = 4 cm
p’ ___
–6
III. Falsa. O aumento pode ser dado por: A = –__
p = 3 =–2
A = i/o = – p’/p Alternativa E
– 1/2 = – p’/12
p’ = 6 cm
Alternativa A.

53
DIAGRAMA DE IDEIAS

LENTES ESFÉRICAS

EQUAÇÕES
ESTUDO ANALÍTICO
DE GAUSS

• CONVERGENTE FOCO REAL f>0


LENTES
• DIVERGENTE FOCO VIRTUAL f<0

• REAL f>0
OBJETO
• VIRTUAL f<0

i<0
PARA UMA ÚNICA LENTE
• REAL INVERTIDA p’ > 0
IMAGEM PARA UMA ÚNICA LENTE
• VIRTUAL DIREITA p’ < 0
i>0

54
AULAS ÓPTICA DA VISÃO
31 E 32
COMPETÊNCIAS: 1, 5 e 6 HABILIDADES: 1, 2, 17, 20 e 22

1. O OLHO HUMANO denominada “fóvea central”. O início do nervo óptico loca-


liza-se nessa região e, justamente nesse ponto, a retina não
apresenta receptores visuais. Então, não existem imagens
formadas nesse local (ponto cego).
o
normal
objeto
lente

imagem

OBSERVE A IMAGEM FORMADA PELA LENTE (PROJETADA NITIDAMENTE SOBRE


A RETINA DE UM OLHO NORMAL) E O ESQUEMA
GEOMÉTRICO DA FORMAÇÃO DA IMAGEM.

O órgão responsável pelo sentido da visão é o bulbo ocu- 1.1. Acomodação visual
lar. Esse órgão tem um formato aproximadamente esférico O bulbo ocular pode ser compreendido como um sistema
com diâmetro aproximado de 20 mm. Ao bulbo ocular se óptico formado por uma lente delgada convergente, na
prendem três pares de músculos destinados a orientá-lo. A qual o centro óptico se localiza a aproximadamente 20 mm
parede do bulbo é formada por três camadas: de distância da retina.
ƒ Esclerótica: camada exterior opaca e esbranquiça- A reta que passa pelo centro da pupila e pelo centro geo-
da. Na parte anterior, essa camada é mais abaulada e métrico do bulbo é o eixo óptico do bulbo ocular. Contudo,
transparente, formando a córnea. o eixo visual passa pelo centro da pupila e pela fóvea central
e não é o mesmo que o eixo óptico. O tamanho da imagem
ƒ Coroide: camada pigmentada e vascularizada, res-
projetada na retina depende do ângulo visual do objeto.
ponsável pela circulação sanguínea do órgão.
A visualização de um objeto, sem deformações, depende da
ƒ Retina: membrana nervosa de células sensitivas da formação nítida da imagem sobre a retina. Como a posição da
visão. Essas células se ligam ao centro da visão do cé- retina não se altera, a imagem sempre é formada na mesma
rebro pelo nervo óptico. posição. Assim, para que seja possível visualizar tanto objetos
A pupila, um diafragma regulável, e o cristalino, uma len- próximos quanto distantes, a distância focal da lente (cristali-
te convergente deformável, localizam-se atrás da córnea. no) deve variar. Com isso, os músculos ciliares movimentam a
lente para que a imagem seja focalizada corretamente.
A luz penetra nos olhos através da pupila. Esse orifício se
localiza em um disco denominado íris. É a íris que determi- Ao olhar objetos distantes, o anel muscular está relaxado e
na a cor dos olhos (azul, castanho, verde, etc.). a lente é esticada em função da tensão das fibras.

O cristalino (lente) é ligado aos músculos ciliares. Esses mús-


culos, ao se contraírem, permitem que o cristalino se deforme,
alterando a convergência da lente (aumenta ou diminui).
Na câmara anterior, entre a córnea e a lente, existe um lí-
quido denominado humor aquoso. Na câmara posterior,
entre a lente e a retina, existe outro líquido denominado
humor vítreo.
Na retina está a “mancha amarela”. No centro dessa
mancha amarela, há uma depressão da ordem de __1 mm
4

55
Ao olhar objetos próximos, o anel muscular é contraído, a lente ir perdendo sua flexibilidade. Além disso, a distância
diminuindo a tensão das fibras na lente. de ponto próximo também varia de pessoa para pessoa.
Para um olho normal (olho emetrope), a distância do ponto
próximo ao olho é de aproximadamente 25 centímetros.

1.2. Adaptação visual


A adaptação visualé o controle da quantidade de luz
que entra no olho. Quando a quantidade de luz é baixa,
o diâmetro da pupila varia entre 8 e 10 mm. Quando a
quantidade é alta, o diâmetro varia de 1,5 a 2 mm. Essa
variação é controlada pela íris.
A pupila diminui e a sensitividade da retina diminui ao re-
ceber uma quantidade de luz crescente.

DUAS SITUAÇÕES DISTINTAS DA VISÃO: OS MÚSCULOS


Os cones e bastonetes formam os receptores visuais.
CILIARES AJUSTAM A LENTE PARA OBSERVAR
OBJETOS RELATIVAMENTE DISTANTES; E AJUSTAM A
Os cones possibilitam a visão colorida. Os cones são pre-
LENTE PARA OBSERVAR OBJETOS MAIS dominantes na mancha amarela. Na fóvea central, existem
PRÓXIMOS AO OLHO.
exclusivamente cones em número aproximado de 10 mil.
ILUSTRAÇÃO PRODUZIDA COM BASE EM: CUTNELL, J. D.; JOHSON, K. W. FÍSICA. No total, o olho possui cerca de 7 milhões de cones e 120
6. ED. RIO DE JANEIRO; LTC, 2006. V. 2. P. 301.
milhões de bastonetes. Na fóvea central, cada cone é liga-
do a uma fibra nervosa. Fora da fóvea, vários cones podem
A acomodação visual é o ajuste automático da vergên- estar ligados à mesma fibra nervosa.
cia do olho para a distância do objeto visado, para que a Os bastonetes possibilitam a visão noturna, pois são insensíveis
imagem seja formada nitidamente sobre a retina, indepen- às diferenças de cor. Entretanto, os bastonetes são os principais
dentemente da distância do objeto em relação ao olho. responsáveis pela adaptação visual. Uma substância denomi-
nada púrpura visual ou rodopsina é responsável pela sensi-
bilidade dos bastonetes. Quando a luz é muito intensa, essa
L substância desaparece; quando a intensidade da luz é baixa,
o F’ i essa substância é regenerada. Essa regeneração da rodopsi-
na depende da presença da vitamina A. A falta dessa vitamina
causa a impossibilidade de adaptação do olho à visão noturna.

d = 25 cm
2. DEFEITOS DA VISÃO
FORMAÇÃO DA IMAGEM SOBRE A RETINA DE UM OBJETO DISTANTE 25 CM DO OLHO. Os principais defeitos da visão são: miopia, hipermetropia,
A acomodação visual permite a observação nítida de objetos presbiopia, astigmatismo e estrabismo.
entre um intervalo máximo e mínimo de distância. Esse in-
tervalo é denominado intervalo de acomodação visual.
ƒ Ponto remoto – PR: distância máxima de visão ní-
tida. Nesse caso, o olho conjuga uma imagem nítida
sobre a retina sem esforço algum de acomodação. Os
músculos ciliares estão totalmente relaxados. O ponto
remoto pode ser real, virtual ou impróprio para um olho
emetrope o ponto remoto se situa no infinito.
ƒ Ponto próximo – PP: distância mínima de visão ní-
tida. Nesse caso, o olho conjuga uma imagem nítida multimídia: vídeo
sobre a retina com esforço máximo de acomodação. Os
músculos ciliares estão totalmente contraídos. FONTE: YOUTUBE
Biofísica do olho e problemas
A distância mínima da visão nítida aumenta (visão distinta) à de visão - Mundo Física
medida que um indivíduo envelhece. Isso se deve ao fato de

56
2.1. Miopia

© Rawpixel/Shutterstock
O olho míope é mais alongado do que o olho normal,
o que causa a convergência dos raios luminosos em uma

© Bublyk Tamara/Shutterstock
posição anterior à posição da retina. Assim, a imagem de
objetos distantes é formada antes da retina, e uma pessoa
com miopia não enxerga distintamente (nitidamente) ob-
jetos distantes. Entretanto, para objetos próximos, a nitidez
da imagem é perfeita.
Por não se tratar de um defeito na lente, a acomodação VISÃO DE UMA PESSOA COM MIOPIA
visual é realizada normalmente. O ponto próximo passa a
ocupar uma distância menor que 25 cm. Como o olho míope não consegue observar objetos dis-
tantes, afirma-se que o seu ponto remoto PR não é in-
A correção da miopia é realizada por meio de lentes
finito, ou seja, um valor finito. Desse modo, a miopia é
divergentes.
corrigida ao se utilizar uma lente divergente que traz a
imagem de um objeto localizado no infinito para o ponto
remoto da pessoa, formando uma imagem virtual. Apli-
cando a equação de Gauss para lentes esféricas, tem-se:
__1 = __1 + __
1
f p p’
__1 = __1 + ___ 1
f ∞ –PR
__1 = 0 + ____
1
f –PR

V = __1 = ___
1
f –PR

A miopia pode ocorrer por dois motivos: o primeiro é quan-


do o olho é mais alongado do que o normal; nesse caso,
trata-se de miopia de campo. Quando a miopia ocorre de-
vido ao fato de a córnea ser muito acentuada, causando
uma vergência muito alta da lente, afirma-se que se trata
de miopia de curva. Nesse caso, associa-se ao olho uma
lente divergente.
OS RAIOS PARALELOS PASSAM PELA LENTE E DIVERGEM (SE AFASTAM),
DEPOIS PASSAM PELO OLHO E CONVERGEM (SE APROXIMAM).

Nota: o fato de o ponto remoto PR de um olho míope ser


um valor finito causa uma diminuição do valor do ponto
próximo PP.

multimídia: vídeo 2.2. Hipermetropia


FONTE: YOUTUBE O olho hipermetrope é menos alongado do que o olho
54 - A visão e os defeitos mais comuns normal, de modo que a distância entre a lente e a retina
é menor. Assim, a imagem é formada depois da retina. Ao

57
aumentar o esforço de acomodação, o olho hipermetrope A hipermetropia pode ser causada por dois motivos: o olho
é capaz de diminuir a distância focal e “trazer” a imagem hipermetrope é menos alongado do que o normal ou a cór-
sobre a retina. Com o máximo esforço de acomodação, o nea possui uma curva muito baixa, ou seja, uma baixa ver-
ponto próximo está além dos 25 cm. gência. Por isso, associa-se ao olho uma lente convergente.
A correção de hipermetropia é realizada por meio de
lentes convergentes.

2.3. Presbiopia ou vista cansada


A presbiopia tem redução do intervalo de acomodação. Ao
envelhecer, a lente se enrijece e os músculos ciliares (que
realizam o trabalho de acomodação) perdem elasticidade.
Com isso, o intervalo de acomodação diminui. Esse proble-
ma da visão é comum em pessoas com mais de 40 anos. A
presbiopia pode se sobrepor à miopia ou à hipermetropia.
A presbiopia, juntamente com a miopia, é caracterizada por
um pequeno intervalo de acomodação e próximo da vista.
Quando a presbiopia ocorre juntamente com a hiperme-
tropia, é caracterizada por um intervalo de acomodação
OS RAIOS PARALELOS PASSAM PELA LENTE E CONVERGEM,
pequeno e longe da vista.
DEPOIS PASSAM PELO OLHO E CONVERGEM MAIS.
A correção da presbiopia é realizada por meio de lentes
© Rawpixel/Shutterstock

bifocais.
© Bublyk Tamara/Shutterstock

2.4. Astigmatismo
O astigmatismo ocorre devido à imperfeição da simetria do
sistema óptico em torno do eixo óptico. Tanto imperfeições
na curvatura da córnea quanto da lente podem causar esse
problema da visão.
A correção do astigmatismo é realizada por meio de len-
VISÃO DE UMA PESSOA COM HIPERMETROPIA
tes cilíndricas, de modo que o raio de curvatura compen-
se a deficiência do diâmetro da córnea.
Como o olho hipermetrope não consegue observar objetos
© Rawpixel/Shutterstock

próximos, afirma-se que o seu ponto próximo PP é um valor


maior que 0,25 m. Desse modo, a hipermetropia é corrigida
ao se utilizar uma lente convergente que traz a imagem de
© Bublyk Tamara/Shutterstock

um objeto localizado a 0,25 m do olho para o ponto próxi-


mo da pessoa, formando uma imagem virtual. Aplicando a
equação de Gauss para lentes esféricas, tem-se:
__1 = __1 + __
1
f p p’

__1 = ____
1 + ____
1
f 0,25 -PP VISÃO DE UMA PESSOA COM ASTIGMATISMO

58
olho e o adesivo é de 3 m. Supondo que a distância en-
2.5. Estrabismo tre esse cristalino e a retina, onde se forma a imagem,
O estrabismo é causado pela impossibilidade de as retas é igual a 20 mm, o tamanho da imagem do adesivo for-
visuais de ambos os olhos terem a mesma direção, simul- mada na retina é:
taneamente, sobre o ponto visado.
A correção do estrabismo é realizada por meio de lentes
prismáticas. Essa lentes desviam os raios luminosos pro-
venientes dos objetos fazendo com que as imagens fiquem
sobre as linhas visuais dos dois olhos. a) 4 ∙ 10-3 mm
b) 5 ∙ 10-3 mm
c) 4 ∙ 10-2 mm
d) 5 ∙ 10-4 mm
e) 2 ∙ 10-4 mm
Resolução:
Por semelhança de triângulos:
p’ ____
__i = __ i 20 mm 6 mm ∙ 20 mm
Ÿ = ________ Ÿ i = ___________ [ i = 4 ∙ 10-2 mm
o p 6 mm 3000 mm 3000 mm
Alternativa C
3. A miopia é um problema de visão. Quem tem esse
problema, enxerga melhor de perto, mas tem dificulda-
multimídia: sites de de enxergar qualquer coisa que esteja distante. Três
alunos, todos eles totalmente contrários ao bullying,
www.educabras.com/vestibular/materia/fisica/ fizeram afirmações sobre o problema da miopia:
optica/aulas/optica_da_visao_defeitos_na_
Aluno 1: o defeito é corrigido com o uso de lentes convergentes.
visao_humana
Aluno 2: a imagem de objetos distantes é formada antes
www.passeiweb.com/estudos/sala_de_aula/ da retina.
fisica/optica_visao
Aluno 3: ao observar uma estrela no céu, a imagem da es-
www.efisica.if.usp.br/otica/basico/visao/ trela será formada depois da retina, em função da distância.
Fizeram afirmações CORRETAS:
a) os alunos 1 e 3.
Aplicação do conteúdo b) os alunos 2 e 3.
c) apenas o aluno 2.
1. (Unifesp) Um estudante observa que, com uma das
duas lentes iguais de seus óculos, consegue projetar so- d) apenas o aluno 1.
bre o tampo da sua carteira a imagem de uma lâmpada Resolução:
fluorescente localizada acima da lente, no teto da sala.
Sabe-se que a distância da lâmpada à lente é de 1,8 m Para a correção da miopia são utilizadas lentes divergentes,
e desta ao tampo da carteira é de 0,36 m. pois a imagem se forma antes da retina e seu uso força os
a) Qual a distância focal da lente? raios luminosos a se encontrarem sobre a retina, possibi-
b) Qual o provável defeito de visão do estudante? litando a visão mais nítida. Com isso, apenas o aluno 2
Justifique. estava correto.
Resolução: Alternativa C
a) Da equação de Gauss, tem-se:
4. (Espcex-Aman) Um estudante foi ao oftalmologista
__1 = __1 + __
1 Ÿ __1 = ___
1 + ____
1 Ÿ f = 0,30 m reclamando que, de perto, não enxergava bem. Depois
f p p’ f 1,8 0,36 de realizar o exame, o médico explicou que tal fato acon-
tecia porque o ponto próximo da vista do rapaz estava a
b) Como a lente utilizada é convergente (f > 0), o pro- uma distância superior a 25 cm e que ele, para corrigir o
vável defeito de visão do estudante é a hipermetropia. problema, deveria usar óculos com “lentes de 2,0 graus“,
isto é, lentes possuindo vergência de 2,0 dioptrias.
2. (UPF) Uma pessoa com visão perfeita observa um
adesivo, de tamanho igual a 6 mm, grudado na parede Do exposto acima, pode-se concluir que o estudante deve
na altura de seus olhos. A distância entre o cristalino do usar lentes:

59
a) divergentes com 40 cm de distância focal;
b) divergentes com 50 cm de distância focal;
c) divergentes com 25 cm de distância focal;
d) convergentes com 50 cm de distância focal;
e) convergentes com 25 cm de distância focal.
Resolução:
Pelo descrito no enunciado, o estudante não enxergava
bem porque o seu ponto próximo era superior a 25 cm. De acordo com o texto, a miopia causada por essa doença
Esse tipo de problema é característico do problema de vi- deve-se ao fato de, ao tornar-se mais intumescido, o crista-
são denominado hipermetropia. Para correção do problma, lino ter sua distância focal:
é necessária uma lente convergente. a) aumentada e torna-se mais divergente;
b) reduzida e torna-se mais divergente;
Como é dado que a vergência da lente a ser usada é de 2
c) aumentada e torna-se mais convergente;
dioptrias, tem-se que:
d) aumentada e torna-se mais refringente;
V = __1 [ m-1]
f e) reduzida e torna-se mais convergente.
2= 1
__
f Resolução:
f = 50 cm Considerando o cristalino uma lente biconvexa simétrica e
Alternativa D que as duas faces estejam em contato com o mesmo meio,
pela equação do fabricante de lente, tem-se:
5. (Unesp) Dentre as complicações que um portador de
diabetes não controlado pode apresentar está a cata-
rata, ou seja, a perda da transparência do cristalino, a
f rel ( )
1 + __1 Ÿ __1 = (n – 1) __2 Ÿ f = ________
__1 = (n – 1) __
R R f rel
R
1
2(nrel – 1)
R
A distância focal é diretamente proporcional ao raio de
lente do olho. Em situações de hiperglicemia, o crista-
lino absorve água, fica intumescido e tem seu raio de curvatura. Assim, se o raio de curvatura diminui, o cristalino
curvatura diminuído (figura 1), o que provoca miopia tem sua distância focal reduzida.
no paciente. À medida que a taxa de açúcar no sangue
Da equação da vergência, V = __1 , a vergência é inversa-
retorna aos níveis normais, o cristalino perde parte do f
excesso de água e volta ao tamanho original (figura 2). mente proporcional à distância focal. Então, se a distância
A repetição dessa situação altera as fibras da estrutura focal é reduzida, o cristalino torna-se mais convergente.
do cristalino, provocando sua opacificação.
(WWW.REVISTAVIGOR.COM.BR. ADAPTADO.) Alternativa E

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em proces-
22 sos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.

A Habilidade 22 exige que o aluno compreenda como ocorre a interação da luz, um tipo de radiação eletromagnéti-
ca, com a matéria. Essa habilidade pode ser inserida, por exemplo, dentro do contexto da óptica da visão, comparan-
do o funcionamento do olho humano com uma câmara escura, por exemplo; para isso, o aluno deve compreender
princípios básicos da óptica geométrica.
Assim, o estudante deve conhecer as diferentes doenças ligadas à visão: miopia, hipermetropia, astigmatismo e
presbiopia, além das correções para cada uma dessas doenças.

60
Modelo 1
(Enem) Entre os anos de 1028 e 1038, Alhazen (lbn al-Haytham, 965-1040 d.C.) escreveu sua principal obra, o Livro da
Óptica, que, com base em experimentos, explicava o funcionamento da visão e outros aspectos da óptica, por exem-
plo, o funcionamento da câmara escura. O livro foi traduzido e incorporado aos conhecimentos científicos ocidentais
pelos europeus. Na figura, retirada dessa obra, é representada a imagem invertida de edificações em tecido utilizado
como anteparo.

Se fizermos uma analogia entre a ilustração e o olho humano, o tecido corresponde ao(à):
a) íris;
b) retina;
c) pupila;
d) córnea;
e) cristalino.

Análise expositiva 1 - Habilidade 22: Exercício de rápida resolução que cobra do aluno a capacidade de
B relacionar diferentes temas dentro da óptica geométrica.
A estrutura do olho análoga à imagem invertida utilizada na figura é a retina. Quando a imagem é formada
na retina, esta é reduzida e invertida. Ao chegar ao córtex cerebral, ela é processada.
Alternativa B

Modelo 2
(Enem) O avanço tecnológico da medicina propicia o desenvolvimento de tratamento para diversas doenças, como as
relacionadas à visão. As correções que utilizam laser para o tratamento da miopia são consideradas seguras até doze
dioptrias, dependendo da espessura e curvatura da córnea. Para valores de dioptria superiores a esse, o implante de
lentes intraoculares é mais indicado. Essas lentes, conhecidas como lentes fácicas (LF) são implantadas junto à córnea,
antecedendo o cristalino (C), sem que esse precise ser removido, formando a imagem correta sobre a retina (R).
O comportamento de um feixe de luz incidindo no olho que possui um implante de lentes fácicas para correção do
problema de visão apresentado é esquematizado por:
a) d)

b) e)

c)

61
Análise expositiva 2 - Habilidade 22: Exercício também de rápida resolução, que relaciona como a física é
B aplicada junto com a biologia dentro do olho humano.
No olho míope, a imagem de um objeto distante forma-se antes da retina. A função da lente é tornar o feixe
incidente mais largo (divergente) para que, após atravessar o cristalino, o feixe convergente tenha vértice
sobre a retina.
Alternativa B

ss DIAGRAMA DE IDEIAS

OLHO HUMANO

• CÓRNEA LENTE CONVERGENTE


• CRISTALINO LENTE CONVERGENTE AJUSTÁVEL
• RETINA SENSOR NA VISÃO NERVO ÓPTICO
• PUPILA DIAFRAGMA REGULÁVEL

AMETROPIAS
• MIOPIA LENTE DIVERGENTE
• HIPERMETROPIA LENTE CONVERGENTE
• ASTIGMATISMO SENSOR NA VISÃO

62
AULAS INSTRUMENTOS ÓPTICOS
33 E 34
COMPETÊNCIAS: 1, 2, 5 e 6 HABILIDADES: 1, 6, 17 e 22

1. INSTRUMENTOS DE PROJEÇÃO Além das lentes, uma máquina fotográfica possui outros
componentes importantes. Os principais componentes são:
Os instrumentos de projeção, como o projetor de filmes
ƒ lente ou objetiva: sistema convergente de lentes;
ou de slides, fornecem imagens reais, uma vez que as
imagens são projetadas sob um anteparo. Entretanto, o ƒ diafragma ou abertura: sistema regulador da quan-
tamanho da imagem pode ser maior ou menor do que o tidade de luz que entra na máquina fotográfica;
tamanho do objeto. Por exemplo, a imagem projetada por
ƒ obturador: bloqueia ou permite que os raios lumino-
uma máquina fotográfica é menor do que o objeto.
sos passem para o anteparo;
ƒ disparador: dispositivo para controlar o obturador e
permitir a exposição da película por um intervalo de
tempo suficiente para que seja sensibilizada;
ƒ película fotossensível: filme ou chapa.
A fotografia obtida é nítida quando a imagem se forma
exatamente sobre o plano do filme. Para regular a po-
sição da imagem, existe um mecanismo que controla a
distância entre a película fotossensível e a objetiva. As-
sim, é possível regular essa distância de modo a se obter
multimídia: vídeo fotografias nítidas.
FONTE: YOUTUBE Como o princípio do funcionamento da máquina fotográfi-
Instrumentos Ópticos - Física ca se baseia na formação de imagens com lentes, é válida
a equação de Gauss para as lentes.

1.1. Máquina fotográfica 1.2. Projetores de filmes e de slides


A figura a seguir ilustra o mecanismo básico de uma má- Os projetores são formados por sistemas ópticos que criam
quina fotográfica. O dispositivo óptico forma, a partir de imagens reais, invertidas e ampliadas de objetos reais e
um objeto real, uma imagem real sobre uma chama foto- planos. As imagens podem ser projetadas sobre um ante-
gráfica (filme). paro ou uma tela.

obturador
Os projetores de slides ou filmes utilizam objetos transpa-
rentes, denominados slides ou diapositivos.
abertura
bobina de
bobina de alimentação
recolhimento
objeto obturador
lente
gate
filme

mecanismo de roda dentada


focalização
lente
lâmpada e
NA MÁQUINA FOTOGRÁFICA, A IMAGEM DO OBJETO (EM FORMA condensador
DE PIRÂMIDE) É PROJETADA NO FILME PELA LENTE OBJETIVA.
roda dentada

63
Um projetor de slides simples possui os seguintes compo-
nentes principais:
ƒ Espelho côncavo: reflete parte da luz de uma lâmpa-
da colocada sobre o foco do espelho para um sistema
de lentes.
ƒ Fonte de luz: lâmpada de alta potência.
ƒ Porta-slides: composto por uma lente convergente
que conjuga uma imagem real na tela.
1 = __
__ 1 + __
1 Ÿ ___1 = __
1 + ___
1 Ÿ __1 = 5 – ___
1 Ÿ
ƒ Tela ou anteparo: anteparo de projeção da imagem f p p’ 0,2 p 10 p 10
dos slides. 49
1 = ___
__ 10
___
p 10 Ÿ p = 49 m
lâmpada tela
slide

2. INSTRUMENTOS DE OBSERVAÇÃO
Os instrumentos de observação são utilizados para aumentar
a imagem dos objetos. Nesses equipamentos, a imagem final
é virtual. A lupa e o microscópio são instrumentos de obser-
lente convergente
(objetiva) vação e ampliam a imagem de objetos que se encontram
espelho esférico próximos. No caso de lunetas, telescópios e binóculos, os ob-
côncavo
jetos se encontram distantes. Em ambos os cabos, indepen-
dentemente do sistema de lentes utilizado, a imagem final
formada dá a impressão de que o objeto está mais próximo.

2.1. Lupa ou lente de aumento


A lupa (ou lente de aumento) é uma lente convergente e
possui distância focal pequena. A imagem formada é virtu-
al, direita e maior do que o objeto.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Óptica - Aula 11 - Instrumentos Ópticos

LUPA

Aplicação do conteúdo
1. A distância focal de um projetor cinematográfico é de
20 cm. Uma tela está a 10 m de distância do projetor. A
qual distância da lente o objeto (slide) deve ser coloca-
do para se obter uma projeção nítida?

Resolução:
Dados: f = 20 cm = 0,2 m; p’ = 10 m.
Na figura, o filme foi colocado invertido no projetor para
que a imagem tenha orientação para cima no anteparo. A IMAGEM FORMADA PELA LUPA: VIRTUAL, DIREITA E MAIOR DO QUE O OBJETO.

64
Amicroscópio = Aobjetiva ˜ Aocular

multimídia: vídeo
2.2.1 Luneta
FONTE: YOUTUBE
Óculos, Lunetas, Telescópios, A luneta amplia a imagem dos objetos de modo semelhan-
Microscópios, Projetores e Lupas te ao microscópio composto. Entretanto, é utilizada para
a observação de objetos localizados a grandes distâncias,
como cometas, planetas e estrelas. O sistema óptico é com-
2.2. Microscópio composto posto por duas lentes convergentes: lente objetiva e lente
ocular. A lente objetiva, por sua vez, possui distância focal
O microscópio composto, diferentemente da lupa, fornece da ordem de alguns metros.
um aumento muito grande. Por isso, sua utilização é necessá-
ria para visualizar objetos de dimensões bastante pequenas. A figura a seguir representa a associação de lentes de uma
luneta. A imagem i do objeto forma-se no plano focal da
O sistema óptico do microscópio composto é formado por
objetiva, entre o foco objeto e o centro óptico da ocular,
duas lentes convergentes associadas sobre o mesmo eixo
principal (coaxialmente). Uma delas, denominada objetiva, pois o objeto está em uma posição muito distante da lente.
tem distância focal pequena (da ordem de milímetros) e é A lente ocular forma a imagem final (i2) utilizando a ima-
utilizada próximo ao objeto. A segunda lente, denominada gem da lente objetiva como objeto. A imagem final é virtu-
ocular, é utilizada para a observação da imagem e funciona al, invertida e maior do que o objeto.
como uma lupa. A imagem final formada é virtual, invertida
e maior do que o objeto.

foc fob

MICROSCÓPIO COMPOSTO

A figura a seguir ilustra a formação da imagem observada


em um microscópio composto. O objeto é colocado próxi- O aumento angular nominal (An) para a luneta é dado por:
mo ao foco da lente objetiva (L1). Dessa forma, a imagem
formada pela objetiva fica entre o foco e centro óptico da
lente ocular (L2). Essa imagem se comporta como um ob- fob
An = __
jeto para a ocular, formando a imagem final (i2), virtual, foc
invertida e maior do que o objeto (inicial).
O aumento linear transversal do microscópio composto é igual E< que fob é a distância focal da objetiva e foc é a distância
ao produto dos aumentos lineares transversais e da ocular. focal da ocular.

65
A luneta terrestre, ou luneta de Galileu, utiliza uma ocular
divergente em vez de convergente. Isso elimina o fato de
que, na luneta astronômica (com objetiva e ocular sendo
lentes convergentes), a imagem final é invertida. Com a
ocular divergente, tem-se uma imagem final direita em re-
lação ao objeto original.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Energia Mecânica - Sistema Dissipativo de Energia
Uma câmera Imax 3D acompanha os esforços
de sete astronautas, enquanto eles tentam
consertar o telescópio espacial Hubble.

Aplicação do conteúdo
1. Um observador, a 5 cm do centro óptico de uma lupa,
cuja distância focal é de 8 cm, observa um objeto, com
6 cm de altura, colocado a 2 cm da lupa.
Determine:
multimídia: vídeo a) a posição da imagem;
b) o tamanho da imagem;
FONTE: YOUTUBE
c) o aumento linear transversal.
TELESCÓPIO HUBBLE - A ÚLTIMA MISSÃO ...
Resolução:
Dados: f = 8 cm, o = 6 cm, p = 2 cm.
2.3. Telescópio a) A partir da equação de Gauss, a posição da imagem é:
O telescópio é um instrumento óptico utilizado para a ob- 1 = __
__ 1 + __
1 Ÿ __
1 = __
1 + __
1 Ÿ __
1 = __
1 – __ 8 cm
1 Ÿ p’ = – __
servação de objetos distantes. A objetiva de um telescópio f p p’ 8 2 p’ p’ 8 2 3
é um espelho côncavo de grande distância focal (na luneta, b) O tamanho da imagem é obtido a partir da relação
a objetiva é uma lente convergente). O telescópio ainda entre as distâncias do objeto e da imagem:
utiliza outros espelhos, planos e convexos, para desviar os
raios de luz até o local de observação. p’ __i
__i = – __
8
3
____( )
– __
o p Ÿ 6 = – 2 Ÿ i = 8 cm
c) O aumento linear transversal é:
8 Ÿ A = __
A = __oi = __ 4
6 3
2. Um microscópio tem objetiva com distância focal
de 8 mm e ocular com distância focal de 18 mm. Um
objeto de 2 mm de altura é disposto a 8,4 mm da ob-
jetiva e a distância entre as duas lentes é de 180 mm.
Determine:
a) a que distância da objetiva se formará a primeira
imagem do objeto;
NO TELESCÓPIO, OS RAIOS DE LUZ INCIDEM PRATICAMENTE PARALELOS SOBRE b) o tamanho da primeira imagem formada;
UM ESPELHO CÔNCAVO. OS RAIOS DE LUZ SÃO DESVIADOS PARA O OLHO
DO OBSERVADOR POR UM ESPELHO CONVEXO E DOIS ESPELHOS PLANOS.
c) a que distância da ocular se formará a imagem final;

66
d) o tamanho da imagem final; a) 6,0.
e) o aumento linear transversal do microscópio. b) 7,0.
c) 8,0.
Resolução: d) 9,0.
Dados: fob = 8 mm; foc = 18 mm; p1 = 8,4 mm; d = 180 mm. e) 10,0.

A figura a seguir ilustra as relações geométricas do problema. Resolução:


Por semelhança de triângulos, tem-se:
di = __i
__ di
i = o ∙ __
do o do
sendo:
di = distância da imagem
do = distância do objeto
a) Cálculo da distância da primeira imagem (p1): i = tamanho da imagem
1 = __
__ 1 + ___
1 Ÿ __
1 = ___
1 + ___
1 Ÿ p’ = 168 mm o = tamanho do objeto
fob p1 p’1 8 8,4 p’1 1

Então:
b) Tamanho da primeira imagem (i1):
__i1 = – ___
p’1 __i1 0,8 cm
168
___ i = 3 m ∙ ______= 0,6 cm = 6 mm
o p1 Ÿ 2 = – 8,4 Ÿ i1 = – 40 mm 4m
c) Cálculo da distância da imagem final (p’2): Alternativa A

p2 = d – p’1 = 180 – 168 = 12 mm


__ 1 + ___
1 = __ 1 Ÿ ___
1 = ___
1 + ___
1 Ÿ p’ = –36 mm
foc p2 p’2 18 12 p’2 2

d) Cálculo do tamanho da imagem final (i2):

__i2 = – ___
p’2 ____
i (–36)
Ÿ 2 = – _____ Ÿ i2 = –120 mm
i1 p 2 –40 12
e) Aumento linear transversal do microscópio (Amicroscópio)
é dado pelo produto do aumento linear transversal de
cada uma das lentes:
i1 __i2
Amicroscópio = Aobjetiva . Aocular = __
multimídia: sites
o˜i Ÿ
1
efisica.if.usp.br/otica/basico/instrumentos/
Ÿ Amicroscópio = –40 –120 = –60 ou |a| = 60
____ ˜ ____ mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/os-ins-
2 –40
trumentos-opticos.htm
3. (IFBA) A câmara de um celular, cuja espessura é de www.coladaweb.com/fisica/optica/instru-
0,8 cm, capta a imagem de uma árvore de 3,0 m de mentos-opticos
altura, que se encontra a 4,0 m de distância do orifí-
alunosonline.uol.com.br/fisica/instrumentos-
cio da lente, projetando uma imagem invertida em seu
interior. Para simplificar a análise, considere o sistema -opticos.html
como uma câmara escura. Assim, pode-se afirmar que
a altura da imagem, em mm, no interior da câmara é,
aproximadamente, igual a: 4. (Unesp) A figura a seguir mostra um objeto AB, uma
lente convergente L, sendo utilizada como lupa (lente
de aumento), e as posições de seus focos F e F’.

67
a) Copie essa figura. Em seguida, localize a imagem
A’B’ do objeto fornecida pela lente, traçando a tra-
jetória de, pelo menos, dois raios incidentes, prove-
nientes de A.
b) A imagem obtida é real ou virtual? Justifique sua resposta.
Resolução:
a) Observe a figura a seguir:

b) Virtual, pois a imagem está do mesmo lado que o


objeto em relação ao espelho.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A utilização de instrumentos ópticos é muito presente no cotidiano. Os óculos, por exemplo, que datam do século I,
foram criados para corrigir problemas de visão. Existem também as lentes de contato, a máquina fotográfica, criada pelo
francês Joseph Nicérphore Niépce (1765-1833) no ano de 1826, o telescópio, criado pelo neerlandês Hans Lippershey
em 1608, que também inventou o binóculo, aperfeiçoado depois por Galileu, entre muitos outros intrumentos.

Satélites com potentes telescópios varrem não só o espaço fora da Terra, como a própria superfície da Terra.

68
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A matemática é uma forma de linguagem das ciências da natureza e é uma ferramenta para cientistas descreverem
e explicarem fenômenos físicos.

Modelo
(Enem) A aquisição de um telescópio deve levar em consideração diversos fatores, entre os quais estão o aumento
angular, a resolução ou o poder de separação e a magnitude limite. O aumento angular informa quantas vezes mais
próximo de nós percebemos o objeto observado e é calculado como sendo a razão entre as distâncias focais da ob-
jetiva (F1) e da ocular (F2). A resolução do telescópio (P) informa o menor ângulo que deve existir entre dois pontos
observados para que seja possível distingui-los. A magnitude limite (M) indica o menor brilho que um telescópio pode
captar. Os valores numéricos de P e M pelas expressões: P = 12 ___ e M = 7,1 + 5(lod D), em que D é o valor numérico do
D
diâmetro da objetiva do telescópio, expresso em centímetro.
DISPONÍVEL EM: WWW.TELESCOPIOSASTRONOMICOS.COM.BR. ACESSO EM: 13 MAIO 2013 (ADAPTADO).

Ao realizar a observação de um planeta distante e de luminosidade, não se obteve uma imagem nítida. Para melhorar
a qualidade dessa observação, os valores de D, F1 e F2 devem ser, respectivamente:
a) aumentado, aumentado e diminuído;
b) aumentado, diminuído e aumentado;
c) aumentado, diminuído e diminuído;
d) diminuído, aumentado e aumentado;
e) diminuído, aumentado e diminuído.

Análise expositiva - Habilidade 17: Exercício que exige do estudante saber aplicar os conhecimento de ins-
A trumentos ópticos, constituídos por lentes esféricas, e uma relação matemática apresentada pela banca. Para a
resolução, o aluno precisará saber manobrar nessas equações para achar a relação entre os focos.
De acordo com as expressões de P e M, DEVE-SE aumentar o valor de D, de modo a diminuirmos o menor ângulo
necessário e aumentarmos a magnitude limite. E como o aumento angular é dado por F1/F2, DEVE-SE aumentar
F1 e diminuir F2.
Alternativa A

69
DIAGRAMA DE IDEIAS

INSTRUMENTOS
ÓPTICOS

MÁQUINA IMAGEM REAL,


FOTOGRÁFICA INVERTIDA
PROJEÇÃO

IMAGEM REAL,
PROJETOR
INVERTIDA E MAIOR

LUPA OU MICROSCÓPIO IMAGEM VIRTUAL,


SIMPLES DIREITA E MAIOR

MICROSCÓPIO LENTES OBJETIVA


COMPOSTO E OCULAR

AMICROSCÓPIO = AOBJETIVA × AOCULAR


OBSERVAÇÃO

LENTES OBJETIVA
LUNETA
E OCULAR

FOB
AN =
FOC

ASSOCIAÇÃO
TELESCÓPIO
DE ESPELHOS

70
ELETRODINÂMICA: Incidência do tema nas principais provas

A prova exige interpretação de circuitos elétri- A prova exige compreensão da função


cos, com atenção à função do gerador e recep- do gerador e receptor no circuito, com
tor em circuitos e dos conceitos fundamentais atenção aos conceitos fundamentais de
de potência elétrica dissipada, relacionando potência elétrica dissipada, relacionando
com outros temas da Física. com outros temas da Física.

A prova exige interpretação de circuitos elétricos, A prova exige interpretação de circuitos A prova exige interpretação de circuitos
compreendendo a função do gerador e receptor, elétricos, compreendendo a função do elétricos, com atenção à função do gerador
com atenção aos conceitos fundamentais de gerador e resistor, com atenção aos con- nesses circuitos e dos conceitos fundamentais
potência elétrica dissipada. ceitos fundamentais de potência elétrica de potência elétrica dissipada, relacionando
dissipada. com outros temas da Física.

A prova exige atenção aos conceitos Dentre os temas abordados neste livro, A prova tem uma grande variação de te- Dentre os temas abordados neste livro,
fundamentais de potência elétrica dissipada gerador associado com potência elétrica é o mas, mas, eventualmente, podem aparecer gerador associado com potência elétrica é o
em um circuito, interpretando a função do assunto mais frequente, exigindo aplicações geradores e potência elétrica dissipada em assunto mais frequente, exigindo aplicações
gerador no circuito, relacionado com outros das equações. questões bem objetivas. das equações.
temas da Física.

UFMG

A prova tem uma grande variação de A prova apresenta questões conceituais e A prova é bem objetiva e não há predominân-
temas, porém geradores elétricos e potência práticas que abordam conceitos fundamen- cia de temas. Eventualmente, podem aparecer
elétrica aparecem com alguma frequência, em tais de circuitos elétricos, com geradores geradores associados com potência elétrica.
questões teóricas e que exigem manipulações elétricos e potência dissipada.
de equações.

A prova apresenta questões conceituais e A prova tem uma grande variação de temas, Há uma grande incidência de associação de
práticas que abordam conceitos fundamentais porém, pode aparecer gerador com potência resistores, que relaciona geradores elétricos
de circuitos elétricos, geradores elétricos e elétrica, associando com outros temas da com potência elétrica, em questões objetivas.
potência dissipada. Física.

71
AULAS ESTUDO E ASSOCIAÇÃO DE GERADORES
27 E 28
COMPETÊNCIAS: 2, 5 e 6 HABILIDADES: 5, 6, 7, 17 e 22

1. CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO U x i, é representada por um segmento de reta decrescen-


te, como mostra a figura a seguir (observe que a equação
EM UM GERADOR do gerador é uma função do 1.º grau de U em relação a i).

Caso um fio de resistência elétrica muito baixa (desprezível)


seja ligado entre os terminais de um gerador elétrico, ocorre-
rá um curto-circuito. As figuras a seguir ilustram essa ligação.

O ponto em que o gráfico intercepta o eixo das ordenadas é


justamente o valor da f.e.m., pois, nesse caso, o circuito está
aberto, isto é, i = 0 e, portanto, U = «. Por outro lado, o ponto
em que o gráfico corta o eixo das abscissas é o valor da corren-
te de curto-circuito. Nesse caso, U = 0; então i = icc.
A inclinação da reta (ou a declividade) é numericamente
Se o gerador for ligado em curto-circuito, a potência elétri- igual à resistência interna r do gerador:
ca total será integralmente dissipada na resistência interna,
causando superaquecimento e danos ao gerador. «
u tg a u =N __ Ÿ u tg a u =N r
icc
A diferença de potencial entre os terminais do gerador em
curto-circuito torna-se nula, ou seja, UAB = 0. A corrente elé-
trica no circuito é denominada corrente de curto-circuito icc.
Essa intensidade máxima de corrente elétrica que pode atra-
vessar o gerador pode ser calculada pela equação do gerador:
U = « – ri
Fazendo UAB = 0, e i = icc , obtém-se:

U = « – ri Ÿ 0 = « – ricc Ÿ icc = __«r

2. CURVA CARACTERÍSTICA multimídia: vídeo


DE UM GERADOR Aula 06 - Física II - Geradores,
FONTE: YOUTUBE

A f.e.m. e a resistência interna r são constantes em um receptores e potência


gerador elétrico. Assim, a equação do gerador, no plano

72
3. POTÊNCIA ÚTIL FORNECIDA Aplicação do conteúdo
É possível obter a potência elétrica fornecida ao circuito a par- 1. Para uma bateria de resistência interna 2 V e força
tir do gráfico da curva característica de um gerador elétrico. eletromotriz 10 V:
a) Calcule a diferença de potencial, entre os terminais
da bateria, para as diferentes intensidades de corren-
te elétrica indicadas na tabela.

i(A) 0 1 2 3 4 5

b) Construa a curva característica da bateria para os


valores da tabela.
Resolução:
a) Usando a equação do gerador, tem-se:

A = Pu U = « – ri Ÿ u = 10 – 2i
A área destacada no gráfico, terminada por um valor de i, é
Substituindo i pelos valores da tabela, obtém-se:
igual à potência útil Pu fornecida ao circuito externo.
A potência também pode ser obtida a partir da equação do i (A) 0 1 2 3 4 5
gerador. Lembre-se de que a potência é o produto da d.d.p.
pela corrente elétrica: U (V) 10 8 6 4 2 0

Pu = Ui = «i – ri2 b) Construindo a curva característica, tem-se:


Considerando a potência útil como uma função da corren-
te, encontra-se a expressão:
Pu (i) = «i – ri2
Essa equação é uma função do 2.º grau na variável i. O
gráfico dessa função é uma parábola, e, devido ao sinal
negativo no termo de segunda ordem, a concavidade da
parábola é “para baixo”.
As soluções dessa equação (ou raízes) são i’ = 0 e i’’ = __«r
(observe que esse valor é justamente o valor da corrente
de curto-circuito).
A potência máxima fornecida é obtida pelo vértice dessa
parábola. O valor da corrente que fornece a potência máxi- 2. O gráfico representa a curva característica de um ge-
H (metade rador. Calcule:
ma é o ponto médio entre as raízes, ou seja, i = __
2r
H2
do valor de icc). A potência máxima é Pmax = ___.
4r

Pu

Pu max

a) a f.e.m.;
b) a resistência interna;
c) a d.d.p. entre seus terminais para i = 3 A;
i
d) a intensidade da corrente de curto-circuito;
e) a potência elétrica fornecida para i = 2 A.

73
Resolução:
4.1. Associação em série
a) Sendo U = « – ri, para i = 0, obtém-se: A associação em série permite aumentar a potência útil
fornecida ao circuito, pois aumenta a diferença de poten-
35 = « – r · 0 cial entre os extremos da associação de geradores. Esse
« = 35 V tipo de ligação é comum em lanternas, rádios e diversos
aparelhos alimentados por pilhas. A ligação em série de
b) Para U = 0, tem-se:
geradores é realizada de modo que o polo positivo de um
0 = 35 – r · 5 gerador se conecte ao polo negativo de outro gerador..
r=7V + - + - + - + -
c) Para i = 3 A, calcula-se:

U = 35 – 7 · 3
U = 14 V A B

d) Para U = 0, a corrente de curto-circuito é:


A FIGURA REPRESENTA QUATRO PILHAS ASSOCIADAS EM SÉRIE.
0 = 35 – 7 · icc
A figura a seguir ilustra a representação simbólica de n ge-
icc = 5 A
radores associados em série:
e) Para i = 2 A, segue:

Pu = U · i
Pu = (« – ri) i
Pu = (35 – 7 · 2) · 2
Pu = 42 W

4. ASSOCIAÇÃO DE GERADORES
Assim como os resistores, os geradores podem ser asso-
ciados em série, em paralelo ou em uma combinação de
ambas as ligações. Cada associação pode ser representada
por um gerador equivalente. O efeito desse gerador equi- Essa combinação de geradores pode ser simplificada e re-
valente no circuito é como a associação real do conjunto presentada por apenas um gerador equivalente:
de geradores.

As características da associação em série são:


ƒ a intensidade da corrente é a mesma em todos os geradores;
ƒ a f.e.m. da associação é a soma das f.e.m. dos gerado-
res associados:
«s = «1 + «2 + ... + «n
multimídia: vídeo
A d.d.p. nos terminais extremos da associação é dada
FONTE: YOUTUBE pela soma das diferenças de potencial de cada um dos
Geradores - Associação em série geradores associados:

74
Us = U1 + U2 + ... + Un A figura a seguir ilustra a ligação em paralelo de gera-
dos elétricos:
A soma das potências fornecidas por cada um dos gerado-
+ -
res associados é a potência fornecida ao circuito externo.
Essa é a vantagem da associação de geradores em série:
Ps = P1 + P2 + ... + Pn
+ -
Da mesma maneira, a soma das resistências internas dos A B
geradores associados é igual à resistência interna do gera-
dor equivalente:
+ -
rs = r1 + r2 + ... + rn

Nesse caso, a resistência interna aumenta, sendo uma des-


A FIGURA REPRESENTA TRÊS PILHAS ASSOCIADAS EM PARALELO.
vantagem desse tipo de associação. Contudo, a vantagem
oferecida pela potência supera a desvantagem do aumen-
to da resistência interna.

As características da associação em paralelo são:


ƒ a corrente elétrica é dividida entre os geradores;
ƒ a f.e.m. do gerador equivalente é igual àquela de cada
um dos associados: «p = «.
A resistência equivalente do conjunto de geradores é dada
pela soma dos inversos das resistências de cada um dos
multimídia: sites geradores do conjunto (resistência equivalente de resisto-
res em paralelo):
www.colegioweb.com.br/geradores-eletri-
cos/associacao-de-geradores.html 1 __
__ 1 __ 1 1
__
rp = r1 + r2 + ... + rn
w w w. i f. u f r g s. b r / c r e f / ? a r e a = q u e s -
tions&id=1046
Todavia, se a resistência interna de cada gerador for igual a
www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/
r, a resistência equivalente de n geradores será:
associacao-geradores-eletricos-paralelo.htm
1 __1 __1
__ __1 1 __n
__ __r
rp = r + r + ... + r Ÿ rp = r Ÿ rp = n
4.2. Associação em paralelo
Na associação em paralelo de geradores elétricos, os polos Aplicação do conteúdo
positivos dos geradores são ligados no mesmo ponto do
1. A figura representa o esquema de um circuito com
circuito; o mesmo procedimento é realizado com os polos
uma lanterna de três pilhas idênticas associadas em sé-
negativos (obviamente em um ponto diferente, senão ocor- rie, com polos A e B, uma lâmpada L cujo filamento tem
rerá um curto-circuito). resistência 10 V e uma chave interruptora Ch.
Esse tipo de associação só é conveniente quando os ge-
  
radores têm forças eletromotrizes iguais. Caso contrário, B r r r A
haverá desperdício de energia.
A associação em paralelo de geradores também aumen-
ta a potência elétrica fornecida ao circuito. Entretanto, o
aumento é causado pela diminuição da resistência interna
equivalente da associação. L Ch

75
A d.d.p. entre A e B é 4,5 V e 4,0 V quando a chave Ch está Resolução:
aberta e fechada, respectivamente. Calcule:
a) A f.e.m. e a resistência equivalente da associação
a) a f.e.m. de cada pilha;
em série são:
b) a intensidade de corrente no circuito com a chave fechada;
c) a resistência interna de cada pilha. «s = 1,5 + 1,5 Ÿ «s = 3 V
Resolução:
rs = 0,5 + 0,5 = 1 V
a) Com a chave Ch aberta, tem-se:
i = 0 e UAB = «S = 3.«. Aplicando a Lei de Pouillet, calcula-se a intensidade da cor-
Assim: UAB = 3« Ÿ 4,5 V = 3 « Ÿ « = 1,5 V rente i1:
b) Com a chave Ch fechada, tem-se:
UAB = RLi Ÿ 4 = 10i Ÿ i = 0,40 A «s = (R + rs)i Ÿ 3 = (2 + 1)i, Ÿ i1 = 1 A
c) A partir da equação do gerador, para o circuito com
b) A f.e.m. e a resistência equivalente da associação
a chave fechada, tem-se:
em paralelo são, respectivamente:
UAB = «S – rSi Ÿ UAB = 3 « – 3 ri
0,5
4 = 3 · 1,5 – 3r · 0,4 Ÿ «p = 1,5V e rp = __r = ___ = 0,25 V
2 2
Ÿ 4 = 4,5 – 1,2r Ÿ
5 V Aplicando a Lei de Pouillet, obtém-se:
Ÿ r = ___
12
«p = (R + rs) i2 Ÿ 1,5 = (2 + 0,25)i Ÿ
2. Duas pilhas iguais de f.e.m. « = 1,5 V e resistência
interna r = 0,5 V são associadas de modos diferentes e Ÿ i = 0,67 A
ligadas a um resistor de 2 V, conforme as figuras. Cal-
cule a intensidade da corrente no resistor em cada uma
das associações.
a)

b)

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
G1 - Confira dica de física sobre
geradores elétricos

76
VIVENCIANDO

As associações de geradores são muito utilizadas no cotidiano, seja em brinquedos, seja em controles remotos de
televisores. Dependendo do aparelho, esses equipamentos utilizarão pilhas ou baterias associadas em série ou em
paralelo, de acordo com a necessidade.
Para aumentar a tensão, são utilizadas pilhas em série. É possível até mesmo ligar um aparelho que funciona com
tensão de 110 V; para isso, devem ser conectadas em série 73 pilhas de 1,5 V cada uma.
Para aumentar a corrente elétrica, as pilhas devem ser associadas em paralelo; desse modo, no entanto, não ocorre
aumento da tensão. Na associação em paralelo, a resistência interna do gerador equivalente é menor do que quando
os mesmos geradores são associados em série.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos ou sistemas tecnológi-
6 cos de uso comum.

A Habilidade 6 exige que o estudante compreenda manuais de instalação de aparelhos elétricos de uso comum.
A partir disso, ele deve saber relacionar circuito e fonte de tensão, sabendo reconhecer as diferentes associações
possíveis e suas consequências. Assim, é dever do estudante compreender como ocorre a associação de geradores
e suas particularidades.

77
Modelo
(Enem) Em um laboratório, são apresentados aos alunos uma lâmpada, com especificações técnicas de 6 V e 12 W e
um conjunto de 4 pilhas de 1,5 V cada.

Qual associação de geradores faz com que a lâmpada produza maior brilho?
a) d)

b) e)

c)

Análise expositiva - Habilidade 6: A lâmpada produzirá maior brilho para a associação que produzir a maior
C potência; como a potência é proporcional à tensão, o circuito com maior tensão elétrica equivalente pro-
verá o maior brilho.
Tensão equivalente para os circuitos:
[A]: VA = (1,5//1,5//1,5) + 1,5 Ÿ VA = 3 V
[B]: VB = (1,5 + 1,5)//(1,5 + 1,5) Ÿ VB = 3 V
[C]: VC = 1,5 + 1,5 + 1,5 + 1,5 Ÿ VC = 6 V
[D]: VD = (1,5//1,5) + (1,5//1,5) Ÿ VD = 3 V
[E]: VE = 1,5//1,5//1,5 Ÿ VE = 1,5 V
Alternativa C

78
DIAGRAMA DE IDEIAS

GERADORES

FORÇA
FONTES DE TENSÃO ASSOCIAÇÃO
ELETROMOTRIZ

SÉRIE PARALELO

IDEAL r=0

NÃO IDEAL r≠0

CORRENTE DE
POTÊNCIA
CURTO-CIRCUITO

TOTAL ÚTIL DISSIPADA

RENDIMENTO

79
AULAS RECEPTORES
29 E 30
COMPETÊNCIAS: 2, 5 e 6 HABILIDADES: 5, 6, 7, 17 e 22

1. INTRODUÇÃO sistência interna e a força contraeletromotriz (f.c.e.m.), que


será indicada por «’. A força contraeletromotriz é a d.d.p.
A energia elétrica oriunda de um gerador é totalmente útil do aparelho. Assim, a f.c.e.m. corresponde à energia útil
convertida em energia térmica, por exemplo, pelos resis- de cada unidade de carga elétrica que atravessou o resistor
tores (já estudados). Entretanto, determinados dispositivos e que é usada exclusivamente para finalidades específicas
elétricos transformam a energia elétrica que recebem do do receptor, como girar o eixo de um motor, recarregar uma
gerador em outras formas de energia: são os receptores bateria, etc.
elétricos. No entanto, devido ao efeito Joule, parte dessa
f.c.e.m. = «’
energia elétrica recebida sempre será convertida em ener-
gia térmica. O símbolo utilizado para o receptor é idêntico ao do gera-
dor; no entanto, o sentido da corrente elétrica é o inverso
do sentido da corrente do gerador. A orientação da corren-
te elétrica no gerador é do polo negativo para o positivo
(figura da direita). No receptor, o sentido é oposto: a cor-
rente é orientada do polo positivo para o negativo (figura
da esquerda).

O motor elétrico é um exemplo de receptor. O motor elé-


trico converte a maior parte da energia elétrica em energia
mecânica. Alguns tipos de baterias elétricas são recarre-
gáveis, como as atuais baterias de telefones celulares e as
baterias de automóveis. Ao serem recarregadas, a energia
elétrica recebida por essas baterias é convertida em uma
forma de energia armazenável, geralmente em energia
química. É importante observar que ainda não é possível Como foi visto, a diferença de potencial (d.d.p.) total U for-
armazenar grandes quantidades de energia elétrica. necida ao receptor tem duas componentes: a f.c.e.m. («’)
e a queda de tensão interna (r’ . i). Assim, U é dado por:

2. UM MODELO PARA O RECEPTOR U = «’ + r’ · i


Essa equação é uma função do 1.º grau, pois «’ e r’ são
Um receptor pode ser considerado o oposto de um gera-
constantes. Assim, o gráfico de U em função da corrente i
dor: em vez de fornecer corrente elétrica através do polo
é uma reta inclinada.
positivo, a corrente elétrica será recebida nesse polo.
U(tensão total)
Os condutores elétricos do receptor também possuem uma
determinada resistência elétrica denominada resistência U
interna r’. Assim, também ocorre a dissipação de energia
elétrica pelo efeito Joule. A queda de potencial associada é r '. i
dada pelo produto r’ · i.

HE' U
Queda de potencial devido à resistência interna = r’ · i
EH'
A queda de potencial entre os terminais do receptor pode O
ser dividida em duas partes: a queda de tensão devido à re- i i

80
O ponto de interseção da reta com o eixo da tensão total U A tensão de 127 V é a tensão total que o liquidificador rece-
(eixo das ordenadas) é a f.c.e.m. («). A inclinação da reta é re- be da rede elétrica. Entretanto, para girar o eixo do motor, fo-
lacionada com a resistência interna r’. Essa relação é dada por. ram utilizados apenas 100 V, pois 27 V foram dissipados nos
N seus condutores internos (em razão da resistência interna).
r’ = tg a
Ou seja, a resistência interna é numericamente igual à tan-
gente do ângulo de inclinação da reta. 3. CIRCUITOS ELÉTRICOS
A variação do potencial elétrico no receptor é representada COM RECEPTOR
pela figura a seguir.
O circuito elétrico da figura a seguir é formado apenas por
gerador e um receptor. O gerador deverá ter uma f.e.m.
suficiente para compensar as perdas de tensão dissipadas
nas duas resistências internas, r e r’.

Aplicação do conteúdo
1. Um liquidificador é ligado a uma tomada de tensão
127 V. O motor do liquidificador puxou da rede uma cor-
rente elétrica de intensidade 2,0 A. Sendo de 13,5 V a
resistência do motor, qual o valor da f.c.e.m. («’)?
ƒ parâmetros do gerador: « e r;
Resolução:
ƒ parâmetros do receptor: «’ e r’.
Os dados fornecidos são U = 127 V (dado pela rede elétri-
São válidas as equações vistas para o gerador e para o
ca; é a d.d.p. total), i = 2,0 A e r = 13,5 V.
receptor:
A equação do receptor se aplica aos motores elétricos: Gerador: U = « – r . i
U = «’ + r’ · i
Receptor: U = «’ + r’ . i
127 = «’ + 13,5 · 2,0 Ÿ
Ÿ127 = «’ + 27 Ÿ Nesse circuito, a d.d.p. U fornecida pelo gerador é a mesma
d.d.p no receptor, e a corrente elétrica no circuito, i, é cons-
Ÿ«’ = 127 – 27
tante. Dessa forma, as equações acima podem ser igualadas:
Ÿ «’ = 100 V
« – r · i = «’ + r’ · i Ÿ
Ÿ« – «’ = r · i + r’ · i Ÿ
Ÿ« – «’ = (r + r’) · i
Ou ainda:
« = «’ + (r + r’) · i

Essa equação fornece a tensão total do gerador, isto é, sua


f.e.m. compensa as perdas causadas pelas duas resistên-
cias internas.
Caso o circuito tenha alguma resistência, a equação de
multimídia: vídeo Pouillet na forma completa, em que R representa a resis-
FONTE: YOUTUBE tência equivalente do circuito, leva em conta essa perda
Receptores Elétricos - Eletrodinâmica adicional:
- Física | Euduca
« – «’ = (R + r + r’) · i

81
b) Nos terminais do gerador, a d.d.p. é dada por:
U = « – r · i Ÿ U = 44 – 1,5 · 2,0 Ÿ U = 41 V
c) Nos terminais do receptor, a d.d.p. é dada por:
U = «’ + r’ · i Ÿ U = 28 + 1,5 · 2,0 Ÿ U’ = 31 V

Observe que a d.d.p. nos terminais do gerador e do recep-


tor não é igual. Isso acontece porque existem potência e
resistências adicionais no circuito.

multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Como fazer um gerador de energia
com imã em casa

Aplicação do conteúdo
1. O gerador do circuito elétrico da figura a seguir tem os
seguintes parâmetros: « = 44 V e r = 1,5 V. Os parâmetros multimídia: vídeo
do receptor, nesse circuito, são: «’ = 28 V e r’ = 1,5 V. As
resistências dos resistores são: R1 = 2,0 V e R2 = 3,0 V. FONTE: YOUTUBE
Determine: Telecurso – Ensino Médio – Física – Aula 42

« «´ 4. POTÊNCIA
Observe na figura a seguir o balanço energético do receptor,
tanto em termos de energia quanto em termos de potência:

a) a intensidade da corrente elétrica no circuito;


b) a d.d.p. nos terminais do gerador;
c) a d.d.p. nos terminais do receptor. Para obter a relação para a potência, lembre-se de que a
potência é dada pelo produto da tensão pela corrente elé-
Resolução:
trica através dos terminais de um dispositivo. Multiplicando
a) A resistência equivalente do circuito, juntamente ambos os membros da equação do receptor pela intensi-
com as duas resistências internas, é dada por: dade de corrente elétrica i, obtém-se:
Req = R1 + R2 + r + r’ U’ = «’ + r’i Ÿ U’i = «’i + r’i2 Ÿ Pt = Pu + Pd
Req = 2,0 V + 3,0 V + 1,5 V + 1,5 V = 8,0 V Ÿ
Req = 8,0 V Em que:
ƒ U’i representa a potência elétrica total Pt fornecida ao
Lembrando que a d.d.p. total fornecida pelo gerador vale « = 44 V,
receptor ou potência recebida;
pode-se escrever:
« = «’ + R · i ƒ «’i representa a potência elétrica útil Pu fornecida pelo
receptor;
Observe que as resistências internas já foram consideradas
no valor de Req. Assim, a corrente elétrica é: ƒ r’i2 representa a potência dissipada Pd no receptor.

44 = 28 + 8,0 · i Ÿ 44 – 28 = 8,0 · i O rendimento elétrico de um receptor é o quociente entre a


potência elétrica fornecida pelo receptor (potência útil Pu) e a
16 Ÿ i = 2,0 A
Ÿ 16 = 8,0 · i Ÿ i = ___
8,0 potência elétrica recebida (potência total Pt). Assim:

82
P «‘i Ÿ h = __
«‘ c) A d.d.p. é obtida pela equação do receptor:
h = __u Ÿ h = ___
Pt U’i U’ U’ = «’ + r’i Ÿ U’ = 50 + 5i Ÿ U’ = 50 + 5 · 3
Se não houver resistência interna, ou seja, se r’ = 0 (recep- Ÿ U’ = 65 V
tor ideal), o rendimento será máximo: h = 1 ou h = 100%. No caso em que «’ = 0 V, por exemplo, se as hélices de um
Na prática, sempre existe uma resistência interna; assim, é ventilador forem travadas, a potência total será integralmen-
impossível atingir o rendimento de 100%. te transformada em potência dissipada, e o receptor vai se
comportar como um resistor de resistência r’. Em tal situa-
Aplicação do conteúdo ção, a corrente elétrica tende a subir, e, consequentemente,
o valor da potência dissipada também subirá, o que pode
1. A curva característica de um receptor é mostrada na causar a queima do aparelho e a ocorrência de incêndios.
figura a seguir. A partir dos dados da figura, calcule:

a) a f.c.e.m. do receptor;
b) a resistência interna do receptor;
multimídia: sites
c) a d.d.p. entre seus terminais para i = 3 A. www.coladaweb.com/fisica/eletricidade/
Resolução: receptores-eletricos
a) Para i = 0 Ÿ U’ = «’ Ÿ «’ = 50 V www.educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/
b) A resistência interna é dada por tg a = r’. Assim: receptores-eletricos-ventiladores-liquidificadores-
60 – 50 Ÿ r’ = 5V
r’ = ______ e-batedeiras.htm
2–0

VIVENCIANDO

Aparelhos eletrônicos que são receptores elétricos estão por toda parte: smartphones, geladeiras, ventiladores, televi-
sores, etc. A vida moderna foi drasticamente alterada e moldada por esses aparelhos. Os indivíduos são iniciados cada
vez mais cedo no uso desses aparelhos. É mais provável uma criança de 3 anos ter mais intimidade com smartphones
do que adultos com mais de 40 anos.

83
Como no caso da revolução feminina, em que uma simples máquina de lavar roupa foi capaz de mudar a percepção
que as mulheres tinham sobre si mesmas, libertando-as de trabalhos que eram relacionados com o gênero feminino.

DIAGRAMA DE IDEIAS

RECEPTORES

FORÇA CONTRA- CONVERSOR


RECEBE TENSÃO
ELETROMOTRIZ DE ENERGIA

CIRCUITOS
POTÊNCIA
ELÉTRICOS

LEI DE
TOTAL ÚTIL DISSIPADA
POUILLET

RENDIMENTO

84
AULAS CAPACITORES
31 E 32
COMPETÊNCIAS: 2, 5 e 6 HABILIDADES: 5, 6, 7, 17 e 22

1. INTRODUÇÃO Independentemente do tipo, os capacitores serão repre-


sentados nos circuitos por dois traços grossos em paralelo,
O capacitor (ou condensador) é um componente eletrôni- que representam as placas, e dois traços finos, que repre-
co que armazena pequenas quantidades de carga elétrica, sentam os terminais que saem de cada placa, como na
ou seja, armazena energia elétrica. É importante destacar figura a seguir.
que a quantidade de energia armazenada pelo capacitor é
suficiente apenas para pequenas intervenções nos circuitos
elétricos. Um capacitor não armazena energia suficiente
O SÍMBOLO DO CAPACITOR
para substituir uma bateria.
O princípio de funcionamento de um capacitor é simples.
Cada placa é carregada eletricamente com cargas elétricas
opostas (+Q e –Q), estabelecendo um campo elétrico no
interior do capacitor. Na figura a seguir, está representada
a seção transversal de um capacitor plano e as linhas de
força geradas por seu campo elétrico.
Depois de carregado, um capacitor mantém as cargas elétri-
cas em suas placas, uma vez que elas estão isoladas uma da
outra. É possível observar na figura que não há como um elé-
CAPACITOR
tron sair da placa negativa e chegar à positiva, pois o meio
Os capacitores merecem ser estudados com atenção, pois é isolante. Além disso, pode-se concluir que o campo elétri-
possuem uma ampla aplicação tecnológica. co gerado no interior do capacitor é uniforme, uma vez que
É possível encontrar capacitores em diversos equipamentos suas linhas de força são retilíneas. Na realidade, porém, o
eletrônicos, como nos circuitos eletrônicos de aparelhos de que de fato acontece é que, nas bordas das placas, as linhas
televisão, no flash de máquinas fotográficas, em circuitos de forças não são retilíneas como é mostrado na figura. Elas
de ignição e em motores de corrente alternada, em que os são ligeiramente curvas, o que constitui o chamado efeito
capacitores “despejam” sua carga elétrica no circuito em de borda. Entretanto, nos estudos a seguir, esse efeito será
um curto intervalo de tempo. desprezado e o capacitor plano será considerado como um
Existem três tipos básicos de capacitores, representados a capacitor ideal. Assim, o campo elétrico no interior do capa-
seguir: o plano, o cilíndrico e o esférico. Dos três tipos, o citor será considerado uniforme.
mais utilizado é o capacitor plano.

CAPACITOR PLANO CAPACITOR CILÍNDRO CAPACITOR ESFÉRICO

Um capacitor é formado por duas partes metálicas sepa-


radas uma da outra, denominadas armaduras ou placas.
Entre as placas existe um meio isolante, que pode ser ar, SEÇÃO TRANSVERSAL DO CAPACITOR PLANO. A É A PLACA
vácuo ou outro material. PLANA POSITIVA, E B, A PLACA PLANA NEGATIVA.

85
GRÁFICO DA CARGA EM FUNÇÃO DA D.D.P.

É possível observar no gráfico de carga em função da d.d.p.


multimídia: vídeo que a quantidade de carga elétrica armazenada nas placas
do capacitor é diretamente proporcional à d.d.p. (U) entre
FONTE: YOUTUBE
suas placas. Pode-se, então, definir uma constante C:
Capacitores e capacitância
Q=C·U

2. CARGA ELÉTRICA ou
Q
C = __
E CAPACITÂNCIA U
Como foi visto, as placas de um capacitor carregado apre- Na equação:
sentam valores opostos: +Q e –Q. Por definição, a carga ƒ C é aconstante de proporcionalidade denominada ca-
elétrica do capacitor é o módulo Q da carga de uma das pacitância ou capacidade do capacitor;
placas; assim:
ƒ Q é carga elétrica do capacitor;
u +Q u = u –Q u = Q (carga do capacitor)
ƒ U é d.d.p. ou tensão elétrica da bateria.
Para que as placas de um capacitor sejam eletrizadas, é A unidade de capacitância no SI é o farad (F), em home-
preciso ligá-lo a um gerador de corrente contínua (como nagem ao físico Michael Faraday. Assim:
uma bateria, por exemplo). Dessa maneira, uma das pla-
[unidade de carga] _______
unidade de _______________
cas é ligada ao polo positivo da bateria e recebe cargas : = coulomb = farad
capacitância [unidade de tensão] volt
positivas; a outra placa é ligada ao polo negativo e recebe
cargas negativas. À medida que o capacitor é carregado, a C=F
__
V
d.d.p. entre as placas vai aumentando, e, em determinado
momento, a d.d.p. do capacitor e do gerador tornam-se A capacitância de um capacitor depende da sua forma
iguais. Assim, atinge-se o equilíbrio eletrostático entre am- geométrica e do seu tamanho. Dessa maneira, para um
bos, e então o carregamento de cargas no capacitor cessa, capacitor de placas paralelas de área A separadas por
uma vez que o capacitor está completamente carregado. uma distância d, a capacitância é dada por:

A
C = k · «0 · __
d
Em que:
«0: é a permissividade do espaço;
A: é a área das placas;
GRÁFICO DA TENSÃO DURANTE O CARREGAMENTO DO CAPACITOR d: é a distância entre as placas;
k: é a constante dielétrica (se for vácuo k = 1).
De modo geral, os capacitores são peças muito pequenas
que resultam pequenos valores para a capacitância; por
outro lado, a unidade farad é muito grande. Para se ter
uma ideia dessa discrepância, considere como seria medir
o tamanho de uma caneta usando o quilômetro como uni-
GRÁFICO DA TENSÃO DURANTE O DESCARREGAMENTO DO CAPACITOR dade de comprimento. Assim, é muito comum aparecerem

86
nas medidas de capacitância os submúltiplos do farad: mi-
crofarad (mF) = 10–6 F; nanofarad (nF) = 10–9 F; picofarad
(pF) = 10–12 F.

Aplicação do conteúdo
1. Um capacitor de capacitância 2,0 nF foi conectado a
uma bateria de 12 V até ser carregado completamente.
Determine:
a) a carga elétrica adquirida;
b) a d.d.p. necessária para o capacitor ser carregado
com 60 nC. multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Resolução: Para que serve 03: Capacitores
a) Sendo C = 2,0 nF e U= 12 V:

Q = C · U Ÿ Q = 2,0(nF) · 12(V) Ÿ Q = 24 nC

b) A capacitância não varia; portanto, para ter uma


4. O CAPACITOR NO
nova carga, a d.d.p deve se alterar: CIRCUITO ELÉTRICO
Q 60 nC ________ –9
Q = C · U o U = __ = _____ = 60 · 10 o U = 30V Uma vez que o capacitor é formado por duas placas me-
C 2,0 nF 2,0 · 10 –9
tálicas com material isolante entre elas, se o capacitor for
inserido em um ramo de um circuito elétrico, não haverá
3. ENERGIA DE UM CAPACITOR passagem de corrente contínua nesse ramo. Na figura a
seguir, é possível observar que um capacitor foi inserido no
Sabe-se que o capacitor acumula energia elétrica ao estar ramo AB, o que fez com que a corrente elétrica se desviasse
carregado. Assim, para calcular a energia de um capacitor, pelo ramo CD.
utiliza-se seu gráfico de carga (Q) · d.d.p.(U), uma vez que
a área abaixo da curva é numericamente igual à energia i
C D
elétrica, representada por W.
R
carga i i

Q
C
A B
A
Ainda que não haja passagem de corrente elétrica pelo
capacitor, ele fica polarizado, isto é, uma de suas placas
O U ddp
metálicas fica carregada positivamente, e a outra, nega-
Assim, tem-se que a energia W é dada pela área do triân- tivamente. Pode-se afirmar que o capacitor adquiriu certa
gulo hachurado, ou seja: quantidade de carga elétrica Q.

Q·U Há uma d.d.p. entre as duas placas do capacitor que será


b · h Ÿ W = ____
W =N A = ____
2 2 chamada de U e que está relacionada com a sua capaci-
tância C e com a carga Q. Como foi visto, elas se relacio-
Ou, ainda, como Q = C · U nam pela equação:
U
W = C · U · __ Q=C·U
2
Observe no circuito da figura que o capacitor e o resistor
Assim:
estão sob a mesma d.d.p., uma vez que estão ligados em
C · U²
W = _____ paralelo. Assim:
2
d.d.p. no capacitor = d.d.p. no resistor = R · i

87
Desse modo, para a resolução de um circuito elétrico que b) Recolocando o ramo do capacitor novamente:
contenha um capacitor inserido em um de seus ramos, de-
M A
ve-se: = 12 V
ƒ retirar o ramo do capacitor; r = 1,0  R = 3,0  C = 5,0 nF

ƒ resolver o circuito, calculando as intensidades de corrente;


N B
ƒ calcular a d.d.p. entre os dois pontos, onde estava o
ramo do capacitor; A d.d.p. no ramo AB do capacitor é a mesma do ramo MN do
resistor, pois eles estão em paralelo. Para o resistor, tem-se:
ƒ recolocar o ramo retirado e calcular a carga elétrica
do capacitor. U = R · i Ÿ U = 3,0 · 3,0 Ÿ U = 9,0 V

A carga elétrica Q adquirida pelo capacitor é dada por:


Aplicação do conteúdo Q = C · U Ÿ Q = 5 nF · 9 V Ÿ Q = 45 nC
1. Para o circuito da figura, tem-se os seguintes valores:
2. (Esc. Naval) Observe a figura a seguir.
ƒ força eletromotriz do gerador: E = 12 V;
ƒ resistência interna do gerador: r = 1,0 V;
ƒ resistência: R = 3,0 V;
ƒ capacitância: C = 5,0 nF.

M A
 Até o instante da abertura da chave CH, o circuito repre-
sentado na figura anterior se encontrava em regime per-
r C
i manente. Desde o instante da abertura da chave até a lâm-
pada se apagar completamente, observa-se que a energia
N B armazenada no capacitor de capacitância 2,0 F sofre uma
Determine: variação de 0,25 J. Considerando a lâmpada como uma
a) a intensidade de corrente elétrica que percorre resistência R, qual é o valor de R, em ohms?
o circuito; a) 1/2
b) a d.d.p. no capacitor e a carga elétrica nele acumulada. b) 1/3
Resolução: c) 1/4
d) 1/5
a) No capacitor não passa corrente elétrica devido
ao material isolante existente entre as placas. Assim, e) 1/6
pode-se retirá-lo temporariamente do circuito com a
finalidade de calcular a intensidade da corrente elé-
Resolução:
trica no circuito.
Se houve uma variação de energia de 0,25 J na descarga
i do capacitor, então:
U2
E = C ∙ __
2
= 12 V
0,25 ∙ 2
i R = 3,0  U2 = ______
r = 1,0  i 2
U = 0,5 V
i
Como o capacitor está em paralelo com a lâmpada (ou a
resistência R), sabe-se que a tensão em cima da lâmpada é
A intensidade da corrente pode ser calculada pela Lei de a mesma que a tensão em cima do capacitor.
Pouillet:
V0,5 + VR = 2
H= r · i + R · i Ÿ H = (r + R) · i
V0,5 = 2 – 0,5
H Ÿ i = ________
i = ____ 12 Ÿ i = 3,0A
12 = ___
r+R 1,0 + 3,0 4,0 V0,5 = 1,5 V

88
Em regime permanente, não existe corrente circulando a) 100 J
pelo capacitor; assim: b) 150 J
i0,5 = iR c) 200 J

V0,5 __ V d) 300 J
___ = R
0,5 R e) 400 J
1,5 ___
___ 0,5 Resolução:
=
0,5 R
0,5 ∙ 0,5 A energia em um capacitor é dada por:
R = _______ Q∙U
1,5 E = ____
2
R = __1 Ω Analisando o ponto em que a tensão é 4 kV, a carga Q = 0,10 C.
6
Alternativa E Substituindo os valores na equação, segue que:
0,10 ∙ 4 ∙ 103
E = __________ Ÿ E = 200J
2
Alternativa C

4. (Ifsul) Analise as seguintes afirmativas, referentes a


um capacitor de placas planas e paralelas:
I. A capacitância do capacitor depende da carga ar-
mazenada em cada uma de suas placas em determi-
nado instante.
II. A diferença de potencial elétrico entre as placas
do capacitor depende da capacitância e da carga de
cada placa.
multimídia: vídeo III. Quando as placas do capacitor se aproximam, sem que
outros fatores sejam alterados, a sua capacitância aumenta.
FONTE: YOUTUBE
Capacitores | Capacitância e aplicações | Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):
Mãozinha 112 a) I e III apenas.
b) III apenas.
3. (PUC-PR) Fibrilação ventricular é um processo de c) II e III apenas.
contração desordenada do coração que leva à falta de d) I, II e III.
circulação sanguínea no corpo, chamada parada cardior-
respiratória. O desfibrilador cardíaco é um equipamento Resolução:
que aplica um pulso de corrente elétrica através do co- I. INCORRETA. Conforme a expressão: C = ___ HA , a ca-
ração para restabelecer o ritmo cardíaco. O equipamento d
é basicamente um circuito de carga e descarga de um pacitância depende: da área das placas, da distância en-
capacitor (ou banco de capacitores). Dependendo das ca- tre elas e do dielétrico que preenche o espaço entre elas.
Q
racterísticas da emergência, o médico controla a energia II. CORRETA. A ddp no capacitor é U = __ .
elétrica armazenada no capacitor dentro de uma faixa C
III. CORRETA. Conforme a expressão: C = ___ HA , a ca-
de 5 a 360 J. Suponha que o gráfico dado mostra a curva d
de carga de um capacitor de um desfibrilador. O equi- pacitância é inversamente proporcional à distância
pamento é ajustado para carregar o capacitor através entre as placas. Logo, diminuindo a distância entre
de uma diferença de potencial de 4 kV. Qual o nível de elas, a capacitância aumenta.
energia acumulada no capacitor que o médico ajustou?
Alternativa C

5. (EPCAR-AFA) Duas grandes placas metálicas idênti-


cas, P1 e P2, são fixadas na face dianteira de dois carri-
nhos, de mesma massa, A e B.

Essas duas placas são carregadas eletricamente, consti-


tuindo, assim, um capacitor plano de placas paralelas.
Lançam-se, simultaneamente, em sentidos opostos, os car-
rinhos A e B conforme indicado na figura abaixo.

89
Em que:
C é a capacitância;
U é a diferença de potencial;
Q é a intensidade da carga elétrica (constante);
d é a distância entre as placas;
H0 é a permissibilidade absoluta no vácuo;
Desprezadas quaisquer resistências ao movimento do siste- A é a área da placas.
ma e considerando que as placas estão eletricamente isola-
das, o gráfico que melhor representa a ddp, U, no capacitor, Igualando as duas equações e explicitando U, tem-se:
Q
em função do tempo t contado a partir do lançamento é: U = ___ d
H0A
a)
Para o movimento uniformemente variado (MUV): d = v 0t = __a t2
2
Aplicando na equação anterior, fica-se com uma função qua-
drática entre U e t obtendo-se uma parábola com a concavi-
dade voltada para baixo, devido à aceleração negativa.
Q
b) U = ___ v0t + __a t2
( )
H0A 2
Alternativa A

c)

d)

multimídia: sites
www.mundodaeletrica.com.br/como-
funcionam-os-capacitores/
Resolução:
www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/
As duas placas carregadas com cargas contrárias consti- capacitores.htm
tuem um capacitor. Nele, existe uma força de atração entre
www.aulasdefisica.com.br/wp-content/uplo-
as placas que são lançadas em sentido contrário, consti-
ads/2011/09/Resumo-de-Capacitores.pdf
tuindo um movimento uniformemente variado. Essa força
será responsável por desacelerar cada placa até que elas
parem na máxima distância entre elas tendo a máxima di-
ferença de potencial. Em seguida, iniciam o movimento de
aproximação, diminuindo a diferença de potencial à medi-
da que se aproximam, de acordo com as equações:
Q H0 ∙ A
C = __ e C = _____
U d

90
VIVENCIANDO

Capacitores podem ser empregados em diversos circuitos. Os capacitores são encontrados em circuitos retificadores
e circuitos ressonantes, como no caso de um rádio, em que a antena capta ondas que são emitidas pelas estações
de transmissão com frequências diferentes. Como os capacitores são capazes de bloquear correntes contínuas e
alternadas de baixa frequência, eles são utilizados em alto-falantes para separar os sons agudos.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.

A Habilidade 5 se refere a circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano, dentre eles os capacitores. Nesta aula,
foi definido o que é um capacitor e qual é a sua utilidade em circuitos. A Habilidade 5 cobra justamente que o aluno
conheça os diferentes dispositivos e suas funcionalidades.

91
Modelo
(Enem) Atualmente, existem inúmeras opções de celulares com telas sensíveis ao toque (touchscreen). Para decidir
qual escolher, é bom conhecer as diferenças entre os principais tipos de telas sensíveis ao toque existentes no merca-
do. Existem dois sistemas básicos usados para reconhecer o toque de uma pessoa:
• O primeiro sistema consiste de um painel de vidro normal, recoberto por duas camadas afastadas por es-
paçadores. Uma camada resistente a riscos é colocada por cima de todo o conjunto. Uma corrente elétrica passa
através das duas camadas enquanto a tela está operacional. Quando um usuário toca a tela, as duas camadas
fazem contato exatamente naquele ponto. A mudança no campo elétrico é percebida, e as coordenadas do ponto
de contato são calculadas pelo computador.
• No segundo sistema, uma camada que armazena carga elétrica é colocada no painel de vidro do monitor. Quan-
do um usuário toca o monitor com seu dedo, parte da carga elétrica é transferida para o usuário, de modo que
a carga na camada que a armazena diminui. Esta redução é medida nos circuitos localizados em cada canto do
monitor. Considerando as diferenças relativas de carga em cada canto, o computador calcula exatamente onde
ocorreu o toque.
ADAPTADO DE: HTTP://ELETRONICOS.HSW.UOL.COM.BR. ACESSO EM: 18 SET. 2010.
O elemento de armazenamento de carga análogo ao exposto no segundo sistema e a aplicação cotidiana correspon-
dente são, respectivamente:
a) receptores e televisor; d) fusíveis e caixa de força residencial;
b) resistores e chuveiro elétrico; e) capacitores e flash de máquina fotográfica.
c) geradores e telefone celular;

Análise expositiva - Habilidade 5: Dispositivos que armazenam carga elétrica são denominados capacitores
E ou condensadores. A carga armazenada é descarregada num momento oportuno, como por meio do fila-
mento de uma lâmpada de máquina fotográfica, emitindo um flash.
Alternativa E

DIAGRAMA DE IDEIAS

• PLANO
ARMAZENA
• CILÍNDRICO CAPACITORES
CARGA ELÉTRICA
• ESFÉRICO

• ÁREAS DAS PLACAS


CAPACITÂNCIA • DISTÂNCIA DAS PLACAS
• PERMISSIVIDADE DE MEIO

ENERGIA
ARMAZENADA

92
AULAS ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES
33 E 34
COMPETÊNCIAS: 2, 5 e 6 HABILIDADES: 5, 6, 7, 17 e 22

1. INTRODUÇÃO A

A associação de capacitores é realizada a partir da conexão


entre dois ou mais capacitores. A figura a seguir ilustra dois
modos diferentes de ligação entre os capacitores. U
Ceq (Q)

B
CAPACITOR EQUIVALENTE

ƒ A d.d.p. da associação de capacitores e a d.d.p. do ca-


pacitor equivalente devem ser iguais:
B
Ueq = U
ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES EM PARALELO
ƒ A carga elétrica armazenada pelo capacitor equivalen-
A te deve ser igual à carga da associação:
Qeq = Qassoc = Q

Em consequência, a capacitância equivalente é dada por:


Q
C = Qeq · U ou Ceq = __
U
A seguir, serão estudadas as associações em série e em
B paralelo. Será analisada qual deve ser a relação entre a ca-
ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES EM SÉRIE pacitância equivalente e a capacitância de cada um dos
capacitores associados.
A associação em paralelo é feita conectando ambos os
terminais dos capacitores. A associação em série é feita co-
nectando apenas um terminal de cada capacitor.
Para simplificar, o capacitor será nomeado por sua capa-
citância. Desse modo, ao fazer referência ao capacitor de
capacitância C1, será mencionado apenas capacitor C1.

2. CAPACITOR EQUIVALENTE
Uma associação de capacitores pode ser representada por
apenas um capacitor equivalente que se comporte com as
mesmas propriedades da associação. A capacitância do capa- multimídia: vídeo
citor equivalente é denominada capacitância equivalente.
FONTE: YOUTUBE
Para que haja equivalência entre o capacitor equivalente e a Capacitores em paralelo
associação, as seguintes propriedades devem ser satisfeitas:

93
3. ASSOCIAÇÃO DE Cada capacitor terá a sua própria carga elétrica. Assim:
Q1 = carga elétrica do capacitor C1
CAPACITORES EM PARALELO Q2 = carga elétrica do capacitor C2
As figuras a seguir ilustram a associação de dois ou
Q3 = carga elétrica do capacitor C3
mais capacitores.
Nesse tipo de associação, as placas de mesma polaridade
A
são ligadas entre si, isto é, as placas positivas são ligadas a
placas positivas, e as placas negativas são ligadas a placas
negativas . Assim, a carga elétrica da associação é igual à
soma das cargas elétricas parciais de cada capacitor:
C1 C2
Qeq = Q1 + Q2 + Q3 = Q

Assim, encontra-se a seguinte relação:


Q1 = C1 · U Q2 = C2 · U Q3 = C3 . U

B Q1 + Q2 + Q3 = C1 · U + C2 . U + C3 · U
DOIS CAPACITORES EM PARALELO Q = (C1 + C2 + C3) · U
A
Pela definição de capacitância equivalente, tem-se:
Q = Ceq · U
C1 C2 C3
Ceq = C1 + C2 + C3
B Essa equação pode ser generalizada para n capacitores em
paralelo, e, assim:
TRÊS CAPACITORES EM PARALELO

Os capacitores associados em série podem ser carregados a apar- Ceq = C1 + C2 + ... + Cn


tir da ligação de uma bateria nos terminais A e B da associação.
A capacitância equivalente de uma associação em pa-
A ralelo é igual à soma das capacitâncias parciais.
+

+ + +
C1
-
C2
- -
Aplicação do conteúdo
1. Calcule a capacitância equivalente da associação de
-
3 capacitores ligados em paralelo.
B
A
CAPACITORES EM PARALELO LIGADOS AOS TERMINAIS DE UMA BATERIA
2,0 μF 5,0 μF 6,0 μF
A polaridade adquirida pelos capacitores é determinada
pela polaridade de ligação da bateria. As placas dos ca-
B
pacitores ligadas ao polo positivo da bateria adquirem
polaridade positiva (carga positiva). As placas conectadas Resolução:
ao lado negativo da bateria adquirem polaridade negativa
Nesse caso, a capacitância equivalente é dada pela soma
(carga negativa).
das capacitâncias de cada um dos capacitores:
A d.d.p. em cada capacitor é igual à d.d.p. da bateria:
Ceq = C1 + C2 + C3 Ÿ Ceq = 2,0 mF + 5,0 mF + 6,0 mF
U = VA – VB Ÿ Ceq = 13,0 mF

Na associação em paralelo, a d.d.p de todos os capa-


citores são iguais.

94
2. Calcule a carga elétrica acumulada por uma associa- C1
ção em paralelo, conhecidas as capacitâncias e a tensão A C2
C3
elétrica fornecida pela bateria. B
Dados: C1 = 2,0 mF e C2 = 3,0 mF. ASSOCIAÇÃO AB DE TRÊS CAPACITORES EM SÉRIE

A Para os capacitores serem carregados, a associação em


série deve ser ligada a uma bateria pelos terminais A e B,
C1 C2
9.0 V como na figura.

Resolução:

Em primeiro lugar, calcule a capacitância equivalente da


associação:
Ceq = C1 + C2 = 2,0 mF + 3,0 mF Ÿ Ceq = 5,0mF
Em razão da ocorrência de indução total entre as duas pla-
A A cas, na associação em série todos os capacitores adquirem
a mesma carga elétrica Q.
9.0 V C1 C2 Ceq
Q1 = Q2 = Q3 = Q
B
B
Entretanto, as cargas não se somam e a carga da associa-
ção é apenas Q.
A seguir, aplique a definição de capacitância equivalente:
Q = Ceq · U Ÿ Q = 5,0 mF · 9,0 Ÿ Q = 45,0mC A carga elétrica de uma associação de capacitores em
série é igual à carga Q de cada um dos capacitores.

4.1. Outras propriedades


da associação em série
Em uma associação em série, a tensão em cada um dos capaci-
tores é determinada pela capacitância individual dos capacitores:
Q
Q = C · U ou U = __
C
Assim:
Q Q Q
multimídia: vídeo U1 = __1 U2 = __2 U3 = __3
C1 C2 C3
FONTE: YOUTUBE A tensão entre os terminais da associação é a soma das
Associação de capacitores em série tensões parciais de cada um dos capacitores:

4. ASSOCIAÇÃO DE
UAB = U1 + U2 + U3

O capacitor equivalente deverá ter d.d.p. igual à d.d.p total


CAPACITORES EM SÉRIE da associação e carga igual a Q. Assim:
Na associação em série, o terminal de um capacitor é li- A
gado a outro de forma sequencial. Observe, nas figuras a
seguir, a ligação em série de capacitores:
+
Ceq (Q) U
-
C1 C2
A B
B
ASSOCIAÇÃO AB DE DOIS CAPACITORES EM SÉRIE CAPACITOR EQUIVALENTE

95
Q
UAB = ___
Ceq 5. ASSOCIAÇÃO MISTA
Utilizando as equações de cada um dos capacitores, ob- A associação mista é a ligação de capacitores, tanto em
tém-se: série como em paralelo, em um mesmo circuito elétrico.
Por exemplo, um capacitor pode ser ligado em paralelo em
Q
___ Q Q Q 1 = __ 1 + __
1 + __ 1 uma associação em série incial. A figura a seguir ilustra
= __ + __ + __ Ÿ ___
Ceq C1 C2 C3 Ceq C1 C2 C3 exemplos de associações mistas.
Generalizando essa equação para n capacitores associados
em série, encontra-se: A B A B

___ 1 = __
1 = __ 1 + __
1 + ... + __
1
Ceq C1 C2 C3 Cn EXEMPLOS DE ASSOCIAÇÃO MISTA DE CAPACITORES

Em uma associação de capacitores em série, o inverso Para determinar a capacitância equivalente de um circuito
da capacitância equivalente é igual à soma dos inversos de associação mista de capacitores, deve-se reduzir pro-
das capacitâncias parciais. gressivamente o circuito em combinações simplificadas de
associações em série ou em paralelo. Esse procedimento
varia de caso para caso.

A seguir, serão analisados alguns exemplos de como deter-


minar a capacitância equivalente. Observe que:
Cs = capacitância equivalente de uma associação de capa-
citores em série.
Cp = capacitância equivalente de uma associação de capa-
citores em paralelo.

Aplicação do conteúdo
1. Determine a capacitância equivalente da associação
multimídia: vídeo AB indicada na figura, adotando os seguintes valores
FONTE: YOUTUBE de capacitância: C1 = 5,5 mF; C2 = 6,5 mF; C3 = 4,0 mF:
Capacitores em série
C1
Aplicação do conteúdo
1. Calcule a capacitância da seguinte associação de ca- A B
pacitores em série:
C3

C2
6,0 μF 12 μF 4,0 μF
Resolução:
Resolução:
Como C1 e C2 estão em paralelo, as suas capacitâncias de-
Utilizando a expressão para a capacitância equivalente:
vem ser somadas para se obter Cp. Os capacitores Cp e C3
___ 1 + __
1 = __ 1 + __
1 Ÿ ___
1 = ______ 1 + ______
1 + ______ 1 compõem, então, uma associação em série:
Ceq C1 C2 C3 Ceq 6,0 mF 12 mF 4,0 mF
C1
2,0 1,0 3,0 6,0
= _____ + _____ + _____ = _____
12 mF 12 mF 12 mF 12 mF A B A
Cp C3
B
Ceq

C3 (3,0 μF)
12 mF Ÿ C = 2,0 mF
Ceq = ___
(12,0 μF) (4,0 μF)
C2
6,0 eq

96
Cp = C1 + C2 = 5,5 mF + 6,5 mF Ÿ Cp = 12,0 mF a) a capacitância equivalente;
1 + __
1 = __ 1 = _______ 1 = _______
1 + ______ 4 Ÿ b) a carga de cada capacitor;
___
Ceq C1 C2 12,0 mF 4,0 mF 12,0 mF c) a d.d.p. em cada capacitor.
12 mF
Ceq = _____ Ÿ Ceq = 3 mF Resolução:
4
a) A capacitância equivalente pode ser obtida pela
2. Considere a associação mista de capacitores mostrada associação de dois capacitores em série:
na figura a seguir, em que C1 = 3,0 mF está em série com
C2 = 6,0 mF. Essa associação, por sua vez, está em parale- C1 · C2 60 · 30 mF Ÿ
Ceq = ______ Ÿ Ceq = _______
lo com C3 = 7,5 mF. Determine a capacitância equivalente C1 + C2 60 + 30
entre os terminais A e B da associação mista.
Ÿ Ceq = 20 mF
A
b) A carga da associação é calculada pela capacitân-
cia equivalente:
C1
Q = Ceq · U Ÿ Q = 20 mF · 45 V Ÿ
C3
C2
Ÿ Q = 900 mC
B
Desse modo, o capacitor equivalente terá carga de 900 mC,
Resolução: assim como cada um dos capacitores associados em série:

Como C1 e C2 estão em série, deve-se calcular sua capaci- Q1 = Q2 = Q = 900 mC


tância equivalente Cs; assim:
C1 + C2 C1 · C2 c) A d.d.p. em cada um dos capacitores é individual,
1 = __
__ 1 + __1 Ÿ __ 1 = ______ Ÿ Cs = ______ Ÿ
Cs C1 C2 Cs C1 · C2 C1 + C2 ou seja, cada capacitor terá sua própria d.d.p., e o
somatório delas será igual aos 45 V da associação.
3,0 · 6,0 18,0
Cs= ________ mF = ____ mF Ÿ Cs = 2,0 mF Q1 = C1 · U Ÿ 900 mC = 60 mF · U1 Ÿ
3,0 + 6,0 9,0
Um novo circuito paralelo é obtido. Desse modo, a capaci- Ÿ U1 = 15 V
tância equivalente é:
Q2 = C2 · U Ÿ 900 mC = 30 mF · U2 Ÿ
A
Ÿ U2 = 30 V
Observe que 15 V + 30 V = 45 V (d.d.p. da associação).
Cs C3

Ceq = Cs + C3 Ÿ Ceq = (2,0 + 7,5) mF Ÿ Ceq = 9,5 mF

No caso da associação de apenas dois capacitores em sé-


rie, a capacitância equivalente também pode ser calculada
pela expressão:
C1 · C2
Ceq = ______
C1 + C2
multimídia: sites
3. A figura mostra uma associação de capacitores C1 = 60 mF
e C2 = 30 mF. A associação é submetida a uma d.d.p. de 45 V www.colegioweb.com.br/capacitores/
entre terminais A e B. Determine:
associacao-de-capacitores.html
www.infoescola.com/eletricidade/associacao-
A B de-capacitores/
C1 C2

97
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.

A Habilidade 5 se refere a circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano, dentre eles os capacitores. Nesta aula,
caberá ao aluno saber reconhecer e aplicar as diferentes associações entre os capacitores.

Modelo
(Enem) Um cosmonauta russo estava a bordo da estação espacial MIR quando um de seus rádios de comunicação que-
brou. Ele constatou que dois capacitores do rádio de 3 μF e 7 μF ligados em série estavam queimados. Em função da
disponibilidade, foi preciso substituir os capacitores defeituosos por um único capacitor que cumpria a mesma função.

Qual foi a capacitância, medida em μF, do capacitor utilizado pelo cosmonauta?


a) 0,10
b) 0,50
c) 2,1
d) 10
e) 21

Análise expositiva - Habilidade 5: Como os capacitores estavam ligados em série, a capacitância do capa-
C citor equivalente é dada por:
C1C2 3 ∙ 7 Ÿ C = 2,1 μF
Ceq = _______ = _____ eq
C1 + C2 3 + 7
Alternativa C

98
DIAGRAMA DE IDEIAS

CAPACITORES

ASSOCIAÇÃO

SÉRIE PARALELO

CAPACITOR
EQUIVALENTE

CARGAS TENSÕES
IGUAIS IGUAIS

TENSÃO NOS SOMATÓRIA CARGA SOMATÓRIA


TERMINAIS
= DAS TENSÕES EQUIVALENTE
= DAS CARGAS

99
Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em pe-
ríodo integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos
de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto
contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de
material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A
seguir, apresentamos cada seção:

incidência do tema nas principais provas vivenciando

De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreensão
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas
o território nacional. para além da superficial memorização de fórmulas ou regras. Para
evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida
a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma
preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre
aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em
teoria seu dia a dia.

Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção


tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas aplicação do conteúdo
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua-
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados,
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e comenta-
dos, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil com-
preensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos
do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer
momento, as explicações dadas em sala de aula.
multimídia
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidadosa
seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório
do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com áreas de conhecimento do Enem
indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é en-
contrado em subcategorias que facilitam o aprofundamento nos Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
sugestões de aplicativos que facilitam os estudos, com conteúdos aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
o conhecimento do nosso aluno. Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-
conexão entre disciplinas -las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos diagrama de ideias
conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abrangem
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los
conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Bio-
em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aque-
logia e Química, História e Geografia, Biologia e Matemática, entre
les que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio
outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade
de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas
de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizan- Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
do temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos
cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organiza-
grande engrenagem no mundo em que ele vive. ção dos estudos e até a resolução dos exercícios.

Herlan Fellini

1
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2020
Todos os direitos reservados.

Autores
Caco Basileus
Herlan Fellini
Felipe Filatte
Kevork Soghomonian

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Imagens
Freepik (https://www.freepik.com)
Shutterstock (https://www.shutterstock.com)

ISBN: 978-65-88825-06-8

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo
o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos
direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre-
sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.

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2
SUMÁRIO
FÍSICA
MECÂNICA
Aulas 35 e 36: Trabalho, potência e rendimento  6
Aulas 37 e 38: Energias cinética, potencial e mecânica  19
Aulas 39 e 40: Energia mecânica  29
Aulas 41 e 42: Impulso e quantidade de movimento  42
Aulas 43 e 44: Conservação da quantidade de movimento  49

ONDULATÓRIA
Aulas 35 e 36: Movimento harmônico simples  62
Aulas 37 e 38: Introdução à ondulatória 72
Aulas 39 e 40: Fenômenos ondulatórios 83
Aulas 41 e 42: Acústica 98
Aulas 43 e 44: Tubos e cordas  112

ELETROMAGNETISMO
Aulas 35 e 36: Leis de Kirchhoff 124
Aulas 37 e 38: Campo magnético: ímã 133
Aulas 39 e 40: Campo magnético gerado por uma corrente 140
Aulas 41 e 42: Força magnética em partículas 149
Aulas 43 e 44: Força magnética em fios  159

3
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.

4
MECÂNICA: Incidência do tema nas principais provas

A prova sempre explora o tema energia e suas O tema energia mecânica é recorrente
aplicações, com questões interdisciplinares na prova.
que envolvem diversos tipos de energia, como
potencial e cinética.

Os temas conservação da quantidade de movimento Dentre os temas abordados neste livro, O tema energia mecânica é recorrente na prova,
e energia mecânica são recorrentes na prova. os de maiores incidência na prova são relacionado com outros temas da Física.
conservação da quantidade de movimento
e energia mecânica.

Dentre os temas abordados neste livro, pode A prova tem uma grande variação de temas, A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas,
aparecer energia mecânica relacionada com porém, os conteúdos impulso de uma força e temas. Eventualmente, podem aparecer porém, conservação da quantidade de
movimento uniformemente acelerado (MRUV), conservação de energia podem aparecer. trabalho de uma força e conservação de movimento e energia aparecem com alguma
exigindo do candidato conhecimento das energia mecânica, com questões bem frequência.
equações. objetivas.

UFMG

A prova tem uma grande variação de temas. A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas,
Eventualmente, podem aparecer questões temas, porém, há certa frequência de porém, pode aparecer uma questão sobre
sobre problemas de mecânica que relacionam questões sobre energia mecânica, com conservação de energia.
energia, velocidade e posição dos corpos, questões que exigem análise dos movi-
exigindo um alto nível de manipulações em mentos por meio de gráficos.
equações horárias de movimento.

Eventualmente, podem aparecer questões A prova tem uma grande variação de temas. A prova tem uma grande variação de temas,
sobre quantidade de movimento e energia Eventualmente, podem aparecer trabalho de porém, podem aparecer questões sobre
cinética de corpos. uma força e energia mecânica, com questões conservação de energia mecânica e trabalho
bem objetivas. de forças em um corpo.

5
AULAS Trabalho, potência e rendimento
35 e 36
Competências: 3, 5 e 6 Habilidades: 8, 17 e 23

1. Trabalho de uma força constante ​___›


O corpo​_›_ ilustrado na figura a seguir se desloca em uma trajetória retilínea. O deslocamento do corpo é d ​ ​ .   Considere uma
força F ​
​   constante atuando no corpo, isto é, o módulo, a direção
​___› e o sentido da força são
​_›_ constantes, ainda que essa força
seja aplicada sob um ângulo q em relação ao deslocamento d ​ ​   é representado pela letra grega t
​ .   O trabalho da força F ​
(lê-se “tau”) e é definido por:

t = F ∙ d ∙ cos q

No SI, a unidade de trabalho é o joule, cujo símbolo é J.


O fator cos q é adimensional, ou seja, não tem unidade. Assim:
(unidade de t) = (unidade de F) ⋅ (unidade de d)
J=N⋅m
Dessa forma, 1 J é igual ao produto de 1 N por 1 m.
O valor de cos θ varia de –1 a 1, dependendo do ângulo θ, de modo que é possível separar a equação do trabalho em duas situ-
ações, uma delas considerando o ângulo θ agudo, ou seja, 0 < q < 90º; nesse caso, cos q > 0, e, portanto, o trabalho será positivo.

<

Para um ângulo q obtuso, ou seja, 90º < q < 180º, tem-se cos q < 0, e o trabalho será negativo.
Para os valores de q = 0, q = 90º e q = 180º, as situações são ainda mais simplificadas. Observe a imagem a seguir:

6
Em geral, quando 0 ≤ q < 90º, o trabalho é positivo, e a
força age sobre o corpo de modo a aumentar sua veloci-
dade, ou seja, a força “ajuda” o movimento. Nesses casos,
afirma-se que se trata de um trabalho motor. Quando
90º < q ≤ 180º, o trabalho é negativo, e a força atua di-
minuindo a velocidade do corpo, isto é, a força “se opõe”
ao movimento. Nesses casos, afirma-se que se trata de um
trabalho resistente.
Quando o trabalho é nulo, o que ocorre para q = 90º, a for-
ça não contribui para o movimento do corpo. Nesse caso, a
força é perpendicular ao deslocamento.

1.1. O trabalho total Resolução:


​____›
O trabalho da força F e o trabalho da força de atrito F​ A ​   são:
Quando mais de uma força atua sobre um corpo, cada uma
delas realiza trabalho. Por definição, o trabalho total ao
longo de um deslocamento é a soma dos trabalhos de
cada uma das forças:

ttotal = tF1 + tF2 + tF3 + tF4 + ...


_​›_
Considerando que a resultante dessas forças seja F ​ ​ R  , é pos-
sível demonstrar_​que o trabalho total é igual ao trabalho da
›_
força resultante F ​
​ R  :

tF = F d ∙ cos q = (100)(5,0)(0,80) = 400


tF = 400 joules = 400 J

tFA = FA ∙ d ∙ cos 180º = (20)(5,0)(–1)


tFA = –100 joules = –100 J
​____› ​___›
As forças F​N ​  e P ​
​    são perpendiculares ao deslocamento e,
portanto, seus trabalhos são nulos:
tP = tFN = 0
Assim, o trabalho total é:
ttotal = tF + tFA + tP + tFN = (400 J)
+ (–100 J) + 0 + 0 = 300 J
Calcule o trabalho total novamente, mas através do traba-
tFr = ttotal
lho da força resultante FR.

Aplicação do conteúdo
1. A figura a seguir mostra um bloco apoiado em uma su-
perfície
​__› horizontal, sendo puxado para a direita por uma
força ​F ​   de intensidade
​___› F = 100 N. Sob o bloco ​___› também
atuam o peso ​P ​  , a normal e a força de atrito ​FA  ​ . Supondo
P = 90 N, FA= 20 N, sen q = 0,60​___› e cos q = 0,80, e que o
deslocamento do bloco foi de d ​ ​    = 5 N, calcule o traba-
lho de cada força e o trabalho total.

7
2. Trabalho quando a
força é variável ou a
trajetória é curva
No tópico anterior, o trabalho de uma força constante foi
definido para o movimento de um corpo em uma trajetória
retilínea. Caso a força não seja constante, ou a trajetória
não seja retilínea, ainda em ambos os casos, faz-se a se-
guinte aproximação: a trajetória é dividida em diversos se-
guimentos bem pequenos, de modo que cada trecho possa
ser aproximado por uma trajetória retilínea, em que a força
é aproximadamente constante. Assim, para cada trecho,
obtém-se o trabalho pela expressão:

Decompondo a força F nas componentes horizontal Fx e


vertical Fy, tem-se:

Fx = F ∙ cos q = (100N)(0,80) = 80 N
Fy = F ∙ sen q = (100N)(0,60) = 60 N
t = F ∙ d ∙ cos q

A força resultante é dada pelas duas componentes hori- O trabalho na força em questão, na trajetória curva, é obti-
zontais: do pela soma do trabalho em cada trecho.

FR = Fx – FA = (80 N) – (20 N) = 60 N O cálculo exato desse procedimento requer a aplicação do


cálculo integral. Contudo, existem alguns casos particula-
tFR = FR ∙ d ∙ cos 0º = (60 N)(5,0 m) = 300 J res que serão analisados a seguir.
Então, conclui-se que:
ttotal = tFR 2.1. Força variável
Em primeiro lugar, considere o caso de deslocamento _​›_ re-
tilíneo de um bloco sob a​_›_ ação de uma força F ​​   constante
_​›_ F ​
(figura a seguir). A força ​   pode ser_​›_ decomposta nas com-
ponentes tangencial (​F ​t  ) e normal (​F ​n  ) , e, assim, o trabalho
é dado por:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Trabalho de um força - Mãozinha em Física
011
Ft = F ∙ cos q

8
tF = F ∙ d ∙ cos q = (F ∙ cos q) ∙ d = Ft ∙ d
_​›_
Dessa forma,
​_›_ o trabalho da força F ​
​   e o da sua componente
​ t   são iguais. O produto Ft ⋅ d é numericamente
tangencial F ​
igual à área da região colorida na figura a seguir.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Trabalhar como área sob a curva | Trabalho
e energia |...
tFt = Ft ∙ d
_​›_
​   variável, e qualquer formato de trajetória,
Para uma força F ​
o trabalho pode ser obtido se o gráfico da componente
2.2. Força-peso
tangencial da força pela posição for conhecido. Nesse caso, Como exemplo, considere o movimento da partícula na
a área da região entre S1 e S2 e a curva da componente figura a seguir, de um ponto A para um ponto B, próximo
tangencial são numericamente iguais ao trabalho da força à superfície da Terra, ao longo de uma trajetória qualquer.
(como no caso anterior). Devido ao movimento ser próximo ​___› à superfície, pode-se
considerar que o valor do peso P ​ ​   da partícula é constante.
Nesse caso, é​___›possível demonstrar que o módulo do traba-
lho do peso P ​
​   durante o deslocamento é dado por:

|tAB| = P ∙ h

O valor de h é o desnível entre os pontos A e B (diferença


Por convenção, quando o gráfico ​_›_ está acima do eixo hori-
de altura ao longo da direção vertical). Se a partícula se
zontal, o trabalho é positivo (​F ​t   tem o mesmo sentido do
mover para baixo, ou seja, se o ponto A estiver mais alto
movimento). Quando o gráfico​_›_ está abaixo do eixo hori-
que o ponto B, o trabalho será positivo, uma vez que o
zontal, o trabalho é negativo (​F ​t   tem sentido oposto ao do
movimento da partícula ocorrerá no mesmo sentido da for-
movimento).
ça-peso. Se a partícula subir, ou seja, se o ponto A estiver
abaixo do ponto B, o movimento da partícula será contrá-
rio ao peso, e o trabalho será negativo.
tAB = + Ph e tBA = – Ph

2.3. Forças conservativas


No caso anterior, o trabalho da força-peso entre dois pon-
tos A e B não depende da trajetória da partícula, apenas

9
das posições inicial e final que determinam o valor de h. As resistente. Para realizar o exercício, o elástico pode ser
forças que têm essa característica são denominadas for- puxado tanto pelas mãos quanto pelas pernas.
__
​›
ças conservativas. Observe a seguir a razão disso.
Quando o elástico começa a ser esticado ​____›
com uma força  ​ 
F​  
, o elástico exerce uma força elástica F​el ​ de resistência, ou
2.3.1. Força centrípeta e força normal seja, essa força de resistência tenta impedir que o elástico
No caso da força centrípeta (resultante ou não) que atua seja ainda mais distendido. Assim, à medida que a força
sobre uma partícula em movimento circular, o trabalho pode que puxa o elástico aumenta, maior é a força de resistência
ser obtido pelo método exemplificado anteriormente. A tra- causada pelo elástico. Dessa forma, é cada vez mais difícil
jetória é dividida em pequenos trechos que podem ser consi- estender o elástico. Caso a força aplicada sobre o elástico
derados como aproximadamente retilíneos (figura a seguir). diminua, a força elástica fará com que o elástico retorne à
configuração inicial sem deformação. No caso do elástico,
a constante elástica k é a propriedade relacionada à “resis-
tência” do elástico, isto é, ela determina o quanto de força
é necessário para esticá-lo de uma certa quantidade.
O gráfico da força aplicada pela deformação é dado pela
lei de Hooke (F = kx). Considerando o exemplo do alonga-
mento do elástico e adotando o sentido da esquerda para
a direita como positivo, tem-se o gráfico:

Como a força centrípeta é perpendicular ao deslocamento,


o trabalho é nulo em cada trecho. O trabalho de uma força
centrípeta é a soma do trabalho em cada trecho; portanto,
o trabalho é nulo.
A mesma situação ocorre para a força normal no movi-
mento retilíneo ou curvo de um corpo em uma superfície. O trabalho é obtido pela área do triângulo da figura, uma
vez que, numericamente, a área desse triângulo é igual ao
trabalho da força. Para o caso de uma força em uma mola,
tanto ao comprimi-la quanto ao esticá-la, o raciocínio é o
mesmo, mas, nesse caso, como o deslocamento da mola
pode ocorrer nos dois sentidos, as forças de distensão e
compressão na mola são variáveis. Contudo, o trabalho
também é obtido pela área do triângulo, como indicado
na figura.

​ 1 ​ kx2 e  tFel = – ​ __


tF = __ 1 ​ kx2
2 2

__
​›
No exemplo do elástico, o trabalho realizado pela força  ​ 
F​  
Em cada trecho, a força normal é perpendicular ao movi- exercida pela pessoa corresponde à energia que fica arma-
mento; portanto, o trabalho é nulo. zenada na mola sob a forma de energia potencial elástica,
como será visto adiante.

3. Trabalho da força elástica A força elástica sempre se opõe à deformação da mola,


tendendo a levá-la para a posição de equilíbrio (mola não
Nas academias de ginástica, é comum haver um apare- deformada). Desse modo, a força elástica realizará trabalho
lho para fortalecer os músculos feito de um elástico bem positivo ou negativo.

10
Em geral, pode-se dizer que o trabalho exercido por uma
mola durante um deslocamento, em que inicialmente sua
deformação é x1 e depois x2, é dado por:
1 ​ ∙ k ∙ (x 2 – x 2)
tFel = – ​ __
2 2 1

Assim, se a deformação da mola aumentar (x2 > x1), o tra-


A potência média (Pm) de uma força, no intervalo de
balho da força elástica será negativo (tFel < 0). E se a mola
tempo (Dt), é a razão entre o trabalho dessa força (t) e o
tiver reduzida sua deformação (x2 < x1), o trabalho da força
intervalo de tempo:
elástica será positivo (tFel > 0).
Pm = ___
​  τ  ​ 
t

Como exemplo, considere que, em 6 segundos, uma força


tenha realizado trabalho de 30 joules. A potência média
dessa força será:
30 joules
Pm = ___
​  τ  ​ = _________
​    ​ 
= 5 joules/segundo = 5 J/s
t 6 segundos
Assim, essa força terá realizado, em média, um trabalho de
5 joules a cada segundo.
No Sistema Internacional, a unidade de potência é o watt,
multimídia: vídeo cujo símbolo é W. Da equação anterior:
Fonte: Youtube 1 W = 1 J/s
Física - Introdução ao trabalho e energia No exemplo dado, a potência, em watts, é:
(Khan Academy)
Pm = 5 J/s = 5 watts = 5 W

4. Potência média de uma força 5. Potência instantânea


A figura a seguir ilustra simplificadamente um motor que é A potência instantânea é uma potência para um instan-
usado para movimentar um elevador. Quando o elevador é te de tempo específico. Geralmente, o cálculo da potência
​__›
erguido, a força F ​ ​  aplicada sobre o elevador realiza trabalho. instantânea é complexo. No entanto, a potência instantâ-
Dois motores diferentes podem ter desempenhos diferentes, nea pode ser calculada pela mesma fórmula da potência
isto é, a força aplicada por cada motor pode ser diferente e, média nos casos em que a potência é constante.
nesse caso, o trabalho realizado por cada um, em um certo
intervalo de tempo, será diferente. Nesse caso, considera-
-se que aquele que realizar a maior quantidade de traba- 6. Potência e velocidade _​›_
lho nesse intervalo de tempo terá maior potência. Assim, a Considere, como ilustrado na figura, uma força constante F ​​   
potência pode indicar com que rapidez um trabalho está ​___› um intervalo de tempo Dt
agindo sobre um bloco durante
sendo realizado. e causando o deslocamento d ​​   do bloco.

11
A potência média da força nesse intervalo de tempo é:
8. Potência e energia
Foi considerado anteriormente o cálculo da potência por
meio do trabalho de uma força. Entretanto, o conceito de
potência aplica-se, em geral, a qualquer processo em que
exista fluxo de energia. Se uma quantidade de energia DE
for fornecida ou recebida por um sistema no intervalo de
tempo Dt, a potência média fornecida (ou recebida) por

(  )
esse sistema será:
Pm = ___ ​ F ⋅ d ⋅  ​
​  τ  ​  =_________ cos u 
=
  ​  d  ​   ​∙ cos q
F ∙ ​___
t t t E  ​
Pm = F ∙ vm ∙ cos u Pm = ​​ ___
t ​
Em que vm é o módulo da velocidade média. A potência instantânea também é definida do mesmo modo
No caso de valores instantâneos, sendo P a potência ins- para um instante de tempo específico. Como anteriormente,
tantânea e v a velocidade instantânea, tem-se: nos casos em que a potência é constante, a fórmula é válida.
A propriedade gráfica vista para potência também pode ser
P = F ∙ v ∙ cos q utilizada nesse caso mais geral da potência.
Quando a força é paralela à velocidade, tem-se q = 0°,
e, nesse caso particular, como cos 0° = 1, a potência é Aplicação do conteúdo
dada por:
1. Um ferro elétrico de passar roupas tem a especifica-
P=F∙v ção de potência igual a 2.000 W. Caso esse ferro seja
utilizado durante 3,0 horas, qual será a energia elétrica

7. Propriedade gráfica
consumida?

Resolução:
Considere o gráfico a seguir da potência em função do
tempo. Nesse caso, a potência é constante ao longo do A indicação 2.000 W significa que a potência consumida é
tempo. A área da região colorida é numericamente igual ao 2.000 W, ou seja, lembrando que:
trabalho t realizado no intervalo de tempo Dt: 1 W = 1J / 1 s
A cada segundo são consumidos 2.000 joules de energia
elétrica (que é transformada em calor). Então:
Dt = 3,0 horas = (3,0)(3.600 s) = 10.800 segundos
Assim:

​ E ​ ⇒ DE = P ⋅ (Dt) = (2.000 W) (10.800 s)


P = ___
t
= 2,16 ∙ 107 W ∙ s
DE = 2,16 ⋅ 107 joules ≅ 20 milhões de joules
​  τ  ​  ⇒ t = P ∙ (Dt)
P = ___
t
Essa propriedade também é válida quando a potência é va-
riável. Assim, para a potência variável do gráfico da figura, 9. Outras unidades de
a área da região colorida também é numericamente igual
ao trabalho realizado no intervalo de tempo Dt.
energia e de potência
9.1. O quilowatt-hora
Na prática, a unidade joule é uma medida de energia muito
pequena em comparação com a energia consumida pelos
aparelhos comuns (como podemos perceber na resolução
do exercício anterior). Assim, uma outra unidade de ener-
gia, o quilowatt-hora, cujo símbolo é kWh, é utilizada.
A energia correspondente à potência de 1 kW durante 1
hora é, por definição, igual a 1 kWh. Então:

12
1 kWh = (1 kW)(1 h) = (103 W)(3.600s) = 3,6 uma massa de 50 gramas pendurada, em repouso, em
⋅ 106 W ⋅ s = 3,6 ⋅ 106 joules = 3,6 ∙ 106 J sua outra extremidade. O trabalho realizado pela fibra
sobre a massa, ao se contrair 10% erguendo a massa
1 k Wh = 3,6 ∙ 106 J até uma nova posição de repouso, é:
Se necessário, utilize g = 10 m/s2.
No exercício do ferro de passar roupas, a energia em kWh a) 5 ∙ 10-3 J.
consumida pelo ferro de passar é: b) 5 ∙ 10-4 J.
c) 5 ∙ 10-5 J.
DE = P ⋅ (Dt) = (2.000 W) (3 horas) d) 5 ∙ 10-6 J.
= (2 kW)(3 h) = 6 kWh
Resolução:

9.2. O horsepower e o cavalo-vapor Dados: L = 1 mm = 10-3 m; m = 50g = 50 ∙ 10-3 kg; h =


10% L = 0,1(10-3) m = 10-4; g = 10 m/s2
Por razões históricas, duas unidades de potência que não
pertencem ao SI ainda são utilizadas: o horsepower (po- O trabalho realizado pela força tensora exercida pela fibra
tência de um cavalo), cujo símbolo é HP, e o cavalo-va- é igual ao ganho de energia potencial.
por, cujo símbolo é cv. As relações entre essas unidades tP = mgh = 50 ∙ 10-3 ∙ 10 ∙ 10-4 ⇒ τF = 5 ∙ 10-5 J.
e o watt são:
Alternativa C
1 cv ≅ 735
2. (FMP) Um objeto de massa m, que pode ser tratado
1 HP ≅ 746 W W
   como uma partícula, percorre uma trajetória retilínea, e
sua velocidade varia no tempo, de acordo com a função

10. Rendimento
cujo gráfico está descrito na figura a seguir.

A figura a seguir ilustra uma máquina qualquer que recebe


uma potência total (Pt). Para executar a tarefa especí-
fica para a qual a máquina foi planejada, apenas uma par-
te dessa potência total é utilizada. Essa parte é a potência
útil (Pu). A outra parte da potência é perdida: trata-se da
denominada potência dissipada (Pd).

Considere os três instantes assinalados na figura: o ins-


tante t0, no qual a velocidade do objeto vale v0, o instan-
te t1, no qual a velocidade vale -v0, e o instante t2, para o
qual a velocidade do objeto continua valendo -v0.
Os trabalhos realizados pela força resultante sobre o
Pt = Pu + Pd objeto entre os instantes t0 e t1 (τ1), e entre os instantes
O rendimento (h) é definido pela razão entre a potência t1 e t2 (τ2), valem:
útil e a potência total: a) τ1 < 0 e τ2 < 0.
b) τ1 > 0 e τ2 < 0.
P
h = __
​  u ​  c) τ1 = 0 e τ2 = 0.
Pt d) τ1 > 0 e τ2 = 0.
e) τ1 = 0 e τ2 < 0.

Aplicação do conteúdo Resolução:

1. (Unicamp) Músculos artificiais feitos de nanotubos Pela segunda Lei de Newton da dinâmica:
de carbono embebidos em cera de parafina podem su-
FR = m ∙ a
portar até duzentas vezes mais peso que um músculo
natural do mesmo tamanho. Considere uma fibra de O trabalho de uma força para um deslocamento retilíneo é:
músculo artificial de 1 mm de comprimento, suspensa
verticalmente por uma de suas extremidades e com τ=F∙d

13
Para a força resultante: P = F ∙ vm = F ∙ ___ ​ ∆v ​ 
2
τ=m∙a∙d E pela segunda Lei de Newton:
De acordo com a figura a seguir, a área amarela é compos- F = m ∙ a = m ∙ ___ ​ ∆v ​ 
∆t
ta de dois triângulos de mesma área, sendo uma negativa
Assim,
e outra positiva. Essas áreas correspondem ao desloca- (∆v)2
mento do objeto de massa m. ​ ∆v ​ ∙ ___
P = m ∙ ___ ​ ∆v ​ [ P = m ∙ ____
​   ​  
∆t 2 2∆t
Então, substituindo os valores:
(30 m/s)2
P = 1450 kg ∙_______​   ​  
 P = 163 ∙ 125 W = 1,63 ∙ 105 W
[
2∙4s
Alternativa B
4. (Enem) Para irrigar sua plantação, um produtor rural
construiu um reservatório a 20 metros de altura a par-
tir da barragem de onde será bombeada a água. Para
alimentar o motor elétrico das bombas, ele instalou um
painel fotovoltaico. A potência do painel varia de acor-
do com a incidência solar, chegando a um valor de pico
Assim, o trabalho da força resultante entre t0 e t1 (W1) será de 80 W ao meio-dia. Porém, entre as 11 horas e 30
nulo devido aos deslocamentos opostos: minutos e as 12 horas e 30 minutos, disponibiliza uma
potência média de 50 W. Considere a aceleração da gra-
τ1 = m ∙ (- a) ∙ (d – d) = 0 vidade igual a 10 m/s2 e uma eficiência de transferência
energética de 100%.
Em que cada deslocamento refere-se à área de um triân-
Qual é o volume de água, em litros, bombeado para o
gulo, com os valores iguais em módulo, mas de sinais di- reservatório no intervalo de tempo citado?
ferentes.
a) 150.
Já em relação à área azul, tem-se um movimento com ve- b) 250.
locidade constante, ou seja, a força resultante é nula e a c) 450.
aceleração também, resultando em trabalho nulo. d) 900.
e) 1.440.
τ2 = m ∙ (a) ∙ (d) = 0 (a = 0)
Resolução:
Portanto, em todo o trecho, o trabalho realizado pela força
resultante é nulo. A potência da bomba é usada na transferência de energia
potencial gravitacional para água.
Alternativa C Epot
Pm = ___
​   ​  ⇒ Epot = Pm∆t ⇒ mgh = Pm∆t ⇒
3. (IFBA) Uma campanha publicitária afirma que o veícu- ∆t
lo apresentado, de 1.450,0 kg, percorrendo uma distân- P ∆t ________
cia horizontal, a partir do repouso, atinge a velocidade m =​  _____
m
= ​ 50 ∙ 3600
 ​    ​  
= ​ 1800
 ____  ​  ⇒ m = 900 kg ⇒
gh 10 ∙ 20 2
de 108,0 km/h em apenas 4,0 s. Desprezando as forças
dissipativas e considerando g = 10 m/s2, podemos afir- V = 900 L
mar que a potência média, em watts, desenvolvida pelo Alternativa D
motor do veículo, nesse intervalo de tempo é, aproxi-
madamente, igual a: 5. (UEL) Leia o texto a seguir.
Um dos principais impactos das mudanças ambientais
globais é o aumento da frequência e da intensidade de
fenômenos extremos, que quando atingem áreas ou re-
giões habitadas pelo homem, causam danos. Responsá-
veis por perdas significativas de caráter social, econô-
a) 1,47 ∙ 105. mico e ambiental, os desastres naturais são geralmente
b) 1,63 ∙ 105 . associados a terremotos, tsunamis, erupções vulcânicas,
c) 3,26 ∙ 105. furacões, tornados, temporais, estiagens severas, ondas
d) 5,87 ∙ 105. de calor etc.
e) 6,52 ∙ 105. (Disponível em: <www.inpe.br>. Acesso em: 20 maio 2015.)
Resolução: É possível relacionar o caos de um desastre natural com
o fenômeno de um terremoto. O sismógrafo vertical,
A potência média é dada pelo produto entre o módulo da representado na imagem a seguir, é um dos modelos
força e a velocidade escalar média: utilizados para medir a intensidade dos tremores.

14
A massa que está na ponta da haste tem 100 g e o com-
primento da haste, da ponta até o pivô de articulação,
é de 20 cm. Durante um tremor, a haste se move para
baixo e isso causa um deslocamento de ​ π__  ​rad entre a
6
sua posição de equilíbrio e a nova posição.

Considerando que sen ​​  π


6 (  )
__  ​  ​ = ​ 1
__  ​, assinale a alternativa
2
que apresenta, corretamente, a energia despendida no
processo.
a) 0,01 J.
b) 0,10 J.
c) 1,10 J.
d) 10,001 J.
e) 100,10 J.
Resolução:

Usando a trigonometria, é possível obter a altura h (ca-


teto oposto ao ângulo dado) com o cateto fornecido
(cateto adjacente) através __ da tangente.
π h √
​ 3 ​
tg __
​   ​  = _____
​      ​ ⇒ ___  
​   ​  = h/20 cm [ h = 11,5 cm
6 20 cm 3
= 0,115 m
Com o deslocamento vertical h, pode-se calcular o trabalho
da força peso
τp = mgh ⇒ Ep = 0,100 kg ∙ 10 m/s2 ∙ 0,115 m
τp = 0,115 J
Alternativa B

15
VIVENCIANDO

Antes da Primeira Revolução Industrial, o processo industrial era artesanal, exigindo gasto energético do homem para
produzir todos os objetos manufaturados. A revolução industrial impulsionou e foi impulsionada por invenções de
máquinas capazes de realizar trabalhos de forma muito mais eficiente.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A palavra “trabalho”, quando utilizada no cotidiano, não possui o mesmo significado de quando é utilizada dentro
do vocabulário técnico das ciências exatas. Os dicionários definem o trabalho como:
1. conjunto de atividades, produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim; e
2. atividade profissional regular, remunerada ou assalariada.
Entretanto, na Física o trabalho é definido como “uma medida da energia transferida pela aplicação de uma força ao
longo de um deslocamento”. Por isso, deve-se tomar cuidado com a utilização das palavras a depender do contexto
em que é empregada.

16
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implica-
23 ções éticas, ambientais, sociais e/ou econômicas.

A habilidade 23 é aqui empregada na identificação do tipo de trabalho, do cálculo da potência energética e do rendi-
mento, uma vez que potência e rendimento são grandezas relevantes no cotidiano moderno, repleto de equipamentos
eletrônicos.

Modelo
(Enem) Para reciclar um motor de potência elétrica igual a 200 W, um estudante construiu um elevador e verificou
que ele foi capaz de erguer uma massa de 80 kg a uma altura de 3 metros durante 1 minuto. Considere a aceleração
da gravidade 10,0 m/s2.
Qual a eficiência aproximada do sistema para realizar tal tarefa?
a) 10%
b) 20%
c) 40%
d) 50%
e) 100%

Análise expositiva - Habilidade 23: Essa é uma questão rápida para os moldes do Enem, mas nem por isso é
B fácil. O aluno deve ser capaz de encadear as passagens matemáticas para resolver a questão sobre rendimento.
Trabalho da força-peso realizado pelo motor:
t = mgh = 80 ⋅ 10 ⋅ 3 ⇒ t = 2400 J
Potência necessária para produzir o trabalho por 1 min:
​  t  ​ = _____
P = ___ 2400
​   ​  ⇒
  P = 40 W
∆t 60
Portanto, a eficiência do sistema é de:
​ 40  ​  
η = ____ = 0,2
200
∴ η = 20%
Alternativa B

17
DIAGRAMA DE IDEIAS

TRANSFORMA A
TRABALHO
ENERGIA MECÂNICA

FORÇA CONSTANTE t = F · D · COS θ

FORÇA TOTAL t TOTAL t = tFR


TOTAL

FORÇA VARIÁVEL ÁREA DO GRÁFICO FXD

FORÇA - PESO |t| = P · h

FORÇA CENTRÍPETA t =0

t = − kx2
2
FORÇA ELÁSTICA

RAPIDEZ DE REALIZAÇÃO
POTÊNCIA
DO TRABALHO

POTÊNCIA MÉDIA PM = t
Dt

POTÊNCIA
P = F · v · cos θ
INSTANTÂNEA
1 HP j 746 W

CONVERSÕES 1 CV j 735 W

1 kWh j 3,6 · 106 J

PU
RENDIMENTO h=
PT

18
AULAS Energias cinética, potencial e mecânica
37 e 38
Competências: 3, 5 e 6 Habilidades: 8, 17 e 23

1. Energia O caso de um automóvel em movimento é outro exemplo


que ilustra a transformação de energia. Para se movimen-
A energia é uma grandeza fundamental na Física. No en- tar, o automóvel necessita de algum tipo de combustível
tanto, o conceito de energia pode não ser muito claro. Um (álcool, gasolina, gás ou óleo diesel). O motor do automó-
motivo para isso é o fato de existirem diversas formas de vel funciona devido à queima do combustível em uma câ-
energia; daí a dificuldade de apresentar uma definição que mara de combustão. A energia da explosão do combustível
abranja todas elas. Não obstante, existe uma característica nessa câmara é transformada em movimento, que é trans-
importante envolvendo a energia: o total de energia do Uni- mitido para as rodas. Assim, o combustível possui energia,
verso se mantém constante. Assim, ocorrem transformações pois é capaz de produzir movimento. A energia armazena-
de energia, ou seja, mudanças de uma forma de energia em da no combustível é denominada energia química, pois
outra, enquanto a energia total se mantém constante. sua liberação ocorre por meio de reações químicas entre
A definição de energia a seguir, embora não seja totalmen- as moléculas do combustível e do oxigênio (esse tema é
te satisfatória, serve para um grande número de situações estudado em detalhes nas aulas de Química).
do dia a dia.
No caso do automóvel, parte da energia química do com-
bustível transforma-se em calor. Por essa razão, os automó-
Quando um conjunto formado por um ou mais corpos veis se aquecem quando estão em funcionamento. Além
pode produzir, de algum modo, o movimento de obje-
disso, parte da energia também é transformada em ener-
tos, esse conjunto tem energia.
gia elétrica e é consumida pelos faróis e por outros equi-
pamentos elétricos instalados no veículo (rádio, limpadores
de parabrisa, etc.).
1.1. Exemplos de
transformação de energia
Na figura, existem duas bolas de aço, A e B, sobre uma
superfície plana. A bola A se move com velocidade vA em
direção à bola B, que está em repouso. Depois da colisão, a
bola B passa a se movimentar com velocidade vB, enquanto
a bola A passa a ter outra velocidade, v’A.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Energia – nerdologia

Esse exemplo ilustra o fato de que, por estar em movimento,


2. Teorema da energia cinética
a bola A foi capaz de movimentar a bola B; ou seja, a bola Considere o movimento de uma partícula ao longo de uma
A possui energia de movimento, também denominada ___› figura a seguir. No ponto A, a
trajetória qualquer, como ​_na
energia cinética (a palavra “cinética” vem do grego kin- velocidade da partícula é v​ A ​,   e, depois
​____›
de certo intervalo de
neticos, que significa “movimento”). tempo, a velocidade no ponto B é v​ B ​.  

19
vA

O trabalho total tAB realizado pelas forças sobre a partícula, Pela equação, pode-se observar que, no SI, a unidade de
entre os pontos A e B, é: energia cinética e trabalho é a mesma, o joule (J).

mv​  2 ​  mv​  A2​  
tAB = ___
​   ​B  – ___
​   ​    Aplicação do conteúdo
2 2
1. Um automóvel tem massa de 800 kg e se move a 10
m/s. A energia cinética Ec do automóvel é (utilizando a
Na equação, é importante observar que o trabalho depen-
equação anterior):
de das velocidades apenas do início e do fim do trajeto.
A energia cinética (Ec) de uma partícula de massa m e
velocidade v é dada por:

​ mv    ​
2
EC = ___
2

Assim, é possível calcular a energia cinética da partícula


Resolução:
nos pontos A e B.
(800)(10)2
​ mv ​  =________
2

No ponto A, a energia cinética é: EC = ___ ​   ​   = 4,0 ∙ 104


2 2
mv​ A 2​   EC = 4,0 ∙ 104 joules = 4,0 ∙ 104 J
EC = ___
​   ​   
A 2
De modo semelhante, no ponto B: Considere o caso particular do movimento de um corpo em
mv​ B 2​   uma trajetória retilínea sob a ação de uma força resultante
EC = ___
​   ​    constante. Será demonstrado o teorema da energia cinéti-
B 2
Assim, o teorema da energia cinética pode ser expresso com: ca para esse caso.
A figura a __​seguir ilustra o deslocamento de um corpo por
tAB = EC – EC = DEC ›
B A uma força F ​
​  entre
____ os pontos A e B. No ponto A, a____velocida-
​ › ​›
Em que a variação de energia cinética entre os pontos A e de do corpo é v​ A ​,  e, no ponto B, a velocidade é v​ B ​. 
B é igual DEC.

vA vB

F F

Pela equação de Torricelli, a aceleração do corpo e as velocidades nos ponto A e B estão relacionadas por:
v​ B 2​ = v​ A 2​ + 2ad

​ F  ​.  Assim, substituindo na equação anterior, obtém-se:


Pela segunda Lei de Newton, a aceleração é dada por a = __
m
F
v​ B 2​ = v​ A 2​ + 2​ __
m  ​d 
Nesse caso, porém, o trabalho da força entre os pontos A e B (tAB) é igual a F ∙ d. Assim, a equação anterior pode ser escrita:
mv​  2​  mv​ A 2​ 
F ∙ d = ___
​   ​B  – ___
​   ​  
2 2

20
Então: EC – EC = tP + tN + tFat
mv​  2​  mv​ A 2​ 
B A

τAB = ___
​   ​B  – ___
​   ​   128 – 18 = 200 + 0 + tFat
2 2
Essa última expressão é a fórmula que foi vista anterior- tFat = – 90 J
mente do teorema da energia cinética.
3. A figura ilustra o movimento de um bloco e o gráfico
mv​  2​  mv​ A 2​  da força que age sobre o bloco em ​_função
_› da distância.
Se o trabalho tAB for positivo, significa que ___​   ​B  > ___
​   ​,  ou A massa do bloco é m = 6,0 kg e ​F ​   é a resultante de
2 2
seja, a energia cinética aumentará entre os pontos A e B. todas as forças que atuam no bloco. No ponto s = 0, a
mv​  2​  mv​ A 2​  velocidade do bloco é v0 = 5 m/s.
Se o trabalho tAB for negativo, então ___​   ​B  < ___
​   ​,  e nesse
2 2 v0 v
caso a energia cinética entre os pontos A e B diminuirá.
2. Um bloco de massa m = 4,0 kg é abandonado do alto F
de um tobogã. Ao passar pelo ponto A, a velocidade do
bloco é vA = 3,0 m/s. No final do tobogã, no ponto B, a
velocidade do bloco é vB = 8,0 m/s. A força-peso, a força
normal e a força de atrito agiram sobre o corpo durante
o movimento. Sendo g = 10 m/s2, calcule o trabalho da 0 2 4 6 8 s (m)
força de atrito no trecho AB. F(N)
A
60

vA
30
h=5m
B
vB
2 4 6 8 s (m)

Resolução: Calcule a velocidade do bloco ao passar pela posição


s = 8 m e a força média no percurso.
Como a trajetória é curva, a força normal não se mantém
constante durante o movimento do corpo. Mesmo se o co- Resolução:
_​›_
eficiente de atrito m fosse conhecido, o trabalho não pode- O trabalho da força resultante F ​
​   é, numericamente, igual à
ria ser calculado pela fórmula t = F . d . cos q, pois a força área da região colorida na figura. O cálculo da área pode
de atrito não seria constante. Nesse caso, deve-se utilizar o ser feito, simplificadamente, dividindo a região em um re-
teorema da energia cinética. tângulo e em um triângulo. Assim, esse é o trabalho da
FN força entre a posição inicial s = 0 m até a posição s = 8 m.
FA 4 ∙ (30)
tF = (8)(30) + ​ ______
 ​  = 300 ⇒ τF = 300 J
2
F(N)

60

P
30

Nos pontos A e B, as energias cinéticas do bloco são:


mv​  2​   (4,0)(3,0)2
EC = ___
​   ​A  =________
​   ​   
= 18  EC = 18 J 2 4 6 8 s (m)
A 2 2 A
mv​   A​   (4,0)(8,0)2
2
EC = ___
​   ​  =________
​   ​   = 128  EC = 128 J Aplicando o teorema da energia cinética, obtém-se a velo-
B 2 2 B
cidade em s = 8 m:
​____›
O trabalho de F​N ​  é nulo (sempre perpendicular ao movi- mv​ 2​  
​ mv ​  – ___
2
tF = ___ ​   ​0  ⇒ 300
mento) e o trabalho do peso é: 2 2
(6,0) ∙ v2 ________
(6,0) ∙ (5)2 __
tP = P ∙ h = mgh = (4,0)(10)(5,0) = 200 J = ​ _______
 ​   – ​   ​   ⇒ v = 5​√5 ​ m/s
2 2 ​___
Então: ›
A intensidade da força média (​Fm )  corresponde a uma força
tFR = tP + tN + tFat constante agindo sobre o corpo que realizaria o mesmo

21
trabalho nesse percurso. Sendo Fm constante e paralela ao O valor exato da energia potencial depende da diferença
deslocamento, tem-se: de energia potencial entre dois pontos. Nesse caso, o va-
lor foi calculado em relação ao ponto A, distante de h em
Fm ∙ d = tF → Fm ∙ (8,0) = 300 → Fm = 37,5 N
relação à superfície (solo). Contudo, outro plano de refe-
rência poderia ter sido escolhido. Na análise de um mo-
vimento, depois que um plano de referência for escolhido,
ele deverá ser mantido até o fim da análise do movimento.

Aplicação do conteúdo
1. Uma partícula de massa m = 5,0 kg está 6,0 m acima
de um plano a paralelo ao solo. O plano a, por sua vez,
está distante 3,0 m do solo. Calcule a energia potencial
gravitacional da partícula.
m
multimídia: vídeo
g
Fonte: Youtube
O Brasil que o Brasil Quer – ENERGIA SUS- 6,0 m
TENTÁVEL

α
3. Energia potencial
3,0 m
gravitacional solo

Considere, como na figura a seguir, que um objeto de massa a) em relação a a;


m é solto, a partir do repouso, de uma altura h em relação b) em relação ao solo.
à superfície da Terra. Na posição inicial, de onde é solto, o
objeto não possui energia cinética, uma vez que sua veloci- Resolução:
dade é nula. Entretanto, ao cair, a velocidade do objeto au- m
menta como consequência da aceleração causada pela ação
da força-peso. Assim, no ponto inicial (ponto A), apesar de
não possuir energia cinética, o objeto possui energia po-
tencial, ou seja, o objeto possui energia que pode ser trans- 6,0 m
formada em energia cinética, caso o objeto possa se mover
pela ação da força-peso. Pelo teorema da energia cinética, o 9,0 m
trabalho da força-peso é igual à energia potencial. α

v0 = 0
3,0 m
A
g solo

a) A partícula está a uma altura h = 6,0 m acima de


a. Assim, em relação a a, a energia potencial gravita-
h
cional da partícula é:
Ep = mgh = (5,0 kg)(10 m/s2)(6,0 m) ⇒
Ep = 3,0 ∙ 102 joules = 3,0 ∙ 102 J
b) A particular está a uma altura h’ = 3,0 + 6,0 = 9,0
m em relação ao solo. Portanto, a energia potencial
gravitacional da partícula em relação ao solo é:
energia potencial = tP = Ph = mgh E’p = mgh’ = (5,0 kg)(10 m/s2)
(9,0 m) ⇒ E’p = 4,5 ∙ 102 J
Representando a energia potencial por Epg, tem-se:
A energia potencial associada ao peso é denominada
Epg = mgh energia potencial gravitacional, pois o peso é a
força exercida pela massa da Terra, a força de gravidade.

22
A energia potencial gravitacional de um corpo é cal-
culada pelo trabalho da força-peso sobre o corpo no
movimento de um certo ponto até um referencial.
Uma característica importante é que o trabalho inde-
pende da trajetóri; dessa forma, em um dado ponto,
o valor da energia potencial é único em relação a esse
referencial. Isso não ocorreria caso o trabalho do peso
dependesse da trajetória. Ao longo do curso, serão
analisadas outras forças, cujo trabalho entre dois
pontos também não depende da trajetória. Para cada
uma delas é possível definir uma energia potencial.

multimídia: livros
Geração de energia elétrica: fundamentos, de
Paulo Cesar Marques de Carvalho e Manuel
Rangel Borges Neto
O livro apresenta as formas de geração de Pela Lei de Hooke, a força elástica e a deformação se rela-
energia comuns ao mundo atual, dando ên- cionam por:
​___›
fase aos impactos sociais e ambientais acu- |F​ E ​|   = k|x|
sados pelas fontes de energia não renováveis
Assim, o trabalho da força elástica para ir de xA até O
e às vantagens do uso de fontes de energia
(tA → 0) é dado pela área da região colorida na figura a
não convencionais.
seguir. Sendo EP a energia potencial em A, tem-se:
A

4. Energia potencial elástica


O trabalho da força elástica não depende da trajetória. Assim,
a força elástica é uma força conservativa. Em consequência, a
energia potencial elástica é a energia potencial associada
à força elástica. O referencial para calcular a energia potencial
elástica será a posição na qual a mola não tem deformação.
Na figura a seguir, um corpo está preso em uma mola de
constante elástica k, inicialmente na posição (O) de equilí- (x )(kx ) kx​ A 2​  
brio, ou seja, a deformação x da mola é nula. Em seguida, a EP = tA → 0 = ______ ⇒ EP = ___
​  A  ​A    ​   ​   
A 2 A 2
mola está em uma configuração contraída e a deformação
EP = ​ kx
2
é negativa (xB < 0). Na terceira situação, a mola está esti- ___ ​  
2
cada e a deformação é positiva (xA > 0).
No entanto, a força elástica tenta restaurar o sistema para
a posição de equilíbrio, e, assim, o sentido da força elástica Aplicação do conteúdo
aponta para a posição O, tanto quando a deformação é
1. (IMED) Em uma perícia de acidente de trânsito, os pe-
positiva (na posição xA) como quando é negativa (na posi- ritos encontraram marcas de pneus referentes à frena-
ção xB). Assim, os trabalhos para ir de A ou de B até O serão gem de um dos veículos, que, ao final dessa frenagem,
positivos em qualquer uma das situações. estava parado. Com base nas marcas, sabendo que o

23
coeficiente de atrito cinético entre os pneus e o asfal- Admita 1 cal = 4 J e a aceleração da gravidade = 10 m/s2.
to é de 0,5 e considerando a aceleração da gravidade Com base nos dados, julgue as afirmativas.
igual a 10 m/s2, os peritos concluíram que a velocidade
( ) Se a quantidade de energia solar absorvida por esse
do veículo antes da frenagem era de 108 km/h.
painel em 2 minutos for de 20 kcal/cm2, a potência ge-
Considerando o atrito dos pneus com o asfalto como rada por ele será inferior a 200 W.
sendo a única força dissipativa, o valor medido para as ( ) A energia necessária para que o barco, partindo do re-
marcas de pneus foi de: pouso, atinja a velocidade de 20 m/s é superior a 3 . 105 J.
a) 30 m. ( ) Supondo-se que o painel de células solares forne-
b) 45 m. cesse 200 W para que o barco fosse acelerado a partir
c) 60 m. do repouso até atingir a velocidade de 72 km/h seriam
d) 75 m. necessários mais de 15 minutos.
e) 90 m. ( ) Para uma potência de 400 W gerada pelas células
solares, teremos uma energia correspondente de 100
Resolução: cal por segundo.
Pelo teorema da energia cinética, sabe-se que o trabalho ( ) O rendimento do painel solar prevê que, para cada
10 J de energia solar, 2,5 J são convertidos em energia
realizado pela força de atrito é igual à variação da ener-
elétrica.
gia cinética desenvolvida pelo corpo. Nesse caso, a força
é resistiva, ou seja, é contrária ao movimento do corpo e, Resolução:
portanto, tem sinal negativo.
mv​0 2​   Falsa. A potência é dada pela razão entre a energia e o
​ mv ​  – ___
2
τ = ∆EC ⇒ - Fat ∙ d = ___ ​   ​    tempo: P = __​ E ​ 
2 2 t
Como a velocidade final é nula, vem: Assim:
mv​ 2​   mv​0 2​   mv​0 2​  
–Fat ∙ d = – ___​   ​0  ⇒ d = ________
​    ​  [ d = ______
​    ​   P = E/t ⇒
2 2µC∙ m ∙ g 2 µC ∙ g
(  )
2
​ kcal2 ​ ∙______
​ 10 cal ​  ​ 10 cm ​  4 J    ​
3 2
Utilizando os dados do problema com a velocidade no SI, 20 ____ ∙ ​______
   ​   ​ ∙ 2m2 ∙ ____

tem-se que a distância medida da frenagem será: cm 1 kcal
_____________________________
P =    
​     1 m  ​ ∙ 0,25 1cal
​  60s  ​  
2 min ∙ _____
d = _____
 2​  
v​
0
​     ​  
(
⇒ d = ​ _________________
    
​  1 m/s 
​ 108 km/h ∙ _______
3,6 km/h
 ​⇒
) 2
 ​   ​ 1 min
[ P = 3,33 ∙ 106 W
2µC ∙ g 2 ∙ 0,5 ∙ 10 m/s2
Falsa. Desconsiderando os atritos:
​ 900 m /s2 ​ 
2 2
d = _______  
[ d = 90 m
10 m/s 1000 kg ∙ (20 m/s)2
Alternativa E EC = mv2/2 ⇒ EC = ______________
  
​   ​  [ EC = 2 ∙ 105 J
2
2. (Fepar) Um barco movido à energia solar tem gran- Verdadeira. A velocidade final no SI será:
des limitações para transportar passageiros e cargas. O ​  1 m/s 
v = 72 km/h ∙ _______  ​ 
= 20 m/s
maior dos problemas é o baixo rendimento das células 3,6 km/h
solares, que em sua maioria atingem 25% – convertem Usando a energia para esse valor de velocidade já calcu-
em energia elétrica apenas 25% da energia solar que lado:
absorvem. Outro grande problema é que a quantidade
​ 2 ∙ 10  ​J 
5
de energia solar disponível na superfície da Terra de- t = E/P ⇒ t =_______  
[ t = 1000 s
200 W
pende da latitude e das condições climáticas. = 16,67 min = 16 min 40s
Verdadeira. P = 400 W = 400 J/s ∙ ____ ​ 1 cal
 ​   [ P = cal/s
4J
Verdadeira. 25% de 10 J é 2,5 J
3. (Unisc) Um corpo de massa m1 e animado de uma ve-
locidade V1 possui uma energia cinética EC1 = ​ 1
__  ​ m V​2   .​ Se
1
2
a massa inicial for quadruplicada enquanto que a velo-
cidade inicial for reduzida pela metade, a nova energia
cinética EC2 em relação à primeira, vale:
a) o dobro;
b) o triplo;
Considere um barco movido a energia solar, com massa
c) a metade;
de 1.000 kg e um painel de 2 m2 de células solares, com
rendimento de 25% localizado em sua proa. Desconsi- d) a mesma;
dere as perdas por atrito de qualquer espécie. e) o quádruplo.

24
Resolução: a) mgL.

O aumento da massa em quatro vezes é justamente o in- b) __​ 1 ​ mgL.


2
verso do que acontece com o quadrado da velocidade e, __2
c) ​   ​ mgL.
portanto, não haverá mudança alguma. 3

Outra forma de resolução seria dividir as duas energias d) __ ​ 3 ​ mgL.


2
cinéticas entre si: e) 2 mgL.

E
___
__
​ 2
​  C2 ​ = ________
(  )
​ 1 ​ 4 m​ __
V 2
​  1 ​  ​ E
2 ​    ___

​ 1 ​ 4 m __
__
​ 2
​  C2 ​ = _______
V​ 2​  
​  1  ​ E
4 ​  [ ___
​  C2 ​ = 1
Resolução:
EC1 __1
​   ​ mV​ ​   E __1
​   ​ m V​1 ​   E
2 C1 2 C1 Pelo teorema da energia cinética, tem-se que τ = ∆EC.
2 1 2
Alternativa D Analisando a questão, verifica-se que existem 3 forças atu-
ando no sistema: tração, peso e atrito.
A tração faz a função da força centrípeta, portanto, não
executa trabalho.
O peso realiza trabalho e o seu módulo é exatamente a
variação da energia potencial do movimento.
O atrito também realiza trabalho.

Assim:

∆EC = - (τpeso + τatrito)


multimídia: vídeo Visualizando o plano inclinado de lado, tem-se:
Fonte: Youtube
Por que a energia solar não está em todos
os telhados?

4. (UFPR) Um objeto de massa m está em movimento cir-


cular, deslizando sobre um plano inclinado. O objeto está Do triângulo,
preso em uma das extremidades de uma corda de com-
primento L cuja massa e elasticidade são desprezíveis. A sen(30º) = h/2L = 1/2
outra extremidade da corda está fixada na superfície de h=L
um plano inclinado, conforme indicado na figura a seguir.
O plano inclinado faz um ângulo u = 30º em relação ao Assim:
plano horizontal. Considerando g a aceleração da gravi-
1 __  ​o coeficiente de atrito cinético entre τpeso = m ∙ g ∙ h
dade e µ = ​ ____
π​√3 ​  τpeso = m ∙ g ∙ L
a superfície do plano inclinado e o objeto, assinale a
alternativa correta para a variação da energia cinética e τatrito = Fat ∙ d ∙ µ ∙ N ∙ d
do objeto, em módulo, ao se mover do ponto P, cuja
velocidade em módulo é vP ao ponto Q, onde sua velo- Por ser um plano inclinado → N = P ∙ cos (30º)
cidade tem módulo vQ. = m ∙ g ∙ cos (30º)
Por ser uma trajetória circular (meia volta) → d = π ∙ L
Assim, __

​  1__   ​ ∙ m ∙ g ∙ ___
τatrito = ____ ​ ​ 3 ​ ​   ∙ π ∙ L

π​ 3 ​  2
τatrito = __ ​ 1 ​ ∙ m ∙ g ∙ L
2
Por fim,
Na resolução

1
__
__ desse problema, considere sen 30º = ​    ​ e
2 ( 
∆Ec = – ​ m ∙ g ∙ L + __ ​ 1 ​ m ∙ g ∙ L  ​
2 )
​ 3 ​ 
cos 30º = ​ ___ ​.  ∆Ec = – __​ 3 ​ m ∙ g ∙ L
2 2

25
Como a questão pede somente a variação, pode-se assu-
mir o módulo do valor encontrado.
Alternativa D

multimídia: sites
www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/
Dinamica/energia2.php
multimídia: vídeo www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/
Fonte: Youtube Dinamica/energia.php
Como gerar energia só com água (Gerador www.coladaweb.com/fisica/mecanica/ener-
Termoelétrico) gia-cinetica-potencial-e-mecanica

VIVENCIANDO

A busca por fontes renováveis de energia é uma das grandes preocupações do século XXI e tema de discussão
entre os acadêmicos de todo o mundo, pois a obtenção de energia não renovável está relacionada ao alarmante
aquecimento global. Boa parte da matriz energética mundial funciona à base de combustíveis fósseis que, quando
utilizados, geram os chamados gases do “efeito estufa”.
Existe uma intensa pesquisa científica para a obtenção de uma matriz energética mais sustentável. O Brasil, em
comparação ao restante do mundo, possui uma matriz energética das mais sustentáveis.

26
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéti-
8 cos ou matérias-primas, considerando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.

A habilidade 8 é empregada na identificação correta do tipo de energia envolvida, podendo tratar dos diferentes tipos
de energia, como mecânica, química, elétrica, magnética, eólica, solar, etc.

Modelo 1
(Enem) A energia elétrica nas instalações rurais pode ser obtida pela rede pública de distribuição ou por dispositi-
vos alternativos que geram energia elétrica, como os geradores indicados no quadro.

Tipo Geradores Funcionamento


I A gasolina Convertem energia térmica da queima da gasolina em energia elétrica.
II Fotovoltaicos Convertem energia solar em energia elétrica e armazenam-na em baterias.
III Hidráulicos Uma roda-d’água é acoplada a um dínamo, que gera energia elétrica.
IV A carvão Com a queima do carvão, a energia térmica transforma-se em energia elétrica.

Os geradores que produzem resíduos poluidores durante o seu funcionamento são:


a) I e II.
b) I e III.
c) I e IV.
d) II e III.
e) III e IV.

Análise expositiva - Habilidade 8: Somente há formação de resíduos poluidores nos processos em que
C ocorrem reações químicas como subprodutos da combustão, como no caso da queima da gasolina e do carvão.
Alternativa C

Modelo 2
(Enem) A usina termelétrica a carvão é um dos tipos de unidades geradoras de energia elétrica no Brasil. Essas usinas
transformam a energia contida no combustível (carvão mineral) em energia elétrica.
Em que sequência ocorrem os processos para realizar essa transformação?
a) A usina transforma diretamente toda a energia química contida no carvão em energia elétrica, usando reações de fissão
em uma célula combustível.
b) A usina queima o carvão, produzindo energia térmica, que é transformada em energia elétrica por dispositivos deno-
minados transformadores.
c) A queima do carvão produz energia térmica, que é usada para transformar água em vapor. A energia contida no vapor
é transformada em energia mecânica na turbina e, então, transformada em energia elétrica no gerador.
d) A queima do carvão produz energia térmica, que é transformada em energia potencial na torre da usina. Essa energia
é então transformada em energia elétrica nas células eletrolíticas.

27
e) A queima do carvão produz energia térmica, que é usada para aquecer água, transformando-se novamente em energia
química, quando a água é decomposta em hidrogênio e oxigênio, gerando energia elétrica.

Análise expositiva - Habilidade 8: Nas usinas termelétricas (a diesel ou a carvão), é usada a energia térmica
C produzida na queima do combustível para aquecer água, gerando vapor a alta pressão, movimentando as turbi-
nas acopladas aos geradores de energia elétrica.
Alternativa C

DIAGRAMA DE IDEIAS

PRINCÍPIO DE
ENERGIA CONSERVAÇÃO
DA ENERGIA

ASSOCIADA AO
ENERGIA CINÉTICA
MOVIMENTO

PODE SE
ENERGIA POTENCIAL TRANSFORMAR EM
ENERGIA CINÉTICA

ENERGIA POTENCIAL INTERAÇÃO


GRAVITACIONAL GRAVITACIONAL

INTERAÇÃO COM
ENERGIA
UMA MOLA OU
POTENCIAL ELÁSTICA
ELASTÔMERO

TEC – TEOREMA DA
ENERGIA CINÉTICA

28
AULAS Energia mecânica
39 e 40
Competências: 3, 5 e 6 Habilidades: 8, 17 e 23

1. Princípio da Depois de a energia elétrica ser gerada por alguma dessas


usinas, seu uso é bastante diversificado, e novas transfor-
conservação da energia mações de energia ocorrem. Em uma residência, o liquidi-
ficador transformará a energia elétrica em energia cinética;
Os diversos tipos de movimentos e atividades observados uma lâmpada, em energia térmica e luminosa; um rádio,
no dia a dia ocorrem devido à transformação de uma for- em energia sonora, etc.
ma de energia em outra.
A energia solar é uma fonte vital de energia para o planeta.
“A energia não é criada, a energia não é perdida, a A radiação do Sol é responsável pela produção dos alimen-
energia apenas se transforma de um tipo em outro, em
tos vegetais, pelo ciclo da água, dos ventos, etc.
quantidades iguais.”
Antoine Lavoisier

Quando uma pessoa corre, nada ou levanta determinado


peso, uma energia armazenada pelo corpo é transformada
em calor e movimento. Essa energia é proveniente dos ali-
mentos ingeridos. Por sua vez, a energia armazenada em
alimentos como os vegetais verdes é obtida pelo processo
de fotossíntese. No corpo, essa energia é retirada dos ali-
mentos e armazenada nas células, podendo ser utilizada
para a realização de atividades musculares.
O Sol é fundamental no cultivo de flores.

Mas qual é a origem da energia solar? A energia do Sol


existe devido às reações exotérmicas de fusão nuclear.
Esses exemplos ilustram a afirmação inicial de que a ener-
gia total no Universo é sempre conservada, sendo esse um
dos princípios básicos da Física.

A energia dos alimentos é transformada em calor e energia química e


permite que os músculos se movimentem.

A energia elétrica é obtida de diversas maneiras por meio


das transformações de energia. Nas usinas hidrelétricas,
a energia potencial da água é utilizada para movimentar
turbinas acopladas a geradores elétricos. Assim, a energia
cinética é transformada em energia elétrica. Nas usinas ter-
moelétricas, as turbinas são movimentadas por um fluxo de
multimídia: vídeo
vapor de água. A energia necessária para aquecer a água Fonte: Youtube
e obter o fluxo de vapor provém da queima de combustí- Minigerador eólico - transforme vento em
veis derivados do petróleo ou carvão. Nas usinas nucleares, energia elétrica!
o elemento químico urânio é utilizado como combustível.

29
2. Forças conservativas Assim, igualando as equações e manipulando, tem-se:
Ec – Ec = Epg – Ep
Uma força é conservativa quando o trabalho realizado por 0 0 g

ela não depende da trajetória descrita pelo objeto, mas Ec + Ep = E + Ep


0 g c
0 g
apenas dos pontos inicial e final. A força gravitacional, a Analisando a expressão, é possível perceber que a soma da
força elástica e a força elétrica são exemplos de forças con- energia cinética inicial com a energia potencial gravitacional
servativas. Na figura a seguir, pode-se observar que, inde- inicial resulta no mesmo valor que a soma da energia cinéti-
pendentemente da trajetória descrita pelo corpo I ou II, o ca final com a energia potencial gravitacional final. De modo
trabalho realizado pela força-peso depende não da trajetó- geral, essa ideia pode ser aplicada sempre que existam ape-
ria, mas da altura h, que, por sua vez, depende apenas do
nas forças conservativas atuando sobre o corpo estudado.
ponto inicial e do ponto final.

A 3. Energia mecânica
A energia mecânica (EM) de um corpo é igual à soma da
energia cinética com todas as energias potenciais do corpo:
P
EM = EC + EP
h II
Na equação, Ec é a energia cinética do corpo e Ep é a ener-
I gia potencial desse corpo (incluindo-se todas as energias
potenciais).

B
Quando o corpo está sujeito apenas à ação de forças con-
servativas, pode-se afirmar que o trabalho da força resul-
tante é igual à variação da energia cinética. No caso ante-
rior, a única força que atua no corpo é a força-peso, então
o trabalho da resultante é o trabalho da força-peso.
τFr = Ec – Ec
0

τp= Ec – Ec
0

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Energia Mecânica - Sistema Dissipativo de
Energia

É possível demonstrar a seguinte propriedade:

A energia mecânica de um corpo é constante se, dentre


multimídia: vídeo todas as forças que atuam nesse corpo, as forças conser-
Fonte: Youtube vativas forem as únicas a realizarem trabalho não nulo.
As diferentes formas de produção de ener-
gia elétrica e o impacto ambiental Essa proposição é denominada princípio da conserva-
ção da energia mecânica.

Também é possível dizer que o trabalho da força-peso é Aplicação do conteúdo


igual à diferença da energia potencial inicial e final.
1. No tobogã, sem atrito, ilustrado na figura a seguir,
τp = Ep - Ep um bloco de massa m = 6,0 kg é abandonado do topo
g0 g

30
numa região onde g = 10 m/s2. Ao passar pelo ponto A, mecânica não se conserva, pois, nesse caso, ocorre defor-
a velocidade vA do bloco é 4,0 m/s. Calcule a velocidade mação permanente do chão ao ser penetrado pela estaca,
do bloco ao passar pelo ponto B, sabendo que a altura
e as superfícies que se chocam sofrem aquecimento, além
h, entre o pontos A e B é igual 0,60 m.
dos ruídos produzidos no instante do choque.

Resolução:
Como não existe atrito, as únicas forças que atuam no bloco
são o peso e a força normal. No entanto, a força normal
não realiza trabalho e, desse modo, o trabalho é realizado
apenas pela força-peso, que é uma força conservativa. Nessa
situação, pode-se aplicar o princípio da conservação da ener-
gia mecânica: a energia mecânica em A é igual à energia
mecânica em B.

Nessa transformação de energia, a variação da energia


potencial gravitacional e a variação da energia cinética
não são iguais. A energia cinética do bloco que caiu foi
transformada em energia sonora, energia térmica e em
deformação permanente do solo e da estaca; portanto, a
energia mecânica do sistema não é conservada.
EC + EP = EC + EP De modo semelhante, quando um garoto desce escorre-
A A B B

Para calcular a energia potencial, pode-se usar tanto o gando por um tobogã, não ocorre conservação da energia
ponto A como o ponto B como referência. No entanto, esse mecânica. A energia potencial gravitacional é transforma-
é um caso em que é mais vantajoso considerar o referencial da em calor e em energia cinética. O calor é devido à dissi-
da figura (altura do ponto B). Em relação a esse referencial, pação, em forma de calor, da energia térmica pelo atrito do
as alturas dos pontos A e B são hA = 0,60 m e hB = 0, res- garoto com a superfície do tobogã.
pectivamente. Assim, aplicando o princípio da conservação Se as forças de atrito não existirem, a conservação da ener-
da energia mecânica: gia mecânica se torna possível. Nesse caso, afirma-se que
o sistema é conservativo, ou seja, a variação de energia
EC + EP = EC + EP
v__2A
A A B
v2B
B cinética deve-se apenas ao trabalho realizado por forças
__
⇒ m · ​   ​ + m · g · hA = m · ​   ​ + m · g · hB
2 2 conservativas.
⇒ (4,0)2 + 2 · (10)(0,60) = v2B + 2 · (10)(0) Por exemplo, no vácuo, um corpo em queda livre está sujeito
v = 28
2 apenas à ação da força-peso, que é uma força conservativa.
B
O trabalho da força-peso, no trecho AB da trajetória, indica-
⇒ vB = 2​dXX
7 ​ m/s do na figura a seguir, pode ser calculado em função da va-
riação da energia cinética e da variação potencial do corpo.
Para as forças conservativas, o trabalho entre dois pon-
tos não depende da trajetória. Quando essas forças são
as únicas que realizam trabalho sobre um corpo, a
energia mecânica do corpo se conserva.

Observe o bate-estaca da figura a seguir. A energia poten-


cial do bloco ao cair é transformada em energia cinética.
Quando ocorre a colisão do bloco com a estaca, a energia

31
tAB = EC – EC ou tAB = EP – EP
B A A B

Como os trabalhos são iguais, tem-se:


EM = EM
A B

Assim, nos dois instantes da queda, no ponto A e no ponto


B, a energia mecânica do corpo é a mesma. Depois dessa
demonstração, o princípio da conservação da energia me-
cânica pode ser reafirmado como:

Num sistema conservativo, a energia mecânica total


permanece constante qualquer que seja a transfor-
mação do sistema.
a) 25.
b) 5.
c) 3,5.
Aplicação do conteúdo d) 40.
1. Um trecho de uma montanha russa, representada e) 10.
na figura a seguir, foi projetado para que os ocupantes Resolução:
de cada carrinho não experimentem uma força normal
contra seu assento de intensidade maior do que 3,5 ve- Considerando o nível de referência indicado na figura para
zes seu próprio peso. Considerando que a velocidade calcular a energia potencial e as forças que agem sobre o
dos carrinhos no início da descida é de 5 m/s e que os
atritos sejam desprezíveis, qual o menor raio de curva- ocupante de um carrinho.
tura R (em m) que o trilho deve ter no seu ponto mais
baixo para satisfazer a condição acima?

A energia mecânica é conservada, então:


EM = EM
A B
v 2
v2
⇒ m · __
​   ​ + m · g · hA = m · __
A
​  B ​ + m · g · hB
2 2
m ·
_____
⇒ ​   ​   52
​ m · ​
+ m · 10 · 30 = _____ v2  
2 2
v = 25 m/s
No ponto mais baixo:
v2 ​ 
FC = N – P = m​ __
p R
Como o limite da força normal é N = 3,5P, então:
25 ​
3,5P – P = m​ ___
2
  
R2
25 ​  
2,5m · g = m​ ___
R
R = 25 m
Alternativa A

32
2. Na figura a seguir, o carrinho de uma montanha russa
tem velocidade igual a zero na posição 1, e desliza pelo
trilho, sem atrito, até a posição 3, depois de passar pelo
círculo.

Desprezando-se qualquer tipo de atrito, avalie as afir-


mações a seguir e assinale (V) para as verdadeiras ou
(F) para as falsas.
( ) O alcance horizontal da bola a partir da saída da
mesa é de 5,00 metros.
( ) Abandonado-se a bola a partir do repouso da borda
da mesa, o tempo de queda até o solo é também de
Qual a menor altura h, em metros, em que o carrinho
1,00 s.
deve iniciar o movimento para não perder contato com
o trilho na posição 2? ( ) Para se calcular o tempo de queda da bola a partir da
saída da mesa, é necessário conhecer a massa da bola.
a) 36.
( ) Para se calcular o alcance da bola a partir da saída da
b) 48.
mesa, é necessário conhecer a altura da mesa.
c) 60.
A sequência correta encontrada é:
d) 72.
a) F, F, V, V.
Resolução: b) V, V, F, F.
A menor altura h é aquela que permitirá que o carrinho c) F, V, F, V.
passe pela posição (2) com a velocidade mínima permitida d) V, F, V, F.
para um círculo vertical (no limite de perder contato com a Resolução:
pista), ou seja, a força normal que a pista aplica​___no carri-
(  ) (Verdadeira) Cálculo da velocidade de saída, pela con-

nho é nula. Assim, a força resultante centrípeta ​R ​
​ c    ​ nessa
servação da energia mecânica, tomando como referência
posição (2) é o próprio peso do carrinho.
a superfície da mesa.
Fcp = P ____
fin  ​ = E​   ​ mv ​  = mgh ⇒ v = √
in  ​  ⇒ ___ 2
  
E​mec ​ 2gh ​  
​ m · ​
_____v2  
=m·g mec
________ 2
R = ​√ 2 · 10 · 1,25 ​ ⇒  v = 5 m/s.
v2 = R · g
Como a componente horizontal da velocidade não varia e
Pela conservação da energia mecânica entre as posições
o tempo de queda é 1 s, o alcance horizontal é:
(1) e (2):
DS = vt = 5 · 1 = DS = 5 m
E(1)
POT
= E(2)
CIN
+ E(2)
POT
m ·
_____v 2 (Verdadeira) Para a queda livre, tem-se:
m · g · h = ​   ​   + m · g · 2R
2 ​ 1 ​ gt2
h = __
2gh = v2 + 4Rg 2 ___
Substituindo, t = ​ ___√
​  2h
g ​ ​  
2h = R + 4R Portanto, o tempo de queda depende apenas da altura de
queda e da intensidade do campo gravitacional local. En-
​ 5R ​ 
h = ___
2 tão, o tempo de queda também é igual a 1 s.
h = 2,5 · (24)
(Falsa) Conforme demonstrado acima.
h = 60 m
(Falsa) Quando se conhece o tempo de queda, não é ne-
Alternativa C cessário conhecer a altura de queda para determinação do
alcance horizontal, como confirma a primeira afirmativa.
3. (CFTMG) A figura a seguir exibe uma bola que é
abandonada de uma rampa curva de 1,25 de altura Alternativa B
que está sobre uma mesa nas proximidades da Terra.
Após liberada, a bola desce pela rampa, passa pelo 4. (UPE-SSA) Desejando ampliar seus conhecimentos
plano horizontal da mesa e toca o solo 1,00 s após sobre conservação da energia mecânica, um estudante
passar pela borda. observa o movimento de um pequeno carro, de massa

33
250 g, ao longo2 de uma trajetória que é descrita pela energia potencial diminuía ou aumentava, respectivamen-
x2   ​ + ​  y__ ​ = 1, onde x e y são medidos em metros.
equação ​  ___ te. Graficamente, é possível representar essa transforma-
25 4
Se no ponto A de coordenada horizontal x = RA = – 3,0 m ção de energia da seguinte maneira.
o carro foi arremessado com velocidade inicial de
módulo vA = 3,0 m/s, qual é a velocidade do carro
no ponto B de coordenada horizontal xB = 0,0 m?
Considere que o carro pode ser tratado como partí-
cula e despreze os efeitos do atrito.

a) 0,0 m/s multimídia: sites


b) 1,0 m/s
c) 3,0 m/s www.resumoescolar.com.br/fisica/teore-
d) 6,2 m/s ma-da-energia-mecanica-sistemas-conser-
e) 8,4 m/s vativo-e-nao-conservativo-e-atrito/
Resolução: www.colegioweb.com.br/energia-mecani-
ca/sistema-nao-conservativo.html
Por conservação da energia mecânica, tem-se:
www.infoescola.com/fisica/forcas-conserva-
EM(A) = EM(B) tivas-e-nao-conservativas/
Assim,
m . vA2 m· vB2
m · g · yA + _____
​   ​    m · g · yB + _____
= ​   ​    4.1. Primeiro caso: energia cinética
2 2
Simplificando a massa e isolando vB:
______________
e energia potencial gravitacional
VB = ​√2g
   . (yA – yB) + VA2 ​ No caso em que um corpo cai em queda livre, tem-se a
Determinando as posições verticais nos pontos A e B: transformação de energia potencial gravitacional em ener-
________
gia cinética.
y

2
​  x   ​ + __ ​   ​ = 1 → y = ​ ​  100 – ​ ​
4x2 
2
___ _______  
25 4 25 E
EM
E
EM
Para o ponto A: ________ EPG EPG


yA = ​ _______
​ 
100 – 4(-3)2
25
 ​ ​ 
 ∴
 yA = 1,6 m ou

EC
EC
Para o ponto B: ________


0A B C v 0C B A h
100 – 4(0)2
yB = ​ _______
​   ​ ​  ∴ yB = 2 m

25 Seja em função da velocidade ou da altura, a energia me-
Substituindo os valores de g, de yA e de yB na equação de cânica permanece constante durante toda a queda. A ener-
vB, tem-se: gia potencial gravitacional começa com seu valor máximo
________________ _____ __
vB = ​√2  
. 10 . (1,6 - 2) + 32 ​= ​√–8 + 9 ​ = ​√1 ​ = VB = 1 m/s caindo até o mínimo, e a energia cinética começa com seu
Alternativa B valor mínimo até atingir seu máximo.
Nota: no primeiro diagrama, a energia cinética e a ener-

4. Diagramas de energia gia potencial estão em função da velocidade v; como a


energia cinética varia com v², fica fácil perceber que o
Nos exercícios anteriores, a energia mecânica permane- diagrama corresponde a um trecho de uma parábola.
ceu constante durante todo o tempo, enquanto a energia No segundo diagrama, as energias variam com a altura;
cinética e a energia potencial (gravitacional e elástica) va- como a energia potencial gravitacional varia com h, fica
riaram. No entanto, a quantidade que a energia cinética fácil perceber que o diagrama corresponde a um trecho
aumentava ou diminuía era a mesma quantidade que a de uma reta.

34
4.2. Segundo caso: energia cinética Em que:

e energia potencial elástica § Em0 é a energia mecânica inicial;

Muito parecido com o caso anterior, tem-se a transforma- § EmF é a energia mecânica final;
ção de energia cinética em energia potencial elástica, mas § tFat é o trabalho da força de atrito.
de tal modo que a energia mecânica do sistema permane-
Repare que o trabalho da força de atrito tFat está sendo
ça constante.
somado com a quantidade de energia mecânica inicial.
E E
EM EM Lembre-se de que todo trabalho das forças dissipativas
EC EC
é negativo, e, dessa forma, ao se somar esse trabalho ao
termo de correspondência da energia mecânica inicial,
ou
retira-se a energia dissipada da energia que havia inicial-
EPEI EPEI mente. A energia restante será igual à energia mecânica
0A B C v 0C B A x
final. Geralmente, a energia dissipada acaba por se trans-
formar em energia térmica, o que causa um aquecimento
Nota: no primeiro diagrama, a energia cinética e a ener- dos corpos.
gia potencial elástica estão em função da velocidade v;
como a energia cinética varia com v², fica fácil perceber
que o diagrama corresponde a um trecho de uma pará-
bola. No segundo diagrama, as energias variam com a
deformação x; uma vez que a energia potencial elástica
varia com x², o diagrama também será um trecho de pa-
rábola.

multimídia: livros
Processos de energias renováveis, de Aldo Viei-
ra da Rosa
Os temas energia sustentável e segurança
estão na linha de frente dos discursos públi-
cos em todo o mundo. Por isso, há uma pres-
são para que seja encontrado um entendi-
mento sobre fontes limpas e alternativas de
multimídia: vídeo energia, como energia solar e energia eólica.
Fonte: Youtube Esse livro contém os detalhes técnicos neces-
Trabalho da Força Peso e da força elástica sários para a compreensão dos princípios de
engenharia que governam as aplicações da
energia renovável em diferentes níveis.

5. Sistemas não conservativos


Os exemplos anteriores do bate-estaca ou do garoto em Aplicação do conteúdo
um tobogã são casos em que o sistema não é conservativo.
1. Um corpo com 1 kg de massa se desloca com veloci-
Existes diversos outros casos em que nem sempre existem dade de 5 m/s sobre uma superfície plana e rugosa. De-
apenas forças conservativas no sistema. Em geral, é muito vido à ação de forças dissipativas, a velocidade diminui
comum exercícios no quais há uma força de atrito atuan- para 2 m/s durante um deslocamento de 3 metros. Cal-
do sobre o corpo, e a força de atrito não é conservativa. cule o coeficiente de atrito entre o corpo e a superfície.
Nesses casos em que a energia mecânica não se conserva,
Resolução:
pode-se montar a seguinte equação:
Como se trata de um caso com ação de forças dissipativas,
pode-se dizer que:
Em0 + tFat = EmF
Em0 + tFat = EmF

35
Dessa forma:
m·v2
_____ m · vF2
​   ​0    + tfat = _____
​   ​   
2 2
(5)2 1 · (2)2
1 · ___
​   ​  – m · N · 3 = ______
​   ​   
2 2
​ 21 ​ 
m · N · 3 = ___
2
Nesse caso, como N = P, tem-se:
m · 10 · 1 · 3 = ___ ​ 21 ​ 
2
m = 0,35
Considere a existência de atrito entre o bloco e o plano
2. (UERN) Um objeto de 200 g é abandonado do alto inclinado e despreze quaisquer outras formas de resis-
de uma torre e, durante a sua queda, a dissipação de tência ao movimento. Sabendo que o bloco retorna ao
energia devido à resistência do ar é constante e igual a ponto A, a velocidade com que ele passa por esse pon-
20 J. Se a velocidade do objeto ao atingir o solo é de 30 to, na descida, em m/s vale:
m/s, então a altura dessa torre é de:
a) 4. __
(Considere: g = 10 m/s2) b) 2​√2 ​. 
a) 38 m c) 2.__
b) 46 m d) ​√3 ​.

c) 51 m
d) 55 m
Resolução:

Resolução: Com o gráfico, deve-se extrair a aceleração a e a distância


percorrida sobre o plano inclinado DS.
Analisando o enunciado, é possível perceber que: (0 – 4) m/s
a = ___
​ Dv ​ = ________
​   ​  ∴ a = –8 m/s2

Emi + Ed = Emf Dt 0,5 s
4m/s . 0,5 s
Em que Ed é a energia dissipada devido à resistência do ar. DS = __________
​   ​   ∴ DS = 1m

2
Assim, segue que: Usando a trigonometria, determina-se a diferença de altura
v2 Dh entre as posições A e B:
m · g h = m · ___ ​  f ​  + Ed
2
0,2 . 302 Dh = DS · sen 37º ⇒ Dh = 1 m · 0,6 ∴ Dh = 0,6 m
0,2 · 10 · h – 20 = _______
​   ​  

2 Como existe atrito entre o bloco e o plano inclinado, deve-
​ 90 + ​
h = _______ 20   -se calcular o valor do coeficiente de atrito cinético mc e a
2 força normal N utilizando o diagrama de corpo livre com as
h = 55 m
componentes da força peso Px, e Py..
Alternativa D
3. (Epcar (Afa)) Um bloco de massa 2 kg desliza sobre
um plano inclinado, conforme a figura seguinte.
Quando necessário, use:
g = 10 m/s2
sen 37º = 0,6
cos 37º = 0,8

Aplicando o princípio fundamental da dinâmica nos eixos x


e y, primeiramente deve-se igualar as forças em
N = Py = m · g · cos 37º = 2 · 10 · 0,8 ∴ N = 16 N
Em x, tem-se:
Fat + Px = FR
O gráfico v × t a seguir representa a velocidade desse Px = –m · g · sen 37º = –2 · 10 0,6 ∴ Px = –12 N
bloco em função do tempo, durante sua subida, desde o
ponto A até o ponto B. FR = 2 · (–8) = –16 N

36
Assim, a força de atrito será:
Fat = FR – Px
Fat = –16 – (–12) ∴ Fat = –4 N
Usando a conservação de energia entre os pontos A e B na
descida, pode-se calcular a velocidade que o bloco passa
em A, pois a energia potencial gravitacional em B somada
à energia dissipada pelo atrito no trajeto AB é igual à ener-
gia cinética em A.
Ep(B) + Ed = Ec(A)
Sabendo que a energia dissipada é:
Ed = Fat . Ds ∴ Ed = –4 J
E a energia potencial gravitacional em B:
Ep(B) = m · g · h ⇒ Ep(B) = 2 · 10 · 0,6 ∴ Ep(B) = 12 J
Portanto, a energia cinética em A é:
EC(A) = 12 – 4 ∴ EC(A) = 8 J
E, finalmente: ______
m .
EC(A) = _____v2
​   ​  
2 √ 2 . Ec(A)
⇒ v = ​ ______
​  m ​ ​   ∴
__
  v = 2​√2 ​ m/s

Alternativa B

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
AES Eletropaulo nas Escolas apresenta: Os
impactos da geração de energia elétrica

37
VIVENCIANDO

O conceito de energia em Física é fundamental, sendo capaz de relacionar diferentes conteúdos num mesmo exercí-
cio. Pode ocorrer transformação de energia mecânica em energia térmica ou em energia elétrica, e vice-versa. Histo-
ricamente, o conceito de energia foi fundamentado durante o desenvolvimento da termodinâmica. Assim, a segunda
lei da termodinâmica permeia toda a Física.
“A energia não é criada, a energia não é perdida, a energia apenas se transforma de um tipo em outro, em quanti-
dades iguais.”
A frase acima, que deriva da frase original de Lavoisier, abrange uma ideia que remonta desde Tales de Mileto, na
Antiguidade, passando por Galileu, Laplace, Joule e tantos outros. A partir dela é possível perceber a importância do
conceito de energia.
A transformação de um tipo de energia em outro é o que possibilita as mudanças que ocorrem no Universo. Mesmo
agora, enquanto você lê este texto, em seu corpo ocorre a transformação de energia química, contida nos alimentos
que você ingeriu, em energia mecânica, utilizada nos batimentos de seu coração, ou ainda em impulsos elétricos em
seus neurônios.
Em busca de praticidade, a humanidade constrói máquinas capazes de realizar trabalhos com mais eficiência do que
um homem comum. Isso foi importante para a transformação da humanidade. Assim como as máquinas elétricas
foram e ainda são responsáveis por mudanças na vida cotidiana.

38
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implica-
23 ções éticas, ambientais, sociais e/ou econômicas.

A habilidade 23 é referente às transformações dos diferentes tipos de energia entre si, sendo o conceito de conversão
fundamental para esse tipo de relação.

Modelo 1
(Enem) Um garoto foi à loja comprar um estilingue e encontrou dois modelos: um com borracha mais “dura” e ou-
tro com borracha mais “mole”. O garoto concluiu que o mais adequado seria o que proporcionasse maior alcance
horizontal, D, para as mesmas condições de arremesso, quando submetidos à mesma força aplicada. Sabe-se que a
constante elástica kd (do estilingue mais “duro”) é o dobro da constante elástica km (do estilingue mais “mole”).
D
A razão entre os alcances ___
​  d, ​ referentes aos estilingues com borrachas “dura” e “mole”, respectivamente, é igual a:
Dm
a) 1/4.
b) 1/2.
c) 1.
d) 2.
e) 4.

Análise expositiva - Habilidade 23: Dados: kd = 2 km; Fd = Fm


B Calculando a razão entre as deformações:
Fd = Fm ⇒ kdxd = kmxm ⇒ 2kmxd = kmxm ⇒ xm = 2xd
Comparando as energias potenciais elásticas armazenadas nos dois estilingues:

Considerando o sistema conservativo, toda essa energia potencial é transformada em cinética para o objeto lançado.
Assim:

Supondo lançamentos oblíquos, sendo q o ângulo com a direção horizontal, o alcance horizontal (D) é dado pela
expressão:
D = Vo² · sen(2θ)/2 · g
Dd/Dm = 1/2
Alternativa B

39
Modelo 2
(Enem) Um automóvel, em movimento uniforme, anda por uma estrada plana, quando começa a descer uma ladeira,
na qual o motorista faz com que o carro se mantenha sempre com velocidade escalar constante.
Durante a descida, o que ocorre com as energias potencial, cinética e mecânica do carro?
a) A energia mecânica mantém-se constante, já que a velocidade escalar não varia e, portanto, a energia cinética é constante.
b) A energia cinética aumenta, pois a energia potencial gravitacional diminui e quando uma se reduz, a outra cresce.
c) A energia potencial gravitacional mantém-se constante, já que há apenas forças conservativas agindo sobre o carro.
d) A energia mecânica diminui, pois a energia cinética se mantém constante, mas a energia potencial gravitacional diminui.
e) A energia cinética mantém-se constante, já que não há trabalho realizado sobre o carro.

Análise expositiva - Habilidade 23: Energia potencial: Ep = mgh. Sendo uma descida, a altura diminui, a energia
D potencial diminui.
mv
Energia cinética: EC =____
2
​    ​ . Sendo constante a velocidade, a energia cinética também é constante.
2
Energia mecânica: EM = EC + Ep. Se a energia potencial diminui e a energia cinética é constante, a energia mecânica
diminui.
Alternativa D

40
DIAGRAMA DE IDEIAS

PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO
ENERGIA MECÂNICA
DA ENERGIA

ENERGIA CINÉTICA ENERGIA POTENCIAL

ENERGIA MECÂNICA
FORÇAS CONSERVATIVAS
SE CONSERVA

TRABALHO NÃO DEPENDE


SISTEMA CONSERVATIVO
DA TRAJETÓRIA

FORÇAS NÃO ENERGIA MECÂNICA


CONSERVATIVAS NÃO SE CONSERVA

TRABALHO DEPENDE SISTEMA NÃO


DA TRAJETÓRIA CONSERVATIVO

41
AULAS Impulso e quantidade de movimento
41 e 42
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 20 e 23

1. Quantidade de Observe que a grande quantidade de movimento é uma


grandeza vetorial; assim, todas as análises ou operações se
movimento de um corpo fazem dentro do conceito de vetores.

No exemplo​__ a seguir, uma partícula de massa m tem uma



​___› Exemplo
velocidade v ​​   arbitrária. A quantidade de movimento Q ​
​   
Na situação representada pela figura a seguir, um auto-
dessa partícula é, por definição:
móvel tem massa m = 800 kg e velocidade de módulo
v = 10 m/s. A quantidade​___› de movimento (ou momento li-
near) do carro é o vetor Q ​
​ ,   tal que:

​___› _​_›
Q ​
​   = m · v ​​   
​___› _​›_
_​›_ Q ​
​   = m · v ​
​   
​___› _​›_
_​__› a massa m é uma grandeza positiva, os vetores v ​​   
Como
O vetor Q ​
​   tem a mesma direção e sentido de v ​
​   e seu mó-
e Q ​
​    sempre terão a mesma direção e o mesmo sentido.
dulo é:
A quantidade de movimento também é denominada mo-
mento linear. Q = m · v = 800 kg · 10 m/s = 8.000 kg · m/s
A unidade de quantidade de movimento não tem uma de-
nominação específica. No SI, tem-se:
​___ __
2. Quantidade de
[​Q ​  ​›  ]​= [m] · [​ v ​ ​​›  ]​
​___› movimento de um sistema
​[Q ​ 
 ​   ]​= kg · m · s–1 O conceito de quantidade de movimento é muito útil para
a análise de movimentos de um conjunto de corpos (ou
sistema), como será visto adiante.
A figura a seguir ilustra um sistema formado por n partícu-
las. No instante_​___t› qualquer,
_​___› _​___› as_​___partículas

têm quantidades
de movimento Q ​ 1 ​,  Q​ 2 ​,  Q
​ 3 ​,   ..., Q
​ n ​.  

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Quantidade de movimento 1
Sistema formado por várias partículas.

42
A quantidade de _​movimento
__› total do sistema, no
instante t, é o vetor Q ​
​   dado pela soma vetorial das quanti-
dades de movimento de cada partícula: ____
___ ____ ____ ____
​› ​ › ​ › ​ › ​ ›
Q ​
​   = Q
​ 1 ​  + Q
​ 2 ​  + Q
​ 3 ​  + ... + Q
​ n ​  

Aplicação do conteúdo
1. O sistema de partículas ilustrado na figura a seguir
é formado por duas partículas que se movem em ​____ traje-
e perpendiculares. Supondo ​ ​Q1  ​  ​= 30

tórias retilíneas
​____
kg · m/s e ​ ​Q​___2  ​  ​= 40 kg · m/s, calcule a quantidade de

› ​___› ​____› ​____›


​   2​ = ​ Q
​ 1 ​   2​ + ​ Q
​ 2 ​   2​
movimento ​Q ​   do sistema.
​ Q ​ 
​___›
​ Q ​ 
​   2​ = (30)2 + (40)2
​___
​ Q ​ ​ ›  ​= 50 kg · m/s

3. Impulso de uma
força constante
No estudo do conceito de impulso, considere inicialmente
Resolução: um caso particular de uma força constante agindo sobre
um corpo. Como exemplo, observe a situação representada
A quantidade de movimento do sistema é dada pela soma
na figura a seguir: um automóvel _​›_ acelera em um trecho
das quantidades de movimento de cada partícula; assim,
retilíneo de uma estrada, sendo F ​ ​   a resultante das forças
deve-se ter:
​___› ​____› ​____› que atuam no​___›
automóvel. No instante t i , o automóvel
_​___› tem
Q ​
​   = Q
​ 1 ​  + Q
​ 2 ​   velocidade v​i ​   e quantidade de movimento Q ​ i ​.   Depois_​__de
​____› ​____› ›
A operação de adição dos vetores Q ​ 1 ​  e Q
​ 2 ​  está represen- um intervalo de tempo, no instante_​___› tf, a velocidade é v​f ​  e
a quantidade de movimento é Q ​ i ​.   Aplicando a segunda Lei
tada na figura a seguir.
​___›
Pelo triângulo colorido, calcula-se o
de Newton nessa situação, obtém-se:
módulo do vetor Q ​​ :  

​_›_
_​__› _​__› _​___› ​____› ​___›
_​›_ _​__› m · v
​  ​
 – m · ​v  ​   Q ​  ​
 – Q
​  ​

        Q ​   
​ D​v ​ ​   = ​ ___________
D​
F ​ ​   = m ___
​   = m · a ​ f
 ​i   = ______
  ​  f  ​i    = ___
​   ​ 
Dt Dt Dt Dt
Assim:
​__› ​___›
​   · Dt = D​Q ​   
F ​
_​›_ ​___›
Essa última equação relaciona o produto F ​​   · Dt com a variação da quantidade de movimento D​Q ​.  
_​›_
Devido à importância
​_›_
do conceito de quantidade de movimento, a quantidade dada pelo produto F ​​   · Dt recebeu o nome de
impulso da força F ​
​   durante o intervalo de tempo Dt. Assim:
_​›_ _​›_
O impulso (​I ​)   de uma força constante F ​
​ ,   durante o intervalo de tempo Dt, é dado por:
_​›_ _​_›
​   = F ​
I ​ ​   · Dt
_​›_ _​›_
Como o intervalo de tempo é positivo, Dt > 0, os vetores I ​
​   e F ​
​   devem ter a mesma direção e o mesmo sentido.
Com essa definição, a equação:

43
​__› ​___› _​›_ ​___›
​   ·
F ​ Dt = D​Q ​   ainda que o teorema do impulso I ​​  = D​Q ​  continua válido
Obtida acima, pode ser reescrita assim: quando a força é variável.

_​›_ _​__›
I ​​   = D​Q ​   

O enunciado anterior é conhecido pelo nome de teorema


de impulso.

_​›_
O impulso de uma força constante F ​
​  ,  em um intervalo
de tempo Dt, é igual à variação da quantidade de mo-
vimento, durante esse intervalo de tempo, produzida
por essa força.

O módulo do impulso é matematicamente equivalente


A unidade de impulso não tem denominação específica. igual à área abaixo do gráfico:
Assim, no SI: __​›
_​›_ ​_›_ | I ​
​   | = Área
[  ] [  ]
​I ​ ​   ​= ​F ​ ​   ​· [Dt] = N · s
Caso a força alterne de sentido, ainda é possível calcular
O teorema do impulso permite observar que as unidades de a área; no entanto, por convenção, a área acima do eixo
impulso e de quantidade de movimento são equivalentes: horizontal é dita positiva e a área abaixo é negativa. Desse
1 N · s = 1 kg · m/s modo, impulso equivale à soma algébrica das áreas.

multimídia: vídeo No caso do gráfico, a área 1 (A1) é positiva, enquanto a


Fonte: Youtube
área 2 (A2) é negativa.
Impulso e quantidade de movimento - Mãoz-
inha em Física 17

4. Impulso de força variável


A definição de impulso pode ser estendida para o caso de
uma força variável. Nesse caso, o intervalo de tempo é di-
vidido em uma quantidade grande de intervalos menores;
para cada um deles, considera-se a força como constante.
Assim, para cada um desses
​_›_ ​_intervalos
›_
menores, calcula-se
o impulso pela equação I ​
​   = F ​​   · Dt. O impulso total é igual multimídia: vídeo
à soma de cada um dos impulsos parciais.
Fonte: Youtube
Seguindo esse procedimento, demonstra-se que, no caso Física - Impulso e Quantidade de Movimen-
em que a direção da força é constante, o impulso é dado to - Q1
pela área sob o gráfico de F em função de t. Demonstra-se

44
​____› _​__›
Q
​ f ​  = m · v​ f ​  
Aplicação do conteúdo ​____› ​___›
​ 0 ​  = m · v​ 0 ​  
Q
1. Uma bola de beisebol de massa 150 gramas se apro-
xima do rebatedor, com velocidade de módulo v1 = 30 Assim, a equação anterior fica:
_​__ _​__ _​›_
m/s. Logo após a rebatida, o módulo da velocidade da _​›_ m · v​ › ​  – m · v​ › ​   _​__›
F ​​   = ​  ___________
f
 ​  i
  ___v ​
= m · ​   ​   = m · a ​
D​ ​   
bola é v2 = 50 m/s. Dt Dt
Nesse caso, considere que o tempo de contato entre a Portanto, a equação final é um caso particular da equação
bola e o taco foi de 0,002 s. Calcule o impulso da força
que o taco exerceu sobre a bola e o valor médio da
apresentada no início, valendo quando a massa do corpo
força exercida pelo taco sobre a bola. é constante. Entretanto, há situações em que a massa do
corpo é variável. O exemplo mais comum é o caso de um
Resolução: foguete. Durante seu movimento, a massa do foguete dimi-
Sendo Q1 e Q2 as quantidades de movimento da bola antes nui devido à queima de combustível. Nesse caso, o estudo
e depois da batida (considerando m = 150 gramas = 0,15 do movimento de um foguete deve ser feito utilizando-se a
kg), tem-se: equação dada pela quantidade de movimento.
​____›
​ Q
​ 1 ​   ​= m · v1 = (0,15)(30) = 4,5 kg · m/s
​____›
Aplicação do conteúdo
​ Q
​ 2 ​   ​= m · v2 = (0,15)(50) = 7,5 kg · m/s 1. (UPE-SSA) “Ao utilizar o cinto de segurança no ban-
Escolhendo o eixo orientado para a direita como referência, co de trás, o passageiro também está protegendo o
tem-se: motorista e o carona, as pessoas que estão na frente
do carro. O uso do cinto de segurança no banco da
frente e, principalmente, no banco de trás pode evitar
muitas mortes. Milhares de pessoas perdem suas vidas
no trânsito, e o uso dos itens de segurança pode re-
Q1 = 4,5 kg · m/s  e  Q2 = –7,5 kg · m/s duzir essa estatística. O Brasil também está buscando,
cada vez mais, fortalecer a nossa ação no campo da
Assim: prevenção e do monitoramento. Essa é uma discussão
I = DQ = Q2 – Q1 = (–7,5) – (4,5) = –12 kg · m/s que o Ministério da Saúde vem fazendo junto com ou-
tros órgãos do governo”, destacou o Ministro da Saú-
​ I ​= 12 kg · m/s de, Arthur Chioro.
Desprezando a ação do peso da bola, tem-se: Estudo da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego
(Abramet) mostra que o cinto de segurança no banco
​ I ​= Fm · Dt da frente reduz o risco de morte em 45% e, no banco
traseiro, em até 75%. Em 2013, um levantamento da
12 = Fm · 0,002
Rede Sarah apontou que 80% dos passageiros do ban-
Fm = 6 · 103 N co da frente deixariam de morrer, se os cintos do banco
de trás fossem usados com regularidade.

5. Impulso e a segunda Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/ultimas-noticias/1596-


metade-dos-brasileiros-nao-usa-cinto-de-seguranca-no-

Lei de Newton
banco-detras Acesso em: 12 de julho de 2015.

Em uma colisão frontal, um passageiro sem cinto de


Inicialmente, a​___segunda Lei de Newton foi apresentada segurança é arremessado para a frente. Esse movi-
​_›_
› mento coloca em risco a vida dos ocupantes do veí-
como F ​
​   = m · a ​
​ .   Foi comentado que essa equação é uma
culo. Vamos supor que um carro popular com lotação
simplificação do enunciado dado por Newton para a lei. máxima sofra uma colisão na qual as velocidades ini-
Newton fez o enunciado utilizando o conceito de quanti- cial e final do veículo sejam iguais a 72 km/h e zero,
dade de movimento. respectivamente. Se o passageiro do banco de trás do
_​›_
veículo tem massa igual a 80 kg e é arremessado con-
Considere uma força constante F ​ ​   agindo sobre um corpo
tra o banco da frente, em uma colisão de 400 m/s de
de modo que, num determinado ​____› instante, a quantidade duração, a força média sentida por esse passageiro é
de movimento do corpo é Q ​ 1 ​,   e, após um intervalo _​de ___› igual ao peso de:
tempo Dt, a quantidade de movimento passa a ser Q ​ 2 ​.  
a) 360 kg na superfície terrestre.
Newton afirma que:
​___› _​___› _​___› b) 400 kg na superfície terrestre.
​_›_
D​Q ​   Q ​  ​  – Q
​ 0 ​  
F ​​   = ___
​   ​ =______ ​  f  ​    c) 1.440 kg na superfície terrestre.
Dt Dt d) 2.540 kg na superfície terrestre.
Para o caso em que o corpo tem massa constante m, tem-se: e) 2.720 kg na superfície terrestre.

45
Resolução: Admitindo que não há perdas no sistema, estime, em N ∙ s
a impulsão fornecida pela máquina no intervalo entre 5 e
Transformando a velocidade e o tempo para o Sistema In-
105 segundos.
ternacional de unidades:
1 m/s  ​  Resolução:
vi = 72 km/h · ​ ________ = 20 m/s
3,6 km/h
No gráfico da força pelo tempo dado no enunciado, sa-
​  1 s   ​ 
Dt = 400 ms · _______ = 0,4 s be-se que a área sob a curva é numericamente igual ao
1000 ms
impulso (I) gerado pela força (F) durante o tempo t.
Utilizando a definição de impulso e o teorema do impulso,
tem-se a relação entre a força média e a variação da quan- Como é pedido o impulso no intervalo de tempo compre-
tidade de movimento: endido entre 5 e 105 segundos, pode-se concluir que a
DQ m . (vf - vi) área do retângulo da figura a seguir é numericamente
I = DQ = Fm · Dt ⇒ Fm = ___ ​   ​ =________
​   ​
  
Dt At igual ao impulso no mesmo intervalo de tempo.
80 kg . (0 – 20 m/s)
Fm =______________
  
​   ​   ∴ Fm = 4000 N
0,4s
E essa força média equivale a uma massa no campo gravi-
tacional terrestre de:
F
​ gm ​  ⇒ m = ​ 4000 N
m = ___ ______  ​ ∴ m = 400 kg
10 m/s2
Alternativa B
2. (Mackenzie) Um móvel de massa 100 kg, inicialmente
em repouso, move-se sob a ação de uma força resultan-
te, constante, de intensidade 500 N, durante t = 4,00 s.
A energia cinética adquirida pelo móvel, no instante
t = 4,00 s em joule (J) é:
a) 2,00 ∙ 103. Assim, pode-se escrever:
b) 4,00 ∙ 103. I = área = 100 ∙ 100
c) 8,00 ∙ 103.
d) 2,00 ∙ 104. I = 10.000N ∙ s
e) 4,00 ∙ 104. 4. (FGV) Um brinquedo muito simples de construir, e que
Resolução: vai ao encontro dos ideais de redução, reutilização e
reciclagem de lixo, é retratado na figura.
Aplicando o teorema do impulso de uma força:
I = DQ
F ∙ Dt = m ∙ v
Assim, tem-se a velocidade ao final de 4 segundos: A brincadeira, em dupla, consiste em mandar o bólido
de 100 g, feito de garrafas plásticas, um para o outro.
v = ​ F____
. Dt 500 N . 4s∴
________
m ​  ⇒ v = ​  100 kg ​  
 v = 20 m/s Quem recebe o bólido, mantém suas mãos juntas, tor-
A energia cinética será, nando os fios paralelos, enquanto que, aquele que o
manda, abre com vigor os braços, imprimindo uma for-
100 kg ∙ (20m/s)2
Ec = ​ m . v2
____
 ​  ⇒ Ec = _____________
  
​   ​  ∴ Ec = 2,00 ∙ 104 J ça variável, conforme o gráfico.
2 2
Alternativa D
3. (UERJ) Observe o gráfico a seguir, que indica a força
exercida por uma máquina em função do tempo.

Considere que:

§ a resistência ao movimento causada pelo ar e o atrito


entre as garrafas com os fios sejam desprezíveis;

46
§ o tempo que o bólido necessita para deslocar-se de
um extremo ao outro do brinquedo seja igual ou su-
perior a 0,60 s.
Dessa forma, iniciando a brincadeira com o bólido em
um dos extremos do brinquedo, com velocidade nula,
a velocidade de chegada do bólido ao outro extremo,
em m/s, é de:
a) 16.
b) 20.
c) 24.
d) 28.
e) 32.
Resolução:
No gráfico da força pelo tempo apresentado no enunciado,
o impulso é numericamente igual à área do gráfico.
0,6(8)
I = _____
​   ​  = 2,4 N ∙ s
2
Pelo teorema do impulso: o impulso da força resultante é
igual à variação da quantidade de movimento (DQ)
I = DQ = m Dv ⇒ 2,4 = 0,1 (v – 0) ⇒ v = 24 m/s.
Alternativa C

multimídia: sites
www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/
Dinamica/impulso.php
www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/
Dinamica/quantmov.php
brasilescola.uol.com.br/fisica/impulso.htm

47
DIAGRAMA DE IDEIAS

QUANTIDADE DE
MOMENTO LINEAR
MOVIMENTO

GRANDEZA VETORIAL

SOMATÓRIA DE QUANTIDADE
PARA UM SISTEMA
DE MOVIMENTOS

IMPULSO DE TEOREMA DO
UMA FORÇA IMPULSO

ALTERA A QUANTIDADE
DE MOVIMENTO

2ª LEI ÁREA DO GRÁFICO


FORÇA VARIÁVEL
DE NEWTON FXT

48
Conservação da quantidade
AULAS
de movimento
43 e 44
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 20 e 23

1. Quantidade de movimento ​___›


 ​
Q
​___›
​  sistema =  ​
  Q

​  0
sistema

em um sistema de partículas
Foi visto anteriormente que a quantidade de movimento de
um corpo é dada___
​›
pelo___produto de sua massa e sua veloci-
​›
dade vetorial: Q
 ​

​  = m ∙  ​v ​ ;  agora, considere uma situação em
que, num dado sistema, existem várias partículas. A quanti-
dade de movimento total do sistema em um dado instante
será igual à soma vetorial da quantidade de movimento de
cada partícula individual até a enésima.
___
​› ___
​› ___
​› ___
​› ___
​›
​  ​sistema =  

Q
  ​  ​1 +  
Q
  ​  ​2 +  
Q
  ​  ​3 + ... +  
Q
  ​  ​n
Q

___
​› multimídia: vídeo
​  1
Q ​
Fonte: Youtube
1 2 ___ Impulso e quantidade de movimento
​›
​  2
Q ​

3
​___›
2. Princípio da conservação
​  3
Q ​ da quantidade de movimento
Assim, pode-se aplicar, numa situação em que esse sistema
A análise do movimento de um sistema de corpos exige a
passe por mudanças, o teorema do impulso.
__​› ___
​› ___
​ › ___
​› separação das forças que atuam nos corpos em dois con-
  = D​Q
 ​I ​ sistema  ​
 sistema
  =  ​Q

​  – Q
 ​

​ 0  juntos: um conjunto das forças internas e um conjunto
___
​›
F ∙ Dt = Dt = D​Q
 ​
 sistema
  das forças externas. Uma força é chamada de interna
quando é exercida por um corpo do sistema sobre outro
Analisando o primeiro membro da equação, a força res- corpo do mesmo sistema. Uma força é denominada ex-
ponsável pela mudança na quantidade de movimento du- terna quando é exercida por um corpo fora do sistema.
rante o intervalo de tempo é a soma das forças externas
desse sistema. Dessa forma, pode-se reescrever a equação Numa situação em que não existe nenhuma força externa,
da seguinte maneira: ou seja, a resultante das forças externas é nula, afirma-se
___
​› que o sistema é isolado de forças externas ou simples-
Fexterna ∙ Dt = D​Q
 ​
 sistema

mente que o sistema é isolado.
No caso em que a força externa é nula, ou a soma vetorial
de todas as forças externas resulta no vetor nulo, ou ainda Em um sistema isolado, a quantidade de movimento é
se for desprezível, pode-se dizer que Fexterna = 0, e, conse- constante.
quentemente, a variação da quantidade de movimento
também é. Esse enunciado constitui o princípio da conservação
___
​›
D​Q
 ​
 sistema
  =0 da quantidade de movimento.
Ou seja, a quantidade de movimento do sistema perma- Em um sistema isolado, como não existe força externa, o
nece constante. impulso também é nulo, e, consequentemente, a variação

49
da quantidade de movimento também é nula, ou seja, a com velocidades vA = 6,0 m/s e vB = 4,0 m/s sobre uma
quantidade de movimento é constante. superfície horizontal, sem atrito. Sendo vA > vB, após um
certo intervalo de tempo, o carrinho A colide com o car-
rinho B e, durante a colisão, um dispositivo de engate faz
Aplicação do conteúdo com que os __​carrinhos permaneçam unidos. Determine a

velocidade (​v ​ ) do conjunto (carrinhos A e B unidos) de-
1. Como mostra a figura a seguir, dois carrinhos, A e B, de
pois da colisão.
massas mA = 7,0 e mB = 3,0 kg, movem-se inicialmente

Resolução:
____
​ › __
​› ____
​ ›
Os carrinhos
__
​›
A e B formam o sistema. No carrinho A, atuam o peso P​ A ​ e a normal F ​ ​ N  ; no carrinho B, atuam o peso P​ B ​ e a
A
normal F ​ ​ N  .
B

__
​›
Durante a colisão, além dessas forças, o carrinho __A exerce a força F ​
​  sobre o carrinho B, e, pela ação e reação, o carrinho B
​__› ​› ​__›
aplica a força –​F ​ sobre o carrinho A. Essas forças F ​
​  e – F ​
​  são forças internas
____ exercidas entre os carrinhos. As forças externas
​ › ____
​ ›
são as forças exercidas por corpos que estão fora do sistema: os pesos P​ A ​ e P​ B ​ e as forças normais FN e FN são exercidas
A B
pela Terra.
Como a resultante das forças externas é nula, uma vez que a força normal anula a força-peso, o sistema é isolado. Adicio-
nalmente, o atrito também foi desprezado.
Assim, pode-se aplicar o princípio da conservação da quantidade de movimento: a quantidade de movimento total antes da
colisão deve ser igual à quantidade de movimento depois da colisão:
​___› ​___› ​___›
Q
 ​

​ A  + Q
 ​

​ B  =  ​
Q

​ 
__
​› __
​› __
​›
mA ·  ​v ​ A  + mB ·  ​v ​ B  = (mA + mB) ·  ​v ​  

Como todos os vetores têm mesmo sentido, pode-se trabalhar com os módulos:
(7,0)(6,0) + (3,0)(4,0) = (7,0 + 3,0) · v
42 + 12 = 10 · v
v = 5,4 m/s
2. As bolas A e B de massas mA = 12 kg e mB = 5,0 kg, sobre uma mesa, movem-se inicialmente uma em direção à
outra, com as velocidades indicadas na figura.

50
Depois de colidirem, as duas bolas continuam a se mo- energia cinética total é a mesma antes e depois da colisão;
vimentar sobre a mesma reta, mas de modo que a bola essas colisões são denominadas colisões elásticas. Um
B vai para a direita com velocidade 3,0 m/s. Determine exemplo de colisão elástica é a colisão entre duas bolas de
o módulo e o sentido da velocidade da bola A depois
da colisão.
marfim (como as bolas de bilhar).

Resolução:
Como as velocidades têm a mesma direção, pode-se traba-
lhar utilizando os módulos das velocidades.
Escolhendo uma orientação para a reta da direção de mo-
vimento das bolas e atribuindo sinais às velocidades:

multimídia: vídeo
Situação inicial → vA = +2,0 m/s e vB = –6,0 m/s Fonte: Youtube
Colisão Elástica e Coeficiente de Restituição
Situação final → v’A = ? e v’B = +3,0 m/s
A quantidade de movimento do sistema antes da colisão
deve ser igual à quantidade de movimento depois da colisão: Na colisão elástica, os corpos necessariamente se separam
depois da colisão. Se, depois de uma colisão, os corpos se
unirem, ocorrerá obrigatoriamente perda de energia cinética.
Dependendo da conservação ou não da energia cinética,
as colisões podem ser classificadas em três tipos:
§ colisão elástica: a energia cinética se conserva e os
corpos se separam depois da colisão;
mAvA + mBvB = mAv’A + mBv’B
§ colisão parcialmente elástica: os corpos se sepa-
(12)(2,0) + (5,0)(–6,0) = 12 · v’A + (5,0)(+3,0)
ram depois da colisão, mas existe perda de energia
v’A = –1,75 m/s cinética;
Como a velocidade v’A é negativa depois da colisão, a bola § colisão inelástica: os corpos permanecem unidos
A se move para a esquerda, ou seja, no sentido oposto à depois de colidirem e existe perda de energia cinéti-
orientação do eixo, como ilustra a figura a seguir. ca; esse tipo de colisão também é denominado colisão
anelástica.

3. Colisão e energia cinética


Na colisões de corpos macroscópicos, uma certa quantida-
de de energia cinética de cada um dos corpos geralmente
é perdida. Dessa energia perdida, uma parte deve-se ao
trabalho realizado pelas forças que causam a deformação
dos corpos, e parte é transformada em outras formas de
energia, como energia térmica e energia vibratória (o som
de uma colisão é produzido pela energia vibratória).
Existem alguns casos nos quais essa energia perdida é bas-
tante pequena e pode ser desconsiderada, de modo que a

51
4. Conservação em
sistemas não isolados
O princípio da conservação da quantidade de movimento
também pode ser aplicado em algumas situações em que a
resultante das forças externas não é nula. O princípio pode
ser utilizado, por exemplo, no caso de explosões, pois as
explosões ocorrem em um intervalo de tempo muito cur-
to e envolvem forças internas muito mais intensas do que
as forças externas. Assim, um instante um pouco antes da
explosão, a quantidade de movimento total é aproximada-
multimídia: vídeo
mente igual à quantidade de movimento total um pouco Fonte: Youtube
depois da explosão. Colisões elásticas e inelásticas - Mãozinha
Um outro caso em que é possível utilizar o princípio ocorre em Física 020
quando o sistema não é isolado, mas, em uma certa direção,
a resultante das forças externas é nula. Para essa direção em
que a resultante da forças externas é nula, pode-se aplicar o
princípio da conservação da quantidade de movimento.

5. Casos particulares de colisão


5.1. Colisão frontal e elástica
A colisão frontal e elástica ocorre quando a direção de movimento dos corpos, antes e depois da colisão, é a mesma
(uma reta).
Para simplificar, considere uma colisão frontal e elástica entre duas partículas de massas iguais. Sendo A e B as par-
tículas que colidem, as velocidades das partículas depois da colisão são trocadas (permuta de velocidades), ou seja:
Velocidade final de A = velocidade inicial de B
Velocidade final de B = velocidade inicial de A
Observe alguns exemplos:

52
6. Esfera que incide 02) Pode-se dizer que esse tipo de colisão é uma co-
lisão perfeitamente inelástica.
04) Tomando-se o referencial do piloto Felipe Mas-
perpendicularmente em sa, pode-se dizer que a velocidade da mola era de
–270 km/h.
uma superfície fixa 08) Considerando que o intervalo de tempo do
A figura a seguir ilustra uma bolinha lançada contra uma impacto (a duração do impacto) foi de 0,5 s, a
​ aceleração média da mola foi de 150 m/s2.
parede
__› S. Ao atingir a superfície, a velocidade da bolinha é​
 ​v i , perpendicular a S. Supondo que a bolinha não grude na 16) Considerando que, após o final da colisão, a ve-
locidade da mola em relação ao piloto é nula, e to-
parede, em um instante imediatamente posterior à colisão,
​__› mando o referencial do piloto Felipe Massa, pode-se
a velocidade da bolinha é  ​v ​ f . Experimentalmente, Newton afirmar que a função horária da posição da mola,
descobriu que existe uma relação entre essas velocidades, após o final da colisão, foi de segundo grau.
e essa relação depende dos materiais de que são feitos
os corpos que colidem. Essa relação é denominada coefi- Resolução:
ciente de restituição (e) e é dada por: Analisando as afirmações, tem-se:
|v | 01) Incorreta. Dados: m = 800 g = 0,8 kg; v0 = 0;
e = ___
​  f  ​   v = 270 km/h = 75 m/s
|vi|
Depois da colisão, a mola tem velocidade igual à do
capacete.
Q = m(v – v0) = 0,8(75 – 0) = 60 kg · m/s
02) Correta. A mola fica incrustada no capacete
após a colisão, caracterizando uma colisão perfeita-
mente inelástica.
__ __ 04) Correta. As velocidades relativas entre dois
​› ​›
No caso em que ​  ​v ​ i ​= ​  ​v ​ f  ​, a colisão é elástica e tem-se e corpos têm mesma intensidade de sentidos opostos.
= 1. Se a colisão for parcialmente elástica, ocorrerá per- 08) Correta. Dados: v0 = 0; v = 270 km/h = 75 m/s;
__
​› __
​› Dt = 0,5 s
da de energia cinética e, como consequência, ​  ​v ​ i ​> ​ ​v f  ,​ e, am = ___
​ Dv ​ = 75/0,5 = 150 m/s2
__
​› Dt
assim, 0 < e < 1. No caso de colisão inelástica, ​ ​v f  ​ = 0, e,
16) Incorreta. A função somente seria do segundo
portanto, e = 0. grau se o módulo da aceleração da mola fosse cons-
Para o caso de colisão entre duas esferas A e B, o coefi- tante, e isso não se pode afirmar.
ciente de restituição pode ser calculado da seguinte forma: 2. (UPE) Na figura a seguir, observa-se que o blo-
co A de massa ma = 2,0 kg, com velocidade de 5,0
vf – vf v (afastamento) m/s, colide com um segundo bloco B de massa mb =
e = ​ ______
B A
vi – vi  ​ 
= _______________
​  rel
    ​ 8,0 kg, inicialmente em repouso. Após a colisão, os
A B vrel (aproximação)
blocos A e B ficam grudados e sobem juntos, numa
rampa até uma altura h em relação ao solo. Despre-
ze os atritos.
Aplicação do conteúdo
1. (UEM) Durante o treino classificatório para o Gran-
de Prêmio da Hungria de Fórmula 1, em 2009, o pilo-
to brasileiro Felipe Massa foi atingido na cabeça por
uma mola que se soltou do carro que estava logo à sua
frente. A colisão com a mola causou fratura craniana,
uma vez que a mola ficou ali alojada, e um corte de 8
cm no supercílio esquerdo do piloto. O piloto brasileiro Analise as proposições a seguir e conclua.
ficou inconsciente e seu carro colidiu com a proteção de
pneus. A mola que atingiu o piloto era de aço, media 12 ( ) A velocidade dos blocos, imediatamente após a coli-
são, é igual a 1,0 m/s.
cm de diâmetro e tinha, aproximadamente, 800 g. Consi-
derando que a velocidade do carro de Felipe era de 270 ( ) A colisão entre os blocos A e B é perfeitamente
km/h, no instante em que ele foi atingido pela mola, e inelástica.
desprezando a velocidade da mola e a resistência do ar, ( ) A energia mecânica do sistema formado pelos blocos
assinale o que for correto. A e B é conservada durante a colisão.
01) A quantidade de movimento (momento linear) ( ) A quantidade de movimento do bloco A é conserva-
transferida do piloto para a mola foi de, aproximada- da durante a colisão.
mente, 75 kg ∙ m ∙ s-1. ( ) A altura h em relação ao solo é igual a 5 cm.

53
Resolução: 4. (Espcex) Dois caminhões de massa m1 = 2,0 ton e m2
= 4,0 ton, com velocidades v1 = 30 m/s e v2 = 20 m/s,
As figuras mostram as situações inicial e final dos blocos, respectivamente, e trajetórias perpendiculares entre si,
antes e após a colisão, perfeitamente inelástica, e colidem em um cruzamento no ponto G e passam a se
após terem subido a rampa. movimentar unidos até o ponto H, conforme a figura a
seguir. Considerando o choque perfeitamente inelásti-
co, o módulo da velocidade dos veículos imediatamen-
te após a colisão é:

A quantidade de movimento total se conserva. Assim:


___
​› ___
​›
 ​
Q
  ​ TI  → (mA + mB) · v = mA · v0
​ TF  = Q
 ​

v = 1,0 m/s
a) 30 km/h.
Depois da colisão, no processo de subida da rampa, a ener- b) 40 km/h.
gia mecânica se conserva, e, portanto: c) 60 km/h.
d) 70 km/s.
​ 1 ​ Mv2 = Mgh → h = 5,0 cm
ETF = ETI → __
2 e) 75 km/s.
(V) observe a explicação acima;
Resolução:
(V) por definição;
Para essa análise, é necessário analisar as quantidades de
(F) nas colisões inelásticas existe redução de energia;
movimento dos dois caminhões vetorialmente, conforme a
(F) o que se conserva é a quantidade de movimento total figura a seguir.
do sistema;
(V) h = 5 cm.
3. (UFJF-PISM) Uma aranha radioativa de massa ma = 3,0 g
fugiu do laboratório e foi parar na sala de aula. Ela está
parada e pendurada no teto através de um fio fino feito
de sua teia, de massa desprezível. Um estudante, mas-
cando um chiclete com massa mc = 10,0 g, se apavora e
atira o chiclete contra a aranha com uma velocidade
de vc = 20 m/s. Considere que a colisão entre o chicle-
te e a aranha é totalmente inelástica e que possa ser Assim, segue que:
tratada como unidimensional. Com base nessas infor- _______
mações, calcule: Qi = √
​ Q12 + Q22  
______________
a) os módulos dos momentos lineares da aranha e do  ​Qi = √
​ (m
   . v1)2 + (m2 . v2)2
1
chiclete, imediatamente antes da colisão; ___________________
b) a velocidade final do conjunto aranha-chiclete ime-  ​Qi = √
​ (2000
   . 30)2 + (4000 . 20)2 ​
diatamente após a colisão. ______________
Qi = √
​ (60000)
   2
+ (80000)2
Resolução:
 ​Qi = 100 · 103 kg · m/s
a) Em unidades do Sistema Internacional:

{ }
Qa = 0 Dessa forma, é possível encontrar a velocidade dos dois
Q = mv ​              
​      m ​ . ​  ​
Qc = 10 x 10-3 ∙ 20 ⇒ Qc = 0,2 kg​ __
s
caminhões após a colisão.
b) Considerando o sistema mecanicamente isolado, Qi = Qf
pela conservação da quantidade de movimento, vem:
Qi = Qf ⇒ mc vc = (ma + mc) · vf ⇒ vf 10(20) Qf = m · vf
Qi
​ 200 ​ ⇒ vf = 15,4 m/s
= 13vf ⇒ vf = ___ vf = ________
​     
13 (m1 + m2)

54
​ 100 . 10
3
 ​vf =_______  ​ 

6 . 10 3

​ 100
vf = ___  ​  m/s
6
ou
vf = 60 km/h
Alternativa C
5. (UFG) Uma experiência comum utilizando um acele-
rador de partículas consiste em incidir uma partícula
conhecida sobre um alvo desconhecido e, a partir da
análise dos resultados do processo de colisão, obter in- a) 3.000 km/h
formações acerca do alvo. Um professor, para ilustrar de b) 3.200 km/h
forma simplificada como esse processo ocorre, propôs a c) 34.000 km/h
seguinte situação em que uma partícula de massa m1 = d) 3.600 km/h
0,2 kg colide com um alvo que, inicialmente, estava em e) 3.800 Km/h
repouso, conforme a figura.
Resolução:
Pela conservação do momento linear, tem-se que:
Qfog = Qest + Qcap.
M ∙ vfog. = mest. ∙ vest. + mcap. ∙ vcap.
Em que:
vfog = 3.000 km/h
mest. = 0,75 ∙ M
vest. = V – 800
Após a colisão, obteve-se como resultado que as compo-
nentes y das velocidades são respectivamente v1y = 5m/s mcap. = 0,25 ∙ M
e v2y = –2 m/s. Nesse caso, a massa do alvo, em kg, é:
vcap. = v
a) 0,08.
b) 0,2. Assim:
c) 0,5. 3.000 ∙ m = 0,75 ∙ (v – 800) + (0,25 ∙ M) ∙ v
d) 0,8.
3.000 = 0,75 ∙ v – 600 + 0,25 ∙ v
e) 1,25.
v = 3.600 km/h
Resolução:
Alternativa D
Como o movimento, antes da colisão, era estritamente
sobre o eixo x, a componente da quantidade de movi- 7. (IFCE) Uma esfera A é largada, a partir do repouso, do
mento no eixo y é nula. Pela conservação da quantidade ponto mais alto de uma calha, cujo trilho possui uma
de movimento, tem-se, então: parte em forma de “looping” (círculo), como mostra a
figura 1.
Qyfinal = Qyinicial ⇒ m1v1y + m2V2y = 0 ⇒ 0,2 ∙ 5 + m2 (–2) =
0 ⇒ m2 = 0,5 kg
Alternativa C
6. (PUC-PR) Um foguete, de massa M, encontra-se no
espaço___
​ ›e na ausência de gravidade com uma veloci-
dade (​V ​  0) de 3.000 km/h em relação a um observador
na Terra, conforme ilustra a figura a seguir. Num dado
momento da viagem, o estágio, cuja massa representa
75% da massa do foguete, é desacoplado da cápsula.
Devido a essa separação, a cápsula do foguete passa a
viajar 800 km/h mais rápido que o estágio.
Qual a velocidade da cápsula do foguete, em relação a
um observador na Terra, após a separação do estágio?

55
A distância horizontal atingida pela esfera A até tocar o
solo é X0 = 1 m. Em seguida, a mesma esfera A é largada
do mesmo ponto anterior, a partir do repouso, e colide
frontalmente com uma segunda esfera B colocada em
repouso na extremidade horizontal da calha (ponto C
na figura 1). Ambas atingem as distâncias horizontais
XA = 0,3 m e XB = 0,6 m, respectivamente.
Desprezando-se a resistência do ar e considerando-se a
aceleração da gravidade g constante, o coeficiente de
restituição do choque, entre as duas esferas, vale:
a) 0,3.
b) 0,5.
c) 0,7.
multimídia: vídeo
d) 0,9. Fonte: Youtube
e) 1,0. Teorema do Impulso - Mãozinha em Física
Resolução: 018
O tempo de queda é o mesmo nos três casos, pois inde-
pende da massa e da velocidade inicial, como mostrado
a seguir: ___
​ 1 ​ g Dt2 ⇒ Dt = ​ ___
h = __
2
​ 2h
g ​ ​   √
Depois de abandonar a calha, a velocidade horizontal de
cada esfera permanece constante para os três lançamen-
tos, sendo igual a razão entre a distância horizontal percor-
rida e o tempo de queda.
Assim, tem-se:

{ }     
X
v0 = ___
​  0  ​ = ___
Dt
​  1  ​ ;
Dt
multimídia: sites
X 0,3
​ ​ va = ___
​    ​ = ___
0
​   ​ ; ​    

     Dt Dt
guiadoestudante.abril.com.br/estudo/
X 0,6
vB = ___
​  0  ​ = ___
​   ​  resumo-de-fisica-quantidade-de-movimen-
Dt Dt
to-impulso-e-colisoes/
O coeficiente de restituição no choque é dado pela razão
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/teo-
entre velocidades relativas de afastamento (vB – vA) e de
rema-impulso.htm
aproximação (v0).
alunosonline.uol.com.br/fisica/teorema-im-
___ 0,6 0,3
v_____ ​   ​ – ___
– vA _______ ​   ​  0,3 pulso.html
B
= ​  Dt  ​=
e = ​  v  ​   Dt  
  ___
​   ​  ⇒ e = 0,3 brasilescola.uol.com.br/fisica/colisoes.htm
0 __1
​    ​   1
Dt www.infoescola.com/mecanica/colisoes/
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/coli-
Alternativa A
soes-elasticas-inelasticas.htm

56
VIVENCIANDO

O estudo sistematizado de colisões não tem aplicabilidade somente na teoria de partículas. No “mundo macroscópi-
co”, a colisão entre veículos, infelizmente, é questão de utilidade e segurança pública.
Durante um impacto, a utilização do cinto de segurança passa a ser questão vital para a sobrevivência dos ocupantes
de um veículo. Sua utilização interfere na diminuição do impulso atuante no corpo dos passageiros.

57
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

No estudo de colisões entre os corpos, emprega-se a habilidade 20 tanto pela caracterização da causa quanto pela
descrição dos efeitos do movimento em si.

Modelo 1
(Enem) O trilho de ar é um dispositivo utilizado em laboratórios de física para analisar movimentos em que corpos de
prova (carrinhos) podem se mover com atrito desprezível. A figura ilustra um trilho horizontal com dois carrinhos (1
e 2) em que se realiza um experimento para obter a massa do carrinho 2. No instante em que o carrinho 1, de massa
150,0 g, passa a se mover com velocidade escalar constante, o carrinho 2 está em repouso. No momento em que o
carrinho 1 se choca com o carrinho 2, ambos passam a se movimentar juntos com velocidade escalar constante. Os
sensores eletrônicos distribuídos ao longo do trilho determinam as posições e registram os instantes associados à
passagem de cada carrinho, gerando os dados do quadro.

Carrinho 1 Carrinho 2
Posição (cm) Instante (s) Posição (cm) Instante (s)
15,0 0,0 45,0 0,0
30,0 1,0 45,0 1,0
75,0 8,0 75,0 8,0
90,0 11,0 90,0 11,0

Com base nos dados experimentais, o valor da massa do carrinho 2 é igual a:


a) 50,0 g.
b) 250,0 g.
c) 300,0 g.
d) 450,0 g.
e) 600,0 g.

58
Análise expositiva - Habilidade 20: A velocidade do carrinho 1 antes do choque é:
C
O carrinho 2 está em repouso: v2 = 0.
Depois da colisão, os carrinhos seguem juntos com velocidade v12, dada por:

Como o sistema é mecanicamente isolado, ocorre conservação da quantidade de movimento.

:
Alternativa C

Modelo 2
(Enem) Durante um reparo na Estação Espacial Internacional, um cosmonauta, de massa 90 kg, substitui uma bomba
do sistema de refrigeração, de massa 360 kg, que estava danificada. Inicialmente, o cosmonauta e a bomba estão em
repouso em relação à estação. Quando ele empurra a bomba para o espaço, ele é empurrado no sentido oposto. Nesse
processo, a bomba adquire uma velocidade de 0,2 m/s em relação à estação.
Qual é o valor da velocidade escalar adquirida pelo cosmonauta, em relação à estação, após o empurrão?
a) 0,05 m/s
b) 0,20 m/s
c) 0,40 m/s
d) 0,50 m/s
e) 0,80 m/s

Análise expositiva - Habilidade 20: Quando se trata de um sistema mecanicamente isolado, ocorre conserva-
E ção da quantidade de movimento.
Assim:

Alternativa E

59
DIAGRAMA DE IDEIAS

CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE
DO MOVIMENTO

QUANTIDADE DE SOMATÓRIA DAS


MOVIMENTO QUANTIDADES
DE UM SISTEMA DE MOVIMENTO

SE CONSERVA

QUANTIDADE DE
SISTEMA ISOLADO MOVIMENTO CONSTANTE

COLISÕES

ENERGIA CINÉTICA
ELÁSTICA
SE CONSERVA

PARCIALMENTE HÁ PERDA DE
ELÁSTICA ENERGIA CINÉTICA

HÁ PERDA DE CORPOS UNIDOS


INELÁSTICA
ENERGIA CINÉTICA APÓS COLISÃO

60
ONDULATÓRIA: Incidência do tema nas
principais provas

Os fenômenos ondulatórios são recorrentes O tema fenômenos ondulatórios é recor-


na prova, exigindo a interpretação de figuras rente na prova, exigindo a interpretação
e aplicações das equações fundamentais de figuras.
trabalhadas neste livro.

O tema fenômenos ondulatórios pode aparecer na O tema ondulatória pode aparecer na O tema ondulatória é recorrente na prova,
prova com o estudo de tubos, exigindo a interpre- prova com questões objetivas sobre o exigindo a interpretação de figuras.
tação de figuras. estudo de cordas.

Dentre os temas abordados neste livro, o A prova tem uma grande variação de temas, A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas,
de maior incidência é o estudo de cordas, porém, podem aparecer o estudo de tubos. temas. Eventualmente, podem aparecer porém, podem aparecer o conteúdo de tubos,
exigindo do candidato a base das equações questões básicas de ondulatória, exigindo exigindo do candidato a interpretação de
fundamentais da ondulatória. do candidato conceitos fundamentais da figuras e a base de equações fundamentais
ondulatória. da ondulatória.

UFMG

A prova tem uma grande variação de temas. A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas,
Eventualmente, podem aparecer questões temas. Eventualmente, podem aparecer porém, pode aparecer o conteúdo básico de
conceituais sobre introdução à ondulatória questões sobre tubos e cordas, exigindo fenômenos ondulatórios.
relacionando com Física moderna. manipulações das equações.

Eventualmente, podem aparecer questões A prova tem uma grande variação de temas. A prova tem uma grande variação de temas.
sobre ondulatória, exigindo do aluno as equa- Eventualmente, podem aparecer o estudo Eventualmente, podem aparecer questões
ções fundamentais e o conceito do tema. de cordas em movimento oscilatório, com fundamentais de ondulatória, exigindo do
questões bem objetivas. candidato o uso de equações e conceitos
fundamentais.

61
AULAS Movimento harmônico simples
35 e 36
Competências: 1, 5 e 6 Habilidades: 1, 17 e 22

1. Oscilações
O relógio na figura a seguir é um exemplo de um pêndulo,
cujo movimento é oscilatório (ou vibratório). Como é
possível observar na figura, o pêndulo se movimenta alter-
nadamente em torno de um ponto central (vaivém).

multimídia: sites
www.sofisica.com.br/conteudos/Ondulato-
ria/MHS/forcanomhs.php
www.sofisica.com.br/conteudos/Formu-
lasEDicas/formulas12.php
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/movi-
O pêndulo simples é formado por um corpo de pequenas mento-harmonico-simples.htm
dimensões preso à extremidade de um fio. A posição B é a brasilescola.uol.com.br/fisica/movimen-
posição de equilíbrio. Caso o corpo seja solto nessa posição, to-harmonico-simples.htm
nenhum movimento será realizado. Ao ser afastado dessa brasilescola.uol.com.br/matematica/fun-
posição, o corpo se movimenta em direção aos pontos A coes-trigonometricas-1.htm
e C, alternadamente, realizando o movimento oscilatório.
© www.BillionPhotos.com/Shutterstock

Afastando levemente a corda de sua posição de equilíbrio e soltando-a em seguida, a corda vibrará (oscilando) em torno da posição inicial.

62
As equações que determinam a posição, a velocidade e a de tempo do movimento de Y a W e de W a Y são iguais e
aceleração de um corpo em movimento oscilatório depen- ​  T ​ . Os intervalos de tempo do movimento nos traje-
valem __
dem de uma função periódica. Geralmente, essas funções 2
tos de Y a Z, de Z a W, de W a Z e de Z a Y também são
são o seno ou o cosseno, conhecidas como funções har-
iguais e valem __ ​ T ​ cada um.
mônicas. Por essa razão, os movimentos oscilatórios são 4
também denominados movimentos harmônicos. A frequência (f) da oscilação periódica é o número de
oscilações realizadas em cada unidade de tempo:
1.1. Oscilações periódicas número de oscilações
f = frequência = ​ _____________________
  
    ​N  ​  
 ​= ___
tempo gasto nas oscilações t
Na prática, um movimento oscilatório não se mantém
indefinidamente. Devido aos atritos, a energia do sis- Pela definição de período, quando Dt = T, o intervalo de
tema diminui até parar na posição de equilíbrio. Por uma oscilação, N = 1, ou seja:
exemplo, a vibração da corda de um violão diminui até
parar devido à perda de energia por atrito, tanto interno ​ 1 ​ 
f = __
T
quanto do ar. Essas oscilações são denominadas amor-
tecidas. No entanto, as oscilações podem ser mantidas No SI, a unidade de frequência é s-1 (inverso do segundo),
continuamente. Para que isso ocorra, deve haver um denominada hertz (Hz).
suprimento contínuo de energia. A figura ilustra uma
A amplitude de uma oscilação é o deslocamento máxi-
criança em um balanço. É possível manter a energia me-
mo em relação à posição de equilíbrio. Na figura a seguir,
cânica do movimento oscilatório ao fazer movimentos
esse deslocamento máximo pode ser medido linearmen-
com o corpo (utilizando, nesse caso, a energia química
te, indicado pela letra A, ou pelo ângulo entre a posição
do corpo).
máxima em relação à posição de equilíbrio. No caso das
Quando o atrito é desprezível, as oscilações de um sis- oscilações periódicas, como não existe perda de energia,
tema podem permanecer por muito tempo. Nesse caso, a amplitude é constante. No caso das oscilações amorte-
o intervalo de tempo do movimento de ida e volta entre cidas, a amplitude do movimento diminui, pois a energia
as posições opostas da oscilação se mantém constante, é perdida (dissipada).
ou seja, esse intervalo de tempo é o mesmo para cada
oscilação completa.
A oscilação completa é o movimento que, ao partir de uma
das posições extremas, vai até a outra extremidade e volta
à posição inicial. Na figura a seguir, uma oscilação comple-
ta é realizada pelo pêndulo ao ir da posição Y até a posição
W e retornar à posição Y.

2. Movimento
harmônico simples
A figura a seguir ilustra um sistema mecânico massa-mo-
O intervalo de tempo de uma oscilação completa é deno- la já utilizado no estudo de Mecânica. O bloco tem massa
minado período (T). Quando o período não se altera (é m e está preso a uma mola de massa desprezível e cons-
constante), a oscilação é periódica. Além disso, os intervalos tante elástica k.

63
Na figura a seguir, o sistema massa-mola está na posição de
equilíbrio. Caso não exista atrito, se o corpo for deslocado e
abandonado na posição x = A, o corpo se movimentará os-
cilando entre as posições de abscissas x = -A e x = A, sendo
A a amplitude do movimento. Esse movimento oscilatório
em que a força resultante é do tipo F = -kx é denominado
movimento harmônico simples (MHS).

Na primeira figura, o sistema está na posição de equilíbrio, multimídia: vídeo


e, nesse caso, a mola não está deformada (x = 0). Se o
Fonte: Youtube
corpo for afastado
​____› para a direita (x = x1), a mola exercerá
uma força F​ 1 ​  sobre o corpo tentando restaurar a configu- Me Salva! OCI06 - Movimento Harmônico
ração inicial. Assim, a força terá sentido para a esquerda e Simples e M. C. Uniforme - Física Geral -
módulo (dado pela Lei de Hooke): Mecânica
​____›
|F​  ​|   = k ⋅ |x |
1 1

Se o corpo for afastado para a esquerda (x = x2), a situa-


ção será oposta: a mola tentará restaurar
​____› o corpo para a
posição inicial exercendo uma força F​ 2 ​  com sentido para a
direita. O módulo será dado por:
​____›
|F​  ​|   = k ⋅ |x |
2 2

Será útil atribuir um sinal à força para identificar seu senti-


do. Dessa forma, se o sentido da força for o mesmo que o
sentido do eixo: F > 0; se a força tiver sentido oposto ao do
eixo: F < 0. Assim, na situação anterior:
x1 > 0 e F1 < 0
x2 < 0 e F2 > 0
A partir dessa convenção, os sinais de F e x são opostos, de
modo que a Lei de Hooke pode ser escrita como:

Fel = –k ⋅ x

A equação acima define o gráfico da força em função da


posição x como uma reta, cujo aspecto é o da figura a seguir.

A energia potencial correspondente à força elástica é dada


por:
​ kx ​  
2
Ep = ___
2

64
O corpo também possui energia cinética, dada por: uma mola de constante elástica k = 18 N/m. Calcule a
mv2 velocidade máxima atingida por esse corpo.
Ec = ___
​   ​   
2
A energia mecânica é a soma da energia potencial e da Resolução:
energia cinética: A figura ilustra o movimento do corpo, oscilando entre as
​ kx ​  + ___
​ mv ​   posições de abscissas x = –0,40 m e x = 0,40 m. A energia
2 2
Em = Ep + Ec = ___
2 2 mecânica do corpo é:
O gráfico a seguir mostra a energia potencial (Ep), a cinética
(Ec) e a mecânica (Em) em função da posição. Nas posições
x = A ou x = –A, a velocidade é nula; assim, a energia
cinética é nula e a energia potencial é máxima. Na posição
de equilíbrio, x = 0, a energia potencial é nula e a energia
cinética é máxima.

18(0,40)2
​ k ⋅  ​
Em = ____ A2  =_______
​   ​   ⇒ Em = 1,44 J
2 2
A velocidade máxima do corpo ocorre na posição de maior
energia cinética, ou seja, quando a abscissa é nula (x = 0).
Como, nesse ponto, a energia potencial também é nula, a
energia mecânica é igual à energia cinética:
(2,0)v2
​ mv ​  = 1,44 ⇒ _____
2
A abscissa x é chamada também de elongação. Ec = Em ⇒ ___ ​   ​   = 1,44 ⇒ v = 1,2 m/s
2 2
Quando não há atrito, não ocorre dissipação de energia, e
a energia mecânica se mantém constante. Assim, a energia 2.1. Gráficos horários do MHS
mecânica tem o mesmo valor para qualquer posição. Para x
O MHS é um movimento periódico. Dessa forma, o gráfico
= A, ou seja, no extremo da trajetória quando a velocidade
da elongação em função do tempo deve ser uma curva
é nula, a energia mecânica é obtida por:
que se repete (possui a mesma forma) a cada período,
k ⋅ A ​
x = A ou x = -A   Em = Ec + Ep = 0 + ​ ​ ____
2
  
2 ​ isto é, deve se repetir periodicamente. Essa curva não
deve ter nenhum trecho retilíneo, pois a velocidade não
⋅ A ​
Em = ​ k____
2
   é constante em nenhum momento (lembre-se de que,
2
quando a velocidade é constante, a posição em função
do tempo é uma reta).
Aplicação do conteúdo No caso do MHS, o gráfico da elongação em função do
1. Um corpo de massa m = 2,0 kg realiza um movimento tempo é uma senoide (ou cossenoide), como é possível ob-
harmônico simples de amplitude A = 0,40 m, preso a servar na figura a seguir.

A posição varia entre + A e – A, sendo A a amplitude do movimento. O período T corresponde ao intervalo de tempo de
uma oscilação completa. Os pontos X, Y, Z, M e N correspondem a inversões no sentido do movimento. Nessas posições a
aceleração é máxima. Esse pontos também correspondem aos pontos em que a velocidade é nula. Assim:

65
instantes tx, ty, tz, tm e tn ⇒ velocidade nula
As posições determinadas pela intersecção da função com
o eixo das abscissas correspondem às posições em que a
velocidade é máxima.
A função que descreve a posição no MHS é dada por:
x(t) = A ⋅ cos(ω t + ϕ)
Em que A é a amplitude, ω é a velocidade angular e ϕ é o
ângulo inicial.
A função da velocidade é dada por:
v(t) = –A ω sen(ω t + ϕ) Aplicação do conteúdo
A aceleração é dada por: 1. Uma partícula executa MHS de período T = 4 s entre
os pontos de abscissas +5 m e –5 m, como ilustra a figu-
a(t) = –A ω² cos(ω t + ϕ) ra. Esboce o gráfico da elongação (abscissa) em função
de tempo em cada um dos casos a seguir:
Os gráficos de posição por tempo, velocidade por tempo e
aceleração por tempo, para ϕ = 0, são mostrados na figura
a seguir.

a) No instante t = 0, a partícula tem abscissa x = +5 m.


b) No instante t = 0, a partícula tem abscissa x = 0 e
velocidade negativa.
Resolução:
a) Por se tratar de um MHS, o gráfico do movimento é
uma senoide (ou cossenoide) que deve estar entre +5
e –5 m, que é a amplitude do movimento. No instante
t = 0, a abscissa da partícula é +5 m, ou seja, ela
a a
está em um dos extremos da trajetória. Portanto, sua
a
abscissa deve diminuir em seguida, pois a partícula se
dirige para a posição de equilíbrio. Como o período é
de 4 s, em 2 s a partícula deve estar no outro extre-
mo da trajetória (x = –5 m). Depois 4 s, equivalente
a uma oscilação completa, a posição deve ser nova-
Observando os gráficos, pode-se perceber que a velocidade mente igual à inicial, x = +5 m.
é máxima quando o móvel passa pela posição de equilí-
brio, x(t) = 0, em que t = T/4 ou t = 3T/4; nesse instante, a
velocidade é máxima e assume o valor de |vmáx| = ωA. Já a
aceleração é máxima quando a posição assume seu valor
máximo, ou seja, quando x(t) = –A ou x(t) = +A, em que t
= 0 ou t = T/2, assumindo o valor |amáx| = ω²A.

2.2. Período do MHS b) Nesse caso, no instante inicial (t = 0), a abscissa


Para o MHS, o período do sistema massa-mola não depen- da partícula é nula (x = 0). Como nesse instante a
velocidade é negativa, o movimento da partícula tem
de do valor da amplitude e é dado por: o sentido negativo, ou seja, para a abscissa x = –5 m.
__ O intervalo de tempo entre a posição de equilíbrio e o
​  m ​ ​  
T = 2p ​ __ √ extremo da trajetória é igual a um quarto do período
k
(T/4 = 4/4 = 1 s). Assim, após 1 s, a partícula deve
estar em x = –5 m. Como no caso anterior, após 2
Essa equação também é válida se o sistema massa-mola s (T/2), a partícula deve estar no outro extremo da
estiver na vertical, como ilustrado na figura a seguir. A dife- trajetória, x = +5 m, e retornar à posição inicial em
rença do sistema nessa configuração é que, na posição de seguida, completando uma oscilação completa em 4
equilíbrio, o comprimento da mola é maior. s (um período).

66
ou uma ponte, também oscilam, e essas vibrações ocorrem
em frequências denominadas frequências próprias.
Caso uma força externa periódica seja aplicada com frequ-
ência igual à frequência própria do sistema, a amplitude do
movimento não se manterá constante e aumentará cada
vez mais. Esse efeito é denominado ressonância entre o
É possível demonstrar que os gráficos da velocidade e da
sistema e a força externa. Um exemplo simples dessa situ-
aceleração em função do tempo também são senoides.
ação está ilustrado na foto anterior. A mulher exerce uma
força periódica sobre o balanço com a mesma frequência
3. Pêndulo simples de oscilação do balaço. Assim, por causa da ressonância,
a amplitude de oscilação do balanço será cada vez maior.
O pêndulo simples é formado por um corpo de pequenas
dimensões preso ao fio ideal (massa desprezível) e fixado
pela outra extremidade do fio, como é possível observar na
Aplicação do conteúdo
figura a seguir. A denominação pêndulo simples deve-se 1. (UPF) Um pêndulo simples, de comprimento de 100
ao fato de que as dimensões do corpo são pequenas em cm, executa uma oscilação completa em 6 s num deter-
relação ao comprimento L do fio. A figura também ilustra o minado local. Para que esse mesmo pêndulo, no mesmo
local, execute uma oscilação completa em 3 s, seu com-
movimento oscilatório do pêndulo entre as posições A e C.
primento deverá ser alterado para:
A posição B é a posição de equilíbrio do pêndulo.
a) 200 cm.
b) 150 cm.
c) 75 cm.
d) 50 cm.
e) 25 cm.
Resolução:
Para o pêndulo simples, a expressão que relaciona seu perí-
odo de oscilação T com o seu comprimento L é:
___
Quando a amplitude de oscilação de um pêndulo simples é T = 2π √
​ L/g ​ 
pequena, o período de oscilação é dado por: Usando os dados fornecidos e fazendo a razão entre as
expressões, tem-se:
T = 2p ​ __ d
​ gL  ​  ​ 
XX

__T 2π √1

___
L /g ​  T √1 ​
__
L  ​
  __ T ​
__
2√ 1
L  ​ 
​  1 ​ =________
​  ____  ​   ⇒ __
​  1 ​ = ___ ​ L2 ​ =​ _____
​  __ ​  ⇒ √  ​   ⇒
T2 2π √ ​ L2/g  ​  T2 ​√L2 ​  T1
Em que g é o módulo da aceleração da gravidade.
T 2L (3 s)2 ∙ 100 cm
L2 = ____
​  2 2 ​1  ⇒ L2 =___________
​   ​    
[ L2 = 25 cm
Aplicação do conteúdo T1 (6s)2
Alternativa E
1. Um pêndulo simples, de comprimento L = 2,5 m, os-
cila com pequena amplitude num local em que g = 10 2.
m/s2. Calcule:
a) o período do movimento;
b) a frequência do movimento.
Resolução:
d
XXX
2,5
d
XX
a) T = 2p ​ __ ​  gL  ​ ​ = 2p ​ ___ ​   ​ ​  = 2p d​ XXXX =p⇒T=p
0,25 ​ 
10
s ≅ 3,1 s
​ 1 ​ =  ​__
b) f = __ ​  1 ​​ ≅ ___ ​  1   ​ ≅ 0,32 ⇒ f = 0,32 Hz
T π 3,1

4. Ressonância O pêndulo simples ideal consiste em uma massa m pe-


Nos dois sistemas tratados anteriormente, massa-mola e quena (para que o atrito com o ar possa ser desprezado)
pêndulo simples, as oscilações têm uma frequência determi- presa a um fio de massa desprezível e comprimento L
nada. Contudo, sistemas mais complexos, como um edifício como mostra a figura anterior. Para oscilações pequenas,

67
o período T e a frequência angular
____ v são relacionados A e B de mesma massa m que oscilam em MHS de igual
de forma que T = 2π/v = √  , em que g é a acele-
​ (L/g) ​ amplitude.
ração da gravidade. Com o intuito de determinar o va-
lor da aceleração da gravidade em sua casa, um aluno
montou um pêndulo simples e mediu o período de os-
cilação para diferentes comprimentos do fio. Ele usou
uma régua graduada em centímetros e um sensor de
movimento para determinar a posição horizontal x do
pêndulo em função do tempo.
a) O gráfico a seguir mostra a posição horizontal do
pêndulo para dois experimentos, com comprimentos
de fios diferentes, em função do tempo. Com base
nesses resultados, calcule a razão entre os compri-
mentos dos fios para os dois experimentos.
Sendo ECA e ECB as energias cinéticas dos sistemas A e B,
respectivamente, no tempo t1; EPA e EPB as energias po-
tenciais dos sistemas A e B, respectivamente, no tempo
t2 é correto afirmar que:
a) ECA = ECB.
b) EPA > EPB.
c) ECA > ECB.
d) EPB > EPA.

b) O aluno realizou novas medidas e montou o grá- Resolução:


fico do período do pêndulo ao quadrado em função Analisando o gráfico, em um ponto de cada curva em que
do comprimento do fio. Com base nesses resultados,
a elongação da mola é igual para os dois osciladores, nota-
calcule o valor da gravidade encontrado pelo aluno.
-se que a maior inclinação corresponde à maior velocidade
em módulo.

Resolução:
a) Do gráfico: T1 = 0,4 s e T2 = 0,2 s Com isso, tem-se que |vB| > |vA| e, logicamente, ECB > ECA.
___ T1 2π ________ T1 ___
T = 2π √ ​ L/g ​ ⇒ __ ​   ​ = ___
​   ​ √  ​ ⇒ __
​ L1/g ∙ g/L2  ​   ​  = √
​ L1/L ​2  Da observação do gráfico, tem-se que as relações entre os
T2 2π T2 períodos dos dois osciladores é:
{  } T1 2 L1
⇒ ​ __ ​   ​   ​ = __
​   ​ 
T2 L2 TA = 2 TB

{  }
L 0,4 2 L1
​ __  ​=
  ​ ___
​   ​  ​ ⇒ __ Sabendo que a expressão do período de um oscilador em
1
​   ​ = 4
L2 0,2 L2
MHS é:
b) Dado: π ___
= 3,14 ___
​  gL  ​
​ L/g ​ ⇒ T2 = 4π2 __
T = 2π = √ T = 2π √
​ m/k ​ 
____ _____
Do gráfico: L = 1m ⇒ T2 = 4 s2 2π √
​ m/kA ​ = 2 ∙ 2π ​√m/kB  ​=
  4 kA ⇒ kB > kA
Substituindo esses valores na expressão:
Para um instante de mesma elongação da mola x, a ener-
​ 4π
2
4 = ___g   ⇒ g = π = 3,14 ⇒ g = 9,86 m/s
 ​1 2 2 2
gia potencial elástica depende da constante da mola k,
sendo assim, EPB > EPA.
3. (Epcar (Afa)) A figura a seguir apresenta os gráficos da
posição (x) em função do tempo (t) para dois sistemas Alternativa D

68
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

As funções trigonométricas são denominadas funções circulares. Para compreendê-las, é necessário relacioná-las
com as demais voltas no ciclo trigonométrico. No círculo trigonométrico, cada número real é associado a um ponto
da circunferência.

Círculo trigonométrico dos ângulos expressos em graus e radianos

As funções trigonométricas são funções que possuem um comportamento periódico.


Uma função f: A → B é periódica se existir um número real positivo p tal que:
f(x) = f(x + p), ; x 7 A
Em que o menor valor positivo de p é chamado de período de f.
A função seno é expressada por f(x) = sen x; é uma função periódica e seu período é 2π.
No primeiro e no quarto quadrante, a função f é crescente. Já no segundo e no terceiro quadrante, a função f é de-
crescente. O gráfico da função seno f(x) = sen x é uma curva denominada senoide.
y
M 1
y’
sen(x)

x 2
A π π
0 x’ x 2π x
2
-1

A função cosseno é uma função periódica e seu período é 2π, expressada por f(x) = cos x.
No primeiro e no segundo quadrante, a função f é decrescente. Já no terceiro e no quarto quadrante, a função f é
crescente. O gráfico da função cosseno f(x) = cos x é uma curva denominada cossenoide.
y
M 1

x
A π
0 con(x) 0 x π 3π 2π x
2 2
-1

69
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos
1 em diferentes contextos.

É muito importante que o aluno saiba ser crítico a ponto de reconhecer em diversas ocasiões do dia a dia os variados
fenômenos físicos aprendidos em sala de aula.

Modelo
(Enem) A corrida dos 100 m rasos é uma das principais provas do atletismo e qualifica o homem mais rápido do mun-
do. Um corredor de elite foi capaz de percorrer essa distância em 10 s, com 41 passadas. Ele iniciou a corrida com o
pé direito.
O período de oscilação do pé direito desse corredor foi mais próximo de:
a) 1/10 s.
b) 1/4 s.
c) 1/2 s.
d) 2 s.
e) 4 s.

Análise expositiva - Habilidade 1: Essa questão exige que o aluno tenha assimilado muito bem os conceitos de
C período e de frequência de oscilação em um movimento oscilatório.
O tempo decorrido por passo é de aproximadamente:
10
T = ___ 10
​   ​  ≈  ___   T ≈ __1​  ​  s
​   ​  ⇒
41 40 4
Como foi perguntado o período de oscilação apenas do pé direito, pode-se obter esse resultado multiplicando o valor
de T por 2, uma vez que cada pé toca o solo num tempo que equivale ao dobro do período de cada passo. Assim:
Td = 2T = 2 ⋅ __1​   ​  
4
Td = __1​  ​  s
2
Alternativa C

70
DIAGRAMA DE IDEIAS

MOVIMENTO OSCILATÓRIO
MHS
E PERIÓDICO

SISTEMA
A: AMPLITUDE DO MHS
MASSA-MOLA

SISTEMA
EM = EP + EC
CONSERVATIVO
K ⋅ A2
Ep =
2
GRÁFICO MHS m ⋅ vMÁX
2
Ec =
2

FUNÇÕES
TRIGONOMÉTRICAS


m
PERÍODO = 2π ⋅
T
√ —
K

PÊNDULO SIMPLES


PERÍODO
L
= 2π ⋅ —
T
g √

71
AULAS Introdução à ondulatória
37 e 38
Competências: 1, 2, 5 e 6 Habilidades: 1, 6, 17 e 22

1. Pulsos e ondas
O desenvolvimento dos modelos físicos que descrevem a natureza e as propriedades dos fenômenos ondulatórios foi possí-
veis graças ao estudo das ondas. Uma onda realiza o transporte de energia na direção de sua propagação, mas
sem transportar matéria.
Considere, como na figura a seguir, duas pessoas segurando uma corda, cada uma em uma das extremidades. Se uma das
pessoas fizer um movimento brusco para cima e depois para baixo, uma perturbação será causada na corda. Essa perturba-
ção, uma sinuosidade, vai se deslocar ao longo da corda até a outra extremidade e, depois, retornará (por conta da reflexão).
Essa perturbação que se propaga pela corda é o transporte de energia fornecida pela pessoa ao movimentar bruscamente
a corda.

Nesse exemplo, a perturbação é denominada pulso. Uma composição de pulsos é chamada de onda. O braço da pessoa,
ao movimentar a corda, é a fonte da perturbação; e a corda é o meio de propagação dessa onda.
Como observado, na propagação do pulso e da onda pela corda, nenhum pedaço da corda foi transportado na direção de
propagação do pulso ou da onda.
As gotas de água, ao caírem e atingirem a superfície calma de um líquido, dão origem a um movimento que se propaga pela
superfície do líquido na forma de circunferências concêntricas, afastando-se do ponto de impacto da gota.

Perturbação provocada pela queda de uma gota de água.

Caso um pedaço de cortiça (material flutuante) fosse colocado próximo ao local de impacto da gota na superfície, seria pos-
sível verificar que a onda, ao atingir a cortiça, faria com que ela oscilasse verticalmente, subindo e descendo, e lateralmente,

72
em um movimento de pequena amplitude, mas sem ser
carregada pela onda.
Esse exemplo mostra a característica das ondas de não
transportarem matéria. A cortiça recebe energia da onda
e, por isso, se movimenta para cima e para baixo, mas não
é arrastada pela superfície da água na direção de propa-
gação da onda.
Existem diferentes tipos de ondas, que se distinguem por
sua natureza, pela direção de propagação, por sua forma e
É importante observar que, devido à necessidade de um
pela direção da vibração.
meio material para se propagarem, as ondas mecânicas
não se propagam no vácuo.

2.2. Quanto à direção de propagação


§ Unidimensionais são as ondas que se propagam
em apenas uma direção. As ondas em cordas são um
exemplo de propagação unidimensional.

A cortiça oscila vertical e lateralmente, mas não é arrastada pela onda.

2. Classificação das ondas


A classificação das ondas é realizada de acordo com sua
natureza, direção de propagação e direção de vi-
bração.

2.1. Quanto à natureza § Bidimensionais são as ondas que se propagam num


plano. As ondas na superfície da água em um lago, por
§ Ondas mecânicas são aquelas que se propagam em exemplo, têm propagação bidimensional.
um meio material, como as ondas em cordas, as ondas
sonoras (som) e as ondas na água.

§ Tridimensionais são as ondas que se propagam em


todas as direções, como as ondas sonoras no ar atmos-
férico.

§ Ondas eletromagnéticas são geradas por cargas


elétricas oscilantes e não necessitam de um meio ma-
terial para se propagar (podem se propagar no vácuo,
ou seja, um meio onde não existe matéria). Por exem-
plo: ondas de rádio, de televisão, de luz, de radar, raio-
–X, raio laser, etc.

73
2.3. Quanto à direção de vibração
§ Transversais são as ondas em que a direção de propagação é perpendicular à direção de vibração. As ondas em cordas
são transversais.
§ Longitudinais são as ondas cujas vibrações coincidem com a direção de propagação. As ondas sonoras, por exemplo,
são ondas longitudinais.
A figura a seguir ilustra a relação entre a direção de vibração e a direção de propagação para as ondas transversais e lon-
gitudinais.

direção de propagação -
direção de v
propagação
v
direção de
vibração
direção de
v vibração

Ondas transversais. Ondas longitudinais

transversal se propaga através da corda com velocidade v


(figura a seguir).

v
T

A velocidade de propagação da onda na corda depende da


intensidade da força de tração na corda e da sua densida-
de linear. É possível demonstrar que a velocidade de pro-
multimídia: vídeo pagação de uma onda transversal numa corda é dada por:
Fonte: Youtube
Ondas longitudinais e transversais d
XX
v = ​ __T  ​ ​ 
​ m

Em que:
3. Velocidade de § v é velocidade de propagação de onda através da corda.

propagação de uma onda § T é força que traciona a corda.

Nos meios homogêneos, as ondas mecânicas se propagam ​ m ​ é densidade linear da corda (em kg/m).
§ m = __
º
com velocidade constante. Apesar de não necessitarem
de um meio para se propagar, as ondas eletromagnéticas
também são capazes de se propagar em meios materiais.
4. Ondas periódicas
Assim como ocorre com as ondas mecânicas, se a propaga- O caso mais simples de propagação de onda é a propagação
ção ocorre em meios homogêneos, a velocidade de onda de uma onda unidimensional de velocidade constante. Nes-
eletromagnética é constante. sa situação, por se tratar de um movimento periódico, a onda
pode ser descrita empregando-se conceitos que já foram es-
Considere uma corda de massa m e comprimento º, fixada
tudados, como o Movimento Harmônico Simples (MHS).
em uma parede em uma das extremidades e sob a ação
de uma força de tração T. Suponha que a mão de uma A figura a seguir mostra uma pessoa executando periodi-
pessoa, agindo na extremidade livre da corda, realize um camente um movimento vertical de sobe e desce na extre-
movimento vertical, periódico, de sobe e desce. Uma onda midade livre de uma corda.

74
Obtém-se, então, a seguinte equação:
crista λ crista
v = †f
A
A
λ Essa é a equação fundamental da ondulatória e é
vale vale
valida para qualquer onda periódica (som, ondas na água,
luz, etc.).
Caso não exista dissipação de energia durante a propa-
A onda pode ser descrita a partir de suas características. gação da onda, a amplitude do MHS dos pontos da corda
A parte mais elevada da onda é denominada crista, e a será igual à amplitude do MHS produzido pela fonte.
cavidade, ou seja, a parte mais baixa entre duas cristas,
denomina-se vale.
O tempo necessário para que duas cristas consecutivas
passem pelo mesmo ponto da corda é o período (T) da
onda. A frequência (f) de uma onda é o número de cris-
tas consecutivas ou de vales consecutivos que passam por
um mesmo ponto da corda a cada unidade de tempo.
O período e a frequência se relacionam pela equação:

​ 1 ​ 
f = __
T
multimídia: vídeo
O comprimento de onda é a distância entre duas cristas Fonte: Youtube
ou entre dois vales consecutivos, em geral, representado Ondas 01 Conceitos Frequência, período e
pela letra grega l (lambda). A amplitude (A) da onda é velocidade exercícios
a distância máxima alcançada pela vibração. No SI, a uni-
dade de medida para o comprimento de onda e para a
amplitude é o metro (m). 5. Ondas eletromagnéticas
No caso de o pulso ou a onda se propagar com velocida- Uma onda eletromagnética é formada por dois campos
de constante, vale a expressão do movimento uniforme, perpendiculares entre si, um elétrico e outro magnético, e
∆s = v · ∆t. ambos também são perpendiculares à direção de propa-
Utilizando as características da onda, pode-se reescrever gação da onda. Uma carga elétrica em movimento pode
essa equação: gerar uma onda eletromagnética.
∆S = † No vácuo, a velocidade de propagação da onda eletromag-
nética é de 3 · 108 m/s. Essa velocidade é designada pela
∆t = T
letra c. Luz, ondas de rádio e de TV e raios–X são ondas
Substituindo: eletromagnéticas que diferem por suas frequências. O con-
junto de todas as ondas eletromagnéticas, baseado na fre-
quência e no comprimento de onda, constitui o espectro
eletromagnético.
campo
elétrico
campo
magnético
direção de
programação
da onda

Os campos elétricos e magnéticos de uma onda eletromagnética são


perpendiculares entre si e

​ 1 ​ 
∆S = v · ∆t ä † = v · T ä † = v · __ também à direção de propagação da onda.
f

75
O espectro eletromagnético caracteriza as ondas dependendo de suas frequências.
Cada intervalo recebe classificações diferentes, desde as ondas de rádio até os raios gama.

Aplicação do conteúdo
1. A figura a seguir representa uma onda formada por um vibrador de 3.600 rpm.

Determine: § Maior comprimento de onda (f = 550 · 103 Hz)


a) o comprimento de onda (l); v = †f ä 3 · 108 = 550 · 103 ä † ≈ 545 m
b) a amplitude (A);
c) a velocidade de propagação da onda (v).
Resolução: 6. Reflexão de um pulso
a) Do gráfico, observa-se que a onda se repete a cada Considere uma corda com uma de suas extremidades fi-
2 cm. Portanto, † =2 cm. xada em uma parede. Caso seja produzido um pulso que
b) Observando os valores no eixo y, o valor máximo é se propague pela corda, o que ocorrerá quando o pulso
4 mm. Portanto, a amplitude é A = 4 mm.
atingir a parede?
c) A frequência informada da fonte é de 3.600 rpm.
A resposta correta é que o pulso voltará pelo caminho de
​ 3600
f = ___  ​   ä f = 60 Hz
60 onde veio. Esse fenômeno é denominado reflexão do
v = †f = 2 · 60 ä v = 120 cm/s pulso. A reflexão pode ocorrer com a extremidade da cor-
2. Um rádio receptor opera em duas modalidades: em da sendo fixa ou livre.
AM, cobre o intervalo de 550 a 1550 kHz, e em FM, de Se a extremidade for fixa, ao ser refletido, o pulso sofre-
88 a 108 MHz. Quais são, aproximadamente, o menor e rá inversão de fase, mas manterá todas as outras caracte-
o maior comprimentos de ondas que podem ser capta-
dos por esse rádio? A velocidade das ondas eletromag-
rísticas. Essa inversão de fase é uma inversão do pulso, ou
néticas é de 3 · 108 m/s. seja, se o pulso que incide sobre a parede tiver um “forma-
to” para cima, o pulso refletido terá a mesma forma, mas
Resolução: voltado para baixo, como mostra a figura a seguir.
A partir da equação v = †, calcula-se o comprimento de
onda, reescrevendo † = _​ v ​.  Assim, o menor comprimento
f
de onda corresponde à maior frequência, e o maior compri-
mento de onda corresponde à menor frequência.
§ Menor comprimento de onda (f = 108 · 106 Hz)
v = †f ä 3 · 108 = † · 108 · 106 ä l ≈ 2,8 m Reflexão com inversão de fase.

76
A explicação desse fenômeno é simples. Ao atingir a ex- 2. Quando a densidade linear da primeira corda é maior
tremidade fixa na parede, a energia do pulso tende a fa- que a da segunda, ocorre refração e reflexão no momento
zer com que a parede execute o mesmo movimento dos em que o pulso atinge o ponto que une as cordas. Esse
pontos da corda (subir e descer). Entretanto, a parede tem ponto corresponde a uma extremidade livre; assim, o pulso
inércia muito maior do que a corda, o que faz com que a refletido retorna sem inversão de fase.
reação da parede à força aplicada pela corda cause uma
O pulso refratado sempre está na mesma fase que o
força para baixo, produzindo uma reflexão com inversão de
pulso original; no entanto, como parte da energia é car-
polaridade (denominada inversão de fase).
regada no pulso refletido, o pulso refratado tem menor
Se a extremidade for livre, ou seja, se a extremidade amplitude. Quando a força de tração é igual em ambas
puder oscilar de algum modo pela parede, o pulso sofrerá as cordas, e a velocidade é inversamente proporcional
reflexão e voltará sem inversão de fase. Se o “formato” do à densidade linear, o pulso refratado possui maior velo-
pulso incidente for para cima, a forma do pulso refletido cidade. A frequência sempre é a mesma que a do pulso
também o será. Observe a figura a seguir: original.
3. Quando a densidade linear da primeira corda é menor
que a da segunda, ocorre refração e reflexão no momento
em que o pulso atinge o ponto que une as cordas. Esse
ponto, por sua vez, corresponde a uma extremidade fixa, e
Reflexão sem inversão de fase.
o pulso refletido retorna com inversão de fase.
O pulso refratado sempre está em concordância de fase,

7. Refração de um pulso mas com menor amplitude. Dado que a segunda corda é
mais densa, a velocidade de propagação do pulso refra-
Foi estudada a propagação de ondas em cordas homogê- tado é menor. A frequência sempre é a mesma que a do
neas com a mesma densidade linear por toda sua exten- pulso original.
são. Mas o que aconteceria com um pulso propagando-se
numa corda não homogênea, ou seja, que não possuísse a 7.1. Equação da onda harmônica
mesma densidade linear em toda a sua extensão?
Como uma onda periódica é um Movimento Harmônico
Quando um pulso se propaga por uma corda de de- Simples, é possível utilizar as equações do MHS para des-
terminada densidade linear e, depois de certa posição, crever o movimento ondulatório.
passa a se propagar por uma corda ligada à primeira,
mas com outra densidade linear, afirma-se que o pulso y(cm)
sofreu uma refração. Devido à refração, ocorre a modi- 6
ficação da velocidade de propagação da onda de um 4
meio para o outro. 2
0
x(cm)
-2
-4
Contudo, ao sofrer refração, a frequência do pulso não se -6
modifica. No exemplo, (f1 = f2). Utilizando as equações an- 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

teriores, pode-se relacionar a velocidade e o comprimento A equação da posição no MHS é chamada de equação da
de onda nas duas porções da corda: onda harmônica e fornece a posição da onda.

__ v1 †__1 y = A ∙ cos (ωt + θ0)


v​  2 ​ = ​  †   ​
(  ( T ) )
y = A ∙ cos ​ 2 π ​ _​  t ​ - _​ xx ​  ​θ0  ​
2

Algumas considerações:
1. Quando a densidade linear das cordas é a mesma, não Para cada ponto da corda, a abscissa x é fixa, e a ordenada
ocorre reflexão, e a onda transmitida mantém todas as y varia em função do tempo, de acordo com essa função,
suas características: frequência, amplitude, velocidade e em que A é amplitude, T é o período de oscilação e λ é o
comprimento de onda. comprimento de onda.

77
Aplicação do conteúdo
1. (Fatec) Com a descoberta de que um corpo aqueci-
do podia emitir calor em forma de radiação térmica,
Max Planck realizou pesquisas nessa área, sendo que
seu trabalho é considerado o marco do surgimento
da física quântica. Radiação é uma energia, sob for-
ma de onda, emitida pelos corpos devido à sua tem-
peratura. É dessa forma que o calor e a luz do Sol
chegam à Terra.
Alguns tipos de radiação atravessam nosso corpo, com-
multimídia: vídeo primento de onda por volta de 10-10 m. Outros não con-
seguem e são retidos na superfície, comprimento de
Fonte: Youtube onda por volta de 10-8m, tornando-se nocivos à nossa
Ondulatória - Os tipos de onda e os ele- saúde. A figura a seguir mostra uma escala de frequên-
cia e as radiações.
mentos de uma onda

A faixa de frequência que é nociva à nossa saúde corresponde, no gráfico, à:


a) raios gama;
b) micro-ondas;
c) ondas de rádio;
d) raios ultravioleta;
e) raios infravermelhos.
Resolução:
Se os raios nocivos são os de comprimento de onda de 10-8m, eles são os raios ultravioleta.
Alternativa D

2. (UFLA) Uma onda transversal de frequência 1 Hz se Resolução:


desloca em uma corda, conforme diagrama a seguir. É
CORRETO afirmar que sua velocidade de deslocamento é: Observe no gráfico que λ = 4,0:

a) 4 m/s. Dessa forma, segue que:


b) 0,5 m/s.
v = 4m · 1/s = 4 m/s
c) 5 m/s.
d) π m/s. Alternativa A

78
3. (UFRJ) O gráfico a seguir registra um trecho de uma
corda esticada, onde foi gerada uma onda progressiva,
por um menino que vibra sua extremidade com um pe-
ríodo de 0,40 s.

A partir do gráfico, obtenha as seguintes informações:


a) amplitude e comprimento de onda;
b) frequência e velocidade de propagação.
Justifique sua resposta.
Resolução:
a) A amplitude corresponde a uma medida vertical
= 7,5 cm.
O comprimento de onda vale 4 medidas horizontais
= 28 cm.
b) Frequência = __ ​ 1 ​ = ___
​  1   ​ = 2,5 Hz.
T 0,4
​ λ ​ = ​ ___
Velocidade = __ 28  ​ = 70 cm/s ou 0,7 m/s.
T 0,4

multimídia: sites
www.sofisica.com.br/conteudos/Ondulato-
ria/Ondas/classificacao.php
brasilescola.uol.com.br/fisica/ondas.htm
www.infoescola.com/fisica/ondulatoria-on-
das/
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/on-
das-2.htm
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/on-
dulatoria.htm

79
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A matemática é uma forma de linguagem das ciências da natureza e é uma ferramenta para cientistas descreverem e
explicarem fenômenos físicos.

Modelo
(Enem) A radiação ultravioleta (UV) é dividida, de acordo com três faixas de frequência, em UV-A, UV-B e UV-C, con-
forme a figura.

Para selecionar um filtro solar que apresente absorção máxima na faixa UV-B, uma pessoa analisou os espectros de
absorção da radiação UV de cinco filtros solares:

Considere: velocidade da luz = 3,0 × 108 m/s e 1 nm = 1,0 × 10–9 m/s


O filtro solar que a pessoa deve selecionar é o:
a) V.
b) IV.
c) III.
d) II.
e) I.

80
Análise expositiva - Habilidade 7: Questão muito bem elaborada pela banca. Cabia ao aluno saber aplicar a
B equação fundamental da onda para calcular os comprimentos de onda e interpretar o resultado ao retornar ao gráfico,
escolhendo a alternativa correta.
Usando a equação fundamental da ondulatória, calculam-se os comprimentos de ondas mínimo e máximo para a
faixa UV-B.

Assim: (291 < UV-B < 321) nm


Nessa faixa, a curva de maior absorção corresponde ao filtro IV.
Alternativa B

81
DIAGRAMA DE IDEIAS

PERTURBAÇÕES QUE
ONDAS
SE PROPAGAM

MECÂNICA

NATUREZA

ELETROMAGNÉTICA

UNIDIMENSIONAL

DIREÇÃO DE
BIDIMENSIONAL
PROPAGAÇÃO

TRIDIMENSIONAL

TRANSVERSAL
DIREÇÃO DE
VIBRAÇÃO
LONGITUDINAL

DEPENDE DO MEIO
VELOCIDADE
DE PROPAGAÇÃO

FREQUÊNCIA DEPENDE DA FONTE

ONDAS EQUAÇÃO DA ONDA


PERIÓDICAS HARMÔNICA

82
AULAS Fenômenos ondulatórios
39 e 40
Competências: 1, 2, 5 e 6 Habilidades: 1, 6, 17 e 22

1. Frente de onda
Uma perturbação em um meio material se propaga para
outros pontos desse meio. Um exemplo bastante simples
é a perturbação gerada na superfície de um lago pelo lan-
çamento de uma pedra. Nesse caso, a propagação tem
origem no ponto de impacto da pedra no lago. À medida
que essas ondas se propagam, elas se afastam da fonte
de modo concêntrico. Por convenção, pode-se considerar
a crista de uma dessas ondas circulares como uma frente
de onda que se desloca radialmente. Assim, o conjunto dos multimídia: vídeo
pontos localizados na crista dessa onda é considerado uma
frente de onda. Fonte: Youtube
Cuba de Ondas

2. Princípio de Huygens
O holandês Christian Huygens (1629-1695) propôs uma
teoria ondulatória para explicar os fenômenos luminosos
Ondas circulares geradas por uma pedra lançada na água.
nos primórdios do estudo moderno da Óptica. Um resulta-
do do seu modelo é que a luz tem a velocidade reduzida
A velocidade de movimento da crista, ou da frente de onda, em meios mais densos.
é a velocidade de propagação da onda. Se a trajetória for
acompanhada de certo ponto dessa frente de onda, será Huygens formulou um princípio para descrever a propaga-
ção das ondas. Esse princípio estabelece que cada ponto
possível observar que ela descreverá uma reta radial. Essa
da frente de onda, em certo instante, age como uma fonte
reta é justamente a trajetória que auxilia na definição de
pertubadora e gera novas ondas, transferindo a energia
raio de onda, como os raios de luz estudados em Óptica.
aos pontos vizinhos.
A direção de propagação da onda é dada pelos raios de
onda e também são perpendiculares às frentes de onda O princípio de Huygens pode ser enunciado da seguinte
em cada ponto. maneira:
Se uma pessoa bate periodicamente com uma régua na
superfície de uma piscina calma, é possível produzir frentes Cada ponto de uma frente de onda, em determinado
de ondas lineares. Desse modo, criam-se ondas retas, cujas instante, é fonte de ondas secundárias que têm carac-
frentes de ondas serão segmentos de reta. terísticas iguais às da onda inicial.

Esse princípio tem as seguintes consequências:


§ A frente de onda posterior A’B’ é resultante das ondas
secundárias criadas pelas fontes, também secundárias,
1, 2, 3, 4 e 5.
§ O comprimento de onda † é a distância entre duas
frentes de ondas consecutivas.

83
§ A direção de propagação da onda, representada pelo raio de onda, é sempre perpendicular à frente de onda.

3. Reflexão de ondas
Um modo de perceber a reflexão de ondas é observar as ondas produzidas pelos banhistas em uma piscina. Ao atingir a
borda da piscina, as ondas continuam se propagando em outro sentido, ou seja, são refletidas, mas mantêm suas caracterís-
ticas. Assim, quando ondas provenientes de uma fonte encontram um obstáculo plano que não absorve sua energia, ocorre
uma mudança de sentido de propagação denominada reflexão, mantendo-se constante sua velocidade. A reflexão ocorre,
por exemplo, quando a luz atinge um espelho plano.

A figura a seguir representa a reflexão de ondas retas por um obstáculo plano.

Representação da reflexão de ondas, com os segmentos da reta paralelos às frentes de onda.

AI: raio de onda incidente


IB: raio de onda refletido
NI: reta normal ao ponto de incidência
i: ângulo de incidência
r: ângulo de reflexão
†: comprimento de onda
A reflexão de ondas obedece a duas leis:
1. O raio incidente, o raio refletido e a normal são coplanares.
2. Os ângulos de incidência e reflexão são iguais (i = r).

84
A partir dessas leis, pode-se determinar as duas proprieda- IB: raio de onda refratado
des da reflexão: NI: normal
i: ângulo de incidência
1. A frequência, a velocidade e o comprimento de onda
r: ângulo de refração
não variam na reflexão.
†1: comprimento de onda no meio (1)
2. Na reflexão, a fase pode ou não variar. †2: comprimento de onda no meio (2)
O raio da onda incidente (AI), que se propaga no meio 1
com velocidade v1, depois de incidir na superfície S e sofrer
refração, passa a se propagar no meio 2 com velocidade v2.
Leis da refração:
1. Os raios de onda incidente e refratados e a normal são
coplanares.
2. Lei de Snell-Descartes:
n1 · sen i = n2 · sen r
Essa relação é uma constatação experimental de que o
multimídia: vídeo seno do ângulo da onda incidente e o seno do ângulo da
Fonte: Youtube onda refratada possuem uma relação direta com as velo-
Ondulatória - Fenômenos ondulatórios: A cidades nos meios (1) e (2). A constante n é o índice de
Reflexão refração do meio.

4. Refração de ondas
Em um meio homogêneo, um onda sempre tem a mesma
velocidade, a mesma frequência e o mesmo comprimento
de onda. Quando a onda atinge uma região em que as
características do meio são diferentes, a velocidade de pro-
pagação da onda se altera.
Como indicado na figura a seguir, considere que uma onda
esteja se propagando no meio 1 e incidindo na superfície S
que separa os meios 1 e 2. multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Tema 13 - Fenômenos Associados a Propa-
gação Ondulatória | Experimentos - Cuba
de ondas: refração

As leis da refração permitem também definir duas proprie-


dades características:
§ A frequência e a fase não variam (na refração).
§ A velocidade de propagação e o comprimento de onda
variam na mesma proporção.
Para as ondas luminosas, o índice de refração n é defi-
nido como a razão entre a velocidade da luz no vácuo c e
a velocidade da luz v no meio em questão:
Representação da refração de ondas, com os segmentos de
reta paralelos indicando as frentes de onda (†† > †1).
n = _​ vc  ​
AI: raio de onda incidente

85
Para uma refração que ocorre em meios de índices de refra- Quando duas pessoas conversam separadas por um muro
ção n1 e n2, e de acordo com a relação de Snell-Descartes: alto, cada uma delas pode ouvir a outra falando do outro
lado, mesmo sem contato visual; isso ocorre por causa da
sen i 
____ n † v difração das ondas na borda do muro. Nesse caso, o som
​ sen  ​r = __
​ n2 ​  = ​  __1  ​ = __
​ v1 ​  
1 † 2 2 parece estar sendo emitido de cima do muro, e não do
local em que a pessoa se encontra.
Analisando essas equações, encontram-se as seguintes
relações: Para visualizar esse fenômeno, considere as ondas produ-
zidas na água:
Se n2 > n1 é †2 < †1 é v2 < v1 é r < i
Se n2 < n1 é †2 > †1 é v2 > v1 é r > i

Aplicação do conteúdo
1. A figura a seguir mostra uma onda luminosa repre-
sentada pelo raio de onda e que se propaga do meio 1
para o meio 2. Sabe-se que a velocidade de propaga-
ção da onda no meio 1 é v = 2,50 · 108 m/s, a frequên-
d 3 ​ 
​ XX
cia f1 = 5 · 1014 Hz, sen £2= ​  1
__  ​e sen £ = ​ ___
 ​ . Determine o Difração de ondas ao contornar o barco.
2 1
2
comprimento de onda no meio 2.

Difração de ondas ao atravessar uma fenda estreita.

Resolução: § Considere uma fonte F emitindo, em um tanque de


Aplicando a Lei de Snell-Descartes água, ondas retas que atingem um obstáculo. Ao che-
garem ao obstáculo, as ondas o contornam, sofrendo
sen £1 · n1 = sen £2 · n2 um desvio de propagação.
sen £1 · __ c c
__
v​  1  ​ = sen £2 · v​  2  ​  § Considere a fonte F, por exemplo, uma régua percu-
sen £1 _____
_____ sen £2 tindo levemente a superfície da água, emitindo on-
​   ​  = ​   ​  das retas que atingem a fenda (abertura) entre dois
†1 · f1 †2 · f2
obstáculos. Se a largura da fenda for menor ou igual
Como na refração a frequência não se altera:
ao comprimento da onda incidente, ela contornará
f1 = f2 e †1 = __ ​ v  ​ o obstáculo. Caso contrário, o contorno será pouco
f1
Assim: perceptível.
dXX
sen £1 _____ sen £2 _______ ​  ​ 3 ​ ​   
___ ​  1 ​ 
__
_____
​   ​  
= ​  é ​ 
 ​   2   ​ = 2
__
 ​    ​  é †2 = 2,88 · 10-7 m
†1 · f1 †2 · f2 _______ 2,5 · 108 †2
​   ​ 

5 · 1014

5. Difração
Como foi visto, as ondas se propagam sempre em linha
reta nos meios homogêneos. Em determinadas circunstân-
cias, as ondas contornam bordas de aberturas e obstáculos.
Esse encurvamento das ondas é denominado difração.
Para que a difração ocorra, é preciso que as bordas de
obstáculos e de aberturas (fendas) tenham dimensão da
ordem de grandeza do comprimento de ondas.

86
d≤λ

6. Polarização
Qual é a função de uma lente polaroide? A seguir, será estudada a polarização das ondas transversais. Em seguida, será
analisado o papel das polaroides.
Considere novamente o caso simples de uma onda em uma corda gerada pela oscilação dos braços de uma pessoa. Se o
movimento realizado pela pessoa for um movimento vibratório em apenas uma direção, perpendicular ao eixo da corda,
movendo-a verticalmente para cima e para baixo, por exemplo, as partículas da corda vibrarão perpendicularmente à direção
de propagação da onda. Essa onda é denominada onda polarizada. Assim, polarizar uma onda significa que a vibração
estará orientada em uma única direção ou plano.

direção direção
de vibração de vibração

Uma situação diferente ocorre quando as ondas são produzidas pela vibração da corda em direções diferentes: na vertical,
em seguida na diagonal, depois na horizontal, depois em outra diagonal, e assim por diante. Nesse caso, a onda produzida
não é polarizada, pois não possui uma direção de vibração definida.
A polarização das ondas é realizada por dispositivos denominados polarizadores. As lentes polaroides de óculos ou de má-
quinas fotográficas são dispositivos polarizadores, utilizadas para polarizar as luzes emitidas pelo Sol e pelas lâmpadas, que
não são polarizadas.
Uma onda não polarizada, ao atravessar um meio em que as partículas possam vibrar somente numa direção, sofre uma
espécie de filtragem, que faz com que apenas as ondas que vibrem nessa direção privilegiada atravessem esse meio. Como
resultado desse processo, a onda incidente, inicialmente não polarizada, passa a ser uma onda polarizada.

y
y
z
z

x
x Polarização horizontal
Polarização vertical

Ao se colocar dois polaroides alinhados, de tal modo que um permita a vibração na direção vertical, e o outro, na direção
horizontal, não ocorre a passagem da luz. O conjunto dos dois polaroides se comporta como um meio opaco.

87
A superposição também ocorre se os deslocamentos verti-
cais forem invertidos, conforme a figura a seguir:

a₁
P

a a = a₁ - a₂

a₂
a₁

Durante a superposição, a amplitude equivalente será a sub-


tração algébrica das amplitudes individuais das duas ondas.

8. Interferência de
A orientação dos polarizadores parcialmente sobrepostos
determina a intensidade da luz que os atravessa. ondas bidimensionais
Quando duas fontes geram perturbações simultâneas de
7. Princípio da superposição mesma frequência, por exemplo, na superfície de um líqui-
do inicialmente em repouso, provocam ondulações que se
Observe a figura mostrando dois pulsos se propagando em propagam e se encontram em muitos pontos.
sentidos opostos. Ao se encontrarem, os pulsos se unem e,
Nas regiões em que ocorrem o encontro dos picos das on-
durante o intervalo de tempo em que os pulsos se cruzam,
das, ocorre interferência construtiva e a amplitude da onda
a forma do pulso na corda é determinado pelo príncipio
resultante nessas regiões aumenta. Quando uma crista se
de superposição.
sobrepõe a uma depressão de outra ondulação em um
“A perturbação resultante é a soma das perturbações ponto de encontro das ondas, a interferência é destrutiva
individuais de cada onda.” e a amplitude é mínima, podendo inclusive ser nula.
Depois de ocorrer o cruzamento, os pulsos voltam à sua
configuração inicial. Essa característica é denominada in-
dependência das ondas.

pulsos de onda não sofrem a superposição

Interferência de ondas na superfície de um líquido.


pulsos de ondas superpostos Esses dois tipos de interferência, que podem ocorrer no
encontro das ondas, estão representados no diagrama da
figura a seguir. As duas fontes, F1 e F2, oscilando em fase
e simultaneamente, produzem ondas na superfície em re-
pouso da água, com amplitude e frequência iguais, e pul-
pulsos de ondas após superposição sos circulares que se propagam pela superfície.
Observe na figura anterior que as ondas 1 e 2, ao se deslo- As cristas das ondas são representadas pelas circunferên-
carem, acabam de se superpor, e o resultado é que apenas cias de linhas cheias, e as linhas tracejadas representam
um pulso de amplitude equivalente à soma algébrica das os vales. Quando ocorre a superposição de duas cristas
amplitudes individuais das ondas 1 e 2 existe. Depois da ou de dois vales, tem-se a interferência construtiva. A su-
superposição, ambas as ondas continuam o seu movimen- perposição de uma crista com um vale origina uma inter-
to, como se nada tivesse acontecido. ferência destrutiva.

88
Os pontos escuros (pintados) representam regiões em que as ondas se reforçam positivamente (encontro de duas cristas) e
negativamente (encontro de dois vales). Nos pontos vazados, quando uma crista e um vale se encontram, a vibração resul-
tante é nula.
linhas de
linhas de interferência
interferência construtiva
destrutiva
N₃ N₂ N₁ N₁ V₁
V N₃
V₂
V₂
N₃
N₃

crista

vale

F₁ F₂

Quando os pontos de interferência construtiva são unidos ao longo de uma linha, encontram-se as linhas ventrais (V, V1, V2,
...). As linhas nodais são as linhas formadas pelos pontos de interferência destrutiva (N1, N2, N3 ...).
Para qualquer ponto V de uma linha ventral, o valor absoluto da diferença das distâncias entre esse ponto e as fontes emis-
soras F1 e F2 é nulo, ou um múltiplo inteiro par de meio comprimento de onda.

Nota:
No caso em que os fatores estejam em oposição de fase,
tem-se:
§ Para qualquer ponto V de uma linha ventral, o valor ab-
soluto da diferença das distâncias entre esse ponto e as
fontes emissoras F1 e F2 é nulo, ou um múltiplo inteiro
par de meio comprimento de onda, sendo tais pontos
de interferência destrutiva.

(  )
​ λ ​  ​ (n = 0, 2, 4, 6, ...)
Δd = n ​__
2
∆d = |d2 – d1| Para qualquer ponto N, o valor absoluto das distâncias en-
No caso em que os fatores estejam em concordância de tre as fontes emissoras F1 e F2 é um múltiplo ímpar de meio
fase, tem-se: comprimento de onda, sendo tais pontos de interferência
construtiva.
§ Para qualquer ponto V de uma linha ventral, o valor ab-
soluto da diferença das distâncias entre esse ponto e as
fontes emissoras F1 e F2 é nulo, ou um múltiplo inteiro
(  )
Δd = n ​__​ λ ​  ​(n = 1, 3, 5, 7, ...)
2

par de meio comprimento de onda, sendo tais pontos


de interferência construtiva.
9. Experiência de Young
A experiência da dupla fenda consiste em deixar que a luz

(  )
​  † ​    ​    (n = 0, 2, 4, 6, ...)
∆d = n ​ __
2
visível sofra difração em duas fendas. Os padrões de inter-
ferência mostram regiões claras e escuras que correspon-
dem aos locais em que as ondas luminosas interferiram
§ Para qualquer ponto N, o valor absoluto das distâncias entre si, construtiva e destrutivamente.
entre as fontes emissoras F1 e F2 é um múltiplo ímpar
de meio comprimento de onda, sendo tais pontos de
interferência destrutiva.

(  )
​  † ​    ​    (n = 1, 3, 5, 7, ...)
∆d = n ​ __
2

89
A luz penetra pelo obstáculo A, que só possui uma fenda
S0, produzindo uma nova onda circular que, por sua vez, 10. Interferência em
chega ao obstáculo B, que possui duas fendas S1 e S2, so-
frendo uma outra difração e produzindo duas novas ondas,
lâminas delgadas
que irão se sobrepor, produzindo interferência construtiva Em lâminas delgadas, é possível observar figuras de in-
e destrutiva. terferência luminosa devido à superposição de ondas que
atravessam as lâminas e ondas que foram refletidas nas
As ondas que partiram das fendas S1 e S2 e atingiram o
faces da lâmina.
anteparo C descrevem trajetórias que:
A figura a seguir mostra uma lâmina de espessura d co-
§ são iguais ou diferem por um número par de meios
locada no ar, onde se incide uma luz monocromática de
comprimentos de ondas, determinam franjas claras,
comprimento de onda λ. No ponto P, dois raios luminosos
ou seja, ocorrendo interferência construtiva;
se sobrepõem, o raio 1, que penetrou na lâmina e sofre
(  ​ 2λ ​,  ___
​ 0, ___
2 2 2
​ 4λ ​,  ____)
​ 6λ ​,... 
   ​ reflexão na segunda face dela, e o raio 2, que sofre reflexão
na primeira face.
§ são iguais ou diferem por um número ímpar de meios
comprimentos de ondas e determinam franjas escu- 1
ras, ou seja, ocorrendo interferência destrutiva. Ar Vidro Ar
​___( 
​ 1λ ​,  ___
2, 2 2
​ 3λ ​,  ___)
​ 5λ ​,... 
   ​ 2

P
Observador
2
1
d

O raio 2 sofreu reflexão na primeira face da lâmina; como


passava do meio menos refringente para o meio mais refrin-
A experiência de Young permite determinar o comprimento gente, houve inversão de face. Considerando que os raios
de onda da luz utilizada. Observe a figura a seguir: sejam quase perpendiculares, a diferença de caminhos Δ é
igual ao dobro da espessura da lâmina. Assim, tem-se:
P

S1 λ   ​,  sendo n = 0, 2, 4, 6,...


D = 2d = n​ __
Y 2
θ θ haverá interferência destrutiva (franja escura).
SO d C
O λ   ​,  sendo i = 1, 3, 5, 7,...
D D = 2d = i​ __
∆ 2
S2 haverá interferência construtiva (franja clara).
L

Na figura a seguir, observa-se a situação em que ocorre


Seja d a distância entre as fendas S1 e S2, L a distância entre interferência por transmissão. Novamente, uma lâmina de
as fendas e o anteparo e y a distância entre o ponto P e a espessura d é colocada no ar, onde se incide uma monocro-
franja central em O. mática de comprimento de onda λ.
Ocorrerá interferência construtiva e serão vistas franjas cla- 3
ras quando D = nλ/2, com n sendo par; e interferência Ar Vidro Ar
destrutiva e serão vistas franjas escuras quando D = iλ/2 , 4
com i sendo ímpar.
Q
Matematicamente, é possível se provar que:
Observador
d.y 3
D = ____
​   ​    d 4
L

90
Os raios luminosos 3 e 4 atravessam a lâmina, sendo que Qualquer material tem uma ou mais frequência natural de
o raio 3 penetra a lâmina na primeira face, onde ocorre vibração. Os rádios receptores de FM e AM, a partir de cir-
uma refração e, depois, na segunda face, em que ocorre re- cuitos elétricos específicos, permitem o ajuste das frequên-
flexão; em seguida, retorna à primeira face, onde também cias. Desse modo, ao selecionar uma estação de rádio, esse
ocorre reflexão, e sai pela segunda face. O raio 4 penetra circuito está sendo ajustado para oscilar na mesma frequ-
na primeira face, em que ocorre refração, e sai pela segun- ência da estação de rádio que emitiu o sinal. As pilhas ou a
da face. Não há inversão de face para nenhum dos raios; rede elétrica ampliam o sinal sintonizado que é enviado
logo, eles estão em concordância de face. Sendo assim: aos alto-falantes, que são postos a vibrar, gerando o som.
Na ressonância, tem-se um processo de transferência de
​ λ ​,  sendo n = 0, 2, 4, 6,...
D = 2d = n __ energia entre uma fonte e um sistema receptor. Essa trans-
2
haverá interferência construtiva (franja clara).
ferência de energia é máxima quando a fonte emite ondas
numa das frequências naturais de oscilação do receptor.
​ λ ​,  sendo i = 1, 3, 5, 7,...
D = 2d = i __
2 A ressonância é um fenômeno que pode ser desastroso
haverá interferência destrutiva (franja escura). se não for controlado, como ocorre em abalos sísmicos
(terremotos) de grande intensidade. Por outro lado, o co-
nhecimento do fenômeno permite o desenvolvimento de
aparelhos para ouvir rádio, falar ao telefone, afinar instru-
mentos musicais, fazer exames médicos (ressonância mag-
nética) e aquecer alimentos num forno de micro-ondas, por
exemplo.

Aplicação do conteúdo
1. As fontes, F1 e F2, da figura, em concordância de face,
emitem sinais que são detectados no ponto P.
Determine o maior valor do comprimento de onda das
fontes para que o ponto P seja:
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
A acústica do Anfiteatro da Quebrada das
Conchas

11. Ressonância
O conceito de ressonância pode ser compreendido a partir
de um exemplo: se uma criança, sentada num balanço, es-
tender as pernas quando o balanço se mover para a frente e
encolher as pernas quando o balanço se mover para trás, mas
de modo que esses movimentos ocorram numa frequência
a) um ponto máximo de interferência;
que coincida com a frequência natural do balanço, a ampli-
b) um ponto mínimo de interferência.
tude do movimento da criança no balanço aumentará. Nesse
situação, o sistema balanço-criança entra em ressonância. Resolução:
a) Sendo d2 = 8 m e d1 = 10 m, deve-se aplicar o
teorema de Pitágoras no triângulo F1PF2 e determinar
Dd.
∆d = 2 m.
Na expressão ∆d = n · __ ​ † ​ ,  se n for um número par, a
2
interferência será construtiva e P, um ponto de máxi-
mo. Como d1 > d2, n = 2 corresponde ao menor nú-
mero par diferente de zero para o maior valor de †.
A amplitude do movimento no balanço aumenta quando
o sistema balanço-criança entra em ressonância. ​ † ​  ä 2 = 2 · __
∆d = n · __ ​ † ​  ä † = 2 m
2 2

91
b) Se n for ímpar, a interferência será destrutiva e P,
um ponto de mínimo. N = 1 corresponde ao menor
número ímpar para o maior valor de †.

​ † ​  ä 2 = 1 · __
∆d = n · __ ​ † ​  ä † = 4 m
2 2
2. (Enem) Para obter a posição de um telefone celular,
a polícia baseia-se em informações do tempo de res-
posta do aparelho em relação às torres de celular da
região de onde se originou a ligação. Em uma região,
um aparelho está na área de cobertura de cinco torres, Com duas antenas, o aparelho pode estar em qualquer um
conforme o esquema.
dos pontos P1 ou P2.

Considerando que as torres e o celular são puntiformes,


e que estão sob o mesmo plano, qual o número mínimo
de torres necessárias para se localizar a posição do te-
lefone celular que originou a ligação? Com três antenas, o aparelho somente pode estar em P1.
a) Uma Alternativa C
b) Duas
3. (PUC-SP)
c) Três
d) Quatro
e) Cinco
Resolução:
Sendo c a velocidade de propagação da onda, o tempo de
resposta é dado pela distância da torre até o ponto onde
se encontra o telefone celular.
Dt = __v​ c ​ 
Cruzando as informações obtidas através desses tempos,
As Nações Unidas declararam 2015 como o ano inter-
identifica-se a posição correta do aparelho. Vejamos num nacional da luz e das tecnologias baseadas em luz. O
esquema. Ano Internacional da Luz ajudará na divulgação da im-
portância de tecnologias ópticas e da luz em nossa vida
cotidiana. A luz visível é uma onda eletromagnética,
que se situa entre a radiação infravermelha e a radiação
ultravioleta, cujo comprimento de onda está compreen-
dido num determinado intervalo dentro do qual o olho
humano é a ela sensível. Toda radiação eletromagnética,
incluindo a luz visível, se propaga no vácuo a uma velo-
cidade constante, comumente chamada de velocidade
da luz, contituindo-se, assim, numa importante constan-
te da Física. No entanto, quando essa radiação deixa o
vácuo e penetra, por exemplo, na atmosfera terrestre,
essa radiação sofre variação em sua velocidade de pro-
Com apenas uma antena, o aparelho pode estar em qual- pagação e essa variação depende do comprimento de
quer ponto P da circunferência. onda da radiação incidente. Dependendo do ângulo em

92
que se dá essa incidência na atmosfera, a radiação pode Resolução:
sofrer, também, mudança em sua direção de propaga-
ção. Essa mudança na velocidade de propagação da luz, Justificando as afirmativas incorretas:
ao passar do vácuo para a camada gasosa da atmosfera I. A frequência depende somente da fonte do feixe lumino-
terrestre, é um fenômeno óptico conhecido como:
so. Quando um feixe passa de um meio para outro (refra-
a) interferência. ção), a fonte é a mesma e, por isso, a frequência permane-
b) polarização. ce constante.
c) refração.
d) absorção. III. O fenômeno da dispersão ocorre exatamente quando
e) difração. a velocidade de propagação de um meio depende da fre-
quência.
Resolução:
As afirmativas II e IV estão corretas; portanto, a resposta
O fenômeno que ocorre quando a luz passa de um meio é a B.
para outro é chamado de refração.
Alternativa B
Alternativa C
4. (UFPR) Considere as seguintes afirmativas relaciona-
das aos fenômenos que ocorrem com um feixe lumino-
so ao incidir em superfícies espelhadas ou ao passar de
um meio transparente para outro:
I. Quando um feixe luminoso passa do ar para a água, a
sua frequência é alterada.
II. Um feixe luminoso pode sofrer uma reflexão interna
total, quando atingir um meio com índice de refração
menor do que o índice de refração do meio em que ele
está se propagando.
III. O fenômeno da dispersão ocorre em razão da inde-
pendência entre a velocidade da onda e sua frequência. multimídia: sites
IV. O princípio de Huygens permite explicar os fenôme-
nos da reflexão e da refração das ondas luminosas.
www.coladaweb.com/fisica/ondas/fenom-
Assinale a alternativa correta. enos-ondulatorios
a) Somente a afirmativa I é verdadeira. www.sofisica.com.br/conteudos/Ondulato-
b) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras. ria/Ondas/reflexao.php
c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. educacao.globo.com/fisica/assunto/ondas-
d) Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras. e-luz/fenomenos-ondulatorios.html
e) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.

93
VIVENCIANDO

A ressonância já foi responsável pela queda de algumas pontes, como ocorreu no caso da ponte de Tacoma, nos EUA.
Ela também está presente no aparelho de micro-ondas, que, por sua vez, funciona na frequência natural da água. Por
esse motivo, ele esquenta tudo que possui água em sua composição.

Ponte de Tacoma

A polarização é utilizada, por exemplo, no cinemas 3D, em que são usados óculos que filtram a luz refletida da tela,
mas que, na verdade, são de duas imagens produzidas com um pequeno ângulo de diferença.

94
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos
1 em diferentes contextos.

É muito importante que o aluno saiba ser crítico a ponto de reconhecer em diversas ocasiões do cotidiano os diversos
fenômenos físicos aprendidos em sala de aula.

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A matemática é uma forma de linguagem das ciências da natureza e é uma ferramenta para cientistas descreverem e
explicarem fenômenos físicos.

Modelo 1
(Enem) Certos tipos de superfícies na natureza podem refletir luz de forma a gerar um efeito de arco-íris. Essa
característica é conhecida como iridescência e ocorre por causa do fenômeno da interferência de película fina.
A figura ilustra o esquema de uma fina camada iridescente de óleo sobre uma poça d’água. Parte do feixe de luz
branca incidente (1) reflete na interface ar/óleo e sofre inversão de fase (2), o que equivale a uma mudança de meio
comprimento de onda. A parte refratada do feixe (3) incide na interface óleo/água e sofre reflexão sem inversão de
fase (4). O observador indicado enxergará aquela região do filme com coloração equivalente à do comprimento de
onda que sofre interferência completamente construtiva entre os raios (2) e (5), mas essa condição só é possível
para uma espessura mínima da película. Considere que o caminho percorrido em (3) e (4) corresponde ao dobro da
espessura E da película de óleo.
Expressa em termos do comprimento de onda (λ), a espessura mínima é igual a:

a) λ/4.
b) λ/2.
c) 3λ/4.
d) λ.
e) 2λ.

95
Análise expositiva - Habilidade 1: Excelente questão elaborada pela banca. O aluno deve saber interpretar um
A problema e reparar a presença de reflexão e interferência de ondas com inversão de fase.
A diferença entre os caminhos percorridos pelos dois raios que atingem o olho do observador é ∆x = 2E.
Como há inversão de fase numa das reflexões, a interferência ocorre com inversão de fase. Assim, a diferença de
(  )
​ λ ​ ​.
caminhos deve ser igual a um número ímpar (i) de semiondas ​ __
2
Então:
 λ​  (i = 1, 3, 5, 7, ...) = 2E
∆x = 1​__
2
Como o enunciado pede a espessura mínima, i = 1. Assim:
λ  ​ ⇒ E = ​ __
2Emín = 1​ __ λ  ​.
2 mín 4
Alternativa A

Modelo 2
(Enem) Ao sintonizarmos uma estação de rádio ou um canal de TV em um aparelho, estamos alterando algumas ca-
racterísticas elétricas de seu circuito receptor. Das inúmeras ondas eletromagnéticas que chegam simultaneamente
ao receptor, somente aquelas que oscilam com determinada frequência resultarão em máxima absorção de energia.
O fenômeno descrito é a:
a) difração;
b) refração;
c) polarização;
d) interferência;
e) ressonância.

Análise expositiva - Habilidade 17: Essa é uma típica questão da banca do Enem. Nela, é apresentada uma
E situação do cotidiano do estudante e cabe a ele saber a qual fenômeno ondulatório o caso descrito se refere.
Para ocorrer máxima absorção de energia, o circuito receptor deve oscilar com a mesma frequência das ondas emiti-
das pela fonte, a estação de rádio ou o canal de TV. Isso caracteriza o fenômeno da ressonância ​.
Alternativa E

96
DIAGRAMA DE IDEIAS

FENÔMENOS
ONDULATÓRIOS

CONJUNTO DE PONTOS
FRENTE DE ONDA
LOCALIZADOS NA CRISTA

PRINCÍPIO DE PONTO DE UMA FONTE


HUYGENS FRENTE DE ONDA SENCUNDÁRIA

REFLEXÃO i=r

seni λ1 v1
REFRAÇÃO ——— = —— = ——
senr λ2 v2

MUDANÇA CONTORNO DE
DIFRAÇÃO
NA FORMA OBSTÁCULOS

APENAS EM ONDAS VIBRAÇÃO


POLARIZAÇÃO
TRANSVERSAIS ORIENTADA

PRINCÍPIO DE
PULSOS
SUPERPOSIÇÃO

CONSTRUTIVA

INTERFERÊNCIA
DESTRUTIVA

EXPERIMENTO DE YOUNG
RESSONÂNCIA

LÂMINA DE FACES
PARALELAS
FREQUÊNCIAS IGUAIS

97
AULAS Acústica
41 e 42
Competências: 1, 2, 5 e 6 Habilidades: 1, 6, 17 e 22

1. Introdução
Por meio dos sentidos, o ser humano está em contato com
todo o ambiente ao seu redor. Um dos sentidos, em espe-
cial, será o tema do estudo a seguir: a audição. A audição
permite reconhecer os sons e obter um grande número de
informações sobre o meio circundante.

Ao vibrar para a direita, o deslocamento da lâmina com-


prime o ar nessa região, criando uma camada de alta
pressão e transferindo-lhe energia, que tende a se pro-
pagar. Nesse momento, na região à esquerda da lâmina,
por causa da forte rarefação produzida pela lâmina, o ar
fica com baixa pressão. Essa rarefação também tende a
Apresentações musicais exigem boas condições acústicas.
se propagar, pois, para produzi-la, também foi necessária
uma parte da energia de movimento da lâmina. Quando
a lâmina oscila para o sentido contrário, essas regiões de
ar vão se comprimindo e rarefazendo simetricamente.
Como a lâmina oscila rapidamente, esse fenômeno é repe-
tido a cada ciclo do movimento da lâmina, muitas vezes a
cada segundo. Assim, essas regiões sucessivas de compres-
são e rarefação do ar, ao se propagarem em todas as dire-
ções do espaço ao redor, produzem o som característico da
lâmina oscilante. Devido ao modo natural de vibração de
cada lâmina, o som produzido é bem característico.
Ondas sonoras acompanham os batimentos cardíacos.

A seguir, serão estudados o modo como o som é produzido


e propagado e os fenômenos sonoros. Esse ramo de estudo
da Física ondulatória é denominado Acústica.

2. Produção do som
A figura representa uma lâmina muito fina de aço com
uma das extremidades fixada em um suporte. A patir desse O diapasão, instrumento de afinação dos instrumentos
exemplo, será possível compreender a natureza do som e musicais, funciona de acordo com esse princípio. O som
como ele é produzido. Se essa lâmina for colocada para produzido pelo diapasão, por ser ajustado na sua constru-
vibrar rapidamente, um som sibilante será produzido. ção, é a base para a comparação das notas ao ser usado

98
para afinar outros instrumentos musicais. Além disso, esse
mesmo princípio de funcionamento explica o modo como
3.1. Altura ou tom
o som é produzido pelas nossas pregas vocais, que são A altura, ou tom, permite qualificar os sons em graves e
membranas que oscilam com a passagem do ar. agudos. Quanto mais grave, mais baixo é o som. Em geral,
é chamado de tom grosso. Como exemplo, os sons graves
É importante registrar que o som é uma onda e, como
são produzidos pelas tubas ou pelos baixos e contrabaixos
tal, transmite energia sem transportar matéria. Assim,
de um coral. Os sons agudos são os sons altos, chamados
as ondas sonoras não são ondas no ar que se propa-
de tom fino. Exemplos de sons agudos são aqueles produ-
gam até as membranas timpânicas. Afinal, não existem
zidos por violinos e guitarras, ou por tenores e contraltos
“ventos sonoros” nas membranas. São as regiões de
em óperas e corais.
compressão e de rarefação que se propagam, ou seja,
a compressão e a rarefação do ar se deslocam no meio
material.

2.1. Propagação do som


Por serem ondas mecânicas, os sons não se propagam
no vácuo. Em geral, os sólidos transmitem o som melhor
do que os líquidos, que, por sua vez, transmitem o som
melhor do que os gases. Essa diferença ocorre porque Guitarra elétrica
as partículas no sólido estão mais unidas (mais juntas),
o que permite que a energia da perturbação seja trans-
A altura do som está atrelada à sua frequência. Os
mitida mais eficazmente. Nos líquidos e nos gases, a
sons graves têm frequências menores, e os agudos,
distância entre as partículas é maior, além de estarem
frequências maiores.
soltas, o que resulta em uma dificuldade maior para a
propagação do som. Nos gases, a velocidade do som é
a menor de todas, pois a perturbação é transmitida com Quando uma pessoa emite um som agudo, ou alto, com
menor eficiência por causa das distâncias existentes en- sua voz, as pregas vocais dessa pessoa vibram com uma
tre as partículas. frequência alta. A frequência da voz masculina adulta, em
geral, varia entre 100 Hz e 200 Hz, e é considerada grave
A tabela a seguir apresenta a velocidade de propagação ou grossa. A voz feminina adulta emite sons, em geral, com
do som a 25 °C em alguns materiais. frequências de 200 Hz a 400 Hz, que costumam produzir
uma voz aguda ou fina.
Meio Velocidade (m/s)
Ar 346
3.2. Intensidade
Água 1.498
A intensidade é a característica que permite distinguir um
Vidro 4.540 som forte de um som fraco. A intensidade do som é maior
Alumínio 5.000 quando a amplitude de vibração da fonte sonora também
Ferro 5.200 é maior. Por exemplo, ao dedilhar levemente a corda de um
violão, o som é mais fraco do que ao dedilhar a corda com
mais força.
3. Qualidades do som
Os sons são próprios de cada pessoa, instrumento ou ob-
jeto. Além disso, uma mesma fonte sonora pode produzir
diversos sons, como as pregas vocais ou um violino. Por-
tanto, é possível classificar os sons segundo determinadas
características. Algumas dessas características podem ser
assim identificadas:
§ altura ou tom;
§ intensidade ou volume;
§ timbre.

99
A unidade de intensidade sonora é denominada bel (B), em
Um mesmo som (mesma frequência) é mais forte ou homenagem ao cientista britânico Graham Bell, o inven-
mais fraco em função das amplitudes (maiores ou me- tor do telefone. Em geral, é utilizado o submúltiplo decibel
nores) das oscilações. (dB). Nesse caso, a expressão fica:
d© = 10 log __ ​ I  ​ 
I0
Embora a intensidade do som dependa da amplitude de
vibração da fonte, deve-se considerar o fato de as ondas
sonoras transportarem energia de uma região do espaço
para outra. A energia transportada por uma onda sonora
pode ser descrita por meio da intensidade física (I),
definida como a quantidade de energia que atravessa
perpendicularmente uma superfície de área unitária em
uma unidade de tempo. De modo geral, tem-se:

​  E   ​  
I = _____ ​  P  ​
= __
A · ∆t A
​ E  ​ é a potência da fonte sonora.
E é a energia e P = __
∆t
A unidade de intensidade física no SI é: _____ ​  J   ​   ​  W  ​. 
ou ___ multimídia: vídeo
m2 · s m2
A intensidade do som varia com a distância r entre a fonte Fonte: Youtube
e um determinado ponto. Para as ondas tridimensionais Escala decibel
esféricas, a intensidade é inversamente proporcional ao
quadrado da distância entre o ponto considerado e a fonte
emissora. 3.3. Timbre
Os sons produzidos por fontes diferentes, mas de mesma
altura e de mesma intensidade, podem ser identificados e
diferenciados devido ao timbre. O timbre é, por analogia,
o “documento de identidade” dos instrumentos musicais.
A mesma nota, produzida por um piano ou por um violino,
pode ser distinguida porque produz sensações sonoras di-
ferentes, ou seja, timbres diferentes.
É possível identificar a voz de diferentes pessoas no telefone,
por exemplo, devido aos timbres diferentes. Essa diferença é
produzida pela forma da vibração das pregas vocais.
​  P   ​  
I = ____ O timbre depende da forma como ocorrem as vibrações na
4pr2
Existe uma intensidade física mínima (I0) ou limiar de fonte sonora, ou seja, do formato das ondas sonoras. São
audibilidade para cada frequência, que é de aproxima- poucas as fontes sonoras que produzem vibrações de ape-
damente 10– 12 W/m2. O som não é audível abaixo dessa nas uma frequência. Um exemplo já mencionado é o som
intensidade. Caso a intensidade física ultrapasse 1 W/m2, emitido por um diapasão, se percutido levemente.
a sensação auditiva é acompanhada de uma sensação do-
lorosa.
Como os intervalos dos valores de intensidade variam bas-
tante, são utilizados logaritmos e define-se intensidade
auditiva ou nível sonoro © de um som como:
​ I  ​ 
© = log __
I0
Em que: Diapasão

§ © = intensidade auditiva ou nível sonoro; Entretanto, os sons produzidos pela maioria dos instrumen-
tos musicais são misturas do som fundamental e uma sé-
§ I = intensidade física do som considerado;
rie de outros sons de maior frequência, denominados sons
§ I0 = limiar de audibilidade. harmônicos, que não são perfeitamente audíveis, por terem

100
intensidades menores que as do som fundamental. Contu-
do, são os sons harmônicos que ajudam a distinguir o som
fundamental. Assim, o som (a nota) emitido por um piano
ou por um violino é diferenciado (distinguido) por conta do
número e da intensidade dos harmônicos que acompanham
o som fundamental de cada instrumento. Essa diferença pro-
porciona timbres diferentes ao mesmo som fundamental.
A presença dos harmônicos, em quantidades e intensida-
des diferentes, determina formas variadas de ondas do
mesmo som (nota) emitido por um instrumento.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
O que é Decibel (dB)? Usos e exemplos!

3.4. Escala musical


As notas musicais foram escolhidas por convenções em
função da harmonia dos diferentes instrumentos musicais
e, sobretudo, da sensibilidade e seletividade da audição hu-
mana. Afinal, não é qualquer frequência sonora (som) que
Ondas de mesma frequência emitidas por um agrada os ouvidos humanos.
diapasão, um violino e um piano.

Nota Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

F (Hz) 261,7 293,7 329,7 349,2 392,0 440 493,9

f
Se duas frequências (f1 e f2) forem múltiplas de 2, ou seja, __
​  1 ​ = 2, a nota da segunda frequência (f2) será igual à nota da
f2
primeira frequência (f1), mas uma oitava acima. Apesar de serem a mesma nota musical, a altura das notas é diferente. Por
exemplo, a nota Lá (440 Hz) uma oitava acima tem 880 Hz.

Aplicação do conteúdo
1. O gráfico da figura indica, no eixo das ordenadas, a intensidade de uma fonte sonora, I, em watts por metro
quadrado (W/m2), e o correspondente nível de intensidade sonora, ©, em decibéis (dB), percebido, em média, pelo
ser humano. Em escala logarítmica, no eixo das abscissas, estão representadas as frequências do som emitido. São
indicados na figura o limiar da dor (linha superior) – acima dessa linha, o som causa dor e pode provocar danos ao
sistema auditivo das pessoas – e o limiar da audição (linha inferior) – abaixo dessa linha, a maioria das pessoas não
consegue ouvir o som emitido.

101
Supondo que você está assessorando o prefeito de sua o som resultante será reforçado. Nesse caso, apesar de a
cidade em questões ambientais. intensidade ser maior, o entendimento da palavra livro será
a) Qual o nível de intensidade máximo que pode prejudicado devido à superposição das diferentes sílabas.
ser tolerado pela municipalidade? Que faixa de No entanto, se a onda refletida chegar ao aparelho auditi-
frequências você recomendaria ser utilizada para dar vo da pessoa exatamente no limiar dos 0,10 s, haverá pro-
avisos sonoros que sejam ouvidos pela maior parte
longamento da sensação auditiva e ocorrerá a reverbera-
da população?
b) A relação entre a intensidade sonora, I, em W/m2, e o
ção. A palavra livro será ouvida por mais 0,10 s, mas com
nível de intensidade, ©, em dB, é © = 10log​ __I  ​,  em que I0 intensidade menor do que a do som direto, uma vez que a
I0 quantidade de energia será menor do que a da onda direta.
= 10–12 W/m2. Qual a intensidade de um som, em W/
m , para o nível de intensidade de 50 dB? Consultan-
2
A reverberação corresponde, então, à persistência do som
do o gráfico, você confirma o resultado que obteve? ouvido após cessar a emissão. Nos auditórios fechados (te-
Resolução: atros, salas de música, etc.), ocorrem múltiplas reflexões do
som nas paredes, no teto, no piso e mesmo na plateia pre-
a) Supondo que o nível de intensidade sonora má-
sente, o que pode reforçar e/ou prolongar os sons durante
ximo que pode ser “tolerado pela municipalidade”
refere-se ao limiar da dor, o valor correspondente é um pequeno intervalo de tempo, mesmo depois de termi-
120 dB (curva do limiar da dor). nada sua emissão. A reverberação excessiva, que prejudica
O gráfico fornecido também permite perceber que a a qualidade do som (ambiente “sem acústica”), é evitada
faixa de frequência na qual o limiar da audição é mais pela adaptação de placas de plástico acima da orquestra
baixo corresponde às frequências entre 2.000 Hz e ou do palco e mesmo no teto. As paredes também recebem
4.000 Hz. um tratamento específico, apresentando relevos e reves-
b) A partir da expressão fornecida, tem-se: timento particular, com materiais especiais (de tapeçaria)
​ I  ​,  para © = 50 dB e I0 = 10–12 ___
© = 10 · log __ ​  W2  ​  que absorvem parte da energia da onda, possibilitando um
I0 m
equilíbrio entre a absorção e a reverberação. As condições
Assim:
acústicas do ambiente não devem permitir reverberações
50 = 10 · log ____ ​  I–12 ​  W2  ​ 
   ​ ä I = 10– 7 ___
10 m que ultrapassem de um a dois segundos.
O valor encontrado para I está coerente com
os valores contidos no gráfico fornecido.

4. Fenômenos sonoros
A reflexão, a refração, a difração, a ressonância e a inter-
ferência são fenômenos que ocorrem com o som, que, por
ser um fenômeno ondulatório, obedece às mesmas leis e
condições obedecidas por qualquer tipo de onda. A po-
larização, no entanto, não ocorre, pois as ondas sonoras
são ondas longitudinais, e a polarização acontece somente
para as ondas transversais.
Dois fenômenos interessantes causados pela reflexão do
Na sala de concerto São Paulo, além do uso de materiais
som são a reverberação e o eco. A persistência auditiva que favorecem uma reverberação adequada e a absorção
humana, ou seja, o tempo necessário para ocorrer o acon- de sons indesejáveis, a altura do forro móvel do teto pode
ser modificada para melhorar a acústica do ambiente.
tecimento total do som no aparelho auditivo é, em média,
de 0,10 s. Assim, ao ouvir o som direto da fonte, o som se O eco é um fenômeno no qual o som direto e o som re-
extinguirá ao cabo de 0,10 s. Entretanto, caso um som re- fletido em algum obstáculo são captados separadamente.
fletido chegue ao ouvido antes desse tempo (∆t < 0,10 s), Por exemplo, uma pessoa pode produzir um som e ouvir
haverá um efeito de adição desse som com o som direto, e o eco se estiver localizada no mínimo a 17 m do ponto
a sensação auditiva será reforçada, dando uma percepção refletor. Essa distância mínima para a percepção dos dois
continuada em tempo e aumentada em intensidade. sons (direto e refletido) se deve ao intervalo de tempo igual
ou maior que 0,10 s. Nesse intervalo de tempo, a onda
Para exemplificar esse efeito, considere uma pessoa catan-
sonora percorre 34 m, 17 m na ida e 17 m na volta, pro-
do o som da palavra livro. Se, antes da extinção do som
pagando-se com velocidade de 340 m/s.
direto, o som refletido chegar ao ouvido da pessoa, haverá
mistura dos sons correspondentes – como da última sílaba O sonar, instrumento utilizado na navegação marítima, é
do som direto com a primeira sílaba do som refletido –, e um exemplo importante da aplicação do eco na medida da

102
profundidade dos oceanos e na localização de submarinos, Essa situação também ocorre na situação oposta, ou seja, se
de cardumes e de outros objetos nas profundezas do mar. o ouvinte estiver em movimento em relação à fonte sonora.

fonte sonora

O sonar emite e depois capta os ultrassons refletidos no fundo do mar.

5. Efeito Doppler
O efeito Doppler pode ser observado quando uma ambu-
lâncias com as sirenes ligadas passa velozmente. O som da λ'' < λ
sirene parece mais agudo quando a ambulância se aproxi- λ' > λ
ma e fica mais grave quando ela se afasta. Esse fenômeno
é causado pelo efeito Doppler.
Ao sair da fonte e chegar até certo ouvinte, ambos em re-
pouso (sem movimento relativo), a frequência do som não
se altera. Imagine que a fonte sonora emite ondas numa Nessa figura, a ambulância está se afastando
da moça e se aproximando do rapaz.
única frequência. Por exemplo, se uma sirene em repouso
em relação ao ouvinte toca a nota Ré, o ouvinte ouve a A relação entre a frequência emitida f pela fonte e a frequ-
nota Ré, pois a frequência com que as ondas sonoras o ência f’ captada pelo observador é dada pela relação:

(  )
alcançam é a mesma da fonte. Assim, as distâncias entre v±v
as cristas das ondas sonoras se mantêm constantes e, por- f’ = f · ​v_____
​  ± v 0 ​   ​
F
tanto, têm o mesmo comprimento de onda. Em que:
v = velocidade na onda
vF = velocidade da fonte
v0 = velocidade do observador
f = frequência emitida pela fonte
f’ = frequência aparente recebida pelo observador
Observador Observador

À medida que a ambulância se afasta ou se aproxima, o som


da sirene chega ao ouvinte com frequências diferentes. Fonte Fonte

Entretanto, na situação em que a fonte sonora está se movi- + +


mentando em direção a um ouvinte, o comprimento da onda
sonora parece diminuir, e, ao ouvir o som da sirene que Ose O F F
aproxima, a frequência do som é maior do que a frequência
emitida pela fonte, ou seja, é ouvido um som mais agudo Na equação, aparece o sinal ±. Isso significa que, depen-
(som de maior altura), como uma nota Mi, por exemplo. dendo do caso, deve-se utilizar a soma ou a subtração.
Contudo, depois que a sirene se afastar, a pessoa ouvirá Para a manipulação correta da expressão,deve-se adotar
sons mais graves (som de menor altura), pois os comprimen- a convenção:
tos de onda se tornarão maiores, e as frequências, menores, § Se o observador se aproxima da fonte, utiliza-se +v0; se
aparentando que a sirene emite uma nota Dó, por exemplo. o observador se afasta da fonte, usa-se –v0.

103
§ Se a fonte se afasta do observador, utiliza-se +vF; se a Observe que a velocidade do carro (vf ), em m/s, é igual a 68.
fonte se aproxima do observador, usa-se –vF.
Alternativa A
A trajetória é orientada positivamente no sentido de O para F.
3. (UFPR) Foram geradas duas ondas sonoras em um de-
terminado ambiente, com frequências f1 e f2. Sabe-se
Aplicação do conteúdo que a frequência f2 era de 88 Hz. Percebeu-se que essas
duas ondas estavam interferindo entre si, provocando
1. Uma ambulância tem uma sirene que emite um som
o fenômeno acústico denominado “batimento”, cuja
com frequência f = 1.000 Hz. Um observador, em um
frequência era de 4 Hz. Com o uso de instrumentos ade-
automóvel, está nas proximidades da ambulância. Sa-
quados, verificou-se que o comprimento de onda para
be-se que a velocidade de propagação do som, no ar,
a frequência f2 era maior que o comprimento de onda
é de 340 m/s. Para cada um dos casos, calcule a fre-
para a frequência f1. Com base nessas informações, assi-
quência aparente percebida pelo observador no au-
nale a alternativa que apresenta a frequência f1.
tomóvel:
a) 22 Hz.
a) A ambulância está parada e o carro do observador
b) 46 Hz.
se aproxima com a velocidade de 20 m/s.
c) 84 Hz.
b) A ambulância está parada e o carro do observador
se afasta com velocidade de 20 m/s. d) 92 Hz.
c) O carro do observador está parado e a ambulância e) 352 Hz.
se aproxima com velocidade de 20 m/s. Resolução:
e) O carro do observador está parado e a ambulância
se afasta com velocidade de 20 m/s. Como as duas ondas se propagam no mesmo meio, elas
têm a mesma velocidade.
Resolução:
v±v
Aplicando a expressão f’ = f · ​_____ ( 
​ v ± v ​0F 
  )
  ​utilizando os sinais
Como v = λf, a onda de maior comprimento possui menor
frequência. A frequência do batimento é igual à diferença
+ ou – de acordo com a convenção adotada.

( 
v ± v0 de frequências. Assim:
a) f’ = f · ​ _____
) F
​ 340 +  ​
​ v + v  ​  ​ ä f’ = 1000 · ________
340
20 
 = 1059 Hz
λ2 > λ1 ⇒ f2 < f1

( 
v ± v0
b) f’ = f · ​ _____
) F
​ 340 –  ​
​  v + v  ​  ​ ä f’ = 1000 · _______
340
20 
 = 941 Hz f1 – f2 =fb ⇒ f1 – 88 = 4 ⇒ f1 = 92Hz

( 
v ± v0
)
​ v + v  ​  ​ ä f’ = ​ 1000 · 340
c) f’ = f · ​_____
F
________ ​  
340 – 20
ä f’ = 1063 Hz Alternativa D

( 
v ± v0 4. (Fuvest) Miguel e João estão conversando, parados
d) f’ = f · ​ _____
) F
​  340   ​ 
​  v + v  ​  ​ ä f’ = 1000 · ________
340 + 20
= 944 Hz em uma esquina próxima a sua escola, quando escutam
o toque da sirene que indica o início das aulas. Miguel
2. (UERN) O barulho emitido pelo motor de um carro continua parado na esquina, enquanto João corre em
de corrida que se desloca a 244,8 km/h é percebido por direção à escola. As ondas sonoras propagam-se, a par-
um torcedor na arquibancada com frequência de 1.200 tir da sirene, em todas as direções, com comprimento
Hz. A frequência real emitida pela fonte sonora, consi- de onda λ = 17 cm e velocidade Vs = 340 m/s em relação
derando que a mesma se aproxima do torcedor, é de: ao ar. João se aproxima da escola com velocidade de
(Considere a velocidade do som = 340 m/s) módulo v = 3,4m/s e direção da reta que une sua posi-
ção à da sirene. Determine:
a) 960 Hz.
a) a frequência fM do som da sirene percebido por
b) 1040 Hz.
Miguel parado na esquina;
c) 1280 Hz.
b) a velocidade VR do som da sirene em relação a
d) 1320 Hz. João correndo;
Resolução: c) a frequência fJ do som da sirene percebido por João
quando está correndo.
Sabendo que a fonte está aproximando-se do observador, Miguel, ainda parado, assobia para João, que conti-
tem-se que a relação entre frequência observada e frequ- nua correndo. Sendo o comprimento de onda do as-
ência emitida pela fonte (ff) é dada por: sobio igual a fA determine:
v   ​ . f d) a frequência fA do assobio percebido por João.
f0 = v___
​  - v f
f
Note e adote: considere um dia seco e sem vento.
Então:
Resolução:
​  340  ​ 
1200 = _______ .f
340 - 68 f a) Dados: λ = 17cm = 0,17m; Vs = 340 m/s
ff = 960 Hz VS = λ fM ⇒ fM VS/λ = 340/0,17 ⇒ fM = 2.000 Hz

104
b) Dado: v = 3,4 m/s
Como as velocidades têm sentidos opostos, vem:
vR = VS + v = 340 + 3,4 ⇒ vR = 343,4 m/s
c) Usando a expressão do efeito Doppler:
vR 343,4
fJ = __
​    ​ fM = _____
​   ​ · 2.000 ⇒ fJ = 2.020 Hz
VS 340
d) Dado: λA = 10 cm = 0,1 m
VS 340
f = __
​    ​ = ___
​   ​ = 3.400Hz
λA 0,1
Aplicando novamente a expressão do efeito Doppler:
VS
fA = _____ ​  340   ​ 
​     ​ ⇒ f = ________ · 3.400 ⇒ fA
VS + v 340 + 0,4
= 3.366,3 Hz

multimídia: sites
www.infoescola.com/fisica/acustica/
www.sofisica.com.br/conteudos/Formu-
lasEDicas/formulas14.php
brasilescola.uol.com.br/fisica/acustica.htm
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/quali-
dades-som.htm
macao.communications.museum/por/
exhibition/secondfloor/MoreInfo/2_8_5_
SoundQuality.html
www.hinor.com.br/blog/2015/02/23/lei-do-
silencio-entenda-o-que-e-permitido-e-quais-
sao-os-niveis-em-decibeis-nocivos-a-saude/
mundoestranho.abril.com.br/ciencia/
qual-a-diferenca-entre-frequencia-e-decibeis/

105
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A ecolocalização é uma sofisticada capacidade biológica de detectar a posição e/ou distância de objetos ou animais
através de emissão de ondas ultrassônicas, no ar ou na água, e análise ou cronometragem do tempo gasto para
essas ondas serem emitidas, refletirem no alvo e voltarem à fonte sobre a forma de eco. O morcego emite ondas
ultrassônicas, isto é, com frequência muito alta, na faixa de 20 a 215 kHz, pelas narinas ou pela boca, dependendo
da espécie. Essas ondas atingem obstáculos no ambiente e voltam na forma de ecos com frequência menor. Esses
ecos são recebidos pelo morcego e, com base no tempo em que os ecos demoraram a voltar, nas direções de onde
vieram e nas direções de onde nenhum eco veio, os morcegos percebem se há obstáculos no caminho, as distâncias,
as formas e as velocidades relativas entre eles, no caso de insetos voadores que servem de alimento, por exemplo.

O golfinho possui um extraordinário sistema acústico de ecolocalização que lhe permite obter informações sobre ou-
tros animais e o ambiente, pois consegue produzir sons de alta frequência ou ultrassônicos, na faixa de 150 kHz, sob
a forma de “click’s” ou estalidos. Esses sons são gerados pelo ar inspirado e expirado através de um órgão existente
no alto da cabeça, os sacos nasais ou aéreos. Os sons provavelmente são controlados, amplificados e enviados à
frente através de uma ampola cheia de óleo situada na nuca ou testa, o espermatócito, que dirige as ondas sonoras
em feixe à frente, para o ambiente aquático. Esse ambiente favorece muito esse sentido, pois o som se propaga na
água cinco vezes mais rápido do que no ar. A frequência desses estalidos é mais alta que a dos sons usados para
comunicações e é diferente para cada espécie.

Fonte: <http://andreiasofias7.blogspot.com.br/2011/06/ecolocalizacao.html>. Adaptado.

106
VIVENCIANDO

A acústica arquitetônica é a área da acústica que se destina ao estudo do condicionamento acústico de ambientes
como salas de concerto, salas de aula, teatros, igrejas, salas de conferência, escritórios, etc. O estudo da acústica
de salas compreende tanto a caracterização acústica de ambientes já existentes, através de técnicas experimentais,
quanto o projeto e simulação acústica de novos recintos, através de modelos computacionais. Outra frente de pesqui-
sa é a avaliação subjetiva da acústica dos ambientes, feita através de entrevistas com os usuários de tais ambientes.
Tais entrevistas podem ainda ser combinadas com medições e simulações computacionais, de forma a correlacionar
dados objetivos com dados subjetivos.
Basicamente, é possível dizer que um ambiente pode ter suas características acústicas descritas por sua “resposta
ao impulso“. A resposta ao impulso de um ambiente, entre uma fonte sonora e um receptor, é composta pelo som
direto (caminho direto entre fonte sonora e receptor) e pelas reflexões que a onda sonora sofre (no palco, paredes
laterais, teto, piso, etc). Tais reflexões são distribuídas ao longo do tempo e sua densidade tende a aumentar, à medi-
da que o tempo passa. A amplitude de cada reflexão é controlada pela distância percorrida pelo raio sonoro e pelas
características de absorção das superfícies do ambiente que este encontra. Dessa forma, na distribuição temporal da
densidade de energia sonora, pode-se distinguir três regiões: som direto (composto pelo raio sonoro que percorre o
caminho direto entre fonte e receptor), primeiras reflexões (compostas pelas reflexões que chegam ao receptor em
até 50-80 [ms]) e a cauda reverberante (composta pelas reflexões finais).
Fonte: <www.eac.ufsm.br/pesquisa/areas-de-atuacao>.

Fonte: <www.google.com.br/search?biw=1366&bih=613&tbm=isch&sa=1&q=casa+de+show&oq=casa+de+show&gs_l=psy-
ab.3...9367.9367.0.9693.1.1.0.0.0.0.87.87.1.1.0....0...1.1.64.psy-ab..0.0.0.Bgoax-1-Og0#imgrc=xcHK6QOp0C7drM:>.

107
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidades
Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos
1 em diferentes contextos.

É muito importante que o aluno saiba ser crítico a ponto de reconhecer em variadas ocasiões do dia a dia os diversos
fenômenos físicos aprendidos em sala de aula.

Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

A matemática é uma forma de linguagem das ciências da natureza e é uma ferramenta para cientistas descreverem e
explicarem fenômenos físicos.

Modelo 1
(Enem) Uma ambulância A em movimento retilíneo e uniforme aproxima-se de um observador O, em repouso. A sirene
emite um som de frequência constante fA. O desenho ilustra as frentes de onda do som emitido pela ambulância.
O observador possui um detector que consegue registrar, no esboço de um gráfico, a frequência da onda sonora de-
tectada em função do tempo f0(f), antes e depois da passagem da ambulância por ele.

Qual esboço gráfico representa a frequência f0(f) detectada pelo observador?


a)

b)

108
c)

d)

e)

Análise expositiva - Habilidade 1: O aluno precisa se lembrar do conceito de efeito Doppler e saber como sua
D frequência varia com o tempo. É necessário entender que, inicialmente, a ambulância se aproxima do observador e,
em um determinado momento, ela começa a se afastar dele.
De acordo com o efeito Doppler para ondas sonoras, quando há:
§ aproximação relativa entre a fonte e o observador, a frequência detectada é maior do que a frequência emitida:
f0(t) > fA;
§ afastamento relativo entre a fonte e o observador, a frequência detectada é menor do que a frequência emitida: f0(t) < fA.
Alternativa D

Modelo 2
(Enem) A figura 1 apresenta o gráfico da intensidade, em decibels (dB), da onda sonora emitida por um alto-falante,
que está em repouso, e medida por um microfone em função da frequência da onda para diferentes distâncias: 3 mm,
25 mm e 60 mm. A figura 2 apresenta um diagrama com a indicação das diversas faixas do espectro de frequência
sonora para o modelo de alto-falante utilizado neste experimento.

109
Relacionando as informações presentes nas figuras 1 e 2, como a intensidade sonora percebida é afetada pelo au-
mento da distância do microfone ao alto-falante?
a) Aumenta na faixa das frequências médias.
b) Diminui na faixa das frequências agudas.
c) Diminui na faixa das frequências graves.
d) Aumenta na faixa das frequências médias altas.
e) Aumenta na faixa das frequências médias baixas.

Análise expositiva - Habilidade 17: É necessário que o aluno consiga retirar informações dos dois gráficos
C apresentados para resolver a questão proposta.
Analisando o gráfico da figura 1, nota-se que, até 300 Hz, o nível sonoro diminui com o aumento da frequência para
as quatro distâncias. Na tabela da figura 2, constata-se que sons nessas frequências são classificados como graves. ​
Alternativa C

110
DIAGRAMA DE IDEIAS

ACÚSTICA
ONDAS
LONGITUDINAIS
ONDAS SONORAS
OSCILAÇÕES
DE PRESSÃO

VELOCIDADE VSÓLIDO > VLÍQUIDO > VAR

QUALIDADES

ALTURA OU TOM FREQUÊNCIA

AMPLITUDE
INTENSIDADE
OU VOLUME
NÍVEL SONORO

TIMBRE FORMA DA VIBRAÇÃO

FENÔMENOS

ECO E REVERBERAÇÃO

EFEITO DOPPLER FREQUÊNCIA APARENTE

111
AULAS Tubos e cordas
43 e 44
Competência: 1 Habilidades: 1, 2, 3 e 4

1. Interferência de onda numa corda


Como visto anteriormente, a superposição ou interferência de ondas ocorre quando duas ou mais ondas se encontram ou
se cruzam em um mesmo meio. Esse fenômeno é regido por dois princípios: o princípio da superposição e o princípio da
independência das ondas.
Considere dois pulsos propagando-se em sentidos opostos numa mesma corda.

Considere que as cristas de ambos os pulsos atinjam o ponto P da corda no mesmo instante. Pelo princípio da superposição,
a perturbação resultante será igual à soma algébrica das perturbações causadas por cada pulso, como se ambos tivessem
atingido individualmente o ponto P. Pelo princípio da independência das ondas, depois da superposição, os pulsos continu-
am a se propagar com as mesmas características iniciais. O princípio da conservação da energia também se verifica nessas
situações, caso não exista dissipação de energia por atrito durante a propagação de ambas as ondas.
§ Se, na superposição, a amplitude resultante é maior do que cada uma das amplitudes individuais, a interferência é
classificada como construtiva. A superposição construtiva ocorre quando os pulsos possuem a mesma face (ambos do
mesmo lado em relação à posição de equilíbrio da corda).
§ Se, na superposição, a amplitude resultante é menor do que pelo menos uma das amplitudes dos pulsos interferentes,
a interferência é classificada como destrutiva. A superposição destrutiva ocorre quando suas faces de propagação são
invertidas (uma de um lado e outra do lado oposto em relação à posição de equilíbrio da corda).

A interferência pode ser construtiva ou destrutiva.

112
2. Onda estacionária o número de nós e de ventres, que pode ser alterado mu-
dando-se essa frequência de vibração.
A onda estacionária é um caso especial de superposi- Para as ondas estacionárias, a distância entre dois nós conse-
ção das ondas. Essa onda é o resultado da superposição cutivos e a distância entre dois ventres consecutivos vale __​ † ​, 
de duas ondas de mesma frequência, mesma amplitude e 2
mesmo comprimento de onda que se propagam em senti- e a distância entre um nó e um ventre consecutivo vale __ ​ † ​. 
4
dos opostos na mesma direção.
Como ilustrado na figura a seguir, considere uma corda fi-
xada por uma das extremidades. Ao vibrar periodicamente
com a extremidade livre, originam-se perturbações regu-
lares que se propagam pela corda. Então, ao atingirem a
extremidade fixa, refletem-se e retornam com sentido de
deslocamento contrário ao inicial.

Esquema de uma onda estacionária


V: ventre
N:nó.

Aplicação do conteúdo
Em consequência, as perturbações produzidas em uma ex- 1. Na figura, duas cordas de diâmetros diferentes são
tremidade se superpõem às outras que estão retornando unidas pelas extremidades. A extremidade mais fina da
da parede, originando uma onda estacionária. corda é vibrada por uma pessoa, criando uma onda.

Sabendo que a velocidade de propagação da onda vale


2,0 m/s na corda fina e o comprimento de onda é de 20
cm, e que na corda grossa o comprimento de onda é de
10 cm, calcule:
a) a frequência de oscilação da corda fina;
b) a frequência de oscilação da corda grossa;
c) a velocidade de propagação da onda na corda grossa.

multimídia: vídeo Resolução:


a) Corda fina: v = 2,0 m/s e † = 20 cm = 0,2 m.
Fonte: Youtube v = † · f ä 2,0 = 0,2 · f ä f = 10 Hz
Ondas estacionárias em cordas | Fisicas | b) Ao passar da corda fina para a grossa, a frequência
Khan Academy da onda não é alterada; assim f = 10 Hz.
c) Corda grossa: †’ = 10 cm = 0,1 m.
2,0 v’
​  v ​ = __
__ ​  v’  ​ é ___
​   ​ = ___
​    ​ é v’ = 1 m/s
Uma das características de uma onda estacionária é a † †’ 0,2 0,1
variação da amplitude de ponto para ponto. Ao longo da
corda, existem pontos em que a amplitude é máxima (os 2.1. Cordas vibrantes
ventres), que são os pontos onde ocorre interferência cons- Uma corda de comprimento ℓ, como uma corda de violão,
trutiva, e os pontos que permanecem em repouso (os nós), ao ser esticada pelas extremidades, fica tensionada por for-
que são os pontos onde ocorrem interferência destrutiva. ças de tração, ou seja, forças que agem tensionando a corda
A configuração de uma onda estacionária não se modifica nas extremidades. Durante o dedilhado, as cordas vibram e
com o tempo. Contudo, a frequência de oscilação controla emitem um som sibilante. Apesar de as extremidades das

113
cordas do violão não vibrarem, os outros pontos das cor- Alguns modos de vibração de uma corda de comprimento
das vibram com maior ou menor amplitude. Os pontos das ℓ de um instrumento musical estão representados a seguir.
cordas que não vibram são denominados nós das cordas
Para se obter a frequência do som correspondente aos har-
vibrantes, e os pontos que vibram com amplitude máxima
mônicos, considere que:
são denominados ventres das cordas vibrantes. Os pontos
presos na extremidade das cordas serão sempre os nós, mas
também podem ocorrer outros nós nas cordas. A vibração de
cada uma das cordas do violão tem frequência natural de
vibração característica da corda.

2º ​  é __
† = ​ __ ​  v  ​ = ​ __
2º ​  é f = n​ __
v   ​
n fn n n 2º

Em que v é a velocidade de propagação da onda transver-


sal na corda.
É importante observar que as frequências dos harmônicos
Com a mão esquerda, o instrumentista varia os comprimentos de onda. são múltiplos da frequência fundamental.
Do conjunto de todas as frequências ressonantes que Fundamental ä f1
podem ser estabelecidas em uma corda, a mais primária
é denominada modo fundamental ou 1.° harmô- 2.º harmônico ä f2 = 2f1
nico. Nessa frequência ressonante, existe apenas um 3.º harmônico ä f3 = 3f1
ventre entre os nós, um em cada extremidade. Ao to-
n.° harmônico ä fn = nf1
car a corda, gera-se uma onda estacionária. No violão,
um instrumentista impulsiona as cordas com os dedos
de uma mão e, com os dedos da outra mão, pressio- Aplicação do conteúdo
na a corda contra os trastes, alterando o tamanho das 1. (Unicamp) Para a afinação de um piano, usa-se um
cordas. Desse modo, é possível obter, em uma mesma diapasão com frequência fundamental igual a 440 Hz,
corda, diferentes frequências e gerar diversas notas mu- correspondente à frequência da nota Lá.
sicais. O novo comprimento da corda pressionada é livre
para oscilar em novos harmônicos.

a) A nota Lá de certo piano está desafinada e o seu


multimídia: vídeo harmônico fundamental está representado na curva
tracejada do gráfico. Obtenha a frequência da nota
Fonte: Youtube Lá desafinada.
Cordas vibrantes b) O comprimento dessa corda do piano é igual a 1 m e
sua densidade linear é igual a 5,0 · 10–2 g/cm. Calcule

114
o aumento de tensão na corda necessário para que a
nota Lá seja afinada. 3. Tubos sonoros
Resolução: Foi analisado anteriormente como as cordas podem pro-
duzir sons. Mas como funcionam os instrumentos de so-
a) A partir da curva tracejada (Lá desafinada) forneci-
da no gráfico, tem-se: pro? Como são produzidas as várias frequências nesses
2 oscilações completas — ∆t = 5 · 10 – 3 s instrumentos?
1 oscilação completa — T
π T = 2,5 · 10–3 s
Como f = __​ 1 ​ , segue: f = 400 Hz.
T
b) O modo fundamental de vibração de uma corda
corresponde ao esquema:

Flauta doce

​  † ​  = º ä † = 2º
__
2
A velocidade de propagação de pulsos transversais
em corda é dada pela equação:
d XX
v = ​ __F  ​ ​ 
​ m
Em que F é a intensidade da força de tração da corda
e m é a densidade linear da corda. Clarinete

Como v = †f, pode-se expressar a frequência de vi- O funcionamento desses instrumentos musicais de sopro,
bração da corda, no seu modo fundamental, por: como a flauta e o clarinete, está relacionado à vibração
​ v ​ = __
f = __
† 2º m
d
​  1  ​ · ​ __
​  T  ​ ​ 
XX
longitudinal da coluna de ar no seu interior, denominado
tubo sonoro.
A partir dessa expressão, é possível obter a intensida-
de da força de tração na corda para as duas situações: A partir do sopro do instrumentista na embocadura, a
I. Corda afinada (f = 440 Hz): coluna de ar adquire vibração estacionária dentro dos
tubos sonoros. Se as duas extremidades do tubo são
d
​  1   ​ · ​ ______
XXXXXXX
440 = ____ ​  T   ​ ​ 

2 · 1 5 · 10–3 abertas, o tubo é chamado de tubo aberto; se uma das
De onde obtém-se T = 3.872 N. extremidades é fechada, o tudo é chamado de tubo fe-
II. Corda desafinada (f’ = 400 Hz): chado.

d
​  1   ​ · ​ ______
XXXXXXX
400 = ____ ​  T   ​ ​ 
  a) Nos tubos abertos, a vibração é livre nas extremidades;
2 · 1 5 · 10–3 portanto, formam-se ventres em ambas as extremidades.
Nesse caso, T’ = 3.200 N.
Comparando os valores de T e T’, pode-se concluir
b) Nos tubos fechados, a vibração é livre apenas na ex-
que o aumento necessário na intensidade da tração, tremidade aberta (embocadura), onde se formam os ven-
para que a corda seja afinada, é de: tres; na extremidade fechada, não há vibração e forma-se
T – T’ = 3.872 N – 3.200 N = 672 N um nó.

115
frequência de vibração. Assim, os sons graves são produ-
zidos pelas colunas de maior comprimento, enquanto das
curtas produzirão os sons agudos.
Nos instrumentos de sopro, é possível alterar o comprimen-
to da coluna ao fechar ou abrir os orifícios ou as válvulas.
Assim, a frequência pode ser alterada, de modo a obter-se
a nota musical desejada.

3.1. Tubo aberto


multimídia: vídeo No tubo aberto, as ondas estacionárias apresentam
um ventre na embocadura e um ventre na extremidade
Fonte: Youtube
aberta.
ONDULATÓRIA # 11 - Tubos Sonoros
Como exemplo, considere um tubo aberto de comprimento
A frequência do som produzido pela coluna de ar depende º e um número n de nós. Entre as extremidades pode haver
do tamanho do tubo: quanto maior o tubo, menor será a um número qualquer de nós:

​ 2º ​  é f1 = __
1.º harmônico: †1 = __ ​ v  ​ = __
​  v  ​ 
1 †1 2º

​ 2º ​  é f2 = __
2.º harmônico: †2 = __ ​ v  ​ = __
​  v  ​ = __
​ 2v  ​ é f2 = 2f1
2 †2 __ ​   ​   2º

2

​ 2º ​  é f3 = __
3.º harmônico: †3 = __ ​ v  ​ = __ ​ 3v  ​ é f2 = 3f1
​  v  ​ = __
3 †3 __ ​   ​   2º

3
:  :  : :  :  :

​ 2º
n-ésimo harmônico: †n = __ __v __
n ​  é fn = ​ †   ​ = ​ __
v  ​ = __
​ nv  ​ é f2 = nf1
n ​  n ​   2º

Todos os harmônicos existem em um tubo aberto, ou seja, f1, f2, f3,..., fn.

3.2. Tubo fechado


No tubo fechado, as ondas estacionárias apresentam um ventre na embocadura e um nó na extremidade fechada.
Considere, como exemplo, um tubo fechado de comprimento † e um número n de nós.

(1.º modo de vibrar)

​ v  ​ = __
1.º harmônico: †1 = 4º é f1 = __ ​  v   ​
†1 4º

(2.º modo de vibrar)

​ 4º ​  é f3 = __
3.º harmônico: †3 = __ ​ v  ​ = __ ​ 3v  ​ é f3 = 3f1
​  v  ​ = __
3 †2 __ ​   ​   4º

3

116
(3.º modo de vibrar)

​ 4º ​  é f5 = __
5.º harmônico: †5 = __ ​ v  ​ = __ ​ 5v  ​ é f5 = 5f1
​  v  ​ = __
5 †5 __ ​   ​   4º

5
:  :  :

Para o n-ésimo harmônico, de ordem (2n – 1), tem-se:

4º   ​ 
† 2n – 1 = ​ _____ ​ v  ​ ä f2n – 1 = (2n – 1) · f1
ä f2n – 1 = (2n – 1) · __
2n – 1 4º

No tubo fechado, apenas os harmônicos de frequências ímpares podem ser obtidos, ou seja, f1, f3, ..., f(2n – 1).

primeiro harmônico de uma onda estacionária. Sabendo


Aplicação do conteúdo que a frequência conseguida na corda 1 é 440 Hz, e que
a velocidade da onda na corda 2 é o dobro da velocida-
1. Dois tubos sonoros, um aberto e um fechado, emitem de da onda na corda 1, determine a posição que alguém
o som fundamental com a mesma frequência. Conside- deverá pressionar a corda 2 para conseguir o primeiro
rando que o comprimento do tubo aberto é de 0,5 m e a harmônico de uma onda estacionária com o dobro da fre-
velocidade de propagação do som é de 340 m/s, calcule: quência conseguida na corda 1.
a) o comprimento do tubo fechado;
b) a frequência do 3.° modo de vibrar para os dois tubos.
Resolução:
a) Para o tubo aberto: fn = n · v/2º
Para o som fundamental, n = 1. Assim, f1 = 1 · ​ _____ 340  ​  
2 · 0,5
= 340 Hz. A alternativa correta é:
Para o tubo fechado: f2n – 1 = (2n – 1) · __ ​ v  ​ 
4º a) C.
Os tubos emitem o som fundamental com a mesma
b) A.
frequência f1 = 340 Hz.
c) B.
Para o som fundamental n = 1, tem-se:
d) D.
f2 · 1 – 1 = (2 · 1 – 1) · __ ​ 340   ​ ä 340 = ___
​ v  ​ ä f1 = 1 · ___ ​ 340   ​
4º 4º 4º
ä º = 0,25 m Resolução:
b) O tubo aberto apresenta todos os harmônicos; en-
Analisando o enunciado, tem-se os seguintes dados:
tão, para o 3.° modo de vibrar, n = 3:
fn = n · __ ​  340  ​ 
​ v   ​ ä f3 = 3 · _____ = 1.020 Hz f1 = 440 Hz
2º 2 . 0,5
O tubo fechado só apresenta harmônicos de frequên- f2 = 880 Hz
cias ímpares, então: v2 = 2 · v1
1.° modo de vibrar: n = 1 ä 1.° harmônico
2.° modo de vibrar: n = 2 ä 3.° harmônico
l1 = 80 cm = 0,8 m
3.° modo de vibrar: n = 3 ä 5.° harmônico Sabendo que a frequência de um harmônico é dada por:
Tem-se:
​  n · v  
fn = ____ ​ 
f2n – 1 = (2n – 1) · f1 2·1
f2 · 3 – 1 = (2 · 3 – 1) · 340 ä f5 = 1700 Hz Analisando a 1.ª corda, tem-se:
1 . v1
2. (Acafe) Um professor de Física, querendo ensinar ondas f1 = n · v1/2 . l1 ∴ 440 = _____
​    ​  
2 · 0,8
estacionárias aos seus alunos, construiu um experimento v1 = 440 · 1,6
com duas cordas, como mostra a figura. Pressionou a cor-
da 1 a 80 cm do ponto fixo e, tocando na corda, criou o v1 = 704 m/s

117
Analisando a 2.ª corda, tem-se:
nv2 n(2 · v1) · 2 · 704
f1 = _____
​   ​  ______
  ​ =   ​ 
 [ 880 = ​  1_________  ​ 

[ I2 = 0,8 m
2 · I­2 2 · I­2 2 · I2
Alternativa C
3. (Udesc) Dois tubos sonoros de mesmo comprimento se diferem pela seguinte característica: o primeiro é aberto
nas duas extremidades e o segundo é fechado em uma das extremidades. Considerando que a temperatura ambiente
seja de 20ºC e a velocidade do som igual a 344 m/s, assinale a alternativa que representa a razão entre a frequência
fundamental do primeiro tubo e a do segundo tubo.
a) 2,0.
b) 1,0.
c) 8,0.
d) 0,50.
e) 0,25.
Resolução:

A velocidade de uma onda, expressa em função da frequência e de seu comprimento de onda, é:


v=λ.f
Sabendo que a velocidade de propagação de ambas são iguais:
v1 = v2 ⇒ λ1 · f1 = λ2 · f2
λ
Para o tubo 1: L = __
​  1 ​ ⇒ λ1 = 2L
2
λ
Para o tubo 2: L = __
​  2 ​ ⇒ λ2 = 4L
4
Com isso, a razão das frequências será:
f
λ1 · f1 = λ2 · f2 ⇒ 2L · f1 = 4L · f2 ∴ __
​  1 ​ = 2
f2
Alternativa A
4. (Enem) Em uma flauta, as notas musicais possuem frequências e comprimentos de onda (λ) muito bem definidos. As
figuras mostram, esquematicamente, um tubo de comprimento L, que representa de forma simplificada uma flauta, em
que estão representados: em A, o primeiro harmônico de uma nota musical (comprimento de onda λA); em B, seu segun-
do harmônico (comprimento de onda λB); e em C, o seu terceiro harmônico (comprimento de onda λc), onde λA > λB > λC.

118
Em função do comprimento do tubo, qual o comprimento
de onda da oscilação que forma o próximo harmônico?
a) ​ __L  ​.
4
b) ​  L  ​.
__
5
L
__
c)​    ​.
2
d) ​ __L  ​.
8
6L 
e) ​   ​ . ​
___
8
Resolução:
multimídia: sites
O próximo é o 4.º harmônico. No caso, a flauta comporta-
-se como um tudo aberto, sendo a ordem do harmônico www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/
(n = 4) igual à do número de fusos. Se o comprimento de fisica/tubos-sonoros.htm
um fuso é igual ao de meio comprimento de onda, tem-se: www.if.ufrgs.br/~dschulz/cordas_vibrantes.
 λ ​ = L ⇒ λ = __
4​ __ ​ L  ​ pdf
2 2
www.brasilescola.uol.com.br/fisica/on-
Alternativa C
das-estacionarias.htm
www.respondeai.com.br/resumos/1/capit-
ulos/1
pt.khanacademy.org/math/precalculus/
vectors-precalc

multimídia: livros
Leonard Mlodinow - A janela de Euclides
Livro que aborda de maneira simples, diverti-
da e curiosa a evolução de conceitos chaves
de geometria e o modo com que o Homem
compreende o espaço.

119
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Existe uma equação que permite aos engenheiros e físicos compreender a frequência de qualquer tipo de sinal.
Essa equação é tão poderosa que, em 1867, o físico Lord Kelvin (o mesmo da escala termométrica) fez a seguinte
declaração sobre ela: “Não é apenas um dos mais belos resultados da análise moderna, mas podemos dizer que ele
fornece um instrumento indispensável no tratamento de quase todas as perguntas recônditas na física moderna”.
Essa equação em questão é a “transformada de Fourier“. Elaborada pelo físico e matemático Jean-Baptiste Joseph
Fourier, foi publicada pela primeira vez em seu livro Teoria analítica do calor, um marco nos estudos da físico-mate-
mática. A transformada de Fourier permite uma análise das frequências que compõem um sinal, de forma que é pos-
sível, por exemplo, diminuir drasticamente o tamanho de arquivos de música digital, deixando apenas as frequências
que aparecem mais e jogando fora as frequências menos importantes. Pode-se também usá-la para tirar a voz das
canções ou para a compressão de uma imagem, por exemplo.
Uma curiosidade sobre Fourier é que ele era próximo de Napoleão e foi junto com o então segundo-tenente do re-
gimento de artilharia de La Fère para uma expedição no Egito. Mais tarde, Fourier foi nomeado prefeito de Grenoble
por Napoleão, local onde pôde desenvolver a maioria dos seus trabalhos em física e matemática.

Retrato de Fourier, feito em 1820

120
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos
1 em diferentes contextos.

É muito importante que o aluno saiba ser crítico a ponto de aplicar as características ondulatórias ao uso cotidiano.

Modelo
(UFRGS 2019) Uma onda sonora propagando-se no ar é uma sucessão de compressões e rarefações da densidade
do ar. Na figura abaixo, estão representadas, esquematicamente, ondas sonoras estacionárias em dois tubos, 1 e 2,
abertos em ambas as extremidades. Os comprimentos dos tubos 1 e 2 são, respectivamente, L e L/2

Sendo λ1 e λ2 os respectivos comprimentos de onda das ondas representadas nos tubos 1 e 2, e f1 e f2 suas frequências, as
razões entre os comprimentos de onda λ1 e λ2 e as frequências f1/f2 são, nessa ordem,
a) 1 e 1
b) 2 e 1
c) 2 e 1/2
d) 1/2 e 1
e) 1/2 e 2
Análise expositiva - Habilidade 1: Percebe-se que ambos os tubos estão representando o 1º harmônico,
C assim cada um deles apresenta meio comprimento de onda. Assim, a razão entre os comprimentos dos
tubos representa também a razão entre os comprimentos de onda.

A razão entre as frequências é obtida através da equação fundamental que relaciona também velocidade de propa-
gação e comprimentos de onda.

Alternativa C

121
DIAGRAMA DE IDEIAS

ONDAS ESTACIONÁRIAS

PRINCÍPIO DA
SUPERPOSIÇÃO

CORDAS TUBOS ABERTOS TUBOS FECHADOS

2ℓ 2ℓ 4ℓ
λn = n λn = n λn = n

n.v n.v n.v


Fn = Fn = Fn =
2ℓ 2ℓ 4ℓ

V= T Ventres nas
Extremidades
extremidades

Aberta Fechada

Nós nas
extremidades Ventre Nó

122
ELETROMAGNETISMO: Incidência do tema nas
principais provas

A prova é bastante interligada entre as Físicas, Um dos temas deste livro mais cobrado é
relacionando eletromagnetismo com a mecânica o de campo magnético, com atenção aos
clássica, com questões que podem exigir inter- conceitos fundamentais de ímãs e força
pretação de figuras, como máquinas, dispositivos magnética em partículas.
ou equipamentos que funcionam à base do
eletromagnetismo.

Pode aparecer na prova a relação entre partícula Dentre os temas abordados neste livro, Um dos temas deste livro mais cobrado é o de
e campo magnético, fazendo o uso das equações força magnética em um fio é presente campo magnético, com atenção aos conceitos
fundamentais. na prova. O candidato precisa entender fundamentais de ímãs, relacionando com
as equações e regras que exigem nesse espiras e fios que passam corrente elétrica.
conteúdo.

Dentre os temas abordados neste livro, força A prova tem uma grande variação de temas, A prova tem uma grande variação de A prova tem uma grande variação de temas,
magnética entre fios pode aparecer na prova. porém, o conteúdo força magnética em temas. Eventualmente, podem aparecer porém, campo magnético gerado por fio
O candidato precisa entender as equações e partícula pode aparecer. questões conceituais sobre magnetismo, aparece com alguma frequência, exigindo do
regras que exigem nesse conteúdo. mesmo não aparecendo nos últimos anos. candidato interpretação de figuras, equações e
regras do eletromagnetismo.

UFMG

A prova tem uma grande variação de temas. A prova da UFPR tem uma grande variação A prova tem uma grande variação de temas.
Eventualmente, podem aparecer magnetismo de temas. Eventualmente podem aparecer Eventualmente, podem aparecer partículas
relacionado com assuntos da eletricidade, em partículas dentro do campo magnéti- dentro do campo magnético e ímãs, com
questões mais objetivas e que exigem um alto co e ímãs, com questões que exigem questões que exigem interpretação gráfica e
nível de manipulações matemáticas. interpretação gráfica e base nas equações base nas equações fundamentais.
fundamentais.

Eventualmente, podem aparecer questões Magnetismo não é tão cobrado na prova, Não há uma cobrança grande de eletrostática,
sobre magnetismo com partículas em movi- porém, pode aparecer alguma questão porém, podem aparecem questões que exigem
mento dentro de um campo magnético. relacionada à interação entre partícula e análise de figuras de campos magnéticos.
campo magnético.

123
AULAS Leis de Kirchhoff
35 e 36
Competências: 2e6 Habilidades: 5, 6, 7 e 17

1. Lei de Ohm generalizada


A lei de Ohm generalizada permite o estudo de apenas uma parte de um circuito elétrico. Assim, não há necessidade de
estudar o circuito completo.
Considere o exemplo a seguir, do trecho AB de um circuito composto por geradores e resistores. O sentido da corrente elé-
trica é de A para B (VA > VB).

A d.d.p entre A e B é determinada adicionando as variações de potencial de cada um dos elementos. Esse trecho do circuito
será percorrido, no sentido da corrente, adicionando algebricamente todas as variações de potencial que ocorrem em cada
um dos seus elementos. Lembre-se de que os receptores e resistores retiram energia das cargas elétricas, provocando a
queda do potencial, enquanto os geradores aumentam o potencial.
A partir do ponto A, de potencial elétrico VA, até o ponto B, de potencial elétrico VB,
VA – «1 + r1i – «2 + r2i + «‘1 + r’1i + «‘2 + r’2i + R1 · i + R2 · i = VB
Assim, a d.d.p. entre os pontos A e B é igual a:
VA – VB = + «1 + «2 – «‘1 – «‘2 – r1i – r2i – r’1i – r’2i – R1i – R2i
De forma geral, a d.d.p em um trecho AB de circuito contendo vários geradores, receptores e resistores é dada por:
VA – VB = S« – S«‘ - Reqi
Essa expressão corresponde à lei de Ohm generalizada.
Se o trecho do círculo for percorrido em sentido contrário ao da corrente, invertem-se os sinais da expressão acima.

VA – VB = 17, 35 V
Aplicação do conteúdo
2. Considere o circuito representado e calcule:
1. Calcule a d.d.p. entre os pontos A e B do circuto, sa-
bendo-se que a intensidade da corrente é 0,1 A.

Resolução:
Partindo do ponto A, de potencial VB e caminhado no sen-
tido da corrente, tem-se:
a) a intensidade da corrente no circuito;
VA – VB = S« – S«‘ – R i
b) a diferença de potencial entre os pontos X e Y.
VA – VB = 5 + 4 + 10 – 10 · 0,1 – 0,5 · 0,1 – 5 · 0,1 – 1 · 0,1
Dados: «1 = 30 V; «2 = 50 V; r1 = 1 V; r2 = 2 V; R3 = 3
VA – VB = 19 – 1,65 V; R4 = 4 V.

124
Resolução: os pontos X e Y:
a) Em primeiro lugar, deve-se adotar o sentido horário VX – «2 + r2i + R4i = Vy ⇒ Vx – 50 + 2(+
de percurso para a corrente elétrica (esse sentido é 8) + 4 (+ 8) = Vy ⇒ Vx – Vy = 2 V
arbitrário). A partir da lei de Ohm generalizada, de-
ve-se percorrer todo o circuito, adicionando algebri-
camente as diferenças de potencial que ocorrem em
cada um dos seus elementos. Assim, deve-se partir
do ponto x de potência V1 e percorrer o circuito no
sentido horário. Ao percorrer todo o circuito, deve-se
retornar ao mesmo ponto x de potencial V1. Assim:

multimídia: livros
Análise de circuitos em corrente contínua, de
Rômulo Oliveira Albuquerque
Apresenta os princípios e componentes
básicos usados em circuitos. Os principais
assuntos tratados são: bipolos, lei de Ohm,
V1 – «2 + r2i + R4i + R3i – «1 + r1i = V1 associação de resistores e geradores, resis-
–50 + 10i – 30 = 0 tividade, galvanômetros, medidas, ponte de
i=8A Wheatstone, Kirchhoff, Thévenin, Norton,
Como o ponto inicial e final é o mesmo, a soma dos Maxwell e superposição de efeitos. Além dos
potenciais é nula. tópicos teóricos, contém exercícios resolvidos
b) Mantendo o sentido de circulação da corrente indi- e propostos.
cado no início e percorrendo o trecho de circuito entre

2. Variação de potencial entre os terminais


de elementos de um circuito
Quando um circuito é percorrido por uma corrente elétrica, cada elemento tem um efeito diferente sobre o potencial. A ta-
bela a seguir mostra os principais dispositivos encontrados nos circuitos elétricos, como geradores, receptores e capacitores,
e as relações com o potencial.

Elemento Potencial VA VB UAB

Diminui VA VA – R · i R·i

Resistor

Aumenta VA VA + « – r · i –«+r·i

Gerador

Diminui VA VA – «' – r' · i «' + r'.i

Receptor

Quedas de tensão em diferentes elementos do circuito

Ao atravessar um resistor R no sentido da corrente elétrica, ocorre uma queda de potencial igual a R.i. Em um gerador, ocorre
um aumento de potencial igual a (« – r · i), e, em um receptor, uma queda de potencial igual a (« + r · i).

125
3. As Leis de Kirchhoff
As Leis de Kirchhoff são importantes ferramentas para
calcular as correntes e tensões em circuitos elétricos mais
complexos, nos quais apenas a Lei de Pouillet não é sufi-
ciente. Essas leis se devem ao físico alemão Gustav Robert
Kirchhoff (1824-1887).
Observe o circuito a seguir:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Leis de Kirchhoff

4. Resolução de
circuitos elétricos
Circuito elétrico em duas malhas

Nesse circuito, existem dois geradores («1, r1) e («2, r2),


4.1. Circuitos com uma única malha
um receptor («3, r3) e três resistores R1, R2 e R3. Antes da
aplicação das Leis de Kirchhoff, deve-se identificar alguns 4.1.1. Primeiro método
elementos do circuito: Os circuitos formados por uma única malha são simples de
§ Nós são os pontos do circuito nos quais a corrente se serem resolvidos a partir da Lei de Pouillet, no caso mais
divide ou se une. Um nó é formado pela união de três geral, ou princípio do cabo de guerra.
fios. No circuito de exemplo, existem dois nós, os pon- Observe o circuito da figura a seguir:
tos B e E.
§ Ramos são trechos do circuito entre os nós. A iden-
tificação de um ramo pode ser feita percorrendo o
caminho que liga um nó a outro nó. É importante
perceber que cada ramo possui uma corrente própria.
Nesse caso, é possível identificar três ramos: EFAB, EB
e BCDE.
§ Malha é a união de dois ramos, formando-se um ca-
minho fechado. No circuito representado, existem três
malhas possíveis: EFABE, EBCDE e ABCDEFA.
Levando em consideração a definição desses termos, as Circuito de uma única malha
duas Leis de Kirchhoff são enunciadas como: De início, os elementos de tensão que funcionarão como
geradores e que funcionarão como receptores são inde-
Lei de Kirchhoff das correntes (LKC) ou lei dos nós terminados. Em primeiro lugar, deve-se analisar que as
– o somatório das correntes que chegam a um nó é forças eletromotrizes dos elementos de tensão de 3 V e
igual ao somatório das correntes que saem desse nó. 6 V se somam, ao passo que o elemento de tensão de 1 V
se opõe aos dois primeiros. Assim, os elementos de tensão
de 3 V e 6 V funcionam como geradores e o elemento de
tensão de 1 V funciona como receptor. A resistência equi-
Lei de Kirchhoff das tensões (LKT) ou lei das ma-
valente do circuito é a soma de todas as resistências, pois
lhas – ao se percorrer uma malha segundo alguma
estão em uma associação em série.
orientação, o somatório algébrico das tensões é nulo.
Pela Lei de Pouillet, segue que:

126
​  6 + 3 – 1 
i = ___________  ​ 
= 1 A, sentido horário. O sinal negativo para a corrente indica que o sentido esco-
1+2+3+2
lhido para a corrente não é correto. Nesse caso, o sentido
da corrente elétrica é o sentido horário. Observe que o re-
sultado coincide com o resultado encontrado no primeiro
método, em que foi utilizada a Lei de Pouillet. Se o sentido
horário tivesse sido o escolhido, a corrente positiva teria
sido obtida diretamente.

Representação da corrente no circuito

Os elementos de tensão de 3 V e 6 V são percorridos por


corrente do polo negativo para o positivo, o que caracteriza
geradores elétricos, ao passo que o elemento de tensão
de 1 V e os resistores são percorridos por corrente do polo
positivo para o negativo, que caracteriza os receptores elé-
tricos e os resistores. multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
4.1.2. Segundo método Leis de Kirchhoff – Eletrodinâmica
O problema pode ser resolvido pela Lei de Kirchhoff de
tensões (LKT).
4.2. Circuitos com mais
Para que as Leis de Kirchhoff possam ser aplicadas, de-
ve-se supor arbitrariamente um sentido de percurso para de uma malha
a corrente elétrica, por exemplo, o sentido anti-horário, A utilidade das Leis de Kirchhoff ficam claras quando se
uma vez que o sentido real não é conhecido. Assim, con- trata de circuitos com mais de uma malha, como o do
siderando a corrente nesse sentido, o circuito pode ser exemplo a seguir.
visto na figura a seguir:

Circuitos com duas malhas

Em primeiro lugar, é preciso identificar os nós, os ramos e


Representação da corrente no circuito
as malhas. No circuito, existem:
Depois de escolhido um sentido para a corrente, pode-se § dois nós: representados pelas letras B e E;
aplicar a lei de malhas. Partindo do ponto O, indicado como
tensão nula (terra), e percorrendo o circuito no sentido da § três ramos: EFAB, EB e BCDE.
corrente, obedecendo à tabela da variação do potencial, É importante lembrar que cada ramo possui uma corrente.
tem-se que: A corrente do ramo EFAB será chamada de i1; a corrente
–1 + 3i + 2i + 6 + 1i + 2i + 3 = 0 do ramo EB, de i2; e a corrente do ramo BCDE, de i3. Essa
escolha é totalmente arbitrária. Os sinais das correntes ao
Resolvendo a equação acima, obtém-se:
final da resolução do circuito indicarão se os sentidos fo-
i = –1 A ram escolhidos corretamente ou não. Se o sinal obtido for

127
negativo, o sentido escolhido estará incorreto e o sentido
real será oposto ao escolhido.
Essas correntes foram escolhidas de acordo com a figura
a seguir:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Leis de Kirchhoff – Eletrodinâmica
Representação das correntes nos circuitos

A Lei de Kirchhoff dos nós, aplicada ao nó B, resulta na


seguinte relação: Para a malha EFABE, partindo do nó E e percorrendo a ma-
i1 + i2 = i3. lha no sentido horário, tem-se:

O somatório das correntes que chegam ao nó B (i1 e i2) i1 – 26 + 0,5 · i1 + 0,5 · i1 – 0,5 · i2 + 20 – 0,5 i2 = 0
deve ser igual ao somatório das correntes que saem desse 2 · i1 – 1 · i2 = 6
nó (i3).
Para a malha EBCDE, partindo do nó E, no sentido horário:
0,5 · i2 – 20 + 0,5 · i2 + 3 · i3 + 6 + 1 · i3 = 0
4 · i3 + i2 = 14
Assim, é obtido um sistema com três equações e três in-
cógnitas:
i1 + i2 = i3
2 · i1 – 1 · i2 = 6
4 · i3 + 1 · i2 = 14
Resolvendo esse sistema por substituição, segue que:
multimídia: vídeo
​ 22 ​ A; i2 = __
i1 = ___ ​ 2 ​ A e i3 = ___
​ 24 ​ A
Fonte: Youtube 7 7 7
Ou seja, os sentidos das correntes foram adequadamen-
Leis de Kirchhoff – Lei das tensões de
te escolhidos devido ao fato de que os sinais foram todos
Kirchhoff
positivos.

A Lei de Kirchhoff das malhas é aplicada em ambas as Aplicação do conteúdo


malhas: EFABE e EBCDE.
1. (Udesc) De acordo com a figura, os valores das cor-
A convenção é a seguinte: rentes elétricas i1, i2 e i3 são, respectivamente, iguais a:
§ se a corrente entra no polo positivo e sai no polo ne-
gativo de um elemento coincidindo com o sentido da
corrente adotado, o sinal atribuído é positivo; se for
contrária ao sentido adotado, o sinal atribuído será
negativo;
§ se a corrente entra no polo negativo e sai no polo po-
sitivo coincidindo com o sentido da corrente adotado,
o sinal atribuído é negativo; se for contrária ao sentido
adotado, o sinal atribuído será positivo.

128
a) 2,0 A, 3,0 A, 5,0 A. A figura anterior apresenta um circuito composto por
b) –2,0 A, 3,0 A, 5,0 A. quatro baterias e três resistores. Sabendo-se que I1 é
c) 3,0 A, 2,0 A, 5,0 A. igual a 10 ​ U
__  ​ determine, em função de U e R:
R
d) 5,0 A, 3,0 A, 8,0 A. a) a resistência r;
e) 2,0 A, –3,0 A, –5,0 A. b) o somatório de I1,I2 e I3;
Resolução: c) a potência total dissipada pelos resistores;
d) a energia consumida pelo resistor 3R em 30 minutos.
Pela lei das malhas de Kirchoff:
Resolução:
Identificando os nós com as letras A, B, C e D na figura 1,
pode-se redesenhar um circuito de uma forma mais sim-
ples, como mostra a figura 2.

6 + 4 – 5 ∙ i1 = 0 ∴ i1 = 2A
8 + 4 – 4 ∙ i2 = 0 ∴ i2 = 3A
Pela lei dos nós de Kirchoff no ponto B, tem-se:
i1 + i2 = i3 ∴ i3 = 2 + 3 = 5A
Alternativa A

multimídia: vídeo ​ U ​ 


a) Dado: I1 = 10 __
R
Fonte: Youtube
Aplicando a lei das malhas, calcula-se a intensidade da cor-
Me Salva! CRC14 – Leis de Kirchhoff rente em cada resistor.
Malha DBAD:
2. (IME)
​ 4U
rIDB – 3U – U = 0 ⇒ IDB = ___r ​  
§ Malha CDAC:
3RICD + U + 2U – 4U = 0 ⇒ ICD = ___ ​ U  ​ 
3R
§ Malha CBAC:
RICB – 3U + 2U – 4U = 0 ⇒ ICB = ___ ​ 5U ​  
R
Aplicando a lei dos nós no ponto:
​ 10U
I1 + ICD = IDB ⇒ ____ ​  U  ​ = ___
 ​  + ___ ​ 4U ​  ⇒ __ ​ 30 + ​1  
​  4r ​ = ______ ⇒r
R 3R r 3R
​ 12R ​  
= ____
31

129
b) Aplicando a lei dos nós no ponto A. c) 80 ≤ R ≤ 100.
d) 55 ≤ R ≤ 65.
I1 + I2 + I3 = 0. Isso indica que ao menos uma das correntes
e) R ≤ 45.
tem sentido oposto ao indicado na figura dada. Esse fato
pode ser constatado ao se calcular a intensidade de cada Resolução:
uma dessas correntes. Novamente pela lei dos nós.
Dados: I = 20 A; iF = 1,5 A
§ Nó B:
No instante em que a chave é ligada, a ddp no capacitor
I2 + IDB + ICB = 0 ⇒ I2 + ___ ​ 4U 5U
___ ​ – 4U ​  – ___
____
r ​  + ​  r ​  ⇒ I2 = ____ ​  5U ​  é nula. Então ele pode ser ignorado e trocado por um fio.
12R
​   ​   3R
31 O resistor de 5 Ω fica em curto-circuito. A figura 1 ilustra a
(–31 – 15)U – 46U situação.
⇒__________
​   ​   ⇒ I2 = _____
​   ​  
3R 3R
§ Nó C:
(U + 15U
I3 = ICD + ICB ⇒ I3 + ___​ U  ​ + ___
​ 5U ​  ⇒ __________
​   ​   ⇒ I3 = _____
  ​ 16U ​ 
3R R 3R 3R
Então:
(30 – 46 + 16)U
​  10U
I1 + I2 + I3 ⇒ ____ ​ –46U
 ​  + _____ ​ 16U ​   ⇒​  _____________
+ ____
 ​       ​  
R 3R 3R 3R
0U ​  ⇒ I + I + I = 0
⇒​  ___
3R 1 2 3

c) A potência total dissipada pelos resistores é igual à


potência líquida fornecida pelas baterias.
Pdissip = Plíq ⇒ UI1 – 3UI2 + (4 – 2)UI3 ⇒
10U
U​ ____ ​ – 46U
 ​  – 3U _____ 16U ​   ⇒
+ 2U​ ____
 ​  
R 3R 3R Aplicando a lei das malhas para os percursos ACDA e
(30 + 138 + 32)U2 CBDC:
​  10U ​ 46U ​ 32U ​   = ______________
2 2 2
____  ​  + ____  ​  + ____   
​   ​   ⇒
R R 3R 3R
ACDA: 4 i1 – 12i2 = 0 ⇒ i1 = 3 i2 (I)
200 U ​
Pdissip =​  ______
2


3R CBDC: 3(i1 – 1,5) – 6 (i2 + 1,5) = 0 ⇒ 3 i1 – 6 i2 = 13,5 (II)
d) Dados: ∆t = 30 min = 1.800 s

(  )
Substituindo (I) em (II):
​  U  ​   ​
 2​  ∆t ⇒ ∆E = 3R ​___
∆ECD = PCD ∆t = 3RI​ CD
3R 3 (3 i2) – 6i2 = 13,5 ⇒ 3 i2 = 13,5 ⇒ i2 = 4,5 A
​  U   ​  1800 ⇒
2
1800 ⇒ 3R ____
2

9 R2 Voltando em (I):
​ 600U
2
∆ECD = _____  ​   i1 = 3(4,5) ⇒ i2 = 13,5 A.
R
3. (IME) Calculando as demais correntes pela lei do nós:
i’ = i1 + i2 = 13,5 + 4,5 ⇒ i’ = 18 A
i + i’ = I ⇒ i + 18 = 20 ⇒ i = 2 A
A figura 2 mostra os valores das correntes.

No circuito apresentado na figura anterior, a chave S é fe-


chada e a corrente fornecida pela bateria é 20 A. Para que
o fusível F, de 1,5 A, não abra durante o funcionamento
do circuito, o valor da resistência variável R, em ohms, é:
Consideração: o capacitor está descarregado antes do
fechamento da chave S.
a) R ≥ 120.
b) 95 ≤ R ≤ 115.

130
Calculando a ddp entre os pontos A e B: (I) em (II):
UAB = UAC + UCB ⇒ UAB = 4(3,5) + 3(12) = 90 V (i2 + i3) + i2 = 3 ⇒ 2 i2 + i3 = –1 (III)
Aplicando essa ddp no resistor R: Malha ABCDA:
UAB = Ri ⇒ 90 = R(2) ⇒ R = 45 Ω –10 i2 + 10 i3 – 10 = 0 ⇒ i2 – i3 = –1 (IV)
Esse é o máximo valor de R, pois se ultrapassar esse valor, a Somando (III) e (IV):
corrente i diminui aumentando a corrente i’ e, consequen-
2 i2 + i3 = 3 (III)
temente, a corrente iF no fusível, abrindo-o. Portanto:
i2 – i3 = –1 (IV)
R ≤ 45Ω
⇒ 3 i2 = 2 ⇒ i2 = __ ​ 2 ​ A
Alternativa E 3
Substituindo em (IV):
4. (ITA) Considere o circuito elétrico mostrado na figura
formado por quatro resistores de mesma resistência R i2 + 1 = i3 ⇒ __ ​ 5 ​ 
​  2 ​ + 1 = i3 ⇒ i3 = __
3 3
= 10 Ω e dois geradores ideais, cujas respectivas forças
Malha CABC:
eletromotrizes são ε1 = 30V e ε2 = 10V. Pode-se afirmar
que as correntes i1, i2, i3 e i4 nos trechos indicados na 10 i4 – 10 – 30 = 0 ⇒ 10 i4 = 40 ⇒ i4 = 4 A
figura, em ampères, são, respectivamente, de:
Voltando em (I):
i1 + i2 + i3 ⇒ i1 = __ ​ 5 ​ ⇒ i1 = __
​ 2 ​ + __ ​ 7 ​  A
3 3 3
Alternativa B

a) 2, 2/3, 5/3 e 4.
b) 7/3, 2/3, 5/3 e 4.
c) 4, 4/3, 2/3 e 2.
d) 2, 4/3, 7/3 e 5/3.
e) 2, 2/3, 4/3 e 4.
Resolução:
Redesenhando o circuito, já com os dados. multimídia: sites
www.infoescola.com/eletricidade/leis-de-
kirchhoff/
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/re-
gras-kirchhoff.htm
www.ufrgs.br/eng04030/Aulas/teoria/
cap_04/leiskirc.htm
e-lee.ist.utl.pt/realisations/CircuitsElec-
triques/ApprocheCircuits/LoisKirchhoff/3_
cours.htm

Aplicando as Leis de Kircchoff:


Nó D:
i1 = i2 + i3 (I)
Malha CDBC:
10 i1 + 10 i2 – 30 = 0 ⇒ i1 + i2 = 3 (II)

131
DIAGRAMA DE IDEIAS

LEIS DE KIRCHHOFF

LEI DE Ohm GENERALIZADA DDP PARA UM TRECHO

LEI DAS CORRENTES


OU LEI DOS NÓS

SOMATÓRIA DAS SOMATÓRIA DAS


CORRENTES QUE CHEGAM CORRENTES QUE SAEM

LEI DAS TENSÕES OU


LEI DAS MALHAS

SOMATÓRIA DAS
TENSÕES É NULO

132
AULAS Campo magnético: ímã
37 e 38
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 20 e 21

1. O magnetismo dos ímãs


O efeito magnético dos ímãs sempre despertou a curiosi-
dade dos físicos, resultando em diversas tentativas de ex-
plicá-lo. Chegou-se a pensar até na existência de um fluido
invisível que sairia do ímã e atrairia os objetos de ferro.
No início do século XIX, alguns experimentos conseguiram
demonstrar que o magnetismo estava relacionado com a
carga elétrica. No entanto, não se tratava de uma simples
atração eletrostática entre duas cargas opostas, como será
analisado a seguir.
A explicação do magnetismo tem certo grau de comple-
xidade. A princípio, pode-se afirmar que o magnetismo é
uma consequência do movimento de elétrons no interior
dos ímãs.
Em resumo:
§ cargas elétricas em repouso produzem somente o efei-
to elétrico de atração ou de repulsão;
§ cargas elétricas em movimento produzem o efeito
magnético e também o efeito elétrico. No exemplo, será utilizada uma agulha magnética, livre
para girar horizontalmente, e um ímã em forma de bar-
Até o início do século XIX, a eletricidade e o magnetismo
ra. O polo norte do ímã é indicado pela cor vermelha. As
eram estudados em disciplinas distintas. Entretanto, com a
figuras a seguir ilustram o experimento.
descoberta de que o magnetismo está relacionado com a
carga elétrica, estabeleceu-se um novo campo de estudo
denominado Eletromagnetismo ou Eletrodinâmica.

2. Propriedades dos ímãs


A primeira propriedade dos ímãs é a capacidade de atrair
ferro e não atrair outros metais. A segunda propriedade é a Quando o polo norte do ímã é aproximado do polo
capacidade de transmitir ao ferro esse “poder” de atração norte da agulha, também ocorre repulsão.

magnética. Na figura a seguir, pode-se observar um expe-


rimento: o clipe que está em contato com o ímã também
passa a atrair um segundo clipe. Nesse caso, afirma-se que
o primeiro clipe fica magnetizado.
A terceira propriedade dos ímãs é a atração ou repulsão
entre polos:
§ polos de mesmo nome se repelem;
Quando o polo sul do ímã é aproximado do
§ polos de nomes diferentes se atraem. polo sul da agulha, ocorre repulsão.

133
2.1. Alguns formatos e algumas
montagens de ímãs
Os ímãs podem ter diversos formatos, como mostrado na
figura: barra retangular, barra cilíndrica, pastilha, lâmina no
formato de um losango, que é usada como agulha magné-
Quando o polo norte do ímã é aproximado do
tica das bússolas, em forma de U, etc.
polo sul da agulha, ocorre atração.

Existe ainda uma outra propriedade observada nos ímãs, a


inseparabilidade de seus polos. Quando se divide transver-
salmente um ímã na tentativa de separar o polo norte do
polo sul, algo surpreendente acontece: em vez de se obter
um polo em cada parte, obtém-se dois ímãs menores, isto é,
cada parte passa a apresentar um polo norte e um polo sul.

Alguns formatos de ímãs

Como foi visto, todo ímã possui dois polos, sendo possível
combiná-los para se obter um ímã com quatro polos ou mais.

Da mesmo modo, da divisão de cada ímã se gera dois novos


ímãs. Essa propriedade levou os físicos a elaborarem uma
teoria muito interessante: um ímã é constituído por uma
grande quantidade de ímãs microscópicos, como na figura.

polo norte polo sul


Alguns formatos de ímãs
do imã do imã

3. Campo magnético de um ímã


Foi visto no estudo de Eletrostática que uma carga elétrica
cria um campo elétrico em torno de si. De maneira seme-
lhante, afirma-se que um ímã cria em torno de si um cam-
po magnético. Assim como o campo elétrico, o campo
magnético também é uma grandeza vetorial, pois possui
direção, sentido e intensidade. A seguir, serão determina-
dos sua direção, sentido e módulo.

3.1. Direção e sentido do


campo magnético
multimídia: vídeo Para determinar a direção e o sentido do campo magnético
Fonte: Youtube em um ponto qualquer, será usada uma bússola. A agulha
Propriedades dos ímãs e Campo magnético magnética da bússola indicará a direção do campo, e o
polo norte da agulha indicará o sentido do campo.

134
​___›
O símbolo B ​
​    será_​__›usado para representar o campo mag-
nético, e o vetor B ​​   será usado para representar a direção
e o sentido num ponto. A ilustração a seguir descreve esse
procedimento:

Essas linhas devem ainda ser orientadas, usando-se,___ para


​›
isso, o sentido fornecido pela bússola; assim, o vetor B ​
​  e a
linha terão o mesmo sentido.
Uma pequena bússola é colocada em um ponto do campo magnético.
Para verificar a existência e a configuração dos campos
magnéticos, pode-se também fazer um experimento bem
simples utilizando um ímã e limalha de ferro (pequenas
lascas de ferro). Como o ferro é um material ferromag-
nético, seus dipolos se alinham na presença de um ímã;
assim, a limalha passa a se comportar também como um
ímã enquanto estiver na presença do campo. Uma vez que
a limalha de ferro é muito leve, ela se ajusta na direção do
​___› campo do ímã e “desenha” sua distribuição em torno dele.
A bússola é então retirada e desenha-se o vetor ​B ​  
indicando a direção e o sentido do campo magnético.

Por meio desse procedimento, pode-se determinar a dire-


ção e o sentido do campo magnético em torno de um ímã
em forma de barra. Para isso, deve-se colocar uma peque-
na bússola em diversos pontos em torno do ímã e, assim,​
mapear
___

o seu campo magnético. Em cada ponto, o vetor​
B ​   correspondente deve ser desenhado. A figura a seguir
mostra o resultado obtido.

O campo magnético de um ímã em forma de U é um caso im-


portante. Entre os dois polos desse tipo de ímã se estabelece
um campo magnético de linhas retilíneas, ou seja, trata-se de
um campo magnético uniforme. Entretanto, na região externa
próxima aos polos as linhas se curvam.

A figura mostra que o sentido do campo magnético de um


ímã é tal que, em cada ponto, se afasta do polo norte e se
aproxima do polo sul.
Assim como foi feito para o campo elétrico, o campo mag-
nético será representado por meio de linhas de força. Nes-
se caso, a linha deverá ter um traçado tal que, em
___
​›
cada um
de seus pontos, ela será tangente a um vetor  ​B ​ .  Observe
a figura.

135
3.2. Ímãs permanentes Esse grande ímã hipotético não tem os polos coincidindo
rigorosamente com os polos da Terra. O eixo desse ímã é
e temporários inclinado em relação ao eixo de rotação do planeta em
Existem dois tipos de ímãs: os permanentes e os temporá- aproximadamente 11º.
rios. Um ímã permanente é aquele que permanece mag- O campo magnético da Terra deve-se ao movimento de
netizado mesmo depois de ter sido removido o campo cargas elétricas em seu núcleo.
magnético responsável por sua imantação. Os ímãs tem-
eixo de rotação da Terra
porários, por sua vez, permanecem magnetizados somente sul magnético Norte geográfico
na presença de outro campo magnético. 11º

Em geral, os ímãs permanentes são confeccionados com


aço temperado em tamanhos e formas diversas. Para obter
esse tipo de aço, durante o processo de preparo ele é res-
friado rapidamente, e, assim, adquire dureza e resistência
mecânica, além da imantação permanente.
Os ímãs temporários, como o chamado ferro doce, são
obtidos com ferro puro aquecido e esfriado lentamente.
Sul geográfico norte magnético
Por exemplo, os alfinetes, quando submetidos à ação de
um campo magnético, conseguem atrair outros alfinetes.
Retirando-se a presença do ímã que originou o campo
magnético externo, eles perdem sua imantação e não se 5. Campo magnético criado
comportam mais como um ímã.
por corrente elétrica em
condutores retilíneos
4. O campo magnético da Terra No início do século XIX, o dinamarquês Hans Christian
Como foi visto, um ímã suspenso se orienta aproximada- Oersted (1777-1851) percebeu uma curiosa relação entre
mente na direção norte-sul. A orientação adquirida pela o magnetismo e a eletricidade, que até então eram trata-
agulha de uma bússola indica o polo norte da Terra. Assim, dos como objetos distintos. Uma bússola, quando posicio-
o planeta também produz um campo magnético, como se nada próxima a um fio condutor, sofria a ação de algum
fosse um grande ímã. campo magnético quando havia corrente passando pelo
Como o polo norte da agulha da bússola aponta para fio. As estruturas do magnetismo e da eletricidade foram
o norte geográfico, o “ímã” produzido pela Terra tem modificadas depois dessa observação, pois as cargas elétri-
o polo sul magnético no norte geográfico. Do mesmo cas em movimento estavam gerando campos magnéticos,
modo, o polo sul da agulha da bússola aponta para o além dos campos elétricos. Mais tarde, esses dois campos
polo sul geográfico; assim, nesse polo, localiza-se o polo foram unificados, formando, assim, o eletromagnetismo.
norte magnético. O sentido do campo magnético gerado por um fio retilíneo
atravessado por uma corrente elétrica pode ser determina-
do facilmente.
As linhas de forças geradas são circulares, centradas no fio.
A determinação do sentido é dada pela regra da mão di-
reita. Para aplicá-la, observe as instruções acompanhando
a figura:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Magnetismo e Eletromagnetismo

136
§ Imagine sua mão direita segurando o condutor, envol- representada por uma seta que se orienta na mesma di-
vendo-o com os dedos e com o polegar apontado no reção e no mesmo sentido do vetor campo magnético
sentido convencionado da corrente. associado ao ponto em que ela foi colocada, assinale a
alternativa que indica, correta e respectivamente, as con-
§ O sentido das linhas de força é dado pela indicação dos
figurações das agulhas das bússolas 1, 2, 3 e 4 na situa-
dedos que envolvem o condutor.
ção descrita.
§ Por fim, o campo magnético sempre é tangente à linha a)
de força.

b)

c)

d)

Se o sentido da corrente no fio for para cima, as linhas de


e)
força estarão orientadas no sentido anti-horário.

Resolução:
As agulhas das bússolas orientam-se tangenciando as
linhas de força que, por convenção, estão orientadas do
norte para o sul, conforme mostrado na figura.

Se o sentido corrente no fio for para baixo, as linhas


de força estarão orientadas no sentido horário.

Aplicação do conteúdo
1. (Unesp) Um ímã em forma de barra, com seus polos
norte e sul, é colocado sob uma superfície coberta com
partículas de limalha de ferro, fazendo com que elas se
alinhem segundo seu campo magnético. Se quatro pe-
quenas bússolas, 1, 2, 3 e 4, forem colocadas em repouso Alternativa C
nas posições indicadas na figura, no mesmo plano que 2. (IFSP) Dispõe-se de três ímãs em formato de barra,
contém a limalha, suas agulhas magnéticas orientam-se conforme mostra a figura a seguir:
segundo as linhas do campo magnético criado pelo ímã.

Sabe-se que o polo A atrai o polo C e repele o polo E. Se


o polo F é sul, pode-se dizer que:
a) A é polo sul e B polo sul.
b) A é polo sul e C é polo norte.
c) B é polo norte e D é polo norte.
d) A é polo norte e C é polo sul.
e) A é polo norte e E é polo sul.
Resolução:
Sabe-se que as forças magnéticas entre polos de:
Desconsiderando o campo magnético terrestre e consi-
derando que a agulha magnética de cada bússola seja § mesmo nome são de repulsão;

137
§ nomes contrários são de atração. com que sejam emitidas radiações que muitas vezes trafe-
gam em direção à Terra. A interação entre essa radiação e
Assim:
o campo magnético terrestre faz com que haja uma “de-
Se F é polo sul, E é polo norte. formação” no modelo básico (campo magnético gerado
A repele E → A é polo norte; por um imã) do campo magnético do planeta Terra. Essa
interação forma o que é chamado de magnetosfera.
A atrai C → C é polo sul.
Alternativa A
Alternativa D
3. (FGV) Desde tempos remotos, muito se especulou
acerca da origem e, principalmente, das característi-
cas do campo magnético terrestre. Recentes pesquisas,
usando sondas espaciais, demonstram que o campo
magnético terrestre:
a) limita-se a uma região de seu entorno chamada
magnetosfera, fortemente influenciada pelo Sol;
b) limita-se a uma região de seu entorno chamada
magnetosfera, fortemente influenciada pela Lua;
c) é constante ao longo de toda a superfície do plane-
ta, sofrendo forte influência das marés;
d) é constante ao longo de toda a superfície do plane-
ta, mas varia com o inverso do quadrado da distância
multimídia: sites
ao seu centro.
e) é produzido pela crosta terrestre a uma profundi- www.sofisica.com.br/conteudos/Eletromag-
dade de 5 a 30 km e é fortemente influenciado pela netismo/CampoMagnetico/imasemagnetos.
temperatura reinante na atmosfera. php
Resolução: www.infoescola.com/fisica/ima/
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/cam-
O planeta Terra comporta-se como um grande ímã, geran-
po-magnetico.htm
do em seu entorno um campo magnético. Contudo, não é
www.sofisica.com.br/conteudos/Eletromag-
somente disso que depende o formato e intensidade desse
netismo/CampoMagnetico/campo.php
campo. O Sol, devido às interações existentes em suas par-
tículas (fusão entre partículas de hidrogênio e hélio), faz

138
DIAGRAMA DE IDEIAS

ÍMÃS MAGNETITA

ATRAEM FERRO

TRANSMITEM PODER DE ATRAÇÃO AO FERRO

REPELEM POLOS IGUAIS

ATRAEM POLOS DIFERENTES

INSEPARABILIDADE DOS POLOS MAGNÉTICOS

CAMPO MAGNÉTICO SAEM DO NORTE


LINHAS DE CAMPO ENTRAM NO SUL

PERMANENTES OU TEMPORÁRIOS

CAMPO MAGNÉTICO TERRESTRE

NORTE GEOGRÁFICO SUL MAGNÉTICO

SUL GEOGRÁFICO NORTE MAGNÉTICO

REGRA DA MÃO
EM FIOS RETILÍNEOS
DIREITA

139
Campo magnético gerado
AULAS
por uma corrente
39 e 40
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 20 e 21

1. Campo magnético criado por corrente


elétrica em condutores retilíneos
Foi estudado anteriormente que um condutor retilíneo, quando percorrido por uma corrente elétrica, gera ao seu redor um
campo magnético circunferencial com sentido dado pela regra da mão direita.

A seguir, será analisado como é feito o cálculo da intensidade desse campo magnético.

ponto fixo do espaço externo ao condutor para valores


diferentes de corrente. Além disso, mantendo a corren-
te constante, ele também mediu o valor do campo em
pontos diferentes do espaço em volta de uma seção do
condutor. Como resultado, descobriu que a intensidade
B do campo magnético é diretamente proporcional à
intensidade i da corrente e inversamente proporcional à
distância r:

m
​    ​  · _​ ri  ​
B = ___
2p
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Campo magnético de correntes elétricas A constante m é denominada permeabilidade magné-
tica do meio.
A permeabilidade magnética do vácuo tem valor igual a
1.1. Intensidade do m0 = 4p · 10–7 unidades do SI. Nos casos em que o meio
campo magnético for o ar, será considerado que μ = μ0.
No SI, a unidade de campo magnético é o tesla (T), nome
A intensidade do campo criado pela corrente elétrica va-
dado em homenagem ao cientista croata Nicola Tesla
ria com a intensidade da corrente i no condutor retilíneo
(1856-1943).
e com a distância r entre o ponto externo considerado
e o condutor. Essa variação foi observada experimental- A figura a seguir ilustra como é feita a representação
mente por Ampère. Para determinar a relação entre essas do campo magnético de um fio que está no plano da
variáveis, Ampère mediu a intensidade do campo em um página:

140
O símbolo de um círculo com ponto central ( ) é a representação do vetor campo magnético perpendicular ao plano da
folha do papel e orientado para fora, ou seja, do vetor que está “saindo da página” (simboliza a ponta da seta). A represen-
tação de uma corrente elétrica “saindo” da página também é feita utilizando esse mesmo símbolo.
O símbolo de um círculo com um “x” no interior ( ) é a representação do vetor campo magnético perpendicular ao plano
da folha do papel e orientado para dentro, ou seja, do vetor que está “entrando na página” (corresponde à cauda da seta).
Esse símbolo também é utilizado para representar uma corrente “entrando” na página.

De acordo com a regra da mão direita, é possível encontrar


a direção e o sentido do campo magnético (indicados na
figura). Portanto, B = 4 · 10–6 T, saindo perpendicularmente
do plano da página.
Uma visão em perspectiva seria:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Lei de Biot-Savart Regra da mão direita 2. Os dois fios metálicos longos (1) e (2) são percorridos
pelas correntes ii = 2 A e i2 = 6 A, respectivamente. Cal-
cule a intensidade do vetor indução magnética resul-
tante no ponto M. Considere que o meio é o vácuo, m0
Aplicação do conteúdo = 4p · 10–7 T · m/A.
1. Uma corrente de intensidade 2A percorre um con-
dutor reto e extenso. Determine a intensidade e o
sentido do vetor indução magnética no ponto P, loca-
lizado a 10 cm do condutor, como ilustrado na figura.
(Use m0 = 4p · 10–7 T · m/A.)

Resolução:
Dados: i1 = 2 A; r1 = 0,8 m; i2 = 6 A; r2 = 0,4 m;
m0 = 4p · 10–7 T · m/A
Resolução: Pela regra da mão direita, determina-se o sentido dos ve-
Dados: i = 2 A; r = 10 cm = 0,1 m; m0 = 4p · 10 T · m/A –7 tores B1 e B2 no ponto M: para o condutor da esquerda, o
campo magnético “sai” da página, enquanto que, para o
A intensidade é dada por:
m condutor da direita, o campo magnético “entra” na pági-
​ 4p · 10
​  0 ​ · _r​  i  ​ = _______ ​  2  ​ = 4 · 10–6 T
–7
B = ___   ​  · ___ na, ambos perpendicularmente ao plano da página.
2p 2p 0,1

141
​___›
magnético B ​
​ ,   localizado no centro O da espira, é perpendi-
cular ao plano da espira e tem seu sentido obtido pela re-
gra da mão direita, uma vez que é dependente do sentido
da corrente.

mi
Calculando: B = ___
​  0   ​  
2pr
​ 4p · 10  ​ · 2 
–7
B1 =__________ =
  5 · 10–7 T
2p · 0,8
​ 4p · 10  ​ · 6 
–7
B2 =__________ = 30 · 10–7 T
2p · 0,4 ​
O
____› vetor
​____› resultante
​____› em M é dado pela soma vetorial:​
BR ​  = B​ 1 ​  + B​ 2 ​.   A intensidade do vetor campo magnético vale:

BR = B2 – B1 ä BR = 30 · 10–7 – 5 · 10–7 m
​   ​ · ​ _ri  ​
B = __
2
BR = 25 · 10–7 T ou BR = 2,5 · 10–6 T
Para N espiras circulares iguais
​___› e justapostas (bobina cha-
ta), a intensidade do vetor B ​
​   no centro da bobina vale:

multimídia: vídeo m
​   ​ · ​ _ri  ​
B = N __
Fonte: Youtube 2
Exercício 5 Regra da mão direita Lei de
Biot-Savart A partir da regra da mão direita, pode-se estabelecer que,
na espira circular, o lado pelo qual entram as linhas de
campo magnético é associado ao polo sul, e o lado por
2. Campo magnético onde as linhas de campo saem é associado ao polo norte.

criado por uma corrente


numa espira circular
Quando as partes que compõem um motor elétrico, uma
campainha ou um eletroímã são observadas, nota-se que
sempre existe nesses objetos um núcleo composto por um
fio enrolado várias vezes em torno dele. Cada volta desse
fio constitui uma espira, e o conjunto de espiras é denomi-
nado bobina. Adiante, serão analisadas as características
do campo produzido por uma espira percorrida por corren-
te. Os objetos citados são exemplos de equipamentos que multimídia: vídeo
fazem uso das espiras (e bobinas).
Fonte: Youtube
Considere uma espira circular de centro O e raio r, per- Campo Magnético Espira circular
corrido por uma corrente de intensidade i. O vetor campo

142
m i1 __________
​    ​ = ​ 4p · 10   · 3​ 
–1
B1 = ___
​   ​0 · __ =
  2 · 10–7 T
2 R1 2 · 3p
​____›
B​ 1 ​  “sai da página”.
​____›
Cálculo da intensidade de B​ 2 ​:  
p i2 __________
​    ​ = ​ 4p · 10   · 4​ 
–7
B2 = ___
​   ​0 · __ =
  1,6 · 10–7 T
2 R2 2 · 5p

Aplicação do conteúdo
1. Determine a intensidade, a direção e o sentido do ve- ​___›
tor indução magnética no centro de uma espira circular B​2 ​  “entra na página”.
de raio 20 cm, percorrida por uma corrente de 12 A no Cálculo da intensidade do vetor indução magnética resul-
sentido horário (use m0 = 4p · 10–7 T · m/A).
tante:
_​___› _​___› _​___›
B​ R ​  = B​ 1 ​  + B​ 2 ​  ä BR = B1 – B2 ä BR = 2 · 10–7 – 1,6 · 10–7

BR = 0,4 · 10–7 T ä BR = 4 · 10–8 T


​____›
O vetor indução magnética resultante “sai” da página: B​ R ​.  

Resolução:
Dados: r = 20 cm = 0,2 cm; i = 12 A; m0 = 4p · 10–7 T ·
m/A; p = 3,14
A intensidade é dada pela expressão:
m
​   ​0 · _r​  i  ​= 4p · 10–7 · _____
B = ___ ​  12  ​ 
= 3,8 · 10–5 T
2 2 · 0,2
A direção é perpendicular ao plano da espira.
​___›
O sentido é obtido pela regra da mão direita.
​___› Nesse caso, B ​​   
está entrando na página, portanto, B ​​ .   multimídia: vídeo
2. A figura mostra duas espiras circulares, concêntricas Fonte: Youtube
e coplanares, de raios 3p m e 5p m, e que são percorri- Campo Magnético – Espira circular – Eletro-
das por correntes de 3 A e 4 A, respectivamente. Calcule
a intensidade do vetor indução magnética no centro
magnetismo
das espiras.

3. Campo magnético criado


por corrente em um solenoide
Um solenoide é um dispositivo formado por um fio condu-
tor enrolado na forma helicoidal (formato de uma hélice), de
Resolução: modo que as espiras fiquem bem próximas umas das outras.
Dados: R1 = 3p m; R2 = 5p m; i1 = 3 A; i2 = 4 A; m0 = O solenoide também é denominado bobina longa.
4p · 10–7 T m/A.
​____›
Cálculo da intensidade de B​ 1 ​:  

Solenoide

143
Uma das aplicações industriais do solenoide deve-se ao fato
de que, quando percorrido por uma corrente elétrica, ele
apresenta o mesmo comportamento de um ímã na forma de
barra, no qual o polo sul é o lado por onde as linhas de in-
dução entram no solenoide, e o polo norte é o lado por onde
as linhas saem. O sentido do campo magnético no solenoide
também é determinado pela regra da mão direita.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
A configuração das linhas do campo magnético criado por um PH EM MF DEMO 70001A V1025 2D Mag-
solenoide é idêntica à de um ímã de barra com o mesmo formato.
netic...
A intensidade do vetor indução magnética no interior de
um solenoide, de características iguais aos do solenoide da
figura anterior, é dada pela expressão:

​ N ​ · i
B = m __
4. Eletroímã
º O eletroímã é um ímã temporário formado por uma barra
de ferro doce envolvida por um solenoide. A magnetização
N é o número de espiras, º é o comprimento do solenoide dos ímãs temporários é possível graças à propriedade do
e i é a intensidade da corrente elétrica que percorre o fio ferro doce de magnetizar-se sob a influência de um cam-
condutor. po magnético externo. Esse campo é gerado pela corrente
O campo magnético tem direção perpendicular ao plano elétrica no solenoide. Ao cessar a corrente, o campo mag-
das espiras, e o sentido é determinado pela regra da mão nético também deixa de existir e o ferro doce perde a mag-
direita. Um modo de determinar o sentido é envolver o so- netização adquirida.
lenoide com a mão direita, de maneira que os dedos curva-​___›
dos indiquem o sentido da corrente. Assim, o sentido de B ​​   
será aquele indicado pelo polegar.

Eletroímã em forma de barra reta.

A intensidade do campo de um solenoide se deve à quanti-


No solenoide ilustrado, o fio entra no plano (linha cheia)
e sai por ele (linha pontilhada) diversas vezes.
dade de voltas do fio condutor enrolado sobre o núcleo de
ferro. Geralmente, os solenoides são usados em relés, chaves
O campo magnético, no interior da espira e longe das bor- automáticas, campainhas elétricas, alto-falantes, receptores
das, é praticamente uniforme. Por convenção, a mesma telefônicos, disjuntores, guindastes eletromagnéticos, etc.
simbologia utilizada para o sentido do vetor indução mag-
nética é usada para o sentido da corrente no solenoide,
como mostra a figura.

Corrente saindo perpendicularmente do plano da página.


Corrente entrando perpendicularmente no plano da página. A sucata metálica é atraída pelo eletroímã do guindaste eletromagnético.

144
exemplo, pode chegar a R$1.200,00, em média, se for feito
Aplicação do conteúdo sem material para contraste, e R$1.800,00 se essa subs-
1. Um solenoide retilíneo tem comprimento de 100 cm e tância para contraste for utilizada.
contém 2.000 espiras. Determine a intensidade do vetor
indução magnética na região central do solenoide ao ser
percorrido por uma corrente de intensidade 5 A. Consi-
dere a permeabilidade no vácuo m0 = 4p · 10–7 T · m/A.

Resolução:
Dados: º = 100 cm = 1 m; N = 2.000 espiras; i = 5 A; m0
= 4p · 10–7 T · m/A
A intensidade do vetor indução magnética no centro do
solenoide é dada por:
​ 2000
B = m0 · N · _​ i ​ ä B = 4p · 10–7 · ____ ​  · 5
º 1
ä B = 4p · 10–3 T
2. (PUC-RS) Para uma espira circular condutora, percor-
rida por uma corrente elétrica de intensidade i, é re-
gistrado um campo magnético de intensidade B no seu A ressonância nuclear magnética, ou simplesmente resso-
centro. Alterando-se a intensidade da corrente elétrica nância magnética, é um método de diagnóstico por ima-
na espira para um novo valor ifinal, observa-se que o mó- gem que usa ondas de radiofrequência e um forte campo
dulo do campo magnético, no mesmo ponto, assumirá magnético para obter informações detalhadas dos órgãos
o valor 5B. Qual é a razão entre as intensidades das cor- e tecidos internos do corpo, sem a utilização de radiação
rentes elétricas final e inicial (ifinal/i)?
ionizante. Essa técnica provou ser muito valiosa para o
​ 1 ​ 
a) __ diagnóstico de uma ampla gama de condições clínicas em
5
​  1  ​ 
b) ___ todas as partes do corpo. O aparelho em que o exame é
25 feito consta de um tubo circundado por um grande eletro-
c) 5
d) 10 ímã, no interior do qual é produzido um potente campo
e) 25 magnético.

Resolução: Na técnica de ressonância magnética aplicada à medicina


trabalha-se principalmente com as propriedades magné-
O campo magnético B, em módulo, no interior de uma es- ticas do núcleo de hidrogênio, que é o menor núcleo que
pira circular, é dado em função da intensidade da corrente existe e consta de apenas um próton.
elétrica i por:
O paciente a ser examinado é colocado dentro de um
​  i   ​ 
B = m = ___ campo magnético intenso, o qual pode variar de 0,2 a 3,0
2R
Como o campo magnético e a corrente elétrica são dire- teslas, dependendo do aparelho. Esse campo magnético
tamente proporcionais, se for aumentada a corrente para externo é gerado pela elevada intensidade de corrente elé-
a mesma espira, o campo ficará aumentado pelo mesmo trica circulando por uma bobina supercondutora que pre-
fator. Assim, se o campo aumentou cinco vezes, a corrente cisa ser continuamente refrigerada a uma temperatura de
também aumentará cinco vezes. 4K (Kelvin), por meio de hélio líquido, a fim de manter as
características supercondutoras do magneto.
Alternativa C
(Disponível em: http://www.famerp.br/projis/
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO. grp25/ressonancia.html. Adaptado.)

Custo e manutenção dos aparelhos de imagem en- Um dos motivos para os altos valores cobrados por exames
carecem exames de imagem sofisticados é o alto custo desses aparelhos,
dos custos de instalação e manutenção do equipamento,
É inegável que a evolução da medicina diagnóstica permi-
além da exigência de mão de obra extremamente qualifi-
tiu avanços sem precedentes na prevenção e no tratamen-
cada para operá-los.
to de vários tipos de doenças. Se por um lado a tecnologia
propiciou fidelidade cada vez maior nas imagens obtidas Um equipamento de ressonância magnética, por exemplo,
do interior do corpo humano, por outro ela também co- pode custar de U$ 2 milhões a US$ 3,5 milhões, dependen-
bra o seu preço. Um exame de ressonância magnética, por do da sua capacidade. Além disso, há um adicional anual

145
de cerca de 2 milhões em manutenção, incluindo o custeio
de procedimentos para arrefecer as bobinas magnéticas da
máquina.
(Disponível em: http://glo.bo/19JB2sB. Adaptado.)

3. (Fac. Albert Einstein - Medicina) Nas proximidades


da superfície da Terra, a intensidade média do campo
magnético é de 5 · 10-5 T e, conforme o texto informa, a
intensidade do campo magnético produzido por alguns
aparelhos de ressonância magnética pode chegar a 3 T.
Considere, por hipótese, esses campos magnéticos uni-
formes e produzidos por duas bobinas chatas distintas,
de raios iguais a 1 m para o aparelho e RT (raio da Terra)
para a bobina da Terra; cada uma delas composta por
espiras justapostas; percorridas pela mesma intensida-
de de corrente elétrica e mesma permeabilidade mag-
nética do meio.

(  )
NTerra
Determine a razão ​ ​  ______    ​  ​entre o número de espiras
Naparelho
das bobinas chatas da Terra e do aparelho, respectiva-
mente. Para simplificar os cálculos, adote o raio da Terra
igual a 6.000 km.

Resolução:
O campo magnético formado pela superposição de N es-
piras é dado por:
m.i
B = N · ____ ​ B . 2R
​   ​   → N = _____  ​  

2R m.i
Assim, pode-se escrever:
N
______ B .R (5 . 10-5) . (6 . 106)
= ___________
​  Terra  ​   ​  Terra Terra  
    ​ = ​ ______________
    ​  
Naparelho Baparelho . Raparelho (3) . (1)
N
______
​  Terra  ​ 
= 100
Naparelho

multimídia: sites
brasilescola.uol.com.br/fisica/a-reg-
ra-mao-direita.htm
educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/
campo-magnetico---condutor-retilineo-apli-
cacoes-da-lei-de-ampere.htm
www.infoescola.com/eletromagnetismo/lei-
de-biot-savart/

146
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termo-
21 dinâmica e/ou do eletromagnetismo.

Dentro dos fenômenos eletromagnéticos, a passagem de corrente elétrica por uma bobina é capaz de gerar um campo
magnético no espaço ao seu redor. Saber reconhecer as características do campo magnético produzido faz parte da
habilidade 21, em que se cobra a interpretação dos fenômenos eletromagnéticos.

Modelo
(Enem) Um guindaste eletromagnético de um ferro-velho é capaz de levantar toneladas de sucata, dependendo da
intensidade da indução em seu eletroímã. O eletroímã é um dispositivo que utiliza corrente elétrica para gerar um
campo magnético, sendo geralmente construído enrolando-se um fio condutor ao redor de um núcleo de material
ferromagnético (ferro, aço, níquel, cobalto).
Para aumentar a capacidade de carga do guindaste, qual característica do eletroímã pode ser reduzida?
a) Diâmetro do fio condutor
b) Distância entre as espiras
c) Densidade linear de espiras
d) Corrente que circula pelo fio
e) Permeabilidade relativa do núcleo

Análise expositiva - Habilidade 21: Para aumentar a capacidade de carga do eletroímã, deve-se au-
B mentar a intensidade do campo magnético por ele gerado. A intensidade desse campo é dada pela
expressão B = µi __n​   ​,   em que µ é a permeabilidade magnética do material, i é a corrente elétrica e __n​   ​  é a
L L
densidade linear de espiras (número de espiras por metro de comprimento).
Assim, para aumentar a intensidade do campo magnético, deve-se aumentar o número de espiras por
unidade de comprimento, diminuindo a distância entre elas.
Alternativa B

147
DIAGRAMA DE IDEIAS

CAMPO MAGNÉTICO
GERADO POR

µ·i
FIO RETILÍNEO B = ——
2πr

µ·i
ESPIRA CIRCULAR B = ——
2r

µ·i
BOBINA CHATA B = N ——
2r

N ·µ· i
SOLENOIDE B = ——

148
AULAS Força magnética em partículas
41 e 42
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 20 e 21

_​›_ ​___›

1. Força magnética sobre § uma força magnética aparece, desde que v ​
​   e B ​
​   não te-
nham a mesma direção, ou seja, £ i £º ou £ i 180º;
cargas elétricas § a intensidade da força magnética depende da carga
elétrica da partícula, mas não da massa;
Considere que uma partícula eletrizada seja colocada em​
repouso
___ em uma região onde exista um campo magnético​ § a intensidade da força magnética é diretamente propor-

B ​.   Dessa forma experimental, os físicos verificaram que o cional ao valor do módulo da carga elétrica q, do módulo
campo magnético não atua sobre as partículas eletrizadas da velocidade de lançamento e do seno do ângulo £.
em repouso. Assim, quando uma partícula eletrizada em Assim:
repouso é colocada ao lado de um ímã, nenhuma força de
origem magnética atua sobre ela. F = k · |q| · v · sen £

Entretanto, outros experimentos mostraram que, se a par- Sendo que k é uma constante de proporcionalidade. _​__› Ado-
tícula fosse​___›lançada nessa região onde existe ​_um campo tou-se o valor da intensidade do campo magnético B ​​   como
›_ o valor dessa constante; portanto, fazendo k = B, tem-se:
magnético B ​​ ,   sob certas condições, uma força F ​
​   agiria so-
bre a partícula. Essa força foi denominada força magnética.
F = |q| · v · B · sen £

A partir dessa equação, é possível verificar que, caso o ân-


gulo £ seja nulo ou de 180º, o valor de sen q é nulo e,
consequentemente, a força magnética também é nula.

1.1. A intensidade _​do


__›
campo magnético ​ ​B  
Uma bússola foi utilizada anteriormente ​_para__› definir a
direção e o sentido do campo magnético B ​ ​ ,   enquanto
​___› a
equação anterior fornece a intensidade do campo B ​ ​ ,   dados
multimídia: vídeo os outros parâmetros
​___› da equação. No Sistema Internacio-
Fonte: Youtube
​   é denominada tesla (símbolo T), em
nal, a unidade de B ​
homenagem ao físico Nikola Tesla (1856-1943), que foi o
Força magnética sobre cargas – Eletromag-
inventor de importantes aparelhos elétricos e cujo papel no
netismo - Aula 3
desenvolvimento de geradores de corrente alternada foi de
grande relevância.
A figura ilustra uma partícula de massa m, eletricamente Em resumo, são utilizadas as seguintes unidades no SI:
carregada, com carga ​_›_
elétrica q, que foi lançada no plano
Grandeza Unidade Símbolo
™ com velocidade
​___› v ​
​ .

  Na região, existe um campo
_​›_ ​___› magnéti- Força magnética newton N
co uniforme B ​
​ ,   sendo que a direção entre v ​ ​   e B ​
​   forma um Carga elétrica coulomb C
ângulo £. Fisicamente, observa-se que: Velocidade metro por segundo m/s
Campo magnético tesla T

​  F   ​ 
Utilizando a relação B = _________ e substituindo as uni-
q ⋅ v ⋅ senθ
dades, tem-se:
​  N   ​  
T = ______
C · m/s

149
O sentido da força magnética pode ser obtido a partir de
uma regra prática, denominada regra da mão esquer-
da. A seguir, será explicado como aplicar essa regra para o
caso de uma carga positiva:
1. A princípio, dispõem-se os dedos da mão esquerda como
na figura. O polegar, o indicador e o dedo médio devem
ficar perpendiculares uns aos outros.
__
​›
F ​​   
__
​›
multimídia: vídeo  ​
​ 
B 

Fonte: Youtube
Força magnética sobre cargas - Exercício 1
__
(UFSCar) ​›
 ​​v  

2. Então, a seguinte associação é feita:


Aplicação do conteúdo § O dedo
​___› indicador mostra o sentido do campo magné-
1. Um campo magnético uniforme de intensidade B = tico ​B ​. 
5,0 · 103 T atua em uma região onde foi lançada uma _​›_
partícula de carga elétrica positiva q = 3,2 · 10–19 C, § O dedo médio indica o sentido da velocidade v ​​ .  
_​›_
com velocidade v = 2,0 · 106 m/s, de tal
_​_› modo​___› que o § O dedo polegar indica o sentido da força magnética F ​​ .  
ângulo formado entre as direções de ​v ​    e ​B ​    é igual a ​___›
30º. Qual é a intensidade da força magnética sobre a Alinha-se o dedo indicador com a direção do vetor B ​
​   e o
​_›_
partícula no instante do lançamento? dedo médio com a direção do vetor v ​
​ ;

  desse modo, o sen-
​_›_

Resolução: tido da força magnética F ​


​   será indicado pelo dedo polegar
(figura anterior).
A partir dos dados fornecidos, basta aplicar a equação:
F = |q| · v · B · sen £
Assim:
F = 3,2 · 10–19 · 2,0 · 106 · 5,0 · 103 · sen 30º
ä F = 1,6 · 10–9 N

1.2. Direção e sentido


da força magnética
A direção da força magnética é outro resultado experimen-
tal importante. A partir dos experimentos, verificou-se que
a direção da força magnética, desde_​_ que
multimídia: vídeo
​___› não seja nula, é

perpendicular à direção dos vetores v ​
​   e B ​
​ .   Fonte: Youtube

Geometricamente, se uma reta r tem direção perpendicular Exercício 1 Força magnética de Lorentz
a outras duas retas concorrentes, então a reta r é perpen-
dicular ao plano ™ que contém as duas retas concorrentes
(observe a figura a seguir). Assim, a força magnética tem Para as partículas de carga elétrica negativa, a situa-
direção perpendicular ao plano ™. ção é a mesma, a não ser pelo sentido da força mag-
nética, que será oposto ao sentido caso a carga seja
positiva. Assim, usa-se então a regra da mão esquer-
da, mas deve-se inverter o sentido obtido para a força
magnética.
A figura mostra a determinação do sentido da força mag-
nética nas duas situações.

150
S
a) o sentido do campo magnético do ímã; _​_›
b) a direção e o sentido da força magnética F ​
​    sobre
a partícula.
Resolução:
a) O sentido do campo magnético deve satisfazer a
condição de “nascer” no polo norte e “morrer” no
Carga positiva: aplica-se a regra da mão esquerda. polo sul do ímã. A figura indica a direção e o sentido
de suas linhas.

S
b) Para determinar o sentido da força magnética, usa-
-se a regra da mão esquerda. Como a carga é negati-
va, o sentido do vetor da força magnética é invertido.
Repare que o polegar tem o sentido de “sair” do pla-
no da página, mas a força magnética que age sobre
a partícula tem o sentido oposto, ou seja, de “entrar”
Carga negativa: aplica-e a regra da mão esquerda e no plano da página.
inverte-se o sentido do vetor F.

A figura a seguir mostra outros exemplos do uso da regra


da mão esquerda para determinar a direção e o sentido da
força magnética que atua nas partículas positivas repre-
sentadas nas figuras. S

Como descrito, coloca-se a mão esquerda sobre cada uma


das figuras, de modo que o indicador coincida com o senti-​
do ​
2. Campo magnético uniforme
__› do campo magnético e o dedo médio com a velocidade ​_›_
v ​.   O polegar indicará o sentido da força magnética F ​​ .   A seguir, serão analisadas as propriedades de um campo
magnético uniforme.
Observe, na figura, as linhas de campo de um campo mag-
nético uniforme que se formam no interior de um ímã com
formato em U. Perceba as seguintes propriedades:

Aplicação do conteúdo
§ a intensidade do campo é constante em qualquer ponto;
1. A figura mostra uma partícula de carga elétrica nega-
tiva que foi lançada em direção ao interior de um ímã § o campo tem a mesma direção e o mesmo sentido em
em formato de U. Determine: qualquer ponto;

151
§ as linhas de campo são retas paralelas de mesmo
sentido, uniformemente distribuídas pela região que o
campo ocupa.
A representação de um campo magnético uniforme, cuja
direção é perpendicular ao plano da página, “entrando” Partícula lançada paralelamente às linhas de campo.
ou “saindo” dela, é realizada utilizando a convenção apre- Considere que a partícula seja lançada de modo que a di-
_​›_
sentada na aula anterior. Veja as figuras: reção da velocidade _​__› v ​
​   seja paralela à direção das linhas do
campo magnético B ​ ​ .   Na figura da esquerda, tem-se £ = 0°
e, na figura à direta, £ = 180°. Em consequência, tem-se:
sen £ = sen 0° = sen 180° = 0
Pela equação da força magnética, a força que atua na
partícula é nula. Caso nenhuma outra força atue sobre a
partícula, o movimento da partícula será retilíneo e uni-
Campo magnético uniforme “entrando” no plano da página. forme, paralelo a uma linha de indução do campo.

4.2. Segundo caso: lançamento


perpendicular às linhas do campo
Considere que a partícula eletrizada, com carga elétrica q​___,›
seja lançada na região de campo magnético uniforme B ​​   
, com uma direção perpendicular à direção das linhas de
indução do campo (figura a seguir).
Campo magnético uniforme “saindo” do plano da página.

3. Partícula em repouso
no campo magnético
No início da aula, foi visto que o campo magnético não
atua sobre uma partícula em repouso. Essa propriedade _​_› ​___›

também pode ser verificada a partir da equação da força Lançamento de uma carga positiva: ​v ​  ' ​B ​  .
magnética: Nesse caso, tem-se £ = 90° e, portanto, sen £ = sen 90
F = |q| · v · B · sen £ ° = 1.

Observe que a intensidade da força magnética depende F = |q| · v · B · sen £


da velocidade da partícula. Consequentemente, se uma F = |q| · v · B · sen 90° ä F = |q| · v · B
partícula for colocada em repouso no campo magnético e
Como a força magnética
_​›_ é sempre perpendicular à dire-
nenhuma outra força atuar sobre ela, a partícula permane-
ção da velocidade v ​ ​ ,   o módulo da velocidade da partícula
cerá em repouso.
não é alterado, e apenas a direção é​_›_ modificada. Em cada​
v0 = 0 ä F = 0 ä partícula permanece em repouso ponto da trajetória, sempre a força F ​ ​   será perpendicular a​
__

v ​.   Como resultado, a partícula realizará um movimento

4. Partícula lançada circular uniforme, e a força magnética fará o papel de


força centrípeta desse movimento.
no campo magnético De acordo com a figura a seguir, considere uma partí-
cula de carga positiva (q > 0) lançada em uma região
4.1. Primeiro caso: lançamento em que o campo magnético _​›_ é uniforme, de tal modo que
paralelo às linhas do campo a direção
_​__›
de B ​
da velocidade v ​
​    seja perpendicular à direção
​ .   Considere ainda que, durante todo o movimento,
Observe as figuras a seguir que ilustram uma partícula car- a partícula não saia do interior da região que contém o
regada lançada em uma região em que existe um campo campo magnético. A trajetória da partícula será uma cir-
magnético uniforme: cunferência de raio R.

152
Partícula negativa em MCU no sentido horário.

Trajetória circular descrita por uma partícula de carga positiva,


lançada perpendicularmente às linhas do campo magnético.
_​›_
Em cada ponto da trajetória, o sentido da força F ​
​   obedece
à regra da mão esquerda. Assim:
​___› ​___› ​___› ​___›
​ v​ 1 ​   ​= ​ v​ 2 ​   ​= ​ v​ 3 ​   ​= ​ v​ 4 ​   ​= v
e
_​___› _​___› _​___› _​___›
           
​F​ 1 ​   ​= ​F​ 2 ​   ​= ​F​ 3 ​   ​= ​F​ 4 ​   ​= ​ q ​· v · B
multimídia: sites
4.3. Determinação do
raio R da trajetória pt.khanacademy.org/science/physics/
magnetic-forces-and-magnetic-fields/mag-
Como a força magnética faz o papel de força centrípeta,
nets-magnetic/a/what-is-magnetic-force
tem-se:
alunosonline.uol.com.br/fisica/movimen-
​ m · ​
Fcp = _____v2  
to-carga-no-campo-magnetico.html
R
e brasilescola.uol.com.br/fisica/forca-magnet-
ica.htm
Fmag = ​ q ​· v · B www.infoescola.com/fisica/forca-magneti-
Igualando essas duas equações, tem-se: ca-sobre-cargas/
alunosonline.uol.com.br/fisica/movimen-
​ m · ​
_____ v2   ​ m · v  ​
= ​ q ​· v · B é R = ____
R ​ q ​· B to-carga-no-campo-magnetico.html
m ⋅ v  ​ 
R= ​ _____
|q| ⋅ B Aplicação do conteúdo
As figuras a seguir ilustram as situações de lançamento de 1. Uma partícula de carga elétrica q e massa
​___› m foi lan-
partículas de carga positiva e de carga negativa, respecti- çada em
​__› um campo magnético uniforme ​B ​  
 , com veloci-
​_›_ dade ​v ​  , sendo o lançamento perpendicular às linhas
vamente. A velocidade v ​ ​   do lançamento​_›_ é igual nas duas
de campo. Admitindo que o movimento da partícula
situações. O sentido da força magnética F ​ ​ ,   encontrado pela
​_›_ não exceda a região ocupada pelo campo magnético
regra da mão esquerda, combinada com a velocidade v ​​ ,   e dados os valores q = +3,2 · 10–19 C, m = 2,0 · 10–28
apontará o sentido do movimento, determinando se será kg, v = 6,4 · 105 m/s e B = 2,0 T, determine:
horário ou anti-horário. a) a intensidade da força magnética;
b) o raio da trajetória;
c) o tempo que a partícula leva para completar uma
volta (período do movimento).
Resolução:
a) F = |q| · v · B
F = (3,2 · 10–19) · (6,4 · 105) · (2,0) = 40,96 · 10–14N
ä F = 4,096 · 10–13 N
2,010–28 · 6,4105
Partícula positiva em MCU no sentido anti-horário. ​ m · v  ​= R = _____________
b) R = ____   
​      ​= 2,0 · 10–4 m
​ q ​· B 3,2 · 10–19 · 2,0

153
v
c) v = ___​ ∆s ​ = ____
​ 2pR ​ 2pR
 ​  é T = ____
v ​   aC = __
​  2 ​ ⇒
∆t T R
(2 · 103)2 __
2 · 3,14 · 2,0 ‚ 10 a1 = aC = ​ _______ = ​ 4 ​  · 109 ⇒ aC = 1,3 · 109 m/s2
–4
= _______________
​     ​  ≈ 2,0 · 10–9 s 1
 ​ 
3 · 10-3 3 1
6,4 · 105
(2 · 10 )
3 2
a2 = aC = ​ _______ ​ 4 ​  · 109 ⇒ aC = 2,0 · 109 m/s2
= __
 ​ 
2. (UFJF-PISM) Em um laboratório de física experimental, 2 2 · 10-3 2 2

um pesquisador realiza o bombardeio de uma amostra a3 = 0


desconhecida com um laser de alta potência, de forma a
quebrar as ligações entre os átomos deste material. Os c) Calculando a frequência angular ou velocidade
fragmentos do espalhamento são partículas que podem angular:
ser carregadas eletricamente. Com a intenção de saber
​ 2 · 10 -3 
3
algumas propriedades deste material, três fragmentos ω1 = _______ ⇒ ω1= 0,67 · 106 rad/s
 ​ 
3 · 10
passam por um filtro de velocidades, de forma que todos
​ 2 · 10 -3 
3
os três fragmentos, ao deixar o filtro, tenham exatamen- ω2 = _______ ⇒ ω2 = 1 · 106 rad/s
 ​ 
2 · 10
te a mesma velocidade v = 2,0 · 103 m/s. Três fragmentos,
identificados como 1, 2 e 3, ao deixarem o filtro de ve- ω3 = 0
locidades, entram em uma região de campo magnético 3. (UERN) Numa região em que atua um campo magné-
constante, de módulo B = 0,5 T, que está entrando no tico uniforme de intensidade 4 T é lançada uma carga
plano da folha, assim como mostra a figura a seguir. As elétrica positiva, conforme indicado a seguir:
linhas com setas representam a trajetória de cada frag-
mento. Considerando Dx = Dy =2,0 mm, DETERMINE:

Ao entrar na região do campo, a carga fica sujeita a


a) o sinal de cada carga. Justifique sua resposta; uma força magnética, cuja intensidade é de 3,2 · 10-2 N.
b) a aceleração que cada fragmento sente devido à O valor dessa carga e o sentido do movimento por ela
ação do campo magnético; adquirida no interior do campo são, respectivamente:
c) a frequência angular do movimento circular de a) 1,6 · 10-6 C e horário.
cada fragmento.
b) 2,0 · 10-6 C e horário.
Resolução: c) 2,0 · 10-6 C e anti-horário.
a) Usando as regras convencionais (mão direita ou d) 1,6 · 10-6 C e anti-horário.
mão esquerda) do eletromagnetismo, conclui-se que:
Resolução:
Q1 < 0; Q2 > 0; e Q3 = 0
Utilizando a regra da mão esquerda, percebe-se que a par-
tícula vai executar um movimento no sentido anti-horário.
Para saber o valor da carga, pode ser utilizada a equação
da força magnética sobre uma partícula:
F = q · v B · sen (θ)
F   ​   (3,2 . 10-2)
q = __________
​  ​ ________________
=   
    ​
v . B . sen (θ) (4 . 103) . 4 sen (90º)
q = 2 · 10 –6 C
Alternativa C

b) A partícula 3 realiza movimento retilíneo e unifor- 4. (Unesp) Em muitos experimentos envolvendo cargas
me, tendo aceleração nula. As partículas 1 e 2 reali- elétricas, é conveniente que elas mantenham sua ve-
zam movimento circular uniforme. Então, a acelera- locidade vetorial constante. Isso pode ser conseguido
ção é centrípeta. Assim: fazendo a carga movimentar-se em uma região onde

154
​___› ​___›
atuam um campo elétrico ​E ​   e um campo magnético ​B ​  ,
ambos uniformes e perpendiculares entre si. Quando as
magnitudes desses campos são ajustadas conveniente-
mente, a carga atravessa a região em movimento retilí-
neo e uniforme.
A figura representa um dispositivo, cuja finalidade é fa-
zer com que uma partícula eletrizada com carga elétrica
q > 0 atravesse uma região entre duas placas paralelas
P1 e P2 eletrizadas com cargas de sinais opostos, se-
guindo a trajetória indicada pela linha tracejada. O sím-
bolo x representa um campo magnético uniforme B =
0,004 T com direção horizontal, perpendicular ao plano,
que contém a figura e com sentido para dentro dele. As
linhas verticais, ainda não orientadas e paralelas entre
si, representam as linhas de força de um campo elétrico
uniforme de módulo E = 20 N/C.

Desconsiderando a ação do campo gravitacional sobre


a partícula e considerando que os módulos de B e E se-
jam ajustados para que a carga não desvie quando atra-
vessar o dispositivo, determine justificando se as linhas
de força do campo elétrico devem ser orientadas no
sentido da placa P1 ou da placa P2 e calcule o módulo
da velocidade v da carga, em m/s.

Resolução:
Aplicando as regras práticas (da mão direita ou da mão es-
querda) do eletromagnetismo, conclui-se que a força mag-
nética é vertical e para cima. Para que a partícula eletrizada
não sofra desvio, a resultante das forças deve ser nula. As-
sim, a força elétrica tem direção vertical e para baixo. Como
a carga é positiva, a força elétrica tem o mesmo sentido
das linhas de força do campo elétrico, ou seja, as linhas
de força do campo elétrico dever sem orientadas
no sentido da placa P2, como indicado na figura.

Dados: E = 20 N/C; B = 0,004 T = 4 · 10-3 m/s.


Combinando as expressões das forças elétrica e magnéti-
ca, calcula-se o módulo da velocidade da partícula.
|q| v B = |q| E → v = __ ​  20   ​  
​ E ​ = ______ → v = 5 · 103 m/s
B 4 x 10-3

155
VIVENCIANDO

Aurora polar

Um dos fenômenos mais bonitos da natureza, a aurora polar, é explicado com a ajuda do magnetismo. Quando ocor-
re no Polo Norte, é denominado aurora boreal; quando ocorre no Polo Sul, é chamado de aurora austral, podendo
acontecer em diversos formatos e cores. O fenômeno é causado por elétrons, prótons e partículas alfa alinhados com
o campo magnético terrestre. Quando colidem com a atmosfera terrestre, predominantemente formada por oxigênio
e nitrogênio, parte da energia ioniza os átomos da atmosfera, que, por sua vez, produzem o espetáculo de luzes.

156
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

A habilidade 20 é empregada tanto pela descrição do movimento como pela sua causa. Quando se trata de quantidade
de movimento, impulso e teorema do impulso, são estudadas simultaneamente causas e consequências.

Modelo
(UFJF-PISM 3 2020) A figura abaixo mostra um equipamento para detectar elétrons ejetados de átomos, através da mudan-
ça de trajetória dos elétrons sob ação de um campo magnético. Os elétrons podem ser acelerados até a velocidade inicial
v0 ao longo do eixo x. O detector e colocado a uma distância d ao longo do eixo vertical y. Um campo magnético uniforme
é aplicado sobre os elétrons, em toda a região abrangida pela figura. Observou-se que os elétrons chegaram numa posição
vertical d/2 abaixo do detector, seguindo a trajetória 1 mostrada na figura. Pode-se modificar a velocidade v0 dos elétrons,
o módulo do campo magnético e a sua direção de aplicação. Devido à alta velocidade dos elétrons, pode-se ignorar o efeito
da gravidade. Assinale a alternativa que descreve o que pode ser modificado no experimento para que os elétrons alcancem
o detector, ou seja, para que eles se desloquem com a trajetória 2 mostrada.

a) Pode-se diminuir a velocidade inicial v0 dos elétrons.


b) Pode-se diminuir o módulo do campo magnético.
c) Pode-se aplicar o campo magnético na direção da velocidade inicial v0.
d) Pode-se aumentar a velocidade inicial v0 dos elétrons.
e) Pode-se aplicar o campo magnético na direção do eixo y.

Análise expositiva - Habilidade 20: Devido à ação do campo magnético, o elétron descreve uma tra-
A jetória circular no plano da página, com a força magnética que atua sobre ele atuando como resultante
centrípeta. Logo:
mv 2
Fmag =Fcp ⇒ Bqv 0 = 0
R
mv 0
R=
Bq
Sendo assim, para que os elétrons passem da posição d/2 para a posição d, é necessário que se diminua
o raio de sua órbita. O que pode ser feito diminuindo-se v0.
Alternativa A

157
DIAGRAMA DE IDEIAS

FORÇA MAGNÉTICA
EM PARTÍCULAS

F = |Q| · V · B · SEN θ

REGRA DA MÃO ESQUERDA

INDICADOR CAMPO MAGNÉTICO

DEDO MÉDIO VELOCIDADE

POLEGAR FORÇA MAGNÉTICA

→ →
v paralela a B: força nula

→ →
v perpendicular a B: MCU

FORÇA MAGNÉTICA = RESULTANTE CENTRÍPETA

158
AULAS Força magnética em fios
43 e 44
Competências: 5e6 Habilidades: 17, 20 e 21

1. Introdução O movimento resultante da partícula sob a influência do


campo magnético é a composição do movimento indepen-
Na aula anterior, foi estudado o comportamento de uma dente em cada uma das componentes:
partícula eletricamente carregada na presença de um cam- § o movimento que ocorreria se houvesse apenas a com-
po magnético. Especificamente, foram analisados dois ca- ​___›
ponente v​ x ​;  
sos: no primeiro, a partícula era lançada paralelamente ao
campo magnético; no segundo, o lançamento era perpen- § o movimento
___ que ocorreria se houvesse apenas a com-
​›
dicular ao campo. A seguir, será dada continuidade a esse ponente v​ y ​.  
​___›
estudo e será tratado um terceiro caso. Como v​ x ​  tem direção perpendicular ao campo, a partícula
sofre o efeito da força magnética que produz um movi-
1.1. Terceiro caso: lançamento mento circular e uniforme, sendo que F = Fp, na direção do
numa direção não particular plano imaginário ™ perpendicular ao plano da página e às
linhas de indução do campo.
A figura mostra o lançamento de uma partícula em um ​___›
campo magnético uniforme, de tal modo que a direção Na outra componente, a direção de v​ y ​  é paralela ao campo,
do vetor velocidade não é paralela nem ortogonal à dire- então F = 0 e a partícula tem movimento retilíneo uniforme
ção das linhas de campo magnético, isto é, a direção de na direção das linhas do campo magnético.
lançamento da partícula é obliqua à direção do campo. Como o movimento da partícula é a resultante do movi-
mento em cada direção, a trajetória será uma _​__› hélice ci-
líndrica em torno de uma linha central de B  ​ .   Obseve, na
figura a seguir, que a trajetória é semelhante à espiral de
um caderno. Entretanto, o nome preciso não é espiral, mas
helicoidal, pois lembra a trajetória de um ponto numa héli-
ce movendo-se para frente em MRU.

O módulo da força magnética, nesse caso, é dado por:


F = |q| · v · B · sen £
_​›_ ​___›
Em que £ é o ângulo entre v ​
​    e B ​
​    (que está indicado na
figura).
_​›_
A velocidade v ​
​    não tem uma direção particular; assim, o
vetor velocidade deve ser decomposto nas componentes,
de direção x e y, como indica a figura a seguir. A direção x é
Em resumo:
perpendicular e a direção y é paralela, respectivamente, às
linhas de campo magnético.
No lançamento de uma carga em um campo magné-
tico uniforme, tem-se os seguintes casos:
1.º caso: θ = 0º ou q = 180º; F = 0 ä MRU
2.º caso: θ = 90º ä MRU
3.º caso: θ i 0º, £ i 90º e θ i 180º; F i 0 ä movi-
_​_› ​___› ​___›
mento uniforme helicoidal
Decomposição da velocidade ​v ​  nas componentes ​vx ​  e ​vy ​  

159
2. Força magnética sobre F = B · i · L · sen £

um condutor retilíneo A convenção usada para representar um vetor perpendicu-


O estudo focou-se até agora na força magnética sobre lar à página segue a notação estabelecida anteriormente:
uma partícula lançada em uma região em que existe um
é vetor “entrando” no plano da página;
campo magnético. Contudo, o efeito do campo magnéti-
co não ocorre apenas quando a partícula está isolada. Por é vetor “saindo” do plano da página.
exemplo, a força magnética também atua sobre as cargas
elétricas de uma corrente elétrica em um fio condutor pró-
ximo a um ímã.
A seguir, essa situação será analisada considerando um
condutor retilíneo em um campo magnético uniforme.
Considere, como na figura a seguir, um pequeno trecho de
um condutor retilíneo, de comprimento L, em uma região Exemplo:
em que existe um campo magnético uniforme B. Suponha Nas figuras a seguir, está representado um fio​___› retilíneo em
ainda que o ângulo entre o fio e as linhas do campo seja uma região de campo magnético uniforme B ​ ​ .   A partir da
igual a £. A intensidade de corrente elétrica que passa no regra da
​_›_ mão esquerda, determine o sentido da força mag-
fio tem intensidade i. nética F ​
​   que atua sobre o fio. O sentido da corrente elétrica
Nesse situação, as partículas em movimento (elétrons) no fio está indicado nas figuras.
no interior do fio são afetadas por uma força magnética,
numa direção contida no plano ™ da figura, e com sentido
determinado pela regra da mão esquerda:

Na figura anterior, a força magnética é perpendicular ao


plano da página e com sentido “saindo” da página em
direção ao leitor.

Fio retilíneo imerso no campo magnético

§ O dedo indicador
_​__› coincide com a direção do campo No segundo caso, a direção da força magnética é perpen-
magnético B ​
​ .   dicular ao plano da página e ao fio, e com sentido “saindo”
da página em direção ao leitor.
§ O dedo médio coincide com direção da corrente elé-
trica i.
Aplicação do conteúdo
§ O dedo polegar
​_›_ indica a direção e o sentido da força
magnética F ​​ .   1. Em certa região, onde existe um campo magnético
uniforme de intensidade B = 2,0 T, um fio retilíneo mui-
É importante observar que, apesar de as cargas elétricas to comprido é percorrido por uma corrente elétrica de
serem negativas, o sentido da força obtida não é inverti- intensidade i = 12 A, como mostra a figura. Deseja-se
do, pois o sentido convencional da corrente elétrica, por determinar:
convenção, é o inverso do sentido real de movimento dos
elétrons.
A intensidade da força magnética que atua no trecho de
comprimento L do fio retilíneo é dada por:

160
a) a direção e o sentido da força magnética sobre o fio; Observe, nas figuras a seguir, o sentido de cada campo,
b) a intensidade da força que atua no trecho MN do separadamente, para cada um dos fios.
fio, de comprimento 50 cm.
Resolução:
a) Usando a regra da mão esquerda, determina-se
_​_› o
sentido da força magnética. Assim, obtém-se ​F ​ ,  como
indicado na figura.

  
b) A intensidade da força magnética é dada por:
fio 1 campo gerado pelo fio 1
F = B · i · L · sen θ
Como o fio é perpendicular às linhas do campo mag-
nético, θ = 90º. Assim:
sen θ = sen 90º = 1
Substituindo os valores conhecidos na equação aci-
ma, tem-se:
F = (2,0) · (12) · (0,50) · (1) ä F = 12 N

3. Força magnética entre dois


fios retilíneos e paralelos
Foi visto até aqui que um fio retilíneo percorrido por uma   
corrente elétrica gera um campo magnético ao seu redor campo gerado pelo fio 2 fio 2
e que, se o fio percorrido por uma corrente elétrica estiver Aplicando a regra da mão esquerda em ambos os fios, des-
em uma região em que exista um campo magnético, o fio cobre-se que a força magnética que atua no fio 1 é hori-
sofrerá a ação de uma força de origem magnética. zontal e com sentido para a direita, enquanto que, no fio 2,
A seguir, será analisado o que ocorre quando dois fios re- a força magnética também é horizontal, mas com sentido
para a esquerda.
tilíneos e paralelos, ambos de comprimento l e separados
por uma distância r, são percorridos por corrente elétrica. O campo magnético gerado por um fio retilíneo percorrido
por uma corrente é dado pela seguinte expressão:
3.1. Primeiro caso: as correntes m·i
B = ____
​   ​ 
2pr
possuem o mesmo sentido E a força magnética é dada por:
F = i · B · º · sen £
Observando que a corrente e o campo magnético são per-
pendiculares, o fio 2 ficará sujeito à força magnética:
F1 é 2 = i2 · B1 · º
m·i
F1 é 2 = i2 · ____
​   ​1  · º
2pr
m · i1 · i2
_______
  F1 → 2 = ​   ​   ·º
2pr
fio 1 fio 2
E o fio 1 ficará sujeito à força magnética:
Pela regra da mão direita, o sentido dos campos, nos dois
F2 é 1 = i1 · B2 · º
fios, é anti-horário. Na região entre os fios, no entanto, o
m·i
sentido do campo de cada fio é oposto ao outro, ou seja, F2 é 1 = i1 · ____
​   ​2  · º
2pr
o campo do fio 1 “entra” na página, e o campo do fio 2
m·i ·i
“sai” da página. F2 é 1 =_______
​  1  ​2   ·º
2pr

161
Pelo princípio da ação e reação, as forças que um fio aplica gerado pelo fio 2 tem orientação anti-horária. Na região do
no outro são iguais, têm mesma direção e sentidos opos- fio 2, o campo gerado pelo fio 1 “sai” do plano da página.
tos. Uma outra característica é que a força de origem mag-
nética entre os dois fios paralelos percorridos por correntes
de mesmo sentido sempre será de atração.

      
fio1 campo gerado pelo fio 1

_​_____› Por outro lado, na região do fio 1, o campo gerado pelo fio
  F​ mag ​    2 também é orientado para fora do plano da página.
fio 1 fio 2

  
campo gerado pelo fio 2 fio 2

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Tema 10 - Cargas Elétricas em Movimento
| Experimentos - Força magnética entre fios

3.2. Segundo caso: as correntes


possuem sentidos contrários

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Tema 11 - A Lei de Ampère | Experimentos
- Força magnética entre fio e ima

A partir das equações do campo magnético e da for-


ça magnética utilizadas anteriormente, e notando que
   a corrente e o campo magnético são perpendiculares,
fio 1 fio 2 observa-se que o fio 2 está sujeito à força magnética
expressa por:
Nessa situação, o campo gerado pelo fio 1, pela regra da
mão direita, tem orientação horária, ao passo que o campo F1 é 2 = i2 · B1 · º

162
m·i
F1 é 2 = i2 · ____
​   ​1  · º
2pr
m · i ·i
F1 é 2 =_______
​  1  ​2   ·º
2pr
E o fio 1 está sujeito à força magnética:
F2 é 1 = i1 · B2 · º
i ·m·i
F2 é 1 =_______
​ 1  ​2  ·º

2pr
m·i ·i
F2 é 1 =_______
​  1  ​2  ·º
  N   ​
2pr Dado: m0 = 4p · 10–7 ​  __
A2
Novamente, a intensidade da força de um fio sobre o outro A força do campo magnético sobre o condutor 2 é de:
é a mesma. Esse resultado era esperado por se tratar de a) 8 · 10–7 N para a direita.
um par de forças ação e reação. Contudo, nessa situação, b) 6 · 10–5 N para a esquerda.
as forças são de repulsão entre os fios. Para dois fios re- c) 8 · 10–7 N para a esquerda.
tilíneos percorridos por correntes contrárias, sempre a força d) 12 · 10–4 N para cima.
magnética entre eles será de repulsão.
Resolução:
O condutor 2 ficará sujeito à força magnética dada por:
F1 é 2 = i2 · B1 · º2
O campo que o condutor 1 gera é dado por:
m·i
B1 = ____
​   ​1  
2pr
A corrente do condutor 1 é:
​ U ​ 
i1 = __
R
_​_____› _​_____› Substituindo na primeira expressão e utilizando os valores
F​ mag ​       F​ mag ​   
em unidades do SI, tem-se:
fio 1 fio 2
0,1 · 4p10–7 · 4 · 0,10
F1 é 2 = _________________
  
​      ​
2p · 0,01
F1 é 2 = 8 · 10–7 N
Como a corrente no condutor 1 é contrária ao sentido da
corrente no condutor 2, a força magnética será de repul-
são. No condutor 2, o sentido é para a esquerda.
Alternativa C
2. (UFRRJ) Dois condutores metálicos homogêneos (1)
e (2), retos e extensos, são colocados em paralelo. Os
condutores são percorridos por correntes elétricas de
mesma intensidade.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Aula 3.24 - Aplicação: interação magnética
entre duas correntes retilíneas paralelos
A partir das informações dadas, responda às perguntas
propostas:
Aplicação do conteúdo a) Qual a condição para que a força magnética entre
os condutores seja atrativa?
1. (PUC-MG) A figura representa um condutor retilíneo b) Qual a condição para que a força magnética entre
longo de resistência elétrica R = 3 V ligado a uma fonte os condutores seja repulsiva?
de 12,0 V. Próximo a esse condutor existe um segundo
condutor de comprimento 10 cm, que é percorrido por Resolução:
uma corrente de 0,1 A, paralelo ao primeiro. O sentido a) De acordo com a teoria vista anteriormente, quando
da corrente no condutor 2 está indicado na figura. as correntes têm o mesmo sentido, a força magnética

163
será de atração. Assim, a condição para a força ser de
atração é as correntes em (1) e (2) terem o mesmo
sentido.
b) Quando as correntes têm sentidos contrários, a for-
ça magnética será de afastamento (repulsão). Assim,
a força será de repulsão quando as correntes em (1) e
(2) tiverem sentidos opostos.

3. (UFRGS) No esquema da figura a seguir, o fio F horizon-


talmente suspenso e fixo nos pontos de suporte P, passa
entre os polos de um ímã, em que o campo magnético é
supostamente horizontal e uniforme. O ímã, por sua vez,
repousa sobre uma balança B, que registra seu peso. Num ponto P do plano xy, situado a uma distância d
de cada um dos fios, lança-se uma partícula, com carga
elétrica positiva q na direção do eixo y, cuja velocidade
tem módulo igual a v.
Sendo m a permeabilidade absoluta do meio e conside-
rando desprezível a força de interação entre as corren-
tes elétricas nos fios, a força magnética que atua sobre
essa partícula, imediatamente após o lançamento, tem
módulo igual a:
a) zero.
miqv
Assinale a alternativa que preenche corretamente as b) ______
​   ​. 
lacunas do enunciado a seguir, na ordem em que apa- 2π d2
m i ℓ q v
recem. c) ______
​   ​. 

Em dado instante, a chave C é fechada, e uma corrente 2π d2 
m i ℓ q v
elétrica circula pelo fio. O fio sofre uma força vertical, d) ​  _____2  ​.   
__________, e o registro na balança __________. 2π d
a) para baixo – não se altera; Resolução:
b) para baixo – aumenta;
De acordo com a regra da mão direita em cada ​___›
condutor,
​___›
c) para baixo – diminui;
pode-se visualizar seus campos magnéticos
___ B ​
​   e B ​
  ​ 2  , bem
d) para cima – aumenta; ​› 1
como o campo magnético resultante B ​
​ p   gerados no ponto
e) para cima – diminui.
P, de acordo com a figura:
Resolução:
Com o auxílio da regra da mão esquerda, coloca-se o dedo
indicador no sentido do campo magnético fornecido pelo
ímã (entrando no plano da página), o dedo médio no senti-
do da corrente elétrica (da esquerda para a direita), ficando
o dedo polegar indicando o sentido da força magnética so-
bre o fio que aponta para cima (ação), sendo a força que o
fio aplica no ímã (reação) apontando para baixo, causando
o aumento na massa registrada na balança.
Alternativa D
Texto para a próxima questão
Quando necessário, use: Os campos magnéticos resultantes nas direções x e y são:
​___› ​___›
g = 10 m/s 2
B ​
​ 1   – B ​
​ 2   = B
​___›
sen 37º = 0,6 B ​
​ x   = 0
___
​› ___
​› ___ ​› ___
​› ___ ​›
cos 37º = 0,8 B ​ ​  L  ​ = B ​
​ p   = 2​B ​c   os θ = 2​B ​  ___
​ y   = B ​ ​   __​  L  ​
2d d
4. (Epcar (Afa)) Na figura a seguir, estão representados Como o módulo do campo magnético criado por um fio
dois longos fios paralelos, dispostos a uma distância ℓ
condutor é dado por:
um do outro, que conduzem a mesma corrente elétrica m
i em sentidos opostos. B = ___​  0 ​ · __​  i  ​ 
2π d

164
então, a intensidade do campo magnético resultante será: Assim:
m iL
B = __
​  0 ​ . __
​    ​ 2 · Fel = P + Fmag
2π d2
e a intensidade da força magnética resulta: 2 · (k · x) = M · g + B · i · L
m qviL Mg + BiL
F = qvB → F = __ ​  0 ​ . __
​   ​    x = _______
​   ​  

2π d2 2k
Alternativa C Alternativa D

5. (Espcex (Aman)) A figura a seguir representa um fio


condutor homogêneo rígido, de comprimento L e massa
M, que está em um local onde a aceleração da gravi-
dade tem intensidade g. O fio é sustentado por duas
molas ideais, iguais, isolantes e, cada uma, de constan-
te elástica k. O fio condutor está imerso em um campo
magnético uniforme de intensidade B, perpendicular ao
plano da página e saindo dela, que age sobre o condu-
tor, mas não sobre as molas.
Uma corrente elétrica i passa pelo condutor e, após o
equilíbrio do sistema, cada mola apresentará uma de-
formação de:
multimídia: sites
www.infoescola.com/fisica/forca-magneti-
ca-sobre-fios/
educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/forca-
magnetica---corrente-eletrica-em-que-situ-
acoes-ocorre-a-forca-magnetica.htm
www.sofisica.com.br/conteudos/Eletromag-
netismo/ForcaMagnetica/fio.php
mundoeducacao.bol.uol.com.br/fisica/
Mg + 2K forca-magnetica-um-condutor-retilineo.htm
a) _______
​   ​. 

BiL
​  Bil   ​. 
b) _______ 6. (Col. naval) Com relação à eletricidade e ao magne-
Mg + 2K
tismo, assinale a opção INCORRETA.
c) _________
​  K   ​. 
2(Mg + BiL a) Corpos isolantes apresentam pouca quantidade
de elétrons livres e, por isso, podem ser facilmente
Mg + BiL
d) _______
​   ​.   eletrizados.
2K b) Corpos condutores apresentam grande quantidade
​ 2K + BiL
e) _______  ​. 
  de elétrons livres e, por isso, apresentam grande difi-
Mg culdade para serem eletrizados.
Resolução: c) A força elétrica entre dois corpos eletrizados pode
ser atrativa ou repulsiva, dependendo apenas da car-
Primeiramente, é necessário encontrar o sentido da força ga elétrica dos corpos.
magnética. Para tal, é correto verificar, utilizando a regra d) A passagem da corrente elétrica por um fio condutor
da mão esquerda, que o sentido dessa força é vertical e produz um campo magnético em volta desse fio, que
para baixo. pode ser verificado pela presença de uma bússola.
e) Os motores elétricos funcionam devido ao apareci-
Assim, pelo equilíbrio de forças, segue que: mento de forças de origem mecânica, cujo movimento
deve-se à passagem de corrente elétrica pelo seu interior.
Resolução:
Os motores elétricos funcionam devido ao aparecimento
de forças de origem eletromagnética, cujo movimento de-
ve-se à passagem de corrente elétrica pelo seu interior.
Alternativa E

165
VIVENCIANDO

Motor elétrico
Os motores elétricos são um exemplo de aplicação do efeito causado pela força magnética em um fio. O prin-
cípio de funcionamento desse tipo de motor é ilustrado na figura abaixo. Um fio dobrado de forma circular é
colocado na região de um campo magnético. Ao passar corrente elétrica no fio, a espira fica sujeita a forças
magnéticas que a fazem girar. O anel comutador mostrado na figura tem a função de inverter o sentido da
corrente quando a espira estiver na posição horizontal, de modo que o movimento seja mantido. No motor,
usam-se várias espiras enroladas num núcleo de ferro.

  

Alto-falante
O alto-falante também utiliza o efeito da força magnética. Na figura a seguir, está esquematizado um dos tipos
de alto-falante usado em rádios, televisores e caixas acústicas de aparelhos de som. O som que se pretende emi-
tir é transmitido por uma corrente elétrica alternada (que aumenta, diminui e muda de sentido) com a mesma
frequência do som desejado. Essa corrente percorre uma bobina (solenoide) enrolada em volta de um cilindro
oco preso a um cone de papelão (figura abaixo).

O cilindro é colocado de modo que envolva um dos polos (figura abaixo) de um ímã de formato especial. A
corrente, ao passar pela bobina, causa uma força cuja intensidade e sentido dependem da intensidade e do
sentido da corrente elétrica. Consequentemente, o cone oscila, para a frente e para trás, na mesma frequência
da corrente (e do som), produzindo assim a oscilação do ar (som).

166
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Utilizar leis físicas e/ou químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termo-
21 dinâmica e/ou do eletromagnetismo.

A habilidade 21 compreende todos os fenômenos eletromagnéticos, inclusive os efeitos magnéticos da passagem de


correntes elétricas por fios condutores imersos em campos magnéticos externos.

Modelo
(Enem) Desenvolve-se um dispositivo para abrir automaticamente uma porta no qual um botão, quando acionado, faz
com que uma corrente elétrica i = 6 A percorra uma barra condutora de comprimento L = 5 cm, cujo ponto médio
está preso a uma mola de constante elástica k = 5 ∙ 10–2 N/cm. O sistema mola–condutor está imerso em um campo
magnético uniforme perpendicular ao plano. Quando acionado o botão, a barra sairá da posição do equilíbrio a uma
velocidade média de 5 m/s e atingirá a catraca em 6 milissegundos, abrindo a porta.

A intensidade do campo magnético, para que o dispositivo funcione corretamente, é de:


a) 5 × 10–1 T.
b) 5 × 10–2 T.
c) 5 × 101 T.
d) 5 × 10–2 T.
e) 5 × 100 T.

167
Análise expositiva - Habilidade 21: Na direção do movimento, atuam na barra duas forças: a magnética
​__› ​__›
A (F ​​m  ) e a elástica (F ​​el  ).
§ Força magnética:
Dados: i = 6 A; ℓ = 5 cm – 5 × 10–2 m; q = 90º.
Fm = B i ℓ sen q ⇒ Fm = B ∙ 6 ∙ 5 × 10–2 ∙ 1 ⇒ Fm = 0,3 B (I)
§ Força elástica:
Dados: k = 5 × 10–2 N/cm = 5 N/m. A mola deforma de x = 0 a x = C.
Fe = –k x ⇒ Fel = –k (C O) ⇒ Fe = –5 C (II)
O gráfico registra essas forças em função do deslocamento:

Considerando que a velocidade média (vm = 5 m/s) refere-se ao trecho OC (que não está claro no enunciado),
calcula-se o deslocamento no intervalo de tempo dado (∆t = 6 ms = 6 × 103 s):

__
​›
Considerando, ainda, que no ponto C a resultante das forças (​F ​r)   é nula (o que também não é especificado
no enunciado), tem-se, de (I) e (II):

.
Alternativa A

168
DIAGRAMA DE IDEIAS

FORÇA MAGNÉTICA
EM FIOS

F = · B · I · L SEN θ
CONDUTOR RETILÍNEO
REGRA DA MÃO ESQUERDA

FIOS RETILÍNEOS ​  µ · i1 · i2

F = ________ ·
2 → 1  ​
E PARALELOS 2πr

CORRENTES COM
ATRAÇÃO
MESMO SENTIDO

CORRENTES COM
REPULSÃO
SENTIDOS OPOSTOS

169

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