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Caro aluno

Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclu-
siva metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado.
O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares.
O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de
forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo
complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades.
A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA VIVENCIANDO


NAS PRINCIPAIS PROVAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras.
o território nacional. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol-
vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há
uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato
em seu dia a dia.
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila-
dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co-
mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí-
cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento
aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever,
a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula.

MULTiMÍDiA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado-
sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper-
tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen-
ÁREAS DE
são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- CONHECiMENTO DO ENEM
fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol-
CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS vê-las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos
conteúdos de cada área, de cada disciplina. DiAGRAMA DE iDEiAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão,
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate-
suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles
mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com
que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de
essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do
esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros,
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da
sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue
aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi-
entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz
pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos
parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
estudos e até a resolução dos exercícios.

HERLAN FELLiNi
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.

Autores
Edson Yukishigue Oyama
Marcos Navarro

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta

Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa


iconográfica
Hexag Sistema de Ensino

Editoração eletrônica
Arthur Tahan Miguel Torres
Matheus Franco da Silveira
Raphael de Souza Motta
Raphael Campos Silva

Projeto gráfico e capa


Raphael Campos Silva

Imagens
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Shutterstock (https://www.shutterstock.com)

ISBN: 978-65-88825-15-0

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a
legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a
respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à
disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços
para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e
estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
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SUMÁRIO

QUÍMICA
ATOMÍSTICA
Aulas 1 e 2: Modelos e estruturas atômicas 6
Aulas 3 e 4: Íons e distribuição eletrônica 15
Aulas 5 e 6: Tabela periódica 21
Aulas 7 e 8: Propriedades periódicas 27

QUÍMICA GERAL
Aulas 1 e 2: Propriedades da matéria 37
Aulas 3 e 4: Diagramas de mudanças de estados 44
Aulas 5 e 6: Sistemas 50
Aulas 7 e 8: Análise imediata 56

CÁLCULOS QUÍMICOS
Aulas 1 e 2: Grandezas químicas 67
Aulas 3 e 4: Fórmulas e leis ponderais 76
Aulas 5 e 6: Introdução à estequiometria 82
Aulas 7 e 8: Estequiometria – pureza, rendimento e excesso de reagente 88
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

O vestibular aborda as questões relacionadas


à atomística de forma muito conceitual, com Na Fuvest o assunto abordado nesta frente
pouco envolvimento de cálculos e uma grande se relaciona bastante com as outras pelas
abrangência de assuntos relacionados à outra propriedades da tabela periódica.
parte da química. É uma prova objetiva e clara,
porém o enunciado pode muitas
vezes levar à confusão.

O tema de propriedades da tabela periódica é Esta frente é abordada de maneira bem Os assuntos abordados aparecem de maneira
cobrado de forma teórica ao comparar diferen- interdisciplinar, com assuntos como os bem contextualizada com as outras frentes de
tes elementos. modelos atômicos e as propriedades da Química. Nessa prova, ocorre com frequência
tabela periódica. o tema distribuições eletrônicas e como ele
se relaciona com as propriedades
da tabela periódica.

Entender a dinâmica da distribuição eletrônica O tema distribuição eletrônica e sua relação Os assuntos desta frente são cobrados O tema propriedades periódicas é cobrado em
e como ela se relaciona com as propriedades com as propriedades da tabela periódica são em conjunto com os assuntos das outras, conjunto com os assuntos das outras frentes.
periódicas são importantes para questões abordados de tal maneira que são necessários sendo o tema propriedades periódicas o
relacionadas à esta e as outras frentes. para o entendimento de diversas questões. mais recorrente.

UFMG

O assunto de propriedades da tabela periódica Distribuição eletrônica e propriedades O assunto abordado nesta frente se relaciona
é cobrado de forma teórica ao comparar da tabela periódica são os temas mais bastante com as outras pelo estudo de
diferentes elementos, assim como é necessário cobrados nesta frente. propriedades da tabela periódica.
para interpretar e entender outras questões.

Esta frente é abordada de maneira conceitual, O tema distribuição eletrônica e propriedades Interpretação e bom entendimento dos con-
com ênfase nos assuntos de tabela periódica e de tabela periódica são cobrados de maneira ceitos são importantes para a resolução das
distribuição eletrônica. teórica, a interpretação e o bom entendimento questões de distribuição eletrônica e proprie-
do conceito são importantes. dades da tabela periódica, que são cobrados
de maneira bem teórica.
ATOMÍSTICA
5. As reações químicas comuns não passam de uma reor-
AULAS 1 e 2 ganização dos átomos.
6. Os compostos são formados pela combinação de áto-
mos de elementos diferentes em proporções fixas.
As ideias de Dalton fizeram sentido à sua época, uma
vez que explicavam a conservação da massa durante
MODELOS E uma reação química (Lei de Lavoisier), bem como fun-
ESTRUTURAS ATÔMICAS damentava a Lei de Proust, conhecida também como lei
da proporção definida.

Lei de Lavoisier
(conservação da massa)

COMPETÊNCIAS: 1, 3 e 7

HABILIDADES: 3, 8, 17 e 24
ESTANHO + AR ÓXIDO DE ESTANHO
+ ESTANHO NÃO
REAGIDO + AR
DESOXIGENADO

Lei de Proust (proporção definida)


1. O conceito de átomo
O átomo já foi considerado o menor componente de toda
a matéria existente. 2H2O(ℓ) 2H2(g) + 1O2(g)

A ideia de que a matéria (algo que apresenta massa, que


A proporção se mantém
ocupa lugar no espaço, etc.) é formada por partículas indi- constante mesmo que
as quantidades de
visíveis é muito antiga. Os antigos filósofos gregos chama- reagentes e produtos
ram de átomos (do grego: a = não, tomo = divisão) essas sejam alteradas.

partículas constituintes da matéria. 4H2O(ℓ) 4H2(g) + 2O2(g)

Entretanto, a ideia do átomo não era baseada em um tra-


balho experimental (prático); suas deduções eram filosófi-
cas, ou seja, eram resultado de um raciocínio abstrato.

2. Modelos atômicos
2.1. Modelo de Dalton (bola de bilhar)
Baseado em seus experimentos, o professor inglês John multimídia: vídeo
Dalton (1766-1844) propôs em 1808 uma explicação FONTE: YOUTUBE
para a natureza da matéria. Ampola de Crookes
Os principais postulados da teoria de Dalton são:
1. Toda matéria é composta por minúsculas partículas
denominadas átomos. 2.2. Modelo de Thomson
2. Os átomos de um determinado elemento são idênticos (pudim de passas)
em massa e apresentam as mesmas propriedades químicas. Utilizando uma ampola de Crookes, ou seja, um tubo de
vidro fechado contendo um eletrodo positivo (ânodo) e outro
3. Os átomos de elementos diferentes apresentam massa
negativo (cátodo), preenchida por gases a pressões extre-
e propriedades químicas diferentes.
mamente baixas, o cientista inglês Joseph John Thomson
4. Os átomos são maciços e indivisíveis. Não podem ser (1856-1940) fez uma descoberta essencial para a evolução
criados nem destruídos. do modelo atômico.

6
Thomson submeteu esses gases a voltagens elevadíssimas
(cerca de 10.000 volts); em consequência, surgiu uma lumi-
nescência na parede oposta ao cátodo (eletrodo negativo)
que recebeu o nome de raios catódicos. Em seguida, foi apli-
cado um campo elétrico externo e, por fim, verificou-se que o
feixe de raios catódicos era desviado, sempre indo na direção
e sentido da placa carregada positivamente. Thomson con-
cluiu que essas emissões possuíam cargas negativas. multimídia: site
Independentemente do tipo de gás utilizado no experimento,
o resultado era sempre o mesmo. Com isso, Thomson chegou https://phet.colorado.edu/sims/html/rutherford-scattering/
à conclusão lógica de que essas cargas negativas estavam latest/rutherford-scattering_pt_BR.html
presentes em toda e qualquer matéria e eram parte integran-
te delas. Assim, provou-se que, ao contrário do que Dalton
havia afirmado, o átomo não era indivisível, pois possuía uma
partícula subatômica negativa, que foi denominada elétron.
2.3. Modelo de Rutherford
Tubo de Crookes (sistema solar ou sistema planetário)
A Em 1911, Ernest Rutherford (1871-1937), ao estudar a tra-
jetória de partículas D (partículas positivas) emitidas pelo
C elemento radioativo polônio, bombardeou uma fina lâmina
de ouro.
Em seus experimentos, ele observou que a maioria das par-
tículas D atravessavam a lâmina de ouro sem sofrer desvio
em sua trajetória; de fato, algumas sofriam desvio, e outras,
C - CÁTODO (-) | A - ÂNODO (+)
em número muito pequeno, batiam na lâmina e voltavam.
O

LÂMINA
DE OURO

FONTE DE PARTÍCULAS ALFA

PARTÍCULAS ALFA

Tubo de raios catódicos


Fonte de eletricidade DETECTOR DE
PARTÍCULAS

Em 1897, Thomson propôs um novo modelo atômico basea-


do nos experimentos com os raios catódicos: para o cientista, PARTÍCULAS ALFA NÚCLEO DO ÁTOMO
o átomo era uma esfera formada por uma “pasta” positiva
“recheada” de elétrons de carga negativa. Esse modelo fi-
cou conhecido como “pudim de passas” e derrubou a ideia
de que o átomo era indivisível, introduzindo a natureza elé-
trica da matéria. ÁTOMO DE OURO

A teoria de Thomson ainda explicaria os fenômenos envol-


vendo cargas elétricas, algo em que o modelo de Dalton A partir desse experimento, Rutherford concluiu que:
havia falhado.
ƒ O átomo não é uma esfera maciça. Existem grandes
Modelo atômico de Thomson (“pudim de passas”) espaços vazios no átomo, dado que a maior parte das
partículas D atravessou a lâmina de ouro.
ƒ O átomo possui uma região central onde está concentrada
a sua massa. Foi nessa região, chamada por ele de nú-
cleo, que as partículas D se chocaram e retornaram.
ƒ O núcleo apresenta carga positiva, pois repeliu a partí-
cula D – que também possui carga positiva.

7
No entanto, havia uma questão a ser respondida: se o ouro modelo não poderia existir, pois, de acordo com o eletromag-
apresenta núcleos positivos, como explicar o fato de a lâ- netismo, os elétrons, como qualquer carga em movimento
mina de ouro ser eletricamente neutra? acelerado, ao girarem ao redor do núcleo emitiriam radiação
(energia) e, ao emitirem essa radiação, eles perderiam ener-
Rutherford, para completar o seu modelo, imaginou que
gia. Assim, o elétron deveria gradativamente emitir radiações
elétrons giravam ao redor do núcleo, uma vez que, se es-
e cada vez mais se aproximar do núcleo, em uma órbita espi-
tivessem parados, acabariam se chocando com o núcleo
ralada, até finalmente se chocar contra ele, “acabando” com
positivo devido à atração eletrostática. Em síntese, o átomo
o átomo. Entretanto, isso nunca foi observado (caso ocorresse,
seria semelhante ao Sistema Solar.
o átomo “duraria” aproximadamente 10-11 segundos).
Rutherford defendeu que o átomo era uma partícula mui-
O modelo atômico de Rutherford também não explica-
tíssimo pequena composta de duas regiões: uma interna,
va os espectros atômicos (ou descontínuos): os átomos,
o núcleo, onde estaria concentrada praticamente toda a
quando submetidos à baixa pressão e sob alta tensão (na
massa do átomo – de carga elétrica positiva, composta por
forma gasosa, dentro de uma lâmpada), não emitiam um
partículas denominadas prótons (nessa época ainda não
espectro contínuo, mas apenas algumas linhas coloridas,
sabiam da existência dos nêutrons); outra externa, de mas-
permanecendo o restante totalmente escuro, consideran-
sa desprezível, onde estariam os elétrons, diminutas partí-
do somente o espectro visível ao olho humano (lembran-
culas negativas em movimento ao redor do núcleo, região do que, na época, qualquer fonte luminosa – seja a luz
essa que foi denominada de eletrosfera. A eletrosfera (ou do Sol ou de lâmpadas incandescentes – apresentava es-
seja, o tamanho do átomo) seria cerca de 10 mil a 100 mil pectro contínuo; a Física Clássica não conseguia explicar
vezes maior que o núcleo. a existência do espectro descontínuo).
Lâmpada
2.4. Modelo clássico incandescente Espectro contínuo

Em 1886, o físico Eugen Goldstein (1850-1930) descobriu,


por meio da modificação da ampola de Crookes, uma par-
Espectro de emissão (descontínuo)
tícula que possuía massa e carga positiva. Essa partícula foi Gás quente
denominada próton. Ernest Rutherford (fazendo o mesmo
experimento que Goldstein) comprovou que essa partícula
estava localizada no núcleo do átomo, com carga positiva
de valor igual ao do elétron.

ALGUNS ESPECTROS DA LUZ VISÍVEL.


CADA ELEMENTO TEM SEU ESPECTRO CARACTERÍSTICO.

2.5. Modelo de Bohr (modelo quântico)


O modelo atômico proposto por Rutherford foi um passo im-
portante para a compreensão da estrutura interna do átomo. multimídia: vídeo
No entanto, esse modelo não explicava alguns fatos observados FONTE: YOUTUBE
nos átomos, como o fato de os elétrons girarem ao redor do Experimentos de Química -
núcleo: Rutherford foi obrigado a admitir que os elétrons gira- Teste de chama e a Química...
vam ao redor do núcleo, mas, pelas leis da Física Clássica, esse

8
Em 1913, o cientista dinamarquês Niels Bohr (1885-1962) ƒ Os elétrons absorvem ou emitem uma quantida-
aprimorou o modelo atômico de Rutherford utilizando a de bem definida de energia (quantum de energia)
teoria quântica proposta por Max Planck, segundo a qual ao saltar de uma órbita estacionária para outra.
a energia não é emitida de forma contínua, mas em ”paco- Ao retornar à órbita de origem, o elétron emite ou
tes” denominados quantum de energia. Veja os principais absorve um quantum de energia (igual ao absor-
postulados de Bohr: vido em intensidade), na forma de luz de cor bem
ƒ Os elétrons descrevem na eletrosfera sempre órbitas definida ou outra radiação eletromagnética, como
circulares ao redor do núcleo, denominadas órbitas es- ultravioleta ou raios X (denominado fóton). Essa
tacionárias. Girando em uma órbita estacionária, o energia é exatamente igual à diferença de energia
elétron não emite nem absorve energia. entre as órbitas em questão. Esse salto é chamado
de salto quântico.
ƒ Os elétrons só podem ocupar os níveis que tenham uma
determinada quantidade de energia (quantum) e assumem Dessa forma, o modelo atômico de Rutherford, corrigido
valores bem determinados de energia em cada órbita esta- pelas ponderações de Bohr, ficou conhecido como modelo
cionária, sendo impossível ocupar estados intermediários. atômico de Rutherford-Bohr.

VIVENCIANDO

O uso de fogos de artifício é muito comum em festas de fim de ano, e a química exerce um papel essencial nessas
celebrações. Tudo começa com a teoria de Niels Bohr, que afirma que, quando um átomo recebe energia, seu elétron
é deslocado para um nível mais energético, que é o que chamamos de estado excitado. Quando esse elétron perde
energia e desce para o nível de origem, a energia é dissipada em forma de luz (fótons) no espectro visível. Como
cada elemento químico possui órbitas com níveis de energia com valores diferenciados, o fóton de energia emitido
será diferente para cada um. Assim, cada elemento químico emitirá uma cor característica. Dessa maneira, se for
utilizado, por exemplo, oxalato de estrôncio (SrC2O4) ou nitrato de estrôncio ((Sr(NO3)2), será fornecido o íon Sr2+, que
resultará na cor vermelha; ou se for usado cloreto ou nitrato de cobre (CuCℓ2 e NH4Cu(NO3)3), será produzido o íon
Cu2+, que fornecerá a cor verde ou azul. A seguir, uma tabela mostra as cores dos elementos ao sofrerem excitação
por uma chama:

Elemento químico Cor característica


Arsênio Azul

Sódio Amarelo

Potássio Azul ou púrpura

Estrôncio Vermelho

Magnésio Branco ou prata

Lítio Vermelho ou magenta ("rosa choque")

Bário Verde

Ferro Dourado

Cálcio Amarelo

Alumínio Branco

Cobre Verde

9
ƒ Para o elemento sódio (Na, Z = 11), que possui massa
23
23: 11 Na ou 11Na23.
Observe que o número de nêutrons não está indicado, sen-
do necessário tirar a diferença entre o número de massa e
número atômico (N = A – P) para descobrir o número de
nêutrons existentes no átomo.
multimídia: site
3.1. Elemento químico
https://phet.colorado.edu/sims/html/build-an-atom/la-
test/build-an-atom_pt_BR.html Elemento químico é o conjunto de átomos com o
mesmo número atômico (Z).

3. Números atômico e de massa


Observe a seguir os dados referentes à composição do átomo:
4. Isótopos, isóbaros e isótonos
Partícula Massa relativa Carga relativa 4.1. Isótopos
Nêutron 1 0 Considere que, em um copo de água, há moléculas forma-
Prótons 1 +1 das por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigê-
nio (H2O). Será que todos os átomos de hidrogênio presen-
Elétrons 1
_____ –1
1.836 tes nas moléculas de água são iguais? E os de oxigênio?
A resposta é não. A maioria dos átomos de hidrogênio
pode ser representada por 11H. Entretanto, existem outros,
Em um átomo eletricamente neutro (em equilíbrio em menor quantidade, representados por 12H e 13H. Qual a
de cargas), o número de prótons (P) é igual ao diferença entre eles?
número de elétrons (e-).

Isótopos são átomos com o mesmo número de pró-


No estudo dos átomos, duas expressões são fundamentais:
tons (P = Z) e números diferentes de massa (A) e de
nêutrons (N).
O número atômico (Z) sempre coincide com o nú-
mero de prótons (P).
Como possuem o mesmo Z, são átomos de um mesmo
O número de massa (A) é a soma do número de
elemento químico: o hidrogênio. Assim, afirma-se que
prótons (P) com o número de nêutrons (N). 1 2 3
1H, 1H e 1H são isótopos.

A maioria dos elementos químicos é constituída por dois


Assim:
ou mais isótopos, que ocorrem em diferentes proporções.

A=P+N Átomos Abundância natural (%)


1
1 H 99,99

Para representar um átomo, convencionou-se escrever o 2


1 H 0,01
número atômico na parte inferior esquerda do símbo- 3
1 H –
lo e o número de massa na parte superior esquerda 6
3 Li 7,42
ou direita:
7
3 Li 92,58
A A
1Z E ou zE 16
O 99,76
8

17
Assim, temos como exemplos: 8 O 0,04

18
ƒ Para o elemento ferro (Fe, Z = 26), que possui massa 8 O 0,20

19
56: 56
Fe ou 26Fe56. 9 F 100
26

10
Nota: isótopos pertencem sempre ao mesmo elemento Como X e Y são isóbaros Ÿ a = 137
químico, uma vez que possuem o mesmo Z. São, portanto,
Como Y e Z são isótopos Ÿ c = 56
representados pelo mesmo símbolo.
Como X e Z são isótonos Ÿ a – b = 138 – c
O único caso em que os isótopos possuem nomes e símbo-
los diferentes é o do elemento hidrogênio: Substituindo os valores de a e c, calculados anteriormente:
ƒ 11H Ÿ prótio ou hidrogênio leve (H) 137 – b = 138 – 56 Ÿ b = 55
ƒ 12H Ÿ deutério ou hidrogênio pesado (D) b = número atômico de X.
ƒ H Ÿ trítio ou tritério (T)
3
1 Alternativa C
2. O germânio (Ge) apresenta o número atômico 32 e o nú-
4.2. Isóbaros mero de massa 72. Qual das proposições seguintes é falsa?
a) Cada núcleo de germânio contém 32 prótons.
Isóbaros são átomos com o mesmo número de massa (A) b) É isóbaro do átomo de selênio, de número atômico
e números diferentes de prótons (P = Z) e nêutrons (N). 34 e número de massa 72.
c) Cada átomo de germânio contém 32 nêutrons.
Nota: isóbaros são sempre átomos de elementos químicos d) Um átomo de germânio contém 32 elétrons.
diferentes. e) O núcleo representa uma fração muito pequena no
volume do átomo de germânio.
ƒ 146C e 147N Ÿ A = 14
Resolução:
ƒ 2657Fe e 2757Co Ÿ A = 57
O átomo de germânio apresenta 32 prótons (logo, 32 elé-
4.3. Isótonos trons), 40 nêutrons e número de massa 72. Assim, as alter-
nativas a e d estão corretas, e a alternativa c está errada.
Isótonos são átomos com o mesmo número de nêutrons
O átomo de germânio e o átomo de selênio apresentam o
(N) e números diferentes de prótons (P = Z) e de massa (A).
número de massa 72; logo, eles são isóbaros. A alternativa
b está correta.
Nota: isótonos são sempre átomos de elementos químicos
diferentes. O tamanho do átomo é de 10 mil a 100 mil vezes maior do
que o núcleo, representando uma fração muito pequena. A
ƒ 136C Ÿ N = 13 – 6 = 7 e 147N Ÿ N = 14 – 7 = 7 alternativa e está correta.
ƒ 1737Cℓ Ÿ N = 37 – 17 = 20 e 40
20Ca Ÿ
Alternativa C
ŸN = 40 – 20 = 20
3. O átomo de Rutherford (1911) foi comparado ao sistema
Aplicação do conteúdo planetário (o núcleo atômico representa o Sol, e a eletros-
fera, os planetas). Eletrosfera é a região do átomo que:
1. São dadas as seguintes informações relativas aos
átomos X, Y e Z: a) contém as partículas de carga elétrica negativa;
I. X é isóbaro de Y e isótono de Z. b) contém as partículas de carga elétrica positiva;
c) contém nêutrons;
II. Y tem número atômico 56, número de massa 137 e é
d) concentra praticamente toda a massa do átomo;
isótopo de Z.
e) contém prótons e nêutrons.
III. O número de massa de Z é 138.
Resolução:
O número atômico de X é:
a) 53 b) Incorreta – As partículas presentes na eletrosfera
b) 54 possuem carga negativa.
c) 55 c) Incorreta – A eletrosfera não contém nêutrons.
d) 56 d) Incorreta – A região central do átomo (núcleo) é
e) 57 que contém praticamente toda a massa do átomo,
não a eletrosfera.
Resolução: e) Incorreta – A eletrosfera comporta apenas partícu-
A partir do enunciado, pode-se montar o seguinte esquema: las de carga negativa (elétrons).
a 137 138
bX Y
56 Z
c Alternativa A

11
4. (ETF-SP) No fim do século XIX, começaram a aparecer
evidências de que o átomo não era a menor partícula
constituinte da matéria. Em 1897, tornou-se pública a
demonstração da existência de partículas negativas,
por um inglês de nome:
a) Dalton.
b) Rutherford.
c) Bohr. multimídia: livro
d) Thomson.
e) Proust.
Peter W. Atkins e Loretta Jones - Princípios de
Química – Questionando a Vida Moderna e o
Resolução: Meio Ambiente
O cientista que descobriu a existência de partículas nega- O livro encoraja estudantes a pensarem e a desenvolve-
tivas (elétrons) foi o Thomson, através da experiência com rem uma compreensão sólida da química, desafiando-os
tubo de raio catódico. a questionarem e a obterem um nível mais alto de enten-
dimento da matéria. A obra apresenta a química como
Alternativa D algo atual e dinâmico ao mostrar a relação entre ideias
químicas fundamentais e suas aplicações.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O Grande Colisor de Hádrons (em inglês Large Hadron Collider – LHC) foi inaugurado em 10 de setembro
de 2008. Trata-se do maior acelerador de partículas do mundo. Um dos principais objetivos do LHC é tentar
explicar a origem da massa das partículas elementares e encontrar outras dimensões do espaço. Uma dessas
experiências envolve a partícula bóson de Higgs. Essas informações podem ser obtidas por meio do choque
entre as partículas, como choques entre próton e elétron, próton e próton, próton e antipróton... Um feixe de
partículas é acelerado até atingir uma energia de aproximadamente 7 TeV (tera elétron-volt), e, a partir desse
choque, é possível obter as informações desejadas.

12
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 3
Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo
ou em diferentes culturas.

A interpretação cientifica de teorias é de extrema importância para o progresso da sociedade contemporânea.


Com o passar do tempo, as teorias relacionadas às moléculas e aos átomos foram se diversificando e, com isso,
houve um desenvolvimento e uma consolidação da teoria sobre o que é a matéria.
Compreender as diferentes teorias da atomística é fundamental para a resolução de situações em que se colo-
cam diferentes concepções históricas provindas desde a Antiguidade e que perduram até hoje, conferindo um
pensamento crítico quanto às diferentes abordagens dessas teorias.

MODELO 1
(Enem) Um fato corriqueiro ao se cozinhar arroz é o derramamento de parte da água de cozimento sobre a
chama azul do fogo, mudando-a para uma chama amarela. Essa mudança de cor pode suscitar interpretações
diversas, relacionadas às substâncias presentes na água de cozimento. Além do sal de cozinha (NaCℓ), nela se
encontram carboidratos, proteínas e sais minerais.
Cientificamente, sabe-se que essa mudança de cor da chama ocorre pela
a) reação do gás de cozinha com o sal, volatilizando gás cloro;
b) emissão de fótons pelo sódio, excitado por causa da chama;
c) produção de derivado amarelo, pela reação com o carboidrato;
d) reação do gás de cozinha com a água, formando gás hidrogênio;
e) excitação das moléculas de proteínas, com formação de luz amarela.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Esse tipo de exercício é típico para se trabalhar atribuições teóricas do Enem. Na questão, era necessário recordar
os conceitos básicos característicos dos modelos atômicos.
No caso da abordagem da questão, para se chegar a uma alternativa é necessário fazer a associação com o único
metal citado no enunciado, isto é, o sódio, pois não são citadas outras possibilidades para a mudança da cor da chama,
como a ocorrência de uma combustão incompleta do gás utilizado devido ao derramamento da água de cozimento.
Pressupõe-se então que, na água de cozimento, estejam presentes cátions Na+ dissociados a partir do NaCℓ.
O elemento metálico sódio, mesmo na forma iônica, libera fótons quando sofre excitação por uma fonte de energia
externa, e a cor visualizada é o amarelo.

RESPOSTA Alternativa B

13
DIAGRAMA DE IDEIAS

MODELO DE ÁTOMO
DALTON INDIVISÍVEL

MODELO DE DESCOBRIMENTO RAIOS


THOMSON DO ELÉTRON CATÓDICOS

MODELO DE DIVISÃO DA ELETROS-


RUTHERFORD FERA E DO NÚCLEO

MODELO DE ELÉTRONS EM DIFEREN-


n=1
BOHR n=2 TES NÍVEIS DE ENERGIA
n=3

MESMO
ELETROSFERA
ISÓTOPO NÚMERO ATÔMICO
(ELÉTRONS)
(PRÓTONS)

ÁTOMO
MESMO
NÚCLEO
+ ISÓTONO NÚMERO DE
ELETROSFERA NÊUTRONS

NÚCLEO MESMO
PRÓTONS ISÓBARO NÚMERO DE
+
NÊUTRONS MASSA

14
elétron, ele se transforma no ânion cloreto (Cℓ–) e
AULAS 3 e 4 passa a ter 17 prótons, 18 nêutrons e 18 elétrons.

ELÉTRON (e-)
e-

ÍONS E DISTRIBUIÇÃO
ELETRÔNICA

ƒ Um átomo de sódio eletricamente neutro tem 11 pró-


tons, 12 nêutrons e 11 elétrons. Ao perder um elé-
tron, ele torna-se um cátion sódio (Na+) e passa a ter
COMPETÊNCIAS: 5e7 11 prótons, 12 nêutrons e 10 elétrons.

HABILIDADES: 3, 17 e 24 ELÉTRON (e-)

1. Íons
Como já foi visto, elétrons e prótons são partículas que
compõem o átomo e possuem, respectivamente, carga ne-
gativa e positiva. Assim, se houver o mesmo número de
elétrons e prótons, a carga total do átomo será nula, pois a
2. Camadas eletrônicas do
carga positiva de cada próton será compensada pela carga átomo: distribuição eletrônica
negativa do elétron correspondente. Afirma-se, então, que
um átomo nessa situação está eletricamente neutro. 2.1. Diagrama de Linus Pauling
Quando um átomo possui prótons e elétrons em igual
Um problema para os químicos era elaborar uma teoria
consistente que explicasse como os elétrons se distribuíam
quantidade, ele está eletricamente neutro.
ao redor dos átomos, dando-lhes as características de rea-
ção observadas em nível macroscópico.
Em certas situações, um átomo pode ganhar ou perder elé-
Foi o cientista americano Linus C. Pauling (1901-1994)
trons. Nesses casos, sua carga total deixa de ser zero, ele
quem apresentou a teoria mais aceita até o momento acerca
deixa de ser eletricamente neutro e passa a ter carga elétrica.
da distribuição eletrônica. Pauling foi pioneiro na aplicação
Afirma-se que o átomo se transformou em um íon.
da Mecânica Quântica em Química e, em 1954, recebeu o
Nobel de Química pelo seu trabalho relativo à natureza das
Quando um átomo eletricamente neutro perde ou re- ligações químicas e, em 1962, recebeu o Nobel da Paz devi-
cebe elétrons, ele se transforma em um íon. do a sua militância contra as armas nucleares.
Ele provou experimentalmente que os elétrons são dispos-
Um átomo neutro que recebe elétrons passa a ficar com tos nos átomos em ordem crescente de energia. De fato,
excesso de cargas negativas, isto é, transforma-se em um todas as vezes que um elétron recebe energia, ele salta para
íon negativo ou ânion. Por outro lado, se um átomo neu- uma camada mais externa em relação à qual ele se encon-
tro perde elétrons, ele passa a ter excesso de prótons e se trava. No momento da volta para sua camada de origem, o
transforma em um íon positivo ou cátion. elétron emite luz devido à energia absorvida anteriormente.
Para entender a proposta de Pauling, é necessário analisar o
Exemplo conceito de camadas eletrônicas. Esse princípio define que a
ƒ Um átomo de cloro eletricamente neutro tem 17 distribuição dos elétrons em torno do átomo se faz em sete
prótons, 18 nêutrons e 17 elétrons. Ao ganhar um camadas, identificadas pelas letras K, L, M, N, O, P e Q:

15
Na figura, as setas indicam a ordem crescente dos níveis
de energia:
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 4p6 5s2 4d10
2 8 18 32 32 18 8 5p6 6s2 4f14 5d10 6p6 7s2 5f14 6d107p6
K
2.2. Distribuição eletrônica por subníveis
L H: 1s1
1

M N O P Q nível 1 Ÿ
Uma das principais características dessas camadas é que camada K
cada uma delas pode comportar um número máximo de
n.º de elétrons = 1
elétrons. Observe a tabela a seguir:
K=1
Camada (nível) K L M N O P Q
12
Mg: 1s2 2s22p6 3s2
Número máximo nível 1 nível 2 nível 3
2 8 18 32 32 18 8
de elétrons
camada K camada L camada M
n.º de elétrons = 2 n.º de elétrons = 8 n.º de elétrons = 2
Pauling apresentou essa distribuição dividida em níveis e
K=2 L=8 M=2
subníveis de energia. Os subníveis são divisões dos níveis ou
camadas, representados pelas letras s, p, d, f. Cada subnível
Sc: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d1
também comporta um número máximo de elétrons. 21

Note que o subnível 4s2, segundo a ordem de energia, apa-


Subnível s p d f rece antes do subnível 3d1. Entretanto, é possível reordenar
os subníveis segundo o número do nível. Assim, tem-se a
Número máximo
2 6 10 14 chamada ordem geométrica ou ordem de camadas:
de elétrons
Representação s2 p6 d10 f14 Sc Ÿ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d1 4s2
21

Segundo Pauling, a distribuição eletrônica não era somente


Observe que, na ordem geométrica, o último subní-
uma ocupação dos espaços vazios nas camadas da eletrosfera
vel – mais distante do núcleo – é o 4s2. Esse subnível
pelos elétrons. Eles se distribuem segundo a energia de cada
localiza-se na camada de valência do átomo. Assim:
subnível, numa sequência crescente em que ocupam primeiro
os subníveis de menor energia e, por último, os de maior.
O subnível mais energético nem sempre é o mais
Observe a seguir o diagrama de energia de Pauling, que afastado (externo) do núcleo.
define a ordem energética crescente que, por sua vez, re-
sulta na sequência de distribuição dos elétrons. No caso do escândio (Sc), o subnível mais energético é o
Diagrama de Linus Pauling 3d1, apresentando 1 elétron; enquanto o mais distante do
1S2 núcleo (mais externo) é o 4s2, com 2 elétrons.
2S2 2p63S2
A distribuição eletrônica do escândio por camadas pode ser
(K) 1; 2e- 1S2
3p64S2 obtida tanto pela ordem energética como pela ordem geo-
3d104p65S2
2S2 2p6 métrica e é representada por: K =2 ; L = 8; M = 9; N = 2.
(L) 2; 8e-
4d105p66S2
4f145d106p67S2
3S2 3p6 3d10
(M) 3; 18e-
5f146d10 7p6
2.3. Distribuição eletrônica nos íons
(N) 4; 32e- 4S 2
4p6
4d 10
4f 14
A distribuição eletrônica nos íons é semelhante à distribui-
ção eletrônica nos átomos eletricamente neutros. Contudo,
(O) 5; 32e- 5S2 5p6 5d10 5f14
é importante ressaltar que os elétrons que o átomo ganhou
(P) 6; 18e- 6S2 6p6 6d10 ou perdeu (para se transformar em um íon) serão inseridos
ou retirados da última camada eletrônica, e não do subnível
(Q) 7; 8e- 7S2 7p6 mais energético. O átomo de ferro (número atômico = 26),
por exemplo, possui a seguinte distribuição eletrônica:

16
1s2 2s22p6 3s23p6 4s23d6 ou K = 2; L = 8; interações entre essas partículas; no entanto, parte de um
M = 14; N = 2 pressuposto muito exigente: o de que a posição e o mo-
4s2 = subnível mais externo mento de todas as partículas são, de fato, conhecidos.
3d6 = subnível mais energético Ao lidar com corpos muito pequenos, como os elétrons,
por exemplo, determinar valores como posição e momento
Quando o átomo de ferro perde 2 elétrons e se transforma torna-se uma tarefa um pouco mais complicada. Como co-
no íon Fe2+, ele passa a ter a seguinte distribuição eletrônica: nhecer a posição de um elétron?
1s2 2s22p6 3s23p6 3d6 ou K = 2; L = 8; M = 14 Para que seja possível medir a posição de um elétron, é
Com efeito, se o átomo de ferro perder 3 elétrons e se trans- preciso vê-lo e, para vê-lo, é necessário iluminá-lo. Além
formar no íon Fe3+, ele terá a seguinte distribuição eletrônica: disso, a medida será mais precisa quanto menor for o
comprimento de onda da luz utilizada. Nesse caso, a fí-
1s2 2s22p6 3s23p6 3d5 ou K = 2; L = 8; M = 13
sica quântica diz que a luz é formada por partículas (fó-
Considere, agora, a formação de um íon negativo, por tons) que têm energia proporcional à frequência dessa
exemplo: S2–. O enxofre (número atômico = 16) possui a luz. Assim, para medir a posição de um elétron, é preciso
seguinte distribuição eletrônica: incidir sobre ele um fóton bastante energético, pois quan-
1s2 2s22p6 3s23p4 ou K = 2; L = 8; M = 6 to maior for a frequência, menor será o comprimento de
ÚLTIMA CAMADA
onda do fóton.
ÚLTIMA CAMADA

Contudo, para iluminar o elétron, o fóton tem de se chocar


Quando o átomo de enxofre ganha 2 elétrons e se trans-
com ele, e esse processo transfere energia ao elétron, fato
forma no íon S2–, ele passa a ter a seguinte distribuição
que modifica sua velocidade, tornando impossível determi-
eletrônica:
nar seu momento com precisão.
1s2 2s22p6 3s23p6 ou K = 2; L = 8; M = 8
Esse princípio, proposto pelo físico alemão Werner Hei-
senberg (1901-1976), conhecido como princípio da in-
3. Princípio da incerteza certeza de Heisenberg, aplica-se somente ao mundo
de Heisenberg subatômico, uma vez que a energia do fóton transferida
para um corpo macroscópico não seria capaz de alterar
Na física tradicional newtoniana, também chamada de sua posição.
Física Clássica, acreditava-se que, se a posição inicial e o
momento (massa e velocidade) de todas as partículas de
um sistema fossem conhecidos, seria possível calcular suas De acordo com o princípio de incerteza de Heisenberg,
interações e prever como o sistema se comportaria. Isso é impossível medir com precisão o momento e a posi-
ção de um corpo muito pequeno.
parece correto caso se saiba descrever com precisão as

VIVENCIANDO

Segundo um estudo realizado pela Unicamp, a cafeína pode colaborar para a descalcificação dos ossos por meio
da perda de íons Ca2+ presentes neles. De acordo com o estudo: “O consumo frequente de café e de refrigerante
à base de cola (Coca-Cola) promove alterações ósseas e pode aumentar o risco de fraturas, principalmente no
gênero feminino. A conclusão é da tese de doutorado do cirurgião-dentista Amaro Ilídio Vespasiano Silva, defen-
dida recentemente no programa de Pós-Graduação em Radiologia Odontológica da Faculdade de Odontologia de
Piracicaba (FOP), sob a orientação do professor Lourenço Correr Sobrinho. Embora a pesquisa tenha sido feita em
modelo animal (ratos), sustenta o autor, seus resultados podem ser extrapolados para os seres humanos. ‘Estudos
encontrados em literatura específica acompanharam populações (homens e mulheres) que consumiram refrige-
rante à base de cola e chegaram a resultados semelhantes aos encontrados na minha tese’, afirma o pesquisador.

17
Em seu trabalho, que teve a coorientação do professor Francisco Haiter Neto, Amaro Silva também analisou os efeitos
do consumo de refrigerante à base de guaraná (Antárctica) sobre os tecidos ósseos. De acordo com ele, a bebida
causa igualmente alterações na estrutura óssea, mas os resultados não foram determinantes a ponto de reduzir a
resistência do osso, assim como ocorreu com o café e o refrigerante à base de cola. A grande responsável por esse
efeito deletério, informa o pesquisador, é a cafeína, presente nas três bebidas consideradas, em proporções diferentes.
A substância, conforme o cirurgião-dentista, age sobre o metabolismo ósseo. ‘Ela induz a diferenciação de células
precursoras de tecido ósseo em osteoclastos, células responsáveis pela reabsorção óssea. Quando a cafeína está
presente em grande quantidade, ocorre um aumento na diferenciação de osteoclastos, e com isso um aumento
significativo na reabsorção óssea. Como consequência, temos uma redução da massa óssea e o aumento do risco
de fraturas’, detalha.
A ideia de desenvolver o trabalho, conforme o autor, veio da necessidade de saber se a cafeína interferiria na qua-
lidade do osso – estrutura e resistência. ‘Alguns estudos apresentam controvérsias a respeito. O fato de as bebidas
serem amplamente consumidas no Brasil, inclusive por crianças e adolescentes, foi determinante para a escolha do
tema’, diz. Amaro Silva esclarece que as alterações mais pronunciadas nos ossos das fêmeas apuradas na pesquisa
se dão provavelmente por causa de fatores hormonais.
Apesar de o estudo não ter avaliado os teores hormonais, afirma, a grande diferença entre machos e fêmeas está
na variação hormonal. ‘No caso dos seres humanos, a mulher possui um ciclo hormonal que influencia diretamente
sobre o metabolismo do osso. Ocorre que a cafeína interfere sobre esse ciclo, o que faz com que haja maior desmi-
neralização do tecido ósseo’, reforça. Questionado sobre a possibilidade de se fazer um consumo seguro das três
bebidas investigadas, Amaro Silva informa que até o momento a ciência não determinou um valor máximo nesse
sentido. ‘Os estudos apontam que a menor concentração de cafeína, consumida no menor intervalo de tempo, já é
capaz de produzir efeitos adversos sobre o metabolismo ósseo’, aponta.”
DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.UNICAMP.BR/UNICAMP/JU/602/CONSUMO-DE-CAFE-E-REFRIGERANTE-DE-COLA-CAUSA-ALTERACOES-OSSEAS

3. Dê a configuração eletrônica do íon sódio Na+, saben-


Aplicação do conteúdo do que o número atômico do sódio é 11.

1. Um átomo neutro, cuja configuração eletrônica 1s2 Resolução:


2s22p6 3s23p6 4s2, tem como número atômico:
Distribuição eletrônica do átomo de sódio (11Na):
a) 10. d) 2.
b) 20. e) 8. 1s2 2s22p6 3s1 ou K = 2; L = 8; N = 1
c) 18.
ÚLTIMA CAMADA

Resolução:
Quando o átomo de sódio (Na) perde 1 elétron e se transforma
Basta somar os expoentes que aparecem na distribuição no íon (11Na+), ele passa a ter a seguinte distribuição eletrônica:
eletrônica para descobrir o número atômico:
1s2 2s22p6 ou K = 2; L = 8
2 + 2 + 6 + 2 + 6 + 2 = 20
Alternativa B 4. (Acafe – adaptado) Considerando-se um elemento M
genérico qualquer que apresenta configuração eletrô-
2. Um átomo que possui configuração 1s2 2s2 2p6 3s2 3p3 nica 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d5, pode-se afirmar que:
apresenta na camada mais externa:
I. seu número atômico é 25;
a) 2 elétrons. d) 12 elétrons. II. possui 7 elétrons na última camada;
b) 3 elétrons. e) 15 elétrons. III. apresenta 13 elétrons na camada 3;
c) 5 elétrons. IV. pertence à família 7A.
Resolução: Estão corretas as afirmações:
a) I, II e III somente.
A camada mais externa é indicada pelo coeficiente maior,
b) I e III somente.
no caso, 3. Somando-se, então, os expoentes de 3s23p3,
c) II e IV somente.
temos: 2 + 3 = 5.
d) I e IV somente.
Alternativa C e) II, III e IV somente.

18
Resolução:
I. Correto, pois, para descobrir o número atômico, basta
somar o número de elétrons (o átomo M é neutro, logo
o número de prótons é igual ao número de elétrons):
2 + 2 + 6 + 2 + 6 + 2 + 5 = 25

II. Falso, pois a última camada do átomo M é 4, e, pela


configuração eletrônica, há 2 elétrons na camada 4. multimídia: site
III. Correto, na camada 3 há 2 + 6 + 5 = 13 elétrons
(3s2 3p6 3d5).
IV. Falso, pois, como a configuração eletrônica termina www.agracadaquimica.com.br/index.php?&ds=1&acao=-
em 3d5, pertence à família B (7B para ser mais exato), quimica/ms2&i=28&id=617
não pertencendo à família A (ou 7A)
Alternativa B

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A diferença da concentração intracelular e extracelular de substâncias e íons através da membrana plasmática pode
ser mantida por transporte passivo (sem gasto de energia, caso da difusão e da osmose) ou por transporte ativo (com
gasto de energia, caso da bomba de sódio e potássio).
O transporte ativo se caracteriza por ser o movimento de substâncias e íons contra o gradiente de concentração, isto
é, ocorre sempre de locais onde estão menos concentrados para os locais onde se encontram mais concentrados.
Esse processo é possível devido à presença de certas proteínas na membrana plasmática que, com o gasto de
energia, são capazes de se combinar com a substância ou íon e transportá-los para a região em que estão mais
concentrados. Para que isso ocorra, a proteína sofre uma mudança em sua forma a fim de receber a substância ou o
íon. É importante ressaltar que a energia necessária para essa mudança é proveniente da quebra da molécula de ATP
(adenosina trifosfato) em ADP (adenosina difosfato) e fosfato.
Um exemplo de transporte ativo é a bomba de sódio e potássio. A concentração de sódio é maior no meio extrace-
lular, enquanto a de potássio é maior no meio intracelular. A manutenção dessas concentrações é realizada pelas
proteínas transportadoras descritas anteriormente, que capturam íons sódio (Na+) no citoplasma e os bombeiam para
fora da célula. No meio extracelular, capturam os íons potássio (K+) e os bombeiam para o meio interno. Caso não
houvesse um transporte ativo eficiente, a concentração desses íons iria se igualar.
Assim, a bomba de sódio e potássio é importante, uma vez que estabelece a diferença de carga elétrica entre os
dois lados da membrana, fator que é fundamental para as células musculares e nervosas, e promove a facilitação da
penetração de aminoácidos e açúcares. Além disso, a manutenção de alta concentração de potássio dentro da célula
é essencial para a síntese de proteína e respiração, e o bombeamento de sódio para o meio extracelular permite a
manutenção do equilíbrio osmótico.

19
DIAGRAMA DE IDEIAS

1s2
2s2 2p6
3s2 3p6 3d10

DIVIDIDOS EM
4s2 4p6 4d10 4f14
NÚCLEO ELETROSFERA 5s2 5p6 5d10 5f14
6s2 6p6 6d10
NÍVEIS
7s2 7p6

SUBNÍVEIS

20
atômica), determinadas propriedades se repetiam diversas
AULAS 5 e 6 vezes, isto é, eram propriedades periódicas.
Então, Mendeleev organizou os elementos em linhas ho-
rizontais seguindo o seguinte critério: quando as proprie-
dades de um elemento eram semelhantes às de outro
da mesma linha, esse elemento era deslocado para uma
TABELA PERIÓDICA nova linha e posto na coluna do elemento com o qual
tinha semelhança. Assim, formaram-se colunas com ele-
mentos que possuíam propriedades químicas semelhan-
tes. As linhas horizontais foram denominadas períodos,
e as colunas, famílias ou grupos.
A tabela de Mendeleev foi eficiente ao demonstrar a perio-
dicidade das propriedades dos elementos. Restava, no en-
COMPETÊNCIAS: 1, 7 e 8 tanto, encontrar uma explicação para essas propriedades.
Em 1913, o químico inglês Henry Moseley (1887-1915)
HABILIDADES: 3, 17, 18, 24, 29 e 30 verificou que as propriedades dos elementos decorriam
da carga nuclear, denominada número atômico (Z). Com a
descoberta de Moseley, foi possível corrigir algumas ano-
malias que haviam sido observadas por Mendeleev.

1. Introdução
A Tabela Periódica ou classificação periódica dos ele-
mentos possibilita a verificação das características dos ele-
mentos e suas repetições, bem como fazer previsões.
Em 1869, Dimitri Ivanovich Mendeleev (1834−1907), pro-
fessor de Química da Universidade de São Petersburgo
(Rússia), escrevia um livro sobre elementos conhecidos na multimídia: vídeo
época, cujas propriedades havia anotado em fichas separa-
FONTE: YOUTUBE
das – cerca de 63.
Elementos Químicos mais perigosos do mundo
Analisando suas fichas, ele notou que, organizando os
elementos em função da massa de seus átomos (massa

21
VIVENCIANDO

Os elementos químicos possuem diversas funções no dia a dia. Na área da medicina, eles atuam como antidepressi-
vos, antipsicóticos, ansiolíticos, calmantes, barbitúricos, etc. Muitos artigos da literatura científica apresentam dados
históricos sobre a descoberta do lítio e seu desenvolvimento na psiquiatria, abordando sua descoberta na Austrália,
seu desenvolvimento primeiramente na Europa e, então, nos Estados Unidos. O grande marco na história do lítio
ocorreu em 1954, quando o pesquisador dinamarquês Mogens Schou e colegas publicaram seu primeiro estudo du-
plo-cego do lítio na mania, dando início a um trabalho de toda a vida de Schou na pesquisa do lítio. O uso do lítio no
transtorno bipolar (TB) causou uma revolução na psicofarmacologia, uma vez que forçou os psiquiatras a pensarem
em termos de diagnóstico, pois a utilidade do lítio nos quadros de mania clássica foi consagrada por diversos estudos
científicos e pela prática clínica.
Durante muitos anos, o lítio foi o único estabilizador do humor. Recentemente, outras medicações começaram a ser
utilizadas para esse fim, principalmente os anticonvulsionantes e os antipsicóticos atípicos. Essas medicações, com
características farmacológicas, posológicas e clínicas diferentes, colocaram em cheque o “reinado” do lítio e o seu
papel atual no arsenal terapêutico do TB. O que se observa na prática clínica é um declínio do uso do lítio. Diversos
motivos concorreram para isso: dificuldades posológicas, efeitos adversos graves (raros) e o investimento da indústria
farmacêutica no desenvolvimento de novas medicações.
Entretanto, depois de 50 anos, o carbonato de lítio continua sendo um tratamento de primeira linha para a maioria
dos pacientes bipolares. Os estudos e a prática clínica ainda consagram o lítio como o estabilizador de humor por
excelência. Diretrizes elaboradas por meio de uma abordagem baseada em evidências consagram o lítio como
primeira escolha terapêutica em praticamente todas as fases e apresentações do TB. Conclui-se que os psiquiatras
(principalmente aqueles em formação) devem ser estimulados a conhecer de forma precisa as indicações do lítio e
aprender a utilizar essa medicação, que tem auxiliado tantos pacientes.

2. Lei periódica atual (Moseley) 3. Organização da


Quando os elementos químicos são agrupados em or- Tabela Periódica
dem crescente de número atômico (Z), é possível obser-
var a repetição periódica de diversas propriedades. Os
3.1. Grupos ou famílias
elementos químicos estão dispostos em ordem crescente
de número atômico na Tabela Periódica atual, originan- Atualmente, a Tabela Periódica é formada por 18 grupos
do os períodos na horizontal (linhas) e as famílias ou ou famílias.
grupos na vertical (colunas). Existem duas maneiras de identificar os grupos ou famílias. A
mais comum é indicar cada grupo por um algarismo romano,
seguido das letras A e B. Por exemplo: IA, IIA, VB. As letras A e
B indicam a posição do elétron mais energético nos subníveis.
Na outra maneira, os grupos são indicados por algarismos
arábicos de 1 a 18, eliminando-se as letras A e B. Essa for-
ma foi proposta no final da década de 1980 pela União
Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC).
multimídia: site
a) Famílias A
phet.colorado.edu/sims/html/build-an-atom/latest/build- Os elementos que formam essas famílias são denominados
-an-atom_pt_BR.html elementos representativos. Seus elétrons mais energé-
ticos estão localizados nos subníveis s ou p.

22
Nas famílias A, o número do grupo indica a quantidade de
elétrons na camada de valência. Observe no quadro que
alguns grupos possuem nomes:
Nº de
Família Configuração
elétrons
ou Nome do último Componentes
no último
grupo nível
nível

IA – 1
metais
ns1 1
Li, Na, K, multimídia: vídeo
alcalinos Rb, Cs, Fr
metais
FONTE: YOUTUBE
Be, Mg, Ca,
IIA –2 alcalino- ns 2
2
Sr, Ba, Ra As 100 maiores descobertas da Química
-terrosos
família B, Aℓ, Ga,
IIIA – 13 ns2np1 3
do boro In, Tl, Nh

IVA – 14
família do
carbono
ns2np2 4
C, Si, Ge,
Sn, Pb, Fℓ
4. Metais, ametais,
VA –15
família do
nitrogênio
ns2np3 5
N, P, As, Sb,
Bi, Mc
semimetais e gases nobres
O, S, Se, Te, Outra classificação periódica importante é a que divide os
VIA – 16 calcogênios ns2np4 6
Po, Lv elementos em metais, não metais (ou ametais), semimetais
VIIA – 17 halogênios ns2np5 7 F, Cℓ, Br, I, At, Ts e gases nobres, como é possível observar a seguir.
VIIIA gases He, Ne, Ar, Kr, ƒ Metais: formam cátions (íons positivos) e geralmente
ns2np6 8
(Zero) – 18 nobres Xe, Rn, Og são sólidos à temperatura ambiente (exceto o mercú-
rio) com alto ponto de fusão. Eles não se quebram com
b) Famílias B facilidade, mas, na maior parte dos casos, são maleá-
veis – principalmente quando aquecidos à temperatura
Os elementos dessas famílias são denominados elementos adequada – e podem ser transformados em fios finos,
de transição. Uma parte deles ocupa o bloco central da Ta- isto é, são dúcteis. É por esse motivo que costumam ser
bela Periódica, de IIIB até IIB (10 colunas), denominados ele- usados para moldar chapas e fabricar panelas, utensílios
mentos de transição externa, e apresentam seu elétron domésticos, fios elétricos, etc. São também bons condu-
mais energético em subníveis d (de d1 a d10). tores de eletricidade e calor. Muitos metais se encon-
tram combinados a outros elementos, precisando pas-
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
sar por um processo de separação para serem isolados.
ƒ Ametais (não metais): cerca da metade dos não me-
3B 4B 5B 6B 7B 8B 1B 2B
tais são gases, com exceção do bromo, que é líquido. Os
d1 d2 d3 d4 d5 d6 d7 d8 d9 d10 demais são sólidos. Oxigênio, nitrogênio, cloro e flúor
são não metais gasosos; carbono, iodo, fósforo, enxofre,
A outra parte deles está deslocada do corpo central, for- selênio e astato são não metais sólidos. Entre eles, exis-
mando as séries dos lantanídeos e dos actinídeos deno- tem os halogênios: flúor, cloro, bromo, iodo e astato, que
minados elementos de transição interna. reagem com metais e formam sais. O sal comum, por
exemplo, é formado pela combinação de cloro e sódio.
Essas séries constituem 15 colunas. O elétron mais energé-
tico está localizado em subníveis f (de f1 a f14). Os não metais não são bons condutores de eletricidade
ou calor; os sólidos normalmente se quebram ao serem
O esquema a seguir apresenta o subnível ocupado pelo dobrados. Eles possuem ponto de fusão baixo (com ex-
elétron mais energético dos elementos da Tabela Periódica. ceção do carbono na forma de grafite ou diamante). Em
1 18
geral, não reagem com ácidos diluídos. O hidrogênio
1s 1 1s 2

2s 1
2

2s 2
13

2p1
14

2p2
15

2p3
16

2p4
17

2p5 2p6
deve ser deixado fora dessa classificação devido às suas
3s 1
3s 2
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
3p 1
3p 2
3p3
3p 4
3p 5
3p6
propriedades muito especiais. Por via de regra, os não
4s 1
4s 2
3d 1
3d 2
3d 3
3d 4
3d 5
3d 6
3d 7
3d 8
3d 9
3d10
4p 1
4p 2
4p3
4p 4
4p 5
4p6 metais possuem características opostas às dos metais.
1 2 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3 4 5
5s 5s 4d 4d 4d 4d 4d 4d 4d 4d 4d 4d 5p 5p 5p 5p 5p 5p6

6s 1
6s 2
4f 5d 2
5d 3
5d 4
5d 5
5d 6
5d 7
5d 8
5d 9
5d10
6p 1
6p 2
6p3
6p 4
6p 5
6p6 ƒ Semimetais: possuem propriedades intermediárias en-
7s 1 7s 2 5f 6d2 6d3 6d4 6d5 6d6 6d7 6d8 6d9 6d10 7p1 7p2 7p3 7p4 7p5 7p6 tre os metais e os não metais.
4f 1 4f 2 4f 3 4f 4 4f 5 4f 6 4f 7 4f 8 4f 9 4f 10 4f 11 4f 12 4f 13 4f 14 5d1
ƒ Gases nobres: possuem comportamento químico muito
5f 1 5f 2 5f 3 5f 4 5f 5 5f 6 5f 7 5f 8 5f 9 5f 10 5f 11 5f 12 5f 13 5f 14 6d1
particular, sendo usualmente inertes, ou seja, pouco reativos.

23
5. Períodos Características da
distribuição eletrônica
Localização e
classificação
Na tabela atual, há sete períodos (linhas horizontais), que
correspondem à quantidade de níveis (camadas) eletrôni- 4 camadas (K, L, M e N) 4.º período

cos apresentados pelos elementos químicos.


elétron de maior energia situado no bloco d
4
Be Ÿ 1s2 2s2 Ÿ 2 camadas eletrônicas (K e L); 2.º período subnível d (3d6) (elemento de transição)
K L
2 elétrons na camada de valência (4s2)
Cℓ Ÿ 1s 2s 2p 3s 3p Ÿ 3 camadas eletrônicas (K, L
17
2 2 6 2 5 + 6 elétrons no subnível de maior ener- família VIIIB = 8
gia (3d6)
K L M e M); 3.º período

Aplicação do conteúdo
1. Um átomo no estado fundamental apresenta normal-
mente 2 elétrons na primeira camada, 8 na segunda, 18
na terceira e 7 na quarta camada. A família e o período
em que se encontra esse elemento são, respectivamente:
a) família dos halogênios, sétimo período;
b) família do carbono, quarto período;
multimídia: site c) família dos halogênios, quarto período;
d) família dos calcogênios, quarto período;
super.abril.com.br/ciencia/os-elementos-da-morte/ e) família dos calcogênios, sétimo período.
Resolução:
O elemento é do 4.º período, pois apresenta quatro cama-
6. Localização na Tabela Periódica das eletrônicas. Por apresentar 7 elétrons na quarta cama-
A distribuição eletrônica de um elemento permite que seja da, o elemento estará na coluna 7A. Trata-se, portanto, do
determinada sua localização na tabela. halogênio situado no quarto período.

Observe alguns exemplos de como se pode localizar o ele- Alternativa C


mento químico a partir da distribuição eletrônica: 2. O alumínio que tem número atômico igual a 13:
Na Ÿ 1s2 2s22p6 3s1
11
a) pertence ao grupo IA da Tabela Periódica;
camadas (níveis): K = 2; L = 8; M = 1 b) forma cátion trivalente;
c) tem símbolo Am;
Características da d) pertence à família dos metais alcalino-terrosos;
Localização e classificação e) é líquido à temperatura ambiente.
distribuição eletrônica
3 camadas (K, L, M) 3.º período Resolução:
elétron de maior energia
bloco s (elemento representativo)
situado no subnível s (3s1)
13
Aℓ Ÿ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p1
1 elétron na camada M=3
família IA (metais alcalinos) = Grupo 1
de valência (3s1)
Características da Localização e
distribuição eletrônica classificação
Cℓ Ÿ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 Ÿ 3 camadas eletrônicas (K,
17 3 camadas (K, L, M) 3.º período
L e M); 3.º período elétron de maior energia situado no sub- bloco p (elemento re-
nível p (3p1) presentativo)
3 elétrons na camada de valência (3s23p1) família 3A (Boro) = 13
Características da Localização e
distribuição eletrônica classificação Por pertencer à família IIIA, o alumínio possui capacidade
3 camadas (K, L, M) 3.º período de realizar três ligações, portanto é um cátion trivalente.
elétron de maior energia situado no
a) (INCORRETA) O alumínio pertence ao grupo 13 – IIIA
bloco p (elemento representativo) da Tabela Periódica.
subnível p (3p5)
7 elétrons na camada de valência c) (INCORRETA) O símbolo do alumínio é Aℓ.
família VIIA (halogênios) = 17
(3s23p5) d) (INCORRETA) O alumínio pertence à família do Boro.
e) (INCORRETA) À temperatura ambiente, o alumínio
Fe Ÿ 1s2 2s22p6 3s23p6 4s2 3d6 Ÿ 4 camadas eletrôni-
26 é sólido.
cas (K, L, M e N); 4.º período Alternativa B

24
3. Um átomo T apresenta 2 prótons a menos que um áto- 5. Em 15 de março de 2012, o jornal O Estado de São Paulo
mo Q. Com base nessa informação, assinale a opção falsa: anunciou que uma “batalha planetária” estava sendo de-
T Q flagrada pelo comércio das chamadas “terras raras”. O mo-
tivo é que essas terras são indispensáveis às indústrias de
a) gás nobre alcalino-terroso
ponta. “Sem elas, não haveria smartphones, nem celulares,
b) halogênio alcalino trens que andam a mais de 500 quilômetros por hora, nem
c) calcogênio gás nobre veículos híbridos, fazendas eólicas, lâmpadas fluorescen-
d) enxofre silício tes”. Em relação às “terras raras”, é incorreto afirmar que:
e) bário cério a) Quase todos os elementos que compõem as “terras
raras” fazem parte do “bloco f” da Tabela Periódica, ou
Resolução:
seja, do conjunto de grupos cujos elementos possuem
Do enunciado, concluímos que, se Q tem x prótons, T terá (x – 2) o elétron de mais alta energia no orbital atômico f.
prótons. Isso equivale a dizer que Q está duas “casas” à b) São os elementos lantanídeos, aos quais se juntam
o escândio e o ítrio.
frente de T na Tabela Periódica. Assim, basta seguir a Tabela
c) Há 17 elementos considerados “terras raras”, e 15
Periódica para verificar a única opção incorreta (falsa). deles são classificados como metais de transição interna.
Alternativa D d) São os elementos alcalino-terrosos.
e) A maior parte desses elementos que compõem as “ter-
4. O elemento que, no estado fundamental, apresenta ras raras” faz parte do sexto período da Tabela Periódica.
a configuração eletrônica [Ar]4s23d6 é o quarto mais
abundante na crosta terrestre. Assinale a opção corres- Resolução:
pondente ao nome desse elemento. O grupo dos elementos conhecidos como “terras raras” é
a) Magnésio um grupo formado por metais. O termo “terra” foi usado
b) Alumínio durante o século XIX como referência aos óxidos produzidos
c) Oxigênio por esses metais. Nesse sentido, “terra rara” seria um termo
d) Níquel que designava óxidos metálicos de abundância reduzida.
e) Ferro
Os elementos terras raras são elementos do bloco de transi-
Resolução: ção, sendo a maioria (15 deles) pertencente ao grupo dos lan-
Conforme a Tabela Periódica, a distribuição eletrônica do tanídeos (transição interna), localizados no sexto período da
argônio (Ar) é igual a 1s22s22p63s23p6. O elemento desco- tabela. O escândio e ítrio não fazem parte do grupo dos lan-
nhecido será a parte do [Ar], acrescida de 4s23d6, como diz o tanídeos, embora apresentem características físico-químicas
semelhantes, fator que justifica sua inclusão na classificação.
enunciado da questão. Dessa forma, tem-se para o elemen-
to desconhecido [Ar]4s23d6, ou seja, 1s22s22p63s23p64s23d6. Os elementos alcalinos terrosos também formam óxidos
Somando os expoentes (números de elétrons), obtém-se 26, (por isso o termo terroso), mas são representativos, ou seja,
que é o número atômico do ferro. pertencem ao grupo A da Tabela Periódica.
Alternativa E Alternativa D

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS


O chumbo tem envenenado a humanidade desde a invenção de duas coisas complementares: a cerâmica e o vinho.
Potes de cerâmica costumavam ser envernizados com produtos à base de chumbo. Esse verniz reage com o vinho,
constituindo uma substância denominada acetato de chumbo. Também chamado de “açúcar de chumbo”, esse pro-
duto é – como seria de se esperar – doce. Por esse motivo, e porque ajuda a conservar o vinho, o acetato de chumbo
era adicionado de propósito à bebida no Império Romano. E a elite de Roma tomava vinho como se fosse água. Isso,
segundo John Emsley, provavelmente era a causa do comportamento alucinado de imperadores como Calígula e
Nero. Nos séculos seguintes, esse tipo de envenenamento continuou a atacar os bebedores de vinho, mas de forma
acidental ou devido à má-fé de pessoas que usavam o acetato de chumbo para disfarçar o vinho ruim.

25
DIAGRAMA DE IDEIAS

PERÍODO DEFINIDO PELA CAMADA

NÚMERO DE
GRUPO (FAMÍLIA) DEFINIDO PELO ELÉTRONS NO
SUBNÍVEL MAIS
ENERGÉTICO

ELEMENTOS ELEMENTOS
REPRESENTATIVOS DE TRANSIÇÃO

TERMINAM COM TERMINAM COM


CONFIGURAÇÃO CONFIGURAÇÃO
s ou p EM d: EXTERNA
EM f: INTERNA

26
Exemplos: calor específico, índice de refração, dureza e
AULAS 7 e 8 massa atômica. É válido ressaltar que a massa atômica
sempre aumenta com o número atômico do elemento.

2. Eletronegatividade e
PROPRIEDADES eletropositividade
PERIÓDICAS
Eletronegatividade é a tendência que um átomo
possui de atrair elétrons quando se encontra “ligado”
a outro átomo de elemento químico diferente numa
substância composta.
COMPETÊNCIAS: 1e7
ƒ Variação da eletronegatividade: cresce da esquer-
HABILIDADES: 17, 18, 24 e 29 da para a direita nos períodos e de baixo para cima nos
grupos (famílias).

OS GASES NOBRES NÃO SE


INCLUEM NESSA PROPRIEDADE.

1. Propriedades periódicas A ELETRONEGATIVIDADE


NÃO ESTÁ DEFINIDA
PARA ESSES GASES.

A Tabela Periódica possibilita deduzir quais elementos têm


propriedades químicas e físicas semelhantes. Os metais, ƒ Variação da eletropositividade: ocorre de forma
semimetais, não metais e gases nobres formam grupos oposta à da eletronegatividade e também não está de-
subdivididos para facilitar a localização. finida para os gases nobres.
A Tabela Periódica não é útil apenas para indicar a massa
atômica, o número atômico e a distribuição eletrônica dos Eletropositividade é a capacidade que um átomo tem
átomos: ela é utilizada também para observar as proprie- de doar elétrons, em comparação a outro átomo, na for-
dades periódicas e aperiódicas utilizadas para relacionar as mação de uma substância composta. É o oposto da ele-
características dos elementos com suas estruturas atômicas. tronegatividade. Também é denominada caráter metálico.
ƒ Propriedades periódicas: variam de acordo com o
número atômico, isto é, assumem valores que crescem e
decrescem ao longo de cada período da Tabela Periódica.

PROPRIEDADE
4 F
Cl
3 Br
I
At
2 multimídia: vídeo
1 Ra
Li Na K Rb Cs Fr FONTE: YOUTUBE

10 20 30 40 50 60 70 80 90 Metais Alcalinos 2
NÚMERO ATÔMICO

Exemplos: eletronegatividade, raio atômico, energia de


ionização (também denominada potencial de ionização), 3. Raio atômico
eletroafinidade (também denominada afinidade eletrô-
Devido ao fato de a eletrosfera não possuir um limite bem
nica), densidade, temperaturas de fusão e ebulição e
definido, o raio atômico é calculado a partir do empacota-
volume atômico.
mento em sólidos de átomos iguais, definindo distâncias
ƒ Propriedades aperiódicas: os valores da proprieda- entre os núcleos (d). Assim, considera-se o raio atômico (r)
de variam à medida que o número atômico aumenta, como sendo a metade da distância entre os núcleos de
mas não se repetem em períodos regulares. dois átomos vizinhos: r = __d.
2

27
11 prótons 11 prótons

11 elétrons –1e– 10 elétrons


11
Na 11
Na+
3 níveis de energia 2 níveis de energia

r 1s2 2s2 2p6 3s1 1s2 2s2 2p6

raio Na > raio Na+


d
2. Raio do ânion: de maneira semelhante, quando um
ƒ Variação do raio atômico:
átomo ganha elétrons, aumenta a repulsão da nuvem ele-
trônica, ampliando o seu tamanho. Assim, raio do átomo <
raio do ânion.
8 prótons 8 prótons

8 elétrons +2e– 10 elétrons


8
O 8
O2-
Nos grupos (colunas verticais): aumenta de cima para 2 níveis de energia 2 níveis de energia
baixo, pois, nesse sentido, aumenta o número de camadas
1s2 2s2 2p4 1s2 2s2 2p6
eletrônicas (níveis de energia) do átomo. Assim, um átomo
do 2.º período (lítio, por exemplo) tem apenas dois níveis raio O < raio O2-
de energia e terá raio atômico menor que um átomo do
3.º período (sódio, da mesma família, por exemplo) que Para um mesmo elemento:
apresentar três níveis de energia.
raio do cátion < raio do átomo < raio do ânion
Nos períodos (linhas horizontais): em um mesmo pe- (neutro)
ríodo, o número de camadas eletrônicas é o mesmo; no
entanto, quando o número atômico (número de prótons) Numa série de isoeletrônicos (espécies – átomos, nêu-
aumenta, também aumenta a atração que o núcleo exer- trons, cátions ou ânions – que apresentam o mesmo nú-
ce sobre a eletrosfera, diminuindo o tamanho do átomo e mero de elétrons), terá maior raio aquele que tiver menor
consequentemente o raio atômico. Assim, o raio atômico número atômico.
cresce da direita para a esquerda nos períodos.
Exemplo: todas as espécies a seguir apresentam 10 elé-
trons, isto é, são isoeletrônicas:
O2–, 9F1– , 10Ne, 11Na1+ e 12Mg2+
8

De acordo com o número atômico, a ordem crescente de


raio será:

Mg2+ < 11Na1+ < 10Ne < 9F1– < 8O2–


multimídia: vídeo 12

FONTE: YOUTUBE Observe que, quando o número atômico (número de


A Força dos Ímãs de Neodímio! prótons) decresce, a carga nuclear que atrai a eletrosfera
também diminui, e, assim, o raio aumenta.

3.1. Raio iônico


4. Energia ou potencial
Já foi visto que átomos podem perder ou ganhar elétrons,
tornando-se íons (cátions e ânions, respectivamente). de ionização
1. Raio do cátion: ao perder elétrons, a repulsão da
nuvem eletrônica diminui, reduzindo o seu tamanho. In-
Energia (ou potencial) de ionização é a energia
clusive, pode-se perder o último nível de energia. Quanto
necessária para remover um elétron de um átomo (ou
menor a quantidade de níveis, menor o raio. Assim: íon) na fase gasosa.
raio do átomo > raio do cátion.

28
Exemplo:13Aℓ (3 níveis de energia no estado fundamen- Representação do processo no qual o átomo ganha um
tal com 3 elétrons no nível mais externo 3s2 3p1) elétron e libera energia:

1ª E.I.: 13Aℓ(g) + 577,4 kJ/mol Ÿ 13Aℓ1+(g) + e– X(g) + e– o X1–(g) + energia


2ª E.I.: 13Aℓ1+
(g)
+ 1.816,6 kJ/mol Ÿ13Aℓ2+
(g)
+ e–
ƒ Variação da eletroafinidade:
3ª E.I.: 13Aℓ2+
(g)
+ 2.744,6 kJ/mol Ÿ 13Aℓ3+
(g)
+ e–
4ª E.I.:13Aℓ3+
(g)
+ 11.575,0 kJ/mol Ÿ 13Aℓ4+
(g)
+ e–

Assim: 1.ª EI < 2.ª EI < 3.ªEI<<<4.ªEI


À medida que o íon se torna cada vez mais positivamente
carregado, é preciso cada vez mais energia para retirar um Não por acaso, a eletroafinidade varia de acordo com a
elétron de sua camada mais externa. eletronegatividade, uma vez que, quanto mais eletronega-
tivo for um átomo, maior será a sua tendência em ganhar
4.1. Variação da energia de ionização elétrons. Observe também que a eletroafinidade não está
definida para os gases nobres.
Nas famílias e nos períodos, a energia de ionização aumen-
ta conforme diminui o raio atômico. De fato, quanto menor
o tamanho do átomo, maior será a atração do núcleo pela 6. Outras propriedades
eletrosfera e, assim, mais difícil será retirar um elétron.
periódicas
Existem outras propriedades periódicas de menor impor-
tância. Por esse motivo, não serão aprofundadas maiores
explicações para a variação dessas propriedades. Contudo,
abordaremos algumas delas.
1. Pontos de fusão e de ebulição: na Tabela Periódica,
em condições ambientes, tem-se:
Gases: H2 (g) ; N2 (g) ; O2 (g) ; F2 (g) , Cℓ2 (g).
Líquidos: Br2 (ℓ); Hg (ℓ).
Sólidos: os demais elementos.
Variação do ponto de fusão e do ponto de ebulição:
multimídia: site

super.abril.com.br/ciencia/a-quimica-presente-nas-
-atividades-do-dia-a-dia/

5. Eletroafinidade ou As setas indicam o aumento do ponto de fusão (o


carbono é uma exceção, com ponto de fusão
afinidade eletrônica de aproximadamente 3.550 °C). O tungstênio é
o metal de maior ponto de fusão (aproximadamente
3.422 °C), sendo utilizado na fabricação de filamentos
Eletroafinidade é a quantidade de energia libera- de lâmpadas incandescentes.
da por um átomo, no estado gasoso, ao ganhar um
elétron. Os átomos com afinidade eletrônica eleva-
da têm a tendência de ganhar um ou mais elétrons, Chama-se densidade absoluta (d) ou massa espe-
adquirindo estabilidade (configuração eletrônica dos cífica de um elemento o quociente entre sua massa
m.
(m) e seu volume (v): d = __
gases nobres). v

29
Variação da densidade: Considerando que a escala no eixo das abscissas não co-
meça necessariamente do zero, os números atômicos dos
elementos A, B e C só podem ser, respectivamente:
a) A = 1; B = 9; C = 10.
b) A = 11; B = 18; C = 19.
c) A = 10; B = 19; C = 20.
Observe que os elementos mais densos situam-se no cen- d) A = 12; B = 17; C = 18.
tro e na parte inferior da Tabela Periódica. e) A = 2; B = 10; C = 11.
3
Exemplos: ósmio (d = 22,5 g/cm ) e irídio Resolução:
(d = 22,4 g/cm3).
Na sequência de oito elementos que vai de A até B, a ener-
2. Volume atômico:
gia de ionização, de modo geral, aumenta com o aumento
do número atômico. Isso indica que esses oito elementos
Volume atômico de um elemento é o volume
pertencem a um mesmo período da Tabela Periódica. Além
ocupado por 1 mol (6,02 ∙ 1023) de seus átomos
disso, a súbita redução da energia de ionização ao passar
no estado sólido.
de B para C indica uma mudança de período.
Os oito elementos de A até B devem pertencer, portanto,
Note que o volume atômico não é o volume de um átomo,
ao segundo ou ao terceiro período da tabela (períodos que
mas o volume de um conjunto de 6,02 ∙ 1023 átomos. Em con-
têm apenas oito elementos), com A sendo alcalino do pe-
sequência, no volume atômico influi não apenas o volume de
ríodo seguinte.
cada átomo como também o espaçamento existente entre eles.
Dessa forma, tem-se as seguintes possibilidades:
massa de 6,02 · 1023 átomos do elemento
V = _______________________________
densidade da substância simples 1.ª possibilidade: A é o lítio (Z = 3), B é o neônio (Z =
10) e C é o sódio (Z = 11).
ƒ Variação do volume atômico:
2.ª possibilidade: A é o sódio (Z = 11), B é o argônio (Z
= 18) e C é o potássio (Z = 19).
Dentre essas alternativas do teste, a única possível é a b,
que corresponde à segunda possibilidade.
Alternativa B

Observe que, na família, a variação do volume atômico é


semelhante à do raio atômico; nos períodos, à esquerda da
linha tracejada, o aumento do volume atômico acompanha
o do raio atômico; à direita da linha tracejada, a variação é
oposta, pois, nos elementos situados nessa região (principal-
mente os não metais), o espaçamento entre os átomos é
relativamente grande.
multimídia: livro

Aplicação do conteúdo Para Que Servem os Elementos Químicos


1. O gráfico a seguir mostra a variação do potencial de Essa obra reúne informações úteis relacionadas com as origens
ionização (eixo das ordenadas) em função do número principais das propriedades, aplicações diversas e usos mais
atômico (eixo das abscissas). comuns dos elementos químicos reconhecidos pela IUPAC.
Destinada ao público em geral, a obra foi elaborada de modo
claro e objetivo, podendo ser consultada independentemente
da formação cientíca, técnica ou cultural do leitor. Por suas
características, o livro pode ser recomendado para a contextu-
alização do ensino de Química e áreas afins, de modo a aten-
der à filosofia de ação didática preconizada pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais.

30
2. A tabela apresenta os valores para duas propriedades atômicas (X e Y) em função do número atômico (Z):

Número
3 4 5 6 7 8 9
Atômico (Z)
x 157 112 88 77 74 66 64
y 1,0 1,6 2,0 2,6 3,0 3,4 4,0

As propriedades X e Y são, respectivamente:


a) Eletronegatividade e volume atômico.
b) Primeira energia de ionização e afinidade eletrônica.
c) Raio atômico e volume atômico.
d) Eletronegatividade e primeira energia de ionização.
e) Raio atômico e eletronegatividade.
Resolução:

A propriedade X pode corresponder ao raio atômico, pois, com o aumento do número atômico (número de prótons), obser-
va-se diminuição nos valores dessa propriedade.
A propriedade Y pode corresponder à eletronegatividade, pois os valores aumentam com a elevação do número atômico.
Alternativa E

VIVENCIANDO

O flúor é muito utilizado em pastas de dente para proteger de forma mais eficiente os dentes contra cáries, e isso tem um
motivo muito lógico. Os dentes são protegidos por um esmalte que é basicamente constituído por um mineral denomi-
nado hidroxiapatita. A hidroxiapatita é formada por fosfato de cálcio cristalino Ca10(PO4)6(OH)2 e representa um depósito
de 99% do cálcio corporal e 80% do fósforo total. Esse mineral, muito pouco solúvel, dissolve-se em ácido, pois tanto o
P quanto o OH– reagem com H+:
Ca10(PO4)6(OH)2 + 20HCℓ o 10CaCℓ2 + 6H3PO4 + 2H2O
As bactérias que causam a deterioração aderem aos dentes e produzem ácido lático por meio do metabolismo
de açúcar. O ácido lático diminui o pH na superfície dos dentes para menos de 5. Num pH inferior a 5,5, a hidro-
xiapatita começa a dissolver e ocorre a deterioração dos dentes. O íon fluoreto inibe a deterioração dos dentes,
formando apatita fluoretada, Ca10(PO4)6F2, que é menos solúvel e mais resistente a ácidos do que a hidroxiapatita.

31
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Há vários tipos de componentes que são capazes de conduzir energia elétrica. No entanto, do ponto de vista comercial,
dois são os principais: alumínio e cobre. O cobre é mais caro e, comparativamente, mais pesado do que o alumínio. Então
por que usar cobre?
Basicamente, o tipo de condutor que se aplica melhor às condições impostas é o usado. Peso, custo, aquecimento
e capacidade de condução elétrica são alguns dos fatores físicos e químicos que são levados em consideração na
escolha. Dessa maneira, os condutores de alumínio são mais usados em grandes redes de transmissão, e o cobre, em
instalações domésticas, por exemplo.
Comparativamente, o alumínio já chegou a ser oito vezes mais barato do que um equivalente de cobre. Além dis-
so, o condutor de alumínio tem metade do peso do seu correspondente de cobre. A terceira maior vantagem
desses condutores é resistir melhor à deformação. Todas essas características reduzem os custos do uso desse material em
grandes transmissões, pois as torres podem ser menos robustas e o espaçamento entre elas pode ser maior.
O cobre, por sua vez, possui maior resistência aos fatores externos, como oxidação e corrosão galvânica. Essas ca-
racterísticas reduzem o risco de superaquecimento das fiações. Além disso, o cobre é mais maleável que o alumínio,
favorecendo o uso para aplicações e instalações em que fios flexíveis são necessários ou desejáveis. Outro ponto é o
fato de que a maioria das estruturas existentes já são de cobre, e as conexões cobre-cobre são muito mais confiáveis
que alumínio-cobre.Por fim, a legislação brasileira, por meio da ABNT NBR 5410, impõe restrições legais ao uso de
alumínio em locais com uma ocupação muito densa ou onde o acesso é um pouco mais difícil. Por isso, em hospitais
e hotéis, por exemplo, é proibido usar alumínio.

Cobre – Alumínio
ƒ Resistividade elétrica:
17,241 Ω · mm²/km – 28,264 Ω · mm²/km
ƒ Densidade: 8,89 g/cm³ – 2,703 g/cm³
ƒ Peso (densidade × resistividade):
(17,241 ∙ 8,89) – (28,264 ∙ 2,703)
ƒ Massa atômica: 63,6 u.a. – 27 u.a.
ƒ Preço (tonelada): US$ 5.800 – US$ 1.800

32
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 30
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a
implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente.

Atualmente há uma preocupação internacional relacionada aos recursos encontrados. Muitos elemen-
tos são, de forma geral, tão eficientes quantos os recursos que estão aos poucos sendo exauridos.
Por causa disso, é importante encontrar meios alternativos para a obtenção desses elementos com
técnicas diferenciadas e baratas, a fim de garantir um melhor aproveitamento dos recursos que a Terra
pode conceder.

MODELO 1
(Enem) No ar que respiramos existem os chamados “gases inertes”. Trazem curiosos nomes gregos, que sig-
nificam “o Novo”, “o Oculto”, “o Inativo”. E de fato são de tal modo inertes, tão satisfeitos em sua condição,
que não interferem em nenhuma reação química, não se combinam com nenhum outro elemento e justamente
por esse motivo ficaram sem ser observados durante séculos: só em 1962 um químico, depois de longos e en-
genhosos esforços, conseguiu forçar “o Estrangeiro” (o xenônio) a combinar-se fugazmente com o flúor ávido
e vivaz, e a façanha pareceu tão extraordinária que lhe foi conferido o Prêmio Nobel.
LEVI, P. A TABELA PERIÓDICA. RIO DE JANEIRO: RELUME-DUMARÁ,1994 (ADAPTADO).

Qual propriedade do flúor justifica sua escolha como reagente para o processo mencionado?
a) Densidade.
b) Condutância.
c) Eletronegatividade.
d) Estabilidade nuclear.
e) Temperatura de ebulição.

ANÁLISE EXPOSITIVA

De acordo com o texto, foi somente em 1962 que um químico, depois de longos e engenhosos esforços, conseguiu
forçar “o Estrangeiro” (o xenônio) a combinar-se fugazmente com o flúor ávido e vivaz, e a façanha pareceu tão
extraordinária que lhe foi conferido o Prêmio Nobel. Essa informação descreve a elevada eletronegatividade do flúor,
capaz de formar XeF4.

RESPOSTA Alternativa C

33
DIAGRAMA DE IDEIAS

MENOR PRIMEIROS
MENOR
NÚMERO DE PERÍODOS
RAIO ATÔMICO
CAMADAS DA TABELA

MENOR
MAIOR INTERAÇÃO
ELETROPO-
NÚCLEO-ELÉTRON
SITIVIDADE

MAIOR MAIOR MAIOR


ELETRONE- ENERGIA DE AFINIDADE
GATIVIDADE IONIZAÇÃO ELETRÔNICA

34
QUÍMICA GERAL

35
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

É uma prova totalmente conceitual, onde


são abordados os assuntos dessa frente É necessário um bom entendimento das
e de outras ao mesmo tempo. Algo muito mudanças de estado físico e como elas se
comum são as diversas perguntas que mui- comportam.
tas vezes são feitas em uma questão. O
uso do cotidiano é um artifício
muito utilizado.

O tema de mudanças de estado físico e suas O tema de mudanças de estado e Os temas se relacionam todos entre si, com
características são cobradas de maneira bem propriedades físicas são importantes para grande ênfase nos estudos das propriedades
conceitual e interpretativa. o melhor entendimento, no momento de físicas e suas mudanças de estado.
resolver as questões.

Temas como mudança de estado físico e os Os assuntos abordados nesta frente se Entender as mudanças de estado físico e Entender as mudanças de estado físico e
diagramas são assuntos que sempre incorpo- relacionam todos entre si, com grande ênfase suas propriedades é necessário para a melhor suas propriedades auxiliam na resolução e
ram questões mais embasadas. nos estudos das propriedades físicas e suas interpretação de diversas questões cobradas. entendimento de diversas questões.
mudanças de estado.

UFMG

Cobrados de maneira bem conceitual e O tema sobre mudanças de estados físicos são É necessário um bom entendimento das
interpretativa, o tema de mudanças de estado os mais cobrados nesta frente, podendo ser mudanças de estado físico e como elas se
físico e suas características são bastante abordado em diferentes tipos de questão. comportam, para resolver a maioria das
recorrentes. questões.

Nesta frente, os temas de propriedades físicas Os assuntos sobre diagrama de mudança Os temas assuntos de diagrama de mudan-
e as características das mudanças de estado de estado e as propriedades físicas caem de ça de estado e propriedades físicas são os
são cobradas para melhor entendimento das maneira que se tornam necessários para a mais recorrentes e abordados de tal manei-
informações dadas. resolução de diversas questões. ra que são necessários para a resolução
das diversas questões.
1.1. Sólido
AULAS 1 e 2
No estado sólido, as partículas da matéria estão em agita-
ção térmica mínima. É o estado com mais átomos concen-
trados em um mesmo espaço físico (volume). A sua forma
e seu volume são fixos.
Uma bola de boliche, por exemplo, pode ser colocada em
PROPRIEDADES qualquer tipo de recipiente e não assumirá a forma do reci-
DA MATÉRIA piente. Seu volume também não sofrerá alteração.

COMPETÊNCIAS: 1, 2, 3, 5, 6 e 7

HABILIDADES: 4, 7, 8, 9, 17, 21 e 24

1.2. Líquido
No estado líquido, as partículas apresentam maior agita-
1. Estados físicos da matéria ção térmica e estão um pouco mais dispersas. Nesse es-
tado, as substâncias possuem volume fixo, porém a sua
Estados físicos da matéria, estados de agregação forma pode variar.
ou fases são as diferentes formas como a matéria pode se
A água líquida, por exemplo, tem volume fixo, mas assume
apresentar. Forma e volume são alguns fatores que distin-
a forma do recipiente que a contém.
guem cada um dos estados físicos. O estado sólido apresen-
ta forma e volume constante; o líquido possui forma variável
e volume constante; e o gasoso, forma e volume variáveis.
As partículas que formam a matéria não apresentam li-
berdade de movimento no estado sólido, ocorrendo ape-
nas movimentos vibracionais, além de, nesse estado, a
matéria possuir maior densidade. No estado líquido, as
partículas apresentam liberdade de movimento, porém
não estão completamente livres. Por fim, na fase gasosa,
as partículas apresentam ampla liberdade de movimento,
além de a matéria possuir menor densidade.
As substâncias podem sofrer alterações em seu estado fí-
sico quando alguns fatores são alterados, como a tempe- 1.3. Gasoso
ratura e a pressão. O estado gasoso é o estado de maior agitação térmica.
Nele, as partículas estão muito afastadas, dispersas no
espaço. Substâncias no estado gasoso possuem forma e
volume variáveis.
O ar atmosférico, por exemplo, não possui forma e nem
volume fixos, adaptando-se ao recipiente (ou espaço)
que o contém.
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Estados Físicos da Matéria - Completo - LENAQ

37
1.4. Plasma Ocorre na temperatura de ebulição da
substância. É rápida, visível, turbulenta
Plasma é o quarto estado da matéria e ocorre geralmente Ebulição
e, normalmente, demanda o aqueci-
em condições de altíssimas temperaturas, como no Sol. Lá, mento do líquido.
os átomos de hélio estão a uma temperatura e pressão
Ocorre quando o líquido entra em con-
muito elevadas, o que faz com que os elétrons se despren- tato com superfícies muito quentes, a
dam de seus átomos. Calefação
temperaturas acima do seu ponto de
ebulição. É instantânea e violenta.

Lembre-se! As mudanças de estado podem ser representadas por


O que caracteriza e define um estado físico da ma- equações químicas.
téria são as forças atuantes em seu interior: a coe-
são, que aproxima as partículas, e a repulsão, que Exemplos
as afasta. Quando a força de coesão supera a de
Chumbo sólido passando para o
repulsão, a substância se apresenta na fase de agre- Pb(s) o Pb(")
estado líquido – fusão.
gação chamada de estado sólido; quando as forças
Água líquida passando para água
apresentam a mesma intensidade, ocorre o estado H2O(") o H2O(s)
sólida (gelo) – solidificação.
líquido; quando a força de repulsão supera a de coe-
Dióxido de carbono sólido (“gelo
são, ocorre o estado gasoso. CO2(s) o CO2(g) seco”) passando diretamente para o
estado gasoso – sublimação.

Nitrogênio gasoso passando para


N2 (g) o N2 (")
nitrogênio líquido – liquefação.
2. Mudanças de estado físico
A figura a seguir mostra as mudanças de estado da maté-
ria, também conhecidas como mudanças de fase ou mu- 3. Temperaturas de
danças de estado de agregação: mudança de estado
Exotérmico: cede calor
3.1. Pontos de fusão (PF)
Gasoso e de ebulição (PE)
A temperatura na qual uma substância passa do estado só-
lido para o estado líquido é denominada ponto de fusão
(temperatura de fusão). A temperatura na qual uma subs-
tância passa do estado líquido para o estado gasoso a uma
determinada pressão é denominada ponto de ebulição
(temperatura de ebulição).
ão

Va

po
im

A água pura passa do estado sólido para o estado lí-


riz
Co liqu
bl

ão

nd efa


Su

(
en çã

ão

quido, sob pressão de 1 atm, à temperatura de 0 ºC.


im

sa o)
bl

çã
Su

Assim, o ponto de fusão da água pura é 0 ºC. Já


Fusão essa água pura passa do estado líquido para o estado
gasoso, sob a mesma pressão, à temperatura de 100 ºC.
Solidificação
Sólido Líquido
Dessa forma, afirma-se que o ponto de ebulição da
água pura é 100 ºC.
O fator característico para uma substância ser pura é ter
Endotérmico: recebe calor
o ponto de fusão constante a uma determinada pressão.
Dessa forma, sua determinação constitui um dos métodos
A vaporização pode ocorrer de três formas:
pelo qual se pode calcular o grau de pureza dessa subs-
tância. A partir daí, se forem identificadas variações de
Ocorre naturalmente num líquido a
temperaturas inferiores ao ponto de temperatura superiores a 1 ºC, essa substância não é mais
Evaporação ebulição. considerada pura.
É lenta, praticamente imperceptível e O ponto de ebulição não tem a mesma importância para de-
superficial.
terminar a pureza de uma substância. Entretanto, do mesmo

38
modo que no ponto de fusão, quando se determina o ponto mas, quando você não o pode exprimir em números, seu
de ebulição de uma substância pura, não é admissível que conhecimento é pobre e insatisfatório”.
surjam variações superiores a 1 °C na temperatura. Caso isso
Dessa comparação surge o conceito de densidade, enten-
ocorra, é possível concluir que se trata de uma mistura.
dida como a quantidade de matéria (em massa) que ocupa
um determinado espaço (volume), uma propriedade espe-
3.2. Previsão do estado cífica para cada material. Matematicamente:
físico de um material
Considere uma tabela com cinco substâncias desconhecidas. Densidade é o quociente da massa pelo volume do
material (a uma dada temperatura).
Ponto de Ponto de
Substância
fusão (ºC) ebulição (ºC)
A –16 80
Essa definição é representada pela seguinte fórmula:
B 50 80
C –12 48
D –100 16 massa Ÿ d = __
m
d = ______ v
E 25 55 volume

Qual o estado físico das substâncias a 20 ºC?


Para sólidos e líquidos, a densidade geralmente é expressa
Associando a temperatura ao eixo x (abscissas) e colocan- em grama por centímetro cúbico (g/cm3 ou g · cm–3)
do-se os valores de PF e PE, temos: ou grama por mililitro (g/mL ou g · mL–1). Para gases,
costuma ser expressa em gramas por litro (g/L ou g · L–1).
PONTO DE PONTO DE
FUSÃO EBULIÇÃO
TEMPERATURA (ºC)
SÓLIDO LÍQUIDO GASOSO

Analisando cada substância:


ƒ Substância A: abaixo de –16 ºC é sólida. Acima de 80 ºC
é gasosa. Assim, a 20 ºC, ela é líquida.
ƒ Substância B: abaixo de 50 ºC é sólida. Acima de 80 ºC
ela é gasosa. Assim, a 20 ºC, ela é sólida.
ƒ Substância C: abaixo de –12 ºC é sólida. Acima de 48 ºC
ela é gasosa. Assim, a 20 ºC, ela é líquida.
ƒ Substância D: abaixo de –100 ºC é sólida. Acima de
16 ºC é gasosa. Assim, a 20 ºC, ela é gasosa.
ƒ Substância E: abaixo de 25 ºC é sólida. Acima de 55 ºC
é gasosa. Assim, a 20 ºC, ela é sólida. O gelo flutua sobre a água do mar porque a densidade do
gelo (0,92 g/cm3) é menor do que a densidade da água do
mar (1,03 g/cm3).
4. Densidade ou
massa específica Aplicação do conteúdo
Novas medições foram criadas ao longo do tempo devido
1. Para verificar se um objeto é de chumbo puro, um
às exigências cotidianas e às necessidades da ciência. É co- estudante realiza a seguinte experiência:
mum a afirmação, por exemplo, de que o chumbo “pesa”
a) Determina a sua massa (175,90 g).
mais do que a madeira. Ao se colocar na água 1 kg de b) Imerge-o totalmente em 50,0 mL (volume inicial)
chumbo e 1 kg de madeira, percebe-se que o chumbo de água contida numa proveta.
afunda, enquanto a madeira flutua. Contudo, tal compa- c) Lê o volume da mistura água + metal (65,5 mL =
ração só se torna justa e racional quando realizada entre volume final).
volumes iguais.
Com os dados obtidos, calcula a densidade do metal, com-
As medições são tão importantes na ciência que o cientista para-a com o valor registrado numa tabela de proprieda-
William Thomson (1824-1907) disse: “Afirmo muitas vezes des específicas de substâncias e conclui que se trata de
que, se você medir aquilo de que está falando e expressar chumbo puro. Qual o valor calculado para a densidade, em
em números, você conhece alguma coisa sobre o assunto; g/mL, à temperatura da experiência?

39
VIVENCIANDO

O combustível adulterado é, infelizmente, uma prática muito utilizada por muitos postos de combustíveis para que se tenha
menos gastos, mas é uma prática danosa para os motoristas. Esses componentes adicionados podem ser etanol à gasolina e
água ao álcool acima do permitido. Para se ter uma ideia, segundo a Portaria 678 de 31/08/2011, do Ministério de Estado da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a quantidade adicionada de álcool deve estar entre 20% e 25% em volume.
Se esse limite for ultrapassado, o resultado será que no motor de explosão interna haverá uma mistura “pobre” de
ar/combustível, levando a uma dirigibilidade menor, falhas de funcionamento do motor, diminuição do poder calorí-
fico da gasolina e perda de desempenho.
Além de etanol, pode-se adicionar também querosene, aguarrás, benzina industrial e até óleo diesel, por serem mais baratos
e perfeitamente miscíveis com a gasolina. Tais adições podem ser prejudiciais aos motoristas, levando a grandes prejuízos.
Para saber se a gasolina está com boa qualidade, pode ser feito um simples teste de densidade. Basta colocar 50 mL de
gasolina em uma proveta e adicionar 50 mL de solução de cloreto de sódio e misturar os dois sem agitar, apenas mistu-
rando por inversão e deixar em repouso por 15 minutos. A água irá retirar o álcool que estava misturado na gasolina, pois
o etanol possui uma parte polar e outra apolar, sendo que sua parte apolar é atraída pelas moléculas da gasolina, que
também são apolares, pela força de dipolo induzido. Mas a sua parte polar, caracterizada pela presença do grupo OH, é
atraída pelas moléculas de água, que também são polares, realizando ligações de hidrogênio, que são bem mais fortes que
as ligações do tipo dipolo induzido. Como a água é mais densa, ela ficará na parte inferior, e a gasolina, na parte superior.
Para sabermos então se a quantidade de etanol que tinha na gasolina estava dentro dos parâmetros estabelecidos
por lei, basta ver quanto de álcool foi retirado dela e ver quanto em porcentagem isso corresponde à amostra inicial.

Resolução: 2. A tabela abaixo apresenta os valores de algumas pro-


priedades físicas de 3 substâncias:

Temperatura Temperatura
sólido de Densidade
Substância de Fusão de Ebulição
formato irregular (g/cm3)
(ºC) (ºC)
Álcool –114,5 78,4 0,789
Acetona –94,8 56,2 0,791
volume Naftalina 80,2 218,5 1,145
água
inicial

Analisando-se os dados contidos na tabela, é correto


afirmar que:
a) A acetona evapora mais dificilmente que o álcool.
volume b) As três substâncias encontram-se no estado líquido
final
a 60 °C.
volume do sólido = Vfinal - Vinicial
c) À pressão normal (1 atm), 1kg de água entraria em
volume
inicial ebulição com maior dificuldade que 1kg de álcool.
d) A densidade é a propriedade mais adequada para
distinguir o álcool da acetona.
e) A naftalina, a temperatura ambiente, ficaria boian-
Cálculo do volume do sólido:
do na superfície da água.
V = Vf – Vi = (65,5 – 50,0) = 15,5 mL (esse foi o
Resolução:
volume de água deslocado).
a) Incorreta. De acordo com a tabela, acetona evapora
175,9 g
m Ÿ d = _______
Então, d = __
v Ÿ d = 11,3 g/mL a 56,2 °C, enquanto o álcool evapora a 78,4 °C; Assim,
15,5 mL a acetona evapora mais facilmente do que o álcool.

40
b) Incorreta. A 60 °C, o álcool se encontra no es- d) Incorreta. De acordo com a tabela, a densidade do
tado líquido; a acetona, no gasoso; e a naftalina, álcool e da acetona são muito próximas, não sendo
no sólido. muito adequado para distinguir entre si.
c) Correta. Usando mesma quantidade das substân- e) Incorreta. A densidade da água à temperatura am-
cias (água e álcool), a água entra em ebulição a 100 biente é de 1,00 g/cm3, sendo a densidade da naf-
°C, enquanto o álcool entra em ebulição a 78,4 °C, talina maior. Assim, a naftalina vai afundar na água.
ambas à pressão de 1 atm. Alternativa C

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A densidade é uma propriedade fundamental para a química. Ela serve para indicar o
porquê de os objetos afundarem ou flutuarem quando estão sob a água ou qualquer outro
líquido. O que tem de se levar em conta quando se trata de densidade não é simplesmente
a massa de certo material, mas a sua distribuição de massa pela quantidade total de volu-
me. Isso leva a uma assimilação matemática em que certos tipos de material têm uma certa
quantidade de massa para certa quantidade de volume. Se os compostos forem imiscíveis,
é possível obter uma coluna de densidade muito bonita para analisar como as diferentes
substâncias têm diferentes densidades. Observe a imagem:

3. (Enem) O controle de qualidade é uma exigência da A respeito das amostras ou do densímetro, pode-se afirmar que:
sociedade moderna na qual os bens de consumo são a) a densidade da bola escura deve ser igual a
produzidos em escala industrial. Nesse controle de qua- 0,811 g/cm3.
lidade, são determinados parâmetros que permitem b) a amostra 1 possui densidade menor do que
checar a qualidade de cada produto. O álcool combustí- a permitida.
vel é um produto de amplo consumo muito adulterado, c) a bola clara tem densidade igual à densidade da
pois recebe adição de outros materiais para aumentar bola escura.
a margem de lucro de quem o comercializa. De acor- d) a amostra que está dentro do padrão estabelecido
do com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o álco- é a de número 2.
ol combustível deve ter densidade entre 0,805 g/cm3
e) o sistema poderia ser feito com uma única bola de
e 0,811 g/cm3. Em algumas bombas de combustível, a densidade entre 0,805 g/cm3 e 0,811 g/cm3.
densidade do álcool pode ser verificada por meio de um
densímetro similar ao desenhado abaixo, que consiste Resolução:
em duas bolas com valores de densidade diferentes e
verifica quando o álcool está fora da faixa permitida. A densidade do álcool combustível deve ser entre 0,805 g/
Na imagem, são apresentadas situações distintas para cm3 e 0,811 g/cm3. Na imagem, as duas bolas no combus-
três amostras de álcool combustível. tível da amostra 1 estão flutuando, indicando que a densi-
dade do combustível é maior do que a densidade das duas
bolas. Assim, a densidade do combustível 1 está acima de
0,811 g/cm3, ou seja, está fora do permitido.
Na amostra 3, ocorre o oposto da amostra 1, pois as duas
bolas estão afundadas, indicando que a densidade das
duas bolas é maior do que a do combustível. Assim, a den-
sidade do combustível 3 está abaixo de 0,805 g/cm3, ou
seja, está fora do permitido.
Na amostra 2, ocorre a situação intermediária às amos-
tras 1 e 3, sendo que a bola escura flutua e a bola clara
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 afunda. Isso indica que a densidade do álcool combustível

41
está entre 0,805 g/cm3 e 0,811 g/cm3, estando dentro do posições nas três amostras (posição determinada de
permitido. Ao mesmo tempo, é possível concluir que a bola acordo com a densidade da amostra), e isso não ocorre.
preta tem densidade de 0,805 g/cm3 (menos densa), e a d) Correta. As bolinhas possuem densidades diferentes,
sendo assim elas devem ocupar posições distintas den-
bola clara tem densidade 0,811 g/cm3 (mais densa).
tro da amostra, o que pode se verificar na amostra 2.
A partir dessas conclusões, as alternativas estão: e) Incorreta. Como o combustível considerado per-
a) Incorreta. A densidade da bola escura não pode as- mitido está dentro de uma faixa de valores, há uma
sumir esse valor, senão a adulteração não seria notada. necessidade de usar, no mínimo, duas bolas de densi-
b) Incorreta. A amostra 1 possui densidade maior do dades diferentes para verificar se o combustível está
que a permitida, de acordo com as posições das bolas. ou não fora do permitido.
c) Incorreta. Se considerarmos que as bolinhas possuam Alternativa D
a mesma densidade, elas deveriam ocupar as mesmas

ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 7
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em
vista a defesa do consumidor, a saúde do trabalhador ou a qualidade de vida.

Muitas vezes é necessário realizar a fiscalização de postos de gasolina para conferir se não há adulteração do
combustível. Essa adulteração é feita por meio da adição de muita água.
Para verificar se a adulteração procede, é realizado o teste de densidade, propriedade físico-química importan-
tíssima para análises laboratoriais.

MODELO 1
(Enem) Ainda hoje, é muito comum as pessoas utilizarem vasilhames de barro (moringas ou potes de cerâmica
não esmaltada) para conservar água a uma temperatura menor do que a do ambiente. Isso ocorre porque
a) O barro isola a água do ambiente, mantendo-a sempre a uma temperatura menor que a dele, como se
fosse isopor.
b) O barro tem poder de “gelar” a água pela sua composição química. Na reação, a água perde calor.
c) O barro é poroso, permitindo que a água passe através dele. Parte dessa água evapora, tomando calor da
moringa e do restante da água, que são assim resfriadas.
d) O barro é poroso, permitindo que a água se deposite na parte de fora da moringa. A água de fora sempre
está a uma temperatura maior que a de dentro.
e) A moringa é uma espécie de geladeira natural, liberando substâncias higroscópicas que diminuem natu-
ralmente a temperatura da água.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Na questão é necessário o domínio das mudanças de estado da matéria, relacionando-o com o cotidiano. Trata-se
de uma ferramenta muito utilizada pelo Enem nos últimos vestibulares.
O barro é poroso, permitindo que a água passe através dele. Parte dessa água evapora (H20(ℓ) + calor o H20(v)),
absorvendo calor da moringa e do restante da água, que são assim resfriadas.

RESPOSTA Alternativa C

42
DIAGRAMA DE IDEIAS

PROCESSO ENDOTÉRMICO ENERGIA CINÉTICA


DAS MOLÉCULAS
TEMPERATURA

ENERGIA CINÉTICA
PROCESSO EXOTÉRMICO DAS MOLÉCULAS
TEMPERATURA

S U B L I MA ÇÃ O

FUSÃO EVAPORAÇÃO
SÓLIDO LÍQUIDO GASOSO
SOLIDIFICAÇÃO CONDENSAÇÃO

S U B L I MA ÇÃ O

43
Observe que, durante o aquecimento, a água sofre fusão a
AULAS 3 e 4 0 ºC e entra em ebulição a 100 ºC.
Outra experiência que pode ser realizada em um labora-
tório equipado é acompanhar a temperatura e o tempo
transcorrido durante o resfriamento de uma amostra de
água, partindo do estado gasoso (a 120 °C) até o estado
DIAGRAMAS DE sólido (a –40 °C). O gráfico que representa a temperatura
dessa amostra em função do tempo no resfriamento é cha-
MUDANÇAS DE ESTADOS mado de curva de resfriamento da água:

COMPETÊNCIAS: 1, 4, 5 e 7

HABILIDADES: 3, 15, 17, 18 e 27

Observe que, durante o resfriamento, a água condensa a


1. Diagramas de 100 ºC e torna-se sólida a 0 ºC.

mudanças de estados Atenção!


As mudanças de estado podem ser representadas por grá- A temperatura na qual uma substância pura sofre solidifica-
ficos denominados diagramas de mudança de estado ou ção (ponto de congelamento) é igual à temperatura na qual
curvas de aquecimento e/ou resfriamento. Esses gráficos ela sofre fusão. A temperatura na qual uma substância pura
mostram as mudanças de estado físico e a variação de sofre condensação/liquefação é igual à temperatura na qual ela
temperatura dos materiais quando aquecidos ou resfriados. sofre ebulição.

Quando uma amostra é aquecida, é possível medir a sua


temperatura e o tempo transcorrido durante o experimento.
A partir desses dados, pode-se elaborar o gráfico de tem-
peratura da amostra × tempo transcorrido no aquecimento.
Veja alguns exemplos:
Considere uma amostra de água sólida a –40 ºC que é
aquecida até chegar ao estado gasoso (a 120 °C). É pos-
sível registrar, ao longo do experimento, a temperatura e o multimídia: vídeo
tempo transcorrido desde o início. FONTE: YOUTUBE
A partir desses dados, pode-se elaborar um gráfico de tem- Como fazer gelo instantâneo sem química
peratura da amostra de água em função do tempo trans-
corrido no aquecimento. Esse gráfico é conhecido como
curva de aquecimento da água e é representado por: 2. Substância pura e mistura
Os diagramas de estado são muito úteis, pois permitem
identificar imediatamente a natureza de um sistema (por-
ção de matéria em análise).
Substâncias puras são sistemas formados literalmente
por um único tipo de substância. Exemplos: água destilada;
ferro puro; gás oxigênio.
Misturas são sistemas formados por, no mínimo, duas subs-
tâncias. Exemplos: água e sal; água e álcool; ar atmosférico.

44
Para representar substâncias puras ou misturas, os dia-
gramas de mudança de estado apresentam configurações Lembre-se: somente substâncias puras apresentam PF
bastante características. e PE definidos (constantes).

Outra experiência que pode ser realizada é acompanhar a


2.1. Substâncias puras
temperatura e o tempo transcorrido durante o resfriamento
Apresentam dois patamares: trechos horizontais que corres- de uma amostra. Dessa maneira é obtida a curva de resfria-
pondem ao ponto de fusão e ao ponto de ebulição constantes. mento do material:
Considere o exemplo da água (PF = 0 °C e PE = 100 °C ao
nível do mar, onde a pressão atmosférica é igual a 1 atm).

É possível perceber que a curva de resfriamento é inversa


à curva de aquecimento.

VIVENCIANDO
É muito comum ver em praias e festas as pessoas colocando sal em seus coolers com bebidas. Mas você sabe por
que as pessoas fazem isso?
A água tem uma temperatura de fusão em aproximadamente 0 °C, e a temperatura da água só começa a baixar a
partir do momento em que toda água vira sólido, caso contrário ela ficará em 0 °C sempre. Porém, ao adicionarmos
sal na água, seu ponto de fusão e de ebulição mudam. A sua temperatura de fusão abaixa. Assim, se você colocar
suas bebidas num recipiente onde a temperatura está abaixo de zero, será muito mais eficiente.
A mistura água + sal permite que as bebidas sejam resfriadas mais rapidamente, pois seu diagrama de fase agora
não é uma temperatura constante nos pontos de ebulição e de fusão, mas pode variar conforme o tempo.

2.2. Misturas (homogêneas)


Não apresentam patamares, mas trechos inclinados que indicam a variação da temperatura durante as duas mudanças de
estado. Assim, misturas (homogêneas) não possuem ponto de fusão nem ponto de ebulição definidos e sim uma faixa de tem-
peratura na qual ocorre a mudança de fase.
Considere o exemplo de uma solução aquosa de NaCℓ:

45
Lembre-se: misturas comuns não apresentam PF e nem
PE definidos, isto é, a temperatura varia durante a mu-
dança de estado.

2.3. Misturas especiais


Existem misturas que demonstram um comportamento
bastante particular em relação às temperaturas de mudan-
ça de estado. São as misturas eutética e azeotrópica.
A análise do gráfico permite concluir que todas as alterna-
ƒ A mistura eutética comporta-se, durante a fusão, como tivas estão corretas, EXCETO:
se fosse uma substância pura. Ela possui ponto de fusão a) A mudança de estado ocorreu durante 10 minutos.
constante, mas a sua temperatura de ebulição varia. b) O sistema libera calor durante o resfriamento.
c) A temperatura em que ocorre a mudança do estado
da substância é 35 °C.
d) A temperatura da substância caiu 5 °C/min até o
início da mudança de estado físico.
e) A substância se apresentava nos dois estados físicos
entre 5 e 15 minutos
Resolução:
a) Correta. O tempo que permaneceu constante (mu-
dou de estado) foi de 10 minutos.
b) Correta. O processo de resfriamento ocorre com
liberação de calor.
c) Correta. A temperatura que permaneceu constante
(mudou de estado) foi de 35 °C.
ƒ A mistura azeotrópica comporta-se, durante a ebu-
d) Incorreta. A média de decaimento da temperatura
lição, como se fosse uma substância pura. Ela apresen- foi de 50 – 35/5 – 0 = 3 ºC/min.
ta ponto de ebulição constante, mas a sua temperatura e) Correta. Durante a mudança de estado físico, estão
de fusão é variável. presentes os dois estados físicos (sólido + líquido ou
líquido + gás).
Exemplo: Mistura de álcool etílico (96%) e água (4%),
Alternativa D
que sofre ebulição (ferve) a 78,1 ºC.
2. O quadro abaixo apresenta a variação de temperatu-
ra durante a fusão e a ebulição dos materiais X, Y, Z e T.

Material PF PE
X Constante Constante
Y Varia Varia
PE = 78,1 Z Constante Varia
T Varia Constante

Observando o quadro, é possível afirmar que X, Y, Z e T são


respectivamente:
a) substância pura, mistura homogênea, mistura eu-
tética, mistura azeotrópica;
b) mistura homogênea, substância pura, mistura eu-
tética, mistura azeotrópica;
c) mistura homogênea, substância pura, mistura aze-
Aplicação do conteúdo otrópica, mistura eutética;
d) substância pura, mistura homogênea, mistura aze-
1. Uma substância foi resfriada no ar atmosférico. Du- otrópica, mistura eutética;
rante o processo, foram feitas medidas de tempo e tem- e) mistura eutética, mistura azeotrópica, mistura ho-
peratura que permitiram construir este gráfico: mogênea, substância pura.

46
Resolução:
Conforme o quadro, é possível classificar o material em substância pura ou mistura:
X – Substância pura.
Y – Mistura homogênea.
Z – Mistura eutética.
T – Mistura azeotrópica.
Alternativa A

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A fase na qual uma substância se apresenta depende das condições de pressão e temperatura. Assim, para cada
substância, afirma-se que existem pares de valores dessas duas variáveis que correspondem à fase sólida, pares que
correspondem à fase líquida e pares que correspondem à fase gasosa.
Algumas substâncias ditas anômalas fogem da regra de que, quanto maior for a pressão, maior será a temperatura
de mudança de fase. No caso dessas substâncias, quanto maior for a pressão sobre elas, mais baixa será a tempera-
tura de fusão. Dessa forma, o diagrama de fases da água é representado da seguinte maneira:

É possível observar no diagrama que, quando a pressão é 1 atmosfera, a fusão do gelo ocorre a uma temperatura
de 0 ºC. No entanto, quando a pressão exercida é de 8 atmosferas, o gelo se funde a uma temperatura mais baixa,
cerca de –0,06 ºC.
Se você observar o diagrama da água e compará-lo com o de outra substância, perceberá que a linha delimitadora
entre as fases sólida e líquida apresenta uma inclinação para a esquerda.
A inclinação quer dizer que é possível fundir a água por meio de um simples aumento de pressão.
De acordo com a Física, a pressão nada mais é do que a força aplicada dividida pela superfície da área de contato.
Um exemplo claro de como a Física e a Química trabalham juntas são os patinadores de gelo. Como os patins são
muito finos, sua superfície é muito pequena e o seu peso é grande, a pressão exercida pela lâmina quando os patins
deslizam na superfície faz o gelo derreter. Na realidade, os patins deslizam sobre uma fina película de água líquida,
e não sobre a água sólida.

47
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 7
Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo
ou em diferentes culturas.

A interpretação científica de teorias é de extrema importância para o progresso da sociedade contemporânea.


Com o passar do tempo, as teorias relacionadas às moléculas e aos átomos foram se diversificando e, com isso,
houve um desenvolvimento e uma consolidação da teoria sobre o que é a matéria.
Compreender as diferentes maneiras de como as substâncias passam de um estado físico da matéria para outro
é de extrema importância para a consolidação do conhecimento relacionado ao cotidiano. Essas mudanças
estão muito presentes no dia a dia, e situações-problema surgem com frequência apresentando temas como:
condensação e precipitação da chuva nas nuvens, processos de evaporação da água e derretimento das gelei-
ras devido ao efeito estufa.

MODELO 1
(Enem) Em nosso cotidiano, utilizamos as palavras “calor” e “temperatura” de forma diferente de como elas
são usadas no meio científico. Na linguagem corrente, calor é identificado como “algo quente” e temperatura
mede a “quantidade de calor de um corpo”. Esses significados, no entanto, não conseguem explicar diversas
situações que podem ser verificadas na prática.
Do ponto de vista científico, que situação prática mostra a limitação dos conceitos corriqueiros de calor e temperatura?
a) A temperatura da água pode ficar constante durante o tempo em que estiver fervendo.
b) Uma mãe coloca a mão na água da banheira do bebê para verificar a temperatura da água.
c) A chama de um fogão pode ser usada para aumentar a temperatura da água em uma panela.
d) A água quente que está em uma caneca é passada para outra caneca a fim de diminuir sua temperatura.
e) Um forno pode fornecer calor para uma vasilha de água que está em seu interior com menor temperatura
do que a dele.

ANÁLISE EXPOSITIVA
As referencias teóricas das mudanças de fase das substâncias são fundamentais para a resolução da questão. É de
extrema importância a padronização de experimentos e resultados para que se tenha uma noção do que acontece
com as substâncias durante as mudanças de fases.
Quando se aquece uma substância pura que estava inicialmente no estado sólido, a temperatura aumenta até atin-
gir o ponto de fusão (PF), em que começa a “derreter”; nesse ponto, a temperatura é constante.
Quando é alcançada a temperatura de ebulição, ou ponto de ebulição (PE), ocorre o mesmo: a temperatura perma-
nece constante. Isso acontece com qualquer substância pura. Veja a figura a seguir:

RESPOSTA Alternativa A

48
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIAS
MISTURAS
PURAS

PE E PF
EUTÉTICA AZEOTRÓPICA
CONSTANTES

PF CONSTANTE PE CONSTANTE

MISTURA “COMUM”

PF E PE
VARIÁVEIS

49
ƒ A formação dos materiais ocorre por meio de diferen-
AULAS 5 e 6 tes associações entre átomos iguais ou diferentes.
Essas associações formam os “átomos compostos”,
que hoje equivalem ao conceito de moléculas.
A hipótese de Dalton e o reconhecimento de que existem
diversos elementos químicos (átomos) diferentes na na-
tureza levam a uma pergunta muito importante: por que
SISTEMAS existe uma variedade tão grande de materiais na natureza?
Com efeito, os átomos, além de permanecerem isolados,
podem combinar-se de formas distintas, formando uma in-
finidade de agrupamentos diferentes que podem constituir
moléculas (“átomos compostos”) ou aglomerado de íons
(conceito que será explicado mais adiante).
COMPETÊNCIAS: 1, 2, 3, 5, 7 e 8

4, 7, 8, 17, 18, 24, 29


2. Conceitos fundamentais
HABILIDADES:
e 30
2.1. Átomo e elemento químico
Átomos são as partículas que formam a matéria. Ele-
mento, por sua vez, é um conjunto formado por átomos
1. Matéria iguais. Em outras palavras, é um conjunto de átomos com
o mesmo número atômico (Z).
Tudo o que tem massa e ocupa espaço é denominado
matéria. Em outras palavras, qualquer coisa que tenha
existência física ou real é matéria. Tudo o que existe no
universo conhecido manifesta-se como matéria ou energia.
A matéria pode ser líquida, sólida ou gasosa. São exemplos
de matéria: papel, madeira, ar, água, pedra, ferro, etc.
As primeiras ideias sobre a estrutura da matéria surgiram na
Grécia, por volta de 450 a.C., com os filósofos Demócrito e
Leucipo. Eles sugeriram que, dividindo-se sucessivamente uma
substância, chegaríamos a uma unidade indivisível, o átomo
(do grego “átomos”, que significa “não divisível”). Cada elemento químico possui um nome e um símbolo,
que é formado pela letra inicial (de forma e maiúscula) de
1.1. A teoria atômica de Dalton seu nome em latim ou grego. No caso de elementos com a
Mais de dois mil anos depois dos filósofos gregos, o cien- mesma inicial, é acrescentada uma segunda letra, minúscula.
tista inglês John Dalton (1766-1844), procurando justificar O símbolo é usado universalmente.
os resultados obtidos nos experimentos realizados por La- Atualmente existem 118 elementos químicos diferentes
voisier e Proust – que deram origem às leis ponderais –, que, combinados entre si, formam todos os materiais
propôs em 1803 sua teoria sobre a estrutura da matéria, encontrados.
denominada teoria atômica de Dalton:
Observe alguns exemplos a seguir:
ƒ Toda matéria é constituída por entidades extremamen-
Elemento Símbolo
te pequenas: os átomos.
Carbono C
ƒ Átomos iguais possuem propriedades iguais, inclusive
Hidrogênio H
a massa.
Sódio (Natrium) Na
ƒ Átomos diferentes possuem propriedades diferentes,
Prata (Argentum) Ag
inclusive a massa.
Chumbo (Plumbum) Pb
ƒ Átomos podem combinar-se entre si formando estruturas
Potássio (Kalium) K
quimicamente estáveis.

50
2.2. Molécula Exemplos: substância pura água (H2O); substância pura
gás oxigênio (O2).
Um agrupamento de átomos de um mesmo elemento ou
de elementos diferentes é denominado molécula (“áto-
mo composto” de Dalton), caracterizando, dessa forma,
uma substância. A substância pode ser representada
graficamente por uma fórmula molecular, que indica o Oxigênio
Água
número de átomos de cada elemento existente na molécu-
la da substância.
Por meio do modelo de Dalton, é possível compreender
Substância Fórmula
por que uma substância pura pode ser classificada como
água H2O simples ou composta.
álcool C2H6O 1. Substância (pura) simples – constituída por um úni-
açúcar (sacarose) C12H22O11 co elemento químico, isto é, um único tipo de átomo, inde-
pendentemente da sua quantidade.
ozônio O3
Exemplos: H2 (hidrogênio); O2 (oxigênio); Fe (ferro); S8
O número de átomos de cada elemento na molécula (enxofre), etc.
é indicado pelo índice (ou atomicidade). Os ín-
2. Substância (pura) composta ou composto – cons-
dices do hidrogênio e do oxigênio na molécula de
tituída por mais de um elemento químico, isto é, mais de
água são, respectivamente, 2 e 1 (o índice 1 sempre
um tipo de átomo.
é omitido). Isso demonstra que a molécula de água
é formada por 2 átomos de hidrogênio combinados Exemplos: H2O (água); CO2 (gás carbônico); C6H12O6 (gli-
com 1 átomo de oxigênio. cose), HCℓ (ácido clorídrico), etc.

3. Sistemas materiais
Uma porção de matéria é denominada sistema. Geralmente,
essa porção de matéria é isolada para análise ou estudo. Os
sistemas podem ser classificados de duas maneiras:
1. Quanto à constituição (composição) – substância
pura (ou simplesmente substância) ou mistura. multimídia: vídeo
2. Quanto ao aspecto visual (nem sempre confiável, caso FONTE: YOUTUBE
seja aplicada apenas a visão humana para análise) – ho- Concurso! - Torre de Líquidos
mogêneo ou heterogêneo.
É importante ressaltar que esses dois critérios não são mu-
tuamente excludentes; assim, é possível encontrar:
3.2. Mistura
ƒ substância pura com aspecto homogêneo (como água Mistura é a espécie de matéria constituída, literalmente,
pura líquida); pela mistura de duas ou mais substâncias puras.
ƒ substância pura com aspecto heterogêneo (como água As misturas têm composição química variável, ou seja, a
e gelo); proporção de cada uma das espécies que as compõem
é variável.
ƒ mistura homogênea (como água e sal de cozinha);
Algumas misturas são tão importantes que possuem
ƒ Mistura heterogênea (como água e óleo). nome próprio.

ƒ Gasolina – mistura de hidrocarbonetos, que são subs-


3.1. Substância pura tâncias formadas somente por hidrogênio e carbono.
(ou simplesmente substância) ƒ Ar atmosférico – mistura de 78% de nitrogênio,
Substância é a matéria constituída por moléculas quimica- 21% de oxigênio, 1% de argônio e outros gases, como
mente iguais. o gás carbônico.

51
ƒ Álcool hidratado – mistura de 96% de álcool etílico ƒ Sistemas monofásicos: possuem uma única fase.
e 4% de água. Portanto, são homogêneos.

ƒ Sistemas bifásicos (2 fases), trifásicos (3 fases), tetra-


4. Tipos de mistura fásicos (4 fases) e polifásicos (5 ou mais fases): possuem
mais de uma fase. Portanto, são heterogêneos.
As misturas podem ser classificadas em homogêneas e he-
terogêneas, como é possível observar a seguir.
Atenção!
ƒ Mistura homogênea – é a que apresenta as- Não confunda fase e componente de um sistema.
pecto uniforme e propriedades iguais em todos os ƒ Fase é cada porção homogênea (e independente
seus pontos. uma da outra) de um sistema.
Exemplos: água de torneira, vinagre, ar, álcool hidratado, ƒ Componente é cada substância que constitui um
cachaça, gasolina, soro caseiro, soro fisiológico e algumas sistema.
ligas metálicas. Por exemplo, o sistema [água + sal (comple-
tamente dissolvido) + açúcar (completamen-
Importante! te dissolvido) + óleo + gelo] apresenta 3 fases
(uma fase líquida, formada pela água contendo o
ƒ As misturas homogêneas são denominadas soluções.
sal e o açúcar dissolvidos; uma fase líquida, formada
ƒ Todas as misturas de quaisquer gases são sempre
pelo óleo; uma fase sólida, correspondente ao gelo) e
misturas homogêneas.
4 componentes (água, sal, açúcar e óleo). Observe
que o gelo também é água!
ƒ Mistura heterogênea – é a que apresenta aspecto não
uniforme e propriedades variáveis de um ponto a outro.
Exemplos: água e óleo (a camada de óleo apresenta
propriedades diferentes da água), água e areia, etc.

Matéria

Substância Pura Mistura multimídia: site

https://www.soq.com.br/conteudos/ef/substancias/
Simples Composta Homogênea Heterogênea p3.php

4.1. Fases de um sistema


Cada uma das porções homogêneas que compõem um 5.Alotropia
sistema heterogêneo é denominada fase.
Chamamos de alótropos as substâncias simples formadas pelo
Exemplos mesmo elemento químico, mas que têm quantidades diferen-
tes de átomos desse elemento, ou ainda arranjos espaciais
ƒ A mistura de água e óleo apresenta duas fases: uma
distintos. Nas tabelas a seguir, podemos ver alguns exemplos
porção homogênea formada pela água e outra forma-
de alótropos.
da pelo óleo.

ƒ A mistura de água, sal e areia apresenta duas fases: Exemplos


uma porção homogênea formada pela água contendo
Nome da
Elemento Figura no
o sal dissolvido e uma fase sólida constituída pela areia. químico
substância Fórmula Atomicidade
espaço
simples
ƒ O granito, pedra bastante utilizada em construção, pos-
gás oxigênio O2 diatômico
sui três fases sólidas (quartzo, mica e feldspato).
Oxigênio
Em relação ao número de fases, os sistemas são classi- gás ozônio O3 triatômico
ficados como:

52
O ozônio é uma forma alotrópica do elemento oxigênio Em 1985, foi divulgada em uma publicação cientí-
e possui propriedades muito diferentes das do oxigênio. fica a descoberta de uma molécula tridimensional
Enquanto que o gás oxigênio é inodoro e incolor, o gás de carbono, na qual 60 átomos formam uma esfera
ozônio tem coloração azul e odor característico. com 12 pentágonos e 20 hexágonos, como uma bola
de futebol. Em homenagem ao arquiteto e pensador
Nome da
Elemento
químico
substância Fórmula Atomicidade
Figura no
espaço
norte-americano Buckminster Fuller, a molécula foi
simples
chamada de buckminsterfulereno ou simplesmente
Fósforo “bucky-ball” ou fulereno.
P4 tetratômico
branco
Fósforo Além do C60, outras formas de fulereno também são en-
Fósforo
Pn ou P macromolécula contradas, como C70, C76, C84, C92 e C540.
vermelho

O fósforo branco é muito tóxico e forma cristais que se Elemento


Nome da
substância Fórmula Atomicidade
Figura no
químico espaço
fundem a 44 °C. Ele queima espontaneamente em conta- simples

to com o ar ou em atmosfera de oxigênio. O fósforo verme-


lho (também chamado de fósforo amarelo), não é tóxico e
enxofre
apresenta-se como um pó inodoro que se funde a 72 ºC. Ele S8 macromolécula
rômbico
queima em atmosfera de oxigênio somente por aquecimento.
Enxofre
Nome da
Elemento Figura no
substância Fórmula Atomicidade enxofre
químico espaço
simples S8 macromolécula
monoclínico

grafite Cn ou C macromolécula

As duas estruturas são ciclos, mas as moléculas se apre-


sentam em arranjos diferentes, que resultam em cristais
diamante Cn ou C macromolécula
Carbono de formatos diferentes e com propriedades diferentes.
O monoclínio se apresenta na forma de cristais opacos
e em formato de agulhas, enquanto o rômbico (mais
fulereno C60 macromolécula
comum) se apresenta na forma de cristais mais trans-
parentes e maiores.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Misturas são sistemas formados por duas ou mais substâncias puras e podem se classificar em homogêneas ou heterogêneas.
Mistura homogênea possui as mesmas propriedades ao longo de toda a sua extensão, independente da resolução
óptica usada para examiná-la. Já nas misturas heterogêneas, as propriedades de uma região ou amostra são diferen-
tes daquelas para outra região ou amostra.
A distinção entre os componentes das misturas heterogêneas pode ser vista a olho nu, mas em alguns casos são
necessários aparelhos microscópios, como é o caso do sangue. As diferentes porções constituintes do sangue podem
ser observadas ao microscópio.
O sangue é composto por glóbulos vermelhos (hemácias), que contêm hemoglobina, cuja função primária é o arma-
zenamento e transporte do oxigênio para os tecidos; glóbulos brancos, cujo principal papel é identificar, destruir e
remover qualquer produto estranho que tenha penetrado no organismo; e plaquetas, que atuam principalmente no
mecanismo de coagulação sanguínea.

53
Resolução:
6. Fenômenos
a) Correto. Tanto o óleo quanto o tetracloreto de car-
A ciência compreende qualquer acontecimento, fato ou bono são apolares e se misturam entre si.
ocorrência da natureza como um fenômeno. Quando ocor- b) Incorreto. Água e óleo não se misturam por serem
re um fenômeno, há uma alteração no sistema que está polar e apolar, respectivamente.
sendo estudado, ou seja, os estados inicial e final são di- c) Correto. A mistura terá parte polar (água + sacaro-
ferentes. se) e apolar (óleo + tetracloreto de carbono).
Os fenômenos geralmente são classificados de duas maneiras: d) Correto. A sacarose se dissolve em água, sendo um
composto polar.
1. Físico: quaisquer alterações sofridas por um material e) Correto. No sistema I, o óleo fica acima da água;
sem que haja alteração na sua composição. portanto, o óleo é menos denso que água.
Exemplo: suponha que você possua uma tábua (madeira)
Alternativa B
e a corte em partes para fazer uma estante. Essa fragmen-
tação da tábua é um fenômeno físico, uma vez que com- 2. Assinale a alternativa ERRADA.
posição química da tábua inicial e das partes obtidas não a) Tanto oxigênio gasoso como ozônio gasoso são
se altera. exemplos de substâncias simples.
Outros exemplos: a laminação de metais, o amassar do b) Um sistema monofásico tanto pode ser substância
pura quanto uma solução.
papel, a queda de uma pedra, etc..
c) Existem soluções gasosas, líquidas e sólidas.
d) Substância pura é aquela que não pode ser decom-
2. Químico: quaisquer alterações sofridas por um mate-
posta em outras mais simples.
rial de modo que ocorra mudança na sua composição.
e) No ar atmosférico, encontramos substâncias sim-
Exemplo: se um fósforo aceso for aproximado de um pi- ples e substâncias compostas.
res com álcool, o álcool começará a queimar. Essa combus-
tão é um fenômeno químico, uma vez que ocorre alteração Resolução:
da composição química do álcool, que, ao interagir com o a) Correto. Oxigênio (O2) e ozônio (O3) são substân-
oxigênio do ar, converte-se em gás carbônico e água, além cias simples.
de liberar energia. b) Correto. Um sistema monofásico pode ser tanto
C2H5 OH(") + 3O2 (g) o 2CO2(g) + 3H2O(") + calor uma substância pura (ex.: água pura) quanto uma
solução (ex.: água com açúcar).
Outros exemplos: a formação de ferrugem, a transfor- c) Correto. Solução é uma mistura de duas ou mais
mação do vinho em vinagre, a fabricação do pão, o apodre- substâncias, formando um aspecto homogêneo.
cimento de uma fruta, a decomposição de matéria orgâni- Existem soluções gasosas (ex.: ar, que é uma mistu-
ca, a fotossíntese, a respiração celular, etc. ra dos gases N2, O2, CO2, Ar etc.), soluções líquidas
(ex.: álcool + água) e soluções sólidas (ex.: bronze,
uma mistura de Cu e Sn).
Aplicação do conteúdo d) Incorreto. A substância pura é a espécie de ma-
1. Observando-se o comportamento das substâncias téria constituída por moléculas quimicamente iguais,
nos sistemas a seguir, é INCORRETO afirmar que: podendo ou não ser decomposta em outras mais sim-
ples. Por exemplo, o gás hélio (He) é monoatômico
e não pode ser decomposto em algo mais simples,
enquanto a molécula de água (H2O) pode ser decom-
posta em algo mais simples, como H2 e O2.
e) Correto. No ar encontramos tanto substância sim-
Óleo Água Água
+ + + ples (ex.: Ar, N2, O2) quanto substância composta (ex.:
Tetracloreto
Água Sacarose de carbono CO2, H2O(v)).
I II III Alternativa D
a) o óleo deve ser solúvel em tetracloreto de carbono;
3. (Mackenzie) Dadas as afirmações, à vista desarmada:
b) a água e o óleo não são miscíveis, por serem am-
bos apolares; I. Toda mistura heterogênea é um sistema polifásico.
c) juntando-se os conteúdos dos sistemas I, II e III, II. Todo sistema polifásico é uma mistura heterogênea.
obtém-se uma mistura heterogênea;
d) a sacarose é um composto polar; III. Todo sistema monofásico é uma mistura homogênea.
e) o óleo é menos denso que a água. IV. Toda mistura homogênea é um sistema monofásico.

54
São verdadeiras as afirmações: 4. (UFPA) O SISTEMA CONSTITUÍDO POR ÁGUA LÍQUIDA, FERRO SÓLIDO,
a) I e II. GELO E VAPOR D’ÁGUA APRESENTA:

b) I e III. a) 3 fases e 3 componentes.


c) II e IV. b) 3 fases e 2 componentes.
d) II e III. c) 4 fases e 2 componentes.
e) I e IV. d) 4 componentes e 6 fases.
e) 2 fases e 2 componentes.
Resolução:
I. Verdadeiro. Misturas heterogêneas possuem, neces-
Resolução:
sariamente, mais de uma fase. Assim, trata-se de um Vapor d’água

sistema polifásico.
II. Falso. A maioria dos sistemas polifásicos é uma Gelo
mistura heterogênea. No entanto, um sistema que
contém água com gelo é polifásico, mas não se trata
Água líquida
de uma mistura heterogênea.
III. Falso. Sangue é um exemplo de um sistema mo- Ferro sólido

nofásico (a olho nu) e é uma mistura heterogênea.


O sistema terá 2 componentes (ferro sólido e água, lembrando
Outro exemplo é o leite.
IV. Verdadeiro. Toda mistura homogênea tem apa-
que água líquida, gelo e vapor d’água são água).
rência uniforme a olho nu; trata-se, portanto, de um O sistema terá 4 fases: ferro sólido, água líquida, gelo e
sistema monofásico. vapor d’água.
Alternativa E Alternativa C

DIAGRAMA DE IDEIAS

AMOSTRA DE
MATÉRIA

SUBSTÂNCIA
MISTURA
PURA

COMPOSTA
SIMPLES HOMOGÊNEA HETEROGÊNEA
(2 OU +
(1 ELEMENTO) (1 FASE) (2 OU + FASES)
ELEMENTOS)

55
Alguns métodos de separação são tão comuns que não
AULAS 7 e 8 são percebidos como tais. A“escolha” dos grãos de feijão
(catação) e a separação de amendoim torrado das suas
cascas (ventilação) são alguns exemplos de separações
utilizadas no dia a dia.
A seguir, serão abordados os principais processos de separação.

ANÁLISE IMEDIATA

COMPETÊNCIAS: 1, 2, 3, 5, 7 e 8 multimídia: vídeo


FONTE: YOUTUBE
4, 7, 8,17, 24, 25, 29 e
HABILIDADES: O Segredo das Coisas - Ouro
30

2. Misturas heterogêneas
1. Separação de misturas Como foi visto anteriormente, misturas heterogêneas são
Substâncias puras são raramente encontradas na natureza. sistemas formados por pelo menos dois componentes,
compondo ao menos duas fases distintas.

2.1. Misturas heterogêneas [sólido-sólido]


ƒ Catação: os componentes sólidos são separados usan-
do a mão ou uma pinça.
Exemplo: escolher feijão, separando-o de pedras, grãos
multimídia: vídeo
indesejados e outros detritos.
FONTE: YOUTUBE
ƒ Ventilação: o sólido menos denso é separado por uma
Como separamos coisas aparentemente... corrente de ar.
inseparáveis?
Exemplo: separação dos grãos de arroz de suas cascas,
que são arrastadas pela corrente de ar.
Por esse motivo, são utilizados métodos de separação para
se obter uma substância pura. ƒ Levigação: o sólido menos denso é separado por uma
corrente de água.
Para a separação dos componentes de uma mistura, isto é,
para a obtenção separada de cada uma das substâncias puras Exemplo: separação, no garimpo, de areia do ouro.
que deram origem à mistura, é aplicado um conjunto de pro- A areia (menos densa) é arrastada pela água corrente,
cessos físicos denominado análise imediata. Esses proces- e o ouro (mais denso) permanece no fundo da bateia
sos não modificam a composição química das substâncias que (recipiente semelhante a um prato).
compõesm uma dada mistura. São, portanto, processos físicos. ƒ Separação magnética: um dos sólidos é atraído por
O conhecimento prévio de algumas das propriedades das um ímã.
substâncias presentes é fundamental para a escolha do me- Exemplo: separação em larga escala de alguns miné-
lhor método para a separação de misturas. Caso exista uma rios de ferro de suas impurezas.
mistura de açúcar e areia, por exemplo, é necessário saber
que o açúcar se dissolve na água, ao contrário da areia. ƒ Cristalização fracionada: todos os componentes da
mistura são dissolvidos em um solvente que, depois,
Dependendo da complexidade da mistura, é preciso utilizar
sofre evaporação, causando a cristalização separada de
vários processos diferentes numa sequência que se baseia
cada componente. Essa técnica se baseia na diferença
nas propriedades das substâncias presentes na mistura.
de solubilidade dos sólidos. A cristalização pode ser

56
induzida por mudanças na concentração, na tempera- A separação das duas fases pode ser realizada de
tura, etc. duas maneiras:
Exemplo: obtenção de sais a partir da água do ƒ a mistura é vertida lentamente em um outro frasco;
mar, nas salinas. A evaporação da água possibilita a
cristalização de diferentes sais, sendo que o último a ƒ a fase líquida é transferida para um outro frasco com o
ser obtido é o cloreto de sódio (NaCℓ), conhecido como auxílio de um sifão (sifonação).
sal de cozinha.
ƒ Filtração simples: a fase sólida é separada com o au-
ƒ Dissolução fracionada: um dos componentes sóli- xílio de papéis de filtro. A preparação do café e o filtro
dos da mistura é dissolvido em um líquido. de água são exemplos do uso da filtração no cotidiano.
Exemplo: colocando-se uma mistura de sal e areia em
um recipiente com água, o sal vai se dissolver e a areia
vai se depositar no fundo do recipiente. Em seguida, uma Bastão
de vidro
filtração separa a areia (fase sólida) da água salgada Mistura
(fase líquida); evaporando-se a água, obtém-se o sal. (sólido + líquido)
Funil com
papel de filtro
DIVULGAÇÃO Sólido separado
Funil com
papel de filtro

Béquer

Líquido separado
INAUGURADA NO DIA 29 DE OUTUBRO DE 2011, A SALINA PEIXE-BOI ESTÁ
LOCALIZADA NA ZONA RURAL DO MUNICÍPIO DE PORTO DO MANGUE-RN,
A 90 KM DA CIDADE DE MOSSORÓ-RN. CONTA COM UMA ÁREA SALGADA
UTILIZADA DE 2.500 HECTARES. EM SUA PRIMEIRA COLHEITA, FORAM PRODUZIDAS ƒ Filtração a vácuo: o processo de filtração pode ser
CERCA DE 240 MIL TONELADAS DE SAL, O EQUIVALENTE A 35% DE SUA
CAPACIDADE. ATUALMENTE A SALINA OFERTA CERCA DE 90 EMPREGOS DIRETOS.
acelerado pela utilização de uma trompa de vácuo
que “suga” o ar existente na parte interior do kitas-
ƒ Peneiração ou tamisação: utilizada para separar só- sato, o que possibilita um escoamento mais rápido
lidos formados por partículas de dimensões diferentes. do líquido.
Exemplo: separação de areia e cascalho (pedras) nas sólido de
obras de construção civil. formato irregular

ƒ Fusão fracionada: utilizada para separar sólidos


cujos pontos de fusão são muito diferentes.
volume
água
inicial
Exemplo: como é possível separar uma mistura de ferro,
chumbo e estanho? O estanho funde-se a 231 ºC; o chum-
bo, a 327 ºC; e o ferro, a 1.536 ºC. Deve-se derreter (fundir)
primeiro o estanho, depois o chumbo e, por último, o ferro.
Cada metal, ao ser derretido, é separado dos demais. volume
final
ƒ Sublimação: é utilizada quando um dos sólidos, por volume do sólido = Vfinal - Vinicial

aquecimento, sublima (passa diretamente do estado volume


inicial
sólido para o gasoso), e o outro permanece sólido.
Exemplo: sal (ou areia) e iodo, que sublima ao ser aqueci-
do (obs.: naftalina e enxofre também sofrem sublimação).

2.2. Misturas heterogêneas ƒ Centrifugação: o processo de decantação é acelera-


do pelo emprego de um aparelho denominado centrí-
[sólido-líquido] fuga. Na centrífuga, devido ao movimento de rotação,
ƒ Decantação: a fase sólida se sedimenta por ser mais as partículas mais densas, por inércia, são depositadas
densa, ou seja, deposita-se no fundo do recipiente. no fundo do tubo.

57
Líquido ƒ Filtração: a mistura passa através de um filtro, onde o
Sólido sólido fica retido.
Exemplos: esse processo é muito empregado nas
indústrias, principalmente para evitar o lançamento
de partículas sólidas na atmosfera. A filtração também
é utilizada nos aspiradores de pó, onde o sólido é retido
(poeira) à medida que o ar é aspirado.

Centrífuga
3. Misturas homogêneas
2.3. Misturas heterogêneas 3.1. Misturas homogêneas
[líquido-líquido] [sólido-líquido]
Nas misturas homogêneas sólido-líquido (soluções), o com-
ƒ Decantação: são separados líquidos imiscíveis com ponente sólido encontra-se totalmente dissolvido no líquido,
densidades diferentes; o líquido mais denso acumula-se fator que impede a sua separação por filtração.
na parte inferior do sistema. Em laboratório, é utilizado
Os métodos mais utilizados de separação dos componen-
o funil de decantação (funil de separação ou funil
tes desse tipo de mistura são baseados nas diferenças das
de bromo).
suas temperaturas de ebulição (pontos de ebulição):
Exemplo: no sistema composto por água e óleo, a água,
mais densa, desloca-se para a parte inferior do funil e é
escoada abrindo-se a torneira de modo controlado. A de- Termômetro

cantação também pode ser realizada de um modo mais


rudimentar, utilizando-se um sifão (sifonação).

Condensador

Líquido menos denso

Líquido mais denso

Torneira
Balão de
destilação

Erlenmeyer

2.4. Misturas heterogêneas [gás-sólido]


ƒ Decantação: a mistura passa através de obstáculos
em forma de zigue-zague; nesse processo as partículas
sólidas perdem velocidade e se depositam. ƒ Evaporação: a mistura é fica em repouso ou é aque-
cida até o líquido (componente mais volátil) sofrer eva-
Nas indústrias, esse processo é realizado em um equipa- poração. Contudo, esse processo apresenta um incon-
mento denominado câmara de poeira ou chicana, con- veniente: a perda do componente líquido.
forme o esquema:
ƒ Destilação simples: a mistura é aquecida em uma
Gás limpo
aparelhagem apropriada, de tal maneira que o com-
Gás + poeira ponente líquido inicialmente é vaporizado e, a seguir,
sofre condensação, sendo recolhido em outro frasco. A
Partículas sólidas seguinte aparelhagem é utilizada em laboratório:

58
VIVENCIANDO

Quando o petróleo é extraído, ele vem cheio de impurezas que são separadas por meio de processos físicos. Por
exemplo, a decantação é utilizada para separar o petróleo da água salgada. Dado que a água é mais densa do que
o petróleo, ela fica na parte de baixo, e o petróleo fica na parte de cima, o que possibilita a separação. Também é
utilizada a filtração para remover impurezas maiores, como areia, argila e pedaços de rochas.
O petróleo é composto por uma mistura complexa de hidrocarbonetos; devido a isso, ele é enviado para as refina-
rias a fim de que seus componentes sejam separados e tenham um melhor aproveitamento. Entretanto, não é conhecido
até o momento nenhum método que consiga separar cada um desses hidrocarbonetos. Por isso, essa separação ocorre
em frações de substâncias, ou seja, separa-se a mistura complexa do petróleo em misturas bem mais simples.
A destilação fracionada é o primeiro método utilizado para esse fim e se baseia na diferença das faixas das tempe-
raturas de ebulição das frações do petróleo.
Para isso, é utilizada uma torre de destilação com uma fornalha na parte inferior, onde o combustível é aquecido. A
torre possui até 50 pratos ou bandejas, sendo que cada um apresenta uma temperatura diferente que vai diminuindo
à medida que a altura aumenta.
Quando o petróleo é aquecido na fornalha, seus componentes vão passando para o estado gasoso. Os componentes
mais pesados (de maior massa molar) não sobem, permanecem líquidos na parte inferior e são separados. As demais
frações no estado gasoso sobem pela torre, e, quando uma dessas frações atinge uma bandeja com uma temperatu-
ra menor que seu ponto de ebulição, ela se liquefaz e é coletada nessa altura da torre. As demais frações, que ainda
permanecem no estado gasoso, passam para a próxima bandeja, e esse processo vai se repetindo. Assim, cada uma
das frações se liquefaz em um dos pratos ou em uma das bandejas e é coletada separadamente.

3.2. Misturas homogêneas [líquido-líquido]


ƒ Destilação fracionada: são separados os líquidos miscíveis cujas temperaturas de ebulição são diferentes. No processo de
aquecimento da mistura, é separado primeiramente o líquido de menor temperatura de ebulição (o mais volátil); em seguida,
é separado o líquido com temperatura de ebulição intermediária, e assim sucessivamente, até o líquido de maior temperatura
de ebulição (o menos volátil). Uma coluna de fracionamento é acoplada à aparelhagem de destilação simples. Conhe-
cendo-se a temperatura de ebulição de cada líquido, é possível saber, pela temperatura indicada no termômetro, qual deles
está sendo destilado (eliminado do sistema).

Termômetro

Condensador

Coluna
de fracionamento

Balão

Saída de água
Entrada de água
Bico Bunsen

Exemplos: separação de misturas de água e álcool. A destilação é muito empregada em indústrias petroquímicas na sepa-
ração dos diferentes derivados do petróleo. Nesse caso, as colunas de fracionamento são divididas em bandejas ou pratos.
Esse processo também é muito usado na produção de bebidas alcoólicas (alambique).

59
3.3. Misturas [gás-gás]
Considerando que as misturas de gases sempre são homo-
Tacho de
aquecimento gêneas (soluções gasosas), tem-se:
Garapa fermentada ƒ Liquefação fracionada: a mistura de gases passa
em destilação
por um processo de liquefação e, em seguida, pela des-
Saída de água
Entrada de água
de resfriamento
Serpentina
tilação fracionada.
de resfriamento de resfriamento
Fogo Aguardente

O ESQUEMA MOSTRA O TRADICIONAL ALAMBIQUE USADO PARA PREPARAR BEBIDAS Atenção!


ALCOÓLICAS PROVENIENTES DA FERMENTAÇÃO DE AÇÚCARES OU CEREAIS.
A liquefação fracionada é empregada na separação
dos componentes do ar atmosférico: N2, O2 e outros
gases. Depois da liquefação do ar, a mistura líquida
Gás 20º C
é destilada, e o primeiro componente a ser obtido é
150ºC o N2, pois ele apresenta menor PE (–196 °C); em se-
Gasolina guida, obtém-se o O2, que possui maior PE (–183 °C).
200ºC

Querosene
300ºC
ƒ Adsorção: consiste na retenção superficial de gases. Al-
Óleo diesel
370ºC gumas substâncias, como o carvão ativado, possuem
Petróleo
bruto Óleo a característica de reter, em sua superfície, substâncias no
lubrificante
estado gasoso. Uma das principais aplicações da adsor-
Fornalha
ção são as máscaras contra gases venenosos.
400ºC

Resíduo sólido: parafilas,


ceras, asfalto, piche
4. Análise cromatográfica
ou cromatografia
Há casos de misturas homogêneas de líquidos que não po- Trata-se de um método utilizado para a separação e iden-
dem ser separadas por processos físicos como a destilação. tificação dos componentes de uma mistura. A palavra
Isso ocorre porque essas misturas, denominadas misturas aze- cromatografia vem do grego chroma (cor). Os primei-
otrópicas, destilam em proporções fixas e constantes, como ros compostos separados por esse método apresentavam
se fossem uma substância pura. O álcool etílico, por exemplo, colorações diferentes. A cromatografia tem a vantagem
forma com a água uma mistura azeotrópica (95,5% de álcool de permitir até mesmo a separação de componentes em
e 4,5% de água) que destila à temperatura de 78,1 °C. quantidades muito pequenas.
Dessa forma, para obter o álcool anidro ou o álcool ab-
soluto (álcool puro), são utilizados processos químicos: Aplicação do conteúdo
adiciona-se à mistura azeotrópica (água e álcool) óxido de 1. Uma maneira rápida e correta de separar uma mis-
cálcio (CaO), que reage com a água, produzindo hidróxido tura de ferro, sal de cozinha e arroz é, na sequência:
de cálcio Ca(OH)2. Em seguida, a mistura é submetida a a) Filtrar, aproximar um ímã, adicionar água e destilar.
uma destilação, pois, nessa etapa, somente o álcool destila, b) Adicionar água e destilar.
sendo, portanto, recolhido puro. c) Aproximar um ímã, adicionar água, filtrar e destilar.
Veja na tabela a seguir alguns exemplos de misturas d) Destilar, adicionar água, aproximar um ímã.
azeotrópicas: e) Impossível de separá-la.
Resolução:
Mistura azeotrópica Ponto de ebulição Uma das maneiras de separar a mistura é:
1. Passar um ímã, separando o ferro do sal e do arroz
álcool etílico (95,5%) + água (4,5%) 78,1 ºC (imantação).
2. Adicionar água, para dissolver o sal (dissolução fracionada).
acetona (86,5%) + metanol (13,5%) 56 ºC
3. Filtrar a solução para separar o arroz da solução de
álcool etílico (7%) + clorofórmio (93%) 60 ºC água + sal (filtração).
4. Destilar a solução para obter o sal (destilação).
ácido fórmico (77,5%) + água (22,5%) 107,3 ºC
Alternativa C

60
2. Um copo contém uma mistura de água, acetona, 3. Na preparação do café, a água quente entra em con-
cloreto de sódio e cloreto de prata. A água, a acetona tato com o pó e é separada no coador. As operações
e o cloreto de sódio estão numa mesma fase líquida, envolvidas nessa separação são, respectivamente:
enquanto que o cloreto de prata se encontra numa
a) destilação e decantação;
fase sólida. Descreva como é possível realizar, em um
laboratório de química, a separação dos componentes b) filtração e destilação;
dessa mistura. c) destilação e coação;
d) extração e filtração;
Resolução: e) extração e decantação.
Primeira etapa: Filtração para separar o cloreto de Resolução:
prata (fase sólida) dos outros componentes.
Segunda etapa: Destilação fracionada para a ob- Quando a água quente entra em contato com o pó do café,
tenção da acetona a partir da coluna de fracionamen- ocorre uma extração, porque são dissolvidos somente os
to e do condensador. compostos solúveis em água, deixando o pó, que é insolú-
Terceira etapa: Destilação simples para separar a água vel, no filtro. Em seguida, ocorre uma filtração.
do cloreto de sódio que restará no balão de destilação.
Alternativa D

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Como visto anteriormente, o sangue pode ser classificado como uma mistura homogênea a olho nu. No entanto, com
o auxílio de um microscópio, é possível observar uma mistura heterogênea, pois o sangue é constituído por outros
compostos. Além de tudo, há maneiras diferentes de separar os conteúdos do sangue.
“O sangue pode ser separado em diversos componentes sanguíneos para várias indicações clínicas. No entanto, muitos
países não possuem instalações para a separação de componentes, e o sangue total continua sendo o produto mais uti-
lizado na maioria dos países subdesenvolvidos. O uso de sangue total pode ser a mais segura e sustentável maneira de
cobrir as necessidades transfusionais mais urgentes. No entanto, quando há recursos disponíveis, o uso de componentes
sanguíneos oferece certas vantagens”, segundo a Organização Mundial de Saúde.
A centrifugação é uma das maneiras mais utilizadas na separação do sangue.

Para isso, coloca-se a mistura num aparelho chamado centrífuga, que gira em alta velocidade, depositando no fundo
as partículas sólidas, que são mais densas.

61
A centrífuga é utilizada em laboratórios de análises clínicas para separar os componentes do sangue, e, com ela, é
possível realizar a sedimentação dos glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas do sangue. A parte sólida do sangue
(glóbulos, plaquetas) é separada da parte líquida, que é o plasma.
Depois de ser centrifugado, o sangue apresenta três fases bem distintas: o plasma sanguíneo, os glóbulos brancos e
as plaquetas e os glóbulos vermelhos.

PLASMA (55%)

GLÓBULOS BRANCOS
E PLAQUETAS (1%)

GLÓBULOS VERMELHOS
(44%)

62
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 30
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a
implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente.

Atualmente há uma preocupação internacional relacionada aos recursos encontrados. Muitos elementos são,
de forma geral, tão eficientes quantos os recursos que estão, aos poucos, sendo exauridos.
Por causa disso, é importante encontrar meios alternativos para a obtenção desses elementos com técnicas
diferenciadas e baratas, a fim de garantir um melhor aproveitamento dos recursos que a Terra pode conceder.
Meios de extração para purificação da água, dessalinização da água, formas de purificação de uma região
poluída por solventes orgânicos residuais de indústrias e meios de separação de substâncias imiscíveis em um
âmbito ambiental são algumas das principais questões desenvolvidas nesse tipo de habilidade.

MODELO 1
(Enem) Entre as substâncias usadas para o tratamento de água está o sulfato de alumínio que, em meio alcali-
no, forma partículas em suspensão na água, às quais as impurezas presentes no meio aderem.
O método de separação comumente usado para retirar o sulfato de alumínio com as impurezas aderidas é a
a) flotação;
b) levigação;
c) ventilação;
d) peneiração;
e) centrifugação.
ANÁLISE EXPOSITIVA
Essa questão mostra a dinâmica do Enem em que sempre há uma abordagem relacionada ao cotidiano e
muitas vezes relacionada com problemas ambientais.
Nas estações de tratamento, a água que será consumida pela população precisa passar por uma série de
etapas que possibilite eliminar todos os seus poluentes.
Uma dessas etapas é a coagulação ou floculação, com o uso de hidróxido de cálcio, conforme a reação:
3Ca(OH)2 + Aℓ2(SO4)3 G 2Aℓ(OH) + 3CaSO
3 4

O hidróxido de alumínio (Aℓ(OH)3) obtido, que é uma substância insolúvel em água, permite reter em sua super-
fície muitas das impurezas presentes na água (floculação). O método de separação comumente usado para
retirar o sulfato de alumínio com as impurezas aderidas é a flotação (faz-se uma agitação no sistema e as
impurezas retidas sobem à superfície da mistura heterogênea).

RESPOSTA Alternativa A

63
DIAGRAMA DE IDEIAS

• VENTILAÇÃO
• CATAÇÃO
• LEVIGAÇÃO
• PENEIRAÇÃO
• DECANTAÇÃO (SIFONAÇÃO)
• FILTRAÇÃO
MISTURAS • CENTRIFUGAÇÃO
HETEROGÊNEAS

• DECANTAÇÃO (FUNIL)

SÓLIDO
• DECANTAÇÃO (CÂMARA DE POEIRA)
GASOSO

LÍQUIDO

• DESTILAÇÃO SIMPLES

MISTURAS
• DESTILAÇÃO FRACIONADA
HOMOGÊNEAS

• LIQUEFAÇÃO FRACIONADA

64
CÁLCULOS QUÍMICOS

65
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

O conteúdo abordado é puramente conceitual


e é cobrada uma boa base de matemática para A maior incidência está relacionada com
resolução em tempo mínimo de muitos exercí- os cálculos estequiométricos, assim como
cios. As questões abordam de forma constante todo o raciocínio envolvido na resolução
mais do que apenas um conteúdo, tendo em das questões.
vista o aprendizado do aluno
como um todo.

Cálculo estequiométrico sempre é cobrado, de Cálculo estequiométrico e o raciocínio para Ocorre grande incidência em cálculo estequio-
tal maneira que o raciocínio para a resolução a resolução das questões são cobrados na métrico e o raciocínio utilizado por trás das
é importante. maior parte da prova. resoluções é considerado.

O cálculo estequiométrico, assim como o O tema cálculo estequiométrico é cobrado de O tema cálculo estequiométrico e o bom O tema cálculo estequiométrico e o bom
raciocínio e a interpretação das informações, maneira bem direta, sendo necessários boa entendimento de como se relaciona com as entendimento de como se relaciona com as
são sempre cobradas em questões. interpretação e conhecimentos sobre as pro- informações são sempre necessários para a informações são sempre necessários para a
priedades físicas e químicas das substâncias. resolução das questões. resolução das questões.

UFMG

É necessário boa interpretação e conhe- Boa interpretação e conhecimentos sobre As questões abordam cálculos estequiométri-
cimentos sobre as propriedades físicas e as propriedades físicas e químicas das subs- cos, e todo o raciocínio envolvido na resolução
químicas das substâncias, já que o tema tâncias são necessário para a resolução das da questão é cobrado.
de cálculo estequiométrico é cobrado de questões de cálculo estequiométrico, que são
maneira bem direta. as mais recorrentes.

O tema cálculo estequiométrico é abordado O tema cálculo estequiométrico é abordado de Por ser abordado de maneira bem direta o
junto com as outras frentes, sendo necessários maneira que o aluno precise interpretar bem tema cálculo estequiométrico, o candidato
bom conhecimento em propriedades e os dados e relacioná-los corretamente. precisa interpretar bem os dados e relacio-
características das substâncias. ná-los da maneira correta.

66
AULAS 1 e 2 2. Massa atômica (MA)
2.1. Unidade de massa atômica (u)
Os átomos individuais são muito pequenos para serem vis-
tos e pesados. Contudo, pode-se determinar as massas re-
lativas de átomos diferentes, ou seja, é possível determinar
GRANDEZAS QUÍMICAS a massa de um átomo comparando-a com a massa de um
átomo de outro elemento escolhido como padrão.
Na Conferência da União Internacional de Química Pura
e Aplicada (IUPAC), em 1961, foi adotado como padrão
de massas atômicas o isótopo 12 do elemento carbono
(12C), ao qual se convencionou atribuir o valor exato de 12
COMPETÊNCIAS: 1e2 unidades de massa atômica.

HABILIDADES: 4e7

1. Introdução 1 da
Uma unidade de massa atômica (1u) corresponde a ___
Para se obter uma quantidade desejada de produtos, é preci- 12
massa de um átomo do isótopo 12 do elemento carbono.
so, tanto nas atividades laboratoriais quanto nas industriais,
conhecer a quantidade de reagentes que se deve usar. O valor de 1u é 1,66 ∙ 10–24 g, que equivale aproximada-
mente à massa de um próton ou de um nêutron.
É a partir do cálculo das massas e dos volumes das substâncias
envolvidas nas reações químicas que isso será possível. Muitas
vezes, é necessário determinar também o número de átomos
ou de moléculas das substâncias que reagem ou são produzi-
das. Para isso, é necessário conhecer a massa dos átomos.
A medida de uma grandeza é feita por comparação com
uma grandeza padrão convenientemente escolhida. Dessa
maneira, a medida da massa de um corpo é feita comparan-
do-a com a massa de um padrão adequadamente escolhido. multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Quando se afirma que uma pessoa possui uma massa de
65 kg, é possível interpretar esse resultado da seguinte ma- HAVE YOU EVER SEEN AN ATOM?
neira: a pessoa possui uma massa 65 vezes maior que o
padrão utilizado para medir a sua massa, isto é, 1 kg.
E qual será a grandeza utilizada para medir a massa de um 2.2. Massa atômica (MA)
átomo ou de uma molécula?
Massa atômica é o número que indica quantas vezes
a massa de um átomo de um determinado elemento é
1 da massa do átomo de 12C.
maior que 1u, ou seja, ___
12

A massa de um átomo de um determinado elemento é ob-


tida comparando-a com a unidade de massa atômica (1u).
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE Exemplo
O QUE É A QUÍMICA Quando se diz que a massa atômica do átomo de 32S é
igual a 32 u, conclui-se que:

67
ƒ a massa atômica de um átomo de 32S é igual a 32 u; A massa atômica será calculada pela expressão:

ƒ a massa atômica de um átomo de 32S é igual a 32 vezes 23,985 ∙


u 79% + 24,986 ∙
u 10% + 25,982 ∙
u 11%
______________________________________ = 24,31 u.
1 do átomo de carbono-12;
a massa de ___ 100%
12 Esse é o valor encontrado nas Tabelas Periódicas. No caso
ƒ a massa de um átomo de 32S é igual a 2,7 vezes a mas- de elementos artificiais ou muito raros, as tabelas apresen-
sa de um átomo de carbono-12. tam a massa do isótopo mais estável.
Assim:
Atenção:
ƒ Não confunda massa atômica com número Massa atômica de um elemento é a média ponde-
de massa. rada das massas atômicas dos isótopos naturais que
o compõem.
ƒ Massa atômica (MA), como foi visto, é uma medida
1 da
feita em relação à unidade adotada (u), que vale ___
12 Assim sendo, a massa atômica de um elemento hipotético
massa do isótopo 12C.
A, composto pelos isótopos naturais A1, A2, ..., An, pode ser
ƒ Número de massa (A) é um número inteiro e po- calculada por:
sitivo, definido como a soma do número de prótons
· %A1 + A2 · %A2 + ... + An · %An
A____________________________
(Z = P) com o número de nêutrons (N), isto é, A = P + N. 1
.
100%
O aparelho usado na determinação da massa atômica é chama-
do de espectrômetro de massa. A medida é realizada com gran- Exemplo
de precisão, e o processo de determinação da massa do átomo
é comparativo com o padrão, ou seja, o átomo de carbono-12. Quando se diz que a massa atômica do elemento cloro é
35,5 u, conclui-se que:
2.3. Massa atômica de um elemento ƒ cada átomo do elemento cloro possui massa, em mé-
dia, igual a 35,5 u;
Um mesmo elemento é formado, muitas vezes, por átomos
de diferentes massas denominados isótopos. ƒ cada átomo do elemento cloro possui massa, em mé-
1 da massa do carbono-12.
dia, 35,5 vezes maior que ___
Ocorrência 12
Elemento Isótopo MA (u)
Natural
12
C 12,000 98,89%
Carbono
13
C 13,0034 1,11%
23
Sódio Na 22,9898 100%
35
Cℓ 34,9689 75,77%
Cloro
37
Cℓ 36,9659 24,23%
79
Br 78,9183 50,7% multimídia: site
Bromo
81
Br 80,9163 49,3%
121
Sb 120,9038 57,3% super.abril.com.br/historia/400-anos-em-10/
Antimônio
123
Sb 122,9042 42,7%

A massa atômica de um elemento é, então, determinada


pela média ponderada das massas dos isótopos naturais 3. Massa molecular (MM)
que compõem esse elemento.
Os átomos se reúnem para formar moléculas. A massa de
O elemento magnésio, por exemplo, é constituído pelos uma molécula é a soma das massas atômicas dos átomos
seguintes isótopos naturais: que compõem essa molécula.
Mg Ÿ23,985 u — 78,99 %
24 Visto que as moléculas são formadas por um grupo de
átomos ligados entre si, o padrão usado como base para
Mg Ÿ 24,986 u — 10,00 %
25
identificar as massas dessas moléculas é o mesmo usado
Mg Ÿ 25,982 u — 11,01 %
26
para os átomos: a unidade de massa atômica (u).

68
Exemplo ƒ 6,02 · 1023 átomos de Aℓ em 27 g de Aℓ (MA(Aℓ) = 27 u);
C6H12O6 (C = 12 u, H = 1 u, O = 16 u) ƒ 6,02 · 1023 átomos de Ca em 40 g de Ca (MA(Ca) = 40 u).
Massa molecular do C6H12O6: MM = (12 · 6) + (1 · 12) + É possível verificar que a massa de 6,02 · 1023 áto-
(16 · 6) = 180 u mos de qualquer elemento é numericamente igual a sua
Significado: cada molécula de C6H12O6 possui massa massa atômica.
1 do
igual a 180 u, ou seja, 180 vezes maior que ___
12
carbono-12. 4.1. Como foi determinado o
Assim: número de Avogadro?
Ernest Rutherford (1831-1937) determinou o número de
Massa molecular é a soma das massas atômicas dos Avogadro contando as partículas a (alfa) emitidas pelo ele-
átomos que compõem a molécula. Ou ainda, massa mento rádio. Cada partícula a se transforma em um átomo
molecular é o número que indica quantas vezes a de hélio. Essas partículas são emitidas com tanta energia,
massa de uma molécula é mais pesada que 1 u, isto que cada uma produz um sinal visível numa placa de sulfeto
1 da massa do átomo de carbono-12.
é, ___ de zinco (ZnS). Esse fator permite contá-las para se descobrir
12
quantos átomos de hélio a amostra de rádio produz em um
determinado intervalo de tempo.
Observe outro exemplo:
Rutherford verificou que 1 g de rádio produz, em um ano,
Quando se diz que a massa molecular da água H2O é 18 u, cerca de 7,7 · 10–6 g de hélio. Além disso, ele calculou
conclui-se que: que, nesse tempo, 1 g de rádio emitiria 11,6 · 1017 partí-
ƒ a massa de uma molécula H2O é igual a 18 u; culas a e, portanto, 11,6 · 1017 átomos de hélio.

1 Assim, temos:
ƒ a massa de uma molécula H2O é 18 vezes maior que ___
da massa do átomo de carbono-12;
12 7,7 · 10-6 g de He ———— 11,6 · 1017 átomos de He
4 g de He ———— NA
ƒ uma molécula de água é 1,5 vezes mais pesada que
um átomo de carbono-12. NA = 6,02 · 1023 átomos
Nota: A massa dos compostos iônicos é chamada de
massa-fórmula (MF).
Por exemplo: NaCℓ Ÿ MF = 58,5 u
5. Conceito de mol
Para facilitar, é utilizada a expressão massa molecular tanto
para os compostos moleculares quanto para os iônicos. Segundo a União Internacional da Química Pura e Aplicada
(IUPAC), mol é a quantidade de matéria que contém tantas
entidades elementares (átomos, moléculas, elétrons, partí-
4. Constante ou número culas, etc.) quantos são os átomos de carbono-12 contidos
em 0,012 kg do carbono-12.
de Avogadro (Na)
Considere as seguintes amostras: 12 g de carbono, 27 g de Constante de Avogadro é o número de átomos de 12C con-
alumínio e 40 g de cálcio. tidos em 0,012 kg de 12C, e seu valor é 6,02 · 1023 mol–1.
Verifica-se experimentalmente que o número de átomos n
existentes em cada uma das amostras é o mesmo, embo- Assim:
ra elas possuam massas diferentes. No entanto, quantos Mol é uma quantidade de 6,02 · 1023 partículas quaisquer.
átomos existem em cada uma dessas amostras? Várias ex-
periências foram realizadas para determinar esse número,
conhecido como número de Avogadro (NA), e o valor en-
Exemplo
contrado foi 6,02 · 1023. ƒ 1 mol de átomos contém 6,02 · 1023 átomos.
Dessa forma, o número de Avogadro é o número de áto-
ƒ 1 mol de moléculas contém 6,02 · 1023 moléculas.
mos em x gramas de qualquer elemento, sendo x a massa
atômica do elemento. Assim, existem: ƒ 1 mol de íons contém 6,02 · 1023 íons.
ƒ 6,02 · 1023 átomos de C em 12 g de C (MA(C) = 12 u); ƒ 1 mol de elétrons contém 6,02 · 1023 elétrons, etc.

69
6. Massa molar (M) Exemplo: Aℓ = 27 u
27 g de Aℓ
É a massa que contém 6,02 · 1023 unidades. Sua unidade
contêm
é g/mol (grama/mol) ou g·mol–1.

6,02 · 1023 átomos de Aℓ 1 mol de átomos de Aℓ


6.1. Massa molar de um elemento (M) Massa molar do Aℓ = 27 g · mol-1

6.2. Massa molar de uma substância (M)


A massa molar de um elemento é a massa em gra-
mas de 1 mol de átomos desse elemento, isto é,
A massa molar de uma substância é a massa em gra-
6,02 · 1023 átomos. A massa molar de um elemento
mas de 1 mol de moléculas da referida substância.
é numericamente igual à sua massa atômica expressa
A massa molar de uma substância é numericamente
em gramas.
igual à sua massa molecular expressa em u.

VIVENCIANDO

Em uma indústria química, é indispensável saber o que significa um mol. Os químicos trabalham com soluções muitas
vezes perigosas e/ou corrosivas. Contudo, é possível analisar facilmente se um ácido vai trazer prejuízos a quem o estiver
manipulando. Uma solução de ácido sulfúrico muito diluída, com concentração de, por exemplo, 5 mmol/L, não causará
danos se entrar em contato com a pele. É claro que muito tempo de exposição pode causar prejuízos. Nesse sentido, por
precaução, mantenha-se longe de soluções perigosas e esteja sempre acompanhado de um responsável.
A quantidade de mol por litro de solução também influencia em processos industriais. Em condições nas quais há um
aumento na concentração de reagentes, a velocidade da reação pode ser acelerada. Essa técnica é muito usada em
indústrias, onde o aumento da concentração da solução evita desperdício e garante um maior rendimento.

Exemplos
ƒ CO2 (C = 12 u , O = 16 u)
MCO = (12 · 1) + (16 · 2) = 44 u
2

Assim, tem-se:

contêm


ƒ NaCℓ (Na = 23 u, Cℓ = 35,5 u)


MFNaCℓ = 23 + 35,5 = 58,5 u

70
Assim, tem-se:
58,5 g de NaCℓ Aplicação do conteúdo
1. O elemento químico neônio apresenta-se na natureza
contêm
com a seguinte composição isotópica:

90% de 20Ne
6,02 · 1023 fórmulas de NaCℓ 1 mol de fórmulas de NaCℓ
Massa molar do NaCℓ = 58,5 g · mol-1 0,27% de 21Ne
9,73% de 22Ne
6.3. Massa molar de um íon (M)
Considerando as massas atômicas dos isótopos praticamen-
te iguais aos seus números de massa, pede-se para calcular
A massa molar de um íon é a massa em gramas de 1 a massa atômica do elemento neônio.
mol de íons e é numericamente igual à massa do íon
expressa em u. Resolução:

Exemplo
ƒ CO-23 (C = 12 u, O = 16 u)
MCO 2- = (12 · 1) + (16 · 3) = 60 u 2. Existem dois isótopos do rubídio que ocorrem na na-
3
tureza: 85Rb, que tem massa igual a 84,91 g/mol, e 87Rb,
Assim, tem-se: cuja massa é 86,92 g/mol. A massa atômica do rubídio é
85,47 g/mol. Qual é a porcentagem do 87Rb?
a) 72,1%.
b) 20,1%.
c) 56,0%.
d) 27,9%.
e) 86,9%.

Nota: Com frequência, o tipo de partícula à qual se refere o Resolução:


termo mol é omitido. Por exemplo, diz-se 1 mol de magné-
A questão apresenta o cálculo inverso da questão an-
sio, quando o correto seria 1 mol de átomos de magné-
terior. Com efeito, anteriormente foram dadas as abun-
sio. Assim, 1 mol de magnésio = 1 mol de átomos de
dâncias dos isótopos e foi pedida a massa atômica média.
magnésio = 6,02 · 1023 átomos de magnésio.
Agora, é dada a massa atômica média, pedindo-se a abun-
dância de um dos isótopos.
6.4. Determinação da quantidade
de substância ou quantidade de A porcentagem pedida do 87Rb será chamada de x.
mol ou “número de mol” (n) Sendo assim, a porcentagem do outro isótopo (85Rb) será
(100 – x )%. Esquematizando o cálculo como na questão
A partir de uma amostra que apresenta determinada mas-
anterior, segue:
sa de um elemento químico ou substância e conhecendo
sua massa molar, é possível determinar quantos mol e
quantas entidades químicas (átomos, moléculas, etc.) com-
põem essa amostra. Resolvendo a equação, temos: x # 27,9 %.

Considere uma amostra de massa igual a m (em gra- Alternativa D


mas) de uma espécie química cuja massa molar é igual
a M (g · mol–1). A partir desses dados, pode-se determinar 3. Quantos mol de átomos correspondem a 280 g de
ferro? (Fe = 56 u)
a quantidade ou número de mol (n) que constitui a espécie
química utilizando a relação matemática: Resolução:
1 mol de átomos de Fe –– 56 g –– 6,02 · 1023 átomos de Fe
x–– 280 g
m 280 · 1 mol de átomos Ÿ x = 5 mol de átomos
x = _______
n = __ 56
M
de Fe

71
88 · 6,02 · 1023
4. Determine o número de átomos de hidrogênio conti- x = _____________ moléculas Ÿ
dos em 100,0 g de álcool etílico (C2H6O). 44
x # 1,2 · 1024 moléculas de CO2
(C = 12 u, O = 16 u, H = 1 u)
6. A massa de uma única molécula de ácido acético
Resolução: (C2H4O2) é:

MC H O = (12 · 2) + (1 · 6) + (16 · 1) = 46 g · mol-1 (C = 12 u; H = 1 u; O = 16 u)


2 6

1 mol de C2H6O –– 46 g — 6,02 ·1023 moléculas de C2H6O a) 1,0 · 10-21 g.


b) 1,0 · 10-22 g.
100 g — x c) 1,0 · 10-23 g.
100 · 6,02 · 1023 d) 1,0 · 10-24 g.
x = _____________ moléculas Ÿ x = 1,3 · 1024 e) 1,0 · 10-25 g.
46
moléculas de C2H6O
Resolução:
Observe, porém, que cada molécula de C2H6O con-
tém 6 átomos de hidrogênio. Conclui-se, então, que há MC H O = (12 · 2) + (1 · 4) + (16 · 2) = 60 g · mol-1
2 4 2

6 · 1,3 · 1024 átomos de hidrogênio, ou seja: 7,8 · 1024 1 mol de moléculas C2H4O2 ––– 60 g — 6,02·1023 moléculas
átomos de hidrogênio.
x —— 1 molécula de CO2
5. Quantas moléculas existem em 88 g de dióxido de
carbono (CO2)? 60
x = _________ g Ÿ x # 1 · 10–22 g
6,02 · 1023
(C = 12 u, O = 16 u) Alternativa B
Resolução:

MCO = (12 · 1) + (16 · 2) = 44 g ∙ mol–1


2

1 mol de CO2 ––– 44 g — 6,02 · 1023 moléculas de CO2


88 g ———— x

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Em 1811, quando Avogadro elaborou a tese de que, dadas as mesmas condições de temperatura e pressão, dois gases
diferentes ocuparão o mesmo volume e conterão o mesmo número de moléculas, o mundo da ciência foi revolucionado.
Entretanto, somente anos mais tarde que ele ganhou o reconhecimento (póstumo) que merecia por causa de sua tese.
Tal tese foi de extrema importância e vital no desenvolvimento de indústrias automotivas, farmacêuticas, químicas, etc.
Seu número, mais conhecido como 6,02 ∙ 1023, é responsável pela precisa relação matemática entre moléculas e átomos.
Pode-se dizer, por exemplo, que a cada 1 mol de água tem-se 6,02 ∙ 1023 moléculas, o que corresponde a 18 g.
Esse meio de medida é muito importante. Com esse numero pôde-se ter uma nova forma de unidade de concentração, co-
nhecida como concentração molar. O número de mol também é importante para evitar doses letais e na produção de antído-
tos. A dose letal do cianureto, por exemplo, é 5 mg/kg, se passarmos isso para mol obteremos aproximadamente 2 mmol/kg.

72
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 4
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de
conservação, recuperação ou utilização sustentável da biodiversidade.

A industrialização avançou de forma significante durante o século passado. A máquina movida a vapor foi um
dos maquinários responsáveis por um extraordinário progresso industrial e tecnológico.
Entretanto, houve consequências, como a poluição. Na habilidade 4 é possível interpretar em termos quantita-
tivos e mensurar a quantidade de gases poluentes lançados na atmosfera. É muito comum a aplicação desses
conhecimentos para cálculos da quantidade de substâncias causadoras da poluição no ambiente.

MODELO 1
(Enem) A eutrofização é um processo em que rios, lagos e mares adquirem níveis altos de nutrientes, especial-
mente fosfatos e nitratos, provocando posterior acúmulo de matéria orgânica em decomposição. Os nutrientes
são assimilados pelos produtores primários e o crescimento desses é controlado pelo nutriente limítrofe, que
é o elemento menos disponível em relação à abundância necessária à sobrevivência dos organismos vivos. O
ciclo representado na figura seguinte reflete a dinâmica dos nutrientes em um lago.

A análise da água de um lago que recebe a descarga de águas residuais provenientes de lavouras adubadas
revelou as concentrações dos elementos carbono (21,2 mol/L), nitrogênio (1,2 mol/L) e fósforo (0,2 mol/L).
Nessas condições, o nutriente limítrofe é o
a) C.
b) N.
c) P.
d) CO2.
e) PO4.

73
ANÁLISE EXPOSITIVA
Nessa habilidade o aluno deve demonstrar domínio de problemas envolvendo proporcionalidade entre as subs-
tâncias de reações químicas e dominar a mudança de unidade de gramas para mol e vice-versa.
O nutriente limítrofe é aquele encontrado em menor quantidade. Conforme o enunciado, algas e outros
organismos fixadores de nitrogênio e outros fotossintéticos assimilam C, N e P nas razões atômicas
106:16:1.
A partir dos valores das concentrações dos elementos carbono (21,2 mol/L), nitrogênio (1,2 mol/L) e
fósforo (0,2 mol/L), é possível calcular a proporção deles na água do lago.

C N P
106 mol/L 16 mol/L 1 mol/L
21,2 mol/L 1,2 mol/L 0,2 mol/L

Dividindo a segunda linha por 0,2, teremos:

C N P
106 mol/L 16 mol/L 1mol/L

21,2 mol/L 1,2 mol/L 0,2 mol/L


___________ __________ __________
0,2 0,2 0,2

C N P
106 mol/L 16 mol/L 1 mol/L
106 mol/L 6 mol/L 1 mol/L
(limítrofe)
(menor quantidade)

RESPOSTA Alternativa B

74
DIAGRAMA DE IDEIAS

MASSA
MOLAR
(g.mol-1)

ÁTOMO CONTÉM MOLÉCULAS


1 MOL DE
PRESENTE EM: ENTIDADES PRESENTE EM:

• ELEMENTO QUÍMICO SUBSTÂNCIA


• SUBSTÂNCIA MOLECU- MOLECULAR
COMO
LAR MONOATÔMICA
• SUBSTÂNCIA METÁLICA

ÍONS
FÓRMULAS

PRESENTE EM:

SUBSTÂNCIA
IÔNICA

75
É por meio do conhecimento das fórmulas das substâncias
AULAS 3 e 4 que essas proporções são perceptíveis. Por esse motivo, ini-
cialmente serão abordados os diferentes tipos de fórmulas.

Fórmula percentual indica a porcentagem, em


massa, de cada elemento que constitui a substância.

FÓRMULAS E LEIS Um modo de determinar a fórmula percentual é partir da


PONDERAIS fórmula molecular da substância, aplicando os conceitos
de massa atômica e massa molecular.
Por exemplo, considerando que a fórmula molecular do
metano é CH4 e que as massas atômicas do carbono e do
COMPETÊNCIAS:
hidrogênio são, respectivamente, 12 u e 1 u, tem-se:
1e2
Massa molecular do CH4 = (12 · 1) + (1 · 4) = 12 + 4 = 16.
HABILIDADES: 4e7 Desse modo, na massa molecular igual a 16 u, o carbono
participa com 12 u, e o hidrogênio participa com 4 u. Assim:

C: 16 ——— 100%
12 · 100% = 75%
1. Introdução 12 ——— x Ÿ x = _________
16
Um químico, ao se deparar com um material desconhecido,
H: 16 ——— 100%
procura, utilizando diversas técnicas físicas e químicas, en-
contrar a composição desse material. 4 · 100% = 25%
4 ——— y Ÿ y = ________
16
A primeira providência é realizar a análise imediata do ma-
terial, ou seja, separar por meio de processos puramente Logo, a fórmula percentual do CH4 é: C75%H25%.
físicos as diversas substâncias presentes na amostra. Es-
ses processos baseiam-se no fato de que o conjunto de
características, como ponto de fusão, ponto de ebulição, 2. Fórmula mínima ou empírica
densidade e solubilidade, é diferente para cada substância, O primeiro passo ao realizar a análise de uma substância
e, manejando criteriosamente essas diferenças, é possível desconhecida é determinar sua composição, ou seja, os
separá-las uma a uma. elementos que a compõem. O segundo passo consiste
Depois que as diversas substâncias da amostra estiverem na determinação das quantidades das massas de cada
separadas, a próxima providência é realizar uma análise elemento. A partir desses dados obtém-se a fórmula per-
elementar de cada uma delas. centual e, com ela, é possível determinar o “número de
mol” (n) de átomos de cada elemento e estabelecer uma
proporção entre esses valores.

1. Submetido à análise imediata Fórmula mínima indica a menor proporção, em


números inteiros de mol, dos átomos dos elementos
2. Submetido à análise qualitativa que compõem uma substância.
3. Submetido à análise quantitativa
O cálculo das quantidades das substâncias envolvidas em
uma reação química é denominado estequiometria – palavra Observe, a seguir, como é possível determinar a fór-
derivada dos termos gregos stoicheia (partes mais simples) e mula mínima.
metrein (medida). Considere uma amostra que foi submetida à análise qua-
É preciso conhecer as proporções entre os elementos que litativa e apresenta, como únicos constituintes, carbono e
compõem as diferentes substâncias para que os cálculos hidrogênio. A análise quantitativa revelou a existência de
estequiométricos possam ser efetuados. 75% em massa de carbono e 25% em massa de hidrogênio.

76
Com base nesses dados, pode-se determinar a fórmula mí-
nima do composto:
3. Fórmula molecular
ƒ 1.º passo: É recomendável, quando se trabalha com por- Fórmula molecular indica o número real de áto-
centagem em massa, considerar amostras de 100 g, o que mos de cada tipo na molécula.
possibilita que as porcentagens em massa correspondam
numericamente à massa em gramas de cada elemento:
Em certos casos, a fórmula molecular é idêntica à fórmula
75% em massa de carbono Ÿ 75 g de carbono
100 g de amostra 25% em massa de hidrogênio Ÿ 25 g de hidrogênio
mínima; em outros, porém, é um múltiplo inteiro da fór-
mula mínima.
ƒ 2.º passo: A partir dessas quantidades em massa e co- Fórmula Mínima Ÿ Fórmula Molecular
nhecendo as massas atômicas dos elementos, é possível H2O (×1) H2O

determinar o número de mol de átomos de cada elemento. CH (×6) C6H6


P2O5 (×2) P4O10
Assim, temos:
CH (×2) C2H2
C Ÿ massa atômica = 12 u Ÿ massa molar = 12 g · mol-1
Logo, temos:
H Ÿ massa atômica = 1 u Ÿ massa molar = 1 g · mol-1
Fórmula Molecular = [Fórmula Mínima] · n
Lembrando que n
massa (g) Em que n é um número inteiro.
(n.º de mol de átomos) = __________________ , temos
massa molar · (g mol–1) A fórmula molecular pode ser determinada de várias
75 g maneiras. Observe algumas delas:
C Ÿ n = _________ = 6,25 mol de átomos
12 g · mol–1
25 g ƒ 1.º método: Calculando a fórmula mínima a partir da
H Ÿ n = ________–1 = 25 mol de átomos porcentagem em massa.
1 g · mol
Esses valores representam a proporção em número de mol Vitamina C (massa molar = 176 g · mol-1)
entre os elementos. Nesse composto, 6,25 mol de átomos
de carbono estão combinados com 25 mol de átomos de C = 40,9% em massa = 40,9 g
hidrogênio. Observe que essa não é a menor proporção e 100 g de vitamina C H = 4,55% em massa = 4,55 g
que ela não está em números inteiros. O = 54,6% em massa = 54,6 g
ƒ 3.º passo: Depois de determinar a proporção entre os
Número de mol de átomos:
números de mol dos átomos, é necessário transformá-
-la na menor proporção possível de números inteiros. 40,9 g 4,55 g
C = _________–1 = 3,41 mol; H = ________ = 4,55 mol;
Isso pode ser realizado dividindo-se os valores em números 12 g · mol 1 g · mol–1
54,6 g
de mol pelo menor deles. O = _________ = 3,41 mol
16 g · mol–1
C Ÿ n = 6,25 mol; H Ÿ n = 25 mol
Relação entre os números de mol:
C H 3,4 4,5 3,4
C = ___ = 1; H = ___ = 1,33 mol; O = ___ = 1 mol
Relação entre os 6,25 mol
_______ =1 25 mol = 4
______ 3,4 3,4 3,4
números de mol 6,25 6,25
Como os valores encontrados não são inteiros, é preciso
Essa é a menor proporção de números inteiros entre os multiplicá-los por um número que permita obter a menor
números de mol dos átomos de cada componente. proporção de números inteiros. Nesse caso, o número ade-
quado é 3. Observe a tabela abaixo:
Assim, 1 mol de átomos de carbono se combina com 4 mol
de átomos de hidrogênio. C H O
1 mol 1,33 mol 1 mol
Logo, a fórmula mínima desse composto é: C1H4 ou CH4.
(× 3) (× 3) (× 3)
Resumindo: 3 mol 4 mol 3 mol
a) Determine o número de mol de átomos de cada Fórmula mínima: C3H4O3
elemento.
b) Divida os resultados obtidos pelo menor valor A relação entre a fórmula mínima e a fórmula mole-
encontrado. cular pode ser feita do seguinte modo:

77
Fórmula Mínima Ÿ Fórmula Molecular Cx + Hy + Oz
C3H4O3 C6H8O6 12 ∙ x 1∙y 16 ∙ y = 176
M = 88 g · mol-1 M = 176 g · mol-1 p p p p
Assim, temos que: 40,9% 4,55% 54,6% 100%
(C3H4O3)n = 176 Ÿ 88 · n = 176 Ÿ n = 2 Cx: 176 —— 100%
Logo, (C3H4O3)2 Ÿ a fórmula molecular da vitamina C é 12 ∙ x —— 40,9%
Ÿx=6
C6H8O6.
Hy: 176 —— 100%
ƒ 2.º método: Relacionando as porcentagens em mas-
1 ∙ y —— 4,55%
sa com a massa molecular do composto.
Ÿy=8
C = 40,9%
Oz: 176 —— 100%
H = 4,55% M = 176 g · mol–1
16 ∙ y —— 54,6%
O = 54,6% Ÿz=6
Considerando que sua fórmula molecular seja CxHyOz, ago- Dessa maneira, temos que a fórmula molecular da vitami-
ra é necessário relacionar as porcentagens em massa com na C é C6H8O6.
as massas atômicas e a massa molecular:

VIVENCIANDO

As ideias de cientistas como Proust e Lavoisier são muito úteis até hoje para a indústria química. Em uma indústria,
podem ser produzidas toneladas de determinados materiais. Nessa produção são utilizados reagentes que nem
sempre são baratos. Nesse sentido, é fundamental que tudo o que seja comprado seja aproveitado. Em vista disso, a
lei das proporções definidas ajuda as indústrias químicas a realizarem o cálculo exato para que não ocorram gastos
além do necessário.

4. Leis ponderais Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo


No século XVIII, foram lançadas as bases para o estudo da se transforma.
estequiometria das reações químicas. Os cientistas consegui-
ram expressar matematicamente as regularidades que ocor-
Isso significa que, em uma reação química, a matéria não é
rem nessas reações por meio das leis das combinações
criada nem destruída.
químicas. Essas leis foram divididas em dois grupos:
A lei da conservação foi proposta por Lavoisier após a rea-
ƒ Leis ponderais: relacionam as massas dos participan-
lização, em 1773, do seguinte experimento:
tes de uma reação.
Lavoisier colocou em um frasco uma quantidade do metal
ƒ Lei volumétrica: relaciona os volumes dos participan-
tes de uma reação. mercúrio (Hg) e, depois de fechar o frasco hermeticamente,
determinou sua massa. Em seguida, esse sistema fechado foi
4.1. Lei da conservação das colocado em um forno de alta temperatura. Depois de certo
tempo, o frasco foi pesado novamente e apresentou a mesma
massas – Lei de Lavoisier massa; no entanto, o mercúrio havia reagido com o gás oxigê-
Essa lei foi proposta por Antoine Laurent Lavoisier por volta nio do ar contido no frasco formando uma nova substância: o
de 1775 e é popularmente enunciada da seguinte maneira: óxido de mercúrio (II).

78
Esse experimento pode ser representado pela equação: Assim, pode-se enunciar a lei das proporções definidas:

mercúrio + oxigênio óxido de mercúrio (II)
Toda substância apresenta uma proporção em mas-
(prateado) (incolor) (vermelho)
sa constante na sua composição.
massas dos reagentes massa do produto
*O SÍMBOLO Δ INDICA AQUECIMENTO
Essa mesma experiência foi repetida muitas vezes, sempre Aplicação do conteúdo
utilizando balanças e determinando as massas dos reagen-
tes e dos produtos, e permitiu que Lavoisier concluísse que: 1. Considerando que 200 g de mercúrio reagem com-
pletamente com 16 g de oxigênio para formar óxido
de mercúrio, qual seria a massa de oxigênio necessária
Em um sistema fechado, a massa total dos reagentes para produzir 135 g de óxido de mercúrio (II)?
é igual à massa total dos produtos.
Resolução:
Para uma reação genérica:
∆ Aplicando a Lei de Lavoisier, sabe-se que a reação comple-
A+B C+D
ta de 200 g de mercúrio com 16 g de oxigênio resulta em
mA mB mC mD 216 g de óxido de mercúrio (II), pois:
massas dos reagentes produto
Óxido de
Tem-se, então: Mercúrio + Oxigênio o
Mercúrio (II)
mA + mB = mC + mD 200 g + 16 g = 216 g

4.2. Lei das proporções Para produzir 135 g de óxido de mercúrio, é preciso rela-
cionar as proporções.
definidas – Lei de Proust
Pela Lei de Proust, tem-se:
Em 1799, Joseph Louis Proust (1754-1826), por meio da
análise da substância água, descobriu que a sua composi-
Mercúrio  Oxigênio o Óxido de
ção era constante, independente de seu processo de obten- Mercúrio (II)
ção. Dessa maneira, a água, não importando sua origem ou
200 g + 16 g = 216 g
seu método de obtenção, sempre é formada por 11,1% em
massa de hidrogênio e 88,9% em massa de oxigênio: x = 135 g

água o hidrogênio + oxigênio


Assim:
100% 11,1% 88,9%
16 = ___
__ 216
100 g 11,1 g 88,9 g x 135 Ÿ x = 10 g de oxigênio
Assim, a composição da água apresentará sempre uma
mesma relação entre as massas de hidrogênio e de oxigê- Dessa maneira, para obter 135 g de óxido de mercúrio (II),
nio para qualquer massa de água: a massa de oxigênio necessária é 10 g.

________________ 11,1 g __1


massa de hidrogênio _____ 2. Supondo que 80 g de mercúrio são colocados em
= = contato com 6 g de oxigênio, qual seria o reagente em
massa de oxigênio 88,9 g 8
excesso e qual seria sua massa?
Na formação da água, deve-se ter a combinação de hidro-
gênio e oxigênio na proporção de 1 para 8 em massa. Se Resolução:
1 grama de hidrogênio reagir com 8 gramas de oxigênio, o
resultado será 9 gramas de água. Pela Lei de Proust:
Realizando outros experimentos, observa-se:
Óxido de
Mercúrio  Oxigênio o
hidrogênio + oxigênio o água Mercúrio (II)
Proporção 1 : 8 : 9 + 16 g
200 g = 216 g
Experimento A 10 g + 80 g 90 g
Experimento B 5g + 40 g 45 g 80 g y

79
Assim: 1 N2(g) 2 NH3(g)
3 H2(g)
16 Ÿ y = 6,4 g de oxigênio
200 = ___ + o
___ Proporção
80 y

Dessa maneira, 80 g de mercúrio reagiriam completamen-


Em número de 3
te com 6,4 g de oxigênio. No entanto, existem apenas 6 g móleculas móleculas
1 molécula 2 moléculas
de oxigênio, havendo excesso de mercúrio.
Em número de
Pela Lei de Proust: mol
3 mol 1 mol 2 mol

Óxido de
Mercúrio  Oxigênio o
Mercúrio (II) Em volume 3 volumes 1 volume 2 volumes
200 g + 16 g = 216 g
z 6g O enunciado da lei de Gay-Lussac é:
Assim:
200 = ___
___ 16 Ÿ z = 75 g de mercúrio Nas mesmas condições de pressão e temperatura,
z 6 os volumes dos gases participantes de uma reação
A massa de mercúrio que reagiu foi 75 g. Como a massa química têm entre si uma relação de números inteiros
de mercúrio presente era de 80 g, existem 5 g de mercúrio e pequenos.
em excesso.
Observe abaixo outro exemplo em que os resultados expe-
4.3. Lei volumétrica – Lei de Gay-Lussac rimentais confirmam essa lei. Para isso, considere sempre
todos os participantes no estado gasoso e nas mesmas
Uma das contribuições do cientista francês Gay-Lussac
condições de pressão e temperatura.
(1778-1850) à Química foi a lei da combinação de volu-
mes, publicada em 1808 e baseada em uma série de ex-
perimentos. Um desses experimentos envolvia a reação
entre o gás nitrogênio e o gás hidrogênio, cujo produto é
a amônia.
Nessa reação, 3 volumes de H2 reagem com 1 volume de
N2, formando 2 volumes de NH3.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Essa célebre frase dita por Lavoisier revolucionou a
Química. Tido como o pai da Química moderna, Lavoisier teve uma morte trágica. Tudo ocorreu na época da Revo-
lução Francesa, quando o Iluminismo predominava e as classes operárias estavam se insurgindo contra a burguesia.
Lavoisier, além de químico, era também um coletor de impostos e banqueiro. A classe oprimida, ao derrubar a classe
dominante, acusou Lavoisier de extorquir dinheiro do povo favorecendo o governo da época. Lavoisier foi executado
em 1794, na guilhotina, em meio à Revolução Francesa.

Aplicação do conteúdo
1. Em determinadas condições de pressão e temperatura, verificou-se que 0,70 L de monóxido de nitrogênio reage com
0,35 L de oxigênio para formar 0,70 L de dióxido de nitrogênio. Mostrar que esses dados estão de acordo com a lei
volumétrica de Gay-Lussac.

80
Resolução:

A proporção montada a partir dos volumes fornecidos é:


0,70 : 0,35 : 0,70.

Dividindo-a pelo menor termo da proporção, obtém-se:


0,70 ____
0,35 ____
0,70
multimídia: vídeo
____ : : .
0,35 0,35 0,35 FONTE: YOUTUBE
Ou seja: 2 : 1 : 2 (uma proporção de números inteiros e Mundos Invisíveis: Lavoisier, o pai da química
pequenos).
Nota: É importante lembrar que numa reação química o
volume dos gases pode não se conservar, mas a massa
sempre se conserva (Lei de Lavoisier).

DIAGRAMA DE IDEIAS

MASSA DOS
LEI DE LAVOISIER PRODUTOS IGUAIS
ÀS DOS REAGENTES

LEI DA CONSERVAÇÃO DAS MASSAS

MESMA RELAÇÃO
ENTRE AS MASSAS
LEI DE PROUST
DOS ELEMENTOS
NUMA SUBSTÂNCIA
LEI DAS PROPORÇÕES DEFINIDAS

PROPORÇÃO
LEI DE GAY-LUSSAC
ENTRE VOLUMES
LEI VOLUMÉTRICA

81
amônia. Contudo, esse exemplo vai contra a Lei de Lavoisier,
AULAS 5 e 6 pois a soma dos átomos no lado dos reagentes é menor
do que no lado dos produtos. Como afirmou Lavoisier: “na
natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Nesse sentido, para que a equação possa obedecer à Lei
de Lavoisier, é necessário fazer o balanceamento da mesma
para mostrar que há a conservação de átomos no sistema.
INTRODUÇÃO À O balanceamento nada mais é do que o acerto dos co-
eficientes estequiométricos na equação. A equação
ESTEQUIOMETRIA balanceada é:
N2 + 3 H2 o 2 NH3

Como é possível observar, uma molécula de nitrogênio


reage com três moléculas de hidrogênio para formar
COMPETÊNCIAS: 1, 2 e 8 duas moléculas de amônia. A lei da conservação das
massas foi obedecida. Observe que os coeficientes es-
HABILIDADES: 4, 7, 29 e 30 tequiométricos estabelecem uma proporção de 1: 3: 2
e não indicam o número de mol das moléculas em uma
equação, mas apenas uma relação proporcional entre
os compostos. Por exemplo, a cada 100 mol de nitrogê-
nio, são necessários 300 mol de hidrogênio para reagir
1. Introdução e formar 200 mol de amônia.
O estudo das relações entre as quantidades de reagentes O balanceamento é fundamental para a resolução de qualquer
e/ou produtos numa reação química é denominado es- exercício, principalmente aqueles que envolvem estequiometria.
tequiometria. Essas relações podem ser feitas em mol,
massa, volume, número de moléculas, etc. 2.1. Método das tentativas
É o método mais utilizado e consiste em colocar os coefi-
cientes estequiométricos na equação por meio de tentativa
e erro, até que se atinja um número igual de átomos nos
reagentes e produtos. Embora pareça mais trabalhoso, há
algumas dicas que podem facilitar o trabalho:

ƒ Balancear os elementos que aparecem em menor quan-


multimídia: vídeo tidade primeiro (normalmente são os metais e ametais,
FONTE: YOUTUBE
com exceção do carbono, do oxigênio e do hidrogênio).
Lavoisier e Faraday ƒ Caso mais de um elemento apareça uma única vez, dê
preferência àquele com maior número de átomos.

ƒ Prosseguir o balanceamento deixando por último o


2. Balanceamento de carbono, o hidrogênio e o oxigênio (são os elementos
equações químicas que mais aparecem em equações químicas).

De acordo com a lei de Lavoisier, “a soma das massas das Exemplo:


substâncias reagentes é igual à soma das massas dos pro- Realize o balanceamento da seguinte equação:
dutos da reação”. Assim, o número de átomos presentes C2H6O + O2 o CO2 + H2O
nos reagentes de uma reação deve ser igual à quantidade
de átomos presentes nos produtos. Não é recomendável começar o balanceamento pelo oxi-
gênio ou pelo hidrogênio. Como o carbono é o elemento
A reação a seguir indica a síntese da amônia:
que menos se repete (C2H6O e CO2), o balanceamento
N2 + H2 o NH3 deve começar por ele. Substituindo os coeficientes este-
Conforme essa equação, uma molécula de nitrogênio reage quiométricos para igualar a quantidade de carbono pre-
com uma molécula de hidrogênio e forma uma molécula de sente no reagente e no produto, tem-se:

82
C2H6O + O2 o 2CO2 + H2O produtos há 7 átomos de oxigênio. Para que o oxigênio seja
balanceado no reagente, mexe-se no composto que ainda
Assim, serão 6 átomos de hidrogênio presentes no reagen-
não teve seu coeficiente alterado, isto é, o gás oxigênio.
te. Como o hidrogênio também se repete apenas uma vez,
é realizado o seu balanceamento: C2H6O + 3O2 o 2CO2 + 3H2O
C2H6O + O2 o 2CO2 + 3H2O A equação tem a mesma quantidade de átomos, ou seja,
ela está balanceada.
Para acertar a quantidade de oxigênio, é necessário obser-
var que, nos produtos, nenhum coeficiente estequiométrico Nota: Caso o balanceamento fosse iniciado pelo oxigênio,
pode ser mudado, pois isso alteraria o que já foi feito. Nos a equação não seria resolvida dessa forma.

VIVENCIANDO
A estequiometria está presente no dia a dia. Qualquer ação que remeta a uma proporção pode ser relacionada com
a estequiometria. Um exemplo claro é o ato de fazer café. O café nada mais é do que uma estequiometria em menor
escala. Se, por exemplo, for colocado muito açúcar em um café, será possível observar que nem todo açúcar vai ser
dissolvido. Esse tipo de situação é chamado de reagente em excesso. Desse modo, no momento de preparar um
produto ou mesmo um café, é muito importante ter em mente a estequiometria da reação.

2.2. Roteiro para resolução de Estabelecer uma regra de três entre as grandezas envolvi-
das (o que se pede e os dados), obedecendo aos coeficien-
problemas de estequiometria tes da equação (os coeficientes indicam a proporção entre
Escrever a equação química da reação envolvida no problema. o número de mol).
É preciso obedecer dois pontos básicos para escrever
Caso seja necessário, faça a transformação do número
corretamente uma equação:
de mol para outra grandeza (massa, volume, número de
a) deve-se representar realmente um fato experimental, moléculas, etc.).
conhecido e bem analisado;
Dadas as massas molares CO (28 g · mol-1), O2 (32 g · mol-1) e
b) é necessário obedecer à Lei de Lavoisier. CO2 (44 g · mol-1) e considerando condições ideais, observe
Acertar os coeficientes estequiométricos da equação. a tabela:
Proporção
No exemplo 2H2 + 1O2 o 2H2O, deve-se concluir o seguinte: em
2CO(g) + 1O2(g) o 2CO2(g)

ƒ A proporção mínima em que ocorre a reação é de duas mol 2 mol 1 mol 2 mol
massa 2 · 28 = 56 g 1 · 32 = 32 g 2 · 44 = 88 g
moléculas de hidrogênio para uma molécula de oxigênio,
volume 2 · 22,4 = 1 · 22,4 = 2 · 22,4
o que resulta em duas moléculas de água. (gases) 44,8 L 22,4 L = 44,8 L
ƒ Essa proporção sempre é mantida quando a reação se rea- 2 · 6 · 1023 = 1 · 6 ·1023 = 2 · 6 · 1023 =
moléculas
12 · 1023 6 · 1023 12 · 1023
liza. Ou seja, para 100 moléculas de H2, são necessárias 50
moléculas de O2 para produzir 100 moléculas de água (H2O). Além da Lei de Lavoisier, a Lei de Proust também merece
atenção especial. As duas leis respondem basicamente por
Desse modo, para 2 mol de moléculas de H2 precisa-se de
todo o cálculo estequiométrico.
1 mol de moléculas de O2 para formar 2 mol de moléculas
de água (H2O). A Lei de Proust afirma que “as substâncias reagem em pro-
porções fixas e definidas”. Por exemplo, no problema sobre
Mol é o número de Avogadro (6,02 · 1023) de par- a reação do hidrogênio com oxigênio para formar água,
tículas. Massa molar é a massa, em gramas, de um ficou claro que 4 g de H2 reagem sempre com 32 g de O2;
mol de moléculas e é numericamente igual à massa 8 g reagem com 64 g, e assim por diante.
molecular da substância. Um mol de qualquer gás, a
0 ºC e 1 atm (CNTP), ocupa o volume de 22,4 litros. O que aconteceria se 10 g de H2 fossem colocados para
reagir com 32 g de O2?

83
Com efeito, somente 4 g de H2 reagiriam e restariam 6 g n · R · T para 1 mol de
Assim, ao aplicar a equação V = ________
ao final, uma vez que o H2 foi colocado em excesso. Nesse P
moléculas do gás, encontra-se o valor:
caso, afirma-se que o O2 é o reagente limitante, pois é con-
sumido totalmente. V = 22,4 L/mol, quantidade chamada de Volume Molar
nas CNTP.
2.3. Cálculos envolvendo volumes ƒ As Condições Ambientais são P = 1 atm e T = 298 K,
de substâncias gasosas ou seja, 25 °C.
n · R · T aplicada a essa situação fornece
A equação V =________
Nos exemplos anteriores, os cálculos foram relacionados P
com massas, n.º de mol de moléculas, n.º de mol de áto- um volume molar próximo de 25 L/mol.
mos e n.º de moléculas. Todos eles se aplicam a qual-
quer reação química, independentemente do estado
de agregação (sólido, líquido ou gasoso) da substância.
Aplicação do conteúdo
No caso de substâncias gasosas, é possível estabelecer ƒ Relacionando massa com massa
relações entre volumes, tanto entre os reagentes quanto O ácido fosfórico, utilizado em refrigerantes do tipo “cola”
entre eles e os produtos da reação. e possível causador da osteoporose, pode ser formado a
O raciocínio envolve a Lei de Avogadro e é bastante simples: partir da equação não balanceada:

Ca3(PO4)2 + H2SO4 o H3PO4 + CaSO4


O volume ocupado por um gás, sob pressão e tem-
peratura constantes, é diretamente proporcional ao
seu número de moléculas. Partindo-se de 62 g de Ca3(PO4)2 e utilizando-se quanti-
dade suficiente de H2SO4, qual será, em gramas, a massa
aproximada de H3PO4 obtida?
Como o número de moléculas é diretamente proporcional
ao número de mol do gás, tem-se V = k ∙ n. A constante Dados: Ca3(PO4)2 = 310 g · mol-1, H3PO4= 98 g · mol-1
R · T, em que T e P são, respectivamente, a
k é dada por _____
P Resolução:
temperatura e a pressão do gás, e R é a constante universal
dos gases. Uma avaliação mais detalhada será realizada no Acertar os coeficientes da equação:
capítulo “Gases ideais”. Dessa forma, teremos:
1Ca3(PO4)2 + 3H2SO4 o 2H3PO4 + 3CaSO4
n · R ·T
V = ________
P
Relacionar cada coeficiente com a quantidade em massa
Quando aparecem duas ou mais substâncias gasosas na re- das substâncias envolvidas:
ação, a razão entre seus números de mol é a mesma que existe
entre seus volumes, desde que sob as mesmas condições de tem-
peratura e pressão. Desse modo, na reação entre H2 (g) e O2 (g)
para formar H2O, é possível escrever da seguinte maneira:
2H2 + 1O2 o2H2O
nH VH
___
2 ___2 __2
n0 = V = 1
02
2 Aplicando a regra matemática que afirma que “entre gran-
A razão entre volumes não é aplicada quando a substância dezas proporcionais a multiplicação em cruz dá origem a
se encontra em estado líquido ou sólido. Ela é usada apenas produtos iguais”, obtém-se:
para gases e vapores. Gay-Lussac foi o primeiro a observar
essas relações de volume entre substâncias gasosas. 62 · 2 · 98= 39,2 g de H PO
310 ∙ x = 62 ∙ 2 ∙ 98 ox =________
310 3 4
Em diversos problemas envolvendo substâncias gaso-
sas, fala-se de Condições Normais de Temperatura ƒ Relacionando mol com mol
e Pressão (CNTP) e também em Condições Am-
bientais (CA). Calcule o número de mol de H3PO4 necessário para reagir
totalmente com 9 mol de Ca(OH)2.
ƒ No primeiro caso, CNTP, deseja-se dizer que a pressão
é de 1 atm e que a temperatura é de 0 °C ou 273 K. Dado: H3PO4 + Ca(OH)2 o Ca3(PO4)2 + H2O

84
Resolução: 3(NH4)2CO3 + 2H3PO4 o 2(NH4)3PO4 + 3CO2 (g) + 3H2O

Acertar os coeficientes estequiométricos da equação. Qual o volume em litros de gás carbônico liberado quando
250 g de carbonato de amônio reagem com excesso de
ácido fosfórico?
Dados: Volume molar nas CNTP = 22,4 L · mol-1
Massas molares (g · mol-1): H = 1, C = 12, N = 14, O =
3 ∙ x = 2 ∙ 9 o x = 18
__ = 6 mol de H PO 16, P = 31.
3 3 4

ƒ Relacionando mol e massa Resolução:


M(NH ) CO = (14 · 2) + (1 · 8) + (12 · 1)+ (16 · 3) = 96
Quantos gramas de H2 são liberados na reação completa 4 2 3

g ∙ mol-1
de 2 mol de cálcio metálico com ácido clorídrico?
250
m = ___
n(NH ) CO = __
Dado: H2 = 2 g · mol-1 42 3 n 96 # 2,6 mol
Resolução:

Escrever a equação relacionada com o problema.

Ca + HCℓ o H2 + CaCℓ2

Acertar os coeficientes estequiométricos da equação.


HCℓ ℓ

ƒ Relacionando massa ou mol com moléculas

Dada a reação balanceada:


2Fe + 6HCℓ o 2FeCℓ3 + 3H2

Qual o número de moléculas de gás hidrogênio produzidas


pela reação de 224 g de ferro?
Dado: Fe = 56 g · mol-1

Resolução:

ℓ ℓ

ƒ Relacionando grandezas com volume

Considere a reação:

85
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 30
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a
implementação da saúde individual, coletiva ou do ambiente.

Hoje em dia há uma preocupação internacional relacionada aos recursos encontrados. Muitos elementos são,
de forma geral, tão eficientes quanto os recursos que estão aos poucos sendo exauridos.
Sendo assim, é importante encontrar meios alternativos para a obtenção desses elementos com técnicas diferen-
ciadas e baratas, com o intuito de garantir um melhor aproveitamento dos recursos que a Terra pode conceder.
A fim de produzir maior quantidade, é interessante utilizar técnicas que possibilitam o aumento da produção e
um maior rendimento nas reações químicas.

MODELO 1
(Enem) Em setembro de 1998, cerca de 10.000 toneladas de ácido sulfúrico (H2SO4) foram derramadas pelo
navio Bahamas no litoral do Rio Grande do Sul. Para minimizar o impacto ambiental de um desastre desse
tipo, é preciso neutralizar a acidez resultante. Para isso pode-se, por exemplo, lançar calcário, minério rico em
carbonato de cálcio (CaCO3), na região atingida.
A equação química que representa a neutralização do H2SO4 por CaCO3, com a proporção aproximada entre
as massas dessas substâncias é:
H2SO4 + CaCO3 o CaSO4 + H20 + C02
1 tonelada 1 tonelada sólido gás
reage com sedimentado
Pode-se avaliar o esforço de mobilização que deveria ser empreendido para enfrentar tal situação, estimando
a quantidade de caminhões necessária para carregar o material neutralizante. Para transportar certo calcário
que tem 80% de CaCO3, esse número de caminhões, cada um com carga de 30 toneladas, seria próximo de
a) 100. b) 200. c) 300. d) 400. e) 500.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nesse tipo de habilidade, os conhecimentos do aluno são testados ao se apresentar um problema encontrado em
muitas indústrias e mineradoras (quando elas desejam conter algum risco ambiental). É possível ter uma noção cor-
relacionada com o cotidiano, favorecendo a aproximação do aluno em relação aos temas estudados em sala de aula.
Utilizando a proporção aproximada fornecida no enunciado do teste, tem-se:
H2SO4 + CaCO3 o CaSO4 + H2O + CO2
1t – 1t
10.000 t – 0,80 ∙ m (pureza de 80%)
m = 12.500 t
30 t — 1 caminhão
12.500 t — x
x = 416,67 caminhões Ÿ x # 400 caminhões

RESPOSTA Alternativa D

86
DIAGRAMA DE IDEIAS

CONTÉM
REAÇÃO QUÍMICA EQUAÇÃO QUÍMICA

NA QUAL HÁ

QUE EXPRESSAM
A PROPORÇÃO ENTRE COEFICIENTES
OS PARTICIPANTES ESTEQUIOMÉTRICOS
DA REAÇÃO

ENVOLVENDO
A QUANTIDADE
EM MOL PODE SER NÚMERO DE
RELACIONADO
• MASSA
• VOLUME
• MOLÉCULAS
• ÁTOMOS
• ÍONS

87
AULAS 7 e 8 Aplicação do conteúdo
1. Numa reação de neutralização, 10 g de ácido sulfú-
rico são adicionados a 7,4 g de hidróxido de cálcio, se-
gundo a equação:
H2SO4 + Ca(OH)2 o CaSO4 + 2H2O
ESTEQUIOMETRIA: Dados: Massas molares (g ∙ mol-1): H2SO4 = 98; Ca(OH)2
PUREZA, RENDIMENTO E = 74 e CaSO4 = 136.
EXCESSO DE REAGENTE Pede-se para calcular:
a) a massa de sulfato de cálcio formado;
b) a massa do reagente que “sobra” (em excesso) de-
pois da reação.
COMPETÊNCIAS: 1, 2 e 8 É preciso calcular a massa efetiva de ácido sulfúrico que vai
reagir com 7,4 g do hidróxido de cálcio.
HABILIDADES: 4, 7, 29 e 30

1. Casos particulares
7,40 ∙ 98
de estequiometria Ÿ x = ________ = 9,8 g de H2SO4
74
Neste capítulo, serão estudados casos especiais de cálculo
estequiométrico: Como a massa de ácido sulfúrico adicionada é de 10 g, e só
vão reagir 9,8 g, é possível dizer que o ácido sulfúrico está
ƒ Excesso de reagente
em excesso e o hidróxido de cálcio é o reagente limitante.
ƒ Pureza Cálculo da massa em excesso de ácido sulfúrico: (10 – 9,8) =
ƒ Reações consecutivas 0,2 g, o que responde à pergunta (b) do problema.

ƒ Rendimento Ao contrário do ácido sulfúrico, que, na questão, é o rea-


gente em excesso, afirma-se que o hidróxido de cálcio é
ƒ Volume de ar o reagente em falta. Em outras palavras, o hidróxido de
cálcio é o reagente limitante da reação, pois será o primei-
ƒ Misturas de reagentes
ro reagente a acabar ou se esgotar, colocando, assim, um
ponto final na reação e determinando as quantidades de
2. Excesso de reagente produtos que poderão ser formados.

As reações químicas ocorrem sempre em uma proporção De fato, pode-se calcular:


constante, que corresponde ao número de mol indicado
pelos coeficientes. Caso uma das substâncias que participa
da reação esteja em quantidade maior que a proporção
correta, ela não será consumida totalmente. Essa quanti-
dade de substância que não reage é denominada excesso.
Geralmente, o reagente mais barato é usado em quan- 7,4 ∙ 136
Ÿ y = ________ = 13,6 g de CaSO4 será formado
tidade maior do que a exigida pela proporção correta. A 74
finalidade disso é aumentar a velocidade da reação, além na reação entre 9,8 g de H2SO4 e 7,4 g de Ca(OH)2.
de garantir que toda a quantidade colocada do reagente
Isso responde à pergunta (a) do problema. Observe que o
mais caro seja totalmente convertida no produto desejado.
cálculo foi realizado a partir dos 7,4 g de Ca(OH)2 (reagen-
O reagente que é consumido totalmente e, por isso, deter- te limitante), mas nunca poderia ter sido realizado a partir
mina o fim da reação, é denominado reagente limitante. dos 10 g de H2SO4 (reagente em excesso), pois o resultado

88
seria falso. Isso porque os 10 g de H2SO4 não podem reagir Assim, o volume final da mistura resultante será (1 + 2 + 8) =
integralmente por falta de Ca(OH)2. 11 L.
Nota: É preciso insistir que as substâncias não reagem
na proporção em que são misturadas, mas sim na
proporção em que a equação – ou seja, a Lei de
3. Pureza
Proust – determina. Daí o cuidado ao resolver os proble- Em geral, os reagentes utilizados nas indústrias não são to-
mas que dão as quantidades de dois reagentes. É preciso talmente puros. Isso ocorre porque na forma impura esses
lembrar que é o reagente em falta ou reagente limi- reagentes são mais baratos; além disso, eles podem não ser
tante (fator limitante) que “comanda” toda a reação, pois, encontrados em sua forma pura na natureza.
no instante em que ele acaba, a reação é interrompida. Assim, ao se realizarem os cálculos estequiométricos da
quantidade de produto que será formada ou da quanti-
2.1. “Dica” dade de reagente que será preciso usar, é preciso levar em
consideração o seu grau de pureza.
Tome cuidado quando o exercício fornecer a quantidade
de duas (ou mais) substâncias na reação química, pois O grau de pureza (p) é dado pela razão entre a massa de
uma das substâncias pode estar em excesso, isto é, não substância pura e a massa total da amostra.
será totalmente consumida. Nesse caso, para descobrir o
reagente em excesso e o reagente limitante, é preciso mul- mpura
________
p =m
tiplicar “cruzado” as massas molares pela massa fornecida total (impura)
das substâncias.
O produto maior da multiplicação indica o excesso, e o pro- Por exemplo, o calcário (carbonato de cálcio – CaCO3) é um
duto menor da multiplicação indica o limitante, ou seja, a minério utilizado para fabricar a cal virgem (óxido de cálcio
substância que reage completamente. – CaO). Contudo, além do carbonato de cálcio, esse minério
geralmente vem acompanhado de impurezas em sua consti-
tuição, como areia, carvão e outras substâncias.
Considere que, em 100 g de calcário, apenas 80 g são de
carbonato de cálcio e 20 g são de impurezas. Assim, segue
que o grau de pureza desse minério é 0,8 ou 80%, confor-
Como o produto 740 é maior que 725,2, conclui-se que o me mostrado abaixo:
mpura 80 = 0,8
H2SO4 está em excesso e o Ca(OH)2 é o limitante. Deve-se, p =m ________ = ___
portanto, realizar os cálculos por meio do reagente limitante. total (impura) 100
p% = p ∙ 100 = 0,8 ∙ 100 = 80%
Aplicação do conteúdo
Isso significa que o grau de pureza dessa amostra de cal-
1. A combustão completa do gás metano, CH4, dá como cário é de 80%
produtos CO2 e H2O, ambos na fase gasosa. Se 1 L de
metano for queimado na presença de 10 L de O2, qual
o volume final da mistura resultante? Suponha todos os
100% de pureza –––– 100 g de calcário
volumes medidos nas mesmas condições de temperatura x –––– 80 g de carbonato puro
e pressão e comportamento ideal para todos os gases.
Ÿ x = 80%
Resolução:

A questão é de resolução simples, pois a proporção dos Dessa forma, quando for preciso calcular a massa de pro-
volumes gasosos (a P e T constantes) em uma reação quí- duto obtida a partir de um reagente impuro, é necessário
mica coincide com a própria proporção dos coeficientes da primeiro calcular qual é a parte pura da amostra e, em se-
equação correspondente. Tem-se: guida, efetuar os cálculos com o valor obtido.

Aplicação do conteúdo
1. Qual é a massa de óxido de cálcio (CaO) obtida na
decomposição de 250 g de calcário, contendo 80% de
carbonato de cálcio CaCO3?

89
Dados: Massas molares em g ∙ mol-1: Ca = 40, O = 16, C = 12. Qual é a massa de ácido sulfúrico produzida a partir de 8
toneladas (t) de enxofre?
Resolução:
(Massas atômicas: S = 32, H = 1, O = 16).
A reação é dada por:
Resolução:
CaCO3 o CaO + CO2

As massas molares são:


M(CaCO3) = 100 g ∙ mol–1
M(CaO) = 56 g ∙ mol–1
Reação global:
Descobrindo quanto de carbonato realmente há na amos-
tra e que poderá reagir:
100 g de —— 80 g de CaCO3
calcário (porque a pureza é de 80%)
250 g de —— x
calcário
Ÿ x = 200 g de CaCO3
2. (Fuvest) Duas reações que ocorrem na produção do
ferro são representadas por:

2C(s) + O2(g) o 2CO(g)


Fe2O3(s) + 3CO(g) o 2Fe(s) + 3CO2(g)

O monóxido de carbono formado na primeira reação é


consumido na segunda. Considerando apenas essas duas
etapas do processo, calcule a massa aproximada, em qui-
logramas, de carvão consumido na produção de 1 tonelada
de ferro (Massas atômicas: Fe = 56, C = 12, O = 16).
4. Reações consecutivas
Resolução:
Nesse tipo de problema, é indispensável que:
Multiplicando a 1.ª equação por três e a 2.ª equação por
ƒ Todas as equações estejam balanceadas individual-
dois, temos:
mente.
6C(s) + 3O2(g) o 6CO(g)
ƒ As substâncias “intermediárias” sejam canceladas; em
certos problemas, isso obriga a “multiplicar” ou “divi- 2Fe2O3(s) + 6CO(g) o 4Fe(s) + 6CO2(g)
dir” uma ou outra equação por números inteiros con-
venientes que levem ao cancelamento desejado. Equação global:
Daí para diante, recai-se num cálculo estequiométrico
comum, em que a regra de três é estabelecida em fun-
ção da equação química que resulta da soma das equa- ∙ ∙
ções intermediárias.

Aplicação do conteúdo Ÿ x = 321 kg de C

1. A fabricação industrial do ácido sulfúrico a partir do Observe que foi necessário multiplicar a 1.ª equação por
enxofre processa-se por meio das três reações consecu- três e a 2.ª por dois para podermos “cancelar” o CO que
tivas dadas a seguir: está presente tanto na 1.ª como na 2.ª equação.

5. Rendimento
Como, em indústrias e laboratórios, o rendimento da rea-
ção não é total na maioria das reações químicas realizadas,

90
a quantidade de produto obtido é menor do que a quanti- Entretanto, o enunciado afirma que o rendimento é de
dade esperada teoricamente. apenas 80%.
Isso significa que o rendimento da reação não é igual a É preciso então efetuar o cálculo envolvendo o rendimento
100%, uma vez que a massa total dos reagentes não foi percentual dado:
completamente convertida em produtos.
Isso pode ocorrer devido a diversos fatores. Observe os
mais comuns:

ƒ Podem ocorrer reações paralelas às reações desejadas,


e, com isso, uma parte de um ou de ambos os reagen-
2. Sabe-se que o cobre metálico reage com ácido nítrico
tes é consumida, formando produtos indesejáveis. diluído e produz o gás óxido de nitrogênio (II), água e
um composto iônico no qual o cobre tem número de
ƒ A reação pode ficar incompleta por ser reversível; desse
oxidação +2.
modo, parte do produto formado é novamente conver-
tida em reagentes. Calcule a massa de metal que deve reagir com o ácido
ƒ Podem ocorrer perdas de produto durante a reação, nítrico e produzir 4,48 L de gás (CNPT), em um processo
como ao serem usadas aparelhagens de má qualidade no qual o rendimento é de 50%.
ou devido a algum erro do operador. Dados: 3Cu + 8HNO3 o 2NO + 4H2O + 3Cu(NO3)2

Rendimento (R) é o quociente entre a quantidade de Cu = 63,5; N = 14; O = 16.


produto realmente obtida em uma reação e a quan-
Resolução:
tidade que teoricamente seria obtida, de acordo com
a equação química correspondente.
A questão é do “tipo inverso” à questão anterior. De fato,
na anterior, dava-se a quantidade do reagente e pedia-se a
Quantidade real quantidade do produto formado; agora, é dada a quantida-
Rendimento (em %) = _______________ ∙ 100 de do produto e pedida a quantidade do reagente necessá-
Quantidade teórica
ria à reação. Pelo cálculo estequiométrico usual, tem-se:

Aplicação do conteúdo
1. Num processo de obtenção de ferro a partir da hema-
tita (Fe2O3), considere a equação não balanceada:
∙ ∙
Fe2O3 + C o Fe + CO

Utilizando-se 4,8 toneladas (t) de minério e admitindo-se


um rendimento de 80% na reação, qual a quantidade de
ferro produzida?
Contudo, o enunciado afirma que o rendimento da reação
Dados: Massas atômicas: C = 12, O = 16, Fe = 56 é de 50%, o que indica que apenas 50% do cobre inicial
Resolução: será aproveitado na reação.

Depois do balanceamento da equação, deve-se realizar o Para compensar essa perda, deve-se partir de uma quanti-
cálculo estequiométrico de forma usual: dade maior que os 19,05 g previstos.
Assim:
De cada 100 —— 50 g de Cu
∙ g de Cu realmente reagem
y —— 19,05 g de Cu
realmente reagem

100 ∙ 19,5
A massa de ferro (3,36 toneladas) seria obtida se a reação Ÿ y = _________ = 38,1 g de Cu serão necessári-
50
tivesse aproveitamento ou rendimento total (100%). os (apenas 50% desse valor reagirá).

91
3. Uma massa de 32,7 g de zinco metálico reage com sendo que o nitrogênio é considerado inerte. Embora não
uma solução concentrada de hidróxido de sódio, produ- participe da reação, o nitrogênio faz parte do ar que reage
zindo 64,53 g de zincato de sódio (Na2ZnO2). e dos gases finais produzidos.
Qual é o rendimento dessa reação? Assim, quando uma reação se processa com a participação
Resolução: do ar, pode ser necessário identificar fatores como: a massa
de oxigênio que reagiu, o volume do ar utilizado, o volume
Diferente dos anteriores, a questão pede agora o rendi- dos gases finais da reação, a quantidade de nitrogênio que
mento da reação. estava presente no ar e nos gases finais e assim por diante.
É preciso realizar, inicialmente, um cálculo estequiométrico Observe o exemplo a seguir e verifique duas formas que
normal, sem pensar no rendimento: podem ser aplicadas para realizar esses cálculos.
Dados: Zn + 2NaOH o Na2ZnO2 + H2
Uma das formas é aplicando a “Regra de Três“, e a
Massas atômicas: Zn = 65,4; Na = 23; O = 16; H = 1. outra é aplicando a Proporção Estequiométrica citada
(1O2 : 4N2 : 5ar).

Aplicação do conteúdo
1. Um volume de 56 L de metano é completamen-
te queimado ao ar, produzindo gás carbônico e água.
Suponha todas as substâncias no estado gasoso e nas
Passemos, agora, para o cálculo do rendimento porcentual: mesmas condições de pressão e temperatura.

CH4 + 2O2 o CO2 + 2H2O


Quantidade real
Rendimento = _______________ ∙ 100
Quantidade teórica Composição volumétrica do ar: 20% de O2 : 80% de N2.
a) Qual o volume de ar necessário à combustão?
64,53
Ÿ Rendimento = _____ ∙ 100 = 90% b) Qual o volume total dos gases no final da reação?
71,7
Resolução:
Ou, ainda, de outra maneira:
Como se trata de um cálculo estequiométrico entre volu-
mes gasosos, nas mesmas condições de pressão e tempe-
ratura, a resolução é imediata – basta seguir os coeficien-
tes da equação balanceada:
a) Cálculo do volume de ar necessário à combustão
Note, pelos três exemplos acima, que o cálculo estequiométrico Se o volume de oxigênio é 2 ∙ 56 = 112 L, o volume de
é sempre realizado normalmente. Os cálculos do rendimento ar será:
são feitos à parte e equivalem a cálculos de porcentagens.

6. Volume de ar nas
reações químicas Observe que esse cálculo corresponde a multiplicar o volu-
me do O2 por 5, de acordo com a proporção já menciona-
O ar seco apresenta cerca de 78% de gás nitrogênio (N2), da: 1O2 : 4N2 : 5ar.
21% de gás oxigênio (O2) e 1% de outros gases, em volume.
b) Cálculo do volume total dos gases no final da reação
Isso quer dizer que temos uma proporção de aproximada-
mente 1 : 4 : 5 de gás oxigênio, gás nitrogênio e ar total, Pela equação, note que, no final, haverá:
respectivamente.
O ar participa de muitas reações, principalmente nas rea- ∙ ∙ ∙ ∙
ções de oxidação, como as combustões. Na verdade, po-
rém, o único componente do ar que reage é o oxigênio, Ÿ No final da reação tem-se 56 L de

92
CO2 + 112 L de H2O(g) (vapor de água) + a sobra de N2 que Para o flúor:
existe no ar inicial e que não reage.
Ora, sabendo a composição volumétrica do ar, temos:
80 L de N2 ——— 100 L de ar

x ——— 560 L de ar
Ÿ x = 448 L de N2

Pode-se, também, calcular o volume inerte de N2 usando-


-se o volume de O2 (já calculado anteriormente): Para o cloro:

80 L de N2 ——— 20 L de O2 ℓ ℓ
y ——— 112 L de O2
Ÿ y = 448 L de N2

Observe que todos esses cálculos são desnecessários, pois,
relembrando a proporção 1O2 : 4N2 : 5ar, percebe-se que
basta multiplicar o volume de O2 por 4 para descobrir o ℓ
volume do N2.
Por fim, o volume da mistura gasosa final será: A massa total dos produtos formados será:

Vfinal = 56 L de CO2 + 112 L de vapor de água + 448 L de mtotal = 200 g de HF + 730 g de HCℓ = 930 g de produtos.
N2 = 616 L de gases no final da combustão. Observe que não se pode somar as duas equações vistas
acima, pois a soma:
7. Misturas de reagentes 2H2 + 1F2 + 1Cℓ2 o 2HF + 2HCℓ
Apenas as substâncias puras possuem fórmulas químicas
e apenas com elas é possível escrever equações químicas. apresenta a proporção de 1 mol de F para 1 mol de Cℓ,
enquanto o enunciado do problema fala em 5 mol de F2 e
Numa mistura (composição variável), estão presentes duas 10 mol de Cℓ2.
ou mais substâncias puras.
Assim, em problemas com misturas de reagentes, o ideal é
Às vezes, deseja-se expressar sua composição (em peso ou resolver as equações químicas separadamente, realizando
em volume) ou mesmo saber quanto de cada componen- o cálculo estequiométrico também separadamente.
te deve ser misturado para formar outra mistura de com-
posição previamente fixada.
7.2. Segundo caso: quando a composição
Nesses problemas, a dificuldade fundamental é: as misturas
não são obrigadas a obedecer a uma proporção constante;
da mistura reagente não é conhecida -- pelo
entretanto, de acordo com a Lei de Proust, toda equação contrário, constitui a pergunta do problema
química deve obedecer a uma proporção constante. Uma massa de 24 g de uma mistura de H2 e CO queima
completamente produzindo 112 g de produtos finais.
7.1. Primeiro caso: quando a composição Pede-se para calcular as massas de H2 e de CO existentes
da mistura reagente é dada na mistura inicial (Massas atômicas: H = 1, C = 12, O = 16).
Considere que uma mistura composta por 5 mol de Resolução:
flúor e 10 mol de cloro reage completamente com
As reações mencionadas no problema são:
o hidrogênio.
Qual é a massa total dos produtos formados? (Massas atô- 2H2 + O2 o 2H2O
micas: H = 1; F = 19; Cℓ = 35,5).
2CO + O2 o 2CO2
Resolução:
Considere separadamente as reações do flúor e do cloro e Nesse caso, também não se pode somar as equações, pois
efetue dois cálculos estequiométricos separados. a proporção em que o H2 e o CO estão misturados não é

93
conhecida. Assim, o caminho é trabalhar com cada equa-
ção química separadamente, como foi feito no 1.° caso.
Inicialmente, é preciso adotar o seguinte raciocínio:
Uma vez que a massa total da mistura de H2 e CO (reagen-
tes) é igual a 24 g, se for chamada de x a massa de H2, a
massa de CO será igual a (24 – x) gramas.
De maneira semelhante, a massa total da mistura final
de H2O e CO2 (produtos) também foi dada, sendo igual a
112 g. Assim, se for chamada de y a massa de H2O forma-
da, a massa de CO2 formada será (112 – y) gramas.
Agora, as equações químicas devem ser retomadas separa-
damente, e os cálculos estequiométricos correspondentes
devem ser realizados:
Para o H2, temos:

Para o CO, temos:

Temos, portanto, um sistema algébrico de duas incógnitas


que, resolvido, fornecerá as massas do H2 e CO na mistura
inicial (reagentes):
x = 10 g de H2 e (24 − x) = 14 g de CO

94
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 29
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a
saúde, a produção de alimentos, matérias-primas ou produtos industriais.

Com o avanço dos estudos da Tabela Periódica, foi possível separar os elementos em grupos e períodos
e classificá-los como representativos e de transição. Muitos desses elementos têm extrema importância
na avaliação de métodos eficazes e práticos para preservação ambiental.
De forma geral, é importante identificar as características correspondentes desses elementos para que
se possa trabalhar de forma adequada em relação às propriedades específicas de cada elemento.
Para isso, utiliza-se a estequiometria, que leva em conta situações na qual um produto foi extraído
e tratado. Esse tratamento nem sempre acontece com o maior rendimento ou, muitas vezes, é uma
amostra impura. A habilidade 29 tem como objetivo consolidar o raciocínio lógico de forma quantitativa
nas reações químicas.

MODELO 1
(Enem) A composição média de uma bateria automotiva esgotada é de aproximadamente 32% Pb, 3% PbO,
17% PbO2 e 36% PbSO4. A média de massa da pasta residual de uma bateria usada é de 6 kg, onde 19% é
PbO2, 60% PbSO4 e 21% Pb. Entre todos os compostos de chumbo presentes na pasta, o que mais preocupa
é o sulfato de chumbo (II), pois nos processos pirometalúrgicos, em que os compostos de chumbo (placas das
baterias) são fundidos, há a conversão de sulfato em dióxido de enxofre, gás muito poluente.
Para reduzir o problema das emissões de SO2(g), a indústria pode utilizar uma planta mista, ou seja, utilizar o
processo hidrometalúrgico, para a dessulfuração antes da fusão do composto de chumbo. Nesse caso, a re-
dução de sulfato presente no PbSO4 é feita via lixiviação com solução de carbonato de sódio (Na2CO3) 1 M a
45 °C, em que se obtém o carbonato de chumbo (II) com rendimento de 91%. Após esse processo, o material
segue para a fundição para obter o chumbo metálico.
PbSO4 + Na2CO3 o PbCO3 + Na2SO4
Dados: Massas Molares em g/mol Pb = 207; S = 32; Na = 23; O = 16; C = 12
ARAÚJO, R.V.V.; TINDADE, R.B.E.; SOARES, P.S.M.
RECICLAGEM DE CHUMBO DE BATERIA AUTOMOTIVA: ESTUDO DE CASO.
DISPONÍVEL EM: HTTP://WWW.IQSC.USP.BR. ACESSO EM: 17 ABR. 2010 (ADAPTADO).

Segundo as condições do processo apresentado para a obtenção de carbonato de chumbo (II) por meio da
lixiviação por carbonato de sódio e considerando uma massa de pasta residual de uma bateria de 6 kg, qual
quantidade aproximada, em quilogramas, de PbCO3 é obtida?
a) 1,7 kg
b) 1,9 kg
c) 2,9 kg
d) 3,3 kg
e) 3,6 kg

95
ANÁLISE EXPOSITIVA
A estequiometria é uma das áreas mais importantes da Química. Por meio dela é possível aprender sobre a
proporcionalidade das reações químicas e a relação dos reagentes. Para que se tenha um melhor rendimento
possível, é necessário utilizar uma maior quantidade de reagente com maior pureza. Nessa habilidade, é colo-
cada em prova a capacidade do aluno de interpretar e avaliar as condições da estequiometria para um melhor
aproveitamento da reação e de colocar em termos quantitativos a resposta achada.
6 kg (pasta) — 100 %
m (PbSO4) — 60%
m (PbSO4) = 3,6 kg

Obtenção de PbCO3:

PbSO4 + Na2CO3 o PbCO3 + Na2SO4


303 g __________ 267 g
3,6 kg _________ m(PbCO3)
m(PbCO3) = 3,17 kg

Para um rendimento de 91 %, vem:


3,17 kg — 100 %
m(PbCO3) — 91 %
m(PbCO3) = 2,9 kg

RESPOSTA Alternativa C

96
DIAGRAMA DE IDEIAS

CONTÉM
REAÇÃO QUÍMICA EQUAÇÃO QUÍMICA

NA QUAL HÁ

QUE EXPRESSAM
A PROPORÇÃO ENTRE COEFICIENTES
OS PARTICIPANTES ESTEQUIOMÉTRICOS
DA REAÇÃO

• RENDIMENTO 100%
NA QUAL
• RENDIMENTO MENOR QUE 100%
PODE SER UMA
• EXCESSO DE REAGENTE
REAÇÃO COM
• REAGENTES NÃO PUROS

97
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva
metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material
didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos
livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e trans-
versal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar
a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA VIVENCIANDO


NAS PRINCIPAIS PROVAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras.
o território nacional. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol-
vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há
uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato
em seu dia a dia.
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila-
dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co-
mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí-
cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento
aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever,
a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula.

MULTiMÍDiA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado-
sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper-
tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen-
ÁREAS DE
são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- CONHECiMENTO DO ENEM
fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol-
CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS vê-las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos
conteúdos de cada área, de cada disciplina. DiAGRAMA DE iDEiAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão,
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate-
suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles
mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com
que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de
essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do
esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros,
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da
sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue
aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi-
entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz
pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos
parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
estudos e até a resolução dos exercícios.

HERLAN FELLiNi
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.

Autores
Edson Yukishigue Oyama
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Coordenador-geral
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SUMÁRIO

QUÍMICA
ATOMÍSTICA
Aulas 9 e 10: Ligação iônica 6
Aulas 11 e 12: Ligações covalente e metálica 12
Aulas 13 e 14: Geometria e polaridade moleculares 20
Aulas 15 e 16: Forças intermoleculares 29

RADIOATIVIDADE E QUÍMICA ORGÂNICA


Aulas 9 e 10: Radioatividade: emissões radioativas e energia nuclear 38
Aulas 11 e 12: Cinética dos decaimentos radioativos 46
Aulas 13 e 14: Introdução à Química Orgânica 52
Aulas 15 e 16: Hidrocarbonetos 60

GASES
Aulas 9 e 10: Leis físicas dos gases 76
Aulas 11 e 12: Transformações gasosas 81
Aulas 13 e 14: Misturas gasosas 87
Aulas 15 e 16: Densidade dos gases, efusão e difusão gasosa 92
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

No Enem, os assuntos mais cobrados do tema Geometria molecular e forças inter-


são as relações entre as ligações, a geometria e moleculares são assuntos recorrentes
a polaridade; é necessário entender a influência tanto nas questões objetivas quanto nas
que cada assunto tem sobre o outro, uma vez dissertativas; é importante ter um bom
que as questões têm alta interdisciplinaridade. entendimento da dinâmica das ligações,
uma vez que as questões são
bem conceituais.

Questões que abordam geometria molecular, A prova apresenta questões bem diretas, Os assuntos neste caderno se relacionam de tal
polaridade e forças intermoleculares são recorrentes, mas também interdisciplinares; é neces- maneira que é necessário o entendimento de
assim como questões em que todos esses assuntos sário um bom entendimento de todos os todos os assuntos vistos até agora; na UNESP
estão relacionados; é importante entender que os assuntos abordados neste volume, uma vez os temas de geometria, polaridade e forças
temas das ligações e das forças intermoleculares que eles são totalmente interligados. intermoleculares são muito cobrados; podem
estão bem ligados um ao outro. aparecer questões interdisciplina-
res com Biologia.

Os assuntos deste volume podem ser cobra- Os assuntos principais são a polaridade e as As questões envolvem todos os assuntos O vestibular da Santa Casa aborda principal-
dos junto à outras matérias da química; é forças intermoleculares, mas é preciso ter em abordados neste volume; os temas de mente os assuntos de geometria, polaridade
importante entender como as ligações podem mente que todos os assuntos abordados neste geometria molecular, polaridade e forças e forças intermoleculares; assim, para uma
mudar a geometria e consequentemente sua volume se correlacionam. intermoleculares são muito cobrados. melhor interpretação das questões, é impor-
polaridade e força intermolecular. tante entender como esses três assuntos se
relacionam.

UFMG

Os assuntos de geometria, polaridade e forças Os temas de geometria molecular, Os assuntos principais são polaridade e forças
intermoleculares são muito cobrados; é preciso polaridade e forças intermoleculares são intermoleculares, mas é preciso ter em mente
entender a relação que existe entre os temas. muito cobrados, uma vez que são assuntos que todos os assuntos abordados neste
muito ligados. volume se correlacionam.

Geometria molecular e forças intermole- Todos os assuntos de Química 1 abordados Geometria molecular e forças intermoleculares
culares são assuntos recorrentes tanto nas neste volume são cobrados; além disso, eles são assuntos recorrentes nas questões; é
questões objetivas quanto nas dissertativas; é podem aparecer relacionados na mesma importante ter um bom entendimento da
importante compreender bem os temas, pois questão. dinâmica das ligações.
as questões são muito teóricas.
ATOMÍSTICA
AULAS 9 e 10 2. Teoria do octeto
Na metade do século XIX, os cientistas já haviam obser-
vado que alguns átomos fazem sempre o mesmo número
de ligações. Por exemplo, o átomo de hidrogênio nunca se
liga a mais de um átomo; o de oxigênio pode se ligar a dois
átomos de hidrogênio; o de nitrogênio, a três átomos de hi-
LIGAÇÃO IÔNICA drogênio; e o de carbono, a quatro átomos de hidrogênio.
Assim, surgiu a ideia de valência, compreendida como a
capacidade de um átomo se ligar a outros átomos. Afirma-
-se que o átomo de hidrogênio possui uma única valência
(monovalente); o oxigênio tem duas valências (bivalente); o
nitrogênio tem três valências (trivalente); e o carbono tem
COMPETÊNCIAS: 4, 5 e 7 quatro valências (tetravalente).
Contudo, somente em 1916 os cientistas Gilbert N. Lewis
HABILIDADES: 15, 17, 18, 24, 25 e 28 e Walter Kossel chegaram a uma explicação lógica para
as uniões entre os átomos, criando a teoria eletrônica
de valência.
Considerando as configurações eletrônicas dos gases nobres,
1. Ligação iônica ou eletrovalente tem-se:

Elemento K L M N O P

Hélio (He) 2

Neônio (Ne) 2 8

Argônio (Ar) 2 8 8

Criptônio (Kr) 2 8 18 8

multimídia: vídeo Xenônio (Xe) 2 8 18 18 8

Radônio (Rn) 2 8 18 32 18 8
Fonte: Youtube
What are Ionic Bonds? | The Chemistry Journey

Ligação iônica, também denominada ligação eletrovalente,


é produzida entre íons positivos (cátions) e negativos
(ânions), por isso o termo “iônica”. Lembre-se de que os
íons são átomos que possuem uma carga elétrica por adi-
ção ou perda de um ou mais elétrons. multimídia: site
Assim, nas ligações iônicas, um cátion se une com um
ânion, formando um composto iônico por meio da atração www.soq.com.br/conteudos/ef/ligacoesquimicas/p1.php
eletrostática existente entre eles (existem casos em que
mais de um cátion se une com um único ânion e vice-ver-
Baseados na configuração eletrônica dos gases nobres, os
sa). Nesse tipo de ligação, a transferência de elétrons
cientistas concluíram que os gases possuem pouca tendên-
é definitiva.
cia a se unirem entre si ou com outros átomos devido ao
É importante observar que, dos elementos que compõem a número máximo de elétrons na última camada (em geral 8
tabela periódica, aqueles que apresentam maior facilidade elétrons, ou 2 no caso do hélio). Assim, Lewis e Kossel lan-
em perder elétrons são os metais dos grupos 1, 2 e 13; çaram a seguinte hipótese: os átomos, ao se unirem, procu-
por outro lado, os que possuem facilidade em ganhar elé- ram perder, ganhar ou compartilhar elétrons na última cama-
trons são os ametais dos grupos 15, 16 e 17, incluindo da até atingirem a configuração eletrônica de um gás nobre.
o hidrogênio (este último, exclusivo em ligação iônica). Essa hipótese costuma ser chamada de regra do octeto.

6
Cada átomo de cálcio perde 2 elétrons e cada átomo de
Um átomo é estável se possuir 8 elétrons na camada de cloro só pode ganhar 1 elétron. São necessários 2 átomos
valência (ou 2 elétrons, se a camada de valência for a K). de cloro para receber os dois elétrons cedidos pelo átomo
de cálcio.
Os átomos tendem a adquirir uma configuração estável, ou seja,
3. Ligação entre o metal alumínio 13Aℓ e o ametal oxigênio 8O:
uma configuração semelhante à de um gás nobre. Para isso, os
átomos ligam-se através dos elétrons de valência. alumínio (13Aℓ) ä 1s2 2s2 2p6 3s2 3p1 ä perde 3 e– ä
A formação do composto iônico pode ser representada Aℓ3+ (2, 8)
pela estrutura de Lewis e seu íon-fórmula. oxigênio (8O) ä 1s2 2s2 2p4 ä ganha 2 e– ä O2– (2, 8)
ä (Aℓ3+)2(O2–)3 ä Aℓ2O3
Exemplos
Cada átomo de alumínio perde 3 elétrons e cada átomo
1. Ligação entre o sódio 11Na e o cloro 17Cℓ.
de oxigênio ganha 2 elétrons. Para que o total de elétrons
perdidos seja igual ao total de elétrons recebidos, 2 alumí-
nios (perda de 6 elétrons) ligam-se a 3 oxigênios (ganho
de 6 elétrons).

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Retículo cristalino

Ilustração da reação entre átomos de sódio e


cloro (ilustração em cores-fantasia)
3. Fórmula eletrônica de Lewis
Como é possível observar no exemplo, o átomo de sódio Essa fórmula representa os elementos e os elétrons do seu últi-
cede definitivamente 1 elétron ao átomo de cloro. Assim, mo nível (elétrons de valência) indicando-os por • ou ×
forma-se um íon positivo (cátion Na+) e um íon negati-
• ℓ • ℓ
vo (ânion Cℓ-), ambos com octeto completo, isto é, com
a configuração de um gás nobre (neônio e argônio, res-
pectivamente). Os íons formados, com a finalidade de se O composto iônico é constituído por várias partículas que
estabilizarem, atraem-se, provocando uma união entre si. se distribuem no espaço, dando origem a uma estrutura
denominada retículo cristalino, como mostra a figura
para o sal de cozinha (NaCℓ):
Lembre-se!
O número total de elétrons cedidos deve ser igual ao
número total de elétrons recebidos.

2. Ligação entre o átomo de cálcio 20Ca e átomos de


cloro 17Cℓ:

cálcio (20Ca) ä 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 ä perde 2 e– ä


Ca2+ (2, 8, 8)
cloro (17Cℓ) ä 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 ä ganha 1 e– ä Cℓ– (2, 8, 8)
ä Ca2+ (Cℓ–)2 ä CaCℓ2

7
3.1. Regra para formulação
das substâncias iônicas • •

Os exemplos anteriores permitem afirmar que ligação


iônica é a união entre átomos imediatamente depois da
transferência definitiva de um, dois ou mais elétrons entre
esses átomos.
Note que, na formulação de um composto iônico, é funda- 4. Propriedades das
mental que a carga elétrica total do(s) cátion(s) neutralize a substâncias iônicas
carga elétrica total do(s) ânion(s). Somente dessa maneira Compostos iônicos apresentam ao menos uma ligação iônica
o aglomerado iônico ficará neutro, do qual resulta o esque- entre seus componentes. É o caso do cloreto de sódio (NaCℓ
ma geral de formulação: – sal de cozinha), do nitrato de sódio (NaNO3), do sulfato de
sódio (Na2SO4), do carbonato de cálcio (CaCO3), entre outros.
Ax+ + By – ä AyBx
Todos esses compostos apresentam ligações entre seus íons:
cátions e ânions se atraem significativamente. Por isso, essas
Exemplos: ligações são de natureza elétrica e dão origem a retículos ou
Na+ + Cℓ– ä NaCℓ; Mg2+ + Cℓ1– ä reticulados cristalinos – em grau microscópico. Um cátion atrai
vários ânions, e um ânion atrai vários cátions; assim, formam-
ä MgCℓ2; Aℓ3+ + O2– ä Aℓ2O3 -se aglomerados com formas geométricas bem definidas.

Aplicação do conteúdo
1. Efetue a ligação iônica entre o cálcio e o flúor, dados
Ca (Z = 20) e F (Z = 9).

Resolução:

Ca: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 A estrutura cristalina do cloreto de sódio (NaCℓ) é cúbica.

K = 2 L = 8 M = 8 N=2 Esses retículos fazem com que os compostos iônicos apre-


F: 1s2 2s2 2p5 sentem as seguintes propriedades:

K = 2 L=7 1. São sólidos em condições normais de temperatura (25 °C)


e pressão (1 atm.)
2. Quando submetidos a impacto, quebram-se facilmente,
produzindo faces planas; são, portanto, duros e quebradiços.

• •
3. Possuem pontos de fusão e de ebulição elevados, uma
• vez que a atração elétrica entre os íons é muito forte; para
quebrá-la, é necessário fornecer uma grande quantidade
de energia; é o caso do cloreto de sódio, cujo ponto de
fusão é 801 °C e o ponto de ebulição é 1.413 °C.

2. Efetue a ligação entre o magnésio e o enxofre, dados 4. Em solução aquosa (dissolvidos em água) ou no estado
Mg (Z = 12) e S (Z = 16) líquido (fundidos), eles conduzem corrente elétrica, uma vez
que seus íons ficam com liberdade de movimento e fecham o
Resolução: circuito elétrico, permitindo que a corrente continue fluindo.
Mg: 1s2 2s2 2p6 3s2 5. Seu melhor solvente é a água, pois são polares como
K = 2 L = 8 M=2 ela; entretanto, apesar de polares, nem todos os compostos
iônicos dissolvem-se na água; é o caso do carbonato de
S: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p4 cálcio (CaCO3), de estrôncio (SrCO3), de bário (BaCO3) e do
K =2 L = 8 M=6 cloreto de prata (AgCℓ), praticamente insolúveis em água.

8
5. O tamanho dos íons
Quando um átomo perde elétron(s), o núcleo passa a atrair com maior intensidade os elétrons restantes; assim, o raio do cátion
é sempre menor que o raio do átomo original.
Quando um átomo ganha elétron(s), a carga total da eletrosfera (negativa) torna-se maior que a carga do núcleo (po-
sitiva), diminuindo a atração do núcleo sobre o conjunto de elétrons; assim, o raio do ânion é sempre maior que o
raio do átomo original.
O gráfico abaixo apresenta a comparação entre raios atômicos e iônicos:

Quando há vários íons, todos com o mesmo número de elétrons (íons isoeletrônicos), o raio iônico vai diminuir na
proporção em que a carga positiva do núcleo for maior que a carga negativa da eletrosfera:
Íons O2- F- Na+ Mg2+ Aℓ3+
Número atômico 8 9 11 12 13
Número total de elétrons 10 10 10 10 10
Número de camadas eletrônicas 2 2 2 2 2
Raio iônico (pm) 140 133 97 66 51

VIVENCIANDO
As ligações iônicas estão presentes no cotidiano em diversos compostos. É possível citar, por exemplo, o cloreto de
sódio, NaCℓ, ou sal de cozinha, e mais uma infinidade de compostos iônicos. É importante lembrar que, em química,
um composto iônico é um composto químico no qual existem íons ligados numa estrutura cristalina através de ligações
entre metais e ametais. O elemento metálico geralmente é um íon de carga positiva (cátion), e o elemento não metálico
é um íon de carga negativa (ânion).
Os íons que constituem um composto iônico podem ser simples átomos, como ocorre no sal de cozinha (composto
basicamente por Na+ e Cℓ–), ou grupos mais complexos, como ocorre no carbonato de cálcio (ou calcário, composto
por Ca2+ e CO32- ). O calcário é muito utilizado na construção civil. No revestimento de estradas ele atua como um
cimento natural, e misturado ao cal e à argila torna-se um bom cimento, como o que foi usado na construção de
cidades maias, como Chichen, Uxmal, Kabah, Labná, etc.
Em geral, os pedaços menores são utilizados como cascalho para construção em lajes e pisos; agregados maiores são
usados para construção de paredes de alvenaria e, em alguns casos, utilizados como enfeites nas fachadas das casas. O
calcário é uma rocha sedimentar porosa feita de carbonato, constituído principalmente de carbonato de cálcio. Quando
há alta proporção de carbonato de magnésio, ele é denominado dolomita, um tipo de mineral. O calcário possui uma alta
resistência ao intemperismo, o que permitiu que muitas esculturas e construções esculpidas com essas rochas antigas so-
brevivessem. Entretanto, a ação da água da chuva e dos rios provoca a dissolução do calcário, criando um tipo de erosão.

9
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Na matéria feita pela Mundo Estranho (mundoestranho.abril.com.br/ambiente/por-que-o-mar-e-salgado/), explica-se por
que o mar é salgado. Nesse sentido, é preciso compreender o ciclo da água e as regiões geográficas. De forma geral, a água
do mar contém sais, como NaCℓ e MgCℓ2, o que faz com que ela seja salgada, contribuindo para processos industriais.

ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 28

Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos


tecnológicos às finalidades que se destinam.

Compostos iônicos estão presentes no cotidiano, sendo compostos que contêm pontos altos de fusão e ebulição. A
identificação desses compostos deve-se às classificações da tabela periódica já apresentadas em aulas anteriores.
Para o aluno, é fundamental poder definir o nome e a fórmula do sal e qual a sua classificação, pois se trata de
uma das matérias mais essenciais na química.

MODELO 1
(Enem) A fosfatidilserina é um fosfolipídio aniônico cuja interação com cálcio livre regula processos de trans-
dução celular e vem sendo estudada no desenvolvimento de biossensores nanométricos. A figura representa
a estrutura da fosfatidilserina:

Com base nas informações do texto, a natureza da interação da fosfatidilserina com o cálcio livre é do tipo:
Dado: número atômico do elemento cálcio: 20
a) iônica somente com o grupo aniônico fosfato, já que o cálcio livre é um cátion monovalente;
b) iônica com o cátion amônio, porque o cálcio livre é representado como um ânion monovalente;
c) iônica com os grupos aniônicos fosfato e carboxila, porque o cálcio em sua forma livre é um cátion divalente;
d) covalente com qualquer dos grupos não carregados da fosfatidilserina, uma vez que estes podem doar
elétrons ao cálcio livre para formar a ligação;
e) covalente com qualquer grupo catiônico da fosfatidilserina, visto que o cálcio na sua forma livre poderá
compartilhar seus elétrons com tais grupos.

10
ANÁLISE EXPOSITIVA
Nessa questão, há uma exigência do domínio do conteúdo para a sua resolução. É preciso que se tenha
em mente os mecanismos para a realização de uma ligação iônica, as diferentes formas e as forças pre-
sentes nesse tipo de ligação.
A natureza da interação da fosfatidilserina com o cálcio livre é do tipo iônica devido às interações eletros-
táticas do cátion cálcio (Ca2+) com os grupos aniônicos fosfato e carboxila.

RESPOSTA Alternativa C

DIAGRAMA DE IDEIAS

REGRA DO OCTETO LIGAÇÃO IÔNICA

DOAM ELÉTRONS

8 ELÉTRONS NA
ÚLTIMA CAMADA CÁTION ÂNION

RECEBEM ELÉTRONS

CÁTIONS DIMINUEM DE TAMANHO


RAIO IÔNICO
ÂNIONS AUMENTAM DE TAMANHO

11
O hidrogênio tem um elétron na camada de valência. Para ficar
AULAS 11 e 12 idêntico ao gás nobre hélio (Z = 2), com 2 elétrons na última
camada, é necessário mais um elétron. Assim, 2 átomos de
hidrogênio compartilham seus elétrons para ficarem estáveis.

LIGAÇÕES COVALENTE
E METÁLICA
Fórmula:

COMPETÊNCIAS: 1, 2, 3, 5, 6 e 7
O traço (–) indica o par de elétrons compartilhado pelos
4, 7, 8, 12, 17, 18, 20, dois átomos de hidrogênio.
HABILIDADES:
24 e 25 Nesse caso, é como se cada átomo tivesse 2 elétrons em
sua eletrosfera. Com efeito, os elétrons pertencem aos dois
átomos, ou seja, ambos compartilham os 2 elétrons.
Como a menor porção de uma substância resultante de
1. Ligação covalente ligação covalente é denominada molécula, H2 é, portanto,
A ligação covalente ocorre entre átomos de ametais (não uma molécula ou substância molecular.
metais) – incluindo o hidrogênio – mediante compartilha- 2. Molécula de água, formada por átomos de hidrogênio
mento de pares de elétrons. e de oxigênio.
Os ametais são os elementos mais eletronegativos da tabela A ligação covalente também ocorre entre átomos de dife-
periódica. Quando dois ametais se aproximam, ambos atra- rentes elementos.
em os elétrons das suas camadas de valência, bem como os
elétrons do outro. Entretanto, a atração que eles exercem
sobre os elétrons não é suficiente para que ocorra transfe-
rência definitiva de elétrons de um átomo para outro. Por O oxigênio possui 6 elétrons na última camada de valência
esse motivo, eles acabam compartilhando pares de elétrons e precisa receber 2 elétrons para completar o octeto na
a fim de adquirirem estabilidade. Quando dois ou mais áto- camada de valência e ficar estável. O hidrogênio possui um
mos (iguais ou diferentes) de ametais se unem, formam-se elétron na camada de valência e precisa receber 1 elétron
os aglomerados denominados moléculas. para completar a camada de valência – configuração do
gás nobre hélio – para se estabilizar. Ao se ligarem median-
te compartilhamento de seus elétrons, os átomos estabili-
Moléculas são aglomerados atômicos formados por áto-
zam-se, uma vez que completam as respectivas camadas
mos ligados entre si por meio de ligações covalentes, isto
de valência de acordo com sua “necessidade”.
é, mediante o compartilhamento de pares de elétrons.

1.1. Representação da ligação covalente


A ligação covalente pode ser representada assim:
A ligação covalente pode ser representada de várias formas:
Átomo A B a. Fórmula eletrônica, fórmula de Lewis ou estrutura
de Lewis
Tendência receber elétrons receber elétrons
O compartilhamento dos pares eletrônicos é representado
Classificação ametal ou hidrogênio ametal ou hidrogênio
por bolinhas (•) dentro de retângulos.
b. Fórmula estrutural plana
Exemplos: Os pares eletrônicos compartilhados são representados por
1. Molécula formada por átomos de hidrogênio (Z = 1). traços (–) que unem os átomos participantes da ligação.

12
Fórmula Fórmula Pares § Outros exemplos:
Classificação
eletrônica estrutural eletrônicos
H2SO4
1 par ele- Ligação
A A A–A
trônico simples

2 pares
A A A=A Ligação dupla
eletrônicos

3 pares
A ;A Ligação tripla
A A eletrônicos
HCℓO4

c. Fórmula molecular
Mostra apenas quais e quantos átomos a molécula possui.

H3PO4
Fórmula Estrutural

1.2. Representação da ligação


covalente coordenada ou dativa
1.2.1. Ligações covalentes adicionais usando
pares eletrônicos de um único átomo HNO3

A ligação covalente em que ambos os elétrons vêm de um


só átomo é denominada ligação coordenada ou liga-
ção dativa. Na fórmula estrutural, ela é representada por
uma seta (é). A formação do íon amônio (NH4+) ocorre mediante a reação:
§ SO2 NH3 + H+ é N​H​4+​  ​
A princípio, o NH3 possuía um par eletrônico livre, e o íon
hidrogênio (H+) não tinha elétrons (uma vez que, regular-
mente, o H+ provém de outra molécula, na qual deixou seu
O par eletrônico destacado (que está ligando o enxofre ao próprio elétron). Por isso, o NH3 compartilha o par eletrôni-
segundo oxigênio), pertencia, de início, apenas ao enxofre. co livre que inicialmente era exclusivo do nitrogênio.
Não se trata mais de ligação covalente usual, em que cada Considerando ainda o exemplo do NH4+, observe que, de-
ligação – par eletrônico compartilhado – é formada por um pois da formação do NH+4 , não há diferença alguma entre
elétron de cada átomo, mas de uma covalência especial, as quatro ligações covalentes.
em que o par eletrônico compartilhado é constituído por
elétrons de apenas um dos átomos da ligação.
Esse tipo de ligação era denominado ligação covalente dati-
va e representado por uma seta (é) partindo do átomo que
“oferece” o par eletrônico em direção ao átomo favorecido.
Ou seja, os quatro hidrogênios tornam-se perfeitamente
equivalentes entre si. Por esse motivo, é mais correto repre-
1.3. Representação da ligação sentar o NH4+ assim:
coordenada ou dativa
A molécula SO2 fica:

§ Fórmula estrutural atual: O = S – O

§ Forma antiga, mas ainda bastante usual nos exames


vestibulares: O = S é O

13
Fórmula estrutural por escrito:

Colunas 14 15 16 17
Estrutura
eletrônica na
camada externa

Distribuição

VIVENCIANDO

No dia a dia, é possível encontrar com facilidade a ligação covalente. Substâncias de uso muito comum possuem em
sua estrutura átomos com essa característica de ligação, como a água, o gás oxigênio, a solução de vinagre, o álcool
etílico, o açúcar e o grafite.
Por outro lado, existem substâncias com átomos que possuem essa característica de ligação e que não são tão
evidentes no cotidiano.
O ozônio (O3), por exemplo, é o principal gás situado na atmosfera, responsável pela proteção do planeta Terra contra
os raios ultravioletas (UV) emitidos pelo Sol. Sem essa camada de gás existente na atmosfera, a vida na Terra não
seria possível.
Outro exemplo é o elemento carbono (C), que pode ser encontrado na forma de diamante, passando por processos
de formação diferentes do carbono encontrado no grafite, sendo essa a diferença fundamental entre essas substân-
cias constituídas por átomos desse mesmo elemento químico.

2. Exceções à teoria do octeto c. Número maior do que oito elétrons na última camada
Em alguns casos, os átomos de fósforo e enxofre (existem outros
Certos átomos não necessitam possuir oito elétrons na ca-
átomos) aparecem com mais de 8 elétrons na camada de va-
mada de valência para se estabilizarem; outros comportam
lência, que, em certas moléculas, possuem 10 e 12 elétrons, res-
mais do que oito elétrons na camada de valência. Por isso,
são considerados exceções à teoria do octeto: pectivamente. Esses casos só ocorrem quando o átomo central
é relativamente grande para que possa acomodar mais elétrons
a. Boro (B) ao seu redor. Essa camada de valência expandida só apare-
Forma compostos estáveis por meio de três ligações simples ce em elementos do 3º período da tabela periódica para baixo.
e se estabiliza com seis elétrons na camada de valência. d. Número ímpar de elétrons na última camada
b. Berílio (Be) Há casos em que a camada de valência é completada com
Forma compostos estáveis por meio de duas ligações sim- número ímpar de elétrons. Alguns exemplos são os
ples e se estabiliza com apenas quatro elétrons na camada compostos NO, NO2 e CℓO2, que apresentam 7 elétrons ao
de valência. redor do átomo central (nitrogênio e cloro).

14
e. Compostos dos gases nobres Retículo cristalino covalente: formado pela união de molé-
Embora os gases nobres não tenham ou tenham pouca culas mediante interações ou forças intermoleculares.
tendência de se unir a outros elementos, existem compos-
tos de gases nobres estáveis (eles reagem em condições
especiais). Alguns exemplos são o XeF2 e o XeF4.

Fórmula
Átomo Molecular Eletrônica Estrutural

B BF3
OXIGÊNIO HIDROGÊNIO

Be BeF2 Retículo cristalino molecular do gelo (moléculas de água)


ℓ Aplicação do conteúdo
P PCℓ5 ℓ

1. O número total de elétrons em uma molécula de água

é igual a:
a) 10.
b) 8.
S SF6
c) 6.
d) 4.
N NO e) 2.
Resolução:
Gás
nobre XeF4 Consultando os números atômicos na tabela periódica,
(Xe) obtém-se:
Hidrogênio (Z = 1) ä 1 elétron

3. Propriedades das substâncias Oxigênio (Z = 8) ä 8 elétrons

moleculares (covalentes) Na molécula de H2O há ao todo 10 elétrons, ou seja, 1 de


cada hidrogênio e 8 do oxigênio.
Embora as propriedades das substâncias moleculares difi-
cilmente sejam generalizáveis, é possível apontar algumas Alternativa A
características bastante comuns:
1. São encontradas nos três estados físicos. Observação: é comum, mas incorreta, a resposta 8 elé-
trons para esse exercício. Lembre-se de que 8 elétrons são
2. Apresentam ponto de fusão e ponto de ebulição meno-
apenas os elétrons nas camadas de valência dos átomos,
res que os dos compostos iônicos.
ou seja, os que aparecem na fórmula de Lewis (fórmula
3. Caso sejam puras, não conduzem eletricidade, à exceção
eletrônica). Além deles há mais 2 na primeira camada do
do grafite, que é condutor.
oxigênio que não aparecem na fórmula de Lewis.
4. Caso estejam em estado sólido, apresentam retículos
moleculares ou retículos covalentes. 2. Qual dessas fórmulas é prevista para o composto for-
mado por átomos de fósforo e flúor, considerando o nú-
Retículo cristalino covalente: ocorre quando todos os átomos mero de elétrons da camada de valência de cada átomo?
estão ligados por uma rede significativa de ligações covalentes. a) P ; P
LIGAÇÃO COVALENTE ÁTOMO DE CARBONO
b) P — F ; P
c) F — P ; F
F
|
d) F — P — F
P
|
Retículo cristalino do diamante (átomos unidos mediante ligações covalentes) e) P — F — P

15
Resolução: 3) A notação 79Au3+ representa um íon que tem 82
prótons e 79 elétrons.
O fósforo possui 5 elétrons na camada de valência e tende, 4) Os elevados pontos de fusão e de ebulição são justificados
portanto, a ganhar 3 elétrons. O flúor possui 7 elétrons na pelo fato de as ligações metálicas dos átomos do ouro serem
camada de valência e tende, portanto, a ganhar 1 elétron. muito fortes, mantendo os átomos intensamente unidos.
Assim, os dois elementos deverão formar um composto Resolução:
covalente com o fósforo (P) na posição central. 1) Falso. O ouro é mais facilmente convertido em fios,
pois é o metal mais dúctil (transformado em fios) e ma-
leável (transformado em lâminas ou chapas) dos metais.
2) Falso. N = A – Z → N = 198 – 79 → N = 119
3) Falso. A notação 79Au3+ indica que o átomo apre-
Alternativa D senta 79 prótons e 76 elétrons
4) Verdadeiro. A ligação metálica é estabelecida
3. Os metais, explorados desde a Idade do Bronze, são através da interação entre os prótons do núcleo e os
muito utilizados até hoje, por exemplo, na aeronáutica, elétrons do átomo vizinho.
na eletrônica, na comunicação, na construção civil e na
indústria automobilística.
Sobre os metais, pode-se afirmar que são: 4. Ligação metálica
a) Bons condutores de calor e de eletricidade, assim A condução fácil da eletricidade é uma das principais ca-
como os não metais. racterísticas dos metais. Considerando que a corrente elé-
b) Materiais que se quebram com facilidade, caracte-
trica é um fluxo de elétrons, foi criada a chamada teoria
rística semelhante aos cristais.
da nuvem eletrônica ou teoria do mar de elétrons.
c) Materiais que apresentam baixo ponto de fusão, tor-
nando-se sólidos na temperatura ambiente. Em princípio, os átomos dos metais possuem apenas 1, 2 ou
d) Encontrados facilmente na forma pura ou metálica, 3 elétrons na última camada eletrônica. Uma vez que essa
sendo misturados a outros metais, formando o mineral. camada fica afastada do núcleo, os elétrons sofrem pouca
e) Maleáveis, transformando-se em lâminas, por exem- força de atração. Em consequência, os elétrons escapam fa-
plo, quando golpeados ou submetidos a rolo compressor. cilmente do átomo e transitam livremente pelo retículo cris-
Resolução: talino metálico. Assim, os átomos que perdem elétrons trans-
formam-se em cátions; esses cátions podem receber elétrons
a) Falso, pois os não metais têm propriedades opostas
às dos metais, ou seja, não são bons condutores de e voltar à forma de átomo neutro, e assim sucessivamente.
calor nem de eletricidade. Conclusão: segundo essa teoria, o metal é um aglome-
b) Falso, pois os metais são resistentes à quebra, dife- rado de átomos neutros e cátions mergulhados em uma
rentemente dos cristais. nuvem (ou mar) de elétrons livres e mantidos unidos – afir-
c) Falso, pois os metais possuem alto ponto de fusão ma-se também que esses elétrons estão deslocalizados.
(exceto o mercúrio). Por isso, eles são sólidos à tem- ELÉTRON LIVRE

peratura ambiente.
d) Falso, pois a maioria dos metais não é encontra-
da pura ou na forma metálica na natureza (exceto
metais nobres, como ouro e platina), normalmente
estando na forma de óxidos metálicos. Podem vir
combinados com outros metais, mas não puros ou na
forma metálica.
e) Verdadeiro, pois os metais são dúcteis, podendo ser
transformados em fios, e maleáveis, transformando-
-se em lâminas, por exemplo, quando golpeados ou Agrupamento dos átomos dos metais dá origem ao retículo cristalino metálico.
submetidos a um rolo compressor.
Altenativa E
CÚBICO DE CORPO CENTRADO (CCC)
4. (UnB) O ouro é o mais maleável e dúctil dos metais.
Possui o número atômico 79, ponto de fusão igual a
1064,43 °C e ponto de ebulição igual a 2807 °C. Sobre
o ouro, julgue os itens abaixo em verdadeiro ou falso. CÚBICO DE FACES CENTRADAS (CFC)

1) Uma peça metálica de platina é mais facilmente


convertida em fios que uma peça metálica de ouro.

2) O isótopo 198
​ 79 ​ Au, utilizado no tratamento de doen-
ças cancerígenas, possui 198 nêutrons. HEXAGONAL COMPACTO (HC)

16
4.1. Propriedades dos metais desses elementos é um metal. As características das li-
gas metálicas não coincidem com as características dos
As substâncias metálicas, ou simplesmente metais, são úteis metais puros. Por esse motivo, elas são muito utilizadas
ao ser humano graças às suas propriedades genéricas: na indústria.
1. Brilho característico – quando polidos, os metais refle- § Ouro 18 quilates – mistura formada por 75% de ouro
tem muito bem a luz; propriedade observada em bandejas e 25% de cobre e prata.
e espelhos de prata. § Amálgama – liga de Hg, Ag e Sn usada antigamente
2. Alta condutividade térmica e elétrica, graças aos elétrons em obturações.
livres. O movimento ordenado dos elétrons constitui cor- § Bronze – liga de Cu e Sn usada na produção de sinos,
rente elétrica que, se agitada, permite rápida propagação medalhas, moedas e estátuas.
de calor mediante substâncias metálicas. § Aço inox – liga de Fe, C, Cr e Ni usada em talheres,
3. Altos pontos de fusão e ebulição característicos dos peças de carros e brocas.
metais, à exceção do mercúrio, PF = –39 ºC; gálio, § Latão – liga de Cu e Zn usada na produção de tubos,
PF = 30 ºC; e potássio, PF = 63 ºC. Graças a essa pro- armas, torneiras e instrumentos musicais.
priedade e à boa condutividade térmica, alguns metais são
utilizados em panelas e radiadores de veículos.
4. Maleabilidade – os metais são facilmente maleáveis. O
ouro é o mais maleável dos metais e permite a obtenção
de lâminas muito finas.
5. Ductibilidade – os metais também são facilmente trans-
formados em fios. Esse também é o caso do ouro.
multimídia: site
5. Ligas metálicas
Existem materiais com propriedades metálicas formados alunosonline.uol.com.br/quimica/ligas-metalicas.html
por dois ou mais elementos, sendo que ao menos um

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

As ligações covalentes estão presentes em grande proporção na natureza; os elementos que são responsáveis por
essas ligações (os não metais) estão na composição de grande parte dos compostos orgânicos. Mas também é pos-
sível encontrá-los na forma de minerais em compostos inorgânicos. Ou seja, estudando-se a geomorfologia de uma
região, é possível inferir quais elementos possuem maior probabilidade de serem encontrados no solo daquela área;
assim, depois da extração desses minerais, eles são tratados para se obter os seus elementos constituintes da forma
mais proveitosa possível.
O elemento fósforo (P) é um exemplo de elemento que, em grande parte, vai ser encontrado no solo
através de seus fosfatos.
Os elementos metálicos, por sua vez, também passam por processos de purificação para se obter substâncias apenas
constituídas por átomos de um determinado elemento. Entretanto, metais podem passar por reações em que são
formadas ligas, misturas homogêneas resultantes da fundição de dois ou mais metais constituintes.

17
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 25
Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais,
econômicas ou ambientais de sua obtenção ou produção.

A maneira como as substâncias são relacionadas e nomeadas é fundamental no ramo da Química. Com o
passar do tempo e com a descoberta e síntese de novos elementos, mais classificações foram necessárias para
se distinguir diferentes substâncias. Uma das classificações mais corriqueiras é a polaridade, considerando as
interações intermoleculares.
Essas interações intermoleculares regem as propriedades físico-químicas conhecidas e são de extrema impor-
tância para a compreensão do funcionamento da matéria no âmbito molecular.

MODELO 1
(Enem) Quando colocamos em água, os fosfolipídeos tendem a formar lipossomos, estruturas formadas por
uma bicamada lipídica, conforme mostrado na figura. Quando rompida, essa estrutura tende a se reorganizar
em um novo lipossomo.

Esse arranjo característico se deve ao fato de os fosfolipídeos apresentarem uma natureza:


a) polar, ou seja, serem inteiramente solúveis em água;
b) apolar, ou seja, não serem solúveis em solução aquosa;
c) anfotérica, ou seja, podem comportar-se como ácidos e bases;
d) insaturada, ou seja, possuírem duplas-ligações em sua estrutura;
e) anfifílica, ou seja, possuírem uma parte hidrofílica e outra hidrofóbica.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nessa questão, são trabalhados os conceitos de interações intermoleculares e de polaridade.
Esse arranjo característico se deve ao fato de os fosfolipídeos apresentarem uma natureza anfifílica, ou seja,
possuírem uma parte polar (hidrofílica) e outra apolar (hidrofóbica).

RESPOSTA Alternativa E

18
DIAGRAMA DE IDEIAS

LIGAÇÃO QUÍMICA

LIGAÇÃO LIGAÇÃO LIGAÇÃO


METÁLICA IÔNICA COVALENTE

EXISTE EM EXISTE EM EXISTE EM

SUBSTÂNCIA SUBSTÂNCIA SUBSTÂNCIA


METÁLICA IÔNICA MOLECULAR
SE ESTIVER LÍQUIDO OU SÓLIDO

TEM TEM FORMADA


APRESENTA
POR
SE ESTIVER LÍQUIDO

RETÍCULO RETÍCULO
CRISTALINO CRISTALINO
METÁLICO IÔNICO MOLÉCULAS

NELE HÁ FORMADO NO ESTADO


POR SÓLIDO

RETÍCULO
ELÉTRONS
ÍONS CRISTALINO
LIVRES
MOLECULAR

CONDUZ NÃO CONDUZ BAIXO BAIXO


CORRENTE CORRENTE PONTO DE PONTO DE
ELÉTRICA ELÉTRICA EBULIÇÃO FUSÃO

19
assumir é de 180°; se houver três nuvens, 120°, etc. É funda-
AULAS 13 e 14 mental analisar se a ligação é covalente ou iônica.
Assim:
§ a geometria das nuvens, ou seja, a orientação espa-
cial dessas nuvens (pares eletrônicos), depende do
número total de nuvens eletrônicas ao redor do áto-
GEOMETRIA E mo central A; e
POLARIDADE § a geometria molecular é determinada pela posição dos
MOLECULARES núcleos dos átomos ligados ao redor do átomo central.

Não confundir geometria dos pares eletrônicos (nu-


vens eletrônicas) com geometria da molécula.
COMPETÊNCIAS: 6e7
Considerando, pois, a orientação das nuvens e o número
HABILIDADES: 18, 24 e 26 de átomos ligados ao átomo central, existem possíveis
geometrias moleculares de acordo com a posição dos nú-
cleos desses átomos.

1.1.1 Moléculas e suas geometrias


1. Geometria molecular
Geometria molecular é o estudo da distribuição espacial dos
átomos em uma molécula. Dependendo dos átomos que a O
H Be H
H H
compõem, essa distribuição pode assumir diferentes formas
geométricas. Entre as principais classificações estão a linear, H2O
BeHBeH2
Linear HAngular
O Angular
a angular, a trigonal plana, a piramidal e a tetraédrica. Linear
2 2

H
Para se determinar a geometria de uma molécula, é preciso
conhecer a teoria da repulsão dos pares eletrônicos (TRPE) N
da camada de valência. B H H

H H
H
1.1. Teoria da repulsão dos BH3 NH3
BHTrigonal
Trigonal NH3 Piramidal
pares eletrônicos
plana
Plana
3 Piramidal
H
Essa teoria se fundamenta na ideia de que, estejam ou não
fazendo ligação química (sendo compartilhados), os pares
eletrônicos da camada de valência de um átomo central se
C
comportam como nuvens eletrônicas que se repelem, man-
H H
tendo a maior distância angular possível uns dos outros. H

Uma nuvem eletrônica pode ser formada por ligação sim- CH4
CHTetraédrica
Tetraédrica
ples, dupla, tripla ou mesmo por um par de elétrons não 4

ligantes (que não estão fazendo ligação química). 1.1.2. Roteiro para determinação
A teoria da repulsão dos pares eletrônicos funciona bem da geometria molecular
para moléculas do tipo ABx, em que A é o átomo central, e 1. Determinar a fórmula eletrônica da substância contando
B é denominado elemento ligante. Nessa molécula, os pa- os pares eletrônicos (nuvens eletrônicas) ao redor do áto-
res de elétrons (nuvens eletrônicas) da camada de valência mo central. Considere como par eletrônico:
do átomo central A se repelem, determinando o formato
da molécula ou íon. § cada ligação dupla, tripla ou coordenada/dativa (–, =,
≡, →);
Dessa forma, se houver duas nuvens eletrônicas ao redor de
um átomo central, a maior distância angular que elas podem § cada par de elétrons não ligantes.

20
2. Os pares eletrônicos repelem-se ao máximo.

Orientação
Número de nuvens
(geometria) das Disposição Geometria
ao redor do átomo Fórmula eletrônica
nuvens (pares dos ligantes molecular
central
eletrônicos)

Linear Sempre
O=C=O
2
H—C;N
Linear

Angular

3
2 átomos ligantes Trigonal plana Trigonal plana
(triangular)

2 átomos ligantes
Angular

N
4 Piramidal

3 átomos ligantes

Tetraédrica
Tetraédrica

4 átomos ligantes

Observe: camada de valência (existem mais tipos de geometria que,


no entanto, não terão seus detalhes analisados aqui):
§ a geometria linear das nuvens determina somente mo-
léculas lineares; § Bipirâmide trigonal: ocorre quando há cinco nuvens
eletrônicas na camada de valência do átomo central,
§ a geometria trigonal plana das nuvens pode determi- todas fazendo ligação química. O átomo central assu-
nar moléculas angulares ou trigonais planas; me o centro de uma bipirâmide trigonal, sólido forma-
§ a geometria tetraédrica das nuvens pode determinar do pela união de dois tetraedros por uma face comum.
moléculas angulares, piramidais ou tetraédricas. É possível citar como exemplo a molécula PCℓ5.

Observação: existem ainda duas geometrias possíveis § Octaédrica: ocorre quando há seis nuvens eletrôni-
quando o átomo central ultrapassar os 8 elétrons na cas na camada de valência do átomo central e todas

21
fazem ligações químicas. Os átomos periféricos assu- a geometria das nuvens é trigonal plana. Como o átomo
mem os vértices de um octaedro, e o átomo central fica de nitrogênio está no centro de um triângulo com os três
no centro do octaedro. É possível citar como exemplo vértices ocupados por átomos de oxigênio, a geometria
a molécula SF6. molecular também é trigonal plana.

A geometria molecular coincide com a geometria das


nuvens se o número de átomos ao redor do átomo cen-
tral é igual ao número de nuvens (pares eletrônicos) ao
redor desse átomo central.

2. Na molécula da amônia (NH3) há quatro nuvens ele-


trônicas (quatro pares eletrônicos, dos quais um deles
Moléculas de PCℓ5 e SF6 com geometria bipirâmide é não ligante) ao redor do átomo central (N). Portanto,
trigonal e octaédrica, respectivamente.
a geometria das nuvens é tetraédrica. Como há apenas
três átomos (ligantes) ao redor do átomo central, a ge-
2. Geometria de íons ometria molecular é piramidal.

Como foi visto, átomos podem se transformar em íons ao Fórmula molecular Fórmula eletrônica Orientação das nuvens

perder ou ganhar elétrons, tornando-se cátions e ânions,


respectivamente. Existem muitos íons denominados polia-
tômicos, ou seja, que são formados por mais de um átomo.
A determinação de sua geometria segue exatamente as
mesmas regras utilizadas para a geometria das moléculas.

Aplicação do conteúdo Disposição dos átomos Geometria molecular piramidal

1. Se dissolvido em água, o ácido nítrico (HNO3) sofre


ionização, produzindo o ânion nitrato NO​– 3  ​. Determine a
geometria desse ânion.

Resolução:
3. Polaridade molecular
Fórmulas do ácido e do ânion:
3.1. Polaridade das ligações
O acúmulo de cargas elétricas em determinada região é
denominado polo, que pode ser de dois tipos:

No rompimento da ligação, o hidrogênio perde seu elétron + d = região de menor densidade eletrônica, que corres-
e o oxigênio recebe esse elétron. ponde ao átomo menos eletronegativo.
Ao redor do átomo central do ânion (N) há três nuvens – d = região de maior densidade eletrônica, que corres-
eletrônicas e três ligantes. Como há três nuvens eletrônicas, ponde ao átomo mais eletronegativo.

22
Exemplo: corrência do acúmulo de carga negativa (–d) em torno do
elemento de maior eletronegatividade. Essas ligações são
denominadas polares.

3.2. Polaridade versus tipo


de ligação química
a. Ligações iônicas
Em uma ligação iônica ocorre transferência definitiva de elé-
trons, fator que acarreta a formação de íons positivos (cátions)
e negativos (ânions), os quais, por sua vez, dão origem aos
compostos iônicos. Como todos os íons apresentam excesso de HCℓ: Há diferença de polo; logo, a molécula é polar.
cargas elétricas positivas ou negativas, eles sempre terão polos.
Por essa razão, conclui-se que:

Ligação entre átomos de mesma eletronegatividade


ä ligação covalente apolar.
Ligação entre átomos de diferentes eletronegativida-
des ä ligação covalente polar.

NaCℓ: exemplo de composto iônico, em que a


transferência de elétron é definitiva. Para comparar a intensidade de polarização das ligações,
Assim: recorre-se à escala de eletronegatividade de Pauling:

As ligações iônicas apresentam máxima polarização. F O N Cℓ Br I S C P H


Toda substância iônica é polar por natureza.
eletronegatividade crescente

b. Ligações covalentes Considerando os itens já discutidos, é possível estabelecer


Nessas ligações, a existência de polos está associada à de- a seguinte relação:
formação da nuvem eletrônica e depende da diferença de
eletronegatividade entre os elementos. ligação covalente apolar < ligação co-
Caso a ligação covalente ocorra entre átomos de mesma valente polar < ligação iônica
eletronegatividade, não haverá distorção da nuvem ele- polaridade crescente
trônica, ou seja, não ocorrerá formação de polos. Por esse
motivo, essas ligações são denominadas apolares.

4. Vetor momento dipolar


A polaridade de uma ligação se caracteriza por uma
grandeza denominada momento dipolar (m), ou di-
polo elétrico, que é representada por um vetor orienta-
do no sentido do elemento menos eletronegativo para o
elemento mais eletronegativo, ou seja, do polo positivo
para o polo negativo.

Cℓ2: não há diferença de polo; portanto, é uma molécula apolar. 4.1. Polaridade das ligações covalentes
Na ligação covalente entre átomos de eletronegatividades Para verificar a polaridade das ligações covalentes, é utili-
diferentes, ocorre deformação da nuvem eletrônica em de- zada a escala de eletronegatividade de Pauling:

23
Se a diferença de eletronegatividade entre os átomos li-
gados for diferente de zero (geralmente átomos diferen-
tes), o vetor μ estará definido (não é nulo) e a ligação será
polar, isto é, haverá distorção da nuvem eletrônica entre
os dois átomos envolvidos na ligação covalente. A nuvem
eletrônica ficará deslocada para o lado do elemento mais
eletronegativo. multimídia: vídeo
§ Se a diferença de eletronegatividade entre os átomos Fonte: Youtube
envolvidos na ligação for nula (geralmente átomos Misteriosa areia que tem medo de água...
iguais ou átomos com eletronegatividades muito pró-
ximas), o vetor μ também será nulo e a ligação será
apolar, isto é, não haverá distorção da nuvem eletrônica
entre os dois átomos envolvidos na ligação covalente.
4.2. Polaridade molecular
Quando o ∆ (diferença) for maior que 1,7, o composto
Como determinar a polaridade ou apolaridade de uma
terá caráter iônico (ou seja, a ligação é iônica); abaixo de
molécula?
1,7, o composto terá caráter covalente (ou seja, a ligação
será covalente). a) Experimentalmente
Se orientada na presença de um campo elétrico externo,
Exemplos: uma molécula é considerada polar; se não orientada, é
Ligação polar considerada apolar. O polo negativo da molécula é atraído
pela placa positiva do campo elétrico externo e vice-versa,
como é possível observar na figura a seguir:

Ligação apolar
b) Teoricamente
Pode-se determinar a polaridade ​_de
____›uma molécula pelo
vetor momento dipolar resultante m​ R ​,  ou seja, pela soma
dos vetores de cada ligação polar da molécula.

24
c) Método alternativo para determinação da pola-
ridade molecular
Outra maneira – bem mais simples – de analisar a polari-
dade de uma molécula é comparar o número de nuvens
eletrônicas (pares eletrônicos) ao redor do átomo central
​_____›
com o número de átomos iguais (de um mesmo ele-
Para determinar o vetor momento dipolo resultante, m
​ R ​,   mento químico) ligados ao átomo central. Caso os valores
dois fatores devem ser considerados: sejam iguais, a molécula será apolar; se os valores não fo-
rem iguais, será polar.
§ a escala de eletronegatividade, que determina a orien-
tação dos vetores nas ligações polares; e
Número de nuvens eletrônicas ≠ do núme-
§ a geometria molecular,
_​____›
que determina a disposição es- ro de átomos iguais ä molécula polar
pacial dos vetores m​ R ​.  
Número de nuvens eletrônicas = ao núme-
ro de átomos iguais ä molécula apolar
Exemplos:
Fórmula Geometria/ ​____›
​mR   ​ Molécula Exemplos:
molecular Vetores

___
​_____› ​ ›
HCø ​mR  ​ ≠ 0 ​
​    Polar

_____ ​___›
​ ›
CO2 ​ R ​  = 0 ​
m ​    Apolar

_​____› ​___›
H2O ​mR  ​ i 0 ​
​    Polar

​_____›
_​__›
NH3 ​mR  ​ i 0 ​
​    Polar

multimídia: site

phet.colorado.edu/sims/html/molecule-shapes/latest/molecule-
-shapes_pt_BR.html

25
VIVENCIANDO

A principal causa da ação dos detergentes é a polaridade das moléculas. Tudo se deve ao caráter anfifílico desses
produtos, formando uma micela com a sujeira.
Caráter anfifílico: afirma-se que uma substância é anfifílica quando existem na mesma molécula regiões predomi-
nantemente polares (região hidrofílica) e regiões predominantemente apolares (região hidrofóbica).
Por exemplo:

Parte hidrofilica

MICELA Parte hidrofóbica

H2O

Assim, quando um detergente entra em contato com uma gordura, a região apolar do detergente envolve a gordura,
que tem caráter apolar, e o detergente forma uma micela em torno da gordura, deixando exposta a sua região polar,
que terá contato direto com a água, arrastando a gordura da superfície em que estiver localizada.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Em Biologia, todas as reações ocorridas no aspecto celular só são possíveis graças à polaridade que existe em cada
uma das moléculas envolvidas.
Existem vitaminas que são lipossolúveis, como a vitamina A, e vitaminas como a vitamina C, que são hidrossolúveis,
isto é, o meio em que elas estão é fator determinante para que qualquer reação aconteça, permitindo que o organis-
mo se comporte normalmente ou de forma anômala.
Pare para pensar... Se o cabelo humano, que é composto de uma proteína denominada queratina, tivesse caráter
hidrofílico, ele seria dissolvido pela água! Você não iria querer isso, certo?
O cabelo umedece porque é poroso e permite a passagem da água por seus poros. Mas não se engane! Isso só é
possível porque o cabelo tem em sua estrutura molecular regiões de baixa polaridade, permitindo, assim, uma pe-
quena atração pelas moléculas de água.

26
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da Química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Com o passar do tempo, foi necessária a criação de substâncias diversas para uso industrial, médico, farmacológico,
cotidiano, etc. Com isso, foi criada a nomeação e a nomenclatura dessas substâncias.
Os ácidos exercem função importantíssima em todas as áreas supracitadas e são os compostos responsáveis por
impactos ambientais gigantescos, como a chuva ácida. Seus precursores são os óxidos, que, em contato com a
água, causam a acidificação das chuvas, causando danos ambientais e ecológicos graves.

MODELO 1
(Enem) O processo de industrialização tem gerado sérios problemas de ordem ambiental, econômica e social, entre
os quais se pode citar a chuva ácida. Os ácidos usualmente presentes em maiores proporções na água da chuva
são o H2CO3, formado pela reação do CO2 atmosférico com a água, o HNO3, o HNO2, o H2SO4 e o H2SO3. Esses
quatro últimos são formados principalmente a partir da reação da água com os óxidos de nitrogênio e de enxofre
gerados pela queima de combustíveis fósseis.
A formação de chuva mais ou menos ácida depende não só da concentração do ácido formado, como também do tipo
de ácido. Essa pode ser uma informação útil na elaboração de estratégias para minimizar esse problema ambiental. Se
consideradas concentrações idênticas, quais dos ácidos citados no texto conferem maior acidez às águas das chuvas?
a) HNO3 e HNO2.
b) H2SO4 e H2SO3.
c) H2SO3 e HNO2.
d) H2SO4 e HNO3.
e) H2CO3 e H2SO3.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Como de costume, as questões do Enem abordam situações-problemas, as quais apresentam a preservação do
meio ambiente como preocupação principal.
Os ácidos citados no texto que conferem maior acidez às águas das chuvas são o ácido sulfúrico e o nítrico,
pois são ácidos fortes.
Uma maneira de descobrir que esses ácidos são fortes é lembrando que:
D = quantidade de átomos de oxigênio – quantidade de átomos de hidrogênios ionizáveis.
Conforme o valor de D encontrado, obtém-se a seguinte classificação:
oxiácidos valor de D
fracos 0
semifortes ou moderados 1
fortes 2 ou 3

Assim:
H2SO4 ⇒ 4 – 2 = 2 (ácido forte)
HNO3 ⇒ 3 – 1 = 2 (ácido forte)

RESPOSTA Alternativa D

27
DIAGRAMA DE IDEIAS

NELA, ÁTOMOS
TEM UNEM-SE POR
MOLÉCULA

GEOMETRIA LIGAÇÃO COVALENTE


MOLECULAR
PODE SER
PODE SER
DETERMINADA
USANDO A APOLAR POLAR

DEPENDE DA
TEORIA DA DIFERENÇA DE
REPULSÃO DOS PARES
ELETRÔNICOS DA ELETRONEGATIVIDADE
CAMADA DE VALÊNCIA
INFLUÊNCIA

MOMENTO DE DIPO-

A SOMA FORNECE
LO (DA LIGAÇÃO)

TRIGONAL EXPRESSA
LINEAR ANGULAR
PLANA

POLARIDADE DAS LIGAÇÕES


TETRAÉ-
PIRAMIDAL
DRICA
GEOMETRIA
MOLECULAR
DEPENDE DA

DEPENDE DA

MOLÉCULA
NULO
APOLAR

MOLÉCULA PODE SER MOMENTO DIPOLO


NÃO NULO
POLAR RESULTANTE

28
1.1. Forças de dipolo-dipolo
AULAS 15 e 16 ou de dipolo permanente
Se determinadas moléculas possuem dipolo permanente
(devido à polaridade de uma ou mais de suas ligações co-
valentes), então é possível observar como essas moléculas
se atraem: o lado positivo do dipolo de uma das moléculas
FORÇAS atrai o lado negativo do dipolo da outra molécula. Assim,

INTERMOLECULARES essa força existe entre moléculas polares (μtotal ≠ 0).

Exemplo:
§ Moléculas de cloreto de hidrogênio (HCℓ) no estado
gasoso.
COMPETÊNCIAS: 4, 5, 6 e 7

HABILIDADES: 14, 18, 21, 24, 25 e 27

1. Forças intermoleculares
Forças ou interações intermoleculares são forças de
atração que ocorrem entre as moléculas das substâncias
(daí o termo “intermoleculares”, que significa “entre molé-
culas”), que as mantêm unidas no estado sólido e líquido.
Elas são bem mais fracas que as interações intramolecu-
Dipolo permanente entre duas moléculas de HCℓ
lares (dentro das moléculas) ou interatômicas (entre áto-
mos), que unem átomos (na ligação covalente) ou íons (na Outros exemplos: HBr, SO2, NH3, etc.
ligação iônica e na metálica).
1.2. Forças de dipolo instantâneo
As forças intermoleculares determinam os pon- + dipolo induzido ou forças de London
tos de fusão e de ebulição e a solubilidade das
Essas forças também têm natureza elétrica e ocorrem entre
substâncias umas nas outras; além disso, deter-
moléculas apolares. Numa molécula apolar como o H2, os
minam também a tensão superficial e a viscosidade
elétrons estão equidistantes dos núcleos. Entretanto, em de-
dos líquidos.
terminado instante (por isso o nome dipolo instantâneo), a
nuvem eletrônica pode se aproximar mais de um dos núcleos
§ Tensão superficial é uma propriedade que faz com que e estabelecer um dipolo instantâneo, o qual, por sua vez,
a camada superficial de um líquido se comporte como induz (por isso o nome dipolo induzido) as demais moléculas
uma membrana elástica. Os efeitos dela são as gotas a formarem novos dipolos, originando uma força de atração
de água, as bolhas de sabão ou a possibilidade de os elétrica de pequena intensidade entre elas.
insetos caminharem sobre a superfície da água.

§ Viscosidade é a propriedade física que caracteriza a re-


sistência de um fluido (líquido ou gás) ao escoamento,
a uma dada temperatura. O óleo, por exemplo, é mais
viscoso que a água.
As forças intermoleculares são também conhecidas
Exemplos:
como forças de Van der Waals (físico holandês que pre- § O gelo seco (CO2), o iodo (I2), as pedras de naftalina
viu sua existência). São três as forças intermoleculares e as de cânfora sofrem sublimação, ou seja, passam
mais importantes. diretamente do estado sólido para o gasoso, uma vez

29
que as interações de dipolo instantâneo-dipolo induzi- a) HF
do que as unem são fracas.

Gelo seco cristais de iodo

b) H20
As ligações de hidrogênio explicam uma propriedade mui-
to particular da água. Ao contrário da maioria das subs-
tâncias, a água sólida é menos densa que a água líquida.

pedras de naftalina pedras de cânfora

Outros exemplos: H2, N2, O2, F2, Cø2, Br2, P4, S8, CH8 e todos
os hidrocarbonetos.

Observação: o termo forças de Van der Waals


inclui três tipos de interações distintas: forças entre
dois dipolos permanentes (ou dipolo-dipolo), entre
dipolo permanente e induzido (instantâneo) e entre
água líquida
dois dipolos induzidos (força de dispersão de London
ou forças de London). Apesar de a força de dispersão
de London ser quase 10 vezes mais fraca do que as
forças dipolo-dipolo, ela é fundamental para explicar
diversas propriedades, como solubilidade, viscosida-
de, temperatura de fusão, ebulição, entre outras.

2. Ligações ou pontes
de hidrogênio água sólida

Observe que o arranjo desordenado das moléculas no es-


Trata-se de um caso particular das forças de dipolo perma- tado líquido é mais compacto, há menos espaços vazios
nente (dipolo-dipolo), em que a intensidade é tão grande entre elas, razão pela qual a substância é mais densa nesse
que recebe um nome particular. Ocorre em moléculas que estado. Por outro lado, o arranjo ordenado do estado sólido
apresentam átomos de hidrogênio (elemento com baixa cria espaços vazios maiores entre as moléculas, o que torna
eletronegatividade) com elementos muito eletronegativos, a substância mais “leve”, menos densa.
como o flúor, o oxigênio ou o nitrogênio.
c) NH3
Os exemplos mais frequentes são as moléculas formadas
pela combinação do hidrogênio com os elementos muito
eletronegativos mencionados:

HF   H2O   NH3

Observe a formação das ligações de hidrogênio em cada


uma das moléculas:

30
A dupla hélice do DNA é estabilizada por pontes de hidrogênio entre as bases presas às duas cadeias.

3. Temperaturas de fusão (TF 3.2. Segundo caso


ou PF) e de ebulição (TE ou PE) Moléculas com mesmo tipo de interação e tamanhos (mas-
sas moleculares) diferentes.

3.1. Primeiro caso Aumenta a massa molecular.


Moléculas com tamanhos (massas moleculares) semelhantes. Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição.

Aumenta a intensidade da interação:


dipolo instantâneo-dipolo induzido < dipolo perma-
Exemplos:
nente < ligação de hidrogênio Massa PE
Substância Interação
molecular (u) (°C)
Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição. dipolo instantâneo-
CH4 16 –162
-dipolo induzido

Exemplos: C4H10 58
dipolo instantâneo-
-dipolo induzido
–1

Massa PE ligação de
Substância Interação (°C) CH3 – OH 32 +65
molecular (u) hidrogênio

dipolo instan- ligação de


CH3 – CH2 – OH 46 +78
CH4 16 tâneo-dipolo –162 hidrogênio
induzido
dipolo
HCℓ 36,5 –85
permanente
ligação de
H2O 18 +100
hidrogênio dipolo
HBr 81 –67
permanente
dipolo
CH3 – O – CH3 46 –24
permanente
3.3. Terceiro caso
ligação de
CH3 – CH2 – OH 46
hidrogênio
+78 Moléculas com mesmo tipo de interação e mesma massa
molecular.

31
Nota: apesar de possuir a mesma massa molecular e o
Diminui a ramificação. mesmo tipo de interação (dipolo instantâneo-dipolo indu-
Aumenta a área de contato entre as moléculas.
zido) entre suas moléculas, o metil-butano é ramificado. A
área de contato entre suas moléculas é menor do que no
Aumenta o ponto de fusão e o ponto de ebulição. butano, cuja cadeia é normal. Quanto maior a área de con-
tato entre as moléculas, mais intensas são as interações, e,
portanto, maior é o ponto de ebulição.
Exemplos:

Massa PE
Substância Interação
molecular (u) (°C)

Metilpropano dipolo
CH3 instantâ-
| 58 –12
neo-dipolo
H3C — CH — CH3 induzido

dipolo
Butano
instantâ-
58 –0,5
neo-dipolo
H3C — CH2 — CH2 — CH3
induzido
metil-butano butano

VIVENCIANDO

No dia a dia, é possível identificar facilmente a atuação de forças moleculares realizando rapidamente uma “mistura”
de água com óleo em um recipiente. Na verdade, não ocorrerá nenhuma mistura, uma vez que essas substâncias
possuem polaridades muito distintas e, portanto, não interagem bem entre si.
Outro aspecto do estudo das forças moleculares é o conhecimento dos pontos de fusão e ebulição de compostos;
isso pode ser observado em relação a óleos e gorduras.
Como é possível diferenciar essas duas substâncias?
Óleos e gorduras são basicamente lipídeos, diferenciando-se apenas por seus estados físicos.
Óleos são líquidos enquanto gorduras são sólidas.
Isso ocorre devido às interações intermoleculares existentes em suas cadeias moleculares. Em geral, gorduras pos-
suem menor quantidade de duplas, desencadeando, assim, uma cadeia mais retilínea que permite maior interação
de suas moléculas, aumentando seus pontos de fusão e ebulição. Os óleos, por sua vez, tendem a possuir mais
insaturações, produzindo o efeito reverso, distanciando suas cadeias e diminuindo os pontos de fusão e ebulição.
cadeias carbônicas saturadas e insaturadas
a presença de ligações duplas - insaturações - entre átomos de carbono diminui o ponto de fusão

Ácido Esteárico
18 átomos de carbono
Saturado
Ponto de fusão: 70ºC

Ácido Oleico
18 átomos de carbono
Monoinsaturado
Ponto de fusão: 13ºC

32
4. Solubilidade Aplicação do conteúdo
Por que o óleo não se dissolve na água? É necessário con-
1. As pontes de hidrogênio formadas entre moléculas
siderar que os processos de dissolução estão associados às de água HÖH podem ser representadas neste modelo.
interações moleculares. Com base nele, represente as pontes de hidrogênio en-
O tipo de força intermolecular da água deve ser diferente tre moléculas de amônia: NH3.
do tipo de força intermolecular do óleo.
Como a água é uma substância polar, conclui-se que as
moléculas do óleo devem ser apolares, mesmo sem conhe-
cer as estruturas delas.
A partir desse fato, é possível afirmar que:

Substâncias polares tendem a se dissolver em solven-


tes polares.
Substâncias apolares tendem a se dissolver em sol-
ventes apolares. Resolução:
A água possui dois pares de elétrons livres e pode apre-
Exemplos: sentar uma arrumação espacial como a apresentada no
enunciado. O NH3 tem somente um par de elétrons livres;
§ Os derivados do petróleo – querosene, gasolina, óleo
em consequência, pode apresentar apenas uma arruma-
diesel e óleo lubrificante – são formados por hidrocar-
ção linear. Observe:
bonetos apolares, solúveis (miscíveis) entre si e insolú-
veis (imiscíveis) na água, que é polar.

§ O etanol (álcool) comum se dissolve tanto na gasolina


(apolar) quanto na água (polar). Isso ocorre porque o
etanol apresenta uma molécula com cadeia apolar (CH3
– CH2 –), que interage com a gasolina (mistura de mo-
léculas apolares), e extremidade muito polar (– OH), que 2. Considere os processos I e II representados pelas
equações:
estabelece ligações intensas de hidrogênio com a água.

Indique quais as ligações são rompidas em cada um


desses processos.

Resolução:
Em (I) são rompidas as pontes de hidrogênio da água líqui-
da, o que lhe permite a passagem para o estado gasoso.
Em (II) são rompidas as ligações covalentes entre o hidrogê-
nio e o oxigênio (H – O – H), “quebrando” as moléculas de
água e dando origem ao hidrogênio e ao oxigênio atômicos.
3. (UFU) As substâncias SO2, NH3, HCℓ e Br2 apresentam as
seguintes interações intermoleculares, respectivamente:
a) forças de London, dipolo-dipolo, ligação de hidro-
gênio e dipolo induzido-dipolo induzido;
b) dipolo-dipolo, ligação de hidrogênio, dipolo-dipolo
multimídia: vídeo e dipolo induzido-dipolo induzido;
c) dipolo-dipolo, ligação de hidrogênio, ligação de hi-
Fonte: Youtube
drogênio e dipolo-dipolo;
Testamos o repelente de líquidos NeverWet d) dipolo instantâneo-dipolo induzido, dipolo-dipolo,
ligação de hidrogênio, dipolo-dipolo.

33
Resolução:
SO2: molécula angular e polar (dipolo-dipolo ou dipolo permanente-dipolo permanente)
NH3: molécula piramidal e polar (ponte de hidrogênio ou ligação de hidrogênio)
HCℓ: molécula linear e polar (dipolo-dipolo; em vários casos a atração intermolecular é classificada como ligação de hidro-
gênio)
Br2: molécula linear e apolar (dipolo induzido-dipolo induzido ou força de Van der Waals)
Alternativa B
4. (Unirio) Uma substância polar tende a se dissolver em outra substância polar. Com base nessa regra, indique como
será a mistura resultante após a adição de bromo (Br2) à mistura inicial de tetracloreto de carbono (CCℓ4) e água (H2O).
a) Homogênea, com o bromo se dissolvendo completamente na mistura.
b) Homogênea, com o bromo se dissolvendo apenas no CCℓ4.
c) Homogênea, com o bromo se dissolvendo apenas na H2O.
d) Heterogênea, com o bromo se dissolvendo principalmente no CCℓ4.
e) Heterogênea, com o bromo se dissolvendo principalmente na H2O.
Resolução:
Como o exercício fala que uma substância polar tende a se dissolver em outra substância polar, logo o seu oposto também
é válido – uma substância apolar tende a se dissolver em outra substância apolar.
Verificando a polaridade das moléculas, temos:

Br2 – molécula apolar


CCℓ4 – molécula apolar
H2O – molécula polar
Na mistura inicial (CCℓ4 + H2O), ambas não estavam misturadas entre si. Quando o Br2 foi adicionado, a maior parte se
dissolveu no CCℓ4 devido a sua semelhança de polaridade (uma pequena parte foi dissolvida em água). Logo, a solução final
será heterogênea (mais de uma fase), com maior parte dissolvida no CCℓ4.
Alternativa D

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS


Um paralelo que pode ser feito com as forças intermoleculares está relacionado com as mudanças de estado físico.
Quando substâncias mudam de estado, é necessário que haja troca de calor; no entanto, em física afirma-se que, quan-
do uma substância está mudando de estado físico, sua temperatura permanece constante. Como isso pode acontecer?
Isso ocorre porque, quando uma substância atingiu seu ponto de fusão ou ebulição, essa substância atingiu a tem-
peratura necessária para romper suas ligações intermoleculares. Dessa forma, nos pontos de fusão e ebulição de
qualquer matéria, a energia térmica que está sendo fornecida é aproveitada para romper as interações existentes
entre as moléculas, permitindo a mudança de estado.

34
DIAGRAMA DE IDEIAS

MOLÉCULA

INTERAGE PONTO
POR MEIO DE DE EBULIÇÃO

FORÇAS (OU LIGAÇÕES


OU INTERAÇÕES) SOLUBILIDADE
INFLUENCIAM
INTERMOLECULARES

DIPOLO DIPOLO
LIGAÇÃO DE
PERMANENTE-DIPOLO INDUZIDO-DIPOLO
HIDROGÊNIO
PERMANENTE INDUZIDO

LIGAÇÃO ENTRE ENTRE


ENTRE MOLÉCULAS MOLÉCULAS

F, O, N com H POLARES APOLARES

35
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Em geral, o assunto principal é a química Na FUVEST, os assuntos relacionados


orgânica, que envolve os temas de nomenclatura com radioatividade tem uma baixa
e propriedades; mesmo sendo apenas a parte incidência; no entanto, o assunto principal
introdutória, ela serve de base para os assuntos é a orgânica, que tem seus fundamentos
posteriores. apresentados neste volume.

Mesmo com a baixa incidência do tema radiação, o O tema da radioatividade, mesmo com Em Química 2, os assuntos de radiação são
assunto principal é a parte de química orgânica, que baixa incidência, é importante, pois as suas cobrados de maneira simples, mas é importante
é abordada neste volume de maneira introdutória, questões são de nível médio ou baixo. O as- que o aluno os conheça bem. O tema principal é
servindo de base para toda a orgânica. sunto principal abordado é a orgânica, que a orgânica, que é trabalhada de forma introdu-
é estudada neste volume de maneira introdutória, tória neste volume, pois serve de base para o
servindo de base para para os as- entendimento correto da química
suntos posteriores. orgânica.

O assunto principal é a química orgânica, que O assunto mais recorrente é a química O assunto de radioatividade, mesmo com O assunto mais recorrente é a química
tem alta incidência; mesmo sendo apenas orgânica; por mais que seja abordada a baixa incidência, é importante. O assunto orgânica; por mais que seja abordada a
uma parte introdutória, ela serve como base parte introdutória, ela serve de base para os principal abordado é a orgânica, que é parte introdutória, ela serve de base para os
para assuntos posteriores. assuntos posteriores. estudada neste volume de maneira introdutória, assuntos posteriores.
servindo de base para para os assuntos
posteriores.

UFMG

Mesmo com baixa incidência na parte de A parte de química orgânica tem alta O assunto principal é a orgânica. Mesmo
radiação, o assunto principal é a parte de frequência na UFPR. Neste volume é apre- sendo apenas uma introdução, ela pode
química orgânica; sua parte introdutória serve sentada sua parte introdutória, que serve ser cobrada com assuntos relacionados à
de base para assuntos posteriores. de base para toda a orgânica. Química 1.

O assunto de radioatividade, mesmo com baixa O assunto principal é a orgânica. Mesmo Mesmo com baixa incidência na parte de
incidência, é importante, já que suas questões são sendo apenas uma introdução, ela pode radiação, o assunto principal é a parte de
de nível médio ou baixo. O principal assunto é a ser cobrada com assuntos relacionados à química orgânica; sua parte introdutória serve
orgânica, com nível de dificuldade geralmente alto. Química 1. de base para assuntos posteriores.
Mesmo sendo apenas a parte introdutória, ela
serve como base para os assuntos
posteriores.
RADIOATIVIDADE E
QUÍMICA ORGÂNICA
AULAS 9 e 10 1. Introdução
Radioatividade é o processo pelo qual um núcleo instável
emite espontaneamente radiação, transformando-se em
outro núcleo mais estável. Esse fenômeno deve-se exclu-
sivamente ao núcleo do átomo.

RADIOATIVIDADE:
EMISSÕES RADIOATIVAS
E ENERGIA NUCLEAR 

COMPETÊNCIAS: 3e6

HABILIDADES: 11, 12, 22 e 23 Estado físico, fatores químicos, pressão e temperatura não
influem na radioatividade de um elemento, uma vez que
ela não depende da eletrosfera do átomo, mas apenas do
fato de seu núcleo ser instável.
É o caso da radioatividade do urânio, que é sempre a mesma. Não importa o estado físico do elemento ou as ligações que
ele faz, se o fizer.
Em 1896, o físico francês Antoine-Henri Becquerel (1852-1908) percebeu que um sal de urânio (o sulfato duplo de po-
tássio e uranila: K2(UO2)(SO4)2) era capaz de sensibilizar o negativo de um filme fotográfico recoberto com papel preto
e uma fina lâmina de metal. As radiações emitidas pelo material apresentavam propriedade semelhante à dos raios X.
Em 1897, a física Marie Sklodowska Curie (1867-1934) provou que a intensidade da radiação é proporcional à quantidade
de urânio na amostra e concluiu que a radioatividade é um fenômeno atômico.
Nesse mesmo ano, o físico Ernest Rutherford (1871-1937) criou uma aparelhagem para estudar a ação de um campo ele-
tromagnético sobre as radiações.

(+)
bloco de chumbo

raios
raios
raios
substância radioativa (–)
campo magnético
O esquema mostra o comportamento das radiações , e em um campo eletromagnético.

Das três radiações apresentadas na figura, a gama (g) é a


mais penetrante e a mais perigosa para o ser humano; a beta
(b) tem penetração média; e a alfa (a) é a menos penetrante.
Uma vez que os raios alfa e beta sofrem desvio no campo
magnético, Rutherford concluiu que eles devem apresentar
carga elétrica, ao passo que os raios gama não. Os raios
multimídia: vídeo beta são atraídos pela placa positiva; devem, assim, possuir
Fonte: Youtube carga negativa. Com o mesmo raciocínio, deduziu-se que
Documentário - Radiotividade - Os Curie os raios alfa têm carga positiva. Estudos posteriores possi-
bilitaram caracterizar os três tipos de radiação.

38
VIVENCIANDO
Caso entre em contato com radiações, a fisiologia humana pode ser extremamente comprometida. Na matéria indi-
cada, há uma explicação para os casos mais comuns quando se é exposto à radiação.
http://veja.abril.com.br/saude/os-efeitos-da-radioatividade-no-corpo-humano/

2. Emissões radioativas Observe: Como há alteração no número atômico (Z), o


átomo Y criado pertence a um novo elemento químico, di-
As principais emissões radioativas são apresentadas a seguir: ferente do átomo X original.
Emissão Constituição Massa As partículas a coincidem com o núcleo do hélio (​​​42   H
​​​ e).
alfa 2 prótons e 2 nêutrons 4u Esse fato foi demonstrado em 1909 por Rutherford, que
beta 1 elétron >0
observou um recipiente contendo material emissor de
partículas a. Mais tarde, notou que o recipiente estava
gama onda eletromagnética 0
impregnado do elemento hélio. As partículas a captu-
Carga Representação Velocidade ravam elétrons do ambiente e transformavam-se em
+2 4
a 1/10 c
átomos de hélio.
+2

–1 0
b
–1
9/10 c As equações nucleares obedecem a um balanço dos
0 0
g c
números de massa (A) e das cargas nucleares (Z), que
0
são conservados:
c = velocidade da luz no vácuo = 300 mil km/s

Outras emissões muito comuns são:

Emissão Constituição Massa


próton 1 próton 1u

nêutron 1 nêutron 1u

pósitron “elétron positivo” >0 Exemplo:


§ Se um átomo de   ​​​94​​​  Pu emitir uma partícula a, ele se
239
Carga Representação  
transformará em 235
​​​ 92​​​  U. Essa reação nuclear pode ser
+1 1
+1
p representada da seguinte maneira:
0 1
n
0

​​​ 94​​​  Pu
239  ​​​ ​​​a
4
  + 
​​​92U
235
​​​  
2 
+1 0
b
+1

Veja:
SAReagentes = SAProdutos ä 239 = 4 + 235
3. Leis das emissões SZReagentes = SZProdutos ä 94 = 2 + 92
radioativas
3.2. Segunda lei: lei de Soddy-Fajans-
3.1. Primeira lei: lei de Soddy – Russel – emissão de partículas b
emissão de partículas a

Caso um átomo X emita uma partícula a, seu núme- Caso um átomo X emita uma partícula b, seu número
ro de massa diminuirá em 4 unidades, e seu número de massa permanecerá inalterado, e seu número atô-
atômico diminuirá em 2 unidades: mico aumentará em 1 unidade:
  
 A​ZX
​   
​  0​b
  + Z​ +A1 Y
​  .
a + Z 
–1
A
Z
X 4
+2
​ A––42​ Y.

39
Como ocorre alteração do número atômico (Z), o átomo Y ge-
rado pertence a um novo elemento químico, diferente do áto-
mo X original. Como o número de massa (A) permanece inal-
terado, na emissão beta, X e Y sempre serão átomos isóbaros.
Transmutação artificial por meio da qual Chadwick (1932)
As partículas b, também denominadas raios b ou radiação descobriu o nêutron:
b, são partículas negativas iguais aos elétrons. Elas apre-
sentam carga –1 e massa 0. A partícula b forma-se por
meio da desintegração de um nêutron no núcleo:
 ​​ n   1 p​     + ​ –1
 ​  +1  0​  b + ​
 0
0​  n
1
0 
nêutron próton beta neutrino Atualmente, a maioria dos radioisótopos utilizados na me-
dicina, na indústria, na agricultura, entre outras áreas, é
Exemplo: produzida a partir de transmutações artificiais.
§ Se um átomo de ​146​C emitir uma partícula b, ele se
transforma em   ​​ 7N
14
​​   . A reação nuclear pode ser repre- 5. Energia nuclear
sentada da seguinte maneira:
A partir da segunda metade do século XX, uma das grandes

​​​ C
14
​​​      ​ ​​ –1 0​​​b
     + ​​​ 7N
14
​​​  
6 preocupações da humanidade tem sido os meios de obtenção
Observe. de energia. Dentre as soluções encontradas, uma delas é a
energia proveniente dos núcleos atômicos, a energia nuclear,
SAReagentes = SAProdutos ä 14 = 0 + 14 obtida mediante reações de fissão e fusão nucleares.

SAReagentes = SAProdutos ä 6 = (–1) + 7 5.1. Fissão nuclear


Fissão nuclear é o processo em que ocorre ruptura do nú-
3.3. Raios gama cleo que é bombardeado com partículas.
As emissões, radiações ou raios gama (​​​0   0​​​g) não são par- A primeira evidência da fissão nuclear foi obtida em 1932,
tículas, mas ondas eletromagnéticas semelhantes à luz, em- quando o físico italiano Enrico Fermi (1901-1954) obser-
bora com comprimento de onda muitíssimo menor e energia vou que átomos de urânio bombardeados com nêutrons
muito mais elevada, superando inclusive os raios X. Eles não produziam um material radioativo. Em 1938, os químicos
sofrem desvio ao atravessar um campo elétrico ou magné- alemães Otto Hahn (1879-1968) e Fritz Strassman (1902-
tico, uma vez que não possuem massa nem carga elétrica. 1980) constataram a presença de bário (Z = 56) na expe-
riência de Fermi. No ano seguinte, a física austríaca Lise
Ainda que dependam do átomo emissor, as emissões g têm
Meitner (1878-1968) e o físico Otto Frisch (1904-1979)
sempre um poder de penetração bem maior do que as partí-
observaram que o núcleo bombardeado dividia-se e libe-
culas a e b. Geralmente, uma emissão g atravessa 20 cm do
rava energia. Nesse mesmo ano, Niels Bohr e John Wheeler
aço ou 5 cm do chumbo (quanto mais denso o metal, mais
enunciaram a teoria da fissão nuclear.
ele detém as radiações). Assim, as emissões g representam o
perigo máximo sob o ponto de vista fisiológico. Atingido pelo nêutron, o núcleo de 235U divide-se em dois
outros núcleos radiativos e produz nêutrons livres, liberan-
Com efeito, uma emissão g não altera nem o número atômico
do simultaneamente uma grande quantidade de energia.
(Z) nem o número de massa (A) do elemento. Por esse motivo,
não se costuma escrever a emissão g nas equações nucleares.  
​​​ 92​​​  U + 0 1​​​ ​​​  n
235  
140  
​​​ ​​​  Kr + 2 01​​ ​​​  n + energia
​​​ 56​​​  Ba + 36
94

 B​​   a e  
4. Transmutações Em lugar de ​​140 ​​   ​​Kr, podem formar-se outros núcleos,
94
56 36
cujos números de massa variam entre 72 e 158. Essa for-
O fenômeno em que um elemento químico emite esponta- mação pode chegar a dois, três ou mais neutros livres.
neamente uma radiação e se transforma em outro elemen-
to é denominado transmutação natural. ​​  U
​235
​​​  + 0 1​​​ ​​​  n
92  
   
​​​ ​​​  Sr + 2 01​​ n​​​   + energia
​​​ 54​​​  Xe + 38
140 94

Se as transmutações forem obtidas através do bombar-  ​​ 92​​​  U + 0 1​​​ ​​​  n


​235    
​​​ ​​​  Kr + 3 01​​ n​​​   + energia
​​​ 56​​​  Ba + 36
142 91

deamento de núcleos estáveis com partículas a, prótons,


nêutrons, etc., serão chamadas de transmutações artifi- A humanidade deposita esperanças nesse método de obten-
ciais. A primeira delas foi obtida por Rutherford. ção de energia à medida que as pesquisas se desenvolvem.

40
Contudo, seus efeitos podem ser desastrosos. A energia pode dois átomos de urânio, que se quebram, formando quatro
ser útil caso seja controlada em um reator ou usina nuclear, nêutrons, que, por sua vez, atingirão mais quatro átomos
mas, caso seja aplicada sem controle, desenvolve-se uma rea- de urânio, que formarão oito nêutrons, e assim por diante,
ção em cadeia, acompanhada de explosão: a bomba atômica. sucessiva e incontrolavelmente.
Enrico Fermi (1901-1954) e Leo Szilard (1898-1964) cons-
truíram o primeiro reator. Hoje existem centenas deles em
funcionamento. O Brasil também iniciou seu programa de
energia nuclear construindo reatores em Angra dos Reis (RJ).
A primeira bomba atômica de teste foi detonada em 16
de junho de 1945, no deserto de Alamogordo, no Novo
México (EUA). A bomba foi usada militarmente no final da multimídia: livro
Segunda Guerra Mundial contra as cidades japonesas de
Hiroshima (bomba de   ​​​235
92​​​  U, em 6 agosto de 1945) e Naga-
  Peter W. Atkins e Loretta Jones - Princípios de Química
saki (bomba de ​​​94​​​  Pu, em 9 agosto de 1945).
239
– Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente
No processo de fissão ocorre uma reação em cadeia. Na
O livro encoraja estudantes a pensar e desenvolver com-
teoria, bastaria apenas um nêutron para iniciar o proces-
preensão sólida da Química, desafiando-os a questionar
so. Na prática, entretanto, exige-se uma massa mínima
e a obter nível mais alto de entendimento da matéria. A
acima da qual há denotação com reação em cadeia. Essa
obra apresenta a Química como algo atual e dinâmico, ao
massa mínima é denominada massa crítica. Um átomo de mostrar a relação entre ideias químicas fundamentais e
urânio (​​​ 
92​​​
235
U)
   é atingido por um nêutron e se quebra para suas aplicações.
formar dois nêutrons. Esses dois nêutrons atingem outros

Reação em cadeia do Urânio-235


A energia liberada graças a uma explosão nuclear é medida em comparação com o efeito energético produzido pelo explo-
sivo TNT.
§ 1 quiloton: efeito energético igual a 1 mil toneladas de TNT.
§ 1 megaton: efeito energético igual a 1 milhão de toneladas de TNT.
A bomba lançada sobre Hiroshima tinha a potência de 20 quilotons.
Na fissão nuclear, a energia gerada por um reator nuclear transforma a água líquida em vapor; o vapor, por sua vez, movi-
menta uma turbina que produz energia elétrica por meio de um gerador.

41
A energia liberada em uma reação de fissão nuclear é imen- A energia liberada na queima de um mol de etanol (46 g)
samente maior do que as liberadas em reações químicas. A consegue aquecer aproximadamente 4 kg de água de 20 a
fissão do urânio-235 libera na ordem de 2 ·1010 kJ/mol de 100 °C, enquanto que para aquecer a mesma quantidade
energia. Comparando com outra fonte de energia (ex.: eta- de água no mesmo intervalo de temperatura, é necessário
nol), a energia liberada na reação de combustão é de “ape- ”somente” 0,00003 gramas, isto é, de 0,03 mg de urânio.
nas” 1.360 kJ/mol.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Radiofármacos e radiotraçadores
Essas substâncias recebem esse nome porque, ao serem transportadas pelo corpo da pessoa, emitem radiações que
possibilitam seu monitoramento, indicando por onde passaram e onde se depositaram. Isso permite que o radiolo-
gista faça um mapeamento dos órgãos.
Um exemplo de radioisótopo é o iodo-131, que é usado no tratamento de câncer de tireoide, uma vez que, ao se
acumular nesse órgão, suas radiações gama destroem as células cancerígenas.

Irradiação por raios gama


A irradiação por raios gama é utilizada para esterilização de produtos e descontaminação ou redução de carga mi-
crobiana nos segmentos de alimentação, embalagens, fármacos, cosméticos e produtos veterinários. A esterilização
e a descontaminação por energia ionizante através de raios gama consiste na exposição dos produtos à ação de
ondas eletromagnéticas curtas, geradas a partir de fontes de Cobalto 60 em um ambiente especialmente preparado
para esse procedimento. Visto que as ondas eletromagnéticas possuem grande poder de penetração, os organismos
podem ser alcançados onde quer que estejam, tanto em embalagens lacradas quanto em produtos armazenados das
mais diversas maneiras, o que garante a total eficácia do processo.
Durante o processo, os produtos já embalados são encaminhados em uma esteira para a sala de esterilização. Nesse
ambiente protegido por espessas paredes de concreto (bunker), encontra-se a fonte de Cobalto 60, que emite os
raios gama responsáveis pela quebra de DNA dos microrganismos. O processo pode ser considerado similar ao de um
micro-ondas, isto é, o produto é tratado e pode ser utilizado imediatamente depois do tratamento. A diferença está
no comprimento de onda, que, no caso do micro-ondas, tem energia o suficiente para agitar as partículas e aquecer
o produto, enquanto na radiação através de Cobalto 60 tem energia para quebrar a cadeia de DNA dos microrga-
nismos. O processo de esterilização por irradiação mata os microrganismos e previne sua reprodução; no entanto, o
material irradiado é incapaz de acumular radiação, não se tornando radioativo por ter sido irradiado.

5.2. Fusão nuclear


O processo no qual ocorre a união de núcleos para formar um núcleo maior é denominado fusão nuclear. É o que ocorre no Sol,
onde núcleos de hidrogênio se fundem para formar núcleos de hélio, liberando grande quantidade de energia.
Um dos processos que ocorrem no Sol é:

4 11​​ H
​​​    ​​​ H
4
2  ​​​  e + 2       + 2 0​ 0​​​​​n   + energia
​​  - 1​0​​b

Essa reação não pode ser realizada artificialmente, uma vez que ela exige temperatura elevadíssima. Contudo, a partir de
1950 os cientistas iniciaram pesquisas para obter uma reação semelhante.

42
Em 1952, conseguiram realizar a primeira fusão não controlada, que gerou a primeira bomba de hidrogênio.
Algumas reações de fusão possíveis:
 ​​​ H
2
1  ​​​  + 1 3​​​ H
​​​    ​​​ H
4
​​​  e + 0 1​​​ n​​​   + energia
2 

 ​​​ H
​​​  + 1 1​​​ H
​​​    3​​​   e + energia
2​​​ H
2
1 
 3​​​   e +  3​​​ H  4​​​   e + 2 1 ​1​​ H
2​​​ H 2​​​   e 2​​​ H ​​​   + energia
Para iniciar esses processos de fusão, usa-se, como energia de ativação, a energia proveniente da explosão de uma bomba atô-
mica. Atualmente, são desenvolvidas pesquisas que visam a obter outros métodos de ativação. Até agora, essa fusão não pode
ser controlada a fim de obter-se energia útil.
Digamos que a bomba atômica é a “espoleta” da bomba de hidrogênio, que libera a energia necessária para a fusão. Ocorri-
da essa fusão, a energia liberada é extremamente intensa. Já foram detonadas bombas de hidrogênio de até 500 megatons.
Há alguns anos, sonha-se com a construção de um reator nuclear de fusão, que exigiria uma temperatura mínima de 300
milhões de graus Celsius para a fusão. Até agora só se conseguiu atingir 200 milhões de graus Celsius por uma fração ínfima
de tempo.

43
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 22
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em
processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.

Atualmente há uma grande preocupação em relação aos meios de produção de energia. Um dos assuntos mais
debatidos é a energia nuclear.
A habilidade 22 contempla os riscos causados pela radiação e quais os principais efeitos que a exposição às
partículas e à radiação podem causar no ser humano. Um caso muito citado como situação-problema é o caso
de Chernobyl.

MODELO 1
(Enem) A falta de conhecimento em relação ao que vem a ser um material radioativo e quais os efeitos, con-
sequências e usos da irradiação pode gerar o medo e a tomada de decisões equivocadas, como a apresentada
no exemplo a seguir.
“Uma companhia aérea negou-se a transportar material médico por este portar um certificado de esterilização por
irradiação”.
Física na Escola, v. 8, n. 2, 2007 (adaptado).

A decisão tomada pela companhia é equivocada, pois


a) o material é incapaz de acumular radiação, não se tornando radioativo por ter sido irradiado;
b) a utilização de uma embalagem é suficiente para bloquear a radiação emitida pelo material;
c) a contaminação radioativa do material não se prolifera da mesma forma que as infecções por microrganismos;
d) o material irradiado emite radiação de intensidade abaixo daquela que ofereceria risco à saúde;
e) o intervalo de tempo após a esterilização é suficiente para que o material não emita mais radiação.

ANÁLISE EXPOSITIVA

Esse tipo de questão propõe ao aluno que seja realizada, utilizando-se os conceitos vistos em sala de
aula, uma análise crítica quanto à afirmação proposta.
O material médico não pode acumular radiação, isto é, não se torna radioativo por ter sido irradiado. A
decisão tomada pela companhia foi equivocada.

RESPOSTA Alternativa A

44
DIAGRAMA DE IDEIAS

NUCLÍDEO SE INSTÁVEL RADIONUCLÍDEO

LIBERA RADIAÇÃO

PARTÍCULAS

ALFA ( 42 α) BETA ( -10 β) GAMA ( 00 γ)

45
AULAS 11 e 12 Isótopo radioativo Meia-vida


​ ​ Zr
95
40   65 anos

​56​  Ba
140 12,8 anos

​ I​ 
131  
53 8 dias
CINÉTICA DOS  
​ ​ Mo
99
42   67 horas
DECAIMENTOS ​ U
​ 
235  
92 710 milhões de anos
RADIOATIVOS
Na explosão de uma bomba atômica ou em um acidente
com vazamento numa usina nuclear, é liberado um número
COMPETÊNCIAS: 6e7 incalculável de isótopos radioativos. Muitos deles apresen-
tam uma meia-vida muito curta. Por esse motivo, seu de-
20, 21, 22, 23, 24, 25, caimento radioativo impede que eles sejam fixados no solo,
HABILIDADES:
26 e 27 na vegetação ou nas águas.
Entretanto, outros isótopos radioativos apresentam uma
meia-vida muito longa, permitindo que eles se fixem no
meio ambiente, contaminando-o e o tornando-o radioativo
1. Meia-vida ou período por longos períodos. Além disso, os nêutrons liberados no
de semidesintegração processo de fissão podem agir sobre os constituintes da
atmosfera, gerando espécies radioativas, como  14  3
​6C
​   , 1​ H
​   .
A Cinética Radioativa é a matéria da Química Nuclear que es-
tuda a velocidade de desintegração dos materiais radioativos. 1.1. Vida-média
A velocidade (v) com que ocorre a emissão de partículas Não é possível prever a duração de vida de determinado
(desintegração) é diretamente proporcional ao número de átomo; no entanto, pode-se calcular um tempo estatístico
núcleos radioativos (N), a cada instante considerado. de sua duração. Por exemplo, se o elemento rádio tem vi-
da-média de 2,3 mil anos, estatisticamente é possível con-
v=k·N cluir que um núcleo de rádio levará 2,3 mil anos para se
desintegrar. Esse fator não exclui a probabilidade de ele se
k = constante radioativa, característica de cada isótopo desintegrar antes ou depois desse tempo. É importante não
confundir vida-média com meia-vida.
Depois de certo intervalo de tempo, o número de núcle-
os radioativos de cada isótopo é reduzido à metade. Esse
intervalo, característico de cada isótopo, é denominado
meia-vida ou período de semidesintegração.

Meia-vida ou período de semidesintegração (P ou


t1/2) é o tempo necessário para que a metade dos nú-
multimídia: vídeo
cleos radioativos se desintegre, ou seja, para que uma
amostra radioativa se reduza à metade. Fonte: Youtube
Acidente radioativo com o
Césio-137 em Goiânia, 1987.
Exemplos de meia-vida:

Isótopo radioativo Meia-vida 1.2. Curva de decaimento radioativo



​55​  Cs
137 30 anos Considere uma amostra de material radioativo de massa
inicial m0. A cada meia-vida decorrida, a massa da mostra
​ S​  r
90  
38 28 anos
se reduz à metade.

46
E o tempo total decorrido Dt, desde o valor inicial m0 até
se atingir o valor m, será de:

Dt = n · P
Na equação, P é o tempo de meia-vida.

Esquematicamente:

Quando a diminuição da quantidade de átomos radioati-


vos, em razão de sua desintegração e em função do tempo,
é representada graficamente, obtém-se uma curva expo-
nencial denominada curva de decaimento radioativo. ∆t = n · P
De uma quantidade de material radioativo inicial m0, de- m
pois de n meias-vidas decorridas, chega-se a uma quanti- m = ___
​  n0 ​ 
2
dade m, que será dada por:
Nota: a quantidade de material radioativo pode ser dada
m0 de várias maneiras: em massa (grama, miligrama), em nú-
m = ​ ___n ​  
2 mero de átomos, em porcentagem, em fração ou em ativi-
dade radioativa.

VIVENCIANDO

A datação de matéria orgânica é realizada por meio da constituição de carbono-14 (carbono com número de
massa 14) na matéria orgânica. O tempo de meia-vida do carbono 14 (14C) é de 5.730 anos. Isso significa que, se
um organismo morreu há 5.730 anos, ele possuirá a metade do conteúdo de 14C. Assim, é possível obter a idade
aproximada de qualquer matéria orgânica. Com o objetivo de ser o mais exato possível no trato com a história
da humanidade, dos animais e das plantas, essa técnica já foi utilizada de diversas formas por historiadores do
mundo todo. Essa técnica possibilitou descobertas importantes para os campos da biologia e da história, recons-
tituindo épocas e trajetórias dos seres vivos. Do ponto de vista da biologia, a datação da matéria orgânica é um
fator preponderante, uma vez que a evolução das espécies está diretamente relacionada ao período em que elas
viveram, às condições a que estavam submetidas e à fauna e à flora do ambiente naquele momento.

Aplicação do conteúdo
1. Numa amostra radioativa, a massa dos átomos radioativos é de 40 g. Depois de 63 h, a massa desses átomos radia-
tivos se reduz a 5 g. Calcule a meia-vida do elemento.
Resolução:

Dt = n · P ä 63 h = 3 · P ä P = 21 h Resposta: a meia-vida é de 21 horas.

47
2. O tempo de meia-vida do criptônio-89 é igual a 3,16 Resolução:
minutos. Dispondo-se de uma amostra com 4,0 · 1023
Partindo-se de 100% como a quantidade inicial de carbo-
átomos desse isótopo, ao fim de quanto tempo restarão
1,0 · 1023 átomos?
no-11, depois de cinco meias-vidas, tem-se:

a) 3,16 minutos 100% → 50% → 25% → 12,5% → 6,25% → 3,125%


b) 6,32 minutos ou
m0
c) 9,48 minutos
___ ​ 100 ​   → m = 3,125%
m = ​  n ​,  sendo n = 5 → m = ___
2 32
d) 12,64 minutos Alternativa B
e) 15,8 minutos
Resolução:

Dt = n · P = 2 · 3,16 min = 6,32 min

Alternativa B
multimídia: site
3. (PUC) Carbono-11 é utilizado na medicina para diag-
nóstico por imagem. Amostras de compostos contendo
carbono-11 são injetadas no paciente obtendo-se a ima- pt.energia-nuclear.net/acidentes-nucleares/
gem desejada após decorridas cinco “meias-vidas” do chernobyl
radiosótopo. Nesse caso, a porcentagem da massa de noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/
carbono-11, da amostra, que ainda não se desintegrou é:
redacao/2017/01/12/a-lua-e-mais-muito-mais-velha-do-
a) 1,1%. que-os-cientistas-imaginavam.htm
b) 3,1%. www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150808_
c) 12%. hiroshima_nagasaki_chernobil_rm
d) 50%. phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/legacy/radioactive-
e) 75%. dating-game

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Em setembro de 2016, a Coreia do Norte realizou testes nucleares. Os testes foram realizados na base de Punggye-ri,
no nordeste do país, o mesmo lugar onde a Coreia do Norte detonou bombas atômicas em 2006, 2009, 2013 e em
janeiro do mesmo ano. Em 2016, em vez de uma bomba atômica, o teste foi feito com uma bomba de hidrogênio.
Embora ambas sejam muito destrutivas, elas apresentam reações diferentes.

Bomba atômica
1. O funcionamento da arma começa quando uma carga de explosivo convencional, como dinamite, é acionada à
distância e explode.
2. O choque da explosão impulsiona uma bala de urânio-235 sobre uma esfera feita do mesmo material. Esse impac-
to inicia as reações de fissão, ou seja, a quebra dos núcleos dos átomos que vão liberar energia.
3. Com o impacto, os instáveis e pesados átomos de urânio-235 arrebentam, liberando energia e nêutrons que dão
continuidade à reação. Cada átomo que se rompe solta novos nêutrons que quebram mais núcleos, gerando um
efeito em cadeia que desprende cada vez mais energia.

48
Bomba de hidrogênio
1. Na bomba de hidrogênio, a espoleta utilizada não é um explosivo convencional, mas uma bomba atômica como
a de Hiroshima. Novamente, o momento do estouro dessa carga é determinado por meio de um controle remoto.
2. Essa explosão atinge um compartimento cheio de composto de lítio, transformando essa substância em deutério
e trítio. Os átomos desses elementos são isótopos do hidrogênio. Todos possuem apenas um próton, mas com quan-
tidades diferentes de nêutrons.
3. Por serem muito leves e estarem submetidos a altíssima temperatura, os átomos de deutério e trítio tendem a se
unir, criando um átomo de hélio mais leve que os dois anteriores somados. A massa que resta dá origem à energia
colossal da bomba.

49
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 22
Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em
processos naturais ou tecnológicos, ou em suas implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.

Atualmente há uma grande preocupação em relação aos meios de produção de energia. Um dos assuntos mais
debatidos é a energia nuclear.
A habilidade 22 contempla os riscos causados pela radiação e quais os principais efeitos que a exposição às
partículas e à radiação podem causar no ser humano. O caso de Chernobyl, na Ucrânia, e o caso do Césio-137,
em Goiânia, são muito citados como situação-problema.

MODELO 1
(Enem) Glicose marcada com nuclídeos de carbono-11 é utilizada na medicina para se obter imagens tridimen-
sionais do cérebro, por meio de tomografia de emissão de pósitrons. A desintegração do carbono-11 gera um
pósitron, com tempo de meia-vida de 20,4 min, de acordo com a equação da reação nuclear:

​6​  C  →  
11 ​5​ B  +  10​ e​  
11

(pósitron)

A partir da injeção de glicose marcada com esse nuclídeo, o tempo de aquisição de uma imagem de tomografia
é cinco meias-vidas.
Considerando que o medicamento contém 1,00 g do carbono-11, a massa, em miligramas, do nuclídeo restan-
te, após a aquisição da imagem, é mais próxima de
a) 0,200.
b) 0,969.
c) 9,80.
d) 31,3.
e) 200.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nesse tipo de questão, o aluno é convidado a raciocinar utilizando os conhecimentos adquiridos sobre decai-
mentos radioativos.
A partir da injeção de glicose marcada com esse nuclídeo, o tempo de aquisição de uma imagem de tomografia
é cinco meias-vidas.
Assim:

RESPOSTA Alternativa D

50
DIAGRAMA DE IDEIAS

NUCLÍDEO

PODE SER

INSTÁVEL

PARTICIPA DE
APLICAÇÕES
MEDICINAIS

TÊM

APLICAÇÕES
REAÇÕES BÉLICAS
NUCLEARES
POR EXEMPLO

MEIA-VIDA
DECAIMENTO TEM
(PERÍODO DE
RADIOATIVO
SEMIDESINTEGRAÇÃO)

51
Com o êxito da experiência de Wöhler, diversos cientistas vol-
AULAS 13 e 14 taram ao laboratório para obter outras substâncias orgânicas
(em 1862, foi obtido o acetileno e, em 1866, foi obtido o ben-
zeno). Assim, a teoria da força vital foi totalmente derrubada.
Com o tempo, os estudiosos perceberam que a definição de
Bergman para a Química Orgânica não era adequada; então,
o químico alemão Friedrich August Kekulé (1829-1896) pro-
INTRODUÇÃO À pôs uma nova definição, aceita até hoje: “Química Orgânica
QUÍMICA ORGÂNICA é o ramo da Química que estuda os compostos do carbono”.
De fato, essa afirmação está correta; entretanto, nem todo
composto que contém carbono é orgânico, como o dióxido de
carbono (CO2), o ácido carbônico (H2CO3), o grafite, etc.; mas
a maioria dos compostos orgânicos contém carbono (atual-
mente, já foram sintetizados compostos “orgânicos” que não
COMPETÊNCIAS: 5e7
contêm carbonos). Essa parte da Química estuda a estrutura,
as propriedades, a composição, as reações e a síntese de com-
HABILIDADES: 17, 18, 24 e 26 postos orgânicos que, por definição, contêm carbono, embora
possam conter também outros elementos, como o hidrogênio
(na sua maioria) e o oxigênio. Alguns deles contêm nitrogênio,
halogênios e, mais raramente, fósforo e enxofre.

1. Introdução Linha do tempo de acontecimentos e


preparações depois da síntese de Wöhler
1.1. Origem da expressão Química Orgânica
O químico sueco Torbern Olof Bergman (1735-1784) foi quem 1828: Hennel prepara o álcool etílico.
empregou pela primeira vez a expressão Química Orgânica. 1846: O doutor John C. Warren realiza, no Hospital
Geral de Massachusetts (EUA), a primeira in-
§ Compostos orgânicos: substâncias de organismos vivos.
tervenção cirúrgica de grande porte com o em-
§ Compostos inorgânicos: substâncias do reino mineral. prego de éter como anestésico, inaugurando a
era dos anestésicos na Medicina.
Na época, a crença de que só era possível extrair subs-
tâncias orgânicas de organismos vivos (animais e vegetais) 1847: O doutor James Simpson, cirurgião em Edimbur-
prejudicava o desenvolvimento da Química Orgânica. Acre- go, usa pela primeira vez o clorofórmio como anestésico.
ditava-se que compostos obtidos a partir de organismos 1848: Frankland e Kolbe preparam o ácido acético.
vivos eram complexos demais para serem sintetizados.
1854: Berthelot prepara o gás metano.
Tratava-se de uma teoria conhecida pelo nome de teoria
da força vital, formulada por Jöns Jacob Berzelius (1779- 1929: A penicilina é descoberta por Alexander Fleming.
1848), que afirmava: “A força vital é própria da célula viva 1935: Químicos do Instituto Pasteur, na França, desco-
e o homem não poderá criá-la em laboratório”. brem a sulfanilamida: substância de ação bacte-
Em 1828, um dos discípulos de Berzelius, Friedrich Wöhler ricida. A seguir, foram descobertas outras sulfas.
(1800-1882), conseguiu, depois de várias tentativas, obter 1945: Químicos e físicos da Inglaterra e dos Estados
uma substância encontrada na urina e no sangue, conheci- Unidos descobrem diversas penicilinas – agen-
da pelo nome de ureia, por meio do aquecimento de ciana- tes antibacterianos mais eficazes que as sulfas
to de amônio, um composto inorgânico. Assim, começava a – e sintetizam a Penicilina G.
queda da teoria da força vital:

NH4OCN
calor 2. Características gerais
das moléculas orgânicas
Cianeto de amônio ureia Quais são as inúmeras propriedades e a significativa di-
Reação de aquecimento do cianeto de amônio para obter a versidade dos compostos do carbono tão exploradas na
ureia. Essa reação ficou conhecida como síntese de Wöhler. biologia e na indústria?

52
§ Em primeiro lugar, deve-se distinguir compostos orgâ-
nicos de inorgânicos.
3. Características do
Os orgânicos são constituídos fundamentalmente por qua- átomo de carbono
tro elementos – carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) Em 1852, o químico inglês Edward Frankland (1825-1899)
e nitrogênio (N) – denominados elementos organógenos. publicou um trabalho em que apresentava a expressão
§ Os orgânicos são capazes de sofrer combustão, uma “valência”, relacionada à provável capacidade de ligação
vez que, em grande parte, são compostos de C e de H. dos átomos. Poucos anos depois, o químico alemão August
A queima completa dessas substâncias produz CO2 e Kekulé defendeu hipóteses extraordinárias que causariam
H2O; a queima incompleta produz CO; e a queima par- um grande avanço no estudo das substâncias orgânicas.
cial, apenas C (fuligem). Um composto orgânico que
contenha C e H ou C, H e O corresponde a: 3.1. Postulados de Kekulé
1. O carbono teria quatro valências.

Nota: a combustão incompleta dos combustíveis pro-


duz CO, que, ao ser inalado, une-se à hemoglobina
e impede que ela exerça seu papel de transportar
oxigênio para o sangue. Produz também carvão, que 2. Os átomos de C poderiam formar cadeias.
caracteriza fuligem, liberada principalmente pelos ca-
minhões desregulados.

§ Ligações e forças intermoleculares. Parte consi-


derável dos compostos orgânicos apresenta apenas
ligações covalentes. Por isso, as forças de atração inter-
moleculares predominantes são as forças de dipolo ins-
tantâneo-dipolo induzido. Posteriormente, aparecem as
forças de atração entre dipolos permanentes, além das
ligações de hidrogênio.

§ Estabilidade. Em princípio, os compostos orgâ-


nicos apresentam pouca estabilidade diante de
agentes externos, como temperatura, pressão, áci- 3. Os átomos de C poderiam unir-se entre si utilizando uma
dos concentrados, etc. Quando aquecidos, a maioria ou mais valências.
deles sofre combustão completa, produzindo CO2;
incompleta, gerando CO; ou carbonização, originan- C—C C=C C;C
Ligação simples Ligação dupla Ligaçao tripla
do carbono.

§ Ponto de fusão e de ebulição. Em sua maioria mo- Os átomos de C possuem uma significativa capacidade de
leculares, os compostos orgânicos apresentam pontos se unir a outros átomos de C ou a átomos de diferentes
de fusão e de ebulição baixos, o que justifica a predo- elementos, formando sequências estáveis. Uma sequência
minância do estudo de compostos gasosos e líquidos de átomos ligados entre si é denominada cadeia.
pela Química Orgânica. Os sólidos, em grande parte, § Observa-se, em todas as cadeias carbônicas, que o nú-
são facilmente fusíveis. mero de ligações covalentes de um átomo de C é igual
§ Solubilidade. Em geral, os compostos orgânicos são a quatro. Contudo, dois átomos de C podem ligar-se
solúveis em solventes apolares e insolúveis em solven- entre si por ligações simples, duplas ou triplas.
tes polares, como a água.

§ Velocidade das reações. As reações orgânicas 4. Representação de


da maioria das substâncias moleculares e de grande
massa molar são lentas. Por isso, requerem o uso de
cadeias carbônicas
catalisadores. O aquecimento para aumentar essa velo- A representação da cadeia carbônica mediante segmentos de
cidade deve ser cuidadoso, uma vez que temperaturas reta (bond line formula) chama-se, em português, de fórmula
elevadas podem degradar os compostos orgânicos. bastão. Essa representação obedece ao seguinte código:

53
§ A cadeia deve ser representada como um zigue-zague. § primário: ligado a 1 ou a nenhum átomo de carbono;
§ As pontas nas extremidades de uma cadeia correspon- § secundário: ligado a 2 átomos de carbono;
dem ao grupo CH3. § terciário: ligado a 3 átomos de carbono;
§ A junção de dois traços na extremidade de uma cadeia § quaternário: ligado a 4 átomos de carbono.
corresponde a um grupo CH2.
§ A junção de três traços na extremidade de uma cadeia
Exemplo:
indica um grupo CH.
P = primário
Exemplos: S = secundário
T = terciário
Q = quaternário

Observe que não importa o tipo de ligação – simples,


dupla ou tripla – de um átomo de carbono. O que importa
são quantos átomos de carbono estão diretamente
ligados a ele.

5. Classificação dos carbonos


5.1. De acordo com os multimídia: vídeo
átomos a ele ligados Fonte: Youtube
Um átomo de carbono pode ser classificado de acordo com Química - Hidrocarbonetos, Petróleo, Gás, Plástico
o número de átomos de carbono ligados diretamente a ele:

VIVENCIANDO

Quem nunca se pegou lendo a embalagem do refrigerante ou de outros produtos industrializados enquanto
se alimentava? Ou rótulos dos produtos enquanto tomava banho? Pois bem, qualquer pessoa que tenha
feito isso terá reparado que nos rótulos das embalagens estão descritas as misturas realizadas para se
chegar àquele determinado produto que está sendo consumido ou utilizado. As substâncias que constituem
esses produtos sempre estarão descritas de uma forma padrão, respeitando a “norma culta” da linguagem
química, para que não haja complicações durante a leitura de uma fórmula de um determinado produto. Isso
garante que, em qualquer lugar, seja possível saber, no caso de compostos químicos, do que determinado
produto é constituído.

54
5.2. De acordo com o tipo de ligação § Cadeia mista: quando um composto apresenta, ao
mesmo tempo, cadeia carbônica com uma parte cíclica
(sigma - s e pi - p) e com o tipo e outra parte acíclica na molécula em questão.
de hibridação (hibridização)
Ligação do Hibridação 3

átomo do átomo Geometria


de carbono de carbono
4 simples sp3 tetraédrica
§ Cadeia alifática: à vezes confundida com a cadeia
2 simples e aberta, a cadeia alifática significa cadeia não aromá-
sp2
trigonal plana
1 dupla
tica, isto é, pode ser cadeia aberta, fechada ou conter
1 simples e ambas (cadeia mista), mas não pode conter aromatici-
sp linear
1 tripla
dade na molécula em questão.
2 duplas sp linear
§ Cadeia alicíclica: apresenta anéis (cadeia fechada), sa-
Ângulo entre as turados ou insaturados, sem a presença de aromaticidade.
Exemplo
ligações
109º28’ CH4 2. Quanto à disposição
120º H2C = O
§ Cadeia normal, reta ou linear: se contiver apenas
180º H—C;N átomos de carbono primários e/ou secundários.
180º O=C=O

6. Classificação das
cadeias carbônicas
A grande variedade de cadeias orgânicas exige que se faça
a classificação delas segundo determinados critérios.
§ Cadeia ramificada: se contiver átomos de carbono
1. Quanto ao fechamento da cadeia terciários e/ou quaternários.

§ Cadeia aberta ou acíclica: quando percorrida num


sentido qualquer para chegar a uma extremidade.

3. Quanto à saturação

§ Saturada: se entre átomos de carbono houver apenas


ligações simples.

§ Cadeia fechada ou cíclica: quando houver fecha-


mento na cadeia em forma de ciclo, núcleo ou anel.

Essa cadeia é saturada porque a dupla ligação está fora da cadeia,


ocorrendo entre o carbono e o oxigênio.

55
§ Insaturada: se entre átomos de carbono houver liga- 2. Compostos aromáticos polinucleares ou polinucle-
ções duplas e/ou triplas. ados: se contiver vários anéis benzênicos subdivididos em:

§ polinucleares isolados: se os anéis não tiverem áto-


mos de carbono em comum;

4. Quanto à natureza
§ polinucleares condensados: se os anéis tiverem
§ Homogênea: se entre átomos de carbono houver
átomos de carbono em comum.
apenas átomos de carbono.

8.Resumodascadeiascarbônicas
Esta cadeia é homogênea porque o oxigênio está fora da cadeia.
NORMAL ou RAMIFICADA

§ Heterogênea: se entre átomos de carbono houver ABERTA SATURADA ou INSATURADA


OU ACÍCLICA
algum átomo diferente do carbono. HOMOGÊNEA ou HETEROGÊNEA

NORMAL ou RAMIFICADA

ALICÍCLICA SATURADA ou INSATURADA


CADEIA FECHADAS
CARBÔNICA HOMOGÊNEA ou HETEROGÊNEA
OU
CÍCLICAS
MONONUCLEAR
AROMÁTICA CONDENSADAS
POLINUCLEAR
ISOLADAS
MISTAS

Quando a classificação da cadeia carbônica é aromática,


7. Compostos aromáticos geralmente não é necessário classificar em mononuclear/
polinuclear ou condensada/isolada.
O núcleo (ou anel) benzênico é uma das mais importantes
cadeias cíclicas da Química Orgânica. Trata-se do composto
mais simples que esse anel apresenta – o benzeno (C6H6). Aplicação do conteúdo
1. (FGV) A indústria de alimentos utiliza vários tipos de
agente flavorizante para dar sabor e aroma a balas e
gomas de mascar. Entre os mais empregados estão os
sabores de canela e de anis.

1. Compostos aromáticos mononucleares ou mono- A fórmula molecular da substância I, que apresenta sabor
nucleados: se contiver um único anel benzênico. de canela, é:
a) C9H8O. d) C8H7O.
b) C9H9O. e) C8H8O.
c) C8H6O.

56
Resolução: 3. (PUC-RS) O ácido etilenodiaminotetracético, conheci-
do como EDTA, utilizado como antioxidante em marga-
rinas, de fórmula:

A fórmula molecular da substância I, que apresenta sabor


de canela, possui 9 átomos de carbono, 8 átomos de hidro-
gênio e 1 átomo de oxigênio. Assim, a fórmula molecular
é C9H8O.
Fórmula do EDTA (ácido etilenodiaminotetracético)
2. (UFMG) A estrutura dos compostos orgânicos pode
apresenta cadeia carbônica:
ser representada de diferentes modos.
a) acíclica, insaturada, homogênea;
Analise estas quatro fórmulas estruturais:
b) acíclica, saturada, heterogênea;
H
H H3C OH c) acíclica, saturada, homogênea;
(CH3)2CHCH2OH OH
CH C H
H CH3 H3C H
d) cíclica, saturada, heterogênea;
CH3 OH
e) cíclica, insaturada, homogênea.
A partir dessa análise, é correto afirmar que o número de
Resolução:
compostos diferentes representados nesse conjunto é:
De acordo com a estrutura acima, podemos ver que a cadeia
a) 1. c) 3.
é aberta ou acíclica, pois não há fechamento da cadeia;
b) 2. d) 4.
é saturada, pois apresenta somente ligações simples entre
Resolução: carbonos (a dupla entre carbono e oxigênio não é conside-
rada insaturação); é heterogênea, pois há heteroátomos
Todas as quatro fórmulas representam a mesma molécula.
(N) entre os carbonos.
H3C — CH — CH2 — OH
Logo, apresenta cadeia carbônica acíclica, saturada e
|
heterogênea.
CH3
Alternativa A Alternativa B

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A Química Orgânica é uma área de conhecimento muito vasta. Dessa forma, foi necessário criar e padronizar uma
“linguagem” para que tudo o que seja tratado nessa área possa ser entendido em qualquer parte do mundo.
A partir de várias reuniões internacionais, foi definida uma linguagem oficial e mundial para a química, denominada
nomenclatura IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry), que deve ser padronizada e compreendida
por todos, com regras para organizar e descrever qualquer substância orgânica em qualquer parte do mundo.
Essa forma de nomeação dos compostos se assemelha à língua nativa dos países devido ao fato de poder ser enten-
dida em qualquer parte do mundo. Por exemplo, em países onde o português é a língua oficial, há comunicação entre
o falante e o ouvinte, desde que seja falada a língua padrão para aquele ambiente, isto é, um brasileiro consegue
transmitir tranquilamente sua mensagem a alguém que reside em Cabo Verde. Na química não é diferente. Esse
padrão é fundamental para a cooperação entre pesquisadores de todo o mundo, ajudando a proliferar bons frutos
na área da pesquisa.

57
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 17
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica.

A linguagem na química é essencial, ainda mais se tratando de química orgânica. O composto representado na
questão a seguir é um clássico exemplo de por que a nomenclatura do composto é tão importante. Seu nome
oficial é dado como 2-(4-{2-[3,5-bis (pent-1-in-1-il)fenil]etinil}-2,5-bis(3,3-dimetilbut-1-in-1-il)fenil)-1,3-diox-
olano1,3-dioxolane, 2-[2,5-bis(3,3-dimetil-1-butin-1-il)-4-[2-(3,5-di-1-pentin-1-ilfenil)etinil]fenil], usualmente
conhecido como Nanokid. Por causa de nomes como esse é que as nomenclaturas na química orgânica foram
se aprimorando cada vez mais para a adequação e facilitação da pronunciação desses compostos.

MODELO 1
(Enem) As moléculas de nanoputians lembram figuras humanas e foram criadas
para estimular o interesse de jovens na compreensão da linguagem expressa em
fórmulas estruturais, muito usadas em química orgânica. Um exemplo é o NanoKid,
representado na figura:
Em que parte do corpo do NanoKid existe carbono quaternário?

a) Mãos. b) Cabeça. c) Tórax. d) Abdômen. e) Pés.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A química orgânica é uma das áreas com as maiores descobertas no mundo da química. Por esse motivo,
é de extrema importância uma padronização da nomenclatura dos compostos, além de uma caracteriza-
ção de algumas funções dela.
Carbono quaternário é aquele que se liga a outros quatro átomos de carbono. Isso ocorre nas mãos
do nanokid. Assim:

RESPOSTA Alternativa A

58
DIAGRAMA DE IDEIAS

ABERTA PODE SER NORMAL

RAMIFICADA
SUBSTÂNCIA
NÃO
PODE SER FECHADA
AROMÁTICA
PODE SER
ORGÂNICA MISTA AROMÁTICA

TEM
SATURADA
CADEIA
CARBÔNICA DUPLA TRIPLA
INSATURADA CONTÉM OU
C=C C=C

HOMOGÊNEA

HETEROGÊNEA INCLUI HETEROÁTOMO

59
AULAS 15 e 16 1. Introdução
Como na Química Inorgânica, a Química Orgânica agru-
pa as substâncias com propriedades químicas semelhan-
tes em razão das características estruturais comuns. Cada
função orgânica é caracterizada por um grupo funcional,
uma combinação específica de átomos que conferem suas
HIDROCARBONETOS propriedades químicas, como –COOH, grupo funcional que
caracteriza a função ácido carboxílico.
O desenvolvimento da Química Orgânica determinou o es-
tabelecimento de uma nomenclatura das funções orgânicas
padronizada internacionalmente.
Essa nomenclatura, criada para evitar confusões, vem
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7 sendo desenvolvida pela União Internacional de Química
Pura e Aplicada (em inglês: International Union of Pure and
HABILIDADES: 18, 19, 23, 24 e 25 Applied Chemistry, IUPAC) e é considerada a nomencla-
tura oficial. Entretanto, algumas substâncias ainda são
identificadas pelos nomes consagrados pelo uso comum: é
a nomenclatura usual.

2. Hidrocarbonetos
Hidrocarbonetos são compostos formados unicamente por carbono e hidrogênio, que podem ser representados generica-
mente por CxHy, cuja nomenclatura leva o sufixo o.

2.1. Alcanos ou parafinas – fórmula geral CnH2n + 2


São hidrocarbonetos alifáticos saturados, isto é, apresentam cadeia aberta (acíclica) apenas com ligações simples. Derivado
dos termos latinos parum, “pequena”, e affinis, “afinidade”, o termo “parafina” significa “pouco reativo”.

Exemplos:

Fórmula estrutural Fórmula molecular ä fórmula geral

C3H8 ä CnH2n + 2
n = número de átomos de carbono = 3
2n + 2 = número de átomos de hidrogênio = 8

C4H10
n = número de átomos de carbono = 4
2n + 2 = número de átomos de hidrogênio = 10

60
2.1.1. Propriedades físicas dos alcanos Os alcanos são compostos apolares, apresentando interação
dipolo induzido-dipolo induzido entre as moléculas. Assim,
Os alcanos são pouco reativos, isto é, não reagem com os alcanos de até 4 átomos de carbono são gases em condi-
quase nenhuma substância. Por essa razão, são chamados
ções ambientes (de 25 °C e 760 mmHg); alcanos com 5 a 17
também de parafinas ou parafínicos.
átomos de carbono são líquidos, e os demais, sólidos.
Eles não são muito reativos porque as ligações entre C – H e
C – C são muito estáveis e difíceis de serem quebradas. Os al- Eles são insolúveis em água e solúveis em solventes apola-
canos são mais utilizados para a queima (combustão), ou seja, res, como o clorofórmio e o benzeno. Possuem densidades
são usados como combustíveis para o fornecimento de energia. menores que 1 g ∙ cm-3 e flutuam sobre a água.

2.2. Alcenos (alquenos) – fórmula geral CnH2n


Também conhecidos como olefinas, são hidrocarbonetos acíclicos que possuem uma única ligação dupla entre os carbo-
nos em sua cadeia carbônica.
Exemplos:
Fórmula estrutural Fórmula molecular ä fórmula geral

C3H6 ä CnH2n
n = número de átomos de carbono = 3
2n = número de átomos de hidrogênio = 6

C4H8
n = número de átomos de carbono = 4
2n = número de átomos de hidrogênio = 8

2.2.1. Propriedades físicas dos alcenos


Os alcenos apresentam basicamente as mesmas propriedades físicas dos alcanos: são insolúveis em água e solúveis em solven-
tes apolares; são menos densos do que a água, e os pontos de ebulição aumentam segundo o número de carbonos na cadeia.
Os alcenos são mais reativos que os alcanos por possuírem uma ligação dupla, que é mais fácil de ser quebrada. Sofrem
reações de adição e também de polimerização.

2.3. Alcinos (alquinos) – fórmula geral CnH2n – 2


São hidrocarbonetos acíclicos que possuem uma única ligação tripla entre os carbonos em sua cadeia carbônica.
Exemplo:
Fórmula estrutural Fórmula molecular ä fórmula geral

C5H8 ä CnH2n – 2
n = número de átomos de carbono = 5
2n – 2 = número de átomos de hidrogênio = 8

61
2.3.1. Propriedades físicas dos alcinos
Os alcinos são compostos de baixa polaridade e apresentam basicamente as mesmas propriedades físicas dos alcanos e dos
alcenos: são insolúveis em água e solúveis em solventes apolares; são menos densos do que a água e possuem os pontos
de fusão e de ebulição crescentes com o aumento do número de carbonos na cadeia.
O acetileno (C2H2), diferentemente dos outros alcinos, possui cheiro agradável e é parcialmente solúvel em água (1,17
g/L a 20 °C). É a partir dele que se são obtidos outros compostos não inflamáveis (como cloreto de vinila, precursor do
polímero PVC). Uma vez que não se encontram livres na natureza, devido à sua tripla ligação, que é muito reativa, os
alcinos são preparados em laboratório.

2.4. Alcadienos (dienos) – fórmula geral CnH2n – 2


São hidrocarbonetos acíclicos contendo duas ligações duplas entre os carbonos em sua cadeia carbônica.

Exemplo:

Fórmula estrutural Fórmula molecular ä fórmula geral

C4H6 ä CnH2n – 2
n = número de átomos de carbono = 4
2n – 2 = número de átomos de hidrogênio = 6

2.5. Cicloalcanos, ciclanos ou cicloparafinas – fórmula geral CnH2n


São hidrocarbonetos de cadeia fechada (cíclica) que possuem apenas ligações simples.

Exemplos:

Fórmula estrutural Fórmula molecular ä fórmula geral

C3H6 ä CnH2n
n = número de átomos de carbono = 3
2n = número de átomos de hidrogênio = 6

C4H8
n = número de átomos de carbono = 4
2n = número de átomos de hidrogênio = 8

62
2.6. Cicloalcenos, cicloalquenos, 1C MET 6C HEX 11C UNDEC

ciclenos ou ciclolefinas 2C ET 7C HEPT 12C DODEC


3C PROP 8C OCT 13C TRIDEC
São hidrocarbonetos cíclicos insaturados por uma dupla 4C BUT 9C NON 14C TETRADEC
ligação (desde que não haja ramificações). 5C PENT 10C DEC 15C PENTADEC

Exemplos: § Infixo: indica o tipo de ligação entre os átomos


de carbono.
Fórmula estrutural Fórmula molecular

C3H4

§ Sufixo: indica a função orgânica. No caso específico


dos hidrocarbonetos, o sufixo é o. Alguns sufixos bas-
tante usuais são:
Função Grupo funcional Sufixo

Álcool -ol
C4H6

Ácido carboxílico -oico

Aldeído -al
2.7. Aromáticos (não há fórmula geral)
São hidrocarbonetos de cadeia fechada que apresentam
pelo menos um anel benzênico (núcleo aromático). Cetona -ona

Exemplo:
Amina -amina

3.1. Nomenclatura de cada uma


das classes dos hidrocarbonetos
Anel benzênico
3.1.1. Alcanos ou parafinas
3. Nomenclatura oficial IUPAC Exemplos:
O nome de uma molécula orgânica é formado por três ele-
H3C — CH2 — CH3
mentos fundamentais:
N.º de
prefixo + infixo + sufixo átomos Ligação Função Nome

3 C ä prop simples ä an hidrocarboneto ä o propano


§ Prefixo: indica o número de átomos de carbono da ca-
deia principal.

63
De forma inversa, é possível determinar a fórmula do com- 3.1.3. Alcinos (alquinos)
posto a partir de seu nome:
Seguem as mesmas regras usadas para os alcenos.
Exemplo:
Exemplo:
N.º de 5 4 3 2 1
Ligação Função Nome H3C — CH2 — C ; C — CH3
átomos

pentano pent ä 5 C an ä simples o ä hidrocarboneto N.º de


Ligação Função Nome
átomos
tripla entre
H3C — CH2 — CH2 — CH2 — CH3 5 C ä but os carbonos
hidrocarboneto
pent–2–ino
äo
2 e 3 ä 2 – in

3.1.2. Alcenos (alquenos)


3.1.4. Alcadienos (dienos)
Exemplos: Como existem duas ligações duplas na cadeia, é necessário
H2C = CH2 indicar suas respectivas posições com números separados
por vírgula junto ao infixo dien.
N.º de
átomos
Ligação Função Nome Exemplos:
1 2 3 4
2 C ä et dupla ä en hidrocarboneto ä o eteno H2C = C = CH — CH3

N.º de
H2C = CH — CH3 Ligação Função Nome
átomos
dupla entre
N.º de os carbonos
Ligação Função Nome hidrocar-
átomos 1 e 2;
4 C ä but boneto but–1,2–dieno
dupla entre
äo
os carbonos
3 C ä prop dupla ä en hidrocarboneto ä o propeno 2 e 3 ä 1,2–dien

Quando um alceno apresenta quatro ou mais átomos de 1 2 3 4


H2C = CH — CH = CH2
carbono, sua ligação dupla pode ocupar diferentes posi-
ções na cadeia e dar origem a diferentes compostos. Nes-
se caso, é necessário indicar a posição da ligação dupla N.º de
Ligação Função Nome
com um número, que é obtido pela numeração da cadeia átomos
a partir da extremidade mais próxima da insaturação dupla entre
(ligação dupla). O número que indica a posição da ligação os carbonos
hidrocar-
1 e 2;
dupla deve ser o menor possível. 4 C ä but boneto but–1,3–dieno
dupla entre
äo
os carbonos
Pela nomenclatura IUPAC, de 1993, o número que indica 3 e 4 ä 1,3–dien
a posição da ligação dupla precede o infixo (en), separa-
do por hífens. 3.1.5. Ciclanos (cicloalcanos)
Exemplos: Nos compostos de cadeia cíclica, utiliza-se o prenome ci-
1 2 3 4 clo seguido praticamente das mesmas regras anteriores.
H2C = CH — CH2 — CH3
Exemplos:
N.º de
Ligação Função Nome
átomos
dupla entre hidrocar-
4 C ä prop os carbonos boneto but–1–eno
1 e 2 ä 1–en äo

64
N.º de átomos Ligação Função Nome 4. Grupos orgânicos ou radicais
3 C em cadeia hidrocar-
Na maioria das vezes, as ramificações são formadas por
cíclica ä simples ä an boneto ciclopropano
cicloprop äo radicais monovalentes orgânicos derivados de hidrocar-
bonetos. Esses radicais se formam por meio de cisão ho-
Analogamente: molítica, que é um rompimento de uma ligação covalente
(geralmente entre um carbono e um hidrogênio), em que
cada um desses átomos fica com um dos elétrons que an-
tes estava sendo compartilhado na ligação.

3.1.6. Ciclenos (cicloalcenos)

Exemplo:

CH4 → •CH3 + H•
A equação acima representa a cisão (quebra) de ligações
e a consequente formação do radical •CH3 (ou –CH3) de
N.º de nome metil.
Ligação Função Nome
átomos
Esses radicais livres são muito instáveis, isto é, possuem vida
3 C em
hidrocar- curta, pois os elétrons se agrupam em pares e, visto que eles
cadeia cíclica dupla ä en ciclopropeno
ä cicloprop
boneto ä o possuem elétrons livres ou elétrons desemparelhados dos ra-
dicais, reagem ativamente com qualquer molécula próxima,
formando novos compostos. Quando dois radicais orgânicos
3.1.7. Aromáticos se ligam, forma-se uma cadeia carbônica. Se o radical se
Esses compostos apresentam regras de nomenclatura dife- ligar a um carbono que não seja primário, formam-se as de-
rentes das regras de nomenclatura dos demais hidrocarbo- nominadas cadeias ramificadas.
netos. Além disso, não apresentam uma fórmula geral para
A nomenclatura de um radical é caracterizada pelos sufixos
todos os aromáticos.
-il ou -ila precedidos do prefixo que indica a quantidade
de carbonos.
3.1.8. Principais hidrocarbonetos
aromáticos não ramificados 4.1. Principais grupos ou radicais
Radical Nome

metil

etil

propil ou n-propil

isopropil

butil ou n-butil
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
sec-butil ou s-butil
Utilização do Petróleo Destilação Fracionada

65
Radical Nome
§ Quando dois ou mais substituintes, iguais ou diferentes,
estiverem presentes, deve-se atribuir a cada substituinte
um número que corresponda à sua localização na ca-
isobutil
deia principal.
§ Quando dois substituintes estiverem presentes no
mesmo átomo carbono, deve-se usar aquele número
terc-butil ou t-butil duas vezes.
§ Se houver dois ou mais substituintes idênticos, devem ser
vinil ou etenil usados os prefixos di-, tri-, tetra-, e assim por diante.
Cada substituinte deve possuir um número.
3. Para montar o nome do composto, deve-se colocar em
benzil
primeiro lugar o grupo substituinte, precedido pelo número
que designa a sua localização na cadeia (quando necessário);
o nome da cadeia principal é colocado em último lugar.

fenil § Os grupos devem ser escritos em ordem alfabética


(os prefixos di-, tri-, tetra-, etc. não são considerados
para o efeito da ordem alfabética).
§ Os números são separados das palavras por um hífen.

Observações: § Para separar os números entre si, usam-se vírgulas.

1. O prefixo iso- é empregado para identificar radicais que § O nome do composto deve ser escrito com uma úni-
apresentam a seguinte estrutura geral: ca palavra (antigamente, separavam-se os radicais da
cadeia principal por hífen, modelo ainda usado por
alguns autores e vestibulares).

Exemplo 1:

Da qual n = 0, 1, 2, 3, ...
2. Os prefixos sec- ou s- são empregados para indicar que Pelo passo 1, o composto acima é designado como sendo
a valência livre está situada em carbono secundário. um hexano, pois a cadeia mais comprida e contínua con-
tém seis átomos de carbono.
3. Os prefixos terc- ou t- são empregados para indicar que
a valência livre está localizada em carbono terciário. Pelo passo 2, deve-se numerar o alcano anterior, uma vez
que ele possui ramificação:

5. Nomenclatura de
hidrocarbonetos ramificados
A nomenclatura dos alcanos com cadeias ramificadas se-
gue as seguintes regras da IUPAC: Note que, caso a numeração começasse da esquerda, a ra-
mificação ficaria com número 5. Entre 2 e 5, deve-se esco-
1. Localizar a cadeia de átomos de carbono mais lher a menor numeração. Assim, nesse caso, a numeração
comprida (cadeia principal), pois essa cadeia determina deve começar pela direita, pegando o número 2.
o nome principal para o alcano. Nem sempre a cadeia princi-
O radical em questão é metil, a posição dele na cadeia é 2 e
pal será a que está representada em linha reta.
a cadeia principal é hexano. Portanto, a nomenclatura oficial
2. A numeração da cadeia principal começa onde o do composto, de acordo com o passo 3, é:
substituinte estiver mais próximo, isto é, deve-se nu-
merar a cadeia principal de modo a serem obtidos os me-
nores números possíveis para os substituintes. Em seguida,
deve-se identificar os substituintes.

66
Observe que, em primeiro lugar, vem o número que indica a No composto acima, há três formas possíveis de isolar a
posição do radical, seguido pelo nome do mesmo. Por fim, cadeia principal:
vem o nome da cadeia principal.

Exemplo 2:

Nesse caso, observe que a cadeia contínua não é a mais


comprida. Pelo passo 1, o alcano acima é designado
como heptano, pois a cadeia mais comprida contém sete
átomos de carbono.
Pelo passo 2, deve-se numerar o alcano anterior, uma vez
que o alcano em questão possui ramificação:

Observe que, na possibilidade (I), há 4 ramificações; na (II),


há 2; e na (III), há 3. Seguindo o passo 4, deve-se optar
Observe que, se a numeração começasse da esquerda, a pela possibilidade (I), pois é a que possui o maior número
ramificação ficaria com número 5. Entre 3 e 5, deve-se de substituintes. Para a nomenclatura, devem ser seguidos
escolher a menor numeração. Assim, nesse caso, a nume- os passos 1, 2 e 3 normalmente.
ração deve começar por baixo, pegando o número 3.
O radical em questão é metil (cuidado, não é etil!); a po-
sição dele na cadeia é 3 e a cadeia principal é heptano.
Portanto, a nomenclatura oficial do composto, de acordo
com o passo 3, é:

5. Quando a ramificação ocorrer numa distância igual em


Na maior parte dos casos, é possível nomear os compos- qualquer dos lados da cadeia principal, deve-se escolher
tos seguindo os passos 1, 2 e 3. Em alguns casos mais o nome em que a soma das posições das ramifica-
complexos, há a necessidade de seguir mais alguns pas- ções dá o menor número.
sos antes de escolher a cadeia principal e/ou enumerar
as ramificações. Exemplo:
4. Quando duas ou mais cadeias de comprimento igual
competem pela seleção como a cadeia principal, deve-se
escolher a que possui o maior número de substituintes.

Exemplo: No composto acima, há duas formas de numerar a cadeia


principal (hexano):

67
Exemplos:

Na possibilidade (I), a soma dos números das posições das


ramificações é 11 (2, 4 e 5).
Na possibilidade (II), a soma dos números das posições das
ramificações é 10 (2, 3 e 5).
Pelo passo 5, deve-se pegar a numeração em que a soma
das posições dê o menor número; assim, deve-se pegar a
possibilidade (II). Para a nomenclatura, devem ser seguidos
os passos 1, 2 e 3 normalmente.

multimídia: vídeo
6. Nomenclatura de Fonte: Youtube
O que é o Petróleo? - Petrobras
hidrocarbonetos insaturados
(alcenos, alcinos e 6.1. Cadeias cíclicas ramificadas
dienos) ramificados 1. Cicloalcanos (ciclanos) – a nomenclatura de cicloalca-
A nomenclatura de alcenos e alcinos ramificados segue nos ramificados segue as mesmas regras que a dos alcanos
a mesma regra dos alcanos ramificados, com algumas ramificados, acrescentando o prefixo – ciclo na cadeia
diferenças: principal, seguindo os seguintes passos para a numeração
das ramificações:
1. A cadeia principal é a cadeia mais longa que deve con-
ter a dupla ou a tripla ligação, modificando o final do § Quando apenas um substituinte está presente, não é
nome da cadeia principal para –eno (para dupla ligação) necessário atribuir sua posição.
ou –ino (para tripla ligação).
§ Quando dois ou mais substituintes estão presentes, de-
2. A numeração da cadeia é sempre realizada a partir da ve-se numerar o anel começando pelo substituinte, pri-
extremidade mais próxima da ligação dupla ou tri- meiro em ordem alfabética, e o número na direção que
pla, independentemente das ramificações presentes na ca- dá aos substituintes o menor número possível.
deia (isto é, a dupla ou tripla ligação tem preferência frente
às ramificações). Exemplos:
3. É necessário indicar a localização da ligação dupla ou tri-
pla usando o menor número do átomo da ligação du-
pla ou tripla. Na nomenclatura, o número da localização
deve aparecer antes da palavra –eno (para dupla ligação)
ou –ino (para tripla ligação), indicando a posição da dupla
ou tripla ligação na cadeia principal, quando necessário.
4. Para dienos, as regras de nomenclatura dos alcanos e
acenos são válidas, sendo diferente somente na hora de
selecionar a cadeia principal, que deve conter as duas
duplas. A nomenclatura segue a mesma regra, modifican-
do, porém, o final do nome da cadeia principal para –dieno.

68
2. Cicloalcenos – a nomenclatura de cicloalcenos ra- Exemplos:
mificados segue as mesmas regras que a dos alcenos
ramificados (dupla leva a preferência, ficando nas posi-
ções 1 e 2), acrescentando-se o prefixo –ciclo na cadeia
principal e seguindo os mesmos passos dos cicloalcanos
para a numeração das ramificações. Não será necessá-
rio identificar a posição da dupla, pois sempre começará
com C1 e C2.

VIVENCIANDO

De modo geral, hidrocarbonetos são extraídos do petróleo diretamente do solo e em condições específicas.
Toda vez que uma empresa exploradora de petróleo deseja investir na extração de uma determinada região, significa
que essa região foi estudada por geógrafos, geólogos e geofísicos a fim de descobrir se realmente aquela área tem
potencial petrolífero. Portanto, conhecimentos sobre o solo e sua formação são indispensáveis.
Uma das técnicas utilizadas para a detecção de petróleo no solo é a de sonar, mesma técnica utilizada em navios
para identificar obstáculos e/ou outros navios em seu percurso. Essa técnica consiste no envio de um pulso sonoro
que se choca contra a mistura profundamente situada no solo e, com esse impacto, um retorno é recebido; esse sinal
de retorno é analisado e estatísticas são elaboradas sobre a disposição de petróleo na região.

6.2. Aromáticos ramificados


Se a cadeia principal apresentar apenas um anel benzê-
nico, ela é chamada simplesmente de benzeno e pode
apresentar um ou mais grupos (ramificações). Se houver
um único radical, seu nome deve preceder a palavra ben-
zeno sem numeração.

Para o naftaleno, a nomenclatura IUPAC observa esta nu-


meração:

Caso haja duas ramificações, são bastante empregados os


prefixos orto- (o), meta- (m) e para- (p), a fim de indicar
as posições 1,2 (ou 1,6); 1,3 (ou 1,5) e 1,4, respectivamente.
Exemplos:
Exemplos:

69
multimídia: site

http://redeglobo.globo.com/globociencia/noticia/2012/05/
formacao-do-petroleo-requer-condicoes-espe-
ciais-de-temperatura.html

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Atualmente, são muitas as aplicações para os hidrocarbonetos. Trata-se da fonte de combustíveis fósseis mais
utilizada e, por esse motivo, é altamente rentável; entretanto, seu poder destrutivo ao ambiente é proporcio-
nalmente grave.
Os hidrocarbonetos utilizados no dia a dia são muitos:

Nome do hidrocarboneto Aplicabilidade


Metano Principal componente do gás natural, serve de combustível.
Propano Gás de cozinha.
Butano Gás de cozinha.
Eteno Precursor de diversos tipos de materiais poliméricos.
Octano Chamado também de gasolina, combustível de automóveis leves.
Benzeno É usado como solvente e também na produção de adesivos e tintas.
Naftaleno Utilizado para produzir natfalina e inseticida.
Óleo diesel Combustível para automóveis pesados.
Parafina Fabricação de velas e pranchas de surf.
Querosene Combustível de aviões.

70
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

A química é uma área científica em que há um enorme desenvolvimento. Desde a Antiguidade, os povos antigos
utilizavam a química sem possuir o conhecimento formal dela. Para se ter uma ideia, em 1880, eram conhecidos
cerca de 12.000 compostos; em 1910, esse número era de 150.000; em 1940, o número de compostos conhe-
cidos aumentou para cerca de 500.000; atualmente, estima-se um número acima de 16.000.000.
Por esse motivo, normas e padronização dos compostos foram elaboradas pela International Union of Pure and
Applied Chemistry (IUPAC), que até hoje normaliza e atualiza as regras de nomenclatura.

MODELO 1
(Enem) O biodiesel não é classificado como uma substância pura, mas como uma mistura de ésteres derivados
dos ácidos graxos presentes em sua matéria-prima. As propriedades do biodiesel variam com a composição do
óleo vegetal ou gordura animal que lhe deu origem, por exemplo, o teor de ésteres saturados é responsável
pela maior estabilidade do biodiesel frente à oxidação, o que resulta em aumento da vida útil do biocombustí-
vel. O quadro ilustra o teor médio de ácidos graxos de algumas fontes oleaginosas.

Teor médio do ácido graxo (% em massa)


Fonte
Oleaginosa Mirístico Palmítico Esteárico Oleico Linoleico Linolênico
(C14:0) (C16:0) (C18:0) (C18:1) (C18:2) (C18:3)
Milho < 0,1 11,7 1,9 25,2 60,6 0,5
Palma 1,0 42,8 4,5 40,5 10,1 0,2
Canola < 0,2 3,5 0,9 64,4 22,3 8,2
Algodão 0,7 20,1 2,6 19,2 55,2 0,6
Amendoim < 0,6 11,4 2,4 48,3 32,0 0,9

MA, F.; HANNA, M. A. “Biodiesel Production: a review”. Bioresource Technology, Londres, v. 70, n. 1 jan. 1999 (adaptado).

Qual das fontes oleaginosas apresentadas produziria um biodiesel de maior resistência à oxidação?
a) Milho.
b) Palma.
c) Canola.
d) Algodão.
e) Amendoim.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Um dos recursos mais utilizados pelo Enem em sua prova é o uso de situações-problema. O objetivo é imergir o
candidato numa aplicação prática do que foi visto em sala de aula. Nessa questão, faz-se o uso das característi-
cas dos hidrocarbonetos.
Quanto menor a presença de insaturações (ligações duplas), maior a resistência à oxidação, isto é, quanto mais satu-
rado for o composto, mais ele resiste à oxidação.

71
Analisando a tabela:
Mirístico Palmítico Esteárico
(C14:0) (C16:0) (C18:0)
0 insaturação 0 insaturação 0 insaturação
Oleico Linoleico Linolênico
(C18:1) (C18:2) (C18:3)
1 insaturação 2 insaturações 3 insaturações

A partir dos ácidos graxos mirístico, palmítico e esteárico, vem:


Mirístico Palmítico Esteárico
Total
(C14:0) (C16:0) (C18:0)
Milho 0,1 11,7 1,9 13,7 %
Palma 1,0 42,8 4,5 48,3 %
Canola 0,2 3,5 0,9 4,6 %
Algodão 0,7 20,1 2,6 23,4 %
Amendoim 0,6 11,4 2,4 14,4 %

Palma 48,3% (composto mais saturado)

RESPOSTA Alternativa B

72
DIAGRAMA DE IDEIAS

CADEIA ABERTA
ALCANO
E SATURADA

CADEIA ABERTA
SUBSTÂNCIA ALCENO
E 1 DUPLA

PODE SER INORGÂNICA


ALCINO CADEIA ABERTA
E 1 TRIPLA

ORGÂNICA CADEIA ABERTA


DIENO
E 2 DUPLAS
POR EXEMPLO
CADEIA FECHADA
CICLANO
E SATURADA
HIDROCARBONETOS
CADEIA FECHADA
CICLENO
E 1 DUPLA

CADEIA
INCLUEM AROMÁTICO
AROMÁTICA

PODEM SER
PETRÓLEO
OBTIDOS DO

DENOMINADOS
IUPAC
SEGUNDO REGRAS DA

CARBONO E
FORMADOS POR
HIDROGÊNIO

73
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Em Química 3, os cálculos com gases podem Em Química 3, os assuntos principais são


aparecer tanto de forma interdisciplinar com os cálculos e o comportamento dos gases.
Física quanto podem ser abordados junto a uma Mesmo com baixa incidência na FUVEST,
questão com cálculo estequiométrico. é importante que sejam estudados, pois
podem surgir questões interdisciplinares
com Física.

As questões da UNICAMP envolvendo gases são Os assuntos relacionados aos cálculos Os assuntos principais deste volume são os
de nível médio e fácil e podem facilmente ser com gases são muito interdisciplinares cálculos envolvendo gases. É importante uma
relacionadas com assuntos de Física. com a Fisica. É importante entender o boa fixação da matéria, uma vez que questões
comportamento dos gases, assim como suas interdisciplinares com Física podem aparecer
propriedades. com facilidade.

Os cálculos envolvendo gases, mesmo com Os cálculos envolvendo gases, mesmo com Os assuntos principais deste volume são os Os assuntos principais deste volume são os
baixa incidência, são importantes, uma vez baixa incidência, são importantes, uma vez cálculos envolvendo gases. É importante uma cálculos envolvendo gases. É importante uma
que podem ser facilmente contextualizados que podem ser facilmente contextualizados boa fixação da matéria, uma vez que questões boa fixação da matéria, uma vez que questões
com Física. É importante que suas proprieda- com Física. É importante que suas proprieda- interdisciplinares com Física podem aparecer interdisciplinares com Física podem aparecer
des e fenômenos estejam bem fixados. des e fenômenos estejam bem fixados. com facilidade. com facilidade.

UFMG

Os assuntos principais deste volume são os O assunto principal deste volume são os Os assuntos principais deste volume são os
cálculos envolvendo gases. É importante uma cálculos envolvendo gases. É importante cálculos envolvendo gases. É importante uma
boa fixação da matéria, uma vez que questões entender seu comportamento e suas boa fixação da matéria, uma vez que questões
interdisciplinares com Física podem aparecer propriedades. interdisciplinares com Física podem aparecer
com facilidade. com facilidade.

Os assuntos principais deste volume são os Os cálculos envolvendo gases, mesmo com Os cálculos envolvendo gases, mesmo com
cálculos envolvendo gases. É importante uma baixa incidência, são importantes, uma vez baixa incidência, são importantes, uma vez
boa fixação da matéria, uma vez que questões que podem ser facilmente contextualizados que podem ser facilmente contextualizados
interdisciplinares com Física podem aparecer com Física. É importante que suas proprieda- com Física. É importante que suas proprieda-
com facilidade. des e fenômenos estejam bem fixados. des e fenômenos estejam bem fixados.
GASES
O volume molar de qualquer gás possui sempre o mesmo
AULAS 9 e 10 valor se as condições de pressão e temperatura forem as
mesmas, ou seja, o volume molar independe da natureza
da substância gasosa. O número de partículas (moléculas
ou átomos) presente em um mol de substância é sempre o
mesmo; dessa forma, números iguais de partículas gasosas
ocupam o mesmo volume (hipótese de Avogadro).
LEIS FÍSICAS DOS GASES Um conjunto de valores de pressão e temperatura pa-
dronizados no estudo dos gases é: 1 atm e 0 ºC. Essas
condições experimentais são denominadas condições nor-
mais de temperatura e pressão (CNTP ou TPN). Reduzir às
condições normais significa efetuar uma transformação
gasosa em que o estado final encontre-se nas CNTP.
Experimentalmente verifica-se que o volume molar de
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7 qualquer gás ou vapor, caso seja medido nas condições nor-
mais de temperatura e pressão, corresponde a 22,4 litros.
HABILIDADES: 17, 19, 21 e 24
Vmolar (CNTP) = 22,4 (L/mol) ou 22,4 (L · mol–1)

1. Hipótese de Avogadro
Considere três recipientes com volume de um litro cada
um. No primeiro, será adicionado gás carbônico (CO2); no
segundo, oxigênio (O2); e no terceiro, metano (CH4). Os três multimídia: vídeo
gases com pressão e temperatura iguais. Fonte: Youtube
Entenda de vez como funciona o motor do carro!

2.1. Equação de estado de um gás


O comportamento físico dos gases independe de sua com-
O fundamento dessa hipótese é a ideia de que o número de
posição química e pode ser descrito em três variáveis deno-
moléculas é igual nos três recipientes. Essa tese foi aceita
minadas variáveis de estado: volume, pressão e temperatura.
depois de observações experimentais e da elaboração de
um modelo da matéria que foi chamado de princípio de A descrição das condições de volume, pressão e tempera-
Avogadro, e não de lei. Assim, pode-se dizer que: tura em que se encontra determinada massa de gás é
chamada de estado de um gás.
Volumes iguais de quaisquer gases à mesma pressão e A partir de estudos experimentais dos gases, o cientista
temperatura contêm o mesmo número de moléculas. francês Émile Clapeyron (1799-1864) estabeleceu uma
relação matemática entre as variáveis de estado de um
nco = no = nCH gás. Essa relação é denominada equação de estado de
2 2 4
um gás ideal ou equação de Clapeyron:
Como moléculas com diferentes tamanhos podem ocupar
o mesmo volume?
P ·V = n · R ·T
No estado gasoso, a distância entre as moléculas é tão
grande que a diferença entre o tamanho delas é irrelevante.
Em que:

2. Volume molar § P é a pressão exercida pelo gás e representada em


milímetros de mercúrio (mm de Hg) ou em atmosfera
O volume ocupado por um mol de qualquer substância é (atm). A pressão atmosférica no nível do mar é igual a
denominado volume molar. 760 mmHg ou 1 atm.

76
§ V é o volume ocupado pelo gás. Como um gás ocupa Assim:
todo o volume do recipiente, as unidades utilizadas
t (ºC) T (K)
para expressar o volume de um gás são: mililitro (mL);
litro (L); centímetro cúbico (cm3); decímetro cúbico –73 200

(dm3); metro cúbico (m3). As relações entre as uni- 0 273


dades são: 1 mL = 1 cm3; 1 L = 1 dm3 = 1.000 mL = 25 298
1.000 cm3 ; 1 m3 = 1.000 L = 1.000.000 mL ou cm3.
100 373
§ T é a temperatura absoluta do gás, a partir da qual de-
termina-se o grau de agitação das moléculas. Ela pode
§ n é o número de moléculas, em mol, do gás presente no
ser medida mediante escalas termométricas, como as
recipiente, cujo valor pode ser calculado pela expressão:
escalas Celsius (ºC), Farenheit (ºF), Kelvin (K), etc. A es-
cala internacional adotada para a medida da tempera- ​  massa  ​ ä
n = __________ ​ m ​ (mol)
 n = __
tura de um gás é a escala Kelvin, também denominada massa molar M
escala absoluta. Ela tem seu início no zero absoluto,
§ R é a constante universal dos gases, uma constan-
que corresponde a –273,15 ºC. Trata-se de uma tem-
te de proporcionalidade cujo valor depende das unida-
peratura teórica segundo a qual se admite que a agi-
des de medida utilizadas. Dessa forma, se o volume for
tação das moléculas é nula, isto é, é uma temperatura
expresso em litros (L), a quantidade de gás em mol e a
na qual moléculas e átomos estão totalmente imóveis.
temperatura em Kelvin (K):
A temperatura na escala Kelvin relaciona-se com a es-
cala Celsius pela expressão: R = 0,082 (atm · L · mol–1 · K–1), se a pressão for expressa
em atm.
T(K) = t(ºC) + 273 R = 62,3 (mmHg · L · mol–1 · K–1), se a pressão for expressa
em mmHg.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS


A Revolução Industrial foi um conjunto de mudanças estruturais no modo de produção que ocorreu na Europa a
partir do século XVIII, quando os artesãos foram substituídos pelos assalariados e pelo uso das máquinas. Até o fim
do século XVIII, a maioria da população europeia vivia no campo e produzia o que consumia. Um artesão possuía
todo o conhecimento do processo produtivo de seu produto. Com o passar do tempo, começaram a surgir grandes
oficinas, em que diversos artesãos, realizando manualmente todo o processo, fabricavam os produtos, embora fos-
sem subordinados ao proprietário da manufatura.
A Inglaterra, devido à sua localização e ao fato de possuir uma rica burguesia em expansão e de ter vivenciado um
êxodo rural, possuía as características que fizeram com que estivesse na vanguarda da Revolução Industrial.
Com o desenvolvimento tecnológico, as oficinas transformaram-se em pequenas fábricas. Nas indústrias de tecidos
de algodão surgiu o tear mecânico. Nessa época, o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continu-
ação da Revolução, tanto para o transporte da mercadoria quanto para a produção. A Inglaterra possuía reservas de
minas de carvão mineral, mas máquinas de bombear a água eram necessárias para a exploração das minas. Com a
máquina a vapor, foi possível explorar as minas a grandes profundidades. O carvão era necessário tanto para movi-
mentar a locomotiva a vapor quanto para aquecer os fornos das indústrias ou alimentar algumas máquinas a vapor.
As fábricas do início da Revolução Industrial ofereciam condições de trabalho precárias, longas jornadas, baixo salário,
péssima iluminação e ventilação e muita sujeira, além de castigos físicos por parte dos patrões. Essas condições
forçaram revoltas e greves por parte dos trabalhadores, que passaram a se organizar por meio de sindicatos que
pediam melhores condições de trabalho e lutavam por direitos trabalhistas.

77
3. Determinar a massa molar de um gás, sabendo-se
que 3 gramas do referido gás ocupam um volume de 4
litros à pressão de 0,82 atm e à temperatura de 127 ºC.

Resolução:

Utilizando a equação de estado de um gás (PV = nRT), é pos-


multimídia: vídeo sível calcular o número de mol (n) do gás. Em seguida, utili-
Fonte: Youtube ​  m ​ , pode-se calcular sua massa molar.
zando a expressão n = __
M
The Steam Machine Changes The World... A temperatura que está dada na escala Celsius deve ser
convertida para a escala absoluta:
T (K) = t (ºC) + 273 = 127 + 273 = 400 K
Aplicação do conteúdo Como a pressão é dada em atmosferas, o valor de R a ser
utilizado é 0,082 atm · L · mol–1 · K–1.
1. Um balão A contém 8,8 g de CO2 e um balão B contém
N2. Sabendo que os dois balões têm igual capacidade e Substituindo os valores numéricos na equação de Clapey-
apresentam a mesma pressão e temperatura, calcule a ron, tem-se:
massa de N2 no balão B.
0,82 atm · 4 L = n · 0,082 atm · L · mol–1 · K–1 · 400 K
Dados: massas atômicas: C = 12; O = 16; N = 14
Resolução: 0,82 · 4
n = _________
​  ä n = 0,1 mol
  ​ 
Pela hipótese de Avogadro: 0,082 · 400
Como a massa do gás é de 3 gramas, sua massa molar será:

​  3  ​  ä M = 30 g · mol-1
​ m ​ ä M = ___
n = __
M 0,1

2. Na CNTP, qual é o volume ocupado por 10 gramas de


monóxido de carbono (CO)?
Resolução:
A massa molar do monóxido de carbono é de 28 g/mol, o
que, na CNTP, equivale a 28 g de CO.
multimídia: site
1 (mol) ocupa o volume de 22,4 L.
22,4 L é o volume ocupado por 28 g de CO. www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/02/160228_
VCO é o volume ocupado por 10 g de CO. carros_eletricos_tg

Matematicamente:

78
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações
químicas.

A expansão e a combustão são algumas das aplicações mais comuns dos gases. Em geral, os gases estão
presentes no cotidiano, o que os torna uma das matérias mais abordadas no vestibular.
Como situação-problema, é comum observar situações em que há a combustão de gases poluentes, mas prin-
cipalmente de gases como o GLP e o GNV. Assim, é importante conhecer sua composição, seus produtos da
combustão e os processos de mudança segundo a lei geral dos gases.

MODELO 1
(Enem) As mobilizações para promover um planeta melhor para as futuras gerações são cada vez mais frequen-
tes. A maior parte dos meios de transporte de massa é atualmente movida pela queima de um combustível
fóssil. A título de exemplificação do ônus causado por essa prática, basta saber que um carro produz, em média,
cerca de 200 g de dióxido de carbono por km percorrido.
Revista Aquecimento Global. Ano 2, nº 8. Publicação do Instituto Brasileiro de Cultura Ltda.

Um dos principais constituintes da gasolina é o octano (C8H18). Por meio da combustão do octano é possível a
liberação de energia, permitindo que o carro entre em movimento. A equação que representa a reação química
desse processo demonstra que
a) no processo há liberação de oxigênio, sob a forma de O2;
b) o coeficiente estequiométrico para a água é de 8 para 1 do octano;
c) no processo há consumo de água, para que haja liberação de energia;
d) o coeficiente estequiométrico para o oxigênio é de 12,5 para 1 do octano;
e) o coeficiente estequiométrico para o gás carbônico é de 9 para 1 do octano.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nessa habilidade, é de extrema importância o domínio dos conteúdos anteriores, dessa forma será pos-
sível ter uma visão mais clara das reações químicas presentes no cotidiano e das proporções fixas e
definidas das reações químicas.
Combustão completa de 1 mol octano (C8H18):

1 C8H18 + 12,5 O2 → 8 CO2 + 9 H2O

RESPOSTA Alternativa D

79
DIAGRAMA DE IDEIAS

VARIÁVEIS DE
GÁS IDEAL
ESTADO

CONTÉM • VOLUME
• TEMPERATURA
• PRESSÃO
CONSTANTE
UNIVERSAL DOS
GASES PERFEITOS (R)

PERMITE
CALCULAR O VOLUME
VOLUME MOLAR MOLAR
DO GÁS (L · mol-1)

80
II. Quanto maior a temperatura, maior é a velocidade das
AULAS 11 e 12 partículas de um gás.
III. A força de atração entre as partículas gasosas é pratica-
mente nula, uma vez que são independentes umas das outras.
IV. Moléculas de gases apresentam a mesma energia ciné-
tica média quando submetidas à mesma temperatura.
TRANSFORMAÇÕES V. As partículas de um gás se movem em linha reta. A dire-
GASOSAS ção e o sentido do movimento se modificam apenas se as
partículas colidirem umas com as outras ou contra as pare-
des do recipiente que as contém. Não há perda de energia
cinética total nas colisões, embora possa haver troca de
energia entre as partículas que colidem.
COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7 VI. A distância entre as partículas gasosas é muito maior do
que o tamanho das partículas.
HABILIDADES: 8, 10, 12, 18, 24 e 25 A partir desses postulados, é possível explicar as proprie-
dades dos gases.

§ Graças ao movimento contínuo e desordenado de suas


partículas, um gás tanto pode ocupar todo o volume de
1. Introdução um recipiente quanto pode escapar dele.

As substâncias em estado gasoso apresentam determina- § Os gases são altamente compressíveis. A distância en-
das propriedades: tre suas partículas é grande. Contudo, sob qualquer
aumento de pressão, elas se aproximam, reduzindo o
1. Os gases não possuem forma definida, ou seja, adqui- volume ocupado.
rem a forma do recipiente que os contém.
§ A pressão exercida pelos gases é determinada pelo
2. Não apresentam volume próprio, ou seja, ocupam todo
número de colisões, por unidade de tempo, entre as
o volume do recipiente que os contém. Possuem grande
partículas e as paredes do recipiente. Assim, depende
expansibilidade.
da quantidade de gás presente no recipiente, uma vez
3. Se as condições de pressão e temperatura a que es- que, quanto maior a quantidade de gás, maior será o
tão submetidos são alteradas, os gases sofrem grandes número de partículas. Em consequência, maior tam-
variações de volume. São altamente compressíveis e de bém será o número de colisões e a pressão. A pressão
alta dilatabilidade. exercida por um gás confinado num recipiente au-
menta com o aumento da temperatura. As partículas
4. Apresentam baixa densidade. Se comparado o volume gasosas aquecidas passam a se movimentar com mais
ocupado pela mesma massa de uma substância nos três velocidade, provocando mais colisões, por unidade de
estados físicos, verifica-se que o volume ocupado pelo gás tempo, contra as paredes do recipiente.
é muito maior do que o ocupado pelo líquido ou pelo sólido.
Do ponto de vista microscópico, o estado de um gás é ca-
5. Exercem pressão. Quanto maior a quantidade de gás em um racterizado por três variáveis: volume, temperatura e pres-
recipiente, maior a pressão por ele exercida. Alterações efetu- são, denominadas variáveis de estado.
adas na temperatura de um gás, sem alterar seu volume cons-
tante, causam grandes variações na pressão por ele exercida. Volume – espaço ocupado por uma substância. No caso
dos gases, o volume de uma dada amostra é igual ao volu-
me do recipiente que a contém.
2. Teoria cinética dos gases As unidades usuais de volume são litro (L), mililitro (mL), metro
Para explicar as propriedades dos gases, os cientistas ela- cúbico (m3), decímetro cúbico (dm3) e centímetro cúbico (cm3).
boraram um modelo denominado teoria cinética dos gases. 1 m3 = 1000 dm3; 1 dm3 = 1 L; 1 dm3 = 1000 cm3; 1 cm3 = 1 mL
Os postulados dessa teoria são os seguintes:
Temperatura – é a medida do grau de agitação das par-
I. As partículas de um gás estão em movimento constante tículas que formam uma substância. No estudo dos gases,
e desordenado. é utilizada a escala absoluta ou Kelvin (K). No Brasil, a

81
escala mais comum é a Celsius ou centígrada (°C). Ob- 3.1.1. Experiência de Boyle-Mariotte
serve a transformação de graus Celsius (ºC) em Kelvin:

T (K) = T (ºC) + 273

Pressão – definida como força por unidade de área. No


estado gasoso, a pressão é o resultado do choque de molé-
culas contra as paredes do recipiente que as contém.
A medida de pressão de um gás é obtida por meio de um
aparelho denominado manômetro.
As unidades de pressão usuais são: atmosfera (atm),
centímetros de mercúrio (cmHg), milímetros de mercúrio
(mmHg), Torricelli (torr) e Pascal (Pa).
A lei de Boyle-Mariotte pode ser representada por um grá-
1 atm = 760 mmHg; fico pressão-volume. Nele, as abscissas representam
a pressão de um gás, e as ordenadas, o volume ocupado
1 mmHg = 1 torr; 1 atm = 1,01 · 105 Pa
pelo gás.
A curva obtida é uma hipérbole, cuja equação representa-
3. Leis físicas dos gases tiva é PV = constante.
Uma dada massa de gás sofrerá uma transformação caso
ocorram alterações nas suas variáveis de estado. A princí-
pio, modificam-se apenas duas das grandezas e a outra se
mantém constante.

3.1. Lei de Boyle-Mariotte


“À temperatura constante, uma determinada massa de gás
ocupa um volume inversamente proporcional à pressão P1 · V1 = P2 · V2
exercida sobre ele.”
Se o volume diminuir, aumenta o número de moléculas
Essa transformação gasosa, cuja temperatura é mantida por área. Assim, aumenta também o número de colisões
constante, é denominada transformação isotérmica. e a pressão.

VIVENCIANDO

O uso do gelo seco, muito comum em festas de aniversário e bailes noturnos, é um bom exemplo de transformações
físico-químicas.
O gelo seco não é feito de água, como o nome sugere, mas de gás carbônico (CO2), que é resfriado e comprimido
até sair do estado gasoso e ir para o estado sólido; então ele é realocado em um recipiente onde há uma pressão
constante. Quando ele é usado, devido à mudança brusca nas condições de temperatura e pressão exercidas sobre
o CO2, inicia-se um processo de sublimação.

3.2. Lei de Charles/Gay-Lussac


“À pressão constante, o volume ocupado por uma massa fixa de gás é diretamente proporcional à temperatura absoluta.”

82
Essa transformação gasosa, cuja pressão é mantida
constante, é denominada transformação isobárica.
As relações entre volume e temperatura estão representa-
das no esquema a seguir:

Graficamente:

Graficamente:

Se a temperatura aumentar, aumenta a energia cinética


das moléculas. Com isso, aumenta também o número de
A reta obtida é representada pela equação: colisões e a força aplicada em uma determinada área,
isto é, a pressão.
V = (constante) · T ou ​ V
__  ​= cte
T A reta obtida é representada pela equação:
Se a temperatura aumentar, aumenta a energia cinética P = (constante) · T ou ​ P__  ​= (cte)
T
das moléculas. Dessa forma, ocorre um aumento do volu-
Assim:
me para manter a pressão constante. P P
​ __1 ​= ​ __2 ​
Assim: T1 T2
V V
​  __1  ​ = ​  __2  ​
T1 T2

3.3. Lei de Gay-Lussac


“A um volume constante, a pressão exercida por uma de-
terminada massa fixa de gás é diretamente proporcional à
temperatura absoluta.”
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Essa transformação gasosa, cujo volume é mantido
constante, é denominada transformação isocórica, Transformação Isotérmica
isométrica ou isovolumétrica.
Observe a seguir a representação das relações entre Observe no quadro a seguir um resumo das transforma-
pressão e temperatura: ções e das leis que foram estudadas:

83
Transformação Volume Pressão Temperatura Lei Fórmula

Isotérmica Varia Varia Constante Boyle-Mariotte P`V = constante

Isobárica Varia Constante Varia Charles/Gay-Lussac ​ V ​ = constante


__
T
Isocórica Constante Varia Varia Gay-Lussac. __​ P ​ = constante
T
Observação: Os físicos experimentalistas franceses Jacques Charles (1746-1823) e Joseph Gay-Lussac (1778-1850) estu-
daram, de modo independente, as transformações isobáricas e isocóricas. A teoria elaborada para a transformação isocórica
é comumente chamada de lei de Gay-Lussac (ou lei de Charles/Gay-Lussac), e a teoria elaborada para a transformação
isobárica é chamada de lei de Charles. Devido a esse fato histórico, os nomes das leis para as transformações isobárica e
isocórica podem vir trocados em alguns livros. Para o vestibular, não é recomendável o uso do nome da lei; nesse caso, o
importante é se lembrar do tipo de transformação.

3.3.1. Gás ideal × Gás real 3.3.2. Equação geral dos gases
Um gás ideal é aquele cujo comportamento experimen- A equação geral dos gases é aplicada quando ocorre uma
tal obedece às equações matemáticas vistas até aqui. transformação gasosa que altera simultaneamente as três va-
Para que isso ocorra, não devem existir interações en- riáveis de estado (P, V e T). Ela é obtida pela relação matemáti-
tre as partículas gasosas. Na prática, o comportamento ca entre as transformações gasosas estudadas anteriormente.
dos gases afasta-se do comportamento ideal. Verifica-se
experimentalmente que o comportamento de um gás A equação é expressa por:
aproxima-se do comportamento ideal à medida que sua ​  P · ​
____ V  = cte ä (para determinada massa fixa de gás).
pressão diminui e a temperatura a que está submetido T
aumenta. Pressão baixa significa pouca quantidade de P V P2V2
ou ____
​  1  ​1  = ____
​   ​  
gás, e alta temperatura significa que as partículas gaso- T1 T2
sas estão em grande velocidade. Nessas condições, prati-
camente inexistem interações entre as partículas. Quanto A equação geral dos gases permite conhecer o volume de um
maior a pressão e menor a temperatura de um gás, mais gás em determinadas condições de temperatura e pressão e
ele se afasta do comportamento ideal. determinar seu novo volume em outras condições de tem-
peratura e pressão. Ela também é utilizada para determinar
Com efeito, na compressão dos gases é muito comum
temperaturas e pressões diferentes a partir de valores iniciais.
acontecer o seguinte (observe as setas no gráfico):
Se a pressão sobre o gás aumenta, seu volume diminui
gradativamente até o ponto A, e o gás se liquefaz. Aplicação do conteúdo
De A (gás) para B (líquido), seu volume reduz-se bruscamente. 1. Uma bolha de ar se forma no fundo de um lago, em
que a pressão é de 2,2 atm. A essa pressão, a bolha tem
Em seguida, o gás praticamente não varia mais (B = C), volume de 3,6 cm3.
uma vez que os líquidos são pouco compressíveis.
Que volume terá essa bolha quando subir à superfície,
Naturalmente, a partir de A, a lei de Boyle-Mariotte deixa na qual a pressão atmosférica é de 684 mmHg, admitin-
de ser válida. do-se que a massa de gás contida no interior da bolha e
a temperatura permanecem constantes?
Nos isqueiros a volume de corpo transparente é possível
observar esse fenômeno do gás liquefeito. Resolução:

2. Um balão selado, quando cheio de ar, tem volume de


50,0 m3 a 22 °C e a uma dada pressão. O balão é aqueci-
do. Assumindo-se que a pressão é constante, a que tem-
peratura estará o balão quando seu volume for 60,0 m3?

84
Resolução:

·
multimídia: site

noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/
redacao/2013/05/28/clique-ciencia-por-que-o-vidro-e-
o-espelho-embacam.htm
phet.colorado.edu/sims/html/states-of-matter/latest/
states-of-matter_pt_BR.html

3. Certo gás ocupa um volume de 100 litros a dada pressão e temperatura. Qual o volume ocupado pela mesma
massa gasosa quando a pressão do gás se reduzir a ​ 3
__  ​ da inicial e a temperatura absoluta se reduzir em ​  2
__  ​da inicial?
4 5
Resolução:

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Massa de ar é um aglomerado de ar em determinadas condições de temperatura, umidade e pressão. As massas


de ar podem ser quentes ou frias. Em geral, as quentes se deslocam de regiões tropicais, e as frias se originam nas
regiões polares.
As massas de ar podem ficar estacionadas por dias e até semanas. No entanto, ao se moverem provocam alteração
no clima, gerando choques entre massas de ar quente e frio: enquanto uma avança, a outra recua.
O encontro entre duas massas de ar de temperaturas diferentes dá origem a uma frente, isto é, a uma área de tran-
sição entre duas massas de ar. A frente pode ser fria ou quente. Uma frente fria ocorre quando uma massa de ar frio
encontra e empurra uma massa de ar quente, ocasionando nevoeiro, chuva e queda de temperatura.

85
DIAGRAMA DE IDEIAS

GÁS IDEAL

UMA AMOSTRA
PODE SOFRER

TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMAÇÃO


ISOTÉRMICA ISOCÓRICA ISOBÁRICA

EM QUE SE APLICA EM QUE SE APLICA EM QUE SE APLICA

LEI DE BOYLE LEI DE GAY-LUSSAC LEI DE CHARLES

86
Na mistura representada temos:
AULAS 13 e 14 m m
nA = ___
​  A  ​ e nB = ___
​  B  ​
MA MB

1.1. Equação geral


Partindo de:
MISTURAS GASOSAS

COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7

HABILIDADES: 8, 12, 18, 25 e 26 A soma da quantidade em mol resulta:


P · V _____
_____ P ·V P·V
​  A A ​ + ​  B B ​ = ____
​   ​ 
R · TA R · TB R · T
Equação geral para a mistura gasosa:
1. Equação geral dos P · V _____P · V ____
_____
​  A  ​A   = ​  P ·  ​
 + ​  B  ​B  V  
gases numa mistura TA TB T

A mistura entre dois ou mais gases sempre constitui um Para uma mistura qualquer, contendo dois ou mais
sistema homogêneo. gases, a equação deve ser assim representada:
Inicialmente, considere dois recipientes: o primeiro deles
contendo gás A, e o segundo, gás B. Em seguida, os dois Sn = (n1 + n2 + n3 + ... + nn)
gases são misturados em um terceiro recipiente, como ​  P1 · ​
V1  _____
​  P2 ·  ​ ​ P3 · ​
V2   _____ V3   ​  Pn · ​
Vn   P · V
mostra o esquema: _____ + + + ... + _____ = ____​   ​  
T1 T2 T3 Tn T

Em que P1, V1, T1, P2, V2, T2, ... representam a situação inicial
de cada gás.

Exemplo:
1. Um recipiente com N2 puro e outro com O2 puro, cujos vo-
lumes e pressões iniciais estão representadas neste esquema:

É possível estabelecer as seguintes relações para a mis-


tura gasosa: Aberta a torneira que separa os gases e mantida a tempe-
ratura, a pressão interna se estabiliza no valor de:
PN2 · VN2 + Po2 · Vo2 = (P · V) mistura

​ 13 ​ 
T = constante é 1 · 3 + 5 · 2 = P · (3 + 2) ä P = ___
5
ä P = 2,6 atm

87
VIVENCIANDO

Um aparelho de ar-condicionado funciona sob o princípio da troca de calor entre gases. Por isso, ele precisa ser
posicionado de maneira estratégica em qualquer ambiente para que o ar frio possa ter a maior circulação possível
trocando calor com o meio.
Se um ar-condicionado for colocado no chão de uma sala, ele não terá muita serventia, pois o ar frio não circulará
no ambiente e não trocará calor.
A composição dos gases também é importante quando se pensa na escolha de um gás para preencher os vazios em
uma embalagem de algum produto no supermercado. Se uma embalagem com um produto perecível for preenchida
por uma solução de ar atmosférico, provavelmente esse produto entrará em processo de decomposição. Como solu-
ção, as indústrias utilizam uma mistura de gases inertes para preencher as embalagens, evitando reações químicas
e a oxidação do alimento.

2. Pressão parcial pA · V = nA · R · T
pB · V = nB · R · T
Numa mistura gasosa, a pressão parcial de um gás cor- pC · V = nC · R · T
responde à pressão que esse gás exerceria caso estivesse
sozinho ocupando o mesmo volume e à mesma tempera- Somando as três equações acima, obtém-se a pressão total
tura da mistura. do sistema:
(pA + pB + pC) · V = (nA + nB+ nC) · R · T
O cientista inglês John Dalton (1766-1844) estudou de-
PTOTAL ∙ V = nTOTAL ∙ R ∙ T
tidamente o comportamento das misturas gasosas, como
nos casos de fenômenos meteorológicos e da composição Como é possível observar, a pressão total é diretamente pro-
do ar atmosférico. Em 1801, Dalton propôs uma lei basea- porcional à quantidade de matéria, mostrando que quanto
da em algumas conclusões referentes à pressão parcial que mais partículas de gases houver, maior será a pressão parcial
cada gás exerce dentro de uma mistura. de cada gás e, consequentemente, maior será a pressão total.

A pressão total do sistema corresponde à soma das


pressões parciais exercidas por cada um dos gases que
3. Volume parcial
compõem a mistura. Um conceito análogo ao da pressão parcial é o do volume par-
cial: o volume parcial de um gás numa mistura gasosa corres-
A conclusão acima é denominada Lei de Dalton. Mate-
ponde ao volume que esse gás ocuparia caso estivesse sozinho
maticamente, tem-se:
submetido à pressão P da mistura, na temperatura T da mistura.
PTOTAL = P1 + P2 + P3 + ... + Pn ou PTOTAL = Sp O químico francês Émile Amagat (1841-1915) desenvol-
veu um estudo sobre o comportamento dos gases em uma
No estudo das misturas gasosas, o aspecto qualitativo (tipo mistura gasosa. O estudo ressaltou o espaço (volume) que
de gases que estão presentes) normalmente não é abor- os gases ocupavam na mistura gasosa. Para realizar esse
dado, somente o quantitativo (quanto de cada gás está estudo, Amagat não alterou a temperatura nem a pressão
presente), pois o que importa é a quantidade de matéria exercida sobre a mistura e chegou à seguinte conclusão:
ou o número de moléculas do gás. A pressão exercida
O volume que um gás ocupa em uma mistura gasosa
pela mistura gasosa está diretamente relacionada
é exatamente igual à soma dos volumes parciais de to-
à quantidade de partículas de cada gás. dos os gases que compõem a mistura.
Utilizando a equação de gases ideais, considere uma mis- A conclusão acima é denominada Lei de Amagat. Ma-
tura gasosa formada pelos gases A, B e C, a certa tempera- tematicamente, tem-se:
tura T, num recipiente de volume V. A pressão de cada um VTOTAL = V1 + V2 + V3 + ... + Vn ou VTOTAL = Sv
dos gases dentro da mistura será dada por:

88
n
Observe que o que está escrito para o volume parcial é A razão n____
​  A  ​ é denominada fração molar (X), que cor-
TOTAL
idêntico ao que se escreve para a pressão parcial. Basta responde a um quociente entre uma quantidade de
trocar as palavras “pressão” por “volume” e vice-versa. mol e a quantidade total de mol da mistura. A fração
molar é adimensional e é sempre um número menor que
4. Fração molar 1. A soma das frações molares de cada gás numa mistura
é sempre igual a 1:
Relacionando a pressão parcial de um gás A com a pres-
são total da mistura e tirando a razão entre eles, tem-se: n n n n
XA + XB + XC + ... = ____
​ n A   ​ + ____
​ n B   ​ + ____
​ n C   ​ + ... = ____
​ nTOTAL ​ = 1
TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL
Para o gás A: PA · V = nA · R · T
V
Para a mistura: PTOTAL ∙ V = nTOTAL ∙ R ∙ T A razão ____
​  A  ​  é denominada fração volumétrica, que cor-
VTOTAL
responde a um quociente entre um volume do gás e o
P
____ n
​  A   ​ = ____
​ n A  ​  volume total da mistura. Essa razão também é adimen-
PTOTAL TOTAL
sional e a soma das frações volumétricas também é igual a 1.
Fazendo relação idêntica com o volume parcial, tem-se: A fração em quantidade de matéria (ou molar) pode ser
expressa em porcentagem, ou seja, quando o valor dela é
Para o gás A: P · VA = nA · R · T
multiplicado por 100.
Para a mistura: P ∙ VTOTAL = nTOTAL ∙ R ∙ T
Reunindo todas as relações anteriores, tem-se:
V
____ nA n P V
​  A   ​ =​ ____
  ​  XA = ____
​ n A   ​ = ____   ____
​  A   ​= ​ % em volume
​  A   ​ = ____  ​   
VTOTAL nTOTAL TOTAL P V 100%
TOTAL TOTAL

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Sabe-se que toda a matéria é regida por leis da natureza. Com os gases não é diferente. Misturas gasosas estão
sujeitas a diferentes comportamentos de acordo com suas características físico-químicas, como a temperatura ou
a composição.
Nesse sentido, quando se conhecem informações importantes da matéria com a qual se está lidando, é possível
planejar seu uso de forma consciente. Por exemplo, o conhecimento de que gases em altas temperaturas possuem
tendência a subir em um plano e de que gases em baixas temperaturas têm tendência a descer explica muitos fatos
da natureza.

Aplicação do conteúdo
1. 0,15 mol de CO2, 0,25 mol de CH4 e 0,4 mol de O2 são colocados em um balão de 41 litros e mantidos a
–23 ºC. Calcule:
a) as frações molares de cada gás;
b) a pressão da mistura em atm;
c) as pressões parciais de cada gás em atm.

89
Resolução: b) Cálculo das pressões parciais
pi vi % volume
nT = 0,15 + 0,25 + 0,4 = 0,8 mol Lembrando que __ ​   ​  = ​ __  ​ = ________
​   ​ 

pN P V 100
___
​    ​ = ___ ​  78  ​ ä pN = 592,8 mmHg
2
nco 0,15
a) xco2 = ____
​  n  ​  = ____ 760 100
2
​   ​ = 18,75% 2
0,8 po
no 0,4
T
___
​    ​ = ___
2 21
​    ​ ä po = 159,6 mmHg
xo = ____
​  n  ​ = ___
2
​   ​ = 50,0% 760 100 2
2 0,8 P
___ ​  1   ​ ä pAr = 7,6 mmHg
​    ​ = ___
T Ar

nCH4 ____ 760 100


0,25
xCH = ____
​  n  ​ 
 = ​   ​ = 31,25% Note que:
4 T 0,8
P = 592,8 + 159,6 + 7,6 ä P = 760 mmHg
b) PV = nRT ä P · 41 =
= 0,8 · 0,082 · (–23 + 273) ä P = 0,4 atm
c) pco = xco · P ä pco = 0,1875 · 0,4 = 0,075 atm
2 2 2

pco = xco · P ä pco = 0,5 · 0,4 = 0,2 atm


2 2 2

pCH = xCH · P ä pCH = 0,3125 · 0,4 = = 0,125 atm


4 4 4

2. O ar é formado, aproximadamente, por 78% de nitro-


gênio (N2), 21% de oxigênio (O2) e 1% de argônio (Ar)
multimídia: site
em volume. Pede-se para calcular:
a) as frações molares dos componentes do ar; http://www.usp.br/qambiental/tefeitoestufa.htm
b) suas pressões parciais ao nível do mar, onde a pressão
atmosférica (pressão total) é 760 mmHg.
Resolução:
a) Cálculo das frações molares em mol
vi % em volume
xi = __
​    ​ = ___________
​   ​ 

Vi 100
​  78  ​ = 0,78
xN = ___
2 100

​  21  ​ = 0,21
xo = ___
2 100

​  1   ​ = 0,01
xAr = ___
100

90
DIAGRAMA DE IDEIAS

MISTURA GASOSA

APRESENTA

PORCENTAGEM
PRESSÃO PARCIAL EM MOL

A SOMA DE
TODAS OBEDECE À PORCENTAGEM
EM VOLUME

LEI DE DALTON
FORNECE A

VOLUME PARCIAL

A SOMA DE
TODOS OBEDECE À

LEI DE AMAGAT

FRAÇÃO EM MOL

TAMBÉM CHAMADA

FRAÇÃO EM QUAN-
TIDADE DE MATÉRIA

91
 ​Observe que a relação entre as densidades de dois gases é
AULAS 15 e 16 igual à relação entre suas massas molares.
O conhecimento da densidade relativa de um gás em rela-
ção ao ar atmosférico permite prever se um gás tende a ficar
na parte inferior ou superior da atmosfera. Os gases com
densidades maiores que a densidade do ar tendem a ocupar
DENSIDADE DOS a parte inferior da atmosfera; os que apresentam densidades
menores tendem a ocupar as camadas superiores.
GASES, EFUSÃO E Como o ar é uma mistura de gases, ele apresenta uma mas-
DIFUSÃO GASOSA sa molar média cujo valor é de 28,9 g/mol. Portanto, a den-
sidade de um gás A em relação ao ar atmosférico é dada
pela expressão:
MA
COMPETÊNCIAS: 3e7 dA, Ar = ___________
​     ​ 
28,9 g · mol–1
HABILIDADES: 8, 12, 25 e 26

1. Densidade dos gases


A densidade é uma grandeza que relaciona a massa e o multimídia: vídeo
volume ocupado por determinada amostra de matéria. É
Fonte: Youtube
representada matematicamente pela expressão: d = __ ​ m ​. 
V MAG - 2/14 - Efeito Estufa
É possível calcular a densidade de um gás mediante essa
expressão, mas, em razão de o volume de um gás ser facil-
mente afetado pelas condições de pressão e temperatura
nas quais se encontra, o cálculo de sua densidade deve
considerar os valores dessas grandezas. Aplicação do conteúdo
Relacionada a expressão d = __ ​ m ​  com a equação de Cla- 1. Nas condições normais de temperatura e pressão, a
V
peyron, obtém-se a equação: massa de 22,4 litros do gás X2 (X = símbolo do elemento
químico) é igual a 28,0 gramas.
​ P · M ​ 
d = ____ a) Calcular a densidade desse gás nessas condições.
R·T
Essa equação permite calcular a densidade de um gás em b) Qual a massa atômica do elemento X?
qualquer condição de pressão e temperatura. Resolução:
Caso um gás se encontre nas condições normais de pres- a) Como o problema fornece os valores da massa e
são e temperatura, sua densidade pode ser calculada do volume ocupado pelo gás, sua densidade pode ser
pela expressão: ​ m ​ :
calculada pela expressão d = __
V
28 g
M   ​ 
d = ___________
​  ​ m ​ = ​ _____  ​ ä d =1,25 g ∙ L–1
d = __
22,4 L · mol–1 V 22,4 L
Chama-se densidade relativa de um gás em relação a ou- b) O gás encontra-se nas CNTP e ocupa o volume
de 22,4 litros, o que mostra que a amostra gasosa é
tro a relação entre suas densidades.
formada por um mol de moléculas. Assim, 28 gramas
d
dA, B = __
​  A ​  é a massa molar do gás, isto é, a massa de um mol de
dB moléculas X2. A massa de um mol de átomos X é 14
​ P · M ​  
Substituídos dA e dB pela expressão d = ____  
, obtém-se: gramas. Como a massa molar e a massa atômica são
R ·T definidas pelo mesmo número, a massa atômica do
P · MA elemento X é 14 ou 14 u.
_____
​   ​  M
​  R · T  ​ = ​ ___A 
dA, B = _____ 2. Um gás, que está inicialmente a uma pressão de 1 atm
P · MB MB e temperatura de 273 K, sofre uma transformação de es-
​ _____ ​
  tado adquirindo uma pressão de 3 atm e temperatura
R·T

92
de 546 K. Com relação à densidade inicial, a densidade Nas mesmas condições de temperatura e pressão, um gás
final é: com maior densidade possui velocidade menor que a de
a) 1,5 vezes maior. outro gás com menor densidade.
b) 3 vezes maior.
Comparados os dois gases A e B, em iguais condições de
c) 2 vezes maior.
temperatura e pressão, obtém-se a seguinte relação entre
d) 2,5 vezes maior.
e) 3,5 vezes maior.
suas velocidades:

Resolução:
d
V XXd
__
​  A ​ = ​ ​ __B  ​ ​ 
VB dA
​ P · M ​ ä di = ______
di = ____ ​  1 · M  ​ 
R·T R · 273
df = ____ ​  3 · M  ​ 
​ P · M ​ ä df = ______ Da qual dB, A é a densidade relativa do gás B em relação
R·T R · 546
ao gás A.
3
______· M M
d ​ R · 546  ​  Se dB, A = ___
__
​  f ​ = ______
​  ä df = __
 ​  ​ 3 ​ di ​  B ​,  essa expressão pode ser escrita como:
MA
di ______ ​  M    ​  2
R · 273
V
d M
XXX
Alternativa A __
​  A ​ = ​ ___
​  B  ​ ​ 
VB MA

2. Difusão e efusão Lei de Graham: a velocidade de escoamento de um gás é in-


versamente proporcional à raiz quadrada de sua densidade.
A difusão gasosa é o processo espontâneo de transporte Essa lei é válida tanto para difusão quanto para efusão.
de massas gasosas num sistema. As moléculas se movem
espontaneamente, de maneira que o gás sempre ocupe o
maior volume possível. Aplicação do conteúdo
Difusão de um gás no vácuo 1. Metano (CH4) começa a escapar por um pequeno ori-
fício com uma velocidade de 36 mL/min. Se o mesmo
recipiente, nas mesmas condições, contivesse brometo
de hidrogênio (HBr), qual seria a velocidade de escape
pelo mesmo orifício?

Resolução:
Lei de Graham:

d
V MCH
XXXX
___
​  HBr  ​ = ​ ​ ____4 ​ ​  
VCH MHBr
4

Difusão de dois gases que formam mistura homogênea: MCH = 16 g/mol


4

MHBr = 81 g/mol
___
V V
___
36 √ ​ 16 ​ ​  ä ___
​  HBr ​ = ​ ___
81 36 9 HBr
​ 4 · 36
4 ​ ä V = _____
​  HBr ​ = ​ __
9
 ​  

VHBr = 16 mL/min
2. (Mackenzie) A velocidade de difusão do gás hidrogê-
nio é igual a 27 km/min, em determinadas condições de
pressão e temperatura (massas atômicas: H = 1; O = 16).
Nas mesmas condições, a velocidade de difusão do gás
oxigênio em km/h é de:
A efusão é o escoamento espontâneo das molé- a) 4 km/h.
culas gasosas através de orifícios, como um gás que b) 108 km/h.
atravessa paredes porosas ou tubos capilares na separa- c) 405 km/h.
ção de misturas gasosas ou que atravessa tubos de secção d) 240 km/h.
constante na passagem de um recipiente a outro. e) 960 km/h.

93
Resolução:
Usando a fórmula que relaciona a velocidade de difusão dos gases com as suas respectivas massas molares, tem-se:
____


VH MO ___
___
___
​    ​=
VO
2
2

2
MH
2
√ 27
VO
​  32 ​ ​  → ___
  ​ ​    ​ ​  → ​    ​ = ​ ___
____
2 ___
2
2
​  27  ​ = √
VO
2
​  27  ​ = 4
​ 16 ​ → ___
VO

VO = 6,75 km/min
2

Passando para km/h, tem-se:


VO = 6,75 . 60 = 405 km/h
2

Alternativa C

VIVENCIANDO

Um aroma agradável e conhecido por muita gente é o cheiro de chuva. Esse odor agradável tem uma explicação quí-
mica. Aquela fragrância estranha que aparece depois de uma chuvarada, especialmente nas áreas rurais, é causada
por uma actinobactéria. Com o impacto dos pingos d’água, as partículas que repousam na faixa externa de terra são
impulsionadas para o ar e se misturam com o vapor em suspensão, gerando uma espécie de spray úmido. Além de
gotículas de água, esse spray também contém minúsculos grãos de terra e colônias de Streptomyces, um gênero de
bactéria que cresce naturalmente no solo com umidade. Nas épocas de seca, a Streptomyces entra em uma espécie
de hibernação, que os cientistas denominam estado de latência. “Nessa fase, a bactéria continua viva, mas não se re-
produz porque não há umidade suficiente”, afirma o engenheiro agrônomo Miguel Angelo Maniero, da Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar). Quando chega a chuva, a água ativa a capacidade reprodutiva da Streptomyces,
fazendo com que ela libere no ar milhares de células reprodutoras, chamadas de esporos. Além de gerar novos seres,
o processo de reprodução faz com que os esporos exalem o característico odor da chuva.
Um fato curioso é que esses odores penetram com muito mais facilidade quando estamos em ambientes úmidos se
comparado com os ambientes secos, por isso a umidade relativa do ar é uma das grandes responsáveis pelos odores agra-
dáveis que sentimos. Abaixo, uma imagem do composto responsável pelo cheiro, também conhecido como Geosmina.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS


Nesse artigo de Mundo Estranho, mostra-se como o gás do riso e sua alta capacidade de efusão no organismo rea-
gem e como a nossa biologia é afetada.
mundoestranho.abril.com.br/saude/como-o-gas-do-riso-age-no-corpo/

94
DIAGRAMA DE IDEIAS

GASES

CONTÊM

RELACIONADA COM A

MASSA MOLAR DENSIDADE

QUE É
RELACIONADA COM A

VELOCIDADE DE EFUSÃO

+ TEMPERATURA GASES MENOS DENSOS

GASES COM MAIOR


- MASSA MOLAR
VELOCIDADE DE EFUSÃO

95
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e a implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva
metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material
didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos
livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e trans-
versal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar
a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA VIVENCIANDO


NAS PRINCIPAIS PROVAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras.
o território nacional. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol-
vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há
uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato
em seu dia a dia.
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila-
dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co-
mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí-
cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento
aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever,
a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula.

MULTiMÍDiA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado-
sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper-
tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen-
ÁREAS DE
são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- CONHECiMENTO DO ENEM
fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol-
CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS vê-las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos
conteúdos de cada área, de cada disciplina. DiAGRAMA DE iDEiAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão,
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate-
suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles
mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com
que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de
essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do
esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros,
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da
sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue
aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi-
entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz
pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos
parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
estudos e até a resolução dos exercícios.

HERLAN FELLiNi
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.

Autores
Edson Yukishigue Oyama
Marcos Navarro

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
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Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


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Editoração eletrônica
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Leticia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira

Projeto gráfico e capa


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Imagens
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Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis-
lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para
o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e
localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição
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O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para
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SUMÁRIO

QUÍMICA
FUNÇÕES INORGÂNICAS
Aulas 17 e 18: Ácidos 6
Aulas 19 e 20: Bases 15
Aulas 21 e 22: Sais 21
Aulas 23 e 24: Eletrólitos 28
Aulas 25 e 26: Óxidos iônicos 33

QUÍMICA ORGÂNICA
Aulas 17 e 18: Funções orgânicas: álcoois, fenóis e éteres 40
Aulas 19 e 20: Funções orgânicas: aldeídos, ácidos carboxílicos e cetonas 48
Aulas 21 e 22: Funções orgânicas: ésteres 53
Aulas 23 e 24: Outras funções orgânicas 58
Aulas 25 e 26: Isomeria plana 65

SOLUÇÕES
Aulas 17 e 18: Solubilidade 72
Aulas 19 e 20: Concentrações comum e molar 79
Aulas 21 e 22: Título e partes por milhão 86
Aulas 23 e 24: Diluição e mistura de soluções 93
Aulas 25 e 26: Mistura de soluções com reação 100
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Para a resolução das questões de substâncias As substâncias inorgânicas ocorrem com


inorgânicas, deve-se ter conhecimento de suas frequência, sendo importante entender
propriedades e usos no dia a dia. suas utilidades e propriedades.

As substâncias inorgânicas ocorrem com frequência, Com questões bem diretas, mas também As substâncias inorgânicas ocorrem com
sendo importante entender suas utilidades e interdisciplinares, é necessário um bom frequência, sendo importante entender suas
propriedades. entendimento de todos os assuntos abor- utilidades e propriedades.
dados, já que eles são cobrados com base
nas suas propriedades e usos.

As substâncias inorgânicas ocorrem com As substâncias inorgânicas ocorrem com As substâncias inorgânicas servem como Na prova, aparecem questões que abordam
frequência, sendo importante entender suas frequência, sendo importante entender suas base para o melhor entendimento da principalmente as propriedades e usos das
utilidades e propriedades. utilidades e propriedades. Química em geral, e temas como proprie- substâncias inorgânicas.
dades e utilidades são bem recorrentes
nas questões.

UFMG

As substâncias inorgânicas ocorrem com As substâncias inorgânicas ocorrem com As substâncias inorgânicas ocorrem com
frequência, sendo importante entender suas frequência, sendo importante entender frequência, sendo importante entender suas
utilidades e propriedades. suas utilidades e propriedades. utilidades e propriedades.

De maneira ampla, a prova apresenta Neste caderno, todos os temas abordados As questões cobram, principalmente, as pro-
questões de substâncias inorgânicas, sendo são cobrados, sendo necessário entender seus priedades e usos das substâncias inorgânicas.
necessário entender suas propriedades e usos usos e propriedades.
no dia a dia.
FUNÇÕES INORGÂNICAS

5
AULAS 17 e 18 Ácidos são compostos que se ionizam em solução
aquosa e originam como único íon positivo o cátion
hidrogênio [H+].

A equação genérica de ionização de um ácido é dada por:


HxA o x H+ + Ax-
ÁCIDOS O H+ é o responsável pelas propriedades comuns a todos
os ácidos, sendo o radical funcional dos ácidos.
Exemplos:

COMPETÊNCIAS: 3, 4, 5, 6 e 7

HABILIDADES:
10, 14, 18, 20, 21, 24
e 25

1. Características dos ácidos Hoje, sabe-se que a teoria de Arrhenius não é comple-
tamente correta. O cátion H+ não fica em forma livre na
Os ácidos apresentam as seguintes características do pon- solução; esse cátion se une a uma molécula de água e
to de vista prático: forma o íon H3O+, conhecido como cátion hidrônio ou
ƒ Os ácidos possuem sabor azedo. O limão, o vinagre e a hidroxônio:
uva, por exemplo, contêm ácidos; por esse motivo, eles
são azedos. No entanto, é preciso ter cuidado: pratica- Assim, outras formas de escrever os quatro exemplos an-
mente todos os ácidos são tóxicos e corrosivos. Portan- teriores são:
to, não se deve ingeri-los nem inalá-los.

ƒ Quando em solução aquosa, os ácidos conduzem ele-


tricidade. Isso ocorre porque os ácidos geram íons.

ƒ Os ácidos alteram a cor de certas substâncias denomi-


nadas indicadores. Os indicadores têm a propriedade
de mudar de cor conforme o caráter ácido ou básico
das soluções (exemplos de indicadores: papel tornas- Entretanto, por comodidade, a maioria dos autores utiliza a
sol, fenolftaleína, entre outros). primeira forma de representação.

2. Classificação dos ácidos


Conheça a seguir os critérios para a classificação dos ácidos.

2.1. Presença de oxigênio na molécula

Classificação Oxigênio Exemplos

Hidrácidos Não possuem HCø, HCN, H2S


OS ÁCIDOS SÃO ENCONTRADOS EM MUITOS PRODUTOS DO DIA A DIA.
Oxiácidos ou
O químico sueco Svante Arrhenius (1859-1927) propôs oxoácidos
Possuem HNO3, H2SO4, H3BO3

uma definição teórica:

6
2.2. Número de hidrogênios ionizáveis Observação: a maioria dos hidrácidos é gasosa à
temperatura ambiente.
Número de
Classificação hidrogênios Exemplos
ionizáveis 2.4. Força
Monoácidos ou
1 HCø, HCN, HNO3
A força de um ácido é determinada pelo grau de ionização
monopróticos das suas moléculas.
Diácidos ou
2 H2S, H2SO4, H2CO3
dipróticos Dt 50% 5% < D< 50% Dd 5%
Triácidos ou
3 H3PO4, H3BO3 Forte Moderado (ou semiforte) Fraco
tripróticos

Tetrácidos ou
4 H4SiO4
tetrapróticos Classificação Hidrácidos Oxiácidos
Nas fórmulas estruturais dos ácidos oxigenados, os hidro- Fortes HCø, HBr, HI ' = 2 ou 3
gênios ionizáveis sempre se ligam ao átomo de Moderados HF '=1
oxigênio, que, por sua vez, liga-se ao átomo central. Con-
Fracos H2S, HCN '= 0
tudo, quando o átomo de hidrogênio se liga diretamente
ao átomo central, esse hidrogênio não é ionizável.
Das quais:
Dois exemplos importantes são:
' = número de oxigênios – número de hidrogênios ionizáveis
ƒ Ácido fosforoso (H3PO3) – apesar de possuir três hidro-
gênios em sua fórmula, trata-se de um diácido. Observe
na estrutura a seguir que um dos hidrogênios está ligado Exemplos:
diretamente ao átomo central, que não é ionizável.
H2SO4 Ÿ ' = 4 – 2 = 2 Ÿ forte

HNO2 Ÿ ' = 2 – 1 = 1 Ÿ moderado

HCøO Ÿ ' = 1 – 1 = 0 Ÿ fraco


O ácido carbônico (H2CO3) é uma importante exceção à
regra. Por se tratar de um ácido instável, decompõe-se fa-
ƒ Ácido hipofosforoso (H3PO2) – apesar de possuir dois
cilmente e sofre pouca ionização. Por isso, é considerado
hidrogênios em sua fórmula, trata-se de um mono-
um ácido fraco, apesar do valor ' = 3 – 2 = 1.
ácido. Observe na estrutura a seguir que dois hidro-
gênios estão ligados diretamente ao átomo central,
portanto não são ionizáveis. < H2CO3 (aq) > H2O(ℓ) + CO2(g)

3. Formulação
A fórmula geral de um ácido é:

2.3. Volatilidade HxA


A capacidade de uma substância passar para o estado
gasoso é denominada volatilidade. Em geral, substâncias Da qual:
voláteis apresentam pontos de ebulição baixos. x é um número inteiro (1, 2, 3 ou 4)
Ponto de
Classificação Exemplos
ebulição
Hidrácidos A = F, Cø, Br, I, S, CN, etc.
São apenas 3 ácidos:
Fixos Alto
H2SO4 , H3PO4 , H3BO3

Voláteis Baixo
Os demais ácidos: HCø, Oxiácidos A = CøO, SO4, CO3, PO4, etc.
H2S, HCN, HNO3...

7
3.1. Hidrácidos O sufixo segue este padrão:

A partir dos conhecimentos de ligação covalente, é possível Classificação Sufixo Exemplos


deduzir a fórmula de um hidrácido:
HCℓ ácido clorídrico
Hidrogênio Ÿ valência = 1 ligação covalente
Hidrácido -ídrico H2S ácido sulfídrico
Halogênios (família 7A ou grupo 17) Ÿ valência = 1 liga-
ção covalente HCN ácido cianídrico

HF HCø HBr HI (todos ácidos muito conhecidos e importantes) -ico (o ácido H2SO4 ácido sulfúrico
com mais
Calcogênios (família 6A ou grupo 16) Ÿ valência = 2 li- HNO3 ácido nítrico
oxigênios)
gações covalentes
Oxiácido
H2S H2Se H2Te H2Po (na prática, apenas o H2S é conhecido) -oso (o ácido H2SO3 ácido sulfuroso
com menos
Entretanto, o HCN não é uma molécula cuja fórmula possa oxigênios) HNO2 ácido nitroso
ser deduzida “intuitivamente”.

3.2. Oxiácidos Quando um mesmo elemento forma mais de 2 ácidos (isso


quase sempre ocorre com os halogênios X = Cø, Br e I),
Num oxiácido, é comum que existam ligações coordenadas segue-se o padrão:
(dativas) que não costumam ser “intuitivamente” deduzi-
das.
Prefixo Sufixo Fórmula Exemplo
Partindo das combinações de elementos (H, C, O), (H, N,
O) e (H, S, O), seria possível deduzir que as combinações
ocorridas seriam as apresentadas a seguir? per- -ico HXO4 HCøO4 ácido perclórico

—— -ico HXO3 HCøO3 ácido clórico

—— -oso HXO2 HCøO2 ácido cloroso


H2CO3 HNO3 H2SO4
HCøO ácido
hipo- -oso HXO
Naturalmente que não! É preciso considerar os seguintes fatos: hipocloroso

Observação:
Num oxiácido, não há regras para determinar/de-
duzir o número de oxigênios. A fórmula de um oxi- -per: acima de; -hipo: abaixo de
ácido não pode ser deduzida.

Por esse motivo, é necessário memorizar as fórmulas dos


5. Nomenclatura dos ânions
oxiácidos mais importantes. Como já foi visto, ácidos sofrem ionização em solução
aquosa e liberam exclusivamente o cátion H+ (H3O+) e um
Memorize: ânion qualquer.

HCøO3 HNO3 H2SO4 H2CO3 H3PO4 H2O


HxA x H+ + Ax–
clórico nítrico sulfúrico carbônico fosfórico Ácido Ânion

É fundamental saber nomear os ânions gerados na ioni-


4. Nomenclatura dos ácidos zação dos ácidos. Esse conhecimento será muito útil no
estudo dos sais.
Para um ácido genérico HXA, emprega-se:
Na prática, o nome de um ânion é obtido a partir do nome
do ácido correspondente ao se realizar a troca dos sufixos
ácido + (nome do elemento em A) + sufixo
de acordo com regra a seguir:

8
Sufixo Sufixo
concentrado tem acentuado poder desidratante. O
Classificação do do Exemplos ácido sulfúrico é produzido industrialmente a partir
ácido ânion de enxofre, oxigênio e água via processo de contato
HCø H+ + Cø–
(queima do enxofre). Na indústria, o ácido sulfúrico
é a substância química mais utilizada, tanto que o
ácido clorídrico ânion cloreto seu consumo constitui um importante indica-
Hidrácido -ídrico -eto
H2S 2 H+ + S2– dor do desenvolvimento industrial de um país.
ácido sulfídrico ânion sulfeto Entre as suas aplicações, pode-se citar seu uso nas
baterias de automóveis e na produção de fertilizan-
H2SO4 2 H+ + SO42–
tes, papel, corantes, fibras de raiom (seda artificial),
ácido sulfúrico ânion sulfato medicamentos, tintas, inseticidas, explosivos e outros
-ico -ato
HNO3 H+ + NO3– ácidos (como ácido nítrico e fosfórico), além de ser
usado nas indústrias petroquímicas para o refino de
ácido nítrico ânion nitrato
Oxiácido petróleo e a limpeza de ferro e aço.
H2SO3 2 H+ + SO32–

ácido sulfuroso ânion sulfito


-oso -ito
HNO2 H+ + NO2–

ácido nitroso ânion nitrito

Observe que o caminho inverso também é possível: conhe- ÁCIDO SULFÚRICO CONCENTRADO CARBONIZANDO A
cido o ânion, determina-se facilmente o ácido do qual ele ESPONJA DEVIDO À SUA AÇÃO DESIDRATANTE.

é proveniente.
ƒ Ácido clorídrico (HCø) – é um ácido inorgânico forte,
Exemplos:
líquido, incolor ou levemente amarelado, não inflamá-
F – + H+ Ÿ HF
vel, volátil, tóxico e corrosivo. Em sua forma pura, HCø
ânion fluoreto ácido fluorídrico
é um gás, conhecido como cloreto de hidrogênio ou
CO32– + 2 H+ Ÿ H2CO3 gás clorídrico. Trata-se do ácido encontrado no estô-
ânion carbonato ácido carbônico mago humano, sendo um dos principais componentes
do suco gástrico que auxilia na digestão dos alimentos.
A obtenção industrial do HCℓ ocorre pela síntese direta
entre H2 e Cø2.
O ácido clorídrico é muito usado na limpeza e galvani-
zação de metais, no curtimento de couros e na fabri-
cação de vários produtos, como na produção de tintas
multimídia: vídeo e corantes e na formação de haletos orgânicos (como
cloreto de metila). É usado também na hidrólise de
FONTE: YOUTUBE
amidos e proteínas pelas indústrias alimentícias e na
Ação do ácido fluorídrico extração do petróleo, dissolvendo as rochas e facilitan-
do o seu fluxo até a superfície.

6. Principais ácidos e
suas aplicações
ƒ Ácido sulfúrico (H2SO4) – quando puro, trata-se
de um líquido denso (d = 1,84 g ˜ cm-3), incolor, tó-
xico, corrosivo e solúvel em água. É nocivo em ca-
sos de inalação e ingestão e pode causar irritação
ÁCIDO MURIÁTICO UTILIZADO NAS LIMPEZAS.
e queimaduras em contato com a pele. Quando em
solução aquosa é altamente ionizável, portanto a Na sua forma impura, o ácido clorídrico é denominado
solução assume caráter de ácido forte e caso esteja ácido muriático e é usado para a limpeza de pisos,

9
azulejos, paredes de pedras e superfícies metálicas antes O ácido é usado também na produção de sais fluora-
do processo de soldagem. Uma vez que o ácido muriático dos (como criolita e fluoreto de alumínio), agrotóxicos,
apresenta vapores tóxicos e irritantes quando aquecido, é detergentes, teflon, na purificação de minérios, na for-
preciso que a pessoa, ao manueseá-lo, tenha o cuidado de mação do UF6 (enriquecimento do urânio para fins de
utilizar máscara de respiração, luvas e óculos de proteção. geração de energia nuclear), entre outros.

ƒ Ácido nítrico (HNO3) – depois do ácido sulfúrico, o ƒ Ácido fosfórico (H3PO4) – também denominado
ácido nítrico é o mais produzido e usado pela indús- ácido ortofosfórico, é um líquido incolor, solúvel
tria. Trata-se de um ácido forte, de aparência viscosa, em água e etanol e capaz de absorver a umidade do
inodoro e incolor quando puro (os ácidos mais velhos ar e se dissolver (higroscópico). O processo de pro-
adquirem cor amarelada devido à decomposição do dução do ácido fosfórico ocorre por meio da via seca
ácido em óxidos de nitrogênio e água), muito volátil, (oxidação do fósforo elementar) ou via úmida (reação
forte oxidante, corrosivo e miscível em água. A produ- de fosfato de cálcio com o ácido sulfúrico).
ção industrial de ácido nítrico ocorre pelo processo de
Ostwald (oxidação da amônia).

REFRIGERANTES À BASE DE COLA POSSUI ÁCIDO FOSFÓRICO NA SUA COMPOSIÇÃO.

O ÁCIDO NÍTRICO É MUITO USADO NA FABRICAÇÃO DE EXPLOSIVOS. O ácido fosfórico é utilizado na produção de refrigeran-
tes à base de cola. Ele é usado principalmente como
O ácido nítrico é muito utilizado pela indús-
acidulante (aditivo) da bebida, abaixando seu pH, re-
tria química, principalmente em processos de
gulando sua doçura, realçando o paladar e também
nitrificação de compostos orgânicos, na gal-
atuando como conservante.
vanoplastia, na fabricação de explosivos (TNT, nitrogli-
cerina, ácido pícrico, entre outros), fertilizantes agrícolas O ácido fosfórico também é utilizado na indústria de fer-
(como o NH4NO3), salitre (NaNO3 e KNO3), vernizes, celu- tilizantes, na indústria de produção de sal mineral para
loses, seda artificial, fibras sintéticas, nylon, entre outros. alimentação animal, na indústria de bebidas, na usina
de chocolate, na indústria farmacêutica (obtenção de
ƒ Ácido fluorídrico (HF) – é um líquido incolor e fu- insulina, produção de antibióticos, fortificantes, etc.), na
megante de odor penetrante; tem ponto de ebulição de formulação de detergentes, decapantes, no tratamento
20 °C sob pressão de 1 atm. Ao entrar em contato com biológico de efluentes e no polimento químico ou eletro-
a pele, além de poder causar queimaduras, pode pene- químico de peças de alumínio.
trar no organismo, enfraquecer e até corroer os ossos.
Sua reação de obtenção vem da reação entre o ácido ƒ Ácido carbônico (H2CO3) – é formado quando se di-
sulfúrico concentrado e a fluorita (CaF2). lui o gás carbônico (CO2) em água. É um ácido instável,
que se decompõe em água e gás carbônico:

<H2CO3> o H2O + CO2


Em pequenas quantidades, o ácido carbônico aparece
como uma ocorrência normal na água da chuva. Quan-
do a água da chuva cai através do ar, ela absorve o
dióxido de carbono, produzindo ácido carbônico. Tam-
VIDRO DE AUTOMÓVEL COM O NÚMERO DE CHASSI GRAVADO bém está presente no sangue humano, participando do
Devido à sua capacidade de corroer o vidro comum, principal sistema de tamponamento, para que o pH do
é usado principalmente para decoração em fosco de sangue não se altere bruscamente.
objetos de vidro e gravação do número de chassi em Em quantidades maiores, está presente em bebidas ga-
vidros de automóveis (por isso, em laboratórios, o ácido seificadas: água mineral com gás, refrigerantes, bebidas
fluorídrico é guardado em frascos plásticos). tônicas e cervejas.

10
ƒ Ácido bórico (H3BO3) – também conhecido como 2. Considere as seguintes soluções ácidas: HF, H2S, H3PO4,
ácido ortobórico, é um ácido existente na forma H4SiO4 e HNO3, todas com a mesma concentração e tempe-
ratura. Em um teste de condutividade, ao colocar uma lâm-
de pó branco. Geralmente é usado como antissépti-
pada em cada solução, qual delas apresentará maior brilho?
co (água boricada), inseticida (contra baratas, cupins,
formigas, pulgas e muitos outros insetos) e retardante a) HF
de chamas. Atua como desinfetante em situações de b) H2S
infecções por bactérias ou fungos. c) H3PO4
d) H4SiO4
ƒ Ácido sulfídrico (H2S) – conhecido como sulfeto
de hidrogênio na sua forma gasosa, é um composto e) HNO3
corrosivo e venenoso, caracterizado pelo odor de ovos Resolução:
podres. Esse gás pode ser produzido naturalmente pela Quanto mais forte for o ácido, mais ionizado ele estará,
decomposição de matéria orgânica por meio da ação mais íons livres estarão na solução, e, portanto, a lâmpada
bacteriana, dissolução de sulfetos minerais ou, ainda, apresentará maior brilho. Considerando as forças dos áci-
por atividade industrial. Pode ser encontrado também dos, segue que:
em redes de esgoto e em águas termais localizadas nas
HF – hidrácido moderada.
proximidades de vulcões.
H2S – hidrácido fraca.
ƒ Ácido cianídrico (HCN) – o ácido cianídrico é também
H3PO4 – oxiácido, ' = 4 – 3 = 1; portanto, moderada.
chamado de cianeto de hidrogênio na forma gasosa
ou ainda de ácido prússico. É um líquido incolor e um H4SiO4 – oxiácido, ' = 4 – 4 = 0; portanto, fraca.
composto extremamente volátil, tendo um odor carac- HNO3 – oxiácido, ' = 3 – 1 = 2; portanto, forte.
terístico de amêndoas amargas; trata-se de um ácido O ácido mais forte da lista é o HNO3; portanto, a solução de
muito tóxico, pois inibe os processos oxidativos celulares, HNO3 apresenta maior brilho.
causando a morte das células. É utilizado nas câmaras de
Alternativa E
gás para execução de criminosos condenados à pena de
morte, principalmente nos Estados Unidos. 3. (UECE) Considere os seguintes ácidos, com seus res-
pectivos graus de ionização, a 18 °C e usos:
I. H3PO4 (27%), usado na preparação de fertilizantes e
Aplicação do conteúdo como acidulante em bebidas e refrigerantes.
II. H2S (7,6 × 10–2 %), usado como redutor.
1. Admitindo-se 100% de ionização para o ácido clo-
rídrico em solução aquosa, pode-se afirmar que essa III. HCℓO4 (97%), usado na medicina, em análises quími-
solução não contém a espécie: cas e como catalisador em explosivos.
IV. HCN (8,0 × 10–3 %), usado na fabricação de plásticos,
a) HCℓ.
corantes e fumigantes para orquídeas e poda de árvores.
b) H3O+.
c) H2O. Podemos afirmar que é correto:
d) Cℓ-. a) HCℓO4 e HCN são triácidos.
b) H3PO4 e H2S são hidrácidos.
Resolução: c) H3PO4 é considerado um ácido semiforte.
d) H2S é um ácido ternário.
Ionizando o HCℓ, tem-se: e) O HCN é o mais forte de todos os ácidos citados.
HCℓ o H+ + Cℓ- Resolução:

ou a) Falso, pois tanto HCℓO4 como HCN só possuem um hi-


drogênio ionizável; portanto, ambos são monoácidos.
HCℓ +H2O o H3O+ + Cℓ-
b) Falso, pois apesar de H2S ser um hidrácido, H3PO4 é
Considerando que o ácido está 100% ionizado, as espécies
um oxiácido.
encontradas na solução são: H+ (ou H3O+) e Cℓ-. A molécu-
la de água sempre estará presente (é uma solução aquo- c) Verdadeiro, pois quando o grau de ionização está entre
sa), portanto, o que não estará na solução é a molécula de 5% a 50%, o ácido é considerado semiforte (ou moderado).
HCℓ não ionizada. d) Falso, pois o H2S é um ácido binário (composto por
Alternativa A dois elementos).

11
e) Falso, o HCN possui um valor de grau de ionização Resolução:
(D) mais baixo de todos, sendo o mais fraco de todos os Ácido bórico – H3BO3
ácidos citados. Ácido clorídrico – HCℓ
Alternativa C Ácido carbônico – H2CO3
Ácido sulfídrico – H2S
4. (UFPB) Os ácidos são substâncias químicas sempre pre-
sentes no cotidiano do homem. Por exemplo, durante a Alternativa E
amamentação, era comum usar-se água boricada (solu-
ção aquosa que contém ácido bórico) para fazer a assep-
sia do seio da mãe; para limpezas mais fortes da casa,
emprega-se ácido muriático (solução aquosa de ácido
clorídrico); nos refrigerantes, encontra-se o ácido carbô-
nico; e, no ovo podre, o mau cheiro é devido à presença
do ácido sulfídrico.

Esses ácidos destacados podem ser representados, respec-


tivamente, pelas seguintes fórmulas moleculares: multimídia: site
a) H3BO3, HCℓ, H2CO2 e H2SO4.
b) H2BO3, HCℓ, H2CO3 e H2S. phet.colorado.edu/sims/html/acid-base-solutions/latest/
c) H3BO3, HCℓO3, H2SO3 e H2CO2.
acid-base-solutions_pt_BR.html
d) H2BO3, HCℓO4, H2S e H2CO3. www.bonde.com.br/saude/duvidas/cuidados-com-o-
e) H3BO3, HCℓ, H2CO3 e H2S. corpo-influenciam-ate-na-saude-bucal-431950.html

VIVENCIANDO
No cotidiano, é possível encontrar a ligação covalente com facilidade. Substâncias de uso muito comum têm em sua
estrutura átomos com esse caráter de ligação, como a água, o gás oxigênio, a solução de vinagre, o álcool etílico, o
açúcar e o grafite.
Entretanto, também é possível abordar substâncias que não são tão evidentes, mas que são atuantes no dia a dia.
O gás ozônio (O3), por exemplo, é responsável pela proteção do planeta Terra contra os raios ultravioletas (UV) emitidos
pelo Sol. Sem essa camada de gás presente na atmosfera, a vida na Terra não seria possível.
O elemento carbono (C), por sua vez, pode ser encontrado na forma de diamante, depois de passar por processos de
formação diferentes do carbono encontrado no grafite, sendo essa a diferença fundamental entre essas substâncias
constituídas por átomos desse mesmo elemento químico.

12
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Ácidos sempre foram substâncias fundamentais para o desenvolvimento e manutenção da civilização. Desde as
primeiras civilizações, suas propriedades são conhecidas e utilizadas de forma proveitosa.
O termo”ácido” vem do latim acidum, que significa “azedo”, ou seja, uma referência direta ao sentido do
paladar para dar um significado à palavra.
Os ácidos podem ser encontrados em muitos segmentos da indústria. Observe a tabela a seguir:

NOME DO ÁCIDO SUAS APLICAÇÕES

ácido acético Encontrado no vinagre.

Derivado do benzeno, é um ácido orgânico utilizado como


ácido benzoico
conservante de bebidas e na fabricação de corantes.

ácido bórico Utilizado como antisséptico medicinal, em cosméticos e corantes.

ácido butírico Encontrado na manteiga.

Obtido na dissolução do dióxido de carbono, é muito utilizado


ácido carbônico
em refrigerantes e pode ser um dos produtos da chuva ácida.
Encontrado nas frutas cítricas, é utilizado como antioxidante,
ácido cítrico
acidulante e anticoagulante.
Leva esse nome por ser o ácido injetado pela picada das for-
ácido fórmico
migas.
Muito utilizado em várias atividades industriais, como produção
ácido nítrico
de fertilizantes, pólvora negra, salitre, corantes e fibras sintéticas.
Encontrado em óleos vegetais e animais, tendo seu maior uso
ácido oleico
na produção de sabões e pomadas.
Utilizado principalmente na fabricação de detergentes, ferti-
ácido sulfúrico
lizantes, pigmentos, catalisadores e baterias de automóveis.

13
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA QUÍMICA

PODE SER

INORGÂNICA

FORTES
COMO

ÁCIDOS MODERADOS

FRACOS

SOFREM

DIVIDEM-SE EM

IONIZAÇÃO HIDRÁCIDOS OXIÁCIDOS

ORIGINANDO

CÁTION HIDROGÊNIO (H+)

14
De modo geral, as bases são formadas por um metal, que
AULAS 19 e 20 constitui o cátion, ligado invariavelmente ao OH-. A única
base não metálica importante é o hidróxido de amônio
(NH4OH).

2. Classificação das bases


Conheça a seguir os critérios para classificação das bases.
BASES
2.1. Número de hidroxilas/hidróxidos
Número de
Classificação Exemplos
hidroxilas
Monobase 1 NaOH, KOH, AgOH
COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7
Dibase 2 Mg(OH)2, Ca(OH)2, Fe(OH)2
HABILIDADES: 12, 17, 18, 24, 25 e 27 Tribase 3 Aℓ(OH)3, Fe(OH)3

Tetrabase 4 Sn(OH)4, Pb(OH)4

2.2. Força
1. Características das bases De maneira semelhante aos ácidos, a força de uma base
As bases (ou hidróxidos) apresentam as seguintes caracte- está ligada diretamente ao grau de dissociação de
rísticas do ponto de vista prático: suas fórmulas.
ƒ Possuem sabor adstringente, que “amarra” a boca, Se a maior parte (> 50%) das fórmulas de uma base disso-
como é possível perceber ao se comer uma fruta “ver- cia-se, ela é classificada uma base forte. Caso seja apenas
de”; no entanto, para saber se um composto é ou não uma pequena parcela (<5%), ela é fraca.
básico, provar não é a maneira mais indicada,
Classificação Caracterização
pois as bases são, em geral, tóxicas.
Hidróxidos de metais alcalinos (grupo 1 ou
ƒ Formam soluções aquosas condutoras de eletricidade. família 1A).
Exemplos: NaOH, KOH, etc.
ƒ Mudam a cor dos indicadores (conforme os exemplos Hidróxidos de metais alcalino-terrosos
comparativos da função ácidos). Fortes (grupo 2 ou família 2A).
Exemplos: Ca(OH)2, Ba(OH)2, etc.
O químico Arrhenius definiu do ponto de vista teórico: Observação: O Mg(OH)2 é uma exceção à
regra, uma vez que constitui uma base fraca
Bases são compostos que, por dissociação iônica, origi- e praticamente insolúvel.
nam como o único íon negativo o ânion hidroxila [OH-]. Hidróxidos de todos os demais metais em
geral: metais das famílias 3A (grupo 13), 4A
Fracas (grupo 14) e das famílias B.
A base pode ser representada pela equação genérica: Aqui se incluem o Mg(OH)2 e o NH4OH.

O OH- é responsável pelas propriedades comuns a todas as 2.3. Solubilidade em água


bases, sendo o radical funcional das bases.
Classificação Caracterização
Exemplos: Solúveis
Hidróxidos dos metais alcalinos (1A), como
NaOH, KOH, etc., e o NH4OH.

Hidróxidos dos metais alcalino-terrosos (2A),


Pouco solúveis
como Ca(OH)2, Ba(OH)2, etc. Exceção: o Mg(OH)2.

Praticamente Os demais hidróxidos: Fe(OH)2, Pb(OH)4, etc.,


insolúveis além do Mg(OH)2.

15
Em geral, uma base que é bastante solúvel em água apre-
senta também um elevado grau de dissociação iônica e,
4. Indicadores ácido-base
consequentemente, é considerada uma base forte. En- Como já foi observado, tanto os ácidos como as bases alte-
tretanto, a solubilidade em água não deve ser encarada ram a cor de um indicador.
como um ponto confiável para se verificar a força da base. A maior parte dos indicadores utilizados em laboratório é
O hidróxido de amônio, por exemplo, é muito solúvel em artificial. No entanto, alguns indicadores são encontrados
água, mas é uma base fraca. As bases dos metais alcalino- na natureza, como o tornassol, extraído de certos líquens.
-terrosos, como é o caso do Ca(OH)2 (cal hidratada usada No dia a dia, esses indicadores são encontrados em diver-
em pinturas de caiação), são consideradas fortes, apesar de sas espécies: no repolho-roxo, na beterraba, nas pétalas de
serem pouco solúveis em água. rosas vermelhas, no chá-mate, nas amoras, etc.
Observe na tabela a seguir os indicadores mais usados em
3. Formulação e nomenclatura laboratórios e as cores que adquirem quando em presença
de um ácido ou de uma base.
3.1. Formulação Meio Tornassol Fenolftaleína
Alaranjado Azul de
de metila bromotimol
A fórmula geral de uma base é:
Ácido Rosa Incolor Vermelho Amarelo
C(OH)x Rosa/
Base Azul Amarelo Azul
Vermelho
Como bases são substâncias iônicas, sua formulação é sim-
ples e previsível:
Cx+ + (OH)– Ÿ C(OH)x

Da qual Cx+ é um cátion metálico qualquer ou o cátion


amônio (NH4+), e x é um inteiro (1, 2, 3 ou 4).

3.2. Nomenclatura ALGUNS INDICADORES DE USO COMUM, COMO FENOLFTALEÍNA


(ESQUERDA) E PAPEL TORNASSOL (DIREITA)
Se o cátion possui uma única valência (o que geralmente
ocorre com os cátions dos metais das famílias 1A, 2A e 3A):
5. Principais bases e
x+
hidróxido de + (nome do cátion C )
suas aplicações
Exemplos ƒ Hidróxido de sódio (NaOH) – também conhecido
NaOH – hidróxido de sódio como soda cáustica, trata-se de um sólido branco e
cristalino que possui a propriedade de absorver água
Ca(OH)2 – hidróxido de cálcio do ar (higroscópico). É altamente corrosivo e pode cau-
Aø(OH)3 – hidróxido de alumínio sar queimaduras graves em todos os tecidos animais.
Além de corrosivo, o hidróxido de sódio também é
Se o cátion possuir mais de uma valência:
bastante tóxico e muito solúvel em água, sendo que a
hidróxido de + (nome do cátion Cx+) + (valência em algarismo romano) dissolução libera grande quantidade de calor. É produ-
zido nas indústrias de cloro-álcali por meio da eletrólise
ou aquosa do cloreto de sódio concentrado (salmoura).
ico [maior valência]
hidróxido de + (nome do cátion Cx+) +
oso [menor valência]

Exemplos
Fe(OH)3 – hidróxido de ferro (III) ou hidróxido férrico;
Fe(OH)2 – hidróxido de ferro (II) ou hidróxido ferroso.
Sn(OH)4 – hidróxido de estanho (IV) ou hidróxido estânico;
Sn(OH)2 – hidróxido de estanho (II) ou hidróxido estanoso. PASTILHAS DE HIDRÓXIDO DE SÓDIO

16
Ele é largamente utilizado na indústria, como na purifi-
cação de derivados de petróleo e de óleos vegetais, na
preparação de produtos orgânicos (como papel celofa-
ne, seda artificial, celulose, corantes e, principalmente,
sabão), na fabricação de produtos de uso doméstico
(como desentupidores de pias e ralos e removedores
de sujeiras pesadas), entre outros.
Outra aplicação da soda cáustica no dia a dia é na
produção de sabão. Isso ocorre por meio de uma rea-
ção de saponificação, que ocorre quando se coloca um
éster (óleo ou gordura) para reagir com hidróxido de
LEITE DE MAGNÉSIA
sódio, em meio aquoso e sob aquecimento, produzindo
sal orgânico (sabão). Uma aplicação farmacológica do hidróxido de mag-
nésio é na sua forma de suspensão, muito conhecida
ƒ Hidróxido de potássio (KOH) – também conhe-
como leite de magnésia (concentração próxima de
cido como potassa cáustica, trata-se de um sólido
7%). Por se tratar de uma base fraca, o leite de magné-
cristalino, de coloração branca opaca ou transparente.
sia é utilizado como antiácido e laxante, neutralizando
É extremamente perigoso, em virtude de ser tóxico e
o excesso de acidez estomacal e aliviando a prisão de
corrosivo. O hidróxido de potássio resulta da eletrólise
ventre. Também pode ser usado como desodorante de
aquosa do cloreto de potássio.
pés e axilas, pois alcaliniza a pele, impedindo a prolife-
ração de bactérias que causam mau cheiro.

ƒ Hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) – também conheci-


do como cal hidratada, cal apagada ou cal extinta,
apresenta-se como um pó branco, pouco solúvel em
água. Pode ser obtido pela reação da água com o óxido
de cálcio (CaO, mais conhecido como cal viva ou cal
virgem). É decomposto por aquecimento, originando o
“ESCAMAS” DE HIDRÓXIDO DE POTÁSSIO VENDIDO COMERCIALMENTE óxido correspondente.
É uma base utilizada em diversos segmentos da indús- Por ser uma base forte e devido às suas diversas proprie-
tria, como na fabricação de fármacos, fertilizantes, bio- dades químicas e físicas, as utilizações do hidróxido de
diesel e produtos de limpeza (sabões moles e detergen- cálcio são bastante diversificadas. Entre as várias aplica-
tes) por ser menos agressiva à pele do que os sabões ções, o maior uso está na construção civil: na caiação,
de sódio. Também é usada em processos como alveja- que consiste na pintura à base de cal, e na preparação
mento, processamento de alimentos, entre outros. de argamassa e gesso. É usado também na agricultura
para fazer correção da acidez de solos e no tratamento
ƒ Hidróxido de magnésio (Mg(OH)2) – é uma base
da água, como agente floculador.
sólida em condições ambientes, de cor branca e pouco
solúvel em água. O hidróxido de magnésio pode ser
encontrado naturalmente sob a forma do mineral bru-
cita e pode ser obtido por meio da reação de sulfato de
magnésio com solução aquosa de hidróxido de sódio,
ou, ainda, pela reação de sais de magnésio com hidró-
xido de potássio ou de amônio.
Entre as principais aplicações, é possível citar o refino
do açúcar, a produção industrial de papel e celulose e
o processamento de urânio. Na indústria do plástico
e da espuma, o hidróxido de magnésio atua como
HIDRÓXIDO DE CÁLCIO SENDO USADO PARA A CAIAÇÃO
agente retardante de chama em materiais plásticos.
O hidróxido de magnésio pode, ainda, ser utilizado Em solução aquosa, o hidróxido de cálcio produz a água
como agente precipitante no tratamento de efluentes de cal, substância muito utilizada pela indústria farma-
removendo íons de metais pesados. cêutica na produção de cicatrizantes de queimaduras e

17
ulcerações. Já a suspensão do hidróxido de cálcio é de- Seguindo a regra acima, tem-se que as bases formadas
nominada leite de cal. são, respectivamente:
Au3+ e OH- o Au(OH)3
ƒ Hidróxido de amônio (NH4OH) – o hidróxido de Fe2+
e OH -
o Fe(OH)2
amônio só existe em solução aquosa quando faz-se o Pb2+ e OH- o Pb(OH)2
borbulhamento de amônia (NH3) em água, ou seja, não Na+ e OH- o NaOH
existe isoladamente: Mn4+ e OH- o Mn(OH)4
NH3(g) + H2O(ℓ) o NH4OH(aq) o NH+4(aq) + OH(aq)
-
Alternativa E
O hidróxido de amônio é um composto altamente volátil, in- 3. A respeito das utilidades das substâncias químicas en-
color e de odor penetrante. Trata-se de uma substância extre- contradas no dia a dia, julgue as sentenças abaixo em
verdadeiro ou falso.
mamente nociva à saúde humana. Por liberar amônia, o hi-
a) O Mg(OH)2 é utilizado como medicamento.
dróxido de amônio é sufocante e bastante irritante aos olhos,
b) O NH4OH é usado na limpeza doméstica.
à pele, às mucosas e ao aparelho respiratório. O hidróxido
c) O Ca(OH)2 é usado para pintar parede.
de amônio é conhecido comercialmente como amoníaco.
d) O NaOH é usado para fabricar salitre.
É muito utilizado na produção de ácido nítrico, fertilizantes e Resolução:
explosivos. Outros usos do hidróxido de amônio pela indús- a) Verdadeiro. O hidróxido de magnésio Mg(OH)2 é usa-
tria química são: na produção de tinturas de cabelo, produ- do como antiácido estomacal e é conhecido como leite
tos branqueadores de tecidos, borracha, couro, lubrificantes, de magnésia.
cerâmicas, entre outros. É também usado em produtos de b) Verdadeiro. O NH4OH é usado em produtos de lim-
peza doméstica.
limpeza doméstica (sabão amoniacal, detergente) e na pro-
c) Verdadeiro. O Ca(OH)2 é usado para pintar as pare-
dução de compostos orgânicos, como o gás de refrigeração.
des, procedimento denominado caiação.
d) Falso. O que é usado para fabricar salitre (NaNO3)
é o hidróxido de amônio (NH4OH) ou amônia (NH3).
Aplicação do conteúdo
4. As bases são substâncias que, em solução aquosa, so-
1. Qual das alternativas abaixo indica a nomenclatura frem dissociação iônica, liberando como único ânion o OH-.
correta da base Sn(OH)4? Equacione as dissociações, em água, das seguintes bases:
a) Hidróxido de estanho II a) Hidróxido de sódio.
b) Hidróxido estanoso b) Hidróxido de alumínio.
c) Hidróxido estânico c) Hidróxido de lítio.
d) Base de estanho IV d) Hidróxido de estrôncio.
e) Hidróxido estanítico e) Hidróxido de ferro II.
f) Hidróxido de ferro III.
Resolução:
Resolução:
O estanho possui duas valências (número de oxidação) a) NaOH o Na+ + OH-
possíveis: 2+ e 4+. Como a base é Sn(OH)4, a base é do b) A,(OH)3 o A,3+ + 3 OH-
estanho de maior valência. c) LiOH o Li+ + OH-
Seguindo a regra da nomenclatura, tem-se que o nome da d) Sr(OH)2 o Sr2+ + 2 OH-
base é hidróxido de estanho (IV) ou hidróxido estânico (es- e) Fe(OH)2 o Fe2+ + 2 OH-
tanho + terminação ico). f) Fe(OH)3 o Fe3+ + 3 OH-
Alternativa C
2. Quais são as fórmulas das bases formadas pelos res-
pectivos cátions Au3+, Fe2+, Pb2+, Na+ e Mn4+?
a) Au3OH, Fe2OH, Pb2OH, NaOH, Mn4OH.
b) Au2(OH)3, Fe(OH)2, Pb(OH)2, NaOH, Mn(OH)4.
c) Au(OH)3, Fe(OH)2, Pb(OH)2, Na(OH)2, Mn(OH)4.
d) AuOH, FeOH, PbOH, NaOH, MnOH. multimídia: site
e) Au(OH)3, Fe(OH)2, Pb(OH)2, NaOH, Mn(OH)4.
Resolução:
drauziovarella.com.br/noticias/ades-toxicologista-expli-
De modo geral, as bases são formadas por um metal, que ca-efeitos-da-soda-caustica-no-organismo/
constitui o cátion, ligado invariavelmente ao OH-:

18
VIVENCIANDO

O leite de magnésia é um daqueles produtos que não costumam faltar nas prateleiras de muitos lares. Sobre ele é
comum afirmarem que serve para tudo. E é isso mesmo! O leite de magnésia pode ser usado como medicamento,
cosmético e até para melhorar o hálito.
O uso mais comum do leite de magnésia é como laxante e antiácido, uma vez que as suas propriedades básicas são
capazes de provocar uma neutralidade no estômago. Assim, ele é indicado no tratamento de azia e prisão de ventre.
Mas cuidado: o leite de magnésia não deve ser usado por pessoas com problemas renais ou que estejam usando
medicamento à base de poliestireno sulfonato de sódio, ibuprofeno, penicilamina, bifosfonatos, cetoconazol ou tetra-
ciclina. Nesses casos, é necessário procurar um médico para que ele possa indicar qual o melhor tratamento.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A antocianina é a substância presente no extrato de repolho-roxo que o faz mudar de cor em ácidos e bases. Esse in-
dicador está presente na seiva de muitos vegetais, como uvas, jabuticabas, amoras, beterrabas, bem como em folhas
vermelhas e flores de pétalas coloridas, como as flores de azaleia e quaresmeira.
As antocianinas são as responsáveis pela coloração rosa, laranja, vermelha, violeta e azul da maioria das flores.
Um fato interessante é que a cor das pétalas de muitas flores pode variar de acordo com a acidez do solo. Um exemplo
é a hortênsia, que, em solo ácido, produz flores azuis (quanto mais ácido, mais azul-escuro ficará); já em solos básicos,
suas flores são cor-de-rosa.
O tronco e as folhas de certas nogueiras também possuem outro tipo de substância que serve como indicador ácido-base
natural, que é a esculina. Entretanto, para observar a atuação dessa substância como indicador, é preciso iluminar com
uma luz ultravioleta.
Das raízes da planta curcuma-longa (da família do gengibre) pode ser extraído outro tipo de indicador natural, a curcumina.
Até mesmo em insetos é possível encontrar indicadores, como ocorre no caso da cochonilha, produzida por meio dos
corpos secos das fêmeas dos insetos que são conhecidos por esse mesmo nome. Contudo, esse não é o meio mais
indicado de se obter esse indicador, pois são necessários 70 mil insetos para preparar apenas meio quilo de cochonilha.

19
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA
QUÍMICA

PODE SER

INORGÂNICA

SOLÚVEIS COMO

FORTES

POUCO
BASES
SOLÚVEIS

FRACAS
PRATICAMENTE
INSOLÚVEIS SOFREM

HIDROXILA
DISSOCIAÇÃO ORIGINANDO
(OH−)

20
Com efeito, a reação entre um ácido e uma base de Ar-
AULAS 21 e 22 rhenius – denominada reação de neutralização ou de
salificação – forma um sal, além da água:

HCø + NaOH o NaCø + H2O


ÁCIDO BASE SAL ÁGUA

Observe que o sal é formado pelo cátion vindo da base


SAIS e pelo ânion vindo do ácido. O H+ do ácido combina
com o OH- da base formando água.
Existem outros tipos de reações que também formam sais;
eles serão analisados mais adiante.
Do ponto de vista teórico, pode-se dizer que:

COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7
Sais são compostos iônicos que possuem, pelo menos,
12, 17, 18, 24, 25, 26 um cátion diferente de H+ e um ânion diferente de OH-.
HABILIDADES:
e 27
Exemplos:
NaCø oNa+ + Cø-

1. Introdução MgSO4 oMg2+ + SO2-4


Os sais são substâncias muito comuns no dia a dia, ge- KHSO3 oK+ + H+ + SO2-3
ralmente associados a sua coloração branca, como o sal
CaOHCø oCa2+ + OH- + Cø-
de cozinha (cloreto de sódio – NaCø) e o bicarbonato de
sódio (NaHCO3). Contudo, existem sais com outras colora- NaKSO4 oNa+ + K+ + SO2-4
ções, que também são importantes para a sociedade, como
CaCøBr oCa2+ + Cø- + Br-
o sulfato cúprico (CuSO4), que é largamente utilizado no
tratamento de água de piscinas.
2. Reação de neutralização total
Quando todos os H+ do ácido e todos os OH- da base rea-
gem entre si, afirma-se que a reação foi de neutralização
total. O sal formado é denominado sal normal ou neutro.

PERMANGANATO
Exemplos:
SULFATO DE COBRE (II) CLORETO DE NÍQUEL (II)
DE POTÁSSIO
HCø + KOH oKCø + H2O
H2SO4 + Mg(OH)2 oMgSO4 + 2 H2O
2 HNO3 + Sr(OH)2 oSr(NO3)2 + 2 H2O

SULFATO DE
3 H2S + 2 Aø(OH)3 oAø2S3 + 6 H2O
DICROMATO DE POTÁSSIO CARBONATO DE SÓDIO
FERRO (II)
3 NaOH + H3PO4 oNa3PO4 + 3 H2O

Muitos sais são solúveis em água, como o sal comum. To-


davia, existe um grande grupo de sais insolúveis em água. 3. Formulação
Do ponto de vista prático, pode-se dizer que:
cátion Bm+ + ânion An– Ÿ BnAm

Sais são compostos formados juntamente com a água Na+ + Cø– o NaCø
na reação entre um ácido e uma base de Arrhenius. 2 Na+ + SO42– o Na2SO4
Ca2+ + SO42– o CaSO4

21
3.1. Nomenclatura 3.2. Hidrogenossais
Se o cátion possuir uma única valência: Os hidrogenossais são obtidos a partir da reação de neu-
tralização parcial do ácido, quando nem todos os H+
nome do ânion + de + nome do cátion
do ácido são neutralizados. Por isso, apresentam dois cá-
O nome de um sal normal deriva do ácido e da base que tions: um metal e o outro o cátion hidrogênio (H+).
lhe dão origem. Dessa forma, para obter o nome de um
sal, basta alterar a terminação do nome do ácido H2CO3 + 1 NaOH oNaHCO3 + H2O
hidrogenossal
correspondente, de acordo com a tabela a seguir (a no-
menclatura dos ânions foi vista na parte de ácidos): Observe que, na equação acima, se a proporção entre áci-
ácido sal do e base fosse de 1:2, a reação seria de neutralização to-
ídrico o eto tal, pois o H2CO3 possui dois hidrogênios ionizáveis; entre-
tanto, como “faltou” base para neutralizar completamente
oso o ito
o ácido, o sal formado é um hidrogenossal.
ico o ato
A nomenclatura desse sal é semelhante à dos sais normais.
Exemplos: A diferença está no fato de as quantidades de hidrogênios
HCø + LiOH o LiCø + H2O ionizáveis serem indicadas pelos prefixos mono (que pode
ácido hidróxido cloreto ser omitido), di, tri, etc., seguidas da palavra hidrogeno
clorídrico de lítio de lítio no começo do nome do sal ou da palavra ácido logo de-
pois do nome do ânion.
2 HNO2 + Mg(OH)2 o Mg(NO2)2 + 2 H2O
carbonato monossódico ou
ácido hidróxido de nitrito de
nitroso magnésio magnésio NaHCO3 carbonato (mono) ácido de sódio ou
(mono) hidrogenocarbonato de sódio

H2SO4 + Ba(OH)2 o BaSO4 + 2 H2O


sulfato monopotássico ou
ácido hidróxido sulfato
sulfúrico de bário de bário KHSO4 sulfato (mono) ácido de potássio ou
(mono) hidrogenossulfato de potássio
Se o cátion possuir mais de uma valência:
nome do ânion + de + nome do cátion + (valência do cátion) fosfato dissódico ou
Na2HPO4 fosfato (mono) ácido de sódio ou
ou
(mono) hidrogenossulfato de sódio
ico [maior valência]
nome do ânion + de + nome do cátion +
oso [menor valência] fosfato monossódico ou

Exemplos: NaH2PO4 fosfato diácido de sódio ou


diidrogenofosfato de sódio
[cátion ferro (III) ou férrico]
FeCø3 cloreto de ferro (III)
[ânion cloreto] Nota: caso o hidrogenossal seja originário de um ácido
ou cloreto férrico
com dois hidrogênios ionizáveis, o prefixo hidrogeno pode-
[cátion ferro (II) ou ferroso] rá ser substituído por bi:
FeCø2 cloreto de ferro (II)
[ânion cloreto]
ou cloreto ferroso NaHCO3 – bicarbonato de sódio
[cátion estanho (IV) ou estânico] KHSO4 – bissulfato de sódio
SnBr4 brometo de estanho (IV)
[ânion brometo]
ou brometo estânico LiHSO3 – bissulfito de lítio
[cátion estanho (II) ou estanoso]
SnBr2 brometo de estanho (II)
[ânion brometo] 3.3. Hidroxissais
ou brometo estanoso
Os hidroxissais são obtidos a partir da reação de neutra-
[cátion ouro (III) ou áurico]
AuCø3 cloreto de ouro (III) lização parcial da base, quando nem todos os OH- da
[ânion cloreto]
ou cloreto áurico base são neutralizados. Por isso, apresentam dois ânions,
sendo um deles o ânion hidroxila (OH-).
[cátion ouro (I) ou auroso]
AuCø
[ânion cloreto]
cloreto de ouro (I) 1 HCø + Ca (OH)2 o CaOHCø + H2O
ou cloreto auroso hidroxissal

22
Observe que, na equação acima, se a proporção entre ácido ƒ Dizer que um sal é insolúvel quer dizer que sua solu-
e base fosse de 2:1, a reação seria de neutralização total, bilidade em água é mínima, uma vez que nenhuma
pois o HCø possui apenas um hidrogênio ionizável; entre- substância é totalmente insolúvel.
tanto, como “faltou” ácido para neutralizar completamente
a base, o sal formado é um hidroxissal. ƒ Todos os sais de metais alcalinos e amônio [NH4+] são
solúveis.
A nomenclatura segue a mesma regra dos hidrogenossais,
trocando a palavra hidrogeno por hidróxi ou a palavra ƒ Os sais insolúveis sofrem pequena dissociação iônica,
ácido por básico. por isso dão origem às soluções com pequena quanti-
cloreto básico de cálcio ou
dade de íons e são considerados maus eletrólitos.
CaOHCø
(mono) hidróxi-cloreto de cálcio

MgOHBr
brometo básico de magnésio ou 5. Principais sais e
(mono) hidróxi-brometo de magnésio
suas aplicações
nitrato básico de alumínio ou
AøOH(NO3)2
(mono) hidróxi-nitrato de alumínio ƒ Cloreto de sódio (NaCø) – trata-se de um dos mais
importantes e conhecidos sais da química inorgânica.
nitrato dibásico de alumínio ou
Aø(OH)2NO3 Conhecido como sal de cozinha ou simplesmente sal,
di-hidróxi-nitrato de alumínio
apresenta-se, em condições normais, como um sólido
sulfato básico de alumínio ou cristalino branco. Há duas formas de obtenção do sal
AøOHSO4
(mono) hidróxi-sulfato de alumínio de cozinha. Uma delas pelas minas subterrâneas (jazi-
das de sal-gema) e a outra pela evaporação da água do
3.4. Sal hidratado mar (que contém aproximadamente 35 g de sais para
cada litro de água, e a maior parte é NaCø).
No retículo cristalino, os sais hidratados apresentam mo-
léculas de água em proporção definida. Combinada des-
sa maneira, a água é denominada água de cristalização.
Na nomenclatura do sal, a quantidade de moléculas de
água é indicada por prefixos.

Exemplos:
CuSO4 · 5 H2O = [sulfato de cobre (II) penta-hidratado]
CaSO4 · 2 H2O = [sulfato de cálcio di-hidratado]
SALINAS, ONDE É PRODUZIDO O SAL DE COZINHA.

O NaCø é usado principalmente na alimentação ou na


4. Solubilidade dos sais conservação de carnes e pescados. Também está pre-
Trata-se do critério mais importante para a classificação sente na composição do soro fisiológico, em que deve
dos sais. estar na concentração de 0,9% para que apresente
A tabela a seguir indica a solubilidade em água (a 25 ºC e pressão osmótica igual à do sangue. Nos Estados Uni-
1 atm) das substâncias. dos e na Europa, é usado nas rodovias nos períodos de
frio intenso para a remoção da neve.
Ânion do sal Solubilidade Exceções

Nitrato (NO 3-)


Industrialmente, o NaCø é matéria-prima direta para a
Acetato de prata,
Nitrito (NO 2 -) chumbo (II) e mer- produção de gás cloro, o qual é utilizado no tratamento
Solúveis
Cloratos (CøO 3 -) cúrio (I) são par- da água potável, na produção de hidróxido de sódio e
Acetatos (H3C - COO-) cialmente solúveis.
na produção de hipoclorito de sódio, agente alvejante
Cloretos (Cø-) e bactericida. Além disso, o NaCø é utilizado na manu-
Brometos (Br -) Solúveis Ag+, Pb2+, Hg 2+
2 fatura do papel e na produção de sabões e detergentes.
Iodetos (I-)

Sulfatos (SO2-4) Solúveis Ca+2, Sr2+, Ba2+, Pb2+ ƒ Bicarbonato de sódio (NaHCO3) – conhecido como
sal de Vichy, trata-se de um sólido de cor branca, so-
Sulfetos (S2-) Insolúveis Família IA e NH+4
lúvel em água, com um sabor ligeiramente alcalino. A
Outros ânions obtenção do bicarbonato de sódio é de origem princi-
Insolúveis Família IA e NH+4
(CO2-3 , PO3-4, etc.)
palmente sintética por meio do Processo Solvay.

23
Entre as principais aplicações do nitrato de sódio, pode-
-se citar a fabricação de fertilizantes nitrogenados, pro-
dução de explosivos (dinamite e pólvora negra, princi-
palmente), vidros, fogos de artifício, adesivos, aditivos
de pinturas, reativos fotográficos, etc. O nitrato de sódio
também é utilizado como conservante na fabricação de
derivados do leite, enlatados, embutidos e carnes pro-
cessadas. Além de atuar como conservante, serve para
BICARBONATO DE SÓDIO TEM USOS MUITO VARIADOS,
DESDE USOS MEDICINAIS A ALIMENTÍCIOS.
preservar a cor dos produtos.

O bicarbonato de sódio tem usos muito variados, mas ƒ Carbonato de sódio (Na2CO3) – também conheci-
seu uso mais comum é como antiácido estomacal, uma do como soda ou barrilha, trata-se de um sal branco e
vez que é capaz de neutralizar o excesso de ácido do translúcido. É produzido por meio do Processo Solvay,
suco gástrico; também é usado como fermento quími- utilizando sal marinho (NaCø), CaCO3, NH3 e coque.
co, pela liberação de gás carbônico, e na preparação de Sua principal aplicação é na produção do vidro comum,
pastas de dentes e agentes de limpeza dentária. especialmente aqueles utilizados em embalagens. Tam-
Outros usos desse composto são: como reagente de bém é utilizado na fabricação de sabões, detergentes,
laboratório, na eletrodeposição de ouro e platina, nos corantes, papéis, medicamentos e no tratamento da
curtumes, no tratamento de lã e seda, na nutrição de água de piscina.
animais, na cerâmica, na preservação de manteiga e de ƒ Carbonato de cálcio (CaCO3) – em seu estado puro,
madeiras, como componente de talcos desodorantes, na o carbonato de cálcio é um composto sólido, tem forma
fabricação de extintores de incêndio de espuma (extintor de pó fino e cristalino, de cor branca, é inodoro, está-
de pó químico), etc. vel, não inflamável, não corrosivo, não bioacumulativo,
ƒ Nitrato de sódio (NaNO3) – também conhecido atóxico e se decompõe a uma temperatura de 470 °C.
com salitre do Chile, o nitrato de sódio é um sal Possui características alcalinas e é resultado da reação
inorgânico que, em condições ambientes, tem forma do CaO (cal virgem) com CO2. Na natureza, o carbo-
nato de cálcio pode ser encontrado nos minerais e na
de pó ou cristais, é inodoro, incolor ou de cor branca e
forma cristalina: aragonita e calcita.
solúvel em água. Em geral, é encontrado na natureza.
Os territórios do Chile e do Peru possuem as principais
reservas naturais do nitrato de sódio. Esse sal pode ser
obtido artificialmente a partir da amônia ou da reação
de ácido nítrico com hidróxido de sódio ou carbonato
de sódio.
CARBONATO DE CÁLCIO É O PRINCIPAL CONSTITUINTE DAS CONCHAS.
O carbonato de cálcio é encontrado no mármore, no calcá-
rio, na casca do ovo e no esqueleto de conchas e corais. É
também formador das estalactites e estalagmites de caver-
nas calcárias. Utiliza-se o carbonato de cálcio na correção
da acidez de solos (calagem), na fabricação de vidro (assim
como os carbonatos em geral), cimento, aço, cremes den-
NITRATO DE SÓDIO É USADO PARA FABRICAR A PÓLVORA NEGRA.
tais, medicamentos, etc.

Aplicação do conteúdo
1. (UPE) O “celobar”, medicamento à base de sulfato de
bário, provocou, este ano, mais de duas dezenas de mortes,
pois constatou-se a presença de impurezas em quantida-
multimídia: vídeo des incompatíveis com a vida humana em sua composição.
Em relação ao sulfato de bário, pode-se afirmar que é:
FONTE: YOUTUBE
a) usado como antigripal, pois age eficientemente ini-
Reações de precipitação e íons espectadores bindo a oxigenação das células e, consequentemente,
extinguindo os vírus da gripe;

24
b) usado como laxante intestinal, por se tratar de um Resolução:
sal perfeitamente solúvel em água;
Na2B4O7 · 10 H2O – Sal hidratado, pois possui água
c) usado como contraste, quando se pretende submeter
de hidratação na sua molécula.
pacientes à radiografia do aparelho digestivo;
Mg(OH)Cø – Sal básico, pois possui hidroxila como
d) um poderoso diurético, por se tratar de um sal hidra-
um dos ânions (fora o cloreto).
tado que tem ação direta sobre os rins, hidratando-os;
NaKSO4 – Sal duplo, pois possui dois cátions e um
e) usado no combate à azia, pois, sendo um sal de
único ânion.
hidrólise alcalina, neutraliza a acidez estomacal.
NaHCO3 – Sal ácido, pois possui cátion hidrogênio
Resolução: como um dos cátions (fora o sódio).
O sulfato de bário (BaSO4) é um sal insolúvel, usado como Alternativa D
contraste no raio X do aparelho digestivo, devido a sua
4. Na reação de neutralização total do ácido sulfídrico
opacidade. Além disso, o sulfato de bário não reage com com o hidróxido de potássio, há formação de sal e água. A
o ácido do estômago, ou seja, não libera íons Ba2+, que é fórmula e o nome correto desse sal são, respectivamente:
tóxico para o ser humano. a) K2SO4 e sulfato de potássio.
Alternativa C b) K2SO3 e sulfito de potássio.
c) KS e sulfeto de potássio.
2. As fórmulas do carbonato de sódio e do nitrato de
amônio são, respectivamente, Na2CO3 e NH4NO3. Sendo d) K2S e sulfato de potássio.
assim, a fórmula do carbonato de amônio é: e) K2S e sulfeto de potássio.
a) (NH3)HCO3. d) (NH4)HCO3. Resolução:
b) (NH3)2CO3. e) (NH4)2CO3.
c) NH4CO3. Realizando a neutralização total do ácido com a base, tem-se:
Resolução: H2S + 2 KOH o K2S + 2 H2O
ácido hidróxido de sulfeto de
Dissociando os dois compostos citados acima, tem-se: sulfídrico potássio potássio
Na2CO3 o 2 Na+ + CO32-
carbonato de sódio sódio carbonato Assim, a fórmula do sal formado é K2S e o seu nome é
sulfeto de potássio.
NH4NO3 o NH+ 4 + NO3-
Alternativa E
nitrato de amônio amônio nitrato
Juntando os íons amônio e carbonato, tem-se:
2 NH+4 + CO2-3 o (NH4)2CO3
amônio carbonato carbonato de amônio
Alternativa E

3. Associe corretamente, de cima para baixo, os itens


a seguir.
multimídia: site
Sal Classificação
Na2B4O7 ∙ 10 H2O ( ) sal básico
nerdaquimica.webs.com/apps/blog/show/8026452-
Mg(OH)Cø ( ) sal duplo
efeitos-toxicos-de-alguns-elementos
NaKSO4 ( ) sal ácido
sites.google.com/site/litiotmffup/toxicidade
NaHCO3 ( ) sal hidratado

A associação correta está na alternativa:


a) I, III, IV, II.
b) II, IV, III, I.
c) I, II, III, IV.
d) II, III, IV, I.
e) II, III, I, IV.

25
VIVENCIANDO
O sulfato de bário é um agente radiopaco, isto é, é capaz de barrar os raios X. Apesar da grande toxicidade do íon
Ba2+, ele pode ser ingerido sem risco de ser absorvido, pois o sal em questão é muito pouco solúvel. Devido a essas
propriedades, o sulfato de bário é utilizado mundialmente como contraste nos exames radiológicos. A sua produção
pode ser realizada a partir da reação entre carbonato de bário e ácido sulfúrico. Contudo, o produto ainda pode
conter carbonato de bário que não reagiu, e, como o carbonato é solúvel, a sua ingestão pode causar a morte por
causa da absorção dos íons bário no corpo.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O carbonato de cálcio é um sal inorgânico, sólido e branco, cuja fórmula molecular é CaCO3(s). Esse sal é muito
comum na natureza, sendo encontrado em diversos lugares, como nas conchas, nos recifes de corais, nas cascas de
ovos, nas carapaças de seres marinhos, no calcário e no mármore.
Além disso, o carbonato de cálcio também está presente nas estalactites e estalagmites. O carbonato de cálcio é
insolúvel em água, mas é solúvel em água com gás carbônico (CO2(g)). Por causa das grandes pressões, a água subter-
rânea contém uma grande quantidade de gás carbônico. Assim, quando essas águas passam por solos que contêm
calcário, há a seguinte dissolução com formação de cavernas:
CaCO3(s) + H2O(ℓ) + CO2(g) o Ca2+(aq) + 2 HCO-3 (aq)
A disposição lenta e contínua de gotas dessa mistura dos tetos das cavernas vai escorrendo e, com o tempo, o gás
carbônico pode desprender-se, voltando a precipitar-se como carbonato de cálcio e formando as estalactites nos
tetos das cavernas. Isso é demonstrado pela reação:
Ca2+(aq) + 2 HCO-3(aq) o CaCO3(s) + CO2(g) + H2O(ℓ)
Além disso, outras gotas de carbonato dissolvido depositam-se no solo da caverna, a água evapora e há liberação de
gás carbônico, formando as estalagmites.

26
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA
PODE SER INORGÂNICA
QUÍMICA

COMO
ÂNION
DERIVADO
SOLÚVEIS
DO ÁCIDO
PODEM
SOFREM SAIS
SER
CÁTION INSOLÚVEIS
DERIVADO
DA BASE PRODUZIDOS NA

DISSOCIAÇÃO NEUTRALIZAÇÃO
LIBERANDO
IÔNICA ÁCIDO-BASE

27
Qual a causa dessa diferença? De acordo com Arrhenius, as
AULAS 23 e 24 moléculas do açúcar, que antes estavam agrupadas, foram
separadas quando dissolvidas na água. Assim, como as
moléculas não contêm carga, não sentem o efeito do cam-
po elétrico; por isso, essa solução não conduz corrente elé-
trica. As soluções que não conduzem corrente elétrica são
denominadas soluções não eletrolíticas, e o composto
(nesse caso o açúcar) é denominado não eletrólito.
ELETRÓLITOS
Por outro lado, o sal (e demais eletrólitos), quando dissol-
vido na água, divide-se em partículas carregadas eletrica-
mente (íons). Os íons positivos (cátions) são atraídos pelo
polo negativo, e os íons negativos (ânions) são atraídos
pelo polo positivo; devido à presença desses íons, a cor-
COMPETÊNCIAS:
rente elétrica flui pela solução e, como o circuito elétrico
3, 5 e 7
não é interrompido, a lâmpada se acende. As soluções que
12, 17, 18, 24, 25, 26 conduzem corrente elétrica são denominadas soluções
HABILIDADES:
e 27 eletrolíticas, e o composto (nesse caso o NaCø) é deno-
minado eletrólito.
Pólo Pólo

Cl - Na+
Cl - Na+

1. Introdução Água Na+

Cl -
Cl -

Na+

Em química, o grupo de algumas substâncias compostas Cl - Na+

que possuem propriedades químicas parecidas recebe


NO ESTADO SÓLIDO, OS EM SOLUÇÃO, OS ÍONS DEVIDO AO MOVIMENTO
o nome de função química. Por exemplo, quando certo ÍONS ESTÃO "PRESOS" ESTÃO "LIVRES" E DOS ÍONS EM DIREÇÃO
composto possui características como acidez, basicidade e NA ESTRUTURA PODEM SE AOS POLOS DE CARGA
CRISTALINA. MOVIMENTAR. ELÉTRICA OPOSTA, HÁ
solubilidade em água, afirma-se que ele pertence a deter-
PASSAGEM DE
minada função química. As funções químicas inorgânicas CORRENTE ELÉTRICA.
dividem-se em quatro tipos: ácido, base, óxido e sal. O
critério de classificação dessas funções é o tipo de íons que Entretanto, somente o fato de haver íons não significa que
se formam quando ela é dissolvida em água. haverá condução de corrente elétrica; é necessário que
Antes da análise das funções químicas inorgânicas, é pre- existam elétrons livres (ex.: ligação metálica) ou íons livres.
ciso entender a chamada teoria da dissociação iônica, Usando sal de cozinha (NaCø) no estado sólido, verifica-se
proposta pelo sueco Svante Arrhenius (1859-1927), pois que a lâmpada não acende, pois os íons estão presos em
ela é a base da classificação das funções inorgânicas. sua estrutura cristalina e fortemente unidos pela ligação
estabelecida. Se o sal for aquecido até a fusão (801 °C),
No final do século XIX, Arrhenius verificou que algumas essas ligações vão se enfraquecer, e, quando estiverem no
soluções aquosas conduziam corrente elétrica, enquanto
estado líquido (fundido), os íons vão se “libertar” um dos
outras não, como é possível observar na figura a seguir:
outros, ficando livres e, consequentemente, conduzindo a
corrente elétrica.

A lâmpada da solução de água e sacarose (esquerda) não


acende, indicando a ausência de corrente elétrica; e a
lâmpada da solução de água e sal (direita) acende, indi-
cando a passagem de corrente elétrica. NaCø SÓLIDO NÃO CONDUZ CORRENTE ELÉTRICA.

28
ƒ Quando um composto iônico é dissolvido em água, ele
apenas provoca a separação dos íons existentes.
Por exemplo, quando o sal de cozinha (NaCø) é jogado
na água, os íons (Na+ e Cℓ-) que já estavam presentes
no estado natural do sal são separados:

Essa separação de íons é denominada dissociação iô-


nica ou dissociação eletrolítica.
NaCø FUNDIDO CONDUZ CORRENTE ELÉTRICA.
ƒ Quando compostos como ácido clorídrico (HCℓ) são
O mesmo vale para metais: eles conduzem tanto no estado adicionados à água, a própria molécula de água que-
sólido (devido ao mar de elétrons) como no estado líquido. bra as moléculas de HCø e provoca a formação
dos íons H+ e Cø-.
Conduzem corrente:
ƒ ácidos em solução aquosa;
ou
ƒ compostos iônicos em solução aquosa ou fundida;
ƒ metais no estado sólido ou líquido. Essa formação de íons é denominada ionização.
Nesse caso, o composto em questão (HCℓ) não possui e não
Não conduzem corrente: é formado por íons, isto é, o composto é molecular. Ao ser
ƒ gases em condições ambientes; dissolvido em água, os átomos são “separados” devido à di-
ferença de polaridade na molécula (nesse caso, o hidrogênio
ƒ compostos iônicos no estado sólido;
está com G+ e cloro com G-), ou seja, a água é somente um
ƒ água pura e ácidos puros; “estopim” para formar os íons. Assim, mesmo o composto
ƒ demais substâncias covalentes. sendo molecular, formam-se íons em meio aquoso.
Contudo, nem todo composto molecular sofre ionização.
Por exemplo, o açúcar (C12H22O11) é molecular; porém,
2. Dissociação e ionização quando colocado em água, não se formam íons; o açúcar é
É importante registrar que os não eletrólitos são sem- apenas dissolvido originando uma solução molecular não
pre substâncias moleculares (como é o caso do açú- eletrolítica, isto é, que não conduz eletricidade.
car). Por outro lado, os eletrólitos podem ser substâncias compostos iônicos + água = dissociação iônica

iônicas ou moleculares. compostos moleculares + água = ionização

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O suor é um líquido produzido pelas glândulas sudoríparas que se localizam na derme. No corpo humano, há cerca
de dois milhões de glândulas sudoríparas distribuídas em todas as regiões, exceto nos mamilos, lábios e órgãos ge-
nitais, sendo que a maior parte delas se localiza no rosto, palma das mãos e planta dos pés. A glândula sudorípara
possui uma região espiralada, onde o suor é produzido; um longo ducto liga a glândula à abertura ou ao poro, na
superfície da pele. As células nervosas do sistema nervoso simpático se conectam às glândulas sudoríparas, que são
classificadas como glândulas écrinas e glândulas apócrinas.
O suor é composto principalmente de água, mas é possível encontrar outras substâncias retiradas do sangue pelas
glândulas sudoríparas, como ureia, ácido úrico e cloreto de sódio. Alguns alimentos e medicamentos, como alho,
cebola, antibióticos, vitaminas e algumas toxinas podem ser eliminados pelo suor. O suor é um eletrólito por conta
dos sais presentes nele.

29
O grau de ionização varia entre 0 e 1 (ou de 0% a 100%).
3. Solvatação Quando Dtem valor próximo de zero, significa que a subs-
O mecanismo de dissolução em que cátions e ânions ficam tância está pouco ionizada, sendo chamado de eletrólito
envoltos por moléculas de solvente é denominado solva- fraco. Quando Dse aproxima de 1, a substância está bas-
tação. Esse fenômeno ocorre quando um composto iônico tante ionizada, sendo chamada de eletrólito forte.
(ex.: NaCø) ou polar (ex.: HCø) é dissolvido num composto
O grau de ionização é útil principalmente para determinar
polar sem que haja a formação de uma nova substância.
a força dos ácidos (embora possa ser usado para outros
Por exemplo, quando o sal de cozinha (NaCø) é adiciona- tipos de substâncias) baseando-se no seu grau de ioniza-
do à água, os íons Na+ tendem a ser atraídos pela região ção: quanto mais forte for o ácido, maior será o seu grau
eletricamente negativa de moléculas de água que estão de ionização (D), sendo um eletrólito forte e vice-versa.
ao redor dos íons; ao mesmo tempo, os íons Cø- são atraí-
dos pela região eletricamente positiva de outras moléculas
de água. Por meio dessa atração, a água gradativamente Aplicação do conteúdo
desfaz o reticulado do cloreto de sódio, e os íons Na+ e 1. (Unicamp) Água pura é um mau condutor de corrente
Cø- são envolvidos por várias moléculas de água, sendo, elétrica. O ácido sulfúrico, H2SO4, também é mau con-
assim, dissolvidos. dutor. Explique o fato de uma solução diluída de ácido
Moléculas de água Íon cloreto [Cø-] sulfúrico H2SO4 (aq), em água, ser boa condutora de cor-
rente elétrica.

Resolução:
Íon sódio[Na+]

Ânion (-) atrai


A água e o ácido sulfúrico, quando puros, não conduzem
polo + da água
a corrente elétrica porque são substâncias moleculares
(logo, não possuem íons livres). Quando o ácido é mis-
turado à água, provoca-se a ionização do ácido sulfúrico
Cátion (+) atrai (H2SO4 o 2 H+ + SO2-4 ) e, devido à presença de íons livres,
polo - da água
NaCø não dissolvido a solução passa a conduzir a corrente elétrica.

SOLVATAÇÃO DO NaCø EM ÁGUA 2. Duas substâncias que, em solução aquosa, apresen-


tam íons são:
a) cloreto de sódio (NaCø) e álcool etílico (C2H6O);
b) sacarose (C12H22O11) e álcool etílico (C2H6O);
c) sacarose (C12H22O11) e ácido sulfúrico (H2SO4);
d) ácido sulfúrico (H2SO4) e cloreto de sódio (NaCø);
e) sacarose (C12H22O11) e cloreto de sódio (NaCø).

CÁTION NA+ SOLVATADO PELA ÁGUA ÂNION C -


SOLVATADO PELA ÁGUA Resolução:
Cloreto de sódio (NaCø) – composto iônico, ou seja, libera
4. Grau de ionização íons em meio aquoso.

O grau de ionização, representado pela letra D (alfa), é defi- Álcool etílico (C2H6O) – composto molecular que somente
nido como a razão entre o número de moléculas ionizadas se dissolve na água, sem formação de íons.
(ou dissociadas) e o número total de moléculas dissolvidas. Sacarose (C12H22O11) – composto molecular que somente
número de partículas ionizadas (ou dissociadas) se dissolve na água, sem formação de íons.
D = ____________________________________
número de partículas dissolvidas
Ácido sulfúrico (H2SO4) – ácidos em meio aquoso apresen-
Usando como exemplos os ácidos HCø, HF e HCN: tam íons, pois sofrem ionização na água.
92 = 0,92 ou 92%
ƒ Para HCø: D = ___
100 Assim, as substâncias que apresentam íons em meio aquo-
8 = 0,08 ou 8%
ƒ Para HF: D = ___ so são cloreto de sódio (NaCø) e ácido sulfúrico (H2SO4).
100
0,00008 Alternativa D
ƒ Para HCN: D = _______ = 0,0000008 ou 0,00008%
100
Nota: os valores dos D para ácidos são tabelados, não 3. Qual dos itens a seguir representa o eletrólito mais
sendo necessário decorá-los. forte?

30
a) D = 40%. 4. O fato de uma solução permitir a passagem da cor-
b) D = 0,85%. rente elétrica nos permite concluir que o soluto:
c) Tem 40 moléculas dissociadas em cada 200 molé- a) também conduz a corrente elétrica quando puro;
culas totais. b) tem todas as suas moléculas ionizadas;
d) 3/4 de moléculas estão dissociadas. c) é iônico;
e) Metade das moléculas se dissociaram. d) é molecular;
Resolução: e) pode ser iônico ou molecular.
número de partículas ionizadas (ou dissociadas) Resolução:
Lembrando que D = ____________________________________ ,
número de partículas dissolvidas
a) Falso, porque a água pura não conduz corrente elé-
temos que os itens a) e b) já dão os valores de D em porcentagem. trica devido à ausência de íons livres.
Calculando no item c), tem-se D = ___ 40 = 0,2 = 20% b) Não necessariamente, pois, mesmo tendo poucas
200 moléculas ionizadas, permite a passagem da corrente
Para item d), __3 das moléculas estão dissociadas, elétrica. Portanto, falso.
4
c) Falso; pode ser um composto iônico, mas pode ser
logo D = __3 = 0,75 = 75%
4 também um ácido, que é um composto molecular.
No item e), metade das moléculas estão dissociadas, logo d) Falso; pelo mesmo motivo do item c), pode ser um
D= __1 = 0,5 = 50% ácido (molecular), mas pode ser um composto iônico.
2 e) Verdadeiro, pois pode ser um composto iônico ou
Quanto mais perto de 1 (ou 100%) é o valor do D, mais forte um ácido (molecular).
é o eletrólito. A alternativa que tem o maior valor de D é o
item d) (75%). Alternativa E

Alternativa D

VIVENCIANDO

Os eletrólitos são essenciais às várias funções corporais, e um desequilíbrio de eletrólitos pode ser perigoso e causar
risco de vida. O balanço de níveis de eletrólitos é mantido com cuidado no corpo e pode ser verificado pelo sangue
ou pela urina como uma medida da saúde. Esse balanço complexo e sutil precisa ser mantido entre os ambientes
intracelulares e extracelulares. Em particular, a inclinação osmótica dos eletrólitos deve ser mantida a fim de assegurar
um pH saudável do sangue e um nível adequado de hidratação, fatores essenciais para a função apropriada dos
músculos e dos nervos. Existem diversos mecanismos para ajudar a regular a concentração de eletrólitos no corpo.
Os músculos e os nervos são estimulados pela atividade dos eletrólitos no líquido intracelular, extracelular e in-
tersticial. Os canais do íon existem na superfície da membrana de pilha para transportar eletrólitos. Por exemplo, a
contração dos músculos depende da presença de potássio e dos íons do cálcio e do sódio; níveis insuficientes desses
íons podem causar fraqueza ou espasmos dos músculos.
Se um desequilíbrio de eletrólitos foi causado pela perda de eletrólitos por diarreia ou vômito, uma solução oral do
rehydration (ORS) que contenha eletrólitos e líquidos pode ser usada para reabastecer o corpo. Em casos severos
de perda de eletrólitos, uma rota da administração intravenosa pode ser necessária. Um desequilíbrio severo de
eletrólitos pode causar complicações neurológicas e cardíacas e, caso não seja tratado imediatamente, pode ser fatal.

31
DIAGRAMA DE IDEIAS

USUALMENTE
MISTURA NÃO CONDUZ
É
SÓLIDA E CORRENTE
ELÉTRICA
QUANDO
PODE SER
PURA SE LÍQUIDA

IÔNICA
SOLUÇÃO DISSOCIAÇÃO CONDUZ
EM SOFRE
AQUOSA IÔNICA CORRENTE
EM QUE HÁ ELÉTRICA
LIGAÇÃO
IÔNICA

QUANDO PURA
NÃO CONDUZ
MOLECULAR NÃO SOFREU
CORRENTE
IÔNIZAÇÃO
SOLUÇÃO ELÉTRICA
EM
AQUOSA CONDUZ
EM QUE HÁ SOFREU
CORRENTE
IÔNIZAÇÃO
LIGAÇÃO ELÉTRICA
COVALENTE

CONDUZ
SUBSTÂNCIA
SE PURA CORRENTE
METÁLICA
ELÉTRICA

EM QUE HÁ

LIGAÇÃO
METÁLICA

32
Na qual E é um metal: famílias 1A (grupo 1), 2A (grupo 2),
AULAS 25 e 26 3A (grupo 13) e B (grupos 2 a 12).
Exemplos:
Na1+ O2– Ÿ Na2O1 Ÿ Na2O
Ca2+ O2– Ÿ Ca2O2 Ÿ CaO (simplificam-se os índices 2 : 2
œ 1 : 1)

ÓXIDOS IÔNICOS Aℓ3+ O2– Ÿ Aℓ2O3


Pb4+ O2– Ÿ Pb2O4 Ÿ PbO2 (simplificam-se os índices 2 : 4
œ 1 : 2)

2.2. Nomenclatura
COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7 óxido de + nome do elemento E

HABILIDADES:
12, 17, 18, 24, 25, 26
Exemplos:
e 27
Na2O CaO Aℓ2O3 ZnO
óxido de óxido de óxido de óxido de
sódio cálcio alumínio zinco

1. Óxidos
Se o metal formar cátions com cargas diferentes, é possível
Os óxidos são compostos binários (formados por dois ele- que seja formado mais de um óxido. Nesse caso, deve-se
mentos químicos) nos quais o oxigênio é o elemento mais indicar a carga do metal em numeral romano:
eletronegativo.
Exemplos: 1+ Ÿ I 2+ Ÿ II 3+ Ÿ III 4+ Ÿ IV

Na2O, CaO, Aℓ2O3, H2O, CO, CO2, SO3, N2O5. Exemplos:


Fe2+ O2– Ÿ FeO (Fe3+)2 (O2–)3 Ÿ Fe2O3
1.1. Fórmula geral ÓXIDO DE FERRO (II) ÓXIDO DE FERRO (III)
Pb O Ÿ PbO
2+ 2–
Pb O Ÿ PbO2
4+ 2–

ÓXIDO DE CHUMBO (II) ÓXIDO DE CHUMBO (IV)


ExOy

Na qual E é um elemento da tabela periódica, exceto o flúor 3. Caráter ácido-base


(forma compostos denominados fluoretos de oxigênio, OF2,
O2F2) e os gases nobres (não costumam formar compostos). dos óxidos iônicos
Dependendo do metal que está ligado ao oxigênio, os
óxidos iônicos podem apresentar propriedades variadas:
2. Óxidos iônicos podem ser básicos (maioria), ácidos, anfóteros ou mistos
Os óxidos iônicos são formados por metais (formam cá- (duplos ou salinos).
tions) e oxigênio (forma ânion). 1. Óxidos básicos: reagem com água, formando sua res-
pectiva base (hidróxido), ou reagem com ácidos, formando
2.1. Fórmula geral sal e água. Ocorrem quando o oxigênio está ligado aos
Nos óxidos iônicos, a carga do oxigênio é –2 e é denomi- metais da família 1A, 2A e alguns metais de transição. São
nada ânion óxido, O2–. denominados óxidos básicos ou alcalinos devido à sua pro-
priedade alcalina, similar à base.
Assim, pela regra da formação de compostos iônicos:
Exemplos:
Ey+ O2– Ÿ ( Ey+ )2 ( O2– )y (composto iônico) Ÿ
Na2O + H2O o 2 NaOH
E2Oy óxido de hidróxido
sódio de sódio

33
MgO + H2O o Mg(OH)2 4. Óxidos mistos (duplos ou salinos): são formados por
óxido de hidróxido de
dois óxidos diferentes a partir de um metal que apresenta a
magnésio magnésiO capacidade de formar dois ou mais cátions. São formados
K2O + 2 HC, o 2 KC, + H2O por dois óxidos diferentes do mesmo elemento e formam
óxido de ácido cloreto de sais inorgânicos. Em relação à reatividade, os óxidos duplos
potássio clorídrico potássio só formam sais quando reagem com ácidos ou bases. Sem-
Fe2O3 + 3 H2SO4 o Fe2(SO4)3 + 3 H2O pre que esses óxidos reagem com ácido ou base, eles for-
óxido de ácido sulfato de mam dois sais e molécula de água como produtos.
ferro (III) sulfúrico ferro (III)
Exemplos:
2. Óxidos ácidos: reagem com água, formando seu res- ƒ Tetróxido de triferro (Fe3O4) - formados por dois óxi-
pectivo ácido, ou reagem com bases, formando sal e água. dos: FeO + Fe2O3
Ocorrem quando o metal ligado ao oxigênio possui um nú-
mero de oxidação (Nox) elevado. Alguns exemplos são trió- ƒ Tetróxido de trichumbo (Pb3O4) - formados por três
xido de cromo (CrO3) e heptóxido de dimanganês (Mn2O7). óxidos: 2 PbO + PbO2

Exemplos: Reação:

CrO3 + H2O o H2CrO4


Fe3O4 + 4 H2SO4 o FeSO4 + Fe2(SO4)3 + 4 H2O
óxido de
ácido crômicO
cromo (III)
Mn2O7 + H2O o 2 HMnO4
óxido de ácido
maganês (VII) permangânico
CrO3 + 2 KOH o K2CrO4 + H2O
óxido de hidróxido de cromato de
cromo (III) potássio potássio multimídia: vídeo
Mn2O7 + 2 NaOH o 2 NaMnO4 + H2O
FONTE: YOUTUBE
óxido de hidróxido permanganato
manganês (VII) de sódio de sódio Laboratório química

3. Óxidos anfóteros: os óxidos anfóteros se comportam


tanto como óxido básico quanto como óxido ácido, apre-
sentando um caráter intermediário entre os dois óxidos.
4. Aplicações de alguns
Em geral, são insolúveis em água, mas reagem tanto com óxidos iônicos
ácidos fortes como com bases fortes, formando sal e água.
Os exemplos mais importantes de óxidos anfóteros são ƒ Óxido de sódio (Na2O): óxido de coloração branca,
óxido de alumínio (A,2O3), óxido de zinco (ZnO) e óxido de muito utilizado na produção de vidros e cerâmicas. É
chumbo (II) (PbO). utilizado como precursor do hidróxido de sódio (NaOH)
Exemplos: por meio da reação de hidratação.

A,2O3 + 6 HC, o 2A ,C,3 + 3 H2O ƒ Óxido de potássio (K2O): é normalmente encon-


cloreto de
trado em cinzas de plantas e madeiras. Ao reagir com
óxido básico Ácido forte água, ele forma a base hidróxido de potássio (KOH),
alumínio

o
utilizada na fabricação de sabões. Antigamente, em
A,2O3 + 2 KOH 2 KAIO2 + H2O
locais onde não havia o NaOH, usavam-se cinzas ve-
aluminato getais, que continham K2O, para reagir com gorduras e
óxido ácido Base forte
de potássio
produzir o chamado “sabão de cinza”.
ZnO + H2SO4 o ZnSO4 + H2O
sulfato de ƒ Óxido de cálcio (CaO): esse composto é conhecido
óxido básico ácido forte
zinCO como cal viva ou cal virgem. Ao reagir com a água,
ZnO + 2 NaOH o Na2ZnO2 + H2O forma-se o hidróxido de cálcio (cal hidratada, apaga-
da ou extinta), que é usado para pintar paredes, tron-
zincato de cos de árvores e outros materiais para repelir insetos,
óxido ácido base forte
sódio
preservar a vedação e evitar a infiltração de água. A

34
pintura com cal é denominada pintura de caiação
ou simplesmente caiação.

ƒ Óxido de ferro (III) (Fe2O3): é um óxido de cor ala-


ranjado-avermelhada, componente da ferrugem. É
o principal constituinte da hematita, seu minério de
ferro. É utilizado nas indústrias de ferro, usado como
pigmento de coloração vermelha, em gravações mag-
néticas (devido a suas propriedades magnéticas), como
catalisador, etc.
CAIAÇÃO NA SUPERFÍCIE FERRUGEM EM UMA SUPERFÍCIE DE METAL
ƒ Óxido de alumínio (A,2O3): conhecido como alu- DA ÁRVORE

mina, o óxido de alumínio é o principal componente


da bauxita, o principal minério de alumínio. É utilizado
principalmente na produção do metal alumínio. Tam-
bém é usado na cerâmica (como ferramenta de molda-
gem resistente ao desgaste), nos ladrilhos (para prote-
ção antidesgaste), em balística, etc. As pedras preciosas
rubi e safira possuem traços de óxido de alumínio, que
que dá a elas as cores características.
multimídia: site
ƒ Óxido de zinco (ZnO): composto químico de cor bran-
ca, pouco solúvel em água, porém muito solúvel em áci-
mundoestranho.abril.com.br/ciencia/como-se-formou-
dos. É utilizado como inibidor do crescimento de fungos
a-areia-da-praia/
em pinturas e como pomada antisséptica na medicina. O
óxido de zinco é conhecido como alvaiade de zinco,
sendo usado na pintura do rosto dos palhaços de circo. É
também um ótimo protetor solar.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Os óxidos básicos são formados por metais com números de oxidação baixos (+1, +2 ou +3), elementos com alta
eletropositividade, e são sólidos iônicos com pontos de fusão e ebulição elevados.
Além disso, os óxidos básicos também podem reagir com óxidos ácidos, produzindo um sal, como no exemplo a seguir:

1 CO2(g) + 1 CaO(aq) o 1 CaCO3(ppt)


DIÓXIDO DE CARBONO ÓXIDO DE CÁLCIO CARBONATO DE CÁLCIO

Um exemplo importante de óxido básico é o óxido de potássio (K2O), encontrado na cinza da madeira e do cigarro.
Quando esse composto entra em contato com a água, ele produz o KOH. É por isso que, antigamente, em locais
onde não havia hidróxido de sódio (NaOH) para produzir sabão, utilizavam-se cinzas de madeira para reagir com a
gordura, pois o KOH o substituía. Esse sabão era conhecido como “sabão de cinza”.

35
VIVENCIANDO

O peróxido de lítio é utilizado em purificadores de ar e em meios de regeneração para sistemas de suporte de vida
em naves espaciais e submarinos, pois absorve dióxido de carbono e libera oxigênio na reação:
2 Li2O2 + 2 CO2 o 2 Li2CO3 + O2
Nessa reação, um grama de peróxido de lítio absorve 490 mL de dióxido de carbono e libera aproximadamente 240
mL de oxigênio livre, resultando em carbonato de lítio como resíduo sólido.

DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA PODE SER INORGÂNICA


QUÍMICA

COMO

ÓXIDOS
AO REAGIR COM
IÔNICOS

ÁCIDOS OU
ÁGUA
BASES

FORMAM FORMAM FORMADO POR

ÁCIDOS OU
SAL + ÁGUA METAL
BASES

OXIGÊNIO

36
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

O assunto principal são as funções orgânicas, O principal assunto abordado é o das


sendo cobradas de modo que é necessário funções orgânicas, sendo importante
saber reconhecer as diferentes funções, suas entender todas as propriedades envolvidas
propriedades e usos no dia a dia. e a utilização das diversas substâncias com
suas diferentes funções orgânicas.

Com foco nas funções orgânicas, é importante en- O assunto principal são as funções orgâni- O principal assunto abordado é o das funções
tender as diferentes propriedades que cada função cas, sendo importante saber diferenciá-las, orgânicas, sendo importante entender todas
possui, assim como diversos usos de determinadas assim como entender suas diferentes as propriedades envolvidas e a utilização
substâncias. propriedades e usos. das diversas substâncias com suas diferentes
funções orgânicas.

As funções orgânicas são cobradas de modo O assunto mais recorrente são as funções O assunto principal são as funções O assunto principal são as funções orgânicas,
que é necessário saber suas diferenças, orgânicas, sendo necessário entender suas orgânicas, sendo importante saber suas sendo essencial saber as diferenças de estrutu-
diferentes propriedades e utilidades. diferenças, assim como suas propriedades diferenças e entender suas propriedades, ras, propriedades e usos.
distintas. assim como seu uso.

UFMG

O assunto principal são as funções orgânicas, O assunto mais recorrente são as funções O assunto mais recorrente são as funções
sendo cobradas de modo que é necessário orgânicas, sendo necessário entender suas orgânicas, sendo necessário entender suas di-
saber suas diferenças, suas diferentes proprie- diferenças nas estruturas, nas propriedades ferentes estruturas, assim como suas distintas
dades e utilidades. e nos seus usos. propriedades.

O assunto mais recorrente são as funções Com foco nas funções orgânicas, é importante O tema mais cobrado é a orgânica, portanto,
orgânicas, sendo essencial saber diferenciá-las entender as diferentes propriedades que cada entender suas propriedades e seus usos é
e entender suas diferentes propriedades. função possui, assim como diversos usos de importante para as diferentes funções.
determinadas substâncias.
QUÍMICA ORGÂNICA
AULAS 17 e 18 2. Nomenclatura
oficial dos álcoois
A cadeia carbônica é nomeada de maneira análoga à no-
menclatura dos hidrocarbonetos, aos quais acrescenta-se o
sufixo -ol.
FUNÇÕES ORGÂNICAS: Exemplos:
ÁLCOOIS, FENÓIS CH3 – OH

E ÉTERES N.o de átomos Ligação Função Nome

1 C Ÿ MET simples Ÿ AN álcool Ÿ OL metanol

Nota: não é necessário indicar a posição do grupo –OH, uma


COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7 vez que ele está localizado necessariamente no carbono 1.
O nome usual do metanol é álcool metílico, também conhe-
HABILIDADES:
17, 19, 23, 24, 25, 26 cido como álcool da madeira. Trata-se de um álcool bastante
e 27 tóxico, que pode causar cegueira permanente caso seja in-
gerido. Possui uma propriedade curiosa: queima produzindo
uma chama invisível. É utilizado como combustível automo-
bilístico e solvente em importantes processos industriais.
1. Álcoois CH3 – CH2 – OH
Álcoois são compostos orgânicos que apresentam o gru- N.o de átomos Ligação Função Nome
po –OH (hidroxila) ligado a carbono saturado (4 ligações
2 C Ÿ ET simples Ÿ AN álcool Ÿ OL etanol
covalentes simples).
| Nota: não é necessário indicar a posição do grupo –OH, uma
grupo funcional: – C – OH vez que ele está localizado necessariamente no carbono 1.
|
O nome usual do etanol é álcool etílico, também conhecido
como álcool de cereais. Trata-se combustível indispensável
1.1 Classificação dos álcoois no Brasil e presente em todas as bebidas alcoólicas, cuja
ƒ Álcool primário apresenta –OH ligado a carbono principal forma de obtenção é a fermentação alcoólica de
primário. açúcares provenientes da cana-de-açúcar, de cereais (mi-
lho, cevada, arroz, etc.) e de frutos (uvas, maçãs, etc.).
Exemplo:
Caso o álcool apresente três ou mais átomos de carbono, é
etanol, álcool etílico ou álcool comum, pode
CH3 – CH2 – OH ser obtido a partir da fermentação do açúcar necessário identificar seu respectivo grupo –OH (hidroxila)
da cana; e numerar a cadeia carbônica a partir da extremidade mais
próxima do grupo –OH.
ƒ Álcool secundário apresenta –OH ligado a carbono
secundário. Exemplos:
Exemplo: 3 2 1
CH3 – CH2 – CH2 – OH
OH
|
N.o de átomos Ligação Função Nome
C H3 – CH – CH2 – CH3 butan-2-ol
simples álcool com –OH na
3 C Ÿ PROP propan-1-ol
ƒ Álcool terciário apresenta –OH ligado a carbono Ÿ AN posição 1 Ÿ 1-OL

terciário.
Exemplo: Nota: o nome usual do propan-1-ol (também denominado
1-propanol) é álcool propílico.
OH
| OH
H3C – C – CH2 – CH3 2-metil-butan-2-ol |
| H3C – CH – CH3
CH3 1 2 3

40
N.o de átomos Ligação Função Nome 2.1. Álcoois de cadeia ramificada
simples álcool com –OH na
3 C Ÿ PROP propan-2-ol
Ÿ AN posição 2 Ÿ 2-OL Nesse caso, deve ser seguido o seguinte roteiro:
1. Determinar a cadeia principal, a maior possível, que con-
Nota: nesse caso, é obrigatório indicar a posição do gru-
tenha o grupo –OH e as insaturações (ligações duplas ou
po –OH, que pode estar localizado nas posições 1 ou 2 da
triplas), caso existam.
cadeia. Não existe propano-3-ol, uma vez que a nume-
ração estaria errada: iniciou-se “distante“ da extremidade 2. Numerar a cadeia principal a partir da extremidade mais
em que se localiza o grupo –OH. próxima do grupo –OH.
O nome usual do propan-2-ol (também denominado 3. Determinar os grupos (ramificações), seus nomes e suas
2-propanol) é álcool isopropílico. respectivas posições na cadeia principal.
4. “Montar” o nome de acordo com este esquema:
OH OH OH
| | | (posição do grupo) – (nome do grupo) – (prefixo + infixo + sufixo)
H2C – CH – CH2
1 2 3 Exemplos:

N.o de
átomos
Ligação Função Nome

álcool com 3
grupos –OH, nas propan-
3 C Ÿ PROP simples Ÿ AN
posições 1, 2 e 3 1,2,3-triol
Ÿ 1 , 2 , 3 -TRIOL

Nota: o nome usual do propan-1,2,3-ol (também denomi-


nado propano-1,2-3-triol ou simplesmente propanotriol) é
Cadeia Grupos ou
glicerol ou glicerina. Pelo fato de três grupos num mesmo Ligação Função
principal ramificações
carbono configurar uma situação muito instável, deduz-se
álcool com grupo
que cada um dos 3 grupos –OH deve estar necessariamen- 5 C Ÿ PENT
metil em 4; simples
-OH na posição
te ligado a um dos 3 carbonos da cadeia. Por esse motivo, etil em 3 Ÿ AN
2 Ÿ 2-OL
o nome propanotriol omite as posições. Entretanto, a título
de clareza, o nome oficial é propan-1,2,3-triol. Ÿ nome: 3-ETIL-4-METIL-PENTAN-2-OL
(também denominado 3-etil-4-metil-2-pentanol)
O propan-1,2,3-triol é atóxico, muito utilizado como umec-
tante (retém umidade) em certos alimentos, cremes hidra- OH
6 5 4 | 3 2
tantes e sabonetes. CH3 — CH = C — CH — CH2 — CH3
Álcoois de cadeias cíclicas seguem regularmente a nomen- | | 1
clatura com o acréscimo do prefixo ciclo-. H3C CH3

Exemplo: Cadeia Grupos ou


Ligação Função
principal ramificações

Dupla
Álcool com grupo
METIL em 3; entre os
6 C Ÿ HEX -OH na posição
METIL em 4 carbonos 4
1 Ÿ 1-OL
e 5 Ÿ 4-EN

Ÿ Nome: 3,4-dimetil-hex-4-en-1-ol
N.o de átomos Ligação Função Nome

6 C Ÿ prop cadeia
cíclica Ÿ CICLO HEX
simples Ÿ AN álcool Ÿ OL ciclo-hexanol A função ENOL
A função enol não deve ser confundida com os ál-
Nota: como a cadeia é cíclica (não tem começo nem fim) coois, que apresentam o grupo –OH (hidroxila) ligado
e o único grupo a ela anexo é a hidroxila, não é necessário a carbono saturado (4 ligações simples).
indicar sua posição.

41
realizam ligações de hidrogênio com as moléculas de água.
OH Monoálcoois com até 3 carbonos são solúveis em qual-
| quer proporção na água; os de 4 carbonos têm solubilida-
–C–
| de mais baixa (entre 8,3 a 26 g/100 mL), e a solubilidade
dos álcoois diminui gradualmente à medida que cresce a
Num enol, o grupo –OH está ligado a um carbono ins- porção apolar da molécula (5 em diante).
taurado com a dupla ligação.
OH
|
—C=C—
| |
A nomenclatura dos enóis segue exatamente as mes-
mas regras da nomenclatura dos álcoois, o que pode
acarretar mais confusão entre as duas funções. multimídia: vídeo
Exemplos de enóis: FONTE: YOUTUBE

OH OH Veja como o combustível etanol é produzido


| |
HC = CH2 H3C — HC = CH
etenol prop-1-en-1-ol
Mas a molécula: 3. Fenóis
OH Os fenóis são compostos orgânicos derivados dos hidrocar-
| bonetos aromáticos graças à substituição de um H ligado
HC — HC = CH2 diretamente ao carbono do núcleo benzênico por –OH (hi-
prop-2-en-1-ol droxila).

Trata-se de um álcool verdadeiro, uma vez que a hi-


droxila não está ligada ao carbono com dupla ligação.

Os pontos de fusão e de ebulição dos álcoois são eleva-


dos, pois as ligações de hidrogênio que as moléculas dos
álcoois realizam umas com as outras são muito intensas.
Os monoálcoois possuem pontos de ebulição menores que
os poliálcoois, uma vez que, quanto mais grupos OH, mais
ligações de hidrogênio. 3.1. Nomenclatura dos fenóis
A maioria dos monoálcoois é menos densa que a água líqui-
ƒ Nomenclatura oficial – indica-se a presença do gru-
da. Por exemplo, a densidade do álcool etílico é de 0,79 g/
po –OH (hidroxila) com o sufixo -ol, muito semelhante
cm3, e a da água é de 1,0 g/cm3. Em relação ao estado físi-
à nomenclatura dos álcoois. Lembre-se: fenóis não
co, os monoálcoois de 12 carbonos ou menos são líquidos;
são álcoois.
acima disso, são sólidos. Os poliálcoois com 5 carbonos ou
menos são líquidos, e com 6 carbonos ou mais são sólidos.
Os álcoois possuem uma parte da molécula polar (a
parte que possui o grupo OH) e outra parte apolar
(a cadeia carbônica). Isso faz com que os álcoois sejam
solúveis tanto em solventes polares (como água) como em
solventes apolares (como tetracloreto de carbono). As mo-
BENZENOL
léculas que possuem poucos átomos de carbono na cadeia
tendem a ser polares. Entretanto, conforme a cadeia carbô- Na prática, essa nomenclatura raramente é empregada
nica vai aumentando, ela tende a ser apolar. para esse exemplo em particular.

Os álcoois de cadeia curta, que possuem maior tendência ƒ Nomenclatura trivial – aceita pela IUPAC, denomi-
polar, são bastante solúveis em água, pois suas moléculas na simplesmente a molécula de fenol.

42
FENOL

1-HIDROXI-4-METIL-BENZENO
ƒ Nomenclatura alternativa – muito empregada, OU
indica as posições dos grupos –OH (hidróxi) no anel 4-METIL-FENOL
OU
aromático.
PARA-METIL-FENOL

Exemplos:
ƒ Não é preciso memorizar tantas versões de nomencla-
tura. É preferível saber “construir” a molécula a partir
das informações oferecidas sobre sua estrutura.

Propriedades dos fenóis


O fenol mais comum – fenol, hidróxi-benzeno ou
benzenol – é conhecido como ácido fênico, fenílico
ou ácido carbólico. O ácido reage com bases (neu-
HIDRÓXI-BENZENO 1,2-DIHIDRÓXI-BENZENO
tralização), propriedade característica de todos os
fenóis.
As propriedades antibacterianas e fungicidas são ca-
racterísticas da maioria dos fenóis.
Por volta de 1870, o fenol se tornou o primeiro an-
tisséptico a ser comercializado. Graças a ele, houve
uma queda significativa do número de mortes cau-
sadas por infecção pós-operatória. O fenol deixou
de ser utilizado depois que seu teor corrosivo (em
1,3,5-TRIHIDRÓXI-BENZENO contato com a pele) e seu poder venenoso (caso in-
gerido) foram descobertos.
Caso ocorram ramificações (grupos carbônicos como metil, Certos fenóis são utilizados em desinfetantes de baixo
etil, etc.), é necessário indicar suas posições de modo que custo (creolina).
se obtenham os menores números possíveis.

1-HIDROXI-2-METIL-BENZENO 1-HIDROXI-3-METIL-BENZENO
multimídia: site
OU OU
2-METIL-FENOL 3-METIL-FENOL
OU OU super.abril.com.br/saude/eter/
ORTO-METIL-FENOL META-METIL-FENOL

43
4. Éteres menos CH3 – CH2 – O – CH2 – CH3
éter dietílico
Os éteres são compostos orgânicos derivados dos álcoois difundida ETIL ETIL
devido à substituição do hidrogênio do grupo –OH (hidro-
xila) por um grupo carbônico (metil, etil, etc.). usual (não CH3 – CH2 – O – CH2 – CH3
dietil éter
ofcial) ETIL ETIL
grupo funcional: R – O – R’

Do qual R e R’ são grupos carbônicos não necessariamen- usual (não éter dietílico
CH3 – CH2 – O – CH2 – CH3
te iguais. oficial) ETIL ETIL ou éter etílico

4.1. Nomenclatura dos éteres Nota: melhor que memorizar as várias formas de nomear os éte-
Segundo a IUPAC, há duas maneiras de nomear os éteres. res, é preferível saber identificar o grupo (metil, etil, etc.) de cada
Mais utilizada: “lado” do heteroátomo de oxigênio que caracteriza os éteres.

–––––––––– + óxi + ––––––––––––––––– O éter mais importante


PREFIXO DO MENOR GRUPO NOME DO HIDROCARBONETO
CORRESPONDENTE AO MAIOR GRUPO O etóxietano é o éter mais comum, também conhecido
como éter dietílico, éter etílico, éter sulfúrico ou sim-
plesmente éter. É produzido a partir da reação de de-
Menos difundida, apesar de oficial, nos exames vestibulares: sidratação do álcool etílico sob ação do ácido sulfúrico.
éter + (grupo) ico + e + (grupo) ico Trata-se de um líquido incolor inflamável e extrema-
mente volátil, cujo ponto de ebulição é de 34,6 °C. É
(em ordem alfabética) uma substância utilizada como anestésico; relaxa os
Usual, mas não oficial: músculos e afeta ligeiramente a pressão arterial, a pul-
sação e a respiração. As desvantagens do seu uso são
(grupo menor) – (grupo maior) + éter causar irritação no trato respiratório e provocar incên-
dios nas salas de cirurgia, uma vez que seus vapores são
Usual, mas não oficial: mais densos que o ar e se acumulam na superfície do
éter + (grupo menor) – (grupo maior) ico solo, formando, com o oxigênio, uma mistura explosiva.
Da mesma forma que a acetona, quantidades elevadas de
éter têm comercialização controlada pela Polícia Federal.
Exemplos:
É um dos componentes usados na produção da cocaína.
CH3 – O – CH2 – CH3

mais CH3 – O – CH2 – CH3


utilizada MET + ÓXI + ETANO
metoxietano 4.2. Propriedades dos éteres
Os éteres líquidos são incolores, de cheiro agradável, bastante
menos CH3 – O – CH2 – CH3 éter etílico e voláteis e altamente inflamáveis. Os éteres são pouco reati-
difundida METIL ETIL metílico vos, assim como os alcanos. Por apresentarem um momento
de dipolo desprezível, os éteres podem servir como solventes
apolares para substâncias orgânicas e são substâncias muito
usual (não CH3 – O – CH2 – CH3
metil-etil éter mais voláteis do que os álcoois correspondentes (devido à au-
ofcial) METIL ETIL
sência de ligações de hidrogênio entre as moléculas de éter).
Os pontos de fusão e ebulição dos éteres são semelhan-
usual (não CH3 – O – CH2 – CH3
éter metil-etílico tes aos hidrocarbonetos de mesma massa molecular, mas
oficial) METIL ETIL
muito menores que os dos álcoois isômeros (mais uma vez,
devido à ausência de ligações de hidrogênio).
CH3 – CH2 – O – CH2 – CH3 A solubilidade dos éteres menores em água é comparável
à dos álcoois correspondentes e não à dos hidrocarbone-
CH3 – CH2 – O – CH2 – CH3 tos, já que os éteres podem formar ligações de hidrogênio
mais utilizada etóxietano com as moléculas de água, o que justifica sua solubilidade,
ET + ÓXI + ETANO
mesmo pequena, nesse meio.

44
VIVENCIANDO
Em sua maior parte, os fenóis são sólidos à temperatura ambiente. Eles são utilizados na produção de vernizes, co-
rantes, perfumes, resinas, etc. Contudo, são utilizados principalmente como germicidas e antissépticos devido a sua
ação coagulante de proteínas de bactérias. O benzenol foi utilizado durante muito tempo, até sua potencialidade
cancerígina ser descoberta, uma vez que é altamente tóxico.
Quando se é necessário um solvente apolar, uma boa escolha para isso são os éteres, em sua maioria os éteres de
cadeia pequena são bastante voláteis e bons solventes.
Uma cena clássica de uso de éteres é comum em filmes de suspense ou thriller policial, em que o bandido surpreende sua
vítima com um pano encharcado de um líquido que é pressionado contra o rosto da pessoa a fim de fazê-la desmaiar.
Nesses casos, o líquido em questão é um éter; por terem essa característica de alta volatilidade, eles podem desmaiar
as pessoas por sufocamento devido a suas propriedades anestésicas.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Hoje em dia, é muito fácil encontrar notícias relacionadas ao uso e obtenção do etanol. Pelo fato de ser renovável e
advir principalmente do plantio da cana-de-açúcar, esse composto orgânico da classe dos álcoois está em alta em
relação a seu uso como combustível.
Entretanto, há um inconveniente. Ainda que o etanol seja uma alternativa “verde” mais viável que seu parente mais
querido, a gasolina, o etanol não é, levando em conta aspectos geográficos, um combustível fácil de ser obtido. São
necessários solo e condições climáticas propícias para a produção de vegetais que possam dar origem ao etanol. Regiões
da Ásia e da Europa, quase em sua totalidade, não possuem clima e solo favoráveis para o plantio desse tipo de vege-
tação, delimitando, assim, um certo monopólio de algumas regiões que apresentam condições mais favoráveis.

45
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações
químicas.

Diversos compostos na química orgânica não são feitos apenas de carbono e hidrogênio, como foi visto ante-
riormente. Há também os chamados compostos oxigenados, que recebem esse nome por conterem átomos de
oxigênio em sua molécula.
Um dos mais apreciados e utilizados no mundo é o álcool, função orgânica que apresenta sempre um oxigênio
ligado a um hidrogênio e pertencente a uma cadeia carbônica.

MODELO 1
(Enem 2.ª aplicação) A curcumina, substância encontrada no pó amarelo-alaranjado extraído da raiz da cúrcu-
ma ou açafrão-da-índia (Curcuma longa), aparentemente, pode ajudar a combater vários tipos de câncer, o mal
de Alzheimer e até mesmo retardar o envelhecimento. Usada há quatro milênios por algumas culturas orientais,
apenas nos últimos anos passou a ser investigada pela ciência ocidental.

Na estrutura da curcumina, identificam-se grupos característicos das funções


a) éter e álcool;
b) éter e fenol;
c) éster e fenol;
d) aldeído e enol;
e) aldeído e éster.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nessa questão, era importante relembrar as duas funções orgânicas: o fenol e o éter.

RESPOSTA Alternativa B

46
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA ORGÂNICA

PERTENCE A (UMA
OU MAIS DE UMA)

GRUPO CARACTERIZADO POR CLASSE


FUNCIONAL FUNCIONAL

CONTÉM EXEMPLO
ÁLCOOL CH3CH2OH

POR
EXEMPLO EXEMPLO
OXIGÊNIO FENOL C6H5OH

EXEMPLO
ÉTER CH3CH2OCH2CH3

47
O metanal, também conhecido como aldeído fórmico ou
AULAS 19 e 20 formaldeído, é o principal aldeído.

FUNÇÕES ORGÂNICAS:
ALDEÍDOS, ÁCIDOS
Nas condições ambientes, o metanal é um gás incolor
CARBOXÍLICOS E CETONAS e extremamente irritante para as mucosas. Se dissolvido
em água, forma uma solução, cuja concentração pode ser
no máximo de 40% em massa, conhecida como formol
ou formalina.
COMPETÊNCIAS: 5e7
O formol possui a propriedade de desnaturar proteínas e
HABILIDADES: 17, 24, 25, 26 e 27 de torná-las resistentes à decomposição por bactérias. Por
esse motivo, é usado como fluido de embalsamamento, na
conservação de espécies biológicas e como antisséptico.

1.1. Propriedades dos aldeídos


1. Aldeídos À temperatura de 25º C, os aldeídos com 1 ou 2 carbonos
são gasosos, os com 3 a 11 carbonos são líquidos, e os
Os aldeídos apresentam o grupo aldoxila na demais são sólidos. Apresentam densidade menor que a
extremidade da cadeia.
da água. Os aldeídos mais simples são bastante solúveis
De acordo com as regras da IUPAC, sua nomenclatura re- em água e em alguns solventes apolares. Apresentam
cebe o sufixo –al. também odores penetrantes e geralmente desagradáveis.
Os quatro aldeídos mais simples apresentam nomes usuais Com o aumento da massa molecular, esses odores vão se
muito importantes: tornando menos fortes até se tornarem agradáveis. Alguns
deles são usados inclusive na perfumaria (especialmente
O O O O
H C
H
H3C C
H
H3C – CH2 C
H
H3C – CH2 – CH2 C
H os aromáticos).
metanal etanal propanal butanal
(butiraldeído)
(formaldeído) (acetaldeído) (propionaldeído) O grupo carbonila (C = O) confere uma considerável pola-
ridade aos aldeídos, que, por essa razão, possuem pontos
Os aldeídos ramificados e/ou insaturados seguem as regras
de ebulição mais altos que outros compostos de peso mo-
já vistas. Como o grupo funcional está sempre na extre-
lecular comparável (como éteres), mas mais baixos que o
midade, esse carbono sempre será o número 1. Não há
de seu álcool correspondente, pois não formam ligação de
necessidade de que sua posição seja indicada.
hidrogênio entre si.
Exemplo:
O
H3C – CH = C – CH2 – C
CH3
H 2. Ácidos carboxílicos
ou carboxilácidos
Cadeia Grupos ou
Ligação Função Os ácidos carboxílicos são compostos orgânicos com um
principal ramificações
dupla entre ou mais grupos carboxila (abreviadamente,
aldeído
5C Ÿ PENT METIL em 3 os carbonos –COOH) ligados à cadeia carbônica.
Ÿ AL
3 e 4 Ÿ 3-EN

Ÿ 3 – metil – pent – 3 – enal


Monovalente, a carboxila só pode aparecer em extremidades
de cadeias ou de ramificações. Ela representa o estado mais
Caso existam dois grupos aldeído, o sufixo deve ser –dial. oxidado (oxigenado) do carbono numa cadeia carbônica.

R — CH3 [O] R — CH2OH [O]


R — CHO [O]
R — COOH
hidrocarboneto álcool aldeído ácido carboxílico

48
2.1. Classificação dos ácidos ƒ Ácido metanoico (H–COOH) – também conhecido
como ácido fórmico, uma vez que é obtido historica-
2.1.1. Alifáticos e aromáticos mente a partir da maceração de formigas: líquido in-
ácido acético color e de cheiro incômodo; se injetado nos tecidos do
CH3 – COOH organismo, é doloroso e irritante.
alifático
Aplicação: fixador de pigmentos e corantes em tecidos,
ácido benzoico
COOH como algodão, lã e linho.
aromático
ƒ Ácido acético (CH3–COOH) – líquido incolor, de chei-
ƒ monocarboxílicos (monoácidos), dicarboxílicos ro penetrante, sabor azedo e solúvel em água, álcool
(diácidos), etc., de acordo com o número de carboxi- e éter; é responsável pelo sabor azedo do vinagre (do
las presentes na molécula: latim acetum: vinagre).
CH3 – COOH HOOC – COOH Puro (e isento de água), o ácido acético congela a 16,7
ácido acético (monoácido) ácido oxálico (diácido) ºC, tomando o aspecto de gelo e justificando o nome
ácido acético glacial (ácido acético puro). É obtido por
2.1.2. Nomenclatura dos ácidos oxidação do álcool etílico (etanol).
carboxílicos: com sufixo –oico (IUPAC) CH3–CH2–OH + O2 (ar) o CH3–COOH + H2O
A cadeia principal é a mais longa e inclui a carboxila. A nu-
Na indústria, essa oxidação é obtida com auxílio de
meração parte do carbono da própria carboxila (bem como
catalisadores (V2O5), bem como por fermentação, com
uma antiga nomenclatura com as letras D, E, J, ... a partir auxílio do Mycoderma aceti, para se obter o vinagre,
do primeiro carbono depois da carboxila). que contém de 6% a 10% de ácido acético.
Exemplo:
CH3 — CH — COOH
|
CH3

Cadeia Grupos ou
Ligação Função
principal ramificações

simples
ácido multimídia: vídeo
3C Ÿ PROP METIL em 2 carboxílico
ŸAN FONTE: YOUTUBE
Ÿ OICO

Ÿ ÁCIDO 2 - METIL - PROPANÓICO ou METIL-PROPANÓICO Acidos orgânicos

Nota: nesse caso, não é necessário indicar a posição do


grupo metil, que só poderia estar no carbono 2.
A nomenclatura usual consagrou nomes antigos, que lem-
2.2. Propriedades dos ácidos carboxílicos
bram produtos naturais nos quais os ácidos são encontrados. Devido à presença de carboxila (–COOH) na molécula, os
ácidos carboxílicos são substâncias polares. São ácidos fra-
Exemplos: cos, com grau de ionização menor que 5%. Podem, como
CH3 – CH2 – os álcoois, formar ligações de hidrogênio entre si ou com
HCOOH CH3 – COOH
CH2 – COOH moléculas de outra espécie (como água). Por esse motivo,
ácido butanoico os ácidos carboxílicos apresentam praticamente o mesmo
ácido metanoico ou ácido etanoico ou comportamento dos álcoois quanto à solubilidade. Os áci-
ou ácido butírico
ácido fórmico (lem- ácido acético (do latim dos com até 4 carbonos são líquidos incolores, miscíveis
(do inglês butter,
brando “formiga”) acetum, vinagre) com a água. Os ácidos com 5 a 9 carbonos são líquidos in-
manteiga)
colores e viscosos, muito pouco solúveis. Os ácidos com 10
d g b a
ou mais carbonos são sólidos brancos, semelhantes à cera,
5 4 3 2 1 insolúveis em água. Os ácidos carboxílicos são solúveis em
CH3 — CH — CH2 — CH2 — COOH solventes menos polares, como o éter, o álcool e o benzeno.
|
CH3 O odor característico dos ácidos alifáticos passa progressi-
ácido 4-metil-pentanoico ou J-metil-metanoico vamente de forte e irritante nos ácidos fórmico e acético

49
a extremamente desagradável nos ácidos butírico (butanoi- O
co), valérico (pentanoico) e caproico (hexanoico). Os ácidos H3C CCH

2 – CH2 – CH – CH3 5-metil-hexan-2-ona

maiores (acima de 6C), por serem pouco voláteis, não exalam CH3
muito odor. ƒ Acetona (propanona ou dimetil cetona) à tempera-
Os três primeiros ácidos (metanoico, etanoico e propanoico) tura ambiente é um líquido com odor irritante, solúvel
são totalmente miscíveis em água. A solubilidade vai dimi- em água e em solventes orgânicos; por isso, é muito
nuindo com o aumento da cadeia carbônica, e os acima de 6 utilizada como solvente de tintas, vernizes e esmaltes.
carbonos são insolúveis. Os seus pontos de fusão e ebulição
Na indústria de alimentos, sua aplicação mais importante
são maiores que os dos alcanos, haletos de alquila, aldeídos,
é associada à extração de óleos e gorduras de sementes,
cetonas e álcoois de peso molecular similar, devido à forma-
como soja, amendoim e girassol.
ção de maiores quantidades de ligações de hidrogênio.

3. Cetonas
3.1. Propriedades das cetonas
As cetonas são compostos orgânicos que apresentam o gru-
po funcional carbonila (C = O) ligado a 2 átomos de carbono.
 O
grupo funcional:
C  C  C
As cetonas menores possuem odor agradável e são impor-
tantes constituintes dos aromas das flores e das frutas. As
cetonas de cadeias menores, com até 10 átomos de carbono,
apresentam-se no estado líquido em condições ambientes;
as demais são sólidas. As cetonas possuem pontos de fusão
e ebulição mais baixos que os dos álcoois (não fazem ligação
de hidrogênio entre si) e mais elevados que os dos aldeídos
de massa molecular próxima (por ser mais polar).
Em relação à solubilidade, os primeiros membros de cetonas
são completamente solúveis em água. Aumentando o com-
primento da cadeia, rapidamente diminui a solubilidade em
água. Assim, cetonas de cadeia linear com 8 ou mais átomos
de carbono são praticamente insolúveis em água. Contudo,
são altamente solúveis em solventes orgânicos não polares,
como éter etílico, benzeno, etc. Além disso, a própria acetona
é um solvente orgânico excelente, amplamente utilizado por
sua particular capacidade de dissolver tanto os compostos
polares (álcoois, aminas, água, etc.) quanto não polares (hi-
drocarbonetos, éteres, gorduras, etc.).

3.2. Nomenclatura oficial


O sufixo –ona identifica o hidrocarboneto correspondente.
Exemplos:

O
propanona; nomenclatura usual Ÿ acetona;
H3CCCH

3 dimetilcetona

O
pentan-2-ona
H3C – CH2 – CH2CCH

3

50
VIVENCIANDO

No Egito Antigo, todos os nobres (faraó, sacerdotes, famílias influentes) tinham seus corpos preparados para alcançar
séculos de conservação após a morte. É claro que as técnicas usadas naquela época eram bem diferentes das atuais.
Estudos revelam que o embalsamento era feito a partir do natrão (mistura salina encontrada às margens do rio Nilo).
A alcalinidade presente combatia a proliferação de bactérias, e o clima seco do norte da África teve lá suas contribui-
ções, uma vez que a umidade acelera a decomposição. Assim, o Egito se tornou a Terra das Múmias.
Com o passar dos anos e o avanço da ciência, surgiram técnicas modernas de conservação: a chamada tanatopraxia,
por meio da desinfecção e conservação, permite que um defunto permaneça em bom estado durante o velório.
A técnica consiste em injetar uma mistura de formol e fenol no cadáver, forçando o sangue a sair do sistema circu-
latório. O fenol possui a propriedade de matar todos os microrganismos presentes, enquanto o formol, por sua vez, é
um fixador de células que impede a decomposição. Esse processo químico estabelece um ambiente asséptico capaz
de resistir a uma invasão microbiana.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Muita gente já viu um amigo de ascendência asiática ficar vermelho depois de tomar cerveja. O rubor é causado por
uma enzima inativa no fígado. O que poucas pessoas sabem é que, além do efeito cromático, o consumo de álcool
por quem possui a mutação aumenta cem vezes o risco de câncer do esôfago.
Diante do problema, o NIH – agência estadunidense de saúde – resolveu investir um bom dinheiro para descobrir
alguma substância capaz de reativar a enzima ALDH2. A revista científica Nature Structural and Molecular Biology
publicou um artigo para descrever a estrutura do composto tão esperado, batizado de Alda-1.
Kenneth Warren, do NIH, afirma que a agência continuará apoiando pesquisas para levar a descoberta das bancadas
do laboratório às estantes das farmácias.
“Terá um grande impacto na saúde pública”, afirma Warren. Cerca de um bilhão de pessoas no mundo têm a forma
inativa da ALDH2. A maioria vive no leste asiático, onde 40% da população possui a enzima inativa.
Depois de ingerido, o álcool desce ao intestino, de onde passa para o sangue. Chega a quase todos os tecidos do
corpo e, por fim, é filtrado no fígado. O órgão transforma-o em acetaldeído e, depois, em ácido acético.
HTTP://WWW.ESTADAO.COM.BR/NOTICIAS/GERAL,CIENCIA-TEM-SAIDA-PARA-RUBOR-DE-ORIENTAIS-AO-BEBER,493540).

51
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA PERTENCE A
PODE SER ORGÂNICA
QUÍMICA UMA OU MAIS

CLASSE
FUNCIONAL

POR
EXEMPLO

POR O
ALDEÍDO EXEMPLO
CH3 C
H

POR O
ÁCIDO EXEMPLO
CH3 C
CARBOXÍLICO
OH

POR O
CETONA EXEMPLO
CH3 C CH3

52
1. Utiliza-se o nome proveniente do ácido, substituindo a
AULAS 21 e 22 terminação ICO por ATO (e retirando a palavra ácido):
etanoico o etanoato
2. Observe que o hidrogênio do ácido etanoico foi trocado
por um grupo metil. Esse grupo que está ligado ao oxigê-
nio deve ter o sufixo –ILA.
metil o metila
FUNÇÕES ORGÂNICAS: Assim, o nome do composto em questão é etanoato de
ÉSTERES metila (ou acetato de metila).
Observe a seguir que a nomenclatura segue a ordem: pri-
meiro o nome da cadeia que está ligada à carbonila (lem-
bre-se que o carbono da carbonila também conta) e depois
COMPETÊNCIAS: 5e7 o grupo que está ligado ao oxigênio por ligação simples.

HABILIDADES: 17, 24, 25, 26 e 27

Exemplo 2:
1. Ésteres
Ésteres são compostos que apresentam o grupo funcional:

1. Utiliza-se o nome proveniente do ácido (cadeia que está


ligada à carbonila), substituindo a terminação ICO por ATO
De um modo simplificado, considere que os ésteres origi- (e retirando a palavra ácido):
nam-se da substituição do hidrogênio do grupo –OH de propanoico o propanoato
um ácido carboxílico por um grupo orgânico (R).
2. O grupo que está ligado ao oxigênio (etil) deve ter o
sufixo –ILA.
etil o etila

1.1. Nomenclatura
De acordo com a IUPAC, a nomenclatura de ésteres se ba-
seia no ácido que levou à sua origem. É realizada a partir
do ácido correspondente, trocando-se o ICO por ATO. A se- Exemplo 3:
guir, deve-se colocar a preposição DE mais o grupo ligado
ao oxigênio terminada em ILA.

Nome do ácido Grupo ligado ao


+ +ATO DE +
de origem -ICO oxigênio +ILA
1. Utiliza-se o nome proveniente do ácido (cadeia que está
Exemplo 1: considere, a seguir, um éster que foi obtido a ligada à carbonila), substituindo a terminação ICO por ATO
partir do ácido etanoico. (e retirando a palavra ácido).
metanoico o metanoato
2. O grupo que está ligado ao oxigênio (isopropil) deve ter
o sufixo –ILA.
isopropil o isopropila

53
Assim, o nome do composto em questão é metanoato
de isopropila.

Grupo isopropila multimídia: site

2. Reação de esterificação mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/esteres-aro-


ma-sabor-artificial-alimentos.htm
A reação que produz os ésteres é denominada esterifica-
ção. Elas será estudada no capítulo das reações orgânicas.

VIVENCIANDO
Em geral, os ésteres que apresentam massas moleculares menores são líquidos voláteis, incolores e de odor agra-
dável; aqueles que apresentam massas moleculares maiores são sólidos com aspecto de cera. São insolúveis em
água, mas solúveis em álcool. Como não apresentam ligações de hidrogênio, possuem pontos de fusão e ebulição
inferiores aos dos ácidos carboxílicos e álcoois de mesma massa molecular.
Muitos ésteres são usados como flavorizantes pelas indústrias de alimentos e aromas, isto é, são substâncias utiliza-
das como aditivos químicos que conferem ou intensificam o aroma e o sabor de determinados alimentos, perfumes
e outros produtos.
Observe os nomes de alguns desses ésteres:

ƒ Etanoato de butila: essência de maçã-verde;

ƒ Etanoato de propila: essência de pêra;

ƒ Etanoato de isopentila: essência de banana;

ƒ Butanoato de butila: essência de morango;

ƒ Etanoato de etila: essência de maçã;


MUITOS PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS CONTÊM ÉSTERES NA SUA COMPOSIÇÃO.
ƒ Butanoato de etila: essência de abacaxi;

ƒ Etanoato de octila: essência de laranja.

54
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Os ésteres são substâncias comuns na natureza. Eles são encontrados:

ƒ nos óleos e nas gorduras;

ƒ nas essências de frutas, de madeiras e de flores;

ƒ nas ceras, como a de carnaúba e a de abelhas;

ƒ nos fosfatídeos, como os existentes no ovo e no cérebro.


Devido à sua ocorrência na natureza, os ésteres podem ser classificados em três classes.
Os ésteres essenciais de flores e frutas, normalmente constituídos de cadeias de carbono pequenas e médias (até 8
carbonos), possuem aroma agradável e estão presentes em flores e frutos. São obtidos artificialmente e empregados
em alimentos como refrigerantes, sorvetes, doces, balas e em xaropes diversos. Um exemplo é o formiato de etila
(HCOOC2H5), empregado como extrato artificial para xaropes de groselhas, rum, etc.
Determinados ésteres são usados isoladamente, como o acetato de amila, com forte aroma de banana (chamado
comercialmente de essência de banana). O acetato de octilo é usado como essência artificial de laranja. Outros são
usados em compostos com outras substâncias para formular essências diversas, como o acetato de etila, que partici-
pa de formulações de essências artificiais de maçã, pera, framboesa, pêssego, groselha, etc.
Os lipídios e gorduras e as ceras orgânicas ou cerídeos também são ésteres.

55
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações
químicas.

Ao longo da história da química, a padronização de nomenclaturas foi essencial para seu desenvolvimento.
Com o passar dos anos, mais compostos foram sendo sintetizados; daí veio a ideia de se criar uma linguagem
para os novos compostos químicos sintetizados na época.

MODELO 1
(Enem) A própolis é um produto natural conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias e cicatrizantes.
Esse material contém mais de 200 compostos identificados até o momento. Dentre eles, alguns são de estrutu-
ra simples, como é o caso do C6H5CO2CH2CH3, cuja estrutura está mostrada a seguir.

O ácido carboxílico e o álcool capazes de produzir o éster em apreço por meio da reação de esterificação são, respecti-
vamente:
a) ácido benzoico e etanol;
b) ácido propanoico e hexanol;
c) ácido fenilacético e metanol;
d) ácido propiônico e cicloexanol;
e) ácido acético e álcool benzílico.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nesse tipo de questão, o aluno é convidado a raciocinar utilizando os conhecimentos adquiridos em éster.
Tem-se:

RESPOSTA Alternativa A

56
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA PERTENCE A
PODE SER ORGÂNICA
QUÍMICA UMA OU MAIS

CLASSE
FUNCIONAL

POR
EXEMPLO

POR O
ÉSTER EXEMPLO
CH3 C
O CH3

VEM DA REAÇÃO
ENTRE
ÁCIDO
CARBOXÍLICO

ÁLCOOL

57
AULAS 23 e 24 1. Aminas
As aminas são consideradas bases orgânicas e são obti-
das da substituição de um ou mais hidrogênios da amônia
(NH3) por radicais (grupos orgânicos).

OUTRAS FUNÇÕES
ORGÂNICAS

COMPETÊNCIAS: 5e7

HABILIDADES: 17, 24, 26 e 27


1.1. Nomenclatura
São citados os nomes dos grupos substituintes em ordem
alfabética, seguidos da terminação –amina.

1.2. Outras formas de nomenclatura das aminas


Uma regra alternativa, também aceita pela IUPAC, para nomear as aminas primárias, de forma análoga à nomenclatura
dos alcoóis, consiste em acrescentar o sufixo –amina para identificar a presença do grupo –NH2, que é sempre o ponto de
referência na numeração da cadeia.
Exemplos:

H3C – CH2 – CH3 – CH – CH3 H3C – CH – CH – CH – CH2 – CH3


| | | |
NH2 CH3 CH3 NH2

pentan-2-amina 4,5-dimetil-hexan-3-amina

Finalmente, é possível também nomear aminas primárias considerando o grupo –NH2 (nesse caso, denominado grupo ami-
no) como um mero substituinte (ramificação), juntamente com os outros grupos substituintes carbônicos (metil, etil, etc.).
Essa outra maneira de nomear aminas é especialmente útil quando a cadeia carbônica é complexa.

58
Exemplos: 1.4.2. Estado físico
As aminas mais simples são gasosas, com até 12 átomos
de carbono, e líquidas; as demais são sólidas.
As aminas de menores cadeias carbônicas são solúveis em
CH3 CH3
1 2 3 4 5 água e formam com ela ligações de hidrogênio. A solubilidade
H3C – C – CH – CH – CH3
NH2
em água diminui com o aumento da massa molar, uma vez que,
quanto maior a cadeia carbônica, maior será a parte apolar da
2 - amino - 4 - feni l- 2,3 - dimetil-pentano molécula – hidrocarbonetos são essencialmente apolares.

(Na ordem alfabética, fenil vem antes de metil.) 1.4.3. Caráter ácido-base
Como a amônia (NH3), as aminas possuem caráter básico,
Não é necessário memorizar as várias formas de nomear
o que pode ser comprovado pelas reações muito seme-
as aminas; é importante saber “montar” as moléculas de
lhantes às reações das duas moléculas com o HCø.
acordo com as informações, sempre muito claras e preci-
sas, que cada tipo de nomenclatura fornece. NH3 (g) + HCø (aq) o NH4Cø(aq)
AMÔNIA CLORETO DE AMÔNIO

CH3 — HN2(aq) + HC" o+C — HN3+ C"–(aq)


1.3. Aminas aromáticas METILAMINA CLORETO DE METILAMÔNIO

Nas aminas aromáticas, o nitrogênio liga-se diretamente O caráter básico da amônia e das aminas deve-se ao par
ao anel benzênico, Ar–NH2 (Ar = grupo ou cadeia aromáti- de elétrons não ligante do nitrogênio, capaz de aceitar o
ca, geralmente o anel benzênico). Em geral, são nomeadas íon H+ gerado pelos ácidos.
como se fossem derivadas da amina aromática mais sim- A substância responsável pelo cheiro de peixe podre é a
ples: a fenilamina ou anilina. trimetilamina – N(CH3)3 –, um composto volátil de caráter
básico. Depois de manusear um peixe, recomenda-se lavar
as mãos com limão ou vinagre, que contêm ácidos e reagem
com a trimetilamina, neutralizando-a e eliminando o odor.
Nota: diversos compostos importantes, assim como vá-
rios nutrientes encontrados no organismo humano, são
aminas. A palavra vitamina vem de “vital amina”, uma
vez que as primeiras vitaminas descobertas pertenciam
Observe que, na nomenclatura das aminas, N significa que à função amina – a maioria delas pertence a diversas
o grupo metil (–CH3) está ligado diretamente ao nitrogênio funções. Observe os exemplos a seguir:
e não ao anel aromático.

1.4. Propriedades das aminas


1.4.1. Polaridade
Assim como a amônia (NH3), as aminas são moléculas polares.
Para aminas isômeras (com a mesma fórmula molecular e fór-
mulas estruturais diferentes), a polaridade diminui da primária
para a secundária. Entretanto, ambas formam ligações de hi- 1.4.4. Aminoácidos
drogênio intermoleculares. Da secundária para a terciária, elas
não formam ligações de hidrogênio intermoleculares. Os aminoácidos são substâncias que apresentam duas fun-
ções: amina e ácido carboxílico.
Polaridade: primária > secundária > terciária
Exemplo:
Para a fórmula molecular C3H9N:
Polaridade:
CH3 – CH2 – CH2 – NH2 > CH3 – CH2 – NH – CH3 > N (CH3)3 Nota: os aminoácidos possuem simultaneamente caráter
PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA anfótero, ácido e básico.

59
2. Amidas 2.4. Classificação
As amidas se caracterizam pela presença do nitrogênio li- A classificação das aminas é realizada de acordo com o
gado diretamente ao carbono da carbonila (C = O). número de grupos acila (R – CO –) ligados ao nitrogênio.
O
——
—C

N

2.1. Nomenclatura AMIDA PRIMÁRIA AMIDA SECUNDÁRIA AMIDA TERCIÁRIA

Nomenclatura oficial das amidas do tipo:


O

R —C —

NH2

nome do hidrocarboneto correspondente + amida

Exemplos:
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Como o Café Afeta o Seu Corpo |
autoridadefitness.com

3. Nitrilas
As nitrilas são obtidas da substituição do hidrogênio do
gás cianídrico/cianeto de hidrogênio (HCN) por um grupo
orgânico.
–H
Nota: a numeração da cadeia (como no caso dos aldeídos H—C{N +R
R — C { N ou R { CN
e ácidos carboxílicos) deve começar pela extremidade em
que se localiza o grupo funcional amida.
3.1. Nomenclatura
2.2. Importância Existem duas nomenclaturas para as nitrilas.
As amidas estão presentes nas proteínas, moléculas que
apresentam a estrutura: 3.1.1. Oficial
nome do hidrocarboneto correspondente + nitrila

Exemplos:
Em que R é um grupo que varia de acordo com a proteína, H3C — C ; N H3C — CH2 — CH2 — C ; N
etanonitrila butanonitrila
e n é um número muito grande, isto é, as proteínas são
polímeros naturais.
3.1.2. Usual
2.3. O agrupamento cianeto de + (nome do grupo ligado ao grupo –CN)

Exemplos:
H3C — C ; N H3C — CH2 — CH2 – C ; N
Constitui a famosa ligação peptídica, também denomi- cianeto de metila cianeto de propila
nada ligação amídica.

60
ƒ haletos de arila (Ar – X): se o halogênio estiver ligado
4. Nitrocompostos diretamente a um anel aromático (benzênico).
Os nitrocompostos se caracterizam pela presença do grupo
funcional nitro –NO2.

4.1. Nomenclatura 5.2. Nomenclatura


O grupo nitro é tratado como se fosse uma “ramificação”
na cadeia carbônica principal, cuja numeração deve come- 5.2.1. Oficial
çar pela extremidade mais próxima do grupo nitro. O halogênio é considerado uma “ramificação” presa à ca-
deia principal.
Exemplos:
Br
|
H3CCø CH2Cø2 CCø2F2 CH3 – CH – CH3
CLORO-METANO DICLORO-METANO DICLORO-DIFLÚOR-METANO 2-BROMO-PROPANO

Permanecem as regras gerais de nomenclatura dos hidro-


carbonetos: a cadeia carbônica deve ser sempre a mais
longa possível, e sua numeração deve seguir a regra dos
menores números; os carbonos devem ser numerados a
5. Haletos orgânicos partir da extremidade mais próxima ao halogênio.
Haletos orgânicos são substâncias derivadas dos compos- Exemplos:
tos orgânicos pela troca de um ou mais hidrogênios por
halogênios (grupo 17 ou família 7A: F, Cø, Br, I). Também
são denominados hidrocarbonetos halogenados.
Exemplos:
5.2.2. Usual
Na nomenclatura comum, mais utilizada que a oficial, são
utilizadas as palavras cloreto, brometo, etc., seguidas do
nome do grupo orgânico.
Nos haletos orgânicos, o próprio átomo de halogênio re- CH3 — CH2 — Cø CH3 — CH — CH3
presenta o grupo funcional. Dele dependem as proprieda- |
des químicas da função. Em geral, é representado simboli- Br
CLORETO DE ETILA BROMETO DE ISOPROPIL
camente pela letra X.

5.1. Classificação 5.3. A presença dos haletos


em nossa vida
Haletos podem ser classificados em fluoretos, cloretos, bro-
metos, iodetos ou mistos, de acordo com o(s) halogênio(s) Os haletos estão muito presentes no dia a dia. Entre os
presente(s) na molécula. exemplos mais importantes, é possível citar os solventes,
como o tetracloreto de carbono (CCø4), que está proibido
Também são classificados em mono-haletos, di-haletos, tri- no Brasil por se tratar de substância tóxica; os inseticidas,
-haletos, etc., conforme o número de átomos de halogênio como o BHC (C6H6Cø6); os plásticos, como o PVC ([CH2 –
existentes na molécula. CHCø]n) e o teflon ([CF2 – CF2]n); os gases de refrigeração,
Contudo, devido à grande diferença de reatividade, a clas- como os freons (CCø3F; CCø2F2 etc.); os anestésicos, como
sificação mais importante é a que os divide em: o halotano (CF3 – CHBrCø); os medicamentos, como a clo-
romicetina (C11H12O5N2Cø2); e até o sangue artificial, como
ƒ haletos de alquila (R – X): se o halogênio estiver ligado a um a perfluordecalina (C10F18).
carbono saturado de um hidrocarboneto acíclico (alifático).
Em geral, os haletos orgânicos são tóxicos, motivo pelo
CH3 — CH2 — Cø qual muitas de suas aplicações foram abandonadas.

61
Exemplos: fluoreto
nome do ácido,
ƒ O clorofórmio (CHCø3) começou a ser utilizado como cloreto
brometo + DE + substituindo –ICO
anestésico em 1847, na Inglaterra. No entanto, foi por –ILA
iodeto
abandonado gradativamente em razão de sua toxidez.

ƒ Os freons (CCø3F, CCø2F2 etc.) foram introduzidos, na Exemplos:


década de 1930, como gases de refrigeração e, na
década de 1960, como propelentes para aerossóis de
perfumes e inseticidas. Mais tarde, verificou-se que os
freons prejudicavam a camada de ozônio, o que levou
vários acordos internacionais a determinarem a redu- CLORETO DE ETANOILA CLORETO DE METANOILA
ção progressiva de sua produção.

ƒ O inseticida DDT (C14H9Cø5) foi vital na Segunda Guer-


ra Mundial. Com ele foi possível debelar um surto de
tifo em Nápoles, em 1944, quando as forças aliadas BROMETO DE PROPANOILA FLUORETO DE 2-METIL-BUTANOILA
invadiram a Itália. Depois da constatação de que o DDT
se acumula em tecidos gordurosos dos organismos hu-
mano e animal, prejudicando órgãos como o fígado,
sua produção foi proibida em muitos países.

6. Ácidos sulfônicos
Os ácidos sulfônicos são compostos com o grupo funcional
sulfônico –SO3H.
ácido + (nome do hidrocarboneto correspondente) + sulfônico

Exemplos:
CH3 — SO3H CH3 — CH — CH2 — CH3
|
SO3H
ácido metano sulfônico ácido butano-2-sulfônico

ácido benzeno-sulfônico

7. Haletos de acila
Conhecidos como haletos de ácido, são compostos carac-
terizados por grupo –COX, em que X representa átomo de
halogênio (F, Cℓ, Br, I).
É possível considerar que os haletos de ácido são prove-
nientes da substituição da hidroxila (–OH) presente em um
ácido carboxílico por um átomo de halogênio.

A nomenclatura de haletos de ácido é realizada em nome


do ácido carboxílico de origem, de acordo com o esquema
a seguir:

62
VIVENCIANDO

Johann Sebastian Bach adorava um cafezinho. Assim como Voltaire, Balzac e muitos outros grandes artistas e pensa-
dores. Entretanto, o tipo de trabalho que eles realizavam não era necessariamente beneficiado por um elevado con-
sumo de café – a não ser que eles fossem gênios tão grandes a ponto de encarar a construção das suas obras como
um trabalho simples, natural, como se estivessem em uma linha de montagem realizando tudo sem muita reflexão.
O consenso geral nos estudos sobre cafeína afirma que ela pode melhorar a produtividade, mas em determinados
tipos de atividade. Para pessoas cansadas que estão realizando um trabalho relativamente direto, que não exige
muito pensamento abstrato ou raciocínio, o café demonstrou aumentar a quantidade e a qualidade dos resultados.
A cafeína também demonstrou ajudar na criação e retenção de “memória declarativa”, que é mais usada por estu-
dantes para a memorização de listas ou para decorar respostas de questões para provas.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Anfetaminas são drogas sintéticas que estimulam a atividade do sistema nervoso central. Edellano, em 1887, foi quem
primeiro obteve essa substância em laboratório, que só foi utilizada em larga escala durante a Segunda Guerra Mundial,
para manter os soldados acordados e mais ativos no esforço de guerra. Ficou evidente também que as anfetaminas, que
se mostraram eficazes para deixá-los mais atentos e confiantes, diminuíam a sensação de fome e fadiga.
Passado algum tempo, porém, as autoridades médicas da Inglaterra verificaram que, sob o efeito dessas drogas, o
desempenho dos pilotos da RAF ficava seriamente comprometido, e proibiram seu uso.
Mais tarde, quando a ação das anfetaminas como inibidoras do apetite foi comprovada, elas passaram a ser usadas
nas dietas alimentares pelas pessoas que queriam perder peso. Embora esse tenha sido o uso que as tornou extrema-
mente populares mundo afora, não é o único.
São anfetaminas o “rebite” que o caminhoneiro toma para não dormir ao volante, a “bolinha” que deixa o estudante
aceso nas vésperas das provas e os comprimidos de ecstasy, usados por jovens para varar a noite nas baladas.
O Brasil é o maior consumidor mundial de anfetaminas, dado que preocupa as autoridades de saúde pública. Para
cada mil habitantes, são consumidos nove comprimidos de anfetamina por dia, uma droga que produz tolerância e
causa prejuízos indiscutíveis à saúde.

63
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA PERTENCE A
PODE SER ORGÂNICA
QUÍMICA UMA OU MAIS

CLASSE
FUNCIONAL

POR
CONTÉM EXEMPLO

POR O
AMIDA EXEMPLO
CH3 N C CH3
H
NITROGÊNIO
POR
EXEMPLO
AMINA CH3 N CH3
CH3
PODE SER

PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA

CH3 NH2 CH3 N CH3 CH3 N CH3


H
CH3

64
O estudo da isomeria será dividido em duas partes: plana
AULAS 25 e 26 e espacial (estereoisomeria).

1.1. Isomeria plana


Nesse tipo de isomeria, verifica-se a diferença entre os
isômeros somente por meio do estudo de suas fórmulas
estruturais planas.
ISOMERIA PLANA A seguir, serão estudados os cinco casos de isomeria plana.

1.1.1. Isomeria plana de função


Os isômeros pertencem a funções orgânicas diferentes.

COMPETÊNCIAS:
a) álcool × éter
5e7
fórmula molecular: C2H6O Ÿ
HABILIDADES: 17, 24, 26 e 27 CH3 – CH2 – OH e CH3 – O – CH3
etanol metóxi-metano

b) aldeído × cetona
fórmula molecular: C3H6O Ÿ
1. O que é isomeria?
O
Caso um átomo de hidrogênio do etano seja substituído O ||

||
por um átomo de cloro, pode-se obter uma substância H3C – CH2 – C e H3C – C – CH3
apenas. Seja qual for o hidrogênio substituído, a estrutura | H
obtida será sempre a mesma.
H H H H c) ácido carboxílico × éster
| | | |
H – C – C – H Ÿ H – C – C – Cℓ fórmula molecular: C3H6O2 Ÿ
| | | |
H H H H O
O ||
Entretanto, caso dois átomos de hidrogênio sejam substituí-
||

dos por dois átomos de cloro, serão obtidas duas substâncias H3C – CH2 – C e H3C – C – O –CH3
|

diferentes, uma vez que poderão ocorrer duas possibilidades: OH

a) os dois hidrogê- b) os dois hidrogê-


nios substituídos nios substituídos
1.1.2. Isomeria plana de cadeia
estarem ligados ao estarem ligados a Os isômeros pertencem à mesma função, mas apresentam
mesmo carbono; carbonos diferentes. diferentes tipos de cadeia com classificações diferentes.
H H Cℓ H
| | | | a) normal × ramificada
H – C – C – Cℓ H–C–C–H
| |  C2H4Cℓ2 Ÿ | | fórmula molecular: C4H10 Ÿ
H Cℓ H Cℓ
1,1-dicloroetano 1,2-dicloroetano CH3 – CH2 – CH2 – CH3 e CH3 – CH – CH3
Apesar de contarem os mesmos átomos na mesma quan- |
tidade (mesma fórmula molecular: C2H4Cℓ2), os dois com- CH3
postos apresentam estruturas diferentes.
b) aberta (acíclica) × fechada (cíclica)
Esse é um exemplo do fenômeno denominado isomeria.
fórmula molecular: C3H6 Ÿ
Isomeria é o fenômeno caracterizado pela ocorrência CH2
de duas ou mais substâncias diferentes que apresen-
tam a mesma fórmula molecular, mas diferentes fór- H2C = CH – CH3 e
mulas estruturais.
CH2 CH2

65
c) homogênea × heterogênea a) éteres
fórmula molecular: C4H10O Ÿ
fórmula molecular: C2H7N Ÿ
CH3 – O – CH2 – CH2 – CH3 e CH3 – CH2 – O – CH2 – CH3
CH3 – CH2 – NH2 e CH3 – NH – CH3
metóxi-propano etóxi-etano

1.1.3. Isomeria plana de posição b) aminas


Os isômeros pertencem à mesma função, possuem o mes- fórmula molecular: C4H11N Ÿ
mo tipo de cadeia, mas diferem pela posição de uma rami-
CH3 – NH – CH2 – CH2 – CH3 e CH3 – CH2 – NH – CH2 – CH3
ficação (grupo metil, etil, etc.), de um grupo funcional
ou de uma insaturação. metil-propilamina dietilamina

a) posição do grupo (“radical” ou “ramificação”) Nota: tanto no caso dos éteres quanto no das aminas, os
fórmula molecular: C6H14 Ÿ nomes não são semelhantes e não há um número indicando
a posição do heteroátomo. Por isso, não é possível diferen-
CH3 – CH – CH2 – CH2 – CH3
| ciar as moléculas somente mudando um número no nome,
CH3 como acontece no caso da isomeria de posição “comum”.
2-metil-pentano
1.2.2. Tautomeria ou isomeria dinâmica
e
Trata-se de um caso particular de isomeria de função. Os
CH3 – CH2 – CH – CH2 – CH3 isômeros coexistem em equilíbrio dinâmico em solução e di-
|
CH3 ferem pela posição de um átomo de hidrogênio na molécula.
3-metil-pentano Os principais casos de tautomeria (tautos, dois de si mesmos)
compreendem compostos carbonílicos (que apresentam o
Nota: fica bem claro no próprio nome que a única dife- grupo carbonila, C = O). Ocorre em aldeídos e cetonas,
rença entre as duas moléculas é a posição da ramificação cujo hidrogênio em carbono é vizinho à carbonila (C = O).
(grupo) –CH3.
a) cetona × enol (tautomeria ceto-enólica)
b) posição da insaturação Exemplo:
fórmula molecular: C4H8 Ÿ

CH2 = CH – CH2 – CH3 CH3 – CH = CH – CH3


e
but-1-eno but-2-eno
Nota: fica bem claro no próprio nome que a única diferença en-
tre as duas moléculas é a posição da insaturação (ligação dupla).
c) posição do grupo funcional
fórmula molecular: C3H8O Ÿ

CH3 – CH – CH3
CH3 – CH2 – CH2 – OH |
e OH
propan-1-ol
propan-2-ol
Nota: fica bem claro no próprio nome que a única diferença
entre as duas moléculas é a posição do grupo funcional –OH. Em um frasco com acetona há moléculas de propanona e
de prop-1-en-2-ol em equilíbrio.
b) aldeído × enol (tautomeria aldo-enólica)
1.2. Casos particulares de isomeria plana
Exemplo:
1.2.1. Metameria ou isomeria
plana de compensação
Trata-se de um caso especial de isomeria de posição. Na metame-
ria, ocorre uma diferença na posição de um heteroátomo.

66
Aplicação do conteúdo
1. (PUC-RJ) Indique, entre as alternativas a seguir, a que
apresenta um hidrocarboneto isômero do 2,2,4-trime-
tilpentano.
a) Octano
b) Pentano
c) Propano
d) Butano
e) Nonano

Resolução: Resolução:
O composto 2,2,4-trimetilpentano apresenta a seguinte
fórmula estrutural: a) Pentano e 2-metilbutano são isômeros de cadeia (pen-
tano é cadeia normal e 2-metilbutano é ramificado).
CH3 CH3
| | b) 1-penteno e 2-penteno são isômeros de posição (a posi-
CH3 — C — CH2 — CH — CH3 ção da dupla é diferente).
|
CH3 c) 1-propanamina e etilmetilamina são isômeros de cadeia
(1-propanamina possui cadeia homogênea e etilmetilami-
E apresenta a fórmula molecular C8H18. O hidrocarboneto na possui cadeia heterogênea).
que contém 8 carbonos será o octano, portanto, é isômero d) Ácido butanoico e etanoato de etila são isômeros de
do octano. função (ácido butanoico é ácido carboxílico e etanoato de
Alternativa A etila é éster).

2. Assinale a alternativa que relaciona corretamente o par


e) Etóxietano e metóxipropano são isômeros de compensa-
de isômeros dados com o tipo de isomeria que apresenta. ção (a posição do heteroátomo é diferente).

Alternativa C

67
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações
químicas.

Entender a forma como as moléculas se dispõem no espaço é de suma importância em química orgânica.
Quando um composto é analisado, algumas de suas propriedades físicas podem ser a chave para saber qual
é o seu tipo. Contudo, muitas fórmulas químicas apresentam isômeros, isto é, mesma fórmula molecular, com
diferença nas fórmulas estruturais. Tal diferença causa mudança de propriedades físicas, como temperatura de
ebulição, temperatura de fusão, densidade, etc.

MODELO 1
(Enem) Motores a combustão interna apresentam melhor rendimento quando podem ser adotadas taxas de
compressão mais altas nas suas câmaras de combustão, sem que o combustível sofra ignição espontânea.
Combustíveis com maiores índices de resistência à compressão, ou seja, maior octanagem estão associados
a compostos com cadeias carbônicas menores, com maior número de ramificações e com ramificações mais
afastadas das extremidades da cadeia. Adota-se como valor padrão de 100% de octanagem o isômero do
octano mais resistente à compressão.
Com base nas informações do texto, qual dentre os isômeros seguintes seria esse composto?
a) n-octano
b) 2,4-dimetil-hexano
c) 2-metil-heptano
d) 2,5-dimetil-hexano
e) 2,2,4-trimetilpentano

ANÁLISE EXPOSITIVA
A química orgânica é uma das áreas com as maiores descobertas no mundo da química. Por causa disso,
é de extrema importância a caracterização de suas funções e a padronização da nomenclatura dos com-
postos. Além disso, a descoberta de novos combustíveis que possam substituir os combustíveis fósseis é
extremamente importante para futuros abastecimentos energéticos.
Os isômeros de cadeia citados no texto apresentam a mesma fórmula molecular:
C8H18 (octano)
C8H18 (2,2,4-trimetilpentano)

RESPOSTA Alternativa E

68
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIAS MESMA FÓRMULA


ORGÂNICAS COM
DIFERENTES MOLECULAR

CLASSE FUNCIONAIS FÓRMULAS ESTRUTURAIS MESMA CLASSE


DIFERENTES PLANAS DIFERENTES FUNCIONAL

HÁ OS QUE HÁ OS QUE

NÃO ESTABELECEM ESTABELECEM NÃO DIFEREM NA DIFEREM NA


EQUILÍBRIO QUÍMICO EQUILÍBRIO QUÍMICO CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO
ENTRE SI ENTRE SI DA CADEIA DA CADEIA

SÃO SÃO SÃO

ISÔMEROS
ISÔMEROS TAUTÔMEROS DE CADEIA
FUNCIONAIS

DIFEREM NA POSIÇÃO DIFEREM NA


DE RAMIFICAÇÃO, POSIÇÃO DE
GRUPO FUNCIONAL HETEROÁTOMO
OU INSATURAÇÃO
SÃO
SÃO

ISÔMEROS METÔMEROS OU
DE POSIÇÃO ISÔMEROS DE
COMPENSAÇÃO

69
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Os cálculos com soluções necessitam de muita Sendo cálculos envolvendo soluções um


atenção e interpretação, portanto, entender tema frequente nessa prova, entender o
como utilizar os dados fornecidos no enunciado processo e as características das soluções
é essencial. é muito importante para a interpretação
das questões.

Cálculos com soluções são abordados de maneira O assunto principal são cálculos com Cálculos envolvendo soluções têm uma alta
direta, onde se deve entender o raciocínio e o soluções, sendo importante entender como frequência, principalmente na segunda fase, e é
processo que a questão descreve. se deve interpretar o enunciado para me- importante entender o raciocínio e a lógica por
lhorar o raciocínio e resolver as questões. trás dos processos.

Os cálculos envolvendo soluções são Os cálculos envolvendo soluções são um tema Em cálculos com soluções, entender o O assunto principal são os cálculos com
trabalhosos e exigem interpretação e bom com baixa incidência, mas é importante que as processo e as características das soluções soluções que cobram, principalmente, inter-
entendimento dos dados fornecidos pelo propriedades e seu comportamento estejam é muito importante para um melhor pretação e compreensão do que é proposto
enunciado. fixados na mente. entendimento das questões. nas questões.

UFMG

O tema principal são os cálculos com soluções, Os cálculos envolvendo soluções exigem Em cálculos com soluções, entender como se
sendo importante entender o raciocínio por interpretação e bom entendimento dos deve interpretar o enunciado é importante
trás dos cálculos, assim como os processos dados fornecidos pelo enunciado. para melhorar o raciocínio e resolver as
envolvidos. questões.

As questões de cálculo com soluções necessi- Cálculos com soluções são um tema recorren- Cálculos com soluções são abordados de
tam de atenção e boa interpretação dos dados te, por isso, torna-se importante entender o maneira direta, onde se deve entender o racio-
fornecidos. raciocínio por trás dos cálculos, assim como os cínio e o processo que a questão descreve.
processos envolvidos.
SOLUÇÕES
ƒ Representação da dissolução:
AULAS 17 e 18 H2O
HCø(g) HCø(aq)

ou
H2O
HCø(g) H+(aq) + Cø–(aq)
(CONSIDERANDO A IONIZAÇÃO DO ÁCIDO)

SOLUBILIDADE H2O
CH3CH2OH (ø) CH3CH2OH(aq)

H2O
NaCø(s) Na+(aq) + Cø–(aq)
b. Substâncias apolares se dissolvem melhor em
outras substâncias apolares.
COMPETÊNCIAS: 5e7
Exemplo:
HABILIDADES: 17, 24, 25, 26 e 27 I2 (iodo) e CCø4 (tetracloreto de carbono)
são ambos apolares. Por isso, o iodo se dissolve em tetra-
cloreto de carbono.

1. Solução 1.2. Solubilidade de gases em líquidos


Solução é uma mistura homogênea de uma substância
dispersa (“espalhada”), denominada soluto, em outra 1.2.1. Lei de Henry
substância responsável pela dissolução, denominada sol-
vente. As soluções líquidas são mais estudadas, mas há A solubilidade (S) de um gás num líquido é direta-
soluções sólidas também (como as ligas metálicas) e gaso- mente proporcional à pressão (P) que o gás exerce
sas (como o ar atmosférico, isento de poeira e de umidade). sobre esse líquido.
Numa solução de água e sal (cloreto de sódio), por exem-
plo, o sal é soluto e a água é solvente. Nas soluções de Essa lei é válida desde que não haja reação química entre
sólidos em líquidos, ou de gases em líquidos, o solvente é o gás (soluto) e o líquido (solvente).
sempre o líquido. Entretanto, numa solução de dois líqui-
dos, como a água e o álcool, ou de dois sólidos, como o A expressão matemática dessa lei é:
latão (mistura homogênea de cobre e zinco), o solvente é S=k·P
o que existe em maior proporção. Numa mistura gasosa,
os gases se difundem, uma vez que não há distinção entre Em que k é uma constante de proporcionalidade que de-
soluto e solvente. pende da temperatura e do gás considerado: ao abrir uma
garrafa de refrigerante, a pressão sobre a solução diminui.
As soluções iônicas (com íons) são eletrolíticas, ou
Diminuída a solubilidade, as bolhas de gás carbônico tor-
seja, conduzem corrente elétrica, ao contrário das
nam-se visíveis e escapam do líquido.
soluções moleculares.
A solubilidade de um gás num líquido diminui com o
aumento de temperatura. É por esse motivo que, se
1.1. Solubilidade e polaridade aquecido, o gás de um copo de refrigerante será expul-
so da solução.
a. Substâncias polares se dissolvem melhor em ou-
tras substâncias polares. 1.3. Coeficiente de solubilidade
Exemplo: (Cs) ou solubilidade (S)
HCø, CH3CH2OH (etanol) ou NaCø Em certas condições de temperatura e pressão, o coe-
ficiente de solubilidade ou a solubilidade é a medida da
são substâncias polares que se dissolvem em água. capacidade de um soluto de se dissolver numa quantidade

72
padrão de um solvente. Ou seja, sob determinadas tem- 36 g de
NaCℓ
peratura e pressão, é a máxima quantidade de soluto que
pode ser dissolvida numa quantidade fixa de solvente.
100 g de água
A 20 °C, por exemplo, a quantidade máxima de sal de co- a 20 ºC
zinha (cloreto de sódio, NaCø) que se dissolve em 100 gra- Solução saturada
mas de água é de 36 g. Assim, o coeficiente de solubilidade
36 g NaCø
do NaCø a 20 °C é igual a ___________. 50 g
de NaCℓ
100 g de água

100 g de água
Corpo a 20 ºC Solução saturada + corpo
de fundo de fundo

Soluções supersaturadas – possuem mais soluto dis-


solvido do que seria possível em condições regulares, mo-
multimídia: site tivo pelo qual são instáveis.
Se a solução saturada com corpo de fundo mencionada ante-
phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/legacy/soluble-salts riormente, com 36 g de sal dissolvido e 14 g não dissolvidos
(corpo de fundo), for aquecida, os 14 g vão se dissolver. Com o
aumento da temperatura, o coeficiente de solubilidade, nesse
1.4. Classificação das e na maioria dos casos (veremos adiante), também aumenta.
soluções sob saturação Se, posteriormente, essa solução ficar em repou-
so para que volte à temperatura inicial de 20 °C, os
Soluções insaturadas ou não saturadas – soluções
50 g de sal podem continuar dissolvidos na água. As-
cuja quantidade de soluto dissolvido ainda não alcançou
sim, haverá mais soluto dissolvido (50 g) do que deveria
o coeficiente de solubilidade; são passíveis, portanto, de
(36 g) naquela temperatura e pressão. Esse é, portanto, um
dissolução de mais soluto.
caso de solução supersaturada.
Caso sejam dissolvidos apenas 15 g de sal (NaCø) em
Entretanto, esse tipo de solução é muito instável. Se ela for
100 g de água a 20 ºC, haverá uma solução insaturada,
agitada ou se for adicionado um pequeno cristal de NaCø,
uma vez que ainda faltam 21 g ( 36 g – 15 g ) para que
haverá a precipitação dos 14 g de sal em excesso. Novamente,
ela alcance a quantidade máxima de soluto permitida
o sistema obtido será constituído por uma solução saturada
nessas condições.
(100 g de água a 20 °C, com 36 g de sal completamente
15 g de
NaCℓ dissolvido) e um corpo de fundo (14 g de sal não dissolvido).

1.5. Curvas de solubilidade


100 g de água
a 20 ºC Curvas de solubilidade são gráficos que indicam a va-
Solução insaturada riação dos coeficientes de solubilidade das substâncias em
função da temperatura.
Soluções saturadas – alcançaram exatamente o coeficien-
te de solubilidade; a quantidade de soluto dissolvida é exata-
mente a quantidade permitida nas condições consideradas.
Misturados 50 g de sal em 100 g de água a 20 ºC, os
36 g que vão se dissolver, e o excesso que não pode ser
dissolvido, 14 g (50 g – 36 g ), precipitarão, formando o
corpo de fundo ou precipitado. Nesse caso há uma
solução saturada com corpo de fundo (esse sistema obtido
constitui uma mistura heterogênea). Se o objetivo é obter
apenas a solução saturada, é preciso realizar uma filtração
simples para separar o precipitado (sólido não dissolvido)
da solução saturada (mistura homogênea).

73
Nota: a solubilidade da maioria das substâncias aumenta Com base no diagrama, responda:
com a elevação da temperatura. São substâncias com uma a) Qual das substâncias tem sua solubilidade diminuída
dissolução endotérmica, que ocorre com absorção de calor. com a elevação da temperatura?
b) Qual a máxima quantidade de A que conseguimos
Já para o Ce2(SO4)3, a solubilidade diminui com o aumento dissolver em 100 g de H2O a 20 ºC?
da temperatura; assim, trata-se de uma dissolução exotér- c) Considerando apenas as substâncias B e C, qual
mica, que ocorre com liberação de calor. delas é a mais solúvel em água?
d) Considerando apenas as substâncias A e B, qual
delas é a mais solúvel em água?
Aplicação do conteúdo e) Qual é a massa de C que satura 500 g de água a
100 ºC? Indique a massa da solução obtida (massa
1. Com base nesse gráfico anterior, responda:
do soluto + massa do solvente).
a) Considerando apenas as substâncias NaNO3 e f) Uma solução saturada de B com 100 g de água, prepa-
Pb(NO3)2, qual delas é a mais solúvel em água, a qual- rada a 60 ºC, é resfriada até 20 ºC. Determine a massa de
quer temperatura? B que irá precipitar, formando o corpo de fundo a 20 ºC.
b) Aproximadamente, a qual temperatura as solubili-
dades do KCø e do NaCø são iguais? Resolução:
c) Qual das substâncias apresenta maior aumento de a) A única curva descendente é a da substância A, o
solubilidade com o aumento da temperatura? que indica que sua solubilidade diminui com a eleva-
d) Compare as solubilidades das substâncias KCø e ção da temperatura.
K2Cr2O7 a 70 ºC, abaixo e acima dessa temperatura. b) Observando o gráfico, percebe-se que a 20 ºC é
e) Qual a massa de uma solução saturada de NaNO3 possível dissolver 60 g de A em 100 g de água, uma
a 20 ºC obtida a partir de 500 g de H2O? vez que esse é o seu coeficiente de solubilidade.
c) Em qualquer temperatura, a substância B é a mais
Resolução: solúvel (a curva de B está sempre acima da curva de C).
a) NaNO3 d) As curvas de A e B cruzam-se aproximadamente a
b) a 28 ºC 40 ºC, indicando que, a essa temperatura, essas subs-
c) CaCø2 tâncias apresentam a mesma solubilidade.
d) t = 70 ºC Ÿ solubilidade KCø = K2Cr2O7 Para temperaturas inferiores a 40 ºC, a solubilidade
t > 70 ºC Ÿ solubilidade KCø < K2Cr2O7 de A é maior que a de B. Para temperaturas superiores
a 40 ºC, a solubilidade de B é maior que a de A.
t < 70 ºC Ÿ solubilidade KCø > K2Cr2O7
e) A 100 ºC Cs = 80 g/100 g H2O
e) A 20 ºC, Cs NaNO3 = 88 g / 100 g de água.
80 g de C –––––– 100 g de H2O
Como o coeficiente de solubilidade indica uma proporção x –––––– 500 g de H2O
entre soluto e solvente, tem-se: Ÿ x = 400 g de C
88 g NaNO3 _______ A solução contém 400 g de C dissolvidos em 500 g
________ = x Ÿ de H2O. Portanto, sua massa é 400 + 500 = 900 g
100 g H2O 500 g H2O de solução.
Ÿ x = 440 g de NaNO3 estão dissolvidos em 500 g de água. f) A 60 ºC é possível dissolver 80 g de B em 100 g de
H2O, ao passo que a 20 ºC a quantidade máxima de B
A solução é formada por 440 g de NaNO3 dissolvidos em dissolvida em 100 g de H2O é 20 g. Portanto, se resfriada
500 g de H2O. Portanto, sua massa é: uma solução saturada de B a 60 ºC até 20 ºC em 100 g de
água, ocorrerá uma precipitação de 80 – 20 = 60 g de B.
m = 500 + 440 = 940 g.
3. (Unifesp) Uma solução contendo 14 g de cloreto de
2. O gráfico representa as curvas de solubilidade das sódio dissolvidos em 200 mL de água foi deixada em
substâncias A, B e C. um frasco aberto, a 30 ºC. Após algum tempo, começou
a cristalizar o soluto.
Qual volume mínimo e aproximado, em mL, de água que
deve ter evaporado quando se iniciou a cristalização?
Dados:
Solubilidade, a 30 ºC,
do cloreto de sódio = 35 g /100 g de água.
Densidade da água a 30 °C = 1,0 g/mL.
a) 20 d) 100
b) 40 e) 160
c) 80

74
Resolução: O volume de água que evaporou corresponde à diferen-
ça entre o volume inicial 200 mL, que era suficiente para
Como d = 1 g/mL Ÿ 100 mL de água equivalem a 100 dissolver “com folga”os 14 g de sal e o volume final, que
mL de água. consegue dissolver exatamente 14 g do sal.
35 g de NaCø –––––– 100 mL de água V = 200 mL – 40 mL = 160 mL de água evaporada
14 g de NaCø –––––– x
Alternativa E
Ÿ x = 40 mL de água

VIVENCIANDO

A dissolução do pó de suco industrial em água para se fazer um refresco é a aplicação mais corriqueira do princípio
da solubilidade. Esse procedimento é simples e muitas pessoas o realizam todos os dias.
Já em relação ao ar atmosférico não é tão simples assim pensar que também se trata de uma solução gasosa. Se for
analisada essa questão pela óptica da definição química de soluções, o ar atmosférico apresenta, no geral, aspecto
homogêneo. Além disso, em toda sua constituição esse gás possui as mesmas propriedades físico-químicas.
Simultaneamente, é possível inferir que ligas metálicas são soluções sólidas, em que é possível se ter dois ou mais
metais fundidos em uma mesma matéria; essa matéria, por sua vez, apresentará em toda a sua extensão o mesmo
aspecto visual e as características físico-químicas bem definidas. Um exemplo desse processo é a produção de ligas
de bronze, que são constituídas de cobre e estanho.

75
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Na natureza, o bário está sempre combinado com outros elementos, sendo que cerca de 0,45% da crosta terrestre
possui esses compostos, principalmente sob a forma dos minerais barita e viterita. Entre os compostos de bário, é
possível destacar o sulfato (BaSO4) e o carbonato (BaCO3). O carbonato de bário é extremamente venenoso aos
mamíferos. Se for ingerido, dissolve-se rapidamente no ácido clorídrico do estômago. Uma vez absorvido, ele se
deposita nos pulmões, músculos, ossos e órgãos internos.
A ingestão desse composto extremamente tóxico, mesmo que em pequena quantidade, causa dificuldades respiratórias,
aumento da pressão arterial, alteração no ritmo cardíaco, irritação no estômago, enfraquecimento dos músculos, mudan-
ças nos reflexos nervosos, edema cerebral e alterações prejudiciais ao fígado, aos rins, ao coração e ao baço, provocando
sintomas agudos de envenenamento, como salivação excessiva, vômitos, diarreia, falta de ar, paralisia e taquicardia.
Doses de cerca de 0,8 g de carbonato de bário são consideradas letais, e a morte em seres humanos ocorre rapidamente
por falência cardíaca ou respiratória. Nessas circunstâncias, como antídoto, pode-se utilizar uma solução de sulfato de só-
dio ou de magnésio, que reage rapidamente com o carbonato de bário, formando o sulfato de bário, insolúvel e inofensivo.
Portanto, o sulfato de bário é bem diferente! Sua utilização mais importante consiste em permitir radiografias e
radioscopias de órgãos moles, que normalmente são transparentes aos raios X. Ele constitui o que se denomina um
agente radiopaco, ou seja, opaco aos raios X e utilizado clinicamente para diagnosticar certas doenças.
Como é insolúvel em água e em gordura, o sulfato de bário forma, ao ser misturado com água, uma suspensão densa
que bloqueia os raios X. Em consequência, as áreas do corpo em que estiver localizado aparecerão brancas na radiografia.
Isso cria uma distinção que é necessária, entre um órgão e os demais tecidos, ajudando o radiologista a perceber qualquer
condição especial existente no órgão ou parte do corpo analisada. Quando administrado por via oral ou retal, permite
exames do trato gastrointestinal e a detecção de câncer, tumores, úlceras e outras condições inflamatórias, como hérnias.

76
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

Um dos compostos mais utilizados em radiografias é o sulfato de bário. É um sal insolúvel responsável pelo
contraste. É um composto muito pouco solúvel que é excretado na urina. Seu uso médico faz desse composto
um aliado em diversos exames, porém sua propriedade radiopaca é perigosa, pois a mínima absorção de íons
bário pelo organismo pode causar morte. Ocorre que, como o bário é um átomo muito maior que o cálcio, ele
toma seu lugar nos processos biológicos, podendo ocasionar falta de cálcio no organismo, levando a óbito.

MODELO 1
(Enem) Devido ao seu alto teor de sais, a água do mar é imprópria para o consumo humano e para a maioria
dos usos da água doce. No entanto, para a indústria, a água do mar é de grande interesse, uma vez que os sais
presentes podem servir de matérias-primas importantes para diversos processos. Nesse contexto, devido a sua sim-
plicidade e ao seu baixo potencial de impacto ambiental, o método da precipitação fracionada tem sido utilizado
para a obtenção dos sais presentes na água do mar.
Tabela 1: Solubilidade em água de alguns compostos presentes na água do mar a 25 ºC
Soluto Fórmula Solubilidade g/kg de H2O
Brometo de sódio NaBr 1,20 · 103
Carbonato de cálcio CaCO3 1,30 · 10-2
Cloreto de sódio NaCℓ 3,60 · 102
Cloreto de magnésio MgCℓ2 5,41 · 102
Sulfato de magnésio MgSO4 3,60 · 102
Sulfato de cálcio CaSO4 6,80 · 10-1

PILOMBO, L. R. M.; MARCONDES, M.E.R.; GEPEC. GRUPO DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO QUÍMICA. QUÍMICA
E SOBREVIVÊNCIA: HIDROSFERA FONTE DE MATERIAIS. SÃO PAULO: EDUSP, 2005 (ADAPTADO).

Suponha que uma indústria objetiva separar determinados sais de uma amostra de água do mar a 25 °C, por
meio da precipitação fracionada. Se essa amostra contiver somente os sais destacados na tabela, a seguinte
ordem de precipitação será verificada:
a) Carbonato de cálcio, sulfato de cálcio, cloreto de sódio e sulfato de magnésio, cloreto de magnésio e, por
último, brometo de sódio.
b) Brometo de sódio, cloreto de magnésio, cloreto de sódio e sulfato de magnésio, sulfato de cálcio e, por último,
carbonato de cálcio.
c) Cloreto de magnésio, sulfato de magnésio e cloreto de sódio, sulfato de cálcio, carbonato de cálcio e, por último,
brometo de sódio.
d) Brometo de sódio, carbonato de cálcio, sulfato de cálcio, cloreto de sódio e sulfato de magnésio e, por último,
cloreto de magnésio.
e) Cloreto de sódio, sulfato de magnésio, carbonato de cálcio, sulfato de cálcio, cloreto de magnésio e, por último,
brometo de sódio.

77
ANÁLISE EXPOSITIVA
Os sais apresentam diferentes solubilidades em água. Nessa questão, são abordados diferentes sais em
relação a uma mesma quantidade de água para saber quais sais serão precipitados primeiro.
De acordo com os valores de solubilidade fornecidos na tabela, tem-se:
1,20 · 103 (NaBr) > 5,41 · 102 (MgCℓ2) > 3,60 · 102 (NaCℓ e MgSO4) > 6,80 · 10-1 (CaSO4) > 1,30 · 10-2
(CaCO3). Os sais com menor solubilidade precipitarão antes, ou seja, carbonato de cálcio, sulfato de cálcio,
cloreto de sódio e sulfato de magnésio, cloreto de magnésio e, por último, brometo de sódio.

RESPOSTA Alternativa A

DIAGRAMA DE IDEIAS

MISTURA

HOMOGÊNEA HETEROGÊNEA

É UMA TEM

DUAS OU
SOLUÇÃO TEM SOLUTO
MAIS FASES

TEM COMO

SOLVENTE
PRECIPITADO
OU CORPO
EXEMPLO ÁGUA DE FUNDO

LIMITE DE OCASIONADO
CONTÉM PELO
SOLUBILIDADE

78
A concentração indica os gramas de soluto dissolvidos em
AULAS 19 e 20 cada litro de solução.
Exemplo

CONCENTRAÇÕES
COMUM E MOLAR Interpretação
Em cada 1 L da solução existem 10 g de NaOH dissolvido.
Observe que o símbolo (aq) indica que o NaOH está ne-
cessariamente dissolvido em água.
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7

HABILIDADES: 17, 21, 24, 25, 26 e 27


Aplicação do conteúdo
1. Determinar a concentração, em g/L, de uma solução
de nitrato de potássio (KNO3), sabendo-se que ela con-
tém 60 g do sal em 300 mL de solução.

Resolução:
1. Introdução
É denominada concentração de uma solução toda e qualquer I. Pelo próprio significado de concentração, tem-se:
maneira de expressar a proporção entre as quantidades de so- Solução contém Soluto
luto e de solvente ou as quantidades de soluto e de solução. Es- 300 mL ––––––––– 60 g de KNO3
sas quantidades podem ser expressas em grama, mol, litro, etc.
1 L = 1000 mL ––––––––– x
Observe a convenção usual para indicar cada componente
da solução: Ÿ x = 200 g de soluto dissolvidos em 1000 mL = 1 L de
solução Ÿ C = 200 g / L = 200 g · L–1
Índice 1 o quantidades relativas ao soluto
Índice 2 o quantidades relativas ao solvente II. Diretamente pela fórmula:
m 60 g
Sem índice o quantidades relativas à solução C = ___1 = ____ Ÿ C = 200 g/L = 200 g · L–1
V 0,3 L
Dissolvidos 30 gramas de sal de cozinha (soluto) em 495 Escolha o método mais conveniente.
mL de água pura (solvente), obtém-se 500 mL de solução
(sal + água), que pode ser representado: 2. Ao dissolver 100 g de NaOH em 400 mL de água, ob-
tiveram-se 410 mL de solução. A concentração comum
m1 = 30 g (soluto), V2 = 495 mL (solvente), dessa solução será igual a:
V = 500 mL (solução). a) 0,2439 g/L.
b) 0,25 g/L.
2. Concentração comum ou c) 250 g/L.
d) 243,90 g/L.
concentração em grama por litro (c) e) 4,0 g/L.

Concentração comum, concentração em grama por Resolução:


litro ou, simplesmente, concentração é o quociente entre a A massa do soluto (m1) é 100 g e o volume final da so-
massa do soluto (em gramas) e o volume da solução (em litros). lução (V) é 410 mL = 0,410 L.

m I. Não utilizando a fórmula, tem-se:


C = ___1
V Soluto Solvente
C – concentração em grama por litro, g/L ou g ∙ L –1 100 g ––––––––– 410 mL
m1 – massa de soluto em gramas, g x ––––––––– 1000 mL
V – volume da solução em litros, L x # 243,9 g

79
Ou seja, teremos 243,9 g para cada 1.000 mL (1 L) de É possível associar a equação anterior à conhecida fórmula práti-
solução, isto é, C = 243,9 g/L. ca para o cálculo da quantidade de matéria (“número de mol”).
m
II. Utilizando a fórmula, tem-se: n1 = ___1
m M1
100 o C = 243,9 g ∙ L-1
C = ___1 o C = _____ Obtém-se:
V 0,410
m1
Como é possível notar, usando ou não a fórmula, chega-se M = _____
ao mesmo resultado. M1 · V

Alternativa D Do qual:
3. Dissolvem-se 20 g de sal de cozinha em água. Qual M – concentração em mol por litro, mol/L ou mol ∙ L–1
será o volume da solução, sabendo-se que a sua con-
centração é de 0,05 g/L? m1 – massa de soluto em gramas, g
a) 400 L M1 – massa molar do soluto em gramas por mol, g/mol
b) 0,0025 L ou g ∙ mol–1
c) 1,0 L
d) 0,25 L V – volume da solução em litros, L
e) 410 L Nota: a unidade mol/L ainda é (apesar de ser considera-
Resolução: da ultrapassada e não oficial pela IUPAC), frequentemente,
denominada molar e representada por M:
A concentração (C) é 0,05 g/L e a massa do soluto (m1) é 20 g.
M = 0,5 mol/L = 0,5 molar = 0,5 M.
I. Não utilizando a fórmula, tem-se:

Soluto Solvente Aplicação do conteúdo


0,05 g ––––––––– 1L
1. Determinar a concentração em mol/L de uma solução
20 g ––––––––– x de iodeto de sódio (NaI), que encerra 45 g do sal em
x = 400 L 400 mL de solução.
Ou seja, o volume necessário para dissolver 20 g de sal e
Dado: massa molar do NaI = 150 g/mol.
chegar à concentração de 0,05 g/L é de 400 L de água.
II. Utilizando a fórmula, tem-se: Resolução:
m 20 ŸV = 400 L
C = ___1 Ÿ 0,05 = _____ I. Cálculo da quantidade de iodeto de sódio em mol:
V V
150 g de NaI ––––––––– 1 mol de NaI
Alternativa A
45 g de NaI ––––––––– n1
n1 = 0,3 mol de NaI
3. Concentração em quantidade Pelo próprio significado de concentração:

de matéria ou concentração solução contém soluto

em mol por litro (M) 400 mL


1 L = 1000 mL
–––––––––
–––––––––
0,3 mol de NaI
x
Concentração em quantidade de matéria, concen-
Ÿ x = 0,75 mol de NaI dissolvidos em 1.000 mL = 1 L de
tração em mol por litro, concentração molar ou mo-
solução œ M = 0,75 mol/L = 0,75 mol · L–1
laridade (os dois últimos termos, embora ultrapassados,
ainda são empregados) são definições que correspondem à II. Pela fórmula:
quantidade de soluto em mol, dado 1 litro de solução. m 45 g
n1 = ___1 = ________= 0,3 mol
n M1 150 g/mol
M = __1 Assim:
V n 0,3 mol
Do qual: M = __1 = ______ Ÿ M = 0,75 mol/L = 0,75 mol · L–1
V 0,4 L
M – concentração em mol por litro, mol/L ou mol ∙ L–1 III. Para ser mais direto, aplica-se a fórmula:
m1 _____________
45 g
n1 – quantidade de mol (“número de mol”) de soluto, mol M = ____ = ŸM = 0,75 mol/L
M1 V 150 g/mol · 0,4 L
V – volume da solução em litros, L = 0,75 mol · L–1

80
2. (Cesgranrio – Adaptada) O metal mercúrio (Hg) é Resolução:
tóxico, pode ser absorvido, via gastrointestinal, pelos
animais e sua excreção é lenta. A análise da água de Nessa questão, tem-se a massa do soluto
um rio contaminado revelou uma concentração de (m1) = 120 g, massa da solução = 120 + 1000 = 1120 g,
5,0 ˜ 10-5 M de mercúrio. Qual é a massa aproximada
em mg de mercúrio que foi ingerida por um garimpei- densidade da água = 1,044 g/cm3 (g/mL) e MHCø = 1 + 35,5 =
ro que bebeu um copo contendo 250 mL dessa água? = 36,5 g/mol.
(Dado: Hg = 200 g˜mol-1)
I. Não utilizando a fórmula, deve-se calcular qual o volume
a) 250 d) 2,5 da solução através da densidade:
b) 25 e) 0,025
c) 0,25 massa volume da solução
Resolução: 1,044 g ––––––– 1 mL
Tem-se que a concentração molar (M) é 5,0 ∙ 10-5 M 1120 g ––––––– x
(mol/L), e o volume em questão (V) é 250 mL. x # 1073 mL = 1,073 L
I. Não utilizando a fórmula, deve-se calcular quantos mol
de mercúrio há em 250 mL (1 copo): Calcula-se também o número de mol de HCø contido em
120 g de soluto:
número de mol volume
5,0 ∙ 10-5 mol ––––––––– 1000 mL massa número de mol
x ––––––––– 250 mL 36,5 g ––––––– 1 mol
x = 1,25 ·10-5 mol
120 g ––––––– y
Em seguida, deve-se passar para a massa de mercúrio uti- y # 3,3 mol
lizando a massa molar do mercúrio:
Agora, é possível calcular a concentração molar (M) da
número de mol massa solução:
1 mol ––––––––– 200 g
número de volume da
-5
1,25 ∙ 10 mol ––––––––– y mol solução
y = 0,0025 g ·2,5 mg 3,3 mol –––––––– 1,073 L
Assim, a massa de mercúrio contida em um copo (250 mL) z –––––––– 1L
é de 2,5 mg. z # 3,075 mol
II. Utilizando as fórmulas, tem-se: Ou seja, em 1 L de solução haverá 3,075 mol; assim, a
M = __n o 5 · 10-5 = ____n o n = 1,25 · 10-5 mol concentração molar M = 3,075 M (mol/L).
V 0,25
m m II. Utilizando as fórmulas, tem-se:
n = ___1 o 1,25 · 10-5 = ___1 o m1 = 0,0025 g
M1 200
= 2,5 mg d = ____ 1120 o V # 1072,80 mL = 1,0728 L
m o 1,044 = _____________
V V
III. Utilizando uma única fórmula, tem-se: m 120 o n # 3,29 mol
n = ____1 o n = _____________
m1 m1 M1 36,5
M = ___ o 5 · 10-5 = ___
M1· V 200 · 0,25 3,29
om1 = 0,0025 g = 2,5 mg M = ____n o M = _____________ o M = 3,064 mol/L
V 1,0728
Alternativa D III. Utilizando uma única fórmula, tem-se:

3. Uma solução de ácido clorídrico (HCℓ(aq)) foi pre- m1 120 o


M = ______
m
__ o M = __________
parada dissolvendo-se 120 g do cloreto de hidrogê- M1 ∙ 1120
36,5 ∙ ____
nio (HCℓg)) em 1.000 g de água. Considerando que a d 1044
densidade da água é igual a 1,044 g/cm3, determine
qual das alternativas abaixo indica o valor aproxima- oM = 3,064 mol/L
do da concentração em mol/L da solução preparada.
Apesar de próximos, os valores dos três métodos resulta-
Dados: massas molares: H = 1,0 g/mol; Cℓ = 35,5 g/mol.
ram diferentes devido às aproximações dos números que
a) 0,343 d) 3,06 foram consideradas.
b) 2,86 e) 4,86
c) 0,00286 Alternativa D

81
4. Relações entre
concentração comum e
concentração em mol por litro
Das equações anteriormente definidas:
m m1 multimídia: vídeo
C = ___1 (1) M = ______ (2)
V M1 ? V
Dividido (1) por (2), obtém-se: FONTE: YOUTUBE
Preparação e diluição de uma solução
C = M1 M.

Do qual:
C – concentração em grama por litro, g/L 5. Concentração para
M1 – massa molar do soluto em grama por mol, g/mol soluções iônicas
M – concentração em mol por litro, mol/L As soluções cujo soluto encontra-se dissociado em íons são
denominadas iônicas.
Aplicação do conteúdo Monta-se a equação da dissociação do eletrólito (soluto)
e calcula-se a quantidade em mol do cátion e do ânion
1. Qual é a concentração molar (mol/L) de uma solução
produzidos para cada mol do soluto.
aquosa de etanol (C2H6O) de concentração igual a 4,6 g/L?
(massa molar do etanol = 46 g/mol) Obtém-se uma relação estequiométrica em mol/L entre o
a) 4,6 soluto e os íons produzidos.
b) 0,20
Exemplos:
c) 1,0
d) 0,10 o
1 NaCℓ(aq) 1 Na+(aq) + 1 Cℓ–(aq)
e) 0,50

Resolução: 1 mol 1 mol 1 mol


4,6 g/L
C = _______
C = M1 · M1 Ÿ M = ___ Ÿ 1 CaCℓ2(aq) o 1 Ca2+(aq) + 2 Cℓ–(aq)
M1 46 g/mol
Ÿ M = 0,10 mol/L = 0,10 mol · L–1
1 mol 1 mol 2 mol
Alternativa D
1 Aℓ2(SO4)3(aq) o 2 Aℓ3+(aq) + 3 SO42–(aq)
2. A água de abastecimento urbano, depois de passar
pela Estação de Tratamento de Água – ETA, deve conter
1 mol 2 mol 3 mol
quantidade de “cloro residual” na forma de HCℓO. A aná-
lise de uma amostra de água tratada, à saída de uma ETA,
revelou concentração de HCℓO igual a 2,0 ∙ 10-5 mol/L. Em
mg/L, tal concentração é igual a (massa molar do HCℓO:
52,5 g/mol):
a) 1,05.
b) 1,05 ∙ 10-3.
c) 0,105.
d) 2,10.
e) 2,10 ∙ 10-3.
multimídia: site
Resolução:
C = M1 ∙ M o C = 2 ∙ 10-5 ∙ 52,5 o www.anad.org.br/hemoglobina-glicosilada-voce-sabia-
oC = 0,00105 g/L = 1,05 mg/L que-este-exame-pode-mostrar-o-comportamento-da-
glicose-no-seu-organismo/
Alternativa A

82
Aplicação do conteúdo
1. Calcule a concentração em quantidade de matéria dos íons Ca2+ e Cℓ– numa solução 0,5 mol/L de CaCℓ2 cujo sal está
seguramente 100% dissociado.

Resolução:

Equação da dissociação do cloreto de cálcio:

1 CaCℓ2(aq) o 1 Ca2+(aq) + 2 Cℓ–(aq)

1 mol 1 mol 2 mol

1 ∙ 0,5 mol/L 1 ∙ 0,5 mol/L 2 ∙ 0,5 = 1 mol/L

Portanto:
MCa2+ = 0,5 mol/L e MCℓ– = 1,0 mol/L

VIVENCIANDO

Os sucos são uma das aplicações mais corriqueiras das concentrações em soluções. Soluções são misturas homogê-
neas, isto é, que apresentam apenas uma fase. O suco pode ser feito de forma muito concentrada ou de forma muito
diluída. Quando um suco está aguado, significa que ele possui muito mais solvente (água) do que soluto (pó do suco
ou polpa); quando um suco está muito forte, significa que há mais soluto necessário do que solvente.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Muitas vezes, com o intuito de identificar uma gravidez, são utilizados testes de farmácia. Esses testes se baseiam
numa reação química que capta a presença do hormônio HCG (gonadotrofina coriônica humana) na urina. Esse
hormônio só aparece durante a gravidez e tem como principal função manter o corpo lúteo, uma formação no ovário
toda vez que a mulher ovula.
O teste é baseado na concentração desse hormônio presente na corrente sanguínea. Quando o excremento urinário
entra em contato com a tira do teste, os anticorpos presentes na fita procuram uma das duas subunidades do HCG,
conhecida como beta. Se ela for encontrada na urina, os anticorpos entram em contato com ela, provocando a mu-
dança de cor por meio de uma reação química.

83
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

Uma das formas de controle de substâncias em um sistema é o cálculo de sua concentração. A concentração
é uma forma de medida que pode ser determinada em diversas unidades. As mais comuns são grama por litro
(g/L) e mol por litro (mol/L). Nessas formas de concentração, é analisada a quantidade do soluto em gramas
por litro de solução, e, a partir dessa informação, é possível analisar a quantidade de moléculas ou espécies
químicas presentes na amostra estudada.

MODELO 1
(Enem) A cafeína é um alcaloide, identificado como 1,3,7-trimetilxantina (massa molar igual a 194 g/mol), cuja estru-
tura química contém uma unidade de purina, conforme representada. Esse alcaloide é encontrado em grande quan-
tidade nas sementes de café e nas folhas de chá-verde. Uma xícara de café contém, em média, 80 mg de cafeína.

Considerando que a xícara descrita contém um volume de 200 mL de café, a concentração, em mol/L, de cafeí-
na nessa xícara é mais próxima de:
a) 0,0004. d) 2.
b) 0,002. e) 4.
c) 0,4.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A concentração é um fato que depende tanto do seu soluto como do seu solvente. Ela é muito importante
para a avaliação de níveis glicêmicos no sangue, quantidade de hemoglobina e concentração de ferro
para análises de anemia, em química forense, etc.
Uma xícara de café contém 80 mg de cafeína.
Mcafeína = 194 g·mol-1
V = 200 mL = 0,2 L
m = 80 mg = 0,08 g
0,08 g
m = ___________
n = __
M 194 g·mol-1
0,08 g
___________
194 g·mol-1
n = ___________
Concentração (mol/L) = __ = 0,0020615 mol/L
V 0,2 L
Concentração (mol/L) # 0,002 mol/L

RESPOSTA Alternativa B

84
DIAGRAMA DE IDEIAS

MISTURA PODE SER HOMOGÊNEA

É UMA
SOLUÇÃO
TEM
TEM

CONCENTRAÇÃO SOLUTO

EXPRESSA EM SOLVENTE
CONCENTRAÇÃO
COMUM (g/L)

CONCENTRAÇÃO
MOLAR (mol/L)

PERMITE
CALCULAR A

QUANTIDADE DE
MOL DO SOLUTO

ÚTIL EM

CÁLCULOS ESTEQUIOMÉTRICOS
PARA REAÇÕES QUE TENHAM UM
OU MAIS REAGENTES EM SOLUÇÃO

POR EXEMPLO

CONCENTRAÇÃO
TITULAÇÃO
(g/L)

85
AULAS 21 e 22

TÍTULO E PARTES
POR MILHÃO O rótulo indica que d = 1,2 g/cm3.
Interpretação: cada 1,2 g de solução ocupa 1 cm3 (1mL)
ou cada 1 cm3 (1 mL) de solução “pesa” 1,2 g.
Essa densidade pode ser expressa também em outras
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7 unidades:

HABILIDADES: 17, 21, 24, 25, 26 e 27 Lembre-se: 1kg = 1000 g e 1 L = 1.000 mL =


= 1000 cm3 = 1 dm3

1,2 g
m = ______ 1,2 g
d = __ = _____ = 1,2 g/mL
1. Densidade (d) V 1,0 cm3 1,0 mL

Inicialmente, é importante ressaltar que a densidade Ou seja, as unidades g/cm3 e g/mL são numericamente
não é um tipo de concentração, mas uma proprieda- equivalentes.
de específica inerente a toda matéria. Todos os materiais –
substâncias puras ou misturas – têm densidade. Por outro 1,2 g
m = ______ 1,2 g 1,2 · 10–3 kg
lado, a concentração, independentemente da forma em d = __ = ______ = ___________ = 1,2 kg/L
V 1,0 cm 1,0 mL 1,0 · 10–3 L
3

que for expressa (g/L, mol/L, título, etc.), é uma proprie-


dade associada exclusivamente às misturas homogêneas, Ou seja, as unidades g/mL e kg/L são numericamente equi-
às soluções. valentes.
Apesar de não se tratar de uma concentração, estuda-se a Importante: não confunda densidade com concentração.
densidade no capítulo das concentrações, uma vez que ela
massa total da solução
m = _________________
está intimamente relacionada às concentrações das solu- d = __
v
ções. Por definição, densidade é a relação entre a massa e volume da solução
o volume da solução:
m massa do soluto
C = ___1 = ______________
m V volume da solução
d = __
V
Exemplo:
Da qual: Considere uma solução aquosa com m1 = 200 g de NaOH
dissolvidos em água suficiente para formar V = 1 litro
d – densidade da solução, em g/cm3 (g·cm–3) ou em g/mL
(1000 cm3) de solução. A massa da solução (pesada após o
(g·mL–1)
seu preparo) é m = 1100 g
m – massa da solução (soluto + solvente) em grama, g
Calculando a densidade e a concentração da solução:
V – volume da solução (soluto + solvente) em centímetros
1100 g
m = ________
cúbicos (cm3) ou mililitros (mL) d = __ = 1,1 g/cm3 œ
V 1000 cm3
Nota: outras combinações de unidades também
são muito comuns, como kg/m3 ou g/L. cada 1,0 cm3 de solução “pesa” 1,1 g.
m 200 g
Exemplo: C = ___1 = _____ = 200 g/L œ cada 1 L de solução
V 1L
Considere o rótulo de uma solução de ácido sulfúrico. contém 200 g de NaOH dissolvido.

86
Nota: o título da solução é
2. Título (t) e porcentagem 20 = 0,2.
20% = ___
em massa (%m) 100

Uma vez que o volume das soluções varia com a tempera-


tura, tanto a densidade como a concentração comum
dependem da temperatura. Por isso, a densidade deve vir
3. Título em volume (tv) e
acompanhada da temperatura na qual foi determinada. porcentagem em volume (%v)
Como a massa não varia com a temperatura, uma forma De maneira semelhante ao título em massa, o título em volu-
de concentração que utiliza apenas massas na sua defini- me relaciona o volume do soluto com o volume da solução.
ção, isto é, que não depende da temperatura, é o título ou
porcentagem em massa. V
Wv = __1
Relaciona a massa do soluto presente numa dada massa V
de solução.
m 0 < t < 1,0
t = ___1
m A porcentagem em volume será:

Da qual:
V
%V = __1 ·100 = tV ·100
m1 – massa do soluto, em gramas, quilogramas, etc. V
m – massa da solução, em gramas, quilogramas, etc.
0 % < tV < 100 %
Nota: o título sempre será um número adimensional (sem
Exemplo:
unidades) com valores dentro do intervalo:
Considere uma embalagem de álcool hidratado (etanol
0 < t < 1,0 com água).
O título pode ser expresso em porcentagem, por isso pode
ser chamado de porcentagem em massa do soluto.

m1
%m = ___
m ·100 = t ·100

Com os valores dentro da faixa:


0% < %m < 100%

Exemplo:
Interpretação: cada 100 mL (ou 100 L) da solução con-
Considere uma solução aquosa de NaOH com o rótulo in- tém 96 mL (ou 96 L) de etanol.
dicando 20%.

multimídia: site

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2015/05/
Interpretação: a solução apresenta 20% em massa de concentracao-de-co2-na-atmosfera-bate-recorde-e-
NaOH, ou seja, cada 100 g (ou 100 kg) de solução contém preocupa-diz-agencia.html
20 g (ou 20 kg) de NaOH dissolvidos.

87
VIVENCIANDO
A guerra às drogas tem sido um problema mundial. Uma pesquisa publicada pela London School of Economics, “Acaban-
do com a guerra das drogas”, aponta que a redução do consumo de drogas será mais eficiente por meio da redução de
danos e da mudança no foco das políticas públicas, sendo necessário buscar alternativas, como fez José Mujica no Uruguai.
Nesse sentido, não se trata de um problema apenas de saúde pública, mas também de economia. A estimativa é que já te-
nha sido gasto US$ 1 trilhão nessa guerra, e que 40% da população carcerária mundial esteja presa por causa das drogas.
Além disso, os dados mostram que, em média, 21% dos usuários morrem por causa do uso exagerado, de remédios de
farmácias a entorpecentes lícitos e ilícitos, onde essas substâncias têm uma margem de concentração que os usuários não
devem ultrapassar, pois tal ato implica na chamada overdose. Indivíduos que abusam das concentrações precisam fazer
lavagens intestinais para se livrar totalmente do produto, pois uma overdose pode levar ao coma e à morte.

4. Relações entre as 6. Partes por milhão (ppm)


unidades de concentração As partes por milhão são utilizadas para soluções extre-
mamente diluídas, que apresentam uma quantidade muito
As várias unidades de concentração estudadas podem pequena de soluto dissolvida em uma quantidade muito
ser relacionadas: grande de solvente (ou de solução).

C = M1 · M = 1000 · d · t A qualidade do ar atmosférico, por exemplo, torna-se ina-


Da qual: dequada se houver mais de 0,000015 g de monóxido de
carbono (CO) por grama de ar. Para evitar o uso de valores
C – concentração comum, g/L tão pequenos quanto 0,000015 (ou seja, 15 ∙ 10–6), é pos-
M1 – massa molar do soluto, g/mol sível estabelecer a seguinte relação:
M – concentração em mol/L 15 × 10–6 g de CO ___6
______________ ∙ 106 Ÿ
d – densidade, g/mL ou g/cm3 1 g de ar 10
15 g de CO
t – título ou porcentagem em massa, % Ÿ _____________________________
106 g de ar (1 milhão de gramas de ar)

5. Escala Gay-Lussac Há 15 partes de CO em 1 milhão de partes do ar ou, abre-


viadamente, 15 ppm de CO no ar.
A concentração do etanol numa solução pode ser expressa
na escala Gay-Lussac, ou seja, em graus GL (ºGL). A comparação foi realizada entre massa (gramas de CO)
e massa (gramas de ar), por isso, especificar ppm (m/m).
Um conceito muito semelhante ao de ppm é o de partes
Uma solução de etanol a x oGL (“x graus Gay-Lussac”)
por bilhão (ppb), segundo o qual a comparação é feita en-
é uma solução contendo x % de etanol em volume.
tre 1 parte em 1 bilhão (109) de partes.
A água oxigenada a 10 volumes, por exemplo, refere-se a
Exemplos uma solução aquosa de H2O2, que vai liberar 10 litros de O2
ƒ Uma cachaça com um teor alcoólico de 35 oGL contém nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP).
35% de etanol. Nesse caso, supõe-se que todo o H2O2 em 1 litro de solu-
ção sofre a seguinte decomposição:
ƒ O álcool para limpeza de superfícies tem um teor alco-
ólico de 40 oGL, que contém 40% de etanol. 2 H2O2 o 2 H2O + O2 (g)

ƒ O álcool de 100 oGL contém 100% de etanol e é deno- Qual é a concentração dessa solução em gramas de H2O2
minado álcool anidro. por litro de solução?

88
É necessário recorrer ao seguinte cálculo estequiométrico: 2. (PUC-RS) O Ministério da Saúde recomenda, para
prevenir as cáries dentárias, 1,5 ppm (mg/L) como limi-
2 H2O2 o 2 H2O + 1 O2 (g) te máximo de fluoreto em água potável. Em estações
2 ∙ 34 g ———— 1 ∙ 22,4 L (CNTP) de tratamento de água de pequeno porte, o fluoreto
é adicionado sob forma do sal fluorsilicato de sódio
m ———— 10 L
(Na2SiF6; M = 188 g/mol). Se um químico necessita fa-
Ÿ m ù 30,4 g de H2O2 zer o tratamento de 10.000 L de água, a quantidade do
sal, em gramas, que ele deverá adicionar para obter a
Como o volume da solução é 1 litro, a concentração de concentração de fluoreto indicada pela legislação será,
H2O2 é 30,4 g/L. aproximadamente, de:
a) 15,0.
b) 24,7.
Aplicação do conteúdo c) 90,0.
1. (Mackenzie) No tratamento de madeira usada em d) 148,4.
cercas, dentre várias substâncias, usa-se uma solução e) 1500,0.
aquosa a 25% de ácido bórico (d = 1,25 g/cm3). A con-
centração molar dessa solução é aproximadamente
Resolução:
igual a (H =1, B = 11, O = 16):
A quantidade de fluoreto necessária para 10.000 L de
a) 5,0 M.
água na concentração de 1,5 mg/L é de:
b) 3,0 M.
c) 5,4 M.
massa de F- volume
d) 2,0 M.
e) 4,6 M. 1,5 mg ––––––––– 1L
x ––––––––– 10.000 L
Resolução:
x # 15.000 mg = 15 g F-
Ácido bórico = H3BO3 = 3 ∙ 1 + 11 + 3 ∙ 16 = 62 g/mol
Supondo dissociação completa do Na2SiF6, tem-se:
I. Não usando as fórmulas, tem-se:
Na2SiF6 o 2 Na+ + Si4+ + 6 F–
Considere um volume qualquer da solução. Por exemplo, 1
litro da solução.
Para cada 1 mol de fluorssilicato de sódio, são liberados 6 mols
Deve-se calcular a massa da solução que pesa em 1 L des- de fluoreto (M = 19 g/mol). Assim, segue que:
sa solução por meio da densidade:
m Ÿ1,25 = ____
d = __ m Ÿ m = 1250 g Massa de Na2SiF6 Massa do fluoreto
V 1000
A massa da solução é de 1.250 g; desses, 25% correspon- 188 g ––––––––– 114 g
dem à massa de ácido bórico. Assim: y ––––––––– 15 g
1.250 ∙ 0,25 = 312,5 g. y # 24,7 g
Conhecendo a massa de ácido bórico contido na solução, é
Ou seja, a massa necessária de Na2SiF6 é de aproximada-
possível calcular o número de mols:
mente 24,7g.
312,5
m Ÿ n = _____
n = __ Ÿ n # 5,0 mol
M 62 Alternativa B
Dividindo-se esse valor pelo volume da solução considera-
da no começo (1 L), tem-se a concentração molar: 3. (UFMG) O rótulo de um produto usado como desin-
fetante apresenta, entre outras, a seguinte informa-
5,0
M = __n ŸM = _____ Ÿ M 5,0 M ção: cada 100 mL de desinfetante contém 10 mL de
V 1 solução de formaldeído 37 % v/v (volume de formal-
II. Usando as fórmulas, tem-se: deído por volume de solução). A concentração de for-
maldeído no desinfetante, em porcentagem volume
C = M1 ∙ M = 1000 ∙ d ∙ W por volume, é:
M1 ∙ M = 1000 ∙ d ∙ W Ÿ 62 ∙ M = 1000 ∙ 1,25 ∙ 0,25 a) 1,0%.
b) 3,7%.
M = 5,0 mol/L ou 5,0 M
c) 10%.
Alternativa A d) 37%.

89
Resolução:
A cada 10 mL é feito de formaldeído 37 % v/v. Realizando os cálculos, tem-se:
10 ∙ 0,37 = 3,7 mL
Ou seja, de cada 100 mL da solução, somente 3,7 mL é formaldeído. A concentração do formaldeído em porcentagem de
volume é de:
3,7
___ ∙ 100 % = 3,7 %
100
Alternativa B

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Por conveniência, a concentração de poluentes do ar e da água é frequentemente expressa em ppm, já que se trata
de um valor que, se expresso em título ou porcentagem, é muito pequeno. Apesar da concentração relativamente
“baixa”, poluentes são suficientemente tóxicos para, com a exposição prolongada, produzirem sérios problemas de
saúde. A elevação da concentração de CO2 nos últimos anos mostra que a emissão desse gás está aumentando devi-
do à grande industrialização e ao crescimento industrial. Desde a Revolução Industrial, quando foram produzidas as
máquinas a vapor, a concentração de gases nocivos foi crescendo. Atualmente, enfrenta-se um problema mais grave
decorrente desse aumento significativo de gás: o efeito estufa. O derretimento das geleiras indica que o planeta teve
sua temperatura média elevada, e isso é ocasionado principalmente pelo CO2, que aprisiona os raios UV, fazendo com
que a energia não se disperse e haja uma aumento significativo da temperatura.

90
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

A forma mais comum de se medir a concentração, quando se trata de soluções prontas em estoque, é a por-
centagem. Essa porcentagem pode ser dada em volume, massa, mol, etc. Nessa forma de medida, é possível ter
como base quanto de porcentagem aquele soluto representa daquela solução em específico, podendo, assim,
tirar informações importantes, como concentração comum, concentração molar, número de moléculas, etc.

MODELO 1
(Enem) O soro fisiológico é uma solução aquosa de cloreto de sódio (NaCℓ) comumente utilizada para higie-
nização ocular, nasal, de ferimentos e de lentes de contato. Sua concentração é 0,90% em massa e densidade
igual a 1,00 g/mol.
Qual massa de NaCℓ, em grama, deverá ser adicionada à água para preparar 500 mL desse soro?
a) 0,45
b) 0,90
c) 4,50
d) 9,00
e) 45,00

ANÁLISE EXPOSITIVA
Para a resolução da questão, o aluno precisa relacionar as informações disponibilizadas na prova e traba-
lhar com as diferentes unidades para achar o valor correto da massa presente nessa amostra. Para isso,
sabe-se que:
d = 1,00 g/mL = 1.000 g/L
Em 1 litro (1.000 mL):
1.000 g __________ 100 %
mNaCℓ ___________ 0,90 %
0,90 % u 1000 g
mNaCℓ = _______________ = 9,0 g
100 %
9,0 g ________ 1.000 mL
m’NaCℓ _________ 500 mL
9,0 g u 500 mL
m’NaCℓ = ______________ = 4,50 g
1000 mL

RESPOSTA Alternativa C

91
DIAGRAMA DE IDEIAS

MISTURA

PODE SER

HOMOGÊNEA

SOLUTO
É UMA 1 mg, 1 μg
L L
TEM SOLUÇÃO
EXPRESSO
SOLVENTE
TEM EM M/V

SE A SOLUÇÃO
CONCENTRAÇÃO PPM, PPB
FOR MUITO DILUÍDA

EXPRESSO EM

TÍTULO PERMITE PORCENTAGEM


EM MASSA OBTER A EM MASSA

TÍTULO PERMITE PORCENTAGEM


EM VOLUME OBTER A EM VOLUME

92
m1i = Ci · Vi
AULAS 23 e 24 m1f = Cf · Vf
Ÿ Ci · Vi = m1i = m1f = Cf · Vf

A fórmula para diluição de soluções é:

Ci · V i = C f · V f

De forma análoga, pode-se facilmente demonstrar que,


DILUIÇÃO E MISTURA para a concentração em mol/L ( ) e para a o título em
massa (t), também valem as fórmulas:
DE SOLUÇÕES
i
· Vi = f
· Vf

di · ti · Vi = df · tf · Vf
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7
Observações:
HABILIDADES: 17, 24, 26 e 27 a) Na diluição, o volume final da solução é a soma do
volume inicial da solução com o volume de solvente
puro adicionado.
Vf = Vi + V solvente adicionado
1. Diluição b) A operação inversa da diluição é o aumento de con-
Diluir uma solução consiste em adicionar uma quantidade centração, graças à remoção do solvente por evaporação,
de solvente puro a uma solução preexistente. Isso altera desde que o próprio soluto não seja volátil. As fórmulas são
apenas a quantidade do solvente sem modificação na exatamente as mesmas.
quantidade de soluto. Como o volume da solução é altera-
do, sua concentração (g/L, mol/L, título etc.) diminui.
Aplicação do conteúdo
m
Cp = ___1 œ um aumento no volume diminui a con-
Vn 1. Diluindo-se 100 mL de uma solução de cloreto de só-
centração. dio de concentração igual a 15 g/L até que o volume
final seja 300 mL, qual será a nova concentração?
A quantidade de soluto sempre permanece constante na Resolução:
diluição de uma solução.
Ci · Vi = Cf · Vf

Considere uma solução inicial que sofre adição de mais 15 g/L · 100 mL = Cf · 300 mL
solvente puro e resulta numa solução final: Ÿ Cf = 5 g/L

Nota: se o volume da solução triplicar, a concentração será


reduzida a 1/3 da concentração inicial.

2. Para que seja obtida uma solução com concentração


5 g/L, qual deve ser o volume de água adicionado a 50
cm3 de solução de hidróxido de sódio, cuja concentra-
ção inicial é igual a 60 g/L?

Resolução:
m
Pela definição de concentração: C = ___1 Ÿ m1 = C · V (1). Ci · Vi = Cf · Vf
V
Como foi adicionado apenas solvente, a quantidade de so- 60 g/L · 50 cm3 = 5 g/L · Vf
luto não se altera. Assim, m1i = m1f = constante. Ÿ Vf = 600 cm3
Aplicada a relação (1) para a solução inicial (i) e para a Vf = Vi + Vsolvente adicionado Ÿ Vsolvente adicionado = Vf – Vi Ÿ
solução final (f), obtém-se: 600 – 50 = 550 cm3

93
3. Qual é o volume de solução aquosa de sulfato de só- Título em massa
dio a 0,6 mol/L, que deve ser diluído por adição de água
para obter 750 mL de solução a 0,4 mol/L? df · tf · Vf = dA · tA · VA + dB · tB · VB

Resolução:
· Vi = · Vf Lembre-se: na mistura de soluções de mesmo soluto,
i f
a concentração final da mistura (Cf) sempre terá um
0,6 mol/L · Vi = 0,4 mol/L · 750 mL valor intermediário aos valores das concentrações ini-
ciais (CA e CB).
Ÿ Vi = 500 mL

2. Mistura de soluções
com mesmo soluto
Uma solução também pode ser preparada a partir da mis-
tura de outras soluções, procedimento muito comum em
indústrias e laboratórios.
multimídia: vídeo
FONTE: YOUTUBE
Considere duas soluções A e B de um mesmo soluto, cujas
Experimento 3 Preparação e diluição de soluções
concentrações são diferentes. Se misturadas, observa-se que:
a) o volume da solução final obtido é a soma dos
volumes misturados:

Vf = VA + VB (Eq. I)
3. Mistura de soluções
b) a massa de soluto na solução final é a soma das
massas de soluto na solução inicial: com solutos diferentes
m1f = m1A + m1B (Eq. II) Nesse caso, o que ocorre é uma simples diluição dos dois
solutos. Suas quantidades permanecem constantes, se bem
dispersas num volume maior. Por isso, as concentrações fi-
nais dos dois solutos serão menores que as iniciais.
Considere esta mistura:

m
Uma vez que C = ___1 Ÿ m1 = C · V
V
Se aplicada essa útima relação às soluções A, B e final, ob-
tém-se:
m1f = Cf · Vf m1A = CA · VA m1B = CB · VB

Substituída na Equação II, a fórmula para mistura de Para o NaCø:


soluções é: i
· Vi = f
· Vf
0,1 mol/L · 1 L = f
·3L
Cf · Vf = CA · VA + CB · VB
Ÿ NaCø
= 0,03 mol/L
As relações para a mistura de soluções com outras unidades Para a glicose:
de concentração também podem ser representadas por:
i
· Vi = f
· Vf
Concentração em mol/L
0,4 mol/L · 2 L = f
·3L
· Vf = · VA + · VB
Ÿ
f A B
glicose
= 0,27 mol/L

94
VIVENCIANDO

Como o exemplo citado na aula de concentração, podemos fazer um paralelo com a aula de diluição. Quando dize-
mos diluição, significa que estamos colocando maior quantidade de solvente para suprir uma quantidade grande e
desnecessária de soluto. Ao se preparar um suco muito forte, é recomendado que se coloque água para que haja uma
diluição de sua concentração e, assim, ele se torne mais suave. Da mesma forma, podemos traçar um paralelo com
venenos. Muitos venenos são encontrados na natureza e suas concentrações letais variam de substância para subs-
tância. Nesta matéria, é feita uma relação dos venenos mais letais conhecidos hoje e suas faixas de concentração:
HTTP://MUNDOESTRANHO.ABRIL.COM.BR/SAUDE/QUAL-E-O-VENENO-MAIS-VENENOSO-DO-MUNDO/

Portanto, obtém-se:
Aplicação do conteúdo · Vf = · VA + · VB
f A B

1. Misturam-se 50 mL de solução com 3 g/L de HCø com · 400 mL = 2 · 150 mL + 1 · 250 mL


f
150 mL de solução com 2 g/L do mesmo ácido. Qual é a
Ÿ Cø–
= 1,375 mol/L
concentração da solução resultante?
3. Para originar uma solução de concentração igual a
Resolução:
120 g/L, qual é o volume em litros de uma solução de
Cf · 200 mL = 3 g/L · 50 mL + 2 g/L · 150 mL CaCℓ2 de concentração 200 g/L que deve ser misturado
a 200 mL de uma outra solução aquosa de CaCℓ2 de
Ÿ Cf = 2,25 g/mL concentração igual a 100 g/L?
Observe: a concentração final apresenta um valor inter- a) 0,05
mediário às concentrações iniciais: b) 50
2 < Cf < 3 c) 296,25
d) 0,296
2. Misturaram-se 150 mL de solução 2 mol/L de NaCℓ e) 0,3
com 250 mL de solução 1 mol/L KCø. Quais serão as con-
centrações molares da solução resultante em relação: Resolução:
a) ao NaCℓ b) ao KCℓ c) ao ânion Cℓ– C1 = 200 g/L C2 = 100 g/L Cf = 120 g/L
Resolução:
V1 = ? V2 = 200 mL Vf = V1 + V2
a) Para o NaCℓ, trata-se de uma diluição:
200 ∙ V1 + 100 ∙ 200 = 120 ∙ (V1 + 200)
i
· Vi = f · Vf
200V1 + 20000 = 120V1 + 24000
2 mol/L · 150 mL = f · 400 mL
Ÿ NaCø = 0,75 mol/L 80V1 = 4000
V1 = 50 mL = 0,05 L
b) Para o KCℓ, também se trata de uma diluição:
· Vi = f · Vf Alternativa A
i
1 mol/L · 250 mL = f · 400 mL 4. (Unirio) Misturando-se 25,0 mL de uma solução
Ÿ KCø = 0,625 mol/L 0,50 mol/L de KOH(aq) com 35,0 mL de solução, 0,3 mol/L
de KOH(aq) e 10,0 mL de solução 0,25 mol/L de KOH(aq), re-
c) Para o ânion Cℓ–, trata-se de uma mistura, uma vez sulta uma solução, cuja concentração em quantidade de
que ele está presente nas duas soluções iniciais. matéria, admitindo-se a aditividade de volume, é aproxi-
madamente igual a:
Observe:
1 NaCℓ o 1 Na+ + 1 Cℓ– a) 0,24 M.
b) 0,36 M.
2 mol/L 2 mol/L 2 mol/L
c) 0,42 M.
1 KCℓ o 1K +
+ Cℓ–
d) 0,50 M.
1 mol/L 1 mol/L 1 mol/L e) 0,72 M.

95
Resolução: Resolução:

M1 = 0,5 M M2 = 0,3 M M3 = 0,25 M Mf = ? Abaixo, seguem as dissociações dos dois sais na solução:

V1 = 25 mL V2 = 35 mL V3 = 10 mL Vf = V1 + V2 + V3 NaCℓ o Na+ + Cℓ-

M1V1 + M2V2 + M3V3 = MfVf MgCℓ2 o Mg2+ + 2 Cℓ-

0,5 ∙ 25 + 0,3 ∙ 35 + 0,25 ∙ 10 = Mf ∙ (25 + 35 + 10) ƒ Calculando a concentração do Mg2+ na solução final:
12,5 + 10,5 + 2,5 = 70 Mf M1V1 + M2V2 = MfVf
70 Mf = 25,5 0 ∙ 200 + 0,2 ∙ 100 = Mf ∙ (200 + 100)
Mf # 0,36 M Observe que a concentração do Mg2+ na solução de NaCø
Alternativa B é zero. Por causa disso, parte da equação fica zerada.

5. Mistura-se 100 mL de solução de H2SO4 0,01 mol/L com 20 = 300 Mf


200 mL de solução de HCℓ 0,02 mol/L e com 200 mL de MfMg2+ # 0,067 M
solução de H4P2O7 0,01 mol/L. Qual a concentração mo-
lar do H+ na solução final, sabendo que os ácidos estão Calculando a massa de magnésio na solução, temos:
100% ionizados? m1
M = __n = ______
V M1 ∙ V
Resolução
m1
0,067 = ______
Cada ácido libera uma quantidade diferente de H+ no meio: 24 ∙ 0,3
(M1) H2SO4 – diácido: H2SO4 o 2 H+ + SO2-4 m1 = 0,48 g
(M2) HCℓ – monoácido: HCℓ o H+ + Cℓ ƒ Calculando a concentração do Na+ na solução final:
(M3) H4P2O7 – tetrácido: H4P2O7 o 4 H+ + P2O4-7 M1V1 + M2V2 = MfVf
+
Montando a tabela com os dados (em relação a H ), temos: 0,3 ∙ 200 + 0 ∙ 100 = Mf ∙ (200 + 100)
M1 = 2 · 0,01 M M2 = 1 · 0,02 M M3 = 4 · 0,01 M Mf = ? Aqui, a concentração do Na+ na solução de MgCø2 é zero.
V1 = 100 mL V2 = 200 mL V3 = 200 mL Vf = V1 + V2 + V3 60 = 300 Mf

M1V1 + M2V2 + M3V3 = MfVf MfNa+ = 0,200 M


0,02 ∙ 100 + 0,02 ∙ 200 + 0,04 ∙ 200 ƒ Calculando a concentração do Cø- na solução final:
= Mf ∙ (100 + 200 + 200)
M1V1 + M2V2 = MfVf
2 + 4 + 8 = 500 Mf
500 Mf = 14 0,3 ∙ 200 + 0,4 ∙ 100 = Mf ∙ (200 + 100)
Mf = 0,028 M Observe que o íon Cø- existe nas duas soluções e a concen-
tração dos íons Cø- é o dobro do íon Mg2+ na mesma solução.
Logo, a concentração molar de H+ na solução final será de 60 + 40 = 300 Mf = 100
0,028 M (ou mol/L).
MfCl- = 0,333 M
6. Um laboratorista misturou 200 mL de uma solução
aquosa de NaCℓ 0,3 mol/L com 100 mL de solução Calculando a massa de cloreto na solução, temos:
aquosa 0,2 mol/L de MgCℓ2. Em relação a esse proces- m1
so e a sua solução resultante, é correto afirmar (Na = M = __n = ______
V M1 · V
23, Mg = 24, Cℓ = 35,5):
m1
a) A concentração de íons Mg2+ é igual a 0,4 mol/L. 0,0333 = ______
35,5 · 0,3
b) A concentração de íons Cℓ– é igual a 0,3 mol/L.
c) A concentração de íons Na+ é igual a 0,2 mol/L. m1 = 3,55 g
d) A quantidade aproximada, em gramas, de Mg2+ é O valor que bate com as respostas é a concentração molar
igual a 1,46.
do sódio, que é de 0,2 M.
e) A quantidade aproximada, em gramas, de Cl– é
igual a 0,3. Alternativa C

96
7. Como devemos misturar três soluções de Aℓ2(SO4)3 M1 = 1 M M2 = 2 M M3 = 4 M Mf = 2,67 M
0,5 M, 1 M e 2 M, a fim de que:
V1 = ? V2 = ? V3 = 2 ∙ V1 Vf = V1 + V2 + 2V1 = 9L

ƒ o volume final seja de 9 litros de solução;


Acima, temos a equação 3V1 + V2 = 9. Isolando o V2 na
ƒ a concentração de Aℓ , no final, seja de 2,67 mol/L;
3+ equação, teremos:

ƒ o volume utilizado da solução mais concentrada seja o V2 = 9 – 3V1


dobro da solução mais diluída. Com isso, montaremos a equação da mistura de soluções
Resolução: (para o íon Aø3+):

M1V1 + M2V2 + M3V3 = MfVf


O sal é Aℓ2(SO4)3 e se dissocia da seguinte forma:
Aℓ2(SO4)3 o2 Aℓ3+ + 3 SO2-4 1 ∙ V1 + 2 ∙ (9 – 3V1) + 4 ∙ 2 ∙ V1 = 2,67 ∙ 9

De acordo com a equação acima, para cada mol de Aℓ2(SO4)3 V1 + 18 – 6V1 + 8V1 = 24,03
são liberados 2 mol de íons Aℓ3+.
3V1 = 6,03
Considerando as concentrações das soluções M1 = 0,5 M,
V1 = 2,01L
M2 = 1 M e M3 = 2 M, teremos:
Sabendo o V1, é possível, agora, descobrir os valores de V2 e V3:
M1 = 2 ∙ 0,5 M M2 = 2 ∙ 1 M M3 = 2 ∙ 2 M Mf = 2,67 M

V1 = ? V2 = ? V3 = ? Vf = V1 + V2 + V3 V2 = 9 – 3V1 o V2 = 9 – 3 ∙ 2,01 o V2 = 2,97 L


O volume final da solução será de 9 L e o volume da V3 = 2 – V1 o V3 = 2 – 2 ∙ 2,01 o V3 = 4,02 L
mais concentrada (V3) será o dobro da mais diluída (V1),
ou seja, V3 = 2 ∙ V1. Com isso, montando a tabela nova- Logo, os volumes (aproximados) de cada solução são 2 L
mente, teremos: (0,5 M), 3 L (1 M) e 4 L (2 M).

97
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

A diluição é uma técnica corriqueira muito utilizada na química; como exemplo, um suco que tem sabor
muito forte e acrescenta-se água para que sua acidez seja amenizada. A esse processo dá-se o nome de
diluição. Além disso, a diluição está presente em muitas soluções e análises químicas, pois, muitas vezes, um
valor de pH muito baixo pode acabar não catalisando uma reação química do jeito que se deseja; então, é
feita uma diluição da solução a fim de obter um valor de pH mais alto e, consequentemente, ter uma chance
de êxito maior na análise química ou experimento.

MODELO 1
(Enem) O álcool comercial (solução de etanol) é vendido na concentração de 96%, em volume. Entretanto, para
que possa ser utilizado como desinfetante, deve-se usar uma solução alcoólica na concentração de 70%, em
volume. Suponha que um hospital recebeu como doação um lote de 1000 litros de álcool comercial a 96%,
em volume, e pretende trocá-lo por um lote de álcool desinfetante.
Para que a quantidade total de etanol seja a mesma nos dois lotes, o volume de álcool a 70% fornecido na
troca deve ser mais próximo de:
a) 1042 L.
b) 1371 L.
c) 1428 L.
d) 1632 L.
e) 1700 L.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Na questão, temos uma diluição; então, é essencial que se compreenda o mecanismo para o cálculo da
nova concentração, a partir de uma solução concentrada.
Na diluição, teremos:
W u V = W’ u V’
0,96 u 1000 L = 0,70 u V’
V’ ≈ 1371 L

RESPOSTA Alternativa B

98
DIAGRAMA DE IDEIAS

MISTURA

PODE SER

HOMOGÊNEA

É UMA

SOLUÇÃO

PODE SER

CONCENTRADA DILUÍDA

ISSO TORNA
A SOLUÇÃO

ADIÇÃO DE
SOLVENTE
À SOLUÇÃO

99
Resolução:
AULAS 25 e 26

NaOH(aq) HCl(aq)

MISTURA DE SOLUÇÕES Vbase = 0,2 L Vácido = 0,3 L

COM REAÇÃO Mbase = 0,6 M Mácido = 0,4 M


nbase = Mbase ˜ Vbase nácido = Mácido ˜ Vácido

nbase = 0,12 mol nácido = 0,12 mol


COMPETÊNCIAS: 5e6
HCℓ + NaOH o NaCℓ + H2O
HABILIDADES: 17, 24, 26 e 27 Calculados
0,12 0,12
acima

Segundo
a equação 0,12 + 0,12 o 0,12 + 0,12
reagem
1. Misturas de soluções Após a
reação zero zero 0,12 0,12
(reação química) restam

Nos casos de misturas de soluções, os exercícios são resol- Considerando que as quantidades do NaOH e do HCℓ es-
vidos como na estequiometria. tão na proporção correta, todo ácido e toda base vão reagir
Primeiro passo – montar a equação compreendida na (não haverá excesso) e vão produzir 0,12 mol de NaCℓ,
mistura, balanceá-la e relacionar os coeficientes com quan- devidamente dissolvidos em 0,5 L de solução (volume da
solução final).
tidades em mol de reagentes e produtos.
a) MHCℓ = 0
Segundo passo – determinar a quantidade em mol de b) MNaOH = 0
cada soluto nas soluções que vão ser misturadas. 0,12
c) MNaCℓ = ____ = 0,24 mol/L
0,5
Terceiro passo – verificar se a quantidade de cada rea-
gente (em mol) está na proporção indicada pela equação 2. Um tablete de antiácido contém 0,29 g de hidróxido
de magnésio. Qual o volume de solução de HCℓ 0,1 mol/L
do problema. que corresponde à neutralização total do ácido pela
base?

1.1. Solutos em proporção Dados em g/mol: H = 1; O = 16; Mg = 24; Cℓ = 35,5.


estequiométrica
Resolução:

Aplicação do conteúdo A equação de neutralização é:

2 HCℓ + Mg(OH)2 o MgCℓ2 + 2 H2O


1. Misturam-se para reagir 200 mL de solução 0,6 M de
NaOH com 300 mL de solução 0,4 M de HCℓ.
Calculando o número de mol em 0,29 g de hidróxido de
Calcule as concentrações molares da solução final magnésio, tem-se:
em relação:
58 g Mg(OH)2 — 1 mol Mg(OH)2
a) ao ácido; 0,29 g — x
b) à base; e
c) ao sal formado. x = 0,005 mol Mg(OH)2

100
A proporção entre o ácido e o hidróxido de magnésio é de HCℓ + NaOH o NaCℓ + H2O
2:1, de acordo com a equação. Vamos calcular agora, a quan-
Calculados
tidade em mol de ácido necessário para neutralizar a base: 0,12 0,16
acima

2 mol HCℓ — 1 mol Mg(OH)2 Segundo


a equação 0,12 0,12 o 0,12 0,12
y — 0,005 mol reagem
y = 0,01 mol HCℓ Após a
A solução de ácido disponível é de 0,1 mol/L. Agora, vamos reação zero 0,04 0,12 0,12
restam
calcular o volume que contém 0,01 mol do ácido.
0,1 mol HCℓ — 1L Os valores que aparecem na segunda linha obedecem às pro-
0,01 mol — z porções estabelecidas pelos coeficientes da equação química.
z = 0,1 L = 100 mL Depois da reação, essas substâncias estarão dissolvidas em
Logo, serão necessários 100 mL da solução de ácido 0,1 um volume total de solução igual a:
mol/L para neutralizar completamente um tablete de anti- 300 mL + 200 mL = 500 mL.
ácido que contém 0,29 g de hidróxido de magnésio.
Assim, as concentrações em [mol/L] serão:
a) zero, para o HCℓ;
b) para o NaOH em excesso: MNaOH = 0,04/0,5 = 0,08 mol/L;
(Em razão desse excesso de NaOH, a solução final
será básica.)
0,12
c) para o NaCℓ: MNaCℓ = ____ = 0,24 mol/L.
0,5
2. (UFRRJ) O hidróxido de lítio (LiOH), usado na produção
multimídia: vídeo de sabões de lítio para a fabricação de graxas lubrifican-
FONTE: YOUTUBE tes a partir de óleos, é obtido pela reação do carbonato
Reação de Precipitação do Iodeto de Chumbo de lítio (Li2CO3) com o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2).
a) Escreva a equação química que representa a reação
balanceada do carbonato de lítio com o hidróxido de
cálcio. (Massas atômicas: Li = 7 u; O = 16 u; H = 1 u)
1.2. Solutos que não estão em b) Quantos gramas de hidróxido de lítio são produzi-
dos, quando se reage totalmente 100 mL de uma so-
proporção estequiométrica lução de carbonato de lítio a 0,2 M com uma solução
de hidróxido de cálcio a 0,1 M. Algum dos reagentes
está em excesso? Justifique.
Aplicação do conteúdo
Resolução:
1. Juntam-se 300 mL de HCℓ 0,4 M e 200 mL de NaOH
a) A equação balanceada entre a reação do carbona-
0,8 M. Quais serão as concentrações [mol/L] da solução
to de lítio com o hidróxido de cálcio é:
final em relação:
Li2CO3 + Ca(OH)2 o2 LiOH + CaCO3
a) ao ácido?
b) à base? b) Primeiro, é necessário calcular quantos mol de
c) ao sal formado? cada reagente haverá em 100 mL:

Resolução: Para o carbonato de lítio:


0,2 mol Li2CO3 — 1000 mL
x — 100 mL
NaOH(aq) HCl(aq)
z = 0,02 mol Li2CO3

Vbase = 0,2 L Vácido = 0,3 L Para o hidróxido de cálcio:


Mbase = 0,8 M Mácido = 0,4 M 0,1 mol Ca (OH)2 — 1000 mL
nbase = Mbase ˜ Vbase nácido = Mácido ˜ Vácido y — 100 mL
nbase = 0,16 mol nácido = 0,12 mol
z = 0,01 mol Ca(OH)2

101
Segundo a equação mostrada no item a), a proporção en-
tre carbonato de lítio e hidróxido de cálcio é de 1:1. Pelos
valores calculados, carbonato de lítio está em excesso; ou
seja, o hidróxido de cálcio é o limitante.
Calculando a massa de hidróxido de lítio, tem-se:
1 mol Ca (OH)2 — 2 × 24 g LiOH
multimídia: site
0,01 mol — z

z = 0,48 g LiOH https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/concentration

Assim, serão produzidos 0,48 g de LiOH misturando 100 mL


de uma solução de carbonato de lítio a 0,2 M com uma so-
lução de hidróxido de cálcio a 0,1 M.

VIVENCIANDO

Na indústria química, é de extrema importância saber se haverá impurezas nos produtos e se elas podem ser ou
não solubilizadas em um solvente. O sulfato de bário, por exemplo, é um sal usado como contraste em exames de
ressonância magnética. Entretanto, a sua produção pode oferecer riscos aos pacientes. O sulfato de bário é um sal
insolúvel, isto é, não ocorre a formação de íons em nosso corpo. A ingestão de íons bário interfere nos canais recepto-
res de íon cálcio, o que pode levar à morte. A produção desse sal pode ser realizada com sulfato de cálcio e carbonato
de bário. Contudo, há a possibilidade de a reação não ter rendimento de 100%, gerando um resquício de carbonato
de bário. Esse carbonato de bário, por ser solúvel em nosso organismo, pode liberar íons Ba2+ e ocasionar problemas
graves. Por esse motivo, uma diluição fracionada desse produto é produzida, separando o composto nocivo ao corpo
humano do que será usado no contraste.

102
DIAGRAMA DE IDEIAS

MISTURA

PODE SER

HOMOGÊNEA

É UMA

COM DUAS MISTURAS DE


SOLUÇÃO
OU MAIS SOLUÇÕES

HÁ OS QUE

NÃO HÁ REAÇÃO HÁ REAÇÃO ENTRE


ENTRE OS SOLUTOS OS SOLUTOS

DILUIÇÃO TITULAÇÃO

103
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções cientí-
fico-tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e à implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
104
Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva
metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material
didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos
livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e trans-
versal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar
a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA VIVENCIANDO


NAS PRINCIPAIS PROVAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras.
o território nacional. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol-
vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há
uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato
em seu dia a dia.
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila-
dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co-
mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí-
cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento
aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever,
a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula.

MULTiMÍDiA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado-
sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper-
tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen-
ÁREAS DE
são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- CONHECiMENTO DO ENEM
fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol-
CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS vê-las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos
conteúdos de cada área, de cada disciplina. DiAGRAMA DE iDEiAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão,
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate-
suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles
mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com
que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de
essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do
esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros,
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da
sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue
aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi-
entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz
pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos
parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
estudos e até a resolução dos exercícios.

HERLAN FELLiNi
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.

Autores
Edson Yukishigue Oyama
Marcos Navarro

Diretor-geral
Herlan Fellini

Diretor editorial
Pedro Tadeu Vader Batista

Coordenador-geral
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Responsabilidade editorial, programação visual, revisão e pesquisa iconográfica


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Editoração eletrônica
Felipe Lopes Santos
Leticia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira

Projeto gráfico e capa


Raphael de Souza Motta

Imagens
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Shutterstock (https://www.shutterstock.com)

ISBN: 978-65-88825-63-1

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis-
lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para
o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e
localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição
para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para
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SUMÁRIO

QUÍMICA
FUNÇÕES INORGÂNICAS E PROPRIEDADES COLIGATIVAS
Aulas 27 e 28: Óxidos moleculares 6
Aulas 29 e 30: Reações inorgânicas 12
Aulas 31 e 32: Pressão do vapor 21
Aulas 33 e 34: Efeitos coligativos 30

QUÍMICA ORGÂNICA
Aulas 27 e 28: Isomeria geométrica 40
Aulas 29 e 30: Isomeria óptica 45
Aulas 31 e 32: Reações de adição 51
Aulas 33 e 34: Reações de substituição 56

TERMOQUÍMICA E CINÉTICA QUÍMICA


Aulas 27 e 28: Termoquímica: variação de entalpia 64
Aulas 29 e 30: Termoquímica: Lei de Hess 73
Aulas 31 e 32: Termoquímica: energia de ligação 79
Aulas 33 e 34: Cinética química: velocidade média de uma reação química 85
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Propriedades coligativas são muito relacionadas Propriedades coligativas têm maior


ao cotidiano; logo, é necessário entender como incidência e podem ser apresentadas junto
elas afetam as propriedades físicas a diversos temas da Química. É necessário
das substâncias. entender a relação de como elas podem
influenciar nas propriedades físicas
das substâncias.

Propriedades coligativas podem ser relacionadas As propriedades coligativas vão agregar O tema de maior incidência são as propriedades
facilmente com qualquer assunto que aborde um entendimento maior nas propriedades coligativas, principalmente a pressão de vapor.
propriedades físicas das substâncias. A pressão de físicas das substâncias e são cobradas É cobrado junto de outros temas relacionados
vapor é o tema mais cobrado; por isso, é importante de um jeito que se deva entender como com as análises das propriedades físicas das
boa interpretação de gráficos e de enunciados. essas propriedades influenciam em certas substâncias, como volatilidade e temperatura
características das substâncias. de ebulição.

Propriedades coligativas têm alta incidência, Propriedades coligativas são cobradas de As propriedades coligativas são sempre Pressão de vapor é o tema mais cobrado e
principalmente quando se trata de questões modo que o candidato deva relacionar da ma- recorrentes e a pressão de vapor acaba pode se relacionar com forças intermolecu-
que cobram um melhor entendimento de neira correta a sua influência nas propriedades sendo frequente; por isso, é importante lares, geometria da molécula, polaridade e
como elas influenciam nas propriedades físicas físicas dos compostos em geral. entender como ela influencia na volatilida- como ela afeta a temperatura de ebulição
dos compostos. de e temperatura de ebulição. e volatilidade.

UFMG

As propriedades coligativas são um dos As propriedades coligativas são um dos O tema mais exigido são as propriedades
temas favoritos. É cobrado de maneira um temas favoritos. É cobrado de maneira um coligativas, em que é possível fazer uma
pouco mais aprofundada com previsão de pouco mais aprofundada com previsão de relação com boa parte da matéria que está
temperatura de ebulição e como a pressão de temperatura de ebulição e como a pressão de relacionada às análises das propriedades
vapor pode influenciar as características das vapor pode influenciar as características das físicas das substâncias.
substâncias ou informar sobre substâncias ou informar sobre
elas. elas.

As propriedades coligativas são cobradas As propriedades coligativas são o tema mais O tema mais recorrente são as propriedades
principalmente na forma de pressão de vapor, recorrente quando se trata de questões que coligativas, que vão agregar um entendimento
e é importante entender o conceito e o que cobram um melhor entendimento de como maior nas propriedades físicas das substâncias.
ele afeta, assim como uma boa interpretação elas influenciam nas propriedades físicas Pressão de vapor ocorre com frequência, sendo
de gráficos e boa análise da situação descrita dos compostos. importante entender como ela trabalha com a
no enunciado. volatilidade e temperatura
de ebulição.
FUNÇÕES INORGÂNICAS E
PROPRIEDADES COLIGATIVAS

5
SO3          N2O
AULAS 27 e 28 trióxido de enxofre     monóxido de dinitrogênio

N2O4          P2O5
tetróxido de dinitrogênio     pentóxido de difósforo

ÓXIDOS MOLECULARES

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7 Tudo sobre gelo seco

HABILIDADES: 17, 21, 24, 25, 26 e 27

2. Caráter ácido-base dos óxidos


moleculares ou covalentes
1. Óxidos moleculares Assim como os óxidos iônicos, os óxidos moleculares pos-
ou covalentes suem caráter variado: ácido (maioria), anfótero e neutro.

Óxidos moleculares ou covalentes são óxidos formados por 1. Óxidos ácidos: reagem com água, formando o seu
ametais e oxigênio. respectivo ácido; reagem com bases, formando sal e água.
São denominados óxidos ácidos devido à sua propriedade
ácida, similar a ácido.
1.1. Fórmula geral Exemplos:
ExOy SO3(g) + H2O(ℓ) → H2SO4 (aq)
trióxido de
ácido sulfúrico
Na qual E é um ametal: C , Si , N , P , S , Cℓ , Br , I. enxofre

Nota: Se o ametal E for o flúor, não haverá óxidos, mas P2O5 (g) + 3 H2O (ℓ) → 2 H3PO4 (aq)
compostos denominados fluoretos de oxigênio: OF2, O2F2. pentóxido
ácido fosfórico
de difósforo
De modo geral, não se determina a fórmula de um óxido
CO2 (g) + 2 NaOH(aq) → Na2CO3 (aq) + H2O(ℓ)
molecular somente pelo conhecimento do ametal, uma vez
que é muito comum que ele dê origem a mais de um óxido. dióxido de hidróxido carbonato
carbono de sódio de sódio
É o caso, por exemplo, do carbono, que pode dar origem a
dois óxidos: CO e CO2. N2O5 (g) + Ba(OH)2 (aq) → Ba(NO3)2 (aq) + H2O(ℓ)
pentóxido de hidróxido
nitrato de bário
dinitrogênio de bário
1.2. Nomenclatura
São empregados prefixos para indicar as quantidades de 2. Óxidos anfóteros: os óxidos anfóteros se comportam
átomos do ametal e do oxigênio: tanto como óxido básico quanto como óxido ácido, apresen-
tando um caráter intermediário entre os dois óxidos (como
foi explicado na parte de óxidos iônicos). Alguns óxidos de
1 mono 2 di 3 tri 4 tetr 5 pent 6 hex
semimetais possuem características anfóteras, como óxido
de arsênio (Ex: As2O3) e de antimônio (Ex: Sb2O3).
Exemplos: 3. Óxidos neutros: também denominados óxidos indi-
CO          CO2 ferentes, são óxidos que não reagem com água, nem com
monóxido de carbono     dióxido de carbono ácidos e nem com bases. Os mais comuns são monóxido

6
de carbono (CO), monóxido de nitrogênio (NO) e monóxi- H–O–O–H
do de dinitrogênio (N2O).
Em termos de reatividade, os peróxidos reagem com água
Nota: O fato de serem “neutros” ou “indiferentes” não ou com ácidos diluídos, produzindo água oxigenada (H2O2).
significa que eles não possam participar de outras reações.
Exemplos:
O CO, por exemplo, pode sofrer combustão:
2 CO (g) + O2 (g) → 2 CO2 (g) Na2O2(s) + 2 H2O (ℓ) → 2 NaOH (aq) + H2O2 (ℓ)

3. Peróxidos peróxido hidróxido


de sódio de sódio
Peróxidos são compostos que apresentam o ânion [O–O] = O e
2– 2–
2
têm o oxigênio em estado de oxidação (carga) igual a –1.
Exemplos: K2O2(s) + 2 HC, (ℓ) → 2 KC, (aq) + H2O2 (ℓ)
Na+ O22– → Na2O2     Ca2+ O22– → CaO2
peróxido de sódio        peróxido de cálcio peróxido cloreto de
de potássio potássio
O peróxido de hidrogênio, cuja solução aquosa é denomi-
nada água oxigenada, é molecular, embora apresente o
grupo – O – O –:

4. Principais óxidos moleculares


Fórmula Nome Observação
É um gás levemente inflamável, incolor, inodoro e muito tóxico. É produzido
pela combustão incompleta de compostos contendo carbono. É utilizado como
CO Monóxido de carbono
agente redutor, retirando oxigênio de muitos compostos em processos indus-
triais, como na produção de ferro e de outros metais a partir de seus minérios.

É um gás incolor e inodoro. É produzido pela combustão completa de compos-


CO2 Dióxido de carbono tos contendo carbono. É um dos compostos essenciais para a realização da
fotossíntese. É um dos gases responsáveis pelo efeito estufa.

É um gás denso, incolor, não inflamável e altamente tóxico. É produzido natural-


mente por vulcões e pela combustão de compostos de enxofre. É um dos princi-
SO2 Dióxido de enxofre
pais causadores da chuva ácida. Pode ser usado como desinfetante, conservante
de alimentos, antisséptico, descolorante (ou branqueador) e antibacteriano.

É um gás incolor, irritante, corrosivo e que reage violentamente com a água.


SO3 Trióxido de enxofre É obtido por meio da oxidação do dióxido de enxofre. É um dos principais
causadores da chuva ácida.

Gás tóxico incolor, é produzido nos motores de combustão interna devido à


alta temperatura. A ocorrência de raios também fornece energia suficiente
NO Monóxido de nitrogênio
para que os gases oxigênio e nitrogênio reajam gerando NO. Contribui para a
degradação da camada de ozônio.
Gás de cor castanho-avermelhada, de cheiro forte e irritante, muito tóxico. Ele
pode ser formado nos motores de combustão interna ou pela reação do NO
NO2 Dióxido de nitrogênio
com O2. É um dos gases responsáveis pela formação de smog fotoquímico e
chuva ácida.
Conhecido como sílica, é o óxido mais abundante na crosta terrestre. Pode se
apresentar desde a forma de areia até a forma de cristais de quartzo. É maté-
SiO2 Dióxido de silício
ria-prima básica para a produção de vidro e usado principalmente na indústria
eletroeletrônica.

5. Chuva ácida
1. O enxofre é uma impureza frequente nos combustíveis fósseis, principalmente no carvão mineral e no petróleo, que, ao
serem queimados, promovem a combustão desse elemento de acordo com as seguintes reações químicas:
S(s) + O2(g) → SO2(g)
2 SO2(s) + O2(g) → 2 SO3(g)

7
O enxofre e os óxidos de enxofre também podem ser lan- As evidências do aumento nos níveis de chuva ácida vêm
çados na atmosfera pelos vulcões. da análise das camadas de gelo oriundas dos glaciares.
Desde a Revolução Industrial, vem se verificando uma re-
Os óxidos ácidos formados reagem com água para formar
pentina diminuição do pH da chuva de 6 para 4,5 ou 4.
o ácido sulfúrico (H2SO4), de acordo com a equação:
Também vem sendo observado um aumento das emissões
SO3(g) + H2O(,) → H2SO4(aq)
de óxidos de enxofre e nitrogênio na atmosfera. As indús-
Pode ocorrer também a seguinte reação, da qual se forma trias e as centrais termoelétricas queimam combustíveis
o ácido sulfuroso (H2SO3): fósseis, principalmente carvão mineral, cuja combustão é a
principal origem desses gases.
SO2(g) + H2O(,) → H2SO3(aq)
2. O nitrogênio (N2) é um gás pouco reativo e muito
abundante na composição da atmosfera. Para reagir com
o oxigênio do ar, precisa de grande quantidade de energia,
como a liberada numa descarga elétrica ou no funciona-
mento de um motor de combustão. Esses motores são os
maiores responsáveis pela reação de oxidação do nitro-
gênio. Ao reagirem com água, os óxidos formam ácido
nitroso (HNO2) e ácido nítrico (HNO3). multimídia: livro
Na câmara de combustão dos motores, ocorre a seguinte reação:
N2(g) + O2(g) → 2 NO(g) Química Ambiental, 4.ª ed., 2011, de Colin Baird
O monóxido de nitrogênio sofre oxidação: Essa edição oferece um capítulo específico sobre o ge-
2 NO(g) + O2(g) → 2 NO2(g) renciamento de resíduos, uma abordagem ampliada da
toxicologia elementar, dos combustíveis alternativos e da
O dióxido de nitrogênio (NO2) formado, em contato com a disposição de resíduos, além de novas informações sobre
água proveniente da chuva, forma ácidos de acordo com a tópicos muito importantes: o uso da energia, a toxico-
seguinte equação: logia, os hormônios ambientais, o tratamento de águas
subterrâneas e residuais e a disposição do lixo tóxico.
2 NO2(g) + H2O(,) → HNO3(aq) + HNO2(aq)

VIVENCIANDO

A chuva ácida é a designação dada à chuva ou a qualquer outra forma de precipitação atmosférica cuja acidez seja
substancialmente maior que a resultante do dióxido de carbono (CO2) atmosférico dissolvido na água precipitada.
A principal causa da acidificação é a presença na atmosfera terrestre de gases e partículas ricas em enxofre e azoto
reativo, cuja hidrólise no meio atmosférico produz ácidos fortes. Assumem particular importância os compostos azo-
tados (NOx) gerados pelas altas temperaturas de queima dos combustíveis fósseis e os compostos de enxofre (SOx)
produzidos pela oxidação das impurezas sulfurosas existentes na maior parte dos carvões e petróleos.
Chuva ácida não seria uma expressão quimicamente adequada, pois, para a Química, toda chuva é ácida devido à
presença do ácido carbônico (H2CO3); no entanto, para a Geografia, toda chuva com pH abaixo do NT (nível de tole-
rância pH), igual a aproximadamente 5,5, é considerada ácida.
A chuva ácida pode acarretar sérios danos às trutas, por exemplo, uma vez que, caso caia em um ambiente lacustre
de trutas, abaixo ou acima do NT, os peixes morrerão. Os efeitos ambientais da precipitação ácida levaram diversos
países a tomarem medidas legais restritivas à queima de combustíveis ricos em enxofre, exigindo a adoção de tecno-
logias de redução das emissões de azoto reativo na atmosfera.

8
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Todas as pessoas e animais correm risco de envenenamento por monóxido de carbono. Os sintomas mais comuns do
envenenamento são: dores de cabeça e no peito, tonturas, confusão, fraqueza, náuseas e vômitos. Esses sintomas podem
facilmente ser confundidos com outras enfermidades, como constipação ou intoxicação alimentar. Em casos mais graves,
podem ocorrer perda de consciência e morte. A longo prazo, podem surgir sequelas cardíacas e neuronais.
Depois de inalado e difundido para os vasos sanguíneos, o monóxido de carbono combina com a hemoglobina,
formando carboxi-hemoglobina, com muito mais afinidade que o oxigênio (200 a 240 vezes superior), diminuindo a
quantidade de hemoglobina disponível para o transporte de oxigênio. Assim, caso os mecanismos compensatórios
falhem em manter o fornecimento do oxigênio, pode ocorrer o desenvolvimento de hipoxia tecidular.
O monóxido de carbono também inibe a citocromo C oxidase mitocondrial, que tem efeitos de nível inflamatório,
aumentando o estresse oxidativo perivascular.
Os recém-nascidos, crianças pequenas, idosos e pessoas com doenças cardíacas crônicas, problemas respiratórios ou
anemia fazem parte do grupo de risco devido a sua maior suscetibilidade aos efeitos desse gás.
A exposição a doses relativamente elevadas em pessoas saudáveis pode provocar problemas de visão, redução da
capacidade de trabalho, redução da destreza manual, diminuição da capacidade de aprendizagem, dificuldade na
resolução de tarefas e até mesmo levar à morte.
Concentrações abaixo de 400 ppm no ar causam dores de cabeça e, acima desse valor, são potencialmente fatais,
tanto para plantas e animais quanto para alguns microrganismos.
O monóxido de carbono está associado ao desenvolvimento de doença isquêmica coronária, resultado da interferência
com a oxigenação do miocárdio e do aumento da adesividade das plaquetas e dos níveis de fibrinogênio, o que ocorre
principalmente com os fumantes.

9
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

Uma das formas de controle da chuva ácida é a diminuição da emissão de gases responsáveis pela formação
da chuva ácida, como o SO2, o SO3, etc. Conforme o avanço tecnológico foi se expandido, mais indústrias foram
criadas para aguentar o ritmo acelerado de desenvolvimento, gerando um aumento dos poluentes. Assim, é
importante saber interpretar meios de formação da chuva ácida.

MODELO 1
(Enem) Muitas indústrias e fábricas lançam para o ar, através de suas chaminés, poluentes prejudiciais às plan-
tas e aos animais. Um desses poluentes reage quando em contato com o gás oxigênio e a água da atmosfera,
conforme as equações químicas:
Equação 1: 2 SO2 + O2 → 2 SO3
Equação 2: SO3 + H2O → H2SO4
De acordo com as equações, a alteração ambiental decorrente da presença desse poluente intensifica o(a):
a) formação de chuva ácida;
b) surgimento de ilha de calor;
c) redução da camada de ozônio;
d) ocorrência de inversão térmica;
e) emissão de gases de efeito estufa.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A análise das alternativas permite chegar à conclusão de que a única alternativa correta é a A, pois nela
se confirma o conceito de óxidos ácidos que, ao reagirem com a água, formam seu respectivo ácido,
danificando o ecossistema.

RESPOSTA Alternativa A

10
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA PODE SER


INORGÂNICA
QUÍMICA

COMO

PODEM SER ÓXIDOS FORMADOS POR


MOLECULARES

ÁCIDOS NEUTROS AMETAL OXIGÊNIO

AO NÃO REAGEM COM ÁCIDOS,


REAGIREM BASES OU ÁGUA
COM

FORMAM
BASES SAL + ÁGUA

FORMAM
ÁGUA ÁCIDO

11
§ Combustão de substâncias simples – reação com
AULAS 29 e 30 o oxigênio (O2) produzindo óxidos:
2 Mg (s) + O2 (g) → 2 MgO (s)
2 Ca (s) + O2 (g) → 2 CaO (s)
S (s) + O2 (g) → SO2 (g)
C (s) + O2 (g) → CO2 (g)

REAÇÕES INORGÂNICAS
combustão completa do carbono

C (s) + ½ O2 (g) → CO (g)


combustão incompleta do carbono

§ Síntese de hidrácidos:
H2 (g) + Cℓ2 (g) → 2 HCℓ (g)
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7 H2 (g) + F2 (g) → 2 HF (g)

17, 19, 21, 24, 25, 26 e § Reação de óxidos com água


HABILIDADES:
27 Óxidos básicos:

óxidos básicos + água → bases

1. Classificação das CaO (s) + H2O (ℓ) → Ca(OH)2 (s)

reações químicas MgO (s) + H2O (ℓ) → Mg(OH)2 (s)


Na2O (s) + H2O (ℓ) → 2 NaOH (s)
Uma das diversas maneiras de classificar as reações consis-
te em relacionar o número de substâncias que reagem e o Óxidos ácidos:
número de substâncias originadas dessa reação.
óxidos ácidos + água → ácidos

2. Reações de síntese CO2 (g) + H2O (ℓ) → H2CO3 (aq)*


ou adição *Esse ácido só existe em solução aquosa.
Reações de síntese ou adição ocorrem quando dois ou
SO3 (g) + H2O (ℓ) → H2SO4 (ℓ)
mais reagentes originam um único produto.

A+B→C § Reações entre óxidos ácidos e óxidos básicos

Exemplo: óxidos ácidos + óxidos básicos → sais


O magnésio reage com o oxigênio do ar produzindo óxido
de magnésio: CaO (s) + CO2 (s) → CaCO3 (s)

2 Mg(s) + O2 (g) → 2 MgO(s) MgO (s) + SO3 (g) → MgSO4 (s)

2.1. Reações importantes


§ Síntese da água:
2 H2 (g) + O2 (g) → 2 H2O (g)

§ Síntese da amônia: multimídia: vídeo


N2 (g) + 3 H2 (g) → 2 NH3 (g) Fonte: Youtube
§ Síntese do amoníaco: O metal que faz a água explodir (Superquímica)
NH3 (g) + H2O (ℓ) → NH4OH (aq)

12
3. Reações de análise § Decomposição do ácido carbônico (instável):
H2CO3 (aq) → H2O (ℓ) + CO2 (g)
ou decomposição H2SO3 (aq)* → H2O (ℓ) + SO2 (g)
Ocorrem quando um único reagente dá origem a dois ou *O ácido sulfuroso (H2SO3) também se decompõe.
mais produtos:
A→B+C § Decomposição do hidróxido de amônio (instável):
NH4OH (aq) → H2O (ℓ) + NH3 (g)**
Exemplo:
**Essa base só existe em solução aquosa.
O NaN3(s) decompõe-se em Na (s) e N2(g) (gás que infla os air
bags dos automóveis).
2 NaN3 (s) → 3 N2 (g) + 2 Na (s) 4. Reações de simples
troca ou deslocamento
3.1. Reações importantes
Ocorrem quando uma substância simples reage com uma
§ Pirólise – decomposição térmica (D, aquecimento). composta, dando origem a uma nova substância simples e
Exemplos importantes são as decomposições térmicas dos a uma nova substância composta.
carbonatos e bicarbonatos: A + XY → AY + X
D
CaCO3 (s) → CaO (s) + CO2 (g) Exemplo:
decomposição térmica do calcário que produz cal virgem
Quando uma lâmina de zinco é mergulhada numa solução
D
aquosa de ácido clorídrico, ocorrem formação de cloreto de
MgCO3 (s) → MgO (s) + CO2 (g) zinco e liberação de gás hidrogênio:
Zn (s) + 2 HCℓ (aq) → ZnCℓ2 (aq) + H2 (g)
D
2 NaHCO3 (s) → Na2CO3 (s) + CO2 (g) + H2O (g)
fermento químico à base de bicarbonato de sódio
Para que essas reações ocorram, é necessário que as subs-
tâncias simples sejam mais reativas do que o elemento da
D substância composta que será deslocado.
(NH4)HCO3 (s) → NH3 (g) + CO2 (g) + H2O (g)
fermento químico à base de bicarbonato de amônio A + XY → AY + X

§ Fotólise – decomposição provocada pela luz: Se A é mais reativo que X, logo ele será deslocado por A.
Essa substância simples, denominada simplificadamente
Luz
2 H2O2 (ℓ) → 2 H2O (ℓ) + O2 (g) de A, pode ser um metal ou um ametal.
decomposição da água oxigenada

Luz
2 AgCℓ (s) → 2 Ag (s) + Cℓ2 (g)
sal de prata em filme fotográfico

§ Eletrólise – decomposição provocada pela passagem


de corrente elétrica:

2 H2O (ℓ) corrente elétrica 2 H2 (g) + O2 (g) Reação entre ácido clorídrico e alumínio metálico.
eletrólise da água

corrente elétrica
2 NaCℓ (ℓ) 2 Na + Cℓ
(s) 2 (g)
processo industrial de obtenção de sódio metálico e gás cloro

corrente elétrica
2 Aℓ2O3 (ℓ) 4 Aℓ + 3 O
(ℓ) 2 (g)
processo industrial de obtenção de alumínio

§ Catálise – decomposição em presença de um catalisador:


catálise
2 H2O2 (ℓ) 2 H2O (ℓ) + O2 (g) Zn(s) + Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu(s)
decomposição catalisada da água oxigenada Zinco deslocando o cobre

13
VIVENCIANDO

O principal componente dos antiácidos é o bicarbonato de sódio. Conhecido quimicamente como NaHCO3, é um pó
branco que constitui uma mistura cristalina solúvel em água. Esse composto é classificado como alcalino solúvel e é
denominado hidrogenocarbonato de sódio.
O bicarbonato de sódio, quando diluído, libera gás carbônico, segundo a equação:
NaHCO3 + HC, → NaCℓ + H2O + CO2

Como é possível observar, os produtos da reação são: cloreto de sódio, água e dióxido de carbono (gás carbô-
nico), respectivamente.
Note que, na presença de água, o NaHCO3 reage com ácidos, liberando CO2(g), responsável pela efervescência. Ao
ingerir o antiácido, o indivíduo percebe a presença do dióxido de carbono por causa da liberação de gás pela boca.
Os antiácidos estomacais neutralizam o excesso de HCℓ (ácido clorídrico, que auxilia na digestão dos alimentos)
do suco gástrico presente no estômago. O desconforto estomacal pode ser ocasionado por má alimentação, que
estimula o estômago a produzir mais ácido clorídrico para auxiliar na digestão, ou ainda por ansiedade e nervosismo.
Essas duas situações ocasionam o desequilíbrio da acidez estomacal.
No entanto, o antiácido possui o seu lado negativo. Como tudo em excesso é prejudicial, se for feita a neutralização do
ácido gástrico diariamente, ocorrerá um aumento de gases no estômago em razão da liberação de CO2 dos efervescentes.

4.1. Reatividade dos metais Consultando a fila de reatividade, é possível prever a ocor-
rência ou não de uma reação de deslocamento.
Quando uma lâmina de zinco é mergulhada numa solução
aquosa de sulfato de cobre, a solução descolore-se e um de-
pósito avermelhado de cobre recobre a lâmina de zinco. Tra-
4.1.1. Reações típicas
ta-se de uma reação que equivale à seguinte representação: § Reações de ataque de ácidos a metais – ocorrem
Zn (s) + CuSO4 (aq) → ZnSO4 (aq) + Cu (s) tão somente nos metais mais reativos que o hidrogênio:
Como os sais em solução aquosa se encontram dissociados, Mg (s) + 2 HCℓ (aq) → MgCℓ2 (aq) + H2 (g)
a representação dessa reação na forma iônica equivale a:
2 Aℓ (s) + 6 HCℓ (aq) → 2 AℓCℓ3 (aq) + 3 H2 (g)
Zn (s) + Cu2+ (aq) + SO42– (aq) → Zn2+ (aq) + SO42– (aq) + Cu (s)
ou Fe (s) + 2 HCℓ (aq) → FeCℓ2 (aq) + H2 (g)
Zn (s) + Cu2+ (aq) → Zn2+ (aq) + Cu (s)
Magnésio, alumínio e zinco (mais reativos) deslocam o hi-
O que comprova que o zinco é mais reativo que o cobre. drogênio (menos reativo).
Mediante uma série de reações, foi possível estabelecer Cu (s) + HCℓ (aq) → não há reação
uma fila de reatividade comparativa dos metais, que Au (s) + HCℓ (aq) → não há reação
pode ser representada genericamente por:
Cobre e ouro (menos reativos) não deslocam o hidrogênio
K > Na > Li > Ca > Mg > Aℓ > Zn > Fe > Ni > Pb > H > (mais reativo).
Cu > Hg > Ag > Pt > Au
§ Reações de ataque de soluções aquosas de sais
Os metais menos reativos do que o hidrogênio – Cu, Hg, a metais:
Ag, Pt, Au – são denominados metais nobres.
Zn (s) + CuSO4 (aq) → Cu (s) + ZnSO4 (aq)
A fila de reatividade pode ser representada de maneira
simplificada: Zinco (mais reativo) desloca cobre (menos reativo).

metais alcalinos e alcalino-terrosos > outros metais > H > Ag (s) + FeCℓ2 (aq) → não há reação
metais nobres
Prata (menos reativa) não desloca o ferro (mais reativo).

14
4.2. Reatividade dos ametais AB + XY → AY + XB
Ao misturar uma solução aquosa de C,2 (água de cloro)
a uma solução aquosa de KI, nota-se o aparecimento de Exemplo:
uma coloração castanha característica da formação de I2. Pb(NO3)2 (aq) + 2 KI (aq) → 2 KNO3 (aq) + PbI2 (s)
sais incolores     sal pouco
A reação ocorrida pode ser representada de algumas ma-
solúvel amarelo
neiras. Primeiramente da reação de forma geral:
Cℓ2 (aq) + 2 KI (aq) → 2 KCℓ (aq) + I2 (aq)

E também na sua forma iônica:


5.1. Condições para ocorrência
Cℓ2(aq) + 2 K+ (aq) + 2 I– (aq) → 2 K+ (aq) + 2 Cℓ– (aq) + I2 (aq)
de uma reação de dupla troca
ou Reações de dupla troca ocorrem apenas quando ao menos
Cℓ2 (aq) + 2 I– (aq) → 2 Cℓ– (aq) + I2 (aq) uma das três condições a seguir é satisfeita.
a) Um dos produtos é insolúvel ou menos solú-
Como o cloro (C,) deslocou o iodo (I), é possível con- vel que os reagentes.
cluir que ele é mais reativo do que o iodo.
A tabela a seguir mostra a solubilidade de substâncias de
Mediante reações semelhantes, foi determinada uma fila acordo com o ânion e o cátion que as compõem:
de reatividade dos ametais:
Ânion Solubilidade Exceções
F > O > N > Cℓ > Br > I > S > C

CH3COO– Solúveis –––


4.2.1. Reações típicas
NO3– Solúveis –––
F2 (g) + 2 NaCℓ (aq) → 2 NaF (aq) + Cℓ2 (g)
Cℓ–, Br–, I– Solúveis Ag+, Hg2+, Pb2+
Flúor é mais reativo, por isso desloca o cloro.
Cℓ2 (g) + 2 NaBr (aq) → 2 NaCℓ (aq) + Br2 (ℓ) SO42– Solúveis Ca2+, Sr2+, Ba2+, Pb2+

Cloro é mais reativo, por isso desloca o bromo.


S2–- , OH– Insolúveis 1A, 2A e NH4+
I2 (s) + CaCℓ2 (aq) → não há reação
Iodo é menos reativo, por isso não desloca o cloro. Demais Insolúveis 1A e NH4+

Exemplo:
A reação entre NaC, e AgNO3 ocorre graças à formação de
um composto insolúvel/pouco solúvel (AgC,).
A representação da reação na forma iônica entre NaC, e
AgNO3 segue a seguinte regra:
“Separar os íons dos compostos solúveis e cancelar os íons
que não formam o composto insolúvel”.
Na+ (aq) + Cℓ– (aq) + Ag+ (aq) + NO3– (aq) → AgCℓ(s) + Na+(aq) + NO3– (aq)
ou
C,–
(aq)
+ Ag+
(aq)
→ AgCℓ (s)
Reação entre água de cloro (Cℓ2) e iodeto de potássio (KI). O aparecimento
da cor castanha ocorre devido à formação de I2, deslocada pelo cloro.
A equação iônica simplificada mostra que os íons Ag+ com-
binam-se com os íons C,– e precipitam-se como cloreto de
5. Reações de dupla troca prata, AgC,.

Ocorrem quando dois reagentes compostos (formados por, Outro exemplo:


no mínimo, dois elementos) reagem entre si. Ao trocarem Pb(NO3)2 (aq) + 2 NaI (aq) → PbI2 (s) + 2 NaNO3 (aq)
seus componentes, dão origem a dois novos compostos. precipitado

15
Exemplos:
NaCℓ (s) + H2SO4(aq) → Na2SO4 (aq) + 2 HC,(aq)
ácido fixo   ácido volátil
Na2CO3 (aq) + H2SO4 (aq) → Na2SO4 (aq) + H2O(,) + CO2 (g)
gás
Substâncias instáveis que se decompõem e formam gás:
H2CO3(aq) H2O() + CO2(g)
H2SO3 (aq) H2O(,) + SO2(g)
NH4OH (aq) NH3 (g) + H2O(,)

Formação do iodeto de chumbo (II) (PbI2), um precipitado amarelo. multimídia: site


b) Um dos produtos é mais fraco ou menos io-
nizado que os reagentes. manualdaquimica.uol.com.br/fisico-quimica/reativida-
A força dos ácidos já foi estudada anteriormente. de-dos-metais.htm
A tabela a seguir mostra a força das bases (hidróxidos).
Aplicação do conteúdo
Força e Solubilidade Bases
1. (Vunesp) Nas estações de tratamento de água, uma
Fortes e Solúveis Família 1A das etapas do tratamento para obtenção de água po-
tável consiste na eliminação das impurezas que se en-
Fortes e Parcial-
mente Solúveis
Família 2A, exceto o Mg(OH)2 contram em suspensão. Isso é feito produzindo-se hi-
dróxido de alumínio e sulfato de cálcio na superfície da
Famílias B, incluin- água a ser tratada. O hidróxido de alumínio atua como
Fracas e Insolúveis
do o Mg(OH)2
floculante, arrastando consigo as impurezas sólidas
Fraca e Solúvel NH4OH para o fundo do tanque de decantação. Com base nas
informações fornecidas, os compostos utilizados nas es-
tações de tratamento de água são:
Exemplos: a) AℓCℓ3 e NaOH.
H2SO4(aq) + 2 NaNO2(aq) → Na2SO4(aq) + 2 HNO2(aq) b) Aℓ(NO3)3 e KOH.
ácido forte            ácido fraco c) Aℓ2(SO4)3 e KOH.
molecular
(pouco ionizado) d) Aℓ2(SO4)3 e Na2CO3.
HCℓ(aq) + NaOH(aq) → NaCℓ(aq) + H2O(ℓ) e) Aℓ2(SO4)3 e Ca(HCO3)2.
muito ionizável   iônico   iônico
Resolução:
c) Um dos produtos é mais volátil do que os
reagentes ou ocorre a formação de gás. Nas estações de tratamento de água, a floculação é realiza-
Volatilidade é a tendência a se vaporizar (passar do estado da comumente com a adição de Aℓ2(SO4)3 e cal (CaO) ou cal
líquido para o gasoso). hidratada (Ca(OH)2), por causa da eficiência e economia. O
meio básico necessário para a precipitação do agente flocu-
§ Os hidrácidos são em geral gases (muito voláteis). lante (Aℓ2(SO4)3) também pode ser adquirido com o uso do
Ca(HCO3)2. As equações químicas relativas ao processo são:
§ Os oxiácidos são geralmente líquidos voláteis, com exce-
ção do H2SO4 e do H3PO4, que, em virtude da pouca ten- Ca(HCO3)2 → Ca2+ + 2 HCO3-
dência a se vaporizarem, são denominados ácidos fixos. HCO3- + H2O → <H2CO3> + OH-
§ Bases e sais são fixos, à exceção do NH4OH, que é volá- Aℓ2(SO4)3 + 6 OH- → 2 Aℓ(OH)3 + 3 SO42-
til, uma vez que se decompõe em NH3 (g) e H2O. Ca2+ + SO42- → CaSO4

16
Equação Global: O ânion CℓO- sofre hidrólise, liberando OH- para o meio
(ânion de ácido fraco). Assim, mesmo o NaOH reagindo, o
Aℓ2(SO4)3 (aq) + 3 Ca(HCO3)2 (aq) + 6 H2O(ℓ)
meio ainda continua básico, não fazendo a cor da fenolfta-
→ 2 Aℓ(OH)3(s) + 3 CaSO4(s) + <CO2 + H2O> leína desaparecer.
Alternativa E Logo, a reação que ocorreu foi:

2. A adição de glicose sólida (C6H12O6) a clorato de po- C6H12O6(s) + 3 KCℓO4(,) → 6 CO2(g) + 6 H2O(g) + 3 KCℓ(s)
tássio (KCℓO3) fundido, a 400°C, resulta em uma reação
que forma dois produtos gasosos e um sólido cristalino. Alternativa B
Quando os produtos gasosos formados nessa reação,
e resfriados à temperatura ambiente, são borbulha-
dos em uma solução aquosa 0,1 mol/L de hidróxido de
sódio, contendo algumas gotas de fenolftaleína, veri-
fica-se a mudança de cor dessa solução de rosa para
incolor. O produto sólido cristalino apresenta alta con-
dutividade elétrica, tanto no estado líquido como em
solução aquosa. Assinale a opção CORRETA que apre-
senta os produtos formados na reação entre glicose e
clorato de potássio:
multimídia: livro
a) C,O2(g), H2(g), C(s).
b) CO2(g), H2O(g), KC,(s).
c) CO(g), H2(g), KC,O4(s). Química Inorgânica, 4.ª ed., de Shriver & Atkins
d) CO(g), CH4(g), KC,O2(s). A química inorgânica é um tema importante e amplo,
e) C,2(g), H2O(g), K2CO3(s) abrangendo mais de 100 elementos. Esse livro trata
dos fundamentos químicos e dos fatos relevantes sobre
Resolução:
compostos inorgânicos de uma maneira precisa e clara.

De acordo com a questão, a reação entre glicose sólida O conteúdo foi selecionado para oferecer uma visão equili-
e clorato de potássio fundido formou três produtos, dos brada do tema, enfatizando os aspectos mais importantes.
quais dois são gasosos e um sólido. Os fenômenos químicos são interpretados de maneira con-
textualizada. As reações e as estruturas estão inseridas em
O produto sólido formado apresenta alta condutividade elé-
modelos e conceitos químicos abrangentes.
trica, tanto no estado líquido como em solução aquosa. Isso
é uma característica de um composto iônico; ou seja, um O texto é enriquecido por inúmeras ilustrações, os
dos produtos formados é um composto iônico, podendo ser exemplos esclarecem questionamentos fundamentais, e
o item b, c, d ou e (carbono sólido não é composto iônico). os exercícios e problemas no fim dos capítulos reforçam
a importância da Química no cotidiano.
Os gases formados foram borbulhados na solução de hi-
dróxido de sódio (NaOH) e foi verificada a mudança de cor,
de rosa (meio básico) para incolor (meio neutro/ácido). Isso
mostra que algum dos gases formados reagiu com a base,
neutralizando-o. Ou seja, o gás formado tem propriedades
ácidas. Dentre as alternativas, somente o item b possui um
gás com propriedades ácidas, o CO2 (CO, H2 e CH4 não re-
agem com a base; Cℓ2 reage com a base, mas não acidifica
o meio a ponto de fazer a cor rosa desaparecer):
C,2 (g) + 2 NaOH(aq) → NaCℓ(aq) + NaCℓO(aq) + H2O(ℓ)
NaCℓO (aq) → Na+ (aq) + CℓO-(aq)
CℓO-(aq) + H2O(,) → HCℓO(aq) + OH-(aq)

17
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O titânio e suas ligas são utilizados principalmente devido às suas propriedades mecânicas, adequadas para muitas
aplicações, entre as quais se sobressai uma elevada razão de resistência mecânica/peso. Por outro lado, para algumas
outras aplicações, a principal propriedade do titânio e suas ligas é a elevada resistência à corrosão, que possibilita
seu uso numa ampla variedade de aplicações, como em componentes aeronáuticos, navais e para a utilização na
indústria química.
O titânio comercialmente puro é altamente resistente à corrosão nos ambientes naturais, incluindo água do mar,
fluidos corpóreos e sucos de frutas e de vegetais em geral. O titânio submetido à exposição contínua à água do mar
por cerca de 18 anos apresenta somente uma descoloração superficial. Cloro úmido, enxofre fundido, muitos com-
postos orgânicos (incluindo ácidos e compostos cloretados) e a maioria dos ácidos oxidantes não apresentam efeito
significativo nesse metal. O titânio é usado com frequência na manipulação de soluções salinas (incluindo cloretos,
hipocloretos, sulfatos e sulfetos), gás cloro úmido e soluções de ácido nítrico.
Por outro lado, sais concentrados em temperaturas mais altas, como solução fervente de 30% de AℓCℓ3 em água ou
solução fervente de 70% de CaCℓ2 em água, provocam corrosão no titânio. Soluções quentes ou concentradas de
HCℓ, H2SO4, H3PO4 e ácido oxálico também representam alto risco de corrosão no titânio. Em geral, soluções ácidas
e redutoras corroem o titânio, a não ser que seja realizado o uso de inibidores de corrosão. Contudo, substâncias
fortemente oxidantes, como ácido nítrico com fumaça vermelha e 90% H2O2, podem causar ataque corrosivo no
titânio. Compostos fluoretados ionizáveis, como NaF e HF, ativam a superfície e podem causar corrosão rápida. Nesse
aspecto, o gás cloro seco é especialmente nocivo.
O titânio apresenta limitada resistência à oxidação ao ar em temperaturas superiores a cerca de 650 ºC e interage
com o oxigênio, que se dissolve intersticialmente em temperaturas tão baixas quanto a 427 ºC. Cloretos e hidró-
xidos depositados na superfície do titânio podem acelerar a oxidação. A exposição ao oxigênio líquido ou gasoso,
ao tetróxido de nitrogênio e ao ácido nítrico com fumaça vermelha pode causar reação violenta com o titânio sob
carregamento em impacto.
O titânio pode ser usado como recipiente de hidrogênio líquido ou supercrítico em temperaturas criogênicas, mas,
acima de –100 ºC, o hidrogênio pode ser absorvido e se difundir numa liga, o que pode fragilizar severamente o
titânio. O potencial de fragilização aumenta quando as taxas de difusão do hidrogênio são altas ou quando ocorrem
danos ao revestimento protetor do titânio.
No titânio comercialmente puro e em muitas de suas ligas, zonas de solda são tão resistentes à corrosão quanto o
metal base. Outros processos de fabricação (como o dobramento e a usinagem) também parecem não influenciar
significativamente a resistência à corrosão desse tipo de material.
O titânio comercialmente puro (CP) é o material preferido para a construção de equipamentos usados para o pro-
cessamento de salmouras, na fabricação de bombas, tubulações, fontes de calor, trocadores de calor, cristalizadores,
evaporadores, condensadores e muitos outros dispositivos submetidos à ação corrosiva das salmouras. De modo
geral, as ligas de titânio são menos resistentes à corrosão que o titânio comercialmente puro.

18
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 19
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou
solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental.

A partir de reações inorgânicas, é possível reverter processos inesperados ou inconvenientes em reações quí-
micas. Por exemplo, a neutralização é uma técnica muito empregada para diminuir ou aumentar o pH de
substâncias que são acidentalmente derramadas em lugares movimentados.

MODELO 1
(Enem) Os tubos de PVC, material organoclorado sintético, são normalmente utilizados como encanamento
na construção civil. Ao final da sua vida útil, uma das formas de descarte desses tubos pode ser a incineração.
Nesse processo libera-se HCℓ(g), cloreto de hidrogênio, dentre outras substâncias. Assim, é necessário um trata-
mento para evitar o problema da emissão desses poluentes. Entre as alternativas possíveis para o tratamento,
é apropriado canalizar e borbulhar os gases provenientes da incineração em:
a) água dura;
b) água de cal;
c) água salobra;
d) água destilada;
e) água desmineralizada.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nessa questão, espera-se que o aluno compreenda a relação de neutralização entre um ácido e uma base.
Além disso, é de extrema importância o domínio das matérias anteriores, como bases e ácidos, pois, dessa
forma, será possível chegar à conclusão de que a água de cal, Ca(OH)2, é uma base e, portanto, capaz de
neutralizar o ácido clorídrico.

RESPOSTA Alternativa B

19
DIAGRAMA DE IDEIAS

INCLUEM REAÇÕES DE REAÇÕES


INORGÂNICAS

CONHECIDAS
ADIÇÃO SÍNTESE
COMO
POR EXEMPLO

SO3 + H2O → H2SO4 CaO + H2O → Ca(OH)2

CONHECIDAS
DECOMPOSIÇÃO ANÁLISE
COMO
POR EXEMPLO

CaCO3 →
Δ
CaO + CO2 2 H2O2 → 2 H2O + O2

CONHECIDO
DESLOCAMENTO SIMPLES TROCA
COMO
POR EXEMPLO

METAL 1 SAL 1 METAL 2 SAL 2


FILA DE
OBEDECEM
REATIVIDADE
A
DE METAIS
METAL ÁCIDO H2 SAL

FILA DE
NÃO METAL 1 SAL 1 NÃO METAL 2 SAL 2 REATIVIDADE
OBEDECE A DE AMETAIS

OCORRE QUANDO PELO MENOS


DUPLA TROCA
UMA CONDIÇÃO VIGORA
POR EXEMPLO

REAGENTE PRODUTO
SAL 1 SAL 2 SAL 3 SAL 4
NÃO VOLÁTIL VOLÁTIL

REAGENTES MUITO PRODUTO POUCO


ÁCIDO 1 SAL 2 SAL 2 ÁCIDO 1 DISSOCIADOS OU DISSOCIADO OU
IONIZADOS IONIZADO

REAGENTES PRODUTO
BASE 1 SAL 2 BASE 2 SAL 2
SOLÚVEIS INSOLÚVEL

20
éter H3C – CH2 – O – CH2 – CH3
AULAS 31 e 32

fracamente
éter H3C – CH2 – O – CH2 – CH3

2. Evaporação em recipiente
fechado – pressão de vapor
PRESSÃO DO VAPOR Considere 1 L de água a 20 ºC em um recipiente fechado.

COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7

HABILIDADES:
17, 18, 21, 24, 25, 26
e 27

1. Evaporação de um líquido
em recipiente aberto
Quando os líquidos estão em recipientes abertos, nota-se
que seu volume diminui.

Em razão das colisões intermoleculares das moléculas


ve = velocidade de evaporação, que é sempre
de água, quando algumas moléculas ganham energia constante a uma determinada temperatura

para romper as ligações de hidrogênio, elas saem do Vc = velocidade de condensação

líquido e vão para a atmosfera. Em outras palavras, a Nessa temperatura (20 ºC), o ponteiro do manômetro não
evaporação é um fenômeno físico que ocorre na super- mais se altera (17,5 mmHg). Esse vapor exerce pressão
fície do líquido. nas paredes e na superfície da água, pressão denominada
pressão de vapor (PV).
Se a temperatura aumentar, eliminando a fase líquida, não
haverá mais a pressão de vapor, mas uma pressão do vapor
de água.

Para um mesmo intervalo de tempo (Δt1), o volume de éter


diminui mais do que a água; portanto, o éter evapora mais
facilmente do que a água. Isso ocorre porque o éter é uma
molécula pouco polar e suas forças intermoleculares
são menos intensas do que as da água.

21
Conclusão:
3. A pressão de vapor depende
H2O(ℓ)  H2O(v) Pv = 17,5 mmHg a 20 ºC
somente da natureza do
Se o sistema for aberto, o equilíbrio H2O(ℓ)  H2O(v) nunca
será alcançado. Por isso as roupas secam no varal. líquido e da temperatura
Comparando com o éter: A pressão de vapor depende da natureza do líquido. Se
as forças intermoleculares forem de grande intensidade, a
vaporização será difícil e a pressão de vapor será baixa. Se,
ao contrário, as moléculas estiverem presas fracamente ao
líquido, a vaporização ocorrerá facilmente e a pressão de
vapor será alta.
Assim, a 20 °C, a pressão máxima de vapor de água é
17,5 mmHg, e a pressão máxima de vapor do álcool etílico
(etanol), na mesma temperatura, é 44 mmHg. O álcool,
éter(ℓ)  éter(v) Pv = 442 mmHg a 20º C
portanto, é mais volátil do que a água.
A uma mesma temperatura, o éter evapora mais facilmente
do que a água, pois as forças intermoleculares que atraem A pressão de vapor não depende da quantidade de
as moléculas do éter são mais fracas do que as forças inter- líquido nem do espaço ocupado pelo vapor.
moleculares que atraem as moléculas de água.

2.1. Por que o nome pressão


máxima de vapor?
Antes de atingir o equilíbrio, a velocidade de vaporização
é maior do que a velocidade de condensação. A quanti-
dade de vapor aumenta; assim, a pressão do vapor tam-
bém aumenta. Se atingir o equilíbrio, a concentração de multimídia: vídeo
moléculas na fase de vapor ficará constante, e a pressão
Fonte: Youtube
não aumentará mais, ou seja, alcançará seu valor má-
ximo. A velocidade de vaporização é constante porque a Jardim químico (experiência sobre osmose)
superfície do líquido e a temperatura não mudam.

Velocidade

velocidade de 4. Pressão de vapor e


equilíbrio
ponto de ebulição
vaporização

Do ponto de vista experimental, a ebulição é caracterizada


velocidade de pela formação de bolhas no líquido. As bolhas vão até a su-
condensação
perfície e rebentam. Quando formada no interior do líquido
Tempo puro, a bolha contém apenas moléculas no estado gasoso
do líquido puro. Essas moléculas exercem uma pressão
contra as paredes internas da bolha.
No equilíbrio, a velocidade de condensação iguala-se à ve-
locidade de vaporização, ou seja, o número de moléculas Observe uma bolha logo abaixo da superfície do líquido.
que deixam o líquido iguala-se ao número de moléculas Nesse caso, é possível considerar, aproximadamente, que
que retornam para o líquido. a força que empurra a bolha para o interior do líquido é a
mesma que origina a pressão atmosférica.
A pressão máxima de vapor ou a pressão de vapor de equi-
líbrio costuma ser indicada apenas por pressão de va- Quando o líquido é aquecido, a pressão de vapor na bolha au-
por. O vapor em equilíbrio com seu líquido é denominado menta e, a uma certa temperatura, iguala-se à pressão atmos-
vapor saturante. férica e escapa do líquido. Essa é a temperatura de ebulição.

22
6. Influência da pressão
externa sobre a
temperatura de ebulição
6.1. Altitude e pressão de vapor
Altitude Temperatura
em relação Pressão aproximada
Localidade
ao nível do (mmHg) de ebulição
mar (m) da água (ºC)
Ponto de ebulição é a temperatura na qual a pressão
Rio de Janeiro 0 760 100
de vapor do líquido se iguala à pressão que existe so-
bre a superfície do líquido. São Paulo 750 700 97,7
Cidade do
2.240 540 92
México
Monte Everest 8.848 230 70

À medida que a pressão sobre a água diminui, ela evapora


com mais facilidade; em consequência, a ebulição torna-se
mais fácil.
Se a pressão sobre a água baixar de 760 para 525 mmHg,
baixará também sua temperatura de ebulição, que passará
de 100 ºC para 90 ºC (gráfico).

5. Diagrama da pressão de
vapor versus temperatura

A água pode até mesmo ferver em temperatura ambiente.


etílico Para isso, basta que a pressão sobre ela diminua bastante
– o que pode ser obtido com o aparelho bomba de vácuo.

6.2. Cozinhando mais rápido


Considere a situação contrária: a pressão sobre a água é
maior que 1 atm ou 760 mmHg. Por analogia, conclui-se
que a água deve ferver a uma temperatura superior a 100 ºC.
Se a pressão aumentar de 760 para 1.500 mmHg, a tem-
T ºC peratura de ebulição da água aumentará de 100 ºC para
Em condições ambientes, quanto maior a pressão máxima de 120 ºC (gráfico da pressão máxima de vapor da água em
vapor, menor o ponto de ebulição e mais volátil o líquido. função da temperatura).

23
alimentos; aos poucos, com o calor ambiente, o CO2 sólido
sublima-se – em vez de se liquefazer, como acontece com
o gelo comum –, razão pela qual é chamado de gelo-seco.

Gasoso

Um exemplo prático desse fenômeno são as panelas de multimídia: vídeo


pressão. Quando a panela é fechada, depois de receber a Fonte: Youtube
água e o alimento, à pressão atmosférica ambiente, uma O que é Osmose Reversa?
quantidade de ar fica aprisionada em seu interior.
Quando a panela é aquecida, a evaporação da água aumenta
e a pressão de seus vapores soma-se à pressão do ar já exis-
tente. A pressão total será maior que a pressão do ambiente. Aplicação do conteúdo
Com isso, a temperatura de ebulição da água aumenta e os 1. Em um recipiente fechado, há dois componentes (ben-
alimentos são cozidos mais rapidamente. Lembre-se, porém, zeno e tolueno), ambos presentes em duas fases (fase
de que poderá ocorrer uma explosão se a pressão no interior líquida e fase vapor) em equilíbrio. Na fase líquida, há
da panela aumentar demasiadamente. Por esse motivo, as uma mistura equimolar dos dois componentes. Sabe-
panelas de pressão possuem duas válvulas de segurança: -se que o benzeno tem ponto de ebulição de 80,1 °C a
uma de contrapeso, que se abre se a pressão no interior da 1 atm, e o tolueno ferve a 110,8 °C sob 1 atm de pressão.
Com relação a esse sistema:
panela se tornar excessiva, e outra adicional, vermelha, que
salta da panela se a válvula de contrapeso não funcionar. a) indique e justifique sua indicação de qual compo-
nente é mais volátil;
b) estabeleça, com a devida justificativa, qual dos
6.3. As mudanças de estado componentes predominará na fase vapor.
das substâncias puras Resolução:
Assim como a água, qualquer substância possui seu res- a) O benzeno é mais volátil do que o tolueno, uma vez
pectivo diagrama de fases (ou de estados). que seu ponto de ebulição (80,1 ºC) é menor que o
do tolueno (110,8 ºC).
Evidentemente, cada substância terá seu ponto triplo em b) À mesma temperatura, o benzeno tem maior pres-
diferentes condições de temperatura e pressão. No dia- são de vapor do que o tolueno. Portanto, no vapor
grama do gás carbônico (CO2), seu ponto triplo (T) está do sistema em equilíbrio (fase gasosa), haverá maior
situado na pressão de 5,11 atm, à temperatura de 56 °C número de moléculas de benzeno do que de tolueno.
abaixo de zero. Em pressão ambiente (1 atm), o CO2 passa 2. (FGV) Considere clorofórmio, etanol e água, todos
diretamente do estado sólido para o gasoso (ponto A), à líquidos, à temperatura ambiente. A dependência das
temperatura de 78 °C abaixo de zero. Por isso, o CO2 sóli- pressões de vapor dos três líquidos em função da tem-
do é usado como “gelo” para conservar sorvetes e outros peratura é mostrada no gráfico a seguir.

24
Entre os dois tipos de interação, a ligação de hidrogê-
nio é a interação mais forte.
e) Falsa, pois o etanol entra em ebulição a 60 °C, de
acordo com o gráfico.

Alternativa B

3. (UFMG) Um balão de vidro, que contém água, é aque-


cido até que essa entre em ebulição. Quando isso ocorre:

§ desliga-se o aquecimento e a água para de ferver;

No topo de uma certa montanha, a água ferve a 80 °C. § fecha-se, imediatamente, o balão; e, em seguida,
Nesse local, dentro dos limites de erro de leitura dos dados, § molha-se o balão com água fria; então,
pode-se afirmar que:
a) a pressão atmosférica é igual a 800 mmHg; § a água, no interior do balão, volta a ferver por
b) o clorofórmio, em sua temperatura de ebulição, alguns segundos.
apresenta pressão de vapor igual à do etanol a 60 °C;
c) o etanol entrará em ebulição a uma temperatura Assim sendo, é CORRETO afirmar que, imediatamente após
menor que a do clorofórmio; o balão ter sido molhado, no interior dele:
d) a água apresenta forças intermoleculares mais fra- a) a pressão de vapor da água aumenta;
cas que a dos outros dois líquidos; b) a pressão permanece constante;
e) o etanol entrará em ebulição a 78 °C. c) a temperatura da água aumenta;
Resolução: d) a temperatura de ebulição da água diminui.

Pela análise do gráfico, tem-se: Resolução:

No momento em que o balão é fechado, a ebulição é inter-


rompida, pois a pressão interna impede que as moléculas
de água entrem em ebulição. Quando o balão é molhado
com água fria, ocorre uma redução da pressão interna,
devido à condensação do vapor de água. Com isso, as
moléculas de água que estão no estado líquido passam
para o estado de vapor, mesmo que a temperatura esteja
menor do que a temperatura de ebulição, para alcançar a
sua pressão de vapor máxima.
Alternativa D

4. (UFMG) Analise este gráfico, em que está representa-


Quando a água ferve a 80 °C, a pressão externa (atmosfé- da a variação da temperatura de fusão e da temperatu-
rica) local é de aproximadamente 350 mmHg. Além disso, ra de ebulição em função da massa molar para F2, Cℓ2,
a temperatura de ebulição do clorofórmio e do etanol nes- Br2 e I2, a 1 atm de pressão:
sa pressão será de 40 °C e 60 °C, respectivamente. Com
esses dados, é possível analisar os itens:
a) Falsa, pois a pressão atmosférica é menor do que
800 mmHg (aproximadamente 350 mmHg).
b) Verdadeira, pois quando o clorofórmio entra em
ebulição (40 °C), a pressão de vapor é igual à do eta-
nol a 60 °C, que é a sua temperatura de ebulição.
c) Falsa, pois o etanol entra em ebulição a 60 °C, en-
quanto o clorofórmio entra a 40 °C, ou seja, a uma
temperatura maior.
d) Falsa, pois a água apresenta interação do tipo li-
gação (ou ponte) de hidrogênio, enquanto o etanol
apresenta também ligações de hidrogênio e o cloro-
fórmio apresenta interação do tipo dipolo permanente.

25
Considerando-se as informações contidas nesse gráfico e ou- a) Incorreta, pois a curva 1 representa a de ebulição.
tros conhecimentos sobre o assunto, é CORRETO afirmar que: Isso pode ser verificado comparando as curvas 1 e 2
a) a temperatura de fusão das quatro substâncias no ponto do Br2, que é líquido, à temperatura am-
está indicada na curva 1; biente (25 °C).
b) as interações intermoleculares no Cℓ2 são dipolo b) Incorreta, pois a interação intermolecular no Cℓ2 é
permanente-dipolo permanente; dipolo induzido-dipolo induzido, porque é uma mo-
lécula apolar.
c) as interações intermoleculares no F2 são menos in-
tensas que no I2; c) Correta, pois apesar de ambas as moléculas serem
apolares (interação intermolecular é dipolo induzi-
d) o Br2 se apresenta no estado físico gasoso, quando
do-dipolo induzido), apresentam intensidades dife-
a temperatura é de 25 °C.
rentes na sua interação intermolecular. Por isso, o F2
entra em ebulição a temperaturas mais baixas.
Resolução:
d) Incorreta, pois, à temperatura de 25 °C, o Br2 se
apresenta no estado líquido (de acordo com o gráfico
Considerando a temperatura ambiente a 25 °C e a pressão ou pelo considerado).
de 1 atm, os compostos F2 e Cℓ2 são gasosos, Br2 é líquido
Alternativa C
e I2 é sólido. A partir disso, tem-se que as alternativas estão:

VIVENCIANDO

Como o próprio nome diz, a osmose reversa ocorre em sentido contrário ao da osmose. Nela, o solvente se desloca
no sentido da solução mais concentrada para a menos concentrada, isolando-se, assim, o soluto.
O processo de osmose reversa tem sido usado com o intuito de tornar potável a água por meio da dessalinização. A os-
mose reversa acontece por influência da pressão osmótica que se aplica sobre a superfície na qual se encontra a solução
hipertônica, o que impede o solvente, no caso a água, de ser transportado para o meio mais concentrado. Isso permite
que a água vá sendo isolada do sal. Tal processo passou a ser usado pelos cientistas por volta da década de 1960.
Atualmente, a osmose reversa é considerada uma saída para o problema previsto da escassez de água. A ausência
de água potável em diversas regiões do globo estimula a utilização dessa técnica.

As principais aplicações da osmose reversa são as seguintes:

§ Na dessalinização de águas salobras, tem sido usada, no Nordeste do Brasil, como solução para a problemática
da seca nessa região.

§ Na indústria, é utilizada na fabricação de alguns tipos de bebidas, como certas águas minerais.

§ Na área da saúde, recebe destaque, principalmente, nos processos de hemodiálise.

§ Na agropecuária, utiliza-se a osmose reversa na dessedentação de animais, na irrigação e na hidroponia, embora,


nesse setor, ainda haja pouca difusão da técnica.

§ Atua ainda em outras áreas distintas, como na geração de energia e na biotecnologia.

Na década de 1950, os estudos sobre osmose reversa foram iniciados pelos cientistas Reid e Breton, na Flórida. Loeb e
Sourirajan deram continuidade aos estudos acerca desse assunto. Estes últimos desenvolveram a primeira membrana de
acetato de celulose assimétrica. Em meados da década de 1980, foi desenvolvida a primeira membrana de composto
poliamídico, que facilitava o processo de osmose reversa por ter maior absorção de solvente e menor de soluto.

26
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Engenheiros anunciaram um novo método para tornar a água dos oceanos potável. O procedimento, que utiliza um
novo tipo de material de filtragem, conhecido como perforene, é bem mais econômico que a dessalinização tradicional.
Até hoje, a demanda por água potável tem levado alguns países a realizarem o procedimento de osmose reversa a
partir da água do mar. Nesse procedimento, um solvente, a água, é separado de um soluto, o sal, por uma membrana
permeável ao solvente e impermeável ao soluto. Isso ocorre quando se aplica uma grande pressão sobre esse meio
aquoso, o que contraria o fluxo natural da osmose. Contudo, trata-se de um processo complicado e caro, que demanda
uma intensa quantidade de energia durante a operação, o que torna a prática restrita a países muito ricos.
Entretanto, engenheiros da Lockheed Martin anunciaram um novo filtro que reduz em 99% o custo da dessalinização. A
redução ocorre porque o novo material encontrado para ser utilizado, o perforene, é composto de grafeno e tem orifícios
de praticamente um nanômetro de tamanho.
Esses oríficios permitem a passagem da água do mar, mas são tão pequenos que conseguem reter os íons de sal. De acor-
do com a equipe, folhas de filtro de grafeno possuem praticamente um átomo de espessura e despendem menor quan-
tidade de energia para que a água as atravesse. Além disso, aponta-se que o material é 500 vezes mais fino e mil vezes
mais forte do que o melhor filtro disponível, o que faz com que a energia exigida para o processo também seja cem vezes
menor. Para os cientistas, a perspectiva é otimista e pode auxiliar países subdesenvolvidos na realização do processo.

27
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 18
Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológi-
cos às finalidades a que se destinam.

As propriedades coligativas são fundamentais no cotidiano. Cada vez que são utilizados conceitos físico-quí-
micos, é importante ter a noção do que está acontecendo no mundo molecular e subatômico. A principal
aplicação está diretamente ligada ao uso de substâncias corriqueiras, como álcool, água, acetona, etc., em que
é possível analisar e observar a forma com que essas substâncias evaporam com facilidade.

MODELO 1
(Enem) Se, por economia, abaixarmos o fogo sob uma panela de pressão, logo que se inicia a saída de vapor
pela válvula, de forma simplesmente a manter a fervura, o tempo de cozimento:
a) será maior, porque a panela “esfria”;
b) será menor, pois diminui a perda de água;
c) será maior, pois a pressão diminui;
d) será maior, pois a evaporação diminui;
e) não será alterado, pois a temperatura não varia.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Na Habilidade 18 é importante entender os processos de mudança de fases das substâncias. Se determi-
nada massa de água está se vaporizando, sob pressão normal, o fenômeno está ocorrendo a 100 ºC e,
se você aumentar o tamanho da chama, a temperatura da água continuará sendo de 100 °C, apenas a
vaporização será mais rápida.

RESPOSTA Alternativa E

28
DIAGRAMA DE IDEIAS

SOLUÇÃO
LÍQUIDA

TEM

SOLVENTE
LÍQUIDO

TEM

EQUILÍBRIO ENTRE PRESSÃO


LÍQUIDO E VAPOR DE VAPOR
GRAFICAMENTE
EXPRESSA NA

CURVA DE PRESSÃO
DE VAPOR
PERMITE
AVALIAR A
FAZ PARTE DO

DIAGRAMA INFLUÊNCIA DA
DE FASES PRESSÃO SOBRE O
PONTO DE EBULIÇÃO
GRÁFICO
RELATIVO ÀS

MUDANÇAS
DE FASES

INFLUENCIADAS POR

VARIAÇÕES DE VARIAÇÕES DE
TEMPERATURA PRESSÃO

29
moléculas do solvente. Essas interações dificultam tanto a
AULAS 33 e 34 passagem do solvente para o estado de vapor como seu
congelamento (solidificação).

Os efeitos coligativos só dependem do número de


partículas do soluto dissolvido.

EFEITOS COLIGATIVOS
2. Classificação da
natureza das soluções
2.1. Soluções moleculares
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7
Nas soluções moleculares, todas as partículas dissolvidas
HABILIDADES: 17, 21, 24, 25, 26 e 27 são moléculas, uma vez que o soluto não sofre dissociação
ou ionização, dissolvendo-se sem sofrer alterações.
Exemplo
Ao se dissolver um mol de sacarose (C12H22O11) em água,
obtém-se como resultado um mol (6,0 × 1023) de partícu-
las dissolvidas em solução, uma vez que não há alteração
nas moléculas do composto.

2.2. Soluções iônicas


As soluções iônicas são formadas por íons dissolvidos no
multimídia: vídeo solvente, resultado da dissociação de uma substância iôni-
Fonte: Youtube ca ou da ionização de uma substância molecular, que, por
Como fazer um ovo dobrável sua vez, é resultado da interação com o solvente.
NaCℓ → Na+ + Cℓ–
1 mol 1 mol de cátions 1 mol de ânions
1. Efeitos coligativos 6 · 1023 cátions 6 · 1023 ânions

Efeitos coligativos são alterações observadas num sol- O número de partículas de soluto na solução depende:
vente que dissolve um soluto não volátil. Regularmente, esse a) do número de íons presentes em cada fórmula do com-
soluto é um açúcar (glicose, sacarose), um sal (NaCℓ, CaCℓ2, posto: o NaCℓ (1 Na+ e 1 Cℓ–) pode liberar até 2 íons para
Na2SO4, etc.) ou outra substância solúvel e não volátil. cada fórmula dissolvida; o CaCℓ2 pode liberar até 3 íons
A dissolução de um soluto não volátil em um solvente provoca: por fórmula dissolvida (1 Ca2+ e 2 Cℓ–);
1. diminuição da pressão de vapor do solvente; b) do grau de ionização ou do grau de dissociação desse
2. elevação do ponto de ebulição (temperatura de ebuli- composto a uma dada temperatura: considere o ácido sul-
ção) do solvente; fúrico, H2SO4(aq), com grau de ionização a = 61% a 18 ºC. A
ionização de uma molécula de H2SO4 é dada pela expressão:
3. diminuição do ponto de congelamento (temperatura de
fusão) do solvente; e 1 H2SO4(aq) + 2 H2O(ℓ) → 2 H3O+(aq) + 1 SO42–(aq)
1 molécula 3 partículas em solução
4. aumento da pressão osmótica do solvente.
Se forem consideradas 100 moléculas de H2SO4 nas condi-
A intensidade com que as propriedades coligativas ocorrem de-
ções descritas, será obtido:
pende especificamente da quantidade de partículas presentes
na solução, mas não depende da natureza dessas partículas. 2 · 61(H3O+) + 1 · 61(SO42–) = 183
Esses fenômenos podem ser explicados a partir das in- 100 moléculas (total de partículas na solução)
terações que ocorrem entre as partículas do soluto e as 100 – 61 = 39 (moléculas não ionizam)

30
Significa que cada 100 moléculas de H2SO4 dissolvidas em A pressão máxima de vapor de uma solução formada por
água dão origem a 222 partículas em solução. um soluto não volátil é menor do que a de um solvente
puro, pois as interações entre as partículas do soluto e as
2.3. O fator de Van’t Hoff moléculas do solvente reduzem a evaporação das molécu-
las do solvente.
O cientista holandês Jacobus Henricus Van’t Hoff (1852-
1911) detectou que o número de partículas numa solução Quanto maior for o número de partículas de soluto não
poderia ser calculado pelo produto do número de partícu- volátil em solução, maior será a diminuição absoluta da
las dissolvidas por um certo fator i que, em sua homena- pressão máxima de vapor. Essa variação (Δp) é chamada
gem, é conhecido como fator de Van’t Hoff. de abaixamento absoluto da pressão máxima de vapor
Van’t Hoff demonstrou que o fator de correção (i) podia ser (Δp = p0 – p2).
calculado pela relação: No diagrama ELV, esse fenômeno fica bem evidente:

i = 1 + α × (q – 1)

Em que:
a = grau de ionização ou dissociação; e
q = total de íons liberados na ionização ou dissociação.
No exemplo anterior, i = 1 + 0,61 · (3 - 1) = 2,22
Assim, o número de partículas dissolvidas na solução de
H2SO4 será:
N = 100 · i = 100 ⋅ 2,22 = 222 partículas (mistura de mo-
léculas de H2SO4 não ionizadas, cátions H+ e ânions SO42–)

3.1. Lei de Raoult


3. Tonoscopia ou tonometria
A pressão de vapor de uma solução (ou melhor, do
Estudo da redução da pressão máxima de vapor de um solvente na solução) de um soluto não eletrólito e
solvente provocada pela adição de um soluto não volátil. não volátil é igual ao produto da fração em quan-
tidade de matéria (fração em mols) do solvente
pela pressão de vapor do solvente puro, numa
Numa solução aquosa de NaCℓ (b), a quantidade de molé-
dada temperatura.
culas de água que passa para o estado de vapor é menor do
que na água pura (a), a uma mesma temperatura.
(a)
O conceito é representado na seguinte equação:

Psolução = xsolvente · Psolvente puro

Em que:

nsolvente
xsolvente = fração molar do solvente = ___________
n​  soluto + nsolvente
  ​  
(b)

A Lei de Raoult é válida somente para soluções di-


luídas e moleculares. No caso das soluções iônicas,
como o abaixamento relativo da pressão máxima de
vapor, trata-se de uma propriedade coligativa, ou seja,
depende do número de partículas dispersas; deve ser
introduzido nas equações o fator de correção de
Van’t Hoff (i).

31
VIVENCIANDO

A pressão exercida por um vapor quando ele está em equilíbrio termodinâmico com o líquido que lhe deu origem é
denominada pressão de vapor, ou seja, a quantidade de líquido (solução) que evapora é igual à quantidade que se
condensa. A pressão de vapor é uma medida da tendência de evaporação de um líquido. Quanto maior for a pressão
de vapor, mais volátil será o líquido, e menor será sua temperatura de ebulição em relação a outros líquidos com
menor pressão de vapor à mesma temperatura de referência.
A pressão de vapor é uma propriedade física que depende do valor da temperatura. Qualquer que seja a tempe-
ratura, a tendência é a de o líquido se vaporizar até atingir o equilíbrio termodinâmico com o vapor; em termos
cinéticos, esse equilíbrio se manifesta quando a taxa de líquido vaporizado é igual à taxa de vapor condensado. Uma
substância líquida entra em ebulição quando a pressão do sistema do qual faz parte atinge a pressão de vapor dessa
substância. Esse ponto é denominado ponto de ebulição ou temperatura de ebulição. O ponto de ebulição normal é
a temperatura de ebulição da substância à pressão de uma atmosfera.
Em locais com maior altitude, onde a pressão atmosférica é menor, as temperaturas de ebulição das substâncias
líquidas são mais baixas, uma vez que sua pressão de vapor precisa se igualar a um valor menor (considerando que
o sistema é aberto).

4. Ebulioscopia ou 5. Crioscopia ou criometria


ebuliometria
Estudo da diminuição da temperatura de congela-
mento (ponto de fusão) de um solvente em uma
Estudo do aumento da temperatura de ebulição de solução de soluto não volátil.
um líquido (solvente) causado pela dissolução de um
solvente não volátil. Quanto maior for a concentração de soluto não volátil,
maior será a redução da temperatura de congelamento
Quanto maior for a concentração do soluto, maior do solvente (tc = tc/solvente puro - tc/solução) e menor será a
será a elevação da temperatura de ebulição do sol- temperatura de congelamento desse solvente:
vente (te = te/solução - te/solvente puro) e maior será a tempe-
ratura de ebulição desse solvente:
Líquido Temperatura de congelamento

Líquido Temperatura de ebulição

Água pura 0 ºC

Água pura 100 ºC

Solução aquosa de
–1,86 ºC
Solução aquosa de glicose 1 mol/L
100,52 ºC
glicose 1 mol/L

Solução aquosa de Solução aquosa de


101,04 ºC –3,72 ºC
glicose 2 mol/L glicose 2 mol/L

32
congelamento TF de soluções aquosas de 0,5 mol/L de
NaCℓ e 0,5 mol/L de Aℓ2(SO4)3, a 1 atm.
Resolução:
Para a solução de glicose, nota-se que 0,5 mol/L de glicose elevou
a temperatura de ebulição em 0,26 ºC (DtE = 0,26 ºC) e diminuiu
a temperatura de congelamento em 0,93 ºC (DtC = -0,93 ºC).
multimídia: site Para a glicose:
1 C6H12O6(aq) → 1 C6H12O6(aq)
educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/dimi-
0,5 mol/L 0,5 mol/L
nuindo-tensao-superficial-agua.htm
No caso do NaCℓ, há o dobro da concentração de partícu-
las, uma vez que ele se dissocia:

1 NaCℓ(aq) → 1 Na+(aq) + 1 Cℓ–(aq)


Aplicação do conteúdo
0,5 mol/L 0,5mol/L 0,5 mol/L
1. (UFU) As substâncias que ocorrem na natureza encon- 1,0 mol/L
tram-se normalmente misturadas com outras substân-
cias formando misturas homogêneas ou heterogêneas. Como a concentração de partículas nessa solução (1,0 mol/L)
As misturas homogêneas, ao contrário das heterogê- será o dobro da concentração de partículas da solução de
neas, podem ser confundidas, na aparência, com subs- glicose (0,5 mol/L), os efeitos coligativos também serão
tâncias puras. Uma forma de diferenciar as misturas “dobrados”:
homogêneas de substâncias puras é determinar as
propriedades físicas do sistema em questão como pon- DtE = 2 × 0,26 °C = 0,52 °C ⇒ TE
to de fusão (PF), ponto de ebulição (PE), densidade e = 100 + 0,52 = 100,52 °C
condutividade elétrica. Considerando esse fato, as se-
guintes afirmativas em relação à água do mar estão DtF = 2 × 0,93 °C = 1,86 °C ⇒
corretas, EXCETO: TF = 0 – 1,86 = –1,86 °C
a) A densidade da água do mar é maior que a densi- Para o Aℓ2(SO4)3, obtém-se:
dade da água pura.
b) A água do mar tem pressão de vapor superior à da 1 Aℓ2(SO4)3(aq) → 2 Aℓ3+(aq) + 3 SO42–(aq)
água pura. 1 × 0,5 mol/L 2 × 0,5 mol/L 3 × 0,5 mol/L
c) A água do mar contém compostos iônicos e mole- 2,5 mol/L
culares dissolvidos. Como a concentração de partículas nessa solução (2,5 mol/L)
d) A água do mar congela numa temperatura inferior será cinco vezes maior que a concentração de partículas da
à da água pura.
solução de glicose (0,5 mol/L), os efeitos coligativos tam-
Resolução: bém serão cinco vezes maiores:

a) Correta, pois a água do mar contém sais dissolvidos, o DtE = 5 × 0,26 °C = 1,30 °C ⇒
que aumenta a sua densidade em relação à agua pura. ⇒TE = 100 + 1,30 = 101,30 °C
b) Incorreta, pois, como a água do mar contém sais DtF = 5 × 0,93 °C = 4,65 °C ⇒
dissolvidos (solutos não voláteis), a sua pressão de va- ⇒ TF = 0 – 4,65 = –4,65 °C
por é menor (ou seja, inferior) do que a da água pura.
Em resumo:
c) Correta. Exemplo de composto iônico dissolvido:
NaCℓ. Exemplo de compostos moleculares dissolvidos: Concentração
gás oxigênio (O2). Solução de partículas DtF (ºC) TE (ºC) DTF (ºC) TF (ºC)
do soluto
d) Correta, pois, como a água do mar contém sais dis-
água
solvidos (solutos não voláteis), a temperatura de con- pura
0 — 100 — 0
gelamento é mais baixa (mais negativa) do que a da
água pura. C6H12O6 0,5 mol/L 0,26 100,26 0,93 –0,93

Alternativa B
NaCℓ 1,0 mol/L 0,52 100,52 1,86 –1,86

2. Uma solução aquosa de glicose (C6H12O6) de 0,5 mol/L


ferve a 100,26 ºC e congela a –0,93 ºC, a 1 atm. Deter- Aℓ2(SO4)3 2,5 mol/L 1,30 101,30 4,65 –4,65
mine a temperatura de ebulição TE e a temperatura de

33
3. (PUC-MG) Das soluções a seguir, aquela que ferve em Estão corretas apenas as afirmativas:
temperatura mais alta é a solução 0,1 mol/L de: a) I e IV. d) I, II e III.
a) glicose (C6H12O6) b) II e IV. e) I, III e IV.
b) ácido clorídrico (HCℓ) c) II e III.
c) hidróxido de sódio (NaOH)
Resolução:
d) sulfato de sódio (Na2SO4)
Como o volume das soluções é igual para todos, a solução que vai
Resolução: ferver à temperatura mais alta é a que tem maior quantidade em
mol de partículas. A solução A tem quantidade menor de mol de
Como a concentração das soluções é igual para todos, a NaCℓ do que a solução B. Assim, segue que as afirmativas estão:
solução que vai ferver à temperatura mais alta é a que tem I. Correta, uma vez que a solução B tem quantidade maior de
maior quantidade de partículas. mol de NaCℓ do que a solução A, o que diminui mais a pressão
de vapor em relação à solução A.
Calculando a quantidade de partículas de cada solução,
II. Incorreta, pois ambas as soluções contêm sais dissolvidos
tem-se:
(solutos não voláteis), fazendo com que a temperatura de ebu-
a) Glicose (C6H12O6) – como é um composto molecu- lição seja maior que a da água pura.
lar que não ioniza, não há formação de novas partícu- III. Incorreta, pois o aumento da temperatura de ebulição depende
las. Assim, a quantidade de partículas é 1. da quantidade (em mol) do composto dissolvido na água.
b) Ácido clorídrico (HCℓ) – considerando que o grau IV. Correta, uma vez que a solução B tem quantidade maior
de ionização (α) seja de 100%, serão formadas duas de mol de NaCℓ do que a solução A, tendo temperatura de
partículas ionizadas: H+ e Cℓ-. Assim, a quantidade de ebulição mais alta que a solução A.
partículas formadas é 2.
c) Hidróxido de sódio (NaOH) – composto iônico Alternativa A
que se dissocia totalmente, formando duas partícu-
las: Na+ e OH-. Assim, a quantidade de partículas
formadas é 2.
d) Sulfato de sódio (Na2SO4) – composto iônico que se
dissocia totalmente, formando três partículas: 2 Na+ e
SO​2-​. Assim, a quantidade de partículas formadas é 3.
Nesse caso, a solução que vai ferver à temperatura mais
alta é a solução de sulfato de sódio (Na2SO4), por formar o
maior número de partículas. multimídia: livro
Alternativa D
Química: meio ambiente, cidadania, tecnologia
4. (UEL) A adição de um soluto não volátil a um solven-
te dificulta sua ebulição e seu congelamento. Isso pode
- Vol. 1 – Martha Reis
ser útil na prática quando, por exemplo, se pretende A coleção Química, de autoria de Martha Reis, traz tex-
cozinhar um ovo mais rápido ou então quando é ne- tos que relacionam conceitos com o cotidiano e discutem
cessário evitar o congelamento da água do radiador de temas atuais, com riqueza de exercícios e questões de
carros em países muito frios. Considere as duas solu-
vestibulares. A obra desenvolve de forma sistemática os
ções aquosas de NaCℓ, conforme o quadro, e analise as
afirmativas a seguir. conteúdos segundo a divisão clássica, comumente utili-
zada na disciplina, iniciando com Química Geral, seguida
Massa do Volume de de Físico-Química e finalizando com Química Orgânica.
Solução
soluto (g) água (L)

A 117 1,0

B 234 1,0

I. A solução B tem pressão de vapor menor que a da


solução A, na mesma temperatura.
II. As soluções A e B apresentam pontos de ebulição
menores que o da água pura.
III. Independentemente da quantidade de soluto, as
duas soluções apresentam o mesmo ponto de ebulição.
IV. A solução B entra em ebulição a uma temperatura
mais alta que a solução A.

34
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Os detergentes são substâncias tensoativas, ou seja, diminuem a tensão superficial e a capacidade das moléculas de
se manterem fortemente unidas. Com as ligações, as moléculas enfraquecidas são umedecidas pela água, facilitando
a lavagem do objeto. Em outras palavras, o detergente se torna um solvente mais potente porque, em pequenos
grupos de moléculas, a água penetra melhor na superfície suja. Isso ocorre porque as longas moléculas do detergente
contêm dois grupos de átomos: uns que se dissolvem facilmente em gordura, mas não em água; e outros que se
dissolvem em água, mas não em gordura. Por isso, a solução água-detergente consegue emulsionar a gordura, isto
é, quebra as películas de gordura em uma infinidade de gotículas microscópicas, que ficam dispersas na solução. A
espuma tem um efeito mecânico na limpeza: mantém as partículas de sujeira sólida em suspensão, evitando que se
redepositem na superfície lavada.

35
DIAGRAMA DE IDEIAS

SOLUÇÃO

SOLVENTE
SOLUTO
LÍQUIDO
A PROPORÇÃO DE
AMBOS DETERMINA A
ATENÇÃO AO
CÁLCULO SE FOREM

SOLUTOS QUE CONCENTRAÇÃO


PRODUZEM TOTAL DE PARTÍCULAS
SOLUÇÕES IÔNICAS DE SOLUTO

PROPRIEDADES
COLIGATIVAS

SÃO

EFEITO EFEITO EFEITO


TONOSCÓPICO EBULIOSCÓPICO CRIOSCÓPICO

ÉO ÉO ÉO

ABAIXAMENTO DA AUMENTO DA ABAIXAMENTO DA


PRESSÃO MÁXIMA TEMPERATURA DE TEMPERATURA DE INÍCIO
DE VAPOR INÍCIO DE EBULIÇÃO DE CONGELAMENTO

REGIDO PELA

LEI DE
RAOULT

36
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

No Enem, temos uma abordagem em que é É importante saber como diferentes isome-
observada como os estudos da isomeria desen- rias afetam determinadas propriedades. O
volveram diversos produtos do dia a dia. tema de reações orgânicas é cobrado de
modo a analisar e interpretar as informa-
ções que o enunciado fornece.

As reações orgânicas exigem reconhecer suas O tema isomeria é tratado de forma que O tema isomeria é cobrado de um modo que
diferentes características, já os assuntos de isomeria se deve reconhecer algumas diferentes exige se aprofundar em relação às propriedades
sempre são cobrados de maneira que se deva identi- propriedades que as substâncias adquirem. Em físico-químicas das substâncias. As reações
ficar suas diferenças e suas diferentes propriedades. relação às reações orgânicas, deve-se analisar orgânicas são trabalhadas de maneira que se
as informações dadas pela questão para deve saber determinadas características das
relacionar de maneira correta o reações.
que se pede.

Reações orgânicas têm grande incidência, Isomeria é cobrada de uma forma que se O assunto abordado em reações orgânicas A abordagem de reações orgânicas cobra o
sempre cobradas de maneira que o candidato deve entender as diferentes características é trabalhado de modo que se deve conhe- conhecimento das peculiaridades das reações.
deve reconhecer as características das reações, físico-químicas que podem surgir com a cer as condições e entender a formação Em isomeria, temos cobrança com as caracte-
para que seja possível determinar qual é o mudança do tipo de isômero. Em relação a do produto. Em relação à isomeria, temos rísticas físico-químicas das substâncias.
tipo de reação, assim como a formação dos reações orgânicas, é necessário saber as abordagem mais relacionada às carac-
produtos ou possíveis reagentes características das reações. terísticas físico-químicas das
utilizados. substâncias.

UFMG

Reações orgânicas exige interpretação O tema isomeria é tratado de forma que O principal assunto são as isomerias óptica
das informações dadas no enunciado para se deve reconhecer algumas diferentes e geométrica. É necessário reconhecer as
que seja identificado o tipo de reação e propriedades físico-químicas que as subs- condições para que ocorram, assim como
suas características. Isomeria é cobrada de tâncias possuem. As reações orgânicas são é importante entender as diferenças nas
maneira que se deve reconhecer as diferentes trabalhadas de modo que se deve saber propriedades físico-químicas de cada tipo de
propriedades físico-químicas das determinadas características isomeria.
substâncias. das reações.

Reações orgânicas cobram identificar algumas A abordagem de isomeria é focada nas As reações orgânicas exigem reconhecer
características das reações, assim como iden- características físico-químicas das substâncias. suas diferentes características. Em relação
tificar os reagentes utilizados e os produtos Em reações orgânicas, é necessário boa inter- à isomeria, temos uma abordagem mais
formados. Em isomeria, deve-se compreender pretação para captar as diferenças entre cada relacionada às características físico-químicas
as diferenças físico-químicas características condição e característica da reação. das substâncias.
de determinados tipos.
QUÍMICA ORGÂNICA

39
“opostos”), os ligantes de maior massa molecular
AULAS 27 e 28 ficam em lados opostos do plano da dupla ligação.
Se dois átomos de hidrogênio, por exemplo, um de cada
carbono do eteno (etileno), forem substituídos por dois
átomos de cloro, serão formadas duas estruturas diferentes
com a mesma fórmula molecular, C2H2Cℓ2. As fórmulas
estruturais podem ser representadas da seguinte maneira:
ISOMERIA GEOMÉTRICA
Cℓ Cℓ
plano imaginário
Note que os dois átomos
C C
H H (em perfil) de cloro estão do
mesmo lado do plano
Cis-1,2-dicloroeteno ou Z-1,2- imaginário, disposição
dicloroeteno denominada CIS.

COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7 H Cℓ Note que os dois átomos


C C plano imaginário
H (em perfil) de cloro estão em
Cℓ
HABILIDADES:
12, 17, 18, 24, 25, 26 lados opostos do plano
e 27 Trans-1,2-dicloroeteno imaginário, disposição
ou E-1,2-dicloroeteno denominada TRANS.

As diferentes disposições espaciais dos átomos causam


1. Isomeria espacial alterações nas propriedades físicas dos compostos. A tem-
peratura de ebulição, por exemplo, é diferente, pois há uma
Na isomeria espacial, a diferença entre os isômeros é per-
diferença na polaridade das moléculas.
ceptível apenas depois de analisada a fórmula estrutural
espacial. Existem dois tipos de isomeria espacial: geomé-
trica (cis-trans ou Z-E) e óptica. Neste capítulo será
estudada a isomeria geométrica.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Pontociência - Isomerização cis-trans do ácido maleico

2. Isomeria geométrica
(cis-trans ou z-e) Condições necessárias para ocorrer
isomeria geométrica (cis-trans)
Isômeros geométricos ou cis-trans são moléculas que
possuem a mesma fórmula molecular e a mesma Dupla ligação entre dois átomos de carbono.
fórmula estrutural plana, mas cujas estruturas es- Ligantes diferentes entre si em cada um dos dois áto-
paciais diferem. mos de carbono que compõem a dupla ligação:
A D
No isômero cis (do latim, “próximo a”) ou Z (inicial da pa-
C C plano imaginário
lavra alemã zusammen, “juntos”), os ligantes de maior (em perfil)
B E
massa molecular ficam do mesmo lado do plano da
dupla ligação ou do ciclo. No isômero trans (do latim, Com A ≠ B e D ≠ E
“através de”) ou E (inicial da palavra alemã entgegen,

40
Exemplos:
  CH2
§ Apresentam isomeria geométrica:
H3C – C = C – CH3 H3C – C = C – CH2 – CH3 H3C – C = C – CH3 Cℓ Cℓ
| | | | | |
C C
H H H CH3 Cℓ H H H

§ Não apresentam isomeria geométrica:


H2C = C – CH3 H3C – C = C – CH3 H3C – C ≡ C – CH3
| | |  
Cℓ H CH3
“repetiu” H “repetiu” CH3 tem tripla ligação,
Br Cℓ
não dupla H CH3

multimídia: site
multimídia: livro
manualdaquimica.uol.com.br/quimica-organica/isomeria-
-geometrica-ou-cis-trans.htm Química Orgânica 1, de John Mcmurry
Obra editada em dois volumes e em uma versão com-
bo, apresenta um texto claro e legível, com a preocu-
2.1. Isomeria geométrica em compostos pação básica de mostrar a beleza e a lógica da Química
de cadeia cíclica (fechada) Orgânica, tornando um assunto considerado complexo
Nas cadeias cíclicas também pode ocorrer isomeria geométrica. em algo simples de ser entendido pelos leitores. O au-
tor privilegia, entre outras características, a organização
e a estratégia de ensino, a apresentação dos tópicos de
Condições necessárias para ocorrer maneira modular e o reforço dos principais conceitos
isomeria geométrica (cis-trans) em por meio de inúmeros problemas. O livro é destinado a
compostos de cadeia cíclica (fechada) disciplinas relativas à Química Orgânica dos cursos de
São encontrados dois ligantes diferentes entre si em pelo Química, Farmácia e Engenharia Química.
menos dois átomos de carbono consecutivos do ciclo:
ciclo com pelo
menos 3 átomos

A D

B E

Com A ≠ B e D ≠ E

Exemplos: multimídia: livro

Química Orgânica 2, de John Mcmurry


 
Segundo volume da obra, o livro apresenta um texto
claro e legível, com a preocupação básica de mostrar
H CH3
a beleza e a lógica da Química Orgânica, tornando um
assunto considerado complexo em algo simples de ser
Cℓ H compreendido pelos leitores.

41
VIVENCIANDO

A gordura trans é um tipo de gordura (ácido graxo) que difere em sua ligação química de outros ácidos graxos insatura-
dos. Ela contém ácidos graxos na configuração trans devido a um processo de hidrogenação que ocorre naturalmente (a
partir da fermentação de bactérias em animais ruminantes) ou artificialmente (a partir da indústria alimentícia).
Os alimentos derivados de animais ruminantes, como o leite e a carne, possuem gorduras trans, mas em quantidades
insignificantes. Atualmente, o maior consumo dessa gordura está relacionado aos alimentos industrializados, em que
a gordura trans também pode ser reconhecida como gordura hidrogenada.
Um óleo encontrado na natureza, por exemplo, possui os átomos distribuídos em posição paralela. Entretanto, quando é
submetido ao tratamento industrial de hidrogenação, a estrutura química do óleo é alterada, fazendo com que os ácidos
graxos fiquem com os átomos em alinhamento transversal, sendo parte da ocorrência da gordura trans.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O governo dos Estados Unidos determinou que o uso de gordura trans nos alimentos não é seguro e exigiu que
os produtos que apresentassem esse componente fossem retirados do mercado. A decisão foi da Administração de
Remédios e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) do país.
“Os óleos vegetais parcialmente hidrogenados, principal fonte de gordura trans nos alimentos processados, não são
geralmente considerados seguros para serem utilizados na alimentação humana”, indicou a FDA em comunicado.
Diversas provas científicas já mostraram que o consumo de gordura trans eleva o nível do chamado colesterol ruim,
assinalou a entidade. Segundo o comunicado da agência, a determinação vai reduzir significativamente o uso de
fósforo nos alimentos.
Desde 2006, os fabricantes foram obrigados a incluir informações de conteúdo de gordura trans nos rótulos. Entre
2003 e 2012, a FDA estimou que o consumo de gordura diminuiu 78% no país e que a nova regra de rotulagem foi
um dos fatores a puxar a queda.
A gordura trans é utilizada pela indústria alimentícia para aumentar o sabor e o tempo de conservação dos produtos.
Ela é prejudicial à saúde por elevar os níveis de colesterol ruim, a lipoproteína de baixa densidade (em inglês, LDL), e
diminuir o colesterol bom, a lipoproteína de alta densidade (em inglês, HDL). Essas alterações nas taxas aumentam o
risco de doenças, como infarto e acidente vascular cerebral.

42
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24

Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

A padronização de nomenclaturas, ao longo da história da Química, foi essencial para seu desenvolvimento.
Com o passar dos anos, mais compostos foram sendo sintetizados, originando a ideia de se criar uma lingua-
gem para os novos compostos químicos sintetizados na época.

MODELO 1
(Enem) Em algumas regiões brasileiras, é comum se encontrar um animal com odor característico, o zorrilho.
Esse odor serve para proteção desse animal, afastando seus predadores. Um dos feromônios responsáveis por
esse odor é uma substância que apresenta isomeria trans e um grupo tiol ligado à sua cadeia.
A estrutura desse feromônio, que ajuda na proteção do zorrilho, é:
a) d)

b) e)

c)

ANÁLISE EXPOSITIVA
A análise de modelos tridimensionais nas moléculas é de extrema importância na Química. Para analisar a mo-
lécula de forma adequada, é necessário traçar um plano em relação à dupla ligação e, com isso, estabelecer uma
posição aos grupos mais pesados, no caso desse exercício, em posição trans.

Trans
H3C H

C C

H CH2 SH
Grupo tiol

RESPOSTA Alternativa B

43
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIAS SÃO TÊM MESMA FÓRMULA


ISÔMEROS
DIFERENTES MOLECULAR

PODEM TER

MESMA FÓRMULA
ESTRUTURAL PLANA

NESSE CASO, TÊM

DIFERENTES
CONFIGURAÇÕES
ESPACIAIS

NESSE CASO, SÃO

ISÔMEROS
GEOMÉTRICOS
(CIS-TRANS)

PODEM OCORRER COM

DUPLA C=C CICLO

A CONDIÇÃO É A CONDIÇÃO É

R1 R3 R1 R3
C C C C
R2 R4 R2 R4
R1 ≠ R2 e R3 ≠ R4 R1 ≠ R2 e R3 ≠ R4

44
com exceção das ondas de um desses planos. Essas subs-
AULAS 29 e 30 tâncias transformam a luz natural em luz polarizada e
são denominadas polarizadoras.
Na prática, o polarizador mais utilizado é o prisma de Nicol,
constituído por dois cristais de calcita colados com “bálsa-
mo de Canadá”.
Observe o esquema a seguir:
ISOMERIA ÓPTICA

luz natural prisma de luz polarizada


Nicol

COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7
luz polarizada
luz natural
HABILIDADES:
12, 17, 18, 24, 25, 26
e 27
prisma de
Nicol

1. Substâncias As substâncias atravessadas pela luz polarizada são classi-


ficadas em dois grupos:
opticamente ativas § substâncias opticamente inativas, que não des-
A luz natural é um tipo de energia radiante. Nela, as vi- viam o plano de vibração da luz polarizada; e
brações ocorrem em todos os planos do eixo x/y, que re-
presenta a direção de propagação do raio luminoso. § substâncias opticamente ativas, que desviam o
plano de vibração da luz polarizada; se o desvio do
plano for para a direita, essas substâncias são denomi-
x y
nadas dextrogiras; se for para a esquerda, são deno-
minadas levogiras.
Caso fosse possível observar os planos de vibração da luz
natural, o esquema seria este:
a
d1 b

c1 c
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
ISOMERIA ÓPTICA (optic isomerism)
b1 d
a1
2. Isomeria óptica
Em que aa1, bb1, cc1 e dd1 seriam os planos de vibração da Isomeria óptica é o caso de isomeria espacial em que os
luz natural “vistos de frente”. isômeros apresentam mesma fórmula molecular e
Luz polarizada é uma luz cujas ondas vibram em um úni- mesma fórmula estrutural plana, ou seja, são por elas
co plano (aa1, bb1, cc1, dd1 ou em qualquer outro plano indistinguíveis, mas diferem pela atividade óptica.
não representado na figura). Casos de isomeria óptica:
Existem substâncias que, quando atravessadas pela luz na- § Isomeria óptica em compostos com carbono
tural, absorvem as ondas que vibram em todos os planos, assimétrico (C*)

45
Carbono assimétrico ou quiral (C*) é o que se liga a qua-
H OH NH2
tro ligantes diferentes entre si. Esses ligantes podem ser áto- |  | |
mos, grupos (metil, etil, etc.) ou grupos funcionais. H3C – C – C* ­– CH3 H3C – C* – CH2 ­– Cℓ
|  | |
H H H
Condição necessária para ocorrer isomeria óptica butan-2-ol 1-cloro-2-amino-propano
Carbono assimétrico ou quiral com quatro ligantes diferentes:
A § Número de isômeros opticamente ativos
Uma vez que conhecemos n, ou seja, o número de carbo-
C nos assimétricos (C*) diferentes numa molécula, é possível
B E calcular o número de isômeros opticamente ativos e o nú-
mero de racêmicos (misturas opticamente inativas), a partir
D
do emprego das fórmulas de Van´t Hoff:
Com A ≠ B ≠ D ≠ E
Número de isômeros
Número de racêmicos
opticamente ativos
Toda molécula formada por um carbono assimétrico é as- 2n 2n – 1 = (2n) / 2
simétrica, ou seja, não possui um plano de simetria. Essa
molécula sempre é dotada de dois isômeros opticamente
Nota: Essas fórmulas permitem concluir que o número de racê-
ativos, um dextrogiro e outro levogiro, cujas moléculas
micos é a metade do número de isômeros opticamente ativos.
funcionam como objeto e imagem em relação a um espe-
lho plano. Exemplo:
Espelho plano
O O
C
número de carbonos as-
C
HO A
A OH
OH Cℓ
simétricos (C*) = n = 2
|  | número de isômeros optica-
H3C – C* – C* ­– CH3
|   | mente ativos = 2n = 22 = 4
H H  H
H OH OH número de racêmicos = 2n – 1 =
H3C3
CH = (2n) / 2 = (22) / 2 = 2
CH3
ácido láctico dextrogiro
dextrógiro ácido láctico levogiro
levógiro
“objeto” “imagem”
2.1. Isomeria óptica em
A todo isômero dextrogiro corresponde um levogiro. Am- compostos cíclicos
bos desviam o plano de vibração da luz polarizada do mes-
mo ângulo para lados opostos. Dessa forma, o primeiro Em compostos cíclicos também pode ocorrer isomeria ópti-
isômero desviará de +α, e o segundo, de –α. Um dos isô- ca. Deve-se considerar a existência do carbono quiral para
meros é antípoda óptico ou enantiomorfo do outro. que a quantidade de isômeros possa ser determinada.
O composto cíclico com assimetria molecular deve ter car-
Racêmico ou mistura racêmica bono com ligantes diferentes. Considere o composto 2-me-
til-1-cloro-ciclopropano.
Quando são misturadas quantidades iguais dos dois
antípodas ópticos (levogiro + dextrogiro), obtém-se   H H
o racêmico, que é uma mistura opticamente inativa,
isto é, não causa desvio no plano de vibração da luz. C
Essa mistura é inativa por compensação externa, ou 3
seja, o desvio que o levogiro causa é compensado/ H 1 2
CH3
anulado pelo dextrogiro.
C C
Cℓ H

Observe a seguir exemplos de compostos que apresentam um Observe que há dois carbonos no anel (1 e 2) que podem
carbono assimétrico na molécula e, em razão disso, são repre- ser considerados como quirais. A quantidade de isômeros
sentados por um par de antípodas ópticos e por um racêmico: opticamente ativos é: 2n = 22 = 4.

46
Talidomida: o maior desastre
da história da medicina
A talidomida foi desenvolvida em 1957 pela compa-
nhia farmacêutica alemã Chemie-Grünenthal. No fim
da década de 1950, a substância passou a ser comer-
cializada na Europa como sedativo para aliviar náu- multimídia: site
seas em mulheres grávidas. O medicamento era feito
e vendido na forma de sua mistura racêmica (optica- manualdaquimica.uol.com.br/quimica-organica/isomeria-
mente inativa). Os isômeros da talidomida possuem -geometrica-ou-cis-trans.htm
atividade óptica, sendo que o dextrogiro ou enantiô-
mero (R) desvia o plano de luz polarizada para a direi-
ta, e o levogiro ou enantiômero (S) desvia o plano de
luz polarizada para a esquerda.
Entretanto, essa diferença na conformação espacial
dos átomos acaba por resultar em diferentes proprie-
dades biológicas, ou seja, diferentes atividades exer-
cidas em um organismo vivo. Com o tempo, desco-
briu-se que somente o isômero dextrogiro ou (R) era multimídia: livro
responsável pelas propriedades analgésicas, sedativas
e hipnóticas, enquanto a talidomida levogira (S) é te-
Química Orgânica – Volume 2, de T. W.
ratogênica, isto é, provoca mutações no feto.
Graham Solomons e Craig B.Fryhle
Química Orgânica mostra a importância da matéria no
cotidiano, como a criação de materiais que otimizam o
dia a dia e a invenção de métodos químicos que ajudam
a suprir recursos no limitado planeta Terra. Os aspectos
estruturais do texto enfatizam o que é a Química Or-
gânica. O livro apresenta inúmeras ferramentas visuais,
como mapas conceituais, detalhes de mecanismo de re-
Por esse motivo, nasceram muitas crianças com má- ações e resumos temáticos de revisão de mecanismos,
-formação. Entre os efeitos colaterais da talidomida conexões sintéticas, dicas de estudo, ilustrações esclare-
estavam: desenvolvimento incompleto ou defeitu- cedoras e problemas.
oso dos membros, má-formação do coração (como
a ausência de aurículas), do intestino, dos rins, do
útero e da vesícula biliar, defeitos na tíbia e no fêmur,
entre outros.
A partir daí, a mistura racêmica dos medicamentos
sintéticos foi banida pela Indústria farmacêutica. Des-
de então, foi aprimorada a produção de medicamen-
tos quirais, que têm em sua estrutura os átomos (na
maioria carbonos) com orientação tridimensional bem
definida. Uma modificação dessa orientação ocasiona
diminuição ou mudanças dos efeitos biológicos, como
ocorreu no caso da talidomida.

47
VIVENCIANDO

Quando se trata de moléculas com imagens especulares não superponíveis (enantiômeros), fala-se em termos de
quiralidade. Um objeto que possui a propriedade de “lateralidade” é um objeto quiral, ou seja, é um objeto que não
pode ser colocado sobre a sua imagem especular de forma que todas as partes coincidam. Em outras palavras, um
objeto quiral não é superponível à sua imagem especular. Exemplos comuns são as mãos, que guardam a relação
de imagem especular entre si (esquerda e direita), mas não podem ser sobrepostas. A mão é, portanto, um objeto
quiral. A quiralidade é fundamental no cotidiano. Muitos medicamentos são quirais. Em geral, apenas uma forma de
imagem especular de uma droga fornece o efeito desejado. A outra forma de imagem especular é geralmente inativa,
menos ativa ou mesmo nociva à saúde, provocando efeitos colaterais sérios ou toxicidade.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A mistura racêmica (racemato) foi descrita pela primeira vez em um trabalho de Louis Pasteur, que utilizou um sal de ácido
tartárico. Em uma análise realizada com luz polarizada, ele percebeu que o referido sal, a princípio opticamente inativo,
isto é, sem causar desvio no plano da luz polarizada, formava dois compostos opticamente ativos ao ser recristalizado.
Contudo, havia um problema referente à observação de Pasteur: uma recristalização, por se tratar de um método de
purificação, não pode resultar em um composto químico diferente; assim, ao purificar o sal de ácido tartárico, deveria
ser obtido o mesmo sal com menos impurezas. Nesse sentido, não seria possível formar dois compostos quirais (que
desviam a luz polarizada) a partir de um composto aquiral (que não tem atividade óptica), pois esse fenômeno só
ocorreria a partir de uma reação química envolvendo quebra de ligações e formação de novas.
Excluindo a possibilidade de se tratar de um composto aquiral, Pasteur concluiu que o composto que ele havia pu-
rificado era uma mistura com proporções iguais de dois enantiômeros, sendo 50% dextrogira e 50% levogira, pois,
embora ambos os enantiômeros provoquem rotação no plano da luz polarizada, por serem espelho um do outro e
estarem na mesma proporção, as rotações ocorrem em direções opostas, sendo canceladas.

48
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24

Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Entender a forma com que as moléculas se dispõem no espaço é de suma importância, ainda mais se tratando
de Química Orgânica. Quando é analisado um composto, algumas de suas propriedades físicas podem ser a
chave para saber qual é o composto. Contudo, muitas fórmulas químicas apresentam isômeros, isto é, a mesma
fórmula molecular, com diferença nas fórmulas estruturais. Essa diferença provoca a mudança de propriedades
físicas, como temperatura de ebulição, temperatura de fusão, densidade, etc.

MODELO 1
(Enem) A talidomida é um sedativo leve e foi muito utilizada no tratamento de náuseas, comuns no início da
gravidez. Quando foi lançada, era considerada segura para o uso de grávidas, sendo administrada como uma
mistura racêmica composta pelos seus dois enantiômeros (R e S). Entretanto, não se sabia, na época, que o
enantiômero S leva à malformação congênita, afetando principalmente o desenvolvimento normal dos braços
e pernas do bebê.
Adaptado de: COELHO, F.A.S. “Fármacos e quiralidade”.
Cadernos temáticos de química nova na escola. São Paulo, n. 3, maio 2001.

Essa malformação congênita ocorre porque esses enantiômeros:


a) reagem entre si;
b) não podem ser separados;
c) não estão presentes em partes iguais;
d) interagem de maneira distinta com o organismo;
e) são estruturas com diferentes grupos funcionais.

ANÁLISE EXPOSITIVA
O exercício exige que o aluno conheça a teoria por trás da isomeria espacial óptica. Os dois enantiômeros
possuem propriedades iguais, e o que difere um do outro é o desvio do plano da luz polarizada, sendo o
R um dextrogiro (desvio da luz para a direita) e o S um levogiro (desvio da luz para a esquerda). Assim,
eles interagem de maneira distinta com o organismo.

RESPOSTA Alternativa D

49
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIAS SÃO TÊM MESMA FÓRMULA


ISÔMEROS
DIFERENTES MOLECULAR

MESMA FÓRMULA
ESTRUTURAL PLANA

NESSE CASO, TÊM

DIFERENTES
CONFIGURAÇÕES
ESPACIAIS

POR EXEMPLO

ISÔMEROS
ÓPTICOS

OCORREM AO SATISFAZER

CONDIÇÃO CONDIÇÃO
NECESSÁRIA SUFICIENTE

QUE É É A PRESENÇA DE

AUSÊNCIA DE CARBONO QUIRAL


PLANO DE SIMETRIA (CARBONO
MOLECULAR GARANTE ASSIMÉTRICO)

ACARRETA EM OCORRE SE

ATIVIDADE R1
ÓPTICA R2 C R4
R3
R1 ≠ R2 ≠ R3 ≠ R4

50
D/Ni

AULAS 31 e 32
H2C = C = CH2 + 1H2   H2C = CH — CH3
propadieno propeno

1.1.2. Hidrogenação total


D/Ni
HC ; CH  +  2H2   H3C — CH3
acetileno etano

REAÇÕES DE ADIÇÃO 1.2. Halogenação


Essa reação envolve os halogênios, dos quais o cloro (Cℓ2)
e o bromo (Br2) são os mais utilizados.
H Cℓ Cℓ
| | | |
H3C — C = CH2 + Cℓ2  → H3C — CH — CH2
COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7
propeno 1,2-dicloro-propano

HABILIDADES:
12, 17, 18, 24, 25, 26 Cℓ Cℓ
e 27 | |
H3C — C ; C — CH3 + Cℓ2  → H3C — C = C — CH3
but-2-ino 2,3-dicloro-but-2-eno

O teste mais comum para verificar se uma cadeia alifática é


1. Reações de adição insaturada à temperatura ambiente consiste na reação com
água de bromo (Br2(aq)) ou na solução de bromo em tetraclo-
As reações de adição são características de hidrocarbone-
reto de carbono (Br2/CCℓ4). Esses sistemas apresentam uma
tos insaturados (alcenos, alcinos e dienos) e ocorrem com a
coloração castanha. Se a cadeia for insaturada, a coloração
quebra da ligação pi (p).
castanha desaparecerá devido à adição dos halogênios à ca-
A B deia carbônica. Nessas condições, essa reação não ocorrerá
| | | |
com cadeias saturadas.
— C = C — + AB →  — C — C —
| |
1.3. Adição de HX
1.1. Hidrogenação catalítica Nesse tipo de reação, os reagentes mais comuns são o clo-
reto e o brometo de hidrogênio (HCℓ e HBr).
Essas reações ocorrem com o gás hidrogênio (H2) e são
catalisadas por metais, como Ni, Pt e Pd. A adição do hidrogênio (H) e do halogênio (X) aos car-
bonos da insaturação obedece a uma regra experimental
ruptura
H2C   CH2 + H2 
D/Ni
 H3C — CH3 notada pelo químico russo Markovnikov em 1868.
eteno (etileno) etano

Os ciclanos de três ou quatro carbonos apresentam anéis


instáveis. Por esse motivo, também sofrem esse tipo de re-
ação em virtude da quebra de uma ligação sigma (s) entre
carbonos do anel, originando compostos de cadeia aberta.
multimídia: vídeo
H H Fonte: Youtube
D/Ni
| | Acetona com isopor (experiência de Química) ...
H2C — CH2 — CH2 

1.1.1. Hidrogenação parcial Regra de Markovnikov: o hidrogênio do HX li-


ga-se ao carbono mais hidrogenado da dupla ou
D/Ni tripla ligação.
HC ; CH + 1H2   H2C = CH2
etino (acetileno) eteno (etileno)

51
Cℓ H
| |
1.5. Reações de hidratação
H3C — C ;  CH + HCℓ  → H3C — C = CH de alcenos e alcinos
carbono mais hidrogenado da insaturação
Essas reações consistem na adição de água (H2O ou HOH),
na presença de catalisadores e em meio ácido, aos hidro-
1.4. Adição em aromáticos carbonetos alcenos e alcinos, bem como obedecem à regra
de Markovnikov, isto é, o hidrogênio liga-se ao carbono
Por causa da ressonância, os aromáticos regularmente mais hidrogenado da insaturação.
sofrem reações de substituição. Entretanto, em condições
altamente energéticas ou em condições especiais, podem H OH
| |
sofrer reações de adição.
H2C = CH — CH3 + HOH   H2C — CH — CH3
propeno propan-2-ol
Exemplos:
OH H O
| | ||
a) hidrogenação total do benzeno
H3C — C ; CH  +  HOH  →  H — C = CH   H3 C — C — CH3
propino propen-2-ol propanona

Caso o grupo OH do grupo funcional enol esteja situado no


carbono secundário, haverá a formação de uma cetona; no
entanto, se o grupo OH estiver situado no carbono primá-
rio, será formado um aldeído.

b) cloração total do benzeno

multimídia: site

manualdaquimica.uol.com.br/quimica-organica/reaco-
es-adicao.htm

VIVENCIANDO

O benzeno é líquido, inflamável, incolor e possui um aroma doce e agradável. Trata-se de um composto tóxico, cujos
vapores, se inalados, causam tontura, dores de cabeça e até mesmo inconsciência. Quando inalados em pequenas
quantidades por longos períodos, causam sérios problemas sanguíneos, como leucopenia.
O benzeno também é conhecido por ser carcinogênico. É uma substância usada como solvente (de iodo, enxofre,
graxas, ceras, etc.) e matéria-prima básica na produção de muitos compostos orgânicos importantes, como fenol,
anilina, trinitrotolueno, plástico, gasolina, borracha sintética e tintas. A benzina é uma mistura de hidrocarbonetos
obtida principalmente da destilação do petróleo, que possui faixa de ebulição próxima ao benzeno.

52
O nome benzeno deriva do ácido benzoico, que foi descoberto no século XVI e que recebeu esse nome por ter sido
obtido, pela primeira vez, a partir da essência do benjoeiro. A destilação seca de goma de benjoim primeiramente foi
descrita por Nostradamus (1556) e, posteriormente, por Aleixo Pedemontanus (1560) e Blaise de Vigenère (1596). O
nome inicial do composto, benzine, foi dado pelo químico alemão Eilhardt Mitscherlich, em 1833.
Em 1825, o benzeno foi descoberto por Michael Faraday (1791-1867) no gás de iluminação usado em Londres.
Faraday é o mesmo cientista que descobriu vários fenômenos elétricos e determinou as leis da eletrólise. Em 1834, o
químico Edilhardt Mitscherlich determinou a fórmula molecular do benzeno como sendo C6H6.
Durante muitos anos, os químicos se esforçaram para descobrir como os seis átomos de carbono e os seis de hidrogênio
estavam dispostos dentro da molécula do anel benzênico. Já na metade do século XIX, vários cientistas haviam propos-
to diferentes fórmulas estruturais para essa molécula. Entretanto, nenhuma dessas proposições conseguia explicar as
reações apresentadas pelo benzeno. Foi então que Friedrich August Kekulé von Stradonitz, mais conhecido apenas por
Kekulé (1829-1896), em 1865, depois de um sonho, propôs a ideia do anel hexagonal, completada no ano seguinte
com a hipótese da existência de um par de estruturas em equilíbrio, com a alternância de ligações duplas.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A Química Orgânica é uma divisão da Química que foi proposta, em 1777, pelo químico sueco Torbern Olof
Bergman. A Química Orgânica era definida como um ramo químico que estudava os compostos extraídos dos or-
ganismos vivos. Em 1807, Jöns Jacob Berzelius formulou a teoria da força vital. Ela se baseava na ideia de que os
compostos orgânicos precisavam de uma força maior (a vida) para serem sintetizados.
Em 1828, Friedrich Wöhler, discípulo de Berzelius, a partir do aquecimento de cianato de amônio, produziu a ureia,
dando início à queda da teoria da força vital. Essa obtenção ficou conhecida como síntese de Wöhler. Mais tarde,
Pierre Eugene Marcellin Berthelot realizou uma série de experiências a partir de 1854 e, em 1862, sintetizou o ace-
tileno. Em 1866, Berthelot obteve, por aquecimento, a polimerização do acetileno em benzeno e, assim, foi derrubada
definitivamente a teoria da força vital.
A definição de Bergman para a Química Orgânica não era adequada. Então, o químico alemão Friedrich August
Kekulé propôs a nova definição aceita atualmente: “Química Orgânica é o ramo da Química que estuda os compos-
tos de carbono”. Embora a afirmação esteja correta, nem todo composto que contém carbono é orgânico, como o
dióxido de carbono, o ácido carbônico, o grafite, etc., mas todos os compostos orgânicos contêm carbono.
Essa parte da Química estuda a estrutura, propriedades, composição, reações e síntese de compostos orgânicos que,
por definição, contêm carbono, mas que podem também conter outros elementos, como o oxigênio e o hidrogênio.
Muitos deles contêm nitrogênio, halogênios e, mais raramente, fósforo e enxofre.

Resolução:
Aplicação do conteúdo Respeitando a regra de Markovnikov, a reação entre prope-
1. A hidratação do propeno dará origem a qual dos no e água se dá por:
compostos abaixo?
a) Propano
b) Propan-1-ol
c) Propan-2-ol
Assim, o produto formado é o propan-2-ol (ou 2-propanol)
d) Propanona
e) Ácido propanoico Alternativa C

53
2. Ao realizar a reação de adição do composto metil- 4. (UFSC) Assinale as proposições CORRETAS.
ciclobutano com o ácido bromídrico (HBr), qual será o
composto formado? Encontre, na relação a seguir, os produtos da adição de 1 mol
a) 2-bromopentano de HBr a 1 mol de cada um dos seguintes reagentes:
b) 1-bromopentano a) propeno
c) 2-bromobutano b) propino
d) 1-bromo-2-metilciclobutano 01) 1,2-dibromopropano
e) 1-bromo-1-metilciclobutano 02) 2-bromopropano
Resolução: 04) 1,2-dibromopropeno
08) 2-bromopropeno
Respeitando a regra de Markovnikov, a reação entre metil- 16) 1-cloro-2-bromopropano
ciclobutano e HBr se dá por: 32) 1,2,3-tribromopropano
64) 1,1,1-tribromopropano
Soma ( )
Resolução:
Reagindo 1 mol de propeno com 1 mol de HBr, forma-se
Nessa reação de adição, ocorre abertura do anel, uma vez 2-bromopropano:
que os compostos cíclicos de três ou quatro carbonos pos-
suem anéis instáveis. Assim, o produto formado é o 2-bro-
mopentano.
Alternativa A

3. Qual é o produto da reação entre 1 mol de 1,3-butadieno Reagindo 1 mol de propino com 1 mol de HBr, forma-se
com 1 mol de gás cloro? 2-bromopropeno:
a) 3,4-diclorobut-1-eno
b) 1,2-diclorobut-3-eno
c) 2,3-diclorobut-2-eno
d) 1,4-diclorobut-2-eno
e) 1,2,3,4-tetraclorobutano
Resolução: Assim, os itens corretos são os números 2 e 8.
Soma: 10
A reação de adição a um dieno conjugado (dupla e simples
alternado, como 1,3-butadieno) se dá por adição nos car-
bonos da ponta de cada dupla, e as duplas migram para
onde estava a ligação simples (chamada de adição 1,4):

Assim, a reação entre 1 mol de 1,3-butadieno com 1 mol


de gás cloro resulta na formação de 1,4-diclorobut-2-eno
(ou 1,4-dicloro-2-buteno).
Alternativa D

54
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA QUÍMICA

PODE SER

ORGÂNICA

POR EXEMPLO

HIDROCARBONETOS

PARTICIPAM DE

REAÇÕES

TAIS COMO

REAÇÕES
ADIÇÃO DE ADIÇÃO DE
ENVOLVENDO
ALCENOS ALCINOS
CICLANOS

INCLUI
ADIÇÃO
HIDROGENAÇÃO (COM QUEBRA
CATALÍTICA DE CICLO)

ADIÇÃO DE TÍPICA DE
HALOGÊNIO (X2)

CICLO DE 3C CICLO DE 4C
ADIÇÃO
DE H2O
TEM

ADIÇÃO DE HX
X = HALOGÊNIO ALTA TENSÃO
ANGULAR
QUE
SEGUEM A

REGRA DE
MARKOVNIKOV

55
§ Nessa reação, o H do C5H10 foi substituído pelo Br.
AULAS 33 e 34

REAÇÕES DE ciclopentano bromociclopentano

SUBSTITUIÇÃO Em geral, as reações na Química Orgânica processam-se


com a ajuda externa da luz e são mais lentas do que na
Química Inorgânica. Isso ocorre porque, regularmente, as
reações orgânicas são moleculares, enquanto as reações
inorgânicas são iônicas.
COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7
§ Mecanismo da substituição em alcanos – substi-
12, 17, 18, 24, 25, 26 tuição via radical livre:
HABILIDADES:
e 27
a) Início da cadeia – dissociação (por cisão homolítica
sob ação da luz) da molécula de cloro (Cℓ2), liberando áto-
mos de cloro (Cℓ).

1. Reações de substituição Cℓ •• Cℓ   2Cℓ •

Nas reações de substituição, ao menos um átomo de hidro- b) Propagação da cadeia – um átomo de cloro (Cℓ)
gênio da molécula de um hidrocarboneto é substituído por reage com um átomo de hidrogênio do metano, produ-
outro átomo ou grupo de átomos. Essas reações podem ser zindo HCℓ e um radical livre (H3C, metil), que reage com
representadas genericamente da seguinte maneira: outra molécula de cloro, formando o haleto (H3C — Cℓ) e
liberando um átomo de cloro.
R — H + A B → R — B + HA
H H
| |
A notação R – H representa um hidrocarboneto que pode Cℓ • + H • • C •• H  →  H •• Cℓ  + •C — H  (H3C•)
pertencer a uma das seguintes classes: alcanos, aromá- | |
ticos ou ciclanos, com cinco ou mais carbonos. H H
radical metil
As principais reações de substituição são halogenação,
nitração, sulfonação, alquilação e acilação. H3C• + Cℓ • • Cℓ  → H3C •• Cℓ + Cℓ •
cloreto de metila
(cloro metano)
1.1. Halogenação
c) Término da cadeia – os átomos de cloro se recombi-
Na halogenação ocorre a substituição de átomo(s) de hidrogê- nam, restaurando a molécula de cloro.
nio por átomo(s) de halogênio provenientes das suas substân-
cias simples: F2, Cℓ2, Br2 e I2; as mais comuns são a cloração 2 Cℓ•  →  Cℓ2
(Cℓ2) e a bromação (Br2), pois as reações com F2, em razão
Reação global: Cℓ2 + CH4   HCℓ + H3C — Cℓ
de sua grande reatividade, são explosivas, enquanto as reações
com I2 são extremamente lentas. A halogenação de um alcano Experimentalmente, verifica-se que:
produz um haleto orgânico (hidrocarboneto halogenado).
§ Misturas de gás cloro (Cℓ2) e gás metano (CH4) podem
Exemplo: ser armazenadas indefinidamente no escuro, sem que
§ Monocloração do metano. ocorra reação.
H § A exposição momentânea da mistura à luz inicia uma re-
| ação violenta. Estudos mostraram que a absorção de luz
H—C—H + Cℓ — Cℓ   H3C — Cℓ + HCℓ
pelas moléculas de cloro provoca a dissociação das mo-
| clorometano
H léculas, produzindo radicais livres de cloro. Esses radicais
metano são muito reativos e atacam o metano, retirando átomos

56
de hidrogênio e produzindo cloreto de hidrogênio e radi- CH3 — H  +  HO — NO2  → CH3 — NO2 + H2O
cais metil. Esses radicais reagem com moléculas de cloro, nitrometano

produzindo cloreto de metila e radicais de cloro. Ocorre


uma reação em cadeia, e muitas moléculas de cloreto de 1.3. Sulfonação
metila e cloreto de hidrogênio são produzidas para cada Sulfonação é a reação de um alcano com ácido sulfúrico, H2SO4,
molécula de cloro que sofre fotólise. As cadeias terminam que produz um ácido alcano-sulfônico, um ácido sulfônico.
graças à recombinação dos radicais de cloro.
CH3 — H +  HO — SO3H  → CH3 — SO3H + H2O
Exemplo: ácido metil-sulfônico
Cℓ
|
H2C — CH — CH2 — CH3 + HCℓ  (0,7 %)
Em alcanos mais complexos, o halogênio pode atacar a
|
CH3
molécula em diferentes pontos.
Cℓ
|
H3C — CH — CH2 — CH3 + Cℓ — Cℓ  H3C — C — CH2 — CH3 + HCℓ  (90 %)

2. Reações de substituição nos


| |
CH3
CH3

hidrocarbonetos aromáticos
metilbutano

Cℓ
|
H3C — CH — CH — CH3 + HCℓ  (9 %)
|
CH3
A seguir, serão indicadas as reações mais comuns e impor-
Cℓ tantes nos hidrocarbonetos aromáticos.
|
H3C — CH — CH2 — CH2 + HCℓ  (0,3 %)

2.1. Halogenação
|
CH3

Diversos fatores influem na porcentagem dos produtos ob-


tidos nesse tipo de reação. Não obstante, é possível prever
qual produto será formado em maior quantidade, por meio
de uma regra de uso comum que indica a ordem de faci-
lidade com que um hidrogênio “sai” do hidrocarboneto.
Cterciário > Csecundário > Cprimário

No equacionamento de reações semelhantes a essa, costu- 2.2. Nitração


ma-se representar somente o produto obtido em maior quan-
tidade. Por esse motivo, a reação de monocloração do metil-
butano é frequentemente representada da seguinte maneira:
H Cℓ
| |
H3C — C — CH2 — CH3 + Cℓ — Cℓ H3C — C — CH2 — CH3 + HCℓ
| |
CH3 CH3 2.3. Sulfonação
metilbutano 2-cloro-2-metilbutano

2.4. Alquilação de Friedel-Crafts


multimídia: vídeo
Trata-se da substituição de um ou mais hidrogênios do anel
Fonte: Youtube aromático por um ou mais radicais derivados de alcanos.
Produção de Biodiesel a partir de Óleo Usado

1.2. Nitração
Nitração é a reação de um alcano com ácido nítrico, HNO3,
que produz um nitroalcano, um nitrocomposto.

57
2.5. Acilação de Friedel-Crafts
Trata-se da substituição de um ou mais hidrogênios de um
anel aromático por um ou mais radicais derivados de áci-
dos carboxílicos (R — C = O).
c) Eliminação de próton (H+):

HAℓCℓ4  → HCℓ + AℓCℓ3


Essas duas reações são denominadas reações de Friedel-
-Crafts. Essa reação é denominada substituição eletrofílica aromática.

§ Mecanismo de substituição nos aromáticos

a) O catalisador (ácido de Lewis) reage com Cℓ2:


Cℓ2 + AℓCℓ3   → Cℓ- [AℓCℓ4]–
multimídia: site
b) O benzeno ataca o eletrófilo Cℓ+ (“gosta” de elé-
tron), formando íon carbônio (cátion com carga posi- manualdaquimica.uol.com.br/quimica-organica/reacoes-or-
tiva no carbono): ganicas-substituicao.htm

VIVENCIANDO

O Biodiesel é uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo. Ele pode ser utilizado em automóveis e em
qualquer outro veículo com motor a diesel. Fabricado a partir de fontes renováveis (óleo de soja, gordura animal, óleo
de algodão), trata-se de um combustível que emite menos poluentes do que o diesel.
O preço da gasolina, do diesel e dos derivados de petróleo tendem a subir cada vez mais. A cada ano, o consumo
aumenta e as reservas diminuem. Além do problema físico, há o problema político: a cada ameaça de guerra ou crise
internacional, o preço do barril de petróleo dispara.
Para aumentar sua competitividade, os custos de produção do biodiesel podem ser minimizados pela venda dos
subprodutos gerados durante o processo de transesterificação, como a glicerina, o adubo e a ração proteica vegetal.
Devido à importância do biodiesel e da futura regulamentação para sua utilização no país, o estabelecimento de
padrões de qualidade para o biodiesel se constitui como um fator fundamental para o sucesso de sua adoção.
A história do biodiesel começa junto com a história do século XX. Embora a ideia de utilização de combustíveis de ori-
gem orgânica só tenha se tornado viável mais tarde, principalmente depois da explosão do preço do petróleo na década
de 1970, desde o início do funcionamento dos motores a diesel há relatos do uso de óleo vegetal para movê-los.

Processo de produção de biodiesel


A molécula de óleo vegetal é formada por três moléculas de ácidos graxos ligadas a uma molécula de glicerina, o que
faz dela um triglicídio. O processo para a transformação do óleo vegetal em biodiesel é denominado transesterificação.

58
Quando os pesquisadores calculam o balanço energético líquido para um biocombustível, eles consideram a energia
exigida para produzir a colheita (coisas como fertilizantes, pesticidas e diesel de trator) e então somam a energia
necessária para processar a planta colhida em etanol ou biodiesel. Eles subtraem a quantia de energia que entra no
processo da quantia de energia que sai.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Reações químicas envolvendo compostos orgânicos são denominadas reações orgânicas. Os tipos básicos de reações
da Química Orgânica são reações de adição, reações de eliminação, reações de substituição, reações pericíclicas, rea-
ções de rearranjo ou transposição e reações redox. Em síntese orgânica, reações orgânicas são usadas na construção
de novas moléculas orgânicas. A produção de muitas substâncias pelo homem, como drogas e plásticos, depende
de reações orgânicas.
A combustão de combustíveis orgânicos e a saponificação de gorduras para fazer sabão são as mais antigas reações
orgânicas. A moderna química orgânica inicia-se com a síntese de Wöhler em 1828. Na história do Prêmio Nobel
de Química, há premiados pela invenção de reações orgânicas específicas, como a reação de Grignard, em 1912, a
reação de Diels-Alder, em 1950, a reação de Wittig, em 1979, e a metátese de olefina, em 2005.

Pelas posições dos carbonos, é possível observar que os


Aplicação do conteúdo carbonos de números 1, 5 e 6 são simétricos. Assim, subs-
1. Na primeira etapa da reação de alcanos com cloro,
tituindo qualquer um dos três, obtém-se compostos iguais;
ocorre a troca de apenas um átomo de hidrogênio por no carbono 2 não há como adicionar o cloro, pois ele já
átomo de cloro. Considerando somente essa etapa, está fazendo quatro ligações. Então, as possibilidades dos
quantos hidrocarbonetos clorados diferentes podem se compostos monoclorados são:
formar ao reagirem 2,2-dimetilbutano e cloro?
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
Assim, as quantidades de compostos monoclorados dife-
Resolução:
rentes são três.

O composto 2,2-dimetilbutano é: Alternativa C

2. Escreva a equação da reação de sulfonação do benze-


no e dê o nome do produto orgânico formado.

Resolução:

Nome do composto formado: ácido benzenossulfônico.

59
3. Aos alunos do terceiro ano do Ensino Médio, dividi- Pelas posições dos carbonos, é possível observar que os car-
dos em cinco grupos, foi dado o seguinte problema: que bonos de números 1 e 4 são simétricos. Assim, substituindo
substâncias orgânicas serão obtidas da reação de mo- em qualquer um dos dois, resulta em compostos iguais. En-
nocloração da substância 2-metil-butano, na presença
de aquecimento e luz?
tão, as possibilidades dos compostos monoclorados são:

As respostas obtidas foram as seguintes:


Grupo I: ocorrerá a formação apenas da substância 2-clo-
ro-3-metil-butano.
Grupo II: ocorrerá a formação apenas das substâncias
2-cloro-3-metil-butano e 1-cloro-2-metil-butano. 1-cloro-2-metibutano 2-cloro-3-metilbutano

Grupo III: ocorrerá a formação apenas das substâncias 2,2-di-


cloro-3-metil-butano; 1-cloro-2-metil-butano; 2-cloro-2-metil-
-butano; 2-cloro-3-metil-butano e 1-cloro-3-metil-butano.
Grupo IV: ocorrerá a formação apenas das substâncias
1-cloro-2-metil-butano; 2-cloro-2-metil-butano e 2-cloro- 2-cloro-2-metilbutano 1-cloro-3-metilbutano
-3-metil-butano.
Logo, o grupo que apresentou a resposta correta foi o grupo V.
Grupo V: ocorrerá a formação apenas das substâncias
1-cloro-2-metil-butano; 2-cloro-2-metil-butano; 2-cloro- Alternativa E
-3-metil-butano e 1-cloro-3-metil-butano.
Assinale a alternativa que corresponde ao grupo que apre-
sentou a resposta correta ao problema.
a) Grupo I d) Grupo IV
b) Grupo II e) Grupo V
c) Grupo III

Resolução:
Estrutura do 2-metilbutano:

60
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA QUÍMICA

PODE SER

ORGÂNICA

POR EXEMPLO

HIDROCARBONETOS

PARTICIPAM DE

REAÇÕES

TAIS COMO

REAÇÕES
SUBSTITUIÇÃO SUBSTITUIÇÃO
ENVOLVENDO
EM ALCANOS EM AROMÁTICOS
CICLANOS

SUBSTITUIÇÃO
(SEM QUEBRA
DE CICLO)

TÍPICA DE

CICLO DE 5C CICLO DE 6C

TEM

BAIXA TENSÃO
ANGULAR

61
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

A termoquímica é cobrada de maneira bem A termoquímica é cobrada de maneira


concisa, de modo que se deva interpretar as direta, de modo que se deva identificar o
maneiras diferentes de calcular as energias e a tipo de cálculo a ser utilizado, assim como
característica de seu processo. o processo que ocorre devido à energia
envolvida.

A termoquímica requisita boa interpretação de Cálculos termoquímicos exigem boa O candidato deve compreender as informações
dados, identificar o cálculo de energia correto a ser interpretação do fenômeno e é necessário dadas para utilizar o cálculo correto das
utilizado frente às informações que são dadas e identificar o processo ocorrido, assim como energias. É importante também analisar o tipo
identificar os processos que ocorrem com base na as energias envolvidas nas reações. de processo que ocorre com base nas energias
energia envolvida. envolvidas na reação.

O tema mais abordado é termoquímica, sendo A termoquímica tem como base a interpreta- Na termoquímica, o candidato deve iden- O tema mais cobrado engloba a termoquímica
que o candidato deve interpretar as infor- ção para que seja possível utilizar o método tificar as diferenças de cálculo para utilizar como um todo, sendo importante identificar
mações para realizar o cálculo pelo método correto de cálculo da energia da reação, sendo o método correto e também relacionar a o modelo que deve ser usado parar resolução
correto e também diferenciar o processo que interessante entender os processos que ocor- quantidade de energia envolvida na reação com base nas informações encontradas no
ocorre com base nas energias envolvidas rem devido aos diferentes valores de energia com os diferentes tipos de processos que enunciado.
na reação. que são encontrados. ocorrem.

UFMG

A termoquímica é cobrada de maneira a saber Na termoquímica, é importante salientar os Em termoquímica, é necessário que se
as diferenças nos métodos de cálculo para a diferentes métodos de cálculo logo, é neces- compreenda as diferentes formas de cálculo
energia da reação com base nas informações sário saber utilizar cada método na situação que terão base nos dados fornecidos, e é
dadas, e é importante identificar os processos correta, tudo isso com base nas informações importante saber reconhecer os processos
envolvidos analisando as diferentes quanti- dadas, e também relacionar os processos envolvidos para evitar qualquer erro.
dades de energia envolvidas. com as quantidades de energia
envolvidas.

Termoquímica é cobrada de maneira bem O tema termoquímica é cobrado de forma Os cálculos termoquímicos são cobrados de
conceitual. Portanto, é importante conhecer os bem direta. É necessário identificar o método maneira que se deve identificar os processos
diferentes processos e suas implicações, assim correto de cálculo a ser utilizado com base nas envolvidos, assim como o método correto para
como utilizar o método certo no cálculo com informações dadas. o cálculo, tudo isso com base na interpretação
base nas informações dadas. e dados que são fornecidos.
TERMOQUÍMICA E
CINÉTICA QUÍMICA

63
Endotérmica Exotérmica
AULAS 27 e 28
Sistema
sistema Sistema
sistema

Energia
energia Energia
energia

Ambiente
ambiente Ambiente
ambiente

TERMOQUÍMICA:
1.1.1. Mudanças de estados físicos
VARIAÇÃO DE ENTALPIA

COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7

HABILIDADES:
12, 17, 18, 24, 25, 26
e 27

H2O(s) → H2O(ℓ) DH = + 7,3 kJ/mol

A quantidade de calor necessária para provocar a fusão de


1. Introdução 1 mol de H2O(s) é denominada calor ou entalpia de fusão e
O segmento da Físico-Química que estuda os efeitos tér- equivale a 7,3 kJ/mol.
micos provocados pelas reações químicas é denominado H2O(ℓ) → H2O(v) DH = + 44 kJ/mol
termoquímica.
A quantidade de calor necessária para provocar a vaporiza-
Toda reação química envolve modificações energéticas. Em ção de 1 mol de H2O(ℓ) é denominada calor ou entalpia de
geral, essas modificações se manifestam por variações de vaporização e equivale a 44 kJ/mol.
calor. Uma reação pode ser exotérmica ou endotérmica.
1.1.2. Reações químicas
1.1. Processos exotérmico e endotérmico a) Reações exotérmicas ocorrem com liberação de calor.
Todas as reações químicas e todas as alterações de estado
Exemplos
físico causam liberação ou absorção calor.
§ Todas as combustões (queimas) são exotérmicas.
§ Processos exotérmicos → liberam calor
Queima do metano:
§ Processos endotérmicos → absorvem calor
CH4(g) + 2 O2(g)  → CO2(g) + 2 H2O(ℓ) + calor
Características Exemplos
Queima do carvão:
• Cozimento dos alimentos C(s) + O2(g)  → CO2(g) + calor
Reação química
(absorve calor)
Endotérmicas

com absorção
• Fotossíntese (absorve luz solar)
de energia; o
• Fusão, ebulição e sublimação (ab-
§ As dissoluções em água da maioria dos ácidos tam-
sistema ganha
(recebe) energia
sorvem calor) bém são exotérmicas, como a reação abaixo da disso-
• Carregamento de bateria para celu-
do ambiente
lar (absorve energia elétrica) lução de ácido sulfúrico em água.
que o envolve.
• Eletrólise (absorve energia elétrica).
H2SO4(ℓ) + H2O(ℓ)  → H3O+(aq) + HSO4–(aq) + calor
b) Reações endotérmicas ocorrem com absorção
Reação química
• Combustão (libera luz e calor) de calor.
• Solidificação e condensação (libe-
Exotérmicas

com liberação de
ram calor)
energia; o sistema
• Explosão de uma bomba (libera
Exemplos
perde energia
calor)
para o ambiente
que o cerca.
• Funcionamento de uma pilha (libera § Síntese do monóxido de nitrogênio:
energia elétrica).
Calor + ​  __1 ​ N  + ​  __1 ​ O   → NO
2 2(g) 2 2(g) (g)

64
§ Decomposição do carbonato de cálcio: De onde vem essa energia em forma de calor?
Calor + CaCO3(s)  → CaO(s) + CO2(g) Essa energia liberada em forma de calor estava contida nos
As reações endotérmicas ocorrem exclusivamente median- reagentes (grafita e oxigênio). Quando os reagentes se trans-
te absorção de calor do meio ambiente. Para que elas se formaram em produto (gás carbônico), a energia foi liberada.
realizem, é necessário que os reagentes sejam aquecidos. Com isso, pode-se concluir que cada substância deve apre-
sentar certo conteúdo de energia denominado entalpia e
2. Medida do calor representado pela letra H.

É possível medir em laboratório, com o auxílio de aparelhos O valor numérico do calor é proveniente da diferença:
denominados calorímetros, a quantidade de calor des- Hfinal – Hinicial.
pendida numa reação. Calor = Hfinal – Hinicial
Agitador elétrico

Recipiente e
Termômetro
4. Variação de entalpia (DH)
de precisão
tampa isolantes Não é conhecido nenhum método que determine a ental-
pia de uma substância. Na prática, por meio do uso de
calorímetros, é possível medir a variação de entalpia (DH)
de um processo.
O DH corresponde ao calor liberado ou absorvido durante
o processo à pressão constante. O cálculo da variação da
entalpia é dado pela expressão genérica:
Béquer com massa de água conhecida DH = Hfinal – Hinicial
DH = calor liberado ou absorvido em qualquer processo
O calor despendido na reação faz aumentar ou diminuir a
físico e/ou químico (pressão constante).
temperatura da água. Assim, pode-se concluir que:
Qreação = Qágua § DH nas reações químicas
Qágua = m ⋅ c ⋅ Dt Em uma reação química, o estado inicial é dado pelos rea-
Q = quantidade de calor gentes, e o estado final, pelos produtos.
m = massa em gramas

(  )
Reagentes   →   Produtos
​  cal  ​   ​
c = calor específico da água ​ 1_____
g ⋅ ºC (Hinicial = Hreagentes = HR)    (Hfinal = Hprodutos = HP)
Dt = variação da temperatura
Calor da reação = DH = HP – HR
Joule é a unidade de energia no Sistema Internacional (SI).
É simbolizado pela letra J, unidade oficial no Brasil.
Outra unidade muito usada no Brasil é a caloria, equiva-
lente a 4,186 J. Portanto:
1 cal = 4,186 J; 1 J = 0,238 cal
Em cálculos, é comum empregar-se a quilocaloria, que cor-
responde a 1000 calorias, e o quilojoule, que corresponde multimídia: vídeo
a 1000 joules. Portanto: Fonte: Youtube
1 kcal = 10 cal = 4 186 J; 1 kJ = 10 J
3 3 Reação exotérmica

3. Entalpia (H) 5. DH em reações exotérmicas


A queima da grafita, representada pela equação química a
seguir, libera energia na forma de calor. Nas reações exotérmicas, como ocorre a liberação de calor,
a entalpia dos produtos (HP) é menor do que a entalpia dos
C(Graf.) + O2(g) → CO2(g) + calor reagentes (HR).

65
A → B + calor ⇒ DH = HP – HR
HR > HP ⇒ DH < 0 Entalpia (H)
Assim, a reação pode ser representada por: Produtos
HP

A → B DH < 0
ΔH
H>0

Entalpia (H) Reagentes


HR
Reagentes
HR

H<0
ΔH
Exemplo:
Produtos 2 NH3(g) → N2(g) + 3 H2(g) ΔH = + 92,2 kJ
HP

6.1. Interpretação
Exemplo: Quando 2 mol de NH3(g) decompõem-se em um 1 mol de N2(g)
C(graf.) + O2(g) → CO2(g) DH = – 394 kJ e em 3 mol de H2(g), a reação absorve 92,2 kJ do ambiente.
Outra maneira de representar uma equação química de
5.1. Interpretação uma reação endotérmica é:
Quando 1 mol de C(grafita) reage com 1 mol de O2(g), a fim de 2 NH3(g) + 92,2 kJ → N2(g) + 3 H2(g)
dar origem a 1 mol de CO2(g), a reação libera 394 kJ para
Entalpia (H)
o ambiente.
N2(g) + 3 H2(G)
Outra maneira de representar uma equação química de HP
uma reação exotérmica é:
C(graf.) + O2(g) → CO2(g) + 394 kJ ∆H = + 92,2 kJ

§ Graficamente: 2 NH3(g)
HR
Entalpia (H)
C(Graf) + O2(g)
HR

∆H
H ==- -394
394kJkJ 7. Equação termoquímica
CO2(g) Uma equação termoquímica descreve uma reação quí-
HP mica representando seus reagentes, seus produtos, seus
estados físicos e a energia envolvida. Essa energia é repre-
sentada por DH e é denominada variação de entalpia,
entalpia da reação ou calor de reação.
6. DH em reações Se nada for mencionado, considera-se que a reação ocorre
endotérmicas a 1 atm e 25 °C (condições ambiente).

Nas reações endotérmicas, como ocorre a absorção de ca- § Reações endotérmicas ( DH > 0 )
lor, a entalpia dos produtos (HP) é maior do que a entalpia Reagentes → Produtos    DH = + calor
dos reagentes (HR). ou
A + calor → B ⇒ DH = HP – HR Reagentes + calor → Produtos

HR < HP ⇒ DH > 0 Exemplo:

Assim, a reação pode ser representada por: H2O (ℓ) → H2 (g) + ½ O2 (g)   DH = + 68,3 kcal
ou
A → B DH > 0
H2O (ℓ) + 68,3 kcal → H2 (g) + ½ O2 (g)

66
Interpretação: o zero indica o estado padrão (a 25 °C e 1 atm), e o índice
f indica que se trata de entalpia de formação.
Quando 1 mol de H2O em estado líquido absorve 68,3 kcal,
ela se decompõe formando 1 mol de hidrogênio e 1/2 mol
de oxigênio, ambos gasosos. 9. Fatores que influenciam
§ Reações exotérmicas ( DH < 0 ) nas entalpias (ou calores)
Reagentes → Produtos   DH = – calor
ou das reações
Reagentes → Produtos + calor 1. Quantidade de reagentes e de produtos
Exemplo: C(Graf.) + O2(g)  → CO2(g)
C(s) + O2 (g) → CO2 (g)   DH = – 394 kJ 1 mol  1 mol  1 mol
ou DH = – 94 kcal (25 ºC, 100 kPa)
C(s) + O2 (g) → CO2 (g) + 394 kJ
2 C(graf.) + 2 O2(g)  →  2 CO2(g)
Interpretação: 2 mol   2 mol   2 mol

Quando 1 mol de carbono sólido reage com 1 mol de O2 ga- DH = – 188 kcal (25 ºC, 100 kPa)
soso, forma-se 1 mol de CO2 gasoso e são liberados 394 kJ
para o ambiente.
A quantidade de calor de um processo (DH) é dire-
tamente proporcional à quantidade de matéria (mol)

8. Entalpia (ou calor) dos elementos do processo.

padrão de formação de 2. Estado físico dos reagentes


uma substância (∆H) Por convenção, a entalpia padrão de substâncias simples
Entalpia (ou calor) padrão de formação de uma substância (compostas por um único elemento químico) no estado fí-
é o calor liberado ou absorvido numa reação que forma 1 sico mais estável é zero.
mol da substância, a partir das substâncias simples corres- Exemplos:
pondentes, estando todos no seu estado padrão.
Elemento Entalpia
Exemplo: Fe(s) → H f = 0 (metais geralmente são sólidos)
o

Ferro
​ 1 ​ O → H2O(,)
H2(g) + __ DH = -286,6 kJ/mol Fe (ℓ) → Ho f ≠ 0 Fe (g) → Ho ≠ 0
2 2(g)
N2 (g) → Ho f = 0 (nitrogênio é gasoso)
Nitrogênio
Nesse caso, os reagentes são duas substâncias simples no N2 (ℓ) → Ho f ≠ 0 N2 (s) → Ho ≠ 0

estado padrão (estado das substâncias a 25 °C e 1 atm) H2 (g) → Ho f = 0 (hidrogênio é gasoso)


Hidrogênio
e em condições normais de temperatura e pressão (25 °C e 1 H2 (ℓ) → Ho f ≠ 0  H2 (s) → Ho ≠ 0
atm), tendo entalpia igual a zero (isso será tratado na outra
seção desta aula). Sabe-se também que a entalpia de forma- Ho = entalpia padrão a T = 25 °C e P = 1 atm
ção da água é de -286,6 kJ/mol. Para calcular a variação de
Por sua vez, substâncias compostas (formadas por mais de
entalpia (ΔH), deve-se utilizar a fórmula:
um elemento) apresentam entalpia diferente de zero. Os
DH = Hprodutos - Hreagentes valores sempre são dados.
Exemplos:
Substituindo os valores da fórmula, tem-se:
Substância
–286,6 = HH O – (HH2 + 1/2 HO2)
2

–286,6 = HH O – 0
2 H2O (s) → Ho f ≠ 0 CO2 (s) → Ho f ≠ 0 NaCℓ (s) → Ho f ≠ 0
HH O = DH​ 0f​  = – 286,6 kJ H2O (ℓ) → H o
≠0 CO2 (ℓ) → H f ≠ 0
o
NaCℓ (ℓ) → Ho f ≠ 0
2 f

H2O (g) → Ho f ≠ 0 CO2 (g) → Ho f ≠ 0 NaCℓ (g) → Ho f ≠ 0


Esse valor é denominado entalpia (ou calor) padrão de
formação da água líquida e é designado por ∆H​ 0f​,  em que

67
Atenção! Para uma mesma substância: Conclusões idênticas valem para as formas alotrópicas de ou-
tros elementos químicos. Por esse motivo, é possível afirma que:
Ho f (sólido) < Ho f (líquido) < Ho f (gás)
A síntese da água sólida libera mais calor do que a síntese § o enxofre rômbico é mais estável (menos reativo) do
da água gasosa e da água líquida. que o monoclínico;

H2O(g) DH: –58 kcal § o fósforo vermelho é mais estável (menos reativo) do
que o branco; e
​ 1 ​  O → H O DH: – 68 kcal
H2(g) + __
2 2(g) 2 (ℓ)
§ o oxigênio (O2) é mais estável (menos reativo) do que
H2O(s) DH: –70 kcal
o ozônio (O3).
3. Forma alotrópica 4. Temperatura e pressão
Se o elemento formar alótropos (substâncias simples Em geral, a pressão não influi nos calores de reação que
diferentes), a forma mais estável (menos energética) tem envolvem sólidos e líquidos. Mesmo em reações com ga-
entalpia igual a zero. ses, a influência da pressão é mínima. Reações perceptíveis
são as que ocorrem sob pressões elevadíssimas (da ordem
Exemplos:
de 1.000 atm). Por isso, não se preocupe com a influência
Forma alotrópica Forma alotrópica da pressão em seus cálculos.
Elemento
mais estável menos estável
O2 (g) → H o
f
=0 O3 (g) → Ho f ≠ 0 Aplicação do conteúdo
Oxigênio O2 (ℓ) → H o
f
≠0 O3 (ℓ) → H o
f
≠0
1. (UNIRIO) Os romanos utilizavam CaO como argamas-
O2 (s) → H o
≠0 O3 (s) → H o
≠0
f f
sa nas construções rochosas. O CaO era misturado com
Carbono C (grafite / s) → Ho = 0 C(diamante /s) → Ho ≠ 0 água, produzindo Ca(OH)2, que reagia lentamente com
o CO2 atmosférico, dando calcário:
C(grafita) + O2(g) → CO2(g)  ΔH = – 94 kcal
Ca(OH)2(s) + CO2(g) → CaCO3(s) + H2O(g)
C(diamante) + O2(g) → CO2(g)  ΔH = – 94,5 kcal
Substância ΔHf (kJ/mol)
Uma vez que a combustão da substância simples diamante
Ca(OH)2 -986,1
libera mais calor, seu conteúdo energético é maior do que o
CaCO3 -1206,9
da substância simples grafita.
CO2 -393,5

Por que isso ocorre? H2O -241,8

Isso acontece porque a estrutura cristalina do diamante pos- A partir dos dados da tabela anterior, a variação de ental-
sui maior quantidade de entalpia “acumulada” do que a da pia da reação, em kJ/mol, será igual a:
grafita. Quando o diamante é queimado, essa quantidade a) +138,2 d) + 69,1
adicional de conteúdo de calor é liberada, o que explica o
b) -69,1 e) -220,8
maior ΔH dessa reação. O que está em funcionamento é
a contabilidade de energia, ou balanço energético, exigida c) -2828,3
pelo princípio da conservação da energia. Resolução:
A forma alotrópica de entalpia maior é a mais reativa, e a for- Para calcular a variação de entalpia (ΔH), será utilizada
ma alotrópica de entalpia menor é a mais estável – por isso a fórmula:
mais abundante na natureza. No exemplo, a grafita é mais ΔH = Hprodutos - Hreagentes
estável e mais abundante na natureza do que o diamante. ΔH =(HCaCO3 + HH2O) - (HCa(OH)2 + HCO2)
Hoje, é possível fabricar diamantes sintéticos. Consideran-
Substituindo os valores da tabela, tem-se:
do que a entalpia do diamante é elevada, sua produção
é muito cara, exigindo altas temperaturas (da ordem de ∆H = [(-1206,9) + (-241,8)] - [(-986,1) + (-393,5)]
3.000 ºC) e altas pressões (acima de 100 mil atm). Entre- ∆H = -1448,7-(-1379,6)
tanto, existe um tipo de diamante sintético ultracristalino ∆H = -1448,7+1379,6
que vem sendo produzido a uma temperatura menor que
∆H = -69,1 kJ/mol
800 ºC. Ele é usado para auxiliar no transplante de retinas
artificiais em pessoas que ficaram cegas. Alternativa B

68
2. O etanol é um composto orgânico cuja ebulição ocor- Assim, a quantidade de calor liberada na queima de 115 g
re a uma temperatura de 78,4 °C. Pode ser obtido a par- de etanol é de 817,5 kcal.
tir de vários métodos. No Brasil, é produzido através
da fermentação da cana-de-açúcar, já que a sua dispo- Alternativa D
nibilidade agrícola é bastante ampla no nosso país. A
reação química da combustão completa do etanol e o
seu valor da entalpia são dados a seguir:

C2H5OH(,) + 3 O2(g) → 2 CO2(g) + 3 H2O(,) + 327 kcal/mol

Sabendo-se que a entalpia é uma propriedade extensiva,


na queima de 115 g desse combustível, a quantidade de
calor envolvida na reação é de: multimídia: livro
a) -327 kcal d) -817,5 kcal
b) +817,5 kcal e) -130,8 kcal
c) +327 kcal Problemas de Físico-Química, de Nelson Santos
Esse livro vem suprir uma lacuna existente: a ausência
Resolução:
quase absoluta de livros de Química para quem busca
De acordo com a equação, o calor está no lado dos produtos, uma preparação de alto nível para os concursos do Ins-
ou seja, a reação “produziu” calor; assim, a reação é exotér- tituto Militar de Engenharia (IME) e do Instituto Tecno-
mica (∆H = -327 kcal/mol). Como o calor formado é dado lógico de Aeronáutica (ITA).
por mol de etanol, e o calor liberado é proporcional à quan-
tidade de etanol queimado, pode-se fazer a relação a seguir:
1 mol C2H5OH = 46 g C2H5OH
46 g C2H5OH — -327 kcal
115 g — x
x = -817,5 kcal

VIVENCIANDO

Atualmente, uma das grandes preocupações da humanidade é a poluição do ar, pois, reconhecidamente, trata-se de
um fator de risco para a saúde. O nível de poluição do ar aumenta a cada ano, principalmente nas cidades indus-
triais, onde a emissão de gases tóxicos e partículas pelas indústrias soma-se à poluição provocada pela circulação de
veículos, gerando situações críticas à saúde humana, além de prejudicar as plantas e os animais. Um dos fatores da
poluição do ar é o smog fotoquímico.
A palavra smog é uma combinação dos termos do inglês smoke (fumaça) e fog (neblina). O smog fotoquímico possui
esse nome porque causa na atmosfera uma diminuição da visibilidade. O desenvolvimento desse processo, no qual
um grande número de reações acontece simultaneamente, está geralmente associado à ocorrência de picos de ozô-
nio nas grandes cidades, quando a concentração de ozônio ultrapassa os padrões estabelecidos.

69
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A respiração celular pode ser de dois tipos: respiração anaeróbia (sem utilização de oxigênio) e respiração aeróbia
(com utilização de oxigênio).
A respiração celular é o processo de obtenção de energia mais utilizado pelos seres vivos. Na respiração, ocorre a
liberação de dióxido de carbono, energia e água e o consumo de oxigênio e glicose, ou outra substância orgânica,
como lipídios.
Do ponto de vista da fisiologia, o processo pelo qual um organismo vivo troca oxigênio e dióxido de carbono com o
seu meio ambiente é denominado ventilação. No caso específico das células, a operação é executada pela mitocôndria.
Do ponto de vista da bioquímica, respiração celular é o processo de conversão das ligações químicas de moléculas
ricas em energia que poderão ser usadas nos processos vitais.
O processo básico da respiração celular é a quebra da glicose ou glicólise, que pode ser representado pela seguinte
equação química:

C6H12O6 + 6 O2 → 6 CO2 + 6 H2O + energia

Nutrientes (energia química) + O2 → CO2 + H2O + energia (alguma parte que se perde sob a forma de calor e outra
parte que é armazenada na forma de ATP).
A respiração aeróbia requer oxigênio. Na glicólise, é formado o piruvato (também denominado ácido pirúvico), bem
como 2 ATP. Cada piruvato que entra na mitocôndria é oxidado a um composto com dois carbonos (acetato) que,
depois, é combinado com a coenzima-A, produzindo NADH e liberando CO2.
Em seguida, inicia-se o ciclo de Krebs. Nesse processo, o grupo acetil é combinado com compostos com quatro carbo-
nos, formando o citrato (6 C). Por cada ciclo que ocorre, libera-se 2 CO2, NADH e FADH2. No ciclo de Krebs, obtém-se
2ATP. Numa última fase – cadeia transportadora de elétrons (ou fosforilação oxidativa) –, os elétrons removidos da
glicose são transportados ao longo de uma cadeia transportadora, criando um gradiente protônico que permite a
fosforilação do ADP. O aceptor final de elétrons é o O2, que, depois de se combinar com os elétrons e o hidrogênio,
forma água.

70
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

A forma mais comum de se medir a energia gerada numa reação química é por meio da entalpia. Essa entalpia
normalmente é expressa em kJ/mol, isto é, há uma correlação direta entre o número de mol e a energia liberada
ou absorvida. Essa energia pode ser decorrente de um processo endotérmico ou exotérmico e tudo está ligado
ao tipo de reação que acontece naquele sistema.

MODELO 1
(Enem) Um dos problemas dos combustíveis que contêm carbono é que sua queima produz dióxido de carbo-
no. Portanto, uma característica importante, ao se escolher um combustível, é analisar seu calor de combustão
(∆Hco), definido como a energia liberada na queima completa de um mol de combustível no estado padrão. O
quadro seguinte relaciona algumas substâncias que contêm carbono e seu ∆Hco.
Substância Fórmula ∆Hco (kJ/mol)
Benzeno C6H6(ℓ) – 3268
Etanol C2H5OH(ℓ) – 1368
Glicose C6H12O6(s) – 2808
Metano CH4(g) – 890
Octano C8H18(ℓ) – 5471

Nesse contexto, qual dos combustíveis, quando queimado completamente, libera mais dióxido de carbono no
ambiente pela mesma quantidade de energia produzida?
a) Benzeno b) Metano c) Glicose d) Octano e) Etanol

ANÁLISE EXPOSITIVA
Para a resolução, é necessário ter conhecimento de algo muito pedido nas provas em geral: a relação entre número
de mol e entalpia. O primeiro passo para resolver a questão é calcular a quantidade de CO2 produzida quando se
obtém 1.000 kJ de energia (por exemplo), utilizando uma regra de três simples.
n.° de moléculas de C —— energia liberada (kJ/mol)
X moléculas de C —— 1.000 kJ
Esse cálculo deverá ser feito para todas as substâncias.
Cálculo para a glicose:
6 —— 2.808
X —— 1.000
X = 2,13 mol de CO2
Para as outras substâncias, você encontrará os seguintes valores:
Benzeno = 1,83 mol de CO2 Metano = 1,12 mol de CO2
Etanol = 1,46 mol de CO2 Octano = 1,46 mol de CO2

RESPOSTA Alternativa C

71
DIAGRAMA DE IDEIAS

REAÇÃO
QUÍMICA
EXEMPLOS
TRANSFORMAÇÃO
MUDANÇA DE
FASE
PODE ENVOLVER

PODE SER TRANSFERÊNCIA PODE SER


DE CALOR

MEDIDO
PARA FORA POR UM PARA DENTRO
DO SISTEMA DO SISTEMA
O QUE CALORÍMETRO O QUE
CARACTERIZA A CARACTERIZA A
TRANSFORMAÇÃO TRANSFORMAÇÃO

PERMITE
EXOTÉRMICA ENDOTÉRMICA
DETERMINAR

VARIAÇÃO DE
ENTALPIA (ΔH)

ΔH < 0 ΔH > 0
PODE SER PODE SER

TERMOQUÍMICA

72
AULAS 29 e 30 2. Lei de Hess
Em 1849, o químico suiço Germain Henri Hess (1802-1850), ao
efetuar inúmeras medidas dos calores de reação, verificou que:

O calor liberado ou absorvido numa reação química não


depende dos estados intermediários pelos quais a rea-
ção passa, depende apenas dos estados inicial e final
TERMOQUÍMICA: da reação.

LEI DE HESS

COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7

12, 17, 18, 24, 25, 26


HABILIDADES:
e 27 multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Pedra que pega fogo na água (experiência)

1. Diagramas energéticos Essa é a Lei da Aditividade dos Calores de Reação ou Lei


(entálpicos) de Hess.
Em geral, as transformações físicas ou químicas da maté- De acordo com ela, pode-se calcular a variação de entalpia
ria são representadas por gráficos, explicitando a troca de de uma reação pela soma algébrica de equações químicas
energia (ganho ou perda) do sistema. É comum que a re- cujos DH são conhecidos.
presentação de reagentes e produtos traga seus respectivos Por exemplo, a partir das seguintes equações:
coeficientes estequiométricos e seus valores de energia que
permitem calcular o DH. I. C(Graf.) + O2(g) → CO2(g) DH = – 393 kJ
II. H2(g) + ½ O2(g) → H2O(<) DH = – 285,5 kJ

1.1. Reações endotérmicas (DH > 0) III. CH4(g) + 2 O2(g) → CO2(g) + 2 H2O(<) DH = –889,5 kJ

Exemplo: É possível determinar a variação de entalpia da reação de


formação do metano, CH4, reação que não permite medi-
das calorimétricas precisas de seu calor de reação, pois é
lenta e apresenta reações secundárias.
Assim, a soma algébrica das reações dadas deve resultar
na reação de formação do metano, cujo DH pretende-se
determinar:

C(graf.) + 2 H2(g) → CH4(g)  DH = ?


1.2. Reações exotérmicas (DH < 0)
Exemplo: Entretanto, para se obter essa equação, devem ser efetua-
das as seguintes operações:

§ multiplicar a reação II por 2 para que o número de mols


de H2(g) seja igual a 2; consequentemente, o DH tam-
bém será multiplicado por 2;

§ inverter a reação III para que o CH4(g) passe para o se-


gundo membro da equação; por esse motivo, o DH
também terá seu sinal invertido; portanto, se a reação

73
for exotérmica, com o sentido invertido passará a ser S(S) + O2(g) → SO2(g) DH1 = – 296,8 kJ
endotérmica e vice-versa; e
SO2(g) + __ ​ 1 ​ O → SO3(g) DH2 = – 48,9 kcal
§ somar algebricamente as equações e os DH. 2 2(g)
______________ ______________
I. C(graf) + O2(g) → CO2(g) DH1 = – 393 kJ ​ 3 ​ O → SO3(g)
S(s) + __ DH = DH1 + DH2 =
2 2(g)
II. 2 H2(g) + O2(g) → 2H2O(<) DHII = – 571 kJ DH = – 296,8 + (– 48,9)

III. CO2(g) + 2 H2O(<) → CH4(g) + 2 O2(g) DHIII = +889,5 kJ Assim: DH = –345,7 kJ


_________________________ ______________ 2. Dadas as equações termoquímicas:
C(Graf.) + 2 H2(g) → CH4(g) DH = DH1 + DHII + DHIII =
C(grafite) + O2(g) → CO2(g) DH1 = – 393,3 kJ
DH = – 74,5 kJ
C(diamante) + O2 (g) → CO2(g) DH2 = – 395,2 kJ
Calcule a variação da entalpia da transformação:
C(grafite) → C(diamante) DH = ?

Resolução:

Nesse problema, ao contrário do anterior, se forem soma-


das as duas equações dadas na forma como estão escritas,
multimídia: livro não será obtida a equação pedida. Contudo, basta inverter
a segunda equação – e o valor do DH2 correspondente – e
somá-la à primeira; dessa maneira, pode-se obter a equa-
Química geral, de João Usberco
ção termoquímica pedida:
Essa reformulação da coleção Química está baseada em
sugestões e comentários enviados por professores, que Equação inalterada:
analisaram a obra e sua funcionalidade em sala de aula.
C(grafite) + O2(g) → CO2(g) DH1 = – 393,3 kJ
Mantendo o rigor científico necessário, o livro apresenta
uma linguagem clara e direta para aprofundar a relação
Equação invertida:
entre os conteúdos da Química e a vivência cotidiana,
evidenciando a interdependência entre teoria e prática. CO2(g) → C(diamante) + O2(g) DH2 = + 395,2 kJ

Soma:
Aplicação do conteúdo C(grafite) → C(diamante) DH = DH1 + DH2 ⇒
DH = – 393,3 + 395,2 = + 1,9 kJ
1. Considere as seguintes equações termoquímicas:

2 S(s) + 2 O2(g) → 2 SO2(g) DH1 = – 593,6 kJ 3. Dadas as equações:

2 SO2(g) + O2(g) → 2 SO3(g) DH2 = – 97,8 kcal Fe2O3(s) + 3 C(grafite) → 2 Fe(s) + 3 CO2(g) ΔH0 = + 489 kJ
FeO(s) + C(grafite) → Fe(s) + CO(g) ΔH0 = + 155,9 kJ
Calcule o calor de formação de um mol de SO3 gasoso,
em kJ. C(grafite) + O2(g) → CO2(g) ΔH0 = - 393 kJ
CO(g) + __ 1
​   ​ O → CO2(g) ΔH0 = - 282,69 kJ
Resolução: 2 2(g)
A equação que representa a formação de um mol de Calcule o valor de ΔH0 para a reação:
trióxido de enxofre é:
​ 1 ​ O → FeO(s)
Fe(s) + __
2 2(g)
​ 3 ​ O → SO3(g)
S(s) + __ a) -266,21 kJ.
2 2(g)
b) +266,21 kJ.
Para aplicar a Lei de Hess a fim de calcular o calor de for- c) -30,79 kJ.
mação do SO3, é necessário dividir as duas equações por 2 d) +222,79 kJ.
e somá-las em seguida. e) -222,79 kJ.

74
Resolução: Não se usa a equação Fe2O3(s) + 3 C(grafite) → 2 Fe(s) + 3 CO2(g),
porque há Fe2O3, composto que não há na reação global.
Pela Lei de Hess, segue que:
Alternativa A
Fe(s) + CO(g) → FeO(s) + C(grafite) ΔH = − 155,9 kJ (inverte)
C(grafite) + O2(g) → CO2(g) ΔH = − 393 kJ (mantém)
CO2(g) → CO(g) + 1/2 O2(g) ΔH = + 282,69 kJ (inverte)
_________________________________________
Fe(s) + 1/2 O2 → FeO(s) ΔH = - 266,21 kJ

VIVENCIANDO

A usina termoelétrica é uma instalação industrial que produz energia a partir do calor gerado pela queima de com-
bustíveis fósseis, como carvão mineral, óleo, gás, entre outros, ou por outras fontes de calor, como a fissão nuclear
em usinas nucleares.
Essas usinas funcionam do seguinte modo: primeiramente, aquece-se uma caldeira com água que será transformada
em vapor, cuja força movimentará as pás de uma turbina que, por sua vez, movimentará um gerador.
Uma maneira de se aquecer o caldeirão é pela queima de combustíveis fósseis. Depois da queima, eles são soltos na
atmosfera e causam grandes impactos ambientais. Outra maneira de aquecimento é utilizando a energia nuclear por
meio de reações nucleares como a quebra (fissão) do urânio.
Depois do vapor ter movimentado as turbinas, ele é enviado a um condensador para ser resfriado e transformado
em água líquida. Em seguida, para iniciar um novo ciclo, é enviado de volta ao caldeirão. O vapor pode ser resfriado
por água de um rio, lago ou mar, mas esse processo causa danos ecológicos devido ao aquecimento da água, que
provoca uma diminuição do oxigênio. Outra maneira de resfriar o vapor é utilizando água armazenada em torres;
essa água, por sua vez, é enviada em forma de vapor à atmosfera, alterando o regime de chuvas.
Um dos maiores problemas das usinas termoelétricas é o papel que elas desempenham no aquecimento global, por
meio do efeito estufa, e na formação de chuvas ácidas devido à queima de combustíveis. No caso das usinas termo-
elétricas de Angra dos Reis, que usam energia nuclear como fonte de calor, além da poluição térmica ainda existe o
problema do lixo atômico.
No entanto, essas usinas não apresentam apenas desvantagens. Uma de suas vantagens é o fato de que elas podem
ser construídas próximo a centros urbanos, diminuindo as linhas de transmissões e desperdiçando menos energia.
Também são usinas que produzem uma quantidade constante de energia elétrica durante o ano inteiro, ao contrário
das hidrelétricas, que têm a produção dependente do nível dos rios. No Brasil, as térmicas complementam a matriz
energética de hidrelétricas, sendo ligadas apenas quando há necessidade (como em períodos de estiagem).

75
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Na física nuclear, o processo de fissão nuclear é a quebra do núcleo de um átomo instável em dois átomos menores
pelo bombardeamento de partículas como nêutrons. Os isótopos formados pela divisão possuem massa parecida,
mas geralmente seguem a proporção de massa de três para dois. O processo de fissão é uma reação exotérmica
em que ocorre liberação de energia. A fissão é considerada uma forma de transmutação nuclear, uma vez que os
fragmentos gerados não são do mesmo elemento que o isótopo gerador.
A energia liberada no processo de fissão nuclear é resultado da conversão de parte da massa nuclear em energia,
prevista pela ideia relativística de massa-energia; essa massa nuclear, que se transforma em energia, não é composta
por quarks, mas é o resultado da força forte, uma das quatro forças fundamentais, cuja partícula mensageira é o
glúon (do inglês glue, “cola”). A força forte, nas distâncias subatômicas, é a mais forte de todas as quatro e é o que
mantém quarks, nêutrons e prótons coesos no núcleo do átomo. A energia que essa força dispensa é percebida como
massa e é parte da massa total do núcleo (razão pela qual a massa do núcleo é ligeiramente maior do que a massa
de todos os seus componentes somada, pois o glúon não possui massa).
A força forte é menor quanto menos numerosas são as partículas componentes do átomo. Dessa forma, parte da massa
resultante da energia dispensada pela força forte é convertida em energia. A maior parte da energia liberada nesse
processo, conhecido como fissão (em que normalmente um átomo de urânio-235 recebe um nêutron, tornando-se urâ-
nio-236, oscilando e ficando instável até se fragmentar em criptônio e bário), é do tipo luminosa; no entanto, uma parte
considerável é convertida em partículas fundamentais mais raras, como o neutrino do elétron, o múon ou o pósitron.
A formação de antipartículas, como o pósitron ou o antimúon, é geralmente seguida pela interação com suas partícu-
las, o que também libera energia; assim, é comum a energia liberada da fissão, que é também um tipo de conversão
massa-energia, ser confundida com esse outro tipo de conversão massa-energia.

76
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

A forma mais comum de se medir a energia gerada numa reação química é por meio da entalpia. Essa entalpia
normalmente é expressa em kJ/mol, isto é, há uma correlação direta entre o número de mol e a energia liberada
ou absorvida. Essa energia pode ser decorrente de um processo endotérmico ou exotérmico e tudo está ligado
ao tipo de reação que acontece naquele sistema.

MODELO 1
(Fuvest) A energia liberada na combustão do etanol de cana-de-açúcar pode ser considerada advinda da ener-
gia solar, uma vez que a primeira etapa para a produção do etanol é a fotossíntese. As transformações envolvi-
das na produção e no uso do etanol combustível são representadas pelas seguintes equações químicas:
6 CO2(g) + 6 H2O(g) → C6H12O6(aq) + 6 O2(g)

C6H12O6(aq) → 2 C2H5OH(l) + 2 CO2(g) ∆H = – 70 kJ/mol

C2H5OH(l) + 3 O2(g) → 2 CO2(g) + 3 H2O(g) ∆H = – 1235 kJ/mol

Com base nessas informações, podemos afirmar que o valor de ∆H para a reação de fotossíntese é:
a) –1305 kJ/mol.
b) +1305 kJ/mol.
c) +2400 kJ/mol.
d) –2540 kJ/mol.
e) +2540 kJ/mol.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Aplicando a Lei de Hess, tem-se:

RESPOSTA Alternativa E

77
DIAGRAMA DE IDEIAS

TRANSFORMAÇÃO

PODE ENVOLVER

TRANSFERÊNCIA
DE CALOR

VARIAÇÃO DE
ENTALPIA (ΔH)

PODE SER CALCULADA


ATRAVÉS DA

ENTALPIA: ENTALPIA:
LEI DE
PADRÃO DE PADRÃO DE
HESS
COMBUSTÃO FORMAÇÃO

REFERE-SE À REFERE-SE À

REAÇÃO DE REAÇÃO DE
COMBUSTÃO FORMAÇÃO

A PARTIR DOS

ELEMENTOS NO
ESTADO PADRÃO

78
AULAS 31 e 32 Energias de ligação (kcal/mol) medidas a 25 ºC
N—N 39 C—C 85,5

N=N 100 C = O (no CO2) 192,0

N;N 225,8 C—S 65

C—C 82,6 C=S 128


TERMOQUÍMICA: C=C 145,8 N—H 93,4
ENERGIA DE LIGAÇÃO C;C 199,6 P—H 76

C—N 72,8 C—H 98,8

C=N 147 O—H 110,6


COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7
C;N 212,6 S—H 83
HABILIDADES:
12, 17, 18, 24, 25, 26
e 27
Para se determinar o DH de uma reação a partir dos valo-
res de energia de ligação, é necessário considerar:

§ que todas as ligações dos reagentes são rompidas e deter-


1. Energia de ligação minar a quantidade de energia consumida nesse processo; e
A quebra das ligações dos reagentes e a formação de no- § que as ligações dos produtos foram todas formadas a
vas ligações nos produtos ocorrem em todas as reações partir de átomos isolados e determinar a quantidade
químicas. O estudo da variação de energia compreendida de energia liberada nesse processo.
nesses processos permite determinar a variação de ental- DH será correspondente à soma algébrica das energias
pia das reações. compreendidas nos dois processos, o de ruptura e o de for-
Para que ocorra a quebra de ligação dos reagentes, mação de ligações.
é necessário fornecer energia; assim, trata-se de um É importante ressaltar que esse método fornece valores apro-
processo endotérmico. ximados de DH. Esse método é muito útil na previsão da
À medida que se formam ligações entre os pro- ordem de grandeza da variação de entalpia de uma reação.
dutos, há liberação de energia, isto é, ocorre um
Exemplo 1:
processo exotérmico.
1 H — H(g) → H(g) + H(g) DH = + 436 kJ
A energia absorvida na quebra de uma ligação é nume-
ricamente igual à energia liberada na sua formação. En- A quebra de 1 mol de ligações H — H(g) absorve 436 kJ,
tretanto, a energia de ligação é definida para a quebra em razão disso:
de ligações.
A energia de ligação H — H(g) = + 436 kJ/mol
A — A  →  A + A  DH = + x kJ Da mesma maneira, para a quebra de 1 mol de ligações
Cℓ - Cℓ(g) se absorve 242,6 kJ, portanto:
A + A  →  A — A  DH = – x kJ
1 Cℓ — Cℓ(g) → Cℓ(g) + Cℓ(g) DH = +242,6 kJ

Energia de ligação é a energia absorvida na que-


e a energia de ligação Cℓ — Cℓ(g) = +242,6 kJ/mol
bra de 1 mol de ligações, no estado gasoso, a 25 ºC Exemplo do cálculo do DH que compreende as energias
e 1 atm. de ligação:
CH4(g) + 3 Cℓ2(g) → HCCℓ3(g) + 3 HCℓ  DH = ?
H Cℓ
A energia de ligação pode ser determinada experimentalmente. | Cℓ — Cℓ |
H—C—H + Cℓ — Cℓ → H — C — Cℓ 3 H — Cℓ
Na tabela a seguir, estão relacionadas as energias de algu- | |
Cℓ — Cℓ
mas ligações. H Cℓ

79
Dados:
Ligação Energia (kJ)

C—H 413,4

C — Cℓ 327,2

Cℓ — Cℓ 242,6 multimídia: vídeo


H — Cℓ 431,8 Fonte: Youtube
Reações de combustão
Energia absorvida nas quebras de ligações:
4 (C — H) = 4 (413,4) = 1.653,6 kJ

3 (Cℓ — Cℓ) = 3 (242,6) = 727,8 kJ Aplicação do conteúdo


Energia total absorvida = 2.381,4 kJ 1. Observe a seguir a reação de cloração do etano na
presença de luz:
Energia liberada nas formações das ligações: Luz
H3C – CH3 + Cℓ2 → H3C – CH2 – Cℓ + HCℓ
1 (C — H) = 1 (413,4) = 413,4 kJ
Sabe-se que ela apresenta uma variação de entalpia igual
3 (C — Cℓ) = 3 (327,2) = 981,6 kJ a – 35 kcal ∙ mol-1. Considerando os valores das energias
de ligação presentes na reação, determine a energia da
3 (H — Cℓ) = 3 (431,8) = 1.295,4 kJ
ligação C – Cl no composto CH3Cℓ.
energia total liberada = 2.690,4 kJ
C – H = 105 kcal ∙ mol–1
Uma vez que a energia liberada é maior do que a ab-
sorvida, a reação será exotérmica e seu valor absoluto: Cℓ – Cℓ = 58 kcal ∙ mol–1
H – Cℓ = 103 kcal ∙ mol–1
2.381,4 – 2.690,4 = – 309 kJ
reagente produto
C – C = 368 kcal ∙ mol–1
a) –97 kcal ∙ mol–1 d) – 95 kcal ∙ mol–1
Assim:
b) – 96 kcal ∙ mol–1 e) 95 kcal ∙ mol–1
CH4(g) + 3 Cℓ2(g) → HCCℓ3(g) + 3 HCℓ  DH = – 309 kJ c) 96 kcal ∙ mol–1

Exemplo 2: Resolução:
Conhecidas as energias de ligação no estado gasoso: A reação de cloração do etano é:
H — H DH = 104 kcal/mol Cℓ
Cℓ — Cℓ DH = 58 kcal/mol 
H3C — CH3 + Cℓ — Cℓ → H3C — CH2 + H — Cℓ
H — Cℓ DH = 103 kcal/mol
Para o reagente: energia absorvida (sempre positiva,
Calcule o DH da reação:
independentemente do sinal dos valores fornecidos). Nos
H2(g) + Cℓ2(g) → 2 HCℓ(g) reagentes, tem-se o etano com a ligação C – H seis vezes
Resolução: e com a ligação C – C uma vez, e o reagente Cℓ2 com a
ligação Cℓ – Cℓ uma vez. Assim, tem-se:
De acordo com as fórmulas estruturais para escrever a equação:
ER = 6 ∙ EC – H + EC – C + ECℓ – Cℓ
H — H + Cℓ — Cℓ → 2 H — Cℓ
Para que a reação ocorra, é preciso romper 1 mol de liga- ER = 6 ∙ 105 + 368 + 58 = + 1056 kcal
ções H — H e 1 mol de ligações Cℓ — Cℓ e formar 2 mol Para o produto: energia liberada (sempre negativa, inde-
de ligações H — Cℓ. pendentemente do sinal dos valores fornecidos). Nos pro-
Em termos energéticos, obtém-se: dutos, tem-se 1 mol do cloroetano, que apresenta a ligação
C – H cinco vezes, a ligação C – C uma vez e a ligação
Energia consumida na quebra das ligações dos reagentes
C – Cℓ uma vez, além de 1 mol do produto HCℓ, que apre-
= + (104 + 58) = +162 kcal
senta a ligação H – Cℓ uma vez. Assim, tem-se:
Energia liberada na formação das ligações dos produtos
= – (2 ∙ 103) = –206 kcal Ep = 5 ∙ Ec – H + E C – C + EC - Cℓ + EH – Cℓ
DH = + 162 – 206 → DH = –44 kcal EP = 5 ∙ 105 + 368 + EC – Cℓ + 103 – (996 + EC – Cℓ) kcal

80
Portanto, segue que: Dados:
∆H = ER + EP Energia de ligação N ≡ N : 950 kJ ∙ mol–1;
−35 = 1056 + (−996 − ECℓ – Cℓ)
Energia de ligação O = O : 500 kJ ∙ mol–1;
Portanto:
Entalpia de formação do NO: 90 kJ ∙ mol–1.
ECℓ − Cℓ = +95 kcal ∙ mol-1
A partir dessas informações, é possível concluir que a ener-
Alternativa E
gia de ligação entre os átomos de nitrogênio e oxigênio no
2. (Uncisal) No processo de Haber-Bosch, a amônia é óxido nítrico é:
obtida em alta temperatura e pressão, utilizando fer-
ro como catalisador. Essa amônia tem vasta aplicação N2(g) + O2 (g) → 2 NO(g)
como fonte de nitrogênio na fabricação de fertili-
zante e como gás de refrigeração. Dadas as energias a) 90 kJ ∙ mol–1. d) 1360 kJ ∙ mol–1.
de ligação, H – H = 436 kJ/mol, N ≡ N = 944 kJ/mol e b) 680 kJ ∙ mol–1. e) 1530 kJ ∙ mol–1.
H – N = 390 kJ/mol, a entalpia de formação de 1 mol c) 765 kJ ∙ mol–1.
de amônia é:
Resolução:
1 N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)
Em primeiro lugar, deve-se determinar a quantidade de
a) –88 kJ/mol. d) +88 kJ/mol. energia absorvida no reagente (ER) e liberada no produto
b) –44 kJ/mol. e) +600 kJ/mol. (EP) da reação:
c) +44 kJ/mol.
Para o reagente: tem-se 1 mol do N2 com a ligação N ≡ N
Resolução: e 1 mol do O2 , que apresenta a ligação O = O. Assim, tem-se:
Em primeiro lugar, é importante reescrever a equação química
ER = EN = N + EO = O
demonstrando todas as ligações existentes em cada molécula:
ER = 950 + 500 = + 1450 kJ
1N≡N+3H−H→2H−N−H
I
H Para o produto: tem-se 2 mols do NO:
Em seguida, deve-se determinar a quantidade de energia ab- Ep = −2 ∙ EN = 0
sorvida no reagente (ER) e liberada no produto (EP) da reação:
Para o reagente: tem-se o N2 com uma ligação N ≡ N e 3 mol Com esses dados, basta utilizar a expressão para o cálculo
de H2 , que apresenta uma ligação H – H. Assim, tem-se: do ΔH envolvendo a energia de ligação:
ER = EN ≡ N + 3 ∙ EH − H ∆H = ER − Ep
ER = 944 + 3 ∙ 436 = + 2552 kJ +90 = 1450 − 2 ∙ EN = O → EN = O = 680 kJ ∙ mol-1
Para o produto: tem-se 2 mol de NH3, que possui três
ligações N − H. Assim, tem-se: Alternativa B

EP = 3 ∙ 2 ∙ EN - H
4. (Mackenzie) O gás propano é um dos integrantes do
EP= 6 ∙ 390 = 2340 kJ GLP (gás liquefeito de petróleo) e, dessa forma, é um
gás altamente inflamável. A seguir está representada
Portanto, segue que:
a equação química NÃO BALANCEADA de combustão
∆H = ER + EP completa do gás propano.
∆H = +2252 − 2340 = −88 kJ ∙ mol -1
C3H8 (g) + O2 (g) → CO2 (g) + H2O (v)
Como a questão quer energia para a formação de 1 mol de
amônia, tem-se que: Na tabela, são fornecidos os valores das energias de ligação, todos
nas mesmas condições de pressão e temperatura da combustão.
88 ​ = − 44 kJ ∙ mol-1
∆H = – ​ ___
2 Ligação Energia de ligação (kJ ∙ mol-1)
Alternativa B C−H 413

3. (Unicesumar-SP) A ligação covalente que mantém os O=O 498


átomos de nitrogênio e oxigênio unidos no óxido ní- C=O 744
trico, NO, não é explicada pela regra do octeto, mas a C−C 348
sua energia de ligação pode ser calculada a partir dos
O−H 462
dados fornecidos a seguir.

81
Assim, a variação de entalpia da reação de combustão de ∆H = ER − Ep
um mol de gás propano será igual a: ∆H = 6490 − 8160
a) –1670 kJ. d) – 4160 kJ.
∆ = − 1670 kJ
b) – 6490 kJ. e) + 4160 kJ.
Alternativa A
c) +1670 kJ.

Resolução:
Balanceando a equação de combustão do propano, tem-se:
C3H8 (g) + 5 O2 (g) → 3 CO2 (g) + 4 H2O (v)
Agora, é possível determinar a quantidade de energia absor-
vida no reagente (ER) e liberada no produto (EP) da reação:
Para o reagente: multimídia: livro
ER = 8 ∙ EC − H 2 ∙ EC − C + 5 ∙ EO = O
ER = 8 ∙ 413 + 2 ∙ 348 + 5 ∙ 498 = 6490 kJ Completamente Química –
Química Orgânica, de Martha Reis
Para o produto:
Esse livro da coleção Completamente Química desenvolve
EP = 3 ∙ 2 ∙ EC = O + 4 ∙ 2 ∙ EO - H a teoria com rigor científico e auxilia no entendimento,
EP = 6 ∙ 744 + 8 ∙ 462 = 8160 kJ partindo do que é palpável e do que pode ser sentido,
Com esses dados, basta utilizar a expressão para o cálculo tocado e observado. O livro traz também atividades
do ΔH envolvendo a energia de ligação: distribuídas de forma sistemática, organizada e graduada.

VIVENCIANDO

A energia solar é proveniente da luz e do calor do Sol. É utilizada em diferentes tecnologias, como o aquecimento solar, a
energia solar fotovoltaica, a energia heliotérmica, a arquitetura solar e a fotossíntese artificial. Dependendo da forma como
capturam, convertem e distribuem a energia solar, as tecnologias solares são caracterizadas como ativas ou passivas. Entre
as técnicas solares ativas estão o uso de painéis fotovoltaicos, concentradores solares térmicos das usinas heliotérmicas e os
aquecedores solares. Entre as técnicas solares passivas estão a orientação de um edifício para o Sol, a seleção de materiais
com massa térmica favorável ou propriedades translúcidas e a projeção de espaços que façam o ar circular naturalmente.
Na geração fotovoltaica, a energia luminosa é convertida diretamente em energia elétrica. Nas usinas heliotérmicas,
a produção de eletricidade ocorre em duas etapas: primeiro, os raios solares concentrados aquecem um receptor; em
seguida, o calor (350 °C-1.000 °C) é utilizado para iniciar o processo convencional da geração de energia elétrica
por meio da movimentação de uma turbina. No aquecimento solar, a luz do Sol é utilizada para aquecer a água de
casas e prédios (≈80 °C), sem o objetivo de gerar energia elétrica.
No seu movimento de translação ao redor do Sol, a Terra recebe 1.410 W/m² de energia, medição feita numa superfí-
cie normal (em ângulo reto). Cerca de 19% dessa energia é absorvida pela atmosfera e 35% é refletida pelas nuvens.
Ao passar pela atmosfera terrestre, a maior parte da energia solar está na forma de luz visível e luz ultravioleta. As
plantas utilizam diretamente essa energia no processo de fotossíntese. As pessoas usam essa energia quando quei-
mam lenha ou combustíveis minerais. Existem técnicas experimentais para criar combustível a partir da absorção da
luz solar em uma reação química de modo similar à fotossíntese vegetal, mas sem a presença desses organismos.
A radiação solar, juntamente com outros recursos secundários de alimentação, como a energia eólica, a energia das
ondas, a hidroeletricidade e a biomassa, são responsáveis por grande parte da energia renovável disponível na Terra.
Apenas uma minúscula fração da energia solar disponível é utilizada.

82
Em 2011, a Agência Internacional de Energia afirmou que “o desenvolvimento de tecnologias de fontes de energia
solar acessíveis, inesgotáveis e limpas terá enormes benefícios a longo prazo. Ela vai aumentar a segurança energéti-
ca dos países através da dependência de um recurso endógeno, inesgotável e, principalmente, independente de
importação, o que aumentará a sustentabilidade, reduzirá a poluição, reduzirá os custos de mitigação das mudanças
climáticas e manterá os preços dos combustíveis fósseis mais baixos. Essas vantagens são globais. Sendo assim, entre
os custos adicionais dos incentivos para a implantação precoce dessa tecnologia devem ser considerados investimen-
tos em aprendizagem; que devem ser gastos com sabedoria e precisam ser amplamente compartilhados”.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O processo no qual dois ou mais núcleos atômicos se juntam e formam outro núcleo de maior número atômico é
denominado fusão nuclear. A fusão nuclear requer muita energia e geralmente libera muito mais energia do que
a energia consumida. Quando ocorre com elementos mais leves que o ferro e o níquel (que possuem as maiores
forças de coesão nuclear de todos os átomos, sendo, portanto, mais estáveis), ela geralmente libera energia, e, com
elementos mais pesados, ela consome. Ainda não foi encontrada uma maneira de controlar a fusão nuclear, como
acontece com a fissão.
O principal tipo de fusão que ocorre no interior das estrelas é o de hidrogênio em hélio, em que dois prótons se fun-
dem em uma partícula alfa (um núcleo de hélio), liberando dois pósitrons, dois neutrinos e energia. Contudo, dentro
desse processo, ocorrem várias reações individuais, que variam de acordo com a massa da estrela. Para estrelas do
tamanho do Sol ou menores, a cadeia próton-próton é a reação dominante. Em estrelas de massa elevada, predo-
mina o ciclo CNO.
É importante destacar que há conservação da energia. Assim, pode-se calcular a massa dos quatro prótons e do
núcleo de hélio e subtrair a soma das massas das partículas iniciais daquela soma do produto dessa reação nuclear
para calcular a energia produzida.
Utilizando a equação E = mc², é possível calcular a energia liberada, oriunda da diferença de massas. Uma vez que
o valor de c é muito grande (cerca de 3 ∙ 108 m/s), mesmo uma massa muito pequena corresponde a uma enorme
quantidade de energia. Esse fato levou muitos engenheiros e cientistas a iniciarem projetos para o desenvolvimento de
reatores de fusão (tokamaks), de modo a gerar eletricidade (por exemplo, a fusão de poucos cm³ de deutério, um isótopo
de hidrogênio, produziria uma energia equivalente àquela produzida pela queima de 20 toneladas de carvão).

83
DIAGRAMA DE IDEIAS

TRANSFORMAÇÃO

PODE ENVOLVER

TRANSFERÊNCIA
DE CALOR

VARIAÇÃO DE
ENTALPIA (ΔH)

PODE SER CALCULADA


UTILIZANDO

ENERGIA DE
LIGAÇÃO

E CONSIDERANDO QUE

QUEBRA DE FORMAÇÃO DE
LIGAÇÕES LIGAÇÕES

É PROCESSO É PROCESSO
QUE QUE

ABSORVE LIBERA
CALOR CALOR

84
quantidade final menos a inicial. Para evitar o surgimen-
AULAS 33 e 34 to de velocidade negativa, utiliza-se o sinal negativo na
expressão ou a variação em módulo sempre que se fizer
referência aos reagentes.

Exemplo:
CINÉTICA QUÍMICA: N2(g) + 3 H2(g) → 2 NH3(g)
VELOCIDADE MÉDIA DE D[N ] ​ _____D[N2] ​
Vm de consumo de N2 = – _____
​   ​2   ou ​   ​   
UMA REAÇÃO QUÍMICA Dt Dt
D[H2] ​ _____ D[H ] ​
Vm de consumo de H2 = – _____
​   ​   ou ​  2 ​   
Dt Dt
D[NH ]
Vm de formação de NH3 = + ______
​   ​ 3
  
Dt
COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7
Os reagentes são consumidos durante a reação e sua
HABILIDADES:
12, 17, 18, 24, 25, 26 quantidade diminui com variação do tempo, enquanto
e 27 os produtos são formados e suas quantidades aumentam
com o tempo. É possível representar graficamente:

[ ]
1. Cinética química
Existem transformações em que os sinais de mudança são
percebidos apenas depois de um longo tempo. Em outras NH3
transformações, os sinais aparecem rapidamente.
Os gases tóxicos CO e NO, que existem nos escapamentos dos HN22
automóveis, combinam-se formando os inofensivos CO2 e N2. H22
N
CO(g) + NO(g) → CO2 + __​ 1 ​ N tempo
2 2 (g)
Com relação à velocidade média de consumo ou formação,
Entretanto, sob condições normais, a velocidade dessa re-
pode-se afirmar que ela diminui com o passar do tempo,
ação é muito baixa, demorando muito tempo para o CO
pois a quantidade que reage torna-se cada vez menor.
e NO serem convertidos totalmente em CO2 e N2. Por sua
vez, quando um comprimido efervescente é dissolvido em Vm

água, o aparecimento do sinal de mudança é imediato.

2. Velocidade das reações


A velocidade média de consumo de um reagente
ou de formação de um produto é calculada em função
da variação da quantidade de reagentes e produtos pela
variação de tempo.
tempo
D Quantidade
Vm = ___________
​   ​  
D Tempo
A velocidade média de uma reação química é o quo-
O mais usual é representar as quantidades em mol/L e
ciente da variação da concentração molar de um dos
indicá-las entre colchetes; mas elas também podem ser
reagentes (ou produtos) da reação pelo intervalo de
representadas pela massa, quantidades em mol, volume
tempo em que essa variação ocorre.
gasoso, etc. O intervalo de tempo pode ser representado
por segundos, minutos, horas, etc.
Quando é calculada, a variação da quantidade consumida Retornando à reação N2 + 3 H2 → 2 NH3, pode-se afirmar
(reagentes) será negativa, pois a variação corresponde à que a velocidade média dessa reação, em relação ao NH3, é:

85
variação da concentração molar do NH3 (mol/L)
Vm = ___________________________________
    
​       ​
intervalo de tempo

No estudo da cinética química, é comum a concentra-


ção molar ser indicada entre colchetes; assim, [NH3] in-
dica a concentração molar do NH3. Considerando que,
na Matemática, é comum o uso da letra grega delta
(D) para indicar variações, a fórmula acima pode ser multimídia: vídeo
abreviada para:
Fonte: Youtube
D[NH3]
Vm = ______
​   ​    Efeito do catalisador sobre a rapidez da reação
Dt
Nessa expressão, D[NH3] é a diferença entre a concentra-
ção molar final e a concentração molar inicial do NH3 no
intervalo de tempo Dt. 3. A velocidade média e a
Considere, por exemplo, que a reação N2 + 3 H2 → 2 NH3
forneça os seguintes resultados sob determinadas condi- estequiometria das reações
ções experimentais: Na reação:
2 NH3(g) → N2(g) + 3 H2(g)
Tempo de Variação da concentração
Para a qual são apresentados os dados:
reação (min) molar do NH3 (mol/L)
0 0 [NH3] (mol/L) 8,0 4,0 2,0 1,0

5 20,0
Tempo (h) 0 1,0 2,0 3,0

10 32,5
No intervalo de tempo entre 0 h e 1 h, serão calculadas as ve-
15 40,0 locidades de consumo de NH3(g) e de formação de N2(g) e H2(g):
|4,0 – 8,0|
20 43,5
Consumo de NH3: Vm = – ​ _______  ​  
= 4,0 mol · L–1 · h–1
1,0 – 0
2,0 – 0
Utilizando os dados dessa tabela, obtém-se, de acordo com Formação de N2: Vm = ______
​   ​ 
= 2,0 mol · L–1 · h–1
1,0 – 0
a definição, as seguintes velocidades médias: 6,0 – 0
Formação de H2: Vm = ______
​   ​ 
= 6,0 mol · L–1 · h–1
20,0 – 0 1,0 – 0
§ No intervalo de 0 a 5 min: Vm = _______
​  ⇒
 ​  

5–0
Vm = 4,0 mol/L · min Observe que esses valores guardam entre si as proporções
dos coeficientes estequiométricos da equação:
32,5 – 20,0
§ No intervalo de 5 a 10 min: Vm = _________
​   ​  
 ⇒
10 − 5 2 NH3(g) → 1 N2(g) + 3 H2(g)
Vm = 2,5 mol/L · min
2 : 1 : 3
40,0 – 32,5
§ No intervalo de 10 a 15 min: Vm = _________
​   ​  
 ⇒
15 – 10
4,0 mol · L–1 · h–1 : 2,0 mol · L–1 · h–1 : 6,0 mol · L–1 · h–1
Vm = 1,5 mol/L · min
43,5 – 40,0 Define-se como rapidez ou velocidade média de uma rea-
§ No intervalo de 15 a 20 min: Vm = _________
​  ⇒
 ​  

20 – 15 ção, no intervalo de tempo em questão, o seguinte resultado:
Vm = 0,7 mol/L · min 4,0 mol · L–1 · h–1 __________
2,0 mol · L–1
Vm da reação = _____________
  
​   ​  = ​   ​   =
Observe que esse cálculo é muito semelhante ao cál- 2 1
culo de velocidade média realizado em Física. De fato, 6,0 mol · L–1 · h–1
= _____________
  
​   ​  = 2,0 mol · L–1 · h–1
caso constasse, na segunda coluna da tabela anterior, 3
“quilômetros rodados por um automóvel” em vez de
§ Os denominadores são os coeficientes estequiométricos
“concentração molar”, o mesmo cálculo teria fornecido
a velocidade média do automóvel em cada um dos in- De modo geral, define-se velocidade média de uma reação
tervalos de tempo. da seguinte maneira:

86
Para a reação genérica aA +bB → cC + dD, a rapidez Resolução:
ou velocidade média (sem especificação de se referir a
​ 13 ​  O(g) → 4 CO2(g) + 5H2O(g)
C4H10(g) + ___
reagente ou produto) é dada por: 2
V VB __ V VD 1 mol 4 mol
Vm da reação = __
​  A ​ = __
​   ​ = ​  C ​ = __
​   ​  4 mol nCO2
a b c d
nCO2 = 16 mol de CO2
Aplicação do conteúdo Assim, em 1 hora (60 min):

1. Num dado meio em que ocorre a reação N2O5 → 20 min     16 mol de CO2
N2O4 + ​ 1
__  ​ O , observou-se a seguinte variação na con- 60 min (1 h) nCO2
2
2
centração de N2O5 em função do tempo: nCO2 = 48 mol de CO2
Alternativa A
N2O5 (mol/L) 0,233 0,200 0,180 0,165 0,155

Tempo (s) 0 180 300 540 840


4. (Mackenzie) X + 2 Y → Z

Calcule a velocidade média da reação no intervalo de 3 a 5 min. Na reação acima equacionada, observou-se a variação na
concentração de X em função do tempo, segundo a tabela
Resolução: a seguir:
 |DN2O5| |0,180 – 0,200|
Vm = – ​ _____ ⇒ Vm = – ​ ___________
 ​        ​ 
Dt 300 – 180 tempo (s) 0 120 240 360 720
Vm = 0,000167 mol/L · s-1
[x] mol/litro 0,255 0,220 0,200 0,190 0,100
Vm = 1,67 · 10-4 mol/L · s-1

2. A amônia é um produto básico para a produção de No intervalo de 4 a 6 minutos, a velocidade média da rea-
fertilizantes. Ela é produzida cataliticamente, em altas ção em mol/litro∙min é:
a) 0,010.
pressões (processo Haber), conforme a equação:
b) 0,255.
N2 + 3 H2 → 2 NH3 c) 0,005.
Se a velocidade de produção de amônia foi medida como: d) 0,100.
D[NH3] e) 0,200.
velocidade = ______
​   ​   
= 2,0 · 10–4 mol · L–1 · s–1, a velocida-
Dt Resolução:
de da reação em termos de consumo de N2 será:
Resolução: De acordo com a tabela, a velocidade média da reação
(para o X) no intervalo de 4 a 6 min (240 a 360 s) é:
A proporção estequiométrica da equação nunca pode ser
| | |– (0,190 – 0,200)|
desobedecida. Assim, para produzir 2,0 · 10− 4 mol/L de ​ ∆n ​  → ∆V = ​ ______________
∆V = – ____     ​  
∆t 6–4
NH3 por segundo, a reação deverá consumir 1,0 · 104 mol/L
∆V = 0,005 mol · L-1 min-1
de N2 por segundo (basta olhar para a equação).
N2 + 3 H2 → 2 NH3 ∆V = 5 · 10-3 mol · L-1 · min-1
1 mol 2 mol Alternativa C
VN2 2,0 · 10–4 mol · L–1 · s–1
VN2 = 1,0 · 10–4 mol · L–1 · s–1
3. A combustão do butano é representada pela equação:
​ 13 ​ O(g) → 4 CO2(g) + 5 H2O(g)
C4H10(g) + ___
2
Se houver um consumo de 4 mols de butano a cada 20 mi-
nutos de reação, o número de mols de dióxido de carbono
produzido em 1 hora será:
a) 48 mol/h d) 16 mol/h
b) 4 mol/h e) 8 mol/h
c) 5 mol/h

87
VIVENCIANDO

Como o próprio nome indica, os catalisadores biológicos são produtos biológicos (produzidos pelas células) e atuam
nas reações metabólicas do organismo. As enzimas são os principais catalisadores biológicos. Em geral, são proteínas
(embora nem toda proteína seja uma enzima), mas há exceções, como é o caso das ribozimas, que não são molé-
culas proteicas, mas moléculas de ácido ribonucleico (RNA). Exemplos de enzimas: amilase, lipase e desidrogenase.
É interessante destacar que a atividade normal de cada enzima depende de pH, temperatura, especificidade (cada
enzima atua sobre um determinado substrato), etc.
Os catalisadores não biológicos são substâncias químicas, geralmente inorgânicas, que aumentam a velocidade de
reações químicas. Por exemplo: o sulfato de manganês (que é uma substância inorgânica) catalisa positivamente a
reação entre ácido oxálico e permanganato de potássio em meio ácido. Os catalisadores químicos são importantes em
diversos processos e alguns são utilizados industrialmente. Os automóveis, por exemplo, possuem conversor catalítico
no sistema de escapamento com o objetivo de acelerar a conversão de gases poluentes em substâncias menos tóxicas.
A catálise heterogênea, por sua vez, é utilizada na produção de margarinas, na síntese de fertilizantes, etc.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

As enzimas são substâncias orgânicas, geralmente proteínas, que catalisam reações biológicas pouco espontâneas e muito len-
tas. O poder catalítico de uma enzima relaciona a velocidade das reações com a energia despendida para que elas aconteçam.
Na presença de uma enzima catalisadora, a velocidade da reação é mais rápida e a energia utilizada é menor. Por
essa razão, as enzimas praticamente controlam todo o funcionamento celular interno favorecendo o metabolismo
anabólico (construção) e catabólico (degradação). Elas também atuam no funcionamento celular externo por meio
de sinalizadores catalíticos estimulantes ou inibitórios atuantes em outras células (hormônios, por exemplo).
No organismo, existem diferentes tipos enzimáticos, reguladores das diversas vias metabólicas, estendendo-se por
todo o corpo humano, embora em pequenas quantidades.
A grande especificidade de uma enzima é determinada pelo tamanho e pela forma tridimensional, formando regiões
de afinidade com os reagentes (substratos). Essa complementaridade é denominada combinação chave-fechadura.
Alguns fatores influenciam na atividade catalítica das enzimas, como: concentração enzimática, concentração do
substrato, potencial hidrogeniônico (pH) e temperatura.
Considerando a concentração das moléculas de enzimas, quanto maior o seu teor, maior será a velocidade da reação,
seguindo proporcionalmente a quantidade suficiente de substratos para reagir com as enzimas. Conforme a deman-
da no consumo de reagentes vai ocorrendo, a velocidade da reação decai gradativamente.
Quando a concentração do substrato aumenta, a velocidade tende a um limite determinante de acordo com a quan-
tidade de enzimas no sistema. A partir desse ponto, o substrato não terá nenhuma influência sobre a velocidade, pois
todas as enzimas já se encontram ocupadas.
Cada enzima possui um pH ótimo para desempenhar suas funções, seja no estômago, no caso das pepsinas em pH
ácido (por volta de 2 – muito baixo), ou em qualquer outro órgão ou tecido. Cada enzima requer condições favoráveis
para potencializar sua atuação.

88
Para a otimização das reações biológicas mediadas por catalisadores, é necessária uma temperatura adequada, que
varia de acordo com o tipo de enzima. Baixas temperaturas podem causar inativação, e altas temperaturas podem
causar desnaturação enzimática.

DIAGRAMA DE IDEIAS

TRANSFORMAÇÃO

TEM
ESTUDADA
PELA
RAPIDEZ DE
CINÉTICA QUÍMICA
REAÇÃO

GRÁFICO DE
QUANTIDADE × TEMPO

PODE TER

CURVA CURVA
DECRESCENTE CRESCENTE

TÍPICA DE TÍPICA DE

REAGENTE PRODUTO

POIS É POIS É

CONSUMIDO FORMADO

VELOCIDADE MÉDIA VELOCIDADE MÉDIA


DE CONSUMO DE FORMAÇÃO

89
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científ-
ico-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científ-
ico-tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e à implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
90
Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva
metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material
didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos
livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e trans-
versal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar
a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA VIVENCIANDO


NAS PRINCIPAIS PROVAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras.
o território nacional. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol-
vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há
uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato
em seu dia a dia.
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila-
dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co-
mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí-
cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento
aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever,
a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula.

MULTiMÍDiA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado-
sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper-
tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen-
ÁREAS DE
são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- CONHECiMENTO DO ENEM
fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol-
CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS vê-las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos
conteúdos de cada área, de cada disciplina. DiAGRAMA DE iDEiAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão,
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate-
suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles
mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com
que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de
essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do
esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros,
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da
sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue
aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi-
entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz
pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos
parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
estudos e até a resolução dos exercícios.

HERLAN FELLiNi
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.

Autores
Edson Yukishigue Oyama
Marcos Navarro

Diretor-geral
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Diretor editorial
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Coordenador-geral
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Editoração eletrônica
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Leticia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira

Projeto gráfico e capa


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Imagens
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Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis-
lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para
o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e
localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição
para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para
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SUMÁRIO

QUÍMICA
PROPRIEDADES COLIGATIVAS E ELETROQUÍMICA
Aulas 35 e 36: Propriedades Coligativas: osmometria 6
Aulas 37 e 38: Eletroquímica: oxirredução 12
Aulas 39 e 40: Eletroquímica: introdução a pilhas e processos espontâneos 20
Aulas 41 e 42: Eletroquímica: pilha de Daniell e célula de combustível 29
Aulas 43 e 44: Eletroquímica: eletrólise ígnea 35

QUÍMICA ORGÂNICA
Aulas 35 e 36: Reações de substituição em aromáticos e de eliminação 44
Aulas 37 e 38: Reações de oxidação 51
Aulas 39 e 40: Oxidação de alcenos 57
Aulas 41 e 42: Esterificação, hidrólise e condensação amídica 62
Aulas 43 e 44: Transesterificação e saponificação 65

CINÉTICA QUÍMICA E EQUILÍBRIO QUÍMICO


Aulas 35 e 36: Cinética química: conceitos de velocidade instantânea, lei cinética da
velocidade das reações 74
Aulas 37 e 38: Cinética química: ordem das reações 80
Aulas 39 e 40: Equilíbrio químico: equilíbrios químicos homogêneos 86
Aulas 41 e 42: Equilíbrio químico: deslocamento de equilíbrio 95
Aulas 43 e 44: Equilíbrio químico: equilíbrios iônicos 103
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Os principais temas estão ligados aos números de Os principais assuntos estão relacionados a
oxidação, principalmente assuntos que envolvem pilhas e eletrólise, de maneira bem concisa.
pilhas e eletrólise em situações do cotidiano e que É necessário interpretar as informações e
podem envolver, inclusive, funcionamento de uma entender as diversas aplicações que podem
pilha como produção de insumos na indústria. ser feitas.

É importante reconhecer processos de oxirredu- Cobrado de maneira objetiva, exige Os tópicos relacionados à eletroquímica
ção, mas com ênfase na parte de pilhas e eletróli- conhecimento das principais diferenças entre podem ser cobrados de maneira
se, principalmente relacionados a funcionamento os processos eletroquímicos. interdisciplinar, tornando necessário entender
e aplicações. sua base, principalmente diferenças e
utilidades entre uma pilha e um processo
eletrolítico.

O tópico que aborda os números de oxidação Com questões teóricas, é importante que os Os temas de pilhas e eletrólise são os mais O tema que envolve oxirredução pode ser
é necessário para assimilar os conteúdos conceitos de oxirredução estejam fixados para cobrados, sendo necessário entender as cobrado de maneira interdisciplinar com
de eletroquímica, seus diferentes processos, que seja mais fácil identificar os diferentes diferenças de cada processo e aplicações. Biologia. Assim, é importante diferenciar
aplicações e diferenças. processos eletroquímicos que existem, assim processos de oxidação e redução, bem
como suas aplicações. como entender os diferentes processos
eletroquímicos.

UFMG

É importante a última parte de propriedades É importante que toda a parte de proprieda- O assunto que abrange oxirredução pode ser
coligativas, assim como atentar-se aos pro- des coligativas esteja fixada, assim como é exigido de modo interdisciplinar. É necessário
cessos de oxirredução, pilhas e eletrólise, que muito relevante o tópico de oxirredução, pois é entender os processos de oxidação e redução,
focam em suas diferenças e aplicações. uma das bases da eletroquímica. assim como compreender os diversos proces-
sos eletroquímicos mostrados.

Os assuntos predominantes estão relacionados O tópico principal envolve oxirredução, que O assunto mais cobrado envolve os proces-
aos processos eletroquímicos. É fundamental serve de base para melhor compreensão sos eletroquímicos. É importante dominar
que os conceitos que envolvem oxirredução dos processos eletroquímicos. É impor- o assunto de oxirredução, assim como as
estejam fixados, assim como dominar as tante compreender as diferenças e suas diferenças e aplicações de pilhas e eletrólise.
diferenças entres pilha e eletrólise e suas aplicações.
aplicações.
PROPRIEDADES COLIGATIVAS
E ELETROQUÍMICA

5
AULAS 35 e 36 1. Osmose
A osmose é um processo físico-químico espontâneo de
movimentação do solvente entre dois meios com concen-
trações diferentes de soluto, separados por uma membrana
semipermeável.
PROPRIEDADES A capacidade que cada solvente apresenta de atravessar
uma membrana semipermeável está relacionada com a
COLIGATIVAS: sua pressão de vapor: quanto maior a pressão de vapor
OSMOMETRIA da solução, menor será a capacidade de seu solvente de
atravessar uma membrana semipermeável.
A osmose também é uma propriedade coligativa das
soluções, uma vez que depende somente do número de
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7 partículas dissolvidas, e não da natureza dessas partículas
(moléculas ou íons).
HABILIDADES: 17, 21, 24, 25, 26 e 27
Observe o fenômeno da osmose nas figuras:

Osmose entre solvente puro e solução:


As
H2O moléculas
Membrana semipermeável
Molécula de soluto
de água
passam
através da
membrana

Osmose entre soluções com diferentes concentrações:


H2 O As Membrana semipermeável
Moléculas de soluto
moléculas
de água
passam
através da
membrana

Observe que a movimentação das moléculas do solvente ocorre do meio hipotônico (menos concentrado em soluto) para o
meio hipertônico (mais concentrado em soluto) com o objetivo de que a mesma concentração seja atingida em ambos os
meios, tornando-os isotônicos.
A membrana semipermeável é seletiva, visto que ela permite a passagem do solvente, mas não das partículas de soluto. O
papel celofane, a bexiga animal, certos tipos de gelatina e a membrana celular funcionam como membranas semipermeáveis.
Alguns exemplos de osmose no dia a dia:

§ Salgar a carne para conservá-la é uma prática muito comum. Nesse caso, o meio externo está mais concentrado (por
causa do sal), e o meio interno (interior das células da carne) está menos concentrado. Por esse motivo, ocorre a saída de
água das células da carne e dos microrganismos que poderiam causar a deterioração da carne. Como os microrganismos
não conseguem viver em meio muito concentrado de sal, a carne permanece conservada por mais tempo.

6
§ Quando saladas que contêm alface são temperadas,
pode-se verificar que, depois de algum tempo, a alface
3. Leis da osmometria
murcha e ocorre acúmulo de água no recipiente. Isso As leis da osmometria foram descobertas pelo químico
ocorre porque a água difunde das células vegetais da holandês Jacobus H. Van’t Hoff (1852-1911), laureado em
alface (meio menos concentrado) para o meio mais 1901 com o prêmio Nobel de Química. Van’t Hoff desco-
concentrado, que é a solução de vinagre e sal. briu que, em soluções diluídas de solutos não iônicos, a
pressão osmótica independe do soluto e obedece, funda-
mentalmente, a duas leis:

§ Primeira lei – Em temperatura constante, a pressão os-


mótica é diretamente proporcional à concentração molar.

p=K⋅M

Osmoscopia ou osmometria é o estudo e a medição


da pressão osmótica das soluções. § Segunda lei – Em concentração molar constante, a
pressão osmótica é diretamente proporcional à tempe-
ratura absoluta da solução.

p=M⋅T

Para soluções moleculares e diluídas, a equação fun-


damental da osmometria é idêntica à equação dos
gases perfeitos.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube n
p . V = n1 . R . T ⇒ p = ​ __1 ​ . R . T ⇒ p = M . R . T
Experiência - Osmose na Alface V

Em que:

p = pressão osmótica
2. Pressão osmótica (p) R = constante universal dos gases perfeitos
Pressão osmótica é a pressão exercida sobre a solução
para impedir que a osmose ocorra de maneira espontânea. T = temperatura absoluta (K)
Quanto maior a concentração de uma solução, maior será M = concentração molar (mol/L)
a pressão osmótica.
n1 = número de mols do soluto
É interessante notar que, se a pressão mecânica sobre a
solução for maior que a pressão osmótica, o fenômeno
normal se inverterá, ou seja, o solvente passará da solução 3.1. Classificação das soluções
para o lado do solvente puro. Esse processo é denomina-
Considerando duas soluções à mesma temperatura, com
do osmose reversa e é empregado na dessalinização da
pressões osmóticas pA e pB:
água do mar para a obtenção de água potável.
membrana § a solução A é hipertônica em relação à B quando
semipermeável p
pA > pB;

§ a solução A é isotônica em relação à B quando


anteparo p A = p B;

§ a solução A é hipotônica em relação à B quando


pA < pB.
Duas soluções isotônicas também são denominadas soluções
Solvente Puro Solução
isosmóticas ou soluções de igual tonicidade.

7
VIVENCIANDO

É comum a sensação de sede depois da ingestão de doces, como chocolates e balas. Isso ocorre porque os doces
aumentam o nível de glicose extracelular no organismo e geram a hiperglicemia.
Quando uma pessoa ingere muitos doces, o pâncreas libera o hormônio glucagon, que é responsável por interagir
com a glicose e levá-la do meio extracelular para o meio intracelular.
Durante esse processo e depois de consumir muito açúcar, a água é necessária para ajudar na osmose ou difusão
simples da glicose para dentro das células. O responsável por esse processo é o hipotálamo.
Vale lembrar que o açúcar é importante para o organismo, pois garante energia para as funções vitais e atividades
diárias do ser humano.
A necessidade por doces é natural, mas é preciso consumir esse tipo de alimento com muita responsabilidade. Doces
em excesso prejudicam a saúde e podem até levar ao desenvolvimento de diabetes.

3.2. Determinação de Aplicação do conteúdo


massas moleculares
1. Calcule a pressão osmótica, a 27 ºC, de uma solução
A pressão osmótica é um efeito coligativo muito mais pro- aquosa que contém 6 g de glicose (M = 180 g/mol), em
nunciado do que os efeitos tonométrico, ebuliométrico e 820 mL de solução.
criométrico. Por esse motivo, a pressão osmótica pode ser
determinada com precisão e constituir um excelente méto- Resolução:
m
do para determinação de massas moleculares dos solutos. p ⋅ V = ___
​  1  ​ ⋅ R ⋅ T ⇒
M1
Acrescente-se que, numa solução coloidal, os efeitos to-
nométrico, ebuliométrico e criométrico são imperceptíveis. En- ​  6   ​ ⋅ 0,082 ⋅ 300 ⇒ p = 1 atm
p ⋅ 0,82 = ___
180
tretanto, a pressão osmótica pode ser medida e constitui um
dos métodos de determinação da massa média das partículas 2. Uma solução foi preparada com adição de 1,0 grama
coloidais, também denominada massa micelar média. de hemoglobina em água suficiente para produzir 0,10
L de solução. Sabendo que a pressão osmótica (p) dessa
solução é 2,75 mmHg, a 20 ºC, calcule a massa molar da
3.3. Efeito osmótico nas soluções iônicas hemoglobina.

Como a osmose é uma propriedade coligativa, o fator de (R = 62,3 mmHg ⋅ L ⋅ mol–1 ⋅ K–1)
Van’t Hoff (i) também é válido para a equação fundamen-
tal da osmometria, uma vez que, para as concentrações Resolução:
idênticas, as soluções eletrolíticas apresentam efeitos coli-
gativos maiores do que as soluções não eletrolíticas: ​  m   ​ 
p ⋅ V = M R T ⇒ p = _______ R .T ⇒
M ⋅ V(ℓ)

p = M . R .T . i ​  m   ​ R . T
M = ______
π ⋅ V(ℓ)

1 ⋅ 62,3 ⋅ (273 + 20)
Em que: i = 1 + α ⋅ (q – 1); M = ___________
​        ​ ⇒
2,75 ⋅ 0,1
i = fator de Van’t Hoff;
M = 6,63 ⋅ 104 g/mol
a = grau de ionização (ou de dissociação iônica);
q = número de mols de íons originados por mol de soluto; 3. No que se refere a efeitos coligativos, a água do mar
se comporta como uma solução 0,6 M de NaCℓ, com
M = concentração do soluto na solução (mol . L-1). i = 2. Determine a pressão osmótica do mar, a 20°C.

8
Dado R = 0,082 atm ∙ L ∙ mol-1 ∙ K-1 c) Aℓ(NO3)3 → Aℓ3+ + 3 NO​  3-​  ; logo, o valor de q para
nitrato de alumínio é 4.
Resolução: i = 1 + α ∙ (q – 1) → 3,41 = 1 + α ∙ (4 – 1) → α
= 0,803 ou 80,3%.
Usando a equação fundamental da osmometria, tem-se: d) Pelos cálculos do item c, o grau de dissociação não
é 100%.
π = M . R .T . i ⇒
Calculando a pressão osmótica para α = 100%:
⇒ π = 0,6 ∙ 0,082 ∙ (20 + 273) ∙ 2
Como i = 1 + a(q - 1), considerando a = 1, tem-se:
π = 28,83 atm
i = 1 + 1.(4 - 1) = 4
4. São dissolvidos 0,06 mol de nitrato de alumínio Assim:
[Aℓ(NO3)3] em água suficiente para 1.200 mL de
solução. Sabendo que a solução, a 27 °C, apresenta π = M . R .T . i ⇒
pressão osmótica de 4,2 atm, determine: ⇒ π = 0,05 ∙ 0,082 ∙ (27 + 273) ∙ 4
⇒ π = 4,92 atm.
Dado: R = 0,082 atm ∙L ∙ mol-1 ∙ K-1.
a) A molaridade da solução.
b) O fator de Van’t Hoff.
c) O grau de dissociação do sal.
d) O grau de dissociação do nitrato de alumínio é
100%? Qual seria a pressão osmótica, considerando
que o grau de dissociação do nitrato de alumínio é
de 100% e mantendo todas as condições descritas?
multimídia: site
Resolução:
n1 0,06 mol
a) M = __
​   ​ ⇒ M = _______
​   ⇒ M = 0,05 M.
 ​  g1.globo.com/bemestar/noticia/2014/05/medicos-ex-
V 1,2 L
plicam-o-que-pode-causar-sede-e-os-beneficios-de-be-
b) π = M . R . T . i ⇒ ber-agua.html
4,2 = 0,05 ∙ 0,082 ∙ (27 + 273) ∙ i ⇒ i = 3,41.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Por que a pressão sanguínea aumenta com a ingestão de sal? Isso tem tudo a ver com a biologia. Com a ingestão de
sal, ocorre um aumento na pressão osmótica, um aumento da quantidade de água nos líquidos extracelulares (san-
gue e tecido entre as células) e um aumento da pressão arterial. A consequência é uma maior entrada de água nas
células devido à osmose. Se não houver um sistema para remover essa água, a célula inchará progressivamente até
estourar (provocando sua morte). O mecanismo fisiológico para a retirada dessa água, e inclusive dos íons produzidos
dentro da própria célula, é o sistema bomba de sódio e potássio.

9
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

A osmose é um processo muito importante presente na natureza. Por isso, é de extrema importância conhecer
seus fundamentos principais e seus mecanismos de funcionamento.

MODELO 1
(Enem) A lavoura arrozeira na planície costeira da região sul do Brasil comumente sofre perdas elevadas devido
à salinização da água de irrigação, que ocasiona prejuízos diretos, como a redução de produção da lavoura.
Solos com processo de salinização avançado não são indicados, por exemplo, para o cultivo de arroz. As plantas
retiram a água do solo quando as forças de embebição dos tecidos das raízes são superiores às forças com que
a água é retida no solo.
WINKEL, H.L.; TSCHIEDEL, M. Cultura do arroz: salinização de solos em cultivos de arroz. Disponível
em: http//agropage.tripod.com/saliniza.hml. Acesso em: 25 jun. 2010 (adaptado).

A presença de sais na solução do solo faz com que seja dificultada a absorção de água pelas plantas, o que
provoca o fenômeno conhecido por seca fisiológica, caracterizado pelo(a):
a) aumento da salinidade, em que a água do solo atinge uma concentração de sais maior que a das células
das raízes das plantas, impedindo, assim, que a água seja absorvida;
b) aumento da salinidade, em que o solo atinge um nível muito baixo de água, e as plantas não têm força
de sucção para absorver a água;
c) diminuição da salinidade, que atinge um nível em que as plantas não têm força de sucção, fazendo com
que a água não seja absorvida;
d) aumento da salinidade, que atinge um nível em que as plantas têm muita sudação, não tendo força de
sucção para superá-la;
e) diminuição da salinidade, que atinge um nível em que as plantas ficam túrgidas e não têm força de
sudação para superá-la.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A presença de sais na solução do solo faz com que seja dificultada a absorção de água pelas plantas
(devido ao processo de osmose), o que provoca o fenômeno conhecido por seca fisiológica, caracterizado
pelo aumento da salinidade, em que a água do solo atinge uma concentração de sais maior do que a das
células das raízes das plantas, impedindo, assim, que a água seja absorvida.

RESPOSTA Alternativa A

10
DIAGRAMA DE IDEIAS

TEM
SOLUÇÃO SOLVENTE LÍQUIDO

PODE ATRAVESSAR
ESSA PASSAGEM
É DENOMINADA MEMBRANA PERMEÁVEL
SOMENTE AO SOLVENTE

IMPEDIDA QUANDO
APLICA-SE A ÉA
PRESSÃO NECESSÁRIA
OSMOSE PRESSÃO OSMÓTICA
PARA IMPEDIR A OSMOSE
PRESSÃO SUPERIOR
A ELA ACARRETA

OSMOSE RESERVA

USADA NA

DESSALINIZAÇÃO DA
ÁGUA DO MAR

11
Semirreação de redução
AULAS 37 e 38 2 Ag+ + 2 e– → 2 Ag0
ganho de elétrons

Reação Global

Cu0 + 2 Ag+ → Cu2+ + 2 Ag0


ELETROQUÍMICA: Por causa da transferência de elétrons, ocorre uma mu-
dança na carga elétrica das espécies químicas.
OXIRREDUÇÃO Essas cargas elétricas são representadas pelo número
de oxidação (Nox).
Conhecer o número de oxidação de uma espécie química
facilita a compreensão dos processos de oxirredução.
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7
Como determinar o Nox?
17, 18, 21, 24, 25, 26
2. Número de oxidação (Nox)
HABILIDADES:
e 27

O número de oxidação é a carga que o elemento


1. Oxidação e redução adquire quando faz uma ligação iônica ou a carga
parcial (δ) que ele adquire quando faz uma ligação
As reações que pressupõem perda e ganho de elétrons são
predominantemente covalente.
denominadas reações de oxirredução. Algumas são funda-
mentais no mundo, pois fazem parte dos processos que
permitem a manutenção da vida. Exemplos
Um exemplo de reação de oxirredução é a fotossíntese. As
§ Nos compostos iônicos, o Nox corresponde à própria car-
moléculas de clorofila utilizam energia luminosa para pro-
ga do íon (carga real). Essa carga equivale ao número de
duzir o gás oxigênio:
elétrons perdidos ou recebidos na formação do composto.
6 CO2(g) + 6 H2O(ℓ) → C6H12O6 (aq.) + 6 O2 (g) Nox = +1 Nox = –1
Na  +  Cℓ  →  NaCℓ
Outro exemplo é o metabolismo da glicose no organismo: cede 1 e– recebe 1 e–

C6H12O6 (aq.) + 6 O2 (g) → 6 CO2 (g) + 6 H2O(ℓ)


§ Nos compostos moleculares, não há transferência defi-
Os dois casos são reações de oxirredução (também deno- nitiva de elétrons, mas compartilhamento deles. Dessa
minadas reações de oxidorredução). forma, o Nox corresponde à carga elétrica que o átomo
Todas as reações de oxirredução ocorrem com transferência iria adquirir caso a ligação fosse rompida com transfe-
de elétrons. O processo de transferência pode ser facilmente rência de elétrons entre os átomos.
comprovado por meio de um experimento muito simples. Em consequência, o átomo de maior eletronegatividade
Ao introduzir um fio de cobre (Cu) numa solução aquosa receberia os elétrons do outro átomo:
de nitrato de prata (AgNO3), verifica-se, depois de certo H + Cℓ → HCℓ
tempo, que ocorre a formação de um depósito de prata e
que a solução adquire cor azul, característica dos íons Cu2+. Considerando que o átomo de cloro é mais eletronegativo que
o hidrogênio, o átomo de cloro ficaria com o par de elétrons.
As reações envolvidas podem ser representadas pelas se-
guintes equações: Observe esse e outros exemplos na forma de estrutura de
Lewis (fórmula eletrônica):
Semirreação de oxidação
+1
0 -2
Cu 0
→ Cu 2+
+ 2e

+1
perda de elétrons

12
Nota: apesar de o zinco (Zn) pertencer às famílias B (me-
tais de transição), os compostos dele também apresentam
Nox = +2.
c) Alumínio, Aℓ (família 3A / grupo 13)

Se combinados em compostos, os átomos de alumínio


multimídia: vídeo apresentam número de oxidação +3.

Fonte: Youtube
Árvore de Prata - Oxirredução Exemplos:
+3 +3

Aℓ(OH)3 Aℓ2(SO4)3
3. Cálculo do Nox d) Hidrogênio
1. Substâncias simples (formadas por apenas um ele-
mento químico) Se combinados com ametais, os átomos de hidrogê-
nio apresentam número de oxidação +1 (possuem
Os átomos apresentam número de oxidação zero. menos eletronegatividade que os ametais).

Nesse caso, como os átomos são de um mesmo elemento, Exemplos:


eles apresentam a mesma eletronegatividade; numa eventual
+1 +1 +1 +1
quebra da ligação, nenhum átomo perde ou ganha elétrons.
Exemplos: HCℓ H2S H3PO4 NH3

0 0 0 0 0 0 0 Se combinados com metais, nos hidretos metálicos,


H2 O2 O3 P4 Na Cgrafite S8 os átomos de hidrogênio apresentam número de
oxidação –1 (possuem mais eletronegatividade que
2. Metais representativos (famílias A e Hidrogênio) os metais).
a) Metais alcalinos (família 1A / grupo 1): Li, Na,
K, Rb, Cs e Fr
Exemplos:
–1 –1
Se combinados em compostos, os átomos da família dos
metais alcalinos apresentam número de oxidação +1. NaH CaH2

Exemplos: 3. Oxigênio, O (família 6A / grupo 16)

+1 +1
Se combinados em compostos, os átomos de oxigênio
NaCℓ K2SO4 apresentam número de oxidação –2.
Nota: apesar de a prata (Ag) pertencer às famílias B (me-
tais de transição), os compostos dela também apresentam Exemplos:
Nox = +1.
b) Metais alcalino-terrosos (família 2A / grupo 2): –2 –2 –2 –2 –2
Be, Mg, Ca, Sr, Ba e Ra
CaO Na2O H2O Fe2O3 H2SO4
Se combinados em compostos, os átomos da família
dos metais alcalino-terrosos apresentam número de Nos peróxidos, cada átomo de oxigênio apresenta
oxidação +2. número de oxidação –1.

Exemplos:
+2 +2 +2 –1 –1 –1

MgSO4 Ca3N2 BaCℓ2 H2O2 Na2O2 CaO2

13
Nota: quando combinado com o flúor, que é mais eletrone-
gativo, no fluoreto, portanto, o oxigênio apresenta número
4. Variação do Nox nas
de oxidação +2, uma vez que perde dois elétrons para o flúor. reações de oxirredução
+2 Retomando o exemplo da reação entre o cobre e a solução
aquosa de nitrato de prata e associando-o ao conceito de
OF2 Nox, obtém-se:
4. Halogênios (família 7A / grupo 16): F, Cℓ, Br, I
0 +2

Nos compostos, à extrema direita da fórmula, cada Cu0 → Cu2+ + 2 e–


átomo apresenta número de oxidação –1. O cobre sofre uma transformação com perda de elétrons
⇔ aumento do Nox.
Exemplos: A semirreação em que ocorre perda de elétrons é deno-
–1 –1 –1 minada reação de oxidação.
O cobre metálico (Cu) que sofre oxidação é denomina-
NaCℓ CaBr2 FeI3
do agente redutor, uma vez que cede elétrons aos íons
5. O somatório de todos os números de oxidação de um prata (Ag+), provocando a redução desses íons.
composto é zero.
+1 0
Exemplos:
2 Ag+ + 2 e– → 2 Ag0
+1 x –2
A prata sofre uma transformação com ganho de elétrons
H2SO4 ⇔ diminuição do Nox.
2 . (+1) + x + 4 . (– 2) = 0 ⇒ x = +6 A semirreação em que ocorre ganho de elétrons é deno-
minada reação de redução.
+1 x –2 Os íons prata (Ag+) que sofrem redução agem como
HCℓO4 agentes oxidantes, uma vez que recebem os elétrons do
cobre (Cu) que oxidou.
1+ x + 4 . (– 2) = 0 ⇒ x = +7

+1 x –2
5. Variação do Nox nos
H4P2O7
compostos orgânicos
Os números de oxidação usuais dos elementos químicos que
4 . (+ 1) + 2x + 7 . (– 2) = 0 ⇒ x = +5
aparecem mais frequentemente nos compostos orgânicos são:
6. O somatório de todos os números de oxidação de um Hidrogênio: Nox = +1
íon composto é igual à carga desse íon.
Halogênios (F, Cℓ, Br, I): Nox = –1
Exemplos: Oxigênio (O) e enxofre (S): Nox = –2
x –2 Nitrogênio (N) e fósforo (P): Nox = –3
(MnO4)1–
x + 4 . (–2) = –1 ⇒ x = +7

x –2

(PO4)3–
x + 4 . (–2) = –3 ⇒ x = +5 multimídia: site
x +1
https://www.quimicalimentar.com.br/por-que-alimen-
(NH4)1+ tos-estragam/
x + 4 . (+1) = +1 ⇒ x = –3

14
Foi visto que a soma dos números de oxidação de todos
os átomos num composto é igual a zero. Observe alguns O número total de elétrons cedidos é igual
exemplos de cálculos que mostram o número de oxidação ao número total de elétrons recebidos.
do carbono, representado pela letra x:

CH4: x + 4.(+1) = 0 ⇒ x = – 4 6.1. Roteiro para o balanceamento


C2H6: 2x + 6 (+1) = 0 ⇒ x = – 3
.
1. Calcule o Nox de cada elemento.
C2H4: 2x + 4 (+1) = 0 ⇒ x = – 2
.
2. Represente os “ramais” de oxidação e redução com os
CH2Cℓ2: x + 2.(+1) + 2.(–1) = 0 ⇒ x = 0 respectivos números de elétrons cedidos e recebidos.
CCℓ4: x + 4 . (–1) = 0 ⇒ x = 4
3. Escolha uma substância do ramal de oxidação e outra do
ramal de redução. Escolha a substância com maior número
Note que o número de oxidação do carbono varia de –4
de átomos, desde que o Nox das duas substâncias do ramal
para +4, mostrando que ele se comporta ora como ele-
não se repita.
mento eletronegativo, ora como elemento eletropositivo.
4. Multiplique o número de elétrons cedidos ou recebidos
O tipo de cálculo apresentado resulta no número de oxi- pela atomicidade (número de átomos do elemento na
dação global (um valor médio) do carbono no composto. substância) dos elementos que sofrem oxidação e redução.
E se o interesse for descobrir o número de oxidação de um Inverta os resultados obtidos (se possível, simplifique-os),
átomo de carbono específico (isolado) dentro de uma ca- pois eles serão os coeficientes das substâncias escolhidas.
deia carbônica? Para isso, é necessário atribuir esses valo-
res a cada uma das quatro ligações que partem do átomo Exemplo
do carbono considerado: Balanceamento da equação:
§ zero às ligações com outros átomos de carbono (pois CrO3 + SO2 → Cr2O3 + SO3
na covalência C – C , o par eletrônico é repartido por
igual); sofre redução (Nox reduziu) ⇒
recebe / ganha |3 – 6| = 3 elétrons
§ –1 às ligações com o hidrogênio (pois o Nox do hidro-
ramal de redução
gênio é +1); e
+6 –2 +4 –2 +3 –2 +6 –2
§ +1 a cada ligação com elementos eletronegativos –
halogênio, oxigênio, enxofre, nitrogênio, etc. –, pois são CrO3 + SO2 → Cr2O3 + SO3
elementos mais eletronegativos que o carbono. ramal de oxidação
Os exemplos a seguir mostram o número de oxidação de sofre oxidação (Nox aumentou) ⇒ doa /cede |6 – 4|
cada carbono individualmente: = 2 elétrons

–3 –2 –3 –3 0 –3
§ Para o SO2 (sofre oxidação ⇒ agente redutor):
total de elétrons doados
= 1 átomo × 2 elétrons/átomo = 2 elétrons doados

–2 § Para o CrO3 (sofre redução ⇒ agente oxidante):


–3 –1 –3 +3
total de elétrons recebidos
= 2 átomos × 3 elétrons/átomo = 6 elétrons recebidos

–1
De acordo com a regra, os números totais de elétrons
recebidos e cedidos serão os coeficientes “trocados” na
equação:
6. Balanceamento pelo 6 SO2 ⇒ 2 elétrons cedidos
método de oxirredução
O processo de balanceamento se baseia no princípio 2 Cr2O3 ⇒ 6 elétrons recebidos
de que: CrO3 + 6 SO2 → 2 Cr2O3 + SO3

15
Como os coeficientes são múltiplos entre si, podem ser a) NO e H2O.
simplificados: b) Fe e HNO3.

2 : 6 ⇔ 1 : 3 c) Fe e Fe(NO3)2.
d) HNO3 e NO.
Que resulta em: e) HNO3 e Fe
CrO3 + 3 SO2 → 1 Cr2O3 + SO3
Resolução:
Balanceada a equação pelo método das tentativas, final-
mente obtém-se: Calculando os Nox de cada elemento, tem-se:

2 CrO3 + 3 SO2 → 1 Cr2O3 + 3 SO3

− +

Aplicação do conteúdo
1. (UFF) Uma das principais impurezas que existem
nos derivados de petróleo e no carvão mineral é o
enxofre. Quando esses combustíveis são utilizados,
a queima do enxofre produz SO2 de cheiro irritável e
esse, por sua vez, na atmosfera, reage com o oxigê-
nio e se transforma lentamente no SO3. Essa reação
É possível observar que quem reduziu (agente oxidante) foi
é acelerada pela presença de poeira na atmosfera. O o HNO3 e quem oxidou (agente redutor) foi o Fe.
SO3 reage com a água da chuva produzindo o H2SO4, Alternativa E
que é um ácido forte. Durante esse processo, o enxofre
passa por diferentes estados de oxidação. Em relação
às substâncias SO2, SO3 e H2SO4, o número de oxidação 3. (Mackenzie) Um estudante, após ler que o ouro reage
do enxofre é, respectivamente: com água régia, segundo a equação
a) +4, +6, +6.
Au + HCℓ + HNO3 → AuCℓ3+ H2O + NO
b) –4, +4, +6.
c) +2, –3, 0.
afirma que:
d) –2, +3, +6.
e) –4, +6, 0. I. A água régia consiste na mistura de HCℓ com HNO3
na proporção de 3:1, respectivamente.
Resolução: II. O HNO3 é o agente oxidante.

O número de oxidação (Nox) do hidrogênio é +1 e do III. Na reação de 1 mol de ouro, obtém-se dois mols
oxigênio é –2. A partir disso, é possível calcular o Nox do de água.
enxofre em cada composto. Sendo x o Nox do enxofre, IV. O ouro é reduzido a Au3+.
tem-se: Das afirmações feitas, são corretas:
SO2 → x + [2 ∙ (–2)] = 0 x – 4 = 0 → x = +4 a) I , II e III, somente.
SO3 → x + (3 ∙ (–2)] = 0 → x – 6 = 0 → x = +6 b) I e III, somente.
c) II e IV, somente.
H2SO4 → [2 ∙ (+1)] + x + [4 ∙ (–2)] = 0
d) II e III , somente.
→ 2 + x – 8 = 0 → x = +6 e) I, II, III e IV.
Assim, o número de oxidação do enxofre nos compostos Resolução:
SO2, SO3 e H2SO4 será +4, +6 e +6.
Balanceando a equação da reação de ouro com água ré-
Alternativa A
gia, tem-se:
2. (Unitau) Na reação: 1 Au + 3 HCℓ + 1 HNO3 → AuCℓ3 + 2 H2O + 1 NO

Fe + HNO2 → Fe(NO3)2 + NO + H2O Com isso, as afirmativas estão:


não balanceada, o agente oxidante e o agente redutor são, I. Correta, pois a proporção entre HCℓ e HNO3 é de
respectivamente: 3:1, de acordo com a reação balanceada.

16
II. Correta, pois o nitrogênio do HNO3 (Nox = +5) Resolução:
reduziu a NO (Nox = +2), sendo um agente oxidante.
III. Correta, pois formaram-se dois mols de água de De acordo com a equação, o composto KMnO4 (Nox
acordo com a reação balanceada. do Mn = +7) reduz a MnCℓ2 (Nox do Mn = +2) e o
IV. Incorreta, pois o ouro foi oxidado a Au+3. HCℓ (Nox do Cℓ = –1) oxida a Cℓ2(Nox do Cℓ = 0).

Alternativa A Composto ∆Nox Atomicidade Coeficientes

Oxida Cℓ2 0 – (–1) = 1 1×2=2 5 Cℓ2


4. (Udesc) Dada a reação química, cuja equação não
Reduz KMnO4 7–2=5 5×1=5 2 KMnO4
está ajustada,

x KMnO4 + y HCℓ → p KCℓ + q MnCℓ2 + r H2O + s Cℓ2 Assim, as incógnitas serão: x = 2, y = 16, p = 2, q = 2, r =
8 e s = 5. O agente oxidante é o KMnO4 e o agente redutor
Ajuste-a com números inteiros menores possíveis e escolha é o HCℓ.
a proposição CORRETA.
Alternativa E
a) O valor de y é 8.
b) O KMnO4 é o agente redutor na reação.
c) O HCℓ é o agente oxidante na reação.
d) O potássio e o hidrogênio se oxidam durante a reação.
e) O manganês se reduz durante a reação.

VIVENCIANDO

O ferro não existe de forma livre na natureza. Ele existe na forma de seus minérios, ou seja, compostos que contêm
ferro. Os principais são hematita (Fe2O3), magnetita (Fe3O4), siderita (FeCO3), limonita (Fe2O3H2O) e pirita (FeS2).
Para se obter o ferro metálico, é possível realizar transformações nesses minerais. A área que faz a extração de um
metal por meio de seus minerais é a metalurgia, e o ramo que trata apenas da produção de ferro a partir dos minerais
mencionados é a siderurgia, palavra que vem do grego e significa “trabalho feito sobre o ferro”.
Em geral, o mineral utilizado nas siderúrgicas é a hematita, e o processo de produção do ferro é feito em altos-fornos. A princípio,
colocam-se nesses altos-fornos o carvão coque que será queimado para produzir calor. Depois, adiciona-se uma mistura de
hematita, calcário (CaCO3) e carvão coque.
Uma corrente de ar favorece a queima do carvão coque, produzindo-se monóxido de carbono (CO), que reage com a hematita
em uma reação de oxirredução.
Queima do carvão coque:
2 C + O2 → 2 CO
Redução da hematita pelo CO:

3 Fe2O3 + CO → 2 Fe3O4 + CO2

Fe3O4 + CO → 3 FeO + CO2

O óxido de ferro (II) (FeO) reage com o monóxido de carbono, formando ferro metálico (Fe0) e dióxido de carbono:

FeO + CO → Fe + CO2
Disponível em: <http://alunosonline.uol.com.br/quimica/producao-ferro.html>.

17
Metais como o ouro e a prata são considerados nobres, ou seja, são metais resistentes à corrosão e à oxidação, diferen-
temente da maioria dos outros metais. A maioria dos metais é encontrada em combinação com outros materiais, como os
minérios. Existem pouquíssimos metais que são encontrados na forma simples.
Entretanto, deve-se ter cautela ao dizer que metais como ouro e prata não sofrem corrosão ou oxidação. A maioria dos
metais está sujeita à oxidação de sua superfície, isto é, a superfície reage com o oxigênio ou com outros componentes do ar.
As maiores exceções são os metais de cunhagem e os metais do grupo da platina – e mesmo estes reagem com compostos
sulfurados e escurecem em ambientes industrialmente poluídos. Todos os outros metais reagem com a umidade e o oxigênio
do ar, mas, enquanto alguns sofrem forte corrosão, outros parecem ser inertes. Na verdade, todos se oxidam, mas, em muitos
casos, a fina camada de óxido adere firmemente à superfície do metal, evitando o prosseguimento da reação, como é o caso
do alumínio e do titânio. Já o ferro forma óxidos porosos que permitem que a corrosão prossiga. Os aços inoxidáveis são
produzidos através de uma liga de ferro com cromo ou níquel, formando um óxido protetor sobre a superfície, cuja espessura
é tão pequena que o brilho e o aspecto metálico da superfície se conservam.
No caso da prata, por exemplo, ela escurece com o tempo, devido à formação de uma película superficial de sulfeto de prata
(Ag2S), que é de cor preta. Esse fenômeno é causado pelo sulfeto de hidrogênio (H2S) do ar e também pelos compostos
sulfurados existentes nos alimentos que entram em contato com talheres de prata.
Além disso, o fato de algumas pessoas exalarem muito ácido úrico escurece a prata rapidamente. Existem pessoas que, se
colocarem uma corrente de prata, ela escurecerá em questão de horas. Essas pessoas devem utilizar somente prata banhada
a ródio. Produtos à base de cloro (água sanitária, por exemplo), água oxigenada e ácidos (produtos de limpeza de pedras, por
exemplo) são grandes responsáveis pelo escurecimento da prata.
Ambientes carregados de ácidos ou sulfatos (salas de revelação de filmes e fotos, salas de impressoras a laser, etc.) são muito
agressivos à prata.
O ouro, por sua vez, é um metal relativamente inerte e que sobrevive com uma corrosão mínima. São as ligas à base de cobre
e/ou prata que corroem facilmente, resultando em compostos da corrosão da prata e do cobre, que deixam uma enriquecida
e possivelmente enfraquecida superfície de ouro.
Até mesmo o ouro está sujeito a ataques corrosivos, podendo apenas ser oxidado em contato com água régia
(mistura 3 HCℓ : 1 HNO3).

18
DIAGRAMA DE IDEIAS

NÚMERO DE
OXIDAÇÃO

RELACIONA-SE PROPRIEDADE
AO CONCEITO DE DE UM

ELEMENTO GERALMENTE
ELETRONEGATIVIDADE ÍONS
QUÍMICO

QUE PODEM
É UMA NA QUAL
PARTICIPAR DE UMA
REAÇÃO
PROPRIEDADE PERIÓDICA QUÍMICA A SOMA DE TODOS
OS NÚMEROS DE
PODE SER OXIDAÇÃO

SERÁ

REAÇÃO DE CARGA
OXIRREDUÇÃO ZERO (NULA)
DE ÍON
SE A ESPÉCIE FOR SE A ESPÉCIE FOR
ELETRICAMENTE ELETRICAMENTE
NEUTRA CARREGADA (ÍON)

NELA HÁ UM
NA QUAL HÁ
N.º TOTAL DE N.º TOTAL DE
ELÉTRONS ELÉTRONS
VARIAÇÃO DO NOX DE
PERDIDOS RECEBIDOS
UM OU MAIS ELEMENTOS
COM DOIS OU MAIS AMBOS SÃO
REAGENTES NA OXIRREDUÇÃO, IGUAIS
PODE SER
UM DELES É
SOFRE
AGENTE REDUTOR AUMENTO DIMINUIÇÃO
DO NOX DO NOX
DENOMINADO DENOMINADA

AGENTE OXIDANTE SOFRE REDUÇÃO


OXIDAÇÃO

EM QUE OCORRE EM QUE OCORRE


SOFRE PERDA DE GANHO DE
ELÉTRONS ELÉTRONS
SOFRE

19
AULAS 39 e 40 1. Introdução
A Eletroquímica é o segmento da Química que estuda os
fenômenos envolvidos na produção de corrente elétrica a
partir da transferência de elétrons em reações de oxirredu-
ção. Além disso, estuda a utilização de corrente elétrica na
ELETROQUÍMICA: produção dessas reações.
INTRODUÇÃO A Esse estudo pode ser dividido em duas partes: pilhas/bate-
PILHAS E PROCESSOS rias e eletrólise.

ESPONTÂNEOS Pilhas e baterias são dispositivos nos quais uma reação


espontânea de oxirredução produz corrente elétrica.

COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7
2. Pilhas
A primeira pilha elétrica foi criada em 1800 pelo cientista
HABILIDADES:
5, 17, 18, 21, 24, 25, 26 italiano Alessandro Volta (1745-1827). Era constituída por
e 27 um conjunto de duas placas metálicas de zinco e cobre,
denominadas eletrodos (do grego, “percurso elétrico”), e
por algodão embebido em solução eletrolítica, que conduz
corrente elétrica. Cada conjunto de placas e algodão forma uma célula ou cela eletrolítica.
Nessa cela, os elétrons fluem da lâmina de zinco (Zn) para a de cobre (Cu), mantendo a lâmpada acesa durante um pequeno
intervalo de tempo.
A pilha
de Volta

Terminal
Terminal
Positivo
positivo
Disco
Disco
dedeprata
prata
Terminal
Terminal ou cobre
ou cobre
negativo
negativo Cartão
Cartão ou
ou tecido
Tecido

DDisco
isco
de zinco
de zinco

Pilha de volta

Em 1836, essa descoberta foi aperfeiçoada pelo inglês John Frederick Daniell (1790-1845), que dividiu a cela eletrolítica da
pilha em duas partes, ou seja, em duas semicelas. É essa pilha, denominada pilha de Daniell, que será estudada a seguir.

3. Potencial das pilhas Considere os metais de zinco (Zn) e cobre (Cu). Tanto os
íons Zn2+ como os íons Cu2+ têm uma certa tendência
de receber elétrons; no entanto, os íons Cu2+ são os que
3.1. Potencial de redução e sofrem redução.
potencial de oxidação Assim, é possível concluir que a tendência do Cu2+(aq) de
Anteriormente, foi estudado o fenômeno da oxirredução. sofrer redução é maior que a do Zn2+(aq).

20
Por esse motivo, afirma-se que os íons Cu2+ possuem maior
potencial de redução (Ered).

Cu2+(aq) + 2 e–  → Cu  Ered Cu2+ > Ered Zn2+

Nessa pilha, como os íons Cu2+ sofreram redução, o zinco


sofrerá oxidação, o que permite concluir que o zinco apre-
senta maior potencial de oxidação (Eoxi). multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Zn  → Zn2+(aq) + 2 e–  Eoxi Zn > Eoxi Cu
Como fazer uma superpilha caseira

A espécie que apresenta maior Ered sofre redução; dessa


forma, a outra espécie, de maior Eoxi, sofre oxidação. 4. Força de oxidantes e de redutores
Observando a tabela anterior, é possível perceber que o Li+(aq)
Em geral, utiliza-se o potencial de redução para se avaliar apresenta o menor potencial de redução (E0 = – 3,04 V) e que
os fenômenos de oxirredução, bem como para fazer o cál- o F2 (g) apresenta o maior potencial de redução (E0 = + 2,89 V).
culo da diferença de potencial de uma pilha.
redução

A tabela a seguir mostra as semirreações de redução de Li+(aq) + 1 e–   Li (s)  E0red = –3,04 V
vários elementos e seus respectivos potenciais de redução, redução
F2 (g) + 2 e–    2 F–(aq)  E0red = +2,89 V
obtidos, experimentalmente, a 25 ºC e 1 atm (condições
padrão), tomado o hidrogênio como padrão zero. Como o F2(g) apresenta o maior potencial de redução, ele é
o melhor oxidante.

Semirreações de redução E0 (Volt)


Uma vez que a redução é um processo inverso à oxidação,
quanto maior for o E0red de uma espécie, menor será sua fa-
Li1+(aq) + 1 e– → Li (s) –3,05 cilidade em sofrer oxidação, isto é, quanto maior for o Ered,
menor será o Eoxi.
Na1+(aq) + 1 e– → Na (s) –2,71
O Eoxi é numericamente igual ao Ered; , mas com sinal contrário.
Aumenta o caráter oxidante (capacidade de receber elétrons)

Mg2+(aq) + 2 e– → Mg(s) –2,36


redução
Li+(aq) + e–   Li (s)  
Al 3+
(aq)
+ 3 e → Aℓ(s)

–1,68
E0red = –3,04 V/ E0oxi = +3,04 V
Zn2+(aq) + 2 e– → Zn(s) –0,76
redução
F2 (g) + 2e–   2F–(aq)  
Fe2+ (aq) + 2 e– → Fe(s) –0,44
E0red = +2,89 V/ E0oxi = –2,89 V
Ni2+(aq) + 2 e– → Ni(s) –0,23

Pb2+(aq) + 2 e– → Pb(s) –0,13


Como o Li(s) apresenta o maior potencial de oxidação, bem
como o menor potencial de redução, ele é o melhor redutor.
Fe3+(aq) + 3 e– → Fe(s) –0,04

2 H1+ (aq) + 2 e– → H2(g) 0,00 5. Cálculo da voltagem


Cu2+(aq) + 2 e– → Cu(s) +0,34 Nas pilhas, os elétrons fluem, por meio de um fio exter-
no, do eletrodo em que ocorre oxidação (ânodo) para o
I2(s) + 2 e– → 2 I–(aq) +0,54
eletrodo em que ocorre redução (cátodo). Se nesse fio
Ag1+(aq) + 1 e– → Ag(s) +0,80 for instalado um aparelho denominado voltímetro, será
possível medir a força eletromotriz (fem ou ΔE0) da pilha.
Hg2+(s) + 2 e– → Hg(aq) +0,86
Considere o par cobre-alumínio:
Br2(s) + 2 e– → 2 Br–(aq) +1,07 Voltímetro

K+ Cℓ-
Cℓ2 (s) + 2 e– → 2 Cℓ–(aq) +1,36 Ânodo Aℓ Cátodo Cu

Au3+(aq) + 3 e– → Au(s) +1,42 Ponte salina

Aℓ2(SO4)3(aq)
F2(g) + 2 e– → 2 F–(aq) +2,89 CuSO4(aq)

21
O valor indicado em volt (V) pelo voltímetro corresponde à e recebidos nas semirreações:
força eletromotriz da pilha. Nas pilhas comuns, esse valor
Semirreação de redução:
aparece indicado na embalagem externa da pilha.
3 Cu2+ (aq) + 6 e– → 3 Cu (s) E0red = +0,34 V
A diferença de potencial ou ddp (ΔE) de uma pilha depen-
de das espécies envolvidas, das suas respectivas concentra- Semirreação de oxidação:
ções e da temperatura. Por esse motivo, o ΔE é medido na
denominada condição-padrão, que corresponde a espécies 2 Aℓ (s)  →  2 Aℓ3+(aq) + 6 e– E0oxi = +1,68 V
com concentração 1 mol/L e possíveis gases envolvidos _________________________________________
com pressão de 1 atmosfera a 25 ºC. Nessas condições, a
diferença de potencial da pilha será representada por ΔEº. Reação global:

O ΔE0 de uma pilha corresponde à diferença entre os po- 2 Aℓ (s) + 3 Cu2+ (aq) → 2 Aℓ3+(aq) + 3 Cu (s) ΔE0 = +2,02 V
tenciais de redução ou de oxidação das espécies envolvidas:
Nota
ΔE0 = (E0red maior) – (E0red menor) ou
Os valores dos E0 não dependem do número de mol
ΔE0 = (E0oxi maior) – (E0oxi menor)
das espécies envolvidas; eles são sempre constantes
nas condições padrão para cada espécie. Em outras
Considere, como exemplo, uma pilha formada por eletro-
dos de alumínio e cobre, cujos E0red são: palavras, ao multiplicar uma semirreação por uma
constante, o valor do E0 não se altera!
E0 (Aℓ3+ / Aℓ0) = –1,68 V   E0 (Cu2+ / Cu0) = +0,34 V
Para calcular o ΔE0 dessa pilha, recorra à equação:
Observando os potenciais, é possível perceber que o cobre,
com maior potencial de redução, reduz-se, ao passo que o ΔE0 = (E0 red maior) – (E0 red menor)
alumínio se oxida:
ΔE0 = (+0,34 V) – (–1,68 V)

Cu2+(aq) + 2 e–  → Cu(s)  E0red = +0,34 V ΔE0 = +2,02 V

A representação dessa pilha pode ser feita assim:


Aℓ(s)  → Aℓ 3+
 + 3 e   E – 0
= +1,68 V
(aq) oxi Aℓ(s) / Aℓ3+(aq) // Cu2+(aq) / Cu(s)
A equação global da pilha pode ser obtida a partir do uso
ânodo (-) sofre cátodo (+) sofre
de coeficientes que igualem o número de elétrons cedidos oxidação menor Eored redução maior Eored

VIVENCIANDO

É muito provável que você já tenha observado que as pilhas têm certas classificações, como AA ou AAA. Essas identi-
ficações indicam os tamanhos de cada uma delas. “De início, as letras eram uma notação usada apenas entre os es-
pecialistas para dar uma ideia do comprimento, do diâmetro e do formato da pilha”, afirma o químico José Maurício
Rosalen, da Universidade de São Paulo (USP), no campus de Ribeirão Preto (SP). Com o tempo, o procedimento aca-
bou sendo aceito pelo American National Standards Institute, a instituição que cuida de normas técnicas nos Estados
Unidos, e se tornou popular para classificar as pilhas que usamos em casa. A primeira a surgir foi a bateria usada em
lanternas pequenas. “Ela foi chamada arbitrariamente de C. Depois, quando surgiu uma pilha para lanternas maiores,
ela foi batizada com a letra seguinte do alfabeto, o D”, diz outro químico, Henrique Eisi Toma, também da USP.
Com a diminuição do tamanho dos aparelhos, as pilhas menores foram batizadas de A. Ficou definido que ela mediria
17 mm de diâmetro por 50 mm de comprimento. “Depois, a cada redução de tamanho, ocorreu uma repetição da letra.
O modelo AA, a pilha pequena utilizada em teclados ópticos para computadores, tem 14,2 mm por 50 mm. Já a pilha

22
palito, a AAA usada em controles remotos, mede 10,5 mm por 44,5 mm”, afirma Henrique. Você pode estar se per-
guntando: existe alguma pilha B? A resposta é não! Como os fabricantes não seguiram à risca a sequência do alfabeto
na denominação das baterias, essa letra foi deixada de lado nesse batismo elétrico.

6. Espontaneidade I. Considerando que o ferro sofra oxidação:


Fe(s) + Cu2+(aq)  → Fe2+(aq)  + Cu(s) 
de uma reação ΔEpilha = E0 (Cu2+/Cu0) – E0 (Fe2+/Feo)
Todas as pilhas são reações espontâneas. Assim, seu ΔE 0

sempre apresenta valor positivo. = +0,34 – (– 0,44) = +0,78 V — reação espontânea


Para determinar se uma reação é espontânea e pode cons-
II. Considerando que o cobre sofra oxidação:
tituir uma pilha, deve-se separar a reação global nas duas
semirreações. Cu(s) + Fe2+(aq)  → Fe(s) + Cu2+(aq)

Estudando a espontaneidade da reação: ΔEpilha = E0 (Fe2+/Feo) – E0 (Cu2+/Cu0)

Mg2+(aq)  + Ni(s)  → Mg(s) + Ni2+(aq) = – 0,44 – (+0,34) = –0,78 V — reação não espontânea


semirreações
A transferência de elétrons
redução: Mg2+(aq) + 2 e–  → Mg(s)
éA transferência
espontânea de elétrons é espontânea

oxidação: Ni(s)  → Ni2+(aq) + 2 e–

A primeira semirreação corresponde à redução do


magnésio e, de acordo com a tabela de potenciais, seu Fe2+/Feo –0,44V Cu2+/Cu0 +0,34V
E0red = –2,36 V.
A segunda semirreação corresponde à oxidação do níquel,
cujo potencial de oxidação é igual ao inverso do potencial
de redução mostrado na tabela, isto é, +0,24 V.
Considerando que o ΔE pilha é igual à soma dos potenciais
A transferência de
A transferência de elétrons nãoelétrons
é espontânea
de oxidação e redução, obtém-se:
n ã o é espontânea
ΔEpilha = E0red Mg2+  + E0oxi Ni

ΔEpilha = –2,36 + 0,24


ΔE pilha = –2,12 V

§ Como o ΔEpilha é negativo, conclui-se que a reação entre


Mg2+ e Ni0 não é espontânea e não caracteriza uma pi- multimídia: site
lha. Assim, prever se uma reação de oxirredução pode
ocorrer espontaneamente permite que os químicos
antecipem reações indesejáveis (como a corrosão dos mundoestranho.abril.com.br/ambiente/como-e-
metais, por exemplo) e tomem providências para evitar feita-a-reciclagem-de-pilhas-e-baterias/
que ela ocorra.

Exemplo: 7. Corrosão e proteção


Por meio do potencial da semicela Cu /Cu, que é +0,34
de metais
2+

V, e da semicela Fe2+/Fe, que é –0,44 V, pode-se prever que


a corrosão do ferro por íons cobre (II) é espontânea, mas A corrosão é a deterioração de metais pelo processo
a corrosão do cobre por íons Fe(II) não é espontânea. Ob- eletroquímico que ocorre nas reações de oxirredução.
serve os cálculos. Estima-se que aproximadamente 20% de todo o ferro

23
produzido anualmente sejam utilizados, ao custo de bi- oxida-se e evita a corrosão do ferro, motivo pelo qual é
lhões de dólares, para a reposição de equipamentos que denominado metal de sacrifício.
sofreram corrosão.
Um metal utilizado com essa finalidade é o magnésio, cujo
Por que ocorre a formação da ferrugem? potencial de redução é menor – e, consequentemente, cujo
potencial de oxidação é maior – do que o do ferro:
O ferro, por exemplo, enferruja porque se estabelece uma
diferença de potencial (ddp) entre um ponto e outro do E0red Mg = –2,36 V < E0 red Fe = –0,44 V
objeto de ferro. ou
§ Corrosão do ferro E0oxi Mg = +2,36 V > E0 oxi Fe = +0,44 V
O ferro contém pequenas quantidades de impurezas (den- De acordo com a equação:
tre elas, outros metais). Admite-se, por isso, que o ferro, de
Mg(s)  → Mg2+ + 2 e–
um lado, e as impurezas, de outro, funcionem como dois
polos de uma pilha, possibilitando reações do tipo: Observe que, ao se oxidar, o magnésio perde elétrons para
Reação no ânodo: o ferro, que permanece protegido. As placas de magnésio
deverão ser periodicamente substituídas por outras, uma
2 Fe  →  2 Fe3+ + 6 e–
vez que sofrerão corrosão “ao proteger” o ferro.
Reação no cátodo:

​ 3 ​ O (do ar)  +  3 H2O + 6 e–  →  6 OH–


__ 9. Revestimento do ferro
2 2
Chapas de aço podem ser protegidas por uma película de
Reação global:
estanho, que dá origem à lata comum e com a qual são
__3 ​ O +  3 H O  →  2 Fe(OH)
2 Fe0 + ​  fabricadas, por exemplo, as latas de conserva.
2 2  2 3

Para retardar a corrosão do ferro ou do aço em canaliza-


De fato, as reações são mais complicadas. Parte do ferro é oxi- ções de água, oleodutos, cascos de navios, tanques sub-
dada a Fe2+, e parte, a Fe3+, e a ferrugem é uma mistura de terrâneos de combustíveis, etc., é costume ligar a essas es-
óxidos e hidróxidos hidratados de ferro (II) e ferro (III). truturas blocos de outro metal mais reativo do que o ferro,
Na formação da ferrugem: como o magnésio, o zinco, etc.

§ a presença do ar e da umidade são fundamentais, uma Se o potencial de oxidação for superior ao do ferro, como é
vez que fazem parte da reação (sem água e oxigênio, o o caso do magnésio, ele será corroído mais depressa, retar-
ferro não enferruja); dando, assim, a corrosão do ferro ou do aço. Afirma-se, nesse
caso, que o magnésio funcionou como metal de sacrifício.
§ a presença, no ar, de CO2, SO2 e de outras substâncias
Superfície O solo agindo
ácidas acelera a corrosão, uma vez que deslocam a rea-
do solo como eletrólito
ção catódica para a direita (princípio de Le Chatelier); a Cano
corrosão também é acelerada por várias bactérias que de ferro
Fio de cobre
tornam mais ácido o meio; isolado

§ ambientes salinos, como ocorre no mar e em suas vizi- 30 cm


nhanças, aceleram a formação da ferrugem, pois aumen- Terminal
soldado
tam a condutividade elétrica entre os polos da pilha; é o
que acontece nos cascos dos navios, em pontes como a
Rio-Niterói, em tanques de gasolina enterrados nos
postos à beira-mar, etc.

8. Proteção com eletrodo


Metal de sacrifício
(ânodo de magnésio)

ou metal de sacrifício
Para proteger o metal – ferro ou aço – da corrosão, convém
Aplicação do conteúdo
utilizar um metal que apresente maior tendência para a 1. Considere o seguinte quadro, que mostra o resultado
perda de elétrons (maior potencial de oxidação). Esse metal de reações entre metais e soluções aquosas de íons

24
metálicos. O sinal + indica que a reação ocorreu, e o O potencial da pilha formada pela junção dessas duas se-
sinal – indica que não se observou reação. mirreações será:
a) +1,25 V. d) –1,75 V.
Metal
Pb Cu Zn Ag b) –1,25 V. e) +3,75 V.
Solução
c) +1,75 V.
Pb2+ – + –

Cu2+ + + – Resolução:
Zn2+ – – –
Para calcular o potencial da pilha, usa-se a equação:
Ag + + + +
DE = EOmaior – EOmenor, sendo o potencial maior a reação de
redução do Au e o menor a de Ni. Assim, o potencial da
Da análise do quadro, conclui-se que a afirmativa errada é: pilha será:
a) Dentre os metais, o zinco é o que se oxida mais
facilmente. DE = EOmaior – EOmenor
b) Dentre os íons, Ag+ é o que se reduz mais facilmente.
c) Os íons metálicos não são capazes de oxidar a prata. DE = 1,50 – (–0,25)
d) O chumbo é um redutor mais forte que o cobre. DE = 1,75 V
e) O íon Cu2+ é um oxidante mais fraco que Zn2+.
Resolução: E a reação que ocorre é:

Pegando a linha do Pb2+ e fazendo a reação com os metais 2 Au3+ + 3 Ni → 2 Au + 3 Ni2+


Cu, Zn e Ag, tem-se:
Como se trata de pilha, a reação é espontânea; portanto, o
Reação Ocorre a reação? potencial tem de ser maior que zero para que a reação seja
Pb2+ + Cu → Pb + Cu2+ Não
espontânea (ΔE > 0).
Pb + Zn → Pb + Zn
2+ 2+
Sim
Pb + 2 Ag → Pb + 2Ag
2+ +
Não
Alternativa C
3. (Mackenzie) A reação que ocorre em uma pilha é re-
Seguindo o raciocínio, pode-se ver que Ag+ desloca todos presentada pela seguinte equação:
os outros metais, seguido do Cu2+, Pb2+ e Zn2+. Ou seja,
Ag+ tem uma tendência maior de se reduzir (ou seja, tem Mn + Cu2+ → Mn2+ + Cu
o maior), seguido de Cu2+, Pb2+ e Zn2+ (o zinco é o que Sabendo-se que o potencial de oxidorredução do manga-
tem menor tendência a se reduzir, ou seja, tem o menor nês é igual a +1,05 volts e o do cobre é igual a –0,35 volts,
potencial de redução). Sabendo disso, as afirmativas estão: e admitindo-se que a concentração dos íons é unitária, a
a) Correta, uma vez que o zinco é o que tem menor
voltagem da pilha será:
potencial de redução, ou seja, é o que se oxida com
maior facilidade. a) 0,70 volts.
b) Correta, uma vez que a prata é o que tem maior b) –1,40 volts.
potencial de redução, ou seja, é o que se reduz com c) 1,40 volts.
maior facilidade.
c) Correta, uma vez que a prata é o que tem maior d) –0,70 volts.
potencial de redução, ou seja, é o que se reduz com e) n.d.a.
maior facilidade, sendo nenhum dos metais apresen-
tados capaz de oxidar a prata. Resolução:
d) Correta, pois o chumbo se oxida mais facilmente
que o cobre (chumbo é um agente redutor mais forte Para calcular o potencial da pilha, usa-se a equação:
que o cobre). DE = E0maior – E0menor, sendo o potencial maior a reação de
e) Incorreta, pois o cobre se reduz com mais facili- redução do Mn e o menor a de Cu. Assim, o potencial da
dade que o zinco (cobre é um agente oxidante mais
pilha será:
forte que o zinco).
Alternativa E DE = E0maior – E0menor
2. Considere as seguintes semirreações e os respectivos DE = 1,05 – (–0,35)
potenciais normais de redução (E0):
DE = +1,40 V
Ni2+ + 2 e- → Ni0 E0 = –0,25 V
Au3+ + 3 e- → Au0 E0 = +1,50 V Alternativa C

25
4. (FUVEST) Considere os potenciais padrões de redução: maior que a reação de redução do Ce4+ e menor que a do
Sn4+. As equações das semirreações, bem como a reação
Semirreação (em solução aquosa) Potencial (Volt) global, são:
Ce4+ + e- → Ce3+ +1,61
Semirreação (em
Sn + 2 e → Sn
4+ - 2+
+0,15 Potencial (Volt)
solução aquosa)
Qual das reações deve ocorrer espontaneamente?
a) Ce4+ + Sn4+ → Ce3+ + Sn2+ 2 Ce4+ + 2 e- → 2 Ce3+ + 1,61

b) 2 Ce4+ + Sn2+ → 2 Ce3+ + Sn4+


c) Sn4+ + Ce3+ → Ce4+ + Sn2+ Sn2+ → Sn4+ + 2 e- – 0,15
d) Ce3+ + Sn2+ → Ce4+ + Sn4+

Resolução:
Reação global ΔE (Volt)

Como se trata de pilha, a reação é espontânea; assim, o


potencial tem de ser maior que zero para que a reação seja 2 Ce4+ + Sn2+ → 2 Ce3+ + Sn4+ + 1,46

espontânea (ΔE > 0). Para calcular o potencial da pilha,


usa-se a equação: DE = E0maior – E0menor, sendo o potencial Alternativa B

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Você já deve ter presenciado alguém dizendo que ao se colocar a pilha no congelador sua carga é restituída. Mas
será que realmente dá para recarregar a pilha com esse simples método caseiro? A resposta é não! Esse macete
caseiro rende, no máximo, alguns minutos de sobrevida às pilhas. Elas funcionam convertendo energia química em
energia elétrica, pela reação entre duas substâncias. Esse processo acaba liberando gases como hidrogênio e amô-
nio, por exemplo, em bolhas que se movimentam, dificultando a passagem de corrente elétrica no interior da pilha.
Quando há formação de muitas bolhas na pilha, a resistência do sistema aumenta e, consequentemente, abaixa a
força eletromotriz. “Tudo o que a baixa temperatura faz é congelar esses gases, imobilizando-os em bolhas menores.
Isso desobstrui o trânsito daquela carga elétrica que ainda resta, fazendo uma pilha gasta voltar a funcionar mais um
pouquinho, nada além disso”, diz o físico Cláudio Hiroyuki Furukawa, da Universidade de São Paulo.

26
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 5
Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.

A importância da eletroquímica está expressa no cotidiano. Cada vez que são utilizados conceitos físico-químicos, é
importante ter a noção do que está acontecendo no mundo molecular e subatômico. A principal aplicação está dire-
tamente ligada ao uso de aparelhos como carros, pilhas, baterias e qualquer produto que forneça corrente elétrica.

MODELO 1
(Enem) A calda bordalesa é uma alternativa empregada no combate a doenças que afetam folhas de plantas. Sua
produção consiste na mistura de uma solução aquosa de sulfato de cobre (II) (CuSO4) com óxido de cálcio (CaO) e
sua aplicação só deve ser realizada se estiver levemente básica. A avaliação rudimentar da basicidade dessa solu-
ção é realizada pela adição de três gotas sobre uma faca de ferro limpa. Após três minutos, caso surja uma mancha
avermelhada no local da aplicação, afirma-se que a calda bordalesa ainda não está com a basicidade necessária. O
quadro apresenta os valores de potenciais padrão de redução (E0) para algumas semirreações de redução.

Semirreação de redução E0(V)


Ca2+ + 2 e– → Ca –2,87
Fe + 3 e → Fe
3+ –
–0,04
Cu + 2 e → Cu
2+ –
+0,34
Cu + e → Cu
+ –
+0,52
Fe3+ + e– → Fe2+ +0,77
MOTTA, I.S. Calda bordalesa: utilidades e preparo. Dourados: Embrapa, 2008 (adaptado).

A equação química que representa a reação de formação da mancha avermelhada é:


a) Ca2+(aq) + 2 Cu+(aq) → Ca(s) + 2 Cu2+(aq). d) 3 Ca2+(aq) + 2 Fe(s) → 3 Ca(s) + 2 Fe3+(aq).
b) Ca2+(aq) + 2 Fe2+(aq) → Ca(s) + 2 Fe2+(aq). e) 3 Cu2+(aq) + 2 Fe(s) → 3 Cu(s) + 2 Fe3+(aq).
c) Cu2+(aq) + 2 Fe2+(aq) → Cu(s) + 2 Fe3+(aq).

ANÁLISE EXPOSITIVA
Tem-se a aplicação de uma solução de CuSO4(Cu2+(SO4)2–) em uma placa de ferro (Fe0), concluí-se que
Cu2+ e Fe0 estão envolvidos no processo. A partir do quadro, devem ser selecionadas as equações envol-
vidas, ou seja, aquelas que apresentam Cu2+ e Fe0.
Semirreação de redução E0(V)
Fe3+ + 3 e– → Fe – 0,04
Cu2+ + 2 e– → Cu + 0,34
+0,34 V > -0,04 V
Fe3+ + 3 e- → Fe (×2; inverter)
Cu2+ + 2 e- → Cu (×3; inverter)
Semirreação de Oxidação do Ferro: 2 Fe → 2 Fe3+ + 6 e-
Semirreação de Redução do Cobre: 3 Cu2+ + 6 e- → 3 Cu
Equação Global: 3 Cu2+(aq) + 2 Fe(s) → 3 Cu(s) + 2 Fe3+(aq)

RESPOSTA Alternativa E

27
DIAGRAMA DE IDEIAS

CELA ELETROQUÍMICA

PODE SER

CELA GALVÂNICA

FORMADA
POR DUAS

INCLUEM SEMICELAS CADA UM


UM TEM SEU

MEIO CONDUTOR POTENCIAL PADRÃO


IÔNICO DE SEMICELA (Eº)

EXPRESSO
ONDE HÁ
NA UNIDADE

FLUXO DE ÍONS VOLT (V)

USADO PARA CALCULAR

USADO PARA PREVER


FORÇA
ELETROMOTRIZ (ΔEº)
ESPONTANEIDADE
MEDIDA COM FORÇAS OXIDANTES CORROSÕES
DE REAÇÃO DE
OU DE REDUTORES DE METAIS
OXIRREDUÇÃO
VOLTÍMETRO
EVITADAS
POR

QUE USA
METAL DE PROTEÇÃO
SACRIFÍCIO CATÓDICA

28
AULAS 41 e 42 Outra função da ponte salina é manter a neutralida-
de elétrica das soluções nas semicélulas: no ânodo,
a contínua oxidação produz um excesso de carga
positiva; no cátodo, a redução provoca excesso de
carga negativa. Os ânions presentes na ponte salina

ELETROQUÍMICA: PILHA se dirigem para o lado com excesso de carga positiva,


e os cátions vão para o lado com excesso de carga ne-
DE DANIELL E CÉLULA gativa, fazendo com que as soluções se mantenham

DE COMBUSTÍVEL eletricamente neutras.

2. Potencial das pilhas


COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7
2.1. Potencial de redução e
HABILIDADES: 17, 18, 21, 24, 25, 26 e 27 potencial de oxidação
Os eletrodos na pilha de Daniell são de zinco (Zn) e cobre
(Cu). Tanto os íons Zn2+(aq) como os íons Cu2+(aq)apresentam
certa tendência de receber elétrons; no entanto, os íons

1. A pilha de Daniell Cu2+(aq) são os que sofrem redução. Portanto, pode-se con-
cluir que a tendência do Cu2+(aq) de sofrer redução é maior
Na pilha de Daniell, os dois eletrodos metálicos são unidos que a do Zn2+(aq). Por isso, afirma-se que os íons Cu2+ têm
externamente por um fio condutor, e as duas semicelas são maior potencial de redução (Ered).
unidas por uma ponte salina que contém uma solução sa-
Cu(aq)
2+
+ 2 e– → Cu  Ered Cu > Ered Zn
2+ 2+
turada de KCℓ(aq).
De início, o sistema apresentava este aspecto: Nessa pilha, como os íons Cu2+ sofreram redução, o zinco
sofrerá oxidação, o que permite concluir que ele apresenta
maior potencial de oxidação (Eoxi).
Fio condutor Zn → Zn(aq)
2+
+ 2 e–  Eoxi (Zn) > Eoxi (Cu)
Ponte salina (KCℓ(aq))

Zn Cu
Numa pilha, a espécie que apresenta maior potencial
Algodão ou Algodão ou de redução sofre redução. Assim, a outra espécie, de
lã de vidro lã de vidro
menor potencial de redução e, consequentemente, de
maior potencial de oxidação, sofre oxidação.
SO42- Zn2+ SO42- Cu2+

ZnSO4(aq) (incolor) CuSO4(aq) (Azul)


Depois de certo tempo de funcionamento, a pilha apresen-
ta o seguinte aspecto:
Ponte salina
Trata-se de um dispositivo utilizado em eletroquímica
para unir duas semicélulas. A ponte salina é um tubo e-
Cℓ- Cℓ- K+ K+
e-

de vidro em forma de U invertido, com cada uma das


extremidades mergulhada nas semicélulas de uma Zn(s) Cu(s)

pilha. Ela contém uma solução de sal inerte, como ni-


trato de potássio (KNO3) ou cloreto de potássio (KCℓ),
cuja função é permitir o intercâmbio de íons entre as
semicélulas e fechar o circuito para a corrente con- Zn2+ Zn2+
SO42-
Cu2+

tínua produzida entre os eletrodos mergulhados nas Zn2+ Zn 2+


SO 2-
4 Cu 2+

soluções eletrolíticas dessas semicélulas. ZnSO4(aq)


Ânodo Polo -
CuSO4(aq)
Cátodo Polo +
Oxidação Redução

29
O que é possível observar?
1. No eletrodo de zinco:

§ corrosão da lâmina de Zn.


Esse fato pode ser explicado pela semirreação de oxidação:
Zn(s)  → Zn2+(aq) + 2 e–
lâmina  solução multimídia: vídeo
O eletrodo em que ocorre a oxidação é o ânodo. Fonte: Youtube

2. No eletrodo de cobre: Oxirredução: prego e sulfato de cobre

§ espessamento da lâmina de cobre;

§ diminuição da cor azul da solução.


Esses dois fatos podem ser explicados pela semirreação
4. Cálculo da voltagem
de redução: O ΔE0 de uma pilha corresponde à diferença entre os po-
tenciais de redução e de oxidação das espécies envolvidas:
Cu2+(aq)  +  2 e–  → Cu(s)
solução      lâmina

O eletrodo em que ocorre a redução é o cátodo. ΔE0 = (E0red maior) – (E0red menor) ou
Pela análise dessas duas semirreações, é possível concluir ΔE0 = (E0oxi maior) – (E0oxi menor)
que os elétrons fluem do circuito externo do eletrodo de
zinco para o eletrodo de cobre, isto é, os elétrons, uma vez
dotados de carga negativa, migram para o eletrodo posi-
tivo (polo positivo), que, nesse caso, é a lâmina de cobre.
Aplicação do conteúdo
A equação global dos processos ocorridos nessa pilha
pode ser obtida pela soma das duas semirreações: 1. Sabendo que o cobalto pode ceder elétrons espon-
taneamente para os íons Au3+ e considerando a pilha:
ânodo: Zn → Zn2+(aq) + 2e–
Co0 | Co2+ || Au3+ | Au0
cátodo: Cu + 2e → Cu(s)
2+ –

Responda às seguintes perguntas:


reação global: a) Qual é a reação global do processo? Quais as se-
Zn(s) + Cu2+(aq) → Zn2+(aq) + Cu(s) mirreações?
b) Quem se oxida? Quem se reduz?
c) Qual é o eletrodo positivo e o cátodo? Qual é o
O zinco vai A concentração O ZnSO4 formado negativo e o ânodo?
O Cu
sendo gasto da solução de pela reação d) Em que sentido fluem os elétrons pelo fio?
depositou-se
(corroído). CuSO4 vai aumentou a e) Qual eletrodo será gasto? Qual terá sua massa
sobre a
diminuindo. concentração da chapa aumentada?
solução de ZnSO4. de cobre, f) Qual das duas soluções vai se diluir? Qual vai se
aumentando concentrar?
sua massa.
g) Quais os íons em trânsito na solução? Em que sentido?

Resolução:
3. Representação da pilha a) reação global: 3 Co0 + 2 Au3+ → 3 Co2+ + 2 Au0

Representa a Ponte Salina Semirreações:


Zn(s) / Zn || Cu / Cu(s)
}

2+ 2+
(aq) (aq) 3 Co0  →  3 Co2+ + 6 e–
2 Au3+ + 6 e–  →  2 Au0
Lado esquerdo Lado direito
Ânodo Cátodo b) O Co0 se oxida; o Au3+ se reduz.
Polo - Polo + c) Cátodo é o Au0; ânodo é o Co0.
Oxidação Redução d) Os elétrons fluem pelo fio externo do Co para o Au.

30
e) O Co0 será gasto; portanto, a massa do eletrodo de Pode-se afirmar que esse novo potencial:
ouro será aumentada.
a) permaneceu constante;
f) A solução de Au3+ se diluirá; a solução de Co2+ será
concentrada. b) aumentou;
g) Cátions Co2+ vão em direção ao eletodo de ouro c) diminuiu;
(Au0); Au+3 e o ânion que o acompanha vão em di- d) ficou zero;
reção oposta.
e) não pode ser calculado.
2. Considere o esquema a seguir, que representa uma pi-
lha formada de metal cobre em solução aquosa de sulfato Resolução:
de cobre e metal cádmio em solução de sulfato de cádmio.
A pilha é um gerador químico e, dependendo da sua com-
Voltímetro (ddp) posição, pode ocorrer uma diferença de potencial (ddp).
Como todo gerador, à medida que a pilha vai sendo utiliza-
Ponte salina (KCℓ(aq)) da, o seu ddp vai diminuindo até a capacidade de um dos
Ânodo Cátodo
Cd
Cu eletrodos se esgotar.
A ddp de uma pilha depende de vários fatores, como:

§ Concentração – No início do funcionamento da


pilha, a concentração de íons na solução é maior e,
Cd2+ Cu2+
por isso, a capacidade da outra espécie química de
doar elétrons é a máxima. No entanto, com o tempo,
a concentração desses íons vai diminuindo e a ddp
Uma tabela fornece a informação de que os potenciais diminui gradativamente;
padrões de redução do Cu2+ e do Cd2+ são, respectivamen-
te, +0,34 V e –0,40 V, e que a prata é um elemento mais § Temperatura – A elevação da temperatura aumenta
nobre do que o cobre. Assinale a opção que mostra a or- a velocidade das reações, provocando variações na ddp
dem decrescente de facilidade de oxidação dos três metais da pilha.
citados e a diferença de potencial (ddp) da pilha indicada Quando são adicionados cristais de CuSO4 na respectiva
na figura. solução, aumenta a concentração dos íons Cu2+. Com isso,
a) Cu > Ag > Cd; –0,74 V. o potencial do cobre aumenta e é mantido por mais tem-
b) Cd > Cu > Ag; +0,74 V. po nesse valor, antes de começar a diminuir. Esse fato tem
c) Ag > Cu > Cd; -0,06 V. como consequência o aumento da ddp da pilha e maior
d) Cd > Cu > Ag; +0,06 V.
tempo de utilização da pilha até o ddp zerar.
e) Ag > Cd > Cu; –0,74 V.
Alternativa B
Resolução:

Como a prata é mais nobre, isto é, reduz com mais facilida-


de do que o cobre, e pelos valores dos potenciais padrões 5. Pilha ou célula de combustível
de redução, tem-se que a ordem decrescente de facilidade
Diferentemente das pilhas descritas anteriormente, que
de oxidação dos metais é: Cd > Cu > Ag.
são dispositivos de armazenamento de energia elétrica, as
Calculando o potencial da pilha, segue que: pilhas de combustão são dispositivos de conversão con-
ΔE = Eºmaior – Eºmenor tínua de energia química em energia elétrica. De modo
geral, o raciocínio é simples: a queima dos combustíveis
ΔE = 0,34 – (–0,40) produz energia.
ΔE = +0,74V.
​ 1 ​ O → H2O + calor
H2 + __
2 2
Alternativa B
CH4 + 2 O2 → CO2 + 2 H2O + calor

3. Uma pilha de Daniell opera em condições padrões óleo combustível + O2 → CO2 + H2O + calor
com soluções aquosas de ZnSO4 e CuSO4, com diferença
de potencial nos terminais de ΔEº. Cristais de CuSO4 são
adicionados na respectiva solução, alterando o poten- Quando esse calor (energia) obtém um rendimento da or-
cial para ΔE, na mesma temperatura. dem de 40%, ele pode ser usado em usina termoelétrica

31
para produzir eletricidade. Considerando que as combustões A acidez também influi no caráter oxirredutor da água.
são reações de oxirredução, o objetivo das pilhas de combus- De acordo com o princípio de Le Chatelier, um aumento
tão é obter a energia liberada pela combustão diretamente da [H+] deslocará o equilíbrio no sentido do H2O, dimi-
na forma de energia elétrica, o que eleva o rendimento para nuindo, portanto, o teor de oxigênio na água.
cerca de 55%.
Na área da odontologia, reações de oxirredução e fenô-
Pilhas desse tipo foram usadas nas espaçonaves Gemini e menos de formação de pilhas também geram consequên-
Apolo e nos ônibus espaciais. Elas funcionam pela reação de
cias importantes. O amálgama usado em obturações, por
combustão entre o hidrogênio e o oxigênio, produzindo água.
exemplo, é preparado da seguinte maneira: mistura-se 1
e– parte de mercúrio com 1 parte de uma liga em pó con-
ânodo cátodo tendo prata, estanho, cobre e zinco; em poucos segundos,
o amálgama torna-se suficientemente maleável para ser
H2
moldado na obturação; em mais alguns minutos, ele se so-
O2
lidifica o suficiente para suportar a mastigação dos alimen-
eletrodos de tos. Com esse tipo de obturação, é possível que alguém, ao
carbono (grafite)
contendo catalisadores morder acidentalmente um pedaço de papel de alumínio,
2H+
H2(excesso) metalíticos usado para embrulhar bombons e chocolates, sinta um
H 2O choque no dente.
solução aquosa
Esse fenômeno ocorre porque o alumínio fecha o circuito
quente de KOH
de uma pilha e provoca reações do tipo:

2 Aℓ0 + 3 Sn2+ + 9 Ag → 2 Aℓ3+ + 3 Ag3Sn


As pilhas de combustíveis apresentam três compartimen-
tos separados uns dos outros por eletrodos porosos e Nessa reação, o alumínio é o ânodo, o amálgama é o cáto-
inertes. O H2 é injetado num compartimento, e o O2, em do, e a saliva funciona como solução eletrolítica. A corrente
outro. Esses gases difundem-se pelos eletrodos e reagem elétrica gerada atinge o nervo do dente, provocando a sen-
com uma solução eletrolítica de caráter básico contida no sação de choque.
compartimento central. Os eletrodos são inertes, formados O uso de metais ou ligas metálicas diferentes em dentes
de grafita e impregnados de platina. As semirreações que vizinhos pode também causar a formação de pilhas. Nesse
ocorrem são:
caso, não só o paciente pode sentir choques na boca, mas
no cátodo: O2 + 4 H+ + 4 e- → 2 H2O também a corrosão das próprias restaurações odontológi-
no ânodo: 2 H2 →  4 H+ + 4 e- cas pode ser mais rápida.
________________________________________
reação global: 2 H2 + O2 → 2 H2O

6. As reações de oxirredução
e os fenômenos biológicos multimídia: site
As formas de vida vegetal e animal na água dependem do
caráter oxidante ou redutor dela, que é dado pela equação:
mundoestranho.abril.com.br/tecnologia/qual-e-a-
O2 + 4 H+ + 4 e– → 2 H2O diferenca-entre-a-pilha-comum-e-a-alcalina/

O E0 da água varia aproximadamente de +0,3 V (para a


água aerada) a –0,6 V (para a água com pouco ar). Quanto
maior for o valor de Eº, mais oxidante será o meio aquoso.

32
VIVENCIANDO

A Estátua da Liberdade não era originalmente verde. A escultura tem uma camada externa bem fina feita de cobre
que, apesar de ter a espessura de apenas duas moedinhas de um centavo, é bem forte. Para se ter uma ideia da
dimensão da estátua, o cobre utilizado seria suficiente para fazer 30 milhões de moedas.
O cobre não é verde, mas você já viu aquelas moedas de um centavo antigas que ficavam meio esverdeadas com
o tempo? Não acontecia com as que estavam em uso porque elas iam sendo polidas dentro do bolso, da carteira,
etc. Isso porque o cobre sofre um processo de oxidação quando exposto ao oxigênio do ar e da água, quando uma
reação química desenvolve uma crosta geralmente esverdeada em um processo chamado pátina.
Obviamente, o processo era conhecido pelos responsáveis pelo projeto, mas não foi uma preocupação porque a oxi-
dação não gera danos à estrutura. Pelo contrário, a camada verde/azul protege o cobre do processo de corrosão. De
qualquer maneira, é interessante pensar que a estátua foi mudando de cor aos poucos até chegar à sua estética atual
– o processo demorou cerca de trinta anos.

Cartão postal da Estátua da Liberdade, em 1900 – Foto: Detroit Photographic Company

Em 1786, o anatomista italiano Luigi Galvani (1737-1798) dissecou uma rã sobre sua mesa, na qual se encontrava
uma máquina eletrostática. Galvani observou contrações nos músculos do animal no momento em que seu assisten-
te, por acaso, tocou com a ponta de seu bisturi no nervo interno da coxa da rã. Ou seja, isso acontecia no momento
em que os tecidos da rã eram tocados por dois metais diferentes.
Galvani passou a defender, a partir de tal momento, uma teoria que tentava explicar esse fato: a teoria da
“eletricidade animal”. Segundo ele, os metais eram apenas condutores da eletricidade, que, na realidade, estaria
contida nos músculos da rã.
Entretanto, sua teoria estava errada e isso foi constatado pelo físico italiano Alessandro Volta (1745-1827), que
realizou vários experimentos e notou que, quando a placa e o fio eram constituídos do mesmo metal, as convulsões
não apareciam, mostrando que não havia fluxo de eletricidade. Assim, ele passou a defender o conceito (correto)
de que a eletricidade não se originava dos músculos da rã, mas sim dos metais e que os tecidos do animal é que
conduziam essa eletricidade.
Para provar que estava correto, Volta fez um circuito formado por uma solução eletrolítica, ou seja, uma solução com
íons dissolvidos, que ele chamava de condutor úmido ou condutor de segunda classe, colocados em contato com dois
eletrodos metálicos. Esses últimos, Alessandro Volta designava de condutores secos ou condutores de primeira classe.
Ele fez isso por colocar um condutor úmido (que era uma solução aquosa salina) entre dois condutores secos (que eram
metais ligados por um fio condutor). Nesse momento, ele observou que se despertava o fluxo elétrico. Ele passou a
entender também que, dependendo dos metais que ele utilizava, o fluxo da corrente poderia ser maior ou menor. Desse
modo, podemos admitir que a ideia do que é uma pilha já estava sendo entendida e explicada por Volta.
Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/quimica/historia-das-pilhas.htm>.

33
DIAGRAMA DE IDEIAS

TAMBÉM
PILHA CHAMADA DE CELA
ELETROQUÍMICA

ONDE ONDE
OCORRE HÁ
OXIRREDUÇÃO CELA CELA OXIRREDUÇÃO
ESPONTÂNEA GALVÂNICA ELETROLÍTICA NÃO
ESPONTÂNEA
USADA FORMADA
PARA POR DUAS É
GERAÇÃO DE FORÇADA PELA
SEMICELAS
CORRENTE CORRENTE
ELÉTRICA ELÉTRICA
UMA
ATUA
COMO
ÂNODO CÁTODO

ONDE ONDE
OCORRE OCORRE

SEMIRREAÇÃO SEMIRREAÇÃO
DE OXIDAÇÃO DE REDUÇÃO

QUE É QUE É

POLO POLO
NEGATIVO POSITIVO

POIS POIS

DOA RECEBE
ELÉTRONS ELÉTRONS

PARA A DA
PONTE
METÁLICA
DO CIRCUITO

ONDE
HÁ FLUXO DE CORRENTE
ELÉTRONS ELÉTRICA

34
Trata-se de uma reação espontânea, extremamente fácil e
AULAS 43 e 44 violenta, uma vez que permite ao sódio e ao cloro atingi-
rem a configuração eletrônica estável.
Como sempre, o fenômeno também pode ser traduzido por
duas semirreações:

o sódio perde um elétron:


ELETROQUÍMICA: Na → Na+ + e– (oxidação do Na);

ELETRÓLISE ÍGNEA o cloro ganha esse elétron:


Cℓ + e– → Cℓ- (redução do Cℓ);

A espontaneidade dessa reação pode ser confirmada


pelo cálculo de sua fem, com o auxílio da tabela dos po-
tenciais padrão de eletrodo: ΔE0 = 4,07 V. Evidentemen-
COMPETÊNCIAS: 3, 5, 6 e 7 te, a reação inversa não será espontânea, porque essa
reação é a eletrólise.
HABILIDADES:
8, 17, 18, 21, 24, 25, 26
e 27 A reação inversa só vai ocorrer “à força”, uma vez que vai
gastar energia para “arrancar” um elétron do Cℓ– e levá-lo
“de volta” ao Na+. Isso significa forçar o elétron a “subir”
na tabela dos potenciais, do cloro ao sódio, o que vai exigir
1. Eletrólise uma voltagem superior a 4,07 V. É o que está esquemati-
zado na figura a seguir.
Nesta aula, será estudado um fenômeno inverso ao que
ocorre na pilha. Trata-se de um fenômeno em que a corrente
elétrica provoca uma reação de oxirredução: a eletrólise (do
grego: elektron, “eletricidade”, e lysis, “decomposição”).

Eletrólise é a reação de oxirredução provocada por


corrente elétrica.

A eletrólise possui muitas aplicações práticas. Entre as mais


importantes, está a produção de:

§ metais, como Na, K, Mg, Aℓ; 1.2. Como é realizada a eletrólise?


§ não metais, como Cℓ2 e F2; e A eletrólise é realizada com o auxílio de um circuito elétrico,
composto de um gerador elétrico que vai fornecer a energia
§ NaOH.
e de um recipiente denominado célula (ou cuba) eletrolítica.
Com a eletrólise também se realiza a deposição de finas
películas de metais sobre peças metálicas ou plásticas, téc- Fonte de corrente contínua
nica chamada de galvanização, cujos casos mais comuns
são os de deposição de cromo (cromagem), de níquel (ni-
quelagem) e de prata (prateação). Com isso, as peças se
tornam mais brilhantes, bonitas e valiosas, além de resisti-
rem melhor à corrosão.

1.1. Princípios da eletrólise ´ ^

Considere a seguinte reação:


É importante observar que o gerador não pode criar nem
e–
destruir elétrons; ele apenas “injeta” elétrons no circuito
por seu polo negativo e “aspira” um número idêntico de
Na + Cℓ → NaCℓ elétrons por seu polo positivo.

35
Assim: cátodo e polo (–) (redução): 2 Na+ + 2 e– → 2 Na
a) caso não exista um eletrólito na célula, a corrente
ânodo e polo (+) (oxidação): 2 Cℓ → Cℓ + 2 e
– –
elétrica não passará; e 2
_________________________________________________________________
b) caso exista um eletrólito, cada um de seus íons
migrará para o eletrodo de sinal contrário ao seu e lá reação global (eletrólise): 2 Na+ + 2 Cℓ– → 2 Na + Cℓ2
perderá ou ganhará elétrons; fato esse que causará:
§ passagem de corrente elétrica; e A partir da análise da reação global, é possível concluir que
a eletrólise ígnea do cloreto de sódio produz sódio metálico
§ alterações químicas nos íons.
(Na) e gás cloro (Cℓ2), duas substâncias puras indispensá-
Para que tudo isso ocorra, é necessário que: veis na indústria química.
a) a corrente elétrica seja contínua e a voltagem sufi-
ciente para provocar a eletrólise; e Lembre-se: polo positivo “atrai” ânions e polo negativo
b) os íons tenham “liberdade de movimento”: “atrai” cátions.
§ por fusão, ou seja, a substância a ser eletrolisada deve
estar em estado líquido (eletrólise ígnea); ou 2.1. Aplicações da eletrólise
§ por dissolução em um “solvente ionizante”, em geral a ígnea na indústria
água (eletrólise aquosa). Anualmente, a eletrólise ígnea é muito utilizada no pre-
paro de milhões de toneladas de metais que não existem
2. Eletrólise ígnea isolados na natureza (como lítio, sódio, potássio, magnésio,
alumínio, etc.) e que servem como matéria-prima para a
fabricação de medicamentos, alimentos, produtos têxteis
Na eletrólise ígnea, a substância pura está em esta- e derivados do petróleo. Esse processo é realizado a partir
do líquido (fundida), sem que haja água no sistema. da neutralização das cargas dos íons para se obter as subs-
tâncias simples.
Um exemplo desse tipo de eletrólise é a que ocorre com o clo-
reto de sódio (NaCℓ), em que são utilizados eletrodos de plati- 2.1.1. Produção do sódio metálico
na, que são inertes, isto é, não reagem nas condições utilizadas. A obtenção do sódio metálico é feita pela eletrólise ígnea
Cátodo Ânodo do cloreto de sódio (NaCℓ). O composto é aquecido até
801 °C aproximadamente, para que a eletrólise comece.
Além do sódio, obtém-se gás cloro, que é usado no tra-
tamento de água, na produção de PVC e na produção de
Na+()
compostos orgânicos como CCℓ4, CHCℓ3, etc.
C–()
A célula da eletrólise ígnea do NaCℓ tem de ser fechada e
NaC (fundido)
isenta de ar (contém O2) e umidade, pois a água pode reagir
^
violentamente com sódio metálico, podendo causar acidentes.
Fusão do cloreto de sódio: NaCℓ(s) → Na+ (ℓ) + Cℓ– (ℓ)
C2 gasoso

§ Os cátions movimentam-se em direção ao cátodo e


NaC
sofrem descarga elétrica (reação catódica).

§ Os ânions movimentam-se em direção ao ânodo e so-


NaC Fundido
frem descarga elétrica (reação anódica). Na Fundido

Na Fundido
As semirreações que ocorrem nos eletrodos são: Cátodo de aço
cilíndrico
2 Na+() + 2 e- 2 Na ()

– Na+ + e– → Na + 2 Cℓ– → Cℓ2 + 2 e– Tela de ferro

Cátodo Ânodo
Ânodo de grafite
(Redução) (Oxidação) 2 C- () C2(g) + 2 e-

Uma célula de eletrólise para a produção comercial de sódio metálico e


Estabelecida a igualdade entre o número de elétrons perdi- cloro gasoso a partir de NaCℓ fundido.
O sódio líquido flutua no topo do material fundido acima do cátodo e é
dos e o número de elétrons recebidos, e somadas as semir- drenado para um tanque de armazenamento.
reações, obtém-se a reação global da eletrólise: O gás cloro é recolhido acima do ânodo.

36
Eletrodos de
grafite (ânodo)

Fe
(cátodo)
Bolhas de
multimídia: vídeo gás
Fonte: Youtube carbônico Aℓ(ℓ)
Fabricação e obtenção do alumínio
Mistura fundida de Aℓ(ℓ)
criolita e alumina
Célula de eletrólise para a produção de alumínio metálico.
2.1.2. Produção do alumínio metálico
O recipiente de aço atua como cátodo, em que ocorre a re-
O alumínio é um metal bastante utilizado em estruturas e dução dos cátions alumínio, e eletrodos de carbono atuam
em objetos de vários setores da sociedade, como na cons- como ânodos, em que há a oxidação dos ânions oxigênio;
trução civil, nos transportes, em eletroeletrônica, na indús- esse gás oxigênio formado reage com o carbono do eletro-
tria petroquímica e metalúrgica, etc. do e forma o gás carbônico.
O alumínio formado permanece no estado líquido, porque o seu
ponto de fusão é menor que o da mistura “criolita + alumina”,
sendo igual a 660 °C. No entanto, como sua densidade é
maior que a densidade da mistura, ele desce para o fundo
do recipiente, onde é coletado por escoamento.

Aplicação do conteúdo
1. Com relação à eletrólise ígnea do iodeto de magnésio,
MgI2, indique:
a) A semirreação de redução.
b) A semirreação de oxidação.
Minério de bauxita c) A reação global.
d) A substância produzida no cátodo.
O alumínio não aparece na sua forma elementar na natu-
reza, apenas combinado com outros elementos formando e) A substância produzida no ânodo.
compostos como os minérios. O principal minério que pos- Resolução:
sui o alumínio é a bauxita, que contém óxido de alumínio
hidratado (Aℓ2O3 · xH2O) e diversas impurezas. As semirreações que ocorrem são:
Antigamente, o processo realizado para se obter o alumí- Onde ocorre Reação
nio a partir da alumina (Aℓ2O3) da bauxita era caro e ine-
ficiente. Além do mais, a alumina possui ponto de fusão Cátodo Mg2+ + 2 e– → Mg0
em cerca de 2.000 °C, uma temperatura muito elevada.
Ânodo 2 I- → I2 + 2 e–
Contudo, o norte-americano Charles M. Hall (1863-1914)
e o francês Paul Héroult (1863-1914) descobriram que a Global Mg2+ + 2 I– → Mg0 + I2
criolita (Na3AℓF6) atua como fundente da alumina, ou seja,
a criolita consegue baixar o ponto de fusão da alumina a) Semirreação de redução do magnésio:
para cerca de 1.000 °C. Esse método é chamado de Pro- Mg2+ + 2 e– → Mg0
b) Semirreação de oxidação do iodo:
cesso Hall-Héroult ou simplesmente de Processo Hall.
2 I– → I2 + 2 e–
O processo Hall-Héroult consiste em colocar a mistura fun- c) A reação global é:
dida da alumina com a criolita (Aℓ2O3 + Na3AℓF6) num re- Mg2+ + 2 I– → Mg0 + I2
cipiente feito de ferro ou de aço com eletrodos de carbono d) A substância produzida no cátodo é o Mg0.
mergulhados nessa mistura. e) A substância produzida no ânodo é o I2.

37
2. Analise as seguintes afirmações a respeito da eletró- 4. (Unitau) Assinale a alternativa incorreta:
lise ígnea do CaF2 e indique a única que está incorreta: a) Eletrólise ígnea é a reação química provocada pela
a) A redução ocorre no polo negativo com formação passagem de corrente elétrica através de um compos-
de cálcio. to iônico fundido.
b) A oxidação ocorre no polo positivo com formação b) Eletrólise aquosa é a reação química provocada
de gás flúor. pela passagem de corrente elétrica por meio de uma
c) O cálcio deposita-se no cátodo. solução aquosa de um eletrólito.
d) O gás flúor deposita-se no cátodo. c) Com a eletrólise podemos produzir substâncias na
e) O gás flúor deposita-se no ânodo. indústria química como a soda cáustica e hipocloritos.
d) A ddp negativa indica que a reação é espontânea
Resolução: e que poderá ser usada para gerar corrente elétrica.
e) Na eletrólise de uma solução aquosa de KI, o íon
A reação da eletrólise ígnea do CaF2 é: iodeto, quando volta a ser átomo, perde um elétron.
CaF2(ℓ) → Ca(ℓ) + F2(g)
Resolução:
A redução do cálcio ocorre no cátodo (polo negativo) e a
a) Correta. Na eletrólise ígnea, funde-se o composto
oxidação do flúor ocorre no ânodo (polo positivo). Assim,
iônico primeiro para depois passar uma corrente elé-
as alternativas estão: trica através de eletrodos.
a) Correta, a redução ocorre no polo negativo com b) Correta. Na eletrólise aquosa, passa-se corrente
formação de cálcio metálico. elétrica numa solução aquosa contendo íons.
b) Correta, a oxidação ocorre no polo positivo com c) Correta. Podem ser produzidos soda cáustica
formação de gás flúor. (NaOH) pela eletrólise aquosa de NaCℓ e hipocloritos
c) Correta, o cálcio é formado no cátodo. pela reação entre gás cloro com água ou com soda
d) Incorreta, pois o flúor é formado no ânodo. cáustica em meio aquoso.
e) Correta, o flúor é formado no ânodo. d) Incorreta. A ddp negativa indica que a reação não
é espontânea e tem de fornecer corrente elétrica para
Alternativa D
que a reação ocorra.
3. Qual é a reação que ocorre no ânodo da eletrólise e) Correta. Cada íon perde um elétron quando o iode-
ígnea do NaOH, sabendo-se que o OH– descarrega-se e to sofre oxidação formando iodo molecular.
produz água e oxigênio?
Alternativa D
a) 2 OH– → H2 + ½ O2 + 2 e–.
b) 2 OH– → H2O + ½ O2 + 2 e–.
c) 3 OH– → CO2 + ½ O2 + 1 e–.
d) 2 Na+ + 2 e– → 2 Na.
e) 2 Na+ + 2 OH– → H2O + ½ O2 + 2 Na.
Resolução:
Sabendo que no cátodo ocorre a redução e no âno-
do ocorre a oxidação, segue que:

Onde ocorre Reação


Cátodo 2 Na + 2 e– → 2 Na0
+

Ânodo 2 OH → H O + 1 ​ O
2
​   + 2 e
2 2

2 Na + 2 OH– →
+
Global
​ 1 ​ O2
2 Na0 + H2O + __
2
Assim, a reação que ocorre no ânodo é:
2 OH– → H2O + __ ​ 1 ​ O + 2 e–
2 2
Alternativa B

38
VIVENCIANDO

A obtenção do alumínio é um processo caro e, por isso, é economicamente importante reciclar latas de alumínio. Sua
obtenção começa pela bauxita, de onde é retirada a alumina que, por meio do processo de redução, é transformada
em alumínio. A produção é constituída por uma série de reações químicas. Até mesmo a bauxita é formada por um
processo químico natural, proveniente da infiltração de água em rochas alcalinas em decomposição. Esse minério
pode ser encontrado próximo à superfície com uma espessura média de 4,5 metros. Sua extração é geralmente
realizada a céu aberto com o auxílio de retroescavadeiras. Antes de iniciar a mineração da bauxita, é necessário ter
o cuidado de remover a terra fértil sobre as jazidas, juntamente com a vegetação, e reservá-la para o futuro trabalho
de recomposição do terreno. Esse trabalho, que acontece após a extração, é muito importante para a preservação
do meio ambiente.
Depois de minerada, a bauxita é transportada para a fábrica, onde chega ainda em seu estado natural. Lá, é iniciada
a primeira de muitas reações químicas. A bauxita é moída e acrescida de uma solução de soda cáustica, que a trans-
forma em pasta. Aquecida sob pressão e recebendo novas quantidades de soda cáustica, essa massa se dissolve e
forma uma solução que passa por processos de sedimentação e filtragem. Nessa etapa, são eliminadas todas as
impurezas e a solução restante fica pronta para que dela seja extraída a alumina. Em equipamentos chamados de
precipitadores, a alumina contida na solução é precipitada pelo processo de ”cristalização por semente”. O material
resultante precisa ser lavado e seco por aquecimento. Assim, é obtido o primeiro estágio da produção de alumínio: a
alumina, que se apresenta sob a forma de pó branco e refinado, de aspecto semelhante ao açúcar. Nessa fase, o pro-
cesso químico denominado Bayer é o mais utilizado. Nele, a bauxita é dissolvida em soda cáustica e, posteriormente,
filtrada para separar todo o material sólido, concentrando-se o filtrado para a cristalização da alumina. Esses cristais
são secos e calcinados a fim de eliminar a água. Então, a alumina é finalmente transformada em alumínio por meio
de um processo de eletrólise.
Disponível em: <www.ufpa.br/getsolda/docs_graduacao/Trab_obt_aluminio.pdf>.
O Brasil é um dos maiores produtores de alumínio do mundo e uma das maiores reservas gemológicas do planeta.
Um dos principais minerais presentes é a bauxita. Para a produção de metais em geral, há sempre um impacto
ambiental envolvido, principalmente em relação ao solo e às matas. Três características do solo são principalmente
afetadas com a degradação: perda da camada superficial, alteração da estrutura e perda da matéria orgânica. A
extração de minério, a exemplo de algumas outras atividades de exploração de recursos da natureza, causa o ônus,
evidenciando em seus canteiros de obras um rastro da intensa alteração do ambiente, tanto com referência à paisa-
gem local como em profundidades física e temporal. Os solos das áreas degradadas pela extração de bauxita cos-
tumam ter como característica níveis baixos de nutrientes e apresentam propriedades físico-químicas diferenciadas,
quando comparadas ao solo original. A exploração da bauxita gera derrogação da vegetação, realizando alterações
radicais na paisagem, o que prejudica todo o ecossistema. No processo de identificação dos impactos ambientais,
é preciso levar em conta que todos os trabalhos envolvendo mineração possuem relação direta com escavação e
movimentação de terra. Resultante dessas atividades estão o desflorestamento, a mudança da superfície topográfica
da paisagem, a destruição ou deterioração das camadas superficiais do solo, a instabilização de encostas e terrenos
em geral, a erosão e o assoreamento.

39
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 8
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais,
energéticos ou matérias-primas, considerando processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.

A reutilização de produtos naturais tem sido uma das principais preocupações do século XXI. Com matérias-pri-
mas cada vez mais escassas, foi necessário começar a pensar mais em fontes renováveis e, consequentemente,
as ciências da natureza se encarregaram de tornar possível novos processos para a preservação desses materiais.

MODELO 1
(Enem) A obtenção do alumínio dá-se a partir da bauxita (Aℓ2O3∙3H2O), que é purificada e eletrolisada numa
temperatura de 1.000 ºC. Na célula eletrolítica, o ânodo é formado por barras de grafita ou carvão, que são
consumidas no processo de eletrólise, com formação de gás carbônico, e o cátodo é uma caixa de aço coberta
de grafita.
A etapa de obtenção do alumínio ocorre no:
a) ânodo, com formação de gás carbônico;
b) cátodo, com redução do carvão na caixa de aço;
c) cátodo, com oxidação do alumínio na caixa de aço;
d) ânodo, com depósito de alumínio nas barras de grafita;
e) cátodo, com fluxo de elétrons das barras de grafita para a caixa de aço.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A etapa de obtenção do alumínio ocorre no cátodo, com fluxo de elétrons das barras de grafita (ânodo)
para a caixa de aço (cátodo).

RESPOSTA Alternativa E

40
DIAGRAMA DE IDEIAS

CELA ELETRÓLISE
ELETROQUÍMICA

PODE CHAMADA
SER ONDE
OCORRE OXIRREDUÇÃO
CELA
NÃO
ELETROLÍTICA
ESPONTÂNEA
TEM
É
MEIO CONDUTOR
IÔNICO FORÇADA PELA
CORRENTE
PODE
ELÉTRICA
SER

SUBSTÂNCIA
IÔNICA FUNDIDA
(DERRETIDA)

NESSE CASO
É UMA

ELETRÓLISE
ÍGNEA

41
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

O assunto mais recorrente está relacionado com O tema de transesterificação e saponifi-


toda a parte ecológica. Por conta disso, o tema cação é amplamente cobrado devido a
de transesterificação e saponificação é muito sua correlação com a parte ecológica. É
relevante, sendo necessário entender como se relevante entender muito bem as diferenças
dá a produção de biodiesel e processos de das reações, assim como suas aplicações e
reciclagem de gordura. benefícios ambientais.

Transesterificação e saponificação são os tópicos Os conteúdos que abordam as reações de Os temas mais abordados são referentes às
principais abordados. É importante entender suas transesterificação e saponificação são de gran- reações de transesterificação e saponificação,
aplicações, como elas ocorrem e a importância de relevância, já que tratam de assuntos que pois envolvem alguns conceitos de Química
que essas reações têm frente ao ideal ecológico. envolvem algumas áreas da Química verde. verde, a qual é cobrada cada vez mais em
diversos vestibulares.

Os temas mais tratados são aqueles relacio- Os tópicos relacionados às reações de oxirre- Os temas de transesterificação e sapo- As reações orgânicas de oxirredução exigem
nados à Química orgânica, logo, é essencial dução são cobrados de maneira bem direta. Já nificação são cobrados de tal maneira que o aluno compreenda as diferenças nos
entender as reações de oxirredução, suas os assuntos relacionados à transesterificação e que exigem fundamentos baseados nas processos de oxidação e redução, assim
diferenças e aplicações no cotidiano. saponificação exigem conhecimentos referen- diferenças e aplicações práticas. como suas aplicações no cotidiano.
tes às suas diferenças, aplicações e métodos
de obtenção.

UFMG

É relevante entender os diferentes tipos de É comum que sejam cobradas as diferenças Os assuntos que abordam as reações de tran-
reações orgânicas que envolvem oxirredução, que existem nas reações de oxirredução, sesterificação e saponificação são cobrados
porém, é importante também que se entenda porém, torna-se necessário compreender a de modo a identificar as diferenças entra cada
as reações de transesterificação e saponifica- importância das reações de transesterificação reação, assim como suas diferentes aplicações
ção, principalmente suas diferenças. e saponificação. e obtenções.

O tópico que aborda as reações orgânicas Transesterificação e saponificação são As reações orgânicas de oxirredução são
de oxirredução é cobrado de maneira bem assuntos com alta incidência. Por isso, cobradas de maneira bem direta, porém, os
sucinta, porém, é necessário compreender as é necessário entender suas diferenças, temas que abordam transesterificação e sapo-
informações dadas para identificar de maneira reconhecer os padrões das reações e suas nificação exigem o domínio das diferenças e
correta cada tipo de reação. aplicações. aplicações de cada uma das reações.
QUÍMICA ORGÂNICA

43
AULAS 35 e 36

REAÇÕES DE
SUBSTITUIÇÃO EM
AROMÁTICOS E DE Nesse caso, forma-se um produto na posição meta.

ELIMINAÇÃO
1.1.1. Grupos orto-para-dirigentes
Facilitam a reação e orientam a entrada de um segundo
COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7 grupo para as posições orto e para. É o caso, por exemplo,
do grupo CH3 (metil) no tolueno (metil-benzeno):
HABILIDADES: 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27

1. Reações de substituição
em aromáticos
1.1. Dirigência em aromáticos Outro exemplo: monobromação do fenol

Caso exista um grupo (G) ligado ao anel benzênico, ele in-


fluirá em todas as substituições aromáticas. Ocorrerão duas
situações bem distintas.

Principais grupos orto-para-dirigentes


– NH2 ; – OH; – OCH3 ; – CH3 , – CH2 – CH3 … ;
O primeiro substituinte (átomo ou grupo de átomos) de um radicais alquila
hidrogênio do anel benzênico deve orientar a posição na
F, Cℓ, Br, I
qual ocorrerá a segunda substituição. halogênios

Esse primeiro substituinte (G) será denominado grupo diri-


gente e poderá ser de dois tipos: Apresentam regularmente um átomo ou um grupo de
átomos unidos apenas por ligações simples.
Os grupos orto-para-dirigentes permitem no máximo
três substituições no núcleo (anel) benzênico: duas na
posição orto e uma na posição para.

1.1.2. Grupos meta-dirigentes


Nesse caso, formam-se dois produtos: um na posição Dificultam a reação e orientam a entrada de um segundo
orto e outro em para. grupo para a posição meta. É o caso, por exemplo, do gru-
po COOH (carboxila) no ácido benzoico:

44
ácido m-nitrobenzoico
2. Reações de eliminação
Em geral, uma reação de eliminação é o inverso de uma
Principais grupos meta-dirigentes
reação de adição. É necessário o uso de uma substância
– NO2 ; – SO3H ; – COOH ; – CHO ; – CN (agente) que remova os átomos desejados. O produto
orgânico obtido será uma molécula insaturada.
São grupos de átomos em cuja estrutura há pelo me-
nos uma ligação dupla, tripla ou dativa.

Exemplo molécula saturada       molécula insaturada

2.1. Reações importantes


a) Remoção de haleto de magnésio realizada com
magnésio metálico:

1.2. Reações fora do anel benzênico


haleto orgânico alceno haleto de magnésio
Um hidrocarboneto benzênico (aromático) é formado pelo
anel e por uma ou mais ramificações acíclicas e saturadas Nessa reação, o halogênio (X) será F, Cℓ, Br ou I.
(alquilas), ou seja, ramificações semelhantes às dos alcanos
Exemplos:
(observe a seguir o exemplo do tolueno). As reações no
anel foram vistas no item anterior. Br Br
Observe que as ramificações reagem como se fossem alcanos. Br
1,2-dicloro-etano eteno brometo de magnésio

1,2-dicloro-propano propeno cloreto de magnésio


tolueno
b) Desidratação intramolecular de alcoóis realizada
sob aquecimento, em presença de ácido sulfúrico,
Essa reação é idêntica à da cloração do metano e pode
poderoso agente desidratante:
prosseguir em presença de excesso de cloro:

calor
álcool alceno

Exemplos:
Por fim, observe uma diferença importante:

butan-2-ol but-2-eno

Observe que o hidrogênio é removido (juntamente com o gru-


(é uma substituição eletrofílica) po hidroxila, formando água) do carbono menos hidrogenado.

45
Nesse exemplo, R e R’ são grupos metil, etil, etc.
2-metil-ciclohexanol 1-metil-ciclohexeno
Exemplo:
Nas reações de eliminação em que há saída de HX (HCℓ, HBr,
H2O), dependendo do tamanho da cadeia, pode haver mais
de uma opção para a formação dos produtos. Um exemplo
etanol etanol etoxi-etano
é a eliminação de 2-bromobutano: teoricamente, ela poderia
formar tanto o 1-buteno quanto o 2-buteno, observe:

2 KOH
Álcool
2-bromobutano but-1-eno but-2-eno

Quando isso ocorrer, deve-se aplicar a regra de Zaitsev:

A regra de Zaitsev afirma que o produto majoritário


da reação é o alceno mais estável, ou seja, o alceno
multimídia: vídeo
mais substituído. Fonte: Youtube
O carbono escondido no açúcar (Superquímica)
Seguindo essa regra, o produto majoritário da reação
de eliminação do 2-bromobutano será o but-2-eno. Lem-
brando que, nas reações orgânicas, deve-se escrever so-
mente o(s) produto(s) majoritário(s), a não ser que o exer-
cício solicite todos os produtos. Assim:

KOH
Álcool
2-bromobutano but-2-eno

c) Desidratação intermolecular, em que a eliminação


multimídia: site
de água ocorre entre duas moléculas. O produto for-
mado é um éter:
super.abril.com.br/ciencia/por-que-ficamos-de-ressaca/

VIVENCIANDO

O trinitrotolueno (TNT) é um explosivo. Ele possui coloração amarela e sofre fusão a 81 °C. O TNT faz parte de diver-
sas misturas explosivas, como o amatol, uma mistura de TNT com nitrato de amônia. É preparado pela nitração do
tolueno (C6H5CH3), tendo a fórmula química C6H2CH3(NO2)3.
Na sua forma refinada, o trinitrotolueno é completamente estável e, ao contrário da nitroglicerina, é relativamente
insensível à fricção, impacto ou agitação. Isso significa que é necessário o uso de um detonador para provocar sua
explosão. O TNT não reage com os metais nem absorve a água, podendo ser armazenado por longos períodos de
tempo, ao contrário da dinamite.
O TNT é usado como base de uma grandeza escalar para medir a energia liberada em explosões (ver equivalente em
TNT), especialmente explosões nucleares, assim como hipotéticos eventos de impacto de asteroides, que liberariam
quantidades comparadas a milhares ou milhões de toneladas de trinitrotolueno.

46
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O abuso de bebidas alcoólicas causa muita sede no dia seguinte. Isso ocorre porque, quando o álcool é ingerido, a
tendência é de que a substância seja eliminada por meio da urina, podendo levar à desidratação do organismo. A
sede é uma resposta à necessidade corpórea de repor o líquido perdido.
Como é um composto prejudicial ao bom funcionamento das células, o álcool se torna altamente diurético. “Por isso,
o organismo tenta eliminá-lo de alguma forma“, explica o gastroenterologista da Fundação Riograndense Universi-
tária (Furg), Antônio Silva.
De acordo com o especialista, as bebidas com maior teor alcoólico agravam a desidratação. O médico afirma que
tomar água com a bebida diminui os efeitos da ressaca no dia seguinte.
“Ao tomarmos água intercalada com bebida, ajudamos o organismo a se hidratar. Ao mesmo tempo, bebemos
menos, pois reduzimos a capacidade do estômago de receber líquidos“.

2. (UFPE) Considere as seguintes reações orgânicas:


Aplicação do conteúdo
(A) HCCCH3 + H2 → H2CCHCH3
1. Na reação química representada pela equação a se- (B) CH3CH2Cℓ + OH- → CH2CH2 + Cℓ- + H2O
guir, forma(m)-se, preferencialmente, o(s) produto(s): (C) CH3COOCH2CH3 + H2O → CH3COOH + CH3CH2OH
(D) C6H6 + HNO3 → C6H5NO2 + H2O
É correto afirmar que:
I. ( ) A reação A é uma hidratação.
II. ( ) A reação B é uma substituição.
III. ( ) A reação C é uma hidrólise.
IV. ( ) A reação D produz um composto alifático.
V. ( ) Na reação B, o comprimento da ligação carbo-
no-carbono é alterado.
a) 1,2-dibromo-3-metil-benzeno.
b) 1-bromo-2-metil-benzeno e 1-bromo-3-metil-benzeno. Resolução:
c) 1-bromo-benzeno. A. Reação de hidrogenação parcial.
d) 1-bromo-2-metil-benzeno e 1-bromo-4-metil-benzeno. B. Reação de eliminação.
C. Reação de hidrólise de éster.
Resolução:
D. Reação de nitração (substituição) do benzeno.

Como a reação ocorre na ausência da luz, a substituição A partir disso, segue que:
ocorrerá no núcleo e não na cadeia carbônica. Como o I. Falso, pois a reação é de hidrogenação parcial.
grupo metil é orto-para-dirigente, serão formados dois pro- II. Falso, pois a reação é de eliminação.
dutos diferentes: III. Verdadeiro.
IV. Falso, pois o composto formado é aromático.
V. Verdadeiro, pois o comprimento de uma ligação
simples é maior do que o de uma ligação dupla.

Resposta: F, F, V, F, V

Os produtos formados serão 1-bromo-2-metilbenzeno e 3. (FEI) Um hidrocarboneto A, de fórmula C5H12, sofre


1-bromo-4-metil-benzeno. desidrogenação em presença de um catalisador ade-
quado, formando um hidrocarboneto B. A adição de
Alternativa D água ao composto B forma um álcool terciário. Então:

47
a) o hidrocarboneto A é o pentano;
b) o hidrocarboneto B é o 1-penteno;
c) o álcool é o 2-metil-2-butanol;
d) o hidrocarboneto A é o 2,2-dimetil propano;
e) o álcool é o 2-pentanol.
Resolução:

Um álcool terciário de 5 carbonos teria a fórmula a seguir:

Para descobrir os compostos A e B, é necessário fazer uma reação do fim para o começo. Fazendo uma reação de desidrata-
ção desse álcool, obtém-se o composto B:

Composto B
2-metilbut-2-eno
Em seguida, deve-se hidrogenar o composto B para se obter o hidrocarboneto A:

Composto B Composto A
2-metilbut-2-eno 2-metilbutano

Assim, analisando as alternativas, é o álcool terciário o 2-metil-butan-2-ol (ou 2-metil-2-butanol).

Alternativa C

48
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24

Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

A padronização de nomenclaturas ao longo da história da química foi fundamental para seu desenvolvimento.
Com o tempo, mais compostos foram sendo sintetizados, surgindo a ideia de se criar uma linguagem para os
novos compostos químicos.

MODELO 1
(Enem) O trinitrotolueno (TNT) é um poderoso explosivo obtido a partir da reação de nitração do tolueno, como
esquematizado.

A síntese do TNT é um exemplo de reação de:


a) neutralização;
b) desidratação;
c) substituição;
d) eliminação;
e) oxidação.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A síntese do TNT é um exemplo de reação de substituição.

RESPOSTA Alternativa C

49
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA

PODE SER

ORGÂNICA

POR EXEMPLO

HIDROCARBONETO

PARTICIPA DE

REAÇÕES

TAIS COMO

SUBSTITUIÇÃO EM
AROMÁTICOS

INCLUI

ALQUILAÇÃO DE ACILAÇÃO DE
HALOGENAÇÃO NITRAÇÃO SULFONAÇÃO
FRIEDEL - CRAFTS FRIEDEL - CRAFTS

PRODUZ PRODUZ

NITROCOMPOSTO HIDROCARBONETO

PRODUZ PRODUZ PRODUZ


ÁCIDO
HALETO CETONA
SULFÔNICO

50
AULAS 37 e 38 2. Outras oxidações dos álcoois
Diante de oxidantes enérgicos, como KMnO4 (permanga-
nato de potássio) ou K2Cr2O7 (dicromato de potássio) em
presença de H2SO4 (ácido sulfúrico), os álcoois se oxidam,
e os produtos obtidos serão diferentes, conforme o álcool
reagente seja primário, secundário ou terciário:
1. Álcool primário (grupo hidroxila ligado a um car-
REAÇÕES DE OXIDAÇÃO bono primário)
Pode sofrer duas oxidações consecutivas, formando primei-
ramente aldeído e, depois, ácido carboxílico.

COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7
álcool primário aldeído ácido carboxílico
etanol etanal ácido etanoico (ácido acético)
HABILIDADES: 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27
§ Essa reação é responsável pelo fato de o vinho azedar.
O sabor azedo é devido ao ácido acético (etanoico).
O composto intermediário etanal é responsável pela
“ressaca” causada pela ingestão de bebidas alcoólicas.
1. Combustão 2. Álcool secundário (grupo hidroxila ligado a um car-
A combustão é a mais completa das oxidações. Observe a bono secundário)
equação que representa a oxidação completa do metanol: Pode sofrer uma oxidação, formando cetona.

​ 3 ​ O → CO2 + 2 H2O


CH3OH + __ CH3 — CH — CH3   CH3 — C — CH3
2 2 | ||
OH
O
Os dois álcoois geralmente utilizados como combustíveis álcool secundário cetona
propan-2-ol propanona
são o metanol e o etanol.
O metanol é considerado um bom substituto da gasolina, 3. Álcool terciário (grupo hidroxila ligado a um carbono
principalmente em áreas urbanas em que os níveis de po- terciário)
luição produzidos por veículos automotivos são muito altos. Não sofre oxidação. No entanto, se as condições de reação
Isso se deve ao fato de sua queima ser mais completa do forem drásticas, a molécula do álcool terciário se quebrará.
que a da gasolina, o que diminui a poluição atmosférica. O
etanol é utilizado diretamente ou misturado à gasolina. CH3
No Brasil, o álcool utilizado como combustível é o eta- |
nol hidratado, nos carros movidos a álcool, ou o anidro H3C — C — CH3    não há reação.
(sem água), misturado à gasolina, nos carros movidos a |
gasolina. Sua combustão completa pode ser represen- OH
álcool terciário
tada assim:

H3C – CH2OH + 3O2 → 2CO2 + 3H2O


Identificação de álcoois
As três reações anteriores causam resultados tão dife-
rentes que servem para identificar os álcoois, indican-
do se um álcool desconhecido é primário, secundário
ou terciário.

Observe que o Nox (número de oxidação) de ambos os


átomos de carbono da molécula do etanol sofreu aumento, Observe que a obtenção do aldeído, na primeira reação, e a
o que caracteriza as oxidações. obtenção da cetona, na segunda, correspondem à retirada

51
de hidrogênio. Isso possibilita as desidrogenações cata-
líticas, usadas na indústria (a 300 ºC e utilizando o cobre Diferenciação entre aldeídos e cetonas
como catalisador).
Em laboratório, para diferenciar aldeídos de cetonas
por meio de reações de oxidação, são utilizadas algu-
Exemplo: mas misturas oxidantes:
CH3 — CH2 — OH CH3 — C = O + H2
1. Reagente de Tollens – solução aquosa amoniacal
|
de nitrato de prata.
H
álcool aldeído
R – CHO + 2[Ag(NH3)2]OH → R – COONH4 + 2Ag↓ + 3NH3 + H2O
aldeído
3. Redução
espelho de prata
(adere à parte interna
do tubo de ensaio)

A redução é a reação inversa da oxidação. Na redução, uti-


2. Reagente de Fehling – solução aquosa de sulfato
liza-se gás hidrogênio (H2) ou hidrogênio nascente [H], que
de cobre em meio básico e tartarato duplo de sódio
pode ser obtido, por exemplo, a partir da reação entre zinco
e potássio.
e ácido clorídrico.
A redução de aldeídos gera álcoois primários, e a de ceto- R – CHO + 2Cu(OH)2 → R – COOH + Cu2O↓ + 2H2O
aldeído precipitado vermelho
nas, álcoois secundários.
Nota: não é necessário memorizar essas reações,
1. Redução de aldeídos mas estar ciente da existência desses dois testes!

aldeído álcool primário


metanal metanol

2. Redução de cetonas
É possível generalizar uma equação:
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Teste de Tollens

cetona álcool secundário

Observe que, em ambas as reações, o Nox (número de oxida-


ção) do carbono sofreu redução, o que caracteriza a redução. 4. Reações com
compostos de Grignard
Exemplos:
Os aldeídos e as cetonas reagem com os compostos de
Grignard (R–MgX, em que R é um grupo – metil, etil, etc. E
X é um halogênio como o cloro), originando um composto
intermediário que se hidrolisa e dá origem a diferentes ál-
coois, de acordo com o esquema:
ácido carboxílico aldeído álcool
ácido etanoico (ácido acético) etanal etanol d

H
|
H3C — C = O + H2 → H3C — C — OH Exemplo:
| |
δ
CH3 CH3 δ
cetona álcool
propanona propan-2-ol

52
VIVENCIANDO

O bafômetro é um aparelho muito utilizado em fiscalizações policiais para averiguar se os motoristas não estão sob
o efeito de álcool no organismo. Ele serve para estimar, por meio de uma reação química, o nível de embriaguez. O
motorista deve soprar com força em um canudinho ligado ao aparelho, que conduz o ar expirado para um dispositivo
que analisa a concentração de álcool presente nessa amostra de ar expelido.
Um dos tipos de bafômetro existentes contém uma solução de dicromato de potássio (K2CrO7) em meio ácido. É esse
composto que reage com o ar assoprado pelo motorista.
O etanol presente no ar expirado é convertido em ácido acético em uma reação de oxirredução, equacionada a seguir:

3CH3CH2OH + 2K2CrO7 + 8H2SO4 → 3CH3COOH + 2Cr2(SO4)3 + 2K2SO4 + 11H2O

Nessa reação, o etanol é oxidado em ácido acético. O cromo alaranjado, inicialmente presente no ânion dicromato,
é reduzido ao íon cromo (III), verde. Medindo a alteração da intensidade da cor da solução (feito por um medidor
contido no bafômetro), é possível estimar o nível de álcool no sangue do motorista.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Muita gente já viu um amigo de ascendência asiática ficar vermelho depois de tomar cerveja. O rubor é causado por
uma enzima inativa no fígado. O que poucas pessoas sabem é que, além do efeito cromático, o consumo de álcool
por quem possui a mutação aumenta cem vezes o risco de câncer do esôfago.
Diante do problema, o NIH – agência estadunidense de sáude – resolveu investir um bom dinheiro para descobrir
alguma substância capaz de reativar a enzima ALDH2. A revista científica Nature Structural and Molecular Biology
publicou um artigo para descrever a estrutura do composto tão esperado, batizado de Alda-1.
Kenneth Warren, do NIH, afirma que a agência continuará apoiando pesquisas para levar a descoberta das bancadas
do laboratório às estantes das farmácias.
“Terá um grande impacto na saúde pública“, afirma Warren. Cerca de um bilhão de pessoas no mundo têm a forma
inativa da ALDH2. A maioria vive no leste asiático, onde 40% da população possui a enzima inativa.
Depois de ingerido, o álcool desce ao intestino, de onde passa para o sangue. Chega a quase todos os tecidos do
corpo e, por fim, é filtrado no fígado. O órgão transforma-o em acetaldeído e, depois, em ácido acético.
Disponível em: <www.estadao.com.br/noticias/geral,ciencia-tem-saida-para-rubor-de-orientais-ao-beber,493540>.

separadamente, verifica-se, nas mesmas condições


Aplicação do conteúdo de pressão e temperatura, que:
a) o volume de gás oxigênio gasto é menor na queima da
1. Admita que a gasolina e o álcool usados como gasolina;
combustíveis sejam formados unicamente por mo- b) a quantidade de gás carbônico produzida é menor
léculas de fórmula C8H18 e C2H5OH, respectivamente. na combustão do álcool;
Assim, ocorrendo a combustão total de quantidades c) a massa total dos produtos obtidos em cada uma
iguais de moléculas de cada uma dessas substâncias, das reações é a mesma;

53
d) a quantidade de gás carbônico produzida na com- Resolução:
bustão da gasolina é menor; O composto metálico LiAlH4 é chamado de hidreto de lítio
e) o volume de vapor de água produzido nas duas e alumínio (um poderoso agente redutor usado em reações
reações é o mesmo.
orgânicas) e é usado para reduzir praticamente qualquer
Resolução: composto orgânico oxigenado a álcool. Assim, a reação de
redução da 2-butanona é:
Montando as equações de combustão do C8H18 e C2H5OH
e balanceando, tem-se:
LiAlH4

C8H18 + 12,5 O2 → 8CO2 + 9 H2O


Forma-se 2-butanol. Como o carbono que está ligado ao
C2H5OH + 3 CO2 → 2 CO2 + 3H2O
grupo hidroxila é assimétrico, formará uma mistura racêmi-
ca, uma vez que não há preferência em formar um ou outro
Considerando que todos os gases estão à mesma pressão
e temperatura, segue que o número de mol de gases é isômero óptico (no caso, d ou l).
numericamente igual ao seu volume. A partir disso, as al-
Alternativa D
ternativas estão:
a) Incorreta, pois a quantidade de oxigênio utilizada 4. (UFF) Por meio da reação de butanona com cloreto
na queima da gasolina é maior. de metilmagnésio (H3C-MgCl), obtém-se o composto X
b) Correta, pois a quantidade de CO2 liberada na que, por sua vez, em reação com a água, origina o com-
combustão do álcool é menor em relação à gasolina. posto denominado:
c) Incorreta, pois na queima de 1 mol de gasolina ob- a) 2-metil-2-butanol. d) 3-metil-2-butanol.
tém-se 514 g de produtos e na queima de 1 mol de b) 2-pentanona. e) 2-pentanol.
álcool obtém-se 142 g de produtos. c) pentanal.
d) Incorreta, pois, de acordo com a equação, a quan-
tidade de CO2 liberada na combustão da gasolina é Resolução:
maior em relação ao álcool.
A sequência da reação é:
e) Incorreta, pois na queima da gasolina são produ-
zidos 9 mols de água, enquanto que, na queima do 1 – Reação entre butanona e cloreto de metilmagnésio:
álcool, são produzidos 3 mols de água.

Alternativa B

2. (Mackenzie) O nome de um composto que não sofre oxi-


dação, quando em presença de KMnO4 em meio ácido, é:
2 – Reação do composto intermediário com água:
a) etanol; d) 1-butanol;
b) 2-pentanol; e) propanal.
c) 2-metil-propanol;

Resolução: Assim, o produto formado é o 2-metil-butan-2-ol (ou


Todas as alternativas tratam de álcool ou aldeído. Enquan- 2-metil-2-butanol).
to o aldeído sofre oxidação, o tipo de álcool que não sofre Alternativa A
oxidação é o álcool terciário. Dentre as alternativas, o único
álcool terciário é o 2-metil-propanol.

Alternativa C

3. (ITA) Qual opção se refere ao(s) produto(s) da reação


entre 2-butanona e o hidreto metálico LiAlH4?
a) Butano.
multimídia: site
b) 1-Butanol.
c) Ácido butanoico. www.fciencias.com/2014/10/02/teste-de-tollens-labo-
d) Mistura racêmica de 2-butanol. ratorio-online/
e) Ácido propanoico e ácido etanoico.

54
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24

Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Entender a forma com que as moléculas se dispõem no espaço é fundamental, ainda mais quando se trata de
química orgânica. Quando um composto é analisado, algumas de suas propriedades físicas podem ser a chave
para a identificação do composto.

MODELO 1

(Enem) A maioria dos alimentos contém substâncias orgânicas, que possuem grupos funcionais e/ou ligações
duplas, que podem ser alteradas pelo contato com o ar atmosférico, resultando na mudança do sabor, aroma
e aspecto do alimento, podendo também produzir substâncias tóxicas ao organismo. Essas alterações são
conhecidas como rancificação do alimento.
Essas modificações são resultantes de ocorrência de reações de:
a) oxidação;
b) hidratação;
c) neutralização;
d) hidrogenação;
e) tautomerização.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Essas modificações são resultantes de ocorrência de reações de oxidação.

RESPOSTA Alternativa A

55
DIAGRAMA DE IDEIAS

REAÇÕES ORGÂNICAS

INCLUEM

É O OPOSTO DE
OXIDAÇÃO REDUÇÃO

PODEM ENVOLVER

ÁLCOOL

ÁLCOOL ÁLCOOL ÁLCOOL


PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO

OXIDA A OXIDA A NÃO É OXIDADO


OU SOFRE

ALDEÍDO CETONA

OXIDA A
NÃO É OXIDADA
OU SOFRE
ÁCIDO QUEBRA DE
CARBOXÍLICO CADEIA

56
§ Teste de Bayer
AULAS 39 e 40 Alcenos e ciclanos (cicloalcanos) possuem a mesma fórmu-
la geral CnH2n. Por isso, é frequente a ocorrência de alcenos
e ciclanos isômeros.
Para diferenciá-los em laboratório, o químico alemão Adolf
Von Baeyer (1835-1917) elaborou um teste baseado na
oxidação branda com KMnO4 (de cor violeta).
OXIDAÇÃO DE ALCENOS alceno  
[O] brando/H2O
   reage
[O] brando/H2O
ciclano     não reage

Alcenos reagem porque possuem ligação dupla; os cicla-


nos, não. Em razão disso, a cor violeta do KMnO4 desapa-
COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7 rece se a substância for alceno, mas não desaparece se for
ciclano. Esse é o teste de Baeyer.
HABILIDADES: 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27

1. Oxidação de alcenos
Alcenos (alquenos) sofrem reações de oxidação de três tipos: multimídia: vídeo
§ oxidação branda; Fonte: Youtube
§ ozonólise; Teste de Baeyer
§ oxidação enérgica.
Cada caso ocorre de acordo com o meio reacional, que
compreende os reagentes utilizados, o pH e a temperatura. 3. Ozonólise
2. Oxidação branda O agente oxidante [O] é o ozônio (O3) na presença de
água e zinco metálico (Zn).
O agente oxidante, representado como [O], é o perman-
ganato de potássio (KMnO4) em meio neutro ou ligeira-
mente básico, diluído e “a frio” (a baixas temperaturas). Os átomos de oxigênio do ozônio se ligam aos carbonos
da dupla ligação do alqueno, originando um composto
intermediário instável denominado ozoneto ou ozonida, o
O KMnO4 é denominado reativo de Bayer, cuja solução
qual, por sua vez, hidrolisa-se, dando origem a aldeídos e/
aquosa apresenta coloração violeta.
ou cetonas.
Exemplos: O zinco reage com o H2O2 que é produzido na reação, evi-
tando que ele oxide o aldeído produzido e transformando-
OH OH
|  | -o em ácido carboxílico. A presença de água é fundamental
[O] brando/H O
H3C – CH = CH2 H3C – CH – CH2
2
para evitar as explosões que poderiam ocorrer caso a ozo-
propeno   diálcool vicinal
nólise fosse realizada na sua ausência.

    OH OH Exemplo:
   |  |
[O] brando/H O [O]/H2O/Zn
H3C – C = C – CH3
2
H3C – C – C – CH3 H3C – C = CH – CH3 H3C – C = O + O = C – CH3 + H2O2
|  |  |  | |           |    |
  
H CH3 H  CH3 CH3          CH3   H
metil-but-2-eno    diálcool vicinal cetona aldeído
           

57
4. Oxidação enérgica H3C – C = CH2
[O] enérgico
H3C – C = O + CO2 + H2O
|          |
H           OH
O agente oxidante é o KMnO4 (permanganato de potás-
sio) ou o K2Cr2O7 (dicromato de potássio) concentrados,
2. Carbono secundário (ligado a dois outros carbonos) pro-
em meio ácido e “a quente” (com aquecimento).
duz ácido carboxílico:
[O] enérgico
H3C – C = C – CH3 H3C – C = O + O = C – CH3
O alceno reage com um agente oxidante capaz de quebrar | | | |
a molécula na ligação dupla; além disso, caso seja formado H H OH HO
aldeído, é capaz de oxidá-lo a ácido carboxílico. ácido carboxílico

3. Carbono terciário (ligado a três outros carbonos)


[O] enérgico produz cetona:
H3C – C = CH – CH3 H3C – C = O + O = C – CH3 + H2O2 [O] enérgico
|          |    | H3C – C = C – CH3 H3C – C = O + O = C – CH3
CH3          CH3   OH | | | |
cetona ácido carboxílico H3C CH3 H3C CH3
cetona

Se a ligação dupla encontrar-se na extremidade da cadeia, A importância dessa reação consiste na quebra da molécu-
o − CH2 terminal vai se transformar em ácido carbônico, la do alceno em moléculas menores, as quais, se identifica-
que se decompõe em CO2 e H2O. das, permitem a identificação do alceno inicial. É possível
determinar a posição da ligação dupla inicial antes de a
[O] enérgico
oxidação enérgica ocorrer.
H3C – HC = CH2 H3C – C = O + O = C – OH
|     |
OH    OH

H2CO3

ácido carbônico (H2CO3) é instável


e se decompõe em CO2 e H2O.

O produto obtido na oxidação enérgica depende da


multimídia: site
posição da ligação dupla.
1. Carbono primário (em extremidade de cadeia) produz www.fciencias.com/2014/10/02/teste-de-tollens-labo-
CO2 e H2O: ratorio-online/

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Os alcenos reagem com uma solução de permanganato de potássio (KMnO4) em meio básico, a frio, ocorrendo a oxi-
dação do alceno (o Nox dos carbonos da insaturação aumenta) e a formação de um diol vicinal (um diálcool em que
os grupos OH encontram-se em carbonos vizinhos). Além disso, a solução, que era violeta, fica descorada e aparece
um precipitado castanho, que é o MnO2 – óxido de manganês (IV).
Decomposição da solução de permanganato de potássio:

2KMnO4 + H2O → 2KOH + 2MnO2 + 3[O]


reagente de óxido de
Bayer manganês (IV)
(violeta) (castanho)

58
Oxidação branda de um alceno:
[O]/H2O
H2C CH2 H2C CH2

||

|
| |
OH OH

Essa reação é importante, pois permite verificar visualmente se ocorreu a reação química. Os alcenos formam isôme-
ros com muitos cicloalcanos, isto é, possuem a mesma fórmula molecular, mas estruturas e propriedades diferentes.
Os ciclanos não reagem com o reagente de Baeyer, sendo que a solução permanece na cor violeta. Assim, se o
objetivo for identificar se determinada substância é um alceno ou um cicloalcano, basta colocá-la para reagir com
o permanganato: se formar o precipitado castanho, é um alceno; se permanecer violeta, é um ciclano. Esse é o cha-
mado teste de Baeyer.

Mostre a utilidade ou não de cada um desses procedimen-


Aplicação do conteúdo tos para distinguir esses dois álcoois, indicando os produ-
1. Para determinar o alqueno de uma amostra da fór- tos formados na desidratação e na oxidação.
mula molecular C4H8, um químico realizou a oxidação Resolução:
enérgica do composto e obteve gás carbônico, água e
um ácido carboxílico. Item I. Fazendo a desidratação dos compostos e posterior
Com base nessas informações, qual é o nome do alqueno adição de bromo nos produtos formados, tem-se:
presente na amostra? 1-butanol:

Resolução:
I. Como na oxidação enérgica ocorreu a produção de gás
carbônico (CO2), o alqueno deve apresentar uma dupla li-
gação na extremidade da cadeia.
[O], enérgica 2-butanol:
= CH2   CO2 + H2O
II. Como o outro produto obtido é um ácido carboxílico, o
alqueno deve apresentar cadeia normal, e o ácido formado
deve ter 3 carbonos.
[O], enérgica
H3C — CH2 — C =   H3C — CH2 — C = O
| |
H OH Nota: na desidratação do 2-butanol, o produto majoritário
Conclusão: o alceno em questão é o H 3C – CH2 – CH = CH2 é o 2-buteno.
(but-1-eno) Conclusão: apesar de formarem produtos diferentes, o pro-
cedimento I não é útil para distinguir os dois álcoois, pois o
2. Para distinguir o 1-butanol do 2-butanol foram propostos
dois procedimentos:
produto da desidratação de ambas as reações descoram a
solução de bromo, não sendo possível distinguir a olho nu.
I. Desidratação por aquecimento de cada um desses compos-
Item II. Fazendo a oxidação parcial dos compostos e pos-
tos com ácido sulfúrico concentrado e isolamento dos produ-
terior adição de reagente de Tollens (solução amoniacal de
tos formados. Adição de algumas gotas de solução de bromo
nitrato de prata utilizada para diferenciar aldeídos de ceto-
em tetracloreto de carbono (solução vermelha) aos produtos
nas) nos produtos formados, tem-se:
isolados e verificação da ocorrência ou não de descoramento.
1-butanol:
II. Oxidação parcial de cada um desses compostos com
dicromato de potássio e isolamento dos produtos forma-
dos. Adição de reagente de Tollens aos produtos isolados e
verificação da ocorrência ou não de reação (positiva para
aldeído e negativa para cetona). Como forma aldeído, positivo para reagente de Tollens.

59
2-butanol:

Como forma cetona, negativo para reagente de Tollens.


Conclusão: o procedimento II é útil para distinguir 1-butanol do 2-butanol.
3. Dê as equações orgânicas que representam a ozonólise em presença de zinco e água dos seguintes compostos:
1. 2-metilpent-2-eno.
2. 2-metil-but-1-eno.
3. 4-etil-2,5-dimetilepta-2,4-dieno.
Resolução:
2-metilpent-2-eno: forma propanona e propanal.

2-metil-but-1-eno: forma metanal e butanona.

4-etil-2,5-dimetilepta-2,4-dieno: forma butanona, 2-oxobutanal e propanona.

4. A e B são dois compostos orgânicos de mesmo peso molecular que, por oxidação com permanganato de potássio
em meio ácido, geram como produtos, respectivamente, butanona e o ácido butanoico.
a) Qual o tipo de isomeria existente entre os compostos A e B? Justifique sua resposta.
b) Qual o produto orgânico resultante da desidratação do composto B?

Resolução:

Para identifcar quais são os compostos A e B, deve-se realizar uma reação inversa, ou seja, redução dos produtos: butanona
provém do 2-butanol, e ácido butanoico provém do 1-butanol.
a) A isomeria que tem entre 1-butanol e 2-butanol é de posição.
b) A reação de desidratação do composto B (1-butanol) é:

Intermolecular:

Intramolecular:

60
DIAGRAMA DE IDEIAS

REAÇÕES
ORGÂNICAS

INCLUEM

OXIDAÇÃO

PODE ENVOLVER

ALCENO

PODE SOFRER

OXIDAÇÃO BRANDA OXIDAÇÃO


(DI-HIDROXILAÇÃO) ENÉRGICA

EMPREGADA NO OZONÓLISE CAUSA

CAUSA
TESTE DE BAEYER ROMPIMENTO DA
MOLÉCULA NA DUPLA

61
AULAS 41 e 42
O O
|| ||
R – C – OH + H – N – R' R – C – N – R' + H2O
| |
H H

ESTERIFICAÇÃO,
ácido carboxílico amina amida água

HIDRÓLISE E
CONDENSAÇÃO AMÍDICA
2.1. Aminoácidos
Os aminoácidos importantes apresentam estrutura típica:

COMPETÊNCIAS: 3, 5, 6 e 7

HABILIDADES: 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27

O grupo R pode ser: –H, –OH, –CH3 ou outros agrupamen-


1. Esterificação e hidrólise tos atômicos.
A esterificação ocorre quando um ácido reage com um Observe que os aminoácidos apresentam o grupo ami-
álcool, produzindo éster e água; a reação inversa é deno- no (–NH2), de caráter básico, e carboxila (–COOH), cujo
minada hidrólise de éster. caráter é ácido. Por esse motivo, aminoácidos – iguais ou
diferentes – podem sofrer reação de condensação amídi-
esterificação
ca e formar os polipeptídeos, que, por sua vez, constituem
R – C   + HO – R'      R – C   +  H2O as proteínas:
hidrólise

ácido carboxílico    álcool     éster     água


Verifica-se experimentalmente que, se essas reações ocor-
rerem entre um ácido carboxílico e um álcool primário, a
água será formada pela hidroxila (OH) do ácido e pelo hi-
drogênio do grupo OH do álcool.
+ H2O
Exemplo

ligação peptídica ou amídica


ácido etanoico etanol etanoato de etila água
(acético)

Caso sejam utilizados álcoois secundários ou terciários, a


água será formada pela hidroxila (OH) do álcool e pelo hi-
drogênio do grupo OH do ácido.

2. Condensação amídica multimídia: vídeo


– formação de amidas Fonte: Youtube
Ácidos carboxílicos reagem com aminas e formam amida Reação de Esterificação
e água.

62
Exemplos:

VIVENCIANDO

O compositor Johann Sebastian Bach adorava um cafezinho. Assim como os escritores Voltaire e Balzac e muitas outras
grandes mentes. Contudo, o tipo de trabalho que eles realizavam não necessariamente era beneficiado por um elevado
consumo de café – a não ser que eles fossem gênios tão grandes a ponto de encarar a construção das suas obras como
um trabalho simples, natural, como se estivessem em uma linha de montagem, fazendo tudo sem pensar demais.
O consenso geral nos estudos sobre cafeína indica que ela pode melhorar a produtividade, mas principalmente em
certos tipos de atividade. Para pessoas cansadas que estão realizando um trabalho relativamente direto, que não
exige muito pensamento abstrato ou raciocínio, o café demonstrou aumentar a quantidade e a qualidade dos resul-
tados. A cafeína também demonstrou ajudar na criação e na retenção de “memória declarativa”, o tipo que é mais
usado por estudantes para lembrar de listas ou decorar respostas de questões para provas.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Os ésteres são substâncias comuns na natureza. São encontrados:


§ nos óleos e nas gorduras;
§ nas essências de frutas, de madeiras e de flores;
§ nas ceras, como a de carnaúba e a de abelhas; e
§ nos fosfatídeos, como os existentes no ovo e no cérebro.

Os ésteres essenciais de flores e frutas são normalmente formados por cadeias de carbono pequenas e médias (até
oito carbonos), possuem aroma agradável e estão presentes em flores e frutos. Eles podem ser obtidos artificialmente
e empregados em alimentos, como refrigerantes, sorvetes, doces, balas e em xaropes diversos. Um exemplo é o formi-
ato de etila (HCOOC2H5), empregado como extrato artificial para xaropes de groselhas, rum, etc.
Alguns ésteres são utilizados isoladamente, como o acetato de amila, com forte aroma de banana (comercialmente
chamado, inclusive, de essência de banana). O acetato de octilo é usado como essência artificial de laranja. São
usados outros compostos com outras substâncias, para formular essências diversas, como o acetato de etila, que
participa de formulações de essências artificiais de maçã, pera, framboesa, pêssego, groselha, etc.
Os lipídios e gorduras e as ceras orgânicas ou cerídeos também são ésteres.

63
c)
Aplicação do conteúdo
1. (PUC-SP) A partir do etanol, podemos obter muitos
compostos orgânicos, como, por exemplo, o eteno, o d)
acetato de etila, o etanal e o etano.

e)

3. Num polipeptídio que possui 84 ligações peptídicas, os


respectivos números de aminoácidos, de grupamento(s)
amino-terminal e grupamento(s) ácido-terminal são:
a) 84, 1, 1. d) 84, 85, 85.
No esquema a seguir, os processos indicados por I, II, III e b) 85, 1, 1. e) 1, 85, 85.
IV são, respectivamente, reações de: c) 85, 84, 84.
a) oxidação, desidratação, redução e esterificação;
b) oxidação, desidratação, oxidação e hidrólise; Resolução:
c) redução, hidratação, desidrogenação e esterificação; Para cada n aminoácidos que reagem para formar um peptí-
d) redução, oxidação, hidrogenação e hidrólise; deo, formam-se (n-1) ligações peptídicas. Por exemplo, quando
e) desidrogenação, redução, oxidação e esterificação. 2 aminoácidos reagem entre si, forma-se 1 ligação peptídica.
Resolução:
Assim, se um peptídeo possui 84 ligações peptídicas, foram
Reação I – parte do etanol e formou etanal; ocorreu rea- usados 85 aminoácidos.
ção de oxidação. A ligação peptídica fica entre 2 aminoácidos; portanto, em
Reação II – parte do etanol e formou eteno; ocorreu rea- uma ponta do peptídeo sobra um grupo amina, e, na outra
ção de desidratação intramolecular. ponta, sobra um grupo carboxila.
Assim, os respectivos números são: 85, 1 e 1.
Reação III – parte do etanol e formou etano; ocorreu re-
ação de redução. Alternativa B

Reação IV – parte do etanol e formou etanoato de etila;


ocorreu reação de esterificação.

Alternativa A

2. Indique o nome do éster formado nas reações de es-


terificação a seguir:
a) ácido propanoico e etanol; multimídia: site
b) ácido acético e etanol;
c) ácido butanoico e 2-propanol;
mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/esteres-aro-
d) ácido metanoico e etanol;
ma-sabor-artificial-alimentos.htm
e) ácido metilpropanoico e metanol.

Resolução:
a)

b)

64
Como na estrutura do lipídeo existem três grupos, ele é
AULAS 43 e 44 classificado como um triéster e também denominado trigli-
cérido ou triglicerídeo.
Um triglicérido pode ser obtido a partir de diferentes ácidos
graxos e apresentar até três radicais diferentes (R, R’ e R”).

§ Se prevalecerem radicais insaturados, esse triglicérido


TRANSESTERIFICAÇÃO será um óleo. Em geral, os óleos são de origem ve-

E SAPONIFICAÇÃO getal e, à temperatura ambiente, apresentam-se no


estado líquido.

§ Se pelo menos dois desses radicais forem saturados, o


triglicérido será classificado como gordura. Em geral, as
gorduras são de origem animal e, à temperatura am-
COMPETÊNCIAS: 3, 5, 6 e 7 biente, apresentam-se no estado sólido.

Exemplos:
HABILIDADES: 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27 O O
C15 H31 – C – O – CH2 C17 H33 – C – O
O O
C15 H31 – C – O – CH C17 H33 – C – O
O O
1. Óleos e gorduras C15 H31 – C – O – CH C17 H33 – C – O
Os ésteres são substâncias muito abundantes na natureza O triglicerídeo 1,2 –Odipalmitato
triglicério
-3-oleato1,2 - dipalmitato-
de flicerila apresenta dois O triglicério
e podem ser classificados em três grupos: essências de fru-
3-oleato de glicerila apresenta
radicais saturados
glicerila o
tas, lípides e ceras. (C15H31–) e um radical insaturado (C17H33 –).
Portanto, trata-se de umasaturados
dois radicais gordura.
(C15H31– apresenta os
a. Essências de frutas ) e um radical insaturado insaturados; po
O (C17H33 O– ); portanto, trata-se de um ó l e o .
Os ésteres de ácidos e álcoois com pequeno número de áto- de uma g o r d u r a .
mos de carbono compõem o grupoCdas 15 H31 – C – O – CH2
essências de frutas. C17 H33 – C – O – CH2
O O
Exemplos:
C15 H31 – C – O – CH C17 H33 – C – O – CH
O O
C15 H31 – C – O – CH C17 H33 – C – O – CH
butanoato de etila (um dos componentes
O triglicério
da essência de abacaxi) 1,2 - dipalmitato- O trioleato
O triglicerídeo triglicério
de gliceria ou ttroleína
r i o l eapresenta
a t o osdtrês e
3-oleato de glicerila apresenta g linsaturados
radicais i c e r i l a. Portantoou, trata-se de tumr o l e.í n a
óleo

dois radicais saturados (C15H31– apresenta os três radicais


Dessa forma, genericamente pode-se concluir que:
) e um radical insaturado insaturados; portanto, trata-se
acetato de octila (um dos
17H33 – ); portanto, trata-se
(Ccomponentes de um ó l e o .
de uma
da essência de abacaxi) gordura. Nas gorduras, predominam radicais
b. Lípides de ácidos graxos saturados.
Também chamados de lipídeos ou lipídios, os mais impor- Nos óleos, predominam radicais de
tantes lípides são os óleos e as gorduras, cujas estruturas ácidos graxos insaturados.
são semelhantes. Os lípides são sintetizados por organis-
mos vivos a partir de ácidos graxos e glicerol.
Genericamente:

acído glicerol lipídeo


graxo Gorduras são sólidos à temperatura ambiente

65
um éster proveniente de um ácido graxo numa reação des-
se tipo, o sal formado receberá o nome de sabão.
Como a principal fonte natural de ácidos graxos são os óleos
e as gorduras (triglicerídeos), suas hidrólises alcalinas consti-
tuem o principal processo para a produção de sabões.
A equação genérica a seguir representa a hidrólise alcalina
de um óleo ou de uma gordura:

O- Na+ O- Na+ O- Na+

Glicerina Sabão Sabão Sabão


Óleos são líquidos à temperatura ambiente.
4. Transesterificação
c. Ceras Trata-se da reação entre um álcool e um éster, da qual se
Embora as ceras sejam uma mistura complexa de diversos obtém outro álcool e outro éster.
compostos orgânicos, seus principais constituintes são és- Genericamente:
teres de ácidos graxos e álcoois de cadeia longa, ambos
não ramificados.

Neste exemplo, R, R’ e R’’ são cadeias carbônicas.

2. Reações dos ésteres Observe que R’ e R” são simplesmente “trocadas” entre a


molécula do álcool e a molécula do éster, gerando um novo
1. Hidrogenação álcool e um novo éster.
A hidrogenação de óleos de soja, milho ou caroço de al-
godão permite a obtenção de gorduras vegetais hidroge-
nadas sólidas ou semissólidas, de acordo com o grau de
hidrogenação. Genericamente:

hidrogenação óleos hidrogenação gordura vegetal


margarina ←⎯⎯⎯⎯⎯⎯ ⎯⎯⎯⎯⎯⎯→
parcial insaturados total hidrogenada

2. Hidrólise ácida (reação inversa da esterificação) multimídia: site


Na hidrólise de um éster, o meio ácido (H+) catalisa a rea-
ção e produz ácido carboxílico e álcool. www.biodieselbr.com/destaques/2005/combustivel-
-renovavel.htm
De forma simplificada:
O H+ O
R- C + H +
OH - R- C + HO - RÕ
éster
O -R água
ácidoácido
OH
carboxílico álcool 2.1. Biodiesel
A transesterificação mais importante é a que utiliza triés-
3. Hidrólise alcalina ou saponificação teres – óleos ou gorduras – como matéria-prima e permite
Quando em solução aquosa de base inorgânica ou de sal a obtenção do biodiesel, sendo catalisada por uma base
básico, um éster dá origem a um sal orgânico e a um álcool. forte (NaOH, KOH).

De forma simplificada: Genericamente:

éster base sal álcool

A hidrólise alcalina de um éster é denominada generica-


mente reação de saponificação, porque, se for utilizado gordura álcool "Biodiesel" Glicerina

66
Se, por exemplo, o álcool utlizado for o metanol, obtém-se: Observe o esquema:

Glicerídeo Metanol "Biodiesel" Glicerina

multimídia: vídeo sabão

Fonte: Youtube
Faça sabão com óleo de cozinha usado ...

2.2. Características dos sabões


Os sabões facilitam os processos de limpeza graças à sua
ação detergente (do latim detergere, “limpar”). Essa ação
detergente é justificada pela estrutura do sabão, que apre-
senta uma parte apolar e uma parte polar.

parte
apolar
(hidrofóbica) detergente
parte polar
(hidrofílica)
Tanto os sabões quanto os detergentes são derivados
de ácidos sulfônicos, uma vez que apresentam, respec-
Os detergentes são compostos orgânicos sintéticos, cuja
tivamente, os grupos COO– e SO3–, denominados aniô-
estrutura assemelha-se à dos sabões, e apresentam o
mesmo tipo de ação sobre óleos e gorduras. Os deter- nicos. Atualmente, utiliza-se um terceiro tipo, denomi-
gentes mais comuns são sais de ácidos sulfônicos com nado catiônico, no qual a parte ativa da molécula é um
longas cadeias. cátion (NH4+).
Em geral, esse tipo de composto é denominado sal de
amônio quaternário, uma vez que apresenta quatro grupos
ligados ao nitrogênio com carga positiva. Embora esses de-
tergentes catiônicos não sejam tão eficientes na remoção
apolar polar
de sujeiras, o uso deles é muito difundido, pois têm elevado
poder germicida.
As moléculas do sabão e do detergente têm uma parte
apolar (hidrofóbica), que se liga à gordura (cujas molécu- Tanto os detergentes quanto os sabões diminuem a ten-
las são apolares) e uma parte com carga polar (hidrofílica), são superficial da água e são chamados genericamente de
que se liga à água (molécula polar). surfactantes.

67
VIVENCIANDO

O biodiesel é uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo. Ele pode ser usado em carros e em qualquer
outro veículo com motor a diesel. Fabricado a partir de fontes renováveis (óleo de soja, gordura animal, óleo de
algodão), é um combustível que emite menos poluentes do que o diesel.
Os preços da gasolina, do diesel e dos derivados de petróleo tendem a subir cada vez mais. A cada ano, o consumo
aumenta e as reservas diminuem. Além do problema físico, há o problema político: a cada ameaça de guerra ou crise
internacional, o preço do barril de petróleo dispara. Para aumentar sua competitividade, os custos de produção do
biodiesel podem ser minimizados por meio da venda dos coprodutos gerados durante o processo de transesterifica-
ção, como glicerina, adubo e ração proteica vegetal. Em função da importância do biodiesel, o estabelecimento de
padrões de qualidade se constitui como um fator primordial para a sua adoção ser bem-sucedida.
A história do biodiesel começa junto com a história do século XX. Embora os combustíveis de origem orgânica só
tenham surgido como uma ideia viável bem mais tarde, principalmente depois da explosão do preço do petróleo,
na década de 1970, no início do funcionamento dos motores a diesel, já há relatos do uso de óleo vegetal para
movê-los.
No processo de produção do biodiesel, a molécula de óleo vegetal é formada por três moléculas de ácidos graxos
ligadas a uma molécula de glicerina, o que faz dele um triglicídio. O processo para a transformação do óleo vegetal
em biodiesel chama-se transesterificação. Quando os pesquisadores calculam o balanço energético líquido para um
biocombustível, eles consideram a energia exigida para produzir a colheita (coisas como fertilizantes, pesticidas e
diesel de trator), e então somam a energia necessária para processar a planta colhida em etanol ou biodiesel. Eles
subtraem a quantia de energia que entra no processo da quantia de energia que sai.
A transesterificação é o processo mais utilizado atualmente para a produção de biodiesel. O processo se inicia juntando o
óleo vegetal com um álcool (metanol, etanol, propanol, butanol) e catalisadores (que podem ser ácidos, básicos ou enzimáti-
cos). Para o exemplo mais comumente empregado, em que se utiliza o metanol e, como catalisador, a soda cáustica, tem-se:

Nesse processo, obtém-se um éster metílico de ácido graxo (biodiesel) e glicerina como subproduto, que é removida
por decantação. O éster metílico de ácido graxo formado possui uma viscosidade menor que o triacilglicerol utilizado
como matéria-prima.
A glicerina formada é usada por indústrias farmacêuticas, de cosméticos e de explosivos. O preço da glicerina era alto
quando começou-se a produzir biodiesel em grande quantidade (por volta de 2002), mas caiu bastante em regiões
como a Europa, onde havia mais produção que consumo.
Adaptado de: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Transesterifica%C3%A7%C3%A3o>.

Aplicação do conteúdo
1. O biodiesel é um combustível obtido a partir de fontes renováveis, complementar ao óleo diesel mineral, que
apresenta uma série de benefícios ambientais, sociais e econômicos. No Brasil, a partir do lançamento do Programa
Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB), em dezembro de 2004, pelo Governo Federal, o biodiesel avançou
significativamente, tornando-se um valioso instrumento de geração de riqueza e inclusão social. Atualmente, sua
adição ao diesel mineral é obrigatória numa proporção de 11%, aumentando a importância desse produto. Sua ob-

68
tenção pode ser feita a partir de um processo chamado Resolução:
transesterificação, que consiste na reação química de:
a) um álcool, como metanol, com um triglicerídeo de
A reação de transesterificação é:
origem vegetal, como óleo de pinhão-manso;
b) um álcool, como butanol, com um triglicerídeo de
origem animal, como sebo bovino;
c) um álcool, como etanol, com um ácido graxo de
origem vegetal, como óleo de soja;
d) um álcool, como isopropanol, com um triglicerídeo
de origem vegetal, como óleo de milho;
3. (Enem) Metade do volume de óleo de cozinha con-
e) um álcool, como etanol, com um ácido graxo obti- sumido anualmente no Brasil, cerca de dois bilhões de
do de óleos residuais, como óleo de fritura. litros, é jogada incorretamente em ralos, pias e bueiros.
Estima-se que cada litro de óleo descartado polua mi-
Resolução: lhares de litros de água. O óleo no esgoto tende a criar
uma barreira que impede a passagem da água, causa
A transesterificação é uma reação entre um triglicerídeo e entupimentos e, consequentemente, enchentes. Além
um álcool, como o metanol, conforme mostra a equação disso, ao contaminar os mananciais, resulta na mortan-
dade de peixes. A reciclagem do óleo de cozinha, além
química a seguir. Em geral, o álcool empregado é o me- de necessária, tem mercado na produção de biodiesel.
tanol ou o etanol, pois, dessa forma, forma-se também o Há uma demanda atual de 1,2 bilhão de litros de biodie-
glicerol, de grande valor comercial. sel no Brasil. Se houver planejamento na coleta, trans-
porte e produção, estima-se que se possa pagar até
R$ 1,00 por litro de óleo a ser reciclado.
“Programa mostra caminho para uso do óleo de fritura na
produção de biodiesel”
Disponível em: <http://www.nutrinews.com.
br>. Acesso em: 14 fev. 2009 (Adaptação).

B
De acordo com o texto, o destino inadequado do óleo de
Alternativa A cozinha traz diversos problemas. Com o objetivo de contri-
buir para resolver esses problemas, deve-se:
2. O biodiesel é um combustível renovável (biocom- a) utilizar o óleo para a produção de biocombustíveis,
bustível) e biodegradável, obtido, comumente, a como etanol;
partir da reação de transesterificação entre um tria-
b) coletar o óleo devidamente e transportá-lo às em-
cilglicerol, de origem animal ou vegetal, e um álco-
presas de produção de biodiesel;
ol, na presença de um catalisador ácido ou básico.
Óleos vegetais de residências e de estabelecimentos c) limpar periodicamente os esgotos das cidades para
comerciais, como bares e restaurantes, têm sido utili- evitar entupimentos e enchentes;
zados como uma fonte viável de triacilglicerol, que é d) utilizar o óleo como alimento para os peixes, uma
quimicamente constituído, principalmente, de ácidos vez que preserva seu valor nutritivo após o descarte;
graxos insaturados: o linoleico (2 insaturações) e o e) descartar o óleo diretamente em ralos, pias e buei-
oleico (1 insaturação). ros, sem tratamento prévio com agentes dispersantes.
Resolução:
a) O etanol é um biocombustível derivado da cana-
-de-açúcar, portanto, não é produzido por meio do
processamento do óleo de cozinha.
b) A coleta e o devido transporte do óleo para as
empresas destinadas à produção de biodiesel é uma
solução ecologicamente correta, principalmente por
estar reciclando e evitando a poluição de mananciais
Com base nessas informações, faça o que se pede: e morte de animais.
c) A limpeza periódica dos esgotos evitaria apenas o
Indique os produtos da reação química de formação de
problema de enchentes causadas pelo entupimento
biodiesel a partir do triacilglicerol com o metanol, em dos mesmos. No entanto, não resolveria os problemas
meio básico. causados pelo destino inadequado do óleo.

69
d) O óleo causa contaminação de mananciais e, portanto, é tóxico para os peixes.
e) O descarte do óleo diretamente nos ralos, pias e bueiros só contribuirá para o entupimento dos mesmos, provocando
enchentes nos períodos chuvosos.

Alternativa B

ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas.

Uma das maneiras mais ecológicas de uso de automóveis e outros veículos movidos por um motor de combus-
tão interna é por meio do uso do biodiesel, que consiste em uma reação de transesterificação.

MODELO 1
(Enem) Pesquisadores avaliaram a qualidade da água potável distribuída em cidades brasileiras. Entre as várias
substâncias encontradas, destacam-se as apresentadas no esquema. A presença dessas substâncias pode ser
verificada por análises químicas, como uma reação ácido-base, mediante a adição de hidróxido de sódio.

Apesar de não ser perceptível visualmente, por causa das condições de diluição, essa análise apresentará re-
sultado positivo para o(a):
a) cafeína; d) benzo[a]pireno;
b) atrazina; e) dipirona sódica.
c) triclosan;

ANÁLISE EXPOSITIVA
Apesar de não ser perceptível visualmente por causa das condições de diluição, essa análise apresentará resulta-
do positivo para o triclosan, pois esse composto apresenta a função fenol, que tem caráter ácido.

RESPOSTA Alternativa C

70
DIAGRAMA DE IDEIAS

REAÇÕES
ORGÂNICAS

INCLUEM

SAPONIFICAÇÃO

O O
R C +NaOH R C +R' OH
O R' O–Na+

TRANSESTERIFICAÇÃO

O R' OH
O
R OH + R' O R" +
R O R"

PRODUÇÃO DO BIODIESEL

O O
H2C O C R1 3R2 O C R1
O +
OH- H2C OH
HC O C R1 + 3R2 OH
O HC OH

H2C O C R1
H2C OH

71
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Todos os assuntos deste livro se conectam: o Os tópicos que abordam cinética química
tema sobre ordem de reação é cobrado de ma- ocorrem em questões bem concisas,
neira bem direta, já os que abrangem equilíbrio porém, ao ser abordada cinética química,
químico exigem a compreensão da importância deve-se levar em consideração o entendi-
de cada variável e propriedade que pode ser mento do comportamento que pode ser
mudada. adquirido ao mudar algumas
variáveis.

As questões levantadas frente aos tópicos de O tema que envolve os equilíbrios quími- De maneira interdisciplinar, o assunto de
cinética química sempre são bem diretas e su- cos são bem recorrentes e cobrados de equilíbrios químicos trata das alterações
cintas, porém, em relação ao tema de equilíbrios tal maneira que exige o entendimento de decorrentes das variações e alguns fatores. É
químicos, deve-se ter plena compreensão das todas as variáveis que podem ser manipu- importante interpretar essas alterações, assim
possíveis variações que podem ser causadas e ladas e quais as consequências. como os resultados disso.
seus resultados.

Os assuntos que abordam cinética química Os assuntos mais cobrados são aqueles O tema principal abordado é dos A cinética química é tratada de maneira bem
são cobrados de maneira bem sucinta, porém, relacionados aos equilíbrios químicos. É equilíbrios químicos. É necessário que se direta. É importante entender as influências
ao entrarmos no âmbito do equilíbrio químico, importante interpretar bem os comandos das tenha um bom entendimento da base da que uma reação pode sofrer; em relação aos
é necessário que se tenha pleno entendimento questões, assim como as informações dadas, matéria, para que seja possível reconhecer equilíbrios químicos, é importante interpretar
das variações de alguns fatores e interpretar para que se possa analisar os efeitos na os efeitos causados pela mudança de os dados e as condições, para entender o
os resultados. mudança de alguns fatores. algumas variáveis. resultado de qualquer variação.

UFMG

É interessante entender que a cinética química Temos como tema principal o equilíbrio quí- A matéria de cinética química é tratada de for-
é a base para o equilíbrio químico, logo, é mico, logo, é preciso que se tenha consciência ma bem direta; já em relação aos equilíbrios
importante conhecer as possíveis alterações das possíveis alterações nas variáveis, assim químicos, é importante que todas as condições
nas variáveis, para que se possa compreender como os resultados obtidos. e suas alterações sejam avaliadas, para que se
os efeitos causados. possa concluir o efeito da maneira correta.

O conteúdo que contempla os equilíbrios Os equilíbrios químicos necessitam de boa É importante perceber que cinética química e
químicos é cobrado de maneira que exige uma interpretação e entendimento da base do equilíbrio químico estão diretamente ligados.
boa interpretação e conhecimento da matéria, assunto, já que é comum as questões cobra- É necessário também que se entenda todo o
visto que é necessário entender as diversas rem o entendimento de diversas mudanças tipo de perturbação que pode ser causado nas
mudanças de alguns fatores que podem levar de variáveis e como elas influenciam o variáveis, como elas vão se comportar frente
a resultados distintos. resultado final. a isso e qual será o resultado final.
CINÉTICA QUÍMICA E
EQUILÍBRIO QUÍMICO

73
AULAS 35 e 36 1. Condições para
ocorrência de reações
Diversos fatores são responsáveis pela ocorrência de uma
CINÉTICA QUÍMICA: reação química, desde que entre eles haja uma tendência à
CONCEITOS DE VELOCIDADE reação (afinidade química). Também é necessário que exis-
ta contato, o que vai permitir a colisão entre as moléculas,
INSTANTÂNEA, LEI possibilitando a quebra de ligações e a formação de novas
CINÉTICA DA VELOCIDADE ligações.

DAS REAÇÕES
2. Teoria da colisão
COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7 Em todas as reações, os átomos que formam os reagentes
se reordenam, originando produtos. Entretanto, nem todos
HABILIDADES: 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27 os choques entre as partículas que compõem os reagentes
dão origem a produtos (choques não eficazes). Os choques
eficazes ou efetivos são os que resultam em quebra e for-
mação de novas ligações.
No momento em que ocorre o choque em uma posição favorável, forma-se uma estrutura intermediária entre os reagentes
e os produtos denominada complexo ativado.

Complexo ativado é o estado de transição entre reagentes e produtos, em cuja estrutura há ligações enfraquecidas (que
existem nos reagentes) e formação de novas ligações (que existem nos produtos).

Exemplo da formação do complexo ativado

No estado inicial, tem-se as No estado de transição, tem-se No estado final, tem-se as


moléculas dos reagentes. o chamado complexo ativado. moléculas dos produtos.

Para que ocorra a formação do complexo ativado, as moléculas dos reagentes devem apresentar energia suficiente e colisão
em geometria favorável. Essa energia é denominada energia de ativação (Ea).

Energia de ativação (Ea) é a energia mínima que as moléculas devem ter para reagir ao se chocarem, ou seja, para que
haja colisão efetiva.

74
Esse fato ocorre tanto para as reações exotérmicas intensifica a velocidade da reação, mas não a quantidade
quanto para as endotérmicas. O diagrama delas que do produto formado.
indica o caminho da reação e a entalpia pode ser repre-
Considere estas duas fogueiras abaixo e assuma que são
sentado por:
feitas com o mesmo tipo e quantidade de lenha.
Entalpia
entalpia
Complexo ativado ativado
complexo

Prod.
Hp
Reag Ea H 1 2
Hr
A rapidez da combustão da lenha será maior na fogueira 2,
Caminho
caminhoda
dareação
reação
uma vez que a superfície de contato com o ar será maior.
DH > 0 (reação endotérmica)

Entalpia
entalpia
Complexo ativadoativado
complexo

Ea
Reag.
Hr multimídia: vídeo
H
Prod. Fonte: Youtube
Hp

Caminho
Experimentoteca - Velocidade de reação
caminhodada
reação
reação

DH < 0 (reação exotérmica)

Experimentalmente, reações diferentes apresentam energias 3.2. Temperatura


de ativação diferentes. Reações exotérmicas necessitam de A energia cinética das moléculas aumenta com a elevação
um valor de energia de ativação sempre menor que reações da temperatura, o que implica maior número de choques
endotérmicas, portanto ocorrem mais rapidamente. efetivos com aumento da velocidade da reação.

§ Por que os alimentos são guardados em geladeiras?


3. Fatores que influenciam a Quando a temperatura é baixada, a velocidade de qual-
velocidade de uma reação quer reação diminui, razão pela qual os alimentos demo-
ram mais tempo para estragar.

3.1. Superfície de contato De acordo com a regra de Van’t Hoff, os alimentos devem
deteriorar quatro vezes mais rapidamente à temperatura
Quando um reagente está no estado sólido, a reação ocor- ambiente (25 °C) do que em uma geladeira a 5 °C.
re na superfície dele.
§ Regra de Van’t Hoff
Assim, quanto mais fragmentado (disperso) for esse re-
agente, maior será o número de choques e maior será a Se houver um acréscimo de 10 °C na temperatura, a velo-
velocidade da reação. cidade da reação poderá dobrar ou triplicar.
Exemplo:
Quanto maior for a superfície de contato dos reagen-
tes, maior será a velocidade da reação. temperatura 5 ºC 15 ºC 25 ºC

velocidade V 2V 4V

Para pesquisar o efeito da superfície de contato na veloci-


dade, considere a seguinte reação: 3.3. Catalisador
CaCO3(s) + 2 HCℓ(aq) → CaCℓ2(aq) + H2O(ℓ) + CO2(g) O sistema digestório converte os nutrientes em substâncias
que podem ser absorvidas e utilizadas pelas células. Essa
A efervescência no CaCO3(s) é mais acentuada na forma de transformação é realizada por enzimas, que constituem ca-
pó (maior superfície de contato). O aumento da superfície talisadores biológicos e são altamente específicas.

75
velocidade média das moléculas (devido ao aumento da
Catalisadores são substâncias capazes de acelerar energia cinética) e a velocidade da reação (consequência
uma reação sem sofrer alteração permanente, ou seja, do aumento da energia cinética). A única grandeza que
não são consumidas durante a reação. não muda é a energia de ativação, que depende de cada
reação. O que muda a energia de ativação é o catalisador.
Os catalisadores criam um caminho alternativo que exige Alternativa A
menos energia de ativação, fazendo com que a reação se
processe mais rapidamente. 2. (UFSCar-SP) Não se observa reação química visível
com a simples mistura de vapor de gasolina e ar atmos-
energia férico, à pressão e temperatura ambientes, porque:
Ea reação sem catalisador
a) a gasolina não reage com o oxigênio à pressão ambiente;
Ea reação com catalisador
b) para que a reação seja iniciada, é necessário o for-
H
necimento de energia adicional aos reagentes;
c) a reação só ocorre na presença de catalisadores
caminho da reação
heterogêneos;
d) o nitrogênio do ar, por estar presente em maior
Notas quantidade e ser pouco reativo, inibe a reação;
§ Um catalisador acelera a reação, mas não au- e) a reação é endotérmica.
menta seu rendimento, ou seja, ele produz a Resolução:
mesma quantidade de produto num período
A reação entre gasolina e ar atmosférico não é visível de-
menor de tempo.
vido à energia de ativação da reação. Por isso que é neces-
§ O catalisador não altera o DH da reação. sária uma faísca ou alguma fonte de energia para que a
§ Um catalisador acelera tanto a reação direta reação entre gasolina e ar atmosférico ocorra. Assim, é ne-
quanto a inversa, uma vez que diminui a ener- cessário fornecer uma energia adicional aos reagentes para
gia de ativação de ambas. que eles atinjam a energia de ativação e ocorra a reação.

Alternativa B
3.4. Concentração dos reagentes 3. (Fuvest) NaHSO4 + CH3COONa → CH3COOH + Na2SO4
A velocidade de uma reação depende também da concen- A reação representada pela equação acima é realizada se-
tração dos reagentes, uma vez que ela está relacionada gundo dois procedimentos:
com o número de choques entre as moléculas. I. Triturando reagentes sólidos.
Quanto maior for a concentração dos reagentes, maior será II. Misturando soluções aquosas concentradas dos
reagentes.
a velocidade da reação.
Utilizando mesma quantidade de NaHSO4 e mesma quan-
Em reações com reagentes gasosos, se a pressão for aumen- tidade de CH3COONa nesses procedimentos, à mesma
tada, ocorrerá uma diminuição de volume, e, consequente- temperatura, a formação do ácido acético:
mente, haverá aumento nas concentrações dos reagentes. a) é mais rápida em II porque em solução a frequência de
colisões entre os reagentes é maior;
b) é mais rápida em I porque no estado sólido a concen-
Aplicação do conteúdo tração dos reagentes é maior;
c) ocorre em I e II com igual velocidade porque os reagen-
1. Na cinética de uma reação, o aumento da temperatura
tes são os mesmos;
provoca aumento de todas as seguintes grandezas, exceto:
d) é mais rápida em I porque o ácido acético é liberado na
a) energia de ativação; forma de vapor;
b) energia do sistema; e) é mais rápida em II porque o ácido acético se dissolve
c) número de colisões entre as moléculas dos reagentes; na água.
d) velocidade média das moléculas;
Resolução:
e) velocidade da reação.
Os fatores que influenciam a velocidade da reação são
Resolução:
superfície de contato (I), temperatura, concentração dos
Quando a temperatura da reação se torna mais elevada, reagentes (II) e catalisador. Assim, os itens estão:
a energia do sistema aumenta (porque tem mais calor), a) Correto, pois em solução os reagentes têm uma fre-
ocorre um número maior de colisões entre as moléculas quência de colisão muito maior do que os reagentes em
reagentes (aumento da energia cinética), elevam-se a estado sólido.

76
b) Incorreto, pois se ambos estiverem no estado sóli- b) ESCREVA o fator responsável por essa diferença
do, a reação ocorrerá muito devagar, ou não ocorrerá, de velocidade.
pois não há meio para poder haver a troca de íons. c) COMPARE os complexos ativados formados nos
c) Incorreto, pois não tem como garantir que ambos os dois caminhos da reação.
itens ocorrerão na mesma velocidade. No item I, depende d) A reação ocorre pelos dois caminhos no mesmo
de quanto os reagentes sólidos estão triturados e, no item sistema? JUSTIFIQUE sua resposta.
II, depende de quão concentrado as soluções estarão. Resolução:
d) Incorreto, pois o estado em que o produto é forma- a) A curva I é o caminho mais rápido, pois tem a me-
do não interfere na velocidade da reação. nor energia de ativação.
e) Incorreto, pois a solubilidade do(s) produto(s) não b) O fator responsável é o catalisador.
afeta a velocidade da reação.
c) O complexo ativado da curva I é diferente da curva
Alternativa A II. A energia do complexo ativado II é maior do que o
complexo ativado I.
4. (UFMG) As curvas I e II representam caminhos possí-
d) Não, pois apesar de partir dos mesmos reagentes
veis para a reação de hidrogenação do propeno.
e o produto ser igual nas duas curvas, a curva I é
catalisada e a curva II não é catalisada.
CURVA II

∆H

CURVA I

H3C = CHCH3
+ H3CCH2CH3
H2

coordenada da reação
multimídia: site
a) INDIQUE a curva que corresponde ao caminho da
reação mais rápida.
www.fcfar.unesp.br/alimentos/bioquimica/enzimas.htm

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

A manutenção da vida depende da ocorrência ininterrupta de uma série de reações químicas. No entanto, a tempe-
ratura de aproximadamente 36 °C e o pH próximo da neutralidade (7,0), condições apresentadas pelo organismo
humano, não são favoráveis ao desenvolvimento de todas essas reações. Como exemplo, a digestão das proteínas
em aminoácidos é um processo que ocorre diariamente no trato digestório. Essa “quebra“ de proteínas também
ocorre normalmente em laboratórios que desejam obter os aminoácidos em sua forma livre. A diferença está no fato
de que, para conseguir romper as ligações peptídicas fora do organismo humano, os cientistas precisam submeter as
proteínas a processos de fervura em meio ácido ou básico.
Então, seria possível concluir que uma reação que precisa de fervura e condições extremas de pH não ocorrerá facil-
mente no interior do organismo humano, onde a temperatura é muito mais baixa e o pH nem sempre é o ideal para
a ocorrência dessa reação, mas ela acontece.
Será que existe algum mediador, algum mecanismo que acelere essas reações dentro do organismo? A resposta é
sim. As enzimas é que fazem esse papel atuando como catalisadores biológicos.
Catalisadores são substâncias com a capacidade de acelerar reações químicas, sem participar delas como reagentes,
isto é, eles participam da reação, aumentam sua velocidade, mas são recuperados inalterados ao final dela.
Na maioria das vezes, as velocidades das reações catalisadas por enzimas têm um aumento da ordem de 106 a 1012
vezes em relação às velocidades das reações não catalisadas. As enzimas são classificadas de acordo com o tipo de
reação que catalisam.

77
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

A química é a disciplina que estuda a transformação da matéria. Para que essas transformações ocorram,
é necessário que ocorra uma reação química através do choque entre duas substâncias. Uma energia é
necessária para formar a nova substância. O ramo que estuda o movimento das moléculas em uma reação
química é denominado cinética química.

MODELO 1
(Enem) A hematita (a-Fe2O3), além de ser utilizada para obtenção do aço, também é utilizada como um catali-
sador de processos químicos, como na síntese da amônia, importante matéria-prima da indústria agroquímica.
MEDEIROS, M.A.F. Química Nova na Escola, São Paulo, v. 32, n. 3, ago. 2010 (adaptado).

O uso da hematita viabiliza economicamente a produção da amônia, porque:


a) diminui a rapidez da reação;
b) diminui a energia de ativação da reação;
c) aumenta a variação da entalpia da reação;
d) aumenta a quantidade de produtos formados;
e) aumenta o tempo do processamento da reação.

ANÁLISE EXPOSITIVA
O uso do catalisador provoca a diminuição da energia de ativação da reação.

RESPOSTA Alternativa B

78
DIAGRAMA DE IDEIAS

REAÇÃO QUÍMICA

TEM

RAPIDEZ DE REAÇÃO

DEPENDE DOS FATORES

CONCENTRAÇÃO TEMPERATURA SUPERFÍCIE DE CATALISADOR


DOS REAGENTES CONTATO

INFLUENCIA POR
FIGURA NA
O VALOR DA EXEMPLO

LEI CINÉTICA CONSTANTE ENZIMA


CINÉTICA (K)

OBTIDA POR

EXPERIMENTOS
CINÉTICOS

79
AULAS 37 e 38 1. Equação da velocidade
1.1. Lei de Guldberg-Waage

A velocidade de uma reação é diretamente propor-


CINÉTICA QUÍMICA: cional ao produto das concentrações em quantidades

ORDEM DAS REAÇÕES de matéria dos reagentes elevadas a determinados


expoentes.

Para a reação química realizada à temperatura T:


COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7
aA + bB +... → produtos

HABILIDADES: 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27 A velocidade é dada por:

V = velocidade da reação
k = constante da velocidade (a uma dada temperatura)
V = k · [A]x · [B]y = [A] e [B] = concentrações em mol/L dos reagentes
x e y = expoentes determinados experimentalmente,
denominados ordem da reação

Quando a reação ocorre em uma única etapa, trata-se de uma reação elementar; nesse caso, os expoentes x e y correspon-
dem aos coeficientes estequiométricos a e b.
Assim: v = k [ A ]a [ B ]b

§ ordem da reação em relação a A = a

§ ordem da reação em relação a B = b

§ ordem total da reação = a + b


Entretanto, a maioria das reações não é elementar, ou seja, ocorre em mais de uma etapa.

2. Mecanismo de reações A velocidade da reação é dada pela expressão:

O mecanismo de uma reação é a série de etapas que leva os v = k[A]2 · [B]


reagentes aos produtos. Nesse mecanismo, há etapas lentas
e rápidas. A etapa mais lenta é a determinante da velocida-
de. A velocidade da reação global é a velocidade da etapa
3. Determinação experimental da
mais lenta. equação da velocidade da reação
Considere a reação 2 A + 3 B → A2B3, que se processa em A escolha de uma equação matemática que represente a varia-
duas etapas: ção da velocidade da reação com a concentração dos reagen-
tes deve se basear exclusivamente em dados experimentais.
§ Primeira etapa: 2 A + B → A2B (lenta)
Exemplo:
§ Segunda etapa: A2B + 2 B → A2B3 (rápida) 2A+3B→C
A velocidade da reação global deve ser calculada a partir Observe na tabela a variação da velocidade com as con-
da velocidade da etapa lenta dessa reação global. centrações obtidas experimentalmente:

80
[A] mol/L [B] mol/L V mol/L × min
Considere a seguinte reação:
2 H2 + 2 NO → N2 + 2 H2O
primeira
0,3 0,1 0,5
experiência Em que a lei experimental da velocidade é:
segunda v = k [H2]1 · [NO]2
0,6 0,1 1,0
experiência Essa reação é de terceira ordem, que é equivalente à ordem
terceira
0,6 0,2 4,0
de reação com referência a uma espécie determinada.
experiência
Essa reação é de primeira ordem em relação ao hi-
drogênio e de segunda ordem em relação ao monó-
Segundo a lei de Guldberg Waage, a equação da ve- xido de nitrogênio.
locidade, baseada na equação global (portanto, inade-
quada), seria:
v = k [A]2 · [B]3
5. Interpretação do conceito
No entanto, considerando a tabela experimental de varia- de ordem de reação
ção de velocidade, deve-se deduzir a equação da velocida- A ordem de uma reação significa uma dependência entre a
de na qual x e y serão determinados, uma vez que não concentração do reagente e a velocidade da reação.
são necessariamente 2 e 3.
Exemplo:
Comparando a primeira com a segunda experiência, no-
v = k [X]2
ta-se que a concentração de B é a mesma e que Reação de segunda ordem: se dobrada a concentração de
a concentração de A dobrou; consequentemente, a X, quadruplica-se a velocidade da reação.
velocidade também dobrou. Por esse motivo, é evidente que a ordem de uma reação só
pode ser determinada experimentalmente.
Mediante um exemplo, é possível determinar a ordem
Comparando a segunda com a terceira experiência, de reação.
verifica-se que a concentração de A é a mesma e
que a de B dobrou; consequentemente, a velocida- Exemplo:
de quadruplicou. A reação química entre cloreto de mercúrio (II), HgCℓ2, e
oxalato de potássio, K2C2O4:
2 HgCℓ2(aq) + K2C2O4(aq) → 2 KCℓ(aq) + 2 CO2(g) + Hg2Cℓ2(s)
Conclusão
A velocidade varia com a primeira potência de [A] e com a Foi estudada em solução aquosa, sendo determinada a
segunda potência de [B]. quantidade de matéria de Hg2Cℓ2 que precipita. Foram re-
alizados três experimentos, modificando as concentrações
v = k [A]1 · [B]2 iniciais (mol/L) dos reagentes:
Quantidade
Tempo/
Experimento [HgCℓ2] [K2C2O4] de matéria
min
Hg2Cℓ2/mol

1 0,0836 0,404 60 O,0064

2 0,0836 0,202 60 0,0016

multimídia: vídeo 3 0,0418 0,404 60 0,0032

Fonte: Youtube Determinar a equação de velocidade e identificar as ordens


Pasta de dente de elefante ... para cada um dos reagentes e a ordem total.
Se a equação de velocidade for dada por
v = k · [HgCℓ2]a · [K2C2O4]b:
4. Ordem de uma reação § Experimento 1:
A ordem de uma reação é a soma dos expoentes de con- 0,0064
______
​   ​  
= k(0,0836)a (0,404)b (I)
centração que aparecem na lei experimental da velocidade. 60

81
§ Experimento 2: a) permanece constante;
b) duplica;
0,0016
______ c) fica quatro vezes maior;
​   ​
  = k(0,0836)a (0,202)b (II)
60 d) fica 16 vezes maior;
§ Experimento 3: e) fica 8 vezes maior.
______ 0,0032
​   ​  
= k(0,0418)a (0,404)b (III) Resolução:
60
Dividindo (I) por (II): A equação da velocidade é dada por v = k1 [A2] [B2]3.
______0,0064
​   ​ 
  k(0,0836)a (0,404)b Duplicadas as concentrações molares de A e de B, obtém-se:
​  60   ​ = _______________
______ ​ 
    ​ V’ = k1[2A2][2B2]3 ⇒
0,0016
______ k(0,0836)a (0,202)b
​   ​


60 ⇒ v’ = k1 · 2 · 23 · [A2][B2]3 ⇒
Obtém-se: 4 = 2b ou 22 = 2b [ b = 2 ⇒ v’ = 16 k1 [A2] [B2]3
E dividindo (I) por (III): Dividindo v’ por v, obtém-se:
______0,0064
​   ​   k(0,0836)a (0,404)b 16k1[A2][B2]3
​  60  ​ 
______ _______________
=   
​   ​ ​  v’
__ __________ ⇒ v’ = 16 v
v ​  = v = ​  k1[A2][B2]3 ​ 

0,0032
______ k(0,0418)a (0,404)b
​   ​  
60 Alternativa D
Obtém-se: 2 = 2a ou 21 = 2a [ a = 1 3. Num laboratório, foram realizados diversos experi-
mentos para a reação:
A ordem em relação ao HgCℓ2 é 1; em relação ao K2C2O4 é
2; e a ordem total é 3. 2 H2(g) + 2 NO(g)  N2(g) + 2 H2O(g)
Com os resultados das velocidades iniciais obtidos, mon-
Aplicação do conteúdo tou-se a seguinte tabela:

[H2] [NO] V
1. A reação genérica “A + 2 B → produtos” que se pro- Experimento
(mol/L) (mol/L) (mol/L · s)
cessa em uma única etapa tem velocidade constante
de 0,3 L·mol-1·min-1. Qual a velocidade da reação em 1 0,10 0,10 0,10
(L·mol-1·min-1), se as concentrações de A e B forem, res- 2 0,20 0,10 0,20
pectivamente, 2,0 e 3,0 mol/L?
3 0,10 0,20 0,40

Resolução: 4 0,30 0,10 0,30

5 0,10 0,30 0,90


Como o enunciado diz que a reação “A + 2 B → produ-
tos” se processa em uma única etapa (reação elementar), Com base nessa tabela, é possível afirmar que a lei de ve-
a equação equivalente é v = k · [A] · [B]2. locidade para a reação é:
a) v = k [H2].
Lembre-se de que, numa reação elementar, é possível usar
b) v = k [NO].
como expoentes da lei da velocidade os próprios coeficien-
c) v = k [H2] [NO].
tes (1 e 2) da equação – o que também é admitido se o d) v = k [H2] 2[NO].
problema não fornecer dados suficientes para determinar e) v = k [H2] [NO]2.
os expoentes da lei da velocidade.
Resolução:
Aplicados os dados do problema nessa fórmula, obtém-se:
v = 0,3 · (2,0) · (3,0)2 ⇒ v = 5,4 L·mol-1·min-1. Comparados os experimentos 1 e 2 e mantida constante
a concentração de NO (0,10 mol/L), ao dobrar a concen-
2. A reação A2(g) + 3 B2 (g) → 2 AB3(g) está se processando tração de H2 de 0,10 mol/L para 0,20 mol/L, a velocidade
em um recipiente fechado e em condições tais que a também dobra, passando de 0,10 mol/L · s para 0,20 mol/L · s.
velocidade obedece à equação: Isso indica que a velocidade é diretamente proporcional à
concentração de H2.
v = k1 [A2] [B2]3.
Comparados os experimentos 1 e 3, mantida constante a
Se duplicadas as concentrações molares de A e de B e se concentração de H2 (0,10 mol/L), dobra-se a concentração
todas as demais condições permanecerem constantes, no- de NO de 0,10 mol/L para 0,20 mol/L; consequentemente,
ta-se que a velocidade da reação: a velocidade é multiplicada por 4.

82
Comparados os experimentos 1 e 5, a concentração de H2 [CℓO-] [corante] Velocidade
(0,10 mol/L) permanece constante e a concentração de NO Experimento
(mol/L) (mol/L) inicial (mol/L . s)
triplica, passando de 0,10 mol/L para 0,30 mol/L. Conse- 1 1,7 ∙ 10-3 1,7 ∙ 10-2 1,7 ∙ 10-4
quentemente, a velocidade torna-se 9 vezes maior. Essas 2 3,4 ∙ 10-3 1,7 ∙ 10-2 3,4 ∙ 10-4
duas comparações (1 com 3 e 1 com 5) indicam que a 3 1,7 ∙ 10 -3
3,4 ∙ 10-2
3,4 ∙ 10-4
velocidade depende do quadrado da concentração de NO.
a) A reação é de primeira ordem em relação ao hipo-
Assim, a fórmula da velocidade é:
clorito e de segunda ordem em relação ao corante.
v = k [H2] [NO]2 b) A reação é de primeira ordem em relação a ambos
os reagentes.
Alternativa E c) A reação é de segunda ordem em relação a ambos
os reagentes.
4. A reação NO2(g) + CO(g) → CO2(g) + NO(g) é de segunda d) A constante de reação é 121 mol-1 · L · s-1.
ordem em relação ao NO2(g) e de ordem zero em relação e) A constante de reação é 121 mol · L-1· s-1.
ao CO(g). Em determinadas condições de temperatura e
pressão, essa reação ocorre com velocidade V. Se a con- Resolução:
centração de NO2(g) for triplicada e a concentração de
CO(g) for duplicada, a nova velocidade de reação V’ será
igual a: Comparando o experimento 1 com o 2, a [corante] mante-
ve constante e [CℓO-] dobrou; nisso, a velocidade da reação
a) 3v. d) 12v.
dobrou. Isso mostra que a ordem em relação à [CℓO-] é um.
b) 6v. e) 18v.
c) 9v. Comparando o experimento 1 com o 3, a [CℓO-] mante-
ve constante e a [corante] dobrou; nisso, a velocidade da
Resolução:
reação dobrou. Isso mostra que a ordem em relação à [co-
De acordo com o enunciado, a lei da velocidade da reação é: rante] é um.
V = k · [NO2]2 · [CO]0 ou V = K · [NO2]2 Assim, a equação da velocidade da reação é:
Quando a concentração de NO2(g) é triplicada e a concen- V = K ∙ [CℓO-]1 ∙ [corante]1
tração de CO(g) é duplicada, tem-se:
Para calcular o valor da constante, utilizam-se os valores do
V’ = K ∙ [3 ∙ NO2]2 ∙ [2 ∙ CO]0
experimento 1:
V’ = K ∙ 32 ∙ [NO2]2 ∙ 1
V = K ∙ [CℓO-]1 ∙ [corante]1
V’ = 9 ∙ k ∙ [NO2] → V’ = 9V
2
1,7 ∙ 10-4 = k ∙ 1,7 ∙ 10-3 ∙ 1,7 ∙ 10-2
Alternativa C
K = 5,88 L ∙ mol-1 ∙ s-1
5. O íon hipoclorito é o principal ingrediente da água Alternativa B
sanitária, que é amplamente empregada como alvejan-
te. A reação de hipoclorito com corantes produz subs-
tâncias incolores. Analise os resultados abaixo, obtidos
para a reação de um corante com hipoclorito, e assinale
a alternativa correta.

83
VIVENCIANDO

As enzimas são substâncias orgânicas, geralmente proteínas, que catalisam reações biológicas pouco espontâneas
e muito lentas. O poder catalítico de uma enzima relaciona a velocidade das reações com a energia despendida
para que elas aconteçam. Assim, na presença de uma enzima catalisadora, a velocidade da reação é mais rápida, e
a energia utilizada é menor. Por esse motivo, as enzimas praticamente regem todo o funcionamento celular interno,
favorecendo o metabolismo anabólico (construção) e catabólico (degradação), bem como externo, por meio de sina-
lizadores catalíticos estimulantes ou inibitórios atuantes em outras células (hormônios, por exemplo).
Existem no organismo diferentes tipos enzimáticos, reguladores das diversas vias metabólicas, estendendo-se por
todo o corpo humano, mas em pequenas quantidades. A grande especificidade de uma enzima é determinada pelo
tamanho e pela forma tridimensional, formando regiões de afinidade com os reagentes (substratos). Essa comple-
mentaridade é denominada combinação chave-fechadura. Alguns fatores influenciam na atividade catalítica das
enzimas, como concentração enzimática, concentração do substrato, potencial hidrogeniônico (pH) e temperatura.
Considerando a concentração das moléculas de enzimas, quanto maior o seu teor, maior será a velocidade da reação,
seguindo proporcionalmente a quantidade suficiente de substratos para reagir com as enzimas. Conforme a demanda no
consumo de reagentes vai ocorrendo, a velocidade da reação decai gradativamente. Quando a concentração do substrato
aumenta, a velocidade tende a um limite determinante, de acordo com a quantidade de enzimas no sistema. A partir
desse ponto, nenhuma influência terá o substrato sobre a velocidade, pois todas as enzimas já se encontraram ocupadas.
Cada enzima também possui um pH ótimo para desempenhar suas funções, seja no estômago, no caso das pepsinas em
pH ácido (por volta de 2 – muito baixo), ou em qualquer outro órgão ou tecido, na boca ou na corrente sanguínea, e cada
uma em seu local requer condições favoráveis para potencializar sua atuação. Para a otimização das reações biológicas,
mediadas por catalisadores, é necessário uma temperatura adequada, que varia de acordo com o tipo de enzima. Baixas
temperaturas podem causar inativação, e altas temperaturas podem causar desnaturação enzimática.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Os catalisadores biológicos são produzidos pelas células e atuam nas reações metabólicas do organismo. As enzimas
são os principais catalisadores biológicos. Em geral, são proteínas (embora nem toda proteína seja uma enzima), mas
há exceções – como é o caso das ribozimas, que não são moléculas proteicas, mas moléculas de ácido ribonucleico
(RNA). São exemplos de enzimas a amilase, a lipase e a desidrogenase.
Os catalisadores não biológicos, por sua vez, são substâncias químicas, geralmente inorgânicas, que promovem o
aumento da velocidade de reações químicas. Um exemplo é o sulfato de manganês (substância inorgânica), que
catalisa positivamente a reação entre ácido oxálico e permanganato de potássio em meio ácido.
Os catalisadores químicos são importantes em vários processos, sendo alguns utilizados industrialmente. Exemplos: auto-
móveis têm conversor catalítico no sistema de escapamento com o objetivo de acelerar a conversão de gases poluentes
em substâncias menos tóxicas; a catálise heterogênea é usada na produção de margarinas, síntese de fertilizantes, etc.

84
DIAGRAMA DE IDEIAS

REAÇÃO QUÍMICA

OCORRE POR
MEIO DE UM

MECANISMO

PODE TER

UMA SÓ ETAPA DUAS OU MAIS ETAPAS

CARACTERIZANDO CARACTERIZANDO

CADA ETAPA É UMA


REAÇÃO ELEMENTAR REAÇÃO NÃO
ELEMENTAR

QUE OCORRE A VELOCIDADE GLOBAL


MEDIANTE É DETERMINADA PELA

COLISÃO EFETIVA ETAPA MAIS LENTA


(ETAPA DETERMINANTE)

85
estes reagem entre si formando novamente moléculas de
AULAS 39 e 40 reagentes. Uma reação reversível nunca é completa num
único sentido.
Depois de 15 minutos de reação, observa-se que as concen-
trações PCℓ3 e Cℓ2, que vinham aumentando, não se alteram
mais, bem como a concentração de PCℓ5, que vinha dimi-
EQUILÍBRIO QUÍMICO: nuindo, também não se altera mais. Parece que a reação
EQUILÍBRIOS QUÍMICOS “parou”. Na verdade, a reação alcançou o equilíbrio. Em
outras palavras, a velocidade de reação (v) no sentido direto
HOMOGÊNEOS igualou-se à velocidade no sentido inverso:

Equilíbrio químico ⇒ vdireta = vinversa


COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7

HABILIDADES: 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27 O equilíbrio químico é um estado dinâmico. Isso não sig-
nifica paralisação da reação. Como as velocidades direta e
inversa são iguais, as concentrações dos reagentes e dos
produtos permanecem constantes (mas não iguais). A re-
ação continua se processando, sem, no entanto, alterar as
1. Reações reversíveis concentrações em quaisquer sentidos.
Considere um recipiente de 1 L com 2,0 mol de PCℓ5(g) A maioria das reações químicas é reversível e alcança um
a uma certa temperatura, a ponto de dar início ao pro- equilíbrio químico a uma certa temperatura e depois de
cesso de decomposição de PCℓ5(g), cujo mecanismo de certo tempo.
reação provoca o aparecimento de PCℓ3(g) e Cℓ2(g), con-
forme a equação: Considere ao alcançar o equilíbrio:

PCℓ5(g)  PCℓ3(g) + Cℓ2(g) PCℓ5  PCℓ­3 + Cℓ2

Depois de três minutos, haverá uma quantidade significativa Mede-se a concentração de PCℓ5 e encontra-se: [PCℓ5] =
de moléculas de PCℓ3(g) e de Cℓ2(g), que naturalmente vão 0,4 mol/L (concentração no equilíbrio).
se chocar entre si. Dependendo da temperatura, da energia De fato, reagiram até o equilíbrio 2,0 – 0,4 = 1,6 mol/L
cinética das moléculas, pode ocorrer a reação inversa: (concentração inicial) e formaram-se, simultaneamente 1,6
PCℓ3(g) + Cℓ2(g)  PCℓ5(g) mol de PCℓ3 e 1,6 mol de Cℓ2, uma vez que os coeficientes
da equação são 1 : 1.
Com efeito, as duas reações vão ocorrer simultaneamen-
te, com a decomposição e a formação do PCℓ5 numa re-
ação reversível. Reação PCℓ5 (g)  PCℓ3 (g) + Cℓ2 (g)

Reações reversíveis processam-se, simultaneamente, Início 2,0 mol 0 0


em ambos os sentidos. Reagem 1,6 mol — —

Formam-se — 1,6 mol 1,6 mol


Por convenção, a notação de uma reação reversível é feita
Restam no
com duas flechas, uma das quais indica o sentido direto 0,4 mol 1,6 mol 1,6 mol
equilíbrio
(da esquerda para a direita), e a outra, o sentido inverso
(da direita para a esquerda).
No recipiente, há constante transformação de PCℓ5 em
PCℓ5(g)  PCℓ3(g) + Cℓ2(g) PCℓ3 e Cℓ2, e vice-versa, cujas concentrações permanecem
constantes. Em outras palavras, o número de moléculas de
Numa reação reversível, à medida que os reagentes são PCℓ5 que se decompõem é igual ao número de moléculas
consumidos simultaneamente à formação dos produtos, de PCℓ5 que se formam.

86
As concentrações no equilíbrio são: 1,6
O grau de equilíbrio, portanto, é: a = ___
​   ​  = 0,8 ou seja, 80%.
2,0
[PCℓ5] = 0,4 mol/L; [PCℓ3] = 1,6 mol/L e [Cℓ2] = 1,6 mol/L

Nota
3. Constante de equilíbrio
Num sistema reversível genérico:
Numa reação reversível, os catalisadores influenciam
1
igualmente na reação direta e na inversa. Eles não aA + bB cC + dD
2
aumentam o rendimento da reação, apenas influem
no tempo para que o sistema alcance o equilíbrio, que É possível escrever as expressões da lei da ação das massas
será sempre menor na presença dos mesmos. para os dois sentidos (desde que se admita que a reação
seja elementar, que ela ocorra em uma única etapa):

sentido direto: v1 = k1 · [A]a · [B]b


sentido inverso: v2 = k2 · [C]c · [D]d

A velocidade da reação direta (v1) vai diminuir em razão


do consumo gradual de A e de B. A velocidade da reação
inversa (v2) vai aumentando com o tempo em razão da for-
multimídia: vídeo mação de C e D.
Fonte: Youtube Certo tempo depois – que varia de acordo o tipo de reação
Experiência de Equilíbrio Químico ... – as concentrações de A, B, C e D permanecem inalteradas.
Nessa fase, as velocidades v1 e v2 igualam-se, sinal de que
o sistema atingiu o equilíbrio químico, como se diz:
Mais um exemplo
1
N2 (g) + 3 H2 (g) 
2
2 NH3 (g)

O sentido 1 é o sentido direto e representa a síntese da


amônia. O sentido 2 é o sentido inverso e representa a
decomposição da amônia.
No equilíbrio interagem simultaneamente:
N2 (gás nitrogênio) No equilíbrio, v1 = v2 , o que revela a igualdade das
H2 (gás hidrogênio) expressões:
k [C]c [D]d
NH3 (gás amônia) k1 · [A]a · [B]b = k2 · [C]c · [D]d ä __
​  1 ​ = ______
​   
 ​= Kc
k2 [A]a [B]b
E no equilíbrio, a velocidade da reação que forma a NH3 é
igual à velocidade da reação que forma N2 e H2. Por definição, a constante de equilíbrio em termos
de concentrações corresponde a

2. Grau de equilíbrio [C]c · [D]d


Kc = _______
​  a  
 ​  
O grau de equilíbrio (a) de um reagente corresponde à [A] · [B]b
relação entre a quantidade de mol consumida e a quanti-
dade de mol inicial desse reagente.
A constante de equilíbrio depende da natureza dos rea-
quantidade de mol de reagente consumido gentes, dos produtos e da temperatura.
a = ________________________________
​    
    ​
quantidade de mol de reagente no início Comparados os valores de Kc em diferentes temperaturas, é
possível saber a que temperatura o rendimento da reação
O grau de equilíbrio pode ser multiplicado por 100 e ex-
foi maior.
presso em porcentagem.
No equilíbrio do exemplo anterior, consideram-se: Exemplo:
quantidade de mol de PCℓ5 inicial = 2,0 mol e A 1.000 °C, a constante de equilíbrio de uma reação correspon-
quantidade de mol de PCℓ5 consumido até o equilíbrio = 1,6 mol. de a 4 · 10–3 e, a 2.000 °C, ela vale 36 · 10–3. Isso mostra que, a

87
2.000 °C, a reação direta foi mais favorecida. Se a temperatura Se estabelecida uma relação entre QC e KC, obtém-se:
for mais alta, haverá maior produção no sentido direto.
__Q
​  C ​ = 1 ä o sistema está em equilíbrio.
KC
4. Interpretação do valor de Q
​ __C ​ ≠ 1 ä o sistema não está em equilíbrio.
KC
kc e extensão da reação
Considere as seguintes situações de equilíbrio e as respec- Considere este outro equilíbrio a 100 ºC, cujo valor da
tivas constantes: constante (Kc) é igual a 0,2:
N2O4 (g)  2 NO2 (g)
1. Kc > 1
A concentração dos produtos (indicados no numerador) é Considerando três experimentos realizados à temperatura
maior que a dos reagentes (indicados no denominador), in- de 100 ºC, obtém-se:
formação que permite observar que a reação direta preva-
lece sobre a inversa. Ou seja, em equilíbrio, as quantidades [NO2] [N2O4]
dos produtos são maiores do que as dos reagentes.
Experimento 1 2 mol/L 2 mol/L
É o caso da reação:
Experimento 2 0,2 mol/L 0,2 mol/L
2 NO(g) + O2 (g)  2 NO2 (g)
Experimento 3 0,1 mol/L 0,1 mol/L
[NO ]2
KC = ________ ä KC = 6,45 · 105
​  2 2   ​ 
[NO] [O2]
Ao analisar os experimentos, calcula-se o quociente de
equilíbrio:
2. Kc < 1
[NO ]2
A concentração dos reagentes (denominador) é maior que QC = _____
​  2    ​
[N2O4]
a dos produtos (numerador), o que indica que a reação
inversa prevalece sobre a direta. Ou seja, as quantidades Em seguida, relacionam-se seus valores com Kc::
dos produtos são menores do que as dos reagentes.
É o caso da reação:
Experimento 1 Experimento 2 Experimento 3
N2 (g) + 3 H2 (g)  2 NH3 (g)

[NH3]2
KC = _______
​  ä KC = 2,37 · 10–3
  ​  (2)2
QC = ___
​   ​  = 2
(0, 2)2
QC = _____
​   ​   = 0,2
(0, 1)2
QC = _____
​   ​   = 0,1
[N2] [H2]3 2 0,2 0,1
KC = 0,2 KC = 0,2 KC = 0,2

Conclusão
Q Q 0,2 Q 0,1
Quanto maior for o valor de Kc maior será a extensão __ ​  2  ​=
​  C ​ = ___   10 __
​  C ​ = ___
​   ​ = 1 __
​  C ​ = ___
​   ​ = 0,5
KC 0,2 KC 0,2 KC 0,2
da ocorrência da reação direta.
Quanto menor for o valor de Kc maior será a extensão
da ocorrência da reação inversa.
É possível concluir que:
1. no experimento I, o sistema não está em equilíbrio;
para atingi-lo, o valor de Qc = 2 deve igualar-se ao
do Kc, o que ocorrerá com a diminuição da [NO2] e o
5. Quociente de equilíbrio (Qc) aumento da [N2O4];
2. no experimento II, o sistema está em equilíbrio (Kc = Qc); e
Quociente de equilíbrio (QC) é a relação entre as con- 3. no experimento III, o sistema também não está em
centrações em mol/L dos participantes em qualquer situação, equilíbrio; para ser alcançado, o valor de Qc = 0,1 deve
mesmo que o equilíbrio não esteja estabelecido. É expresso igualar-se ao do Kc = 0,2, o que ocorrerá com o au-
da mesma maneira que a constante de equilíbrio (Kc). mento da [NO2] e a diminuição da [N2O4].

88
VIVENCIANDO

A perda de biodiversidade de ecossistemas marinhos causa a erosão de plataformas continentais, que não apresen-
tarão mais corais, que, por sua vez, ajudam a fixar os sedimentos. Estima-se que até 2100, cerca de 70% dos corais
de águas frias estarão expostos a águas corrosivas.
Por outro lado, outras pesquisas apontam para a direção oposta, afirmando que alguns microrganismos se benefici-
am com esse processo. Isso se deve ao fato de que a acidificação dos oceanos possui também uma consequência que
é, para alguns microrganismos marinhos, positiva. A diminuição do pH altera a solubilidade de alguns metais, como
o ferro (III), que é um micronutriente essencial para o plâncton, tornando-o, assim, mais disponível, favorecendo um
aumento da produção primária, que causa maior transferência de CO2 para os oceanos.
Além disso, o fitoplâncton produz um componente chamado dimetilssulfeto, que, ao ser lançado para a atmosfera,
contribui para a formação de nuvens que refletem os raios solares, controlando o aquecimento global. Esse efeito é
positivo até que sejam reduzidas as absorções de CO2 pelo oceano devido à saturação desse gás nas águas, situação
sob a qual o fitoplâncton, pela menor oferta de ferro (III), produzirá menos dimetilssulfeto.

6. Unidades da constante 6.2. Relação entre Kp e Kc


de equilíbrio Pode-se relacionar as duas constantes usando a expressão:

As unidades da constante de equilíbrio serão função da Kp = Kc · (R · T)Dn


sua respectiva expressão matemática. R =            
constante universal dos gases
   
   
​ ​
na qual:            
T = temperatura absoluta do equilíbrio
Em equilíbrio:        
​  ​
Dn = (c + d) – (a + b)
PCℓ5 (g)  PCℓ3 (g) + Cℓ2 (g)
Essa relação pode ser facilmente demonstrada a partir da
Obtém-se: expressão da equação dos gases perfeitos (equação de
[PCℓ3] [Cℓ2] ______(mol/L)2 Clapeyron) em pressões parciais.
Kc = ​ ​ _________ ​​ 

= ​   ​ 
= mol/L
[PCℓ5]  (mol/L)
Em equilíbrio: Exemplos:
N2 (g) + 3 H2 (g)  2 NH3 (g) 2 NH3(g)  N2(g) + 3 H2(g)
Obtém-se: Dn = (1 + 3) – (2) = 2
[NH3] 2
(mol/L)
2 PN2 · (PH2)3
Kc = _______
​    = ______
 ​  ​   
 ​= (mol/L)–2 Kp = ________
​   ​  (atm)2 ä Kp = Kc · (R · T)2
[N2] [H2] (mol/L)4
3
(PNH3)2

6.1. Constante de equilíbrio em Os reagentes em fase líquida não são incluídos na constan-
te Kp, uma vez que os líquidos não são significativamente
termos de pressões parciais (Kp) influenciados pela pressão.
Considere a seguinte reação genérica:
Cℓ2(g) + H2O(ℓ)  HCℓ(aq) + HCℓO(aq)
aA(g) + bB(g)  cC(g) + dD(g)
​  ​  1   ​ ​ (atm
Kp = ____   –1)
pCℓ
Para equilíbrios gasosos, pode-se exprimir a constante de
2

Os reagentes em fase sólida não são incluídos nem na


equilíbrio em termos das pressões parciais dos reagentes e
constante Kp nem na constante Kc:
dos produtos:
Fe2O3(s) + 3 CO(g)  2 Fe(s) + 3 CO2(g)
(p )c (p )d
Kc =_______
​  C a D b  ​ [CO ]3 (Pco )3
(pA) (pB) Kc = _____
​  2 3 ​ e Kp = ______
​  23 ​ ä
  Kp = Kc
[CO] (Pco)

89
Observe que Dn = 3 – 3 = 0; portanto, (R · T)Dn = 1. Resolução:
Nesse caso, o valor correspondente às constantes é um
número adimensional. Montando a tabela, tem-se:

Reação A + BC + D

Início 1 1 0 0

Reagem ​  3__  ​ ​  3__  ​ — —


4 4

multimídia: site Formam-se — — ​  3__  ​ ​  3__  ​


4 4

Sobram no equilíbrio ​  1__  ​ ​  1__  ​ ​  3__  ​ ​  3__  ​


www.ecycle.com.br/component/content/article/35-atitu- 4 4 4 4
de/1382-acidificacao-dos-oceanos-um-grave-problema-
-para-o-planeta.html [C] · [D] ​  3 ​ · __
__ ​ 3 ​ 
______
KC = ​   ​ ä KC = ​  4  ​ ä KC = 9
____ 4
[A] · [B] ​  1 ​ · __
__ ​ 1 ​ 
4 4
3. No equilíbrio químico:
Aplicação do conteúdo
N2 (g) + 3 H2(g)  2 NH3(g)
1. No equilíbrio:
verifica-se que Kc = 2,4 · 10–3 (mol/L)–2 a 727 °C.
H+(aq) + HS–(aq)  H2S(aq)
Calcule o valor de Kp nas mesmas condições.
verificou-se que a concentração de cada espécie química é: Resolução:
T = 727 + 273 = 1.000 K
[H+] = 4,0 · 10–7 mol/L; [HS–] = 1,0 · 10–1 mol/L; [H2S]
= 4,0 · 10–1 mol/L R = 0,082 atm · L · mol–1 · K–1

Calcule a constante de equilíbrio em termos de concentrações. Dn = 2 – 4 = – 2


Kp = Kc · (R · T)Dn = 2,4 · 10–3 · (0,082 · 1.000)–2
Resolução:
2,4 · 10–3
ä Kp = 2,4 · 10–3 · (82)–2 = ________
​   ​  
Substituindo os valores no equilíbrio, tem-se: (82)2

[H S] ä Kp = 3,57 · 10–7 (atm)–2


Kc = ________
​  + 2    ​ 
[H ] [HS–]
4. Um recipiente fechado contém o sistema gasoso re-
presentado pela equação:
4,0 · 10–1
Kc = _________________
​   
    ​
(4,0 · 10–7) (1,0 · 10–1) 2 SO2 + O2  2 SO3,

ä Kc = 1,0 × 107 (mol/L)–1 sob pressão de 6 atm e constituído por 0,4 mol de SO2, 1,6
mol de O2 e 2,0 mol de SO3.
2. Em um recipiente de 1 litro, um mol de um composto A
reage com um mol de composto B conforme a equação:
Determine o valor da constante de equilíbrio do sistema
em termos de pressões parciais.

A(gás) + B(gás)  C (gás) + D(gás) Resolução:

​ 3 ​ de mol
Quando se estabelece o equilíbrio, verifica-se que __ Quantidade total de gases presentes no equilíbrio:
4
de cada um dos reagentes A e B foram transformados em n = 0,4 + 1,6 + 2,0 = 4,0 mol
C e D. pSO nSO
___ 0,4
​   ​2  = ____  ä pSO2 = ___
​ n ​ 
2
​   ​ · 6 = 0,6 atm
Determine a constante de equilíbrio. P 4,0

90
Analogamente, tem-se: a) 0,030. d) 0,430.
nO 1,6 b) 0,046. e) 1,150.
PO2 = ___
​  n ​2  · P ä PO2 = ___​   ​ · 6 = 2,4 atm c) 0,230.
4,0
nSO3 2,0 Resolução:
pSO3 = ___
​  n ​  · P ä pSO3 = ___ ​   ​ · 6 = 3,0 atm
4,0
(p )2 CO(g) + H2O(g) ∫ CO2(g) + H2(g)  K1 = 0,23
(3,0)2
Kp = __________
​  SO3
  ​   = ________
​    ​ 
(pSO ) · PO
2
(0,6)2 · 2,4 [CO ][H ]
2 2 K1 = ________
​  2 2    ​ 
ä Kp = 10,4 atm [CO][H2O]
CH4(g) + H2O(g) ∫ CO(g) + 3 H2(g)  K2 = 0,20
5. (UFRGS) Abaixo estão mostradas duas reações em fase
gasosa, com suas respectivas constantes de equilíbrio. [CO][H2]3
K2 = ________
​    ​ 
[CH4][H2O]
CO(g) + H2O(g) ∫ CO2(g) + H2(g)   K = 0,23
CH4(g) + 2 H2O(g) ∫ CO2(g) + 4 H2(g)
CH4(g) + H2O(g) ∫ CO(g) + 3 H2(g)   K = 0,20 [CO ][H ]4
Keq = _________
​  2 2 2   ​ 
Pode-se concluir que, nessas mesmas condições, a cons- [CH4][H2O]
tante de equilíbrio para a reação: [CO2][H2] ________
[CO][H2]3 _________
[CO2][H2]4
________
​   
 ​ 
· ​   
 ​ 
= ​    ​ 
CH4(g) + 2 H2O­(g) ∫ CO2(g) + 4 H2(g) [CO][H2O] [CH4][H2O] [CH4][H2O]2

é de: K1 · K2 = Keq ä 0,23 · 0,20 = 0,046.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Qualquer tipo de alteração, por menor que seja, pode mudar drasticamente o meio ambiente. As alterações de tem-
peratura, do clima, do nível de chuva ou até do número de animais podem causar o total desequilíbrio ambiental. O
mesmo pode ser dito sobre a alteração do pH (índice que indica o nível de alcalinidade, neutralidade ou acidez de
uma solução aquosa) dos oceanos.
Estudos preliminares apontam que a acidificação dos oceanos afeta diretamente organismos calcificadores, como
alguns tipos de mariscos, algas, corais, plânctons e moluscos, dificultando sua capacidade de formar conchas, levando
ao seu desaparecimento. Em quantidades normais de absorção de CO2 pelo oceano, as reações químicas favorecem
a utilização do carbono na formação de carbonato de cálcio (CaCO3), utilizado por diversos organismos marinhos
na calcificação. O aumento intenso das concentrações de CO2 na atmosfera e a consequente diminuição de pH das
águas oceânicas acabam por alterar o sentido dessas reações, fazendo com que o carbonato dos ambientes marinhos
se ligue com os íons H+, ficando menos disponível para a formação do carbonato de cálcio, essencial para o desen-
volvimento de organismos calcificadores.
A diminuição das taxas de calcificação afeta, por exemplo, o estágio de vida inicial desses organismos, bem como sua
fisiologia, reprodução, distribuição geográfica, morfologia, crescimento, desenvolvimento e tempo de vida. Além dis-
so, afeta também a tolerância a mudanças na temperatura das águas oceânicas, tornando-os mais sensíveis, interfe-
rindo na distribuição de espécies. Ambientes que naturalmente apresentam altas concentrações de CO2, como regiões
vulcânicas hidrotermais, são demonstrações dos ecossistemas marinhos futuros, apresentando baixa biodiversidade
e elevado número de espécies invasoras.

91
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 27
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

As principais reações químicas que acontecem no cotidiano são reações de equilíbrio. No corpo humano, ocorre
o equilíbrio entre oxigênio e hemoglobinas, que constantemente transportam o oxigênio para os pulmões.

MODELO 1
(Enem) Vários ácidos são utilizados em indústrias que descartam seus efluentes nos corpos d’água, como rios e
lagos, podendo afetar o equilíbrio ambiental. Para neutralizar a acidez, o sal carbonato de cálcio pode ser adi-
cionado ao efluente, em quantidades apropriadas, pois produz bicarbonato, que neutraliza a água. As equações
envolvidas no processo são apresentadas:
I. CaCO3(s) + CO2(g) + H2O(l)  Ca2+(aq) + 2 HCO3(aq)

II. HCO3– (aq)  H+(aq) + CO32–(aq) K1 = 3,0 × 10–11

III. CaCO3(s)  Ca2+(aq) + CO32–(aq) K2 = 6,0 × 10–9

IV. CO2(g) + H2O(l)  H+(aq) + HCO–3(aq) K3 = 2,5 × 10–7


Com base nos valores das constantes de equilíbrio das reações II, III e IV a 25 °C, qual é o valor numérico da
constante de equilíbrio da reação I?
a) 4,5 × 10–26
b) 5,0 × 10–5
c) 0,8 × 10–9
d) 0,2 × 105
e) 2,2 × 1026

ANÁLISE EXPOSITIVA

[I]

[II]

[III]
K2 = [Ca2+][CO32-]
[IV]

92
Observa-se que:

RESPOSTA Alternativa B

93
DIAGRAMA DE IDEIAS

É
EQUILÍBRIO QUÍMICO EQUILÍBRIO DINÂMICO

TEM PODE TER

CONSTANTE DE CONSTANTE DE
REAÇÃO REAÇÃO EQUILÍBRIO EM FUNÇÃO EQUILÍBRIO EM FUNÇÃO
DIRETA INVERSA DAS CONCENTRAÇÕES (KC) DAS PRESSÕES (KP)

COM
REPRESENTADA POR
VELOCIDADES IGUAIS

QUE
K
NADA INFORMA SOBRE A
VELOCIDADE DA REAÇÃO
SEU VALOR
DEPENDE DA
PODE TER PODE
TER
TEMPERATURA VALOR MUITO VALOR MUITO
E DA REAÇÃO ALTO BAIXO

NO CASO DE NO CASO DE

REAÇÃO REAÇÃO
MUITO POUCO
ESPONTÂNEA ESPONTÂNEA

94
AULAS 41 e 42

EQUILÍBRIO QUÍMICO: multimídia: vídeo


DESLOCAMENTO Fonte: Youtube

DE EQUILÍBRIO Sangue do diabo ...

COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7
2. Efeito da concentração
Considere o seguinte equilíbrio:
HABILIDADES: 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27
C(s) + CO2(g)  2CO(g)

Ele servirá de exemplo para este estudo. O seu comporta-


mento será analisado em três situações.
1. Princípio de Le Chatelier 1. Adição de CO2
Foi visto que, se um sistema está em equilíbrio, a velocida-
Se for adicionado CO2 ao equilíbrio, imediatamente ocor-
de da reação direta é igual à velocidade da reação inversa,
rerá um aumento na concentração desse composto, que
e as concentrações em mol/L de todos os participantes
vai causar o aumento do número de choques entre o C e o
permanecem constantes.
CO2. Isso favorecerá a formação de CO, ou seja, o equilíbrio
Caso não ocorra a ação de nenhum agente externo so- se deslocará para o lado direito (∫).
bre esse equilíbrio, ele tende a permanecer nessa situação Outra maneira de entender o deslocamento desse equi-
indefinidamente. Entretanto, se for exercida uma ação ex- líbrio seria por meio de uma análise da expressão do Kc.
terna sobre esse equilíbrio, ele tende a reagir de maneira a
minimizar os efeitos dessa ação. [CO]2
Kc = ____
​   ​ 
[CO2]
Esse é o princípio de Le Chatelier (1884).
Quando o CO2 é introduzido no equilíbrio, sua concentra-
ção aumenta ([CO2]↑); como a constante Kc não varia, a
Quando se aplica uma força em um sistema em
equilíbrio, ele tende a se reajustar no sentido de di- concentração do CO também deve aumentar ([CO]↑) para
minuir os efeitos dessa força. manter a igualdade matemática.
Se fosse adicionado C(s) ao equilíbrio, não haveria altera-
ção, uma vez que a concentração de um sólido é constante.
Os fatores que podem afetar a condição de equilíbrio de
um sistema são:

§ concentração; Nota
§ pressão; A adição de sólidos não altera o equilíbrio químico.
Em outras palavras, afirma-se que a adição de sólidos
§ temperatura. não desloca o equilíbrio.
O princípio de Le Chatelier é fácil de ser compreendido se
for considerado que a constante de equilíbrio depende so-
mente da temperatura. 2. Adição de CO
A seguir, será analisada a influência de cada um dos fatores Se for adicionado CO ao equilíbrio, imediatamente ocor-
que podem afetar o equilíbrio. rerá o aumento na concentração desse composto ([CO]↑).

95
Com isso, uma parte desse CO será transformada em CO2
([CO2]↑) e em C. Nesse caso, o equilíbrio se deslocará para
3. Efeito da pressão
a esquerda (ê). Se a pressão sobre um equilíbrio gasoso aumentar, em
temperatura constante, esse equilíbrio se deslocará no sen-
Dos casos 1 e 2, chega-se à importante conclusão:
tido da reação capaz de diminuir esse aumento da pressão.
Para que isso ocorra, o equilíbrio se deslocará para onde
A adição de substâncias a um sistema em equilíbrio exista o menor número de moléculas gasosas.
favorece a reação que o consome. Em outras pala-
De forma semelhante, se a pressão sobre um equilíbrio ga-
vras, se uma substância for adicionada a um equilíbrio
químico, esse equilíbrio se deslocará para o sentido
soso diminuir, esse equilíbrio se deslocará para onde exista
em que a substância é consumida. o maior número de moléculas gasosas.

Para uma reação genérica: Considere o seguinte equilíbrio a uma temperatura constante:

reagentes é produtos 2 SO2(g) + O2(g)  2 SO3(g)


2 mol 1 mol 2 mol
§ Se houver adição de um reagente ä o equilíbrio 3 mol 2 mol
se deslocará para a direita.
Se a pressão aumentar, o equilíbrio se deslocará para a
§ Se houver adição de um produto ä o equilíbrio direita (é) e favorecerá a formação do SO3 (g), uma vez
se deslocará para a esquerda. que, nesse sentido, a quantidade de moléculas gasosas
diminuirá; em consequência, a pressão também diminuirá.
3. Remoção de CO Outra maneira mais simples de analisar o efeito produzido
Se parte do CO presente no equilíbrio for retirada, ime- pela variação de pressão em um equilíbrio é associar o nú-
diatamente ocorrerá a diminuição na concentração desse mero de mol ao volume.
composto (ç [CO]); em consequência, a velocidade da rea- Nas mesmas condições, considere:
ção inversa diminuirá. Assim, a velocidade da reação direta
1 mol  1 volume (1 V)
será maior e favorecerá a formação de CO, ou seja, o equi-
2 mol  2 volumes (2 V)
líbrio se deslocará para a direita (é).
Outra maneira de entender o deslocamento desse equilí- Assim:
brio é analisar a expressão do Kc.
[CO]2
Kc = ____
​   ​ 
[CO2]
Observe que, se a [CO] diminuir, a única forma de manter a
igualdade será diminuir a de [CO2].

Conclusão
Conclusão
A remoção de substâncias para um sistema em
equilíbrio favorece a reação que a produz. Em outras O aumento da pressão desloca o equilíbrio para o
palavras, se uma substância de um equilíbrio químico lado com menor volume gasoso (menor número de
for removida, esse equilíbrio se deslocará para o sen- moléculas gasosas).
tido em que a substância é formada.
A diminuição da pressão desloca o equilíbrio para o
Para uma reação genérica: lado com maior volume gasoso (maior número de
moléculas gasosas).
reagentes é produtos

§ Se houver remoção de um reagente ä o equilíbrio


se deslocará para a esquerda.
Observe que a variação na pressão só afeta sistemas com
pelo menos um componente (reagente ou produto) gasoso.
§ Se houver remoção de um produto ä o equilíbrio
Considere o seguinte equilíbrio:
se deslocará para a direita.
CaCO3(s)  CaO(s) + CO2(g)

96
Aumentar a pressão vai deslocar o equilíbrio para a esquer- 2. N2(g) + O2(g)  2 NO(g) DH > 0
da, o lado com menor volume gasoso – de fato, o volume é
A reação direta (é) é endotérmica.
igual a zero, uma vez que os reagentes são sólidos.
Portanto:
Se um gás inerte (um gás que não reage) for adicionado a
um sistema em equilíbrio, ocorrerá um aumento da pressão § o aumento da temperatura ä desloca o equilíbrio no
total do sistema. Entretanto, como não há variação da con- sentido da reação endotérmica (para a direita); e
centração nem das pressões parciais de cada gás compo-
nente do equilíbrio, a adição do gás inerte não vai provocar § a diminuição da temperatura ä desloca o equilíbrio no
deslocamento de equilíbrio. sentido da reação exotérmica (para a esquerda).
Em relação à constante de equilíbrio (Kc), há aumento da

4. Efeito da temperatura temperatura que favorece a reação endotérmica (para a


direita). Assim, [NO] aumenta e [N2] e [O2] diminuem:
Além de provocar deslocamento do equilíbrio, a tempera- [NO2]2 è
tura é o único fator responsável por alterações na própria Kc = __________
​    ​ 
ä Kc aumenta
[N2] ç [O2] ç
constante de equilíbrio (Kc).
Num sistema em equilíbrio há sempre duas reações: a endo-
térmica, que absorve calor, e a exotérmica, que libera calor.
(direta)
O aumento da temperatura favorece a reação que ab-
sorve calor, isto é, desloca o equilíbrio para o sentido
endotérmico.
A diminuição da temperatura favorece a reação Dos exemplos 1 e 2, chega-se à importante conclusão:
que libera calor, isto é, desloca o equilíbrio para o
sentido exotérmico.
Considere uma reação genérica:

reagentes é produtos
Exemplos:
1. N2(g) + 3 H2(g)  2 NH3(g) DH < 0 § Se a reação for endotérmica (DH > 0) ä Kc au-
A reação direta (∫) é exotérmica (DH < 0). menta com o aumento da temperatura.

Portanto: § Se a reação for exotérmica (DH < 0) ä Kc diminui


com o aumento da temperatura.
§ o aumento da temperatura ä desloca o equilíbrio no
sentido da reação endotérmica (para a esquerda); e

§ a diminuição da temperatura ä desloca o equilíbrio no


sentido da reação exotérmica (para a direita).
Se a variação da temperatura for relacionada com a cons-
tante de equilíbrio (Kc), deve-se considerar que uma ele-
vação da temperatura favorecerá a reação endotérmica.
Assim, [N2] e [H2] aumentam e [NH3] diminui:
multimídia: site
[NH3]2 ç
Kc = __________
​      ​ ä Kc diminui
[N2] è [H2]3 è salabioquimica.blogspot.com.br/2015/04/controle-do-
-ph-sanguineo.html

(direta)
5. Efeito de catalisadores
Catalisadores são substâncias que aumentam a velocida-
de das reações químicas graças à diminuição da energia

97
de ativação. Numa situação de equilíbrio, a diminuição da c) Como variam as concentrações de N2 e H2 em t3?
energia de ativação produzida pelo catalisador tem o mes- d) Como variam as concentrações de NH3 e de H2 em
mo valor para a reação direta e para a inversa. t4, quando N2 é retirado?

Como o aumento de velocidade da reação produzido pelo Resolução:


catalisador é o mesmo, tanto para a reação direta como Considerando que, quando ocorre a adição de qualquer
para a inversa, esse aumento não altera o equilíbrio. participante do equilíbrio, há um aumento brusco em sua
Considere a reação genérica: concentração (è) e a partir desse instante sua concentra-
ção diminui gradativamente até atingir uma nova situação
A  B de equilíbrio demonstrada graficamente por uma reta pa-
ralela à abscissa:
a) No instante t1 ocorreu um aumento brusco na con-
centração do N2.
b) A variação de concentração não altera a constante
de equilíbrio (Kc).
c) No instante t3 ocorreu um aumento brusco na con-
centração de NH3, o que provocou deslocamento do
equilíbrio para a esquerda: N2 + 3 H2  2 NH3, fazen-
do com que as concentrações de N2 e H2 aumentassem.
d) Quando o N2 é retirado no instante t4, o equilíbrio
desloca-se para a esquerda, e, com isso, a concentra-
ção de NH3 diminui e a de H2 aumenta.

2. Considere o seguinte sistema em equilíbrio:

2 H2S(g) + 3 O2 (g)  2 H2O(g) + 2 SO2(g)


DH = -247,85 kcal
Diga o que ocorrerá com a concentração do dióxido de en-
Da qual teq 1 > teq 2. xofre, SO2, quando o equilíbrio for alterado por:
a) remoção de sulfeto de hidrogênio (H2S);
b) aumento da temperatura;
Catalisadores não alteram (não deslocam) equilíbrios, c) aumento da pressão; e
apenas fazem com que eles sejam atingidos em d) adição de oxigênio.
menor intervalo de tempo.
Resolução:
a) Removendo-se H2S, o equilíbrio desloca-se no sen-
Aplicação do conteúdo tido de repor esse H2S, isto é, para a esquerda (primei-
ro membro da equação), de acordo com o princípio
1. O gráfico representa alterações na concentração das de Le Chatelier.
espécies N2, H2 e NH3, que estão em equilíbrio no instan- b) Aumentando-se a temperatura, o equilíbrio deslo-
te t0, sob pressão e temperatura constantes. ca-se para o sentido que absorve calor, isto é, sentido
endotérmico, que no caso é o primeiro membro da
Analise o gráfico e responda: equação (DH > zero).
c) Diz o princípio de Le Chatelier que, aumentan-
concentração mol/L
do-se a pressão, o equilíbrio desloca-se no sentido
de menor volume. Nesse exercício, a reação parte
(NH3) de 5 volumes (2 H2S + 3 O2) e chega a 4 volumes
(H2) (2 H2O + 2 SO2). Consequentemente, o aumento de
pressão deslocará esse equilíbrio para a direita, que
(N2) é o sentido de menor volume.
d) A adição de oxigênio desloca o equilíbrio para a
direita (segundo membro), de modo a consumir o oxi-
t0 t1 t2 t3 t4 t5
gênio adicionado.
3. A síntese de HI é um processo exotérmico que, no
a) Que substância foi adicionada ao sistema em t1?
equilíbrio, pode ser representado pela equação:
b) Que variação sofre a constante de equilíbrio (Kc)
quando variam as concentrações em t2? H2(g) + I2(g)  2 HI(g)

98
Com relação a esse processo, é CORRETO afirmar que: 4. No estado gasoso, ocorre a reação representada pela
a) quando abaixarmos a temperatura, o equilíbrio equação 3 H2 + N2 → 2 NH3
será deslocado para a direita;
b) quando adicionarmos uma pequena quantidade de
As porcentagens de conversão dos reagentes em NH3, em di-
hidrogênio, o equilíbrio será deslocado para a esquerda. ferentes condições de temperatura e pressão, estão resumidas
c) quando retirarmos uma parte do iodo, o equilíbrio na tabela.
será deslocado para a direita.
Porcentagens de conversão
d) quando adicionarmos um catalisador, o equilíbrio Pressão
em três temperaturas
será deslocado para a direita.
(atm) 200 ºC 400 ºC 600 ºC
Resolução: 1 15,3% 0,44% 0,05%
100 80,6% 25,1 4,47%
a) Correto. Como a reação de formação de HI é exo-
1.000 98,3% 80,0 31,5%
térmica, a diminuição da temperatura favorece o sen-
tido que libera calor, ou seja, no sentido de formação a) A reação de síntese da amônia é exotérmica ou
do HI. endotérmica? Justifique a resposta.
b) Incorreto. Quando adicionarmos uma pequena b) Justifique a relação que existe, a uma dada tempe-
quantidade de hidrogênio, ou seja, aumentarmos a ratura, entre o aumento da pressão e a porcentagem
concentração de H2, a reação será deslocada para o de conversão dos reagentes em NH3.
sentido de formação do HI.
c) Incorreto. Quando retirarmos uma parte do iodo, ou Resolução:
seja, diminuirmos a concentração de I2, a reação será
deslocada no sentido de formação do H2 e I2. a) Mantendo a pressão constante e variando a tempe-
d) Incorreto. Quando é adicionado um catalisador, o ratura, é possível perceber na tabela que, à medida que
equilíbrio é atingido mais rapidamente, mas não se aumenta a temperatura, a porcentagem de conversão di-
desloca para nenhum lado. minui. Assim, a reação de síntese da amônia é exotérmica.
b) Quando a pressão no sistema aumenta, o equi-
Alternativa A líbrio é deslocado para o sentido de menor número
de mol de gases. Nos reagentes, tem-se 4 mol de
gases (3 mol de H2 + 1 mol de N2), e, nos produtos,
tem-se 2 mol de gases; portanto, para temperatura
constante, com aumento da pressão, aumenta-se a
porcentagem de conversão da amônia.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Quando alguém sofre uma parada respiratória, é conveniente a realização de uma respiração boca a boca. As para-
das respiratórias podem ser causadas por algum trauma ou acidente na região do bulbo. O bulbo, região do tronco
encefálico, apresenta o centro do comando respiratório. Ele percebe a acidose por meio da ação de prótons sobre
quimiorreceptores. Isso induz o aumento da frequência respiratória, uma forma de expulsar o dióxido de carbono e
deslocar o equilíbrio no sentido de redução de prótons. Em alcaloses, ao contrário, a frequência respiratória é reduzi-
da. Assim, o sistema respiratório, sob coordenação do bulbo, participa do controle de pH sanguíneo.
Uma pessoa não pode prender sua respiração por muito tempo, pois a acidose ocasionada aumenta o estímulo
respiratório bulbar. Esse é o motivo de afogamentos, já que o pH sanguíneo diminui ao longo do mergulho, e o bulbo
induz a respiração debaixo d’água. Isso justifica o mergulhador hiperventilar antes do mergulho, para aumentar o pH
e, com isso, aumentar o tempo de mergulho.

99
O bulbo faz parte do sistema nervoso e se encontra entre a ponte e a medula espinhal.
Nele se encontra o centro de controle respiratório.

100
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 26
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energé-
ticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos.

As principais reações químicas que acontecem no cotidiano são reações de equilíbrio. No corpo humano, ocorre
o equilíbrio entre oxigênio e hemoglobinas, que constantemente transportam o oxigênio para os pulmões. Os
corais, por exemplo, estão sendo ameaçados devido ao aumento da temperatura do planeta, pois, dessa forma,
há mudanças no equilíbrio, fazendo com que eles sejam, aos poucos, “dissolvidos” em água.

MODELO 1
(Enem) A formação de estalactites depende da reversibilidade de uma reação química. O carbonato de cálcio
(CaCO3) é encontrado em depósitos subterrâneos na forma de pedra calcária. Quando um volume de água rica
em CO2 dissolvido infiltra-se no calcário, o minério dissolve-se formando íons Ca2+ e HCO3-. Numa segunda
etapa, a solução aquosa desses íons chega a uma caverna e ocorre a reação inversa, promovendo a liberação
de CO2 e a deposição de CaCO3, de acordo com a equação apresentada.
Ca2+(aq) + 2 HCO3(aq)

 CaCO3(s) + CO2(g) + H2O(l) ∆H = +40,94 kJ/mol
Considerando o equilíbrio que ocorre na segunda etapa, a formação de carbonato será favorecida pelo(a):
a) diminuição da concentração de íons OH– no meio;
b) aumento da pressão do ar no interior da caverna;
c) diminuição da concentração de HCO–3 no meio;
d) aumento da temperatura no interior da caverna;
e) aumento da concentração de CO2 dissolvido.

ANÁLISE EXPOSITIVA

A formação de carbonato será favorecida pelo aumento da temperatura, ou seja, o equilíbrio será deslocado para a direita.

RESPOSTA Alternativa D

101
DIAGRAMA DE IDEIAS

EQUILÍBRIO
QUÍMICO

PODE DE ACORDO
SOFRER COM O
DESLOCAMENTO PRINCÍPIO DE
LE CHATELIER

NÃO É PROVOCADO
POR
PRINCÍPIO DE
LE CHATELIER

POR
VARIAÇÃO DA VARIAÇÃO DA VARIAÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO PRESSÃO TOTAL TEMPERATURA
DE UM
PARTICIPANTE QUE

QUE CAUSA ALTERA O


VALOR DE K

VARIAÇÃO DA POIS HÁ
POIS HÁ
PRESSÃO TOTAL CASOS
CASOS
EM QUE
EM QUE
ISSO OCORRE
COM REAÇÃO K É FUNÇÃO K É FUNÇÃO
ENDOTÉRMICA CRESCENTE DA DECRESCENTE
EXOTÉRMICA
TEMPERATURA DA
TEMPERATURA

102
Assim:
AULAS 43 e 44 HNO2  H+ + NO2–

HNO2  H+ + NO2–
No início 0,02 0 0

Ionizam-se ​  15  ​ · 0,02 = 0,003


___ — —
EQUILÍBRIO QUÍMICO: 100
Formam-se — 0,003 0,003
EQUILÍBRIOS IÔNICOS Há no
0,02 – 0,003 = 0,017 0,003 0,003
equilíbrio

A constante de ionização do ácido nitroso é:


COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7
[H+][NO–2] (0,003) (0,003)
Ka = _______
​   ​ ä Ka = ​ ____________
      ​  j 5,3 · 10–4 mol/L
[HNO2] (0,017)
HABILIDADES: 12, 17, 18, 24, 25, 26 e 27
Generalizando: eletrólito BA com grau de ionização a.

   quantidade ionizada em mol


​     ​
Ki = _____________________
quantidade inicial em mol
1. Introdução
Considere uma solução aquosa contendo uma substância 1.1. Lei da diluição de Ostwald
AB dissolvida, substância essa ionizada (se for molecular)
ou dissociada (se for substância iônica). Trata-se, portanto,
de um eletrólito. Ela apresenta certo grau de ionização ou A lei da diluição de Ostwald relaciona o grau de ionização
grau de dissociação (a). com o volume (diluição) da solução. É possível deduzi-la
usando a tabela já explicada nos cálculos do equilíbrio.
BA(aq)  B+(aq) + A–(aq)
Considere n (mol) do eletrólito BA, dissolvidos em V (litros)
Na solução, há um equilíbrio simultâneo com íons e partí- de solução e apresentando o grau de ionização igual a a.
culas não ionizadas (ou não dissociadas). Tem-se:
BA(aq)  B+(aq) + A–(aq)

Quantidade inicial de BA = n
Quantidade ionizada = a · n
BA
B+ A– BA(aq)  B+(aq) + A–(aq)

Em razão disso, pode-se escrever a constante de equilíbrio, Início n 0 0


que será denominada constante de ionização (ou constan-
Ioniza-se a·n — —
te de dissociação iônica):

[B+] · [A-]
Forma-se — a·n a·n
Ki = ________
​   ​   
[BA]
No equilíbrio n–a·n a·n a·n
Para ácidos, pode-se anotar Ka e, para bases, Kb em vez Concentração
de Ki.
n – an
_____
​     
 ​ ​ an ​  
___ ​ an ​​  
___
no equilíbrio V V V

Exemplo:
Assim, as concentrações no equilíbrio são:
Considere que na solução 0,02 mol/L de ácido nitroso a 25 °C
haja 15% de moléculas ionizadas (que é o grau de ionização). ​ n – an
[BA] = ______ ​  
V

103
Ao fatorar n, obtém-se: § Terceira etapa:
n(1 – a)
[BA] = _______
​   ​    HPO2–4 + H2O  H3O+ + PO3–4
V
ou abreviadamente: HPO2–4  H+ + PO3–
As concentrações dos íons são: 4

[H+] · [PO3–4]
+
​  an ​ ; [A–] = ___
[B ] = ___ ​  an ​  Do qual obtém-se: Ki = _________
​   ​  
V V 3 [HPO2–
4
]

Portanto: O grau de ionização da primeira etapa é sempre muito maior


do que o grau de ionização das etapas subsequentes.
Ki = _______
2
​  na   ​ 
v(1 - a) a1 > a2 > a3
Em razão disso, obtém-se:
Como __​  n ​  é igual à concentração em mol/L (M) inicial da
V
solução, obtém-se: Ki1 > Ki2 > Ki3

Ki = M _____
2
​  a   ​   Observe na tabela a constante de ionização de alguns áci-
(1 - a) dos fracos em soluções aquosas de mesma molaridade:

A Lei de Ostwald é empregada preferencialmente para so- Ácido Ka (25 °C)


luções diluídas e eletrólitos fracos (a < 5 %). Observe que Ácido nitroso (HNO2) 5,0 · 10–4
ela relaciona a constante de equilíbrio (Ki) com o grau
Ácido acético (H3CCOOH) 1,8 · 10–5
de ionização (a).
Ácido hipocloroso (HCℓO) 3,2 · 10–8
Como a maioria dos casos práticos refere-se a monoáci-
Ácido cianídrico (HCN) 4,0 · 10–10
dos ou monobases, o denominador (1 – a) é praticamente
igual a 1, desde que a seja muito pequeno (a < 5 %):
O ácido com maior Ka é o HNO2, que origina solução com
a<5%ä1–aj1 maior “acidez”, isto é, é mais forte do que os outros.

Em consequência, a Lei de Diluição resulta:

Ki = a2 · M
2. Efeito do íon comum
O efeito do íon comum corresponde a uma aplicação do
De acordo com essa equação, quanto maior for a constan- princípio de Le Chatelier aos equilíbrios iônicos.
te de ionização Ki, mais ionizado estará o ácido (maior é a), Considere, por exemplo, um ácido fraco (HCN) em solução
ou seja, maior será sua força. aquosa:
Se a ionização ocorrer em etapas, será necessário escrever HCN  H+ + CN–
tantas constantes quantas forem as etapas.
[H+][CN–]
Ka = _______
​   ​
  
[HCN]
Exemplo:
Se o sal NaCN (derivado do próprio ácido) for adicionado
Ionização do ácido fosfórico H3PO4 à solução de HCN:
§ Primeira etapa:
NaCN é Na+ + CN–
H3PO4 + H2O  H3O+ + H2PO–4
Essa dissociação é total, uma vez que todo sal de sódio é
ou abreviadamente: H3PO4  H+ + H2PO–4 eletrólito forte e libera o ânion CN–, que é comum ao ácido.
[H+] · [H2PO4–] O aumento de [CN–] desloca o equilíbrio:
Do qual obtém-se: Ki = ​ __________
 ​   
1 [H3PO4]
HCN  H+ + CN–
§ Segunda etapa:
no sentido de formação do HCN (princípio de Le Chatelier),
H2PO–4 + H2O  H3O+ + HPO2–4 ou seja, diminui a ionização do ácido HCN.
ou abreviadamente: H2PO–4  H+ + HPO2–4 O mesmo aconteceria a uma solução de base fraca se a ela
[H ] · [HPO ]
+ 2– fosse adicionado um sal da própria base.
Do qual obtém-se: Ki = ​ __________ ​

  4
2 [H2PO4–] É o caso, por exemplo, de NH4OH e NH4Cℓ, respectivamente.

104
Resolução:
O efeito do íon comum é o deslocamento da posição
de equilíbrio de um eletrólito (um ácido ou base geral- HCℓ H+ Cℓ–
mente fracos), causado pela adição de um segundo Início 2,0 mol —­ —
eletrólito (geralmente mais forte, como um sal muito
solúvel), que tem um íon em comum com o primeiro. Variação 1,8 mol 1,8 mol 1,8 mol

Equilíbrio 0,2 mol 1,8 mol 1,8 mol

Concentração
3. Efeito de íons não comuns no equilíbrio
0,07 mol 0,60 0,60

É importante lembrar que há íons não comuns a um equilí-


[H+] · [C–] _________
[Produtos] ________ 0,60 · 0,60
brio iônico e que podem deslocá-lo. Kc = _________
​   
 ​ 
= ​   ​  
= ​   ​  j 5,14.

[Reagentes] [HC] 0,07
Considere, por exemplo, a dissociação de um ácido:
2. Em uma solução 0,05 mol/L de ácido cianídrico (HCN),
HCN  H+ + CN– a porcentagem de moléculas ionizadas é 2%, em deter-
Se uma base for adicionada à solução desse ácido, vai minada temperatura.
ocorrer a dissociação da base: Determine o valor da constante de ionização do HCN nes-
NaOH  Na + OH + – sas condições.

Os íons OH– da base vão neutralizar os íons H+ do ácido, de Resolução:


acordo com a reação: A concentração inicial do HCN é 0,05 mol/L. Portanto, em
um litro de solução, há 0,05 mol de moléculas dissolvidas.
H+ + OH–  H2O
Das moléculas inicialmente adicionadas, apenas 2% so-
Isso equivale a retirar H+ do equilíbrio: frem ionização.
HCN  H+ + CN– Assim:
O que, de acordo com o princípio de Le Chatelier, vai deslo- nº de moléculas ionizadas  ​· 100
a% = ____________________
​   
  
cá-lo para a direita (lado de H+ e CN–), ou seja, vai forçar a nº de moléculas dissolvidas
dissociação do ácido. Esse fato é importante porque, con- nº moléculas ionizadas
ä 2 = _________________
​        ​· 100
sequentemente, a base pode consumir todo o ácido, tanto 0,05 mol
o ácido já dissociado em H+ e CN– como as moléculas de
HCN ainda não dissociadas. número de moléculas ionizadas
= 0,02 · 0,05 mol = 0,001 mol
Outro exemplo em que se pode visualizar o deslocamento
de um equilíbrio iônico ocorre ao se dissolver K2Cr2O7 em
água causando o seguinte equilíbrio: HCN H+ CN–

Cr2O72– + H2O  2 CrO42– + 2 H+ Início 0,050 mol —­ —


alaranjado amarelo

0,001
Variação 0,001 mol 0,001 mol
mol
Se algumas gotas de solução concentrada de NaOH forem
adicionadas a esse equilíbrio, a solução consumirá os H+ do se- 0,001
gundo membro, e o equilíbrio se deslocará no sentido do CrO42–. Equilíbrio 0,049 mol 0,001 mol
mol

Em consequência disso, a coloração da solução passará de Concentração 0,001 0,001


0,049 mol/L
alaranjada para amarela. no equilíbrio mol/L mol/L

[H+] · [CN–] ___________


0,001 · 0,001
Aplicação do conteúdo Ka = _________
​ 
[HCN]
 ​  
= ​ 
0,049
 ​  j 2 · 10–5

1. Dissolveram-se 2 mol de HCl em água suficiente para


Observe que o valor Kc << 1 indica que o equilíbrio favorece
formar 3 litros de solução, sendo que 1,8 mol das molé-
culas sofreram ionização. o reagente HCN em detrimento dos produtos H+ e CN–, o
que permite concluir que se trata de um ácido pouquíssimo
Calcule a constante de ionização Ki. ionizado, muito fraco.

105
3. O ácido nitroso (HNO2) apresenta em uma solução 5 ∙ M = 0,1 mol/L = 10–1 mol/L
10–3 mol/L, grau de ionização igual a 5%.
0,9
a = 0,9 % = ___
​    ​ = 9 · 10–3
100
Determine sua constante de ionização.
[H+] = a · M = 9 · 10–3 · 10–1
Resolução:
[H+] = 9 · 10–4 mol/L
De acordo com a lei da diluição de Ostwald, como se trata
de um ácido fraco (a << 1), obtém-se: A constante de ionização pode ser calculada por:
2
Ki = a² · [HNO2] = (5%)2 · (5 · 10–3) Ki = _____
​  a    ​ · M
1–a
= (5 · 10–2) 2 · (5 · 10–3) = 1,25 · 10–5.
(9 · 103)2
ä Ki = _________
​    · 10–1 j 8 · 10–6 mol/L
 ​ 
1 – 9 · 10–3
4. Calcule a concentração hidrogeniônica ([H+]) e a cons-
tante de ionização do ácido acético (H3CCOOH) numa
solução 0,001 M com grau de ionização de 2%. Outra resolução:

Resolução: Chega-se ao mesmo resultado pelo seguinte raciocínio:


CH COOH  H+ + CH3COO–
3
Como é um ácido fraco (a << 1), aplica-se a lei de diluição ácido acético acetato

de Ostwald “simplificada”:

Ki = a² · M = a² · [H3CCOOH] = CH3COOH  H+ + CH3COO–


= (2%)2 · (1 · 10–3) = 4 · 10–7 Início 0,1 0 0

Ioniza-se 0,9 % de 0,1 = 9 · 10–4 — —


Cálculo da [H+]: a equação do equilíbrio é

H3CCOOH(aq)  H+(aq) + H3CCOO– (aq) Forma-se — 9 · 10–4 9 · 10–4

No equilíbrio 0,1 – (9 · 10–4) j 0,1* 9 · 10–4 9 · 10–4


nº moléculas ionizadas  
a = __________________
​   
  
nº moléculas dissolvidas * Como a concentração 9 ·10–4 é muito menor em relação a
0,1, a diferença entre os dois números de fato não existe.
(  nº moléculas ​ 
​   
V
= ___________________
​   
   ​
)
ionizadas 
​ _________________ ​

( 
[H+][CH3COO–]
nº moléculas ​ 
​   
V
dissolvidas 
​ __________________ )
​ Ki = ___________
​   
[CH3COOH]
 ​  

(9 · 10–4)2
Pela equação da ionização, o número de moléculas ä Ki = ________
​   ​  j 8 · 10–6 mol/L.

0,1
ionizadas corresponde ao número de íons H+ for-
mados. Portanto: 6. O ácido nitroso (HNO2) é um ácido fraco; sua constan-
te de ionização vale 2,5 · 10–4. Calcule, no equilíbrio, a
[H+] concentração de íons H+ numa solução 0,10 M de ácido.
a = _________
​  ä [H+] = a · [H3CCOOH]
   ​ 
[H3CCOOH]
Resolução:
Substituídos os valores, obtém-se:

[H+] = 2% · 0,001 mol/L = (2 · 10–2) · (1 · 10–3) mol/L HNO2(aq)  H+(aq) + NO–2(aq)


= 2 · 10–5 mol/L.
HNO2(aq)  H+(aq) + NO–2(aq)
5. Calcule a concentração em mol/L de íons H e a cons-
+
Início 0,10 0 0
tante de ionização do ácido numa solução 0,1 mol/L
com grau de ionização 0,9%.
Ioniza-se x — —

Resolução: Forma-se — x x

CH3COOH  H+ + CH3COO– No equilíbrio 0,10 – x x x


ácido acético acetato

106
[H+][NO–2] do como fertilizante em plantações de cana-de-açúcar.
Ki = ________
​  ä
 ​ 
  Para tornar o vinhoto um fertilizante melhor, propõe-se
[HNO2]
diminuir a sua acidez e acrescentar nitrogênio.
​  X · X  ​ 
ä 2,5 ·10–4 = _______ a) Das seguintes substâncias (NaOH, NH4OH, NH4NO3
0,10 – X e NaC), escolha aquela a ser adicionada à solução de
vinhoto para torná-la um melhor fertilizante. Justifique.
Como se trata de ácido fraco, X é pequeno e 0,10 – X j
b) Sabendo-se que o vinhoto é ácido, explique por
0,10 que a solubilidade da amônia em vinhoto é maior do
​  X    ​ 
2
2,5 · 10–4 = ____ que em água pura.
0,10
ä X2 = 2,5 · 10–5 = 25 · 10–6 Resolução:
a) O NH4OH, uma vez que, das substâncias relacio-
X = ​dXXXXXXXX
25 · 10–6 ​ 
= 5 · 10–3 nadas, apenas ela e o NaOH são básicas e podem,
ä [H+] = 5 · 10–3 mol/L. portanto, diminuir a acidez, bem como, das duas, só o
NH4OH contém nitrogênio.
Outra resolução: b) Ao solubilizar-se em água, a amônia reage com a
água, formando o cátion amônio e o ânion hidroxila
É o caso de também aplicar a lei de diluição de Ostwald: em um equilíbrio ácido-base (equação 1). Com o au-
mento da concentração de H+ – no caso do vinhoto
Ki = a2 · M –, a hidroxila é protonada (equação 2), deslocando o
equilíbrio da equação 1 no sentido da formação do
2,5 · 10–4
ä a2 = ________
​   ​   
= 2,5 · 10–3 = 25 · 10–4 produto, ou seja, ela consome mais amônia se com-
0,10 parada com a água pura.
ä a = 5 · 10–2 (ou seja, 5 %)
NH3(g) + H2O(ℓ)  NH4+(aq) + OH­(aq)  eq. 1
Em seguida, obtém-se a concentração em mol/L dos íons H+:
[H+] = a · M = (5 · 10–2) · 10–1 OH-(aq)+ H+(aq)  H2O(ℓ)  eq. 2

ä [H+] = 5 · 10–3 mol/L NH3(g)+ H+(aq)  NH4+(ag)  equação total


7. Considere a solução aquosa de uma substância de
fórmula HA, na qual existe o equilíbrio: 9. (UFSCar) Quando se dissolve cloreto de cobalto (II) em
ácido clorídrico, HCℓ(aq), ocorre o seguinte equilíbrio:
HA (aq)
 H+(aq) + A–(aq)
vermelho amarelo [Co(H2O)6]2++ 4 C–(aq)  [CoC4]2–
(aq)
+ 6 H2O()
rosa azul
Sabe-se que HA tem cor vermelha e que A– tem cor amare-
la. Explique por que a adição de: DH > 0
a) suco de limão (ácido) deixa a solução vermelha; e
b) soda cáustica (básica) deixa a solução amarela. À temperatura ambiente, a cor dessa solução é rosa.
a) O que acontece com a cor da solução quando ela é
Resolução: aquecida? Justifique a resposta.
b) O que acontece com a cor da solução quando se
a) Por ser ácido, o suco de limão provoca aumento da
adiciona mais ácido clorídrico? Justifique a resposta.
concentração de íons H+, aumento esse que acarreta
deslocamento do equilíbrio para a esquerda, de acor-
Resolução:
do com o princípio de Le Chatelier, fazendo com que
a cor vermelha predomine. a) Se houver aquecimento, o equilíbrio desloca-se
b) Os íons OH– da soda cáustica (NaOH) reagem com para o lado direito, uma vez que o aumento da tem-
os íons H+ participantes do equilíbrio e reduzem sua peratura favorece a reação endotérmica e a solução
concentração (pela neutralização: H+ + OH– é H2O). passa a adquirir a cor azul, graças ao aumento da
Consequentemente, o equilíbrio é deslocado para a concentração da espécie [CoCℓ4]2– .
(aq)
direita, fazendo com que a cor amarela predomine. b) Ao adicionar mais ácido clorídrico (HCℓ), a concen-
tração molar de Cℓ– aumenta (efeito do íon comum);
8. (UFRJ) O vinhoto é um resíduo aquoso, subproduto do o equilíbrio vai se deslocar para o lado direito, e a
processo de produção de álcool a partir do licor de fer- solução vai adquirir a cor azul.
mentação da cana-de-açúcar, rico em potássio e fósforo,
mas pobre em nitrogênio; o vinhoto vem sendo utiliza-

107
DIAGRAMA DE IDEIAS

OCORRE OCORRE QUE


ENTRE ENTRE TEM
EQUILÍBRIO
ÁCIDOS BASES Kb
IÔNICO

QUE
TEM ALTO Kb
K INDICA
Ka
ALTA
SEU VALOR
DISSOCIAÇÃO
ALTO Ka DEPENDE DE
INDICA REAÇÕES
CARACTERIZANDO
ALTA IONIZAÇÃO
TEMPERATURA BASES FORTES
CARACTERIZANDO

ÁCIDOS FORTES

108
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções cientí-
fico-tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e à implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
110
Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva
metodologia em período integral, com aulas e Estudo Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material
didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos
livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e trans-
versal, as reais necessidades dos alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar
a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção:

INCIDÊNCIA DO TEMA VIVENCIANDO


NAS PRINCIPAIS PROVAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desenvol- distanciamento da realidade cotidiana, o que dificulta a compreen-
vida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos são de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos
principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo temas para além da superficial memorização de fórmulas ou regras.
o território nacional. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvol-
vida a seção “Vivenciando“. Como o próprio nome já aponta, há
uma preocupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato
em seu dia a dia.
TEORIA
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada coleção
tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolução das ques-
tões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, com-
pletos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas
que complementam as explicações dadas em sala de aula. Qua- APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
dros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados
e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fazem
que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compila-
dos, deparamos-nos com modelos de exercícios resolvidos e co-
mentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difí-
cil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento
aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever,
a qualquer momento, as explicações dadas em sala de aula.

MULTiMÍDiA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cuidado-
sa seleção de conteúdos multimídia para complementar o reper-
tório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreen-
ÁREAS DE
são, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc.
Tudo isso é encontrado em subcategorias que facilitam o apro- CONHECiMENTO DO ENEM
fundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desempenho ao
imagens, artigos e até sugestões de aplicativos que facilitam os fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o
estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas
de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm,
critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de
Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são
apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva
e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia.
Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a
apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resol-
CONEXÃO ENTRE DiSCiPLiNAS vê-las com tranquilidade.

Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é ela-


borada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata
de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não
exigem mais dos candidatos apenas o puro conhecimento dos
conteúdos de cada área, de cada disciplina. DiAGRAMA DE iDEiAS
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, cria-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão,
mos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Mate-
suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles
mática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com
que aprendem visualmente os conteúdos e processos por meio de
essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do
esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas.
dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros,
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da
sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue
aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos princi-
entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz
pais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos
parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive.
estudos e até a resolução dos exercícios.

HERLAN FELLiNi
© Hexag Sistema de Ensino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2021
Todos os direitos reservados.

Autores
Edson Yukishigue Oyama
Marcos Navarro

Diretor-geral
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Diretor editorial
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Coordenador-geral
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Editoração eletrônica
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Leticia de Brito Ferreira
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Projeto gráfico e capa


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Imagens
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ISBN: 978-65-88825-87-7

Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legis-
lação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do
qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para
o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e
localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição
para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para
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SUMÁRIO

QUÍMICA
ELETROQUÍMICA E QUÍMICA DESCRITIVA 
Aulas 45 e 46: Eletroquímica: eletrólise aquosa 6
Aulas 47 e 48: Eletroquímica: eletrólise quantitativa 12
Aulas 49 e 50: Titulação 18
Aulas 51 e 52: Química descritiva ambiental 23

QUÍMICA ORGÂNICA E CONCEITOS MODERNOS DE ÁCIDOS E BASES 


Aulas 45 e 46: Polímeros de adição 38
Aulas 47 e 48: Polímeros de condensação 45
Aulas 49 e 50: Acidez e basicidade dos compostos orgânicos 52
Aulas 51 e 52: Conceitos modernos de ácidos e bases 58

EQUILÍBRIOS QUÍMICOS
Aulas 45 e 46: Equilíbrios iônicos: pH e pOH 66
Aulas 47 e 48: Equilíbrios iônicos: hidrólise salina 72
Aulas 49 e 50: Equilíbrios heterogêneos 80
Aulas 51 e 52: Equilíbrios heterogêneos: produto de solubilidade 86
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Eletrólise aquosa é um dos temas mais recorrentes Um assunto recorrente é o da eletrólise,


dentro da Química descritiva ambiental em sendo necessários conhecimentos de ele-
questões sobre o meio ambiente. troquímica. Além disso, aborda assuntos de
titulação em questões bem analíticas.

O principal tópico é o da Química descritiva O assunto de eletrólise é cobrado de Os assuntos de eletrólise e Química
ambiental, em que são exigidos conhecimentos uma maneira bem direta. Por isso, é descritiva ambiental são os principais. Por
de diversas propriedades químicas de diversos importante que os conteúdos relacionados à serem cobrados de maneira bem objetiva,
compostos correlacionados com a temática do eletroquímica estejam bem fixados. é importante uma boa interpretação para
meio ambiente. organizar todo o raciocínio.

Titulação e eletrólise são recorrentes, portanto, O tema da Química descritiva é o mais cobra- O tópico mais cobrado está relacionado Os assuntos mais cobrados estão relacionados
é importante que estejam bem fixados os do, sendo necessário que todo o conteúdo com a titulação, por isso, é importante que com titulação e eletrólise. Assim, é importante
conteúdos relacionados a cálculos estequio- relacionado às propriedades de compostos esse assunto seja trabalho com calma, já que os dados fornecidos sejam bem
métricos, soluções e pH para titulação, além de esteja fixado, principalmente aquelas que são que se faz necessário que os conteúdos de interpretados, para que os tópicos de cálculo
toda a eletroquímica. nocivas ao meio ambiente. cálculo estequiométrico, soluções e pH estequiométrico, soluções e todo o conteúdo
estejam bem definidos. de eletroquímica estejam bem
fixados.

UFMG

São mais recorrentes os assuntos de eletrólise São recorrentes titulação e eletrólise aquosa, O assunto de titulação é bem recorrente,
e Química descritiva ambiental, por isso, é tonando-se importante que os conteúdos rela- tornando-se necessário que os conteúdos
importante que todo o conteúdo relacionado cionados a cálculos estequiométricos, soluções referentes a cálculos estequiométricos e
com eletroquímica esteja fixado e ter uma e eletroquímica estejam bem fixados. soluções estejam bem fixados para interpretar
boa compreensão das propriedades de os diversos dados fornecidos.
compostos químicos.

Titulação e Química descritiva ambiental são O tema de eletrólise é cobrado de maneira Eletrólise tem uma incidência alta, então, é
recorrentes, por isso, os assuntos referentes direta, porém, é importante que os concei- muito importante que os conteúdos sobre
a cálculos estequiométricos, soluções e pro- tos referentes ao assunto de eletroquímica eletroquímica estejam bem fixados, já que as
priedades químicas dos compostos tornam-se estejam fixados para que se tenha melhor questões são bem interpretativas.
importantes para a melhor interpretação dos interpretação do enunciado.
fenômenos que podem afetar o
meio ambiente.
ELETROQUÍMICA E
QUÍMICA DESCRITIVA

5
§ Os ânions movimentam-se em direção ao ânodo e so-
AULAS 45 e 46 frem descarga elétrica (reação anódica).

Bx– → x.e– + B0
Estabelecida a igualdade entre o número de elétrons perdi-
dos (x) e o número de elétrons recebidos (y) e somadas as
semirreações, obtém-se a reação global da eletrólise:

ELETROQUÍMICA: cátodo e polo (–) (redução): [Ay+ + y.e– → A0].x


ou
ELETRÓLISE AQUOSA x.A y+
+ x.y.e– → x·A0

ânodo e polo (+) (oxidação): [Bx– → x.e– + B0].y


ou
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7 y.B → y.x.e– + y.B0
x–

HABILIDADES:
17, 18, 21, 24, 25, 26 reação global (eletrólise): x.Ay+ + y.Bx– → x.A0 + y.B0
e 27
Observe que, para igualar os números de elétrons doados
e recebidos, aplica-se o princípio do “mínimo múltiplo co-
mum”: x . y = y . x
1. Eletrólise em solução aquosa A eletrólise em solução aquosa pode promover a formação
dos gases H2 ou O2 pela redução ou oxidação da água,
respectivamente, de acordo com as equações químicas:
Na eletrólise aquosa, a substância pura está dissol-
vida e dissociada em água (solução aquosa). Descarga no ânodo – oxidação:
​ 1 ​ O + 2 H+(aq) + 2 e-
H2O(ℓ) → __
A eletrólise é um processo que transforma energia elétrica 2 2(g)
em energia química.
Descarga no cátodo – redução:
Na eletrólise aquosa as espécies que sofrem descarga
2 H2O(ℓ) + 2 e- → H2(g) + 2 OH-(aq)
elétrica estão presentes em solução aquosa. Note que as
reações químicas promovidas pela eletrólise não são es- Somando as equações anteriores, temos:
pontâneas, então será necessário o fornecimento de uma
certa quantidade de energia para que o processo ocorra, ​ 1 ​ O + (2 H+(aq) + 2 OH(aq)
3 H2O(ℓ) + 2 e- → __ -
) + 2 e- + H2(g)
2 2(g)
geralmente se utiliza uma fonte de corrente contínua, veja: 2H2O(ℓ)
Fonte de corrente contínua Simplificando a equação anterior:
​ 1 ​  O
H2O(ℓ) → H2(g) + __
2 2(g)

2. Exemplos de reações anódicas


No ânodo ocorre oxidação:
Cátodo Ânodo
2 OH–(aq)  →  2 e– + H2O(ℓ) + 1/2 O2(g)
Considere uma substância pura genérica AxBy. 2 Cℓ(aq)

  →  2 e– + Cℓ2(g)
Dissolução da substância pura:
2 I–(aq)  →  2 e– + I2(s)
AxBy → x.Ay+ + y.Bx–
H2O(ℓ)  → ​ __1 ​ O2(g) + 2 H+(aq) + 2 e–
2
§ Os cátions movimentam-se em direção ao cátodo e
sofrem descarga elétrica (reação catódica).
–2 oxidação 0
Ay+ + y.e– → A0

6
4.1. Eletrólise aquosa do cloreto de sódio NaCℓ
Na solução há:
NaCℓ  → Na+(aq) + Cℓ–(aq)
H2O  → H+(aq) + OH–(aq) (autoionização da água)

multimídia: vídeo
Cátodo Ânodo
Fonte: Youtube
Eletrólise Aquosa

Migração de íons H+ e Na+ Cℓ– e OH–

3. Exemplos de
reações catódicas Facilidade de
H+ > Na+ Cℓ– > OH–
descarga
No cátodo ocorre redução:
2 H+(aq) + 2 e–  → H2(g)
Semirreação Redução: Oxidação:
Aℓ3+
(aq)
 + 3 e–  → Aℓ(s)0 (íons que sofrem
2 H + 2 e → H2
+ –
2 Cℓ– → Cℓ2 + 2 e–
Cu2+(aq) + 2 e–  → Cuº(s) descarga)

Zn2+  + 2 e–  → Znº(s)


(aq) Íons presentes
Ag+(aq) + e–  → Agº(s) na solução
(pois não Na+ OH–
Mg2+(aq) + 2 e–  → Mgº(s) sofreram
descarga)
2 H2O(ℓ)  + 2 e–  → H2(g) + 2 OH–(aq)
Somadas as quatro equações, obtém-se a reação global
+1 redução
0 do processo:
dissolução: 2 NaCℓ  →  2 Na+  +  2 Cℓ–
autoionização: 2 H2O  →  2 H+  +  2 OH–
4. Ordem de descarga
cátodo (redução): 2 H+  +  2 e–  →  H2
A eletrólise aquosa apresenta uma dificuldade a mais
em relação à eletrólise ígnea: além dos íons liberados ânodo (oxidação): 2 Cℓ–  →  Cℓ2  +  2 e–
pela substância que se deseja eletrolisar, sempre há os íons reação global: 2 NaCℓ + 2 H2O(ℓ) → 2 Na+(aq) + 2 OH(aq)

+ H2(g) + Cℓ2(g)
produzidos pela autoionização da água (o solvente), razão solução cátodo ânodo
pela qual haverá uma “competição” entre os íons.
Conclusão: a eletrólise do NaCℓ(aq) é um processo que
Em razão disso, deve-se obedecer à ordem de descarga: permite obter soda cáustica (NaOH), gás hidrogênio (H2)
e gás cloro (Cℓ2).
Observe que a presença de OH– na solução final da eletró-
lise caracteriza soluções básicas.
Em vez de escrever a descarga do H+ proveniente da água,
pode-se escrever a descarga da própria água, cuja reação
é dada por:
autoionização: 2 H2O  →  2 H+  +  2 OH–
cátodo (redução): 2 H+  +  2 e–  →  H2
_____________________________________
Examinemos duas eletrólises em meio aquoso. reação global: 2 H2O  +  2 e–  →  H2  +  2 OH–

7
Somadas as quatro equações, obtém-se a reação global
Cloro líquido do processo:

Nas condições ambientes, o cloro (Cℓ2) é um gás. Por dissolução:


isso, ao ler a propaganda “temos cloro líquido”, bas- CuSO4 → Cu2+ + SO42–
tante comum em lojas de materiais para piscina, en-
autoionização:
tenda-se que o produto anunciado é o cloro gasoso
borbulhado em solução de hidróxido de sódio. 2 H2O → 2 H+ + 2 OH–

Cℓ2(g) + 2 NaOH(aq) → NaCℓ(aq) + NaCℓO(aq) + H2O(ℓ) cátodo (redução):

Essa solução é utilizada na produção de desinfetantes Cu2+ + 2 e– → Cu


e alvejantes domésticos. ânodo (oxidação):
​ 1 ​ O + 2 e–
2 OH– → H2O + __
2 2
4.2. Eletrólise aquosa do sulfato de cobre CuSO4 reação global:
Na solução obtém-se: ​ 1 ​ O
CuSO4 (aq) + H2O(ℓ) → 2 H+(aq) + SO-24(aq) + Cu(s) + __
2 2(g)
dissolução: CuSO4  → Cu2+ (aq) + SO42– (aq) solução cátodo ânodo

autoionização: H2O  → H+ + OH–


Conclusão: na eletrólise do CuSO4, são obtidos cobre me-
tálico (Cu) e gás oxigênio (O2), e a solução final apresenta
Cátodo Ânodo caráter ácido graças aos íons H+.
Migração de íons Cu2+ e H+ OH– e SO42– Em vez de escrever a descarga do OH– proveniente da
Facilidade de água, pode-se escrever a descarga da própria água, cuja
Cu2+ > H+ OH– > SO42– reação é dada por:
descarga
autoionização: 2 H2O  →  2 H+ + 2 OH–
Semirreação oxidação
redução
(íons que sofrem 2 OH– →
Cu2+ + 2 e– → Cu H2O + ​ 1__  ​ O2 + 2 e– ânodo (oxidação):
descarga) 2

2 OH– → H2O + ​  __1 ​ O  + 2 e–


Íons presentes 2 2
na solução ____________________________________
(pois não H+ SO42–
sofreram __1 ​ O  + 2 e–
reação global: H2O  →  2 H+ + ​ 
descarga) 2 2

VIVENCIANDO

O hidróxido de sódio é um composto químico muito utilizado na indústria de papel, para se fazer sabão, salitre, corantes
e produtos de limpeza doméstica. Suas aplicações na indústria são diversas e, para isso, um método muito comum é feito
para sua obtenção. Como se sabe, a água do mar contém NaCℓ, e este sal, em meio aquoso, será o responsável pela
obtenção de hidróxido de sódio na indústria química. A partir do processo de eletrólise, é possível obter esse composto
por causa da formação de cloro gasoso e hidrogênio molecular nos eletrodos. Com isso, na solução, ficam na forma
dissociada os íons Na+ e OH−, conferindo ao sistema o caráter básico.

8
Nessa eletrólise:
Aplicação do conteúdo I. no polo negativo, ocorre redução da água com for-
mação de OH¯ e de H2;
1. (Unicamp) Observe o esquema representativo da ele-
II. no polo positivo, o iodeto ganha elétrons e forma iodo;
trólise da água.
III. o grafite atua como condutor de elétrons.

A B Dessas afirmações, apenas a:


eletrodos a) I é correta.
b) II é correta.
água
bateria c) III é correta.
d) I e a III são corretas.
e) II e a III são corretas.
As semirreações que ocorrem nos eletrodos são:
Resolução:
2 H2O(ℓ) + 2 e– → 2 OH–(aq) + H2(g)
Antes de fazer as semirreações, é necessário verificar quais
2 H2O(ℓ) → 4 H+(aq) + O2(g) + 4 e–
íons serão oxidados e reduzidos na solução de KI:
A partir dessas informações:
a) Identifique os gases A e B. Onde Disponíveis Facilidade de
b) Indique se, após certo tempo de eletrólise, o meio ocorre na solução descarga
estará ácido, básico ou neutro. Por quê? Cátions H+ e K+ H+ > K+

Ânions OH– e I– I– > OH–


Resolução:
a) Obtém-se a reação global: Sabendo quais são as facilidades de descarga dos íons, po-
de-se montar as semirreações no cátodo e ânodo:
cátodo (redução): 2 H2O(ℓ) + 2 e– → 2 OH(aq)

+ H2(g) (x2)
Onde ocorre Reação
ânodo (oxidação): 2 H2O(ℓ) → 4 H+(aq) + O2(g) + 4 e–
____________________________________ Cátodo 2 H2O + 2 e → H2 + 2 OH-
-

Ânodo 2 KI → I2 + 2 K+ + 2 e-
reação global: H2O(ℓ) → H2(g) + ½O2(g)
Global 2 KI + 2 H2O → H2 + I2 + 2 K+ + 2 OH-
Lembrando que n.º de e– cedidos = n.º de e– recebidos,
Analisando as afirmativas, temos que os itens estão:
são produzidos 2 H2(g) para 1 O2(g); logo, o volume de H2
I. Correta, pois no polo negativo (cátodo) ocorre a
produzido será maior que o de O2.
redução da água, formando OH- e H2.
gás A = H2 e gás B = O2 II. Incorreta, pois no polo positivo (ânodo), iodeto per-
de elétrons (oxida), formando iodo (I2).
b) Observando a equação da reação global, nota-se III. Correta, grafite atua como eletrodo, ou seja, con-
que a quantidade (concentração) de H+ é igual à de dutor de elétrons.
OH–. Portanto, pela equação 4 H+ → 4 OH–, a solução
final é neutra. Alternativa D

2. Uma solução aquosa de iodeto de potássio (KI) foi ele- 3. (Fuvest) Para pratear eletroliticamente um objeto
trolisada, usando-se a aparelhagem esquematizada na de cobre e controlar a massa de prata depositada no
figura. Após algum tempo de eletrólise, adicionaram-se objeto, foi montada a aparelhagem esquematizada na
algumas gotas de solução de fenolftaleína na região do figura a seguir, onde I, II e III são, respectivamente:
eletrodo A e algumas gotas de solução de amido na região
do eletrodo B. Verificou-se o aparecimento da cor rosa na
região de A e da cor azul (formação de iodo) na região de B.

KI

9
a) o objeto de cobre, uma chapa de platina e um amperímetro;
b) uma chapa de prata, o objeto de cobre e um voltímetro;
c) o objeto de cobre, uma chapa de prata e um voltímetro;
d) o objeto de cobre, uma chapa de prata e um amperímetro;
e) uma chapa de prata, o objeto de cobre e um amperímetro
Resolução:

O item I é polo positivo, logo é o ânodo (onde ocorre oxidação); deve-se colocar uma chapa de prata, de onde ocorre a oxidação
da prata. No item II é polo negativo, logo é o cátodo (onde ocorre a redução); deve-se colocar o objeto de cobre que deseja ser
recoberto pela prata, que é onde a prata da solução será reduzida. No item III deve ir o amperímetro, pois o item III está ligado
em série com o circuito (sendo que o amperímetro deve ser ligado em série para medir a corrente e o voltímetro deve ser ligado
em paralelo para medir a tensão, do contrário, não irá medir nenhum valor).
Alternativa E

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Uma das preocupações ambientais é a presença de metais pesados na água. Os metais pesados podem ser considerados
quaisquer metais de transição, se presentes em excesso na água. É, muitas vezes, um processo natural decorrente do
acúmulo de minérios que acabam por se concentrar ou de ações humanas displicentes. Ingerir água com esses metais
pode causar problemas funcionais decorrentes do acúmulo do metal no organismo, trazendo como consequências, por
exemplo, o cálculo renal, o acúmulo de metais no sistema nervoso central causando debilitação de movimentos, insani-
dade ou até mesmo a morte. Para retirar esses metais da água, é necessário passar por um processo de eletrólise aquosa,
no qual serão separados os metais dessa solução. Uma das dificuldades desse processo é a energia gasta e a quantidade
de água que tem para se desinfectar, o que, muitas vezes, torna o processo inviável.

10
DIAGRAMA DE IDEIAS

CELA ELETROQUÍMICA ELETRÓLISE

PODE SER CHAMADA

OXIRREDUÇÃO NÃO
CELA ELETROLÍTICA
ESPONTÂNEA

TEM É

MEIO CONDUTOR FORÇADA PELA


IÔNICO CORRENTE ELÉTRICA

PODE SER

SOLUÇÃO AQUOSA
DE ELETRÓLITO

NESSE CASO É UMA

ELETRÓLISE AQUOSA

NA QUAL HÁ

ORDEM DE FACILIDADE
DE DESCARGA

11
de experimentos e percebeu que, quando uma corrente elé-
AULAS 47 e 48 trica (eletrólise) passa em uma solução de determinado íon
metálico, o metal desse íon se deposita no fundo do recipien-
te. Desse modo, ele concluiu que a massa de uma substância
formada na eletrólise é diretamente proporcional à quanti-
dade de carga elétrica do sistema. Isso significa que, quanto
maior for a intensidade da corrente elétrica usada na eletró-
ELETROQUÍMICA: lise, maior será a quantidade formada de massa do produto.

ELETRÓLISE A carga elétrica (Q) é dada pela seguinte fórmula, usada


com frequência na Física:
QUANTITATIVA
Q=i·t

COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7 Em que:
Q = quantidade de carga elétrica (coulomb – C)
HABILIDADES:
17, 21, 23, 24, 25, 26
e 27 i = intensidade da corrente elétrica (ampère – A);
t = tempo decorrido na eletrólise (segundos – s).

Em 1909, outro passo importante para a eletrólise quanti-


tativa foi dado pelo físico Robert Andrews Millikan (1868-
1953), que determinou a carga elétrica de 1 elétron como
1. Eletrólise quantitativa e a igual a 1,6 · 10-19 C.
carga de 1 mol de elétrons A constante de Avogadro afirma que em 1 mol de elétrons
há 6,02 · 1023 elétrons. Assim, é possível calcular a carga de
A eletrólise é um processo muito utilizado na indústria
1 mol de elétrons pela regra de três:
(principalmente na produção de substâncias simples que
servem de matérias-primas e na purificação de metais). Por 1 elétron —— 1,6 ·10–19 C
esse motivo, os aspectos quantitativos relacionados a esse 6,02 · 1023 elétrons —— x
processo tornam-se de extrema necessidade. x = 96500 coulombs
Por exemplo:
Esse valor é conhecido como Constante de Faraday (unidade: F).
Qual seria a quantidade de eletricidade necessária para
depositar 10 g de prata? Constante de Faraday é a carga elétrica de 1 mol de
Dado: Ag = 108 g/mol elétrons e vale 96.500 C/mol.

A equação de redução da prata é: 1 F = 96.500 C

Ag+ + 1 e– → Ag0
Assim, se a carga utilizada no processo for dada em fa-
raday (ou em quantidade de cargas), então será possível
Nesse caso, sabe-se que:
utilizar relações estabelecidas por regras de três e calcular
108 g de prata —— 1 mol de elétrons a quantidade de massa que será depositada na eletrólise.

10 g de prata —— Quantidade de elétrons? No exemplo do início, a quantidade de carga necessária


para depositar 10 g de prata seria:
Como é possível resolver o problema acima e chegar à quan-
108 g de prata ——— 1 mol de elétrons —— 96.500 C
tidade de eletricidade mencionada na relação? A depender
de como a prata é depositada, a qualidade da cor do objeto 10 g de prata ——————————— x
que foi revestido, a espessura da camada de metal deposita-
do e a eficiência da proteção contra a sua corrosão variam. x = 8.935 coulombs

O físico e químico Michael Faraday (1791-1867) contribuiu Ou seja, a quantidade de carga necessária será de 8.935
decisivamente para identificar esse fato. Ele realizou uma série coulombs. Ressaltando que, para um valor de intensidade

12
da corrente elétrica e tempo decorrido na eletrólise, quando
a quantidade de carga chegar ao valor de 8.935 C, 10 g de
prata serão depositados no polo negativo do sistema.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube Pelo esquema, é possível observar que as quantidades de
Galvanização do anel - Super química cargas envolvidas nas duas cubas são iguais.
Q1 = Q2

2. Carga de 1 mol de
elétrons (faraday)
Em 1909, Millikan determinou que a carga elétrica de um
elétron é igual a 1,6 · 10–19 C. Sabe-se que 1 mol de elétrons
corresponde a 6,02 · 1023 elétrons. Em função disso, é pos- multimídia: vídeo
sível calcular a carga de 1 mol de elétrons pela regra de três:
Fonte: Youtube
1 elétron —— 1,6 ·10–19 C
conheça o processo para banhar
6,02 · 10 elétrons —— x
23
a ouro suas joias

Nota Aplicação do conteúdo


Nos exercícios que compreendem estequiometria na
eletrólise, é comum a aplicação da seguinte fórmula: 1. Uma peça de bijuteria recebeu um “banho de prata” (pra-
teação) por um processo eletrolítico. Sabendo que nessa
Q=i·t deposição o Ag+ reduz-se a Ag e que a quantidade de carga
Q = quantidade de carga em coulombs (C); envolvida no processo foi de 0,01 faraday, qual é a massa de
i = corrente elétrica em ampères (A); prata depositada? (massa molar: Ag = 108 g · mol–1)
t = tempo decorrido em segundos (s);
Ag+ + e– é Ag
formação de prata metálica no cátodo.
ç ç
Ag+ + e–  é  Ag 1 mol e –
1 mol
ç ç ç ç ç
1 mol 1 mol 1 mol
1 faraday —— 108 g
Em razão disso, pode-se deduzir que: 0,01 faraday —— x
1 mol de elétrons (e–) produz 1 mol de Ag (108 g);
96 500 C produzem 1 mol de Ag (108 g); Resolução:
1 F produz 1 mol de Ag (108 g).
0,01 F · 108g
ä x = ___________
​   ​   
1F
ä x = 1,08 g de prata

3. Eletrólise em série 2. Considerando que uma quantidade de carga igual a


9.650 C é responsável pela deposição de cobre se fizer
É possível realizar diversas eletrólises com a utilização de uma eletrólise de CuSO4(aq), qual será a massa de cobre
um mesmo gerador e formar um circuito em série. depositada? (massa molar: Cu = 64 g·mol–1)

13
CuSO4 é Cu2+ + SO42– 01. A massa de Ni depositada, no mesmo tempo, na cuba
2, é de aproximadamente 7,4 .
Cu2+ + 2 e– é Cu0
ç ç 02. Na superfície do ânodo da cuba 1, forma-se cloro gasoso.
2 mol e– 1 mol 04. Na superfície do polo negativo da cuba 2, forma-se H2(g).
ç ç 08. Na superfície do ânodo da cuba 2, forma-se cloro gasoso.
2 (96.500 C) —— 64 g
16. A equação da reação global referente à cuba 2 é Ni-
9.650 C —— x Cℓ2(aq) → Ni0(s) + Cℓ2(aq), e o que resta no meio eletrolíti-
Resolução: co, após uma eletrólise completa, é apenas água.

9 650 C · 64g Resolução:


ä x = ___________
​   ​ 
2 · 96 500 C Tem-se:
ä x = 3,2 g de Cu Cuba 1:

3. Numa pilha antiga de flash, o eletrólito está contido MgCℓ2(s) →



Mg(ℓ)
2+
+ 2 Cℓ(ℓ)
-

numa lata de zinco que funciona como um dos eletrodos.


Durante a descarga desse tipo de pilha, que massa de Zn é (+) 2 Cℓ(ℓ)
-
→ 2 e- + Cℓ2(g) (oxidação; ânodo)
oxidada a Zn2+, por um período de 30 minutos, envol-
vendo uma corrente de 5,36 · 10–1 A? (-) Mg(ℓ)
2+
+ 2 e- → Mg(ℓ) (redução; cátodo)
__________________________________
(massa molar do Zn = 65 g · mol–1)
MgCℓ ___ →Cℓ + Mg
Global
2(s) 2(g) (ℓ)
i = 5,36 · 10–1 A Conhecendo as filas de descarga:
t = 30 minutos = 30 · 60 s = 1.800 s
Q = i·t
Q = 5,36 · 10–1 A · 1.800 s ä Q = 965 C

Zn é Zn2+ + 2 e-
ç ç
1 mol 2 mol e-
ç ç
65 g —— 2 (96.500 C)
Cuba 2 :
x —— 965
H2O(ℓ) → H+(aq) + OH-(aq)
Resolução: NiCℓ2(s) → Ni(aq)
2+
+ 2 Cℓ(aq)
-

965 C · 65 g (+) 2 Cℓ(aq)


-
→ 2 e- +Cℓ2(g) (oxidação; ânodo)
ä x = __________
​   
 ​
2 · 96 500 C
(-) Ni2+ + 2 e-→Ni(s) (redução; cátodo)
ä x = 3,25 · 10–1 g de Zn (aq)
__________________________________
4. Considere duas cubas eletrolíticas ligadas em série, NiCℓ + H O ___
2(s) 2 (ℓ)
→H+ + OH- + Cℓ + Ni
Global
(aq) (aq) 2(g) (s)
montadas com eletrodos inertes, sendo que a primeira
(cuba 1) contém MgCℓ2 fundido e a segunda (cuba 2) NiCℓ2(s)___ →Cℓ2(g) + Ni(s)
Global

contém uma solução aquosa de NiCℓ2. Faz-se atravessar


uma corrente elétrica pelo circuito e observa-se que, Na superfície do polo negativo da cuba 2, forma-se Ni(s).
após um determinado tempo, houve um depósito de
Como as cubas eletrolíticas estão ligadas em série, elas
3,0 g de Mg metálico. Com base nessas informações,
assinale o que for correto. devem ser percorridas pela mesma corrente elétrica. Cha-
mando a quantidade de eletricidade que percorre as duas
Dados: cubas de Q, tem-se:
1 F = 96.500 C Mg2+ + 2 e- → Mg0
Mg =24; Ni =58,7 2 · 96.500 C —— 24 g

14
Q —— 3 g
Q = 24.125 C
Ni2+ + 2 e- → Ni0
2 · 96.500 C —— 58,7 g
24.125 C —— mNi
multimídia: site
mNi = 7,34 g ≈ 7,4 g
Resposta: icz.org.br/galvanizacao.php
01 + 02 + 08 +16 = 27.

VIVENCIANDO

A galvanização ou eletrodeposição é o processo de revestimento de superfícies metálicas com outros metais por um
meio eletrolítico. Processos como douração, prateação, niquelação, cromeação, entre outros, são realizados industrial-
mente. Esses processos são de deposição eletrolítica ou galvanoplastia. O objeto metálico que será revestido com outro
metal é utilizado como cátodo e ligado ao polo negativo do gerador. A solução eletrolítica contém os cátions do metal
que se deseja aplicar como revestimento. É possível, por exemplo, pratear um anel de cobre por meio de uma eletrólise
de um sal de prata, ligando o anel ao polo negativo (cátodo). O ânodo pode ser inerte a um eletrodo de prata.
O ferro galvanizado é revestido por uma camada de zinco. Ele é obtido mergulhando-se chapas de ferro no zinco fundi-
do e retirando-as logo a seguir. O zinco solidifica sobre a superfície do ferro, constituindo o revestimento. O nome “ferro
galvanizado” sugere que o processo de obtenção é a galvanoplastia ou eletrodeposição e, por isso, é inconveniente.

15
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 23
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, consideran-
do implicações éticas, ambientais, sociais e/ou econômicas.

O reino vegetal é abordado no Enem principalmente com enfoque nos quatro grandes grupos e suas interações
com o ambiente, assim como suas relações evolutivas. A fisiologia vegetal, que abrange também a atuação dos
fito-hormônios, é fundamental por ter aplicação direta no aprimoramento da agricultura.

MODELO 1
(Enem) A eletrólise é muito empregada na indústria com o objetivo de reaproveitar parte dos metais suca-
teados. O cobre, por exemplo, é um dos metais com maior rendimento no processo de eletrólise, com uma
recuperação de aproximadamente 99,9%. Por ser um metal de alto valor comercial e de múltiplas aplicações,
sua recuperação torna-se viável economicamente.
Suponha que, em um processo de recuperação de cobre puro, tenha-se eletrolisado uma solução de sulfato de
cobre (II) (CuSO4) durante 3 h, empregando-se uma corrente elétrica de intensidade igual a 10 A. A massa de
cobre puro recuperada é de aproximadamente:
Dados: constante de Faraday (F = 96.500 C/mol); massa molar em g/mol: Cu = 63,5.
a) 0,02 g. b) 0,04 g. c) 2,40 g. d) 35,5 g. e) 71,0 g.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Tem-se:
Q = i · t ⇒ 10 · 3 · 3.600 s = 108.000 C
Cu2+ + 2 e– → Cu
2 · 96.500 C ____ 63,5 g
108.000 C ____ m
m = 35,5 g

RESPOSTA Alternativa D

16
DIAGRAMA DE IDEIAS

CELA ELETROQUÍMICA

PODE SER

CELA ELETROLÍTICA

OBTENÇÃO REFINO ELETROLÍTICO


GALVANOPLASTIA
DE SUBSTÂNCIAS DE METAIS

MASSA DE SUBSTÂNCIA
GASTA OU FORMADA EM
UMA SEMIRREAÇÃO

DEPENDE DA

CARGA QUE ATRAVESSA MASSA MOLAR


O CIRCUITO DA SUBSTÂNCIA

CALCULADA A
PARTIR DE
AMPERE (A)

INTERVALO CORRENTE
DE TEMPO ELÉTRICA

AMPERÍMETRO

17
Erlenmeyer início   ä 
AULAS 49 e 50

ä erlenmeyer final

TITULAÇÃO 2. Princípio da titulometria


Considere as soluções aquosas A e B.
n
solução A: MA = __
​  A ​ 
VA
n
solução B: MB = __
​  B  ​
VB
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7 Para que a reação entre A e B seja completa, as substâncias
devem reagir na proporção indicada pelos coeficientes da
HABILIDADES: 17, 21, 24, 25, 26 e 27 equação balanceada:
aA + bB é cC
a—b
nA — nB
1. Titulação  ​ __a  ​ = __
n m ·V
​  nA ​   ou ​ __a  ​ = ______
​  A A ​ 
b B b mB · VB
A titulação é um procedimento em laboratório para de-
terminar a concentração de uma solução a partir de uma Exemplos:
solução de concentração conhecida.
1. Titulação entre H2SO4 e NaOH
As principais titulações são:
2 NaOH + H2SO4 é Na2SO4 + 2 H2O
§ acidimetria, que determina a concentração de um n mNaOH · VNaOH
ácido; e
____
​  nNaOH  ​ 2 ​   ou ​ __________
 ​ = __  
 ​
H2SO4 1 m H SO
· VH SO
2 4 2 4

§ alcalimetria, que determina a concentração de uma base.

1.1. Esquema da titulação


Em geral, são utilizados na titulação uma bureta e um
erlenmeyer.

Solução de concentração
bureta conhecida (ácido ou base)
Volume gasto na titulação

Solução de concentração
desconhecida (ácido ou base)
erlenmeyer
Volume conhecido
Algumas gotas de indicador

Quando a torneira da bureta é aberta, ocorre a reação en-


tre o ácido e a base.
Depois que o ácido ou a base do erlenmeyer é consumido
totalmente, a titulação termina (fecha-se a torneira). O si-
nal disso é a mudança de cor da solução no erlenmeyer.

18
2. Titulação entre HC e NaOH Casos possíveis de titulação:
a) Titulação de ácido forte com base forte
NaOH + HC é NaC + H2O
O sal formado produz solução neutra. Assim, no ponto fi-
nal, o meio será neutro.

HC(aq) + NaOH(aq) é NaC(aq) + H2O()

Em geral, o pH de viragem dos indicadores está compreen-


dido entre 4 e 10. Portanto, qualquer indicador poderá ser
usado. Na prática, são usados com frequência fenolftaleína
ou alaranjado de metila.
b) Titulação de ácido fraco com base forte
O sal formado produz solução básica. Assim, no ponto fi-
nal, o meio será básico.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Titulação de vinagre

3. Indicador em acidimetria H3CCOOH(aq) + NaOH (aq) é H3CCOO–Na+(aq) + H2O()


ácido acético

e alcalimetria Deve ser usado um indicador cujo ponto de viragem ocorra


O indicador é uma substância qualquer que, ao ser adi- em meio básico. Nesse caso, utiliza-se fenolftaleína, cujo
cionada ao erlenmeyer, indica o ponto final da reação por pH de viragem está entre 8,3 e 10.
meio de mudança de coloração. Em outras palavras, ele c) Titulação de ácido forte com base fraca
indica quando a titulação deve terminar. Os indicadores O sal formado produz solução ácida. Assim, no ponto final,
mais comuns são: a solução será ácida.
Indicador Ácido Base

Tornassol vermelho azul

Fenolftaleína incolor rosa/vermelho

Alaranjado
vermelho amarelo
de metila
Azul de bro-
amarelo azul
motimol HC(aq) + NH4OH(aq) é NH4C(aq) + H2O()

19
Deve ser usado um indicador que vire em meio ácido. O Desse vinagre, retirou-se uma amostra de 5 mL, que foi ti-
indicador mais usado é o alaranjado de metila, cujo pH de tulada com uma solução 0,6 mol/L de NaOH da qual foram
viragem está entre 3,1 e 4,4. gastos 8,5 mL. Qual é o título da solução?
Dado: massa molar do ácido acético = 60 g/mol.
Aplicação do conteúdo Primeira resolução: emprego das relações de titulação
Serão examinados os típicos casos de problemas com NaOH + CH3COOH é NaCH3COO–Na+ + H2O
titulação. nNaOH
​ ______ ​ 1 ​ ä nNaOH = nCH3COOH
= __
nCH3COOH  ​  1
§ Titulação ácido-base
Uma vez que M = n / V ä n = M · V:
1. Para titular 150 mL de hidróxido de sódio, foram gas-
tos 200 mL de ácido sulfúrico 0,3 mol/L. Qual a concen- MNaOH · VNaOH = MCH3COOH · VCH3COOH
tração, em mol/L, de NaOH? 0,6 mol/L · 8,5 mL = MCH3COOH · 5 mL
Primeira resolução: emprego das relações de titulação ä MCH3COOH = 1,02 mol/L
Relação entre concentrações:
2 NaOH + 1 H2SO4 é Na2SO4 + 2 H2O
n mNaOH · VNaOH M · M = d · t · 1000
____
​ nNaOH  ​ 2 ​   ou ​ __________
 ​ = __  
 ​
1 m · VH SO 1,02 · 60
H2SO4 H SO
2 4 2 4 ä t = _________
​    ​ 
m · 150 __ 1,02 · 1000
_________
​  NaOH = ​  2 ​ 
 ​ 
0,3 · 200 1 ä t = 0,06 ou 6 % (porcentagem em massa de ácido
ä MNaOH = 0,8 mol/L acético no vinagre)

Segunda resolução: estequiometricamente Segunda resolução: estequiometricamente

2 NaOH + 1 H2SO4 é Na2SO4 + 2 H2O Para o NaOH:

Cálculo da quantidade de H2SO4 empregado para neutra- n = M · V ä n = 0,6 · 0,0085 ä n = 0,0051 mol de NaOH
lizar o NaOH: Para o CH3COOH:
0,3 mol H2SO4 –—— 1 L de solução n = 0,0051 mol de CH3COOH (proporção 1:1)
x –—— 0,2 L de solução
Concentração molar do ácido acético:
ä x = 0,06 mol H2SO4 (presente em 200 mL de sua solução) 0,0051
M = ______
​   ​ 
0,005
Cálculo da quantidade de NaOH neutralizada pelo H2SO4
utilizado - estequiometria: ä M = 1,02 mol/L

2 mol NaOH –—— 1 mol H2SO4 Uma vez que C = M · M


y –—— 0,06 mol H2SO4 Assim:
ä y = 0,12 mol NaOH (neutralizado pelo H2SO4) C = 1,02 mol/L · 60 g/mol = 61,2 g/L
Cálculo da concentração de NaOH na sua solução: Relação entre concentrações: C = t · d · 1000
0,12 mol NaOH –—— 0,150 L ä 61,2 g/L = t · 1,02 g/cm3 · 1000 cm3/L
z –—— 1L 61,2
ä t = _________
​     ​ 
ä z = 0,8 mol/L de NaOH 1,02 · 1000
ä t = 0,06 ou 6 % (porcentagem em massa de ácido
§ Titulação ácido-base e porcentagem em
acético no vinagre)
massa
§ Titulação ácido-base e pureza
2. No rótulo de uma garrafa com vinagre lê-se:
3. 25 g de hidróxido de sódio impuro são dissolvidos em
Conteúdo: solução de ácido acético obtido a partir de água suficiente para 500 mL de solução.
vinho branco
Na titulação, uma alíquota de 50 mL dessa solução gasta
Densidade: 1,02 g/mL 25 mL de ácido sulfúrico 1 molar. Qual é a porcentagem de
Volume: 500 mL pureza do hidróxido de sódio inicial?

20
Quantidade de NaOH em 2:
amostra inicial
25 g de NaOH impuro; 50 mL de solução em 3 ——— 0,05 mol
% de pureza?
500 mL de solução 2 ——— y
H2O
ä y = 0,5 mol de NaOH
A quantidade de NaOH em 1 é igual à existente em 2, uma
vez que de 1 para 2 ocorreu somente a adição de água;
traço de referência

Portanto, em 1 há:
1 mol de NaOH ——— 40 g
500 mL de solução 0,5 mol de NaOH ——— y
ä y = 20 g de NaOH puro
Se a massa da amostra inicial são 25 g:
25 g de NaOH impuro ——— 100 %
20 g de NaOH puro ——— p
ä p = 80 %
Segunda resolução:
Concentração molar de NaOH em 3:
solução titulada;
nH SO
25 mL de H2SO4 (1 M)
____ ​ 1 ​ 
​ n 2 4 ​  = __
NaOH 2
MH SO ⋅ 25
⇒________
​  2 4  ​   = ​ 1 ​ 
__
MNaOH ⋅ 50 2
⇒ MNaOH = 1 mol/L
Concentração molar NaOH em 2 = concentração molar de
NaOH em 3

solução-problema e indicador Quantidade em mol de NaOH em 2:


50 mL de solução
1 L de solução ——— 1 mol NaOH
0,5 L de solução ——— y
Esse problema é um exemplo típico de análise volumétrica. Antes ⇒ y = 0,5 mol de NaOH
da resolução, convém comentar o que ocorre nessa sequência. Quantidade em grama de NaOH em 2:
De 1 para 2: apenas dissolução do NaOH em água. mNaOH = 0,5 · 40 = 20 g
​  1  ​ da solução
De 2 para 3: apenas retirada (separação) de ___ Se a massa da amostra inicial são 25 g:
10
de NaOH.
25 g de NaOH impuro ——— 100 %
Somente entre 3 e 4 ocorre uma reação química, que é: 20 g de NaOH puro ——— p
H2SO4 + 2 NaOH → Na2SO4 + 2 H2O ⇒ p = 80 %

A resolução típica desses problemas exige que se retroceda


da solução titulada 4 para a amostra inicial 1:
Primeira resolução: H2SO4 em 4: n = M . V = 1 . 0,025
ä n = 0,025 mol
Quantidade de NaOH em 3:
H2SO4 + 2 NaOH → Na2SO4 + 2 H2O
1 mol 2 mol
0,025 mol x
x = 0,050 mol de NaOH

21
VIVENCIANDO

Caso um laboratório químico possua um grande estoque de uma solução aquosa de NaOH, mas o rótulo tenha
sido danificado, impossibilitando saber a concentração da solução, seria possível determinar essa concentração? A
técnica de titulação ácido-base consiste em adicionar lentamente uma solução ácida (solução titulante) à solução da
base (solução titulada). Muitas vezes, pode ocorrer o contrário. Com o auxílio de uma bureta, é possível identificar
o volume gasto da solução titulante e encontrar a concentração da solução titulada. No entanto, como saber que a
reação chegou ao final e se deve parar de adicionar a solução titulante? Para isso, existe o ponto de equivalência,
ou seja, o ponto em que a reação acabou de se completar. Toda substância foi titulada pelo titulante por meio de
um indicador. Numa titulação, a viragem do indicador permite avaliar o instante em que foi atingido o ponto final da
titulação e em que momento se deve parar de adicionar a solução.

DIAGRAMA DE IDEIAS

MISTURA CONCENTRAÇÃO

PODE SER PODE SER ESSA EM

HOMOGÊNEA g/L

É UMA

TÍTULO EM
SOLUÇÃO
MASSA
COM DUAS OU MAIS SOLUÇÕES,
PODE-SE FAZER
MISTURA DE CONCENTRAÇÃO EM
SOLUÇÕES QUANTIDADE DE
MATÉRIA (mol/L)
HÁ CASOS EM QUE
UTILIZADA EM

HÁ REAÇÃO
TITULAÇÃO
ENTRE OS SOLUTOS
POR EXEMPLO

22
Nestas aulas, vamos estudar a ocorrência dos elementos
AULAS 51 e 52 na natureza, onde eles podem ser encontrados, o estado
físico e suas combinações químicas mais comuns.
É bastante interessante estudar os processos usados para
obtenção dos elementos, a partir de fontes naturais, e
como são fabricadas algumas substâncias de grande inte-
resse industrial e comercial.
QUÍMICA DESCRITIVA
Vamos agora conhecer algumas noções sobre a consti-
AMBIENTAL tuição da Terra.

1. Constituição da Terra
Para efeitos de estudos, o planeta Terra é dividido basica-
COMPETÊNCIAS: 3, 5, 6 e 7
mente em três partes: litosfera, hidrosfera e atmosfera.
10, 12, 17, 18, 24, 25, ATMOSFERA é a camada gasosa ao redor da Terra.
HABILIDADES:
26 e 27
Sete elementos gasosos podem ser obtidos industrialmente
a partir do ar atmosférico, com exceção do gás hélio (He),
que é extraído do gás natural de certos poços no Kansas,
Oklahoma e Texas, onde sua concentração é bem superior à encontrada no ar atmosférico.
Dependendo do local, do clima e da altitude, a composição da atmosfera pode variar. Em geral, no entanto, ela é apresentada
em ordem decrescente de porcentagem em volume:

Componentes Fórmula Massa molecular Porcentagem (em volume)

Nitrogênio N2 28 78

Oxigênio O2 32 20,9

Argônio Ar 40 0,93

Água H2O 18 0,1 a 2,8

Gás carbônico CO2 44 0,03

Neônio Ne 20 0,0018

Hélio He 4 0,00052

Criptônio Kr 84 0,00015

Hidrogênio H2 2 0,00005

Xenônio Xe 131 0,00008

HIDROSFERA é a parte líquida da Terra, que corresponde a cerca de 80 % de sua superfície.


A água dos oceanos apresenta uma grande variedade de sais dissolvidos, constituindo-se em fonte principal de obtenção de
vários elementos, como bromo, magnésio, sódio, cloro, etc.
Os sais dissolvidos correspondem a 3,3 % da água dos oceanos.

23
Os elementos obtidos da água dos oceanos apresentam a A formação de grande parte dos minerais conta com elemen-
seguinte abundância: tos metálicos, cuja extração é desejada. Tratando-se de um
mineral que apresenta fácil extração, condições de transporte,
Forma em Porcentagem baixo custo de mercado, ele passa a ser chamado de minério.
Componentes
que aparece (em massa)
Minério é todo o mineral do qual se pode extrair elemento
Hidrogênio H2O 10,74 %
químico de forma econômica viável.
Oxigênio H2O 85,95 %
Principais minérios e seus elementos químicos extraídos:
Cloro Cℓ–(aq) 1,9 %
Minério Metal
Sódio Na+(aq) 1,1 %
Fe2O3 (hematita) – Fe3O4­(magnetita) – FeS2 (Pirita) Fe
Magnésio Mg2+(aq) 0,13 %

Enxofre SO42– 0,088 % SnO2 (cassiterita) Sn

MnO2(pirolusita) Mn
Cálcio Ca2+(aq) 0,04 %
Aℓ2O3 . 2H2O (bauxita) Aℓ
Potássio K+(aq) 0,03 %
Cu (cobre nativo) – Cu2O (cupri-
Bromo Br–(aq) 0,0065 % ta) – Cu2S (calcocita) – CuFeS2 (pirita Cu
de cobre) – FeO . Cu2S (calcoprita)

LITOSFERA é a parte sólida da Terra, com cerca de 6,5 Hg (mercúrio nativo) – HgS (cinábrio) Hg
mil km de raio, e mais externa, que corresponde a uma PbS (galena) Pb
espessura de aproximadamente 30 km, chamada de crosta
terrestre. Dela se extraem estes elementos, que, em ordem ZnS (blenda) Zn
decrescente de abundância, são: FeO . Cr2O­3 (cromista) Cr
Porcentagem
Componentes Símbolo TiO2 (rutilo) Ti
(em massa)
Oxigênio O 49,20
Au (ouro nativo) Au
Silício Si 25,67
Ag (prata nativa) – Ag2S (argentita) Ag
Alumínio Aℓ 7,50

Ferro Fe 4,71 Desses elementos, alguns ocorrem na natureza em estado


nativo: Au, Ag, Pt, Hg e Cu, chamados de metais nobres.
Cálcio Ca 3,39

Sódio Na 2,63 O minério encontra-se na natureza, em locais chamados


minas ou jazidas. O processo de extração do minério das
Potássio K 2,40
minas é chamado mineração.
Magnésio Mg 1,93
A obtenção dos metais a partir de seus minérios é a metalurgia.
Hidrogênio H 0,87

Titânio Ti 0,58 De modo geral, esses processos consistem em:


Cloro Cℓ 0,19 1. Purificação (ou concentração) do minério
Fósforo P 0,11
O minério obtido da jazida traz consigo uma quantidade
Manganês Mn 0,09 muito grande de impurezas, material rochoso inútil que
Carbono C 0,08 deve ser removido.
Enxofre S 0,06
2. Redução do cátion metálico ao átomo metálico
Demais elementos
Os elementos metálicos encontram-se nos minerais na for-
O oxigênio e o silício são os elementos mais abundantes da ma de cátions metálicos. Para que se possa obter o metal,
crosta terrestre, seguidos do alumínio e do ferro. Esses e os de- é necessário que se faça a redução do cátion:
mais elementos compõem os chamados minerais – substâncias
Mex+ + xe- ⎯⎯→ Me0
redução
sob forma de depósitos. São provenientes da concentração de
cátion metálico átomo metálico
vários elementos que ocorreram com o passar das eras geológi-
cas graças a vários processos, como fusão, cristalização, dissolu- 3. Purificação do metal
ção e precipitação, que formam compostos estáveis. O metal obtido nas etapas anteriores contém pequenas
Em resumo: mineral é uma substância simples ou com- quantidades de outros metais e/ou de não metais, que devem
posta que se forma naturalmente na crosta terrestre. ser removidos ou não, dependendo da aplicação do metal.

24
2. Substâncias simples e Cl2(g) + H2O(ℓ) → HCℓO–(aq) + 2 H+(aq) + Cℓ–(aq)
O cloro é encontrado combinado na forma de cloreto,
compostas importantes como o mineral halita (NaCℓ) e silvina (KCℓ), em depósitos
HALOGÊNIOS são elementos da família VIIA (atual 17), subterrâneos e nos oceanos.
conhecidos como halogênio (formadores de sal), altamente Germicida poderoso, é usado na purificação da água de beber.
reativos, não são encontrados livres na natureza e ocorrem
como íons halogenetos: F–, Cℓ–, Br– e I–. É obtido industrialmente pela eletrólise, mediante solução
aquosa de cloreto de sódio.
2.1. Flúor (F2) 2 NaCl + 2 H2O → 2 NaOH + H2 + Cl2
Gás amarelo pálido que ocorre em minerais, como fluorita Em laboratórios, mediante reação do ácido clorídrico com
(CaF2), criolita (Na3AℓF6) e flúor apatita [Ca5F(PO4)3]. A molécu- dióxido de manganês:
la de flúor F2 é, em princípio, o mais forte dos agentes oxidantes: MnO2 + 4 HCl → MnCl2 + H2O + Cl2
F2(g) + 2 e– → 2 F–(aq)  E0red = + 2,87 V
Também é usado como alvejante industrial no tratamento
Na prática, o flúor raramente é utilizado como agente oxi- da celulose para a fabricação de papel e na obtenção de
dante, uma vez que o manuseio dele é extremante perigo- compostos, como o ácido clorídrico, o inseticida BHC (ben-
so. A molécula de F2 retira elétrons de praticamente todas zeno hexaclorado), etc.
as espécies, incluindo a água, mediante violenta explosão.
Se o cloro for borbulhado em solução de hidróxido de sódio
O flúor (F2) é obtido pela eletrólise de uma mistura fundida à temperatura ambiente, ocorre a reação:
de HF e KF, que usa ânodo de carbono. Nele se produz F2,
e um cátodo de prata ou aço inoxidável, no qual se forma Cl2(g) + 2 OH-(aq) → Cl-(aq) + ClO-(aq) + H2O(l)
o H2. Os produtos devem ser mantidos separados porque
reagem explosivamente. cuja solução é comercializada como água sanitária e desin-
fetante para uso doméstico.
O F2 pode ser armazenado tão somente em recipientes de
aço, de cobre ou de certas ligas, uma vez que ele forma ra-
pidamente uma película de fluoreto na superfície do metal 2.3. Bromo (Br2)
que impede o prosseguimento da reação. É um líquido castanho-avermelhado, de cheiro repugnante
O flúor reage violentamente com o hidrogênio, formando o e tóxico. Parcialmente solúvel em água, reage com ela e
fluoreto de hidrogênio (HF). produz água de bromo:
F2(g) + H2(g) → 2 HF(g) Br2 + H2O → H+ + Br– + HBrO

O HF, apesar de ser um ácido fraco, tem propriedades que É obtido industrialmente pela oxidação em meio ácido de
tornam difícil seu manuseio. O HF(g), ou em solução aquosa, Br- das águas do mar, do qual o cloro é seu agente oxidante:
ataca o vidro. Cl2(g) + 2 Br –(aq) → 2 Cl– + Br2(g)
As soluções de HF devem ser guardadas em recipientes de O bromo gasoso é arrastado por uma corrente de ar e con-
plástico como o polietileno, pois interagem com o vidro, densado em seguida ao estado líquido.
corroendo-o.
No laboratório, o bromo pode ser obtido pela oxidação de
O HF tem outras propriedades que o tornam extremamen- bromo (Br –) por manganato (MnO4) em meio ácido ou ou-
te perigoso, causa queimaduras extremamente dolorosas tro agente oxidante. Causa queimaduras dolorosas que di-
que custam vários meses para cicatrizarem. ficilmente cicatrizam. Em razão disso, deve ser manuseado
Os íons fluoretos (F-) são usados em prevenção de cárie com extremo cuidado.
dentária, cuja fonte pode ser SnF2 (fluoreto estanoso), en- É usado na fabricação de desinfetantes, corantes e na in-
contrado no creme dental, ou NaF, adicionado à água po- dústria fotográfica, principalmente na forma de brometo
tável, na proporção de 1 ppm. de prata (AgBr).

2.2. Cloro (Cℓ2) 2.4. Iodo (I2)


É um gás amarelo-esverdeado, tóxico, pouco solúvel em É um sólido cinza-escuro com um brilho semimetálico.
água, que reage com ela gerando íons cloreto e hipoclorito. Sublima a 184 ºC, gerando vapor violeta. É praticamente

25
insolúvel em água. Solúvel em etanol, forma a tintura de O hidrogênio é usado na hidrogenação de óleos vegetais
iodo utilizada como desinfetante e antisséptico. para a produção de margarina, combustível e na formação
de vários compostos, como NH3 e HCl.
É produzido industrialmente pela oxidação de I– com gás Cl2:

Cl2 + 2 I– → 2 Cl– + l2 2.6. Oxigênio (O2)


É um gás incolor, inodoro e, em estado líquido, é azul pálido. É
Ou pela redução do IO–3 a I–:
o elemento mais abundante na Terra, quer em porcentagem de
IO–3 + 3 SO2 + 3 H2O → I– + 3 HSO–4 + 3 H+ átomos, quer em massa. Ocorre livre na atmosfera, combinado
com hidrogênio na hidrosfera e combinado com o silício, ferro,
Seguido de oxidação pelo próprio iodato: alumínio e outros elementos na crosta terrestre (litosfera).
IO–3 + 5 l – + 6 H+ → 3 I2 + 3 H2O É usado como comburente, substância que alimenta as
combustões.
Em laboratório, é obtido pelo tratamento de uma mis- É obtido industrialmente por liquefação e posterior destila-
tura de iodeto de potássio e dióxido de manganês com ção fracionada do ar atmosférico.
ácido sulfúrico:
Inicialmente, o ar atmosférico é submetido a suces-
2 Kl + MnO2 + 3 H2SO4 → 2 KHSO4 + MnSO4 + 2 H2O + I2 sivas compressões e resfriamentos até alcançar uma
temperatura de aproximadamente –200 ºC. O ar
O iodo é usado na produção do iodofórmio (CHI3), para torna-se líquido e, então, faz-se a destilação fracionada.
fabricação de remédios, desinfetantes, corantes e na indús-
Inicialmente destila o componente mais leve que é o nitro-
tria fotográfica (KI e Agl).
gênio (PE = –195 ºC), depois o argônio (PE = –190 ºC) e,
O sal de cozinha iodado (NaCl + Nal) tem a finalidade de por ultimo, o oxigênio (PE = –185 ºC).
prevenir o hipertireoidismo (doença do bócio).
É obtido também pela eletrólise da água:
2 H2O → 2 H2 + O2
2.5. Hidrogênio (H2)
Na Medicina é aplicado em inalações e em aparelhos de
É um gás incolor, inodoro, combustível (chamado combus- respiração artificial contra envenenamentos provocados
tível do futuro). Na Terra, o hidrogênio raramente se encon- por certos gases, como monóxido de carbono (CO). É usa-
tra livre, mas combinado com o oxigênio, formando a água. do na fabricação do aço e em equipamentos de mergulho.
A molécula de hidrogênio é tão leve que, ao ser libertada,
rapidamente sobe aos níveis mais altos da atmosfera, de 2.7. Nitrogênio (N2)
onde aos poucos se perde no espaço.
É um gás incolor, inodoro, insípido e inerte. Ocorre na Terra
É obtido industrialmente: como o principal constituinte do ar atmosférico (~78%
a) a partir do carvão: em volume).

C + H2O ⎯⎯→ CO + H2 É difícil encontrar compostos inorgânicos do nitrogênio,


1000º C

gás d'água como minerais, uma vez que a maioria é solúvel em água.
O nitrogênio é encontrado em compostos orgânicos em
b) pelo processo Lane:
todos os seres vivos, animais e plantas.
3 Fe + 4 H2O ⎯⎯→
1000º C
Fe3O4 + 4 H2 Certas bactérias no solo e raízes de algumas plantas, espe-
cialmente os legumes, convertem o nitrogênio atmosférico
c) por eletrólise: em nitrogênio orgânico, que é transformado por outras
2 H2O → 2 H2 + O2 bactérias em nitrato, a forma de nitrogênio mais usada pe-
las plantas na síntese de proteínas.
2 NaCl + 2 H2O → 2 NaOH + H2 + Cl2
(eletrólise aquosa) O nitrogênio é obtido industrialmente por liquefação e pos-
terior destilação fracionada do ar atmosférico.
d) em laboratório, pela reação de ácidos com metais mais Em laboratório, é obtido pela decomposição do nitrito de
reativos que o hidrogênio: amônia (NH4NO2):

Zn(s) + 2 HCl(aq) → ZnCl2(aq) + H2(g) NH4NO2 ⎯⎯→ N2 + 2 H2O


D

26
Uma vez inerte, é usado na forma gasosa no empacotamen- ​ 1 ​ O → NO2
Torre de oxidação: NO + __
2 2
to de alimentos e no interior de lâmpadas incandescentes.
Torre de absorção: 3 NO2 + H2O → 2 HNO3 + NO
Na forma líquida, é usado na conservação de alimentos e

de sêmen para inseminação artificial. reciclado para
torre de oxidação
É usado também na síntese da amônia e na do ácido nítrico.

2.8. Amônia ou gás amoníaco (NH3)


É um gás incolor (ponto de ebulição normal
a –33,4 ºC), com odor característico, sufocante, cuja inala-
ção em altas concentrações causa problemas respiratórios.
A amônia é extremamente solúvel em água, produzindo o
hidróxido de amônio, que não existe isoladamente:
NH3 + H2O → NH4OH
NH4OH → NH4+ + OH-

É obtida industrialmente pela síntese catalítica: Em laboratório:


N2 + 3 H2 → 2 NH3 NaNO3 + H2SO4 ⎯⎯→ NaHSO4 + HNO3
D

a) Processo de Haber-Bosch Principais aplicações: fertilizantes e explosivos (pólvora,


A temperatura fica entre 500 a 600 ºC, a pressão é de 200 TNT, nitroglicerina).
atmosferas e o catalisador é o ósmio ou o urânio.
O resultado é uma solução amoníaca com rendimento de 15%. 2.10. Enxofre
b) Processo de Claude Encontrado livremente na crosta terrestre, bem como com-
binado com outros elementos, principalmente sob a forma
A temperatura é também de 500 a 600 ºC, mas a pressão é
de sulfetos, como a galena (PbS), pirita (FeS2) e de vários
de 1.00 atmosferas e o catalisador é o ferro. Resulta o gás
sulfatos, como o sulfato de cálcio, etc.
amoníaco liquefeito, com rendimento de 40%.
É obtido industrialmente pelo processo Flasch, segundo o
c) Processo Solvay
qual o vapor de água superaquecido (a cerca de 170 ºC e
Ação da cal viva quente sobre o cloreto de amônio: sob pressão) e ar comprimido são injetados por encana-
mentos até os depósitos subterrâneos. O enxofre funde-se
2 NH4Cl + CaO ⎯⎯→ CaCl2 + 2 NH3 + H2O
D
e é forçado a subir para a superfície como uma espuma de
a) Sal de amônio com base solúvel: ar-água-enxofre.
NH4NO3 + NaOH ⎯⎯→ NaNO3 + H2O + NH3
D
O enxofre é um sólido cristalino amarelo, insolúvel em
água e solúvel em dissulfeto de carbono (CS2).
A amônia é utilizada em refrigeração, na produção de fer-
Apresenta-se sob uma variedade de formas alotrópicas.
tilizantes e na preparação de ácido nítrico.
À temperatura ambiente ou abaixo de 95,5 ºC, o enxofre
2.9. Ácido nítrico (HNO3) estável é o rômbico ou enxofre a, cuja molécula é cíclica (S8).

O HNO3 é um líquido incolor, mas adquire coloração Se aquecido lentamente, transforma-se na forma cristalina
castanha quando exposto à luz, em razão da reação de monoclínica, acima de 95,5 ºC.
fotodecomposição: Se o enxofre líquido (ponto de fusão = 119 ºC) for resfria-
2 HNO3 ⎯⎯→ 2 NO2 + __
do rapidamente e despejado em água, forma-se o enxo-
​ 1 ​ O2 + H2O
Luz
2 fre plástico ou amorfo, bem parecido com uma goma de
incolor castanha
mascar. Aparentemente consiste em cadeias muito longas
O HNO3 é obtido industrialmente a partir do NH3, do O2 e e entrelaçadas.
da água.
O enxofre é usado na vulcanização da borracha, na fabrica-
​ 5 ​ O ⎯⎯→
Reator: 2 NH3 + __ Pt
2 NO + 3 H2O ção de pólvora e em fogos de artifício.
2 2

27
Em Medicina, é empregado em pomadas e sabonetes, no Sua baixa densidade torna-se útil na construção de aero-
combate a certas moléstias da pele. naves e vem sendo cada vez mais utilizado nas indústrias
É usado na síntese do ácido sulfúrico. automobilísticas para obter veículos mais leves. É utilizado
na fabricação de utensílios domésticos – panelas, bacias,
formas, etc., bem como na produção de fios elétricos.
2.11. Ácido sulfúrico (H2SO4)
O H2SO4 é um líquido viscoso, corrosivo, denso e de alto 2.13. Ferro (Fe)
ponto de ebulição (338 °C). O contato com a pele provoca Ocorre na natureza sob a forma de minérios, como hema-
queimadura e ulceração. A dissolução em água ocorre com tita (Fe2O­3), magnetita (Fe3O4) e pirita (FeS2).
grande liberação de calor, o que pode provocar ebulição vio-
O ferro é obtido industrialmente pela redução da hemati-
lenta, explosiva e espirros quentes e corrosivos da solução.
ta num alto-forno, mediante a siderurgia do ferro.
O alto-forno funciona continuamente e tem a parte supe-
rior carregada, periodicamente, com minério de ferro, cal-
cário (CaCO3) e coque (carbono). O ferro fundido e a escó-
ria, um material semifundido e constituído principalmente
de silicatos, são drenados por aberturas de separação na
parte inferior do forno.
O ar quente injetado na parte inferior do alto-forno queima
o carbono que está ali e dá origem ao monóxido de carbo-
no (CO), principal agente redutor no forno:
O ácido sulfúrico é fabricado a partir das matérias-primas
enxofre mineral, oxigênio do ar e água. 2 C(s) + O2(g) → 2 CO(g)
S(s) + O2(g) ⎯⎯→ SO2(g)
V2O5
Se o minério for Fe2O3, ele é reduzido pelo CO a Fe3O4 na
parte superior do forno (300 ºC):
​ 1 ​ O2(g) → SO3(g)
SO2(g) + __
2
CO(g) + 3 Fe2O3(s) → 2 Fe3O4(s) + CO2(g)
SO3(g) + H2O(l) → H2SO4(aq)
O Fe3O4 vai aos poucos descendo para a parte inferior do
É utilizado como eletrólito de bateria de autos, na fabri- forno onde é reduzido a FeO (600 ºC):
cação de outros ácidos, na produção de fertilizantes e na CO(g) + Fe3O4(s) → 3 FeO(s) + CO2(g)
fabricação de explosivos.
Na parte mais baixa do forno, FeO é reduzido a ferro (Fe)
2.12. Alumínio (Al) (de 800 a 1600 ºC):
CO(g) + FeO(s) → Fe(l) + CO2(g)
É o metal mais abundante da litosfera. Ocorre nos alumi-
nossilicatos, argilas, micas e feldspatos. O calcário introduzido no forno sofre uma decomposição
É obtido industrialmente pelo processo Hall, que consiste térmica:
na eletrólise ígnea da alumina (Al2O3) proveniente da bau- CaCO3(g) → CaO(s) + CO2(g)
xita. O mineral de alumínio é bauxita, óxido de alumínio e
hidrato impuro Al2O3 . n H2O. Depois de produzido, CaO(s) reage com as impurezas de sí-
lica e silicato, formando uma escória de silicato que é muito
Inicialmente, a bauxita é purificada pelo processo de Bayer, menos densa que o ferro, de modo que flutua e pode sair
que dá origem à alumina (Al2O3). separadamente:
A alumina é dissolvida em criolita (Na3AlF6), fundida e ele- CaO(s) + SiO2(s) → CaSiO3(s)
trolisada a cerca de 1.000 ºC:         escória

Parte da escória é utilizada para construção de estradas,


2 Al2O3 → 4 Al + 3 O2
blocos, pedras artificiais, fabricação de adubos, etc.
O alumínio é um metal extremamente versátil. Pode ser O produto do alto-forno é o ferro-gusa, que contém até
prensado, curvado, enrolado, moldado e estruturado nas 5% de Si, P, Mn e S. Essas impurezas são geralmente oxi-
mais variadas formas. dadas e removidas do ferro.

28
A purificação parcial fornece o ferro fundido, que ainda Por essa razão, a chuva ácida é também considerada
contém quantidades consideráveis de carbono. uma forma de poluição transfronteiriça; regiões que
não poluem podem ser severamente prejudicadas por
O aço é o ferro que contém de 0,1% a 1,5% de carbono.
sua precipitação.
Aços inoxidáveis são ligas resistentes à corrosão e apresen-
tam geralmente crômio e/ou níquel. Outros metais, incluin-
do o vanádio, o titânio e o manganês, também podem ser
3.1. Como se formam as chuvas ácidas?
usados em aços. Os dois principais compostos originários desse problema ambien-
tal desencadeiam processos diferentes de formação de ácidos.

3. Chuvas ácidas 3.1.1. Enxofre


A denominação chuva ácida é utilizada para qualquer Impureza frequente nos combustíveis fósseis, principal-
chuva cujo valor de pH seja inferior a 4,5. mente no carvão mineral e no petróleo, que promovem a
Essa acidez da chuva é causada pela solubilização de alguns combustão desse composto quando queimados também,
gases presentes na atmosfera terrestre cuja hidrólise seja de acordo com estas reações químicas:
ácida. Entre eles destacam-se os gases com enxofre, prove- S(s) + O2(g) → SO2(g)
nientes das impurezas da queima dos combustíveis fósseis. 2 SO2(g) + O2(g) → 2 SO3(g)
Pode-se dizer também que as chuvas “normais” são ligeira- O enxofre e os óxidos de enxofre também são lançados na
mente ácidas, uma vez que o valor de pH delas está próximo atmosfera pelos vulcões.
de 5,6. Essa acidez natural é causada pela dissolução do dió-
xido de carbono em água, formando um ácido fraco conheci- Os óxidos ácidos formados reagem com a água para for-
do como ácido carbônico, de acordo com esta reação química: mar ácido sulfúrico (H2SO4), de acordo com a equação:
SO3(g) + H2O(l) → H2SO4(aq)
CO2(g) + H2O(l) → H2CO3(aq)
ou também pode ocorrer esta reação, formando-se ácido
Os principais contribuintes para a produção dos gases lan- sulfuroso (H2SO3):
çados na atmosfera que provocam as chuvas ácidas na-
turais são as emissões dos vulcões e processos biológicos SO2(g) + H2O(l) → H2SO3(aq)
que ocorrem nos solos, pântanos e oceanos.
A ação humana também é bastante responsável por esse fe- 3.1.2. Nitrogênio
nômeno. As principais fontes humanas desses gases são as
O nitrogênio (N2) é um gás abundante na composição da
indústrias, as centrais termoelétricas e os veículos de transporte.
atmosfera e muito pouco reativo. Para reagir com o oxigê-
Esses gases podem ser transportados durante muito tem- nio do ar precisa de muitíssima energia, como a de uma
po, percorrer milhares de quilômetros na atmosfera antes descarga elétrica ou à do funcionamento de um motor de
de reagirem com partículas de água, que dão origem aos combustão – atualmente, os maiores responsáveis pela re-
ácidos que mais tarde se precipitam. Essa precipitação ação de oxidação do nitrogênio. Ao reagirem com água, os
ocorre se a concentração de dióxido de enxofre (SO2) e de óxidos formam ácido nitroso (HNO2) e ácido nítrico (HNO3),
óxidos de nitrogênio (NO, NO2, N2O5) for suficiente para de acordo com estas reações químicas.
reagir com as gotas de água suspensas no ar (as nuvens).
Na câmara de combustão dos motores, ocorre a seguinte
Tipicamente, o pH da chuva ácida está por volta de 4,5 reação química:
e pode transformar a superfície do mármore em gesso.
N2(g) + O2(g) → 2 NO(g)
A chuva ácida industrial é um problema substancial na China,
na Europa Ocidental, na Rússia e em áreas sob a influência O monóxido de nitrogênio (NO) formado, na presença do
de correntes de ar provenientes desses países. Os poluentes oxigênio do ar, produz dióxido de azoto:
resultam essencialmente da queima de carvão com enxofre
na sua composição, utilizado para gerar calor e eletricidade. 2 NO(g) + O2(g) → 2 NO2(g)
Mas nem sempre as áreas onde são libertados os poluen-
Por sua vez, o dióxido de nitrogênio formado, na presença
tes, como as áreas industriais, sofrem as consequências
da água (proveniente da chuva), forma ácidos de acordo
dessas chuvas, justamente porque a constante movimen-
com esta equação:
tação das massas de ar transporta esses poluentes para
zonas distantes. 2 NO2(g) + H2O(l) → HNO3(aq) + HNO2(aq)

29
As evidências de um crescente aumento nos níveis de chu- anos; o dióxido de carbono é proveniente da quei-
va ácida são resultado da análise das camadas de gelo ma de combustíveis fósseis (carvão mineral, petróleo,
oriundas dos glaciares. gás natural, turfa), queimadas e desmatamentos, que
destroem reservatórios naturais e sumidouros, cuja
Verifica-se uma repentina diminuição do pH a partir da
propriedade é absorver o CO2 do ar. De acordo com o
Revolução Industrial: de 6 para 4,5 ou 4. Desde então, as
IPCC (1995), as emissões globais de CO2 hoje são da
emissões de óxidos de enxofre e nitrogênio na atmosfera
ordem de 7,6 Gt por ano. E a natureza não tem capa-
aumentaram.
cidade de absorção de todo esse volume, o que vem
As indústrias e as centrais termoelétricas que queimam resultando em aumento da concentração atmosférica
combustíveis fósseis, principalmente o carvão, são a prin- mundial desses gases.
cipal fonte desses gases. Já chegaram a ser registrados
§ CH4, responsável por 15 % a 20 % do efeito estufa, é
valores de pH abaixo de 2,4 em algumas áreas indus-
componente primário do gás natural, também produzi-
triais. O setor dos transportes, de veículos movidos a com-
bustíveis fósseis, juntam-se às duas fontes de poluição do por bactérias no aparelho digestivo do gado, aterros
mencionadas, que, somados, são considerados os gran- sanitários, plantações de arroz inundadas, mineração e
des responsáveis pelo aumento dos óxidos de nitrogênio. queima de biomassa.

Com o crescimento populacional e industrial, o problema § N2O participa com cerca de 6 % do efeito estufa, o
das chuvas ácidas aumentou e espalhou-se. óxido nitroso é liberado por micro-organismos no solo
(processo denominado nitrificação, que libera igual-
A utilização de grandes chaminés, a fim de reduzir a po- mente nitrogênio – NO). A concentração desse gás teve
luição local, contribuiu para a disseminação da chuva um vultoso aumento em razão do uso de fertilizantes
ácida, liberando gases na atmosfera circulante da região. químicos, da queima de biomassa, do desmatamento e
Há uma significativa relação entre baixos níveis de pH e perda das emissões de combustíveis fósseis.
de populações de peixes em lagos. Com o pH abaixo de 4,5,
§ CFCs são responsáveis por até 20 % do efeito estufa; os
praticamente nenhum peixe sobrevive, ao passo que níveis
clorofluorcarbonos são utilizados em geladeiras, aparelhos
iguais ou superiores a 6 promovem populações saudáveis.
de ar condicionado, isolamento térmico e espumas, como
O baixo pH também faz circular nos lagos metais pe- propelentes de aerossóis (até 1978), além de outros usos
sados, como o alumínio. Ele faz com que alguns peixes comerciais e industriais. Como se sabe, esses gases reagem
produzam muco em excesso, nas guelras, que prejudica com o ozônio na estratosfera, decompondo-o e reduzindo a
muito a respiração. O crescimento do fitoplâncton é ini- camada de ozônio que protege a vida na Terra dos nocivos
bido pelos grandes níveis de acidez e os animais que se raios ultravioletas. Estudos recentes sugerem que as pro-
alimentam dele também são bastante prejudicados. priedades de reter calor, próprias do CFCs, podem ser com-
As árvores são prejudicadas pelas chuvas ácidas de vários pensadas pelo resfriamento estratosférico resultante do seu
modos. A superfície cerosa das folhas é rompida e os nu- papel na destruição do ozônio. Ao longo das últimas duas
trientes perdem-se, tornando as árvores mais susceptíveis décadas, um ligeiro resfriamento, de 0,3 ºC a 0,5 ºC, foi me-
ao gelo, a fungos e a insetos. O crescimento das raízes tor- dido na baixa estratosfera, onde a perda do ozônio é maior.
na-se mais lento e, consequentemente, menos nutrientes
§ O3 contribuindo com 8 % para o aquecimento global;
são transportados. Os lixos tóxicos acumulam-se no solo
o ozônio é um gás formado na baixa atmosfera, sob
e os minerais valiosos para essas espécies são dispersados
estímulo do sol, a partir de óxidos de nitrogênio (Nox)
ou tornam-se próximos à argila (caso dos fosfatos).
e hidrocarbonetos produzidos em usinas termoelétricas,
Os lixos tóxicos libertados pelas chuvas ácidas constituem a pelos veículos, pelo uso de solventes e pelas queimadas.
maior ameaça aos humanos. O cobre mobilizado foi implica-
do nas epidemias de diarreia em crianças e acredita-se que § O vapor de água presente na atmosfera também ab-
existam ligações entre o abastecimento de água contaminado sorve parte da radiação emanada pela Terra e é um dos
com alumínio e a ocorrência de casos da doença de Alzheimer. maiores contribuintes para o aquecimento natural do
mundo. Apesar de não ser produzido em quantidade sig-
nificativa por atividades antrópicas, considera-se que, com
3.2. Principais gases mais calor haverá mais evaporação de água e, por conse-
Os principais gases que contribuem para o aumento do guinte, aumento de sua participação para o efeito estufa.
efeito estufa e suas respectivas fontes antropogênicas são:
O Protocolo de Quioto também menciona os gases: hidro-
§ CO2, responsável por cerca de 60 % do efeito estu- fluorocarbonos (HFCs), perfluorocarbonos (PFCs) e hexa-
fa, cuja permanência na atmosfera é de centenas de fluoreto de enxofre (SF6).

30
a) No processo de respiração, é liberada uma quan-
tidade de CO2 na atmosfera, mas os seres vivos não
contribuem para a eliminação do CO2 na atmosfera.
b) A grande parte da energia que sustenta as indústrias
provém da queima de carvão ou de derivados de pe-
tróleo, ou seja, da combustão dos compostos citados,
liberando uma grande quantidade de gás carbônico no
ar, contribuindo para o aquecimento do planeta.
multimídia: vídeo c) O gás carbônico obtido como subproduto no pro-
Fonte: Youtube cesso de fermentação de açúcares não é derivada da
combustão, e sim da fermentação.
Consequências das chuvas ácidas
d) As águas naturais (ou minerais) carbonatadas ou
bicarbonatadas contém CO2, mas não exemplifica
uma reação de combustão.
e) Os extintores a base de gás carbônico contém gás car-
Aplicação do conteúdo bônico, mas não exemplifica uma reação de combustão.

1. (Enem) Qual das seguintes fontes de produção de


Alternativa B
energia é a mais recomendável para a diminuição dos 3. (FMTM) As pilhas de níquel-cádmio, o “botão” de mer-
gases causadores do aquecimento global? cúrio e as pequenas baterias de chumbo, chamadas de
a) Óleo diesel. d) Gás natural. SLA, são muito usadas na atualidade. O manual de apare-
b) Gasolina. e) Vento. lhos com essas baterias (laptops, celulares, pagers) orien-
c) Carvão mineral. ta o usuário para descartar tais dispositivos como resí-
duo doméstico perigoso. Essa preocupação justifica-se:
Resolução:
a) pela toxidez de solventes orgânicos existentes nas
Um dos gases que contribui para o aquecimento global é o dió- baterias;
xido de carbono (ou gás carbônico). No caso dos itens acima, a b) em função da alta alcalinidade da pasta eletrolítica
produção de energia pelo óleo diesel, gasolina, carvão mineral e das baterias;
gás natural é através da queima dessas fontes; mas a combus- c) pelo risco de reação química explosiva entre o lixo
tão delas geram uma certa quantidade de gás carbônico, que é e essas baterias;
liberado no ar, contribuindo para o aquecimento global. O único d) como consequência da radiação emitida por tais
que não libera o gás carbônico no ar (ou outro gás que contribua baterias;
para o aquecimento global) é o vento, ou seja, a energia eólica. e) por serem o Cd, Hg e Pb metais muito tóxicos.

Alternativa E Resolução:
2. (ETE) A presença do gás carbônico na atmosfera ter- As pilhas e baterias são classificadas como resíduo domés-
restre resulta, dentre outras coisas, de reações químicas tico perigoso devido a sua composição (no caso, níquel,
do tipo combustão. Aponte a alternativa que exemplifi- cádmio, mercúrio e chumbo). Esses metais são classificados
ca uma reação de combustão e que tenha relação com como metais pesados, ou seja, são tóxicos tanto para seres
o aquecimento do planeta.
vivos como para o ambiente.
a) No processo de respiração, os seres vivos colaboram
para a eliminação do gás carbônico da atmosfera. Nas pilhas e baterias não são usados solventes orgânicos e
b) A grande parte da energia que sustenta as indús- no mercado existem tanto as ácidas (secas) como alcalinas;
trias provém da queima de carvão ou de derivados as pilhas e baterias podem explodir em certas condições,
de petróleo. como aquecimento ou recarregar uma pilha não recarregá-
c) Na indústria do álcool, o gás carbônico pode ser vel; as pilhas e baterias não contêm elementos radioativos,
obtido como subproduto no processo de fermentação logo não emitem radiação.
de açúcares.
d) As águas naturalmente carbonatadas ou bicarbo- Alternativa E
natadas, em geral classificadas no grupo de águas
minerais, contêm gás carbônico.
4. (UEMG) Monumentos históricos da cidade de Congo-
e) Os extintores de gás carbônico são empregados nhas são constituídos principalmente por pedra sabão,
para apagar focos de fogo em líquidos inflamáveis. um tipo de rocha calcárea, rica em carbonato de cálcio,
Resolução: CaCO3. Os óxidos de enxofre SO3, e de nitrogênio NO2,
são os principais causadores da chuva ácida que pode
A combustão consiste na reação química entre dois ou danificar esses monumentos. Pesquisadores têm identi-
mais reagentes (combustíveis e comburentes) com grande ficado cada vez mais a presença de ranhuras nos monu-
liberação de energia na forma de calor. A partir dessa defi- mentos provocadas pela ação da chuva sobre eles. Sobre
nição, podemos analisar os itens acima: o fenômeno descrito acima é INCORRETO afirmar que:

31
a) a diminuição da poluição nos grandes centros urbanos ajudaria na preservação dos monumentos históricos;
b) as ranhuras nos monumentos são provocadas pela dissolução da pedra sabão;
c) os ácidos presentes na chuva ácida apresentam as fórmulas H2SO4 e HNO3;
d) os óxidos citados apresentam características ácidas.
Resolução:
a) Correto, pois os principais poluentes emitidos no ar são os óxidos de enxofre SO3, e de nitrogênio NO2.
b) Incorreto, pois as ranhuras são provocadas pela formação do CaSO4, produto formado na reação entre pedra sabão e
H2SO4.
c) Correto, H2SO4 é o ácido formado da reação entre SO3 e água; HNO3 é o ácido formado entre NO2 e água.
d) Correto, pois os óxidos citados (SO3 e NO2) reagem com água para formar ácidos.

Alternativa B

VIVENCIANDO

Cobre
Ocorre na natureza tanto em estado nativo, Cu, como em forma de minérios, Cu2S (calcocita), Cu2O (cuprita), CuFeS2
(cacoprita), etc.
A obtenção do cobre pode ser feita a partir de sulfetos, aos quais se faz a ustulação do minério concentrado por flotação:
2 CuFeS2 + 5 02 ⎯⎯→ 2 Cu + 2 FeO + 4 SO2
D

O cobre assim obtido apresenta uma pureza de 97 % a 99 %.


Para se obter o cobre com aproximadamente 99,99 %, faz-se uma purificação por eletrólise (cobre eletrolítico),
usado em fios de eletricidade.
A liga de latão é uma mistura de Cu e Zn, e a liga de bronze, de Cu e Sn.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Consequências das chuvas ácidas


Saúde
A chuva ácida liberta metais tóxicos que estavam no solo, que podem contaminar rios e serem inadvertidamente
utilizados pelo homem, causando sérios problemas de saúde.

32
Casas, prédios e demais edifícios
A chuva ácida também ajuda a corroer materiais utilizados nas construções, danificando estruturas, como as barra-
gens, as turbinas de geração de energia, etc.

Lagos e meio ambiente


Os lagos podem ser os mais prejudicados com o efeito das chuvas ácidas; podem ficar totalmente acidificados, per-
dendo toda sua vida.

Desflorestamento
A chuva ácida provoca clareiras ao matar árvores a cada ocorrência delas. Imagine uma floresta progressivamente
dizimada ou mesmo destruída pelas ocorrências de chuvas ácidas.

Agricultura
A chuva ácida afeta as plantações, assim como as florestas; no entanto, essa destruição é mais rápida, uma vez que
as plantas são mais uniformes e são igualmente atingidas pelas chuvas ácidas.

Gases do efeito estufa e fontes de emissão

No século XVIII, a revolução industrial inglesa associou-se diretamente ao aumento do uso de combustíveis fósseis,
como carvão, gás natural e derivados de petróleo – gasolina, óleo diesel, óleos combustíveis, entre outros. A queima
desses combustíveis significa a emissão de gases do efeito estufa para a atmosfera. Da mesma forma, o desmatamento
ocorrido com a expansão agrícola em todo o mundo também tem como consequência a transferência de carbono,
da forma sólida para a forma gasosa, pela queima da biomassa representada pela vegetação.

33
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 10
Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e/ou destino dos poluentes ou prevendo
efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.

É de enorme importância reduzir o uso de combustíveis fósseis, pois seus produtos apresentam malefícios para
o meio ambiente, como efeito estufa, chuva ácida, etc.

MODELO 1
(Enem) O ciclo biogeoquímico do carbono compreende diversos compartimentos, entre os quais a Terra, a
atmosfera e os oceanos, e diversos processos que permitem a transferência de compostos entre esses reser-
vatórios. Os estoques de carbono armazenados na forma de recursos não renováveis, por exemplo, o petróleo,
são limitados, sendo de grande relevância que se perceba a importância da substituição de combustíveis fósseis
por combustíveis de fontes renováveis.
A utilização de combustíveis fósseis interfere no ciclo do carbono, pois provoca:
a) aumento da porcentagem de carbono contido na Terra;
b) redução na taxa de fotossíntese dos vegetais superiores;
c) aumento da produção de carboidratos de origem vegetal;
d) aumento na quantidade de carbono presente na atmosfera;
e) redução da quantidade global de carbono armazenado nos oceanos.

ANÁLISE EXPOSITIVA
A utilização de combustíveis fósseis interfere no ciclo do carbono, pois provoca aumento na quantidade de
carbono presente na atmosfera.

RESPOSTA Alternativa D

34
DIAGRAMA DE IDEIAS

PROBLEMAS AMBIENTAIS

POLUIÇÃO DA ATMOSFERA

BURACO NA
EFEITO ESTUFA CHUVA ÁCIDA
CAMADA DE OZÔNIO
CAUSADO CAUSADA CAUSADO
POR POR POR

CO2 E CH4 SO2, SO3 E NO2 CFC

35
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Polímeros são cobrados de modo a identificar as Os conceitos mais importantes estão relacio-
diferenças de tipos de polímero com base em sua nados aos conceitos de acidez e basicidade
estrutura. Os conceitos de acidez e basicidade e suas teorias, visto que eles são importantes
e suas teorias são importantes para determinar para questões mais complexas que podem
diferentes tipos de propriedades dos compostos. aparecer na segunda fase.

Em polímeros, é necessário compreender as Os conceitos que relacionam acidez Os assuntos relacionados com a produção
diferentes propriedades com base na estrutura. e basicidade são importantes, pois de polímeros são cobrados relacionados aos
Para acidez e basicidade é importante entender conseguem explicar algumas peculiaridades conceitos de Química ambiental. É importante
os diversos tipos de propriedades, principalmente relacionadas a alguns tipos de propriedades, também identificar as diferentes propriedades
aqueles relacionados aos compostos orgânicos. principalmente de compostos orgânicos. de cada polímero, frente às suas diferentes
estruturas.

Os tópicos que abordam os conceitos de Os tópicos que abordam os polímeros são Os conceitos que abordam as teorias É importante que os conceitos e teorias de
acidez e basicidade e suas teorias são cobra- cobrados de maneira bem sucinta. Assim, é de ácido e base são importantes para ácido e base sejam bem compreendidos, visto
dos de maneiras bem diretas, tornando-se importante identificar suas propriedades com entender diferentes propriedades, que são necessários para que se entendam
importante entender e saber identificar essas base nas diferentes estruturas. principalmente de compostos orgânicos. diferentes propriedades, principalmente de
diferenças. compostos orgânicos.

UFMG

É necessário entender as diferentes proprieda- Os conceitos relacionados com os polímeros Os temas principais são aqueles relacionados
des dos polímeros causadas pelos diferentes são cobrados de maneira bem direta. É com os conceitos e teorias de ácido e base.
tipos de estrutura, além dos conceitos e teo- importante identificar e entender as diferentes É importante entender as diferenças, assim
rias de ácido e base, já que com eles pode-se propriedades que estão diretamente relaciona- como são consideradas para determinado tipo
compreender melhor algumas propriedades das com as diferentes estruturas. de composto.
de compostos orgânicos.

Os assuntos que abordam os conceitos e teorias Para os conceitos que envolvem polímeros, Os assuntos que envolvem toda a parte de
de ácido e base são importantes, visto que eles é importante identificar as suas diferentes conceitos e teorias de ácidos e bases são co-
contribuem para compreender diversos tipos propriedades com base nas distintas brados, de maneira a entender as diferenças
de propriedades de compostos, principalmente estruturas. de cada um, assim como em qual situação
os orgânicos. devem ser aplicados.
QUÍMICA ORGÂNICA E
CONCEITOS MODERNOS
DE ÁCIDOS E BASES

37
Essas moléculas são formadas por repetição de unidades
AULAS 45 e 46 menores, os monômeros, que, por reações de polimeriza-
ção, ligam-se covalentemente uns aos outros, formando
os polímeros. Essas reações podem ser esquematizadas de
forma bem simplificada:
monômeros polímero
A +A +A +A + → [ -A -A -A -A - ]
POLÍMEROS DE ADIÇÃO n · A → (A)n
O número de unidades de monômeros repetidas na cadeia
de uma macromolécula é chamado grau de polimerização.
As macromoléculas dos polímeros apresentam massa mo-
lecular que vai de 1.000 u a 1.500 u e podem atingir, nos
COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7 altos-polímeros, valores da ordem de 106 u.
Celulose, amido e glicogênio são exemplos de polímeros
12, 17, 18, 24, 25, 26
HABILIDADES: formados pelo monômero glicose (C6H12O6), representados
e 27
pela fórmula (C6H10O5)n. A massa molecular da celulose varia
de 250.000 u a 1.000.000 u, e suas cadeias poliméricas são
formadas a partir de cerca de 1.500 unidades de glicose.

1. Polímeros A massa molecular do glicogênio muscular é de aproxi-


madamente 1.000.000 u (6.000 unidades de glicose). O
No dia a dia, estamos em constante contato com diferentes glicogênio do fígado apresenta grau de polimerização de
polímeros, que podem ser naturais (encontrados na natureza) cerca de 30.000, o que corresponde à massa molecular de
ou sintéticos (fabricados industrialmente). Celulose, proteínas, aproximadamente 5.000.000 u. Ao ser tratado com água
amido, borracha e ácidos nucleicos são polímeros naturais. quente, o amido separa-se em duas frações: a amilose,
Polietileno, náilon, PVC, teflon, poliéster e borracha sintética solúvel, e a amilopectina, insolúvel. A massa molecular da
são polímeros sintéticos, empregados na fabricação de frascos amilose varia de 10.000 u a 50.000 u e o grau de polime-
para acondicionar líquidos, sacos plásticos, carpetes, gabinetes rização da amilopectina varia de 300 a 6.000, cuja massa
de computador, pneus, tintas e vernizes, assentos de carro, etc. molecular corresponde de 50.000 u a 1.000.000 u.
Nos últimos cinquenta anos, a química dos polímeros evo-
luiu de forma muito acentuada. Eles foram e continuam
sendo criados em grande número. Utilizados de diferentes
2. Reações de polimerização
maneiras, substituem com vantagens os polímeros naturais Existem dois tipos de reações de polimerização: reações de
e permitem várias aplicações práticas para as quais os po- adição, nas quais ocorre apenas a formação do polímero,
límeros naturais não são adequados. chamado polímero de adição; e reações de condensação,
nas quais, além do polímero, formam-se subprodutos como a
Esse desenvolvimento deve-se basicamente a estes fatores:
água. Neste capítulo vamos estudar os polímeros de adição.
§ oferta barata e em grande quantidade de petróleo e
gás natural, a partir dos quais são obtidas as substân- 2.1. Polimerização por adição
cias utilizadas na fabricação dos polímeros;
As reações de adição ocorrem normalmente em moléculas
§ aplicação de recursos para pesquisa deles, que estabe- insaturadas, geralmente com ligação dupla entre carbonos.
leceu a relação entre a estrutura dos polímeros e suas Sob altas temperaturas e pressões – eventualmente na
propriedades químicas e físicas, bem como o mecanis- presença de catalisadores –, a ligação dupla dos monôme-
mo das reações da formação deles; e ros é rompida e eles podem ligar-se, formando moléculas
§ desenvolvimento de processos tecnológicos que permitam maiores. Estes são alguns polímeros de adição importantes.
a produção em grande escala de polímeros e sua utilização
na fabricação de diferentes bens e materiais de consumo. a. Polietileno
P,T
O termo polímero significa “muitas partes” e é aplicado a n (CH2 = CH2)  catalisador   (— CH2 — CH2 —)n
materiais constituídos por moléculas grandes (macromolé- etileno (eteno) polietileno
culas), com até centenas de milhares de átomos. monômero polímero

38
Os polímeros do etileno (eteno) chamam-se polietilenos.
Os de massa molecular relativamente baixa são ótimos
óleos lubrificantes. Os com massa molecular média asse- P,t
melham-se às ceras. Os de cadeia maior são duros e resis- catalisador

tentes a altas temperaturas. isopreno (2-metil-buta-1,3-dieno) poli-isopreno

Se empregados catalisadores especiais, consegue-se a poli- O poli-isopreno formado tem exatamente a mesma estru-
merização em uma pressão próxima à atmosférica. tura da borracha natural. Evidentemente, nas árvores que
produzem a borracha, as reações são muito mais comple-
O polietileno é insolúvel, isolante elétrico e inatacável por
xas do que nessa equação.
ácido ou base. É usado no recobrimento de cabos para ve-
las de ignição, em fios telefônicos, na fabricação de tubos No entanto, os químicos conseguiram realizar essa reação
plásticos, recipientes domésticos, etc. demonstrada e uma série de reações análogas, como estas:
P,t
b. Teflon (politetrafluoretileno)
n CH2 = CH – CH = CH2 catalisador (– CH2 – CH = CH – CH2 –)n
A polimerização do monômero tetrafluoretileno (CF2 = CF2, buta-1,3-dieno
P,t
polibutadieno

tetrafluoreteno) sob 50 atmosferas de pressão e em presen- n CH2 = C – CH = CH2 catalisador (– CH2 – C = CH – CH2 –)n
ça de catalisadores à base de peróxido, resulta em um polí- | |
mero conhecido como teflon (massa molecular de 500.000
Cℓ Cℓ
a 2.000.000 u). cloropreno policloropreno
P,T
n (CF2 = CF2)  catalisador   (— CF2 — CF2 —)n Esses polímeros são denominados polímeros diênicos
porque seus monômeros têm a estrutura de um dieno
tetrafluoretileno politetrafluoretileno
conjugado (CH2 = CH – CH = CH2). Todos eles têm pro-
O teflon caracteriza-se por sua extrema inércia química, o priedades elásticas semelhantes às da borracha natural,
que o torna resistente ao ataque de todos os materiais rea- razão pela qual são denominados borrachas sintéticas
tivos, com exceção dos materiais alcalinos fundidos. A super- ou elastômeros.
fície é extremamente lisa e é resistente a altas temperaturas f. Polimetacrilato de metila (plexiglás ou lucite)
sem fundir. Graças a essas qualidades, o teflon é usado como
É o vidro plástico comum, usado em óculos, anúncios lumi-
revestimento antiaderente de panelas, frigideiras, etc.
nosos, globos para lâmpadas, domos de iluminação, etc. É
c. PVC produzido pela reação:
O cloreto de vinila (CH2 = CHCℓ, cloro-eteno), é um gás
que polimeriza rapidamente em presença de peróxido e CH3 CH3
resulta em uma resina (polímero) chamada cloreto de po- | P,t |
livinila (PVC). n CH2 = C  catalisador
  (– CH2 – C –)n
| |
n (CH2 = CHCℓ) catalisador (– CH2 – CH Cℓ –)n COOCH 3
COOCH 3
cloreto de vinila (cloro-eteno) cloreto de polivinila meta-acrilato de metila polimetacrilato de metila

É usado em toalhas de mesa, garrafas de água, cortina g. Poliacrilonitrila (orlon ou darlon)


para banheiros, tubulações de encanamentos, couro arti-
É a lã sintética usada em cobertores, carpetes, forração de
ficial para estofamento, etc.
móveis, bichos de pelúcia, etc. É produzida pela reação:
d. Benzeno P,t
Uma polimerização importante é a trimerização do acetile- n CH = CH2  catalisador
  (– CH – CH2 –)
no (H – C ≡ C – H, etino), que produz benzeno. | |
Fe CN CN
3 (H – C ≡ C – H) D C6H6 acrilonitrila poliacrilonitrila

Esses polímeros apresentados são chamados polímeros


e. Polimerização dos alcadienos
vinílicos, uma vez que todos apresentam o grupo vinila
Os polímeros diênicos (com duas duplas ligações), como (CH2 = CH–), da qual varia apenas a “ramificação” presen-
o isopreno, polimerizam-se de acordo com a equação: te, como foi demonstrado nas fórmulas.

39
VIVENCIANDO

3. Copolímeros
São polímeros formados por mais de um tipo de monôme-
ro, cuja estrutura é variada.
a. Buna–S
É obtido pela copolimerização do 1,3-butadieno com o
vinil-benzeno, usando como catalisador o sódio metálico.
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Polimerização

40
Uma vez que é muito resistente ao atrito, esse polímero é usado nas bandas de rodagem dos pneus.
b. Buna–N
É obtido pela copolimerização do 1,3-butadieno (buta-1,3-dieno) com o propeno-nitrilo, na qual o catalisador é o sódio
metálico.

n H2C = CH – CH = CH2 + n H2C = CH  


|
C
|||
N

(– CH2 – CH = CH – CH2 – CH2 – CH –)n


|
C
|||
N

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Os polímeros são uma parte importante da nossa vida, aparecendo em muitos processos biológicos dos seres vivos.
Por exemplo, nas células animais há o amido, que funciona como reserva energética; nessa macromolécula, consti-
tuída de 250 a 300 resíduos de d-glicopiranose, as suas ligações são feitas por pontes glicosídicas α-1,4, as quais
conferem à molécula uma estrutura helicoidal, formando um grande polímero no nosso organismo. Também há a ce-
lulose, que é um polímero de cadeia longa composto de um só monômero (glicose), classificado como polissacarídeo
ou carboidrato. É um dos principais constituintes das paredes celulares das plantas, em combinação com a lignina,
com a hemicelulose e a pectina, e não é digerível pelo homem, constituindo uma fibra dietética. Alguns animais,
particularmente os ruminantes, podem digerir celulose com a ajuda de micro-organismos simbióticos.

Aplicação do conteúdo
1. Complete as seguintes reações de polimerização por
adição:
c)
a)

d)
b)

41
Resolução: d) Correta, o polímero do cloreto de vinila é clore-
a) to de polivinila (PVC) e a sua fórmula molecular é
(– CHCℓ – CH2–)n.
e) Incorreta, a fórmula molecular do poliestireno é
(– CH(C6H5) – CH2–)n

Alternativa E
b)
3. (UFMG) Considere estas fórmulas de dois polímeros:

c)

d)
Os monômeros correspondentes aos polímeros I e II são,
respectivamente:
a) propano e cloroetano;
b) propano e cloroeteno;
c) propeno e cloroetano;
2. Os polímeros sintéticos estão presentes em nossa so- d) propeno e cloroeteno.
ciedade de forma bastante intensa. Atualmente, os po-
límeros de adição dominam a economia das indústrias Resolução:
químicas. Cinco deles, cujos monômeros estão listados
na tabela abaixo, estão envolvidos em mais da metade Fazendo a reação inversa para obter o monômero, temos:
da produção mundial de plásticos. I.

Monômeros
Nome Fórmula
Eteno H2C = CH2
Cloreto de vinila H2C = CHCℓ
II.
Estireno HC(C6H5) = CH2
Acrilonitrila CH2 = CH(CN)
Tetrafluoreteno F2C = CF2

Assinale a alternativa incorreta.


a) O eteno é o monômero do polietileno. Logo, os monômeros serão propeno e cloreto de vinila
b) O teflon é um polímero de tetrafluoreteno. (ou cloroeteno).
c) A fórmula do Orlon, polímero resultante da adição
Alternativa D
do acrilonitrila, é (–CH(CN) – CH2–)n.
d) O cloreto de vinila produz o polímero cloreto de
polivinila (PVC), cuja fórmula é (–CHCℓ – CH2–)n.
e) A fórmula do poliestireno, polímero do estireno, é
(CH(C6H5)Cℓ – CH2–)n.
Resolução:
a) Correta, o monômero do polietileno é eteno.
b) Correta, o monômero do teflon (politetrafluoretile-
no) é tetrafluoreteno.
c) Correta, a fórmula molecular do Orlon é
(–CH(CN) – CH2–)n.

42
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 27
Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos
ou benefícios.

Uma das principais preocupações é o uso sustentável de nossos recursos e a economia no uso de materiais
descartáveis, como plástico, papel, etc. Para isso, são necessárias novas formas de produção de polímeros que
sejam tão resistentes quanto os plásticos já inventados, mas que apresentem um tempo de degradação menor.

MODELO 1
(Enem) Com o objetivo de substituir as sacolas de polietileno, alguns supermercados têm utilizado um novo tipo
de plástico ecológico, que apresenta em sua composição amido de milho e uma resina polimérica termoplásti-
ca, obtida a partir de uma fonte petroquímica.
ERENO, D. “Plásticos de vegetais”. Pesquisa Fapesp, n. 179, jan. 2011 (adaptado).

Nesses plásticos, a fragmentação da resina polimérica é facilitada porque os carboidratos presentes:


a) dissolvem-se na água;
b) absorvem água com facilidade;
c) caramelizam por aquecimento e quebram;
d) são digeridos por organismos decompositores;
e) decompõem-se espontaneamente em contato com água e gás carbônico.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Nesses plásticos, a fragmentação da resina polimérica é facilitada porque os carboidratos presentes são digeridos
por organismos decompositores, ou seja, o polímero é biodegradável.

RESPOSTA Alternativa D

43
DIAGRAMA DE IDEIAS

POLÍMERO ÉO
PRODUTO
DA
CUJO REAGENTE
PODE SER É CHAMADO DE PODE SER
MONÔMERO POLIMERIZAÇÃO

SOFRE POLIMERIZAÇÃO
VINÍLICO (C = C)
POR ADIÇÃO
POR EXEMPLO

H2C = CH2 F2C = CF2 H2C = CH - C6H5 H2C = CCℓH H2C = CH - CH3

PRODUZ PRODUZ PRODUZ PRODUZ PRODUZ

POLIETILENO TEFLON POLIESTIRENO PVC POLIPROPILENO

DIENO DO TIPO SOFRE POLIMERIZAÇÃO


C=C-C=C POR ADIÇÃO

CH3 H2C = C - CH = CH2


H2C = CH - CH = CH2

H2C = C - CH = CH2 Cℓ

PRODUZ PRODUZ PRODUZ

POLI-ISOPRENO
POLIBUTADIENO NEOPRENO
(BORRACHA NATURAL)

44
2. Náilon (poliamida)
AULAS 47 e 48 Esse polímero é obtido da condensação do ácido adípico
HOOC – (CH2)4 – COOH (hexanodioico) e da hexameti-
lenodiamina H2N – (CH2)6 – NH2 (1,6-hexanodiamina).
Foi a primeira fibra têxtil sintética produzida. Trata-se de
um polímero que queima com dificuldade e é bastante re-
sistente aos agentes químicos, à água quente e aos óleos.
POLÍMEROS DE
Por estiramento, os fios de náilon adquirem grande re-
CONDENSAÇÃO sistência à tração. Dos fios desse polímero fabricam-se o
velcro e os tecidos usados em meias femininas, roupas
íntimas, maiôs, biquínis, bermudas, shorts e outras roupas
esportivas. Além de fios, o náilon e as demais poliamidas
também podem ser moldados sob outras formas para a
COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7 confecção de parafusos, engrenagens, pulseiras para
relógios, etc.
HABILIDADES:
12, 17, 18, 24, 25, 26
e 27 O náilon também é muito utilizado para suturas em ferimen-
tos, uma vez que é um material inerte ao organismo e não
provoca reação inflamatória como outros fios de sutura.

1. Polímeros de condensação
Em geral, os polímeros de condensação são formados da
reação entre dois monômeros diferentes, com a eliminação
de moléculas pequenas, como a água. Nesse tipo de poli-
náilon 66
merização, os monômeros não precisam apresentar duplas
ligações entre carbonos, mas é necessária a existência de 3. Baquelite (polifenol)
duas unidades de grupos funcionais. É preparada por condensação de aldeído fórmico (meta-
Observe a condensação da glicose com produção de amido: nal) com fenol comum (hidroxibenzeno). É bastante usada
Clorofila como isolante na fabricação de materiais elétricos (pinos,
n (C6H12O6) (C6H10O5)n + n H2O tomadas, plugues, etc.).
Luz

1.1. Polímeros de condensação


e suas aplicações
1. Dácron (poliéster)
A condensação de ácido tereftálico com etilenoglicol
produz um polímero denominado terilene ou dácron,
usado na fabricação de fibras sintéticas bastante resisten-
tes à tração, como filmes, garrafas PET, etc.
A reação pode ser representada pela equação:

4. Silicones
etilenoglicol (etanodiol) ácido tereftálico São polímeros com silício, obtidos a partir da condensação
(ácido 1,4-benzoldicarboxílico) do dimetilsiloxana.
                         

poli(tereflato de etileno), poliéster

45
São usados em lubrificação de moldes, borrachas, lamina- Quando aquecida com enxofre, essa massa viscosa produz
dos, resinas, agentes antiespumantes, cirurgias plásticas. a borracha vulcanizada, material bastante elástico que não
sofre alteração significativa com pequenas variações de
temperatura e é bastante resistente ao atrito.
Esta estrutura corresponde a um fragmento da cadeia da
borracha vulcanizada utilizada na fabricação de pneus:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube Vulcanização

Produzindo Plástico
Cadeia polimérica
de borracha

2. Polímeros naturais Cadeias de borracha unidas por ponte de enxofre

Os polímeros naturais são a borracha, os polissacarídeos


(como celulose, amido e glicogênio) e as proteínas. 2.2. Polissacarídeos
A borracha natural é um polímero de adição, enquanto os A celulose, o amido e o glicogênio são denominados po-
polissacarídeos e as proteínas são polímeros de conden- lissacarídeos, uma vez que são obtidos pela polimerização
sação, obtidos, respectivamente, de monossacarídeos e dos monossacarídeos de fórmula molecular C6H12O6.
aminoácidos.
Esquematicamente, sua formação é:

2.1. Borracha monossacarídeo


– H2O
dissacarídeo
A borracha natural é obtida da árvore Hevea brasiliensis C6H12O6 C12H22O11
(seringueira); por incisão feita no caule, obtém-se um líqui-
do branco de aspecto leitoso, denominado látex. glicose + frutose sacarose

O monômero da borracha natural é o 2-metil-1,3-bu-


glicose + galactose lactose
tadieno (isopreno):
glicose + glicose maltose
CH3
|
Entre os dissacarídeos, o mais importante é a sacarose,
H2C = C – CH = CH2
também conhecida por açúcar de cana ou açúcar comum.
A reação de polimerização ocorre ainda na seringueira com A união de diversas moléculas de monossacarídeos origina
o auxílio de uma enzima. os polissacarídeos, como o amido, o glicogênio e a celulose:
n C6H12O6 → (C6H10O5)n + (n – 1) . H2O
CH3 glicose   amido, glicogênio ou celulose
|
catalisador
n H2C = C – CH = CH2 (– CH2 – C = CH – CH2 –)n A principal fonte de carboidratos para o organismo huma-
| no é o amido. Ele está presente nas sementes e nas raízes
CH3 de numerosas plantas, como batata, trigo, arroz, milho,
mandioca, centeio, cevada, etc.
O polissacarídeo mais abundante na natureza é a celulose,
2.1.1. Vulcanização
que o ser humano é incapaz de digerir, ao contrário dos
O látex obtido da seringueira é precipitado e dá origem a bovinos e outros ruminantes. Bactérias presentes no trato
uma massa viscosa, que é a borracha natural. No entanto, digestório deles produzem enzimas (celulase) capazes de
a utilização desse tipo de borracha é limitada, uma vez que metabolizá-la. No sistema digestório dos cupins, há um
ela se torna quebradiça em dias frios e extremamente gos- protozoário (triconinpha), produtor de enzimas, que tam-
menta em dias quentes. bém metaboliza a celulose.

46
2.3. Proteínas ou polipeptídeos
As proteínas são polímeros formados a partir condensação
de –aminoácidos presentes em todas as células vivas. Al-
gumas proteínas fazem parte da estrutura dos organismos,
como fibras musculares, cabelo e pele; outras funcionam
como catalisadores nas reações orgânicas; nesse caso, são
denominadas enzimas.
Existem também proteínas que atuam como reguladores
do metabolismo (os hormônios) e as que fazem parte do
sistema imunológico.
Os –aminoácidos podem ser representados genericamente por:

Em que R são agrupamentos diversos que dão origem aos


diferentes aminoácidos. A união de –aminoácidos dá origem a uma proteína (po-
A interação responsável pela formação de proteínas ocorre lipeptídeo).
entre o grupo ácido – COOH, presente em uma molécula
de aminoácido, e o grupo básico – NH2, presente em outra
molécula; com a eliminação de uma molécula de água, é
originada uma ligação amídica ou peptídica:
Cada proteína apresenta uma sequência característica de
-aminoácidos (-aa) denominada estrutura primária, que
identifica os -aa presentes e a sequência em que estão
Exemplo da interação entre a glicina e a alanina, que dá unidos, dando origem a uma cadeia principal, em que os
origem a um dipeptídeo: grupos R constituem cadeias laterais.

VIVENCIANDO

O PET também é conhecido por outros nomes, como drácon, terilene ou tergal. Esse polímero de condensação é um poliéster,
sendo que sua reação de formação ocorre entre o álcool etilenodiol (etileno-glicol) e o ácido tereftálico (ácido p-benzenodioico):

Etileno-glicol Ácido tereftálico

H2O
n água
Polietilenotereflato

Esse polímero é usado principalmente em garrafas plásticas, mas ele também é utilizado na fabricação de tecidos,
cordas, filmes fotográficos, fitas de áudio e vídeo, guarda-chuvas, gabinetes de fornos e em embalagens.

47
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Proteínas são macromoléculas biológicas formadas por uma ou mais cadeias de aminoácidos. As proteínas estão
presentes em todos os seres vivos e participam de praticamente todos os processos celulares, desempenhando um
amplo conjunto de funções no organismo, como a replicação de DNA, a resposta a estímulos e o transporte de molé-
culas. Muitas proteínas são enzimas que catalisam reações bioquímicas vitais para o metabolismo. As proteínas têm
também funções estruturais ou mecânicas, como é o caso da actina e da miosina, nos músculos, e das proteínas no
citoesqueleto, que formam um sistema de andaimes que mantém a forma celular. Outras proteínas são importantes
na sinalização celular, na resposta imunitária e no ciclo celular. As proteínas diferem entre si fundamentalmente na
sua sequência de aminoácidos, que é determinada pela sua sequência genética e que, em geral, provoca o seu eno-
velamento numa estrutura tridimensional específica que determina a sua atividade.
Uma proteína contém pelo menos uma cadeia polimérica linear derivada da condensação de aminoácidos, chama-
da de polipeptídeo. Os resíduos individuais de aminoácidos estão unidos entre si por meio de ligações peptídicas.
A sequência dos resíduos de aminoácidos em cada proteína é definida pela sequência de um gene, a qual está
codificada no código genético. Durante ou após o processo de síntese, os resíduos de uma proteína são, muitas
vezes, alterados quimicamente por meio de modificação pós-traducional, a qual modifica as propriedades físicas e
químicas das proteínas, o seu enovelamento, a estabilidade, a atividade e, por fim, a sua função. Em alguns casos, as
proteínas apresentam anexados grupos não peptídicos, os quais são denominados cofatores ou grupos prostéticos.
As proteínas podem também trabalhar em conjunto para desempenhar determinada função, agrupando-se em com-
plexos proteicos. As proteínas podem ser purificadas a partir de outros componentes celulares recorrendo a diversas
técnicas, como a precipitação, ultracentrifugação, eletroforese e cromatografia. Entre os métodos usados para estudar
a estrutura e as funções das proteínas estão a imuno-histoquímica, a mutagênese sítio-dirigida, a ressonância mag-
nética nuclear e a espectrometria de massa.

Este polímero é obtido da reação entre etilenoglicol e


ácido tereftálico, cujas fórmulas são:
   
     
   
 
  

multimídia: site
a) Esquematize a reação de polimerização entre o eti-
lenoglicol e o ácido tereftálico. Esta é uma reação de
quimicapolimero.blogspot.com.br/2010/11/polimeros- adição ou condensação?
-encontrados-no-nosso-dia-dia_08.html b) Reescreva em seu caderno de respostas as fórmulas
dos reagentes e a fórmula geral do polímero e identifi-
que as funções orgânicas presentes em cada uma delas.

Aplicação do conteúdo Resolução:


a) A reação de polimerização pode ser esquematizada por:
1. (UFSCar) Existe um grande esforço conjunto, em muitas
cidades brasileiras, para a reciclagem do lixo. Especial-
mente interessante, tanto do ponto de vista econômico
como ecológico, é a reciclagem das chamadas garrafas
PET. Fibras têxteis, calçados, malas, tapetes, enchimento
de sofás e travesseiros são algumas das aplicações para
o PET reciclado. A sigla PET se refere ao polímero do qual
as garrafas são constituídas, o polietileno tereftalato.

48
Trata-se de uma reação de condensação. Resolução:
b)
a) Náilon - amida
Dexon = éster
b)

amida
O Náilon é uma poliamida

éster
2. (Vunesp) Estão representados a seguir fragmentos O Dexon é um poliéster
dos polímeros Náilon e Dexon, ambos usados como fios
de suturas cirúrgicas.

Náilon
álcool ácido carboxílico

Dexon

a) Identifique os grupos funcionais dos dois polímeros.


b) O Dexon sofre hidrólise no corpo humano, sendo
integralmente absorvido no período de algumas se-
manas. Nesse processo, a cadeia polimérica é rompi-
da, gerando um único produto, que apresenta duas
funções orgânicas.
Escreva a fórmula estrutural do produto e identifique
essas funções.

49
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 27
Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos
ou benefícios.

Atualmente, uma das principais preocupações é o uso sustentável dos recursos naturais e a economia no uso
de materiais descartáveis, como plástico, papel, etc. Para isso, são necessárias novas formas de produção de
polímeros que sejam tão resistentes quanto os plásticos já inventados, mas que apresentem um tempo de
degradação menor.

MODELO 1
(Enem) O uso de embalagens plásticas descartáveis vem crescendo em todo o mundo, juntamente com o
problema ambiental gerado por seu descarte inapropriado. O politereftalato de etileno (PET), cuja estrutura é
mostrada, tem sido muito utilizado na indústria de refrigerantes e pode ser reciclado e reutilizado. Uma das op-
ções possíveis envolve a produção de matérias-primas, como o etilenoglicol (1,2-etanodiol), a partir de objetos
compostos de PET pós-consumo.

Disponível em: <www.abipet.org.br>. Acesso em: 27 fev. 2012 (adaptado).

Com base nas informações do texto, uma alternativa para a obtenção de etilenoglicol a partir do PET é a:
a) solubilização dos objetos; d) hidrólise dos objetos;
b) combustão dos objetos; e) fusão dos objetos.
c) trituração dos objetos;

ANÁLISE EXPOSITIVA
A reação de hidrólise do PET produz o etilenoglicol:

RESPOSTA Alternativa D

50
DIAGRAMA DE IDEIAS

POLÍMERO
ÉO
PRODUTO DA

CUJO REAGENTE
É CHAMADO DE
MONÔMERO POLIMERIZAÇÃO

CASO SEJA PODE SER

POLIMERIZAÇÃO
MAIS DE UM TIPO
POR CONDENSAÇÃO

É CHAMADO DE FORMA

POLÍMERO DE
COPOLÍMERO
CONDENSAÇÃO

POR EXEMPLO

POLIAMIDA PET POLIURETANO SILICONE BAQUELITE

51
O efeito indutivo pode ser transmitido pela cadeia car-
AULAS 49 e 50 bônica e diminui à medida que a distância aumenta.
Em geral, o efeito indutivo torna-se fraco a partir do
segundo carbono.
Grupos eletroatraentes produzem efeito indutivo negativo.

ACIDEZ E BASICIDADE DOS –X (7A ou 17, halogênios), –OH, –C6H5 ,


–CH = CH2 , –NO2 , –SO3H , –COOH , –NH2
COMPOSTOS ORGÂNICOS
b. Efeito indutivo positivo (+I) ocorre quando o átomo
(ou grupo atômico) repele elétrons.
CH3 – MgCl
COMPETÊNCIAS: 3, 5 e 7
O magnésio, que é um elemento eletropositivo (+), tende
12, 17, 18, 24, 25, 26 a repelir elétrons da ligação em direção ao carbono, que,
HABILIDADES:
e 27 em consequência, tem sua densidade eletrônica aumenta-
da (–).
Grupos eletrodoadores produzem efeito indutivo positivo.

1. O caráter ácido-base Radicais alquila: R3C– > R2HC– > RH2C– > H3C– > H ,
De acordo com as definições mais clássicas de ácidos e ba- do qual R = radical saturado.
ses (Brönsted-Lowry), a força de um ácido está associada à
sua tendência de doar prótons (H+), e a força de uma base CH3
associa-se à sua tendência de receber prótons. Nesse senti- |

do, um ácido será mais forte quanto mais fraca for a ligação CH3 – C – > CH3 – CH – > CH3 – CH2 – > CH3 – > H –
entre o próton (H+) e a molécula do ácido. Uma base, por sua |     | etil    metil

vez, será mais forte quanto maior for a densidade eletrônica     CH3   CH3
terc-butil    isopropil  
em torno do átomo que recebe o próton (H+).
Por exemplo, existem substituintes (átomos ou grupos
atômicos) que, quando presentes na estrutura de um ácido Quanto maior o número de carbonos e hidrogênios
carboxílico, tornam a ligação (O – H) mais fraca, aumen- em ligações simples, mais eletrorrepelente será o ra-
tando o caráter ácido da molécula. Outros substituintes dical. Em consequência, maior será o efeito indutivo
elevam a densidade eletrônica em torno do átomo de ni- positivo produzido.
trogênio nas aminas, aumentando o caráter básico delas.

Ao comparar a acidez de algumas substâncias, a influência


2. Efeito eletrônico do efeito indutivo na reatividade das substâncias orgânicas
torna-se mais evidente.
O efeito eletrônico é o deslocamento de pares de elétrons
Considere a substituição de um dos hidrogênios do grupo
em ligações simples (sigma). Esse efeito é provocado pela
CH3 do ácido acético (etanoico) por –Cl ou por –CH3. Se-
presença de átomos ou grupos atômicos que atraem ou re-
rão obtidos dois novos ácidos:
pelem elétrons.
a. Efeito indutivo negativo (–I) ocorre quando o átomo ácido cloro-acético
Ka = 1,3 · 10–3
(ou grupo atômico) atrai elétrons.
H3C – CH2 – Cl
O átomo de cloro (–), que é mais eletronegativo, atrai o par
de elétrons da ligação, aumentando sua própria densidade ácido propanoico
eletrônica e diminuindo a do átomo de carbono (+). Ka = 1,8 · 10–5

52
As constantes de ionização Ka revelam que a substituição CH3–COOH > CH3–CH2–COOH > CH3–CH2–CH2–COOH
de um H por um –Cl aumenta a força ácida (o Ka aumen- etanoico      propanoico      butanoico

tou), ao passo que a substituição por um –CH3 diminui a 2. quanto maior o número de grupos eletroatraentes,
força ácida (o Ka diminuiu). em compostos com o mesmo número de carbonos,
Pelo fato de o –Cl ser um elemento muito eletronegativo, maior a acidez:
ele atrai a nuvem eletrônica da molécula em sua direção,
enfraquecendo a ligação O–H, que se quebra mais facil- Cl Cl
mente, liberando o H+. Por esse motivo, o cloro torna o áci- | |
do mais forte. Essa acidez do cloro é denominada efeito Cl – CH2 – COOH < Cl – CH – COOH < Cl – C – COOH
indutivo eletroatraente. |
Se o H for substituído pelo –CH3, ocorrerá o inverso: a ten- Cl
dência para atrair elétrons do grupo CH3 é menor do que a cloro-etanoico    dicloro-etanoico    tricloro-etanoico

do H; o CH3 fortalece a ligação O–H e torna mais difícil a saí- 3. se o grupo eletroatraente estiver em carbono  (carbono
da do H+. Em razão disso, o –CH3 faz o ácido ficar mais fraco. adjacente ao grupo –COOH), a acidez deverá aumentar muito:
Trata-se do denominado efeito indutivo eletrodoador.
  
CH2 – CH2 – COOH < CH3 – CH – COOH
| |
Cl Cl
3-cloro-propanoico      2-cloro-propanoico
(-cloro-propanoico)      (-cloro-propanoico)

4. os ácidos dicarboxílicos são mais ácidos do que os mo-


nocarboxílicos correspondentes:
CH3 COOH < HOOC – COOH
etanoico    etanodioico

3. Acidez e basicidade em
compostos orgânicos
3.1. Acidez de ácidos carboxílicos, multimídia: vídeo
fenóis e álcoois Fonte: Youtube
O ácido carboxílico, o fenol e o álcool são compostos orgâ- ÁCIDOS ORGÂNICOS
nicos com caráter ácido:
A acidez é diretamente proporcional ao efeito indutivo.
3.3. Fenol
Ordem decrescente de força ácida:
O fenol, também denominado ácido fênico, é considera-
ácido carboxílico > fenol > H2O > álcool
velmente ácido em razão do radical arila (aromático), que
Em geral, os ácidos orgânicos são mais fracos do que os é eletroatraente.
ácidos inorgânicos.
ou C6H5 – O–
3.2. Ácidos carboxílicos
ânion fenóxi
Devido à presença do radical acila (R – COO–), os ácidos
carboxílicos são as substâncias mais ácidas. O ácido pícrico (2,4,6 – trinitro – fenol) é um ácido forte.

Suas características mais importantes são:


1. quanto maior a cadeia carbônica (efeito +I), menor
a acidez:

53
3.4. Álcool CH3 – NH – CH3 > CH3 – NH2 >
(CH3)3N > NH3 > C6H5 – NH2
Em geral, os álcoois são compostos de pouquíssima acidez, que,
por sua vez, diminui à medida que aumenta a cadeia carbônica. Em geral, o aumento da cadeia carbônica provoca o au-
Isso ocorre devido ao efeito eletrorrepelente dos radicais alquila: mento da alcalinidade, uma vez que radicais alquila (–R)
são eletrorrepelentes.
CH3 – OH > CH3 – CH2 – OH
CH3 – CH2 – NH2 > CH3 – NH2
Síntese da força ácida dos compostos orgânicos.
A presença de ligações  próximas ao nitrogênio diminui a
Ordem decrescente de força ácida basicidade, uma vez que aumenta a acidez.
Ar – COOH > C6H5OH > R – COOH > H2O > R – OH CH3 – CH2 – NH2 > CH2 = CH – NH2
fenol  ácido   
ácido água álcool
Nota:
carboxílico carboxílico
aromático a. Em geral, as bases inorgânicas são mais fortes do que as
bases orgânicas.
Em que R = radical alquila e Ar = radical arila (aromático). b. As amidas têm caráter anfótero e são bases muito fracas.
Nota:
a. Ácidos carboxílicos e fenóis reagem com NaOH, mas
álcoois não reagem.
5. Resumo dos fatores
b. Ácidos carboxílicos reagem com NaHCO3, liberando CO2 que influenciam o
(efervescência), mas fenóis e álcoois não reagem.
caráter ácido-base
Acidez Basicidade
4. Basicidade das aminas
Aumento do tamanho
A basicidade (alcalinidade) de uma amina é diretamente da cadeia carbônica
diminui muito aumenta muito
proporcional ao efeito +I .
As aminas são as substâncias orgânicas com maior caráter Presença de radicais
aumenta muito diminui muito
básico (bases de Lewis). eletronegativos

Ordem decrescente de força básica


Presença de
aumenta diminui
núcleo aromático
secundária > primária > terciária > NH3 > aromática

VIVENCIANDO

Por que a picada de uma formiga pode causar dor e ardência? Para responder a essa pergunta é preciso recorrer
a uma explicação química. A formiga produz em seu organismo o ácido fórmico, oficialmente conhecido como
ácido metanoico. O ácido fórmico pode ser tóxico ao homem e ao meio ambiente e exige manipulação cuidadosa.
Em contato com o ser humano, esse ácido pode ser absorvido pelas vias oral, dérmica e inalatória, apresentando
potencial para irritação local e, possivelmente, o desenvolvimento de sintomas desagradáveis. No meio ambiente,
o ácido fórmico ocorre naturalmente como produto de biotransformação de reações metabólicas nos organismos
vivos. O ácido é facilmente biodegradável, tanto na água quanto no solo. Ele é nocivo para organismos aquáticos,

54
como peixes e plânctons. Esse efeito prejudicial se deve principalmente ao fato de o ácido fórmico alterar o pH
do meio.
O ácido fórmico pode ser irritante e corrosivo para a pele e as mucosas, dependendo de sua concentração. Depois da expo-
sição dérmica, pode ocorrer acidose metabólica. Sintomas após a ingestão aguda (50 g ou mais) podem incluir salivação,
vômito com sangue, sensação de dormência na boca, diarreia e dores severas. Também podem ocorrer colapso circulatório,
depressão do sistema nervoso central e morte. A exposição constante (ocupacional) pode causar albuminúria e hematúria.
O ácido fórmico apresenta-se mutagênico para Escherichia coli e células germinativas de Drosophila, mas não apre-
senta evidências de causar alterações no DNA de Bacillus subtilis em concentrações acima de 0,46%.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O vinagre é um dos produtos mais consumidos ao redor do mundo. Sua composição é basicamente ácido acético, um
ácido orgânico fraco. Na Bíblia, há referências ao vinagre. A passagem mais conhecida talvez seja a da crucificação,
em que os romanos oferecem para Jesus uma esponja embebida em vinagre.
Para Hipócrates, na Grécia Antiga, a substância continha propriedades medicinais. Era conhecida como porca, uma
mistura de galinha e vinagre. Entretanto, apesar de ser conhecido desde os tempos remotos, a indicação técnica é
propriedade de Geber, alquimista árabe, que o destilou. Prega-se uma fermentação por leveduras para a produção
do álcool. A concentração alcoólica é ajustada entre 10% e 13%, sendo, então, exposta às bactérias do ácido acético
(é um processo aeróbio), que vai oxidar a solução alcoólica até que se produza o vinagre na concentração desejada.
A fermentação, em que se deseja um aroma bom, é obtida pela ação de cultura pura de Saccharomyces cerevisi-
ae, ou S. cerevisiae da variedade ellipsoideus. Para fermentação acética, são empregados organismos mistos do
gênero Acetobacter.
Com o aumento da produção de bebidas em embalagens plásticas, as bactérias acéticas não fermentativas tor-
naram-se mais importantes. Diversas razões contribuíram para esse fato, como a resistência de Gluconobacter a
sanitizantes (empregados na indústria engarrafadora de bebidas), sua habilidade de crescer na presença de ácido
ascórbico e benzoico e os altos níveis que caracterizam as bebidas em recipientes plásticos.

b) O etanol é o ácido mais fraco das substâncias listadas


Aplicação do conteúdo na tabela quando estas estão dissolvidas em água.
c) Fenol é menos ácido que 2-nitrofenol em água.
1. (UEMS) A tabela demonstra as constantes de ioniza-
d) O ácido acético é o ácido mais forte das substân-
ção ácida de substâncias orgânicas em água a 25°C.
cias listadas na tabela quando estas estão dissolvidas
Substância Ka no solvente polar.
Ácido acético (CH3COO 1,8 · 10-5
e) O etanol é o ácido mais fraco das substâncias lis-
tadas na tabela quando estas estão dissolvidas no
Etanol (CH3CH2OH) 1,0 · 10-18
solvente polar.
Fenol (C6H5OH) 1,3 · 10-10
2 - nitrofenol (C6H4(NO2)OH) 6,2 · 10-8 Resolução:
a) Incorreta, pois quanto maior for o valor do Ka, mais
A partir dos dados da tabela, é incorreto dizer que: forte será o ácido. Ácido acético é o ácido mais forte
a) O ácido acético é o ácido mais fraco das substân- da tabela apresentada.
cias listadas na tabela quando estas estão dissolvidas b) Correta, pois quanto menor for o valor do Ka, mais
em água. fraco será o ácido.

55
c) Correta, fenol possui valor de Ka mais baixo do que Atribua corretamente os dados experimentais apresenta-
o 2-nitrofenol. dos aos seguintes compostos:
d) Correta, o ácido acético é o ácido mais forte da
tabela, pois possui maior valor de Ka. 2-nitroanilina, 2-metilanilina, 2-bromoanilina, metilamina
e) Correta, o etanol é o ácido mais fraco da tabela, e dietilamina. Justifique a sua resposta.
pois possui menor valor de Ka.
Resolução:
Alternativa A
A e B são aminas alifáticas, pois possuem as maiores cons-
2. (UFSCar) O caráter ácido dos compostos orgânicos
tantes de basicidade.
difere bastante um dos outros. Uma comparação da
acidez pode ser feita por meio das estruturas e das C, D e E são aminas aromáticas, pois possuem as menores
constantes de ionização, Ka. Os valores das constantes constantes de basicidade.
ao redor de 10–42, 10–18 e 10–10 podem ser atribuídos,
respectivamente, a: A presença de radicais eletrorrepelentes aumenta a basici-
a) fenóis, álcoois e alcanos; dade de um composto, ou seja, o caráter básico:
b) fenóis, alcanos e álcoois; H3C – NH2 < H3C – H2C – NH – CH2 – CH3
c) álcoois, fenóis e alcanos;
(B) (A)
d) alcanos, fenóis e álcoois;
e) alcanos, álcoois e fenóis. A presença de radicais eletroatraentes diminuem a basici-
dade de um composto, ou seja, o caráter básico:
Resolução:

Quanto menor o valor do Ka, menos ácido o composto


será. Para o primeiro valor (10–42), um número extrema-
mente baixo, a acidez para esse composto é quase nula.
Um composto que apresenta essa característica são os hi- (C) (D) (E)
drocarbonetos, em que seus hidrogênios são praticamente
não ionizáveis. Assim, os valores atribuídos a cada composto serão:

Para o segundo valor (10–18), a acidez aumentou muito em composto Ka


relação ao primeiro valor, mas ainda continua baixa, ou A – dietilamina 1,0 · 10-3
seja, não se trata de um composto que tem uma acidez B – metilamina 4,5 · 10-4
apreciável. Quem possui essas características é o álcool, C – 2 - metilanilina 2,6 · 10-10
que, apesar de o hidrogênio da hidroxila ser ionizável, é D – 2 - bromoanilina 3,0 · 10-12
pouco ácido. E – 2 - nitroanilina 6,0 · 10-15
Para o último valor (10–10), apesar de ainda ser baixo, este
possui um valor razoavelmente perceptível. O fenol apre-
senta essas características, pois, apesar de ionizar pouco,
o grau de ionização é maior e mais perceptível do que no
álcool ou mesmo num hidrocarboneto.
Assim, os compostos atribuídos aos valores são: alcanos,
álcoois e fenóis.
multimídia: site
Alternativa E

3. São fornecidas as seguintes informações relativas iq.usp.br/wjbaader/qfl2345/Capitulo_1%273_QFL%20


aos cinco compostos amínicos: A, B, C, D e E. Os com- 2345.pdf
postos A e B são muito solúveis em água, enquanto os
compostos C, D, e E são pouco solúveis. Os valores das
constantes de basicidade dos compostos A, B, C, D e E
são, respectivamente, 1,0 · 10-3; 4,5 · 10-4; 2,6 · 10-10;
3,0 · 10-12 e 6,0 · 10-15.

56
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA ORGÂNICA

PERTENCE À

CLASSE FUNCIONAL

CARACTERIZADA POR

GRUPO FUNCIONAL

CARACTERÍSTICA CARACTERÍSTICA
ÁCIDA BÁSICA
É O CASO DE
É O CASO DE

ÁCIDO
FENOL AMINA
CARBOXÍLICO
EM ÁGUA SOFREM EM ÁGUA

É RECEPTOR
IONIZAÇÃO
DE ÍONS H+

QUE PRODUZ

H+ OU H3O+ TORNANDO O
MEIO COM
TORNANDO O MEIO COM

pH < 7
pH > 7

SOLUÇÃO ÁCIDA SOLUÇÃO BÁSICA

57
AULAS 51 e 52 2. Teoria ácido-base de
Brönsted-Lowry
De forma independente, Johannes Nicolaus Brönsted
(1879-1947) e o inglês Thomas Martin Lowry (1874-1936)
propuseram no mesmo ano a teoria ácido-base conhecida
CONCEITOS MODERNOS como Teoria Brönsted-Lowry, que diz o seguinte:

DE ÁCIDOS E BASES Ácido é a espécie química que doa prótons (H+). Base
é a espécie química receptora de prótons.

Nesse caso, considera-se como próton o íon hidrogênio,


COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7 que é visto nesta reação, na qual o ácido cianídrico doa um
próton para a água, que atua, portanto, como base:
HABILIDADES: 17, 18, 21, 24, 25, 26 e 27
1. HCN + H2O  CN– + H3O+
Essa reação é reversível, uma vez que o íon hidrônio (H3O+)
pode doar um próton para o íon CN–. Dessa forma, o íon
hidrônio (H3O+) atua como ácido e o CN– como base:
1. Teoria ácido-base CN– + H3O+ → HCN + H2O
de Arrhenius +
2.   H       H
+

À luz de seus experimentos com condutividade elétrica em HCℓ + H2O  H3O+ + Cℓ–
meio aquoso, o químico, físico e matemático sueco Svante
August Arrhenius (1859-1927) propôs, em 1884, estas de- A reação no sentido direto (→) mostra que:
finições de ácidos e bases:
HCℓ doa H+ (próton) a H2O ⇒ HCℓ é o ácido.
H2O recebe H+ (próton) do HCℓ ⇒ H2O é a base.
Ácidos são compostos que em solução aquosa ioni-
A reação no sentido inverso (←)
zam, produzindo como íon positivo apenas o cátion
hidrogênio (H+) ou, mais corretamente, o íon H3O+, H3O+ doa H+ (próton) ao Cℓ– ⇒ H3O+ é o ácido.
denominado íon hidrônio ou hidroxônio.
Cℓ– recebe H+ (próton) do H3O+ ⇒ Cℓ– é a base.
Portanto:
Portanto, o que existe genericamente são:
HCℓ + H2O  H3O+ + Cℓ–
H+ + H2O → H3O+ ácido  base  ácido  base

HCl + H2O → H3O+ + Cl– par


conjugado
HNO3 + H2O → H3O+ + NO3–
par conjugado
H2SO4 + 2 H2O → 2 H3O+ + SO42–
HCℓ é o ácido conjugado da base Cℓ–.
Cℓ– é a base conjugada do ácido HCℓ.
Bases ou hidróxidos são compostos que, por dissociação
H2O é a base conjugada do ácido H3O+.
iônica, liberam, como íon negativo, apenas o ânion hi-
dróxido (OH-), também chamado de hidroxila ou oxidrila. H3O+ é o ácido conjugado da base H2O.

NaOH → Na+ + OH– Ácidos e bases conjugados são os que diferem entre
si por um H+.
Ca(OH)2 → Ca2+ + 2 OH–

58
3. Teoria ácido-base de Lewis CH3OH não é base de Arrhenius, uma vez que não libera OH−.
CH3OH é base de Brönsted, uma vez que recebe H+.
Em 1923, Lewis propôs um novo conceito de ácido-ba-
se, mais amplo que o de Brönsted-Lowry e o de Arrhe- CH3OH é base de Lewis, uma vez que fornece par de
nius, uma vez que compreendeu pares de elétrons da elétrons para o H+.
base e do ácido.
3.
Base de Lewis: espécie química que fornece pares de
elétrons (agente nucleófilo) para um ácido.
Ácido de Lewis: espécie química que recebe pares de
elétrons (agente eletrófilo) provenientes de uma base.
ácido de lewis
base de Lewis
A + :B → A:B
ácido  base complexo coordenado Nesse exemplo, os conceitos de Arrhenius e Brönsted não
podem ser aplicados.
Quadro resumo
Arrhenius Brönsted Lewis
recebe par
Ácido libera H+
doa H+
de elétrons
doa par de
Base libera OH– recebe H+
elétrons
Zn2+ + 4 :NH3 → [Zn(NH3)4]2+
ácido  base
Mg + 6 :OH2 → [Mg(H2O)6]2+
4. Forças de ácidos e
2+

ácido  base

Observe com atenção: Os conceitos de ácidos e bases de Ar- bases conjugadas


rhenius, de Brönsted-Lowry e de Lewis não são contraditóri-
De acordo com Brönsted e Lowry, portanto, as reações áci-
os nem se excluem. Pelo contrário, eles se completam, uma
vez que as ideias de ácidos e bases de Lewis compreendem do-base são reversíveis. O valor da constante de equilíbrio
os demais conceitos. Observemos estes exemplos. (K) vai indicar se o rendimento da reação é alto ou baixo.
H+       H+
1.   H+
ácido1 + base2  ácido2 + base1 K
HCℓ + H2O  H3O+ + Cℓ–
Observe:
pares conjugados ácido-base
HCℓ é ácido de Arrhenius, uma vez que libera H+.
HCℓ é ácido de Brönsted, uma vez que doa H+. Há, portanto, duas possibilidades:
1. K > 1, a transferência de H+ é mais intensa entre o
H+ é ácido de Lewis, uma vez que recebe um par de elétrons ácido1 e a base2 do que entre o ácido2 e a base1; logo, o
proveniente do oxigênio da água.
ácido1 é mais forte que o ácido2, e a base2 é mais forte
H2O não é base de Arrhenius. que a base1.
H2O é base de Brönsted, uma vez que recebe H+. ácido1 + base2  ácido2 + base1  K > 1
H2O é base de Lewis, uma vez que fornece par de elétrons mais forte mais forte   mais fraco mais fraca
para o H+.

2. pares conjugados ácido-base

HCℓ não é ácido de Arrhenius, uma vez que o meio não é H+     H+
aquoso.
HCℓ + H2O  H3O+ + CN–  K > 1
HCℓ é ácido de Brönsted, uma vez que doa H+.
H+ é ácido de Lewis, uma vez que recebe o par de elétrons
do oxigênio do álcool. pares conjugados ácido-base

59
2. K < 1, a transferência de H+ é mais intensa entre o ácido2 H+       H+
e a base1 do que entre o ácido1 e a base2; logo, o ácido2 é
mais forte que o ácido1 e a base1 é mais forte que a base2. HCOOH + CN–  HCN + HCOO–
ácido1 + base2  ácido2 + base1  K < 1 K = 2 ·10–4    K = 6 · 10–10
mais fraco mais fraca   mais forte mais forte ácido mais forte   ácido mais fraco

Pelos exemplos citados, quando um ácido é forte, a sua


pares conjugados ácido-base
base conjugada é fraca, e vice-versa.
H+     H+ HCl + H2O  H3O+ + Cl–  K > 1
HCN + H2O  H3O+ + CN–  K < 1 ácido forte   base fraca
mais fraco  mais fraca  mais forte  mais forte
HCN + H2O  H3O+ + CN–  K < 1
ácido fraco   base forte
4.1. Conclusão
Generalizando:
Se os reagentes (ácido e base) forem misturados em igual
ácido forte – base conjugada fraca
concentração, a formação dos produtos será favorecida e
se formará um ácido mais fraco. ácido fraco – base conjugada forte

VIVENCIANDO

É possível encontrar a ligação covalente com facilidade em nosso dia a dia. Substâncias de uso muito comum têm
em sua estrutura átomos com esse caráter de ligação, como a água, o gás oxigênio, a solução de vinagre, o álcool
etílico, o açúcar e o grafite.
Contudo, também podemos abordar substâncias que não estão tão evidentes em nosso cotidiano, mas que estão
ligadas diretamente à nossa vida.
O gás ozônio (O3) é o principal gás situado na atmosfera, responsável pela proteção do planeta Terra contra os raios
ultravioletas (UV) emitidos pelo Sol. Sem essa camada de gás existente na atmosfera, a vida na Terra não seria possível.
Bem como o elemento carbono (C), que pode ser encontrado na forma de diamante, passado por processos de
formação diferentes do carbono encontrado no grafite, sendo essa a diferença primordial entre essas substâncias
constituídas por átomos do mesmo elemento químico.

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Ácidos sempre foram substâncias primordiais para o desenvolvimento e manutenção da civilização. Desde as primei-
ras civilizações, suas propriedades são conhecidas e utilizadas de forma proveitosa. Do latim, ácido vem de acidum,
que significava azedo, ou seja, uma referência direta ao sentido do paladar para dar um significado à palavra.

60
Ácidos podem ser encontrados em muitos segmentos da indústria e em nossa vida; vide a tabela abaixo:

NOME DO ÁCIDO SUAS OCORRÊNCIAS


acético Encontrado no vinagre.
Derivado do benzeno, é um ácido orgânico utilizado como conservante de
benzoico
bebidas e na fabricação de corantes.
bórico Utilizado como antisséptico medicinal, em cosméticos e corantes.
butírico Encontrado na manteiga.
Obtido na dissolução do dióxido de carbono, é muito utilizado em refrige-
carbônico
rantes e pode ser um dos produtos da chuva ácida.
Encontrado nas frutas cítricas, é utilizado como antioxidante, acidulante e an-
cítrico
ticoagulante.
fórmico Leva esse nome por ser o ácido injetado pela picada das formigas.
Muito utilizado em várias atividades industriais, como produção de fertili-
nítrico
zantes, pólvora negra, salitre, corantes e fibras sintéticas.
Encontrado em óleos vegetais e animais, tendo seu maior uso na produção
oleico
de sabões e pomadas.
Utilizado principalmente na fabricação de detergentes, fertilizantes, pigmen-
sulfúrico
tos, catalisadores e baterias de automóveis.

I. HN03 + H20 → H30− + NO2−


II. H− + H20 → 0H− + H2
III. NH2− + H2O → NH3 + OH−
IV. CO32− + H3O+ → HCO3− + H2O
a) I e II.

multimídia: vídeo b) II e III.


c) III e IV.
Fonte: Youtube
d) II e IV.
O carbono escondido no açúcar (SuperQUÍMICA) e) I e III.
Resolução:
Aplicação do conteúdo Para se comportar como ácido de Bronsted-Lowry, a água
1. Aponte os ácidos e as bases de Brönsted-Lowry, nes- tem de doar o próton (H+) à outra molécula ou composto.
tes exemplos:
I. A água recebe H+ do HNO3; atua como base de Bröns-
a) H2SO4 + C2H5 – O – C2H5  C2H5 – O+ – C2H5 + HSO4– ted-Lowry.
|
H II. A água doa H+ para H−; atua como ácido de Brönsted-
b) CH3 – NH2 + H2O  (CH3NH3)+ + OH– -Lowry.
III. A água doa H+ para NH2−; atua como ácido de Brönste-
Resolução:
d-Lowry.
a) Ácidos (doa prótons H+): H2SO4 e C2H5 – O+ – C2H5
| IV. A água (que está no produto) recebe H+ do HCO3−; atua
H
como base de Brönsted-Lowry.

Bases (recebe prótons H+): C2H5 – O – C2H5 e HSO4– Alternativa B


b) Ácidos (doa prótons H+): H2O e (CH3NH3)+
3. Considere as seguintes equações químicas:
Bases (recebe prótons H+): CH3 – NH2 e OH–
HCℓ + H2O  H3O+ + Cℓ−
2. Observe as equações a seguir e selecione aquelas nas
NH3 + H2O  NH4+ + OH−
quais a água (H2O) comporta-se como um ácido de Bröns-
ted-Lowry. NH3 + HCℓ  NH4+ + Cℓ −

61
De acordo com a teoria de Brönsted-Lowry, pode se afirmar que:
a) HCℓ, NH3 e H2O são ácidos.
b) NH3, Cℓ−, NH4+, H2O e HCℓ são ácidos.
c) H3O+, H2O, HCℓ e NH3 são ácidos.
d) NH3, Cℓ− e OH− são bases.
e) H3O+, OH−, Cℓ− e são bases.
Resolução:

Temos que:
HCℓ + H2O → H3O+ + Cℓ-
Ácido de Brönsted Base de Brönsted Ácido conjugado Base conjugada
NH3 + H2O → NH - + OH-
4
Base de Brönsted Ácido de Brönsted Ácido conjugado Base conjugada
NH3 + HCℓ → NH4- + Cℓ-
Base de Brönsted Ácido de Brönsted Ácido conjugado Base conjugada

Alternativa D

62
DIAGRAMA DE IDEIAS

SUBSTÂNCIA

PODE SER

INORGÂNICA

COMO

DIVIDIDOS ÁCIDOS
EM DIFERENTES
DEFINIÇÕES, COMO

ARRHENIUS LEWIS

ÁCIDO
BASE ÁCIDO BASE DOA PAR
RECEBE PAR
PRODUZ OH- PRODUZ H+ DE ELÉTRONS
DE ELÉTRONS

BRÖNSTED-LOWRY

ÁCIDO DOA PRÓTON (H+) BASE RECEBE PRÓTON (H+)

63
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS

Os conceitos mais abordados são pH e pOH, Temos como assuntos principais pH e pOH,
visto que são importantes para entender diversas visto que são necessários para interpretar
propriedades das substâncias descritas. Torna-se diversos dados fornecidos nos enunciados.
importante também entender como seu cálculo É importante que os conceitos relacionados
é realizado, assim como a relação que existe com os equilíbrios estejam fixados para
entre eles. melhor compreensão da parte
de produto de solu-
bilidade.

Temos os temas pH e pOH cobrados de maneira Os temas mais cobrados envolvem pH e Os principais conteúdos cobrados são pH e
que se deve interpretar e organizar todos os pOH, pois podem aparecer na forma de dado pOH, pois servem para melhor compreensão
dados fornecidos. É importante também entender fornecido, assim como o assunto central da de diversos dados que são fornecidos em
como esses valores são calculados e o que o questão. diferentes tipos de questão.
resultado significa.

O assunto principal está relacionado com pH Para melhor entendimento dos dados Como imprescindível temos pH e pOH, Os assuntos mais importantes são pH e
e pOH, de maneira que é necessário entender fornecidos em diversas questões, é importante sendo importante entender como são pOH, visto que são importantes para ajudar
como seu cálculo é feito e como um se rela- entender o significado e como são calculados calculados e como é a relação entre eles. na interpretação de diversas informações
ciona com o outro, assim como interpretar e os valores de pH e pOH. É interessante compreender e interpretar fornecidas em diversas questões. Porém, é
organizar todos os dados que são fornecidos os dados que são fornecidos, para uma importante entender como esses valores são
no enunciado. melhor organização da calculados, assim como a relação
resolução. entre eles.

UFMG

Os conceitos que abordam pH e pOH são Os assuntos principais são pH e pOH, Os conteúdos relacionados com pH e pOH
importantes, pois são necessários para melhor necessários para interpretação de diversos são os mais importantes, pois ajudam na
interpretar dados fornecidos. É importante dados fornecidos nas questões. É importante melhor compreensão e interpretação de
compreender todo o propósito relacionado entender como esses valores são calculados, diversas questões. É necessário entender como
com equilíbrio para assimilar o conteúdo de assim como suas variações afetam o sistema. estão relacionados, assim como devem ser
produto de solubilidade. calculados.

As questões que abordam os conceitos de pH e Os temas pH e pOH são cobrados de Os assuntos mais recorrentes são pH e pOH,
pOH cobram como esses valores são calculados, maneira que é importante entender como tornando-se importante compreender como
assim como devem ser interpretados quando as informações estão relacionadas com esses valores são calculados, assim como
aparecem na forma de dados. É importante as propriedades das substâncias. É neces- estão relacionados.
que os conceitos de equilíbrio estejam fixados sário entender como esses valores são
para compreender produto de calculados e como devem ser
solubilidade. interpretados.
EQUILÍBRIOS QUÍMICOS
[H+] = [OH–]
AULAS 45 e 46 a 25°C, Kw = 1,0 · 10–14 ä [H+] = [OH–] = 1,0 ·10–7 mol/L

2. Solução ácida
Ao adicionar um ácido em água, haverá aumento da con-
centração hidrogeniônica; portanto, a concentração hidro-
geniônica será maior que a hidroxiliônica:

EQUILÍBRIOS [H+] > [OH–]

IÔNICOS: PH E POH a 25 °C, [H+] > 1,0 · 10–7 mol/L


e
[OH–] < 1,0 · 10–7 mol/L
COMPETÊNCIAS: 2, 5, 6 e 7
3. Solução básica

HABILIDADES:
7, 17, 18, 21, 24, 25, 26 Ao adicionar uma base em água, haverá aumento da con-
e 27 centração hidroxiliônica; portanto, a concentração hidroge-
niônica será menor que a hidroxiliônica.

[H+] < [OH–]


1. Produto iônico da água a 25 °C, [H+] < 1,0 · 10–7 mol/L
A água é um eletrólito bastante fraco, cuja ionização pode e
ser expressa por: [OH ] > 1,0 · 10–7 mol/L

H2O + H2O  H3O+ + OH-


ou também:
H2O  H+ + OH- 3. Cálculo do pH e do pOH
A constante de ionização será: O potencial hidrogeniônico (pH) é o cologaritmo da
[H3O+] . [OH–] concentração hidrogeniônica:
Ki = _________  ​   
[H2O]2
Medidas experimentais revelam que a 25 ºC a constante pH = colog [H+] = –log [H+]
de ionização da água é igual a 1,82 · 10-16. A concentração
[H2O] de moléculas não ionizadas praticamente é constante: O potencial hidroxiliônico (pOH) é o cologaritmo da
[H2O] = concentração molar = número de mols de água em 1 L concentração hidroxiliônica:
Como 1 L de água tem massa de 1.000 g, obtém-se:
[H2O]= __ ​ 1000 ​ 
​  m  ​ j ____  (mol/L) ä [H2O] j 55,6 mol/L pOH = colog [OH–] = –log [OH–]
__M
​   ​  ___ ​  18 ​ 
V 1
Em razão disso, o produto Ki · [H2O] é igual a:
1,82 · 10–16 · 55,6 = 101 · 10–16 = 1,0 · 10–14 = kw
4. pH e pOH de soluções
1. Solução neutra
Ki · [H2O] = [H+] · [OH–]
constante a 25°C, Kw = [H+] · [OH–] = 10–14
O produto Ki · [H2O] é chamado produto iônico da água, Kw. [H+] = [OH–] = 10–7 mol/L
Kw = [H+] · [OH–] pH = pOH = 7
pH + pOH = 14
2. Caráter das soluções aquosas 2. Solução ácida
1. Solução neutra
Um meio é neutro se a concentração hidrogeniônica for a 25°C, [H+] > 10–7 ä pH < 7
igual à concentração hidroxiliônica: [OH–] < 10–7 ä pOH > 7

66
3. Solução básica
a 25°C, [H+] < 10–7 ⇒ pH > 7
[OH–] > 10–7 ä pOH < 7

Numa escala, os valores de [H+] e [OH–] serão:


H+ 1 10–1 10–2 10–3 10–4 10–5 10–6 10–7 10–8 10–9 10–10 10–11 10–12 10–13 10–14

OH– 10–14 10–13 10–12 10–11 10–10 10–9 10–8 10–7 10–6 10–5 10–4 10–3 10–2 10–1 1

soluções ácidas soluções básicas

soluções neutras

Quanto menor é o pH de uma solução, mais ácida ela é. A da solução. Uma ou duas gotas delas são suficientes para
acidez crescente é representada pelos valores de pH < 7. que haja mudança de coloração.
Quanto maior é o pH de uma solução, mais básica ela é. A
Os indicadores mais comuns são:
basicidade crescente é representada pelos valores de pH > 7.
A título de curiosidade, observe alguns valores de pH de Faixa de
soluções líquidas a 25 °C em ordem de acidez crescente: viragem Cor em pH Cor em pH
Indicador
de cor inferiores superiores
Soda cáustica 1 M 14,0 (pH)

Água de lavanderia
12,0
(solução de NaCO) fenolftaleína 8–9 incolor vermelho

Clara de ovo 8,0

Água do mar 7,7 tornassol j7 vermelho azul

Sangue 7,4

Lágrima 7,0 – 7,2 alaranjado


2,5 – 4,5 vermelho amarelo
de metila
Saliva humana 6,5 – 7,5

Leite de vaca 6,3 – 6,6


azul de
6 – 7,5 amarelo azul
Café preparado 6,0 bromotimol

Refrigerante 5,0
vermelho de
Suco de tomate 3,5 – 5,0
clorofenol
4,8 – 6,4 amarelo vermelho

Urina 4,8 – 8,4

Cerveja 4,5
Em laboratório, é possível observar o clássico papel tornas-
Suco de laranja 4,0 sol em tiras. É um método muito prático para determinar
Vinho 3,0 – 4,0 unicamente se a solução é ácida ou básica. Sua faixa de
viragem, no entanto, é mal definida, em torno de 7:
Vinagre 3,0

Suco de limão 2,2 – 2,4 Meio Meio Meio


ácido neutro básico
(pH < 7) (pH = 7) (pH > 7)
Na prática, mede-se o valor de pH de uma solução direta-
Papel de
mente em aparelhos chamados pHmetros (peagâmetros). tornassol azul
vermelho azul azul

Outro processo menos preciso consiste em usar indica- Papel de


dores, que são substâncias orgânicas, cuja propriedade é tornassol vermelho vermelho azul
vermelho
mudar de coloração de acordo com a acidez ou basicidade

67
pH = 9 ä pOH = 5 ä [H–] = 10–5 mol/L na solução
inicial.

Adicionados os 100 mL de água pura, o volume duplica e a


concentração molar dos íons OH– reduz-se à metade, portanto:
a) A nova concentração hidroxiliônica é:
​ 10  ​  = 0,5 · 10–5 = 5 · 10–6 mol/L
–5
multimídia: vídeo [OH–] = ____
2
Fonte: Youtube b) O novo pOH é:
fita medidora ph fita teste PH pOH = – log (5 · 10–6) = (– log 5) + (– log 10–6) ä
ä pOH = – 0,7 + 6 = 5,3

O novo pH é:
Aplicação do conteúdo
pH = 14 – 5,3 = 8,7
1. Qual é o pH e o pOH de uma solução, cuja concen-
tração de íons H+ é 10–3 mol/L? A solução é ácida, básica 4. Dissolveram-se 3,65 g de HC e 6,0 g de NaOH em
ou neutra? água suficiente para 1 L de solução. Calcule o pH da
solução resultante a 25 °C.
Resolução:
A 25°C, [H+] · [OH–] = 10–14, obtém-se: Resolução:

[H+] = 10–3 é [OH–] = 10–11 mol/L MHC = 36,5 g/mol; MNaOH = 40 g/mol

pH = – log [H+] = – log 10–3 é pH = 3 3,65


Número de mols de HC = ____
​   ​ = 0,10 mol
36,5
pOH = – log [OH–] = – log 10–11 é pOH = 11
6,0
Número de mols de NaOH = ___
​   ​ = 0,15 mol
Se pH < 7, a solução é ácida. 40

2. Calcule a concentração molar da solução de um HC + NaOH é NaC + H2O


monoácido de pOH = 10 e de grau de ionização igual 1 mol  1 mol
a 2,5%.
0,10 mol  0,15 mol
Resolução:
Número de mols de NaOH em excesso = 0,15 – 0,10 = 0,05 mol

pOH = 10 é pH = 4 é [H+] = 10–4 mol/L Volume de solução = 1 L

2,5 Concentração molar do NaOH em excesso


a = 2,5 % = ___
​    ​ = 2,5 · 10–2 0,05 mol
100 = _______
​   ​  = 0,05 mol/L
1L
para monoácidos:
[OH–] = 5 · 10–2 mol/L
[H+]
​  10  –2 ​ 
–4
[H+] = a · M ä M = ___
​   ​   = ________ = 0,4 · 10–2 ä
a 2,5 · 10 pOH = –log [OH–] = –log (5 · 10–2)
ä [H+]= 4 · 10–3 molar
pOH = –log 5 + (– log 10–2) = – 0,7 + 2 = 1,3
3. Há 100 mL de uma solução de hidróxido de potássio
de pH = 9. A ela adicionam-se 100 mL de água pura.
pH = 14 – 1,3 ä pH = 12,7
Calcule:
Dado: log 5 = 0,7 5. (ITA) Quantos mols de ácido acético (HAc) precisam
ser adicionados a 1,0 litro de água pura para que a
a) a nova concentração hidroxiliônica;
solução resultante, a 25 °C, tenha o pH igual a 4,0? Sa-
b) o novo pH.
be-se que nesta temperatura:
Resolução: HAc(aq)  H+(aq) + Ac-(aq) Kc = 1,8 ∙ 10-5

Como KOH é uma base forte, considera-se a = 100 %. Deixe claro os cálculos efetuados, bem como eventuais
Como se trata de uma base, opta-se por [OH–]: hipóteses simplificadoras.

68
Resolução: [H+] ∙ [Ac–]
Kc = ________
​   ​   
[HAc]
Sendo – log [H+] = pH, [H+] = 10-4 mol/L no equilíbrio para
Substituindo os valores, temos:
pH = 4. Como a proporção de H+ e Ac–1 é igual, a [Ac–]
​ 10 ∙ 10 ​ 10   ​  
–4 –4 –8
é igual a [H+] = 10-4 mol/L no equilíbrio. Sabendo disso, 1,8 ∙ 10–5 =________  ​    1,8 ∙ 10-5 = ___
[HAc] [HAc]
montaremos a tabela abaixo: 10–8  ​  
[HAc] = ​ _______
1,8 ∙ 10–5
HAc H+ Ac–
[HAc] = 5,6 ∙ 10–4 mol · L–1
Equilíbrio n 10–4 10–4
Já que o volume é de 1 litro, o número de mol de ácido
acético que deve ser adicionado será de 5,6 ∙ 10–4 mol.
Montando a equação da constante de ionização da água,
temos:

VIVENCIANDO

Praticamente todas as substâncias do nosso cotidiano apresentam, muitas vezes, um pH básico ou ácido. A seguir,
estão listados alguns produtos encontrados corriqueiramente e seu pH correspondente:

soda cáustica água de lavanderia clara água saliva leite de


sangue lágrima
1M (solução de NaCO) de ovo do mar humana vaca

14,0 12,0 8,0 7,7 7,4 7,0 a 7,2 6,5 a 7,5 6,3 a 6,6

café suco de suco de suco de


urina cerveja refrigerante vinho vinagre
preparado tomate laranja limão
3,0 a
6,0 3,5 a 5,0 4,8 a 8,4 4,5 4,0 3,0 a 4,0 3,0 2,0
4,0

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O pH é uma medida do grau de acidez ou alcalinidade da água, sendo 7 o pH neutro. Valores acima de 7 (até 14)
indicam o aumento do grau de alcalinidade e, abaixo de 7 (até 0), o aumento do grau de acidez do meio.
Algumas substâncias têm seus efeitos tóxicos atenuados ou magnificados em pH extremos, como aquelas presentes
em despejos de produtos químicos.
Com a diminuição do pH da água (por exemplo, por meio do despejo de ácidos), os peixes apresentarão uma maior
frequência respiratória, passando a abocanhar o ar na superfície; em pH extremamente baixo, têm morte imediata.
Com o aumento do pH (por exemplo, pelo despejo de soda), há formação de óxido de cálcio, que provoca corrosão do epitélio
branquial e das nadadeiras, levando os peixes à morte. A amônia, por exemplo, quando presente no meio em pH acima de 9
e altas temperaturas, tende a ser altamente tóxica. Já alguns metais em pH menor que 4 apresentam uma maior toxicidade.

69
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 7
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo
em vista a defesa do consumidor, a saúde do trabalhador ou a qualidade de vida.

O uso de substâncias ácidas usadas como conservantes é muito grande. Por conta disso, é de extrema importância
testes com indicadores ácido-base para a identificação de um produto com uma acidez muito alta, para assim
evitar danos irreparáveis.

MODELO 1
(Enem) O pH informa a acidez ou a basicidade de uma solução. A escala a seguir apresenta a natureza e o pH
de algumas soluções e da água pura, a 25 ºC.

Uma solução desconhecida estava sendo testada no laboratório por um grupo de alunos. Esses alunos decidi-
ram que deveriam medir o pH dessa solução como um dos parâmetros escolhidos na identificação da solução.
Os resultados obtidos estão na tabela a seguir.
Aluno Valor de pH
Carlos 4,5

Gustavo 5,5

Simone 5,0

Valéria 6,0

Paulo 4,5

Wagner 5,0

Renata 5,0

Rodrigo 5,5

Augusta 5,0

Eliane 5,5

Da solução testada pelos alunos, o professor retirou 100 mL e adicionou água até completar 200 mL de
solução diluída. O próximo grupo de alunos a medir o pH deverá encontrar para o mesmo:
a) valores inferiores a 1,0; d) valores entre 5 e 3;
b) os mesmos valores; e) sempre o valor 7.
c) valores entre 5 e 7;

70
ANÁLISE EXPOSITIVA
De acordo com a tabela, o pH da solução é inferior a 7, varia entre 4,5 e 6,0 (solução ácida).
O professor fez uma diluição da solução ao retirar 100 mL e adicionar água até completar 200 mL.
Com a adição de água, a concentração de cátions H+ diminui e, consequentemente, o pH aumenta, nesse
caso ficando acima de 5 (pH = –log[H+]).
Devido à existência de ácido na solução, o pH não poderá ficar acima de 7 (água pura).

RESPOSTA Alternativa C

DIAGRAMA DE IDEIAS

AO SOFRER
AUTOIONIZAÇÃO
FORMA
H2O H+ + OH-

Kw = [H+] · [OH-] A 25ºC E


1 atm. ONDE KW = 10-14

UMA SOLUÇÃO
PODE SER

ÁCIDA NEUTRA BÁSICA


[H+] > [OH-] [H+] = [OH-] [H+] < [OH-]

pH < 7 pH = 7 pH > 7

POTENCIAL POTENCIAL
HIDROGENIÔNICO (pH) HIDROXILIÔNICO (pOH)

pH = -log [H+] pOH = -log [OH-]

71
C. NaCℓ é um sal de ácido forte e base forte. Ocorre
AULAS 47 e 48 um “empate” entre caráter ácido e caráter básico, e
a solução de NaCℓ é neutra.
D. NH4CN é um sal de ácido fraco e base fraca.
Nesse caso, para decidir se o meio é ácido ou básico
deve-se consultar Ka e Kb:

HCN → Ka = 4,9 · 10–10


⇒ Kb > Ka (solução básica)
EQUILÍBRIOS IÔNICOS: NH4OH → Kb = 1,8 · 10–5

HIDRÓLISE SALINA Como Kb > Ka, isso significa que a base é mais forte (me-
nos fraca) que o ácido, e a solução do sal será básica.
Caso Ka > Kb a solução seria ácida. E se Ka e Kb fossem
iguais, a solução seria neutra.
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7
Assim, os 4 casos possíveis são:
HABILIDADES:
17, 18, 21, 24, 25, 26
e 27
Resumindo:
Sal de ácido forte e de base fraca ⇒ solução ácida
Sal de ácido fraco e de base forte ⇒ solução básica
Sal de ácido forte e de base forte ⇒ solução neutra
Sal de ácido fraco e de base fraca:
1. Hidrólise salina se Ka > Kb solução ácida
É denominada hidrólise salina a reação entre um sal e a se Ka < Kb solução básica
água que produz o ácido e a base correspondentes. Portan- se Ka = Kb solução neutra
to, a hidrólise do sal é a reação inversa da neutralização.

hidrólise salina
sal + água         ácido + base 1.2. O conceito de hidrólise salina
neutralização ou salificação
Por que razão aparece H+? Quando a solução salina é ácida
ou de OH– é básica?
Voltando aos exemplos:
1.1. Previsão do caráter ácido-básico a) sal de ácido forte e base fraca:
de uma solução de sal
NH4Br + H2O  HBr + NH4OH
O pensamento de que a solução aquosa de um sal é neutra
iônico molecular forte fraca
é muito frequente. Entretanto, isso nem sempre é verda-
Logo:
deiro, como indicam três dos quatro experimentos A, B, C e
NH4+ Br– + H2O   H+ + Br- + NH4OH
D mostrados a seguir:
Em resumo:
A. NaCN(aq) (solução básica)
NH4+ + H2O   H+ + NH4OH
B. NH4Cℓ(aq) (solução ácida)
íons livres responsáveis pelo
C. NaCℓ(aq) (solução neutra) caráter ácido da solução

D. NH4CN(aq) (solução básica) Observe: O que sofre a hidrólise não é o sal, mas o íon
Observe um modo de prever se a solução de um sal é neu- NH4+ (da base fraca), que libera íons H+, os quais conferem
tra, ácida ou básica. à solução caráter ácido com pH menor que 7.
b) sal de ácido fraco e base forte:
Perceba que os sais escolhidos como exemplos são deriva-
dos dos ácidos HCℓ (ácido forte) e HCN (ácido fraco) e das NaCN + H2O    HCN + NaOH
bases NaOH (base forte) e NH4OH (base fraca): iônico molecular fraco forte
(quase não ioniza) (portanto dissocia muito)
A. NaCN é um sal de ácido fraco e de base forte. Há pre-
domínio do caráter básico e a solução de NaCN é básica. Assim:
B. NH4Cℓ é um sal de ácido forte e base fraca. Há pre-
domínio do caráter ácido e a solução de NH4C é ácida. Na+ + CN– + H2O    HCN + Na+ + OH–

72
Em resumo:

CN– + H2O    HCN + OH–


íons livres responsáveis pelo
caráter básico da solução

Observe: Nesse caso, o que sofre a hidrólise é o íon CN-


(do ácido fraco), que libera íons OH– , os quais conferem à
solução caráter básico com pH maior que 7. multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
c) sal de ácido forte e base forte
Bolhas explosivas - Eletrólise da água (experiência)
NaBr + H2O    HBr + NaOH
iônico molecular forte forte

Na+ + Br– + H2O   H+ + Br– + Na+ + OH–


2. Grau e constante de
Assim:
hidrólise (αh e Kh)
O grau de hidrólise (αh) de um sal é definido como:
H2O   H+ + OH–
quantidade de mols hidrolisados
_________________________
αh =   
​       ​ ​
Uma vez que o NaOH é uma base forte, os íons Na+ não quantidade inicial de mols
vão captar os íons OH– da água.
Do mesmo modo, uma vez que o HBr é um ácido forte, os Em relação à constante de hidrólise, são necessárias duas
íons Br– não vão captar os íons H+ da água. pequenas ressalvas:
Nesse caso, portanto, não há hidrólise. § considerar sempre a equação “iônica” de hidrólise; e
A solução terá caráter neutro, com pH igual a 7.
§ simplificar a fórmula de K, admitindo a concentração
Conclusão: Na solução salina, predomina sempre o cará- de H2O praticamente constante.
ter mais forte.
Para explicar essas considerações, será retomado o primei-
Se o sal for formado por ácido/base de mesma força (2 ro caso: sal de ácido forte e base fraca.
fortes), a solução final será neutra
NH4+ + H2O  H+ + NH4OH
d) sal de ácido fraco e base fraca
A expressão usual do Kc é:
NH4CN + H2O    HCN + NH4OH
[H+][NH OH] [H+][NH4OH]
iônico molecular fraco fraco Kc = __________
​  + 4  ​   ⇒ KC ⋅ [H2O] =__________
​   ​  
[NH4 ][H2O] [NH4+]
Assim: Considerando que as soluções são em geral bastante dilu-
ídas, conclui-se que o pouco de H2O gasto na reação não
NH4+ CN– + H2O  HCN + NH4OH
vai alterar a concentração de H2O. Portanto, se [H2O] =
praticamente praticamente
não se ioniza não se dissocia constante, Kc · [H2O] também é constante.

Uma vez que tanto o ácido como a base são fracos, vai A esse produto denomina-se constante de hidrólise, que
ocorrer a hidrólise do sal e não apenas de um dos íons – representa-se por Kh.
como nos dois casos anteriores. Portanto:
[H+][NH4OH]
Conclusão: O que sofre hidrólise são os íons correspon- Kh =__________
​   ​  
[NH4+]
dentes ao ácido e/ou à base fracas.
Retomando o segundo caso:
Nesse caso, o meio pode ficar ácido, básico ou neutro.
CN– + H2O  HCN + OH–
O meio será ligeiramente ácido se a ionização do ácido
for maior que a da base (Ka > Kb), ligeiramente básico se a Por raciocínio análogo, nessa equação tem-se:
ionização do ácido for menor que a da base (Ka < Kb) ou [HCN][OH–]
Kh =_________
​   ​
  
neutro se forem iguais (Ka = Kb). [CN–]

73
Para o terceiro caso, tem-se: 2.1. Solução tampão
NH4+ + CN– + H2O    HCN + NH4OH Trata-se de soluções que mantêm o pH aproximadamente
[HCN][NH OH] constante, mesmo que elas venham a receber ácidos ou
Kh =___________
​  + 4–  ​ 
   bases fortes. As soluções tampão são geralmente forma-
[NH4 ][CN ]
das por um ácido fraco e um sal desse ácido ou por uma
Observe que a constante de hidrólise é escrita regularmen- base fraca e um sal dessa base. As soluções tampão são
te e não aparece na fórmula o valor de [H2O], que já está usadas sempre que um químico necessita de um meio com
incluído no Kh. pH aproximadamente constante. Elas são preparadas com
a dissolução dos solutos em água.
Essas relações entre a constante de hidrólise e as constan-
tes do ácido e/ou da base fracos podem ser demonstradas
matematicamente.
2.1.1. Solução de ácido acético (H3CCOOH)
e acetato de sódio (H3CCOONa):
Para um sal de ácido forte e base fraca:
k H3CCOONa   Na+ + H3CCOO–
Kh = __
​  w ​ 
Kb
H3CCOOH   H+ + H3CCOO–
Para um sal de ácido fraco e base forte:
k Observe que a solução terá muitos íons Na+ + H3CCOO– e
Kh = __
​  w ​  muitas moléculas H3CCOOH não ionizadas.
Ka
O pH dessa solução não varia, pois a base adicionada rea-
Para um sal de ácido e base fracos:
ge com o CH3COOH formando CH3COO–.
kw
Kh = ​ ​ _____
   ​ ​  O ácido adicionado, por sua vez, reage com o CH3COO–
Ka ⋅ Kb formando CH3COOH.
Observe que nas três últimas fórmulas sempre há: Exemplos de outros sistemas tamponantes:
§ no numerador: Kw, que é o produto iônico da água
(Kw = 10–14); e NH4OH / NH4Cℓ; H2CO3 / NaHCO3;

§ no denominador: K da parte fraca (da base fraca, do NaCN/HCN ; HCN/CN– etc.


ácido fraco ou de ambos).

VIVENCIANDO

Um sistema-tampão é formado por um ácido fraco e o seu sal. Em condições normais, o ácido fraco e o sal do siste-
ma-tampão existem em uma relação constante que o organismo tende a preservar. Se ácido clorídrico for gotejado
continuamente em água durante um intervalo de 90 minutos, será possível verificar que o pH da água passará de 7
para 1,84. Já se for administrada proporcionalmente a mesma quantidade de ácido clorídrico a um cão no mesmo
período de tempo, será possível verificar que o pH do sangue do animal passará de 7,44 para 7,14. A diferença
de comportamento diante da mistura com o ácido clorídrico reflete a atuação dos sistemas-tampão do plasma do
animal, que impedem a variação mais acentuada do pH. O sistema-tampão do bicarbonato e ácido carbônico cor-
responde a cerca de 64% do total de tampões. Esse sistema é essencial à regulação do equilíbrio ácido-base, pois o
metabolismo celular gera muito ácido como produto final sob a forma de ácido carbônico.

74
3. Mediu-se o pH de soluções aquosas de NaCℓ,
Aplicação do conteúdo C6H5COONa (benzoato de sódio) e NH4Cℓ.
1. Para se obter uma solução aquosa de pH maior que 7,
Os resultados obtidos indicaram que a solução NaCℓ é
deve-se dissolver em água pura:
neutra, a de C6H5COONa é básica e a de NH4Cℓ é ácida.
a) bicarbonato de sódio; a) Explique por que as soluções apresentam essas
b) ácido bromídrico; características.
c) brometo de sódio; b) Escreva a equação química correspondente à dis-
d) álcool metílico; solução de cada substância em água dos casos em
e) brometo de amônio. que ocorre hidrólise. Escreva a expressão da constan-
te de equilíbrio em cada um desses casos.
Resolução:
a) NaHCO3 ⇒ sal de ácido fraco e base forte ⇒ meio Resolução:
básico, pH > 7.
a) NaCℓ – sal de ácido e base forte não sofre hidró-
b) HBr   H+ + Br– meio ácido, pH < 7. lise, pH = 7.
c) NaBr ⇒ sal de ácido forte e base forte não hidro-
C6H5COONa – sal de ácido fraco e base forte, pH > 7.
lisa, pH = 7.
d) H3C – OH ⇒ meio neutro, pH = 7. NH4Cℓ – sal de ácido forte e base fraca, pH < 7.
e) NH4Br ⇒ sal de ácido forte e base fraca meio áci-
b) C6H5COO– + H2O    C6H5COOH + OH–
do, pH < 7.
Alternativa A [C6H5COOH][OH–]
Kh = _____________
​    
    ​
[C6H5COO–]
2. As propriedades de um indicador ácido-base estão
esquematizadas na equação e na figura a seguir: NH4+ + H2O    NH4OH + H+

HInd(aq)     H+(aq) + Ind–(aq) [NH OH][H+]


Kh = __________
​  4 +  ​   
(amarelo) (verde) (azul) [NH 4]
cor
4. A constante de ionização do ácido nitroso (HNO2), a
pH 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 25 °C, é 4 · 10–4.
Que cor apresentará esse indicador se adicionado em cada A constante de hidrólise do nitrito de sódio (NaNO2) é:
uma das soluções aquosas destas substâncias?
a) ácido acético Dado: Kw = 10–14
b) amônia
c) acetato de sódio Resolução:
d) cloreto de hidrogênio
e) cloreto de sódio NaNO2 = sal de ácido fraco e base forte para um sal de
ácido fraco e base forte:
Resolução:
k
Kh = __
​  w ​ 
a) H3C–COOH    H + CH3COO , meio ácido ⇒
+ – Ka
pH < 7 cor amarela.
b) NH3 + H2O     NH+4 + OH–, meio básico ⇒ Ka = 4 ⋅ 10–4, Kh = ?
pH > 7 cor azul.
​  10 –4  ​  
–14
Kh = _______
c) CH3COONa ⇒ sal de ácido fraco e base forte meio 4 × 10
básico ⇒ cor azul. ⇒ Kh = 2,5 ⋅ 10–11
d) HCℓ(g) + H2O(ℓ)  H3O+(aq) + Cℓ–(aq), solução ácida ⇒
5. O ácido fosfórico (H3PO4) é um ácido triprótico e
pH < 7 cor amarela. possui três valores de pKa (pKa1 = 2,14; pKa2 = 6,86;
pKa3 = 12,4). Qual é a razão molar de HPO4-2 e H2PO4-
e) NaCℓ ⇒ sal de ácido forte e base forte, não hidro-
que produziria uma solução de pH 7,0? Dica: somente
lisa; meio neutro ⇒ pH = 7 cor verde. um dos valores de pKa é relevante.

75
Resolução: Substituindo os valores dos pKa e pH, tem-se:

Pela mesma ideia do pH, pKa = - log Ka; então, segue que: [HPO​ 2-4]​ 
6,86 = 7,0 – log______ ​    ​
[H2PO​ 4 -]​ 
H3PO4  H+ + H2PO4- Ka1 = 10–2,14 [HPO​ 2-4]​  [HPO​ 2-4]​ 
–0,14 = -log ______
​   ​
  ⇒ 0,14 = log ______
​   ​  
H2PO 4-  H+ + HPO42- Ka2 = 10–6,86 H2PO​ 4 -]​  [H2PO​ 4 -]​ 

HPO42-  H+ + PO43- Ka3 = 10–12,4 [HPO​ 2-4]​ 


______
​   
 ​ = 100,14
[H PO​ 4 -]​ 
2
Em pH 7,0, todas as moléculas do ácido fosfórico estarão
na forma de HPO4-2 e H2PO4-, o que corresponde à segunda [HPO​ 2-4]​ 
______
​    ​= 1,38
dissociação desse ácido, ou seja, deve-se utilizar a segunda [H2PO​ 4 -]​ 
equação de ionização com o pKa2 = 6,86. Assim, a razão molar de HPO4-2 e H2PO4- será de 1,38.

Tomando a segunda equação de ionização, tem-se que a


sua constante de ionização é:
[H+] · [HPO​ 2-4]​ 
Ka = __________
​   ​  
[H2PO​ 4 -]​ 
Rearranjando as incógnitas, tem-se:
[HPO​ 2-4]​  multimídia: site
Ka = [H+] ·______
​   ​  
[H2PO​ 4 -]​ 
Aplicando [– log] em cada lado da equação, tem-se: qnesc.sbq.org.br/online/qnesc24/eeq1.pdf

[HPO​ 2-4]​ 
–log(Ka) = – log [H+] ∙ ______
​    ​
[H2PO​ 4 -]​ 

( )
[HPO​ 2-4]​ 
–log(Ka) = –log[H+] + ​ – log ______
​   ​   

[H PO​ 4 -]​ 2

[HPO​ 2-4]​ 
pKa = pH – log ______
​    ​ 
[H PO​ 4 -]​ 
2

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Um dos sistemas-tampão mais importantes é o do sangue, que permite a manutenção das trocas gasosas e das
proteínas (ver desnaturação). O pH do sangue é de 7,4, e o principal sistema-tampão é um equilíbrio entre o ácido
carbônico e o íon a ele associado, o bicarbonato. Esse sistema evita variações de 0,3 unidades de pH, as quais po-
deriam trazer graves consequências ao ser humano. Os tampões, denominação traduzida do original inglês buffer
(amortecedor), são as substâncias que limitam as variações do pH do sangue e demais líquidos orgânicos ao se
combinarem com os ácidos ou as bases que alcançam aqueles líquidos. As substâncias que constituem os tampões
agem aos pares ou, menos comumente, em grupos, constituindo um sistema protetor.

76
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações
químicas.

É necessário o uso de uma linguagem universal para nomear os compostos químicos existentes. Esses compos-
tos podem ser de natureza ácida, básica ou neutra. Para isso, é importante conhecer suas diferentes formas de
interação enquanto soluções aquosas.

MODELO 1
(Enem) Visando minimizar impactos ambientais, a legislação brasileira determina que resíduos químicos lan-
çados diretamente no corpo receptor tenham pH entre 5,0 e 9,0. Um resíduo líquido aquoso gerado em um
processo industrial tem concentração de íons hidroxila igual a 1,0 · 10-10 mol/L. Para atender a legislação, um
químico separou as seguintes substâncias, disponibilizadas no almoxarifado da empresa: CH3COOH, Na2SO4,
CH3OH, K2CO3 e NH4Cl.
Para que o resíduo possa ser lançado diretamente no corpo receptor, qual substância poderia ser empregada
no ajuste do pH?
a) CH3COOH
b) Na2SO4
c) CH3OH
d) K2CO3
e) NH4Cl

ANÁLISE EXPOSITIVA
Para um resíduo líquido aquoso gerado em um processo industrial com concentração de íons hidroxila igual a
1,0 · 10-10 mol/L, tem-se:
[OH-] = 10-10 mol/L
pOH = -log 10-10 = 10
pH = 14 – 10 = 4
pH = 4 (meio ácido)
Fazendo a hidrólise dos compostos fornecidos nas alternativas, têm-se:

diminuirá.

77
CH3OH
Não sofre hidrólise. Meio neutro.
O pH do meio não sofrerá alteração.

O excesso de ânions OH- neutralizará os cátions H+ em excesso e o pH do meio aumentará.

O pH do meio diminuirá.

RESPOSTA Alternativa D

78
DIAGRAMA DE IDEIAS

SAIS

PODEM SER

ÁCIDOS NEUTROS BÁSICOS

EM ÁGUA EM ÁGUA EM ÁGUA


FORMAM FORMAM FORMAM

ÁCIDO FORTE E BASE E ÁCIDO BASE FORTE E ÁCIDO


BASE FRACA DE MESMA FORÇA FRACO OU MODERADO
FORMANDO
FORMANDO FORMANDO
SOLUÇÃO COM
SOLUÇÃO COM SOLUÇÃO COM

PH = 7
PH < 7 PH > 7
EXEMPLO
EXEMPLO NaCℓ + H2O → EXEMPLO
Na+ + OH- + H+ + Cℓ-
NH4Br + H2O  OU NaCN + H2O 
NH4OH + H+ + Br – Na+ + OH– + HCN
NH4S + H2O 
NH4OH + H2S
PARA CALCULAR pH PARA CALCULAR pH
PARA CALCULAR pH

Kh = ​ 10
____ 10-14 
Kh = ​ ______ Kh = ​ 10
____
-14 -14
 ​

   
 ​  ​


Kb Ka · Kb Ka

79
aplicá-la a cada uma das fases (porções homogêneas) que
AULAS 49 e 50 constituem um sistema heterogêneo.
Em geral, a fase que melhor se presta à aplicação da Lei da
Ação das Massas é a fase gasosa, pois ela reúne o maior
número de substâncias – gases e vapores dos sólidos e
dos líquidos existentes no equilíbrio, casos em que é mais
frequente o uso de KP do que o de Kc.
EQUILÍBRIOS Por exemplo: a dissociação (decomposição) térmica do car-
HETEROGÊNEOS bonato de cálcio num recipiente fechado:
CaCO3(s)  CaO(s) + CO2(g)

Essa reação ocorre por volta de 1.000 °C. Quando realizada


dentro de um recipiente fechado, ela se torna reversível. Como
COMPETÊNCIAS: 5, 6 e 7 acontece com todas as reações reversíveis, certo tempo depois
ela alcança um equilíbrio (equilíbrio químico heterogêneo).
17, 18, 21, 24, 25, 26
HABILIDADES: Nesse processo existem três fases (porções homogêneas):
e 27
duas fases sólidas (CaCO3 e CaO) e uma fase gasosa. A fase
gasosa é formada principalmente por CO2; no entanto, é
possível considerar que nela também há vestígios de CaCO3
e CaO, que volatilizaram em razão da alta temperatura.
1. Equilíbrios heterogêneos
Constante de equilíbrio Kp:
Equilíbrio heterogêneo é o equilíbrio que se estabelece em p(CaO) p(CO2)
um sistema heterogêneo. Kp = ___________
​   ​  
p(CaCO3)
Entre os equilíbrios heterogêneos encontram-se casos de: Em outras palavras, os valores pCaO e pCaCO3 representam
as pressões máximas de vapor dos sólidos CaO e CaCO3 à
§ Equilíbrios físicos que compreendem apenas fenô- temperatura de equilíbrio. Esses valores são extremamente
menos físicos. Por exemplo, o fenômeno que se esta- pequenos. Entretanto, o mais importante são valores cons-
belece entre a água líquida e o seu vapor em um reci- tantes a uma dada temperatura, independentemente das
piente fechado: quantidades dos sólidos CaO e CaCO3 existentes no siste-
HO HO
2 (ℓ) 2 (v) ma. Por esse motivo, a fórmula anterior pode ser reescrita:
equilíbrio de vaporização p(CaCO3)
Kp ⋅ _______
​   ​ 
 = p(CO2) ⇒ Kp ⋅ K = K’p = p(CO2)
§ Equilíbrios químicos que compreendem reações químicas: p(CaO)
constante
CaCO3(s)  CaO(s) + CO2(g)
FeO(s) + CO(g)  Fe(s) + CO2(g) Ao escrever a fórmula de KP, podem constar apenas os
gases, e os sólidos (e líquidos eventualmente existentes)
Ocorrem também entre uma solução saturada e o precipi- podem ser omitidos:
tado correspondente: p(CO)2
2 C(s) + O2(g)  2 CO(g) ⇒ KP = _____
​   ​ 

p(O2)
BaSO4(s)  Ba2+(aq) + SO42–(aq)
p(CO2)
Fe(OH)3(s)  Fe3+(aq) + 3 OH–(aq) FeO(s) + CO(g)  Fe(s) + CO2(g) ⇒ KP = _____
​   ​ 

p(CO)
p(H O)4
Fe3O4(s) + 4 H2(g)  3 Fe(s) + 4 H2O(g) ⇒ KP = ______
​  2 4 ​ 

2. Aplicação da Lei da p(H2)
Observe que os sólidos (e os líquidos) não foram de fato
Ação das Massas aos omitidos, considerando que as pressões de vapor dos só-
equilíbrios heterogêneos lidos (e líquidos) são constantes a uma dada temperatura
cujos valores já estão inseridos no próprio valor de KP.
A Lei da Ação das Massas ou Lei de Guldberg-Waage,
que corresponde às expressões KC e KP, só vale para sistemas O que foi dito para KP vale, de modo idêntico, para Kc –
homogêneos. Ela não pode ser aplicada a um sistema hete- em relação à fase gasosa, as concentrações dos sólidos (e
rogêneo considerado no seu todo. Contudo, nada impede de líquidos) também são constantes a uma dada temperatura.

80
Assim:
[CO]2
2 C(s) + O2(g)  2 CO(g) ⇒ Kc = ____
​   ​  
[O2]

3. Relação entre KP e KC
KP = KC . (RT)Dn
Para que ela possa ser aplicada a equilíbrios heterogêneos,
é necessário considerar apenas os gases no cálculo de
multimídia: vídeo
Dn, uma vez que apenas eles participam de KP. Fonte: Youtube

Por exemplo: Experiência de Equilíbrio Químico | Cromato e Dicrom.

CaCO3(s)  CaO(s) + CO2 (g)


KP = KC ∙ RT1
0 mol de gás    1 mol de gás Dn = 1 – 0 = 1 3.1. Princípio de Le Chatelier em
equilíbrios heterogêneos
2 Pb(NO3)2(s)  2 PbO(s) + 4 NO2(g) + O2(g) KP = KC ∙ RT5
0 mol de gás      5 mol de gás Dn = 5 – 0 = 5 O princípio de Le Chatelier, estudado anteriormente,
continua valendo para os equilíbrios heterogêneos, embora
NH3(g) + HCℓ(g)  NH4Cℓ(s)
com certas ressalvas que serão discutidas a seguir.
KP = KC ∙ RT-2
2 mol de gás    0 mol de gás Dn = 0 – 2 = - 2 1. Influência da temperatura

Não existe relação A influência da temperatura nos equilíbrios heterogêneos


PbCℓ2(s)  Pb2+(aq) + 2 Cℓ–(aq)
entre KP e KC, segue exatamente as mesmas regras já explicadas para os
nenhum gás participa do equilíbrio pois não existe KP equilíbrios homogêneos, ou seja:

O aumento de temperatura desloca o equilíbrio no


Aplicação do conteúdo sentido endotérmico.

1. A diminuição de temperatura desloca o equilíbrio


2 NaHCO3(s)  Na2CO3(s) + CO2(g) + H2O(g) no sentido exotérmico.

Relativamente a essa equação, a constante de equilíbrio


(KP) é igual a 0,36 se as pressões forem medidas em at- Por exemplo, na decomposição endotérmica:
mosferas a uma certa temperatura. Ao se estabelecer o CaCO3(s)  CaO(s) + CO2(g)
equilíbrio, a pressão parcial do CO2 nessa temperatura será:
a) 0,36 atm. experimentalmente há:
b) 0,12 atm.
Temperatura (ºC) Kp = pco2
c) 0,60 atm.
d) 0,18 atm. 700 22,2

e) 0,09 atm. 800 167

Resolução: 900 793

1.000 2.942
Na equação dada, observa-se que, partindo de 2 mols de
NaHCO3(s) puro, chega-se a 1 mol de CO2(g) e 1 mol de H2O(g).
O aumento de temperatura desloca o equilíbrio para a di-
Em consequência, as pressões parciais desses dois gases, reita, sentido que faz aumentar a quantidade de CO2, ou
no equilíbrio, serão iguais (x atmosferas). Substituídos os seja, sentido endotérmico.
valores na expressão KP = p(CO2) ⋅ p(H2O), obtém-se:
2. Influência da pressão total sobre o sistema
0,36 = x ⋅ x
⇒ x2 = 0,36 Considerando que a influência da pressão sobre os sólidos
____
⇒x=√ e os líquidos é desprezível, pode-se concluir que, ao aplicar
​ 0,36 ​ 
o princípio de Le Chatelier a um sistema heterogêneo,
⇒ x =0,60 atm
deve-se considerar apenas a presença das substâncias ga-
Alternativa C sosas, empregando o que foi estudado anteriormente.

81
Exemplo:
O aumento de pressão desloca o equilíbrio CaCO3(s)  CaO(s) + CO2(g)
no sentido de menor volume (menor número CaCO3 e CaO são sólidos, a pressão pouco influi;
de mols). CO2 é gasoso, a pressão influi no volume.
A diminuição de pressão desloca o equilíbrio Na reação, um aumento de pressão desloca o equilíbrio para
no sentido de maior volume (maior número a esquerda, favorecendo a reação inversa, que é o sentido de
de mols). menor volume. Assim, forma-se maior quantidade de CaCO3,
que, sendo sólido, escapa do aumento de pressão.

VIVENCIANDO

A perda de biodiversidade de ecossistemas marinhos causa diversas consequências, uma delas é a erosão de plata-
formas continentais, que não apresentarão mais corais, que ajudam a fixar os sedimentos. Estima-se que até 2100,
cerca de 70 % dos corais de águas frias estarão expostos a águas corrosivas.
Por outro lado, outras pesquisas apontam para a direção oposta, afirmando que alguns microrganismos se beneficiam
com esse processo. Isso ocorre porque a acidificação dos oceanos pode ser positiva para alguns microrganismos ma-
rinhos. A diminuição do pH altera a solubilidade de alguns metais, como o ferro III, que é um micronutriente essencial
para o plâncton, tornando-o, assim, mais disponível, favorecendo um aumento da produção primária, que acarreta em
uma maior transferência de CO2 para os oceanos. Além disso, o fitoplâncton produz um componente denominado di-
metilssulfeto, que, ao ser lançado para a atmosfera, contribui para a formação de nuvens, que refletem os raios solares,
controlando o aquecimento global. Esse efeito é positivo até que sejam reduzidas as absorções de CO2 pelo oceano,
devido à saturação desse gás nas águas, situação sob a qual o fitoplâncton, pela menor oferta de ferro III, produzirá
menos dimetilssulfeto.

3.2. Influência da adição ou retirada Nesse caso, a adição ou a retirada (não total) – seja de
CaCO3, seja de CaO – não deslocam o equilíbrio. No en-
de um participante do equilíbrio tanto, a adição ou a retirada de CO2 afetam o equilíbrio:
A adição ou retirada de um participante sólido ou líquido
§ adição de CO2: o equilíbrio desloca-se para a esquerda;
não afeta o equilíbrio (desde que, evidentemente, esse
participante continue existindo no sistema). Apenas a § retirada de CO2: o equilíbrio desloca-se para a direita.
adição ou a retirada de um participante gasoso é que Outro exemplo:
desloca o equilíbrio.
FeO(s) + CO(g)  Fe(s) + CO2(g)
Nesse caso, o deslocamento obedece aos mesmos critérios
Nesse caso, a adição ou a retirada (não total) de FeO ou Fe
que foram vistos para o equilíbrio homogêneo.
não deslocam o equilíbrio; apenas as variações nas quanti-
dades de CO e CO2 afetam-no:
A adição de uma substância desloca o equilíbrio no § adição de CO: o equilíbrio desloca-se para a direita;
sentido que irá consumi-la. § retirada de CO: o equilíbrio desloca-se para a esquerda;
A retirada de uma substância desloca o equilíbrio § adição de CO2: o equilíbrio desloca-se para a esquerda;
no sentido que irá refazê-la. § retirada de CO2: o equilíbrio desloca-se para a direita.
Essas conclusões podem também ser obtidas da análise da
fórmula de Kp:
Exemplo: p(CO2)
Kp = _____
​   ​ 

CaCO3(s)  CaO(s) + CO2(g) P(CO)

82
Quando adicionado CO, sua pressão parcial (p(CO)) au- e a formação do CaO, cal virgem, muito usada em constru-
menta. Para manter KP constante, deve-se aumentar ções, na agricultura e na indústria.
p(CO2), o que significa deslocar o equilíbrio para a direita.
De acordo com o princípio de Le Chatelier, a produção da
A partir de raciocínio análogo é possível interpretar: cal virgem pode ser aumentada pelo calor e pela rápida
retirada de CO2 que se forma durante o aquecimento.
§ retirada de CO;
A segunda reação (FeO + CO  Fe + CO2) é uma das re-
§ adição de CO2; ações mais importantes que ocorrem no interior de um al-
to-forno siderúrgico que produz ferro-gusa, matéria-prima
§ retirada de CO2.
da produção de aço. Também de acordo com o princípio de
Sob o ponto de vista industrial, as reações do primeiro e do Le Chatelier, a produção de ferro pode ser ampliada se for
segundo exemplos são bastante relevantes. aumentada a concentração de CO no forno. Entretanto, a
De fato, a primeira (CaCO3  CaO + CO2) representa a pressão total não influi nesse equilíbrio.
decomposição do calcário (CaCO3, abundante na natureza)

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Por menor que seja uma mudança, ela pode alterar drasticamente o meio ambiente. As mudanças de temperatura, do
clima, do nível de chuva ou até do número de animais podem causar o total desequilíbrio ambiental. O mesmo pode
ser dito sobre a alteração do pH (índice que indica o nível de alcalinidade, neutralidade ou acidez de uma solução
aquosa) dos oceanos.
Estudos preliminares apontam que a acidificação dos oceanos afeta diretamente organismos calcificadores, como
alguns tipos de mariscos, algas, corais, plânctons e moluscos, dificultando sua capacidade de formar conchas, levando
ao seu desaparecimento. Em quantidades normais de absorção de CO2 pelo oceano, as reações químicas favorecem
a utilização do carbono na formação de carbonato de cálcio (CaCO3), utilizado por diversos organismos marinhos na
calcificação. O aumento intenso das concentrações de CO2 na atmosfera e consequente diminuição de pH das águas
oceânicas acaba por alterar o sentido dessas reações, fazendo com que o carbonato dos ambientes marinhos se ligue
com os íons H+, ficando menos disponível para a formação do carbonato de cálcio, essencial para o desenvolvimento
de organismos calcificadores.
A diminuição das taxas de calcificação afeta, por exemplo, o estágio de vida inicial desses organismos, bem como
sua fisiologia, reprodução, distribuição geográfica, morfologia, crescimento, desenvolvimento e tempo de vida. Além
disso, afeta também a tolerância a mudanças na temperatura das águas oceânicas, tornando-os mais sensíveis, in-
terferindo na distribuição de espécies mais sensíveis. Ambientes que naturalmente apresentam altas concentrações
de CO2, como regiões vulcânicas hidrotermais, são demonstrações dos ecossistemas marinhos futuros, apresentando
baixa biodiversidade e elevado número de espécies invasoras.

83
ÁREAS DO CONHECIMENTO DO ENEM

HABILIDADE 24
Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações
químicas.

É fundamental o uso de uma linguagem universal para nomear os compostos químicos existentes. Para isso, é
importante conhecer suas diferentes formas de interação enquanto soluções aquosas.

MODELO 1
(Enem) Os refrigerantes têm-se tornado cada vez mais o alvo de políticas públicas de saúde. Os de cola apre-
sentam ácido fosfórico, substância prejudicial à fixação de cálcio, o mineral que é o principal componente da
matriz dos dentes. A cárie é um processo dinâmico de desequilíbrio do processo de desmineralização dentária,
perda de minerais em razão da acidez. Sabe-se que o principal componente do esmalte do dente é um sal
denominado hidroxiapatita. O refrigerante, pela presença da sacarose, faz decrescer o pH do biofilme (placa
bacteriana), provocando a desmineralização do esmalte dentário. Os mecanismos de defesa salivar levam de 20
a 30 minutos para normalizar o nível do pH, remineralizando o dente. A equação química seguinte representa
esse processo:

GROISMAN, S. Impacto do refrigerante nos dentes é avaliado sem tirá-lo da dieta.


Disponível em: <www.isaude.net>. Acesso em: 1 maio 2010 (adaptado).

Considerando que uma pessoa consuma refrigerantes diariamente, poderá ocorrer um processo de desminera-
lização dentária, devido ao aumento da concentração de:
a) OH-, que reage com os íons Ca2+, deslocando o equilíbrio para a direita;
b) H+, que reage com as hidroxilas OH-, deslocando o equilíbrio para a direita;
c) OH-, que reage com os íons Ca2+, deslocando o equilíbrio para a esquerda;
d) H+, que reage com as hidroxilas OH-, deslocando o equilíbrio para a esquerda;
e) Ca2+, que reage com as hidroxilas OH-, deslocando o equilíbrio para a esquerda.

ANÁLISE EXPOSITIVA
Considerando que uma pessoa consuma refrigerante diariamente, poderá ocorrer um processo de des-
mineralização dentária, devido ao aumento da concentração de H+, que reage com as hidroxilas OH-,
deslocando o equilíbrio para a direita.
vmineração = K[Ca2+]5 [PO4-3]3 [OH-]

Como H(aq)
+
+ OH(aq)
-
→ H2O(l), os íons OH- são consumidos e a velocidade de mineralização diminui, ou seja, o
equilíbrio desloca-se para a direita.

RESPOSTA Alternativa B

84
DIAGRAMA DE IDEIAS

É UM
EQUILÍBRIO QUÍMICO EQUILÍBRIO DINÂMICO

TEM

PARA SEU CÁLCULO SÃO CONSIDERADAS


CONSTANTE DE
APENAS SUBSTÂNCIAS NO
EQUILÍBRIO (K)
ESTADO GASOSO OU AQUOSO
PODE ESTAR EM
FUNÇÃO DA

CONCENTRAÇÃO (KC) PRESSÃO (KP)

SE RELACIONAM
PELA EXPRESSÃO

KC = KP · (R · T)∆n

85
1. escreva a equação de equilíbrio devidamente balan-
AULAS 51 e 52 ceada; e
2. escreva a expressão da constante de equilíbrio sem con-
siderar o sólido precipitado.
Observe estes exemplos:

Expressão do
EQUILÍBRIOS Equilíbrio produto de
solubilidade
HETEROGÊNEOS: PRODUTO
BaSO4(s)  Ba2+ KPS = [Ba2+] [SO2– ]
DE SOLUBILIDADE (aq)
+ SO42(aq)
-
4

CaF2(s)  Ca2+(aq) + 2 F–(aq) KPS = [Ca2+] [F–]2

Ca3(PO4)2(s)  3 Ca2+(aq) + 2 PO43 (aq)


- KPS = [Ca2+ ]3 [PO3–
4
]2
COMPETÊNCIAS: 3, 6 e 7
Observe: As concentrações molares que aparecem na
HABILIDADES: 17, 21, 24, 25, 26 e 27 expressão de KPS sempre correspondem às concentrações
da solução saturada pelos íons que estariam em equilíbrio
com o precipitado.

1.2. Produto de solubilidade


1. Constante do produto de (KPS) e solubilidade (S)
solubilidade (ps ou kps) Saber calcular o valor de KPS é fundamental, mas também
Suponhamos uma solução do eletrólito A2B3, pouco solú- é fundamental saber interpretar o significado e as relações
vel, em presença de seu corpo de fundo (parte insolúvel). dessa constante com outros conceitos já estudados. Por
A parte que se dissolve está sob a forma de íons A3+ e exemplo: qual é a diferença entre os conceitos de solubili-
B2– ,e a parte não solúvel está na forma não ionizada dade (S) e de produto de solubilidade (KPS)?
A2B3 e seus íons na solução, que pode ser representada Veja neste quadro a comparação desses conceitos.
pela equação:
Produto de
A2B3(s)  2 A3+(aq) + 3 B2 (a) Solubilidade (S)

solubilidade (KPS)
Como todo o equilíbrio, esse também deve obedecer à lei: É a quantidade da substância que se dis-
[A3+]2 ⋅ [B2–]3 solve para formar uma solução saturada.
Ki = __________
​   ​    Corresponde à concentração de uma É a constante de equilíbrio
[A2B3] solução saturada. do processo sólido iônico 
Ki ⋅ [A2B3] = [A3+]2 ⋅ [B2–]3 íons dissolvidos
Pode ser expressa em gramas de soluto /
Como a concentração de um sólido tem valor constante, o 100g de H2O ou g/L ou em mol/L.

produto Ki.[A2B3] da fórmula mencionada também é cons- A solubilidade (S) e o produto de solubili-
tante e é chamado de produto de solubilidade. dade (KPS) variam com a temperatura.

KPS = [A3+]2.[B2-]3
Para um equilíbrio genérico, em 1,0 L:
Portanto, o produto de solubilidade (KPS ou Ps) é o produ-
to das concentrações molares dos íons existentes em (C+)x (A–)y  x⋅C+ + y⋅A–
uma solução saturada, da qual cada concentração é eleva- S mol   x⋅S mol  y⋅S mol
da a um expoente igual ao respectivo coeficiente do íon na
A expressão de Kps, é dada por:
correspondente equação de dissociação.
Kps = [C+]x ⋅ [A–]y
1.1. Como achar a expressão de Kps? Uma vez que:
Nas considerações que faremos sobre o produto de so- [C+] = x ⋅ S mol/L e [A–] = y ⋅ S mol/L
lubilidade (Kps), é fundamental que seja analisada a ex-
Logo:
pressão matemática correta, facilmente obtida mediante
estes passos: KPS = [x ⋅ S]x ⋅ [y ⋅ S]y

86
A expressão do KPS é utilizada apenas para soluções sa-
turadas de eletrólitos considerados insolúveis, porque a
concentração de íons em solução é pequena, o que resulta
soluções diluídas.
O KPS é uma grandeza que só depende da temperatura.
Quanto mais solúvel o eletrólito, maior a concentração de
multimídia: vídeo íons em solução e, consequentemente, maior o valor de KPS.
Quanto menos solúvel o eletrólito, menor o valor de KPS, des-
Fonte: Youtube
de que as substâncias comparadas apresentem a mesma
Como fazer cristais com vinagre
proporção entre íons.
(experiência de química fácil)
Exemplo:
Exemplo: BaCO3(s)  Ba2+(aq) + CO23 –(aq)  Kps = 2 · 10–9
Cloreto de prata sólido, AgCℓ adicionado em água pura a CaCO3(s)  Ca2+(aq) + CO32–(aq)  Kps = 5 · 10–9
25 ºC. Como apresenta a mesma proporção em íons (1:1), o CaCO3
O sistema é deixado em repouso por alguns dias para que é mais solúvel que o BaCO3 porque tem valor maior de KPS.
se tenha certeza de que foi alcançado o equilíbrio entre o Se as substâncias comparadas tiverem proporção em íons
sólido e os íons Ag+ e Cℓ– em solução. diferentes, a mais solúvel será a que apresenta maior solu-
Uma análise mostra que a concentração de Ag+ é de bilidade. Por exemplo:
1,34 · 10–5 mol/L. Ag2CrO4(s)  2 Ag+(aq) + CrO42–(aq)
Qual é o Kps do cloreto de prata? Solubilidade: x 2x x
Dados: Kps,AgCrO4 = 4 · 10-12
Portanto:
Kps = [Ag+]2 ⋅ [CrO2–
4
]
4 · 10–12 = (2 x)2 ⋅ x
⇒ 4 ⋅ 10–12 = 4 x3
⇒ x3 = 10–12
A concentração de íons prata corresponde à concentração
existente na solução saturada, ou seja, corresponde à con- ⇒ x = 10–4 mol/L (solubilidade do Ag2CrO4)
centração de íons que existe no equilíbrio de solubilidade. Logo, em 1 L de solução é possível dissolver até 10–4 mol
Observe: de Ag2CrO4.
BaSO4(s)  Ba2+
(aq)
 + SO42–(aq) KPS = 1 x 10–10
AgCℓ(s)  Ag+
(aq)
+ Cℓ (aq)

Não nos interessa y mol/L y mol/L y mol/L


Início (constante)
0 0
KPS = [ Ba2+ ] ⋅ [ SO42– ]
No
1,34 · 10–5 1,34 · 10–5
equilíbrio ⇒ 10–10 = (y)2
Esta última linha obedece à proporção dos coeficientes.
⇒ y = 10–5 mol/L (solubilidade do BaSO4)

[Ag+] = [Cℓ–] porque a proporção dos coeficientes é 1 : 1. Logo, em 1 L de solução é possível dissolver até 10–5 mol
de BaSO4.
Portanto, a expressão de Kps é:
Conclusão: Ag2CrO4 é mais solúvel que BaSO4.
KPS = [Ag+] ⋅ [Cℓ–]
Substituídos na expressão os valores apresentados na ta-
bela, obtém-se:
2. Previsão de precipitação
Se 2 eletrólitos diferentes forem misturados em solução,
KPS = [1,34 · 10–5] ⋅ [1,34 · 10–5]
é possível saber quando o precipitado vai começar a se
⇒ KPS = 1,8 · 10–10 formar, a partir de dois íons desses eletrólitos.

87
Exemplo: Resolução:

Foram misturados volumes iguais de Pb(NO3)2 0,2 mol/L e CaF2 (s)  Ca2+(aq) + 2 F–(aq)
KI 0,2 mol/L. S mol/L S 2S

Haverá formação de um precipitado de PbI2? KPS = [ Ca2+ ] ⋅ [ F– ]2 = [ S ] ⋅ [ 2 S ]2 = 4 ⋅ S3

Dado: KPS do PbI2 = 1,4 · 10–8 De acordo com o enunciado, S = 2,0 ⋅ 10–4 mol/L.

Solução: concentração de cada íon em solução: Substituído esse valor na expressão de KPS:

Pb(NO3)2  Pb2+ + 2 NO3– KPS = 4 ⋅ S3 = 4 ⋅ ( 2,0 ⋅ 10–4 )3 = 4 ⋅ 8,0


0,2 0,2 0,4 ⋅ 10–12 = 32 ⋅ 10–12 = 3,2 ⋅ 10–11
KI  K+ + I– ⇒ KPS = 3,2 ⋅ 10–11
0,2 0,2 0,2
2. O fosfato de cálcio, Ca3(PO4)2, é um sal pouco solúvel.
Se as duas soluções forem misturadas, o volume da solu- Chamando de S sua solubilidade em mol/L, o valor do KS
ção final duplicará; portanto, as concentrações de Pb2+ e
desse sal é dado por:
I– caem pela metade.
a) 9 S5. d) 108 S5.
A equação iônica que representa a precipitação é: b) 8 S3. e) 144 S6.
Pb2+(aq) + 2 I–(aq)  PbI2(s) c) 6 S5.

Uma vez que seu inverso representa a dissolução do PbI2, Resolução:


ao alcançar o equilíbrio haverá: Ca3(PO4)2  3 Ca2+ + 2 PO43–
PbI2(s)  Pb2+
(aq)
+ 2 I(aq)

S 3S 2S
Na solução saturada há [ Ca2+ ] = 3 S mol/L e [ PO43– ] =
2.1. Quociente da reação (QPS) 2 S mol/L.
É calculado em razão da concentração de íons misturados. Substituídos esses valores na expressão de KS:
A precipitação ocorre se QPS for maior ao KPS. KS = [Ca2+ ]3 · [PO43– ]2 = ( 3 S )3 . ( 2 S )2 = 27 S3 · 4 S2
Neste caso: ⇒ KS = 108 S5
QPS = [ Pb2+ ] · [ I– ]2 = (0,1) · (0,1)2 3. O sulfato de bário, BaSO4, tem KS = 1,0 · 10–10, a 25 ºC.
Qual é a solubilidade desse sal em mol/L?
⇒ QPS = 1,0 ⋅ 10–3

Se KPS = 1,4 · 10–8, concluímos que QPS > KPS. Resolução:


Chamando a solubilidade de S, obtém-se:
Portanto, ocorre precipitação.
BaSO4  Ba2+ + SO2–
4

S S S
Na solução saturada, [ Ba2+ ] · [ SO2–4] = S · S.
O produto de solubilidade é dado por:
KS = [ Ba2+ ] · [ SO42– ] = S . S = S2
⇒ S = d​ KXXS ​ = d​ 1,0 ⋅ 10 –10 ​ 
XXXXXXXXX = 1,0 · 10–5 mol/L
multimídia: site
Observe: Também é possível saber qual é a solubilidade
em gramas por litro. Como a massa de BaSO4 vale 233
https://portal.ufpa.br/quimicanalitica/pdesolubilidade.htm g/mol, obtém-se:
S = 1,0 · 10–5 mol/L = 1,0 · 10–5 (233) g/L = 2,33 · 10–3 g/L
Esse cálculo corresponde a esta proporcionalidade:
Aplicação do conteúdo 1 mol de BaSO4––––––233 g

1. A solubilidade do CaF2 é igual a 2,0 ⋅ 10–4 mol/L. 1,0 · 10–5 mol de BaSO4––––––x
Qual é o valor da KPS? ⇒ x = 1,0 · 10–5 ⋅ (233) = 233 · 10–5 g = 2,33 · 10–3 g

88
VIVENCIANDO

Alguns produtos químicos presentes no cotidiano tem seus Kps definidos. A tabela a seguir mostra a solubilidade de
cada composto. É uma boa forma de relembrar a solubilidade de sais e de bases e agora entender por que elas são
tão insolúveis. Lembre-se, porém, que não é necessário decorar nenhum destes valores para a realização da prova.

Substância Fórmula Kps


hidróxido de alumínio Aℓ(OH)3 2 · 10-32

carbonato de bário BaCO3 8,1 · 10-9

cromato de bário BaCrO4 2,4 · 10-10

fluoreto de bário BaF2 1,7 · 10-6

iodato de bário Ba(IO3)2 1,5 · 10-9

permanganato de bário BaMnO4 2,5 · 10-10

oxalato de bário BaC2O4 2,3 · 10-8

sulfato de bário BaSO4 1,0 · 10-10

hidróxido de berílio Be(OH)2 7,0 · 10-22

hipoclorito de bismuto BiCℓO 7,0 · 10-9

sulfeto de bismuto Bi2S3 1,0 · 10-97

carbonato de cádmio CdCO3 2,5 · 10-14

oxalato de cádmio CdC2O4 1,5 · 10-8

sulfeto de cádmio CdS 1,0 · 10-28

carbonato de cálcio CaCO3 8,7 · 10-9

fluoreto de cálcio CaF2 4,0 · 10-11

hidróxido de cálcio Ca(OH)2 5,5 · 10-6

oxalato de cálcio CaC2O4 2,6 · 10-9

sulfato de cálcio CaSO4 1,9 · 10-4

brometo de cobre I CuBr 5,2 · 10-9

cloreto de cobre I CuCℓ 1,2 · 10-6

iodeto de cobre I CuI 5,1 · 10-12

tiocianeto de cobre I CuSCN 4,8 · 10-15

hidróxido de cobre II Cu(OH)2 1,6 · 10-19

sulfeto de cobre II CuS 9,0 ·10-36

hidróxido de ferro II Fe(OH)2 8,0 · 10-16

hidróxido de ferro III Fe(OH)3 4,0 · 10-38

89
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

O oxalato de cálcio é um composto químico que forma cristais monoclínicos aciculares que ocorrem em diferentes quan-
tidades na generalidade dos seres vivos. As pedras nos rins ou cálculos renais são formados por depósitos de oxalato de
cálcio. A pedra nos rins ou areia na urina ocorre devido a um desequilíbrio entre líquidos e substâncias sólidas dissolvidas
na urina, que fica sobrecarregada, formando cristais monoclínicos aciculares que não se dissolvem.
Mudando alguns aspetos nos seus hábitos alimentares e na sua rotina, poderá prevenir a pedra nos rins. Sementes
de tomates, por exemplo, contêm uma quantidade significativa de íons oxalato, facilitando o aparecimento de pedras
indesejadas no organismo. Para se ter uma ideia, o oxalato de cálcio apresenta um Kps de 2,6 · 10-9 e, portanto, é um
composto muito pouco solúvel.

DIAGRAMA DE IDEIAS

PODEM SER
SAIS INSOLÚVEIS

TEM

PRODUTO DE
SOLUBILIDADE (KPS)

CALCULADO DE
DUAS MANEIRAS

1.º CASO: ÍONS DISSOL-


2.º CASO: ÍONS DISSOLVI-
VIDOS SÃO TODOS PRO-
DOS SÃO PROVENIENTES
VENIENTES DA DISSOLU-
DE SOLUÇÕES DISTINTAS
ÇÃO DO ELETRÓLITO

SE
EXEMPLO
> KPS ⇒ PRECIPITAÇÃO
Aℓ(OH)3  Aℓ3+ + 3 OH- = KPS ⇒ SOLUÇÃO SATURADA,
S 3S SEM PRECIPITAÇÃO
< KPS ⇒ SOLUÇÃO INSATURADA

Kps = S · (3S)3 → 27S4

90
Competência 1 – Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas como construções humanas, percebendo seus papéis nos
processos de produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
H1 Reconhecer características ou propriedades de fenômenos ondulatórios ou oscilatórios, relacionando-os a seus usos em diferentes contextos.
H2 Associar a solução de problemas de comunicação, transporte, saúde ou outro, com o correspondente desenvolvimento científico e tecnológico.
H3 Confrontar interpretações científicas com interpretações baseadas no senso comum, ao longo do tempo ou em diferentes culturas.
Avaliar propostas de intervenção no ambiente, considerando a qualidade da vida humana ou medidas de conservação, recuperação ou utilização sustentável
H4
da biodiversidade.
Competência 2 – Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências naturais em diferentes contextos.
H5 Dimensionar circuitos ou dispositivos elétricos de uso cotidiano.
H6 Relacionar informações para compreender manuais de instalação ou utilização de aparelhos, ou sistemas tecnológicos de uso comum.
Selecionar testes de controle, parâmetros ou critérios para a comparação de materiais e produtos, tendo em vista a defesa do consumidor, a saúde do
H7
trabalhador ou a qualidade de vida.
Competência 3 – Associar intervenções que resultam em degradação ou conservação ambiental a processos produtivos e sociais e a instrumen-
tos ou ações científico-tecnológicos.
Identificar etapas em processos de obtenção, transformação, utilização ou reciclagem de recursos naturais, energéticos ou matérias-primas, considerando
H8
processos biológicos, químicos ou físicos neles envolvidos.
Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos ou do fluxo energia para a vida, ou da ação de agentes ou fenômenos que podem causar alterações
H9
nesses processos.
H10 Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e(ou) destino dos poluentes ou prevendo efeitos em sistemas naturais, produtivos ou sociais.
Reconhecer benefícios, limitações e aspectos éticos da biotecnologia, considerando estruturas e processos biológicos envolvidos em produtos biotecnológi-
H11
cos.
H12 Avaliar impactos em ambientes naturais decorrentes de atividades sociais ou econômicas, considerando interesses contraditórios.
Competência 4 – Compreender interações entre organismos e ambiente, em particular aquelas relacionadas à saúde humana, relacionando
conhecimentos científicos, aspectos culturais e características individuais.
H13 Reconhecer mecanismos de transmissão da vida, prevendo ou explicando a manifestação de características dos seres vivos.
Identificar padrões em fenômenos e processos vitais dos organismos, como manutenção do equilíbrio interno, defesa, relações com o ambiente, sexualidade,
H14
entre outros.
H15 Interpretar modelos e experimentos para explicar fenômenos ou processos biológicos em qualquer nível de organização dos sistemas biológicos.
H16 Compreender o papel da evolução na produção de padrões, processos biológicos ou na organização taxonômica dos seres vivos.
Competência 5 – Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e aplicá-los em diferentes contextos.
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físicas, químicas ou biológicas, como texto
H17
discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
H18 Relacionar propriedades físicas, químicas ou biológicas de produtos, sistemas ou procedimentos tecnológicos às finalidades a que se destinam.
Avaliar métodos, processos ou procedimentos das ciências naturais que contribuam para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica
H19
ou ambiental.
Competência 6 – Apropriar-se de conhecimentos da física para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científi-
co-tecnológicas.
H20 Caracterizar causas ou efeitos dos movimentos de partículas, substâncias, objetos ou corpos celestes.

H21 Utilizar leis físicas e (ou) químicas para interpretar processos naturais ou tecnológicos inseridos no contexto da termodinâmica e(ou) do eletromagnetismo.

Compreender fenômenos decorrentes da interação entre a radiação e a matéria em suas manifestações em processos naturais ou tecnológicos, ou em suas
H22
implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais.
Avaliar possibilidades de geração, uso ou transformação de energia em ambientes específicos, considerando implicações éticas, ambientais, sociais e/ou
H23
econômicas.
Competência 7 – Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científ-
ico-tecnológicas.
H24 Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, substâncias ou transformações químicas

Caracterizar materiais ou substâncias, identificando etapas, rendimentos ou implicações biológicas, sociais, econômicas ou ambientais de sua obtenção ou
H25
produção.
Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações
H26
químicas ou de energia envolvidas nesses processos.
H27 Avaliar propostas de intervenção no meio ambiente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefícios.
Competência 8 – Apropriar-se de conhecimentos da biologia para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar intervenções científico-
tecnológicas.
Associar características adaptativas dos organismos com seu modo de vida ou com seus limites de distribuição em diferentes ambientes, em especial em
H28
ambientes brasileiros.
Interpretar experimentos ou técnicas que utilizam seres vivos, analisando implicações para o ambiente, a saúde, a produção de alimentos, matérias-primas
H29
ou produtos industriais.
Avaliar propostas de alcance individual ou coletivo, identificando aquelas que visam à preservação e à implementação da saúde individual, coletiva ou do
H30
ambiente.
92

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