Você está na página 1de 18

DEPARTAMENTO ENGENHARIA DE MINAS

Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais

LABORATÓRIO DE PROCESSAMENTO MINERAL


Prática 4 – Grau de Liberação pelo Método Óptico

Prof. Gilberto Rodrigues da Silva

Carlos Alberto Del Poente Junior


Carlos Eduardo Porto Andrade
Igor Cesar Gonzaga Salgado
Izabela de Freitas Neiva
João Pedro Sebe Vilarino
João Victor Alves Esteves
Kewin Leonardo Silva da Mata Costa
Lucas Vieira Mendes

Julho
2021
Carlos Alberto Del Poente Junior
Carlos Eduardo Porto Andrade
Igor Cesar Gonzaga Salgado
Izabela de Freitas Neiva
João Pedro Sebe Vilarino
João Victor Alves Esteves
Kewin Leonardo Silva da Mata Costa
Lucas Vieira Mendes

LABORATÓRIO DE PROCESSAMENTO MINERAL


Prática 4 – Grau de Liberação pelo Método Ótico

Relatório técnico apresentado como requisito


parcial para obtenção da aprovação na disciplina
EMN029 na Universidade Federal de Minas Gerais

Julho
2021
RESUMO

O conceito de grau de liberação é relacionado com o grau de individualização


do mineral de maior interesse em contraste dos minerais de ganga, para assim obter
uma curva de seletividade do teor do minério em função da recuperação. O objetivo
do experimento é apresentar esse conceito juntamente com o método de análise por
lupa binocular para conseguir dados da qualidade do minério.
A cominuição é uma das etapas do processo, onde procura-se fragmentar as
partículas de forma que seja possível individualizar os grãos de minério dos minerais
de ganga. Em um cenário ideal seria mais eficiente maximizar as partículas livres e
minimizar as partículas mistas, contudo o processo de fragmentação tem um gasto
energético alto, portanto, é necessário fazer uma análise de caráter econômico para
entender qual é o melhor ponto de trade-off.
A metodologia consiste em observar partículas de hematita e quartzo que
foram fragmentadas e classificadas em relação ao tamanho de grão e com auxílio de
uma lupa binocular fazer a análise via óptica do grau de liberação do minério de
interesse e por consequência também do mineral de ganga.
Com isso, concluímos que o objetivo a partir da análise dos resultados de
apresentar o conceito de liberação e o método de análise por lupa binocular foi
alcançado, determinando o grau de liberação e as curvas de seletividade ideais para
uma amostra de minério de ferro.

Palavras-chave: Cominuição, minério, trade-off e liberação.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 5
2. OBJETIVOS 6
3. METODOLOGIA 6
3.1 MATERIAIS UTILIZADOS 6
3.2 PROCEDIMENTOS 6
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 10
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 15
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 15
1. INTRODUÇÃO

O grau de liberação pode ser definido como a condição de liberdade mútua entre os
minerais presentes em um dado sistema, no geral, a relação entre um mineral de
interesse e os demais da composição mineralógica. Em outras palavras, a liberação
representa quantas partículas “soltas” de uma espécie estão presentes em
comparação com as partículas de outros minerais e as partículas de composição
mista. No âmbito do tratamento de minérios, é um parâmetro importante como pré
requisito na aplicação dos métodos de concentração. (BRANDÃO, 2007)

A se pensar na concentração de um minério, é considerada uma situação ideal


quando uma partícula é constituída de apenas uma espécie mineralógica. Essa
liberação é obtida por meio da fragmentação do minério, em operações de britagem
e/ou moagem, variando de centímetros a micrômetros. Entretanto, há um limite
prático de redução de tamanho, definido em suma tanto pelo custo das operações
unitárias, quanto pela eficiência da etapa de concentração, que pode ser
comprometida quando o particulado é excessivamente fino. (DA LUZ, 2010)

A quantificação da liberação de uma amostra pode ser realizada por diversos


métodos, estes divididos em duas classes: diretos e indiretos. Nos primeiros, como é
sugestivo pelo nome, há a observação direta das amostras. O método de Gaudin faz
uso da microscopia para tal, e pode ser utilizado para a determinação do grau para
várias faixas granulométricas diferentes. Outros métodos diretos têm sido
desenvolvidos, como o uso da tomografia computadorizada, mas até então, sem
aplicação comercial. Já nos métodos indiretos, a liberação é avaliada a partir de um
método de concentração capaz de diferenciar o mineral de interesse e os demais da
composição. São utilizadas propriedades como densidade, susceptibilidade
magnética, condutividade e propriedades superficiais. No caso específico da
densidade, são muito utilizados líquidos orgânicos na realização de testes
“afunda/flutua”. (BRANDÃO, 2007)

4
2. OBJETIVOS

O presente relatório tem como objetivo apresentar o conceito de liberação e o


método de análise por lupa binocular, e determinar o grau de liberação e as curvas
de seletividade ideais para uma amostra de minério de ferro.

3. METODOLOGIA

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS

1. EPI’s
2. Óculos de proteção
3. Lupa Binocular com iluminação
4. Vidro de relógio
5. Espátula
6. Amostras de minério de ferro com granulometrias variadas

3.2 PROCEDIMENTOS

Para o experimento foram utilizadas como objeto de estudo as massas das


amostras que ficaram retidas em cada uma das peneiras usadas na prática de
peneiramento para a realização da análise do nível de liberação das nossas
partículas, para um nível economicamente viável. O nosso material é disposto em
um vidro de relógio utilizado para a caracterização, como apresentado abaixo na
Figura 1. Também é utilizada uma espátula pequena para o manuseio mais eficiente
da nossa amostra e com o auxílio da lupa binocular, que pode aumentar o campo de
visão em até oitenta vezes, é iniciado o experimento.

5
Figura 1- Massa do material disposta no vidro relógio

É necessário utilizar uma lupa binocular, que pode ser vista abaixo na Figura
2, para a observação adequada das partículas de hematita e quartzo, que foram
fragmentadas e classificadas de acordo com a distribuição granulométrica por faixas
de tamanho.

Figura 2 - Lupa binocular

Para uma observação mais otimizada é feito um ajuste na luminosidade e no


foco da lupa binocular, e para cada faixa granulométrica é feita a análise das duas
fases minerais presentes. Para a granulação mais grosseira é utilizado um aumento
6
de quarenta vezes da lente da lupa para conseguir observar a dimensão dos grãos
com detalhes e para granulações mais finas é utilizado um aumento de até oitenta
vezes no campo de visão, logo abaixo na Figura 3 é demonstrado como é feita a
observação . A informação visual do grau de liberação das partículas é o dado que
será utilizado para a diferenciação do meu minério - hematita - do minério de ganga -
quartzo - e assim fazer a classificação.

Em cada uma das lupas é feita a observação do grau de liberação das


partículas por faixa de granulometria específica, as faixas utilizadas são de: 38, 45,
53, até 425 μm.

É feita a contagem de 10 partículas, da forma mais aleatória possível para


assim diminuir o erro associado ao observador, e classificá-las de acordo com o
índice de liberação presente em cada uma. A prática consiste em observar a
composição da partícula e indicar qual a porcentagem de hematita e
consequentemente quartzo na amostra, para posteriormente classificá-las nos
índices de 0-10, 10-20, até 100.

Figura 3 - Regulando luz e foco para uma melhor visualização

7
Devido à opacidade da hematita existe um erro associado na visualização da
parte que pode estar oculta na porção inferior da partícula estudada, pois nosso
campo de visão para a análise está disposto em duas dimensões, como pode ser
visto abaixo pela Figura 4, isso causa um erro na leitura e por esse motivo é
necessário analisar uma quantidade grande de unidades de partículas para tentar
minimizar o presente erro.

Figura 4 - Imagem perspectiva da lente

Após realizada a avaliação do grau de liberação das partículas serão


apresentados dados em forma de gráficos de colunas da sua frequência relativa em
função do índice de liberação para cada faixa granulométrica. Além disso, será
apresentado na parte da discussão dos resultados um gráfico do grau de liberação
em função da abertura em micrometros (μm) e a partir desses gráficos obteremos
informações úteis na nossa análise do trade-off de teor e recuperação do nosso
material.

8
3.3 CÁLCULOS

A base de cálculo do grau de liberação pelo método óptico é a equação proposta por
Gaudin, posta em 1, abaixo. Esta define a proporção entre a quantidade da espécie
em estudo livre (dada por iLnL) e a quantidade total da espécie em estudo no meio,
seja em partículas mistas ou livres (na equação, dada pelo somatório da quantidade
de partículas multiplicada pela proporção do mineral em estudo em cada uma
dessas partículas).

𝑖𝐿𝑛𝐿
𝐺𝐿 = 𝑖=𝐿
∑ 𝑖𝑖·𝑛𝑖
𝑖=0

Como é extremamente laborioso e ineficiente separar precisamente todas as


percentagens de mineral nas partículas, dada uma análise manual da imagem de
microscopia, a análise é feita respeitando intervalos de quantidade percentual, e
contabilizando cada partícula no valor mais próximo à realidade. Encontra-se na
figura 1, abaixo, um exemplo de classificação das partículas mistas de acordo com a
porcentagem presente do mineral de interesse. Vê-se também um dos frutos da
análise do grau de liberação: um gráfico que relaciona o índice de liberação das
partículas com sua frequência relativa na amostra.

9
Vale ressaltar que devido à característica manual da análise por esse método,
é altamente recomendado que esta seja feita mais de uma vez e por analistas
diferentes, uma vez que o critério do índice de liberação das partículas mistas é
baseado em uma estimativa, e não uma medição propriamente, estando sujeito à
experiência do analista. Segundo Barbosa (2010), como é expresso na literatura, “o
desvio padrão relativo à reprodutibilidade é da ordem de 1,5 para um intervalo de
confiança de 95%”.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Diante dos dados obtidos pelos grupos 1, 2, 3 e 4, foi feita a análise para cada
granulometria, obtendo as relações entre o Índice de Liberação de Hematita e
Frequências Relativas, observadas nos gráficos a seguir:

10
11
12
13
Observando os gráficos, percebe-se que com o aumento da granulometria, há
diminuição dos índices de liberação de 0% e 100%, indicando que o material mais
grosso apresenta mais partículas mistas e o mais fino, mais partículas livres, o que
era esperado. Isso é confirmado observando o gráfico abaixo, que relaciona grau de
liberação e abertura.

14
O gráfico a seguir, relaciona teor de hematita e recuperação de hematita para cada
faixa granulométrica.

É notável que quanto maior a granulometria das partículas, menores as


recuperações utilizando 100% de teor de hematita. Percebe-se também, que as
curvas das aberturas 425 µm, 300 µm e 212 µm destoam bastante das demais
amostras. A partir de 90% de Teor de Hematita, a recuperação cai rapidamente.
O gráfico a seguir relaciona teor de quartzo e recuperação de hematita, para cada
faixa granulométrica.

15
Esse gráfico confirma as informações do anterior. As maiores granulometrias têm as
menores recuperações de Hematita, observando os menores teores de quartzo.
Além disso, percebe-se que a recuperação de hematita para todas as
granulometrias estabiliza em 100%, próximo a 20% de teor de Quartzo.
Deve-se levar em consideração que a Liberação pelo Método Óptico apresenta
subjetividade na designação do grau de liberação das partículas analisadas. A
decisão na designação da porcentagem de cada partícula é feita por alunos
diferentes, o que pode enviesar o resultado final. Porém, tudo indica que os dados
foram coletados de forma satisfatória, pois os resultados seguem um padrão
esperado.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da análise dos resultados, concluímos que o objetivo de apresentar o


conceito de liberação e o método de análise por lupa binocular foi alcançado,
determinando o grau de liberação e as curvas de seletividade ideais para uma
amostra de minério de ferro.
Podemos dizer que fragmentar as partículas onde seja possível individualizar os
grãos de minério dos minerais de ganga, em um cenário ideal seria mais eficiente
maximizar as partículas livres e minimizar as partículas mistas, com isso o processo
de fragmentação teve um gasto energético alto, sendo assim, foi necessário assim
fazer uma análise de caráter econômico para entender qual é o melhor ponto de
trade-off.

16
REFERÊNCIAS

[1] BRANDÃO, P.R.G. et al. Caracterização Mineralógica e Tecnológica. In:


VALADÃO, G. E. S.; ARAÚJO, A. C. (Orgs.). Introdução ao Tratamento de
Minérios. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007. p.56-60.

[2] DA LUZ, A. B.; LINS, F. A. F. Introdução ao Tratamento de Minérios. In: DA LUZ,


A. B. et al. Tratamento de Minérios. Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2010. 5 ed.
Cap.1. p.3-6. 963p.

[3] BARBOSA, M. I. M. et al. Caracterização Mineralógica de Minérios. In: DA LUZ,


A. B. et al. Tratamento de Minérios. Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2010. 5 ed.
Cap.3. p.57-84. 963p.

17

Você também pode gostar