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Amostragem é prática indispensável em mineração. O custo de uma


campanha de amostragem pode ser elevado e depende do método
utilizado. A perfilagem geofísica é um método de amostragem indireta,
que é eficaz com o desenvolvimento de novas tecnologias para
medições de grandezas físicas. O gama retroespalhado (gama-gama)
ajuda na identificação da camada de carvão e proporciona a
inferência da qualidade do carvão baseado na sua densidade. Esse
trabalho investiga a correlação entre o gama retro espalhado, medido
através da perfilagem geofísica, com o poder calorífico do carvão. A
análise numérica dos resultados revela a eficiência do método, quando
bem amostrado, de modo a inferir o poder calorífico sem realizar a
análise laboratorial. O erro dessa estimativa é superior ao método
tradicional, porém o custo da informação é substancialmente menor. A
importância da amostragem é ressaltada principalmente quando
entram em jogo a avaliação de depósitos minerais, o controle de
processos, em laboratório e indústria e a comercialização dos produtos.
Portanto, uma amostragem mal conduzida pode resultar em prejuízos
vultosos ou em distorção dos resultados, de conseqüências técnicas
imprevisíveis.

Pode-se definir amostragem como sendo uma seqüência de operações


com o objetivo de retirar uma parte representativa (densidade, teor,
distribuição granulométrica, constituintes minerais, etc.) de seu universo
(população) para a variável ou variáveis analisadas. Esta parte
representativa é denominada de amostra primária ou global. Desta,
pode-se retirar fração (ou frações) destinada(s) a análise ou ensaios de
laboratório. Esta fração é chamada amostra final ou reduzida, que

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deve ser representativa da amostra global e, portanto, de toda a
população.

Incrementos são as frações de material retiradas de um todo (universo),


a fim de constituírem a amostra global ou final. Cada incremento deve
possuir, aproximadamente, a mesma massa e ser distribuído em relação
ao todo, devendo ainda ser tomado o maior número possível de
incrementos, para que se tenha uma amostra mais representativa (lei
das médias).
Ao se executar uma amostragem, é improvável que seja obtida uma
amostra com as mesmas características do material de onde foi
retirada. Isto se prende ao fato de, no decorrer das operações, haver
erros de amostragem, tais como:
de operação : Está ligado ao operador. Exemplo: falta de atenção,
contaminação, etc.
de segregação : Quando a amostra é constituída por minerais com
significativas diferenças de densidade. Exemplo: os minerais pesados
tendem a separar-se dos menos densos.
de integração de incrementos : Devido à coleta de incrementos em
fluxos variáveis.
Exemplo: em um incremento, comete-se erro de segregação.
fundamental : Devido à massa da amostra tomada. Teoricamente a
massa ideal seria aquela que englobasse todo o seu universo. Como é
tomada apenas a parte desse todo, decorre-se em erro.
Excetuando-se o erro fundamental, os demais erros poderão ser
evitados, pelo menos minimizados, através do uso de amostradores
automáticos para a retirada de frações da amostra primária e
Homogeneizador/Divisor para reduzir a amostra primária a uma amostra
final, com o objetivo de conseguir menor quantidade de massa, mas
que seja a mais representativa do universo.

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1 - TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM

1.1 - AMOSTRA PRIMÁRIA OU GLOBAL


Em mineração, as diferentes técnicas utilizadas para retirada de frações
da amostra primária ou global são bastante conhecidas, enumerando-
se, dentre outras:
Sondagem
Canal em trincheiras/poços/galerias
Amostragem em pilhas de rejeito ou minério/vagões/caminhões
Minério em movimento, etc.
As amostras resultantes de cada uma dessas técnicas tem diferentes
destinos, tais com: fins estratigráficos/petrográficos, avaliação de
depósitos minerais, desenvolvimento da pesquisa geológica/lavra,
processamento mineral, controle de pátios de embarque, etc.
Em cada uma dessas técnicas, deverão ser obedecidos procedimentos
específicos.

1.2 - AMOSTRA FINAL OU REDUZIDA

A amostra final ou reduzida é uma amostra representativa da amostra


global ou primária. Como o processamento mineral está mais afeto a
esse tipo de amostra, decidiu-se darlhe um maior enfoque no presente
trabalho. Normalmente, a obtenção de uma amostra de menor massa
implica numa redução de granulometria. A redução de granulometria,
de uma maneira geral, pode ser realizada como segue
a) “Até cerca de 1/2”, utilizam-se britadores de mandíbulas.
b) “De 1/2” até 325 malhas, utilizam-se moinhos de rolos, de barras, de
bolas, de discos e pulverizadores ou trituradores manuais (gral). Quando
a contaminação da amostra pelo ferro é ponto crítico, utiliza-se gral de
ágata ou moinho de bolas de porcelana. Na maioria dos casos,

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principalmente nos trabalhos de campo, não se dispõe dessas
informações, necessárias à obtenção de uma amostra. Assim, podem-
se classificar três tipos de amostras:
Amostra com disponibilidade de informações
Amostra carente de informações
Amostra específica

2.1 - AMOSTRA COM DISPONIBILIDADE DE INFORMAÇÕES

Este tipo de amostra se aplica quando é possível dispor das


informações:
Teor do mineral minério
Densidade do mineral minério
Densidade da ganga
Malha de liberação do mineral minério
Estágio de amostragem necessário para o trabalho
Neste caso, emprega-se a fórmula de Pyerre Gy.

Onde :
= massa mínima da amostra, em gramas.
= fator de distribuição de tamanho da partícula, o qual tem usualmente
o valor
de 0.25 . Para distribuições granulométricas em faixas estreitas, usar
g=0.5.
= dimensão da abertura que retém em média 5% do minério (cm)
= fator de forma: 0.2 para mica, amianto, cianita, etc. (forma lamelar)
0.5 para os demais
= parâmetro de liberação (dado pelo gráfico Figura 1.2)
Abscissa : d/ , sendo = grau de liberação (cm)
Ordenadas : valores de l

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= fator de composição mineralógica
sendo :
= teor do mineral minério (decimal)
= densidade do mineral minério. Caso seja mais de um, ponderar. Se
não
for possível determinar, usar 5
= densidade da ganga. Se não for possível determinar, usar 2.6.
An = Variância. Seu valor é obtido na Figura 1.3.

2.2 - Modificações da Fórmula de Pierre Gy para Minérios Especiais

a) Para minérios de ouro onde a partícula de ouro está liberada, usar 0.2
para os valores de f e g. A dimensão d deve ser atribuída não aos
minerais, mas ao maior tamanho dos grãos de ouro presentes na
amostra. Atribuir a l o valor 1, e o fator c de composição mineralógica
ficará reduzido a :
= densidade do ouro
a = teor de ouro na amostra expresso em percentagem, não em g/t
ou onça/t como é frequentemente usado.
b) Para minério de ouro onde as partículas não estão liberadas, a
fórmula de
Pierre Gy é difícil de ser aplicada, devido à dificuldade de
determinação do fator de liberação l.
c) Para carvão mineral, na fórmula de Pierre Gy, para determinar o fator
de
composição mineralógica c, o teor de cinzas passa a ser o a, delta 1 a
densidade média das cinzas, e delta 2 a densidade média do carvão.

2.3 - AMOSTRA CARENTE DE INFORMAÇÕES

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Este é o caso mais freqüente, principalmente em trabalhos de campo e
até mesmo em laboratório, onde ainda não se dispõe ou até mesmo
não se justifica a busca de informações, para aplicação de Pierre Gy.
Nestas circunstâncias, sugere-se a utilização da tabela de Richards.
Exemplo prático no final deste trabalho.

2.4 - AMOSTRA ESPECÍFICA

Neste caso se enquadra o carvão mineral, que possui normas


específicas da
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, que são:
NBR 8291 Amostragem de Carvão Mineral Bruto e/ou Beneficiado
NBR 8292 Preparação de Amostras de Carvão Mineral para Análise e
Ensaios.

3 - ESTABELECENDO UM PLANO DE AMOSTRAGEM

Em geral a empresa que querem adotar um plano de amostragem em


suas instalações tem em mente um equipamento coletando uma
pequena porção de um determinado lote com um custo bastante
reduzido, e o que ocorre é que quando apresentamos um sistema de
amostragem completo com todos os equipamentos necessários para a
coleta de amostras representativas,
o custo é bem maior que o budget estipulado pelas empresas.

Um sistema de amostragem automático é o único método


absolutamente seguro para se extrair pequenas porções de um total de
material, tal que estas porções reflitam a propriedade do lote entre os
limites aceitáveis de precisão.

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O maior pré-requisito para qualquer plano de amostragem é o estudo
da variabilidade do material a ser amostrado. Muitas vezes, contudo
esta variabilidade não é conhecida e em tal caso é necessário que o
plano de amostragem assuma uma faixa razoável dos valores de
mínimo e máximo.
Frequentemente somos consultados a oferecer recomendações e
propostas para sistemas de amostragens onde os dados estatísticos não
são incluídos nas especificações. Dessa forma nossos cálculos são
baseados na quantidade requerida na amostra final ou no intervalo de
incrementos ou cortes primários, ou a combinação de ambos.

Para alguns minerais a norma ISO estabelece padrões para a definição


da amostra final. No caso do minério de ferro a ISO-3082 sugere a
seguinte tabela para definição da massa média mínima por incremento
baseado no tamanho máximo da partícula :

CONCLUSÃO

Apesar das irregularidades de amostragem citadas no item anterior, os


resultados são bastantes promissores e viabilizam o uso de perfilagem
geofísica para inferência de parâmetros de qualidade. Também deve
ser enfocada a importância do uso de sistemas que garantem
eqüidistância entre a sonda e a parede do furo durante toda a
perfilagem e procedimentos de campo que garantam uma
amostragem confiável.

Com esse método se torna possível inferir o poder calorífico com a


utilização da perfilagem geofísica através de métodos geoestatísticos
para incorporação de informações originadas de métodos de

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amostragem diferentes ou para incorporação de dados secundários
através de co-krigagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Deutsch, C. V. & Journel, A.G. 1988. GSLIB: Geoestatistical Software


Library and User’s

Guide. Oxford University Press. New York, 2ª Edição, 369 p.Isaaks, E. H &
Srivastava, M. R. 1989. An Introduction to Applied Geostatistics. Oxford

University Press. New York, 561 p.Andreucci R. 2003. Proteção


Radiológica, Aspectos Industriais (apostila). São Paulo, 104 p.

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