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3 AMOSTRAGEM

A amostragem consiste em subtrair uma quantidade modulada de material


(incremento) da amostra que está sendo amostrada para formar uma configuração
de amostra primária ou global que representa toda a amostra.
A amostra primária é exposta a várias fases de preparação que englobam
procedimentos de cominuição, homogeneização e quarteamento até que a amostra
final seja obtida com a quantidade e granulometria apropriada para testes (químicos,
físicos, mineralógicos, etc.).
Deve-se notar que tais representações são aplicáveis a características
relevantes (densidade, teor, umidade, distribuição, granulométrica, constituintes
minerais, etc.) estabelecidas por suposição. Além disso, muito cuidado também deve
ser tomado ao preparar a amostra primária para não perder essa representatividade.
Desta forma, a amostragem é um processo de seleção e inferência, pois
busca tirar conclusões sobre o todo a partir do conhecimento de uma parte. A
desproporção entre o valor de uma determinada característica de interesse em um
lote e a estimativa dessa característica na amostra é denominado de erro amostral.
Ressalta-se a importância da amostragem, principalmente na avaliação de
jazidas minerais, controle de processos e comercialização de produtos. Possua em
mente que a amostragem inadequada pode levar a perdas significativas ou distorção
de resultados com resultados tecnológicos imprevistos. Inquestionavelmente a
amostragem é uma das operações mais complicadas e passíveis de enganos
enfrentadas pela indústria de mineração e metalurgia.
Uma "boa amostra" não é obtida apenas com base no julgamento de valor e
na experiência prática do operador. A utilização da teoria da amostragem é
necessária, ou seja, o estudo dos diferentes tipos de erros que podem acontecer no
decorrer de sua execução.

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Amostra é uma parcela que representa o todo que se almeja amostrar e o
procedimento de amostragem precisa assegurar que ela o representa através de
suas propriedades mais relevantes. Por outro lado, o incremento é a porção de
material modular extraída do todo que quer amostrar, para formar uma amostra.
Além disso, o lote é uma quantia limitada de materiais que são reservados para usos
específicos.
Por fim, a amostragem possui uma série de etapas preparatórias (britagem,
moagem, secagem, homogeneização, transferência, etc.) e etapas de amostragem
propriamente dita (redução da massa de material), ambos propensos a modificações
da matéria da propriedade relevante e, consequentemente ocasionando erros de
preparação e erros de amostragem.

3.1 Como é Feita a Amostragem

Possui alguns passos na amostragem, dentre eles o planejamento, a coleta e


o quarteamento, homogeneização e análises.
É indispensável estabelecer as principais características do plano de amostragem,
antes do material ser amostrado, levando em conta a finalidade da amostragem e o
prévio conhecimento a respeito do tema. 
As principais características de um plano de amostragem são: a precisão
requerida, o método de retirada da amostra primária, o tamanho da amostra primária
e o tratamento da amostra primária.
Geralmente, se a precisão requerida for maior, o custo envolvido também
será maior.  Constantemente há erros de amostragem e de análise, então precisa
ser proporcional o valor intrínseco do material e o valor oriundo do resultado dos
erros. 
O que estabelece a técnica de remoção da amostra via de regra é a
experiência. Porém, para definição do método de amostragem, talvez seja preciso
um trabalho empírico.

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Decorre sobretudo do tipo de material, do modo como é transportado e da
finalidade da amostragem, a forma pela qual são escolhidos os incrementos para
composição da amostra primária. 
Salienta-se que o método de amostragem precisa ser estabelecido antes de
definir a massa da amostra primária. 
De acordo com LUZ, SAMPAIO, FRANÇA (2010) o tamanho da amostra
primária é papel do tipo de material, granulometria, matéria do elemento de interesse
e precisão esperada. 
Além disso, o tamanho da amostra é definido estipulando, a princípio, o
tamanho e a quantidade de incremento a serem extraídos. Por outro lado, o
tamanho do incremento de amostragem é estabelecido pelo modelo de equipamento
empregado para a remoção da amostra primária e pela granulometria do material.
Além disso, é necessário que o incremento seja grande o bastante para ser possível
a extração de uma quantidade representativa de grossos e finos um procedimento
único.  
É fundamental avaliar a alterabilidade do material, depois que for determinada
a técnica de amostragem, e na hipótese de ser desconhecida realiza-se por meio de
ensaios exploratórios.   
No tratamento da amostra primária ela é exposta a vários estágios de
preparação, englobando procedimentos de redução de tamanho, homogeneização e
quarteamento, até alcançar a amostra final, com massa (maior ou igual a massa
mínima requerida para ser representativa) e granulometria apropriada para
execução de ensaios. 
Após o planejamento de amostragem, tem-se a coleta de incrementos para
preparação da amostra primária, que precisa seguir as etapas prefixadas na etapa
de planejamento. Ainda, tem que questionar: qual o intervalo de amostragem de
incrementos e qual a quantidade de incrementos, e as respostas precisarão já
estarem respondidas na etapa de planejamento, para a coleta dos incrementos ser
eficiente.
Em seguida, com a amostra global coletada, irá para a etapa de
homogeneização, pelo qual se obtém a amostra final por meio do quarteamento. O
quarteamento é um procedimento que pretende reduzir a massa das amostras,
através da separação da amostra global em frações com massa menor, com o

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intuito de obter a amostra final conforme o planejamento feito no início. Além disso, o
tamanho/peso da amostra global ou também chamada de primária terá influência no
modelo de quarteamento, que divide-se em diversos tipos, a partir de manuais a
mecânicos, como pilha cônica, pilha longitudinal e quarteadores.

3.2 Erro Total de Amostragem

O erro total de amostragem é a soma do erro de amostragem propriamente


dita e do erro de preparação da amostra primária para conseguir uma amostra final. 

3.2.1 Erros de Amostragem

O erro de amostragem propriamente dita é a soma dos sete erros autônomos


causados pelo procedimento de escolha da amostra primária que é resultante em
especial da alterabilidade do material amostrado. São eles: erro de ponderação, erro
de integração, erro de periodicidade, erro fundamental, erro de segregação, erro de
delimitação e erro de extração.
O erro de ponderação ocorre devido a densidade irregular ou vazamento do
material amostrado.
O erro de integração, também conhecido como termo regional, decorre da
heterogeneidade a longo prazo da disposição das partículas no material amostrado.
O erro de periodicidade é causado por mudanças periódicas nas propriedades
relevantes do material amostrado.
O erro fundamental ocorre pela heterogeneidade estrutural do material
amostrado. É dependente principalmente da massa da amostra e, subsidiariamente,

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do material amostrado. E esse é um erro que ocorre ao amostrar em circunstâncias
ideais.
O erro de segregação é causado por diferenças na distribuição localizada do
material amostrado.
O erro de delimitação ocorre devido a uma composição incorreta da
demarcação do tamanho dos incrementos.
O erro de extração acontece por meio do procedimento de extração dos
incrementos.
 

3.2.2 Erros de Preparação 

O erro de preparação é a soma dos cinco erros autônomos causados pelos


procedimentos de diminuição da granulometria, homogeneização e quarteamento
que é exposta a amostra primária.
São eles: a) perda de partículas referentes à amostra, b) contaminação de
amostras com substâncias estranhas, c) mudanças involuntárias nas propriedades
relevantes a serem mensuradas na amostra final, d) erro do operador sem intenção,
como por exemplo, a mistura de subamostras resultantes de diversas amostras) e f)
mudanças propositais nas propriedades relevantes que serão mensuradas na
amostra final.
 

3.3 Técnicas De Amostragem Em Lotes Manuseáveis

A extração de amostras de material particulado oriundo de fluxos, pilhas,


caminhões, entre outros, e atrapalhado pela segregação, que acontece em duas
situações: a propensão de materiais de granulação fina se centralizarem quando
colocados em pilha e a propensão de materiais grossos concentrarem na superfície,
mesmo sendo mais densos quando expostos à vibração.

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Uma amostragem boa é realizada com o minério completamente seco ou em
formato de polpa. Pode ocorrer o aumento de erro por causa da segregação devido
a possibilidade da umidade promover a formação de agregados de partículas finas.
A amostragem pode ser contínua ou intermitente se a amostra for extraída de
um fluxo contínuo. Na amostragem contínua parte do fluxo é separado e muitas
vezes é dividido posteriormente. Já na amostragem intermitente as amostras são
extraídas do fluxo total em pequenos intervalos fixos, que são combinados para criar
uma amostra global.
Toda amostragem, via de regra, constitui-se pela coleta da amostra no
momento que o material estiver em movimento, toda vez que for viável, o que nos
procedimentos contínuos é simples. Consequentemente, a amostragem de
carregamentos, como por exemplo caminhão, vagão, entre outros, precisará
acontecer enquanto se enche ou esvazia os mesmos. 
A amostragem pode ser realizada manualmente ou automaticamente. Em
comparação com a amostragem manual, os resultados alcançados com a
amostragem automática são mais garantidos, apesar da amostragem manual ser
mais usada no tratamento de minérios. 
De acordo com AQUINO e OLIVEIRA (2010) as técnicas de amostragem manual
podem ser feitas usando materiais móveis ou estáticos. Apesar de serem
amplamente usadas na indústria mineral, não são técnicas recomendadas, pois
geralmente estão relacionadas a uma soma de pequenos erros, como:
(a) uma variação no intervalo de tempo de coleta das amostras ou
incrementos; 
(b) uma variação na velocidade de coleta dos incrementos; 
(c) perda de partículas enquanto se faz a coleta dos incrementos; 
(d) contaminação por material distinto e heterogeneidade do material; 
(e) segregação localizada do material.

Apesar dos problemas apresentados, é constantemente usada a amostragem


manual na indústria mineral, por causa dos valores elevados dos amostradores
automáticos. Destaca-se que, em virtude das suas limitações, os requisitos de
aplicação precisam ser muito mais rigorosos para possibilitar a extração de amostras
com erros estatisticamente admissíveis.

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3.3.1 Amostragem em Correia Transportadora 

A amostragem na esteira transportadora pode ser feita manualmente ou


automaticamente. Para realizar a coleta manual de incrementos de material, é
recomendável fazer isso no final da correia, toda vez que esse ponto for acessível. A
Ilustração 3 mostra como coletar incrementos no final da correia. Destaca-se que o
equipamento utilizado nesta coleta deve bloquear completamente o fluxo de material
pela correia. Se isso não for possível, a quantidade de incrementos essenciais para
a composição da amostra final deve ser maior para o mesmo nível de erro. 
Ilustração 3 – Amostragem manual no final da correia transportadora.

Fonte: AQUINO e OLIVEIRA (2010)

3.3.2 Sacos 

Os sacos são selecionados aleatoriamente ou sorteados para realizar a


amostragem de material laboratorial e materiais ensacados. Cada saco selecionado
terá que ser examinado separadamente. Com esse intuito, é necessário colher
amostras representativas de cada saco, que devem ser examinadas individualmente

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para calcular a variação entre amostras de um mesmo saco e avaliar se essa
variação está em um nível aceitável.
A amostragem pode ser realizada com espátulas. Diante disso, o material no
ponto de inserção da espátula é considerado representativo do todo. No entanto,
caso se deseje maior representatividade da amostra podem ser usadas hastes ou
sondas que possibilitem a amostragem do corpo do material.

3.3.3 Pilha de Homogeneização

Essa técnica de amostragem é vantajosa na extração de amostras para


caracterização e fornecimento contínuo do circuito de concentração mineral.
Baseado nas pilhas, o material fornecido à planta tem uma distribuição mais
uniforme de sua composição tanto em termos de propriedades físicas como
químicas e mineralógicas. Precisa-se efetuar uma pré-homogeneização do material
antes do início da formação desse modelo de pilha, dependendo das pilhas cônicas
ou tronco de pirâmide, o que ajudará na dispersão de agrupamentos de partículas
de qualquer tipo e como resultado tem-se a diminuição do erro de segregação.
Além disso, as pilhas de homogeneização possuem fácil manuseio nos
trabalhos de campo, devido não usarem equipamentos sofisticados.

3.3.4 Amostragem de Polpas 

Como grande parte das usinas minerais e de hidrometalurgia processam


minérios úmidos, a amostragem de fluxo de polpa é amplamente usada para
monitorar a qualidade de fluxos intermediários e finais em circuitos pilotos e
industriais.
A amostragem de polpas pode ser feita usando vários tipos de amostradores
automáticos. Esses amostradores têm a característica comum de cortar todo o fluxo
em determinados intervalos de tempo (Ilustração 4).

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Ilustração 4 – Amostragem de fluxos contínuos de polpa.

Fonte: AQUINO e OLIVEIRA (2010)

3.4 Métodos e Aparelhos de Quarteamento

 
O procedimento de quarteamento é feito com o intuito de reduzir a massa que
será utilizada e preparar as alíquotas para análise granulométrica, química,
mineralógica, peso específico, etc. Esses procedimentos devem ser feitos a seco e
podem ser realizados manualmente ou usando equipamentos de fácil entendimento,
mas que possuem muita relevância na coleta de amostras finais, com propriedades
parecidas da perspectiva estatística. A seguir estão descritos alguns exemplos dos
métodos mais usados no quarteamento de amostras de minério.

 
3.4.1 Pilhas Cônicas 

O quarteamento em pilhas cônicas é um dos métodos de amostragem mais


velhos. Esse método constitui-se em homogeneizar meticulosamente o material e
fazer uma pilha cônica. O intuito da formação de uma pilha cônica é obter uma pilha
onde a segregação deve ser simétrica em relação ao vértice do cone. Após o cone
ser terminado é achatado seu vértice para ajudar na divisão e o material é dividido

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em quatro porções ao longo de dois planos verticais que se cruzam no eixo
geométrico do cone. Duas frações são associadas diagonalmente e as outras duas
partes serão descartadas.
Se for necessária uma amostra menor, o processo é repetido. Esse método
também é conhecido como quarteamento em lona ou bancada e usado para
amostras com pequenas quantidades. 
Para minérios que são muito heterogêneos e possuem granulometria grossa
essa é a técnica menos apropriada, pois sua execução é generalizada em virtude da
simplicidade na sua realização, como mostra a Ilustração 5. 

Ilustração 5 – Representação do quarteamento em pilha cônica.

Fonte: AQUINO e OLIVEIRA (2010)

 
3.4.2 Pilhas Longitudinais 

As pilhas longitudinais são criadas retirando o material e o distribuindo por


toda extensão da linha sobre o chão ou lona. Para a formação da pilha tem que
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espalhar a primeira fração do minério da esquerda para direita, já a segunda, deve
ser espalhada em cima da primeira da direita para a esquerda e assim por diante.
No lote inicial, o tamanho do minério em cada fração que foi tomada, precisa ser o
bastante para se espalhar na pilha toda em velocidade contínua. O material formado
nas extremidades precisa ser recuperado e espalhado por toda a pilha de novo. 
Assim que for constituída a pilha terá que dividi-la em porções, valendo-se da
pá como medida de largura e precisam ser numerados. O quarteamento é realizado
criando duas pilhas novas com as seções intercaladas. A primeira deve tomar as
porções números pares e a outra, com números ímpares. Se for preciso, deve
refazer o procedimento com uma das pilhas. Na Ilustração 6 estão ilustradas as
fases de constituição da pilha longitudinal.

Ilustração 6 – Quarteamento e fases de constituição da pilha longitudinal.

Fonte: AQUINO e OLIVEIRA (2010)

3.4.3 Mesa Homogeneizadora/Divisora 

A mesa homogeneizadora ou divisora é uma calha vibratória, com vazão e


altura de descarga variável, que representa uma trajetória circular em cima de uma

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mesa que é impulsionada por um silo e ligada por um motovariador. Ainda, precisa
estar seca a amostra impulsionada no silo. 
A mesa homogeneizadora e divisora (Ilustração 7) possibilita a criação de
uma pilha circular, com seção triangular, que pode ser quarteada usando um
dispositivo formado por dois interceptores triangulares, articulados e reguláveis
através do escorregamento do seu apoio em um aro graduado, que pode ser posto
seja qual for a posição da mesa.

Ilustração 7 - Mesa homogeneizadora de amostra a cima e mesa divisora de


amostra em baixo.

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Fonte: AQUINO e OLIVEIRA (2010)

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