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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

Faculdade de Engenharia Química


Laboratório de Engenharia Química I - FEQUI31011

Experimento 3: Remoção do azul de metileno por fluidos de


adsorção

Autores: Bruno Viana, Julia Paulino, Julia Fator, Maria Clara Giampietro e Matheus
Alves.

Faculdade de Engenharia Química – Universidade.Federal de Uberlândia


Campus Santa Mônica - Bloco 1K, CEP: 00000-000, Uberlândia – MG -
Brasil
Telefone: (34) 3230-9534
E-mail: bruno.coimbra@ufu.br, julia.paulino@ufu.br, julia.fator@ufu.br.
maria.giampietro@ufu.br, matheus.alves1@ufu.br.

RESUMO – O presente relatório faz a análise da adsorção do azul de metileno a partir


da adição do corante com carvão ativado. O ensaio foi realizado quatro vezes, de forma
que fosse possível analisar como os parâmetros de granulometria do carvão,
concentração e tempo influenciam no experimento. Utilizando diferentes concentrações
no meio adsorvente, foi possível colher dados a respeito da absorbância do corante em
cada uma das amostras em um espectrofotômetro. Assim, as taxas de remoção do azul
de metileno da fase aquosa foram calculadas a partir da curva de calibração que
relaciona absorbância e concentração obtida pela linearização desses parâmetros, 𝐶 = 5,
819 ⋅ 𝑎𝑏𝑠 − 0, 0019, sendo 𝑎𝑏𝑠 a absorbância. Pode-se observar que a adição à solução
de azul de metileno de carvão ativado de menor granulometria, de 12x24 mesh, e em
maior quantidade, com 0,7g, promoveu maior adsorção do analito,

PALAVRAS-CHAVE: azul de metileno, carvão ativado, adsorção, remoção,


espectrofotometria, absorbância, concentração, granulometria.

Objetivos: Reduzir a concentração de azul de metileno da solução residuária utilizando


um adsorvente.

Uberlândia, 06 de Setembro de 2023 Nota: data de correção:.../.....


1. INTRODUÇÃO
Os primeiros anos do século XXI nos apresentam inúmeros desafios. Um deles
está relacionado ao avanço de tecnologias que buscam aprimorar o conforto e o
bem-estar da população, ao mesmo tempo em que se comprometem com a preservação
do meio ambiente. Como o segundo maior empregador na indústria de manufatura, o
setor têxtil desempenha um papel fundamental na produção em larga escala. Isso o torna
também um dos principais responsáveis pela geração de resíduos prejudiciais ao
ecossistema, enfrentando, assim, consideráveis desafios ambientais e de gestão de
recursos (SANDIN, G; PETERS, G, M 2018).

O azul de metileno, um corante catiônico, é utilizado em diversas aplicações


industriais, como o tingimento de lã, papel e algodão. Embora não seja tão tóxico
quanto os metais pesados, ainda pode representar riscos à saúde quando há exposição
aguda, tornando-se importante e necessário separá-lo e removê-lo quando necessário
(OLIVEIRA et al, 2013).

Além disso, foi possível analisar que a quantidade de carvão ativado na solução
influencia na diminuição da concentração do azul de metileno, podendo ser comprovado
através dos gráficos. Outro parâmetro que comprova essa conclusão é o cálculo da
porcentagem de remoção do azul de metileno, no qual é dado pela equação (1). Os
resultados obtidos se encontram nas tabelas 1 e 2.

Observou-se que a adição de 0,7 gramas de carvão ativado provoca a maior


remoção de azul de metileno da solução, enquanto a adição de 0,3 gramas de carvão
ativado provoca a menor redução da referida substância da solução. Tal fenômeno era
esperado, visto que uma maior quantidade da substância adsorvente estava presente,
sendo evidente que uma maior porção deveria ser adsorvida.

A adsorção é um processo fundamental na engenharia química, desempenhando


um papel essencial na remoção de poluentes orgânicos e inorgânicos de meios líquidos
e gasosos. Uma vez que os componentes adsorvidos concentram-se sobre a superfície
externa, quanto maior essa superfície externa por unidade de massa sólida, mais
favorável será a adsorção. Por isso, geralmente os adsorventes são sólidos com
partículas porosas. A espécie que se acumula na interface do material é normalmente
denominada de adsorvato ou adsorbato, e a superfície sólida na qual o adsorvato se
acumula chama-se adsorvente ou adsorbente.

Uma vez ativado, o carvão apresenta uma porosidade interna comparável a uma
rede de túneis que se bifurcam em canais menores e assim sucessivamente
(CLAUDINO, 2000). O carvão ativado é um excelente adsorvente para a remoção de
uma grande variedade de contaminantes a partir de matrizes diferentes. Suas vantagens
derivam principalmente da grande área de superfície. O carvão ativado é caro o que
limita seu largo pedido (IOANNIDOU, 2007).

A importância desse estudo não se limita apenas à purificação de águas residuais


industriais, mas também se estende à proteção da saúde humana e do ecossistema
aquático. A compreensão aprofundada da adsorção do azul de metileno e o
desenvolvimento de materiais adsorventes eficazes podem contribuir significativamente
para a redução dos impactos negativos desse poluente na qualidade da água e,
consequentemente, na preservação do meio ambiente.
2. MATERIAIS UTILIZADOS
Para a realização deste experimento utilizou-se os seguintes materiais:

● Solução de azul de metileno 10mg/L;


● Carvão ativado de Coco (100%): Granulometria: 8x16 Mesh;
● Carvão ativado de Coco (100%): Granulometria: 12x24 Mesh;
● Espectrofotômetro UV/VIS: Marca: PG instruments; Modelo: T70; Faixa
fotométrica: -0,3 - 0,3 Abs; Precisão fotométrica : 0,002A (0 - 0,5A); 0,004A
(0,5 - 1,0A)- 664nm;
● Balança: Marca: Marte; Modelo: BL3200H; Precisão: ± 0,01g;
● Agitador magnético: Marca: IKA;
● Cronômetro. Precisão: ± 0,01s;
● Béqueres, pipeta, vidro de relógio e cubetas de vidro.

Imagem 1: carvão ativado de coco (100%)- 8x16 mesh.

Imagem 2: agitador metálico com a solução de azul de metileno e carvão ativado.


3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
No decorrer deste experimento, dois tipos de carvão ativado foram utilizados, cada
um com uma granulometria diferente, a fim de investigar sua capacidade de adsorção
em relação a uma solução de azul de metileno. Por isso, adicionou-se 50ml de solução
de azul de metileno (10mg/L) em um béquer. Em seguida, com o suporte do vidro de
relógio, pesou-se 0,3g de carvão ativado. Transferiu-se o conteúdo pesado diretamente
para o béquer de solução, já posicionado sobre o agitador magnético. Assim, foi
iniciada a agitação juntamente com o acionamento do cronômetro.

Ao marcar 5 minutos, retirou-se uma amostra da solução com uma pipeta,


transferindo-a para um béquer menor referente a essa marca de tempo. Este processo foi
repetido nas marcas de 10, 15 e 20 minutos, resultando em 4 amostras de
aproximadamente 4 ml para uma posterior análise de uma possível influência do tempo
na adsorção. 5. As 4 amostras foram transferidas para cubetas de vidro, tomando
cuidado ao manuseá-las para que não houvesse ofuscamento das facetas por onde passa
o feixe de luz do espectrofotômetro.

Em sequência, as amostras contidas nas cubetas foram alocadas no interior do


espectrofotômetro. Uma outra cubeta de vidro sem a presença do analito também foi
posicionada no aparelho, se tornando então o branco do sistema, o 0 ótico. Iniciou-se
então, através do painel do espectrofotômetro, a medição das absorbâncias de cada
amostra, sendo possível registrar esses valores em tabelas para os 4 intervalos de tempo.

Posteriormente, realizou-se o mesmo experimento com 0,7g de carvão ativado


tanto para a granulometria de 12x24 Mesh quanto para a granulometria de 8x16 Mesh.

4. TRATAMENTO DOS DADOS


Dados obtidos experimentalmente da remoção do azul de metileno com o carvão
ativado em diferentes granulometrias.

Concentração Remoção do
Carvão Tempo (min) Absorbância
(mg/L) analito (%)

5 0,723 4,205 57,95

0,3 g com granulometria de 12x24 10 0,588 3,420 65,8


mesh 15 0,433 2,518 74,82
20 0,318 1,849 81,51
5 0,449 2,611 73,89

0,7 g com granulometria de 12x24 10 0,278 1,616 83,84


mesh 15 0,154 0,894 91,06
20 0,131 0,76 92,4

Tabela 1: Dados obtidos experimentalmente em função tempo e absorbância.


Concentração Remoção do
Carvão Tempo (min) Absorbância
(mg/L) analito (%)
5 0,835 4,857 51,43
10 0,713 4,147 58,53
0,3 g com granulometria de 8x16 mesh
15 0,647 3,763 62,37
20 0,538 3,071 69,29
5 0,486 2,826 71,74
10 0,281 1,633 83,67
0,7 g com granulometria de 8x16 mesh
15 0,17 0,987 90,13
20 0,133 0,772 92,28

Tabela 2: Dados obtidos experimentalmente em função tempo e absorbância.

5. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


Iniciou-se o experimento com a curva de calibração fornecida pelo laboratório
de análise, na qual utilizou-se um espectrofotômetro com comprimento de onda de 664
nm para realizá-la.

𝐶𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 (𝑚𝑔/𝐿) = 5,819α − 0, 0019

Durante a realização do experimento foi possível coletar amostras para a leitura


das suas respectivas absorbâncias. Sendo assim, com a equação fornecida e explicitada
acima, calculou-se as concentrações, nas quais são apresentadas nas tabelas 1 e 2. Com
essas informações, plotou-se os gráficos de concentração em função do tempo da
remoção do azul de metileno com carvão ativado em diferentes concentrações e
granulometrias.

Gráfico 1: Tempo x concentração do azul de metileno (0,3 g/ 12x24 mesh).


Gráfico 2: Tempo x concentração do azul de metileno (0,7 g/ 12x24 mesh).

Gráfico 3: Tempo x concentração do azul de metileno (0,3 g/ 8x16 mesh).

Gráfico 4: Tempo x concentração do azul de metileno (0,7 g/ 8x16 mesh).


Observando os gráficos, notou-se um decaimento da concentração do analito
com o passar do tempo. Pode-se observar que o carvão com granulometria de 12x24
mesh removeu mais o azul de metileno em um menor espaço de tempo, comparado a
8x16 mesh. Isso se deve ao seu menor tamanho, o qual possui uma maior superfície de
contato, facilitando assim a adsorção do analito.

Além disso, foi possível analisar que a quantidade de carvão ativado na solução
influencia na diminuição da concentração do azul de metileno, podendo ser comprovado
através dos gráficos. Outro parâmetro que comprova essa conclusão é o cálculo da
porcentagem de remoção do azul de metileno, no qual é dado pela equação (1). Os
resultados obtidos se encontram nas tabelas 1 e 2.

Observou-se que a adição de 0,7 gramas de carvão ativado provoca a maior


remoção de azul de metileno da solução, enquanto a adição de 0,3 gramas de carvão
ativado provoca a menor redução da referida substância da solução. Tal fenômeno era
esperado, visto que uma maior quantidade da substância adsorvente estava presente,
sendo evidente que uma maior porção deveria ser adsorvida.

Ademais, erros experimentais, tais como a velocidade de rotação do ímã no


interior do béquer, o manuseio no espectrofotômetro e erros instrumentais, podem ter
contribuído para a distorção dos resultados da remoção do azul de metileno.

Desta forma, a granulometria e a quantidade do carvão ativado são parâmetros


importantes na escolha do adsorvente. Através dos dados experimentais, constatou-se
que o carvão com granulometria 12x24 mesh e em 0,7 gramas apresentou uma maior
remoção da concentração do azul de metileno da solução em um curto espaço de tempo.

6. CONCLUSÃO
Diante dos resultados acima, nota-se que os resultados experimentais estão dentro
dos parâmetros esperados, nos quais os percentuais de remoção de analito foram mais
eficientes quando utilizadas amostras de carvão com um diâmetro de partícula menor,
de 12x24 mesh, devido a maior superfície de contato, facilitando a adsorção.

Além disso, a quantidade de carvão também influenciou a adsorção do azul de


metileno, pois quanto mais analito na solução, maior seria a adsorção do corante. Isso
foi demonstrado nas tabelas e gráficos acima, no qual a concentração de azul de
metileno era maior nas amostras com carvão com a granulometria maior, de 8x16 mesh,
e menores nas de 12x24 mesh, e, consequentemente, a porcentagem de remoção do
analito eram menores quanto maior o diâmetro da partícula de carvão ativado.

MEMÓRIA DE CÁLCULO
A fórmula utilizada para o cálculo da porcentagem de remoção do azul de metileno.

𝐶°−𝐶𝑡
𝑅𝑒𝑚𝑜çã𝑜 = 𝐶°
(1)
𝐶𝑜: Concentração inicial da solução de azul de metileno. (mg/L)

𝐶𝑡: Concentração final da solução de azul de metileno. (mg/L)

REFERÊNCIAS
O. Ioannidou, A. Zabaniotou, Agricultural residues as precursors for activated carbon
production-a review, Renew. Sustain. Energy Rev. 11 (2007) 1966 – 2005.

Claudino, A.; Minozzo, A. P.; Projeto de uma Indústria de Carvão Ativado. Trabalho
Referente à Disciplina de Projetos, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, p. 6-7,
Toledo, 2000.

OLIVEIRA, S. P. et al. Avaliação da capacidade de adsorção do corante azul de


metileno em soluções aquosas em caulinita natural e intercalada com acetato de
potássio. Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2013

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