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RELATÓRIO DE CAMPO

DISCIPLINA DE GEOLOGIA DE DEPÓSITOS


PROF. ALEXANDRE CABRAL

Aluno: Carlos Alberto Del Poente Junior

O trabalho de campo foi realizado entre as datas de 27 de setembro até o dia 30 do


mesmo mês e nos dias 4 e 5 de outubro, nas regiões próximas às cidades de Diamantina/MG e
Ouro Preto/MG, respectivamente. A campanha, elaborada pelo professor da disciplina, teve o
objetivo de desenvolver técnicas de observação e ampliar os conhecimentos em relação à
formação de depósitos e a como identifica-los em meio a geologia local, além de aumentar a
experiência de campo para entender melhor os acontecimentos, fraturas entre outros
importantes fatores geológicos presentes nas regiões visitadas na expedição.

1º Ponto- Gouveia

Na região de Diamantina, especificamente no município de Gouveia,- coordenadas 18°26’11’’ S


e 43°44’19’’W e altitude 1136m- é observado um ponto, próximo à uma grande quebra de relevo,
trata-se de um afloramento com uma rocha encaixante quartzosa com a presença de um veio
de cristais sem alinhamento preferencial com uma largura média de 30 cm. Estes cristais
possuem habito tabular, no mínimo dois planos de clivagem e uma dureza atestada em campo
de aproximadamente 3, o que permite concluir que muito provavelmente trata-se do mineral
barita (Atitude medida do veio de Barita: 183/79).

Na rocha encaixante, uma rocha quartzosa, ficou evidente o contraste entre a rocha
muito compacta e a mesma bastante foliada, o que indica uma zona de falha, de maior pressão
(Atitude da foliação: 110/78).Isso posto, como a caulinita não se tornou pirofilita, temos um forte
indicativo que a temperatura de formação não foi superior a 300 ºC e além disso a presença da
Barita e do veio de quartzo indicam uma enorme quantidade de fluídos, o que leva a formulação
da hipótese de que a região analisada foi uma zona de encontro de fluídos, um reduzido,
carregando bário e outro oxidado contendo sulfatos. Na figura a seguir está o ponto observado.

Figura 1- Quartizito com veio de Barita


Lavra Lavrinha

Antiga lavra de diamante -situada nas coordenadas 18°14’59’’S e 43°41’01’’W-.

O Supergrupo Espinhaço encontrado na região é representado por espessas sequências de


quartzitos, aos quais se intercalam filitos e o Conglomerado Sopa, todos metamorfizados nas
fácies xisto verde baixo, permitindo assim a preservação das estruturas sedimentares e outros
atributos originais das rochas (Chaves,2002).

A primeira rocha identificada como um filito alvacento (Atitude: 87/35). Percebe-se


claramente o contato filito com o quartzito, bem delimitado por um veio de quartzo. No quartzito
surgem bolsões de material branco com minerais negros especulares. A presença de caulinita
(alumínio) em bolsões, conjugada com hematita especular (centimétrica a milimétrica) indica um
fluido oxidante de pH ácido (2 a 3), o que leva a entender que houve um processo de caulinização
no filito, o que compõe um provável ambiente favorável a precipitação do ouro. Também em meio
ao quartizito nota-se um halo de 50 centímetros de espessura, resultado de alteração
hidrotermal, evidenciada pela presença de hematitização e de uma vênula centimétrica de
hematita. É evidente a presença de sequências sedimentares depositadas por água, material
grosseiro em profundidade e acamamento de material fino em superfície, dando origem a
estratificações cruzadas. Também é importante frisar que estes Filitos presentes

Por fim observa-se que a presença de metaconglomerados com clasto-suportado de


tamanho seixo a matacão, também é possível conferir que há seixos de filito hematítico, filito e
quartizito, alguns em forma de gota, evidenciando a presença de materiais moles, Ao avaliar um
dos metaconglomerados lateralmente percebe-se foliações subverticais e subperpendiculares
não só indicando um dobramento de escala regional, mas também uma estrutura, trata-se da
região de charneira da dobra. Para observação, abaixo estão as figuras do metaconglomerado
clasto-suportado e um mapa da Craton do São Francisco e a estratigrafia que o sustenta.

Figura 2- Metaconglomerado Lavrinha Figura 3 – Distribuição Geográfica Serra do


Espinhaço
Garimpo Das Mil Oitavas

Antiga lavra de ouro, que se localiza nas coordenadas 18 °13’46,3’’S e 43°37’17,9’’W,


próximo ao município de Diamantina, e que, possui um nome característico, pois naquela época
se mensurava a quantidade de minério em Oitavas, uma oitava era equivalente a 1,793 kg.

Para lavragem a passagem de água foi feita em talho aberto, sendo a encaixante um
filito com fragmentos de hematita e também de mica. Este filito apresenta um aspecto friável
facilmente lavrável, por esse motivo esse garimpo foi muito explorado entre no século XVllll .

A presença de hematita é um indicativo de potássio, também observa-se que existe uma


cascalheira de quartzo, evidenciando a formação de um veio o que foi determinante para a
argilização do filito, além de que é possível verificar que na frente de lavra existem cristais bem
formados, o que leva a crê que houve durante muito tempo passagem de fluido hidrotermal, para
formar estes processos. Nota-se o acontecimento de uma falha dúctil subvertical, com
deformação plástica e consequente recristalização dos minerais, evidenciada pela diferença
entre as direções das foliações (Atitudes das foliações: 153/65 e 173/65).

Serra do Pasmar

A serra do Pasmar deveria ser considerada um patrimônio geológico presente em terras


mineiras. Localizada nas coordenadas 18º17´30´´S e 43°44’12’’W com altitude de 1281m, nela
é possível encontrar pinturas rupestres deixadas, talvez como ensinamentos, pelos
antepassados de 5 a 6 mil anos atrás para as próximas gerações.

Nas observações geológicas, é possível verificar que a serra é composta por um


quartizito muito limpo e de granulação fina, além da estratificação cruzada evidente, o que leva
a entender que no passado, mas precisamente na era Paleproterozoica, aquela região era um
ambiente desértico e extremamente eólico. Analisando a estrutura de cross-beding é possível
verificar a direção dos ventos moldaram a Serra desta forma.

Figura 4- Serra do Pasmar Figura 5- Pintura Rupestre


Morro do Cruzeiro
Localizado nas coordenadas 18°35´49´´S e 43°22´38´´W, observa-se que há presença
de rocha intemperizada e já argilizada, muito provavelmente um filito ocre, associado com
porfiroblastos de um material avermelhado e de face estriada. Mudando de localização vê-se um
solo com presença de veios de seixos, evidenciando possível transporte. Nele um material negro
efervescente ao contato com peróxido de hidrogênio, o que indica a presença de mangânes que
deve ser proveniente da rocha mãe. Em seguida há presença de rocha esverdeada com feições
brancas de talco hidrolizado de magnésio. Na rocha, ao executar o teste do imã, evidencia-se a
presença de magnetita, se tratando então de uma magnetita talco xisto. Analisando a encaixante,
trata-se de uma rocha ultramáfica com minerais ricos em magnésio e resistentes ao
intemperismo, grupo da olivina. A presença da turmalina indica interação com fluído crustal
contendo boro e como trata-se de um magma ultramáfico tem-se altos teores de cromo tornando
provável a presença de cromita ou dos elementos do grupo da platina.

Ao analisar um bloco nota-se o contato entre a encaixante e o magma ultramáfico, onde


foram formadas turmalinas sem orientação preferencial evidenciando o origem pós tectônica. Em
outro fragmento encontrou-se cammerita, com aspecto equigranular e densa, indicando
alteração hidrotermal por flúido rico em cromo. Além dos pontos detalhados acima, nos outros
pontos algumas informações também se destacaram. Como no ponto 2 que em um bloco
desmontado notou-se manchas laranja avermelhadas, sendo que em uma delas via-se um
mineral de seção quadrada, provavelmente uma pirita, além da presença de veios de
preenchimento, devido a cismos, evidenciando o acontcimento do fenômeno do flash
vaporization.

Mina du Veloso

Localizada na serra de Ouro Preto, sendo abrigada preponderantemente por rochas da


Formação Cauê, e secundariamente por filitos da Formação Batatal. Dentro da mina é visto que
a rocha encaixante é um Itabirito fitato, com folheação bem definida, proveniente da deformação
sofrida, a rocha apresenta uma lineação de interdição orientada na mesma direção do corpo
mineral composto por quartzo, goethita -evidenciada pela coloração ocre-, o corpo mineralizado
tem uma largura de 18 à 50cm visível, e tem um aspecto brechado. Também é observado que
há um mineral secundário presente no filão estudado, este mineral é um arsenato de ferro
hidratado que está presente na capa da mina, oque evidencia que provavelmente houve um
deposito aurífero naquela área.

Caminhando em outra direção dentro da mina, observa-se que há existência de um


enorme veio de quartzo maciço, por onde provavelmente passou, no passado, mil vezes esse
volume em fluido, além do veio de quartzo também são vistos domínios negros, com presença
de manganês, e partes alvacentas desorientadas e desalinhadas. Pode-se concluir que, no
passado, nesta área houve uma grande zona de alteração hidrotermal rico em carbono e
manganês.

Figura 6- Itabirito fitado Figura 7- Itabirito argiloso hematitico


Observações

Além dos pontos detalhados acima, nos outros pontos algumas informações também se
destacaram. Como no segundo ponto visitado, que é localizado em Gouveia, onde em um bloco
desmontado notou-se manchas laranja avermelhadas, sendo que em uma delas via-se um
mineral de seção quadrada, provavelmente uma pirita, além da presença de veios de
preenchimento, devido a cismos, evidenciando o acontecimento do fenômeno da flash
vaporization.

Conclusões

O trabalho de campo é essencial para entender e observar como são constituídos os


depósitos e como se deu a gênese destes, além dos pontos visitados e explicados neste relatório,
o professor Alexandre nos guiou em áreas onde já houveram histórico de mineração, desde a
época colonial até tempos recentes, contudo, também compartilhou dos seus conhecimentos e
nos trouxe muitas informações relevantes para nossa vida como engenheiros que não
aprendemos dentro de sala de aula. Cabe o meu agradecimento ao professor, pela experiência
que nos foi concedida.

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