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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS

Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais

CARLOS ALBERTO DEL POENTE JUNIOR


FABIO CASTELLAN PINTO
GEOVANI SILVA PINHEIRO
IGOR CESAR GONZAGA SALGADO
LUCAS BERNARDES MATOS

MINA DE BRUCUTU – VALE S.A.

Belo Horizonte
2022

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3

2. METODOLOGIA ............................................................................................. 4

3. DISCUSSÃO DE RESULTADOS ................................................................... 4

3.1. Contexto da Mina.............................................................................................. 4

3.2. Características dos Minérios de Ferro presentes na Mina de Brucutu ....... 4

3.3. Operação da Mina ............................................................................................ 4

3.3. Estudo de Caso .................................................................................................. 4

4. CONCLUSÃO ................................................................................................. 14

5. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 15

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1. INTRODUÇÃO

No Brasil, uma das instituições que organiza o ranking das maiores empresas que atuam
no país é a revista Valor Econômico. Em 2014, foram listadas 1.000 corporações que tiveram
como destaque a receita líquida dos empreendimentos. No setor de metalurgia e mineração
sobressaíram as empresas Vale, Gerdau, CSN, ArcelorMittal, Usiminas e Samarco. Ao todo,
foram listadas 61 empresas de metalurgia e mineração e a empresa Vale apareceu em segundo
lugar geral, localizando-se atrás apenas da estatal brasileira Petrobras (VALOR ECONÔMICO,
2015).
A Vale é responsável por desenvolver uma das principais atividades econômicas do país
e a mineração, ao destacar-se como uma importante indústria de base, pode ser vulnerável às
oscilações do mercado financeiro mundial. De acordo com o Diretor-Executivo de Finanças e
Relações com Investidores da Vale, houve uma inclinação acentuada do preço das commodities
no último ano, ao longo dos anos 2013/2014, a queda correspondeu a 28%. Apesar de apresentar
mais um recorde na produção do minério de ferro no último ano (331,6 milhões de tonelada de
minério de ferro), compradores importantes como China e Índia diminuíram suas demandas
devido à desaceleração da economia mundial (SIANI, 2013).
No estado de Minas Gerais, a empresa Vale S.A possui mais de 20 minas a céu aberto.
Localizadas em 15 municípios, estas minas estão divididas em dois sistemas operacionais:
sudeste e sul. Juntos, eles correspondem a mais de 60% da produção de minério de ferro da
empresa, o que equivale a aproximadamente 200 milhões de toneladas de minério de ferro por
ano. O Sistema Ferrosos Sudeste é formado pelos complexos: Itabira (Cauê, Conceição e Minas
do Meio), Minas Centrais (Água Limpa, Gongo Soco e Brucutu) e Mariana (Alegria, Fábrica
Nova e Fazendão). O Sistema Ferrosos Sul é formado pelos complexos: Paraopeba (Jangada,
Córrego do Feijão, Capão Xavier e Mar Azul), Vargem Grande (Abóboras, Capitão do Mato e
Tamanduá) e Itabiritos (Segredo, João Pereira, Sapecado e Galinheiro). Em Minas Gerais
existem mais de 56 mil trabalhadores, entre próprios e terceiros, o que representa 39% do
efetivo da empresa no Brasil.
A mina Brucutu está localizada na parte central do estado de Minas Gerais, no município
de São Gonçalo do Rio Abaixo, região nordeste do Quadrilátero Ferrífero (entre as coordenadas
geográficas 19°53´S e 43°22`W). Distante 89 km da capital mineira, o município faz parte da
sub-bacia do Rio Piracicaba – Bacia Hidrográfica do Rio Doce.

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Figura 1: Mapa de Localização da Mina de Brucutu

Atualmente, existem na mina Brucutu duas instalações de tratamento de minério: uma


instalação a seco, que beneficia o minério hematítico (com teor médio de ferro de 62,73%) e
uma planta de concentração a úmido para minérios itabiríticos (com teor médio de ferro de
48,61%). O escoamento da produção é realizado por um ramal ferroviário que liga o complexo
minerário à Estrada de Ferro Vitória Minas (EFVM) e realiza o transporte do minério de ferro
até o Porto de Tubarão, localizado no município de Vitória/ Espírito Santo (BATISTA, 2011,
p. 06).

2. METODOLOGIA
O relatório foi construído, principalmente, a partir de materiais fornecidos pela empresa
Vale S.A. em relação a Mina de Brucutu, entre outras fontes de apoio. Foram coletadas as
principais informações sobre o empreendimento e apresentadas da melhor forma neste
documento.

3. DISCUSSÃO DE RESULTADOS

3.1. Contexto da Mina


O ferro é um dos elementos mais abundantes e importantes na crosta terrestre, sendo nas
formações ferríferas, compostas de hematita e sílica, onde são encontrados os maiores depósitos
de ferro. No Brasil a produção de minério de ferro é realizada em minas a céu aberto e para a Vale
este é o principal produto de exportação.

Localizada em São Gonçalo do Rio Abaixo, no estado de Minas Gerais, o complexo mina
do Brucutu engloba 3 áreas, sendo estas: Brucutu I, II e III. Brucutu, como já dito previamente, é
a maior mina da Vale no sistema Sudeste – que conta ainda com as minas de Gongo Soco, Água
Limpa e Andrade. A mina foi descrita durante muitos anos como a “menina dos olhos” da Vale,
pois com quase nove mil quilômetros de extensão e mais de dois mil funcionários a mina possui
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uma reserva provada de 737 milhões de toneladas.

Figura 2: Mina de Brucutu (Fonte: Vale)

Para melhor compreensão do contexto inserido, de acordo com Silva (2007), é no


município de São Gonçalo do Rio Acima que se situa a Serra do Tamanduá, em que se têm como
aspecto de alta relevância as importantes jazidas de minério de ferro, além de ser uma referência
paisagística da cidade. A Serra do Tamanduá possui uma grande importância econômica com uma
superfície topograficamente elevada, com altitudes que alcançam 1100 metros, sustentada
basicamente por rochas ricas em minério de ferro, fato que propôs a instalação de uma das maiores
minas da Companhia Vale, a mina de Brucutu. A jazida de minério de ferro de Brucutu, está
situada ao nordeste do Quadrilátero Ferrífero, próximo à cidade de São Gonçalo do Rio Abaixo,
a aproximadamente 75 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Pode-se visualizar na figura 2 o
mapa de localização da mina do Brucutu.

Figura 3 – Mapa de Localização da mina de Brucutu (Fonte: Vale apud Arroyo, 2014)

A mina foi inaugurada em 2006 e já no início da sua operação era considerada a mina com
maior capacidade inicial de produção em todo o mundo, com projeções para 30 milhões de
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toneladas de minério de ferro anuais. Para implantação do Projeto Brucutu, a Vale investiu cerca
de US$ 1,1 bilhão. A Mina possui entre as suas vantagens competitivas o baixo custo de produção
e a excelente qualidade do minério extraído. Segundo Lisboa (2018), a produção inicial foi de
7,75 milhões de toneladas por ano de minério de ferro, em suas duas plantas de beneficiamento,
já em 2007 a produção aumentou consideravelmente para 21,9 milhões de toneladas por ano de
minério. Nos dias atuais estima-se que esse valor dobrou, variando entre 50 e 57 milhões de
toneladas de minério produzidas por ano. Com a implantação do projeto “Cava da Divisa” que
avançará sentido Barão de Cocais e acrescentará ao empreendimento mais 20 anos de exploração,
irá dessa forma estender a vida útil da mina até 2040 e acrescentará 15 milhões de toneladas de
minério produzidas por ano, atingindo cerca de 70 milhões de toneladas anuais de minério
produzidas. O método de lavra empregado na mina é o de lavra por bancadas e a relação
estéril/minério de Brucutu é dita como uma das melhores dentre as minas sob gestão da Vale
sendo de 0,4 tonelada de estéril para cada tonelada de minério extraído, sendo este índice uma das
características presentes na mina que justifica o baixo custo de produção.
Em Brucutu são comercializados os produtos granulados, pellet feed e sinter feed. Como
uma forma de diminuir os rejeitos nas barragens a Vale também produz areia sustentável. O jornal
Estado de Minas, publicou em novembro de 2021, que no mesmo ano empresa investiu cerca de
50 milhões de reais em tecnologia para realizar a filtragem dos rejeitos e produziu, até o momento,
250 mil toneladas de areia sustentável, essa areia é destinada para ser utilizada na indústria de
construção civil, além de ajudar no descomissionamento das barragens presentes na mina de
Brucutu. A mina funciona 24 horas por dia, em três turnos de trabalho, cada turno possui 8 horas
de duração. Para escoamento do produto a Vale conta com uma malha ferroviária com extensão
de 905 quilômetros, a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). Em 18 de maio de 1904 a
ferrovia foi inaugurada e na década de 40 foi incorporada ao sistema logístico da Vale. A EFVM
interliga a Região Metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, a Belo Horizonte, capital do estado
de Minas Gerais. A produção de Brucutu é destinada 100% para exportação, sendo o principal
destino a China. Segundo dados publicados no portal G1, em março de 2011, cada vagão leva, em
média, um minuto para ser carregado. Por dia, são abastecidos cerca de 2 mil vagões, com
capacidade média de 80 toneladas.
3.2 Características dos Minérios de Ferro presentes na Mina de Brucutu
Segundo Lisboa (2018) as principais litologias presentes na geologia local da mina de
Brucutu, resultados estes provenientes de levantamentos realizados por meio de trabalhos de
mapeamento e caracterização mineralógica, são: Itabiritos Friáveis e Compacto, Hematita Friável,
Itabirito Goethítico, Hematita Goethítica, Canga, Itabirito Manganesífero, Itabirito Aluminoso,
Hematita Aluminosa, Itabirito Anfibolítico e Hematita Anfibolítica. Dentre as litologias presentes
as mais representativas são: Itabirito Friável, Hematita Friável e Canga. Na figura 4 é notável que
a litologia predominante da região é Itabirito Friável com cerca de 76% (Arroyo, 2014).

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Figura 4 - Cubagem total dos tipos litológicos - Mina de Brucutu - Cava final (Fonte: Arroyo, 2014)

A formação ferrífera presente na mina está capeada por solo e canga que podem atingir
espessuras de até 50 metros (solo) e 20 metros de (canga). Os teores de ferro total são mais
elevados nas tipologias compactas e nas tipologias compactas porosas os teores de FeO são
relativamente mais baixos, (Arroyo, 2014).

3.3 Operação da Mina

O dimensionamento de equipamentos de lavra é definido como o processo para a seleção


e compatibilização de equipamentos de escavação, carga e transporte dentro de um
empreendimento mineiro seguindo uma estratégia previamente estabelecida pela equipe
responsável. O processo deve atender aos objetivos estabelecidos pelo curto, médio e longo
prazo, dessa forma, maximizando o valor econômico da empresa, mas muitas vezes afetado por
restrições técnicas, operacionais e de segurança. Em função dessas restrições e condicionantes,
dimensionamento de equipamentos e frotas deve ser revisado periodicamente.

Entre os aspectos que devem ser sistematicamente verificados, estão: os tempos de ciclo,
as condições operacionais, consumos de peças e combustível, vida útil dos equipamentos, os
fatores mecânicos, a depreciação, dentre outros (MARTINS, A. G, 2013). O dimensionamento
de equipamentos está baseado em um processo de seleção e compatibilização dos equipamentos
para a movimentação do material mineralizado e estéril dentro do empreendimento, criado a
partir das características dos equipamentos, das condições operacionais e do projeto da lavra no
tocante a produção anual planejada.

As etapas envolvidas são normalmente sequenciais e após a decisão sobre os tipos e o


porte destes equipamentos a serem utilizados no empreendimento, compreendem a
determinação do número (quantidade) e o custo destes, a criação de planos de produção,
contendo as descrições das atividades específicas a serem executadas. Existem diversos
exemplos de minas a céu aberto, onde não existe um dimensionamento adequado em relação ao
porte da operação e tamanho de equipamentos de mineração. A falta de harmonização dessa
relação gera em muitos casos desperdício, diminuição de produtividade e consequentemente
aumento de custos operacionais e capitais.

Uma falha no dimensionamento dos equipamentos pode levar a empresa a superestimar


ou subestimar os equipamentos necessários, ou seja, diminuir a previsibilidade de toda a
operação e seus derivados. Esse não é o caso da menina dos olhos da Vale, apelido deferido em
função do seu enorme potencial, a qual recebeu um investimento bilionário e por consequência
não pode apresentar tamanha variação na produtividade do ativo, apesar de que a empresa faz
pesquisa geológica para descobrir se há mais minério a lavrar em Brucutu. Se houver mercado,
poderá ampliar a planta, que já está, inclusive, preparada para uma nova expansão.

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A frota da Mina de Brucutu, de acordo com dados da própria empresa Vale, conta com os
seguintes equipamentos:

Equipamentos Carregamento e Transporte Mina de Brucutu


26 Caminhões basculantes
14 Caminhões guindauto
13 Caminhões fora de estrada Cat® 793F de 240 toneladas
10 Caminhões comboio adaptados para abastecimento e lubrificação
9 Escavadeiras
8 Tratores de esteira
5 Caminhões pipa
5 Motoniveladoras
4 Caminhões de pequeno porte atendimento elétrica de rede
3 Perfuratrizes grande porte
3 Caminhões de pequeno porte para transporte de explosivos
2 Retroescavadeiras
2 Carretas para transporte de equipamentos
1 Trator de pneu

Tabela 1 – Equipamentos de carregamento e transporte da mina de Brucutu. (Fonte: Vale)

Figura 5: Caminhão fora de estrada autônomo Caterpillar. (Fonte: Vale)

De acordo com informações da Vale (2021), a mina de Brucutu é uma das maiores minas
da empresa no mundo, e também a primeira mina autônoma do Brasil, utilizando os veículos
autônomos em toda sua operação. Os caminhões autônomos são fornecidos pela empresa
Caterpillar e trafegam sem que haja operador dentro da cabine, identificando com precisão o
ambiente ao redor por meio de radar. A comunicação com a sala de controle e com outros
equipamentos é feita via wireless.

Esses equipamentos representam maior segurança e eficiência além de operarem em


ciclos otimizados, aumentam a vida útil do pneu em cerca de 25%, levando a um menor descarte
de resíduos. O aumento da vida útil dos motores também foi de 25%, o que gera uma redução
de custo significativa para a empresa. Também estima-se que o consumo de combustível e os
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custos de manutenção são reduzidos em 10%. (Valor Econômico, 2022)

A tecnologia utilizada nos caminhões consegue identificar obstáculos e mudanças que


não estavam previstas no trajeto determinado pelo centro de controle. Ao detectar riscos, os
equipamentos paralisam suas operações até que o caminho volte a ser liberado. O sistema de
segurança é capaz de detectar tanto objetos de maior porte como grandes rochas e outros
caminhões até seres humanos que estejam nas imediações da via (Brasil Mineral, 2018). É
importante ressaltar que, em razão dessa tecnologia que possuem os veículos autônomos,
nenhum acidente foi causado pelos equipamentos envolvendo pessoas desde a implantação
desse método, e situações como tombamentos e colisões foram eliminadas.

Ainda de acordo com informações da empresa, a transição dos veículos tripulados de


Brucutu para modelos autônomos é um projeto pioneiro da Vale no Brasil, iniciado em 2016 e
integralmente concluído em 2019, essa inovação fez com que, já no final de 2018, aumentasse
o volume do minério transportado na mina em 26%, a quantidade de carga movimentada passou
de 853 para 866 toneladas/hora, com a velocidade média dos caminhões saltando de 22,9 para
23,9 km/h. Os dados da empresa do mesmo ano ainda informam que a mina produziu 40,2
milhões de toneladas minério/ano. Hoje, 2022, estima-se que esse número tenha aumentado
significativamente.

Figura 6: Minério da mina de Brucutu. (Fonte: Vale)

As máquinas autônomas escolhem os melhores caminhos a partir de inteligência


artificial, e executam as atividades designadas de maneira muito eficiente. O sistema de
despacho funciona de forma integrada, e fazem a captação de dados de produtividade e
manutenção em tempo real, tudo isso com rotinas e manutenções programadas. Dessa forma,
os operadores ao invés de controlarem as máquinas, ficam na sala de comando visualizando se
está tudo nos conformes e fazendo as modificações necessárias para que o sistema possa operar
da maneira adequada. A consequência dessa operação, como já foi destacado anteriormente, é
o aumento de produtividade e segurança, elevando lucros e evitando acidentes, que muitas vezes
podem ser fatais (Geoscan, 2020).

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Figura 7: Caminhão autônomo sendo controlado por operador em sala de controle (Fonte: Arquivo interno do
autor).

3.4 Estudo de Caso

ESTUDO PRELIMINAR DA INFLUÊNCIA DO PORTE DE VEÍCULOS DE


CARREGAMENTO E TRANSPORTE NOS CUSTOS OPERACIONAIS DE MINAS A
CÉU ABERTO. Augusto Ribeiro Lages (Dezembro 2018)

No trabalho de Lages (2018), os principais objetivos eram;


• Discorrer brevemente sobre as operações unitárias de lavra.
• Descrever a atual conjuntura dos equipamentos de carregamento e transporte, bem como
a evolução de seus principais equipamentos na lavra a céu aberto ao longo do tempo.
• Realizar um estudo de dimensionamento de frota de caminhões e escavadeiras hidráulicas
com diferentes capacidades e comparar os principais custos operacionais envolvidos.
• Discutir como o aumento da capacidade dos equipamentos de carregamento e transporte
foi fundamental para a viabilização de novos empreendimentos em todo o mundo.

Nesse estudo de caso, é evidenciado o estudo de dimensionamento de frota e os


comparativos de custos envolvidos que foi realizado sobre a mina de Brucutu. É importante
ressaltar que a análise é fundamentalmente comparativa. A metodologia utilizada consiste de um
dimensionamento simplificado, e uma análise econômica a nível de FEL 1. A metodologia não
considera algumas variáveis avançadas de dimensionamento, como; fator de enchimento da
caçamba, fator de empolamento do material, entre outros. Também não são considerados fatores
limitantes para o dimensionamento, tais como restrições físicas e operacionais da mina, como
geometria da bancada, resistência ao rolamento, resistência de rampa, etc. Com relação aos custos
operacionais, os principais foram analisados, embora outros custos relevantes não foram
contemplados, como por exemplo, custo de manutenção planejada dos veículos de carregamento
e transporte.

Os dados que serviram como base de cálculo para o dimensionamento e para a análise
econômica são apresentados;

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Tabela 2: Tabela de Inputs - Dados gerais

Tabela 3: Tabela de Inputs - Movimentação de mina e velocidades de tráfego de caminhões

Tabela 4: Tabela de Input - DMT, taxa de produção e regime de trabalho

Através da metodologia foi possível determinar conjuntos de caminhões e escavadeiras,


viáveis para atender as demandas da mina, os conjuntos viáveis são apresentados na tabela a
seguir;

Tabela 5: Cálculo da quantidade de caminhões fora de estrada Caterpillar

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Tabela 6: Tempo de ciclo escavadeiras hidráulicas Caterpillar em regime de trabalho moderado

Com a definição dos parâmetros de operação dos caminhões e escavadeiras, é possível


calcular o número de escavadeiras de diferentes tamanhos necessárias para cada modelo de
caminhão considerado. Vale ressaltar que uma escavadeira só é considerada compatível com um
caminhão se for capaz de preenche-lo de 3 a 5 passadas, os resultados são apresentados nas
tabelas a seguir;

Tabela 7: Número de passes por caminhão e tempo de carregamento dos conjuntos de caminhões e escavadeiras

Tabela 8: Número de carregamentos por hora e número de escavadeiras necessárias para cada modelo de caminhão

Análise Econômica: Com a determinação da quantidade e dos conjuntos de caminhões e


escavadeiras compatíveis, foi possível realizar uma análise econômica comparando os custos
operacionais para cada conjunto de frotas.

A tabela 9 mostra a quantidade de operadores por turno necessários para cada conjunto de
frotas e o consumo de diesel das escavadeiras e dos caminhões de cada uma das frotas
dimensionadas.

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Tabela 9: Consumo de diesel de caminhões e escavadeiras e número de operadores por turno

A tabela 10 informa os preços de pneu de cada modelo de caminhão fora de estrada, as


vidas úteis de cada pneu, e os custos de cada reparo.

Tabela 10: Relação dos preços e dos custos de reforma dos pneus para modelos de caminhão Caterpillar em Real

Conhecendo a quantidade de equipamentos por frota e, consequentemente, a quantidade


de operadores necessários para operar os equipamentos, e sabendo do consumo de combustível
dos veículos e dos gastos referentes ao consumo de pneus dos caminhões, foi possível determinar
os custos operacionais totais das operações de carregamento e transporte para cada frota
dimensionada. Os resultados são apresentados na tabela 11.

Tabela 11: Custos operacionais de cada conjunto de frota de caminhões e escavadeiras em Real

Comparando os custos operacionais das frotas de veículos de diferentes capacidades, é


possível perceber que o consumo de diesel dos caminhões fora de estrada representa no geral a
maior porcentagem do custo operacional total da operação de carregamento e transporte. Esse
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custo variou entre 41% e 51% no levantamento dos custos por frota analisada. Para as frotas de
caminhão de menor porte, como já era esperado, o custo de operador representou uma grande
parcela nos custos totais. Para a combinação de menor porte, esse custo representou 25% do custo
operacional total, enquanto para a frota de maior porte, esse custo representou apenas 4% do custo
total.
Um ponto interessante a ser observado é quando se analisa o custo de pneu entre as frotas
estudadas. Observa-se que apesar do número de caminhões ser reduzido nas frotas de maior porte,
o custo de pneu é mais elevado. Isso mostra que apesar do número menor de pneus a serem
restaurados e trocados, o custo do reparo e da troca de um pneu de um caminhão fora de estrada
de grande porte é significativamente maior do que um fora de estrada de pequeno porte.
Nota-se que a frota de carregamento e transporte de Brucutu não se enquadra na frota de
menor custo operacional do estudo. Além disso, a frota de Brucutu possuía 15 caminhões CAT
793, enquanto o dimensionamento indica apenas 9 caminhões desse modelo, porém é importante
destacar que o dimensionamento realizado no estudo considerou a quantidade mínima teórica de
equipamentos para atender a demanda de movimentação de material da mina. Não foi levado em
consideração possíveis falhas nos equipamentos não planejados durante a operação.
Além disso, a quantidade e o modelo de veículos de uma mina sofrem constantes
reavaliações ao longo da vida do empreendimento, uma vez que o alto dinamismo do
planejamento de mina faz com que as distâncias de transporte e a produtividade sejam fatores
suscetíveis a mudanças. Concomitantemente, restrições operacionais como fatores climáticos,
geológicos, geométricos, entre outros, bem como fatores econômicos, têm grande influência na
tomada de decisão sobre a escolha da frota de equipamentos de um empreendimento. Dessa forma,
é aceitável a não concordância entre os resultados obtidos com a frota real a época de Brucutu.
Vale ressaltar que embora os dados do estudo estejam defasados devido ao dinamismo do
planejamento de lavra citado pelo próprio Lages, como por exemplo o fato de que Brucutu hoje
possui uma frota autônoma, ou mudanças no cenário econômico como por exemplo o preço do
dólar atual que está em R$ 5,38 enquanto na metodologia do estudo foi usado um valor que a
época era de R$ 3,68. É interessante notar que a quantidade de caminhões CAT 793 da frota
diminuiu de 15 para 13 caminhões apesar de ainda ser superior aos 9 caminhões indicados pelo
dimensionamento do estudo.

4. CONCLUSÃO

Levando em consideração os aspectos apresentados, conclui-se que, a partir das


referências utilizadas, fornecidas pela Vale S.A. em relação a Mina de Brucutu, além das outras
fontes de apoio, a Mina de Brucutu é um empreendimento muito relevante tanto para a Vale,
quanto para a população, principalmente da cidade de São Gonçalo do Rio Abaixo, que hoje é
praticamente dependente do sucesso da mina. Em operação desde 1972, e em posse da Vale
desde 1990, é importante destacar o grande potencial de lavra do minério de ferro que essa mina
possui, evidenciado por suas duas grandes expansões no século XXI, a primeira em 2003, com
um investimento de mais de 1,1US$ Bilhão da empresa, e a segunda em 2018, que aumentou a
vida útil do empreendimento até aproximadamente 2040. Outro fator que foi possível destacar a
partir da confecção deste relatório, foi que a automação integralmente concluída da mina de
Brucutu em 2019, levou o empreendimento a ganhos na produtividade, segurança, lucro e
redução de custos e gastos. Um investimento arriscado, por ser o pioneiro no Brasil, mas que
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gerou resultados extremamente positivos.

5. REFERÊNCIAS

VALE; Curso de Mineração – Básico - Módulo II: Geologia de Mina e Operações de Lavra;
Disponível em <ibram.org.br/wp-content/uploads/2021/02/apo_cbm_modulo_2.pdf>

GEOSCAN; Minas Autônomas: Saiba o que são e como funcionam; Dezembro, 2020;
Disponível em < https://www.geoscan.com.br/blog/minas-autonomas/> Acesso em: 20 nov. 2022.

LAGES, A.; ESTUDO PRELIMINAR DA INFLUÊNCIA DO PORTE DE VEÍCULOS DE


CARREGAMENTO E TRANSPORTE NOS CUSTOS OPERACIONAIS DE MINAS A CÉU
ABERTO; Engenharia de Minas, UFMG, Belo Horizonte, p. 74. 2018.

BRASIL MINERAL; Caminhões autônomos na mina de Brucutu; Setembro, 2018; Disponível em <
https://www.brasilmineral.com.br/noticias/caminhoes-autonomos-na-mina-de-brucutu > Acesso em: 22
nov. 2022.

VALOR ECONÔMICO; Uso de caminhões autônomos na mineração aumenta segurança e reduz


emissões de carbono; Agosto, 2022; Disponível em < https://valor.globo.com/conteudo-de-
marca/fiemg/noticia/2022/08/30/uso-de-caminhoes-autonomos-na-mineracao-aumenta-seguranca-e-
reduz-emissoes-de-carbono.ghtml> Acesso em: 22 nov. 2022.

DEFATO; vale obtém licenças para expansão de Brucutu, novembro de 2018; Disponível em <Vale
obtém licenças para expansão de Brucutu (defatoonline.com.br)> Acesso em 23-Nov-22.

LISBOA, A; IMPACTO DA INCORPORAÇÃO DA VARIÁVEL DENSIDADE NA


ESTIMATIVA DE RESERVAS MINERAIS DE FERRO: MINA DE BRUCUTU; Engenharia de
Minas. UFOP, Ouro Preto, p. 34 a 38. 2018.

ARROYO, C. Caracterização geometalúrgica e modelagem geoestatística da Mina de Brucutu –


Quadrilátero Ferrífero (MG). 2014. 180 p. Tese (Doutorado em Ciências Naturais) - Escola de Minas,
Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2014.

ESTADO DE MINAS; Vale produz areia sustentável para diminuir rejeitos de barragens;
novembro de 2021; Disponível em <Vale produz areia sustentável para diminuir rejeitos de
barragens - Economia - Estado de Minas>; Acesso em 23-Nov-22.

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