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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA (DEG)


DISCIPLINA DE PROJETOS EM ENGENHARIA QUÍMICA I
(GNE 334)

CONSTRUÇÃO DE UMA CÂMARA DE POEIRA PARA SEPARAÇÃO


DE PARTÍCULAS DE AREIA

LUISA REIS MOREIRA


MELISSA APARECIDA LOPES
POLYANNA XAVIER SOUZA E SILVA
VINICIUS SIQUEIRA OLIVEIRA

Relatório técnico para apresentação de projeto


desenvolvido na disciplina de Projeto em Engenharia
Química I, tendo como professor responsável Gilson
Campani Júnior, como parte dos requisitos
necessários à obtenção da aprovação na disciplina.

Lavras – MG
2022
SUMÁRIO

SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO 1
2 – OBJETIVOS 1
2.1 - Objetivo geral 1
2.2 - Objetivos específicos 1
3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1
3.1 – Câmara de Poeira 1
3.1.1 – Definição 1
3.2 – Caracterização de partículas 2
3.2.1 – Peneiramento 2
3.2.2 – Análise Granulométrica 2
3.2.3 – Modelos de Distribuição Granulométrica 2
3.3 – Eficiência de coleta 2
4 – MATERIAIS E MÉTODOS 2
4.1 –Materiais 2
4.2 – Instrumentos 2
4.3 – Métodos 2
4.3.1 – Peneiramento 2
4.3.2 – Cálculo da Eficiência 2
4.3.2.1 - Eficiência Global de Coleta 3
4.3.2.2 - Eficiência de cada Compartimento 3
4.3.3 - Modelos de Distribuição Granulométrica 3
4.3.4 - Cálculo Teórico para as Faixas Granulométricas de cada Compartimento 3
4.3.5 - Montagem da Câmara de Poeira 4
4.4 - Custo Final 4
4.5 - Mudanças e Adaptações Realizadas 5
6 – RESULTADOS E DISCUSSÕES 5
7 – CONCLUSÃO 8
8 – REFERÊNCIAS 9
1 – INTRODUÇÃO
Em uma indústria é muito comum as misturas entre sólidos e fluidos (BASTOS e AFONSO, 2015),
portanto observa-se a importância de um procedimento a fim de separá-los, seja para limpeza dos fluidos ou
para recuperar sólidos particulados. Existem diversas Operações Unitárias que podem ser utilizadas para esse
tipo de separação, dentre elas podemos citar a separação mecânica que acontece na câmara de poeira,
utilizada para separar uma corrente gasosa de partículas sólidas e, também muito eficiente para classificar
essas partículas por sua faixa granulométrica (MANGUCCI et al., 2020).
Esse tipo de equipamento é comumente visto em indústrias que produzem gases sujos por sólidos
particulados e, faz-se muito importante pois auxilia no cumprimento de normas de saúde e segurança devido
à emissão de gás, reduz a chance da vizinhança se expor à poeira e seus consequentes danos, além de garantir
melhores condições de trabalho uma vez que reduz a exposição dos trabalhadores ao pó (MANGUCCI et al.,
2020). A análise dimensional das partículas, classificando-as por sua faixa granulométrica, por sua vez,
também possui grande importância, já que em algumas ocasiões necessita-se que o material particulado
esteja em um tamanho específico para iniciar outros processos ou, até mesmo, é possível atribuir usos ao
material (LORENA, 2019).
Um cálculo feito a fim de descobrir as melhores condições que um equipamento pode operar é
chamado de dimensionamento. Esse dimensionamento possui extrema relevância, uma vez que com ele é
possível obter maior eficiência na operação, além de garantir a qualidade do resultado final (CONSEQ, s. d.).
Portanto conclui-se a importância de se dimensionar uma câmara de poeira, bem como fazer uma análise dos
dados granulométricos.

2 – OBJETIVOS
2.1- Objetivo geral
Realização de um protótipo de uma câmara de poeira que tem como alimentação uma mistura de gás
e particulado, sendo este, areia e ar. O protótipo foi construído e operado aplicando e consolidando conceitos
aprendidos durante a disciplina de Operações Unitárias I.
2.2 - Objetivos específicos
(i) Construção de uma câmara de poeira em escala de bancada com materiais de baixo custo;
(ii) Análise de eficiência do protótipo através da análise granulométrica do particulado alimentado e
coletado nos compartimentos das câmaras.

3 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 – Câmara de Poeira
3.1.1 – Definição
Amplamente utilizadas em indústrias que possuem gases muito sujos em termos de material
particulado, as câmaras de poeira são sedimentadores gravitacionais que têm o objetivo de retirar poeiras de
correntes gasosas. Baseia-se no método da sedimentação livre, considerando o próprio peso e a velocidade
terminal das partículas. Estas câmaras apresentam área transversal suficientemente grande, através da qual
gases passam com baixa velocidade, dando tempo suficiente para que as partículas possam sedimentar no
fundo ou na base da câmara. O funcionamento da câmara pode ser melhorado incluindo-se chicanas ou telas,
permitindo, com isto, o aumento da velocidade (GOMIDE, 1980).

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3.2 – Caracterização de partículas
3.2.1 – Peneiramento
Para separar as partículas de acordo com seu diâmetro, um método muito utilizado e bastante eficaz
é o peneiramento. A peneiração é a passagem de uma amostra por uma peneira, que são equipamentos ideais
de separação. Se o diâmetro de uma dada partícula for maior do que a abertura da peneira, ela vai ficar retida,
enquanto partículas com diâmetro menor vão passar por ela.
A abertura da peneira são os espaços vazios e indicam o diâmetro da maior partícula que pode passar
por ela (ou da menor que fica retida). O Mesh Tyler ou o número da peneira são números que podem ser
relacionados para se saber o diâmetro de abertura de uma peneira.
3.2.2 – Análise Granulométrica
A análise granulométrica consiste na determinação das dimensões das partículas que constituem as
amostras e no tratamento estatístico dessa informação. Basicamente, o que é necessário fazer é determinar as
dimensões das partículas individuais e estudar a sua distribuição. (DIAS, 2004).
3.2.3 – Modelos de Distribuição Granulométrica
É possível descrever uma distribuição granulométrica por modelos matemáticos como o de Gates,
Gaudin e Schumann (GGS) e o de Rosin, Rammler e Bennet (RRB). A partir desses modelos e de seus
parâmetros associados é possível estabelecer equações para o cálculo do diâmetro médio de Sauter, que
determina o diâmetro médio das partículas daquela amostra. (DIAS, 2004)
3.3 – Eficiência de coleta
A eficiência de coleta global demonstra a porcentagem de material que não é escoado para fora da
câmara durante o processo de separação.
A eficiência por compartimento é utilizada para saber a quantidade de material que se depositou em
um compartimento dentro de uma faixa granulométrica especificada.

4 – MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 –Materiais
Vasilhas de plásticos; cola de isopor; silicone; placa de isopor; papel paraná; secador de cabelos; funil;
folha de papel; areia; fita adesiva; tesoura; estilete.
4.2 – Instrumentos
Anemômetro; balança analítica; peneiras/peneirador; picnômetro.
4.3 – Métodos
4.3.1 – Peneiramento
Este procedimento foi realizado a fim de se encontrar a faixa granulométrica para cada compartimento
após o funcionamento da câmara de poeira.
4.3.2 – Cálculo da Eficiência
Foi feito o cálculo da eficiência global de coleta da câmara de poeira e a eficiência de cada
compartimento para análise da aplicabilidade do equipamento projetado.

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4.3.2.1 – Eficiência Global de Coleta
Para o cálculo da eficiência global de coleta será utilizada a soma das massas coletadas em
cada compartimento dividido pela massa alimentada na câmara de poeira, dada pela Equação [1], sendo Eg a
eficiência global de coleta, Mc a massa coletada em cada compartimento e Ma a massa alimentada na câmara
de poeira.
⅀𝑀𝑐
𝐸𝑔 = 𝑀𝑎
[1]

4.3.2.2 – Eficiência de cada Compartimento


Para o cálculo dessa eficiência será utilizada a massa coletada pelo compartimento desejado
dentro de uma faixa granulométrica estabelecida dividido pelo somatório das massas coletadas no
peneiramento para a mesma faixa granulométrica, dada pela Equação [2], sendo Ec a eficiência do
compartimento escolhido, Mcf a massa coletada pelo compartimento desejado e Mrc a massa coletada no
peneiramento.
𝑀𝑐𝑓
𝐸𝑐 = ⅀𝑀𝑟𝑐
[2]

4.3.3 – Modelos de Distribuição Granulométrica


A fim de calcular o diâmetro médio de Sauter, foi feita a linearização das equações características dos
modelos GGS e RRB, que são dadas pelas Equações [3] e [4] respectivamente, onde Xi é a frequência
cumulativa, Di é o diâmetro médio, k e m parâmetros do modelo GGS e D’ e n parâmetro do modelo RRB.
𝐷𝑖 𝑚
𝑋𝑖 = ( )
𝑘
[3]

𝐷𝑖 𝑛⎤

𝑋𝑖 = 1 − 𝑒𝑥𝑝⎢−


( ) ⎥⎥⎦
𝐷'
[4]

O diâmetro médio de Sauter será calculado através da Equação [5], a qual é usada para o modelo RRB,
onde 𝑑𝑝𝑠 é o diâmetro médio de Sauter, n e D’ são os parâmetros do modelo.

𝐷'
𝑑𝑝𝑠 = [5]
(
Γ 1− 𝑛
1
)
4.3.4 - Cálculo Teórico para as Faixas Granulométricas de cada Compartimento
Para o cálculo da velocidade terminal das partículas foi usada a Equação [6] onde Q é a vazão do ar, B
é a largura da câmara e L é a distância final em que o compartimento se encontra.
𝑄
𝑣𝑡 = 𝐵𝐿
[6]

Uma vez calculadas as velocidades terminais das partículas, emprega-se a correlação da Equação [7] para
cálculo de 𝐶𝐷/𝑅𝑒 , em que 𝐶𝐷 é o coeficiente de arraste sólido-fluido, ρ e ρ𝑝 são a densidade do fluido e das
partículas, respectivamente, em kg/m3; µ é a viscosidade (em kg/m.s) e Ø representa a esfericidade da
partícula, Ø=0,79 (R. Bras. Ci. Solo, 39:94-99, 2015).
4 [(ρ𝑝−ρ )µ𝑔]
𝐶𝐷/𝑅𝑒 = 3 2 3 [7]
ρ 𝑣𝑡

Através da Equação [8] estima-se o 𝑅𝑒 da partícula, com auxílio dos parâmetros 𝐾1 (Equação [9]) e
𝐾2 (Equação [10]), responsáveis por colocar o efeito da não esfericidade da partícula. A partir da definição

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do Re (Equação [11]) e isolando 𝑑𝑝, ou seja, o diâmetro da partícula, foi possível encontrá-lo para cada
compartimento e assim encontrar a faixa granulométrica para cada distância.
1
1,3
⎡ 1,3
1,3⎤

( ) ( )
𝐾2
2
⎢ 24 ⎥
𝑅𝑒 = ⎢ 𝐾1𝐶𝐷/𝑅𝑒
+ 𝐶𝐷/𝑅𝑒 ⎥ [8]
⎢ ⎥
⎣ ⎦
𝐾1 = 0, 843𝑙𝑜𝑔 ( ϕ
0,065 ) [9]

𝐾2 = 5, 31 − 4, 88ϕ [10]

𝑑𝑝𝑣𝑡 ρ
𝑅𝑒 = µ
[11]

Para os cálculos, a densidade das partículas utilizadas foi de 22630 kg/m3 , com esfericidade Ø =
0,79. Para o ar a 25ºC, tem-se que a viscosidade usada foi µ = 18,431x10-6 kg/m.s e uma densidade ρ = 1,169
kg/m3, encontrada através da picnometria.

4.3.5 - Montagem da Câmara de Poeira


Utilizando uma fita adesiva, foram fixadas quatro vasilhas de plástico umas às outras, gerando os
compartimentos da câmara de poeira. Em seguida construiu-se uma estrutura com placas de isopor e papel
paraná, onde o funil e o secador de cabelos foram acoplados. A estrutura de isopor e papel paraná foi
posicionada em cima das vasilhas de plástico, dando forma à câmara de poeira.

Fonte: Autores Fonte: Autores

Figura 1 - (a) Estruturas de vasilhas (compartimentos). (b) Estruturas de isopor e papel paraná.

4.4 - Custo Final


Baseado nas quantias e valores estimados, apresentados na Tabela 1, o valor aproximado do projeto
foi de R$61,45. Tal quantia é relativamente baixa, tendo em vista a utilidade da câmara, a qual pode ser
aplicada para a separação de diversos materiais, além da areia.

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Tabela 1 - Relação da quantia e preço de cada item utilizado na construção da câmara de poeira.

5 – MUDANÇAS E A DAPTAÇÕES REALIZADAS


Algumas adaptações foram feitas em relação à Proposta de Projeto entregue inicialmente, são elas:
(i) Foi planejado dimensionar a câmara e encontrar as dimensões adequadas para a separação da areia, no
entanto isso não ocorreu. Posteriormente foi decidido já usar valores pré estabelecidos, que facilitava a
montagem da câmara;
(ii) A primeira montagem do protótipo possuía um formato errôneo para uma câmara de poeira devido a
diferença de área na entrada e saída da câmara. Posteriormente foi feito um segundo protótipo com as
correções necessárias;
(iii) A vazão de alimentação da câmara estava prejudicando a separação da areia nos compartimentos por
conta da quantidade e alta velocidade de queda das partículas. Portanto, foi necessário ajustar a vazão usando
um funil de papel, que ajudou a controlá-la;
(iv) Melhoria na eficiência, foi usado um secador de cabelos no lugar do mini ventilador, que possui uma
maior velocidade de escoamento.
(v) Para facilitar o procedimento de peneiramento, foi utilizado uma maior quantidade de areia na
alimentação da câmara.

6 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir dos dados do material e das equações de [6] a [11] foi calculada a distribuição
granulométrica correspondente às distâncias dos compartimentos da câmara de poeira e obteve-se uma faixa
granulométrica que teoricamente deveria estar contida em cada compartimento.
Com base nessas faixas, foi escolhido o tamanho das peneiras que seriam utilizadas no peneiramento
do material pós-funcionamento da câmara. As peneiras escolhidas foram de 32 Mesh (1,05 cm); 60 Mesh
(0,025 cm); 80 Mesh (0,018 cm); 115 Mesh (0,0125 cm); 150 Mesh (0,0106 cm) e 200 Mesh (0,0075 cm).

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Tabela 2 - Distribuição granulométrica.

L Faixa Granulométrica Peneira utilizada

0,15 m + 0,05848 32 Mesh

0,30 m - 0,05848 + 0,01015 60, 80, 115 e 150 Mesh

0,45 m - 0,01015 + 0,009122 200 Mesh

0,60 m - 0,009122 + 0,00673 Fundo

Comparando o tamanho das peneiras escolhidas com as faixas granulométricas calculadas foi
observado que para uma eficiência de 100% o 1º compartimento deveria compreender apenas partículas que
ficaram retidas na peneira de 32 Mesh, o 2º compartimento deveria compreender as partículas que passaram
na peneira de 32 Mesh e ficaram retidas na de 150 Mesh, o 3º compartimento deveria compreender as
partículas que passaram na peneira de 150 Mesh e ficaram retidas na de 200 Mesh e no 4º compartimento
deveriam se depositar as partículas que passaram na peneira de 200 Mesh.
Após o funcionamento da câmara de poeira com uma massa de alimentação de 900,16 gramas foi
feito então o peneiramento do material contido em cada compartimento e também do material que escoou
pela saída de ar do protótipo, pois este poderia conter as partículas mais finas que não foram depositadas em
nenhum compartimento. A Tabela 3 apresenta os resultados obtidos com o peneiramento, onde Mc é a massa
coletada em cada repartimento de distância L.
Tabela 3 - Dados obtidos no peneiramento.

Mesh L = 0,15 m L = 0,30 m L = 0,45 m L = 0,60 m Saída


Mc = 328,94 g Mc = 169,69 g Mc = 106,89 g Mc = 79,53 g Mc = 76,56 g

32 165,57 g 33,06 g 7,44 g 3,22 g 1,49 g

60 150,96 g 118,94 g 72,37 g 45,77 g 31,76 g

80 10,31 g 13,97 g 20,39 g 20,33 g 23,94 g

115 2,22 g 3,57 g 6,86 g 9,45 g 15,06 g

150 0,65 g 0,79 g 1,14 g 1,75 g 2,36 g

200 0,13 g 0,19 g 0,54 g 1,14 g 2,2 g

Fundo 0,05 g 0,08 g 0,17 g 0,36 g 0,75 g

Apresenta-se abaixo os gráficos que foram obtidos, através do software Microsoft Excel, com os
dados coletados no peneiramento da areia retida em cada compartimento da câmara.
As curvas presentes na Figura 2 (a) representam a frequência com que cada compartimento reteve
certo diâmetro de partícula. É possível observar que a câmara não separou, como o esperado, a areia. O ideal
seria que conforme a distância aumentasse, o pico das curvas estaria mais à esquerda do gráfico, mostrando
que a maior porcentagem das partículas possuem diâmetros menores .É possível reparar que conforme a
distância aumenta, a frequência de distribuição das partículas de menor diâmetro aumenta um pouco, no
entanto, não aconteceu de forma adequada, uma vez que em todos os compartimentos a maior frequência de
distribuição ocorre na mesma faixa de diâmetro.
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Fonte: Autores
Fonte: Autores
(b) Gráfico de Distribuição Cumulativa
Figura 2 - (a) Gráfico de Distribuição de
para cada compartimento
Frequência para cada compartimento

Através das curvas contidas na Figura 2 (b), também se observou que a maior parte das partículas
acumuladas em cada compartimento apresentavam o mesmo diâmetro.

Fonte: Autores
Figura 3 - Gráfico de Distribuição Cumulativa para cada compartimento

A Figura 3 expõe que as partículas capturadas em cada compartimento decresceram com seu
diâmetro conforme a distância na câmara de poeira aumenta, assim como o esperado, partículas mais finas
foram retidas nos últimos compartimentos.
Ainda com base nos dados de peneiramento, foi possível calcular a eficiência global de coleta da
câmara de poeira utilizando a Equação [1] e obteve-se um valor de 76,1%. Esse dado mostra que a câmara
apresentou falhas em sua construção, como vazamentos e volume morto, que acarretaram perda da amostra
alimentada.
Com o intuito de verificar a validade das faixas granulométricas calculadas e o peneiramento,
avaliou-se também a eficiência para cada compartimento utilizando a Equação [2], a Figura 4 exibe a
eficiência para cada compartimento, ou seja, cada distância do equipamento, que é dado em metros.

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Fonte: Autores
Figura 4 - Gráfico da eficiência para cada compartimento.

O primeiro compartimento apresentou a maior quantidade de amostra coletada e a maior eficiência de


separação devido à sua faixa granulométrica - as partículas com maior diâmetro possuem maior massa e por
isso caem com maior velocidade terminal e assim percorrem uma menor trajetória longitudinal, caindo no
início do equipamento.
Os outros compartimentos apresentaram eficiência muito abaixo da esperada. Este decaimento da
eficiência de separação conforme o aumento do comprimento da câmara pode ter sido influenciado pelo
arraste de partículas maiores para os demais compartimentos devido à recirculação e de partículas menores
para fora do equipamento. Como materiais menos densos sofrem menor efeito da força da gravidade,
algumas partículas com mesmo diâmetro podem apresentar densidade menor, justificando esse arraste.
(CREMASCO)
Outro ponto a ser observado é o aumento da eficiência no quarto compartimento. Este aumento pode
ser justificado pela colisão de partículas com o afunilamento da parede na saída do equipamento, que
acarretou a deposição de partículas muito finas que não seriam coletadas por ação gravitacional.

7 – CONCLUSÃO
A construção de um protótipo de câmara de poeira apresentado neste trabalho foi útil para o
entendimento e a realização de conceitos aprendidos na disciplina de Operações Unitárias 1 como análise
granulométrica, peneiramento e cálculo de eficiência.
Entretanto, os resultados obtidos não foram coerentes com a teoria de separação sólido-gás de uma
câmara de poeira, consequência de diversos fatores que puderam ser diagnosticados a partir dos cálculos e
observações efetuadas.
Primeiramente, verificou-se uma eficiência global de coleta de apenas 76,1%, revelando problemas
no planejamento de construção do equipamento. Posteriormente, foi observado que os diâmetros médios das
partículas decresceram conforme a distância longitudinal da câmara, o que é esperado, e a eficiência do
primeiro compartimento apresentou valor significativo, no entanto, a separação total das partículas não foi
efetiva, havendo a deposição de partículas de variados diâmetros em todos os compartimentos.
O particulado empregado para a separação foi areia comum de construção civil, que pode apresentar
impurezas, irregularidades de forma e partículas com densidades diferentes. Essas propriedades influenciam
diretamente no cálculo da força de arraste e consequentemente na trajetória das partículas, podendo gerar
recirculação dentro do equipamento que acarretou em baixa eficiência na separação das partículas.

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Além das propriedades do particulado, a estrutura do equipamento também interferiu na eficiência.
O isopor como material estrutural não forneceu uma boa vedação e sua rugosidade pode ter prejudicado o
escoamento da mistura fluido-particulado, o secador de cabelos não permite controle na vazão de ar que
deveria ser constante. e as medidas projetadas para a câmara podem ter sido subdimensionadas, uma vez que
foram determinadas sem cálculos prévios.
Outro fator que influenciou os resultados obtidos foi que a alimentação da areia na entrada da câmara
foi realizada sem controle de vazão e altura de queda, o que pode ter gerado um aumento na velocidade
vertical do particulado ao entrar no equipamento, que idealmente deveria ser nula.
Conclui-se então que não foi possível construir uma câmara de poeira de baixo custo e boa eficiência
devido a características do particulado e da estrutura projetada. Sugere-se, como forma de melhorar os
resultados obtidos a utilização de areia padronizada como particulado, a implementação de um controle de
vazão de fluido e a utilização de material plano para a parte estrutural, como madeira.

8 – REFERÊNCIAS
BASTOS, A. R.; AFONSO, J. C. Separação sólido-líquido: centrífugas e papéis de filtro. Química
Nova,v. 38, p. 749-756, 2015. DOI: https://doi.org/10.5935/0100-4042.20150043.
COELHO, R. M.; MASSARANI, G. Fluidodinâmica da partícula sólida isolada. In: Anais do XXIII
Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, Uberlândia, MG, Brasil. 1996.
CREMASCO, M. A. Operações unitárias em sistemas particulados e fluidomecânicos. São Paulo:
Blucher, 2012.
DIAS, Joao. A ANÁLISE SEDIMENTAR E O CONHECIMENTOS DOS SISTEMAS MARINHOS
(Uma Introdução à Oceanografia Geológica). p. 10-27, 2004.
DIMENSIONAMENTO: qual sua importância para uma indústria? CONSEQ, [s. d.]. Disponível em:
<https://conseqconsultoria.com.br/dimensionamento-qual-sua-importancia-para-uma-industria/>. Acesso em:
26 de jan. de 2022.
DISTRIBUIÇÃO DE TAMANHOS - Análise Granulométrica. RespondeAí, 2022. Disponível em:
<https://www.respondeai.com.br/conteudo/operacoes-unitarias/sistemas-particulados/distribuicao-de-tamanh
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NOYES, R. Unit operations in environmental engineering. Noyes Publications, Park Ridge, NJ, 1994.

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