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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA (DEG)


LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I

REOLOGIA - VISCOSIDADE DE LÍQUIDOS

ANA CRISTINA MARCHETTE MARINHO


LUISA REIS MOREIRA
POLYANNA XAVIER SOUZA E SILVA
VINÍCIUS SIQUEIRA OLIVEIRA

Relatório técnico-científico referente à prática


de Reologia na disciplina de Laboratório de
Engenharia Química I, tendo como professora
responsável Suellen Mendonça Nascimento .

Lavras – MG
2022
SUMÁRIO
SIMBOLOGIA E NOMENCLATURA i

RESUMO ii

1 - INTRODUÇÃO 1

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1
2.1 – Viscosidade 1
2.1.1 - Classificação Reológica 1
2.2 – Viscosímetros 1
2.2.1 - Viscosímetro Rotacional de Brookfield 2
2.2.2 - Viscosímetro de Stokes 2
2.2.3 - Copo Ford 2
2.3 – Efeito da Temperatura na Viscosidade 3

3 - OBJETIVOS DO EXPERIMENTO 3

4 - MATERIAIS E MÉTODOS 3
4.1 – Materiais 3
4.2 – Metodologia 3
4.2.1 - Ensaio A 3
4.2.2 - Ensaio B 4
4.2.3 - Ensaio C 4
4.2.4 - Ensaio D 4

5 - RESULTADOS E DISCUSSÕES 4

6 - CONCLUSÕES 7

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 8
SIMBOLOGIA E NOMENCLATURA

𝐴 − Parâmetro da Equação (7) [−]


𝐵 − Parâmetro da Equação (7) [−]
𝐷𝑒 − Diâmetro da esfera [𝑚𝑚]

𝐷𝑡 − Diâmetro do tubo [𝑚𝑚]

−2
𝑔 − Gravidade [𝑚 · 𝑠 ]
𝑘 − Fator de correção [−]
−3
ρ𝑒 − Massa específica da esfera [𝑘𝑔 · 𝑚 ]

−3
ρ𝑙 − Massa específica do fluido [𝑘𝑔 · 𝑚 ]

𝑟𝑝𝑚 − Rotação por minuto [𝑟𝑝𝑚]


−2
τ − Tensão de cisalhamento [𝑁 · 𝑚 ]
𝑡 − Tempo de escoamento [𝑠]
𝑇 − Temperatura [𝐾]
−1
𝑣 − Velocidade média de queda da esfera [𝑚 · 𝑠 ]
2 −1
ν − Viscosidade cinemática [𝑚 · 𝑠 ]
µ − Viscosidade dinâmica [𝑚𝑃𝑎 · 𝑠]
𝑦 − Posição [𝑐𝑚]
−1
ẙ − Taxa de deformação [𝑠 ]

i
RESUMO
A viscosidade é uma importante propriedade avaliada na indústria para a caracterização
e adequação dos fluidos dentro de legislações. A fim de determinar esta propriedade,
muito utilizada na rotina de um engenheiro químico, realizou-se quatro ensaios em três
equipamentos. No ensaio A utilizou-se um viscosímetro de Brooksfield que determina a
viscosidade de uma substância em diferentes velocidades rotacionais para três líquidos
(detergente marca A, detergente marca B e óleo de soja) e posterior classificação quanto
a ser um fluido Newtoniano ou não-Newtoniano. Além disso, com este equipamento
avaliou-se o efeito do aumento da temperatura sobre a viscosidade para o óleo de soja,
ensaio C. Já para o ensaio B, determinou-se a viscosidade dinâmica, com o
viscosímetro de Stokes, por meio de dados de distância e tempo para o detergente de
marca B para comparar com os resultados do ensaio A. Para o ensaio D utilizou-se um
Copo Ford para determinar esta propriedade física de um álcool em gel por meio de um
conjunto de orifícios e o tempo de esvaziamento deste. Após esses resultados
determinou-se que o óleo de soja e o detergente de marca B são fluidos Newtonianos
devido ao comportamento linear da curva de velocidade, enquanto o detergente de
marca A é um fluido não-Newtoniano, do tipo pseudoplástico pois sua curva apresentou
um comportamento decrescente. Além de comprovar o comportamento de diminuição
da viscosidade do óleo com o aumento da temperatura. No entanto, para o ensaio D, o
resultado não foi satisfatório, já que a viscosidade obtida não estava de acordo com esta
propriedade física que é estabelecida pela ANVISA. Ademais, os procedimentos se
mostraram satisfatórios para a avaliação da viscosidade, sendo importante ressaltar que
cada método tem suas vantagens e desvantagens, e para a indústria química podem ser
empregados diferentes metodologias de acordo com a finalidade.

Palavras-chave: Viscosidade; Fluido; Viscosímetro.

ii
1 - INTRODUÇÃO
A caracterização de um fluido quanto a sua viscosidade é de grande importância para diversas
finalidades, desde adequação de qualidade de um suco até o funcionamento correto de um motor de carro.
Isso porque cada fluido possui um comportamento quando em certas condições de temperatura e tensões.
Para a avaliação deste parâmetro é possível utilizar diversos experimentos, como o Copo Ford, mais
comum na indústria devido a seu baixo custo e fácil operação. Há também os viscosímetros de Stokes e de
Brooksfield, que são equipamentos mais robustos utilizados para avaliar com maior precisão os valores de
viscosidade. Para findar, o viscosímetro rotacional, que além de avaliar a viscosidade, permite a
caracterização do fluido diante a tensão utilizada para movimentá-lo e avaliação do aumento da temperatura
dos fluidos.

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 – Viscosidade
Um fluido é uma substância que se deforma continuamente quando sujeito à ação de uma força. Os
fluidos reais (líquidos, gases, sólidos fluidizados) apresentam uma resistência à deformação ou ao
escoamento quando submetidos a uma determinada tensão. Para os gases, a viscosidade está relacionada com
a transferência de impulso devido à agitação molecular. Já a viscosidade dos líquidos relaciona-se mais com
as forças de coesão entre as moléculas.
A viscosidade é uma propriedade que mede a resistência interna ou fricção interna de um fluido ao
fluxo quando submetida a uma tensão. Quanto mais viscosa a matéria, mais difícil será seu escoamento,
maior será seu coeficiente de viscosidade e maior deverá ser a tensão aplicada para movimentá-la.
2.1.1 - Classificação Reológica
De forma reológica, os fluidos podem ser classificados segundo sua relação entre a taxa de
deformação (ẙ) e a tensão de cisalhamento (𝜏) explicitada na Equação 1.
𝜏 =− 𝜇ẙ (1)
Os fluidos que apresentam viscosidade constante quando se varia a taxa de deformação (gama) são
chamados fluidos newtonianos. Esses fluidos são considerados ideais, pois, ainda que sua viscosidade seja
variável com a temperatura e pressão, apresentam propriedades bem definidas e seguem o modelo proposto
pela lei de Newton da viscosidade. Apesar de serem considerados ideais, representam grande parte dos
fluidos em condições normais, como a água ou ar, por exemplo.
Diferentemente dos ideais, os fluidos não newtonianos não apresentam relação única entre a taxa de
deformação e a tensão de cisalhamento. Em geral a viscosidade destes fluidos é dependente da cinemática do
escoamento. De acordo com suas características em diversos tipos de escoamento, os fluidos não
newtonianos podem ser divididos em diferentes grupos, sendo classificados como inelásticos, dependentes
ou não do tempo ou viscoelásticos (COSTA, 2017).
2.2 – Viscosímetros
O viscosímetro é um equipamento utilizado para medir a viscosidade de fluidos através da tensão de
cisalhamento causada por um objeto que se move imerso em um fluido estacionário ou pelo escoamento de
um fluido por um objeto estacionário. O arrasto causado pelo movimento relativo entre o fluido e a superfície
é a medida da viscosidade. As condições de fluxo devem possuir um valor para o número de Reynolds
suficientemente baixo para que se tenha fluxo laminar.

1
2.2.1 - Viscosímetro Rotacional de Brookfield
Este tipo de viscosímetro é muito utilizado para a caracterização de fluidos newtonianos e não
newtonianos. Seu princípio de funcionamento consiste na rotação uniforme e constante em uma velocidade
especificada de cilindros rotores e a medição da força que está sendo utilizada para vencer a resistência do
fluido. A viscosidade é determinada com base nessa resistência que o fluido apresenta à rotação do cilindro
que pode ter diferentes diâmetros.
Os cilindros rotores são denominados Spindle e devem ser selecionados corretamente para
compreender a faixa de viscosidade do fluido, caso contrário, a medida estará fora dos parâmetros do
aparelho. Os Spindles são numerados de forma decrescente com seu tamanho, assim, a relação entre o
número dos Spindles é proporcional à viscosidade do fluido, ou seja, o Spindle de menor tamanho e maior
numeração seria utilizado para fluidos com maior viscosidade.
2.2.2 - Viscosímetro de Stokes
A mensuração da viscosidade por este tipo de aparelho é determinada indiretamente, através da
determinação do tempo de queda de uma esfera em um tubo vertical com altura conhecida e preenchido com
o líquido de viscosidade a ser aferida. Com base nessas informações, é possível fazer o cálculo da
viscosidade dinâmica (µ𝑒𝑥𝑝) através da Equação 2, com os valores de gravidade (𝑔), massa específica da
esfera (ρ𝑒) e do fluido (ρ𝑙), diâmetro da esfera (𝐷𝑒) e a velocidade média de queda (υ), calculada com base
nos dados fornecidos pelo viscosímetro.
2
1 𝑔 𝐷𝑒 (ρ𝑒−ρ𝑙)
𝜇𝑒𝑥𝑝 = 18 υ
(2)

Caso o diâmetro da esfera não seja suficientemente pequeno em relação ao diâmetro do tubo, é
necessário ainda fazer a correção dessa viscosidade calculada através da Equação 3, utilizando o diâmetro do
tubo (𝐷𝑡), para minimizar o efeito da parede do tubo no coeficiente de arrasto.
𝐷𝑒
𝑘 = (1 + 2, 104 𝐷𝑡
) (3)

Assim, a viscosidade final (µ) obtida pelo equipamento é determinada pela Equação 4.
𝜇𝑒𝑥𝑝
µ= 𝑘
(4)

2.2.3 - Copo Ford


O Copo Ford é um viscosímetro que afere a viscosidade de fluidos newtonianos relacionada com o
tempo de esvaziamento de um copo de volume conhecido. Na região inferior do copo há um orifício
calibrado, que deve ser substituído de acordo com o líquido a ser medido.
A aferição é válida apenas para tempos compreendidos entre 20 a 100 segundos e temperaturas entre
5 e 40 graus celsius. Para que o tempo de medição esteja compreendido nesta faixa é necessário fazer a
escolha adequada do orifício a ser utilizado.
Cada orifício associa-se a uma equação da qual depende apenas do tempo aferido para o cálculo da
viscosidade cinemática (ν), em centistokes, como por exemplo a Equação 5 para o orifício número 4.
ν = 3, 85(𝑡 − 4, 49) (5)
Dessa forma, obtém-se a viscosidade dinâmica (µ) através da Equação 6 utilizando a densidade do
fluido (ρ).
µ
ν= ρ
(6)

2
2.3 – Efeito da Temperatura na Viscosidade
A viscosidade de líquidos e gases é dependente da temperatura e da pressão, no caso de líquidos, há
uma mudança rápida e não linear desta propriedade com a temperatura. Uma das correlações empíricas mais
conhecidas propostas para descrever a dependência da viscosidade de líquidos com a temperatura é a
Equação 7, conhecida como equação de Andrade-Guzmán, em que A e B são parâmetros correlacionados
para cada substância.
𝐵
𝑙𝑛(µ) = 𝐴 + 𝑇
(7)

3 - OBJETIVOS DO EXPERIMENTO
(i) Avaliar o comportamento reológico de diferentes fluidos em um viscosímetro rotacional de Brooksfield e
classificá-los como newtoniano, não-newtoniano pseudoplástico ou não-newtoniano dilatante;
(ii) Comparar medições realizadas no viscosímetro de Brookfield e no viscosímetro de Stokes;
(iii) Avaliar os efeitos da temperatura na viscosidade de um óleo de soja comercial pelo viscosímetro de
Brookfield;
(iv) Avaliar o orifício adequado e determinar a viscosidade de álcool em gel utilizando o Copo Ford.

4 - MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 – Materiais
➢ Detergente marca A; ➢ Béquer; ➢ Esferas de diferentes
➢ Detergente marca B; ➢ Cronômetro; diâmetros;
➢ Óleo de soja comercial; ➢ Viscosímetro Copo Ford; ➢ Nível;
➢ Álcool gel; ➢ Viscosímetro Brookfield; ➢ Termômetro;
➢ Espátula; ➢ Viscosímetro de Stokes; ➢ Agitador magnético com
aquecimento.
4.2 – Metodologia
Foram feitos quatro diferentes tipos de ensaios a fim de avaliar o comportamento reológico em
diferentes fluídos.
4.2.1 - Ensaio A
Neste ensaio, foi utilizado o viscosímetro rotacional Brooksfield a fim de avaliar o tipo de cada
fluido estudado (newtoniano, não-newtoniano pseudoplástico ou não-newtoniano dilatante). Esse
equipamento possui diferentes números de rotores (spindle) e cada fluído possui um spindle adequado, sendo
este selecionado através da faixa informada pelo fabricante do aparelho.
Foram selecionados três tipos diferentes de fluído, detergente marca A, detergente marca B e óleo de
soja comercial. Para cada fluido foram feitos quatro ensaios com diferentes velocidades de rotação (6, 12, 30
e 60) rpm.
Primeiramente, seleciona-se um número de rotor e o rosqueie no local adequado, em seguida,
coloca-se o fluido em um béquer e o acopla no equipamento. Logo após, é ajustado no painel do
viscosímetro o número do spindle selecionado e a velocidade de rotação, assim liga-se o aparelho e aguarda
o procedimento ser completado. Concluindo-se a operação, o painel informa a viscosidade e a faixa (range)
encontrados.
Caso a faixa informada pelo viscosímetro após a operação não esteja adequada com os valores
informados pelo fabricante, o procedimento é repetido trocando o spindle por outro mais apropriado.

3
4.2.2 - Ensaio B
Para este ensaio, foi utilizado o viscosímetro de Stokes, a fim de determinar a viscosidade do
detergente de marca B para fins comparativos. Esse aparelho possui um tubo de vidro acoplado a uma base
graduada. Cinco sensores são posicionados a 10 centímetros de distância uns dos outros, os quais informam
no painel o tempo de queda de esferas metálicas.
Primeiramente, preenche-se o tubo com detergente de marca B, em seguida, foram selecionadas três
esferas de diferentes diâmetros (pequeno, médio e grande). Logo após, o cronômetro é acionado e a esfera
colocada no topo do tubo de vidro é abandonada. Os sensores registram os cinco tempos, os quais são
mostrados no painel e anotados para posteriormente serem tratados. Este procedimento é feito para cada
esfera em triplicatas.
4.2.3 - Ensaio C
Este ensaio segue o mesmo procedimento citado no item 4.2.1 (Ensaio A), no entanto foi realizado
apenas para o óleo de soja comercial, fixado na velocidade de rotação 30 rpm e utilizando o spindle n° 1 em
cinco diferentes temperaturas. Para o aquecimento do óleo foi utilizado um agitador magnético com
aquecimento, as quais foram mensuradas através de um termômetro.
4.2.4 - Ensaio D
Neste ensaio, foi utilizado o viscosímetro Copo Ford. Este aparelho consiste em um recipiente com
abertura na base para inserção de um orifício adequado, acoplado a um tripé com regulagem de altura. O
fluido é despejado no recipiente e passa-se pelo orifício de encontro com um béquer. Caso o tempo de
escoamento do fluido não esteja entre as especificações exigidas pelo fabricante, deve-se alterar o número do
orifício, ou seja, se o tempo de escoamento estiver muito pequeno (inferior a 20 segundos) deve-se trocar o
número do orifício por um menor. Caso o tempo de escoamento for maior que 100 segundos, deve-se trocar o
orifício por um maior.
Primeiramente, escolhe-se o número do orifício, em seguida, veda-se a base do recipiente e verte-se
álcool gel até transbordar e com auxílio de uma espátula, uniformiza o fluido no recipiente.
Simultaneamente, liga-se o cronômetro e libera a base, quando o fluxo do fluido que cai no béquer tem a
primeira perturbação o cronômetro é encerrado. O procedimento foi realizado em triplicatas.
Com os valores dos tempos encontrados, observa-se a necessidade de trocar ou não o número do
orifício, caso tenha necessidade, o procedimento é refeito.

5 - RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a realização do Ensaio A, descrito pelo item 4.2.1, foram obtidos os dados descritos da Tabela
1. Vale ressaltar que alguns dos dados obtidos não estavam na faixa (range) adequada estipulada pelo
fabricante, como por exemplo o ensaio para o detergente marca A com velocidade de rotação 6 rpm, que
obteve range de 8,9% e para o ensaio óleo de soja comercial com velocidade de rotação de 6 rpm, que obteve
range de 5,1%,sendo estes menores que a faixa estipulada de 10% a 90%. O ideal seria pegar um spindle
diferente, de formato maior (e número menor, ou seja, 0), no entanto, o laboratório não possui, então usou-se
o spindle de nº 1.
Tabela 1 - Ensaio A: Dados de viscosidade dos fluidos em diferentes velocidades de rotação.
𝜇 (mPa.s)
Fluído Nº Spindle
6 rpm 12 rpm 30 rpm 60 rpm
Detergente (marca A) 1 88,9 56,9 36 26
Detergente (marca B) 2 e 3* 735 760 764 730*
Óleo de Soja 1 51 54 55,7 54,8

4
Para o caso do detergente B na velocidade de rotação de 60 rpm, utiliza-se primeiro o spindle 2 que
apresentou um range de 99,9%, e está fora da faixa, então, troca-se para o spindle 3, que apresenta range
dentro da faixa exigida.

fonte: autoral
Figura 1 - Viscosidades absolutas em função da velocidade de rotação.
Pela Figura 1 é possível analisar o tipo de fluido com que estamos trabalhando e classificá-lo como
newtoniano ou não newtoniano (pseudoplástico ou dilatante). Tanto o óleo de soja comercial quanto o
detergente marca B, apresentam uma curva tendendo a ser linear, o que sugere o comportamento de fluidos
newtonianos. Já o detergente de marca A não apresenta uma curva linear e sim uma curva decrescente, o que
sugere um comportamento de fluido não newtoniano pseudoplástico.
Pode-se confirmar a mesma informação analisando os dados da Tabela 1, onde o valor da
viscosidade do detergente marca A altera conforme o aumento da velocidade de rotação, enquanto que o óleo
de soja e o detergente marca B mantém uma viscosidade constante.
Os dados obtidos com o Ensaio B estão dispostos na Tabela 2, e através da Equação 2 foi encontrado
o valor da viscosidade dinâmica para cada diâmetro das esferas e para cada replicata. Abaixo está a Equação
8, com os valores para a esfera de diâmetro 10,01 mm e tempo 1.
2
1 9,81 . 0,01001 . (7800−1020)
𝜇𝑒𝑥𝑝 = 18
* 25,0807
= 0, 01476 𝑃𝑎. 𝑠 (8)

Tabela 2 - Ensaio B: Dados de viscosidade do “Detergente (marca B)” obtidos pelo viscosímetro de Stokes.

Diâmetro da esfera
Medida Posição y (cm) Tempo t­1 (s) Tempo t­2 (s) Tempo t­3 (s)
(De) (mm)

T0 0 3,2367 3,95081 4,085


T1 10 3,63289 4,34963 4,48639
10,01 T2 20 4,06419 4,77765 4,91121
T3 30 4,48207 5,19368 5,32618
T4 40 4,83965 5,55082 5,68473
T0 0 9,75669 2,92186 2,59736
T1 10 10,3286 3,48722 3,15585
7,98 T2 20 10,8901 4,04249 3,70809
T3 30 11,4299 4,5857 4,24821
T4 40 11,8856 5,05846 4,71702
T0 0 3,61011 3,58281 3,10608
T1 10 4,3955 4,34973 3,88974
6,31 T2 20 5,16351 5,09496 4,66326
T3 30 5,90206 5,7985 5,40876
T4 40 6,51992 6,39161 6,03692

5
Os valores das viscosidades encontrados para cada diâmetro devem ser corrigidos por um fator k,
pelo fato do diâmetro das esferas não ser menor o suficiente que o diâmetro do tubo. Usando a Equação 3 foi
calculado o fator k para cada esfera, a Equação 9 abaixo refere-se aos dados da esfera de diâmetro 10,01 mm.

(
𝑘 = 1 + 2, 104 *
0,01001
0,034 ) = 1, 61944 (9)

Através da Equação 4 aplica-se o fator de correção. A Equação 10 abaixo refere-se a viscosidade da


esfera de 10,01 mm e tempo 1, o mesmo foi feito para o tempo 2 e 3 a fim de se obter uma média.
0,01476
𝜇𝑐𝑜𝑟𝑟 = 1,61944
= 0, 00912 𝑃𝑎. 𝑠 = 912 𝑚𝑃𝑎. 𝑠 (10)

A Tabela 3 mostra a média das viscosidades corrigidas para cada diâmetro. É possível comparar
estes resultados com os obtidos no Ensaio A para o detergente de marca B, o qual deu uma viscosidade
média de 747,25 mPa.s. É possível analisar que as viscosidades variaram bastante com a mudança do
diâmetro de esfera e a viscosidade que mais se aproximou da encontrada no Ensaio A foi da esfera de menor
diâmetro. Isso ocorre pois as esferas usadas no viscosímetro de stokes não eram pequenas o suficiente
comparadas ao diâmetro do tubo. O fator k serve como correção, o que minimiza o erro, mas não os exclui,
portanto, a esfera com menor diâmetro é a que nos apresenta um melhor resultado, e que é similar ao
encontrado no Ensaio A.
Também é possível analisar se o procedimento realizado no Ensaio B estava em Regime de Stokes,
ou seja, quando o número de Reynolds é menor que 1. O valor médio de Reynolds encontrado foi 1,96, o
qual é maior que 1. No entanto, o experimento não é realizado em um ambiente controlado, o que pode fazer
com que apresente perturbações externas, motivo pelo qual o Reynolds não apresentou valor menor que 1.
Tabela 3 - Viscosidade corrigida média para diferentes diâmetros.
Diâmetro (mm) Viscosidade corrigida média 𝜇 (mPa.s)
10,01 911
7,89 818
6,31 756

Os dados obtidos pelo Ensaio C, no qual foram encontradas as viscosidades para diferentes
temperaturas para o óleo de soja estão apresentados na Tabela 4 e é possível observar que conforme aumenta
a temperatura, a viscosidade do óleo diminui.
Tabela 4 - Ensaio C: Dados de viscosidade do óleo de soja em diferentes temperaturas.

Ensaio Temperatura (°C) 𝜇(mPa.s)


1 19 55,7
2 25 40
3 30 33
4 35 28
5 40 23

A Figura 2 nos mostra o mesmo que a Tabela 4, o que prova a consistência do comportamento do
fluido, visto que a viscosidade diminui com o aumento da temperatura, uma vez que, em altas temperaturas,
as moléculas possuem maior energia de translação e rotação, permitindo vencer as barreiras energéticas de
interações intermoleculares com maior facilidade.

6
fonte: autoral
Figura 2 - Viscosidade em função da temperatura.

Com o auxílio do Excel foi encontrado os parâmetros A e B da correlação de Guzman referentes a


Equação 7 através de uma linearização, obtendo os valores de A = 2,4265 e B = 30,86K. Obtém-se também
um coeficiente de ajuste de R2 = 0,9828, sendo este um ajuste bom, uma vez que está próximo de 1,
provando mais uma vez a consistência do comportamento do fluido.

Para o Ensaio D foram utilizados três orifícios, cada qual apresenta um tamanho diferente. A Tabela
5, apresentada na página a seguir, fornece os dados experimentais em triplicatas.

Tabela 5 - Ensaio D: Tempos de escoamento no viscosímetro Copo Ford.

Orifício n° Tempo 1 (s) Tempo 2 (s) Tempo 3 (s)


3 185 176 168
4 57 56,19 61,01
5 23,41 24,65 24,82

Como foi citado no item 4.2.4, a faixa correta de tempo, estipulada para o fabricante, a qual
determina qual orifício melhor se adequa para cada fluido é de 20s a 100s. Observando a Tabela 5 percebe-se
que o orifício de número 3 não é adequado para o cálculo da viscosidade do álcool em gel, enquanto que o
orifício de número 4 e 5 são adequados, pois estão dentro da faixa de tempo estipulada. A Equação 11
exemplifica o cálculo da viscosidade encontrada para o orifício de número 3 e no tempo 1. Cada orifício
possui uma equação específica para o cálculo da viscosidade, que foram encontradas com o auxílio do Excel.
ʋ = 2, 31. (185 − 6, 58) = 412, 1502 𝑐𝑆𝑡 (11)
A média do valor da viscosidade cinemática encontrada foi de 289,38 cSt e comparando com o valor
da literatura, que varia de 73981,33 a 125199,18 cSt, é notado uma exorbitante diferença, que pode estar
relacionada tanto quanto algum erro no procedimento quanto com a qualidade do álcool gel, que se encontra
fora das especificações da ANVISA, uma vez que não se sabe quanto tempo ele estava aberto, podendo estar
fora da validade e o álcool ter evaporado.

6 - CONCLUSÕES
Com base nos experimentos apresentados neste trabalho, foi possível avaliar os diferentes métodos
de determinação de viscosidade e caracterização do comportamento do fluido diante a taxa de deformação e
variações de temperatura apresentados nos gráficos.
Ao utilizar o viscosímetro rotacional para diferentes fluidos verifica-se a relação de viscosidade e
taxa de deformação, com isso avalia-se a classificação de cada fluido, em que o óleo de soja e o detergente
de marca B são fluidos newtonianos e o detergente de marca A é um fluido não-newtoniano pseudoplástico.

7
Ao comparar o resultado para o detergente de marca B em um viscosímetro de Stokes observa-se que
os dados estão em conformidade, mesmo utilizando métodos diferentes.
Os dados obtidos por meio do viscosímetro de Brooksfield para avaliar as características de
comportamento do óleo de soja, comprovam os efeitos da diminuição da viscosidade com o aumento da
temperatura, previsto na literatura.
Dessa forma, conclui-se que os experimentos dos ensaios A, B e C apresentaram resultados
satisfatórios. Já o ensaio D não obteve sucesso, já que ao avaliarmos os dados de viscosidade obtidos, não se
enquadra na legislação do álcool gel.
Como uma sugestão de melhora na análise dos resultados do experimento do copo Ford, sugere-se o
emprego do experimento com um fluído que não esteja exposto às condições atmosféricas a muito tempo, ou
seja, utilizar um frasco de álcool recém aberto. Ademais, esse experimento por ser avaliado a partir da
utilização de cronômetro e um operador observando não é tão preciso quanto aos demais ensaios realizados,
isso porque acaba incluído erros operacionais.

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA/GHCOS/DIRE3. Nota Técnica nº 01 de 2019.
Antissépticos à base de álcool. Disponível em:
https://www.gov.br/anvisa/pt-br/arquivos-noticias-anvisa/697json-file-1. Acesso em 15 jul. 2022.
COSTA, C. M. Caracterização Reológica de Fluidos Complexos. 2017. Disponível em:
https://www.puc-rio.br/ensinopesq/ccpg/pibic/relatorio_resumo2017/relatorios_pdf/ctc/MEC/MEC-Ca
mila%20Moreira%20Costa.pdf. Acesso em 15 jul. 2022.
DIAS, M. V.; TRINTIM, N. A. Estudo da Viscosidade de Líquidos em Altas Pressões através da Equação de
Andrade-Guzman. Niterói, 2018. Disponível em:
https://app.uff.br/riuff/bitstream/handle/1/7099/TCC%20Matheus-Nathalia.pdf;jsessionid=6C6076D
5B01E99E621FD229F6CA68754?sequence=1. Acesso em 15 jul. 2022.
FOX, R. W.; MCDONALD, A. T.; PRITCHARD, P .J.; MICHTELL, J. W. Introdução à Mecânica dos
Fluidos, 9ª edição. Grupo GEN, 2018.
Viscosidade - UFRGS. Disponível em: https://ppgenfis.if.ufrgs.br/mef004/20061/Rodrigo/viscosidade.htm.
Acesso em 17 jul. 2022.

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