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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA
ENGENHARIA QUÍMICA

GNE 339 – LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I

Viscosidade de líquidos
1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A viscosidade é uma medida quantitativa da resistência de um fluido ao escoamento. Mais
especificamente, ela determina a taxa de deformação do fluido que é gerada pela aplicação de uma
tensão de cisalhamento. Quanto maior a viscosidade do fluido, maior deverá ser a tensão aplicada
para movimentá-lo (WHITE, 2011). Para um melhor entendimento, consideremos a Figura 1:

Figura 1 – Representação do ensaio de cisalhamento entre duas placas planas.


Fonte: Disponível em: <https://bit.ly/2AmmeIy>. Acesso em 31 de outubro de 2022.

O elemento de fluido está confinado entre as duas placas planas ilustradas. Como resultado da
ação da força (𝐹) na placa superior, o fluido se moverá conforme o perfil de velocidades (𝑣) ilustrado.
Se o fluido ilustrado for newtoniano, observa-se que a taxa de deformação nele gerada (𝛾 = 𝑑𝑣⁄𝑑𝑦)
é diretamente proporcional à tensão de cisalhamento (𝜏), conforme descrito pela Equação (1):
𝑑𝑣
𝜏 = −𝜇 𝑑𝑦 (1)

Onde 𝜏 = 𝐹/𝐴, sendo 𝐴 a área da placa em contato com o fluido; 𝜇 denota a viscosidade dinâmica
(ou absoluta) do fluido. A maioria dos líquidos puros e muitas soluções e dispersões são newtonianos.
Fluidos que não obedecem à Equação (1) são denominados não-newtonianos, devendo seus
comportamentos serem modelados por outras equações empíricas.
A classificação reológica dos fluidos quanto ao seus comportamentos “taxa-tensão” (𝜏 versus
𝛾) e “taxa-viscosidade” (𝜇 versus 𝛾) é apresentada na Figura 2.

Figura 2 – Comportamento de fluidos diversos com a taxa de deformação.


Fonte: Disponível em < https://bit.ly/3DMWJhy>. Acesso em 31 de outubro de 2022.
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2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
2.1. ENSAIO A: IDENTIFICAÇÃO DO TIPO DE FLUIDO
Neste ensaio, serão avaliados os comportamentos reológicos de diferentes fluidos em um
viscosímetro rotacional (Brookfield). De forma mais específica, o ensaio tem por objetivo avaliar o
tipo de cada fluido estudado (newtoniano, não-newtoniano pseudoplástico ou não-newtoniano
dilatante). Para isto, determina-se a viscosidade dos fluidos em diferentes velocidades de rotação. A
frequência de rotação é ajustada no painel do viscosímetro, assim como deve ser informado o número
do spindle (ou rotor) utilizado. Os spindles disponíveis são ilustrados na Figura 2.

Figura 2 – Tipos de Spindles utilizados no viscosímetro Brookfield.

2.2. ENSAIO B: VISCOSÍMETRO DE STOKES


Neste ensaio será medida a viscosidade de um detergente líquido comercial utilizando o
viscosímetro de Stokes. Como a viscosidade deste detergente terá sido medida no “Ensaio A”, o
objetivo do “Ensaio B” é comparar as medições realizadas no viscosímetro de Brookfield e no
viscosímetro de Stokes. Para o de Stokes, a viscosidade dinâmica será determinada pela Equação (2):

1 𝑔 𝐷𝑒 2 (𝜌𝑒 −𝜌𝑙 )
𝜇𝑒𝑥𝑝 = (2)
18 𝑣

Onde: 𝑔 é a aceleração da gravidade local (9,81 m/s2); 𝐷𝑒 é o diâmetro da esfera; 𝜌𝑒 e 𝜌𝑙 são as


densidades da esfera e do detergente líquido, respectivamente; 𝑣 é a velocidade média de queda da
esfera. Os valores de 𝑣 serão obtidos a partir dos dados de “distância e tempo” do trajeto da esfera no
equipamento.
Neste ensaio, serão utilizadas esferas de diâmetros diferentes. Como os diâmetros das duas
não são desprezíveis em relação ao diâmetro do tubo (𝐷𝑡 ), será necessário aplicar um fator de correção
(𝑘) na viscosidade obtida a partir da Equação (2). Este fator é dado pela Equação (3):
𝐷
𝑘 = (1 + 2,104 𝐷𝑒) (3)
𝑡

Portanto, a viscosidade final obtida pelo equipamento é dada pela Equação (4):
𝜇𝑒𝑥𝑝
𝜇𝑐𝑜𝑟𝑟 = (4)
𝑘

2.3. ENSAIO C: ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA VISCOSIDADE DE UM LÍQUIDO


Neste ensaio, serão realizadas medidas da viscosidade de um óleo de soja comercial em
diferentes condições de temperatura, a fim de avaliar os efeitos desta variável na propriedade
estudada. Para a realização do ensaio, será utilizado o viscosímetro Brookfield com velocidade de
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rotação de 60 rpm com o Spindle No. 1. Por razões operacionais, a temperatura máxima de medição
não deverá ultrapassar os 45 ºC.

2.4. ENSAIO D: COPO FORD


O copo Ford é um viscosímetro de fácil manuseio, no qual a viscosidade está relacionada com
o tempo de esvaziamento de um copo de volume conhecido que tem um orifício calibrado na sua
base. O copo Ford possui um conjunto de orifícios-padrão (giglê) feitos de bronze polido que
dependem da faixa de viscosidade e do tempo de escoamento. A conversão de tempo (s) para
viscosidade cinemática (mm/s) é dada pelas correlações:
Orifício n° 2 = 1,44 (t - 18,0)
Orifício n° 3 = 2,31 (t - 6,58)
Orifício n° 4 = 3,85 (t - 4,49)
Orifício n° 5 = 12,1 (t - 2,00)
Orifício n° 6 = 14,92 (t - 15,56)
Orifício n° 8 = 31,40 (t - 40,14)
Onde: t = tempo expresso em segundos. 1mm/s = cSt.
Segundo o fabricante o ensaio é válido para tempos de 20 a 100s e temperaturas de 5 a 40°C.

3. MEDIDAS EXPERIMENTAIS

TABELA 1 - ENSAIO A: DADOS DE VISCOSIDADE DOS FLUIDOS EM DIFERENTES


VELOCIDADES DE ROTAÇÃO.

N° 𝜇 (mPa.s)
Fluido
spindle 6 rpm 12 rpm 30 rpm 60 rpm

Lembre-se que a velocidade de rotação está diretamente relacionada à taxa de cisalhamento.

TABELA 2 - ENSAIO B: DADOS DE VISCOSIDADE DO “DETERGENTE


(MARCA B)” OBTIDOS PELO VISCOSÍMETRO DE STOKES.
Diâmetro da Posição tempo tempo tempo
Medida
esfera (De) y (m) t_1 (s) t_2 (s) t_3 (s)
t0
t1
t2
t3
t4
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Diâmetro da Posição tempo tempo tempo
Medida
esfera (De) y (m) t_1 (s) t_2 (s) t_3 (s)
t0
t1
t2
t3
t4
t0
t1
t2
t3
t4
Dados adicionais: Diâmetro do tubo (𝐷𝑡 ) = 0,0340 m; Densidade da esfera (𝜌𝑒 ) = 7800
kg/m3; Densidade do detergente (𝜌𝑙 ) = 1020 kg/m3.

TABELA 3 - ENSAIO C: DADOS DE VISCOSIDADE DO


ÓLEO DE SOJA EM DIFERENTES TEMPERATURAS.
Ensaio Temperatura (°C) 𝜇 (mPa.s)

TABELA 4 - ENSAIO D: TEMPOS DE ESCOAMENTO NO


VISCOSÍMETRO COPO FORD.
Orifício n° Tempo 1 (s) Tempo 2 (s) Tempo 3 (s)

Determine qual o orifício adequado para análise da viscosidade do álcool em gel. Meça o tempo de
escoamento do álcool em gel utilizando o orifício adequado.

4. RESULTADOS
● Para cada fluido estudado no “Ensaio A”, plote um gráfico da viscosidade absoluta em função da
velocidade de rotação (µ versus ω) e determine se o fluido é newtoniano ou não newtoniano
(pseudoplástico ou dilatante).
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● Compare as viscosidades obtidas usando o viscosímetro Brookfield e o Viscosímetro de Stokes.
● De posse dos dados obtidos no “Ensaio C”, avalie, do ponto de vista qualitativo, se o comportamento
“𝜇 versus 𝑇” obtido no experimento é consistente.
● Uma das primeiras correlações reportadas para estimar o efeito da temperatura na viscosidade de um
líquido foi originalmente proposta por Guzman (1913, apud POLING et al., 2001, p. 523):

𝜇 𝐵
𝑙𝑛 ( )=𝐴+
1 𝑚𝑃𝑎. 𝑠 𝑇(𝐾)

Onde 𝜇 é a viscosidade absoluta (mPa.s); 𝑇 denota temperatura (K); 𝐴 e 𝐵 são parâmetros


correlacionados para cada substância/material.
Com o auxílio do Excel, determine os valores dos parâmetros 𝐴 e 𝐵 (incluindo as unidades) que
melhor se ajustam aos dados reportados na Tabela 3. Avalie a qualidade da regressão a partir do valor
do coeficiente de ajuste (R2). Finalmente, discuta a importância, a nível de Engenharia, de se conhecer
os valores destes parâmetros para o óleo de soja.
● Qual o valor da viscosidade do álcool em gel determinado no “Ensaio D”?

5. REFERÊNCIAS
WHITE, Frank M. Mecânica dos Fluidos. 6. ed. Porto Alegre, RS: AMGH, 2011.
POLING, Bruce. E.; PRAUSNITZ, John. M.; O’CONNEL, John. P. The Properties of Gases and
Liquids. 5. ed. New York: McGraw-Hill, 2001.

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