Você está na página 1de 9

Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Instituto de Química
Química Geral Experimental

Experimento de Reynolds

Fernando Lemos Alves – 2020.2304.024-5


Getúlio Willms Passos – 2020.2304.001-6
Kátia Gualberto Corrêa – 2020.2304.019-9
Laura Vitória Cairan Werner – 2020.2304.013-0

Profa. Dra. Janaína dos Santos Ferreira

CAMPO GRANDE – MS
31/03/2023
Sumário
Resumo 1
1. Introdução 1
2. Objetivos 4
3. Materiais e Métodos 4
4. Resultados e Discussão 5
5. Conclusões 8
6. Referência8
Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Instituto de Química
Química Geral Experimental

Resumo: o Coeficiente de Reynolds (ou Número de Reynolds) é um parâmetro


fundamental para a Mecânica dos Fluidos. É um número adimensional que relaciona
as forças de inércia com as forças viscosas de um fluido e caracteriza seu regime de
escoamento em uma superfície, classificando-o em três tipos: laminar, de transição
ou turbulento. O experimento consistiu em medir o tempo de diversos escoamentos
de água, a fim de calcular seu Número de Reynolds e determinar seu tipo de
escoamento.

1. Introdução
Pode-se classificar o escoamento em três tipos: laminar, de transição ou
turbulento. O laminar se caracteriza pelas linhas de correntes suaves e movimento
altamente ordenado; já o turbulento é caracterizado por flutuações de velocidade e
movimento altamente desordenados. A transição do escoamento laminar para
turbulento não ocorre repentinamente, mas ao longo da região em que oscila entre o
escoamento laminar e turbulento, antes que se torne totalmente turbulento. A
maioria dos escoamentos encontrados na prática são turbulentos. O escoamento
laminar é encontrado quando fluidos altamente viscosos, como óleo, escoam em
pequenos tubos ou passagens estreitas 1.
Verifica-se a existência desses regimes de escoamento injetando uma
sequência de corante no escoamento em tubo de vidro, como fez o cientista
britânico Osborn Reynolds1. Observa-se que a sequência de corante forma uma
linha reta e suave em baixas velocidades quando o escoamento é laminar (nota-se
algumas indefinições devido à difusão molecular) como mostra a Figura 1; já no
regime de transição, ela apresenta o aparecimento de flutuações e zigue-zagues
rápidos e aleatórios quando o escoamento se torna totalmente turbulento,
apresentado na Figura 2; no regime turbulento quase não se vê o corante devido à
intensa mistura do fluido causada pela alta velocidade que se encontra o
escoamento da água, como apresenta a Figura 3.

2
Figura 1 – Regime Laminar

Fonte: Próprio Autor.

Figura 2 – Regime de Transição

Fonte: Próprio Autor.

Figura 3 – Regime Turbulento

Fonte: Próprio Autor.

A transição do escoamento laminar para turbulento depende da geometria e


rugosidade da superfície, velocidade de escoamento, temperatura da superfície e do
3
tipo de fluido, entre outros fatores1. Após extensas experiências feitas na década de
1880, Osborn Reynolds descobriu que o regime de escoamento depende, na sua
maior parte, das razões das forças de inércia com as forças viscosas do fluido,
Forças de Inércia u Lc ρu Lc
conforme a seguinte equação1: Re = = = , em que u é a
Forças Viscosas ν μ
velocidade do escoamento livre de placa plana; Lc é o comprimento característico da
μ
geometria (para cilindros, Lc =D ¿; e ν= é a viscosidade cinemática do fluido, que
ρ
depende da razão entre a viscosidade dinâmica μ e a densidade ρ .
Tem-se que em Re <2000 há um regime laminar. Para Re >4000 , o regime é
turbulento. Portanto, para 2000 ≤ R e ≤ 4000 , o escoamento se encontra no regime de
transição. Quando o escoamento se torna turbulento, o número de Reynolds é
chamado de número de Reynolds crítico. O valor do número de Reynolds crítico é
diferente para diferentes geometrias e condições de escoamento 1.

2. Objetivos
O objetivo do experimento foi calcular o Número de Reynolds para diversas
vazões de água, a fim de determinar o tipo de escoamento e o valor do Reynolds
Crítico.

3. Materiais e Métodos
3.1 Materiais
Tubo Cilíndrico com diâmetro interno de 12 mm;
Proveta Graduada de 250 e 500 mL;
Tanque de 5 e 10 L
Cronômetro;
Termômetro.

3.2 Procedimento Experimental


Para realizar o experimento utilizou-se um equipamento em que se pôde
controlar a rotação (rpm) de uma bomba e, portanto, a vazão do escoamento.
Acompanhou-se o volume escoado, medindo o tempo de escoamento com o auxílio
de um cronômetro.
Inicialmente, para o regime laminar, mediu-se o tempo para a vazão escoar
4
250 e 500 mL, utilizando-se de provetas graduadas. Para os demais regimes, mediu-
se o tempo para que o tanque alcançasse volumes de 5 e 10 L. Mediu-se também a
temperatura da água com um termômetro, a fim de obter as viscosidades dinâmica (
μ) e cinemática ( ν ) e a densidade ( ρ ).
Para determinação do Número de Reynolds, é necessário calcular a vazão
(Q) e a velocidade de escoamento (u). A vazão foi determinada a partir do volume
V
coletado em m3 (V) e do tempo medido em segundos (t): Q=
t
Já a velocidade foi determinada a partir da relação entre a vazão e a área da
V V
u= =
( )
secção transversal do tubo de escoamento em m2 (A): t.A D
2
t.π.
2
A partir disso, pôde-se calcular o Número de Reynolds e determinar o tipo de
escoamento.

4. Resultados e Discussões
Os dados sobre as dimensões da tubulação e as propriedades da água foram
organizados e expostos na Tabela 1.

Tabela 1 – Dimensões da Tubulação e Propriedades da Água

Diâmetro da Tubulação (D) 0,012 m


Área da Secção Transversal (A) 0,000113 m2
Temperatura (T) 22 °C
Densidade (r) 997,8 kg/m3
Viscosidade Dinâmica (m) 9,93x10-4 N.s/m2 (Pa.s)
Viscosidade Cinemática (n) 9,95x10-7 m2/s
Fonte: Próprio Autor.

Os dados experimentais (volume e tempo) foram organizados nas Tabelas 2


e 3, juntamente com os valores calculados de vazão, velocidade e Número de
Reynolds. Não foi possível atingir uma vazão que proporcionasse um regime de
transição e, portanto, não foi possível a determinação do Número de Reynolds
Crítico.
 
Tabela 2 – Dados Experimentais e Cálculo da Vazão, Velocidade e Número de Reynolds
para o Regime Laminar
5
Rotação Volume Tempo Velocidade Número de
Vazão (m3/s)
(rpm) (m3) (s) (m/s) Reynolds
0,0005 51,87 9,63948x10-6 0,085231746 1027,600721
0,0005 54,27 9,21319x10-6 0,081462514 982,1567979
786 0,0005 56,62 8,8308x10-6 0,078081431 941,3926072
0,00025 27,51 9,0876x10-6 0,080352065 968,7686191
0,00025 27,36 9,13743x10 -6
0,080792592 974,0798505
789 0,00025 24,25 1,03093x10-6 0,091154034 1099,003081
Fonte: Próprio Autor.

Tabela 3 – Dados Experimentais e Cálculo da Vazão, Velocidade e Número de Reynolds


para o Regime Turbulento
Rotação Volume Tempo Velocidade Número de
Vazão (m3/s)
(rpm) (m3) (s) (m/s) Reynolds
0,005 101,22 4,93974x10-5 0,436768489 5265,920709
0,01 207,15 4,82742x10-5 0,426837619 5146,188696
846
0,005 96,73 5,16903x10-5 0,457042349 5510,353502
-5
0,01 203,87 4,90509x10 0,433704875 5228,9841
0,005 44,3 0,000112867 0,99796177 12031,97504
0,01 89,99 0,000111123 0,982547092 11846,12722
937
0,005 43,8 0,000114155 1,009354028 12169,32635
0,01 90,31 0,00011073 0,979065583 11804,15224
0,005 43,51 0,000114916 1,016081508 12250,43655
940
0,01 89,04 0,000112309 0,993030243 11972,51784
0,005 29,73 0,00016818 1,487040243 17928,57364
1031
0,01 60,38 0,000165618 1,464382458 17655,39895
Fonte: Próprio Autor.

A partir desses dados experimentais, foi possível plotar um gráfico expondo a


relação entre o número de Reynolds e a vazão:

6
Gráfico 1 – Gráfico Relacionando o Número de Reynolds e a Vazão

Número de Reynolds (Regime Laminar)


1125
1100
1075
Número de Reynolds

1050
1025
1000
975
950
925
900
875
850
0.0000086 0.000009 0.0000094 0.0000098 0.0000102 0.0000106
Vazão (m3/s)

Fonte: Próprio Autor.

Gráfico 2 – Gráfico Relacionando o Número de Reynolds e a Vazão

Número de Reynolds (Regime Turbulento)


20000

18000

16000
Número de Reynolds

14000

12000

10000

8000

6000

4000
0.00004 0.00006 0.00008 0.0001 0.00012 0.00014 0.00016 0.00018
Vazão (m3/s)

Fonte: Próprio Autor.

Observa-se, analisando o gráfico, que a relação entre a vazão e o número de


Reynolds demonstra um comportamento linear. Ou seja, conforme a vazão aumenta,
o Número de Reynolds também se eleva proporcionalmente. Portanto, tem-se um
escoamento laminar para baixas vazões, e à medida que esta vai aumentando, o
escoamento se tornará turbulento, pois o número de Reynolds aumentará.
7
Em virtude de que o número de Reynolds é representado pela razão entre as
forças inerciais sobre as forças viscosas, conforme aumenta-se a viscosidade o
número de Reynolds diminui.
Portanto, se, nas mesmas condições, fosse utilizado um fluido mais viscoso,
como a glicerina ( ν=0,0005232 m2 / s ¿, o número de Reynolds seria menor. Dessa
forma, seriam necessárias altas vazões para que o escoamento atingisse o regime
turbulento. Em contrapartida, para um fluido menos viscoso, como o ar
(ν=0,000 001511 m2 / s), o Número de Reynolds seria maior, e o escoamento atingiria
o regime turbulento em vazões menores.

5. Conclusões
O Número de Reynolds é um parâmetro fundamental para a Mecânica dos
Fluidos e para o entendimento dos regimes de escoamento. Conclui-se, portanto,
que o número de Reynolds demonstra um comportamento linear em relação a
vazão, aumentando proporcionalmente a esta. Nota-se também um comportamento
inversamente proporcional do Número de Reynolds em relação a viscosidade, ou
seja, conforme a viscosidade aumenta, teremos uma diminuição daquele.

6. Referências
1
ÇENGEL, Yunus A.; CIMBALA, John M. Mecânica dos Fluidos. Porto Alegre: Grupo A,
2015. 9788580554915. Disponível em: https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580554915/.

Você também pode gostar