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Universidade Federal do Maranhão - UFMA

Centro de Ciências Exatas e Tecnologia - CCET


Coordenação do Curso de Engenharia Mecânica - CCEM
Laboratório de Calor e Fluídos I

DEMÓSTENES DIAS RAMALHO SEGUNDO


VICTOR RUBEN SILVA CAMARA

Experimento 2:
NÚMERO DE REYNOLDS

São Luís - MA
2022
DEMÓSTENES DIAS RAMALHO SEGUNDO
VICTOR RUBEN SILVA CAMARA

Experimento 2:
NÚMERO DE REYNOLDS

Relatório apresentado para obtenção parcial de


nota na disciplina de Laboratório de Calor e
Fluidos I, do curso de Engenharia Mecânica,
ministrada pelo Prof. Glauber Cruz

São Luís - MA
2022
RESUMO

O número de reynolds é um número adimensional utilizado para definir um


regime de escoamento de um um fluido (laminar, transiente ou turbulento) sobre
uma superfície levando em consideração a velocidade, viscosidade e massa
específica desse fluido. O objetivo deste trabalho é determinar o número de
Reynolds a partir dos valores obtidos experimentalmente e em seguida comparar
com os valores da literatura. Durante a análise foram realizadas três medições de
tempo e volume para os intervalos de 10 seg, 20 seg e 30 seg repetindo os
processos para diferentes vazões, definindo assim os escoamentos laminar, de
transição e turbulento. Os resultados obtidos foram diferentes da literatura e cada
escoamento apresentou-se acima do limite definido, porém o resultado foi
satisfatório para o regime turbulento visto que apresentou-se acima de 4000. Em
suma, os resultados mantiveram suas características apresentando valores
crescentes à medida que o fluido passa de laminar para turbulento.

Palavras-chaves: Reynolds; Escoamento, Laminar, Transição; Turbulento


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 5

2.OBJETIVOS 7

3.FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 8

4.METODOLOGIA 9

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 10

6.CONCLUSÃO 15
1. INTRODUÇÃO

Em 1880, Osborne Reynolds, engenheiro britânico, estudou a transição entre


os regimes laminar e turbulento em um tubo. O mesmo correlacionou os parâmetros
e encontrou um critério pelo qual o regime pode ser classificado, que corresponde
ao número de Reynolds, razão entre as forças de inércia e as forças viscosas (FOX
& MCDONALD, 2006)
Este experimento tem a intenção de visualizar o padrão de escoamento de
água através de um tubo de vidro, com o auxílio de um fluido colorido (corante)
como pode ser visualizado na Figura 1.

Figura 1: Experiência de Reynolds

Fonte: Vianna (2001)


Segundo Vianna (2001), a água do reservatório (R) passa por um tubo (T) de
vidro, há um registro que regula a saída do líquido ao mesmo tempo em que se
injeta no eixo longitudinal de (T), um tênue filete colorido, proveniente de (V)
aumenta a velocidade do escoamento, por meio da abertura do registro. Na Figura 2
é possível observar o comportamento do filete de corante e determinar o tipo de
regime de escoamento.

Figura 2: Configuração do filete de corante conforme direção da trajetória

Fonte: Vianna (2001)


É possível perceber que o filete permanece estável até um certo limite, e
varia conforme está sendo gradualmente aberto, tornando o filete sinuoso até o
ponto em que se difunde na água.
2. OBJETIVOS

Dentre os objetivos do seguinte experimento (Número de Reynolds) pode-se


citar:

● Determinar e avaliar o número de Reynolds para a condição de diâmetro do


tubo, velocidade (e/vazão), tempo de escoamento e viscosidade do fluido
para a temperatura de 40ºC.
● Comparar os dados obtidos para os regimes laminar, transição e turbulento
com os fornecidos pela literatura.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O número de Reynolds é um número adimensional que relaciona as


propriedades físicas do fluido, velocidade e geometria do ducto pelo qual o fluido
está percorrendo, esse valor pode ser representado pela equação (1).

𝑅𝑒 = ρ. 𝑉. 𝐷/μ (1)

sendo ρ = 𝑑𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒(𝑘𝑔/𝑚³), 𝑉 = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑎 (𝑚/𝑠),


𝐷 = 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑡𝑢𝑏𝑜(𝑚), μ = 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑖𝑛â𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜(𝑁. 𝑠/𝑚²), a
mesma também pode ser definida por 𝑣 = ρ/μ ,com
𝑣 = 𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑛𝑒𝑚á𝑡𝑖𝑐𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜(𝑚²/𝑠) então, pode-se definir o número de
Reynolds a partir da multiplicação da velocidade do fluido dividido pelo diâmetro do
tubo, dividido pela viscosidade cinemática, representado pela equação (2).

𝑅𝑒 = 𝑉. 𝐷/𝑣 (2)

Quanto maior for o número de Reynolds maior será a chance do escoamento


tornar-se instável, pois as forças de inércia irão superar as outras forças e
começarão a dominar o escoamento (HIBBELER, 2014)
O número de Reynolds é o que permite avaliar o tipo do escoamento (a
estabilidade do fluxo) e pode indicar se flui de forma laminar ou turbulenta. Para o
caso de fluxo de água em tubo cilíndrico admite-se que para valores menores que
2300 o fluxo será laminar (Re ≤ 2300 ).
Segundo OLIVEIRA & LOPES (2010), a fase intermediária, designada por
transição de regime, corresponde a um valor do número de Reynolds dito crítico,
acima do qual uma perturbação tem tendência a ser amplificada e a degenerar em
turbulência. O regime é denominado transição quando (2300 ≤Re ≤4000)
No regime turbulento (Re ≥ 4000) as partículas se movimentam de maneira
desordenada e irregular, com uma trajetória aleatória que se “mistura” ao líquido.
Para o cálculo do número de Reynolds segundo a equação (3) a velocidade
pode ser definida por uma relação entre a vazão e área, sendo a vazão,
representada pela equação (4), a divisão do volume pelo tempo analisado.

𝑉 = 𝑄/𝐴 (3)

𝑄 = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒/𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 (4)

onde 𝑄 = 𝑣𝑎𝑧ã𝑜(𝑚³/𝑠), 𝐴 = á𝑟𝑒𝑎 (𝑚) e 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜(𝑠𝑒𝑔).

De acordo com WHITE (2010), há a relação do Número de Reynolds com


fluxos internos (fluxo em tubos, por exemplo), a configuração de fluxo interno é uma
geometria que convém para fluidos de aquecimento e resfriamento usados em
tecnologias relacionadas à conversão de energia. De maneira geral, esse regime de
fluxo tem sua relevância na engenharia devido os estudos das diferentes geometrias
de tubos para as diferentes aplicações, por exemplo, tubos circulares são mais
interessantes na para suportar altas pressões e tubos quadrados ou retangulares
são mais interessantes para a transferência de gases de baixa pressão como dutos
internos de ares condicionados.
4.METODOLOGIA

Para dar início ao experimento ligou-se a bomba injetora de água e abriu-se


parcialmente a válvula de descarga à base do aparelho. Após o recipiente que
armazena a água, indicado pela Figura 3, encher totalmente, foi aumentando a
temperatura da água até que chegasse a 40º C. A água foi aquecida pelo
equipamento indicado pela Figura 4 e aferida por um termômetro de mercúrio; após
a temperatura ser atingida, deu-se continuidade ao experimento. Ajustou-se o
suprimento de água até que o nível no tanque estivesse ligeiramente acima do tubo
de descarga. A Figura 5 apresenta o sistema utilizado.

Figura 3: Reservatório de armazenamento da água

Fonte: Autores (2022)

Figura 4: Equipamento responsável pelo aquecimento da água

Fonte: Autores (2022)


Figura 5: Equipamentos do experimento (a) Mecanismo geral e (b) Reservatório

(a) (b)
Fonte: Autores (2022)

A etapa de abrir e ajustar a válvula do injetor de corante para obter um fino


filamento de marcador na vazão do tubo de vidro não concretizou-se por problemas
no equipamento.
Foi então medida a taxa de vazão cronometrando a coleta de uma
quantidade conhecida de água no tubo de descarga.
Aumentou-se a taxa de vazão gradualmente até que as perturbações
aumentassem e para cada condição de vazão(laminar, transição e turbulento) foi
cronometrado o tempo de 10 s, 20 s e 30 s com três medidas para cada intervalo.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após determinar a temperatura da água de 𝑇 = 32°𝐶, por meio da


−6
interpolação nas tabelas encontrou-se o valor de 𝑣 = 0, 7716𝑒 𝑚²/𝑠 e para o
cálculo da área do tubo de acrílico mediu-se um diâmetro de 12 mm (ou 0,0012 m),
as 1, 2 e 3 mostram os dados de tempo e volume para o regime laminar, valores
utilizados para calcular o Número de Reynolds.

Tabela 1: Dados de tempo e volume para o regime laminar

Fonte: Autores (2022)

Os valores se comportaram como o esperado, aumentando


proporcionalmente conforme o aumento do tempo.

A Figura 4 mostra os valores utilizados no Matlab para o cálculo do número


de Reynolds para o regime laminar.
Figura 4: Cálculo do número de Reynolds para Regime Laminar

Fonte: Autores (2022)


Tabela 2: contempla os valores de tempo e volume para os em triplicata para
os intervalos 10 seg, 20 seg e 30 seg para o regime de transição.

Fonte: Autores (2022)

Após as medições foram realizadas as médias para cálculo de volume e


vazão e em seguida calculado o número de Reynolds como pode ser visualizado na
Figura 5
Figura 5: Cálculo do número de Reynolds para regime de transição

Fonte: Autores (2022)

Tabela 3: apresenta os valores medidos para o regime turbulento e suas


respectivas médias.

Fonte: Autores (2022)

Os valores de volume para o regime turbulento em 10 seg e 20 seg foram


menores que os valores de regime de transição para 20 seg e 30 seg
respectivamente
Na Figura 6 é possível observar os valores de Reynolds obtidos para o
regime turbulento.

Figura 6: Cálculo do número de Reynolds para regime turbulento

Fonte: Autores (2022)

Tabela 4: pode-se observar os valores de média, variância e desvio padrão


para os regimes laminar, de transição e turbulento a partir do Número de Reynolds
Fonte: Autores (2022)

É possível perceber que a variância do regime laminar é maior entre os


outros regimes então pode-se concluir que esta medida está mais distantes média
do número de Reynolds da literatura (Re ≤ 2300), porém o inverso também ocorre
para o regime de transição, que possui o menor valor de variância e
consequentemente a média medida está mais próxima da média da literatura(Re ≥
4000).
Analisando o desvio padrão o regime de transição é o que apresenta o menor
valor, sendo assim é a amostra mais homogênea, ou seja, seu valores estão mais
próximos da média, entretanto para o regime laminar acontece o inverso.
O gráfico a seguir mostra a relação entre o número de Reynolds e o tempo
para os diferentes tipos de escoamento.

Gráfico 1: Relação entre número de Reynolds e tempo

Fonte: Autores (2022)

Através do gráfico de barras é possível perceber o comportamento dos


regimes de escoamento ao longo do tempo. O número de Reynolds para
cada escoamento aumenta com o tempo o que mostra uma característica
coerente, todavia os valores de obtidos não estão dentro dos encontrados na
literatura, todos ultrapassam os valores mínimos
O gráfico 2 nos mostra os valores exatos dos números de Reynolds
calculados para os intervalos de tempo.

Gráfico 2: Análise da continuidade dos valores

Fonte: Autores (2022)

Os valores de escoamento laminar se mantêm menores que o de


transição, assim como menor que o turbulento, porém maior que os da
literatura.
6.CONCLUSÃO

Em vista dos argumentos apresentados ao longo dos resultados pode-se


considerar que apesar da diferença dos valores obtidos experimentalmente com os
sugeridos na literatura os resultados mantiveram sua característica apresentando
valores crescentes à medida que o fluido passa de laminar para de transição e em
seguida turbulento.
A diferença nos resultados pode ser justificada pela imprecisão na abertura
da válvula, sendo assim não foi possível ter o controle necessário para definir os
escoamentos .
Em síntese, os valores de regime turbulento mantiveram-se dentro do
esperado por apresentar Número de Reynolds (Re > 4000).
7.REFERÊNCIA

FOX, ROBERT W.; MCDONALD, ALAN T. Introdução à mecânica dos fluidos. 6ª. ed.
Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos, 2006, 798 p.

HIBBELER. R.Mecânica dos Fluidos, 1 ed.Pearson Education,2014

OLIVEIRA, L. D. & LOPES, A. G. Mecânica dos Fluidos, 3ª ed. Lisboa: Lidel, 2010.

VIANNA, M. R. Mecânica dos Fluidos para Engenheiros, 4ª ed. Belo Horizonte:


Imprimatur, 2001

White Frank M., Mecânica dos Fluidos, McGraw-Hill Education, 7ª edição, fevereiro
de 2010, ISBN: 978-0077422417

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