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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIA E ENGENHARIA - CCAE

Ester Gonçalves de Jesus


Marcus Vinicius Rangel Schneider
Petherson Leticiano Ferri
Wemerson Fagundes Cardozo

PRÁTICA 1 - EXPERIMENTO DE REYNOLDS

Alegre – ES
2023
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIA E ENGENHARIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA RURAL

PRÁTICA 1 – EXPERIMENTO DE REYNOLDS

Ester Gonçalves de Jesus


Marcus Vinicius Rangel Schneider
Petherson Leticiano Ferri
Wemerson Fagundes Cardozo

Alegre – ES
2023
NOMENCLATURA

v: velocidade (m/s)
Q: vazão volumétrica (m3/s)
Re: número de Reynolds, adimensional
ρ: massa específica (kg/m3)
μ: viscosidade dinâmica (Pa∙s)
D: diâmetro do tubo (m)
A: área da seção transversal do tubo (m2)
V: volume de líquido (m3, L)
σ: desvio-padrão amostral da vazão volumétrica (m3/s)
1. INTRODUÇÃO

O estudo dos fluidos de Reynolds desempenha um papel central na mecânica dos fluidos e
fornece uma compreensão abrangente dos aspectos mais importantes do movimento dos
fluidos em vários sistemas. O número de Reynolds, em homenagem ao físico e engenheiro
Osborne Reynolds, é um parâmetro adimensional que descreve a razão entre as forças
inerciais e as forças viscosas em um fluxo de fluido (FOX et al., 2018).
Os fluidos de Reynolds são caracterizados por uma ampla gama de comportamento
fluidodinâmico, de laminar a turbulento. Essa classificação é determinada pelo valor do
número de Reynolds, que é calculado com base nas propriedades do fluido, vazão e
dimensões características do sistema (SILVA et al., 2017).
Em fluxos laminares, as moléculas de fluido se movem regularmente ao longo de caminhos
suaves e paralelos. As linhas de corrente são bem definidas, o fluxo é constante e não há
mistura significativa entre as diferentes camadas de fluido. Neste sistema, as forças viscosas
dominam as forças inerciais e o número de Reynolds é pequeno (RODRIGUES et al., (2020).
Em contraste, em fluxos turbulentos, as moléculas do fluido se movem caóticamente,
formando redemoinhos e turbulências. As linhas de corrente se quebram e se misturam,
resultando em uma distribuição de velocidade complexa e instável. Neste caso, as forças
inerciais dominam as forças viscosas e o número de Reynolds é alto. A transição entre
laminar e turbulento ocorre na faixa intermediária dos valores de Reynolds, onde pequenos
distúrbios podem desencadear instabilidade do fluxo laminar e levar à turbulência. Essa
transição é caracterizada por um aumento gradual na complexidade do fluxo à medida que a
distribuição de velocidade e a transferência de massa e calor mudam (FOX et al., 2018).
Compreender as propriedades básicas dos fluidos de Reynolds é muito importante no projeto
e análise de sistemas dinâmicos de fluidos. O comportamento do fluido em diferentes estados
de fluxo afeta diretamente a eficiência dos processos industriais, desempenho do
equipamento, remoção de calor e outros aspectos tecnologicamente importantes (WAGNER;
PALERMO; AMBRUŞ, 2022)
Além disso, a análise de fluidos Reynolds permite o desenvolvimento de modelos
matemáticos e técnicas de simulação de computador para prever e otimizar o comportamento
do fluido em uma ampla gama de aplicações (FOX et al., 2018). A capacidade de prever o
regime de fluxo correto, identificar possíveis problemas relacionados à turbulência e
selecionar as melhores estratégias de projeto contribui para a eficiência e segurança dos
sistemas e processos que envolvem fluidos.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Os materiais utilizados nos experimentos foram:
● Azul de metileno
● Termômetro
● Cronômetro
● Água
Uma bancada de Reynolds da marca ROMATEX modelo 2013H foi usada para simular o
regime de escoamento, conforme apresentado na Figura 1.

Figura 1 - Bancada para experimento de Reynolds.


Fonte: Acervo pessoal

A bancada de Reynolds é constituída por:

● Estrutura em aço; (1)


● Reservatório plástico de 130 L; (2)
● Mangueira de nível do reservatório plástico; (3)
● 1 registro de agulha; (4)
● 1 registro de esfera/gaveta; (5)
● Reservatório de acrílico com largura de 400 mm e capacidade reserva de 115 L, sendo
as demarcações presentes em sua face com escala de 5 mm para cada litro; (6)
● Boia de contenção de água; (7)
● Tubo de acrílico com 1600 mm de comprimento e 40 mm de diâmetro interno; (8)
● Reservatório de corante; (9)
● Injetor de corante; (10)
Para a realização da prática será necessário dados da Tabela A.7 (FOX et al., 2018):
Temperatura igual a 25 ºC;
μ = Viscosidade Dinâmica do Fluido, (água), é igual a 8,93 × 10−4 (Pa ⋅ s);
ρ = Massa Específica do Fluido, (água), é igual a 997 kg/m3.

Os dados apresentados no Quadro 1 serão utilizados como referência para


determinação do regime atuante no escoamento analisado:

Nº de Reynolds Regime atuante

Valores inferiores a 2300 Laminar

Valores entre 2300 a 4000 Transição

Valores superiores a 4000 Turbulento

Quadro 1 - Informações que serão tomadas como parâmetros para o conhecimento do regime.
Fonte: Retirado de FOX et al., 2018.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
1) Encha com água o reservatório de acrílico até a marca indicadora;
2) Abra o registro gaveta para o volume do tubo de acrílico ser ocupado por água;
3) Insira o corante no recipiente até a marca indicadora;
4) Anote a temperatura da água antes de abrir a válvula agulha;

ESCOAMENTO TURBULENTO (FIGURA 2)


5) Regule lentamente o registro gaveta localizado no final da tubulação de acrílico, aguarde
alguns segundos para o escoamento estabilizar;
6) Regule lentamente a válvula agulha para liberar o corante (atenção na abertura, não é
necessário a liberação de grande quantidade de corante), e observe a formação do regime
turbulento do filete de azul de metileno ao longo da tubulação de acrílico;
7) Com um cronômetro anote o tempo necessário para que 1 litro de água seja eliminado (a
observação será feita pelas demarcações presentes no reservatório).
8) O procedimento será realizado em duplicata.
9) Regule novamente o registro gaveta da tubulação de acrílico para uma nova vazão de água,
mantendo o regime turbulento observado pelo filete de corante e aguarde o escoamento se
estabilizar;
10) Novamente com um cronômetro anote o tempo que o volume de 1 litro seja eliminado (a
observação será feita pelas demarcações presentes no reservatório).
11) O procedimento será realizado em duplicata.
DICA: Para melhor visualização do regime, abra totalmente a válvula. O tempo para o
escoamento de 1 litro do reservatório deve ser inferior a 9 segundos.

Figura 2 - Escoamento Turbulento

ESCOAMENTO DE TRANSIÇÃO (FIGURA 3)


12) Regule lentamente o registro gaveta localizado no final da tubulação de acrílico, aguarde
alguns segundos para o escoamento estabilizar;
13) Regule lentamente a válvula agulha para liberar o corante (atenção na abertura, não é
necessário a liberação de grande quantidade de corante), e observe a formação do regime de
transição do filete de azul de metileno ao longo da tubulação de acrílico;
14) Com um cronômetro anote o tempo necessário para que 1 litro de água seja eliminado (a
observação será feita pelas demarcações presentes no reservatório).
15) O procedimento será realizado em duplicata.
16) Regule novamente o registro gaveta da tubulação de acrílico para uma nova vazão de
água, mantendo o regime de transição observado pelo filete de corante e aguarde o
escoamento se estabilizar;
17) Novamente com um cronômetro anote o tempo que o volume de 1 litro seja eliminado (a
observação será feita pelas demarcações presentes no reservatório);
18) O procedimento será realizado em duplicata.
DICA: Para melhor visualização do regime, o tempo para o escoamento de 1 litro do
reservatório deve ser superior a 9 segundos e inferior a 15 segundos.

Figura 3 - Escoamento de Transição

ESCOAMENTO LAMINAR (FIGURA 4)


19) Regule lentamente o registro gaveta localizado no final da tubulação de acrílico, aguarde
alguns segundos para o escoamento estabilizar;
20) Regule lentamente a válvula agulha para liberar o corante (atenção na abertura, não é
necessário a liberação de grande quantidade de corante), e observe a formação do regime
laminar do filete de azul de metileno ao longo da tubulação de acrílico;
21) Com um cronômetro anote o tempo necessário para que 1 litro de água seja eliminado (a
observação será feita pelas demarcações presentes no reservatório).
22) O procedimento será realizado em duplicata.
23) Regule novamente o registro gaveta da tubulação de acrílico para uma nova vazão de
água, mantendo o regime laminar observado pelo filete de corante e aguarde o escoamento se
estabilizar;
24) Novamente com um cronômetro anote o tempo que o volume de 1 litro seja eliminado (a
observação será feita pelas demarcações presentes no reservatório);
25) O procedimento será realizado em duplicata.
DICA: Para melhor visualização do regime, o tempo para o escoamento de 1 litro do
reservatório deve ser superior a 15 segundos.
Figura 4 - Escoamento Laminar

3. RESULTADO E DISCUSSÃO
1) A respeito do escoamento, ele será compressível ou incompressível? Discuta sua
resposta relacionando-a com a influência da temperatura no escoamento.
Nota-se que um fluido incompressível é aquele no qual a densidade permanece constante -
praticamente, independente das variações na temperatura ou pressão. Quando no estado
líquido, as variações na massa específica da água tem dependência principalmente na
temperatura e a pressão nesse contexto tem um efeito menor. Portanto, tendo em vista o
ambiente onde o experimento foi realizado, pode-se admitir que sua pressão e temperatura
são constantes e sabendo que a substância em análise - a água, estava no estado líquido,
podemos assumir que o escoamento é incompressível.

2) Qual a análise que pode ser realizada em relação às forças viscosas e inerciais quando
o fluxo é laminar, de transição e turbulento?
Considerando que Reynolds é uma medida adimensional que tem como papel descrever a
relação entre as forças viscosas e inerciais em um escoamento, nota-se que ele é muito usado
para determinar o tipo de escoamento que ocorre de acordo com o sistema analisado. Tendo
em vista esse cenário, quando as forças inerciais possuem uma predominância sobre as forças
viscosas, teremos um Reynolds com um número alto - nessas condições, tem-se um
escoamento turbulento. Quando ocorre ao contrário, em que as forças viscosas se sobrepõem
às forças inerciais, o escoamento é laminar com um número de Reynolds pequeno e, por
conseguinte, dependendo da rugosidade da superfície, condições do fluxo e viscosidade do
fluido pode vir a ocorrer transição entre o escoamento turbulento e laminar quando o
Reynolds está na faixa de valores de 2300<Re<4000, devido a instabilidade.
3) O quadro 2 será utilizado para organização dos dados anotados na prática e
preenchimento dos resultados calculados e observados.
Após realizarmos todos os passos descritos no procedimento experimental, obtivemos
os seguintes resultados apresentados no Quadro 2 a seguir:

Exp V (L) Tempo (s) Q (m3/s) v (m/s) Re Re


observado

1 1 6,44 1,529x10–4 0,1217 5434,93 turbulento

1 1 8,34 1,199x10–4 0,0954 4260,41 turbulento

2 1 11,55 8,658x10–5 0,0689 3076,96 transição

2 1 13,01 7,686x10–5 0,0612 2733,09 transição

3 1 54,30 1,842x10–5 0,0146 652,01 laminar

3 1 34,50 2,898x10–5 0,0231 1031,61 laminar


Quadro 2: Valores obtidos no experimento

Para encontrar os valores de vazão volumétrica, velocidade média na seção


transversal do duto e Reynolds foram usados as Equações 1, 2 e 3, respectivamente.
𝑄 = 𝑉 *𝑡 (1)
𝑣 = 𝑄/𝐴Seção Transversal (2)
𝑅𝑒 = (ρ * 𝐷 * 𝑉)/μ (3)
Em que ρ (massa específica), μ (viscosidade dinâmica) e D (diâmetro do tubo) estão
especificados no tópico de Materiais e Métodos e ASeção Transversal é dada por ℼD2/4.

4. CONCLUSÃO
Assim sendo, de acordo com Silva (2017), o escoamento de fluidos pode ser
entendido como o movimento das moléculas presentes no fluido. Por conseguinte, na
prática pôde-se perceber as três faixas do regime, sendo que, o regime laminar é
caracterizado por um fluxo ordenado, com movimentações em paralelo umas às
outras. O regime turbulento, por sua vez, possui um fluxo desordenado com
movimentos aleatórios e o regime de transição ocorre entre ambos citados
anteriormente sendo definido por uma fase intermediária.
Portanto, ao realizar os cálculos teóricos do número de Reynolds, podemos notar
que foi possível identificar as três faixas de regime, assim correspondendo ao que foi
visto na parte experimental, sendo excelente para entendimento e também prever o
comportamento do escoamento de fluido de acordo com os diferentes contextos.

5. REFERÊNCIAS

Hidráulica Agrícola. 2021. Disponível em:


<https://hidraulica.tolentino.pro.br/regime.html>. Acesso em: 20 de maio de 2023.

FOX, R. W.; McDONALD, A. T.; PRITCHARD, P. J.; MITCHELL, J. W. Introdução à


Mecânica dos Fluidos. 9. ed. atual. Rio de Janeiro: LTC, 2018. 701 p. ISBN 978-1-118-
96127-8. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/reader/books/9788521635000/epubcfi/6/10[%3Bn
d.vst.idref%3Dcopyright]!/4/22/6/1:42[ani%2Ccs]>. Acesso em: 22 de maio de 2023.
RODRIGUES, C. A.; FELISARDO, R. J. A.; SILVA, G. M.; SOUZA, N. B. S.
APLICAÇÕES DE DIFERENTES TIPOS DE ESCOAMENTO PARA DETERMINAR O
NÚMERO DE REYNOLDS. III Congresso Nacional de Engenharia de Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis: V Workshop de Engenharia de Petróleo, Aracaju-Sergipe,
p.8,2020. Disponível em:
https:<//www.editorarealize.com.br/editora/anais/conepetro/2018/TRABALHO_EV104_MD
4_SA116_ID262_06052018180514.pdf.> Acesso em: 22 maio 2023.
SILVA, F. M. C.; APOLINARIO, M. F.; SIQUEIRA, A. M. O. EXPERIMENTO DIDÁTICO
DE REYNOLDS E CONCEITOS BÁSICOS EM MECÂNICA DOS FLUIDOS. The
Journal of Engineering and Exact Sciences , [s. l.], v. 03, ed. 03, p. 346-357, 2017.
Disponível em: https:<//www.locus.ufv.br/bitstream/123456789/14124/1/156-1446-1-
PB.pdf.> Acesso em: 22 maio 2023.
WAGNER, David; PALERMO, Andrea; AMBRUŞ, Victor E. Inverse-Reynolds-dominance
approach to transient fluid dynamics. Physical Review D, v. 106, n. 1, p. 016013, 2022.
Disponível em: <https://doi.org/10.1103/PhysRevD.106.016013>. Acesso em: 20 de maio de
2023.
SILVA, F.M.C., Apolinário, M.F., Siqueira, A.M.O., Candian, A.L.M., Moreira, L.A.F., Sarti,
M.R. (2023). Experimento Didático de Reynolds com Conceitos Básicos em Mecânica dos
Fluidos. Revista de Ensino de Ciência e Tecnologia, 11. Universidade Federal de Viçosa,
Departamento de Química. Disponível em:
<https://periodicos.ufv.br/jcec/article/view/2246/7240>. Acesso em: 20 de maio de 2023.

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