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ANÁLISE E DEFINIÇÃO DO REGIME DE ESCOAMENTO DE UM

FLUÍDO

Fernanda de Brito Anselmo, fernanda.anselmo.101@ufrn.edu.edu1


Gabhriel Ricardo Franco da Silva, gabhriel.franco.116@ufrn.edu.br2
Guilherme Augusto da Silva Feitosa, augusto.feitosa.116@ufrn.edu.br3
Leticia Valeria Fernandes, leticia.fernandes.052@ufrn.edu.br4
1
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, Departamento de Engenharia Mecânica – Campus
Universitário – Centro de Tecnologia – Lagoa Nova, Natal/RN, Brasil

Resumo: Na engenharia, entender o comportamento dos fluidos é crucial, sendo o número de Reynolds (Re)
fundamental para avaliar o tipo de escoamento. Este número relaciona o coeficiente de viscosidade, a densidade do
fluido e a dimensão linear do sistema. No experimento, a água flui por uma tubulação transparente, com sua vazão
variada por meio de uma válvula de controle, permitindo a identificação de diferentes tipos de escoamento, e assim
classificando-os como laminar, transiente ou turbulento. A análise desses padrões de fluxo fornece informações
valiosas para diversas áreas da engenharia, desde sistemas de tubulação até projetos em engenharia civil e mecânica.

Palavras-chave: Reynolds, fluido, escoamento

1. INTRODUÇÃO

Na engenharia, compreender os diversos regimes de escoamento é fundamental para entender o comportamento dos
fluidos em diferentes situações. Isso proporciona uma visão mais clara das propriedades dos fluidos e permite garantir
sua utilização com segurança. Essa compreensão não apenas fornece uma visão mais clara das propriedades dos fluidos,
mas também é fundamental para garantir sua utilização segura e eficiente em uma ampla gama de aplicações.
Este relatório descreve os procedimentos, metodologias e resultados de um experimento realizado para analisar e
caracterizar os tipos de escoamento dos fluidos: laminar, transiente e turbulento. No escoamento laminar, as partículas
apresentam um comportamento mais suave e ordenado, sem mistura entre as camadas do fluido. Essa condição pode ser
observada visualmente, com fluxos uniformes e paralelos. Já no escoamento turbulento, o comportamento é caótico e
complexo, com movimentos aleatórios e uma mistura intensa entre as camadas fluidas. Esta condição é caracterizada
por vórtices, agitação e uma distribuição irregular do fluido. O escoamento transiente, por sua vez, é uma transição
entre o laminar e o turbulento, apresentando características de ambos os regimes.

2. METODOLOGIA

O experimento foi realizado no laboratório de mecânica dos fluidos, localizado no Núcleo de Tecnologia Industrial
(NTI) da UFRN. Este procedimento tem como objetivo analisar e caracterizar o escoamento de um fluido, podendo este
ser laminar ou turbulento, conforme exemplificado na Fig. (4).
Para alcançar tal objetivo, empregaram-se duas metodologias distintas. Inicialmente, realizou-se uma análise visual
do escoamento utilizando a bancada horizontal de Reynolds. Posteriormente, efetuou-se o cálculo do número de
Reynolds, cujos resultados estão apresentados na Tab. (1).
A bancada de Reynolds é composta por diversos componentes essenciais para o procedimento, tais como um
reservatório de alimentação com escala milimétrica, um reservatório para o corante (fluido capilar), um reservatório de
descarga, uma tubulação horizontal cilíndrica transparente, além de válvulas de controle, como mostra a Fig. (3).
A água foi usada como fluido de trabalho, e apresenta as seguintes propriedades:

• Densidade (ρ): 1 g/cm^3


• Viscosidade Dinâmica (μ): 0,01 g/(cm·s)

Além disso, foram registrados os dados dos componentes essenciais da bancada de Reynolds:
• Diâmetro da Tubulação: 32 mm
• Medidas do Reservatório de Alimentação:
o Comprimento: 170 mm
o Largura: 375 mm

2.1. Materiais

• Bancada horizontal de Reynolds;


• Corante: azul de metileno;
• Cronômetro;
• Régua graduada de 30 cm de comprimento;
• Fluido: água;
• Celular (para tirar fotos).

2.2. Procedimento Experimental

Inicialmente, a preparação do experimento começou com a inserção do fluido com corante em uma tubulação
separada, seguida pela verificação do nível da água no reservatório de alimentação da bancada de Reynolds, conforme
ilustrado nas Fig. (1) e (2).

Figura 1. Inserção do fluido com corante na tubulação.

Figura 2. Medida da altura da água no reservatório de alimentação.


O procedimento experimental foi subdividido em duas etapas distintas: uma destinada à investigação do
escoamento laminar, outra para o estudo do escoamento turbulento. Essas avaliações abrangem tanto a caracterização
visual quanto a interpretação matemática dos resultados obtidos. Além disso, a execução do experimento fez uso da
bancada horizontal de Reynolds, cuja representação pode ser vista na Fig. (3).

Figura 3. Bancada horizontal de Reynolds.

No primeiro experimento, designado como Ensaio 1, o procedimento é iniciado abrindo a torneira suavemente para
permitir que a água do reservatório flua pela tubulação transparente. Uma vez que o fluxo de água tenha começado, a
válvula de controle de vazão do corante é aberta. Essa válvula permanece aberta até que um filete de corante comece a
fluir, apresentando uma forma retilínea e centralizada dentro do tubo, juntamente com a água, conforme ilustrado na
Fig. (4). Em seguida, ao obter o perfil laminar, visível através da própria tubulação, inicia-se a contagem do tempo. Este
tempo medido será usado para determinar a vazão do fluido.

Figura 4. Comportamento do filete de corante, conforme a classificação do fluxo.

Durante a realização do segundo experimento, denominado como Ensaio 2, o procedimento segue uma linha
semelhante ao do Ensaio 1. No entanto, há uma diferença crucial: ao abrir a torneira para permitir o fluxo de água, a
abertura é mais vigorosa, resultando em um maior volume de água liberado. Em seguida, a válvula do corante é fechada
para que a água limpe a tubulação transparente. Após confirmar a passagem de água limpa pelo tubo transparente, a
válvula do corante é aberta novamente. Neste momento, a observação visual revela o corante fluindo de forma aleatória,
indicando um padrão de escoamento turbulento, conforme ilustrado na Fig. (4). Uma vez alcançado o perfil desejado de
escoamento turbulento na tubulação, é iniciada a contagem do tempo de vazão do fluido, seguindo um procedimento
similar ao do Ensaio 1.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com base nos dados coletados durante a execução do experimento, foram registrados os volumes correspondentes
aos seus respectivos intervalos de tempo. Utilizando a Eq. (1), foi possível calcular a taxa de vazão. Os resultados estão
apresentados na Tab. (1).

(1)

Onde:

• Q: indica a vazão;
• V: indica o volume;
• t: indica o tempo em segundos.

Tabela 1. Dados obtidos com o experimento.

Ensaio Altura Altura Tempo Tempo Regime Vazão Volumétrica


Inicial Final Inicial Final Observado [cm3/s]
[cm] [cm] [s] [s]

1 34,72 33,95 0 60 Laminar 8,18

2 31,85 30,95 0 11 Turbulento 52,16

Com os resultados das vazões e tendo o valor do diâmetro da tubulação, foi possível calcular a velocidade do
fluido, conforme mostra a Eq. (2)

(2)

Para o cálculo do número de Reynolds foi usada a Eq. (3).

(3)

Tabela 2. Dados do fluido água e dados de alguns componentes da bancada de Reynolds.

Temperatura Diâmetro da Medidas do (ρ): Massa (μ): Viscosidade


tubulação [cm] reservatório de Específica da água Dinâmica da água
alimentação [cm] [g/cm³] [g/(cm.s)]

25°C 3,2 Largura: 17 1,00 0,01


Comprimento: 37,5

Os valores encontrados estão dispostos na Tab. (3).


Tabela 3. Resultados das velocidades e do número de Reynolds a partir dos dados experimentais.

Ensaio Variação de Variação Velocidade Reynolds


Volume de Tempo [cm/s]
[cm3] [s]

1 490,88 60 1,02 326,4

2 573,75 11 6,49 2076,8

Os critérios utilizados para identificar o tipo de escoamento foram baseados em valores estabelecidos na literatura.
De acordo com o livro do Fox (2004), para valores de número de Reynolds (Re) inferiores a 2300, o escoamento é
classificado como laminar, e o valor obtido foi 326,4. Para escoamento turbulento, o Re deve ser superior a 4000, e o
valor encontrado foi 2076,8. Ao analisar os dados mostrados na Tab. (3), constatou-se uma discrepância entre os valores
calculados pelo número de Reynolds e os regimes de escoamento observados, como evidenciado nas Fig. (5) e (6). Essa
inconsistência pode ser atribuída a possíveis erros experimentais ou limitações nos métodos de medição, ressaltando
ainda que os modelos teóricos empregados podem não abranger completamente todos os aspectos do escoamento real.

Figura 5. Escoamento laminar.

Figura 6. Escoamento turbulento.


4. CONCLUSÃO

Considerando a análise visual das duas fotos, no primeiro escoamento é claramente observável a camada de água
com corante movendo-se de maneira linear, com pouca ou nenhuma perturbação, caracterizando-se, portanto, como um
regime laminar. No entanto, no segundo escoamento, não há mais um fluxo linear evidente, o corante está disperso por
toda a seção transversal e são perceptíveis múltiplas perturbações no fluxo, indicando a possibilidade de um regime
transiente ou turbulento. Dado que não há trechos lineares claros neste segundo escoamento, ele pode ser considerado
como um regime turbulento. Entretanto, ao calcular o número de Reynolds para ambos os escoamentos, a análise visual
não foi confirmada para o regime turbulento. Segundo o livro do Fox (2004), para valores menores que 2300, o
escoamento é laminar, e foi obtido um valor de 326,4, enquanto para o turbulento o Re deve ser maior que 4000, e foi
encontrado o valor de 2076,8. Portanto, embora a análise visual tenha confirmado o regime laminar no primeiro ensaio,
quando comparado com o número de Reynolds calculado, no segundo ensaio o número de Reynolds calculado não
corroborou com a imagem observada. Isso sugere a possibilidade de erros experimentais ou limitações nos métodos de
medição, destacando a necessidade de revisão.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FOX, R.W., McDonald, A.T. and Pritchard, P.J. . "Introdução à Mecânica dos Fluidos", LTC, 6a ed. (2004).
Standard Classification of Industrial Fluid Lubricants by Viscosity System.

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