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FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

Relatório de Laboratório de Hidráulica II:


Escoamento livre e regime de escoamento

Prof. Liliane Lazzari Albertin

Discentes:
Dara Eduarda Sávio R.A: 191051489
Ariela Lima Carvalho R.A: 212054694
Julia Melo de Padua R.A: 201050617
Miguel Henrique Martins dos Santos R.A: 191050571

Sumário

1.Introdução

2. Objetivo

3. Materiais e Métodos
4. Resultados e Discussão

5. Conclusão

6. Referências

1.Introdução
O regime de escoamento é um conceito em mecânica dos fluidos que se refere a como
os fluidos se comportam em relação a diversas variáveis. O escoamento pode ser classificado
em:
● Escoamento laminar (regime laminar, também chamado de lamelar ou tranquilo) - no
qual as partículas do fluido tendem a percorrer trajetórias paralelas.
● Escoamento turbulento (regime turbulento), no qual as trajetórias das partículas são
curvilíneas, não paralelas, alteram-se em sentido, sendo irregulares. Apresentam
entrecruzamento, formando uma série de minúsculos redemoinhos ou vórtex.
O escoamento livre é aquele em que o líquido está em contato com a atmosfera e a
pressão é igual à pressão atmosférica local. Esse tipo de escoamento é também conhecido
como escoamento em superfície livre e ocorre quando um líquido estiver em contato com a
atmosfera, como por exemplo em rios e córregos.
O experimento consistiu na análise de diferentes escoamentos, no canal de
demonstração e no canal da bancada, e logo após calcular algumas de suas variáveis, como:
● Velocidade e vazão: que são grandezas que estão relacionadas e são importantes para
o estudo dos canais de escoamento livre.
● O número de Froude: É uma relação entre a velocidade do fluido e a raiz quadrada da
gravidade multiplicada pela profundidade do canal. É usado para classificar o
escoamento em subcrítico (Fr < 1), crítico (Fr = 1) ou supercrítico (Fr > 1).
● A energia específica: que é uma grandeza que pode ser posta em função do número de
Froude e é composta pela energia cinética e pela energia potencial.

2.Objetivo
Calcular a velocidade, vazão, número de Froude, energia específica e
classificar o escoamento por métodos distintos em um canal de demonstração e em
um canal de bancada.

3.Materiais e Métodos

3.1. Canal de Demonstração


Inicialmente foram medidas as dimensões de duas seções transversais, antes e
após a comporta com descarregador de fundo, as dimensões citadas são a largura do
canal (B) e a lâmina d’água (y).
Para mensurar as velocidades dos trechos do canal, tanto a montante quanto a
jusante da singularidade (comporta com descarregador de fundo), colocou-se em
prática o método do flutuador. Visando assim obter as velocidades dos trechos
analisados.
A partir dos dados coletados anteriormente, fez-se o cálculo de área molhada e
perímetro molhado das duas seções existentes no canal.

A = B. y (Eq.1)

P = B + 2. Y (Eq. 2)

Feito isto, pode-se calcular a vazão do escoamento nos dois trechos com a
velocidade média obtida a partir dos dados coletados no método dos flutuadores e
área molhada calculada mediante as dimensões do canal.
Após o cálculo da vazão verificou-se o número de froude de cada seção do
canal e consequentemente obteve-se o regime de escoamento respectivamente.

Q = A. Vmed (Eq.3)

O passo seguinte foi calcular a lâmina crítica e a velocidade do escoamento


em questão.
𝐹𝑟² = 𝑄 ²×𝐵

(Eq. 𝐴³×𝑔
4)
Para finalizar o processo de análise do canal e a experimentação proposta,
tendo em mãos os dados explícitos acima foi elucidado o regime de escoamento dos
trechos, levando em consideração a lâmina crítica e velocidade crítica calculadas.
3.2. Canal de bancada
Inicialmente mensurou-se a velocidade do trecho a montante da singularidade
(vertedouro), colocando-se em prática o método do flutuador.
Em seguida foram medidas as dimensões de duas seções transversais, antes e
após o vertedor, as dimensões citadas são a largura do canal (B) e a lâmina d’água (y).
Calculou-se então a vazão do canal pelo método volumétrico, para tal foram
utilizados um balde, um cronometro e uma balança. Finalmente fez-se a média das
vazões coletadas.
Em posse da vazão e da área do segundo trecho, encontrou- se a velocidade
deste. Foram calculados os números de Froude das duas seções em questão. De posse
dos dados de lâmina, área e vazão, de cada trecho tornou-se possível o cálculo da
energia específica.
𝐸=𝑌+ 𝑉²

2𝑔

(Eq. 5)
O passo seguinte foi calcular a lâmina crítica, a velocidade crítica e a energia
crítica do escoamento.
Comparou-se os regimes de escoamento do canal em cada trecho, por três
métodos distintos, comparação de lâminas, comparação de número de froude e
método empírico (perturbações de ondas no escoamento).
Comparou-se a energia do escoamento com a energia crítica e definiu-se as
alturas alternadas do canal. Classificamos o escoamento por 3 métodos distintos.

4. Resultados e Discussão

4.1. Canal de demonstração


Para os cálculos, foram medidas as dimensões do canal e as diferenças de níveis nos tubos de
Pitot a montante e jusante do canal de demonstração. Esses dados estão apresentados na
Tabela 1 e 2.

Tabela 1 – Diferenças de níveis nos tubos de Pitot


Diferença de níveis
Parte inferior (cm) Parte superior (cm)
(cm)
Montante 5,5 22,1 16,6
Jusante 5,7 7,3 1,6
Fonte: Elaborado pelos autores.

Tabela 2 – Dimensões do canal


Largura (cm) Altura (cm) Área (cm2)
Montante 20,2 16,6 335,32
Jusante 20,2 1,6 32,32
Fonte: Elaborado pelos autores.
4.1.1 Jusante
𝑉 𝑐𝑚/𝑠
𝑄 = 32,32 ∗ 180,46 = 5832,47 𝑐𝑚3/𝑠 = 5,8𝐿/𝑠
𝐻𝑚 = 16,6𝑐𝑚
𝐹𝑟
√𝑔 ∗ 𝐻𝑚 √981 ∗ 1,6
Pode-se dizer então que o regime do escoamento a montante é supercrítico.
𝑉2 180,462
𝐸 𝑐𝑚

4.1.2 Montante
𝐴1 ∗ 𝑉1 = 𝐴2 ∗ 𝑉2
32,32 ∗ 180,46 = 335,32 ∗ 𝑉2
𝑉2 = 17,39𝑐𝑚/𝑠
𝐻𝑚 = 16,6𝑐𝑚
𝐹𝑟
√𝑔 ∗ 𝐻𝑚 √981 ∗ 16,6
Pode-se dizer então que o regime do escoamento a montante é subcrítico.
𝑉2 17,392
𝐸=𝑦+ = 16,6 + = 16,75 𝑐𝑚
2𝑔 2 ∗ 981

4.2. Canal de demonstração com degrau no fundo


O mesmo processo foi feito para definir a vazão do canal de demonstração com degrau no
fundo.
Tabela 4 – Diferenças de níveis nos tubos de Pitot
Diferença de níveis
Parte inferior (cm) Parte superior (cm)
(cm)
Montante 5,5 14,3 8,8
Jusante 5,7 7,8 2,1
Fonte: Elaborado pelos autores.

Tabela 5 – Dimensões do canal


Largura (cm) Altura (cm) Área (cm2)
Montante 20,2 8,8 177,76
Jusante 20,2 2,1 42,42
Fonte: Elaborado pelos autores.
Com os dados já obtidos podemos calcular o número de Froude, energia específica, energia e
altura crítica nas duas seções.
4.2.1. Montante
𝑄 = 5832,47 𝑐𝑚3/𝑠
𝐴 = 177,76 𝑐𝑚2/𝑠
𝑄 5832,47
𝑉= == 32,81cm/s
𝐴 177,76
Fr
√𝑔 ∗ 𝐻𝑚 √981 ∗ 8,8
O regime a montante é subcrítico.
𝑉2 32,812
𝐸 𝑐𝑚
𝑄 5832,47
𝑞 cm2/s
𝑞

𝑦𝑐 𝑐𝑚

𝐸𝑐 𝑐𝑚

4.2.1. Jusante
𝑄 = 5832,47 𝑐𝑚3/𝑠
𝐴 = 42,42 𝑐𝑚2/𝑠
𝑄 5832,47
𝑉= = = 137,49 cm/s
𝐴 42,42
Fr
√𝑔 ∗ 𝐻𝑚 √981 ∗ 2,1
O regime a jusante é supercrítico.
𝑉2 137,492
𝐸𝑐𝑚

2
𝑄 5832,47
𝑞 cm2/s
𝑞

𝑦𝑐 𝑐𝑚

𝐸𝑐 𝑦𝑐 𝑐𝑚
4.3. Canal de bancada
Primeiramente foi realizada a medição de vazão do canal pelo método volumétrico. O
procedimento foi realizado 3 vezes para maior precisão dos resultados. Os alturas e tempos
foram registrados na Tabela 3. Sendo

Tabela 3 – Coleta de dados para o cálculo da vazão do canal


Altura d’água do
Ensaio Tempo (s) Velocidade (cm/s)
balde (cm)
1 9,45 15,3 1,62
2 9,38 15,0 1,60
3 8,73 14,1 1,62
Fonte: Elaborado pelos autores.

𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 1,613𝑐𝑚/𝑠

Para calcular a vazão de escoamento do canal utilizamos o método flutuador. Utilizando fita
como marcador, determinamos uma distância na parte mais alta e uma na parte mais baixa do
canal, para serem percorridas pelas boias (flutuadores). As dimensões do canal foram
registradas na Tabela X, a fim de se obter as áreas das seções.

Seção Altura (m) Largura (m) Área (m2)


1 0,071 0,19 0,01349
2 0,041 0,19 0,00779

Calculamos a vazão Q por meio das seguintes equações.

𝐶𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑜𝑟𝑟𝑖𝑑𝑜
𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟 =
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜

𝑉𝑎𝑧ã𝑜 = 𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑎𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑓𝑙𝑢𝑡𝑢𝑎𝑑𝑜𝑟 × Á𝑟𝑒𝑎

A medição foi realizada 3 vezes para cada caso. Os tempos e os demais dados do flutuador 1
estão apresentados na Tabela X e do flutuador 2 na Tabela Y.

Caso 1
Os dados do flutuador que percorreu a seção 1, com maior altura d’água, estão na tabela
abaixo:

Comprimento Velocidade Vazão


Ensaio Tempo (s) Área (m2)
(m) (m/s) (m3/s)
1 0,578 7,98 0,072 0,01349 0,00097
2 0,578 7,48 0,077 0,01349 0,00103
3 0,578 7,74 0,075 0,01349 0,00101

𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 0,074𝑚/𝑠

𝑄𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 0,001003 𝑚3/𝑠

Calculamos também o número de Froude

𝐴 0,01349
𝐻𝑚 𝑚

𝐹𝑟

Como o número de Froude é menor que 1, podemos dizer que o regime do escoamento é
subcrítico (ou fluvial), apresentando grande altura d’água e pequena carga cinética. Calcula-
se também a energia específica e a altura crítica.
𝑉2 0,0742
𝐸=𝑦+ = 0,071 + = 0,0713 𝑚
2𝑔 2 ∗ 9,81
𝑄 0,001003
𝑞 m2/s
𝑞

𝑦𝑐 𝑚

Caso 2
Os dados do flutuador que percorreu a seção 2, com maior altura d’água, estão na tabela
abaixo:

Comprimento Velocidade Vazão


Ensaio Tempo (s) Área (m2)
(m) (m/s) (m3/s)
1 0,829 6,71 0,123 0,00779 0,00096
2 0,829 5,62 0,147 0,00779 0,00114
3 0,829 5,59 0,148 0,00779 0,00115

𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 0,139 𝑚/𝑠


𝑄𝑚é𝑑𝑖𝑎 = 0,001083 𝑚3/𝑠

Calculamos também o número de Froude


𝐴 0,00779
𝐻𝑚 = == 0,041𝑚
𝐵 0,19
𝐹𝑟
√𝑔 ∗ 𝐻𝑚 √9,8 ∗ 0,041

Para o caso 2 o número de Froude também é menor que 1, o regime do escoamento é


subcrítico (ou fluvial), apresentando as mesmas características do caso 1.
Por fim, calculamos a energia específica e a altura crítica para o caso 2.
𝑉2 0,139 2
𝐸𝑚

2
𝑄 0,001083
𝑞 m2/s
𝑞

𝑦𝑐

5. Conclusão

No canal de demonstração pudemos calcular os valores do regime de escoamento


encontrando valores para a velocidade de 180,46 cm/s, vazao de 5,8 L/s e com Fr= 0,14
classifica-se a montante como subcritico e Fr = 4,55 a jusante como supercritico. Já com o
degrau no fundo a velocidade foi de 32,81 cm/s e Fr= 0,35, entendendo assim a montante
como subcritico e Fr=3,03 a jusante supercritico.

6. Referências

[1] VICTOR, J. Tipos de regime de escoamento: Introdução. Disponível em:


<https://www.guiadaengenharia.com/tipos-regime-escoamento/.>. Acesso em: 19 abr. 2023.
[2] VICTOR, J. Regimes de escoamento em condutores verticais. Disponível em:
<https://www.guiadaengenharia.com/regime-escoamento-condutor/.>. Acesso em: 20 abr.
2023.
[3] NORMA, E. MEDIÇÃO DE VAZÃO DE EFLUENTES LÍQUIDOS –
ESCOAMENTO LIVRE. Disponível em:
<http://www2.cprh.pe.gov.br/wpcontent/uploads/2021/01/cprh_2004.pdf.>. Acesso em: 19
abr. 2023.

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