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Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas (CCE)


Departamento de Química e Engenharia Química (DEQ)
ENQ 271 - Laboratório de Engenharia Química I

NOME: Amanda Lopes Vale MATRÍCULA: 96873

NOME: Carlos Átila de Araújo Naves Soares MATRÍCULA: 100025

NOME: Sabrina de Ramos Cizilio MATRÍCULA: 96868

NOME: Vitória Moraes de Paula MATRÍCULA: 96870

TURMA: 4 PRÁTICA: 03 - Tubo de Venturi

1 INTRODUÇÃO

A vazão volumétrica trata-se da quantidade de volume de fluidos que passa por


uma determinada área em um tempo especificado. É essencial no ambiente industrial,
uma vez que a sua medição de forma adequada colabora para o controle e
monitoramento dos processos, fornecendo informações indispensáveis na realização de
balanços de massa e de energia.
Os medidores de vazão são instrumentos que podem partir de diferentes
princípios físicos de medição, sendo os principais encontrados no mercado:
eletromagnético, de área variável, ultrassônico, Coriolis e vórtex.
Enquanto medidor de vazão, o Tubo de Venturi baseia-se na variação da área da
seção transversal, de forma que haja também uma variação na pressão do fluido.
Inicialmente, uma redução de área ocasiona aumento na velocidade do escoamento.
Essa relação pode ser observada na Equação 1.

𝑄= 𝑉 ·𝐴 (1)

onde: Q = vazão volumétrica;


V = velocidade de escoamento do fluido;
A = área de seção transversal da tubulação.
Pela relação de proporcionalidade, para uma vazão constante, uma diminuição
na área de seção transversal acarretaria o aumento da velocidade de escoamento do
fluido.
Para o escoamento de fluidos tem-se também a equação de Bernoulli, descrita
pela Equação 2, obtida pelo cientista a partir de diversas considerações acerca da
conservação de energia do processo.
2 2
𝑃1 𝑉1 𝑃2 𝑉2
+ + 𝑔 · ℎ1 = + + 𝑔 · ℎ2 (2)
ρ 2 ρ 2

onde: P = pressão;
ρ = massa específica;
g = aceleração da gravidade;
h = altura do fluido.

Também pela relação de proporcionalidade, considerando as demais variáveis


constantes, o aumento da velocidade ocasionaria a diminuição da pressão.
A equação de Bernoulli é muito utilizada para a realização dos cálculos a partir
das medições observadas em um Tubo de Venturi, representado pela Figura 1.

Figura 1. Tubo de Venturi


Fonte: (SILVESTRI, 2013)

Nesse instrumento a variação de pressão é calculada a partir da variação de


altura que acontece nas tubulações “interligadas” ao tubo em diferentes pontos de áreas
distintas, de forma que quanto maior a altura do fluido maior é a pressão, conforme
ilustrado pela Figura 1.
Uma vez que o Tubo de Venturi possui boa precisão, além de ser capaz de medir
a vazão para grandes escoamentos em grandes tubulações sem ter quaisquer elementos
mecânicos imersos no fluido, os seus princípios tem diversas aplicações, seja elas
industriais ou em objetos cotidianos.
A partir disso, é imprescindível compreender o funcionamento desse
instrumento.
2 OBJETIVOS

A prática realizada objetiva, de forma generalizada, obter os valores de vazão


volumétrica de uma bancada hidráulica utilizando um tubo de venturi. Além disso,
visa-se encontrar os valores de vazão mássica (através da massa específica, tendo a
vazão volumétrica) e do número de Reynolds, para verificar o regime de escoamento.

3 MATERIAIS E METODOLOGIA
3.1 MATERIAIS

No experimento foram utilizados os seguintes materiais:


● Bancada de Hidráulica Volumétrica - H1D;
● H5 - Aparato Venturi Meter;
● Água da rede;
● Tomada 220 V;
● Fita métrica;
● Termômetro.
O H5 Aparato Venture Meter da marca TecQuipment (TQ) é apresentado na
Figura 2.

Figura 2. H5 Aparato do Tubo de Venturi


Fonte: Autoria própria.
3.2 METODOLOGIA

O procedimento experimental iniciou-se com medições do diâmetro da bitola


(9,50±0,05 cm) utilizando uma fita métrica, da temperatura da água da rede (19,0±0,5
°C), utilizando um termômetro e observando os diâmetros do tubo de Venturi, uma vez
que o instrumento já os fornece tabelados. A Tabela 1 irá mostrar esses valores e as
áreas de cada um.

Tabela 1. Diâmetros e áreas do tubo de Venturi.

Diâmetro (mm) Área (mm2)

A 26,00 530,9

B 23,20 422,7

C 18,40 265,9

D 16,00 201,1

E 16,79 221,4

F 18,47 267,9

G 20,16 319,2

H 21,84 374,6
Fonte: Elaborada pelos autores.

Em seguida, a bomba foi ligada e a válvula de regulagem após a restrição de


Venturi e a válvula de passagem foram abertas. No experimento, variou-se a abertura da
válvula de regulagem após a restrição de Venturi. A primeira abertura foi realizada com
¾ de volta, a segunda foi 1 volta completa e por fim, na terceira, utilizou-se 1+½ volta.
Em cada um desses ajustes de vazão foram coletadas as medidas de altura da
coluna de fluido, a fim de se calcular as vazões mássica e volumétrica e o número de
Reynolds. A Tabela 2 apresenta as diferentes alturas de coluna de fluido para as
diferentes vazões.
Tabela 2. Altura (h) de coluna de fluido para diferentes vazões (aberturas de válvula)

Vazão 1 = Vazão 2 = Vazão 3 =


3/4 de volta 1 volta 3/2 de volta

h (mm) h (mm) h (mm)

A 314 328 382

B 312 322 360

C 306 292 238

D 288 242 44

E 290 248 84

F 298 274 180

G 300 288 236

H 304 296 270


Fonte: Elaborada pelos autores.

Para a realização dos cálculos é necessário desenvolver algumas equações.


Considerando o regime permanente, o escoamento incompressível, a velocidade
uniforme na seção transversal e que ℎ1 é igual a ℎ2 e desconsiderando o atrito, a

equação de Bernoulli, apresentada na Equação 2, é simplificada na Equação 3:


2 2
𝑃1−𝑃2 𝑉2−𝑉1
ρ
= 2 (3)

A equação da continuidade é dada pela Equação 4:

𝐴1𝑉1 = 𝐴2𝑉2 (4)

Substituindo 4 em 3, tem-se a Equação 5:


2

𝑃1−𝑃2
=
( ) 𝐴1𝑉1
𝐴2
−𝑉1
2

(5)
ρ 2

A área de seção transversal é calculada a partir da Equação 6:


2
π𝐷
𝐴= 4 (6)

Substituindo 6 em 5, tem-se a Equação 7:


2

( )
2 2
𝑉1 𝐷1
𝑃1 − 𝑃2 = ρ 2
⎛ 2 − 1⎞ (7)
𝐷2
⎝ ⎠
A diferença de pressão (P 1-P2) é dada pela Equação 8:

𝑃1 − 𝑃2 = ρ𝑔∆ℎ (8)

Substituindo 8 em 7, tem-se a Equação 9:


2

( )
2 2
𝑉1 𝐷1
𝑔∆ℎ = 2
⎛ 2 − 1⎞ (9)
𝐷2
⎝ ⎠
Isolando V1, tem-se a Equação 10:

2𝑔∆ℎ
𝑉1 =
( ) (10)
4
𝐷1
4 −1
𝐷2

Já para calcular o número de Reynolds, utiliza-se a Equação 11.


ρ·𝑉·𝐷 ρ·𝑄·𝐷 ṁ·𝐷 4·ṁ
𝑅𝑒 = = = =
( ) (11)
2
µ µ·𝐴 π·𝐷 π·µ·𝐷
µ· 4

Por fim, a vazão mássica é apresentada na Equação 12.

2𝑔∆ℎ
ṁ = 𝐶ρ𝐴1
( ) (12)
4
𝐷1
4 −1
𝐷2

onde: 𝑅𝑒 = número de Reynolds


μ = viscosidade;
𝑡 = tempo;
ṁ = vazão mássica;
𝐶 = coeficiente de descarga experimental;
𝐷 = diâmetro da seção transversal da tubulação;
Δℎ = diferença de altura.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Utilizando as equações já citadas anteriormente e fazendo os devidos cálculos,


foi possível estruturar as Tabelas 3, 4 e 5 que contém os dados de cada experimento.
Tabela 3. Dados calculados para ¾ de volta

3/4 de volta

Altura Diâmetro ΔH V (m/s) Re Q (L/s) M (Kg/s)


(mm) (m)

A 314 0,026 Δac 0,008 0,229241 5788,656 0,121704 0,119079

C 306 0,0184 Δad 0,026 0,292242 7379,523 0,155151 0,151805

D 288 0,016 Δag 0,014 0,394326 9957,287 0,209348 0,204832

G 300 0,02016 Δah 0,010 0,441062 11137,44 0,234160 0,229109

H 304 0,02184

Desvio 0,044188 0,043235


Padrão
Fonte: Elaborada pelos autore

Tabela 4. Dados calculados para 1 volta

1 volta

Altura Diâmetro ΔH V (m/s) Re Q (L/s) M (Kg/s)


(mm) (m)

A 328 0,026 Δac 0,036 0,486294 12279,59 0,258173 0,252605

C 292 0,0184 Δad 0,086 0,531503 1421,18 0,282175 0,276089

D 242 0,016 Δag 0,04 0,666533 16830,88 0,353862 0,346230

G 288 0,02016 Δah 0,032 0,788997 19923,25 0,418878 0,409844

H 296 0,02184

Desvio 0,063053 0,061693


Padrão
Fonte: Elaborada pelos autores
Tabela 5. Dados calculados para 1 volta e meia

1+1/2 de volta

Altura Diâmetro ΔH V (m/s) Re Q (L/s) M (Kg/s)


(mm) (m)

A 382 0,026 Δac 0,144 0,972588 24559,19 0,516347 0,505210

C 238 0,0184 Δad 0,338 1,053695 26607,25 0,559407 0,547341

D 44 0,016 Δag 0,146 1,273411 32155,36 0,676053 0,661472

G 236 0,02016 Δah 0,112 1,476078 37273,00 0,783650 0,766748

H 270 0,02184

Desvio 0,104367 0,102116


Padrão
Fonte: Elaborada pelos autores

Para os cálculos foi utilizado g igual a 9,81 m²/s (INCROPERA,2014), ρ da água


a 19 °C equivalente a 988,4 Kg/m³(INCROPERA,2014), μ da água a 19 °C equivalente
a 0,001028 Kg/m.s (INCROPERA,2014). O próprio aparato do experimento forneceu o
diâmetro no ponto A, equivalente a 0,026m, e a área de seção transversal no mesmo
ponto equivalente a 0,0005309 m².Também foi utilizado o coeficiente de Venturi
equivalente a 0,98, entretanto esse coeficiente é utilizado para Re 10000, mas para o
experimento de ¾ de volta alguns dos valores de Re ficaram abaixo de 10000. E não foi
encontrado na literatura coeficiente de Venturi para esses valores de Re, logo foi
utilizado o mesmo valor para todos os cálculos.
É possível notar que em ambos os três experimentos o número de Reynolds foi
maior que 5000, caracterizando um regime turbulento. Era esperado que do experimento
de ¾ de volta para 1 volta e de 1 volta para 1 volta e meia, aumentasse o número de
Reynolds.
Como foi apresentada na Equação 10, a velocidade aumenta de acordo com o
aumento do Δh, que por sua vez aumentava cada vez mais com a abertura da válvula de
controle da água. Visto que o número de Reynolds é diretamente proporcional a
velocidade, já era esperado que com a maior abertura da válvula maior seriam os
valores das velocidades e maior seria o número de Reynolds.
Erros podem ter afetado os resultados finais da prática. Os principais erros
observados foram a incerteza ao se medir a altura dos tubos e abrir a válvula exatamente
na marcação feita. Para minimizar esses erros seria necessário automatizar a medição
desses dados.

5 CONCLUSÃO

Tendo em vista os resultados obtidos, é possível concluir que os objetivos gerais


do experimento puderam ser alcançados, obtendo os valores de vazão e Reynolds
coerentes com o esperado. Entretanto, alguns erros experimentais geraram certa dúvida
nos resultados, como a incerteza na altura do fluido.
Por fim, fica evidente a relação direta entre o aumento da vazão e o aumento da
turbulência do regime, além das correlações entre esse experimento e os anteriores, que
permitiram o entendimento do funcionamento de válvulas e da bancada hidráulica.

6 REFERÊNCIAS

BERTULANI, C. Dinâmica dos Fluidos. 30 ago. 1999. Disponível em:


<https://www.if.ufrj.br/~bertu/fis2/hidrodinamica/hidrodin.html>. Acesso em: 27 maio
2022.

CONAUT. Os 5 principais tipos de medidores de vazão. Disponível em:


<https://www.conaut.com.br/blog/104-os-cinco-principais-tipos-de-medidores-de-vazao
>. Acesso em: 27 maio 2022.

DIGITROL. Tubo de Venturi. Disponível em:


<https://digitrol.com.br/produto/tubo-venturi-digitrol/>. Acesso em: 27 maio 2022.

ITUFLUX. Por que medir? Disponível em:


<https://www.ituflux.com.br/porque-medir#:~:text=A%20medi%C3%A7%C3%A3o%2
0da%20vaz%C3%A3o%20%C3%A9,Controlar%20a%20qualidade%20de%20processo
s> Acesso em: 27 maio 2022.

INCROPERA, F. P. Transferência de calor e massa. 7° ed. LTC. 2014


SILVESTRI, E. Medição de vazão no tubo de Venturi. Fenômenos de Engenharia, 15
jun. 2013. Disponível em:
<http://fenomenosdaengenharia.blogspot.com/2013/06/medicaode-vazao-no-tubo-de-ve
nturi-o_15.html>. Acesso em: 27 maio 2022.

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