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Universidade Federal do Rio Grande – FURG

Escola de Química e Alimentos - EQA

Curso de Engenharia Química

Disciplina de Laboratório de Engenharia Química III

Atividade 3 – Calibração do Medidor Venturi e Rotâmetro

Layra Terezinha Rodrigues Souza (117764)

Gilnei Schubert Junior (137790)

Rio Grande, julho de 2022


1. Resumo

A obtenção da vazão de escoamentos de fluidos em tubulações é de grande importância


no âmbito da engenharia química, sendo um dado necessário para o dimensionamento de
processos e seus equipamentos e tubulações. Métodos que associam, através dos princípios
clássicos de Bernoulli e da Continuidade, variáveis de fácil medição, como a pressão, ao
cálculo da vazão, são amplamente utilizados com sucesso até hoje. Neste trabalho, foram
obtidos os valores das vazões de escoamento em uma tubulação, através de um Medidor de
Venturi; e de um Rotâmentro. Os dados obtidos nos dois experimentos, respectivamente,
possibilitaram que se obtivesse as retas de calibração para cada equipamento, observando
valores de R2 satisfatórios para o objetivo da calibração, e coeficientes angulares de 1,3757 e
1,6698, respectivamente.

2. Introdução

Na prática da engenharia química, é de suma importância o domínio dos métodos de


medição e controle da vazão dos escoamentos, tanto para que se dimensione os processos,
quanto para compreender o rendimento das máquinas, principalmente as de fluxo. Por
definição, sabe-se que vazão consiste na quantidade de fluido, em base mássica, volumétrica
ou volumétrica, que passa por um determinado ponto, na unidade de tempo considerada.

A variedade de medidores de vazão que se têm é ampla, majoritariamente para medição


de vazão volumétrica, a mais facilmente medida. Alguns dos mais conhecidos medidores de
vazão volumétrica são: Tubo de Pitot; Placa de Orifício; e Tubo de Venturi, um dos focos do
presente trabalho. Todos esses citados têm em comum a conexão à um medidor de pressão,
comumente um Manômetro de Tubo em U, justamente pois seu sistema de medição da vazão
baseia-se em uma variação de pressão gerada pela configuração do sistema, sendo possível
associar a variável medida (a pressão) com o que se deseja conhecer (a vazão). Esses medidores
são conhecidos como medidores por pressão diferencial ou medidores deprimogênios. No caso
do Tubo de Venturi, a diferença na pressão é causada por um estrangulamento na tubulação de
escoamento, e essa variação medida é utilizada para calcular a vazão através das equações
clássicas do princípio de Bernoulli e da Continuidade. Já o outro tipo de medidor estudado
nesta prática, o Rotâmetro, em que um flutuador varia sua posição dentro de um tubo cônico
devido à força de arraste, possuindo uma configuração em que a área da seção transversal é
variável, sendo essa a variável a ser associada matematicamente à vazão.
O presente trabalho tem como objetivo a calibração do Medidor Venturi do Laboratório
de Fenômenos de Transporte, a partir da determinação do coeficiente de descarga do aparato.
Para isso, emprega-se como referência a medida da velocidade do fluido (água) empregando o
método direto.

3. Materiais e Métodos

2.1 Medidor Venturi

2.1.1 Materiais

• Reservatório de água
• Tubulações
• Válvula Globo
• Bomba centrífuga
• Medidor de vazão de Venturi
• Manômetro de tubo em U de mercúrio
• Cronômetro
• Balança
• Régua
• Baldes

2.1.2 Métodos

Primeiramente liga-se a bomba centrífuga, com a válvula globo que permite a


regulagem da vazão completamente fechada (a bomba possui uma saída alternativa). Em
seguida, procede-se a abertura mínima da válvula globo para que uma pequena vazão de água
passe pelo medidor, realizando então a leitura da queda de pressão no medidor Venturi,
indicada no manômetro de tubo em U. Na sequência, realiza-se a medida da vazão pelo método
direto, manipulando-se as válvulas existentes na instalação de modo que a água saia pelo ponto
onde ela é coletada, ao invés de retornar para o reservatório, sendo cronometrados 10 segundos
de coleta. A seguir, determina-se a massa de água coletada no intervalo considerado. Repete-
se o mesmo procedimento em sucessivas e graduais aberturas da válvula globo, tendo como
limite de vazão a capacidade da leitura de queda de pressão no manômetro de tubo em U. As
informações coletadas são, portanto, para cada posição da válvula globo, e a leitura da queda
de pressão no medidor, obtida no manômetro de tubo em U, e a massa de água coletada no
intervalo de dez segundos pelo método direto. Além destes dados, devem ser anotados os
diâmetros da tubulação e da região de menor área do medidor.

2.2 Rotâmetro

2.2.1 Materiais

• Reservatório de água
• Tubulações
• Válvula Globo
• Bomba centrífuga
• Rotâmetro
• Régua
• Baldes

2.2.2 Métodos

4. Resultados e Discussão

Dado o objetivo do trabalho, foram realizadas as metodologias experimentais, e


posteriormente as manipulações e tratamento de dados para chegar ao coeficiente de descarga
e ter, então, a possibilidade de calibração.

Inicialmente, para o método do medidor de Venturi, foram obtidos os valores da tabela


abaixo, obtendo-se 10 medidas de peso de água em diferentes variações de altura, em faixas de
tempo de 10 s. Obtendo, como visto em documento anexado no Excel, a vazão em m3/s para
cada variação de altura em cada uma das medidas, chegando na tabela abaixo.

Tabela 1: Vazão em função da variação de temperatura


h (m) mT (kg) V (m3/s)
0,02 2,09 0,000141742
0,035 3,3 0,000262948
0,05 3,985 0,000331565
0,065 4,615 0,000394673
0,08 5,265 0,000459784
0,095 5,67 0,000500353
0,105 5,86 0,000519385
0,14 6,675 0,000601024
0,22 7,505 0,000684166
0,255 9,105 0,000844439
Fonte: Autoral

Para ser convertido o valor de mT (kg) para V (m3/s), com os dados obtidos no dia do
experimento, conforme tabela abaixo, foi aplicada a equação que também segue:

Tabela 2: Dados e medidas do experimento (Venturi)


Dados
mbalde (kg) 0,675
tempo (s) 10
D1 (m) 0,021
D2 (m) 0,01
ρHg (kg/m³) 13600
ρágua
(kg/m³) 998,2955
g (m/s²) 9,81
pi 3,14
Fonte: Autoral

Equação para tratamento de dados:

(𝐦𝐓 −𝐦𝐛𝐚𝐥𝐝𝐞 ) 𝟏
𝐕 (𝐦𝟑 /𝐬) = . 𝛒á𝐠𝐮𝐚
𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨

Assim, com os valores da tabela e os dados obtidos, calcula-se a concentração através


da seguinte equação:
Sendo o beta dado por:

Assim, chegando a 3,664 para o valor de C.

Então, tem-se os valores necessários para encontrar v2 Bernoulli (m/s) e v real (m/s),
encontrando ambos através das duas equações abaixo:

v2 Bernoulli (m/s)

v real (m/s)

𝒎 𝑽 (𝒎𝟑 /𝒔)
𝒗𝒓𝒆𝒂𝒍 ( ) =
𝒔 𝑨 (𝒎𝟐 )

Chegando na tabela abaixo:

Tabela 3: Tabela das velocidades


v2 Bernoulli
(m/s) v real (m/s)
0,518171791 0,40943888
0,685476847 0,759559759
0,819301539 0,957768687
0,934147481 1,140063029
1,036343582 1,328144493
1,129329236 1,445333713
1,187280727 1,500311372
1,370953695 1,736136592
1,718581407 1,976302154
1,850243379 2,439271912
Fonte: Autoral

Assim, é possível plotar o gráfico da tabela acima:

Gráfico 1: Obtenção da reta para o medidor de Venturi

Reta Venturi
3

2,5 y = 1,3757x - 0,1784


R² = 0,9748
2
v real (m/s)

1,5

0,5

0
0 0,5 1 1,5 2
v2 Bernoulli (m/s)

Fonte: Autoral

Posteriormente, para o cálculo do rotâmetro, tem-se os dados:

Tabela 4: Dados e medidas do experimento (Rotâmetro)


Dados
mbalde (kg) 0,68
tempo (s) 10
ρágua
(kg/m³) 998,2955
Fonte: Autoral

Nesse procedimento, encontra-se a massa de água em função e uma vazão teórica


selecionada no rotâmetro, tratando essa massa para encontrar a vazão molar com base nos
dados, de igual maneira à realizada no primeiro experimento, chegando à tabela abaixo, usando
a seguinte equação:
(𝐦𝐓 − 𝐦𝐛𝐚𝐥𝐝𝐞 ) 𝟏
𝐕 (𝐦𝟑 /𝐬) = .
𝐭𝐞𝐦𝐩𝐨 𝛒á𝐠𝐮𝐚

Tabela 5: Vazão volumétrica em função da teórica


Vteórica
mT (kg) V (m3/s) (m3/h)
1,65 9,71656E-05 0,6
3,205 0,000252931 0,8
4,88 0,000420717 1,2
5,725 0,000505361 1,4
7,225 0,000655618 1,6
8,37 0,000770313 1,8
9,195 0,000852954 2
9,62 0,000895526 2,2
10,15 0,000948617 2,4
10,86 0,001019738 2,6
Fonte: Autoral

Assim, tratando os dados acima, é possível chegar na tabela 6 abaixo, onde tem-se
novamente uma vazão teórica em função de uma real.

Tabela 6: Vazão teórica em função da vazão real para o rotâmetro


Vteórica
(m3/h) Vreal (m3/h)
0,6 0,349795948
0,8 0,910551308
1,2 1,514580393
1,4 1,819299543
1,6 2,360221112
1,8 2,773124576
2 3,070631439
2,2 3,22389255
2,4 3,415018171
2,6 3,67105438
Fonte: Autoral

Sendo possível então plotar o gráfico e obter a rota para o rotâmetro.

Gráfico 2: Obtenção da reta para o rotâmetro

Rotâmetro
4,5

4
y = 1,6698x - 0,461
3,5
R² = 0,9811
3
Vreal (m3/h)

2,5

1,5

0,5

0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Vteórica (m3/h)

Fonte: Autoral

Assim, com os dois gráficos obtidos, é possível obter a equação da reta através da linha
de tendência, tendo como os valores dos coeficientes de calibração o coeficiente angular
(inclinação) de cada reta obtida.

5. Conclusão
Assim, após o realizar em sala de aula os procedimentos experimentais, tendo-se as
medidas dos equipamentos e as condições do experimento, foi possível coletar e realizar o
tratamento dos dados para cada prática, com a aplicação de equações e conversões. Assim,
obteve-se as duas retas, tanto para o Medidor Venturi quanto para o Rotâmetro, com R2
confiável. Assim, foi realizada com sucesso a calibração dos dois equipamentos de medição a
partir da determinação do coeficiente de descarga dos mesmos, sendo eles 1,3757 e 1,6698,
respectivamente.
6. Referências Bibliográficas

Material didático disponibilizado. Laboratório de Engenharia Química III - Turma B –


AVA FURG

MUNSON, Bruce R.; YOUNG, Donald F.; OKIISHI, Theodore H. Fundamentos da


mecânica dos fluidos. Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2004.

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