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PRÁTICA 9: CURVA DO SISTEMA E PONTO DE OPERAÇÃO

Bernardo Davoglio, Juliana Fonte e Maryna Bornemann

Resumo: O seguinte experimento tem como objetivo a determinação da curva teórica


que relaciona energia fornecida pela bomba, também chamada de Head, pela vazão de
trabalho, e compará-la com a curva prática apresentada pela bomba, e assim, apresentar
as conclusões necessárias.

1. Introdução
Como utilizado arduamente nas indústrias, as tubulações têm como finalidade o
transporte de fluidos entre os processos, visando a máxima eficiência durante o transporte.
Porém, se tratando de tubulações reais, com o passar do tempo, a tubulação vai sendo
desgastada, e com isso o atrito entre o fluido e a parede da tubulação vai aumentando
gradativamente com o tempo, aumentando assim a chamada de perda de carga, sendo essa
o efeito da diminuição da pressão ao longo do comprimento. (FOX et al., 2018)
Na prática, é possível separar a chamada perda de carga em duas partes, sendo a
primeira chamada de perda de carga distribuída, na qual ocorre devido ao atrito na seção
reta do tubo, e a segunda chamada de perda de carga localizada, na qual tem seus efeitos
devido a turbulência nos acessórios e equipamentos. Como a relação entre a vazão e a
perda de carga faz com que haja uma altura manométroca de operação (ÇENGEL et al.,
2015), se faz necessário o cálculo de tal altura, por meio do balanço energético entre
pontos previamente escolhidos, e com isso, pode ser obtido a perda de carga do sistema,
e posteriormente selecionar uma bomba que relacione custo mínimo com máxima
eficiência. (FONSECA, 2019)

2. Objetivos
O objetivo desta prática é sobrepor a curva do sistema com a curva característica da
bomba, e com a intersecção das duas curvas, obter o ponto de operação e compará-lo com
os resultados obtidos na Prática 1.

3. Metodologia
Considerando uma tubulação, em que uma bomba conectada ao tanque de
armazenamento promove o escoamento de água. Ao realizarmos o balanço de energia
entre dois pontos A e B, onde o primeiro tem velocidade de aproximadamente zero e que
as pressões em ambos os pontos são equivalentes a atmosférica, temos:
𝑣𝐵2 ℎ𝑇
𝐻 = + (𝑍𝐵 − 𝑍𝐴 ) +
2𝑔 𝑔

A perda de carga total ℎ 𝑇 pode ser separada por dois termos, as perdas distribuídas
ℎ𝐷 , associadas ao escoamento nos trechos retilíneos da tubulação, e as perdas localizadas
ℎ𝐿 , associadas aos acessórios presentes na tubulação. Assim:
ℎ 𝑇 = ℎ𝐷 + ℎ𝐿

As perdas distribuídas podem ser estimadas como:


𝑓𝐿𝑣 2
ℎ𝐷 =
2𝐷
Onde f pode ser obtido pela Eq. de Miller:

𝑒 5,74 −2
𝑓 = 0,25 ∗ [log ( + )]
3,7𝐷 𝑅𝑒 0,9
As perdas localizadas em acessórios podem ser estimadas de diferentes formas.
Neste estudo, utilizaremos o conceito de comprimento equivalente Le, que é o valor de
comprimento de tubulação reta que geraria uma perda de carga equivalente ao acessório
em questão. Dessa forma, as perdas localizadas são calculadas como:
𝑓𝐿𝑒𝑣2
ℎ𝐿 −
2𝐷
Os valores de Le que interessam a este estudo estão apresentados na Tabela
abaixo:

Acessório Le/D
Junção 16
Válvula gaveta aberta 8
Válvula esfera aberta 3
Cotovelo 90º 30
T de saída lateral 60
T de entrada lateral 80
Bocal de entrada 15

4. Resultados
Tabela 1: Dados experimentais:
Diâmetro do tubo 0,0415 m
εaço 0,000046 m
εpvc 0,000001 m
Zb - Za 0,40 m
Laço 4,40 m
Lpvc 8,849 m
Densidade 997 kg/m3
Viscosidade 0,001026 Pa.s
Gravidade 9,81 m/s2
Temperatura ambiente 16,2 ºC
Vazão mássica experimental 3,074509803921569 kg/s
Vazão volumétrica experimental 0.0030837610871831 m3/s

Isolando a velocidade na fórmula da vazão mássica obtemos um valor de v igual a


2,279788975 m/s.
Para os cálculos foram adotados valores para a vazão de modo arbitrário, partindo de
25 L/min até chegar em 300 L/min. Tanto a vazão e a velocidade do ponto B, é adotada
para os dois tipos de tubulação.
Tabela 2: Valores estimados para a vazão e as velocidades obtidas.
Vazão (L/min) v (m/s) Re
25 0,308036857 12422,20173
50 0,616073714 24844,40346
75 0,924110571 37266,6052
100 1,232147428 49688,80693
125 1,540184285 62111,00866
150 1,848221142 74533,21039
175 2,156257999 86955,41212
200 2,464294856 99377,61385
225 2,772331713 111799,81559
250 3,08036857 124222,01732
275 3,388405427 136644,21905
300 3,696442284 149066,42078

Pela equação de Miller foi possível obter os valores do fator de atrito, tanto para a
tubulação de aço, quanto a de pvc.
Tabela 3: Fatores de atrito.
Vazão (L/min) faço fpvc
25 0,031258 0,0292508
50 0,0272468 0,024531
75 0,025514 0,0222911
100 0,0245108 0,0208888
125 0,0238458 0,0198944
150 0,0233687 0,0191367
175 0,0230078 0,0185317
200 0,0227242 0,0180325
225 0,0224949 0,0176103
250 0,0223053 0,0172464
275 0,0221457 0,0169281
300 0,0220094 0,0166462

As perdas de cargas dependem da perda distribuída e da localizada.


Tabela 4: Perdas de cargas.
Vazão hd, aço hd, pvc hl, aço hl, pvc hT, aço hT, pvc hT
(L/min)
25 0,016027 0,03016 0,27583 0,53151 0,29186 0,56167 0,8535378
7 41 5 1 27 51
50 0,055883 0,10118 0,96175 1,78299 1,01763 1,88417 2,9018159
9 8 4 79 8
75 0,117742 0,20688 2,02633 3,64542 2,14407 3,85230 5,996376
4 2 4
100 0,201089 0,32824 3,46071 6,07306 3,66179 6,40130 10,063108
9 9 9
125 0,305677 0,49335 5,26066 9,03743 5,56633 9,53078 15,097122
5 7 5
150 0,431368 0,71043 7,42378 12,5182 7,85514 13,2286 21,083829
1 5 8 81
175 0,578072 0,93640 9,94854 16,5000 10,5266 17,4364 27,963072
5 6 12 6
200 0,745726 1,19011 12,8338 20,9705 13,5795 22,1606 35,740246
5 6 76 7
225 0,934286 1,47097 16,0789 25,9194 17,0132 27,3904 44,40365
4 6 2 3
250 1,14372 1,77849 19,6832 31,3381 20,8269 33,1165 53,94279
3 5 9
275 1,374 2,11225 23,6462 37,2192 25,0202 39,3315 64,3518
9 6 9 1
300 1,62511 2,4719 27,9678 43,5563 29,5929 46,0282 75,62124
5 8 6 8

Tabela 5: Valores de head para encontrar a curva característica.


Vazão (L/min) H (m)
25 0,491843
50 0,715147
75 1,05478
100 1,50318
125 2,05986
150 2,72332
175 3,48744
200 4,35276
225 5,3181
250 6,38238
275 7,545
300 8,805

Para o gráfico da curva característica, foi usado o head em função da vazão


volumétrica.
Tabela 6: Dados obtidos na prática “Curva característica da bomba”.
Vazão (L/min) H (m)
183,1899 9,2385
166,4718 10,6473
156,4137 11,4883
143,4160 12,2770
107,1207 13,7588
89,5028 14,5254
53,0527 15,4352
44,1425 15,5248

Plotando as curvas juntas, é possível verificar como as duas tendem a se encontrar em


um ponto.
Figura 1: Gráfico das curvas características.

O ponto de operação obtido é de 229,3512 L/min de vazão e se comparar com a vazão


experimental de 185,0257 L/min se obtém um desvio de 23,96%. Sendo assim, os valores
encontrados estão altamente discrepantes. As possíveis causas para este alto desvio pode
estar associadas a erros de precisão na medição dos comprimentos dos tubos de pvc/aço
ou no Zb – Za, além disso existe uma diferença entre o valor de rugosidade assumido e o
real, já que os valores usados nos cálculos consideram que a tubulação seja nova.
5. Conclusões
Com os valores encontrados, fica claro que os dados utilizados estão, em algum ponto,
altamente discrepantes, com o erro calculado entre o a vazão da prática do realizada
ministrada pelo professor Gonstarski e o ponto de operação foi de 20%. Apesar disso, o
experimento foi capaz de demonstrar as principais questões a serem consideradas quando
estudando sistemas com bombas. No caso, a diferença entre os dados esperados e os reais
podem muito bem ser atribuídos a suposições de valores teóricos que não se aplicam,
especialmente a rugosidade dos materiais.
6. Referências Bibliográficas
FONSECA, Victor F. M. L. Bombeamento de Fluidos. Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4583896/mod_resource/content/0/Bombas_Ap
ostila_rev_Liv02.pdf.
FOX, R. W.; MCDONALD, A. T.; PRITCHARD, P. J.; MICHTELL, J. W.
Introdução à Mecânica dos Fluidos, 9ª edição. Grupo GEN, 2018. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521635000/.
Çengel, Y. A.; Cimbala, J. M. Mecânica dos fluidos. Grupo A, 2015. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580554915/.

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