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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Química
Departamento de Operações e Projetos Industriais
Laboratório de Engenharia Química I

RELATÓRIO 9:
FILTRO PRENSA DE PLACAS E QUADROS

JULIANA MIRANDA SAAVEDRA DE PAULA


LARISSA DE ALCANTARA LIMA

Rio de Janeiro
Agosto de 2022

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Sumário

1. Introdução 3
2. Objetivo 4
3. Metodologia 4
3.1 Descrição do equipamento 4
3.2 Operação do equipamento 5
4. Resultados e Discussão 6
5. Conclusão 9
6. Referências Bibliográficas 10
1. Introdução
A filtração consiste em um método físico para separação de misturas
heterogêneas através da separação de partículas sólidas contidas em um fluido (líquido
ou gás) utilizando um meio poroso. As partículas retidas em fase sólida são
denominadas torta e o fluido que escoa atravessando o filtro é denominado filtrado. 

A operação de filtração é amplamente utilizada tanto em escala laboratorial


quanto industrial. Algumas das principais aplicações são: tratamento de efluentes,
separação em processos químicos, desidratação e lavagem de pigmentos e corantes,
petroquímica e câmaras oleosas, entre outras em diversos segmentos industriais. Vale
destacar que os filtros industriais podem trabalhar em batelada (a torta é retirada
depois de cada ciclo) ou de forma contínua (no qual a torta é retirada continuamente).
No caso dos filtros em batelada, é importante que se tenham dois filtros em paralelo
para que um trabalhe enquanto a torta do outro está sendo removida, não
interrompendo assim o processo em andamento. 

O filtro prensa de placa e quadros, como podemos ver na figura 1, é um tipo de


filtro constituído por placas posicionadas consecutivamente e prensadas, com recessos
formando câmaras internas e revestidas por elementos filtrantes permeáveis ao líquido.
Os sólidos retidos formam as tortas no interior das câmaras e o líquido é conduzido
pela placa para os coletores. A torta sólida retida é removida periodicamente com a
separação das placas.
Figura 2: Esquema de filtro prensa de placas e quadros

2. Objetivo
Avaliar a operação de um filtro prensa de placa e quadros de forma a verificar a
capacidade de filtração do mesmo ao longo do tempo, com ΔP constante.

3. Metodologia

3.1 Descrição do equipamento

O Conjunto Didático Experimental “Filtro Prensa de Placas e Quadros mostrado


na Figura 1 consiste basicamente de dois reservatórios em aço inox, de capacidade
nominal de 60 litros cada, sendo que o da esquerda deve necessariamente conter a
suspensão à ser filtrada e o da direita, o fluido de lavagem da torta; um sistema de
recalque, constituído por uma turbobomba e tubulações de sucção e de descarga, de
ferro galvanizado, assim como os acessórios, válvulas de fecho rápido, válvulas do tipo
gaveta, cotovelos, Tês, reduções, manômetros, necessários para o escoamento
controlado da suspensão para o interior do filtro prensa propriamente dito, do qual
constam 3 quadros, intercalados por placas, num total de 7 unidades, todas
confeccionadas em duralumínio, retificadas e separadas por espaçadores de borracha
que têm a função de protegê-las e evitar vazamentos. Essas unidades são cuidadosa e
adequadamente mantidas unidas, para a operação do equipamento, por meio de uma
rosca, manualmente acionada. As placas possuem válvulas do tipo abre e fecha para o
escoamento do filtrado. Acompanha o conjunto, três jogos de elementos filtrantes (dois
de tecidos e um sintético) e duas bandejas de plástico.
Figura 2: Fluxograma do sistema experimental

3.2 Operação do equipamento

A turbobomba está conectada para funcionamento em 220 V e toda a fiação


elétrica é protegida e ao resguardo de possíveis molhamentos por vazamentos, por
questões de segurança. A tomada de energia é feita por meio de um cabo de 2,0
metros de comprimento. Uma vez conectada a tomada de força, uma luz verde
permanecerá acesa no pequeno painel situado à direita do conjunto (Indicativo de
corrente no sistema). A bomba é acionada, por meio de uma chave liga-desliga. Na
posição liga, uma luz vermelha é acionada no painel. No painel existem ainda, para a
possibilidade de instalação de equipamentos acessórios, duas tomadas de força
complementares. Recomenda-se trabalhar com um volume de 40 litros de suspensão,
pois dessa maneira estaremos utilizando cerca de 2/3 do reservatório apropriado. A
agitação no reservatório da suspensão, conseguida com a redução da tubulação de
recalque na saída, é suficiente para manter a suspensão homogeneizada e sem perigo
de sedimentação. 

Inicia-se o processo tomando o cuidado de manter totalmente abertas as


válvulas do tipo abre e fecha das placas. Aberta também deverá estar a válvula que
controla a entrada de suspensão no filtro propriamente dito (orifício central de 3,
justamente o que contém um manômetro de precisão) enquanto que a válvula que
controla a entrada de fluido de lavagem da torta, que se faz pelas duas entradas
laterais deverá estar fechada. Abre-se, em seguida, pouco, o registro controlador de
vazão próximo ao filtro, ao mesmo tempo em que se aciona um cronômetro. Fixa-se,
dessa maneira, a pressão de trabalho, que é mantida constante durante toda a
operação aumentando-se a vazão (abrindo-se o registro controlador de vazão). Ao final
da etapa de filtração, desmontar o filtro, retirar amostra da torta úmida para o cálculo da
concentração de sólidos. Os valores obtidos se encontram reportados na discussão de
resultados. 

4. Resultados e Discussão
Os dados experimentais obtidos encontram-se na tabela a seguir:

Volume de Filtrado Tempo


(mL) (s)

200 27

400 70

600 131

800 206

1000 291

1200 398

1400 516

1600 650

1800 800

2000 964
Tabela 1: Dados obtidos experimentalmente
Propriedades da torta

Massa da Massa da
Altura (mm) Largura Espessura amostra Amostra
úmida (g) Seca (g)

125 110 3.3 51.17 23.46


Tabela 2: Propriedades da torta

Na análise dos resultados de uma filtragem através de um filtro prensa, é comum


obter o valor da resistência oferecida pela torta na passagem do líquido a ser filtrado.

Para obter essa resistência, em sistema a pressão constante e considerando a


torta incompressível, temos que a literatura propõe uma linearização dos dados através
do equacionamento abaixo:

𝑡 𝑘𝑝
𝑣
= 2
. 𝑉 + 𝐵

Sendo:

𝐾𝑝 μ.α.𝐶𝑠
● 2
= 2 (Coeficiente Angular)
2.𝐴 .∆𝑃

μ.𝑅𝑚
● 𝐵= 𝐴.∆𝑃
(Coeficiente Linear)

Onde:

● t - Tempo de filtração (s)


● V - Volume do filtrado (m3)
● μ - Viscosidade do filtrado = 0,001003 (Pa.s)
● A - Área total de filtração (m²), onde para área total consideramos os dois lados das três
tortas: 𝐴 = 3 . 2 . 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜. 𝑙𝑎𝑟𝑔𝑢𝑟𝑎
● ΔP - Queda de pressão = 137895 (Pa)
● Rm - Resistência do meio filtrante (m-1)
● α- Resistência da torta relativa à massa de torta seca (m/kg)
● Cs – Concentração da torta ( kg sólidos/ m3 de filtrado), sendo:
𝑚𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎
𝐶𝑠 = 𝑉𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎𝑑𝑜

Deste modo, a partir dos dados obtidos pode-se traçar o gráfico V x t/V. Como
todos os termos da equação exceto V e t são constantes, pode-se esperar que o
gráfico seja um reta.

Analisando a reta obtida, obtemos os seguintes parâmetros:

Parâmetros obtidos

𝐾𝑝/2 B α 𝑅𝑚

1,92E+08 1,00E+05 7,02E+13 1,13E+12


Tabela 3: Parâmetros obtidos a partir da equação da reta
Onde:

2
𝐾𝑝.𝐴 .∆𝑃
α= 2.μ.𝐶𝑠

𝐵.𝐴.∆𝑃
𝑅𝑚 = µ

Além disso, podemos concluir que o tempo de filtração teórico, a partir dos
valores de Kp e B, para qualquer volume a ser filtrado, pode ser obtido por:
𝐾𝑝 2
𝑡= 2
. 𝑉 + 𝐵. 𝑉

2
𝑡 = (1, 92. 𝐸 + 08)𝑉 + 1, 00𝐸 + 05. 𝑉

A resistência teórica da torta em função da queda de pressão pode ser obtida


com a equação abaixo, que relaciona as constantes de um modelo típico:
𝑛
α = α𝑜. (1 − 𝑛). ∆𝑃

Para a argila coloidal, αo = 1.44*1011 (m.kg-1.Pa-n)e n=0.61, dessa forma, temos:

αExperimental αteórico
7,02E+13 7,6657E+13
Tabela 1: Comparacão dos α’s

5. Conclusão
Os resultados obtidos experimentalmente demonstraram um comportamento
linear (Figura 4), o que era esperado pela literatura. O ajuste linear realizado
apresentou um alto coeficiente de determinação (R² = 1), demonstrando uma ótima
confiabilidade do ajuste no cálculo dos parâmetros pertinentes ao processos de
filtração: resistência da torta relativa à massa de torta seca e a resistência do meio
filtrante.

A resistência teórica da torta em função da queda de pressão, obtida de acordo


com a literatura (αteórico), reforçou a boa representatividade do modelo, uma vez que
apresentou valores muito próximos com a resistência da torta experimental (αExperimental).

6. Referências Bibliográficas
Bomax do Brasil. http://www.bomax.com.br/pdfs/Prensamax.pdf Acesso em
27/8/2022.
Mecânica Industrial. https://www.mecanicaindustrial.com.br/800-filtros-prensa/
Acesso em 27/8/2022.

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