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RELATÓRIO N.1 PRÁTICAS EM MECÂNICA DOS FLUIDOS.

(1° SEMESTRE 2023)


NOMES: Marcelo Machado Mendonça e Vinícius Freitas Júlio

TÍTULO: Obtenção do perfil de velocidade e medição da vazão de um escoamento em


um duto com ventilador axial
RESUMO:

Este relatório descreve a realização de experimentos no ventilador axial, com o


objetivo de obter o campo de velocidades utilizando o tubo de Pitot. Foram realizados
dois experimentos distintos. O Experimento 1 visou calcular as vazões mássicas e
volumétricas com base nas dimensões do bocal de entrada e nas alterações de
pressão medidas. Por sua vez, o Experimento 2 teve como propósito utilizar o tubo de
Pitot estático para medir o perfil de velocidade e obter a vazão de ar.

Observamos que o escoamento não possui a camada limite completamente


desenvolvida. Concluímos também que o método do experimento 1 se mostra mais
eficaz pois possui menos incertezas acumuladas em seu processo.

Para a velocidade do motor em 2600 𝑅𝑃𝑀 obtivemos os seguintes valores para


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as vazões: 𝑄𝑣 = 1, 79 𝑚 /𝑠 e 𝑄 = 1, 75 𝑚 /𝑠 para o primeiro e segundo experimento
respectivamente.

PRÁTICA EXPERIMENTAL E DISCUSSÃO:


O primeiro experimento que fizemos teve como objetivo a medição da vazão de
ar através das medidas do bocal de entrada. Para esse experimento começamos
medindo o diâmetro 𝑑 do bocal com uma trena milimetrada para calcular a área 𝐴𝑛. A
medida obtida para o diâmetro foi de 𝑑 = 396 𝑚𝑚, logo a área do bocal será
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𝐴𝑛 = 0, 1232 𝑚 . Em seguida foi medida a temperatura ambiente 𝑇𝑎 = 25°𝐶 no dia do
experimento.
Figura 1: Esquema simplificado do ventilador axial

Fonte: ROCHA, 2022


Após estas medidas iniciais, o próximo passo é verificar se as tomadas de
pressões estão devidamente conectadas, certificar que a válvula deslizante está
completamente aberta para não gerar restrições à vazão e zerar as leituras de
pressão.
Por último, o motor foi ligado e a velocidade foi ajustada para o máximo em
2827 𝑅𝑃𝑀. Foram então registradas a pressão atmosférica local 𝑝4 = 944 𝑚𝑏𝑎𝑟 e a
primeira medida da pressão de entrada 𝑝1 =− 150 𝑃𝑎. Dessa forma, foram anotados

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NOMES: Marcelo Machado Mendonça e Vinícius Freitas Júlio

os valores da velocidade e de 𝑝1 reduzindo a velocidade em 200 𝑅𝑃𝑀 até chegar em


1400 𝑅𝑃𝑀. Os valores obtidos são apresentados na Tabela 1.
Com esses valores torna-se possível calcular a vazão mássica (𝑄𝑚) e a vazão
volumétrica (𝑄𝑣) utilizando as equações 1 e 2 apresentadas a seguir.

2.𝑝4.|𝑝1|
𝑄𝑚 = 𝐶𝑑𝑛𝐴𝑛 𝑅.𝑇𝑎
(1)

𝑄𝑚.𝑅.𝑇𝑎
𝑄𝑣 = 𝑝4
(2)

Sendo 𝐶𝑑𝑛 o coeficiente de descarga que é um fator de correção e seu valor,


para o equipamento utilizado, é igual a 0, 97 e a constante do gás para o ar
𝑅 = 287 𝐽/𝑘𝑔. 𝐾, podemos calcular as vazões. A falta de consideração de fatores de
correção pode levar a erros significativos nos cálculos de velocidade e vazão,
resultando em medições imprecisas e inconsistentes. Portanto, para garantir a
efetividade desses métodos de medição, é essencial aplicar os fatores de correção
apropriados com base nas características específicas do sistema e nos dados de
calibração. Os valores calculados foram adicionados na Tabela 1.
Tabela 1: Dados do primeiro experimento
Ta = 298K/ p4 = 944 mbar
Velocidade [RPM] ∆p1 Manométrica [Pa] Qm [kg/s] Qv [m³/s]
2827 -150 2,1739 1,9696
2600 -124 1,9766 1,7908
2400 -104 1,8102 1,6400
2200 -83 1,6171 1,4651
2000 -72 1,5062 1,3646
1800 -56 1,3283 1,2034
1600 -42 1,1503 1,0422
1400 -32 1,004 0,9097

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Figura 2: Relação entre vazão mássica e pressão de entrada

Fonte: Autoria própria

Figura 3: Relação entre vazão volumétrica e pressão de entrada

Fonte: Autoria própria

A vazão mássica (𝑄𝑚) é definida como a quantidade de massa que passa por
uma determinada seção de um sistema por unidade de tempo. Ela é expressa em
unidades de massa por unidade de tempo, como 𝑘𝑔/𝑠. Já a vazão volumétrica (𝑄𝑣),
por sua vez, é definida como o volume de fluido que passa por uma determinada
seção de um sistema por unidade de tempo. Ela é expressa em unidades de volume
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por unidade de tempo, como 𝑚 /𝑠.
Através das equações (1) e (2) apresentadas anteriormente vemos que 𝑄𝑚 e 𝑄𝑣
são diretamente proporcionais, assim, os gráficos presentes nas figuras 2 e 3 se

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mostram bem consistentes em seus resultados por apresentar curvas muito


semelhantes.
O segundo experimento que fizemos teve como objetivo a medição do perfil de
velocidade e a vazão de ar através do duto, que será comparada com o primeiro
experimento, usando um tubo de Pitot. Para esse experimento já temos que
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𝑑 = 396 𝑚𝑚, logo 𝐴𝑛 = 0, 1232 𝑚 . Em seguida foi medida a temperatura ambiente
𝑇𝑎 = 22°𝐶 no dia do experimento.

Assim como no primeiro experimento, o próximo passo é verificar se as


tomadas de pressões estão devidamente conectadas, certificar que a válvula
deslizante está completamente aberta para não gerar restrições à vazão, zerar as
leituras de pressão e adicionado desta vez a instalação do tubo de Pitot para travessia
vertical.
Depois disso, o tubo de Pitot foi posicionado o mais próximo possível da
parede da tubulação e o motor foi ligado com a velocidade ajustada para 2600 𝑅𝑃𝑀
sem variação durante o experimento. Cabe ressaltar que o tubo de Pitot não mede
perfeitamente na parede do duto por causa de seu raio, então a escala deve ser
ajustada para compensar essa diferença. Foram então registradas a pressão
atmosférica local 𝑝4 = 941 𝑚𝑏𝑎𝑟 e a primeira medida da pressão dinâmica do Pitot
𝑝3 = 130 𝑃𝑎. Dessa forma, foram anotados os valores da posição radial e de 𝑝3
modificando a posição do tubo de Pitot de acordo com o indicado na Tabela 2.
Com esses valores torna-se possível calcular a relação entre a velocidade do
ar na ponta do tubo de Pitot com a pressão dinâmica (𝑣𝑝) utilizando a equação 3
apresentada a seguir.

2.Δ𝑝3.𝑅.𝑇𝑎
𝑣𝑝 = 𝐶𝑑𝑝 𝑝4
(3)

Sendo 𝐶𝑑𝑝 o coeficiente de descarga que é um fator de correção e seu valor é


igual a 0, 99 e a constante do gás para o ar 𝑅 = 287 𝐽/𝑘𝑔. 𝐾, podemos calcular os
valores de 𝑣𝑝. Os valores calculados foram adicionados na Tabela 2.

Considerando o escoamento axissimétrico, podemos obter a vazão volumétrica


integrando o perfil de velocidade em toda a área do duto.
𝑅
𝑄 = ∫ 𝑣𝑝. 𝑑𝐴 = ∫ 𝑣𝑝(𝑟). 2π𝑟𝑑𝑟 (4)
0

Desenvolvendo a equação 4 com os dados do experimento, obtivemos


3
𝑄 = 1, 75 𝑚 /𝑠. Sabendo que em ambos os experimentos a velocidade do motor é de
3
2600 𝑅𝑃𝑀, vemos que o valor obtido se aproxima muito do valor de 𝑄𝑣 = 1, 79 𝑚 /𝑠,
do primeiro experimento.

Tabela 2: Dados do segundo experimento


Ta = 295K/ p4 = 941 mbar
Posição radial [mm] ∆p3 [Pa] vp [m/s]
248 130 15,1177
230 128 15,0010

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210 127 14,9423


190 130 15,1177
170 125 14,8241
150 124 14,7646
130 124 14,7646
110 124 14,7646
90 122 14,6452
80 110 13,9063
70 81 11,9332
65 73 11,3296
60 53 9,6528
53 38 8,1734

Figura 4: Relação entre a velocidade e a posição radial do tubo de Pitot

Fonte: Autoria própria

Consideramos que o perfil de velocidade do escoamento tem a tendência a


seguir uma distribuição parabólica, onde a velocidade é máxima no centro da seção
transversal e diminui simetricamente em direção às paredes onde há o efeito viscoso e
a velocidade relativa entre fluido e parede é zero.

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Figura 5: Perfil de velocidade experimental

Fonte: Autoria própria

Figura 6: Perfil de velocidade (Simulação no Ansys)

Fonte: Autoria própria

Comparando os perfis de velocidade, podemos observar uma concordância


notável entre eles, validando a simulação realizada por método de elementos finitos. A
pequena diferença entre os perfis pode ser atribuída às incertezas dos equipamentos

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utilizados e os possíveis erros humanos durante as medições experimentais. No


gráfico experimental, é possível notar que a velocidade tende a zero, mas não atinge
exatamente esse valor. Esse comportamento é resultado das limitações do raio do
tubo de Pitot, que restringiu as medidas próximas à parede do tubo.

Através do perfil de velocidade plotado com os dados do experimento 2,


podemos levantar uma hipótese que o escoamento é turbulento devido à pequena
variação de velocidade no centro do perfil. Outra hipótese é que, podemos levantar é
que na região onde foi medido o perfil, a camada limite está em desenvolvimento. À
medida que a camada limite se desenvolve, ocorre um aumento dos efeitos viscosos
ao longo do escoamento. Isso pode ser observado na Figura 7, onde quanto mais
distante da entrada do tubo, maior é a camada limite e maior é a região onde o fluido é
desacelerado pelas forças viscosas. No caso específico do experimento, podemos
observar que o perfil de velocidade não forma uma parábola perfeita, indicando uma
menor desaceleração devido aos efeitos viscosos, com isso no centro do tubo há
pouca variação de velocidade.
Para validar parte de nossa primeira hipótese citada anteriormente, podemos
calcular o número de Reynolds para o escoamento.
𝐷𝑉ρ
𝑅𝑒 = µ
(5)

3
Onde teremos 𝐷 = 396 𝑚𝑚, 𝑉 = 15, 11𝑚/𝑠, ρ𝑎𝑟 = 1, 1839 𝑘𝑔/𝑚 e
−5
µ𝑎𝑟 = 1, 840𝑥10 𝑘𝑔/𝑚. 𝑠, logo

𝐷𝑉ρ
𝑅𝑒 = µ
= 384996 > 2300

Sabendo então que o escoamento realmente é turbulento, nós podemos definir


como inconclusiva a questão sobre o perfil de velocidade. Não se pode afirmar
exatamente se não forma uma parábola perfeita por ser turbulento ou por não estar
completamente desenvolvido ou então se são os dois fatores em conjunto que agem
deixando o perfil dessa forma.
Figura 7: Desenvolvimento do escoamento

Fonte: Referência [1]

Para concluir o trabalho vamos fazer alguns comentários, análises e


comparações. Primeiramente é válido comentar sobre o nível de precisão e as
incertezas que podem afetar nossas medições e cálculos, um exemplo seria a
medição da temperatura ambiente que envolve uma leitura de escala com incerteza.

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Outro exemplo seria o próprio maquinário do laboratório que no experimento 2


apresentava uma variação nos valores de 𝑝3. Assim, no momento da leitura poderia
haver uma incerteza devido a necessidade de escolha do valor a ser anotado.
Em segundo lugar, cabe a comparação entre os métodos para a obtenção da
vazão volumétrica. Neste caso, concluímos que o método utilizado no primeiro
experimento é o mais adequado e preciso, pois em seu processo acumula menos
incertezas devido às medidas serem diretas.
Por fim, podemos comentar sobre os métodos de medição utilizados que
consideramos adequados para os equipamentos que temos à disposição. Porém
existem outros métodos de medição como o uso de medidores de turbina, os
medidores de turbina utilizam uma turbina acoplada a um eixo para medir a velocidade
do fluido. A rotação da turbina é proporcional à vazão do escoamento, ou seja, é
compatível com o objetivo dos experimentos realizados.

REFERÊNCIAS:

[1] Braz B.H. AVALIAÇÃO DE CORRELAÇÕES PARA PARÂMETROS DE


ESCOAMENTO EM TUBOS UTILIZANDO CFD, monografia. Monografia de trabalho
de conclusão de curso). UFSCar. 2020.

[2] WHITE, Frank M. Mecânica dos fluidos. McGraw Hill Brasil, 2004.

[3] ROCHA, D. M. Roteiro Aula Prática 1. Google Classroom. Juiz de Fora, 28 dez.
2022. Disponível em: https://classroom.google.com/c/NTQxMDE0MDI4MzUw Acesso
em: 26 de maio de 2023.

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