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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA

SEGUNDA LEI DE NEWTON


18 de Março de 2024

FÍSICA GERAL EXPERIMENTAL I

Amabile Maria Chiele (12311EQU013)

Hudson Breno Martins Oliveira (12311EQU014)

Jezzyne Freire de Lima (12311EQU010)

Juliana Gonçalves Simão Belizário (12311EQU009)

Júlia Nunes Oliveira (12311EQU037)

Uberlândia
2024
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA

Segunda Lei de Newton


Amabile Chiele, Hudson Breno, Jezzyne Lima, Juliana Belizário, Júlia Nunes

amabile.chiele@ufu.br, hudson.oliveira@ufu.br, jezzyne.lima@ufu.br,

juliana.simao@ufu.br, julia.oliveira3@ufu.br

O experimento em questão objetivou a comprovação da Segunda Lei de Newton. Isso

foi possível com a medição média do tempo em que o planador percorria uma distân-

cia de d = (0, 7000 ± 0, 0005) m portando quantidades de massa diferentes, a qual

aumentava 20 g a cada experimentação. Para o estudo do movimento, foi necessá-

ria a construção de uma tabela com os valores de tempo e massa obtidos, realizar a

análise das forças presentes no sistema e encontrar a aceleração e a propagação de

erro da massa presente nesse resultado, o que possibilitou a criação da tabela 2, com

as massas, as acelerações e suas respectivas incertezas. A princípio, foi possível a

construção do gráfico 1, plotado no SciDAVis, R2 ≈ 0, 999 e o coeficiente angular

era igual a a = (1, 53 ± 0, 01) × 10−1 , que se a = kMTn . Essa teve seus parâme-

tros associados aos coeficientes linear e angular e, baseado nesses, a tabela 3 pôde ser

construída. Para finalizar, foi utilizado o método de mínimos quadrados para determi-

nar os coeficientes angular e linear, e se obtiveram os valores de (−1, 04 ± 0, 04) e

(−1, 93 ± 0, 06) respectivamente, de modo que foi determinada a aceleração gravita-

cional, g = (9, 4 ± 0, 6) m/s2 , que se mostrou semelhante ao valor padrão de ≈ 9, 8

m/s², e o coeficiente de correlação se manteve R2 ≈ 0, 999.


1 Introdução

A Segunda Lei de Newton, também conhecida como Lei da Inércia ou Lei Fundamental da Dinâmica, descreve

a relação entre a força aplicada a um objeto e a mudança na sua velocidade. A formulação clássica desta lei é

geralmente expressa da seguinte forma:

F = ma (1)

onde F é a força aplicada ao objeto, m é a massa do objeto e a é a aceleração do objeto. Essa equação afirma que

a força resultante aplicada a um objeto é igual ao produto de sua massa pela aceleração que o objeto experimenta

(HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2013). Em outras palavras, quando uma força é aplicada a um objeto, ele

acelera na direção da força aplicada, e a magnitude da aceleração é diretamente proporcional à força e inversamente

proporcional à massa do objeto. Tal relação pode ser usada e aplicada em diversas situações, desde sistemas simples

com uma polia ideal, até mesmo sistemas mais complexos, como elevadores.

Essa lei é uma generalização da lei da gravidade de Galileo Galilei, que afirmava que todos os objetos, indepen-

dentemente de sua massa, caem com a mesma aceleração sob a influência da gravidade. Isaac Newton expandiu

essa ideia, introduzindo o conceito de força como a causa da mudança de movimento.

Neste experimento, é medido o valor da aceleração gravitacional e é analisada a relação entre a força aplicada

e a aceleração do sistema, empregando o mesmo equipamento experimental para o experimento de movimento

retilíneo uniforme (IWAMOTO; GUARANY; FOSCHINI, 2014), através da equação:

1
x = x0 + v0 t + at2 (2)
2

Para a construção dos gráficos, calculamos a média dos valores coletados e suas respectivas incertezas e aplica-

mos a relação entre massa e aceleração apresentada anteriormente. Tais valores foram submetidos à linearização

por logaritmo neperiano, o que nos fornece um gráfico linear cujo estudo facilita a análise e o cálculo das variáveis

a serem estudadas ao longo do relatório.

2 Procedimento Experimental
Para a realização do experimento, o sistema de trilho de ar é ligado em um gerador de ar para que o movimento

do planador seja livre de forças restritivas, como força de atrito (sistema ilustrado na Figura 1). Este planador está

ligado a um porta-pesos (Figura 2), através de um fio que passa por uma polia ideal (Figura 3), o qual irá dar início

ao movimento por meio da força de tração, gerando uma aceleração para a respectiva massa que será usada.

1
Figura 1 – Sistema de Trilho de Ar

Fonte: Autores, 2024

Figura 2 – Planador acoplado com Porta-Pesos

Fonte: Autores, 2024.

Figura 3 – Polia do Sistema

Fonte: Autores, 2014

2
Junto do trilho, é possível colocar sobre o planador alguns pesos de massa m, que possibilitará o cálculo posterior

da aceleração do sistema. No chão, se encontra uma espuma logo abaixo dos pesos, para que não ocorra uma

colisão violenta. Com o sistema montado, é acoplado uma dupla de sensores com uma distância fixa medida pela

trena de d = (0, 7000 ± 0, 0005)m, e o cronômetro conectado aos sensores (Figura 4).

Figura 4 – Cronômetro

Fonte: Autores, 2024

Ligamos o cronômetro através do interruptor e apertamos o reset para zerar a contagem de tempo. Assim, o

experimento foi iniciado com o planador sem os pesos adicionados, com o gerador de ar ajustado em um fluxo

fixo. Esse procedimento é repetido três vezes, para que possa ser feito uma média dos tempos cronometrados e

coletados pelo sensor. Em seguida, são adicionados os pesos no planador, conforme cada dado era coletado numa

planilha, resultando na obtenção de seis parâmetros. Dessa forma, para cada parâmetro foi coletado três medidas

de tempo.

No final do experimento, o peso de todo o sistema é medido por uma balança de incerteza ± 0,0005 kg, e em

seguida coletamos essas medidas para usar no cálculo da aceleração, por meio da 2° Lei de Newton e plotagem de

gráficos.

3 Resultados e Discussões

Na Tabela 1 a seguir, apresentamos os dados referentes às massas do sistema e ao tempo de percurso gasto em

cada etapa do experimento, além do respectivo erro estatístico e total de cada medição. Os cálculos foram feitos

segundo as instruções da apostila de física experimental.

A primeira linha da tabela refere-se às medidas de massa e tempo coletadas com o planador livre de pesos

adicionais, e as demais linhas mostram os dados obtidos pela adição de um corpo de massa m a cada lado do

suporte do planador em cada etapa do experimento (ou seja, duas massas m na segunda medição, quatro na terceira,

e assim por diante). Para medir o tempo, utilizamos o cronômetro digital, de resolução e erro 0,0001s, e para a

3
massa utilizamos a balança digital, que possui erro e resolução de 0,5g.

Tabela 1: Tabela de valores de tempo e erros correspondentes para diferentes massas

m ± (0, 0005) (kg) t1 (s) t2 (s) t3 (s) t̄ (s) σestat,t (s) σtotal,t (s)
0,2265 ± 0,0005 1,4243 1,4331 1,4288 1,4287 0,0044 0,0044
0,2465 ± 0,0005 1,5093 1,4905 1,4904 1,4967 0,0109 0,0109
0,2670 ± 0,0005 1,5773 1,5866 1,5681 1,5773 0,0093 0,0093
0,2870 ± 0,0005 1,6315 1,6403 1,6311 1,6343 0,0052 0,0052
0,3070 ± 0,0005 1,6953 1,6673 1,6683 1,6770 0,0159 0,0159
0,3270 ± 0,0005 1,7242 1,7259 1,7325 1,7275 0,0044 0,0044

Em seguida, com os dados da Tabela 1, calculamos a aceleração do planador em cada etapa, por meio da equação

horária do MRUV a seguir,


1
x = x0 + v0 t + at2
2

na qual consideramos variação de espaço fixa x − x0 = ∆x = 0, 7 m e v0 = 0 m/s, de modo que obtivemos uma

fórmula geral para o cálculo da aceleração buscada,

∆x
a=
t2

em que o valor de t utilizado é o tempo médio de cada etapa, retirado da Tabela 1. Aplicando a teoria de propagação

de incertezas à fórmula acima, temos

s 2  2
2 4∆x
σa = σx2 + − 3 σt2
t2 t

A partir disso, elaboramos a Tabela 2 a seguir, contendo os tempos médios e as acelerações calculadas, bem

como os respectivos erros propagados.

Tabela 2: Tabela de valores de tempo e aceleração correspondentes para diferentes massas

m ± (0, 0005) (kg) t (s) σt (s) a (m/s2 ) σa (m/s2 )


0,2265 ± 0,0005 1,429 0,004 0,686 0,004
0,2465 ± 0,0005 1,497 0,010 0,625 0,009
0,2670 ± 0,0005 1,577 0,009 0,563 0,007
0,2870 ± 0,0005 1,634 0,005 0,524 0,003
0,3070 ± 0,0005 1,677 0,020 0,498 0,009
0,3270 ± 0,0005 1,728 0,004 0,469 0,002

Com as informações da Tabela 2, foi construído um gráfico da aceleração em função da massa total do sistema

(Figura 5), conforme dados da Tabela 1.

Figura 5 – Gráfico da Aceleração pela Massa Total do Sistema

4
Fonte: Autores, 2024.

Analisando o gráfico acima, conclui-se que ele apresenta comportamento hiperbólico, tendo seu coeficiente de

correlação igual R2 = 0, 999 e coeficiente a = (1, 53 ± 0, 01) × 10−1 .

Em seguida, elaboramos um diagrama de corpo livre (Figura 6) contendo as forças atuantes no sistema. Consi-

deramos um sistema com polia ideal, fio inextensível e livre de forças dissipativas.

Figura 6 – Diagrama de Corpo Livre

Fonte: Autores, 2024

A partir do diagrama das forças do diagrama, obtivemos o seguinte sistema de equações, do qual iremos extrair

uma fórmula geral para o cálculo da aceleração:

FR(M ) = M · a = T (3)

FR(m) = m · a = m · g − T (4)

onde M é a massa do bloco apoiado na mesa, m é a massa do bloco suspenso no fio, a é a aceleração do sistema,

5
g é a aceleração da gravidade, T é a tração do fio, FR(M ) é a força resultante no bloco de massa M (no eixo x) e

FR(m) é a força resultante no bloco de massa m.

Substituindo o valor de T na expressão (3) na equação (4), obtemos:

ma = mg − T =⇒ ma = mg − M a

=⇒ ma + M a = mg

=⇒ a(m + M ) = mg

m·g
a= (5)
M +m

O coeficiente a = (1, 53 ± 0, 01) × 10−1 obtido pela regressão polinomial aplicada ao gráfico 1 refere-se à força

resultante no sistema, a qual possui valor constante, e foi calculada por meio da fórmula:

FR = M T · a

extraída pela manipulação das variáveis do diagrama de corpo livre e dos valores coletados na Tabela 1.

3.1 Análise da Linearização

Analisando a fórmula encontrada pelo estudo do diagrama de forças,

mg −1
a= = mg · (Mt ) ,
Mt

observa-se um comportamento que pode ser descrito pela equação geral a seguir:

a = kMTn ,

em que k = mg e n = −1. Ao linearizar a equação acima via logaritmo neperiano, obtém-se o seguinte modelo,

ln(a) = ln(k) + n · ln(MT );

ln(a) = ln(mg) − 1 · ln(MT ),

que pode ser comparado à equação geral da reta, y = ax+b, de modo que temos y = ln(a), a = −1, x = ln(MT ),

b = ln(k), isto é: y = ln(a), a = −1, x = ln(M T ), b = ln(mg). Aplicando a definição de logaritmo, torna-se

possível encontrar o valor da gravidade, g,

eb = mg

6
eb
g=
m

de modo que é possível concluir que os coeficientes angular a e linear b estão relacionados, respectivamente, com

as constantes n e k. Além disso, são obtidas as incertezas

1
σln(y) = |ln(y)′ | σy = σy ,
y

1
σln(x) = |ln(x)′ | σx = σx ,
x

Com os dados de aceleração e tempo, extraídos da Tabela 2, construímos a Tabela 3 a seguir, utilizando os

valores obtidos com a linearização por logaritmo neperiano.

Tabela 3: Dados linearizados da massa e aceleração

ln(m) σln(m) ln(a) σln(a)


-1,485 0,002 -0,399 0,002
-1,400 0,002 -0,483 0,002
-1,321 0,002 -0,563 0,002
-1,248 0,002 -0,635 0,002
-1,181 0,002 -0,703 0,002
-1,118 0,002 -0,766 0,002

A partir dessas informações, plotamos o gráfico linearizado abaixo (Figura 7):

Figura 7 – Gráfico da Aceleração pela Massa Total Linearizado

Fonte: Autores, 2024.

Analisando o gráfico acima, nota-se um comportamento aproximadamente linear, com coeficiente de correlação

R2 = 0, 999. A análise de regressão linear forneceu coeficiente angular a = (−1, 04 ± 0, 04), aproximadamente

de acordo com o esperado, e coeficiente linear b = (−1, 93 ± 0, 06). Ao aplicar a propagação de incertezas à

7
fórmula para a gravidade, temos

eb
σg = σb
m

De modo que o resultado para a aceleração da gravidade foi g = (g ± σg ), sendo calculado de acordo com a

substituição de valores nas equações anteriores:

g = (9, 4 ± 0, 6)m/s2

4 Conclusão

Neste relatório, foi apresentado o experimento "Segunda Lei de Newton", para formalizar na prática os conhe-

cimentos adquiridos nas aulas teóricas, para além da fórmula F = ma. Pudemos garantir que a força resultante se

manteve constante, de forma que a aceleração se alterou conforme a quantidade de massa colocada no planador.

Como resultado, obtivemos cálculos influenciados pelo erro humano somente na medição da distância percorrida

pelo planador durante o movimento e de erros instrumentais, como o do cronômetro e da balança. Foi possível

adquirir resultados satisfatórios, com pequenas margens de erro. Isso porque foi possível calcular os valores da

aceleração em cada situação e os coeficientes, que correspondem, no gráfico hiperbólico, a a = (1, 53 ± 0, 01) ×

10−1 , já para o linearizado a = (−1, 04 ± 0, 04) e b = (−1, 93 ± 0, 06), o que representa o bom comportamento

linear do gráfico obtido. Além disso, a gravidade encontrada teve valor semelhante ao padrão adotado, sendo de

g = (9, 4 ± 0, 6) m/s2 .

Portanto, foi comprovada a Lei Fundamental da Dinâmica através de sua aplicação em um sistema de polia

simples.

8
Referências Bibliográficas

1. NUSSENZVEIG,H.M.,Física Básica Mecânica, Edgard Blucher, (2002)

2. HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física 1: mecânica. 9. ed. Rio

de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2010.

3. IWAMOTO, Wellington Akira; GUARANY, Cristiano Alves; FOSCHINI, Mauricio; DI LORENZO,

Antonino. Guias e Roteiros para Laboratório de Física I. Uberlândia: Instituto de Física (UFU), 2014.

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