Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Uberlândia
2024
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA
juliana.simao@ufu.br, julia.oliveira3@ufu.br
foi possível com a medição média do tempo em que o planador percorria uma distân-
ria a construção de uma tabela com os valores de tempo e massa obtidos, realizar a
erro da massa presente nesse resultado, o que possibilitou a criação da tabela 2, com
era igual a a = (1, 53 ± 0, 01) × 10−1 , que se a = kMTn . Essa teve seus parâme-
tros associados aos coeficientes linear e angular e, baseado nesses, a tabela 3 pôde ser
construída. Para finalizar, foi utilizado o método de mínimos quadrados para determi-
A Segunda Lei de Newton, também conhecida como Lei da Inércia ou Lei Fundamental da Dinâmica, descreve
a relação entre a força aplicada a um objeto e a mudança na sua velocidade. A formulação clássica desta lei é
F = ma (1)
onde F é a força aplicada ao objeto, m é a massa do objeto e a é a aceleração do objeto. Essa equação afirma que
a força resultante aplicada a um objeto é igual ao produto de sua massa pela aceleração que o objeto experimenta
(HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2013). Em outras palavras, quando uma força é aplicada a um objeto, ele
acelera na direção da força aplicada, e a magnitude da aceleração é diretamente proporcional à força e inversamente
proporcional à massa do objeto. Tal relação pode ser usada e aplicada em diversas situações, desde sistemas simples
com uma polia ideal, até mesmo sistemas mais complexos, como elevadores.
Essa lei é uma generalização da lei da gravidade de Galileo Galilei, que afirmava que todos os objetos, indepen-
dentemente de sua massa, caem com a mesma aceleração sob a influência da gravidade. Isaac Newton expandiu
Neste experimento, é medido o valor da aceleração gravitacional e é analisada a relação entre a força aplicada
1
x = x0 + v0 t + at2 (2)
2
Para a construção dos gráficos, calculamos a média dos valores coletados e suas respectivas incertezas e aplica-
mos a relação entre massa e aceleração apresentada anteriormente. Tais valores foram submetidos à linearização
por logaritmo neperiano, o que nos fornece um gráfico linear cujo estudo facilita a análise e o cálculo das variáveis
2 Procedimento Experimental
Para a realização do experimento, o sistema de trilho de ar é ligado em um gerador de ar para que o movimento
do planador seja livre de forças restritivas, como força de atrito (sistema ilustrado na Figura 1). Este planador está
ligado a um porta-pesos (Figura 2), através de um fio que passa por uma polia ideal (Figura 3), o qual irá dar início
ao movimento por meio da força de tração, gerando uma aceleração para a respectiva massa que será usada.
1
Figura 1 – Sistema de Trilho de Ar
2
Junto do trilho, é possível colocar sobre o planador alguns pesos de massa m, que possibilitará o cálculo posterior
da aceleração do sistema. No chão, se encontra uma espuma logo abaixo dos pesos, para que não ocorra uma
colisão violenta. Com o sistema montado, é acoplado uma dupla de sensores com uma distância fixa medida pela
trena de d = (0, 7000 ± 0, 0005)m, e o cronômetro conectado aos sensores (Figura 4).
Figura 4 – Cronômetro
Ligamos o cronômetro através do interruptor e apertamos o reset para zerar a contagem de tempo. Assim, o
experimento foi iniciado com o planador sem os pesos adicionados, com o gerador de ar ajustado em um fluxo
fixo. Esse procedimento é repetido três vezes, para que possa ser feito uma média dos tempos cronometrados e
coletados pelo sensor. Em seguida, são adicionados os pesos no planador, conforme cada dado era coletado numa
planilha, resultando na obtenção de seis parâmetros. Dessa forma, para cada parâmetro foi coletado três medidas
de tempo.
No final do experimento, o peso de todo o sistema é medido por uma balança de incerteza ± 0,0005 kg, e em
seguida coletamos essas medidas para usar no cálculo da aceleração, por meio da 2° Lei de Newton e plotagem de
gráficos.
3 Resultados e Discussões
Na Tabela 1 a seguir, apresentamos os dados referentes às massas do sistema e ao tempo de percurso gasto em
cada etapa do experimento, além do respectivo erro estatístico e total de cada medição. Os cálculos foram feitos
A primeira linha da tabela refere-se às medidas de massa e tempo coletadas com o planador livre de pesos
adicionais, e as demais linhas mostram os dados obtidos pela adição de um corpo de massa m a cada lado do
suporte do planador em cada etapa do experimento (ou seja, duas massas m na segunda medição, quatro na terceira,
e assim por diante). Para medir o tempo, utilizamos o cronômetro digital, de resolução e erro 0,0001s, e para a
3
massa utilizamos a balança digital, que possui erro e resolução de 0,5g.
m ± (0, 0005) (kg) t1 (s) t2 (s) t3 (s) t̄ (s) σestat,t (s) σtotal,t (s)
0,2265 ± 0,0005 1,4243 1,4331 1,4288 1,4287 0,0044 0,0044
0,2465 ± 0,0005 1,5093 1,4905 1,4904 1,4967 0,0109 0,0109
0,2670 ± 0,0005 1,5773 1,5866 1,5681 1,5773 0,0093 0,0093
0,2870 ± 0,0005 1,6315 1,6403 1,6311 1,6343 0,0052 0,0052
0,3070 ± 0,0005 1,6953 1,6673 1,6683 1,6770 0,0159 0,0159
0,3270 ± 0,0005 1,7242 1,7259 1,7325 1,7275 0,0044 0,0044
Em seguida, com os dados da Tabela 1, calculamos a aceleração do planador em cada etapa, por meio da equação
na qual consideramos variação de espaço fixa x − x0 = ∆x = 0, 7 m e v0 = 0 m/s, de modo que obtivemos uma
∆x
a=
t2
em que o valor de t utilizado é o tempo médio de cada etapa, retirado da Tabela 1. Aplicando a teoria de propagação
s 2 2
2 4∆x
σa = σx2 + − 3 σt2
t2 t
A partir disso, elaboramos a Tabela 2 a seguir, contendo os tempos médios e as acelerações calculadas, bem
Com as informações da Tabela 2, foi construído um gráfico da aceleração em função da massa total do sistema
4
Fonte: Autores, 2024.
Analisando o gráfico acima, conclui-se que ele apresenta comportamento hiperbólico, tendo seu coeficiente de
Em seguida, elaboramos um diagrama de corpo livre (Figura 6) contendo as forças atuantes no sistema. Consi-
deramos um sistema com polia ideal, fio inextensível e livre de forças dissipativas.
A partir do diagrama das forças do diagrama, obtivemos o seguinte sistema de equações, do qual iremos extrair
FR(M ) = M · a = T (3)
FR(m) = m · a = m · g − T (4)
onde M é a massa do bloco apoiado na mesa, m é a massa do bloco suspenso no fio, a é a aceleração do sistema,
5
g é a aceleração da gravidade, T é a tração do fio, FR(M ) é a força resultante no bloco de massa M (no eixo x) e
ma = mg − T =⇒ ma = mg − M a
=⇒ ma + M a = mg
=⇒ a(m + M ) = mg
m·g
a= (5)
M +m
O coeficiente a = (1, 53 ± 0, 01) × 10−1 obtido pela regressão polinomial aplicada ao gráfico 1 refere-se à força
resultante no sistema, a qual possui valor constante, e foi calculada por meio da fórmula:
FR = M T · a
extraída pela manipulação das variáveis do diagrama de corpo livre e dos valores coletados na Tabela 1.
mg −1
a= = mg · (Mt ) ,
Mt
observa-se um comportamento que pode ser descrito pela equação geral a seguir:
a = kMTn ,
em que k = mg e n = −1. Ao linearizar a equação acima via logaritmo neperiano, obtém-se o seguinte modelo,
que pode ser comparado à equação geral da reta, y = ax+b, de modo que temos y = ln(a), a = −1, x = ln(MT ),
b = ln(k), isto é: y = ln(a), a = −1, x = ln(M T ), b = ln(mg). Aplicando a definição de logaritmo, torna-se
eb = mg
6
eb
g=
m
de modo que é possível concluir que os coeficientes angular a e linear b estão relacionados, respectivamente, com
1
σln(y) = |ln(y)′ | σy = σy ,
y
1
σln(x) = |ln(x)′ | σx = σx ,
x
Com os dados de aceleração e tempo, extraídos da Tabela 2, construímos a Tabela 3 a seguir, utilizando os
Analisando o gráfico acima, nota-se um comportamento aproximadamente linear, com coeficiente de correlação
R2 = 0, 999. A análise de regressão linear forneceu coeficiente angular a = (−1, 04 ± 0, 04), aproximadamente
de acordo com o esperado, e coeficiente linear b = (−1, 93 ± 0, 06). Ao aplicar a propagação de incertezas à
7
fórmula para a gravidade, temos
eb
σg = σb
m
De modo que o resultado para a aceleração da gravidade foi g = (g ± σg ), sendo calculado de acordo com a
g = (9, 4 ± 0, 6)m/s2
4 Conclusão
Neste relatório, foi apresentado o experimento "Segunda Lei de Newton", para formalizar na prática os conhe-
cimentos adquiridos nas aulas teóricas, para além da fórmula F = ma. Pudemos garantir que a força resultante se
manteve constante, de forma que a aceleração se alterou conforme a quantidade de massa colocada no planador.
Como resultado, obtivemos cálculos influenciados pelo erro humano somente na medição da distância percorrida
pelo planador durante o movimento e de erros instrumentais, como o do cronômetro e da balança. Foi possível
adquirir resultados satisfatórios, com pequenas margens de erro. Isso porque foi possível calcular os valores da
aceleração em cada situação e os coeficientes, que correspondem, no gráfico hiperbólico, a a = (1, 53 ± 0, 01) ×
10−1 , já para o linearizado a = (−1, 04 ± 0, 04) e b = (−1, 93 ± 0, 06), o que representa o bom comportamento
linear do gráfico obtido. Além disso, a gravidade encontrada teve valor semelhante ao padrão adotado, sendo de
g = (9, 4 ± 0, 6) m/s2 .
Portanto, foi comprovada a Lei Fundamental da Dinâmica através de sua aplicação em um sistema de polia
simples.
8
Referências Bibliográficas
2. HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física 1: mecânica. 9. ed. Rio
Antonino. Guias e Roteiros para Laboratório de Física I. Uberlândia: Instituto de Física (UFU), 2014.