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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE

FILTRAÇÃO A PRESSÃO CONSTANTE

BERNARDO HUDSON AMARAL

BRUNO HENRIQUE HARDT

GUSTAVO DOBNER

JOÃO VICTOR MESADRI

LUCAS HENRIQUE RADUN

LUIS GUSTAVO RIBEIRO

PROFESSORES: ANDRÉ LOURENÇO NOGUEIRA E ELIAS LUIZ DE SOUZA

Laboratório de Engenharia Química

Joinville

2019
1 INTRODUÇÃO

A filtração é uma operação unitária muito utilizada na indústria para a


separação de misturas solida-liquido. Essa operação é bastante efetiva, e seu custo
tanto de processo com de projeto para uma planta, é relativamente baixo o que
acarreta em uma ampla aplicação dessa técnica no mercado. Fato este, que
proporcionou o surgimento de diversos equipamentos e métodos de filtração.

Desse modo, trabalho presente tem como objetivo realizar uma aplicação
empírica de uma filtração a pressão constante. E em seguida, utilizando dos dados
experimentais, realizar o calculo de diversos parâmetros, que são de suma
importância quando o assunto é a filtração. Além de traçar as curvas característica do
processo.
2. MÉTODO EXPERIMENTAL

Em primeira instancia, foi efetuada a calibração do equipamento, e um


teste em branco utilizando apenas água, para averiguar a resistência do meio
filtrante.

Para isso foi necessário:

• Adicionar 10 litros de água destilada no reservatório de


suspensão
• Ajustar a pressão interna do ensaio para 0,340 Bar
• Colocar o meio filtrante (com massa conhecida) sobre o suporte
e molhar com água limpa para completa aderência.
• Colocar o conjunto sobre o modulo de coleta e ajudar o Oring de
vedação.
• Acoplar e encaixar (rosqueando cuidadosamente) o modulo de
filtração sobre o modulo de coleta.
• Ligar a bomba de vácuo, esperar a pressão estabilizar, alimentar
o modulo do topo com a suspensão, abrir a válvula de topo e
monitorar o nível de água em função do tempo.
• Marcar o tempo a cada 5 cm de filtrado coletado.
• Cortar o vácuo, desligar a bomba de vácuo e descartar o volume
de filtrado no modulo de coleta.

Após o teste em branco, foi iniciado o ensaio de filtração do CaCO 3.

Para realizar esse ensaio foi necessário:

• Adicionar ao reservatório, aproximadamente, 10 litros de


suspensão de CaCO3 (25g/L).
• Ligar a bomba a vácuo, aguardar a pressão estabilizar.
• Mergulhar a mangueira de alimentação na solução de CaCO 3,
abrir a válvula de alimentação de suspensão e monitorar o nível de
filtrado em função do tempo
• A cada 5mm de filtra coletado marcar o tempo e anotar os dados
obtidos.
• Após coletar dados suficientes para uma construção de uma
curva característica, fechar a válvula de alimentação da suspensão,
deixar a bomba de vácuo ligada por alguns instantes até que seja
removido o excesso de liquido na torta.
• Cortar o vácuo do sistema, desligar a bomba, desacoplar o
modulo de topo.
• Realizar as medições seguintes: volume da torta formada, massa
úmida da torta, massa seca da torta, teor de umidade da torta,
porosidade da torta.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os dados obtidos durante o experimento. Tempo e volume de liquido


filtrado, foram compilados em duas tabelas, uma referente aos valores para a
filtração com apenas agua, e a outro para a filtração da solução de CaCO 3.

Tabela 1- Dados experimentais filtração de água.

Volume
nivel (cm) Tempo (m3) Δt t/v
10 0 0,0007379 0 0
15 16,3 0,00110685 16,3 14726,476
20 29,43 0,0014758 13,13 19941,7265
25 42,85 0,00184475 13,42 23228,0797
30 56,41 0,0022137 13,56 25482,2243
35 70,45 0,00258265 14,04 27278,1833
40 83,95 0,0029516 13,5 28442,2008
Fonte: Os Acadêmicos (2019)

Tabela 2 – Dados experimentais filtração de CaCO3.

Tempos
Nivel (cm) (s) Volume (m3) t/V Δt
0 0 0 0 0
0,5 1,1 0,000036895 29814,34 1,1
1 3,12 0,00007379 42282,15 2,02
1,5 6,67 0,000110685 60261,1 3,55
2 10,72 0,00014758 72638,57 4,05
2,5 16,02 0,000184475 86841,04 5,3
3 22,09 0,00022137 99787,69 6,07
3,5 29,59 0,000258265 114572,2 7,5
4 36,79 0,00029516 124644,3 7,2
4,5 45,12 0,000332055 135881,1 8,33
5 52,22 0,00036895 141536,8 7,1
5,5 58,72 0,000405845 144685,8 6,5
6 68,77 0,00044274 155328,2 10,05
6,5 77,27 0,000479635 161101,7 8,5
7 86,37 0,00051653 167212 9,1
7,5 97,39 0,000553425 175976,9 11,02
8 107,79 0,00059032 182595,9 10,4
8,5 117,09 0,000627215 186682,4 9,3
9 127,09 0,00066411 191368,9 10
9,5 136,92 0,000701005 195319,6 9,83
10 151,25 0,0007379 204973,6 14,33
10,5 168,15 0,000774795 217025,1 16,9
11 183,35 0,00081169 225886,7 15,2
11,5 197,79 0,000848585 233082,1 14,44
12 215,29 0,00088548 243133,7 17,5
12,5 230,85 0,000922375 250277,8 15,56
13 248,51 0,00095927 259061,6 17,66
13,5 267,75 0,000996165 268780,8 19,24
14 287,31 0,00103306 278115,5 19,56
14,5 308,13 0,001069955 287984,1 20,82
15 343,8 0,00110685 310611,2 35,67
15,5 364,04 0,001143745 318287,7 20,24
16 386,32 0,00118064 327212,4 22,28
16,5 409,46 0,001217535 336302,4 23,14
17 434,45 0,00125443 346332,6 24,99
17,5 456,64 0,001291325 353621,3 22,19
18 480,48 0,00132822 361747,3 23,84
18,5 504,8 0,001365115 369785,7 24,32
19 529,31 0,00140201 377536,5 24,51
19,5 556,29 0,001438905 386606,5 26,98
20 581,79 0,0014758 394220,1 25,5
20,5 603,59 0,001512695 399016,3 21,8
21 627,36 0,00154959 404855,5 23,77
21,5 649,13 0,001586485 409162,4 21,77
22 678,63 0,00162338 418035,2 29,5
22,5 706,75 0,001660275 425682,5 28,12
23 737,55 0,00169717 434576,4 30,8
23,5 769,45 0,001734065 443726,2 31,9
24 808,31 0,00177096 456424,8 38,86
24,5 846,81 0,001807855 468405,9 38,5
25 899,28 0,00184475 487480,7 52,47
Fonte: Os Acadêmicos (2019).

Utilizando dos dados presentes em ambas as tabelas, foram elaborados


dois gráficos, representando a relação entre t/V versus V.

Gráfico 1 – Ajuste Linear da curva de filtrado para água


35000

30000 y = 7E+06x + 8593.7

25000

20000
Series1
15000 Linear (Series1)

10000

5000

0
0 0.001 0.002 0.003 0.004

Fonte: Os Acadêmicos 2019

Gráfico 2 – Ajuste Linear da curva de filtrado para CaCO3.

600000

500000
y = 2E+08x + 41222

400000

300000 Series1
Linear (Series1)
200000

100000

0
0 0.0005 0.001 0.0015 0.002

Fonte: Os Acadêmicos 2019

A partir da construção do gráfico 2, temos como resultado uma equação


de uma reta (Equação 1).

Equação 1.

𝑦 = 2 ∗ 10−5 𝑋 + 41222

Essa equação esta relacionada com a equação fundamental da filtração


em sua forma linearizada, que é a seguinte:

Equação 2:
𝑡 𝐾𝑝 𝑉
= +𝐵
𝑉 2
Comparando ambas as equações é possível identificar os valores de K p
e de B. Esses sendo:

Kp B
0,00004 s/m6 41222 s/m3

Com os valores de Kp e de B já determinados, é possível determinar a


resistência especifica da torta (α) e a resistência do meio filtrante (Rm).
utilizando as seguintes equações:

Equação 3:

𝛼 ∗ 𝜇 ∗ 𝐶𝑠
𝐾𝑝 =
𝐴2 ∗ 𝛥𝑃

Equação 4:

𝜇 ∗ 𝑅𝑚
𝐵=
𝐴 ∗ 𝛥𝑃

Todavia, antes mesmo de iniciar os cálculos de Kp e B, é necessário


determinar a concentração de massa solida (Cs), para isso foram utilizados
dados de massa obtidos durante o experimento, que estão dispostos na tabela
a seguir:

Tabela 3: Dados experimentais de massa da amostra.

Massa do papel filtro (g) 1,5g


Massa trota úmida + papel filtro (g) 43,42g
Massa torta seca + Papel filtro(g) 29,08g
Massa seca (g) 27,58g
Massa de agua (g) 14,34g
Volume da solução (m3) 1,84475*10-3m3
Fonte: Os Acadêmicos (2019)

Através da massa seca, em Kg, e do volume da solução, pode-se


calcular a concentração de massa solida (Cs), por meio da equação 5.

Equação 5:
𝑀𝑠𝑜𝑙𝑖𝑑𝑜
𝐶𝑠 =
𝑉𝑆𝑜𝑙𝑢çã𝑜

27,58/1000
𝐶𝑠 =
1,84475𝐸 −3

𝐶𝑠 = 20,46753247𝐾𝑔/𝑚3

Além de Cs, é necessário dimensionar a área efetiva de filtração, a


viscosidade do fluido e a pressão de filtração.

Tabela 4: Dados para calculo.

Área efetiva (m2) 9,5033.10-3m2


ΔP (Pa) 34000 Pa
µ a 25oC (Pa.s) 8,9*10-4 Pa.s
Fonte: Os Acadêmicos 2019

Tendo todos os dados em mãos, as equações 3 e 4 podem ser


efetuadas.

𝛼 ∗ 𝜇 ∗ 𝐶𝑠
𝐾𝑝 =
𝐴2 ∗ 𝛥𝑃
𝛼 ∗ (8,9 ∗ 10−4 ) ∗ 20,4675
0,00004 =
(9,5003 ∗ 10−3 )2 ∗ 34000

0,00004 = 𝛼 ∗ 0,00593235

𝛼 = 0,006742687𝑚/𝐾𝑔

𝜇 ∗ 𝑅𝑚
𝐵=
𝐴 ∗ 𝛥𝑃
8,9 ∗ 10−4 ∗ 𝑅𝑚
41222 =
9,5033 ∗ 10−3 ∗ 34000

41222 = 𝑅𝑚 ∗ 2,454461144 ∗ 10−6

𝑅𝑚 = 1,4965 ∗ 1010 𝑚−1

Para se ter noção da capacidade de filtração da torta, foi calculado o


nível de porosidade da mesma. No entanto, antes mesmo de se efetuar as
operações, foi necessário o dimensionamento do volume da torta.
Para que o volume da torta pudesse ser calculado, foi preciso determinar
a profundidade da mesma. Desse modo, coletou-se 5 valores de
profundidades, referente a 5 pontos diferentes da torta, uma vez que sua altura
não é uniforme.

Tabela 5: Altura da torta.

Profundidades
3mm
5mm
4mm
5mm
5mm
Media das Profundidades 4,4mm
Fonte : Os Acadêmicos 2019

Utilizando da altura media e da área circunferencial da torta, calcula-se o


volume da mesma.

𝑉𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 = 𝐴𝑐. ℎ

𝑉𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 = 9,5033.10−3 ∗ 4,4 ∗ 10−3

𝑉𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 = 4,1814 ∗ 10−5 𝑚3

Com o dado restante em mãos, é realizado a operação para determinar


a porosidade da torta.

Equação 6:

𝑀𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 𝑢𝑚𝑖𝑑𝑎 − 𝑀𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎


𝜀=
𝑉𝑡𝑜𝑟𝑡𝑎 ∗ 𝜌𝑎𝑔𝑢𝑟𝑎

(41,92 − 27,58)/1000
𝜀=
4,1814 ∗ 10−3 ∗ 997

𝜀 = 3,4397 ∗ 10−3

A fim de uma melhor avaliação dos efeitos da filtração a pressão


constante, foi plotado um gráfico da vazão (V/t) em relação o tempo. Para isso,
os valores de vazão foram obtidos a partir da função inversa da equação
fundamental da filtração.
Gráfico 3- Vazão em relação ao tempo.

0.00004

0.000035

0.00003

0.000025

0.00002
Series1
0.000015

0.00001

0.000005

0
0 200 400 600 800 1000

Fonte: Os Acadêmicos 2019

Analisando o gráfico 3 é observado que, conforme a filtração vá sendo


realizada, menor será a vazão. Esse fato acontece, pois a medida que o tempo
passa durante a filtração, maior será o acumulo de filtrado na torta, assim cada
intervalo de tempo ela aumentando seu tamanho. Desse modo, mesmo que o
processo esteja trabalhando em pressão constante, a pressão interna da torta
aumenta conforme o tempo. (Depto De Eng. Química e de Eng. De Alimentos)

Nessa linha de pensamento, a diferença de pressão entre o estagio


acima do filtro e o estagio abaixo é a força motriz por traz da filtração. Não
obstante, aumentar a pressão para acelerar o processo pode ser
contrabalanceado com o aumento da compressibilidade da torta. (D. Bourcier,
2016)

Seguindo o mesmo raciocínio, As tortas produzidas em processos de


filtração variam de uma operação para a outra, e suas características vão
depender da natureza química do filtrado e de como o experimento é
conduzido. Para matérias que formam precipitados cristalinos, suas tortas são
bem abertas e de fácil escoamento. Já para tortas de precipitados gelatinosos,
as mesmas possuem uma menor permeabilidade. (Depto De Eng. Química e
de Eng. De Alimentos) (Borges, et al., 2014)

Em tortas de matérias de estrutura cristalinas, quando há o aumento da


vazão, também haverá o aumento proporcional da pressão. Isso é , se o valor
da vazão for dobrado, a variação da pressão também ira dobrar. No entanto,
para tortas gelatinosas, o seu comportamento é bastante diferente. Para esse
tipo de torta, quando há o aumento da Vazão ocorrera o aumento
desproporcional da pressão interna. Isso se da, pois esse tipo de torta, por não
formar uma estrutura completamente solida, apresenta característica
semelhante à uma esponja. Assim, com o aumento da pressão sobre a torta,
mais ela será comprimida, por sua vez diminuindo a área de seus poros
internos, ou ate os fechando por completo. (D. Bourcier, 2016) (Depto De Eng.
Química e de Eng. De Alimentos)

Em suma, como a torta de CaCO3 obtida durante o experimento


realizado apresenta características compressíveis. A filtração em pressão
constante se apresenta muito relevante, uma vez que o aumento da das
resistências especificas da torta e meio filtrante, iram variar apenas em função
da vazão, excluindo grandes efeitos na variação da pressão interna. (Borges, et
al., 2014)
CONCLUSÃO

Em suma, a filtração se comprovou ser uma técnica bastante efetiva, e


seus resultados foram bem satisfatórios. As curvas apresentaram uma
linearidade, e os valores obtidos estão de acordo com a teoria.

Além disso, o aprendizado sobre a teoria por traz da filtração foi bastante
relevante, e definitivamente ira auxiliar no aprendizado das teorias ministradas
na aula de operações unitárias.
Referências

Borges, Bethânia Rodrigues, et al. 2014. ESTUDO DA RESISTÊNCIA DA


TORTA UTILIZANDO O FILTRO PRENSA. 2014.

D. Bourcier, J.P. Féraud, D. Colson, K. Mandrick, D. Ode, et al.. 2016.


Influence of particle size and shape properties on cake. Chemical Engineering
Science, Elsevier. 144, 2016.

Depto De Eng. Química e de Eng. De Alimentos. FILTRAÇÃO.


[Acesso<https://moodle.ufsc.br/pluginfile.php/1556540/mod_resource/content/1/
FILTRACAO.pdf>] Florianopolis : UFSC – Universidade Federal de Santa
Catarina.

Relatório filtração 2016.1. Neves, C.T. M.1, Dalla, C.E.R.1 Xavier, F.A.1,
Pereira, G.N.1 e Machado Junior, H. F. 2016. UNIVERSIDADE FEDERAL
RURAL DO RIO DE JANEIRO : s.n., 2016.

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