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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS

CAMPUS AVANÇADO DE POÇOS DE CALDAS


INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

BÁRBARA ARAÚJO DA SILVA LATIF


GUILHERME FELIPE XAVIER
LEILA DE OLIVEIRA FARIA
PAULO CÉSAR CÓPPOLA
LUIZ FELIPPE MARINELLO

CALORIMETRIA : CALOR ESPECÍFICO E CAPACIDADE TÉRMICA

POÇOS DE CALDAS - MG
2022
Relatório desenvolvido para a disciplina de
Laboratório de Termodinâmica, ICT1321, na
Universidade Federal de Alfenas, Campus
Avançado de Poços de Caldas.
Professor: Marilsa

POÇOS DE CALDAS/MG
2022
Sumário

1. OBJETIVO 4
2. INTRODUÇÃO 4
3. MATERIAIS E MÉTODOS 5
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 6
5. CONCLUSÃO 15
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 16
OBJETIVO

Este experimento tem como objetivo estudar a temperatura da água com aquecimento constante,
bem como determinar seu calor específico e medir a capacidade térmica do calorímetro.

INTRODUÇÃO

Em termodinâmica, calorimetria é o ramo da física que estuda as trocas de energia térmica entre
corpos ou sistemas. Essa energia é chamada de calor e ocorre devido a diferença de temperatura
entre os corpos, o corpo com maior temperatura transfere essa energia para o corpo com menor
temperatura até que haja equilíbrio entre eles.
Por meio da calorimetria é possível determinar a temperatura de equilíbrio de um sistemas de
corpos e a quantidade de energia térmica necessária para que se observe as variações de
temperatura ou mudanças no estado físico.
Calor sensível é a mudança de temperatura produzida no corpo pela transferência de energia na
forma de calor, este fenômeno é orientado pela lei da Equação Fundamental da Calorimetria. A
quantidade de calor cedida ou recebida pode ser calculada através da seguinte equação:

𝑄 = 𝑐. 𝑚. ∆𝑇
Calor latente é a mudança de temperatura que gera uma mudança no estado físico do corpo. A
quantidade de calor cedida ou recebida pode ser calculada pela seguinte equação:

𝑄 = 𝑚. 𝐿
O calor específico de qualquer substância é definido como a quantidade de calor necessária para
alterar a temperatura de uma unidade de massa da mesma em um grau. O calor específico é
dados por:
𝑄
𝑐 = 𝑚.Δ𝑇
onde c corresponde ao calor específico, Q a quantidade de calor, m massa e ΔT a variação de
temperatura.
A capacidade térmica mede a quantidade de calor necessária para que haja uma variação
unitária da temperatura em um determinado corpo.
𝑄 ∆𝑄
𝐶 = Δ𝑇
= Δ𝑇
onde C corresponde a capacidade térmica.
A capacidade térmica depende do material do corpo a ser analisado e de sua massa.
𝐶 = 𝑚𝑐

MATERIAIS E MÉTODOS:

Materiais Utilizados:
● Água;
● Balança;
● Calorímetro;
● Cronômetro;
● Termômetro;
● Fonte de energia;
● Proveta.

Metodologia:
Parte I:
Primeiramente, utilizando uma proveta, mediu-se 85mL de água que corresponde a 85g. Com o
calorímetro ainda desligado mediu-se a temperatura inicial (t0), o calorímetro foi então ligado e
após 3 minutos anotou-se a temperatura obtida de 1 em 1 minuto até obtermos 15 pontos
experimentais. A água foi agitada suavemente durante todo o processo de forma a uniformizar a
temperatura da água. Esse mesmo processo foi repetido por 3 vezes, sempre com o mesmo
volume de água.

Parte II:
Nesta parte do experimento, mediu-se 99,31g de água. Com o calorímetro ainda desligado
mediu-se a temperatura inicial (t0), o calorímetro foi então ligado e após 3 minutos anotou-se a
temperatura obtida de 1 em 1 minuto até obtermos 10 pontos experimentais. A água foi agitada
suavemente durante todo o processo de forma a uniformizar a temperatura da água. Esse mesmo
processo foi repetido 5 vezes, variando o volume de água.

Equações recorrentes :

(1) Δ = 𝑁. 𝑆𝑥² − (𝑆𝑥)²


𝑁. 𝑆𝑥𝑦 − 𝑆𝑥. 𝑆𝑦
(2) 𝑎 = Δ
𝑆𝑥². 𝑆𝑦 − 𝑆𝑥. 𝑆𝑥𝑦
(3) 𝑏 = Δ

2
𝑁*σ
(4) ∆𝑎 = ∆

2
σ * 𝑆𝑥².
(5) ∆𝑏 = ∆
2
2 𝑆∆𝑦
(6) σ = 𝑁−2

2 2
(7) ∆𝑦 = [ 𝑦 − (𝑎𝑥 + 𝑏) ]

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a primeira parte do procedimento experimental, realizou-se as medições de temperatura ao


longo do tempo para uma determinada massa de água - 85g. O procedimento foi realizado em
triplicata para demonstrar que a repetitividade do método utilizado se fez eficaz. Os dados
obtidos estão representados esquematicamente na Tabela 1.

Tabela 1 - Variação de Temperatura ao longo do Tempo para uma massa de água constante

t ± σt (min) T1ª (ºC) T2ª(ºC) T3ª(ºC) T média (ºC) σT


0 19,5 19,1 20,8 19,8 0,8888194417
3 24 22,7 22,9 23,2 0,7
4 27,2 25,6 24,6 25,8 1,311487705
5 28,8 27 29,3 28,36666667 1,209683154
6 29,4 30,5 30,1 30 0,5567764363
7 30,8 31 31,5 31,1 0,3605551275
8 34,8 32,2 35,1 34,03333333 1,594783162
9 35,8 36 36,8 36,2 0,5291502622
10 37,8 38,1 39,2 38,36666667 0,7371114796
11 39,7 38,7 40 39,46666667 0,6806859286
12 40,6 41,5 41,4 41,16666667 0,4932882862
13 43,7 42,1 44 43,26666667 1,021436896
14 44,3 45,5 44,8 44,86666667 0,6027713773
15 47,1 46 48,6 47,23333333 1,30511813
16 47,8 48,5 48,9 48,4 0,5567764363
17 50,1 50,3 51,8 50,73333333 0,9291573243

Em posse dos dados experimentais, realizou-se os cálculos dos elementos que permitiriam a
aplicação da regressão linear, utilizando a média das temperaturas observadas. O resultado é
como se segue:

Tabela 2 - Parâmetros para a aplicação da regressão linear MMQ e incertezas relacionadas


Amostra X Y XY X² a+bx ∆y² ∆y
1 0,000 19,800 0,000 0,000 18,769 1,063 1,031
2 3,000 23,200 69,600 9,000 24,403 1,447 -1,203
3 4,000 25,800 103,200 16,000 26,281 0,231 -0,481
4 5,000 28,370 141,850 25,000 28,159 0,045 0,211
5 6,000 30,000 180,000 36,000 30,037 0,001 -0,037
6 7,000 31,100 217,700 49,000 31,915 0,664 -0,815
7 8,000 34,033 272,264 64,000 33,793 0,058 0,240
8 9,000 36,200 325,800 81,000 35,671 0,280 0,529
9 10,000 38,367 383,670 100,000 37,549 0,669 0,818
10 11,000 39,467 434,137 121,000 39,427 0,002 0,040
11 12,000 41,167 494,004 144,000 41,305 0,019 -0,138
12 13,000 43,267 562,471 169,000 43,183 0,007 0,084
13 14,000 44,867 628,138 196,000 45,061 0,038 -0,194
14 15,000 47,233 708,495 225,000 46,939 0,086 0,294
15 16,000 48,400 774,400 256,000 48,817 0,174 -0,417
16 17,000 50,733 862,461 289,000 50,695 0,001 0,038
SOMA 150,000 582,004 6158,190 1780,000 582,004 4,785 0,000

Onde os valores de x e y representam o tempo - em minutos - e a temperatura média - em °C -,


respectivamente. As três últimas colunas da Tabela 2 tiveram seus valores calculados após a
determinação prévia dos coeficientes angular e linear, e foram utilizadas para o cálculo das
incertezas desses coeficientes.

Aplicando a regressão linear aos dados experimentais, e realizando também os cálculos das
incertezas dos coeficientes, obteve-se:

a b σ² ∆a ∆b
1,878 18,769 0,3418083 0,0302413 0,3189706

Entretanto, temos que o coeficiente angular é dado em minutos, e a unidade no SI é dado em


segundos. Para isso, basta multiplicarmos a potência do calorímetro por um fator de 60 e
teremos as unidades corretas.
V (Volts) R (Ohms) P (Watts)
6 2,7 13,33333333

Como o coeficiente angular é uma relação entre a potência do sistema e a capacidade térmica do
sistema, e como também estamos assumindo que o calorímetro possuí capacidade térmica
desprezível - para a primeira parte do procedimento experimental -, temos :

2
𝑉 * 60
(8) Csistema = 𝑅*𝑎

(9) cágua = 𝐶𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎


𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 á𝑔𝑢𝑎 (𝐾𝑔)

c (água)
Csistema (J/°C) (J/°C * Kg)
425,9850905 5011,5893

Pode-se dizer que, adotando o modelo que despreza a capacidade térmica do


calorímetro utilizado, bem como entendendo a existência de impurezas na amostra -
componentes químicos, como o cloro, na água e impurezas na liga metálica do
calorímetro - o calor específico da água foi bem maior do que o esperado da teoria -
cerca de 4180 J/°C * Kg.

Para a segunda parte do procedimento experimental, foram realizadas uma única série
de medições da temperatura num determinado intervalo de tempo - 11 minutos -,
variando a massa de água contida no calorímetro. Os pontos experimentais podem ser
observados na seguinte tabela:

Massa de Água (g) 99,31 120,4 141,09 160,14 179,76


t (min) T (ºC) T (ºC) T (ºC) T (ºC) T (ºC)
0 19,7 19,3 19,5 19,5 20,5
2 23,2 21,2 21,0 20,4 20,5
3 25,6 22,9 21,9 21,3 21,2
4 27,6 23,1 22,7 22,1 21,7
5 27,2 24,6 23,7 23,2 22,5
6 27,9 25,3 24,4 24,0 23,4
7 29,7 26,3 25,4 24,8 24,4
8 31,6 27,3 26,2 25,4 25,0
9 33,4 28,7 27,3 26,5 25,6
10 34,8 29,9 28,3 27,2 26,3
11 33,5 31,2 28,8 28,0 27,1

Considerando que o cronômetro utilizado - smartphone - possui uma incerteza muito


pequena, podemos considerar que todos os valores de tempo possuem a mesma
incerteza, e que essas incertezas são irrelevantes para o desenvolvimento do
experimento - a temperatura não varia segundo a segundo, logo a incerteza do tempo
não possui efeito cumulativo nos resultados.
Entretanto, o termômetro utilizado possui uma incerteza considerável e constante para
todos os valores de temperatura. Dessa forma, tomou-se a incerteza do instrumento
como a metade da resolução do termômetro utilizado : ± 0,2 °C .
Em seguida, realizou-se a plotagem de um gráfico Temperatura versus tempo para cada
massa de água utilizada, de modo a obter os coeficientes angulares e lineares para cada
caso. Realizou-se também a regressão linear para cada caso. Por fim, em posse dos
cinco coeficientes angulares, e após as devidas conversões desses coeficientes, plotou-se
um gráfico de P/a versus mágua , de modo a obter os valores do calor específico da água -
coeficiente angular - e a capacidade térmica do calorímetro - coeficiente linear.
Os resultados da regressão linear para as cinco massas de água utilizadas podem ser
observados na seguinte tabela, seguidos de seus respectivos gráficos:

a b σ² ∆a ∆b
100g de Água
1,308 20,834 1,0676 0,0939 0,6367

a b σ² ∆a ∆b
120g de Água
1,058 19,184 0,0948 0,0280 0,1897

a b σ² ∆a ∆b
140g de Água
0,8732 19,313 0,02 0,01287 0,08718

a b σ² ∆a ∆b
160g de Água
0,809 19,072 0,0457 0,0194 0,1317

a b σ² ∆a ∆b
180g de Água
0,6689 19,52 0,1898 0,0396 0,2685
Uma vez que o calor específico é uma função da massa, pode-se observar que, para as
diversas massas utilizadas, mantendo uma temperatura de processo inicial
aproximadamente constante - coeficiente linear -, os valores do coeficiente angular
diminuem com o aumento da massa de água. Isso se dá porque, para manter o valor de
Y o coeficiente angular - definido como a soma das capacidades térmicas da água e do
calorímetro - deve decrescer, o que indica um decrescimento no valor de calor
específico da água - novamente relacionada à massa de água utilizada.
É importante ressaltar que os coeficientes angulares são dados em minutos. Logo, para
sua aplicação junto à potência fornecida ao calorímetro é necessário a conversão desses
valores para segundos.

Massa de Água (Kg) Coeficiente Angular "a" Correção de "a"


0,10 1,31 78,6
0,12 1,06 63,6
0,14 0,873 52,38
0,16 0,809 48,54
0,18 0,669 40,14
Em posse desses valores corrigidos de “a”, pode-se relacionar esses valores com a
potência para se obter o valor aproximado da capacidade térmica do calorímetro - dado
pelo coeficiente linear da reta ajustada de P/a.

Como pode ser observado, obteve-se um valor negativo para o coeficiente linear, o que
é uma incongruência nos dados. Esse valor pode ser explicado de duas maneiras, sendo
a primeira delas que o procedimento utilizado não foi adequado - considerando as
condições de execução - para a determinação das capacidades térmicas da água e do
calorímetro simultaneamente. A segunda resposta plausível é de que o modelo
matemático adotado - considerando o coeficiente angular como o calor específico da
água e o coeficiente linear como a capacidade térmica do calorímetro - não é o modelo
que de fato rege as transformações físicas observadas.

a b σ² ∆a ∆b
1,955 -0,0254 0,0000803 0,14238 0,0203000
O teste do qui-quadrado reduzido resultou num valor difícil de interpretar, mas que
podemos inferir que foi de má qualidade para nossos resultados.

Amostra X Y XY X² a+bx ∆y² ∆y


1 0,099 0,170 0,017 0,010 0,169 0,000 0,001
2 0,120 0,210 0,025 0,014 0,210 0,000 0,000
3 0,141 0,255 0,036 0,020 0,250 0,000 0,005
4 0,160 0,275 0,044 0,026 0,288 0,000 -0,013
5 0,179 0,332 0,059 0,032 0,325 0,000 0,007
SOMA 0,700 1,241 0,181 0,102 1,242 0,000 -0,001

Como pode ser observado, os valores de ∆y² - necessários para o cálculo do qui-quadrado -
resultaram em zero. Dessa forma, para 2 graus de liberdade, a probabilidade de que os resultados obtidos
ocorram no intervalo estipulado será também de zero. Assim, pode-se concluir que o modelo matemático
utilizado, após teste de qualidade, não foi eficiente para este caso.

CONCLUSÃO

Analisando a primeira parte do procedimento experimental, pode-se concluir que os


resultados obtidos estão suficientemente próximos da teoria estudada, considerando que
as simplificações utilizadas - capacidade térmica do calorímetro desprezível - e
considerando também que as amostras de água e o próprio calorímetro contém
impurezas - componentes químicos, óxidos, dentre outros -, o resultado de 5011,6
J*°C-1*Kg-1 para a água é suficientemente próximo da teoria - 4180 J*°C-1*Kg-1.
Analisando a segunda parte do procedimento experimental, pode-se concluir que o
modelo utilizado para calcular a capacidade térmica do calorímetro não foi adequado,
tanto é que o teste do qui quadrado reduzido se provou inconclusivo. Entretanto, nas
análises de tempo vs Temperatura notou-se um comportamento padronizado para os
resultados. Isto é, para um coeficiente linear - temperatura inicial - aproximadamente
constante, o coeficiente angular - soma das capacidades térmicas da água e do
calorímetro - foi decrescendo com o aumento da massa de água. Isso pode ser explicado
considerando que, para um determinado momento, a energia absorvida pela amostra é
diferente - devido à massa de água - e portanto a temperatura é diferente. Ademais,
quanto maior a massa, maior a energia necessária para causar uma variação na
temperatura da amostra. Por fim, pode-se dizer que a primeira parte do procedimento
experimental foi realizado adequadamente, ao passo que a segunda parte se fez
inconclusiva na determinação da capacidade térmica do calorímetro e das diversas
amostras de água.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. Vuolo, José Henrique; Fundamentos de teoria do erro, 2ª ed. São Paulo, SP.
2. Halliday. D; Walker, J. Fundamentos de física - Volume 2: Gravitação, ondas e
termodinâmica. Rio de Janeiro: LTC, 2009.1992.
3. Ramalho J., F; Ferraro, NG, Soares, P.T.A. Os fundamentos da física, 9ª ed., São
Paulo: Moderna; 2009.
4. Gouveia, Rosimar. "Calorimetria". Toda Matéria. Disponível em:
<https://www.todamateria.com.br/calorimetria/>. Acesso em: 13 de julho de
2022
5. Helerbrock, Rafael. "Calorimetria". Brasil Escola. Disponível em:
<https://www.brasilescola.uol.com.br/fisica/calorimetria-i.htm/> Acesso em: 13
de julho de 2022

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