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Faculdade de Engenharia

Departamento de Engenharia Química


Licenciatura em Engenharia Química

Transferência de Calor
Relatório sobre Condução

Discentes
 Bucha, Jeremias Albano
 Chichava, Lourenço Manuel
 Macuacua, Belgeranço Vicente
 Maveto, Faustino Marques
 Mucambe, Augusto Lucas
 Nhantumbo, Edson Simeão
 Sulemane, Názia Bibi Mahomed

Docentes
 Alberto J. Tsamba
 Miguel Meque Uamusse

Maputo, julho de 2021


Índice
1. Introdução ............................................................................................................................. 2
2. Resultados experimentais e discussão dos valores obtidos.................................................. 3
2.1 Experiência 1 – Condução ao longo de uma barra simples........................................... 3
2.1.1 Resultados experimentais ..................................................................................... 3
2.1.2 Análise dos dados .................................................................................................. 4
2.2 Experiência 2 – Condução ao longo de uma barra composta ....................................... 5
2.2.1Resultados experimentais ............................................................................................. 5
2.2.1 Analise e discussão dos dados............................................................................... 7
2.3 Experiência 3 – Efeito da área de secção transversal ................................................... 7
2.3.1 Resultados experimentais ..................................................................................... 7
2.3.2 Analise e discussão de dados ................................................................................ 8
2.4 Experiência 6 – Efeito de isolamento ............................................................................ 9
2.4.1 Resultados experimentais ..................................................................................... 9
2.4.2 Analise e discussão dos dados............................................................................. 11
3.Conclusão ................................................................................................................................. 12
4. Bibliografia .............................................................................................................................. 13

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1. Introdução

O fenômeno de transferência de calor entre corpos verifica-se devido a um gradiente


de temperatura entre estes. Este fluxo de calor (quantidade de calor transferido por
unidade de área num dado intervalo de tempo) ocorre dos pontos de maior para os de
menor valor de temperatura.
A transferência de calor pode ser classificada, tendo em conta o meio no qual ocorre a
transferência de calor e os fatores de que depende tal transferência:
 Transferência de calor por condução: ocorre em corpos sólidos como resultado
do movimento de electrões, no caso de metais;
 Transferência de calor por convecção: ocorre entre fluidos e corpos sólidos;
 Transferência de calor por radiação: não necessita de um meio de propagação,
pois transmite-se no espaço sob a forma de ondas eletromagnéticas, ou pela
emissão de fotões.
No presente relatório, vai se abordar e discutir assuntos relacionados a condução de
calor por condução numa barra cilíndrica.

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2. Resultados experimentais e discussão dos valores obtidos.
.1. Experiência 1 – Condução ao longo de uma barra simples.

Objetivo: Investigar a Lei de Fourier na condução linear ao longo de uma barra


simples.

Procedimentos: Realizou-se três ensaios com valores de taxa de fluxo de calor


diferentes, onde mediu-se a temperatura em nove pontos diferentes ao longo de uma barra
cilíndrica. A barra com parte metálica de bronze foi conectada ao equipamento, que
permitiu o registo dos valores de fluxo e temperatura em nove pontos diferentes, através
de fios condutores. A barra era aquecida dos pontos 1 a 9 e arrefecida por agua de 9 a 1.
Os valores de temperatura foram registados, para cada ensaio após um determinado
tempo, em cada ponto, por forma a permitir a estabilização da temperatura e se
apresentam na tabela abaixo.
O ponto 5 da barra registou valores de forma constante devido a problemas de contato
como defeito do próprio equipamento.

2.1.1 Resultados experimentais

Ensaio Q T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9
(W) (℃) (℃) (℃) (℃) (℃) (℃) (℃) (℃) (℃)
A 2,5 28,2 27,8 26,5 25,6 -13,6 23,5 22,7 19,6 18,7
B 3,5 30,1 29,6 28,1 27,4 -13,6 26,0 23,9 22,9 22,1
C 4,5 33,6 32,5 32,0 29,3 -13,6 26,4 25,1 23,6 23,0

Tabela 1: variação da temperatura ao longo da barra cilíndrica, em função do comprimento a da variação


do fluxo

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Fig 2.1- Variação da temperatura ao longo da barra
cilíndrica simples
40

30

20
Temperatura

10

0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
-10

-20
Distância

A B C

Os gráficos traçados foram usados para determinar o valor da condutividade térmica


(K) do bronze a partir da expressão da lei de Fourier:

𝐾 𝑑𝑇
𝑄= 𝐴 𝑑𝑥

onde
𝑄 𝑑𝑥
𝐾=−
𝐴 𝑑𝑇

Do gráfico procedeu-se ao cálculo do valor de K para cada reta:

𝑄 𝑑𝑥 4 ∗ 2,5 (0,004 − 0,001)


𝐾1 = − =− × = 22,6 𝑊⁄𝑚 ∗ ℃
𝐴 𝑑𝑇 𝜋 ∗ (0,0125)2 (25,6 − 28,2)
𝑄 𝑑𝑥 4 ∗ 3,5 (0,004 − 0,001)
𝐾2 = − =− 2
× = 31,7 𝑊⁄𝑚 ∗ ℃
𝐴 𝑑𝑇 𝜋 ∗ (0,0125) (27,4 − 30,1)
𝑄 𝑑𝑥 4 ∗ 4,5 (0,004 − 0,001)
𝐾3 = − =− 2
× = 25,58 𝑊⁄𝑚 ∗ ℃
𝐴 𝑑𝑇 𝜋 ∗ (0,0125) (29,3 − 33,6)

2.1.2 Análise dos dados


Analisando os dados da tabela acima, verifica-se que a condutividade térmica é
inversamente proporcional ao gradiente de temperatura, isto porque um gradiente de
temperatura elevado significa uma diferença também elevada entre os pontos em que se

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faz a leitura, se a diferença é elevada então, a capacidade do corpo conduzir calor de um
ponto para o outro é muito baixa e vice versa, ou seja, quando o gradiente de temperatura
é menor, a capacidade do corpo conduzir calor entre os pontos é elevado, no sentido ponto
de maior temperatura para menor.

2.2 Experiência 2 – Condução ao longo de uma barra composta

Objetivo: Estudar a condução de calor ao longo de uma barra composta e avaliar o


coeficiente de transferência de calor total.

Procedimentos: Seleciona-se uma posição baixa para o controle de potência e deixa-


se atingir a estabilidade antes de registrar a temperatura em todos os 6 pontos do sensor
e a leitura de entrada da potência no wattímetro. Este procedimento foi repetido para as
outras potencias de entrada até o máximo permitido, após cada mudança deixa-se atingir
a estabilidade.

2.2.1. Resultados experimentais


Os valores obtidos foram registrados na tabela abaixo:

Ensaio Q (W) T1 (℃) T2 (℃) T3 (℃) T7 (℃) T8 (℃) T9 (℃)


A 5,5 35,6 35,1 33,0 25,2 22,8 29,3
B 6,5 40,6 35,4 35,4 27,4 26,0 25,8
C 7,5 44,4 42,7 40,9 29,3 29,0 28,6

Tabela 2: Variação da temperatura ao longo da barra composta

5
Fig. 2.2 - Variação da temperatura ao longo de uma
barra cilíndrica composta
50
45
40
35
Temperatura

30
25
20
15
10
5
0
1 2 3 7 8 9

Distância

A B C

Associando essas duas barras em série, o processo de condução de calor é análogo ao


processo de condução de corrente elétrica. Não havendo geração de energia, introduz-se
o conceito de resistência térmica, que permite calcular o fluxo de calor total sobre a barra
cilíndrica usando a temperatura das suas extremidades, para isso, assume-se que o fluxo
de calor é o mesmo por cada camada, uma consequência da Lei de Fourier (NECATI,
OZISIK).
Matematicamente, este conceito é traduzido pela equação:

(𝑇1 − 𝑇3 ) (𝑇3 − 𝑇7 ) (𝑇7 − 𝑇9 )


𝑄= = = (5)
𝑅1 𝑅2 𝑅3
𝐿
com 𝑅𝑖 = 𝐴𝐾𝑖

Somando todos os termos, temos:


(𝑇1 − 𝑇9 )
𝑄= = 𝑈(𝑇1 − 𝑇9 ) (6)
𝑅
1 1 1 1
𝑈= = + +
𝑅 𝑅1 𝑅2 𝑅3
Onde:
R – Resistencia térmica
U – Coeficiente global de transferência de calor

Através da equação (6), calcula-se o coeficiente pra cada reta:


𝑄 5,5
𝑈𝐴 = = = 0,917 𝑊⁄℃
(𝑇1 − 𝑇9 ) (35,3 − 29,3)

6
𝑄 6,5
𝑈𝐵 = = = 0,439 𝑊⁄℃
(𝑇1 − 𝑇9 ) (40,6 − 25,8)
𝑄 7,5
𝑈𝐶 = = = 0,475 𝑊⁄℃
(𝑇1 − 𝑇9 ) (44,4 − 28,6)

2.2.1 Analise e discussão dos dados


Os coeficientes globais de transferência de calor, caracterizam a capacidade de todo o
corpo conduzir calor e está relacionado com a resistência térmica do material de que é
feito o corpo. Este número possui uma grande aplicabilidade, bastando multiplicar o
gradiente pelo coeficiente global que se terá o fluxo de calor total ao longo da barra, este
valor também pode ser calculado pelo valor da resistência térmica total.
Como não se dispõe do comprimento total da barra, não é possível comparar os valores
obtidos por cada um dos métodos, e salientar que o coeficiente de calor aqui calculado
aplica-se apenas entre os pontos 1 e 9, não em toda barra.

2.3 Experiência 3 – Efeito da área de secção transversal


Objetivo: Investigar o efeito da mudança da área da secção transversal nos perfis de
temperatura ao longo de um condutor térmico.

Procedimentos: Seleciona-se uma posição baixa para o controle de potência do


aquecedor e deixa-se estabilizar antes de registrar a temperatura em todos os 6 pontos do
sensor e a leitura do wattímetro. Este procedimento foi repetido para outras potencias de
entrada até o máximo permitido, após cada mudança, deixou-se atingir a estabilidade.

2.3.1 Resultados experimentais

Ensaio Q (W) T1 (℃) T2 (℃) T3 (℃) T7 (℃) T8 (℃) T9 (℃)


A 8,5 51,3 47,8 45,8 25,5 19,6 22,2
B 9,5 52,9 52,1 48,2 30,6 24,4 23,6
C 10,5 54,1 51,7 48,4 34,2 32,2 26,1
Tabela 3: Variação da temperatura após redução do diâmetro da barra.

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Fig. 2.3 - Variação da temperatura ao longo da barra
cilíndrica-efeito de secção transversal
60
50
Temperatura

40
30
20
10
0
1 2 3 7 8 9
Distância

A B C

2.3.2 Analise e discussão de dados


𝑑𝑇
Pela lei de Fourier, 𝑄𝑥 = −𝐾𝐴 𝑑𝑥 , se pode dizer que o gradiente de temperatura é
1
inversamente proporcional a área de secção transversal normal de calor, ∇𝑇 ∝ 𝐴 . Este

facto, pode ser explicado pelo aumento da resistência térmica, que também é
inversamente proporcional a área de secção transversal normal ao fluxo de calor, portanto
quando a área de secção aumenta, a resistência térmica aumenta e com isso o fluxo de
calor ao longo da barra tende a diminuir, causando assim um elevado gradiente de
temperatura.
Através do gráfico procede-se ao cálculo da razão dos gradientes de temperatura entre
a secção de 25mm de diâmetro e a de 13mm de diâmetro, para cada curva.

 Curva A
𝑑𝑥 (0,007 − 0,003)
𝑎=− =− = 0,000197 𝑚⁄℃
𝑑𝑇 (25,5 − 45,8)
𝑑𝑥 (0,003 − 0,001)
𝑏=− =− = 0,000363 𝑚⁄℃
𝑑𝑇 (45,8 − 51,3)
𝑏 0,000363
= = 1,843
𝑎 0,000197

8
 Curva B
𝑑𝑥 (0,007 − 0,003)
𝑎=− =− = 0,000227 𝑚⁄℃
𝑑𝑇 (30,6 − 48,2)
𝑑𝑥 (0,003 − 0,001)
𝑏=− =− = 0,000426 𝑚⁄℃
𝑑𝑇 (48,2 − 52,9)
𝑏 0,000426
= = 1,877
𝑎 0,000227
 Curva C
𝑑𝑥 (0,007 − 0,003)
𝑎=− =− = 0,000282 𝑚⁄℃
𝑑𝑇 (34,2 − 48,4)
𝑑𝑥 (0,003 − 0,001)
𝑏=− =− = 0,000351 𝑚⁄℃
𝑑𝑇 (48,4 − 54,1)
𝑏 0,000351
= = 1,245
𝑎 0,000282
Observando os gradientes, comparando com a razão das áreas transversais nota-se
pelos valores obtidos experimentalmente que os gradientes são inversamente
proporcionais a área de secção transversal normal ao fluxo de calor.

2.4 Experiência 6 – Efeito de isolamento


Objetivo: Investigar a influência dos isoladores térmicos em uma condução de calor
entre metais adjacentes.

Procedimentos: Usando um micrometro, mediu-se a espessura do disco de papel antes


de prendê-lo entre o aquecedor e as faces do resfriador. Depois controla-se a potência de
entrada para aproximadamente 10-15W e deixa-se atingir a estabilidade e garantir que a
temperatura (T1) não exceda 100℃. Registrou-se a temperatura em todos os 6 pontos dos
sensor e a leitura de potência de entrada no wattímetro antes de repetir todo o
procedimento usando o disco de cortiça no lugar do papel.

2.4.1 Resultados experimentais


Disco de papel

Q (W) T1 (℃) T2 (℃) T3 (℃) T7 (℃) T8 (℃) T9 (℃)


11,5 67,6 65,2 62,3 19,7 17,4 17
Tabela 5: Variação da temperatura no condutor cilíndrico com isolamento de papel com
espessura 0,02mm

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Disco de cortiça

Q (W) T1 (℃) T2 (℃) T3 (℃) T7 (℃) T8 (℃) T9 (℃)


12,5 78,8 69,6 65,1 26,5 23,0 20,5
Tabela 5.1: Variação da temperatura no condutor cilíndrico com isolamento de cortiça de espessura
0,2mm.

Fig.2.4- Variação da temperatura ao longo da barra


cilíndrica-efeito de isolantes
90
80
70
Temperatura

60
50
40
30
20
10
0
1 2 3 7 8 9
Distância

disco de papel disco de cortiça

A semelhança da experiência 1, calcula-se a condutividade térmica dos dois


isolantes:

𝑄 (𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎)
𝐾=− ×
𝐴 𝑑𝑇
11,5 ∗ 4 0,00002
𝐾𝑝𝑎𝑝𝑒𝑙 =− × = 0,044 𝑊⁄𝑚 ∗ ℃
𝜋 ∗ (0,0125)2 (19,7 − 62,3)
12,5 ∗ 4 0,0002
𝐾𝑐𝑜𝑟𝑡𝑖ç𝑎 = − 2
× = 0,528 𝑊⁄𝑚 ∗ ℃
𝜋 ∗ (0,0125) (26,5 − 65,1)

10
2.4.2 Analise e discussão dos dados
Os valores obtidos mostram como os isolantes possuem uma capacidade muito baixa
de transferir calor por condução, razão pela qual se verifica um gradiente de temperatura
elevado. O valor da condutividade térmica dos isolantes está intimamente ligado a
natureza do material de que este é efeito. Os electrões livres da cortiça e do papel não
possuem muita mobilidade no seu interior, razão pela qual estes conduzem muito pouco
calor.

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3. Conclusão
Os resultados obtidos demonstram a validade da lei de Fourier, verificando-se que para
um mesmo condutor o fluxo de calor transferido é diretamente proporcional ao gradiente
de temperatura, sendo constante a condutividade térmica. Verificou-se também que para
os casos de transferência de calor em paredes composta, a transferência de calor equipara-
se a um circuito de resistência elétrica, é possível determinar um coeficiente de
transferência de calor.
Conclui-se também que o gradiente de temperatura diminui à medida que a secção
transversal vai aumentado como consequência do aumento da resistência térmica e desse
jeito o fluxo de calor tende a diminuir. Para superfícies que não estão em contato físico a
transferência de calor é deficitária e o perfil de temperaturas decai estrondosamente, isto
é, a condução se dá melhor em superfícies em pleno contato físico e que possuem a
condutividade térmica elevada, relacionada a mobilidade de suas moléculas, estando tudo
isso prevista na equação da lei de Fourier.

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4. Bibliografia
 Ossifique, M. Necati, Transferencia de Calor um Texto Básico. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan S.A, 1990. p.1-13.
 Bengel, Yunes A., Transferência de Calor y Massa, Um enfoque pratico, 3ed,
México: McGraw-Hill, 2007. p.1-10.
 Guião laboratorial

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