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Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná


Campus Londrina
Departamento de Engenharia Mecânica
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GIOVANI DAVID ARRUDA - 2055902

MIRIADY LARA MENDES DE ANDRADE SOARES - 1947338

DIMENSIONAMENTO DE UM TROCADOR DE CALOR DO TIPO CASCO E TUBO

LONDRINA

2023
2

GIOVANI DAVID ARRUDA

MIRIADY LARA MENDES DE ANDRADE

DIMENSIONAMENTO DE UM TROCADOR DE CALOR DO TIPO CASCO E TUBO

Projeto apresentado ao docente do


curso de Engenharia Mecânica da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
como requisito para obtenção de nota parcial
da disciplina de Transferência de Calor 2.

Docente: Profº Dr. Rafael Sene de Lima

LONDRINA

2023
3

LISTA DE SÍMBOLOS

𝐴1 Área projetada do arranjo tubular, 𝑚²


𝐴𝑖 Área de transferência de calor baseado nos diâmetros internos dos tubos, 𝑚²
𝐴𝑜 Área de transferência de calor baseado nos diâmetros externos dos tubos, 𝑚²
𝐴𝑜,𝑐 Área de transferência de calor baseado nos diâmetros externos dos tubos
sem incrustação, 𝑚²
𝐴𝑜,𝑓 Área de transferência de calor baseado nos diâmetros externos dos tubos
com incrustação, 𝑚²
𝐴𝑠 Área de fluxo livre no banco de tubos, 𝑚²
𝐴𝑡,𝑝 Área do escoamento nos tubos, 𝑚²
𝐵 Espaçamento entre as chicanas, 𝑚
𝐶 Espaços entre os tubos adjacente, 𝑚
𝑐𝑝 Calor específico a pressão constante, 𝐽/𝑘𝑔. 𝐾
CL Constante de arranjo dos tubos
CTP Constante relativa à contagem dos tubos
𝑑𝑖 Diâmetro interno, 𝑚
𝑑𝑜 Diâmetro externo, 𝑚
𝐷𝑒 Diâmetro equivalente, 𝑚
𝐷𝑠 Diâmetro do casco, 𝑚
𝑓 Fator de atrito
𝐹 Fator de correção de temperatura, obtido por meio de gráficos
𝐺𝑠 Fluxo mássico, 𝑘𝑔/𝑚². 𝑠
ℎ𝑖 Coeficiente de transferência de calor por convecção interno, 𝑊/𝑚². 𝐾
ℎ𝑜 Coeficiente de transferência de calor por convecção externo, 𝑊/𝑚². 𝐾
𝑘 Condutividade térmica do fluido, 𝑊/𝑚. 𝐾
𝑘𝑤 Condutividade térmica, 𝑊/𝑚. 𝐾
𝐿 Comprimento do banco de tubos, 𝑚
𝑚̇ Vazão mássica, 𝑘𝑔/𝑠
𝑚̇ 𝑡 Vazão mássica nos tubos, 𝑘𝑔/𝑠
𝑁𝑏 Número de chicanas
𝑁𝑝 Número de passes no tubo
𝑁𝑡 Número de tubos
4

𝑁𝑢𝑑 Número de Nusselt em relação ao diâmetro


𝜌 Densidade, 𝑘𝑔/𝑚³
𝑃𝑡 Distancia de centro a centro entre os tubos, 𝑚
𝑃𝑟 Número de Prandtl
∆𝑝𝑟 Variação da perda de carga devido a curvatura dos tubos, 𝑘𝑃𝑎
∆𝑝𝑠 Variação da perda de carga para o escoamento no casco, 𝑘𝑃𝑎
∆𝑝𝑡 Variação da perda de carga nos tubos, 𝑘𝑃𝑎
∆𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 Variação da perda de carga total nos tubos, 𝑘𝑃𝑎
𝑄 Carga térmica do trocador de calor, 𝑘𝑊
𝑟𝑖 Raio interno, 𝑚
𝑟𝑜 Raio externo, 𝑚
𝑅𝑒𝑑,𝑡 Número de Reynolds nos tubos
𝑅𝑒𝑠 Número de Reynolds na superfície
𝑅𝑓,𝑖 Resistência a incrustação interna, 𝑚2 . 𝐾/𝑊
𝑅𝑓,𝑜 Resistência a incrustação externo, 𝑚2 . 𝐾/𝑊
𝑇𝑐 Temperatura do fluido frio, ℃
𝑇𝑓 Temperatura de filme, ℃
𝑇ℎ Temperatura do fluido quente, ℃
𝑇𝑤 Temperatura na superfície do tubo, 𝐾
∆𝑇𝑚𝑙 Diferença de temperatura entre as correntes quente e frias em cada
extremidade do trocador, 𝐾
𝜇𝑤 Viscosidade na superfície do tubo, 𝑘𝑔/𝑚. 𝑠
𝑢𝑚 Velocidade média do escoamento nos tubos, 𝑚2 /𝑠
𝑢𝑠 Velocidade média do escoamento na superfície, 𝑚2 /𝑠
𝑈𝑜,𝑐 Coeficiente global de transferência de calor sem incrustação, 𝑊/𝑚2 . 𝐾
𝑈𝑜,𝑓 Coeficiente global externo incrustado, 𝑊/𝑚2 . 𝐾
5

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fator de correção de temperatura 1 passe casco e 2 passes tubos 10


Figura 2 - Resistência à incrustação 11
Figura 3 - Diâmetros para dimensionamento do trocador de calor 12
Figura 4 - Coeficientes de transferência de calor 12
Figura 5 – Arranjos tubulares 15
Figura 6 – Tipos de Chicanas 17
Figura 7 – Diâmetro do tubo 18
Figura 8 – Tabela A.6 Propriedades Termofísicas da Água Saturada 19
6

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados de entrada 8


Tabela 2 - Cálculo de Cp 9
Tabela 3 – Propriedades diâmetro externo obtidas do Incropera 21
Tabela 4 – Propriedades diâmetro interno obtidas do Incropera 22
Tabela 5 – Comparação de resultados 26
7

SUMÁRIO

1 ESTIMATIVA INICIAL DAS DIMENSÕES ………………………….………..….…… 7

2 SELEÇÃO DO TROCADOR DE CALOR .…………..……………...………….…… 17

2.1 COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR CASCO ..………………......18

2.2 COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR TUBOS ……..…………….. 21

2.3 VERIFICAÇÃO DO COMPRIMENTO ...……………………………..…………….. 24

2.4 PERDA DE CARGA PARA O ESCOAMENTO NO CASCO …………..………... 24

2.5 PERDAS DE CARGA TOTAL NO CASCO E TUBO ………….………................ 25

2.6 VERIFICAÇÃO DA SELEÇÃO DO TROCADOR DE CALOR ………….……….. 26

REFERÊNCIAS .……………… ...……………………………………………………….. 27


8

1 ESTIMATIVA INICIAL DAS DIMENSÕES

Para o dimensionamento de um trocador de calor do tipo casco e tubo são


necessários alguns dados, que foram fornecidos pelo enunciado do próprio trabalho.
A Tabela 1 contém os dados que serão utilizados.

Tabela 1 - Dados de entrada

Fonte: Enunciado do trabalho

Para a carga térmica, faz-se necessário o uso da Equação 1, mostrada logo


abaixo.
𝑄 = (𝑚̇𝑐𝑝 )𝑐 (𝑇𝑐,2 − 𝑇𝑐,1 ) = (𝑚̇𝑐𝑝 )ℎ (𝑇ℎ,2 − 𝑇ℎ,1 ) (1)

Nesta Equação 1, os subscritos “h” e “c” representam fluidos quente e frio


respectivamente.
As Equações 2 e 3 foram utilizadas para cálculo médio da temperatura.
Para esse cálculo da carga térmica, foi utilizado a temperatura fria como
referência e se foi necessário obter o valor de (𝐶𝑝 )𝑐 , o qual foi obtido através de
interpolações utilizando a Tabela A.6 do Apêndice A do livro Incropera - Fundamentos
de Transferência de Calor e de Massa (8ª ed.), na temperatura de filme. A Tabela 2
mostra os valores obtidos.

𝑇𝑐,1 + 𝑇𝑐,2 288,15 + 313,15


(𝑇𝑓 )𝑐 = = = 300,65 𝐾 (2)
2 2
𝑇ℎ,1 + 𝑇ℎ,2 353,15 + 318,15
(𝑇𝑓 )ℎ = = = 335,65 𝐾 (3)
2 2
9

Tabela 2 - Cálculo de Cp

Temperatura de filme (K) 𝑪𝒑 (𝒌𝑱/𝑲𝒈𝑲)


(𝑇𝑓 )𝑐 = 300,65 4,17887
(𝑇𝑓 )ℎ = 335,65 4,18626

Fonte: Enunciado do trabalho

Convertendo o dado de vazão de ton/h para kg/s, tem-se uma vazão de 9,722
kg/s para o fluido frio e de 6,944 kg/s para o fluido quente. Substituindo os valores
encontrados na Equação (1), foi possível calcular a carga térmica.

𝑄 = (𝑚̇𝑐𝑝 )ℎ (𝑇ℎ,2 − 𝑇ℎ,1 ) = (9,722.4,18626). (353,15 − 318,15)

𝑄 = 1424,46 𝑘𝑊

O cálculo da área do trocador de calor se dá pela Equação 4 mostrada a


seguir.

𝑄 𝑄
𝐴𝑜 = 𝑈 =𝑈 (4)
𝑜 ∆𝑇𝑚 𝑜 𝐹∆𝑇𝑚𝑙

Onde 𝐴𝑜 é a área de transferência de calor baseada no diâmetros externo


dos tubos e 𝑄 é a carga térmica do trocador de calor. 𝐹 é o fator de correção de
temperatura, obtido por meio do gráfico da Figura 1, considerando 1 passe no casco
e 2 passes no tubo. Onde foi utilizado os valores de 𝑃 = 0,38 e 𝑅 = 1,4 dados no
enunciado para se obter o valor de 𝐹 = 0,86. Através da equação 5 e 6 também é
possível encontrar os valores de P e R.

𝑇 −𝑇 40−15
𝑃 = 𝑇𝑐,2 −𝑇𝑐,1 = 80−15 = 0,3846 (5)
ℎ,1 𝑐,1

𝑇ℎ,1 −𝑇ℎ,2 80−45


𝑅= = 40−15 = 1,4 (6)
𝑇𝑐,2−𝑇𝑐,1
10

Figura 1 - Fator de correção de temperatura para 1 passe no casco e 2 passes nos tubos
Fonte: Roteiro de dimensionamento do docente - adaptado

E △ 𝑇𝑚𝑙 é dado pela Equação 7 mostrada abaixo.

(𝑇ℎ,1 −𝑇𝑐,2 )−(𝑇ℎ,2 −𝑇𝑐,1 ) (353,15−313,15)−(318,15−288,15)


∆𝑇𝑚𝑙 = 𝑇ℎ,1 −𝑇𝑐,2 = 353,15−313,15 (7)
ln(𝑇 ) ln(318,15−288,15)
ℎ,2 −𝑇𝑐,1

∆𝑇𝑚𝑙 = 34,76 𝐾

Levando em consideração os fatores de incrustação interno e externo aos


tubos, tem-se a Equação 8 a seguir.
𝑟
ln( 𝑜)
1 𝐴𝑜 1 𝑟𝑖 1
= . ( + 𝑅𝑓,𝑖 ) + 𝐴𝑜 . ( ) + 𝑅𝑓,𝑜 + (8)
𝑈𝑜,𝑓 𝐴𝑖 ℎ𝑖 2𝜋𝐾𝑤 𝐿 ℎ𝑜

Na Equação 8 os subscritos 𝑜 e 𝑖 correspondem aos escoamentos externo e


interno nos tubos, respectivamente. Já o subscrito 𝑓 refere-se a tubos com
incrustação.
Os fatores de resistência a incrustação 𝑅𝑓 para água foram obtidos por meio
da Tabela (5.11) de Kakaç (2002), mostrada abaixo na Figura 2, onde foi selecionada
a categoria de destilado, para o fluido interno condensado e para o fluido externo
caldeira tratada.
11

Figura 2 - Resistência à incrustação


Fonte: Roteiro de dimensionamento do docente - adaptado

𝑚²𝐾
𝑅𝑓,𝑖 = 0,000088
𝑊
𝑚²𝐾
𝑅𝑓,𝑜 = 0,000088
𝑊

Para o cálculo das áreas externa e interna, foram admitidas as expressões 9


e 10 mostradas a seguir.

𝐴𝑜 = 2𝜋𝑟𝑜 𝐿 (9)

𝐴𝑖 = 2𝜋𝑟𝑖 𝐿 (10)

E para obter os raios interno e externo, a seleção dos tubos foi feita utilizando
o padrão BWG (Birmingham Wire Gauge), conforme Tabela (8.1) de Kakaç (2002)
mostrada na Figura 3. Foi escolhido o tubo de 1’’ de diâmetro, com maior BWG, porque
quanto maior o BWG, menor a espessura do tubo e assim maior a eficiência já que
maior a área de troca de calor.
12

Figura 3 - Diâmetros para dimensionamento do trocador de calor


Fonte: Roteiro de dimensionamento do docente - adaptado

𝑑𝑜 = 1′′ = 25,4𝑚𝑚 = 25,4. 10−3 𝑚

𝑑𝑖 = 1′′ − 2.0,035′′ = 0,93′′ = 23,6𝑚𝑚 = 23,6. 10−3 𝑚

𝑟𝑜 = 12,7𝑚𝑚 = 12,7. 10−3 𝑚

𝑟𝑖 = 11,8𝑚𝑚 = 11,8. 10−3 𝑚

Os coeficientes de transferência de calor ℎ foram estimados utilizando-se a


Tabela (8.4) de Kakaç (2002) mostrada na Figura 4. Foi estimado ℎ𝑖 = 7500 𝑊/𝑚²𝐾
e ℎ𝑜 = 5000 𝑊/𝑚²𝐾.

Figura 4 - Coeficientes de transferência de calor


Fonte: Roteiro de dimensionamento do docente - adaptado
13

De acordo com o roteiro, foram selecionados tubos de aço-carbono com


condutividade térmica 𝑘𝑤 = 60 𝑊/𝑚. 𝐾.
Substituindo as expressões 9 e 10 na Equação 8 tem-se a Equação 11.

𝑟
ln( 𝑜)
1 2𝜋𝑟𝑜 𝐿 1 𝑟𝑖 1
= . ( + 𝑅𝑓,𝑖 ) + 𝐴𝑜 . ( ) + 𝑅𝑓,𝑜 + (11)
𝑈𝑜,𝑓 2𝜋𝑟𝑖 𝐿 ℎ𝑖 2𝜋𝐾𝑤 𝐿 ℎ𝑜

E ainda simplificando e substituindo os valores já obtidos, pode-se calcular o


coeficiente global de transferência de calor:

𝑟
1 𝑟𝑜 1 ln ( 𝑜 ) 1
𝑟𝑖
= . ( + 𝑅𝑓,𝑖 ) + 𝐴𝑜 . ( ) + 𝑅𝑓,𝑜 +
𝑈𝑜,𝑓 𝑟𝑖 ℎ𝑖 2𝜋𝐾𝑤 𝐿 ℎ𝑜

12,7.10−3
1 12,7.10−3 1 𝑙𝑛( ) 1
11,8.10−3
= −3
⋅( + 0,000088) + 12,7.10−3 ⋅ ( ) + 0,000088 +
𝑈𝑜,𝑓 11,8.10 7500 60 5000

𝑈𝑜,𝑓 = 1875,6 𝑊/𝑚²𝐾

Substituindo o valor calculado na Equação 4 pode-se obter a área com


incrustação:
𝑄
𝐴𝑜,𝑓 =
𝑈𝑜,𝑓 𝐹 △ 𝑇𝑚𝑙

1424,46 ⋅ 1000
𝐴𝑜,𝑓 =
1875,6 ⋅ 0,86 ⋅ 34,76

1424460
𝐴𝑜,𝑓 =
56068,45514

𝐴𝑜,𝑓 = 25,406 𝑚2

Para o cálculo sem incrustação, a Equação 12 será utilizada.

𝑟
ln( 𝑜)
1 𝐴𝑜 1 𝑟𝑖 1
= . ( ) + 𝐴𝑜 . ( )+ (12)
𝑈𝑜,𝑓 𝐴𝑖 ℎ𝑖 2𝜋𝐾𝑤 𝐿 ℎ𝑜
14

Substituindo as expressões 9 e 10 na Equação 12, tem-se a Equação 13.

𝑟
1 2𝜋𝑟𝑜 𝐿 1 ln( 𝑟𝑜) 1
𝑖
= . ( ) + 𝐴𝑜 . ( )+ (13)
𝑈𝑜,𝑓 2𝜋𝑟𝑖 𝐿 ℎ𝑖 2𝜋𝐾𝑤 𝐿 ℎ𝑜

Simplificando e ainda substituindo os valores obtidos:

𝑟
1 𝑟𝑜 1 ln ( 𝑟𝑜 ) 1
𝑖
= . ( ) + 𝑟𝑜 . ( )+
𝑈𝑜,𝑓 𝑟𝑖 ℎ𝑖 𝐾𝑤 ℎ𝑜

12,7. 10−3
1 12,7. 10 −3
1 𝑙𝑛 ( ) 1
11,8. 10−3
= −3
⋅( ) + 12,7.10−3 ⋅ ( )+
𝑈𝑜,𝑐 11,8. 10 7500 60 5000

𝑈𝑜,𝑐 = 2785.04 𝑊/𝑚²𝐾

Substituindo o coeficiente global de transferência de calor obtido na Equação


4 novamente, agora para calcular a área sem incrustação:

1424,46 ⋅ 1000
𝐴𝑜,𝑐 =
2785.043292 ⋅ 34,76

1424460
𝐴𝑜,𝑐 =
96362.49790

𝐴𝑜,𝑐 = 14.782 𝑚2

O superdimensionamento do trocador de calor, devido à incrustação, é dado


pela razão 𝐴𝑜,𝑓 /𝐴𝑜,𝑐 . Ou seja, 71,87%. Logo, todos os cálculos a seguir foram

feitos considerando a incrustação nos tubos.


O objetivo do presente trabalho é encontrar o número correto de tubos
de diâmetro externo 𝑑𝑜 e o diâmetro 𝐷𝑠 do casco para acomodar o número de
tubos 𝑁𝑡 , para um dado comprimento 𝐿. A Equação 14 mostra a área em relação
ao número de tubos.
15

𝐴𝑜,𝑐 = 𝜋𝑑𝑜 𝑁𝑡 𝐿 (14)

O número de tubos 𝑁𝑡 pode ser estimado pela Equação 15.

𝐶𝑇𝑃 𝐷𝑠 ²
𝑁𝑡 = 0,785 ( ) (15)
𝐶𝐿 (𝑃𝑅)²𝑑𝑜 ²

O termo CTP é uma constante relativa à contagem dos tubos, que leva
em consideração os espaços entre a circunferência do casco e a circunferência
que forma o arranjo dos tubos. Para um arranjo com 2 passes nos tubos, tem-
se sugerido CTP = 0,90.
O termo CL é a constante de arranjo dos tubos, os quais podem ser
observados na figura a seguir:

Figura 5 – Arranjos tubulares


Fonte: Roteiro de dimensionamento do docente

Sabe-se que CL é dado por:

𝐶𝐿 = 1,0 𝑝𝑎𝑟𝑎 90° 𝑒 45° (16)


𝐶𝐿 = 0,87 𝑝𝑎𝑟𝑎 30° 𝑒 60°
16

Para o presente dimensionamento, foi escolhido um arranjo de 90º, logo


pela expressão 16, CL = 1,0.
𝑃𝑡
O termo PR é a razão onde 𝑃𝑡 é a distância de centro a centro entre
𝑑𝑜

os tubos, que inicialmente foi estimado em 𝑃𝑡 = 1 1⁄4′′ = 31,75 𝑚𝑚. Logo, tem–
se:
𝑃𝑡 31,75
𝑃𝑅 = =
𝑑𝑜 25,4

𝑃𝑅 = 1,25

Assim, pode-se calcular o diâmetro do casco a partir da equação 16. Para


isso, foi estimado também um comprimento L = 2,5m.

1
𝐶𝐿 𝐴𝑜,𝑓 ⋅(𝑃𝑅)2 ⋅𝑑𝑜 2
𝐷𝑠 = 0,637 ⋅ √ ⋅[ ] (16)
𝐶𝑇𝑃 𝐿

1
1 25,406 ⋅ (1,25)2 ⋅ 25,4 ⋅ 10−3 2
𝐷𝑠 = 0,637 ⋅ √ ⋅[ ]
0,90 2,5

𝐷𝑠 = 0,4264 𝑚 = 16,78′′

Substituindo todos esses valores encontrados na equação 15, pode-se obter


o número de tubos estimados.

0,90 0,4264²
𝑁𝑡 = 0,785 ⋅ ( )⋅
1 (1,25)². (25,4.10−3 )²

𝑁𝑡 = 127,44 = 128 𝑡𝑢𝑏𝑜𝑠


17

2 SELEÇÃO DO TROCADOR DE CALOR

𝐴𝑜,𝑓
Com os parâmetros já obtidos: 𝐷𝑠 , 𝑁𝑡 , , 𝑑𝑜 , 𝑑𝑖 , arranjo tubular,
𝐴𝑜,𝑐

número de passes e carga térmica, foi possível realizar a seleção do trocador de calor
utilizando a tabela (8.3) de Kakaç (2002) mostrada na Figura 7. Para isso foi
necessário também calcular a distância B entre as chicanas, que é dada pela equação
17.
𝐵 = 0,6 . 𝐷𝑠 = 0,6 . 0,4264 (17)

𝐵 = 0,256 𝑚

Uma ilustração do posicionamento das chicanas pode ser observada na


Figura 6. De acordo com o roteiro seguido, deve-se utilizar uma chicana fracionária
com 25% de corte, conforme item a) da mesma figura.

Figura 6 – Tipos de Chicanas


Fonte: Roteiro de dimensionamento do docente
18

Como mostrado, o valor calculado de número de tubos foi de 128. Utilizou-se


então o próximo valor maior como entrada na tabela 8.3 de Kakaç (Figura 7) para
encontrar o diâmetro do casco. Foi necessário entrar também com o dado de que o
arranjo possui 2 passes nos tubos.

Figura 7 – Diâmetro do tubo


Fonte: Roteiro de dimensionamento do docente - adaptado

Logo foi selecionado 132 tubos com o diâmetro de 19 ¼ ’’, ou seja, 0,489m
para o casco. Observando o diâmetro encontrado, pode-se notar a proximidade do
valor de 16,78’’ que outrora foi estimado.

2.1 COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR CASCO

O coeficiente convectivo ℎ𝑜 pode ser calculado utilizando a correlação de


McAdams, dada pela equação 18.
1
ℎ𝑜 𝐷𝑒 𝐷𝑒 𝐺𝑠 0,55 𝑐𝑝 𝜇 3 𝜇𝑏 0,14
= 0,36 ( ) ( ) ( ) (18)
𝑘 𝜇 𝑘 𝜇𝑤

𝐷𝑒 𝐺𝑠
𝑝𝑎𝑟𝑎 2. 103 < 𝑅𝑒𝑠 = < 1. 106
𝜇
19

De é o diâmetro equivalente e Gs é o fluxo mássico para o escoamento no


casco. As propriedades foram obtidas utilizando a temperatura média. O valor da
viscosidade na superfície do tubo, μw, foi obtido utilizando-se a temperatura na
superfície do tubo Tw dada pela equação 19.

1 𝑇𝑐,1 +𝑇𝑐,2 𝑇ℎ,1 +𝑇ℎ,2


𝑇𝑤 = ⋅ ( + ) (19)
2 2 2

1 288,15 + 313,15 353,15 + 318,15


𝑇𝑤 = ⋅( + )
2 2 2

𝑇𝑤 = 318,15 𝐾

A partir de interpolações na tabela A.6 do Incropera, ilustrado na Figura 8,


tem-se 𝜇𝑤 = 596,98.10−6 𝑁𝑠/𝑚².

Figura 8 – Tabela A.6 Propriedades Termofísicas da Água Saturada


Fonte: Incropera 8 edição

O diâmetro equivalente De para arranjo quadrangular é dado pela equação 20.


20

𝜋.(𝑑𝑜 )²
4.((𝑃𝑡 )²− 4
)
𝐷𝑒 = (20)
𝜋.𝑑𝑜

𝜋. (25,4.10−3 )²
4. ((31,75.10−3 )² − )
4
𝐷𝑒 =
𝜋. 25,4.10−3

𝐷𝑒 = 0,025 𝑚

Para o cálculo do fluxo mássico Gs, é necessário estimar a área de fluxo livre
normal à direção do escoamento As. Tal área pode ser aproximada pela área livre do
fluxo que cruza a coluna de tubos na linha de centro do casco. As variáveis que afetam
a velocidade do escoamento são o diâmetro do casco Ds, o espaço entre os tubos
adjacentes C, a distância entre os tubos Pt e a distância entre as chicanas B. A
espessura da área de escoamento entre os tubos na região central do casco é dada
𝐷𝑠 𝐶
por e o comprimento é dado pelo espaçamento entre as chicanas, B. Portanto, a
𝑃𝑡

área de fluxo livre no banco de tubos As é dada pela Equação 21.

𝐷𝑠 𝐶𝐵
𝐴𝑠 = (21)
𝑃𝑡

0,489.6,35.10−3 . 0,256
𝐴𝑠 =
31,75.10−3

𝐴𝑠 = 0,025 𝑚²

O fluxo mássico Gs é dado pela Equação 22 abaixo.

𝑚̇
𝐺𝑠 = (22)
𝐴𝑠

9,722
𝐺𝑠 =
0,025

𝐺𝑠 = 388,88 𝑘𝑔/𝑚²𝑠
21

Também da tabela A.6 do Incropera, e por meio de interpolações, foi possível


calcular as propriedades da temperatura de filme externa ao tubo, relacionado ao
diâmetro externo. A temperatura utilizada foi a calculada pela Equação 2. As
propriedades calculadas estão demonstradas na Tabela 3.

Tabela 3 – Propriedades diâmetro externo obtidas do Incropera

Temperatura de Filme (K) (𝑻𝒇 )𝒐 = 𝟑𝟎𝟎, 𝟔𝟓

𝐶𝑝 (𝐾𝐽/𝐾𝑔. 𝐾) 4,17887

𝜇 (𝑁. 𝑠/𝑚²) 843,82.10−6

𝐾𝑓 (𝑊/𝑚. 𝐾) 613,91.10−3

𝑃𝑟 5,7481

Fonte: Incropera 8ª Edição

Substituindo os valores encontrados na Equação 18 para obtenção do


coeficiente convectivo ℎ𝑜 , tem-se:

1/3 0,14
ℎ𝑜 . 0,025 0,025.388,88 0,55 4178,87.843,82.10−6 843,82.10−6
= 0,36 ⋅ ( ) ⋅( ) ⋅( )
613,91.10−3 843,82.10−6 613,91.10−3 596,98.10−6

ℎ𝑜 = 2847,11 𝑊/𝑚²𝐾

Como 𝑅𝑒𝑠 = 1,152 ⋅ 104 , então está dentro do requisitado pela expressão
18.

2.2 COEFICIENTE DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR TUBOS

A área do escoamento nos tubos 𝐴𝑡,𝑝 deve levar em conta o número de passes

nos tubos 𝑁𝑝 , então tem-se a Equação 23.

𝜋⋅(𝑑𝑖 )2 𝑁𝑡
𝐴𝑡,𝑝 = ( )⋅ (23)
4 𝑁𝑝
22

𝜋 ⋅ (23,6 ⋅ 10−3 )2 132


𝐴𝑡,𝑝 =( )⋅ = 0,0289 𝑚²
4 2

Após o cálculo da área é possível se obter a velocidade média do escoamento


nos tubos 𝑢𝑚 utilizando a vazão nos tubos 𝑚̇ 𝑡 a partir da Equação 24.

𝑚̇ 𝑡 6,944
𝑢𝑚 = = (24)
𝜌𝑡 .𝐴𝑡,𝑝 997.0,0289

𝑢𝑚 = 0,241 𝑚/𝑠

A partir da tabela mostrada na Figura 8 também foi possível calcular as


propriedades da temperatura de filme interna ao tubo, relacionado ao diâmetro interno.
Utilizando a expressão 3. As propriedades calculadas estão demonstradas na Tabela
4.
Tabela 4 – Propriedades diâmetro interno obtidas do Incropera

Temperatura de Filme (K) (𝑻𝒇 )𝒊 = 𝟑𝟑𝟓, 𝟔𝟓

𝐶𝑝 (𝐾𝐽/𝐾𝑔. 𝐾) 4,186

𝜇 (𝑁. 𝑠/𝑚²) 453.10−6

𝐾𝑓 (𝑊/𝑚. 𝐾) 656.10−3

𝑃𝑟 2,88

Fonte: Incropera 8ª Edição

Em seguida foi calculado o número de Reynolds utilizando-se da equação 25.

𝜌𝑡 𝑢𝑚 𝑑𝑖
𝑅𝑒𝑑,𝑡 = (25)
𝜇

997 ⋅ 0,241 ⋅ 23,6 ⋅ 10−3


𝑅𝑒𝑑,𝑡 =
453 ⋅ 10−6

𝑅𝑒𝑑,𝑡 = 12517,75
23

Em seguida, calculou-se o coeficiente convectivo nos tubos, hi, utilizando-a


correlação de Gnielinski, disponível em Kakaç (2002) ou em Incropera (2002). Nos
cálculos foi considerado tubo liso, tal como mostrado na Equação 26.

𝑓
( )(𝑅𝑒𝑑 −1000)𝑃𝑟
8
𝑁𝑢𝑑 = 𝑓 1/2
(26)
1+12,7⋅( ) ⋅(𝑃𝑟 2/3 −1)
8

Para o cálculo do fator de atrito f, utilizou-se da Equação 27 dada pelo roteiro


disponibilizado pelo docente.
𝑓 = exp(0,567 − 0,19 ln(𝑅𝑒𝑠 ) (27)

𝑓 = 0,2936
E assim, substituindo os valores calculados na Equação 26, obteve-se:

0,2936
( ) ⋅ (12517,75 − 1000) ⋅ 2,88
𝑁𝑢𝑑 = 8
0,2936 1/2 2
1 + 12,7 ⋅ ( 8 ) ⋅ (2,883 − 1)

𝑁𝑢𝑑 = 348,63

O cálculo do coeficiente convectivo para o escoamento interno ℎ𝑖 se dá pela


Equação 28. E substituindo todos os valores se tem:

𝑁𝑢𝑑 𝑘𝑓
ℎ𝑖 = (28)
𝑑𝑖

348,63 ⋅ 656 ⋅ 10−3


ℎ𝑖 =
23,6 ⋅ 10−3

𝑊
ℎ𝑖 = 9690,73
𝑚2 ⋅ 𝐾
24

2.3 VERIFICAÇÃO DO COMPRIMENTO DO TROCADOR DE CALOR

Deve se recalcular 𝑈𝑜,𝑓 utilizando a Equação 8, os parâmetros do trocador de


calor selecionado e os valores atualizados de ℎ𝑖 e ℎ𝑜 . Em seguida foi calculado 𝐴𝑜,𝑓
utilizando a Equação 4. O comprimento L do trocador de calor é calculado por meio
da equação 14.

12,7. 10−3
1 −3
12,7. 10 1 𝑙𝑛 ( ) 1
11,8. 10−3
= ⋅( + 0,000088) + 12,7.10−3 ⋅ ( ) + 0,000088 +
𝑈𝑜,𝑓 11,8. 10−3 9690,73 60 2847,11

𝑈𝑜,𝑓 = 1533,84 𝑊/𝑚²𝐾

1424,46 ⋅ 1000
𝐴𝑜,𝑓 =
1533,84 ⋅ 0,86 ⋅ 34,76

1424460
𝐴𝑜,𝑓 =
45851,99

𝐴𝑜,𝑓 = 31,066 𝑚2

31,066 = 𝜋. 25,4.10−3 . 132. 𝐿

𝐿 = 2,95 𝑚

2.4 PERDA DE CARGA PARA O ESCOAMENTO NO CASCO

A perda de carga é dependente do número de tubos e do número de espaços


entre as chicanas. Pode ser calculada utilizando a equação 29.

𝑓𝐺𝑠 ²(𝑁𝑏 +1)𝐷𝑠


𝛥𝑝𝑠 = (29)
2𝜌𝐷𝑒 𝜙𝑠

Onde 𝜙𝑠 e 𝑁𝑏 são dados pelas Equações 30 e 31.


25

𝜇𝑏 0,14
𝜙𝑠 = ( ) (30)
𝜇𝑤

0,14
843,82 ⋅ 10−6
𝜙𝑠 = ( )
596,98 ⋅ 10−6

𝜙𝑠 = 1,0496

𝐿
𝑁𝑏 = − 1 (𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐ℎ𝑖𝑐𝑎𝑛𝑎𝑠) (31)
𝐵

4,69
𝑁𝑏 = −1
0,256

𝑁𝑏 = 17,320

Assim a perda de carga pode ser calculada.

0,2936.388,88². (17,32 + 1).0,4264


𝛥𝑝𝑠 =
2.997.1,0496.0,025

𝛥𝑝𝑠 = 6628,89 𝑃𝑎 = 6,628 𝐾𝑃𝑎

2.5 PERDAS DE CARGA TOTAL NO CASCO E TUBO

A perda de carga total, Equação 35, deve ser calculada somando a perda de
carga no casco, Equação 32; a perda de carga nos tubos, Equação 33; e a perda de
carga devido a curvatura dos tubos, Equação 34.

𝑓𝐺𝑠 2 (𝑁𝑏 +1)𝐷𝑠


𝛥𝑝𝑠 = (32)
2𝜌𝐷𝑒 𝜙𝑠

0,2936. 388,882 . (17,320 + 1). 0,4264


𝛥𝑝𝑠 =
2.997.0,025.1,0496

𝛥𝑝𝑠 = 6628,89 𝑃𝑎 = 6,628 𝐾𝑃𝑎

𝐿𝑁𝑝 𝑢𝑚 2
𝛥𝑝𝑡 = 4𝑓 𝜌 (33)
𝑑𝑖 2
26

2,95 ⋅ 2 0,241 2
𝛥𝑝𝑡 = 4 ⋅ 0,2936 ⋅ ⋅ 997 ⋅
23,6 ⋅ 10−3 2

𝛥𝑝𝑡 = 8500,71 𝑃𝑎 = 8,5 𝐾𝑃𝑎

𝜌𝑢𝑚 2
𝛥𝑝𝑟 = 4𝑁𝑝 (34)
2

997 ⋅ 0,241 2
𝛥𝑝𝑟 = 4 ⋅ 2 ⋅
2

𝛥𝑝𝑟 = 231,627 𝑃𝑎

𝛥𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝛥𝑝𝑠 + 𝛥𝑝𝑡 + 𝛥𝑝𝑟 (35)

𝛥𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 6628,89 + 8500,71 + 231,627

𝛥𝑝𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 15361,22 𝑃𝑎 = 15,361 𝐾𝑃𝑎

2.6 VERIFICAÇÃO DA SELEÇÃO DO TROCADOR DE CALOR

O enunciado do presente trabalho limita alguns parâmetros, e na tabela abaixo


serão comparados com os valores obtidos a fim de verificar se o trocador de calor
dimensionado está dentro dos tais limites especificados.

Tabela 5 – Comparação de resultados

Máximo Permitido Obtido

Perda de carga (KPa) 50 15,361

Comprimento do casco (m) 3 2,95

Diâmetro do casco (m) 1,5 0,489


Fonte: Autoria própria

Como pode-se notar pelos valores obtidos, o resultado do dimensionamento foi


satisfatório.
27

REFERÊNCIAS

INCROPERA, F. P., & DEWITT, D. P. Fundamentals of heat and mass transfer. 8.


ed.New York: J. Wiley, 2002.

KAKAC, S. AND LIU, H. Heat Exchanger Selection Rating and Thermal Design.
2nd Edition, CRC Press, Boca Raton, 2002.

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