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Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia Mecânica

Balanços de energia e de entropia em um compressor frigorífico

Prática 7

Gustavo Ribeiro Pontes


Laboratório de Térmica
Engenharia Aeroespacial, Turma EA1
2022/2
Prof. Luiz Machado

Belo Horizonte
13 de dezembro de 2022
Sumário
1 Objetivos 2

2 Fundamentação Teórica 3

3 Materiais 5

4 Métodos Utilizados 7

5 Resultados e Discussões 8

6 Conclusão 11

Referências Bibliográficas 12

1
1 Objetivos
O experimento descrito nesse relatório tem como objetivo realizar e analisar
balanços de energia e entropia para um compressor frigorífico, que atua em uma bancada
de refrigeração. Para isso, foram usadas a Primeira Lei da Termodinâmica e a Segunda
Lei da Termodinâmica para volumes de controle. Também foi calculado o coeficiente de
trocar de calor esperado para o compressor, dadas suas dimensões, considerando convecção
e radiação.

2
2 Fundamentação Teórica
Para o balanço de energia em um compressor, consideramos um volume de con-
trole, conforme é mostrado na Figura 1.

Figura 1: Representação de um volume de controle

Assim, utilizamos a Primeira Lei da Termodinâmica (Equação 1) e a Segunda


Lei da Termodinâmica (Equação 2) para calcular o balanço de energia no sistema.

dU X X
= Q̇ − Ẇ + (ṁ h)e − (ṁ h)s (1)
dt

dS X Q̇ X X
= + ṠG + (ṁ s)e − (ṁ s)s (2)
dt T
Para calcular a taxa de perda de calor no sistema, deve ser utilizada também a
Lei de resfriamento de Newton, exposta na Equação 3.

Q̇ = h Sext (Text − Tamb ) (3)

De forma que o coeficiente de troca térmica, h, pode ser representado pela com-
binação dos coeficientes de troca térmica por convecção e por radiação, como mostra a
Equação 4.

hcomb = hconv + hrad (4)

Para o coeficiente de convecção, foi utilizada a Figura 2 para estimar seu valor,
depois de calcular os números de Grashof e de Prandtl.

3
Figura 2: Tabela com valores estimados do coeficiente de troca térmica por convecção, dada uma geome-
tria. Fonte: Heat Transfer, J. P. HOLMAN [1]

Para o coeficiente de troca térmica por radiação, foi utilizada a Equação 5, com
ε = 0, 9 e σ = 5, 67 · 10−8 W/(m2 · K 4 ).

2 2
(5)

hrad = ε σ Text + Tamb (Text + Tamb )

Foi utilizado também o software Computer Aided Thermodynamic Tables 3


(CATT3) para encontrar os valores das propriedades do fluido utilizado no compressor,
no caso o R12.

4
3 Materiais
Foi utilizada a bancada de refrigeração mostrada na Figura 3 e seus componentes
na Figura 4.

Figura 3: Montagem da bancada utilizada no experimento

Figura 4: Esquemático da bancada utilizada no experimento

Dando foco ao experimento, os equipamentos citados abaixo são os que fazem


parte do sistema do compressor, que está representado na Figura 5, com suas dimensões
aproximadas indicadas.

5
Figura 5: Compressor com suas dimensões indicadas

Dispositivos elétricos e eletromecânicos:

• Pressostato de baixa - desabilita o motor do compressor quando a pressão na aspi-


ração do compressor fica abaixo do valor de setpoint ajustado;

• Pressostato de alta - desabilita o motor do compressor quando a pressão na descarga


do compressor fica acima do valor de setpoint ajustado;

• Termostato com bulbo fixo na placa do evaporador - quando a temperatura de


setpoint na placa é atingida, desabilita a válvula solenoide, de modo que o sistema
passa a recolher refrigerante do evaporador para a garrafa de líquido. Quando a
pressão de evaporação atinge o valor de setpoint, o pressostato de baixa "tira"o
compressor de ação;

• Chaves liga/desliga - ventilador do evaporador, ventilador do condensador, motor


do compressor, válvula solenoide e chave geral

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4 Métodos Utilizados
Para o compressor, foram medidos:

• Temperaturas de entrada e saída do R12 (◦ C)

• Pressões (man) de entrada e saída do R12 (kgf /cm2 )

• Temperatura na carcaça do compressor (◦ C)

Para a válvula termostática, foram medidos:

• Vazão mássica do R12 (lbm/min)

Medições ambiente:

• Temperatura ambiente (◦ C);

• Pressão atmosférica (kP a)

Foram calculados:

• Balanço de energia para o compressor

• Balanço de entropia para o compressor

7
5 Resultados e Discussões
Foram obtidos os seguintes resultados no experimento:

Tabela 1: Medições feitas para o experimento


Sistema Grandeza Valor Unidade
Temperatura de entrada do R12 20,5 ◦
C
Temperatura de saída do R12 71 ◦
C
Compressor Pressão de entrada do R12 2,2 bar
Pressão de saída do R12 11,8 kgf /cm2
Temperatura na carcaça 49 ◦
C
Válvula termostática Vazão mássica do R12 1,4 lbm/min
Temperatura ambiente 23 ◦
C
Meio ambiente
Pressão atmosférica 91,6 kP a

Como mostra a tabela, foi verificado que a pressão atmosférica no dia e horário
do experimento foi de 91,6 kPa , segundo valor registrado pela estação meteorológica da
Pampulha, adquirido no site do INMET [2].
Inicialmente, calculamos o coeficiente de troca de calor. Assumindo que o esco-
amento térmico é laminar, ou seja, 104 < Grf Prf < 109 , então temos que:

 1/4
∆T
hconv = 1.052 (6)
L

Assumimos também a aproximação do compressor para um cubo. O volume do


compressor é V = 10 ·p
10−2 · 17 · 10−2 · 23 · 10−2 = 3, 91 · 10−3 m3 . Portanto, consideramos
o lado do cubo como 3, 91 · 10−3 = 15, 8 cm = 0, 158 m.

 1/4
49 − 23
hconv = 1.052 · = 3, 77 (7)
0, 158

Temos também que:

hrad = 0, 9 · 5, 67 · 10−8 322, 152 + 296, 152 (322, 15 + 296, 15) = 6, 04 (8)


Portanto:

hcomb = 3, 77 + 6, 04 = 9, 81 (9)

Com isso, aplicamos a Lei do resfriamento de Newton para obter a taxa de perda
de calor no compressor.

2
Q̇ = 9, 81 · 6 · 15, 8 · 10−2 (49 − 23)
Q̇ = 38, 2 W

8
Pelo CATT3, obtemos os dados da Figura 6, possibilitando o balanço de energia.

Figura 6: Valores obtidos no CATT3

Aplicando a 1° Lei da Termodinâmica para volumes de controle, obteremos a


potência de compressão.

0 = Q̇ − Ẇ + ṁ (h1 − h2 )
0 = (−0, 0382) − Ẇ + 0, 0063 · (200, 8 − 224, 2)
Ẇ = − (0, 0382 − 0, 0147) = −186 W

Se a compressão fosse considerada adiabática, teríamos encontrado o valor de


0, 147W , 21% menor, o que seria um erro.
Aplicando a segunda lei da termodinâmica, temos:


0= + ṠG + ṁ (s1 − s2 )
Text
−0, 0382
0= + ṠG + 0, 0063 · (0, 743 − 0, 7356)
322
ṠG = 7, 2 · 10−5 kW/K

Considerando um processo politrópico internamente reversível, calculamos a po-


tência de compressão como:

p2 ν2 − p1 ν1
Ẇrev = ṁ (10)
1−n
Com o expoente n podendo ser calculado da seguinte forma:

p1 · ν1n = p2 · ν2n
310 · 0, 06n = 1160 · 0, 017n
n = 1, 046

Dessa forma:

1160 · 0, 017 − 310 · 0, 06


Ẇrev = 0, 0063 = −153 W (11)
1 − 1, 046
Portanto, a eficiência politrópica do compressor é:

9
|Ẇr ev| | − 153|
η= = = 0, 82 (12)
Ẇ | − 186|

A eficiência politrópica do compressor é de 82%.

10
6 Conclusão
No experimento, foi possível analisar o funcionamento de um compressor. A
potência não reversível, potência reversível, e taxa de transferência de calor do compressor
foram obtidos, por fim resultando em uma eficiência politrópica de 82%. Ficou claro
também que não é possível considerar o processo adiabático, pois o valor da potência de
compressão seria 21% menor.

11
Referências Bibliográficas
[1] Heat Transfer, 10th Edition, J. P. Holman.

[2] INMET - Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em: https://portal.


inmet.gov.br/.

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