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Elementos de máquinas

3° TFM
Prof. Alexandre Luís Gasparin
E-mail: alexandre.Gasparin@caxias.ifrs.edu.br

Conteúdo
• Ligações parafusadas - II aula
• Questionário de avaliação
Ligações parafusadas: tipos principais de parafusos
• Definição: ligação parafusada é uma união desmontável, podendo ocorrer a substituição dos
seus componentes.
Tipos principais de porcas:
a) Porca hexagonal – representa a porca mais utilizada;
b) Contra porcas ou porca de pressão – de uma forma geral, as porcas sujeitas
a cargas de impacto e vibração apresentam tendência a afrouxar. Dessa
forma, utiliza-se como forma de travamento, outra porca, denominada
contra-porca; pode-se utilizar uma porca com anel de nylon ou cola trava;
c) Porca castelo – é a uma porca hexagonal com seis entalhes radiais,
coincidentes dois a dois, os quais se alinham com um furo no parafuso,
possibilitando a passagem de uma cupilha ou pino para travar a porca;
d) Porca cega (ou remate) – esse tipo de porca apresenta uma das
extremidades do furo rosqueado encoberta, ocultando a ponta do parafuso,
possibilitando um acabamento de boa aparência;
e) Porca borboleta – aperto manual, utilizada quando são necessárias e
frequentes a montagem e a desmontagem das peças.
Tipos principais de arruelas:
Utilizadas principalmente para:
• Proteger a superfície das peças;
•Evitar deformações nas superfícies de contato;
•Evitar que a porca afrouxe;
•Suprimir folgas axiais (isto é, no sentido do eixo) na
montagem das peças;
•Evitar desgaste da cabeça do parafuso ou da porca;
•Distribuir a carga sobre a superfície das peças unidas.
A montagem de uma ligação
parafusada usual deve ser feita sempre com
arruelas na cabeça do parafuso e na porca,
com o objetivo de distribuir a pressão de
aperto da junta.
Parafuso sextavado
= carga externa

= comprimento
total da junta
parafusada

Arruela
Porca
Parafusos sextavados, (a) rosca total e (b) rosca parcial:

(a) (b)

Parafuso com sextavado interno (Allen),


representação em desenho técnico:
d = bitola ou diâmetro
Chave Allen externo da rosca do
parafuso
Os parafusos se diferenciam pela forma da rosca, da
cabeça, da haste e do tipo de acionamento.
• Em geral, o parafuso é composto de duas partes: cabeça e corpo.

representação ISO
Representação de parafuso e
furo com rosca, desenho = bitola ou
diâmetro
técnico no sistema inglês: externo do
parafuso

Parafuso prisioneiro:
Tipos de roscas: padrões ISO ou SAE (UNC/UNF)
passo ou avanço de uma rosca

• ISO: International Organization for Standardization (Organização Internacional de


Normalização) – rosca métrica ou do sistema internacional, unidade milímetro;
• SAE: Society of Automotive Engineers (Sociedade de Engenheiros Automotivos) – rosca
do sistema inglês, unidade polegada.
Diâmetros e áreas de roscas métricas de parafusos padrão ISO e DIN:

O parafuso métrico com


diâmetro d = 16 mm, pode ter
um passo normal (grosso) de
2,00 mm ou fino de 1,50 mm.

A designação fica,
respectivamente:

- M16
- M16 x 1,50

O passo normal ou grosso não


necessita ser especificado.
Diâmetros e áreas de roscas inglesas de parafusos padrão UNC e UNF:
O parafuso do sistema inglês com
diâmetro d = 5/8”, pode ter um passo
normal (grosso) de 11 fios (rosca) por
polegada ou fino de 18 fios/”.

A designação fica, respectivamente:

- 5/8” 11 fios/” UNC;


- 5/8” 18 fios/” UNF;

Exemplo: Determinar o passo em “mm”


dos parafusos acima:

Resposta:
1 polegada = 25,4 mm;
11 fios por polegada = 25,4/11 mm;
p = 2,31 mm (grosso);
18 fios por polegada = 25,5/18 mm;
p = 1,41 mm (fino).
Verificadores de rosca:
As medidas das partes dos parafusos são proporcionais ao diâmetro do seu
corpo. Em desenho técnico, esse parafuso é representado da seguinte forma:

O tamanho da chave de boca


corresponde à dimensão “s”
da cabeça do parafuso:
Nomenclatura da rosca métrica triangular sistema ISO e UNC/UNF:
P – passo de rosca;
d – diâmetro maior do parafuso;
d1 – diâmetro menor do parafuso (dr = raiz);
d2 – diâmetro efetivo do parafuso (dp = primitivo);
a – ângulo do perfil da rosca;
f – folga entre a raiz do filete da porca e a crista do
filete do parafuso;
D – diâmetro maior da porca;
D1 – diâmetro menor da porca;
D2 – diâmetro efetivo da porca;
he – altura do filete do parafuso;
rre – raio de arredondamento da raiz do filete do
parafuso;
rri – raio de arredondamento da raiz do filete da
porca.
Bitolas e intercambialidade:
• As bitolas são definidas pelo diâmetro externo ou da crista do filete de rosca do parafuso,
por exemplo:

MÉTRICO (normas ISO ou DIN)


• M16 x 2,00 (rosca grossa) ou M16 x 1.50 (rosca fina) => d = 16 mm;

POLEGADAS da UNS – Unified National Standard (Padrão Nacional Unificado)


Roscas padrão normas: UNC ou UNF – Unified National Coarse, Fine (Rosca Unificada Grossa,
Fina)

• ¼” - 20 fios por polegada (rosca grossa - UNC) ou ¼” - 28 fios por polegada (rosca fina -
UNF), d = ¼”.

• Os parafusos métricos e os em polegadas não são intercambiáveis, exemplo: ¼” e M6, não


podem ser montados no mesmo furo roscado.
Sistema Withworth a rosca normal é caracterizada
pela sigla BWS (British Standard Whitworth) e a rosca
fina pela sigla BSF (British Standard Fine).
Tipos de roscas: parafusos de potência

Roscas especiais utilizadas para a movimentação de carga ou de


ferramentas como as utilizadas em torno ou máquinas de usinagem.
Exemplos de aplicação de parafusos de potência:

Aparelho de levantamento
Parafuso de potência de fuso da morsa
para troca de pneu

Ver vídeos link:


https://www.youtube.com/watch?v=NdGaMkeJKbM Parafuso de potência de
https://www.youtube.com/watch?v=ULFTxHFQHeM volante de máquina
https://www.youtube.com/watch?v=nwQSG7TxUdk
O sentido de direção do filete: corresponde ao giro para
aperto ou afrouxamento do parafuso ou porca:
O sentido de direção do filete pode ser definido de dois modos: à direita
ou à esquerda:

a) À direita – regra da mão direita para aperto e afrouxamento (PADRÃO):


Polegar indica a direção e
sentido, enquanto o giro é
feito pelo demais dedos.

b) À esquerda – regra da mão esquerda para aperto e afrouxamento (ESPECIAL):


A resistência à tração é melhor definida pela média dos diâmetros
menor de raiz (dr) e primitivo (dp), sendo a área de tração (At) definida
como:

Para roscas UNC e UNF:

Para roscas métricas grossas e finas:

A tensão no parafuso devida a uma carga axial de tração F:


• A bitola do parafuso corresponde ao diâmetro externo da rosca;

• O tamanho do parafuso é determinado pela sua bitola;

• O tamanho da rosca é determinado pelo passo do parafuso, quanto maior o


passo, maior é o tamanho do filete de rosca. A rosca fina gera uma altura ou
tamanho de filete menor;

• Cada volta de aperto do parafuso ou porca corresponde ao avanço de valor


do passo de rosca;

• Roscas finas são melhores em aplicações de vibração, motores e peças


giratórias, enquanto que, rosca grossa é melhor em situação de elevada
carga.
É possível classificar os parafusos e as porcas pela sua classe de resistência,
onde são definidas as propriedades mecânicas dos mesmos (ver tabelas a seguir).

Classe de resistência: através da gravação na cabeça de um parafuso do


sistema métrico (ISO e DIN) podemos facilmente identificar a sua resistência à
tração e o seu limite de escoamento, por exemplo:

Classe 10.9
1º. Dígito x 100 = Resistência à tração (MPa); Sut = 1.000 MPa;
1º. Dígito x 2º. Dígito x 10 = Limite de escoamento (MPa). Sy = 900 MPa;

A escolha da classe de resistência deve ser definida com base nas normas
ISO 898 (anexos I e II) e para o sistema inglês SAE J-429 (anexos III e IV).

NO SISTEMA INGLÊS AS RESISTÊNCIAS SÃO DETERMINADAS CONFORME A TABELA


DO GRAU DO PARAFUSO OU DA PORCA, NÃO HÁ FÓRMULA, É DIRETO NA TABELA.
Resistências
parafusos
padrão ISO:
Resistências
parafusos
padrão SAE,
sistema inglês:
A resistência de prova é a tensão sob a qual o parafuso começa
a apresentar deformação permanente.

Essa resistência é utilizada para a determinação da classe de


resistência dos parafusos e porcas.

O ensaio de carga de prova consiste em aplicar uma carga de


prova de tração no parafuso por meio de uma porca especial por 30
segundos, se o parafuso não sofrer deformação permanente após a
aplicação da carga de prova ele está aprovado.
Questionário:
1. Cite e desenhe a mão livre ou com régua uma vista em desenho técnico de 5 tipos diferentes
de arruelas, porcas e parafusos.
2. Cite e desenhe a mão livre as chaves de aperto para os seguintes parafusos: sextavado,
sextavado interno (Allen), fenda simples, senda cruzada (Philips) e Torx.
3. Qual o objetivo de serem utilizadas arruelas nas ligações parafusadas, explique?
4. A rosca esquerda é utilizada em sistema rotativos para evitar o afrouxamento quando o
sentido de rotação gera torque para saída da porca ou parafuso. Verifique nos pedais da
bicicleta qual dos lados tem a rosca esquerda e qual tem a rosca direita, desenhe explicando.
5. Qual o valor do passo em milímetros de um parafuso ¾” rosca fina (UNF)?
6. Para um parafuso M12 classe 5.8, determine a tensão de escoamento, resistência à tração, a
bitola e o passo de rosca. Desenvolva os cálculos, e a resposta no sistema internacional.
7. Para um parafuso ½” UNC grau 8, determine a tensão de escoamento, resistência à tração, a
bitola e o passo de rosca. Desenvolva os cálculos e a resposta no sistema inglês.
Cálculo da tensão admissível por tração da ligação parafusada:

a) pode ocorrer a ruptura total no diâmetro do parafuso;


b) parafuso pode ser submetido à tração e ter os filetes de rosca
arrancados, assim como os filetes da porca;
Para cada situação tem um cálculo de segurança da ligação
parafusada, que compara a tensão de escoamento do parafuso com a
tensão ou o esforço que ele está sendo submetido.

a) b)
Ruptura no diâmetro do parafuso Filetes de rosca arrancados
Onde:
A área trativa (At) é determinada por: dp: diâmetro primitivo;
dr: diâmetro de raiz;

Legenda:
d: bitola;
N: fios por polegada;
p: passo da rosca;
F: força sobre o parafuso;
𝜎𝑡 : tensão de tração sobre
o parafuso.
Exemplo de cálculo:
Determine se o parafuso M14 classe 5.8 irá sofrer escoamento sob uma carga
de tração de 57 kN. Verifique qual classe pode ser utilizada para esse parafuso com
um coeficiente de segurança contra escoamento mínimo de 2.
Resolução:

A classe 5.8 possui uma tensão de escoamento média de 5 x 8 x 10 = 400 MPa;


Considerando a tabela 15-2 a área trativa para a Bitola M14 é de 115,44 mm2;
𝐹 57000
Utilizando-se: 𝜎𝑡 = ; 𝜎𝑡 = ; 𝜎𝑡 = 493,76 𝑀𝑃𝑎 (tensão de tração no parafuso);
𝐴𝑡 115,44

Resposta 1: Comparando a tensão de tração no parafuso com a tensão de escoamento, esse


parafuso irá escoar!
Resposta 2: A classe que atende a 2 vezes tensão de tração (2 x 493,76 = 987,53 MPa) é sempre a
logo acima do valor, neste caso a 12.9 (12 x 9 x 10 = 1.080 MPa).
Onde:
Wi = fração de área cisalhada,
quando for filete do parafuso;
Wo = fração de área cisalhada,
quando for filete da porca.
Exemplo de cálculo:
Determine se o parafuso M14 classe 5.8 irá sofrer espanamento ou cisalhamento da
rosca sob uma carga de tração de 57 kN. Verifique qual classe pode ser utilizada para esse parafuso
com um coeficiente de segurança contra o espanamento, mínimo de 2.
Resolução:
A classe 5.8 possui uma tensão de escoamento sob tração média de 5 x 8 x 10 = 400 MPa;
Para utilizar o escoamento sob cisalhamento deve-se multiplicar por 0,577;
Logo: 𝜏𝑦 = 0,577 𝑥 400 = 230,80 𝑀𝑃𝑎;
Considerando a tabela 15-2: o passo “p” para a Bitola M14 é de 2 mm; enquanto que, o diâmetro menor ou de raiz: dr = 11,55 mm;

𝐹 57000
Utilizando-se: 𝜏𝑠 = 𝐴 ; 𝐴𝑠 = 𝜋. 𝑑𝑟 . 𝑤𝑖 . 𝑝; 𝐴𝑠 = 𝜋. 11,55.0,80.2; 𝐴𝑠 = 58,06 𝑚𝑚2 ; 𝜏𝑠 = 58,06
;
𝑠
𝜏𝑠 = 981,80 𝑀𝑃𝑎 (tensão de cisalhamento no parafuso);

Resposta 1: Comparando a tensão de cisalhamento no parafuso (𝜏𝑠 = 981,80 𝑀𝑃𝑎) com a tensão de escoamento por
cisalhamento (𝜏𝑦 = 230,80 𝑀𝑃𝑎), esse parafuso irá espanar a rosca com certeza!

Resposta 2: Não há classe que atenda a 2 vezes tensão de cisalhamento (2 x 981,80 = 1963,60 MPa), a solução é aumentar
a bitola de rosca para diminuir a tensão de cisalhamento sobre no filete de rosca.
Torque em parafusos:
• A aplicação de torque deve garantir que a força de aperto mantenha a junta
unida, após a carga externa ser aplicada;
• O torque (T) é aplicado para se obter uma pré-carga (Fi) no parafuso;
• O fator de torque (K) leva em conta o acabamento superficial da união
parafusada (envolve o coeficiente de atrito entre filetes de rosca).
• Torque aplicado pode ser calculado por:
Fabricação de parafusos por laminação, ver o vídeo a seguir:
https://www.youtube.com/watch?v=wzAexYWLmHE

Fabricação de parafusos por usinagem, ver o vídeo a seguir:


https://www.youtube.com/watch?v=nbMztcYXsLk

Usinagem de rosca interna, ver o vídeo a seguir:


https://www.youtube.com/watch?v=Uq9T6Z4hPww
Ensaios em parafusos:

• Carga de prova: aplicação da tensão de prova (resistência mínima de prova, ver tabela) por 30
segundos, se desenroscar manualmente estará aprovado, caso contrário a classe ou grau do
parafuso não estão conformes;

• Tração em corpo de prova de material: usinar o corpo de prova em formato de haltere até a
ruptura;

• Metalografia: verificar microestrutura, tamanho de grão, camada cementada, camada temperada,


encruamento do grão, etc;

• Torque e deformação: aplicar e torque, conforme a classe de resistência, bitola e acabamento


superficial do parafuso.
Metalografia: Rosca cortada ou usinada x rosca laminada ou
“amassada”
Questionário:
1. Explique os processos de fabricação de uma rosca de parafuso, por usinagem com tarraxa e
por roletamento (laminação de rosca), cite 3 diferenças de cada processo.
2. Explique o processo de usinagem de rosca interna utilizando um jogo de machos ferramenta,
a partir do pré-furo, seguindo cada uma das ferramentas do jogo de machos.
3. Qual a menor e a maior classe de resistência e grau de resistências dos parafusos (ver
tabelas), cite-os?
4. Determine se o parafuso M14 x 1,5 mm, classe 12.9 irá sofrer escoamento sob uma carga de
tração de 57 kN. Verifique qual classe pode ser utilizada para esse parafuso com um
coeficiente de segurança contra escoamento mínimo de 2.
5. Determine se o parafuso M14 x 1,5 mm, classe 8.8 irá sofrer espanamento ou cisalhamento
da rosca sob uma carga de tração de 23 kN. Verifique qual classe pode ser utilizada para esse
parafuso com um coeficiente de segurança contra o espanamento, mínimo de 2.

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