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SEM 0326 – Elementos de Máquinas II

Aula 8 – Uniões sujeitos à cisalhamento:


parafusos e rebites

Profa. Zilda de C. Silveira

São Carlos, Outubro de 2011.

SEM 0326 –Elementos de Máquinas II


1. Parafusos sob cisalhamento
- Parafusos sob carregamento de cisalhamento possuem aplicações mais comuns em
projetos estruturais, do que em projeto de máquinas.

- Pontes e pórticos de edifícios de aço estrutural são fixados por parafusos de alta
resistência.

- Pré-carga:

 Criar forças de atrito elevadas


entre os parafusos e as chapas, para
resistir às carga de cisalhamento.

Figura 1 – União parafusada sob


cisalhamento.

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1. Parafusos sob cisalhamento
- Para projeto de máquinas (mecanismos articulados):

- As relações dimensionais são muito pequenas: uso combinado de


parafusos e pinos passantes, para posicionar ou suportar componentes e
subconjuntos de máquinas de precisão sob cargas de cisalhamento:

- Os parafusos apertam a união (em compressão) e;


- Pinos proporcionam posicionamento transversal adequado e
resistência ao cisalhamento.

É assumida a hipótese de que, o atrito desenvolvido, a partir da força de aperto


do parafuso equilibre as tensões de cisalhamento entre o parafuso e o pino – que
está diretamente em cisalhamento.

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1. Parafusos sob cisalhamento
- Pinos passantes suportam cargas de cisalhamento (mas, não de tração) e os
parafusos suportam cargas de tração (evita-se cargas de cisalhamento direto).

- O procedimento de combinar fixadores em uma montagem, por exemplo, de


duas peças, carregadas em cisalhamento (como na Figura 3), há um padrão de
parafusos múltiplos comprimindo (apertando) essas peças.

- Parafusos de máquinas não são construídos com pequenas tolerâncias: os furos


para os parafusos devem ser maiores, para que se possa ter folga em sua
inserção na união e furos rosqueados , para os parafusos de máquinas, também
terão folga radial:
- A concentricidade de um parafuso, em um furo não é garantida: furo e
parafuso são excêntricos.

- Para uma montagem intercambiável, os furos deverão ser significativamente


maiores, que os fixadores removíveis, para acomodar variações de tolerância e
montagem.

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1. Parafusos sob cisalhamento
- Sem os pinos passantes, os parafusos sem pré-carregamento devem localizar e
posicionar as peças e suportar as cargas de cisalhamento + problemas de controle
de tolerância mecânica.

Figura 2 – União com folga nos furos dos fixadores.

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1. Parafusos sob cisalhamento
- A capacidade dos parafusos distribuírem a carga de cisalhamento igualmente é
comprometida, pela variação em diâmetro de parafusos comerciais.

- Na melhor hipótese pares de parafusos assumirão toda a carga de cisalhamento,


outros nem receberão carga, para ser compartilhada ou sequer terão contato com
os lados correspondentes de seus furos.

- Uma alternativa bastante comum nessa situação é o uso de pinos passantes, feitos
normalmente de aço endurecido (aço de baixo carbono, aço cromo – resistente à
corrosão, aços liga endurecidos até 40-48HRC e possuem são comprados com
comprimentos padronizados), que são adicionados ao padrão dos parafusos em
número suficiente, para suportar momento no plano de interesse.

Figura 3 – Junta parafusada, com pinos passantes sob


carregamento de cisalhamento.

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1.1 Materiais dos pinos (uniões com parafusos sob cisalhamento)

- Critério da máxima distorção: S ys = 0,577 S y

- Na Tabela 1 são encontrados valores de Sys


(resistência de serviço- padrão ANSI), para pinos
de até 0,5”.

Tabela 1 – Resistência Mínima para pinos


passantes (Tabela 14-12, Norton, 2000)

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2. Uniões rebitadas
• Uniões estruturais (alta resistência mecânica)

Eng. civil (pontes, edifícios)


Eng. mecânica (vasos de pressão; chapas de
revestimentos: carrocerias automotivas, fuselagem)

• Uniões industriais (menor resistência e custos reduzidos )

Caldeiras, tubulações, montagens de utensílios, mobília,


dispositivos eletrônicos, máquinas industriais.

A. Vantagens B. Desvantagens

• Execução simples: Não exige mão- • União permanente;


de-obra qualificada
• Campo de aplicação reduzido (chapas)
• Industrial (montagem cega, com
diferentes materiais e espessuras) • Não recomendável a carregamentos dinâmicos

• Controle de qualidade simples • Redução de resistência do material rebitado - furação (13% a


40%)
• Aplicações com materiais de má
soldabilidade (alumínio).

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2.1 Uniões rebitadas: Materiais
• Material dúctil: com boa resistência ao cisalhamento:

- Alto desempenho: relação peso/resistência; relação


volume/resistência; rigidez; ductilidade; resistência ao
desgaste; restrições de custo; resistência dimensional sob
grandes diferenças de temperatura. Aeronaves: ligas de
alumínio 2024 e 5052.

- Industrial: alumínio dúctil; latão, ligas de cobre e aço inox;

- Industrial’: aços de baixo e médio carbono ( 1006 a 1015).

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2.2 Características geométricas
-O diâmetro do rebite é obtido em função das
espessuras das chapas a serem unidas:
D rebite = 1,5 *(espmin). (Diâmetros tabelados:
in).

- O furo pode ser obtido pela relação: ∅ furo


= ∅ rebite * 1,06;

- Comprimento do útil do rebite: L = y * d +


S (sendo y = constante do tipo de cabeça do
rebite; d = diâmetro do rebite e S = soma
das espessuras das chapas).

• Rebitagem a quente (700°C)

• Rebitagem a frio (até 12 mm)

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2.2a Características geométricas – tipos de rebites

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3. Uniões rebitadas: modos de falha

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3. Uniões rebitadas: modos de falha
A) Cisalhamento do rebite (duplo e n) (Niemann, 1971)

N
τ atuante = ≤ Sy
2 Arebite
N = força aplicada por rebite

P
τ atuante = ≤ Sy
z.n. Arebite

N = força total aplicada na união

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3. Uniões rebitadas: modos de falha
B) Esmagamento da haste (unitário e múltiplos) Niemann, 1971)

N
σl = ≤ σ l adm
d ⋅s

P
σl = ≤ σ l adm
z ⋅d ⋅s

z = número de rebites;
s = espessura da chapa;
d= diâmetro do rebite.
σl e σl adm - Pressão específica por rebite e admissível.

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3. Uniões rebitadas: modos de falha
c) Cisalhamento da Chapa (Niemann, 1971)

N
τ ch = ≤ τ ch adm
2⋅e⋅s
s = espessura da chapa;
e= distância do centro do rebite à borda da chapa (direção da carga).

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3. Uniões rebitadas: modos de falha
3.1 Corte do rebite (cisalhamento) – (Collins, 2004)

4P
τ= ≤ 0,4 S y
πd c

3.2 Flexão das chapas/peças

PLg
σ= ≤ 0,6S y
2Z m

Lg = comprimento total (Ls+Lr)


Zm = Módulo da seção transversal do membro mais fraco (I/c)

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3. Uniões rebitadas: modos de falha
3.3 Ruptura dos membros

P
σ=
(b − N r d c )t m

b = largura do membro
Nr = número de rebites na largura do membro
tm = espessura do membro mais fraco.

3.4 Compressão ou esmagamento do membro/rebite

P
σ= < 0,9 S y
d ctm

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3. Uniões rebitadas: modos de falha
3.5 Falha por cisalhamento na borda furo/chapa x 1,5d

fs Fs
τe = = ≤ 0,6 S y
2 xet 2 xetN r

Sendo:

Fs = carga total cisalhante


xe = distância borda chapa até centro do rebite (2xdc);
Nr = número de rebites suportando a carga.
t = espessura da chapa

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3. Uniões rebitadas: modos de falha
3.5 Falha por rasgamento na chapa

fs p
6
MC 6 M 3Fs p
σe = = 2 = 82 = 2
≤ 0,4 S y
I td e td e 4td e N r

Sendo:

Fs = carga total cisalhante


de = distância borda chapa até centro do rebite;
Nr = número de rebites suportando a carga.
p = passo entre rebites

Projeto preliminar!!!!

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4. Uniões rebitadas: dimensionamento
- Os modos de falha se relacionam com um rebite ou uma chapa
(membro).

- Rebites e parafusos utilizados em grupos devem considerar também o


modo de falha por torção (cisalhamento) na união.

- O resultado da tensão atuante no rebite é a soma vetorial das


tensões diretas (cisalhamento direto – F’); e por cisalhamento por
torção (força cisalhamento devido ao momento – F).

Junta com parafusos e pinos passantes,


carregada excentricamente em
cisalhamento.

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4. Uniões rebitadas: dimensionamento
a) Cisalhamento direto (primário):

P
τd = nb

Sendo: ∑A
i =1
i
P = carga total de cisalhamento;
Ai = área do rebite/parafuso;

b) Cisalhamento devido à torção (secundário):

τs =
(Pe ) =
( Pe )
Sendo: nb
2 Jj
Pe (Mxl) = Momento excêntrico (N.mm2); ∑ Ai ri
Ji = momento polar de inércia da estrutura (mm4). i =1

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4. Uniões rebitadas: dimensionamento
c) Localização do centróide:

n n

x=
∑1 Ai xi y=
∑1
Ay i i
n n
∑A 1 i ∑A 1 i

Sendo:

N = número de fixadores;
i = fixador em específico;
Ai = área de seção transversal do fixador
e;
xi e yi = coordenadas dos fixadores, no
sistema de coordenadas adotado.

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4. Uniões rebitadas: dimensionamento
τd = tensão de cisalhamento do rebite ou
cisalhamento direto;
τ result = τ d +τ s (!!)
τt = tensão de cisalhamento no rebite devido ao
cisalhamento causado pelo momento de torção.

O projeto da união depende do rebite que recebe a maior parcela de tensão.

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4.1 Uniões rebitadas: dimensionamento Niemann
Dados: P = 70000 [N]
L = 300 [mm]
d = 25 [mm]
A
a = 75 [mm]
v
v = 50 [mm]

Chapa St 00.12 σadm = 100 [MPa]


a s = 20 [mm]
a
a
a σadm = 200 [MPa]
a 7 Rebites St 34.13 τradm = 80 [MPa]
a
a a P
a
a

L
A

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4.1 Uniões rebitadas: dimensionamento Niemann
N f1 z1 = z 2 = z 3 = z 4 = z 5 = 1

Nf2
a

u4 = 2a

u3 = 3a

u2 = 4a

u1 = 5a
u5 = a
N f1 5
2
PL =
u1
∑u
i =1
i zi ⇒ N f 1 = 25485 [N]

Rebite superior é o mais crítico


N fl1
N=
2
N fl 1 + N Q
2

N
Cortante: P NQ N = 26267 ,33 [N]
NQ = N Q = 6363 ,63 [N]
11

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4.1 Uniões rebitadas: dimensionamento Niemann
Verificando o rebite :

Secção resistente
• Cisalhamento do rebite : π .d 2
SR =
4

N
τR =
SR
⇒ τ R = 53,51 [MPa] ≤ τ R adm

• Esmagamento da haste:

N d
N s

N
σl =
d .s
⇒ σ l = 52 ,53 [MPa] ≤ σ l adm

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4.2 Fixadores em cisalhamento: Cálculo
- Determine o tamanho dos pinos passantes no suporte.

- Dados: Força estática = 1200 lbf, aplicada a l=5”.


O raio de posição dos pinos passantes é de r = 1,5”.
Todos os pinos compartilham igualmente a carga de cisalhamento.
Pinos de aço de liga (Dureza de 40-48HRC)
P=1200lbf

Solução:
A) Calcule o momento da força aplicada:

M = Pl = 1200(5) = 6000 lbf .in


B) Calcule o valor da força resultante deste
momento em cada pino:

M 6000
Fs = = = 1000 lbf
r 4(1,5)

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4.2 Fixadores em cisalhamento: Cálculo
C) Determine a quantidade de força que atua
diretamente em cada pino: P=1200lbf

P 1200
FP = = = 300 lbf
n 4
D) Baseado no diagrama vetorial (ao lado), O pino B é o
que recebe a maior carga e sua força resultante será:

FB resul = FP + Fs = 300 + 1000 = 1300 lbf

E) Adotando um valor inicial de 0,375”, para o diâmetro


do pino, pode-se calcular a força de cisalhamento direta
no pino que recebe maior carga (Pino B):

FBresult 1300(4)
τ= = 2
= 11770 psi
AB π (0,375)

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4.2 Fixadores em cisalhamento: Cálculo
F) A resistência ao escoamento, pode ser obtida pela Tabela 3 (Tabela 14-12 –
Norton), e o coeficiente de segurança contra falha estática é obtido pela
equação:
* Pinos de aço de liga (Dureza de
S ys
117000 40-48HRC) P=1200lbf
Ns = = = 10
τ 11700

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