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FACULDADES INTEGRADAS PITÁGORAS DE MONTES CLAROS

CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

LUCIANO MARQUES DA SILVA


MOACIR XAVIER FILHO

DIMENSIONAMENTO DE UMA PONTE ROLANTE UNIVIGA

MONTES CLAROS - 2018


LUCIANO MARQUES DA SILVA
MOACIR XAVIER FILHO

DIMENSIONAMENTO DE UMA PONTE ROLANTE UNIVIGA

Trabalho Final de Graduação (TFG), no


formato de Artigo Científico, apresentado às
Faculdades Integradas Pitágoras de Montes
Claros (FIPMoc), como parte das exigências
do currículo do curso de Engenharia
Mecânica para a aprovação no 10º período.

Prof. Orientador: Henrique Nunes Pereira Oliva

APROVADO EM:____/____/____

Banca Examinadora:

_______________________________

Professor(a) Orientador(a):

_______________________________

Professor(a):

_______________________________

Professor(a):

MONTES CLAROS - 2018


1

DIMENSIONAMENTO DE UMA PONTE ROLANTE UNIVIGA


MARQUES, Luciano Da Silva¹; XAVIER, Moacir Filho¹; OLIVA, Henrique Nunes ².

¹. Alunos do curso de Engenharia Mecânica das FIPMoc; ². Professor Orientador

RESUMO
Ponte rolante é uma máquina de elevação de cargas que circula numa via e desloca na posição
transversal um carro guincho. Este equipamento é montado em locais fechados ou abertos,
movimentando matérias, cargas, peças, equipamento entre outros. O presente estudo tem por
objetivo dimensionar uma estrutura e mecanismos, de forma macro, que integrem uma ponte
rolante univiga do segmento metal-mecânica. Para o dimensionamento da ponte rolante
univiga, foi adotada a norma técnica, ABNT NBR 8400/1984 – Cálculo de equipamentos para
elevação e movimentação de cargas. Em posse dos cálculos, foram utilizados software para
modelagem 3D, SolidWoks, AutoCad e software para verificação de cálculos Ftool. Com base
na norma, ABNT NBR 8400/1984 foram realizados os cálculos para determinar e dimensionar
os componentes principais de uma ponte rolante univiga: capacidade, classificação das
estruturas, classificação dos mecanismos, velocidade de 16 𝑚⁄𝑠, seção da viga W 410 x 46,1,
diâmetro mínimo do cabo de 14mm, diâmetro das polias 392mm e 224mm, diâmetro e
comprimento do tambor igual a 313,6mm e 1682,7mm respectivamente. O estudo desenvolvido
possibilitou o dimensionamento e seleção dos componentes principais que compõe uma ponte
rolante univiga. Por fim, esse trabalho possibilita a integração do conhecimento teórico na
prática.
PALAVRAS-CHAVE: Ponte rolante univiga. Transporte de carga. Industria metal-mecânica.

INTRODUÇÃO
Segundo Martins (2003), a força que a competitividade industrial ganhou nas
décadas de 70, quando empresas orientais começaram a participar com mais frequência no
mercado ocidental, no Brasil em meados da década de 90 com abertura do livre mercado,
possibilitou a formação de um grande parque industrial de empresas.
Segundo Sordi (2016), para a sobrevivência de uma empresa é importante a
adaptação com a competitividade atual, em que melhores preços, redução de custos e
desperdício garante uma estabilidade no mercado.
No avanço da indústria, as empresas que já sediadas no Brasil, tiveram que
aprimorar para o crescimento da indústria e consequentemente a evolução nos processos, para
atender as demandas do mercado global. Nesse contexto a implementação das pontes rolantes
foi um salto muito importante para produtividade justificando o custo de sua implementação.
Assim produtos que antes inviável a manipulação devida suas dimensões, passaram a não ser
2

um problema (PINHEIRO, 2015).


De acordo com Dias etal., (2018), as técnicas de movimentação de cargas são as
operações de elevação, transporte e descarga de materiais manualmente ou por sistemas
mecanizados. Os sistemas de movimentação de cargas estão no grupo de dispositivos que
elevam e movimentam cargas em que sua capacidade máxima é regida por normas.
Segundo Ernst (1970), uma ponte rolante é um equipamento de içamento de cargas,
que circula numa via e desloca transversalmente um carro guincho. Pode ser classificada como
pontes rolante univiga ou duas vigas.
Segundo Ribeiro (2011), o carro guincho é responsável pela elevação da carga, em
que é formada pelos cabos de aço, talha e tambor que no decorrer do artigo será abordado com
mais detalhes. Os Carros laterais são equipamentos para transferirem a carga para o caminho
de rolamento. A viga resistente é o elemento principal da ponte rolante, pode ser um perfil
laminado ou secção em caixão para o caso de vão maiores e para grandes capacidades de cargas,
sobre esta desloca o carro guincho.
Cornejo (2016), afirma que as talhas são ferramentas que possibilitam o transporte
de cargas, sendo elas pesadas ou leves em que seu principal objetivo é carregar e descarregar.
As talhas elétricas ou manual são facilmente encontradas nas indústrias e portos.
Silva (2018), apresenta em seu projeto que o trolley é um dos componentes que faz
parte da talha elétrica, montado na viga resistente, em que sua função é movimentar no eixo
horizontal em que deslocará a carga. O trolley é composto por um motor elétrico, uma caixa de
engrenagem, corpo e roldanas.
Melconian (2012), destaca que os cabos de aço são elementos mecânicos, que são
usados para o içamento de cargas ou objetos. Eles são classificados em Warrington, Seale e
Filler. A resistência dos cabos de aço varia por bitolas e arames. A utilização do fator de
segurança, acarreta no prolongamento da vida útil do cabo de aço, evitando possíveis acidentes.
Rebello (2007), afirma que os perfis metálicos são peças de aço que são
confeccionadas atrás de processos de conformação com várias formas geométricas e tem como
finalidade suportar esforços. Existe vários tipos de perfil, seja confeccionas e laminados, os
perfis laminados são feitos através da laminação de tarugos, já os perfis de chapas soldadas são
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obtidos pela união entre as chapas. As vigas caixão, são vigas tubulares de forma geométricas
retangular, são mais usadas em estruturas de pontes e viadutos.
O dimensionamento de ponte rolante univiga possuem uma normalização
estabelecida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), não comtemplando toda
questão de segurança e padronização de seus mecanismos.
A norma brasileira para dimensionamento de pontes rolantes é a NBR 8400/1984,
em que é possível determinar o dimensionamento adequado, pois leva em conta as solicitações
atuantes e de movimentos verticais e horizontais, cargas internas e externas e analises de tensões
e fadiga. De acordo com a norma é possível também, dimensionar o cabo de aço, tambores,
talhas, rolamentos dentre outros.
A NBR 8400 tem por objetivo fixar as diretrizes básicas para o cálculo das partes
estruturais e componentes mecânicos dos equipamentos de levantamento e movimentação de
cargas, independente do grau de complexidade e do tipo de serviço do equipamento,
considerando as combinações de solicitações, condições de resistência dos diversos
componentes e condições de estabilidade (ABNT, 1984).
Atualmente grandes empresas sofrem problemas de logística e de manutenção que
necessitam de uma movimentação de materiais estocados por possuírem um grande volume de
material e muitos não podem ser transportados por pessoas devido ao seu peso e tamanho, ou
de troca de componentes pesados em determinadas maquinas industriais.
De acordo com Sordi (2016), as normas vigentes NR 17 – Ergonomia, NR 11 –
Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais e NR 12 – Segurança no
trabalho em máquinas equipamentos, estabelecem que a utilização de empilhadeiras para
movimentação de cargas em indústria não é recomenda. Tendo em vista que as empilhadeiras
possuem capacidade de carga limitada, além de muitos operadores de empilhadeiras
improvisarem mecanismos para travamento de carga, colocando em perigo o ambiente de
trabalho, justificando o implemento de pontes rolantes nas indústrias.
O presente estudo tem por objetivo dimensionar uma estrutura e mecanismos, de
forma macro, que integrem uma ponte rolante univiga do segmento metal-mecânico.
MÉTODOS
4

Para realização dos estudos, foram utilizados livros, artigos acadêmicos, norma
técnica (ABNT) e catálogos de empresas. Os descritores buscados na literatura foram ponte
rolante univiga e transporte de carga, nos idiomas português e espanhol. Para construção do
trabalho, foi determinado um fluxograma do estudo, conforme a tabela (01) e a figura (01).

Tabela 01- Componentes x Métodos

Item Metodologia
Estruturas NBR 8400
Detalhes construtivos e estruturais NBR 8400
Fonte: Autoria própria

Figura 01: Fluxograma geral do estudo

Fonte: Autoria própria

Para o dimensionamento da ponte rolante univiga, foi adotado a norma técnica


ABNT NBR 8400, que estabelece as diretrizes para cálculo de equipamentos para levantamento
e movimentação de cargas. Com os dados de entrada pré-estabelecidos, o dimensionamento foi
dividido em diâmetro e tamanho do tambor, diâmetro das polias, diâmetro do cabo de aço e
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seção da viga principal. Em posse dos cálculos da viga principal e dimensões do tambor, foram
utilizados software para modelagem 3D e 2D, SolidWoks e AutoCAD, respectivamente. Para
execução dos programas CAD, foi utilizado um computador com sistema operacional Windows
10.
O Ftool foi utilizado para execução dos cálculos das reações de apoios da viga
principal, para nível de comparação foi utilizado uma linguagem de programação em
“Portugol”, conforme a figura 02, em que o algoritmo compara os resultados das reações de
apoio em toda viga principal. O Algoritmo foi escrito no programa VisualG, com sistema
operacional Windows 10.
Figura 02:Algoritmo de cálculos das reações de apoio

Fonte: Autoria própria

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dados de Entrada:

Figura 03: Dados para seleção da ponte rolante


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Fonte: Autoria própria

Tabela 2 - Dados das características construtivas da Ponte Rolante univiga


DADOS GERAIS VALORES
1. Largura livre (mm) 13000mm
2. Piso / base superior trilho (mm) 6500mm
3. Pé direito livre (mm); 8000mm
4. Vão livre - entre centros de trilhos (mm); 12000mm
5. Altura de elevação (mm); 6000mm
6. Tipo construtivo (univiga ou dupla viga); Univiga
7. Capacidade de içamento (kgf); 4000kgf
8. Distância entre pilares (mm); 9000mm
Fonte: Autoria própria

Estruturas

Classificação das estruturas dos equipamentos


Para o dimensionamento das estruturas da ponte rolante, foi realizado uma
classificação em determinados grupos estabelecidos pela ABNT NBR 8400, a fim de
determinar as solicitações que deverão levar em consideração no dimensionamento, conforme
os serviços que executarão. Portanto para classificação dos grupos foram definidos fatores
importantes.

a) Classe de utilização;
Utilização regular em serviço intensivo. Conforme a tabela (03), será utilizar a
classe “C”.
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Tabela 03 – Classe de utilização


Classe de Frequência de utilização do movimento Número convencional de
utilização de levantamento ciclos de levantamento
Utilização ocasional não regular, seguida de
A 63.000
longos períodos de repouso.
B Utilização regular em serviço intermitente. 200.000
C Utilização regular em serviço intensivo. 630.000
Utilização em serviço intensivo severo,
D efetuado, por exemplo, em mais de um 2.000.000
turno.
Fonte: ABNT (1984)

b) Estado de carga.
Equipamentos que frequentemente levantam a P = 1. Equipamentos regularmente
carregados com a carga nominal. Conforme a tabela (04), P = 1.
Tabela 04 – Estados de cargas
Fração mínima
Estado de
Definição da carga
Carga
máxima
0 (muito Equipamentos levantando excepcionalmente a carga
P=0
leve) nominal e comumente cargas muito reduzidas.
Equipamentos que raramente levantam a carga nominal e
1 (leve) P = 1/3
comumente cargas de ordem de 1/3 da carga nominal
Equipamentos que frequentemente levantam a carga
2 (médio) nominal e comumente cargas compreendidas entre 1/3 e P = 2/3
2/3 da carga nominal.
Equipamentos regularmente carregados com a carga
3 (pesado) P=1
nominal.
Fonte: ABNT (1984)

c) Classificação da estrutura
Cruzando os valores da classe de utilização com o estado de carga na tabela (05),
obtém-se que a Classe de utilização e número convencional de ciclos de levantamento é “5”.
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Tabela 05 – Classificação da estrutura dos equipamentos em grupos

Estado de cargas (ou estado


de tensões para um elemento) A B C D

0 (muito leve)
1 2 3 4
P=0
1 (leve)
2 3 4 5
P = 1/3
2 (médio)
3 4 5 6
P = 2/3
3 (pesado)
4 5 6 6
P=1
Fonte: ABNT (1984)

d) Classe de funcionamento
Segundo ABNT NBR 8400 (1984), A classe de funcionamento caracteriza o tempo
médio, estimado em número de horas de funcionamento diário do mecanismo. Um mecanismo
somente é considerado em funcionamento quando está em movimento. A noção de tempo
médio define-se para os mecanismos regularmente utilizados durante o ano, considerando
somente os dias de trabalho normal (exclusão dos dias de descanso).
De acordo com a tabela (06), o tempo médio de funcionamento diário estimado (h) é 4 < tm ≤
8, portanto, sua classe de funcionamento é “V3”.
Tabela 06 – Classe de funcionamento

Classes de Tempo médio de funcionamento Duração total teórica da


utilização diário estimado (h) utilização (h)

V0,25 tm ≤ 0,5 800


V0,5 0,5 < tm ≤ 1 1600
V1 1 < tm ≤ 2 3200
V2 2 < tm ≤ 4 6300
V3 4 < tm ≤ 8 12500
V4 8 < tm ≤ 16 25000
V5 tm > 16 50000
Fonte: ABNT (1984)

e) Solicitações dos mecanismos


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O estado de solicitação é definido conforme um mecanismo, é submetido a


solicitações máximas ou parcial. Conforme a tabela (07) é definida grupo “3”, no qual 𝑃 =
2⁄ .
3
Tabela 07 – Estado de solicitação
Estado de Fração mínima da
Definição
solicitação carga máxima
Mecanismos ou elementos de mecanismos sujeitos
1 P=0
a solicitações reduzidas e raras vezes a
solicitações máximas.

Mecanismos ou elementos de mecanismos


2 P = 1/3
submetidos, durante tempos sensivelmente iguais,
a solicitações reduzidas, médias e máximas.

Mecanismos ou elementos de mecanismos


3 P = 2/3
submetidos na maioria das vezes a solicitações
próximas à solicitação máxima.
Fonte: ABNT (1984)

f) Definir grupo de mecanismos

A classificação dos mecanismos em grupo é a combinação da classe de


funcionamento com a de solicitações dos mecanismos, conforme na tabela (08), assim
determinando o grupo “4 m”.
Tabela 08 – Grupos dos mecanismos
Classes de funcionamento
Estados de
V0,25 V0,5 V1 V2 V3 V4 V5
solicitação
1 1 Bm 1 Bm 1 Bm 1 Am 2m 3m 4m
2 1 Bm 1 Bm 1 Am 2m 3m 4m 5m
3 1 Bm 1 Am 2m 3m 4m 5m 5m
Fonte: ABNT (1984)

Dimensionamento do cabo de aço


O método utilizado pela NBR 8400 é aplicável para cabos formando de mais de
100 fios, com resistência à ruptura de 160 daN/mm² a 220 daN/mm², polidos ou galvanizados
retrefilados, tendo alma de aço ou fibra.
O diâmetro externo mínimo do cabo é determinado pela equação (1).
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dc = Q1√T (1)

Em que:
T - Esforço máximo de tração (daN)
Q1 - Fator de dimensionamento
dc - Diâmetro externo mínimo (mm)
O fator de dimensionamento (Q1) é determinado pela tabela (09).
Tabela 09 – Valores mínimos de Q1
Grupo de Mecanismos Cabo Normal Cabo não rotativo
1 Bm 0,265 0,280
1 Am 0,280 0,300
2m 0,300 0,335
3m 0,335 0,375
4m 0,375 0,425
5m 0,425 0,475
Fonte: ABNT (1984)

Para a força de tração no cabo de aço “T” necessitou configurar o sistema de


cabeamento. O estudo foi baseando-se no sistema de cabeamento gêmeo 4 cabos, conforme na
figura (04).
Figura 04 – Sistema de cabeamento gêmeo 4 cabos

Fonte: TAMASAUSKAS (2000)

Segundo ABNT NBR 8400 (1984), o esforço máximo de tração “T” em daN que
atua sobre o cabo no caso 1 (serviço normal sem vento) é determinado a partir do esforço
estático (incluindo o peso próprio do cabo e do moitão) ao qual se adiciona o esforço resultante
do atrito nas polias e as forças de aceleração, caso sejam superiores a 10% das cargas verticais.
Para chegar no valor de T, utiliza-se a equação (2).
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Q
T= (2)
ηrend × Nº de cabos
Acrescentando os 10% previsto pela ABNT NBR 8400, obtém-se:
1,1 × Q
T= (2.1)
ηrend × Nº de cabos
A norma ABNT NBR 8400, estabelece dois pontos importantes a respeito das
solicitações devidos aos movimentos verticais, que são provenientes do içamento relativamente
brusco e de choques verticais, portanto, levam-se em conta as oscilações provocadas pelo
levantamento da carga, multiplicando-se pelo coeficiente dinâmico (ψ). O valor do coeficiente
dinâmico é determinado pelas tabelas (10), para selecionar o valor do coeficiente é preciso
selecionar a velocidade que de acordo com a tabela da ABNT NBR 8400 a velocidade da Ponte
Rolante é de 0,16 𝑚⁄𝑠.

Tabela 10 – Valores do coeficiente dinâmico ψ

Faixa de velocidade de
Equipamento Coeficiente dinâmico ψ
elevação da carga (𝒎/𝒔)
1,15 0 < 𝑣𝑙 ≤ 0,25
Pontes ou pórticos rolantes 1 + 0,6 𝑣𝑙 0,25 < 𝑣𝑙 < 1
1,60 𝑣𝑙 ≥ 1
1,15 0 < 𝑣𝑙 ≤ 0,5
Guindastes com lanças 1 + 0,3 𝑣𝑙 0,5 < 𝑣𝑙 < 1
1,3 𝑣𝑙 ≥ 1
Fonte: ABNT (1984)

Portanto, o coeficiente dinâmico vale “1,15” e o carregamento máximo ocorre no


içamento da carga conforme a figura (05).

Figura 05 – Curva de levantamento e de descida quando SL e SG são de sinais contrários

Fonte: ABNT (1984)


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Sg + ψ × Sl (3)

Em que:
Sg: Carga de serviço (Somatório de todas as cargas de acessórios mais carga útil)
Sl: Carga devido ao peso próprio (moitão mais cabo de aço)
Ψ: Coeficiente dinâmico
Q = Sl (4)

Substituindo na equação (03), obtém-se:


(1,1 × ψ × Q) + Sg (2.2)
T=
ηrend × Nº de cabos
Dados:
Carga de içamento: 4000𝑘𝑔𝑓
Q: Peso do moitão mais peso do cabo de aço mais carga de içamento
Número de cabos: 4 cabos de sustentação

ηrend: ηmancalηpolias
Sg: Peso da estrutura é 0
Em que o rendimento do mancal de rolamento é 0,99 e o número de polias do
sistema é 3, portanto, a força de tração no cabo de aço (T) é 1279,34daN.
Voltando na equação 01, tem-se que o valor de “Q1” fator de dimensionamento é
dado pela tabela (09), em que o valor é igual a 0,375 de acordo com o grupo de mecanismo
estabelecidos no estudo tabela (08). Calculando o diâmetro do cabo (dc) equação (01) obtém-
se; 13,412mm.
O fator de segurança para Ponte Rolantes vale “6” e a carga de trabalho (CT) que é
igual a os esforços máximo de tração, calculado na equação (2.2) é igual a 12793,4N ou
1304,1182kgf. Jogando na fórmula de carga de ruptura máxima.
Ct = T (05)

CRM = CT ∗ Fs (06)

Ct: carga de trabalho


Fs: Fator de segurança
CRM: Carga de ruptura máxima
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Calculando a equação (06), obtém-se o valor de 7824,7094kgf ou 7,82tf. Portanto,


de acordo com manual técnico de cabos da CIMAF, o cabo de aço é da classe 6 x 36 – Alma
𝑘𝑔⁄
de fibra com diâmetro de 9⁄16" e massa aproximadamente de 0,786 𝑚.
Dimensionamento do diâmetros das polias e tambor
A escolha do diâmetro das polias e tambores é determinado pelo diâmetro mínimo
de enrolamento de um cabo, que é definida pela fórmula.

De ≥ H1 ∗ H2 ∗ dc (07)

Em que o H1 e H2 são estabelecidos pela ABNT NBR 8400 de acordo com o grupo
de mecanismos dimensionado na tabela (08). Para tambores e polias de compensação é adotado
H2 = 1. Verificando nas tabelas de H1 na ABNT NBR 8400.
Tabela 11 – Valores de H1
Tambor Polias móvel Polias de compensação
22,4 25 16
Fonte: Adaptada ABNT (1984)

Nas tabelas de H2 da ABNT NBR 8400 em que WT = 6.


Tabela 12 – Valores de H2
Tambor Polias móvel Polias de compensação
1 1,12 1
Fonte: Adaptada ABNT (1984)

Calculando a equação (07) obtém-se.


Tabela 13 – Valores dos diâmetros de tambor, polia móvel e polia fixa
Diâmetro do
Mecanismo H1 H2 Resultado
cabo
Tambor 14mm 22,4 1 313.6mm
Polia móvel 14mm 25 1,12 392mm
Polia fixa 14mm 16 1 224mm
Fonte: Autoria própria

Determinação do comprimento do tambor


O tambor conforme a figura (06) é comumente montada em chapas calandradas e
usinado nas ranhuras no corpo, para comportar os cabos. Para calcular o tamanho do tambor,
deve levar em consideração a altura de elevação da carga, estabelecido pela tabela (02) em que
a altura de elevação é igual a 6 metros. De forma introdutória o comprimento do tambor é
calculado conforme segue as equações abaixo.
14

Figura 06 –Dimensões do tambor

Fonte: Autoria própria

∅ 𝑓𝑟 = ∅ 𝑝𝑟𝑖𝑚𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜 (08)
∅ 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 = ∅𝑓𝑟 + ∅ 𝑐𝑎𝑏𝑜 (09)
𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 = 1,14 ∗ ∅ 𝑐𝑎𝑏𝑜 (10)
𝐿𝑐 = (𝑉𝑚 ∗ 𝐻𝑒) /2 (11)
𝐿𝑐
𝑁𝑒 = (12)
𝜋 ∗ ∅ 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙
𝑁𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑁𝑒 + (2 𝑜𝑢 3) (13)
𝑒 = ∅ 𝑝𝑜𝑙𝑖𝑎 𝑚𝑜𝑣𝑒𝑙 + (5 ∗ ∅ 𝑐𝑎𝑏𝑜) (14)
∅ 𝑝𝑜𝑙𝑖𝑎 𝑚𝑜𝑣𝑒𝑙
𝑎= + ∅ 𝑐𝑎𝑏𝑜 (15)
2
𝐿 = 𝑁𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 ∗ 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑜 (16)
𝐿 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = (2 ∗ 𝐿) + (2 ∗ 𝑎) + 𝑒 (17)
𝑈 = 𝐴 + 𝐵 + 𝐿𝑡 + 2 ∗ 𝑓𝑙𝑎𝑛𝑔𝑒 (18)
15

Em que:

∅ fr: Diâmetro fundo de ranhura

∅ nominal: Diâmetro nominal

∅ cabo: Diâmetro do cabo

Lc: Comprimento do cabo a ser enrolado

Vm: Vantagem mecânica

He: Altura de elevação

Ne: Quantidade de espiras

Ne total: Quantidade de espiras total

L total: comprimento total

U: Distância entre centro de mancais

S: Carga axial no tambor

A vantagem mecânica presente na equação (11) é determinada pela figura (07).

Figura 07 – Vantagem mecânica do sistema de polias

Fonte: Autoria própria

De forma preliminar adota-se flange = 6,35, A e B = 50mm e diâmetro de fundo


de ranhura = 315mm. Calculando as equações, obtém-se, diâmetro nominal igual a
329mm equação (09), passo de 16mm equação (10), comprimento do cabo a ser enrolado
igual a 12000mm equação (11), quantidade de espiras aproximadamente 12
16

equações (12), quantidade de espiras total igual a 15 equação (13), valores das equações
(14) e (15) igual a 462mm e 210mm respectivamente, comprimente total de 1362mm
equação (17) e distância entre mancais igual a 1682,7mm equação (18).

Dimensionamento da seção da viga principal

A Figura (08) mostra o diagrama de corpo livre da viga principal, em que o


comprimento total da viga de 12 metros.

Figura 08 – Viga principal

Fonte: Autoria própria

Para calcular o momento fletor na viga utiliza-se a equação (19). Assim o valor
obtido através da equação (19) é igual à 117,72kNm.
𝐹∗𝐿
𝑀𝑚𝑎𝑥 = (19)
4
Verificando no software Ftool, foi calculado momento fletor a 117,6kNm e as
reação de apoio igual 19,6kN e 19,6kN.

Figura 09 – Cálculos das reações de apoio e momento fletor

Fonte: Autoria própria


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Para nível de comparação dos cálculos das reações de apoios, foi utilizado um
algoritmo em “Portugol”, para comparar com os valores calculados pelo software Ftool,
conforme a figura (10).

Figura 10 – Cálculos das reações

Fonte: Autoria própria

Verifica-se os valores de Mx tabela (14), velocidade e o valor do coeficiente


dinâmico, presente na tabela (10).

Tabela 14 – Valores do coeficiente de majoração para equipamentos industriais


Grupos de
1 2 3 4 5 6
mecanismos
Mx 1 1 1 1,06 1,12 1,20
Fonte: ABNT (1984)

Em posse dos valores, conforme a tabela (15), é preciso calcular a carga total
estabelecida pela equação (20).

Tabela 15 – Valores de entrada para o dimensionamento


Mx 1,12
Velocidade 0,16 𝑚⁄𝑠
Coeficiente dinâmico (ψ) 1,15
Fonte: Autoria própria

𝑃 = 𝑀𝑥 ∗ (𝑆𝐺 + ψ ∗ SL) (20)

Em que:

P: Carga máxima

Mx: Coeficiente de majoração


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SL: Carga de serviço (Somatório de todas as cargas)

SG: Carga devido ao peso próprio

De forma preliminar adota-se peso da viga igual a 700 kg, peso do cabo igual
a 25kg e peso do motor mais a talha igual a 250kg. Portanto o valor calculado pela
equação (20) é igual a 8035,5Kgf. As figuras (11) e (10), são calculadas as novas reações
de apoios e momento fletor máximo e momento cortante máximo.

Figura 11 – Cálculos das reações e momento fletor máximo

Fonte: Autoria própria

Figura 12 – Cálculo do momento cortante máximo

Fonte: Autoria própria

Definir a viga

O material utilizado na viga principal é ASTM 572 Grau 50. Na tabela (16),
possui os valores das propriedades mecânica do aço.

Tabela 16 – Propriedades mecânica do aço ASTM 572 Grau 50


19

ASTM 572 Gr. 50


Limite de escoamento (MPa) 345min.
Limite de resistência (MPa) 450min.
Alongamento após ruptura (%) 18min.
Fonte: Adaptada GERDAU (2018)

A verificação dos elementos dos mecanismos em relação à ruptura efetua-se


considerando que a tensão calculada não ultrapasse uma tensão admissível relacionada com a
tensão de ruptura do material utilizado (ABNT, 1984). O valor da tensão admissível é dado pela
equação (21).
𝜎𝑟
𝜎= (21)
𝑞 ∗ 𝐹𝑅𝑠
De acordo com a norma NBR 8400/1984, os valores de “q” e “FRs”, é determinado
pelo grupo de mecanismo estabelecido tabela (08) e tipo de movimento combinados, em que se
adota o caso III, em que aumenta o coeficiente de segurança.

Fonte: Autoria própria

Portanto, efetuando a equação (21), obtém-se um valor de 160,7 MPa. O modulo


de resistência é calculado pela razão entre momento fletor, equação (19) e tensão admissível,
equação (21).
𝑀𝑚𝑎𝑥
𝑊𝑚𝑖𝑛 = (22)
𝜎 𝑎𝑑𝑚
Efetuando os cálculos obtém-se um valor de modulo de resistência igual a
1470,97 × 103 𝑚𝑚³.Portanto, o perfil selecionado foi o W410 x 85 da GERDAU, conforme
a figura (11).

Figura 11 – Dimensão do perfil selecionado


20

Fonte: Autoria própria

Verificação da tensão normal

A verificação da tensão normal é dada pela equação (23).


𝑀𝑚𝑎𝑥 ∗ 𝑦
𝜎𝑥 = (23)
𝐼
Em que:

Mmax: Momento fletor

y: Distancia da mesa superior até o centro do perfil

I: momento de inercia em perfil I

Efetuando os cálculos obtém-se um valor de 152,33𝑀𝑃𝑎 < 160,71 𝑀𝑃𝑎, portanto o perfil
está ok.

Verificação da tensão cisalhante

A verificação da tensão cisalhante é dada pela equação (24), (25) e (26).

𝜏𝑐𝑖𝑠 = 𝜎𝑢 ∗ 0,6 (24)


𝜏𝑐𝑖𝑠
𝑇𝑎𝑑𝑚 = (25)
√3
𝑉𝑚𝑎𝑥
𝑇𝑐𝑖𝑠 = (26)
𝐴𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑚𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙
21

Sabendo que o limite de escoamento do material é 345 Mpa, tabela (16), efetuando
os cálculos da equação (24) e (25), obtém-se um valor igual a 120 MPa. Resolvendo a equação
(26), sabendo que 𝑣𝑚𝑎𝑥 = 72400𝑁 𝑒 𝐴𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑎𝑙𝑚𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑓𝑖𝑙 = 4072,24𝑚𝑚2 , obtém-se
17,778𝑀𝑃𝑎 < 120𝑀𝑃𝑎 , portando a viga está ok. A Figura (12) representa o conjunto
completo da ponte rolante univiga.

Figura 12: Montagem final da ponte rolante

Fonte: Autoria própria

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos estudos, nota-se que a utilização da ponte rolante, em seu uso dentro
de uma indústria, entre outros locais, tem por objetivo o içamento e a descarga de materiais,
peças, equipamentos entre outros. O seu uso é recomendado nas atividades, em que demanda
equipamento que suporte grandes capacidade de içamento e em elevados ciclos de trabalho.
Geralmente as empresas que possuem este tipo de equipamento, tem como a sua produção
satisfatória, em que leva a redução de custos e organização de layout.
22

Foram usadas a norma que rege, o dimensionamento do equipamento, a NBR 8400,


em que foi possível dimensionar a capacidade; classificação das estruturas; classificação dos
mecanismos velocidade, seção da viga, diâmetro mínimo do cabo, diâmetro das polias,
diâmetro do tambor e comprimento do tambor.
Neste estudo, foi preciso o auxílio de software, para comparar os resultados obtidos e a
realização de desenhos em CAD.
Por fim, o objetivo foi alcançado, mostrando que é preciso perícia no
dimensionamento de pontes rolantes, tornando o uso da NBR 8400 ou outra norma relacionada,
fundamental para o desenvolvimento do trabalho.
O projeto de uma ponte rolante abrange uma grande quantidade de equipamentos e
componentes, e o objetivo do estudo envolveu uma composição macro da estrutura. Sugere-
se, como trabalhos futuros, a abordagem de projeto dos itens:
• Acoplamentos;
• Eixos;
• Rolamentos;
• Vigas testeiras, que são vigas na qual apoiam-se as vigas principais;
• Clip de fixação do cabo de aço no tambor;
• Passadiço;
• Estudo ergométrico da ponte rolante;
• Canaletas e dutos de passagem para os cabos elétricos;
• Sistema de energização (carro e ponte);
• Fixações dos trilhos nas vigas e no caminho de rolamento;
• Ensaios dinâmico e estático;
• Chaves limites fim de curso;
• Pilares de sustentação
• Potência do motor

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8400: Cálculo de


equipamento para levantamento e movimentação de cargas. Brasil, ABNT. 1984.
23

CORNEJO, F. A. Padronização de procedimentos de manutenção em talhas elétricas.


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DIAS, B. M.; OTUKA, C. R.; FAGÁ, D.; SILVA, D.; JEFERSON, G.; ARRUDA, L. T;
EGUIA, F. . Movimentação e transportes. 2018. Disponivel em:
<https://www.fernandoeguia.com/uploads/6/4/0/5/6405834/1525809793587_movimenta%C3
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PINHEIRO, J. C. Projeto e desenvolvimento de uma linha de Pontes Rolantes


padronizadas para uma empresa metal mecânica.2015. (Trabalho de Conclusão de Curso
Engenharia Mecânica). Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul,
2015.

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Zigurate editorial. 2007.

RIBEIRO, F. J. Dimensionamento de um Pórtico Rolante. Dissertação (Mestrado) -


Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, 2011.

SILVA, J. P. Dimensionamento da viga principal de uma ponte rolante. 2018. Trabalho de


Conclusão de Curso de Engenharia Mecânica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
2018.

SORDI, G. Dimensionamento da viga principal de uma ponte.2016. . Trabalho de


Conclusão de Curso de Engenharia Mecânica - Centro Universitário UNIVATES, Centro de
Ciências Exatas e Tecnológicas Curso de Engenharia Mecânica, 2016.

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