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Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo – IFSP

Câmpus São Paulo

Luany Sacutti
Marina Teixeira
Miguel Norton
Nicole Saito
Rilary Rodrigues

APLICAÇÃO DE PONTE ROLANTE UNIVIGA DO


GRUPO LEVE

Projetos de Máquinas e Dispositivos Mecânicos

São Paulo
2023
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RESUMO

Pontes rolantes são um dos equipamentos mais utilizados no setor de movimentação de cargas por
serem extremamente versáteis. As primeiras pontes rolantes surgiram em 1860 e, desde então, elas
são utilizadas na realização de elevação e movimentação de cargas de diferentes dimensões,
massas e fragilidades. Existem diversos tipos de pontes rolantes e cada uma possui uma
capacitação diferente, se adequando ao transporte de diferentes cargas e ambientes industriais.
Elas têm se tornado um equipamento cada vez mais procurado no mercado, geralmente com
capacidades entre 3 e 400 toneladas e compostas pelos seguintes componentes estruturais
principais: viga principal, cabeceiras, caminho de rolamento, carro trole e rodas.
Este trabalho tem por objetivo expor os diferentes tipos de pontes rolantes, destacando as pontes
rolantes univiga do grupo leve, ou seja, com capacidade de 3 a 15 toneladas. E, a partir disso,
estabelecer os cálculos necessários para que a velocidade a ser utilizada no transporte seja
compatível com a máquina e o elemento a ser movimentado, para que a ação aconteça com
segurança e a peça e a máquina não sofram nenhum dano no processo. Para finalizar, serão
apresentadas as características e especificações, assim como desenhos e imagens do equipamento
levado em consideração nos cálculos do projeto.

Palavras-chave: Pontes rolantes; Movimentação de cargas; Velocidade.

1 INTRODUÇÃO
A movimentação de cargas é um setor muito grande e importante no meio industrial. Ele se
faz necessário para toda a logística interna de empresas, sendo utilizado para a organização de
estoque, inventário e separação de pedidos, de forma a garantir eficiência, segurança e qualidade de
produtos e processos em uma empresa.
Dentro desse setor há uma enorme variedade de equipamentos, como: empilhadeiras,
guindastes, transpaletes, esteiras transportadoras, elevadores de carga e, claro, pontes rolantes.
Além dessa variedade existente, dentro de cada tipo de equipamento há mais especificações a serem
analisadas na hora de serem consideradas para um trabalho, como a capacidade máxima e material
de que é feito. Dessa forma, a escolha do equipamento a ser utilizado para aplicação em uma
empresa depende do tipo de indústria, o processo a ser feito e carga a ser considerada.
Um dos equipamentos mais úteis e versáteis é a ponte rolante que, por possuir a capacidade
de elevar e movimentar cargas de dimensões, massa e fragilidade diversas, se tornou um
equipamento indispensável no transporte de cargas. Existem diferentes tipos de pontes rolantes e
cada uma possui uma finalidade específica. Assim, elas podem ser utilizadas em portos, para
carregamento ou descarregamento de navios, e em indústrias e armazéns, movimentando materiais
para atender à necessidade logística de algum processo, sendo encontradas em diversos segmentos
do setor industrial, como: metalúrgico, siderúrgico, químico e mecânico.
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A ponte rolante surgiu a partir do conceito dos guindastes e foi em 1860 que dois ingleses,
Bolton e Wright, instalaram o primeiro equipamento do tipo para transporte de granéis. Desde então
as pontes rolantes foram evoluindo e inovando tecnologicamente até se tornar o que é hoje: “um
sistema eletromecânico constituído de um carro que se desloca sobre vigas, ao longo do edifício, o
qual possui um mecanismo de elevação e descida de carga (SOARES 2012).” As pontes rolantes
têm se tornado um equipamento cada vez mais procurado no mercado, geralmente com capacidades
entre 3 e 400 toneladas e compostas pelos seguintes componentes estruturais principais: viga
principal, cabeceiras, caminho de rolamento, carro trole e rodas.

1.1 OBJETIVO
Expor os diferentes tipos de ponte rolante dando enfoque para as pontes rolantes univigas do
grupo leve (pontes rolantes de 3 a 15 toneladas) e estabelecer os cálculos necessários para que a
velocidade a ser utilizada seja compatível com a máquina e o elemento a ser movimentado, de
forma que o transporte aconteça com segurança e não haja nenhum dano à peça e à máquina no
processo.
Inicialmente serão abordadas as características, especificações, aplicações e componentes
das pontes rolantes em geral, e em seguida será realizado um detalhamento, com o memorial de
cálculo e exemplos mais específicos de pontes rolantes univigas do grupo leve, tudo isso tendo em
mente a NR 11, referente à operação de pontes rolantes, e a ABNT NBR (8400, 1984), que dão
sustentação ao projeto para que o equipamento tenha segurança e eficiência. E, em um terceiro
momento, haverá a apresentação de imagens e desenhos de pontes rolantes e suas estruturas.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste segmento será abordado o conceito e importância da movimentação de cargas, os
diferentes aspectos que as pontes rolantes podem ter, sua funcionalidade e os componentes gerais
que constituem as pontes rolantes.

2.1 MOVIMENTAÇÃO DE CARGA


Passos (2011) afirma que a técnica de movimentação de cargas compreende as operações de
elevação, transporte e descarga de objetos manualmente ou utilizando sistemas mecânicos. Dentro
dos sistemas de movimentação de cargas estão incluídos os equipamentos e dispositivos que elevam
e movimentam cargas cujas massas estão compreendidas pelos limites de suas capacidades
nominais. É evidente que a eficiência na movimentação de carga tem relação direta com a
especificação técnica, adequada a cada uso particular, dependendo de vários fatores, como: a carga
a ser movimentada deve ter suas características definidas, local de movimentação definido,
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velocidade ideal para movimentação da carga e o recurso a ser utilizado. Levando em consideração
que em todo tipo de indústria, tanto no transporte interno como no externo, essa operação dependerá
dos recursos disponíveis, sendo que o transporte externo é relativo ao fornecimento de materiais e o
transporte interno é relativo à toda a logística interna do local, ou seja, movimentação dos materiais
dentro do próprio ambiente.

2.2 TIPOS DE PONTES ROLANTES


As pontes rolantes são equipamentos utilizados na elevação e movimentação de cargas que
dificilmente poderiam ser movidas de forma manual. E, por serem capazes de transportar cargas de
variadas dimensões e massas, existem também variados modelos de pontes rolantes.
Assim, seguindo o princípio de que para cada tipo de aplicação existe um equipamento
ideal, as pontes rolantes podem ser caracterizadas como ponte rolante apoiada e ponte rolante
suspensa, sendo distinguidas entre univiga ou biviga, dependendo do local, do tipo de aplicação e
do que será carregado.

2.2.1 Ponte rolante apoiada


Essas pontes percorrem o topo da(s) viga(s) e normalmente possuem travamento horizontal
que impede o balanço lateral. A viga da ponte se desloca por cima dos trilhos do caminho de
rolamento que são sustentados pelas colunas ou vigas do prédio. Este tipo de ponte pode chegar até
30m e é facilmente adaptada ao local de instalação, oferecendo maior agilidade e praticidade em
processos.
Figura 1 - Ponte rolante biviga apoiada

FONTE: Ponte Rolante Apoiada - Support Service

2.2.2 Ponte rolante suspensa


A viga principal desse tipo de ponte rolante se desloca por baixo do caminho de rolamento,
pela aba da viga do caminho. Pontes rolantes suspensas podem ser univigas ou bivigas e são feitas
de materiais metálicos que ficam suspensos na aba inferior da viga e que se deslocam
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horizontalmente ao longo dos trilhos. Esse equipamento é mais comumente utilizado em ambientes
fechados, como ambientes industriais e de construção civil, para movimentar cargas pesadas e
volumosas. Com o caminho de rolamento fixado no teto do edifício esse modelo de ponte permite
um melhor aproveitamento da altura física, aproveitando assim ao máximo o comprimento
disponível do edifício na qual a ponte rolante é instalada.
Figura 2 - Ponte rolante biviga suspensa

FONTE: Ponte rolante suspensa - GH Cranes & Components

2.2.3 Ponte rolante biviga


As pontes rolantes bivigas possuem a duplicidade de vigas que permitem o carregamento e
movimentação de cargas pesadas e também oferecem maior estabilidade em comparação com os
modelos de pontes univiga, sendo mais utilizadas em indústrias siderúrgicas, estaleiros e armazéns.
Além dos movimentos horizontais, ela também faz os movimentos verticais, se tornando um
equipamento considerado mais flexível no mercado.
Figura 3 - Ponte rolante biviga apoiada

FONTE: Ponte rolante dupla viga ZPKE | Demagcranes

2.2.4 Ponte rolante univiga


A ponte rolante univiga é constituída por duas cabeceiras, uma única viga, que vai suportar
um ou dois carros trolley que sustentam a(s) talha (s). O carro trolley corre na aba inferior da viga e,
dependendo da capacidade do vão, as vigas principais podem ser constituídas de viga tipo “I”
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laminada ou viga tipo “caixão” soldada. Geralmente esse tipo de ponte é aplicado para capacidade
de cargas que podem chegar até 15 toneladas, se encaixando no grupo leve.
Figura 4 - Ponte rolante univiga apoiada

FONTE: Fabricante de pontes rolantes de viga única na China | guindaste Dafang

2.3 COMPONENTES
As pontes rolantes são compostas por vários componentes e cada um deles desempenha uma função
específica. Segue abaixo os principais componentes da máquina, acompanhado da Figura 5
representando a disposição desses componentes:
● Viga principal: É a estrutura principal da ponte, onde se realiza o movimento de translação
do carro, percorrendo todo o vão de trabalho. Na Figura 5 é representada pelos itens “A” e
“D”.
● Cabeceiras: As cabeceiras (item “B” da Figura 5) estão localizadas nas extremidades da
ponte, onde a viga principal está fixada. Nas cabeceiras estão as rodas e o sistema de
acionamento para realizar o movimento de translação da ponte rolante. As rodas se movem
sobre os trilhos que compõem o caminho de rolamento da ponte.
● Caminho de rolamento: Caminho de rolamento (item “C” da Figura 5) é a base por onde a
ponte ou o pórtico irá se movimentar. É através do caminho de rolamento que as cabeceiras
se deslocam. Esse caminho possui diversas formas construtivas, podendo ser fabricado de
vigas, conforme pode ser visualizado no detalhe “E” da Figura 5, ou concreto e trilho. Em
pontes rolantes esse caminho fica apoiado nos pilares.
● Carro: Também chamado de Carro Trolley (item “F” da Figura 5). Este componente se
movimenta sobre a viga principal ou vigas, no caso de uma ponte rolante biviga. O carro é
responsável pelo movimento transversal e vertical da ponte rolante.
● Talha: Este dispositivo é acoplado ao carro da ponte rolante sendo responsável por elevar a
carga (item “G” da Figura 5). É constituído basicamente por uma estrutura de fixação, um
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motor elétrico com sistema de freio, um tambor para recolher o cabo de aço e o cabo de aço.
Usualmente utiliza-se um gancho na extremidade do cabo de aço para facilitar a fixação da
carga.
● Rodas: As rodas de uma ponte rolante são fabricadas geralmente em aço doce e com o
formato do trilho que irão se deslocar. Possuem uma aba lateral que impede a ponte rolante
de sair do caminho de rolamento.
● Freios: É um equipamento de proteção que tem como função paralisar o andamento da
ponte rolante.

Figura 5 - Ponte rolante univiga e seus componentes

FONTE: Dimensionamento da viga principal de uma ponte rolante - CORE Reader (2016, página 23)

2.4 NORMAS E REGULAMENTAÇÕES BRASILEIRAS


Para a realização desse projeto, levou-se em consideração os princípios da NR 11 e da
ABNT NBR 8400. Essas se referem à operação e cálculos de pontes rolantes para que haja
sustentação no projeto e, assim, o equipamento tenha segurança e eficiência ao executar suas
atividades.

2.4.1 NR 11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais


A NR 11 é uma Norma Regulamentadora que, ao estabelecer critérios técnicos, visa manter
a segurança de operários de máquinas em execução de atividades de transporte, movimentação,
armazenagem e manuseio de materiais, como dito no Anexo I da NR-11: “Este Regulamento
Técnico define princípios fundamentais e medidas de proteção para preservar a saúde e a
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integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e
doenças do trabalho no comércio e na indústria de beneficiamento, transformação, movimentação,
manuseio e armazenamento de chapas rochas ornamentais, sem prejuízo da observância do disposto
nas demais Normas Regulamentadoras - NR aprovadas pela Portaria n.º 3.214, de 8 de junho de
1978, nas normas técnicas vigentes e, na ausência ou omissão destas, nas normas internacionais
aplicáveis.” (Portaria MTPS)
Os principais aspectos levados em consideração dessa norma são;
11.1 Normas de segurança para operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e
máquinas transportadoras.
11.1.3 Os equipamentos utilizados na movimentação de materiais, tais como ascensores, elevadores
de carga, guindastes, monta-carga, pontes-rolantes, talhas, empilhadeiras, guinchos,
esteiras-rolantes, transportadores de diferentes tipos, serão calculados e construídos de maneira que
ofereçam as necessárias garantias de resistência e segurança e conservados em perfeitas condições
de trabalho.

2.4.2 ABNT NBR 8400 – Cálculo de equipamento para levantamento e movimentação


de cargas
A NBR 8400:1984 fixa as diretrizes básicas para o cálculo das partes estruturais e
componentes mecânicos dos equipamentos de levantamento e movimentação de cargas,
independendo do grau de complexidade ou do tipo de serviço do equipamento, ao determinar:
solicitações e combinações de solicitações a serem consideradas; condições de resistência dos
diversos componentes do equipamento em relação às solicitações consideradas e condições de
estabilidade a serem observadas. Por essa razão, essa norma é considerada a base para o projeto de
pontes rolantes e talhas elétricas. “De acordo com a referida norma, os mecanismos e equipamentos
de uma máquina de elevação e transporte são classificados em diferentes grupos conforme
condições de uso (LUZ, 2014).” Os fatores levados em conta para a escolha do grupo de trabalho
são:

● Classe de funcionamento: tempo médio estimado em horas de funcionamento diário do


equipamento e duração total de utilização em um ano.
● Estado de solicitação: proporção em que um mecanismo é submetido à sua capacidade
máxima ou somente às capacidades reduzidas.
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3 IMAGENS 3D

FONTE: GrabCAD

FONTE: OHC-3T-8M | 3D CAD Model Library | GrabCAD


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4 ESTRUTURA ANALÍTICA DO PROJETO

FONTE: Autoria própria | Xmind

5 CRONOGRAMA DO PROJETO

FONTE: Autoria própria | OpenProject


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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o desenvolvimento desse projeto viu-se que para que o transporte de um material
seja seguro e eficiente e a vida dos operadores não fique em risco é preciso estabelecer uma
velocidade de elevação e movimentação da carga ideal, levando-se em consideração o material, a
dimensão e a massa da carga. Além disso, o próprio equipamento em uso precisa ser compatível
com o processo a ser feito e a determinada carga a ser movimentada para que seja capaz de realizar
o transporte.

REFERÊNCIAS

SORDI, Giovani. Dimensionamento da Viga Principal de uma Ponte Rolante. Lajeado, 2006.

PASSOS, Lucas da Costa dos. Pontes rolantes, guindastes giratórios e acessórios de


movimentação de cargas. Brasil. 2011.

RUDENKO, N. Máquinas de elevação e transporte. Tradução de João Plaza. Rio de Janeiro:


Livros Técnicos e Científicos, Editora S.A. 1976.

SAMPAIO, Renan. Dimensionamento da Viga Principal e Cabeceiras de uma Ponte Rolante.


Xanxerê, 2022.

BRITO, André; COSTA, João; NASCIMENTO, Leonardo; LEMOS, Lucas. Projeto: Ponte
Rolante Univiga. Minas Gerais, 2017

NR 11 – TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE


MATERIAIS. GOV.br, 2023. Disponível em:
https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselhos-
e-orgaos-colegiados/ctpp/arquivos/normas-regulamentadoras/nr-11.pdf. Acesso em: 20 de junho de
2023.

da Luz, S. R.; Aperfeiçoamento do disco de fricção utilizado em um sistema de freio de uma


talha elétrica. Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2014. 28 p.

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