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Andaimes: CONSTRUÇÕES PROVISÓRIAS E CONTRUÇÕES

PERMANENTES.

Tainã Luiz Prodorutti¹


Resumo:

Os andaimes são estruturas metálicas utilizadas para o auxílio das obras


da construção civil, quando se necessita vencer uma determinada altura,
partindo do solo ou de uma outra superfície que possa receber sua carga, ou
ainda sendo içado, podendo ser usados interno e externamente. Cada empresa
tem sua forma de montagem, mas tratando-se de uma estrutura deve seguir
uma norma para melhor utilização e segurança para o usuário, neste caso o
trabalhador. O foco do trabalho se dará para andaimes mais convencionais
com sistemas de tubo e suas diferentes tecnologias para montagens
analisando-os fora dos usos convencionais como engenharia de suporte, mas
também arquitetonicamente e utilizado não somente pelas grandes
construtoras e obras maiores, mas principalmente por pequenas obras onde a
negligencia da NR18 item 15 se dá com maior habitualidade.

Palavras-chave: Andaime. NR18. Segurança. Obras.

¹Estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universade Lasalle.


taina.prodorutti@gmail.com
1 INTRODUÇÃO

O foco do trabalho se dará em dois tipos de andaimes mais comuns,


trazendo suas especificações técnicas e os colocando também dentro da NR18
e a segurança envolvida nos mesmos. Sabendo de como é importante para a
segurança.
De 2010 ah 2014 houve um grande aumento na construção civil com a
melhora da economia, isso implica em mais obras mais profissionais no
canteiro, maior ritmo de produção, enfim uma aceleração de processo e um
número maior de pessoas nem sempre qualificadas a estarem atuando. Com
esse crescimento aumentou a vulnerabilidade da construção civil e isso se
comprova pelos dados fornecidos pelo Anuário Estatístico de Acidentes do
Trabalho (AEAT).
Os andaimes, considerados como “construções auxiliares provisórias de
acordo com a norma DIN 4220²” (RAMOS FILHO, 2012, p.23) estão presentes
em quase que cem por cento das obras e representam significativa causa de
acidentes, sabendo que uma das principais causas de acidentes de trabalho na
construção civil passa por andaimes, “as estatísticas evidenciam uma elevada
percentagem de vítimas mortais de acidentes de trabalho ocorridos na
montagem, utilização, manutenção, transformação e desmontagem destes
equipamentos” (ZONTA et al, 2012, p.70).
Baseado em fatos como estes e presenciando negligencias, buscou-se a
realização deste artigo para evidenciar as aplicações da NR18 e trazer
soluções inovadoras e interessantes para os tipos mais comuns de andaimes:
fachadeiros e torres moduladas.
Demonstrar demais usos alternativos para essas soluções, usos esses
diferentes dos que estão evidenciados no nosso dia-a-dia, usos arquitetônicos
e não somente em um canteiro de obras.

2
²DIN 4220 é a norma alemã para segurança de andaimes.

3
2 CONTEXTO HISTORICO DE ANDAIMES.
Não se tem uma grande biblioteca para pesquisas sobre andaimes, a
maioria das informações a se conseguir são artigos e catálogos empresariais,
mas os primeiros registros egípcios mostram a utilização de andaimes para
pinturas e esculturas (conforme figura 1).

Figura 1 – Andaime de trabalho de um escultor, 1.450 a.C.


Fonte: (RAMOS FILHO 2012).

Figura 2.1- Hipótese da utilização de andaimes de madeira pelos egípcios.


Fonte: http://www.structuremag.org/wp-content/uploads/SF-
EgyptPyramid-Apr141.pdf

Não há referência histórica sobre o material utilizado na época da figura


1, mas sabendo da utilização de materiais da época presume-se que se usava
madeira. Historicamente na china há relatos do uso de andaimes de bambu
(figura 2), não se sabe a data, mas a relatos de passagem de tradição de
geração ah séculos. Leves e suportam bastante peso eram amarrados por
cordas.

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Figura 2 – Andaime de bambu utilizado atualmente.
Fonte: Andaimes Sorocaba (2013).
Passando para sua modernização com o uso histórico do ferro no sec.
XIX a Europa e principalmente a França começaram a fabricar treliças
metálicas que mais tarde viraram os tubos metálico mais leves que se usa até
hoje. Passou por uma escassez de material assim como tudo durante a
segunda guerra e vem em uma evolução tecnológica e normativa.

Figura 3 – Andaime de quadro – Patente 1936


Fonte: https://patents.google.com/patent/US2043498A

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3 ANDAIMES.

Segundo a DIN 4220 andaimes são construções auxiliares provisórias, já


segundo a NBR 6494 1990 andaimes são plataformas necessárias à execução
de trabalhos em lugares elevados, onde não possam ser executados em
condições de segurança a partir do piso. São utilizados em serviços de
construção, reforma, demolição, pintura, limpeza e manutenção.

É uma estrutura para apoio de trabalho que pode ser monta e


desmontada facilmente sem a ajuda de maquinários e que possa ser facilmente
transportada e estável, além do principal: que seja segura para uso, ou seja,
“proteger as pessoas de acidentes e de queda de objetos cumprindo as duas
funções simultaneamente” (RAMOS FILHO, 2012, p.23). No canteiro de obras
o andaime é um equipamento de proteção coletiva (EPC) pois como o nome já
sugere é um equipamento para a proteção de todos, não somente do usuário,
mas do seu entorno.

3.1 COMPONENTES DO ANDAIME.

Segundo RAMOS FILHO os elementos chave para a montagem de um


andaime são: Postes, Travessas e Longarinas, sem eles é impossível a
montagem de um andaime.
Postes: Tubos verticais que transferem a carga para o solo.
Travessas: Tubos horizontais na menor dimensão e definem a largura
da estrutura. Geralmente o piso fica apoiado neles.
Longarinas: Tubos horizontais na maior direção do vão e definem o
comprimento da estrutura (ainda são adicionados tubos nas diagonais para
garantir o travamento).
Segundo RAMOS FILHO os andaimes são compostos por outras
diversas peças separadas da seguinte forma:
Sapata fixa: base de apoio para transmitir a carga dos postes dos
andaimes em uma área maior;
Sapata ajustável: base de apoio ou sustentação a qual possui
dispositivo para ajuste vertical;

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Poste: elemento que deve estar em posição vertical ou inclinada
destinado a transmitir diretamente uma carga sobre uma superfície de apoio;
Longarina: membro que une dois postes no sentido da maior dimensão
da base do andaime;
Travessa: membro que une dois postes no sentido da menor dimensão
da base do andaime;
Nó: ponto teórico onde dois ou mais membros são conectados juntos.
Pode ser nó simples, nó duplo e nó de contraventamento. O acoplamento de
dois tubos com uma braçadeira giratória não constitui um nó, mas uma rótula;
Diagonal vertical: montagem de componente que proporciona
contraventamento no plano vertical. Pode ser transversal ou longitudinal;
Diagonal horizontal: montagem de componente que proporciona
contraventamento no plano horizontal;
Treliça: pode substituir a travessa ou longarina para viabilizar vãos e
cargas maiores;
Plataforma: uma ou mais unidades de piso em um nível dentro do
andaime;
Guarda-corpo: conjunto de componentes, incluindo o rodapé, formando
uma barreira para proteger pessoas do risco de quedas e para reter materiais;
Montante: elemento vertical que não transmite diretamente uma carga
sobre uma superfície de apoio;
Console: elemento que permite alargar o andaime para dentro ou para
fora;
Ancoragem: dispositivo para instalar ou prender a estrutura através de
um tirante ou cabo de aço, fixando-a em outro elemento existente no local,
garantindo a estabilidade necessária.

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Figura 4 – Partes de um andaime.
Fonte: (RAMOS FILHO, 2012).
Segundo RAMOS FILHO é indicado que todos os andaimes sejam feitos
de aço por diversos motivos como, durabilidade, reutilização transporte
montagem e troca de peças facilmente quando há desgaste. A madeira pode
ser usada para plataforma e o alumínio de alta resistência também pode ser
usado como material estrutural, mas seu valor ainda é bastante elevado
comparado ao do aço.

Existem duas NBR’s bem importantes a serem citadas além da NR 18


item 15 que fala da segurança no trabalho temos a NBR 6494 para segurança
nos andaimes e a NBR 8261 para a fabricação de tubos de aços, estes que
são usados para as montagens dos andaimes.

3.2 TIPOLOGIAS DOS ANDAIMES.

A ênfase desse artigo se dará no tipo mais comum de andaimes que é o


fachadeiro e seus modelos mais próximos, mas existem vários tipos de
andaimes diferenciando-se entre si por inúmeras características especificas
como e principalmente a utilidade e finalidade cada um é usado. A sequência
se dará pela separação conforme a NR 18.

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3.2.1 ANDAIMES SIMPLESMENTE APOIADOS

Andaimes simplesmente apoiados são “Andaimes cuja estrutura trabalha


simplesmente apoiada, podendo ser fixos ou deslocáveis horizontalmente.”
(NBR 6494, 1990). Podem ser metálicos ou de madeira estes só podem ser
usados a alturas até 3 pavimentos. Tanto metálicos como os de madeira são
obrigatórios que sejam contraventados, ancorados ou estaiados para evitar
qualquer que seja a oscilação.
Segundo SAMPAIO para o andaime móvel que utiliza de rodas para
movimentação o rodizio deve resistir uma vez e meia o peso do andaime com
as sobrecargas, ter diâmetro mínimo de 13cm e terem travas individuais que só
podem ser destravadas quando não estivem em uso e para deslocamento.
A NBR também descreve os locais de utilização desse tipo de andaimes
sobre rodizio ela os delimita a ambientes com superfície plana e que não
afundem, além de colocar que a altura não pode ultrapassar quatro vezes a
menor dimensão da base e que esteja um conjunto equilibrado.

Figura 5 – Detalhe para rodizio com travamento.


Fonte: http://verticalservices.com.br/
Sampaio separa esses andaimes em duas tipologias por características,
são os andaimes leves ou pesados.

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“Os leves são aqueles apoiados sobre cavaletes muito utilizados por
carpinteiros, pintores etc., que não depositam cargas pesadas sobre a
plataforma de trabalho” (SAMPAIO, 1998, p.217). A NR 18 restringe eles a uso
de alturas de no máximo 2m e largura para trabalho de 90cm. Nesses casos
que geralmente são mais comuns serem feitos sem o acompanhamento de um
profissional responsável tem que se cuidar alguns detalhes como a distância
entre os cavaletes, o nivelamento de piso e o excesso de carga no piso sobre
os cavaletes.

Figura 6 – Andaime leve sobre cavale de madeira.


Fonte: Mercado Livre.

3.2.2 ANDAIMES FACHADEIROS.


Os andaimes fachadeiros são aqueles constituídos de quadros
vertical e horizontal, placa de base, travessa diagonal, guarda-corpo,
tela e escada. Permitem o acesso de pessoas e materiais à obra,
sendo muito utilizados em serviços de manutenção de fachadas e de
construção, quando não é possível o acesso pela parte interna da
obra (SAMPAIO, 1998, p.230).

Na NBR não há nada especificando o material para utilização deste tipo


de andaime, mas por questão de segurança, durabilidade, transporte,
montagem e desmontagem o melhor material a ser usado para andaimes é o
aço tubular. Pois para esse material já ah estudos e empresas especializadas
para a execução e pode agilizar ambos além de trazer a informação de cargas

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máximas a serem utilizadas nas estruturas. Sendo estas cargas de materiais
pessoas e da própria estrutura, quando se tem a utilização de materiais junto
as pessoas na plataforma de trabalho devem ter uma distribuição uniforme do
material e não obstruir a circulação das pessoas.
Cada fabricante tem sua tecnologia de montagem e fixação dos tubos e
dos andaimes em geral, esta etapa de sistemas de montagem de andaimes
será abordada em seguida, mas salienta-se o processo básico de segurança
para quem utiliza o andaime que é a utilização de cinturão tipo paraquedista,
luva e capacete.

Figura 7 – Cinto paraquedista.


Fonte: Guia prático para cálculo de linha de vida e restrição para a
indústria da construção.
3.2.3 ANDAIMES EM BALANÇO.

Os andaimes em balanço “são plataformas de trabalho apoiadas em


vigas em balanço que transmitem sua carga à estrutura da edificação”
(SAMPAIO, 1998, p.238). Já a NBR 6494 os descreve como estruturas que se
projetam para fora da construção com balanço máximo de 1,80m distante da
prumada. Geralmente só é utilizada caso não se possa utilizar andaimes que
não se podem apoiar no solo ou em alguma superfície segura. Obrigatório o
uso do cinto paraquedista.

3.2.4 ANDAIMES SUSPENSOS.

Andaimes suspensos são estruturas sempre formadas por material


metálico e presas “por meio de cabos de aço, movimentando-se no sentido
vertical com auxílio de guinchos” (NBR 6494/1990), com largura mínima de
65cm e comprimento máximo de 8m. Estão divididos em duas tipologias:

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Andaimes suspensos mecânicos pesados e Andaimes suspensos
mecânicos leves. Os leves se dividem ainda em: Manuais e Elétricos.
Estes andaimes são muito utilizados para limpezas e manutenções em
fachadas de edifícios, mas também são muito utilizados em construções devido
ao grande crescimento nas alturas das edificações, como ele está mais alto do
solo uma queda é muito mais prejudicial e até fatal por isso a fiscalização e
manutenção devem ser constantes.
Segundo a NR 18 é proibido a interligação para a circulação, a
colocação de materiais somente para uso imediato, ou seja, nada além do que
se vai usar e não ultrapassando o limite de peso e ainda placa de identificação
de carga máxima em local visível.

Figura 8 – Andaime suspenso mecânico leve manual.


Fonte: http://www.alugandaimes.com.br
Segundo a NBR 6494 os cabos de sustentação para os andaimes
suspensos devem ser cabos de aço com carga de ruptura igual a no mínimo 5
vezes a carga utilizada pelos andaimes, os cabos devem ser de alma de fibra.
Para andaimes leves o diâmetro deve ser de no mínimo 7,95mm e carga
mínima de ruptura de 34,8Kn e para andaimes pesados cabos de diâmetro de
no mínimo 9,5mm e carga de ruptura 49,8Kn. É recomendado que todos os
cabos sejam inspecionados antes da montagem para que não haja oxidação ou
qualquer outra deformação, dobras e esmagamentos.
Na fixação, todos os laços devem ser providos de sapatilhas
adequadas ao diâmetro do cabo, e presos com grampos ou soquetes

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chumbadores. Na utilização com grampos, deve ser considerada
redução de 20% na carga admissível do cabo. Os grampos devem
ser do tipo Crosby, pesados, e de acordo com a Figura. A quantidade
de grampos e o seu espaçamento devem ser de acordo com as
tabelas dos fabricantes, devendo ser usados pelo menos três
grampos em cada fixação. (NBR 6494, 1990)

Figura 9 – Aplicação correta de grampos.


Fonte: (NBR 6494, 1990)

3.2.5 ANDAIMES SUSPENSOS MECANICOS PESADOS

Segundo a NR-18 o andaime suspenso mecânico pesado é composto


por um sistema de guinchos mecânicos e travessas de aço, cuja estrutura é
capaz de suportar carga de trabalho máximo igual a 400Kgf/m².

Figura 10 – Andaime suspenso pesado.


Fonte: José Carlos Arruda (1998)

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3.2.6 ANDAIMES SUSPENSOS MECANICOS LEVES

Segundo o item 15.46 da NR-18 o andaime suspenso mecânico leve é


suportado por vigas em balanço ou ganchos com dimensões adequadas ao fim
a que se destinam, fixados de modo a não provocar esforços horizontais, cuja
estrutura é capaz de suportar carga de trabalho no máximo igual a 300kgf/m².
Estas estruturas são utilizadas normalmente em “pequenos serviços de
reparos, pintura e manutenção” (SAMPAIO, 1998, p.242) e podem ser elétricos
e também manuais.
“Os andaimes suspensos mecânicos leves manuais são compostos por
vigas metálicas de sustentação, cabos de aço e estrutura de plataforma de
trabalho” (ZONTA et al, 2012, p.72), conforme ilustra a figura 11 – Andaime
suspenso mecânico leve manual, com velocidade de 1,5 metros por minuto,
movimentando-se no sentido vertical e detém plataforma modulável e de
largura adaptada ao local da obra, já que “sua montagem, desmontagem e
transporte são fáceis” (ZONTA et al, 2012, p.72).

Figura 11 – Andaime suspenso leve.


Fonte: Consultor Henrique (2012)

5 ANDAIMES COMO ARQUITETURA.


Acreditando-se que em uma questão de demanda, tempo e custos para
devidas aplicações esses novos sistemas de andaimes podem ser melhor
utilizados além de única e exclusivamente para auxiliar a construção.
Pensando nisso Robert Kronenburg traz a arquitetura flexível que se
desenvolve em 4 características básicas: ADAPTAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO,
MOBILIDADE e INTERAÇÃO.

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Conceito de adaptação inclui edifícicações projetadas para se ajustar
a diferentes funções, usuários e mudanças climáticas. É uma
arquitetura de suporte que premite ajustes, também chamado de
"open building”. O conceito de transformação inclui construções que
alteram a sua geometria, espaço ou a aparência pela modificação
física de sua estrutura, fechamentos ou superfícies internas. É uma
arquitetura que se abre e fecha, pode se expandir ou se contrair. O
conceito de mobilidade inclui edifícios que se deslocam de um local
para outro para melhor cumprir suas funções. É uma arquitetura
sobre rodas ou até mesmo flutuate. E por fim, o conceito de
interação inclui edifícios que respondem aos requisitos do usuário de
forma automática ou intuitiva. É a arquitetura que usa sensores para
iniciar mudanças na aparência e ambiente ou operação que são
habilitadas por sistemas cinéticos e materiais inteligentes
(KRONENBURG, 2007).
A partir disto começa-se a desenvolver a estrutura de andaimes para
uso na arquitetura sendo ela como apoio arquitetônico temporário ou até
mesmo definitivo. Desta forma será listado brevemente obras que se compõe
da estrutura de andaimes temporárias e permanentes.

5.1 ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS TEMPORÁRIAS.

Primeiramente ilustrada de forma mais simples uma estrutura temporária


do “Pump up the blue house”, de 2007 esta estrutura de andaimes é muito
simples e se assemelha ao de algumas obras, mas tem como finalidade algo
diferente.
O propósito desse projeto foi trazer de volta os andaimes para
exterior da casa, localizada em um novo distrito urbano de
Amsterdam, com o intuito de aumentar as dimensões do espaço
durante um período temporário. Com a inserção do andaime, além da
estrutura refletir o processo contínuo de construção que o próprio
bairro se encontrava, praticamente dobrava a área útil do edifício,
criando os espaços extras necessários para atender a demanda
imediata de abrigar um centro de eventos no local, com shows,
reuniões, exposições e performances durante seis meses. Ao final
desse período, toda estrutura pode ser desmontada, devolvendo o
aspecto original da edificação (Paul O’Neill 2009).

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Tem que se pensar que além das normas destinadas aos andaimes
deve se seguir as demais normas arquitetônicas, mas paras estes casos de
estruturas que serão retiradas com o tempo pode se utilizar disso para usar
espaços que a arquitetura permanente não possa chegar, e dar uma nova cara
a edificação para que depois retorne e se tenha no antigo algo novo de novo.

Figura 12 – Pump up the blue house.


Fonte: http://www.jeanneworks.net (2007)
Seguindo a linha de estruturas temporárias temos o “Pavilhão
Humanidade” (figura 13) uma enorme estrutura erguida para o RIO+20, uma
estrutura que para o local e para a proposta necessitava que fosse temporária,
além de ser um encontro de desenvolvimento sustentável. Tem-se uma escala
e rapidez de projeto muito grande e ocupa um local onde não poderia ter uma
estrutura permanente. Implantado à beira-mar, a edificação ficaria exposta à
elevadas cargas de ventos da região, que podem chegar até 120 km/ h, fator
decisivo para a escolha do partido, que permite o vento fluir naturalmente por
meio de uma grelha metálica permeável feita com 500 toneladas de andaimes,
capaz de abrigar caixas suspensas (SERAPIÃO E SEGRE, 2012).
Segundo a arquiteta devido a escala monumental foram necessárias que
empresas de outros estados fornecessem material para que a obra fosse
concluída. As medidas são: 170m de comprimento, 40m de largura, 20m de
altura.

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Figura 13 – Pavilhão Humanidade.
Fonte: Revista Monolito/2012 - ed. nº 11: Jovens arquitetos (2012)

Figura 14 – Pavilhão Humanidade – Detalhes e Construção.


Fonte: Revista Monolito/2012 - ed. nº 11: Jovens arquitetos (2012)

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5.2 ESTRUTURAS ARQUITETÔNICAS PERMANENTES.

Estas são edificações construídas para ficarem de forma permanente,


mas utilizando o sistema de andaimes por diversos motivos, tais quais,
economia, leveza, por ser rustico, prático e rápido. A “Pousada Baubrasil:
Studio Andaime” (figura 15) é um exemplo disso.
Está localizada em Minas Gerais na cidade de Tiradentes, são varias
edificações de diferentes métodos construtivos e um dos métodos é a estrutura
de andaime. O proprietário informou que foram gastos apenas 4 semanas e
uma equipe de 4 trabalhadores. A casa tem aproximadamente 65m² mais 15m²
de varanda sendo sua estrutura totalmente feita por andaimes.

Figura 15 – Pousada Baubrasil –Edificação permanente.


Fonte: Universidade de Minas Gerais (2017)
A cobertura e o piso foram estruturadas com vigas perfil “i” de madeira
por serem leves. A fundação foi resolvida utilizando estacas de eucalipto sem o
uso de concreto, a cobertura possui duas águas com uma calha central
sustentadas pela viga “i” de madeira. Essa construção é permanente, mas
totalmente desmontável, inclusive a fundação.

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Figura 15 – Pousada Baubrasil –Edificação permanente.
Fonte: Universidade de Minas Gerais (2017)

Figura 16 – Pousada Baubrasil –Edificação permanente.


Fonte: Universidade de Minas Gerais (2017)
Para finalizar tem-se um grande exemplo de arquitetura de andaimes, o
“Re:Build” um grande exemplo por se tratam de um empreendimento
humanitário para abrigar e trazer conforto para pessoas desabrigadas
principalmente por motivos de guerra. Localizado na Jordânia, começou com
escolas e pode ser usado também como habitação, área de saúde ou outro
espaço de necessidade.
Trata-se de um sistema de andaimes, leve, pratico, rápido para ser
montado e desmontado, além de não usar energia elétrica e nem água e ser

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totalmente sustentável e com utilização de mão de obra local para melhor
integração com a população local.

Figura 17 – Re:Building – Jordânia.


Fonte: http://www.archdaily.com/770749
O andaime utilizado foi do tipo multidirecional roseta, são salas de um
pavimento com 2,63 m de altura e módulos de 3 x 3 m.

Figura 17 – Re:Building – Jordânia.


Fonte: http://www.archdaily.com/770749
Segundo o site archdaily com a estrutura de andaime configurada, é
iniciado os fechamentos laterais fazendo uma espécie de sanduíche de telas
metálicas com recheio de cascalho, areia ou terra. Com esse preenchimento
forma-se uma parede maciça que incorpora a estrutura, criando um conjunto
rígido de alto desempenho termo acústico. O travamento horizontal é realizado
posteriormente com a instalação da laje de cobertura, feita com plataformas de
piso metálicos de encaixe e um recobrimento vegetal. Internamente, os pisos

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são construídos a partir dos próprios pallets utilizados durante o transporte e
armazenamento do material.

Figura 18 – Re:Building – Jordânia.


Fonte: http://www.archdaily.com/770749

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6 CONCLUSÃO.
A pesquisa sobre o assunto foi um desafio partindo do principio que o
assunto não há uma grande literatura a respeito, tratando tanto tecnicamente
como partindo para o lado arquitetônico.
A base se da a partir das normas e de artigos e pesquisas feitas de suas
aplicações técnica e arquitetura, conseguindo demonstrar os diversos tipos de
andaimes onde melhores se aplicam, onde são mais usuais, suas
determinadas peças e aplicações diferentes das comuns, as aplicações
arquitetônicas.
Os projetos arquitetônicos com aplicações de andaimes são apenas uma
pequena amostra de dezenas de projetos pesquisado na última década com
esse uso da tecnologia de andaimes apresentada, isso mostra a crescente
pesquisa não só em andaimes como estruturas auxiliares na construção, mas
como construção.
A pesquisa dos materiais, das técnicas, das tecnologias e dos usos para
esse tipo de estrutura demonstra um crescente na área que ajuda no lado de
segurança para o trabalho, e seguranças ao entorno e as construções
temporárias ou permanentes, mas ainda se demonstra uma área que precisa
de um desenvolvimento maior, como pesquisa e apresentação de resultados.
O maior ganho se tem com a descoberta dessa tecnologia como material
leve e com flexibilidade de transporte e montagem, agilizando a obra e quando
utilizado como tecnologia construtiva e não somente um subproduto da
construção civil.
Foram aqui apresentados os diferentes tipos de andaimes, algumas de
suas aplicações arquitetônicas, mas fica o intuito de mais pesquisar sobre
novas tecnologias aplicadas em diferentes tipologias, sistemas diversos e esse
amplo espaço que cresce para usar a estrutura como construção e deixa-la
mais bem aproveitada.

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7 REFERÊNCIAS.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120:


Cargas para o cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro. 1980.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6494:


Segurança nos andaimes. Rio de Janeiro. 1990.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-18 - Condições e Meio


Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Disponivel em:
<www.mte.gov.br>. Acesso em: abr. 2019.

LOZILLA, M. J. Associação Brasileira dos Locadores de Equipamentos e Bens


Móveis. Rental News, 2015. Disponivel em: <https://goo.gl/TR6Fz9>.
Acesso em: junho. 2019.

RAMOS FILHO, J. D. M. Andaimes - Tecnologia europeia.


Florianópolis: Insular, 2012.

RAMOS FILHO, J. D. M. Normas Técnicas - Requisitos para Andaimes


Fachadeiros - 1ª parte. 3+ Inteligência em Andaimes, 2015a. Disponivel em:
<https://goo.gl/JjIo9C>. Acesso em: abr. 2019.

RAMOS FILHO, J. D. M. Razões da superioridade dos andaimes


tubulares. 3+ Inteligência em Andaimes, 2015b. Disponivel em:
<https://goo.gl/mEVN0K>. Acesso em: abr. 2019.

RAMOS FILHO, J. D. M. Andaimes: orientações gerais. 3+ Inteligência


em Andaimes, 2016. Disponivel em: <https://goo.gl/frX2dZ>. Acesso em: abr.
2019.

RAMOS FILHO, José de Miranda. Andaimes: tecnologia europeia. 1.


ed. Florianópolis: Insular, 2012.

ZONTA, Tiago et al. Trabalho em andaime: mecânico ou elétrico,


equipamento deve garantir a integridade do trabalhador. Revista Proteção,
Novo Hamburgo (RS), v.25, n.247, p. 68 – 76, julho. 2009.

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