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Segurança dos Andaimes e seus Acessórios

Introdução
Dos meios de suporte á construção civil desde sempre mais utilizados na execução
de trabalhos em altura com intervenção do homem, são os chamados “Andaimes”.

A arquitectura antiga, baseada, na construção de casas de pequena altura permitia,


não dar grande atenção à segurança na construção dos andaimes, geralmente,
construídos em madeira e de uma forma mais ou menos improvisada.

A evolução mais ou menos rápida da arquitectura no sentido da construção de


prédios de grande altura, não foi ao mesmo tempo acompanhada pela evolução
técnica da construção e montagem de andaimes, daí também que uma das causas
mais frequentes dos acidentes mortais, eram (e ainda são), as quedas em altura.

Actualmente, apesar de ser ainda frequente a construção e utilização dos andaimes


tradicionais de madeira, estes têm vindo a cair em desuso, estando a ser
substituídos por andaimes metálicos ou outros, oferecendo melhores condições de
segurança para os trabalhadores, tanto na sua montagem como utilização, e
simultaneamente aumentam o rendimento de trabalho.

Apesar da evolução técnica que os andaimes têm vindo a conhecer, os acidentes


mortais por queda em altura, continuam a ocorrer (felizmente a nível mais reduzido),
levando os técnicos e as entidades responsáveis a desenvolver esforços no sentido
da Formação Profissional dos trabalhadores, tanto sobre os que executam a
montagem dos andaimes como os que os utilizam.

Um andaime é essencialmente uma estrutura, com uma ou mais plataformas, que


permitem o acesso de pessoas para a realização de trabalhos acima do nível do
solo.

Estas estruturas são utilizadas geralmente, temporariamente, apesar de algumas


terem o tempo total de duração de uma obra (designando-se estes de semi-
permanentes).

Os andaimes podem ser constituídos no seu todo com materiais metálicos, com
materiais de madeira e ainda com partes metálicas e outras de madeira,
designando-se respectivamente de:

 Andaimes de madeira
 Andaimes metálicos
 Andaimes mistos

Seja qual for o tipo, todos devem respeitar as seguintes condições:


 Segurança
 Facilidade e rapidez na montagem e desmontagem
 Leveza (importante no transporte)
 Possibilidade de reutilização e adaptação a obras com características diferentes.

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Módulo 8 – Segurança dos Andaimes e seus Acessórios
1 – Classificação dos andaimes de acordo com a sua função
As tentativas de classificação de andaimes, divergem muito de autor para autor, no
entanto parece razoável dividi-los em dois grandes grupos:

 Andaimes de Construção
 Andaimes de Conservação

Andaimes de Construção
Quando que se destinam a possibilitar a construção de uma obra.

Andaimes de Conservação
Quando se destinam apenas a obras de conservação.

Por outro lado, estes dois tipos também podem ser destinguidos pela forma como se
relacionam com o ser humano, podendo ser:

Andaimes de Serviço
Quando se destinam a satisfazer as necessidades de circulação e trabalho do
pessoal.

Andaimes de Segurança
Quando se destinam a impedir ou minorar os efeitos das quedas de trabalhadores
ou de materiais de construção e ferramentas.

Estes andaimes podem ser concebidos para proteger o trabalhador, o público, ou


ambos.

Ainda será de considerar o local onde se encontram instalados os andaimes,


podendo ser Interiores e Exteriores.

Estas classificações referem-se aos tipos de andaimes mais frequentes, contudo há


casos especiais que têm pouca expressão dentro daquelas classificações:

Andaimes de Torre
Formados por uma estrutura muito estreita, destinados ao acesso de lugares muito
elevados (como é o exemplo de construção de chaminés), tendo como principal
problema a estabilidade.

Andaimes de carga ou sustentação


Destinam-se a suportar o próprio peso da obra. São estruturas que servem de apoio
à cofragem, que depois da betonagem, suportam o peso e o impulso das peças
betonadas, cuja concepção se afasta bastante dos outros tipos de andaimes.

Para cada uma destas funções, as características diferem, daí a enumeração de


algumas considerações sobre essas diferenças:

 Do tipo de trabalho a realizar nas plataformas, das cargas a suportar, dos pontos
de fixação possíveis, dependem as dimensões e a estrutura base do andaime.

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 Trabalhos ligeiros (pinturas, acabamentos, por exemplo) permitem a montagem
de andaimes aligeirados, com plataformas mais estreitas, de modo a reduzir o
mais possível o número de pontos de amarração à estrutura do edifício, esta, já
pronta.
 O assento de paredes, no entanto, obriga à construção de andaimes capazes de
em segurança, suportarem cargas elevadas nas plataformas.
 Estas cargas podem ser estáticas (tijolos para construção, compressores ou
máquinas de apoio, por exemplo) ou dinâmicas (nomeadamente as resultantes
da movimentação de pessoal e de cargas sobre plataformas).
 Cada tipo de andaime é um caso especial. É fundamental que a sua concepção,
montagem, utilização e fiscalização sejam feitas por pessoas competentes,
responsáveis e conhecedoras das técnicas de cálculo adequadas.

Desenho, Concepção, Montagem e Modificações


O desenho, a concepção, a montagem e modificações de andaimes são
operações que pressupõem conhecimentos especializados e devem por isso ser
efectuadas por pessoal habilitado nessa matéria, dirigida por técnico responsável
(Eng.º), que deverá ter em conta vários factores, tais como:

 A avaliação das cargas a suportar por cada plataforma, montante ou apoio,


de modo a permitir escolher o tipo de material mais adequado e o método
de ligação de elementos mais seguros.

 A resistência do solo, resultante da sua constituição e/ou da possível presença


de água, é fundamental para o cálculo das sapatas de apoio, do número de
montantes que permite uma distribuição equilibrada de cargas no solo e do tipo
de amarrações a executar.
 A previsão de armazenamentos temporários de material pesado sobre as
plataformas, condiciona o espaçamento entre montantes, a espessura das
tábuas que constituem as plataformas e os reforços de rigidez a introduzir.
 Um desenho correcto de um andaime não pode deixar de ter em conta os efeitos
previsíveis do vento, da chuva ou em certos casos, da neve.
 Na montagem do andaime haverá que prestar particular atenção ao sistema de
ancoragem. Em tal domínio, importa realizar uma distribuição dos pontos de
ancoragem de acordo com as instruções do fabricante.

Em todo o caso, a primeira ancoragem deverá ser realizada a uma altura que não
exceda o limite de 6 vezes a menor distância entre prumos.

Por outro lado, a ancoragem deve ser feita de elementos resistentes, de preferência
betão, com solicitação à zona da armadura. Verificando-se a utilização de redes de
ráfia, deverão ser reforçadas as ancoragens, tendo em conta as solicitações
acidentais provocadas pelos ventos.

 Para a obtenção da adequada estabilidade do andaime, deverá ainda, ser


realizado o contraventamento frontal e lateral (manutenção da geometria),
aspecto que adquire maior acuidade nos andaimes que não dispõem deste
elemento integrado na sua estrutura.

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 Todas as regras assumem uma dimensão, ainda de maior rigor, se estivermos
em presença de andaimes de grande altura (mais de 25 metros), caso em que se
deverá realizar o respectivo cálculo, acompanhado de um plano de montagem.

 Cálculo das plataformas, da estrutura tubular e das ligações.

 As pranchas e tábuas que constituem as plataformas devem ser calculadas


isoladamente. De facto, uma carga localizada – o peso de um homem, por
exemplo – pode exercer-se apenas sobre uma prancha e não ser distribuído
pelas várias tábuas que compõem a plataforma (a não ser que estejam
solidarizadas por um processo eficaz de ligação).
 A resistência dos elementos tubulares e das braçadeiras de ligação é
nomeadamente, fornecida, em ábacos ou tabelas, pelo fabricante destes
materiais.

 Desenho dos acessos às diversas plataformas.

 As escadas e/ou rampas de ligação entre os diversos níveis do andaime ou dos


pisos devem ser de modo a permitir um trânsito seguro, tendo em conta a sua
utilização normal – pessoas e cargas ou apenas pessoas – pelo que devem
possuir corrimão e guarda-cabeças, admitir o cruzamento seguro de utentes e,
sempre que necessário, ser eficazmente iluminadas.
 As escadas verticais devem ser sempre protegidas por guarda-corpos
envolventes que evitem as quedas.
 Devem ter patamares ao nível de cada plataforma, permitindo assim a existência
de lugares seguros para descanso.
 Aliás, é de evitar, sempre que possível, a utilização de escadas deste tipo, em
particular em estruturas altas.
 As escadas em diagonal e plataformas e patamares de descanso entre cada
lanço, são menos perigosas que as escadas verticais. No entanto ocupam mais
espaço, o que pode constituir um inconveniente em locais atravancados ou de
difícil acesso.

 Espaço disponível para os postos de trabalho.

 As operações que se efectuam em cada um dos postos de trabalho, sobre um


andaime, exigem a presença no local, para além do(s) trabalhador(es), de
ferramentas, máquinas, material diverso e de energia.
 A previsão de espaço para cada um deles, deve ter em atenção a segurança e a
comodidade do operador, considerando a tarefa propriamente dita que realiza, as
deslocações necessárias e a movimentação de materiais e de equipamentos.

 As protecções necessárias, de modo a garantir adequadas condições de


trabalho.

 Os principais riscos presentes nos trabalhos em altura, com a utilização de


andaimes podem dividir-se em três grandes grupos:
 Queda de pessoas
 Queda de objectos
 Choque ou contacto com estruturas, máquinas ou instalações

 Queda de pessoas (ao mesmo nível ou a diferentes níveis)


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As quedas em altura são, talvez, as principais causas dos acidentes graves, que se
verificam no trabalho em andaimes.

Para reduzir a probabilidade de tropeções e escorregadelas, as tábuas que


constituem as plataformas devem ser lisas e sem falhas, estar bem ajustadas e
niveladas, secas e isentas de gorduras e óleos e livres de acumulações de
materiais, peças ou ferramentas. Para reduzir a frequência das quedas em altura, há
que garantir a montagem de guarda-corpos entre 0,9 m e 1,1 m de altura
(preferencialmente dois, um a cerca de 1 m e outro a 0,5 m) e de um rodapé, ao
longo de todas as plataformas, nas escadas e nas aberturas de acesso. A utilização
de redes constitui uma medida complementar adequada e, por vezes, indispensável.

 Queda de objectos
A energia cinética com que um objecto que ao cair de um andaime alto chega ao
solo é apreciável e daí, a gravidade das lesões que pode provocar, sem falar dos
eventuais danos ao património. A montagem de rodapés em todas as plataformas,
rampas e escadas permite minimizar a frequência destas ocorrências. Mas, em
qualquer caso, a medida de prevenção mais eficaz é a arrumação: ferramentas ou
materiais espalhados nos andaimes são factores de risco importantes.

 Choque ou contacto com estruturas, máquinas ou instalações.


Por vezes, o atravancamento nas plataformas, patamares ou acessos é tal que a
probabilidade de choque se torna apreciável. Mais uma vez, a arrumação e a
organização do trabalho possuam um papel fundamental na prevenção de
acidentes. Mas, não é apenas, o perigo de choque físico.

Num andaime, realizam-se operações que necessitam de energia (cortes,


soldaduras, por exemplo), nomeadamente, energia eléctrica, cabos, máquinas
eléctricas e outros equipamentos constituem, sempre, um risco de electrocussão,
em particular se não estiverem em boas condições de manutenção e/ou se ou locais
de utilização forem húmidos (o que acontece com frequência nos estaleiros e em
trabalhos ao ar livre).

Antes de falarmos da nomenclatura geral dos andaimes, convém referir o


Regulamento de Segurança no Trabalho da Construção Civil, resultante do
Decreto-Lei n.º 41821 de 11 de Agosto de 1958, de onde se extrai do capitulo I –
Andaimes.

Disposições Gerais
É obrigatório o emprego de andaimes nas obras de construção civil em que os
operários tenham de trabalhar a mais de 4 metros do solo, ou de qualquer
superfície continua que ofereça as necessárias condições de segurança.

 Os andaimes serão de madeira, metálicos ou mistos.


 Sempre que possível dever-se-á estabelecer ligações eficientes do andaime à
construção, não sendo permitida a sua fixação à cofragem.

Havendo impossibilidade de ligação eficaz, é indispensável a existência de duas


filas de prumos com afastamento que assegure estabilidade numa posição
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independente, mesmo considerando a acção de forças exteriores, tais como o
vento ou embates acidentais no andaime.
 A construção, desmontagem ou modificação de andaimes serão executados por
operários habilitados para o efeito, dirigidos por técnico responsável. Antes da
montagem todas as peças serão inspeccionadas elemento por elemento.
 Depois de fortes temporais ou de interrupções de uso (por mais de oito dias), o
andaime será inspeccionado pelo técnico responsável antes da sua reutilização.
 Os andaimes serão montados de modo a resistirem a uma carga igual ao triplo
do peso dos operários e materiais a suportar.
 Os prumos serão travados junto ao solo, e se o declive exceder 30%, ficarão
enterrados à profundidade mínima de 0,20 m.
 Não é permitida a utilização dos andaimes, durante os temporais que
comprometam a estabilidade do andaime ou a segurança do pessoal.

Andaimes de Madeira
Disposições gerais
As madeiras a utilizar nos andaimes devem estar completamente descascadas e em
bom estado de conservação, ter arestas vivas e fibras direitas e paralelas ao eixo de
cada peça.

A pintura e o seu tratamento não poderão encobrir possíveis defeitos da mesma.

Não é permitido o uso de madeiras com nós que possam diminuir a resistência
mecânica das peças.

A união dos elementos que compõem o andaime só pode ser feita por parafusos de
ferro com anilhas e porcas (de preferência galvanizados).

Poderão todavia ser pregados os guarda-costas, guarda-cabeças e tábuas de pé.

As tábuas de pé serão, pelo menos, em número de quatro nos andaimes de


construção e de duas nos andaimes de conservação.

Em andaimes de construção o afastamento máximo dos prumos será de 2 metros,


em andaimes de conservação esse valor pode aumentar para 2,5 metros.

É obrigatório a aplicação de guarda-costas que serão pregados solidamente a 0,90


metros da plataforma, constituída pelas tábuas de pé do andaime; assim como a
aplicação de guarda-cabeças; para impedir a queda de materiais e ferramentas.

Estes são pregados de forma idêntica à dos guarda-costas junto à face da


plataforma de trabalho, protegendo uma altura de 0,15 metros.

2 – Nomenclatura Geral dos Andaimes

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O regulamento em vigor fixa as seguintes medidas mínimas das peças para
andaimes de madeira com uma altura até 25 metros.

Andaimes
Designação das peças Para construção Para conservação
Em centímetros
Prumos 16 X 8 10 X 8
Travessanhos 16 X 8 -
Tábuas de Travessanho 16 X 4 -
Polés - 16 X 2,5
Tábuas de pé 18 X 4 18 X 4
Travessas ou diagonais 18 X 2,5 16 X 2,5
Guarda-costas 14 X 2,5 14 X 2,5
Guarda-cabeças 14 X 2,5 14 X 2,5
Empalmes 16 X 4 10 X 4

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As figuras seguintes são exemplos de andaimes de madeira para construção fig.1 e
conservação fig.2.

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Fig. 1 – Andaime Para Construção

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Fig. 2 – Andaime para Conservação

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Elementos dos andaimes
 Prumos
 Travessanhos
 Poleias ou polés
 Guarda-costas
 Guarda-cabeças
 Travessas diagonais
 Tábuas de pé

Prumos
Elementos verticais destinados a suportar os esforços transmitidos pelas outras
peças do andaime e descarregá-los no solo.

Travessanhos
São elementos horizontais encarregues de travar os prumos na direcção
perpendicular ao plano do andaime ligando-os à parede ou a outra fiada de prumos.
Também servem de apoio às tábuas de pé.

Poleias ou polés
Conjunto de dois elementos em forma de esquadro que se ligam aos prumos e
servem tal como os travessanhos para assegurar o travamento em plano
perpendicular ao plano do andaime e servem também para o apoio de tábua de pé.

Guarda-costas
Elementos horizontais dispostos paralelamente às tábuas de pé e situadas a 0,90
metros acima delas, cuja principal função é proteger o trabalhador de queda do
andaime, mas que também serve para assegurar o travamento longitudinal do
andaime.

Devem ser solidamente ligados aos prumos à altura normal de um anteparo.

A legislação em vigor obriga a que exista apenas um elemento a 0,9 metros das
tábuas de pé, mas, é reconhecida que esta protecção é insuficiente, devendo existir
uma outra a 0,45 metros, oferecendo assim uma maior segurança aos
trabalhadores.

Guarda-cabeças
Elementos horizontais dispostos ao longo das tábuas de pé que se destinam a
impedir a queda de objectos colocados sobre as tábuas de pé.

O guarda-cabeças, para alem de impedir a queda de materiais ao nível das tábuas


de pé servem também como “travão” ao pé do trabalhador. O seu nome vem do
facto de protegerem a cabeça dos trabalhadores que estiverem nos níveis inferiores.

Segundo a legislação em vigor devem ter como dimensões mínimas, 0,14 x 0,025
metros e devem ficar apoiadas (ou pregadas) na tábua de pé exterior.

Travessas diagonais
Fazem o principal travamento entre prumos dispondo-se em cruz.

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Tábuas de pé
Servem de plano de circulação aos trabalhadores e por vezes apoio a ferramentas e
algum material de construção (costumam ser de madeira).

São elementos cuja segurança deve ser vigiada com muita atenção. A legislação em
vigor exige que tenham uma espessura mínima de 0,04 metros e um mínimo 0,18
metros de largura.

Devem ser assentes a partir dos prumos e bem encostados a eles, bem unidas entre
si até cerca de 0,20 metros da parede do edifício (máximo permitido pela legislação
é 0,45 metros).

O número de tábuas de pé (mínimo) é de 4 para cada corredor dos andaimes para


construção e duas (2) para os andaimes de conservação. Podem no entanto,
permitir-se menos que quatro tábuas se for reconhecida vantagem técnica que o
justifique.

No sentido longitudinal as tábuas não devem ser sobrepostas a não ser nos
empalmes a realizar sobre os travessanhos, em que a sobreposição deve ser pelos
menos 0,35 metros, como mostra a figura 3.

Figura 3 – sobreposição das tábuas de pé.

Os acidentes que ocorrem com maior frequência nas tábuas de pé, são devidos a:

 Permitir a queda de materiais pesados sobre pessoas


 Consentir que os trabalhadores corram sobre as tábuas (o coeficiente dinâmico
ultrapassa 3 vezes mais que o peso do operário)
 Consentir uma concentração excessiva de trabalhadores numa zona restrita de
tábuas de pé.
3 – Andaimes Metálicos
Os andaimes metálicos são os mais vulgares e quase os únicos a serem empregues
nos centros urbanos desenvolvidos.

Em geral, a sua construção, montagem e desmontagem são exclusivo de firmas


especializadas que assumem igualmente a responsabilidade da obra que executam.

A versatilidade destes sistemas está nas peças de união, susceptíveis de realizar


todas as ligações, quaisquer que sejam as posições dos tubos e os ângulos
formados pelos mesmos.

Existem no mercado vários sistemas patenteados, sendo os princípios base


bastante idênticos.
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É frequente, a montagem e desmontagem destas estruturas serem executadas por
firmas da especialidade, utilizando pessoal especializado, no entanto, convirá
divulgar algumas normas gerais sobre este tipo de estruturas.

Um principio fundamental a respeitar é que nunca se deve associar elementos de


patentes diferentes num mesmo andaime.

Na realidade peças que às vezes parecem ter uma adaptação perfeita, quando
submetidas a esforços, mostram, que não foram concebidas para trabalhar em
associação, e quando chegam a mostrar, fazem-no regra geral, sob a forma de
ACIDENTE.

A introdução deste tipo de estruturas metálicas, no mercado, vieram criar bastantes


vantagens, sendo de salientar:
 Adaptação a todo o tipo de obras;
 A resistência a esforços elevados sem problemas de flexão ou rotura;
 Serem de montagem e desmontagem fácil e rápida;
 Serem leves;
 Necessitarem de pouca mão de obra;
 Terem longa duração;
 Serem ainda agradáveis à vista.

Todas as peças que compõem um andaime metálico devem ser periodicamente


inspeccionadas e não devem ser utilizadas para fins diferentes daqueles que foram
concebidos.

Vejamos, quais as principais peças empregues na construção de andaimes


metálicos:

Tubos
 Os tubos são em geral de aço temperado e recozido sendo o diâmetro mais
utilizado 1 ½”, com um peso de 4Kg a 5 Kg/ml.

Estes tubos responsáveis por formar os Prumos, Travessanhos, Polés, Diagonais


e Guarda-costas, são munidos com ligações apropriadas a cada caso.

De empalme – Para ligações topo a topo

ABRAÇADEIRAS ortogonais ou fixas – Para ligações a 90º

Giratórias – Para ligações de tubos com qualquer


ângulo

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Figura 4 – alguns tipos de ligações de tubos

 As peças onde a estrutura se apoia e que transmite as cargas ao solo chamam-


se Bases e podem em geral ser Fixas e Orientáveis, no caso da superfície de
apoio não ser ortogonal à direcção das acções.

 No que se refere à base de apoio, deve-se ter sempre em atenção o estudo da


resistência do solo à pressão, a utilização dos materiais para bases de apoio com
resistência adequada, a adequação da superfície e espessura da base à acção
do andaime e à reacção do terreno, etc.

Nos andaimes de pés fixos nunca se deve improvisar qualquer tipo de apoio
para os pés do andaime.

Existem ainda outros acessórios, normalmente, empregues em estruturas tubulares


como por exemplo:

 MACACO DE LIGAÇÃO – serve para nivelar a estrutura


 FORQUILHA DE COFRAGEM – serve para receber as vigas de cofragem que
ficam assim solidárias como o andaime.
 RODAS ORIENTÁVEIS – para estruturas móveis.

Nos andaimes metálicos as tábuas de pé e guarda-cabeças são em geral de


madeira, devendo respeitar tudo o que foi dito para andaimes de madeira. Porém, a
legislação em vigor exige que as tábuas de pé sejam aparafusadas à estrutura.

O contraventamento dos andaimes metálicos é essencialmente assegurado por


travessanhos, guarda-costas e diagonais. Nos andaimes de fachada deve prever-se
uma ligação entre o andaime e a parede por cada 30 ou 40 m2 de fachada.

Os acidentes mais frequentes em andaimes metálicos são, os mesmos que já


referimos para os andaimes de madeira. Existe ainda um risco suplementar, que diz
respeito à electrização que embora não chegue a provocar acidentes graves, causa
incómodos no trabalho. Há pois, que ter este pormenor em atenção sempre que se
utilizem andaimes metálicos nas imediações de correntes eléctricas, deficiência do
isolamento dos cabos, das ferramentas eléctricas, etc.

Outras causas de acidentes que devem ser eliminadas ou minimizadas quando da


selecção e montagem do andaime, são nomeadamente:

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 Derrubamento ou desmoronamento do andaime – Causado por insuficiência
do número de travessas e diagonais de contraventamento; ausência de
amarrações à construção ou sua ineficácia; abatimento das bases de apoio;
sobrecargas excessivas; materiais em mau estado e ainda, choque causal de
veículos ou máquinas.
 Rotura da plataforma – Causado por sobrecargas, fraca resistência de
plataforma ou dos seus suportes, falta da travessa de apoio intermédia ou
materiais deficientes.
 Queda de materiais – Provocado pela queda de um elemento estrutural do
andaime; rotura de uma plataforma ou ausência de rodapés e ainda por derrube
ou desmoronamento de um andaime.
 Perdas de equilíbrio de trabalho – Causados por falta de utilização do EPI(s)
contra quedas, durante a montagem ou desmontagem; falta de meios de acesso;
ausência das guardas de protecção de segurança; plataforma mal dimensionada,
permitindo um espaço livre excessivo entre a plataforma e a construção.

Os andaimes metálicos podem ser de dois tipos, designados respectivamente, por;


andaimes de pés fixos e andaimes de pés móveis. Podendo ambos serem
constituídos por tubos e uniões ou por elementos prefabricados.

3.1 – Andaimes de Pés Fixos


Nomenclatura geral dos andaimes de pés fixos
Os elementos estruturais que constituem um andaime, (mais propriamente os
andaimes metálicos de pés fixos) na generalidade identificam-se da seguinte forma:

Amarração – dispositivo rígido que permite ligar o andaime à ancoragem;

Diagonal – elemento disposto obliquamente, segundo diversos planos de andaimes,


destinados a assegurar o contraventamento;

Escora – dispositivo de ancoragem, composto por um tubo e uma rosca, cujo


funcionamento bloqueia o vão;

Guarda-corpos – elemento de protecção para impedir a queda desde a plataforma,


podendo eventualmente participar na estabilidade da estrutura;

Longarina – travessa disposta longitudinalmente à estrutura;

Travessa – elemento horizontal de um andaime colocado entre os montantes e os


prumos;

Montante – elemento vertical de um andaime;

Nó – ponto onde concorrem pelo menos dois tubos;

Plataforma – superfície de circulação e de trabalho realizado em madeira, metal ou


outro material;
As plataformas (tábuas de pé) podem ser metálicas e fazer parte integrante do
conjunto, ou então, serem constituídos por tábuas de madeira, devendo ambas as
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soluções serem eficazes e obedecer a um conjunto de características dimensionais
e de resistência.

Rodapé – elemento de protecção com 0,15 m de altura, fixo à plataforma e


destinado a impedir, em particular, a queda de materiais e ferramentas;

Prumo – montante transmissor de cargas aos apoios;

União – peça metálica utilizada para ligar os tubos, entre os vãos;

Escora regulável – escora associada a um dispositivo de regulação em altura, que


pode ter um macaco com rosca ou uma ligação telescópica, constituída por tubos
imobilizados através de uma cavilha;

Vão – parte compreendida entre 2 filas consecutivas de prumos ou de montantes


(um vão pode ser de largura fixa ou variável, através de longarinas e guarda-corpos
deslizantes em corrediças);

Travessa – cruzeta disposta no sentido perpendicular da longarina.

A figura n.º5 representa os elementos estruturais de um andaime metálico de pés


fixos.

Fig. 5 – Andaime metálico

3.2 – Andaimes de Pés Móveis


Os andaimes de pés móveis são assim designados por possuírem dispositivos que
possibilitam o deslocamento, e podem ser constituídos estruturalmente como os de
pés fixos, isto é; por tubos e uniões ou por elementos pré-fabricados ou também por
elementos pré-fabricados em tubos de aço ou liga de alumínio, especialmente
concebidos para esse efeito.

As principais causas de acidentes nestes andaimes, para além das já referidas nos
andaimes de pés fixos, são devidas a:

 Derrubamento ou desmoronamento provocado pelo deslocamento sobre piso


irregular;
 Rotura de suporte de uma roda e ausência de estabilizadores;
 Perdas de equilíbrio de trabalhadores provocados por deslocamento imprevisto
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do andaime ou por ausência de calçamento.

Para utilização deste tipo de andaimes deve ser dada preferência aos pré-
fabricados, e são válidas as considerações efectuadas para os pés fixos, quanto à
característica dos elementos estruturais, plataformas e classes correspondentes.

Ao fabricante deve ser ainda exigida nota técnica com informação relativa a
ensaios realizados, altura máxima, carga total de utilização do andaime,
capacidade carga máxima de cada roda. Guia de utilização dos estabilizadores
e suportes, meios de acesso aos diversos níveis de condições de utilização
sob a acção do vento.

Antes da instalação, é necessário também assegurar que o solo seja


suficientemente resistente, tendo em conta os esforços a transmitir por intermédio
das rodas, bem como ser plano, horizontal (no máximo a 2% de declive) e estar
livre de qualquer obstáculo.

As regras básicas de instalação destes andaimes são; para a montagem e


desmontagem:

 As rodas devem estar imobilizadas e a desmontagem deverá ser efectuada na


ordem inversa da montagem (mantendo os estabilizadores e as escoras o maior
de tempo possível);
 As rodas devem ser solidárias ao andaime e quando estiverem em utilização
devem ser concebidas para se poderem bloquear em rotação e em orientação.
 Para facilitar os deslocamentos (tendo em conta o peso do andaime) é
aconselhável que o diâmetro das rodas não seja inferior a 150 mm, quando estes
tiverem uma altura até 6 m, sendo de 200 mm quando tiverem uma altura
superior. Quando as rodas não estiverem em utilização, os apoios em contacto
com o solo, não deverão permitir o deslocamento do andaime.
 Os estabilizadores e escoras como se apresenta na figura 6 , são elementos
específicos destes andaimes. Os estabilizadores permitem aumentar as
dimensões da base e não deverão ser equipados com rodas. As escoras
permitem aumentar a altura da estrutura e podem ser equipadas com rodas,
sendo o seu afastamento assegurado por um elemento rígido ligado à base do
andaime.

Fig. 6 – Estabilizadores e escoras

 Quanto à estabilidade destes andaimes relativamente à sua altura, dever-se-á


respeitar escrupulosamente as normas e regras indicadas pelo fabricante.
 As plataformas dos andaimes pré-fabricados, concebidos para serem rolantes,
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Módulo 8 – Segurança dos Andaimes e seus Acessórios
são também geralmente pré-fabricadas, sendo interdita a sua substituição por
pranchas devido a não ser prevista a travessa intermédia.
 O acesso ás plataformas deve ser realizado pelo interior do andaime, através de
uma abertura e escadas, verticais ou inclinadas.
 As escadas verticais, que poderão ser os elementos constituintes das faces
menores do andaime, deverão estar protegidas além de 3 m a partir do solo. Nas
inclinadas, as plataformas estão geralmente espaçadas de 2 m e a protecção
contra quedas pode ser assegurada por elementos horizontais dispostos de
maneira idêntica às verticais ou por dois elementos horizontais instalados nas
faces exteriores, como mostra a figura 7.

Fig.7- Acesso entre plataformas – Escadas Inclinadas

4 - Acesso aos Andaimes


Os acessos aos andaimes, devem ser feitos de preferência por torres exteriores ou
através dos pisos já construídos, no caso de ser possível e seguro.

No entanto, muitas vezes o acesso aos andaimes têm de ser feitos pelo interior do
próprio andaime, ou recorrendo a passadiços, pranchadas e escadas.

A legislação exige que estes elementos sejam calculados, e quando para alturas
superiores a 2,00 m devem ser providos de todos os acessórios (guarda-cabeças,
corrimãos, etc.).

Os acessos construídos na zona interior do andaime, implicam a construção de


“alçapões” com abertura para cima, nas tábuas de pé, com aro metálico em todo o
perímetro da abertura.

Estes alçapões devem ter as dimensões de mais ou menos 0,40 x 0,60 m, com
portinhola associada e ligada por dobradiças ou outro tipo de charneira, desde que
não permita a sua remoção fácil.

As portinholas devem constituir conjuntos sólidos, oferecendo as mesmas


características de resistência que a restante plataforma do andaime.

Na montagem destas plataformas com alçapões, deve tomar-se em atenção para


que as aberturas de acesso deverão estar dispostas de modo que a perpendicular
de uma, não coincida com as aberturas que lhe são adjacentes.

As escadas de mão de serviço as estes acessos verticais, devem ser solidamente


fixadas na extremidade superior e ao contrário do que é recomendado para a
utilização deste tipo de escada, nos acessos verticais entre plataformas, a parte
superior da escada não deve ultrapassar a cota do apoio a que dá acesso.
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Módulo 8 – Segurança dos Andaimes e seus Acessórios
Na montagem deste tipo de acesso vertical, deve considerar-se uma protecção
adicional de forma a proteger a parte lateral da escada, no vão que fica acima do
guarda-corpos.

A figura 8 permite visualizar este tipo de acesso aos andaimes.

Figura 8 – Acesso entre plataformas com alçapão.

Nos andaimes com acessos de alçapão, este deve estar sempre fechado desde que
não esteja a ser utilizado.

Compete ao utilizador, a obrigação de o fechar logo que possível.

Todos os utilizadores de um andaime devem conhecer as regras básicas sobre a


sua utilização, em conformidade com os limites para o qual ele foi concebido.

Passadiços (para ligações com apoios ao mesmo nível)

Os passadiços aplicados em vãos até 2,5 metros, devem ser fixados solidamente
nos extremos e a partir da altura de 2,00 metros devem possuir guarda-costas e
corrimão nos moldes e com as secções já anteriormente referidas (andaimes de
madeira).

Para os vãos até 3,00 metros, a legislação obriga a que as tábuas de pé, devem ter
as secções já referidas (0,18 x 0,04 m) e serem ligadas entre si por travessas
pregadas na face inferior.

Pranchadas (para ligações com apoios a níveis diferentes)


As pranchadas são constituídas independentemente dos andaimes.
Devem ser providas de travessas a 0,40 m na face superior para evitar o
escorregamento sendo impostas pela legislação, alguns limites.
Altura máxima – 9,00 metros
Inclinação máxima – 30%
Largura mínima – 0,60 metros
Patins (área mínima) – 1,20 x 1,25 (m2)
Escadas
Em utilização normal as escadas devem ultrapassar cerca de 1,00 m acima da
plataforma superior de acesso.

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Módulo 8 – Segurança dos Andaimes e seus Acessórios
As pernas da escada devem ter uma secção de 0,16x0,08 m e uma afastamento
mínimo de 0,60 m de eixo a eixo das pernas.

Os degraus devem possuir cobertores com uma secção mínima de 0,18x0,025 m,


serem rígidos e encastrados solidamente nos prumos, com um intervalo entre si
(eixo a eixo), nunca superior a 0.33 m.

O desnível a vencer por tramo de escadas auxiliares, é de 6 m. A ligação entre os


topos dos lanços de escadas é feito com patamares dispondo de guarda-cabeças e
guarda-corpos.

As escadas Não devem ser utilizadas para o transporte de cargas que ultrapassam
os 50 Kg.

Escadas de madeira, cargas máximas admissíveis


Relativo à utilização de cargas sobre escadas, onde não deve ultrapassar os 50 Kg,
resulta do ensaio da resistência dos patins de escada, constando de:

Colocar a escada na posição de uso normal, sobre uma base plana e horizontal e
fixada por um dos seus extremos (superior ou inferior).
Os patins devem estar livres de qualquer apoio, submetendo-se a uma carga pontual
de 200 Kg, aplicada ao seu centro durante um (1) minuto, sem velocidade inicial (ver
figura 9).

Fig. 9 – Ensaio de resistência dos patins de escape

Na sua inspecção, não deve apresentar sinais de rotura, gretas nem deformações
permanentes.

Posição correcta de encosto de uma escada de madeira


Já algumas vezes foi referida a posição de uma escada em relação à altura a
vencer, no entanto, cabe mais uma vez chamar a atenção sobre o mesmo, por
motivo de ser frequente a ocorrência de acidentes devido a procedimentos não
adequados.

a) Para o acesso a lugares elevados, a escada deve sobressair mais ou menos


1,00 m dos pontos superiores de apoio, Fig. 10.

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Fig. 10 – Posição Correcta relativa ao ponto superior

b) A distância entre os pés da escada e a vertical do seu ponto superior de apoio,


será mais ou menos ¼ da dimensão da escada até ao ponto de apoio figura 11.
Isto equivale a que o ângulo de inclinação da escada em relação à base seja +/-
75º, figura 12.

Fig.11 – Posição em relação ao solo Fig. 12 – Angulo de Inclinação

O não cumprimento deste procedimento, poderá levar à ocorrência de acidentes de


queda em altura, ou outros.

Utilização e transporte manual de escadas


O levantamento de escadas de mão de peso inferior a 30 Kg, pode ser feito apenas
por um trabalhador.

No caso da escada pesar mais que 30 Kg, e dependente do comprimento, será


aconselhável que o seu levantamento seja efectuado por dois trabalhadores.

No transporte manual de uma escada, deve ter sempre em atenção, o seu


comprimento, mudanças de direcção, passagem por portas de serviço, etc.

Transportar, sempre com a parte visível da escada (frente) inclinada para baixo.

As escadas metálicas, muito usadas actualmente, devido não só ao facto de serem


mais leves (constituídas na sua maior parte em alumínio) mas também, devido à sua
versatilidade, oferecem ao mesmo tempo, uma maior segurança para os seus
utilizadores.

Contudo, a aquisição deste tipo de escadas deve ser feita com critérios de qualidade
exigindo ao fabricante o respectivo certificado de garantia.

Algumas recomendações na utilização de escadas.


 Inspeccionar as escadas antes de as utilizar.
 Amarrar as escadas na extremidade superior e apoiar as mesmas seguramente
no solo e sem perigo de escorregarem. Incliná-las um pouco se possível.
Assegurar-se de que o espaço das travessas é suficiente para apoiar os pés e as
mãos.
 Encostar a escada a uns 0,90 metros acima do ponto que pretende alcançar.
 Lembrar-se de que as escadas de metal são boas condutoras de electricidade e
portanto não devem ser colocadas perto de fios eléctricos. Em princípio todos os
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Módulo 8 – Segurança dos Andaimes e seus Acessórios
fios devem ser considerados carregados, até se provar o contrário.
 Para trabalhos eléctricos, usar escadas de madeira ou outras isoladas
electricamente.
 Só se deve subir a uma escada, de frente para a mesma e conservando ambas
as mãos livres para subir ou descer. Utilize uma corda para fazer subir ou descer
materiais ou ferramentas.
 Não tentar debruçar-se para um lado ou para o outro da escada, para alcançar
objectos.
 Dever-se-á manter um intervalo de 2,00 m entre os operários que trabalharem na
mesma escada. Nunca sobrecarregue uma escada com muita gente.
 Nunca se deixar escorregar por uma escada.
 Nunca usar uma escada como escora ou calço, mas tão somente para os fins
para que se destina.
 Nunca usar uma escada como passarela, nem para transporte de materiais.
 Nunca colocar uma escada em frente de uma porta que abra no sentido dela, a
não ser que a porta esteja fechada à chave, bloqueada de qualquer modo ou
pelo menos bem vigiada.
 As escadas de madeira não devem ser pintadas, com excepção do verniz
transparente, para evitar que oculte possíveis defeitos.

Depois de utilizadas as escadas, dever-se-á:

 Limpar, de óleos, produtos químicos ou outras substâncias que tenham caído


sobre a escada.
 Ao encontrar-se algum defeito que possa comprometer a segurança do seu uso,
colocar imediatamente fora de serviço.
 Guardar ao abrigo do sol e da chuva, da humidade e fontes de calor.
 Não deixa-las tombadas no solo e muito menos sobre charcos de água, óleos,
etc.
 Colocá-las em suportes próprios de forma a não prejudicar o acesso de pessoas.

5 - “Outros elementos de protecção”


Há elementos de protecção que se destinam a proteger os trabalhadores ou o
público dos efeitos da queda de materiais ou objectos. Podem assumir várias formas
e podemos citar, como por exemplo, “um revestimento de fibra” ou uma “pala
protectora”.

Também há elementos de protecção que sem pertencerem aos andaimes


propriamente ditos se empregam para proteger os trabalhadores que tenham que
trabalhar próximo de vãos abertos que dão para o vazio. Estão neste caso os
parapeitos e os anteparos.

Aberturas em pavimentos

Quando se pretende proteger os trabalhadores de uma abertura no pavimento, duas


hipóteses podem ser consideradas.

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Módulo 8 – Segurança dos Andaimes e seus Acessórios
 Se a abertura puder permanecer fechada, cobri-la com um estrado calculado
para uma carga distribuída de 180 Kg/m2 ou concentrada de 90 Kg em situações
normais.
 Se for necessário manter a abertura desimpedida para transporte vertical de
materiais ou outro motivo qualquer, devem instalar-se 4 prumos com
comprimento >1,0 m nos ângulos da abertura e interliga-los com guarda-costas.
Junto ao pavimento deverá ainda existir, um elemento com funções de guarda-
cabeças.

Parapeitos ou guarda-corpos

Para proteger o topo das lajes que dão para o vazio devem instalar-se parapeitos de
madeira, metálicos ou mistos, bem como guarda-cabeças

Como se exemplifica na figura 13, os guarda-corpos rígidos (não pré-fabricados) são


constituídos por elementos horizontais, montantes (elementos verticais) e suportes
(fixação ao plano de trabalho). Cada um deles deve possuir características que
garantam a eficácia das respectivas exigências, nomeadamente as de estabilidade
do conjunto formado, de resistência e de dimensões mínimas.

Fig.13 – Guarda-Corpos rígido

Os elementos horizontais podem ser constituídos por diferentes tipos de materiais,


nomeadamente por tubos, barras ou perfis metálicos, ou por tábuas de madeira.

Os montantes dos guarda-corpos e respectivos suportes de fixação ao plano de


trabalho, são os elementos que têm a principal função de resistência, devendo
assim, serem elementos estruturais capazes de resistir a várias acções.

Os diferentes tipos de montantes são distinguidos essencialmente pelo sistema de


fixação dos seus suportes no plano de trabalho, salientando-se os seguintes:

 Montantes introduzidos em bainhas previamente colocadas na laje (figura 14), ou


eventualmente em orifícios sem bainha.

Fig. 14 – Montantes me bainhas colocadas em lajes


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 Montantes cujos suportes de fixação, ancorados na laje, são eventualmente para
utilização posterior como suportes de elementos pré-fabricados de fachada ou
das guardas definitivas (figura15)

Fig. 15 – Suportes de fixação ancorados em lajes

 Montantes com dispositivos do tipo “pinça” para fixação por aperto ao bordo da
laje (figura 16)

Fig. 16 – Dispositivos de fixação tipo pinça

Revestimentos de fibra

Quando se trata de impedir a queda de materiais dos vários planos de um andaime


de fachada, é vulgar efectuar-se o revestimento exterior desse andaime com um
tecido de fibra de trama larga.

Este tecido, é estendido ao longo da estrutura do andaime e amarrado aos tubos em


todos os pontos necessários para garantir que não se desprenda, mesmo em caso
de vento forte.

A trama do tecido tem que ser suficientemente larga para garantir o mínimo de
iluminação interior compatível com os trabalhos e não impedir a circulação de ar.

Palas protectoras

Enquanto que os guarda-costas, parapeitos, etc., procuram impedir a queda de


trabalhadores, outros dispositivos existem que se destinam a amortecer os efeitos
de uma queda, sem a impedir. Estes elementos vulgarmente chamados Palas
Protectoras, destinam-se a amortecer a queda de trabalhadores ou a proteger estes
e o público da queda de objectos.

Estes dispositivos, são normalmente, constituídos por uma estrutura obliqua em


relação à fachada do edifício, revestida com um material que se destina a
interceptar, na sua trajectória, os objectos que caem de um nível superior.

Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 24


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Esta protecção colectiva poderá ser rígida, para quedas de trabalhadores até 3,00
m, mas, para quedas de alturas superiores terá que ser flexível para desempenhar
o efeito protector pretendido (para alturas de queda 3,00<h<6,00m).

Acima de 6,00 a sua eficiência passa a não ser garantida. Assim sendo , as palas
protectoras devem ser instaladas de forma que a altura de queda não seja superior a
6,00 m. Havendo casos em que isto possa acontecer devem instalar-se mais que
uma pala protectora.

Rígidas – utilizam em geral madeira ou folhas


metálicas como revestimento
Palas protectoras
Flexíveis – utilizam em geral rede elástica

A figura seguinte representa um gráfico que leva em conta a trajectória média do


corpo humano, em situação de queda livre, para diversas alturas.

A distância a que deve estender-se a pala em relação à superfície vertical da


fachada, para a sua amplitude interceptar a trajectória da queda de um homem de
peso médio é fornecida pelo gráfico. O ângulo ideal para a pala de protecção é 50º.

Da observação do gráfico conclui-se que:

As palas rígidas – utilizáveis para as quedas até 3,00m, devem ter uma extensão
cuja projecção horizontal seja 2,15 m.

As palas flexíveis – utilizáveis para as quedas de 3,00 m a 6,00 m, devem ter as


extensões que forneçam as seguintes projecções horizontais:

Altura da queda h = 4,00 metros __________ 2,40 m (projecção horizontal)


Altura da queda h = 5,00 metros __________ 2,75 m (projecção horizontal)
Altura da queda h = 6,00 metros __________ 3,00 m (projecção horizontal)

6 - Outros tipos de Andaimes

Cavaletes
São formados por tábuas horizontais (e = 0,04 m) assentes sobre duas estruturas
em forma de cavalete.

Utilizam-se para trabalhos a pequena altura normalmente inferior a 2,25 m.

Andaimes Balançados e Plataformas Suspensas


Quando não é possível utilizar o solo como apoio de um andaime ou ainda quando o
trabalho a efectuar é a grande altura, não se verificando a montagem de uma
Curso – Coordenadores de Segurança e Saúde na Construção Civil Sessão 1 25
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estrutura a partir do solo até à altura pretendida, as soluções mais vulgarmente
utilizadas, são os andaimes balançados ou as plataformas suspensas ou bailéus.

No essencial os andaimes balançados, são constituídos por uma estrutura em


consola levantada no interior do edifício, no piso mais próximo do nível que se
pretende atingir, estrutura essa que suporta todas as peças de um andaime de que
já falamos. Como é evidente a estrutura interior terá que equilibrar as acções
exercidas na consola o que quer dizer que deverá reunir as condições de
estabilidade necessárias, para equilibrar o momento na base do balanço e resistir a
torção provocada pelas sobrecargas exteriores.

Na prática estas vigas em consola são encastradas numa estrutura formada por
vários prumos, travessanhos e diagonais que aproveitam em geral todo o pé direito
do piso, onde são construídos e equilibram o momento exterior.

Quanto às plataformas suspensas ou bailéus a legislação em vigor é cautelosa no


que respeita à sua utilização só as autorizando em “casos de reconhecida
vantagem técnica” e mediante autorização prévia por escrito dos serviços de
inspecção. Estas plataformas podem ser de pintor ou de obra, conforme são
concebidas para suportar apenas o peso de um homem ou três homens, ou
eventualmente cargas mais pesadas.

No essencial são constituídas por um conjunto de tábuas de pé, assentes numa


estrutura que as envolve por todos os lados, até a altura mínima de 0,90 m formando
o guarda-costas e não podendo os espaços livres ter dimensões que permitam a
passagem de uma pessoa.

Este conjunto é suspenso de roldanas capazes de elevá-lo ou baixá-lo consoante o


nível que se pretende realizar o trabalho.

A legislação em vigor determina ainda que a suspensão a consolas ou a quaisquer


outros pontos deve obedecer a todas as condições de segurança estando proibido
ainda o uso de contrapesos para manter as vigas de suporte na posição desejada.

As tábuas de pé são em geral de madeira mas, existem modelos em que são de


metal ou plástico devendo sempre existir guarda-cabeças em toda a periferia do
bailéu.

O comando da plataforma deve ser único para garantir uma horizontalidade


permanente e deve ser manobrado por um sistema diferencial, com manivela e
trincos de segurança nos dois sentidos que impeçam o movimento sem intervenção
do trabalhador.

Além das recomendações já referidas devem ainda considerar-se as seguintes


medidas de segurança:

 as cordas de suspensão devem ser calculadas com um coeficiente de segurança


10, pelo menos;
 os pontos de suspensão devem estar na prumada dos estribos de suspensão do
bailéu;
 para além da cota mais baixa que se pretende atingir com o bailéu, devem existir
duas voltas de cabo no tambor;
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Módulo 8 – Segurança dos Andaimes e seus Acessórios
 os pontos de suspensão das plataformas sejam construídos com o edifício e não
possam ser deslocados ou desmontados;
 todo o equipamento deve ser inspeccionado periodicamente, especialmente após
período de inactividade.

As principais causas de acidentes classificados por risco nestes sistemas, são


fundamentalmente devido a:

 Oscilação ou queda da plataforma – devido a sobrecarga estática ou dinâmica,


instabilidade do dispositivo de amarração, resistência insuficiente dos órgãos de
suspensão, de manobras ou do dispositivo de amarração, e ainda de deficiência
nos dispositivos de pára-queda.
 Rotura da plataforma – por sobrecarga estática ou dinâmica e resistência
insuficiente dos elementos que os compõem.
 Queda de pessoas – durante as operações de montagem ou desmontagem,
ausência ou ineficácia das guardas de segurança e por deslocamentos da
plataforma que por ocasião da entrada ou da saída; quer na sequência de
pressão exercida por um trabalhador sobre a ocasião.
 Queda de objectos – desde a construção ou de um aparelho de elevação sobre
a plataforma, ou a partir desta.

Andaimes de carga
Designam-se “andaimes de carga”, estruturas provisórias destinadas a suportar o
peso e os impulsos transmitidos pela própria obra, ou seja, aquilo que vulgarmente
se chama cofragem. De facto, as cofragens suportam o peso do betão em fase de
construção e o peso dos trabalhadores durante a mesma. Além dos esforços
estáticos estas estruturas têm ainda que resistir a eventuais vibrações e às acções
do vento e chuva, quando se trata de cofragens expostas aos agentes atmosféricos.

Antes de uma destas estruturas ser edificada, há que ter especial atenção às
características do solo em que vai assentar a fim de prevenir quaisquer deformações
da estrutura.

A própria concepção do andaime deverá assegurar a resistência às acções a que vai


ficar sujeito, nomeadamente as que resultam dos impulsos do betão fresco. Deverá
ser uma estrutura que não sofra deformações excessivas.
Tanto as cofragens propriamente ditas como os timbres podem ser de madeira ou
metal.

Cimbres
Designam-se de cimbres os elementos verticais de apoio de uma cofragem que
transmitem as acções desta ao solo. Devem ser travados horizontalmente e na
diagonal para impedir a flambagem das peças (flexão em elementos esbeltos
sujeitos à compressão longitudinal).

Devem ser previstos elementos de ajustamento no topo ou na base, se forem


metálicos, ou se forem de madeira devem ser ajustados com cunhas.

Moldes

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Os moldes podem ser de madeira ou metal sendo mais frequente em Portugal os
moldes de madeira por razões económicas. Os moldes metálicos para cofragens só
são rentáveis para um número de aplicações superior a 40. Existem também
soluções mistas de estrutura metálica revestida a madeira ou aglomerado.

A desmoldagem e o descimbramento constituem as fases mais perigosas na


utilização de andaimes de carga só devem ser efectuados quando o betão tiver
adquirido resistência suficiente para não haver rotura das peças desmoldadas, para
não se verificarem deformações excessivas quer a curto quer a longo prazo.

Estas operações devem ser efectuadas com cuidado, de forma a não provocarem
tensões indesejáveis, choques ou vibrações à massa betonada.

Durante uma descofragem a grande altura, os trabalhadores devem estar equipados


com protecções especiais com “cintos de segurança” ou “arneses” botas de
protecção, capacetes de protecção, etc. Em qualquer caso haverá que tomar
precauções com os movimentos necessários ao arranque das peças de madeira. É
normal a madeira inchar e ganhar uma certa aderência ao betão o que pode incitar o
trabalhador a movimentos bruscos, susceptíveis de provocar quedas.

As tábuas descofradas não devem deixar-se cair, pois, podem atingir pessoas que
se encontram em plano inferior. Devem ser empilhadas em zona afastada para não
constituírem obstáculo depois de extraídos os pregos.

É desejável que o pessoal encarregado de realizar a cofragem efectue também a


descofragem evidenciando este principio 2 vantagens:
1. o pessoal de cofragem conhece melhor todo o processo de montagem pelo que a
desmontagem estará facilitada.
2. Evita um excesso de pregação na cofragem por o pessoal saber que a
descofragem será facilitada.

Devem ainda respeitar-se os prazos de descofragem estabelecidos no R.E.B.A.

Discussão da Legislação Portuguesa sobre Andaimes


Decreto-Lei n.º. 41820 de 11 de Agosto de 1958
Decreto-Lei n.º. 41821 de 11 de Agosto de 1958 – “Regulamento de Segurança
no Trabalho da construção Civil”.

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