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Curso de Gestão da Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho - 14ª Ed.

QUESTÃO 1

1.1. DESCREVA O QUE SÃO AS “EUROCLASSES” E O QUE REPRESENTAM NA SEGURANÇA


PASSIVA CONTRA INCÊNDIOS DAS EDIFICAÇÕES

1 - MEDIDAS TÉCNICAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

Constitui responsabilidade prioritária de um estado de direito, em matéria de segurança contra


incêndio, a salvaguarda da vida e integridade física das pessoas, a protecção do ambiente e do
património histórico e cultural, bem como a protecção dos meios essenciais à continuidade de
actividades sociais relevantes.
Assim, na perspectiva do Estado, as medidas de segurança contra incêndio num edifício ou
instalação industrial visam, no mínimo, garantir os seguintes objectivos:

 Reduzir os riscos de eclosão de incêndios;


 Limitar a propagação do fogo, fumo e gases de combustão;
 Promover a evacuação rápida e segura de todos os ocupantes;
 Facilitar a intervenção dos bombeiros em segurança.

A protecção do património (bens materiais) é uma segunda prioridade sendo, normalmente, também
atingida pelo estabelecimento das medidas que visam a protecção das pessoas e do ambiente.
Para garantir o cumprimento dos objectivos referidos, adoptam-se medidas técnicas de prevenção e
segurança contra riscos de incêndio. Estas medidas, no caso de edificações urbanas e instalações
industriais, são condicionadas por um conjunto de factores como, por exemplo, o porte do edifício, o tipo
de ocupação (física e humana), a natureza e o tipo de actividade.
Para sistematizar as medidas de segurança contra incêndios urbanos e industriais, é usual agrupar os
edifícios, considerando-se edifícios de habitação, estabelecimentos que recebem público, parques de
estacionamento cobertos, estabelecimentos industriais, etc. Para cada uma das classes de ocupação
torna-se mais fácil tipificar o risco e as respectivas medidas de segurança a implementar.
Estas medidas podem classificar-se em dois grandes grupos:
Passivas – que devem estar permanentemente presentes como, por exemplo, as referentes às
disposições construtivas dos edifícios, visto que a segurança passiva está directamente associada às
soluções arquitectónicas que o edifício contempla e à construção, visando a diminuição do risco de
eclosão e, principalmente, de propagação de um incêndio. Como exemplo salienta-se a
compartimentação, a localização das vias de evacuação horizontais e verticais (saídas, corredores,
escadas e a ligação entre estes elementos), e a instalação de por exemplo palas e aberturas para

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ventilação. Todas estas questões têm que ser previamente estudadas aquando da elaboração do
projecto de arquitectura.
A protecção passiva assume um papel de relevo no âmbito geral da protecção contra incêndios de
um edifício.
O seu projecto e aplicação implicam conhecimentos adequados sobre:
 Reacção ao fogo;
 Resistência ao fogo;
 Compartimentação;
 Desenfumagem.
Activas – que se destinam a funcionar apenas em caso de incêndio como, por exemplo, as
referentes a sistemas e equipamentos de detecção e de combate a incêndios a implementar num
edifício, visando a rápida detecção da ocorrência de um incêndio, bem como o seu combate,
procurando-se a diminuição da gravidade do acidente.
Em qualquer dos casos, as medidas podem ser de natureza:
o Física – materiais e elementos de construção, meios de extinção, etc.;
o Humana – organização da segurança, plano de emergência, procedimentos de
manutenção, etc.
Na ocorrência de um incêndio num edifício, a natureza dos materiais de construção, dos
revestimentos e acabamentos presentes nesse edifício influenciam o seu comportamento ao fogo,
nomeadamente o seu início, desenvolvimento e propagação, e condicionam significativamente o tempo
disponível para se proceder à evacuação dos seus ocupantes.

2 - FASES DE DESENVOLVIMENTO DE UM INCÊNDIO

Podem destacar-se as seguintes fases de desenvolvimento de um incêndio, de modo natural, isto é,


sem intervenção com vista à sua extinção:
 Ignição;
 Produção de chama;
 Propagação/asfixia;
 Combustão generalizada (eventual);
 Combustão contínua;
 Declínio.
Após a ignição, o incêndio desenvolve-se em função da disponibilidade de combustível e comburente
(oxigénio), sendo natural o aparecimento de chamas se existir uma quantidade suficiente de oxigénio.
Trata-se da fase de produção de chama.
Se a disponibilidade de oxigénio se mantiver, isto é, se for garantido o fornecimento de ar novo ao
local onde o incêndio se desenvolve e houver condições para saída dos gases de combustão, o incêndio
desenvolve-se em função da disponibilidade de combustível.

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Verifica-se um aumento de temperatura que, aliado às condições de propagação da energia libertada,
provocará a ignição progressiva de mais combustível. Neste caso, entra-se na fase de propagação.
Se por outro lado, o incêndio se desenvolver em compartimento suficientemente estanque, que
dificulte a entrada de ar fresco e o escape dos gases de combustão, a sua propagação será dificultada.
Verifica-se uma progressiva redução da intensidade das chamas e o incêndio terá uma duração mais
elevada.
Os elementos de construção serão sujeitos a temperaturas elevadas por um tempo maior, até que se
verifique a queima total dos combustíveis existentes no compartimento.
Em certos casos, a carência de oxigénio e a sua substituição pelos gases de combustão, de entre os
quais se destaca o monóxido de carbono (CO), levam a que se entre na fase de asfixia que
teoricamente, poderá implicar a extinção do incêndio antes do consumo total de combustíveis. No
entanto, normalmente tal não se verifica pois, por motivos externos, podem ser criadas condições que
levam a uma rápida chamada de ar novo ao local do incêndio, o que apresenta riscos muito graves.
Da fase de propagação ou da de asfixia, na hipótese de ocorrer uma chamada de ar novo, pode
passar-se para a fase de combustão generalizada (flashover) que corresponde ao envolvimento, em
simultâneo, da totalidade do combustível existente num dado compartimento.
A partir desta fase, o incêndio atinge um regime estacionário, isto é, a fase de combustão contínua.
Então, o combustível disponível vai sendo consumido, com a consequente diminuição da intensidade do
incêndio (diminuição da temperatura e da produção de chamas, fumo e gases de combustão). Trata-se
da fase de declínio.
O desenvolvimento de um incêndio é um fenómeno complexo, dependente de inúmeras condições,
pelo que vários modelos têm sido desenvolvidos para caracterizar algumas das manifestações de um
incêndio em função das mais diversas variáveis em presença.
A necessidade de proceder a ensaios tendentes a classificar o comportamento ao fogo dos elementos
de construção de edifícios levou ao estabelecimento de um modelo normalizado que descreve a
evolução no tempo da temperatura de um dado compartimento, em resultado de um incêndio.
Trata-se de um modelo normalizado ISO de temperatura-tempo, destinado a caracterizar o processo
térmico a que são sujeitos os elementos de construção, com vista aos respectivos ensaios normalizados
de resistência ao fogo.

3 - PROPAGAÇÃO DE UM INCÊNDIO NUM EDIFÍCIO

A propagação de um incêndio num edifício é condicionada por diversos factores, dos quais se
destacam:
 Tipo de combustíveis envolvidos;
 Distribuição dos combustíveis;
 Disponibilidade de oxigénio;
 Intensidade da energia libertada;
 Exposição dos combustíveis face ao fogo;

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 Características do espaço (compartimentação, volumetria, etc.);
 Características da renovação de ar (ventilação);
 Condições meteorológicas.
Sendo particularmente importante a influência da arquitectura e de outros elementos do edifício na
propagação do incêndio e, em particular, do fumo e dos gases de combustão.
A propagação de um incêndio pode verificar-se quer na horizontal, quer na vertical. A propagação
vertical é mais provável é mais provável no sentido ascendente, ditada pelo efeito da convecção (efeito
de chaminé), mas situações particulares podem originar igualmente uma propagação vertical no sentido
descendente.
A propagação de um incêndio num edifício é condicionada pela compartimentação, disposição dos
espaços e características dos elementos de construção (paredes, tectos, portas, pavimentos, etc.) e,
ainda, pela relação de pressões, interior e exterior ao edifício.
O desenvolvimento do incêndio num dado compartimento implica uma elevação da pressão desse
compartimento relativamente aos espaços envolventes, devida à produção de fumo e gases de
combustão.
Assim, o fumo e esses gases têm tendência a sair do compartimento onde o incêndio teve a sua
origem através de todas as aberturas existentes na sua envolvente (portas ou janelas abertas, aberturas
de ventilação, etc.).
Se o compartimento for estanque, a pressão aumentará substancialmente, em função do
desenvolvimento do incêndio, até que uma de duas situações se verifique:
o O incêndio passa à fase de asfixia;
o A resistência dos elementos de compartimentação é vencida e o incêndio propaga-se ao
exterior do compartimento.
Este último caso pode ocorrer por quebra de vidros de janelas, em consequência da elevada pressão
no compartimento ou por quebra da resistência de outros elementos de compartimentação, devida ao
processo térmico e à pressão interior.
O incêndio ultrapassará então os limites físicos do compartimento onde se iniciou, podendo propagar-
se:
1. Devido à destruição de elementos protectores de vãos exteriores :
 A pisos superiores através das fachadas;
 A outros edifícios vizinhos, por radiação ou transporte de materiais incandescentes.

2.Devido à destruição de elementos de compartimentação interiores :


 A outros espaços, à mesma cota, através de meios horizontais (vãos abertos,
corredores, átrios, condutas horizontais do sistema de tratamento de ar, etc.);
 A outros espaços com cotas mais elevadas (ou, menos frequentemente, mais baixas),
através de meios verticais (caixas de escada ou de elevadores, ductos verticais, etc.).

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A propagação de um incêndio através dos espaços horizontais (compartimentos, corredores, etc.) e


verticais (caixas de escada ou de elevadores, etc.) é condicionada pelos elementos de
compartimentação existentes, pelos materiais de construção e revestimento, bem como pela respectiva
carga de incêndio e condições de exposição dos materiais combustíveis ao fogo.
Importância particular deve ser dada às condutas horizontais ou verticais com capacidade de
propagação do incêndio e, em especial, do fumo de gases de combustão, mesmo em espaços do edifício
distantes do foco inicial do incêndio.
Está provado que esses meios de propagação do incêndio e das suas manifestações mais letais
(gases de combustão) estão na origem dos incêndios de maior gravidade.
Os efeitos do incêndio propagam-se aos compartimentos vizinhos do que está afectado, inicialmente
através da invasão de fumo e gases de combustão, que elevarão a temperatura nesses locais,
preparando-se para a combustão e, só mais tarde, se verificará a propagação das chamas.
O movimento do fumo e gases através de corredores e escadas dependerá, essencialmente, das
aberturas existentes e das demais condições de escoamento desses locais. A propagação de fumo e
gases verifica-se sobretudo junto ao tecto, sendo a espessura da sua camada tanto maior quanto maior
a sua produção pelo incêndio. Na horizontal (corredores) podem atingir-se velocidades na ordem de 1
m/s (3,6 Km/h) e na vertical (escadas, colunas de elevadores e ductos não protegidos) essa velocidade
poderá triplicar.
O efeito de chaminé, movimento natural de ar dos pisos inferiores para os superiores num edifício,
resultante do facto de existirem locais a temperaturas diferentes, potenciará esse movimento vertical.
Este efeito, que se verifica em menor grau mesmo que não exista um incêndio, é tanto mais
importante quanto maior for a altura do edifício. Depende, igualmente, da diferença de temperatura entre
o interior e o exterior do edifício, bem como das condições de fuga do ar para o exterior e entre os
diferentes pisos do edifício.

4 - COMPORTAMENTO AO FOGO DE MATERIAIS E ELEMENTOS DE CONSTRUÇÃO

Os diversos materiais utilizados na construção de edifícios desempenham um papel fundamental na


segurança contra o risco de incêndio.
Esse papel tem essencialmente a ver com o grau de combustibilidade do material e com a forma
como este garante a sua função no edifício em caso de incêndio, nomeadamente quando o material faz
parte de elementos de construção, revestimento ou de decoração.
Assim, é importante atender às seguintes características dos materiais e dos elementos de
construção:
 Combustibilidade e, caso sejam combustíveis, o nível de produtos libertados quando
ardem;

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 Isolamento térmico;
 Resistência mecânica quando sujeitos aos efeitos de um incêndio.

4.1 - ORGANIZAÇÃO DE UM EDIFÍCIO

Um edifício é composto por diversos elementos constituintes que desempenham funções distintas,
destacando-se os seguintes:
 Elementos estruturais;
 Elementos de compartimentação;
 Meios de acesso entre os diversos pisos;
 Elementos de decoração;
 Instalações técnicas.

4.1.1 – ELEMENTOS ESTRUTURAIS

Os elementos estruturais garantem a estabilidade de um edifício, possuindo a resistência suficiente


para suportar as cargas a que estão sujeitos. Estes elementos podem ser:
 Horizontais: as lajes (por exemplo, as que constituem os pavimentos dos pisos) e as
vigas;
 Verticais: os pilares, as paredes resistentes e os muros de suporte;
 Fundações: inseridas no solo, onde se apoiam os elementos verticais.
As lajes, paredes resistentes e os muros de suporte, para além da função resistente (estrutural)
desempenham também a função de compartimentação. Os muros de suporte, pelo facto de serem
dimensionados para suster terras possuem, normalmente, uma razoável qualidade de resistência ao
fogo.
Nos edifícios recentes as caixas de escada e as colunas de elevadores, quando em betão armado,
também desempenham funções na sua estrutura resistente.
Uma boa qualidade de resistência ao fogo dos elementos estruturais é um dos factores decisivos para
a segurança contra incêndio de um edifício.

4.1.2 – ELEMENTOS DE COMPARTIMENTAÇÃO

Os elementos de compartimentação num edifício, destinados a dividir os espaços interiores, a separá-


los do exterior ou de edifícios contíguos, são, essencialmente, os pavimentos, paredes e cobertura.
As paredes podem ser, ou não, resistentes e muitas delas possuem aberturas (vãos), normalmente
guarnecidas por portas e janelas.
As paredes, quando são exteriores, constituem as fachadas dos edifícios e, normalmente, possuem
uma espessura maior do que a das paredes interiores.

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Outro elemento de compartimentação do edifício com o exterior é a cobertura, que o protege na sua
parte superior. Pode ser plana (em terraço) ou inclinada, podendo ser suportada por lajes ou por outro
tipo de estrutura.
A qualidade de resistência ao fogo dos elementos de compartimentação constitui outro dos factores
muito importantes para a segurança contra incêndio num edifício.

4.1.3 – ELEMENTOS DE ACESSO ENTRE PISOS

De entre os elementos que se destinam a garantir a comunicação vertical entre os diversos pisos dos
edifícios destacam-se as escadas e os ascensores.
As escadas, que podem ser interiores ou exteriores ao edifício, desempenham um papel fundamental
na evacuação dos ocupantes, pelo que devem ser protegidas do fogo, fumo e gases de combustão, de
modo a garantir as condições necessárias para uma evacuação segura.
O espaço vertical que envolve as escadas (caixa de escada), no caso das escadas interiores
apresenta o inconveniente de constituir um meio de fácil propagação do fumo e de gases de combustão,
mesmo do fogo, se não for convenientemente protegido.
O mesmo sucede com as colunas (ou caixas) onde se inserem os ascensores que, por isso, também
deverão ser protegidas dos efeitos de um eventual incêndio.
A regulamentação da segurança impõe que os ascensores e as escadas não partilhem as mesmas
caixas, aspecto que se verifica na generalidade dos edifícios de construção mais recente (após 1970).

4.1.4 – ELEMENTOS DE REVESTIMENTO

A grande maioria dos elementos de compartimentação dos edifícios possui revestimentos recorrendo
a materiais dos quais se destacam, por apresentarem maior risco de incêndio: madeiras, polímeros,
tintas, vernizes, papel colado ou tecidos sintéticos.
Estes tipos de revestimento que apresentam maior risco de incêndio devem ser abolidos dos
caminhos de evacuação (horizontais e verticais) dos locais de maior risco de incêndio e dos locais
previstos para pessoas com limitações ou em elevado número.
Caso tal não seja possível, como poderá suceder em edifícios de construção mais antiga, devem ser
protegidos (com produtos intumescentes ou ignífugos) visando melhorar o seu comportamento ao fogo.
Tendo em atenção os efeitos das correntes de convecção, a aplicação destes produtos deve garantir
uma protecção mais eficaz nos tectos, seguindo-se as paredes e os pavimentos, por ser esta a ordem
decrescente do risco de exposição a um incêndio.

4.1.5 – ELEMENTOS DE DECORAÇÃO

Dos elementos de decoração que não constituam revestimentos de elementos de construção


destacam-se os elementos suspensos (cortinas, cortinados, etc.) e o mobiliário (fixo ou amovível).

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Os elementos suspensos são maioritariamente constituidos por tecidos facilmente inflamáveis pelo
que, aliado à sua pouca espessura e disposição vertical, apresentam um risco acrescido de incêndio.
Note-se que os tecidos naturais (lã, algodão, linho, etc.) exibem, em regra, um melhor comportamento do
que os sintéticos.

Nas circulações (horizontais e verticais) dos edifícios, nos locais de maior risco de incêndio ou com
um elevado número de pessoas, esses elementos de decoração que apresentam pior comportamento ao
fogo devem ser abolidos ou protegidos (ignifugados), visando melhor esse comportamento.
No que se refere ao mobiliário, merecem destaque especial os elementos em madeira envernizada,
polímeros ou outros materiais sintéticos, que devem ser abolidos dos locais referidos ou sofrer
tratamento, garantindo a sua adequada protecção.

4.1.6 – INSTALAÇÕES TÉCNICAS

Os edifícios são dotados de diversos tipos de instalações técnicas, de entre as quais se destacam as
instalações eléctricas, de conforto térmico, de ventilação e de gases ou líquidos combustíveis.
Estas instalações devem ser concebidas, instaladas e exploradas de modo a garantirem adequadas
condições de segurança.
A cablagem eléctrica se não tiver propriedades retardadoras de combustão nem de libertação de
gases tóxicos, e corrosivos, deve ser revestida de finas camadas de argamassa, ou de resinas
intumescentes.
As condutas de ventilação ou desenfumagem poderão ser revestidas com argamassa fibrosa,
composta de ligantes tipo cimento, cargas refractárias e fibras minerais, assim como essas condutas
podem ser construídas com painéis compostos de silicatos de cálcio e fibras

4.2 – MATERIAIS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO

4.2.1 - MADEIRAS E OS SEUS DERIVADOS

As madeiras são utilizadas há muito tempo como material de construção, quer em elementos
estruturais (barrotes), quer de compartimentação (pavimentos, paredes, portas, etc.) ou, ainda, em
revestimentos e decoração.
Hoje em dia, o recurso à madeira em elementos estruturais ou de compartimentação (paredes e
pavimentos) é muito raro. Porém, quer a madeira quer os seus derivados (em especial os aglomerados),
são frequentemente utilizados em portas e em revestimentos de pavimentos.
A madeira é um material combustível que arde facilmente se for de pouca espessura (placas, painéis,
sobrados, etc.) e mais dificilmente, se a relação superfície-volume for menor, como é o caso dos
barrotes.

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Assim, o comportamento ao fogo da madeira em elementos estruturais de um edifício (nos mais
antigos) não é dos mais gravosos, em especial na fase inicial do incêndio e se os espaços possuírem
baixa carga de incêndio.
Já a sua utilização, a evitar em novas construções, na constituição de tectos ou no seu revestimento,
apresenta riscos elevados em caso de incêndio.

Tal resulta da capacidade de, rapidamente, se inflamar nesses locais (tectos) mais expostos aos
efeitos das correntes de convecção provocadas pelo incêndio, bem como da quantidade de gases
libertados e da capacidade de incentivar a propagação das chamas.
Para fazer face a estes riscos, as madeiras devem ser protegidas por produtos intumescentes ou
vernizes protectores. Estes, melhoram o seu comportamento ao fogo pois, em caso de incêndio, criam
uma camada isolante térmica de modo a retardar a entrada em combustão da madeira.
Aos produtos como a madeira, a cortiça, os têxteis ou plásticos de decoração ou revestimento é
possível melhorar a reacção ao fogo através da ignifugação:
 por imersão em tintas ou vernizes, quando possível;
 por aplicação directa de tintas ou vernizes intumescentes

4.2.2 – PEDRAS NATURAIS

As pedras naturais (calcário, granito, xisto, basalto, etc.) são igualmente, um dos materiais de
construção utilizados há mais tempo, constituindo elementos estruturais nos edifícios mais antigos. Mais
recentemente, são utilizadas em revestimento e decoração.
As pedras naturais têm uma fraca resistência ao fogo, fracturando-se a temperaturas relativamente
baixas (de 500 a 700º C). Este aspecto ainda pode ser agravado quando sujeitas a choques térmicos
violentos, como os resultantes da aplicação da água para combate ao incêndio sobre os elementos em
pedra que se encontrem a temperaturas elevadas.

4.2.3 – BETÃO

O betão é um material artificial composto por uma argamassa resultante da mistura do cimento com
areia, brita e água em proporções adequadas. Consoante estas proporções, os materiais utilizados e a
forma de se elaborar a mistura, assim se obtêm diversos tipos de betão.
O betão armado, utilizado na maioria dos elementos resistentes (pilares, vigas, pavimentos e paredes
resistentes) dos edifícios actuais, resulta da combinação do betão com uma armadura em aço. O seu
comportamento ao fogo é bastante razoável, em especial quanto maior for a distância entre a armadura
em aço e a face do elemento de construção.
Quando sujeito a temperaturas muito elevadas ou a choques térmicos violentos, como os já referidos
devido à aplicação da água no combate a incêndios, podem aparecer fendas que fragilizam o elemento

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em betão armado, podendo levar à deterioração do aço que contém, e por consequência, há perda da
sua função de suporte.
A argamassa é um produto hidráulico incombustível constituído por inertes leves expandidos e
aglomerados por ligante, possuindo uma baixa condutividade térmica, podendo atingir o nível de 240
minutos.

4.2.4 – BLOCOS DE CIMENTO

Os blocos de cimento oferecem pouca resistência ao calor. Apresentam fendas à temperatura de 800º
C, não sendo, por isso, aconselháveis em construções onde haja a recear, em maior grau, o risco de
incêndio.

4.2.5 – METAIS

Vários são os metais utilizados na construção, sendo o ferro e o aço os mais frequentes. Recorda-se
que, para além da sua utilização isolada, o aço também é utilizado na composição dos elementos de
construção em betão armado.
Elementos em ferro ou em aço (vigas, pilares, etc.) são aplicados, com alguma frequência nas
estruturas das naves industriais, armazéns, estabelecimentos industriais (supermercados e
hipermercados) e pavilhões isolados.
Quando expostos aos efeitos de um incêndio (calor, gases, etc.), os metais perdem muito
rapidamente (menos de 15 minutos, para os mais ligeiros quando não protegidos) as suas propriedades
resistentes, pondo em risco a estabilidade estrutural do edifício que suportam.
O aquecimento dos metais conduz à diminuição da sua resistência mecânica, o que se verifica para o
valor médio de 500ºC atingível ao fim de, mais ou menos 5 minutos
O facto dos metais, em geral, sofrerem uma dilatação significativa com o aumento da temperatura
pode provocar desequilíbrios significativos em estruturas metálicas, quando sujeitas aos efeitos de um
incêndio.
Por outro lado, a sua boa condutividade térmica pode, como se referiu, ser responsável pela
propagação do incêndio, por condução a espaços mais ou menos distantes das áreas já afectadas.
Estas limitações dos elementos metálicos podem ser minimizadas recorrendo a uma protecção que
garanta o isolamento térmico.
Essa protecção consiste no revestimento total dos elementos estruturais em metal, por exemplo, com
produtos intumescentes.
Caso contrário, poderão causar problemas graves de estabilidade nos muros, pilares e colunas que
suportam as respectivas vigas, estando a dilatação destas, muitas vezes, na origem de desmoronamento
das edificações, quando sujeitas a temperaturas elevadas por ocorrência de incêndios.

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O alumínio e as suas ligas apresentam cerca de um terço do peso do ferro, uma das características
que tornam este material interessante para a indústria da construção.

4.2.6 – MATERIAIS CERÂMICOS

Os materiais cerâmicos fabricados a partir da argila ou barro, são vulgarmente utilizados na


construção civil, com destaque para os tijolos, telhas, mosaicos e azulejos.
Os tijolos são utilizados em elementos de compartimentação (paredes), sendo normalmente
revestidos por estuques, cimento ou gesso. O tijolo constitui um bom isolante térmico, sendo
insignificante o aumento de temperatura verificado na face da parede oposta ao fogo. O tijolo refractário
é utilizado para suportar altas temperaturas, em chaminés, fornos, etc.
Os produtos de gesso apresentam excelente resistência ao fogo.
A maioria dos restantes materiais cerâmicos é utilizada em revestimentos de elementos de
compartimentação.
Como se tratam de materiais inorgânicos, não são inflamáveis e garantem um razoável
comportamento ao fogo.

4.2.7 – VIDRO

Os vidros são materiais auxiliares de aplicação genérica na construção civil, guarnecendo parte dos
elementos de compartimentação ou de vãos neles abertos (janelas, portas, clarabóias).
Os vidros apresentam a vantagem de não serem combustíveis, mas têm o inconveniente de
possuírem uma resistência fraca quando sujeitos às temperaturas, pressões ou outros esforços
mecânicos resultantes de um incêndio, quebrando-se facilmente mesmo a temperaturas relativamente
baixas, deixando de desempenhar a sua função de compartimentação.
Para além disso, sendo transparentes à energia radiada por um incêndio, podem facilitar, desse
modo, a sua propagação.
Para evitarem estes inconvenientes, quando se exige que garantam a qualidade de
compartimentação ao fogo, os vidros sofrem tratamentos especiais para aumentar a sua resistência
mecânica e suportarem a elevação de temperatura, bem como para se tornarem opacos à radiação, em
caso de incêndio.
Podem também ser reforçados interiormente com malha metálica de modo a exibirem uma elevada
resistência à fractura e terem capacidade para não se fragmentarem em grandes pedaços.

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4.2.8 – POLÍMEROS

Os polímeros (plásticos) são também utilizados como materiais auxiliares na construção de edifícios,
desempenhando funções de revestimento ou decoração.
A aplicação destes materiais na construção civil tem vindo a ser mais frequente, nomeadamente em
tubagens, tectos falsos, elementos de decoração e revestimentos de elementos de construção.

São materiais facilmente inflamáveis, a sua combustão produz gases altamente tóxicos e corrosivos e
facilitam, normalmente, a progressão das chamas.
Assim, a existência destes materiais num edifício requer uma atenção especial com vista à adopção
de medidas adicionais de segurança para minimizar os riscos que lhes estão associados.

4.2.9 – TINTAS E VERNIZES

As tintas e os vernizes constituem outro grupo de materiais auxiliares de construção que aplicam,
normalmente, riscos agravados de incêndio.
Por exemplo, a aplicação de tinta sobre um material incombustível, como a argamassa ou o estuque,
pode criar condições para aumentar a combustibilidade do conjunto. Este efeito pode ser agravado com
a aplicação de certas tintas plásticas e, sobretudo, com certos vernizes.
Por outro lado existem tintas e vernizes ou, ainda, produtos aquosos especiais que melhoram o
comportamento ao fogo dos materiais e dos elementos sobre os quais se aplicam.
São essencialmente de dois tipos consoante a sua acção de protecção:

 Intumescentes – tintas ou vernizes aplicadas no revestimento de elementos de


construção que, quando sujeitos ás temperaturas de um incêndio, aumentam de volume. Cria-se, assim,
uma camada relativamente espessa (alguns centímetros) de material protector que isola termicamente o
elemento a proteger, limita a libertação de gases combustíveis pelos materiais que o compõem e impede
que contactem com o ar ambiente.A pintura intumescente é aquela que, em contacto com o calor, sofre
uma alteração devida a reacções químicas, criando uma espuma carbonosa com 30 a 40 mm de
espessura que tem o efeito isolante térmico, retardando a passagem do calor para o elemento protegido.
Pode ter níveis de duração de 120 minutos.

 Ignífugos – soluções aquosas aplicadas por impregnação em materiais fibrosos (madeira


e seus aglomerados, tecidos, etc.) que, quando sujeitos às temperaturas elevadas de um incêndio, levam
à formação de gases inertes, prevenindo durante um determinado período de tempo a combustão
desses materiais, quer sobre a forma de chamas, quer sob a forma de incandescência.

4.3 – CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS PARA A SEGURANÇA

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A Directiva Comunitária sobre os produtos de construção (89/106/CEE de 21.12.88) refere:

 “materiais de construção” como sendo os produtos utilizados ou directamente na


construção de um edifício ou indirectamente na composição dos “elementos de construção”,
tais como tijolos, cimento, madeira, vidro, tintas, etc.

 “elementos de construção” são aqueles geralmente compostos pelos produtos acima


referidos e que integram a construção do edifício, tais como paredes, lajes, estruturas
metálicas, portas, janelas, etc.

Em termos de análise do comportamento ao fogo, os materiais são analisados na base da reacção o


fogo, enquanto os elementos são na base da resistência ao fogo.
Existem dois conceitos fundamentais no que se refere ao comportamento ao fogo dos materiais e
elementos de construção, abordados nos pontos seguintes:

 Reacção ao fogo – característica de um material que indica a forma como pode contribuir
para a ignição de um incêndio e seu desenvolvimento, bem como para a libertação de gases perigosos
(combustíveis, tóxicos ou corrosivos) quando exposto aos efeitos de um incêndio;

 Resistência ao fogo – característica de um elemento de construção relacionada com a


forma como mantém as suas funções no edifício em caso de incêndio.

4.3.1 – REACÇÃO AO FOGO

Como foi referido, o comportamento ao fogo dos materiais de construção, considerado em termos do
seu contributo para a origem e desenvolvimento de um incêndio, caracteriza-se pela reacção ao fogo.
O objectivo das medidas regulamentares em termos de reacção ao fogo consiste na limitação da
deflagração e propagação do fogo e fumo no compartimento de origem ou numa dada área, através da
contribuição dos produtos (materiais e elementos) de construção para a generalização do incêndio.
Com base na decisão da Comissão das Comunidades Europeias, de 8 de Fevereiro de 2000, que
aplica a Directiva 89/106/CEE do Conselho, relativa à classificação dos produtos de construção no que
respeita ao desempenho em matéria de reacção ao fogo, está estabelecido um sistema de classes
(euroclasses) que será harmonizado no espaço comunitário.
Esta classificação baseia-se em ensaios já definidos pelos organismos de normalização à escala real
ou de laboratório, e em critérios normalizados, podendo recorrer a um ou mais cenários de incêndios
reais de referência.

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Os parâmetros que condicionam a classificação dos materiais são os seguintes:

Os produtos de construção, excluindo pavimentos, são agrupados em sete classes, dependendo dos
parâmetros acima referidos, conforme se representa no Quadro I:

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Quadro I - Classes de reacção ao fogo para produtos de construção, excluindo pavimentos

Os produtos de construção de pavimentos, incluindo os respectivos revestimentos, são agrupados


também em sete classes, dependendo dos parâmetros acima referidos, conforme se representa no
Quadro II:

Quadro II - Classes de reacção ao fogo para pavimentos

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Em Portugal, a qualidade de reacção ao fogo dos materiais de construção, nomeadamente os
utilizados nos revestimentos e decoração de edifícios, tem vindo a ser determinada através de ensaios
normalizados de que resulta o seu agrupamento nas cinco classes a seguir indicadas, por ordem
decrescente dessa qualidade (em conformidade com os critérios estabelecidos pelo LNEC – Laboratório
Nacional de Engenharia Civil):

 M0
 Incombustíveis;
 Não emitem gases combustíveis e produzem pouco calor.
 M1
 Não inflamáveis;
 Combustíveis;
 decompõem-se sem chamas, sem emissão sensível de calor e sem libertação
apreciável de gases combustíveis.
 M2
 dificilmente inflamáveis;
 combustíveis;
 a combustão cessa logo que se suprime a fonte de ignição, libertando alguns
gases de combustão.
 M3
 moderadamente inflamáveis;
 combustíveis;
 a combustão continua, nomeadamente após a supressão da fonte de ignição e
pára espontaneamente;
 M4
 Facilmente inflamáveis;
 Combustíveis;
 Após supressão da fonte de ignição, a combustão continua até à completa
combustão do material.

Apresentam-se, a seguir, exemplos de reacção ao fogo para alguns materiais utilizados na


construção, cuja classificação variava de M0 ao M4, isto é, entre materiais incombustíveis e materiais
facilmente inflamáveis:

 Madeira não tratada e seus derivados – madeira maciça (não resinosa ou resinosa),
contraplacado e aglomerados de madeira: M4 ou M3 dependendo da sua espessura;

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 Materiais inorgânicos – pedras naturais, argamassa (de cimento, de gesso, ou de cal),
betão, fibrocimento, produtos cerâmicos (mosaicos, tijolos e telhas), metais, ligas
metálicas, vidro, etc. – M0;

 Materiais polímeros (plásticos), como:


 PVC rígidos, silicones e espumas de poliuretano ignifugado: M2 ou M1;
 PVC deformáveis (com plastificante): M4 a M2;
 Epóxidos e poliuretanos: M4 a M1.

No que se refere aos revestimentos, a qualidade de reacção ao fogo tem a ver com o material de
revestimento e a forma como está associado aos materiais de suporte.
A classificação segundo as euroclasses é muito mais rica que a actualmente existente em Portugal e
implica ensaios distintos.
Presentemente, a classificação europeia de desempenho de reacção ao fogo para os produtos de
construção está a ser implementada (conforme exemplo indicado anteriormente - Quadros I e II), e está
relacionada com factores, tais como: aumento de temperatura, perda de massa, tempo de presença da
chama, taxa de propagação do fogo, etc.
Já estão em preparação as normas portuguesas relativas à classificação do desempenho ao fogo de
materiais e de elementos de construção, nomeadamente no que se refere aos ensaios de reacção ao
fogo segundo a normalização europeia, com o objectivo de uniformizar os procedimentos e permitir a
livre circulação dos materiais nos diversos países que fazem parte da Comissão Europeia, dispensando
a necessidade de serem objecto de novo ensaio no país de destino.
Com a marcação CE, os produtos possuem as euroclasses.

Naturalmente que, durante um período transitório poderá recorrer-se ainda a produtos da construção
cuja qualificação ao fogo foi determinada de acordo com as especificações do Laboratório Nacional de
Engenharia Civil.
Para prever essa situação, o LNEC elaborou as tabelas de equivalência constantes dos Quadros III e
IV, cuja aprovação possibilitará, durante o referido período transitório, a aplicação de materiais já
classificados de acordo com as euroclasses em edifícios para os quais a reacção ao fogo está referida
em conformidade com as actuais especificações do LNEC (M0 a M4) na regulamentação de segurança
em vigor.
As equivalências entre as especificações do LNEC e as do Sistema Europeu são as constantes nos
Quadros III e IV:

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Quadro III - Equivalências entre as especificações do LNEC e as do Sistema Europeu (excluindo revestimentos de piso)

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Quadro IV - Equivalências entre as especificações do LNEC e as do Sistema Europeu (incluindo revestimentos de piso )

Quadro V – Significados das novas euroclasses

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4.3.2 – RESISTÊNCIA AO FOGO

A resistência ao fogo de um elemento de construção é medida pelo tempo durante o qual, sob a
acção de um incêndio, esse elemento continua a desempenhar a função para que foi concebido.
Consoante o seu tipo, os elementos estruturais de edifícios devem possuir uma resistência ao fogo
que garanta as suas funções de suporte de cargas, de isolamento térmico e de estanquidade durante
todas as fases de combate ao incêndio, incluindo o rescaldo.
Com base na decisão da Comissão das Comunidades Europeias, de 3 de Maio de 2000, que aplica a
Directiva 89/106/CEE do Conselho, relativa à classificação dos produtos de construção, das obras e de
parte das obras da sua resistência ao fogo, é estabelecido um sistema de classificação (eurocódigos)
com vista à sua harmonização no espaço comunitário.
Em vez da tradicional classificação EF, PC, CF, as normas europeias introduziram uma classificação
de desempenho da resistência ao fogo padrão para os produtos de construção, atendendo a múltiplos
parâmetros, abaixo mencionados.
Esta classificação é em regra, expressa em minuto e atende aos seguintes aspectos, dependendo do
elemento de construção:
 R – capacidade de suporte de carga;
 E – estanquidade a chamas e gases quentes;
 I - isolamento térmico;
 W – radiação;
 M – acção mecânica;
 C – fecho automático;
 S – passagem de fumo;
 P ou PH – continuidade de fornecimento de energia e/ou de sinal;
 G – resistência ao fogo;
 K – capacidade de protecção contra o fogo.
Assim, as normas europeias introduziram uma classificação de desempenho da resistência ao fogo
padrão para os produtos de construção, atendendo a múltiplos parâmetros, tais como os acima
mencionados, em vez da tradicional classificação EF, PC, CF.
Em Portugal esta classificação (eurocódigos) ainda não adoptada, mas admite-se que o venha a
ser num futuro próximo.
Assim, neste trabalho em grupo, será adoptada essa classificação de resistência ao fogo,
indicando-se também (representada entre parêntesis rectos) a que consta da regulamentação de
segurança em vigor. Esta pode ser determinada por ensaios em fornos sobre modelos reais ou
recorrendo a modelos de cálculo, dependendo do tipo de elemento e da função por ele desempenhada,
utilizando-se a curva normalizada ISO como representativa da solicitação correspondente ao incêndio.

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Note-se que, apenas no que se refere a elementos estruturais, já existem elementos de cálculo que
permitem determinar a resistência ao fogo com maior aproximação à situação de incêndio real do que a
estabelecida pelo modelo ISO. Nesses modelos de cálculo, a solicitação térmica de elementos
estruturais pode ser determinada atendendo aos efeitos de vários factores característicos do espaço em
análise, tais como:
 Carga de incêndio;
 Condições de ventilação;
 Comportamento térmico da envolvente.

Na legislação actualmente em vigor, o grau de resistência ao fogo apenas se aplica a elementos de


construção e é caracterizado na base dos três critérios seguintes:

 1º Critério : Resistência mecânica ( R );


 2º Critério : Estanquidade às chamas, fumos e gases de combustão ( E );
 3º Critério : Isolamento térmico ( I ).

Assim, pela conjugação desses critérios, face ao papel do elemento de construção, a resistência ao
fogo é designada como se indica, para elementos que desempenham a função:

 Apenas de suporte (estrutural), como os pilares e as vigas, garantindo a resistência


mecânica, a sua função é cumprida enquanto esse elemento mantiver as características de resistência
mecânica para que foi dimensionado – R [EF- estável ao fogo];

 De compartimentação, garantindo a estanquidade (às chamas, fumo e gases de


combustão), não desempenhando a função de suporte do edifício, como paredes não resistentes,
divisórias ou portas, a sua função deixa de ser cumprida quando se verifica a emissão de chamas ou
gases inflamáveis na face do elemento não exposta ao fogo – E [PC- pára chamas];

 De compartimentação, garantindo a estanquidade e o isolamento térmico, a sua


função é cumprida enquanto a face do elemento não exposta ao fogo não ultrapassar os 140ºC para
valor médio (podendo atingir os 180ºC em qualquer ponto):
 Não desempenhando a função de suporte como as paredes não resistentes e as
portas – EI [CF- corta fogo];

 Desempenhando também a função de suporte, como as paredes e pavimentos


resistentes – REI [CF- corta fogo].

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Cada uma daquelas qualidades de resistência ao fogo é caracterizada por um valor (15, 20, 30, 45,
60, 90, 120, 180, 240 e 360) que corresponde ao tempo em minuto que o elemento de construção em
questão, sujeito a um incêndio, manterá a função para que foi concebido.
Por exemplo:

 Um pilar R120 [EF120] manterá, durante 120 minutos, a sua função na estrutura do
edifício, quando sujeito aos efeitos de um incêndio;

 Uma porta E30 [PC30] garante, durante 30 minutos, que não há passagem de chamas,
fumo ou gases de combustão da face exposta ao incêndio para a outra face. Porém, a temperatura do
lado oposto ao incêndio pode elevar-se significativamente nesse período de tempo;

 Uma parede EI60 [CF60] garante, durante 60 minutos, que não há passagem de chamas,
fumo ou gases de combustão, da face exposta ao incêndio para a outra, nem a temperatura se eleva
acima de determinado limite, do lado oposto ao incêndio. Se essa parede pertencer à estrutura resistente
do edifício terá a classificação REI60 [CF60] e também manterá a sua função de suporte durante esse
período (60 min).

As equivalências entre as especificações do LNEC e as do Sistema Europeu são as constantes no


Quadro VI:

Quadro VI – Resistência ao fogo padrão de produtos de construção

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5 – CARACTERÍSTICAS DO EDIFÍCIO

As características dos edifícios são um factor determinante para a segurança contra incêndio. A não
adequação ao risco de incêndio de algumas das disposições construtivas do edifício é uma lacuna muito
dificilmente superável através de outras medidas de segurança, quer de natureza física (sistemas e
equipamentos de segurança), quer de natureza humana.
As medidas de segurança associadas às características dos edifícios que correspondem ao que se
designa por segurança passiva, devem ser atendidas em todo o seu ciclo de vida – concepção,
construção e exploração.
Essas medidas são dependentes do risco de incêndio do edifício, nomeadamente, da sua altura, do
número e do tipo de ocupantes ou de poder armazenar, processar, produzir ou manipular matérias com
risco agravado de eclosão ou originando elevadas cargas de incêndio.
Como exemplos, apontam-se as seguintes características de um edifício que devem estar com
conformidade com as necessidades de segurança contra incêndios:
 Localização;
 Implantação;
 Organização dos espaços, com destaque para as vias de evacuação horizontais e
verticais;
 Comportamento ao fogo dos elementos de construção, nomeadamente no que se refere:
 Elementos estruturais;
 Fachadas e cobertura;
 Elementos de compartimentação interior;
 Elementos incorporados em instalações técnicas.

 Reacção ao fogo dos materiais de construção, nomeadamente dos elementos de


revestimento e de decoração, em especial os existentes nas vias de evacuação, nos espaços acessíveis
ao público e nos locais de maior risco de incêndio.

5.1 – ESTRUTURA RESISTENTE

Visando essencialmente, a protecção da vida dos ocupantes, bem como a segurança das equipas de
intervenção em caso de incêndio e dos bombeiros, a estrutura resistente dos edifícios deve exibir
características de resistência ao fogo que permitam manter as suas propriedades durante o tempo
necessário à evacuação e previsivelmente ao combate a um eventual incêndio.
A qualidade de estabilidade ao fogo exigível aos elementos resistentes é, em regra, dependente da
altura do edifício, nomeadamente:

 R 30 [EF 30] ou REI 30 [CF 30], para edifícios com altura até 9 metros;

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 R 60 [EF 60] ou REI 60 [CF 60], para edifícios com altura entre 9 e 28 metros;
 R 90 [EF 90] ou REI 90 [CF 90], para edifícios com altura superior a 28 metros.

5.2 – ASPECTOS GERAIS

5.2.1 - ELEMENTOS DE COMPARTIMENTAÇÃO

Entende-se por compartimentação as medidas construtivas adoptadas com o objectivo de diminuir a


probabilidade de ocorrência de incêndio e limitar a sua propagação, incluindo fumos e gases de
combustão.
Um sector de fogo é, essencialmente, constituido por paredes e pavimentos resistentes ao fogo com
capacidade de o circunscrever durante determinado período de tempo, o que implica que todos os vãos
e atravessamentos na fronteira do sector de fogo mantenham as mesmas características de resistência.
A finalidade da compartimentação é, também, reduzir a carga de incêndio e facilitar a evacuação
rápida dos ocupantes. Simultaneamente, estamos a limitar o total dos prejuízos e a proporcionar a
intervenção das forças exteriores de socorro.
Visando essencialmente a segurança dos ocupantes dos edifícios deve adoptar-se um conjunto de
medidas construtivas, destinadas a limitar a propagação do fogo, fumo e gases de combustão,
circunscrevendo esses efeitos a uma área tão pequena quanto possível.
Essas medidas correspondem ao que se designa por compartimentação corta fogo e constituem a
base essencial de toda a segurança contra incêndio.
Note-se que a compartimentação corta fogo não só se destina a apor-se à propagação de um
incêndio e dos seus efeitos dentro de um edifício, mas também entre edifícios contíguos ou vizinhos.
A concepção da compartimentação corta fogo de um edifício rege-se por dois objectivos estratégicos:
 Limitar a propagação do incêndio (e dos seus efeitos) à zona onde eclodiu;
 Evitar que venham a ser afectadas pelo incêndio zonas mais sensíveis, que se pretende
proteger.
Assim, os edifícios devem ser subdivididos em compartimentos corta-fogo, cuja dimensão depende
dos riscos, com vista a garantir esses objectivos, bem como a:
 Minimizar o número de pessoas em risco;
 Possibilitar que os ocupantes de zonas ainda não afectadas pelo incêndio disponham de
tempo suficiente para evacuar em segurança o edifício;
 Providenciar a existência de zonas de refúgio temporário, para prevenir situações em que
a evacuação dos ocupantes seja mais difícil e morosa como, por exemplo, os espaços ocupados por
doentes num estabelecimento hospitalar;
 Repartir uma carga de incêndio elevada por mais de um compartimento.
Todas as aberturas e atravessamentos existentes nos elementos de construção que garantem a
compartimentação ao fogo num edifício têm que estar completamente protegidos, de modo a garantir a
mesma qualidade de resistência ao fogo desses elementos de construção.

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Se não se atender a este aspecto, a compartimentação corta fogo deixa de ser eficaz, o que muitas
vezes é responsável pela propagação do incêndio e dos seus efeitos entre compartimentos que se
pensava estarem imunes à sua propagação.
Recorda-se que se adoptam duas categorias distintas de qualidade, de compartimentação ao fogo:
 Pára chamas E [PC] – garantia de estanquidade às chamas, fumo e gases de combustão,
mas não de isolamento térmico;
 Corta fogo EI [CF] – garantia de estanquidade e de isolamento térmico.

Fig. 1 – Um elemento E 120 [PC 120], nomeadamente uma porta com essas
características, garante que durante 120 minutos a porta impede a
passagem de fumos e chamas de uma das faces para a outra.
Neste exemplo, caso a componente térmica seja englobada, temos
uma classificação EI 120 [CF 120]

A qualidade EI, quando é exigida, está normalmente associada a elementos de compartimentação


como os pavimentos e as paredes, podendo a guarnição de vãos neles abertos exibir qualidades EI [CF]
ou E [PC].
Os critérios que levam a optar por uma ou outra dessas qualidades estão intimamente ligados com a
diferença entre elas, isto é, com a necessidade de se exibir ou não isolamento térmico, em caso de
incêndio.
Assim, as portas ou outros elementos que guarnecem vãos abertos devem exibir uma qualidade E
[PC] quando, previsivelmente os espaços vizinhos não possuem cargas de incêndio elevadas nem
exibem risco elevado de eclosão de incêndio, mas podem ser afectados pelas suas consequências, em

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particular pelo fumo e gases de combustão. É o caso de portas de ligação entre câmaras corta-fogo e
caixas de escada, em geral, ou de ligação entre corredores e caixas de escada.
Por outro lado é exigida uma qualidade EI [CF] a esses elementos quando a probabilidade de eclosão
de incêndio nos espaços adjacentes é mais elevada (por exemplo, locais com risco agravado de
incêndio) ou quando se destinam a separar locais com diferentes ocupações.
Podem-se equiparar a porta E à anterior classificação PC (pára chamas) e a porta EI à porta CF
(corta fogo)
A classe de resistência ao fogo padrão, EI ou E, das portas que, nos vãos abertos, isolam os
compartimentos corta fogo, deve ter um escalão de tempo igual a metade da parede em que se inserem,
excepto nos casos particulares referidos em Regulamento.

Assim, a decisão europeia sobre as Classes de Resistência ao Fogo Padrão para produtos de
construção, refere que estes equipamentos, sendo considerados no tipo de portas resistentes ao fogo,
poderão ser:

 Porta do tipo E quando tiver os requisitos de estabilidade ao fogo, estanquidade às


chamas e ausência de emissão de gases quentes e inflamáveis. Esta porta deve manter estas
propriedades em tempos superiores aos seguintes escalões: 15 – 30 – 45 – 60 – 90 -120 – 180 -
240 minutos.
 Porta do tipo EI quando garante estabilidade ao fogo, estanquidade às chamas,
ausência de emissão de gases quentes e inflamáveis e isolamento térmico.
Considera-se isolamento térmico quando, na face da porta não atingida pelo fogo, a
temperatura em média não ultrapassa 140ºC ou 180ºC num ponto.
As classes de temperatura são: 15 – 30 – 45 – 60 – 90 -120 – 180 - 240 minutos
 Porta do tipo EW quando há estabilidade ao fogo, estanquidade às chamas e redução
da energia radiada.
As classes de temperatura usadas são: 20 – 30 – 60 minutos.

São exemplos as portas de acesso de parques de estacionamento cobertos às câmaras corta-fogo


das caixas de escada que os servem ou as portas interiores de acesso a uma central térmica de um
edifício.
As portas, dado que são elementos mais comuns que guarnecem os vãos e desempenham um papel
importante na funcionalidade do edifício merecem uma atenção particular para garantir a qualidade de
compartimentação ao fogo que lhes é exigida sem perda da referida funcionalidade.
Importa respeitar as características e condições técnicas a que deve obedecer as portas resistentes
ao fogo (portas corta-fogo), e os restantes produtos de construção, não só para cumprimento do RG-
SCIE mas, também, das Decisões da União Europeia.

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Os locais de risco particular de incêndio (na regulamentação de segurança em vigor são
designados por locais de risco C), por exemplo, cozinhas industriais, lavandarias e locais de tratamento
de roupa, arquivos, armazéns, depósitos e arrecadações de maior dimensão, parques de
estacionamento cobertos, postos de transformação, centrais térmicas, casas de caldeiras, etc., devem
ser compartimentados ao fogo relativamente aos restantes espaços do edifício que os contêm e, em
especial, aos locais acessíveis ao público e às vias de evacuação.
Essa compartimentação deverá possuir uma qualidade mínima de EI 60 [CF60] para a generalidade
destas situações, podendo ser agravada em situações de maior risco de incêndio ou de dificuldade
acrescida de evacuação dos ocupantes do edifício.
Os locais cujos ocupantes possuam limitações que dificultem a sua evacuação (na regulamentação
de segurança em vigor são designados por locais de risco D) devem ser protegidos por elementos de
compartimentação ao fogo relativamente aos restantes espaços do edifício. Como exemplo apontam-se
as seguintes situações:
 Locais onde possam estar pessoas a dormir (estabelecimentos hoteleiros e dormitórios
em escolas com internato);
 Espaços ocupados por doentes (estabelecimentos hospitalares), idosos (lares de
3ªidade) ou crianças até aos seis anos de idade (creches, jardins de infância);
 Locais destinados ou onde possam estar deficientes.

Fig. 2 – Compartimentação de um local de risco particular de incêndio. Sem câmara corta-fogo.

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Fig. 3 – Compartimentação de um local de risco particular de incêndio. Com câmara corta-fogo.

5.2.2 - DUCTOS E CONDUTAS

Os ductos técnicos que atravessem, quer vertical, quer horizontalmente, os limites dos
compartimentos de fogo devem ser objecto de aplicação de soluções de selagem, estudadas,
projectadas, instaladas e certificadas para assegurarem a adequada função complementar de resistência
ao fogo.
Exemplo de soluções técnicas possíveis:
 almofadas intumescentes para locais onde os atravessamentos não sejam definitivos
com resistências máximas na ordem dos 120 minutos;
 argamassas nos locais definitivos ou onde seja necessária uma maior resistência
mecânica;
 golas intumescentes de estrangulamento quando os atravessamentos são feitos com
tubagens de PVC, para tempos de 120 minutos.
Os ductos para canalizações, condutas de diversos tipos (ar, lixo, roupa suja, etc.) e outros espaços
com desenvolvimento vertical que abrangem vários pisos dos edifícios podem comprometer a solução de
compartimentação definida, se não forem adoptadas medidas de protecção. Estas medidas consistem
em dotar os respectivos elementos de construção de características que garantam um adequado
comportamento ao fogo.
No que se refere à reacção ao fogo, esses elementos devem ser da classe A1 [M0].
Em regra, a resistência ao fogo dos seus elementos de compartimentação deve ser igual à definida
para a compartimentação base do edifício, com um mínimo de EI ou REI 60 [CF 60}. Eventuais vãos
abertos devem ser protegidos por elementos (portas, portadas, painéis, etc.) com uma resistência ao
fogo mínima de E 60 [PC 60].

5.2.3 - VIAS DE EVACUAÇÃO

Uma das características construtivas importantes das vias de evacuação resulta da necessidade dos
elementos de construção, que as delimitam, garantirem a sua protecção contra os efeitos do incêndio
(chamas, fumos e gases de combustão).
Sob este ponto de vista, destacam-se as características das escadas enclausuradas, em que:
 As paredes que as delimitam devem possuir uma resistência ao fogo de, pelo menos, EI
ou REI 60 [CF 60]. Caso sejam paredes exteriores aceita-se que possuam uma resistência ao
fogo de apenas E ou RE 60 [PC 60], desde que não seja necessário garantir outras exigências;
 Os vãos interiores de acesso devem ser protegidos por portas com uma qualidade
mínima de E 30 [PC 30], dotadas de dispositivo que as mantenham normalmente fechadas;
 Eventuais vãos abertos em paredes exteriores devem satisfazer os requisitos já referidos
para os vãos abertos em fachadas;

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 Devem dispor de sistema de controlo de fumo que permita evacuar o fumo e gases de
combustão que, eventualmente, possam ser introduzidos na escada devido à sua utilização no
piso afectado pelo incêndio.
As características construtivas das escadas protegidas exteriores também devem respeitar as
mesmas exigências de resistência ao fogo que as paredes e os vãos de passagem interiores das
escadas enclausuradas. Para além disso, a representação em planta da escada não deve estar
compreendida na área delimitada por qualquer vão aberto na fachada (não protegido por elementos
resistentes ao fogo – pelo menos, E 30 [PC 30] onde se desenvolve.
Note-se ainda que nas escadas protegidas (enclausuradas ou exteriores) não devem existir quaisquer
canalizações de fluidos combustíveis ou comburentes, nem de energia eléctrica, com excepção para
estas no caso das necessárias à iluminação e detecção de incêndios.
Onde seja exigível recorrer a câmaras corta-fogo (figuras 4.1 e 4.2), estas devem ser
compartimentadas relativamente aos restantes espaços do edifício por paredes e pavimentos com uma
resistência ao fogo de, pelo menos, EI 60 [CF 60] e portas com resistência E 30 [PC 30], dotadas de
dispositivos que as mantenham normalmente fechadas.

Fig. 4.1 – Câmara corta-fogo. A – Entre dois compartimentos de fogo.

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Fig. 4.2 – Câmara corta-fogo. B – Comum à caixa de escada e elevador.

Outra das características construtivas das vias de evacuação a atender resulta da necessidade dos
materiais, que compõem ou revestem os seus elementos de construção, exibirem uma qualidade de
reacção ao fogo que evite a eclosão de incêndios e a sua propagação.
Em regra, as qualidades de reacção ao fogo dos materiais de revestimento e decoração aplicáveis
em pavimentos, paredes e tectos das vias de evacuação devem ser as seguintes (fig.5):
 Pavimentos – CFL ou DFL [M2 ou M3];
 Paredes – A2 [M1 ou M0];
 Tectos – A1 ou A2-S1, d0 [M0].

Fig. 5 - Reacção fogo típica dos revestimentos de vias de evacuação.

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5.2.4 – DESENFUMAGEM

O fumo apresenta quatro perigos para as pessoas e para os bens patrimoniais:

 Temperatura;
 Opacidade;
 Toxicidade;
 Corrosidade.

Para que estes perigos não atinjam valores críticos é fundamental uma correcta desenfumagem dos
espaços, quer de modo passivo, quer de modo activo.
Este controlo de fumo vai permitir:

 garantir a practibilidade das vias de evacuação;


 permitir a visibilidade dos percursos e locais;
 evitar o perigo de intoxicação dos ocupantes ou das forças de socorro;
 baixar a temperatura do fumo e dos gases, para protecção das pessoas e da construção.

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QUESTÃO 2

2.1. NUMA FASE INICIAL DO PROJECTO PARA MONTAGEM DE UM SADI NUMA EMPRESA, REFIRA
QUE FACTORES DETERMINARIAM A ESCOLHA DOS DETECTORES. JUSTIFIQUE.

Qualquer acção, manual ou automática de intervenção em caso de incêndio implica a sua detecção.
Esta resulta da percepção e interpretação das alterações ambientais provocadas pela ocorrência de um
incêndio.
O ser humano tem essa capacidade, pois dispõe de sentidos (vista, olfacto, tacto, ouvido) que podem
detectar as manifestações do fogo e dispõe ainda do discernimento necessário à sua interpretação e a
desencadear as acções mais adequadas para fazer face à situação. Dado que não é possível uma
vigilância humana permanente em todos os locais onde existe risco de incêndio, desenvolveram-se
sistemas automáticos de detecção de incêndios (SADI).

1 - CONCEITOS BÁSICOS

Um sistema automático de detecção de incêndio (SADI) deve garantir a detecção precoce de um


incêndio, isto é, deve ser sensível às alterações provocadas pelo desencadear de uma reacção de
combustão e reagir a elas o mais cedo possível.
O objectivo de um SADI é o de assinalar o mais cedo possível a ocorrência de um incêndio, de forma
a permitir o alarme e alerta por meio de sinais acústicos e/ou ópticos e, consequentemente, dar origem à
evacuação do edifício e às acções necessárias de combate ao incêndio.
A eficácia do sistema de detecção automática depende essencialmente da rapidez e da fiabilidade do
tempo de alarme.
A detecção será tanto mais necessária quanto maior for o risco de incêndio, dependendo portanto, do
tipo de ocupação do edifício e da complexidade deste. Embora seja impossível uma utilização
generalizada de sistemas de detecção automática de incêndio devido ao custo, a sua utilização é
imprescindível em determinados locais, destacando-se:

 Locais de armazenagem de materiais;


 Salas de espectáculos;
 Diversos locais em hospitais e estabelecimentos similares;
 Locais com elevada densidade de ocupação e carga de incêndio;
 Centros comerciais;
 Cozinhas colectivas;
 Locais no subsolo e afastados das saídas;
 Caminhos de evacuação de edifícios de elevada altura;

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 Locais técnicos onde a vigilância é diminuta;
 Condutas técnicas;
 Locais de guarda de valores ou equipamentos valiosos, como museus, bibliotecas,
arquivos, centros informáticos;
 Edifícios de grande altura.

No projecto de um sistema de detecção, a escolha dos detectores deve ser baseada nas condições
específicas dos espaços a proteger, no tipo de incêndio provável, nas possíveis fontes de ignição e no
valor do que se pretende proteger. Naturalmente que se poderá complementar o estudo com uma
análise do seu custo/benefício.
É, portanto, fundamental o recurso a detectores adequados a cada situação particular de incêndio,
com sensibilidade adequada à sua detecção precoce mas sem originarem alarmes intempestivos
(falsos alarmes provocados por acontecimentos exteriores a um incêndio, mas que exercem uma
influência directa sobre os detectores, por exemplo: fumo de cigarrilhas e charutos, pó, raios solares,
etc.) ou alarmes por avaria (falsos alarmes provocados por perturbações técnicas da instalação).
Outro aspecto importante consiste na forma como o sistema reage à detecção de um foco de
incêndio. Tipicamente essa reacção manifesta-se por várias acções com destaque para as de:

 Emissão de alarmes;
 Emissão do alerta;
 Comando de equipamentos.

Entende-se por alarme o aviso, aos ocupantes de um dado edifício ou estabelecimento, da


ocorrência de um incêndio.
Entende-se por alerta (chamada de incêndio) a mensagem transmitida aos socorros exteriores
(bombeiros) comunicando-lhes a ocorrência de um incêndio num dado edifício ou estabelecimento.
De entre os equipamentos a comandar por um sistema automático de detecção de incêndios, podem
destacar-se os seguintes:

 Fecho de portas e registos corta-fogo;


 Paragem de ventiladores;
 Cortes de alimentação de combustíveis;
 Arranque de sistemas automáticos de extinção de incêndios;
 Comando de elevadores;
 Arranque de sistemas de controlo de fumo.

Um sistema automático de detecção de incêndios deve ser de operação permanente (24h/dia) e


suficientemente fiável, isto é, pouco sujeito a avarias e a falsos alarmes.

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A correcta concepção de um sistema de detecção é fundamental para que este tenha o desempenho
desejado, devendo começar-se por avaliar um conjunto de factores dos quais se destacam os riscos
inerentes ao edifício em causa, as áreas a proteger, as características geométricas dessas áreas e a
escolha dos detectores mais adequados face aos condicionalismos existentes e ao tipo de fogo
esperado.
A partir desta análise procede-se à definição do sistema de detecção a utilizar, tendo em
consideração quais os fenómenos que podem impedir o seu adequado funcionamento, devendo ainda
definir-se os meios de intervenção previsíveis e um plano detalhado de manutenção do sistema.
A área a proteger por um sistema de detecção de incêndio, deve ser dividida em zonas de detecção
delimitadas e sinalizadas de modo a que seja facilmente identificável na Central a localização do
incêndio.
Um SADI pode proteger diversas áreas de risco desde que a capacidade da Central seja adequada
para o efeito, referindo-se de seguida alguns princípios gerais que devem presidir à sua concepção, no
âmbito da abordagem de detectores automáticos de incêndio:

 As zonas de detecção não devem vigiar mais do que um andar ou um sector resultante
de uma compartimentação corta-fogo;
 As caixas de escadas, pátios interiores cobertos, caixas de ascensores podem
constituir, cada uma, uma zona distinta, desde que a vigilância se processe nos dois sentidos;
 Vários compartimentos vizinhos não podem pertencer ao mesmo sector senão quando
tiverem avisadores ópticos de alarme;
 Os detectores de incêndio implantados por baixo de tectos falsos, nas condutas de
cabos, nas instalações de climatização e de ventilação, devem pertencer a zonas distintas;
 Os botões de alarme manual, não devem estar ligados às zonas de detectores
automáticos de incêndios, excepto em zonas de detecção em paralelo e em zonas de detecção em
anel;
 As instalações de detecção e alarme devem estar em permanente estado de vigília,
excepto durante as operações de manutenção e verificação das instalações, facto que deve ser
sinalizado na central (durante os trabalhos de conservação e manutenção a paragem da instalação
deve ser compensada por uma maior vigilância dos locais;
 O detector automático controla na “superfície vigiada” as “grandezas características” de
incêndio enviando um estímulo eléctrico ao quadro central se aquelas grandezas ultrapassarem um
determinado valor.
 Mesmo em situações em que existe detecção automática, esta coexiste muitas vezes
com botões manuais de alarme, devendo o seu número e localização, ser definido tendo em
consideração os critérios necessários à organização do alarme.

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2 - TIPOS DE DETECTORES

2.1 – ASPECTOS GERAIS

Importa conhecer os fenómenos físicos produzidos durante a combustão de um material. O material é


transformado em radiação, sob a forma de luz e de calor, e decomposto em elementos sólidos, líquidos e
gasosos. Os elementos sólidos e líquidos não voláteis ficam junto ao solo, enquanto os produtos da
combustão voláteis, a radiação e os efeitos térmicos de condução e convecção podem propagar-se para
longe do fogo.
Os detectores constituem os dispositivos que registam, comparam e medem automaticamente a
presença de fumos, calor e/ou chamas, transmitindo um sinal para um quadro de alarmes e controlo
(Central).
Assim, os detectores de incêndio são equipamentos (sensores) que reagem a parâmetros físicos
característicos do fenómeno da combustão. Essa reacção pode ser aos valores absolutos ou às
variações desses parâmetros físicos.
Acabamos de mencionar os produtos resultantes da combustão, nomeadamente:

 Energia libertada;
 Gases;
 Fumo e aerossóis;
 Resíduos sólidos ou líquidos.

Algumas destas manifestações da combustão podem ser detectadas recorrendo a processos


relativamente simples, através de detectores de diversos tipos (fig. 6), que podem ser seriados nos
seguintes grupos, de acordo com a ordem natural de detecção (1), (2), (3):

 De chama, sensíveis à energia radiada;


 De fumo, sensíveis à presença de fumo, gases de combustão e/ou aerossóis;
 De calor (térmicos), sensíveis à temperatura ou à sua variação.

Actualmente existem detectores que associam as funções de detecção de fumo e de calor no mesmo
dispositivo.

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Fig. 6 - Manifestações de uma combustão e sua detecção

Os detectores de incêndio podem ainda ser classificados em função da sua cobertura física ou
implantação, independentemente da grandeza a que são sensíveis. Sob esse ponto de vista existem três
tipos de detectores, consoante a manifestação da combustão seja detectada:

 Num único ponto – detectores pontuais;


 Ao longo de uma linha – detectores lineares;
 Em vários pontos separados – detectores multipontuais.

Os detectores ainda podem classificar-se, de acordo com o seu modo de funcionamento, em duas
categorias:

 Estáticos – quando o detector é sensível a um dado valor da grandeza a detectar;


 Diferenciais (ou velocimétricos) – quando o detector é sensível à taxa de variação no
tempo da grandeza a detectar .

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O Quadro VII sintetiza as classificações dos detectores de incêndio anteriormente referidas.

Grandeza Modo de funcionamento Distribuição espacial

Temperatura
Estático Pontual
Fumo
Linear
Chamas
Diferencial ou Velocimétrico Multipontual
Temperatura e fumo

Quadro VII – Classificações dos detectores de incêndio.

2.2 - DETECTORES DE CALOR

Os detectores de calor foram os primeiros a ser utilizados, geralmente são mais baratos, mais imunes
a falsos alarmes, mas são os que efectuam uma detecção menos precoce.
Diversos efeitos da temperatura podem ser utilizados no modo de operar destes detectores:

 Dilatação de metais;
 Dilatação de gases ou vapores;
 Fusão;
 Efeitos termoeléctricos;
 Combustão.

Os detectores de calor (pontuais ou lineares) mais usuais são de dois tipos:

 Termostáticos;
 Termovelocimétricos.

Os detectores termostáticos, como o nome indica, reagem a um dado valor fixo de temperatura.
O princípio de funcionamento dos detectores termostáticos pontuais, incluídos num sistema
automático de detecção de incêndios, baseia-se na interrupção ou estabelecimento de um circuito
eléctrico por accionamento de um contacto eléctrico.

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O accionamento desse contacto eléctrico pode ter duas origens:

 Dilatação de uma lâmina bimetálica;


 Libertação de uma mola por fusão do elemento que a mantinha comprimida.

A fig. 7 representa um detector termostático pontual que opera por dilatação de lâmina bimetálica.

A B C
Fig. 7 - Detector termostático pontual de lâmina bimetálica.
A – Sem incêndio; B – Com incêndio; C – Com elevação lenta de temperatura

Os detectores termostáticos que operam por fusão não são, em regra, adoptados em sistemas de
detecção. Porém, o princípio da fusão do elemento fusível calibrado para uma dada temperatura é usual
para accionamento de sistemas de extinção automática (sprinklers, por exemplo) ou de comandos locais
de equipamentos (portas e registos corta-fogo, por exemplo).
Os detectores termostáticos pontuais são muito simples, robustos, pouco sensíveis (um detector
cobre uma área inferior a 20 m2), mas pouco sujeitos a falsos alarmes. São utilizados para cobertura de
locais onde:
 Se preveja que um eventual incêndio liberte pouco fumo e provoque uma rápida
elevação de temperatura;
 A humidade seja elevada ou exista probabilidade de gorduras em suspensão no
ambiente;
 Se realizem trabalhos que libertem fumo ou vapor.

Não devem ser utilizados em locais:


 Onde se preveja que um eventual incêndio tenha um desenvolvimento lento sem grande
libertação de energia;
 Com pé direito superior a 7,5 m;
 Onde seja necessária uma detecção muito precoce, face aos riscos em presença.

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Os detectores termostáticos lineares (fig. 8) são constituídos por cabos eléctricos especiais cujo
isolamento dos respectivos condutores diminui, podendo até ser eliminado, com a elevação da
temperatura.
Assim, o seu princípio de funcionamento baseia-se na detecção da diminuição da resistência da
resistência de isolamento entre dois condutores.

Fig. 8 - Detector térmico linear.

O cabo eléctrico referido pode ser constituído por condutores enrolados entre si, revestidos por
material fusível, ou ser do tipo coaxial, em que o isolamento entre o condutor interior e o exterior é de
material semicondutor, cuja resistência diminui com a temperatura.
Os detectores térmicos lineares utilizam-se para locais de difícil acesso onde exista grande
quantidade de cabos eléctricos como, por exemplo, túneis, condutas, tectos ou pavimentos falsos e nos
locais onde se possam desenvolver fogos com. Grande libertação de calor, como é o caso de escritórios.
Os detectores termostáticos só actuam quando o ambiente na sua vizinhança atingir o valor de
temperatura para que foram calibrados (valor superior à temperatura máxima esperada sem incêndio
para o ambiente a proteger), o que está na base do seu maior tempo de reacção já referido.
Os detectores termovelocimétricos reagem a um dado valor de crescimento de temperatura no
tempo, possibilitando uma detecção mais precoce do que os termostáticos.
Com efeitos, logo na fase inicial de um incêndio e ainda antes da temperatura atingir valores
elevados, já é notória uma variação de temperatura.
Existem dois tipos distintos de detectores termovelocimétricos, consoante o princípio de
funcionamento:
 Por dilatação do ar existente numa câmara (linear ou pontual);
 Por efeito termoeléctrico.

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Os detectores termovelocimétricos que se baseiam na dilatação do ar existente numa câmara (fig.9)
operam do seguinte modo:
 A câmara possui um orifício calibrado que garante a passagem de um determinado
débito de ar;
 Uma das paredes envolventes da câmara pode deformar-se (normalmente é uma
membrana);
 Se a taxa de aumento da temperatura for elevada a pressão no interior da câmara
aumenta, dado que o ar ao dilatar-se não é rapidamente escoado através do orifício calibrado;
 Esse aumento de pressão deforma a membrana que acciona um contacto eléctrico.

Fig. 9 - Detector termovelocimétrico de câmara. A – Sem incêndio; B – Com incêndio.

No caso dos detectores termovelocimétricos lineares, a câmara está ligada a uma tubagem que
percorre a área a cobrir, mas o princípio de funcionamento é idêntico ao descrito para os detectores
pontuais de câmara.
Os detectores termovelocimétricos que operam por efeito termoeléctrico são constituidos por dois
termopares. O efeito termoeléctrico produz uma tensão entre duas junções de metais diferentes quando
sujeitos a uma diferença de temperatura.
Assim, uma das junções dos dois metais é mantida no ambiente a proteger e a outra é contida num
invólucro que garante um certo isolamento térmico face a esse ambiente.
Caso a temperatura varie lentamente, a diferença de potencial entre os dois termopares não é
significativa. Caso a variação de temperatura se processe rapidamente, os dois termopares ficam a
temperaturas suficientemente diferentes para provocar uma diferença de potencial significativa que
poderá ser utilizada para desencadear um alarme.
É frequente a associação em série de detectores deste tipo, reforçando-se assim a sensibilidade do
conjunto.

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2.3 – DETECTORES DE CHAMA

Um detector de chama reage à energia radiada, quer no espectro visível quer fora dele.
A sua sensibilidade à radiação emitida possibilita uma rápida detecção, pelo que são utilizados de
preferência em locais onde:

 A probabilidade de eclosão de incêndios com imediata produção de chama seja elevada;


 O pé direito seja elevado (>30 m). Mais utilizados em instalações industriais.

Não devem ser utilizados na cobertura de locais onde:

 Seja provável o desenvolvimento de incêndios sem produção imediata de chamas ou


com forte libertação de fumo antes do aparecimento de chamas;
 Onde seja provável a acumulação de sujidade sobre o detector;
 Onde existam efeitos perturbadores decorrentes de emissão de radiação ou de reflexos
devido a , por exemplo, peças em movimento.

A área de cobertura de cada detector é apenas a que se encontra na sua “linha de vista” pelo que
cuidados especiais devem ser tomados para evitar a obstrução do seu campo de “visão”.
Os detectores de chamas são, geralmente constituidos por um sistema de filtros e lentes que fazem
incidir a radiação sobre uma célula fotoeléctrica. Esta altera as suas características eléctricas
desencadeando um alarme.
Existem dois tipos de detectores de chamas:
 Infravermelhos;
 Ultravioletas.
O princípio de funcionamento destes dois tipos de detectores é idêntico, residindo a principal
diferença entre eles apenas na gama de frequência a que são sensíveis.
Os infravermelhos são, normalmente, mais sensíveis que os ultravioletas, mas são igualmente mais
sujeitos a falsos alarmes.
Os detectores de chamas infravermelhos podem ser perturbados por interferências provenientes de
radiação solar nessa banda de frequências, Assim, ou são dotados de filtros ou deverão ser instalados
em locais resguardados da radiação solar.
Os detectores de chamas ultravioletas são geralmente insensíveis, quer à radiação solar, quer à
proveniente de iluminação artificial.

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2.4 – DETECTORES DE FUMO

Os detectores de fumo reagem às partículas de fumo e aerossóis libertados por uma combustão.
Geralmente a sua velocidade de detecção é superior às dos detectores térmicos e inferior às dos de
chama.
Existem dois tipos de detectores de fumo:
 Ópticos;
 Iónicos.
O detector óptico de fumo reage à existência de fumo (partículas visíveis) através da perturbação
que este introduz num feixe luminoso. Essa perturbação pode ser de dois tipos: absorção ou dispersão
da radiação pelas partículas de fumo.
Nos detectores ópticos de fumo de absorção (ou redução) existe um emissor de luz que incide num
receptor conforme se representa na figura 10. A presença de fumo no espaço entre o emissor e o
receptor reduz a intensidade luminosa que chega a este, devido à sua absorção pelas partículas de
fumo.
Existem detectores ópticos de fumo de absorção pontuais e lineares.
Neste último caso, o emissor e o receptor poderão estar afastados de algumas dezenas de metros e
a sua cobertura centra-se em volta da linha constituida pelo feixe luminoso.
Este tipo de detector linear necessita de uma afinação cuidada, sendo de muita utilidade em locais
onde não é recomendável a utilização de detectores pontuais, por exemplo devido a limitações
arquitectónicas.

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Fig. 10 - Princípio de funcionamento de um detector óptico de absorção.


A – Detector pontual; B – Detector linear.

Nos detectores ópticos de fumo de dispersão (fig. 11) existe um emissor de luz e um receptor, mas
este não é atingido directamente pela radiação luminosa proveniente do emissor.
O fumo ao atravessar o feixe, provocará a sua dispersão, fazendo com que alguma radiação luminosa
incida no receptor, originando um alarme.
Os detectores ópticos de fumo são adequados em locais onde:
 A probabilidade de eclosão de incêndio com grande produção de fumo seja elevada;
 O ar possa movimentar-se a velocidades elevadas.

Fig. 11 – Princípio de funcionamento de um detector óptico de dispersão.

Não devem ser utilizados na cobertura de locais onde:

 Seja provável a acumulação de sujidade (poeiras ou gorduras) sobre o detector;


 Possam existir campos electromagnéticos de elevada frequência;
 Possa ocorrer libertação de vapor de água ou de fumo devido à actividade desenvolvida
nesse local.

O detector iónico de fumo detecta a existência de fumo ou aerossóis através dos seus efeitos num
ambiente ionizado.
Este tipo de detector, representado em corte na fig. 12 é constituído por duas câmaras onde o ar é
ionizado por um elemento radioactivo (Am 241).
Uma das câmaras está selada (câmara de referência) e a outra está em contacto com o ambiente.
Quando o fumo penetra nesta câmara a condutividade eléctrica do ambiente (ar + fumo) baixa. Por
comparação com a condutividade da câmara de referência pode ser desencadeado um alarme.

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Fig. 12 - Detector iónico de fumo em corte.

Normalmente, a sensibilidade deste tipo de detector pode ser ajustada o que, aliado a um tempo de
atraso, pode prevenir a ocorrência de um número excessivo de falsos alarmes.
O recurso a um elemento radioactivo implica cuidados especiais no manuseamento deste tipo de
detector, nomeadamente no que se refere às operações de instalação, manutenção e substituição.
Adicionalmente colocam-se problemas ecológicos, resultantes do tempo de vida longo do elemento
radioactivo, pelo que a sua utilização já não se verifica em instalações recentes.

2.5 – SELECÇÃO DOS DETECTORES

A escolha do tipo de detector a utilizar para a cobertura de um dado espaço é efectuada em função
das características de aplicabilidade já indicadas, aquando da sua descrição, bem como de outros
factores (ambientais, económicos e organizacionais, por exemplo). Na escolha de um detector é de
extrema importância ter em consideração um conjunto de factores com influência decisiva na sua
capacidade de desempenho. A selecção inadequada de um detector ou a sua localização errada, pode
conduzir a uma inoperacionalidade do sistema devido a um atraso na detecção ou a um número
excessivo de falsos alarmes.
O conhecimento das condições ambientais do local onde o detector irá ser colocado é fundamental
para que este seja fiável.
Em resumo, recapitulam-se a seguir alguns aspectos genéricos que condicionam a escolha dos
diversos tipos de detector.
Os detectores térmicos, de menor custo, mais imunes aos falsos alarmes são os que respondem
mais lentamente, não sendo convenientes para pequenos fogos, onde o calor gerado tende a dissipar-se
rapidamente

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.

A sua aplicação é típica em locais onde os prováveis incêndios produzam rapidamente uma
significativa elevação de temperatura. É também vulgar a sua utilização em locais sujeitos a poeiras,
humidade ou impurezas em suspensão que reduzem a eficácia de outros tipos de detector (fumo e /ou
chamas), a fim de evitar alarmes intempestivos.
A área de cobertura dos detectores termovelocimétricos pontuais (40 m2 em locais amplos, com
riscos ordinários) é, geralmente inferior à dos restantes tipos.
A utilização de detectores térmicos em locais sujeitos à ocorrência de elevadas temperaturas
interiores junto ao tecto, onde habitualmente se localizam esses detectores, com a formação de uma
camada de ar quente na sua proximidade, poderão provocar a sua actuação intempestiva, gerando
excessivos falsos alarmes.
Os detectores de fumo, mais caros que os térmicos, são mais rápidos na detecção.
São ideais em espaços amplos, onde a presença de fumo é mais facilmente detectada do que a
elevação de temperatura, pois o calor dissipa-se mais facilmente e nos locais onde se preveja a
possibilidade de ocorrência de focos de incêndio encobertos.
No caso de poeiras e através da utilização de filtros especiais, nos detectores, é possível o emprego
de detectores de fumos.
No entanto, a utilização de detectores de fumo em locais onde se verifica uma produção significativa
do mesmo, conduzirá naturalmente, a alarmes intempestivos que não correspondem a incêndios reais.
Em sentido oposto, a utilização de detectores de fumo não deverá estar sujeita às perturbações que
um sistema de ar condicionado poderá produzir na sua actuação, nomeadamente os detectores de fumo
não devem situar-se na zona de influência directa dos difusores desse sistema, pois estes podem diluir
os fumos, antes destes atingirem os detectores, provocando assim, um atraso no seu funcionamento.
Os detectores de chama são os que exibem uma resposta mais rápida, mas também são os que
provocam mais falsos alarmes. Um exemplo desta situação será a utilização de detectores de
infravermelhos ou ultravioletas em ambientes em que existem aparelhos de soldar, os quais podem gerar
excessivos falsos alarmes devido à presença de energia radiante.
Para além, disso a sua distribuição e localização devem ser particularmente cuidadas.
É necessário ter em conta na escolha do detector a instalar o desenvolvimento provável do incêndio
no seu estado inicial, a altura do local, as condições circundantes e as fontes possíveis de falsos alarmes
nas zonas a vigiar.
Em referência ao possível desenvolvimento do incêndio, logo que a actividade exercida na zona a
vigiar possa fazer prever no seu estado inicial um incêndio de desenvolvimento lento, dever-se-ão
escolher detectores de fumos.
Se a actividade exercida na zona a vigiar faça prever um incêndio de desenvolvimento rápido desde o
seu início, os detectores de fumo, de calor e de chamas ou associações de diferentes tipos de detectores
poderão ser utilizadas.
Em referência à altura do local, a entrada em função dos detectores é directamente proporcional à
altura do local, com algumas restrições à sua utilização nos locais de grande altura (fig.13).

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A relação entre a aptidão dos diversos tipos de detectores e a altura do local, assim como os limites
absolutos de utilização são indicados na figura seguinte:

Fig. 13 – Indicação dos detectores mais adequados, em função


da altura do espaço a proteger

Não se deverá considerar a altura das partes do tecto onde a superfície seja inferior a 10 % da
superfície total do tecto e inferior ou igual à superfície máxima vigiada pelo detector.
Em referência à temperatura ambiente, os detectores de fumos e de chamas podem ser utilizados
para uma temperatura ambiente inferior ou igual a 50º C, a menos que outros valores sejam
expressamente exigidos.
A temperatura estática de funcionamento da parte termoestática dos detectores térmicos deve ser
superior de 10 a 35º C à temperatura mais elevada susceptível de ser produzida na vizinhança do
detector.
Desde que a temperatura ambiente seja inferior a 0º C nenhum detector termoestático deve ser
utilizado.
Os detectores térmicos comportando uma parte velocimétrica não devem ser aplicados sempre que
as temperaturas no local flutuem fortemente ou sejam constantemente elevadas.
Em referência ao número e implantação de detectores automáticos de incêndio, determina-se o
número e localização dos mesmos em função do tipo de detector empregue e dos critérios que
presidiram à sua escolha. Para além disto os detectores devem ser implantados de maneira a evitar
accionamentos intempestivos.
Qualquer que seja o tipo de detectores a instalar, o cálculo da sua quantidade terá sempre que
observar rigorosamente as características e o raio de acção de cada detector.

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DETECTORES TÉRMICOS:

 O número de detectores térmicos deve ser determinado de maneira que não sejam
ultrapassados os valores seguintes da superfície vigiada por detector (A max):
 40 m2 (A max) nos locais onde a superfície do pavimento for inferior ou igual a 40
m2;
 30 m2 (A max) nos locais onde a superfície do pavimento comportando tecto ou
cobertura horizontal (*) for superior a 40 m2;
 40 m2 (A max) nos locais onde a superfície do pavimento comportando tecto ou uma
cobertura inclinada, se com a inclinação superior a 20º for (**)superior a 40m2;
 50 m2 (A max) nos locais onde a superfície do pavimento é a que comporta um tecto
ou uma cobertura inclinada se com a inclinação superior a 45º for (**) superior a 40
m2;
 As coberturas em cúpula ou em abóboda devem ser tratados em função do grau de
curvatura e segundo os parágrafos dos dois pontos anteriores (telhados inclinados).
(*) No caso da face interior da cobertura constituir ao mesmo tempo o tecto
(**) Ãngulo que forma as águas da cobertura com a horizontal. Pode ser, por exemplo,
o caso de cobertura em alpendre, com duas inclinações, em coroa, em pavilhão, em
cone e em “shed”– Tomar-se-à a mais pequena inclinação nas coberturas das várias
águas(“shed” por exemplo)
 Os detectores de calor devem estar distribuídos de maneira que nenhuma parte do tecto
ou da cobertura se situe em relação a um detector a uma distância horizontal superior aos valores
seguintes:

Superfície do solo do local a vigiar Distâncias máximas em função da linha de água do telhado

Até 20º >20º >45º


Inferior ou igual a 40 m2
Superior a 40 m2
5,1 m 5,7 m 6,3 m
4,4 m 5,7 m 7,1 m

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 Os detectores térmicos devem ser sempre implantados directamente debaixo da
cobertura.
 A distância dos detectores ao solo não deve exceder 6,0 m para os detectores de calor.
 As distâncias que separam os detectores das paredes não devem ser inferiores a 0,5 m,
excepção feita nos corredores, condutas técnicas e partes da construção similares, de menos de 1 m de
largo.
 Não devem ser implantados detectores no fluxo de ar provindo das instalações de
climatização, da aeração ou de ventilação, excepção feita para os detectores próprios da conduta.
 As aberturas nos tectos perfurados nas quais o ar seja impulsionado no local, devem ser
obturados na superfície compreendida no raio de 1 m à volta dos detectores.

DETECTORES DE FUMOS:

Os detectores de fumos apresentam relativamente aos detectores térmicos uma resposta mais
rápida, pelo que são mais adequados que estes últimos na protecção de grandes áreas.
São indicados para fogos que se desenvolvem em locais fechados onde a temperatura aumenta
lentamente, e em que há uma abundante libertação de gases e fumos, como se verifica em armazéns de
tecidos, papel, arquivos, galerias de redes técnicas, centrais telefónicas, salas de computadores,
ambientes poeirentos e outros.
O quadro seguinte exemplifica a área máxima que um detector de fumos pode vigiar, em função da
altura do local(h) e da classificação do risco:

Área de protecção (A) por detector de fumo em função do


Risco (m2)
Altura do local(m)

Risco ligeiro Risco ordinário Risco grave

2,5 60 < A <= 85 40 < A <= 60 10 < A <= 40


2,5 < h <= 3,5 70 < A <= 95 45 < A <= 70 10 < A <=45
3,5 < h <= 5 85 < A <= 105 65 < A <= 90 30 < A <= 65
7,5 < h <= 10 110 < A <= 120 90 < A <= 110 70 < A <=90
2,5 < h <= 3,5 120 < A <=130 110 < A <= 120 -
10 < h <= 15 140 130 -
15 < h <= 20 150 140 -

Quadro VIII - Área máxima de detecção, em função da altura do local(h) e da classificação do risco

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Para o posicionamento dos detectores importa ainda ter em consideração a distância máxima
admissível entre eles e a distância à parede mais próxima, dependendo esses distâncias da inclinação
do tecto ( até 5,7º e superior a 5,7º), conforme se indica nos quadros seguintes:

Distância a respeitar na instalação de detectores em locais com tectos planos ou inclinação não superior a 5,7º

Área de influência do Distâncias medidas na horizontal (m)


Detector(m2)
Entre detectores (m) Entre detectores e parede (m)
60 9 4,5

80 11 5,5

110 12,5 6,25

140 14 7

Distância a respeitar na instalação de detectores em locais cujos tectos têm inclinação superior a 5,7º

Área de influência do Distâncias medidas na horizontal (m)


Detector(m2)
Entre detectores (m) Entre detectores e parede (m)
60 12 6

80 14 7

110 17 8,5

140 19 9,5

Quadros IX e X – Distância a respeitar na instalação de detectores

DETECTORES DE CHAMAS:

Os detectores de chamas exigem uma manutenção cuidada no que se refere à sua limpeza.
Como princípio geral deste tipo de detectores refere-se que a sua localização deve ser feita de modo
a que não exista nenhum obstáculo entre qualquer posição da área que o detector protege e o detector,
de modo que a radiação emitida pelo incêndio atinja sempre o detector.

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3 – COMPOSIÇÃO DE UM SISTEMA DE DETECÇÃO

3.1 - CONSTITUIÇÃO GERAL

Um sistema automático de detecção de incêndios é, em geral, constituido por:


 Detectores;
 Botões de alarme;
 Central de sinalização e comando;
 Dispositivos de accionamento de alarme;
 Dispositivos de transmissão do alerta;
 Dispositivos de sinalização e comando;
 Cablagem de interligação.
Os detectores e botões de alarme são agrupados em zonas, de acordo com a áreas a cobrir, com
vantagens na identificação do local onde o alarme possa ter sido desencadeado.

3.2 – Central de sinalização e comando

A central de sinalização e comando compreende os dispositivos que recebem, controlam, registam e


transmitem os sinais dos detectores que a ela estão ligados antes do accionamento dos dispositivos de
alarme, e de outros meios de segurança.
Consiste na unidade centralizadora de todas as informações provenientes dos detectores ou botões
de alarme e de todas as funções de comando e controlo.
As funções principais da central de sinalização e comando de um SADI caracterizam-se por:
 Centralizar a informação dada pelos detectores e botões de alarme das várias áreas a
proteger;
 Analisar e tratar essa informação, disponibilizando o correspondente resultado sob a
forma visual por cada área a proteger;
 Desencadear o correspondente alarme (de forma visual e/ou acústica), quer localmente
na central quer nas áreas afectadas, recorrendo aos dispositivos de alarme;
 Desencadear a transmissão do alerta aos bombeiros;
 Testar o sistema, componentes e respectivas ligações, quer globalmente, quer por
circuito;
 Activar os dispositivos de comando automático de equipamentos e sistemas.

A central de sinalização e comando deve estar localizada em local permanentemente vigiado, situado
na proximidade dos acessos principais do edifício ou estabelecimento, devidamente protegido da acção

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de pessoas estranhas à segurança e coberto pelo sistema automático de detecção de incêndios. Se
existir um posto de segurança, a central do SADI deve aí estar localizada.
A sua alimentação de energia eléctrica deve ter, pelo menos, duas origens distintas (rede de
distribuição de energia e acumulador), de tal modo que a avaria ou indisponibilidade de uma delas não
afecte a outra.

Na central devem ser sinalizadas, de forma óptica e acústica diferente, as seguintes situações:
 Alarme de incêndio (no mínimo, por zona);
 Avaria (no mínimo, por zona);
 Falha da rede de alimentação de energia eléctrica ou dos acumuladores.

Devem ser sinalizadas de forma óptica diferente as seguintes situações:


 Alerta aos bombeiros;
 Cancelamento do alarme e do alerta;
 Colocação fora de serviço (por circuito);
 Estado da alimentação de energia eléctrica (rede ou acumuladores).
Na fig.13 representa-se um esquema simplificado de uma central de sinalização e comando e
respectivas ligações externas.

Fig 13 - Esquema simplificado de uma central de sinalização e comando de um SADI.

3.3 - BOTÕES DE ALARME

Os botões de alarme destinam-se, essencialmente, a possibilitar o desencadeamento manual do


alarme de incêndio por comando manual, devendo ser facilmente e sem risco de erro reconhecidas como

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avisadores de incêndio. Devem encontrar-se munidos de um dispositivo de protecção que impeça o
accionamento abusivo dos dispositivos de alarme.

Dependendo da forma como é organizado o desencadear do alarme na central, os botões de alarme


também podem ser utilizados para confirmação de alarmes produzidos por outros dispositivos.

3.4 – DISPOSITIVOS DE ALARME

O alarme de incêndio deve ser desencadeado o mais rapidamente possivel e deve ser dirigido para
todos os ocupantes a que diga respeito, isto é, os que estão em risco e os que devem intervir em
situação de emergência.
O alarme, além de se verificar na central de comando, poderá também ser desencadeado, através de
sinais sonoros ou luminosos (intermitentes ou contínuos), com incidência:
 Local (restrito) – cobrindo apenas uma pequena área afectada pelo foco de incêndio;
 Sectorial – cobrindo apenas uma parte de um edifício ou estabelecimento;
 Geral – cobrindo a totalidade do edifício ou do estabelecimento que protege.

3.5 – CABLAGEM DE INTERLIGAÇÃO

A cablagem de interligação entre os diversos componentes de um SADI dever ser, tanto quanto
possível, distinta da utilizada para outros fins e estar devidamente identificada.
Devem atravessar apenas zonas vigiadas por detectores e devem ser protegidas de forma que em
caso de incêndio os danos sofridos sejam mínimos.
Deverão ainda ser cumpridas, no projecto e instalação da cablagem, todas as prescrições
regulamentares e as regras de boa prática aplicáveis.

3.6 – TIPOS DE SISTEMA E SEU DIMENSIONAMENTO

A escolha de um SADI e o seu dimensionamento depende de muitos factores, dos quais os mais
importantes são:
 O risco a cobrir;
 As características dos locais a proteger (arquitectura, etc.);
 O tipo de organização de segurança existente;
 Aspectos económicos.

Esta escolha passa igualmente por várias opções, com destaque para as seguintes:
 Tipo de sistema e respectivo endereçamento;
 Tipo, distribuição e localização dos detectores e botões de alarme;
 Localização da central;

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 Tipo, distribuição e localização dos dispositivos de alarme;
 Tipo de dispositivos de alerta e de comandos que é necessário efectuar:
 Organização do alarme e do alerta.

A generalidade dos aspectos referidos é coberta pela Regra Técnica Nº4 (SADI - Sistema Automático
de Detecção de Incêndios) publicada pelo Instituto de Seguros de Portugal. Por outro lado, o sistema e
respectivos componentes devem estar conforme a norma europeia EN-54.
Será importante referir ainda, alguns aspectos relativos aos diversos tipos de SADI, nomeadamente
os sistemas podem ser tipificados segundo dois dos seus aspectos:
 A forma como é definida a situação de alarme;
 A forma como se processa o endereçamento dessa informação.
No que se refere à forma como é definida a situação de alarme, há duas hipóteses;
 Sistema digital – assim que é atingido um determinado limiar predefinido o detector
passa à situação de alarme, transmitindo-o à central;
 Sistema analógico – a grandeza representativa do factor a detectar é permanentemente
monitorizada.
Os sistemas analógicos são muito mais flexíveis e fiáveis do que os digitais, possibilitando situações
de pré-alarme e de confirmação de alarme mais eficazes. Porém, o custo dos sistemas analógicos é
mais elevado.
No que se refere ao endereçamento da informação, podem ocorrer duas situações:

 Sistema endereçável - cada detector e botão de alarme possui um endereço que é


transmitido associado à respectiva informação.
 Sistema convencional (não endereçável) – os detectores e os botões de alarme não
dispõem de endereço, pelo que a informação de alarme não pode ser individualizada na central para
cada dispositivo.

Nos sistemas endereçáveis a localização do ponto origem do alarme é, assim, substancialmente


facilitada. Porém, são sistemas mais caros do que os convencionais.
Nos sistemas não endereçáveis apenas é possível, na central de comando, saber qual o circuito (a
zona) origem do alarme.
Por esse motivo, neste tipo de sistemas é exigido que, para além dos detectores possuirem
elementos de sinalização luminosa, os que não estejam visíveis a partir das circulações ou de espaços
amplos devem ter associados elementos complementares de sinalização luminosa de actuação,
colocados em local visível.

3.7 – ORGANIZAÇÃO DO ALARME

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Deve estar sempre presente a necessidade de se garantir um estado de alerta permanente para o
sistema, caracterizado por uma elevada fiabilidade, baixa ocorrência de falsos alarmes, elevada
sensibilidade e resposta rápida e eficaz face à ocorrência de um incêndio.

3.8 – SISTEMAS DE DETECÇÃO DE GÁS

Existem diversos tipos de sistemas automáticos de detecção de gás, para fazer face aos riscos
inerentes à existência de gases perigosos em edifícios, nomeadamente para os combustíveis e os
tóxicos.
Estes sistemas constituem uma medida importante na prevenção de incêndios, de explosões,
intoxicações e outros riscos inerentes a esses gases, pois podem emitir alarmes e desencadear
comandos quando detectam concentrações perigosas de um determinado gás, possibilitando uma
intervenção (humana e/ou automática).
Os sistemas mais utilizados são os de detecção de gás combustível que protegem pontos de
armazenamento e de utilização de GPL ou de gás natural.
Outros sistemas muito frequentes são os de detecção de monóxido de carbono (CO), gás tóxico ou
combustível, nomeadamente nos parques de estacionamento cobertos, por serem exigidos pela
legislação de segurança aplicável a esses locais.
Os sistemas de detecção de gás utilizam diversos tipos de detectores ( fig. 14), destacando-se os
seguintes:

 Térmicos, reagindo ao calor libertado pela combustão de um gás, recorrendo a


dispositivos semicondutores ou a uma ponte de Wheaststone, possuindo num dos seus
braços um sensor activo catalítico e noutro um elemento de referência;
 Electro-químicos, possuindo uma célula cujas propriedades de ionização (entre o
ânodo e o cátodo) se alteram na presença de um gás.
Note-se que cada gás possui características físicas e químicas diferentes, o que significa que os
detectores não são de aplicação universal, devendo ser criteriosamente escolhidos face ao gás
específico a detectar.
Da mesma forma, dado que os gases apresentam diferentes densidades em relação ao ar, o
posicionamento dos detectores deve ser o adequado ao gás a detectar. Por exemplo, no caso dos GPL
devem ser localizados junto ao pavimento, para o hidrogénio nos tectos (ou sobre o espaço a proteger) e
para o CO à altura de 1,5m acima do pavimento do espaço a proteger).

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Fig. 14 - Diversos tipos de detectores de gás.

As centrais de alarme e comando têm funcionalidades semelhantes às dos SADI, já que podem emitir
alarmes, efectuam sinalizações diversas, podem comandar dispositivos e equipamentos, e dispõem de
duas fontes de alimentação: normal (da rede de energia eléctrica) e de recurso (acumuladores).
Como nos SADI, também existem sistemas de detecção de gases convencionais e endereçáveis.
De entre os comandos destacam-se os de ventiladores, de válvula da alimentação de gás, paragem
de equipamentos e o accionamento de alarmes luminosos e acústicos.

3.9 – ARRANQUE DO SISTEMA

Após a instalação de um sistema de detecção e durante as primeiras semanas de utilização, é natural


que ocorram situações de alarmes intempestivos, resultantes do facto das condições de operação reais
serem distintas das previstas na fase de projecto.
Nesta situação, é fundamental a pronta actuação correctiva, de modo a eliminar imediatamente esses
falsos alarmes. É fundamental garantir sempre a sua operação em condições estáveis e fiáveis.

3.10 – OPERAÇÃO DO SISTEMA

Na operação de um sistema automático de detecção de incêndios ou de detecção de gases é


fundamental a manutenção da central permanentemente vigiada por pessoal devidamente treinado.
O treino do pessoal deve estar associado ao sistema instalado e à organização de segurança
estabelecida .

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Devem existir junto à central todas as informações que facilitem a interpretação das indicações
fornecidas pela mesma. São exemplos dessas informações:
 Plantas do edifício ou do estabelecimento com a apresentação dos locais cobertos por
cada zona de detecção (sistemas convencionais) ou a localização de cada dispositivo
(sistemas endereçáveis);
 Indicações explícitas sobre as funcionalidades da central e respectivas sinalizações;
 Resumo dos procedimentos a seguir na operação e manutenção da central.

Naturalmente que todas as informações fornecidas pela central e as etiquetas identificadoras de


todos os seus elementos de sinalização e comandos devem estar em português.

4 - SISTEMA AUTOMÁTICOS DE EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS - SAEI

Os sistemas automáticos de detecção de incêndios poderão estar, também, associados a sistemas


fixos de extinção, em função das características do local. Estes encontram-se associados aos SADI(s)
nos locais de risco acrescido, complementando a sua actuação.
Nos sistemas de accionamento automático haverá que ter em linha de conta, a eventual ocupação de
espaços por pessoas, devendo nesses casos, ser salvaguardada a saída dos seus ocupantes antes da
sua actuação (alguns dos agentes extintores utilizados nesses sistemas, poderão ser nocivos para o ser
humano, quando em concentrações elevadas).

5 – SISTEMAS DE CONTROLO DE FUMO

5.1. – VANTAGENS

Para se garantir uma boa protecção contra incêndios não basta a existência de adequadas
disposições construtivas ou a instalação de sistemas de detecção automática e de meios de extinção.
Uma vez detectado um incêndio é necessário criar condições para se evacuar as pessoas em risco e
para se extinguir o incêndio, aspectos que são muito dificultados se o fumo e os gases de combustão se
mantiverem no edifício. Salienta-se que, a aplicação de água no combate a um incêndio origina volumes
elevados de vapor de água que agravam as dificuldades acima descritas.
Assim, o controlo de fumo (ou mesmo apenas a desenfumagem) constitui uma importante medida de
segurança porque permite retirar para o exterior do edifício o fumo, calor e gases perigosos resultantes
de um incêndio, contribuindo para a protecção da vida dos ocupantes.

O esquema dos sistemas de controlo de fumo é definido atendendo a dois critérios:


 Tipo de comando a efectuar (manual ou automático);
 Altura em que é accionado o comando, relativamente à ocorrência de um alarme de
incêndio.

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Os comandos automáticos podem ser, nomeadamente, de três tipos:

 Fusível térmico, normalmente regulado para a temperatura a 70ºC +/-10%;


 Detector de fumo local;
 Sistema automático de detecção de incêndios por alarme provenientes da zona
coberta.

Note-se que os comandos automáticos devem ter sempre associados dispositivos de comando
manual. O rearme dos sistemas deve ser sempre manual.
O tipo de comando de ventiladores (de insuflação ou de extracção) dos sistemas forçados é sempre
eléctrico, podendo ser accionado manualmente ou manual e automaticamente.
Deve atender-se ao seguinte, no que se refere às circunstâncias em que os comandos dos sistemas
de controlo de fumo devem ser accionados:

 Se o local for protegido por sistema automático de extinção a água (sprinklers ou fine
water mist), o comando do sistema de controlo de fumo que cobre esse local deve ser automático e
desencadear-se antes da actuação do sistema de extinção. Este procedimento justifica-se pela
quantidade elevada de vapor de água resultante da actuação do sistema de extinção, que deve ser
retirado para o exterior do edifício em simultâneo com o fumo e gases de combustão;

 Em locais amplos onde exista mais do que um cantão de desenfumagem, os dispositivos


de extracção devem ser agrupados por cantão e o seu accionamento deve processar-se apenas para o
grupo de dispositivos do cantão afectado pelo incêndio. Assim, se o comando for manual deverá existir
pelo menos um dispositivo de comando por cantão que accionará simultaneamente todos os meios de
extracção que o servem;

 A matriz de comando dos sistemas de controlo de fumo de accionamento automático deve


atender à coordenação de efeitos entre a protecção da área afectada pelo incêndio e das áreas vizinhas
a proteger. Por exemplo, não deve ser accionada automaticamente a extracção em espaços contíguos a
área afectada pois, preferencialmente, esses espaços devem ser mantidos com uma pressão positiva
face ao local do incêndio.

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QUESTÃO 3

3.1. DEFINA “EXTINTOR PORTÁTIL” E RELATIVAMENTE AO MODO DE FUNCIONAMENTO DIGA QUE


TIPOS DE EXTINTORES PORTÁTEIS EXISTEM, REFERINDO QUAL A SUA PREFERÊNCIA

Os extintores são o meio mais adequado para atacar um incêndio na sua fase inicial. A sua
devida utilização permite atacar as chamas incipientes e controlar ou conter o seu desenvolvimento.
Um extintor de incêndios pode salvar vidas, extinguir um fogo ou controlá-lo até à chegada dos
bombeiros.
Um extintor é sempre considerado como um equipamento de primeira intervenção. Apesar das suas
dimensões relativamente reduzidas e da sua fácil utilização, o manuseio de um extintor requer algum
treino básico.
Os extintores são geralmente classificados de acordo com o produto ou agente extintor utilizado e
que deve ser a adequado a cada tipo de fogo. Assim, os extintores contêm geralmente água, dióxido de
carbono, gases inertes, espuma, agentes halogenados, pós químicos etc.
A aquisição de cada tipo de extintor deverá pois ser feita de acordo com o tipo de risco a proteger. Os
extintores de água e de pó químico polivalente ABC são os que têm uma utilização mais universal e os
mais adequados ao maior número de tipos de incêndios que podem ocorrer em geral em edifícios ou
instalações industriais, salvo certos tipos de incêndio, como por exemplo os que têm origem em
aparelhos ou equipamento com corrente eléctrica.
Segundo a norma portuguesa NP-1589 um extintor de incêndio é um aparelho que contém um agente
extintor que pode ser projectado e dirigido sobre um fogo pela acção de uma pressão interna. Esta
pressão pode ser obtida por:
 Compressão prévia permanente;
 Libertação de um gás comprimido;
 Reacção química (situação dos extintores de espuma química que deixaram de ser
utilizados e não estão conforme as NP);

O dimensionamento dos extintores a implementar num dado espaço é condicionado, essencialmente,


pelos seguintes factores:
 Risco de incêndio do espaço;
 Área total a proteger;
 Tipo de combustíveis envolvidos;
 Condições ambientais do espaço e tipo de equipamentos aí existentes;
 Ocupação humana do edifício.

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A análise dos factores referidos permitirá:

 Seleccionar o agente extintor mais adequado (recorrendo aos critérios baseados na NP


1800);
 Escolher o tipo e a capacidade dos extintores;
 Determinar o número de extintores de cada tipo;
 Distribuir e localizar os vários extintores definidos para cada espaço.

Os extintores caracterizam-se fundamentalmente por aspectos que nele podemos observar,


nomeadamente:
 Mobilidade;
 Tipo de Agente Extintor; (desenvolvido na questão seguinte)
 Carga de Agente Extintor;
 Eficácia de Extinção;
 Modo de Funcionamento;
 Duração de funcionamento;

Para a resposta a esta questão, optámos por abordar os aspectos relacionados com Mobilidade,
Eficácia de Extinção e Modo de Funcionamento.
Quanto à mobilidade, os extintores podem ser de dois tipos:
 Portáteis, em geral, manuais (peso em ordem de marcha <= 20 Kg) ou, mais raramente,
dorsais (peso em ordem de marcha <= 30 Kg);
 Transportáveis – possuem rodas e podem ser puxados manualmente (existem alguns
em edifícios) ou rebocados por veículos automóveis.

Um extintor portátil de incêndio é um extintor de incêndio concebido para ser transportado e


utilizado manualmente e que, em condições de operação, tem um peso inferior ou igual a 20 kg, de
forma a permitir que o mesmo seja manuseado facilmente por qualquer indivíduo de constituição “média”
(homem ou mulher).
Regra geral, os extintores portáteis têm pesos da ordem dos 6 kg a 9 kg em utilizações mais comuns.
Quando se trata de extintores de água a capacidade dos mesmos é medida em termos de litros. As
capacidades indicadas nos extintores referem-se ao peso ou ao volume do agente extintor neles
contidos.
No que se refere à classificação de extintores quanto à sua eficácia, foram definidos nas normas
portuguesas ensaios laboratoriais com base em fogos-tipo. Estes são fogos controlados em matérias
combustíveis (sólidas ou líquidas) com determinadas dimensões e distribuição espacial para os quais se
determina se podem ser extintos pelo extintor a ensaiar.

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A classificação da eficácia dos extintores consiste numa letra – a correspondente à classe de fogo
que o extintor demonstrou ser capaz de garantir a extinção. No caso das classes A e B existe um número
antes da respectiva letra, correspondente à dimensão do fogo-tipo que pode ser extinto com esse
equipamento.
Quando os extintores satisfazem os requisitos normalizados para várias classes de fogo a sua
classificação será efectuada com letras correspondentes a esses requisitos.
A eficácia do extintor deve ser conforme as Normas Portuguesas, afixada de forma visível no corpo
do equipamento através de um rótulo, em português.

Figura 15 – Elementos Base presentes no rótulo de um extintor

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O número de extintores necessários depende do risco dos espaços a proteger e da eficácia dos
extintores. Em regra, consideram-se três níveis de risco:

 Riscos ligeiros – espaços com uma densidade de carga de incêndio inferior a 25 Kg de


madeira/m2. A quantidade e o tipo de combustíveis existentes nesses espaços podem originar
incêndios de pequenas proporções. Como exemplos, podem indicar-se as circulações horizontais
(corredores e átrios) e verticais (escadas) dos edifícios, instalações sanitárias, balneários, espaços de
escritório com pequena quantidade de papel, armazéns de materiais incombustíveis, recintos
desportivos, locais de culto religioso de construção mais recente, etc.;
 Riscos ordinários – espaços com uma densidade de carga de incêndio compreendida
entre 25 e 75 Kg de madeira/m2. Nestes casos, os combustíveis em presença podem contribuir para
incêndios de média dimensão. Como exemplos podem indicar-se a generalidade dos espaços em
estabelecimentos comerciais, hoteleiros ou edifícios de escritórios, instalações industriais e armazéns
com matérias não classificadas como muito inflamáveis, etc;

 Riscos graves – espaços com uma densidade de carga de incêndio superior


a 75 Kg de madeira/m2. Se ocorrer um incêndio nestes espaços é provável que assuma
grandes proporções. Estão contemplados neste caso oficinas, armazéns de combustível,
áreas de fabrico ou de armazenamento de madeiras, papel, líquidos inflamáveis, gases,
instalações da indústria química e petroquímica, centrais térmicas, cozinhas e lavandarias
com potência instalada superior a 20 KW, arquivos com volume superior a 50 m3, etc. .

Os extintores portáteis não devem constituir a única protecção existente para cobertura de riscos
devido à presença de líquidos susceptíveis de derrame, cobrindo uma área superior a 2 m2 com a
espessura superior a 6mm.
A Regra técnica nº2 do ISP – Extintores Portáteis e Móveis, aponta para critérios de
dimensionamento que também deverão ser tidos em consideração.
Essa regra Técnica referencia a capacidade dos extintores em litros de água (agente extintor que
adopta como padrão), de acordo com as seguintes regras:
 1 Kg de pó químico equivale a 2 L de água;
 1 Kg de CO2 equivale a 1,34 L de água.

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Para as situações usuais de riscos ligeiros e ordinários (referenciados na Regra Técnica nº1 do ISP),
a referida Regra Técnica aponta os seguintes critérios de dimensionamento relativamente ao número de
extintores:
 Deverá existir um mínimo de produto extintor equivalente a 18 L de água por cada 500
m2 de área ou fracção;
 Deverá existir, pelo menos, um extintor por cada 200 m2 de área ou fracção;
 No mínimo, metade do número de extintores de um dado espaço deverá possuir uma
capacidade equivalente a 12 L de água ou inferior;
 Extintores cuja capacidade equivalente em água seja superior a 50 L devem ser
considerados com uma capacidade de 50 L, para efeito dos cálculos referidos no segundo e terceiro
pontos;
 Qualquer que seja a área, deverá existir um número não inferior a 2 extintores por piso.

No que toca ao modo de funcionamento, isto é, à forma como se produz a pressão interna que
permite descarregar o agente extintor contido no extintor, sobre o fogo, existem duas categorias
essenciais: Pressão Permanente e Pressurização no momento da utilização.

1 - EXTINTORES PRESSURIZADOS OU DE PRESSÃO PERMANENTE


Hoje em dia a maioria dos extintores que se encontra em aplicações comuns é do tipo “pressão
permanente”. Neste tipo de extintor o agente extintor e o gás propulsor encontram-se misturados no
interior do extintor, a uma determinada pressão (geralmente indicada por uma pequeno manómetro
instalado no extintor). Quando o extintor é activado o agente extintor, já sob a pressão da mistura, é
expelido por um tubo até à extremidade do difusor. A descarga pode ser controlada através de uma
válvula que existe na extremidade do tubo ou na cabeça do extintor.
Nos extintores de pressão permanente, a massa do agente extintor é mantida sob pressão através de
um dos seguintes processos:

 Agente Extintor Gasoso que, por se encontrar liquefeito, a sua tensão de vapor, por ser
elevada, vai criar a sua própria pressão de impulsão (Ex: CO 2 e Halon 1301);

 Agente Extintor na fase líquida e gasosa cuja pressão de impulsão se obtém através da
sua própria tensão de vapor e por um gás auxiliar (normalmente Azoto) propulsor,
adicionado no recipiente durante a carga (Ex: Halon 1211);

 Agente Extintor Líquido ou sólido pulverulento, cuja pressão de impulsão se obtém por
meio de um gás auxiliar (normalmente CO 2 ou Azoto), adicionado no recipiente durante
a carga;

Este tipo de extintores dispõe de um tubo de pesca, fixado na tampa e logo a seguir à válvula
interruptora. Este tubo, de metal ou plástico (conforme o fabricante), tem um comprimento que é
calculado de forma a permitir a chegada perto do fundo do corpo do extintor, uma vez a tampa apertada.

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Na fig. 16 é possível observar o esquema de um extintor de pressão permanente, com mangueira e
agulheta, onde são evidenciados os seus principais componentes:

 O corpo, que constitui o reservatório;

 Dentro do corpo o tubo de pesca, por onde é canalizado o agente extintor;

 A cabeça do extintor;

 O manípulo para segurar o extintor;

 A alavanca de descarga e controlo e respectiva válvula;

 Um manómetro para verificação da pressão (não existe em todos os extintores);

 A mangueira e a agulheta;

É possível ainda constatar, em extintores carregados, a existência de uma cavilha de segurança


na cabeça (para evitar descargas acidentais) e um selo que permite atestar da utilização do extintor,
assim como uma válvula de enchimento e de segurança para realizar o carregamento de propulsor e
prevenir situações de sobrepressão.

Figura 16 – Extintor de Pressão Permanente

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2 - EXTINTORES DE PRESSURIZAÇÃO NO MOMENTO DA UTILIZAÇÃO (OU DE PRESSÃO NÃO PERMANENTE)


Nos extintores de pressão não permanente o agente extintor e o gás propulsor estão separados e
apenas este último se encontra sob pressão, num cartucho instalado no interior do próprio extintor ou no
exterior do mesmo. Quando o extintor é activado, o gás propulsor é libertado do cartucho para o interior
do extintor onde se vai misturar com o agente extintor, aumentando a pressão interna. A partir desse
ponto o processo é semelhante ao descrito anteriormente.
Neste tipo de extintor o corpo e a massa do agente extintor estão à pressão atmosférica.
Para proporcionar a sua pressurização, é usado um dos seguintes métodos:

 Agente extintor líquido ou sólido pulverulento, cuja pressão de impulsão se obtém por
um gás auxiliar contido numa garrafa de aço, que pode estar colocada:

o No interior do extintor, dispondo de uma membrana metálica que é perfurada


quando o extintor é activado, permitindo a libertação do gás auxiliar no interior
da câmara de expansão do aparelho. Geralmente este tipo de garrafa pode ser
recarregada;
o No exterior do extintor, estando ligada ao corpo deste através de uma união
roscada. A abertura da garrafa é feita manualmente. Este tipo de garrafa é
recarregável;

Estes extintores dispõem de um tubo de pesca e não devem ser manuseados na posição de
invertidos. Existem aparelhos em que a válvula interruptora encontra-se montada na extremidade da
mangueira. Neste caso, a alavanca de comando da válvula e a própria válvula formam um conjunto que
na gíria tem o nome de alicate. Noutros modelos, existe um percutor que está sincronizado com a
alavanca em que a manipulação desta produz simultaneamente a perfuração da membrana da garrafa
de gás auxiliar e a abertura da válvula interruptora, permitindo assim a expulsão do agente extintor para
o exterior.

 Agente extintor líquido, cuja pressão de impulsão se obtém por um gás auxiliar
produzido por uma reacção química que tem lugar no interior do recipiente, no
momento de utilização.

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Na fig. 17 é possível observar o esquema de um extintor de pressurização no momento da utilização


(pressão não permanente), onde são evidenciados os seus principais componentes:

Figura 17 – Extintor de Pressurização no momento da utilização

Verifica-se que as principais diferenças incidem na existência de um reservatório contendo o agente


propulsor e a montagem da válvula de descarga e controlo na extremidade da mangueira.
Da análise da figura, temos como principais componentes:

 O corpo, que constitui o reservatório;

 Dentro do corpo existe o tubo de pesca, por onde é canalizado o agente extintor e a
garrafa contendo o agente propulsor (normalmente CO2 );

 Na cabeça do extintor existe o manípulo para segurar o extintor, a válvula de


pressurização. Num extintor carregado existe ainda, na cabeça, uma cavilha de
segurança (para evitar descargas acidentais) e um selo que permite atestar da
utilização do extintor, bem como uma válvula de segurança para prevenir situações de
sobrepressão;

 A mangueira;

 A pistola de descarga, a qual permite interromper o jacto.

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A nossa preferência recai sobre o Extintor de Pressão Permanente, na medida em que permite uma
utilização mais fácil e rápida, são mais baratos e acarretam menos riscos, uma vez que os extintores
pressurizados no momento são pouco fiáveis no que se refere à segurança do próprio equipamento
(podem “disparar” contra o seu utilizador, durante a sua pressurização). Ao contrário destes, os
equipamentos extintores de Pressão Permanente são de utilização imediata, não existindo a
necessidade de o “armar”, como acontece com os extintores pressurizados no momento, o que é
fundamental numa situação de emergência, em que todos os segundos contam quando se está a tentar
combater um incêndio.

Após a escolha do extintor que satisfaça eficazmente a protecção do local pretendido passa-se à sua
colocação e distribuição. Os extintores devem ser colocados em suportes de parede ou montados em
pequenos receptáculos, de modo a que o topo do extintor não fique a uma altura superior a 1,2 m acima
do solo. Os extintores devem estar em locais acessíveis e visíveis, sinalizados segundo as normas
portuguesas aplicáveis. Devem estar localizados nas áreas de trabalho e ao longo dos percursos
normais, incluindo saídas. Os acessos aos extintores não devem estar obstruídos e estes não devem
estar ocultos.
Em grandes compartimentos ou em certos locais, quando a obstrução visual não possa ser evitada,
devem existir meios suplementares que indiquem a sua localização. Os extintores colocados em locais
em que possam sofrer danos físicos ou à intempérie devem ser protegidos em caixas.
O proprietário ou o ocupante de um local no qual existam extintores instalados é o responsável pela
sua inspecção, manutenção e recarga.
Uma Inspecção é uma verificação rápida que o extintor está pronto e em condições para actuar no
local próprio, devidamente carregado, que não foi violado e que não existem avarias ou alterações físicas
visíveis que impeçam a sua operação. A inspecção é feita normalmente por pessoal designado pelo
proprietário, ocupante ou entidade responsável.
A frequência com que se deve fazer a inspecção aos extintores, depende das características dos
locais onde se encontram colocados, tendo em vista cumprir o objectivo dessa mesma inspecção. A
periodicidade máxima mencionada na norma é trimestral, no entanto (até pela simplicidade das
operações que envolve), recomenda-se que seja efectuada mensalmente, excepto nas situações que
recomendem maior frequência, como sejam:

 Ocorrência de elevado número de fogos no passado

 Danos previsíveis muito elevados, designadamente devido a temperaturas anormais,


atmosferas corrosivas ou danos mecânicos;

 Susceptibilidade de disparo ou pressurização acidental dos extintores;

 Actos de vandalismo frequentes;

 Experiência com defeitos dos extintores;

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 Impedimento dos acessos ou obstrução da sua visibilidade frequentes;

 Características dos próprios extintores, tais como susceptibilidade a fugas.

A Manutenção é a verificação cuidada do extintor, destinada a dar a máxima certeza que actuará
efectivamente e em segurança. Inclui um exame cuidado em oficina que poderá ocasionar reparações ou
substituições e mesmo revelar a necessidade de um ensaio hidroestático.
A NP 4413:2006 – Segurança Contra Incêndios. Manutenção de extintores visa o
estabelecimento de regras, requisitos gerais e específicos para a certificação do serviço de manutenção
de extintores, e é aplicável a todas as empresas prestadoras de serviço de manutenção de extintores.
Esta norma apresenta ainda a novidade de prever uma vida útil máxima para os extintores de 20 anos.
Os extintores devem ser submetidos a medidas de manutenção, pelo menos, uma vez por ano,
como se pode observar no quadro em baixo . Pode ser antecipada pelos seguintes motivos:

 Quando julgado necessário, na sequência de uma inspecção;

 Quando o extintor tiver sido usado ou estiver vazio;

 Quando houver danos físicos graves;

 Quando o extintor tiver sido submetido a temperaturas anormais ou atmosferas


corrosivas;

 Quando o extintor apresentar sinais de fugas frequentes;

Quadros XI – Periodicidade de Manutenção dos Extintores

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A manutenção efectuada deve ser registada numa etiqueta adesiva, de fundo branco, com as
dimensões indicadas na Figura 18. Deve ser colocada lateralmente, de forma a ser facilmente legível
mas não impedir a leitura de qualquer das partes do rótulo. Os dados que devem constar da etiqueta
são.

 Espaço A: nome, morada e número de autorização da empresa de manutenção.

 Espaço B: mês e ano da recarga, revisão e validade.

 Espaço C: código de barras da empresa de controlo da empresa de manutenção.

Figura 18 – Etiqueta de manutenção de um extintor

A Recarga é o enchimento do extintor, incluindo também o agente propulsor para alguns tipos de
extintores. A manutenção e a recarga devem ser feitas por pessoal habilitado, dispondo de ferramentas
dos tipos adequados, materiais para recarga, lubrificantes e peças sobressalentes recomendadas pelo
fabricante.
Todos os extintores devem ser recarregados após usados ou quando recomendado por uma
inspecção ou manutenção. Como já se referiu, os seguintes agentes devem ser substituídos anualmente:
compostos dos extintores de espuma química e os agentes dos extintores de espuma química, espuma
física e água com aditivo.
Devido ao facto desta operação requerer trabalhos de certa envergadura, recomenda-se que o
trabalho seja executado pelo fabricante ou por pessoal especializado.

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3.2. NO CASO DE LHE PEDIREM PARA ESCOLHER UM EXTINTOR PORTÁTIL PARA UMA COZINHA REFIRA
QUAL O QUE SUGERIA. JUSTIFIQUE A SUA ESCOLHA

Os combustíveis podem apresentar-se nos três estados da matéria:

 Sólido: madeira, carvão, outros materiais orgânicos, metais, etc;

 Líquido: gasolina, petróleo, álcoois, óleos, etc;

 Gasoso: metano, gás natural, acetileno, propano, butano, hidrogénio, etc;

Uma vez conhecidos os materiais combustíveis existentes nos diferentes locais a proteger, o agente
extintor deve ser o apropriado para os tipos de fogo em causa.
Para facilitar o estudo dos fogos e respectivas extinções, os combustíveis são organizados em grupos
com características comuns face ao calor, comportando-se de forma idêntica quando se incendeiam. As
estes grupos ou categorias que classificam os fogos segundo o combustível, chamam-se “Classes se
Fogos” ou também “Classes de Incêndio” assim definidas segundo a NP EN 2 (1993):

 Classe A: Fogos de combustíveis sólidos, em geral de natureza orgânica, em que a


combustão se faz com formação de brasas (madeira, papel, carvão, têxteis, etc);

 Classe B: Fogos de combustíveis líquidos (gasolina, álcool, óleos, acetona, etc.) ou de


sólidos liquidificáveis (ceras, parafina, resinas, etc.), que ardem sem formação de
brasas;

 Classe C: Fogos de gases combustíveis (butano, propano, gás natural, hidrogénio,


acetileno, etc);

 Classe D: Fogos de metais leves (sódio, potássio, alumínio, magnésio, lítio), certas
ligas metálicas e titânio, etc..

Nos fogos da Classe A a combustão de sólidos faz-se por dois processos: pela Pirólise, onde se dá a
decomposição do produto em vapores inflamáveis e por Brasas onde não há a formação de chamas mas
sim a libertação radiação.
Há combustíveis sólidos que se caracterizam mais pela formação de brasas do que de chamas
conforme determinadas constantes de reacção que estão relacionadas com a intensidade da Fonte de
Ignição.

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Conforme a Energia de Activação assim um combustível da Classe A tem maior ou menor tendência
para se combustionar ou, também para se inflamar.
A combustão de um sólido pode seguir dois percursos diferentes que, aliás competem entre si mas
que vão originar sempre, e numa combustão completa, dióxido de carbono e vapor de água.
Num dos percursos possíveis há a formação de CO e H2 que são combustíveis gasosos que se
libertam do sólido e ardem com chama.
Noutro percurso, há uma desidratação com a libertação de água (que não é combustível) e a
formação de carbono que é um sólido, originando a combustão com brasa.
Os fogos de Classe B são caracterizados pela formação de chamas resultantes da inflamação dos
vapores combustíveis de líquidos com temperaturas acima do Ponto de Inflamação ou com energia
suficiente para permanecerem no estado de vapor em contacto com a fonte de ignição.

Os fogos de Classe C são caracterizados pela combustão de combustíveis que, em condições


normais de pressão e temperatura, se encontram sob a forma de gás.
Devido ao facto das combustões se darem ao nível das misturas de vapores com o ar, todos os
incêndios podem ser fisicamente explicados a partir da formação de vapores/gases e extrapolados das
Classes A e B para a Classe C
Há maior facilidade de oxidação das moléculas de um gás do que nas molécula de um líquido e muito
mais do que num sólido. Por outro lado, a Barreira de activação é muito menor, podendo, com maior
facilidade, ocorrer explosões devido às oxidações serem mais facilitadas devido à relação superfície /
volume.
Estes fogos são caracterizados pela presença de chama e tipificados em modelos de “Incêndio em
Tocha” e “Jacto de Fogo”, normalmente aliados ao conceito de combustível pressurizado e de difícil
extinção.
Relativamente a fogos de Classe D, tratando-se de metais, estes existem normalmente sob a forma
de óxidos, possuindo grande apetência a oxidarem-se.
Os fogos em metais envolvem temperaturas muito elevadas decompondo a água, eventualmente
utilizada na sua extinção, e utilizando o oxigénio da sua composição para manter a combustão, com a
agravante do hidrogénio da água ficar livre e ser altamente combustível, podendo dar origem a
EXPLOSÕES.
Daí não se dever utilizar água para a extinção de fogos em metais e daí a necessidade de
individualizar esta classe, salientando-a da Classe A, unicamente devido aos critérios de utilização dos
Agentes Extintores.
Felizmente a situação não é tão dramática como até aqui se julga supor. Os incêndios em metais não
são muito frequentes. Grande parte deles só ocorrem com o metal finamente dividido, onde é possível
aumentar a energia interna sem perdas de energia por condução (como ocorreria num pedaço de ferro
compacto).
A maioria dos metais reage lentamente com o oxigénio e com muito pouca elevação de temperatura
(caso da ferrugem).

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Alguns plásticos termo endurecidos têm comportamento ao fogo idêntico aos metais e podem se
englobados nesta classe onde se incluem alguns metais puros que reagem violentamente com a água
(Ex: Alcalinos, Alcalino-Terrosos, Radioactivos...).

Como ilação imediata do Tetraedro do Fogo resulta que para que um fogo possa ocorrer e a
combustão continuar, têm que estar reunidos os seguintes quatro factores:

 Combustível;

 Comburente;

 Energia de Activação;

 Reacção em Cadeia

Decorrente deste princípio, se se eliminar um destes factores, tal implicará o término da reacção de
combustão. Baseado neste princípio, estabelecem-se os seguintes processos de extinção:
Dispersão (ou carência) do combustível;

 Asfixia;

 Abafamento;

 Arrefecimento;

 Inibição.

DISPERSÃO DO COMBUSTÍVEL
Neste processo não se realiza uma intervenção sobre o processo de combustão propriamente dito,
mas apenas uma remoção do combustível da situação que o mantém na presença dos retantes
elementos da combustão (comburente e energia de activação).
Este processo é possível sobre fogos da Classe A, quando a eclosão se deu entre fragmentos de
combustível sólido amontoados. Ainda nesta classe de fogos, é este o processo utilizado no combate a
incêndios florestais quando se utiliza a técnica do contra-fogo.
Nos fogos da Classe B, dado tratar-se de líquidos, o foco só é possível na superfície de contacto do
combustível com o Ar. A utilização deste processo em incêndios deste tipo será ineficaz, e mesmo
desaconselhável, uma vez que, com a dispersão do combustível, estaríamos a aumentar a sua superfície
exposta ao ar, resultando assim num alastrar do fogo.
Nos fogos de Classe C, basta suprimir o fluxo de gás para que se dê a extinção por falta de
combustível.

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ASFIXIA (DIMINUIÇÃO DA PROPORÇÃO DE COMBURENTE)


Este processo é facilmente realizável em fogos de pequenas dimensões, sendo muito difícil em
grandes incêndios.
Se se baixar o teor em Oxigénio no ar para valores inferiores a 14%, a combustão torna-se impossível
na maior parte dos casos. Esta actuação é conseguida interpondo substâncias consideradas inertes na
mistura combustível de modo que o oxigénio seja “afastado” e a sua concentração se dilua. A água, ao
aumentar o seu volume 1700 vezes, quando se transforma em vapor tem aquele efeito asfixiante. Igual
efeito tem o CO2 ou os gases de combustões completas (CO2 + vapor de água).

ABAFAMENTO
É um processo mais eficaz e mais duradouro, obtendo-se com ele melhores resultados do que com a
Asfixia. É muito indicado para incêndios no exterior onde geralmente a reposição de comburente é muito
mais rápida que no interior de compartimentos.
Consiste em eliminar o oxigénio da combustão, isto, impede que os vapores combustíveis, que se
desprendem a determinada temperatura para cada material, se ponham em contacto com o oxigénio do
ar.
Pode conseguir-se reduzindo a quantidade de oxigénio pela introdução de uma determinada
concentração de gás inerte num ambiente confinado.
Um exemplo de mecanismo de extinção por abafamento é a actuação de certos gases inertes
(anidrido carbónico, azoto, vapor de água) como agentes extintores, criando uma atmosfera com baixo
teor de oxigénio. Alguns destes gases são também, segundo o mesmo princípio, utilizados em medidas
preventivas (inertização de cisternas e/ou condutas que contiveram líquidos ou gases inflamáveis).
Outro exemplo de abafamento consiste em acções mecânicas que provocam um isolamento da
superfície do combustível face à atmosfera envolvente, de que são exemplos a actuação de uma manta
ignífuga sobre um pequeno foco de incêndio e a actuação de uma cobertura de espuma na superfície
livre de combustíveis líquidos.

ARREFECIMENTO
Se se conseguir, em cada momento, retirar da combustão mais energia do que aquela que é
libertada, provocar-se-á o abaixamento da temperatura de um incêndio o que implica o seu
desaparecimento, extinguindo-se a combustão.
É neste pressuposto que assenta o processo de extinção por arrefecimento, que é de longe o mais
utilizado na luta contra incêndios, com a utilização da água. A acção de retirar a energia da combustão
pode ocorrer por dois métodos distintos:

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 Nos fogos da classe B pode provocar-se o arrefecimento dos reservatórios, por
absorção de calor, arrefecendo indirectamente o combustível;

 Nos fogos da classe A a absorção de calor faz-se directamente a partir da combustão,


com aquecimento e eventual vaporização da água.

INIBIÇÃO
Consiste numa interferência química na reacção em cadeia e pode ser entendida como uma barreira
que é interposta na referida reacção, impedindo-a de se desenvolver, provocando assim a extinção do
incêndio. Neste processo, as substâncias extintoras combinam-se com os radicais livres responsáveis
pelas reacções elementares da propagação, retirando-as da reacção de combustão e desta forma
diminuindo ou anulando a reacção. O exemplo mais corrente é a utilização de pós químicos.

AGENTES EXTINTORES
Os extintores são geralmente classificados de acordo com o produto ou agente extintor utilizado e
que deve ser a adequado a cada tipo de fogo. Assim, os extintores contêm geralmente água, dióxido de
carbono, gases inertes, espuma, agentes halogenados ou pós químicos.
Os agentes extintores são substâncias destinadas à extinção de incêndios, podendo ser de diversos
tipos, possuindo as mais variadas propriedades físicas e químicas. Assim, a sua aplicação no combate a
incêndios tem que reger-se por critérios específicos.
De entre os critérios de aplicação dos agentes extintores, distinguem-se as restrições à sua utilização,
que podem ser de várias ordens:

 Reacção química com os materiais combustíveis e eventual contribuição para o


agravamento do incêndio;

 Consequências fisiológicas do agente extintor ou dos subprodutos da extinção, efeitos


da condutividade eléctrica ou outros danos pessoais decorrentes da sua aplicação;

 Efeito da temperatura do foco de incêndio;

 Estragos (danos materiais) provocados.

O agente extintor contido no interior do extintor actua sobre a combustão por arrefecimento,
abafamento, inibição de reacções químicas ou por uma combinação destes factores.
Porém, em muitos casos, a sua actuação caracteriza-se pela associação de vários mecanismos de
extinção – um principal (de maior efeito) e outros secundários (complementares).
Os agentes extintores referidos a seguir são: água, espuma, pós, gases inertes (azoto e anidrido
carbónico, por exemplo), componentes halogenados e seus substitutos.
Podem ser utilizados recorrendo a vários meios, dependendo do risco de incêndio que se pretende
minimizar e das condições dos locais onde esse risco existe.

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ÁGUA
A água é o agente extintor de aplicação mais generalizada, principalmente devido à sua
disponibilidade, baixo custo, capacidade de armazenamento e de transporte e, consequentemente, à sua
facilidade de aplicação no combate a incêndios. Não obstante, tal não significa que seja um agente
extintor universal. Com efeito, a sua aplicação em certos incêndios não é eficaz e, nalguns casos,
apresenta mesmo contra-indicações.
São exemplos dessas contra-indicações as situações que se expõem seguidamente:
É interdita a aplicação de água em:

 Incêndios em instalações ou equipamentos eléctricos ou em locais onde se preveja a


existência de circuitos eléctricos em carga – tal deve-se à elevada condutividade
eléctrica da água que implica o risco de electrocussão do utilizador nas condições
apontadas;

 Fogos da Classe D (e sempre que o incêndio ocorra em locais onde existam matérias
que possam reagir com a água (ácidos e carburetos, por exemplo);

Não é recomendável a aplicação de água em:

 Incêndios em líquidos combustíveis a temperaturas elevadas – existe o risco de


dissociação da água em oxigénio e hidrogénio, originando uma reacção violenta e a
expansão do incêndio;

 Equipamentos ou instalações sensíveis que a água possa danificar irreversivelmente –


nestes casos, apesar de não existir um risco para o utilizador, deve evitar-se a
aplicação da água, recorrendo-se a este agente extintor em último caso;

 Locais cujas temperaturas sejam suficientemente baixas, que provoquem a congelação


da água, existente em depósitos e canalizações, inviabilizando a sua aplicação no
combate a incêndios. Esta situação é muito rara em Portugal.

No entanto, a água é o agente extintor por excelência para fogos da Classe A.


Na sua fase inicial deve utilizar-se sob a forma de chuveiro com a finalidade de aproveitar toda a sua
capacidade de arrefecimento. Na fase final do combate deve aplicar-se sob a forma de jacto, com a
finalidade de tirar partido da grande velocidade com que chega à zona da combustão e o seu elevado
poder de penetração contribuindo para um melhor arrefecimento das brasas.
Para fogos da Classe B, a água sob a forma de chuveiro pode também ser utilizada na extinção de
incêndios combustíveis líquidos desde que os Ponto de Inflamação destes sejam superiores a 38 ºC e de
preferência que tenham uma densidade superior à da água (o que normalmente não acontece).

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Na maioria dos casos, o principal efeito da aplicação na extinção de um incêndio é o arrefecimento.
Este efeito é tanto mais importante quanto maior for a superfície exposta da água face ao seu volume,
isto é, quanto mais finamente pulverizada estiver.
Assim, sob o ponto de vista do arrefecimento provocado, a aplicação da água em nevoeiro será mais
eficaz do que a aplicação sob a forma de chuveiro e esta mais eficaz, sob o mesmo ponto de vista, do
que a aplicação sob a forma de jacto.
Porém, a aplicação de água pulverizada só é eficaz quando o incêndio se desenvolve com uma
intensidade suficientemente baixa que possibilite a incidência directa das partículas de água sobre a
matéria a arder.
Noutras circunstâncias como, por exemplo, sempre que se pretenda um maior alcance, dada a
impossibilidade de aproximação ao foco de um incêndio de certa intensidade ou se pretenda uma maior
penetração, a água deve ser aplicada sob a forma de jacto. Nestes casos, a aplicação directa da água
sobre a matéria a arder só é possível com recurso ao jacto, pois outra forma de aplicação apenas
provocaria o arrefecimento da superfície envolvente das chamas sem grandes resultados práticos.
Outro efeito da aplicação da água na extinção de um incêndio, presente em muitos casos, é o de
abafamento. Este efeito pode derivar de:

 Vapor de água, produzido em resultado da vaporização de água no estado líquido


aplicada no combate ao incêndio ou obtido directamente de instalações de vapor (este
último caso menos frequente);

 Aplicação abundante de água (no estado líquido) de modo a encharcar locais onde se
encontrem combustíveis sólidos a arder. Esta situação é pouco frequente,
nomeadamente porque pode provocar danos materiais significativos e implica um
consumo de água exagerado.

Menos frequentemente, a água pode actuar através do mecanismo de extinção por carência. É o
caso da aplicação da água sob a forma de jacto intenso em certos materiais combustíveis sólidos,
dispersando-os (divisão da matéria inflamada) e tornando mais fácil a sua posterior extinção
(normalmente por arrefecimento).
Um outro exemplo da actuação da água por carência (ou diluição) é a sua aplicação em incêndios em
líquidos combustíveis miscíveis com a água. Como normalmente é necessária uma grande quantidade
de água para que a diluição surta efeito, não é usual aplicar esta técnica no caso de grandes
reservatórios destes líquidos, dado o risco de derrame do líquido inflamável.

Com a finalidade de melhorar as propriedades extintoras da água ou de aumentar a fiabilidade do


sistema em que é utilizada juntam-se-lhes produtos químicos que poderão ser pós ou líquidos e que
tomam o nome de aditivos.
Os aditivos mais vulgarmente utilizados são os:

 Molhantes

 Viscosificantes

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 Opacificantes

 Emulsores

ADITIVOS MOLHANTES
São substâncias capazes de modificar as relações energéticas entre superfícies ou sejam as forças
que tendem a repelir duas superfícies em contacto. Estes modificam esta tendência agindo sobre a sua
tensão superficial; misturados na água permitem um contacto mais durável desta com o combustível,
resultando uma melhor absorção calorífica e, consequentemente, um melhor arrefecimento.
ADITIVOS VISCOSIFICANTES
Tem como objectivo tornar a água mais viscosa a fim de que esta possa aderir mesmo às superfícies
verticais, e são sobretudo utilizados em incêndios em florestas.
A água lançada por meios aéreos seria rapidamente absorvida pelo solo seco se este produto não
evitasse que esta escorresse rapidamente pelas folhas e troncos sem ter tempo de arrefecer,
convenientemente, toda a vegetação.
Estes produtos são conseguidos geralmente com base em algas e argilas.
ADITIVOS OPACIFICANTES
Destinam-se a tornar a água opaca para que esta não se deixe atravessar facilmente pelos raios
infravermelhos, aumentando deste modo o seu poder refrigerante.
ADITIVOS EMULSORES
Pela sua acção sobre a tensão superficial da água torna possível a criação de bolhas estáveis dando
origem à formação de espumas.

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DIÓXIDO DE CARBONO
O dióxido de carbono é um gás inerte e mais pesado que o ar, actuando sobre a combustão pelo
processo de asfixia isto é, pela redução do teor de oxigénio no ambiente, após uma descarga de anidrido
carbónico, sendo reforçado pela maior densidade deste relativamente ao ar, que leva à constituição de
um ambiente de grande teor de gás inerte no foco de incêndio, e também em parte por arrefecimento,
provocado pela rápida descompressão que o dióxido de carbono (ou anidrido carbónico) sofre quando é
libertado.
O dióxido de carbono pode ser genericamente utilizado em todas as classes de fogo, com excepção
da classe D.
O CO2 possui uma série de propriedades que determinam a sua aplicação no combate a incêndios,
nomeadamente:

 Estado físico – encontra-se no estado gasoso à temperatura e pressão normais, porém


liquefaz-se com facilidade;

 Reactividade – é um gás inerte, que não reage com a maioria das substâncias;

 Densidade – cerca de 1,5 vezes superior à do ar, à mesma temperatura. Quando se


encontra a uma temperatura inferior à do ar, a sua densidade é ainda muito mais
elevada que a daquele;

 Toxicidade – gás moderadamente tóxico, mas nas concentrações necessárias à


extinção de um incêndio pode ser letal, não pela sua toxicidade, mas por asfixia. Uma
pessoa num ambiente com uma concentração de anidrido carbónico superior a 9%
pode perder a consciência em pouco tempo.

O emprego do CO2 resulta principalmente do facto de:

 Não ser condutor de electricidade, daí geralmente recomendar-se este tipo de agente
extintor na protecção de equipamento e quadros eléctricos;

 Ter acção química nula;

 Não ser corrosivo;

 Não deixar resíduos na atmosfera;

 Efectuar extinções limpas;

 Não necessitar de energia auxiliar;

 Ter um elevado poder de difusão;

 Ter actuação rápida e energética;

 Devido à baixa temperatura poder extinguir fogos em hidrocarbonetos com baixas


temperaturas de combustão;

 Poder ser carregado em garrafas ou extintores com rapidez;

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 Ser bom agente extintor em fogos de classes B e C e alguns de classe A;

 Ser vertical na utilização (instalações fixas, extintores) cobrindo locais onde se


encontrem:

 Produtos alimentares;
 Objectos de valor;
 Aparelhos eléctricos e electrónicos;
 Casas de máquinas de navios;
 Fábricas;
 Escritórios;

No entanto, o CO2 apresenta algumas restrições na utilização para extinção de incêndios:

 Em ambientes onde a temperatura é inferior a 0º C, a tensão de vapor do gás baixa


significativamente, provocando uma diminuição do débito;

 Para altas pressões, a temperatura de armazenamento deverá variar entre –10º C e

 50º C;

 Fogos profundos, principalmente de classe A, são sempre difíceis de extinguir por


qualquer agente extintor gasoso ou liquido sem aditivos molhantes;

 Não evita a reignição;

 Como todos os líquidos não condutores, a utilização deste agente extintor envolve o
risco da existência de cargas electroestáticas na tubagem de distribuição e depósito.
Ter-se-á de ter atenção na utilização do CO2 em locais com atmosferas inflamáveis ou
explosivas onde se deverá diminuir a velocidade de ejecção e efectuar a ligação à
terra;

 É um gás asfixiante: numa concentração de cerca de 9% pode provocar a


inconsciência em poucos minutos.

 O choque térmico é outro factor que se deve ter em conta, pois, em certos casos o
CO2 poderá danificar alguns materiais devido ao brusco arrefecimento produzido
durante a utilização.

 O alcance eficaz do seu jacto, em extintores portáteis, não excede normalmente 1,5
metros o que implica que o operador tenha que se aproximar mais da combustão do
que quando utiliza outro agente extintor;

 Em ambientes onde a temperatura é inferior a 0ºC, a tensão de vapor do gás baixa


significativamente, provocando uma diminuição do débito;

 A sua temperatura de armazenagem deverá estar compreendida entre os -10ºC e os


+50ºC;

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 Choque térmico é outro factor que deve ser tido em linha conta pois, em certos casos,
o CO2 poderá danificar alguns materiais devido ao brusco arrefecimento produzido
durante a utilização;

 A sua temperatura de descarga provoca a condensação, seguida de solidificação, do


vapor de água da atmosfera que envolve o difusor;

 Embora o CO2 não conduza electricidade e possa ser utilizado sem perigo em
equipamentos eléctricos sob tensão, o gelo assim formado é condutor de electricidade
pelo que deve haver todo o cuidado, por parte dos operadores de extintores portáteis
para que o difusor não toque nos equipamentos sob tensão, pois subsiste o risco de
electrocussão.

O CO2 não deve ser utilizado ainda em:

 Fogos de classe D (dissocia o CO2):

 Fogos de materiais instáveis e ávidos de oxigénio (nitratos, cloratos, explosivos, etc.);

 Brasas do carbono (não só por ser profundo mas também porque se dissocia em
monóxido de carbono combustível).

ESPUMAS
A espuma é um agente extintor polivalente podendo ser usado em extintores portáteis, móveis e
instalações físicas de protecção. Existem basicamente dois tipos de espumas: as espumas físicas,
obtidas por um processo mecânico de mistura de um agente espumífero, ar e água, e as espumas
químicas, obtidas pela reacção química entre dois produtos que se misturam na altura da sua utilização.
Este último tipo caiu em desuso sobretudo devido à sua fraca eficiência e pelos riscos associados ao
armazenamento e manuseamento dos produtos químicos necessários à sua formação.
Espuma é uma massa estável de pequenas bolhas gasosas, envolvidas por películas aquosas mais
leves do que a água. As espumas obtêm-se então pela mistura de água, espumífero e ar.
De facto, se uma determinada percentagem de líquido espumífero for incorporado numa corrente de
água e seguidamente, o ar for induzido por um equipamento gerador de espuma, formam-se por acção
mecânica bolhas de ar envolvidas por uma solução emulsora. As espumas são eficientes no combate a
incêndios de classe A e particularmente de classe B. As espumas podem ser classificadas segundo o
coeficiente de expansão e a natureza do espumífero.
Chama-se Coeficiente de expansão à razão entre o volume total de espuma obtida e o volume de
solução emulsora (espumífero mais água) utilizados na produção. Indica-nos a capacidade que um
determinado espumífero tem de se expandir em relação ao volume primitivo da mistura água/líquido
espumífero. Por exemplo, quando um litro de água/líquido espumífero produz sete litros de espuma, diz-
se que o coeficiente de expansão é de sete. As espumas classificam-se, quanto ao seu coeficiente de
expansão, em:

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 ALTA EXPANSÃO – espuma com um coeficiente de expansão superior a 300. é muito


leve e tem o inconveniente de se destruir facilmente em presença do calor, não sendo
aconselhável a sua utilização em espaços abertos, uma vez que pode ser levada pelo
vento. Não possui praticamente condutividade eléctrica e permite respirar livremente no
seu interior;

 MÉDIA EXPANSÃO – espuma com um coeficiente de expansão entre 25 e 300 é mais


pesada do que o ar, e compreensivelmente menos sensível a correntes de ar;

 BAIXA EXPANSÃO – espuma com um coeficiente de expansão inferior a 25.


Apresenta uma excelente aderência e boa estabilidade, caso o coeficiente de
expansão esteja entre 6 e 25, a sua condutividade eléctrica é idêntica à da água.

Há três grandes famílias de espumas segundo a natureza do espumífero:

 PROTEICAS – cujo espumífero é obtido por hidrólise de proteínas animais, dando


origem a espumas com as seguintes características:

 Espumas insolúveis em hidrocarbonetos mesmo quentes;


 Boa cobertura e estanquicidade, impedindo a passagem de vapores;
 Boa resistência ao fogo e à reignição;
 Utilização rentável em baixa expansão (poderá também ser utilizada em média
extensão).

 SINTÉTICAS – cujo espumífero é obtido pela associação de tensioactivos


hidrocarbonetos. A qualidade destes produtos resulta na notável aptidão à produção de
espuma. Podem ser utilizadas em baixa, média e alta expansão. Tem como
características:

 Devido a certa solubilidade das bases sintéticas nos hidrocarbonetos, são


praticamente inutilizáveis em combustíveis hidrocarbonetos quentes;
 Quando utilizadas em alta expansão há perda de estanquicidade, sendo
permeáveis aos vapores de combustível e portanto surge o risco de
reinflamação;
 A resistência ao fogo é baixa e a destruição da espuma após uma reignição
acidental é muito rápida, havendo pouca segurança após a extinção.
 POLIVALENTES – para a extinção de incêndios em solventes polares (líquidos
solúveis em água). Têm base proteica ou sintética e contém um agente que produz
uma barreira insolúvel na estrutura das bolhas de espuma, que impede a sua
destruição quando em contacto com um solvente polar.

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Quanto ao modo de actuação, as espumas actuam por asfixia e arrefecimento, sendo a primeira a
principal responsável pela eficácia das espumas na extinção de incêndios.

No entanto, a espuma apresenta algumas restrições:


Sendo a espuma essencialmente constituída por água, os riscos da sua utilização em equipamentos
sob tensão são elevados.
São consideradas como produtos pouco tóxicos e sem perigo para o homem em utilização normal,
desde que não:
 Sejam ingeridos;
 Haja contactos com olhos e mucosas;
 Haja contacto prolongado com a pele.

HALONS
Os dois compostos halogenados mais usados durante o último quartel do sec. XX, na extinção de
incêndios foram os Halons:
 Halon 1211 (Instalações portáteis/locais);
 Halon 1301 (Instalações fixas).

Tanto o Halon 1211 como o 1301 são gases incolores, inodoros não corrosivos, não condutores de
electricidade, estáveis e que se mantêm, sob pressão, no estado líquido.
O Halon é um agente químico usado na extinção de incêndios por acção na reacção em cadeia.
O mecanismo pelo qual o Halon extingue um incêndio é explicado pela teoria dos radicais livres, com
a respectiva Inibição, tal como os pós químicos.
Admite-se que actue também como agente físico, absorvendo energia.

A Fig. 19 apresenta, em comparação com o CO2, as concentrações médias necessárias para


provocar a extinção em incêndios, em vários combustíveis.

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Fig. 19 – Concentrações médias para extinção em incêndio

Como conclusão podemos dizer que o Halon 1211 e o 1301 são particularmente eficazes em fogos
das classes "B" e "C" e nos classe "A", desde que se trate de fogos de superfície, pois eles provocam um
abatimento muito rápido das chamas e bloqueiam a combustão.
Pelo contrário, no caso de fogos profundos da classe "A" com formação de brasas, a eficácia dos
halons 1211 e 1301 é muito discutível. A combustão não será parada mas apenas controlada como
resultado da ausência das chamas.
De qualquer modo, os halons são utilizáveis em fogos de superfície de sólidos que evoluam para
fogos profundos, na condição de que o abatimento das chamas seja obtido antes da formação das
brasas superficiais e profundas.
No entanto, apesar da sua comprovada eficiência, este produto encontra-se interdito por razões de
ordem ambiental. Existem hoje em dia gases de extinção alternativos, considerados limpos e sem os
efeitos adversos do halon sobre a camada de ozono, nomeadamente os gases inertes e os agentes
halogenados, tais como por exemplo a Argonite, Inergen, FM200, FE13 etc. No entanto a utilização deste
tipo de produtos em extintores portáteis não se encontra generalizada dado que a maioria deles se
destina sobretudo às instalações de extinção fixas em salas fechadas. É comum encontrar-se dióxido de
carbono como alternativa ao halon em extintores portáteis, dado tratar-se de um gás inerte, mas a sua
utilização tem particularidades nomeadamente no que diz respeito à segurança do utilizador e
equipamento a proteger.

PÓ QUÍMICO
Os pós químicos são substâncias sólidas finamente divididas, absolutamente fluídas, consistindo em
cristais secos reduzidos a partículas de granulometria controlada, com dimensões entre os 10 e 75
mícron.
Ao longo do tempo várias substâncias têm sido utilizadas como base constituinte dos pós químicos;
Sais de sódio, de potássio e de amónio. Em qualquer destes pós as partículas são cobertas por um
agente (aditivo) com o esterato de zinco ou um silicone a fim de evitar a compactação e facilitar o seu
escoamento.

Quando se projecta um pó químico sobre uma combustão este actua naquela essencialmente, por
processo químico, por Inibição, e também por supressão da pirólise com absorção de energia (calor) e
isolamento em relação ao ar.
As partículas de pó chegam à zona da combustão, aquecem e decompõem-se, formando radicais
inibidores que vão inibir os radicais livres existentes nas zonas intermédias das chamas, interrompendo a
reacção química em cadeia.

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Os pós são geralmente classificados segundo as classes de incêndio que extinguem.


Esta classificação comporta três categorias:

PÓ "BC" (CLÁSSICO)

Pó eficaz sobre incêndios das classes "B" e "C". São geralmente compostos à base de bicarbonato de
sódio ou de sais de potássio aos quais se juntam produtos que permitem melhorar a sua fluidez,
resistência à humidade e à compactação.
Estes pós são compostos geralmente por 95% de bicarbonato de sódio e 5% de esterato de alumínio
e têm um poder de extinção cerca de quatro vezes e meia superior ao CO2.

PÓ "ABC" (POLIVALENTE)
Vulgarmente chamado de pó polivalente, é eficaz na extinção de incêndios das classes “A”, “B” e “C”
e foi desenvolvido para colmatar a lacuna deixada pelo pó do tipo "BC" que é praticamente ineficaz nos
incêndios da classe "A" por não evitar a sua reignição dado não apagar as brasas.
São constituídos por substâncias à base de amónia. A actuação deste tipo de pó (ABC) nos incêndios
da classe "B" e "C" é semelhante à do pó do tipo BC, mas nos incêndios da classe "A" para além de
provocar a extinção das chamas este pó provoca também a extinção das brasas.
É por acção do calor que os compostos de amónia se fundem e se depositam sobre as superfícies
irregulares quentes (fissuras) formando uma camada de verniz que com a absorção da temperatura
existente nas mesmas vitrifica isolando-as do ar. Ao isolar as brasas evita-se o contacto destas com o ar
(oxigénio), provocando a sua extinção por "ABAFAMENTO" seguido de consequente arrefecimento,
devido a fenómenos endotérmicos, evitando assim a sua reignição.

PÓ DO TIPO "D" (ESPECIAL)


Este tipo de pó é totalmente ineficaz sobre incêndios das classes "A", "B" e "C", utiliza-se em fogos de
alguns metais no estado puro (sódio, potássio, magnésio, etc.) e é concebido para cada um deste
metais. É muito utilizado nas indústrias aeronáutica e nuclear, sendo incompatível com os outros tipos de
pós. De salientar que os pós químicos não devem ser projectados sobre explosivos nitratos de carácter
ácidos e ácidos concentrados.

INCOMPATIBILIDADES ENTRE PÓS


Os pós do mesmo tipo são totalmente compatíveis uns com os outros, independentemente da sua
origem. No entanto a mistura dos pós de diferentes tipos pode conduzir a uma decomposição dos sais,
com formação de uma reacção química e consequente libertação de gases.
Estes fenómenos podem ocasionar a compactação do pó no interior do recipiente onde está contido e
mesmo, em situações limite, a ruptura deste por excesso de pressão interna.

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As restrições à utilização dos pós tem mais a ver com as suas características físicas do que
propriamente com qualquer incompatibilidade com outras substâncias.
Os principais inconvenientes e cuidados a observar são os seguintes:
A utilização do pó químico diminui a visibilidade.
 Danifica seriamente os equipamentos (faz extinções sujas).
 Agrava o fenómeno de corrosão.
 Requer armazenamento bastante cuidado devido à humidade.

GASES INERTES
Os diferentes agentes extintores actuam sobre os incêndios em que são aplicados, por vias diversas.
Os gases inertes agem por Asfixia, isto é: afastam o ar, evitando a reacção dos combustíveis com o
oxigénio.
Uma característica dos gases inertes é que eles podem ser empregues não apenas na extinção de
incêndios mas também como meio de evitar que eles ocorram.
O processo que consiste na introdução dum gás inerte numa atmosfera com quantidades tais que
elimine, nessa atmosfera, o risco de incêndio ou explosão, por insuficiência de oxigénio, chama-se
Inertização.

Os gases inertes que mais geralmente são usados são um dos seguintes, divididos em três grupos:
 De elementos simples:
 Azoto
 Árgon
 Hélio
 De compostos oxigenados muito estáveis:
 Dióxido de carbono
 Vapor de água
 Gases de evacuação duma caldeira.

Cada um destes gases, como já foi dito, provoca a extinção ou impede o aparecimento dum incêndio,
baixando a concentração de oxigénio.
O valor limite da concentração de oxigénio varia com a natureza do combustível presente e também,
em grande escala, de gás para gás inerte.
De todos os gases inertes é, de longe, o "Anidrido Carbónico” que permite a extinção com
concentrações de oxigénio residual mais elevadas.
No entanto, se se pretender uma atmosfera inertizada é o azoto aquele que oferece melhores
características.

Como conclusão, podemos depreender que, efectivamente, não existe nenhum agente extintor
universal e cuja versatilidade pudesse dispensar qualquer outro. Bem ao contrário, os Agentes extintores

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complementam-se, e a segurança das pessoas e a protecção dos bens, necessárias à continuidade das
operações é feita por conjuntos de agentes extintores, compatíveis com o risco existente e actividades
desenvolvidas.
Assim, como resumo da aplicabilidade dos Agentes Extintores face às Classes de Fogo sugere-se a
seguinte abordagem:

Quadro XI - Aplicabilidade dos Agentes Extintores face às Classes de Fogo

Apesar do extintor  de CO2 ser comum em cozinhas e restaurantes, principalmente por não
contaminar ou danificar os equipamentos da cozinha nem a comida, o Pó Químico ABC é sempre mais
eficaz a combater um incêndio numa cozinha, embora tendo o inconveniente de danificar alguns
equipamentos.
Muitas vezes escolhe-se outro tipo de extintores quando se entende que este tipo de agente extintor
representa um risco para o equipamento a proteger. No entanto, o pó químico é mais eficiente e como
não se dispersa tanto na atmosfera como um gás, permite atacar as chamas de modo mais rápido e
eficaz.
Embora o CO2 evite estes estragos, ao contrário do Pó Químico ABC, não é eficaz em fogos
profundos, principalmente de classe A , não evitando a ignição, e de classe C, devido à pressão dos
gases. Para além disso, embora não seja tóxico, o anidrido carbónico é um gás asfixiante, podendo, em
determinadas concentrações (9%), provocar a inconsciência em poucos minutos. Possui ainda o
inconveniente de, em extintores portáteis, o alcance eficaz do seu jacto não exceder os normalmente 1,5
metros, o que implica que o operador tenha que se aproximar mais da combustão do que quando utiliza
o Pó Químico ABC.

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Um outro inconveniente na utilização de CO2 na extinção de um incêndio é o choque térmico
produzido pela sua expansão ao ser libertado para a atmosfera através do difusor do extintor. A
expansão do gás pode gerar temperaturas da ordem dos –40 ºC na proximidade do difusor, havendo
portanto um risco de queimaduras por parte do utilizador, o que obriga a cuidados especiais no seu
manuseamento.
Não obstante, aquando da existência de equipamentos onerosos na cozinha que se queiram
preservar, a organização, no caso de optar por um equipamento extintor que não danifique os
equipamentos eléctricos, nomeadamente o CO2, deve apostar fortemente na formação de toda a equipa
que irá combater um possível incêndio, podendo, através de um conjunto de manobras seguras,
aumentar substancialmente a eficácia da extinção, garantido, por um lado, a protecção dos
equipamentos e, por outro, e mais importante de tudo, a salvaguarda da vida humana.
Neste contexto, uma das componentes que integram a capacidade de resposta de uma entidade face
a um incêndio é a formação dos funcionários. Caso a actuação de extinção seja efectuada numa fase
ainda precoce do desenvolvimento do incêndio, verificam-se que normalmente os danos resultantes são
muito restritos. É portanto decisiva uma actuação imediata ao foco de incêndio com os meios adequados
garantindo um melhor controlo e domínio da situação.
A formação permite acelerar todo o processo de combate, quer devido à mecanização dos
procedimentos de actuação, quer na selecção do tipo de agente extintor e método a aplicar e,
obviamente, ganhar alguns segundos que podem ser preciosos.
Neste caso, a criação de equipas organizadas para limitar os danos e extinguir um incêndio na sua
fase inicial, tem demonstrado ser uma medida eficiente com resultados bastante positivos.

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4. ANALISE O REGULAMENTO DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO EM EDIFÍCIOS ESCOLARES


(DECRETO-LEI N.º 414/98, DE 31 DE DEZEMBRO) E INDIQUE:

RESPOSTA A)

Conforme o, n.º 3 do art. 7º - “Nos locais não abrangidos pelo número anterior, o número de
ocupantes a considerar é o previsto no projecto, não devendo, contudo, os índices de ocupação
correspondentes ser inferiores aos indicados no quadro seguinte, em função da sua finalidade e
reportados a área útil:”

O indice de ocupação em salas de aula é de 0.50 pessoas por m2, e em gabinetes é de 0.10 pessoas
por m2.

RESPOSTA B)

Conforme o, n.º 1 do art. 15º - “A distância máxima a percorrer entre um quartel de bombeiros com as
condições indicadas o n.º 3 do artigo 12º e um edifício de grande altura não deve, em regra, exceder 3
km.”
n.º 3 arttigo 12º - “A construção de edifícios de grande altura deve ser condicionada pela existência de
um quartel de bombeiros convenientemente apetrechado para intervir em edifícios daquele porte e pela
disponibilidade de acessos que permitam uma pronta intervenção.”

RESPOSTA C)

Conforme o, n.º 1 do art.61º - “Nos locais de risco A com uma única saída a distância máxima a
percorrer de qualquer ponto até à saída deve ser de 15 m.”

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