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Os projetos estruturais que tratam da resistência ao fogo são baseados no fato de que as
altas temperaturas decorrentes de um incêndio reduzem a resistência mecânica e a rigidez
dos elementos estruturais da edificação, e, adicionalmente, promovem expansões térmicas
diferenciais, podendo levar a estrutura ao colapso3.
1. A proteção das vidas dos ocupantes do edifício, bem como dos bombeiros que nele
tenham de atuar em caso de sinistro;
Quando um incêndio é deflagrado num edifício4, a sua ação se faz sentir diretamente nos
elementos estruturais que constituem o compartimento de incêndio e, indiretamente, em
zonas mais ou menos afastadas deste. Toda a estrutura do edifício encontra-se sob a ação
Por outro lado, as propriedades mecânicas dos materiais que constituem os elementos
estruturais, degradam-se com o aumento da temperatura. Isto significa, por exemplo, que
um elemento sujeito a um estado de tensão que permaneça constante, poderá ter sua
capacidade resistente esgotada ao fim de um certo período de tempo. A ação do incêndio
não se faz sentir unicamente nos elementos diretamente sob a ação do fogo. Em certas
situações, elementos relativamente afastados do compartimento de incêndio poderão ser os
primeiros a entrar em colapso, em virtude do estado de tensão que as deformações de
origem térmica da zona diretamente aquecida impõe ao resto da estrutura.
Quando os elementos estruturais principais de uma construção em aço são expostos a altas
temperaturas, durante condições típicas de um incêndio, os mesmos podem ter a sua
resistência mecânica reduzida a ponto de levar toda ou parte da construção a um colapso6.
As construções metálicas atuais em aço não são tão facilmente destruídas pelo fogo,
entretanto, um dos pontos mais importantes nos projetos de construção civil é reduzir o risco
de incêndio e, caso estes ocorram, aumentar o tempo de início de deformação da estrutura,
conferindo, assim, maior segurança a estas construções8. Por isso, a legislação para
construção civil de vários países estabelece exigências mínimas de resistência ao fogo para
os componentes estruturais. Estas normas de segurança contra incêndios, em geral, levam
em consideração uma temperatura crítica na qual o aço perde uma proporção significativa
de sua resistência mecânica ou atinge um estado limite de deformações ou de tensões, ou
seja, uma temperatura que represente uma condição de falha, que pode representar o
colapso da estrutura. Usualmente, refere-se também a um tempo de resistência ao fogo, ou
seja, ao tempo para que a temperatura crítica ou condição de falha seja alcançada.
A NBR 14323 ainda prevê que caso algum aço estrutural possua variação do limite de
escoamento ou do módulo de elasticidade com a temperatura diferente da apresentada na
figura 1, os valores próprios deste aço poderão ser utilizados.
Para se aumentar o tempo necessário para que a temperatura crítica seja alcançada, ou
seja, para se aumentar o tempo de resistência ao fogo recorre-se, muitas vezes, à aplicação
de materiais isolantes térmicos por sobre a superfície dos componentes estruturais. Alguns
materiais utilizados como isolantes térmicos são, por exemplo, lã de rocha, revestimentos
intumescentes, argamassas, placas, fibras minerais, etc.. A título de exemplo, assumindo
um tempo de resistência ao fogo de 3 horas para um edifício de grande porte em aço
estrutural comum, seria necessária uma camada de cerca de 50 mm de isolamento térmico
na superfície dos elementos estruturais para que a temperatura nos mesmos não supere os
550oC naquele tempo7. Por outro lado, a utilização de materiais isolantes implica em alguns
efeitos indesejáveis. A utilização da camada de isolamento térmico pode onerar em cerca de
10 a 30% o custo total da estrutura metálica utilizada, reduzindo a competitividade da
construção metálica.
Para que se possa verificar a segurança estrutural em situação de incêndio dos elementos
estruturais de aço de uma edificação, é necessário conhecer a exigência de resistência ao
fogo para cada tipo de elemento (viga, pilar, laje) conforme as normas vigentes no país. As
Normas Brasileiras que tratam da segurança estrutural frente ao fogo foram aprovadas em
1999: NBR 14432 “Exigências de Resistência ao Fogo de Elementos Construtivos de
Edificações – Procedimento” e NBR 14323 “Dimensionamento de Estruturas de Aço de
Edifícios em Situação de Incêndio – Procedimento”. O desempenho requerido para os
elementos de construção estrutural (concreto, madeira ou aço) ou de compartimentação
prescritos na NBR 14432 trata de prevenir o colapso estrutural, tornando possível a retirada
dos ocupantes, de reduzir os danos às propriedades vizinhas e permitir o rápido acesso do
Corpo de Bombeiros.
A Norma fornece uma Tabela, resumida ao lado, com recomendações consagradas, fruto do
consenso da sociedade, de TEMPO REQUERIDO DE RESISTÊNCIA AO FOGO (TRRF*), EM MINUTOS, SEGUNDO NBR 14432:2000
Ocupação Altura da Edificação
tempos requeridos de h ≤ 6m 6m < h ≤ 12m 12m < h ≤ 23m 23m < h ≤ 30m h > 30m
Residência 30 30 60 90 120
resistência ao fogo (TRRF) Hotel 30 60 (30) 60 90 120
Comercial 60 (30) 60 (30) 60 90 120
sob o conceito de fogo Escritório 30 60 (30) 60 90 120
Escola 30 30 60 90 120
padrão descrito na Norma Locais Públicos 60 (30) 60 60 90 120
Estacionamento Fechado 30 60 (30) 60 90 120
11
ISO 834 . De acordo com a Estacionamento Aberto 30 30 30 30 60
Hospital 30 60 60 90 120
elevação de temperatura dos Indústria com Baixa Carga de Incêndio 30 30 60 90 120
Indústria com Alta Densidade de Carga de Incêndio 60 (30) 60 (30) 90 (60) 120 (90) 120
gases do forno como Loja com Baixa Densidade de Carga de Incêndio 30 30 30 30 60
Loja com Alta Densidade de Carga de Incêndio 60 60 90 (60) 120 (90) 120
descritos na ISO 834, BS476 (*) Tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF) é definido como sendo o tempo mínimo de resistência de um elemento construtivo
submetido ao incêndio-padrão.
(a) Valores entre parenteses são válidos para edificações com área ≤ 750m2.
e LPS1107, quando a Tabela (b) A altura da edificação (h) é a distância compreendida entre o ponto que caracteriza a saída situada no nível de descarga do prédio e o
piso do último pavimento, excetuando-se zeladorias, barrilete, casa de máquinas, piso técnico e piso sem a permanência humana.
propõe uma resistência ao
fogo de 30 minutos, significa que a estrutura deve permanecer estável quando a atmosfera
ao seu redor estiver a aproximadamente 820oC, 1 hora significa 930oC e 2 horas 1030oC.
Quanto maior a resistência requerida, maior a temperatura que a estrutura deve resistir.
11
International Standardization for Organization. “Fire-resistance tests – Elements of Building Construction”.
ISO 834, Genève, 1994.
12
Societé Suisse des Ingénieurs et dês Architectes (SAI). “Evaluation du Risque d’Incendie. Méthode de
Calcul”. Documentation No. 81, Zurich, 1999.
À medida que o risco à vida humana é considerado maior, devido à ocupação, altura do
edifício, etc., a exigência torna-se mais rigorosa e maior será o tempo requerido de
resistência.
Apesar de a NBR 14432 ser válida para todo o Brasil, é importante verificar a existência de
algum regulamento local específico.
A proteção térmica dos elementos estruturais de aço (proteção passiva) é o meio mais
comum de se proteger o aço contra o incêndio. Vários são os materiais utilizados com esta
finalidade, tais como as argamassas projetadas, tintas intumescentes, mantas cerâmicas ou
de lã de rocha basáltica, gesso
acartonado e outros.
Materiais Projetados
Estes materiais são aplicados por jateamento e, após sua secagem, trabalham
monoliticamente com a estrutura, acompanhando seus movimentos, sem a ocorrência de
fissuras ou desprendimento.
Materiais de baixa densidade são aplicados, de modo geral, em obras internas. Materiais de
média densidade são utilizados em obras internas com requisitos de certa resistência ao
impacto e à umidade. Materiais de alta densidade são utilizados em obras externas onde o
risco de impacto é alto, assim como a umidade.
Estes produtos, de modo geral, não necessitam, para sua aplicação, da retirada da carepa
de laminação e de alguma ferrugem formada. Antes da projeção, faz-se uma limpeza
manual, retirando-se o material solto sobre a superfície.
13
UL Fire Resistance Directory, vol.1, p.2. Underwriters Laboratory Inc.(2001).
Esta reação absorve a energia do fogo, que seria conduzida ao aço. Este processo permite
ao aço manter uma temperatura relativamente baixa por 20 a 30 minutos durante a
primeira hora crítica do incêndio. A mesma consideração é aplicada para placas de gesso
acartonado.
Fibra Projetada
Placas de gesso contendo fibra de vidro, e, em alguns casos, vermiculita incorporada. Assim
como a argamassa “cimenticious”, o
gesso da placa perde moléculas de Placa de gesso
água de hidratação durante o
acartonado
aquecimento, mantendo baixa a
temperatura do aço. Estes materiais Montante
tem, internamente, uma malha de
fibra de vidro, que mantém o
conjunto esruturado quando exposto Perfil Metálico
às elevadas temperaturas do
incêndio. A placa é mantida, de modo geral, visível em estruturas, por motivos estéticos.
Placas de Lã de Rocha
Enclausuramento em Concreto
Perfil Metálico
Revestimento em
concreto
Tintas Intumescentes
Esta tinta pode ser aplicada a pincel, rolo ou spray (airless), e a aparência final do sistema
(primer epoxídico, acrílico ou alquídico, tinta intumescente e tinta de acabamento acrílica ou
poliuretânica) é sempre muito boa.