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RESUMO
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23 de junho de 2014 - São Paulo - Brasil
ABSTRACT
Among the qualities required of a textile article in the market are the so-called fastness
properties, which refer to the resistance of a textile product to washing, friction and heat.
During its lifetime, the article undergoes these physicochemical either in use or in washing.
Polyester is now by far the most important textile fiber in Brazil and also in the world being
used in a huge variety of items such as sporting, technical textiles in particular automotive,
casualwear clothing and women's fashion etc. In parallel, the textile industry is always
pressed to offer cheaper and faster processes to cope with international competition and the
challenges imposed by fashion. The continuous dyeing process is an option for the
cheapening of the process, but often struggles to meet the requirements of fastness of an
increasingly demanding market. This study aimed to verify if the finishing of melamine resin
offers opportunities for improving wash fastness and fastness to friction and heat for dark
colors obtained with this mode of dyeing knitted polyester fabrics as this happen when dark
colors are dyed by discontinuous processes. The applications of this resin were made within
the industrial criteria and measures of color fastness were performed according to American
standards AATCC. The results showed that fastness to heat practically did not change, but
fastness to washing and rubbing worsened for dark colors obtained by the continuous process,
putting the fact that the melamine resin did not enabled the continuous process to be used for
more demanding applications as far as fastness is concerned.
INTRODUÇÃO
mais exigente. Ao mesmo tempo nos processos descontínuos o uso de resinas melamínicas
para melhorar a solidez das cores é uma prática utilizada. O presente projeto teve por objetivo
verificar se acabamentos à base de resinas melamínicas para os quais se creditam melhorias
de índices de solidez à lavagem, ao atrito e ao calor nos tingimentos em descontinuo, também
podem oferecer melhorias de solidezes em malhas tintas por processo contínuo em cores
escuras.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A estrutura molecular das fibras e filamentos de poliéster (Poli tereftalato de etileno glicol –
PET – Poli Etilene Tereftalate) é, em decorrência destas características moleculares, do tipo
“Micelar” (Lewin, 1998) e o teor cristalino é de aproximadamente 50%. Na figura 1 está a
representação da estrutura molecular do poliéster. Na mesma figura estão ilustradas as
ligações intermoleculares, sendo interações entre anéis benzênicos e as pontes de hidrogênio.
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As velocidades de fiação são da ordem de 4000 m/min para produzir o fio POY (Partially
Oriented Yarn) e este fio é ensimado com óleos lubrificantes e antiestáticos. (Fourné, 1998). O
fio POY é usando em texturização por Falsa Torção para produzir os fios mais importantes do
mercado e aqueles que compõem muitas das aplicações em malhas e tecidos planos.
O sistema de texturação FTF - Falsa Torção Fixada (Hearle, 2001) se dá por agregado de
fricção. O sistema opera por transformação termomecânica, dando aos filamentos textura.
Esta textura dá a estes fios diversas características, como maciez, alongamento, elasticidade,
transporte de umidade, isolação térmica etc (Atkinson, 2012).
Os corantes dispersos são substâncias coloridas de solubilidade muito baixa (da ordem de
mg/l) visto não possuírem grupos que dissociam. Sua capacidade de tingir as fibras de
poliéster está justamente neste fato desta pequeníssima solubilidade e também do fato de que
o poliéster não contem em sua constituição química grupos fortemente polares e que
dissociam. Estes corantes têm estrutura aromática e grupos polares, como NH, CONH etc, e
não há grupos dissociáveis.
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Esta peculiaridade é a razão pela qual é possível transferir os corantes dispersos depositados
na superfície de um tecido ou malha de poliéster por impregnação em foulard em processo
continuo, chamado de “Thermosol”, pela aplicação de calor seco (ar quente) a temperaturas
entre 190 e 220°C.
Os corantes dispersos são classificados pela energia necessária para sublimar e que está
relacionada ao peso molecular, a polaridade e a forma da molécula (Hauser, 2011). Os
corantes de elevada energia têm pesos moleculares da ordem de 500 ou acima e muitos têm
formas volumosas (Hauser, 2011). Exigem condições mais enérgicas para o tingimento, mas
dão cores mais sólidas. Na figura 2 estão exemplos destes corantes de elevada energia.
O sistema de tingimento usado para este fim é o “Thermosol” ou como também chamado no
Brasil de “Pad Termofix”, que significa: impregnação e fixação por calor. Na figura 4 está
representado o sistema de tingimento contínuo Thermosol.
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corantes numa câmara de ar quente, onde por sublimação os corantes migram da superfície
onde estão no tecido ou malha para o interior dos filamentos.
Neste tingimento, a câmara de secagem e fixação, chamada de Hot Flue (Fluxo Quente) pode
ser substituída por uma rama, que trabalha geralmente com o tecido ou malha na horizontal.
Os corantes são impregnados em foulard na forma dispersa com agentes dispersantes e outros
auxiliares. Segue uma pré-secagem para reduzir a um mínimo a quantidade de água no tecido
ou malha e então a termofixação em temperaturas entre 200 e 220°C faz com que os corantes
sublimem e migrem para o interior dos filamentos na forma monomolecular atraídos pelos
grupos polares do poliéster (Hauser, 2011). Pontes de hidrogênio se estabelecem entre corante
e filamentos de poliéster.
Alteram a cor fazendo com que a nuance correta não seja alcançada e
Os amaciantes utilizados para melhorar o toque das malhas de poliéster, (Shore, 2002)
melhoram a lisura e a fluidez da malha (maleabilidade) por efeito lubrificante, mas podem
afetar negativamente a solidez dos tingimentos e é necessário sempre testar neste particular,
especialmente no caso dos amaciantes a base de silicone.
Estes silicones aplicados ao poliéster formam uma película que reveste os filamentos e lhes
confere grande lisura o que se reflete na lisura e na maleabilidade do artigo de malha ou
tecido. Ocorre que, como os silicones para formar emulsões necessitam de emulsionantes não
iônicos para formação da emulsão aplicável sobre as fibras de poliéster e este têm afinidade
pelos corantes dispersos, o resultado é que durante a aplicação e secagem (140 - 160°C) uma
parte de corantes migra do interior dos filamentos para a superfície afetando a solidez à
lavagem, ao atrito e ao calor (Heywood, 2003), especialmente nas cores escuras como as
cores vermelhas as pretas.
Estas resinas produzem sobre as fibras e filamentos dos tecidos e malhas retículos
moleculares que envolvem os filamentos produzindo presumivelmente um efeito de bloqueio
à saída dos corantes dispersos. Os efeitos da formação da película (Heywood, 2003),
entretanto alteram o toque que se torna um pouco mais rígido e áspero.
METODOLOGIA
As normas usadas foram as AATCC que prescrevem as escalas de cinzas para avaliação.
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A preparação ao tingimento – Purga. Esta preparação não foi feita e apenas se incluiu no
receituário de tingimento em contínuo um agente emulsionante dos óleos de ensimagem.
Os tingimentos foram realizados em contínuo nas cores preta, marinho e vermelho intenso,
sobre a malha de PES, em triplicata, utilizando os corantes de alta energia supracitados. Os
receituários e as condições estão nas tabelas 2 e 3.
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Estes testes forma feitos nas três amostras tintas de cada cor em cada tipo de acabamento.
Os testes de solidez à lavagem foram feito segundo a Norma AATCC Test Method 61-2003,
método 1A (40°C), usando como tecido padrão o tecido multifibras e as escalas de cinzas de
desbote e manchamento. A avaliação de manchamento foi feita somente na poliamida que é a
fibra que mais mancha com corantes dispersos, quando há desbote do poliéster tinto.
Em todos os testes de lavagem realizados, a alteração da cor pelo desbote dos corpos de prova
tintos foi imperceptível resultando na nota 5 de solidez nas três cores, independentemente do
tipo de tingimento.
Os testes de solidez ao atrito a eco e a úmido foram feitos de acordo com a norma AATCC
Test Method 8-2005. A avaliação de desbote foi feita no padrão branco nas duas modalidades:
seco, ou seja, a malha tinta no estado condicionado, e molhado com água destilada. As notas
de desbote seguiram a mesma sistemática do teste de solidez à lavagem.
Nas tabelas de 8 a 10 estão os resultados dos testes de solidez sobre corpos de prova tintos em
continuo em cor preta, vermelha e azul marinho com e sem o acabamento de amaciante e
amaciante e resina melamínica.
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Tabela 8 – Índices de solidez à lavagem, ao atrito e sublimação das malhas tintas em cor preta
em contínuo sem amaciante, com amaciante e com a aplicação de resina melamínica e
amaciante.
DESBOTE AO DESBOTE AO
DESBOTE NA
AMOSTRA PRETA ATRITO A SECO CALOR A 180°C
POLIAMIDA
(PIOR CASO) POR 2 MINUTOS
Malha tinta em preto 4/5 5 4/5
Malha tinta em preto com
4 4/5 4/5
30 g/l amaciante silicone
Malha tinta em preto com
30 g/l amaciante silicone e 4 3 4/5
20 g/l resina melamínica
Tabela 9 – Índices de solidez à lavagem, ao atrito e sublimação das malhas tintas em vermelho
em contínuo sem amaciante, com amaciante e com a aplicação de resina melamínica e
amaciante.
DESBOTE AO DESBOTE AO
DESBOTE NA
AMOSTRA VERMELHA ATRITO A SECO CALOR A 180°C
POLIAMIDA
(PIOR CASO) POR 2 MIN.
Malha tinta em vermelho 4/5 4/5 4
Malha tinta em vermelho
3/4 4/5 4
30 g/l amaciante silicone
Malha em vermelho
30 g/l amaciante de silicone, 3 3 4
20 g/l resina melamínica
Tabela 10 – Índices de solidez à lavagem, ao atrito e a sublimação das malhas tintas em cor
marinho em contínuo sem amaciante, com amaciante e com a aplicação de resina melamínica
e amaciante de silicone.
DESBOTE AO DESBOTE AO
DESBOTE NA
AMOSTRA AZUL MARINHO ATRITO A SECO CALOR A 180°C
POLIAMIDA
(PIOR CASO) POR 2 MIN
Malha tinta em marinho 4/5 4/5 4/5
Malha em marinho com
3/4 3 4/5
30 g/l amaciante silicone
Malha em marinho com
30 g/l amaciante de silicone, 3 3/4 4/5
20 g/l resina melamínica
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amaciantes, as comparações mais corretas para o mercado são entre a malha tinta e amaciada
e as malhas acabadas com resinas.
Os resultados de solidez das cores tintas e acabadas com a resina melamínica mostraram que a
solidez à lavagem e ao atrito piora com o uso da resina melamínica contrastando com o que
ocorre nas cores obtidas por processos descontínuos, onde a resina atua de maneira favorável
melhorando um pouco os índices de solidez.
Tabela 11 – Índices de solidez à lavagem, ao atrito e a sublimação das malhas tintas em cor
preta em contínuo sem amaciante, com amaciante e com a aplicação de resina melamínica e
amaciante de silicone.
DESBOTE AO DESBOTE AO
DESBOTE NA
AMOSTRA PRETA ATRITO A SECO CALOR A 180°C
POLIAMIDA
(PIOR CASO) POR 2 MINUTOS
Malha tinta em preto 4/5 5 4/5
Malha tinta em preto com
4 4/5 4/5
30 g/l amaciante silicone
Malha tinta em preto com
30 g/l amaciante silicone e 4 3 4/5
20 g/l resina melamínica
Malha tinta em preto com
30 g/l amaciante silicone e 4 3 4/5
30 g/l resina melamínica
Malha tinta em preto com
30 g/l amaciante silicone e 4/5 3/4 4/5
50 g/l resina melamínica
Por fim, nesta série de testes foi pensado se os testes de solidez à lavagem usando esferas de
aço como preconiza a norma AATCC Test Method 61 2003 não seria muito drástico pela ação
de choque das esferas com as canecas em rotação no Wash tester. Esta ação de impacto na
realidade não existe nessa intensidade nas lavagens domésticas mesmo em máquina de
tambores horizontais e menos ainda nas máquinas de tambores verticais.
Foram feitos também testes de solidez à lavagem sobre amostras tintas e acabadas nas cores
preta e vermelha usando as esferas de aço conforme preconiza a norma AATCC e sem as
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Tabela 12 – Comparação entre Índices de solidez à lavagem com e sem esferas de aço
segundo a norma AATCC Test Method 61 2003, para malhas tintas em processo contínuo na
core preta.
DESBOTE NA DESBOTE NA
AMOSTRA PRETA POLIAMIDA POLIAMIDA (SEM
(COM ESFERAS) ESFERAS)
Malha tinta em preto 4/5 4/5
Malha tinta em preto com 30 g/l de
4 4
amaciante silicone
Malha tinta em preto com
30 g/l amaciante silicone e 4 4/5
20 g/l resina melamínica
Tabela 13 – Comparação entre Índices de solidez à lavagem com e sem esferas de aço
segundo a norma AATCC Test Method 61 2003, para malhas tintas em processo contínuo na
core preta.
DESBOTE NA DESBOTE NA
AMOSTRA VERMELHA POLIAMIDA POLIAMIDA (SEM
(COM ESFERAS) ESFERAS)
Malha tinta em vermelho 4/5 4/5
Malha tinta em vermelho com
3/4 4
30 g/l amaciante silicone
Malha tinta em vermelho com
30 g/l amaciante silicone e 3 4
20 g/l resina melamínica
Os resultados obtidos nesta comparação mostraram que na cor preta que houve pequena
influência de 0,5 pontos na solidez à lavagem dos corpos de prova. Na cor vermelha a
remoção da ação mecânica produzida pelas esferas impactando na superfície das malhas no
teste de lavagem teve efeito na solidez maior de 1,0 pontos. Mesmo com estas mudanças o
efeito da inclusão da resina melamínica não se justifica na comparação da malha com
amaciante.
CONCLUSÕES
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Mostrou ainda que as solidezes à lavagem e ao atrito são aquelas mais criticas que a solidez
ao calor (sublimação), menos sensível que as demais, independentemente da cor, de sua
intensidade e do tipo de acabamento.
Entretanto, o que se verificou com os acabamentos de resinas de melamina foi que estas
resinas não trazem melhorias nos índices de solidezes em geral. No mercado brasileiro se
acredita que as resinas melamínicas melhoram a solidez à lavagem e ao atrito dos tingimentos.
Isto não foi verificado nos tingimentos em contínuo, que em média sofreram reduções de até 1
ponto na solidez à lavagem e na solidez ao atrito.
A solidez à sublimação das cores foi sempre menos influenciada pelos acabamentos,
mantendo níveis considerados bons.
A primeira vista isso pode surpreender, dado que estes corantes para sublimar requerem
temperaturas mais altas do que 180°C, sendo 220°C para o corante preto e 210°C para o
corante azul marinho pode-se perceber que o teste a 180°C é ainda brando para remover estes
corantes do interior dos filamentos.
Dentre as causas para índices de solidez à lavagem e atrito menores obtidos com a aplicação
da resina melamínica pode ser apontar o fato de que na limpeza redutiva em processo
contínuo os residuais de corantes dispersos da superfície dos filamentos nos fios da malha não
são removidos totalmente como em processos de tingimento descontínuo e estes residuais,
quando da aplicação da resina com amaciante, contaminam o filme formado. Esta
contaminação superficial é então removida na lavagem 40°C especialmente seguido a norma
utilizando esferas de aço na lavagem e no teste de atrito. Esta observação coloca em evidência
a necessidade de mais estudos que permitam identificar de maneira concreta porque nas cores
escuras obtidas em processos de tingimento contínuo a resina melamínica piora índices de
solidezes, ao contrário do que ocorre em cores com os mesmo corantes e mesma intensidade
de cor obtidos por processo de tingimento descontinuo.
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REFERÊNCIAS
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AATCC – Test Method – 97-1999 - Extractable Content of Greige and/or Prepared Textiles.
ATKINSON, C., False Twist Textured Yarns – Principles, processes and applications,
Woodhead Publishers, London, England, 2012.
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and Pigments, vol. 76, 2008.
DE MATTIA ALFIERI, Paulo – Visitas técnicas as instalações fabris da Unifi S/A em Alfenas
e da Antex S/A em Curitiba em 2012 promovida pelo Departamento Têxtil da FEI.
HAUSER, J. P., Textile Dyeing, (Cap. 10, Koh, J) Intech Rijeka, Croatia, 2011.
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NUNN, D. M. The Dyeing of Synthetic-polymer and Acetate Fibres – The Dyers Company
Publications Trust, London, England, 1979.
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