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23 de junho de 2014 - São Paulo - Brasil

Estudo sobre os efeitos do acabamento de resina melamínica e de amaciante


de silicone na solidez à lavagem, atrito e calor dos tingimentos de malha de
poliéster em processo contínuo.
Borelli, C. , Alfieri, M. P. , Alfieri1, P. 1, Brizido, V. 1 .
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1. Centro Universitário da FEI – São Bernardo do Campo – 09850-901 -palfieri@uol.com.br

RESUMO

Dentre as qualidades exigidas no mercado de um artigo têxtil, estão as chamadas propriedades


de solidez, que se referem à resistência de um artigo à lavagem, ao atrito, ao suor, enfim as
ações físico-químicas pelas quais passa um artigo durante sua vida útil em uso. O poliéster é a
matéria-prima têxtil mais importante no Brasil e no mundo sendo empregado numa enorme
variedade de artigos como esportivos, têxteis técnicos em especial automotivos, vestuário
casual e de moda feminina, entre outras. Paralelamente, a indústria têxtil é pressionada para
oferecer processos sempre mais baratos e rápidos para enfrentar a concorrência internacional
e os desafios impostos pela moda. O processo de tingimento em continuo é uma excelente
opção para o barateamento do processo, mas enfrenta, frequentemente, dificuldades para
atender aos requisitos de solidez de um mercado cada vez mais exigente. O presente trabalho
teve por objetivo verificar se acabamentos de resina melamínica oferecem possibilidades de
melhoria da solidez à lavagem, ao atrito e ao calor para cores escuras obtidas com esta
modalidade de tingimento sobre malhas de poliéster como ocorre quando estas malhas são
tintas em processos descontínuos. As aplicações desta resina foram feitas dentro dos critérios
industriais e as medidas de solidez realizadas segundo as normas americanas AATCC. Os
resultados mostraram que se de um lado a solidez ao calor praticamente não se altera, de outro
os índices de solidez à lavagem e ao atrito pioram para cores obtidas pelo processo contínuo,
colocando o fato de que a resina melamínica não permite viabilizar o processo continuo para
aplicações têxteis mais exigentes em qualidade.

Palavras - chave: Tingimento contínuo do poliéster, amaciante de silicone e resina


melamínica.

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ABSTRACT

Among the qualities required of a textile article in the market are the so-called fastness
properties, which refer to the resistance of a textile product to washing, friction and heat.
During its lifetime, the article undergoes these physicochemical either in use or in washing.
Polyester is now by far the most important textile fiber in Brazil and also in the world being
used in a huge variety of items such as sporting, technical textiles in particular automotive,
casualwear clothing and women's fashion etc. In parallel, the textile industry is always
pressed to offer cheaper and faster processes to cope with international competition and the
challenges imposed by fashion. The continuous dyeing process is an option for the
cheapening of the process, but often struggles to meet the requirements of fastness of an
increasingly demanding market. This study aimed to verify if the finishing of melamine resin
offers opportunities for improving wash fastness and fastness to friction and heat for dark
colors obtained with this mode of dyeing knitted polyester fabrics as this happen when dark
colors are dyed by discontinuous processes. The applications of this resin were made within
the industrial criteria and measures of color fastness were performed according to American
standards AATCC. The results showed that fastness to heat practically did not change, but
fastness to washing and rubbing worsened for dark colors obtained by the continuous process,
putting the fact that the melamine resin did not enabled the continuous process to be used for
more demanding applications as far as fastness is concerned.

Keywords: Continuous dyeing of polyester, silicone softener and melamine resin.

INTRODUÇÃO

Dentre as qualidades exigidas no mercado de um artigo têxtil, estão as chamadas propriedades


de solidez, que se referem à resistência de um artigo à lavagem, ao atrito, ao suor, enfim as
ações físico-químicas pelas quais passa um artigo durante sua vida útil em uso. O poliéster é
já de há bom tempo é a matéria-prima têxtil mais importante no Brasil e no mundo sendo
empregado numa enorme variedade de artigos como esportivos, têxteis técnicos em especial
automotivos, vestuário casual e de moda feminina etc. Paralelamente, a indústria têxtil é
pressionada para oferecer processos sempre mais baratos e rápidos para enfrentar a
concorrência internacional e os desafios impostos pela moda. O processo de tingimento em
continuo é uma opção para o barateamento do processo tintorial, mas enfrenta,
frequentemente, dificuldades para atender aos requisitos de solidez de um mercado cada vez
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mais exigente. Ao mesmo tempo nos processos descontínuos o uso de resinas melamínicas
para melhorar a solidez das cores é uma prática utilizada. O presente projeto teve por objetivo
verificar se acabamentos à base de resinas melamínicas para os quais se creditam melhorias
de índices de solidez à lavagem, ao atrito e ao calor nos tingimentos em descontinuo, também
podem oferecer melhorias de solidezes em malhas tintas por processo contínuo em cores
escuras.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Para compreender as relações envolvidas entre o tingimento de tecidos e malhas de poliéster


com os níveis de solidezes possíveis de alcançar com esta tecnologia, especialmente em cores
escuras, e ainda com os efeitos resultantes dos acabamentos realizados após o tingimento
sobre as solidezes é necessário discorrer, mesmo que brevemente sobre os corantes dispersos
usados no tingimento, o mecanismo envolvido na fixação destes. Em seguida, é preciso
evidenciar os efeitos das resinas e dos amaciantes sobre os tingimentos.

O poliéster é a fibra mais importante no mundo e no Brasil, especialmente na forma de fios de


filamentos texturados. Hoje, cerca de 60% do que é produzido no mundo é de poliéster.

O poliéster é um polímero sintético obtido a partir de substâncias extraídas do petróleo. As


matérias-primas são o ácido tereftálico e o etileno glicol. A síntese do polímero ocorre por
poli condensação em duas fases (condensação do ácido tereftálico com o etileno glicol) e a
policondensação (condensação do tereftalato de etileno glicol). Da reação se obtém um
heteropolímero de grau de polimerização médio de 80.

A estrutura molecular das fibras e filamentos de poliéster (Poli tereftalato de etileno glicol –
PET – Poli Etilene Tereftalate) é, em decorrência destas características moleculares, do tipo
“Micelar” (Lewin, 1998) e o teor cristalino é de aproximadamente 50%. Na figura 1 está a
representação da estrutura molecular do poliéster. Na mesma figura estão ilustradas as
ligações intermoleculares, sendo interações entre anéis benzênicos e as pontes de hidrogênio.

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Figura 1 Estrutura molecular do poliéster e ligações intermoleculares


Fonte: Alfieri, P., Apostila Tecnologia Fibras Têxteis II, 2008, p 121.

O poliéster é um material termoplástico, ou seja, funde quando submetido ao calor e a fiação é


por fusão. O processo consiste em fundir os grânulos de polímero (chips) em atmosfera inerte
de gás nitrogênio (para evitar reações de oxidação) e passar o polímero fundido por extrusora,
bomba de título e pelo “PACK” (conjunto porta fieira constituído por telas e areia de quartzo
puro para filtração do polímero e fieira), formando filamentos contínuos que são resfriados
em células de fiação por ar condicionado (Deopura, 2008).

As velocidades de fiação são da ordem de 4000 m/min para produzir o fio POY (Partially
Oriented Yarn) e este fio é ensimado com óleos lubrificantes e antiestáticos. (Fourné, 1998). O
fio POY é usando em texturização por Falsa Torção para produzir os fios mais importantes do
mercado e aqueles que compõem muitas das aplicações em malhas e tecidos planos.

O sistema de texturação FTF - Falsa Torção Fixada (Hearle, 2001) se dá por agregado de
fricção. O sistema opera por transformação termomecânica, dando aos filamentos textura.
Esta textura dá a estes fios diversas características, como maciez, alongamento, elasticidade,
transporte de umidade, isolação térmica etc (Atkinson, 2012).

Os corantes dispersos são substâncias coloridas de solubilidade muito baixa (da ordem de
mg/l) visto não possuírem grupos que dissociam. Sua capacidade de tingir as fibras de
poliéster está justamente neste fato desta pequeníssima solubilidade e também do fato de que
o poliéster não contem em sua constituição química grupos fortemente polares e que
dissociam. Estes corantes têm estrutura aromática e grupos polares, como NH, CONH etc, e
não há grupos dissociáveis.

Os corantes dispersos apresentam uma peculiaridade, que é de sublimarem, ou seja, passam


por ação do calor da fase sólida diretamente para a fase gasosa (Nunn, 1979).

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Esta peculiaridade é a razão pela qual é possível transferir os corantes dispersos depositados
na superfície de um tecido ou malha de poliéster por impregnação em foulard em processo
continuo, chamado de “Thermosol”, pela aplicação de calor seco (ar quente) a temperaturas
entre 190 e 220°C.

Os corantes dispersos são classificados pela energia necessária para sublimar e que está
relacionada ao peso molecular, a polaridade e a forma da molécula (Hauser, 2011). Os
corantes de elevada energia têm pesos moleculares da ordem de 500 ou acima e muitos têm
formas volumosas (Hauser, 2011). Exigem condições mais enérgicas para o tingimento, mas
dão cores mais sólidas. Na figura 2 estão exemplos destes corantes de elevada energia.

Figura 2 – Exemplos de corantes dispersos de elevada energia.


Fonte: Hauser, 2011, p 203.

O tingimento contínuo do poliéster - Thermosol

O sistema de tingimento usado para este fim é o “Thermosol” ou como também chamado no
Brasil de “Pad Termofix”, que significa: impregnação e fixação por calor. Na figura 4 está
representado o sistema de tingimento contínuo Thermosol.

Figura 4 – Sistema contínuo de tingimento Pad Dry Thermofix


Fonte: Apresentação - Dystar – Continuous Dyeing Processes – Hyde, 2002, Slide 7.

A base deste processo (Hawkyard, 2004) consiste em impregnar o tecido ou malha de


poliéster em foulard com dispersões de corantes dispersos, espremer os mesmos e fixar os

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corantes numa câmara de ar quente, onde por sublimação os corantes migram da superfície
onde estão no tecido ou malha para o interior dos filamentos.

Neste tingimento, a câmara de secagem e fixação, chamada de Hot Flue (Fluxo Quente) pode
ser substituída por uma rama, que trabalha geralmente com o tecido ou malha na horizontal.

Na sequência operacional da figura se visualizam as seguintes operações:

 Impregnação de corantes dispersos e químicos auxiliares


 Pré-secagem por infravermelho
 Fixação na Hot Flue
 Lavagem para remoção dos químicos e residuais de corantes dispersos
 Secagem do tecido ou malha
 Acondicionamento em rolos

Os corantes são impregnados em foulard na forma dispersa com agentes dispersantes e outros
auxiliares. Segue uma pré-secagem para reduzir a um mínimo a quantidade de água no tecido
ou malha e então a termofixação em temperaturas entre 200 e 220°C faz com que os corantes
sublimem e migrem para o interior dos filamentos na forma monomolecular atraídos pelos
grupos polares do poliéster (Hauser, 2011). Pontes de hidrogênio se estabelecem entre corante
e filamentos de poliéster.

Após o tingimento continuo é necessário remover os produtos auxiliares utilizados no


receituário, além dos residuais de corantes que permanecem ao final do tingimento na
superfície do tecido ou malha. Estes residuais de corantes têm duas consequências se
permanecem no tecido ou malha (Hawkyard, 2004), sendo:

Alteram a cor fazendo com que a nuance correta não seja alcançada e

Reduzem as solidezes ao atrito e ao calor (também chamada de solidez a sublimação) das


cores.

Os amaciantes utilizados para melhorar o toque das malhas de poliéster, (Shore, 2002)
melhoram a lisura e a fluidez da malha (maleabilidade) por efeito lubrificante, mas podem
afetar negativamente a solidez dos tingimentos e é necessário sempre testar neste particular,
especialmente no caso dos amaciantes a base de silicone.

Amaciantes de silicone (chamados de poliorganosiloxanos) são usados nos tecidos e malhas


com sucesso por darem toque muito liso. São emulsões, micro emulsões e até nano emulsões
(Heywood, 2003), aplicáveis em artigos de poliéster, especialmente os filamentos contínuos.
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Estes silicones aplicados ao poliéster formam uma película que reveste os filamentos e lhes
confere grande lisura o que se reflete na lisura e na maleabilidade do artigo de malha ou
tecido. Ocorre que, como os silicones para formar emulsões necessitam de emulsionantes não
iônicos para formação da emulsão aplicável sobre as fibras de poliéster e este têm afinidade
pelos corantes dispersos, o resultado é que durante a aplicação e secagem (140 - 160°C) uma
parte de corantes migra do interior dos filamentos para a superfície afetando a solidez à
lavagem, ao atrito e ao calor (Heywood, 2003), especialmente nas cores escuras como as
cores vermelhas as pretas.

Estas resinas produzem sobre as fibras e filamentos dos tecidos e malhas retículos
moleculares que envolvem os filamentos produzindo presumivelmente um efeito de bloqueio
à saída dos corantes dispersos. Os efeitos da formação da película (Heywood, 2003),
entretanto alteram o toque que se torna um pouco mais rígido e áspero.

METODOLOGIA

Os tingimentos em continuo pelo processo Pad Thermosol (Impregnação – pré-secagem –


termofixação) foram realizados em foulard e rama, marcas Mathis.

Os testes de solidez à lavagem foram realizados no aparelho Wash-tester, marca Mathis e a


solidez ao atrito no aparelho crockmeter. Os testes de solidez ao calor (à sublimação) foram
feitos usando ferro de passar calibrado com papel térmico a 180°C por 2 minutos, usando a
própria malha de poliéster como padrão branco e a avaliação foi feita também com as escalas
de cinzas. Este teste procurou seguir a norma citada que indica o aparelho Thermotex. A
alternativa usada considerou a temperatura, o tempo e aproximadamente a pressão pela área
exposta sobre o corpo de prova, sendo desta maneira aceitável em termos comparativos.

As normas usadas foram as AATCC que prescrevem as escalas de cinzas para avaliação.

Os corantes dispersos utilizados foram:

 CI Disperse Red 92 (modificado)


 CI Disperse Blue 79
 Preto sem CI, por ser mistura física de corantes

CI significa Color Index, que é um compendio que classifica os corantes e pigmentos


produzidos no mundo. Esta classificação é numérica por cor e por ordem de data da invenção.

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As características da malha usada estão na tabela 1 e foram determinadas usando as normas


NBR (Normas Brasileiras), condicionando as amostras nas condições standard de laboratório
que são 21±1°C e 65±2% de umidade relativa do ar segundo as NBR (a).

Tabela 1 Características da malha


Característica Característica Unidade Valor
1 Gramatura (b) (g/m2) 115
2 Carreiras/cm (c) (nº/cm) 14,5
3 Colunas/cm (c) (nº/cm) 15,5
4 Largura (malha fechada) (d) (cm) 175
5 Ligamento (e) - Interloque
6 Teor de ensimagem (f) (%) em peso da malha 1,82
(a) ABNT NBR ISO 139:2008 – Têxteis – Atmosfera – padrão para condicionamento e
ensaio.
(b) ABNT NBR 10591:2008 – Materiais têxteis – Determinação da gramatura de superfícies
têxteis.
(c) ABNT NBR 10588: 2008 – Determinação da densidade de fios.
(d) ABNT NBR 10589:2006 – Determinação da largura de nãotecidos e tecidos planos.
(e) ABNT NBR 13462:1995 – Tecido de malha por trama – Estruturas fundamentais.
(f) AATCC – Test Method – 97-1999 - Extractable Content of Greige and/or Prepared
Textiles.

RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A preparação ao tingimento – Purga. Esta preparação não foi feita e apenas se incluiu no
receituário de tingimento em contínuo um agente emulsionante dos óleos de ensimagem.

Os tingimentos foram realizados em contínuo nas cores preta, marinho e vermelho intenso,
sobre a malha de PES, em triplicata, utilizando os corantes de alta energia supracitados. Os
receituários e as condições estão nas tabelas 2 e 3.

Tabela 2 – Receituários de tingimento em descontinuo.


TEOR FUNÇÃO AÇÃO
3,0 g/l Emulgador Umectação da malha e emulsificação de óleos.
3,0 g/l Dispersante Dispersão uniforme dos corantes.
2,0 g/l Sequestrante Eliminação de metais.
100 g/l Regulador de viscosidade Agente antimigrante
50 g/l CI Disperse* Corante
* No caso da cor preta foi usada 80 g/l

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Tabela 3 – Condições de tingimento descontínuo, fixação e secagem.


CONDIÇÃO UNIDADE VALOR
Temperatura de fixação (°C) 210/220*
Tempo de fixação (min.) 2
Temperatura de secagem (°C) 140
Tempo de secagem (min.) 2
* 210°C para a cor AZUL e 220°C para as cores VERMELHA e PRETA.

Limpeza redutiva e enxágues em contínuo.

Uma simulação dos processos de limpeza redutiva, de enxágues e de neutralização em


contínuo foi feita usando frascos com os diversos banhos em temperaturas e tempos fixos
como indicados na tabela 4.

Tabela 4 Condições de operação da limpeza redutiva em contínuo.


BANHO TEMPERATURA (°C) TEMPO (min)
Limpeza redutiva 80 2
Enxágue 80 2
Enxágue 80 2
Enxágue 80 2
Neutralização 60 2
Enxágue 40 2
Secagem 140 2
O receituário do banho de limpeza redutiva está na tabela 5.

Tabela 5 – Receituário da limpeza redutiva em contínuo.


RECEITUÁRIO TEOR FUNÇÃO AÇÃO
Hidrossulfito de Destruição de residuais de corantes por
5 g/l Redutor
sódio* redução.
Soda cáustica 50°Bé 4 g/l Álcali Efeito hidrolítico nos residuais de corantes.
Setamol LCA 2 g/l Dispersante Dispersão de residuais de corante.
* Ditionito de sódio

Procedimento de aplicação da resina

Sobre as amostras de malhas tintas em contínuo foram realizadas no Foulard de impregnação


e espremagem e na Rama de fixação, aplicações da resina de melamina com silicone como
amaciante. Na tabela 6 estão as receitas de aplicação e na tabela 7 as condições operacionais.

Tabela 6 – Receitas de aplicação das resinas nas malhas tintas.


PRODUTO QUANTIDADE FUNÇÃO AÇÃO
Melamina 20 g/l Resina Formação de filme
Redução da rigidez da malha
Silicone 30 g/l Amaciante
(toque)

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Tabela 7 – Condições de aplicação de resinas nas malhas tintas.


CONDIÇÃO UNIDADE VALOR
Pick-up da malha (%) 100
Pressão entre cilindros (bar) 4
Temperatura de fixação (melamina e silicone) (°C) 170
Tempo de fixação (melamina e silicone) (min) 2
Temperatura de fixação (poliuretano) (°)C 170
Tempo de fixação (poliuretano) (min) 4
Temperatura de secagem °C 130
Tempo de secagem (min) 2

Testes de solidez à lavagem, sublimação e atrito.

Estes testes forma feitos nas três amostras tintas de cada cor em cada tipo de acabamento.

Os testes de solidez à lavagem foram feito segundo a Norma AATCC Test Method 61-2003,
método 1A (40°C), usando como tecido padrão o tecido multifibras e as escalas de cinzas de
desbote e manchamento. A avaliação de manchamento foi feita somente na poliamida que é a
fibra que mais mancha com corantes dispersos, quando há desbote do poliéster tinto.

Em todos os testes de lavagem realizados, a alteração da cor pelo desbote dos corpos de prova
tintos foi imperceptível resultando na nota 5 de solidez nas três cores, independentemente do
tipo de tingimento.

Os testes de solidez ao atrito a eco e a úmido foram feitos de acordo com a norma AATCC
Test Method 8-2005. A avaliação de desbote foi feita no padrão branco nas duas modalidades:
seco, ou seja, a malha tinta no estado condicionado, e molhado com água destilada. As notas
de desbote seguiram a mesma sistemática do teste de solidez à lavagem.

Nas tabelas de 8 a 10 estão os resultados dos testes de solidez sobre corpos de prova tintos em
continuo em cor preta, vermelha e azul marinho com e sem o acabamento de amaciante e
amaciante e resina melamínica.

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Tabela 8 – Índices de solidez à lavagem, ao atrito e sublimação das malhas tintas em cor preta
em contínuo sem amaciante, com amaciante e com a aplicação de resina melamínica e
amaciante.
DESBOTE AO DESBOTE AO
DESBOTE NA
AMOSTRA PRETA ATRITO A SECO CALOR A 180°C
POLIAMIDA
(PIOR CASO) POR 2 MINUTOS
Malha tinta em preto 4/5 5 4/5
Malha tinta em preto com
4 4/5 4/5
30 g/l amaciante silicone
Malha tinta em preto com
30 g/l amaciante silicone e 4 3 4/5
20 g/l resina melamínica

Tabela 9 – Índices de solidez à lavagem, ao atrito e sublimação das malhas tintas em vermelho
em contínuo sem amaciante, com amaciante e com a aplicação de resina melamínica e
amaciante.
DESBOTE AO DESBOTE AO
DESBOTE NA
AMOSTRA VERMELHA ATRITO A SECO CALOR A 180°C
POLIAMIDA
(PIOR CASO) POR 2 MIN.
Malha tinta em vermelho 4/5 4/5 4
Malha tinta em vermelho
3/4 4/5 4
30 g/l amaciante silicone
Malha em vermelho
30 g/l amaciante de silicone, 3 3 4
20 g/l resina melamínica

Tabela 10 – Índices de solidez à lavagem, ao atrito e a sublimação das malhas tintas em cor
marinho em contínuo sem amaciante, com amaciante e com a aplicação de resina melamínica
e amaciante de silicone.
DESBOTE AO DESBOTE AO
DESBOTE NA
AMOSTRA AZUL MARINHO ATRITO A SECO CALOR A 180°C
POLIAMIDA
(PIOR CASO) POR 2 MIN
Malha tinta em marinho 4/5 4/5 4/5
Malha em marinho com
3/4 3 4/5
30 g/l amaciante silicone
Malha em marinho com
30 g/l amaciante de silicone, 3 3/4 4/5
20 g/l resina melamínica

Os resultados das tabelas de 8 a 10 mostraram diferenças importantes. Como esperado e pelas


informações de literatura (HEYWOOD, 2003) os amaciantes de silicone interferem na solidez
reduzindo-a. Nas três cores tintas, as solidezes à lavagem e ao atrito foram deduzidas e as
reduções se mostraram mais intensas nas cores vermelha e marinho. Os amaciantes de
silicone tem afinidade pelos corantes dispersos e as ações de lavagem e atrito mostram este
fato (SHORE, 2002). Entretanto, como normalmente as malhas são acabadas pelo menos com

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amaciantes, as comparações mais corretas para o mercado são entre a malha tinta e amaciada
e as malhas acabadas com resinas.

Os resultados de solidez das cores tintas e acabadas com a resina melamínica mostraram que a
solidez à lavagem e ao atrito piora com o uso da resina melamínica contrastando com o que
ocorre nas cores obtidas por processos descontínuos, onde a resina atua de maneira favorável
melhorando um pouco os índices de solidez.

Testes aumentando a quantidade de resina de 20 até 50 g/l, mantendo a quantidade de


amaciante constante em 30 g/l não mostraram alguma melhora nas solidezes à lavagem e ao
atrito, por outro lado, levaram a um maior enrijecimento da malha e perda significativa de sua
elasticidade, o que se mostrou inviável tecnicamente. Os resultados estão na tabela 11.

Tabela 11 – Índices de solidez à lavagem, ao atrito e a sublimação das malhas tintas em cor
preta em contínuo sem amaciante, com amaciante e com a aplicação de resina melamínica e
amaciante de silicone.
DESBOTE AO DESBOTE AO
DESBOTE NA
AMOSTRA PRETA ATRITO A SECO CALOR A 180°C
POLIAMIDA
(PIOR CASO) POR 2 MINUTOS
Malha tinta em preto 4/5 5 4/5
Malha tinta em preto com
4 4/5 4/5
30 g/l amaciante silicone
Malha tinta em preto com
30 g/l amaciante silicone e 4 3 4/5
20 g/l resina melamínica
Malha tinta em preto com
30 g/l amaciante silicone e 4 3 4/5
30 g/l resina melamínica
Malha tinta em preto com
30 g/l amaciante silicone e 4/5 3/4 4/5
50 g/l resina melamínica

Por fim, nesta série de testes foi pensado se os testes de solidez à lavagem usando esferas de
aço como preconiza a norma AATCC Test Method 61 2003 não seria muito drástico pela ação
de choque das esferas com as canecas em rotação no Wash tester. Esta ação de impacto na
realidade não existe nessa intensidade nas lavagens domésticas mesmo em máquina de
tambores horizontais e menos ainda nas máquinas de tambores verticais.

Foram feitos também testes de solidez à lavagem sobre amostras tintas e acabadas nas cores
preta e vermelha usando as esferas de aço conforme preconiza a norma AATCC e sem as

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esferas, com as demais condições da norma inalteradas. Nas tabelas 12 e 13 estão os


resultados desta comparação.

Tabela 12 – Comparação entre Índices de solidez à lavagem com e sem esferas de aço
segundo a norma AATCC Test Method 61 2003, para malhas tintas em processo contínuo na
core preta.
DESBOTE NA DESBOTE NA
AMOSTRA PRETA POLIAMIDA POLIAMIDA (SEM
(COM ESFERAS) ESFERAS)
Malha tinta em preto 4/5 4/5
Malha tinta em preto com 30 g/l de
4 4
amaciante silicone
Malha tinta em preto com
30 g/l amaciante silicone e 4 4/5
20 g/l resina melamínica

Tabela 13 – Comparação entre Índices de solidez à lavagem com e sem esferas de aço
segundo a norma AATCC Test Method 61 2003, para malhas tintas em processo contínuo na
core preta.
DESBOTE NA DESBOTE NA
AMOSTRA VERMELHA POLIAMIDA POLIAMIDA (SEM
(COM ESFERAS) ESFERAS)
Malha tinta em vermelho 4/5 4/5
Malha tinta em vermelho com
3/4 4
30 g/l amaciante silicone
Malha tinta em vermelho com
30 g/l amaciante silicone e 3 4
20 g/l resina melamínica

Os resultados obtidos nesta comparação mostraram que na cor preta que houve pequena
influência de 0,5 pontos na solidez à lavagem dos corpos de prova. Na cor vermelha a
remoção da ação mecânica produzida pelas esferas impactando na superfície das malhas no
teste de lavagem teve efeito na solidez maior de 1,0 pontos. Mesmo com estas mudanças o
efeito da inclusão da resina melamínica não se justifica na comparação da malha com
amaciante.

CONCLUSÕES

Inicialmente o trabalho confirmou o que a literatura e a prática industrial se coloca que os


amaciantes a base de silicone, mais usados para os artigos de poliéster tendem a reduzir os
índices de solidezes à lavagem e ao atrito.

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Mostrou ainda que as solidezes à lavagem e ao atrito são aquelas mais criticas que a solidez
ao calor (sublimação), menos sensível que as demais, independentemente da cor, de sua
intensidade e do tipo de acabamento.

Entretanto, o que se verificou com os acabamentos de resinas de melamina foi que estas
resinas não trazem melhorias nos índices de solidezes em geral. No mercado brasileiro se
acredita que as resinas melamínicas melhoram a solidez à lavagem e ao atrito dos tingimentos.
Isto não foi verificado nos tingimentos em contínuo, que em média sofreram reduções de até 1
ponto na solidez à lavagem e na solidez ao atrito.

Foram avaliados os diversos parâmetros que podem influenciar na solidez, como a


concentração da resina, as condições de aplicação (foulardagem, secagem e fixação) e as
condições dos testes de solidez à lavagem e à sublimação. Os resultados em todos os testes
realizados indicaram que a resina melamínica não melhora os índices de solidezes nos
tingimentos em contínuo como realizados.

A solidez à sublimação das cores foi sempre menos influenciada pelos acabamentos,
mantendo níveis considerados bons.

A primeira vista isso pode surpreender, dado que estes corantes para sublimar requerem
temperaturas mais altas do que 180°C, sendo 220°C para o corante preto e 210°C para o
corante azul marinho pode-se perceber que o teste a 180°C é ainda brando para remover estes
corantes do interior dos filamentos.

Dentre as causas para índices de solidez à lavagem e atrito menores obtidos com a aplicação
da resina melamínica pode ser apontar o fato de que na limpeza redutiva em processo
contínuo os residuais de corantes dispersos da superfície dos filamentos nos fios da malha não
são removidos totalmente como em processos de tingimento descontínuo e estes residuais,
quando da aplicação da resina com amaciante, contaminam o filme formado. Esta
contaminação superficial é então removida na lavagem 40°C especialmente seguido a norma
utilizando esferas de aço na lavagem e no teste de atrito. Esta observação coloca em evidência
a necessidade de mais estudos que permitam identificar de maneira concreta porque nas cores
escuras obtidas em processos de tingimento contínuo a resina melamínica piora índices de
solidezes, ao contrário do que ocorre em cores com os mesmo corantes e mesma intensidade
de cor obtidos por processo de tingimento descontinuo.

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REFERÊNCIAS

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