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Mestrado em Química Tecnológica

Kevlar ®

David Manuel Araújo Carreto

1º Semestre 2022/2023
2

"So many people work all their lives and they don't make a discovery that's of benefit to other people."

Stephanie Kwolek em “Inventing Modern America” por David E. Brown


3

Índice

1) A Química do Kevlar® … 5

1.1) Reagentes … 5
1.2) Produto … 6
1.3) Características … 8

2) O inicio – A inventora e a descoberta … 10

2.1) Stephanie Kwolek … 10


2.2) A descoberta e a Patente … 12

3) As variantes e aplicações … 15

3.1 Os formatos de produto … 15


3.2) As industrias e as aplicações do produto … 15

4) Futuro e Inovações … 18

Bibliografia … 19
Audiografia e Videografia … 21
4

Motivação
A minha escolha deste tema, dentro dos temas disponíveis, deveu-se ao interesse e
oportunidade em aprofundar conhecimento na área dos polímeros, visto ser uma área onde
reconheço que não tenho noções muito aprofundadas, fazendo muitas vezes confusão entre os
nomes e tipos de alguns polímeros, e as suas utilizações, tendo inclusive, no 2º teste, cometido o
erro de chamar a fibras acrílicas, poliestireno, sem me lembrar, na altura, só na viagem de comboio
para casa, que o poliestireno, expandido, foi o que visitei na DOW há muitos anos, e aí compreendi
o meu erro, um erro que já não devia cometer.
Ao começar a pesquisa não tinha noção da importância histórica e de muitas das aplicações
que existem, ou mesmo de quais os reagentes ou estrutura, tinha uma noção superficial, e serviu de
estimulo a pesquisar por outros polímeros e outras combinações entre polímeros, bem como
recordar terminologias e formas de classificar materiais e as suas propriedades. Recordando a
importância dos polímeros, e a sua importância em materiais compósitos tendo polímeros como
base, pois foi como se recordasse e redescobrisse o que me fez escolher estudar química aos 17
anos, a “magia” de criar moléculas e materiais.

Neste trabalho abordo a perspectiva química, as características técnicas, a perspectiva


histórica, a perspectiva do desenvolvimento actual, as suas aplicações, e algumas perspectivas
futuras de desenvolvimento de novos materiais, que têm como base este polímero.
5

1) A Química do Kevlar®
O Kevlar®, é uma marca registada pela DuPont®, também conhecido como Poliaramida,
Poli[(p-fenileno-tereftalatamida],1 ou PPTA, existindo vários subgrupos de produto, como Kevlar
49, Kevlar 29 entre outros.31

Para a produção deste polímero são utilizados como reagentes um derivado do para-Ácido
Ftálico ou Ácido Tereftálico, o Cloreto de Tereftaloila (Benzeno-1,4-dicarbonil dicloreto), e p-
fenilenodiamina (benzeno-1,4-diamina).

1.1) Reagentes

Figura 1 – Representação Estrutural de Cloreto de Tereftaloila (à esquerda) e de p-fenilenodiamina (à direita).58

As principais características destes reagentes do ponto de vista da sua segurança são:

1.1.1) p-Cloreto de Tereftaloila (Benzeno-1,4-dicarbonil dicloreto)

Esta substância causa queimaduras de pele severas e lesão ocular severa, é tóxico se inalado,
e pode causar irritação respiratória.2
Os rótulos e a classificação de risco de segurança deveram conter os seguintes símbolos, de
acordo com a ECHA.3

Figura 2 – Pictogramas dos riscos de Segurança (Corrosivo e Tóxicidade Aguda)

1.1.2) p-fenilenodiamina (benzeno-1,4-diamina)

Esta substância é tóxica se engolida, se estiver em contacto com a pele, e se inalada; é muito
tóxica para a vida aquática e com efeitos duradouros no meio ambiente; causa irritação ocular séria
e pode causar reacções cutâneas alérgicas. Adicionalmente no registos REACH identificam a
substância como causadora de lesão em órgãos.4
6

Os rótulos e a classificação de risco de segurança deveram conter os seguintes símbolos, de


acordo com a ECHA.5

Figura 3 – Pictogramas dos Riscos de Segurança (Tóxicidade Aguda, Risco Ambiental, Risco Severo de Saúde, Risco
de Saúde)

1.2) Produto ( p-fenileno-tereftalatamida)

A reacção da p-fenilenodiamina com o Cloreto Tereftaloila gera monómeros de p-fenileno-


tereftalatamida, traduzindo-se pela seguinte reacção:

Figura 4 – Reacção de produção de n monômeros de p-fenileno-teraftalatamida.59

A sigla utilizada para referir este polímero é PPTA, não existindo registos para a sua
toxicidade no site da ECHA associados ao seu numero CAS 25035-37-4.

A toxicidade e perigosidade dos seus reagentes implica que se tenha claras preocupações
ambientais e de segurança industrial na sua produção.33 34

Em 1965, Stephanie Kwolek descobriu um método de produção deste polímero quase


perfeito de cadeia extensível, com a capacidade de formar soluções cristalinas liquidas, que devido
à orientação “para” da estrutura molecular, permite uma orientação tubular, devido à simples
repetição dos seus monômeros,8 sendo uma das características únicas deste material, tornando-o, em
combinação com as forças de Van der Walls entre camadas, num polímero rígido pela forma como é
esquematizado na figura 5. 8 35
7

Figura 5 – Esquema da estrutura do polímero e da estrutura do Kevlar®.8

Para ilustrar a diferença entre polímeros cristalinos líquidos e os polímeros fundidos


flexíveis, podemos considerar o que acontece quando as moléculas de um polímero de estrutura
tubular é dissolvido, em oposição aos polímeros de cadeias flexíveis. Com os polímeros de cadeias
flexíveis, configurações aleatórias são obtidas em solução, e mesmo quando se aumenta a
concentração de polímero não se gera uma organização polimérica de maior ordem. 8 Em contraste,
o Kevlar®, apresenta estrutura tubular rígida, e à medida que a concentração aumenta a estrutura
tubular começa a associar-se em paralelo, criando um alinhamento que ainda que aleatório é mais
organizado, contribuindo para as características que se apresentam esquematicamente na figura 6.8 35

Figura 6 – A comparação entre polímeros flexíveis e de estrutura tubular.8

A estrutura cristalina liquida das soluções deste polímero, apresentam um comportamento


único quando cortadas. Este aspecto abriu novas dimensões na manufacturação e processamento da
fibra, pois perante forças de corte, quando sofre “spinning”, as fibras orientadas aleatoriamente
tornam-se completamente orientadas na direcção do corte e emergem numa quase perfeita
orientação molecular.8 35
8

A sua estrutura supra-molecular é praticamente preservada na sua totalidade no filamento


obtido após “spinning”, devido ao lento relaxamento da orientação induzida pelo corte, sendo este
processo um método novo de orientar moléculas poliméricas e de conseguir fibras muito fortes. 8 35
Esta força, deve-se às forças de Van der Walls e à sua estrutura tubular de ordem polimérica
superior, conferindo-lhe as suas principais características diferenciadoras.

1.3) Características

O Kevlar® apresenta uma densidade de 1,44 g/cm3;35 com elevadas propriedades de tração,
destacando-se a força de quebra 338 N (Kevlar 29), 8 35 a força de quebra de tenacidade de 2,430
MPa (24ºC) e a 2,510 MPa (46ºC), 8 sendo um dos materiais mais resistentes a quebrar quando lhe é
aplicada uma força de stress afim de romper a fibra, e uma tensão dos modulos de 83000 MPa no
Kevlar 29, e 124000 MPa no Kevlar 49; 8 35 a resistência térmica é elevada, sendo recomendada a
utilização até 177ºC,8 sendo que no intervalo de 427 a 482ºC ao ar, ou a 538ºC em azoto, se
decompõe, não derretendo,8 35 e apresenta ainda características de maior força e resistência a
temperaturas criogénicas (−196°C); sendo a , comparativamente, 10 a 20% superior do que a
temperaturas altas, o exemplo dado pela DuPont no manual de 2013 indica que a 160°C por 500
horas a sua dureza diminuiria 10%; e a 260°C por 70 horas, a força e resistência é reduzida em
50%;35 a resistência química a vários agentes químicos, 8 35 uma lista variada de ácidos, bases, sais,
solventes orgânicos e outros compostos, aos quais, em diferentes circunstâncias não apresenta
degradação, ou degradação ligeira, existindo algumas excepções em que a DuPont® refere
apresentar degradação da resistência da fibra em quebrar, de 81 a 100%:

- em ácido fórmico concentrado a 90%, À temperatura de 99ºC durante 100 horas;8


- em ácido clorídrico a 10%, à temperatura de 71ºC durante 10 horas;8
- em hidróxido de sódio a 10%, à temperatura 99ºC durante 100 horas;8
- em hipoclorito de sódio a 0,1%, à temperatura de 21ºC durante 1000 horas.8

O efeito do pH na estabilidade da fibra é a de que a pH 7, a tenacidade permanece inalterada


nas condições de 65 ºC durante 200 dias, mas em termos comparativos, quanto mais o pH se desvia
de 7 maior a diminuição da sua tenacidade, como é possível verificar pela figura 7.8

Figura 7 – Estabilidade do Kevlar®de acordo com exposição a vapor de água a 154ºC durante 16 horas,
com a variação do pH.8

É resistente a chama, mas pode ser queimado, terminando de queimar quando a fonte de
ignição é removida. No caso da polpa e do pó, após ignição pode continuar a fumegar, mas os
tecidos não continuam a queimar quando a fonte de ignição é removida, apagam-se ao fim de 12
segundos e não se verificam gotas de possam potenciar a propagação.8
9

De referir a degradação que ocorre quando é exposto a radiação Ultra Violeta, podendo o
material ser encapsulado com outras fibras para proteger dessa degradação, uma vez que a molécula
absorve a radiação de baixo Ultra Violeta, aproximadamente 370 nm, sendo crítica para o material,
levando à quebra das ligações moleculares e consequente degradação.8

De referir que o manual de 2013,35 refere aprovação da FDA (Food and Drugs
Administration) para utilização em produtos alimentares.35
Um estudo médico sobre a citotoxicidade e mutagenicidade celulares, 36 realizado a 37º,
refere não se verificar qualquer efeito nefasto dentro destas condições, sendo referido pelos autores
que as condições são de estudo inicial, e estudos complementares deveram ser realizados.36

O Kevlar® é 100% reciclável,55 é cortado em pedaços de 30 a 60mm de fibra, transformado


em polpa ou novamente submetido a “spinning”, e reutilizado em novos materiais. O processo de
recolha é facilitado em instâncias militares ou para forças de segurança, existindo algumas empresas
que o reciclam,55 sendo o principal problema para a sua reciclagem a recolha dos materiais que o
contêm, sendo a informação disponível sobre a reciclagem das fibras de coletes à prova de bala,
quanto a compósitos e produtos que o usam na sua composição não obtive informações.
10

2) O inicio – A inventora e a descoberta


2.1) Stephanie Kwolek

A inventora desta fibra, nasceu em 1923, em New Kensington, Pennsylvania, os pais eram
de origem polaca,56 o seu pai era um naturalista por gosto, 9 tendo despertado o seu interesse pela
natureza, e apesar de ter falecido quando ela tinha 10 anos de idade, após complicações a uma
operação a uma hérnia,56 ela mais tarde recordava-se de passar muitas horas com ele explorando as
florestas, os campos próximo de casa,9 hortas, e do interesse de seu pai em ser experimentalista em
tudo o que fazia.56 Recordava-se de encher blocos de notas com folhas, sementes, ervas com
descrições pertinentes.9 Referia que quando criança brincava sendo professora, na rua onde morava,
e que não teve nem química nem física no ensino secundário, que era boa aluna em matemática e
biologia, e tinha muito interesse em ciências.56 A influência de sua mãe, primeiro dona de casa, e
mais tarde, por necessidade, um mulher de carreira, herdou um amor por têxteis e cozer roupas,
recordando-se de em tempos ter pensado desenhar roupas, pois desenhava roupas para as bonecas,
mas a mãe ter-lhe-à dito que possivelmente iria passar fome nessa carreira, pois era uma
perfeccionista.12
O seu irmão 3 anos mais novo, seguiu o mesmo interesse pela Química, sendo engenheiro
Químico, depois de ter tido formação em Engenharia Civil no exército, tendo trabalhado na
industria petrolífera.56
Stephanie Kwolek graduou-se na Margaret Morrison Carnegie College, uma escola só para
mulheres dentro da Carnegie Mellon University, 9, tendo tido aulas nos primeiros 2 anos apenas com
mulheres, e posteriormente as aulas no departamento de Engenharia, e aí as aulas eram mistas, nesta
altura existia essa distinção entre escolas para mulheres e para homens, e as mulheres não eram
aceites nas escolas de engenharia,56 teve algumas disciplinas nos departamentos da escola de
engenharia, tendo-se graduado em 1946.10 Nessa altura apercebeu-se que não poderia pagar estudos
em medicina, tinha feito major em Química num bacharelato em Ciências e decidiu arranjar um
emprego nessa área para poupar dinheiro e eventualmente ir para Medicina.12 Os empregos técnicos
em áreas como a química tinham sido disponibilizados para as mulheres, 10 12 pois era o pós-guerra e
durante a segunda guerra mundial, as mulheres entraram na força de trabalho em números sem
precedentes,12 e quando a guerra terminou, muitos homens não estavam disponíveis para trabalhar,
ou tinham passado os últimos 5 anos na guerra, sem estudar.

Ela sabia que a DuPont® era a empresa líder em Química e, depois do final da 2ª guerra
mundial, requeria mão de obra qualificada e existia uma geração de homens que não tinha estudado.
Isso trouxe, para ela e muitas outras mulheres, oportunidades em poder trabalhar em trabalhos
técnicos, tendo ela se candidatado a um posto como Química na DuPont ®.9 10 É referido pela mesma
em entrevistas que a DuPont® foi onde verificou existir um menor preconceito em relação a
mulheres,56 e que a sua assertividade na entrevista de trabalho com W. Hale Charch, o director de
investigação, terá sido decisiva, pois no final da entrevista, este terá lhe dito que a contactariam
sobre a posição no prazo de duas semanas, ao que ela respondeu, questionando se não poderia tomar
uma decisão mais cedo,12 pois teria de responder em breve a outra oferta, ao que o director de
investigação respondeu solicitando que a secretária entrasse e lhe fizesse uma proposta por escrito
na mesma altura, o que a levou a suspeitar que a sua assertividade terá sido determinante para sua
entrada.9 Começou na DuPont® em Buffalo, no estado de Nova York, 12 tendo dedicado 40 anos à
DuPont®, referindo que os seus trabalhos de verão em laboratório de Bioquímica e na industria
petrolífera fazendo investigação.,56 terão sido um factor decisivo para conseguir o emprego como
química, devido à sua experiência laboratorial, e apesar de ter apenas um bacharelato. 56 Após se
envolver na investigação na DuPont® decidiu deixar os seus planos de estudar Medicina e dedicou à
Química a sua carreira.9 56
11

Começou a trabalhar 8 anos após a primeira fibra sintética, o nylon, ter sido criado, e com
uma equipa de químicos chamada “Pioneering Research Laboratory” começou a explorar e esteve
envolvida em vários projectos, desde a pesquisa por novos polímeros, a novos processos de
condensação polimérica a baixas temperaturas, novas fibras e novas formas de as fazer, levando a
ela e à sua equipa a fazer e testar centenas de milhares de novos polímeros.9 12
Nos seus quarentas foi convidada pela DuPont®, após outros químicos se terem recusado, 11 a
se dedicar na inovação de uma nova geração de fibras capaz de suportar condições extremas. Essa
função envolveu preparar intermediários, sintetizar poliamidas aromáticas de grande peso
molecular, dissolvendo poliamidas em diferentes solventes, para transformar, por “spinning”, as
soluções poliméricas em fibras.9
Foi nesses estudos e experiências que verificou que em certas condições grandes números de
moléculas das poliamidas tubulares se alinhavam em paralelo, ou seja formavam soluções liquidas
cristalinas, e essas soluções podem, por “spinning” ser directamente orientadas e formar fibras de
grande resistência física, e força de tração. Estas soluções de poliamida eram como nenhuma outra
até então, eram anormalmente fluidas, turvas e leitosas em aparência, e tornam-se opalescentes
quando agitadas.9 Repetiu os testes varias vezes, antes de escrever o seu relatório, para ter a certeza
que não tinha feito nenhum erro,11 um exemplo de que a reprodutibilidade cientifica é sempre
essencial para a qualidade de um trabalho científico, e para o respeito pelo trabalho quer académico
quer com aplicação industrial, sempre me ensinaram que isso é rigor científico, e na altura em que o
preconceito para com as mulheres era maior que hoje em dia, isso era extremamente importante.
Para que Stephanie Kwolek pudesse testar as suas soluções fibrosas terá recebido a resposta
que pelo facto da solução ser turva poderia entupir o equipamento de “spinning”, o técnico
responsável recusou inicialmente testar a solução pois poderia ser particulas em suspensão, e como
os orifícios de “spinning” são de 0,001 polegadas em diâmetro no “spinnarete” e recusou.9 56
Eventualmente convenceu o responsável a realizar a experiência, e para surpresa deste, foram
obtidas fibras sem dificuldade, tendo permitido que muitas outras fibras fossem fiadas a partir de
soluções cristalinas liquidas,9 o que na altura era também inovador, pois estavam habituados a
soluções poliméricas não turvas, e tinha-se essa pré-concepção que se verificou não ser decisiva
para avaliar se uma solução tinha ou não potencial que merecesse ser submetida a “spinning”, pois
quando enviaram para o laboratório para testar as suas propriedades, estas fibras revelaram uma
força 9 vezes superior a qualquer outra que ela tivesse feito, e Stephanie Swolek ficou hesitante em
dizer a outras pessoas, pois não queria ser envergonhada se alguém tivesse feito um erro, por isso
enviou a fibra para testes várias vezes, e os resultados eram reprodutíveis e só nessa altura publicou
os resultados.12
Referia em entrevistas que amava fazer química, e que ama fazer descobertas, e que se
apercebeu ao longo dos anos que na sua abordagem à investigação, parecia que via coisas que as
outras pessoas não viam, pois disse um dia: “If things don't work out I don't just throw them out, I
struggle over them, to try and see if there's something there.”12

Em 2007, ao News Journal terá dito: “I never in a thousand years expected that little liquid
crystal to develop into what it did”,10 o que demonstra que esta descoberta é um dos exemplos de
uma invenção que se conseguiu porque uma pessoa decidiu experimentar, com todo o trabalho de
preparação associado ao potencial, pesquisa, avaliação de cada um, mas acima de tudo, tentar,
realizar a experiência e testar os resultados, pois sem isso, não se descobriria, como existem vários
exemplos ao longo da história da química e mesmo da evolução humana, sem experiências e testes
das aplicações das mesmas, não se sabe. E por isso é que haverá sempre muito por descobrir.
12

Figura 8 - Stephanie Kwolek prepara uma experiência de polimerização no DuPont's Pioneering Research Lab in 1967.
Fonte DuPont®

Foi responsável pelo laboratório de investigação DuPont's Pioneering Lab até se retirar em
1989, tendo continuado a trabalhar como consultora da empresa após a reforma.9 10
A investigadora recebeu muitos prémios pela invenção da tecnologia por detrás da fibra de
Kevlar, incluindo nomeação no “National Inventors Hall of Fame” em 1994, na altura, apenas a
quarta mulher, sendo a membra 113. Em 1996 recebeu o “National Medal of Technology”, e em
1997 a “Perkin Medal”, pela “Society of Chemical Industry”. Em 2003 foi indicada no “National
Women’s Hall of Fame”.9
Serviu como mentora para outras mulheres cientistas e participou em programas que
introduzem as crianças à ciência, sendo que um dos seus artigos mais citados, escrito com Paul W.
Morgan, é “The Nylon Rope Trick”, o truque da corda de nylon, (Journal of Chemical Education,
April 1959, 36:182–184), que descreve como se demonstra a condensação polimérica à pressão
atmosférica e à temperatura ambiente, é uma demonstração comum nas escolas americanas.9
Em 2013, foi publicado um livro para crianças por Edwin Brit Wyckoff, intitulado “The
Woman Who Invented the Thread That Stops the Bullets: The Genius of Stephanie Kwolek”.
Faleceu em 2014, numa localidade no Delaware com 90 anos.9

2.2) A descoberta e a Patente

O processo de investigação industrial ocorre em meados da década de 1960, altura em que o


nylon e o poliéster representavam os mais avançados progressos da fibras sintéticas, no entanto,
para atingir a tenacidade máxima perante uma força suficiente para os quebrar, e devido aos
módulos iniciais, as moléculas de polímero tinham de ser estendidas em configuração de cadeias e
em praticamente perfeita cristalinidade. Com os polímeros de cadeia flexível, a tenacidade máxima
poderia ser atingida apenas por estiramento mecânico das fibras após “melt spinning”, requerendo
um desenlaçamento e orientação na fase sólida.8
A invenção e descobertas das características tubulares e a elevada ordem polimérica
aleatória já referidas anteriormente, bem como a inovação e o teste de soluções turvas, ao contrário
do que acontecia até então, foram revolucionárias para a forma como se abordava a concepção e
avaliação do que era uma solução com potencial para “spinning”, tendo descoberto processos de
baixa temperatura para polimerização, abrindo um novo campo de investigação de polímeros.

Conforme registo de patente US 3819587 publicado a 25-06-1974, referindo que são fibras
de estrutura interna única, evidenciada pelo baixo ângulo de orientação e alta velocidade sónica, e
13

excecionais propriedades de alta elasticidade, que são preparados por “spinning dopes” de
“poliamidas carbocíclicas seleccionadas” em meio liquido adequado.6
A mesma patente refere as referências utilizadas no registo da mesma, tabela 1, onde
possivelmente se basearam, e que analisei por curiosidade para verificar a documentação e
informação sobre as técnicas que a patente refere, e que constam da mesma por cumprir os
requisitos legais do processo de registo da descoberta.

US 3554971 Amorphous or weakly crystalline aromatic polyamides Jan-1971

US 3287324 Poly-meta-phenylene isophthalamides Nov-1966

US 3354127 Aromatic copolyamides Nov-1967

US 3079219 Process for wet spinning aromatic polyamides Feb-1963

US 3094511 Wholly aromatic polyamides Jun-1963

US 3228902 Process for forming polymeric dispersions of aromatic amides with negative Jan-1966
solubility

Tabela 1 – Patentes de referência do registo de patente US 3819587 A.6

A referência à patente US3079219 “Process for wet spinning aromatic polyamides”,7 de


1963, terá sido a base do processo de “wet spinning de poliamidas”, e de acordo com a patente
US3819587 “Wholly aromatic carbocyclic polycarbonamide fiber having orientation angle of less
than about 45{20“, onde no titulo se verifica a forma como se referiram à estrutura para do
polímero, verifico muitas das formas técnicas de proteger uma informação específica quer sobre os
procedimentos, quer dos reagentes e materiais utilizados.
A patente US3228902 “Process for forming polymeric dispersions of aromatic amides with
negative solubility“, refere procedimentos para estruturas meta de poliamidas, e estudos de
solubilidade32
A patente US3671542 “Optically Anisotropic Aromatic Polyamide Dopes” refere alguns
dos estudos que Stephanie Kwolek realizou, onde se verifica as experiências com misturas
anisotrópicas, característica de materiais cristalinos.
Foi interessante para mim analisar e pensar sobre a forma como o registo de trabalho e
desenvolvimento industrial, com o constante registo de patentes do trabalho científico realizado,
devido ao sigilo industrial, refere elementos genéricos e procedimentos aproximados, ao contrário
de artigos científicos reprodutíveis, e achei interessante essa forma de registo, já que potencia que
mesmo após o período de protecção da patente, se possa manter o sigilo industrial e o
aproveitamento financeiro exclusivo da descoberta, caso se consiga verdadeiramente manter sigilo,
e isso levou-me a pesquisar sobre o assunto para o futuro, e este trabalho foi estimulo a isso.

A primeira aplicação da fibra de Kevlar tinha o nome de “Fibra B” sendo desenvolvida


numa fábrica piloto em Richmond, Va, para ser utilizada em pneus como substituto do aço utilizado
na armação e constituição dos pneus radiais. Ao longo das décadas seguintes o Kevlar ® foi sendo
desenvolvido, e desde a sua origem e durante os 15 anos seguintes a DuPont ® gastou 500 milhões
de dólares no desenvolvimento de novos produtos com base nesta fibra, e nessa altura a revista
“Fortune” chamou-lhe “um milagre em busca de um mercado”.13
Introduzida no mercado como a fibra de aramida de alta resistência, Kevlar ®, em 1971,8
tendo sido, ao longo dos anos, descobertas mais de 200 aplicações.12
14

3) As variantes e aplicações
3.1 Os formatos de produto

O polímero Kevlar® é utilizado como base para muitos produtos na actualidade, os formatos
de produção são a polpa do polímero, fio da fibra, o novelo de fibra, e tecido da fibra, onde cada
tipo de produto é utilizado em diferentes aplicações e em diferentes combinações, na figura 9 estão
imagens exemplo.

Figura 9 – Polpa do polímero (topo esquerda), fio da fibra (topo centro), novelo de fibra, tecido da fibra.

3.2) As industrias e as aplicações do produto

No presente a DuPont® tem uma vasta gama de produtos com base no Kevlar®, desde os
objetivos originais, os pneus, onde criam pneus de alta performance e durabilidade, expandindo a
utilização deste polímero a uma complexidade de produtos e variações que se estende às industrias
Militar, de Protecção Pessoal e Segurança, Serviços de Emergência, Industria Mineira, Têxtil,
Aeroespacial, das Telecomunicações, Automóvel, Adesivos, Selantes e Revestimentos, entre outras,
produtos produzidos pela DuPont®, ou em conjunto com outras empresas. As aplicações estão de
acordo com as características de resistência térmica, rigidez, resistência química, resistência
balística, resistência de corte e perfuração, elasticidade, durabilidade, vedante e as várias
combinações de variantes destas propriedades levam constantemente ao desenvolvimento de novos
produtos.

Actualmente encontram-se disponíveis as seguintes aplicações de acordo com a DuPont®:

- Separadores de baterias para veículos elétricos, que apresentam resistência até 300ºC, e
permitirem utilização de eletrólitos mais seguros e com alta viscosidade, que devido à sua
capacidade de manter o electrólito em contacto com a superfície do eléctrodo, comparando com a
maior dificuldade com os actuais separadores micro porosos, terá a vantagem de permitir maior
condutividade iónica, e carregamentos e descarregamentos mais rápidos.14
15

- Válvulas automóveis, e reforço de vários componentes, cintos, reforço estrutural do


radiador, da transmissão e dos turbos usando os fios das fibras, e tampas de válvulas, embraiagem, e
os travões com a polpa de Kevlar®.15

- A fibra é utilizada em dispositivos intitulados “HANS Device”, uma ligação que suporta a
cabeça e pescoço do condutor, que ajuda a absorver as forças de impacto durante as competições
automóveis NASCAR®.16

- Armadura com protecção balística em carros, veículos de combate e camiões, mantendo a


maioria das características de condução do veículo original. 17

- Armaduras, coletes de protecção, escudos e capacetes de protecção individual, com


dezenas de variantes de combinações de fibras e laminados, com diferentes espessuras e resistências
balística, de esfaqueamento, de perfuração, resistente a fragmentos de explosivos, às chamas e ao
calor. 18 19 20 21 22

- Protecção mecânica e de corte, e tapetes de transporte em explorações mineiras.23

- Fatos de protecção contra ácidos e bases de acordo com a lista seguinte: 24

Substância Número CAS Estado


Acetona 67-64-1 Liquido
Acetonitrilo 75-05-8 Liquido
Amónia (gasoso) 7664-41-7 Vapor
Butadieno, 1,3- 106-99-0 Vapor
Dissulfeto de carbono 75-15-0 Liquido
Soda Caústica (50%) 1310-73-2 Liquido
Ácido clorossulfúrico 7790-94-5 Liquido
Ácido Crómico (CrO3) (44.9%) 1333-82-0 Liquido
Dimetil acetamida, N,N- 127-19-5 Liquido
Dimetil acetamida, N,N- (8%) 127-19-5 Liquido
Dimetil Cetona 67-64-1 Liquido
Ácido Clorídrico (37%) 7647-01-0 Liquido
Ácido Flurídrico (48-51%) 7664-39-3 Liquido
Peróxido de Hidrogénio (70%) 7722-84-1 Liquido
Hidróxido de Lítio (14.9%) 1310-65-2 Liquido
Ácido Nítrico(70%) 7697-37-2 Liquido
Hidróxido de Potássio (45%) 1310-58-3 Liquido
Propan-2-ona 67-64-1 Liquido
Cianeto de Sódio (45%) 143-33-9 Liquido
Hidróxido de Sódio (50%) 1310-73-2 Liquido
Hipoclorito de Sódio (15%) 7681-52-9 Liquido
Ácido Sulfúrico (>95%) 7664-93-9 Liquido
Tabela 2 – Lista de compostos à qual a “DuPont™ Tychem® 2000 SFR Coverall” é resistente. 24
16

- Cabos de telecomunicações, aéreos, imunes a distúrbios eletromagnéticos, humidade


ambiental e flutuações de temperatura; componente de fortalecimento de cabos de fibra óptica de
transmissão de dados, essenciais na tecnologia FTTH, aumentando a sua durabilidade e resistência
ao mau manuseamento.25

- Cordas e cabos utilizados em mar, terra e no espaço.26

- Interiores de aviões, componentes de portas, pneus dos aviões, componentes das asas e
estrutura dos aviões, dos motores e hélices dos mesmos, sendo usado como substituto do alumínio
em produtos mais leves, mais resistentes e menos susceptíveis a corrosão.27

- Foi usado na missão “Mars Pathfinder” que aterrou em Marte, quer nas almofadas
reforçadas com o material, aquando da aterragem, quer nas cordas que o seguravam, sendo também
utilizado em satélites e em vaivéns espaciais, como protecção a detritos espaciais.27

- Existe uma enorme variedade de produtos com outras empresas, desde mochilas, capas de
telemóvel, escovas para tirar o pelo a animais, componentes de bicicletas, líquidos de enchimento
de pneus de bicicleta, suportes para as patas de cavalos, sticks de hóquei no gelo, várias marcas de
roupa, calçado e capacetes. 28 29

A combinação com Nomex©, é uma das combinações que a DuPont® usa, existindo outros
tantos produtos, como por exemplo, fibras de vestuários resistentes ao arco eléctrico, aplicado e
homologado pela Marinha Norte Americana, para explosões eléctricas ou descargas em sistemas
eléctricos,30 que usam esta combinação.
A diferença estrutural entre o Nomex® e o Kevlar® é a estrutura “para” do Kevlar®, para o
“meta” estrutural, pois Nomex® é poli-fenileno isoftalamida (PMIA), e a combinação é utilizada
principalmente, mas não só, para aumentar ainda mais a resistência térmica e às chamas das fibras.

Outras empresas realizam outros produtos, kayaks, cordas de arco japonês,38 colunas e
altifalantes musicais,39 arcos de instrumentos musicais como violino e violoncelo, 40 a ponte e o
espigão de violoncelo,41 ou membranas de bombos de bateria.43
17

4) Futuro e Inovações
Existem estudos e desenvolvimento das combinações da fibra com outros compostos e
outras estruturas, mas também sobre novas formas sustentáveis de se criar Kevlar®.
Deixo alguns dos exemplos que encontrei, nomeadamente a DuPont ® refere, além do
desenvolvimento constante, a utilização na substituição da fibra de vidro reforçada, utilizada nos
desportos automobilizados americanos NASCAR®, afim de prevenir que o corpo do carro e as suas
zonas de ventilação se desfaçam ou deixem detritos perigosos na pisca após um despiste ou uma
colisão.16
A evolução tecnológica da tecnologia Kevlar ® XP e XD, que representam processos
industriais de maior eficiência e diminuição de resíduos.

Uma combinação com nano-fios de Óxido de Zinco, combinado com Kevlar ® como tecido
base, criou uma roupa em que, quando os nano-fios roçavam uns nos outros, enquanto se usava a
roupa, esta produzia electricidade.42
Uma combinação de fibra de Kevlar® com resinas epoxy foi estudada para utilização em pás
de eólicas em alto mar.44
Uma pesquisa por alguns trabalhos académicos realizados envolvendo a poli(p-fenileno-
tereftalamida), e os artigos e apresentação disponibilizadas como material de apoio, levou-me a
verificar outras áreas de aplicação do polímero, associado a outros compostos.
Um artigo que indicava o potencial de ser aplicado como separador em baterias de lítio,
limitando a agregação da fibra pela utilização metoxipolietilenoglicol, para assim criar filmes finos
de polímero que poderiam ser utilizados com esse fim, devido à sua elevada estabilidade térmica.45
Continua a existir muita investigação envolvendo este polímero, por um lado estudos
balísticos testando novas combinações de composições das fibras, 46,48 onde se verifica o teste de
várias técnicas de produção diferentes e mesmo de simulação de diferentes combinações com outros
compostos, o contínuo desenvolvimento nesta área é um reflexo da importância militar e protecção
individual. Mas também das combinações têxteis, 49,50 onde se associam as capacidades isoladas do
têxtil com características electrónicas, através de técnicas de indução laser, 50,51 que conseguem criar
materiais que quebrando a ligação C═O e N–C no Kevlar ® reorganizando os restantes carbonos em
grafeno, gerou dispositivos baseado num material grafeno/kevlar com potencial de ser aplicado em
baterias Zinco-Ar, eléctrodos de electrocardiograma e sensores NO2. 50
Pelas pesquisas a utilização e criação de compósitos será claramente uma das áreas onde se
irá desenvolver estudos de diferentes combinações, dois exemplos disso são um compósito
politetrafluoroetileno(PTFE)/Kevlar/fenólico com o objectivo de ser um tecido auto-lubrificante, 53
ou um teste a uma combinação de nanocompósitos e o estudo das suas características como uma
combinação híbrida, grafeno, dopado com nitrato de boro, poliaramida e híbrido de carbono, tendo
potencialidades de ser aplicado como roupa inteligente.54

Estudos de novos métodos de o produzir, com fibras naturais de forma a ser biodegradável, 47
ou a partir de Polietileno (PET), por um processo de produção envolvendo a produção o precursor
ácido tereftálico a partir do PET, com o potencial de baixar os custos de produção do polímero e ser
uma forma de aproveitar a reciclagem de polietileno com vista à valorização de resíduos.
Estudos de aplicação estrutural em aviões52 foram também um dos estudos verificados em
2022.

Muitas aplicações e muitas combinações são possíveis no futuro, nas mais variadas áreas, e
como Stephanie Kwolek disse: “If things don't work out I don't just throw them out, I struggle over
them, to try and see if there's something there”, 12 confirmado que funciona e que tem todas estas
aplicações, haverá algum dia em que deixaremos de o utilizar?
18

Bibliografia

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4 https://echa.europa.eu/substance-information/-/substanceinfo/100.003.096 – consultado a 03-01-2023

5 https://echa.europa.eu/brief-profile/-/briefprofile/100.003.096#collapseSeven – consultado a 03-01-2023

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11 https://www.nndb.com/people/847/000165352/ - consultado a 04-01-2023

12 https://web.archive.org/web/20090327141201/http://web.mit.edu/invent/www/ima/kwolek_bio.html – consultado a
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13 https://www.dupont.com/about/our-history.html “1965 A miracle material finds its market“ – consultado a 05-01-


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14 https://www.dupont.com/fabrics-fibers-and-nonwovens/kevlar-microcore.html – consultado a 05-01-2023

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19 https://www.dupont.com/life-protection/stab-protection.html – consultado a 13-01-2023

20 https://www.dupont.com/life-protection/spike-protection.html – consultado a 13-01-2023

21 https://www.dupont.com/life-protection/fragments-protection.html – consultado a 13-01-2023

22 https://www.dupont.com/life-protection/heat-and-flame-protection.html – consultado a 13-01-2023

23 https://www.dupont.com/personal-protection/mining-protection.html – consultado a 13-01-2023

24 https://www.dupont.com/safespec.html – consultado a 13-01-2023

25 https://www.dupont.com/fabrics-fibers-and-nonwovens/fiber-optics.html – consultado a 13-01-2023

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19

27 https://www.dupont.com/fabrics-fibers-and-nonwovens/kevlar-for-aerospace.html consultado a 13-01-2023

28 https://www.dupont.com/fabrics-fibers-and-nonwovens/home-gear.html – consultado a 13-01-2023

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30 https://www.dupont.com/content/dam/dupont/amer/us/en/life-protection/public/documents/en/
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